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SAÚDE, SEGURANÇA E

MEIO AMBIENTE
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS – FIEMG

Olavo Machado Júnior


Presidente do Sistema FIEMG

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI


Departamento Regional de Minas Gerais – DR/MG

Cláudio Marcassa
Diretor Regional

Ricardo Aloysio e Silva


Gerente de Educação para a Indústria

Luiz Eduardo Notini Greco


Gerente de Gestão da Educação

Edmar Fernando de Alcântara


Gerente de Educação Profissional
SAÚDE, SEGURANÇA E
MEIO AMBIENTE
© 2018 SENAI. Departamento Regional de Minas Gerais

FICHA CATALOGRÁFICA

S474s

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. DR/MG.


Saúde, segurança e meio ambiente / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de Minas Gerais. Belo Horizonte: SENAI/MG, 2018.

76 p. il.
Inclui referências.

1. Saúde - Trabalho. 2. Segurança do trabalho. 3. Gestão ambiental. I. Serviço Nacional


de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Minas Gerais. II Título. III. Série.

CDU: 331.45

SENAI
FIEMG
Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial Av. do Contorno, 4456 - Bairro Funcionários
Departamento Regional de Minas Gerais 30110-916 - Belo Horizonte/Minas Gerais
Lista de ilustrações

Figura 1 -  Acidente X Incidente....................................................................................................................................12


Figura 2 -  Processo de usinagem.................................................................................................................................13
Figura 3 -  Acidente de Trajeto.......................................................................................................................................14
Figura 4 -  Processo de soldagem.................................................................................................................................15
Figura 5 -  Exemplo de ato inseguro (esquerda) X Exemplo de ato seguro (direita).................................15
Figura 6 -  Exemplo de condições inseguras............................................................................................................16
Figura 7 -  Cipistas..............................................................................................................................................................17
Figura 8 -  Estrutura da CIPA...........................................................................................................................................17
Figura 9 -  Consulta ao Quadro III da NR 5.................................................................................................................18
Figura 10 -  Consulta ao Quadro I da NR 5................................................................................................................19
Figura 11 -  Exemplo de EPC: proteção em parte móvel de máquina.............................................................20
Figura 12 -  Sinalização de segurança – EPCs...........................................................................................................21
Figura 13 -  EPCs em compressores.............................................................................................................................21
Figura 14 -  Corrimão – EPC............................................................................................................................................22
Figura 15 -  Checklist em equipamentos de uma rede elétrica.........................................................................22
Figura 16 -  EPIs de soldagem........................................................................................................................................23
Figura 17 -  CA – Certificado de Aprovação..............................................................................................................24
Figura 18 -  Calçado de segurança...............................................................................................................................25
Figura 19 -  Luvas e cremes de proteção...................................................................................................................25
Figura 20 -  Capacete de segurança............................................................................................................................26
Figura 21 -  Capacete conjugado..................................................................................................................................26
Figura 22 -  Óculos de segurança.................................................................................................................................26
Figura 23 -  Protetor auditivo tipo plug......................................................................................................................27
Figura 24 -  Protetor auditivo tipo concha................................................................................................................27
Figura 25 -  Operador utilizando máscara PFF.........................................................................................................28
Figura 26 -  Operador utilizando máscara com filtros...........................................................................................29
Figura 27 -  Agentes agressores à saúde....................................................................................................................30
Figura 28 -  Ruído na indústria......................................................................................................................................30
Figura 29 -  Exposição ao calor extremo....................................................................................................................31
Figura 30 -  Operação de soldagem............................................................................................................................32
Figura 31 -  Exposição à poeira metálica...................................................................................................................32
Figura 32 -  Banheiros, fontes de micro-organismos.............................................................................................33
Figura 33 -  Posturas, corretas e incorretas...............................................................................................................34
Figura 34 -  Riscos de acidentes....................................................................................................................................34
Figura 35 -  Choque em corrente de baixa intensidade.......................................................................................35
Figura 36 -  Choque em corrente de alta intensidade..........................................................................................35
Figura 37 -  Choque estático..........................................................................................................................................36
Figura 38 -  Choque dinâmico.......................................................................................................................................36
Figura 39 -  Máquinas e equipamentos rotativos...................................................................................................37
Figura 40 -  Proteção em parte móvel de máquina...............................................................................................37
Figura 41 -  Empilhadeira................................................................................................................................................38
Figura 42 -  Ponte rolante................................................................................................................................................39
Figura 43 -  Talha elétrica.................................................................................................................................................39
Figura 44 -  Paleteira manual.........................................................................................................................................39
Figura 45 -  Talhas manual...............................................................................................................................................39
Figura 46 -  Esteira transportadora..............................................................................................................................40
Figura 47 -  Elaboração de ART na área metalmecânica......................................................................................41
Figura 48 -  Avisos de segurança..................................................................................................................................42
Figura 49 -  Sinalização de alerta..................................................................................................................................43
Figura 50 -  Sinalização de combate a incêndio......................................................................................................43
Figura 51 -  Indicação de extintor de incêndios......................................................................................................43
Figura 52 -  Sinalização de orientação e salvamento............................................................................................44
Figura 53 -  Sinalização de proibição..........................................................................................................................44
Figura 54 -  Botijão de gás industrial...........................................................................................................................45
Figura 55 -  Sinalização sonora......................................................................................................................................45
Figura 56 -  Sinalização temporária.............................................................................................................................46
Figura 57 -  Sinalização horizontal para demarcar a área de circulação
conjunta de pessoas próximo a máquinas........................................................................................46
Figura 58 -  Realização de DDS antes da aula prática...........................................................................................47
Figura 59 -  Mapa de Riscos............................................................................................................................................48
Figura 60 -  Mapa de Riscos em um laboratório de soldagem..........................................................................49
Figura 61 -  Livro Publicado com as Normas Regulamentadoras - NRS.........................................................49
Figura 62 -  Análise de NRs..............................................................................................................................................50
Figura 63 -  Símbolo de segurança do trabalho......................................................................................................50
Figura 64 -  Símbolo da CIPA..........................................................................................................................................51
Figura 65 -  EPIs...................................................................................................................................................................51
Figura 66 -  Equipe- PCMSO...........................................................................................................................................52
Figura 67 -  Elaboração do PPRA...................................................................................................................................52
Figura 68 -  Riscos elétricos.............................................................................................................................................53
Figura 69 -  Movimentação de carga...........................................................................................................................53
Figura 70 -  Máquina de usinagem (com partes móveis)....................................................................................54
Figura 71 -  Caldeiras.........................................................................................................................................................54
Figura 72 -  Postura correta.............................................................................................................................................55
Figura 73 -  Trabalho em altura.....................................................................................................................................55
Figura 74 -  Medida Preventiva para Trabalho em Bancada...............................................................................56
Figura 75 -  Medida preventiva para abaixamento................................................................................................56
Figura 76 -  Postura correta em atividades administrativas................................................................................57
Figura 77 -  Tetraedro do fogo.......................................................................................................................................57
Figura 78 -  Métodos de extinção do fogo...............................................................................................................58
Figura 79 -  5R’s...................................................................................................................................................................63
Figura 80 -  Características dos resíduos sólidos perigosos................................................................................64
Figura 81 -  Fluidos de corte...........................................................................................................................................64
Figura 82 -  Resíduos corrosivos...................................................................................................................................65
Figura 83 -  Resíduo patogênico...................................................................................................................................65
Figura 84 -  Lixo comum de escritórios......................................................................................................................66
Figura 85 -  Emabalagem de isopor.............................................................................................................................66
Figura 86 -  Cores das lixeiras de coleta seletiva,
de acordo com a resolução CONAMA resolução nº 275, de 25 de abril de 2001................67
Figura 87 -  Exemplos de coleta seletiva em uma unidade do SENAI.............................................................67
Figura 88 -  Tipos de poluição........................................................................................................................................68
Figura 89 -  Danos à Fauna..............................................................................................................................................68
Figura 90 -  Alagamentos e inundações.....................................................................................................................69
Figura 91 -  Desperdício de dinheiro público...........................................................................................................69
Figura 92 -  Gastos na saúde pública..........................................................................................................................70
Figura 93 -  Poluição e os impactos para o turismo...............................................................................................71

Quadro 1 - Classificação das peças semifaciais filtrantes.....................................................................................28


Quadro 2 - Modelo de ART..............................................................................................................................................41
Quadro 3 - Classes de incêndios...................................................................................................................................59
Sumário
1 Introdução...........................................................................................................................................................................9

2 Saúde e segurança.........................................................................................................................................................11
2.1 Segurança e conceitos...............................................................................................................................11
2.2 Medidas de proteção..................................................................................................................................20
2.3 Riscos ambientais........................................................................................................................................29
2.4 Ferramentas de segurança.......................................................................................................................40
2.4.1 Análise de Risco de Tarefa - ART...........................................................................................40
2.4.2 Sinalização de segurança........................................................................................................42
2.4.3 Diálogo Diário de Segurança (DDS)....................................................................................46
2.4.4 Mapa de Riscos...........................................................................................................................47
2.5 Normas Regulamentadoras (NRs) .........................................................................................................49
2.6 Ergonomia: posturas na execução de operações de produção.................................................56
2.7 Prevenção e combate a incêndios.........................................................................................................57

3 Meio ambiente.................................................................................................................................................................63
3.1 Sustentabilidade: definição e características.....................................................................................63
3.2 Resíduos: tipos, segregação, descarte/destinação..........................................................................64
3.3 Impactos ambientais gerados por resíduos descartados de forma inadequada.................68

Referências............................................................................................................................................................................74

Minicurrículo do autor......................................................................................................................................................75
Introdução 1

Seja bem-vindo à unidade curricular Saúde, Segurança e Meio Ambiente!


Nesta jornada, você conhecerá os principais conceitos relacionados à saúde e segurança do
trabalho, aplicados às atividades do profissional da área de metalmecânica, composta pelos
cursos técnicos em mecânica, metalurgia, eletromecânica, soldagem e fabricação mecânica.
São atividades comuns a essas profissões: operações de soldagem, usinagem de peças
e estruturas metálicas, manutenção em componentes mecânicos e elétricos, instalação de
máquinas e equipamentos, fundição de peças metálicas, dentre outros processos de fabricação
na área industrial.
Você aprenderá sobre as medidas de proteção coletiva, administrativa e individual,
reconhecendo os agentes de riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes
presentes nos processos da indústria metalmecânica e que representam riscos à segurança do
trabalhador.
Nesta unidade curricular, você também estudará a análise de riscos durante as operações
executadas, o DDS (Diálogo Diário de Segurança), além de conhecer e identificar as normas
regulamentadoras do Ministério do Trabalho e os tipos de extintores de incêndios utilizados
na área metalmecânica.
Finalizaremos a unidade com o tema meio ambiente. Nessa etapa, vamos conhecer os
principais impactos ambientais relacionados à indústria metalmecânica, como a emissão de
poeiras, contaminação de efluentes líquidos, produção de resíduos diversos, gases, entre outros.
Não perca!
Saúde e segurança 2

É indiscutível a importância da atividade industrial para o desenvolvimento tecnológico


e econômico do nosso país. A indústria metalmecânica é, sem dúvida, a base da atividade
industrial brasileira, pois, por meio dela, é realizada a transformação de metais brutos em
produtos acabados, como estruturas metálicas, máquinas, equipamentos, veículos e bens de
consumo em geral.
A área metalmecânica tem uma relação direta com todo o setor industrial, visto que fornece
insumos e transforma-os em bens de consumo, além da manutenção de equipamentos e má-
quinas em geral para toda cadeia produtiva brasileira.
Entretanto, as atividades industriais podem gerar alguns riscos de acidentes no trabalho.
A interação com os processos metalmecânicos expõe os trabalhadores ao contato com má-
quinas que podem causar cortes, ferimentos e amputações, apresentando altas temperaturas,
cargas suspensas, ruídos, contato com substâncias químicas, entre outros, que podem com-
prometer a saúde e a integridade física dos trabalhadores.

