Você está na página 1de 114

SÉRIE MINERAÇÃO

DESENVOLVIMENTO
DE MINA E LAVRA
VOLUME 2
SÉRIE MINERAÇÃO

DESENVOLVIMENTO
DE MINA E LAVRA
VOLUME 2
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

Diretoria de Educação e Tecnologia - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

Júlio Sérgio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI

Robson Braga de Andrade


Presidente do Conselho Nacional

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Júlio Sérgio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE MINERAÇÃO

DESENVOLVIMENTO
DE MINA E LAVRA
VOLUME 2
© 2016. SENAI - Departamento Nacional

© 2016. SENAI - Departamento Regional de Minas Gerais

Livro Didático alinhado ao Itinerário Nacional v.04 (2015)


A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ-
nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por
escrito, do SENAI.
Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação Profissional do SENAI de
Minas Gerais, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Minas Gerais


Gerência de Educação Profissional - GEP
Núcleo de Educação a Distancia - NEAD

FICHA CATALOGRÁFICA

S474d
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional
Desenvolvimento de mina e lavra: volume 2 / Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Minas Gerais. Brasília:
SENAI/DN, 2017.

110 p. il. (Série Mineração)


Inclui referências.

ISBN 9 788550 502069

1. Mineração. 2. Gestão da produção. 3. Gestão da qualidade. I.


Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de
Minas Gerais. II Título. III. Série.

CDU: 622.22

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte . Quadra 1 . Bloco C . Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen . 70040-903 . Brasília - DF . tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61)3317-9190 . http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 109 -  Descrição das operações de despacho......................................................................................... 196
Figura 110 -  Despacho via rádio............................................................................................................................... 196
Figura 111 -  Sistema de Despacho automático mostrando a posição
de cada unidade de transporte e a referida área de atuação............................................... 197
Figura 112 -  Alocação Estática................................................................................................................................... 198
Figura 113 -  Alocação dinâmica................................................................................................................................ 198
Figura 114 -  Empolamento......................................................................................................................................... 200
Figura 115 -  Resistência ao rolamento................................................................................................................... 201
Figura 116 -  Resistência à rampa.............................................................................................................................. 201
Figura 117 -  Indicadores de Desempenho............................................................................................................ 204
Figura 118 -  Equipamento parado para inspeção e manutenção................................................................ 206
Figura 119 -  Caminhões fora de estrada disponíveis para operação.......................................................... 207
Figura 120 -  Exemplo de cálculo do OEE............................................................................................................... 209
Figura 121 -  Gráfico de Controle de Eficiência.................................................................................................... 209
Figura 122 -  Gráfico de controle da fragmentação da rocha......................................................................... 210
Figura 123 -  Treinamento em campo de um procedimento operacional................................................. 213
Figura 124 -  Entrega do produto a uma pilha estoque.................................................................................... 214
Figura 125 -  Entrega à pilha de estéril.................................................................................................................... 214
Figura 126 -  Formação da pilha pulmão................................................................................................................ 215
Figura 127 -  Entrega direta ao britador.................................................................................................................. 216
Figura 128 -  Incompatibilidade de equipamentos para as operações de carga e transporte........... 217
Figura 129 -  Partes principais de uma escavadeira............................................................................................ 218
Figura 130 -  Movimento de escavação realizado por escavadeira shovel................................................ 219
Figura 131 -  Escavadeira Shovel carregando um caminhão........................................................................... 220
Figura 132 -  Retroescavadeira carregando um caminhão.............................................................................. 221
Figura 133 -  Dimensões e alcance da retroescavadeira................................................................................... 221
Figura 134 - Dragline operando em uma mina de carvão.............................................................................. 222
Figura 135 -  Dimensões de alcance da dragline................................................................................................222
Figura 136 -  Bucket Whell em uma operação de escavação de uma jazida de carvão......................... 223
Figura 137 -  Bucket Whell de grande porte........................................................................................................... 224
Figura 138 -  Scraper...................................................................................................................................................... 224
Figura 139 -  Motoscraper............................................................................................................................................ 225
Figura 140 -  Montagem de uma carregadeira..................................................................................................... 226
Figura 141 -  Ciclo de operação das carregadeiras............................................................................................. 226
Figura 142 -  Carregadeira de pneus........................................................................................................................ 227
Figura 143 -  Carregadeira de esteiras..................................................................................................................... 228
Figura 144 -  Ciclo de operações dos caminhões................................................................................................ 229
Figura 145 -  Frota de caminhão fora de estrada................................................................................................. 230
Figura 146 -  Tráfego de caminhão fora de estrada em uma mina................................................................ 230
Figura 147 -  Transporte de caminhão rodoviário dentro da mina............................................................... 231
Figura 148 -  Carregamento de um caminhão rodoviário................................................................................ 231
Figura 149 -  Caminhão Basculante.......................................................................................................................... 232
Figura 150 -  Correia transportadora........................................................................................................................ 233
Figura 151 -  Lavra por meio de correias transportadoras............................................................................... 234
Figura 152 -  Teleférico.................................................................................................................................................. 236
Figura 153 -  Sistema de teleférico em uma mina de calcário........................................................................ 237
Figura 154 -  Estrutura típica de mina a céu aberto............................................................................................ 240
Figura 155 -  Bancadas ou flancos............................................................................................................................. 242
Figura 156 -  Leiaute típico de mina em cava....................................................................................................... 243
Figura 157 -  Leiaute típico lavra em tiras............................................................................................................... 244
Figura 158 -  Lavra em tiras.......................................................................................................................................... 244
Figura 159 -  Areia ou cascalho sendo extraído por lavra em placer............................................................245
Figura 160 -  Tipos de lavra de rochas ornamentais........................................................................................... 246
Figura 161 -  Lavra de granito..................................................................................................................................... 246
Figura 162 -  Métodos de lavra subterrânea.......................................................................................................... 247
Figura 163 -  Leiaute típico do método câmara e pilares................................................................................. 248
Figura 164 -  Leiaute típico de alargamento e pilar............................................................................................ 249
Figura 165 -  Leiaute típico de recuo por crateras verticais............................................................................. 250
Figura 166 -  Leiaute típico do método de recalque.......................................................................................... 251
Figura 167 -  Leiaute típico de corte e enchimento............................................................................................ 252
Figura 168 -  Leiaute típico de abatimento por subníveis................................................................................ 253
Figura 169 -  Leiaute típico do método de abatimento por blocos.............................................................. 254
Figura 170 -  Leiaute típico do método Longwall............................................................................................... 255
Figura 171 -  Modelo simplificado de bacia sedimentar................................................................................... 261
Figura 172 -  Bacias sedimentares brasileiras........................................................................................................ 263
Figura 173 -  Elementos básicos de um sistema petrolífero............................................................................ 264
Figura 174 -  Fases de geração de hidrocarbonetos........................................................................................... 265
Figura 175 -  Comparativo entre duas rochas com porosidades diferentes. ............................................ 266
Figura 176 -  Ilustração de um domo de sal e folhelhos funcionando
como trapas para petróleo e gás..................................................................................................... 267
Figura 177 -  Esquema de aplicação da Sísmica por reflexão em terra e água
para a pesquisa de petróleo.............................................................................................................. 269
Figura 178 -  Esquema de perfilagem de um poço de petróleo on shore.
Detalhe de uma unidade de perfilagem (o caminhão)........................................................... 270
Figura 179 -  Perfuração de poço de petróleo on shore..................................................................................... 271
Figura 180 -  Plataforma móvel em teste de formação de poço.................................................................... 272
Figura 181 -  “Cavalo mecânico” usado no bombeamento artificial
de poços onshore de petróleo......................................................................................................... 273
Quadro 11 - Exemplo de horas programadas....................................................................................................... 202
Quadro 12 - Modelo de procedimento operacional para operação de um equipamento.................. 212
Quadro 13 - Vantagens e desvantagens da carregadeira de pneus............................................................. 227
Quadro 14 - Vantagens e desvantagens da carregadeira de esteiras........................................................... 228
Quadro 15 - Bacias sedimentares: principais características........................................................................... 262
Quadro 16 - Elementos de um sistema petrolífero............................................................................................. 264
Quadro 17 - Valores médios de cut off.................................................................................................................... 270

Tabela 6 - Análise elementar do óleo cru típico (% em peso)......................................................................... 260


Sumário
Introdução ........................................................................................................................................................................ 191

6 Escavação, carga e transporte do minério.......................................................................................................... 193


6.1 Gestão de Frota.......................................................................................................................................... 194
6.1.1 Sistema de Despacho............................................................................................................ 195
6.1.2 Apropriação das variáveis de produção......................................................................... 199
6.1.3 Horas Programadas................................................................................................................ 201
6.1.4 Horas trabalhadas................................................................................................................... 202
6.1.5 Horas de manutenção........................................................................................................... 203
6.1.6 Horas improdutivas................................................................................................................ 203
6.2 Cálculo dos indicadores chaves de desempenho
(KPIs – Key of Perfomance Indicators) .............................................................................................. 204
6.2.1 Produtividade........................................................................................................................... 204
6.2.2 Utilização de equipamentos............................................................................................... 205
6.2.3 Disponibilidade de equipamentos................................................................................... 206
6.2.4 Rendimento de equipamentos.......................................................................................... 207
6.2.5 Eficiência de equipamentos................................................................................................ 208
6.2.6 Controle via gráficos.............................................................................................................. 209
6.2.7 Elaboração de procedimentos operacionais................................................................ 211
6.3 Entrega do ROM às centrais de britagem........................................................................................ 213
6.3.1 Entrega do ROM (Run of mine) ao cliente interno...................................................... 213
6.3.2 Formas de entrega do produto.......................................................................................... 214
6.4 Relação dos processos de lavra e equipamentos de mineração............................................. 216
6.4.1 Escavação, carga e transporte de minério e estéril .................................................... 216
6.4.2 Escavadeiras.............................................................................................................................. 218
6.4.3 Escavotransportadoras......................................................................................................... 224
6.4.4 Carregadeiras........................................................................................................................... 225
6.4.5 Caminhões................................................................................................................................. 229
6.4.6 Correia Transportadora......................................................................................................... 233
6.4.7 Teleférico.................................................................................................................................... 236

7 Principais tipos de lavra............................................................................................................................................. 239


7.1 Lavra a céu aberto.................................................................................................................................... 240
7.1.1 Lavra em flanco – bancadas................................................................................................ 241
7.1.2 Lavra em cava (open pit mining)....................................................................................... 242
7.1.3 Lavra por tiras (strip mining)............................................................................................... 243
7.1.4 Lavra tipo Placer (aluvião e coluvião).............................................................................. 245
7.1.5 Lavra de rochas ornamentais (blocos)............................................................................. 245
7.2 Lavra subterrânea..................................................................................................................................... 247
7.2.1 Câmara e pilares (room and pillar mining).................................................................... 248
7.2.2 Alargamento e pilar (sublevel stoping)........................................................................... 249
7.2.3 Recuo por Crateras Verticais (VCR – Vertical Crater Retreat)................................... 250
7.2.4 Recalque (shrinkage)............................................................................................................. 251
7.2.5 Corte e enchimento (Cut-and-fill stope)......................................................................... 251
7.2.6 Abatimento por subníveis (Sublevel Caving)............................................................... 252
7.2.7 Abatimento por blocos (Block Caving)........................................................................... 253
7.2.8 Longwall..................................................................................................................................... 254

8 Fundamentos de explotação do petróleo.......................................................................................................... 259


8.1 Origem e formação do petróleo.......................................................................................................... 260
8.1.1 Teoria orgânica......................................................................................................................... 260
8.1.2 Teoria inorgânica..................................................................................................................... 260
8.2 Bacias sedimentares................................................................................................................................. 261
8.2.1 Tectônica de Placas e Bacias Sedimentares................................................................... 262
8.2.2 Bacias sedimentares brasileiras e o potencial petrolífero........................................ 262
8.3 Sistemas petrolíferos............................................................................................................................... 263
8.3.1 Elementos.................................................................................................................................. 264
8.3.2 Processos.................................................................................................................................... 264
8.3.3 Migração.................................................................................................................................... 266
8.3 Lavra do petróleo...................................................................................................................................... 268
8.4 Exploração................................................................................................................................................... 268
8.4.1 Sísmica........................................................................................................................................ 269
8.4.2 Perfilagem de poços.............................................................................................................. 270
8.4.3 Parâmetros de corte (Cut off)............................................................................................. 270
8.5 Explotação................................................................................................................................................... 271
8.5.1 Perfuração................................................................................................................................. 271
8.5.2 Completação............................................................................................................................ 271
8.5.3 Teste ou avaliação de formação......................................................................................... 272
8.5.4 Elevação..................................................................................................................................... 272

Referências......................................................................................................................................................................... 275

Minicurrículo dos autores............................................................................................................................................ 283

Índice................................................................................................................................................................................... 285
Introdução

Prezado aluno,
Seja bem-vindo ao segundo volume da unidade curricular Desenvolvimento de Mina
e Lavra!
Após estudarmos sobre todos os aspectos necessários da abertura de uma mina e as ope-
rações de perfuração e desmonte, continuaremos nossa jornada compreendendo outras ati-
vidades, também de suma importância, que são realizadas dentro da mina, como a carga e
transporte do minério. Veremos quais são os principais equipamentos responsáveis por essas
atividades e os principais índices que devem ser controlados e monitorados, uma vez que afe-
tam diretamente a produção da mina.
Aprenderemos quais são os métodos de lavra de mina a céu aberto e subterrânea, e estuda-
remos sobre suas principais características. Por fim, conheceremos a explotação do petróleo,
sua origem e formação, e os sistemas petrolíferos.
Continue seus estudos! Faça um bom planejamento e venha desenvolver seus conhecimen-
tos neste fantástico universo do planejamento e desenvolvimento de mina e lavra! Vamos lá?!
@istockphoto.com/Sfmth
Escavação, carga e transporte do minério

Na mineração, a execução da uma frente de lavra é dividida em três tarefas básicas: escava-
ção ou desmonte, carregamento e transporte.
A escavação é o processo empregado para romper a compacidade1 do solo ou rocha de
forma que se torne possível a remoção do material. Já o carregamento é a operação de enchi-
mento de uma determinada caçamba ou recipiente com o material escavado até um meio de
transporte. E por fim, temos o transporte do carregamento que é a movimentação do produto
até os pontos de descargas já previamente estipulados.
Na realização dessas três atividades, diversos são os fatores envolvidos, tais como a gestão
de frota, de equipamentos, de indicadores de desempenho, entre outros. Assim, o objetivo
deste nosso capítulo é estudar e aprender mais sobre eles.
Ao final deste nosso estudo, você deverá estar apto a entender e conhecer os sistemas de
despacho da frota, os tipos de equipamentos envolvidos nessas atividades, bem como suas
principais características e variáveis. Além disso, aprenderá sobre as principais variáveis de pro-
dução dessas atividades de mina e a controlar e monitorar alguns indicadores chave, como
utilização, disponibilidade, rendimento e eficiência de equipamentos.
Então, siga em frente!
@istockphoto.com/dane-mo

1 Medida de quanto um solo ou rocha é compacto.


DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
194

6.1 GESTÃO DE FROTA

Você já ouviu falar em gestão de frota? Saberia dizer qual a sua importância para o desenvolvimento das
atividades dentro de uma mina? E quais são os principais índices que devem ser monitorados na gestão de
frota de uma mineradora?
Pois bem, a gestão de frota é uma das atividades do planejamento estratégico de uma organização que
visa controlar e monitorar todas as operações dos equipamentos e veículos da melhor forma possível. Por
meio de alguns métodos e técnicas, análise de alguns índices, e muitas vezes mediante a utilização de um
software informativo, objetiva-se reduzir os custos e aumentar a eficiência de suas tarefas.
O gerenciamento de caminhões, escavadeiras e carregadeiras dentro da mina é fundamental para se
obter uma visão ampla de toda as operações que ocorrem simultaneamente em uma mineração e evitar o
tráfego e formação de filas de espera nas frentes de lavras.
São inúmeras as vantagens apresentadas por uma boa gestão de frotas, tais como:
• Redução do consumo de combustíveis;
• Redução dos custos com manutenção;
• Possibilidade da redução do trajeto efetuado;
• Redução de horas trabalhadas improdutivas;
• Redução de acidentes;
• Maior controle e segurança das operações;
• Melhoria na qualidade do serviço;
• Melhoria no tempo de respostas e atendimento;
• Aumento da produtividade.
@istockphoto.com/Jasonbenne
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
195

As atividades da gestão de frota incluem: conhecer a rota, isto é, o caminho executado por cada equipa-
mento; controlar e minimizar o tempo de viagem dos veículos; contabilizar as horas efetivas trabalhadas de
cada equipamento; gerenciar as praças e estradas que os caminhões irão percorrer evitando congestiona-
mentos e filas de esperas; analisar e comparar os gastos de cada equipamento; gerenciar as manutenções e
conhecer o histórico dos equipamentos; conhecer a capacidade e maximizar a capacidade de cada veículo;
entre outros.
Com certeza, você já percebeu que gerenciar a frota de caminhões e equipamentos de uma mineração
não é uma tarefa fácil, não é mesmo?!
Conhecer a localização em tempo real, calcular a produtividade diária, gerenciar a manutenção de cada
equipamento e veículo presente na mina é praticamente impossível sem a ajuda de um programa compu-
tacional e análises de alguns indicadores.
Aprenderemos a seguir as ferramentas e indicadores que facilitam o gerenciamento de frota!

6.1.1 SISTEMA DE DESPACHO

O que seria um sistema de despacho? Qual a sua aplicação na mineração? Como você sabe, conciliar a
demanda da usina de beneficiamento com a produção das frentes de lavra é operação muito difícil e re-
quer muita experiência principalmente porque os equipamentos empregados são limitados.
O sistema de despacho é o sistema responsável pela alocação dos caminhões, escavadeiras e equipa-
mentos de carga e descarga na mina, que, ao trabalharem em conjunto, objetivam alimentar adequada-
mente a planta de beneficiamento.
A mina não pode ter uma produção superior à estipulada pois, pode acarretar problemas como a falta
de espaço e manuseio extras do produto, gerando um maior custo operacional. Já uma produção inferior,
pode causar paradas na usina, multas por atraso na entrega do produto e redução da taxa de utilização dos
equipamentos.
A eficiência da gestão de frota depende diretamente de um bom sistema de despacho empregado.
Os caminhões devem operar em perfeita harmonia com as escavadeiras e carregadeiras, evitando que as
operações de mina sejam prejudicadas e reduzindo os custos.
Conforme podemos observar na Figura 109, os caminhões carregados nas frentes de lavras devem se
deslocar para pontos de descarga do minério ou estéril. Assim, após a operação de descarga, os caminhões
vazios voltam para as frentes de lavras para serem carregados novamente, retomando o ciclo.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
196

Entidades:
Carregadeira
Caminhões Disp.
Carregadeiras

Frentes de minério
Pontos de descarga Carga

Carregadeira
Disp.
Desc. Minério
Carga
Pilha
Disp.
Deslocamento Deslocamento
Carregado Vazio
Carregadeira
Disp.

Frentes de estéril
Desc. Minério Carga

Pilha
Disp.
Carregadeira
Disp.

Carga

Figura 109 -  Descrição das operações de despacho


Fonte: Adaptado de COELHO et al, 2014.

Como podemos observar, o sistema de despacho pode ser classificado em três tipos de acordo com o
tipo de tecnologia empregada:
• Sistema de despacho manual: é o sistema de despacho via rádio. O despachador, localizado em um
ponto estratégico da mina, isto é, em um ponto que possui a visão geral das operações, toma decisões
e envia as instruções por rádios transmissores aos operadores de cada caminhão e carregadeira. É um
sistema indicado somente para minas de pequeno porte, em que a frota é reduzida. Como o sistema
é manual, e totalmente dependente da experiência do despachador, erros podem ser cometidos
reduzindo a produtividade e eficiência do processo (Figura 110).
@istockphoto.com/Buranatrakul

Figura 110 -  Despacho via rádio


6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
197

• Sistema de despacho semiautomático: é o sistema em que a localização do caminhão e o status


dos equipamentos são gravados em um computador, permitindo a visão geral das operações. Porém,
o despachador é ainda o responsável pela tomada de decisão e comunicação de todas as instruções
aos demais operadores.
• Sistema de despacho automático: é o sistema inteligente via satélite. Por meio de um sistema de
programação avançado, permite que o computador mapeie as alocações e status de equipamentos e
também tome as melhores decisões para o despacho dos caminhões.
Nos últimos anos, este sistema tem obtido um grande destaque. Apesar da logística de programação ser
complexa e sua implementação cara, o despacho computadorizado é cada vez mais avançado permitindo
a maximização do tempo total produtivo da mina, a minimização da quantidade necessária de caminhões
e equipamentos de carga e descarga e o aumento da produtividade da mina atendendo os padrões e a
qualidade requisitada pela usina (Figura 111).

Figura 111 -  Sistema de Despacho automático mostrando a posição de cada unidade de transporte e a referida área de atuação
Fonte: SENAI/MG, 2017.

Você sabia que a primeira instalação de um sistema de despacho ocorreu em 1979,


CURIOSI em uma mina de cobre em Tyrone, Geórgia, Estados Unidos? Apesar de ser um sistema
de despacho ainda muito simplificado, conseguiu uma melhora na produtividade da
DADES mina.
Fonte: CHIRONIS, 1985.

De acordo com o tipo de alocação dos caminhões, o sistema de despacho ainda é classificado em está-
tico ou dinâmico. Na alocação estática, o caminhão se desloca em uma única rota, ou seja, o transporte é
fixo entre dois pontos.
O ritmo de lavra depende diretamente da capacidade de produção dos caminhões e dos equipamentos
de carga. Antigamente, era um dos métodos mais empregados, principalmente em minas a céu aberto,
uma vez que as operações são simplificadas. Porém, é um método que proporciona uma menor produtivi-
dade, propício à ocorrência de filas de espera e ociosidade dos equipamentos de carga (Figura 112).
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
198

carregadeiras Caminhão 1

Frente 1

Carregadeira 1 Caminhão 2

Frente 2 Mistura
Desejada
Carregadeira 2 Caminhão 3

Frente 3

Caminhão 4
frentes = minério ∪ estéril

caminhões

Figura 112 -  Alocação Estática


Fonte: Adaptado de ARAÚJO, 2008.

Já na alocação dinâmica, os caminhões não são fixos a uma rota, podem ser direcionados a diferen-
tes frentes de lavra de forma a aumentar a produtividade da frota e a capacidade de produção e reduzir o
número de equipamentos necessários.
O método está baseado em direcionar o caminhão que poderá ser carregado primeiro e alocá-lo para
a carregadeira equivalente, buscando sempre a minimização do tempo de ociosidade do caminhão e a
maximização da utilização dos equipamentos (Figura 113).

carregadeiras Caminhão 1

Frente 1

Carregadeira 1 Caminhão 2

Frente 2 Mistura
Desejada
Carregadeira 2 Caminhão 3

Frente 3

Caminhão 4
frentes = minério ∪ estéril

caminhões

Figura 113 -  Alocação dinâmica


Fonte: Adaptado de ARAÚJO, 2008.

