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Série Telecomunicações

Fundamentos de
documentação
Técnica
Série telecomunicações

Fundamentos de
documentação
Técnica
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Série telecomunicações

Fundamentos de
documentação
técnica
© 2012. SENAI – Departamento Nacional

© 2012. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ-
nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por
escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de
Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Núcleo de Educação – NED

FICHA CATALOGRÁFICA
_________________________________________________________________________
S491f
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Fundamentos de documentação técnica / Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina.
Brasília : SENAI/DN, 2012.
98 p. : il. (Série Telecomunicações).

ISBN 978-85-7519-565-9

1. Telecomunicações - Documentação. 2. Redação técnica. 3.


Analise do discurso. 4. Controle de qualidade. 5. Grupos de trabalho.
I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Regional de Santa Catarina. II. Título. III. Série.

CDU: 621.395:004.01
_____________________________________________________________________________

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Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 -  Pontos................................................................................................................................................................16
Figura 2 -  Separação de sílabas....................................................................................................................................18
Figura 3 -  Pontuação........................................................................................................................................................21
Figura 4 -  Pronomes.........................................................................................................................................................25
Figura 5 -  Verbo..................................................................................................................................................................33
Figura 6 -  Sujeito...............................................................................................................................................................36
Figura 7 -  Concordância..................................................................................................................................................40
Figura 8 -  Regência verbal.............................................................................................................................................41
Figura 9 -  Reforma ortográfica.....................................................................................................................................43
Figura 10 -  Redação Técnica..........................................................................................................................................48
Figura 11 -  Exemplo de currículo................................................................................................................................50
Figura 12 -  Exemplo de carta de apresentação......................................................................................................51
Figura 13 -  Exemplo de requerimento......................................................................................................................52
Figura 14 -  Exemplo de memorando.........................................................................................................................53
Figura 15 -  Exemplo de ofício.......................................................................................................................................54
Figura 16 -  Exemplo de declaração............................................................................................................................54
Figura 17 -  Estrutura manuais.......................................................................................................................................61
Figura 18 -  Equipe.............................................................................................................................................................68
Figura 19 -  Trabalho em equipe...................................................................................................................................69
Figura 20 -  Sistema de comunicação.........................................................................................................................71
Figura 21 -  Relação Interpessoais................................................................................................................................73
Figura 22 -  Hierarquia das Necessidades..................................................................................................................76
Figura 23 -  Exemplo de diagrama de causa e efeito.............................................................................................82
Figura 24 -  Exemplo de ciclo PDCA............................................................................................................................84

Quadro 1 - Matriz curricular............................................................................................................................................13


Quadro 2 - Hiatos e ditongos.........................................................................................................................................20
Quadro 3 - Pronomes Pessoais......................................................................................................................................26
Quadro 4 - Pronomes Possessivos................................................................................................................................26
Quadro 5 - Pronomes Demonstrativos.......................................................................................................................27
Quadro 6 - Relações de sentido das preposições...................................................................................................29
Quadro 7 - Principais locuções prepositivas.............................................................................................................31
Quadro 8 - Contrações prepositivas............................................................................................................................32
Quadro 9 - Predicados.....................................................................................................................................................38
Quadro 10 - Predicados verbal......................................................................................................................................39
Quadro 11 - Predicados nominal..................................................................................................................................39
Quadro 12 - Certificado....................................................................................................................................................49
Quadro 13 - Expressões dos manuais.........................................................................................................................62
Quadro 14 - Palavras comuns em telecomunicações (inglês-português).....................................................64
Quadro 15 - Quadro geral de reprovação..................................................................................................................83
Quadro 16 - Exemplo de aplicação do ciclo PDCA.................................................................................................85
Quadro 17 - Modelo 5W2H.............................................................................................................................................86
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13

2 Gramática..........................................................................................................................................................................15
2.1 Acentuação gráfica......................................................................................................................................16
2.2 Separação silábica........................................................................................................................................18
2.3 Pontuação.......................................................................................................................................................21
2.4 Substantivo.....................................................................................................................................................23
2.5 Pronome..........................................................................................................................................................25
2.6 Preposição.......................................................................................................................................................28
2.6.1 Distinção entre preposição, pronome pessoal oblíquo e artigo..............................30
2.6.2 Locução prepositiva .................................................................................................................30
2.6.3 Combinação e contração da preposição...........................................................................31
2.7 Verbo.................................................................................................................................................................32
2.7.1 Elementos que estruturam a forma verbal ......................................................................33
2.7.2 Modos e tempos.........................................................................................................................35
2.8 Sujeito e predicado......................................................................................................................................35
2.8.1 Tipos de sujeito...........................................................................................................................36
2.8.2 Tipos de predicado....................................................................................................................38
2.9 Concordância verbal e nominal..............................................................................................................40
2.10 Regência verbal .........................................................................................................................................41
2.10.1 Verbos intransitivos ...............................................................................................................41
2.10.2 Verbos transitivos ...................................................................................................................41
2.10.3 Mudança de transitividade versus mudança de significado ..................................42
2.11 Reforma ortográfica .................................................................................................................................43

3 Redação Técnica..............................................................................................................................................................47
3.1 Definição.........................................................................................................................................................48
3.2 Tipos..................................................................................................................................................................48

4 Visão Geral de Normas Técnicas e Textos Técnicos Aplicáveis à Instalação de Cabos


e Equipamentos de Redes Telefônicas...................................................................................................................57
4.1 O emprego das normas..............................................................................................................................58
4.2 Estruturas utilizadas em manuais...........................................................................................................61
5 Trabalho em Equipe e Profissionalismo..................................................................................................................67
5.1 Grupos e equipes.........................................................................................................................................68
5.2 Comunicação.................................................................................................................................................70
5.3 Relações interpessoais................................................................................................................................73
5.4 Responsabilidades individuais e coletivas..........................................................................................74
5.5 Qualidade de vida no trabalho................................................................................................................74
5.6 Motivação........................................................................................................................................................75
5.6.1 Hierarquia das necessidades.................................................................................................76
5.6.2 Teoria dos dois fatores de Herzberg....................................................................................77
5.6.3 Teoria x e teoria y de McGregor............................................................................................77

6 Ferramentas da Qualidade..........................................................................................................................................81
6.1 Diagrama de causa e efeito......................................................................................................................82
6.2 Folha de verificação.....................................................................................................................................83
6.3 Diagrama de pareto.....................................................................................................................................83
6.4 Ciclo PDCA......................................................................................................................................................84
6.5 5W2h.................................................................................................................................................................86
6.6 Brainstorming.................................................................................................................................................86

Referências............................................................................................................................................................................91

Minicurrículo dos Autores...............................................................................................................................................93

Índice......................................................................................................................................................................................95
Introdução

Você está iniciando a unidade curricular de Fundamentos de Documentação Técnica na


Área de Telecomunicações. Este conteúdo tem por objetivo propiciar a aquisição dos funda-
mentos técnicos e científicos relativos à documentação técnica.
No decorrer deste estudo, você vai acompanhar alguns conceitos e regras de gramática,
compreendendo os conceitos de acentuação gráfica, pontuação e concordância nominal e
verbal. Esse aprendizado vai facilitar o caminho para que você tenha uma visão geral de nor-
mas técnicas e textos aplicáveis à instalação de cabos e equipamentos de redes telefônicas,
bem como termos técnicos da língua inglesa.
No decorrer desta unidade, você ainda verá conceitos sobre trabalho em equipe, relações
interpessoais e ferramentas da qualidade. Além de serem muito importantes, esses conteúdos
ainda irão contribuir para o seu aprimoramento pessoal e profissional.
A seguir são descritos, na matriz curricular, os módulos e as unidades curriculares previstos
e suas respectivas cargas horárias.

Instalador de linhas, cabos e equipamentos de redes telefônicas


Carga
Unidades Carga
Módulos Denominação horária do
curriculares horária
módulo
• Fundamentos de Documentação Técnica 60h
Básico Básico • Desenho Técnico 20h 110h
• Fundamentos de Redes de Telecomunicações 30h
• Normatização de redes telefônicas 30h
• Redes telefônicas: fundamentos e instalação 90h
• Manutenção e diagnóstico em redes de
Específico Específico 20h 190h
telefonia
• Testes e medidas em redes telefônicas 30h
• Saúde e segurança em redes telefônicas 20h

Quadro 1 - Matriz curricular


Fonte: SENAI DN

Bons estudos!
Gramática

Pode parecer bobagem, mas falar e escrever errado provoca má impressão naqueles que o
escutam ou leem o que você escreve. E, como a primeira impressão geralmente é a que fica,
depois dará muito mais trabalho mudá-la. Nesse caso, o melhor a fazer é começar logo a apren-
der algumas dicas que o ajudarão a falar e escrever bem. Primeiramente, é importante salientar
que a gramática1 não é tão difícil quanto parece. A gramática1 é um estudo lógico, baseado em
algumas regras que não devemos infringir se pretendemos ser bem entendidos.
Nesta seção abordaremos alguns conteúdos importantes para a nossa aprendizagem, como
acentuação gráfica, separação silábica, pontuação, substantivos, pronomes, preposição, crase,
concordância nominal, concordância verbal, colocação do pronome, regência verbal e a nova
reforma ortográfica.
Acompanhe agora os principais objetivos que você deve atingir com o estudo deste conteúdo:
a) conhecer melhor as regras gramaticais;
b) aprender a utilizar as regras gramaticais no seu cotidiano, para falar e escrever;
c) identificar erros comuns na escrita.
Você é nosso convidado para fazer novas descobertas e somar ainda mais conhecimento
para o seu dia a dia de trabalho.
Apresentaremos ainda algumas dicas para facilitar a aprendizagem das regras gramaticais.
Fundamentos de documentação técnica
16

1 gramática 2.1 ACENTUAÇÃO GRÁFICA


Conjunto de prescrições Para iniciar nossos estudos, veja abaixo um desenho que mostra os sinais de
e regras que determinam
o uso considerado acentuação gráfica presentes em nossa língua. Para seu estudo ficar ainda mais
correto da língua escrita
e falada (Houaiss). E é completo, leia o texto que acompanha a figura e entenda a importância da comu-
importante tb falar sobre nicação para a humanidade.
gramática normativa.

Mariana Buôgo (2012)


Figura 1 -  Pontos

Não existe uma vida em sociedade sem comunicação. Com a ex-


pansão do comércio, sentiu-se a necessidade de comunicação
entre povos distantes, de forma segura, inteligível e rápida.
Neste contexto, surgem as Telecomunicações. Comunicar-se
sempre foi uma necessidade da humanidade. Conta a tradição
que os conhecimentos eram passados de geração a geração
através das palavras e posteriormente da escrita. Ao longo da
história da humanidade, vários foram os sistemas de comuni-
cação utilizados: a mensagem gritada e repetida em morros
intermediários por repetidores humanos, os sinais visuais com
bandeirolas, os sinais de fumaça, os sinais de tambores, men-
sagens transportadas por cavaleiros, faróis, pombos-correios
e outras tantas formas de transportar a informação da fonte
ao destinatário (SENAI – DR/PE. 384 TELECOMUNICAÇÕES.
S474tcdd Recife, SENAI/DITEC/DET, 2010).

Ao ler o texto anterior, percebemos que a língua escrita precisa, na prática,


de certos sinais auxiliares para indicar a exata pronúncia das palavras. A língua
portuguesa dispõe de apenas três acentos gráficos: agudo, circunflexo e grave.

O til (˜) não é um acento, mas sim um auxiliar da escrita,


FIQUE que indica as vogais nasais. Vale como acento tônico se
ALERTA outro acento não figurar no vocábulo. Alguns exemplos:
capitão, coração e põem.
2 Gramática
17

Conheça melhor cada tipo de acento:


Acento agudo (´) – indica que a vogal tônica (a mais forte) possui timbre aber-
to: comércio, rápida, através, intermediários, faróis, vários.
Acento circunflexo (^) – indica que a vogal tônica (a mais forte) possui timbre
fechado: três, ciência, bônus, ingênuo, ônibus, português.
Acento grave (crase) – em termos simples, o acento grave é utilizado na crase,
a fusão de “a” (preposição) + “a” (artigo ou pronome). Veja os exemplos a seguir:
a) Fui à área de computação.
b) Chegamos à noite para as instalações de cabos ópticos.
c) Fizemos referência às obras de telefonia fixa e móvel.
d) Você foi àquela festa?
Podemos identificar a crase usando algumas regras fáceis. Confira:
a) à(s) + substantivo feminino
Exemplo: A sentença foi favorável à(s) ré(s).
b) à = para a a = para
Exemplo: Viajaremos à Bolívia. (Viajaremos para a Bolívia).
c) cheguei de... = a cheguei da... = à
Exemplo: Iremos a Brasília. (Mentalmente: Cheguei de Brasília).
Iremos à Argentina. (Mentalmente: Cheguei da Argentina).
Observe casos em que não se aplica crase:
a) antes de verbo
Exemplo: Voltamos a contemplar a lua.
b) antes de palavras masculinas
Exemplo: Andamos a cavalo.
c) antes de pronomes em geral
Exemplo: Não vou a nenhum lugar.
Atenção: Pronomes demonstrativos de 3ª pessoa podem levar crase.
Exemplo: Entreguei as chaves àquela mulher. (Demonstrativo)
a) quando o “a” vem antes de palavra no plural
Exemplo: Muitas pessoas têm temor a bruxas.
b) após o uso de preposições
Exemplo: Após a voz de prisão o bandido se entregou.
Fundamentos de documentação técnica
18

c) entre substantivos idênticos


Exemplo: Vamos nos encontrar cara a cara.
d) antes de numerais
Exemplo: De 100 a 1.000.
Muito interessante essas dicas para identificar a necessidade ou não de crase nas
frases, não é mesmo? Com todos esses exemplos, fica fácil entender suas regras.

VOCÊ Você sabia? Que ao contrário do que muita gente pen-


sa, a acentuação na língua portuguesa NÃO tem exce-
SABIA? ções?

A seguir, você estudará a separação silábica. Siga em frente!

2.2 SEPARAÇÃO SILÁBICA

A divisão silábica deve ser feita a partir da soletração, ou seja, apresentando o


som total das letras que formam cada sílaba, cada uma de uma vez. Usa-se o hífen
para marcar a separação silábica. Observe na imagem abaixo alguns exemplos:

Separação
de
Sílabas
Da - do
Fo - lha
Lu - a
Mariana Buôgo (2012)

Figura 2 -  Separação de sílabas

Agora você é convidado a conhecer um relato que trata da importância de se


conhecer a gramática da língua portuguesa. Acompanhe:
2 Gramática
19

CASOS E RELATOS

Aprovação
Antônio havia concluído um curso técnico em telecomunicações no SENAI-
-SC e estava tentando uma vaga de emprego em uma empresa de refe-
rência na área. Tinha passado para a segunda etapa da entrevista e estava
muito feliz por ter chegado até ali. Mas agora tinha um desafio e tanto pela
frente: nessa etapa do processo seletivo, precisava escrever uma redação
de no mínimo 20 linhas sobre o tema “Os avanços tecnológicos na área de
telecomunicações”.
Ele teve algumas dúvidas a respeito do conteúdo, sobre quais argumentos
usar, mas acima de tudo estava com medo de não conseguir se expressar
por meio da escrita. Porém, lembrava-se muito bem dos conteúdos de sua
apostila de português, na qual estudara sobre a gramática da nossa língua.
Com muita calma, Antônio conseguiu escrever uma redação muito boa,
pois possuía bons argumentos e um texto correto, de fácil compreensão.
Assim, foi aprovado e passou para a fase seguinte, dando um passo muito
importante em sua carreira profissional.

