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SÉRIE SEGURANÇA DO TRABALHO

ROTINAS DE
SEGURANÇA
E SAÚDE DO
TRABALHO
LIVRO 2
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Educação e Tecnologia

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI


Robson Braga de Andrade
Presidente do Conselho Nacional

SENAI – Departamento Nacional


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor-Geral

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE SEGURANÇA DO TRABALHO

ROTINAS DE
SEGURANÇA
E SAÚDE DO
TRABALHO
LIVRO 2
© 2017. SENAI – Departamento Nacional

© 2017. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

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Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação e Tecnologia do SENAI
de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
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SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Gerência de Educação e Tecnologia – GEDUT

FICHA CATALOGRÁFICA

S491r

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional


Rotinas de segurança e saúde do trabalho / Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília :
SENAI/DN, 2017.
v 2. : il. ; 30 cm. - (Série segurança do trabalho)

Inclui índice e bibliografia


ISBN 978-855054843-2

1. Segurança do trabalho. 2. Segurança do trabalho – Legislação. 3. Ética.


I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de
Santa Catarina II. Título III. Série.
CDU:
614.8

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 -  Interdição.........................................................................................................................................................21
Figura 2 -  Símbolo SESMT..............................................................................................................................................23
Figura 3 -  Símbolo CIPA...................................................................................................................................................24
Figura 4 -  Equipamento de Proteção Individual – EPI..........................................................................................25
Figura 5 -  Médico do trabalho avaliando a saúde do trabalhador para retornar ao trabalho..............26
Figura 6 -  Trabalho em instalação elétrica...............................................................................................................29
Figura 7 -  Equipamento de movimentação e transporte...................................................................................30
Figura 8 -  Sistema de proteção fixa............................................................................................................................32
Figura 9 -  Dispositivo de parada de emergência...................................................................................................33
Figura 10 -  Sinalização de segurança.........................................................................................................................34
Figura 11 -  Caldeira flamotubular a gás....................................................................................................................35
Figura 12 -  Tubulação de gás........................................................................................................................................36
Figura 13 -  Vasos de pressão – reservatório de ar comprimido.......................................................................37
Figura 14 -  Forno...............................................................................................................................................................38
Figura 15 -  Atividades e operações insalubres.......................................................................................................39
Figura 16 -  Caracterização da insalubridade...........................................................................................................39
Figura 17 -  Atividade insalubre....................................................................................................................................40
Figura 18 -  Ergonomia aplicada ao posto de trabalho........................................................................................41
Figura 19 -  Trabalho na construção............................................................................................................................42
Figura 20 -  Dinamite utilizada em detonação........................................................................................................43
Figura 21 -  Pictograma para líquidos inflamáveis.................................................................................................44
Figura 22 -  Sinalização de segurança.........................................................................................................................47
Figura 23 -  Trabalho aquaviário...................................................................................................................................49
Figura 24 -  Símbolo da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT ................................................57
Figura 25 -  Símbolo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) ..........................................................60
Figura 26 -  CLT....................................................................................................................................................................61
Figura 27 -  Logomarca da previdência social.........................................................................................................63
Figura 28 -  Epidemia de gripe......................................................................................................................................66
Figura 29 -  Ciclo PDCA.....................................................................................................................................................68
Figura 30 -  Inspeção de rotina......................................................................................................................................73
Figura 31 -  Execução da inspeção...............................................................................................................................78
Figura 32 -  A faca é um risco para as crianças.........................................................................................................89
Figura 33 -  Máquina sem proteção contra acidentes de trabalho..................................................................89
Figura 34 -  A circulação de veículos é um risco aos pedestres.........................................................................91
Figura 35 -  Perigo da exposição dos pedestres à circulação de veículos.....................................................92
Figura 36 -  Exemplo árvore de causas.................................................................................................................... 100
Figura 37 -  Diagrama de causa e efeito.................................................................................................................. 101
Figura 38 -  Exemplo de diagrama de causa e efeito.......................................................................................... 103
Figura 39 -  Componentes de um sistema com probabilidade previstas de falhas................................ 104
Figura 40 -  Equipamentos do processo................................................................................................................. 107
Figura 41 -  Fluxograma de engenharia.................................................................................................................. 111
Figura 42 -  Tanque de GLP.......................................................................................................................................... 113
Figura 43 -  Perigo e risco............................................................................................................................................. 128
Figura 44 -  Arranjo físico.............................................................................................................................................. 130
Figura 45 -  Espaço confinado.................................................................................................................................... 131
Figura 46 -  Transporte e movimentação de cargas por meio mecânico.................................................... 138
Figura 47 -  Armazenamento...................................................................................................................................... 139
Figura 48 -  Sistema de isolamento através do uso de fitas listradas........................................................... 142
Figura 49 -  Poluição ambiental................................................................................................................................. 145