Para o uso da alocação dinâmica é sempre necessário um sistema de despacho computadorizado em


virtude da maior complexidade das operações.
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
199

Apesar do maior custo de implementação, o qual é compensado em um médio prazo, as vantagens


apresentadas por esse método são inúmeras, tais como: otimização dos parâmetros de tempo e distância,
redução do tempo de ciclo dos equipamentos gerando ganho de economias, aumento da produtividade,
entre outros.
Devemos ressaltar que, em minas subterrâneas, apesar dos princípios do sistema de despacho serem os
mesmos, as mudanças nas rotas são bem mais frequentes e o sistema opera um pouco diferente.
Constantemente, abrem-se novas galerias e fecham-se outras, devendo-se redefinir o percurso dos
equipamentos a cada nova alteração realizada na mina. Como o espaço para manuseio e transporte do
produto também é bem mais restrito do que o de uma mina a céu aberto, é comum gerar-se um maior
tráfego interno e maiores filas de espera.

Aprenda mais sobre o sistema de despacho de frota em mineração lendo o artigo:


SAIBA “Benefícios da Implantação de um sistema de Despacho: Estudo de Caso em uma
MAIS Empresa de Mineração”, por Bruno Costa e Gilberto Ganga, por meio do link: http://
www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2010_tn_stp_113_741_15857.pdf

6.1.2 APROPRIAÇÃO DAS VARIÁVEIS DE PRODUÇÃO

No gerenciamento de frotas de caminhões e equipamentos nas operações de lavra é essencial conhecer


e controlar as variáveis de produção, isto é, apropriar1-se delas.
A maioria das variáveis de produção interfere diretamente ou indiretamente nos custos da organização e
devem ser analisadas de forma criteriosa a fim de maximizar a produção e reduzir os custos das operações.
Como futuro profissional da área, você deve analisar e otimizar sempre que possível todas as variáveis
relacionadas com a produção, sejam elas diretas ou indiretas como: índice de consumo de gasolina e de
lubrificante utilizado por equipamento, capacidade operacional do equipamento, volume da caçamba,
fator de empolamento, fator de enchimento da caçamba, tempo de ciclo, entre outros.
Vamos conhecer melhor algumas variáveis e conceitos que são considerados importantes para a análise
da produtividade dos equipamentos nas atividades de lavra.
• Produção: é o volume ou a massa total, seja de minério ou de estéril que será movimentado por um
determinado equipamento.
• Capacidade: é a capacidade em volume que determinado equipamento pode carregar ou transpor-
tar. Pode ser dividida em: rasa ou corada. Dizemos que a capacidade é rasa quando a capacidade no-
minal, isto é, capacidade máxima, de um determinado equipamento não é atingida por algum fator
externo. Já a capacidade é corada quando se explora ao máximo a capacidade de um equipamento.
• Carga útil: é a quantidade de determinado material que o equipamento pode carregar a fim de não
ultrapassar 80% da carga de tombamento, caso contrário, poderia colocar a operação em risco.

1 Apropriar: ajustar; adequar; tomar de forma adequada.


DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
200

• Carga de tombamento: a carga, ou sobrecarga, a qual seria inviável à operação de um equipamento


por fatores de segurança. Se um equipamento, por exemplo, uma escavadeira, operar com a carga de
tombamento, esse estará suscetível de, a qualquer momento, perder o equilíbrio e tombar, colocando
em risco a vida dos operadores e danificando o equipamento. Deve-se conhecer a carga de tomba-
mento de cada máquina para que nunca se opere com essa carga.
• Tempo de Ciclo: é conjunto de operações que um equipamento executa num determinado período
de tempo, voltando à posição inicial para reiniciar tudo de novo. Por exemplo, o tempo de ciclo de um
caminhão é constituído do tempo de: carregamento, transporte do caminhão carregado, manobra
para descarga, descarga, transporte do caminhão vazio, manobra para carregamento.
• Volume da caçamba: representa a capacidade operacional do equipamento, ou seja, o quão o
equipamento é capaz de movimentar.
• Fator de enchimento da caçamba: é um fator aplicável na capacidade operacional da caçamba
e dependerá das características do material, condições de desmonte, altura da bancada, forma de
penetração do equipamento, entre outros. Por exemplo, às vezes, a concha de uma escavadeira tem
a capacidade de 1,4m³. Porém, dependendo da bancada, o equipamento só consegue manusear
1,2m³. Assim, o fator de enchimento da caçamba é de aproximadamente FE=1,2/1,4 = 0,86.
• Empolamento: é o índice que representa o aumento do volume aparente da rocha após ser fragmen-
tada. Antes do desmonte, a rocha se encontra em grau de compactação maior. Assim, posteriormente
ao desmonte, o volume entre os espaços vazios dos blocos fracionados deve ser contabilizado para o
manuseio e transporte do material (Figura 114).

Volume antes da fragmentação


c = Volume após a fragmentação 100%

Em que “γ” é o empolamento.

V2

m V1 m V1

Figura 114 -  Empolamento


Fonte: SENAI/MG, 2017.

• Compactação: característica de um material quando sofre uma redução do volume quando aden-
sado por um processo qualquer. Por exemplo, por meio de uma ação mecânica, o material solto
pode reduzir o seu volume consideravelmente.
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
201

• Resistência ao rolamento: é a força que se opõe ao rolamento das rodas de um equipamento sobre
um terreno ou pavimento. Em suma, podemos dizer que é consequência dos atritos internos, associa-
dos à flexão dos pneus e à penetração dos pneus no solo (Figura 115).

RESISTÊNCIA AO
ROLAMENTO

Figura 115 -  Resistência ao rolamento


Fonte: SENAI/MG, 2017.

• Resistência à rampa: é força que se opõe para a locomoção dos equipamentos e veículo nos aclives
(Figura 116).

1
α
100 α P
RRa
Figura 116 -  Resistência à rampa
Fonte: SENAI/MG, 2017.

Uma gestão de frota adequada depende diretamente do conhecimento e gerenciamento de todas as


variáveis que interferem no processo de transporte, carga e escavação.
Você já pensou em dimensionar uma frota de caminhões para uma mina sem saber qual é a sua pro-
dução diária? Como determinar quantos caminhões serão necessários para o transporte, em determinada
frente de lavra, sem conhecer suas capacidades, tempo de ciclo, e fator de empolamento? Sem o controle
e análises dessas variáveis, a gestão de frota é praticamente impossível.

6.1.3 HORAS PROGRAMADAS

Você, provavelmente, no seu cotidiano, tem o hábito de programar quantas horas irá estudar, quantas
horas irá trabalhar e até mesmo quantas horas irá se dedicar a uma atividade física, por exemplo, não é
mesmo?!
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
202

Na mineração, não é diferente. Existe toda uma programação para a realização das atividades, inclusive
para as horas relacionadas à operação dos equipamentos.
Assim, podemos definir que as horas programadas são as horas que foram planejadas para operação de
determinado equipamento, são as horas que estão disponíveis para a execução de determinada tarefa.
Por exemplo, um caminhão fora de estrada tem a programação para operar em um único turno de
segunda-feira a sexta-feira, de 8 às 12 horas e de 13 às 17 horas, tendo o operador uma hora para o
almoço (12 às 13 horas). Logo as horas programadas para esse caminhão trabalhar são 8 horas diárias,
totalizando 40 horas semanais.
Porém, nem sempre conseguimos cumprir as horas programadas, pois diversos fatores imprevisíveis
podem ocorrer ao longo da rotina da mina, por exemplo: paradas inesperadas para uma manutenção
corretiva, parada para abastecimento, parada para o operador beber água e ir ao banheiro, intempéries,
entre outras.
Mas, ao mesmo tempo, é muito importante programar as horas de operação dos equipamentos para se
minimizarem os erros de operação, e alocarem os veículos e máquinas de forma mais adequada a fim de
atender a produção da mina.
Às vezes, um caminhão fora de estrada será programado para uma manutenção preventiva em um
período de dois dias. Assim, pela gestão de frota, conhecendo a programação dos equipamentos, é
possível, então, alocar outra unidade de transporte para executar a tarefa que seria de responsabilidade
daquele caminhão que estará em manutenção por dois dias. Observe um exemplo de horas programa-
das no Quadro 11.

PROGRAMAÇÃO CAMINHÃO 1 CAMINHÃO 2 CAMINHÃO 3


08 às 09 Horas Frente de Lavra 1 Manutenção Frente de Lavra 2
09 às 10 Horas Frente de Lavra 1 Manutenção Frente de Lavra 2
10 às 11 Horas Frente de Lavra 1 Manutenção Frente de Lavra 2
11 às 12 Horas Frente de Lavra 1 Manutenção Frente de Lavra 2
12 às 13 Horas Almoço Almoço Almoço
13 às 14 horas Frente de Lavra 1 Frente de Lavra 2 Manutenção
14 às 15 Horas Frente de Lavra 1 Frente de Lavra 2 Manutenção
15 às 16 horas Frente de Lavra 1 Frente de Lavra 2 Manutenção
16 às 17 Horas Frente de Lavra 1 Frente de Lavra 2 Manutenção
Quadro 11 - Exemplo de horas programadas

6.1.4 HORAS TRABALHADAS


As horas trabalhadas ou horas efetivas correspondem ao tempo real que os equipamentos operam, isto
é, estão em serviço. Contabilizam-se as horas que o equipamento está em movimento ou parado na condi-
ção de espera para carregar ou transportar o minério ou estéril.
A análise e controle das horas trabalhadas são fundamentais para que a empresa possa otimizar o uso
de seus equipamentos, uma vez que permite a identificação do grau de utilização de cada caminhão, car-
regadeira e/ou escavadeira. Ainda, proporcionam um melhor dimensionamento das frotas, possibilitando
o mapeamento dos períodos de picos ou de ociosidade.
Em alguns casos, quando a frota é terceirizada, ou seja, contratada por outra empresa, o valor pago do
serviço é referente às horas trabalhadas de cada equipamento.
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
203

6.1.5 HORAS DE MANUTENÇÃO

Assim como os carros e motos precisam realizar revisões de tempos em tempos, os equipamentos de
mineração também necessitam de manutenções a fim de evitar paradas e/ou problemas indesejados.
Dessa forma, as horas de manutenção correspondem ao tempo em que o equipamento está parado
para a realização de alguma intervenção na máquina, tais como: troca de componentes, lubrificação e lim-
peza, calibração, inspeção de dispositivos, entre outros.
Essas horas podem ser programadas ou não, dependendo do tipo de manutenção que será efetuada.
Sabemos que imprevistos podem ocorrer durante a operação de uma mina, necessitando de uma manu-
tenção corretiva que não estava prevista, como exemplos, a quebra de um componente mecânico em uma
carregadeira impossibilitando seu movimento ou o furo em um pneu de uma unidade de transporte.
Atualmente, o maior desafio de um plano de manutenção é minimizar as horas de paradas do equi-
pamento por intervenção corretiva. As manutenções preventivas e preditivas são realizadas para prever
e evitar ao máximo as falhas nos equipamentos.
Uma parada não prevista pode gerar vários inconvenientes para a produção, como a redução da produ-
tividade, formação de filas devido à ausência temporária de determinado equipamento, atrasos na produ-
ção e entrega do produto e aumento dos gastos.
Dentro das horas de manutenção, o índice PNP (paradas não previstas) é utilizado para medir a eficácia
do plano de manutenção. Quanto menor o seu valor, maior a eficiência do plano e menores as horas de
paradas de manutenção não previstas.

Horas de paradas para manutenção não previstas


PNP = Horas de manutenção total

Já o índice PIP (paradas por intervenção preventiva), apesar de interferir no processo produtivo, uma
vez que a produção do equipamento é interrompida para o cumprimento do plano preventivo, objetiva-se
ter o maior valor possível.

Horas de paradas para manutenção preventiva


PIP =
Horas de manutenção total

6.1.6 HORAS IMPRODUTIVAS

As horas improdutivas, conhecidas também como horas ociosas, são a contabilização do tempo em que
o veículo está disponível, porém não é utilizado. Essas horas evidenciam o desperdício gerado pela não
operação do equipamento naquele determinado tempo.
Na gestão de frota, vêm a ser também uma variável de extrema importância para o controle operacional
dos equipamentos. Possibilitam um melhor direcionamento da frota e programação para atendimento dos
serviços de transporte e carga do minério e estéril. Além, é claro, de proporcionarem um maior aproveita-
mento da utilização desses equipamentos.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
204

O gestor da frota deve buscar sempre reduzir ao máximo o número de horas improdutivas, aumentan-
do-se, assim, cada vez mais a produtividade dos equipamentos.
As horas ociosas podem ser obtidas pela relação:

Horas ociosas = Horas programadas – (Horas trabalhadas + Horas de Manutenção)

6.2 CÁLCULO DOS INDICADORES CHAVES DE DESEMPENHO (KPIs – KEY OF PERFOMANCE


INDICATORS)

Provavelmente, você já ouviu falar dos indicadores chaves de desempenho, não é mesmo!? Os indicares
chaves (ou índices) de desempenho, ou do inglês conhecidos como Key of Performance Indicators (KPIs), são
indicadores empregados para controlar e melhorar a qualidade e o desempenho das operações e proces-
sos dentro de uma organização.
Na mineração, diversos indicadores de desempenho são utilizados tanto em caráter operacional como
estratégico, com o objetivo de se alcançarem os resultados propostos. São índices que permitem avaliar a
performance de determinada atividade em relação à meta estabelecida, possibilitando o controle e toma-
das de decisão, caso seja necessário.
Vamos conhecer, a seguir, alguns desses indicadores (Figura 117) que auxiliam e objetivam alcançar as
metas relacionadas às atividades de escavação, carga e transporte dentro da mina? Siga em frente!
@istockphoto.com/Michail_Petrov-96

Figura 117 -  Indicadores de Desempenho

6.2.1 PRODUTIVIDADE

Como você deve saber, a produtividade é um dos indicadores de desempenho mais relevantes dentro
de uma organização. É um indicador que fornece a taxa real de produção por unidade de tempo de
determinado equipamento ou operação, ou seja, já contabiliza as perdas, a eficiência e o rendimento da
máquina.
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
205

Se, por exemplo, dizemos que um caminhão tem a produção de 1500 toneladas durante 8 horas de
trabalho, a produtividade é dada por: 1500 toneladas/8horas = 187,5 toneladas/horas ou 1500 toneladas/
dia. Observe que a produtividade pode ser expressa por qualquer unidade de tempo: minutos, horas, dias,
mês ou até ano.
São diversos os fatores que influenciam o indicador de produtividade, tais como: volume da caçamba,
empolamento do minério bruto, eficiência, tempo de ciclo, paradas imprevistas, entre outros.
Na mineração, como as operações são conjugadas, caso uma unidade de transporte atrase em uma via-
gem, a produtividade não é reduzida somente para aquele equipamento, mas também, por exemplo, para
a carregadeira que teve um tempo de operação ocioso esperando a chegada do caminhão.

6.2.2 UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS

Como mencionado anteriormente, o índice de utilização dos equipamentos está diretamente ligado
com as horas trabalhadas do equipamento, isto é, corresponde à parcela do tempo em que o equipa-
mento realmente está em operação.
O indicador de utilização de equipamentos pode ser expresso por:

HT
U = HP - HM 100%

Em que,
U = Índice de utilização de equipamento;
HT = Total de horas trabalhadas;
HP = Total de horas programadas ou disponíveis;
HM = Total de horas de manutenção, incluindo horas de reparos de oficina e/ou campo, ou espera por
falta de peças no estoque ou de equipamentos auxiliares.
A seguir, vamos observar alguns fatores que podem interferir nesse indicador de desempenho, tais
como:
• Paralisação de outros equipamentos, impossibilitando a operação do equipamento em questão;
• Ausência de operador para operar o equipamento;
• Dificuldades do operador em manusear o equipamento por falta de treinamento ou habilidade;
• Condições climáticas severas, como fortes chuvas;
• Tipo de desmonte de rocha de mina;
• Preparação das frentes de lavras, entre outros.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
206

6.2.3 DISPONIBILIDADE DE EQUIPAMENTOS

O indicador de disponibilidade do equipamento indica a parte do tempo programado em que a má-


quina fica disponível para trabalhar, operar.
Fatores como a má programação da mina, manutenções corretivas imprevistas, desorganização das
operações de mina, condições adversas de trabalho podem reduzir e afetar significativamente a disponi-
bilidade do equipamento.
Veremos adiante que a disponibilidade de equipamentos pode ser classificada em: mecânica ou física.

Disponibilidade mecânica
A disponibilidade mecânica é a parcela das horas possíveis de serem trabalhadas menos as horas de
manutenção, sejam elas corretivas, preventivas ou preditivas.
Pode ser calculada por:
HP - ^MP + MC + TPh
DM = 100%
HP

Em que,
DM = Disponibilidade mecânica;
HP = Horas totais programadas;
MP = Manutenção preventiva, correspondendo a todo o serviço programado, incluindo limpeza e
inspeção dos equipamentos;
MC = Manutenção corretiva, ou seja, qualquer intervenção no equipamento necessária de imediato
para corrigir deficiências que poderiam acarretar a sua paralisação;
TP = Tempo perdido correspondente à locomoção do equipamento, seja por motivos de desmonte de
rocha ou por atendimento às necessidades básicas do operador, almoço, café, troca de turno, entre outros.
@istockphoto.com/Kzenon

Figura 118 -  Equipamento parado para inspeção e manutenção


6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
207

Disponibilidade Física

Já a disponibilidade física está relacionada com as horas programadas em que o equipamento está apto
a funcionar, ou seja, corresponde à disponibilidade real do equipamento para operar, já considerando as
paradas para manutenção e deslocamentos (Figura 119).
Assim, a disponibilidade física pode ser dada por:

HP - HM
DF = HP
100%

Em que,
DF = Disponibilidade física;
HP = Horas totais programadas;
HM = Horais totais de manutenção incluindo as paradas imprevistas.

@istockphoto.com/JamesYetMingAu-Photography

Figura 119 -  Caminhões fora de estrada disponíveis para operação

6.2.4 RENDIMENTO DE EQUIPAMENTOS

Com certeza, você já ouviu falar em rendimento, não é mesmo?! Por exemplo, se em uma prova que
valia dez pontos, você conseguiu atingir oito pontos, seu rendimento nessa avaliação foi de 80%, ou seja,
dos dez pontos distribuídos (disponíveis), você conseguiu atingir oito.
O conceito de rendimento de equipamentos não é diferente. É definido como a relação de horas
efetivas trabalhadas divididas pelas horas programadas de operação. Pode ser, ainda, calculado como o
produto de outros dois KPIs: disponibilidade física versus a utilização.
Por exemplo, um caminhão tem diariamente 8 horas programadas, sendo 7 horas de operação em
campo e 1 hora para manutenção. Em um determinado dia, as horas efetivas trabalhadas foram 6,5
horas. Logo, o rendimento (R) daquele equipamento foi de:
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
208

6,5
R = ( 7 ) * 100% = 92,86%

A meia hora perdida pode ser atribuída a pequenas paradas, operação em vazio ou, até mesmo, ao tem-
po perdido devido à desorganização da alocação dos equipamentos dentro da mina.

6.2.5 EFICIÊNCIA DE EQUIPAMENTOS

O indicador da eficiência dos equipamentos é um dos indicadores de desempenho de maior relevância


para a organização, pois resulta no aumento ou redução da lucratividade das operações. Quanto maior
forem as eficiências dos equipamentos, maior será o lucro das atividades de lavra.
Ele é o índice responsável por mensurar o grau de utilização do recurso equipamento para se obter
determinada produção em um determinado período de tempo.
A eficiência do equipamento está diretamente ligada à velocidade e à qualidade com que as tarefas
ocorrem, podendo ser expressa por:

tcmin
E = tcef * 100%

Em que,
E = Eficiência;
Tcmin = Tempo de ciclo mínimo, isto é, o tempo mínimo para realizar todas as tarefas de um ciclo de um
determinado equipamento em operação normal;
Tcef = Tempo de ciclo efetivo, ou seja, tempo ciclo real para realização de todas as tarefas contabilizan-
do atrasos por tráfego, esperas, redução de velocidade devido a condições da pista, entre outros.
Outro índice relacionado com a eficiência que, recentemente, tem sido bastante explorado pelas
organizações é o OEE (do inglês, Overall Equipment Efficiency) que visa mensurar a eficiência global dos
equipamentos.
O cálculo pode ser dado por:
OEE = DF*E*Q
DF = Disponibilidade física
E = Eficiência
Q = Taxa de qualidade
Em um mundo ideal, as empresas deveriam ter 100% dos equipamentos disponíveis com 100% de qua-
lidade e 100% de aproveitamento do tempo. Baseado nessas condições, o cálculo da eficiência global dos
equipamentos (OEE) permite a visualização do desempenho da área como um todo e das oportunidades
de melhorias (Figura 120).
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
209

Disponibilidade + Eficiência + Qualidade = Índice OEE

87% 86% 93% 69%


Reflete eventos Relação da velocidade % de produtos Resultado de
que afetam a atual vs a velocidade produzidos dentro todos os dados
disponibilidade dos eperada da máquina da expectativa agrupados
equipamentos de qualidade

Figura 120 -  Exemplo de cálculo do OEE


Fonte: SENAI/MG, 2017.

6.2.6 CONTROLE VIA GRÁFICOS

Mas, então, como fazer para monitorar e gerir todos esses indicadores de desempenho e suas variáveis?
O controle estatístico de processos, conhecido também como CEP, engloba um conjunto de técnicas que
visam controlar e corrigir, sempre que necessário, os diversos parâmetros de processo, buscando assim
reduzir os gastos e aumentar a lucratividade da organização.
Dentre as principais técnicas utilizadas pelo CEP, destacamos o emprego de gráficos de controle.
Os gráficos são amplamente utilizados, principalmente, em virtude da facilidade de expressão e clareza
na exposição do valor do índice monitorado.
Um gráfico nada mais é do que a representação gráfica do comportamento de uma determinada vari-
ável em função do tempo ou em relação ao conjunto de amostras. Por exemplo, na Figura 121, podemos
observar um gráfico de controle da eficiência do processo de carregamento de um determinado caminhão.

Gráfico de Controle da Eficiência de Carregamento do Caminhão 1


Mês de Fevereiro
100%
98%
96%
94%
92%
90%
88%
86%
84%
82%
80%
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

Figura 121 -  Gráfico de Controle de Eficiência


Fonte: SENAI/MG, 2017.

Ao observar o gráfico, notamos claramente que, a partir do dia 6 de fevereiro, a eficiência do caminhão
1 caiu significativamente. Com o controle diário, via gráfico, não é necessário esperar o mês acabar para se
tomar uma atitude. Com certeza, alguma alteração na rotina da operação aconteceu para justificar a queda
da eficiência e, consequentemente, reduzir a produtividade desse caminhão.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
210

O operador do equipamento pode ter sido substituído por um novato sem muita experiência, neces-
sitando assim de um treinamento com urgência. Ou ainda, alguma falha mecânica ou elétrica pode ter
ocorrido reduzindo o desempenho do caminhão.
Se o mesmo comportamento for notado para outros veículos da frota, a causa pode ser outra, como
exemplo: problemas com a estrada, aumentando o tempo de ciclo dos caminhões ou filas de espera devi-
do a um dimensionamento inadequado da frota para determinada frente de lavra da mina.
Temos, ainda, o gráfico que denominamos de gráfico de controle de Shewhart que objetiva controlar a
média de uma determinada variável e garantir que ela permaneça dentro dos limites estabelecidos, isto é,
limite inferior e limite superior.
Na mineração, este tipo de gráfico pode ser amplamente utilizado na mina e na usina de beneficia-
mento para monitorar o teor e granulometria do minério, evitando a não conformidade do produto para
o cliente subsequente.
Como vimos, na operação de desmonte, por exemplo, o gráfico de Shewhart pode ser utilizado para
controlar a fragmentação da rocha, em que o limite máximo da partícula não pode ser superior ao tama-
nho da abertura do britador e nem pequeno demais de forma que a partícula passe direto pela peneira.
A Figura 122 apresenta esse gráfico para a análise de fragmentação da rocha na operação de desmonte.

