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Adicionalmente, qualquer problema com sua turma/curso deve ser resolvido, em primeira
instância, pela secretaria de sua unidade. Caso você não tenha obtido, junto a sua
secretaria, as orientações e os esclarecimentos necessários, utilize o canal institucional da
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SUMÁRIO
1. PROGRAMA DA DISCIPLINA
1.1 Ementa
Sociedade Limitada. Natureza Jurídica. Responsabilidade dos Sócios. Aplicação das regras
das sociedades simples e Lei nº 6.404/76 às Sociedades Limitadas. Capital Social e
Patrimônio. Quotas Sociais. Acordo de Quotistas. Hipóteses de dissolução parcial sob a
ótica do novo CPC. Direito de retirada, sócio dissidente, sócio remisso, falecimento de sócio
e exclusão de sócio. Cessão, penhora e partilha de quotas. Direitos e Deveres dos Sócios.
Administração nas Sociedades Limitadas. Deliberações. Dissolução, Liquidação, Partilha e
Extinção da Sociedade.
1.3 Objetivos
Examinar os conceitos pertinentes ao tema, aprofundando as análises por meio de
utilização de casos concretos.
1.4 Metodologia
Adota-se a metodologia participativa na qual as aulas ministradas visam possibilitar a
participação ativa dos alunos não somente na construção e apreensão de conceitos
trabalhados ao longo do curso, mas também na aplicação desses conceitos às suas
atividades práticas.
1
Existe uma grande polêmica em torno da natureza jurídica da EIRELI. Esse tema será abordado na aula
específica sobre a EIRELI.
2
http://jucisrs.rs.gov.br/estatisticas , acesso em 18 de novembro de 2017.
3
Sobre a origem histórica da sociedade limitada, sugerimos a leitura de: LUCENA, José Waldecy. Das Sociedades
Limitadas. 6ª Edição, atualizada e ampliada. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2005.
4
General Motors, Honda, IBM, Nestlé, Toyota, Ford Motors, Firestone e Bayer são exemplos de subsidiárias de
multinacionais que se revestem na forma de sociedades limitadas no Brasil. Dentre as justificativas para essa
opção está a desnecessidade de publicação de seus balanços, o que salvo em situações excepcionais previstas
na Lei das S/A, se faz obrigatório nas sociedades anônimas.
5
ARAÚJO, Alessandra Vasconcellos de; PINTO, Francisco Bilac Moreira. A Affectio Societatis e a Penhora das
Quotas. In: Revista dos Tribunais. Ano 86, v. 736, São Paulo: Editora RT, fev. 1997, pp. 56-57. Segundo os
Autores, o conceito de culpa in concreto seria “espécie de culpa levis, por sua vez, gênero de culpa contratual
(ou em sentido estrito), sendo a culpa in concreto caracterizável levando-se em consideração a atitude do devedor
não com relação ao homem mediano e sim suas ações com relação às suas próprias coisas ou aos seus próprios
interesses (bonus pater famílias)”. Idem.
É importante notar que não significa o simples consenso presente nos contratos em
geral. Nos dizeres de Waldirio Bulgarelli, a “affectio societatis, além de se constituir em
uma declaração de vontade formal e expressa, revela uma intensidade maior, um plus, em
relação às dos demais contratos.”6 Para o autor, ela pressupõe a vontade de participar “na
comunhão do escopo comum”,7 ou seja, na obtenção de um fim comum, ou melhor ainda,
no enriquecimento em virtude da cooperação de capitais e atividades.
Há, todavia, diversos autores que vêm questionando a relevância do conceito de
affectio societatis, considerando-o ultrapassado e superado pelo conceito de fim social.8
A sociedade limitada surgiu na Alemanha, em 1892. Diferente dos demais tipos
societários, essa surgiu de forma racionalmente orientada a atender as demandas do
desenvolvimento capitalista da época: conjugar a flexibilidade das sociedades tidas como
de pessoas com a limitação da responsabilidade, típica das sociedades anônimas.
As sociedades limitadas surgiram no momento em que pequenos comerciantes não
queriam se associar sob a forma de sociedade anônima – em razão de sua difícil
constituição e de seu funcionamento oneroso e burocrático –, nem sob a forma de
sociedade em nome coletivo – pelo fato de não haver limitação ao patrimônio pessoal dos
sócios quanto às dívidas contraídas pela sociedade.
Restrições à circulação de quinhões societários, separação entre os patrimônios,
voto segundo o valor da quota, livre escolha dos sócios, simplicidade de constituição,
administração personalizada, maleabilidade própria da sociedade de pessoas e estabilidade
do quadro societário, com limitação da responsabilidade própria da sociedade anônima
tornaram a sociedade limitada o modelo societário ideal para pequenos e médios
empreendimentos, mas sem afastar a possibilidade de seu uso para aqueles de grande
porte.
Dessa forma, a sociedade limitada surge com uma estrutura corporativa
(estruturada em órgãos), mas não como instituição, com interesses próprios a par daquele
de obtenção de lucros pelo objeto social. Afastou-se a possibilidade de inserção de
interesses extrassocietários, independentemente da vontade dos sócios.
Em virtude das peculiaridades que lhe assistem, muitos autores questionam como
classificar as sociedades limitadas. A doutrina tradicional classifica as sociedades
comerciais em (i) sociedades de pessoas e (ii) sociedades de capital, de acordo com
o nível de cooperação e colaboração que cada sociedade tem em seu âmago.
Assim, segundo José Waldecy Lucena, as sociedades de pessoas seriam aquelas
cuja criação e funcionamento decorrem do intuitus personae, ou seja, os sócios decidem
criar e administrar uma sociedade em razão do bom relacionamento e da mútua confiança. 9
Por outro lado, as sociedades de capital seriam aquelas nas quais o intuitus pecuniae
é o elemento mais característico. Nesse caso, a importância de ordem pecuniária com que
os sócios podem contribuir para o desenvolvimento de determinado negócio deverá
preponderar sob qualquer outro aspecto de ordem pessoal existente entre eles.
Segundo essa classificação, o intuitus personae prepondera em sociedades cujos
sócios se escolhem mutuamente quando resolvem se associar, normalmente, por meio de
6
BULGARELLI, Waldirio. Sociedades Comerciais. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998. p. 26.
7
Idem.
8
FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; ADAMEK, Marcelo Vieira von. Affectio societatis: um conceito
jurídico superado no moderno direito societário pelo conceito de fim social. Revista de Direito Mercantil Industrial,
Econômico e Financeiro, v. 149-150, a. CLVII, jan./dez. 2008.
9
LUCENA, José Waldecy. Das Sociedades Limitadas. 5. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p. 52.
10
Nada impede, no entanto, que em sociedades anônimas de capital fechado o caráter personalíssimo domine a
relação interna entre os sócios.
11
TEIXEIRA, Egberto Lacerda. Das Sociedades Por Quotas de Responsabilidade Limitada. São Paulo: Max
Limonad, 1956. n.15, p. 29.
12
MARCONDES, Sylvio. Questões de Direito Mercantil. Rio de Janeiro: Saraiva, 1977. p. 92.
A importância do papel exercido por cada sócio é evidente, mas essa questão está
intrinsecamente vinculada à sua responsabilidade interna e externa, sendo que o elemento
associativo do intuitus personae serve apenas para caracterizar o maior ou menor grau de
responsabilidade dos sócios de uma sociedade.
Nesse passo, outra classificação é feita considerando a responsabilidade dos sócios
em relação às obrigações assumidas pela sociedade. Para tanto, deve-se considerar a
responsabilidade dos sócios perante terceiros “caso o patrimônio seja insuficiente para
satisfazer os compromissos assumidos pela sociedade.” 13
Essa obrigação não se confunde com aquela originária dos sócios em contribuir para
com o capital social, na forma e prazo estipulados no respectivo contrato social.
Segundo essa classificação,14 as sociedades poderiam ser divididas em (i)
sociedades em que os sócios respondem, de forma subsidiária, pelos compromissos
sociais; (ii) sociedades em que alguns sócios respondem ilimitadamente e outros somente
pelas contribuições ao capital social; e (iii) sociedades em que todos os sócios limitam a
sua responsabilidade pelas importâncias que subscreveram quando da formação do seu
capital.
Utilizando esse critério, as sociedades outrora consideradas como de capital são
classificadas como de responsabilidade limitada, já que a sua participação não tem
influência direta na vida da sociedade. Logo, a responsabilidade dos sócios perante
terceiros deve ser estritamente limitada à importância a que eles se comprometeram a
investir.
Por outro lado, as sociedades então ditas como de pessoas têm a sua
responsabilidade ilimitada, solidária ou subsidiária em relação às obrigações sociais de
acordo com o papel que cada um dos sócios assume, seja internamente perante os demais
sócios, seja externamente, perante terceiros, os quais estariam preocupados em investigar
a idoneidade e a capacidade econômico-financeira dos sócios, cujo patrimônio poderia ser
utilizado para satisfazer as obrigações da sociedade.
13
MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial. 29. ed., rev. atual. e ampliada por Carlos Henrique Abraão. Rio de
Janeiro: Forense, 2005. pp. 200 e 201.
14
Idem.
15
Código Civil. Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de
cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
Caso não estejam presentes quaisquer desses requisitos, a sociedade não será
regular, pois o seu contrato social será insuscetível de arquivamento.
Deverá necessariamente ser fixado no contrato social da sociedade limitada o valor
do seu capital social, expresso em moeda corrente nacional, podendo esse ser formado
com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação
pecuniária. É vedada, nas sociedades limitadas, a contribuição que consista em prestação
de serviços.16
O contrato social deverá também especificar o número, a espécie e o valor das
quotas de cada sócio, bem como o seu modo e forma de integralização.
Com o advento da Medida Provisória nº 881, de 30 de abril de 2019 (MP da
Liberdade Econômica), foi prevista a possibilidade de sociedade limitada unipessoal, de
momento que o sócio remanescente, se não optar pelas soluções anteriores, poderá
comunicar ao órgão registral que irá se valer da regra contida no Art. 1.052, § único, do
CC: “A sociedade limitada pode ser constituída por uma ou mais pessoas, hipótese em que
se aplicarão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições
sobre o contrato social.”
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a
denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens,
suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento
do contrato.
Art. 998. Nos trinta dias subsequentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer a inscrição do contrato
social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede.
§ 1° O pedido de inscrição será acompanhado do instrumento autenticado do contrato, e, se algum sócio nele
houver sido representado por procurador, o da respectiva procuração, bem como, se for o caso, da prova de
autorização da autoridade competente.
§ 2° Com todas as indicações enumeradas no artigo antecedente, será a inscrição tomada por termo no livro de
registro próprio, e obedecerá a número de ordem contínua para todas as sociedades inscritas.
16
Art. 1.055, § 2º, Código Civil.
17
Há decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro qualificando tal sociedade como sendo
empresária, o que poderá ser considerado como um indicativo: “Requerimento de falência. Efetivação do depósito
elisivo e contestação, sustentando a irregularidade no protesto, porquanto não existiria a indicação do
responsável pelo recebimento da notificação, bem como, a impossibilidade de decretar-se a quebra, por se tratar
de sociedade civil. Afirma, demais disso, o fato de que as notas fiscais não corresponderiam ao que efetivamente
foi negociado entre as partes. Sentença de procedência parcial, que deixou de acolher a pretensão maior, em
razão do depósito elisivo, afastando as demais alegações da defesa. Apelação da requerida. Ausência de vício no
ato do tabelião, porquanto não se revela indispensável a identificação da pessoa que foi intimada. Fé pública de
seus atos. Precedentes do C. STJ. Em que pese a antiga qualificação como sociedade civil, verifica-se que o novo
código adotou a teoria da empresa, qualificando a requerida como sociedade empresária, considerando que a
exploração de atividade associada à área da medicina é elemento da empresa, desenvolvido com profissionalidade
e organização, sujeitando-se, por conseguinte, aos ditames da lei nº 11.101/2005 (lei de falência). Ausência de
demonstração de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito da requerente. Recurso conhecido e
desprovido. Apelação n.º: 2008.001.31703. Des. Mauro Dickstein - Julgamento: 09/09/2008, Décima Sexta
Câmara Cível.
