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FUNDAMENTOS
DA MECÂNICA
SÉRIE AUTOMAÇÃO E MECATRÔNICA INDUSTRIAL
FUNDAMENTOS
DA MECÂNICA
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Conselho Nacional
FUNDAMENTOS
DA MECÂNICA
© 2015. SENAI – Departamento Nacional
© 2015. SENAI – Departamento Regional do Rio Grande do Sul
2ª edição
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI – Departamento Regional do Rio Grande do Sul.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional
Fundamentos da mecânica / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Nacional; Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional do Rio Grande do Sul. – 2. ed. – Brasília: SENAI/DN, 2015.
152. p.: il. (Automação e Mecatrônica Industrial).
ISBN 978-85-7519-963-3
CDU – 621
SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte . Quadra 1 . Bloco C . Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen . 70040-903 . Brasília – DF . Tel.: (0xx61)3317-9190
Departamento Nacional http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 - Metro padrão..................................................................................................................................................23
Figura 2 - Como funciona a nanotecnologia...........................................................................................................25
Figura 3 - Paquímetro e suas partes...........................................................................................................................31
Figura 4 - Paquimetro universal quadrimensional................................................................................................32
Figura 5 - Paquímetro universal com relógio quadrimensional.......................................................................32
Figura 6 - Paquímetro com bico móvel (basculante)...........................................................................................32
Figura 7 - Paquímetro de profundidade...................................................................................................................33
Figura 8 - Paquímetro digital........................................................................................................................................33
Figura 9 - Paquímetro duplo.........................................................................................................................................33
Figura 10 - Leitura de um paquímetro......................................................................................................................34
Figura 11 - Resolução de 0,1 mm ...............................................................................................................................35
Figura 12 - Resolução de 0,05 mm..............................................................................................................................35
Figura 13 - Resolução de 0,02 mm..............................................................................................................................35
Figura 14 - Polegada fracionada..................................................................................................................................36
Figura 15 - Polegada fracionada 1..............................................................................................................................36
Figura 16 - Leitura de polegada milesimal...............................................................................................................37
Figura 17 - Erro de paralaxe...........................................................................................................................................37
Figura 18 - Utilização do Paquimetro........................................................................................................................38
Figura 19 - Técnica de utilização do paquímetro...................................................................................................38
Figura 20 - Técnica de utilização do paquímetro 1...............................................................................................38
Figura 21 - Técnica de utilização do paquímetro 2...............................................................................................39
Figura 22 - Técnica de utilização do paquímetro 3...............................................................................................39
Figura 23 - Técnica de utilização do paquímetro 4...............................................................................................39
Figura 24 - Técnica de utilização do paquímetro 5...............................................................................................40
Figura 25 - Parafuso..........................................................................................................................................................40
Figura 26 - Micrômetro externo e suas partes........................................................................................................41
Figura 27 - Capacidade...................................................................................................................................................42
Figura 28 - Profundidade................................................................................................................................................42
Figura 29 - Arco profundo..............................................................................................................................................42
Figura 30 - Com discos nas hastes..............................................................................................................................43
Figura 31 - Para a medição de roscas.........................................................................................................................43
Figura 32 - Para medir parede de tubos...................................................................................................................43
Figura 33 - Contador mecânico...................................................................................................................................44
Figura 34 - Digitais eletrônicos.....................................................................................................................................44
Figura 35 - Micrômetro com resolução de 0,01 mm............................................................................................45
Figura 36 - Leitura no micrômetro com resolução de 0,01 mm ......................................................................45
Figura 37 - Leitura no micrômetro com resolução de 0,01 mm ......................................................................46
Figura 38 - Regulagem da bainha...............................................................................................................................47
Figura 39 - Relogio............................................................................................................................................................47
Figura 40 - Relogio comparador e suas partes.......................................................................................................48
Figura 41 - Relógio 1........................................................................................................................................................48
Figura 42 - Relógio vertical (acessórios)....................................................................................................................49
Figura 43 - Relógio comparador eletrônico.............................................................................................................49
Figura 44 - Relógio comparador..................................................................................................................................49
Figura 45 - Verificação do alinhamento das ponas de um torno.....................................................................50
Figura 46 - Verificação de excentricidade de peças montada na placa do torno......................................50
Figura 47 - Princípio de funcionamento e leitura..................................................................................................51
Figura 48 - Transferidor de grau simples..................................................................................................................51
Figura 49 - Goniômetro de precisão e suas partes...............................................................................................52
Figura 50 - Modelos de medição com goniômetros............................................................................................52
Figura 51 - Cálculo da resolução..................................................................................................................................53
Figura 52 - Desenhos técnicos.....................................................................................................................................56
Figura 53 - Desenhos técnicos.....................................................................................................................................56
Figura 54 - Esboço ou croquí........................................................................................................................................57
Figura 55 - Desenho preliminar...................................................................................................................................57
Figura 56 - Desenho de detalhes.................................................................................................................................57
Figura 57 - Desenho de conjunto................................................................................................................................57
Figura 58 - Desenho de instalações elétricas..........................................................................................................58
Figura 59 - Subdivisão formato A0 ............................................................................................................................58
Figura 60 - Formatos com margens ...........................................................................................................................59
Figura 61 - Exemplo de modelo de legenda industrial ......................................................................................60
Figura 62 - Gaspar Monge..............................................................................................................................................60
Figura 63 - Diedros ..........................................................................................................................................................61
Figura 64 - Símbolo de 1º diedro.................................................................................................................................61
Figura 65 - Planos de projeção no 1º diedro...........................................................................................................61
Figura 66 - Principais sólidos geométricos .............................................................................................................62
Figura 67 - Prisma retangular com rebaixo..............................................................................................................62
Figura 68 - Observador, modelo e planos de projeções ....................................................................................62
Figura 69 - Observador, modelo e planos de projeções do prisma com rebaixo......................................63
Figura 70 - Correspondência entre o modelo e projeções do prisma com rebaixo.................................63
Figura 71 - Rotação dos planos lateral e superior.................................................................................................64
Figura 72 - Planificação dos planos de projeção ..................................................................................................64
Figura 73 - Denominação e posição relativa das vistas ortográficas..............................................................64
Figura 74 - Correspondência entre faces da perspectiva e vistas ortográficas..........................................65
Figura 75 - Arestas e contornos visíveis....................................................................................................................66
Figura 76 - Arestas e contornos não visíveis...........................................................................................................66
Figura 77 - Indicação da linha do centro de furos e rebaixos. .........................................................................66
Figura 78 - Indicação simultânea do centro de furos e partes arredondadas............................................67
Figura 79 - Indicação de simetria vertical e horizontal .......................................................................................67
Figura 80 - Indicação de simetria horizontal e centro.........................................................................................67
Figura 81 - Exemplo da aplicação de linhas............................................................................................................68
Figura 82 - Desenho em escala 1:1 ............................................................................................................................69
Figura 83 - Desenho em escala 1:2 ............................................................................................................................69
Figura 84 - Desenho em escala 2:1 ............................................................................................................................70
Figura 85 - Denominação dos elementos de cotagem e posicionamento de cotas no método 1.....71
Figura 86 - Variações do posicionamento de cotas no método 2...................................................................72
Figura 87 - Sugestão de medidas e afastamentos para cotagem, modelos de setas..............................72
Figura 88 - Cotagem de furos e raios.........................................................................................................................73
Figura 89 - Cotagem de chanfros e furos escareados..........................................................................................73
Figura 90 - Dimensionamento angular, posição de cotas nos métodos 1 e 2............................................73
Figura 91 - Linhas de cota em raios............................................................................................................................74
Figura 92 - Cotagem de vários furos equidistantes..............................................................................................74
Figura 93 - Cotagem em espaços reduzidos...........................................................................................................75
Figura 94 - Cotagem de furação circular..................................................................................................................75
Figura 95 - Cotagem em peças esféricas e cônicas...............................................................................................75
Figura 96 - Cotagem em série.......................................................................................................................................75
Figura 97 - Cotas a partir de face de referências....................................................................................................76
Figura 98 - Cotagem em paralelo................................................................................................................................76
Figura 99 - Cotagem aditiva..........................................................................................................................................76
Figura 100 - Alterações dimensionais........................................................................................................................77
Figura 101 - Peças representadas em uma vista....................................................................................................77
Figura 102 - Indicação de superfícies planas..........................................................................................................78
Figura 103 - Aplicação a supressão de vista de peças de forma diversas.....................................................78
Figura 104 - Indicação de tolerância ao lado da cota..........................................................................................79
Figura 105 - Tolerâncias especificadas e não especificadas...............................................................................79
Figura 106 - Tolerâncias por afastamento ou pela norma ISO..........................................................................80
Figura 107 - Tolerâncias e ajustes ...............................................................................................................................80
Figura 108 - Tolerância de ajuste para eixos e furos.............................................................................................83
Figura 109 - Tolerância de forma.................................................................................................................................86
Figura 110 - Tolerância de forma.................................................................................................................................86
Figura 111 - Tolerância de posição: batimento......................................................................................................87
Figura 112 - Tolerância de posição: perpendicularidade....................................................................................88
Figura 113 - Tolerância de forma: cilindricidade....................................................................................................88
Figura 114 - Rugosidade e rugosímetro...................................................................................................................88
Figura 115 - Simbologia de acabamento superficial...........................................................................................89
Figura 116 - Exemplo de aplicação de tolerâncias diversas..............................................................................91
Figura 117 - Desenho de detalhes e de conjuntos em corte............................................................................91
Figura 118 - Plano de corte e representação do corte A-A................................................................................92
Figura 119 - Tipos de hachuras....................................................................................................................................92
Figura 120 - Cortes longitudinal e transversal........................................................................................................92
Figura 121 - Cortes nas três vistas ..............................................................................................................................93
Figura 122 - Elementos com omissão de corte .....................................................................................................93
Figura 123 - Representação de dois cortes em uma vista .................................................................................94
Figura 124 - Representação de meio-corte ............................................................................................................94
Figura 125 - Representação em meio-corte............................................................................................................95
Figura 126 - Exemplos de peças com aplicação de corte em desvio.............................................................95
Figura 127 - Aplicação de corte total e corte em desvio....................................................................................96
Figura 128 - Aplicação de corte parcial.....................................................................................................................97
Figura 129 - Linha de ruptura sinuosa.......................................................................................................................97
Figura 130 - Linha de ruptura zigue zague..............................................................................................................97
Figura 131 - Rotação de planos oblíquos.................................................................................................................98
Figura 132 - Rotação de planos oblíquos.................................................................................................................98
Figura 133 - Representação de corte rebatido.......................................................................................................98
Figura 134 - Representação de corte e secção.......................................................................................................99
Figura 135 - Secção sobre a vista................................................................................................................................99
Figura 136 - Secções fora da vista...............................................................................................................................99
Figura 137 - Secções fora da vista............................................................................................................................ 100
Figura 138 - Encurtamento......................................................................................................................................... 100
Figura 139 - Encurtamento e secção de peça cônica e tubular.................................................................... 100
Figura 140 - Peças com detalhes inclinados......................................................................................................... 101
Figura 141 - Detalhes com projeção deformada e detalhes sobrepostas................................................. 101
Figura 142 - Detalhes com projeção em verdadeira grandeza..................................................................... 101
Figura 143 - Peça com duas faces inclinadas....................................................................................................... 102
Figura 144 - Vistas auxiliares simplificadas........................................................................................................... 102
Figura 145 - Desenho em 2D do grampo fixador............................................................................................... 103
Figura 146 - Desenho em perspectiva do grampo fixador............................................................................. 103
Figura 147 - Vista explodida em perspectiva do grampo fixador................................................................. 104
Figura 148 - Ambiente de montagem de software de modelamento....................................................... 104
Figura 149 - Desenho em sólido de conjunto mecânico................................................................................. 104
Figura 150 - Conjunto máquina-ferramenta furadeira radial......................................................................... 105
Figura 151 - Sistema controle vibração ................................................................................................................. 105
Figura 152 - Tipos de perspectiva ........................................................................................................................... 105
Figura 153 - Eixos isométricos................................................................................................................................... 106
Figura 154 - Linhas isométricas................................................................................................................................. 106
Figura 155 - Traçado do prisma retangular .......................................................................................................... 106
Figura 156 - Linhas não isométricas........................................................................................................................ 107
Figura 157 - Traçado do prisma retangular .......................................................................................................... 107
Figura 158 - Traçado de circulo em perspectiva com instrumentos............................................................ 107
Figura 159 - Traçado de circulo em perspectiva a mão livre.......................................................................... 108
Figura 160 - Traçado de perspectivas de faces arredondadas....................................................................... 108
Figura 161 - Parafuso.................................................................................................................................................... 111
