Você está na página 1de 118

SÉRIE MINERAÇÃO

QUALIDADE, SAÚDE,
MEIO AMBIENTE
E SEGURANÇA DO
TRABALHO
SÉRIE MINERAÇÃO

QUALIDADE, SAÚDE,
MEIO AMBIENTE
E SEGURANÇA DO
TRABALHO
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

Diretoria de Educação e Tecnologia - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

Júlio Sérgio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI

Robson Braga de Andrade


Presidente do Conselho Nacional

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Júlio Sérgio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE MINERAÇÃO

QUALIDADE, SAÚDE,
MEIO AMBIENTE
E SEGURANÇA DO
TRABALHO
© 2016. SENAI - Departamento Nacional

© 2016. SENAI - Departamento Regional de Minas Gerais

Livro Didático alinhado ao Itinerário Nacional v.04 (2015)


A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecânico,
fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito,
do SENAI.
Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação Profissional SENAI de
Minas Gerais, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Minas Gerais


Gerência de Educação Profissional - GEP
Núcleo de Educação a Distancia - NEAD

FICHA CATALOGRÁFICA

S474q
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Qualidade, saúde, meio ambiente e segurança do trabalho / Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Minas
Gerais. Brasília: SENAI/DN, 2016.

114 p. il. (Série Mineração)


Inclui referências.

ISBN 9 788550 502182

1. Qualidade. 2. Saúde. 3. Meio Ambiente. 4. Segurança no trabalho. 5.


Mineração. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Regional de Minas Gerais. II Título. III. Série.

CDU: 005.6

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte . Quadra 1 . Bloco C . Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen . 70040-903 . Brasília - DF . tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61)3317-9190 . http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 -  Qualidade.........................................................................................................................................................18
Figura 2 -  Clientes internos e clientes externos.....................................................................................................20
Figura 3 -  Processo de recobrimento de pelotas de ferro para exportação................................................22
Figura 4 -  Representação hierárquica do processo...............................................................................................22
Figura 5 -  Representação hierárquica do processo de extração de minério...............................................23
Figura 6 -  Representação do controle de processos por meio da melhoria contínua.............................24
Figura 7 -  Etapas do desenvolvimento do Brainstorming................................................................................. 25
Figura 8 -  Reunião para Brainstorming................................................................................................................... 26
Figura 9 -  Modelo formulário lista de verificação veicular.................................................................................27
Figura 10 -  Exemplo de Diagrama de Pareto dos acidentes do trabalho ocorridos
em uma mineradora..................................................................................................................................28
Figura 11 -  Estrutura Diagrama de Causa e Efeito.................................................................................................29
Figura 12 -  Diagrama de Causa e Efeito preenchido............................................................................................30
Figura 13 -  Processo de implantação SEIRI..............................................................................................................31
Figura 14 -  Programa 5S..................................................................................................................................................32
Figura 15 -  Registros das amostras das Lavras Colmeia e Lagoinha...............................................................32
Figura 16 -  Gráfico de Controle das Amostras da Lavra Colmeia.....................................................................33
Figura 17 -  Gráfico de Controle das Amostras da Lavra Lagoinha..................................................................34
Figura 18 -  Gráfico de Controle de Amostras das Lavras Colmeia e Lagoinha............................................34
Figura 19 -  Elementos do método 5W2H.................................................................................................................35
Figura 20 -  Perguntas método 5W2H........................................................................................................................35
Figura 21 -  Órgãos ambientais brasileiros................................................................................................................42
Figura 22 -  Tripé da sustentabilidade.........................................................................................................................44
Figura 23 -  Representação das etapas do licenciamento ambiental
com as atividades da mineração...........................................................................................................45
Figura 24 -  Etapas da vida útil de uma mina...........................................................................................................46
Figura 25 -  Logística reversa..........................................................................................................................................49
Figura 26 -  Ciclo do processo de geração de resíduos........................................................................................49
Figura 27 -  3R’s do desenvolvimento sustentável.................................................................................................50
Figura 28 -  Cores das lixeiras de coleta seletiva, de acordo com a Resolução CONAMA
nº 275, de 25 de abril de 2001................................................................................................................51
Figura 29 -  Interação da água em processos da mineração..............................................................................54
Figura 30 -  Fluxo da utilização e reaproveitamento da água............................................................................55
Figura 31 -  Acidente.........................................................................................................................................................60
Figura 32 -  Representação da situação acidente...................................................................................................61
Figura 33 -  Tipos de acidentes do trabalho.............................................................................................................63
Figura 34 -  Causas de acidentes...................................................................................................................................64
Figura 35 -  Uso do celular durante atividades de trabalho................................................................................64
Figura 36 -  Materiais perfuro-cortantes em locais de passagem dos trabalhadores...............................65
Figura 37 -  Queda do trabalhador devido a piso escorregadio.......................................................................65
Figura 38 -  Tambores com produtos químicos.......................................................................................................66
Figura 39 -  Situação de risco: operador manuseando um tambor contendo produto químico..........67
Figura 40 -  Pirâmide de estudo das proporções de acidentes e incidentes................................................68
Figura 41 -  Formulário de Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT.....................................................70
Figura 42 -  Representação da emissão das vias da CAT......................................................................................71
Figura 43 -  Estrutura da CIPA.........................................................................................................................................73
Figura 44 -  Símbolo CIPAMIN........................................................................................................................................73
Figura 45 -  Classificação dos riscos.............................................................................................................................76
Figura 46 -  Ordem de adoção das medidas de controle.....................................................................................77
Figura 47 -  Compressor...................................................................................................................................................78
Figura 48 -  Representação do sistema de enclausuramento acústico..........................................................78
Figura 49 -  Calçado de segurança...............................................................................................................................80
Figura 50 -  Luvas de proteção......................................................................................................................................80
Figura 51 -  Capacete de segurança............................................................................................................................81
Figura 52 -  Capacete de segurança com dispositivos de proteção conjugados........................................81
Figura 53 -  Capacete de segurança com lanterna.................................................................................................82
Figura 54 -  Capacete conjugado com lanterna e vestimenta com faixas retrorrefletivas......................82
Figura 55 -  Vestimentas com faixas retrorrefletivas..............................................................................................83
Figura 56 -  Óculos de proteção....................................................................................................................................83
Figura 57 -  Óculos de proteção lente cinza e lente amarela.............................................................................84
Figura 58 -  Protetor auditivo de inserção tipo plugue........................................................................................84
Figura 59 -  Protetor auditivo tipo concha................................................................................................................85
Figura 60 -  Peça Semifacial Filtrante - PFF................................................................................................................86
Figura 61 -  Máscara de proteção respiratória com filtro.....................................................................................87
Figura 62 -  Máscara de proteção facial......................................................................................................................87
Figura 63 -  Inspeção de segurança.............................................................................................................................90
Figura 64 -  Modelo de documento da APR..............................................................................................................92
Figura 65 -  Exemplos de placas de sinalização de segurança...........................................................................94
Figura 66 -  Exemplos de sinalização de alerta........................................................................................................95
Figura 67 -  Exemplos de equipamentos de combate a incêndio....................................................................95
Figura 68 -  Exemplos de sinalização de orientação e salvamento..................................................................95
Figura 69 -  Exemplos de sinalização de proibição................................................................................................96
Figura 70 -  Sinalização horizontal para demarcar a área de circulação
conjunta de pessoas próximo a máquinas........................................................................................96
Figura 71 -  Cavalete para sinalização complementar temporária...................................................................97
Figura 72 -  Mapa de riscos de uma oficina de mecânica de manutenção de uma mina........................98

Quadro 1 - Modelo da estrutura do Método 5W2H...............................................................................................36


Quadro 2 - Plano de ação da organização de um churrasco conforme o método 5W2H.......................36
Quadro 3 - Código de cores para identificação do depósito de resíduos......................................................50
Quadro 4 - Doenças ocupacionais...............................................................................................................................62
Quadro 5 - Atribuições CIPAMIN...................................................................................................................................75
Quadro 6 - Classificação das peças semifaciais filtrantes ....................................................................................86
Quadro 7 - Responsabilidades do empregador......................................................................................................88
Quadro 8 - Responsabilidades dos empregados....................................................................................................88
Quadro 9 - Tipos de inspeções......................................................................................................................................89
Quadro 10 - Lista de Normas Regulamentadoras............................................................................................... 101
Quadro 11 - Lista de Normas Regulamentadoras da Mineração................................................................... 102

Tabela 1 - Exemplo de tabulação dos acidentes ocorridos em uma mineração.........................................28


Tabela 2 - Dimensionamento do SESMT....................................................................................................................72
Tabela 3 - Dimensionamento do SESMT de uma empresa do ramo de extração
de minério de manganês...........................................................................................................................72
Tabela 4 - Quadro de dimensionamento CIPAMIN.................................................................................................74
Tabela 5 - Dimensionamento CIPAMIN de uma mineradora..............................................................................74
Sumário
1 Introdução ........................................................................................................................................................................13

2 Qualidade .........................................................................................................................................................................17
2.1 A Importância da Qualidade....................................................................................................................18
2.1.1 Organização do Trabalho........................................................................................................21
2.1.2 Sistema e Subsistema...............................................................................................................21
2.1.3 Processo........................................................................................................................................21
2.1.4 Tarefas............................................................................................................................................22
2.2 Ferramentas da Qualidade.......................................................................................................................23
2.2.1 Brainstorming..............................................................................................................................25
2.2.2 Folha de Verificação..................................................................................................................26
2.2.3 Diagrama de Pareto..................................................................................................................28
2.2.4 Diagrama de Causa e Efeito...................................................................................................29
2.2.5 Programa 5S.................................................................................................................................30
2.2.6 Gráficos de Controle.................................................................................................................32
2.2.7. Método 5W2H............................................................................................................................35

3 Meio Ambiente ..............................................................................................................................................................41


3.1 Gestão Ambiental........................................................................................................................................42
3.2 Sustentabilidade..........................................................................................................................................43
3.3 Gestão de Resíduos.....................................................................................................................................48
3.4 Proteção ao Meio Ambiente....................................................................................................................53

4 Segurança do Trabalho ................................................................................................................................................59


4.1 Segurança e Conceitos...............................................................................................................................60
4.1.1 Acidente X Acidente do Trabalho.........................................................................................60
4.1.2 Causas de Acidentes: ato inseguro, condição insegura,
fator pessoal de insegurança e catástrofes......................................................................64
4.1.3 Perigo e Risco..............................................................................................................................66
4.1.4 Incidente, Acidente com danos pessoais e Acidentes com danos materiais.......67
4.1.5 Taxa de frequência e Taxa de Gravidade............................................................................69
4.2 Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT....................................................................................69
4.3 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança
e Medicina do Trabalho – SESMT..........................................................................................................71
4.4 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA....................................................................73
4.5 Riscos Ambientais........................................................................................................................................75
4.6 Medidas de Proteção..................................................................................................................................77
4.6.1 Medidas de Proteção Coletiva...............................................................................................77
4.6.2 Medidas de Proteção Administrativa..................................................................................79
4.6.3 Medidas de Proteção Individual...........................................................................................79
4.7 Ferramentas de Segurança.......................................................................................................................88
4.7.1 Diálogo Diário de Segurança - DDS....................................................................................89
4.7.2 Inspeção de Segurança............................................................................................................89
4.7.3 Auditoria de Segurança...........................................................................................................90
4.7.4 Notificação de Infrações de Segurança.............................................................................91
4.7.5 Campanhas de Segurança......................................................................................................91
4.7.6 Análise Preliminar de Riscos - APR.......................................................................................91
4.7.7 Padronização de Tarefas..........................................................................................................93
4.7.8 Análise e Investigação de Acidentes...................................................................................93
4.7.9. Sinalização de Segurança......................................................................................................93
4.7.10 Mapa de Riscos.........................................................................................................................97
4.8 Gestão de Segurança:
Elaboração de planejamento específico de segurança para área.............................................98
4.9 Procedimentos Normativos.................................................................................................................. 100
4.9.1 Normas Regulamentadoras de Segurança do Trabalho........................................... 100
4.9.2 Normas Regulamentadoras da Mineração.................................................................... 101

Referências......................................................................................................................................................................... 105

Minicurrículo do autor................................................................................................................................................... 109

Índice................................................................................................................................................................................... 111
Introdução

Prezado aluno,
Seja bem-vindo à unidade curricular Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança
do Trabalho!
Você provavelmente já conhece as palavras produtividade, competitividade, planejamento,
clima organizacional, sustentabilidade e tantas outras, correto? Esses termos, muito comuns no
mundo empresarial, surgiram com a evolução dos conceitos administrativos e gerenciais, que
se adaptaram às mudanças ocorridas nas condições do trabalho e na preocupação da socieda-
de com as questões ambientais.
Hoje, os conceitos de Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança do Trabalho fazem
parte das organizações e traduzem a evolução gerencial.
Presentes no planejamento estratégico das empresas, essas áreas norteiam a gestão a curto,
médio e longo prazo e, por isso, é imprescindível o conhecimento de cada uma delas.
Neste livro, como Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança do Trabalho estão as-
sociadas ao desenvolvimento das ações que auxiliarão o bom andamento dos processos de
trabalho e o atendimento de normas aplicáveis ao segmento da mineração.
O nosso livro está organizado em 4 capítulos, sendo: 1 - Introdução , 2 - Qualidade, 3- Meio
Ambiente e 4- Segurança do Trabalho.
No capítulo 2, aprenderemos sobre a importância da qualidade na indústria extrativa
mineral, conheceremos algumas ferramentas da qualidade e os instrumentos que contribuem
para a melhoria contínua do processo produtivo, bem como suas aplicações para solução de
problemas. Dessa maneira, você compreenderá o quanto a gestão da qualidade é essencial
para o sucesso das atividades na mineração.
As questões ambientais são temas de interesse comum entre todas as nações e o desen-
volvimento sustentável é o grande desafio da atualidade. Assim como em outros ramos de
atividade, na mineração também existe uma constante preocupação com o meio ambiente,
principalmente por se tratar de uma indústria que explora os recursos naturais. No capítulo 3,
conheceremos algumas das ações que são promovidas antes da exploração mineral, durante
e no término de suas operações, com o propósito de gerar o mínimo de impacto possível ao
meio ambiente.
Reconheceremos a importância da indústria de extração mineral no fornecimento dos
recursos necessários para o desenvolvimento humano e como esse setor vem trabalhando
as questões ambientais ao longo do processo produtivo.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
14

No capítulo 4, trataremos das questões relativas à saúde e segurança do trabalhador da indústria


mineradora. Vamos aprender sobre acidentes e doenças do trabalho, suas causas, consequências e as
medidas necessárias para minimizar a ocorrências desses eventos no ambiente laboral. Identificaremos os
grupos de riscos ocupacionais e as principais ferramentas de segurança empregadas na mineração, com
o intuito de preservar a saúde e a integridade física do trabalhador, bem como garantir a estabilidade do
processo produtivo.
Ao final dos seus estudos, você será capaz de desenvolver ações que auxiliem na execução e cumprimento
das normas da qualidade, saúde, meio ambiente e segurança, além de desenvolver capacidades sociais,
organizativas e metodológicas, que contribuirão para a sua atuação no mundo do trabalho.
Bons estudos!
Qualidade

Em um mercado cada vez mais competitivo, a qualidade é fator prioritário à empresa que
busca sua sobrevivência. Nesse contexto, atender as necessidades do cliente deve ser o foco
de qualquer organização.
Como as empresas definem o conceito de qualidade? Qual a ótica do cliente sob o assunto?
Esses e outros questionamentos serão respondidos neste capítulo. Veremos aqui que a con-
quista pela preferência do cliente não está mais associada somente ao preço de um determina-
do produto ou serviço, mas a um conjunto de fatores.
Abordaremos a importância da qualidade na busca por resultados positivos para empresa
e clientes. Identificaremos o que é a gestão da qualidade, uma filosofia empresarial presente
hoje nos quatro cantos do mundo. Conceituaremos o que são e para que servem as ferramen-
tas da qualidade, importantes aliadas na busca pela melhoria contínua.
Está preparado para iniciarmos nossos estudos? Então, vamos lá!
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
18

2.1 A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE

Como você definiria Qualidade? Podemos defini-la como a excelência ou não de um produto ou serviço,
considerando seus aspectos objetivos e subjetivos.
Os aspectos subjetivos se referem à avalição do cliente, tomando como base seus valores e pontos de
vista. Isso significa que essa definição varia de pessoa para pessoa.
Já os aspectos objetivos da qualidade estão relacionados às características técnicas de um produto ou
serviço.
Conforme Campos (1999), um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de
forma confiável, segura e no tempo certo, às necessidades dos clientes.
O conceito de qualidade foi evoluindo com o tempo e esse será o tema do nosso próximo tópico.
Não perca!

@istockphoto.com/cacaroot

Figura 1 -  Qualidade

Evolução histórica do conceito de qualidade

No período no qual antecede a Revolução Industrial, o conceito de qualidade era o sinônimo de perfei-
ção técnica. Ela era uma atividade controlada única e exclusivamente por quem desenvolvia a confecção
do produto, o artesão. A inspeção final, quando realizada, tinha objetivo de avaliar apenas a ausência de
defeitos.
Após a Revolução Industrial, o conceito de qualidade continuava associado à perfeição técnica.
Entretanto, o controle de qualidade passou a ser uma atividade externa à produção, feita por uma
equipe separada.
Somente na década de 1920, alavancado pelas teorias de Administração Científica, a qualidade passou
a incorporar a produção industrial. Nesse período, incia-se a Era da Inspeção da Qualidade.
2 QUALIDADE
19

Nos anos 1930, a produção em massa levou ao desenvolvimento de técnicas estatísticas para o controle
da qualidade, visando atender o mercado em grande crescimento. Essa evolução foi promovida por um
grupo de cientistas (entre eles Walter Shewhart, Harold Dodge, Harry Romig, W. Edwards Deming e Joseph
M. Juran) e ficou conhecida como a Era do Controle Estatístico da Qualidade.
Entre as décadas de 1920 e 1950, apesar do controle da qualidade ter evoluído, em termos conceituais
a qualidade passou de perfeição técnica para o nível aceitável de qualidade.
Somente na década de 1950, o conceito de qualidade é radicalmente revisto. Nesse período, um grupo
de cientistas e engenheiros foram responsáveis pelo surgimento da Era da Garantia da Qualidade. Nasce a
partir daí o conceito de Qualidade Total, sendo os japoneses os precursores dessa nova filosofia.
Arrasado pela Segunda Guerra Mundial, o Japão precisava reerguer o seu parque industrial e a econo-
mia do país. No entanto, a má reputação dos produtos japoneses era um empecilho para o objetivo traça-
do. Buscando encontrar formas de saírem da crise, os japoneses convidaram Deming, engenheiro america-
no especializado em técnicas estatísticas para controle de qualidade, para proferir uma série de palestras
para grupos de industriais e executivos. Chegando ao Japão, Deming percebeu uma oportunidade única
para disseminação de suas ideias e, em vez de falar das técnicas estatísticas aplicadas à qualidade, ele focou
a atenção dos empresários nos aspectos filosóficos e culturais da qualidade. A contribuição desse mestre
ficou conhecida como Os 14 princípios de Deming.
As ideias disseminadas por Deming tiveram um grande impacto na industria japonesa, surgindo a partir
delas o que ficou conhecido como TQC (Total Quality Control). Bem, o resultado da aplicação dessa nova fi-
losofia na indústria japonesa todos nós sabemos. O Japão se tornou uma potência industrial e tecnológica,
assumindo nos anos 1960 a liderança do mercado, com produtos diferenciados e competitivos.

CURIOSI Só muitos anos mais tarde, depois de o Japão demonstrar ao mundo sua superioridade
em qualidade, é que Deming passou a ser convidado por empresas americanas para
DADES proferir palestras sobre ensinamentos em gestão da qualidade (CARPINETT, 2012).

Os japoneses impuseram ao mundo uma evolução dos conceitos de qualidade ofertados ao cliente,
fato que contribuiu para os avanços da tecnologia, dos serviços e dos produtos. A qualidade se volta para
a plena satisfação do cliente.
Em relação aos clientes, temos duas definições, são elas: cliente interno e cliente externo.
O cliente interno é aquele faz parte da organização. São os funcionários de outros setores da empresa,
tais como: estoquista, entregador, vendedor. É importante termos em mente que o tempo todo somos
clientes e fornecedores dentro de um processo produtivo.
O cliente externo é aquele que efetua a compra dos produtos ou serviços oferecidos pela empresa,
entrando diretamente com o capital, ou seja, é aquele que não participa do processo de produção ou de
prestação do serviço.
Na Figura 2, podemos reconhecer os clientes internos e clientes externos.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
20

CLIENTE EXTERNO

CLIENTES INTERNOS
CLIENTE EMPRESA
Externo Setor Comercial

Rodrigo Henrique de Lacerda


Gerente de Setor da Produção
Produção

Figura 2 -  Clientes internos e clientes externos


Fonte: SENAI/MG, 2017.

Nos anos seguintes, inúmeras ferramentas e metodologias para melhoria da qualidade foram
desenvolvidas e os princípios da qualidade total foram aplicados em grande parte do planeta.
No ano de 1987, foi publicada a primeira série da norma ISO 9000, tornando-se um marco para a
implantação da qualidade na indústria.
Uma cultura organizacional que prioriza a melhoria contínua, o foco no cliente, a educação, o treina-
mento, abordagem científica e o comprometimento de todos são, nos anos 1990, os elementos indispen-
sáveis à aplicação da qualidade total.
A partir dos anos 2000, a terminologia modifica um pouco e a qualidade total é substituída pela Gestão
da Qualidade. Tal mudança caracteriza a qualidade como uma questão estratégica para as empresas. Hoje
ela é sinônimo de sobrevivência no mercado.

Quer saber mais sobre evolução da qualidade e contribuição dos vários pensadores
SAIBA desse assunto (Deming, Juran, Ishikawa e outros)? Leia o livro: Referência: Gestão
MAIS da Qualidade: Conceitos e técnicas/ Luiz Cesar Ribeiro Carpinett. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2012.

Para que você possa aprofundar ainda mais na história da Qualidade e sobre os
principais conteúdos que estudaremos a seguir, sugerimos a você que leia e estude
SAIBA o livro: TQC Controle da Qualidade Total, 9. Ed. (Brasil, 2014) de Vicente Falconi
MAIS Campos, que apresenta, de forma simples e didática, a importância e os benefícios
da Qualidade para as indústrias.
2 QUALIDADE
21

2.1.1 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO


A organização do trabalho está associada à forma como as empresas são estruturadas em relação ao seu
processo produtivo. De uma forma geral, organizar o processo é garantir o sucesso, a maximização do lucro
e o aumento da eficiência de um empreendimento.
Dentro das empresas, a organização do trabalho pode ser vista de uma maneira bem simples, por
exemplo, a disposição dos maquinários, a divisão dos setores e a determinação do fluxo do processo. Tudo
isso garante maior controle, diminuição das falhas, eliminação do retrabalho além de proporcionar um
processo mais estável, seguro confiável.

2.1.2 SISTEMA E SUBSISTEMA


Atualmente, as empresas se organizam por meio de um sistema administrativo que abrange todos
os seus departamentos e atividades, permitindo que haja uma maior interação entre eles e facilitando o
controle de toda cadeia produtiva.
Mas o que são sistemas? De forma simples é possível conceituá-los como um conjunto de elementos
que possuem funções específicas, mas com o mesmo objetivo.
Em uma mineradora, cada setor possui uma função específica. No entanto, o trabalho de todos tem
como finalidade a sustentabilidade da organização, ou seja, garantir que a empresa se mantenha produtiva
e lucrativa no mercado.
Como exemplo de um sistema, podemos citar o organismo humano, que possui vários órgãos
desempenhando funções específicas, mas que interagem entre si para nos manter vivos.
Se o coração parar de funcionar, ele comprometerá a circulação sanguínea, que diminuirá a pressão
arterial, fazendo com que não haja circulação do sangue para os demais órgãos, interrompendo o fun-
cionamento do sistema e levando o indivíduo a óbito. Assim também funciona uma empresa. Em busca
de um objetivo em comum, cada setor desempenha sua tarefa específica.
Todos os elementos que constituem um sistema são fundamentais e chamados de subsistemas. Nos
exemplos anteriores, os subsistemas de uma empresa são considerados os seus setores, já no corpo huma-
no, podemos identificá-los como os órgãos.
Vamos apreender um pouco mais a respeito da estrutura interna de organização? Nos próximos tópicos,
abordaremos a definição de processo e tarefas.