18
LUCENA, José Waldecy. Das sociedades por quotas de responsabilidade limitada. Rio de Janeiro: Renovar,
1996. p. 102.
19
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras
que tenham sede no País. Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002.
20
Novo Código Civil Brasileiro:
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto
no regime da separação absoluta:
I – alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis. Mesma regra está contida no art. 35 da Lei nº 8.934/94.
21
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado
no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.
22
Pareceres nºs 50/03 e 125/03 do Departamento Nacional do Registro do Comércio.
obrigatória para as sociedades limitadas, por força do artigo 1.057, p. único do mesmo
diploma legal.
Confira-se a redação do artigo 1.003, p. único:
Uma leitura açodada desse dispositivo poderia nos conduzir a uma interpretação
equivocada, no sentido de que o sócio cessionário seria responsável por todas as dívidas
da sociedade, como se houvesse uma solidariedade entre esse e a sociedade, perante
terceiros. Tal não é, contudo, o sentido do texto. O que o legislador quis dizer é que o sócio
cessionário irá continuar a responder pelas dívidas que tinha como sócio, pelo prazo de
dois anos. Dessa forma, nesse lapso temporal, ele será responsável apenas por aquelas
obrigações que já teria como sócio. E quais seriam as obrigações que ele teria como sócio?
Um exemplo seria a de integralizar o capital social.
Existem diversas exceções a essa regra do artigo 1.052 do CC, como é o caso das
regras contidas nos artigos 1.055, §1º, 1.059 e 1.08 o, todos do Código Civil de 2002.
Também poderiam ser citadas as hipóteses de aplicação da teoria da desconsideração da
personalidade jurídica, da responsabilidade por dívidas tributarias da pessoa jurídica (art.
135 do CTN) e da responsabilidade por dívidas trabalhistas, nos termos do artigo 10-A da
CLT.
Essa polêmica não ocorrerá após o advento do Código Civil de 2002, por força da
regra disposta no artigo 1.053 e seu parágrafo único. O legislador civilista entendeu que,
na omissão do contrato social, a fonte normativa supletiva deveria ser a norma pertinente
à sociedade simples. Os sócios, se quiserem, podem escolher aplicar supletivamente a Lei
de S/A às sociedades limitadas, mas será preciso fazer expressa menção nesse sentido no
contrato social.
De acordo com a IN 38/2017- DREI, o contrato social poderá prever a regência
supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima, conforme art. 1053,
parágrafo único do Código Civil. E, para fins de registro na Junta Comercial, a regência
supletiva: I – poderá ser prevista de forma expressa; ou II – presumir-se-á pela adoção
de qualquer instituto próprio das sociedades anônimas, desde que compatível com a
natureza da sociedade limitada, tais com: a) Quotas em tesouraria; b) Quotas
preferenciais; c) Conselho de Administração; e d) Conselho Fiscal.
Deve-se notar, contudo, que mesmo naqueles casos em que a norma supletiva seja
a da sociedade simples, ainda será possível recorrer à Lei de S/A pelo emprego da analogia.
Dessa forma, por exemplo, se for apresentada para registro uma alteração do contrato
social de uma sociedade limitada, constando a operação societária conhecida por quotas
em secretaria ou quotas em tesouraria, na qual a sociedade limitada será titular de suas
próprias quotas, será possível recorrer à Lei de S/A por meio da fonte normativa supletiva
ou pelo emprego da analogia, aplicando-se o artigo 30, §1º da Lei 6.404/76. Essa operação
23
Nesse sentido: PEIXOTO, Carlos Fulgêncio da Cunha. A Sociedade por Quotas de responsabilidade Limitada.
Forense, vol. 1, 1958, n. 69, p. 60. É possível compreender a questão por meio do RECURSO ESPECIAL Nº
687.351 – MG, cuja ementa merece ser transcrita: COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. ACÓRDÃO ESTADUAL.
NULIDADE NÃO CONFIGURADA. SOCIEDADE POR COTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. ALTERAÇÃO
SOCIAL. AUMENTO DE CAPITAL. INOBSERVÂNCIA DA PROPORÇÃO DAS COTAS. ALEGADO PREJUÍZO A SÓCIO
FALECIDO, POR ERRO. AÇÃO QUE OBJETIVA A RECOMPOSIÇÃO DA PROPORCIONALIDADE ANTERIOR.
PRESCRIÇÃO. APLICABILIDADE SUPLETIVA DA LEGISLAÇÃO COMERCIAL, E, PARTICULARMENTE, DO ART. 286
DA LEI DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS E NÃO DO CÓDIGO CIVIL ANTERIOR. ARTS. 18 DO DECRETO N.
3.708⁄1919, 291 DO CÓDIGO COMERCIAL. EXEGESE. PROCESSO EXTINTO. CPC, ART. 269, IV. SÚMULA N. 98 -
STJ. I. Não padece de nulidade o acórdão que, fundamentadamente, enfrentou as questões essenciais ao deslinde
da controvérsia, apenas que trazendo conclusões contrárias ao interesse da parte irresignada.
II. É bienal o prazo prescricional para anular-se alteração de contrato de elevação de capital de sociedade por
cotas de responsabilidade limitada, em que se sustenta a inobservância do critério da proporcionalidade do
capital, pela aplicação supletiva do art. 286 da Lei n. 6.404⁄1976, segundo o princípio da prevalência da legislação
comercial sobre o Código Civil anterior, preconizado nos arts. 18 do Decreto n. 3.708⁄1919 e 291 da Lei n. 556,
de 25.06.1850. III. "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm
caráter protelatório" - Súmula n. 98-STJ. V. Recurso especial conhecido em parte e nessa extensão provido.
Extinção do processo, nos termos do art. 269, IV, do CPC
24
Conforme artigo publicado na Revista Forense, vol. 128 p. 353
societária, cuja admissibilidade é controvertida após o advento do Código Civil de 2002 25,
passou a ser admitida pela IN 38/2017 do DREI.
Para tanto, deverá ser verificado se o contrato social da sociedade limitada contém
a opção pela aplicação supletiva da Lei 6.404/76, pois, nesse caso, a regra das sociedades
anônimas prevista no artigo 30, § 1º será aplicada diretamente. De qualquer modo, ante
a inexistência de qualquer norma nesse sentido no Código Civil de 2002, pode-se recorrer
à analogia para se valer da regra da Lei de S/A para solucionar a omissão.
Como se vê, existem duas formas para aplicarmos a Lei 6.404/1976 às sociedades
limitadas: a primeira, quando o contrato social da sociedade limitada a escolhe como fonte
normativa supletiva; a segunda, por analogia, na hipótese em que a própria regra supletiva
também se revela omissa.
É preciso lembrar, contudo, que nem todas as normas contidas na Lei 6.404/76
poderão ser aplicadas às sociedades limitadas, pois será necessário verificar a sua
compatibilidade com a estrutura desse tipo societário. Nesse sentido, não poderá uma
sociedade limitada ofertar publicamente contratos de investimento coletivo, por serem
incompatíveis com o regime da limitada. A Comissão de Valores Mobiliários – CVM, já foi
obrigada a aplicar multas àquelas sociedades limitadas que ofereceram contratos de
investimento coletivo26 no mercado, atuando como se fossem sociedades anônimas
abertas, como foi o caso da Avestruz Máster27 e da Top Avestruz28.
25
J. E. Tavares Borba admite a realização desta operação mesmo após o advento do Código Civil de 2002,
conforme BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito Societário. 12. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2010., pág. 118:
“...Neste passo, cabe indagar se as sociedades limitadas continuam autorizadas a adquirir suas próprias quotas.
Deve-se começar pela constatação de que não existe incompatibilidade lógica ou jurídica para essa aquisição,
tanto que na sociedade anônima continua admitida. Além disso, a Lei 6.404/1976 pode ser adotada
contratualmente como legislação supletiva do contrato, atuando nesse caso no sentido de permitir a auto-
aquisição das cotas. Ora, se o contrato pode, por via da supletividade, acolher determinadas regras, poderá
também, e por idênticas razões, incorporar diretamente essas regras...”
26
Contrato de investimento coletivo, quando oferecido publicamente, é uma espécie de valor mobiliário e está
previsto no artigo 2º, Inciso IX, da Lei 6.385/1976.
27
Deliberação da CVM 473.
28
Deliberação da CVM 474.
Todos esses aportes realizados pelos sócios são registrados como capital social na
contabilidade da sociedade.
Diferentemente disso, vale lembrar que a sociedade poderá também captar
recursos dos sócios a título de mútuo, por exemplo, devendo restituir aos sócios mutuantes
os bens ou dinheiro investidos, acrescidos de uma compensação remuneratória, a qual
independe dos lucros que a sociedade venha a apurar.
No entanto, toda sociedade empresária deve possuir uma quantidade de capital
financeiro próprio formado pelas contribuições dos sócios – denominada como capital social
– para que possa realizar o seu objeto social.
Nesse sentido, José Edwaldo Tavares Borba define capital social como a cifra
contábil que corresponde ao valor dos bens que os sócios transferiram ou se
comprometeram a transferir à sociedade quando da subscrição de sua participação. 29
Trata-se de um valor formal e estático que, salvo em razão de um aumento ou redução
deliberados em assembleia ou reunião de sócios, permanece inalterável durante toda a
vida da sociedade. Não se modifica em razão da real situação financeira da empresa.
Diferencia-se, portanto, do conceito de patrimônio, que é o conjunto de direitos
econômicos e obrigações, incluindo os ativos (dinheiro, créditos, etc.) e os passivos
(impostos, títulos a pagar, etc.). O patrimônio líquido, por sua vez, é um valor real e
dinâmico, que varia de acordo com o sucesso ou insucesso da sociedade. 30
Capital social é o fundo originário e essencial da sociedade, fixado por meio da soma
da contribuição dos sócios – é uma expressão numérica. Patrimônio social é o patrimônio
da sociedade no sentido econômico, compreendendo não só o capital social, mas outros
bens, enfim, tudo o que a sociedade venha a possuir durante a sua existência, inclusive as
dívidas.
Importante lembrar a definição de patrimônio líquido que é a diferença entre o ativo
e o passivo. Sendo o ativo superior ao passivo, a sociedade terá um patrimônio líquido
positivo; se inferior, terá um patrimônio líquido negativo.
No início de uma sociedade, o seu patrimônio se equivale ao capital social. Com o
decorrer das atividades, se o patrimônio líquido exceder o capital, logo a sociedade
acumulará lucros que poderão ser distribuídos aos sócios ou conservados na conta de
reserva ou lucros acumulados.31
Por outro lado, caso o patrimônio líquido seja inferior ao capital em virtude de
prejuízos, não se poderá efetuar qualquer distribuição de lucros aos acionistas. 32 Nessa
hipótese, ainda que o patrimônio líquido seja reduzido a nada, o capital social continuará
o mesmo, conforme consta do estatuto social da sociedade.
Após analisarmos as diferenças entre os conceitos de capital social e patrimônio,
valemo-nos de transcrição do mestre José Luiz Bulhões Pedreira sobre o capital social como
29
BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito Societário. 12. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2010. p. 63.
30
Idem.