Neste relato você percebeu quanto um bom conhecimento da estrutura da


língua e suas regras gramaticais pode melhorar em seu desempenho profissional.
A partir de agora, vamos nos aprofundar um pouco mais neste assunto e ver algu-
mas regras de separação silábica.
a) Não se separam os dígrafos ch, lh, nh, qu, gu. Exemplos: cho-ca-lho, qui-
-nhão, gui-sa-do;
b) Separam-se os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc e xs. Exemplos: ex-ces-so, flo-res-cer,
car-ro-ça, des-ço, ex-su-dar;
c) Separam-se as vogais idênticas (aa, ee, ii, oo, uu) e os grupos consonantais
cc e cç. Exemplos: ca-a-tin-ga, re-es-tru-tu-rar, ni-i-lis-mo, vo-o, fric-ção.
Porém, em relação à regra c) vale ressaltar que, segundo o “Vocabulário Or-
tográfico da Língua Portuguesa”, de Antônio Geraldo da Cunha, publicado pela
Editora Nova Fronteira, as vogais idênticas “ee” e “uu” tanto podem ser separadas
como permanecerem na mesma sílaba: compre-en-der ou com-preen-der.
Outra regra que deve ser vista neste conteúdo diz respeito às palavras em que
ocorrem encontros vocálicos como ae, ai, ao, au, ea, ei, eo, eu, ia, ie, io, iu, oa,
Fundamentos de documentação técnica
20

2 hiato oe, oi, ou, ua, ue, ui e uo, que podem ser considerados hiatos2 ou ditongos3. Veja
alguns casos a seguir:
Hiato é o encontro de duas
vogais pronunciadas em
sílabas diferentes. ca-e-ta-no ou cae-ta-no cá-ri-e ou cá-rie

en-ra-i-zar ou en-rai-zar ri-o ou rio

ca-os ou caos co-a-dor ou coa-dor


3 ditongo

Ditongo é uma vogal e a-ba-u-la-do ou a-bau-la-do po-ei-ra ou poei-ra


uma semivogal juntas na
mesma sílaba. O ditongo cór-ne-a ou cór-nea Co-im-bra ou Coim-bra
é classificado em: Ditongo
crescente, Ditongo
re-in-ven-tar ou rein-ven-tar nu-an-ça ou nuan-ça
decrescente, Ditongo oral,
Ditongo nasal.
es-pon-tâ-ne-o ou es-pon-tâ-neo tê-nu-e ou tê-nue

re-u-nir ou reu-nir su-i-ci-da ou sui-ci-da

co-lô-ni-a ou co-lô-nia su-or ou suor

Quadro 2 - Hiatos e ditongos

É muito importante que fique claro que isso não ocorre em todos os vocábulos
em que há encontros de vogais. Existem aqueles em que claramente ocorre hiato,
como em di-a e su-a, e aqueles em que claramente ocorre ditongo, como em cai-
-xa e pei-to.

SAIBA A maneira mais fácil para separar as sílabas é pronunciar a


MAIS palavra lentamente.

Ficou claro até aqui? Então vamos ver outras regras da separação silábica:
a) des, dis, trans, sub, sob...
Nunca uma sílaba terminará em consoante se a seguinte iniciar com vogal. A
consoante sempre se ligará à vogal subsequente. Exemplos:
su-ben-ten-di-do, sub-tí-tu-lo, tran-sal-pi-no, trans-pan-ta-nei-ra, hi-pe-ra-mi-
-go, hi-per-mer-ca-do, su-bal-ter-no, sub-mun-do;
b) aia, eia, oia, uia, aie, eie, oie, uie, aio, eio, oio, uio, uiu
Esses grupos sempre se formam assim: ditongo decrescente + vogal ou tri-
tongo + vogal, ou seja, as duas ou três primeiras letras ficam na mesma sílaba
enquanto a última se separa delas. O mesmo acontece se no lugar do i houver u,
como no nome próprio Cauê. Exemplos:
2 Gramática
21

sa-mam-bai-a, fei-a, joi-a, im-bui-a, ba-lai-o, mei-o, se-quoi-a, tui-ui-ú, Cau-ê;


c) palavras terminadas em ea, eo, ia, ie, io, ua, ue, uo com a sílaba anterior
acentuada: tanto pode ocorrer paroxítona terminada em ditongo crescente
quanto proparoxítona.
Essa regra só ocorre para a pronúncia da palavra, ou seja, quando ela é dita,
uma vez que não se deve, ao escrever, separar as sílabas de maneira que uma
vogal fique sozinha no final da linha ou no início dela. Exemplos:
co-le-tâ-nea ou co-le-tâ-ne-a, ins-tan-tâ-neo ou ins-tan-tâ-ne-o, pá-tria ou pá-
-tri-a, cá-rie ou cá-ri-e, ar-má-rio ou ar-má-ri-o, tá-bua ou tá-bu-a, tê-nue ou tê-nu-
-e, vá-cuo ou vá-cu-o.
Como você pôde ver, a separação silábica possui várias regras que devem ser
lavadas em consideração na hora de redigir um texto. Mas não para por aí, ainda
tem muito conteúdo interessante aguardando por você! Nas próximas páginas
você vai estudar sobre pontuação.

2.3 PONTUAÇÃO

Muitos alunos não prestam atenção aos sinais de pontuação ao redigir seus
textos, muitas vezes por pressa ou simplesmente por achar que não são impor-
tantes. Por vezes até por mero desconhecimento.
Saiba, porém, que os sinais de pontuação são importantíssimos em qualquer
texto escrito, e deixar de colocá-los pode fazer com que o texto fique sem sen-
tido, ou mesmo com um significado totalmente diferente daquele que o autor
pretendeu.
A seguir apresentaremos os sinais de pontuação que utilizamos na língua por-
tuguesa.
Dreamstime (2012)

Figura 3 -  Pontuação
Fundamentos de documentação técnica
22

Vírgula ( , )
A vírgula indica uma pausa respiratória e serve para mostrar separações bre-
ves de sentido entre termos da oração ou do período. É importante lembrar que
nunca se utiliza a vírgula para separar o sujeito do predicado ou o verbo de seus
complementos. Entre outros casos, utiliza-se a vírgula para:
a) separar as palavras com a mesma função sintática;
b) isolar o aposto;
c) isolar o vocativo;
d) isolar o adjunto adverbial;
e) separar a localidade da data (endereços);
f) marcar eliminação de verbos;
g) isolar o predicado;
h) separar as conjunções coordenativas adversativas e conclusivas deslocadas;
i) isolar elementos repetidos;
j) separar orações coordenadas;
k) separar o complemento do verbo;
l) separar orações adjetivas e explicativas;
m) separar orações adverbiais deslocadas.
Ponto-final ( . )
O ponto-final encerra a frase, exigindo uma pausa mais longa. Ele também é
empregado em abreviações como: Sr., V. Exa., pág., entre outras.
Ponto-e-vírgula ( ; )
O ponto-e-vírgula denota sempre uma separação mais ampla do que a vírgu-
la, mas não a ponto de encerrar o período. Veja algumas situações em que esse
recurso é utilizado:
a) em orações coordenadas que poderiam figurar em períodos separados;
b) para separar enumerações longas dentro das quais existam vírgulas;
c) para separar os considerandos de um decreto ou sentença, ou os diversos
itens enumerados de uma lei, decreto, regulamento, relatório etc.
Dois-pontos ( : )
Os dois-pontos anunciam e introduzem uma citação, uma enumeração ou
um esclarecimento. Você encontra esse recurso frequentemente nos jornais para
simplificar ou encurtar uma frase quando o segundo elemento estabelece situ-
2 Gramática
23

ação de igualdade com o primeiro, ou quando o segundo elemento contém o


efeito, conclusão, ou finalidade que se pretende sinteticamente ressaltar.
Ponto de interrogação ( ? )
Coloca-se após a palavra, frase ou oração que inclui uma pergunta direta.
Ponto de exclamação ( ! )
Coloca-se após qualquer palavra, frase ou oração que indique espanto, sur-
presa, admiração, entusiasmo, desprezo, ironia, súplica, chamamento, dor, alegria
etc.
Reticências ( ... )
As reticências indicam a interrupção de uma frase, que pode ser de caráter
subjetivo, hesitação, ansiedade, surpresa, dúvida etc.
Travessão ( - )
O travessão introduz uma fala no contexto de um diálogo. Emprega-se tam-
bém para separar explicações ou intervenções do autor no meio da fala do perso-
nagem e para destacar expressões e frases explicativas ou apositivas.
Aspas ( “ )
As aspas são usadas no início e no final de uma citação textual, em palavras ou
expressões que desejamos destacar, nos títulos de obras artísticas ou científicas,
em palavras ou expressões estrangeiras, arcaicas, de gíria etc. Serve também para
indicar ironia.
Parênteses ( )
Colocamos entre parênteses palavras, frases, orações ou períodos que têm ca-
ráter explicativo e que pronunciamos em tom mais baixo, em situação à parte, em
nomes de autores, obras, capítulos etc., relativos a citações feitas.
A partir deste estudo, vimos que a pontuação ajuda a nos expressarmos me-
lhor, não é meramente colocar um fim em algum assunto. Podemos ir muito mais
além usando alguns recursos que estudamos aqui, não é mesmo? Então, ainda
não é hora de colocar um ponto-final neste conteúdo. Siga em frente, pois vamos
ver agora os substantivos.

2.4 SUBSTANTIVO

Ao falar de substantivo, você pode até pensar em algo estranho, ou achar que
nunca o usaria em seu dia a dia. Pois então saiba que o assunto de que vamos
tratar agora está muito mais presente em seu vocabulário do que você imagina.
Fundamentos de documentação técnica
24

Substantivo é o nome que se dá para as coisas. Até mesmo o nome próprio é


um substantivo, você sabia? Os substantivos são palavras que nomeiam os seres
em geral e as qualidades, ações ou estados que se relacionam a eles.
Os substantivos podem ser classificados em comuns, próprios, concretos, abs-
tratos, simples, compostos, primitivos, derivados e coletivos. Vejamos cada uma
dessas classificações.
a) Comuns: são aqueles que designam qualquer elemento de uma espécie.
A palavra homem pode ser qualquer indivíduo adulto do sexo masculino. A
palavra país pode ser aplicada ao Brasil, à Espanha etc. Ex: homem, mulher,
menino, menina, casa, escola, país.
b) Próprios: designam seres particulares de uma espécie. Ex: Manuel, Maria,
Brasil, Deus, Medicina.
c) Concretos: seres que existem por si (concretos reais) ou apresentam-se em
nossa imaginação como se existissem por si (concretos fictícios). Ex. de con-
cretos reais: homem, casa, pedra, José etc. Ex. de concretos fictícios: bruxa,
saci, lobisomem.
d) Abstratos: designam seres que só têm existência dependente de outro ser,
ou seja, nomes de qualidades, estados, sentimentos, ações. A forma dos se-
res designados pelos substantivos abstratos não é captada pela imaginação,
é entendida pela inteligência. Ex.: beleza, crueldade, amor, ciúme.
e) Simples: nome formado de um só elemento. Ex.: espada, pedra, moleque.
f) Compostos: nomes formados por dois ou mais elementos. Ex.: peixe-espa-
da, pedra-pome, pé de moleque.
g) Primitivos: nomes que não derivam, em português, de outras palavras. Ex.:
flor, café, pedra, dente, livro.
h) Derivados: nomes que derivam de outra palavra portuguesa. Ex.: florista,
cafezal, pedreira, dentista, livreiro.
i) Coletivos: expressam um grupo de seres da mesma espécie. Ex.: exército
(soldados), rebanho (ovelhas), código (leis), cardume (peixes).
Após ver esse conteúdo, é possível perceber quanto o substantivo está pre-
sente em nossos textos, em nossa fala, em nós mesmos, no caso de nosso nome.
Existem outras classes de palavras bem comuns também em nossa língua que são
denominadas pronomes. Avance e conheça mais sobre esse assunto.
2 Gramática
25

2.5 PRONOME

São palavras que representam os seres ou a eles se referem. Os pronomes são


classificados em: pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogati-
vos e relativos. Grande parte dos pronomes não possui significados fixos, isto é,
essas palavras só adquirem significação dentro de um contexto. Na imagem abai-
xo, você pode observar alguns exemplos:

TU

EU ELE
SUA

SEU
Mariana Buôgo (2012)
NOSSO
Figura 4 -  Pronomes

A partir de agora, vamos ver cada tipo de pronome que existe na língua por-
tuguesa.
a) Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais designam as três pessoas do discurso. Conforme sua
função na frase, podem ser retos ou oblíquos. Retos são aqueles que funcionam
como sujeito da oração; já os oblíquos têm função de complemento (como obje-
to direto ou indireto). Acompanhe no quadro abaixo:

retos Oblíquos átonos Oblíquos tônicos

Singular 1ª pessoa eu me mim, comigo

2ª pessoa tu te ti, contigo

3ª pessoa ele, ela o, a, lhe, se ele, ela, si, consigo

Plural 1ª pessoa nós nos nós, conosco


Fundamentos de documentação técnica
26

2ª pessoa vós vos vós, convosco

3ª pessoa eles, elas os, as, lhes, se eles, elas, si, consigo

Quadro 3 - Pronomes Pessoais


Fonte: SENAI DN

Pronomes de tratamento
Normalmente nos dirigimos ao nosso interlocutor na 2a pessoa (tu, vós), mas
em determinadas situações utilizamos os pronomes de tratamento, que, por se-
rem de 3a pessoa, estabelecem certo grau de distanciamento e exigem o verbo
na 3a. Ex.: “Vossa Majestade dá licença?”
Veja abaixo os principais pronomes de tratamento:
a) Você, vocês (no trato familiar);
b) Senhor (sr.), senhora (sra.) (no tratamento de respeito);
c) Vossa Santidade (V. S.), para o papa;
d) Vossa Majestade (V. M.), para reis e imperadores;
e) Vossa Alteza (V. A.), para príncipes, arquiduques e duques;
f) Vossa Excelência (V. Exa.), para altas autoridades do governo e oficiais gene-
rais das Forças Armadas;
g) Vossa Senhoria (V. Sa.), para oficiais, funcionários públicos graduados e prin-
cipalmente na linguagem comercial.
Pronomes possessivos
São aqueles que indicam posse com relação às três pessoas do discurso. Ob-
serve o quadro abaixo:

1ª pessoa singular meu, minha, meus, minhas 1ª pess. plural nosso, nossa, nossos, nossas

2ª pessoa singular teu, tua, teus, tuas 2ª pess. plural vosso, vossa, vossos, vossas

3ª pessoa singular seu, sua, seus, suas 3ª pess. plural seu, sua, seus, suas

Quadro 4 - Pronomes Possessivos


Fonte: SENAI DN
2 Gramática
27

Pronomes demonstrativos
Os pronomes demonstrativos servem para situar seres e coisas em relação às
três pessoas do discurso, dentro de um espaço ou tempo. Veja o quadro a seguir:

1ª pessoa este, esta, estes, estas, isto

2ª pessoa esse, essa, esses, essas, isso

3ª pessoa aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo

Quadro 5 - Pronomes Demonstrativos


Fonte: SENAI DN

Pronomes indefinidos
São os que designam a 3ª pessoa do discurso de modo vago, impreciso, inde-
terminado.
Exemplos: algo, alguém, ninguém, tudo, nada, todos.
Pronomes substantivos
É o pronome que substitui um substantivo.
Exemplo: Alguns se julgam melhores que os outros.
Pronomes adjetivos
É o pronome que acompanha um substantivo.
Exemplo: Meus amigos adoram esta casa.
Pronomes interrogativos
São pronomes empregados para se referir a pessoa ou coisa desconhecida em
uma pergunta direta ou indireta.
Exemplos: Que, quem, qual, quanto (Quantos passageiros desembarcaram?
Quem entrou neste vagão?).
Pronomes relativos
São os pronomes que representam termos já mencionados anteriormente:
que, quem, o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, onde, quanto,
quanta, quantos, quantas.
Exemplo: Cortaram as árvores cujos troncos estavam podres.
Você há de concordar que, através dos exemplos que foram dados, ficou mais
fácil encontrar os pronomes em nossa comunicação cotidiana. Dessa maneira
Fundamentos de documentação técnica
28

prática, fica mais prazeroso aprender as regras gramaticais. Então continue moti-
vado e siga para a próxima etapa para aprender ainda mais.

