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Administração Pública
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METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
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para criação de obras derivadas, desde que com fins não comerciais, que seja atribuído
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CDU: 001.8:65
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UNIDADE 1 – MÉTODOS DE ESTUDO
Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – CAPES
METODOLOGIA DE
ESTUDO E DE PESQUISA
EM ADMINISTRAÇÃO
RENÊ BIROCHI
2020
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METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
DESENVOLVIMENTO DE Editoração
RECURSOS DIDÁTICOS Bianca Teixeira de Oliveira
Universidade Federal
de Santa Catarina Revisão Textual
Lucas Vebber
Capa
EQUIPE TÉCNICA – UFSC Bianca Teixeira de Oliveira
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 7
Análise e Interpretação 19
RESUMINDO 23
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM 24
Tipos de Conhecimento 31
Metodologia e Método 39
RESUMINDO 43
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM 44
Tipos de Pesquisa 47
Estratégias de Pesquisa 56
5
RESUMINDO 68
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM 69
Preparação da Pesquisa 72
O Projeto de Pesquisa 79
Fases da Pesquisa 80
RESUMINDO 96
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM 97
Observação 100
Entrevistas 103
Questionários 107
RESUMINDO 110
RESUMINDO 121
REFERÊNCIAS 125
MINICURRÍCULO 129
6
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
Caro estudante! Seja bem-vindo à textos. Estas atividades farão parte
disciplina Metodologia de Estudo e do seu plano de estudos, que repre-
de Pesquisa em Administração. senta um instrumento valioso para
o desenvolvimento adequado de
Este material tem como objetivo atividades de aprendizagem para a
principal auxiliá-lo na compreensão construção do seu conhecimento.
e aprofundamento de conteúdos Esta etapa somente conseguirá
que o acompanharão ao longo de ser plenamente bem-sucedida se
todo o curso. A elaboração final você imbuir-se de um espírito de
de um Trabalho de Conclusão de autonomia e visão crítica.
Curso (TCC), de uma monografia,
dissertação* ou tese segue, em A seguir faremos uma breve
linhas gerais, as mesmas etapas e digressão a respeito da ciência
passos aqui descritos, constituídos e do conhecimento científico,
pelo método científico, com vistas à de suas diferentes abordagens
elaboração e redação de um projeto e escolas de pensamento. Esta
dessa natureza. digressão baseou-se em desta-
cados autores especializados no
Mas antes de tratarmos do domínio da filosofia da ciência.
método científico vamos iniciar
nossa disciplina com outro tipo
de método: o método de estudo,
o qual apresenta um conjunto de Este trabalho não pretende esgotar
orientações e dicas para que você a compreensão acerca do método
científico, mas pelo contrário, pre-
possa habituar-se a uma ativi- tende ser uma introdução ao tema
dade intelectual sistematizada, baseada em alguns autores con-
sagrados nessa área. O estudante
que consiste no planejamento de que desejar aprofundar seus conhe-
recursos pedagógicos voltados para cimentos encontrará na bibliografia
recomendada ao final deste livro su-
a leitura, análise e interpretação de gestões de leituras especializadas que
poderão auxiliá-lo a complementar
esta introdução ao tema.
7
Apresentaremos, também, os Todas essas etapas, e ainda mais
conceitos de metodologia e outras, deverão ser expressas por
método científico, tendo em vista meio da redação de um projeto
conhecermos os seus fundamentos, de pesquisa, que irá descrever
assim como as especificidades que detalhadamente cada passo a ser
caracterizam as pesquisas cientí- cumprido pelo pesquisador, com as
ficas no campo da Administração. devidas justificativas e fundamen-
tação relativas às suas escolhas.
As pesquisas científicas implicam,
adicionalmente, escolhas Por fim, encerraremos nossa disci-
metodológicas realizadas pelo plina com uma breve abordagem
pesquisador. Isto significa dizer sobre o relatório de pesquisa, que
que iremos apresentar uma visão representa a etapa de finalização e
panorâmica a respeito dos difer- consolidação de todo este processo
entes tipos de pesquisa, de suas descrito até aqui, e que servirá,
abordagens e instrumentos de também, como uma espécie de
coleta e análise de dados. recapitulação de cada uma das
seções abordadas, as quais deverão
estar presentes no conteúdo do
relatório final.
Tais procedimentos são realizados
com a utilização de recursos técni- Antes de iniciar cabe uma
cos, tais como um gravador de áudio
ou vídeo, uma câmera fotográfica, observação. Neste livro optei por
cadernos para anotações etc., que assumir a regra gramatical padrão
servem para registrar e documentar
os dados e informações coletadas. da Língua Portuguesa, consciente
de que esta opção pode contribuir
para produzir a naturalidade com
que o gênero masculino é entendido
Mas uma boa pesquisa não se como o genérico da humanidade.
realiza sem nos aprofundarmos Contudo, esta opção foi adotada
no seu próprio processo, ou seja, para evitar dificuldades de
as suas etapas constituintes, compreensão textual para a leitora
tais como: a escolha do tema de e para o leitor.
pesquisa; a delimitação do proble-
ma; a definição do objeto e dos Desejo a você um excelente
objetivos; e a construção do marco aproveitamento no seu estudo e em
teórico conceitual. suas pesquisas científicas!
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UNIDADE 1 – MÉTODOS DE ESTUDO
UNIDADE 1
9
Olá estudante,
10
UNIDADE 1 – MÉTODOS DE ESTUDO
AUTONOMIA E VISÃO
CRÍTICA DO ESTUDANTE
O estudante universitário, em A autodisciplina deve atuar como
especial o de um curso superior uma espécie de exercício pessoal,
no modelo a distância, depara-se cotidiano e sistemático, que auxilia o
com um contexto de estudos estudante a vencer o trabalho, muitas
significativamente diferente daquele vezes, solitário e árido, de leitura e
conhecido até então. Se, por um análise de textos acadêmicos.
lado, o estudante de ensino médio
acostumou-se a receber conteúdos A visão crítica, por sua vez, é algo
prontos para o seu estudo, o univer- qualitativamente mais difícil de
sitário, por sua vez, enfrenta novos ser atingido, pois não se resume à
desafios: o novo ambiente de ensino prática instrumental de um conjunto
e aprendizagem requer uma postura de procedimentos orientados para
baseada na autonomia e na visão o treinamento, porém não para a
crítica. formação. Neste caso, exige-se
do estudante capacidade analítica
Estes novos aspectos implicam de discernimento e desconfiança
características pessoais relacionadas (dúvida), pois os conteúdos de
com a autodisciplina e com a visão estudos não devem ser encarados
crítica da realidade. como verdades absolutas e inques-
tionáveis, mas, ao contrário, como
estágios provisórios de um conhe-
cimento em construção contínua.
O que caracteriza um texto acadêmico é, antes de tudo, o seu objeto: ele veicula o fruto de
alguma investigação científica, filosófica ou artística. Deve, pois, refletir o rigor, a perspectiva
crítica, a preocupação constante com a objetividade e a clareza, que são parte inerente à
pesquisa acadêmica. Num texto podemos distinguir o conteúdo (ideias, estrutura argumen-
tativa, etc.) da forma (linguagem, disposição dos elementos, etc.). Embora a qualidade de
um texto acadêmico dependa fundamentalmente de seu conteúdo, este não poderá ser
devidamente compreendido e examinado se a forma que o reveste for deficiente. A con-
solidação da arte de bem redigir depende, acima de tudo, do contato direto e sistemático
com os grandes exemplos de produção escrita, não apenas de natureza estritamente
acadêmica, mas também literária de um modo geral. Fonte: Chibeni (2014b).
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METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
12
UNIDADE 1 – MÉTODOS DE ESTUDO
O PLANO DE ESTUDOS:
a documentação
Os materiais e atividades pedagógicas Isto significa que ele deverá dedic-
sugeridos no plano de ensino da ar-se a localizar os textos sugeridos
disciplina (atividades obrigatórias para leitura (na biblioteca, na internet
ou não) devem ser acompanhados ou nas pastas de textos disponibi-
por um plano de estudo bem estru- lizadas pelo professor) e organizar
turado. Ou seja, as leituras exigidas, um cronograma de estudos e de
básicas e complementares, precisam ações com atividades de leitura
ser cuidadosamente planejadas pelo anteriores e posteriores às aulas
estudante. expositivas.
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METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
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UNIDADE 1 – MÉTODOS DE ESTUDO
15
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
16
UNIDADE 1 – MÉTODOS DE ESTUDO
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METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
O processo contínuo de preparação para as aulas feito pelo estudante, por meio
da leitura de textos recomendados no plano de ensino, seguida pelo fichamento de
textos e aulas, assim como pela revisão de anotações e fichamentos, constitui-se,
gradativamente, em um fluxo de atividades de estudo, que é representado pela
Figura 1:
Retomada e
Exposição parcial Releitura da esclarecimento da
dos conteúdos documentação anterior unidade anterior
Discussão de Reorganização da
Contato com a nova Exploração de
temas a partir de matéria exposta em
unidade de estudo conteúdos planejados
textos (sínteses) classe mediante
documentação
Aprofundamento de Discussão e debates
Determinação de estudo (materiais
novas tarefas complementares) Determinação de
novas tarefas
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UNIDADE 1 – MÉTODOS DE ESTUDO
ANÁLISE E
INTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS
Descreveremos a seguir alguns passos no processo de análise e interpretação de
textos, conforme a proposta de Severino (2007). Este pequeno roteiro visa a facilitar
a análise de textos por meio da demarcação de um sequenciamento de etapas.
Unidade de Leitura
Antes de iniciar a análise, o sua finalidade metodológica, ou seja,
estudante deve delimitar a unidade a de se constituir como um caminho
de leitura, a qual, como já mencion- em direção ao conteúdo do texto – é
amos, refere-se a um trecho do aproximar o leitor da visão do autor.
texto (um parágrafo, uma seção, um Neste caso, as unidades de leitura
capítulo etc.) coerente em relação fazem parte de uma sequência de
ao seu conteúdo. Ou seja, possui passos (etapas) para compreender
sentido e coerência interna, facil- a abordagem proposta pelo texto.
itando o estabelecimento de um Quanto mais precisa e encadeada a
contorno analítico (um limite) no sequência de unidades, mais próx-
texto. O objetivo da delimitação da imos estaremos da compreensão da
unidade de leitura – para além de lógica interna do texto.
A Análise Textual
A primeira etapa no processo de O estudante deverá se concentrar
análise e interpretação de um texto em sublinhar os conceitos e termos-
refere-se à análise textual. Nela o chave do texto, assim como em
estudante deverá realizar uma leitura anotar as suas dúvidas. Ao final desta
corrida do texto, sem se aprofundar etapa o estudante deverá elaborar
demasiadamente, a fim de obter uma um breve esquema do texto, que
visão panorâmica sobre o assunto reflita a sua visão global (panorâmica)
abordado. sobre o conteúdo.