31
Exemplos foram criados para explicar o tema: o espanhol Joaquim Garrigues ensina “a propósito, que o capital
social represente um dique que contém as águas (os elementos do ativo) até que este atinja seu nível, sendo só
a partir deste momento que o excedente poderá beneficiar os acionistas, sob a forma de dividendos”. GARRIGUES,
Joaquim. Tratado de derecho mercantil. V.1. T. 2. Madri: Revista de Derecho Mercantil, 1947. p. 637.
32
Importante notar que, nos termos do caput e §1º do artigo 201 da Lei das S.A., o pagamento de dividendos
somente pode ser feito à conta de lucro líquido no exercício e de reserva de lucros (e, excepcionalmente, no caso
de ações preferenciais conforme §5º, artigo 17, à conta de reserva de capital); e que a não observância desta
regra implica responsabilidade solidária dos administradores e fiscais, que deverão repor a importância
distribuída, sem prejuízo da ação penal que no caso couber.
o montante fixado no estatuto social de uma companhia (contrato social de uma sociedade
limitada):33
33
PEDREIRA, José Luiz Bulhões. Noções de Economia e Finanças para Advogados. In: Instituto de Estudos de
Direito da Economia – IEDE. Rio de Janeiro: IEDE, 1983. p. 415.
34
Segundo Coelho, “no direito inglês a doctrine of capital maintenance defende que o capital das sociedades
serve como um fundo de garantia aos credores”. Curso de Direito Comercial. Direito de Empresa. 15. ed. São
Paulo: Saraiva, 2011.
35
LAMY FILHO, Alfredo. Capital Social. Conceito. Atributos. A Alteração introduzida pela Lei 9.457/97. O Capital
social no sistema jurídico americano. In: Revista Forense, v. 346. Rio de Janeiro: Forense, 1997. p. 3.
36
LAMY FILHO, Alfredo; PEDREIRA, José Luiz Bulhões. A Lei das S.A. V. II. Rio de Janeiro: Renovar, 1996.
Pareceres, p. 25.
37
Idem.
38
LSA, art. 6º: “O capital social somente poderá ser modificado com observância dos preceitos dessa lei e do
estatuto social (arts. 166 a 174)”.
39
Código Civil. Art. 1.059. Os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a qualquer
título, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia se distribuírem com prejuízo do capital.
40
PANTOJA, Teresa Cristina G. Anotações sobre as pessoas jurídicas. In: A Parte Geral do Novo Código Civil:
Estudos na Perspectiva Civil-Constitucional. TEPEDINO, Gustavo (Coord.). 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.
p. 90.
41
Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio.
§ 1° Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios, até o
prazo de cinco anos da data do registro da sociedade.
Destarte, depreende-se da leitura dos artigos supracitados que a Lei teria previsto
quatro formas para o sócio de uma sociedade limitada realizar o capital por ele subscrito,
quais sejam: (i) dinheiro, (ii) bens e (iii) créditos.
Tanto nas sociedades limitadas quanto nas sociedades anônimas, os sócios
somente poderão se valer desses três meios referidos (dinheiro, bens ou créditos) para
integralização do capital social. Ademais, para as sociedades limitadas há uma vedação
expressa prevista no artigo 1055 § 2º:
42
Existem sociedades para as quais, em virtude do seu objeto social, lei especial exige que o seu capital seja
formado apenas por dinheiro (e.g. instituições financeiras em geral), sendo expressamente vedada a contribuição
em bens.
43
“Note-se que o limite da responsabilidade do sócio no Código Civil de 2002 permanece o mesmo: o valor do
total do capital social. Porém, ampliam-se os casos em que os sócios podem ser chamados a responder
solidariamente pela integralização do capital”. CARVALHOSA, Modesto. Apud Comentários ao Código Civil: parte
especial: Do Direito de Empresa (artigos 1.052 a 1.195). AZEVEDO, Antônio Junqueira de (Coord.). V. 13. São
Paulo: Saraiva, 2003. p. 14.
de cinco anos do registro da sociedade, pela exata estimação dos bens conferidos ao capital
social (art. 1.055, § 1º).
Isso porque, quando se lhe atribui valor diverso do seu valor real, considera-se tal
como se não tivesse sido totalmente integralizado o capital social. Por conseguinte, todos
os sócios responderão solidariamente por essa diferença, ou seja, pelo montante que faltar
(na maioria dos casos) para que se estabeleça a integridade e a consistência do capital
social.44
Cumpre ressaltar que, segundo o art. 117, letra “h”, da LSA, a transferência de
bens estranhos ao objeto social da companhia pelo acionista controlador é modalidade de
exercício abusivo de poder. Na sociedade limitada, também entendemos que os bens
transferidos ao capital social deverão possuir conexão com a atividade desenvolvida pela
sociedade, ou seja, deverão ser úteis à consecução de seu objeto social.
44
Para referências jurisprudenciais sobre as responsabilidades dos sócios, consultar: COELHO, Fábio Ulhoa. A
Sociedade Limitada no Novo Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. pp. 12-18.
45
CARVALHOSA, Modesto. Comentários ao Código Civil: parte especial: Do Direito de Empresa (artigos 1.052 a
1.195). AZEVEDO, Antônio Junqueira de (Coord.). V. 13. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 123.
46
Ver artigo 89 da LSA. Há necessidade de avaliação por peritos e prévia aprovação da Assembleia. (artigo 8 e
122, VI, ambos da LSA).
47
Deverá ser levado em consideração o artigo 35, Inciso VII, Alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.934/94.
48
Cabe ressaltar que apesar de a redação do artigo fazer referência apenas à “data do registro da sociedade”
como termo inicial da contagem do prazo de 05 anos mencionado, dando a entender, a princípio, que se trataria
apenas da hipótese de constituição da sociedade, a responsabilidade solidária dos sócios pela exata avaliação do
bem conferido ao capital social também se estende às hipóteses de aumento de capital.
49
Art. 10, caput, LSA. “A responsabilidade civil dos subscritores ou acionistas que contribuírem com bens para a
formação do capital social será idêntica à do vendedor. [...]”
conteúdo econômico destes bens imateriais. Além disso, se for utilizada marca ou patente
para integralização do capital social, deverá ser verificada a própria, utilizada para aquela
determinada sociedade. Por fim, há necessidade de ser realizada a averbação no INPI.
Adicionalmente, também é permitido que os sócios transfiram créditos às
sociedades. Nessa hipótese, ao contrário do que ocorre em cessões de crédito, nas quais
o alienante responde tão somente pela existência do crédito, 50 no caso de contribuição
para o capital social, o sócio fica responsável não apenas pela existência do crédito, mas
também pela solvência do credor.51
Cumpre notar que qualquer cláusula que afaste essas responsabilidades é nula.
Apesar da regra geral forçada no artigo 108 do Código Civil,52 a escritura pública não será
necessária para formalizar esse tipo de transferência de bens imóveis – do sócio para a
sociedade –, vez que há previsão expressa em legislação especial. Trata-se da Lei nº
6015/73 que regula os registros públicos, que em seu artigo 167, I, nº 32 53,54 afasta a
necessidade de escritura pública para esse fim. É título hábil para o registro do instrumento
particular que formalize a integralização do bem à sociedade. É necessário, porém, a
descrição específica dos bens que serão integralizados, em atenção ao princípio da
especialidade. Ressaltamos, ainda, que tal transferência não ocorre a incidência do ITBI
(imposto de transmissão de bens imóveis), por força dos artigos 36 e 37 do Código
Tributário Nacional. In verbis:
50
Art. 295, Código Civil.
51
Art. 1.005 c/c/997, III do Código Civil e art. 10 da LSA.
52
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que
visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a
trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
53
Vide, ainda, o artigo 35, Inciso VII, Alíneas “a” e “b”, da Lei 8.934/94.
54
Art. 167 - No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos. (Renumerado do art. 168 com nova
redação pela Lei nº 6.216, de 1975).
I - o registro: (Redação dada pela Lei nº 6.216, de 1975).
32) da transferência, de imóvel a sociedade, quando integrar quota social;
55
Seria o caso das companhias seguradoras que têm de manter determinada reserva técnica de acordo com os
riscos segurados e com as estatísticas que permitem um cálculo probabilístico da ocorrência de sinistros.
56
MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial. Rio de Janeiro: Forense, 1991. p. 304. Apud PANTOJA, Teresa
Cristina G. Anotações sobre as pessoas jurídicas. In: A Parte Geral do Novo Código Civil: Estudos na Perspectiva
Civil-Constitucional. TEPEDINO, Gustavo (Coord.). 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p. 95.
57
PEDREIRA, José Luiz Bulhões. Noções de Economia e Finanças para Advogados. In: Instituto de Estudos de
Direito da Economia – IEDE. Rio de Janeiro: IEDE, 1983. p. 598.
58
COMPARATO, Fábio Konder & SALOMÃO FILHO, Calixto. O poder de controle na sociedade anônima. Rio de
Janeiro: Forense, 2005. p. 451.
Fica claro que a sociedade poderá optar por estabelecer uma proporção de capital
e dívida (equity/debt) para o desenvolvimento da atividade empresarial a que se propõe.
Defende Fábio Ulhoa Coelho que, no caso de recursos obtidos de terceiros pela
companhia, a título de empréstimo, não estariam os sócios sujeitos, nesse particular, a
qualquer responsabilidade em caso de falência da companhia devido à “subcapitalização”.
Por outro lado, se os próprios acionistas tivessem concedido tal empréstimo à companhia,
estaria configurada uma hipótese de subcapitalização, cuja responsabilidade dos sócios
deveria ser averiguada em concreto.
No que tange à responsabilidade do acionista controlador, Fábio Ulhoa Coelho expõe
o seguinte:59
59
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. V. II. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 174.
60
O Art. 171 da LSA prevê o mesmo direito de preferência na subscrição de novas ações em aumento de capital
para os acionistas de sociedades por ações.
61
Art. 1.081 do Código Civil.
62
Em Assembleia Geral ou reunião, conforme o previsto no contrato social, e pelo quórum de aprovação de ¾ do
capital social, segundo artigo 1076, I c/c 1071, V.
de sócios ou até mesmo em sede de uma assembleia geral que um sócio X, titular de
apenas 10% do capital social da sociedade faça jus a participação nos lucros na ordem de
90%, cabendo aos demais sócios a partilha do saldo dos dividendos.
63
De acordo com o artigo 177, § 1º, VI do Código Penal, a distribuição de dividendos fictícios constitui uma
modalidade de fraude, punível com a pena de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
64
Contudo, cumpre notar que os acionistas não são obrigados a restituir os dividendos que em boa-fé tenham
recebido (art. 201, § 2º, LSA).
65
Lei nº 11.638/07: “Art. 3o Aplicam-se às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob
a forma de sociedades por ações, as disposições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sobre
escrituração e elaboração de demonstrações financeiras e a obrigatoriedade de auditoria independente por
auditor registrado na Comissão de Valores Mobiliários.
Parágrafo único. Considera-se de grande porte, para os fins exclusivos desta Lei, a sociedade ou conjunto de
sociedades sob controle comum que tiver, no exercício social anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00
(duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões
de reais)”.
66
Segundo notícia vinculada no jornal Valor Econômico de 22 de janeiro de 2009, a juíza da 25ª Vara Federal
deferiu um pedido de liminar suspendendo a aplicação do item 07 da Nota Técnica nº 99 de 2008 do DNRC, a
qual considerava facultativa a publicação das demonstrações financeiras elaboradas por sociedades de grande
porte que não eram constituídas como sociedade por ações. Contudo, segundo notícia vinculado no mesmo jornal
em 13 de fevereiro de 2009 a Sexta Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, em São Paulo,
suspendeu essa mesma liminar.