Figura 50 -  Equipamentos de segurança pessoal............................................................................................... 149
Figura 51 -  Símbolo de risco biológico................................................................................................................... 152
Figura 52 -  Imunização suína..................................................................................................................................... 153
Figura 53 -  Risco biológico.......................................................................................................................................... 157
Figura 54 -  Atividade de trabalho exposta a risco biológico.......................................................................... 158
Figura 55 -  Uso de equipamentos de proteção individual contra agentes biológicos........................ 160
Figura 56 -  Modelo de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)........................................................ 163
Figura 57 -  Características físicas do corpo humano......................................................................................... 172
Figura 58 -  Posto de trabalho ergonômico........................................................................................................... 173
Figura 59 -  Dicas de postura ...................................................................................................................................... 176
Figura 60 -  Fisiologia humana................................................................................................................................... 178
Figura 61 - Iceberg da ergonomia ............................................................................................................................ 180
Figura 62 -  Sinais de alarme de doenças relacionadas..................................................................................... 180
Figura 63 -  Postura correta e incorreta das mãos............................................................................................... 182
Figura 64 -  Posto de trabalho..................................................................................................................................... 185
Figura 65 -  Posto de trabalho com presença de riscos ambientais.............................................................. 185
Figura 66 -  Ginástica laboral....................................................................................................................................... 187
Figura 67 -  Sobrecarga na coluna devido a má postura.................................................................................. 187
Figura 68 -  Fibras vermelhas da coluna vertebral.............................................................................................. 190
Figura 69 -  Contração e descontração muscular................................................................................................ 191
Figura 70 -  Alongando................................................................................................................................................. 193
Figura 71 -  Como se abaixar ...................................................................................................................................... 193
Figura 72 -  Como levantar peso................................................................................................................................ 194
Figura 73 -  Ambiente de trabalho adequado...................................................................................................... 195
Figura 74 -  Trabalho repetitivo de digitação........................................................................................................ 196
Figura 75 -  Postura em pé........................................................................................................................................... 199
Figura 76 -  Trabalho sentado utilizando o computador.................................................................................. 200
Figura 77 -  Pausa no trabalho para o almoço...................................................................................................... 201
Figura 78 -  Fábrica com iluminação natural......................................................................................................... 207
Figura 79 -  Luxímetro.................................................................................................................................................... 218
Figura 80 -  Iluminação do ambiente de trabalho............................................................................................... 218
Figura 81 -  Luxímetro.................................................................................................................................................... 219
Figura 82 -  Iluminação natural.................................................................................................................................. 224
Quadro 1 - Exemplo de ficha de inspeção de segurança.....................................................................................75
Quadro 2 - Exemplo de ficha de inspeção de segurança com lista de verificação.....................................76
Quadro 3 - Exemplo de relatório de inspeção.........................................................................................................76
Quadro 4 - Modelo de checklist de inspeção de segurança do trabalho.......................................................81
Quadro 5 - Medidas qualitativas de consequências ou impactos....................................................................93
Quadro 6 - Medidas qualitativas de probabilidades.............................................................................................94
Quadro 7 - Matriz de análise qualitativa de riscos..................................................................................................94
Quadro 8 - Exemplos de variações de diferentes componentes.......................................................................97
Quadro 9 - Organização dos fatores do acidente...................................................................................................99
Quadro 10 - Modelo de formulário para AMFE.................................................................................................... 106
Quadro 11 - Palavras-guia e seus significados...................................................................................................... 109
Quadro 12 - Exemplo do método HAZOP.............................................................................................................. 112
Quadro 13 - Exemplo HAZOP do tanque de GLP................................................................................................. 115
Quadro 14 - Modelo de formulário para APR........................................................................................................ 116
Quadro 15 - Categorias de frequência .................................................................................................................... 117
Quadro 16 - Categorias de severidade ................................................................................................................... 117
Quadro 17 - Matriz de risco.......................................................................................................................................... 118
Quadro 18 - Classes de risco........................................................................................................................................ 118
Quadro 19 - Exemplo de formulário APR preenchido........................................................................................ 119
Quadro 20 - Modelo de plano de ação.................................................................................................................... 122
Quadro 21 - Exemplo de plano de ação.................................................................................................................. 123
Quadro 22 - Efeitos da intensidade da corrente no corpo humano............................................................. 133
Quadro 23 - Riscos biológicos X consequências.................................................................................................. 156
Quadro 24 - Exemplo de checklist........................................................................................................................... 166
Quadro 25 - Iluminância por classe de tarefa visual........................................................................................... 213
Quadro 26 - Iluminância por tipo de atividade (valores médios em serviço)............................................ 213
Quadro 27 - Fatores determinantes da iluminância adequada...................................................................... 214
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13