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METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
A Análise Temática
Nesta etapa o estudante procurará problematizar o
tema abordado pelo autor. O processo de problema-
tização constitui-se em uma sequência de perguntas
visando a identificar:
A Análise
Interpretativa
Por fim, o estudante deverá refletir sobre o conteúdo
analisado, procurando distanciar-se criticamente
dos argumentos sustentados pelo autor, construindo
uma espécie de diálogo reflexivo com o texto. Nesta
última etapa, a lógica e a coerência interna do texto
são colocadas em segundo plano em função da elab-
oração de um juízo crítico do estudante.
20
UNIDADE 1 – MÉTODOS DE ESTUDO
RESUMO, RESENHA
E RESENHA CRÍTICA
O resumo é uma síntese das ideias Para isso, deve destacar as
principais de um texto. O estudante contribuições do autor sobre um
deve procurar utilizar suas próprias assunto ou tema, como, por exemplo,
palavras para sintetizar as ideias novas teorias*, abordagens espe-
centrais do autor, evitando a mera cíficas sobre um determinado
reprodução literal de trechos do fenômeno, as críticas do autor sobre
conteúdo original. Assim, ele realiza o assunto exposto etc. Deve-se
um valioso exercício intelectual cujo evitar a itemização do texto e
desafio é compreender acurada- escrever um texto único e contínuo.
mente a mensagem proposta pelo (SEVERINO, 2007)
autor, por meio da síntese de suas
ideias e argumentos, sem realizar A resenha crítica, por sua vez,
a simples reprodução do original. pretende, além de comunicar
(SEVERINO, 2007) sinteticamente o conteúdo do texto,
apresentar uma reflexão crítica
Já a resenha é uma descrição detal- sobre ele, proposta, neste caso, pelo
hada de determinado conteúdo (um resenhista.
livro, um capítulo, um artigo etc.),
que aprofunda e amplia substancial- O trabalho de reflexão crítica pres-
mente o trabalho de síntese anterior supõe, por parte do resenhista, o
realizada no resumo. domínio do assunto apresentado.
21
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
22
UNIDADE 1 – MÉTODOS DE ESTUDO
RESUMINDO
Nesta Unidade, apresentamos algumas orientações para a prática
de estudos de textos acadêmicos destinados a estudantes de
ensino superior. Destacamos que este contexto de ensino e
aprendizagem requer novos desafios aos jovens estudantes. Novas
atitudes são requeridas, tais como a autonomia e a visão crítica.
Referimo-nos, também, sobre a importância do método de estudo,
considerado como um caminho sistemático e rigoroso em direção
à construção do conhecimento.
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METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
Agora que você já conhece as principais orientações para a prática
de estudos de textos acadêmicos, que tal fazer alguns exercícios
de fixação que preparamos para você? Caso tenha alguma dúvida
em relação aos exercícios, entre em contato com seu tutor, que
está à sua disposição para ajudá-lo.
•
1. Quais fontes de informação são consideradas relevantes para a
formação do conhecimento científico?
• ( ) Wikipedia (https://pt.wikipedia.org)
• ( ) Google Acadêmico (http://scholar.google.com.br/)
• ( ) Scielo (http://www.scielo.org)
• ( ) Sites e blogs de conteúdo
• ( ) Portal de Periódicos da CAPES (http://www.periodicos.capes.
gov.br/)
•
2. Descreva o principal objetivo da Unidade de Leitura. Quais são
as etapas do processo de Unidade de Leitura?
•
3. Quais são as principais diferenças entre o Resumo, a Resenha e
a Resenha Crítica?
24
UNIDADE 2 – CIÊNCIA, METODOLOGIA E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
UNIDADE 1
25
Olá estudante,
26
UNIDADE 2 – CIÊNCIA, METODOLOGIA E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
A CIÊNCIA E O
CONHECIMENTO
CIENTÍFICO
Para compreendermos o que Normalmente, nessas pesquisas
caracteriza o conhecimento utilizam-se técnicas para planejar,
científico em administração, coletar e analisar os dados inves-
vamos responder, inicialmente, a tigados. Como resultado desse
duas perguntas: o que é conheci- processo, são apontadas tendências
mento? E o que é ciência? e são previstos comportamentos
futuros.
Antes disso, propomos realizar uma
rápida reflexão sobre uma atividade No entanto, apesar de essas
corrente realizada no âmbito das pesquisas possuírem técnicas e
ciências, que tem como objetivo métodos bem aceitos pelo grande
a formação do conhecimento público, que permitem, até mesmo, a
científico*: o processo de pesquisa. antecipação de tendências sobre os
Deparamo-nos, frequentemente, acontecimentos e comportamentos,
em nosso cotidiano, com um tipo de elas não podem ser consideradas
pesquisa, diferente das pesquisas científicas, pois não satisfazem ao
científicas, que procura nos ajudar menos duas condições:
a antecipar ou prever resultados
futuros: quem vencerá a próxima
eleição presidencial? Qual é a expec-
tativa de vida dos brasileiros? Qual é
CONHECIMENTO CIENTÍFICO −
a marca de refrigerante mais consu- caracteriza-se por ser um esforço
mida? Etc. racional para conhecer e sistem-
atizar a realidade empírica por
meio de investigações metódicas e
sistemáticas. Para isto, o conheci-
mento científico deve “[...] estar em
conformidade com as premissas do
método científico” (BHATTACHER-
JEE, 2012, tradução nossa, p. 1). O
conhecimen- to científico, apesar
de almejar atingir uma certa
verdade, é provisório e sujeito à
refutação. Fonte: Elaborado pelo
autor deste livro.
27
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
cien- tífico); e
• Estar em conformidade com as
Ou seja, deve estar de acordo com as
premissas do método científico.
etapas que garantam a suficiência
(BHATTACHERJEE, 2012, p. 1,
de certas condições particulares do
tradução nossa)
conhecimento científico, tais como,
A primeira condição - contribuição por exemplo: a identificação clara de
para o desenvolvimento do conhe- um problema ou lacuna; a escolha
cimento científico - pressupõe a de certas técnicas e procedimentos
aceitação de um tipo de conheci- para a coleta e análise de dados; a
mento bastante particular, ou seja, utilização de uma linguagem escrita,
que respeite determinadas condições baseada em normas amplamente
no estabelecimento da verdade aceitas pela comunidade de cienti-
(CHAUÍ, 2000); e, adicionalmente, stas; etc.
um conhecimento que dialogue e
seja aceito por uma comunidade Para ser considerado científico o
constituída por pesquisadores espe- processo de pesquisa deve ser
cializados em um sem número de capaz de realizar “[...] investigações
assuntos e temas específicos – a metódicas e sistemáticas” (CHAUÍ,
comunidade científica - que irá 2000, p. 319). Este esforço racional
respaldar e legitimar esse conheci- para conhecer e sistematizar a real-
mento. (BUNGE, 1973) idade é uma característica intrínseca
ao conhecimento científico.
A segunda condição - estar em
conformidade com as premissas Com o intuito de formarmos uma
do método científico - diz respeito primeira visão a respeito do conhe-
propriamente a um conjunto espe- cimento científico e do método
cífico de procedimentos e técnicas científico podemos representá-lo
que caracterizam o método científico. conforme a Figura 2.
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UNIDADE 2 – CIÊNCIA, METODOLOGIA E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
DEDUÇÃO
INDUÇÃO
Os pesquisadores procuram, de um
lado, propor a explicação sobre o HIPÓTESES - Ao mencionar “hipóteses”
não me refiro à abordagem positivista
“funcionamento” da realidade por
da ciência acerca das hipóteses. Sobre o
meio de teorias e hipóteses, que positivismo ver discussão mais à frente.
serão testadas e verificadas no PROCEDIMENTOS DEDUTIVOS - A
campo empírico, sujeitas a procedi- abordagem dedutiva “[...] envolve
o teste de uma proposição teórica”
mentos dedutivos, que partem de (SAUNDERS; LEWIS; THORNHILL, 2009,
teorias e modelos abstratos e dire- p. 590, tradução nossa), visando “[...] a
confirmação de uma hipótese através
cionam-se para o campo empírico; e, da verificação das consequências pre-
por outro caminho, os pesquisadores, visíveis da própria hipótese”. (MARTINS,
2000a, p. 590)
a partir de observações da realidade,
PROCEDIMENTOS INDUTIVOS - A
procuram propor generalizações abordagem indutiva “[...] envolve
com o objetivo de formar teorias o desenvolvimento de uma teoria,
como resultado da observação de
e modelos que possam explicar dados empíricos”. (SAUNDERS; LEWIS;
a realidade, com a utilização de THORNHILL, p. 593, tradução nossa)
procedimentos indutivos.
29
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
30
UNIDADE 2 – CIÊNCIA, METODOLOGIA E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
TIPOS DE
CONHECIMENTO
Segundo as autoras Lakatos e O conhecimento religioso é consi-
Marconi (2011), baseadas em Mario derado um conhecimento infalível,
Bunge (1973), coexistem quatro que não se apoia em evidências
diferentes tipos de conhecimento: empiricamente verificáveis. Apesar
o religioso; o popular, também de ser sistemático, o conhecimentvo
denominado “senso comum”; o religioso se fundamenta no dogma e
filosófico e o científico. Cada qual a sua verdade é expressa por meio
possui um conjunto específico de da revelação, ao invés da razão.
condições e características.
CONHECIMENTO POPULAR
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Superficial
Real (factual)
Subjetivo
Acumulativo Sistemático
Sensitivo
Verificável
Assistemático
Aproximadamente exato
Acrítico
TIPOS DE
CONHECIMENTO
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METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
32
UNIDADE 2 – CIÊNCIA, METODOLOGIA E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
HIPÓTESE - Na filosofia e nas ciências sociais, a hipótese designa uma declaração, afirmação
ou proposição, passíveis de verificação, a respeito das relações existentes entre dois ou mais
fenômenos no campo da pesquisa. Nas pesquisas empíricas uma hipótese é uma declaração
sobre algumas propriedades de elementos dentro do campo de estudo. A hipótese é con-
siderada verdadeira ou falsa, dependendo de que a propriedade declarada realmente
caracterize, ou não, esses elementos. Fonte: Martins (2000a).
ESCOLAS DO PENSA-
MENTO CIENTÍFICO:
o positivismo e o
construtivismo
Um dos pontos-chave por trás Nesse debate alguns filósofos
deste debate refere-se ao conceito propuseram critérios e métodos
de “verdade” nas ciências. Isto próprios, que resultaram em escolas
porque não existe consenso sobre o consagradas do pensamento
assunto; pelo contrário, há um longo científico, como, por exemplo, o
debate na filosofia da ciência acerca positivismo e o construtivismo.
da verdade.
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METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
34
UNIDADE 2 – CIÊNCIA, METODOLOGIA E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
35
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
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UNIDADE 2 – CIÊNCIA, METODOLOGIA E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO
DAS CIÊNCIAS
As ciências são classificadas em realidade e utilizam um conjunto de
ciências formais, tais como a lógica e procedimentos metodológicos dedu-
a matemática, e em ciências factuais, tivos (a priori), baseados na lógica
estas subdivididas em ciências natu- formal (silogismos etc.) e na lógica
rais e ciências sociais, como mostra matemática (dedução de axiomas).
a Figura 4. As ciências formais Pretendem propor regras gerais sem
lidam com objetos abstratos, conce- a finalidade última de explicar ou
bidos de forma independente da propor soluções para os fenômenos
empíricos.