67
A favor da publicação das demonstrações financeiras podemos destacar Modesto Carvalhosa, (Disponível em:
<www.valor.com.br> em 21 de janeiro de 2008); e Maria Lúcia de A. P. Silva; Thiago Giantomassi (Disponível
em: <www.valor.com.br> em 08 de janeiro de 2008). Defendendo não haver exigência de publicação, podemos
mencionar: Fábio Ulhoa Coelho (Disponível em: <www.valor.com.br> em 22 de janeiro de 2008); e MUSSNICH,
Francisco A. M.; PERES, Fábio Henrique. Breves Considerações sobre Elaboração e Publicação de Demonstrações
Financeiras por Sociedades de Grande Porte à luz da Lei nº 11.638/07. In: Direito Tributário, Societário e a
Reforma da Lei das S/A: Inovações da Lei 11.638. São Paulo: Quartier Latin, 2008. pp. 121 - 131.
68
Nesse sentido, a LSA prevê que a observância pelas companhias decorre do arquivamento em sua sede, e não
de sua interveniência. Nesse sentido: “Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações,
preferência para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle deverão ser observados pela
companhia quando arquivados na sua sede. (...)” A aplicação das normas das sociedades por ações às limitadas
será discutido adiante.
relações entre sócios. Portanto, é de extrema relevância avaliar quais dispositivos legais
se aplicam aos acordos de sócios nas sociedades limitadas.
Inicialmente, cabe ressaltar que, enquanto contrato, o acordo de sócios submete-
se às regras aplicáveis a este tipo de negócio jurídico, isto é, às regras gerais das
obrigações e dos contratos. Por exemplo, para que seja válido é necessário que (i) as
partes sejam capazes; (ii) seu objeto seja lícito, possível, determinado ou determinável; e
(iii) adote forma prescrita ou não defesa em lei.
Ainda, diante da leitura do art. 1.053 do Código Civil tem-se que nas omissões do
Capítulo IV do Código Civil, que é dedicado às sociedades limitadas, aplicam-se
subsidiariamente as normas da sociedade simples e supletivamente as normas da
sociedade anônima, nesse último caso desde que haja cláusula expressa69.
Marcelo M. Bertoldi70 vai além e entende que as normas da Lei das S.A. atinentes
ao acordo de acionistas aplicam-se indistintamente às sociedades limitadas, tendo elas
adotado a regência subsidiária ou supletiva. Nesse sentido:
69
O Departamento de Registro Empresarial e Integração – DREI, responsável pela edição de normas técnicas que
orientam as atividades das Juntas Comerciais, posicionou-se de modo diverso. Conforme o inciso II do item 1.4
do Anexo II da IN DREI nº 38/17, a adoção, pela sociedade limitada, de institutos típicos das sociedades anônimas
(quotas em tesouraria, quotas preferenciais, Conselho de Administração e Conselho Fiscal) acarreta a presunção
de adoção da regência supletiva da Lei nº 6.404/76, nos termos do art. 1.053, parágrafo único do Código Civil.
70
BERTOLDI, Marcelo M. Execução Específica do Acordo de Sócios. In: COELHO, Fabio Ulhoa. (Coord.) Tratado
de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2015. p.374
ocorre nos estatutos das companhias, é o instrumento em que se deve explicitar quem são
os titulares de participação societária da entidade. A solução análoga seria, portanto, incluir
no contrato social cláusula que indique a existência do acordo, conferindo assim eficácia
perante terceiros.
No entanto, há quem vá além e sustente a necessidade de arquivamento do acordo
de sócios no registro público competente. É o caso de Jorge Lobo 71 ao afirmar que “[p]ara
produzir efeitos perante terceiros, o acordo de sócios deve ser registrado no RPEMAA ou
no RCPJ”.
Cumpre mencionar que há, ainda, quem sequer reconhece a oponibilidade a
terceiros dos acordos de sócios. Assim, defende Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa 72:
71
LOBO, Jorge. Sociedades Limitadas. V. 1. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 271.
72
VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc. Curso de Direito Comercial, vol. 2. 2.ed. São Paulo: Malheiros Editores,
2010. p. 176.
73
Art. 115. O acionista deve exercer o direito a voto no interesse da companhia; considerar-se-á abusivo o voto
exercido com o fim de causar dano à companhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem,
vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia ou para outros
acionistas.
74
Segundo Perin Junior: “A palavra tag pode ser traduzida como ‘etiqueta’, ‘adesivo’ e como o verbo ‘etiquetar’;
por isso, muitos profissionais têm traduzido tag along como sendo o ‘direito de adesão à venda do controle”,
solução satisfatória sob o ponto de vista jurídico. A expressão tag along deve ser traduzida literalmente, isto é,
por ‘fim conjunto’, com vistas a designar o encerramento da sociedade entre controladores e não controladores
em razão da venda ‘simultânea’ de suas ações”. PERIN JUNIOR, Ecio. A Lei N. 10.303/2001 e a Proteção do
Acionista Minoritário. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 109.
75
Segundo Modesto Carvalhosa: “Trata-se de uma disposição contratual que prevê, no caso de venda das ações
detidas por um ou mais signatários do acordo, para os demais pactuantes, o direito de vendê-las conjuntamente
com aqueles. Essa cláusula pode ter por objeto ações de controle e também ações minoritárias. Trata-se de uma
convenção na qual os signatários do acordo ajustam entre si esse direito de venda conjunta. Os credores da
obrigação serão aqueles acionistas signatários que não participaram do negócio de venda com os terceiros.”
CARVALHOSA, Modesto. Acordo de Acionistas: Homenagem a Celso Barbi Filho. São Paulo: Saraiva, 2011, p.
311.
76
CARVALHOSA, Modesto. Acordo de Acionistas: Homenagem a Celso Barbi Filho. São Paulo: Saraiva, 2011, p.
316.
77
Enunciado 384 da IV Jornada de Direito Civil do CJF — Nas sociedades personificadas previstas no Código Civil,
exceto a cooperativa, é admissível o acordo de sócios, por aplicação analógica das normas relativas às sociedades
por ações pertinentes ao acordo de acionistas.
78
TEIXEIRA, Larissa. Acordo de quotistas. In: Tipos societários. FINKELSTEIN, Maria Eugênia Reis; PROENÇA,
José Marcelo Martins (Coord.). São Paulo: Saraiva, 2009. p. 241.
79
Idem.
80
Como documento de interesse da sociedade, é importante que a opção de compra ou venda de participação
societária, tratada como instrumento contratual em separado, seja arquivada na Junta Comercial competente
para que possa ser oponível perante terceiros e, assim, produzir os seguintes efeitos previstos na Lei de Registro
Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, Lei n. 8.934/1994: “Art. 1º [...] I – dar garantia, publicidade,
autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis, submetidos ao registro na forma
desta Lei; [...].”
81
ALVES, Alexandre Ferreira de Assumpção; TURANO, Allan Nascimento. Op. cit. p. 18.
82
ARRUDA, Pablo Gonçalves e. A dissolução (total e parcial) de sociedade no novo CPC. Migalhas de Peso. Rio de
Janeiro, 2016. Disponível em: < http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI234881,71043-
A+dissolucao+total+e+parcial+de+sociedade+no+novo+CPC>. Acesso em 25 de agosto de 2017.
83
O código Civil consagrou o princípio da liberdade da cessão de quotas na omissão do contrato social. A cessão
a outro sócio é livre e independe de consulta aos demais. Quanto ao não sócio, dependerá da não oposição de
titulares que possuem mais de vinte e cinco por cento do capital social.
84
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 8. ed. V. 2. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 434.
Nos termos do artigo 1.029 do Código Civil, em sociedades simples por prazo
indeterminado, qualquer dos sócios pode se retirar bastando, para tanto, aviso prévio de
sessenta dias. Se essa mesma sociedade possuir tempo determinado de duração, os seus
sócios estarão obrigados a se manterem vinculados durante todo o período.
As sociedades limitadas possuem tratamento específico no artigo 1.077 do Código
Civil, que determina nos casos em que, por motivo de discordância quanto à alteração
contratual, incorporação ou fusão deliberadas em reunião, o sócio dissidente poderá
retirar-se da sociedade. Por se tratar de uma regra específica sobre o direito de retirada
nas sociedades limitadas que dispõe de modo diverso do estabelecido no art. 1.029,
referente às sociedades simples, não há que se falar na aplicação supletiva de tal
disposição, mesmo que a sociedade limitada seja regida supletivamente por tais normas. 85
Nas sociedades limitadas regidas supletivamente pelas regras das Sociedades
Anônimas, o recesso é cabível nas mesmas circunstâncias do artigo 1.077, quais sejam,
dissidência quanto à alteração contratual, fusão ou incorporação, independentemente do
prazo de duração. Ao eleger a Lei das Sociedades Anônimas como norma de regência, os
sócios renunciam ao direito de retirada imotivada previsto no artigo 1.029 do Código Civil.
Por essa razão, se fará também necessária a ordem judicial autorizando o seu
desligamento.
Vale a pena destacar que, por trás dessa questão, há um aparente conflito de
dispositivos constitucionais. Neste sentido, alguns autores têm sustentado a existência de
um conflito entre o direito à liberdade de associação, o qual permite qualquer indivíduo se
associar, assim como se desligar de uma associação, com fulcro no art. 5º, XX, da
Constituição da República, com o princípio da manutenção da empresa, especialmente em
razão dos empregos e tributos gerados.
Ressalta-se, ainda, que o Col. Superior Tribunal de Justiça tem entendimento no
sentido de admitir a retirada de sócio de sociedades anônimas fechadas, posicionamento
esse que é aplicável também às sociedades limitadas regidas supletivamente pela Lei das
Sociedades Anônimas, como se observa nos Embargos de Divergência em REsp nº 419.174
– SP, da 2ª Seção do STJ, de relatoria do Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em
28.05.2008, cuja ementa encontra-se a seguir:
85
Neste sentido: GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Direito de Empresa: comentários aos artigos 966 a 1.195
do Código Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 373. Em sentido contrário: COELHO, Fábio Ulhoa.
Curso de Direito Comercial. 8. ed. v. 2. São Paulo: Saraiva, 2005, P. 434-435.
86
ALVES, Alexandre Ferreira de Assumpção; TURANO, Allan Nascimento. Resolução da Sociedade Limitada em
Relação a um Sócio e a Ação de Dissolução Parcial. Curitiba: Juruá Editora, 2016. p.73.
87
VIEIRA, Paulo Albert Weyland; REIS, Ana Paula de Carvalho. As Sociedades Limitadas no Novo Código Civil –
a Limitação de Contratar. In: Revista de Direito Mercantil Industrial, Econômico e Financeiro. V. 127. São Paulo:
Malheiros Editores, p. 46.
88
LUCENA, José Waldecy. Das sociedades por quotas de responsabilidade limitada. Rio de Janeiro: Renovar,
1996. pp. 735 e 730.
89
É importante ter claro que estas obrigações não necessariamente estarão expressas no contrato social,
podendo, ainda, serem negativas ou positivas.
90
COELHO, Fábio Ulhoa. A Sociedade Limitada no Novo Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 132.
91
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Direito de Empresa. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p.
468.
92
ALVES, Alexandre Ferreira de Assumpção; e TURANO, Allan Nascimento. Op. cit. p. 66.
93
No mesmo sentido: CAMPINHO, Sergio. O Direito de Empresa À Luz do Novo Código Civil. 5. ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 2005. p. 214; e LEÃES, L. G. P. de B. Exclusão extrajudicial de sócio em sociedade por quotas. In:
Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, v. 100, pp.
90-91.
94
COELHO, Fábio Ulhoa. A Sociedade Limitada no Novo Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. pp. 129-130.