2.1 SEGURANÇA E CONCEITOS

Os trabalhadores da indústria metalmecânica estão expostos a vários riscos que podem ser
neutralizados e/ou eliminados, assegurando a saúde e a integridade física desses profissionais.
Esse é o principal objetivo desta unidade curricular!
A segurança é indispensável no ambiente de trabalho. Um local seguro preserva a vida e
promove a saúde do trabalhador. Isso significa que situações de riscos existentes sejam elimi-
nadas ou controladas, evitando a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais.
12 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

Neste capítulo, iremos saber como isso deve ser feito. Mas, primeiro, vamos conhecer alguns conceitos
importantes para a área Segurança e Saúde no Trabalho. Preparado?

Acidentes do trabalho: tipos, características e prevenção


A segurança do trabalho busca prevenir os acidentes no ambiente profissional. Vamos ver a diferença
entre acidente e acidente do trabalho? Confira!
Acidente é toda situação inesperada, indesejada e que resulta em danos. Eles podem ser materiais,
como a perda ou a danificação de um equipamento, a perda de insumos em processo, podem ser danos
físicos, como uma lesão pessoal e/ou danos financeiros.
Acidentes do trabalho - existem dois conceitos: o conceito legal e o conceito prevencionista. Vamos
conhecê-los?
No conceito legal, previsto no art. 19 da Lei 8213/91, o acidente do trabalho ocorre pelo exercício do tra-
balho a serviço da empresa ou de empregador doméstico, provocando lesão corporal ou perturbação fun-
cional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária.
Já o conceito prevencionista1 considera o acidente de trabalho como a ocorrência não programada,
inesperada ou não, que interfere ou interrompe a realização de uma determinada atividade, trazendo,
como consequência isolada ou simultânea, a perda de tempo, danos materiais ou lesões.
Você percebeu a diferença dos dois conceitos?
Para o conceito legal, é necessário haver lesão física; no conceito prevencionista, são levadas em consi-
deração as lesões físicas e a perda de tempo e de materiais.
O conceito prevencionista é o mais utilizado na indústria, pois, com o estudo e a análise de acidentes
sem lesões, podemos indicar medidas capazes de impedir sua repetição ou agravamento, isto é, evitar que
eles se tornem um acidente com lesão.
Na Figura 1, observe que o conceito prevencionista leva em consideração os acidentes e os incidentes,
ou seja, quando não há lesões, mas existe possibilidade de acontecer, por isso a necessidade de estudar-
mos formas preventivas contra acidentes futuros.

Figura 1 -  Acidente X Incidente


Fonte: SENAI/MG, 2018.

1 Prevencionista: profissional que estuda formas preventivas para evitar acidentes em locais de trabalho; teoria sobre segurança.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
13

Podemos classificar os acidentes de trabalho em três tipos:

Acidente típico
O acidente típico ocorre com o empregado a serviço da empresa dentro das instalações da empresa
ou a serviço dela. Como exemplo: batidas, cortes, quedas, queimaduras, contato com produtos químicos,
choque elétrico, dentre outros.
Existem várias situações na indústria metalmecânica que podem ocasionar acidentes típicos. Pode-
mos exemplificar o processo de fabricação e manuntenção de peças por usinagem, como podemos ver
na Figura 2 a seguir.
Nesse processo há riscos de quedas de peças nos membros inferiores do operador, cortes e esmaga-
mentos dos membros susperiores, contato com fluidos de usinagem, possibilidade de projeção de peque-
nos cavacos nos olhos, aspectos ergonômicos, dentre outros.
Fique atento à operação desses equipamentos. Observe os procedimentos de segurança, como o uso
de EPIs (óculos, botinas e protetores auditivos). Não utilize camisas de manga longas, colares, pulseiras e
outros adornos, pois eles podem ficar presos nas partes móveis da máquina.

Figura 2 -  Processo de usinagem


Fonte: SENAI/MG, 2018.

Acidente de trajeto

Ocorre durante o percurso da residência do trabalhador para o trabalho ou vice e versa, independente-
mente do meio de transporte que é utilizado, inclusive veículo próprio, desde que o percurso seja o habi-
tual, sem que haja desvios por questões pessoais.
Exemplo de acidente de trajeto: o empregado, na ida para o trabalho, se envolve em um acidente de
trânsito e sofre uma série de lesões. Veja a Figura 3.
14 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

@istockphoto.com/kadmy
Figura 3 -  Acidente de Trajeto

Numa outra situação: caso o empregado saia do trabalho e se encaminhe para a casa de parentes ou
para um restaurante e um acidente ocorra nesse percurso, ele não será classificado como acidente de tra-
jeto. Isso porque o empregado optou por uma mudança no seu caminho habitual, não caracterizando um
trajeto da casa do trabalhador para o trabalho ou vice e versa.
É observado também o tempo normalmente gasto no percurso, isto é, o tempo utilizado deve ser com-
patível com a distância percorrida no deslocamento habitual do empregado.

Doenças ocupacionais
São aquelas que podem ser desenvolvidas devido ao contato com agentes de riscos existentes no
ambiente de trabalho que não geram dano imediato após a exposição ao risco, como exemplo: poeiras,
substância tóxicas, fumos metálicos, dentre outros.
As doenças ocupacionais são classificadas em:

Doença Profissional
Desencadeada por uma condição de risco que está relacionada à atividade desenvolvida na profissão.

Doença do Trabalho
Adquirida por condição de risco específico, que não está diretamente relacionada à atividade da profissão.
Para você entender as particularidades das doenças ocupacionais, leia o exemplo a seguir.
O processo de soldagem (Figura 4) é muito utilizado na indústria metalmecânica. Podemos citar como
uma doença profissional dessa atividade a Siderose, desencadeada pela exposição a poeira de ferro
gerando uma doença pulmonar. No passado essa doença era muito comum aos profissionais da área de
soldagem. Supondo que a operação de solda ocorra em um local com alta emissão de ruídos, causando
surdez ocupacional no operador de solda, esse problema será caracterizado como uma doença do
trabalho.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
15

@istockphoto.com/photllurg
Figura 4 -  Processo de soldagem

Você percebeu a diferença entre essas doenças ocupacionais?


A Siderose está ligada às atividades do soldador; já a surdez ocupacional não está relacionada direta-
mente às atividades do soldador, mas sim ao ambiente de trabalho.

Atos inseguros e condições inseguras


O ato inseguro é uma ação que o trabalhador pode ter de forma consciente ou inconsciente, gerando
uma situação de risco que pode ocasionar um acidente.
Durante suas atividades laborais, você deverá ficar atento aos procedimentos de segurança. Deve utili-
zar sempre os equipamentos de proteção individual, não operar máquinas, equipamento e veículos, caso
não esteja capacitado, ou seja, se não recebeu treinamento para operação, evite o improviso de ferramen-
tas e equipamentos.
Nas aulas práticas, fique atento às informações do instrutor. Evite distrações e, em hipótese alguma, ma-
nipule ou opere equipamentos e máquinas sem a presença do seu instrutor. Nas aulas práticas, fique aten-
to às informações do instrutor. Evite distrações e, em hipótese alguma, manipule ou opere equipamentos
e máquinas sem a utilização dos EPIs e/ou sem a presença do seu instrutor.
Veja na Figura 5, um exemplo de ato inseguro (esquerda), a distração do profissional durante o trabalho.
À direita, observamos um exemplo de ato seguro em uma prática no laboratório do SENAI, respeitando
as normas de segurança com o uso correto de EPIs e EPCs, postura adequada, além da atenção na mani-
pulação dos equipamentos.
Santiago Martins

Ato inseguro Ato seguro

Figura 5 -  Exemplo de ato inseguro (esquerda) X Exemplo de ato seguro (direita)


Fonte: SENAI/MG, 2018.
16 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

As condições inseguras são as falhas físicas presentes no ambiente de trabalho que podem ocasionar
um acidente, como: piso escorregadio, maquinários sem proteção exigida pelas normas regulamentado-
ras, equipamentos improvisados, baixa luminosidade e outros aspectos ambientais que oferecem risco ao
trabalhador. Na condição insegura exemplificada na Figura 6, o ambiente de soldagem não tem o sistema
de exaustão.

Figura 6 -  Exemplo de condições inseguras


Fonte: SENAI/MG, 2018.

FIQUE ALERTA
Uma das causas de acidente na indústria é o fator pessoal de insegurança, conforme retrata a NBR 14280.

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA

O ambiente industrial é repleto de situações de riscos para os trabalhadores. Mas quem seriam as
pessoas que têm mais conhecimento sobre esses riscos? Com certeza, os empregados que exercem as
atividades, pois vivenciam diariamente essa realidade.
Pensando nisso, foi criada a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, uma comissão forma-
da pelos próprios empregados da empresa, com o objetivo de prevenir acidentes e doenças do trabalho.
Por meio dessa comissão, os trabalhadores propõem ações para a melhoria do ambiente de trabalho, de
modo a torná-lo compatível com a saúde e segurança de todos.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
17

Figura 7 - Cipistas
Fonte: SENAI/MG, 2018.

Os membros da CIPA são conhecidos como cipistas e, normalmente, utilizam capacetes, broches, cami-
sas ou coletes com o símbolo para facilitar a identificação, conforme a Figura 7.

CURIOSIDADES
No Brasil, a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes foi oficialmente implementada no ano de 1944,
pelo presidente Getúlio Vargas.

De acordo com a NR-5, a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA tem como objetivo a pre-
venção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente
o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde dos trabalhadores.
A CIPA é uma comissão constituída pelos próprios empregados, sendo que os representantes do em-
pregador são escolhidos por ; e os representantes dos empregados por eleição. O presidente da CIPA deve-
rá ser um dos indicados pelo empregador e o vice-presidente será escolhido entre um dos representantes
eleitos dos empregados, conforme podemos ver na Figura 8.

EMPREGADOR EMPREGADOS

Designação Eleição

TITULAR SUPLENTES TITULAR SUPLENTES


(Presidente) (Vice-Presidente)

Figura 8 - Estrutura da CIPA


Fonte: SENAI/MG, 2018.
18 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

O mandato dos representantes da CIPA é de um ano, permitida a reeleição. Os representantes dos em-
pregados têm estabilidade desde a candidatura e, se eleitos, até um ano após o término do mandato. En-
tretanto, a estabilidade desses empregados deixa de existir se cometerem alguma falta grave.
Como não se exige qualquer formação técnica prévia dos seus componentes, antes de iniciar um man-
danto de CIPA, os representantes recebem um treinamento sobre segurança e saúde no trabalho com
duração mínima de 20 horas.

SAIBA MAIS
Aumente seus conhecimentos sobre a CIPA, lendo a NR 5, disponível no livro: Segurança e medicina do trabalho.
77. ed. São Paulo: Atlas, 2016. 1060 p.

Os integrantes eleitos da cipa representam diferentes setores da empresa, o que possibilita que sejam
identificados os diversos riscos que os empregados estão expostos em suas atividades. Essa é uma caracte-
rística que evidencia a importância da CIPA.
Você deve estar se pergurtando: qual é a quantidade de membros da CIPA em minha empresa?
Para saber quantos representantes efetivos e suplentes são necessários para formar a Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes dentro de uma empresa, é preciso realizar três passos. Vamos conhecê-los?
1º - Identificação da atividade realizada pela empresa (CNAE).
Para obter essa informação, é necessário identificar o CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econô-
micas), disponível no Quadro III da NR 5.
2º - Identificação do grupo de risco de acordo com a atividade principal do estabelecimento.
A partir do código CNAE, o segundo passo é procurar também no Quadro III da NR 5 qual agrupamento
de setores se encontra a empresa.
Vamos a um exemplo: uma empresa da área de metalmecânica realiza entre suas atividades principais a
usinagem, soldagem e o tratamento e revestimento de metais. Ela tem como CNAE 25.39-0 e consequen-
temente o seu grupo de riscos é C-13, conforme você pode ver na Figura 9.