Figura 162 - Parafuso cabeça hexagonal ou sextavada.................................................................................. 112
Figura 163 - Parafuso cabeça quadrada................................................................................................................. 112
Figura 164 - Dimensão dos parafusos.................................................................................................................... 112
Figura 165 - Parafuso sem porca.............................................................................................................................. 113
Figura 166 - Parafuso com porca.............................................................................................................................. 113
Figura 167 - Parafuso prisioneiro.............................................................................................................................. 113
Figura 168 - Parafuso com cabeca cilindrica com sextavado interno e chave allen/hegagonal....... 114
Figura 169 - parafuso autoatarraxante com fenda e fenda cruzada............................................................ 114
Figura 170 - Parafuso para pequenas montagens............................................................................................. 114
Figura 171 - Porca castelo........................................................................................................................................... 115
Figura 172 - Porca cega................................................................................................................................................ 115
Figura 173 - Porca borboleta..................................................................................................................................... 115
Figura 174 - Contraporca............................................................................................................................................. 116
Figura 175 - Arruelas..................................................................................................................................................... 116
Figura 176 - Arruela lisa............................................................................................................................................... 117
Figura 177 - Arruela de pressão................................................................................................................................ 117
Figura 178 - Arruela estrelada................................................................................................................................... 117
Figura 179 - Trava por fechamento de forma....................................................................................................... 118
Figura 180 - Trava por fechamento de força......................................................................................................... 118
Figura 181 - Chaveta..................................................................................................................................................... 118
Figura 182 - Anel elástico............................................................................................................................................ 119
Figura 183 - Pinos........................................................................................................................................................... 119
Figura 184 - Engrenagem cilíndrica de dentes retos........................................................................................ 120
Figura 185 - Engrenagem cilíndrica de dentes helicoidais............................................................................. 120
Figura 186 - Engrenagem cilíndrica de dentes internos.................................................................................. 120
Figura 187 - Engrenagem cilíndrica com cremalheira...................................................................................... 121
Figura 188 - Engrenagem cônica com dentes retos.......................................................................................... 121
Figura 189 - Engrenagem cônica com dentes em espiral............................................................................... 121
Figura 190 - Engrenagem cilíndrica com dentes oblíquos............................................................................. 122
Figura 191 - Engrenagem cilíndrica com dentes em V..................................................................................... 122
Figura 192 - Parafuso sem-fim e engrenagem côncava................................................................................... 122
Figura 193 - Correia plana........................................................................................................................................... 123
Figura 194 - Tensionador............................................................................................................................................. 123
Figura 195 - Correia em forma de trapézio........................................................................................................... 124
Figura 196 - Correia dentada..................................................................................................................................... 125
Figura 197 - Corrente de rolos................................................................................................................................... 126
Figura 198 - Corrente de dentess............................................................................................................................. 126
Figura 199 - Corrente comum................................................................................................................................... 126
Figura 200 - Corrente de blocos............................................................................................................................... 127
Figura 201 - Mancal de deslizamento axial........................................................................................................... 127
Figura 202 - Mancal de deslizamento radial........................................................................................................ 128
Figura 203 - Rolamento fixo de uma carreira de esderas................................................................................ 129
Figura 204 - Rolamento de contato angular de uma carreira de esferas................................................... 129
Figura 205 - Rolamento autocompensador de esferas.................................................................................... 130
Figura 206 - Rolamento de rolo ciilíndrico............................................................................................................ 130
Figura 207 - Rolamento autocompensador de uma carreira de rolos........................................................ 130
Figura 208 - Rolamento autocompensador com duas carreiras de rolos.................................................. 131
Figura 209 - Rolamento de rolos cônicos.............................................................................................................. 131
Figura 210 - Rolamento axial de esfera.................................................................................................................. 131
Figura 211 - Rolamento axial autocompensador de rolos.............................................................................. 132
Figura 212 - Rolamento de agulhas........................................................................................................................ 132
Figura 213 - Acoplamento de discos acoplamento de pratos ...................................................................... 133
Figura 214 - Acoplamento elástico de pinos........................................................................................................ 133
Figura 215 - Acoplamento perflex........................................................................................................................... 133
Figura 216 - Acoplamento elástico de garras...................................................................................................... 134
Figura 217 - Acoplamento elástico de fia de aço................................................................................................ 134
Figura 218 - Acoplamento flexível oldham........................................................................................................... 134
Figura 219 - Junta de articulação............................................................................................................................. 135
Figura 220 - Junta universal de velocidade constante..................................................................................... 135
Figura 221 - Junta de borracha em forma de aro e secção circular ou secção retangular.................. 136
Figura 222 - Junta metálica estriada com uma a cinco estrias...................................................................... 136
Figura 223 - Retentor.................................................................................................................................................... 136
Figura 224 - Anel de feltro, fibra ou tecido de amianto................................................................................... 136
Figura 225 - Junta labirinto com canal para graxa............................................................................................. 137
Figura 226 - Junta plástica ou veda junta.............................................................................................................. 137
Figura 227 - Vedação com gaxeta............................................................................................................................ 137
Figura 228 - Selo mecânico........................................................................................................................................ 137
4 DESENHO TÉCNICO.......................................................................................................................................................55
4.1 Introdução, classificação do desenho técnico, formatos de papel ...........................................55
4.1.1 Classificação do desenho técnico........................................................................................56
4.1.2 Formatos de papel, margens e legendas..........................................................................58
4.1.3 Legendas industriais.................................................................................................................59
4.2 Representação gráfica bidimensional..................................................................................................60
4.2.1 Planos de projeções e diedros..............................................................................................61
4.2.2 Modelos, sólidos geométricos..............................................................................................61
4.2.3 Projeção ortogonal do modelo.............................................................................................63
4.3 Linhas e escalas............................................................................................................................................65
4.3.1 Escalas............................................................................................................................................68
4.4 Cotagem, alterações dimensionais e simbologia.............................................................................70
4.4.1 Métodos de cotagem .............................................................................................................70
4.4.2 Alterações dimensionais (NBR 8196/99)............................................................................76
4.4.3 Simbologia (Supressão de vistas).........................................................................................77
4.5 Tolerâncias e estado de superfície.........................................................................................................78
4.5.1 Tolerâncias dimensionais........................................................................................................78
4.5.2 Tolerâncias e ajustes..................................................................................................................80
4.5.3 Tolerâncias de forma e posição.............................................................................................86
4.5.4 Estado de superfície, acabamentos e rugosidade.........................................................88
4.6 Representações em corte.........................................................................................................................91
4.6.1 Corte total.....................................................................................................................................92
4.6.2 Meio-corte....................................................................................................................................94
4.6.3 Corte em desvio.........................................................................................................................95
4.6.4 Corte parcial.................................................................................................................................96
4.6.5 Corte rebatido.............................................................................................................................97
4.6.6 Secção e encurtamento...........................................................................................................98
4.6.7 Vistas auxiliares simplificadas............................................................................................. 100
4.7 Desenhos de conjuntos ......................................................................................................................... 102
4.8 Representação gráfica tridimensional (perspectiva)................................................................... 105
4.8.1 Traçado de linhas não isométricas.................................................................................... 107
4.8.2 Perspectiva isométrica de circunferências e arcos...................................................... 107
6 REFERÊNCIAS............................................................................................................................................................... 141
8 ÍNDICE............................................................................................................................................................................. 146
INTRODUÇÃO
1
Nesta unidade curricular conheceremos os principais assuntos que contribuem para o
desenvolvimento das competências de um Técnico em Automação Industrial. O estudo lhe
proporcionará a aquisição dos fundamentos técnicos e científicos necessários à automação
industrial, bem como capacidades sociais, organizativas e metodológicas adequadas a diferentes
situações profissionais.
A unidade curricular Fundamentos de Mecânica favorece ao aluno, através dos fundamentos de
mecânica aplicáveis aos sistemas de controle e automação, a construção de uma base consistente que
possibilite o desenvolvimento das competências profissionais do Técnico em Automação Industrial.
Considera o desenvolvimento de fundamentos matemáticos, elétricos e eletrônicos. (DCN-DN)
Ainda nesta unidade curricular o aluno reconhecerá fundamentos de mecânica aplicáveis
aos sistemas de controle e automação, interpretará desenhos técnicos (mecânicos) aplicáveis
aos sistemas de controle e automação, identificar a aplicabilidade de fundamentos de mecânica
relativos aos sistemas de controle e automação, identificará a aplicabilidade de fundamentos
de elementos de máquinas relativos aos sistemas de controle e automação e de fundamentos
de mecânica na medição de grandezas físicas.
A seguir são descritos na matriz curricular os módulos e as unidades curriculares previstos e
as respectivas cargas horárias. (TABELA 1)
Tabela 1: Técnico em Automação Industrial
MÓDULOS DENOMINAÇÃO UNIDADES CURRICULARES CARGA CARGA HORÁRIA
HORÁRIA MÓDULO
Módulo Básico Fundamentos técnicos e • Fundamentos da Comunicação 100 h 340 h
científicos • Fundamentos da Eletrotécnica 140 h
• Fundamentos da Mecânica 100 h
Módulo Intro- Fundamentos técnicos e • Acionamento de Dispositivos 160 h 340 h
dutório científicos Atuadores
• Processamento de Sinais 180 h
Específico I Manutenção e Implemen- • Gestão da Manutenção 34 h 340 h
tação de equipamentos e • Implementação de Equipamentos 136 h
dispositivos Dispositivos
• Instrumentação e Controle
• Manutenção de Equipamentos e 102 h
Dispositivos 68 h
Específico II Desenvolvimento de • Desenvolvimento de Sistemas de 100 h 340 h
sistemas de controle e Controle
automação • Sistemas Lógicos Programáveis 160 h
• Técnicas de Controle 80 h
Fonte: SENAI-RS
GRANDEZAS FÍSICAS E
UNIDADES DE MEDIDAS
Neste capítulo estudaremos tópicos de metrologia aplicada à mecânica. Para dar início ao
estudo da metrologia, é necessária a compreensão de grandezas físicas e unidades de medida.
Mas antes disso, você sabe qual é o objetivo de se estudar metrologia?
É o de conhecer as características do processo de medição e os sistemas métrico e inglês,
além de saber como converter as unidades. A metrologia é aplicada a todas as grandezas
determinadas e, em particular, às dimensões lineares e angulares das peças mecânicas.
Sir William Thomson - Lord Kelvin, em Conferência realizada em 03 demaio de 1883 colocou
que “Quando você pode medir aquilo de que fala e expressá-lo em números, você sabe alguma
coisa sobre isto. Mas quando você não pode medi-lo, quando você não pode expressá-lo em
números, seu conhecimento é limitado e insatisfatório: pode ser o início do conhecimento,
mas você, no seu pensamento, avançou muito pouco para o estágio da ciência.”
Nem tudo o que conhecemos pode ser medido. Não conseguimos medir o amor que
sentimos por outra pessoa, nem a intensidade da saudade. Para a física, coisas que podem
ser medidas e padronizadas constituem-se em grandezas. O termo termo “grandeza” pode
referir-se a uma grandeza em um sentido geral ou específico. Por meio das grandezas físicas
que medimos ou quantificamos as propriedades da matéria e da energia. Assim, as grandezas
podem ser classificadas como físicas e não físicas.
Físicas (vetoriais ou escalares): são as grandezas que podem ser
medidas. Ex.: comprimento, massa, tempo etc.
Grandezas
Não físicas: são as que não podem ser medidas. Ex.: beleza, emoção,
alegria, amor, sentimentos etc.
Conceituando grandeza física
“Atributo de um fenômeno, corpo ou substância que pode ser qualitativamente distinguido e
quantitativamente determinado“ (Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo – IPEM, 19--).
Distâncias, tempo, massa, força... tudo isso pode ser medido. Para organizar e uniformizar
estas medidas foi constituído, em 1875, um acordo internacional (Bureau Internacional de
Pesos e Medidas - BIPM) mantido e atualizado por conferências internacionais periódicas. Em
1960, foi instituído o Sistema Internacional de Unidades (SI), adotado em todo o mundo, com
exceção dos Estados Unidos.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
20
VOCÊ O quilograma é a unidade de medida de massa (e não de peso, nem de força); ele é
igual à massa do protótipo internacional do quilograma guardado no Bureau Inter-
SABIA? national des Poinds et Mésures - BIPM.
O sistema de medida foi, por muito tempo, baseado em unidades imprecisas e arbitrárias, como
aquelas medidas baseadas no corpo humano, como por exemplo: pé, polegada, jarda, côvado, braça. Essa
imprecisão na medida causava muitos problemas para o comércio, como cada país e região as “suas”, elas
não eram iguais e isso dificultava a compra e venda de mercadorias. Isto é, elas não se correspondiam.
Era uma tentativa de resolver a situação, o Governo Francês, em 1978, solicitou à Academia de Ciências
da França que criasse um sistema de medida com base em uma “constante natural”. Então, a Academia
construiu um sistema baseado no metro, como unidade de medida de comprimento, o peso, como unidade
de medida de massa. Esse sistema foi empregado no comércio e na indústria, inicialmente. Posteriormente
também foi utilizado nos meios científicos, técnicos e acadêmicos. Porém, com o avanço das tecnologias
surgiu a necessidade de medições mais precisas e diversificadas, sendo assim, em 1960, o Sistema Métrico
Decimal foi substituído pelo Sistema Internacional de Unidades – SI, mais sofisticado e adotado pelo Brasil
em 1962. Esse Sistema foi ratificado em 1988 pela Resolução 12 do Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO, ele tem uso obrigatório em todo o Brasil.
2 GRANDEZAS FÍSICAS E UNIDADES DE MEDIDAS
21
(CONCLUSÃO)
em X, a fim de apresentar maior estabilidade. Foram adicionados 10% de irídio para tornar o material mais
durável, e foram definidos dois traços em seu plano neutro, de maneira que a medida fosse mais perfeita.
Assim, o metro pode ser considerado como a distância entre os eixos de dois traços principais marcados
na superfície neutra do padrão internacional depositado no Bureau Internacional des Poinds ét Mésures
(BIPM) à temperatura de zero grau Celsius, sob uma pressão atmosférica de 760 mmHg e apoiado sobre
seus pontos de mínima flexão.
Em 1826 foram feitas 32 barras-padrão do metro na França, para serem distribuídas aos países que
adotaram o SI. Destas 32 barras-padrão catalogadas, a de número 26 foi destinada ao Brasil. Atualmente,
ela está no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São José dos Campos-SP.
O O metro padrão (Figura X) que existe no Instituto de Pesquisas Tecnológicas, no Estado de São Paulo,
possui uma seção transversal reta em forma de H. O Instituto Nacional de Tecnologia (INT) possui também
dois exemplares de metros-padrão de alta qualidade (FIGURA 1).
(CONCLUSÃO)
Fonte: SENAI-RS
Obs.: os prefixos utilizados na Tabela 3, também são aplicáveis para as outras unidades de medida.
Dentro do universo da mecânica, a unidade básica de medida é o milímetro (mm) com seus submúltiplos,
conforme a Tabela 3.
Tabela 3: Unidades básicas de medida
Fonte: SENAI-RS
Os países de língua inglesa utilizam um sistema de medidas baseado na jarda imperial (yard) e seus derivados
não decimais – em particular, a polegada inglesa (inch).
Em razão da influência inglesa na fabricação mecânica, empregamos frequentemente, para as medidas
industriais, a temperatura de 20º C, a polegada, que equivale a 25,4 mm.
A leitura de medida em polegada é feita em frações ordinárias de denominadores iguais a: 2, 4, 8, 16, 32,
64, 128 etc. Apresentamos, portanto, as seguintes divisões da polegada:
• 1/2” - meia polegada;
• 1/4” - um quarto de polegada;
• 1/8” - um oitavo de polegada;
• 1/16” - um dezesseis avos de polegada;
• 1/32” - um trinta e dois avos de polegada;
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
26
Regra prática – Para converter milímetro em polegada ordinária, basta multiplicar o valor em milímetro
por 5,04, mantendo 128 como denominador. Arredondar, se necessário.
Exemplo:
12,7 . 5,04 64,008 64” 1”
= arredondando simplificando 2
128 128 128
Para converter polegada fracionária em polegada milesimal, dividimos o numerador da fração por
seu denominador.
Exemplos:
• 5” = 5 = 0,625”
8 8
2 GRANDEZAS FÍSICAS E UNIDADES DE MEDIDAS
27
• 5” = 5 = 0,3125”
16 16
Para converter polegada milesimal em milímetro, basta multiplicar o valor por 25,4.
Exemplo:
Para se converter milímetro em polegada milesimal, basta dividir o valor em milímetro por 25,4.
• 5,08 mm
5,08” = 0,200”
25,4
• 18 mm
18 = 0,7086” arredondando 0,709”
25,4
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Você conheceu a história do metro, alguns dos sistemas métricos mais utilizados no mundo e aprendeu
a converter unidades, algo fundamental nos trabalhos do cotidiano da indústria. Esses conceitos ajudarão o
trabalhador a compreender a importância e a abrangência da metrologia, fundamental para a interpretação
de desenhos mecânicos e medição de grandezas físicas relacionadas aos fundamentos de mecânica.
2 GRANDEZAS FÍSICAS E UNIDADES DE MEDIDAS
29
Anotações:
METROLOGIA DIMENSIONAL
3.1 PAQUÍMETRO
O paquímetro é constituído basicamente de dois corpos móveis que permitem geralmente quatro
maneiras de acesso à peça para efetuar a medição; por isso, são chamados de paquímetros quadrimensionais.
Podem fornecer resultados de medição com leituras de 0,1 mm, 0,05 mm ou 0,02 mm no sistema métrico, e
de 0,001” ou 1/128” no sistema inglês.
• paquímetro Universal com Relógio quadrimensional - o relógio acoplado ao cursor facilita a leitura,
agilizando a medição (FIGURA 5).
• paquímetro com bico móvel (basculante) - empregado para medir peças cônicas ou peças com rebaixos
de diâmetros diferentes (FIGURA 6).
• paquímetro de profundidade - serve para medir a profundidade de furos não vazados, rasgos, rebaixos.
Esse tipo de paquímetro pode apresentar haste simples ou haste com gancho (FIGURA 7).
• paquímetro digital - utilizado para leitura rápida, livre de erro de paralaxe, e ideal para controle
estatístico (FIGURA 8).
