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Professor Sidney Martins Instagram: @professorsidneymartins Youtube: Português pra vida Sidney Martins

A morte e a morte do poeta

Ao ler o seu necrológio no jornal outro dia, o pianista Marcos Resende primeiro tratou de
verificar que estava vivo, bem vivo. Em seguida gravou uma mensagem na sua secretária
eletrônica: “Hoje é 27 e eu não morri. Não posso atender porque estou na outra linha
dando a mesma explicação”. Quando li esta nota, me lembrei de como tudo neste mundo
caminha cada vez mais depressa. Em 1862, chegou aqui a notícia da morte de Gonçalves
Dias.
O poeta estava a bordo do Grand Condé havia cinquenta e cinco dias. O brigue chegou a
Marselha com um morto a bordo. À falta de lazareto, o navio estava obrigado à caceteação
da quarentena. Gonçalves Dias tinha ido se tratar na Europa e logo se concluiu que era
ele o morto. A notícia chegou ao Instituto Histórico durante uma sessão presidida por d.
Pedro II. Suspensa a sessão, começaram as homenagens ao que era tido e havido como o
maior poeta do Brasil.
Suspeitar que podia ser mentira? Impossível. O imperador, em pleno Instituto Histórico,
só podia ser verdade. Ofícios fúnebres solenes foram celebrados na Corte e na província.
Vinte e cinco nênias saíram publicadas de estalo. Joaquim Serra, Juvenal Galeno e
Bernardo Guimarães debulharam lágrimas de esguicho, quentes e sinceras. O grande
poeta! O grande amigo! Que trágica perda! As comunicações se arrastavam a passo de
cágado. Mal se começava a aliviar o luto fechado, dois meses depois chegou o
desmentido: morreu, uma vírgula! Vivinho da silva.
A carta vinha escrita pela mão do próprio poeta: “É mentira! Não morri, nem morro, nem
hei de morrer nunca mais!” Entre exclamações, citou Horácio: “Não morrerei de todo.”
Todavia, morreu, claro. E morreu num naufrágio, vejam a coincidência. Em 1864,
trancado na sua cabine do Ville de Boulogne, à vista da costa do Maranhão. Seu corpo
não foi encontrado. Terá sido devorado pelos tubarões. Mas o poeta, este de fato não
morreu.
[...]

(Adaptado de: RESENDE, Otto Lara.)

1. No texto, o autor contrapõe fundamentalmente


(A) as boas condições do porto de Marselha, em território francês, às péssimas condições
do porto brasileiro localizado no Maranhão, perto do qual o navio Ville de Boulogne
acabou por naufragar.
(B) a demora com que a notícia da suposta morte de Gonçalves Dias, no século XIX, pôde
ser contestada pelo poeta à rapidez com que o pianista Marcos Resende, contemporâneo
do cronista, pôde contestar a própria morte.
(C) a comoção com que foi recebida a notícia da suposta morte do poeta Gonçalves Dias
à indiferença com que se recebeu a notícia da morte do pianista Marcos Resende,
buscando-se esclarecê-la com um simples telefonema.
(D) a resistência do navio Grand Condé, onde Gonçalves Dias pôde permanecer em
segurança por mais de cinquenta dias, à fragilidade do Ville de Boulogne, que levou
pouco tempo para naufragar na costa do Maranhão.
(E) a banalização das notícias em seu próprio tempo, mesmo as mais trágicas, à
solenidade com que eram dadas no século XIX, muitas vezes em sessões no Instituto
Histórico, com a eventual presença do próprio Imperador.

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2. De acordo com o texto, a falsa notícia da morte de Gonçalves Dias teria se originado
de uma conjunção de acontecimentos que incluem:
(A) a morte de um passageiro no navio em que ele viajava, a impossibilidade dos
passageiros do navio cumprirem o período de quarentena em terra e a motivação da
viagem do poeta para a Europa.
(B) a inexistência de lazareto no Grand Condé, a motivação da viagem do poeta para a
Europa e as falhas de comunicação entre o navio e o porto de Marselha.
(C) a impossibilidade dos passageiros do navio cumprirem o período de quarentena em
terra, a presença do Imperador no Instituto Histórico e as homenagens feitas no Brasil ao
grande poeta.
(D) a morte de um passageiro no navio em que ele viajava, a motivação da viagem do
poeta para a Europa e as falhas de comunicação entre o navio e o porto de Marselha.
(E) a inexistência de lazareto no Grand Condé, a morte de um passageiro no navio e as
homenagens feitas no Brasil ao grande poeta.

3. Suspensa a sessão, começaram as homenagens...


O segmento grifado exerce na frase acima a mesma função sintática que o segmento
também grifado em:
(A) As comunicações se arrastavam a passo de cágado.
(B) O brigue chegou a Marselha com um morto a bordo.
(C) Ao ler o seu necrológio no jornal outro dia...
(D) Terá sido devorado pelos tubarões.
(E) ... dois meses depois chegou o desmentido...

4. No trecho Havia o Poço das Pedras, lá para as bandas da Paciência. Punham-se os


animais dentro d’água e ficávamos nos banhos, nos cangapés, os elementos
sublinhados têm, respectivamente, a mesma função que os sublinhados em:
(A) Os marizeiros e as ingazeiras apertavam as duas margens...
(B) ... amarravam a canoa que Zé Guedes manobrava.
(C) Escondia-me no fundo da canoa até que ele fosse para longe.
(D) Tiravam as cangalhas dos cavalos e, enquanto os canoeiros remavam a toda a
força...
(E) Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa comigo, e quando procurou
manobrar era impossível.