Figura 9 -  Consulta ao Quadro III da NR 5


Fonte: Segurança e Medicina do Trabalho: NRs 1 A 36, 2015.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
19

Perceba que existem várias atividades econômicas, ou seja, CNAEs para o mesmo código de agrupa-
mento, como exemplo, o C-13.
3° - Dimensionamento da CIPA
Para saber a quantidade de membros da CIPA, basta consultar o Quadro I da NR 5 da Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes. Na coluna “Grupos”, localize o código de agrupamento da empresa já identifi-
cado no 2º passo e o números de empregados no estabelecimento. A partir dessas duas informações, você
identificará o número indicado de membros da CIPA.
Dando continuidade ao exemplo da empresa da área de metalmecânica na qual o grupo de riscos é
C-13 e tem 85 empregados, dimensionamento dos empregados que serão eleitos para a CIPA da empresa
serão 3 efetivos e 3 suplentes, sendo que cabe ao empregador indicar também 3 efetivos e 3 suplentes,
conforme podemos observar na Figura 10.

Figura 10 -  Consulta ao Quadro I da NR 5


Fonte: Segurança e Medicina do Trabalho: NRs 1 A 36, 2015.

A NR 5 determina várias atribuições para a CIPA. As principais são:


• Identificar os riscos existente na empresa;
• Participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias;
• Realizar verificações nos ambientes e nas condições de trabalho, visando à identificação de situações
que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores;
• Divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho;
• Requerer a paralisação de máquina ou setor que considere haver risco grave e iminente à segurança
e saúde dos trabalhadores;
• Analisar as causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução aos problemas
identificados;
• Elaborar o Mapa de Riscos;
• Organizar e aplicar a SIPAT - Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho, período em que
são realizadas atividades direcionadas à prevenção de acidentes e doenças ocupacionais na empresa.
20 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

Como você pôde perceber, é de grande responsabilidade e importância o trabalho da CIPA em sua
empresa.

FIQUE ALERTA
Quando o estabelecimento da empresa não tiver o número mínimo definido pelo Quadro I da NR 05 para formar
uma CIPA, o empregador deverá indicar uma pessoa para cumprir os requisitos da norma, conhecido como
“Designado de CIPA”.

2.2 MEDIDAS DE PROTEÇÃO


Ao longo dos nossos estudos, compreendemos o conceito de acidente, as suas causas e as suas con-
sequências. Agora conheceremos as medidas de prevenção de ocorrências dos acidentes, as chamadas
medidas de controle de riscos. Elas podem ser medidas de proteção coletiva, medidas de proteção admi-
nistrativa ou de organização do trabalho e medidas de proteção individual. Vamos conhecê-las!

Medidas de proteção coletiva


São equipamentos destinados à proteção simultânea de várias pessoas. Existem diversos tipos de EPC’s
- Equipamentos de Proteção Coletivas que são implementados de acordo com as características do am-
biente e do tipo de exposição do trabalhador aos riscos.
Além da proteção coletiva aos trabalhadores da empresa, os EPC’s proporcionam a proteção a qualquer
outra pessoa que esteja no ambiente onde essa medida coletiva está implantada.
Na indústria metalmecânica são utilizados vários EPC’s nas áreas de usinagem, soldagem, metalurgia,
elétrica, além é claro dos setores administrativos. As Figuras 11 e 12 são exemplos de equipamentos de pro-
teção coletiva. A Figura 11 apresenta uma proteção em parte móvel de uma máquina e a Figura 12 mostra
cones e fitas zebradas usados para isolar um determinada área.

Figura 11 -  Exemplo de EPC: proteção em parte móvel de máquina


Fonte: SENAI/MG, 2018.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
21

@istockphoto.com/Pro2sound
Figura 12 -  Sinalização de segurança – EPCs

Os compressores são equipamentos de uso rotineiro na indútria metalmecânica, por isso a sua instala-
ção e utilização devem seguir alguns procedimentos de segurança coletiva. Os principais são a instalação
de grades de proteção nas partes móveis e o enclausuramento do equipamento, por meio de uma caixa
acústica composta por materiais capazes de impedir que as ondas sonoras se propaguem pelo ambiente,
conforme apresentado na Figura 13.

@istockphoto.com/Freestocker

Figura 13 -  EPCs em compressores


Fonte: SENAI/MG, 2018.

Outro exemplo de EPC utilizados na idústria são os corrimãos das escadas. Veja a Figura 14.
22 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

@istockphoto.com/PakkalinC
Figura 14 -  Corrimão – EPC

Medidas de proteção administrativa

As medidas de proteção administrativas são ações que visam diminuir os riscos no ambiente de trabalho
quando as medidas de proteção coletiva não forem suficientes para eliminar ou neutralizar os riscos.
O checklist, por exemplo, é uma medida de proteção administrativa muito utilizada na indústria
metalmecânica. O seu objetivo é verificar as condições de segurança e operação das máquinas
e equipamentos e, caso seja detectado risco, realizar ações corretivas. São exemplos de medidas
administrativas: a realização de exames ocupacionais, checklist em máquinas e equipamentos, adequação
de layout, treinamentos, criação de procedimentos internos de segurança.
A Figura 15 demonstra a realização de um checklist em equipamentos de uma rede elétrica.
@istockphoto.com/PakkalinC

Figura 15 -  Checklist em equipamentos de uma rede elétrica


2 SAÚDE E SEGURANÇA
23

Medidas de proteção individual

Os Equipamentos de Proteção Individual – EPIs são todos os dispositivos ou produtos de uso individual,
destinados a proteger a saúde e a integridade física dos trabalhadores.
A relação de EPIs utilizados pelo trabalhador dependerá da atividade executada. A Figura 16 identifica
os EPIs usados no processo de soldagem.

Figura 16 -  EPIs de soldagem


Fonte: SENAI/MG, 2018.

Todo dispositivo de proteção individual só pode ser comercializado e utilizado se possuir o CA (Cer-
tificado de Aprovação) expedido pelo Ministério do Trabalho. No corpo do EPI, deve constar, de forma
inapagável, o número do Certificado de Aprovação. É a partir desse número que podemos ter acesso ao do-
cumento Certificado de Aprovação, disponível para consulta no site do Ministério do Trabalho e Emprego.
Na Figura 17, temos um capacete de uso individual. Na lateral do equipamento, podemos ver o número
do CA (Certificado de Aprovação).
24 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

Figura 17 -  CA – Certificado de Aprovação


Fonte: SENAI/MG, 2018.

O uso dos EPIs está relacionado ao cumprimento da Norma Regulamentadora NR-06 que atribui ao
empregado as seguintes obrigações:
• Usar o EPI, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;
• Guardar os EPI’s em locais adequados, a fim de conservá-los;
• Comunicar qualquer alteração que o torne impróprio para uso;
• Cumprir as determinações do empregador para seu uso adequado.
Além de ser exigido em normas legais, o uso de EPIs é atitude de quem tem amor à própria vida!
A seguir, conheceremos os principais equipamentos de proteção individual utlizados na indústria me-
talmecânica.

Calçado de Segurança

Existem muitos tipos de calçados de segurança, com diferentes características, por exemplo, o solado,
que pode variar a altura do cano e o tipo de biqueira (aço ou de material não metálico). A determinação do
melhor tipo de proteção para os pés será definida de acordo com os agentes de riscos aos quais o traba-
lhador se encontra exposto.
Na indústria metalmecânica, são utilizados calçados de segurança para os seguintes agentes de riscos:
• Contra impactos e quedas de objetos, por exemplo, em oficinas mecânicas, nas quais a intensa mani-
pulação de ferramentas e materiais pesados. Na Figura 18, é demonstrado um calçado de segurança
para essas ocasiões.
• Contra respingos e contato direto com produtos químicos. Em áreas de pintura e que tenha manipu-
lação e tranporte de produtos tóxicos, é necessária a utilização de calçados específicos.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
25

• Contra choques elétricos. Os profissionais da eletromecânica têm contato constante com fontes ener-
gizadas, por isso é fundamental o uso de calçados que os protejam desses riscos.
• Calçados de segurança contra agentes térmicos. Os profissionais de metalurgia e de solda utilizam
esses calçados, pois estão em constante contato com metais fundidos.

@istockphoto.com/Nesterenko_Max
Figura 18 -  Calçado de segurança

Luvas de Proteção e Cremes de Proteção

As luvas serão escolhidas de acordo com o material que o trabalhador irá manusear na execução de suas
atividades. A proteção consiste em evitar o contato direto das mãos do trabalhador com agentes de riscos.
Na área metalmecânica, os trabalhadores utilizam os cremes de proteção de resistência a óleo, à graxa,
à tinta, a verniz e a outras substânicas químicas, proporcionando a sensibilidade do tato para a atividade
desenvolvida, além de facilitar a limpeza e remoção das substâncias da pele. Observe os exemplos de pro-
teção para as mãos na Figura 19.
@istockphoto.com/Songsak Paname

Figura 19 -  Luvas e cremes de proteção


26 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

Capacetes

Em algumas circunstâncias, os EPI’s não evitam o acidente, mas atenuam o dano que poderia ser gerado
ao trabalhador. Um exemplo é o capacete, pois ele não evita que objetos possam cair sobre a cabeça dos
trabalhadores, mas absorvem o impacto da queda, proporcionando segurança a quem utiliza.
O capacete deve ser utilizado quando houver risco de queda de materiais ou quando houver o trans-
porte e manuseio suspenso de cargas. O modelo apresentado na Figura 20 é o mais empregado na área
industrial, por se adequar a várias situações de uso.
Os capacetes podem conter outros dispositivos de proteção conjugados a ele, como o protetor auditivo
tipo concha e/ou protetor facial em acrílico, apresentados na Figura 21.

@istockphoto.com/Bet_Noire

@istockphoto.com/artvitdiz
Figura 20 -  Capacete de segurança Figura 21 -  Capacete conjugado

Óculos de Segurança

Na indústria metalmecânica, os óculos de segurança são utilizados com o objetivo de proteger a região
dos olhos dos trabalhadores contra a projeção de partículas e também contra o contato com fluidos e
outros agentes nocivos que podem acidentalmente ser projetados contra os olhos.
A Figura 22 apresenta uma atividade comum nas oficinas de manutenção, o lixamento de peças metá-
licas. Nessa atividade, é obrigatória a utilização de óculos de proteção.
@istockphoto.com/kzenon

Figura 22 -  Óculos de segurança


2 SAÚDE E SEGURANÇA
27

Protetor Auditivo

Como o capacete, os protetores auditivos não eliminam o risco da exposição ao ruído, mas oferecem a
neutralização do nível de pressão sonora à qual o trabalhador está exposto.
Os modelos tipo plug e concha são os mais usados na indústria, ambos proporcionam a diminuição do
ruído de exposição.
O protetor auditivo de inserção tipo plug, apresentado na Figura 23, por precisar ser introduzido par-
cialmente no canal auditivo, pode favorecer o surgimento de infecções, caso não seja higienizado e/ou
armazenado adequadamente.
Já o tipo concha (Figura 24) não possui essa característica, mas, em contrapartida, provoca uma leve
pressão craniana, gerando um pequeno desconforto em sua utilização ao longo do dia.
@istockphoto.com/TheSnake19

@istockphoto.com/79mtk
Figura 23 -  Protetor auditivo tipo plug Figura 24 -  Protetor auditivo tipo concha

Em casos de ambiente com alto níveis de ruídos, podemos utilizar os dois modelos ao mesmo tempo!
Para a escolha do protetor auricular, deve ser levado em consideração o Nível de Redução de Ruído – NRR
do equipamento.

Proteção Respiratória

A principal forma de absorção dos agentes químicos no organismo é pelo sistema respiratório. Na in-
dústria metalmecânica, é muito comum o uso e manipulação de agentes químicos, como solventes, lubri-
ficantes, tintas, dentre outros. Há ainda a exposição a poeiras, fumos metálicos de soldas, por isso é impor-
tante o uso de máscaras respiratórias.
Elas contêm um mecanismo de filtragem mecânico ou químico, com objetivo de reter os agentes quí-
micos e evitar que eles sejam inalados pelo trabalhador.
28 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

As peças faciais filtrantes - PFF são as máscaras mais utilizadas no meio metalmecânico e são indicadas
para exposição a aerodispersóides2, como poeiras, névoas, fumos metálicos (Fe3, Mn4, Pb 5) e particulados
altamente tóxicos. Seu mecanismo de retenção é o mecânico, no qual retém o agente quimíco em sua
estrutura porosa.
As máscaras PFF são classificadas em três tipos: PFF 1, PFF 2 e PFF 3, conforme o Quadro 1. 6

TIPOS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA


PFF 1 Poeiras e Névoas não tóxicas.
PFF 2 Poeiras, Névoas e Fumos tóxicos.
PFF 3 Poeiras, Névoas e Fumos radionuclídeos6.
Quadro 1 - Classificação das peças semifaciais filtrantes
Fonte: ABNT NBR 13698:2011.