2 Legislação aplicada à saúde, segurança e meio ambiente do trabalho.....................................................17


2.1 Normas regulamentadoras do ministério do trabalho e emprego............................................18
2.2 Notas técnicas aplicadas à saúde, segurança e meio ambiente do trabalho.........................56
2.3 Normas brasileiras........................................................................................................................................56
2.4 Legislação trabalhista e previdenciária ...............................................................................................58
2.4.1 Legislação trabalhista...............................................................................................................59
2.4.2 Legislação previdenciária........................................................................................................63
2.5 Legislação regional aplicada à saúde, à segurança e ao meio ambiente do trabalho........67

3 Inspeções de segurança...............................................................................................................................................71
3.1 Definição.........................................................................................................................................................72
3.2 Tipos de inspeções de segurança...........................................................................................................73
3.3 Relatórios de inspeção...............................................................................................................................74
3.4 Execução da inspeção.................................................................................................................................77
3.4.1 Planejamento..............................................................................................................................78
3.4.2 Lista de verificação (checklist)...............................................................................................79
3.4.3 Desvios e erros............................................................................................................................82
3.4.4 Registro..........................................................................................................................................82
3.5 Meios para divulgação dos resultados das inspeções....................................................................83

4 Análise de riscos..............................................................................................................................................................87
4.1 Definições.......................................................................................................................................................89
4.1.1 Desvio............................................................................................................................................90
4.1.2 Risco................................................................................................................................................91
4.1.3 Perigo.............................................................................................................................................91
4.2 Técnicas de análises quantitativas e qualitativas..............................................................................92
4.2.1 Análise qualitativa.....................................................................................................................93
4.2.2 Análise quantitativa..................................................................................................................95
4.3 Ferramentas....................................................................................................................................................95
4.3.1 Análise por árvore de causas.................................................................................................96
4.3.2 Diagrama de causa e efeito................................................................................................. 101
4.3.3 Análise de Modos de Falhas e Efeitos – AMFE.............................................................. 103
4.3.4 HAZOP......................................................................................................................................... 107
4.3.5 Análise Preliminar de Risco – APR..................................................................................... 115
4.3.6 Plano de ação – 5W2H.......................................................................................................... 121

5 Riscos de acidentes..................................................................................................................................................... 127


5.1 Definição...................................................................................................................................................... 128
5.2 Tipos de riscos de acidentes.................................................................................................................. 129
5.2.1 Arranjo físico............................................................................................................................. 129
5.2.2 Espaço confinado.................................................................................................................... 131
5.2.3 Elétricos...................................................................................................................................... 132
5.2.4 Incêndio e explosão............................................................................................................... 134
5.2.5 Trabalho em altura.................................................................................................................. 136
5.2.6 Transporte, armazenamento e movimentação de cargas........................................ 137
5.2.7 Animais peçonhentos........................................................................................................... 140
5.3 Controle dos riscos de acidentes......................................................................................................... 141
5.4 Terminologia técnica................................................................................................................................ 143
5.5 Medidas preventivas................................................................................................................................ 147

6 Riscos biológicos.......................................................................................................................................................... 151


6.1 Definições.................................................................................................................................................... 152
6.2 Tipos de riscos............................................................................................................................................ 154
6.2.1 Bactérias..................................................................................................................................... 154
6.2.2 Vírus............................................................................................................................................. 155
6.2.3 Fungos........................................................................................................................................ 155
6.3 Efeitos da exposição................................................................................................................................ 156
6.4 Controle........................................................................................................................................................ 159
6.5 Medidas preventivas................................................................................................................................ 164

7 Ergonomia...................................................................................................................................................................... 171
7.1 Definição...................................................................................................................................................... 172
7.2 Tipos de riscos ergonômicos ................................................................................................................ 177
7.3 Fisiologia do trabalho.............................................................................................................................. 178
7.4 Doenças relacionadas.............................................................................................................................. 179
7.5 Análise ergonômica.................................................................................................................................. 184
7.5.1 Roteiro para análise ergonômica de uma atividade.................................................. 185
7.6 Intervenção ergonômica........................................................................................................................ 188
7.7 Biomecânica................................................................................................................................................ 190
7.7.1 Trabalho estático x dinâmico.............................................................................................. 190
7.7.2 Esforço dinâmico..................................................................................................................... 191
7.7.3 Alongamento muscular........................................................................................................ 192
7.8 Conforto térmico, acústico e iluminação adequada no posto de trabalho de forma
quantitativa................................................................................................................................................. 194
7.9 Terminologia técnica................................................................................................................................ 196
7.10 Controle dos riscos ergonômicos..................................................................................................... 197
7.11 Medidas preventivas.............................................................................................................................. 198
7.11.1 Recomendações de ergonomia para utilização correta de músculos e
do sistema locomotor.......................................................................................................... 198
7.11.2 Orientações para uso da postura em pé...................................................................... 199
7.11.3 Orientações para uso da postura sentada................................................................... 199
7.11.4 Pausas no trabalho............................................................................................................... 200
8 Iluminamento............................................................................................................................................................... 205
8.1 Definição...................................................................................................................................................... 207
8.2 Efeitos da exposição................................................................................................................................. 209
8.3 Limites de tolerância................................................................................................................................ 211
8.3.1 NBR 5413 – iluminância de interiores.............................................................................. 211
8.3.2 NBR ISO 8995-1 - iluminação de ambientes de trabalho - parte 1........................ 215
8.4 Instrumentos de medição...................................................................................................................... 217
8.4.1 Luxímetro................................................................................................................................... 217
8.5 Avaliação de níveis.................................................................................................................................... 219
8.6 Terminologia técnica................................................................................................................................ 222
8.7 Controle........................................................................................................................................................ 223
8.8 Medidas preventivas................................................................................................................................ 224

Referências

Minicurrículo dos autores

Índice
Riscos de Acidentes

Conforme você estudou no capítulo anterior, em situações em que as causas de riscos são
difíceis de serem identificadas, a aplicação de ferramentas adequadas contribui para a iden-
tificação destas causas e, consequentemente, para a aplicação de medidas de controle para
eliminar ou minimizar os efeitos destes riscos. Portanto, reconhecer os riscos existentes é um
dos passos mais importantes para promover saúde e segurança no trabalho.
Com o estudo deste conteúdo, você irá conhecer os tipos de riscos de acidentes e a sua rela-
ção com a atividade e o ambiente de trabalho, como arranjo físico, espaço confinado, incêndio
e explosão, trabalho em altura, riscos em sistemas elétricos e com animais peçonhentos. Ainda
neste estudo, você conhecerá também os aspectos relacionados aos riscos de acidentes nas
atividades de transporte, armazenamento e movimentação de cargas.
Nesta etapa do estudo, você entenderá que o controle de riscos abrange a frequência e as
consequências, através de ações que compõem um plano de controle de riscos. Conhecerá
os principais termos técnicos utilizados e as medidas preventivas aplicadas em riscos de
acidentes.
Assim, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) identificar os riscos inerentes às atividades laborais a serem avaliadas durante a inspeção;
b) identificar situações de risco grave e iminente durante a inspeção nos ambientes labo-
rais, agindo de acordo com os procedimentos padrão e ou de emergência da empresa;
c) interpretar os relatórios de inspeção e avaliação de riscos para identificar se as medidas
propostas no relatório estão sendo cumpridas;
d) avaliar a evolução ou a mitigação dos riscos ocupacionais evidenciados no relatório;
e) identificar novas situações de riscos não contempladas inicialmente nos relatórios e
avaliações.
Agora você terá a oportunidade de conhecer diversos temas sobre o assunto, que farão a
diferença em suas práticas.
Bons Estudos!
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
128