Tamanho Médio da rocha


(polegada)
40

35 Limite Superior

30

25

20

15

10

5
Limite Inferior
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Figura 122 -  Gráfico de controle da fragmentação da rocha


Fonte: SENAI/MG, 2017.

No gráfico, nota-se que os limites superior e inferior de fragmentação da rocha são, respectivamente,
35’’ e 5’’ polegadas. Já nos desmontes 8 a 11, a carga de explosivo empregada, provavelmente, estava em
excesso, com uma forte tendência da média do tamanho das partículas das rochas saírem do limite de
especificação.

O primeiro gráfico apresentado para o monitoramento de uma variável ou parâmetro


de processo, foi proposto por Dr. Walter Shewhart em 1932. Conhecido, como gráfico
CURIOSI de controle de Shewhart, devido ao seu mentor, é, sem dúvidas, ainda um dos gráficos
DADES mais conhecido e empregado atualmente pelas organizações.
Fonte: MINGOTI, S. A.; YASSUKAWA, F. R. S., 2008.
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
211

CASOS E RELATOS

Consequências da quebra de uma lança


Em certo dia, na mineradora de pequeno porte, BANGMINE, por meio do controle dos KPIs via
gráfico, observou-se uma queda significativa, por dois dias consecutivos, da eficiência e da
produtividade das unidades de transporte.
O gestor da área, então, resolveu de imediato reunir a equipe para verificar a causa do problema,
e evitar que ele se agravasse e afetasse a meta mensal de produtividade. Os operadores dos
equipamentos eram pessoas treinadas e qualificadas que já exerciam a função há um tempo
considerável. Como o problema era geral de todas as unidades de transporte, descartou-se
também qualquer fator ligado à manutenção pontual desses equipamentos.
Ao analisar as vias de acesso, constatou-se que elas estavam com condições irregulares de
trabalho. Nos últimos dias, os operadores relataram que os buracos e ondulações na pista
aumentaram, e, por consequência, tiveram que reduzir a velocidade aumentando o tempo de
ciclo dos equipamentos.
Por fim, descobriram que a causa das irregularidades nas estradas, era a ausência da
motoniveladora, equipamento responsável pelo nivelamento e manutenção de vias de acesso,
que estava em manutenção há quatro dias, em virtude da quebra da lança, a qual ainda não era
item de estoque.
Alguns pequenos reparos foram realizados nas vias de acesso. Mas, infelizmente, a produção e a
eficiência das unidades de transporte continuaram em um patamar mais baixo por mais dois dias
até a chegada da nova lança para ser acoplada à motoniveladora.
Como as atividades de uma mineração são todas conjugadas, o erro ou anomalia em um setor
reflete diretamente nos demais. Após esse fato, a lança entrou como item obrigatório de estoque
do almoxarifado.

6.2.7 ELABORAÇÃO DE PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

Assim como os gráficos são uma ferramenta da qualidade que auxilia a gestão dos KPIs, os procedimen-
tos operacionais são instrumentos da qualidade que permitem a padronização dos processos minimizan-
do os desvios na execução de tarefas fundamentais dentro da mina.
É um documento semelhante à receita de um bolo, em que se descrevem passo a passo as atividades
que devem ser executadas dentro do fluxo de produção.
Contém as instruções sequenciais das operações, por exemplo, qual botão ligar ou desligar primeiro no
manuseio de um equipamento, a frequência, o responsável pela execução, as listagens de peças ou aces-
sórios necessários à realização de determinada tarefa, os pontos críticos daquele processo, entre outros.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
212

Vejamos, no Quadro 12, um exemplo de elaboração de um procedimento operacional padrão (POP)


para as atividades de um determinado equipamento.

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO - POP


Equipamento: nome do equipamento, modelo e marca Área Emitente: Área de atividade
1. Objetivo: Padronizar o procedimento para (nome da atividade), utilizando (nome e modelo do equipamento/instrumento).
Ex: Padronizar o procedimento para manuseio da pá carregadeira (Marca XX e Modelo YY).
2. Atividade: Informar o tipo de atividade a ser feita com o equipamento. (Ex.: Carregamento, descarregamento, transporte,
escavação etc.)
3. Descrição do equipamento: Foto do equipamento com a indicação dos componentes, por numeração ou letras.
Figura 1. Citar o nome e modelo do equipamento / instrumento. Citar o nome e finalidade de cada componente indicado na Figura.
Ex: Nome do item – indicar a finalidade.
4. Operação do equipamento: Descrever cada etapa enumerada para operar o equipamento e a frequência em que cada etapa deve
ser executada.
5. Materiais e/ou acessórios: Descrever todos os materiais e acessórios necessários para execução das tarefas, indicando inclusive os
EPIs aplicáveis.
6. Aplicação: Este POP aplica-se ao (nome do laboratório / Setor que executa a tarefa).
7. Divulgação: Este POP está disponível fisicamente para consulta no (nome do laboratório / Setor).
8. Principais Usuários:
Acesso: Cópia física ou via rede Nome: Nome do operador treinado nesse padrão
Área: Nome da área responsável
9. Histórico:
Versão: Data de elaboração: Número de Página: Natureza da Mudança:
10. Controle de aprovação:
Elaboração: Revisão: Aprovação: Emissão:
Nome e função Número da revisão Nome do Supervisor/Responsável Data/Depto
11. Cuidados especiais:
EPIs aplicáveis ou qualquer outra observação relevante referente à operação do equipamento, por exemplo: atenção ao nível de óleo
do equipamento.
12 . Referências Bibliográficas:
Quadro 12 - Modelo de procedimento operacional para operação de um equipamento
Fonte: SENAI/MG, 2017.

Todo procedimento operacional deve ser elaborado pelo supervisor ou responsável da área em con-
junto com o funcionário que executa a tarefa, afinal ele é o dono daquela tarefa. Após a conclusão do
documento, ele deve ser aprovado por um gerente do setor. Todos os operadores, que executam as tarefas,
sejam elas diretas ou indiretas, relacionados ao POP devem ser treinados.
O procedimento operacional nunca deve ser copiado de outras organizações ou livros, pois, cada pro-
cesso e/ou equipamento tem suas peculiaridades e opera em condições diferentes.
Em adição, você deve sempre lembrar que a linguagem do POP necessita ser sempre simples e objeti-
va e estar em consonância com o grau de instrução das pessoas envolvidas.
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
213

Análises críticas do procedimento operacional devem ser realizadas pelo menos duas vezes ao ano.
As condições operacionais de produção e do equipamento envolvido podem se alterar de tempos em
tempos, necessitando da revisão do padrão e de um novo treinamento para os operadores (Figura 123).

@istockphoto.com/Kzenon
Figura 123 -  Treinamento em campo de um procedimento operacional

6.3 ENTREGA DO ROM ÀS CENTRAIS DE BRITAGEM

Após a operação de escavação, o produto bruto extraído deve ser entregue às centrais de britagem com
qualidade, rapidez e eficiência.

6.3.1 ENTREGA DO ROM (RUN OF MINE) AO CLIENTE INTERNO

Como você já deve ter percebido ao longo deste estudo, é muito difícil conciliar as operações de frentes
de lavra com a alimentação da usina. A entrega do ROM, ou seja, do minério bruto extraído, deve atender
a demanda exigida pelo setor de beneficiamento, o qual opera em função da demanda do cliente externo
(consumidor do produto final).
O minério deve ser entregue ao cliente interno, que, no caso, do setor da mina é a usina, com os teores
médio e granulometria especificados, bem como com a vazão almejada.
Todo processo começa com o planejamento de lavra que visa prever a quantidade e os teores do pro-
duto que serão lavrados. O objetivo é elaborar um plano diário de lavra de tal forma que se seja capaz de
atingir as metas de produção da mina, tanto no âmbito de qualidade quanto em quantidade.
O plano de lavra deve conter as frentes de lavras que serão explotadas, e determinar o ritmo das opera-
ções, buscando sempre satisfazer as especificações exigidas dos clientes.
A grande dificuldade é conciliar todas as operações da mina com as necessidades requeridas do cliente,
principalmente, porque cada frente de lavra possui um teor médio diferente, e também está situada em
distâncias distintas da usina o que gera tempo de ciclos diferenciados de carga e descarga do produto.
Muitas vezes, devido a esses motivos, é comum ter oscilações de teor e vazão na alimentação da usina.
Assim, a fim de evitar e minimizar esses problemas podem-se adotar formas diferenciadas de entrega do
produto como veremos a seguir.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
214

6.3.2 FORMAS DE ENTREGA DO PRODUTO

Existem três formas de entrega do produto: em pilhas, silos ou alimentação direta no britador.
Normalmente, para se evitar a parada da usina e/ou do britador por indisponibilidade do ROM, formam-se
as pilhas de estoques. Assim, a unidade transporte já carregada, descarrega o material diretamente na pilha
estoque para a alimentação da usina (Figura 124).

@istockphoto.com/Iron_Man
Figura 124 -  Entrega do produto a uma pilha estoque

O estéril é descarregado em pilhas que chamamos de pilhas de estéril. Devido às características desse
material, como a elevada granulometria, as unidades de transporte utilizadas são sempre os caminhões
fora de estrada, uma vez que esses são mais robustos. O processo de entrega é realizado pelo basculamen-
to direto do caminhão na pilha designada pelo sistema de despacho (Figura 125).
Como vimos, no decorrer da operação da mina, o estéril pode ser usado para construção de diques,
rampas, forramento de estrada e até mesmo para a recomposição de áreas lavradas.
@istockphoto.com/Mbaysan

Figura 125 -  Entrega à pilha de estéril


6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
215

Além disso, quando as frentes de lavra possuem grandes oscilações de teores, recomenda-se ainda a
formação de uma pilha de homogeneização. Em minas de pequeno porte, a homogeneização é realiza-
da pelo próprio equipamento responsável por alimentar a usina, como as pás carregadeiras. Já minas de
grande porte requerem equipamentos maiores, como empilhadeira, conhecidas do inglês como stackers,
para realizar tal operação.
Temos, ainda, a formação das pilhas pulmões, que são muito empregadas quando se tem a alimen-
tação direta do produto ao britador. Essa pilha tem o objetivo bastante similar à pilha estoque, isto é, de
suprir a demanda da usina evitando a falta do produto e parada dos equipamentos de beneficiamento.
A grande diferença é que as pilhas pulmões são formadas após o processo de britagem e de classificação.
Conforme podemos observar na Figura 126, geralmente, empregam-se transporte contínuo e de uma empi-
lhadeira para a formação dessas pilhas.

@istockphoto.com/Cbpix

Figura 126 -  Formação da pilha pulmão

Outra forma de entrega é o basculamento em silos. As unidades de transporte carregadas descarre-


gam o material nos silos situados próximos a centrais de britagem. Nessa forma de entrega, é essencial que
se tenha um maior controle da granulometria do produto para evitar o entupimento e/ou aprisionamento
do ROM dentro dos silos.
Em alguns casos, o produto pode ser entregue diretamente a um britador. A unidade de transporte
faz o basculamento do material na cavidade de alimentação do britador.
Em minas de grande porte, por exemplo, a entrega do produto pode ser realizada diretamente a um
britador para a posterior formação da pilha pulmão, evitando assim qualquer parada da usina por indispo-
nibilidade do produto.
Como podemos notar na Figura 127, outro exemplo ocorre em mina subterrânea em que o transporte
realizado por caminhões pode entregar o produto diretamente a britadores secundários na usina.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
216

@istockphoto.com/ValterCunha
Figura 127 -  Entrega direta ao britador

6.4 RELAÇÃO DOS PROCESSOS DE LAVRA E EQUIPAMENTOS DE MINERAÇÃO

Os processos de lavra, isto é, desmonte ou escavação, carga e transporte, em suma, consistem em retirar
o material extraído da frente de lavra e levar até diferentes pontos de descarga. Porém, a realização dessas
atividades só é possível por meio do emprego de diversos equipamentos. Utilizam-se, por exemplo, as pás
carregadeiras e/ou escavadeiras para escavar e carregar material; os caminhões, correias transportadoras,
vagões, entre outros, para transportar.
Dimensionar, selecionar e gerenciar os equipamentos dos processos de lavra, com certeza, não é uma
tarefa fácil! São muitos os fatores que devem ser analisados e levados em consideração, como característica
do minério, capacidade necessária para atender a produtividade da usina, condições climáticas da mina,
disposição dos depósitos, capacidade de mobilidade, entre outras características que, muitas vezes, são
peculiares a cada mineradora.
Vamos adiante para conhecer melhor a relação desses processos com esses equipamentos e aprender
mais sobre alguns equipamentos específicos empregados nesse setor!

6.4.1 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DE MINÉRIO E ESTÉRIL

As operações de mina são conjugadas, isto é, a ação de escavar depende da ação de carregar que, por
sua vez, depende diretamente de uma unidade de transporte. Dessa forma, os equipamentos empregados
para execução de tais operações também são dependentes e devem ser compatíveis entre si, tanto no
âmbito da dimensão física, quanto na capacidade de operação.
Os equipamentos de transporte, como os caminhões, devem ter o porte físico compatível com os equi-
pamentos de carga utilizados. Não adianta comprar uma frota de caminhões de grande porte se as carre-
gadeiras disponíveis possuem um braço curto impossibilitando a carregamento do produto (Figura 128).
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
217

Figura 128 -  Incompatibilidade de equipamentos para as operações de carga e transporte

A altura da bancada também deve ser condicionada de acordo com o porte físico dos equipamentos
utilizados nessas operações a fim de evitar acidentes e facilitar o manuseio do produto, seja ele do ROM ou
do estéril.
O número de passes do equipamento de carregamento para encher o equipamento de transporte nun-
ca deve ser superior a 5. Um valor superior a este indica perda de eficiência de todas as operações, já que
essas são conjugadas. O ideal é de 2 a 3 caçambadas da carregadeira para carregar o caminhão.
O tamanho da caçamba da unidade de transporte não pode ser muito pequeno em relação ao tamanho
da caçamba do equipamento de carregamento, pois, caso contrário, resultaria em impactos na suspensão
e estrutura do veículo, além do derramamento excessivo do minério ou estéril.
Concomitantemente, o tempo de carregamento não pode ser extremamente curto ocasionando a de-
mora da chegada de uma unidade de transporte e a ociosidade da unidade de escavação e carregamento.
O número de equipamentos para cada operação deve ser equilibrado. Se o número de equipamentos
de transporte for muito pequeno ocorrerão paradas constantes dos equipamentos de escavação e carre-
gamento. Em contrapartida, se forem em excesso, ocorrerão filas e congestionamentos de equipamentos
de transporte dentro da mina.
Os equipamentos devem ser selecionados e dimensionados de forma que as operações de lavra ope-
rem em harmonia, evitando ao máximo esses problemas abordados que, consequentemente, reduzem a
eficiência de todo o processo produtivo.
Além da dimensão física e da capacidade de operação, outros fatores também são de extrema relevân-
cia e devem ser levados em consideração na escolha e seleção desses equipamentos, como:
• Custo de aquisição;
• Custo operacional;
• Estimativa da taxa de utilização e disponibilidade;
• Manutenção necessária para cada tipo de equipamento;
• Experiência anterior com o equipamento naquela mina;
• Outros serviços requisitados pelo equipamento, por exemplo uma calibração externa, entre outros.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
218

6.4.2 ESCAVADEIRAS

As escavadeiras, como o próprio nome diz, são equipamentos utilizados primordialmente para a esca-
vação do material desagregado. Na maioria das vezes, escavam e já carregam as unidades de transporte.
Têm a característica de operar com a máquina estacionada, isto é, não se deslocam para realizar o car-
regamento da caçamba ou concha que a compõem.
A operação de escavação se dá diretamente pela caçamba que é acionada por meio de componentes
móveis, os cabos de aço, cilindros hidráulicos, motores elétricos independentes e mecanismos de giro.
O deslocamento das escavadeiras é obtido por esteiras que são acionadas a um sistema de transmissão
ligado ao eixo motriz. Devido ao grande porte do equipamento e por questões de balanceamento, a velo-
cidade adquirida é extremamente baixa, da ordem de 1,5Km/h.
Dessa forma, o deslocamento só deve ser realizado em pequenas distâncias e, quando realmente ne-
cessário, dentro do local de trabalho. Caso contrário, ou seja, para distâncias maiores de deslocamento
devem-se usar carretas especiais.
Na Figura 129, podemos observar que esses equipamentos são constituídos por cinco partes principais:
• Cabine de comando: responsável pelo acionamento dos movimentos do equipamento por meio dos
elementos de comando.
• Lança: estrutura metálica de comprimento variável que, apoiada sobre a plataforma giratória, é
responsável por executar o movimento de levantamento e abaixamento permitindo as operações
de escavação e carga.
• Braço: estrutura metálica que completa e fornece apoio à escavadeira, podendo girar em torno da
articulação para auxiliar a ação de escavação.
• Caçamba ou concha: recipiente que, além de escavar o material por meio das garras que possui,
serve como depósito para ele até a etapa seguinte de descarregamento.
• Base: apoio no qual o equipamento é montado, podendo ser formado de esteiras, rodas pneumáticas,
chassi ferroviário ou de caminhão, patins ou barcaças.

Lança

Cabine de comando Braço


@istockphoto.com/RonFullHD

caçamba

Base

Figura 129 -  Partes principais de uma escavadeira


6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
219

O ciclo das escavadeiras é composto pelas seguintes operações: escavação, giro com carga, descarga
e giro sem carga, posicionamento, esperas.
O tempo de escavação depende diretamente da escavabilidade do material, da altura da bancada e da
fragmentação do produto. Bancadas e pilhas baixas reduzem significativamente a eficiência do processo
de enchimento da caçamba, aumentando o tempo necessário dessa operação. Materiais mal fragmenta-
dos, com blocos grandes podem também dificultar o enchimento da caçamba prejudicando a operação
de escavação.
O tempo de descarga é dependente das dimensões relativas das unidades de transporte e das escava-
deiras, as quais já são estabelecidas no processo de seleção e dimensionamento dos equipamentos e do
correto posicionamento dos caminhões que depende diretamente do treinamento dado aos motoristas.
Já o tempo de espera é relativo ao tempo que a escavadeira aguarda para o posicionamento de um
novo caminhão. Às vezes, pode-se operar com dois caminhões, carregando pelos dois lados das escava-
deiras, minimizando esse tempo de espera, e consequentemente, o tempo de ciclo desses equipamentos.
De acordo com a maneira de se proceder a escavação e forma construtiva do equipamento, temos di-
versos tipos de escavadeiras, como veremos a seguir.

Escavadeira Shovel’

Caracterizada por possuir uma caçamba frontal, é um dos tipos de escavadeira muito utilizada na
mineração.
Destinada a escavar taludes situados acima do nível em que a máquina se encontra, a shovel’ é um equi-
pamento ideal para ser empregado em serviços pesados em virtude da sua força de escavação, obtida pela
borda cortante da caçamba e pela segurança que possui em seus movimentos.
Provida de lança e braço articulados, permite que a escavação seja realizada no sentido de baixo para
cima e para frente, levantando a caçamba com o material para um posterior descarregamento por meio do
giro da lança (Figura 130).
@istockphoto.com/Boggy 22

Figura 130 -  Movimento de escavação realizado por escavadeira shovel


DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
220

Na operação, o braço é movimentado à frente até que a caçamba, dotada de dentes, encontre o talude e
raspe (corte) o material. Assim, o braço é levantado de forma que o bojo da caçamba seja preenchido com
o produto escavado.
A altura do banco para operação deve ser ideal. Se o talude for muito alto, podem surgir problemas na
escavação do material situado no topo. Já se for baixo demais, o enchimento da caçamba não é completo
em uma única operação, reduzindo a produção do equipamento.
Após a carga, a escavadeira gira até o ponto de descarga do material, a caçamba é abaixada sobre o ter-
reno ou unidade de transporte e sua parte inferior é aberta para descarga do produto. Então, o ciclo retorna
com novo giro do equipamento, porém com a caçamba vazia (Figura 131).

@istockphoto.com/Wawritto

Figura 131 -  Escavadeira Shovel carregando um caminhão

É aconselhável que as unidades de transporte se posicionem de forma que o giro seja o menor possível,
minimizando o tempo de operação e a fase improdutiva do processo. Para otimização do rendimento do
equipamento ainda é oportuno trabalhar-se com dois caminhões prontos para serem carregados, uma vez
que o tempo de ciclo é considerado curto.
As grandes vantagens das escavadeiras “shovel’’ são os movimentos rápidos e precisos que possuem
comparados com aqueles obtidos por guinchos e cabos, devido ao acionamento ser, em sua maioria, to-
talmente hidráulico.

Retroescavadeira

A retroescavadeira, conhecida também como back-shovel, é um equipamento muito semelhante à


shovel, diferindo apenas em relação à posição da caçamba, à qual é voltada para baixo. Assim, a escava-
ção é realizada de cima para baixo em locais abaixo do nível onde as máquinas se apoiam. À medida que
a escavação prossegue, o equipamento se desloca em marcha a ré (Figura 132).
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
221

@istockphoto.com/Bogdanhoda
Figura 132 -  Retroescavadeira carregando um caminhão

As retroescavadeiras possuem uma capacidade de caçamba relativamente baixa e alcance limitado,


necessitando de precisão nas dimensões da vala (Figura 133). São bastante indicadas para o corte em solos
compactos em que a ação do cabo de elevação faz com que os dentes exerçam elevadas pressões sobre o
terreno a ser escavado.

G
C D

Figura 133 -  Dimensões e alcance da retroescavadeira


Fonte: Adaptado de VALE; SENAI, 2017.

Atualmente, a maioria dessas máquinas já possui acionamento hidráulico permitindo uma maior
rapidez e precisão de operação.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
222

Escavadeira de Arrasto

Conhecida também do inglês como dragline, a escavação é realizada pelo arrastamento da caçamba por
meio de um cabo de arrasto.
O equipamento é constituído por uma lança ou draga de arrasto, de estrutura metálica leve, pela qual
passa o cabo de elevação da caçamba. Sustentada por cabos, a lança pode permitir uma variação do ângu-
lo de trabalho de 25° a 40° (Figura 134).