São várias as atividades na indústria metalmecânica que utilizam as máscaras respiratórias PFF.
As principais são: soldagem, usinagem de peças metálicas, manipulação de susbtâncias tóxicas, dentre outros.
A Figura 25 apresenta uma situação que requer o uso de máscara respiratória.

@istockphoto.com/SeventyFour

Figura 25 -  Operador utilizando máscara PFF

Atenção! Não realizamos manutenção em máscaras PFFs, e sim a substituição delas quando constatada
a necessidade. Não existe um padrão que determine quando ela deve ser substituída, pois dependerá prin-
cipalmente do nível de esforço realizado pelo trabalhador em suas atividades, o que aumenta a frequência
de inalação do ar e também da concentração do agente de risco presente na atmosfera.
Para atividades com exposição mais intensa a agentes químicos, como pinturas de peças e estuturas
metálicas, contato com gases tóxicos, dentre outros, devemos utilizar máscaras com filtros.

2 Aerodispersoides: particulados sólidos ou líquidos dispersos no ar.


3 Fe: elemento químico ferro.
4 Mn: elemento químico manganês.
5 Pb: elemento químico chumbo.
6 Radionuclídeos: átomos ou substâncias que podem emitir radiação.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
29

Esse tipo de máscara possui mecanismo de filtragem químico, diferentemente das máscaras PFFs que
necessitam de manutenção, feita pela substituição dos filtros, respeitando os critérios de utilização do fa-
bricante. A Figura 26 apresenta um exemplo de máscara de proteção respiratória com filtros.

@istockphoto.com/sarawutk
Figura 26 -  Operador utilizando máscara com filtros

2.3 RISCOS AMBIENTAIS

São os agentes agressores que causam danos à saúde do trabalhador, sendo eles físicos, químicos e
biológicos.
O grau de nocividade dos agentes agressores é em função das suas características, da sua concentração
ou intensidade, do tempo em que o trabalhador fica exposto a eles e também em relação à susceptibilida-
de do organismo do trabalhador.

CURIOSIDADES
Conforme restrata a NR 09, os riscos ergonômicos e de acidentes não são considerados riscos ambientais, e sim
riscos ocupacionais! Lembrando que os riscos ambientais: físicos, químicos e biólogicos são considerados também
riscos ocupacionais.

Riscos ocupacionais

São subdivididos em cinco grupos: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. Na Figura 27,
veja cada um deles.
30 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

Risco Risco
Químico Biológico

Risco Risco
Físico Ergonômico
Risco de
Acidentes
Figura 27 -  Agentes agressores à saúde
Fonte: SENAI/MG, 2018.

Agentes físicos

São as formas de energia, como: ruído, radiações ionizantes e não ionizantes, vibrações, pressões anor-
mais, temperaturas extremas, ultrassom e o infrassom. Dentre esses, iremos enfatizar os mais comuns na
área metalmecânica: ruído, calor e radiações não ionizantes. Vamos conhecê-los?
Ruído
O ruído é considerado um som capaz de causar uma sensação indesejável e desagradável para o traba-
lhador, confome podemos observar na Figura 28.
A melhor maneira de diminuir a exposição ao ruído são as medidas de controle coletivo, tais como a
substituição do equipamento por outro menos ruidoso, a lubrificação de suas engrenagens e o seu isola-
mento acústico. Quando essas medidas não forem possíveis, devemos utilizar EPIs, ou seja, os protetores
auriculares.
@istockphoto.com/Highwaystarz-Photography

Figura 28 -  Ruído na indústria


2 SAÚDE E SEGURANÇA
31

FIQUE ALERTA
O nível máximo de ruído permitido por lei que o trabalhador pode ficar exposto, sem o uso de quaquer proteção
é de 80 decibéis, considerando oito horas diárias de trabalho. A exposição a ruído contínuo ou intermitente acima
de 115 dB sem proteção constitui risco grave e iminente para o trabalhador.

Calor
A metalurgia é uma das subáreas da metalmecânica em que os trabalhadores estão expostos ao calor
extremo que pode causar problemas, como desidratação, cãibras, choques térmicos e outros. Para ate-
nuarmos a exposição ao calor, podemos realizar as seguintes medidas de proteção: inserir ventiladores e
exaustores no ambiente do trabalho, limitar o tempo de exposição do trabalhador, realizar treinamentos,
dentre outros.
A Figura 29 ilustra uma atividade em uma metalúrgica, na qual o operador está esposto ao calor extre-
mo. Observe que, além dos EPIs, luvas, óculos, viseira de proteção, botinas, o trabalhador está utilizando
uma vestimenta especial que o protege do calor.

@istockphoto.com/artiemedvedev

Figura 29 -  Exposição ao calor extremo

Radiações não ionizantes


São radiações eletromagnéticas cuja energia não é suficiente para ionizar os átomos dos meios nos
quais incide ou os quais atravessa. São consideradas pela legislação como não ionizantes: as radiações
infravermelhos, microondas, ultravioleta e laser.
Os efeitos das radiações não ionizantes sobre o organismo humano dependem dos seguintes fatores:
tempo de duração da exposição, intensidade da exposição, comprimento de onda da radiação e região do
espectro em que se situam. A operação de soldagem expoem o trabalhador a radiações não ionizantes,
como podemos observar na Figura 30.
32 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

@istockphoto.com/Weerasaksaeku
Figura 30 -  Operação de soldagem

Agentes químicos

São substâncias químicas que podem penetrar no organismo humano pela via respiratória na forma de
gases e vapores, poeiras, fumos, névoas e, em alguns casos, a contaminação pode ser através da pele ou
por ingestão.
As atividades de pinturas, manipulação de ácidos, lixamento de peças metálicas, soldagem, nas quais
são dispersos no ar os fumos de soldas, são as mais propensas a contaminações pela via respiratória, que
é o principal meio de acesso desses agentes em nosso organismo. Na Figura 31, veja como a atividade de
lixação gera poeira metálica.

Figura 31 -  Exposição à poeira metálica


Fonte: SENAI/MG, 2018.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
33

Normalmente, a ingestão de substâncias tóxicas são casos acidentais, sendo, portanto, incomum.
Os poucos casos encontrados são decorrentes de maus hábitos, como roer as unhas ou limpá- las com os
dentes, fumar ou alimentar-se nos locais de trabalho.

Agentes biológicos

São micro-organismos presentes no ambiente de trabalho que podem penetrar no organismo hu-
mano pelas vias respiratórias, através da pele ou por ingestão. São exemplos: bactérias, fungos, vírus,
parasitas e outros, veja na Figura 32.

@istockphoto.com/lexamer

Figura 32 -  Banheiros, fontes de micro-organismos

Agentes ergonômicos

A Ergonomia é a ciência que estuda a interação do homem com outros componentes de um sistema, na
qual se aplica princípios teóricos, dados e métodos, com o objetivo de melhorar o desempenho e o bem-
-estar das pessoas no seu meio de trabalho.
Em nosso dia a dia, devemos encontrar a postura correta na execução de nossas atividades. Para isso,
devemos encontrar maneiras de alcançar a adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das máqui-
nas, dos horários e do meio ambiente com as nossas características.
São fatores ergonômicos considerados causadores de prováveis danos à saúde do trabalhador: esforço
físico intenso, levantamento e transporte manual de peso excessivo, postura inadequada em levantamen-
to de cargas, jornadas de trabalho prolongadas e repetitividade de atividades. Na Figura 33, podemos
observar algumas posturas corretas e incorretas em nosso dia a dia.
34 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

POSTURA

correto incorreto

@istockphoto.com/Askold Romanov
Figura 33 -  Posturas, corretas e incorretas

Agentes de riscos de acidentes

Também chamados de riscos mecânicos, são situações que têm a capacidade de contribuir para a ocor-
rência de acidentes, como arranjo físico inadequado, iluminação e ventilação inadequadas, máquinas e
equipamentos defeituosos ou com partes móveis expostas, podendo ocasionar uma série de lesões nos
trabalhadores, como cortes, fraturas, escoriações, queimaduras, dentre outros.
Na Figura 34, mostramos a você alguns riscos de acidentes na indústria.
@istockphoto.com/comussu

Figura 34 -  Riscos de acidentes


2 SAÚDE E SEGURANÇA
35

Riscos em eletricidade (choques elétricos)

Como já aprendemos em nossos estudos, existem diferentes tipos de riscos no dia a dia de um profissio-
nal da metalmecânica, podendo ser destacado o risco de choque elétrico. A compreensão do mecanismo
do efeito da corrente elétrica no corpo humano é fundamental para a efetiva prevenção e combate aos
riscos provenientes do choque elétrico.
Em termos de riscos fatais, o choque elétrico, de um modo geral, pode ser analisado sob dois aspectos:
1. Correntes de choques de baixa intensidade: são provenientes de acidentes com baixa tensão, ten-
do como efeitos mais graves as paradas cardíacas e respiratórias. Na Figura 35, veja um exemplo de choque
em corrente de baica intensidade.

@istockphoto.com/KatarzynaBialasiewicz

Figura 35 -  Choque em corrente de baixa intensidade

2. Correntes de choques de alta intensidade: são provenientes de acidentes com alta tensão, sendo o
efeito térmico o mais grave, isto é, queimaduras externas e internas no corpo humano. Na Figura 36, apre-
sentamos a você um transformador de energia que pode ocasionar choques em corrente de alta tensão.
@istockphoto.com/junce

Figura 36 -  Choque em corrente de alta intensidade


36 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

O choque elétrico é dividido em duas categorias:


Choque estático: é obtido pela descarga de um capacitor ou por meio de descarga eletrostática. A des-
carga estática é o efeito capacitivo presente nos mais diferentes materiais e equipamentos com os quais o
homem convive. Veja um exemplo de choque estático na Figura 37.

Figura 37 -  Choque estático


Fonte: SENAI/MG, 2018.

Choque dinâmico: ocorre quando há contato com materiais em que existe a presença de tensão elétrica
e o corpo humano faz parte do circuito energizado. Esse tipo de choque é potencialmente mais perigoso
que o estático, porque a corrente de choque persiste continuamente, uma vez que o gerador da usina ali-
menta as redes 24 horas por dia, até que haja interferência. A persistência da corrente passando pelo corpo
acaba ocasionando graves consequências em seus órgãos internos. Veja um exemplo de choque dinâmico
na Figura 38.

Figura 38 -  Choque dinâmico


Fonte: SENAI/MG, 2018.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
37

Riscos na operação de máquinas e equipamentos rotativos

Nos ambientes das empresas de metalmecânica, existem inúmeras máquinas e equipamentos rotati-
vos. Os principais riscos inerentes a esses equipamentos são o esmagamento ou corte dos membros supe-
riores pelo contato com as partes rotativas. A Figura 39 apresenta os principais equipamentos e máquinas
rotativas que são utilizadas pelos profissionais da metalmecânica.

Lixamento de peças e estruturas Uso de esmeril Tornos e fresas Furadeiras de bancadas

Figura 39 -  Máquinas e equipamentos rotativos

Para evitar acidentes nos equipamentos e nas máquinas, como já vistos, é fundamental a utilização de
EPIs, como luvas, óculos, protetor auricular, botinas, dentre outros. Mas fique atento, existem exceções, ou
seja, alguns EPIs não são indicados para certos equipamentos, como exemplo: não devemos utilizar luvas nas
operações de furadeiras de bancadas, pois elas podem se agarrar na broca ou no mandril do equipamento.
As partes rotativas das máquinas devem ser protegidas de modo que impeça o contato do trabalhador.
De acordo com os tipos de máquinas e equipamentos, utilizamos proteções fixas e móveis, conforme de-
termina a Norma Regulamentadora – NR 12 do Ministério do Trabalho.
Quando você for realizar atividades em equipamentos rotativos, prenda os cabelos longos, não utilize
roupas compridas, frouxas e soltas, colares e correntes, relógios, pulseiras, anéis, crachás e outros adereços
que possam ser agarrado ou puxado pela parte rotativa do equipamento. Veja um exemplo de proteção
em parte móvel de máquina na Figura 40.