2.1.3 PROCESSO
Processo é entendido como um conjunto de ações interativas que se relacionam e transformam maté-
ria-prima em mercadorias ou serviços.
Para ficar mais claro esse conceito, na Figura 3, observe a representação de um processo simplificado de
uma indústria extrativa mineral.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
22

Tra
n spo
rte
Aná
Cob lise
ertu
ra
Que
Min ima
ero O produto é transportado
dut para os clientes.
os
Be

São realizadas análises em amostras


ne
fic

para verificar a qualidade do produto.


ia
m
en

Na etapa seguinte, um spray de


to

óxidos é aspergido nas pelotas com o


objetivo diminuir a união entre elas.
M
in
a

A polpa é transformada em pelotas cruas, que


depois, por meio da queima, são endurecidas.

Rodrigo Henrique de Lacerda


A polpa segue pelos minerodutos para a próxima etapa do processo.

Por meio de processos de britagem, moagem e concentração,


seguidos da adição da água, é obtida a polpa de minério.

Extração da matéria-prima.

Figura 3 -  Processo de recobrimento de pelotas de ferro para exportação


Fonte: Adaptado de FAPESP, 2017.

2.1.4 TAREFAS

O processo é composto por um conjunto de elementos que possuem uma ordem hierárquica. Assim,
podemos considerar que os processos são divididos em subprocessos que abrangem as atividades, que,
por sua vez, são compostas pelas tarefas. É como se houvesse uma fragmentação do processo, sendo as ta-
refas as etapas menores. Na Figura 4, veja um exemplo da ordem hierárquica do processo de uma empresa
mineradora.

PROCESSO

SUBPROCESSO 1 SUBPROCESSO 2 SUBPROCESSO 3

SUBPROCESSO 3

ATIVIDADE 1 ATIVIDADE 2 ATIVIDADE 3


Rodrigo Henrique de Lacerda

ATIVIDADE 3

TAREFA 1 TAREFA 2 TAREFA 3

Figura 4 -  Representação hierárquica do processo


Fonte: SENAI/MG, 2017.
2 QUALIDADE
23

Na Figura 5, é possível identificar essa hierarquia dos elementos em um processo de extração de minério.

PROCESSO
Extração de Minério
SUBPROCESSO 1 SUBPROCESSO 2 SUBPROCESSO 3
Preparação do
Planejamento das Explotação
local de extração
atividades. (Extração)
do minério.

SUBPROCESSO 3
Extração
ATIVIDADE 1 ATIVIDADE 2 ATIVIDADE 3

Marcação do local onde serão Carregamentos


Instalação do
instalados os explosivos e perfuração (preenchimento)
sistema de
das rochas a serem desmontadas dos furos com
detonação.
por meio de explosivos. os explosivos.

ATIVIDADE 3
Instalação do sistema de detonação

Rodrigo Henrique de Lacerda


TAREFA 1 TAREFA 2 TAREFA 3

Ativação do
Verificação dos
Confirmação módulo de ignição
acessórios de
do local. (detonação
detonação.
das rochas).

Figura 5 -  Representação hierárquica do processo de extração de minério


Fonte: SENAI/MG, 2017.

Viu só!? Existem vários conceitos administrativos que nos ajudam na compreensão do gerenciamento
pela qualidade. No próximo tópico, conheceremos algumas técnicas e ferramentas que contribuem nesse
gerenciamento.

2.2 FERRAMENTAS DA QUALIDADE

Para auxiliar as empresas no gerenciamento da qualidade, alguns métodos e instrumentos são apli-
cados com o objetivo de proporcionar a melhoria contínua, auxiliando o controle dos processos por
meio de análises situacionais. Essas técnicas propiciam, entre outros benefícios, a identificação de um
problema e suas respectivas causas, possibilitando a busca e implantação de soluções capazes de levar
o processo a um fluxo contínuo de melhorias. Essa forma de controle pode ser vista na Figura 6 a seguir.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
24

IDENTIFICAÇÃO
DO PROBLEMA

IDENTIFICAÇÃO
ANÁLISE GERAL 6 2 DAS CAUSAS
DO PROBLEMA

MELHORIA
CONTÍNUA
VERIFICAÇÃO DO ANÁLISE DO
ATENDIMENTO PROBLEMA PARA
5 3
DAS SOLUÇÕES A PROPOSTA DE

Rodrigo Henrique de Lacerda


IMPLANTADAS SOLUÇÕES

IMPLANTAÇÃO
DAS SOLUÇÕES

Figura 6 -  Representação do controle de processos por meio da melhoria contínua


Fonte: SENAI/MG, 2017.

A melhoria contínua está relacionada à manutenção desse ciclo, ou seja, o giro constante de cada eta-
pa. Para ficar mais claro, vamos analisar individualmente cada fase.
A primeira etapa está associada à identificação do problema. Nessa fase, constatamos a existência da
uma situação capaz de comprometer o alcance dos objetivos. Esse momento é muito importante, afinal
não podemos propor soluções para um problema que não sabemos que existe.
Cabe ressaltar que um problema pode ser tanto algo indesejado (retrabalho, desperdício, etc.) como
algo desejado (aumento da produção, diminuição dos custos, entre outros).
A segunda etapa tem por finalidade a identificação das causas associadas ao problema. Nessa fase, bus-
cando compreender mais a fundo o problema, um estudo criterioso é realizado.
Na terceira etapa, após analisarmos o problema em toda a sua extensão, soluções são propostas.
Na quarta etapa, é o momento de aplicar as soluções propostas.
Na quita etapa, temos o acompanhamento e a verificação das soluções implementadas. Nessa fase,
buscamos identificar a eficácia das soluções aplicadas.
Ao final, realizamos uma análise geral, sexta etapa, apontando o que foi satisfatório e o que precisa ser
melhorado.
Esse ciclo será reaplicado quantas vezes forem necessárias. Observamos que, em cada reaplicação,
ocorrem aperfeiçoamentos contínuos, ocasionando a melhoria contínua. Vamos conhecer, nos próximos
tópicos, alguns métodos, técnicas e ferramentas capazes de auxiliar o giro do ciclo da melhoria.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ANBT – tem publicada a norma


FIQUE ABNT NBR ISO 9000:2015 Sistemas de gestão1 da qualidade – Fundamentos
ALERTA e Vocabulário, que apresenta conceitos e princípios para organizações que
pretendem implantar um Sistema de Gestão da Qualidade.
2 QUALIDADE
25

2.2.1 BRAINSTORMING
O Brainstorming, que significa tempestade cerebral (tradução), é uma técnica que busca estimular a
criatividade de uma equipe e gerar ideias capazes de solucionar problemas.
A tempestade de ideias, como é popularmente conhecida, é usada para identificar possíveis soluções
de um dado problema ou oportunidades em potencial para a melhoria da qualidade. A técnica é versátil
podendo ser aplicada em muitas situações.
Para obtenção de sucesso na aplicação do Brainstorming, é preciso que não haja críticas, pois esse
tipo de comportamento inibe o pensamento criativo e a geração de ideias. Todas elas são anotadas e,
quando consideradas suficientes, é que serão analisadas uma a uma.
Na Figura 7, confira as etapas para o desenvolvimento do brainstorming e suas descrições.

Etapa 1: INTRODUÇÃO
• Em um grupo de participante, bem acomodados, o mediador deverá apresentar o
objetivo do brainstorming e sua metodologia.
• As pessoas devem se sentir à vontade, sem medo de dizer “bobagens”.
No “brainstorming”, quantidade gera qualidade.
• A sessão começa com a orientação aos participantes sobre as regras do jogo, a
origem e o motivo do problema a ser estudado.

Etapa 2: TEMPESTADE DE IDEIAS


• É interessante disponibilizar um tempo para que os participantes possam
desenvolver algumas ideias.
• Após esse momento, o mediador deverá solicitar aos participantes que
apresentem suas ideias de maneira ordenada.
• O mediador deverá, a todo momento, o surgimento de novas ideias.
• Todas as ideias deverão ser anotadas, preferência, em um quadro ou outro
recurso que permita a pronta leitura de forma visível a todos os participantes.
• A maior quantidade possível de ideias deverá ser apresentada.

Etapa 3: ANÁLISE DAS IDEIAS E SELEÇÃO


• Nesta etapa, os participantes, por meio do consenso, deverão analisar todas
as ideias que foram apresentadas, e selecionar as que efetivamente têm
potencial para atingir o objetivo proposto.
Rodrigo Henrique de Lacerda

Etapa 4: ORDENAÇÃO DAS IDEIAS


• Das ideias selecionadas na etapa anterior, os participantes deverão escolher
as propostas que permanecerão na lista para serem implantadas.
• Essa ferramenta poderá ser reaplicada quantas vezes forem necessárias.

Figura 7 -  Etapas do desenvolvimento do Brainstorming


Fonte: SENAI/MG, 2017.

Vamos a um exemplo: imagine que os veículos de uma empresa mineradora estão apresentando
problemas mecânicos com muita frequência. Uma das formas de identificar as possíveis causas
desse problema seria a aplicação de um brainstorming com os motoristas e os mecânicos. Como esses
profissionais trabalham diretamente com os veículos, eles poderão contribuir significativamente na busca
pela identificação das prováveis causas e propostas de solução para o problema.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
26

@istockphoto.com/monkeybusinessimages
Figura 8 -  Reunião para Brainstorming

2.2.2 FOLHA DE VERIFICAÇÃO


A folha de verificação ou check list consiste em um formulário ou planilha que contém uma lista dos
itens que precisamos verificar, seja em uma produção, uma máquina ou um processo. A folha de verificação
serve como registro e análise de dados obtidos em uma coleta, ou seja, essa ferramenta tem a função de
coletar dados para uma análise estatística.
A ferramenta permite analisar, de forma objetiva, vários elementos pontualmente discriminados no
formulário, permitindo identificar possíveis melhorias e problemas associados ao processo.
A elaboração de uma folha de verificação abrange as seguintes etapas:
1ª ETAPA: Estabelecer o objetivo do desenvolvimento da lista de verificação.
2ª ETAPA: Formular, de forma clara e objetiva, perguntas que, quando respondidas, permitirão identifi-
car a situação de conformidade do item verificado.
3ª ETAPA: Estruturar a lista de verificação em um formulário contendo os elementos necessários, como
o período da coleta de informações responsáveis pela verificação, campos para observações identificadas
durante a verificação e demais informações que julgar necessárias para o registro adequado dos dados.
Constantemente, aplicamos essa técnica em vários momentos do nosso dia de uma forma bem simples.
Um exemplo é quando já estamos prontos para sair de casa para um compromisso. Certamente, você se
pergunta se está levando tudo o que irá precisar, como carteira, documento, dinheiro, chaves e celular.
Isso é o método de verificação. Mas como podemos utilizar essa ferramenta na indústria?
A Folha de Verificação tem inúmeras aplicações em várias áreas da indústria. Na frota de veículos de
uma mineradora, por exemplo, todos os equipamentos, antes de sua utilização, precisam ser verificados,
ou melhor, inspecionados.
Nesse caso, é utilizada uma Folha de Verificação, com todos o itens a serem inspecionados, de modo a
garantir a segurança dos trabalhadores durante a sua utilização .
Na Figura 9, temos, como exemplo, um formulário de Lista de Verificação das não conformidades dos
veículos da Valore Mineração, que foi elaborada a partir da aplicação do Brainstorming com os motoristas
e a equipe de manutenção.
2 QUALIDADE
27

Página 1 de 1
VALORE VALORE MINERAÇÃO
Versão do documento: 01
FORMULÁRIO LISTA DE VERIFICAÇÃO

LISTA DE VERIFICAÇÃO VEICULAR


Objetivo:
Identificar as não conformidades existentes em relação a veículos automotores e adequação das situações irregulares identificadas,
capazes de comprometer a saúde e integridade física dos trabalhadores, atendendo à legislação vigente aplicável.
Número da verificação Data da Verificação Hora da Verificação
01 ___/___/___ :
ITENS DE VERIFICAÇÃO DO VEÍCULO
SITUAÇÃO
ITENS NÃO SE OBSERVAÇÕES
SIM NÃO
APLICA

1 Os faróis e lâmpadas em geral estão funcionando?


2 O veículo possui estepe, chave de roda e triângulo?
3 O alarme de ré funciona adequadamente?
4 Possui extintor?
As lâmpadas indicadoras do painel funcionam
5
adequadamente?
6 O freio de mão funciona adequadamente?
7 O freio funciona adequadamente?
8 O nível de óleo do motor está adequado?
9 Foi identificado algum tipo de vazamento de óleo?
10 Os pneus estão calibrados?
11 O pneu reserva se encontra no veículo e calibrado?
12 O veículo está abastecido?
A luz e o sinal sonoro de ré acoplados ao sistema de câmbio
13
de marchas estão funcionando corretamente?
14 Espelhos retrovisores estão em perfeito estado?
A capacidade e a velocidade máxima de operação estão em
15
placa afixada em local visível?
Possui sinalização por meio de antena telescópica com
16
bandeira?
ASSINATURA DO RESPONSÁVEL PELA
RESPONSÁVEL PELA VERIFICAÇÃO
VERIFICAÇÃO

Figura 9 -  Modelo formulário lista de verificação veicular


Fonte: SENAI/MG, 2017.

Após o preenchimento da lista de verificação, as situações irregulares passam a ser identificadas de for-
ma objetiva e, em seguida, é necessária a proposição de medidas capazes de regularizá-las.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
28

2.2.3 DIAGRAMA DE PARETO


O Diagrama de Pareto é uma ferramenta da qualidade que permite conhecer todos os elementos que
constituem um problema e sua importância em relação ao todo.
Essa ferramenta é apresentada no formato de um gráfico de barras na vertical, em que cada barra
simboliza um elemento ou evento, chamado de causa do problema. A partir da análise de cada causa,
identificamos qual delas apresenta a contribuição mais significativa para a existência do problema.
Todas as causas do problema merecem atenção e, por meio dessa ferramenta, podemos determinar
uma priorização na tomada de decisão, a partir de uma abordagem estatística.
Para facilitar o entendimento dessa ferramenta, vamos a um exemplo. Uma empresa mineradora deseja
diminuir o número de acidentes de trabalho que estão ocorrendo. Para solucionar esse problema, os dados
dos acidentes ocorridos no ano anterior, de acordo com o tipo, foram tabulados, como mostra a Tabela 1
a seguir.

TABULAÇÃO DOS ACIDENTES DO TRABALHO OCORRIDOS NA MINERAÇÃO


TIPOS DE ACIDENTES QUANTIDADE PORCENTAGEM PORCENTAGEM ACUMULADA
Acidente Típico 120 63% 63%
Acidente de Trajeto 50 26% 89%
Doenças Ocupacionais 20 11% 100%
TOTAL 190 100% -
Tabela 1 - Exemplo de tabulação dos acidentes ocorridos em uma mineração
Fonte: SENAI/MG, 2017.

A partir dessa tabela, podemos elaborar o Diagrama de Pareto. Observe a Figura 10.

Acidentes do Trabalho
100%
190 100%
180 89%
170 90%
160
150 80%
140
130 63% 70%
Quantidade de Acidentes

Porcentagem Acumulada

120
110 60%
100
50%
Rodrigo Henrique de Lacerda

90
80 40%
70
60 30%
50
40 20%
30
20 10%
10
0 0%
Acidente Típico Acidente de Trajeto Doenças Ocupacionais

Figura 10 -  Exemplo de Diagrama de Pareto dos acidentes do trabalho ocorridos em uma mineradora
Fonte: SENAI/MG, 2017.

Pela análise do Diagrama de Pareto, verificamos que, de um total de 190 acidentes ocorridos, 120 são
típicos, 50 acidentes são de trajeto e 20 são doenças ocupacionais. Perceba que as barras são dispostas
no diagrama de forma decrescente, ou seja, da maior para a menor frequência. Acima de cada barra
existe, na curva de porcentagem acumulada, um valor que indica o quanto, em porcentagem, a respectiva
causa representa do total do problema. É simples interpretar isso. No exemplo apresentado se atacarmos
os acidentes típicos, eliminaremos 63% do problema, mas se eliminarmos os acidentes de trajetos
solucionaremos 89% do problema.
2 QUALIDADE
29

Essa ferramenta pode ser utilizada para identificar defeitos do produto, identificação de fatores que
aumentam o custo da produção e outras aplicações, conforme necessárias.

2.2.4 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO

Essa ferramenta também é conhecida por Diagrama de Ishikawa ou por Diagrama de Espinha de Peixe,
em virtude de seu formato.
Ela busca encontrar as possíveis causas relacionadas a um problema mediante um levantamento de
hipóteses. Para o seu preenchimento, podemos desenvolver uma sessão de brainstorming, conforme
aprendemos anteriormente.
É importante a participação das pessoas que estão relacionadas com o problema para a aplicação dessa
ferramenta. A principal qualidade do Diagrama Causa e Efeito é sua capacidade de promover a discussão
em grupo, instigando a participação de todos e aproveitando ao máximo o conhecimento de cada pessoa.
Para a montagem do diagrama, é preciso primeiro identificar o problema, efeito. Em seguida identifica-
mos os principais grupos de possíveis causas do problema. Caso esses grupos não estejam bem claros para
toda a equipe, recomendamos a utilização de seis grupos bem abrangentes, conhecidos com os 6Ms. São
eles: a mão de obra, máquina, método, meio ambiente, medidas e materiais.
Em uma sessão de brainstorming, as possíveis causas associadas que contribuem para a existência do
problemas ão pontuadas pelos participantes para cada categoria . Depois de preenchido o diagrama, essas
possíveis causas devem ser analisadas para a proposição de soluções.
Na Figura 11, temos a estrutura básica do Diagrama de Causa e Efeito.

MÃO DE
MÉTODO MÁQUINA
OBRA

CAUSA CAUSA CAUSA

CAUSA CAUSA CAUSA

PROBLEMA
CAUSA CAUSA CAUSA

CAUSA CAUSA CAUSA


Rodrigo Henrique de Lacerda

MEIO
MATERIAIS MEDIDAS
AMBIENTE

Figura 11 -  Estrutura Diagrama de Causa e Efeito


Fonte: Adaptado de CAMPOS, Vicente Falconi.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
30

A Figura 12 apresenta um Diagrama de Causa e Efeito elaborado para reconhecer os elementos que
ocasionaram prejuízos em um determinado processo de produção.

MÃO DE
MÉTODO MÁQUINA
OBRA

Quantidade
Execução rápida insuficiente de Falta de
da atividade maquinário. Treinamento

Jornada de trabalho Ausência de


incompatível com a programa de Excesso de
carga de trabalho manutenção atividade

PREJUÍZOS NA
PRODUÇÃO
Matéria-prima Falta de Ausência de
fora dos padrões máquina tratamento de
de qualidade dosadora água e esgoto

Falta de Ausência de
Embalagens
calibração programa de
com dimensões
reaproveitamento
inadequadas

Rodrigo Henrique de Lacerda


dos recursos

MEIO
MATERIAIS MEDIDAS
AMBIENTE

Figura 12 -  Diagrama de Causa e Efeito preenchido


Fonte: Adaptado de CAMPOS, Vicente Falconi.

2.2.5 PROGRAMA 5S

Você já se deparou com seu quarto desorganizado ou precisou arrumar sua casa. Nossas atitudes diárias
podem contribuir para um ambiente organizado e limpo! O Programa 5S proporciona uma mudança nas
atitudes diárias das pessoas, possibilitando melhorias na forma de pensar e também de se organizar.
Essa é uma ferramenta japonesa e o termo 5S foi gerado a partir das cinco palavras que norteiam o pro-
grama, são elas: SEIRI, SEITON, SEISO, SEIKETSU e SHITSUKE.
Cada palavra tem um significado e um propósito muito importante para o objetivo do programa, repre-
sentando, cada uma, uma etapa do programa 5S. Vamos conhecê-las?
A primeira etapa é representada pela palavra SEIRI, que significa ARRUMAÇÃO. Esse é o senso de utili-
zação dos objetos ou seleção, conforme a sua utilidade. Devemos identificar o que realmente é necessário
para o trabalho e o que não é, para depois disponibilizá-lo para atividades em que será utilizado.
SEITON, cuja tradução é ORDENAÇÃO - nesta etapa do programa, devemos classificar todos os objetos
que estão nos postos de trabalho, conforme o seu nível de utilização da seguinte maneira:
• O que é utilizado com frequência, isto é, a toda hora, deverá ficar disponível e ser de fácil acesso no
local de trabalho.
2 QUALIDADE
31

• O que é usado todo o dia, mas não a toda hora, deverá ficar próximo ao local de trabalho.
• O que é usado apenas uma vez na semana, certamente não possui a necessidade de ficar próximo ao
posto de trabalho, talvez em um depósito, almoxarifado ou em um armário de uso compartilhado.
Com a aplicação das duas primeiras fases do 5S, obteremos um local de trabalho organizado, facilitando
a procura dos materiais, evitando retrabalho e perda desnecessária de tempo.
Por meio das orientações descritas na Figura 13, podemos realizar uma melhor organização dos objetos,
em função da quantidade de vezes em que são utilizados no trabalho.

SEITON: Senso de Ordenação

TIPO DE UTILIZAÇÃO DO OBJETO O QUE FAZER?

Uso do objeto a toda hora. Colocar no posto de trabalho de forma


que fique acessível.

Usado todo dia, mas não a


Colocar próximo ao posto de trabalho.
toda hora.

Rodrigo Henrique de Lacerda


Usado apenas uma vez na semana. Colocar em um depósito, almoxarife ou
armário de uso compartilhado.

Não é utilizado. Disponibilizar para doação ou


descarte.

Figura 13 -  Processo de implantação SEIRI


Fonte: SENAI/MG, 2017.

O terceiro passo é o SEISO, que significa LIMPEZA. Após a arrumação e a ordenação do local de trabalho,
precisamos manter o ambiente limpo, identificando as práticas que causam sujeira e cuidando da boa con-
servação dos equipamentos. Assim, teremos um ambiente de trabalho sempre limpo!
A etapa SEIKETSU é representada pelos sensos de saúde, asseio e padronização. Ela é muito importante,
pois auxilia na manutenção e melhoria contínua dos passos anteriores. Se não houver uma continuidade
da implantação dessas ações, iremos retroceder. Precisamos manter a implantação das etapas já desenvol-
vidas nos ambientes de trabalho. Cada etapa auxilia na mudança de comportamento das pessoas envol-
vidas, em relação aos cuidados com a saúde e higiene pessoal, pois estão convivendo em um local limpo,
organizado e agradável.
A última etapa é o SHITSUKE, o senso da autodisciplina. Nela as pessoas envolvidas assumem um com-
promisso de manter funcionando todas as etapas do programa.
Na Figura 14, temos as cinco etapas do Programa 5S e suas definições.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
32

SEIRI
ARRUMAÇÃO ORGANIZAÇÃO
SELEÇÃO UTILIZAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO
SEITON ORDENAÇÃO

Programa

5S SEISO LIMPEZA

Rodrigo Henrique de Lacerda


PADRONIZAÇÃO
SEIKETSU ASSEIO SAÚDE

AUTODISCIPLINA
SHITSUKE COMPROMISSO

Figura 14 -  Programa 5S
Fonte: SENAI/MG, 2017.

O Programa 5S tem por objetivo proporcionar ao ambiente de trabalho melhorias na organização, nos
aspectos de limpeza, nas relações entre os trabalhadores, diminuição de retrabalho, maior segurança e va-
lorização do trabalhador. O sucesso desse programa depende do envolvimento e da participação de todos.

2.2.6 GRÁFICOS DE CONTROLE


A ferramenta de Gráficos de Controle monitora as características da produção, fazendo com que o proces-
so seja conduzido da melhor maneira possível, sem prejuízos, interrupções, retrabalho e outros fatores que,
identificados, possam comprometer a linha de produção, melhor dizendo, é uma ferramenta capaz de iden-
tificar se tudo está ocorrendo conforme foi planejado, permitindo detectar as irregularidades do processo.
Vamos conhecer um exemplo da aplicação dessa ferramenta?
Imagine que, para uma boa produtividade em uma mineração de ouro, periodicamente, o material
extraído é encaminhado ao laboratório de análise, para a verificação da quantidade do teor1 de ouro.
Para isso, é feito um controle desses valores, por meio de registros dos montantes extraídos. No caso dessa
mineração, foram feitas análises das amostras de duas frentes de lavra denominadas Lagoinha e Colmeia,
conforme a Figura 15.

TEOR DE OURO DO MATERIAL TEOR DE OURO DO MATERIAL


EXTRAÍDO LAVRA COLMEIA EXTRAÍDO LAVRA LAGOINHA

IDENTIFICAÇÃO TEOR DE OURO IDENTIFICAÇÃO TEOR DE OURO


DA AMOSTRA NO MINÉRIO DA AMOSTRA NO MINÉRIO
EXTRAÍDO (ppm) EXTRAÍDO (ppm)

1 2,54 1 1,48

2 1,81 2 1,53

3 2,39 3 1,20
Rodrigo Henrique de Lacerda

4 2,29 4 1,10

5 1,87 5 1,95

6 1,10 6 0,95

7 2,70 7 1,30

Figura 15 -  Registros das amostras das Lavras Colmeia e Lagoinha


Fonte: SENAI/MG, 2017.