@istockphoto.com/Agnormark
Figura 134 -  Dragline operando em uma mina de carvão

Conforme você já deve ter observado pela imagem, a dragline também é um equipamento destinado
a escavar níveis abaixo do terreno no qual a máquina se encontra; porém é aplicada a materiais pouco
compactados, ou seja, de baixa coesão.
A escavadeira de arrasto é o único equipamento utilizado para a escavação dentro d´água e que possui
um maior raio de alcance. Muitas vezes, para melhorar ainda mais seu alcance tem-se a possibilidade de
aumentar a extensão da lança por meio de uma seção intermediária.
Todavia, é necessário ter cuidado pois, se o alcance for extremamente grande, as condições de balance-
amento se tornam desfavoráveis, reduzindo a capacidade de operação da caçamba (Figura 135).

A
B K
H

Figura 135 -  Dimensões de alcance da dragline


Fonte: Adaptado de VALE; SENAI, 2017.
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
223

Como a caçamba não é fixa, uma das grandes desvantagens do uso desse equipamento é o elevado
tempo de ciclo para descarregamento direto em caminhões. Por isso, normalmente, a descarga é feita
em montes ou pequenas pilhas, para um posterior carregamento por pás carregadeiras em unidades de
transporte.
Além disso, como normalmente o terreno em que são empregadas é mais solto (mole), recomenda-se
apoiar a escavadeira em uma plataforma de madeira ou dispositivo similar que reduza a pressão do equi-
pamento sobre o solo.

Bucket Whell Excavator


Conhecidas também como escavadeiras de caçambas de rodas, as bucket whells são escavadeiras de
grande porte que operam em um ciclo contínuo. Por meio de uma roda de caçamba giratória, escava o
material e já o despeja em uma correia para ser transportado, conforme mostra a Figura 136.

@istockphoto.com/Kodda

Figura 136 -  Bucket Whell em uma operação de escavação de uma jazida de carvão

Os dentes da caçamba raspam o material que cai na cavidade interna da caçamba, que por meio do giro,
direciona-o para dentro da correia transportadora. À medida que o produto vai sendo escavado, a lança
avança, e uma nova fatia da frente de lavra é cortada.
A grande vantagem desse equipamento é a elevada capacidade de produção principalmente porque
opera em ciclo contínuo.
Como desvantagens, a bucket wheel apresenta um alto custo de investimento inicial, requerendo con-
dições de engenharia muito rígidas (Figura 137). Além disso, não pode ser aplicada a rochas muito com-
pactadas, sendo mais empregada para a escavação de materiais friáveis.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
224

@istockphoto.com/Pawel_Kisiolek
Figura 137 -  Bucket Whell de grande porte

Muitas vezes, esses equipamentos também são utilizados em operação de retomada do produto final, a
fim de reaver a pilha formada no pátio de estocagem e transportar o material até o modal de escoamento
previamente definido.

6.4.3 ESCAVOTRANSPORTADORAS

Como você já deve imaginar, as escavotransportadoras, conhecidas também do inglês como scrapers,
são os equipamentos que, além da função de escavar e carregar como as escavadeiras, também
transportam o material.
Constituem-se de uma caçamba para receber e armazenar o produto escavado, cujo fundo possui lâ-
minas cortantes responsáveis pelo corte do material. Por meio de acionamentos hidráulicos, a caçamba é
abaixada permitindo o corte do solo enquanto o avental, parte dianteira móvel da caçamba, é levantado
para que o produto possa entrar.
Assim, completada a carga, a caçamba é novamente levantada por pistões hidráulicos e o avental fecha-
do para dar início à operação de transporte. Na descarga, o ejetor é acionado deslocando-se para frente de
forma a empurrar o material de dentro da caçamba para fora (Figura 138).

Ejetor
Caçamba
@istockphoto.com/Petrov. Adaptar

Avental
Lâminas Rodas

Figura 138 -  Scraper


6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
225

Normalmente, utilizam-se esses equipamentos em rochas que possuem média resistência à fragmenta-
ção, e que devem ser transportados a curtas e médias distâncias. Os scrapers ainda podem ser classificados
em scraper rebocado e motoscraper.
O scraper rebocado consiste em uma caçamba montada sobre um eixo com dois pneumáticos rebo-
cado por um trator, normalmente um trator de esteiras. Já o scraper automotriz ou motoscraper consiste
em um scraper de um único eixo que se apoia sobre um rebocador de um ou dois eixos por meio de um
pescoço (Figura 139).

@istockphoto.com/Iron_Man

Figura 139 -  Motoscraper

As grandes vantagens da montagem do motoscraper são o ganho de aderência das rodas motrizes, de-
vido ao maior peso incidente sobre elas e a maior independência dos movimentos dos dois componentes,
possibilitando a execução de curvas e manobras com maior facilidade.

6.4.4 CARREGADEIRAS

As carregadeiras, também denominadas de pás carregadeiras, assim como as escavadeiras, são conhe-
cidas como unidades escavo-carregadeiras pois têm a função de escavar e carregar o material sobre o
equipamento responsável pelo transporte até o local de descarga.
Mas, então, qual seria a diferença entre carregadeiras e escavadeiras?
As carregadeiras, montadas sobre pneus ou esteiras e dotadas de uma caçamba frontal, não são fixas e
ao contrário das escavadeiras, possuem uma intensa movimentação. Normalmente, escavam, carregam
e se deslocam para realizar o descarregamento do produto na unidade de transporte que está à espera.
Conforme, podemos notar na Figura 140, são equipamentos constituídos por um trator ligeiramente
modificado, adaptado com dois braços laterais para levantamento da caçamba, que são acionados por dois
pistões hidráulicos.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
226

Braço de levantamento da caçamba

Pistão de acionamento da caçamba

Caçamba Frontal

Pistão de elevação

Figura 140 -  Montagem de uma carregadeira


Fonte: SENAI/MG, 2017.

Devido ao sistema hidráulico, a caçamba ou concha é articulada podendo ocupar diversas posições de for-
ma rápida e precisa, tais como: de escavação, de carga, de descarga ou qualquer outra posição intermediária.
É importante lembrar que a carga de operação, admitida de uma carregadeira, não pode ultrapassar 50%
da carga de tombamento do equipamento, caso contrário, condições inseguras passam a vigorar colocando
em risco a operação e a vida do operador.
O ciclo completo de operações desses equipamentos é dado pela escavação do material, carga, transpor-
te, descarga e retorno do equipamento vazio, totalizando dois movimentos de frente e de ré (Figura 141).

Carregadeira

Veículo

Carregadeira

Figura 141 -  Ciclo de operação das carregadeiras


Fonte: SENAI/MG, 2017.
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
227

Geralmente, as pás carregadeiras são utilizadas para escavação de materiais de pouca resistência e/ou
materiais soltos, para limpeza de praça de serviço, e pequenos nivelamentos e espalhamentos de terra.
Em função da estrutura de locomoção, esses equipamentos são divididos em: carregadeiras de pneus e
carregadeiras de esteiras.

Carregadeiras de pneus

Conforme o próprio nome já diz, são equipamentos montados sobre quatro rodas. Empregados em ser-
viços de grandes volumes e que necessitam de um transporte do material escavado a pequenas e médias
distâncias, são carregadeiras empregadas para diversos tipos de trabalho (Figura 142).

@istockphoto.com/Kynny

Figura 142 -  Carregadeira de pneus

Observe no Quadro 13, a seguir, algumas vantagens e desvantagens desse equipamento.

VANTAGENS DESVANTAGENS
Requer terrenos firmes e planos para operação para evitar a
Grande facilidade de deslocamento, podendo chegar até 45Km/h;
patinação do equipamento;

Tempo de ciclo curto; Operação deve ser em pista preferencialmente seca;


Maiores gastos com manutenção em virtude do maior desgaste
Exige pouca regularização da pista; dos pneus e riscos inerentes da operação, como obtenção de um
pneu furado;
Indicado para operações em superfícies lisas e arenosas, sem
Não é indicado para operações em locais de dimensões reduzidas.
muito desgaste dos pneus.
Quadro 13 - Vantagens e desvantagens da carregadeira de pneus
Fonte: SENAI/MG, 2017.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
228

As carregadeiras de pneus mais modernas já possuem tração nas quatro rodas para melhorar a tra-
ção da máquina, evitando possíveis deslizamentos, e direção articulada para facilitar as manobras em
pequenas áreas.

Carregadeiras de esteiras
As carregadeiras de esteiras são equipamentos empregados em serviços de pequenos e médios vo-
lumes, em que o terreno de operação não permite um maior esforço de tração, isto é, terreno de baixo
suporte, o qual seria inacessível para equipamentos de rodas.
Diferentemente dos tratores de esteiras, nas carregadeiras de esteiras, as garras das sapatas são eliminadas
formando apenas pequenas saliências que garantem a mínima aderência entre o equipamento e o solo.
Apesar de possuírem uma mobilidade bem mais reduzida comparada com as carregadeiras de pneus,
as carregadeiras de esteiras têm a grande vantagem de girar sobre o próprio eixo facilitando a operação em
locais de difícil acesso (Figura 143).

@istockphoto.com/Iron_Man

Figura 143 -  Carregadeira de esteiras

O Quadro 14 apresenta as vantagens e desvantagens dessas carregadeiras.

VANTAGENS DESVANTAGENS
Opera com manobras mais lentas, atingindo velocidades
Opera em terrenos de baixa consistência;
baixas;
Possui uma maior aderência comparada com as carregadeiras Tempo de ciclo maior quando comparado com as
de pneus, principalmente em terrenos argilosos; carregadeiras de pneus;
Exige o uso de um reboque para o deslocamento a grandes
Apresenta um maior poder de escavação;
distâncias.

Opera com facilidade em locais de dimensões restritas.


Quadro 14 - Vantagens e desvantagens da carregadeira de esteiras
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
229

6.4.5 CAMINHÕES

Os caminhões são os equipamentos mais amplamente utilizados em todo mundo para o transporte do
material nas operações de lavra.
O objetivo principal desses equipamentos é o transporte do produto desmontado, seja por explosivos
ou por ações mecânicas (tratores, escavadeiras ou carregadeiras), até um ponto de descarga, como brita-
dores, silos, pilhas estoque e/ou de homogeneização, e pilhas de estéril.
Conforme podemos notar na Figura 144, o ciclo dos caminhões é composto por tempos fixos e variá-
veis. O tempo de carga e descarga, somado com o tempo de manobras necessárias para execução dessas
atividades, é classificado como fixo.
Já o tempo de transporte, carregado e/ou vazio, é variável uma vez que depende diretamente do di-
recionamento e das distâncias do local de descarga, das condições das pistas, dos congestionamentos
existentes ou não, entre outros fatores.

2. Direcionado
Caminhão se dirige para
o ponto de descarga Caminhão chega
no destino

3. Chegada

1. Carga

Caminhão
descarrega

Caminhão direcionado
para uma carregadeira

Caminhão se dirige
para a carregadeira

4. Direcionado
5. Chegada

Figura 144 -  Ciclo de operações dos caminhões


Fonte: Adaptado de SOUZA, 2014.

Como vimos, o despacho e a otimização do ciclo de viagem dos caminhões são extremamente importan-
tes, pois refletem na produtividade da frota, que, por consequência, afeta a produção das operações de mina.
São diversas as rotas disponíveis para os pontos de carga e descarga. O melhor resultado na mina é ob-
tido quando se consegue tomar as decisões certas de despacho de forma a maximizar a produção da frota,
minimizar as filas de espera nos pontos de carga e descarga, e entregar o produto em conformidade com
os critérios de qualidade.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
230

De acordo com o porte e algumas características, os caminhões podem ser classificados em fora de
estrada, rodoviários e basculantes.
Os caminhões fora de estrada são os mais utilizados para transporte nas frentes de lavras, uma vez que
são equipamentos mais robustos apropriados para execução de serviços pesados. Possuem grandes di-
mensões tendo capacidade variada de 10 a 800 toneladas, o que impede também seu uso em estradas de
tráfego normal e restringe sua utilização em canteiros de obras e minas (Figuras 145 e 146).

@istockphoto.com/Buranatrakul
Figura 145 -  Frota de caminhão fora de estrada
@istockphoto.com/NexTser

Figura 146 -  Tráfego de caminhão fora de estrada em uma mina

Devemos lembrar que as dimensões dos caminhões devem ser compatíveis com o porte dos equipa-
mentos, cargas, além, é claro, com a escala de produção, geometrias da cava e geologia da jazida.
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
231

Os caminhões rodoviários (Figura 147) já são equipamentos menores com restrição em suas dimensões,
uma vez que têm permissão para trafegar em rodovias, estradas e em algumas ruas urbanas. Apesar
disso, em algumas mineradoras, também são bastante utilizados, principalmente para o transporte do
ROM (Figura 148).

@istockphoto.com/06photo
Figura 147 -  Transporte de caminhão rodoviário dentro da mina

@istockphoto.com/Algre

Figura 148 -  Carregamento de um caminhão rodoviário

Já os caminhões basculantes (Figura 149), que podem ser fora de estrada ou rodoviários, são equipa-
mentos que têm a função de desacoplar a caçamba por meio de um sistema de transmissão acionado da
própria cabine, facilitando o processo de descarga do produto.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
232

@istockphoto.com/Francecomoufotografo
Figura 149 -  Caminhão Basculante

As caçambas desses equipamentos devem ter cantos arredondados a fim de evitar o acúmulo do mate-
rial, principalmente se argiloso e úmido, em seu interior. O material acumulado pode reduzir a capacidade
de transporte e, com o tempo, ocasionar corrosão.
Por questões de segurança, é imprescindível que os caminhões basculantes tenham protetores de se-
gurança na cabine evitando o impacto de qualquer material fragmentado contra o operador do caminhão
na operação de despejo.
Podemos citar diversas vantagens do uso de caminhões como meio de transporte em lavras, tais como:
• Alta flexibilidade de movimentação, podendo ser deslocado de um ponto a outro com facilidade;
• O processo de lavra pode ocorrer simultaneamente em diferentes pontos, facilitando depois a blen-
dagem do produto para atender as especificações da qualidade;
• Possibilidade de transporte de materiais com granulometrias variadas;
• Mão de obra mais disponível no mercado de trabalho em virtude da predominância do uso de
caminhões;
• Podem ser utilizados também para o transporte de estéril quando a alimentação da usina, por
exemplo, já for suficiente ou estiver parada;
• Ao contrário das correias transportadoras, possibilitam a verticalização da mina obtendo uma menor
variação dos teores médios da jazida;
• Facilidade no desenvolvimento de estradas e praças para operação desses equipamentos;
• A operação não é totalmente interrompida quando se tem um problema com uma unidade de
caminhão, isto é, a operação pode continuar com o restante da frota evitando maiores prejuízos;
• Quando um ponto de descarga está saturado, por exemplo um silo, pode-se continuar a operação
construindo pilhas reservas estratégicas próximas à usina de beneficiamento;
• Agilidade de evacuação de áreas de risco, caso necessário.
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
233

Apesar das vantagens citadas, os caminhões também apresentam algumas desvantagens para as ope-
rações de mina, como:
• Baixa eficiência energética;
• Retorno da unidade de transporte vazia, atingindo em média 50% do tempo de deslocamento total;
• Custo elevado para abertura e manutenção das pistas e acesso;
• Segurança limitada para o operador;
• Limitação de inclinação das rampas, ocasionando, por consequência, estradas mais longas;
• Aumento do número de unidades da frota que garantam a produção, em consequência do aumento
da distância de transporte;
• Algumas vezes, é necessária a redução ou até a paralisação das operações em decorrência de chuvas
e neblinas que podem causar instabilidade de tração e baixa visibilidade;
• Necessidade do abatimento de poeiras nas estradas para melhorar a visibilidade e reduzir o impacto
ambiental da operação.

6.4.6 CORREIA TRANSPORTADORA

As correias transportadoras são equipamentos de transporte contínuo de materiais. Por meio de um


sistema motorizado que movimenta um tapete, isto é, a correia, apoiado em roletes e rolos, transporta o
material de um ponto de carga até outro de descarga.
São equipamentos versáteis, de grande eficiência energética, considerados ambientalmente amigáveis,
que operam com uma de mão de obra reduzida oferecendo baixíssimos riscos de acidentes de trabalho e
de saúde, e elevada produtividade (Figura 150).
@istockphoto.com/Vladimir_n

Figura 150 -  Correia transportadora


DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
234

As correias transportadoras são ideais para a movimentação de grandes volumes de materiais que ne-
cessitam ser transportados de uma única frente de lavra a um único destino. Se a operação se caracteriza
pela explotação de diferentes frentes de lavras com vários destinos, o uso desses equipamentos já não é
muito recomendado, uma vez que a flexibilidade é mais baixa comparada com o transporte por caminhões.
A lavra por meio das correias se torna mais favorável quando o planejamento dos bancos é em linha reta
ou em formato de arcos, ou seja, se tem uma horizontalização da explotação. Geralmente, opera-se com,
no máximo, dois bancos ao mesmo tempo com uma largura mínima de praça de 10 metros.
Minas com geometrias restritas, de alta seletividade, múltiplos bancos em operação e largura estreita de
bancada também não oferecem condições adequadas para operação de lavra contínua.
Além disso, de acordo com as características do minério, as correias possuem um valor máximo permiti-
do para o ângulo de inclinação na posição vertical, por exemplo para minério de ferro é 18° a 20°. Após esse
valor, a operação fica comprometida podendo o minério rolar sentido oposto não conseguindo vencer a
altura da bancada (Figura 151).

Figura 151 -  Lavra por meio de correias transportadoras


Fonte: SENAI/MG, 2017.

Conforme, notado na Figura 151 normalmente, as escavadeiras alimentam equipamentos que são
chamados de carregadores simples, alocados nas frentes de lavra, que por sua vez alimentam as correias
transportadoras.
É mais comum o transporte contínuo ser aplicado a minérios friáveis, resultando em baixíssimos custos
operacionais. Porém, atualmente, com a otimização dos equipamentos, já existem britadores móveis ou
semimóveis que podem ser alocados perto das frentes de lavras para uma primeira britagem do material,
permitindo, assim, o transporte por meio das correias transportadoras.
As correias possuem diversas configurações. Dependendo das características dos processos de mina po-
dem ser abauladas ou planas, estar em curvas ou na horizontal, ou apresentar combinações desses perfis.
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
235

Como podemos observar, as vantagens apresentadas pela utilização das correias nas operações de lavra
são várias:
• Facilidade de transpor e vencer obstáculos naturais;
• Operações contínuas, não sendo paralisadas em virtude de chuvas ou neblinas, garantindo a constan-
te alimentação do sistema;
• Baixo custo de manutenção;
• Baixa demanda energética;
• Capacidade de transporte a longas distâncias, por custos relativamente baixos;
• Capacidade de vencer rampas sem perder eficiência;
• Redução de mão de obra, sendo necessários um ou dois operadores para monitorar os trechos de
operação;
• Baixos riscos de acidentes;
• Ambientalmente amigável, uma vez que não gera gases poluentes, a correia é acionada por energia
elétrica;
• Menor dependência das alturas dos bancos em função do equipamento de carga, podendo estes ser
elevados;
• Menor custo operacional quando comparado com o sistema de transporte por caminhões;
• Opera com fundações leves, necessitando o mínimo de estruturas de suporte, uma vez que são insta-
ladas na superfície do terreno;
• Quando o transporte é descendente, pode gerar energia, a qual pode ser aproveitada.
Porém, o uso das correias transportadoras também apresenta algumas desvantagens que devemos
levar em consideração, tais como:
• Baixa flexibilidade;
• Necessidade de realocação das correias de tempos em tempos nas frentes de lavras, com média de
duração de 2 a 3 dias dependendo da distância do transporte;
• Horas improdutivas despendidas com limpeza e manutenção de praças para manobras;
• Necessidade de um planejamento detalhado de curto a médio prazo;
• Maior dificuldade de garantir a blendagem do produto em virtude da disposição das correias nas
frentes de lavra disponíveis;
• Não é possível deslocar o sistema de correias, caso haja necessidade de desmonte por explosivos; é
possível somente proteger os componentes críticos do transporte;
• Maior custo com investimento inicial;
• Granulometria é limitada pelo sistema, isto é, não podem operar com fragmentos muito grandes.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
236

Aprenda mais sobre o uso das correias transportadoras no transporte de ROM


lendo a dissertação de Breno Gonçalves Cardozo Ribeiro, ‘’Estudo de viabilidade
SAIBA econômica para implantação de correias transportadoras de ROM de minério de
MAIS ferro’’, acessando o link: http://www.repositorio.ufop.br/bitstream/123456789/3447/1/
DISSERTA%C3%87%C3%83O_EstudoViabilidadeEcon%C3%B4mica.pdf .

As operações de movimentação de minério e do produto final envolvem, em sua


maioria equipamentos de grande porte, e muitas vezes, em locais restritos e de difícil
FIQUE acesso. Por esta razão, no manuseio de qualquer equipamento de escavação, carga ou
ALERTA transporte é imprescindível que o operador tenha sido treinado e esteja qualificado
para exercer tal função.

6.4.7 TELEFÉRICO

O teleférico é outro equipamento que também pode ser empregado na operação de transporte nas
frentes de lavra. Por meio de uma tecnologia de propulsão a cabo, transporta o minério bruto em uma
caçamba suspensa, conforme observado na Figura 152.

Figura 152 -  Teleférico

Apesar de ter uma utilização reduzida, principalmente quando comparado com os caminhões e correias
transportadoras, em alguns casos especiais torna-se o único meio de transporte viável.
Por exemplo, quando a cava em mina a céu aberto atinge um nível de profundidade muito elevado,
inviabiliza-se o uso dos caminhões, uma vez que levariam muito tempo para percorrer todo o trajeto da
mina, de baixo para cima e de cima para baixo, para a execução do transporte.
As correias transportadoras também não seriam indicadas em virtude do ângulo que teriam que adqui-
rir para vencer a altura do banco. Dessa forma, o meio de transporte mais econômico e tecnicamente viável
seria o teleférico.
Em minas subterrâneas, muitas vezes, é empregado na embocadura da mina esse tipo de equipamento,
principalmente quando o local é de difícil acesso.
6 ESCAVAÇÃO, CARGA E TRANSPORTE DO MINÉRIO
237

Apesar de o teleférico ter uma capacidade de operação limitada em virtude do tamanho máximo permi-
tido para as caçambas, possui algumas vantagens como a facilidade de transpor obstáculos, o baixo custo
operacional, a não emissão de poluentes gasosos, e a redução de mão de obra para operação (Figura 153).

Figura 153 -  Sistema de teleférico em uma mina de calcário

RECAPITULANDO

Nossa! Quanta informação tivemos neste capítulo, não é mesmo?!