95
VIEIRA, Paulo Albert Weyland; REIS, Ana Paula de Carvalho. As Sociedades Limitadas no Novo Código Civil –
a Limitação de Contratar. In: Revista de Direito Mercantil Industrial, Econômico e Financeiro. São Paulo: Malheiros
Editores, v. 127, p. 47.
96
CARVALHOSA, Modesto. Comentários ao Código Civil. V. 13. São Paulo: Saraiva, 2003. pp. 313-314.
Consta-se, assim, que alguns casos de grave discórdia entre os sócios, ou a quebra
do affectio societatis também são vistos por alguns autores98,99,100,101 como causa
justificada para exclusão extrajudicial de minoritário. Deve-se atentar, porém, como bem
disse Modesto Carvalhosa, para possibilidade de “ser imputada a culpa pelo ato
eventualmente ensejador da exclusão” ao sócio que se deseja excluir. Trata-se de questão
muito delicada, uma vez que a discórdia entre os sócios pode se dar por culpa de ninguém,
ou mesmo por culpa do majoritário. Portanto, devemos ter muita prudência em se tratando
de exclusão extrajudicial por quebra de affectio societatis, de modo a evitar arbitrariedades
por parte da maioria.
Inclusive, vale trazer à colação julgado proferido pela Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiça, que não reconheceu o pedido de exclusão fundado tão somente na
quebra da affectio societatis:
97
LUCENA, José Waldecy. Das sociedades por quotas de responsabilidade limitada. Rio de Janeiro: Renovar,
1996. pp. 775-776. O autor exemplifica casos de grave desinteligência entre os sócios que não decorram de
violação da lei ou do contrato social, invocando as causas elencadas por Soares Faria e Priscila Maria Pereira
Corrêa da Fonseca: “mais lembram aquelas determinantes da dissolução da sociedade conjugal” (“A Exclusão de
Sócio da Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada no Direito Brasileiro”, palestra in Sociedades Por
Quotas de Responsabilidade Limitada, 1987, Associação dos Advogados de São Paulo, p. 74). Escreveu Soares
de Faria: “Entre os fatos que justificam a exclusão, se no contrato figurasse o motivo genérico de desacordo entre
os sócios, citam-se, entre outros, os seguintes: a) injúrias proferidas contra outro sócio; b) adultério de um dos
sócios com a mulher do outro; c) maus tratos de um dos sócios com o outro; d) excessiva vigilância da parte de
um dos sócios sobre a contabilidade do outro, ou reciprocamente, os subterfúgios empregados por um sócio para
subtrair-se ao controle dos outros; e) desacordo sobre uma importante iniciativa a ser tomada [...]”; Da Exclusão
de Sócios nas Sociedades de Responsabilidade Ilimitada. São Paulo: Livraria Acadêmica, 1926. p. 26), apud
LUCENA, José Waldecy. Das sociedades por quotas de responsabilidade limitada. Rio de Janeiro: Renovar, 1996.
p. 776.
98
LUCENA, José Waldecy. Das sociedades por quotas de responsabilidade limitada. Rio de Janeiro: Renovar,
1996. pp. 775-779.
99
CARVALHOSA, Modesto. Comentários ao Código Civil. V. 13. São Paulo: Saraiva, 2003. pp. 313-314.
100
TEIXEIRA, Egberto Lacerda. Das Sociedades por Quotas de Responsabilidade Limitada. São Paulo: Max
Limonad, 1956. p. 275.
101
LEÃES, L. G. P. de B. Exclusão extrajudicial de sócio em sociedade por quotas. In: Revista de Direito Mercantil,
Industrial, Econômico e Financeiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, v. 100, p. 95.
Uma vez deliberada a exclusão, não mais ostenta o sócio excluído legitimidade para
requerer a dissolução total ou parcial da sociedade. Poderá pleitear tanto a anulação da
deliberação social que o excluiu, com eventuais perdas e danos, caso pretenda continuar
na sociedade, como, se não satisfeito com o valor atribuído a seus haveres, a correta
apuração destes, com perdas e danos acaso ocorrentes, se não mais desejar integrar o
quadro social.106
Voltando aos requisitos de validade da exclusão extrajudicial, cumpre ressaltar a
obrigatoriedade da previsão expressa, no contrato social, da possibilidade de exclusão por
justa causa. Embora se possa considerar retrocesso ou formalismo excessivo, o sócio
saberá desde o seu ingresso na sociedade sobre a possibilidade de tal exclusão. Entende-
se que a cláusula pode ser genérica, sem necessidade de explicitar as situações nas quais
será aplicada a exclusão.107
Com relação à realização de reunião ou assembleia de sócios especialmente
convocada para esse fim, cabe salientar a importância da concessão do devido
contraditório ao sócio, com vistas a evitar arbitrariedades pela maioria 108. Além disso,
devemos observar que houve uma alteração na redação do § único do Art. 1.085 do CC,
102
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Terceira Turma. R.Esp 1129222/PR. Recorrente: Seme Raad e Outro.
Recorrido: Faissal Assad Raad e Outro. Relatora: Ministra Nancy Andrighi. Julgado em 28 de junho de 2011.
103
COELHO, Fábio Ulhoa. A Sociedade Limitada no Novo Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003, pp. 134-135.
104
Sobre o controle judicial da exclusão e do mérito do ato de exclusão, consultar: LUCENA, José Waldecy. Das
sociedades por quotas de responsabilidade limitada. Rio de Janeiro: Renovar, 1996. pp. 750-763.
105
CAMPINHO, Sergio. O Direito de Empresa À Luz do Novo Código Civil. 5. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.
p. 215.
106
LUCENA, José Waldecy. Das sociedades por quotas de responsabilidade limitada. Rio de Janeiro: Renovar,
1996. pp. 749 e 780.
107
GUIMARÃES, Leonardo. Exclusão de Sócio em Sociedades Limitadas no Novo Código Civil. In: Revista de
Direito Mercantil Industrial, Econômico e Financeiro. São Paulo: Malheiros Editores, v. 129, p. 111.
108
Nas palavras de Fábio Ulhoa Coelho, “é importante destacar que a expulsão do sócio não é medida de
discricionariedade da maioria societária [...]. O sócio que cumpre a obrigação de integralizar a quota do capital
social, nos prazos e pelos valores contratos, e observa o dever de lealdade não pode ser expulso. Não tendo o
sócio ocorrido em ato culposo, não há fundamento para essa forma de rescisão do vínculo contratual.” COELHO,
Fábio Ulhoa. A Sociedade Limitada no Novo Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 132.
dispensando a sua realização quando haja apenas dois sócios na sociedade. Outro ponto
importante seria observar que ela é condição de validade do ato que seja dada ciência ao
acusado da convocação, para que possa comparecer e, querendo, defender-se.
Não se pode olvidar o princípio universal de direito, segundo o qual toda acusação
há de ser comunicada ao acusado, facultando-lhe o contraditório e a ampla defesa (artigo
5º, LV, Constituição Federal), que, no caso, são exercidos na reunião ou assembleia, nos
termos do artigo 1.085.
Entretanto, a eficácia do ato resta condicionada ainda ao registro da alteração
contratual no órgão competente. Uma vez efetuado o registro da alteração contratual,
deverá ser liquidada a quota do sócio excluído, considerada pelo montante efetivamente
realizado, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada
em balanço especialmente levantado, salvo se o contrato dispuser em contrário (artigo
1.031, aplicado por força do disposto no artigo 1.086). O pagamento será em dinheiro, no
prazo de noventa dias, a partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em
contrário (artigo 1.031, § 2º).
Com a exclusão do sócio, o capital sofrerá a correspondente redução, salvo se os
demais sócios decidirem entrar com os recursos correspondentes ao valor da quota
liquidada (artigo 1.031, § 1º).
De acordo com o artigo 1.032, de aplicação às sociedades limitadas por força do
artigo 1.086, a exclusão do sócio não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade
pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos depois de averbada a resolução da
sociedade em relação a ele; nem pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se
requerer a averbação. Se os sócios não providenciarem a averbação, o sócio excluído pode
agir por si a fim de permitir o início da fluência do prazo de dois anos.
Lembre-se de que a não observância de quaisquer das formalidades legais
supracitadas enseja ação declaratória de nulidade do ato.109
Por fim, é importante mencionar que o desfazimento dos vínculos contratuais com
o sócio expulso, não extingue a sociedade, permanecendo existentes os vínculos dos sócios
remanescentes, ainda que por até 180 dias, no caso de sociedade composta por apenas
dois sócios. Ademais, os direitos e deveres existentes entre as partes alheias à rescisão
não quedam comprometidos.110
109
CAMPINHO, Sergio. O Direito de Empresa À Luz do Novo Código Civil. 5. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.
p. 215.
110
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Direito de Empresa. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p.
468.
111
Em ordem: PEIXOTO, Cunha. A Sociedade por Cotas de Responsabilidade Ltda. Rio de Janeiro: Forense. 1956,
v. 1, n. 310, p. 272; REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 1980, v. 2, n.
493, p. 283; COMPARATO, Fábio Konder. Exclusão de Sócio nas Sociedades por Cotas de Responsabilidade
Limitada. In: Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro. São Paulo: Revista dos Tribunais,
v. 25, p. 48; FERREIRA, Waldemar. Sociedades por Quotas. São Paulo: Cia. Gráphico-Editora, Monteiro Lobato,
1925. pp. 117-118; LUCENA, José Waldecy. Das sociedades por quotas de responsabilidade limitada. Rio de
Janeiro: Renovar, 1996. p. 764; FONSECA, Priscila Maria Corrêa da. A Exclusão de Sócio da Sociedade por Quotas
A questão não havia sido enfrentada pelos Tribunais, até que o Superior Tribunal
de Justiça, em verdadeiro leading case, deferiu a dissolução parcial da sociedade em favor
da minoria, excluindo, portanto, a maioria do quadro societário. 118
Lembre-se de que, nos termos do artigo 1.030, a iniciativa dependerá da vontade
da maioria dos minoritários, computada segundo suas participações no capital.
Também no procedimento judicial, se operará a dissolução parcial da sociedade,
mediante reembolso das quotas consideradas pelo montante efetivamente realizado pelo
116
LUCENA, José Waldecy. Das sociedades por quotas de responsabilidade limitada. Rio de Janeiro: Renovar,
1996. p. 736.
117
COMPARATO, Fábio Konder. Exclusão de Sócio nas Sociedades por Cotas de Responsabilidade Limitada. In:
Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, v. 25, pp. 47-
48.
118
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp n. 61.278-SP. Quarta Turma. Relator: Ministro Cesar Asfor Rocha.
Julgado em 25 de novembro de 1997.
119
Sobre o tema Informativo 420 STJ: EXCLUSÃO. SÓCIO. LTDA. É cediço que a jurisprudência deste Superior
Tribunal já firmou o entendimento, na generalidade dos casos, de que a retirada de sócio de sociedade por quotas
de responsabilidade limitada dá-se pela ação de dissolução parcial, com apuração de haveres, para a qual têm
de ser citados os demais sócios e a sociedade. No entanto, o Min. Relator, pelas peculiaridades do caso concreto,
em que a inicial, datada de 1998, coloca a questão com outra causa de pedir: ação ordinária de indenização
cumulada com danos patrimoniais decorrentes da exclusão anterior do autor da sociedade empresária, concluiu
que não seria necessário anular o processo para inclusão da sociedade como litisconsorte necessário, pois se
trata de processo muito antigo, em que os sócios excluíram o autor por unanimidade, e a sociedade jamais
sustentaria o contrário. Ressaltou, entretanto, que o recurso se liga à decisão interlocutória e, superado o
incidente, a sentença encontrará a solução mais adequada para a questão de fundo. BRASIL. Superior Tribunal
de Justiça. Resp. n. 788.886-SP. Relator: Ministro Sidnei Beneti. Julgado em 15 de dezembro de 2009.