1 Teor: a proporção de uma substância determinada.


2 QUALIDADE
33

Nessa mineração, foram realizados estudos sobre a logística do processo de extração e, para uma boa
rentabilidade, foi definido o valor mínimo da concentração de ouro de 1,80 ppm (partes por milhão).
Desses registros, podemos desenvolver gráficos de controle para analisarmos se o processo de extração
está sendo rentável e também verificar qual das duas frentes de lavra está atendendo às especificações do
planejamento quanto ao aproveitamento.
Nas Figuras 16, 17 e 18, conseguiremos interpretar mais facilmente essas informações se compararmos
a apresentação dos dados das amostras em relação apenas às tabelas. Neles, foram sinalizados os limites
de controle da produção, como: o Limite Superior de Controle – LSC – que é entendido como a maior con-
centração de ouro, o Valor de Referência – VR – que consiste no valor de concentração do ouro acima do
qual o processo de extração apresentará excelente lucratividade, conforme estudos e análise desenvolvi-
dos, referentes ao processo de extração nesta mineração; e o Limite Inferior de Controle – LIC – no qual as
concentrações de ouro abaixo desse valor não são consideradas aceitáveis para a realização do processo
de extração, proporcionando mais gastos do que lucro efetivamente.
A seguir, veremos o gráfico do teor de ouro da lavra Colmeia. Nele identificamos que, do total das sete
amostras, uma possui concentração de ouro abaixo do Limite Inferior de Controle e as demais estão acima
do Valor de Referência. Após a análise, percebemos que é uma lavra lucrativa em relação ao teor de ouro.

TEOR DE OURO DA LAVRA COLMEIA


2,7
2,8
2,54
2,6
Concentração de Au em ppm

2,39
2,29
2,4 LSC
2,2
2 1,81 1,87
1,8
1,6
VR
1,4
1,2 LIC
1
1,1
0,8
Rodrigo Henrique de Lacerda

1 2 3 4 5 6 7
AMOSTRAS LAVRA COLMEIA

LSC Limite Superior de Controle


VR Valor de Referência
LIC Limite Inferior de Controle

Figura 16 -  Gráfico de Controle das Amostras da Lavra Colmeia


Fonte: SENAI/MG, 2017.

O próximo gráfico representa o teor de ouro da lavra Lagoinha que, se comparada à Lavra Colmeia, não
consiste em uma lavra tão lucrativa, com valores apenas em uma das sete amostras com teor acima do
Valor de Referência.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
34

TEOR DE OURO DA LAVRA LAGOINHA


2,8
Concentração de Au em ppm4

2,6
2,4 LSC
2,2
1,95
2
1,8
1,6
VR
1,3
1,4 1,48 1,53
1,2 LIC
1 1,2
1,1 0,95
0,8

Rodrigo Henrique de Lacerda


1 2 3 4 5 6 7
AMOSTRAS LAVRA LAGOINHA

LSC Limite Superior de Controle


VR Valor de Referência
LIC Limite Inferior de Controle

Figura 17 -  Gráfico de Controle das Amostras da Lavra Lagoinha


Fonte: SENAI/MG, 2017. 2

Para facilitar um pouco mais a análise comparativa das lavras, temos a opção de representar todos esses
dados em um único gráfico de controle. Observe a Figura 18.

TEOR DE OURO DO MATERIAL EXTRAÍDO


2,7
2,8
2,54
2,6
Concentração de Au em ppm

2,39
2,29
2,4
LSC
2,2 1,95
2 1,81
1,87
1,8
1,6 1,48 1,53 VR
1,3
1,4 1,2 1,1
1,1
1,2 LIC
1
0,8 0,95
Rodrigo Henrique de Lacerda

1 2 3 4 5 6 7
AMOSTRAS

LSC Limite Superior de Controle


VR Valor de Referência
LIC Limite Inferior de Controle

Figura 18 -  Gráfico de Controle de Amostras das Lavras Colmeia e Lagoinha


Fonte: SENAI/MG, 2017.

Os gráficos de controle são muito úteis e aplicáveis a várias situações relacionadas à análise de dados.

2 ppm: partes por milhão.


2 QUALIDADE
35

2.2.7. MÉTODO 5W2H


O Plano de Ação é um instrumento muito útil na mineração, pois proporciona o melhor planejamento
e implantação de ações para o atendimento a algum objetivo geral proposto a ser alcançado, por meio
de respostas a sete perguntas básicas: O QUÊ? QUEM? QUANDO? COMO? ONDE? POR QUÊ? e QUANTO?.
O nome dessa ferramenta é 5W2H pelo fato das sete iniciais dessas perguntas em inglês serem cinco ini-
ciadas com a letra “W” e duas com a letra “H”. São elas: What? (O quê?), When? (Quando?), Who? (Quem?),
Where? (Onde?), Why? (Por quê?), How? (Como?) e How much? (Quanto custa?), conforme podemos ver nas
Figuras 19 e 20.

What? (O quê?)

When? (Quando?)

Who? (Quem?)

5W2H Where? (Onde?)

Rodrigo Henrique de Lacerda


Why? (Por quê?)

How? (Como?)

How much? (Quanto custa?)


Figura 19 -  Elementos do Método 5W2H
Fonte: SENAI/MG, 2017.

O QUÊ?
● Devem ser descritas quantas ações forem necessárias para alcançar os objetivos
pretendidos. Em cada linha da tabela, deve haver apenas uma ação. As demais
colunas pertencentes a esta linha serão preenchidas de forma relacionada a ela.

QUEM?
● Definição da pessoa responsável por desenvolver a ação descrita.

QUANDO?
● Determinação da data ou período de desenvolvimento da ação descrita.

COMO?
● Descrição da metodologia de desenvolvimento da ação, como será realizada.

ONDE?
● Descrição do local de desenvolvimento da ação descrita.
Rodrigo Henrique de Lacerda

POR QUÊ?
● Justificativa da necessidade da ação descrita para o alcance do objetivo.

QUANTO?
● Custo estimado da ação descrita.

Figura 20 -  Perguntas método 5W2H


Fonte: SENAI/MG, 2017.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
36

No Quadro 1, temos uma demonstração da representação do Plano de Ação.

O QUÊ? QUEM? QUANDO? COMO? ONDE? POR QUÊ? QUANTO?


Data ou
Descrição Responsável por Metodologia de Local de Justificativa da Custo
período de
1 da ação a ser desenvolver a desenvolvimento desenvolvimento necessidade da estimado da
desenvolvimento
desenvolvida. ação. da ação. da ação. ação. ação.
da ação.
2
3
Quadro 1 - Modelo da estrutura do Método 5W2H
Fonte: SENAI/MG, 2017.

No Quadro 2, vamos conhecer um Plano de Ação devidamente preenchido para a organização de um


churrasco entre amigos.

O QUÊ? QUEM? QUANDO? COMO? ONDE? POR QUÊ? QUANTO?


Por uma lista de compras,
Comprar as Sábado descrevendo os tipos de Para servir carnes
1 João Açougue do André. R$ 600,00
Carnes. 06/08/2016 aos convidados.
carnes e as quantidades.

Por meio de uma lista de


Para servir
Comprar as Sexta-feira compras, descrevendo Distribuidora de
2 Júlia bebidas aos R$ 400,00
bebidas. 05/08/2016 os tipos de bebidas e as bebidas Drinks.
convidados.
quantidades.
Fazer o Pelo cálculo de consumo Para definir o
orçamento do Segunda- feira de alimentos e bebidas valor que cada
3 Matheus Casa do Matheus. Sem custo.
churrasco para 01/08/2016 por pessoa e recursos convidado
40 pessoas. necessários deverá contribuir.
Sexta-feira Usando uma lista Para servir as
Comprar os contendo a descrição dos Loja de produtos bebidas e os
4 Cássia 05/08/2016 R$ 200,00
descartáveis. descartáveis necessários e descartáveis. alimentos aos
suas quantidades. convidados.
Usando o cálculo de Para definir o
Temperar os
Sábado consumo de alimentos valor com que
5 cortes das Joaquim Local do churrasco. Sem custo.
06/08/2016 e bebidas por pessoa e cada convidado
carnes.
recursos necessários deverá contribuir.
Preparar os Por meio do cálculo de Para definir o
cortes das Domingo consumo de alimentos valor com que
6 Joaquim Local do churrasco. Sem custo.
carnes no 07/08/2016 e bebidas por pessoa e cada convidado
espeto. recursos necessários deverá contribuir.
Por meio do cálculo de Para definir o
Assar as Domingo consumo de alimentos valor com que
7 carnes na Joaquim Local do churrasco. Sem custo.
07/08/2016 e bebidas por pessoa e cada convidado
churrasqueira.
recursos necessários deverá contribuir.
Segunda- feira Por meio do cálculo de Para definir o
Receber o 02/08/2016 consumo de alimentos valor que cada
8 dinheiro dos Matheus e bebidas por pessoa e Casa do Matheus. Sem custo.
A 04/08/2016 convidado
convidados.
recursos necessários deverá contribuir.
Quinta - feira
Cássia, Em uma reunião,
Definir o local
Matheus, Segunda- feira analisando um local que
9 da realização Casa do Matheus. Para Sem custo.
André e 1º/08/2016 comporte o número de
do churrasco.
Júlia convidados.

Quadro 2 - Plano de Ação da organização de um churrasco conforme o método 5W2H


Fonte: SENAI/MG, 2017.
2 QUALIDADE
37

CASOS E RELATOS

Buscando qualidade
Atuando há mais de uma década no setor de extração e beneficiamento de minério, a empresa
CalMais, localizada no sul do país, é especializada na fabricação de cal, calcário e argamassa. Líder
de mercado do seu segmento, a empresa apresenta como principais clientes as siderúrgicas e a
construção civil.
No último mês, um problema foi identificado nas auditorias internas realizadas na empresa.
No setor do almoxarifado, foram encontradas não conformidades nas etapas de requisição,
compra e recebimento de materiais.
Materiais recebidos sem entrada no sistema, recebimento de material errado, conferência
ineficiente e divergências nos valores da nota fiscal e de cotação foram os desvios encontrados.
A etapa de requisição tem início com a identificação da falta dos materiais que impactam no
funcionamento rotineiro da empresa, envio de solicitação de compra para avaliação e aprovação
técnica, conferência da disponibilidade do material solicitado no estoque, se sim – reserva,
conferência e entrega, se não – solicitação de cotação, aprovação e aguardo de entrega.
Ao chegar, o material é conferido, aprovado e direcionado para o setor solicitante.
Para solucionar o problema, uma equipe da CalMais acompanhou todas as etapas do processo
durante duas semanas e, por meio de folhas de verificação, os dados foram coletados e agrupados
de acordo com suas características comuns.
Com os dados coletados, um gráfico de Pareto foi elaborado com o objetivo de identificar as
não conformidades que mais impactam o setor. A análise comprovou que 78% do problema
estava associado às seguintes não conformidades: materiais recebidos sem entrada no sistema e
conferência ineficiente. Dessa forma, a prioridade foi eliminar essas duas causas.
Em seguida, para analisar as duas não conformidades identificadas como vitais um diagrama de
causa e efeito foi elaborado. Os resultados serviram de base para criação de um plano de ação.
A equipe de qualidade desenvolveu também um gráfico de controle, que apresentou pontos fora
do limite superior de controle. Esses pontos foram analisados e, por meio de uma ação específica,
eliminados.
O resultado final de todo esse trabalho foi a melhoria da eficácia e eficiência do processo de
solicitação e compra de materiais, diminuindo as perdas e melhorando a confiabilidade do
sistema.
Melhorar continuamente seu processo é tarefa diária da CalMais.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
38

RECAPITULANDO

Neste capítulo, estudamos a importância da qualidade e alguns conceitos relacionados a ela,


como sistema, subsistema, processos, tarefas, cliente interno e cliente externo.
Conhecemos também algumas ferramentas da qualidade, como o Brainstorming, a Folha de
Verificação, o Gráfico de Pareto, o Diagrama de Causa e Efeito, o Programa 5S, o Gráfico de Controle
e o Plano de Ação Método 5W2H e suas aplicabilidades.
A qualidade está inserida na realidade das indústrias como um fator estratégico para que possam
alcançar seus objetivos. Assim, é muito importante aprendermos esses conceitos e desenvolver a
cultura da qualidade em nossas atividades profissionais.
Meio Ambiente

Neste capítulo, abordaremos a temática da gestão ambiental e suas especificidades. Portan-


to, você terá a oportunidade de conhecer ou aprimorar seus conceitos referentes a esse tema
tão importante para a mineração.
Ainda hoje existem muitas pessoas que acreditam na ideia de que a natureza é capaz de re-
por os recursos naturais e que os seres humanos não precisam se preocupar com a degradação
ambiental.
Na verdade, demoramos muito para a que a preocupação ambiental fizesse parte da nossa
vida. Foi só na década de 1960 que questões, como degradação ambiental e poluição, começa-
ram a ser discutidas de forma mais efetiva.
No entanto, devemos entender que desenvolvimento econômico e social é de extrema
importância, todavia é necessário que haja um equilíbrio entre as prioridades de produção,
habitação, alimentação, dentre outras e a preservação ambiental. Por essa razão, devemos nos
preocupar com o uso racional dos recursos, atendendo as necessidades da população atual
sem prejudicar as populações futuras.
Na mineração, o equilíbrio entre a extração e preservação ambiental é um grande desafio,
logo as empresas do setor mineral buscam incansavelmente mecanismos menos agressivos de
exploração e estratégias adequadas para reutilização e descarte de resíduos.
A gestão ambiental empresarial consiste na implantação de ações que permitirão à empre-
sa alcançar seus objetivos ambientais com eficiência e eficácia.
Para o sucesso da gestão ambiental, uma mineradora deve demonstrar a valorização do
meio ambiente, por meio de ações que utilizam de forma racional a matéria-prima, priorizam
o emprego de produtos que possam ser reciclados, tenham relações comerciais com empresas
que defendem a responsabilidade social e ambiental, e continuamente desenvolvam melho-
rias que protejam a flora e a fauna.
Ao final deste capítulo, você compreenderá a importância da gestão ambiental, o papel
de alguns órgãos ambientais, o conceito de sustentabilidade, as ferramentas utilizadas para a
gestão de resíduos na mineração e a proteção ao meio ambiente.
Ficou curioso para conhecer as questões ambientais associadas à mineração? Então, siga
em frente!
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
42

3.1 GESTÃO AMBIENTAL

Gestão significa gerenciamento, administração. Porém, a gestão, como uma ciência, surgiu após a
Revolução Industrial, quando alguns profissionais decidiram buscar soluções para problemas que até
então não existiam. Foram criados métodos científicos, para administrar os negócios da época, o que deu
início à ciência da administração, com a aplicação de modelos e técnicas administrativas.
A partir da década de 1960, com a intensificação da preocupação de cientistas e de organizações não
governamentais com a poluição ambiental e a degradação dos recursos naturais, as grandes organizações
se depararam com a necessidade de rever seus métodos de produção. Com o passar dos anos, as exigên-
cias ambientais se tornaram cada vez mais rigorosas. Como se isso não bastasse, muitos países passaram a
condicionar os produtos importados a selos de conformidade ambiental.
Diante desse fato, surge uma nova modalidade de gestão, a Gestão Ambiental! De maneira objetiva, po-
demos descrever gestão ambiental como um conjunto de ações, procedimentos e ferramentas utilizadas
para melhorar os processos de trabalho, com o intuito de minimizar a incidência de impactos ambientais
negativos. Atualmente, a gestão ambiental é classificada em: gestão ambiental pública e gestão ambiental
empresarial.
A gestão ambiental pública tem o papel de criar leis que determinem as regras para o uso do meio
ambiente e estabelecer limites em relação à exploração e utilização dos recursos naturais. Também cabe à
gestão pública licenciar e fiscalizar as empresas, por meio da criação e manutenção de órgãos ambientais.
A Figura 21 apresenta alguns desses órgãos. Veja!

ESFERA FEDERAL ESFERA ESTADUAL ESFERA MUNICIPAL

MMA - Ministério do Meio Ambiente SEMA - Secretaria Estadual do Meio SMMA - Secretaria Municipal de Meio
Ambiente Ambiente
ANA - Agência Nacional das Águas
CERH - Conselho Estadual de Recursos
Hídricos
CONAMA - Conselho Nacional do Meio
Ambiente

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio


Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis

Figura 21 -  Órgãos ambientais brasileiros


Fonte: SENAI/MG, 2017.
3 MEIO AMBIENTE
43

SAIBA Para conhecer um pouco mais sobre os órgãos ambientais brasileiros, acesse o site
MAIS do Ministério do Meio Ambiente: www.mma.gov.br

Já a gestão ambiental empresarial tem seu espaço limitado à organização e está relacionada às
estratégias que as empresas irão desenvolver para tornar o seu processo de produção mais limpa e ao
cumprimento da legislação ambiental vigente.
Dentre os principais objetivos de um sistema de gestão ambiental se destacam:
• Treinamento de funcionários;
• Uso de recursos naturais de forma racional;
• Adoção de sistemas de reciclagem de resíduos sólidos;
• Tratamento e reutilização da água e outros recursos naturais dentro do processo produtivo;
• Elaboração de programas de conscientização ambiental dentro e fora da empresa;
• Utilização de materiais e produtos que agridam o mínimo possível o meio ambiente.
Atualmente, para que as empresas consigam melhorar a sua performance ambiental e consequente-
mente alcançar os resultados ambientais exigidos pelas legislações ambientais vigentes e pela sociedade,
faz-se primordial a implantação de sistemas de gestão ambientais customizados para o segmento da em-
presa em questão. Na mineração, a implantação desse tipo de gestão é de extrema importância para que a
empresa se mantenha em operação.

3.2 SUSTENTABILIDADE

A palavra sustentabilidade vem do termo “sustentável”, que, por sua vez, deriva do latim “sustentare”,
que significa sustentar, defender, favorecer, apoiar, conservar e/ou cuidar. Nos últimos anos, ela tem sido
associada a diversos segmentos. Mas e você, já ouviu essa palavra? Sabe o que ela significa? Bem, neste
capítulo, iremos abordar esse tema, portanto convido você a embarcar comigo nessa jornada.
O conceito de sustentabilidade associado à questão ambiental apareceu de forma mais expressiva na
I Conferência Mundial entre o Homem e o Meio Ambiente, realizada pela ONU – Organização das Nações
Unidas, em 1972, em Estocolmo na Suécia, onde diversos assuntos relacionados a problemática ambiental
foram discutidos, dentre eles, podemos destacar a preocupação com a prevenção à poluição e com a re-
dução da emissão dos gases de efeito estufa. Por esse motivo, o termo sustentabilidade foi definido como
conjunto de estratégias para prevenção à degradação ambiental e à poluição.
Mais tarde, na conferência realizada pela ONU – Organização das Nações Unidas, em 1922, na cidade do
Rio de Janeiro, o termo sustentabilidade foi substituído por desenvolvimento sustentável, que proporcio-
nou uma maior abrangência do tema.
O desenvolvimento sustentável consiste em um processo que busca continuamente atender às neces-
sidades da geração atual, sem prejudicar o atendimento às necessidades das gerações futuras e também a
novas exigências quanto aos recursos naturais, que são limitados.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
44

Pensando no conceito de desenvolvimento sustentável, o sociólogo e consultor britânico John Elkington


formulou a ideia do Triple Bottom Line, também conhecido como tripé da sustentabilidade. Esse tripé
é baseado em três esferas que devem ser observadas e cuidadas pelas organizações, são elas: pessoas,
planeta e lucro. De acordo com John Elkington, para ser sustentável, uma empresa ou negócio deve ser
financeiramente viável, socialmente justo e ambientalmente responsável.
Esse conceito reforça a máxima de que uma empresa só conseguirá manter as suas operações em pleno
funcionamento se adotar estratégias que viabilizem de forma eficiente e eficaz a sua performance social,
ambiental e econômica. Observe a Figura 22.

“Profit”
Lucratividade

Sustentabilidade

“People”
“Planet”
Desenvolvimento
Gestão Ambiental
Social

Figura 22 -  Tripé da Sustentabilidade


Fonte: SENAI/MG, 2017.

Na mineração, a preocupação em relação à sustentabilidade dos processos deve ser constante, portan-
to as empresas desse seguimento devem se atentar para métodos de extração e produção que viabilizem
o atingimento das metas de lucro, sem se descuidar do contexto social e ambiental.
O desenvolvimento sustentável exige maior responsabilidade das empresas forçando-as a estabelece-
rem um processo produtivo mais limpo, melhorias na cultura ambiental, uma postura de responsabilidade
ambiental e também a ecoeficiência3 da produção.
Para a mineração, essa responsabilidade tem início no planejamento do processo de extração mineral,
percorrendo todas as etapas pertencentes ao processo até as ações do encerramento de suas atividades.
Para iniciar sua atividade, uma indústria, seja ela da extração mineral ou de outro setor, precisa do li-
cenciamento ambiental, que compete ao órgão ambiental responsável, que habilita o desenvolvimento de
atividades, como exploração e operação ou outras ações exploradoras de recursos ambientais.
O licenciamento ambiental ocorre em três etapas, cada uma delas respeitando os estágios das ativida-
des da mineração ou de qualquer outro empreendimento. São elas:
1. Licença prévia;
2. Licença de instalação;
3. Licença de operação.

3 Ecoefciência: consiste em uma maior produtividade com a maior eficiência, atentando-se para o emprego da menor quantidade de
recursos e menor geração possível de resíduos.
3 MEIO AMBIENTE
45

A Licença Prévia é solicitada ao órgão ambiental responsável, seja em esfera estadual ou federal, seja etapa
de planejamento e viabilidade da extração, ou em qualquer alteração do empreendimento da mineração,
aprovando a localização do projeto e suas implantações tecnológicas em relação aos aspectos ambientais.
No ato de solicitação da licença prévia, a empresa mineradora deve apresentar os estudos ambientais
necessários e o Relatório de Impacto Ambiental ao órgão ambiental licenciador do empreendimento.
A Licença de Instalação autoriza a instalação da mineração e da atividade mineradora, como o
desenvolvimento da mina, a instalação do complexo mineiro e a implantação dos projetos de controle
ambiental.
Essa licença é solicitada após a emissão da Licença Prévia em conjunto com os programas ambientais e
projetos sobre as atividades da mineração. Na solicitação da Licença de Instalação, a empresa mineradora
deve apresentar o Plano de Controle Ambiental - PCA, bem como as ações que serão adotadas para a
minimização dos impactos ambientais sinalizados e analisados na fase da Licença Prévia.
A Licença de Operação autoriza o início das operações das atividades de mineração, como a lavra e
o beneficiamento, após a constatação do atendimento aos itens presentes nas licenças anteriores e
exigências estipuladas pelo órgão ambiental responsável pelo processo de licenciamento.

Todo o empreendimento minerário deve obedecer às diretrizes estabelecidas na


FIQUE RESOLUÇÃO Nº 09 de 06 de dezembro de 1990, do Conselho Nacional de Meio
ALERTA Ambiente – CONAMA, sobre Licenciamento Ambiental.

Essas licenças são emitidas separadamente ou em sequência, respeitando as características e as etapas


da atividade extrativa. Assim, elas devem ser solicitadas de acordo com a etapa das atividades da mineração.
Na Figura 23, você visualizará as etapas da atividade mineradora associadas às etapas do licenciamento
ambiental.

LICENÇA PRÉVIA
PESQUISA
(PLANEJAMENTO) Estudo de Impacto Ambiental;
Relatório de Impacto Ambiental.

LICENÇA DE Etapas do
IMPLANTAÇÃO INSTALAÇÃO LICENCIAMENTO
Plano de Controle Ambiental AMBIENTAL
Etapas das
atividades da
MINERAÇÃO
LICENÇA DE
OPERAÇÃO
OPERAÇÃO
Rodrigo Henrique de Lacerda

FECHAMENTO PLANO DE
(DESATIVAÇÃO) FECHAMENTO DE
MINA

Figura 23 -  Representação das etapas do licenciamento ambiental com as atividades da mineração


Fonte: SENAI/MG, 2017.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
46

É importante ressaltar que, em se tratando de empresas do ramo da mineração, a preocupação em re-


lação às questões ambientais não se encerra com as operações de uma determinada mina. Pelo contrário,
de acordo com a legislação ambiental vigente, as mineradoras devem elaborar um plano de fechamento
de mina.
A elaboração desse plano é considerada a última fase do projeto de mineração e deve estar em con-
formidade com o projeto de lavra, tendo seus aspectos financeiros previstos desde o início do empreendi-
mento. Nele, a empresa mineradora deverá apresentar estratégias para uso da área por ela impactada, bem
como as ações de desativação da mina, ações de manutenção e monitoramento da área, planejamento
de ações para uso futuro da área explorada, cuidados que podem abranger um período determinado ou
podem ser até mesmo permanentes para a área, desenvolvimento de programas ambientais e programas
sociais que atendam aos objetivos do fechamento da mina.
O Plano de Fechamento de Mina oficializa de forma documentada os objetivos firmados pela empresa
que podem contribuir para o legado positivo e os benefícios que o empreendimento minerário trará para
a comunidade.
Na Figura 24, temos a representação das etapas da vida útil de uma mina e suas principais características,
contemplando as ações após a exploração mineral.