5.1 DEFINIÇÃO

Segundo Cardella (2009), os sinônimos de perigo e de risco são por vezes confundidos. O perigo diz
respeito a um acontecimento natural que causa ameaça aos seres humanos e aos bens materiais, como
avalanches, cheias, deslizamentos ou terremotos. O risco já diz respeito à interação de um perigo, como um
objeto ou pessoa que se encontra exposto a ele e a sua vulnerabilidade.

Segundo Barbosa Filho (2010), os primeiros trabalhos realizados sobre o perigo focavam
SAIBA no aspecto físico das perdas, vistos em trabalhos ligados à engenharia. Os trabalhos
MAIS tinham como objetivo reduzir os impactos por meio de medidas estruturais. Para saber
mais, consulte o livro: BARBOSA FILHO, Antonio Nunes. Segurança do Trabalho e
Gestão Ambiental. São Paulo: Atlas, 2010.

Na figura, a seguir, observe que a casca de banana no chão é o perigo; o risco é a exposição da pessoa
à casca de banana, ou seja, o risco de escorregar. Neste caso, o acidente é a queda da pessoa ao escorregar
na casca de banana.

iStock ([20--?])

Figura 43 -  Perigo e risco

O risco não depende apenas dos fatores físicos, mas também de fatores socioeconômicos, que são inte-
grados na vulnerabilidade de uma população. O grau de preparação, de alerta e as medidas cautelosas po-
dem ser vitais para alterar o risco. Um mesmo acontecimento em locais bem preparados tem consequências
mais leves do que em um local em que não existe qualquer plano de preparação.

O risco, embora não sendo sinônimo de perigo, está intimamente ligado ao perigo. O
FIQUE nível de risco difere do nível de perigo, como também da exposição e da vulnerabilidade
ALERTA ao perigo. O risco pode ser visto como a probabilidade de ocorrência de perigo e da
perda prevista.
5 RISCOS DE ACIDENTES
129

Após conhecer a definição de risco, você identificou quais são os fatores que podem minimizar os riscos
de uma situação perigosa. Por fim, viu que um ambiente preparado tem maiores chances de apresentar
consequências menos graves do que um local despreparado. Na sequência, conheça os tipos de riscos de
acidentes.

5.2 TIPOS DE RISCOS DE ACIDENTES

Pode-se considerar como riscos de acidentes todos os fatores que colocam em perigo o trabalhador ou
afetam sua integridade física. Estes riscos estão relacionados a aspectos de máquinas e equipamentos, das
condições do ambiente de trabalho e dos procedimentos adotados pelo trabalhador.
Alguns dos elementos que podem apresentar riscos de acidentes são: o arranjo físico, trabalhos em
espaço confinado e em altura, eletricidade, incêndio ou explosão, animais peçonhentos e transporte, ar-
mazenamento e movimentação de cargas e armazenamento inadequado.
Conhecer os riscos associados às atividades laborais é o primeiro passo para promover a segurança e
saúde das pessoas. Acompanhe, a seguir, a descrição de cada um destes riscos.

5.2.1 ARRANJO FÍSICO

Segundo Campos (2012), arranjo físico é o estudo que procura reconhecer, avaliar e controlar os recur-
sos de uma instalação, visando a combinação ótima desses e de tudo aquilo que ocorra para a produção,
dentro de um volume disponível. É a maneira de obter o relacionamento mais eficiente e econômico entre
homens, máquinas e equipamentos.
Os objetivos do arranjo físico são, em síntese, a redução do custo e a maior produtividade por meio de:
a) melhor utilização do espaço disponível;
b) redução da movimentação de materiais, produtos e pessoal;
c) fluxo mais racional, evitando paradas no processo de produção;
d) menor tempo de produção;
e) melhores condições de trabalho;
f ) prevenção de riscos de acidentes e incidentes;
g) prevenção de doenças ocupacionais; e
h) melhoria das condições ambientais.
Um arranjo físico não permanece sempre o mesmo. Nas empresas, as alterações são feitas em função de
variações na quantidade de matéria-prima, equipamentos e mão de obra. Outros aspectos, como mudança
de produto ou de processo e ainda melhoria das condições do ambiente, resultam também em modifica-
ções no arranjo físico.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
130

Alguns aspectos devem ser considerados em relação ao arranjo físico que, quando observados, minimi-
zam condições inseguras no trabalho. Um exemplo de arranjo físico pode ser visto a seguir.