MATEMÁTICA
FORMAIS
LÓGICA
FÍSICA
CIÊNCIAS
QUÍMICA
NATURAL
BIOLOGIA
PSICOLOGIA
FACTUAIS
PSICOLOGIA SOCIAL
SOCIOLOGIA
SOCIAL
CIÊNCIA POLÍTICA
HISTÓRIA
37
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
38
UNIDADE 2 – CIÊNCIA, METODOLOGIA E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
METODOLOGIA
E MÉTODO
Segundo Saunders, Lewis e Thornhill (2009, p. 3, tradução nossa), a metodologia
se refere à “[...] teoria sobre como a pesquisa deve ser realizada”. Existem vários
caminhos e escolhas metodológicas, representadas por um conjunto robusto de
procedimentos, dentre os quais as abordagens metodológicas (abordagem qual-
itativa, quantitativa ou quali-quantitativa) e as estratégias de pesquisa (o estudo
de caso, a etnografia etc.), que serão apresentadas na Unidade 3. Cada caminho e
cada escolha metodológica realizada pelo pesquisador pressupõem um conjunto de
etapas a serem cumpridas. Estas etapas constituem o método científico, conforme
propõe Bunge (1980 apud MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 66) nesta sequência:
39
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Esta sequência proposta por Bunge é esquematizada por Marconi e Lakatos (2010),
na Figura 5. Para Bhattacherjee (2012), o método científico deve satisfazer
quatro condições necessárias:
PRECISÃO: Conceitos teóricos devem ser definidos com tal precisão que outros
cientistas possam ser capazes de medi-los, assim como de testar a sua teoria;
40
UNIDADE 2 – CIÊNCIA, METODOLOGIA E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
PROBLEMA OU LACUNA
COLOCAÇÃO PRECISA
DO PROBLEMA
PROCURA DE CONHECIMENTOS
OU INSTRUMENTOS RELEVANTES
TENTATIVA DE SOLUÇÃO
PRODUÇÃO DE NOVOS
DADOS EMPÍRICOS
PROVA DE SOLUÇÃO
Figura 5: As etapas do método científico. Fonte: Adaptada de Marconi e Lakatos (2010, p. 85).
41
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
A PESQUISA CIENTÍFICA
EM ADMINISTRAÇÃO
Vimos até aqui o que constitui a Os filósofos da ciência denom-
pesquisa científica e o método inam esta especificidade teórica do
científico de forma geral, inde- conhecimento científico com o termo
pendentemente de seu campo de “epistemologia*”, derivada do
aplicação. Mas o que caracteriza termo grego epistêmê, que significa
a pesquisa científica em adminis- conhecimento. Neste caso, a episte-
tração? O que a constitui como um mologia da ciência da administração.
campo de investigação particular, Outra característica da pesquisa
diferente de outros domínios do em administração destacada por
conhecimento? Saunders, Lewis e Thornhill (2009)
refere-se ao fato de que este tipo de
De acordo com Saunders, Lewis e conhecimento, além de desenvolver
Thornhill (2009), o que caracteriza o novas ideias, tem a capacidade de
conhecimento científico em adminis- relacioná-las de forma particular
tração é o seu caráter transdiciplinar, com a prática. Esta especificidade
ou seja, a maneira pela qual os do conhecimento administrativo é
gestores e pesquisadores em admin- referida como o “círculo virtuoso
istração investigam os fenômenos entre a teoria e a prática”, em que
organizacionais a partir de um corpo a pesquisa sobre a prática admin-
de conhecimento desenvolvido por istrativa alimenta a teoria da qual é
outras áreas do saber, tais como a derivada. Sendo assim, a ciência da
sociologia, a psicologia, a engen- administração constitui-se nessa
haria etc. Porém, não é pelo fato de rica dinâmica dialógica entre a teoria
o conhecimento em administração e a prática, que forma a base essen-
dialogar com múltiplas e diferentes cial do conhecimento administrativo.
áreas – i. e., ter caráter generalista
- que devemos considerá-lo como
mera “soma das partes” de outros EPISTEMOLOGIA − “Estudo crítico dos
conhecimentos. Pelo contrário, a princípios, hipóteses e resultados das
ciências já constituídas e que visa a
sua singularidade deve-se ao fato de determinar os fundamentos lógicos, o
constituir um conhecimento novo, valor e o alcance objetivo delas. É uma
reflexão sobre a ciência [...]”. É “[...] a
ou seja, um novo olhar sobre os verificação dos métodos e objetos de
fenômenos a partir da intersecção cada uma das ciências e da ciência
em geral. A palavra epistemologia tem
de diferentes perspectivas teóricas. origem nas palavras épistémê, que
significa ciência, e logos, que significa
estudo.” Fonte: Martins (2000a).
42
UNIDADE 2 – CIÊNCIA, METODOLOGIA E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
RESUMINDO
Iniciamos esta Unidade com duas Pudemos, também, conhecer
perguntas: “o que é o conhecimento?” que, apesar do relativo consenso
e “o que é ciência?”. Para responder em torno do conceito de ciência,
à segunda pergunta apresentamos existem diferentes escolas do
duas condições necessárias para pensamento científico, que propõem
que um conhecimento possa ser abordagens distintas a respeito do
considerado científico: objeto da ciência, seus métodos e
procedimentos. Vimos que a ciência
• contribuir para o desenvolvi- é classificada em relação a seus
mento sistemático e organizado objetos de estudos: ciências formais
de um corpo de conhecimento, e factuais; e que também é classi-
denominado “conhecimento ficada de acordo com os seus fins:
científico”; e ciências básicas e aplicadas.
• estar em conformidade com as
premissas do método científico. A seguir foi esclarecida a diferença
entre metodologia e método, com
Em seguida, pudemos compreender destaque para este último, o qual
que a ciência é um tipo de conheci- consiste em um conjunto de etapas
mento diferente de outros, tais como a serem cumpridas pelo pesquisador,
o conhecimento religioso, o conhe- lembrando que o método científico
cimento filosófico e o conhecimento deve satisfazer a quatro condições
oriundo do senso comum, sendo que necessárias: replicabilidade,
cada qual possui um conjunto espe- precisão, falseabilidade e parci-
cífico de condições e características. mônia. Por fim, conhecemos o que
caracteriza a pesquisa científica no
Neste sentido, pudemos responder campo da administração. Pudemos
à primeira pergunta, comparando as compreender que a administração
especificidades dos diversos tipos de representa um conjunto múltiplo de
conhecimento. conhecimentos multidisciplinares,
sem ser uma mera soma de suas
próprias partes; e que a pesquisa em
administração se constitui como um
“círculo virtuoso entre a teoria e a
prática”.
43
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
Agora que sabemos o significado e a importância do
conhecimento científico, vamos fazer alguns exercícios
de fixação? Se você encontrar dificuldades, procure o
seu tutor, que está sempre pronto para lhe ajudar.
44
UNIDADE 3 – TIPOS DE PESQUISA E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
UNIDADE 1
45
Nesta terceira Unidade iremos conhecer as carac-
terísticas que distinguem os diversos tipos de
pesquisa científica: a exploratória, a descritiva e a
explicativa.
46
UNIDADE 3 – TIPOS DE PESQUISA E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
TIPOS DE PESQUISA
Dependendo da finalidade, as pesquisas científicas podem ser agrupadas em três
diferentes tipos: pesquisas exploratórias, pesquisas descritivas e pesquisas explica-
tivas (BHATTACHERJEE, 2012). Considerando que toda pesquisa científica parte
de um problema e de uma pergunta de partida, a forma como o pesquisador irá
responder a essa pergunta - tendo em vista os seus objetivos de pesquisa - poderá
resultar em respostas de tipo exploratória, descritiva ou explicativa (SAUNDERS;
LEWIS; THORNHILL, 2009). Por isso, nesta Unidade nos dedicaremos a compreender
os tipos de pesquisa que irão determinar a finalidade de uma pesquisa científica, ou
seja, os seus objetivos e propósitos.
47
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Pesquisa Exploratória
As pesquisas exploratórias proporcionam ao pesqui-
sador uma maior familiaridade com o seu problema
PROBLEMA DE
de pesquisa*. Segundo Cooper e Schindler (2003), PESQUISA − Conjunto de
as pesquisas exploratórias servem para: princípios fundamentais,
que se constituem em
instrumento científico
• aumentar o entendimento do problema; apropriado na procura e
principalmente na expli-
• refinar a questão de pesquisa; cação dos fatos. Fonte:
Marconi e Lakatos (2010,
• identificar informações que possam ser reunidas p. 98). É a [...] formulação
para formular as questões investigativas. Ou seja, sobre as relações de
causa e efeito entre duas
para formular e/ou refinar a problemática e a ou mais variáveis, que
pergunta de partida. podem ou não ter sido
testadas. Fonte: Marconi
e Lakatos (2010, p. 143).
As pesquisas exploratórias são importantes para
COLETA DE DADOS −
ajudar a formar o esquema geral da pesquisa, assim etapa da pesquisa em
como, também, para refinar o uso dos instrumentos que são coletados dados
e informações a partir
de coleta de dados*. “O esquema auxilia o pesqui- de fontes primárias e/ou
sador a conseguir uma abordagem mais objetiva, secundárias, por meio de
técnicas e instrumentos,
imprimindo uma ordem lógica ao trabalho. Para que tais como observações,
as fases da pesquisa se processem normalmente, entrevistas etc. Fonte:
Elaborado pelo autor
tudo deve ser bem estudado e planejado.” (MARCONI; deste livro.
LAKATOS, 2010, p. 141). O esquema geral da pesquisa
ESTRATÉGIA DE
auxilia o pesquisador a organizar o uso do tempo e PESQUISA − conjunto
dos recursos empregados (materiais e humanos), de procedimentos
metodológicos que auxi-
através de uma representação gráfica do processo e liam o pesquisador a
das etapas da pesquisa. responder adequada-
mente à sua pergunta
de partida. Constitui-se
como um plano para
O desenvolvimento de pesquisas exploratórias é
realizar a coleta de dados
útil, muitas vezes, para analisar se a estratégia empíricos, com o objetivo
de pesquisa* adotada é apropriada e examinar as de chegar a essa res-
posta. Fonte: Elaborado
potenciais abordagens de investigação. pelo autor deste livro.