120
COELHO, Fábio Ulhoa. A Sociedade Limitada no Novo Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 134.
Dessa forma, a lei facultou aos sócios disciplinar em seu contrato social as regras
para a cessão de quotas. Assim, por se tratar de direito dispositivo, pode ser objeto de
livre disposição entre as partes, não sendo considerada qualquer imposição legal.
Seguindo esse entendimento, o Código Civil dispõe no artigo 1.057 o seguinte:
Esse dispositivo confirma a tese de que a cessão de quotas é cláusula que pode ser
livremente convencionada pelos sócios, segundo suas conveniências e interesses e
mediante as condições e restrições que possam entender necessário, nos termos do que
vier a ser definido no seu contrato social.
Rubens Requião, em sua obra, reforça esse entendimento tendo em vista a
mudança legislativa decorrente do novo Código Civil:
Assim, a cessão poderá ser livre inclusive para estranhos, sem sequer haver
necessidade de aprovação unânime dos demais sócios, desde que essa hipótese esteja
refletida no contrato social da sociedade limitada.
Somente no caso de omissão do contrato social é que a lei estabelece que a cessão
deverá ser aprovada na ausência de oposição de sócios representando um quarto do capital
social.122 A anuência deverá ser expressa, já que a lei exige a subscrição dos demais sócios
no instrumento competente.
A cessão terá eficácia a partir da averbação do respectivo instrumento no registro
público competente.123 Interessante notar que, em caso de oposição, ainda que ineficaz à
121
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 25. ed. 1. v. São Paulo: Saraiva, 2003. pp. 481-482.
122
Interessante frisar que, em determinadas legislações estrangeiras, os sócios que não consentirem com a
cessão ou a própria sociedade estariam obrigados a adquirir as quotas do cedente ou indicar outros adquirentes.
In: LUCENA, José Waldecy. Das Sociedades Limitadas. 5. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p. 346.
123
Junta Comercial para os atos das sociedades empresárias e Registro Civil de Pessoas Jurídicas para os atos
das sociedades simples.
sociedade e perante terceiros, poderá o negócio jurídico gerar obrigações entre cedente e
cessionário, formando uma espécie de subsociedade. 124
O artigo 1.003 do Código Civil, referido no artigo 1.057, anteriormente transcrito,
disciplina de forma cogente a responsabilidade solidária entre cedente e cessionário,
conforme se segue:
124
É muito comum que haja um relacionamento entre cedente e cessionário baseado na figura do “Trustee”,
instituto criado pelo direito norte-americano. Nessa hipótese, enquanto a cessão não tiver sido aprovada pelos
órgãos competentes, o cedente atuará como representante do beneficiário, ou seja, como agente do cessionário,
o qual, na relação interna, é o real proprietário daquela participação societária.
125
“Em claro ataque contra o livre arbítrio dos sócios [...], as disposições do Novo Código Civil sobre o tema
evidenciam tentativa clara de aproximar os sistemas deliberativo, administrativo e fiscalizador das limitadas às
formalidades exigidas pela Lei de Sociedades Anônimas, ao prever, pormenorizadamente, em seus artigos 1.060
a 1.080, o modo de funcionamento e regras definidas para a administração, conselho fiscal e assembleia geral
de quotistas.” VIEIRA, Paulo Albert Weyland; REIS, Ana Paula de Carvalho. As Sociedades Limitadas no Novo
Código Civil – a Limitação de Contratar. In: Revista de Direito Mercantil Industrial, Econômico e Financeiro. São
Paulo: Malheiros Editores, 2003, v. 127. p. 40.
126
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Direito de Empresa. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p.
471.
impede que a administração seja genérica, quando todos os administradores têm poderes
para praticar quaisquer atos (cf. arts. 1.013 e 1.014). Aliás, essa é a regra quando do
silêncio do contrato social.
Nesse caso, terão os administradores amplos poderes de gestão, excetuadas a
oneração e a alienação de bens imóveis, se estes atos não integrarem o objeto social (art.
1.015), hipótese em que se exige a aprovação da maioria do capital social. 127
Tanto o contrato social quanto o ato em separado podem conter a nomeação de
administradores, dentro de uma perspectiva formal de análise. O “ato em separado” deve
emanar do órgão competente da sociedade para deliberar a nomeação de administradores.
Esse órgão será a assembleia ou reunião de quotistas, conforme o número de sócios da
sociedade (art. 1.071, II).
A investidura do administrador deverá observar formalidades desnecessariamente
inspiradas no modelo do anonimato: termo de posse lavrado no livro de atas da
administração, o qual deverá ser averbado no registro público competente para arquivar
atos da sociedade. Ressalte-se, ainda, que fica sem efeito a nomeação se a assinatura do
termo de posse não ocorrer nos 30 (trinta) dias seguintes ao da designação (art. 1.062).
A administração da sociedade limitada pode ser confiada ao administrador por prazo
determinado ou indeterminado. Se determinado, com o advento do termo extinguem-se
os poderes conferidos pelo contrato e pela lei, sendo necessário renovar o mandato ou
escolher substituto. Outra possibilidade de extinção dos poderes administrativos é a
renúncia por parte do próprio investido ou sua destituição pelos outros sócios. Em relação
à eficácia do ato de renúncia, basta a comunicação escrita do renunciante à sociedade para
que sua manifestação de vontade tenha efeitos internos. Entretanto, para que produza
efeitos contra terceiros, a dita comunicação terá que ser averbada no órgão de registro e
publicada no Diário Oficial, bem como em jornal de grande circulação (art. 1.063 c/c 1.152,
§ 1º).
Em qualquer caso, sejam conferidos ao administrador poderes por prazo
determinado ou indeterminado, pode os sócios destituí-lo a qualquer tempo, em virtude
de sua função de confiabilidade.128 Para o administrador sócio, se a fonte dos poderes for
o contrato, o § 1º do art. 1.063 estabelece que somente se opera pela aprovação de
titulares de quotas correspondentes a mais da metade do capital social, salvo disposição
contratual diversa. Sendo o administrador não sócio, há quem defenda a orientação de que
sua destituição por vontade dos sócios depende de aprovação dos titulares de quotas de
¾ (três quartos) do capital social (art. 1.071, V, e 1.076, I). Se a designação for em ato
separado, seja o administrador sócio ou não sócio, a destituição ocorrerá com o quórum
exigido no art. 1.076, II, ou seja, votos correspondentes a mais da metade do capital
social.
Ao estabelecer que a administração pode ser exercida por sócio ou não sócio, e
interpretando-se sistematicamente as disposições relativas à nomeação, investidura e
renúncia do cargo de administrador, chega-se à conclusão óbvia da finalidade legal, qual
seja, a vedação do exercício da administração por pessoa jurídica.129
Ressalte-se, ainda, que o art. 997, VI, de aplicação às sociedades limitadas por
força do art. 1.054, determina a restrição do exercício da administração por pessoa natural.
É nesse contexto que se enquadra a proposta de alteração do Código Civil. O Projeto de
Lei de nº 6.960 encerraria a divergência. Ele propõe a expressão pessoas naturais no artigo
1.060 do Código Civil, clareando a mens legis, verbis: “Art. 1.060. A sociedade limitada é
administrada por uma ou mais pessoas naturais designadas no contrato social ou em ato
separado”. Entretanto, tal proposta, apresentada em 2002, ainda se encontra sujeita à
apreciação do plenário.
Nesse sentido, o Departamento de Registro de Empresa e Integração – DREI, na
Instrução Normativa nº 10, que aprovou o “Manual de Atos de Registro de Sociedade
Limitada”, já firmou sua orientação: “a pessoa jurídica não pode ser administradora”.130
Já o dever de lealdade está diretamente ligado ao uso que faz o administrador das
informações a que teve acesso em decorrência de seu cargo. É vedado ao administrador
129
Entendimento diverso encontra apoio na doutrina, uma vez que não tendo restringido expressamente o
exercício da administração por pessoa física, poderia se sustentar que, no silêncio do contrato social, há
possibilidade de se conferir a administração à pessoa jurídica. Vejam-se as seguintes opiniões: MORAES, Luiza
Rangel de. Considerações sobre o Regime Jurídico da Administração nas Sociedades Simples, Limitada e
Anônimas. In: Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais e da Arbitragem. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2002. v. 18, p. 45; e TEIXEIRA, Egberto Lacerda. As Sociedades Limitadas e o Projeto do Código Civil.
In: Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995, Nova
Série, n. 99, p. 70.
130
Manual de Atos de Registro de Sociedade Limitada, p. 22.
131
COELHO, Fábio Ulhoa. A Sociedade Limitada no Novo Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 51.
132
Ibidem. p. 52. Note-se que, ao se referir ao profissionalismo exigido do administrador de sociedade, não se
refere o autor, necessariamente, ao profissional graduado em Administração de Empresas, já que este requisito
não é exigido do administrador de sociedade limitada.
fazer uso de quaisquer informações sabidas em razão do posto que ocupa para beneficiar
a si mesmo ou a terceiros, em detrimento da sociedade. Também não pode utilizar-se de
recursos da sociedade (humanos ou materiais) para propósitos particulares. Por fim, não
pode concorrer com a sociedade ou envolver-se em negócios, quando existente eventual
conflito de interesses.
Certamente, quando em virtude do descumprimento pelo administrador de seus
deveres de atuar como homem diligente e leal, a sociedade sofrer danos, fica o
administrador obrigado a ressarci-los. O mesmo ocorre quando ultrapassar os atos
regulares de gestão ou quando proceder contrariamente ao contrato social ou a lei.
O mestre Fábio Ulhoa Coelho cita alguns exemplos práticos de descumprimento pelo
administrador de seus deveres:
133
COELHO, Fábio Ulhoa. A Sociedade Limitada no Novo Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 52.
134
CAMPINHO, Sérgio. O Direito de Empresa à Luz do Novo Código Civil. 8. ed. rev. e atual. de acordo com a Lei
Complementar nº 123/2006 e com a Lei Ordinária nº 11.382/2006. Rio de Janeiro: Renovar, 2007. pp. 238-239.
135
Isto porque cabe aos sócios, se assim lhes aprouver, optar expressamente, no contrato social, pela aplicação
supletiva da Lei das S.A. (art. 1.053, parágrafo único, do Código Civil).
136
EIZIRIK, Nelson. Questões de Direito Societário e Mercado de Capitais. Rio de Janeiro: Forense, 1987. p.102.
137
LAMY FILHO, Alfredo; PEDREIRA, José Luiz Bulhões. Direito das Companhias. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
p. 1096.
138
CAMPINHO, Sérgio. O Direito de Empresa à Luz do Novo Código Civil. 8. ed. rev. e atual. de acordo com a Lei
Complementar nº 123/2006 e com a Lei Ordinária nº 11.382/2006. Rio de Janeiro: Renovar, 2007. p. 241.
139
Neste sentido decidiu o STJ: “SOCIEDADE ANÔNIMA. RESPONSABILIDADE DOS ADMINISTRADORES. CONTAS
APROVADAS PELA AGO. A aprovação das contas sem reservas pela assembleia geral ordinária (AGO), salvo se
anulada, exonera os administradores e diretores de quaisquer responsabilidades (art. 134, § 3º, da Lei n.