iStock ([20--?])
Figura 44 -  Arranjo físico

Acompanhe, em seguida, os aspectos que compõem um arranjo físico e que devem ser observados.
a) Máquinas, materiais e homens precisam estar bem integrados, considerando também aspectos de
segurança.
b) Buscar a distância mínima entre operações subsequentes para evitar o excesso de transporte e movi-
mentação de materiais, produtos e pessoas.
c) Os fluxos das operações devem ser obedecidos para minimizar a possibilidade de haver condições
inseguras.
d) Satisfazer as condições de segurança do ambiente de trabalho, considerando elementos como
limpeza e organização, iluminação adequada, dentre outros.
e) A flexibilidade do arranjo físico em relação a futuras alterações.
Ainda segundo Campos (2012), em termos de segurança e higiene do trabalho, todos os arranjos físicos
implicam, em relação à segurança, um número de condições inseguras inversamente proporcional à preo-
cupação e/ou ao conhecimento de quem os elaborou.
Um arranjo físico inadequado poderá apresentar também riscos físicos, como ruído, vibração e calor,
bem como, riscos ergonômicos, como má postura, excesso de esforço e ações repetitivas.
Observe, a seguir, situações que representam risco relacionado ao arranjo físico e instalações:
a) falta de demarcação das áreas de circulação em locais de instalação de máquinas e equipamentos,
em conformidade com as normas técnicas oficiais;
b) presença de materiais obstruindo as áreas de circulação;
c) falta de definição e demarcação de locais específicos para a armazenagem de materiais em utilização
no processo produtivo;
5 RISCOS DE ACIDENTES
131

d) a não adequação dos espaços ao redor das máquinas e equipamentos de forma a prevenir a ocor-
rência de acidentes e doenças relacionados ao trabalho;
e) falta de um estudo e da adequação da disposição das máquinas, respeitando a distância mínima
entre elas (conforme suas características e aplicações), que garanta a segurança dos trabalhadores
durante sua operação, manutenção, ajuste, limpeza e inspeção;
f ) existência de locais de trabalho e áreas de circulação com pisos sujos e presença de objetos, ferra-
mentas e materiais oferecendo riscos de acidentes; e
g) desorganização de ferramentas utilizadas no processo produtivo.

5.2.2 ESPAÇO CONFINADO

Conforme a NR 33, espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação huma-
na contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para
remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio. Um exemplo
desses espaços pode ser visto na próxima figura.
iStock ([20--?])

Figura 45 -  Espaço confinado

Este tipo de ambiente de trabalho proporciona uma série de riscos. Acompanhe.


Deficiência de oxigênio: a concentração de oxigênio abaixo de 19,5% presente na atmosfera de um
espaço confinado representa perigo imediato para o trabalhador. A baixa concentração de oxigênio nestes
ambientes pode ser causada por oxidação do ferro, digestão de matéria orgânica processada por micror-
ganismos e pela elevada concentração de gases e vapores.
Exposição aos agentes físicos e químicos: as atividades de inspeção, manutenção e limpeza em espa-
ço confinado expõem o trabalhador a estes agentes. Normalmente, essas atividades envolvem vários tipos
de trabalhos, tais como: solda, oxicorte, esmerilhamento, pintura e ensaios não destrutivos.
Exemplos de riscos físicos são: vibração, ruído, radiação, pressão e temperatura anormais e iluminação
deficiente. E, de risco químicos: as poeiras, fumaças, gases e vapores.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
132

Explosão e Incêndio: a explosão pode ser o resultado de uma reação química exotérmica em misturas
explosivas, liberando grande quantidade de energia instantânea mediante uma fonte de ignição. Isto pode
ocorrer em um espaço confinado contendo a proporção adequada de combustível e oxigênio mediante o
aparecimento de uma fonte de ignição. Esta mesma condição pode provocar incêndio, podendo ocorrer
ou não a explosão.
Elétrico e Mecânico: serviços com o emprego de solda elétrica, oxicorte, pintura e esmerilhamento ofe-
recem riscos elétricos ou mecânicos. A existência deste tipo de risco irá depender da atividade executada
no espaço confinado. A eletricidade estática também oferece risco no espaço confinado pelo fato de ser
uma fonte de ignição.
Outro tipo de risco de acidentes é provocado pela eletricidade. Acompanhe.

5.2.3 ELÉTRICOS

O risco elétrico está associado diretamente ao perigo de choque elétrico. As tomadas de energia na sua
casa devem ser sempre bem protegidas, principalmente se tiver crianças em casa.
iStock ([20--?])

Segundo Campos (2012), o choque elétrico é uma perturbação de natureza e efeitos diversos, que se
manifesta no organismo humano quando percorrido pela corrente elétrica. É um estímulo rápido e aci-
dental do sistema nervoso do corpo humano, pela passagem de uma corrente que circulará quando ele
se tornar parte de um circuito elétrico que possua uma diferença de potencial suficiente para vencer sua
resistência elétrica.
Dentre os efeitos causados pelo choque elétrico, tem-se a morte, fibrilação do coração, contrações mus-
culares violentas, tetanização2, parada respiratória e formigamento.