2.6 PREPOSIÇÃO

É uma palavra invariável que liga os termos da oração, estabelecendo relações


de sentido e de dependência entre eles. Apesar de não exercer propriamente
uma função sintática, o emprego adequado das preposições é essencial para a
coesão do texto. Veja abaixo alguns exemplos:
a) A casa de Luiz fica distante.
A preposição de relaciona Luiz e casa, indicando uma relação de posse: a casa
pertence a Luiz.
b) “Rios, pontes e overdrives” é uma música de Chico Science.
Nessa frase, a preposição de relaciona “Rios, pontes e overdrives” e Chico
Science, indicando uma relação de autoria: Chico Science é o autor da música.
Como podemos notar nos exemplos vistos anteriormente, a preposição es-
tabelece relações semânticas, ou seja, relações de sentido entre as palavras, as
sentenças ou enunciados. Vamos ver no quadro a seguir algumas principais:
2 Gramática
29

Tipo de relação Exemplo

Autoria Música de Roberto Carlos.

Lugar Vou ficar em casa.

Tempo Viajaremos em duas horas.

Modo Chegou aos prantos.

Causa Morrer de fome.

Assunto Falamos sobre economia.

Fim ou finalidade Enfeitamos a casa para o aniversário.

Instrumento Cortou o papel com a tesoura.

Companhia Viajei com o meu filho.

Meio Viajaremos de avião.

Matéria Comprei um anel de ouro.

Posse O carro de Vitória.

Oposição Votaram contra o projeto.

Conteúdo Copo com água.

Preço Vendi meu carro por R$ 5.000,00.

Origem Somos de Recife.

Destino Vou para Belo Horizonte.

Quadro 6 - Relações de sentido das preposições


Fonte: SENAI DN

É importante saber que podemos classificar as preposições de duas maneiras.


Observe abaixo:
Essenciais
São as preposições que funcionam apenas como preposição: a, ante, após, até,
com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.
Exemplos:
a) Vamos para casa.
b) Ficamos sem carro nesta semana.
Fundamentos de documentação técnica
30

c) Essa loja existe desde 1980.


Acidentais
São palavras de outras classes gramaticais que em certas ocasiões funcionam
como preposição. Exemplos: conforme, consoante, segundo, durante, mediante,
como, salvo, fora, que.
Exemplo: Prestou contas conforme o borderô.

2.6.1 Distinção entre preposição, pronome pessoal oblíquo e


artigo

O a é:
a) Preposição: quando liga dois termos e estabelece relação de dependência
entre eles. Nesse caso o a é invariável.
Exemplos:
Fui a Roma.
Fomos a Roma.
b) Pronome pessoal oblíquo: quando substitui o substantivo.
Exemplo:
Nós a convidamos para uma festa.
(O a substitui Roberta, da frase: Nós convidamos Roberta para uma festa.)
c) Artigo: quando antecede o substantivo e o determina.
Exemplo:
A garota foi aprovada no concurso.

2.6.2 Locução prepositiva

Quando um conjunto de duas ou mais palavras faz a ligação entre dois termos,
chamamos de locução prepositiva. Veja alguns exemplos:
a) Conseguimos vencer graças a Deus.
b) Ele estava acima de qualquer suspeita.
c) Os alunos resolveram o problema depois de muito esforço.
Acompanhe agora algumas das principais locuções prepositivas mostradas no
quadro a seguir:
2 Gramática
31

abaixo de acima de acerca de

a fim de além de a par de

apesar de antes de depois de

ao invés de diante de em fase de

em vez de graças a junto a

junto com junto de à custa de

defronte de através de em via de

de encontro a em frente de em frente a

sob pena de a respeito de ao encontro de

Quadro 7 - Principais locuções prepositivas


Fonte: SENAI DN

FIQUE As locuções prepositivas têm sempre como último compo-


ALERTA nente uma preposição.

2.6.3 Combinação e contração da preposição

As preposições a, de, em e per, quando unidas a certas palavras, formam um


só vocábulo. A seguir, você confere que elas podem ser unidas por:
Combinação
A preposição não sofre alteração.
a) preposição a + artigos definidos o, os
Exemplo: Chegamos ao entardecer.
b) preposição a + advérbio onde:
Exemplo: Vou aonde você quiser.
Contração
Quando a preposição sofre alteração. Leia os exemplos no quadro a seguir:
Fundamentos de documentação técnica
32

DE + ARTIGOS DE + PRONOME PESSOAL A + ARTIGO FEMININO


De + o(s) – do(s) De + ele(s) – dele(s) A + à(s) – à(s)
De + a(s) – da(s) De + ela(s) – dela(s)
A + PRONOME
De + um – dum
DEMONSTRATIVO
EM + PRONOME
De + uns – duns A + aquele(s) – àquele(s)
DEMONSTRATIVO
De + uma – duma Em + este(s) – neste(s) A + aquela(s) – àquela(s)
De + umas – dumas Em + esta(s) – nesta(s) A + aquilo – àquilo
Em + esse(s) – nesse(s)
DE + ADVÉRBIO Em + aquele(s) – naquele(s) PER + ARTIGOS
De + aqui – daqui Em + aquela(s) – naquela(s) Per + o – pelo(s)
De + aí – daí Em + isto – nisto Per + a – pela(s)
De + ali – dali Em + isso – nisso
Em + aquilo – naquilo
DE + PRONOME INDEFINIDO
De + outro – doutro(s) EM + ARTIGOS
De + outra – doutra(s) Em + o(s) – no(s)
Em + a(s) – na(s)
DE + PRONOMES
Em + um – num
DEMONSTRATIVOS
De + este(s) – deste(s) Em + uma – numa
De + esta(s) – desta(s) Em + uns – nuns
De + esse(s) – desse(s) Em + umas – numas
De + essa(s) – dessa(s)
De + aquele(s) – daquele(s)
De + aquela(s) – daquela(s)
De + isto – disto
De + isso – disso
De + aquilo – daquilo

Quadro 8 - Contrações prepositivas


Fonte: SENAI DN

2.7 VERBO

O verbo é a palavra que exprime uma ação, estado ou fenômeno. Alguns


exemplos:
a) estudar, cantar, vender, partir (ação);
b) estar, ficar (estado);
c) chover, ventar (fenômeno).
2 Gramática
33

O verbo apresenta grande variedade de formas para expressar, além de uma


ação, de um estado ou um fenômeno, a pessoa do discurso, o número, o tempo,
o modo, a voz.

Eu roubo
Tu roubas
Ele rouba
Nós roubamos
Vós Roubais
Eles deixam

Denis Pacher (2012)

Figura 5 -  Verbo

2.7.1 Elementos que estruturam a forma verbal

Em uma forma verbal encontramos o radical, o tema, as desinências número-


-pessoais e as desinências modo-temporais. Veja a seguir alguns exemplos:
a) Radical: é a parte da palavra que não sofre alteração nas conjugações, é
onde está o significado da palavra. São encontrados retirando-se as termina-
ções: ar, er, ir do infinitivo.
Exemplos: fal- (fal-ar), faz- (faz-er), ouv- (ouv-ir).
b) Tema: é o radical acrescido de uma vogal, a qual caracteriza a conjugação a
que o verbo pertence.
Exemplos:
a: vogal temática da primeira conjugação (cant-a-r)
e: vogal temática da segunda conjugação (vend-e-r)
i: vogal temática da terceira conjugação (part-i-r)
c) Desinências número-pessoais: indicam as pessoas do discurso (1ª, 2ª e 3ª)
e o número (singular e plural).
Fundamentos de documentação técnica
34

Cant-o (desinência –o) = 1ª pessoa do singular


Canta-s (desinência –s) = 2ª pessoa do singular
Canta (falta a desinência da terceira pessoa do singular)
Canta-mos (desinência –mos) = 1ª pessoa do plural
Canta-is (desinência –is) = 2ª pessoa do plural
Canta-m (desinência –m) = 3ª pessoa do plural
d) Desinências modo-temporais: indicam o tempo e o modo.
va indica o pretérito imperfeito do indicativo da primeira conjugação.
Ex.: Eu canta-va.
a caracteriza o pretérito do indicativo da segunda e da terceira conjugações.
Ex.: Eu vendi-a.
ra identifica o mais-que-perfeito de qualquer conjugação.
Ex.: Eu canta-ra
Na segunda pessoa do plural, a desinência é re.
Ex.: Vós cantá-re-is.
ra, re apontam o futuro do presente de qualquer conjugação.
Ex.: Eu canta-re-i, tu canta-rá-s.
ria caracteriza o futuro do pretérito de qualquer conjugação.
Ex.: Eu canta-ria.
Na segunda pessoa do plural, a desinência é rie.
Ex.: Vós canta-ríe-s.
e indica o presente do subjuntivo da primeira conjugação.
Ex.: Que eu cant-e.
a indica o presente do subjuntivo da primeira e da segunda conjugações.
Ex.: Que eu vend-a.
sse caracteriza o imperfeitodo subjuntivo de qualquer conjugação.
Ex.: Se eu canta-sse.
r indica o futuro do subjuntivo e também o infinitivo de qualquer conjugação.
Ex.: Infinitivo: canta-r, vende-r, parti-r. Futuro do subjuntivo: quando eu canta-
-r, quando eu vende-r, quando eu parti-r.
2 Gramática
35

2.7.2 Modos e tempos

O modo indica as diferentes maneiras de um fato realizar-se. Essas maneiras


dividem-se em três tipos:
a) Indicativo: exprime uma ação ou um estado considerados na sua realidade
ou na sua certeza, quer em referência ao presente, quer ao passado ou ao
futuro. É, fundamentalmente, o modo da oração principal.
b) Subjuntivo: denota que uma ação, ainda não realizada, é concebida como
dependente de outra, expressa ou subentendida. Daí o seu emprego normal
na oração subordinada.
c) Imperativo: pode ser afirmativo ou negativo, sendo empregado para ex-
primir ordem ou conselho. Usam-se somente em orações absolutas, em ora-
ções principais, ou em orações coordenadas.
Os tempos situam a época ou momento em que se verifica a ação. A língua por-
tuguesa tem formas verbais adequadas para distinguir três situações temporais,
definidas a partir do momento de fala. Observe abaixo quais são esses tempos:
a) Tempos passados: se aplicam a fatos anteriores ao momento de fala.
Exemplo: [Chutou] o adversário sem bola e [foi expulso] aos 25 minutos do
segundo tempo.
b) Tempos presentes: se aplicam a fatos contemporâneos ao momento de
fala.
Exemplo: O time [está] neste momento com dez jogadores, um atacante [está
sendo atendido] fora do campo.
c) Tempos futuros: se aplicam a fatos posteriores ao momento de fala.
Exemplo: O próximo jogo [será] em Buenos Aires.

2.8 SUJEITO E PREDICADO

O sujeito e o predicado são termos essenciais da oração.


O sujeito é o ser sobre o qual se faz uma declaração. O predicado é tudo aquilo
que se fala sobre o sujeito. Exemplo: Pedrinho namora uma garota ruiva.
Nesse exemplo, Pedrinho é o ser de quem se fala (sujeito); e namora uma
garota ruiva é o que se fala (predicado).
Fundamentos de documentação técnica
36

Dreamstime (2012)
Figura 6 -  Sujeito

A seguir, veremos que o sujeito pode aparecer de diversas maneiras em uma


frase, por isso dizemos que ele pode ser de diversos tipos. Siga em frente e conhe-
ça essas variações.

2.8.1 Tipos de sujeito

O sujeito apresenta como núcleo (palavra mais significativa, mais importante)


um substantivo, um pronome ou uma palavra substantivada e pode ser de diver-
sos tipos:
a) Simples: esse tipo de sujeito possui apenas um núcleo, que é a ideia princi-
pal dentro do sujeito.
Exemplo: O dia está ensolarado. (como núcleo, temos a palavra dia)

Não se deve confundir sujeito simples com a noção de


FIQUE singular. Diz-se que o sujeito é simples quando o verbo da
oração se refere a apenas um elemento, seja ele um subs-
ALERTA tantivo (singular ou plural), um pronome, um numeral ou
uma oração subjetiva.

b) Composto: Quando possui mais de um núcleo.