Os paquímetros são fabricados geralmente com dois sistemas de leitura: métrico e inglês, porém alguns
são fabricados em um sistema somente. A graduação que define o tipo de leitura é feita nas duas partes
móveis do instrumento, e cada uma tem as particularidades que se indicam a seguir:
• escala principal - geralmente os paquímetros têm dupla gravação de traços: sistema métrico e inglês. No
sistema métrico são gravados traços de 1 mm, e no sistema inglês estes podem corresponder a 1 polegada
dividida em 16 partes ou 40 parte;
• cursor - nesta parte são gravadas duas escalas auxiliares, uma para trabalhar com a escala do sistema
métrico e outra para a do sistema inglês. A quantidade de traços gravados em cada escala define o valor da
leitura em relação ao valor de cada divisão da escala principal.
A resolução ou leitura de um paquímetro está definida pelo resultado obtido ao dividir o valor de
cada divisão da escala principal, pelo número de divisões do nônio (FIGURA 10).
Resolução de 0,1 mm
No exemplo da Figura 11, podemos ver que o valor de cada divisão da escala principal é de 1 mm
e que o nônio apresenta 10 divisões. Logo, 1 mm / 10 = 0,1 mm. Este valor corresponde a cada divisão
no nônio; portanto, a primeira divisão vale 0,1 mm, a segunda, 0,2 mm, a terceira, 0,3 mm, e assim por
diante, até a última, que vale 1 mm.
Na Figura 11, verificamos quantas divisões existem na escala desde seu zero até o zero do nônio. Esta
será a medida em milímetros lidos sobre a escala. A seguir, verificamos qual dos traços do nônio coincide
com um traço da escala (sempre haverá um traço que fica melhor alinhado que os restantes). O valor
correspondente a este traço fornece a fração procurada da escala principal.
3 METROLOGIA DIMENSIONAL
35
Na escala fixa lemos 1 mm e sobre o cursor verificamos que o terceiro traço do nônio coincide com um
traço da escala fixa. Portanto, a leitura será: 1,3 mm.
Resolução de 0,05 mm e 0,02 mm
A resolução do paquímetro é obtida dividindo a unidade da escala fixa pelo número de divisões no nônio.
No sistema métrico os paquímetros apresentam resolução de 0,05 mm (FIGURA 12) e 0,02 mm (FIGURA 13).
No sistema inglês, a escala fixa do paquímetro está dividida em polegadas, e cada polegada está dividida
em dezesseis partes. Logo, cada divisão corresponde a 1 dezesseis avos de polegada (1/16”).
O nônio encontra-se dividido em oito partes, o que nos permite calcular a resolução. Sendo assim, cada
divisão do nônio corresponde a 1/128” (FIGURA 14).
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
36
Tendo em vista que os valores medidos devem se enquadrar nas frações simplificadas (1/2, 1/4, 1/8 etc.),
as frações devem ser simplificadas a sua forma irredutível. Exemplo (FIGURA 15):
1 No sistema inglês utiliza-se o ponto ao invés da virgula para expressar números decimais. Por isso, a polegada milesimal é
representada utilizando o ponto.
3 METROLOGIA DIMENSIONAL
37
Durante a medição podem ocorrer falhas; além da falta de habilidade do operador, outros fatores podem
provocar erros de leitura no paquímetro como, por exemplo, a paralaxe. O erro por paralaxe pode ocorrer
dependendo do ângulo de visão do operador, pois, devido a esse ângulo, aparentemente há coincidência
entre um traço da escala fixa com outro da escala móvel.
Por razões técnicas de construção, o cursor onde é gravado o nônio, normalmente tem uma espessura
mínima (o) e é posicionado sobre a escala principal. Assim, os traços do nônio (TN) são mais elevados que
os traços da escala fixa (TM), conforme é demonstrado na Figura 17.
Colocando o instrumento em posição não perpendicular à vista e estando sobrepostos os traços TN e TM, cada
um dos olhos projeta o traço TN em posição oposta, o que ocasiona um erro de leitura. Para não cometer o erro de
paralaxe, é aconselhável que se faça a leitura colocando o paquímetro em uma posição perpendicular aos olhos.
Para ser usado corretamente, o paquímetro precisa ter seus encostos limpos e a peça a ser medida deve
estar posicionada corretamente entre eles. Neste posicionamento, é importante abrir o paquímetro com uma
distância maior que a dimensão do objeto a ser medido. O centro do encosto fixo deve ser encostado em uma
das extremidades da peça, e então fechamos suavemente o paquímetro até que o encosto móvel toque a outra
extremidade, segundo demonstrado na Figura 18.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
38
Feita a leitura, o paquímetro deve ser aberto e a peça retirada, sem que os encostos a toquem.
Na medição de dimensões externas, a peça deve ser colocada o mais profundamente possível entre os bicos
de medição para evitar o desgaste na ponta dos deles (FIGURA 19).
Para maior segurança nas medições, as superfícies de medição dos bicos e da peça devem estar bem
apoiadas, conforme demonstrado na Figura 20.
Nas medições internas, as orelhas precisam ser colocadas o mais profundamente possível e o paquímetro
deve estar sempre paralelo à peça que está sendo medida (FIGURA 21).
Para maior segurança nas medições de diâmetros internos, as superfícies de medição das orelhas devem
coincidir com a linha de centro do furo (FIGURA 22).
Nas medições de profundidade, apoia-se o paquímetro corretamente sobre a peça, evitando que fique
inclinado (FIGURA 23).
3.1.6 CONSERVAÇÃO
O micrômetro externo é um instrumento usado para medir com exatidão a espessura de revestimentos
e tem grande uso na indústria mecânica, onde mede toda a espécie de objetos, como peças de máquinas.
Seu princípio de funcionamento assemelha-se ao do sistema parafuso e porca. Assim, há uma porca
fixa e um parafuso móvel que, se der uma volta completa, provocará um descolamento igual ao seu passo.
Desse modo, dividindo a “cabeça” do parafuso, podemos avaliar frações menores que uma volta e, com isso,
medir comprimentos menores do que o passo do parafuso (FIGURA 25).
Figura 25 - Parafuso
Fonte: METROLOGIA, 2009
3 METROLOGIA DIMENSIONAL
41
Na Figura 26 podemos ver quais são as principais partes de um micrômetro externo. A seguir,
descreveremos cada uma delas:
• arco - é constituído de aço especial ou fundido, é tratado termicamente para eliminar as tensões
internas, e munido de protetor antitérmico, para evitar a dilatação pelo calor das mãos;
• isolante térmico - fixado ao arco, evita sua dilatação porque isola a transmissão de calor das mãos
para o instrumento;
• fuso micrométrico - construído de aço especial temperado e retificado para garantir exatidão do
passo da rosca;
• faces de medição - tocam a peça a ser medida e, para isso, apresentam-se rigorosamente planas e
paralelas. Em alguns instrumentos, os contatos são de metal duro, de alta resistência ao desgaste;
• porca de ajuste - permite o ajuste da folga do fuso micrométrico quando isso é necessário;
• o tambor - é onde se localiza a escala centesimal. Ele gira ligado ao fuso micrométrico; portanto, a cada
volta seu deslocamento é igual ao passo do fuso micrométrico;
• catraca - assegura uma pressão de medição constante;
• trava - permite imobilizar o fuso numa medida pré-determinada;
• bainha - onde é gravada a capacidade de medição do instrumento, sendo essa gravada de 1 em 1mm,
e de 0,5 a 0,5mm.
Os micrômetros caracterizam-se pela capacidade, resolução e aplicação.
A capacidade de medição dos micrômetros normalmente é de 25 mm (ou 1”), variando o tamanho do
arco de 25 em 25 mm (ou 1 em 1”). Podem chegar a 2000 mm (ou 80”).
Resolução:
A resolução nos micrômetros pode ser de 0,01 mm; 0,001 mm; 0,01” ou 0,001”.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
42
Figura 27 - Capacidade
Fonte: METROLOGIA, 2009
No micrômetro de 0 a 25 mm ou de 0 a 1”, quando as faces dos contatos estão juntas, a borda do tambor
coincide com o traço zero (0) da bainha. A linha longitudinal, gravada na bainha, coincide com o zero (0) da
escala do tambor (FIGURA 27).
Figura 28 - Profundidade
Fonte: MITUTOYO, [200-]
Contador mecânico
É para uso comum, porém sua leitura pode ser efetuada no tambor ou no contador mecânico. Facilita a
leitura independentemente da posição de observação e evita o erro de paralaxe (FIGURA 33).
Digital eletrônico
Ideal para leitura rápida, livre de erros de paralaxe, próprio para uso em controle estatístico de processos,
juntamente com microprocessadores (FIGURA 34).
O micrômetro, como você já sabe, é um instrumento de medida que utiliza o sistema métrico e uma de
suas características é a resolução, que pode ser centesimal e milesimal. Vamos ver o que essa característica
implica na medição com esse instrumento.
Micrômetro com resolução de 0,01 mm
A cada volta do tambor, o fuso micrométrico avança uma distância chamada passo. A resolução de
uma medida tomada em um micrômetro corresponde ao menor deslocamento de seu fuso. Para obter a
medida, dividimos o passo pelo número de divisões do tambor.
passo da rosca do fuso micrométrico
Resolução =
número de divisões do tambor
3 METROLOGIA DIMENSIONAL
45
Antes de iniciar a medição de uma peça devemos verificar o instrumento de acordo com sua capacidade.
Para os micrômetros cuja capacidade é de 0 a 25 mm, ou de 0 a 1”, precisamos tomar os seguintes cuidados:
• limpar cuidadosamente as partes móveis, eliminando poeiras e sujeiras, com pano macio e limpo;
• antes do uso, limpar as faces de medição; usar somente uma folha de papel macio;
• encostar suavemente as faces de medição usando apenas a catraca; em seguida, verificar a
coincidência das linhas de referência da bainha com o zero do tambor; se não coincidirem, fazer o ajuste
movimentando a bainha com a chave de micrômetro, que normalmente acompanha o instrumento. Para
verificar micrômetros de maior capacidade, ou seja, de 25 a 50 mm, de 50 a 75 mm etc., ou de 1” a 2”, de 2”
a 3” etc., devemos ter o mesmo cuidado e utilizar os mesmos procedimentos para os micrômetros citados
anteriormente, porém com a utilização de barra-padrão para verificação (FIGURA 38).
3 METROLOGIA DIMENSIONAL
47
Para medições que exijam um nível de confiança maior, deve-se levar em conta a
transferência de calor do corpo do operador para o instrumento e a peça, pois am-
VOCÊ bas dilatam e alteram o valor de medição. Por exemplo: Um eixo de alumínio com
SABIA? 50mm de diâmetro a 20 °C dilataria 11 micrometros (0,011 mm) caso sua temperatu-
ra subisse para 30°C, o que seria facilmente detectado por um micrometro milesimal
de resolução 0,001 mm.
Este instrumento foi desenvolvido para detectar pequenas variações dimensionais por meio de uma
ponta de contato e por um sistema de ampliação mecânica. Apresenta seu valor com uma leitura clara e
suficientemente precisa. O relógio comparador tradicional transforma (e amplia) o movimento retilíneo de
um fuso em movimento circular de um ponteiro montado em um mostrador graduado.
Trata-se de um instrumento de múltiplas aplicações, porém sempre acoplado a algum meio de fixação
e posicionamento, como mesa de medição, dispositivos especiais, outros instrumentos etc.
Basicamente, o fuso que entra em contato com a peça possui uma cremalheira que aciona um pequeno
pinhão solidário com uma engrenagem que, por sua vez aciona outro pequeno pinhão, chamado pinhão
central, onde é montado o ponteiro de leitura. Outra engrenagem entra em contado com o pinhão central
com a finalidade de eliminar folgas de engrenamento pela ação de uma mola espiral chamada de cabelo
(FIGURA 39). Outros mecanismos utilizam sistema de ampliação por alavancas ou fitas de torção, entre outros.
Figura 39 - Relogio
Fonte: METROLOGIA, 2009
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
48
Existem vários modelos de relógios comparadores. Os mais utilizados possuem resolução de 0,01 mm.
O curso do relógio também varia de acordo com o modelo, porém os mais comuns são de 1 mm, 10 mm,
ou 0,250” e 1” (FIGURA 40).
A leitura ou resolução está ligada ao grau de ampliação do deslocamento que experimenta a ponta de
contato no processo de medição. Assim, uma volta completa do ponteiro (360º) corresponde a um certo
valor de movimento do fuso.
Esta volta é subdividida angularmente em frações iguais e o valor entre cada uma delas é o valor de
leitura do relógio. Como exemplo, temos o relógio de leitura centesimal (0,01 mm) que é o mais amplamente
utilizado e onde para 1 mm de deslocamento do fuso corresponde 1 volta do ponteiro, sendo que esta é
subdividida em 100 partes iguais; daí o valor de leitura 0,01 mm. Por outro lado, se o curso do fuso for maior
do que uma volta do ponteiro, incorporamos um ponteiro menor com a finalidade de indicar o número de
voltas do ponteiro maior (FIGURA 41).
Figura 41 - Relógio 1
Fonte: METROLOGIA, 2009
Os relógios mais comuns apresentam uma dupla graduação, isto é, possuem contagem com incrementos
no sentido horário e anti-horário. Dependendo da definição do ponto inicial, a leitura é feita primeiramente
no contador de voltas e a seguir no ponteiro principal. Por isso é importante conhecer previamente o valor
de cada graduação.
3 METROLOGIA DIMENSIONAL
49
A resolução está ligada ao grau de ampliação do deslocamento da ponta de contato durante a medição
(o sistema de ampliação mais comum é o do pinhão e cremalheira, porém, existem outros sistemas, como
por alavancas ou fitas de torção). Assim, uma volta completa do ponteiro corresponde a um certo valor de
movimento do fuso. A volta está dividida angularmente em frações iguais (FIGURA 47).
1 volta do ponteiro
Leitura =
número de divisões do relógio
Se uma volta do ponteiro equivale a 1 mm de deslocamento, e se o relógio possui 100 divisões, temos:
1 mm
Leitura = = 0,01 mm
100
3 METROLOGIA DIMENSIONAL
51
3.4 GONIÔMETRO
O goniômetro simples, também conhecido como transferidor de grau, é utilizado em medidas angulares que
não necessitam de extremo rigor. Sua menor divisão é de 1º (um grau). Há diversos modelos de goniômetro. A
Figura 48 mostra um tipo bastante usado em que podemos observar as medidas de um ângulo agudo e de um
ângulo obtuso.
A resolução do nônio deste transferidor é obtida da mesma forma que os paquímetros, ou seja,
dividimos o valor de cada divisão da escala principal pelo número de divisões do nônio, que se encontra
no disco de vernier.
Exemplo: resolução = 1º = 60’ = 5’
12 12
Os graus inteiros são lidos na graduação do disco, indicado pelo zero do nônio. A escala principal pode
ser lida tanto no sentido horário quanto anti-horário. A leitura dos minutos é realizada a partir do zero do
nônio, seguindo a mesma direção da leitura dos graus (FIGURA 51).
3 METROLOGIA DIMENSIONAL
53
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Você conheceu alguns dos instrumentos mais utilizados na mecânica. Aprendeu os mecanismos de
funcionamento e como interpretar uma medição por meio da correta leitura do instrumento. Com esta
competência, você poderá realizar medições em nível industrial e realizar o controle da qualidade de
peças de produtos.