2
Ocorrência ou produção de tétano.
5 RISCOS DE ACIDENTES
133

São fatores que influenciam na gravidade do choque elétrico: percurso da corrente elétrica, intensi-
dade da corrente elétrica, tempo de duração do contato elétrico, espécie de corrente, frequência, força
da corrente elétrica, resistência elétrica do corpo humano, área de contato, pressão de contato, umidade,
condições orgânicas do indivíduo e diferença de potencial.
O corpo humano, por ser um condutor de eletricidade, quando em contato com um circuito energizado,
é atravessado por uma corrente elétrica. O percurso dessa corrente dependerá da posição que estiverem os
contatos com o circuito e os efeitos fisiológicos dependerão desse percurso, pois a passagem de corrente
poderá ou não atingir órgãos vitais.
As perturbações provocadas pelo choque elétrico dependem da intensidade da corrente que atraves-
sa o corpo da pessoa. Para frequência de 60Hz, uma intensidade de até 10 mA (miliampere), apesar de
desagradável, não gera consequências graves. Acima deste valor, as contrações musculares são maiores e
podem impedir que a pessoa se liberte do contato com um circuito.
Correntes de até 30 mA podem vir a ser muito perigosas se permanecer o contato por mais de 5 segun-
dos. Para correntes na faixa de 100 mA, atuando por mais de 0,5 s, podem produzir fibrilação ventricular e,
em consequência, a morte.
O ser humano é mais sensível à corrente alternada do que à corrente contínua. Portanto, pode-se con-
siderar a corrente alternada mais perigosa que a corrente contínua. Veja a relação de causa e intensidade
no quadro, a seguir.

INTENSIDADE DE CORRENTE (mA)


EFEITOS 60 Hz CONTÍNUA
HOMEM MULHER HOMEM MULHER

Limiar de percepção 1,1 0,7 5,2 3,5

Choque não doloroso, sem perda de controle muscular 1,8 1,2 9 6

Choque doloroso, limiar de largar 16 10,5 76 51

Choque doloroso e grave, contrações musculares, dificuldade de


23 15 90 60
respiração
Possível efeito de fibrilação ventricular a partir de 3 segundos de
100 100 500 500
duração do choque
Quadro 22 - Efeitos da intensidade da corrente no corpo humano
Fonte: adaptado de Campos (2012)

O choque elétrico pode ser classificado em 3 categorias: contato com um circuito energizado, contato
com um corpo energizado e/ou ação direta ou indireta de descargas atmosféricas.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
134

Segundo a UFRRJ (2017), as lesões provocadas pelo choque elétrico podem ser de quatro naturezas.
a) Eletrocussão: é a morte provocada pela exposição do corpo a uma dose letal de energia elétrica. Os
raios e os fios de alta tensão (voltagem superior a 600 volts) costumam provocar esse tipo de aci-
dente. Também pode ocorrer a eletrocussão com baixa voltagem (V<600 volts), se houver a presença
de poças d’água, roupas molhadas, umidade elevada ou suor.
b) Choque elétrico: é causado por uma corrente elétrica que passa por meio do corpo humano ou de
um animal qualquer. O pior choque é aquele que se origina quando uma corrente elétrica entra pela
mão da pessoa e sai pela outra. Nesse caso, atravessando o tórax, ela tem grande chance de afetar
o coração e a respiração. Se fizerem parte do circuito elétrico o dedo polegar e o dedo indicador de
uma mão, ou uma mão e um pé, o risco é menor. O valor mínimo de corrente que uma pessoa pode
perceber é 1 mA. Com uma corrente de 10 mA, a pessoa perde o controle dos músculos, sendo difícil
abrir as mãos para se livrar do contato. O valor mortal está compreendido entre 10 mA e 30 mA.
c) Queimaduras: a pele humana é um bom isolante e apresenta, quando seca, uma resistência à
passagem da corrente elétrica de 100.000 Ohms. Porém, quando molhada, essa resistência cai para
apenas 1.000 Ohms. A energia elétrica de alta voltagem, rapidamente rompe a pele, reduzindo a
resistência do corpo para apenas 500 Ohms, provocando queimaduras mais facilmente.
d) Quedas de altura: os riscos de queda existem em vários ramos de atividades, em diversos tipos de
tarefas. Por este motivo, é preciso ter muito cuidado nesta situação. Em todos os trabalhos realizados
com risco de queda, devem ser tomadas todas as medidas necessárias para que ocorram com total
segurança para o trabalhador e terceiros.

FIQUE O choque elétrico irá provocar morte por asfixia se a intensidade da corrente for acima
de 30 mA e circular por apenas alguns minutos. Por isso, a interrupção da passagem da
ALERTA corrente pelo corpo da pessoa deve ser feita rapidamente.

Conhecidos os riscos advindos da eletricidade, como queimaduras, quedas, eletrocussão, e de que for-
ma você pode evita-los, você terá mais subsídios para avaliar o ambiente de trabalho e garantir a sua segu-
rança e dos demais. Outro risco que deve ser conhecido e evitado é o de incêndio e explosão. Acompanhe,
na sequência.

5.2.4 INCÊNDIO E EXPLOSÃO

O risco de incêndio está presente na maioria das atividades de trabalho. Os conceitos conhecidos como
a teoria do fogo consideram que ele é uma reação química chamada de combustão. Para haver fogo, é
preciso que estejam presentes estes quatro elementos:
a) Combustível: são todos os materiais capazes de queimar e alimentar a combustão. Estes materiais
podem ser sólidos, líquidos ou gasosos.
5 RISCOS DE ACIDENTES
135

b) Comburente: este é o componente que, ao reagir com o combustível, promove a combustão. É o


oxigênio presente no ar.
c) Fonte de ignição: é o elemento que dá origem ao fogo. Pode ser o calor ou qualquer fonte de ignição,
como faíscas.
d) Reação em cadeia: a reação em cadeia ocorre com a liberação de calor das chamas, que passam a
aquecer o combustível que, com a presença do oxigênio, entra em combustão. Este processo esta-
belece um ciclo constante.
A combustão será mantida até que um destes elementos seja eliminado.
A utilização do fogo é parte importante da história e evolução da humanidade. A utilização do calor do
fogo continua ocorrendo tanto para uso doméstico quanto em processos industriais. No entanto, quando
as chamas do fogo saem do controle, há um incêndio.

iStock ([20--?])