ESTUDO DE Compreende os estudos de viabilidade técnica, econômica e socioambiental, já contemplando


VIABILIDADE o Plano de Fechamento de Mina.
Etapas da vida útil de uma mina

IMPLANTAÇÃO Etapa que representa as atividades de implantação da infraestrutura necessária da mina.

OPERAÇÃO Compreende todas as atividades produtivas da mineração.

Etapa que tem início antes do término das atividades produtivas e termina com a remoção de todas as
DESATIVAÇÃO instalações que já não são mais necessárias e inclui a implantação de medidas de segurança e estabilidade,
assim como ações de recuperação ambiental e social.

Implantação das ações de desativação da mina, incluindo ações de manutenção, monitoramentos, cuidados
PÓS-
Rodrigo Henrique de Lacerda

FECHAMENTO que podem ser por um período determinado ou até mesmo permanentes, desenvolvimento de programas
ambientais e programas sociais que atendam aos objetivos do fechamento da mina.

Desenvolvimento das ações planejadas que podem levado em consideração a conservação e valorização dos
OUTRA ATIVIDADE / instalações, em paralelo com as questões sociais e ambientais, incluindo a recolocação de trabalhadores no
OUTRO USO
mercado de trabalhado, exploração turística e de lazer das áreas, da além preservação ambiental.

Figura 24 -  Etapas da vida útil de uma mina


Fonte: Adaptado do Guia para o planejamento do fechamento de mina.

Os princípios orientadores para estabelecer os objetivos de um plano de fechamento de mina são:


• Proteção ao meio ambiente, segurança e saúde da população, garantindo o equilíbrio físico da área;
• Compromisso de recuperar as áreas exploradas, que sofreram impactos ambientais, proporcionando
a utilização futura, que atenda à sociedade local e regional;
3 MEIO AMBIENTE
47

• Atingir a etapa de pós-fechamento da mina, proporcionando um olhar benéfico e duradouro da mis-


são da atividade extrativa para a comunidade anfitriã, propondo melhorias sociais e econômicas, pois
o encerramento das atividades produtivas da mina acaba comprometendo esses aspectos.
Para que as áreas exploradas possam ser usadas novamente, são empregados processos e recursos que
possam torná-las aptas para novas atividades e, ainda, o Plano de Recuperação de Área Degradada – PRAD.
Como você pode perceber, as empresas mineradoras devem se atentar para requisitos ambientais le-
gais aplicáveis a suas atividades produtivas, a fim de evitar multas, problemas judiciais e garantir um equi-
líbrio entre a mineração e o meio ambiente.

O Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM – publicou o Guia para planejamento do


SAIBA fechamento de mina (Brasília, 2014), que possui conteúdo enriquecido sobre a etapa
MAIS de fechamento de uma mineração. O guia está disponível para consulta no site
www.ibram.org.br.

CASOS E RELATOS

A história de uma Mina


A mina subterrânea VALORE, localizada em Minas Gerais, permaneceu em efetivo funcionamento
por 120 anos, extraindo mais de 20 milhões de toneladas de minério de ouro, com um teor médio
de 6g Au/t (seis gramas de ouro por tonelada), encerrando suas atividades no ano 2000.
A sua histórica jornada de atividade extrativa mineral está em evidência para a sociedade conhecê-la
por meio de visitas a suas antigas edificações da superfície e também nas antigas instalações
subterrâneas.
A mina foi planejada já levando em consideração a valorização e preservação de seu patrimônio
natural e histórico. Um dos elementos do projeto é um museu de preservação da história da mina,
reutilizando uma das instalações da superfície, aberto à visitação, onde estão expostos antigos
objetos, como lanternas dos mineiros, dados quantitativos da extração, imagens registrando a
história da mina e momentos marcantes ao longo de sua vida útil.
Outros edifícios de propriedade da mina, localizados na área central do município, que
anteriormente eram utilizados pelos gestores e pelos setores administrativos, possuem
características arquitetônicas do barroco mineiro. Eles foram incluídos no programa de
conservação de edifícios da empresa responsável pela mina e doados posteriormente ao
município para urbanização e exploração turística.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
48

No programa de uso futuro da área onde foi realizada exploração mineral, incluiu-se a recuperação
ambiental da flora, abrangendo mais de 40 hectares (aproximadamente 40 campos de futebol,
onde cada um possui 11000 m²) e a preservação da fauna.
Para isso, foi criado e mantido um centro de preservação pela mina, com o plantio de cultivo de
espécies características da fauna e flora da região por biólogos e veterinários, para inserção da
área restaurada após o encerramento das atividades de exploração.
Além disso, a área recuperada é utilizada em atividades de ecoturismo, e os visitantes podem fazer
trilhas, ter um momento de proximidade com a natureza, conhecer algumas espécies de animais,
praticar atividades educacionais e de lazer em um meio natural, recuperado e agora preservado.
Essas ações foram desenvolvidas com base nos objetivos estabelecidos pelo Planejamento de
Fechamento de Mina da VALORE.

3.3 GESTÃO DE RESÍDUOS

Para que as empresas possam tornar seus processos de produção cada vez mais limpos e sustentáveis,
é necessário que haja uma preocupação com os resíduos gerados em suas atividades. Mas e você? Sabe o
que é resíduo? De maneira bem objetiva, resíduo é todo material que sobra após uma ação ou processo
produtivo. Na mineração, como exemplos de resíduos, podemos citar: os pneus de máquinas operatrizes
e caminhões, óleo usado de motor de máquinas e caminhões, borrachas usadas em correias transportado-
ras, sucatas metálicas, dentre outros.
Com o propósito de resolver o problema da disposição desses resíduos, muitas mineradoras têm in-
vestido em processos para tornar esses materiais em coprodutos servindo de matéria-prima para outros
processos de produção ou até mesmo sendo utilizados na própria empresa.
Pensando nisso, o Governo Federal, por meio da Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010, instituiu a Políti-
ca Nacional de Resíduos Sólidos, trazendo entre os seus pilares a Logística Reversa, que é um instrumento
de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios
destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveita-
mento em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos ou outra destinação final ambientalmente adequada.
3 MEIO AMBIENTE
49

@istockphoto.com/tanda_V
Figura 25 -  Logística Reversa

A partir da aplicação da logística reversa, muitas empresas têm melhorado não só os seus resultados
ambientais, mas também otimizando seus custos operacionais, visto que muitos materiais que eram joga-
dos fora agora voltam para o processo, como matéria-prima, ou são comercializados para outras empresas
como coprodutos.
Com o amadurecimento da consciência ambiental das organizações, o processo de reciclagem foi outro
método de gestão de resíduos que passou a fazer parte da cadeia produtiva industrial, que tem início no
processo de extração dos recursos naturais, no processamento da matéria-prima extraída nas indústrias
ou na produção manufatureira, a fim de atender a uma demanda de consumo. Todas essas etapas geram
resíduos que podem ser reciclados. A Figura 26 apresenta a representação dessas etapas.

EXTRAÇÃO DOS PROCESSAMEN


RECURSOS NATURAIS TO
DA
MA
T
ÉR
IA-
PR
IMA
RECICLAGEM

@istockphoto.com/petovarga

O
NÃO RECICLÁVEIS S UM
CON
Figura 26 -  Ciclo do processo de geração de resíduos
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
50

Mas, e aí em sua casa? Já parou para pensar em ações que pudessem viabilizar a redução, a reutilização
ou até mesmo a reciclagem dos resíduos gerados por você e sua família?
Dentre essas ações, empresas e sociedade devem se esforçar na prática dos três Rs que são representa-
dos pelas palavras: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Cada qual com um papel muito importante, como pode-
mos observar na Figura 27:

Diminuição da produção de resíduos, por meio do estudo e da otimização dos


REDUZIR processos existentes.

Transformação dos recursos ou materiais já utilizados, por meio de processo


RECICLAR artesanal ou industrial, em novos produtos.

Rodrigo Henrique de Lacerda


Reaproveitamento de recursos e materiais no processo.
REUTILIZAR

Figura 27 -  3R’s do Desenvolvimento Sustentável


Fonte: SENAI/MG, 2017.

Todos os dias, produzimos resíduos, que são de vários tipos. Cada resíduo tem seu processo de recicla-
gem específico, sendo necessária a separação para a sua correta reciclagem, permitindo a recuperação de
recursos que seriam descartados, tornando dispensável a retirada da natureza de mais recursos. Entra em
cena, então, uma outra estratégia de gestão de resíduos, a coleta seletiva!
Para facilitar o processo de separação dos resíduos gerados em nosso cotidiano, a Resolução nº 275, de
25 de abril de 2001, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, estabelece o código de cores
para identificar o depósito dos diferentes tipos de resíduos para a coleta seletiva, conforme você pode ver
no Quadro 3:

CORES TIPO DE RESÍDUO


AZUL Papel/papelão

VERMELHO Plástico

VERDE Vidro

AMARELO Metal

PRETO Madeira

LARANJA Resíduos perigosos

BRANCO Resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde

ROXO Resíduos radioativos

MARROM Resíduos orgânicos


Resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de tratamento de
CINZA
reciclagem mais adequado
Quadro 3 - Código de cores para identificação do depósito de resíduos
Fonte: Adaptado da Resolução nº 275. CONAMA.
3 MEIO AMBIENTE
51

Assim, todo resíduo de papel ou papelão será depositado na lixeira azul; latas de bebidas com compo-
sição metálica, na lixeira amarela; restos de alimentos, na lixeira marrom, conforme podemos observar na
Figura 28.

Metal Vidro Plástico Papel Orgânico

Rodrigo Henrique de Lacerda


Resíduos Madeira Não Resíduos Resíduos
Perigosos Recicláveis Radioativos Ambulatorais

Figura 28 -  Cores das Lixeiras de coleta seletiva, de acordo com a Resolução CONAMA nº 275, de 25 de abril de 2001
Fonte: SENAI/MG, 2017.

Em Barcelona, na Espanha, o sistema de coleta seletiva desenvolvido por uma empresa


CURIOSI é realizado ao longo de dutos subterrâneos que transportam, por meio de um sistema
pneumático, o lixo depositado nas lixeiras para uma etapa de triagem onde ocorre a
DADES separação do lixo reciclável do orgânico, sendo desnecessário o uso de veículos para o
transporte.

A coleta seletiva proporciona uma sensibilização da sociedade quanto à educação ambiental4 pela neces-
sidade de evitarmos desperdícios e fazermos a reutilização e reciclagem, poupando a exploração de novos
recursos.
A coleta seletiva traz muitos benefícios para o meio ambiente, à medida que:
• Reduz a exploração dos recursos disponíveis na natureza, pois recursos já extraídos serão reciclados;
• Diminui o consumo de energia para o processamento de matéria-prima que ainda será extraída;
• Reduz a poluição do ar, da água e do solo;
• Diminui a quantidade de lixo destinado aos aterros sanitários, estendendo sua vida útil;
• Reduz o custo do processo produtivo pela reutilização de recicláveis;
• Reduz o desperdício;
• Reduz gastos com limpeza das áreas urbanas, pois o lixo será descartado já com o destino definido
para o processo de reciclagem;
• Proporciona a geração de empregos relacionados às atividades de reciclagem.

4 Educação Ambiental: processo educacional responsável por formar indivíduos preocupados com os problemas ambientais que
buscam a preservação dos recursos naturais e a sustentabilidade.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
52

São inúmeros os benefícios da reciclagem. Você pratica a coleta seletiva em sua casa?
Sabe como ela pode ser implementada? Se não, vamos ver como podemos nos preparar para começar-
mos hoje mesmo essa prática sustentável!
A implantação de um programa de coleta seletiva possui três etapas: a Etapa de planejamento, a Eta-
pa de implantação e a de Manutenção.
Antes da implantação de qualquer etapa, o programa de coleta seletiva necessita do envolvimento de
todas as pessoas que compõem o ambiente, que, no caso de uma empresa, serão os seus empregados.
Vamos aprender um pouco sobre cada uma dessas etapas!

Etapa de Planejamento

O planejamento é a etapa mais trabalhosa de qualquer projeto, mas também é a responsável pela con-
dução das ações da forma mais organizada e eficiente possível. Nessa etapa, são necessárias cinco ações:
1ª Ação - Conhecimento do lixo do local: precisamos conhecer o tipo e a quantidade dos tratamentos
de reciclagem mais adequados para os resíduos gerados na empresa; se ela descarta mais papel, mais me-
tal, vidros, materiais infectados ou outros tipos, pois cada um terá um processo de reciclagem diferenciado.
O conhecimento da quantidade de trabalhadores também é muito importante.
2ª Ação - Conhecimento das características do local: esse levantamento consiste em identificar os
aspectos de infraestrutura, como: locais de armazenagem, os responsáveis pela limpeza e coleta normal do
lixo como também a sua frequência e horários de realização.
3ª Ação - Conhecimento do mercado de reciclagem: os materiais coletados precisam ser destinados
a empresas, associações ou cooperativas que realizarão o tratamento correto de reciclagem, pois de nada
adiantará a coleta seletiva se o material for tratado posteriormente como lixo normal e não for reciclado.
Após a coleta seletiva, os resíduos poderão ser doados ou até mesmo vendidos a empresas especializadas.
4ª Ação - Planejamento do Programa de Coleta Seletiva: após realizado todo esse levantamento de
informações nas ações anteriores, já podemos estruturar o programa de coleta seletiva.
Precisamos definir alguns fatores, como: quais materiais serão contemplados na coleta seletiva, quais
os locais de armazenagem dos materiais coletados, assim como os pontos de instalação das lixeiras, quem
serão responsáveis por fazer a coleta, definir se será feita a doação ou a venda do material coletado, qual o
roteiro do material desde a sua geração ao local de estocagem e planejamento do recolhimento.
5ª Ação - Educação Ambiental: essa ação é essencial, pois é o momento de sensibilizarmos todas as
pessoas, por meio das informações sobre o programa e sua importância para que se envolvam, pois, o
sucesso dependerá delas.

Etapa de Implantação

É o momento de colocarmos a mão na massa, pois tudo foi planejado! Serão instaladas as lixeiras co-
letoras, as placas de sinalização, os profissionais responsáveis pela coleta dos materiais serão orientados,
folhetos informativos devem ser distribuídos para garantir o acesso à informação e a conscientização a to-
dos os envolvidos. É interessante realizar uma espécie de “inauguração” do programa de uma maneira bem
marcante e cativante para que os trabalhadores reconheçam a importância dessa ação.
3 MEIO AMBIENTE
53

Etapa de Manutenção

Após a implantação das ações, elas precisam ser acompanhadas para verificar se estão atendendo sa-
tisfatoriamente a seus objetivos, se alguma ação precisa ser corrigida ou melhorada, evitando também o
retrocesso do programa.
A disseminação da informação deve ser contínua, para que a cultura da preservação ao meio ambiente
e a importância das atitudes de cada colaborador não sejam perdidas, e sim aprimoradas continuamente.

3.4 PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE

As atividades da indústria mineradora, assim como em outros ramos industriais, proporcionam impac-
tos ambientais. Por isso, existe a necessidade da implantação de medidas que possam prevenir, reduzir,
compensar ou até mesmo evitar os efeitos negativos da exploração dos recursos naturais.
Você já parou para pensar no que são impactos ambientais? Eles são uma alteração no meio ambiente
ou em algum de seus componentes por determinada ação ou atividade humana. Na mineração, um dos
impactos gerados é a poluição sonora, ocasionada por meio do ruído emitido por máquinas e equipamen-
tos utilizados nos processos de extração e beneficiamento do minério.
O perfil de cada empreendimento minerário e seus possíveis impactos ambientais determinarão
quais medidas de proteção ambiental serão necessárias implantar. Muitas dessas medidas são estabe-
lecidas no processo de licenciamento ambiental da mina e são frequentemente avaliadas pelo órgão
ambiental competente. Além disso, as mineradoras devem apresentar ao órgão ambiental um docu-
mento denominado RADA – Relatório de Avaliação de Desempenho Ambiental do Sistema de Controle e
demais medidas mitigadoras sempre que forem renovar a sua licença ambiental de operação, de acordo
com normativa estabelecida por cada estado.

SAIBA Se você quiser conhecer mais a respeito da documentação necessária para


regularização ambiental, acesse o site da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de
MAIS seu estado.

Algumas medidas, como a disposição e o tratamento correto de efluentes5 líquidos, métodos de con-
trole de poluição do ar, proteção para a estabilidade do solo contra a erosão causada pelo vento e gestão
controlada das detonações são exemplos de ações ambientais utilizados pelas mineradoras.
Outra medida de proteção ambiental que proporciona muitos benefícios é o plantio de árvores nas
redondezas da mina. Ação também conhecida como cinturões florestais ou cinturões verdes que, além de
proporcionar a redução do impacto visual, diminui os efeitos danosos dos poluentes, auxilia na absorção
parcial de alguns gases como dióxido de enxofre SO2, dióxido de nitrogênio NO2 e ozônio O3, funciona
como um mecanismo de retenção física parcial de alguns materiais particulados e reduz a poluição sonora.

5 Efluentes: resíduos originados dos esgotos e da chuva, lançados no meio ambiente, na forma líquida ou na forma de gases. Líqui-
dos ou gases gerados pelas atuações humanas, como as industriais, que são descartados na natureza.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
54

Os recursos hídricos devem ser alvo de muita de atenção por parte das mineradoras. A água é utilizada
de forma acentuada nas atividades de uma mina e está presente em praticamente todas as etapas. A Figura
29 nos apresenta a utilização da água em algumas etapas do processo de mineração.

Desmonte de rocha hidráulico; Umidificação das pistas para controle e


LAVRA diminuição da suspensão da poeira; Limpeza dos equipamentos; Transporte
de materiais.
Interação da água em processos da mineração

As barragens de contenção de sedimentos (estruturas construídas com o


objetivo de conter esses pequenos pedaços do solo ou de rochas em
períodos de chuva garantem a qualidade do efluente final.).
BARRAGENS
As barragens de rejeitos (bacia de acumulação dos rejeitos gerados a partir
do beneficiamento de minério e para acumulação da água a ser reutilizada no

APLICAÇÃO DA ÁGUA
processo).

Pilhas de estéril podem causar interferência do escoamento da água na


PILHAS DE
ESTÉRIL
superfície e pequenos desvios de água, dependendo do tamanho e do
formato.

REBAIXAMENTO
Exploração das águas subterrâneas para a utilização da mina a céu aberto
DO NÍVEL DE ÁGUA
SUBTERRÂNEA ou subterrânea.

PROCESSAMENTO Em etapas do processo mineral, a água é empregada como na flotação para

Rodrigo Henrique de Lacerda


MINERAL a separação de minerais, no processo de lavagem para a limpeza do minério.

A água é o meio de transporte mais utilizado no processamento mineral, assim


TRANSPORTE como nas operações de lavra, como desmonte hidráulico e na lavagem de
minérios.

Figura 29 -  Interação da água em processos da mineração


Fonte: Adaptado de Gestão para a sustentabilidade na mineração. IBRAM.

Umas das ações adotadas por empresas mineradoras para melhorar o processo de gestão das águas é
a implantação de sistemas de tratamento dos efluentes líquidos, com o objetivo de tratar a água utilizada
no processo e viabilizar a sua reutilização ou até mesmo a sua disposição na natureza. Para tal, é necessário
que sejam construídas estações de tratamentos de efluentes líquidos (ETEs), que deverão seguir os pa-
drões de trabalho estabelecidos pelos órgãos ambientais competentes.
Atualmente, por meio do tratamento de efluentes líquidos e de água industrial, algumas empresas têm
conseguido reaproveitar mais de 90% da água utilizada no processo, o que, além de garantir uma produ-
ção mais limpa, impacta de forma positiva nos custos operacionais da empresa, devido a não necessidade
de captação dessa água.
Na Figura 30, observe o fluxo de utilização e o de reaproveitamento da água e seus percentuais para o
beneficiamento de minério de ferro.
3 MEIO AMBIENTE
55

Água Nova
Mina
20% Água nova

Reservatório
de Água

100 % Água nova

80% Água de 80% Água de


Reaproveitamento Reaproveitamento
Reaproveitamento
10% Água de

Produto
Beneficiamento
Reservatório
de minérios
de Água do
10% Água Limpa

Processo

20% Água com Rejeito

Rejeito
Barragem de Rejeitos

Rodrigo Henrique de Lacerda


Legenda

Fluxo da utilização da água no processo


Fluxo da utilização da água de reaproveitamento
Fluxo da produção

Figura 30 -  Fluxo da utilização e reaproveitamento da água


Fonte: SENAI/MG, 2017.

É importante ressaltar que o consumo consciente da água e a busca por métodos de reutilização dela
não devem ser apenas uma preocupação das empresas, deve fazer parte do nosso cotidiano. E, como so-
ciedade, devemos contribuir de forma efetiva com essa causa.

FIQUE De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS, a estimativa é que, em


ALERTA 2025, 1 bilhão de pessoas no mundo não terão água potável para consumir.

Na mineração, alguns cuidados são empregados para o controle da poluição do solo, tais como a cons-
trução de depósitos controlados para os resíduos gerados no processo e a deposição controlada de estéril6.
Essas e outras ações são desenvolvidas pelas mineradoras com o propósito de atenuar o impacto de
suas atividades produtivas, reafirmando o seu compromisso e sua preocupação com o meio ambiente, sua
fonte de recursos naturais.

6 Estéril: material que não apresenta minério ou cujo teor de minerais ou elementos úteis estejam abaixo do teor adequado para aten-
derem as necessidades dos clientes, não podendo ser aproveitada como minério bruto ou na planta de tratamento ou de concentra-
ção mineral.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
56

RECAPITULANDO

A preservação dos recursos naturais e a adoção de estratégias ambientalmente corretas são


primordiais para a sustentabilidade da indústria da mineração no Brasil e no mundo.
No decorrer dos estudos, vimos que o desenvolvimento econômico não deve estar acima das
questões sociais e ambientais, pelo contrário, deve estar alinhado a elas. Como observamos no
tripé da sustentabilidade, o fortalecimento desses três aspectos viabiliza o sucesso da organi-
zação.
Conhecemos temas importantes, como a gestão ambiental e de resíduos e as principais ações
ambientais aplicadas ao seguimento da mineração.
Aprendemos sobre o conceito e a origem do termo sustentabilidade e sobre os aspectos rela-
cionados à legislação ambiental que devem ser seguidos e implementados na mineração, tais
como: o licenciamento ambiental e suas etapas o Plano de Recuperação de Área Degradada e
também o Plano de Fechamento de Mina.
Espero que você tenha se dedicado aos estudos e aproveitado ao máximo os conteúdos abor-
dados neste capítulo, visto que a problemática ambiental não deve ser preocupação apenas
das empresas, mas também nossa, como cidadãos.
Segurança do Trabalho

Você já observou que estamos sempre expostos a situações de risco? Mas o que seria isso?
As situações de risco têm o potencial de danificar materiais, provocar lesões pessoais, perda
de tempo e também prejuízos financeiros.
Observe as suas ações ao atravessar uma rua. Qual é a sua primeira atitude? Iniciar a travessia
com cuidado, correto? Imagine, agora, o que poderia ocorrer se não verificarmos a existência
de veículos transitando nos dois sentidos da rua? Poderia ocorrer um acidente.
Precisamos ser cautelosos! Esse cuidado se justifica pelos danos e transtornos que um
acidente pode gerar, independentemente de sua proporção. Na indústria, os acidentes também
podem ocorrer, e por essa razão é fundamental que tenha conhecimentos sobre a Segurança do
Trabalho!
Conheceremos os principais conceitos da Segurança do Trabalho, os riscos ambientais aos
quais os trabalhadores ficam expostos, que podem ocasionar acidentes, e as principais medi-
das de controle.
Ao final dos estudos, você terá conhecimentos necessários sobre as ferramentas de segu-
rança, como o Diálogo Diário de Segurança, Inspeção de Segurança, Auditorias de Segurança,
Campanhas de Segurança e Sinalização de Segurança, que podem ser implantadas como me-
canismos estratégicos que compõem os sistemas de gestão de segurança do trabalho, para a
prevenção de acidentes, além dos aspectos legais associados à segurança na mineração.
Está preparado para iniciarmos nossos estudos sobre a Segurança do Trabalho e prevenirmos
acidentes?
Vamos lá!
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
60

4.1 SEGURANÇA E CONCEITOS

A segurança é indispensável no ambiente de trabalho, tem por objetivo proporcionar um local seguro
de forma compatível com a saúde e a integridade física dos trabalhadores. Isso significa proporcionar um
ambiente de trabalho adequado, no qual as situações de riscos existentes sejam eliminadas ou controla-
das, evitando a ocorrência de acidentes.
Para que possamos compreender da melhor maneira possível o que é segurança do trabalho, alguns
conceitos são muito importantes para nosso aprendizado. Vamos conhecê-los?