2 Gramática
37

Exemplo: Pedro e Paulo são irmãos inseparáveis. (como núcleos, temos Pedro
e Paulo.)
c) Oculto: Neste caso, sabemos que o sujeito existe, porém não está explícito
na oração. A forma pela qual o reconhecemos é pela terminação verbal (de-
sinência).
Exemplo: Cheguei atrasado para o evento. (A terminação -ei provém da pri-
meira pessoa (eu) do pretérito perfeito do modo indicativo. Logo, sabemos que
se trata de um sujeito oculto referente à pessoa verbal já mencionada.)
d) Indeterminado: Ocorre quando o sujeito não está expresso e não podemos
reconhecê-lo nem pela terminação do verbo, nem pela identificação dos ele-
mentos aos quais o predicado se refere.
Há, portanto, duas regras específicas para reconhecermos os casos de ocor-
rência:
a) Quando o verbo está na terceira pessoa do singular acompanhado do
pronome “se” funcionando como índice de indeterminação do sujeito.
Exemplo: Precisa-se de funcionários competentes naquela empresa.
b) Quando o verbo está na terceira pessoa do plural.
Exemplo: Falaram mal de você na reunião.
e) Inexistente ou oração sem sujeito: Ocorre quando simplesmente
não existe um sujeito ao qual o predicado se refere. Especificamente neste
caso, há regras mais complexas que o determina.
a) Verbos que indicam fenômenos da natureza.
Exemplo: Está nevando muito na Suíça.
b) Verbo haver no sentido de existir.
Exemplo: Há muita corrupção na política.
c) Verbo fazer indicando tempo.
Exemplo: Faz dois meses que não o vejo.
d) Verbo fazer indicando fenômeno da natureza.
Exemplo: Fez noites frias no inverno passado.
e) Verbo ser indicando distância.
Exemplo: Daqui a Anápolis são sessenta quilômetros.
f) Verbo ser indicando tempo.
Exemplo: Já é noite.
Fundamentos de documentação técnica
38

2.8.2 Tipos de predicado

O predicado é tudo que existe na oração além do sujeito e pode aparecer de


três formas diferentes. Perceba nos exemplos a seguir quais são os tipos de pre-
dicado.
a) Nominal: o predicado nominal apresenta como núcleo um nome (substan-
tivo ou adjetivo) e é formado por um verbo de ligação mais o predicativo
do sujeito – que é o que caracteriza o sujeito. O predicado nominal indica
sempre um estado ou qualidade.
Exemplo: Leandro é competente.

Leandro é competente

sujeito verbo. de ligação predicativo do sujeito

predicado nominal

Quadro 9 - Predicados
Fonte: SENAI DN

Os exemplos abaixo mostram como esses verbos exprimem diferentes cir-


cunstâncias relativas ao estado do sujeito, ao mesmo tempo que o ligam ao pre-
dicativo.
Ele está triste. (triste = predicativo do sujeito; está  = verbo de ligação)
A natureza é bela. (bela = predicativo do sujeito; é = verbo de ligação)
O homem parecia nervoso. (nervoso = predicativo do sujeito; parecia = verbo
de ligação)
Nosso herói acabou derrotado. (derrotado = predicativo do sujeito; acabou =
verbo de ligação)
Uma simples funcionária virou diretora da empresa. (diretora = predicativo
do sujeito; virou = verbo de ligação)
2 Gramática
39

Os verbos de ligação não indicam ação. Eles fazem a ligação


entre dois termos: o sujeito e suas características. Essas ca-
racterísticas são chamadas de predicativo do sujeito.
Ex. Maria é inteligente.
O verbo ser não indica ação, ele está ligando o sujeito (Ma-
ria) ao predicativo (inteligente).
PREDICATIVO = é o termo que modifica o sujeito. O pre-
dicativo nos informa alguma coisa a respeito do sujeito.
Inteligente é uma qualidade, característica de Maria, logo é
SAIBA chamado de predicativo do sujeito.
MAIS Os principais verbos de ligação são:
ser = O carro é novo.
estar = João está feliz.
parecer = Joice parece cansada.
permanecer = A moça permanece aflita.
ficar = Nicole ficou triste.
continuar = Diana continua feliz.
andar = Cláudia anda nervosa.

b) Verbal: é o predicado que tem um verbo como núcleo.


Exemplo: Os jogadores andam pelo gramado.

Os jogadores andam pelo gramado.

sujeito andam = núcleo do predicado

predicado verbal

Quadro 10 - Predicados verbal


Fonte: SENAI DN

c) Verbo-nominal: é aquele que tem dois núcleos: um verbo e um nome.


Exemplo: Os jogadores andam cansados pelo gramado.

Os jogadores andam cansados pelo gramado.

sujeito núcleo verbal núcleo nominal

predicado verbo-nominal

Quadro 11 - Predicados nominal


Fonte: SENAI DN

Ficou claro até aqui? A seguir vamos ver que, dentro de uma oração, seus ter-
mos precisam combinar entre si, isto é, elas têm de concordar umas com as outras.
Fundamentos de documentação técnica
40

2.9 CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Você tem ideia do que seja concordância? De uma maneira bem simples, po-
demos dizer que concordância, que vem do verbo concordar, é uma combinação
estabelecida entre termos. No caso da concordância gramatical de uma língua,
significa que os termos de uma oração precisam combinar entre si. Cada língua
tem as suas próprias regras de concordância.

Mariana Buôgo (2012)


Concordância
Verbal e Nominal
Figura 7 -  Concordância

Vamos estudar neste tópico dois tipos de concordâncai: a verbal e a nominal.


Concordância verbal: o verbo de uma oração deve concordar com o sujeito
em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª, 3ª).
Exemplo 1: Ela é minha melhor amiga.
Na oração acima temos o verbo é, que concorda em pessoa (3ª pessoa) e nú-
mero (singular) com o sujeito simples ela.
Exemplo 2: Cachorros e gatos são animais muito obedientes.
No segundo exemplo, o verbo são está concordando em pessoa (3ª) e número
(plural) com o sujeito composto cachorros e gatos.
Concordância nominal: baseia-se na relação entre um substantivo (ou pro-
nome, ou numeral com valor de substantivo) e as palavras que a ele se ligam para
caracterizá-lo (artigos, adjetivos, pronomes, numerais). Basicamente, a concor-
dância nominal ocupa-se da relação entre nomes.
Exemplo 1: Eu não sou mais um na multidão capitalista.
Observe no exemplo acima que, de acordo com a análise da oração, o termo
na, que é a junção da preposição “em” com o artigo “a”, concorda com o substan-
tivo feminino multidão, ao mesmo tempo que o adjetivo capitalista também faz
referência ao substantivo e concorda em gênero (feminino) e número (singular).
Exemplo 2: Minha casa é extraordinária.
Nesse segundo exemplo temos o substantivo casa, o qual é núcleo do sujeito
minha casa. O pronome possessivo minha está no gênero feminino e concor-
da com o substantivo. O adjetivo extraordinária, o qual é predicativo do sujeito
(trata-se de uma oração com complemento conectado ao sujeito por um verbo
2 Gramática
41

de ligação), também concorda com o substantivo casa em gênero (feminino) e


número (singular).
Mesmo tomando todos esses cuidados que já vimos até aqui, muitas vezes
ainda acontece de a frase ficar ambígua, formando o famoso duplo sentido. Isso
prejudica muito o entendimento do texto e pode até criar uma situação cons-
trangedora. Para evitar esse tipo de problema, você irá estudar agora a regência
verbal. Está preparado? Então avance para a próxima etapa.

2.10 REGÊNCIA VERBAL


Mariana Buôgo (2012)

Regência
Verbal

Figura 8 -  Regência verbal

A regência verbal se ocupa da relação que se estabelece entre os verbos (re-


gentes) e os termos que os complementam ou os caracterizam (regidos). Para es-
tudarmos esse assunto, temos de conhecer um pouco mais sobre a classificação
dos verbos.
Os verbos podem ser classificados em intransitivos ou transitivos. Acompanhe
os próximos itens a seguir e entenda essa classificação:

2.10.1 Verbos intransitivos

Os verbos intransitivos são aqueles que expressam uma ideia completa, ou


seja, não precisam de complemento.
Exemplos: A criança dormiu.
Pedro viajou.

2.10.2 Verbos transitivos

Por sua vez, os verbos transitivos exigem sempre o acompanhamento de ou-


tros termos para integrar-lhes o sentido.
a) Verbo transitivo direto: Maria vendeu sua casa.
Fundamentos de documentação técnica
42

(Maria vendeu o quê? Sua casa).


O significado do verbo “vender” se completa com o termo a ele ligado direta-
mente, ou seja, sem preposição. A esse complemento damos o nome de objeto
direto.
b) Transitivo indireto: O velho carecia de roupa.
(O velho carecia do quê? De roupa).
O significado do verbo “carecer” se completa com um termo ligado a ele indi-
retamente, isto é, com o auxílio de preposição. Este complemento é chamado de
objeto indireto.
c) Transitivo direto e indireto: Pedro deu um presente ao amigo.
(Pedro deu o quê? A quem? Um presente, ao amigo).
O verbo “dar” necessita de dois termos para completar seu sentido, um ligado
a ele sem preposição e outro, com preposição. Nesses casos temos dois objetos,
um direto e um indireto.

2.10.3 Mudança de transitividade versus mudança de


significado

Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, apresentam mu-


dança de significado. O conhecimento das diferentes regências desses verbos é
um recurso linguístico muito importante, pois permite a correta interpretação
dos textos escritos e orais e aumenta as possibilidades expressivas de quem fala
ou escreve.
Vejamos alguns verbos que podem ser transitivos indiretos ou diretos, confor-
me seu significado.
a) Agradar
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, acariciar.
Exemplo: Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada quando o
revê.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia não perde opor-
tunidade de agradá-lo.
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a, satisfazer, ser agra-
dável a.  Rege o complemento introduzido pela preposição a.
Exemplo: O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou.
2 Gramática
43

b) Aspirar
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o ar), inalar.
Exemplo: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o.)
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como ambição.
Exemplo: Aspirávamos a melhores condições de vida. / Joana aspirava ao car-
go mais elevado da empresa.
c) Assistir
Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, estar presente, ca-
ber, pertencer.
Exemplos: Assistimos ao documentário.
Esse assunto não lhe assiste.
Essa lei assiste ao inquilino.
Admite-se também a construção com o objeto direto se tiver o sentido de so-
correr, aplicar curativo.
Exemplos: O médico assiste o doente
O médico assiste ao doente.
Para terminarmos este capítulo e aprendermos um pouco mais sobre como
escrever melhor, não podemos nos esquecer da última reforma ortográfica da
língua portuguesa, que entrou em vigor no Brasil em 2012. Vamos conhecer o
que mudou na nossa ortografia?

2.11 REFORMA ORTOGRÁFICA

? AÊ FESSÔRA,
EU E OS BRÓDER TUDO,
TIPO ASSIM, NUM TAMO
ACHANO MANÊRO AS
PARADINHA DO NEW
PORTUGUÊIS!
Denis Pacher (2012)

Figura 9 -  Reforma ortográfica


Fundamentos de documentação técnica
44

O que é a reforma ortográfica?


A Reforma Ortográfica é um acordo internacional feito entre países que falam
a língua portuguesa para unificar a forma da escrita. São estes os países: Angola,
Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil
e Portugal.
A língua portuguesa é a quinta mais falada no mundo e a terceira do mundo
ocidental, superada pelo inglês e pelo castelhano. Atualmente, aproximadamen-
te 250 milhões de pessoas no mundo falam português e o Brasil responde por
cerca de 80% desse total.
Diante disso, a língua portuguesa é instituída como oficial em Portugal, Ilha
da Madeira, Arquipélago dos Açores, Brasil, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau,
Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Diante da grandiosidade da língua, em países
do Mercosul é obrigatório o ensino do português como disciplina escolar.
Existem ainda lugares que utilizam a língua de forma não oficial, assim o idio-
ma é falado por uma restrita parcela da população, são eles: Macau, Goa (um es-
tado da Índia) e Timor Leste na Oceania.
A dispersão da língua em distintos continentes deve-se principalmente à polí-
tica de expansão de Portugal, especialmente nos séculos XV e XVI, quando ocor-
reu a exploração de uma grande quantidade de colônias. Sendo assim, a língua da
metrópole foi introduzida e logo se juntou com as culturas locais, formando uma
diversidade de dialetos. Essa nova forma de falar o português fora da pátria mãe
era denominada de criolo.
O português é oriundo do latim vulgar (essa variação era apenas falada), língua
que os romanos inseriram em uma região ao norte da Península Ibérica, chamada
de Lusitânia. A partir da invasão dos romanos na região, praticamente todos os
povos começaram a usar o latim, salvo o povo basco. Nesse processo teve início a
constituição do espanhol, português e o galego.
Em sua essência é uma língua românica, ou seja, ibérico-românica, que deu
origem também ao castelhano, catalão, italiano, francês, romeno e outros.
O português se diferencia por meio da variedade de dialetos e subdialetos e
no âmbito internacional, pois a língua é classificada em português brasileiro e
europeu (FREITAS, 2012).
O que muda com a reforma ortográfica?
a) O alfabeto fica com 26 letras, incluindo as letras “k“, “w“ e “y“.
b) Não se usa mais o trema. Exemplo: frequência, sequência. Porém, em no-
mes próprios estrangeiros ele ainda permanece. Exemplo: Müller.
c) Usa-se hífen diante de palavra iniciada por “h”. Exemplo: anti-higiênico, su-
per-homem.
2 Gramática
45

d) Não se usa hífen quando o prefixo termina com uma vogal diferente daque-
la com que se inicia o segundo elemento. Exemplo: autoescola.
e) Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a
outra palavra. Exemplo: micro-ondas.
f) Quando o prefixo terminar por vogal e o segundo elemento começa com
“s” ou “r”, não se usa hífen e essas consoantes devem ser duplicadas. Exem-
plo: contrarregra, ultrassom. Porém, com prefixos que acabam em “r” ou “s”,
aparece o hífen. Exemplo: “super-regra”. g) Não se usa mais acento para di-
ferenciar os pares pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e
pêra/pera.
g) Não se usa mais o acento das palavras terminadas em eem e oo(s). Exem-
plo: creem, veem, enjoo e voo. “Têm” e “vêm” (para demonstrar plural) e
“pôr” (para diferenciar o verbo) continuam valendo.
h) Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxí-
tonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba). Exemplo: ideia,
jiboia.

RECAPITULANDO

Neste capítulo você conheceu um pouco da gramática da língua portu-


guesa. Entre os assuntos estudados, vimos: acentuação, separação silábica,
pontuação, classes de palavras (substantivos, pronomes, preposições, ver-
bos), sujeito e predicado, concordância verbal e nominal, regência verbal e
nominal.
Por fim, você ainda teve a oportunidade de verificar algumas das mudanças
ocorridas na nossa língua a partir da última reforma ortográfica, que entra-
rá em vigor oficialmente a partir de 2013.
No próximo capítulo você será apresentado a alguns conceitos sobre re-
dação técnica. Vamos em frente para aprofundar ainda mais seus conheci-
mentos!
Redação Técnica

Redigir textos é uma habilidade muito requisitada no universo acadêmico e profissional. Um


bom texto possui características específicas e, acima de tudo, deve comunicar uma mensagem
de maneira clara ao leitor. Entretanto, existem diferenças entre os textos literários (como uma
poesia, um conto ou um romance), um texto de pesquisa escolar, um texto publicitário, uma
carta, um memorando etc. No contexto da comunicação, a escrita de um texto tem sempre de
levar em consideração quem escreve, o que se escreve e para quem se escreve.
Neste capítulo você aprenderá sobre redação técnica, que envolve gêneros textuais muito
utilizados no universo empresarial. Ao concluir o capítulo, você terá adquirido diversos conhe-
cimentos sobre:
a) o conceito de redação técnica;
b) os tipos de documentos oficiais e suas redações.
Ao final deste estudo, você terá uma visão geral de como produzir uma redação técnica e
ainda poderá identificar mais facilmente o melhor método para atingir seu objetivo através de
uma mensagem. Vamos lá?
Fundamentos de documentação técnica
48

3.1 DEFINIÇÃO

Redação é a ação de redigir, ou seja, de escrever, de manifestar os pensamen-


tos e ideias por intermédio da escrita. Técnica é o conjunto de métodos para efe-
tuar um determinado trabalho, do qual se espera obter um resultado.