Figura 40 -  Proteção em parte móvel de máquina


Fonte: SENAI/MG, 2018.
38 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

Riscos em movimentação e transporte

Nos ambientes de trabalho industriais, utilizamos diversos tipos de equipamentos para transportar,
empurrar, arrastar e levantar vários tipos de cargas. Na indústria metalmecânica, os principais equipamentos
usados na movimentação e no transporte de cargas e materiais são:

Empilhadeiras

São utilizados com frequência no transporte e movimentação de materiais nas áreas internas da em-
presa. Os principais fatores de riscos na operação desses equipamentos são: ruído, vibração, gases, batidas,
atropelamentos, além dos riscos ergonômicos. Devemos adotar normas e procedimentos de segurança
para a operação das empilhadeiras, como manutenção adequada, treinamentos dos operadores, sinais de
advertências, além do controle dos gases. Todas essas considerações estão na Norma Regulamentadora –
NR 11. Veja um exemplo de empilhadeira na Figura 41.

@istockphoto.com/Bet_Noire

Figura 41 -  Empilhadeira

Pontes rolantes e talhas elétricas

São equipamentos utilizados para içamento de cargas, compostos basicamente de viga, carro e talha.
Podem ser móveis ou fixas, com o propósito de manipular objetos grandes e pesados, e que não podem
ser movidos facilmente de forma manual.
Os principais fatores de riscos na operação de pontes rolantes e talhas elétricas são: colisão ou queda da
carga içada ou movimentada e contato com circuito elétrico.
Os procedimentos estipulados na NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de
Materiais devem ser rigorosamente seguidos para garantir a segurança e saúde dos trabalhadores envolvi-
dos. Na Figura 42, podemos observar um exemplo de ponte rolante. Na Figura 43, uma talha elétrica.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
39

@istockphoto.com//icarmen13

@istockphoto.com/Shootdiem
Figura 42 -  Ponte rolante Figura 43 -  Talha elétrica

Empilhadeiras e talhas manuais


São utilizadas para transporte, içamento e movimentação de cargas com massas pequenas, não sendo
necessário o uso de grandes equipamentos. Os riscos envolvidos na operação desses equipamentos são
similares aos da ponte rolante e talhas eletrônicas, mas em menor grau.
Os principais riscos na operação das empilhadeiras e talhas manuais são: tombamento do próprio equi-
pamento, devido ao excesso de carga, prensamento da carga nos pés dos operadores, colisão, queda e
tombamento da carga. A NR 11 - Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais dis-
põe de procedimentos básicos de segurança para a operação desses equipamentos. Nas Figuras 44 e 45,
temos exemplos de emplilhadeiras e talhas manuais.
@istockphoto.com//Matveev_Aleksandr

Figura 45 -  Talhas manual


Figura 44 -  Paleteira manual
Fonte: SENAI/MG, 2018
40 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

Esteiras transportadoras

São utilizadas para mover e transportar pequenas cargas entre estações de trabalho nas empresas. Pa-
râmetros, como altura, largura, velocidade e posição em relação ao trabalhadores, influenciam o tipo da
carga e a maneira como os trabalhadores realizam suas atividades.
Os principais riscos envolvidos na operação das esteiras transportadoras são: queda e tombamento das
cargas, cortes e esmagamentos dos membros superiores pelo contato com a partes móveis do equipa-
mento e o risco ergonômico, em que os trabalhadores exercem atividades junto às esteiras, situação co-
mum em linhas de produção. Os procedimentos de segurança desse equipamento estão estipulados pela
norma NR 11 - Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais e NR 12 - Segurança
no trabalho em máquinas e equipamentos. A Figura 46 apresenta um exemplo de esteira transportadora.

@istockphoto.com/endopack

Figura 46 -  Esteira transportadora

2.4 FERRAMENTAS DE SEGURANÇA


As ferramentas de segurança são meios estabelecidos pela empresa para alcançar os objetivos em
relação à segurança do trabalho e auxiliam na prevenção de acidentes. Conheça as principais ferramentas
de segurança utilizadas na indústria metalmecânica.

2.4.1 ANÁLISE DE RISCO DE TAREFA - ART


A Análise de Riscos de Tarefas - ART, é uma ferramenta de segurança que analisa os riscos presentes em
cada etapa de uma determinada atividade, propondo medidas antecipadas de controle, ou seja, antes que
o operador realize a atividade.
A ART, também chamada de APR (Análise Premilinar de Riscos), deve ser desenvolvida pelo profis-
sional de segurança do trabalho com auxílio dos profissionais da área operacional pois a APR ou ART
necessita de informações dos profissionais técnicos para explicar o desenvolvimento e execução das
tarefas, sendo preenchida pelo responsável por executar a atividade.
Cada etapa da atividade deve ser analisada, identificando os riscos presentes para posteriormente
definir as medidas de controle que deverão ser implantadas em cada etapa. Preenchida a ART, o traba-
lhador conhecerá todos os riscos a que ficará exposto e as medidas de controle que ele deverá adotar
antes de realizar o trabalho.
Na Figura 47, observe três atividades da área metalmecânica em que são realizadas ART antes das
aulas práticas.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
41

ART em atividades de soldagem ART em atividades de usinagem ART em atividades de corte

Figura 47 - Elaboração de ART na área metalmecânica


Fonte: SENAI/MG, 2018.

Existem vários leiautes de ART, contendo as seguintes informações básicas: atividade desenvolvida
pelo trabalhador, descrição das etapas da atividade, riscos existentes e medidas de controle necessárias.
No Quadro 2, apresentamos a você uma ART preenchida na área de soldagem.

ART

ART - Analise de Riscos de Tarefas

Empresa: SENAI Local: Belo Horizonte

Data: 28/05/2018 Setor: Laboratório de soldagem

Descrição da tarefa: Aula prática de soldagem


Descrição da atividade Riscos Medidas de prevenção de controle
Soldagem elétrica das Projeção de fagulhas e quedas de Sinalizar e isolar o local de execução dos trabalhos.
estruturas metálicas materiais e ferramentas.
Manter exautores ligados.
(Máquinas de solda) Irradiação do arco voltaico.
Uso de biombos para proteção contra radiação, dos trabalhadores
Projeção de corpo estranho nos olhos. no entorno.
Inalação de agentes químicos (fumos Utilizar máscara para solda, nunca olhar para o trabalho com os
metálicos. olhos desprotegidos.
Contato com substâncias ou materiais Utilizar máscara de proteção respiratória.
que podem provocar queimaduras.
Utilizar luvas de couro com punho longo, avental ou colete de
Exposição à energia elétrica. raspa de couro, mangote de raspa de couro, perneira e calçado de
segurança com biqueira de aço.
Não improvisar nas ligações elétricas. Aterrar os equipamentos
e as peças a serem soldadas. Manter fios e alicates de soldagem
longe de locais com óleo, graxa ou umidade.
Não tocar em eletrodos com as mãos nuas, com luvas molhadas
ou sobre superfície ou piso molhado.
Executantes do serviço
Nomes Função
Davi Amorim de Lima Soldador
Quadro 2 - Modelo de ART
Fonte: SENAI/MG, 2018.
42 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

2.4.2 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

Até aqui, você conheceu muitos dos riscos existentes no ambiente de trabalho e as formas de preveni-
-los e reduzir a exposição a eles: atuação da CIPA, EPCs, Medidas administrativas, EPIs, dentre outros.
A sinalização de segurança é mais uma maneira de prevenção de acidentes e tem como objetivo alertar
os trabalhadores da empresa e seus visitantes sobre riscos existentes nos locais de trabalho.
Ela explora os recursos não verbais para gerar entendimento de maneira mais eficiente: cores, formas,
sons, simbologias e até cheiros. Para que essa medida seja eficaz, é necessário que todos os trabalhadores
conheçam as características das sinalizações e fiquem atentos às mensagens transmitidas por elas.
Pronto para conhecer os principais tipos de sinalização utilizados na indústria de metalmecânica?
Então, vamos em frente!

Avisos de segurança

Trata-se de riscos, alertas e obrigações em um determinado ambiente. Fique atento aos avisos de usos
de EPIs nos ambientes de sua unidade. Na Figura 48, podemos observar alguns avisos de utilização de EPIs
(à esquerda) e avisos de EPIs específicos da área de soldagem.

AVISO DE SEGURANÇA AVISO DE SEGURANÇA

Uso obrigatório Uso obrigatório


de Óculos de de Protetor
Proteção. Auditivo.

AVISO DE SEGURANÇA AVISO DE SEGURANÇA

Uso obrigatório Uso obrigatório


de Luvas de de Calçado de
Proteção. Segurança.

AVISO DE SEGURANÇA

Uso obrigatório
de Máscara de
Proteção.

Figura 48 - Avisos de segurança


Fonte: SENAI/MG, 2018.

Sinalização de alerta

Tem por objetivo alertar sobre uma situação de risco ou perigo. Podemos observar alguns exemplos
desse tipo de sinalização na Figura 49.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
43

Cuidado, risco de Cuidado, risco


choque elétrico. de exposição a
produto tóxico.

Alerta geral Cuidado Risco Cuidado Risco


de incêndio de explosão

Figura 49 -  Sinalização de alerta


Fonte: SENAI/MG, 2018.

Sinalização de materiais e equipamentos de combate a incêndio

Serve para indicar o seu tipo e facilitar a identificação da localização. Nas Figuras 50 e 51, podemos ver
alguns exemplos desse tipo de sinalização.

Abrigo de mangueira Hidrante de Extintor de incêndio


e hidrante incêndio

Figura 50 -  Sinalização de combate a incêndio


Fonte: SENAI/MG, 2018.

Figura 51 -  Indicação de extintor de incêndios


Fonte: SENAI/MG, 2018.
44 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

Sinalização de orientação e salvamento

Em casos de situações de emergência, os locais de acidentes devem ser evacuados rapidamente.


A sinalização da rota de fuga indica e orienta a correta forma de evacuação.
A sinalização de orientação e salvamento utiliza símbolo fotoluminescente para facilitar a visualização
em casos de ausência de iluminação. Observe alguns exemplos na Figura 52.

SAÍDA
Saída de Saída de Escada de
emergência emergência emergência
Figura 52 -  Sinalização de orientação e salvamento
Fonte: SENAI/MG, 2018.

Sinalização de proibição

Esse conjunto de sinalizações visa impedir ações que possam de alguma forma, acarretar uma situação
de acidente ou agravá-lo, conforme os exemplos apresentados na Figura 53.

Proibido fumar Proibido produzir Proibido utilizar


chama. elevador em
caso de incêndio

Figura 53 -  Sinalização de proibição


Fonte: SENAI/MG, 2018.

Sinalização complementar

São elementos que complementam os tipos de sinalização que estudamos anteriormente. Na indústria
metalmecânica, utilizamos várias sinalizações complementares. Observe as situações que apresentaremos
a seguir:
Alguns gases usados em processo de soldagem, oxicorte e em processos metalúrgicos são naturalmen-
te inodoros, ou seja, não apresentam cheiros característicos. Por esse motivo, tais gases, em seu processo
de envasamento, são misturados a aditivos para que, em caso de vazamento, sejam detectados. Esse tipo é
chamado de sinalização Olfativa.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
45

@istockphoto.com/Kurgu128
Figura 54 -  Botijão de gás industrial

CURIOSIDADES
O gás de cozinha (GLP) é uma mistura de gases derivados do petróleo, inflamável, o que exige muita atenção no
manuseio do botijão. Por ser naturalmente inodoro, é misturado com enxofre (mercaptana) para revelar a sua
presença, caso haja vazamento.