4.1.1 ACIDENTE X ACIDENTE DO TRABALHO

Se um copo vier a cair no chão e quebrar, teremos um dano caracterizado pelo prejuízo do copo. Assim
também acontece, caso você venha a sofrer uma queda e, sofrer arranhões em qualquer parte do corpo,
houve uma lesão pessoal, caracterizando um dano. Essas situações são denominadas acidentes.
Acidente é toda situação inesperada, indesejada e que resulta em danos. Esses danos podem ser
materiais, como a perda ou a danificação de um equipamento, a perda da matéria-prima em processo, e
podem ser danos físicos, como uma lesão pessoal, ou danos financeiros.

@istockphoto.com/Halfpoint

Figura 31 -  Acidente

No ambiente industrial, ocorrem acidentes caracterizados como Acidente do Trabalho. Existem dois con-
ceitos para acidente do trabalho, o conceito legal e o conceito prevencionista. Vamos conhecê-los?
A legislação brasileira, por meio do conceito legal, considera o acidente do trabalho como aquele que
ocorre no desenvolvimento do trabalho, prestando serviço à empresa ou a um empregador doméstico,
gerando lesão corporal ou comprometimento de alguma função do organismo, que provoque o óbito, a
perda ou a redução, permanente ou temporária, da habilidade para o trabalho.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
61

O acidente do trabalho é caracterizado pela legislação quando for constatado o dano ao trabalhador,
como uma lesão, a perda de uma capacidade física, uma doença adquirida devido a uma atividade laboral
exercida. Esse conceito é muito restrito se comparado à visão prevencionista, pois não caracteriza como
acidente as situações que resultam apenas em danos materiais e perda de tempo. Para suprir essa necessi-
dade, foi desenvolvido o conceito prevencionista de acidente de trabalho.
O conceito prevencionista de acidente do trabalho é toda a situação não programada, inesperada, que
interrompe o andamento normal da atividade e que resulta em lesões pessoais, danos materiais, perda de
tempo ou prejuízos financeiros.
Esse conceito é mais abrangente do que o conceito legal, pois, além de caracterizá-lo como lesões pes-
soais, também o considera como aquela situação que resulta em danos materiais e/ou perda de tempo.
Podemos considerar os danos materiais provenientes de acidente do trabalho: as perdas com danos
às propriedades e bens da organização, como a danificação da máquina ou equipamento, o desperdício
de matéria-prima em processo, avarias na estrutura física da empresa, lembrando que, após ocorrido o
acidente, a empresa sai do seu ritmo de trabalho habitual, e essa quebra da normalidade do processo já
representa prejuízos financeiros para ela.
São inúmeras as consequências dos acidentes do trabalho, elas podem atingir o trabalhador, a empresa
e a sociedade. O trabalhador, sem dúvida, é a maior vítima do acidente, podendo sofrer danos irreparáveis,
como uma mutilação, a perda de uma capacidade produtiva, que são danos imensuráveis e irreversíveis.
Nos piores dos casos, um acidente pode gerar a morte do trabalhador.
Para a empresa, prejuízos podem ser quantitativos, como perdas materiais, estruturais e financeiras, ou
qualitativos, como a depreciação da imagem da empresa perante a sociedade e ao mercado, em um qua-
dro de acidentes do trabalho. Já para a sociedade, teremos a diminuição da população economicamente
ativa e participativa.
Na Figura 33, vamos representar essa situação.

SITUAÇÃO ACIDENTE
ANTES DURANTE DEPOIS

CAUSAS DO ACIDENTE CONSEQUÊNCIAS


Rodrigo Henrique de Lacerda

ACIDENTE DO ACIDENTE
Evento indesejado
Origem do acidente que resulta em Efeitos do acidente
danos

Figura 32 -  Representação da situação acidente


Fonte: SENAI/MG, 2017.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
62

Classificação do acidente do trabalho

Os acidentes do trabalho são classificados em três tipos:


I. Acidente Típico
É aquele que ocorre no horário habitual e no local de trabalho. De forma objetiva, podemos descrever
o acidente típico como aquele sofrido pelo trabalhador durante o seu horário de trabalho, independente-
mente da atividade que ele esteja executando.
II. Acidente de Trajeto
É aquele que ocorre no percurso da casa para o trabalho ou vice e versa, independentemente do seu
meio de locomoção, desde que caracterizada a habitualidade do deslocamento sem desvios por questões
pessoais, como ir ao médico, fazer compras em um supermercado.
III. Doenças Ocupacionais
São aquelas que podem ser desenvolvidas devido aos agentes de riscos existentes no ambiente de
trabalho. Por exemplo, uma perda auditiva devido à exposição ao ruído (perda auditiva induzida por ru-
ído ocupacional – PAIRO). Diferentemente do acidente de trabalho típico, as doenças não geram o dano
imediato após a exposição. Há um período necessário de concentração ou intensidade do agente de risco,
para a doença se manifestar. Até mesmo as características do organismo do trabalhador podem favorecer
o desenvolvimento da doença.
As doenças ocupacionais podem ser classificadas como Doença Profissional ou Doença do Trabalho.
Vamos entender o que as diferencia?
A Doença Profissional é desencadeada por uma condição de risco peculiar àquela profissão na atividade
desenvolvida. Em uma atividade de extração mineral, por exemplo, é inerente à atividade profissional a ex-
posição à poeira, contendo sílica (SiO2 – Dióxido de Silício). O trabalhador poderá desenvolver um quadro
de silicose, caracterizando uma Doença Profissional.
A Doença do Trabalho é adquirida devido a uma condição de risco especial à qual aquele profissional
está exposto, não sendo comum ao exercício daquela profissão a exposição àquele agente de risco, mas,
por uma condição específica, o trabalhador se encontra exposto.
Voltando ao exemplo da mineração, imagine que tenhamos um auxiliar administrativo que precisa
desenvolver algumas de suas atividades nas proximidades dos locais de extração e beneficiamento
e, portanto, esteja exposto à poeira de sílica, desenvolvendo a silicose. Não é peculiar ao trabalho do
auxiliar administrativo a exposição ao agente de risco poeira de sílica. Nesse caso será considerada
Doença do Trabalho. Veja a diferença entre as doenças ocupacionais no Quadro 4.

DOENÇAS OCUPACIONAIS

DOENÇA DO TRABALHO DOENÇA PROFISSIONAL

Desencadeada devido a uma condição especial de trabalho a que Desencadeada devido a uma condição de risco peculiar (inerente)
o trabalhador está exposto. àquela atividade profissional exercida.

Quadro 4 - Doenças ocupacionais


Fonte: SENAI/MG, 2017.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
63

A Figura 34 apresenta resumidamente os tipos de acidentes. Confira!

TIPOS DE ACIDENTES DO TRABALHO

Ocorre durante a realização da atividade habitual e no ambiente da


TÍPICO
empresa.

Rodrigo Henrique de Lacerda


Ocorre durante o trajeto habitual do trabalhador da casa para o
TRAJETO
trabalho ou do trabalho para casa.

DOENÇA São doenças desenvolvidas por uma condição de risco específica do


OCUPACIONAL trabalho ou condição especial do trabalho.

Figura 33 -  Tipos de acidentes do trabalho


Fonte: SENAI/MG, 2017.

Os acidentes não são obras do acaso. Eles precisam ser prevenidos, devido aos danos e prejuízos que
podem gerar. Mas você deve estar se perguntando: por que prevenir acidentes que resultam em danos
materiais se, em alguns casos, são danos reparáveis? Para uma efetiva prevenção de acidentes, as causas
são os elementos da situação acidente que possuem atenção especial.
Vamos analisar o exemplo de um acidente de carro, em que o automóvel apresentou muitos danos,
mas o condutor não sofreu qualquer lesão. São raros, mas ocorrem acidentes com essas características.
Nessa situação, houve dano material, sem lesões pessoais. Então, não precisamos prevenir acidentes no
trânsito? Com certeza, é necessário prevenir!
O fato de esse acidente não ter resultado em lesões pessoais não significa que com os demais acidentes
ocorrerá o mesmo. Precisamos ficar atentos, pois as mesmas causas que geraram esse acidente com apenas
danos materiais têm o potencial de gerar novos acidentes iguais ou semelhantes a esse e também aciden-
tes com vítimas fatais.
O mesmo se aplica ao ambiente organizacional. As mesmas causas de acidentes com danos materiais
podem gerar acidentes com danos pessoais.
Em algumas empresas, os acidentes com danos materiais não são relatados, pois os trabalhadores
envolvidos não os consideram passíveis de atenção, uma vez que não geraram danos consideráveis ou
danos pessoais.
Dessa forma, as causas não serão identificadas nem eliminadas, favorecendo a ocorrência de futuros
acidentes com lesões pessoais e ou óbitos. Podemos observar que todos os acidentes são importantes para
serem analisados para a promoção da prevenção, independentemente do tipo de dano gerado.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
64

4.1.2 CAUSAS DE ACIDENTES: ATO INSEGURO, CONDIÇÃO INSEGURA, FATOR PESSOAL DE


INSEGURANÇA E CATÁSTROFES

As causas dos acidentes são muitas. Para facilitar a identificação, elas são divididas em três grupos
de causas, a saber: Ato Inseguro, Condição Insegura, Fator Pessoal de Insegurança e Catástrofes,
conforme podemos observar na Figura 35.

CAUSAS DE ACIDENTES

Rodrigo Henrique de Lacerda


ATO CONDIÇÃO FATOR
INSEGURO INSEGURA PESSOAL DE CATÁSTROFE
INSEGURANÇA

Figura 34 -  Causas de acidentes


Fonte: SENAI/MG, 2017.

A) Ato Inseguro
São as ações que o trabalhador pode vir a cometer, de forma consciente ou inconsciente, uma situação
de risco, que possa acarretar a ocorrência de um acidente. Como exemplos, podemos citar a utilização
inadequada de uma ferramenta de trabalho, brincadeiras durante a realização das atividades, a não utiliza-
ção dos dispositivos de proteção, uso de equipamentos danificados ou não adequados para a tarefa a ser
executada. Na Figura 39, observe um trabalhador utilizando um equipamento inadequado para o trabalho
que está sendo realizado.
@istockphoto.com/akarelias

Figura 35 -  Uso do celular durante atividades de trabalho


4 SEGURANÇA DO TRABALHO
65

B) Condição Insegura
As condições inseguras são condições presentes no ambiente de trabalho capazes de provocar um
acidente. Como exemplos de condições inseguras, podemos citar: um piso molhado, um telhado com
telhas soltas, madeiras com pregos à mostra, falta de sinalização. Observe as nas Figuras 36 e 37, algumas
ilustrações de condições inseguras.

@istockphoto.com/Zerbor

Figura 36 -  Materiais perfuro-cortantes em locais de passagem dos trabalhadores


@istockphoto.com/Ginosphotos

Figura 37 -  Queda do trabalhador devido a piso escorregadio


QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
66

C) Fator Pessoal de Insegurança


Os fatores pessoais de insegurança são físicos e psicológicos relacionados ao trabalhador que podem
favorecer a ocorrência do acidente. Como fatores físicos, podemos ter trabalhadores com daltonismo7
que desenvolvem atividades em locais com sinalização de segurança por cores; deficientes auditivos
que trabalham em locais com sinais sonoros de segurança, trabalhadores com estatura incompatível
com a atividade exercida, doença convulsiva em atividades que envolvam a operação de máquinas e
equipamentos com partes rotativas ou cortantes.
Quanto aos fatores psicológicos, podemos exemplificar um trabalhador com problemas familiares, ou
com a perda recente de uma pessoa querida, certamente estará mais propenso à ocorrência de um aciden-
te, pois sua atenção não será a mesma devido às suas preocupações e problemas.
D) Catástrofes
São fatores relacionados às condições adversas da natureza, como tempestades, enchentes, quedas
de raios, terremotos que podem ocorrer e provocar danos aos trabalhadores durante o exercício de suas
atividades laborais, caracterizando o acidente do trabalho.

4.1.3 PERIGO E RISCO


O perigo é uma fonte ou uma situação que tem a capacidade de gerar danos, sejam eles pessoais
e/ou materiais, podendo ser um objeto cortante, um equipamento com partes móveis, uma máquina
ruidosa, uma fiação energizada. Todos eles são fatores que têm a capacidade de provocar danos.
O risco é a exposição do trabalhador a uma situação de perigo, ou seja, a possibilidade de ocorrência
associada às perdas.
Os dois conceitos podem parecer iguais, mas existe uma diferença importante e fundamental entre eles.
Vamos observar as Figuras 38 e 39.
@istockphoto.com/wellphoto

Figura 38 -  Tambores com produtos químicos


Fonte: SENAI/MG, 2017.

7 Daltonismo: disfunção hereditária, caracterizada pela incapacidade visual de distinguir entre tons de vermelho e verde.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
67

Na imagem, vimos uma fonte com potencial de proporcionar danos, caracterizando uma situação de
perigo. Agora, observe a Figura 39.

@istockphoto.com/endopack
Figura 39 -  Situação de risco: operador manuseando um tambor contendo produto químico

Agora temos o peixinho exposto ao perigo, caracterizando o risco de ser devorado pelo faminto tubarão.
Em uma mineração subterrânea, pode haver deficiência ou enriquecimento de oxigênio.
Vamos imaginar uma situação em que uma mina subterrânea esteja com deficiência de oxigênio e pre-
dominância de gases classificados como asfixiante simples8. Um lugar com uma atmosfera empobrecida
de oxigênio poderá causar a asfixia do trabalhador.
Essa condição é classificada como uma situação de risco, pois existe o risco de o trabalhador vir a óbito
ou ter sequelas devido à exposição a uma atmosfera com deficiência de oxigênio. Já uma situação na qual
exista a mesma deficiência de oxigênio, mas é uma área interditada à qual é proibido o acesso de trabalha-
dores, é uma situação de perigo.

4.1.4 INCIDENTE, ACIDENTE COM DANOS PESSOAIS E ACIDENTES COM DANOS MATERIAIS
Você já deixou o celular cair alguma vez no chão, e a tela não quebrou e não sofreu nenhum arranhão,
sem qualquer dano ou avaria?
Ufa! Que sorte! O evento ocorrido é denominado incidente!
Incidente é toda situação que interrompe o andamento normal do trabalho e tem potencial de resultar
em um acidente, mas não provoca danos. Os incidentes também são conhecidos como quase acidentes,
ou seja, quase resulta em danos.
Imagine que em uma mina subterrânea houve a queda de um bloco de rochas, mas que, por sorte, não
havia nenhum trabalhador ou equipamento no local da queda. Esse evento se caracteriza como uma situa-
ção com potencial de resultar em danos, mas, devido à configuração da situação, não houve qualquer dano
pessoal ou material, denominando-se um incidente.

8 Asfixiante simples: gases inertes que possuem a capacidade de deslocar oxigênio do ambiente, ou seja, ocupam o espaço do
oxigênio, empobrecendo o ambiente de oxigênio.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
68

A identificação e o relato dos incidentes são muito importantes, pois podemos considerá-los a origem
dos acidentes. A mesma causa básica de um incidente pode ser a causa de um futuro acidente do trabalho.
Em 1969, a Insurance Company of North America, ICNA – Companhia de Seguros da América do Norte –
realizou uma análise dos acidentes liquidados por ela e chegou a uma proporção da relação dos acidentes
com mortes ou lesão incapacitante, acidentes com lesões leves, acidentes com danos à propriedade e uma
nova descoberta, os incidentes, dando origem à pirâmide da Evolução do Prevencionismo, também conhe-
cida como Pirâmide de estudo das proporções de acidentes e incidentes.
Para compreendermos melhor esse estudo e sua importância para a realidade das empresas,
precisamos saber identificar e diferenciar os acidentes com danos pessoais e acidentes com danos à
propriedade.
O Acidente com danos pessoais é aquele que provoca uma lesão pessoal, um dano ao organismo
do trabalhador, como consequência do acidente do trabalho, podendo ser um corte, uma fratura, uma
queimadura, a perda de um membro do corpo humano, a perda de uma capacidade produtiva, como a
visão, a audição, o desenvolvimento de uma doença ocupacional. Na Figura 40, esse tipo de acidente é
representado pelos eventos que estão no topo da pirâmide: “Acidente com morte ou lesão incapacitante”
e “Acidentes com lesões leves ”.
Os Acidentes com danos à propriedade, também são conhecidos como acidentes sem lesões, são os
acidentes que resultam apenas em danos materias e estruturais, como a danificação de um equipamento,
a perda da matéria-prima em processo, o dano a edificação e suas instalações.
Na Figura 40, observe a Pirâmide de estudo das proporções de acidentes e incidentes:

Rodrigo Henrique de Lacerda

Figura 40 -  Pirâmide de estudo das proporções de acidentes e incidentes


Fonte: Adaptado de Bird, 1969.

Antes do desenvolvimento dessa pirâmide, apenas acidentes com mortes, lesões incapacitantes, lesões
leves e danos à propriedade eram utilizados no estudo de proporções dos acidentes. A partir desse estudo,
os incidentes foram notados e acrescidos nas ações prevencionistas das empresas.
O desenho de uma pirâmide utilizado não poderia ser melhor para representar a proporção desses
eventos e também para compreendermos a relação entre eles. Se analisarmos a pirâmide, o que sustenta o
seu topo? A sua base, não é mesmo? Assim, o que está sustentando todas as ocorrências que resultam em
danos, como mortes, lesões e danos à propriedade são os incidentes.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
69

É possível obter dados pela análise da proporção e da causalidade dos eventos!


Voltemos à pirâmide. Vamos iniciar pela proporção dos eventos – em termos quantitativos, de um total
de 641 eventos, apenas 41 resultam em danos e 600 são incidentes. O número de eventos que quase resul-
tou em danos é muito maior do que o número de acidentes.
Agora podemos partir para a análise da causalidade! Como os acidentes, os incidentes também pos-
suem causas. E a mesma causa básica de um incidente pode resultar em um acidente. Assim, podemos
chegar à conclusão de que a origem dos acidentes podem ser os incidentes já ocorridos, conforme de-
monstrado na pirâmide, o que sustenta que os acidentes são também incidentes!

4.1.5 TAXA DE FREQUÊNCIA E TAXA DE GRAVIDADE


A Taxa de Frequência e Taxa de Gravidade são indicadores que podem ser utilizados pelos profissionais
de saúde e segurança do trabalho para avaliarem o desempenho das ações de segurança já implantadas.
Esses indicadores são cálculos realizados em função das seguintes informações: número de acidentes
ou de acidentados, horas-homem de exposição ao risco (ou melhor, tempo de exposição ao risco) e a perda
de tempo em função dos acidentes com danos pessoais (tempo computado).
O resultado do cálculo da Taxa de Frequência indica a projeção do número de acidentes que poderiam
ocorrer em um período de exposição de 1 milhão de homens horas trabalhadas.
O resultado da Taxa de gravidade representa a perda de tempo em função dos acidentes ocorridos em
um período de 1 milhão de homens horas trabalhadas que resultaram em danos pessoais ou mesmo óbito.

SAIBA Para conhecer um pouco mais sobre a metodologia de cálculo das Taxas de
Frequência e Taxas de Gravidade, consulte a ABNT NBR 14280:2001 Cadastro de
MAIS acidente do trabalho - Procedimento e classificação.

4.2 COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO - CAT


A Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT consiste em um documento no qual será registrado o
acidente de trabalho, seja ele Típico, de Trajeto ou Doença Ocupacional.
Na ocorrência do acidente do trabalho, mesmo que sem afastamento, a empresa deve, obrigatoriamente,
informá-lo à Previdência Social / INSS - Instituto Nacional do Seguro Social.
O INSS, por meio da Previdência Social, proporciona a continuidade da renda do trabalhador e de seus
dependentes, em casos de perda da capacidade produtiva por algum tempo devido a uma situação de
afastamento do trabalho, como um acidente, uma doença, licença-maternidade ou em casos de afasta-
mento permanente do trabalho, como morte, invalidez ou velhice.
Assim, caso o trabalhador venha a sofrer um acidente do trabalho ou tenha a necessidade de afasta-
mento de suas atividades trabalhistas devido a qualquer um dos motivos relacionados anteriormente, terá
a continuidade do recebimento da sua renda por todo período de seu afastamento.
Essa comunicação deve ser realizada na emissão da CAT. O documento pode ser emitido pela empresa,
pelo médico responsável do atendimento ao trabalhador acidentado, por um dependente do trabalhador,
pelo sindicato da categoria trabalhista, autoridade pública ou qualquer pessoa que possuir o conhecimen-
to para o preenchimento do documento.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
70

A Figura 41 apresenta o formulário padrão da CAT, que contém os campos de preenchimento sobre as
informações da empresa contratante, trabalhador acidentado, detalhes do acidente ou doença ocupacio-
nal diagnosticada, conforme modelo disponibilizado no site da Previdência Social.

1 - Em itente
1- Empregado r 2 - Sindicato 3 - M édico
4 - Segurado o u dependente 5 - A uto ridade P ública

2 - Tipo de CAT
COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO - CAT
1- Início 2 - Reabertura 3 - Co municação de Óbito em:

3 - Razão Social/Nome 4 - Tipo 1- CGC 2 - CEI 3 - CP F 4 - NIT 5 - CNAE


Empregador

6 - Endereço Rua/A v./Nº/Co mp. Bairro CEP 7 - Município 8 - UF 9 - Telefone

10 - Nome 11 - Nome da mãe

12 - Data de nasc. 13 - Sexo 14 - Estado Civil 15 - CTPS Série Data da emissão 16 - UF


1- M asc. 3 - Fem.
Acidentado

1 - Solteiro 2 - Casado 3 - Viúvo 4 - Sep. judic. 5 - Outros 6 - IGN


17 - Carteira de identidade Data da emissão Órgão Exp. 18 - UF 19 - PIS/PASEP 20 - Remuneração mensal

21 - Endereço Rua/A v./Nº/Co mp. Bairro CEP 22 - Município 23 - UF 24 - Telefone

25 - Nome da Ocupação 26 - CBO 27 - Filiação à Previdência Social 28 - Aposentado? 29 - Área?


1 - Empregado 2 - Trab. Avulso 7 - Seg. Especial 8 - M édico resid. 1- Sim 2 - Não 1- Urbana 2 - Rural
I - EMITENTE

30 - Data do acidente 31 - Hora do acidente 32 - Após quantas horas de trabalho? 33 - Houve afastamento? 34 - Último dia trabalhado?
1- Sim 2 - Não
35 - Local do acidente 36 - CGC 37 - Município do local do acidente 38 - UF 39 - Especif. do local do acidente
Acidente ou Doença

40 - Parte(s) do corpo atingida(s) 41 - Agente causador

42 - Descrição da situação geradora do acidente ou doença 43 - Houve registro policial?


1- Sim 2 - Não

44 - Houve morte?
1- Sim 2 - Não
45 - Nome

46 - Endereço Rua/Av./Nº/Comp. Bairro CEP 47 - Município 48 - UF Telefone


Testemunhas

49 - Nome

50 - Endereço Rua/Av./Nº/Comp. Bairro CEP 51 - Município 52 - UF Telefone

Lo cal e data A ssinatura e carimbo do emitente

53 - Unidade de atendimento médico 54 - Data 55 - Hora


Atendimento
II - ATESTADO MÉDICO

56 - Houve internação? 57 - Duração provável do tratamento 58 - Deverá o acidentado afastar-se do trabalho durante o tratamento?
1 - Sim 2 - Não 1- Sim 2 - Não
59 - Descrição e natureza da lesão
Lesão

60 - Diagnóstico provável 61 - CID - 10


Diagnóstico

62 - Observações

____________________________________________________ _____________________________________________________________________
Lo cal e data A ssinatura e carimbo do médico co m CRM

63 - Recebida 64 - Código da Unidade 65 - Número do acidente Notas:


Em
1 - A inexatidão das declarações desta comunicação
implicará nas sanções previstas nos arts. 171 e 299 do
66 - É reconhecido o direito do segurado à habilitação de 67 - Tipo Código Penal.
benefício acidentário 2 - A comunicação de acidente do trabalho deverá ser fei-
ta até o 1º dia útil após o acidente, sob pena de multa.
1- Sim 2 - Não 1- Típico 2 - Do ença 3 - Trajeto
III - INSS

3 - A comunicação de acidente do trabalho reger-se-á pelo


68 - Matrícula do servidor art. 134 do Decreto nº 2.172/97.
4 - Os conceitos de acidente do trabalho e doença
ocupacional estão definidos nos arts. 131 a 133 do
Decreto nº 2.172/97.
5 - A caracterização do acidente reger-se-á pelo art. 135
do Decreto nº 2.172/97.
____________________________________ __________________________________
M atrícula A ssinatura do servido r

A COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE É OBRIGATÓRIA, MESMO NO CASO EM QUE NÃO HAJA AFASTAMENTO DO TRABALHO.