6.404/1976, Lei das Sociedades Anônimas). Na espécie, a empresa recorrente ajuizou ação indenizatória para
obter do recorrido (diretor financeiro da empresa) reparação correspondente ao valor das operações (derivativos)
que realizou sem consentimento e que geraram prejuízos em razão da disparidade cambial. Todavia, a regra do
art. 134, § 3º, da lei supradita é especial em relação ao art. 159 do referido diploma legal, de modo que, no caso
de aprovação de contas, não bastaria a prévia deliberação da assembleia geral para a propositura da ação de
responsabilidade civil, como ocorreu na hipótese, mas, mister, antes de tal propositura ou concomitantemente a
ela, o ajuizamento da ação de anulação da assembleia que aprovou as contas da sociedade (art. 286 da
mencionada lei). Salientou-se ainda que, somente após o trânsito em julgado da sentença que acolher a
anulatória (pela ocorrência de erro, dolo, fraude ou simulação), será possível ajuizar a ação de responsabilidade
pertinente. In casu, não é cabível ação de responsabilidade civil contra quem dela, por força de lei e do ato
jurídico perfeito, foi exonerado. Precedentes citados: AgRg no Ag 640.050-RS, DJe 1º/6/2009; AgRg no Ag
950.104-DF, DJe 30/3/2009, e REsp 257.573-DF, DJ 25/6/2001. REsp 1.313.725-SP, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 26/6/2012. STJ, Informativo nº 500.
140
CAMPINHO, Sérgio. O Direito de Empresa à Luz do Novo Código Civil. 8. ed. rev. e atual. de acordo com a Lei
Complementar nº 123/2006 e com a Lei Ordinária nº 11.382/2006. Rio de Janeiro: Renovar, 2007. p. 242.
141
TRIBUTÁRIO. CERTIDÃO NEGATIVA. SÓCIO GERENTE. DÍVIDA DA SOCIEDADE. RESPONSABILIDADE POR
SUBSTITUIÇÃO. 1 - SÓCIO DE SOCIEDADE POR COTA, QUE EXERCIA A ADMINISTRAÇÃO, PORQUE OBRIGADO
A RECOLHER OS TRIBUTOS DEVIDOS PELA SOCIEDADE, CASO NÃO O FAÇA, SUA OMISSÃO, CARACTERIZANDO
INFRAÇÃO A LEI, TORNA-O, POR SUBSTITUIÇÃO, RESPONSÁVEL PELOS DÉBITOS DA SOCIEDADE (CTN, ART.
135, III).
Pode ocorrer, todavia, hipótese em que a sociedade limitada não disponha dos
recursos necessários ao recolhimento do tributo, pelo que não pode ser responsabilizado
o administrador que não tenha agido de má-fé. Para melhor esclarecer a questão, Fábio
Ulhoa Coelho chamou esta situação de inadimplemento, em oposição à sonegação. Aos
olhos do professor, o administrador somente poderá ser responsabilizado em caso de
sonegação, quando a sociedade possuía o dinheiro para o pagamento do tributo, mas o
administrador o destinou a outras finalidades, tomando por incorreta as opções adotadas.
Isso porque, diante da impossibilidade de atender a todos os credores da sociedade, se o
administrador deixou de realizar pagamento ao fisco, honrando com outras obrigações
contraídas, será necessário verificar as prioridades quitadas, para estabelecer a
responsabilização do administrador, perante o fisco. A título de exemplo, se o
administrador priorizou o atendimento às dívidas trabalhistas, a opção gerencial deve ser
considerada.142 Atualmente, esse é o entendimento da doutrina e jurisprudência
dominante, inclusive conforme a súmula 430 do STJ, que dispõe que o inadimplemento da
obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do
sócio-gerente.143,144 Não obstante, questão diversa é a responsabilidade tributária
decorrente da dissolução irregular da sociedade. Nesse caso, presume-se dissolvida
irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação
aos órgãos competentes, legitimando assim o redirecionamento da execução fiscal para o
sócio-gerente, conforme súmula 435 do STJ.
2 - SE A SOCIEDADE TEM DÍVIDA TRIBUTÁRIA, O SÓCIO, QUE EXERCEU A ADMINISTRAÇÃO NO PERÍODO QUE
SURGIU A OBRIGAÇÃO, RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO, NÃO PODE OBTER CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITOS
FISCAIS. BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Agravo de Instrumento n.
20040020072352. Sexta Turma Cível. Relator: Jair Soares. Julgado em 14 de fevereiro de 2005.
142
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, direito de empresa. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p.
477.
143
Ver: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n. 108.728. Primeira Turma. Relator: Ministro
Néri da Silveira. Julgado em 03 de fevereiro de 1989.
144
Sobre o tema STJ, súmula 430: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só,
a responsabilidade solidária do sócio-gerente. Relator: Ministro Luiz Fux, em 24 de março de 2010.
145
Sobre o surgimento e o desenvolvimento da Teoria Ultra Vires Societatis, veja: COELHO, Fábio Ulhoa. A
Sociedade Limitada no Novo Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. pp. 67-70.
146
Lembra Fábio Ulhoa Coelho que “como o objeto social, até 1948, era inalterável no direito inglês, os atos
constitutivos das sociedades passaram a ostentar, na cláusula respectiva, uma lista imensa e variada de
atividades econômicas às quais poderiam dedicar-se.” COELHO, Fábio Ulhoa. A Sociedade Limitada no Novo
Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 68.
Ao longo do século XX, dilui-se o rigor da teoria. O ato exorbitante do objeto social
(ultra vires societatis – além das forças da sociedade) de nulo passou a ser ineficaz com
relação à sociedade. O terceiro poderia demandar o cumprimento das obrigações do
administrador, mas não da sociedade, que não responderia por tais atos.
Além disso, outra flexibilização da teoria ocorreu em virtude da boa-fé do
contratante, que passou a ter o direito de exigir da própria sociedade o cumprimento da
obrigação extravagante, desde que justificável o desconhecimento da cláusula delimitadora
do objeto social.
Nesse diapasão, inserem-se os defensores da teoria da aparência, se insurgindo na
proteção dos interesses dos terceiros de boa-fé que contratam com a sociedade. Em linhas
gerais, alegam os adeptos dessa teoria que a agilidade e a dinamicidade próprias do
comércio, na maioria das vezes, impedem que o contratante examine com cautela o objeto
social da sociedade com que contrata. Além disso, deve a sociedade arcar com os prejuízos
causados pelo mau administrador, uma vez que foi aquela (por meio de seus sócios) a
responsável pela escolha desse (responsabilidade pela culpa in eligendo).
Até a vigência do Código Civil de 2002, o Direito brasileiro não trazia norma
expressa que consagrasse qualquer das teorias ora tratadas, deixando a cargo da doutrina
e da jurisprudência a solução de impasses.
Rubens Requião nega validade à cláusula restritiva dos poderes da gerência, em
relação a terceiros de boa-fé, sob o argumento de que
147
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 25. ed. V. 1. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 454.
148
PEIXOTO, Cunha. A Sociedade por Cota de Responsabilidade Ltda. Rio de Janeiro: Forense, 1956. p. 318.
149
BARRETO FILHO, Oscar. Órgãos de Administração das Sociedades Limitadas. In: Revista de Direito Mercantil,
Industrial, Econômico e Financeiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1977, Nova Série, n. 25, p. 72.
150
BORGES, João Eunápio. Curso de Direito Comercial Terrestre. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1971. pp. 301-
364.
151
ABRÃO, Nelson. Sociedades Por Quotas de Responsabilidade Ltda. São Paulo: Saraiva, 1980. p. 100.
152
LUCENA, José Waldecy. Das Sociedades Limitadas. 5. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. pp. 448-459.
153
Na corrente contrária, filiaram-se os ilustres Waldemar Ferreira (Instituições de Direito Comercial. São Paulo:
Max Limonad, 1954, 4. ed., v. 1, n. 286, p. 376); e Egberto Lacerda Teixeira (Das Sociedades Por Quotas de
Responsabilidade Limitada. São Paulo: Max Limonad, 1956. p. 115).
154
O dito acórdão foi comentado por Alberto Sanyuan Suen, na Revista de Direito Mercantil, n, 105, pp. 209-212.
155
LUCENA, José Waldecy. Das Sociedades Limitadas. 6. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005. p. 568.
Por isso mesmo, tal como previsto no art. 161, § 4º da Lei das S.A., 156 que visa a
assegurar a participação das minorias acionárias no conselho fiscal, o art. 1.066, § 2º, do
Código Civil, estabelece que os sócios minoritários, que representarem pelo menos vinte
por cento do capital social, têm o direito de eleger, separadamente, um dos membros do
conselho fiscal e o respectivo suplente.
O conselho fiscal é o órgão da sociedade que tem como atribuição fundamental a
fiscalização das atividades negociais desenvolvidas pelos administradores e das
demonstrações financeiras produzidas. Não é órgão obrigatório, como o são a assembleia
de quotistas e ao menos um órgão administrativo. Portanto, para instalação de conselho
fiscal, é necessário que o contrato social (i) o tenha regulado de forma definitiva; (ii)
preveja as hipóteses em que poderá ser instalado; ou (iii) preveja, ao menos, a
possibilidade de instalação.
Antes do advento do Código Civil, o conselho fiscal já era admitido pela
interpretação do art. 18 do Decreto nº 3.708/1919, que, como mencionado, estabelecia a
aplicação da Lei das S.A. como supletiva ao contrato social.
O conselho fiscal está subordinado à assembleia ou reunião de quotistas; prova
desta afirmativa é a eleição e destituição dos conselheiros fiscais pela assembleia. Sua
composição deverá observar o mínimo de três membros e respectivos suplentes, cabendo
ao contrato estipular o número máximo de conselheiros. Esses poderão ser sócios ou não,
mas deverão residir no Brasil (art. 1.066).
A investidura no cargo de conselheiro fiscal segue o mesmo formalismo da
investidura do administrador, ou seja, por meio da assinatura do termo de posse lavrado
no livro de atas e pareceres do conselho fiscal, no qual se mencione o seu nome,
nacionalidade, estado civil, residência e a data da escolha. O exercício de suas funções
será até a próxima assembleia anual, salvo se for destituído ou houver vacância (art.
1.067).
A remuneração do conselheiro fiscal é fixada pela assembleia de quotistas para todo
o período de duração de seu mandato e poderá ser global ou individualmente fixada, tendo
em vista a ausência de imposição legal para uma ou outra (art. 1.068). Todavia, não há
impedimento de que o valor anual seja dividido em pagamentos, sejam mensais ou com
qualquer outra periodicidade.
As atribuições e poderes dos membros do conselho fiscal estão elencados nos
incisos do art. 1.069, os quais não podem ser outorgados a outro órgão da sociedade,
sendo a responsabilidade de seus membros a mesma imputada aos administradores (art.
1.070). Isto é, os conselheiros responderão solidariamente diante da sociedade e dos
terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções (art. 1.016).
Constata-se, portanto, que o controle exercido pelo conselho fiscal sobre a
administração da sociedade é técnico e não político. O controle político é atribuído a outro
órgão da sociedade: a assembleia ou reunião de quotistas.
156
Note-se que, embora tenha o mesmo teor, o art. 161, § 4º da Lei das S.A. prevê o percentual mínimo de 10%
do capital social votante, enquanto o art. 1.066, § 2º, do Código Civil, estabelece o percentual mínimo de 20%
do capital social total.
157
Para maiores informações acerca desse tema, ver: KLEIN, William A.; RAMSEYER, J. Mark; BAINBRIDGE,
Stephen M. Business Associations: cases and material on agency, partnerships, and corporations. 5. ed. Nova
York: Foundation, 2003; SILVA, Alexandre Couto. Responsabilidade dos Administradores de S/A “business
judgment rule”. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007; e VILLAMIZAR, Francisco Reyes. Derecho Societario en Estados
Unidos, Intoducción Comparada. 2nd ed. Bogotá: Editorial Legis, 2005.
158
BAINBRIDGE, Stephen M. Corporation Law and Economics. New York: Foundation Press, 2002. p. 244.
sociedade, o legislador achou por bem que deveriam, necessariamente, emanar de decisão
dos sócios.