DESENHO TÉCNICO
Quando desejamos transmitir uma mensagem a outra pessoa, a primeira forma utilizada
para essa finalidade é a fala, seguido pela escrita. Você já tentou explicar verbalmente seu
endereço a alguém? E a pessoa conseguiu entender? Ou foi necessário desenhar, esboçar um
mapa do trajeto a ser percorrido? Isto demonstra que o desenho é uma linguagem de expressão
mais eficiente e precisa do que a fala ou a escrita. Às vezes, quando alguém tem dificuldade de
nos entender, utilizamos uma expressão atual que é: “Você entendeu ou quer que eu desenhe?”
Desde a antiguidade (6000 a.C.) o desenho é uma forma importante de comunicação. Os
desenhos antigos nos possibilitam conhecer as técnicas utilizadas para fazê-los e a organização
social de seu povo.
Assim como o desenho artístico, o desenho técnico também é a forma de expressão
que possibilita representar, além das formas e posições, as vistas, as dimensões, e os
detalhes dos objetos em qualquer de áreas como: engenharia, arquitetura e manufatura
(FIGURA 52 e FIGURA 53).
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
56
050
Con. 25,4% 2x45º 030
A B
150
A B
400
400
050
Secção AA Secção BB
Assim como para se expressar por escrito você deve ser alfabetizado, para comunicar-se por meio do
desenho técnico você necessita se apropriar das normas e dos recursos existentes que serão abordados
neste livro. Sendo assim, ao fazer a leitura dos conteúdos, assistir aos vídeos recomendados, resolver
os exercícios e participar das aulas, você desenvolverá as competências de interpretar e representar
graficamente projeções das figuras no plano (bidimensionais), conceber mentalmente e representar
imagens de formas espaciais (tridimensionais).
Em resumo, o desenho técnico é um tipo de representação gráfica que deve transmitir com exatidão
todas as características do objeto que representa.
No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, fundada em 1940, padronizou as condições
gerais que devem ser observadas na execução dos desenhos e representações convencionais. Em 1947, os
órgãos normalizadores de cada país reuniram-se em Londres e fundaram uma organização para favorecer a
padronização internacional e facilitar o intercâmbio de produtos e serviços entre as nações, a International
Organization for Standardization - ISO que, traduzindo para a língua portuguesa, significa Organização
Internacional de Normalização.
As normas técnicas de desenho abordadas neste livro serão as normas editadas pela ABNT e registradas
pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO, como Normas
Brasileiras, as chamadas NBRs, e estão de acordo com a ISO.
• desenho preliminar - uma etapa intermediária do processo de elaboração do projeto, ainda sujeita a
alterações (FIGURA 55).
R3
8
63 15 125
• desenho de detalhes - desenho final do projeto. Nele apresentamos as peças separadas contendo a
totalidade das informações, como: dimensões, material, acabamentos, tratamentos etc (FIGURA 56).
• desenho de conjuntos - desenhos de máquinas ou estruturas com a finalidade de orientar sua
montagem nas respectivas posições das peças do conjunto (FIGURA 57).
3,2
3,2
10
15
5
25
5
6
15
120
Corte AA 8 B 3,2 64
Corte BB
OBS: na tabela abaixo: MATERIAL - entre parenteses, dados para roscas M10.
A 15 PEÇA MATERIAL
30
25
6 PORCA “T” Aço SAE 1020 Lam. 7/8” (3/4”) x 5/8” x 25mm
• desenho de leiautes e instalações elétricas - tem por finalidade orientar o posicionamento de máquinas
e equipamentos e orientar a instalação elétrica predial e industrial, detalhando as fases que compõem cada
circuito (FIGURA 58).
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
58
A escolha das folhas de papel utilizadas para o desenho técnico varia de acordo com o tamanho e a
escala da peça a ser representada, devendo obedecer a tamanhos ou formatos padronizados.
Partindo do formato padrão A0, com aproximadamente 1 m², originam-se os demais formatos dividindo-
se as dimensões por dois consecutivamente, como ilustra a Figura 59.
A2
841
A1
A5 A5
A3
A4
1189
FORMATO DIMENSÃO
A0 841 x 1189
A1 594 x 841
A2 420 x 594
A3 297 x 420
A4 210 x 297
A5 148 x 210
Fonte: SENAI-RS
Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987), as margens devem ser dimensionadas de acordo
com a Figura 60.
420 210
25
7
7 25 7
7
297
297
Formato A3 Formato A4
7
SAIBA Após impressos, os desenhos em formatos maiores devem ser dobrados reduzindo-os
MAIS ao tamanho do formato A4. Pesquise sobre a NBR 13142.
A legenda industrial ou selo é o espaço reservado no desenho técnico para a colocação das informações
complementares necessárias para a interpretação completa dele (FIGURA 61).
O formato e o leiaute da legenda podem ser adequados à necessidade e criatividade de cada empresa,
porém deverão conter obrigatoriamente algumas informações como:
• nome da empresa;
• título ou denominação do desenho;
• escala;
• número ou código;
• datas e assinaturas dos responsáveis pelo desenho, projeto e aprovação;
• número da peça, quantidade, denominação, material e dimensões em bruto.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
60
Quanto às dimensões, as legendas devem ocupar toda a largura útil da folha no formato A4 e o
canto inferior direito nos demais formatos.
Um objeto pode ser visualizado, ao mesmo tempo, em três dimensões. A isto chamamos de visão
espacial ou tridimensional. Em desenho técnico denominamos perspectiva, mas esta representação
apresenta certa deformação, isto é, os elementos não são representados em verdadeira grandeza e nem
sempre são mostrados claramente os detalhes internos da peça.
Para conseguir, a partir da visão tridimensional ou espacial, representar um objeto em um plano
qualquer, que é bidimensional, utilizamos o recurso da representação ortográfica, ou projeção ortogonal.
O matemático francês Gaspar Monge (1746-1818), sábio e com extraordinária habilidade como desenhista,
criou, utilizando projeções ortogonais, um sistema capaz de fazer a correspondência entre os elementos
do plano e do espaço (FIGURA 62). Este sistema, chamado de geometria descritiva, também conhecido
como método mongeano, tornou-se a base da linguagem utilizada pelo desenho técnico.
Em desenho técnico usamos dois planos básicos para representar as projeções de um modelo: um plano
vertical e um plano horizontal, que se cortam perpendicularmente dividindo o espaço em quatro regiões
chamadas de diedros (FIGURA 63).
Figura 63 - Diedros
Fonte: LEITURA ... , 2009
Imagine que os modelos podem ocupar várias posições no espaço. No Brasil, a ABNT recomenda a
representação no 1º diedro. Ao ler e interpretar desenhos técnicos, primeiro devemos identificar em que
diedro está representado o modelo, como demonstrado no exemplo da Figura 64.
Neste curso daremos ênfase à representação no 1º diedro, o que é normalizado pela ABNT. Imagine
que temos os modelos, sendo projetados nos planos vertical e horizontal e em um plano auxiliar criado
perpendicularmente a estes dois, ao que chamamos de plano lateral (FIGURA 65).
Os modelos que utilizaremos para o entendimento da projeção ortogonal são classificados como
sólidos geométricos e possuem três dimensões: comprimento, largura e altura. Existem vários tipos
de sólidos geométricos, dentre os quais destacamos o prisma, o cubo, a pirâmide, o cilindro, o cone e
a esfera (FIGURA 66).
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
62
y raio
altura
figura
geradora eixo
Prisma quadrangular
Prisma triangular Prisma retangular
base inferior
altura raio da
esfera
comprimeto largura
A maioria das peças utilizadas em mecânica originam-se a partir do prisma retangular e são modeladas
pela união ou subtração de um ou mais sólidos geométricos, como do prisma retangular (FIGURA 67), do
qual subtraímos outro prisma, gerando nele um rebaixo.
Para compreender a projeção ortogonal, imagine que você pode observar o modelo nos três planos de
projeções a uma distância infinita dele, de forma que as linhas projetantes auxiliares sejam perpendiculares
aos planos, obtendo, assim, as projeções sem deformações, em verdadeira grandeza (FIGURA 68).
observador
vista superior
plano de modelo
projeção projeção
vista lateral
linha
observador projetante
projeção
plano de projeção
modelo
vista frontal
linha
projetante
observador
Figura 68 - Observador, modelo e planos de projeções
Fonte: COELHO, 2007a
4 DESENHO TÉCNICO
63
Agora nosso modelo real é o prisma retangular com rebaixo, demonstrado na Figura 69 do prisma,
imagine-se observando-o:
projeção
projeção
projeção
Temos, assim, a projeção do modelo nos três planos simultaneamente, em verdadeira grandeza, ilustrado
pelas linhas projetantes auxiliares representadas por linhas contínuas estreitas, importantes também por
relacionarem os elementos do modelo nas diferentes vistas (FIGURA 70).
Para rebater o plano de projeção lateral imaginamos que ele sofre uma rotação de 90º, para a direita, em
torno do eixo de interseção com o plano vertical (FIGURA 71).
Agora, você tem os três planos de projeção: vertical, horizontal e lateral, representados num único
plano (FIGURA 72).
Em desenho técnico não representamos as linhas de interseção dos planos; apenas os contornos das
projeções são mostrados. As linhas projetantes auxiliares também são apagadas.
Finalmente, veja como fica a representação, em projeção ortográfica, do prisma retangular com rebaixo
que tomamos como modelo (FIGURA 73).
VOCÊ Alguns países, como os Estados Unidos e o Canadá, representam seus desenhos no 3º
SABIA? diedro. Pesquise, sobre a posição relativa das vistas e o símbolo indicativo deste diedro.
Observe na Figura 74, por meio da mudança de tonalidades, a correlação das faces do modelo em
perspectiva com sua projeção nas vistas ortográficas.
Quando você interpreta um desenho técnico, deve observar com atenção os diferentes tipos e espessuras
de linhas nele existentes nele. O conhecimento do significado de cada linha é imprescindível para o correto
entendimento do desenho. Portanto, vamos conhecer os diferentes tipos de linhas e suas aplicações.
Linha contínua larga - empregamos esta linha para representar arestas e contornos visíveis (FIGURA 75).
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
66
Linha tracejada estreita - em peças que possuem detalhes internos como furos, rebaixos e rasgos, e
este elemento não é visível ao observador, ele deve ser representado pela linha para arestas e contornos
não visíveis, simbolizada por uma linha tracejada estreita (FIGURA 76).
Linha de centro - sempre que vamos representar detalhes na peça como furos, rasgos, espigas, partes
arredondadas etc, devemos indicar o centro desses elementos. A linha de centro é representada por traços
e pontos alternados de espessura fina (FIGURA 77).
Quanto temos, na mesma peça, como a da Figura 78, furos e partes arredondadas,
a linha traço e ponto pode representar ao mesmo tempo o centro desses dois ele-
VOCÊ mentos.
SABIA? Observe também que, na vista superior, onde o furo é visível, seu centro é repre-
sentado pelo cruzamento de duas linhas de centro. Sempre que houver este cruza-
mento, deverá ser feito por dois traços.
centro
Linha de simetria - quando uma peça for dividida ao meio e os dois lados forem iguais, dizemos que
é simétrica. A linha composta de traços e pontos deve, neste caso, indicar a simetria da peça. Observe que
modelo a seguir é simétrico nos dois sentidos, horizontal e vertical (FIGURA 79).
No Quadro 2, temos um resumo com as principais linhas existentes, suas identificações e aplicações na
representação ortográfica.
10 6 3
40
7,5
31,5
5
15
1/4
”
53 15 30
60
1
4.3.1 ESCALAS
Os desenhos técnicos nem sempre podem ser executados com as dimensões reais da peça a ser
executada. Muitas vezes, para uma melhor compreensão e visualização das peças, é necessário ampliar ou
reduzir seu tamanho. A relação entre as dimensões do desenho e as da peça é denominada “escala”.
4 DESENHO TÉCNICO
69
A representação da escala é feita, conforme Associação Brasileira de Normas Técnicas (1999), por dois
números separados por dois pontos, e a interpretação em relação à razão numérica é feita da seguinte
forma: o primeiro número refere-se ao desenho, e o segundo, à peça. Por exemplo, esc. “2:1” significa que 2
mm no desenho correspondem a 1 mm da peça.
Escala natural é quando o desenho pode ser representado com as mesmas dimensões da peça.
Por exemplo, Esc. 1:1 (lemos escala um por um). Significa que 1 mm no desenho corresponde a 1
mm da peça (FIGURA 82).
60
40
20
40
º
60
30
8
Escala de redução é quando temos o desenho menor do que o tamanho real da peça. Imagine uma
peça muito grande, por exemplo, o eixo de uma carreta com aproximadamente 3 metros de comprimento.
Temos que reduzir proporcionalmente todas as suas dimensões para representá-lo em uma folha de
formato normalizado. Po exemplo, Esc. 1:2 (lemos: 1:2). Significa que 1 mm no desenho corresponde a 2
mm da peça (FIGURA 83).
As escalas de redução recomendadas pela ABNT são: 1:2 – 1:5 – 1: 10. Elas podem ser reduzidas à razão de 10.
60
40
20
40
º
60
30
8
Escala de ampliação é quando o desenho é maior do que o tamanho real da peça. Imagine representar
a engrenagem de um relógio de pulso com todos os seus detalhes, será necesário ampliar algumas vezes
o desenho em relação à peça.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
70
Tendo o exemplo Esc. 2:1. Lemos Escala dois por um. Significa que 2 mm no desenho correspondem a
1 mm da peça (FIGURA 84).
As escalas de ampliação recomendadas pela ABNT são: 2:1 – 5:1 – 10:1. Elas podem ser ampliadas à
razão de 10.
15
10
5
10
Segundo a Norma NBR10126/1987, cota é o termo técnico utilizado para definir medida ou dimensão.
Em desenho técnico, cotagem é o ato de colocar todas as dimensões necessárias para sua execução nas
projeções ortogonais que informam a forma geométrica da peça.
Vamos compreender mais sobre a NBR10126/1987 e suas aplicações segundo orientações da Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987), para aplicar a cotagem é importante
observar que:
• as cotas sejam ser distribuídas nas vistas. Cada uma deve ser indicada na vista que melhor representar
o elemento ou detalhe a ser cotado, na vista que ele for visível, evitando cotas em linhas tracejadas, e
também sua repetição;
• as cotas podem ser colocadas dentro ou fora dos elementos que representam, considerando os requisitos
de clareza e facilidade de execução e interpretação;
• os cruzamento das linhas de cota com as linhas de chamada deve ser evitado; mas, se isso for inevitável,
elas não devem ser interrompidas no cruzamento;
4 DESENHO TÉCNICO
71
c
3
50
a) Linhas de chamada ou auxiliares 31,6
b) Linhas de cotas
c) Dimensões 12 a
25
15
13
20 1
b
80
Método 2
Neste método, indicado na Figura 86, as cotas podem estar posicionadas de duas formas:
• o item 4 da figura demonstra que o valor numérico pode ser colocado interrompendo a linha de cota,
acompanhando seu sentido, podendo ser lido da base e/ou do lado direito da folha;
• o item 5 da figura demonstra que, independentemente da inclinação da linha de cota, o valor numérico
fica sempre na horizontal, podendo ser lido somente da base da folha.
Mas, lembre-se: devemos usar somente um método no mesmo desenho.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
72
25 4 25 5
22 5 22
25
25
15
15
13 10
13
10
15 4 15
45 45
Figura 86 - Variações do posicionamento de cotas no método 2
Fonte: SENAI-RS
Observe na Figura 87, recomendações de medidas, de acordo com as seguintes diretrizes da ABNT:
• o item 6 da figura demonstra que os limites das linhas de cota podem ser representados por setas
abertas, fechadas preenchidas ou, ainda, por traços inclinados a 45º, mas devemos usar somente um tipo
no mesmo desenho;
• o item 7 da figura demonstra que a linha de chamada deve ser prolongada ligeiramente além da linha
de cota. Devemos deixar um pequeno espaço entre a linha de contorno da peça e o início da linha de
chamada. As linhas de cota devem ficar afastadas da peça e umas das outras ±7 mm.