Figura 41 -  Formulário de Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT


Fonte: Previdência Social.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
71

Na Figura 42, veja a representação das vias de emissão da CAT!

1ª via 2ª via 3ª via 4ª via

Rodrigo Henrique de Lacerda


ND DO OR

HA DO A
AL E D
(IN CIA

EN OU
PE RA AD

AB SS TO
)
SS
AL ÊN

A
DE GU ALH

R
TR LA ICA
TE

ES
DO
CI ID

PR
ND
SE RAB
SO REV

EM
SI
T
P

C
Figura 42 -  Representação da emissão das vias da CAT
Fonte: SENAI/MG, 2017.

A empresa é responsável por comunicar o acidente à Previdência Social a partir


FIQUE da emissão da CAT, em até um dia útil após o ocorrido, prazo legal estabelecido.
ALERTA Em caso de morte, a emissão deve ser imediata. Caso a empresa não comunique o
acidente, poderá pagar multa.

4.3 SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO – SESMT

As ações de Segurança do Trabalho em uma empresa precisam ser desenvolvidas por profissionais que
possuem conhecimentos específicos, capazes de promover a saúde e a segurança no desenvolvimento
das atividades trabalhistas. Toda empresa precisa constituir os Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT.
O SESMT pode ser composto pelos seguintes profissionais:
• Técnico em Segurança do Trabalho;
• Engenheiro de Segurança do Trabalho;
• Auxiliar de Enfermagem do Trabalho;
• Enfermeiro do Trabalho e Médico do Trabalho.
A necessidade de a empresa possuir esses profissionais, assim como a quantidade e carga horária de
trabalho de cada um deles, é definida pela Norma Regulamentadora 04 – Serviços Especializados em En-
genharia de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT (NR 04).
A norma estabelece o dimensionamento do SESMT, de acordo com a quantidade de funcionários do
estabelecimento e a gradação do risco que varia de 1 a 4. A gradação do risco é caracterizada, conforme o
tipo de atividade que a empresa desenvolve, informação também obtida na NR 04. Vamos compreendê-la
melhor?
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
72

Uma indústria que desenvolve a atividade de extração de minério de manganês possui o grau de
risco 4, de acordo com NR 04 e possui um total de 615 funcionários. O dimensionamento é realizado por
meio da Tabela 2, que mostra o dimensionamento do SESMT da norma.

DIMENSIONAMENTO DOS SESMT


Grau Nº de empregados no 50 101 251 501 1.001 2.001 3.501 Acima de 5000 (Para cada
de estabelecimento a a a a a a a grupo De 4000 ou fração
Técnicos 100 250 500 1.000 2000 3.500 5.000 acima 2000**)
Risco
Técnico Seg. Trabalho 1 1 1 2 1
Engenheiro Seg. Trabalho 1* 1 1*
1 Aux. Enferm. do Trabalho 1 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1*
Médico do Trabalho 1* 1* 1 1*
Técnico Seg. Trabalho 1 1 2 5 1
Engenheiro Seg. Trabalho 1* 1 1 1*
2 Aux. Enferm. do Trabalho 1 1 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1
Médico do Trabalho 1* 1 1 1
Técnico Seg. Trabalho 1 2 3 4 6 8 3
Engenheiro Seg. Trabalho 1* 1 1 2 1
3 Aux. Enferm. do Trabalho 1 2 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1
Médico do Trabalho 1* 1 1 2 1
Técnico Seg. Trabalho 1 2 3 4 5 8 10 3
Engenheiro Seg. Trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1
4 Aux. Enferm. do Trabalho 1 1 2 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1
Médico do Trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1
(*) Tempo parcial (mínimo de três horas) OBS: Hospitais, Ambulatórios, Maternidade, Casas de Saúde
(**) O dimensionamento total deverá ser feito levando-se em e Repouso, Clínicas e estabelecimentos similares com mais
consideração o dimensionamento de faixas de 3501 a 5000 mais o de 500 (quinhentos) empregados deverão contratar um
dimensionamento do(s) grupo(s) de 4000 ou fração acima de 2000. Enfermeiro em tempo integral.
Tabela 2 - Dimensionamento do SESMT
Fonte: Norma Regulamentadora 04, Portaria 3214/78 do Ministério do trabalho.

Assim, o dimensionamento do SESMT para essa mineradora ficaria da seguinte forma, conforme Tabela 3.

DIMENSIONAMENTO DO SESMT
Técnico em Segurança do Trabalho 4
Engenheiro de Segurança do Trabalho 1
Auxiliar de Enfermagem do Trabalho 1
Enfermeiro do Trabalho 0
Médico do Trabalho 1
Tabela 3 - Dimensionamento do SESMT de uma empresa do ramo de extração de minério de manganês
Fonte: SENAI/MG, 2017.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
73

4.4 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES – CIPA

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA tem como principal objetivo prevenir os aciden-
tes do trabalho.
Essa comissão é composta pelos trabalhadores da empresa: representantes dos empregados e/ou
representantes do empregador. Os membros representantes dos empregados são definidos por processo
de eleição, e o os membros representantes do empregador são por ele designados. Entre os representantes
do empregador, será definido o Presidente da comissão e entre os representantes dos empregados, o vice-
presidente, conforme podemos ver na Figura 43.

EMPREGADOR EMPREGADOS

Rodrigo Henrique de Lacerda


Designação Eleição

TITULAR SUPLENTES TITULAR SUPLENTES


(Presidente) (Vice-Presidente)

Figura 43 -  Estrutura da CIPA


Fonte: SENAI/MG, 2017.

A CIPA é regulamentada pela Norma Regulamentadora 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes


– NR 05, que estabelece os principais requisitos sobre a constituição da comissão, sua organização,
atribuições, seu funcionamento e dimensionamento.
As indústrias de mineração devem constituir a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na
Mineração – CIPAMIN, conforme estabelecido pela Norma regulamentadora 22, Segurança e Saúde
Ocupacional na Mineração – NR 22, que é o regulamento técnico específico sobre segurança do traba-
lho na mineração. A Figura 44 representa o símbolo da CIPAMIN.

Figura 44 -  Símbolo CIPAMIN


Fonte: SENAI/MG, 2017.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
74

Uma das características sobre dimensionamento da CIPAMIN, estabelecida pela NR 22, é quanto à sua
composição, devendo possuir representantes dos setores de trabalho nos quais ocorrem a maior quanti-
dade de acidentes do trabalho e que ofereçam maior risco.
Os setores que possuírem essas características deverão ter um membro da CIPAMIN, acatando o dimen-
sionamento da NR 22. O processo eleitoral dos membros representantes dos empregados é desenvolvido,
respeitando-se a abrangências dos setores com maior número de acidentes e que ofereçam maior risco.
O mandato da CIPAMIN tem duração de um ano.
O número de membros da CIPAMIN é definido pela quantidade de trabalhadores da mineração, conforme
o Quadro 4.

15 31 51 101 251 501 1.001 2.501 acima de 5.000 para


N.º DE EMPREGADOS NO
a a a a a a a a cada grupo de 500
ESTABELECIMENTO
30 50 100 250 500 1.000 2.500 5.000 acrescentar
N.º de representantes
1 1 1 1 1 1 1 1 -
TITULARES DO EMPREGADOR
N.º de representantes
1 1 1 1 1 1 1 1 -
SUPLENTES DO EMPREGADOR
N.º de representantes
1 2 3 4 5 6 9 12 4
TITULARES DOS EMPREGADOS
N.º de representantes
1 1 1 1 2 2 3 4 2
SUPLENTES DO EMPREGADOS
Tabela 4 - Quadro de dimensionamento CIPAMIN
Fonte: Norma Regulamentadora 22.

Então, se uma mineradora possuir 534 funcionários, sua CIPAMIN ficará dimensionada da seguinte forma,
de acordo com a Tabela 5.

DIMENSIONAMENTO DA CIPAMIN
TITULARES representantes do EMPREGADOR 1 TOTAL DE MEMBROS TITULARES
TITULARES representantes dos EMPREGADOS 6 7
SUPLENTES representantes do EMPREGADOR 1 TOTAL DE MEMBROS SUPLENTES
SUPLENTES representantes dos EMPREGADOS 2 3
Tabela 5 - Dimensionamento CIPAMIN de uma mineradora
Fonte: SENAI/MG, 2017.

No Quadro 5, observe as principais atribuições da CIPAMIN.


4 SEGURANÇA DO TRABALHO
75

ATRIBUIÇÕES CIPAMIN

• Desenvolver o mapa de riscos (Trataremos deste tema mais adiante!);


• Propor ações a ser implantadas para o controle das situações de riscos identificadas nos locais de trabalho;
• Na ocorrência de acidentes do trabalho ou doenças, deverá analisá-los, indicando sugestões de melhorias para a prevenção de
eventos semelhantes;
• Acompanhar a implantação das ações propostas nos programas de controle de riscos existentes;
• Participar das inspeções nos locais de trabalho, sempre que houver;
• Realizar reuniões mensais previstas em seu calendário anual;
• Realizar reuniões extraordinárias sempre quando ocorrer acidente com morte ou lesão grave;
• Acompanhar os projetos de alterações nos locais de trabalho que podem impactar a segurança dos trabalhadores, revisando o
mapa de riscos sempre que necessário;
• Solicitar cópia das Comunicações de Acidentes do Trabalho;
• Participar dos treinamentos admissionais dos trabalhadores, apresentando o objetivo da CIPAMIN, suas responsabilidades e
atribuições;
• Uma vez ao ano, realizar a SIPATMIN – Semana Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração; oportunamente apresentar os
resultados obtidos quanto às ações desenvolvidas pela CIPAMIN.

Quadro 5 - Atribuições CIPAMIN


Fonte: Adaptado de Norma Regulamentadora 22, Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho.

Por essas atribuições, podemos perceber a importância dessa comissão para o alcance dos objetivos da
segurança do trabalho na prevenção dos acidentes.

4.5 RISCOS AMBIENTAIS

Os riscos ambientais são os agentes de riscos causadores dos acidentes. Eles podem ser físicos, quími-
cos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. Eles têm a capacidade de provocar algum dano à saúde e à in-
tegridade física dos trabalhadores em função das suas características, da sua concentração ou intensidade,
do tempo em que o trabalhador fica exposto a eles e também em relação à susceptibilidade do organismo
do trabalhador.
Vamos conhecer cada um desses grupos de riscos!
Os agentes de riscos físicos são as formas de energia, como: ruído, radiações ionizantes e não ionizantes,
vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, ultrassom9 e o infrassom10.
Os agentes de riscos biológicos são os vírus, fungos, bactérias, protozoários, bacilos, parasitas presentes
no ambiente de trabalho.
Os agentes de riscos químicos são produtos, compostos ou substâncias que podem adentrar o orga-
nismo por ingestão, por via respiratória ou contato com a pele. Esses agentes podem estar na forma de
poeira, fumos, névoas, vapores, gases e neblinas.

9 Ultrassom: faixa de frequência da onda sonora, acima de 20000 hertz, que o sistema auditivo humano não consegue perceber.
10 Infrassom: faixa de frequência da onda sonora, abaixo de 20 hertz, que o sistema auditivo humano não consegue perceber.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
76

Os agentes de riscos ergonômicos podem ser exigência de má postura, levantamento e transporte


manual de cargas, ritmos excessivos de trabalho, monotonia e repetitividade e também fatores relaciona-
dos ao estresse físico e psicológico.
Os agentes de riscos de acidentes também podem ser chamados de riscos mecânicos. Eles podem ser
situações que têm a capacidade de contribuir para a ocorrência de acidentes, como arranjo físico inade-
quado, iluminação e ventilação inadequadas, máquinas e equipamentos defeituosos ou com partes mó-
veis expostas.
A portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994, apresenta classificação dos riscos ocupacionais em grupos
com os seus agentes causadores e a padronização por cores, conforme a Figura 45:

Ruídos, vibrações, radiações ionizantes, radiações não ionizantes,


frio, calor, pressões anormais e umidade.

Poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores,


substâncias compostas ou produtos químicos em geral.

Vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas, bacilos.

Esforço físico intenso, levantamento e transporte manual, exigência de


postura, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos,
trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia
e repetitividade, outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico.

Arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas


inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, eletricidade, probabilidade
de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos,
outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes.

Figura 45 -  Classificação dos riscos


Fonte: Portaria nº 25 de 29 de dezembro de 1994.

A Convenção 176 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, sobre segurança


e saúde em Minas, estabelece que os trabalhadores, além do direito à informação
FIQUE e direito à formação, também devem ser consultados e participar da preparação e
ALERTA aplicação das ações de controle dos riscos e perigos aos quais estão expostos na
mineração.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
77

4.6 MEDIDAS DE PROTEÇÃO

Já sabemos o que é um acidente, as suas causas e as suas consequências. Mas como podemos prevenir
as ocorrências dos acidentes? Para isso, adotamos as chamadas medidas de proteção. Elas podem ser cole-
tiva, administrativa e individual. A hierarquia da ordem de adoção é apresentada na Figura 46.

ORDEM DE ADOÇÃO DAS MEDIDAS DE CONTROLE

1º 2º 3º

Rodrigo Henrique de Lacerda


Medidas Medidas Medidas
de proteção de proteção de proteção
Coletiva Administrativa Individual

Figura 46 -  Ordem de adoção das medidas de controle


Fonte: Norma Regulamentadora 12 - Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos.

Vamos conhecer cada uma das medidas de proteção?

4.6.1 MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA

A medida de proteção coletiva, também conhecida como Equipamento de Proteção Coletiva – EPC, é
todo o mecanismo ou conjunto de elementos de caráter coletivo que proporciona a proteção de todos os
trabalhadores, assim como de qualquer outra pessoa que esteja no ambiente onde essa medida coletiva
está implantada.
Vamos pensar em um local de trabalho que possui um compressor instalado, utilizado durante todo
o período da jornada de trabalho. Esse equipamento, durante o seu funcionamento, emite um nível de
ruído bem elevado. Uma das medidas eficazes a ser implantada é o enclausuramento11, por meio de
uma caixa acústica composta por materiais capazes de impedir que as ondas sonoras se propaguem
pelo ambiente, o que proporcionará uma diminuição do nível do ruído para todos os que desenvolvem
atividades naquele local e também aos que transitam por ali.
Dessa maneira, temos uma medida de proteção coletiva para o ruído proveniente do funcionamento do
compressor, que pode ser observada nas Figuras 47 e 48.

11 Enclausuramento: eliminação de qualquer condição de acesso a um determinado lugar ou objeto.


QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
78

@istockphoto.com/EasyBuy4u
Figura 47 -  Compressor

Rodrigo Henrique de Lacerda.

Figura 48 -  Representação do sistema de enclausuramento acústico


Fonte: SENAI/MG, 2017.

O interessante dessa forma de controle é que ela proporciona menos incômodo ao trabalhador, se com-
parada a uma medida de proteção individual.
A medida de proteção coletiva, além de proporcionar a diminuição do número de acidentes, possibilita,
em longo prazo, uma redução de custos para a empresa, em comparação ao custo da manutenção e subs-
tituição dos Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s.
Outro aspecto relevante é sobre sua eficácia, pois a medida de proteção coletiva, diferentemente do EPI,
não dependerá do uso correto por parte de cada trabalhador, após implantada no ambiente de trabalho.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
79

4.6.2 MEDIDAS DE PROTEÇÃO ADMINISTRATIVA

As medidas de proteção de ordem administrativa estão relacionadas às propostas de alteração da orga-


nização do trabalho, a fim de garantir maior segurança aos trabalhadores. Essas medidas são estabelecidas
conforme a configuração das situações de risco em que se desenvolve o trabalho.
Um exemplo interessante de medida de proteção administrativa é a rotatividade de funcionários no dia
de trabalho, desenvolvendo atividades em setores diferentes ao longo da jornada.
Se no setor “A” ocorre a exposição ao ruído, e no outro setor “B” ocorre a exposição ao agente quí-
mico cloro a uma concentração acima do limite de tolerância12 estabelecido pela legislação brasileira
de 2,3mg/m³ – se o trabalhador desenvolver metade de sua jornada de trabalho no setor “A” e a outra
metade da jornada no setor “B”, vamos diminuir pela metade o tempo de exposição desse trabalhador a
cada agente de risco, diminuindo também os danos à saúde do trabalhador, relativos à exposição nessa
nova organização do trabalho.

4.6.3 MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL


As medidas de proteção individual são conhecidas como Equipamento de Proteção Individual – EPI
que é todo o dispositivo ou produto de uso individual, destinado a proteger a saúde e integridade física
dos trabalhadores.
Cabe ressaltar que essa medida só é adotada quando esgotadas todas as possibilidade de eliminação
ou neutralização dos riscos existentes e também quando for inviável a adoção das medidas de proteção
coletiva e administrativas, como vimos anteriormente.
O equipamento adequado a cada atividade profissional deve ser fornecido ao trabalhador, gratuita-
mente e em perfeitas condições de uso.
Todo EPI só pode ser colocado à venda e utilizado se possuir o Certificado de Aprovação – CA, expedido
pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, que tem por intuito realizar uma avaliação e garantir os
padrões de fabricação desses equipamentos para que atendam às suas finalidades quanto à proteção do
trabalhador. O número do CA deve ser gravado de forma indelével13 e ser legível no corpo do equipamento.

Para saber se o seu Equipamento de Proteção Individual foi fabricado com base em
parâmetros normativos e atende a todos os aspectos de segurança, você poderá
SAIBA verificar essas e outras informações consultando o Certificado de Aprovação,
disponibilizado no site do Ministério do Trabalho e Emprego – basta você utilizar o
MAIS número do CA!
Disponível em: http://caepi.mte.gov.br/internet/ConsultaCAInternet.aspx

Existem vários tipos de EPI’s para atender às diversidades dos riscos existentes nos ambientes de traba-
lho. Eles são classificados de acordo com a parte do corpo a ser protegida. Temos EPI para os pés, para as
mãos, para a cabeça, para o tronco, para os olhos e a face, para o sistema auditivo, para o sistema respirató-
rio, para os membros superiores e inferiores e também equipamentos para o corpo inteiro.
A seguir, abordaremos alguns tipos de proteção individual.
12 Limite de tolerância: valor acima do qual causa danos ao organismo do trabalhador.
13 Indelével: que não pode ser destruído ou dissipado.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
80

Calçado de Segurança

@istockphoto.com/Nesterenko_Max
Figura 49 -  Calçado de Segurança

Existem muitos tipos de calçados de segurança. O solado pode conter composições variadas, como a
altura do cano, o tipo de biqueira, podendo ser de aço ou material não metálico. A determinação do me-
lhor tipo de proteção para os pés será definida de acordo com os agentes de riscos a que o trabalhador se
encontra exposto.

Luvas de Proteção e Cremes de Proteção


@istockphoto.com/Michael Bodmann

Figura 50 -  Luvas de Proteção

As luvas serão determinadas de acordo com o tipo de material que o trabalhador irá manusear ou a
atividade que executará. A proteção consiste em evitar o contato direto das mãos do trabalhador com o
agente de risco.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
81

Conforme o tipo de substância que o trabalhador manuseia, serão indicados os cremes de proteção
que criam uma espécie de película, protegendo a pele do trabalhador como uma luva invisível. Um
exemplo são os cremes de proteção que criam uma resistência a óleo, protegem a pele durante o conta-
to com óleo, graxa, tinta, verniz, pó de terra e outros similares, proporcionando a sensibilidade do tato
para a atividade desenvolvida, além de facilitar a limpeza e remoção das substâncias da pele.

Capacete de Segurança
Os EPI’s, em algumas circunstâncias, não evitam o acidente, mas atenuam o dano que poderia ser ge-
rado ao trabalhador. O fato de o trabalhador fazer uso do capacete não impede que objetos possam cair
sobre sua cabeça, mas, caso isso ocorra, devido ao uso do capacete, os ferimentos que poderiam ser provo-
cados sem o uso do EPI serão minimizados ou não ocorrerão, dependendo do acidente.
O capacete deve ser utilizado quando houver risco de queda de materiais, ou quando houver o trans-
porte e manuseio suspenso de cargas. O modelo apresentado na Figura 51 é o mais utilizado na área in-
dustrial. Os capacetes podem conter outros dispositivos de proteção conjugados a ele, como o protetor
auditivo tipo concha e/ou protetor facial em acrílico apresentados na Figura 52. Os modelos com lanterna
acoplada são utilizados pelas mineradoras, pois as minas têm baixa luminosidade, a sua utilização favorece
a visibilidade dos trabalhadores. Veja um exemplo desse capacete na Figura 53.

@istockphoto.com/Kuligssen

Figura 51 -  Capacete de segurança


@istockphoto.com/artvitdiz

Figura 52 -  Capacete de segurança com dispositivos de proteção conjugados


QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
82

@istockphoto.com/monozero
Figura 53 -  Capacete de segurança com lanterna

Vestimenta de Segurança

Outra medida de segurança utilizada para facilitar a visibilidade dos trabalhadores é o uso de vestimen-
tas com faixas de materias retrorrefletivos14. Nas Figuras 54 e 55, observe um trabalhador utilizando esse
tipo de vestimenta.
@istockphoto.com/Talaj

Figura 54 -  Capacete conjugado com lanterna e vestimenta com faixas retrorrefletivas

14 Retrorrefletivo: capacidade de devolver quase toda a luz emitida em sua superfície.


4 SEGURANÇA DO TRABALHO
83

@istockphoto.com/TatianaKrylova
Figura 55 -  Vestimentas com faixas retrorrefletivas

Óculos de Segurança

Os óculos de segurança protegem a região dos olhos contra a projeção de partículas e contra o contato
com fluidos e outros agentes nocivos que podem acidentalmente ser projetados contra os olhos.
Dependendo da atividade, a coloração das lentes exerce um papel muito importante. Por exemplo, a
lente cinza e verde tem por finalidade a proteção contra os raios solares e proteção em ambientes muito
luminosos. A lente amarela favorece a visibilidade em dias nublados e é adequada para motoristas durante
a noite. Veja os modelos de óculos de segurança nas Figuras 56 e 57.
@istockphoto.com/showcake

Figura 56 -  Óculos de proteção


QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
84

@istockphoto.com/ Kharichkina
Figura 57 -  Óculos de proteção lente cinza e lente amarela

Protetor Auditivo
O protetor auditivo não elimina o risco da exposição ao ruído, mas oferece a diminuição do nível de
pressão sonora à qual o trabalhador está exposto. É necessário o correto uso do dispositivo de proteção ao
longo de todo o período da exposição.
Caso o trabalhador retire o dispositivo repetidamente em alguns momentos de sua jornada, será
caracterizado o tempo de omissão de uso, comprometendo sua eficácia, pois o trabalhador não terá a
proteção do equipamento. Esse tempo de omissão de uso é válido para todos os dispositivos de proteção
individual.
@istockphoto.com/ mady70

Figura 58 -  Protetor auditivo de inserção tipo plugue


4 SEGURANÇA DO TRABALHO
85

A Figura 59 apresenta os modelos de protetor auditivos mais utilizados pelas mineradoras, o de inserção
tipo plugue e o tipo concha. Em algumas situações os colaboradores deverão utilizar simultaneamente os
dois modelos.

@istockphoto.com/ IgorSokolov
Figura 59 -  Protetor auditivo tipo concha

Os dois modelos proporcionam a diminuição do ruído de exposição. Um fator a ser considerado é a


adaptação e o conforto do trabalhador quanto ao tipo de protetor auditivo selecionado, sendo o principal
critério o nível de atenuação que o dispositivo proporcionará em relação à exposição. Ambos possuem
aspectos que podem prejudicar a sua eficácia.
O protetor auditivo de inserção tipo plugue, por precisar ser introduzido parcialmente no canal auditivo,
pode favorecer o surgimento de infecções caso não seja higienizado e/ou armazenado adequadamente.
Já o tipo concha não possui essa característica, mas, em contrapartida, provoca uma leve pressão
craniana, gerando um pequeno desconforto em sua utilização ao longo do dia.
O que deve ser lembrada é a importância do uso desses dispositivos para a saúde do trabalhador, pois
os distúrbios ao organismo humano provenientes da exposição ao ruído são muitos, como: hipertensão,
alteração da frequência cardíaca, alteração da pressão arterial, estresse, fadiga, insônia, diarreia, náuseas
e perda auditiva induzida por ruído ocupacional – PAIRO. Os benefícios do emprego dos EPI’s, quanto à
proteção à saúde do trabalhador, se sobressaem ao desconforto de sua utilização!