48
UNIDADE 3 – TIPOS DE PESQUISA E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
Pesquisa Descritiva
As pesquisas descritivas têm como Este tipo de pesquisa é utilizado
principal objetivo a “[...] descrição tanto na abordagem qualitativa como
das características de determi- na quantitativa.Este tipo de pesquisa
nada população ou fenômeno” também é utilizado como comple-
(GIL, 1989, p. 42). Dependendo do mento de pesquisas exploratórias,
paradigma de pesquisa escolhido, que já delinearam preliminarmente
o pesquisador poderá descrever o um primeiro olhar sobre a realidade
comportamento de determinadas estudada, cabendo à pesquisa
relações ou variáveis entre os descritiva o aprofundamento exato
fenômenos (paradigmas positiv- e preciso do fenômeno, tal como a
ista ou pós-positivista); ou, pelo descrição de variáveis: idade, nível de
contrário, simplesmente descrever escolaridade, renda etc. (SAUNDERS;
o entrelaçamento dos fenômenos, LEWIS; THORNHILL, 2009)
suas relações e interações, visando a
aprofundar a sua compreensão sobre
a realidade estudada (paradigmas
construtivistas ou interpretativistas). O principal objetivo das pesquisas
O pesquisador poderá utilizar tanto descritivas é retratar com
técnicas padronizadas como não precisão as características de
padronizadas para a coleta e inter- indivíduos, eventos ou situações.
pretação de dados.
49
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Pesquisa Explicativa
A pesquisa explicativa busca encontrar explicações
para os fenômenos e comportamentos observados.
Enquanto a pesquisa descritiva pretende responder
a perguntas tais como “[...] o que, onde, e quando, a
pesquisa explicativa procura respostas para o porquê
e para o como de um fenômeno” (BHATTACHERJEE,
2012, p. 6, tradução nossa). Neste sentido, a pesquisa
explicativa visa a encontrar as causas para a ocor-
rência dos fenômenos, ou seja, as conexões entre
as causas e os efeitos observados, com o objetivo
de explicar o objeto pesquisado.
50
UNIDADE 3 – TIPOS DE PESQUISA E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
PESQUISA QUANTITATIVA
E PESQUISA QUALITATIVA
Uma vez decidido o tipo de abor- por razões de custo ou rapidez,
dagem do problema de pesquisa, o assim como pela possibilidade de
pesquisador deverá realizar algumas estabelecer comparações e gener-
escolhas metodológicas, dentre elas alizações entre os fenômenos
as decisões relativas às estratégias estudados. Por sua vez, os pesqui-
de pesquisa, a serem apresentadas sadores de orientação qualitativa
nesta Unidade, e à forma de abordar afirmam que “o método fornece
o problema, coletar e interpretar os uma compreensão profunda de
dados empíricos. certos fenômenos sociais”. Neste
caso, argumenta-se a relevância do
Encontramos, neste último caso, aspecto subjetivo para dar conta da
dois conjuntos robustos de procedi- compreensão das estruturas sociais
mentos metodológicos e um terceiro, e organizacionais, assim como “[...]
que é uma mistura dos dois primeiros, pela incapacidade da estatística
agrupados por meio das seguintes em dar conta dos fenômenos
abordagens: complexos e dos fenômenos
únicos”. (HAGUETTE, 1995, p. 63)
• a pesquisa quantitativa;
• a pesquisa qualitativa; e Assim, podemos afirmar que
não existe um procedimento
• a pesquisa quali-quanti.
metodológico melhor ou pior do
As razões para a utilização de um que outro, superior ou inferior, mas,
ou outro procedimento dependem antes, os procedimentos e as abord-
da orientação metodológica do agens devem estar adequados com
pesquisador. Os adeptos da pesquisa os objetos e fenômenos pesquisados,
quantitativa justificam a sua adoção assim como devem ser coerentes
entre si.
51
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Pesquisa Quantitativa
Segundo Richardson (2007), a pesquisa quantitativa envolve as ações de coletar
e analisar dados numéricos e aplicar testes estatísticos, tanto na coleta quanto
no tratamento dos dados. Nas ciências sociais, a pesquisa quantitativa refere-se
à investigação sistemática e empírica dos fenômenos sociais através de técnicas
estatísticas, matemáticas ou computacionais. O objetivo é desenvolver e empregar
modelos matemáticos, teorias e/ou hipóteses relacionadas aos fenômenos
estudados.
52
UNIDADE 3 – TIPOS DE PESQUISA E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
53
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Pesquisa Qualitativa
Se, por um lado, as pesquisas quan- Neste sentido, participa ativamente
titativas procuram mensurar, medir, de um processo de desvelamento e
a realidade estudada, as pesquisas construção da realidade através de
qualitativas se dedicam ao estudo de instrumentos ou técnicas de coletas
fenômenos em que a quantificação de dados (ver a Unidade 5), tais
não é apropriada; ou em que não como anotações em seu diário de
seja conveniente reduzir o objeto campo, fotografias, entrevistas*
estudado a variáveis e padrões etc. Ao interagir com a realidade,
de medida, seja por sua natureza o pesquisador realiza um processo
particular ou sua especificidade contínuo de interpretação e transfor-
(características, contextos, etc.). mação, que são atributos essenciais
Fenômenos tais como as crenças, os da pesquisa qualitativa.
valores, as atitudes etc. são providos
de características muito particulares, Nesta mesma linha de abordagem,
e exigem um espaço de análise mais Godoy (1995) afirma que na pesquisa
profundo (MINAYO, 2002), que não se qualitativa os fenômenos devem
reduz à quantificação ou ao estabe- se compreendidos no contexto em
lecimento de variáveis explicativas. que ocorrem e as suas análises
devem privilegiar uma “perspectiva
Segundo os renomados autores integrada” entre o objeto estudado
de estudos qualitativos, Denzin e e o pesquisador. Este, por sua vez,
Lincoln (1994), apesar da dificuldade deve “captar” o fenômeno consider-
em precisar uma única definição ando todos os vários pontos de vista
para a pesquisa qualitativa, tendo em relevantes, assim como vários tipos
vista a multiplicidade de definições, de dados devem ser coletados e
pode-se afirmar que ela é “[...] uma analisados “[...] para que se entenda
atividade situada (intimamente a dinâmica do fenômeno”. (GODOY,
ligada a um contexto), que insere o 1995, p. 21)
pesquisador na realidade” (DENZIN;
LINCOLN, 1994, p. 3, tradução nossa)
que está estudando. Ou seja, o ENTREVISTA − trata-se, em geral,
pesquisador faz parte integrante do de uma conversa entre duas partes:
de um lado o(s) pesquisador(es)
contexto de sua pesquisa e utiliza e de outro o(s) entrevistado(s). O
um conjunto de procedimentos principal objetivo das entrevistas é
compreender determinadas situ-
metodológicos específicos com ações ou fenômenos vividos pelos
a finalidade de “tornar o mundo entrevistados, assim como obter
informações a partir da perspectiva
visível” (DENZIN; LINCOLN, 1994, p. do(s) entrevistado(s). Fonte: Marconi
3, tradução nossa). e Lakatos (2010).
54
UNIDADE 3 – TIPOS DE PESQUISA E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
55
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Pesquisa Quali-Quanti
A pesquisa quali-quanti procura com a finalidade de compreender
combinar os procedimentos em profundidade e com riqueza de
metodológicos anteriores para a detalhes determinadas informações
coleta e a interpretação de dados. insuficientemente tratadas no
Por exemplo, uma pesquisa sobre procedimento anterior, tais como:
o desempenho acadêmico de entender a rotina de estudos desses
estudantes de escolas públicas estudantes, conhecer a influência do
poderá, em uma primeira etapa, papel da família na sua formação (os
coletar e interpretar dados apoios recebidos ou as obrigações
estatísticos consolidados a partir do requeridas), e a necessidade de
site do INEP/ MEC; e, posteriormente, complementação de renda da família
realizar entrevistas semiestru- através de trabalhos realizados pelos
turadas com alguns estudantes, estudantes para ajudar os pais.
ESTRATÉGIAS
DE PESQUISA
Alguns autores denominam Por exemplo, a estratégia survey
“estratégia de pesquisa” a um é bastante utilizada em pesquisas
conjunto de procedimentos cujo problema está relacionado à
metodológicos que auxiliam o identificação de relações causais
pesquisador a responder adequada- (causa e efeito) entre determinadas
mente à sua pergunta de partida. As variáveis. Alguns autores denom-
estratégias de pesquisa podem ser inam as “estratégias de pesquisa”
utilizadas indistintamente em relação simplesmente como “métodos de
aos tipos de pesquisa (exploratória, pesquisa”. Livros de metodologia
descritiva e explicativa) e algumas se científica se dedicam longamente a
prestam melhor do que outras para descrever as estratégias de pesquisa
atender a um determinado problema (ou os “métodos de pesquisa”,
de pesquisa. Sendo assim, é de suma como preferem alguns), avaliando
importância a avaliação criteriosa suas principais características e
sobre qual estratégia utilizar por analisando casos aplicados, que
parte do pesquisador. se adequam bem à problemática
pesquisada.
56
UNIDADE 3 – TIPOS DE PESQUISA E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
57
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
58
UNIDADE 3 – TIPOS DE PESQUISA E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
• Definição de hipóteses;
• Seleção de amostras* de indivíduos de uma
determinada população;
• Distribuição aleatória de amostras a diferentes
condições experimentais, assim como em relação ao
grupo experimental e ao grupo de controle;
• Introdução de uma intervenção planejada para uma
ou mais variáveis, com o objetivo de observar a
AMOSTRA − subcon- variação nos resultados (efeitos);
junto da população
analisada, com carac- • Mensuração em um pequeno número de variáveis
terísticas comuns ou
de semelhança entre dependentes;
si. Fonte: Elaborado
pelo autor deste livro. • Controle de todas as outras variáveis.
59
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Survey
O survey como método formal de Segundo Saunders, Lewis e Thornhill
investigação “[...] foi iniciado na (2009, p. 144, tradução nossa), os
década de 1930-40 pelo sociólogo surveys “[...] são populares entre
Paul Lazarsfeld para investigar os os pesquisadores, pois permitem a
efeitos do rádio na formação da coleta de uma grande quantidade
opinião política dos Estados Unidos” de dados a partir de uma popu-
(BHATTACHERJEE, 2012, p. 73, lação ampla, de forma altamente
tradução nossa). O survey é uma econômica”.
estratégia de pesquisa que faz uso de
questionários (ver na Unidade 5) para Ou seja, são estratégias bastante
coletar dados e informações de forma apropriadas para se pesquisar
sistemática a respeito de pessoas, de em larga escala, visando a repre-
suas preferências e de seus compor- sentar, através de uma amostra, as
tamentos. Esta estratégia se tornou preferências ou o comportamento de
muito popular nas ciências sociais uma ampla população.
aplicadas, fazendo uso de procedi-
mentos metodológicos oriundos de Todos os dias presenciamos nos
abordagens quantitativas. jornais e na TV exemplos de relatórios
de pesquisas com a utilização da
O survey possui um forte apelo estratégia survey, entre eles: indi-
“de aplicação por parte do pesqui- cadores de satisfação em relação a
sador” por ser relativamente fácil de determinados serviços (serviços de
explicar e de compreender, além de telefonia, que indicam se os clientes
seus resultados inspirarem muita estão muito satisfeitos ou muito
confiança, pois se filiam, normal- insatisfeitos com relação aos seus
mente às epistemologias positivistas, serviços); indicadores de preferência
que visam descrever e explicar a eleitoral, que procuram relacionar
realidade com muita autoridade e as preferências dos cidadãos em
certeza, através de leis e modelos relação a determinadas carac-
científicos. Esta estratégia é utilizada, terísticas dos candidatos.
frequentemente, com os tipos de
pesquisa explicativa ou descritiva.