6
15º
25
7
7 7
7
1
7
80
2 1
3
VOCÊ Que devemos usar somente um estilo de setas no mesmo desenho, entretanto quan-
do o espaço for muito pequeno, podemos usar outras formas, conforme visto no item
SABIA? 6 para indicação de limite de cotas.
• o item 10 da figura demonstra que as linhas de cota em raios levam apenas uma seta, na extremidade
que tocar a circunferência;
• o item 11 da figura demonstra que o centro de raios, quando não demarcado pelo cruzamento de
linhas de centro, pode ser indicado por uma pequena circunferência de +/- 1 mm.
37,5 30 R5
7,5
15
8 9
R1 18
30
10
8 11
R8
• o item 12 da Figura 89 demonstra que a cotação de chanfros e furos escareados é feita conforme os modelos.
2x45º 5x5
12 90º
10
5
15
30º
10
8
4 canots chamfrados Furo escariado
60º
60º
30
150
º
º
60º
30º
30º
13
60º
30º
60º
10º
30º
60 º
º 60
60º
R1
5
R1
14 15
00
16
R2
14
60
20
120 (9 furos)
18 15
17
10
O item 18 da Figura 93 demonstra que, quando precisamos cotar em pequenos espaços, podemos
substituir as setas por pontos ou por pequenos traços inclinados.
4 DESENHO TÉCNICO
75
5 43 43 4 5 6 7 3 7 5 6 5 5 5 7
18
R1
7
O item 20 da Figura 95 demonstra que as superfícies esféricas devem, além da cota, levar a abreviatura
“esf.”; Na cotação de peças cônicas devemos traçar linhas de chamada inclinadas aproximadamente 30º em
relação ao eixo de simetria da peça, conforme indicado na Figura 95.
R10
Esf
. 20
10
13
18
23
O item 21 da Figura 96 demonstra que a cotação em série pode ser usada quando a peça não tem
precisão, ou seja, quando a soma das variações ou tolerâncias dimensionais dos elementos não influi
em seu funcionamento.
21
10 10 20 12 10 10
72
O item 22 da Figura 97 demonstra que a cotagem por faces de referências é recomendada quando
existe precisão entre os elementos. Todas as cotas partem desta face, evitando, assim, que o somatório das
tolerâncias das dimensões interfira, extrapolando a tolerância da dimensão total.
56
36 Face 22
18 de
ref.
11
Face
19
275
de
34
425
ref.
555
7
598 22
Face
de 36
748
ref. 52
878
O item 23 das Figura 98 e Figura 99 demonstra que a cotagem por faces de referências pode ainda ter
variações, como cotagem em paralelo ou aditiva.
23
150
420
640
150
0
420
640
As dimensões das peças são frequentemente alteradas, seja no valor numérico ou nas
tolerâncias. As alterações ou revisões devem ser registradas a fim de permitir verificações e
comparações (FIGURA 100). No referido registro devem constar:
• a natureza da alteração;
• a data da alteração;
• o nome do responsável por ela.
4 DESENHO TÉCNICO
77
53 2
38 1
25
R13
0
R1
ø7
4
ø2
ø12
25
R2
0
Esp. 0,5 37
Figura 101 - Peças representadas em uma vista
Fonte: SENAI-RS
Os símbolos para identificação de materiais perfilados devem ser colocados antes da designação da
bitola do perfil (QUADRO 3).
Chato “U”
Cantoneira Esp. de chapas fios etc.
Duas diagonais cruzadas com linha contínua estreita representam (FIGURA 102):
Aplicamos a supressão de vistas de peças de formas diversas (vide exemplos na Figura 103), utilizando
a simbologia convencional conforme o caso: diâmetros, quadrados, superfícies planas etc.
10 10
20
20
20
25
25
25
20 20 20
10 10
10
20
20
Vários fatores interferem no processo de produção de um lote de peças com os valores exatos de
suas dimensões, formas e acabamento. Esses fatores são: imprecisão dos instrumentos de medição e das
máquinas, desgaste de ferramentas, deformações do material e falhas do operador. Porém, a variação deve
acontecer dentro de certos limites, sem que isto prejudique a montagem da peça no conjunto, afetando
seu perfeito funcionamento.
As variações aceitáveis nas peças são denominadas tolerâncias, e devem ser indicadas, nos desenhos
técnicos, por valores e símbolos apropriados.
As cotas normalmente indicadas no desenho técnico são chamadas de dimensões nominais. Para cada
cota devemos determinar desvios dentro dos quais a peça possa funcionar corretamente. Os desvios são
chamados de afastamentos.
4 DESENHO TÉCNICO
79
Afastamentos são desvios admissíveis das dimensões nominais, tanto para mais quanto para menos,
que permitem a execução da peça sem prejuízo para seu funcionamento e intercambialidade.
As tolerâncias dimensionais podem ser indicadas ao lado da própria cota, como nos mostra a Figura 104:
+ 0,28
20 + 0,18
Figura 104 - Indicação de tolerância ao lado da cota
Fonte: SENAI-RS
012
+0,2
20 -0,1
40
Obs.: cotas com tolerâncias não especificadas, considerar o grau de precisão médio conforme DIN 7168.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
80
Na Figura 106 temos, nos dois exemplos, o mesmo valor de tolerância para a cota de 30 mm, que
pode variar de 30,00 a 30,025. As tolerâncias podem ser representadas por afastamentos ou pela
norma ISO adotada pela ABNT, conforme a Tabela 5:
Por afastamento Pela norma ISO
30 +0,025
0 30 H7
O sistema de tolerâncias e ajustes ABNT/ISO consiste num conjunto de princípios, regras e tabelas
criados em 1926 para padronizar e facilitar a escolha racional de tolerâncias e ajustes de modo a tornar mais
econômica a produção de peças mecânicas intercambiáveis. Inicialmente aplicáveis para peças com até 500
mm de diâmetro, foram posteriormente ampliadas para peças com até 3150 mm de diâmetro.
Estes sistemas estabelecem uma série de tolerâncias fundamentais que determinam a precisão da peça
e têm uma exigência que varia de peça para peça, de acordo com sua aplicação.
A tolerância ISO é representada normalmente por uma letra e um número colocados à direita da cota
no desenho técnico. A letra indica a posição do campo de tolerância, e o número, a qualidade de trabalho.
Veja o exemplo na Figura 107.
Dimensão nominal
Posição do campo de tolerância
Qualidade de trabalho
40 p 6
40 p 6 = 40 +0,042
+0,026
Obs.: ao usar esta peça, o profissional deverá consultar os valores em uma tabela de tolerâncias de
ajustes da ABNT como a Tabela 6 apresentada neste subcapítulo, onde constam os valores admissíveis
para a tolerância especificada acima.
A norma brasileira prevê 18 qualidades de trabalho na fabricação das peças. Essas qualidades são
identificadas pelas letras: IT, seguidas de numerais. A letra I vem de ISO, e a letra T, de tolerância; os
numerais: 01, 0, 1, 2,...16 referem-se às qualidades de trabalho; a qualidade IT01 corresponde ao menor
valor de tolerância. As qualidades 01 a 3, no caso dos eixos, e 01 a 4, no caso dos furos, estão associadas à
mecânica extraprecisa.
Observe: MICRON2
Tabela 6: Qualidades de trabalho e tolerâncias fundamentais
TOLERÂNCIAS FUNDAMENTAIS ISO ATÉ 500 mm
GRUPO DE DIMENSÕES EM mm (MILÍMETROS) – VALORES DA TABELA EM µm (MICRONS2)
Qualidade Até >1 >3 >6 > 10 > 18 > 30 > 50 > 80 > 120 > 180 > 250 > 315 > 400
2 O micron (µ) é uma unidade de comprimento, usada para medir entre outras coisas o tamanho dos transistores que formam
um processador. 1 micron equivale a 1milésimo de milímetro (0,001mm).
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
82
QUALIDADE DE TRABALHO
IT 01 IT 0 IT 1 IT 2 IT 3 IT 4 IT 5 IT 6 IT 7 IT 8 IT 9 IT 10 IT 11 IT 12 IT 13 IT 14 IT 15 IT 16
Observe nas Tabela 8 e Tabela 9, a seguir, as qualidades de trabalho para eixos e furos.
O sistema ISO prevê 28 campos representados por letras, sendo as maiúsculas para furos e as minúsculas
para eixos:
Furos - A, B, C, CD, D, E, EF, F, FG, G, H, J, JS, K, M, N, P, R, S, T, U, V, X, Y, Z, ZA, ZB, ZC.
Tabela 8: Campos de tolerâncias para furos
O ajuste é a condição necessária que possibilita a montagem entre peças e o bom funcionamento
de uma máquina ou equipamento. Os ajustes são determinados de acordo com a posição no campo de
tolerâncias.
Analisando a Figura 108, com o diâmetro de 25 mm presente no eixo e no furo, chamamos de
dimensão nominal. A tolerância do furo vem indicada a seguir como H7; a tolerância do eixo vem
indicada abaixo como j6.
H7
25 j6
São muitas as possibilidades de combinação de tolerâncias de eixos e furos com a mesma dimensão
nominal, para cada classe de ajuste. Mas, para simplificar e reduzir os custos de produção, a ABNT sugere
apenas algumas combinações de ajustes, por meio de tabelas. Entre este o mais usado é o sistema furo-
base H7 conforme das Tabela 10 e Tabela 11.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
84
EXTRA PRECISO
AJUSTE
ORDINÁRIA
MECÂNICA
MECÂNICA
MECÂNICA
PRECISA
MÉDIA
Livre H8 e7 H7 e7 H8 e0 H11 a11 Peças cujos funcionamentos necessitam de folga
Rotativo H8 f8 H7 f7 H8 f8 H10 d10 Peças que giram ou deslizam com boa lubirfica-
Deslizante H6 g5 H7 g5 H8 g8 H10 h10 Peças que deslizam ou giram com grande preci-
Leve
esforço
Tabela 11: Tabela com dimensões para ajustes entre furos e eixos
DIMENSÃO NOMINAL FURO EIXOS - AFASTAMENTO SUPERIOR AFASTAMENTO
(mm) AF.INF.
INFERIOR (µm)
AF. SUP.
ACIMA DE ATÉ H7 f7 g6 h6 j6 k6 m6 n6 p6 r6
0 1 0 -6 -2 0 +4 +6 +10 +12 +16
1 3 +10 -16 -8 -6 -2 0 - +4 +6 +10
50 65 +60
0 -30 -10 0 +12 +21 +30 +39 +51 +41
65 80 +30 -60 -29 -19 -7 +2 +1 +20 +32 +62
+43
80 100 +73
0 -36 -12 0 +13 +25 +35 +45 +59 +51
100 120 +35 -71 -34 -22 -9 +3 +13 +23 +37 +76
+54
120 140 +88
+63
140 160 0 -43 -14 0 +14 +28 +40 +52 +68 +90
+40 -83 -39 -25 -11 +3 +15 +27 +43 +65
160 180 +93
+68
180 200 +106
+77
200 225 0 -50 -15 0 +16 +33 +46 +60 +79 +109
+46 -96 -44 -29 -13 +4 +17 +31 +50 +80
225 250 +113
+84
250 280 +126
0 -56 -17 0 +16 +36 +52 +66 +88 +94
280 315 +52 -108 -49 -32 -16 +4 +20 +34 +56 +130
+98
315 355 +144
-62 -18 0 +18 +40 +57 +73 +98 +108
0 +57
355 400 -119 -54 -36 -18 +4 +21 +37 +62 +150
+114
400 450 +166
-68 -20 0 +20 +45 +63 +80 +108 +126
0 +63
450 500 -131 -60 -40 -20 +5 +23 +40 +68 +172
+132
Fonte: LEITURA ..., 2009
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
86
Além das tolerâncias dimensionais, faz-se necessário que as peças estejam dentro das formas e posições
para que funcionem adequadamente após serem montadas. Mas como é difícil fabricar um lote de peças
rigorosamente idênticas entre si e em conformidade com a peça projetada, temos que estabelecer, assim,
certos desvios de formas, dentro de limites aceitáveis e que não prejudiquem o funcionamento das peças
em um conjunto mecânico.
As variações aceitáveis das formas e das posições dos elementos na execução da peça constituem as
tolerâncias geométricas.
As tolerâncias de forma são os desvios que um elemento pode apresentar em relação a sua forma geométrica
ideal. As tolerâncias de forma vêm indicadas no desenho técnico para elementos isolados, como, por exemplo,
uma superfície ou uma linha.
Na Figura 109 foi especificada uma tolerância referente à forma da superfície, onde sua planicidade
pode variar em 0,05 mm.
0,05
Na tolerância de posição, quando tomamos como referência uma posição, três tipos de tolerâncias
devem ser consideradas: de localização, de concêntricidade e de simetria.
Quando duas ou mais figuras geométricas planas regulares têm o mesmo centro, dizemos que elas são
concêntricas. Quando dois ou mais sólidos de revolução têm o eixo comum, dizemos que eles são coaxiais. Em
diversas peças, a concentricidade ou a coaxialidade de partes ou de elementos é condição necessária para seu
funcionamento adequado, mas, determinados desvios dentro de limites estabelecidos, não chegam a prejudicar a
funcionalidade da peça, daí a necessidade de indicarmos estas tolerâncias.
Na Figura 110 a tolerância se refere à posição relativa entre os dois diâmetros e indica que a
concentricidade pode variar no máximo em 0,03 mm.
0,03 A
A
t
Nos Quadro 4 e Quadro 5, a seguir, temos a simbologia empregada para indicações das tolerâncias
geométricas, com suas diversas variações:
DE SUPERFÍCIES Planeza
Cilindricidade
Forma de superfície qualquer
TOLERÂNCIA DE BATIMENTO
RADIAL V
AXIAL
t
0,1 AB superfície de
medição
A B
A B t.radial = 2.tm(LTI)
Interpretação: a peça, girando e tendo apoiados os diâmetros de referências A e B em dois prismas, ou entre
centros, não deverá apresentar a variação superior a 0,1 mm.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
88
E
Figura 112 - Tolerância de posição: perpendicularidade
Fonte: METROLOGIA, 2009
Interpretação: a face direita da peça deve estar perpendicular à superfície de referência “E”. A variação
admitida fica compreendida entre dois planos paralelos e distantes 0,1 mm, pode ser verificada com traçador
de altura e relógio comparador.
A Figura 113 representa a cilindricidade.
peça dispositivo de mediação
desempeno
Ao interpretar um desenho técnico, devemos identificar alguns símbolos que indicam o acabamento e
o estado exigidos para as superfícies. Com base nas indicações de acabamento, definimos o processo que
será utilizado para a obtenção da superfície, com o acabamento desejado. Chamamos de rugosidade a
medida das irregularidades.
Para medir a rugosidade utilizamos o rugosímetro (Figura 114), capaz de medir a rugosidade superficial
em µm (micrometro; 1µm = 0,001mm).
rugosidade
ão
taç
en
ori
A ABNT adota o desvio médio aritmético (Ra), que é representado por classes de rugosidade N1 a N12,
correspondendo cada classe ao valor máximo em microns (µ).