Proteção Respiratória
Vimos que uma das formas de absorção dos agentes químicos no organismo é pelo sistema respiratório.
Os EPI’s destinados à proteção respiratória são as máscaras de proteção respiratória.
Elas contêm mecanismo de filtragem mecânico ou químico, o que determinará o tipo de filtro será
o agente de risco em questão, que precisamos controlar. A peça semifacial filtrante, PFF, proporciona a
cobertura do nariz, da boca e do queixo e é indicada para exposição a aerodispersóides15, como poeiras,
névoas, fumos metálicos e particulados altamente tóxicos. Seu mecanismo de retenção é o mecânico, pois
retém o agente em sua estrutura física, que é porosa. As máscaras de proteção respiratória são classificadas
em três tipos: PFF 1, PFF 2 e PFF 3. No Quadro 6, veja aplicação de cada tipo.

15 Aerodispersóides: particulados sólidos ou líquidos dispersos no ar.


QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
86

CLASSIFICAÇÃO DAS PEÇAS SEMIFACIAIS FILTRANTES


PFF 1 Poeiras e Névoas
PFF 2 Poeiras, Névoas e Fumos.
PFF 3 Poeiras, Névoas e Fumos radionuclídeos16.
Quadro 6 - Classificação das peças semifaciais filtrantes16
Fonte: Programa de Proteção Respiratória - Recomendações seleção e uso de respiradores. FUNDACENTRO.

Para essa proteção respiratória, fazemos apenas a sua substituição, quando constatada a necessidade.
Não existe um padrão que determine quando ela deve ser substituída, pois dependerá principalmente do
nível de esforço realizado pelo trabalhador em suas atividades, o que aumenta a frequência de inalação do
ar e da concentração do agente de risco presente na atmosfera.
Devemos ficar atentos quando ocorrer dificuldades de inalação, se detectarmos odores, gosto ou qual-
quer irritação relacionados ao agente contaminante e observar a integridade do equipamento e sujeiras.
Caso predomine qualquer uma dessas situações, é recomendada a substituição. Na Figura 60, veja uma
peça Semifacial Filtrante.

@istockphoto.com/ kosmos111

Figura 60 -  Peça Semifacial Filtrante - PFF

As máscaras que possuem filtros mecânicos ou químicos precisam de manutenção, caracterizada pela
substituição dos filtros já utilizados por filtros novos, respeitando-se os mesmos critérios de substituição
citados anteriormente. Os filtros são variados conforme o agente de risco que precisa ser controlado. Essas
máscaras são compostas por uma estrutura reutilizável e pelos filtros. A Figura 61 apresenta um exemplo
de máscara de proteção respiratória com filtro.

16 Radionuclídeos: átomos que podem emitir radiação. Substâncias radioativas.


4 SEGURANÇA DO TRABALHO
87

@istockphoto.com/ Pakphoto
Figura 61 -  Máscara de proteção respiratória com filtro

Para aprofundar seus conhecimentos sobre proteção respiratória, muito importante


SAIBA para atividades em mineração, leia o Programa de Proteção Respiratória:
MAIS Recomendações, Seleção e Uso de Respiradores, publicado pela FUNDACENTRO.
O Programa foi pautado na Instrução Normativa Nº 01 do MTE de 11/04/1994.

Na Figura 62, podemos ver uma máscara que proporciona, além da proteção respiratória, a proteção
de toda a face, denominada máscara de proteção facial. Para a eficácia da utilização, elas devem possuir
perfeita vedação à face, de maneira que o ar contaminado a ser inalado entre no dispositivo por meio do
mecanismo de filtragem.
Todos os trabalhadores devem sempre estar barbeados. Aqueles que possuírem alguma deformidade
facial que comprometa essa vedação não devem executar atividades nas quais estejam expostos a agentes
de riscos que demandem o uso dessa proteção, caracterizando uma limitação física que os expõe a uma
condição de risco. Essa recomendação é válida para todo o dispositivo de proteção respiratória.
@istockphoto.com/ ARTYuSTUDIO

Figura 62 -  Máscara de proteção facial


QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
88

No século IV a. C., o processo de extração mineral era uma das principais atividades
desenvolvidas pelos escravos. Nesse período, muitas referências históricas associadas
à Segurança do Trabalho foram identificadas e posteriormente registradas. Plínio,
conhecido como o sábio romano, fez referência à intoxicação dos escravos relativa ao
CURIOSI manuseio de zinco, enxofre, chumbo, mercúrio e inalação de poeira. Uma observação
DADES interessante realizada por ele refere-se à iniciativa dos escravos no desenvolvimento
de um mecanismo de proteção individual, ao utilizar sobre a face panos umedecidos
ou membranas de bexiga de carneiro como tentativa de evitar a inalação dos
particulados provenientes do trabalho realizado.

Responsabilidades do empregador quanto ao EPI


O Quadro 7 apresenta as principais responsabilidades do empregador, em relação aos equipamentos
de proteção individual.

RESPONSABILIDADES DO EMPREGADOR
Fornecer EPI’s apenas aos empregados que possuírem o certificado de aprovação;
Exigir dos empregados a utilização desses equipamentos;
Realizar treinamentos sobre o uso adequado, a guarda e conservação de EPI’s;
Substituir o mais breve possível quando ocorrer a danificação ou a perda de algum equipamento;
Realizar o registro do fornecimento dos EPI’s ao trabalhador;
Realizar a aquisição dos dispositivos de acordo com os riscos a que os trabalhadores estão expostos em cada atividade.
Quadro 7 - Responsabilidades do empregador
Fonte: Norma Regulamentadora 06.

Responsabilidades dos empregados quanto ao EPI


Os trabalhadores têm responsabilidades no recebimento e na utilização dos dispositivos de proteção
individual. Veja as principais no Quadro 8.

RESPONSABILIDADES DOS EMPREGADOS


Usar o EPI apenas para a finalidade à qual ele foi destinado;
Guardar e se preocupar com os aspectos de conservação dos EPI’s;
Relatar ao empregador qualquer alteração que prejudique a funcionalidade de algum equipamento;
Atender a todas as exigências estabelecidas pelo empregador quanto à utilização dos EPI’s.
Quadro 8 - Responsabilidades dos empregados
Fonte: Norma Regulamentadora 06.

A Norma Regulamentadora 06 do Ministério do Trabalho e Emprego estabelece os


FIQUE parâmetros legais mínimos necessários sobre os dispositivos de proteção individual
ALERTA para os trabalhadores, empregador, fabricantes, além de conter uma listagem de
todos os tipos de EPI’s.

4.7 FERRAMENTAS DE SEGURANÇA

As ferramentas de segurança são meios estabelecidos pela empresa para alcançar os objetivos em
relação à segurança do trabalho e podem auxiliar na prevenção de acidentes. Conheceremos algumas
dessas ferramentas nos conteúdos a seguir.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
89

4.7.1 DIÁLOGO DIÁRIO DE SEGURANÇA - DDS

O Diálogo Diário de Segurança - DDSconsiste em reunir os trabalhadores antes de cada turno de tra-
balho em um bate-papo, abordando temas importantes sobre a prevenção de acidentes. Essa e outras
ações podem ser desenvolvidas pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do
Trabalho – SESMT, pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração - CIPAMIN ou por
qualquer trabalhador da empresa que possa contribuir.
Essa ferramenta é aplicável a qualquer empresa que objetive melhorar a cultura da importância da se-
gurança, mediante diálogos diários, que podem tratar temas variados pela disseminação da informação,
prevenindo acidentes.
É importante que o DDS seja objetivo e não muito prolongado e proporcione a participação e desperte
o interesse dos trabalhadores durante o bate-papo. Os temas a serem abordados são de total liberdade da
empresa e dos trabalhadores, conforme a necessidade e o objetivo que se pretende alcançar.

4.7.2 INSPEÇÃO DE SEGURANÇA

As inspeções de segurança são fundamentais para a identificação das situações de não conformidades
que têm o potencial de provocar acidentes. Podemos entendê-las como uma excelente fonte de informa-
ções para a proposição de medidas de controle que previnam os acidentes.
Se as situações de riscos forem identificadas e controladas em tempo, conseguiremos prevenir a ocor-
rência dos acidentes.
As inspeções são desenvolvidas por profissionais do SESMT, CIPAMIN ou por quem o empregador julgar
competente para tal atribuição. O Quadro 9 apresenta os três tipos inspeção de segurança.

INSPEÇÕES PERIÓDICAS INSPEÇÕES DE ROTINA INSPEÇÕES ESPECIAIS

São realizadas diariamente Essas inspeções necessitam de aparelhagem específica,


São desenvolvidas em intervalos de
em um setor, ou em um por exemplo, um monitoramento de gases tóxicos
tempo regulares, uma vez a cada
equipamento que necessite presentes na atmosfera de uma mina subterrânea.
semana, uma vez a cada mês, conforme
dessas verificações diárias para Será utilizado um equipamento de detecção de gases,
a necessidade da empresa e o
identificar as falhas e situações de monitoramento do percentual do oxigênio ou da
planejamento das ações de segurança.
de riscos. concentração do agente nocivo que se pretende verificar.

Quadro 9 - Tipos de inspeções


Fonte: SENAI/MG, 2017.

Fases das Inspeções

As inspeções acontecem em um ciclo composto pelas seguintes fases:


1ª FASE: Observação
Nesta fase, o responsável pela inspeção deverá desenvolver sua habilidade de identificação das falhas.
Todos os elementos presentes no ambiente de trabalho precisam ser analisados: os equipamentos, a
matéria-prima, os trabalhadores, a rotina de trabalho, as condições físicas do ambiente.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
90

2ª FASE: Informação
Quando constatada a não conformidade, o inspetor responsável deverá comunicar, mesmo que verbal-
mente, a situação de risco identificada. Isso pode auxiliar na solução do problema com a implantação de
medidas, ainda que provisórias, pelas pessoas responsáveis do setor de trabalho antes da implantação de
uma medida definitiva e que possa, o mais breve possível, eliminar a situação observada.
3ª FASE: Registro
Esta é a fase em que as informações obtidas são registradas em um formulário específico que pode ter o
nome de Relatório de Inspeção, Lista de Verificação ou o nome que a empresa considerar apropriado, mas
a função será a mesma: gerar uma evidência, por meio desse documento, das irregularidades identificadas.
No capítulo de qualidade, abordamos a ferramenta Lista de Verificação, que pode ser utilizada como uma
forma de registro da inspeção.
4ª FASE: Proposta das Ações
A investigação não tem como propósito identificar apenas as não conformidades, mas, a partir dessa
identificação, propor as ações necessárias para eliminar ou controlar as situações de riscos para prevenir os
acidentes. Nesta fase, são articuladas e implantadas as ações necessárias.
5ª FASE: Acompanhamento das ações
Após a proposição e implantação das ações, é necessário que o inspetor verifique se houve o atendi-
mento ao propósito das medidas implantadas. Em caso negativo, novas medidas devem ser propostas e
implantadas.
Como podemos visualizar na Figura 65, o ciclo de desenvolvimento das inspeções tende ao controle das
situações de risco desde o levantamento das informações na fase de observação ao acompanhamento das
ações de controle.
@istockphoto.com/ LeventKonuk

Figura 63 -  Inspeção de Segurança

4.7.3 AUDITORIA DE SEGURANÇA


As auditorias são utilizadas pelas empresas para analisar e avaliar criticamente o desempenho e a eficá-
cia de suas ações de Segurança do Trabalho, que podem ser internas ou externas.
Essas auditorias17 podem ser desenvolvidas para fins de certificação de especificações internacionais
em matéria de Segurança do Trabalho, como a Série de Avaliação da Segurança e Saúde no Trabalho OH-
SAS 18001:2007 (Occupational Health and Safety Assessments Series - OHSAS).

17 Auditoria: processo de análise criterioso do desenvolvimento de ações por profissionais que possuem conhecimento sobre o
conteúdo da auditagem.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
91

Como propósito, terão que verificar se a organização atendeu plenamente a todos os requisitos estabe-
lecidos pela OHSAS 18001:2007. Caso a empresa os atenda plenamente, será certificada.
As auditorias internas serão realizadas por uma comissão composta por trabalhadores da própria em-
presa, que serão capacitados para o exercício dessa função e realizarão verificações quanto ao atendimen-
to aos requisitos estabelecidos pela especificação OHSAS 18001:2007. Esse processo tem como objetivo
identificar as falhas e corrigi-las antes do processo de auditagem externa, que realizará a mesma análise, só
que para fins da certificação.
Já a auditagem externa é realizada por Organismo de Certificação ligados a organizações internacionais
de padronização e normatização, tal como a ISO. Nesse caso, caberá ao auditor verificar o atendimento aos
requisitos para decidir se concederá ou não a certificação à empresa solicitante.

4.7.4 NOTIFICAÇÃO DE INFRAÇÕES DE SEGURANÇA


Para que as exigências legais referentes à segurança do trabalho sejam cumpridas, é necessária a re-
alização de ações fiscalizadoras promovidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, órgão federal
responsável pela segurança e saúde do trabalho, pelos chamados Agentes de Inspeção do Trabalho.
Os agentes de inspeção do trabalho realizarão as ações de inspeção dos locais de trabalho, usando o
registro comprobatório da violação à legislação, se constatado.
Quando necessário e com base em critérios técnicos, o agente de inspeção poderá inicialmente noti-
ficar o empregador sobre as irregularidades identificadas, estabelecendo prazos de, no máximo, sessenta
dias para regularizar as situações. No caso do descumprimento à legislação, o empregador poderá sofrer
penalidades, como multas.

4.7.5 CAMPANHAS DE SEGURANÇA


A Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho na Mineração – SIPATMIN é uma das campa-
nhas de segurança que as mineradoras devem promover anualmente, devendo conter uma programação
especial, de modo a disseminar informações sobre a segurança do trabalho.
Outra campanha obrigatória a ser promovida pela empresa é a de Prevenção da AIDS.
Caberá à empresa julgar se é necessária a realização de outras campanhas com temáticas que possam
contribuir significativamente para a promoção da saúde e segurança de seus colaboradores.

4.7.6 ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS - APR


Precisamos agir preventivamente para evitarmos os acidentes. A Análise Preliminar de Riscos - APR ou
Análise Preliminar de Tarefas – APT é uma ferramenta que consiste em desenvolver uma análise dos riscos
presentes em cada etapa de uma atividade, propondo medidas de controle necessárias, de forma anteci-
pada à exposição do trabalhador aos riscos peculiares à atividade que irá exercer.
Essa APR deve ser desenvolvida pelo profissional da área de segurança ou por quem possuir conhecimen-
tos na área de segurança do trabalho, com o colaborador responsável por executar a tarefa.
Cada etapa da atividade deve ser analisada, identificando os riscos presentes para posteriormente
definir as medidas de controle que deverão ser implantadas em cada etapa. Após preenchida a APR, o
trabalhador conhecerá todos os riscos a que ficará exposto e as medidas de controle que deverá adotar
antes de realizar o trabalho.
A APR é apresentada em um formulário próprio, contendo, no mínimo, as seguintes informações:
Atividade desenvolvida pelo trabalhador, Descrição das etapas da atividade, Riscos existentes e Medidas
de controle necessárias.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
92

Conforme vimos no “FIQUE ALERTA”, a Convenção 176 da OIT estabelece o direito do trabalhador
quanto à informação sobre os riscos aos quais ele está exposto e o direito à participação na
proposição de medidas de controle. A APR possibilita a informação e integração do trabalhador
nas ações de Segurança do Trabalho na empresa e com a CIPAMIN no exercício de suas atribuições.
Na Figura 64, confira um modelo de APR.

UNDERGROUND GOLDEN APR


APR - ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS
SOLICITANTE: Setor de monitoramento.

LOCAL: Sala de Controle – Setor B DATA: 1º/09/2016

DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE: Atividade de instalação de circuitos elétricos no Setor B da mineração (instalação de interruptores em
paralelo, ligação treeway, instalação de duas tomadas 127v.)
ETAPA DA ATIVIDADE
RISCOS MEDIDAS DE CONTROLE DOS RISCOS
Nº DESCRIÇÃO
Corte de membros superiores e/ou Manter os dedos fora da zona de corte da
1 Cortar condutor (cabo flexível).
esmagamento de membros. ferramenta.

Desenvolvimento de alongamentos em
2 Usar chave de fenda Execução de movimentos repetitivos
momentos alternados durante a jornada.

Posicionar os pés adequadamente nos degraus


da escada. (Por se tratar de uma atividade a
3 Subir na escada Queda de altura
menos de 2 metros de altura, não é necessário o
uso do cinto de segurança.)

Projeção de partículas Óculos de proteção com lentes transparentes.


4 Usar alicate universal Manter os dedos fora da zona de corte da
Corte
ferramenta.
Projeção de partículas Óculos de proteção com lentes transparentes.
5 Usar alicate desencapador Manter os dedos fora da zona de corte da
Corte
ferramenta.

Desenvolvimento de alongamentos em
Movimentos repetitivos
momentos alternados durante a jornada.
6 Usar tarraxa/PVC Manter os dedos fora da zona de torção da
Corte
ferramenta.
Projeção de partículas Óculos de proteção com lentes transparentes.
Manter os dedos fora da zona de corte da
7 Cortar eletroduto. Corte
ferramenta.
EXECUTANTES DO SERVIÇO
Nº NOME FUNÇÃO MATRÍCULA
1
2
RESPONSÁVEL NOME:
TÉCNICO ASSINATURA: DATA: 1º de setembro de 2016
Figura 64 -  Modelo de documento da APR
Fonte: SENAI/MG, 2017.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
93

4.7.7 PADRONIZAÇÃO DE TAREFAS

Quando pensamos em padronização, lembramo-nos logo de algo organizado, padrão, igual, semelhante.
A padronização de tarefas consiste na determinação de um modo de execução de uma atividade da
maneira mais eficiente e segura possível. Para que isso ocorra, o processo de execução da atividade precisa
ser estudado assim como todo o seu conjunto composto por maquinário, matéria-prima, mão de obra e
todas as variáveis relacionadas.
Após esse estudo, uma nova metodologia de execução será proposta para que o trabalho seja desen-
volvido da melhor maneira possível e com segurança.
Na ocorrência de um acidente, essa prática pode auxiliar na identificação das falhas que geraram o
infortúnio18 ou na identificação de uma falha no próprio padrão da tarefa que foi definido para o traba-
lhador executar.

4.7.8 ANÁLISE E INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES

Após a ocorrência de um acidente do trabalho, uma das ações mais importantes a ser desenvolvida é a
investigação e análise de acidentes. Essa investigação não tem como propósito encontrar os culpados pelo
acidente, e sim descobrir as causas que contribuíram para a ocorrência do evento para prevenir situações
iguais ou semelhantes a essa.
A investigação deve contemplar todos os detalhes referentes à rotina de trabalho, ferramentas e equi-
pamentos manuseados, a atividade desenvolvida no momento do acidente e quaisquer outros fatores que
possam ter relação com o evento.
Essa investigação deve ser registrada em um formulário que contenha o relatório da investigação e a
análise do acidente.
A partir do levantamento dessas informações, podemos encontrar as causas que provocaram o acidente.

4.7.9. SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

Você já observou que as vias de acesso de veículos possuem um sistema de orientação para
condutores e pedestres que permite que o trânsito se desenvolva da melhor maneira possível, evitando
a ocorrência de acidentes? Esse mecanismo de orientação utilizado é a sinalização.
Assim como no trânsito, a sinalização de segurança é um dos recursos utilizados para alertar, conscien-
tizar e informar os trabalhadores, nos ambientes de trabalho, sobre as situações de riscos existentes, os cui-
dados que devem ser adotados, assim como sobre a obrigatoriedade do uso de dispositivos de proteção.

18 Infortúnio: acontecimento indesejado.


QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
94

A implantação da sinalização de segurança de uma empresa é realizada com base em um projeto de


sinalização no qual foram analisados todos os aspectos do processo produtivo da empresa, o histórico
dos acidentes já ocorridos, a organização do trabalho, o perfil dos trabalhadores, os riscos existentes, as
necessidades de controle de riscos e demais informações que sejam relevantes para um eficaz projeto de
sinalização, que proporcione a melhoria e o controle das condições de riscos nos setores de trabalho, pre-
venindo acidentes.
As sinalizações são classificadas da seguinte forma:
A) Sinalização de Segurança
A sinalização de segurança fornece informações sobre segurança pela utilização de cores indicativas,
símbolos gráficos, textos que reproduzam uma mensagem peculiar sobre segurança, conforme exemplo
na Figura 65.

AVISO DE SEGURANÇA AVISO DE SEGURANÇA

Uso obrigatório Uso obrigatório


de Óculos de de Protetor
Proteção. Auditivo.

AVISO DE SEGURANÇA AVISO DE SEGURANÇA

Uso obrigatório Uso obrigatório


de Luvas de de Calçado de
Proteção. Segurança.

AVISO DE SEGURANÇA
Rodrigo Henrique de Lacerda

Uso obrigatório
de Máscara de
Proteção.

Figura 65 -  Exemplos de placas de sinalização de segurança


Fonte: SENAI/MG, 2017.

B) Sinalização de alerta
Esse tipo de sinalização tem a finalidade de alertar sobre uma situação de risco ou perigo de incêndio ou
explosão. Possui o formato triangular, moldura preta, cor de fundo amarela, como você pode ver na Figura 66.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
95

Rodrigo Henrique de Lacerda


Cuidado, risco Cuidado, risco de Cuidado, risco
de incêndio. choque elétrico. de exposição a
produtos tóxico.

Figura 66 -  Exemplos de sinalização de alerta


Fonte: ABNT 13434-2:2004.

C) Sinalização de dispositivos de combate a incêndio


A sinalização dos equipamentos de prevenção e combate a incêndios serve para indicar o seu tipo e
facilitar a identificação da localização. Ela possui o formato quadrado, cor de fundo vermelha e pictograma
fotoluminescente. Observe a Figura 67 a seguir.

Rodrigo Henrique de Lacerda


Abrigo de mangueira Hidrante de Extintor de incêndio
e hidrante incêndio

Figura 67 -  Exemplos de equipamentos de combate a incêndio


Fonte: ABNT 13434-2:2004.

D) Sinalização de orientação e salvamento


Em casos de situações de emergência, precisamos evacuar qualquer local o mais rápido possível. Para
proporcionar a saída das pessoas da edificação de forma mais ágil, a rota de fuga precisa ser sinalizada,
indicando a orientação correta para que as pessoas que estão naquele local se orientarem quanto ao uso
correto de uma ferramenta, como a quebra de um vidro para facilitar a saída.
A Figura 68 representa a sinalização de orientação e salvamento são da forma quadrada ou retangular,
cor de fundo verde e o símbolo fotoluminescente para facilitar a visualização em casos de ausência de
iluminação.
Rodrigo Henrique de Lacerda

SAÍDA
Saída de Saída de Escada de
emergência emergência emergência

Figura 68 -  Exemplos de sinalização de orientação e salvamento


Fonte: ABNT 13434-2:2004.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
96

E) Sinalização de proibição
Esse conjunto de sinalizações visam impedir ações que possam, de alguma forma, acarretar uma
situação de incêndio ou agravá-lo. Possuem formato circular, cor contraste branca e símbolo preto,
conforme os exemplos apresentados na Figura 69.

Rodrigo Henrique de Lacerda


Proibido fumar Proibido produzir Proibido utilizar
chama elevador em
caso de incêndio

Figura 69 -  Exemplos de sinalização de proibição


Fonte: ABNT NBR 13434-2:2004.

F) Sinalização complementar
Elementos de sinalização que complementam as sinalizações já existentes. Nas Figuras 70 e 71, é
possível observar exemplos desse tipo sinalização.

SETOR DE
IMPRESSÃO DA
GRÁFICA
Rodrigo Henrique de Lacerda

Figura 70 -  Sinalização horizontal para demarcar a área de circulação conjunta de pessoas próximo a máquinas
Fonte: SENAI/MG, 2017.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
97

Rodrigo Henrique de Lacerda


Figura 71 -  Cavalete para sinalização complementar temporária
Fonte: SENAI/MG, 2017.

4.7.10 MAPA DE RISCOS

Outra ferramenta de sinalização é o mapa de riscos. Esse tipo de mapa tem como finalidade informar
aos trabalhadores de uma área ou setor de trabalho os riscos existentes, a sua localização e as medidas de
controle que precisam ser utilizadas.
O termo mapa se dá pelo fato de representarmos o leiaute do ambiente por meio de uma planta baixa
ou croqui, contendo os riscos existentes no ambiente.
O mapa de riscos deve ser colocado em local visível e de fácil acesso aos trabalhadores, de preferência
na entrada do local de trabalho, informando sobre os riscos que ficaram expostos e as medidas de controle
obrigatórias que devem ser utilizadas no ambiente.
Os riscos apresentados no tópico “Riscos ambientais” serão representados em círculos na cor relativa ao
grupo a que pertencem. Por exemplo, se um trabalhador estiver exposto ao agente de risco ruído, a indica-
ção do risco será por meio de um círculo na cor verde, posicionado no leiaute no ambiente onde exista esse
agente de risco dentro do círculo. Além disso, deve constar o número de trabalhadores expostos ao agente.

A portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994, em seu Anexo IV, estabelece as


FIQUE informações mínimas e obrigatórias que o mapa de risco deve conter, além da
ALERTA categorização dos riscos ocupacionais em grupos, conforme sua natureza e a
padronização das cores.

Na Figura 72, temos um exemplo do mapa de riscos do setor de mecânica de manutenção dos equipa-
mentos de uma mineração.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
98

Observe que são identificados os riscos, a graduação em relação ao potencial de provocar danos pelo
tamanho do círculo, a quantidade de trabalhadores expostos e as medidas de controle necessárias para
realizar o trabalho no local.

Exposição a Fungos, Exposição a Fluídos


EPI’S UTILIZADOS Bactérias e Vírus de Usinagem
Protetor Ocular
8
5
5
Exposição
a Ruído
Bancada
Arranjo Físico
5 Armazenagem
Fresadora
Calçado de Segurança Inadequado Inadequada
Universal 8
8
Bancada

Perfurações 5 5

Contato com
5 5 Bancada Levantamento
e Transporte
Protetor Auricular Vibrações Manual de Peso
Bancada Bancada 5
Bancada

Sinalização de Segurança

Monotonia e Risco de Queda Máquinas e Equipamentos


Repetitividade de Materiais sem Proteção

LEGENDA
GRUPO DE RISCO GRADUAÇÃO DE RISCOS
Físico Ergonômico
Químico Acidente
Biológico Pequeno Médio Grande

Figura 72 -  Mapa de Riscos de uma oficina de mecânica de manutenção de uma mina


Fonte: SENAI/MG, 2017.

A elaboração do mapa de riscos é de responsabilidade da CIPAMIN, com a participação do maior número


de trabalhadores e com o auxílio do SESMT.

4.8 GESTÃO DE SEGURANÇA: ELABORAÇÃO DE PLANEJAMENTO ESPECÍFICO DE SEGURANÇA


PARA ÁREA

Você sabe o que é Gestão? No início do livro, apresentamos a você essa palavra como verbete no
capítulo sobre Qualidade. Gestão é o mesmo que gerir, administrar, quando se tem algum objetivo que
se pretende alcançar.
O sistema de gestão será estruturado, conforme as necessidades da empresa e a complexidade das
situações de riscos que necessitam de controle a fim de proporcionar um ambiente de trabalho seguro e
compatível com a saúde e integridade física de seus trabalhadores.
Esse SGSST é elaborado sob medida, isso mesmo, conforme a estrutura da empresa, tipo de atividade,
número de trabalhadores, potencial dos riscos existentes, perfil da mão de obra, tipos de maquinários exis-
tentes, processos técnicos empregados na produção, histórico acidentário e outras informações importan-
tes, que auxiliem na estruturação e definição de ações para a melhoria contínua da Segurança do Trabalho.
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
99

Um dos elementos que compõe o SGSST é o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, es-
tabelecido pela Norma Regulamentadora 09. Ele consiste em um conjunto de ações propostas, fundamen-
tadas em uma análise dos setores de trabalho sobre os riscos ambientais presentes. Para fins da NR 09, são
considerados riscos ambientais o risco físico, o risco químico e o risco biológico.
A partir dessas análises, são propostas as medidas de controle pertinentes em cada situação por meio
de um plano de ação. Anualmente, o documento base do PPRA deverá sofrer uma análise geral, levando
em consideração a possibilidade de alterações e os ajustes considerados necessários para o alcance dos
objetivos para a prevenção de acidentes.
Na indústria extrativa mineral, deve ser implementado o Programa de Gerenciamento de Riscos –
PGR que possui os mesmos princípios do PPRA, só que aplicado especificamente à mineração. Assim, as
mineradoras que implementarem o PGR ficam desobrigadas da implementação do PPRA.
Além desses programas, outras ações também irão compor o SGSST da empresa, sendo definidas con-
forme o perfil das situações de riscos existentes na empresa.

CASOS E RELATOS

Atmosfera de Ouro
A Underground Gold é uma mineração subterrânea que realiza a extração de ouro. No processo
de extração, ocorre a geração de poeiras que são capazes de provocar doenças ocupacionais,
como a pneumoconiose devido à exposição a esses particulados.
A silicose é a pneumoconiose mais incidente associada às atividades de extração mineral devido à
inalação de poeira de sílica. Considerando a necessidade de controle dos riscos dos trabalhadores
expostos, a Underground Gold propôs o desenvolvimento do programa Atmosfera de Ouro, que
contém ações de segurança que poderiam melhorar as medidas de proteção respiratória com a
participação e envolvimento de todos os trabalhadores.
Essa gestão participativa da segurança do trabalho por meio do programa Atmosfera de Ouro
proporcionou a integração entre os profissionais de segurança do trabalho e os trabalhadores,
o que foi primordial para o seu sucesso! Os trabalhadores perceberam que muitas sugestões
de melhorias, como projetos de segurança do trabalho propostos por eles, acabavam sendo
desenvolvidos e implantados no processo da empresa, fazendo que se sentissem essenciais para
o sucesso do programa.
Os melhores projetos também eram submetidos a um processo de votação interno na mineração,
sendo que, no caso dos primeiros colocados, os autores receberiam uma bonificação em dinheiro.
Em dois anos do desenvolvimento do programa Atmosfera de Ouro, houve uma diminuição
expressiva do número de afastamentos, acidentes e doenças ocupacionais, trazendo melhorias
também na cultura da importância da prevenção de acidentes e da preservação da saúde no
trabalho.
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
100

4.9 PROCEDIMENTOS NORMATIVOS

Os procedimentos normativos fazem parte de nossos dias de uma forma bem predominante, seja
na empresa, na rua, na escola, em nosso lar, sempre existem normas que proporcionam melhorias em
relação à qualidade, segurança e na otimização de processos. Na indústria extrativa mineral, não seria
diferente quanto à necessidade do emprego de procedimentos normativos a ela associados.
Para proporcionar as condições mínimas necessárias quanto à segurança dos trabalhadores e nas
atividades desenvolvidas na indústria extrativa mineral, existem as legislações específicas, como as
Normas Regulamentadoras da Mineração - NRM e as Normas Regulamentadoras - NRs sobre Segurança
do Trabalho.

4.9.1 NORMAS REGULAMENTADORAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO

As normas regulamentadoras – NR são regulamentos técnicos obrigatórios para as empresas, aprova-


das pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE. Até a presente data, existem trinta e seis NRs, conforme
descrito no Quadro 10.
Ao longo do conteúdo do nosso livro, realizamos a citação das NR’s que são aplicáveis à mineração.

NORMAS REGULAMENTADORAS

NR 01 - Disposições Gerais
NR 02 - Inspeção Prévia
NR 03 - Embargo ou Interdição
NR 04 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho
NR 05 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
NR 06 - Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
NR 07 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)
NR 08 - Edificações
NR 09 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade
NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais
NR 12 - Máquinas e Equipamentos
NR 13 - Caldeiras e Vasos de Pressão
NR 14 - Fornos
NR 15 - Atividades e Operações Insalubres
NR 16 - Atividades e Operações Perigosas
NR 17 - Ergonomia e Análise Ergonômica
NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
NR 19 - Explosivos
NR 20 - Líquidos combustíveis e inflamáveis
NR 21 - Trabalhos a Céu Aberto
NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração
NR 23 - Proteção Contra Incêndios
4 SEGURANÇA DO TRABALHO
101

NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho


NR 25 - Resíduos Industriais
NR 26 - Sinalização de Segurança
NR 27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no Ministério do Trabalho (Norma Regulamentadora Nº 27 - Revoga-
da pela Portaria GM n.º 262, 29/05/2008 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB).
NR 28 - Fiscalização e Penalidades
NR 29 - Segurança e Saúde no Trabalho Portuário
NR 30 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário
NR 31 - Agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura
NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados
NR 34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Naval
NR 35 - Trabalho em Altura
NR 36 - Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados.
Quadro 10 - Lista de Normas Regulamentadoras
Fonte: Portaria 3214/78.

Essas normas podem ter aplicação em indústrias de áreas variadas ou podem ser normas que se aplicam
a ramos industriais específicos, como é o caso da mineração, que possui uma norma de segurança aplicável
exclusivamente a suas atividades, a NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração.
A NR 22 estabelece as regras mínimas sobre segurança do trabalho que precisam ser respeitadas pela
mineradora quanto ao processo de extração mineral e no ambiente de trabalho, buscando continuamente
a preservação da saúde de seus trabalhadores.
Esse regulamento técnico é aplicável a atividades trabalhistas em mineração subterrânea, mineração a
céu aberto, garimpos, beneficiamento mineral e pesquisa mineral.

O Ministério do Trabalho e Emprego disponibiliza todas as Normas


SAIBA Regulamentadoras em seu site pelo link http://trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-
MAIS no-trabalho/normatizacao/normas-regulamentadoras, você poderá ter acesso à NR
22 e a todas as NRs vigentes já atualizadas.

4.9.2 NORMAS REGULAMENTADORAS DA MINERAÇÃO

O processo de extração mineral é desenvolvido a partir da utilização do bem comum, como os recursos
naturais. Com o objetivo de orientar o uso racional das jazidas, foram estabelecidos parâmetros normativos
por meio das Normas Regulamentadoras da Mineração - NRM, levando em consideração os aspectos téc-
nicos das operações, os aspectos de segurança do trabalho e os aspectos de proteção ao meio ambiente.
Essas NRM’s foram desenvolvidas pelo Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM.
Até a presente data, existem vinte e duas normas regulamentadoras da mineração, conforme o
Quadro 11 a seguir:
QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO
102

NORMAS REGULAMENTADORAS DA MINERAÇÃO

NRM 01 - Normas Gerais NRM 13 - Circulação e Transporte de Pessoas e Materiais


NRM 02 - Lavra a Céu Aberto NRM 14 - Máquinas, Equipamentos e Ferramentas
NRM 03 - Lavras Especiais NRM 15 - Instalações
NRM 04 - Aberturas Subterrâneas NRM 16 - Operações com Explosivos e Acessórios
NRM 05 - Sistemas de Suporte e Tratamentos NRM 17 - Topografia de Minas
NRM 06 - Ventilação NRM 18 - Beneficiamento
NRM 07 - Vias e Saídas de Emergência NRM 19 - Disposição de Estéril, Rejeitos e Produtos
NRM 08 - Prevenção contra Incêndios, Explosões e Inundações NRM 20 - Suspensão, Fechamento de Mina e Retomada das
NRM 09 - Prevenção contra Poeiras Operações Mineiras
NRM 10 - Sistemas de Comunicação NRM 21 - Reabilitação de Áreas Pesquisadas, Mineradas e
NRM 11 - Iluminação Impactadas
NRM12 - Sinalização de Áreas de Trabalho e de Circulação NRM 22 - Proteção ao Trabalhador

Quadro 11 - Lista de Normas Regulamentadoras da Mineração


Fonte: PORTARIA Nº 237, DE 18 DE OUTUBRO DE 2001.

Para ampliar ainda mais os seus conhecimentos sobre as legislações aplicadas


SAIBA à mineração, acesse o site do DNPM. Lá você terá acesso a todas as Normas
MAIS Regulamentadoras da Mineração. O site é o http://www.dnpm.gov.br/. Bons estudos!

RECAPITULANDO

Neste capítulo, trabalhamos os principais temas sobre segurança do trabalho e a sua importância
para a prevenção de acidentes na mineração, como os conceitos de acidente, acidente do
trabalho, as situações que se equiparam ao acidente do trabalho, como as doenças ocupacionais,
e acidente de trajeto. Entendemos que os acidentes não ocorrem sem algum motivo e possuem
causas que precisam ser identificadas pelas ações de prevenção do SESMT e da CIPAMIN. Outro
tema abordado dentro da situação de acidente foram as consequências que um acidente do
trabalho pode ocasionar.
Foram descritos os conceitos de risco e perigo e como diferenciá-los, o conceito de incidente e a
necessidade do seu conhecimento por parte de todos os trabalhadores para a prevenção de futuros
acidentes. Conhecemos a classificação dos cinco grupos de agente de riscos e sua padronização de
cores que é utilizada na elaboração do mapa de riscos. Abordamos e exemplificamos as medidas
de proteção para os trabalhadores, que podem ser coletivas, administrativas e individuais, além
das principais ferramentas de segurança e legislações específicas aplicáveis à mineração.
Assim, podemos dar continuidade às próximas unidades curriculares, pois já aprendemos sobre a
importância dos preceitos da segurança do trabalho.
REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13434-: Sinalização de segurança contra


incêndio e pânico - Parte 1: Princípios de projetos. Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13434-2: Sinalização de segurança contra
incêndio e pânico - Parte 2: Símbolos e suas formas, dimensões e cores. Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14280: cadastro de acidente do trabalho:
procedimento e classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2001. 94 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7195: Cores para segurança. Rio de Janeiro,
1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9000: sistema de gestão da qualidade:
fundamentos e vocabulário. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. vi, 35 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9001: Sistema de gestão da qualidade:
requisitos. Rio de Janeiro, 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9001: Sistema de gestão da qualidade:
requisitos. Errata 1. Rio de Janeiro, 2015.
AZEVEDO, Márcia Andrade do Carmo de; MINEIRO, Érico Franco, SANTA CECÍLIA, Luiz Felipe Coutinho.
Guia de sinalização de segurança no trabalho industrial gráfico. Brasília: SENAI/DN, 2010.
BARRETO, Maria Laura. Mineração e desenvolvimento sustentável: desafios para o Brasil. Rio de
Janeiro: CETEM/MCT, 2001.
BARSANO, Paulo Roberto; BARBOSA, Rildo Pereira. Segurança do trabalho: guia prático e didático.
São Paulo: Érica, 2012. 350 p.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997.
Dispõe sobre a revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o
licenciamento ambiental. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/
res23797.html>. Acesso em: 05 set. 2016.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 275, de 25 de abril de 2001. Estabelece
o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores
e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. Disponível em:
<http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=291>. Acesso em: 05 set. 2016.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em: <http://caepi.mte.gov.br/internet/
ConsultaCAInternet.aspx>. Acesso em: 05 set. 2016.
BRASIL. Ministério do Trabalho. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-
trabalho/normatizacao/normas-regulamentadoras>. Acesso em: 05 set. 2016.
BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Portaria n. 237, de 18 de outubro de 2001.
Aprova as Normas Reguladoras de Mineração - NRM, de que trata o art. 97 do Decreto-lei nº 227, de
28 de fevereiro de 1967.
BRASIL. Previdência Social. Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT. Disponível em: <http://
www.previdencia.gov.br/servicos-ao-cidadao/todos-os-servicos/comunicacao-de-acidente-de-
trabalho/>. Acesso em: 05 set. 2016.
CAMPOS, Vicente Falconi. TQC: controle da qualidade total: (no estilo japonês). 9. ed. Nova Lima:
Falconi, 2014. 256 p.
CARPINETTI, Luiz Cesar Ribeiro. Gestão da qualidade: conceitos e técnicas. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2012. 239 p.
CARVALHO, Marly Monteiro de. Gestão da qualidade: teoria e casos. Rio de Janeiro: Elsevier, c
2006. 355 p.
CASAGRANDE JÚNIOR, Eloy Fassi; PERALTA AGUDELO, Líbia Patrícia. Meio ambiente e
desenvolvimento sustentável. Curitiba: Livro Técnico, 2012. 152 p.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução nº. 09 de 06 de dezembro de 1990. Dispõe
sobre normas específicas para o licenciamento ambiental de extração mineral, classes I, III a IX.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28 de dezembro de 1990.
CORRÊA, Márcia Angelim Chaves; SALIBA, Tuffi Messias. Manual prático de avaliação e controle
de gases e vapores: PPRA. 6. ed. São Paulo: LTR, 2014. 152 p.
DE CICCO, Francesco M. G. A. F. Manual de auditoria de sistemas de gestão: (ISO 9001, ISO 14001,
OHSAS 18001, etc.). 2. ed. São Paulo: Risk Tecnologia, 2012. 116 p. (Coleção Risk Tecnologia)
DE CICCO, Francesco M. G. A. F. OHSAS 18002:2008: sistemas de gestão da segurança e saúde no
trabalho da OHSAS 18001:2007. São Paulo: Risk Tecnologia, 2001. 112 p. (Coleção Risk Tecnologia)
DE CICCO, Francesco M. G. A. F.; FANTAZZINI, Mario Luiz. Prevenção e controle de perdas: uma
abordagem integrada. São Paulo: FUNDACENTRO, 1986. 46 p.
DE CICCO, Francesco M. G. A. F.; FANTAZZINI, Mario Luiz. Tecnologias consagradas de gestão de
riscos. 2. ed. São Paulo: Risk Tecnologia, 2008. 194 p.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL. Disponível em: <http://www.dnpm-pe.gov.
br/Legisla/nrm_00.htm>. Acesso em: 15 ago. 2016.
DIAS, Cláudia Franco de Salles; MANCIN, Rinaldo César; PIOLI, Maria Sulema M. de Budin (Orgs.).
Gestão para a sustentabilidade na mineração: 20 anos de história. Brasília: IBRAM, 2013. 168 p.
DOMINGUES, Antônio Félix; BOSON, Patrícia Helena Gambogi; ALÍPAZ, Suzana (Orgs). A gestão
dos recursos hídricos e a mineração. Brasília: Agência Nacional de Águas/Instituto Brasileiro de
Mineração, 2006.
FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL HENRIQUE LUIZ ROESSLER - FEPAM. Guia
básico de licenciamento ambiental. Porto Alegre. Disponível em: <http://www.fepam.rs.gov.br/
licenciamento/documentos/Guia_Basico_Lic.pdf>. Acesso em: 26 set. 2016.
INSTITUTO MINEIRO DE GESTÃO DAS ÁGUAS. Disponível em: <http://www.igam.mg.gov.br/>.
Acesso em: 26 set. 2016.
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Convenção n. 176 relativa à segurança e saúde nas
minas, adoptada pela Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, em Genebra,
em 22 de junho de 1995.
PEINADO, Jurandir; GRAEML, Alexandre R. Administração da produção: operações industriais e de
serviços. Curitiba: UnicenP, 2007. 750 p.
RESOLUÇÃO Nº 09 de 06 de dezembro de 1990, do Conselho Nacional de Meio Ambiente –
CONAMA, Licenciamento Ambiental.
RIBEIRO NETO, João Batista M; TAVARES, José da Cunha; HOFFMANN, Silvana Carvalho. Sistemas
de gestão integrados: qualidade, meio ambiente, responsabilidade social, segurança e saúde no
trabalho. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Senac/SP, 2008. 362 p.
ROHDE, Geraldo Mário. Geoquímica ambiental e estudos de impacto. 4. ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2013. 152 p.
SALIBA, Tuffi Messias. Curso básico de segurança e higiene ocupacional. 5. ed. São Paulo: LTR,
2013. 479 p. ISBN
SALIBA, Tuffi Messias. Manual prático de avaliação e controle de poeira e outros particulados:
PPRA. 7. ed. São Paulo: LTR, 2014. 128 p.
SALIBA, Tuffi Messias. Manual prático de avaliação e controle de ruído: PPRA. 8. ed. São Paulo:
LTR, 2014. 143 p.
SALIBA, Tuffi Messias. Manual prático de higiene ocupacional e PPRA: avaliação e controle dos
riscos ambientais. 6. ed. São Paulo: LTR, 2014. 375 p.
SÁNCHEZ, Luis Enrique. Guia para o planejamento do fechamento de mina /L.E. Sánchez, S.S.
Silva-Sánchez, A.C. Neri. -- 1.ed. -- Brasília : Instituto Brasileiro de Mineração, 2013. 224 p.
SÁNCHEZ, Luis Enrique et al. Guia para o planejamento do fechamento de mina. Brasília:
Instituto Brasileiro de Mineração, 2013. 224 p.
SEGURANÇA e medicina do trabalho. 77. ed. São Paulo: Atlas, 2016. 1060 p. (Manuais de Legislação
Atlas).
TORLONI, Maurício (Coord.). Programa de proteção respiratória: recomendações, seleção e uso
de respiradores. 4. ed. São Paulo: Fundacentro, 2016. 209 p
VALE. Disponível em: <http://www.vale.com/brasil/PT/initiatives/innovation/pua/Paginas/default.
aspx>. Acesso em: 20 de set. 2016.
Gestão da Qualidade: Conceitos e técnicas/ Luiz Cesar Ribeiro Carpinett. -2. ed – São Paulo: Atlas,
2012.
MINICURRÍCULO DO AUTOR

MARIANA OLIVEIRA BIZARRI


Mariana Oliveira Bizarri é formada como Técnica em Segurança do Trabalho e graduanda em
Engenharia Civil pela Universidade FEA-FUMEC. Em 2006, na Olimpíada do Conhecimento, o maior
evento de competição profissional das Américas, conquistou a medalha de ouro na modalidade de
Segurança do Trabalho na etapa nacional. Nas edições nacionais seguintes, atuou na preparação de
competidores na mesma modalidade que representaram o estado de Minas Gerais, conquistando
três medalhas de ouro. Atualmente é instrutora de formação profissional nos cursos técnicos
do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI, onde ministra aulas e presta serviços
relacionados à área de segurança do trabalho.
ÍNDICE
A
Acidente 28, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 75, 77, 81, 93, 102
Acidente do Trabalho 60, 61, 62, 66, 68, 69, 93, 102
Aerodispersoides 85
Análise Preliminar de Riscos 91
Asfixiante Simples 67
Ato Inseguro 64
Auditoria 90
B
Brainstorming 25, 26, 29 38
C
CIPA 73
Cliente Interno 38
Comunicação de Acidente do Trabalho 70
Condição Insegura 64, 65
D
Diagrama de Pareto 28
Diagrama de Causa e Efeito 29, 30, 38
Doença Ocupacional 68, 69, 70
Diálogo Diário de Segurança 59, 89
E
Equipamento de Proteção Coletiva 77
Equipamento de Proteção Individual 79
F
Ferramentas da Qualidade 38
Folha de Verificação 26, 38
G
Gestão 24, 59, 98, 99
Gráfico de Controle 33, 34, 38
I
Incidente 67, 68, 69, 99, 102
Infortúnio 93
Infrassom 75
Indelével 79
Inspeção de Segurança 59, 90
M
Mapa de Risco 97
Mineração 26, 28, 32, 33, 59, 62, 67, 73, 74, 75, 76, 87, 89, 91, 92, 97, 99, 100, 101, 102
Meio Ambiente 29, 41, 100, 101
Método 5W2H 35, 36, 38
N
Normas Regulamentadoras 100, 101, 102
Normas Regulamentadoras da Mineração 100, 101, 102
P
Perigo 66, 67, 94, 102
Processo 21, 22, 23, 26, 31, 32, 33, 49, 60, 61, 68, 73, 74, 88, 91, 93, 94, 99, 101
Programa 5S 30, 31, 32, 38
Q
Qualidade 17, 18, 20, 23, 24, 28, 38, 90, 98, 100
R
Radionuclídeos 86
Risco 59, 62, 64, 66, 67, 69, 71, 72, 74, 79, 80, 81, 84, 85, 86, 87, 90, 94, 97, 99, 102
Riscos Ambientais 59, 75, 99, 100
S
Segurança do Trabalho 59, 60, 69, 71, 72, 73, 75, 88, 90, 91, 92, 99, 100, 101, 102, 109
SESMT 71, 72, 89, 98, 102
Sinalização 27, 66, 59, 93, 94, 95, 96, 97 101, 102
Sistema 24
Subsistema 21, 38
T
Tarefas 91, 93
U
Ultrassom 75
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE MINAS GERAIS

Cláudio Marcassa
Diretor Regional do SENAI

Edmar Fernando de Alcântara


Gerente de Educação Profissional

Luciene Maria de Lana Marzano


Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Sinara Badaro Leroy


Coordenação do Projeto

Mariana Oliveira Bizarri


Elaboração

Douglas da Silva Adriano


João Paulo Faustino
Revisão Técnica

Cíntia Rodrigues Guimarães


Douglas Adriano da Silva
Designer Educacional
Rodrigo Henrique de Lacerda
Fotografias, Ilustrações e Tratamento de Imagens

Carla Melo Silva


Sandro Aparecido e Silva
Saulo Boaventura Gontijo
Comitê Técnico de Avaliação

Thaís Souza do Amaral


Diagramação

Ilma Viana Gonçalves de Souza


Rosimar Sofia Tavares Duarte
Normalização

Daniela Theodoro
Rachel Kopit
Revisão Ortográfica e Gramatical

istockphoto.com
Fotografias, Ilustrações e Tratamento de Imagens

i-Comunicação
Projeto Gráfico

Você também pode gostar