Aprendemos sobre a importância do sistema de despacho, seja ele manual ou automático, por
meio de um sistema inteligente computadorizado.
Vimos algumas variáveis dos processos de lavra que são consideradas essenciais para um controle
eficiente da gestão de frota como: horas programadas, horas trabalhadas, horas de manutenção,
e horas improdutivas.
Conhecemos os principais indicadores chaves de desempenho (KPIs) das operações de
escavação, carga e transporte: produtividade, utilização, disponibilidade, eficiência e rendimento
de equipamentos.
Analisamos alguns recursos que facilitam o monitoramento e alcance das metas desses KPIs,
como os gráficos de controle e os procedimentos operacionais padrão.
Vimos algumas formas de como o minério bruto pode ser entregue às centrais de britagem.
E, por fim, estudamos a relação dos processos de lavra com os equipamentos empregados,
em que aprendemos mais sobre os tipos de escavadeiras, caminhões, carregadeiras, correia
transportadora e teleférico.
Agora, não perca tempo! Siga em frente para mais um capítulo sobre esse fascinante mundo da
mineração!
Principais tipos de lavra

Iniciaremos o estudo deste capítulo com o seguinte questionamento: Você já percebeu


como são as etapas de uma mina?
Pois bem, quando a jazida ou corpo de minério passa a ser aproveitada economicamente,
transforma-se em mina, podendo ser explotada de duas formas: a céu aberto ou subterrânea.
Conforme definido nas etapas anteriores, tem-se a prospecção, a exploração e o desenvolvi-
mento, após essas etapas, temos a lavra propriamente dita.
Veremos que, nas minas a céu aberto, o desenvolvimento pode ocorrer em cava ou meia
encosta. Em alguns casos, a lavra a céu aberto, pode seguir a um estágio de transição para a
lavra subterrânea ou simultânea, a partir de combinações entre os métodos de a céu aberto e
subterrâneo, de acordo com a evolução do corpo de minério em lavra.
O método de lavra ideal é aquele que proporciona condições de lavra mais econômica,
completa, segura e menos poluente possível.
Ao final dos estudos, você será capaz de estabelecer a rotina de ações de infraestrutura
da mina, identificar a evolução da infraestrutura e desenvolvimento da mina, determinar as
características dos diferentes tipos de insumos, materiais, equipamentos necessários ao plane-
jamento de mina, conhecer as características estruturais e físicas do maciço rochoso (tipo de
rocha) e seu grau de estabilidade, definir os elementos de infraestrutura e desenvolvimento da
mina e reconhecer as etapas de desenvolvimento de mina.
Que tal conhecermos os principais tipos e métodos de lavra mais usados?! Ficou curioso?
Vamos lá!
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
240

7.1 LAVRA A CÉU ABERTO


Você já deve ter visto algum tipo de lavra de minério, não é mesmo? Pois bem, a lavra envolve uma sé-
rie de operações unitárias com a finalidade de aproveitamento da jazida ou corpo de minério. Essa etapa
também é chamada de explotação. A determinação do método de lavra tem relação com a sistematização
e coordenação dessa série de operações unitárias para aproveitar ao máximo uma jazida mineral.
A definição do método de lavra a ser executado está diretamente ligada à geometria da jazida e como
ocorrerá a sequência de avanço das operações para a obtenção dos volumes de material extraído deseja-
dos. Vale ressaltar que um dos passos decisivos para a escolha do método mais adequado é estabelecer os
limites geométricos da jazida, seguido das seguintes definições:
• Identificar os volumes possíveis de extração;
• Determinar a sequência de extração;
• Definir as tecnologias, os equipamentos, os materiais e o tipo de energia a serem utilizados;
• Definir modalidades alternativas para a explotação quando necessário.
A lavra a céu aberto pode ser definida como o processo de escavação de qualquer depósito de minério
próximo da superfície por meio de uma escavação ou corte em superfície, usando um ou mais bancos
horizontais para extração do produto, enquanto se despejam sobrecargas e estéril em locais de disposição
dedicados e fora do limite final do poço de explotação.
A lavra a céu aberto é utilizada para a extração de minérios metálicos e não metálicos. É uma lavra
considerada diferente da extração de pedras, pois extrai seletivamente o minério em vez de um produto
agregado ou dimensional de pedra.
Por definição, os minérios lavrados a céu aberto estão localizados bem próximos da superfície ou na
própria superfície. Embora a geometria dos corpos de minérios varie bastante, como regra geral, pode-se
dizer que a mineração a céu aberto favorece os minérios que podem ser extraídos em grande escala, como
exemplo o ferro, o cobre, etc.
Observe na Figura 154, a estrutura típica de uma mina a céu aberto.

Bancada em espera
Berma de para ser detonada
segurança

Corte e pilha
de material

Vias de
acesso Crista
Vias de Bancada
Berma de inativa
segurança acesso
Largura
Dissipador de Ângulo de do banco
Drenagem inclinação geral Pé

Ângulo Altura da
da face bancada

Largura
do banco

Figura 154 -  Estrutura típica de mina a céu aberto


Fonte: Adaptado de DARLING, 2011, p. 858.
7 PRINCIPAIS TIPOS DE LAVRA
241

O planejamento e o design de minas a céu aberto representam um processo de tomada de decisão


que leva a um plano realista e acionável para obter recursos minerais rentáveis. O planejamento pode ser
realizado para uma ampla gama de quadros de tempos, desde o muito curto, até o muito longo, como por
exemplo, a extração lucrativa durante a vida completa da mina.
Os métodos mais comuns de lavra a céu aberto são:
• Lavra em flancos ou bancadas;
• Lavra em cava;
• Lavra por tiras – strip mining;
• Lavra tipo placer (aluvião e coluvião);
• Lavra de rochas ornamentais (blocos).
Os métodos de lavra a céu aberto não possuem uma variedade tão grande quanto os métodos de lavra
subterrânea. Os métodos gerais ou convencionais são em flanco e em cava.
Vamos adiante para conhecer as características de cada uma delas?! Siga em frente!

Quer conhecer mais detalhes sobre a lavra de minas? Uma boa opção é o livro
SAIBA de Adilson Curi – Lavra de minas, da editora Oficina de textos, que possui uma
MAIS abordagem simples e bem estruturada sobre todos os tipos e métodos de lavra.

7.1.1 LAVRA EM FLANCO – BANCADAS

O tipo de lavra está também ligado à topografia do relevo. Os afloramentos do maciço rochoso podem
apresentar vertentes pouco ou fortemente inclinadas. Quando o afloramento se encontra exposto no flan-
co de uma encosta, ou seja, relevo com declividade suave, representa o local ideal para implantação da
lavra em flancos ou denominada de bancadas.
Esse método de lavra em flanco – bancadas favorece a ampliação da área da frente de explotação, au-
menta a produção e possibilita uma maior mobilidade das máquinas e equipamentos utilizados para o
corte.
O escoamento, normalmente, é feito ao nível do terreno, por meio de rampas, diminuindo o esforço e,
consequentemente, o desgaste das máquinas.
Nesse método de lavra, pode ocorrer a associação aos métodos de cava ou por tiras. O processo de extra-
ção pode ser dado em um ou mais pavimentos, subparalelos, horizontais ou com pequena inclinação. As fa-
ces verticais são uniformes, as quais constituem as frentes de lavra, com evolução na forma de “L” (Figura 155).
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
242

1 - 2%

1 - 2%

1 - 2%

Figura 155 -  Bancadas ou flancos


Fonte: Adaptado de DARLING, 2011.

A altura das bancadas está ligada às características da jazida podendo ser subdivididas em bancadas
baixas e bancadas altas.
As cristas das bancadas estão dispostas em um plano formando um ângulo com a horizontal inferior.
A ângulo dá-se o nome de talude geral de lavra ou, apenas, talude de lavra.
O talude de lavra é um elemento fundamental nos métodos convencionais, não somente pela seguran-
ça dos serviços, mas também por delimitar a superfície de uma cava.
A escolha dos métodos convencionais não está ligada somente a fatores locais, topografia, natureza
do material, comportamento ao intemperismo, profundidade, impregnação de água, etc, mas, também,
pela susceptibilidade das variações da formação geológica, pela presença de fraturas, efeitos de explosões,
intercalações, dobramentos, entre outros.

7.1.2 LAVRA EM CAVA (OPEN PIT MINING)

Os depósitos de minério, que são lavrados por técnicas de céu aberto, hoje, variam consideravelmen-
te em tamanho, forma, orientação e profundidade abaixo da superfície. As topografias de superfície
iniciais podem variar de um lugar para outro.
O método de lavra em cava é aplicado em camadas horizontais localizadas próximas à superfície do
terreno. Nesse método, há a remoção do estéril que é destinado em pilhas próximas ao local de extração
do minério de maior valor econômico.
Os cortes realizados em forma de taludes, extremamente necessários para o aprofundamento da
mina, geram movimentação de grandes volumes de terra e estéril de cobertura para iniciar a lavra. Esse
processo de retirada de material ocasiona impactos ambientais relevantes, necessitando adotar diversos
controles operacionais, a fim de evitar danos ao meio ambiente.
Na Figura 156, podemos verificar um leiaute típico de lavra em cava.
7 PRINCIPAIS TIPOS DE LAVRA
243

Figura 156 -  Leiaute típico de mina em cava


Fonte: Adaptado de HUSTRULID; KUCHTA; MARTIN, 2013, p. 291.

7.1.3 LAVRA POR TIRAS (STRIP MINING)

Para os minerais de valor econômico relevante, que se encontram ao alcance por mineração de super-
fície e de geometria específica do depósito, tanto tabular quanto de camadas, permite-se empregar uma
abordagem a céu aberto de extração, chamada lavra em tiras.
Embora uma variedade de commodities como o fosfato, a bauxita, as areias betuminosas, o manganês
e, até mesmo, os materiais industriais das pedreiras tenham sido recuperados dessa maneira, os depósitos
mais comuns trabalhados pela mineração de tira são os depósitos de carvão.
A mineração de tiras engloba uma série de diferentes estratégias de mineração, cada uma com uma
combinação única de configuração de poço, seleção de equipamentos e metodologia operacional, deline-
ando um processo genérico de remoção de tiras do minério.
O processo de remoção de tiras, desde o primeiro funcionamento até o fechamento, pode ser descrito
genericamente em seis etapas:

1. Limpeza e remoção do solo;


2. Fragmentação;
3. Remoção de resíduos;
4. Localização de resíduos (incluindo restauração do solo e revegetação inicial);
5. Mineração;
6. Restauração de minas, manutenção e eventual fechamento.
Observe a Figura 157.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
244

A
1
2
3 4
5

B 5 C 5
4 4
3 3
CAPEAMENTO

2 CAPEAMENTO

1
Legenda:
1. Decapeamento (perfuração-explosão), retirada do estéril;
2. Material estéril fragmentado;
3. Material estéril depositado;
4. Minério;
5. Pilha de carregamento de minério.
Figura 157 -  Leiaute típico lavra em tiras
Fonte: Adaptado de CURI, 2016.

Os esquemas delineados pelas letras A, B e C representam esse método, denominado strip-mining ou


lavra por tiras de uma jazida de carvão superficial.
A. Em bloco diagrama, o desenvolvimento é realizado paralelamente à atividade de explotação do miné-
rio, pois o decapeamento (1) é executado ao mesmo tempo em que se extrai o minério da camada (4).
B. O esquema B mostra o bloco diagrama de A sob outra vista, definindo o desenvolvimento simultâneo
com a lavra, sendo esse o caso mais comum.
C. Já em C, efetua-se um decapeamento antecedente (desenvolvimento precedente), de forma que a
tira fica exposta para ser extraída posteriormente.
Na Figura 158 observamos o decapeamento e a lavra sendo realizados simultaneamente.

Figura 158 -  Lavra em tiras


Fonte: Adaptado de CURI, 2017, p. 121.
7 PRINCIPAIS TIPOS DE LAVRA
245

7.1.4 LAVRA TIPO PLACER (ALUVIÃO E COLUVIÃO)

O tipo de lavra placer é muito comum com uso de desmonte hidráulico, ou seja, usando água sob pres-
são para retirada do material dos depósitos aluviares.
Placer (originado do inglês placer) são depósitos de formação natural por concentração gravimétrica,
normalmente localizados em curvas de rios. Esse tipo de formação é comum para minerais de alta impor-
tância econômica como ouro, diamantes, estanho, etc. Possui características específicas, como: depósito
superficial; o concentrado é obtido mecanicamente junto a cascalhos, tendo como origem as correntes
fluviais, marinhas ou eólicas (Figura 159).

Cabo de Cabo de
sustentação retorno
Retenção
Guia de dos cabos
cabos

Transportador

Cabo
principal

Figura 159 -  Areia ou cascalho sendo extraído por lavra em placer


Fonte: Adaptado de DARLING, 2011, p. 1060.

A seleção desse método está relacionada ao volume do placer, teores, distribuição dos valores de volu-
me do material, profundidades, granulação do material, disponibilidade de água, localização, clima, dispo-
nibilidade de capital, etc.

7.1.5 LAVRA DE ROCHAS ORNAMENTAIS (BLOCOS)

Rochas ornamentais, segundo definição da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) na NBR
15.012, trata-se de uma substância rochosa natural que, submetida a diferentes graus de modelamento
ou beneficiamento, pode ser utilizada com uma função estética qualquer.
São extraídas com características diferentes dos demais métodos de lavra, pois, nesse caso, a fragmen-
tação da rocha não é desejada, apenas a remoção de blocos inteiros.
Consiste, basicamente, na aplicação de técnicas específicas com a finalidade de obter blocos de for-
mas mais intactas possíveis e placas com dimensões regulares, por meio do auxílio de equipamentos e
explosivos. Essa extração pode ocorrer tanto por lavra a céu aberto como subterrânea, sendo o primeiro
tipo mais frequente.
Esse método é subdividido em dois grupos: a lavra de matacões e lavra de maciço rochoso, sendo o
último mais importante. A lavra de rochas ornamentais de maciços rochosos pode ocorrer nos seguintes
modos (Figura 160):
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
246

A Avanço
B
Bloco Primário
Bloco Final Corte por
Explosivos
Bloco Secundário
Tombamento Lateral

15
-4
Corte Contínuo

0m
6 - 8m
Fogo de Levante
Avanço
3 - 6m Bancadas Extensas
e Articuladas

h
H

Acesso - Rampa
Guindaste
C D
Legenda:
(A) Lavra por bancadas altas, Método Finlandês (também chamada pedreira em cava);
(B) Lavra por bancadas baixas (também chamada pedreira em cava);
(C) Lavra em Planície ou Platô - Poço;
(D) Lavra em Planície ou Platô - Fossa.

Figura 160 -  Tipos de lavra de rochas ornamentais


Fonte: Adaptado de CABELLO, 2011.

Na Figura 161, podemos verificar um exemplo de produto da lavra de rochas ornamentais.


@istockphoto.com/vallefrias

Figura 161 -  Lavra de granito

Atualmente, algumas inovações, como aplicação de resinas durante o processo de polimento dessas
rochas, aumentaram essencialmente o aproveitamento das rochas ornamentais, permitindo a extração
de uma gama muito maior de granitos e mármores, que anteriormente não tinham possibilidade de
beneficiamento.
7 PRINCIPAIS TIPOS DE LAVRA
247

Interessante os métodos de lavra a céu aberto, não é verdade? Pois bem, agora vamos conhecer os mé-
todos de lavra subterrânea. Prossiga!

7.2 LAVRA SUBTERRÂNEA

A lavra subterrânea demanda o uso de sistemas que visem garantir a segurança durante as operações
de lavra. Esse tipo de lavra é aplicável somente quando há corpos de minério sob espessas camadas de
capeamento em que sua remoção não apresente condições econômicas favoráveis para lavra a céu aberto.
Ainda há os casos impostos que podem ocorrer em função da legislação, jazidas sob cidades ou espessas
lâminas d’água, entre outros.
Os métodos para lavra subterrânea estão baseados em três princípios fundamentais (Figura 162):
• Métodos com realces autoportantes2: que compreendem Câmaras e Pilares, Método dos subníveis e
Recuo por Crateras Verticais (VCR – Vertical Crater Retreat);
• Métodos com suporte das encaixantes3: compreendem os métodos recalque (shrinkage) e corte e
enchimento (Corte e Aterro);
• Métodos com Abatimento4: representados pelos métodos de abatimento por subníveis (Sublevel
Caving), abatimento por blocos (Block Caving) e o método Longwall.

Câmaras e pilares

Realce Auto-Portantes Alargamento e pilares


Energia Armazenada

Recuo por crateras verticais


Deslocamento

Recalque
Suportados
Corte e enchimento

Subníveis

Abatimento Abatimento por blocos

Longwall

Figura 162 -  Métodos de lavra subterrânea


Fonte: Adaptado de SMITH et al., 2007.

Essa divisão de métodos de lavra subterrânea se refere à maneira de suporte das rochas e ao próprio
modo de como o minério é extraído durante a lavra. Mesmo com o uso desses métodos, há a necessidade
de algum escoramento com meio auxiliar ou temporário de suporte ao teto das galerias com a finalidade
de garantir a segurança durante a operação de lavra.
Que tal aprofundarmos mais sobre cada um deles, vamos lá?!

2 Realce autoportante: a sustentação das galerias é feita com o próprio minério.


3 Suporte das encaixantes: o sistema de sustentação é realizado com as rochas encaixantes.
4 Abatimento: a rocha é enfraquecida e fragmentada pela detonação e cai por gravidade.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
248

Você sabe qual a maior mina a céu aberto e a mina subterrânea mais profunda do
mundo?
CURIOSI Localizada em Utah, nos Estados Unidos, a maior mina a céu aberto do mundo,
a Bingham Canyon Mine tem cerca de 4 quilômetros de largura e mais de 1,2
DADES quilômetros de profundidade. Já a mina subterrânea mais profunda está na África
do Sul, a mina de ouro TauTona, com mais de 3900 metros de profundidade e 800
quilômetros de túneis.

7.2.1 CÂMARA E PILARES (ROOM AND PILLAR MINING)


No método câmara e pilares (room and pillar mining), o desmonte das rochas tem sua ocorrência con-
forme o avanço das aberturas paralelas, convenientemente espaçadas, deixando-se porções do minério
para formar pilares de dimensões e formas adequadas, que limitam os vãos das aberturas promovendo a
sustentação do teto (Figura 163).

Bancada vertical

Pilar

Pilar

Bancada em lavra

Figura 163 -  Leiaute típico do método câmara e pilares


Fonte: Adaptado de SMITH et al., 2007, p. 40.

Essas dimensões, tanto dos pilares quanto das câmaras, dependem, principalmente, das características
de resistência da encaixante superior (capa) e do minério, da potência do depósito e de sua profundidade.
É um método que pode ser facilmente mecanizado, ou seja, podem-se utilizar equipamentos para extra-
ção e transporte do minério. Há necessidade de que a espessura da camada em processo de lavra permita
que a operação de equipamentos seja executada no seu interior. A camada deve ter dimensões superiores
a 1,8 m e possuir uma diluição5 aceitável.
O método de câmara e pilares é comumente aplicado a minérios e rochas encaixantes, relativamente
competentes, ou seja, com maior resistência, visto que as estruturas dos pilares são do próprio minério.
É também um método executado em depósitos tabulares com mergulho6 inferior a 30º, preferencial-
mente planos, em que o corpo de minério seja uniforme com profundidades em torno de 450 m e em
jazidas que apresentem elevadas extensões e espessura limitada.

5 Diluição: redução de minério devido à mistura de minério com rocha estéril.


6 Mergulho: ângulo de inclinação do corpo mineral em relação ao plano horizontal.
7 PRINCIPAIS TIPOS DE LAVRA
249

Os minérios mais comuns extraídos pelo método câmaras e pilares são manganês, chumbo, carvão,
zinco, esmeralda, potássio, com profundidades de até 900 m ou mais, rochas ornamentais, com ou sem
desmonte por explosivos.
A produtividade, nesse tipo de método, é elevada, visto que as operações empregadas são simples, com
produção de 30 a 70 t/(homem x turno). A diluição pode apresentar valores entre 0 a 40%.
A taxa de recuperação gira em torno de 45 a 60%, podendo aumentar com a recuperação dos pilares
posteriormente.

7.2.2 ALARGAMENTO E PILAR (SUBLEVEL STOPING)

O método de alargamento e pilar (sublevel stoping) é usado para mineração de depósitos minerais que
tenham as seguintes características:
• Mergulho íngreme, em que a inclinação da parede excede o ângulo de repouso;
• Rocha estável, tanto em parede suspensas, como em pé;
• Minério competente e rocha hospedeira; e
• Limites regulares de minério.
A lavra de alargamento em subníveis (sublevel stoping) é um método de lavra que prossegue, geral-
mente, no sentido ascendente, desmontando tiras verticais do minério em grandes volumes. O escoa-
mento do material desmontado é realizado pelos chutes e travessas de produção. Os furos são longos e,
nesse processo, há alto índice de mecanização das operações.
Há uma dependência da largura da galeria e do fluxo para o processo de extração. Esse método se aplica
exclusivamente a corpos de minério com forte inclinação, sejam elas verticais ou sub-verticais.
A Figura 164 mostra um arranjo típico da lavra subterrânea por alargamento em subníveis.

Perfuração e
explosão de
furos longos

Alargamento

Minério desmontado
Material em lavra

Transporte

Carregamento

Figura 164 -  Leiaute típico de alargamento e pilar


Fonte: Adaptado de SMITH et al., 2007. p. 33.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
250

As Normas Reguladoras de Mineração – NRM 4- Aberturas Subterrâneas apresentam


FIQUE todos os requisitos básicos de segurança para aberturas de minas subterrâneas.
ALERTA Também a NRM 6 – Ventilação aborda os critérios qualitativos e quantitativos para
sistemas de ventilação de minas subterrâneas.

7.2.3 RECUO POR CRATERAS VERTICAIS (VCR – VERTICAL CRATER RETREAT)

O Recuo por Crateras Verticais (VCR – Vertical Crater Retreat) aplica-se a minérios com mergulho íngre-
me e em rocha competente, tanto no minério, quanto na rocha hospedeira. Parte do minério desmontado
permanece no limite durante o ciclo de produção, servindo como suporte temporário. Esse método me-
canizado é visto como uma forma consideravelmente mais segura de retirada do minério, pois não há ne-
cessidade de o homem trabalhar dentro do caminhão, sendo essa atividade realizada por controle remoto.
O VCR foi originalmente desenvolvido pela empresa canadense de mineração INCO. Nesse método, apli-
ca-se a técnica de explosão de crateras com uso de explosivos poderosos em furos de grande diâmetro.
As cargas esféricas concentradas são usadas para escavar o minério em fatias horizontais do fundo para cima.
O minério é escoado por gravidade a partir dos pontos de tração do fundo até o ponto de pouso, sendo
removido por carregadores, conforme mostra a Figura 165.

Perfuração
a baixo

Cratera em Nível de
detonação detonação
primário nº 2

Nível de
detonação
primário nº 1

Pontos de carregamento

Figura 165 -  Leiaute típico de recuo por crateras verticais


Fonte: Adaptado de SMITH et al., 2007., p. 34.
7 PRINCIPAIS TIPOS DE LAVRA
251

7.2.4 RECALQUE (SHRINKAGE)

A detonação provoca um empolamento do minério em cerca de 50%, o que significa que uma quanti-
dade substancial deve ser deixada no local até os trabalhos de lavra atingirem a seção superior; após a qual
a extração final daquele nível poderá ocorrer.
O método de recalque é aplicado em situações em que os corpos de minério apresentem:
• Mergulhos íngremes;
• Estabilidade entre o minério e as rochas encaixantes (capa e lapa);
• Limites regulares;
• Armazenamento estável, ou seja, o minério não pode reagir e alterar suas características no tempo de
estocagem dentro da mina. Como sabemos, por exemplo, é comum alguns minérios sulfetados se oxida-
rem, gerando assim calor excessivo.
Esse método apresenta condições de trabalho perigosas e uma grande parte do minério deve ser arma-
zenada até a extração final. Apesar dessas desvantagens, ainda é utilizado, especialmente para operações
em pequena escala, conforme Figura 166.