A indústria metalmecânica utiliza vários meios de locomoção de materiais, como exemplo, as empilha-
deiras. Para a segurança dos trabalhadores que dividem o espaço com esses equipamentos, é fundamental
o uso de sinalização sonora, como buzinas, aviso de ré e giroflex.
Santiago Martins

Figura 55 -  Sinalização sonora


Fonte: SENAI/MG, 2018.

Em alguns casos, são utilizados meios de sinalização temporários, como exemplos: cavaletes, cones e
fitas zebradas. Veja alguns exemplos na Figura 56.
46 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

@istockphoto.com/Quarta_
Figura 56 -  Sinalização temporária
Fonte: SENAI/MG, 2018.

Outro exemplo de sinalização complementar é a demarcação da área de circulação conjunta de pessoas


próximas a máquinas. Observe esse tipo de sinalização na Figura 57.

@istockphoto.com/petinovs

Figura 57 -  Sinalização horizontal para demarcar a área de circulação conjunta de pessoas próximo a máquinas
Fonte: SENAI/MG, 2018.

2.4.3 DIÁLOGO DIÁRIO DE SEGURANÇA (DDS)

Consiste em reunir os trabalhadores antes de cada turno de trabalho em um bate-papo, abordando


temas importantes sobre a prevenção de acidentes. Essa e outras ações podem ser desenvolvidas pelo
Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT, pela Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes - CIPA ou também pelos trabalhadores que irão compor o turno de trabalho.
O DDS é aplicável a qualquer empresa que objetive melhorar a cultura da importância da segurança
mediante diálogos diários, que podem tratar temas variados pela disseminação da informação, prevenindo
acidentes.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
47

É importante que o DDS seja objetivo e breve, com uma duração de 10 a 15 minutos, que proporcione
a participação e desperte o interesse dos trabalhadores durante a conversa.
Os temas a serem abordados são de total liberdade da empresa e dos trabalhadores, conforme a
necessidade e o objetivo que se pretende alcançar, mas devem ser sempre voltados para a segurança do
trabalho, saúde e meio ambiente.
Em suas aulas práticas, será comum e hábitual a realização de DDS. O seu instrutor direcionará os temas
à turma e vocês partiparão desse diálago muito importante para a segurança. Na Figura 58, veja a realização
de DDS antes da aula prática.

Figura 58 -  Realização de DDS antes da aula prática


Fonte: SENAI/MG, 2018.

2.4.4 MAPA DE RISCOS

Tem o objetivo de informar os trabalhadores de uma área ou setor de trabalho sobre os riscos existen-
tes, a sua localização e as medidas de controle que precisam ser utilizadas.
Existem vários leiautes de mapas de riscos. A elaboração do Mapa de Riscos é uma atribuição da CIPA,
com a participação do maior número de trabalhadores e assessoria do SESMT, onde houver.
O modelo apresentado a você na Figura 59 é o mesmo que utilizamos em nossos laboratórios. Em sua
trajetória profissional, você poderá se deparar com outros modelos, mas não se preocupe, pois os campos
básicos para preenchimento são comuns em todos eles.
No cabeçalho, aplicamos a logomarca da empresa, o mandato da gestão e símbolo da CIPA. Em segui-
da, devemos informar a unidade da empresa de que se trata o Mapa de Riscos, o setor e a quantidade de
empregados expostos.
No próximo campo, inserimos uma foto ampla e de fácil compreensão do ambiente ou uma planta baixa,
croqui, identificando os riscos presentes em cada ambiente, contendo os riscos apresentados naquele setor.
48 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

Figura 59 - Mapa de Riscos


Fonte: SENAI/MG, 2018.

Como todo mapa, devemos adicionar uma legenda para a compreensão dos símbolos e siglas
apresentados. Na legenda, devem constar os grupos de riscos e suas respectivas cores, sendo eles:
• Risco Físico;
• Risco Químico;
• Risco Biológico;
• Risco Ergonômico;
• Risco de Acidentes.
As siglas de uso comum nos mapas de riscos são o EPI e EPC, mas, dependendo das atividades exercidas
em sua empresa, você poderá encontrar outras siglas.
Devemos também adicionar os símbolos do dimensionamento dos riscos, grande, médio e pequeno.
Além de indicar os riscos em um determinado ambiente, o Mapa de Riscos deverá apresentar as medidas
de controle necessárias para proteger o trabalhor dos riscos gerados no ambiente analisado. As principais
são os EPIs, EPCs e as medidas administrativas necessárias para a realização das atividades com segurança.
O Mapa de Riscos apresenta um campo para as recomendações de segurança para as atividades exerci-
das e, por final, deve ser assinado e datado pelo elaborador.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
49

Esse Mapa deverá alertar as pessoas para os riscos de maneira simples, clara e de fácil visualização, con-
forme a Figura 60.

Figura 60 -  Mapa de Riscos em um laboratório de soldagem


Fonte: SENAI/MG, 2018.

2.5 NORMAS REGULAMENTADORAS (NRS)

Durante seus estudos nos deparamos com várias normas regulamentadoras, quando tratamos de EPIs
(NR 06), CIPA (NR 05), Ergonomia (NR 17), dentre outras, você se lembra? Mas, afinal, para que elas servem?
As NRs estabelecem obrigações relativas à segurança e medicina do trabalho, para os empregadores e
empregados.
A vida em sociedade exige regras de comportamento fundamentais para nossa sobrevivência. Por isso,
é preciso garantir o direito dos trabalhadores quanto à saúde, proteção contra riscos e contra condições
perigosas.

Figura 61 -  Livro Publicado com as Normas Regulamentadoras - NRS


Fonte: SENAI/MG, 2018.
50 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

As principais NRs aplicadas aos processos metalmecânico são:

NR 1 - disposições gerais

A NR 1 possui as disposições básicas sobre saúde e segurança do trabalho aplicáveis às normas


regulamentadoras e devem ser observadas em todos os setores econômicos e industriais.
A principal mensagem da NR 1 é assegurar que as NRs sejam cumpridas para qualquer empregador
(empresa pública ou privada) que contratar empregados regidos pela Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT.

@istockphoto.com/ndoeljindoel

Figura 62 -  Análise de NRs

NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT

As ações de segurança do trabalho em uma empresa precisam ser desenvolvidas por profissionais
que possuem conhecimentos específicos, capazes de promover a saúde e a segurança no desenvolvi-
mento das atividades trabalhistas. O dimensionamento do SESMT de uma empresa deve ser realizado
de acordo com o grau de risco e o número de empregados do estabelecimento. Caso a empresa não
seja obrigada a constituir SESMT deverá contratar empresas para prestar assessoria no cumprimento das
Normas Regulamentadoras.
O perfil profissional, assim como a quantidade e carga horária de trabalho de cada empregado, é
definido pela NR4.

Figura 63 -  Símbolo de segurança do trabalho


Fonte: SENAI/MG, 2018.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
51

NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

A CIPA é regulamentada pela Norma Regulamentadora 05 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.


A norma estabelece os principais requisitos sobre a constituição da CIPA, sua organização, atribuições,
funcionamento e dimensionamento. Por meio da CIPA, os trabalhadores propõem ações para melhoria
do ambiente de trabalho, de modo a torná-lo compatível com a saúde e o bem-estar dos empregados e
empregador. Podemos identificar os integrantes da CIPA através do símbolo apresentado na Figura 64.

Figura 64 - Símbolo da CIPA


Fonte: SENAI/MG, 2018.

NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI

Utilizar os EPIs é atitude de quem tem amor à própria vida, além de ser o cumprimento da Norma
Regulamentadora do Ministério do Trabalho, a NR-06 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Todo
dispositivo de proteção individual só pode ser comercializado e utilizado como EPI, caso possua, de forma
inapagável, o número do Certificado de Aprovação - CA. Veja na Figura 65 alguns exemplos de EPIs que
conhecemos ao longo dos nossos estudos.
@istockphoto.com/artisteer

Figura 65 - EPIs
52 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

NR 7 - Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO

O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO é regulamentado pela NR7 do


Ministério do Trabalho e Emprego, que estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação do
PCMSO, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados.
O PCMSO tem como objetivo a promoção e preservação da saúde de todos os trabalhadores. A Figura 66
apresenta uma equipe médica que realiza atividades do PCMSO.

Figura 66 -  Equipe- PCMSO @istockphoto.com/pixelheadphoto

NR 9 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais


A NR 9 obriga as empresas a elaborarem e implementarem o Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais - PPRA, que possibilita o controle da concentração ou intensidade dos agentes de riscos físicos,
químicos e biológicos e da exposição dos trabalhadores a esses agentes. O PPRA consiste em um conjunto
de ações fundamentadas em uma análise dos setores de trabalho sobre os riscos ambientais presentes.
Veja na Figura 67, um profissinal levantando dados para a confecção do PPRA.
@istockphoto.com/ndoeljindoel

Figura 67 -  Elaboração do PPRA


2 SAÚDE E SEGURANÇA
53

NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade

A NR 10 estabelece os requisitos e as condições mínimas para implementação de medidas de controle e


sistemas preventivos para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente,
interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. É essencial que essas instalações sejam man-
tidas em perfeito estado de conservação, garantindo as condições seguras de funcionamento, de modo a
proteger os trabalhadores e usuários dos riscos característicos. Em atividades em circuitos elétricos, como
a apresentada na Figura 68, é fundamental o conhecimento básico da NR 10.

Figura 68 -  Riscos elétricos


Fonte: SENAI/MG, 2018.

NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais

A NR 11 estabelece os requisitos de segurança a serem observados nos ambientes industriais, nos quais
ocorrem transporte, movimentação, armazenamento e manuseios de cargas de forma mecanizada e manual.
Na figura 69 é apresentada uma Ponte Rolante, fique atento aos requisitos estipulados na NR 11 para a
operação desse equipamento.
@istockphoto.com/SafakOguz

Figura 69 -  Movimentação de carga


54 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

NR 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos

A NR 12 define referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saú-
de e a integridade física dos trabalhadores. Estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes
e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos.
Os principais riscos inerentes aos equipamentos utilizados na área metalmecânica são o esmagamento
ou corte dos membros superiores pelo contato com as partes móveis. A Figura 70 demonstra uma máquina
de usinagem que pode oferecer riscos de esmagamentos, cortes e amputações, caso não esteja de acordo
com a NR 12.

@istockphoto.com/nd3000

Figura 70 -  Máquina de usinagem (com partes móveis)

NR 13 - Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações

A NR 13 estabelece os requisitos mínimos para gestão da integridade estrutural de caldeiras a vapor,


vasos de pressão e suas tubulações de interligação relacionados à instalação, inspeção, operação e manu-
tenção, visando à segurança e à saúde dos trabalhadores. Veja um exemplo de caldeiras utiliza da indústria
na Figura 71.
@istockphoto.com/Vladdeep

Figura 71 -  Caldeiras
2 SAÚDE E SEGURANÇA
55

NR 17 - Ergonomia

A NR 17 estabelece parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às condições dos
trabalhadores, proporcionando conforto, segurança e desempenho eficiente. Essa norma aborda os aspec-
tos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e
às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.

@istockphoto.com/Eraxion

Figura 72 -  Postura correta

NR 35 - Trabalho em Altura

A NR 35 estabelece os requisitos mínimos de proteção para o trabalho em altura, envolvendo planeja-


mento, organização e execução, de modo a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos
direta ou indiretamente com essa atividade. No dia a dia de um profissional da metalmecânica, existem
algumas atividades acima de 2 metros do piso e com risco de queda, como soldagem e montagem de
estruturas ou manutenção em máquinas e equipamentos.
Atenção! É obrigatório o treinamento para a execução de atividades em altura, como a apresenta da na
Figura 73.
@istockphoto.com/CharlieChesvick

Figura 73 -  Trabalho em altura


56 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

2.6 ERGONOMIA: POSTURAS NA EXECUÇÃO DE OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO

No ambiente profissional e até mesmo durante as aulas práticas no SENAI, você vai se deparar com si-
tuações de riscos ergonômicos. Algumas atitudes simples podem ser adotadas para buscar um equilíbrio
entre a execução da tarefa e o seu conforto. A Figura 74 mostra um aluno do SENAI trabalhando em uma
bancada. A figura à esquerda representa uma situação de risco e a da direita, a forma correta, com uma
postura preventiva. Ao trabalhar em bancadas, deve-se evitar dobrar a coluna. Se possível, eleve a bancada
ou coloque um calço para apoiar um dos pés.