Observe, a seguir, os principais riscos relacionados à ocorrência de incêndio.


a) Queimadura: o contato da pessoa com o calor irá provocar queimaduras.
b) Intoxicação: os gases gerados pela combustão dos materiais consumidos pelo incêndio irão intoxicar
as pessoas através das vias respiratórias.
c) Asfixia: a falta de oxigênio no ambiente, em função da combustão, irá asfixiar as pessoas.
O risco de explosão, normalmente, está associado à ocorrência de incêndios. Tanto a explosão de um
equipamento ou reservatório poderá causar um incêndio, como também, um incêndio poderá causar uma
explosão.
O calor gerado pelo incêndio poderá alterar as condições de temperatura e pressão em um equipamen-
to ou produto armazenado e provocar uma explosão. Passa, também, a ter risco de explosão e incêndio
em condições onde há armazenagem inadequada de produtos combustíveis e produtos perigosos que
possam provocar reações exotérmicas3.


3
Reações químicas que liberam calor para o ambiente.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
136

As condições inadequadas de instalação, manutenção, inspeção e operação de equipamentos como


caldeiras e vasos de pressão, que não atendam aos requisitos da NR 13, apresentam risco de explosão. Este
é um aspecto importante em relação ao risco de explosão, porque, apesar dos acidentes com explosão
em máquinas e equipamentos serem menos frequentes, quando eles ocorrem, na maioria das vezes são
catastróficos.

5.2.5 TRABALHO EM ALTURA

Segundo a NR 35 (BRASIL, 2016e), considera-se trabalho em altura toda atividade executada acima de
2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda. Portanto, pode-se citar como exemplos de
trabalho em altura o trabalho em andaimes, escadas, postes e plataformas. Já o trabalho em profundidade
está relacionado, por exemplo, a atividades em escavações, poços e cisternas. Dentre os tipos de tarefa
realizada em altura, têm-se as de manutenção, reparos, construção civil e montagem de estruturas.
Antes do início de qualquer trabalho em altura, devem ser identificados os riscos envolvidos e as medi-
das de controle a serem aplicadas.
iStock ([20--?])

O risco de queda está presente em diversas atividades executadas em altura. Além da queda do tra-
balhador, o trabalho em altura apresenta o risco de queda de materiais e ferramentas. Há também outros
riscos específicos inerentes ao tipo de atividade que ocorrem simultaneamente ao trabalho em altura.
Exemplos destes riscos são o choque elétrico e colisões contra estruturas.
A NR 35 determina que todo trabalho em altura deve ser planejado, organizado e executado por tra-
balhador capacitado e autorizado. Neste planejamento, devem ser adotadas, em sequência, as seguintes
ações:
a) medidas para evitar o trabalho em altura, sempre que existir meio alternativo de execução;
b) medidas que eliminem o risco de queda dos trabalhadores, na impossibilidade de execução do tra-
balho de outra forma;
c) medidas que minimizem as consequências da queda, quando o risco de queda não puder ser elimi-
nado.
5 RISCOS DE ACIDENTES
137

5.2.6 TRANSPORTE, ARMAZENAMENTO E MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS

As atividades de transporte, armazenamento e movimentação de materiais são responsáveis por gran-


de parte das lesões que ocorrem na indústria. Danos provocados por esmagamento, entorse, fraturas e
contusões são costumeiros. Estes danos são consequências de atos e condições inseguras de trabalho,
como elevação e transporte de cargas de modo inadequado, acima de limites estabelecidos e pelo uso de
equipamentos inadequados.
Ao observar um processo produtivo, você irá perceber que os riscos associados ao transporte, armaze-
namento e movimentação de cargas dependem dos seguintes aspectos:
a) o tipo e caraterísticas da carga (material ou produto) a ser movimentada;
b) a direção e trajeto que a carga deverá ser movimentada;
c) a distância a ser percorrida pela carga;
d) a frequência que determinada movimentação irá ocorrer, por exemplo, se será executada apenas
uma vez ou se faz parte da rotina de trabalho;
e) o volume e o peso da carga a ser movimentada.
iStock ([20--?])

Para esclarecer e obter informações que possam contribuir para o desenvolvimento de soluções para
este tipo de atividade, você, atuando como profissional do SESMT, deverá atentar para algumas questões
importantes, como as listadas a seguir.
a) Há possibilidade de executar o serviço de modo a eliminar a movimentação manual?
b) Qual é o histórico da quantidade de acidentes neste tipo de atividade?
c) Há equipamentos e dispositivos que possam oferecer mais segurança às atividades?
d) Poderia ser adotado algum EPI para minimizar os efeitos dos riscos da atividade?
Obtendo essas respostas, você tem maior possibilidade de evitar os riscos, tornando assim o trabalho
mais seguro.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
138

TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS DE MODO MANUAL: nas atividades de transporte e


movimentação de cargas feitas de modo manual, os principais riscos são as lesões que afetam a coluna
cervical e os membros inferiores. O maior número destas lesões ocorre em atividades de levantamento
manual de cargas. Neste tipo de atividade, é aplicada a ergonomia com o objetivo de eliminar ou reduzir
estes riscos e evitar a ocorrência de lesões nos trabalhadores. Estes aspectos são considerados na NR 17.
Em relação ao levantamento e transporte manual de cargas, há vários cuidados a serem observados.
Veja alguns destes cuidados:
a) manter a carga na vertical e próximo ao corpo;
b) manter os pés afastados para ter melhor equilíbrio;
c) evitar torções no corpo;
d) limitar cargas ou dividi-las, se possível; e
e) manter as costas (coluna) o mais vertical possível, flexionando as pernas.