A representação da rugosidade em uma peça deve ser indicada na forma de símbolos sobre a superfície
da peça em que desejamos estabelecer o acabamento
A NBR 8404 normaliza estes símbolos, seus campos e significados como segue na Figura 115.
processo de
fabricação
classe de
rugorsidade fresado
2 direção das
estrias
Podemos, inclusive, detalhar a direção das estrias indicando o sentido da usinagem, vide Quadro 6 a seguir:
Para cada um dos diversos processos de fabricação obtemos diferentes graus de acabamentos. Na
Tabela 12 estão relacionados os processos, os valores de rugosidade em Ra, as classes de acabamento e a
simbologia antiga (vvv).
Tabela 12: Profundidade da rugosidade
(CONTINUA)
CLASSE
N1
N2
N3
N4
N5
N6
N7
N8
N9
OPERAÇÃO ACABAMENTO
0,025
12,50
1000
0,04
0,06
0,10
0,16
0,20
0,40
0,63
0,80
1,60
2,50
3,20
6,30
10,0
25,0
40,0
50,0
100
160
250
400
630
Fino XXX
Alargar
De precisão XX
Pré-aplainar XXX
Aplainar Desbastar X
Alisar XX
Brochar XXX
Brochar
Fino XX
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
90
(CONCLUSÃO)
Escarear XXX
Escarear
Alargar XX
Forjamento sem matriz XXX
Forjar Forjamento com matriz XXX
Forjamento de pressão XXXXX
Desbastar XX
Alisar XXX
Fresar
Fino XX
De precisão XX
Fundição em areia XXX
Fundir Fundição em coquilha XXX
Fundição sob pressão XXXX
A quente XXX
Laminar
A frio XXXXX
Desbastar XXXX
Alisar XXXX
Lapidar
Fino X X XX
De precisão XXXX
Desbastar XX
Limar Alisar XXX
Translimar XXX
Polir
Polir com máquina XXX
Polir XXX X
Polir sob pressão
Polimento de aperto XX
Polimento com rolos XX
Prensar
Prensar XXX
Cunhar XXXX
Rasquetear
1 a 3 marcações por cm2 XXX
3 a 5 marcações por cm2 XXX
Retificar grosso XXX
Retificar
Retificar XX
Fino XXX
De precisão XX X XX
Rodagem simples XXX
Rodar Superacabamento XX X X
Superacab. com rolos XX
Com jato de areia grossa XXX
Soprar
Com jato de areia média XX
Com jato de areia fina XX
Com jato de esferas XX
Pré-tornear XXX
Tornear
Desbastar XX
Int. e ext.
Alisar XXX
T. fino com vida XXX
T. de precis. Com diamente XX
Trefilar
Estirar e repuxar XXXXXX
Estirar com precisão XX
Fonte: PAULI; ULIANA, 1996
No exemplo a seguir, no desenho do eixo são indicadas além das cotas, as tolerâncias dimensionais de
forma e posição e o acabamento superficial. Veja, a interpretação de cada indicação conforme o número
identificador (FIGURA 116).
4 DESENHO TÉCNICO
91
3
+0
0,05 A 11
2 27 -0,05
020j6
0,05 A
1 A
20 5 5
018f7
020j6 0,05 A
5
0,05 A 5
5
59
Interpretações:
• rugosidade Ra com valor máximo de 0,002 mm obtida, necessariamente, com remoção de material;
• coaxialidade deste diâmetro em relação à referência A com tolerância de 0,05 mm;
• batimento axial em relação à referência A com tolerância de 0,05 mm;
• referência A, base para as tolerâncias geométricas de posição;
• idêntica à tolerância (3).
SAIBA Para esclarecer e/ou aprofundar algum dos assuntos abordados neste subcapítulo, as-
MAIS sista às vídeo-aulas 28, 29 e 30 do Telecurso 2000.
Corte é o recurso aplicado quando uma peça possui elementos internos que precisam ser melhor
visualizados e/ou cotados, facilitando seu entendimento. No desenho de conjuntos, o corte pode ser
utilizado para identificar as peças e seu funcionamento. Observe os exemplos da Figura 117.
Imagine então, que a peça foi atingida por um ou mais planos de corte. Suprimimos a parte anterior
e, olhando no sentido das setas indicativas, podemos visualizar seus detalhes internos, conforme
demonstra a Figura 118.
Corte AA
A
A A
A ponto de
vista frontal
Em desenho técnico existem as hachuras que servem para indicar as partes maciças atingidas pelo corte.
Às vezes, quando a área maciça atingida pelo corte é muito extensa, as hachuras podem ser representadas
apenas perto dos contornos do desenho (ASSOCIAÇÂO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,1995b).
A Figura 119 exemplifica os tipos de hachuras usadas opcionalmente para representar alguns
materiais específicos.
No corte total, o plano de corte atravessa completamente a peça, atingindo suas partes maciças,
conforme a Figura 120.
B
A A
B Corte BB
Corte AA
Figura 120 - Cortes longitudinal e transversal
Fonte: SENAI-RS
4 DESENHO TÉCNICO
93
O corte longitudinal AA (horizontal) e o corte transversal BB (vertical), representados na figura dos cortes
longitudinal e transversal, são indicados na vista frontal por linhas de corte com setas nas extremidades
apontando o sentido da observação do corte. Sob as vistas representadas em corte, denominamos com
duas letras maiúsculas repetidas: Corte AA e Corte BB.
Os cortes podem ser representados em qualquer vista do desenho. A escolha da vista depende da posição dos
elementos que queremos destacar e da posição de onde o observador imagina o corte. Analise a Figura 121 para
verificar como isso ocorre.
Os elementos de máquinas, como pinos, rebites, porcas, arruelas, chavetas e eixos, ou reforços estruturais,
como nervuras e braços de polias, não devem ser representados em corte, mesmo quando atingidos pelas
linhas de corte (FIGURA 122).
Veja na Figura 123 como são feitas a indicação e a representação do corte transversal A-A e do corte
longitudinal B-B.
CORTE BB CORTE AA
A B
A
B B
B
A
4.6.2 MEIO-CORTE
Simetria é a igualdade em grandeza, forma e posição de duas partes situadas em lados opostos de uma
linha ou plano médio. O meio-corte é aplicado somente em peças ou modelos simétricos, isto é, em peças
que, se forem cortadas ao meio no sentido longitudinal e transversal, as duas metades resultam iguais. Em
alguns casos, aplicando meio corte, podemos, representar em uma só vista os detalhes internos e externos
da peça, como demonstrado na Figura 124.
Certos tipos de peças, como as representadas abaixo, apresentam seus elementos fora de alinhamento
e precisam de outra maneira de imaginar o corte. O tipo de corte usado para mostrar elementos internos
fora de alinhamento é o corte composto, também conhecido como corte em desvio (FIGURA 126).
A Figura 127 demonstra como fica a representação de dois tipos de corte ao mesmo tempo: corte AA
(corte em desvio), e corte BB (corte total transversal).
Corte AA Corte BB
A
015
06
Em certas peças, os elementos internos que devem ser analisados estão concentrados em determinadas
partes. Nesses casos, não é necessário aplicar cortes que atravessem toda a peça; é suficiente representar um
corte que atinja apenas os elementos que desejamos destacar. A este tipo de corte denomina-se corte parcial.
4 DESENHO TÉCNICO
97
• a linha de ruptura também pode ser representada na vista ortográfica através de uma linha contínua estreita,
em ziguezague, como demonstrado na Figura 130.
linha de ruptura
Peças com detalhes fora dos eixos vertical e horizontal são representadas, imaginando um movimento
de rotação dessas partes sobre o eixo principal, evitando, assim, sua projeção deformada.
Na peça a seguir, para representar os elementos na vista frontal, em verdadeira grandeza, você deve imaginar
que um dos planos de corte sofreu um movimento de rotação, de modo a coincidir com o outro plano. Observe a
seguir na Figura 131.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
98
P1 P2
linhas de
concorrência
Veja na Figura 132 como ficam as vistas ortográficas, vista frontal e vista superior, após a rotação do
elemento e a aplicação do corte.
Corte AA
A A
Figura 132 - Rotação de planos oblíquos
Fonte: LEITURA ..., 2009
No caso de uma peça onde existem furos e nervuras oblíquos entre si e os planos convencionais, como
demonstrado na Figura 133, estes detalhes devem ser rebatidos (rotacionados), imaginando-os todos no
mesmo plano de corte.
Lembre-se: Há elementos de máquinas que não devem ser representados em corte, mesmo quando
atingidos pelas linhas de corte.
Quando as peças possuem perfis muito longos e contínuos, é interessante seccioná-los (cortar) ou
encurtá-los na representação. Vamos compreender como é a representação desses recursos.
4 DESENHO TÉCNICO
99
A representação em secção também é feita imaginando que a peça sofreu corte, mas existe uma
diferença fundamental entre a representação em corte e a representação em secção. Para compreendê-la,
observe a Figura 134, com as vistas ortográficas desta peça em corte e em secção.
A A
A A
Corte AA Seção AA
C
A B Saída p/ ferram. R: 2mm
Secção AA
Secção BB Secção CC
Encurtamento
É o recurso utilizado para representar peças longas, sem alteração de forma. Além de ser mais prático,
reduz o tamanho da peça e consequentemente o formato da folha sem apresentar qualquer prejuízo para
a interpretação do desenho.
Exemplos de representações com encurtamento e secção (FIGURA 138):
A B
400
400
050
Secção AA Secção BB
As vistas auxiliares são aplicadas em peças com detalhes ou faces inclinadas em relação aos planos
de projeção, evitando, assim, a deformação de suas projeções (FIGURA 140).
4 DESENHO TÉCNICO
101
Os elementos dessas faces não são representados em verdadeira grandeza nas vistas ortográficas
normais. Aparecem deformados e sobrepostos, dificultando a interpretação do desenho técnico, conforme
representado na Figura 141.
Para evitar que ocorra essa deformação, é preciso imaginar um plano de projeção paralelo à face
inclinada, chamado de plano auxiliar. Após o rebatimento, as projeções das faces inclinadas aparecem
representadas sem deformações, ou seja, em verdadeira grandeza, como representads na Figura 142.
As vistas auxiliares são posicionadas de forma diferente das vistas convencionais; por isso, devem ter o
sentido de observação indicado por uma seta acompanhada por uma letra, que também identifica a vista
resultante daquela direção.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
102
Veja a seguir como é representada uma peça com duas faces inclinadas (FIGURA 143).
Vista de B
A
B
Vista de A
Em casos específicos, quando não se faz necessário representar a vista completa, podemos utilizar as
vistas auxiliares simplificadas, que servem para adicionar à vista principal da peça, com linhas de espessura
fina, detalhes simétricos de outra vista, tornando possível suprimi-la sem prejudicar o entendimento.
Observe o exemplo na Figura 144.
Para a identificação das peças podemos empregar balões (círculos) contendo a numeração das peças,
ou simplesmente o numeral. Destas indicações devem sair linhas indicadoras com setas na extremidade
que indicam sua correspondência à peça do desenho colocado ao lado. Os círculos devem estar o mais
alinhados possível, tanto na horizontal como na vertical. As linhas indicadoras não podem se cruzar e
devem ser, preferencialmente, paralelas entre si.
As listas de peças localizam-se normalmente acima ou ao lado da legenda. Colocamos uma lista por
itens das várias peças de um conjunto. A lista de peças inclui: o número das peças, sua descrição ou título,
a quantidade de peças necessárias para um conjunto, o material especificado e outros dados que julgamos
necessários (peso, código ou dimensões em bruto). A ordem de inscrição dos itens deve estar listada de
baixo para cima, de modo que novos itens possam ser incluídos no desenho.
Observe na Figura 145, onde se encontra o desenho em duas dimensões do grampo fixo, onde se
aplicam estes princípios:
Os desenhos de conjunto podem ainda ser representados em perspectiva isométrica, como apresentado
na Figura 146, onde se transmite melhor a ideia do conjunto montado.
O conjunto pode ainda ser representado através do desenho de perspectiva, onde as peças são desenhadas
separadas, mas permanece clara a posição relativa que elas mantêm entre si. Esse tipo de representação
é também chamado de perspectiva explodida ou vista explodida. Os desenhos em perspectiva ou vistas
explodidas são mais comuns em revistas, manuais e catálogos técnicos. Veja (FIGURA 147):
Atualmente, com o uso cada vez mais intenso dos softwares de modelamento, as peças são criadas
individualmente como sólidos geométricos, e importadas em um ambiente de montagem onde, além de
montadas, podemos simular o funcionamento do conjunto, verificar ajustes, eliminar interferências e até
gerar animações em mídia (FIGURA 148).
Comparando as três formas de representação vemos que, a perspectiva isométrica é a que dá a ideia
menos deformada do objeto, sendo, por isso, a mais usada.
Neste caso, será enfatizada a perspectiva isométrica.
Isométrica quer dizer: Iso = mesma e métrica = medida. Então a perspectiva isométrica mantém as
mesmas proporções do comprimento, da largura e da altura do objeto representado.
Eixos isométricos: O desenho da perspectiva isométrica é baseado num sistema de três semi-retas que
têm o mesmo ponto de origem e formam entre si três ângulos de 120° (FIGURA 153).
120º
X Y
0
º
120
12
0º
Linha isométrica: Qualquer reta paralela a um eixo isométrico é chamada de linha isométrica. Portanto,
as retas r, s, t e u na Figura 154 são linhas isométricas.
Linha não isométrica: As linhas não paralelas aos eixos isométricos são as linhas chamadas de não-
isométricas. A reta v, na figura 159, é um exemplo de linha não isométrica (FIGURA 156).
4 DESENHO TÉCNICO
107
A forma mais correta para traçar linhas não-isométricas é marcar os comprimentos (a e b) sobre as linhas
isométricas, determinando, assim, a inclinação das linhas não-isométricas nas arestas do prisma retangular
de referência, conforme demonstrado na Figura 157.
a b a b b
a
b
a
d c
PASSO 1 d c
Paralelas
PASSO 2 PASSO 3
O traçado de circunferências em perspectiva isométrica resulta em uma elipse e deve ser feito
observando as técnicas abaixo:
• sequência do traçado de circunferências com instrumentos (FIGURA 158).
Os desenhos em perspectiva de peças que contenham superfícies com círculos e raios são elaborados
aplicando a metodologia já exposta. Observe (FIGURA 160).
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
5.1.1 PARAFUSOS
O parafuso é formado por um corpo cilíndrico roscado e por uma cabeça que pode ser hexagonal,
sextavada, quadrada ou redonda (FIGURA 162 e FIGURA 163).
Figura 162 - Parafuso cabeça hexagonal ou sextavada Figura 163 - Parafuso cabeça quadrada
Fonte: SENAI-RS Fonte: SENAI-RS
Em mecânica, os parafusos são empregados para unir e manter juntas peças de máquinas, geralmente
formando conjuntos com as porcas e as arruelas.Os parafusos podem ser fabricados em aço de alta
resistência à tração, aço-liga, aço inoxidável, latão e outros metais ou ligas não-ferrosas. Em alguns casos,
os parafusos são protegidos contra a corrosão por meio de galvanização ou cromagem.
Tipos de parafusos
Os parafusos podem ser: sem porca, com porca, prisioneiro, Allen, auto-atarraxante e para pequenas
montagens.
Parafuso sem porca: nos casos onde não há espaço para acomodar uma porca, esta pode ser substituída
por um furo com rosca em uma das peças. A união dá-se através da passagem do parafuso por um furo passante
na primeira peça e rosqueamento no furo com rosca da segunda peça. Exemplo o parafuso da roda do carro
(FIGURA 165).