Dreamstime (2012)
Figura 10 -  Redação Técnica

Para redigir um texto que comunique uma mensagem, é necessário observar


alguns critérios como: clareza, objetividade, conhecimento prévio, adequação à
situação, vocabulário adequado ao objetivo da mensagem.
Fazem parte da redação técnica os seguintes gêneros textuais: ata, circular,
certificado, contrato, parecer, procuração, recibo, relatório, currículo, requeri-
mento, memorando, ofício, declaração e carta de apresentação.
Vamos conhecer alguns desses tipos de textos citados.

3.2 TIPOS

Certificado
Como o próprio nome já especifica, é o documento que certifica alguma coisa
que a pessoa tenha realizado. Ele comprova que você participou de um curso, de
um treinamento, de um congresso etc. Os responsáveis pela emissão do certifica-
do são os organizadores do evento de que você participou.

FIQUE Um certificado atesta que realmente você participou da


atividade declarada e quem o assina está assumindo essa
ALERTA responsabilidade.
3 redação técnica
49

CERTIFICADO

Certifico que o(a) aluno(a)_________________________ participou da Olimpía-


da do Conhecimento, no período de ______ a _______, perfazendo um total de
_________ horas.
Florianópolis, ____ __________________ _________.
__________________________________________
Diretor do SENAI/SC - São José

Quadro 12 - Certificado
Fonte: SENAI DN

Relatório
Tem por objetivo relatar informações sobre fatos relacionados a um aconteci-
mento, uma decisão, um projeto, uma atividade, uma pesquisa etc., para formali-
zar ou prestar contas. O texto deve ser claro, objetivo, informativo e conciso.
O relatório deverá responder aos seguintes questionamentos:
a) O quê?
b) Por quê?
c) Quem?
d) Onde?
e) Quando?
f) Como?
g) Quanto?
Currículo
A expressão curriculum tem o sentido de trajetória, curso ou carreira. Trata-
-se de um documento que utilizamos em geral quando nos candidatamos a uma
vaga de emprego.
Um currículo contém um conjunto detalhado de informações a respeito de
uma pessoa, incluindo pormenores da sua formação profissional e escolar, citan-
do os cursos realizados e destacando as habilidades do candidato, normalmente
respeitando a ordem cronológica na citação dos referidos dados.
Fundamentos de documentação técnica
50

LUIZ CLÁUDIO DE SOUZA Brasileiro


Rua Caetano Silvério, 23, ap. 10 Solteiro
000000-000 - Florianópolis (SC) 29 anos

Objetivo
Gerente Administrativo da área de vendas

Resumo das qualificações


- Domínio da área administrativa
- Conhecimento em vendas

Histórico profissional
Comércio de Automóveis Duarte S/A
Cargo: Supervisor administrativo
Período: 1999 a 2003

Formação acadêmica
- Pós-graduação em Gestão Empresarial - Universidade Estadual
Católica (concluída em 2003)
- Graduação em Tecnologia em Gestão da Produção Industrial
(concluída em 1999)

Cursos complementares
Como encantar clientes
Logística aplicada

Idiomas
Inglês instrumental

Conhecimento de informática

Denis Pacher (2012)


Photoshop. Microsoft Office

Florianópolis, 13 de março de 2012.

Figura 11 -  Exemplo de currículo

SAIBA Para que seu currículo seja lido e analisado, faz-se necessário
uma carta de apresentação bem elaborada. Veja a seguir um
MAIS pouco mais sobre carta de apresentação.

Carta de apresentação
Trata-se de uma carta que apresenta o profissional e que, geralmente, acom-
panha o currículo enviado à empresa onde se pretende trabalhar.
3 redação técnica
51

FIQUE A carta de apresentação deve retratar o seu perfil pessoal


ALERTA e profissional.

Redigir uma carta de apresentação não é difícil, basta você obedecer às


seguintes regras:

a) A carta de apresentação serve, principalmente, para acompanhar currículos


enviados pelo correio, em que pode conter a pretensão salarial. Essa carta
também serve para apresentar um outro profissional, caso esteja indicando
alguém para uma empresa;
b) Não se esqueça de colocar sempre o nome e o cargo da pessoa para quem
você está enviando a carta;
c) Sua assinatura deve constar no final da carta de apresentação;
d) Foque sua atenção na adequação do vocabulário e do tom utilizados na carta;
e) Certifique-se de que o nome da empresa esteja escrito corretamente;
f) Cite suas características profissionais e pessoais, ressaltando as que vêm ao
encontro da posição pretendida;
g) Evite aspectos negativos ou que não sejam compatíveis com o cargo;
h) Leia e releia a carta várias vezes, corrigindo possíveis erros gramaticais e cer-
tificando-se de que as informações foram colocadas em uma ordem lógica;
i) A carta deve ser redigida em papel A4 ou papel carta de boa qualidade, não
devendo ultrapassar 1 (uma) página;
j) Não utilize papel colorido; dê preferência ao branco.

Prezado(a) Senhor(a)
De acordo com a indicação da Sra. Juraci Freitas, estou encaminhando
meu currículo para sua apreciação.
Há oito anos, trabalho na área de Recursos Humanos da empresa
Datashow&Computadores, desenvolvendo trabalhos de marketing.
Agradeço a atenção e coloco-me a disposição para prestar-lhes mais
Denis Pacher (2012)

esclarecimentos.
Atenciosamente,
João da Silva

Figura 12 -  Exemplo de carta de apresentação


Fundamentos de documentação técnica
52

CASOS E RELATOS

Oportunidade de emprego
Lendo o jornal hoje pela manhã, vi um anúncio de emprego para a área de
Telecomunicações. É Agenor, está na hora de conseguir uma colocação no
mercado de trabalho, pensei comigo. Essa empresa é referência no país e
por isso mesmo a vaga está bem concorrida. O primeiro critério de seleção
é uma carta de apresentação, que deve acompanhar um currículo. Ainda
bem que aprendi na apostila de Redação Técnica o que são esses tipos de
texto e como devo elaborá-los. Vou agora mesmo escrever minha carta de
apresentação e elaborar o meu currículo, não posso perder essa oportuni-
dade de emprego.

Compartilhar experiências com seus colegas pode ajudar a otimizar sua carta
de apresentação e seu currículo. Às vezes, mudanças simples podem dar grandes
resultados.
Requerimento
A palavra requerimento deriva do verbo requerer, que tem como função, de
acordo com seu sentido denotativo, solicitar, pedir, estar em busca de algo de
direito e, principalmente, que o que está sendo requerido seja deferido, ou seja,
aprovado.
Podemos fazer um requerimento a um órgão público, a um colégio, a uma
faculdade ou a uma infinidade de outros destinatários. Esse documento pode ser
escrito à mão ou digitado.

Ilmo Senhor Coordenador do Curso Técnico em Eletrotécnica

Elisa Ramos, aluna do Curso Técnico em Eletrotécnica, do SENAI/SC,


solteira, residente na Rua Etelvina Luz, São José, SC, portadora do RG
50.189, CPF 17.000.352-15, vem requerer de Vossa Senhoria, desconto
de 10% nas parcelas do referido curso.
Nestes termos
Denis Pacher (2012)

Pede deferimento
Florianópolis, 12 de março de 2012.
Elisa Ramos

Figura 13 -  Exemplo de requerimento


3 redação técnica
53

Memorando
Como os demais gêneros textuais, o memorando apresenta uma finalidade
discursiva específica. Em termos conceituais, o memorando, também chamado
carinhosamente de “memo”, constitui um tipo de comunicação eminentemente
interna estabelecida entre as unidades administrativas de um mesmo órgão ou
empresa, abordando assuntos rotineiros.
Abaixo, listamos alguns itens que um memorando deve conter:
a) timbre da instituição;
b) número do memorando;
c) remetente;
d) destinatário (mencionado pelo cargo que ocupa);
e) indicação do assunto;
f) local e data;
g) corpo da mensagem;
h) despedida;
i) assinatura e cargo.

Memo nº 6/2012
Em 14 de março de 2012.
Para: Gerente de RH
De: Gerente de produção
Assunto: Atualização cadastral

Informo que a partir da data de hoje meu nome passará a ser Gabriela
de Souza Vasconcelos, por ocasião de meu casamento no último dia
10/03.
Obrigada
Gabriela de Souza Vasconcelos
Denis Pacher (2012)

SS-PL
C/c: Gerente de produção
Anexo: Certidão de casamento

Figura 14 -  Exemplo de memorando

Ofício
Trata-se de um documento utilizado exclusivamente pelos órgãos públicos.
Seu conteúdo é variado e sua linguagem deve ser simples e ao mesmo tempo
formal. Geralmente é apresentado em 2 (duas) vias, escrito em papel ofício e sem
rasuras.
Fundamentos de documentação técnica
54

Ofício nº 18/2012
Florianópolis, 14 de março de 2012.
Excelentíssimo Senhor Prefeito:
O setor de Recuros Humanos do SENAI/SC, desta cidade, vem
realizando vários cursos de capacitação para seus servidores, visando melhoria
contínua em seus processos. Com isso necessitamos de uma verba comple-

Denis Pacher (2012)


mentar para a compra do material didático.
Certos da compreensão de V. Ex., subscrevemo-nos atenciosamente,
Vanda Bitencourt

Figura 15 -  Exemplo de ofício

Declaração
É um documento que atende a vários fins. Assemelha-se ao atestado, porém
não deve ser expedido por órgãos públicos. A declaração é um tipo de texto mui-
to ligado às situações cotidianas, que constitui-se num relato proferido por al-
guém em favor de outra pessoa, procurando evidenciar uma verdade em que se
acredita.

Declaramos para os devidos fins que a Sra, Lúcia Carlo de Mello, é


funcionária desta Organização desde 20 de outubro de 2009, ocupando
o cargo de Gerente Administrativa. Denis Pacher (2012)

Florianópolis, 14 de março de 2012.


João Paulo Lopes
Depto. de Recursos Humanos

Figura 16 -  Exemplo de declaração


3 redação técnica
55

RECAPITULANDO

Neste capítulo você conheceu alguns tipos de documentos de redação téc-


nica e aprendeu como devem ser elaborados. Para você, talvez o adjetivo
“técnica” pudesse soar meio complexo, levando-o a acreditar que se trata-
va de algo complicado e diferente. Porém, neste estudo você percebeu que
quando falamos de redação técnica, na verdade estamos nos referindo a
modalidades de texto com as quais nos deparamos rotineiramente.
Você agora sabe que esse tipo de comunicação é norteado pelos seguintes
princípios: precisão vocabular, objetividade e formalidade na linguagem,
imparcialidade, finalidade discursiva de esclarecer e informar – ou requerer,
no caso de um requerimento.
No próximo capítulo você vai ter uma visão geral a respeito de normas e
textos técnicos presentes na área de instalação de cabos e equipamentos
de redes telefônicas. Já está preparado? Então continue motivado a apren-
der porque ainda há muito que estudar!
Visão Geral de Normas Técnicas e Textos
Técnicos Aplicáveis à Instalação de Cabos

Este capítulo fará uma abordagem simplificada das normas técnicas que regem as teleco-
municações em geral, para que você se familiarize com os termos das normas e suas aplicações.
Para complementar, serão apresentados textos ou descritivos técnicos que as utilizam, refor-
çando seu entendimento. Ao finalizar este conteúdo, você terá subsídios para:
a) conhecer normas de telecomunicações e suas aplicações;
b) analisar documentos que estão dentro das normas exigidas.
A partir de agora, você é convidado a iniciar mais uma importante etapa da sua aprendiza-
gem. Embarque nessa trajetória e explore todas as fontes de conhecimentos aqui apresentadas.
Fundamentos de documentação técnica
58

4.1 O EMPREGO DAS NORMAS

Para regulamentar e organizar o crescente sistema telefônico, surgiram ao lon-


go dos anos normas técnicas para auxiliar na confecção das redes e das centrais
telefônicas. O primeiro órgão a operar nessa área foi a atual União Internacional
de Telecomunicações (ITU, do inglês International Telecommunication Union),
que hoje possui uma divisão específica para telecomunicações que é conhecida
por Recomendações ITU-T.
No Brasil, as normas são regidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), em que cada norma é associada a um número prefixado da sigla NBR.
Desta forma temos para as telecomunicações as normas NBR 14565 e NBR 13300,
entre muitas outras. Cada norma possui uma aplicação específica, destinada a um
determinado segmento das redes e equipamentos de telecomunicações. Pode-
mos destacar as seguintes normas e práticas:
a) NBR 5410: Instalações elétricas em baixa tensão, separação das linhas de
sinal das linhas elétricas e aterramento.
b) NBR 13300: Destina-se à rede telefônica interna em prédios para a termi-
nologia.
c) NBR 13301: Também para rede telefônica interna em prédios, porém para
a simbologia.
d) NBR 13726: Destina-se à tubulação de entrada telefônica para redes inter-
nas em prédios.
e) NBR 14306: Destina-se à proteção elétrica e compatibilidade eletromagné-
tica em redes internas de telecomunicações.
f) NBR 14565: Aplicada no cabeamento de telecomunicações para edifícios
comerciais.
g) Prática Telebrás 235-510-614: Para tubulações telefônicas em edifícios.
h) Prática Telebrás 235-510-615: Para tubulação telefônica em unidades ha-
bitacionais individuais.

Acesse os endereços abaixo e veja os documentos das práti-


SAIBA cas Telebrás na íntegra.
MAIS
<http://www.anatel.gov.br/Portal/exibirPortalInternet.do>.
4 Visão Geral de Normas Técnicas e Textos Técnicos Aplicáveis à Instalação de Cabos
59

As normas devem ser seguidas por qualquer organização que pretender exe-
cutar serviços ou desenvolver equipamentos para telecomunicações. No exem-
plo a seguir, extraído de dois itens de um memorial descritivo para execução
de serviços de manutenção na rede telefônica da Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT), nota-se a preocupação com os procedimentos corretos para rea-
lização dos serviços:
a) Serviço de reorganização de quadro telefônico, com dimensões de até
1,20 x 1,20 consiste em: retirar as fiações existentes e não utilizadas, exce-
dentes, passar novas fiações (fio jumper) de maneira a otimizar e aproveitar
melhor o espaço interno do quadro, esticando esses fios de forma organi-
zada pelos anéis guia etc., sem a necessidade de fornecimento de materiais
(UFMT, 2010).
b) Instalação de cabo CTP APL 50 x 100 com fornecimento do material
consiste: na instalação de cabo telefônico tipo CTP APL, na bitola 50, com
100 pares, através dos dutos subterrâneos que interliga um prédio a outros
sendo terminados em blocos BLI10 ou M10 (UFMT, 2010).