60
UNIDADE 3 – TIPOS DE PESQUISA E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
A Pesquisa Documental
A pesquisa documental procura Uma das vantagens da pesquisa
restringir seu processo de coleta documental é a de permitir o estudo
de dados à utilização de docu- de fenômenos ou pessoas às quais
mentos, escritos ou não escritos não temos acesso físico, seja porque
(fotografias, mapas etc.). Estes não estão mais vivas (distância
documentos podem ser separados temporal, comumente estudada
em “fontes primárias”, “[...] quando em pesquisas históricas), seja pela
produzidos por pessoas que viven- distância espacial (comumente
ciaram diretamente o evento que estudada em pesquisas da geografia,
está sendo estudado” (GODOY, mas que abrange indistintamente as
1995, p. 22); e “fontes secundárias”, ciências sociais aplicadas). (ALVES-
“[...] quando coletados por pessoas MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER,
que não estavam presentes 1999)
por ocasião da sua ocorrência”
(GODOY, 1995, p. 22), conforme Adicionalmente, distingue-se a
iremos ver com mais detalhes na pesquisa documental de outras
Unidade 4. estratégias de pesquisa pelo fato
de aquela não utilizar questionários,
entrevistas ou observações na coleta
Godoy (1995, p. 22) cita também os “[...] ele-
mentos iconográficos (como, por exemplo,
de dados, mas, ao contrário, coletar
sinais, grafismos, imagens, fotografias, filmes)”. exclusivamente documentos. Tanto
em abordagens qualitativas, quan-
titativas ou quali-quanti podem ser
Segundo Alves-Mazzotti e combinadas estratégias que utilizem
Gewandsznajder (1999, p. 169), “[...] a pesquisa documental com outras
considera-se como documento estratégias como, por exemplo, o
qualquer registro escrito que estudo de caso (a ser apresentado
possa ser usado como fonte de no tópico seguinte). Em relação aos
informação”. Assim, temos: regula- tipos de pesquisa esta estratégia
mentos, atas de reunião, relatórios, poderá ser utilizada indistintamente,
arquivos, pareceres, cartas, diários, tanto em pesquisas exploratórias
jornais, revistas etc. Esses docu- (para possibilitar uma primeira “visão”
mentos auxiliam o pesquisador sobre o assunto, com posterior apro-
a compreender uma situação fundamento), como em pesquisas
passada ou reconstituir determi- descritivas ou explicativas (fazendo
nados contextos históricos, visando o uso de técnicas próprias de outras
a descrever hábitos ou compor- estratégias de pesquisa, como, por
tamentos expressos por estes exemplo, a análise de conteúdo).
registros.
61
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
O Estudo de Caso
Eisenhardt (1989, p. 534) afirma que um estudo de caso é concebido como “[...]
uma estratégia de pesquisa orientada para a compreensão das dinâmicas que
emergem de contextos singulares”. Para Stake (2006, p. 444), o estudo de caso
“[...] se concentra no conhecimento experiencial do caso (a inserção e vivência
pelo pesquisador no contexto pesquisado) e coloca atenção nos seus diversos
contextos, como o social e o político”.
62
UNIDADE 3 – TIPOS DE PESQUISA E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
A Etnografia
A etnografia é uma estratégia de pesquisa cujas raízes nasceram de pesquisas de
campo realizadas por antropólogos como, por exemplo, Claude Levis Strauss, cujo
trabalho empírico foi realizado junto a tribos indígenas brasileiras e registrado no
livro Tristes Trópicos; ou Malinowski, cuja pesquisa foi narrada em Argonautas do
Pacífico Ocidental; ou, ainda, Darcy Ribeiro, cujos estudos resultaram no seu livro O
Processo Civilizatório.
63
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
64
UNIDADE 3 – TIPOS DE PESQUISA E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
Bronislaw Malinowski com os nativos das Ilhas Trobriand, 1918. Fonte: Wikimedia Commons.
65
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Neste sentido, e por isto mesmo, Vergara (2005, p. 77) cita um inter-
esta estratégia requer muito tempo essante exemplo de utilização
de dedicação, assim como muita da estratégia etnográfica em que
flexibilidade do pesquisador para o pesquisador inseriu-se como
adequar-se a novos padrões cogni- aprendiz de marceneiro em uma
tivos sobre o fenômeno observado marcenaria com o objetivo de
(SAUNDERS; LEWIS; THORNHILL, analisar os símbolos e as imagens
2009). que norteavam as relações sociais
e produtivas daquela organização.
A etnografia é uma estratégia Para o pesquisador, “[...] as sutilezas
que auxilia o pesquisador a ter das relações sociais e produtivas
insights sobre o contexto estudado, dificilmente seriam captadas se
possibilitando a subsequente inter- outro modo de pesquisa tivesse
pretação a respeito da sua visão sido adotado”.
sobre os fenômenos observados e
vivenciados. Apresentamos até aqui as principais
estratégias de pesquisa utilizadas
Saunders, Lewis e Thornhill (2009) na Administração. Contudo, antes
apontam para a importância de se de escolher aquela a ser adotada,
identificar previamente um contexto recomenda-se que o pesquisador
ou um grupo em que o pesquisador consulte outros autores especial-
irá procurar aplicar a sua pesquisa, izados em metodologia de pesquisa
tendo em vista responder ao seu em administração, tais como Vergara
problema de pesquisa para que o (2005), para conhecer e se famil-
seu objetivo possa ser plenamente iarizar com outras estratégias não
atendido. descritas neste livro, como, por
exemplo, a grounded theory, a
A negociação do pesquisador análise de conteúdo, a pesqui-
para participar dentro do contexto sa-ação etc. A escolha adequada e
investigado como um integrante coerente da estratégia de pesquisa
ou membro, também é uma etapa contribuirá para que os seus obje-
crucial da pesquisa, pois exige a tivos sejam alcançados com êxito.
formalização de sua atuação como
participante pleno do processo Por fim, após a escolha da estratégia
investigado. Tal exigência é funda- de pesquisa, uma última decisão
mental para iniciar a pesquisa, mas, importante a ser feita é definir qual
sobretudo, para ganhar a confiança será o horizonte de tempo da
dos membros que fazem parte do pesquisa, ou seja, qual será o corte
contexto social ou organizacional. temporal no período de investigação?
66
UNIDADE 3 – TIPOS DE PESQUISA E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
67
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
RESUMINDO
Nesta Unidade compreendemos as particularidades entre os
diferentes tipos de pesquisa científica: a pesquisa exploratória, a
descritiva e a explicativa.
68
UNIDADE 3 – TIPOS DE PESQUISA E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
Após aprender sobre os tipos de pesquisa, vamos fazer alguns
exercícios para fixar o conteúdo? Em caso de dúvidas, volte ao
ponto que você não compreendeu, releia o texto e, caso precise
de auxílio, entre em contato com o seu tutor, que está sempre à
disposição para ajudá-lo em seus estudos.
69
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
UNIDADE 1
70
Caro estudante,
71
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
PREPARAÇÃO
DA PESQUISA
O processo de pesquisa se inicia com o que alguns autores denominam de a “fase
exploratória” da pesquisa (MINAYO, 2002). Apesar de esta fase não se confundir com
a chamada “pesquisa exploratória” apresentada na Unidade 3 (tipos de pesquisa),
ela mantém certas semelhanças, pois a fase exploratória pressupõe uma sequência
de etapas com o objetivo de aprofundar a compreensão preliminar do objeto estu-
dado. Minayo (2002) elenca as seguintes etapas da fase exploratória de pesquisa:
72
UNIDADE 4 – O PROCESSO DE PESQUISA
73
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
74
UNIDADE 4 – O PROCESSO DE PESQUISA
Deste modo observamos que estas duas áreas, juntamente com a ciência
da administração e somadas ao entendimento sociológico a respeito da
evolução da relação homem e trabalho ao longo da história, formam um
arcabouço teórico que permite uma compreensão ampla e integral sobre o
assédio moral nas organizações.
75
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
76
UNIDADE 4 – O PROCESSO DE PESQUISA
77
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Alguns outros passos adicionais que Desde pesquisas mais simples, que
complementam a “fase exploratória” irão demandar somente algumas
da pesquisa consistem: na elabo- cópias de livros e materiais impressos
ração do cronograma, na preparação (como, por exemplo, a impressão final
do orçamento e na definição da do trabalho escrito), até pesquisas
equipe. mais complexas que precisão prever
o uso de equipamentos de coleta de
A elaboração do cronograma dados (gravador para as entrevistas,
descreve detalhadamente as ativi- máquina fotográfica, diário de campo
dades que o pesquisador irá realizar, etc.); análise de dados (uso de soft-
dispostas temporalmente (dias, wares para tratamento de dados);
semanas ou meses). Aqui poderão deslocamentos, e viagens, hosped-
ser utilizadas planilhas de dados para agens etc. Em geral, neste último
as atividades (linhas da planilha) caso, a pesquisa depende de um
em cruzamento com as datas órgão financiador para ser viabilizada.
previstas para a realização dessas
ações (colunas da planilha). Isto Finaliza-se com a descrição da
auxiliará o pesquisador a visualizar equipe envolvida na pesquisa,
e a controlar o tempo de dedicação que poderá contemplar somente
para cada atividade, tendo em vista o pesquisador e o seu orientador,
não comprometer a finalização do até pesquisas mais complexas, que
trabalho. Em geral, a finalização é envolvem diversos pesquisadores
limitada pela entrega da pesquisa e auxiliares. Nestes casos, é impor-
na instituição de ensino ou no órgão tante a descrição de cada membro
financiador da pesquisa (CAPES, da equipe, a sua atribuição (o que
CNPQ etc.). irá realizar), etc., tendo em vista
o gerenciamento adequado dos
O orçamento da pesquisa é essen- componentes/pesquisadores, para
cial para analisar a viabilidade evitar a sobrecarga de trabalho ou a
financeira no uso de recursos da sobreposição de funções.
pesquisa. Isto é importante para
dimensionar o emprego e o uso de
recursos financeiros.