De acordo com os artigos 1.071, 1.066, § 1º e 1.068 do referido diploma legal, (i)
a aprovação de contas da administração; (ii) a designação dos administradores, quando
feita em ato separado; (iii) a destituição dos administradores; (iv) o modo de sua
remuneração, quando não estabelecido no contrato; (v) a modificação do contrato social;
(vi) a incorporação, a fusão, e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de
liquidação;159 (vii) a nomeação e destituição dos liquidantes e julgamento de suas contas;
(viii) a aprovação de plano de Recuperação Judicial ou Extrajudicial; 160 e (iv) a eleição do
conselho fiscal e fixação da remuneração de seus membros devem ser submetidas à
reunião ou assembleia de sócios, conforme previsto no contrato social.
Sendo assim, para que sejam válidas e eficazes as decisões concernentes a essas
questões, produzindo efeitos perante os sócios e para a sociedade, é necessária a
observância das formalidades legais para a convocação (competência, modo, ordem do
dia, conhecimento dos sócios), instalação e funcionamento do fórum deliberativo e do
quórum estabelecido para sua aprovação.
Há, por outro lado, deliberações dos sócios atinentes à estratégia geral e gestão
rotineira dos negócios da sociedade que não dependem de formalidade legal para possuir
validade e eficácia e que podem impactar na administração e desenvolvimento da
sociedade. A título de exemplo, mencionamos a alteração do quadro de empregados da
sociedade ou, ainda, a redução de custos administrativos. Não obstante, caso haja
matérias julgadas relevantes ou estratégicas pelos sócios, poderão estabelecer que estas
também dependerão de deliberação dos sócios.
Vale ressaltar que a condição de sócio não se confunde com a de administrador,
ainda que esse cargo possa ser exercido por uma pessoa (natural) que detenha
participação societária na limitada.
Portanto, mesmo que a prática de determinado ato pela sociedade dependa de
prévia deliberação de seus sócios, é fundamental que se compreenda que cabe aos
administradores, ou eventualmente a procuradores, a representação da sociedade.
2.3.6.1 Foro de Deliberação: Assembleia ou Reunião de Sócios
A assembleia de sócios, fonte do poder político e órgão máximo na organização
social, não era regulada pelo Decreto n° 3.708/1919. O Código Civil disciplina esse órgão
de modo muito parecido com as assembleias de acionistas, previstas da Lei nº 6.404/76
(Lei das S.A.), preservando, no entanto, a natureza personalista161 da sociedade limitada.
159
Cumpre salientar que a lei não menciona a cisão da sociedade limitada como matéria sujeita à deliberação
assemblear. Embora não haja referência expressa, a cisão total acarreta a extinção da sociedade, e a parcial a
alteração do contrato; por conseguinte, a decisão está contemplada nos incisos V e VI do artigo 1.071. Segundo
Enunciado nº 227 aprovado na III Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal: “O quórum mínimo
para a deliberação da cisão da sociedade limitada é de três quartos do capital social.”
160
É importante indicar que, no caso de recuperação judicial da empresa, os administradores, se houver urgência
e com autorização dos titulares de mais da metade do capital social, podem requerê-la, o que deve ser ratificado
na assembleia ou reunião seguinte (ROVAI, Armando Luiz. Deliberação nas sociedades limitadas. In: Tipos
societários. FINKELSTEIN, Maria Eugênia; PROENÇA, José Marcelo Martins (Coord.). São Paulo: Saraiva, 2009.
p. 152).
161
Classicamente, a Doutrina reconhece a preponderância da natureza pessoal da relação entre sócios e destes
com o ente social, nas sociedades limitadas. Contudo, este é um conceito que vem sendo mitigado pela literatura
moderna. Sobre o tema, recomenda-se a leitura do seguinte trabalho: FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e
Novaes; ADAMEK, Marcelo Vieira von. Affectio societatis: um conceito jurídico superado no moderno direito
societário pelo conceito de fim social. Revista de Direito Mercantil Industrial, Econômico e Financeiro, v. 149-150,
a. CLVII, jan./dez. 2008.
162
Nas sociedades limitadas, o edital de convocação de assembleia, se feito com observância do disposto no art.
1.152, § 3º, do Cód. Civil, não é irregular. Sobre o tema: BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Sexta
Turma Cível. Agravo de instrumento n. 2006.00.2.008945-2. Relator: Desembargador Jair Soares. Julgado em
20 de setembro de 2006.
163
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Direito de Empresa. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p.
455.
164
PICCHI, Flávio Augusto. Regras de quórum: espécies, votos em branco e nulos, empate. In: Direito Societário
I. AZEVEDO, Erasmo Valladão; FRANÇA, Novaes (Org.). São Paulo: Quartier Latin, 2009. p. 192. Note-se que o
referido autor explica que no caso das microempresas e das empresas de pequeno porte as reuniões e
assembleias serão substituídas por deliberação representativa do primeiro número inteiro superior à metade do
capital social (art. 70, parágrafo 1º).
165
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Direito de Empresa. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p.
456.
166
Sobre a legitimidade para convocação, acórdão do STJ reconheceu a validade de assembleia de sociedade
limitada convocada pelo sócio titular de 50 % do capital social. Embora a decisão seja fundamentada no antigo
Decreto, o v. acórdão menciona que o artigo 1.073, I, do Código Civil também autoriza a convocação neste caso;
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 493297-SP. Relator: Ministro Ruy Rosado de Aguiar.
Julgado em 24 de junho de 2003. “A egrégia Terceira Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São
Paulo deu provimento ao agravo, nos termos da seguinte ementa: ‘Sociedade Limitada. No silêncio do contrato
e do Decreto-Lei 3708/1919, admite-se a iniciativa do sócio detentor de 50% do capital social para a convocação
de reunião ou assembleia de sócios (como já autorizado no novo Código Civil, art. 1.073, I), por se tratar
de proposição do interesse da sobrevida da sociedade comprometida pela ruptura da affectio societatis. Não
incidência da Lei 6404/1976. Provimento para cassar a decisão que suspendeu a convocação’”. (Os grifos não
são do original).
167
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Direito de Empresa. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p.
457.
168
Com a revogação do Decreto-lei 7.661/1945 e o advento da lei 11.101/2005, o inciso VIII do artigo 1.071
passou a fazer referência, à luz do artigo 198 da lei 11.101/2005, ao pedido de recuperação judicial, o qual possui
papel próximo ao antes atribuído à concordata. TEPEDINO, Gustavo (org.). Código Civil interpretado conforme a
Constituição da República – vol. III – Rio de Janeiro: Renovar, 2011. p. 213.
169
A favor: VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc. Curso de Direito Comercial, vol. 2. 2.ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2010. p. 420-422. Contrário: CAMPINHO, Sergio. O Direito de Empresa À Luz do Novo Código Civil. 5.
ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.
170
A favor: BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito Societário. 12. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2010. p. 139
Contrário: CAMPINHO, Sergio. O Direito de Empresa À Luz do Novo Código Civil. 5. ed. Rio de Janeiro: Renovar,
2005. p. 168.
171
O extinto Departamento Nacional do Registro do Comércio – DNRC responsável pela edição da, ora revogada,
IN DNRC nº 98/2003 dispunha por meio do item 1.2.16.3 do seu Anexo II que “não cabe para sociedade limitada
a figura da quota preferencial.”
172
Com relação às vantagens das ações preferenciais, instituto que inspirou as quotas preferencias, dispõe a Lei
das S.A.:
Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir:
I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo;
II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou
III - na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II.
(...)
173
O revogado Decreto nº 3.708 de 1919 dispunha em seu art. 8º que “É licito ás sociedades a que se refere
esta lei adquirir quotas liberadas, desde que o façam com fundos disponíveis e sem ofensa do capital estipulado
no contrato. A aquisição dar-se-á por acordo dos sócios, ou verificada a exclusão de algum socio remisso,
mantendo-se intacto o capital durante o prazo da sociedade.” O atual Código Civil não trouxe dispositivo
correspondente, de modo que se deve aplicar às sociedades regidas supletivamente pela Lei das S.A. o disposto
no art. 30, parágrafo 1º, alínea “b”, no sentido que “Art. 30. A companhia não poderá negociar com as próprias
ações. § 1º Nessa proibição não se compreendem: (...) b) a aquisição, para permanência em tesouraria ou
cancelamento, desde que até o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital
social, ou por doação; (...)”.
174
Cf. LSA. “Art. 30 (...) § 4º As ações adquiridas nos termos da alínea b do § 1º, enquanto mantidas em
tesouraria, não terão direito a dividendo nem a voto.”
por base a totalidade do capital social (v.g., art. 1076 CC), seria possível afirmar que a
deliberação de determinadas matérias pode restar prejudicada, caso existam ações
preferenciais?
Para ilustrar a questão suscitada, tome-se por exemplo uma limitada em que as
quotas ordinárias representam 60% (sessenta por cento) do capital social, ao passo que
as quotas preferenciais representam os demais 40% (quarenta por cento). Sendo certo
que o quórum legal para alteração do contrato social é de 75% (setenta e cinco por cento)
do capital social (art. 1.076, I do CC), seria correto dizer que uma deliberação nesse
sentido não poderia ser aprovada nessa limitada? A resposta, por óbvio, só pode ser
negativa.
Portanto, em um cenário em que existam quotas preferenciais, tais dispositivos do
Código Civil precisam sofrer uma releitura, para considerar a totalidade do capital social
votante. Dessa forma, tem-se que as quotas preferenciais não interferem nos quóruns de
deliberação.
Por fim, é válido mencionar que a supressão ao direito de voto não autoriza que a
convocação das assembleias e reuniões não sejam dirigidas aos titulares de quotas
preferenciais, tampouco os impede de delas participar.
175
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela
subsistirá para os fins de liquidação, até que essa se conclua.
§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução.
§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de
direito privado.
§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
176
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:
I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade
em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;
II - o consenso unânime dos sócios;
III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;
IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;
V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de
concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de Empresas
Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para empresa individual de
responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.
(Redação dada pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
177
Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando:
I - anulada a sua constituição;
II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade.
178
Art. 1.035. O contrato pode prever outras causas de dissolução, a serem verificadas judicialmente quando
contestadas.
179
Art. 1.103. Constituem deveres do liquidante:
I - averbar e publicar a ata, sentença ou instrumento de dissolução da sociedade;
II - arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde quer que estejam;
III - proceder, nos quinze dias seguintes ao da sua investidura e com a assistência, sempre que possível, dos
administradores, à elaboração do inventário e do balanço geral do ativo e do passivo;
IV - ultimar os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar o remanescente entre os
sócios ou acionistas;
V - exigir dos quotistas, quando insuficiente o ativo à solução do passivo, a integralização de suas quotas e, se
for o caso, as quantias necessárias, nos limites da responsabilidade de cada um e proporcionalmente à
respectiva participação nas perdas, repartindo-se, entre os sócios solventes e na mesma proporção, o devido
pelo insolvente;
VI - convocar assembleia dos quotistas, cada seis meses, para apresentar relatório e balanço do estado da
liquidação, prestando conta dos atos praticados durante o semestre, ou sempre que necessário;
VII - confessar a falência da sociedade e pedir concordata, de acordo com as formalidades prescritas para o
tipo de sociedade liquidanda;
VIII - finda a liquidação, apresentar aos sócios o relatório da liquidação e as suas contas finais;
IX - averbar a ata da reunião ou da assembleia, ou o instrumento firmado pelos sócios, que considerar
encerrada a liquidação.
Parágrafo único. Em todos os atos, documentos ou publicações, o liquidante empregará a firma ou
denominação social sempre seguida da cláusula "em liquidação" e de sua assinatura individual, com a
declaração de sua qualidade.
REFERÊNCIAS
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