Elevação

Poço de ventilação
Minério deixado
no alargamento

Pontos de carregamento
ou calhas

Carregamento
e transporte

Vias de
Transporte

Figura 166 -  Leiaute típico do método de recalque


Fonte: Adaptado de SMITH et al., 2007., p. 34.

7.2.5 CORTE E ENCHIMENTO (CUT-AND-FILL STOPE)


O método de lavra por corte e enchimento é tão versátil que pode ser usado para lavrar qualquer forma
de minério, sendo impossível generalizar uma abordagem de desenvolvimento específica que se encaixa
em todos os tipos de sistemas de corte e enchimento.
Normalmente, o critério essencial para a utilização do corte e enchimento é porque o compartimento
escavado precisa de suporte, pois a rocha restante não é competente o suficiente para ficar aberta para
permitir uma maior mineração da área. No entanto, onde o minério é mais alto se planeja extrair quase
100% do minério e não deixar pilares.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
252

Existe ainda uma necessidade de preenchimento imediato, mesmo em rochas competentes. Devem ser
considerados os tipos gerais de depósitos a serem extraídos por uma das muitas formas de mineração de
cortes e enchimentos (Figura 167).

Dutos de ventilação

Carregamento e
transporte
Rampas

Rampas

Figura 167 -  Leiaute típico de corte e enchimento


Fonte: Adaptado de SMITH et al., 2007, p. 35.

7.2.6 ABATIMENTO POR SUBNÍVEIS (SUBLEVEL CAVING)

O método de abatimento por subníveis (Sublevel Caving) adapta-se a grandes corpos de minérios com
mergulho acentuado e continuidade em profundidade.
Os desvios dos subníveis têm que ser estáveis, exigindo apenas a utilização de rockbolting7 ocasional.
A parede de suspensão tem que se fragmentar seguindo ao fundo dos subníveis, e a subsidência8 da su-
perfície do solo acima do corpo de minério deve ser tolerada.
O método de cavitação requer uma massa rochosa em que o corpo de minério e a rocha hospedeira es-
tejam sob condições controladas. À medida que se remove a rocha sem preenchimento, a parede suspensa
continua a entrar nos vazios.
A mineração contínua resulta em subsidência da superfície onde podem surgir poços. A caída contínua
é importante para evitar a criação de cavidades dentro da rocha, na qual um colapso súbito poderia induzir
a compressão.

7 Rockbolting: parafuso de sustentação para rochas.


8 Subsidência: afundamento abrupto ou gradativo da superfície da terra, com pouco ou nenhum movimento horizontal.
7 PRINCIPAIS TIPOS DE LAVRA
253

Esse método extrai o minério por meio de subníveis, que são desenvolvidos no corpo de minério em
espaçamento vertical regular. Cada subnível possui um leiaute sistemático com derivações paralelas, ao
longo ou através do corpo de minério (Figura 168).
A perfuração é ascendente no método de abatimento por subníveis, sendo executada com furos de
diâmetros entre 76 mm e 102 mm. O transporte e a carga do material extraído são feitos por equipamentos
mais robustos, e, sempre que possível, de maior porte.

Caved

Produção em detona-
ção e carregamento
Subníveis

Perfuração

Perfuração de Carregamento
furos longos
Nível de
carregamento

Passagem de
minério
Desenvolvimento de
novos subníveis

Nível de transporte

Figura 168 -  Leiaute típico de abatimento por subníveis


Fonte: Adaptado de SMITH et al., 2007., p. 36.

7.2.7 ABATIMENTO POR BLOCOS (BLOCK CAVING)


A lavra por abatimento em blocos (block caving) é um método em que o abatimento é realizado nas
massas, painéis ou blocos de minério induzindo sua fragmentação, permitindo escoamento do minério
pela parte de baixo da mina. Nesse método, o minério e a rocha encaixante são abatidos, aumentando a
diluição.
O método é aplicável a corpos de minério maciços, com elevadas dimensões verticais, grande mergu-
lho, espessura entre 30 a 200 m. Comum para minérios de baixo valor unitário como o cobre e molibdênio.
As características para o abatimento são: existência de numerosas famílias de fraturas na rocha, pouca
resistência e que não se aglomeram ou sofrem oxidação.
A rocha encaixante, quando é similar ao minério, apresenta contato distinto com depósito maciço ou
tabular, ainda com mergulho acima de 60º ou quase plano e, se espesso, apresenta grande área e profun-
didades entre 600 a 1.200 m. Aplica-se a corpos de moderada resistência, não se impondo aos extremos
(muito duro ou muito macio) (Figura 169).
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
254

Níve
ld
cort e
e
Drawbells
Níve
l de
prod
uçã
o

Nív
el d Pas
ev sag
ent em
ilaç de m
ão
inér
io de
Silo ento
am
reg
car e
el d
Nív porte
a n s
Tr

Figura 169 -  Leiaute típico do método de abatimento por blocos


Fonte: Adaptado de SMITH et al., 2007., p. 37.

A produtividade, nesse método, é alta, apresentando valores da ordem de 30.000 a 50.000 t/dia, devido
à simplicidade das operações conjugadas. Entretanto, a diluição também é alta, entre 10 a 25%.
A recuperação é comprometida em função do abandono de parte do minério em que a diluição
aumenta, mas, em alguns casos, pode chegar a 100%.

7.2.8 LONGWALL

A lavra do tipo Longwall aplica-se a depósitos finos e dispostos em camadas, com espessura uniforme
e grande extensão horizontal. Depósitos comuns são: carvão mineral, camadas de potássio ou conglo-
merados e ouro.
Nesse método, o minério é extraído ao longo de uma frente de lavra em linha reta, com grande exten-
são longitudinal. A área de mineração próxima à camada do minério é mantida aberta com a finalidade de
fornecer espaço para o pessoal e os equipamentos de mineração.
O desenvolvimento de lavra envolve a escavação de uma rede de derivações de transporte, acesso a
áreas de produção e transporte de minério para estações de poços.
Normalmente a mineralização se estende por uma grande área e as rotas de transporte são paralelas às
vias aéreas de retorno para ventilação durante o funcionamento da lavra. As derivações de transporte são
geralmente organizadas em padrões regulares e escavadas dentro do minério.
As técnicas de produção de carvão e ouro são semelhantes em princípio, mas bastante diferentes em
termos de mecanização. Na mina de carvão, os cortadores deslocam-se de um lado para o outro ao longo
da face, cortando o carvão e depositando-o em transportadores de correia.
No caso do conglomerado de ouro, é muito mais difícil executar a lavra. As minas de ouro da África
do Sul, por exemplo, desenvolveram suas próprias técnicas usando brocas pneumáticas finas para abrir
a rocha e permitir sua extração.
Em adição, é importante a instalação de pilares de madeira ou concreto para suportar o teto nas minas
muito profundas (Figura 170).
7 PRINCIPAIS TIPOS DE LAVRA
255

Abertura no minério

Barricada de explosivos
Transporte

Pilares de madeira
ou concreto para Minerador contínuo
suportar o teto

Figura 170 -  Leiaute típico do método Longwall


Fonte: Adaptado de SMITH et al., 2007., p. 41.

CASOS E RELATOS

Mina de Morro Velho – Nova Lima


A mineração do ouro em Minas Gerais foi marcada pela presença das companhias inglesas
no século 19, a partir das décadas de 20 e 30. Em 1834, a Saint John del Rey Minning Company
assumiu a administração da mina do Morro Velho.
Em 1850, sua produção chegou a 1 tonelada mantendo esse ritmo até 1867. Em 1879, produziu
83% de todo o ouro explorado em Minas.
A atividade mineradora movimentou muito a economia local, pois eram necessários: madeira
para escoramento, carvão, pólvora, tecido de algodão, óleo, velas para a iluminação, couro,
tijolos, lenha, cal, sabão, alimentos e instrumentos como ferragens, brocas, cravos, cabeças de
pilão, entre outros, produtos que provocaram um aumento nas empresas ao redor da Morro
Velho.
O Brasil, no século 18, foi o maior produtor mundial de ouro, representando 60% do ouro
minerado no mundo.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
256

Em 1954, a empresa americana, The Hanna Company assume a Saint John del Rey Minning
Company, criando a Companhia de Mineração Novalimense, a qual explorou minério de ferro e
na década de 60, criou a unidade de ouro, a Mineração Morro Velho. Passando a ser controlada
pelo Unibanco, o Banco Bozano Simonsen e a Anglo American Corporation.
A mina do Morro Velho, conhecida também como Mina Velha, funcionou por 278 anos, produziu
mais de 570 toneladas de ouro e encerrou suas atividades no dia 31 de outubro de 2003.
A chamada Mina Grande, que chegou a atingir 2.700 metros de profundidade, já havia encerrado
as atividades em 1995. Apesar do encerramento das atividades das minas, a sede da AngloGold
Ashanti, na América do Sul, ainda fica em Nova Lima.
Fonte: SENAC MINAS, 2018. Disponível em: https://goo.gl/RAJMik. Acesso em 14/05/2018.

Normalmente, quando a condição do corpo de minério é favorável, opta-se pela lavra a céu aberto,
principalmente por ser menos onerosa, quando comparada com a lavra subterrânea, uma vez que requer
um menor investimento de capital e proporciona menores custos operacionais.
Em adição, a lavra a céu aberto é capaz de uma produção maior, pois possibilita o uso de grandes equi-
pamentos, permite maiores taxas de recuperação do minério e oferece uma operação mais segura e flexível.
Entretanto, a lavra subterrânea também tem suas vantagens: é mais seletiva; sofre menos influência das
condições climáticas, permitindo uma produção mais uniforme ao longo do ano; necessita de uma menor
movimentação do material e; visualmente, oferece um menor impacto ambiental.
É importante ressaltarmos, que algumas lavras subterrâneas requerem um planejamento bem ante-
cipado para execução das tarefas. Por exemplo: o desenvolvimento ao acesso primário deve ocorrer dois
anos antes da efetiva explotação, a perfuração deve ser antecipada seis meses à frente da produção e o
minério deve ser desmontado três meses antes da produção.

RECAPITULANDO

Chegamos ao final deste capítulo!


Estudamos sobre os métodos de lavra a céu aberto: em flanco ou bancadas, lavra e cava, por
tiras, tipo placer e lavra de rochas ornamentais, com suas principais características e as aplicações
específicas para cada um deles.
Aprendemos sobre a lavra subterrânea e seus principais métodos: câmaras e pilares, alargamento
e pilar, recuo por crateras verticais, recalque, corte e enchimento, abatimento por subníveis,
abatimento por blocos e o método longwall, tendo cada um com suas especificidades e
aplicações.
Interessantes esses métodos, não é verdade?
Não pare seus estudos! Vamos adiante!
Fundamentos de explotação do petróleo

Prezado aluno, seja bem-vindo ao capítulo de Fundamentos de Explotação do Petróleo.


Neste capítulo, vamos explorar os conceitos básicos sobre a origem e formação do petróleo
e suas relações com as bacias sedimentares e com a tectônica de placas.
Estudaremos os sistemas petrolíferos, seus elementos e processos associados à geração e
acumulação de hidrocarbonetos. E, ainda, alguns dos princípios básicos da pesquisa ou explo-
ração de petróleo, bem como da sua lavra.
Mas por que estudar o petróleo?
O petróleo, fonte esgotável de energia, com seu alto preço, é conhecido como ouro negro e
está presente em nosso dia a dia de várias formas, das quais nós nem mesmo nos damos conta,
por exemplo em remédios, produtos de higiene pessoal e beleza, além, é claro, de servir como
uma das principais fontes de energia em todo o planeta.
Sua origem, orgânica ou inorgânica, ainda é questionada por muitos pesquisadores, mas
fato é que ele é utilizado pela humanidade desde, pelo menos, 4000 anos antes de Cristo, em
pontos de surgência, na região conhecida como o atual Oriente Médio. As utilizações eram
múltiplas, como a iluminação, o aquecimento e até mesmo para fins terapêuticos.
Mas foi só em meados do século XIX, nos Estados Unidos, que o petróleo passou a ser utiliza-
do em larga escala, mas dessa vez como lubrificante. Ainda nesse século, um químico canaden-
se descobriu que seria possível a obtenção de querosene por meio da destilação do petróleo.
Já no Brasil, as primeiras ocorrências do chamado ouro negro foram relatadas no período
do Brasil Império, quando o Marquês de Olinda concedeu a José de Barros o direito de extrair
betume às margens do rio Marau, na Bahia. Contudo foi nos anos de 1930 que o engenheiro
e agrônomo Manoel Inácio de Bastos mostrou, por meio de um laudo ao presidente Getúlio
Vargas, a ocorrência de petróleo em terras brasileiras. E assim começou a história do petróleo
em nosso país.
Então, ficou curioso (a)? Vamos adiante conhecer mais sobre a Explotação do Petróleo!
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
260

8.1 ORIGEM E FORMAÇÃO DO PETRÓLEO

Você já parou para pensar qual a origem do petróleo e para que ele serve?
A palavra petróleo tem sua origem no latim, petrus (pedra) e oleum (óleo) e trata-se de um líquido ole-
oso e viscoso, muitas vezes de densidade menor que da água. É um combustível fóssil, formado por uma
mistura natural de hidrocarbonetos9, que apresenta cheiro característico e cor variegada10, do castanho
escuro ao negro e, em muitas vezes, pode possuir impurezas ou contaminantes como nitrogênio, oxigênio,
enxofre e seus compostos e metais pesados.
A composição química típica do óleo cru ou petróleo pode ser observada, na Tabela 6.

ELEMENTO QUÍMICO % (EM PESO)


Carbono 83 a 87
Hidrogênio 11 a 14
Enxofre 0,06 a 8
Nitrogênio 0,11 a 1,7
Oxigênio 0,1 a 2
Metais até 0,3
Tabela 6 - Análise elementar do óleo cru típico (% em peso)
Fonte: THOMAS, 2014.

Mas quais são as aplicações ou usos desse ouro negro?


São inúmeras, indo desde a fabricação de plásticos, combustíveis, asfalto, maquiagens, tecidos sinté-
ticos, giz de cera, aspirina e, até mesmo, goma de mascar.
E onde e como ele é formado?
Antes de saber onde ele é formado, vamos falar brevemente sobre as duas principais teorias que tentam
explicar sua formação: a teoria orgânica e a teoria inorgânica.

8.1.1 TEORIA ORGÂNICA


A teoria orgânica é a teoria mais amplamente aceita e difundida, na qual o petróleo teria sua formação
a partir do soterramento de matéria orgânica, o plâncton11, e não das plantas e dinossauros como muitos
pensam. À medida que a pressão aumenta em decorrência do soterramento, a temperatura também au-
menta de modo gradativo, quebrando as moléculas que constituem o plâncton, gerando assim, compos-
tos orgânicos como o petróleo e o gás natural.

8.1.2 TEORIA INORGÂNICA


Esta é a teoria menos difundida sobre a origem do petróleo. Ela defende que a formação do petróleo
ocorre não por processos biológicos, mas sim por hidrocarbonetos estáveis às condições de temperatura e
pressão no manto superior da Terra, onde eles se localizavam e que, ao ascender à crosta, sofreram a ação
de bactérias.

9 Hidrocarbonetos: compostos químicos formados por carbono e hidrogênio.


10 Variegada: que apresenta cores ou tonalidades variadas; matizado, versicolor.
11 Plâncton: conjunto dos organismos, animais ou vegetais, que vivem dispersos nas águas doce, salobra e marinha ou no ar, com
muito pouca ou nenhuma capacidade de locomoção, sendo transportados pelas correntezas.
8 FUNDAMENTOS DE EXPLOTAÇÃO DO PETRÓLEO
261

Pois bem, essas são as duas principais teorias sobre a gênese do petróleo. Mas você deve estar se
perguntando, onde podemos encontrar esse mineralóide?
Para entender mais sobre a formação e os possíveis locais de ocorrência, vamos conhecer sobre os
ambientes de sedimentação e as bacias sedimentares? Siga em frente!

8.2 BACIAS SEDIMENTARES

Para a formação do petróleo, além de muito tempo, algo na ordem dos milhões de anos e de condições
específicas, são necessários também locais específicos: as bacias sedimentares.
As bacias sedimentares são locais na crosta de topografia mais baixa, onde são depositados os
sedimentos gerados em locais mais altos, que podem ser transportados por meio de água, vento ou
mesmo à gravidade. Observe na Figura 171 um modelo simplificado de bacia sedimentar.

Figura 171 -  Modelo simplificado de bacia sedimentar


Fonte: Adaptado de http://www.historiaegeografia.com/o-que-sao-bacias-sedimentares/bacia-sedimentar/.

O conhecimento das bacias sedimentares é baseado nas características dos sedimentos que compõem
suas rochas. Cada tipo de sedimento apresenta características próprias, formando rochas com proprieda-
des específicas, como as rochas geradoras de óleo (hidrocarbonetos), os reservatórios, entre outros.
Por isso, é extremamente importante que você, enquanto profissional bem qualificado, saiba reconhe-
cer os ambientes de sedimentação e os tipos de sedimentos associados para a execução dos trabalhos de
pesquisa e prospecção de petróleo.
Mas não basta termos uma bacia sedimentar, para saber se ela tem ou não potencial petrolífero, deve-
mos analisar e avaliar suas características como espessura, volume, grau de permeabilidade e de porosida-
de, rocha reservatório, etc.
Além disso, outro fator muito importante nos estudos relacionados ao petróleo é a classificação da ba-
cia sedimentar em relação à origem tectônica. Essa relação pode nos trazer informações importantes sobre
a potencialidade petrolífera de uma bacia.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
262

8.2.1 TECTÔNICA DE PLACAS E BACIAS SEDIMENTARES

Quanto à tectônica das placas associadas, as bacias sedimentares apresentam várias classificações.
Contudo, as que mais interessam ao ramo do petróleo são as bacias intracratônicas12, a tipo rifte (ou
rift) e a de margem passiva. Para conhecer as principais características de cada uma delas, observe um
comparativo, no Quadro 15.1314

TIPO DE FORMA / TECTÔNICA POTENCIAL


DIMENSÕES SUBSIDÊNCIA12 EXEMPLOS
BACIA GEOMETRIA ASSOCIADA PETROLÍFERO
Camadas
Grandes tabulares, Bacia do Paraná,
Intracratônica dimensões com grande Poucas falhas Lenta Baixo Bacia do
(milhões de km )
2 continuidade Solimões
lateral
Bacia de
Da ordem de 300
Rifte Alongada Grabens13 Rápida Alto Recôncavo (BA),
x 50 km
Riftes Africanos
Variável
Bacia de Campos
De margem (Domos de sal
Variável Falhas normais Rápida Alto (RJ-ES), Bacia do
Passiva são estruturas
Espírito Santo (ES)
frequentes)
Quadro 15 - Bacias sedimentares: principais características
Fonte: SENAI/MG, 2017.

8.2.2 BACIAS SEDIMENTARES BRASILEIRAS E O POTENCIAL PETROLÍFERO

Você sabia que, há milhões de anos, o Brasil teve grande parte de seu território coberto por água,
formando um imenso mar?
Como consequência desse imenso mar antigo, tivemos, segundo a Agência Nacional do Petróleo
(ANP), a formação de 38 bacias sedimentares, totalizando 7,5 milhões de km2. Desse total, 5 milhões
de km2 localizam-se hoje em terra seca, e 2,5 milhões de km2 sob as águas do mar atual. Na Figura 172,
são apresentadas as bacias sedimentares brasileiras.

12 Intracratônica: que ocorre no interior de um cráton. Os crátons são as partes relativamente estáveis, por pelo menos 100 milhões
de anos, de um continente ou o interior de placas continentais.
13 Subsidência: afundamento abrupto ou gradativo da superfície da terra, com pouco ou nenhum movimento horizontal.
14 Grabens: depressão de origem tectônica, geralmente com a forma de um vale alongado com fundo plano, formada quando um
bloco de território fica afundado em relação ao território circundante em resultado dos movimentos combinados de falhas geológicas
paralelas ou quase paralelas.
8 FUNDAMENTOS DE EXPLOTAÇÃO DO PETRÓLEO
263

Foz do Amazonas
Tacutu
Pará-Maranhão
Barreirinhas
Bragança
Viseu
Marajó Ceará
Amazonas São Luíz
Potiguar

Solimões Parnaíba Rio do Peixe


Alto Pernambuco-Paraíba
Acre Tapajós Araripe
Madre
de Deus
Tucano
Sergipe-Alagoas
Bananal
Parecis. Alto do Xingu Recôncavo Jacuípe
São Camamu-Almada
Francisco Jequitinhonha
Cumuruxatiba
Pantanal

Espírito Santo

Paraná
Taubaté
Campos

Santos

Pelotas

500 km
Bacias Sedimentares Brasileiras

Figura 172 -  Bacias sedimentares brasileiras


Fonte: Adaptado de http://www.kopsia.com.br/index_PT_files/img6.gif.

Mas por que tal interesse nas bacias sedimentares brasileiras?


A resposta é muito simples. No ano de 2015, segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME), os
hidrocarbonetos (petróleo e gás) foram responsáveis por 17,7% da matriz energética brasileira. Associado
a isso, temos, segundo a ANP, 29 das 38 bacias sedimentares brasileiras com potencial para produção de
hidrocarbonetos, petróleo e gás.
Viu só o quanto as bacias sedimentares são importantes para o desenvolvimento de nosso país? Então,
se prepare, para conhecer mais sobre as atividades que estão envolvidas no mundo do petróleo.

Registros históricos afirmam que o primeiro poço de petróleo do mundo foi perfurado
no estado americano da Pensilvânia, EUA, em 27 de agosto de 1859. Já no Brasil, o
primeiro poço, denominado DNPM-163, foi descoberto por Oscar Cordeiro e Manoel
CURIOSI Inácio Bastos no ano de 1939 e estava localizado na cidade de Lobato, na região do
DADES Recôncavo Baiano.
Fonte: Royal FIC. Disponível em https://www.royalfic.com.br/blog/primeiro-poco-de-petroleo-
do-mundo/

8.3 SISTEMAS PETROLÍFEROS


Assim como o corpo humano é composto de órgãos e fluidos em funcionamento, os sistemas petrolí-
feros são o conjunto de elementos, estruturas e processos fundamentais à geração e armazenamento de
hidrocarbonetos.
Como principais componentes desses sistemas, podemos citar a rocha geradora, os processos e zonas
de migração, as rochas reservatório, as trapas e as rochas selantes. Em seguida, aprenderemos melhor so-
bre esses componentes e veremos os principais processos que ocorrem dentro desses sistemas.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
264

8.3.1 ELEMENTOS

Para desenvolver um bom entendimento sobre os sistemas petrolíferos e como explotá-los, precisamos
primeiramente conhecer cada um de seus componentes. Observe esses componentes no Quadro 16.