78
UNIDADE 4 – O PROCESSO DE PESQUISA
O PROJETO DE PESQUISA
A materialização dessa sequência de e objetividade, assim como obedecer
etapas da fase exploratória resulta na a padrões e normas acadêmicas e
elaboração do projeto de pesquisa, gramaticais, conforme preveem as
um documento escrito que irá regras gramaticais da língua portu-
descrever o roteiro de pesquisa guesa e as normas instituídas pela
(o plano de trabalho da pesquisa) ABNT. Na seção a seguir vamos nos
a ser seguido e implementado dedicar a aprofundar as principais
pelo pesquisador. Segundo Alves- fases da pesquisa. É importante
Mazzotti e Gewandsznajder (1999, p. destacar que o desenvolvimento de
149), uma pesquisa é um processo recor-
rente e em certa medida repetitivo,
[...] um projeto de pesquisa consiste pois retornamos várias vezes às
basicamente em um plano para uma etapas anteriores, porém com um
investigação sistemática que busca nível de profundidade maior, que
uma melhor compreensão de um dado nos permite avançar em direção ao
problema. É um guia, uma orientação objetivo principal. Assim, o ciclo de
que indica onde o pesquisador quer desenvolvimento de uma pesquisa
chegar e os caminhos que pretende
toma a forma de uma espiral, na
tomar.
qual algumas fases que se repetem
nos auxiliam a aprofundar as etapas
Para esses autores (1999, p. 149), o subsequentes.
projeto deve ser capaz de indicar:
o que se pretende investigar (o
problema, o objetivo ou as questões
do estudo)? Como se planejou PROJETO DE PESQUISA - É um texto que
conduzir a investigação de modo a define e mostra, com detalhes, o plane-
jamento do caminho a ser seguido na
atingir o objetivo e/ou a responder construção de um trabalho científico de
às questões propostas (procedi- pesquisa. É um planejamento que impõe ao
autor ordem e disciplina para execução do
mentos metodológicos)? Por que o trabalho de acordo com os prazos estabeleci-
estudo é relevante (em termos de dos. O projeto de pesquisa é necessário para
seu autor: discutir suas ideias com colegas e
contribuições teóricas e/ou práticas professores em reuniões apropriadas; iniciar
que o estudo pode oferecer)? contatos com possíveis orientadores; par-
ticipar de seminários e encontros científicos;
Desta forma, o projeto de pesquisa apresentar trabalho acadêmico à disciplina
compreende a redação das etapas Metodologia da Pesquisa, ou assemelhadas;
solicitar bolsa de estudos ou financiamento
da fase exploratória descritas anteri- para o desenvolvimento da pesquisa; partici-
ormente. É importante destacar que par de concurso para ingresso em Programas
de Pós-Graduação; ser arguido por membros
a redação do projeto de pesquisa de bancas de qualificação ao mestrado ou
deve ser realizada com rigor, clareza doutorado. Fonte: Martins (2000b).
79
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
FASES DA PESQUISA
ETAPA 1 — A PERGUNTA DE PARTIDA
ETAPA 2 — A EXPLORAÇÃO
ETAPA 3 — A PROBLEMÉTICA
ETAPA 7 — AS CONCLUSÕES
Figura 7: As Sete Fases da Pesquisa. Fonte: Adaptada de Quivy e Campenhoudt (2005, p. 242)
80
UNIDADE 4 – O PROCESSO DE PESQUISA
O tema escolhido deve ser exequível, ou seja, viável em termos de: a) tempo (estar
adequado ao cronograma previsto para executar a pesquisa; b) acesso aos recursos
(dificuldades de acesso aos dados e informações; dificuldades e custos de desloca-
mento; insuficiência de fontes de pesquisa etc.).
81
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
• As qualidades de clareza:
• Ser precisa
• Ser concisa e unívoca
• A qualidade de exequibilidade:
• Ser realista
• As qualidades de pertinência:
• Ser uma pergunta verdadeira
• Abordar o estudo do que existe
• Ter uma intenção de compreensão dos
fenômenos estudados.
Etapa 2: A Exploração
Após a formulação provisória da Graças à suas leituras, o investigador
pergunta de partida, o pesquisador poderá, além disso, fazer ressaltar
deve iniciar o trabalho de delimitação a perspectiva que lhe parece mais
do objeto de seu estudo por meio da pertinente para abordar seu objeto de
coleta de informações exploratórias. investigação. A escolha das leituras
deve ser feita em função de critérios
bem precisos: ligações com a pergunta
O objetivo nesta fase é subsidiar as
de partida [...] elementos de análise e
escolhas do pesquisador por meio
de interpretação, abordagens diversifi-
de um contato aprofundado com o cadas, períodos de tempo consagrado
conhecimento estabelecido na área à reflexão pessoal e às trocas de pontos
de estudos de sua pesquisa. de vista... As entrevistas exploratórias
completam utilmente as leituras.
Segundo Quivy e Campenhoudt Permitem ao investigador tomar
(2005), esta etapa é composta por consciência de aspectos da questão
duas partes: leituras preparatórias para os quais a sua própria experi-
e realização de entrevistas ência e as suas leituras, por si só, não
exploratórias. o teriam sensibilizado. As entrevistas
exploratórias só podem preencher essa
função se forem pouco diretivas, dado
As leituras preparatórias servem, antes
que o objetivo não consiste em validar
de mais, para obter informação sobre
as ideias preconcebidas do investi-
as investigações já levadas a cabo
gador, mas em imaginar novas ideias.
sobre o tema do trabalho e para situar
(QUIVY; CAMPE- NHOUDT, 2005, p.
em relação a elas a nova contribuição
que se pretende fazer. 85-86)
82
UNIDADE 4 – O PROCESSO DE PESQUISA
FONTES DOCUMENTAIS
83
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Etapa 3: A Problemática
A formulação da problemática ou Isto pressupõe que a formulação e a
do problema de pesquisa (neste delimitação do problema de pesquisa
livro utilizamos de forma indistinta sejam suficientemente claras,
os termos “problemática” e “prob- precisas e objetivas; e que estejam
lema de pesquisa”.) é uma das fases em conformidade com os pres-
mais difíceis da pesquisa, exigindo supostos básicos da ciência (padrões
leitura, reflexão e orientação. Alguns e normas escritas, conformidade
especialistas citam que uma das com o método científico etc.).
atividades mais essenciais para
o pesquisador é o processo de O orientador desempenha aqui um
problematização da realidade, pois papel central de apoio ao jovem
exige preparo técnico e atividade pesquisador e de auxílio na identifi-
sistemática em torno do objeto ou cação dos fundamentos científicos já
fenômeno pesquisado. consolidados na área de interesse do
pesquisador.
Jovens pesquisadores confundem,
frequentemente, “[...] um tema ou Nesta fase a revisão bibliográfica
um tópico de interesse com um auxilia o pesquisador a encon-
problema de pesquisa” (ALVES- trar estudos semelhantes sobre
MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, o tema de interesse, facilitando
1999). a compreensão mais precisa do
fenômeno pesquisado. Isto o auxilia
O interesse pelo tema deve repre- sobremaneira no processo de famil-
sentar somente o início do processo iarização com as teorias, modelos
de pesquisa, porém o fenômeno e conceitos utilizados para tratar
investigado (o objeto de estudo, as do assunto. Essa busca contínua e
suas relações, o seu contexto etc.) recorrente pelo aprofundamento do
precisa ser suficientemente prob- conhecimento sobre o problema de
lematizado e delimitado para que a pesquisa possibilita o refinamento da
pesquisa se constitua enquanto tal. pergunta de partida.
84
UNIDADE 4 – O PROCESSO DE PESQUISA
85
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
86
UNIDADE 4 – O PROCESSO DE PESQUISA
87
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Neste trabalho de síntese vale a pena servindo como uma “aposta” que
se esforçar para criar um quadro antecede à verificação empírica do
teórico, que represente a articulação fenômeno. Ou seja, serve como uma
dos principais conceitos e definições explicação mais provável sobre o
acerca do objeto teórico de pesquisa. fenômeno, na qual “[...] a hipótese
é uma resposta plausível para essa
O processo de operacionalização indagação” (ALVES-MAZZOTTI;
da pesquisa – representado pela GEWANDSZNAJDER, 1999, p. 157).
capacidade do pesquisador bem Porém, por outro lado, ela serve
articular o seu quadro teórico com somente como uma orientação para
o objeto de sua pesquisa (seja ele a busca de respostas ao problema
empírico ou não) – está assentado de pesquisa. Neste caso, ao invés de
em uma precisa fundamentação buscar explicar a realidade, a hipó-
teórica e conceitual. Neste caso, tese pretende tão somente orientar
o pesquisador não pode deixar o olhar e as ações do pesquisador
brechas para a interpretação para uma determinada direção que
ambígua dos principais conceitos deverá ser construída ao longo do
e definições utilizadas; ao final do processo de pesquisa. No primeiro
processo de revisão da literatura caso, os pesquisadores vinculados
ele deve apresentar o seu quadro às epistemologias positivistas e
teórico, que irá guiar a pesquisa. pós-positivistas, acreditam que a
Concomitantemente, o pesquisador realidade pode ser explicada e, neste
deve estabelecer as suas principais sentido, cabe ao pesquisador, testar
hipóteses de pesquisas, que o auxil- e verificar as suas hipóteses visando
iarão a orientar a coleta de dados. à sua comprovação, refutação ou
à sua reformulação. Em oposição,
HIPÓTESES DE PESQUISA os pesquisadores vinculados às
epistemologias construtivistas, inter-
Segundo Marconi e Lakatos (2010, pretativistas, fenomenológicas etc.,
p. 145), “[...] a função da hipótese, preferem tão somente propor “[...] a
na pesquisa científica, é propor utilização de “hipóteses orienta-
explicações para certos fatos e ao doras” iniciais” (ALVES- MAZZOTTI;
mesmo tempo orientar a busca de GEWANDSZNAJDER, 1999, p. 158)
outras informações”. A hipótese ou “hipóteses de trabalho”, que se
tem uma função dupla. Por um lado, referem a uma expectativa inicial
o pesquisador propõe uma formu- sobre os futuros resultados a serem
lação provisória para responder investigados.
à sua problemática de pesquisa,
88
UNIDADE 4 – O PROCESSO DE PESQUISA
89
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
UNIDADES DE ANÁLISE
• NÍVEL MICRO: refere-se, geralmente, ao indivíduo
ou a um pequeno grupo de indivíduos pertencentes
a um contexto social particular. Por exemplo, um
estudo de caso sobre a liderança organizacional
exercida por gerentes departamentais em uma
empresa de grande porte do setor alimentício. O
nível micro de análise delimita-se ao papel desem-
penhado pelos gerentes (indivíduos).
• NÍVEL MESO: refere-se ao estudo de uma
organização específica (uma empresa, uma
instituição, uma organização pública etc.). Por
exemplo, a pesquisa sobre as práticas estratégicas
em uma organização pública do setor elétrico. O
nível meso de análise delimita-se à compreende
as práticas estratégicas adotadas no nível
organizacional.
• NÍVEL MACRO: refere-se ao estudo de uma
sociedade, uma nação ou um grande grupo social
com características bem definidas. Por exemplo,
numa pesquisa sobre as práticas de desen-
volvimento local sustentável em um município
do nordeste brasileiro, o nível macro de análise
refere-se ao município. Ou, alternativamente, a iden-
tificação de resultados socioeconômicos em ações
do Programa Bolsa Família entre os anos de 2003
e 2013. Neste último caso, o nível macro de análise
refere- se ao País (Brasil).