Figura 74 -  Medida Preventiva para Trabalho em Bancada


Fonte: SENAI/MG, 2018.

Figura 75 -  Medida preventiva para abaixamento


Fonte: SENAI/MG, 2018.

Em suas atividades administrativas, mantenha as costas apoiadas no encosto da cadeira; mantenha um


ângulo igual ou superior a 90° em relação aos joelhos e quadril. Mantenha os pés totalmente apoiados
no chão ou, quando não for possível, utilize um apoio para os pés. Na Figura 76, veja a postura correta em
atividades administrativas.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
57

@istockphoto.com/Guzaliia Filimonova
Figura 76 -  Postura correta em atividades administrativas

2.7 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS

Fogo é a consequência de uma reação química denominada combustão, que libera calor e algumas ve-
zes calor e luz. Para que haja combustão ou um incêndio, três elementos interligados devem estar presen-
tes: o primeiro é o combustível, ou seja, aquilo que vai queimar e transformar-se; o segundo é o calor que
faz começar o fogo; o terceiro é o oxigênio, um gás que existe no ar que respiramos chamado comburente.
A união proporcional desses três elementos: combustível, comburente e calor, produzirá o fogo, forman-
do um ciclo constante por meio do quarto elemento: a reação em cadeia, como demonstrado na Figura 77.

Aumento de temperatura capaz de


provocar o desprendimento de
gases e vapores do combustível.

Matéria suscetível à queima,


como, por exemplo: madeira,
O Oxigênio é o comburente,
papel, carvão, fibras vegetais,
ou seja, o agente químico O2
el

gasolina, álcool, éter, óleo,


ív

que conserva a combustão.


st

diesel, metano, propano,


bu
m

CALOR butano.
Co

Reação em
cadeia

É uma sequência de reações que ocorrem durante


o fogo, produzindo sua própria energia de ativação
(o calor) enquanto há oxigênio e combustível para
queimar. É a reação em cadeia que torna a queima
autossustentável.

Figura 77 -  Tetraedro do fogo


Fonte: SENAI/MG, 2016.

Para extinguir essa reação, basta destruir esse tetraedro, retirando pelo menos um dos seus elementos.
Podemos extinguir o fogo pelos seguintes métodos:
58 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

• Abafamento - processo que elimina ou reduz o comburente, impedindo a continuidade da combustão.


• Resfriamento - eliminação do calor, diminuindo, consequentemente, a liberação dos gases e vapores
que emanam do combustível.
• Isolamento - retirada do combustível, interrompendo a alimentação da combustão.
Na Figura 78, podemos ver exemplos de métodos de extinção do fogo.

Santiago Martins
Extinção do Fogo por Abafamento Extinção do Fogo por Resfriamento Extinção do Fogo por Isolamento

Figura 78 -  Métodos de extinção do fogo


Fonte: SENAI/MG, 2018.

Quase todos os materiais são combustíveis; no entanto, devido à diferença de composição, queimam de
formas diferentes e, por isso, exigem maneiras diversas de extinção do fogo. Com base nessas característi-
cas e propriedades, foram definidas as classes de incêndio e os correspondentes extintores de incêndios,
como mostra o Quadro 3:

CLASSE DE EXTINTOR CARACTERÍSTICAS


APARAS DE PAPEL
MADEIRA
Fogo em materiais combustíveis sólidos, que queimam em superfície e profundidade e deixam resíduos,
como: madeira, papel, tecido e borracha.
Para extinguir o fogo dessa classe, o resfriamento é o melhor método de extinção.
O extintor de Água Pressurizada (AP) é o mais eficiente.

LÍQUIDOS
INFLAMÁVEIS Fogo em líquidos inflamáveis, que queimam em superfície e não deixam resíduos, como: querosene,
gasolina, óleos, tintas e graxas.
Para esse tipo de fogo, o abafamento é o melhor método de extinção.
O extintor de Pó Químico Seco (PQS) é o mais eficiente, mas pode também ser utilizado o extintor de CO2,
porém, com menor eficiência.

EQUIPAMENTOS
ELÉTRICOS Fogo em equipamentos elétricos energizados, como: fogo em motores transformadores,
eletroeletrônicos (energizados) e geradores.
Para extinguir fogo dessa classe, o extintor de CO2 é o mais eficiente e agirá por resfriamento e
abafamento. O extintor de PQS também pode ser usado, porém pode causar danos em equipamentos.
ATENÇÃO! Nunca utilize água em fogos dessa classe, pois ela é condutora de eletricidade.
2 SAÚDE E SEGURANÇA
59

METAIS
COMBUSTÍVEIS
Fogo em metais combustíveis e pirofóricos, como: magnésio, selênio, antimônio, lítio, potássio, alumínio
fragmentado, zinco, titânio, sódio, urânio e zircônio.
Esse tipo de incêndio é muito difícil de ser controlado. Para extingui-lo, deve ser usado o extintor de Pó
Químico Especial, que agirá por abafamento.
Atenção! Metais pirofóricos podem reagir com água ou até mesmo com o ar, entrando em combustão
espontânea com um simples contato. Portanto, nunca tente apagar um fogo classe D com água.
Quadro 3 - Classes de incêndios
Fonte: SENAI/MG, 2016.

CASOS E RELATOS

Como a Segurança do Trabalho aumentou 5 vezes o Lucro Líquido de uma metalúrgica


Muitas vezes, no anseio de mudar, fazer algo diferente ou buscar novos caminhos para empresa
ou determinada área, temos a tendência de procurar soluções inovadoras, mirabolantes. O mais
surpreendente é que às vezes as soluções são simples e estão ali, na nossa frente, esquecidas e
desvalorizadas.
Em outubro de 1987, em Wall Street, Paul O’Neill falaria pela primeira vez aos investidores como
novo CEO de uma importante empresa metalúrgica. Desde o ano anterior, os investidores já
comentavam sobre o desempenho das ações da empresa que não geravam o resultado esperado.
Para espanto de todos, ele começou falando sobre os índices de acidentes no trabalho da empresa
e de como eram bem melhores que a média das empresas americanas da época. Depois disse que
sua prioridade seria ZERAR o índice de acidentes da empresa e tornando-se a mais segura dos EUA.
Muitos investidores acharam que Paul era louco e vários venderam as ações por não acreditarem
em nada daquilo. Mas o que aconteceu depois mostrou que eles estavam errados. Um ano depois,
os lucros da empresa tiveram resultados recordes e em 2000, ano em que Paul O’Neill se aposentou,
o lucro da empresa era 5 vezes maior do que no ano que ele entrou.
Mas qual foi a mágica? Não houve truques de mágica. Paul pensou em uma solução simples
e encontrou o “Ponto de Alavancagem” de um problema. Assim, com um pequeno esforço,
proporcionou mudanças gigantescas.
Outro ponto importante é que Paul atacou o que ele mesmo chamou de “Hábito Angular” das
pessoas da empresa: a segurança do trabalho. Ele pensou que, se as pessoas mudassem um hábito
tão difícil como esse, o resto seria apenas uma reação em cadeia de mudanças de outros hábitos.
Então, quando O’Neill propôs zerar os acidentes, ele fez duas coisas fantásticas: mudar o hábito das
pessoas, tendo como ponto de alavancagem a segurança do trabalho. E o melhor, ele conseguiu.
Fonte: Fanan, Davi. 2018.
60 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você compreendeu a necessidade da aplicação da segurança do trabalho e a sua


importância para a nossa saúde. Vimos conceitos fundamentais para a prevenção de acidentes na
indústria metalmecânica, como acidente, acidente do trabalho, situações que se equiparam ao
acidente do trabalho, como as doenças ocupacionais, e acidente de trajeto.
Conhecemos a classificação dos cinco grupos de agente de riscos. Abordamos e exemplificamos
as medidas de proteção para os trabalhadores, além das principais ferramentas de segurança
utilizadas na metalmecânica! Nosso próximo encontro é no capítulo 3. Nele, estudaremos meio
ambiente, sustentabilidade, resíduos e sua influência no ambiente. Até lá!
Meio ambiente 3

Os problemas ambientais relacionados à indústria metalmecânica estão associados à


emissão de poeiras, contaminação de efluentes líquidos, produção de resíduos diversos, gases,
entre outros.
As empresas com responsabilidade ambiental seguem padrões e normas ambientais de
nível internacional com foco no desenvolvimento sustentável. A indústria metalmecânica está
cada vez mais comprometida com as questões ambientais e visa buscar formas de mitigar os
impactos trazidos pelas suas atividades.

3.1 SUSTENTABILIDADE: DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS


De acordo com a Organização da Nações Unidas – ONU, sustentabilidade consiste em um
processo que busca continuamente atender às necessidades da geração atual, sem prejudicar
as gerações futuras.
Você deseja contribuir com o desenvolvimento sustentável em sua casa ou empresa?
Dentre outras alternativas, você pode praticar o chamado 5R’s, representados pelas palavras:
reduzir, repensar, reaproveitar, reciclar e recusar consumir produtos que gerem impactos
socioambientais significativo. Observe a Figura 79.

Reduzir

Diminuição da produção de resíduos, através do estudo e


otimização dos processos existentes.

Reutilizar

Transformação dos recursos ou materiais já utilizados, por meio de


processo artesanal ou industrial, em novos produtos.

Reciclar

Reaproveitamento de recursos e materiais no processo, evitando


assim o desperdício.

Recusar

Evitar consumo exagerado e desnecessário, adquirindo apenas


produtos essenciais e recursar produtos que causem danos ao
meio ambiente e/ou para nossa saúde.

Repensar
Refletir sobre os processos socioambientais de produção, desde a
matéria prima, passando pelas condições de trabalho, distribuição,
até o descarte.

Figura 79 -  5R’s
Fonte: SENAI/MG, 2018.
64 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

3.2 RESÍDUOS: TIPOS, SEGREGAÇÃO, DESCARTE/DESTINAÇÃO

Os resíduos são classificados em dois tipos: Classe I: Perigosos e Classe II: Não perigosos. Essa classifica-
ção é regida pela norma NBR 10004-2004 e tem como objetivo facilitar a definição de procedimentos para
a segregação e destinação dos resíduos.

Resíduos perigosos

Os resíduos classe I – Perigosos são aqueles cujas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas
podem acarretar riscos à saúde pública e/ou riscos ao meio ambiente. Para se enquadrar na classe I –
Perigoso, o resíduo precisa apresentar uma ou mais das seguintes características contidas na Figura 80:

Inflamabilidade Corrosividade Reatividade Toxicidade Patogenicidade Santiago Martins

Figura 80 -  Características dos resíduos sólidos perigosos


Fonte: SENAI/MG, 2016.

Vamos entender cada um dessas características?


Resíduos inflamáveis: entram em combustão fácil ou até espontaneamente. Na área metalmecânica,
temos como exemplos: fluídos de corte, óleo diesel, acetona, querosene, dentre outros. Na Figura 81,
podemos observar a utilização de fluidos de corte no processo de usinagem.
@istockphoto.com/photosoup

Figura 81 -  Fluidos de corte


3 MEIO AMBIENTE
65

Resíduos corrosivos: substâncias que possuem características altamente ácidas ou básicas, por isso são
capazes de corroer materiais, como o exemplo o aço. Dentre os resíduos corrosivos podemos citar o ácido
sulfúrico, brometo de metila e tolueno.