ELEMENTO DEFINIÇÃO
Rocha geradora É a rocha onde os hidrocarbonetos são gerados, é rica em matéria orgânica.
Rota de migração É o caminho percorrido pelo óleo ou gás, desde a rocha geradora até a armadilha.
Rocha reservatório É uma rocha na qual o petróleo ou gás fica armazenado.
Rocha selante Também denominada de rocha selo ou capeadora, é uma rocha que impede que o hidrocarboneto se espalhe.
As trapas, traps ou armadilhas são configurações estratigráficas e/ou estruturais responsáveis pelo
Trapa
aprisionamento ou acúmulo de hidrocarbonetos.
Quadro 16 - Elementos de um sistema petrolífero
Fonte: SENAI/MG, 2017.

A Figura 173 representa, esquematicamente, os principais elementos que compõem um sistema


petrolífero, observe:

Armadilha (dobra) Rocha selante Rocha Reservatório

Falha (rota de imigração) Rocha Geradora

Figura 173 -  Elementos básicos de um sistema petrolífero


Fonte: Adaptado de https://animalderuta.com/2010/11/12/animal-geologico-n3-sistema-petrolero/.

Para saber mais sobre a relação entre as bacias sedimentares e os sistemas petrolíferos,
SAIBA leia o capítulo Bacias Sedimentares e Sistemas Petrolíferos do Livro Geologia do
MAIS Petróleo (3 Ed.), de Richard C. Selley e Stephen A. Sonnenberg, Editora Elservier.

8.3.2 PROCESSOS

Agora que já conhecemos os elementos básicos constituintes dos sistemas petrolíferos, vamos apro-
fundar ainda mais nossos estudos sobre o mundo do petróleo, entendendo os processos que neles atuam.
Os processos são: geração, migração, acumulação, preservação e sincronismo.
8 FUNDAMENTOS DE EXPLOTAÇÃO DO PETRÓLEO
265

Geração

Para iniciar esse assunto, vamos assumir de modo bem simples que a geração de hidrocarbonetos
tem início no soterramento da matéria orgânica e no gradativo aumento de temperatura e pressão desse
material durante a subsidência da bacia sedimentar.
A partir do soterramento e compactação, a matéria orgânica dá origem ao querogênio, uma espécie de
polímero. Assim, durante o processo de maturação, o querogênio passa por três etapas, denominadas de
fases de maturação da matéria orgânica, sendo elas: a diagênese, a catagênese e a metagênese (Figura 174).
a) Diagênese
A diagênese corresponde à fase na qual a matéria orgânica soterrada, submetida a temperaturas de até
65 °C e à atividade bacteriana, gera o querogênio. Nessa fase, também é observada a produção de metano
biogênico.
b) Catagênese
A catagênese é caracterizada pela quebra das moléculas de querogênio e pelo aumento gradativo da
temperatura até 165 °C, resultando daí a formação de óleo e gás.
c) Metagênese
Esta terceira fase, em decorrência do aumento da temperatura em até 210 °C, favorece a quebra das
moléculas de óleo e a geração de gases leves.
d) Metamorfismo
Uma quarta fase, conhecida como metamorfismo, pode ocorrer caso as temperaturas sejam superiores
às da metagênese. Nessas condições, o hidrocarboneto é degradado, gerando resíduos ricos em carbono,
gás carbônico e até mesmo gás metano.

Hidrocarbonetos gerados
Diagênese

Querogênio

65 °C
Soterramento
Catagênese

Óleo

165 °C Gás
Metagênese

Figura 174 -  Fases de geração de hidrocarbonetos


Fonte: Adaptado de http://docslide.com.br/documents/geoquimica-55a232fc4b0ec.html.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
266

8.3.3 MIGRAÇÃO

A migração é outro processo muito importante dentro dos sistemas petrolíferos. Por apresentarem den-
sidade menor que da água ou das rochas, e também boa fluidez, os hidrocarbonetos tendem a subir, após
sua geração, assim como as bolhas de gás em um refrigerante.
Dessa forma, a migração pode ser entendida como a movimentação local, ou por vários quilômetros,
que os hidrocarbonetos fazem por meio de falhas ou rochas permo-porosas, desde a rocha geradora até à
rocha reservatório, e sempre de forma ascendente.

Acumulação
A acumulação de hidrocarbonetos (óleo e gás) assim como de água, acontece quando esses fluidos
atingem rochas com porosidade e permeabilidade propícias para que isso ocorra, ou seja, quando atin-
gem a rocha reservatório.
Mas o que é a porosidade? Podemos entender a porosidade como sendo a porcentagem de espaços
vazios presentes em uma rocha.
Assim quanto mais porosa, maior é a possibilidade de armazenamento de uma rocha, não é verdade?
Não é bem assim. Uma rocha pode ser muito porosa, mas esses poros podem não estar interconecta-
dos, não favorecendo à acumulação de hidrocarbonetos. Diante dessa exposição, podemos entender a
porosidade efetiva como sendo aquela em que os vazios estão interconectados permitindo a circulação de
fluidos. Observe essa comparação na Figura 175, na qual à esquerda temos uma rocha bem selecionada
com alta porosidade e, à direita, uma rocha mal selecionada, consequentemente com baixa porosidade.

Fluido

Maior Porosidade Menor Porosidade

Figura 175 -  Comparativo entre duas rochas com porosidades diferentes.


Fonte: Adaptado de http://www.manutencaoesuprimentos.com.br/conteudo/7601-porosidade-de-materiais/.

Já a permeabilidade, assim como a porosidade efetiva, é outro fator preponderante para uma rocha se
tornar um reservatório.
Essa propriedade é determinada como a capacidade que uma rocha tem em permitir o fluxo de
fluidos. Um bom exemplo de rocha permeável são os arenitos bem selecionados com muitos vazios
interconectados. Em contrapartida, os argilitos não apresentam boa permeabilidade, pois apresentam
pequenas quantidades de vazios, assim como pouca ou nenhuma interconectividade entre eles.
8 FUNDAMENTOS DE EXPLOTAÇÃO DO PETRÓLEO
267

Trapas ou Armadilhas

As armadilhas, trapas ou traps são os locais da crosta onde os hidrocarbonetos ficam aprisionados, im-
pedidos de se movimentar. Elas podem ser classificadas como estruturais (dobras anticlinais), associadas a
diápiros15 (domos salinos e diápiros de folhelhos), estratigráficas, hidrodinâmicas (associadas a “bolhas” de
água) e combinadas.
Sobrejacente às armadilhas, estão situados os selos ou rochas capeadoras (rochas selantes) que, por
serem impermeáveis, impedem a movimentação dos hidrocarbonetos para fora das armadilhas. As rochas
mais comuns são os folhelhos, mas as mais eficientes são os evaporitos (Figura 176).

poço de gás poço


sulfúrico de óleo

Superfície
do terreno

rocha capeadora
rica em enxofre
(evaporito)
domo
de sal

Gás

Óleo

Figura 176 -  Ilustração de um domo de sal e folhelhos funcionando como trapas para petróleo e gás
Fonte: Adaptado de http://www.setterfield.org/salt_deposits/salt_dome_analysis_text.html.

CASOS E RELATOS

Banco Mundial deixará de financiar exploração de gás e petróleo depois de 2019


O Banco Mundial (BM) anunciou no dia 12 de dezembro de 2017, que deixará de financiar, após
2019, projetos de exploração e extração de gás e petróleo, salvos em casos excepcionais em
países muito pobres que tenham interesse nos benefícios de acesso à energia. A informação é da
EFE, uma agência internacional de notícias.

15 Intrusão de material rochoso menos denso que a rocha encaixante.


DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
268

O presidente do BM, Jim Yong Kim, oficializou este compromisso durante a cúpula sobre a
mudança climática organizada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, na capital francesa,
coincidindo com o segundo aniversário da assinatura do Acordo de Paris.
(...)
Atualmente, a exploração e a extração de gás e petróleo representam certa de 2% de sua carteira
de empréstimos e garantias financeiras do Banco Mundial. Kim também antecipou que o BM
cumprirá seu objetivo de que 28% de seus créditos, no horizonte de 2020, sejam dirigidos a
ações no terreno climático.
A esse respeito, de acordo com seu plano de ação, a instituição informará novos compromissos
para depois de 2020 durante a próxima Conferência sobre a Mudança Climática das Nações
Unidas (COP24), que será realizada na Polônia em 2018.
Fonte: Adaptado de Banco Mundial deixará de financiar exploração de gás e petróleo depois de
2019.
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br

8.3 LAVRA DO PETRÓLEO

Conhecemos os elementos e processos principais dos sistemas petrolíferos, agora aprenderemos sobre
pesquisa e explotação do petróleo.
Assim como na mineração de ouro, a definição de lavra do petróleo não é diferente, trata-se do conjun-
to coordenado de atividades visando ao aproveitamento econômico do óleo.
Enquanto os outros bens minerais podem ser explotados por métodos de lavra subterrânea ou a céu
aberto, o petróleo pode ser explotado onshore (em terra firme) e offshore (em alto mar) com técnicas e
procedimentos bem parecidos.
É importante que saiba que o simples fato de se ter uma bacia sedimentar não implica que ela seja
petrolífera. E, em caso de a ocorrência de petróleo ser comprovada tecnicamente e economicamente, ela
será denominada de campo de petróleo. Esse campo pode ser composto por um ou vários reservatórios,
os quais são explorados e explotados por meio de poços.

8.4 EXPLORAÇÃO

Durante a fase de exploração do petróleo, várias são as técnicas e métodos utilizados: sondagem
rotativa, sísmica, perfilagem de poços, etc.
Nesse tópico, conheceremos com mais detalhes os métodos sísmica e perfilagem de poços. Prossiga
com sua leitura!
8 FUNDAMENTOS DE EXPLOTAÇÃO DO PETRÓLEO
269

8.4.1 SÍSMICA

Você sabia que, quando abordamos o termo ‘’sísmica’’, nos referimos a métodos indiretos de prospec-
ção, os quais são muito importantes na pesquisa do petróleo?
Sem eles seria praticamente impossível procurar, localizar e avaliar as reservas petrolíferas. Isso porque
o petróleo geralmente é encontrado a vários metros de profundidade na terra, e de alguns poucos a muitos
quilômetros em alto-mar.
Os métodos sísmicos são baseados na emissão de ondas de choque ou acústicas, similar a um exame
de ultrassom, e como as ondas interagem com o meio geológico em questão, podendo ser por reflexão ou
por refração.
A sísmica por reflexão é a mais utilizada na prospecção do petróleo por ser capaz de atingir maiores
profundidades e melhores respostas, quando comparados com os métodos de refração.
Mas, então, como esse método funciona?
Seja em terra ou no mar, ondas de choque são geradas por “bombas” de ar comprimido ou mesmo por
dinamites que, quando atingem as camadas de rocha, essas ondas sofrem o fenômeno físico da reflexão,
sendo captadas por sensores chamados de geofones (usados em terra) ou hidrofones (usados na água).
Após a coleta dessas respostas, os dados são processados pelos geofísicos e suas equipes, tendo como
produto os perfis sísmicos (Figura 177).

Hidrofones
Geofones

Interface de
reflexão 1 Interface de
reflexão 1

Interface de
reflexão 2 Interface de
reflexão 2

Figura 177 -  Esquema de aplicação da Sísmica por reflexão em terra e água para a pesquisa de petróleo
Fonte: Adaptado de http://quimicabrasil2014.blogspot.com.br/2014_03_01_archive.html.

Isso só é possível porque cada tipo de rocha ou material apresenta características particulares quanto à
sua composição mineralógica, ao grau de coesão de seus grãos ou cristais, à quantidade de poros existen-
tes, e se esse material geológico está ou não preenchido por água, gás, óleo, etc.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
270

8.4.2 PERFILAGEM DE POÇOS

A perfilagem de poço é uma metodologia de prospecção muito utilizada no ramo do petróleo por ser
relativamente barata. Consiste na aquisição de dados por meio da descida, via cabo (cabo de perfilagem)
de uma sonda de perfilagem, na qual estão instalados os instrumentos e/ou ferramentas de perfilagem,
dentro do poço.
À medida que as ferramentas vão descendo, informações como porosidade, presença de fluidos ou
hidrocarbonetos, grau de saturação dos fluidos, salinidade, radiação, litologias16, entre outros são obtidas
possibilitando a elaboração e análise de perfis com essas informações, além da correlação entre poços
(Figura 178).

Unidade de
Perfilagem

Cabo de
Perfilagem

Sonda de
Perfilagem

Figura 178 -  Esquema de perfilagem de um poço de petróleo on shore. Detalhe de uma unidade de perfilagem (o caminhão)
Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABbDsAH/perfilagem.

8.4.3 PARÂMETROS DE CORTE (CUT OFF)


Você já deve ter percebido o quanto a sísmica e a perfilagem são importantes na prospecção do petró-
leo, não é mesmo? Uma vez encontrados e confirmada ocorrência de hidrocarbonetos, devemos verificar
alguns parâmetros que são muito importantes, os parâmetros de corte ou do inglês cut off.
Podemos entender como parâmetros de corte, as características mínimas que um reservatório deve
apresentar para ser considerado economicamente viável. Veja no Quadro 17, os quatro principais cut offs.

PARÂMETRO DE CORTE VALOR MÉDIO (%) OBSERVAÇÃO


Porosidade (óleo) 8 Valores abaixo desses indicam que dificilmente o reservatório é
Porosidade (gás) 6 produtor.

Valores acima desse, indicam que o reservatório produz água, não


Água (saturação) 50
sendo considerado um reservatório produtor.
Valores acima desse, indicam que a permeabilidade é dificuldade,
Argilosidade 50
e consequentemente a explotação também.
Quadro 17 - Valores médios de cut off
Fonte: SENAI/MG, 2017.

Para uma real avaliação de um reservatório, cada poço deve ser avaliado individualmente.

16 Litologias: tipos ou conjuntos de rochas.


8 FUNDAMENTOS DE EXPLOTAÇÃO DO PETRÓLEO
271

8.5 EXPLOTAÇÃO

Quando falamos em produção ou explotação de petróleo e gás, podemos nos referir a toda a cadeia
produtiva, partindo da pesquisa exploratória, identificação e caracterização dos reservatórios e todas as
correlatas necessárias para que haja a produção de hidrocarbonetos, incluindo a perfuração, a completa-
ção e o teste ou avaliação de formação, não deixando de citar ainda os métodos de elevação, a construção
do poço, os sistemas de controle e transporte.

8.5.1 PERFURAÇÃO

Como exceção dos pontos de surgência, o petróleo não apresenta meios próprios para chegar à
superfície. Sendo assim, é necessário que o homem realize uma série de atividades antes de poder
captá-lo. Vamos conhecê-las?
A primeira delas é a perfuração e consiste em um conjunto de atividades relacionadas ao projeto (perfu-
ração propriamente dita, cimentação e revestimento), com a finalidade de elevar o reservatório à categoria
de poço, permitindo que os hidrocarbonetos cheguem à superfície.
Nessa etapa, devem ser definidas, também, as perfuratrizes, ferramentas de monitoramento e controle
de poço, ferramentas de perfilagem necessárias à atividade extrativa, bem como os fluidos de perfuração
(Figura 179).

@istockphoto.com/vallefrias

Figura 179 -  Perfuração de poço de petróleo on shore

8.5.2 COMPLETAÇÃO

As atividades de completação são aquelas relacionadas à preparação do poço para a produção. Elas
contemplam o isolamento das zonas produtoras do reservatório, testes de vazão e produção e a instalação
de maquinários e equipamentos.
DESENVOLVIMENTO DE MINA E LAVRA
272

Dependo das características litológicas do poço, ainda podem ser realizadas ações para o aumento da
produtividade como a acidulação17 (formação ou estimulação química), o fraturamento hidráulico18 ou a
combinação desses dois.

8.5.3 TESTE OU AVALIAÇÃO DE FORMAÇÃO

Quando falamos em teste ou avaliação de formação de um poço, estamos nos referindo à uma produ-
ção experimental direta e temporária do reservatório, cujo principal objetivo é conhecer características
como as capacidades de vazão, o comportamento da permeabilidade e a pressão do poço quando em
contato direto com a atmosfera por meio de uma tubulação (Figura 180).

@istockphoto.com/nielubieklonu

Figura 180 -  Plataforma móvel em teste de formação de poço

8.5.4 ELEVAÇÃO

A elevação é a etapa da cadeia petrolífera na qual os hidrocarbonetos e água são efetivamente recupe-
rados a partir da rocha reservatório. A elevação pode ser classificada como natural ou artificial de acordo
com a forma pela qual os fluidos chegam à superfície. Vamos conhecê-los?

Elevação Natural ou Surgência

Nesse tipo de elevação natural ou surgência, os fluidos água, óleo e gás chegam à superfície apenas
com a energia (pressão) armazenada e disponível naturalmente no reservatório, assim como ocorre nos
poços artesianos de água. Esse tipo de elevação apresenta vantagens como menores custos operacionais,
maiores vazões e produtividade ligada diretamente não só às características estruturais do reservatório,
mas também às ações realizadas na etapa de completação.

17 Acidulação: consiste em uma técnica de estimulação utilizada para o aumento de permeabilidade do poço, por meio da injeção
de uma substância ácida, a fim de dissolver parte dos minerais presentes na sua composição mineralógica, aumentando ou recupe-
rando a permeabilidade da formação ao redor do poço.
18 Fraturamento hidráulico: consiste na injeção de um fluido (fraturante) sob uma pressão alta o suficiente para ocasionar a ruptura
da rocha facilitando assim o fluxo de fluidos do reservatório para o poço.
8 FUNDAMENTOS DE EXPLOTAÇÃO DO PETRÓLEO
273

Elevação Artificial

A elevação artificial é realizada quando os hidrocarbonetos e a água não são capazes de chegar à super-
fície apenas com a pressão interna do reservatório.
Nesse caso, a energia necessária para que o fluido alcance a superfície é fornecida por meio de técnicas
de bombeamento ou por injeção de gás comprimido. A escolha do melhor método a ser utilizado é feita
em função principalmente das características geológicas do reservatório, do óleo, da equipe operacional,
de segurança, entre outros (Figura 181).

@istockphoto.com/Alexjey

Figura 181 -  “Cavalo mecânico” usado no bombeamento artificial de poços onshore de petróleo

As Leis Nº 9.478, de 6 de agosto de 1997 e Nº 12.351, de 22 de dezembro 2010, são os


FIQUE principais instrumentos norteadores da exploração e da produção de petróleo, de gás
ALERTA natural e de outros hidrocarbonetos fluidos no Brasil.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, estudamos os fundamentos sobre a origem e formação do petróleo e suas


relações com as bacias sedimentares e com a tectônica de placas.
Aprendemos, ainda, sobre os sistemas petrolíferos, seus elementos e processos associados à
geração e acumulação de hidrocarbonetos.
Por fim, vimos alguns dos princípios básicos da pesquisa ou exploração do petróleo, bem como
da sua lavra.
E com esse capítulo chegamos ao final desta Unidade Curricular. Esperamos que você tenha
compreendido os conhecimentos aqui apresentados e seja capaz de colocá-los em prática em
sua atuação profissional. Te desejamos sucesso!
REFERÊNCIAS