90
UNIDADE 4 – O PROCESSO DE PESQUISA
POPULAÇÃO E AMOSTRA
Segundo Gil (1989), a pesquisa nas ciências sociais envolve uma quantidade
de elementos (indivíduos, fenômenos etc.) tão grande que se torna quase
impossível consi-derá-los em sua totalidade. É por este motivo, justamente, que
os pesquisadores selecionam somente uma parte desses elementos para estudar,
de tal forma que essa parte possa ser suficientemente representativa do universo
investigado (população). Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 206),
91
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
92
UNIDADE 4 – O PROCESSO DE PESQUISA
93
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Etapa 6: Análise e
Interpretação de Dados
Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 151), a análise e a interpretação de dados fazem
parte do “núcleo central da pesquisa”. Apesar de se constituírem em duas atividades
distintas, elas estão profundamente relacionadas, conforme as autoras descrevem
abaixo:
94
UNIDADE 4 – O PROCESSO DE PESQUISA
Etapa 7: As Conclusões
As conclusões de uma pesquisa Mas, mais modestamente, deve
devem procurar evidenciar a capaci- tentar realizar a sua contribuição
dade do pesquisador em sintetizar teórica por meio do apontamento
as análises e interpretações real- de potenciais novas perspectivas
izadas na etapa anterior, assim como teóricas.
comunicar as contribuições (teóricas
e/ou práticas) aportadas por seus Tais perspectivas poderão, por
resultados. exemplo, ser expressas através da
reorganização de conceitos, ou pela
Nesta etapa o relatório final de apresentação de quadros-sínteses
pesquisa, deve realizar “[...] uma que proponham novas perspectivas
comparação entre os resultados teóricas. Vale destacar, que essas
hipoteticamente esperados e novas perspectivas teóricas irão
os observados, bem como uma se inserir em uma perspectiva de
retrospectiva das principais inter- formação do jovem pesquisador.
pretações das suas diferenças” (QUIVY; CAMPENHOUDT, 1995)
(QUIVY; CAMPENHOUDT, 1995, p.
244). É esperado, também, que o Em relação às contribuições
pesquisador responda objetiva- orientadas para a prática profis-
mente ao seu problema de pesquisa, sional (contribuições práticas),
expresso na sua pergunta de partida. o jovem pesquisador da área de
Ou seja, após analisar e interpretar Administração poderá motivar-se
os dados do campo empírico, será mais facilmente, pois as pesquisas
que a pesquisa conseguiu responder nesse campo do conhecimento
adequadamente à pergunta inicial- (pesquisas aplicadas), em geral,
mente formulada? E em relação dedicam-se a compreender e propor
às hipóteses iniciais, os resultados aportes práticos mais frequentes, tais
foram satisfatórios? como, por exemplo, as contribuições
para os novos processos organiza-
Em seguida, o pesquisador cionais de gestão.
deverá apontar as suas principais
contribuições teóricas e/ou práticas. Por fim, o pesquisador deverá apontar
O jovem pesquisador não deve se as limitações de sua pesquisa, assim
assustar, nem se inibir, com a possi- como sugerir a realização de novas
bilidade remota de conseguir realizar pesquisas, em continuidade às suas
aportes teóricos inéditos para a contribuições.
comunidade científica estabelecida.
95
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
RESUMINDO
Iniciamos esta Unidade abordando Em seguida apresentamos o
a fase preliminar da pesquisa, projeto de pesquisa, o qual é um
conhecida como fase exploratória, documento escrito que descreve
constituída por uma sequência detalhadamente o plano de trabalho
de etapas que auxiliam o pesqui- do pesquisador em relação à sua
sador a rascunhar o seu projeto de pesquisa. Ele se constitui como um
pesquisa. Esta fase pode também ser roteiro que o pesquisador elabora
compreendida como uma sequência para descrever os passos ou fases da
de perguntas, tais como: o que pesquisa, que são: escolha do tema;
pesquisar? (definição do problema, levantamento de dados e infor-
hipóteses, base teórica e conceitual); mações; formulação do problema
por que pesquisar? (justificativa e objetivos; apresentação de hipó-
da escolha do problema); para que teses de pesquisa; delimitação da
pesquisar? (propósitos do estudo, população e amostra; e seleção da
seus objetivos); como pesquisar? metodologia, dos métodos, técnicas
(metodologia); etc. e instrumentos.
96
UNIDADE 4 – O PROCESSO DE PESQUISA
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
Nesta Unidade, aprendemos as etapas de preparação de uma
pesquisa. Vamos praticar os conceitos abordados? Caso você
tenha alguma dúvida com relação aos exercícios e ao conteúdo,
volte e releia os textos; e se as dúvidas persistirem, lembre-se que
você pode consultar o seu tutor, o qual está à sua disposição para
lhe prestar todo o auxílio necessário.
97
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
98
Após o planejamento inicial da pesquisa, que apre-
sentamos na Unidade 4, o pesquisador deverá,
quando for o caso, executar a etapa relativa ao
campo empírico, constituído, fundamentalmente,
pela “coleta de dados” e pela “análise e interpretação
de dados” (MARCONI; LAKATOS, 2010).
Bons estudos!
99
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
OBSERVAÇÃO
A coleta de dados através da Neste caso, o pesquisador deverá
observação é uma técnica que visa à participar ativamente no processo
obtenção de informações e dados do de observação e registro das
campo empírico onde o pesquisador conversas informais, com o
empresta os seus recursos sensíveis objetivo de encontrar vínculos emer-
(visão, audição, tato, olfato, paladar gentes na formação da estratégia
etc.) para o exame dos fenômenos organizacional.
estudados.
Em outro exemplo, o pesquisador
poderá pretender compreender os
A principal característica da efeitos da alimentação no desem-
observação está associada ao penho organizacional de seus
fato de colocar o pesquisador colaboradores, e poderá analisar não
diretamente em contato com o somente as informações nutricio-
fenômeno empírico estudado. nais dos alimentos como, também,
Exige, por isto mesmo, como participar de sessões de almoço
ressaltam Marconi e Lakatos dentro do restaurante da organ-
(2010), muita atenção e controle ização. Neste caso, ele irá valer- se
para registrar sistematicamente de sua observação, mas também de
os dados e informações que todos os seus outros sentidos para
afetam o objeto pesquisado. interpretar o fenômeno estudado.
Segundo Alves-Mazzotti e
Nas pesquisas qualitativas, Gewandsznajder (1999), a técnica
sobretudo, a observação é muita da observação possui as seguintes
valorizada. Imagine, por exemplo, vantagens em relação a outras
uma pesquisa sobre o tema da técnicas de coleta de dados:
“cultura organizacional”, em que
a. independe do nível de conheci-
se deseja compreender o papel e a
mento ou da capacidade verbal
influência dos ambientes informais
dos sujeitos;
na construção da estratégia corpo-
rativa, tais como a “rádio peão”, b. permite “checar”, na prática, a
representada pelas conversas de sinceridade de certas respostas
corredores, ou, também, a copa, que, às vezes, são dadas só para
onde é servido o cafezinho. “causar boa impressão”;
100
UNIDADE 5 – INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
Observação Assistemática
ou não Estruturada
Este tipo de observação, muito Evidentemente, apesar de seu
utilizado em pesquisas exploratórias, caráter fluído, existe um mínimo de
tem como principal qualidade o seu controle por parte do pesquisador,
caráter espontâneo e assistemático, com o objetivo de registrar os fatos
que se deixa envolver no livre fluxo observados de forma que possam
do contexto observado, sem planeja- contribuir para os objetivos de sua
mento prévio. pesquisa.
Observação Sistemática
Este tipo de observação “[...] real- O pesquisador, neste caso, antevê
iza-se em situações controladas, quais são as características ou os
para responder a propósitos aspectos de um determinado grupo
preestabelecidos”. (MARCONI; (uma organização, por exemplo)
LAKATOS, 2010, p. 176) O objetivo que são significativos para que os
da observação sistemática, segundo seus objetivos de pesquisa sejam
Gil (1989), é descrever precisamente atendidos. Desta forma, propõe um
os fenômenos. Ela é, também, conjunto de hipóteses que serão
adequada para o teste de hipóteses. testadas no campo empírico através
da observação.
101
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Observação Participante
Neste tipo de observação, o pesqui- estratégias etnográficas de pesquisa.
sador participa ativamente no campo A observação participante pode ser
empírico por meio de interações, dividida em “natural” e “artificial”
procurando vivenciar o contexto (GIL,1989). Na primeira, o observador
observado, sem, no entanto, utilizar pertence ao grupo pesquisado (pois
outros instrumentos de coleta já faz parte como membro); e na
de dados, como questionários ou segunda, ele se integra ao grupo
formulários (MARCONI; LAKATOS, com o objetivo de realizar uma
2010). A observação participante investigação.
é frequentemente utilizada nas
102
UNIDADE 5 – INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
ENTREVISTAS
Na Unidade 3 descrevemos como questionários padronizados que
uma pesquisa é classificada tendo serão serão apresentados ao final
em vista os seus propósitos e fins: desta Unidade. (ALVES-MAZZOTTI;
exploratória, descritiva e explicativa. GEWANDSZNAJDER, 1999) O pesqui-
Agora iremos apresentar como as sador deve informar ao entrevistado
diferentes modalidades de entre- quais são os seus objetivos com a
vistas poderão auxiliar na coleta realização da entrevista, além de
de dados empíricos, fazendo com expor brevemente o tópico e os
que a pesquisa possa avançar em objetivos de sua pesquisa.
consonância com os seus objetivos.
É recomendável que o pesquisador
As entrevistas representam um dos apresente uma carta da instituição
instrumentos mais ricos e utilizados de ensino ou de pesquisa a que pert-
para a coleta de dados empíricos. ence, em papel timbrado, assinada
Trata-se, em geral, de uma conversa por um professor ou orientador, com
entre duas partes: de um lado o(s) a finalidade de demonstrar o caráter
pesquisador(es) e de outro o(s) entre- acadêmico da pesquisa, além de
vistado(s). O principal objetivo das assegurar a confidencialidade dos
entrevistas é compreender deter- dados e informações coletadas. A
minadas situações ou fenômenos coleta de dados primários através de
vividos pelos entrevistados, assim entrevistas pode ocorrer em quatro
como obter informações a partir da diferentes modalidades:
perspectiva do(s) entrevistado(s)
(MARCONI; LAKATOS, 2010). • entrevistas estruturadas;
• entrevistas semiestruturadas;
As entrevistas possibilitam • entrevistas em profundidade; e
tratar de temas complexos,
que dificilmente poderiam ser • entrevistas em grupo e grupos
compreendidos por meio do uso de focais.
Entrevistas Estruturadas
Nas entrevistas estruturadas são utilizados questionários idealizados com base em
um conjunto de perguntas predeterminadas e idênticas para todos os entrevistados.
“As entrevistas estruturadas são utilizadas para coletar dados e informações
quantificáveis, sendo por esta razão referidas, também, como ‘entrevistas
quantitativas’”. (SAUNDERS; LEWIS; THORNHILL, 2009, p. 320)
103
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Entrevistas Semiestruturadas
Nas entrevistas semiestruturadas As respostas deverão ser gravadas
o pesquisador utiliza somente uma ou anotadas para posterior tran-
breve lista de tópicos e questões a scrição e análise dos dados.
serem cobertos ao longo da entre- Normalmente, este tipo de entrevista
vista, mesmo que estes possam e, também, a entrevista em profun-
variar aleatoriamente entre os difer- didade (apresentada a seguir) estão
entes entrevistados. Isso significa associadas às abordagens quali-
que o pesquisador poderá omitir tativas de pesquisa. (SAUNDERS;
algumas perguntas de acordo com LEWIS; THORNHILL, 2009)
o contexto encontrado. A ordem
das perguntas também pode variar,
dependendo do fluxo da conversa.