CASOS E RELATOS

Instalação de telefones
Em 1877, D. Pedro II ordena a instalação de linhas telefônicas interligando
o Palácio da Quinta da Boa Vista às residências dos seus ministros. Isso se
deu através dos serviços de montagem da Western and Brazilian Telegraph,
que inaugurava efetivamente a telefonia no Brasil. Naquele mesmo ano, o
sucesso do telefone já despertara o interesse do comércio e da indústria.
A firma Rodd & Chaves determinara a ligação de sua sede na atual Rua do
Ouvidor ao quartel do Corpo de Bombeiros. Foram instaladas várias linhas
telefônicas, a pedido do ministro de Estado dos Negócios da Agricultura,
para ligar o Ministério às repartições da Corte. Em 15 de novembro de 1879,
a primeira concessão para construir e explorar linhas telefônicas da capital
do Império foi concedida a Charles Paul Mackie. Entretanto, essa empresa
não chegou a ser organizada.
Fonte: Ministério das Comunicações (2012).
Fundamentos de documentação técnica
60

Vemos a seguir outro trecho sobre um relatório de instalações telefônicas, rea-


lizado pela Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE)
e apresentado à Prefeitura do Estado de São Paulo:

É comum nas Escolas visitadas, o uso de roldana com conector


BLE2, sendo neste ponto, nosso PTR, ou seja, ponto de tran-
sição da Rede de telefonia externa com a telefonia Interna.
Caso a Escola não possua um DG, a tubulação deverá partir
deste ponto. Deve-se tomar o cuidado para a tubulação não
ficar vulnerável à penetração de água da chuva, deixando-a
curvada para baixo (FDTE, 2011).

As normas nem sempre são aplicadas a regulamenta-


ções técnicas, ou seja, a como realizar determinadas ati-
VOCÊ vidades (como, por exemplo, a NBR 14565), mas podem
SABIA? estar regulamentando questões de qualidade e a pre-
ocupação com o meio ambiente. Podemos citar como
exemplo a ISO 9001 e a ISO 14001, respectivamente.

As normas podem sofrer alterações, pois como vimos anteriormente, no que


diz respeito às telecomunicações elas surgiram no intuito de regulamentar os ser-
viços que estavam surgindo na segunda metade do século XIX, sofrendo adap-
tações ao longo dos anos, já que os serviços também sofrem alterações. O que
ocorre são adaptações da norma às novas formas de se executarem tais tarefas.

FIQUE Em determinadas normas, se ocorrer o não cumprimento


de alguma exigência, ocorre o descredenciamento – é o
ALERTA caso das normas aplicadas pela ISO.

Como seria o mundo atual sem normas, com tantas tecnologias, serviços, en-
fim, um mundo globalizado? O que veríamos seria uma enorme variedade de ma-
neiras de executar uma tarefa, tornando difícil sua manutenção e a compatibilida-
de com outros serviços ou sistemas. Podemos perceber com isso que as normas
são a maneira encontrada pelo homem de buscar padrões preestabelecidos para
executar tarefas, atividades ou desenvolvimento de sistemas, sempre levando em
consideração a melhor forma de executá-los.
4 Visão Geral de Normas Técnicas e Textos Técnicos Aplicáveis à Instalação de Cabos
61

4.2 ESTRUTURAS UTILIZADAS EM MANUAIS

Os manuais técnicos existem para informar o usuário a respeito do uso de produ-


tos ou realização de atividades, certo? As informações dos manuais são, geralmente,
instruções acompanhadas de imagens para facilitar a compreensão do leitor.

Dreamstime (2012)

Figura 17 -  Estrutura manuais

Vamos ver algumas dicas para que você possa compreender os manuais e ou-
tras leituras técnicas que sejam necessárias em sua rotina, em especial os manuais
que você encontrar em língua inglesa.
a) Modo imperativo
Assim como na língua portuguesa, os manuais em inglês utilizam uma estru-
tura básica chamada modo imperativo. Esse modo é usado para dar conselhos,
ordens e – a parte que nos interessa – instruções.
Vejamos alguns exemplos de palavras/expressões usadas em manuais em in-
glês e em português:

Português Inglês

Faça Do
Instale Install
Verifique Check
Tenha cuidado Be careful
Abra Open
Encaixe Fit
Fundamentos de documentação técnica
62

Português Inglês

Não esqueça Don’t forget


Não entre Don’t enter

Quadro 13 - Expressões dos manuais


Fonte: SENAI DN

Os verbos do modo imperativo são utilizados no início das frases, dando orien-
tações ao leitor. Veja o exemplo:
Open the box. (Abra a caixa.)
Então, lembre-se, para identificar um verbo imperativo, ou seja, que dá orien-
tações, você deve procurar no início da frase. Sendo uma orientação positiva, no
caso da língua inglesa o verbo será a primeira palavra; se a orientação for negativa,
você encontrará o verbo auxiliar don’t antes do verbo imperativo. Veja o exemplo:
Don’t open the box. (Não abra a caixa.)

Se você encontrar nos manuais um verbo ou outras palavras


das quais não conhece o significado, pode pesquisar em
SAIBA dicionários impressos ou em dicionários on-line. Dois ende-
reços muito conhecidos (e gratuitos) para traduções on-line
MAIS são: <http://www.wordreference.com/> e <http://www.
answers.com> (este último traz tradução do inglês para di-
versas outras línguas).

b) Prefixos e sufixos
Muitas vezes podemos aumentar o vocabulário que conhecemos apenas mu-
dando algumas partes das palavras. Uma forma muito comum de fazermos isso é
acrescentando prefixos e sufixos. Muitos prefixos e sufixos da língua inglesa são
parecidos com os que usamos em português.
Prefixos
Os prefixos são utilizados no início de uma palavra para modificar seu sentido.
Os prefixos mais comuns na língua inglesa são:
a) im_ ou in_: que transformam um adjetivo positivo em um adjetivo negativo.
Exemplos: Possible (possível) – impossible (impossível)
Perfect (perfeito) – imperfect (imperfeito)
b) il_: também transformam adjetivos positivos em adjetivos negativos.
Exemplos: Legal (legal) – illegal (ilegal)
Logical (lógico) – illogical (ilógico)
4 Visão Geral de Normas Técnicas e Textos Técnicos Aplicáveis à Instalação de Cabos
63

c) un_: também transformam adjetivos positivos em adjetivos negativos.


Exemplos: Finished (acabado) – unfinished (inacabado)
Plugged (ligado/conectado) – unplugged (desligado/desconectado)
Sufixos
Os sufixos são acrescentados ao final das palavras para criar um novo significa-
do. Os sufixos mais comuns são:
a) _tion: são geralmente usados para transformar um verbo em um substan-
tivo.
Exemplos: Toreflect (refletir) – reflection (reflexão)
Totransform (transformar) – transformation (transformação)
b) _ly: é geralmente utilizado para criar advérbios.
Exemplos: Quick (rápido) – quickly (rapidamente)
Normal (normal) – normally (normalmente)
c) _able: transforma um substantivo em um adjetivo atribuindo características
ao assunto sobre o qual estamos lendo.
Exemplos: Capacity (capacidade) – capable (ser capaz)
To break (quebrar) – breakable (quebrável)
d) _full/_less: os sufixos _full e _less transformam os substantivos em adjeti-
vos.
Exemplos: Power (força) – powerful (poderoso) – powerless (sem poder)
Use (usar) – useful (útil) – useless (inútil)
c) Termos comuns em manuais e suas traduções
Quando temos contato diariamente com um tipo de vocabulário, essas pa-
lavras se tornam comuns para nós. Então, vamos pensar na seguinte situação:
você começou em um novo trabalho, está tentando aprender as atividades que
vai desenvolver e conhecer o material que vai usar. Depois de algum tempo, já se
acostumou às novidades e tudo parece mais fácil. Assim acontece com a língua.
Por mais que você precise ler e conhecer palavras em inglês, com o tempo vai se
acostumar com aquelas mais utilizadas e já saberá seus significados.
Vamos ver algumas palavras comuns no vocabulário de telecomunicação? Va-
mos lá!
Fundamentos de documentação técnica
64

Inglês Português
Analogue Analógico
Answer Resposta
Audio conferencing Audioconferência
Broadcast Transmitir
Computer Computador
Delay Atraso
Error Erro
Firewall Parede de segurança
Frequency Frequência
Information Informação
International calling Ligação internacional
Internet Internet
Island Ilha
Local services Serviços locais
Long distance services Serviços de longa distância
Modulation Modulação
Network Rede
Protocol Protocolo
Radio Rádio
Signal Sinal
Telecommunication Telecomunicação
Transmission Transmissão
Videoconferencing Videoconferência
Wireless Sem fio

Quadro 14 - Palavras comuns em telecomunicações (inglês-português)


Fonte: SENAI DN

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ofe-


VOCÊ rece em seu site informações, glossário de termos e
ranking de reclamações por área de atuação e por em-
SABIA? presa prestadora de serviços. Você pode consultar aces-
sando <http://www.anatel.gov.br>.

As palavras que vimos no quadro anterior são algumas mais comuns. Lembre-
-se de que você pode consultar dicionários e glossários na área para buscar mais
palavras ou termos que não conheça.
4 Visão Geral de Normas Técnicas e Textos Técnicos Aplicáveis à Instalação de Cabos
65

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você conheceu algumas normas e suas aplicações. Dessa


forma você possui requisitos básicos para analisar os documentos das nor-
mas na íntegra e, assim, estabelecer atividades dentro de suas exigências.
Aprendeu também as palavras inglesas mais comuns na área de telecomu-
nicações e sua tradução para o português, assim como buscar maiores in-
formações sobre termos e palavras utilizadas nessa área.
No próximo capítulo você vai estudar um conteúdo muito importante para
a sua vida profissional: trabalho em equipe e profissionalismo.
Trabalho em Equipe e Profissionalismo

Para iniciar este estudo, é importante que você saiba que o mercado de trabalho vem exigin-
do, além de habilidades específicas e técnicas, profissionais que consigam trabalhar em equipe.
Mas o que é trabalho em equipe?
Num trabalho em equipe, pessoas se reúnem em busca de um mesmo objetivo. Nesse con-
texto, cada membro da equipe tem sua importância para a realização de uma determinada
tarefa ou trabalho. Como exemplos de trabalho em equipe, podemos citar os esportes coletivos
tais como o vôlei, o basquete, o futebol. Afinal, existe a união dos jogadores em busca de um
objetivo comum: a vitória.
Trabalhar em equipe contribui para a troca de experiências e conhecimentos, bem como
para enaltecer as qualidades individuais de cada um. Por isso, a comunicação se torna de suma
importância tanto para o relacionamento interpessoal como para alcançar os objetivos que as
organizações almejam. Afinal, as empresas necessitam cada vez mais de profissionais engajados
e motivados, indivíduos que troquem experiências e compartilhem ideias e conhecimentos.
Vamos conhecer alguns objetivos de aprendizagem deste capítulo? Acompanhe:
a) compreender o que é equipe e grupo;
b) compreender o que é comunicação;
c) entender o que são relações interpessoais;
d) entender as responsabilidades individuais e coletivas;
e) conhecer os fatores de satisfação no trabalho.
O estudo deste conteúdo irá contribuir muito para o seu processo de adaptação ao trabalho
em equipe. Você se ambientará com questões que facilitam a convivência sadia com os demais
colegas de trabalho.
Mantenha a concentração e mergulhe nesse mar de conhecimento.
Fundamentos de documentação técnica
68

5.1 GRUPOS E EQUIPES

Dreamstime (2012)
Figura 18 -  Equipe

Será que existe alguma diferença entre grupos e equipes? Se você respondeu
que sim, acertou. Segundo Robbins (2005), um grupo pode ser compreendido
como dois ou mais indivíduos interdependentes e interativos, que se reúnem por
motivações e objetivos semelhantes.
Vamos imaginar que você pretende assistir a uma partida de futebol num es-
tádio. Logo você se reunirá a centenas de torcedores, muitos dos quais você não
conhece, porém todos têm um objetivo em comum: assistir ao jogo e torcer pelo
seu respectivo time. Esse é um exemplo de grupo.
No caso de uma equipe, podemos entender como um conjunto de indivíduos
comprometidos em realizar determinada tarefa ou trabalho pelo qual são coleti-
vamente responsáveis. Quer um exemplo?
Num time de futebol que esteja disputando um campeonato, o que os joga-
dores almejam é a vitória. Ou seja, cada jogador tem um papel fundamental na
busca da conquista. O goleiro precisa evitar os gols, os laterais têm de defender o
avanço dos adversários pelos lados, o técnico busca realizar a melhor estratégia
de jogo, e a função do atacante é manter uma posição ofensiva em busca do gol.
Ou seja, cada um tem sua especificidade, sua função e todos buscam um só obje-
tivo: vencer o adversário. Cada jogador conhece bem sua função e a dos demais
integrantes da equipe, o que não impede, no entanto, que um jogador em posi-
ção diferente do atacante, por exemplo, marque o gol. Isso é trabalho em equipe.
5 Trabalho em Equipe e Profissionalismo
69

Dreamstime (2012)
Figura 19 -  Trabalho em equipe

É muito comum encontrarmos certa confusão entre o conceito de grupo e o


de equipe. Um aglomerado de pessoas sem nenhuma interação não pode ser
considerado uma equipe, e sim um grupo. Mas quando esse mesmo aglomerado
tiver um objetivo específico e todos os seus integrantes se tornarem responsáveis
por esse objetivo, teremos, sim, uma equipe.

CASOS E RELATOS

Trabalho em equipe na fazenda de café


Daiana, Diego e Sônia trabalham numa fazenda produtora de café. Cada um
dos funcionários tem uma função na fazenda. Eles trabalham enfileirados.
Diego é responsável por cavar um buraco na terra, Daiana é responsável
pela colocação da semente de café e, por fim, Sônia tem a tarefa de tapar
o buraco. Cada um tem sua importância para a realização da tarefa e todos
buscam um mesmo objetivo: colher o café para posterior venda na região.
Todos trabalham arduamente, todos os dias. Entretanto, certo dia Daiana
teve uma indisposição e não pôde comparecer ao trabalho. E agora, como
ficaria a plantação de café?
Como todos trabalham em equipe, alguém teria que substituir Daiana.
Portanto, Diego e Sônia se organizaram para que a tarefa de Daiana fosse
executada e não comprometesse as demais. Diego cavou e Sônia jogou a
semente e tapou o buraco. Viu? No trabalho em equipe, cada um dos mem-
bros sabe o que os outros estão fazendo e sua importância para o suces-
so da tarefa. Todos buscam um mesmo objetivo; nesse caso, a colheita do
grão do café.
Fundamentos de documentação técnica
70

Um dos grandes desafios nos dias de hoje é conseguir trabalhar em equipe e


respeitar as diferenças e limitações de cada indivíduo. O trabalho em equipe, di-
ferentemente do em grupo, acarreta benefícios para todos e principalmente para
a organização. As pessoas que trabalham em equipe se sentem mais empolgadas,
satisfeitas, desenvolvem mais a criatividade, conseguem resolver os problemas
com mais facilidade, melhoram a rentabilidade e aumentam a produtividade. Es-
ses benefícios somente são atingidos quando o indivíduo se conhece e se perce-
be como identidade autônoma interagindo com outras pessoas.