ALENCAR, Carlos Rubens Araújo. Manual de caracterização, aplicação, uso e manutenção das
principais rochas comerciais no Espírito Santo: rochas ornamentais. Instituto Euvaldo Lodi -
Regional do Espírito Santo. Cachoeiro de Itapemirim, ES: IEL, 2013.
ALMEIDA, Daniel Sette. Plano de recuperação de áreas degradadas (PRAD). In: Recuperação
ambiental da Mata Atlântica. Ilhéus, BA: Editus, n.3, p.140-159, 2016.
ALMEIDA, R. O. P. O. Revegetação de áreas minerais: estudo dos procedimentos aplicados em
minerações de areia. Dissertação Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2002.
ANGLO AMERICAN. Detonação segura. Diálogo Publicação destinada as comunidades de
relacionamento da Anglo American, ano 1, n. 2. Porto. ago./set. 2012. Disponível em: <http://
brasil.angloamerican.com/~/media/Files/A/Anglo-American-Brazil/Attachments/pdf/dialogo-
porto/dialogo-porto-2set12.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2017.
ARAÚJO, Francisco César Rodrigues. Planejamento operacional com alocação dinâmica de
caminhões: abordagem exata e heurística. Dissertação (Pós Graduação em Engenharia Mineral)
- Departamento de Engenharia de Minas. Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto.
Ouro Preto, 2008.
ARAUJO, L. N. et al. Análise qualitativa e potencial dos cinturões verdes na mineração pedreira do
coelho. In: CONGRESSO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, 13., 2011. Poços de Caldas, MG. Anais...
Poços de Caldas. MG. 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15012/2003: rochas para revestimentos de
edificações: terminologia. Rio de Janeiro: ABNT. 2003. 10 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15527/2007: aproveitamento de coberturas
em áreas urbanas para fins não potáveis. Rio de Janeiro: ABNT, 2007. 12 p.
AZEVEDO, I. C. D.; MARQUES, E. A. G. Introdução a mecânica das rochas. Viçosa, MG: UFV, 2002.
363 p. (Cadernos didáticos; 85).
BARRETO, José Renato Ferreira. Indicadores: importância e conceituação dos indicadores.
Dissertação (Mestrado Engenharia de Produção). Universidade de Santa Catarina. Florianópolis,
1999.
BARRETO, José Renato Ferreira. Indicadores: importância e conceituação dos indicadores. In:
______. Indicadores da função transporte para empresas de utility: um estudo de caso. Dissertação
(Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade de Santa Catarina. Florianópolis, abr. 1999.
BOGGS, Sam. Principles of sedimentology and stratigraphy. 5. ed. Boston: Prentice Hall, 2012. 585 p.
BONATES, E. J. L.; BAZANTE, A. J.; ARAÙJO, G. J. L. A Aplicação de espoleta eletrônica de rochas
com explosivos. Disponível em: <http://www.brasilminingsite.com.br/anexos/artigos/6_0.pdf>.
Acesso em: 12 maio. 2017.
BORGES, Thiago Campos. Análise dos custos operacionais de produção no dimensionamento
de frotas de carregamento e transporte em mineração. Dissertação (Programa de Pós
Graduação em Engenharia de Minas). Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro
Preto, MG, ago. 2013.
BRANCO, Luís Miguel Jorge. Gestão de frotas. Curso de Administração Militar. Trabalho de
investigação aplicada. Academia Militar. Amadora, Portugal, maio. 2008.
BRASIL. Agencia Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustiveis - ANP. Normas e legislações.
Disponível em: <http://www.anp.gov.br/wwwanp/armazenamento-e-movimentacao-de-produtos-
liquidos/terminais-de-petroleo-e-combustiveis-liquidos/normas-e-legislacao>. Acesso em: 12 abr.
2017.
BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Sumário mineral 2015. Thiers Muniz Lima;
Carlos Augusto Ramos Neves (coord.). Brasília: DNPM, 2016.
BRASIL. Lei Nº 12.351, de 22 de dezembro de 2010. Dispõe sobre a exploração e a produção de
petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos, sob o regime de partilha de produção,
em áreas do pré-sal e em áreas estratégicas; cria o Fundo Social - FS e dispõe sobre sua estrutura
e fontes de recursos; altera dispositivos da Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997; e dá outras
providências. Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/L12351.htm>. Acesso em: 20 abr. 2017.
BRASIL. Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997. Dispõe sobre a política energética nacional, as
atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e
a Agência Nacional do Petróleo e dá outras providências. Diário Oficial [da] Republica Federativa
do Brasil, Brasília, DF. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9478.htm>. Acesso em:
11 abr. 2017.
BRASIL. Ministério da defesa. Exército brasileiro. Estado-maior do exército. Manual de campanha:
estradas. dez., 2001.
BRASIL. Ministério de Estado do Trabalho. NR 19: Explosivos. Brasília, [20-?].
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. IBAMA. Licenciamento Ambiental Federal: manual de
normas e procedimentos para licenciamento ambiental no setor de extração mineral. ago. 2001.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/MANUAL_mineracao.
pdf>. Acesso em: 23 jun. 2017.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio). Roteiro de apresentação para Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD)
Terrestre: Parque Nacional da Serra da Bocaina (PNSB). Versão 03. jan. 2013.
CABELLO, M. L. R. Reciclagem de resíduo gerado na extração de quartzito. Tese de Doutorado
(Programa de Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica, Materiais e de Minas) - Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.172 p.
CAVALCANTI NETO, Mário Tavares de Oliveira; ROCHA, Alexandre Magno Rocha da. Noções de
prospecção e pesquisa mineral para técnicos de geologia e mineração. Natal, RN: IFRN-RN,
2010.
CHIRONIS, N. P. Computer monitors and controlls al Truck-Shovel operations. Coal Age, p.50-55,
1985.
COELHO, Guilherme Freitas; OLIVEIRA, Bárbara Regina Pinto; PINTO, Luiz, Ricardo. Análise do
congestionamento do sistema produtivo de uma mina a céu aberto: comparativo entre soluções
propostas por modelos de otimização e simulação. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PESQUISA
OPERACIONAL, 46, 2014, Salvador. Pesquisa Operacional na Gestão de Segurança Pública. Anais...
Salvador, BA, 16 a 19 de setembro, 2014.
COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Norma técnica D7.011: Mineração por
desmonte hidráulico: procedimento. São Paulo, out., 1990. 4p.
COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS - CPRM. Projeto APA Sul RMBH: mineração,
escala 1:50.000, Antônio Carlos Girodo. Belo Horizonte: SEMAD/CPRM, 2005. 168 p., v. 2.
CORRÊA, Oton Luiz Silva. Petróleo: noções sobre exploração, perfuração, produção e
microbiologia. Rio de Janeiro: Interciência, 2003. 102 p.
CORREIA, C. A. A. Desmonte de rocha com explosivos: importância de optimização. Mestrado
(Engenharia Geotécnica e Geoambiente) - Instituto Superior de Engenharia do Porto - ISEP. out.
2011.
COSTA, Bruno; GANGA, Gilberto Miller Devós. Benefícios da implantação de um sistema de
despacho: estudo de caso de uma empresa de mineração. In: ENCONTRO DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO, 20, 2010, São Carlos, SP. Anais... São Carlos, SP, 12 a 15 de outubro, 2010.
COSTA, Felippe Pereira; SOUZA, Marcone Jamilson Freitas; PINTO, Luiz Ricardo. Um modelo de
programação matemática para alocação estática de caminhões visando ao atendimento de metas de
produção e qualidade. Revista Escola de Minas. Ouro Preto, MG, n. 58, v. 1, p.77-81, jan./mar., 2005.
COSTA, Flávio Vieira. Análise dos principais indicadores de desempenho usados no
planejamento de lavra. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Minas) - Universidade Federal de
Ouro Preto. Escola de Minas. Ouro Preto, MG, UFOP: 2015.
CUNHA, L. E. O. Estudo de plano de fogo para otimização dos custos de transporte e britagem.
Trabalho final de curso (Curso de graduação em Engenharia Civil) - Universidade Federal de Juiz de
Fora. Juiz de Fora, MG, 2013.
CURI, Adilson. Lavra de minas. São Paulo: Oficina de Textos, 2017.
DAMASCENO, Cristiane Silva Rocha. Modelagem geológica e geomecânica 3D e análises de
estabilidade 2D dos Taludes da Mina de Morro da Mina, Conselheiro Lafaiete, MG, Brasil.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio
de Janeiro, 2008.
DARLING, Peter. SME mining engineering handbook. 3. ed. Inc.: USA: Society for Mining,
Metallurgy, and Exploration, 2011
DE LA CRUZ, Hugo David Ninanya; VARGAS JR., Eurípedes do Amaral; GUIGUER, Nilson. Modelagem
numérica para avaliação do controle das águas na mineração. Dissertação (Mestrado) -
Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro, 2014. 157 p.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL – DNPM, Pernambuco. Normas Reguladoras
de Mineração (NRM): operações com explosivos e acessórios. Pernambuco. Disponível em:
<http://www.dnpm-pe.gov.br/Legisla/nrm_16.htm>. Acesso em: 14 jun. 2017.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL – DNPM, Pernambuco. Normas Reguladoras
de Mineração (NRM): índice geral. Pernambuco, 2002. Disponível em: <http://www.dnpm-pe.gov.
br/Legisla/nrm_00.php/>. Acesso em: 24 mar. 2017.
DURÃO, Mariana. Itabiritos amplia vida de minas da Vale. O Estado de São Paulo, São Paulo, 27
jul. 2015. Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,nova-noticia,1732403>.
Acesso em: 4 maio 2017.
ENCICLOPAEDIA BRITANNICA. Mining. Publicado em 27 set. 2011. Disponível em: <https://global.
britannica.com/technology/mining>. Acesso em: 03 abr. 2016.
ENGENDRAR. Desmonte hidráulico. Engendrar Boletim 2-150.
FARIAS, Carlos Eugenio Gomes. Mineração e meio ambiente no Brasil: relatório preparado para o
CGEE. out, 2002. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/minera.
pdf>. Acesso em: 26 jun. 2017.
FONSECA, J. Riscos associados à instabilidade de taludes. Proposta de metodologia de abordagem
a partir da análise comparada de diversos PDMs. Dissertação (Engenharia de Segurança e Higiene
Ocupacionais) - Faculdade de Engenharia da Universidade Ouro Preto. Ouro Preto, MG, 2014.
FONTES, A. Condições para manuseio e o transporte de materiais explosivos. Curso técnico
em segurança do trabalho. jan. 2009. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/
ABAAAAUY0AJ/nr-19-transporte-materiais-explosivos>. Acesso em: 18 abr. 2017.
FORMAINTRAUX, D. Characterization of rocks: laboratory tests. In: MARC PARET et al. La
mécanique des roches appliqueé aux auvrages du genie civil (Eds.) Paris: École Nationale des Ponts
et Chaussés, 1976.
FRANCISCO, V. R. Optimização do diagrama de fogo de uma exploração de basalto, com objectivos
industriais e ambientais. In: ENCONTRO DO COLÉGIO DE ENGENHARIA GEOLÓGICA E DE MINAS
DA ORDEM DOS ENGENHEIROS, 15, 2005. Ponta Delgada, 26 a 29 de maio, 2005. Anais... Ponta
Delgada, Portugal, 2005.
GAMA, Carlos Diniz. Mecânica das rochas prática. In: SIMPÓSIO DE MINERAÇÃO, 7, 1977. Porto
Alegre, 1977.
GEOTECNIA e Fundações, Arquitectura. Taludes: capítulo 8. Disponível em: <https://fenix.tecnico.
ulisboa.pt/downloadFile/3779573717276/Geo_Fund_8.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2017.
GERALDI, José Lúcio Pinheiro. O ABC das escavações de rocha. Rio de Janeiro: Interciência, 2011,
284p.
GRECCO, J. A. S. Escavação em rochas. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/elycbarros1/aula-
escavacao-rocha-xerox-32869577>. Acesso em: 23 maio. 2017.
GROTZINGER, John; JORDAN, Tom. Para entender a terra. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. 738 p.
GUERRA, Antonio Teixeira. Dicionário geológico-geomorfológico. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1993.
HANSEN, Robert C. Eficiência global dos equipamentos: uma poderosa ferramenta de produção/
manutenção para o aumento dos lucros. Porto Alegre: Bookman. 2006.
HARTMAN, H. L. Introductory Mining Engineering. New York: John Wiley and Sons, 2002.
HERRMANN, Curt. Manual de perfuração de rocha. 2. ed. revista e aumentada. São Paulo:
Polígono, 1972. p. 416.
HUSTRULID William; KUCHTA Mark; MARTIN R. Open pit mine planning & design: vol I.
Fundamentals. 3. ed. London: Balkema Book, 2013.
JAWORSKI, Tadeo. Equipamentos para escavação: compactação e transporte. Curitiba: [s.n.], 1997.
(Apostila)
JIMENO, C. L.; JIMENO, E. L.; BERMÚDEZ, P. G. Manual de perforación y voladura de rocas.
Madrid, 2003.
KONYA, Calvin J.; WALTER, Eduard J. Rock Blasting and Control Overbreak. McLean. National
Highway Institute. 1991. 340p.
LEITE, F. F.; NOGUEIRA, J. A. Lavra: planejar, desenvolver e lavrar. Belo horizonte: CETEF; SENAI/MG,
2008.
MANUAL de elaboração de procedimentos operacionais e instruções de trabalho da Universidade
Federal da Bahia. Primeira Versão out. 2015. Salvador, BA: EDUFBA, 2015. Disponível em: <https://
supad.ufba.br/sites/supad.ufba.br/files/manualsupaditspos.pdf>. Acesso em: 17 fev. 2017.
MARANGON, M. Tópicos em geotecnia e obras de terra: unidade 4: estabilidade de taludes.
Disponível em: <http://www.ufjf.br/nugeo/files/2009/11/togot_Unid04EstabilidadeTaludes01.pdf>.
Acesso em: 12 abr. 2017.
MARIM, Tatiane. Impacto da variabilidade operacional na execução do plano
de lavra. ed. rev. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009. Disponível em: <https://www.google.com.br/
url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjk39merq_
WAhWBIpAKHQpfASMQFggmMAA&url=http%3A%2F%2Fwww.teses.usp.br%2Fteses%2Fdisp
oniveis%2F3%2F3134%2Ftde-28052009-143645%2Fpublico%2FMarinDissertacao2009revOK.
pdf&usg=AFQjCNGq3dCn5L3wSjiNq4LPyXBbRmlJ4w>. Acesso em: 15 set. 2017.
MARTINHO, J. F. C. O uso de explosivos na escavação de túneis: implementação do
dimensionamento de diagramas de fogo em folhas de cálculo. Dissertação (Mestre em Engenharia
Civil - Especialização em Geotecnia) - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. fev. 2012.
MENDONÇA, L. V. L; JERÔNIMO, C. E. M. Análise quantitativa de risco: paiol de explosivos utilizados
no processo canhoneio de um poço de petróleo. Revista eletrônica em Gestão, Educação e
Tecnologia Digital. Santa Maria, RS, v.18, n.1, abril 2014, p. 361-372.
MINGOTI, S. A.; YASSUKAWA, F. R. S. Uma comparação de gráficos de controle para a média de
processos autocorrelacionados. Revista Eletrônica Sistemas e Gestão, v. 3, n. 1, p. 55-73, 2008.
MOURA, D. J. Recuperação de áreas degradadas pela mineração. Monografia. Universidade
Estadual de Goiás, Unidade Niquelândia, 2015. Disponível em: <http://monografias.brasilescola.uol.
com.br/geografia/recuperacao-areas-degradadas-pela-mineracao.htm#capitulo_4.2.2>. Acesso em:
27 jun. 2017.
OLIVEIRA, F. F.; GOMES, E. O. C.; LOOSE, A. Fatores de planejamento de mina stope recuperado e
diluição não planejada: Minas de Fazenda Brasileiro. Barrocas, BA. [20-?].
OLIVEIRA, Juliana Dionizio da Silva. Plano de recuperação de área degradada (PRAD) de
um trecho das margens do córrego do Palmito - Goiânia (GO). Curso de Gestão Ambiental.
Faculdade de Tecnologia SENAC Goiás. Goiânia, GO, 2012.
ORICA MINING SERVICES. Curso de formação de Blaster. [20-?].
PAZ, V. M. et al. Levantamento das descontinuidades e avaliação da estabilidade de taludes do
Mangueirão. Revistas Monografias Ambientais, v. 14. Especial Unipampa. 2015, p. 98-115.
PINHO, A. B. Caracterização geotécnica de maciços rochosos de baixa resistência: o Flysch do
Baixo Alentejo. Dissertação (Dourado em Geologia) - Universidade de Évora. Évora, Portugal, 2003.
PINTO, Eduardo Barbosa. Despacho de caminhões em mineração usando logística nebulosa,
visando ao atendimento simultâneo de políticas excludentes. Dissertação (Engenharia de
Produção) - Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2007.
PRESS, F. et al. Para entender a terra. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
RESENDE, S. A. Desenvolvimento de explosivos utilizando combustíveis não -convencionais.
Dissertação (Pós Graduação) - Departamento de Engenharia de Minas - Universidade Federal de
Ouro Preto. Ouro Preto, 2011.
REVISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS - JURÍDICO (JMPMG). Guia técnico
para atuação do Ministério Público no licenciamento ambiental de atividade de mineração,
Belo Horizonte, 2012.
REZENDE, T. M. Mecânica das rochas: curso técnico em mineração. Miraí, MG. maio, 2012.
Disponível em: <https://pt.slideshare.net/130682/mecnica-das-rochas>. Acesso em: 7 abr. 2017.
REZENDE, T. M. Perfuração de rocha: classificação das perfuratrizes. Trabalho de Curso. Técnico de
Mineração. Miraí, MG, 2012. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/130682/perfuratriz>. Acesso
em: 17 fev. 2017.
RIBEIRO, B. G. C. Estudo da viabilidade econômica para a implantação de correias
transportadoras de ROM de minério de ferro: estudo de caso da Mina em Congonhas, Estado de
Minas Gerais. Dissertação (Pós Graduação) - Departamento de Engenharia de Minas da Escola de
Minas - Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro Preto MG, 2013.
SABINO, R. O.; AGRA, R. V.; TOMI, G. Desafios na gestão de ativos em projetos de mineração
de pequeno porte: exemplo prático. Departamento de Engenharia de Minas e Petróleo. Escola
Politécnica. Universidade de São Paulo. São Paulo, [20-?].
SELLEY, Richard C.; SONNENBERG, Stephen A. Geologia do petróleo. 3. ed. Rio de Janeiro: Elservier,
2016. 515 p.
SENAI. MG. Lavra: planejar, desenvolver, lavrar. Nova Lima, MG: SENAI/MG, 2008. 327 p.
SILVA, N. C. S. Metodologia de planejamento estratégico de lavra incorporando riscos e
incertezas para a obtenção de resultados operacionais. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008.
SILVA, V. C. Curso de MIN 210: operações mineiras. Departamento de Engenharia de Minas.
Escola de Minas. UFOP. Ouro Preto. mar. 2009. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/
antoniorf/55131990-desmontederochascomexplosivos>. Acesso em: 23 maio. 2017.
SMITH, Mike. et al. Mining methods in underground mining. 2.ed. Örebro: Atlas Copco Rock Drills,
2007.
SOUZA, André Augusto Pimentel. Guia para o dimensionamento de frotas de carregamento
e transporte por caminhões em mineração a céu aberto. Trabalho de conclusão de curso.
Engenharia de Minas. Palmas, TO, 2014.
SOUZA, J. C. et al. Considerações sobre desmonte mecânico de calcáreo a céu aberto. Disponível
em: <http://www.brasilminingsite.com.br/anexos/artigos/23_0.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2017.
TÉCNICO E MINERAÇÃO O PORTAL DO PROFISSIONAL. Blaster: o que faz e como se tornar um?.
Disponível em: <http://tecnicoemineracao.com.br/blaster-o-que-faz-e-como-se-tornar-um/>.
Acesso em: 16 jun. 2017.
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.
TOMAZ, Plínio. Aproveitamento de água de chuva para áreas urbanas e fins não potáveis. São
Paulo: Navegar. 2003.
TRIGGIA, Attilio Alberto; THOMAS, José Eduardo. Fundamentos de engenharia de petróleo. 2. ed.
Rio de Janeiro: Interciência, 2004. 271 p.
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. Apostila perfuratrizes. Elaborada pelos
alunos do curso de engenharia de produção civil. Disciplina de máquinas e equipamentos. Curitiba,
2009.
VMA ENGENHARIA DE EXPLOSIVOS E VIBRAÇÕES. Disponível em: <https://pt.scribd.com/
doc/106351262/Apostila-Explosivos>. Acesso em: 29 maio. 2017.
MINICURRÍCULO DOS AUTORES

PAULO DE TARCIO DA SILVA JÚNIOR


Paulo de Tarcio da Silva Júnior, Engenheiro de Minas pela Faculdade Kennedy de Belo Horizonte,
Especialista em Petróleo e Energias pela Universidade Estácio de Sá e mestrando em Engenharia
e Gestão de Processos e Sistemas pela Faculdade IETEC, atualmente é Instrutor de Formação
Profissional do curso Técnico em Mineração da Escola SENAI Centro de Formação Profissional
Afonso Greco, atuando também nos cursos Técnicos de Meio Ambiente e Segurança do Trabalho.
Participou, como especialista convidado, da criação e padronização do curso Técnico em
Agrimensura para o SENAI MG em 2011 e 2015 respectivamente. Foi integrante do Projeto Livros
Didáticos do Curso Técnico em Mineração (SENAI - DN) em 2016 e 2017, nas funções de conteudista
e revisor técnico.

SABRINA NOGUEIRA RABELO


Sabrina Nogueira Rabelo é engenheira química, mestre e doutoranda na Universidade Federal de
Minas Gerais pelo Departamento de Engenharia Mecânica na área de energia e sustentabilidade.
Atualmente, é Instrutora de Formação Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
– SENAI e professora na Universidade de Itaúna onde ministra as disciplinas de Termodinâmica
I e II, e Transferência de calor para os cursos de Engenharia Mecânica e Produção. Na primeira
instituição mencionada, também exerceu o papel de autora no desenvolvimento do curso Técnico
em Metalurgia EAD, na Unidade Curricular de Tratamento de Superfícies. Tem vasta experiência
em Docência e conhecimentos técnicos voltados para as áreas de: Corrosão, Biocombustíveis e
Produção de Novas Tecnologias, Desenvolvimento e Planejamento de Dispositivos Térmicos
Altamente Sustentáveis, Análise Estatística Multivariada (Métodos Quimiométricos) e Gestão da
Qualidade com ênfase em Processos Logísticos.

SAULO BOAVENTURA GONTIJO


Saulo Boaventura Gontijo é formado em Gestão de Produção Industrial pela Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, PUC Minas, Técnico em Química pela POLIMIG e Técnico em Mineração
pelo SENAI. Atua em indústrias de grande porte, desde 1992, nas áreas de mineração, química,
produção, inspeção, auditorias, planejamento e gestão. Atualmente é instrutor de formação
profissional nos cursos técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI, onde
ministra aulas, treinamentos, presta serviços relacionados às áreas de mineração, gestão, produção,
química e mecânica.
ÍNDICE
A
Acumulação 259, 264, 266, 273
Armadilhas 264, 267
Avaliação de formação 271, 272

B
Bacias sedimentares 259, 261, 262, 263, 264, 273

C
Carga 191, 193, 195, 197, 199, 200, 201, 203, 204, 210, 213, 216, 217, 218, 219, 220, 224, 226, 229,
233, 235, 237, 253
Carregadeira 196, 198, 202, 203, 205, 212, 217, 226, 227, 228
Caminhão 196, 197, 198, 200, 202, 205, 207, 209, 210, 214, 217, 218, 219, 220, 221, 230, 231, 232,
250, 270
Correia Transportadora 223, 233, 237
Controle via gráficos 209
Completação 271, 272

E
Equipamentos 191, 193, 194, 195, 197, 198, 199, 201, 202, 203, 204, 205, 206, 207, 208, 211, 215,
216, 217, 218, 219, 224, 225, 226, 227, 228, 229, 230, 231, 232, 233, 234, 237, 239,
240, 241, 243, 245, 248, 253, 254, 256, 271, 279, 281
Escavação 193, 201, 204, 212, 213, 216, 217, 218, 219, 220, 222, 223, 226, 227, 228, 237, 240, 254,
279
Escavadeira 200, 202, 218, 219, 220, 222, 223
Entrega do ROM 213
Elevação 221, 222, 271, 272, 273
Explotação 234, 240, 241, 244, 256, 259, 268, 270, 271

G
Gestão de Frota 193, 194, 195, 201, 202, 203, 237
Geração 259, 263, 264, 265, 266, 273

H
Hidrocarbonetos 259, 260, 261, 263, 264, 265, 266, 267, 270, 271, 272, 273, 276

I
Indicadores de Desempenho 193, 204, 209, 277

L
Lavra 191, 193, 195, 197, 198, 199, 201, 202, 208, 210, 213, 215, 216, 217, 223, 229, 232, 234, 235,
236, 237, 239, 240, 241, 242, 243, 244, 245, 246, 247, 248, 249, 251, 253, 254, 256, 259, 268,
273, 277, 279, 281
M
Mina subterrânea 215, 248
Migração 263, 264, 266
Métodos de Lavra 191, 239, 241, 245, 247, 256, 268

P
Perfilagem de poço 270
Perfuração 191, 244, 253, 256, 271, 277, 279, 280
Petróleo 191, 259, 260, 261, 262, 263, 264, 267, 268, 269, 270, 271, 273, 276, 277, 280, 281, 283
Poço 240, 243, 246, 270, 271, 272, 280
Produtividade 194, 195, 196, 197, 198, 199, 203, 204, 205, 209, 211, 216, 229, 233, 237, 249, 254,
272

S
Sistema de Despacho 195, 196, 197, 198, 199, 214, 237, 277
Sistemas petrolíferos 191, 259, 263, 264, 266, 268, 273

T
Transporte 191, 193, 197, 199, 200, 201, 202, 203, 204, 205, 211, 212, 214, 215, 216, 217, 218, 219,
220, 223, 224, 225, 226, 227, 229, 230, 231, 232, 233, 234, 235, 236, 237, 248, 253, 254,
271, 275, 276, 277, 278, 279, 281
Trapas 263, 264, 267
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE MINAS GERAIS

Cláudio Marcassa
Diretor Regional do SENAI

Edmar Fernando de Alcântara


Gerente de Educação Profissional

Luciene Maria de Lana Marzano


Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Sinara Badaro Leroy


Coordenação do Projeto

Paulo de Tarcio da Silva Júnior


Sabrina Nogueira Rabelo
Saulo Boaventura Gontijo
Elaboração

Otávio Augusto Leite Oliveira


Paulo de Tarcio da Silva Júnior
Sabrina Nogueira Rabelo
Saulo Boaventura Gontijo
Revisão Técnica
Cíntia Rodrigues Guimarães
Débora Cristina da Silva
Designer Educacional

Rachel Kopit
Revisão Ortográfica e Gramatical

Rodrigo Henrique de Lacerda


Fotografias, Ilustrações e Tratamento de Imagens

Andrea Lopes Silva


Leilane Batista da Luz
Comitê Técnico de Avaliação

Thaís Souza do Amaral


Diagramação

Rosimar Sofia Tavares Duarte


Normalização

istockphoto.com
Fotografias, Ilustrações e Tratamento de Imagens

i-Comunicação
Projeto Gráfico

Você também pode gostar