Parafuso com porca: às vezes, a união entre as peças é feita com o auxílio de porcas e arruelas. Nesse
caso, o parafuso com porca é chamado de passante (FIGURA 166).
Parafuso prisioneiro: é empregado quando necessitamos montar e desmontar parafuso sem porca a
intervalos frequentes. Consiste numa barra de seção circular com roscas nas duas extremidades. As roscas
podem ter sentido oposto.
Para usar o parafuso prisioneiro, introduzimos uma das pontas no furo roscado da peça e, com auxílio
de uma ferramenta especial, apertamos a peça. Em seguida, apertamos a segunda peça com uma porca
e arruelas presas à extremidade livre do prisioneiro, que permanece no lugar quando as peças são
desmontadas (FIGURA 167).
Parafuso Allen: é fabricado com aço de alta resistência à tração e submetido a um tratamento
térmico após a conformação. Possui um furo hexagonal de aperto na cabeça, que é geralmente
cilíndrica e recartilhada. Para o aperto, utilizamos uma chave especial: a chave Allen/hexagonal.
Os parafusos Allen são utilizados sem porcas e suas cabeças são encaixadas num rebaixo na peça
fixada, para melhor acabamento, e também, por necessidade de redução de espaço entre peças com
movimento relativo (FIGURA 168).
Figura 168 - Parafuso com cabeca cilindrica com sextavado interno e chave allen/hegagonal
Fonte: SENAI-RS
Parafuso autoatarraxante: tem rosca de passo largo em um corpo cônico e é fabricado em aço temperado.
Pode ter ponta ou não. As cabeças têm formato redondo, em latão ou chanfradas, e apresentam fendas simples
ou em cruz (tipo Phillips).
Esse tipo de parafuso elimina a necessidade de um furo roscado ou de uma porca, pois corta a rosca
no material a que é preso. Sua utilização principal é na montagem de peças feitas de folhas de metal de
pequena espessura, peças fundidas macias e plásticas (FIGURA 169).
Parafuso para pequenas montagens: apresentam vários tipos de roscas e cabeças e são utilizados
para metal, madeira e plásticos (FIGURA 170).
Dentre esses parafusos, os que são utilizados para madeira apresentam roscas especiais.
5 ELEMENTOS DE MÁQUINA
115
5.1.2 PORCAS
Porcas são peças de forma prismática ou cilíndrica, providas de um furo roscado onde são atarraxadas
ao parafuso. São hexagonais, sextavadas, quadradas ou redondas e servem para dar aperto nas uniões de
peças ou, em alguns casos, para auxiliar na regulagem.
Tipos de porcas
Porca cega(ou remate): nesse tipo de porca, uma das extremidades do furo rosqueado é encoberta,
ocultando a ponta do parafuso. A porca cega pode ser feita de aço ou latão, é geralmente cromada e possibilita
um acabamento de boa aparência (FIGURA 172).
Porca borboleta: tem saliências parecidas com asas para proporcionar o aperto manual.
Geralmente fabricada em aço ou latão, esse tipo de porca é empregado quando a montagem e a
desmontagem das peças são necessárias e frequentes (FIGURA 173).
5.1.3 ARRUELAS
São peças cilíndricas, de pouca espessura, com um furo no centro pelo qual passa o corpo do parafuso.
As arruelas servem basicamente para:
• proteger a superfície das peças;
• evitar deformações nas superfícies de contato;
• evitar que a porca afrouxe;
• suprimir folgas axiais (isto é, no sentido do eixo) na montagem das peças;
• evitar desgaste da cabeça do parafuso ou da porca.
A maioria das arruelas é fabricada em aço, mas o latão também é empregado; neste caso, são utilizadas
com porcas e parafusos de latão.
As arruelas de cobre, alumínio, fibra e couro são extensivamente usadas na vedação de fluidos
(FIGURA 175).
Tipos de arruelas
Os três tipos de arruela mais usados são: arruela lisa, arruela de pressão e arruela estrelada.
Arruela lisa: também chamada de arruela plana, geralmente é feita de aço e usada sob uma
porca para evitar danos à superfície e distribuir a força do aperto. As arruelas de qualidade inferior,
mais baratas, são furadas a partir de chapas brutas, mas as de melhor qualidade são usinadas e têm
a borda chanfrada como acabamento (FIGURA 176).
Arruela de pressão: consiste em uma ou mais espiras de mola helicoidal, feita de aço de mola de seção
retangular. Quando a porca é apertada, a arruela se comprime, gerando uma grande força de atrito entre
a porca e a superfície. Essa força é auxiliada por pontas aguçadas na arruela que penetram nas superfícies,
proporcionando uma travação positiva (FIGURA 177).
Arruela estrelada: também chamada de arruela de pressão serrilhada, é de dentes de aço de molas e
consiste em um disco anular provido de dentes ao longo do diâmetro interno ou externo. Os dentes são
torcidos e formam pontas aguçadas. Quando a porca é apertada, os dentes se aplainam, penetrando nas
superfícies da porca e da peça em contato.
A arruela estrelada com dentes externos é empregada em conjunto com parafusos de cabeça chanfrada
(FIGURA 178).
5.1.4 TRAVAS
As uniões roscadas são submetidas a vibrações e podem soltar-se. Para evitar isso, colocamos travas e
arruelas nas porcas ou parafusos.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
118
• trava por fechamento de forças: estabelece uma força de compressão entre as peças, o que aumenta o
atrito e dificulta o afrouxamento da união, mas não impede totalmente a soltura (FIGURA 180).
5.1.5 CHAVETA
Chaveta é um corpo prismático que pode ter faces paralelas ou inclinadas, em função da grandeza do
esforço e do tipo de movimento que deve transmitir. É construída normalmente de aço.
A união por chaveta é um tipo de união desmontável que permite às árvores transmitirem seus movimentos
a outros órgãos, tais como engrenagens e polias (FIGURA 181).
É um elemento usado para impedir o deslocamento axial, posicionar ou limitar o curso de uma peça
deslizante sobre um eixo, conhecido também por anel de retenção, de trava ou de segurança.
Fabricado de aço para molas, tem a forma de anel incompleto que se aloja em um canal circular
construído conforme normalização (FIGURA 182).
5.1.7 PINOS
É uma peça geralmente cilíndrica ou cônica, oca ou maciça que serve para alinhamento, fixação e
transmissão de potência (FIGURA 183).
O sistema de transmissão pode ser definido como o conjunto de elementos mecânicos que transferem
potência e movimento a um outro sistema. Os sistemas de transmissão podem, também, variar as rotações
entre dois eixos.
Veremos a seguir alguns dos principais elementos de transmissão em máquinas na indústria.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
120
5.2.1 ENGRENAGENS
Engrenagens são rodas com dentes padronizados que servem para transmitir movimento e força
entre dois eixos. Muitas vezes, as engrenagens são usadas para variar o número de rotações e o
sentido da rotação de um eixo para o outro.
Veremos os tipos de engrenagens.
Engrenagem cilíndrica de dentes retos: os dentes são dispostos paralelamente entre si e em relação
ao eixo. É o tipo mais comum de engrenagem e o de mais baixo custo.
É usada em transmissão que requer mudança de posição das engrenagens em serviço, pois é fácil de
engatar. É mais empregada na transmissão de baixa rotação do que na de alta rotação, por causa do ruído
que produz (FIGURA 184).
Engrenagem cilíndrica com cremalheira: a cremalheira pode ser considerada como uma coroa
dentada com diâmetro primitivo infinitamente grande. É usada para transformar movimento giratório em
longitudinal (FIGURA 187).
Engrenagem cônica com dentes retos: é empregada quando as árvores se cruzam; o ângulo
de interseção é geralmente 90º, podendo ser menor ou maior. Os dentes das rodas cônicas têm um
formato também cônico, o que dificulta sua fabricação, diminui a precisão e requer uma montagem
precisa para o funcionamento adequado.
A engrenagem cônica é usada para mudar a rotação e a direção da força, em baixas velocidades
(FIGURA 188).
Engrenagem cônica com dentes em espiral: empregada quando o par de rodas cônicas deve transmitir
grandes potências e girar suavemente, pois com este formato de dentes conseguimos o engrenamento
simultâneo de dois dentes.
O pinhão pode estar deslocado até 1/8 do diâmetro primitivo da coroa. Isso acontece particularmente nos
automóveis, para ganhar espaço entre a carcaça e o solo (FIGURA 189).
<- Pinhão
<- Coroa
Engrenagem cilíndrica com dentes oblíquos: seus dentes formam um ângulo de 8 a 20º com
o eixo da árvore. Os dentes possuem o perfil da envolvente e podem estar inclinados à direita ou
à esquerda. Os dentes vão se carregando e descarregando gradativamente. Sempre engrenam
vários dentes simultaneamente, o que dá um funcionamento suave e silencioso. Pode ser bastante
solicitada e pode operar com velocidades periféricas até 160 m/s. Os dentes oblíquos produzem
uma força axial que deve ser compensada pelos mancais (FIGURA 190).
Parafuso sem-fim e engrenagem côncava (coroa): o parafuso sem-fim é uma engrenagem helicoidal
com pequeno número (até 6) de dentes (filetes) (FIGURA 192).
Para transmitir potência de uma árvore a outra, alguns dos elementos mais antigos e mais usados são
as correias e as polias.
As transmissões por correias e polias apresentam as seguintes vantagens:
• possuem baixo custo inicial, alto coeficiente de atrito, elevada resistência ao desgaste e funcionamento
silencioso;
• são flexíveis, elásticas e adequadas para grandes distâncias entre centros.
Essa maneira de transmissão de potência se dá por meio do atrito que pode ser simples, quando
existe somente uma polia motora e uma polia movida (como na figura abaixo), ou múltiplo, quando
existem polias intermediárias com diâmetros diferentes.
A correia plana, quando em serviço, desliza e, portanto, não transmite integralmente a potência.
A velocidade periférica da polia movida é, na prática, sempre menor que a da polia motora. O
deslizamento depende da carga, da velocidade periférica, do tamanho da superfície de atrito e do material
da correia e das polias (FIGURA 193).
Materiais para correia plana: os materiais utilizados na fabricação de correias planas, são:
• couro de boi: recebe emendas, suporta bem os esforços e é bastante elásticos;
• material fibroso e sintéticos: não recebe emendas (correia sem-fim), próprio para forças sem oscilações,
para polia de pequeno diâmetro, tem por material base o algodão, o pêlo de camelo, o viscose, o
perlon e o nylon;
• material combinado, couro e sintéticos: esta correia possui a face interna feita de couro curtido ao
cromo e a externa material sintético (perlon). Essa combinação produz uma correia com excelente
flexibilidade, capaz de transmitir grandes potências.
A correia em forme de trapézio é inteiriça (sem fim) fabricada com secção transversal em forma de
trapézio. É feita de borracha revestida por lona e é formada no seu interior por cordonéis vulcanizados para
absorver as forças.
O emprego da correia em V é preferível ao da correia plana e possui as seguintes características:
• praticamente não tem deslizamento;
• relação de transmissão até 10:1;
• permite uma boa proximidade entre eixos; o limite é dado por p = D + 3/2h (D = diâmetro da polia
maior e h = altura da correia);
• a pressão nos flancos, em consequência do efeito de cunha, triplica em relação à correia plana;
• partida com menor tensão prévia que a correia plana;
• menor carga sobre os mancais que a correia plana;
• elimina os ruídos e os choques, típicos da correia emendada com grampos;
• emprego de até doze correias numa mesma polia (FIGURA 195).
A correia dentada em união com a roda dentada correspondente permite uma transmissão de força
sem deslizamento. As correias de qualidade têm no seu interior vários cordonéis helicoidais de aço ou de
fibra de vidro que suportam a carga e impedem o alongamento. A força se transmite através dos flancos
dos dentes e pode chegar a 400 N/cm2.
O perfil dos dentes pode ser trapezoidal ou semicircular; geralmente são feitos com módulos 6 ou 10.
As polias são fabricadas de metal sinterizado, metal leve ou ferro fundido em areia especial para precisão
nas medidas em bom acabamento superficial.
Para a especificação das polias e correias dentadas devemos mencionar o comprimento da correia ou o
número de sulcos da polia, o passo dos dentes e a largura (FIGURA 196).
A correia é importante para a máquina. Quando mal aplicada ou frouxa, provoca a perda de velocidade
e de eficiência da máquina; quando esticada demais, há quebra dos eixos ou desgaste rápido dos mancais.
As polias devem ter uma construção rigorosa quanto à concentricidade dos diâmetros externos e do furo,
quanto à perpendicularidade entre as faces de apoio e os eixos dos flancos e quanto ao balanceamento,
para que não provoquem danos nos mancais e eixos.
Os defeitos construtivos das polias também influem negativamente na posição de montagem do
conjunto de transmissão.
Um ou vários eixos podem ser acionados através de corrente. A transmissão de potência é feita através
do engrenamento entre os dentes da engrenagem e os elos da corrente; não ocorre o deslizamento.
Para o funcionamento desse conjunto de transmissão, é necessário que as engrenagens estejam em um
mesmo plano e os eixos paralelos entre si.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
126
A transmissão por corrente normalmente é utilizada quando não podemos usar correias por
causa da umidade, vapores, óleos etc. É, ainda, de muita utilidade para transmissões entre eixos
próximos, substituindo trens de engrenagens intermediárias.
Tipos de correntes
Corrente de rolos: é composta por elementos internos e externos, onde as talas são permanentemente
ligadas através de pinos e buchas; sobre as buchas são, ainda, colocados rolos.
Esta corrente é aplicada em transmissões, em movimentação e sustentação de contrapeso e, com abas
de adaptação, em transportadores; é fabricada em tipo standard, médio e pesado.
Várias correntes podem ser ligadas em paralelo, formando corrente múltipla; podem ser montadas até
oito correntes em paralelo (FIGURA 197).
Corrente de dentes: nesse tipo de corrente há, sobre cada pino articulado, várias talas dispostas uma
ao lado da outra, onde cada segunda tala pertence ao próximo elo da corrente.
Dessa maneira, podem ser construídas correntes bem largas e muito resistentes. Além disso, mesmo
com o desgaste, o passo fica igual de elo a elo vizinho, pois entre eles não há diferença.
Esta corrente permite transmitir rotações superiores às permitidas nas correntes de rolos. É conhecida
como corrente silenciosa (“silent chain”) (FIGURA 198).
Corrente comum: conhecida também por cadeia de elos, possui os elos formados de vergalhões
redondos soldados, podendo ter um vergalhão transversal para esforço. É usada em talhas manuais,
transportadores e em uma infinidade de aplicações (FIGURA 199).
Corrente de blocos: é uma corrente parecida com a corrente de rolos, mas cada par de rolos, com
seus elos, forma um sólido (bloco). É usada nos transportadores e os blocos formam a base de apoio para
os dispositivos usados para transporte (FIGURA 200).
São conjuntos destinados a suportar peso e rotação de eixos e árvores. Os mancais estão submetidos ao
atrito de deslizamento, que é o principal fator a considerar para sua utilização.
Na busca por diminuir sensivelmente os problemas de atrito de resistência à alta velocidade, encontrados
nos mancais de deslizamento, chegamos aos mancais de rolamento, ou simplesmente rolamentos.
Os mancais de deslizamento são classificados de acordo com as forças que suportam em: axiais, radiais,
mistos.
Axiais: impedem o deslocamento na direção do eixo, isto é, absorvem esforços longitudinais (FIGURA 201).
Radiais: impedem o deslocamento na direção do raio, isto é, absorvem esforços transversais (FIGURA 202).