Acesse o site <http://www.abrhrj.org.br/typo/index.


SAIBA php?id=154> e acompanhe o texto “Discurso bonito e prá-
MAIS tica difícil”, de José Geraldo de Souza, sobre trabalho em
equipe.

Nas próximas páginas, vamos aprender o que são relações interpessoais e


como elas acontecem, iniciando pela comunicação!

5.2 COMUNICAÇÃO

Ninguém vive isolado. Todos nós necessitamos nos comunicar, nos relacionar
com outros indivíduos e com seus ambientes por meio da comunicação.
Entende-se por comunicação o processo pelo qual informações são trocadas
entre indivíduos, através de um sistema comum de símbolos, sinais ou comporta-
mentos. É a transferência e compreensão de significados.
Segundo Chiavenato (2006), a comunicação é o ponto que liga as pessoas
para compartilharem sentimentos e conhecimentos. Toda a comunicação envol-
ve pelo menos duas pessoas. Uma pessoa que envia a mensagem e outra que a
recebe.
Com base no autor citado, podemos identificar cinco elementos presentes em
qualquer processo de comunicação:
a) Fonte ou emissor: a pessoa/coisa que emite a mensagem a alguém;
b) Transmissor ou codificador: é o equipamento que liga a fonte ao canal;
c) Canal: é a parte do sistema que separa a fonte do destino;
d) Receptor ou decodificador: é o que decodifica a mensagem para torná-la
compreensível ao destino;
e) Destino: é a pessoa, coisa ou processo para a(o) qual a mensagem é enviada.
5 Trabalho em Equipe e Profissionalismo
71

Ainda nesse processo podemos encontrar o “ruído”, que significa uma pertur-
bação indesejável que tende a distorcer a mensagem transmitida. Veja o exemplo
de uma ligação telefônica de um indivíduo a outro:
a) Fonte: a voz humana;
b) Transmissor: o aparelho telefônico;
c) Canal: a rede de fios que ligam um aparelho ao outro;
d) Receptor: o outro aparelho telefônico;
e) Destino: o ouvido humano;
f) Ruído: as linhas cruzadas, ruídos, interferências.

Ruído

Fonte Transmissor Canal Receptor Destino

Denis Pacher (2012)

Sinal Retroação Sinal Recebido

Figura 20 -  Sistema de comunicação


Fonte: Adaptado de Chiavenato (2006)

FIQUE No processo de comunicação, o receptor é a figura mais


importante. Se a mensagem não atingir o receptor, a co-
ALERTA municação não acontecerá.

Identificamos o que é a comunicação, seus elementos e como ela acontece. E


agora, qual seria a importância da comunicação dentro de um ambiente de tra-
balho?
A comunicação deve ser administrada em toda organização. A forma com que
a informação é repassada dentro de uma organizacão influenciará diretamente
na realização das atividades. De acordo Bateman e Snell (2006), existem diferen-
tes formas de comunicação em uma organização:
a) comunicação de cima para baixo: informação que flui dos níveis mais
altos para os mais baixos na hierarquia da organização, fornecendo infor-
mações relevantes e aprimorando a identificação dos colaboradores com a
empresa, as atitudes de apoio e as decisões consistentes com os objetivos
da organização;
Fundamentos de documentação técnica
72

b) comunicação de baixo para cima: a informação surge dos níveis mais bai-
xos para os mais altos da organização. Neste tipo de comunicação a admi-
nistração obtém um quadro mais nítido do trabalho, das realizações, pro-
blemas, planos e atitudes dos colaboradores, assim como recebe ideias dos
seus subordinados;
c) comunicação horizontal: informação compartilhada por pessoas do mes-
mo nível hierárquico. A comunicação informal possui várias funções impor-
tantes, pois permite o compartilhamento de informações, coordenação e
solução de problemas entre unidades, ajuda a solucionar conflitos, fornece
apoio social e emocional às pessoas.
d) comunicação informal: é menos oficial, como fofocas e rumores, reclama-
ções dos colaboradores sobre seus chefes, conversa das pessoas sobre seus
times favoritos, equipes de trabalho que falam aos colegas como devem
comportar-se.
Em organizações bem-sucedidas do mundo, a comunicação recebe priorida-
de. O gerente deve preparar sua equipe e proporcionar um sistema de comunica-
ção capaz de integrar os participantes, fortalecer a consonância e o desempenho,
assim proporcionando o treinamento e desenvolvimento do seu pessoal, bem
como otimizando a sua eficiência e eficácia (CHIAVENATO, 1994).
A comunicação é muito importante no ambiente organizacional e para a ma-
nutenção e sobrevivência de qualquer empresa. Uma boa comunicação deve
ser objetiva, clara, evitando-se assim os ruídos e os obstáculos que prejudicam a
mensagem e sua compreensão por parte do receptor.

A comunicação verbal se utiliza da linguagem oral (voz,


entonação) e da linguagem escrita para se estabelecer o
VOCÊ contato. Mas também existe a comunicação não verbal,
SABIA? que inclui gestos, movimentos corporais e faciais, olha-
res, postura etc. É preciso saber ler também a comunica-
ção não verbal!

A seguir vamos estudar o que é relacionamento interpessoal e como ele inter-


fere na comunicação.
5 Trabalho em Equipe e Profissionalismo
73

5.3 RELAÇÕES INTERPESSOAIS

Dreamstime (2012)

Figura 21 -  Relação Interpessoais

Em qualquer ambiente, seja ele de trabalho, escolar ou familiar, ocorre o que


chamamos de relações interpessoais. Essas relações nada mais são que intera-
ções, contato entre indivíduos.
De acordo com Tourinho (1982), para que se estabeleçam relações interpesso-
ais numa organização, é necessário que haja um contato entre aqueles que nela
trabalham e uma percepção entre e sobre os indivíduos. A partir do momento em
que percebemos o outro, não apenas em suas características físicas, mas também
em seus processos mais íntimos, passamos a nos relacionar com ele – de forma
positiva ou negativa, baseados em preceitos éticos ou não.
Os relacionamentos interpessoais dependem das realizações e satisfações das
necessidades individuais, mas muitas vezes o ser humano se comporta de for-
ma dualista, podendo cooperar diante de uma situação ou competir, sentindo
que seus objetivos estão ameaçados por outros do grupo (PASQUALOTTO; RIBAS,
2012).
Boa parte das organizações enfrenta problemas com respeito às relações entre
as pessoas, principalmente conflitos internos, que podem prejudicar o desempe-
nho da equipe de trabalho.
A necessidade de se trocar informações sobre trabalho e cooperar com a equi-
pe permite o relacionamento entre os indivíduos. O que é de suma importância
para empresa, visto que as mesmas valorizam cada vez mais a capacidade do re-
lacionamento interpessoal. Nesse ambiente é importante saber conviver com as
pessoas respeitando suas diferenças e particularidades, afinal ninguém trabalha
e alcança resultados satisfatórios sozinhos (O GERENTE, 2012).
Fundamentos de documentação técnica
74

5.4 RESPONSABILIDADES INDIVIDUAIS E COLETIVAS

Somos responsáveis por qualquer decisão que tomamos, desde que em per-
feito juízo: da escolha de um prato para o almoço à escolha da carreira profissio-
nal, todo ser humano tem livre arbítrio. Mas o que é responsabilidade?
Existem dois tipos de responsabilidade: a responsabilidade individual e a res-
ponsabilidade coletiva. Mas, afinal, o que são?
A responsabilidade individual assegura ao indivíduo responder apenas pelos
seus atos, pelo que foi lhe confiado. Já a responsabilidade coletiva vai além disso,
visto que o indivíduo responderá pelos atos alheios quando esses atos foram de-
cididos por um grupo de pessoas responsáveis por executar determinada tarefa.
No ambiente de trabalho, respondemos pelos nossos atos quando estes são
inerentes de nossa função, todavia existe a possibilidade de esses atos serem res-
pondidos coletivamente. No ambiente organizacional, cada um tem sua parcela
de responsabilidade: uns responderam individualmente por seus atos, já em ou-
tras circunstâncias caberá à equipe responder perante o ato, mesmo se esse ato
tiver sido ocasionado por um indivíduo apenas.

5.5 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Não são somente as condições físicas no trabalho que importam. As organiza-


ções precisam muito mais do que isso, precisam motivar seus funcionários. Pro-
fissionais motivados e capacitados e recebendo uma remuneração justa pelo de-
sempenho de suas funções constituem-se como importantes para o crescimento
da organização. Mas para tal é necessário que a organização invista na qualidade
de vida no trabalho. Afinal, o que é qualidade de vida no trabalho (QVT)?
Podemos entender a QVT como: um programa que visa facilitar e satisfazer as
necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na organização, ten-
do como ideia básica o fato de que as pessoas são mais produtivas quanto mais
estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio trabalho (CONTE, 2003, p. 33).
Segundo Chiavenato (2006), a qualidade de vida no trabalho envolve uma sé-
rie de fatores: satisfação no trabalho executado, possibilidade de futuro na orga-
nização, reconhecimento pelos resultados alcançados, salário percebido, relacio-
namento humano dentro do grupo de trabalho.
A qualidade de vida no trabalho hoje pode ser definida como uma forma de
pensamento envolvendo pessoas, trabalho e organizações, onde se destacam
dois aspectos importantes: a preocupação com o bem-estar do trabalhador e
com a eficácia organizacional; e a participação dos trabalhadores nas decisões e
problemas do trabalho (MORETTI, 2012).
5 Trabalho em Equipe e Profissionalismo
75

Um programa de qualidade de vida no trabalho costuma apresentar algumas


dificuldades ao ser implementado, e por envolver custo à empresa torna-se difi-
cultoso para a alta administração. Todavia, esse tipo de programa orienta tam-
bém a alta administração na eficácia organizacional, uma vez que tem por pré-
-requisito a satisfação do indivíduo, que se intensifica por meio da participação e
da melhoria das condições em que desenvolve seu trabalho (GIL, 2009).
Chiavenato (2006) cita uma pesquisa realizada por Greenberg sobre os meios
para se aumentar a satisfação no trabalho. Veja abaixo alguns pontos de desta-
que:
a) Tornar os cargos mais divertidos – Muitas empresas têm a cultura de di-
versão entre seus colaboradores. A administração deixa clara a sua irreve-
rência. Mas toma a competição seriamente. O ambiente divertido torna as
pessoas mais satisfeitas.
b) Pagar com justiça, dar benefícios e oportunidades de promoção – Isso
representa bons salários, benefícios dentro das necessidades e orçamentos
de cada um. Não deve haver discrepâncias entre aquilo que as pessoas rece-
bem e desejam.
c) Adequar as pessoas aos cargos de acordo com seus interesses e habili-
dades – Necessidade de se admitirem pessoas com potencial de desenvolvi-
mento no sentido de adequá-las aos cargos corretos.
d) Desenhar cargos para torná-los desafiadores e satisfatórios – Isso im-
plica tornar as pessoas mais responsáveis e proporcionar maior variedade,
significado, identidade, autonomia e retroação.

5.6 MOTIVAÇÃO

A motivação é um dos assuntos mais pesquisados e debatidos do comporta-


mento organizacional. De acordo com Marras (2000), motivação é um processo
endógeno nos indivíduos, em que cada um desenvolve forças motivacionais dis-
tintas em momentos distintos e, também, envolve reconhecer que essas forças
afetam diretamente a maneira de encarar o trabalho e suas próprias vidas.
A motivação é um processo responsável pela intensidade, direção e persis-
tência dos esforços de uma pessoa para o alcance de determinada meta. Três
elementos-chaves nessa definição: intensidade, que se refere a quanto esforço a
pessoa despende; direção e persistência (ROBBINS, 2005).
A motivação é algo interno, intrínseco e particular. É através da motivação, por
exemplo, que se arranja tempo depois de um dia exaustivo de trabalho para ir à
academia, limpar a casa, cozinhar, praticar algum esporte.
Fundamentos de documentação técnica
76

Existem várias teorias acerca do tema motivação. Vamos ver três dessas teorias
nos tópicos seguintes. Vamos lá?

5.6.1 Hierarquia das Necessidades

O sociólogo e psicólogo Maslow desenvolveu um modelo até hoje aplicado,


conhecido como Hierarquia das Necessidades. Segundo o estudioso, o ser hu-
mano é movido por cinco necessidades básicas agrupadas em ordem hierárquica,
como numa pirâmide, conforme a figura a seguir.

Auto
realização

Estima

Sociais

Denis Pacher (2012)


Segurança

Fisiológicas

Figura 22 -  Hierarquia das Necessidades

Fisiológicas – Na base da pirâmide encontram-se as necessidades fisiológicas,


que são as básicas e físicas dos indivíduos como, por exemplo, fome, frio, sede.
São necessidades a que o indivíduo precisa satisfazer, visto que estão relaciona-
das a sua sobrevivência.
Segurança – No segundo nível são encontradas as necessidades de seguran-
ça: abrigo, proteção, estabilidade. Podemos citar, por exemplo, a procura do in-
divíduo por uma vaga de trabalho no funcionalismo público, nesse caso movido
pela estabilidade que esse tipo de emprego possibilita.
Sociais – No terceiro nível encontramos as necessidades sociais: a necessida-
de de o ser humano ser aceito, pertencer a um determinado grupo, relacionar-se.
Estima – Trata-se da necessidade de status, da busca de ser reconhecido pelo
que faz.
Autorrealização – No topo da pirâmide está a autorrealização do indivíduo.
5 Trabalho em Equipe e Profissionalismo
77

5.6.2 Teoria dos dois fatores de Herzberg

A teoria dos dois fatores foi desenvolvida por Herzberg, diferentemente de


Maslow, que alicerça sua teoria nas necessidades humanas, Herzberg foca os fa-
tores que causam satisfação ou insatisfação dos empregados no ambiente orga-
nizacional.
Para Herzberg, a motivação para se trabalhar depende de dois fatores, confor-
me menciona Chiavenato (2006):
a) Fatores higiênicos: referem-se às condições que rodeiam a pessoa em seu
ambiente de trabalho, tais como: condições físicas, salário, benefícios sociais,
políticas da empresa. A expressão “higiene” serve para refletir seu caráter
preventivo e mostrar que esses fatores se destinam a evitar insatisfações no
ambiente de trabalho. Quando os fatores higiênicos são bons, evitam a insa-
tisfação, pois influenciam o comportamento, elevando a satisfação.
b) Fatores motivacionais: referem-se ao conteúdo dos cargos, às tarefas e
aos deveres relacionados a eles. O termo motivação envolve sentimentos de
realização, de crescimento, responsabilidade e reconhecimento.