Entrevistas em
Entrevistas Profundidade
em Grupo e As entrevistas em profundidade são
104
UNIDADE 5 – INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
Entrevistas Padronizadas
e Não Padronizadas
Saunders, Lewis e Thornhill (2009) Segundo Saunders, Lewis e Thornhill
sugerem uma forma alternativa (2009), existem quatro aspectos
para agrupar os diferentes tipos interrelacionados que poderão servir
de entrevistas, subdividindo-as como guia para o pesquisador decidir
em entrevistas padronizadas e não pela adoção da modalidade de entre-
padronizadas, conforme a Figura vista não padronizada:
8. As entrevistas padronizadas
caracterizam-se pelo fato de o • O propósito da pesquisa;
pesquisador seguir um roteiro plane- • A importância do contato pessoal
jado e uma sequência ordenada de direto com o(s) entrevistado(s);
perguntas, elaboradas previamente.
• A natureza das perguntas (as
perguntas exigem respostas
Por sua vez, nas entrevistas complexas?);
não padronizadas o pesquisador
deixa-se levar pelo fluxo da entre- • O período de tempo necessário
vista, de acordo com as respostas do para completar o processo
entrevistado, sem um roteiro rigida- de coleta de dados (o tempo
mente estabelecido. planejado para as entrevistas é
curto ou longo?).
PADRONIZADAS QUESTIONÁRIOS
ENTREVISTAS
FACE-A-FACE
ENTREVISTAS POR
INTERNET OU MEDIADAS
ELETRONICAMENTE
NÃO PADRONIZADAS
(Semiestruturadas e
em Profundidade)
ENTREVISTAS
GRUPOS FOCAIS
EM GRUPO
UM-PARA-MUITOS
ENTREVISTAS POR
INTERNET OU MEDIADAS GRUPOS FOCAIS
ELETRONICAMENTE
105
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
106
UNIDADE 5 – INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
QUESTIONÁRIOS
O questionário é “[...] um instrumento de coleta
de dados, constituído por uma série ordenada de
perguntas, que devem ser respondidas por escrito
e sem a presença do entrevistador.” (MARCONI;
LAKATOS, 2010, p. 150)
ANÁLISE E
INTERPRETAÇÃO
DE DADOS
Após a coleta dos dados devemos iniciar o processo de
preparação das informações com o objetivo de analisá-las
e interpretá-las. Para isto, deveremos elaborar e classificar
os dados de forma sistemática de acordo com os seguintes
passos propostos por Marconi e Lakatos (2010):
107
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Após a elaboração e classificação dos dados o passo seguinte refere-se à sua análise
e interpretação, constituindo-se no “[...] núcleo central da pesquisa”. (MARCONI;
LAKATOS, 2010)
108
UNIDADE 5 – INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
Essas duas etapas são fundamentais para que o problema de pesquisa (a pergunta
de partida) inicialmente elaborado pelo pesquisador seja adequada e suficiente-
mente respondido. Sugere-se que a resposta à pergunta de partida seja o resultado
de um processo bem articulado de análise e interpretação dos dados. Isto envolve,
necessariamente, comparações dos resultados alcançados no campo empírico com
as teorias utilizadas para dar suporte às investigações. As hipóteses de pesquisa
deverão também ser apresentadas comparativamente aos resultados alcançados.
109
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
RESUMINDO
Ao longo da Unidade 5 foram apresentados os principais instru-
mentos e técnicas para a coleta de dados empíricos, tais como:
os diferentes tipos de técnicas de observação (observação
assistemática ou não estruturada, observação sistemática,
observação não participante e observação participante); e as
várias modalidades de entrevistas, entre elas: as estruturadas, as
semiestruturadas, as em profundidade e as em grupo e grupos
focais.
110
UNIDADE 5 – INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
Agora que você conheceu os instrumentos e técnicas de coleta
e análise de dados, que tal praticar os exercícios de fixação que
preparamos? Em caso de dúvida, releia cuidadosamente o texto e,
se precisar de ajuda, consulte o seu tutor.
111
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
112
Estruturar e produzir um trabalho científico
é uma tarefa que depende do cumprimento
de uma série de determinações, as quais
irão possibilitar ao pesquisador expor e
desenvolver, de maneira articulada e orga-
nizada, o seu estudo para todos os leitores
interessados.
113
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
RELATÓRIO DE
PESQUISA
A redação de um relatório de Formalmente, um padrão de relatório
pesquisa consiste na expressão de pesquisa segue, grosso modo,
textual do raciocínio desenvolvido a seguinte estrutura quanto aos
em um trabalho de pesquisa. Essa elementos textuais: introdução;
estrutura formal, apresentada em um desenvolvimento (com seus
texto pronto, articulado e organizado, subitens, como justificativa, objetivos
não revela o processo subjacente, e metodologia); e conclusão. Quanto
necessário para sua construção. A aos elementos pré e pós-textuais
melhor maneira de compreender temos, por exemplo, capa, sumário,
mais a fundo esse percurso é apêndices, referências, entre outros,
analisando o próprio processo de conforme a listagem a seguir (ABNT,
produção de seu conteúdo. NBR 14724, 2011):
• Capa
• Folha de Rosto
• Folha de Aprovação
• Dedicatória
PÁGINAS CONTADAS • Agradecimentos
MAS NÃO ELEMENTOS
NUMERADAS
• Resumo em língua vernácula PRÉ-TEXTUAIS
• Resumo em língua estrangeira
• Lista de Ilustrações
• Lista de Tabelas
• Lista de abreviaturas e siglas
• Sumário
• Introdução
ELEMENTOS
• Desenvolvimento TEXTUAIS
PÁGINAS • Conclusão
CONTADAS E
NUMERADAS EM • Referências
ALGARISMOS
ARÁBICOS • Glossário ELEMENTOS
PÓS-TEXTUAIS
• Apêndices
• Anexos
114
UNIDADE 6 – ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS
115
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
116
UNIDADE 6 – ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS
117
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
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UNIDADE 6 – ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS
119
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Essa real dimensão possibilita acres- Não por acaso, o texto científico é,
centar algo de novo, num movimento ele mesmo, um tema de investigação
cumulativo, com fluxos e refluxos, científica para muitos autores, além
isto é, com confirmação ou reformu- de servir a outros autores interes-
lação dos conhecimentos gerados, sados em avançar na compreensão
característica que permite o avançar de assuntos diversos (consideran-
da ciência. do-se aqui a pesquisa bibliográfica,
passo de qualquer pesquisa).
Cumprido esse percurso de pesquisa
até aqui descrito, o trabalho caminha A desmistificação de que um projeto
para a síntese, que é a conclusão, de pesquisa se realiza como se
em geral caracterizada por uma apresenta formalmente na estrutura
retomada daquilo que o trabalho traz de seu texto, num percurso lógico e
de principal, com a apresentação linear, desenvolvido de forma coer-
sintética dos principais resultados ente e sem percalços, deve servir de
obtidos. estímulo – e não o contrário – para
que os iniciantes se aventurem
Como dito no início, ao terminar esse sem medo por esse universo
processo, tendo-se ciência e clareza marcado por aprendizados
sobre o conteúdo elaborado, parte-se constantes e também por
para a redação da parte introdutória descobertas.
do projeto: a introdução (e também
dos elementos pré e pós-textuais).
Há algumas qualidades que o jovem
pesquisador deve possuir. Segundo
A estrutura do texto é reflexo de Martins (2000b), no ensino de metodologia
como a ciência é atualmente conce- da pesquisa para administradores, “[...]
a independência mental, a curiosidade
bida por aqueles que a praticam, intelectual, a perseverançva no trabalho
tendo no texto o seu principal são qualidades indispensáveis ao culti-
vador da investigação”. No link a seguir
produto, o qual permite a circulação leia esta e mais outras dicas valiosas no
de ideias e conhecimentos (por meio processo de elaboração de pesquisas
acadêmicas entre jovens pesquisadores:
de teses, dissertações, monografias,
<http://www.eac.fea.usp.br/eac/observa
artigos, resenhas etc.). torio/metodologia-para-pesquisador.asp>.
Acesso em: 29 out. 2015.
120
UNIDADE 6 – ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS
RESUMINDO
Nesta Unidade conhecemos como é estruturado um relatório de
pesquisa, com destaque para o aprofundamento dos elementos
textuais, formados pelas seções de introdução, desenvolvimento
(com seus subitens, tais como justificativa, objetivos e metodo-
logia) e conclusão.
Em cada uma dessas seções pudemos rever como cada uma das
etapas da pesquisa, abordadas detalhadamente nas Unidades
anteriores deste livro, têm lugar (se encaixam) no momento final
de redação do relatório de pesquisa. Será aqui, durante a redação
do relatório de pesquisa, que o pesquisador revelará a sua máxima
capacidade para expressar com precisão e profundidade o longo
trabalho de pesquisa realizado. Isto se materializa por meio de um
texto simultaneamente objetivo e fluido.
121
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
Agora que você conheceu a estrutura e a organização dos trabalhos
científicos, sugerimos que realize os exercícios para praticar e fixar
o conteúdo da Unidade. Lembre-se: caso necessite de auxílio,
contate o seu tutor.
122
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Caros alunos, chegamos ao final Revisitamos ao longo da segunda
da disciplina! unidade os conceitos de ciência
e conhecimento científico, além
Durante a leitura desse livro- de aprofundarmos o enten-
texto, você teve a oportunidade dimento sobre as principais
de compreender a importância características da pesquisa
em aprofundar certos temas que científica e suas particularidades
o acompanharão durante todo o no campo da Administração. Nessa
curso, seja na elaboração de seu unidade foram apresentadas as
TCC ou mesmo na realização de diferenças entre a metodologia e
trabalhos acadêmicos para outras o método científico. Todos esses
disciplinas. conceitos são seminais para o
entendimento e definição da
Na primeira unidade tivemos a ciência e das especificidades que
oportunidade de conhecer alguns demarcam este tipo de conhec-
dos principais instrumentos para imento em relação a outros. Por
a prática de estudos, além de isso, caro estudante, não deixe de
refletirmos sobre a importância pesquisar os materiais e referências
na elaboração de um método de indicados neste livro para ampliar o
estudo. Lembre-se que, como seu horizonte de estudos!
estudante de um curso superior,
certos atributos tornam-se centrais Vimos também, na terceira unidade,
para o seu pleno desenvolvimento: as características que distinguem
a autonomia, a pró-atividade e a os diferentes tipos de pesquisa
visão crítica são essenciais para científica, assim como as estraté-
a sua plena evolução acadêmica, gias de pesquisa que fazem parte
assim como também na sua vida de algumas das mais importantes
para além da universidade. escolhas metodológicas, relacio-
nadas à forma como o problema
de pesquisa é cuidadosamente
elaborado. Cada pesquisa possui
suas próprias características e
especificidades.
123
METODOLOGIA DE ESTUDO E DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
124
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes,
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MINICURRÍCULO
RENÊ BIROCHI
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