Os mancais de rolamentos são constituidos por rolamentos de máquinas que são compostas por
dois anéis de aço (geralmente conforme a Norma SAE 52 100) separados por uma ou mais fileiras de
esferas ou rolos.
Essas esferas ou rolos são mantidos equidistantes por meio do separador ou gaiola, a fim de distribuir os
esforços e manter concêntricos os anéis. O anel externo (capa) é fixado na peça ou no mancal, e o anel interno
é fixado diretamente ao eixo.
A seguir, conheça as vantagens e desvantagens que os rolamentos possuem em relação aos mancais
de deslizamento.
Vantagens:
• menor atrito e aquecimento;
• coeficiente de atrito de partida (estático) não superior ao de operação (dinâmico);
• pouca variação do coeficiente de atrito com carga e velocidade;
• baixa exigência de lubrificação;
• intercambialidade internacional;
• mantêm a forma de eixo; e
• pequeno aumento da folga durante a vida útil.
Desvantagens:
• maior sensibilidade aos choques;
• maiores custos de fabricação;
• tolerância pequena para carcaça e alojamento do eixo;
• não suportam cargas tão elevadas como os mancais de deslizamento;
• ocupam maior espaço radial.
5 ELEMENTOS DE MÁQUINA
129
Tipos de rolamentos
Rolamento fixo de uma carreira de esferas: é o mais comum dos rolamentos. Suporta cargas
radiais e pequenas cargas axiais e é apropriado para rotações mais elevadas.
Sua capacidade de ajustagem angular é limitada; por conseguinte, é necessário um perfeito alinhamento
entre o eixo e os furos da caixa (FIGURA 203).
Rolamento de contato angular de uma carreira de esferas: admite cargas axiais somente em um
sentido; portanto, deve sempre ser montado contraposto a outro rolamento que possa receber a carga
axial3 no sentido contrário (FIGURA 204).
3 É originada pela força axial exercida ao longo do eixo, ou seja, no sentido do eixo.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
130
Rolamento autocompensador de esferas: é um rolamento de duas carreiras de esferas com pista esférica no
anel externo, o que lhe confere a propriedade de ajustagem angular, ou seja, compensar possíveis desalinhamentos
ou flexões do eixo (FIGURA 205).
Rolamento de rolo cilíndrico: é apropriado para cargas radiais elevadas e seus componentes são
separáveis, o que facilita a montagem e desmontagem (FIGURA 206).
Rolamento autocompensador de uma carreira de rolos: seu emprego é particularmente indicado para
construções em que é exigida uma grande capacidade de suportar carga radial4 e a compensação de falhas
de alinhamento (FIGURA 207).
4 É originada pela força radial exercida de um ponto central para fora do elemento ciruclar, ou seja, no sentido do raio do círculo.
5 ELEMENTOS DE MÁQUINA
131
Rolamento autocompensador com duas carreiras de rolos: é um rolamento para os serviços mais
pesados. Os rolos são de grande diâmetro e comprimento. Devido ao alto grau de oscilação entre rolos e
pistas, existe uma distribuição uniforme de carga (FIGURA 208).
Rolamento de rolos cônicos: além de cargas radiais, também suporta cargas axiais em um sentido.
Os anéis são separáveis. O anel interno e o externo podem ser montados separadamente. Como só
admite cargas axiais em um sentido, de modo geral torna-se necessário montar os anéis aos pares, um
contra o outro (FIGURA 209).
Rolamento axial de esfera: ambos os tipos de rolamento axial de esfera (escora simples e escora
dupla) admitem elevadas cargas axiais, porém, não podem ser submetidos a cargas radiais. Para que
as esferas sejam guiadas firmemente em suas pistas, é necessária a atuação permanente de uma
determinada carga axial mínima (FIGURA 210).
Rolamento axial autocompensador de rolos: possui grande capacidade de carga axial e, devido à
disposição inclinada dos rolos, também pode suportar consideráveis cargas radiais.
A pista esférica do anel da caixa confere ao rolamento a propriedade de alinhamento angular, compensando
possíveis desalinhamentos ou flexões do eixo (FIGURA 211).
Rolamento de agulhas: possui uma secção transversal muito fina, em comparação com os rolamento
de rolos comuns.
É utilizado especialmente quando o espaço radial é limitado (FIGURA 212).
5.4 ACOPLAMENTOS
Os mais empregados são as luvas de união, que devem ser construídas de modo que não apresentem
saliências ou que estas estejam totalmente cobertas, para evitar acidentes.
Observação: a união das luvas ou flanges à árvore é feita por chaveta, encaixe com interferência ou cones.
5 ELEMENTOS DE MÁQUINA
133
Para transmissão de grandes potências usamos os acoplamentos de disco ou os de pratos, os quais têm
as superfícies de contato lisas ou dentadas (FIGURA 213).
Os eixos dos acoplamentos rígidos devem ser alinhados precisamente, pois estes elementos não
conseguem compensar eventuais desalinhamento ou flutuações.
O ajuste dos alojamentos dos parafusos deve ser feito com as partes montadas para obter o melhor
alinhamento possível.
Esses elementos são empregados para tornar mais suave a transmissão do movimento em árvores que
tenham movimentos bruscos e quando não podemos garantir um perfeito alinhamento entre as árvores.
Os acoplamentos flexíveis são construídos em forma articulada, em forma elástica ou em forma
articulada e elástica. Permitem a compensação até 6º de ângulo de torção e deslocamento angular axial.
Veja a seguir os principais tipos de acoplamentos flexíveis.
Acoplamento elástico de pinos: os elementos transmissores são pinos de aço com mangas de borracha
(FIGURA 214).
Acoplamento perflex: os discos de acoplamento são unidos perifericamente por uma ligação de
borracha apertada por anéis de pressão (FIGURA 215).
Acoplamento elástico de garras: as garras, constituídas por tacos de borracha, encaixam-se nas
aberturas do contradisco e transmitem o momento de rotação (FIGURA 216).
Acoplamento elástico de fita de aço: consiste de dois cubos providos de flanges ranhuradas
onde está montada uma grade elástica que liga os cubos. O conjunto está alojado em duas tampas
providas de junta de encosto e de retentor elástico junto ao cubo. Todo o espaço entre os cubos e
as tampas é preenchido com graxa.
Apesar de este acoplamento ser flexível, as árvores devem ser bem alinhadas no ato de sua
instalação para que não provoquem vibrações excessivas em serviços (FIGURA 217).
Acoplamento flexível oldham: permite a ligação de árvores com desalinhamento paralelo. Quando a
peça central é montada, seus ressaltos se encaixam nos rasgos das peças conectadas às árvores (FIGURA 218).
É usada para a transmissão de momentos de torção em casos de árvores que formarão ângulo fixo ou
variável durante o movimento. A junta de articulação mais conhecida é a junta universal (ou junta cardan),
empregada para transmitir grandes forças. Com apenas uma junta universal o ângulo entre as árvores não
deve exceder a 15º. Para inclinações até 25º usamos duas juntas (FIGURA 219).
5 ELEMENTOS DE MÁQUINA
135
De acordo com a NR 12, o eixo cardan deve possuir proteção adequada, em perfeito
estado de conservação em toda a sua extensão, fixada na tomada de força da máqui-
na desde a cruzeta até o acoplamento do implemento ou equipamento.
FIQUE NR 12: Esta Norma Regulamentadora e seus anexos definem referências técnicas,
ALERTA princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integri-
dade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de
acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e
equipamentos de todos os tipos.
Transmite velocidade constante e tem comando através de esferas de aço que se alojam em calhas. O formato
dessas calhas permite que o plano de contato entre as esferas e as calhas divida, sempre, o ângulo das árvores
em duas partes iguais. Essa posição do plano de contato é que possibilita a transmissão constante da velocidade
(FIGURA 220).
São elementos destinados a proteger máquinas ou equipamentos contra a saída de líquidos e gases e
a entrada de sujeira ou pó. São genericamente conhecidas como juntas, retentores, gaxetas e guarnições.
As partes a ser vedadas podem estar em repouso ou em movimento. Uma vedação deve resistir a meios
químicos, ao calor, a pressão, ao desgaste e ao envelhecimento. Em função da solicitação, as vedações são
feitas em diversos formatos e diferentes materiais.
Veja a seguir os vários tipos de elementos de vedação utilizados na indústria.
Junta de borracha em forma de aro e secção circular ou secção retangular: quando apertada, ocupa
o canal e mantém pressão constante (FIGURA 221).
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
136
Figura 221 - Junta de borracha em forma de aro e secção circular ou secção retangular
Fonte: SENAI-RS
Junta metálica estriada com uma a cinco estrias: veda por compressão das estrias. O aperto irregular
dos parafusos inutiliza-a (FIGURA 222).
Retentor: é feito de borracha ou couro, tem perfil labial e veda principalmente peças móveis. Alguns
tipos possuem uma carcaça metálica para ajuste no alojamento; também apresentam um anel de arame
ou mola helicoidal para manter a tensão ao vedar (FIGURA 223).
Anel de feltro, fibra ou tecido de amianto: é a forma mais simples e barata para reter lubrificantes. É
usado para baixa velocidade (FIGURA 224).
Fonte: SENAI-RS
5 ELEMENTOS DE MÁQUINA
137
Junta labirinto com canal para graxa: protege muito bem máquinas e equipamentos contra a entrada
de pó e a saída de óleo. O tipo axial é usado em mancais bipartidos, e o radial, em mancais inteiriços
(FIGURA 225).
Junta plástica ou veda junta: são produtos químicos em pasta usados em superfícies rústicas ou
irregulares. São empregados, também, como auxiliares nas vedações com guarnições de papelão ou
cortiça.
Existem tipos que se enrijecem e são usados para alta pressão e tipos semi-sectivos que mantêm a
elasticidade para compensar a dilatação. A ordem de aperto dos parafusos deve ser respeitada para
uniformizar a massa (FIGURA 226).
Vedação com gaxetas: é conhecido por gaxeta o elemento vedante que permite ajustes à medida que a
eficácia da vedação vai diminuindo (FIGURA 227).
Selo mecânico: é um vedador de precisão que utiliza princípios hidráulicos para reter os fluídos. A
vedação exercida pelo selo mecânico se processa em dois momentos: a vedação principal e a secundária
(FIGURA 228).
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Neste capítulo você compreendeu a importância de conhecer a diversidade das partes que compõem uma
máquina, tanto para projetos de automação quanto para as devidas manutenções rotineiras. Você conheceu
diversos tipos de parafusos e arruelas, e suas aplicações. Também conhecemos os principais tipos de engrenagens,
polias e correntes.
Aprendeu os mais variados tipos de vedação e as aplicações mais apropriadas em cada caso. Identificou
também as travas, chavetas e pinos importantes para dar mais segurança e fixação para as uniões roscadas
(porcas e parafusos).
5 ELEMENTOS DE MÁQUINA
139
Anotações:
REFERÊNCIAS
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A
ABNT 27, 56, 61, 69, 70, 72, 76, 77, 78, 80, 81, 82, 83, 84, 89, 97
Acabamentos 57, 88, 89
Acoplamentos 132, 133
Alterações dimensionais 70, 76, 77
Ampère 21, 22
Anel elástico 110, 119
Arruelas 93, 111, 112, 113, 116, 117, 138
C
candela 21, 22
capacidade de medição 41
chanfros 73
Chaveta 118, 132
Classificação do desenho técnico 55, 56
Classificação dos rolamentos 129
Conversão 26, 49
Corte em desvio 95, 96
Corte longitudinal 93, 94
Corte parcial 96, 97
Corte rebatido 97, 98
Corte total 92, 96
Corte transversal 93, 94
Cotagem 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 109
Croqui 56, 57
D
Desenho de conjuntos 57, 91, 102, 105, 109
Desenho de detalhes 57, 91
Desenho de leiautes e instalações elétricas 57
Desenho preliminar 57
Desenhos de conjuntos 57, 91, 102
Desenho Técnico 55, 56, 58, 59, 60, 61, 64, 65, 68, 70, 78, 80, 86, 88, 92, 101, 108, 143
E
Elementos de Máquina 93, 111
Elementos de vedação 111, 135
Engrenagens 33, 43, 84, 118, 120, 126, 138
Erro de paralaxe 33, 37
Esboço 56, 57, 106
Escalas 65, 68, 69
Estado de superfície 88, 109
F
Formatos de papel 55, 58
Formatos de papel, margens e legendas 58
Furos escareados 73
G
Goniômetro 31, 51, 52
Grandezas 19, 20, 22, 28, 31
I
ISO 56, 78, 80, 81, 82, 89
J
Junta de articulação 134, 135
Junta universal 134
K
Kelvin 21, 22
L
Legenda industrial 59, 60
Linhas e escalas 65
M
Mancais de deslizamento 127, 128
Mancais de rolamento 127, 128
Meio-corte 94
Métodos de cotagem 70, 71
Metro 21, 22, 23, 24
Metrologia 19, 20, 22, 28, 31
Metrologia Dimensional 22, 31
Micrômetro 31, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 53
Modelos, sólidos geométricos 61
Mol 21, 22
N
Nônio 33, 34, 35, 36, 37, 45, 52
Normas técnicas 56
P
Paquímetro 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 51, 53
Parafusos 111, 112, 113, 114, 116, 117, 122, 133, 136, 137, 138
Perspectiva 60, 65, 97, 103, 104, 105, 106, 107, 108, 109
Perspectiva isométrica 103, 106, 107, 109
Perspectiva isométrica de circunferências e arcos 107
Pinos 93, 119, 126, 133, 138
Planos de projeções e diedros 61
Polegada fracionária 26, 35
Polegada inglesa 25
Polegadas 35, 36
Polias e correias 123, 125
Porcas 93, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117, 138
Prefixos das Unidades SI 23
Principais grandezas do Sistema Internacional 22
Projeção ortogonal 60, 61, 62, 109
Projeção ortogonal do modelo 63
Projeção ortográfica 64
Q
Quilograma 20, 21
R
Rebatimento dos planos 63
Relógio comparador 31, 47, 49, 88
Representação gráfica bidimensional 60
Representação gráfica tridimensional 105
Representações em corte 91
Rugosidade 88, 89
Rugosímetro 88
S
Seção e encurtamento 98
Segundo 20, 21, 23, 27, 37, 69, 70, 95, 97, 132
Simbologia 70, 77, 78, 87, 89, 109
Sistema de transmissão 119
Sistema inglês 25, 26, 32, 34, 35
Sistema Internacional de Unidades 19, 20, 142
Sistema métrico decimal 23
Sólidos geométricos 61, 62, 104
T
Tensão da correia 123
Tipos de arruelas 117
Tipos de correntes 126
Tipos de paquímetros 32
Tipos de parafusos 113
Tipos de porcas 115
Tipos de rolamentos 129
Tolerâncias de forma e posição 86, 87
Tolerâncias dimensionais 75, 78, 79, 86, 90
Tolerâncias e ajustes 80
Traçado de linhas não isométricas 107
Transferidor de grau 51
Transmissão por correntes 125
Travas 111, 117, 118, 138
U
Unidades de medida 20
V
Vernier 33, 51
Vistas auxiliares simplificadas 100, 102
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP
Waldemir Amaro
Gerente
Fernando R. G. Schirmbeck
Coordenação Educacional
Alessandra Trost
Enrique S. Blanco
Juliana Gemelli
Maria de Fátima R.de Lemos
Design Educacional
Regina M. Recktenwald
Revisão Ortográfica e Gramatical
i-Comunicação
Projeto Gráfico
ISBN 978-85-7519-963-3
9 788575 199633