5. Pixinguinha incorporou elementos brasileiros às técnicas de orquestração.


O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está em:
(A) “As orquestras dos teatros de revista também foram fundamentais para a
formação dele como arranjador”.
(B) “O Brasil jamais produziu um músico popular dessa envergadura”...
(C) Ele divide com o neto de Pixinguinha, Marcelo Vianna, a direção musical da
exposição...
(D) ...o som do choro preenchia todos os espaços.
(E) Na imagem desbotada, ele empunha um cavaquinho

6. No segmento ...hoje pedimos ao amador que procure tirar dela um prazer


diferente..., a oração sublinhada complementa o sentido de um
(A) substantivo, e pode ser substituída por um verbo.
(B) verbo, e pode ser substituída por outro verbo.
(C) substantivo, e pode ser substituída por um adjetivo.
(D) verbo, e pode ser substituída por um substantivo.
(E) verbo, e pode ser substituída por um adjetivo.

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7. Em relação à regência verbal e nominal, o emprego do pronome relativo, segundo


o registro culto e formal da língua, está INCORRETO em:
a) A conclusão que chegamos é que o fracasso ensina ao homem como recomeçar
b) O barco a cujos tripulantes me referi pode voltar a navegar
c) O ideal por que lutamos norteia nossos projetos.
d) O infortúnio a que está sujeito o empreendedor motiva-o
e) Após o término da pesquisa, informei-lhe que tomasse cuidado para não errar.

8. A vida urbana ofereceu ...... condições ideais para o surgimento do detetive


particular, personagem dedicado ...... elucidação dos mais variados mistérios,
propenso ...... investigar delitos de todos os tipos.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada:
a) as - à - a
b) às - a - à
c) as - a - à
d) as - à - à
e) às - à – a

9. A concordância verbal e nominal está inteiramente correta em:


(A) As alterações na dieta alimentar de pessoas ao redor do planeta, que resulta na
necessidade de alimentos variados, estimula o consumo e, ao mesmo tempo, permite
a especulação comercial, com a alta de preços.
(B) A escassez de alimentos em algumas regiões do planeta, provocada em parte
pelas alterações climáticas, deverão ser agravadas por interesses comerciais de
grandes produtores.
(C) O domínio sobre água e terras férteis, indispensáveis à produção de alimentos,
darão origem a conflitos entre agricultores e até mesmo entre países, colocando em
risco a segurança de populações inteiras.
(D) O maior problema na oferta de alimentos, de acordo com especialistas, se
referem ao efeito decorrente das à desnutrição e à morte pela fome.
(E) Agricultores de todo o mundo investem na redução de perdas nas colheitas e em
produtividade, especialmente com os avanços na genética de plantas, para que seja
possível alimentar os bilhões de pessoas no planeta.

10. ... ela nunca alcançava a musa. Transpondo-se a frase acima para a voz passiva,
a forma verbal resultante será:
a) alcança-se.
b) foi alcançada.
c) fora alcançada.
d) seria alcançada.
e) era alcançada.

11. A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os


necessários ajustes, foi corretamente realizada em:
(A) Duas figuras merecem atenção = Duas figuras merecem-na
(B) poderá atingir a purgação = poderá lhe atingir
(C) dissecando a estrutura = dissecando-la
(D) provocar compaixão e terror = provocá-las
(E) mandou organizar as festas = mandou organizar-lhes

João Barbosa Rodrigues faleceu em 1909. Em 1925, o famoso antropólogo Kurt


Nimuendaju tentou encontrar Miracanguera, mas a ilha já tinha sido tragada pelas
águas do rio Amazonas. Arqueólogos americanos também vasculharam áreas
arqueológicas da Amazônia, inclusive no Equador, Peru e Guiana Francesa, no final
dos anos de 1940. Como não conseguiram achar Miracanguera, “decidiram" que a
descoberta do brasileiro tinha sido “apenas uma subtradição de agricultores andinos".
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12. Mantendo-se o sentido original, na frase Como não conseguiram achar


Miracanguera... (5o parágrafo), o elemento sublinhado pode ser corretamente
substituído por:
a) De modo que
b) Uma vez que
c) Por mais que
d) Conforme
e) Ainda que

13. “A atividade humana alterou os sistemas naturais da Terra a tal ponto e deixou
marcas tão evidentes no registro geológico do planeta que, se os especialistas assim
decidirem, as gerações futuras não deverão ter problemas em identificar o chamado
Antropoceno, a “era dos humanos”.
A parte sublinhada desse segmento do texto, em relação ao trecho anterior,
representa
(A) uma conclusão.
(B) uma explicação.
(C) uma consequência.
(D) uma condição.
(E) uma finalidade.

14. As virtudes e os perfumes são da natureza; _____ duram pouco e _____


perduram por longo tempo, mas ambos perdem a essência quando expostos. As
formas dos demonstrativos que preenchem corretamente as lacunas são:
(A) estes / aqueles.
(B) aqueles / estes.
(C) esses / aqueles.
(D) estes / aquelas.
(E) esses / aquelas.

15. Considere as construções abaixo.


I. Ele pesquisa o transporte público nas grandes cidades, onde convivem meios
obsoletos e avançados.
II. A preferência pela vida no campo tende a diminuir, em função das ofertas de
trabalho que há na cidade.
III. Num passado recente, ninguém imaginaria que confortos da cidade viessem a se
oferecer na vida do campo.
A exclusão da vírgula altera o sentido do que se enuncia APENAS em
(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e III.
(E) II e III.

GABARITO!!!

1- B
2- A
3- B
4- B
5- C
6- D
7- A
8- A
9- E
10- E
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11- A
12- B
13- C
14- D
15- A

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