5.6.3 Teoria X e teoria Y de McGregor

McGregor propôs duas teorias a respeito do comportamento das pessoas re-


lacionado ao trabalho:
a) Teoria X: o ser humano não gosta do trabalho e o evitará quando puder.
Portanto, as pessoas precisam ser forçadas, controladas para que realizem o
esforço necessário.
b) Teoria Y: essa teoria parte do pressuposto de que empregar esforço físico
ou mental num trabalho é tão natural quanto jogar, divertir-se, descansar.
Cada indivíduo possui um mecanismo de autocontrole e autodirecionamen-
to para atingir os objetivos que lhe foram confiados.
Fundamentos de documentação técnica
78

RECAPITULANDO

Neste capítulo você aprendeu a diferença entre equipe e grupo. A partir


deste estudo, identificou que para existir uma equipe é necessário intera-
ção entre todos os envolvidos, bem como a união de seus participantes
para que se possa alcançar um objetivo específico.
Você viu ainda que, para que uma equipe alcance verdadeiramente o êxito
em suas atividades, é necessário um processo de comunicação claro e ob-
jetivo, através do qual a mensagem emitida chegue ao seu receptor sem
ruído e interferência, contribuindo para que se estabeleça uma boa relação
interpessoal.
Neste conteúdo, você também acompanhou o que é qualidade de vida
no trabalho e como as empresas podem promovê-la. Por fim, conheceu as
principais teorias acerca da motivação e compreendeu que qualquer pes-
soa motivada trabalha melhor e produz mais, trazendo benefícios para ela
mesma e para a organização.
5 Trabalho em equipe e profissionalismo
79

Anotações:
Ferramentas da Qualidade

Cada vez mais as organizações vêm buscando técnicas a fim de definir, mensurar e propor
soluções para problemas que vêm enfrentando. As ferramentas da qualidade visam a melhoria
dos produtos, dos serviços e dos processos das empresas. Portanto, vamos ver algumas das
ferramentas de qualidade mais utilizadas pelas organizações? Neste capítulo vamos conhecer:
a) conceitos sobre ferramentas de qualidade;
b) as principais ferramentas de qualidade.
Através das técnicas apresentadas aqui, você poderá garantir um diferencial em seu desem-
penho profissional e ainda se destacar no mercado de trabalho. Continue atento e acompanhe
o conteúdo deste capítulo.
Fundamentos de documentação técnica
82

6.1 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO

O diagrama de causa e efeito foi desenvolvido por Kaoru Ishikawa em 1953.


Representa a relação entre efeito e possíveis causas para que o efeito ocorra. Sua
forma assemelha-se a uma espinha de peixe e é usado para ampliar a visão das
possíveis causas de problemas, identificar soluções, analisar processos e propor
melhorias.

Diversos Mão-de-obra Mercado


Profissionais
Salários
descompromissados
defasados

Ausência
de apoio
pedagógico Profissionais Indefinição do
mal remunerados foco da
e desmotivados instituição

Ensino
Recursos Deficiente
Falta de incentivos audiovisuais Sistema de
governamentais inexistentes ensino arcaico

Denis Pacher (2012)


Ausência de Laboratórios Currículos
investimentos obsoletos desatualizados
diretos

Política Material Métodos

Figura 23 -  Exemplo de diagrama de causa e efeito

No diagrama mostrado foram elencados fatores envolvidos no ensino, tais


como: política, material, métodos, mercado, mão de obra e diversos. Para cada
um desses itens, foram elencadas causas para a deficiência do ensino.
Segundo Marshall Junior et al. (2006, p. 101), algumas etapas são essenciais
para elaboração do diagrama de causa e efeito:
a) discussão do assunto a ser analisado pelo grupo, contemplando seu proces-
so, como ocorre, onde ocorre, áreas envolvidas e escopo;
b) descrição do efeito (problema ou condição específica) no lado direito do
diagrama;
c) levantamento das possíveis causas e seu agrupamento por categorias no
diagrama;
d) análise do diagrama elaborado e coleta de dados para determinar a frequên-
cia de ocorrência das diferentes causas.
6 Ferramentas da Qualidade
83

FIQUE Cada ferramenta de qualidade tem uma utilização espe-


cífica. Cabe à organização a escolha da ferramenta mais
ALERTA apropriada para resolver seu problema.

6.2 FOLHA DE VERIFICAÇÃO

As folhas de verificação são formulários que têm por objetivo padronizar e ve-
rificar resultados de trabalho ou verificar e coletar dados. Segundo Vieira (2003),
algumas etapas são essenciais para a elaboração da folha de verificação, com o
intuito de fazer um levantamento da frequência com que os problemas ocorrem:
a) estabelecer o que será verificado;
b) período em que os dados serão coletados;
c) formulário de fácil entendimento;
d) captação de dados coerentes;
e) o responsável pela coleta de dados deve conhecer o assunto abordado.
Abaixo segue um exemplo de folha de verificação:

Série Turma Turno:


Ano:
Nº alunos: Nº alunos reprovados: %

Observações:

Quadro 15 - Quadro geral de reprovação


Fonte: Adaptado de Barbosa (1994)

Como preencher: marcar X nas disciplinas em que o aluno foi reprovado; Ano-
tar o nome do professor das disciplinas críticas. Objetivo:
a) obter dados sobre (a) disciplinas críticas na reprovação dos alunos e (b) nú-
mero de disciplinas nas quais o aluno foi reprovado;
b) traçar o perfil da problemática de repetência por série/turno/turma, visando
subsidiar o processo de solução para o alto índice de repetência.

6.3 DIAGRAMA DE PARETO

Segundo Souza et al. (2012), o diagrama de Pareto é uma forma de descrição


gráfica onde se procura identificar os itens responsáveis pela maior parcela dos
problemas. As principais etapas para a construção do diagrama de Pareto são:
Fundamentos de documentação técnica
84

a) determinar os problemas a serem investigados e coletar os dados;


b) organizar os dados por categoria;
c) calcular o número de itens em cada categoria;
d) colocar os itens em ordem decrescente de quantidade;
e) formatar uma tabela;
f) elaborar um diagrama de barras, colocando os itens na ordem da tabela.

VOCÊ Aprenda um pouco mais sobre gestão da qualidade com


o livro “Gestão da Qualidade”, de Marshall Jr. et al., pu-
SABIA? blicado em 2006 pela Editora FGV.

6.4 CICLO PDCA

O nome do ciclo PDCA refere-se às iniciais de plan, do, check e act (plane-
je, faça, verifique e aja). Esse método foi popularizado por Deming. A partir da
identificação de um problema ou de uma oportunidade de melhoramento, as vá-
rias fases, apresentadas a seguir, são cumpridas em sequência e continuamente
(CORRÊA; CORRÊA, 2005).

PLAN
Planeje
ACT
Identifique o
Aja
melhoramento e faça
Implemente o plano
um plano

CHECK DO
Verifique Faça
O plano está Teste o plano
funcionando
Denis Pacher (2012)

Figura 24 -  Exemplo de ciclo PDCA


Fonte: Adaptado de Corrêa; Corrêa (2005)

Marshall Junior et al. (2006, p. 89) explica as quatro fases que compõem o ciclo
PDCA:
6 Ferramentas da Qualidade
85

a) 1ª Fase – Plan (planejamento): Durante essa fase são estabelecidos os ob-


jetivos e metas, com o intuito de fomentar o desenvolvimento de métodos,
procedimentos e padrões para atingir o que foi almejado.
b) 2ª Fase – Do (execução): O que foi planejado na fase anterior deve ser imple-
mentado nesse momento. Para isso, é necessário educação e treinamento
para os envolvidos na execução dos métodos desenvolvidos nessa fase.
c) 3ª Fase – Check (verificação): Momento em que se verifica se o planejado foi
alcançado, ou seja, se as metas delineadas foram atingidas, através da utili-
zação de fatos e dados coletados.
d) 4ª Fase – Act (agir corretamente): Nessa etapa busca-se obter as principais
causas com a finalidade de prevenir os efeitos indesejados, caso as metas de-
lineadas não tenham sido concretizada. No entanto, se as metas delineadas
na primeira fase forem realizadas, deve-se adotá-la como padrão.

Planejamento

Identificação: aumento nas vendas em 25%.


Valor atual: R$: 100.000,00 – Objetivo: R$ 125.000,00 – Tempo: 5 meses
Análise: Poucos funcionários para atender à demanda de clientes
Plano de ação:
• contratação de novos funcionários;
• treinamento dos funcionários;
• realocação de alguns funcionários permitindo que os que possuem mais tempo de empresa/
experiência possam ajudar os novos colaboradores.

Execução

Colocar o plano de ações em prática (treinamento, implantação, contratação).

Verificação

Verificação das ações mês a mês até completar os 5 meses (prazo estipulado), com um aumento
de 25% nas vendas no quinto mês.

Ação corretiva

Não houve necessidade de ação corretiva

Quadro 16 - Exemplo de aplicação do ciclo PDCA


Fonte: SENAI DN

VOCÊ Que um dos erros mais comuns na aplicação do ciclo


PDCA é definir as metas e não definir os métodos para
SABIA? atingi-los, bem como fazer o ciclo sem planejamento?
Fundamentos de documentação técnica
86

6.5 5W2H

O modelo 5W2H é umas das ferramentas mais utilizadas para o planejamento


de atividades, ações e outros aspectos importantes para execução de determina-
da tarefa.

Sigla Inglês Português Ação

What O que? O que deve ser feito?

Who Quem? Quem é o responsável?

5W When Quando? Quando deve ser feito?

Why Por quê? Por que deve ser feito?

Where Onde? Onde deve ser feito?

How Como? Como vai ser feito?


2H
How Much Quanto? Quanto vai custar?

Quadro 17 - Modelo 5W2H


Fonte: SENAI DN

6.6 BRAINSTORMING

É uma técnica conhecida como “tempestade de ideias”. De acordo com Paris


(2012), para alcançar aquilo a que se propõe, o brainstroming possui as seguintes
premissas:
a) capacidade de autoexpressão. Livre de inibições ou preconceitos das pró-
prias pessoas ou de qualquer outro do grupo;
b) ausência de julgamento prévio;
c) criatividade;
d) capacidade de aceitar e conviver com diferenças conceituais e multidisci-
plinares;
e) anotação das ideias e manifestações ocorridas;
f) capacidade de síntese;
g) delimitação de tempo individual e coletivo;
h) os membros da equipe não são distinguíveis por cargo, autoridade “técnica”
ou qualquer outro tipo de papel que exerçam na organização.
De acordo com Marshall Junior et al. (2006), existem dois métodos de realiza-
ção do brainstorming. O primeiro é conhecido por brainstorming estruturado, na
6 Ferramentas da Qualidade
87

qual todos falam seguindo uma ordem sequencial que percorra um círculo for-
mado. E o segundo método é conhecido por brainstorming não estruturado, em
que os participantes expõem suas ideias à medida que elas vão surgindo. Nesse
caso, corre-se o risco de que apenas alguns participantes deem ideias, inibindo
os demais.

CASOS E RELATOS

O lixo no hospital – como resolver?


Henrique era o administrador responsável por gerenciar um hospital no in-
terior de Santa Catarina. O hospital era o único da região e atendia centenas
de pessoas todos os dias oriundas das cidades vizinhas. A movimentação
era intensa. O jovem Henrique se deparava sempre com um problema que
já perdurava desde a antiga administração: a questão do lixo hospitalar. Os
colaboradores não sabiam como proceder em relação à quantidade de lixo.
Tornava-se assim um problema, pois o lixo poderia trazer consequências
tanto para a natureza como risco à saúde das pessoas. Foi então que Henri-
que resolveu colocar em prática o que aprendeu no seu curso de Adminis-
tração, utilizando-se das ferramentas de qualidade.
Primeiramente, convocou uma reunião com os envolvidos. Na ocasião, ex-
pôs suas ideias e sugeriu a realização de um brainstorming para que todos
pudessem emitir suas opiniões. Em seguida, realizou o diagrama de causa e
efeito, identificando quais as principais causas do problema e como elas se
relacionam com ele. Feita essa parte, partiu para o plano de ação, utilizan-
do-se da metodologia 5W2H.
Realizado todo esse processo, Henrique conseguiu subsídios suficientes
para pôr em prática um plano. Foi identificado que faltou treinamento
adequado ao pessoal que recolhia o lixo, bem como na sua manipulação.
Verificou-se também que existia a possibilidade de substituição de alguns
materiais por outros biodegradáveis, menos agressivos ao meio ambiente,
e uma separação correta para a coleta de lixo hospitalar. Além disso, foi
firmado um acordo com a companhia que recolhia esses lixos para estabe-
lecer uma periodicidade de coleta.
Enfim, utilizando-se das ferramentas de qualidade, Henrique alcançou o
que tanto almejava: gerenciar o lixo hospitalar de forma adequada.
Fundamentos de documentação técnica
88

Percebe-se, assim, que as ferramentas de qualidade constituem um importan-


te instrumento para melhorar os processos nas organizações, visando assim a me-
lhoria contínua. Quanto mais se pesquisa, mais se aprende sobre elas. Portanto,
o sucesso de sua utilização está condicionada ao apoio e dedicação de todos os
envolvidos.

RECAPITULANDO

Finalizamos este conteúdo! Neste capítulo você aprendeu as principais e


mais utilizadas ferramentas de qualidade, e ainda estudou como essas fer-
ramentas podem ser úteis para a organização. Por fim, identificou alguns
exemplos e sua aplicabilidade no dia a dia de trabalho. Ainda verificou que
toda e qualquer ferramenta precisa de uma avaliação e um planejamento,
bem como percebeu que cabe ao indivíduo a escolha da melhor ferramen-
ta, procurando sempre a que se enquadra melhor a sua realidade.
6 Ferramentas da qualidade
89

Anotações:
REFERÊNCIAS

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VIEIRA, F. G. GQT: Gestão da Qualidade Total. São Paulo: Alínea, 2003.
MINICURRÍCULO Dos autores

Gustavo Lucas Alves é formado em Administração e pós-graduado em Educação a Distância pela


Faculdade da Grande Fortaleza (FGF) em 2011. Participou do curso e aperfeiçoamento em Gestor
de Cursos a Distância pela Escola Superior Aberta do Brasil (ESAB) em 2010. Trabalha no Núcleo
de Educação a Distância do SENAI/SC em Florianópolis, onde atua desde 2006 com cursos na mo-
dalidade EaD. Além de docente da área de gestão dos cursos de aprendizagem e com orientações
de monografias nos cursos de especialização/MBA.

Luciana Terra é formada em Letras Português/Inglês pela FAFIJA – Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras de Jacarezinho – PR em 1999, recebendo literatura plena em Letras. Fez cursos de Capa-
citação de Professores pela Secretaria Municipal e Estadual de Educação, onde trabalhou como
professora de inglês e português no período de 2000 a 2010. Atualmente trabalha como revisora
de textos em Florianópolis – SC.
Índice

G
Gramática 13, 15, 18, 19, 45

H
Hiato 20

I
Imperativo 35
Indicativo 34, 35

S
Subjuntivo 34, 35
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Beth Schirmer
Coordenação do Núcleo de Desenvolvimento

Maristela de Lourdes Alves


Coordenação do Projeto

Gustavo Lucas Alves


Luciana Terra
Elaboração

Mariana Silveira Duarte


Revisão Técnica

Luciana Effting
CRB14/937
Ficha Catalográfica

FabriCO

Design Educacional
Revisão Ortográfica, Gramatical e Normativa
Ilustrações
Tratamento de Imagens
Diagramação
i-Comunicação
Projeto Gráfico

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