@istockphoto.com/David Kashakhi
Figura 82 -  Resíduos corrosivos

Resíduos reativos: reagem violenta e repentinamente com outras substâncias, podendo liberar ener-
gia. São exemplos: ácido cianídrico, arsênio e antimônio.
Resíduos tóxicos: ao interagirem com algum organismo, podem provocar danos adversos em maior ou
menor grau, como: defeitos genéticos, câncer, alterações estruturais e funcionais no feto e degradação do
meio ambiente. Exemplos: resíduos de metais pesados, como: cromo, chumbo e níquel.
Resíduos patogênicos: são capazes de produzir doenças em homens, animais ou vegetais. Podemos
exemplificar os resíduos originados em procedimentos médicos, como apresentado na Figura 83.
@istockphoto.com/edwardolive

Figura 83 -  Resíduo patogênico


66 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

Resíduos não perigosos

Os Resíduos não perigosos são subdivididos em dois tipos:


Resíduos classe II A - não inertes - são aqueles que podem ter propriedades, como: biodegradabilidade,
combustibilidade ou solubilidade em água. São exemplos: restos de alimentos, podas, lixo comum de
escritórios (Figura 84) e banheiros.

@istockphoto.com/AVAVA

Figura 84 -  Lixo comum de escritórios

São classificados como classe II B - inertes aqueles resíduos que, quando são submetidos a um contato
dinâmico e estático com água destilada ou deionizada na temperatura ambiente, não têm nenhum de seus
constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, com exceção
de aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. São exemplos: concreto, tijolo, vidro, plástico, isopor (Figura 85), etc.
@istockphoto.com/dreamsquare

Figura 85 -  Emabalagem de isopor


3 MEIO AMBIENTE
67

Segregação de Resíduos

É fundamental segregar, ou seja, separar os resíduos de acordo com a classificação que acabamos de
conhecer: resíduo perigoso e resíduo não perigoso (inerte e não inerte).
A segregação evita a mistura de resíduos incompatíveis, gerando vantagens, como: a reciclagem dos
resíduos permite o tratamento diferenciado de acordo com o tipo e reduz os riscos de contaminação do
meio ambiente e do trabalhador.
Para facilitar o processo de separação dos resíduos gerados em nosso cotidiano, a Resolução nº 275, de
25 de abril de 2001 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA estabelece o código de cores para
identificar o depósito dos diferentes tipos de resíduos para a coleta seletiva, como mostra a Figura 86.

Metal Vidro Plástico Papel Orgânico


Figura 86 - Cores das lixeiras de coleta seletiva, de acordo com a resolução CONAMA resolução nº 275, de 25 de abril de 2001
Fonte: SENAI/MG, 2017.

Em sua unidade do SENAI, você terá a oportunidade de contribuir para a separação de seus resíduos pessoais
e dos resíduos gerados nos laboratórios, nas áreas administrativas, como podemos notar na Figura 87, com exem-
plos de seleta seletiva de lixo.

Figura 87 - Exemplos de coleta seletiva em uma unidade do SENAI


Fonte: SENAI,MG, 2018.
68 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

3.3 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS POR RESÍDUOS DESCARTADOS DE FORMA INADEQUADA

Em qualquer processo produtivo industrial, há geração de resíduos. Caso não sejam devidamente des-
cartados, o seu destino certamente é poluir as águas, ar ou o nosso solo. Os principais resíduos gerados pe-
las empresas do setor metalmecânico são: fluídos de cortes, vapores, cavacos, óleos, lubrificantes, estopa,
sucata, tintas, solventes, metais em solução, dentre outros. Na Figura 88, veja os tipos de poluição.

@istockphoto.com/tatisol/belovodchenko/KirsanovV
Poluição das águas Poluição do ar Poluição do solo

Figura 88 -  Tipos de poluição

Danos à Fauna e à Flora

O descarte incorreto de resíduos acarreta a diminuição da variedade de espécies animais e vegetais.


A indústria é a maior responsável pela degradação ambiental, por isso devemos criar ações que minimizam
o impacto negativo de nossas operações. O controle e o correto descarte dos resíduos gerados em nos-
sas empresas são fundamentais para a não diminuição das espécies animais e vegetais do nosso planeta.
Na Figura 89, podemos observar os danos à fauna causada pelo descarte incorreto de resíduos da indústria.
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Figura 89 -  Danos à Fauna


3 MEIO AMBIENTE
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Alagamentos e inundações

O descarte inadequado de lixos, principalmente em grandes centros urbanos é uma das principais cau-
sas de alagamento e inundações. Os resíduos sólidos são jogados em vias públicas e em cursos d’água,
como córregos e rios, impedindo o escoamento rápido das águas pluviais. Aumentando assim, a ocorrên-
cia de enchentes e alagamentos principalmente em períodos de chuvas fortes e contínuas. Veja na Figura
90, os transtornos causados por um alagamento em um grande centro urbano de nosso país.

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Figura 90 -  Alagamentos e inundações

Desperdício de dinheiro público

O descarte irregular de resíduos sólidos aumenta consideravelmente os gastos públicos dedicados à


saúde da população, limpeza urbana e saneamento ambiental. Além do custo da coleta e destinação cor-
reta dos resíduos, o governo é obrigado a destinar mais dinheiro para recolher os resíduos das vias públicas
que foram descartados incorretamente pela população. O descarte indevido de resíduos industriais tam-
bém gera um maior gasto por parte do governo, pois, na maioria das vezes as multas aplicadas as empresa
não cobrem os custos gerados. Além disso, na maioria dos casos os danos ambientais causado pelo descar-
te incorreto de resíduos industriais são irreversíveis.
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Figura 91 -  Desperdício de dinheiro público


70 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

Saúde pública

Várias doenças são causadas pelo descarte incorretos de resíduos, principalmente o lixo urbano, no
qual prejudica a qualidade de vida e contamina o solo, ar e a água. Os lixos descartados e acumulados em
locais indevidos favorecem a proliferação de mosquitos, insetos e animais peçonhentos. Com certeza você
conhece alguém que já foi picado pelo mosquito da dengue.
Pois bem, esse mosquito que também é transmissor de outras doenças como a febre amarela, zika e
chikungunya tem a sua proliferação causada pelo acumulo de águas em recipientes como, pneus, garrafas
pets, embalagens plásticas, dentre outros lixos descartado no meio ambiente pela população.

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Figura 92 -  Gastos na saúde pública

Prejuízos ao turismo

Uma cidade turística suja, além de impactar negativamente o meio ambiente e gerar diversos proble-
mas para a população local, contribui também para uma diminuição da demanda turística, ou seja, as pes-
soas deixam de ir para aquele destino turístico e buscam outras opções. Com isso, o turismo sofre também
um impacto negativo em relação à economia com a diminuição do número de visitantes e, consequente-
mente, com a queda em todos os setores que, direta e indiretamente, estão relacionados com a atividade
turística.
A limpeza pública é um dos fatores de avaliação dos turistas e influencia na imagem turística, na possibi-
lidade do retorno dos visitantes e na sua permanência. Turistas insatisfeitos, em sua maioria, não retornam,
não indicam e podem ficar menos tempo do que o programado para a viagem. Observe na Figura 93 o
nível de poluição da praia de Botafogo na cidade do Rio de Janeiro.
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Figura 93 -  Poluição e os impactos para o turismo

CASOS E RELATOS

Reciclagem de cavacos de usinagem


O desenvolvimento de tecnologias de produção, que minimizem o impacto ambiental na área
industrial, é uma prática sustentável exercida em várias áreas de nossa economia, não sendo
diferente na metalmecânica. A redução do custo e do impacto ambiental e a utilização de insumos
reciclados é bastante favorável e tem grande importância para o meio ambiente em termos
comerciais.
O estudo do reaproveitamento de cavacos de usinagem é consolidado na área industrial, uma vez
que são geradas milhares de toneladas anualmente pelas indústrias metalmecânicas no mundo
inteiro. Em uma usinagem, são gerados resíduos que podem representar até 50% do peso original
de uma peça bruta.
Para o seu reaproveitamento, primeiro é necessária uma caracterização da matéria-prima quanto à
sua composição química, pois essa variável é determinante para a qualidade do produto final. Em
seguida, é necessário lavar com um reagente químico o resíduo de cavaco metálico, com objetivo
de retirar contaminantes como os fluídos de corte utilizados na usinagem.
Após a lavagem, o cavaco é separado do efluente por meio de filtração. O cavaco limpo é
encaminhado para um processo de secagem em estufa, cuja importância é evitar que os cavacos
sofram oxidação devido à umidade. Posteriormente à secagem, é feita a compactação para
aumentar a área superficial, facilitando a fusão e reduzindo o volume.
A reutilização de cavacos de usinagem é uma alternativa viável em relação à questão ambiental e
à redução de custos de produção.
72 SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

RECAPITULANDO

Neste último capítulo, você estudou sobre o meio ambiente, a sustentabilidade, os tipos de resíduos
e os impactos ambientais gerados pelo descarte de forma inadequada.
Na nossa caminhada, estudamos e adquirimos informações que serão importantes em seu ciclo
acadêmico e profissional. Esperamos que tenha gostado e lhe desejamos muito sucesso!
Em seus próximos passos é fundamental que você tenha compromisso com a segurança e meio
ambiente tanto nas atividades desenvolvidas como aluno quanto as atividades na vida profissional.
Até a próxima.
REFERÊNCIAS
BARBOSA FILHO, Antônio Nunes. Segurança do trabalho & gestão ambiental. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
BARSANO, Paulo Roberto; BARBOSA, Rildo Pereira. Segurança do trabalho: guia prático e didático. São
Paulo: Érica, 2012. 350 p.
BAUMGARTEN, Christina Elisa. A sustentabilidade e a responsabilidade ambiental na gestão dos
resíduos industriais no Brasil. Florianópolis: HB, 2012. 172 p.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. A política dos 5 R’S. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/
informma/item/9410-a-pol%C3%ADtica-dos-5-r-s>. Acesso em: 18 mar. 2018.
BRASIL. Ministério do Trabalho. Normas Regulamentadoras da Portaria nº 3214 de 1978. Aprova as
Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a
Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, jun. 1978.
BRASIL. Resolução CONAMA nº 275, de 25 de abril de 2001. Estabelece código de cores para diferentes
tipos de resíduos na coleta seletiva, Publicada no DOU no 117-E, de 19 de junho de 2001, Seção 1, página 80.
FANAN, Davi. Segurança simples. Disponível em: <http:// www.segurancasimples.com.br/>. Acesso em: 12
jan. 2018.
FUNDACENTRO. Introdução à higiene ocupacional. São Paulo, 204. 84 p.
SALIBA, Tuffi Messias. Curso básico de segurança e higiene ocupacional. 5. ed. São Paulo: LTr, 2013. 479 p.
SEBRAE/MG. Manual de gerenciamento de resíduos: guia de procedimento passo a passo. Rio de
Janeiro: GMA, 2006.
SILVA, Saionara et al. Os 5 R’S da sustentabilidade. In: SEMINÁRIO DE JOVENS PESQUISADORES EM
ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO, 5, 2017, Santa Maria, RS. Santa Maria, RS: UFSM, 2017.
MINICURRÍCULO DO AUTOR

DIÊGO RIBEIRO FRAGA


Diêgo Ribeiro Fraga é técnico em mecânica de manutenção industrial pelo SENAI-MG; possui graduação
em Engenharia Metalúrgica pela Universidade do Estado de Minas Gerais (2014) e graduação em
Matemática pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Boa Esperança (2017). Especialista em
Engenharia de Segurança do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2018) e em
Gestão Escolar pela Faculdade Alfa América (2017). Tem experiência em docência na área de Mecânica e
Matemática.
SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE MINAS GERAIS

Sinara Badaro Leroy


Coordenação do Projeto

Diêgo Ribeiro Fraga


Elaboração

Jaderson Ferreira do Nascimento


João Paulo Faustino
Ramon de Souza Lima
Revisão Técnica

Fabiana Mendonca Pires


Xênia Ferreira da Silva
Revisão Pedagógica

Daniela Theodoro
Revisão Ortográfica e Gramatical

Edesio Martins Conegundes Júnior


Eduardo Crivellari Guimarães
Rodrigo Henrique de Lacerda
Santiago Martins
Sebastião Jacinto
istockphoto.com
Fotografias, Ilustrações e Tratamento de Imagens

Thaís Souza do Amaral


Diagramação

Rosimar Sofia Tavares Duarte


Normalização

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