Fica evidente a necessidade da definição de um valor máximo de peso recomendado


para qualquer trabalho de levantamento manual de carga para diminuir os esforços e
as tensões exageradas sobre a coluna. Mas, de que forma é possível estabelecer este
SAIBA limite? Esta definição é feita utilizando um método estudado e proposto pelo National
MAIS Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH), desenvolvido em 1981 e revisado
e 1992. Para saber mais, consulte o livro: Prevenção e controle de risco em máquinas
equipamentos e instalações, de Armando Campos.

Como você já pôde perceber, o transporte e a movimentação manual de cargas oferecem risco de pro-
vocar sérias lesões nos trabalhadores. Portanto, este é um assunto que merece muita atenção.
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Figura 46 -  Transporte e movimentação de cargas por meio mecânico


5 RISCOS DE ACIDENTES
139

TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS POR MEIO MECÂNICO: no transporte e movimentação


de cargas feitos através de meios mecânicos, com o auxílio de equipamentos para elevação e transporte,
também há riscos em função de falhas nos equipamentos, erros operacionais e por não serem observadas
orientações e padrões de segurança. Na NR 11, você irá encontrar uma série de requisitos relacionados
a este tipo de atividade e que visam à saúde e segurança dos trabalhadores. Na sequência, observe um
exemplo de equipamento de trabalho e movimentação de cargas.
Em seguida, conheça alguns tipos de equipamentos e seus respectivos riscos.
a) Equipamentos auxiliares de elevação, tais como guindastes de corda, cabos de aço, correntes e gan-
chos, oferecem riscos de queda de carga por estar mal posicionada ou fixada inadequadamente e
também por algum dano em componentes destes equipamentos. A má condição de conservação
destes equipamentos pode oferecer riscos de ferimentos pelo rompimento de cabos de aço e outros
componentes.
b) Pontes rolantes, pórticos, gruas, talhas elétricas, autoguindastes. Além dos riscos apresentados no
item anterior, estes equipamentos oferecem perigo de eletrocussão, em caso de contato acidental
com redes de alta tensão, bem como contusões arranhões e amputações de partes de membros do
trabalhador.
c) Elevadores e monta-cargas apresentam risco de choque, queda de pessoas ou objetos da cabine.
d) Transportadores de roletes, de correias e similares oferecem risco de queda de materiais.
e) Empilhadeiras, transpaleteiras e guinchos motorizados apresentam risco de atropelamento e
choques contra estruturas e pessoas.
ARMAZENAMENTO: armazenar, a princípio, parece ser uma atividade simples. No entanto, não se trata
simplesmente de colocar as coisas em qualquer lugar e, muito menos, de qualquer jeito. O armazenamento
dos materiais deve ser efetuado de modo que os perigos de queda, desprendimento e rebaixamento do
piso sejam eliminados. Uma boa forma de armazenar materiais pode ser observada a seguir.
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Figura 47 -  Armazenamento
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
140

Quanto ao armazenamento de materiais, os riscos são oriundos de práticas indevidas. Sejam elas por
falta de padrões adequados de armazenamento ou pelo não seguimento destes.
Acompanhe, a seguir, algumas destas não conformidades.
a) Não respeitar recomendações de armazenamento conforme o tipo de produto armazenado.
b) Obstruir corredores e áreas de trabalho com materiais dispostos fora de uma área de armazenagem
definida.
c) Não respeitar o limite de altura de empilhamento de contêiner e materiais.
d) Armazenagem inadequada de substâncias químicas perigosas.
e) Falta de rotulagem indicando o tipo de produto armazenado e informações específicas sobre o mes-
mo
f ) Falta de treinamento dos trabalhadores das áreas de armazenagem quanto ao reconhecimento dos
riscos e procedimentos adequados de armazenamento para cada tipo de material ou produto.
Você já conheceu quais os riscos e acidentes causados no trabalho em altura, no transporte, armaze-
namento e movimentação de cargas, e a partir daqui já tem subsídios para realizar e acompanhar estas
tarefas de forma mais segura. Conheça, na sequência, o risco que vem dos animais peçonhentos.

5.2.7 ANIMAIS PEÇONHENTOS

Chamamos de animais peçonhentos aqueles que produzem substâncias tóxicas e, para caçar ou se de-
fender, injetam em suas presas este veneno através de glândulas como dentes e ferrões. Essa característica
faz parte de seu instinto de sobrevivência e defesa. Ao perceberem uma ameaça, imobilizam o agressor e
fogem para um local seguro.
iStock ([20--?])

Tanto no meio rural quanto nas cidades, estes animais são responsáveis por provocarem inúmeros aci-
dentes. São exemplos de animais peçonhentos: cobras, aranhas, escorpiões, lacraias, taturanas, vespas,
formigas, abelhas, marimbondos.
5 RISCOS DE ACIDENTES
141

Você também será responsável por evitar a proliferação destes animais no ambiente de trabalho, to-
mando conta da limpeza e evitando o acúmulo desnecessário de materiais.
Conhecidos os riscos de acidentes, chegou a hora de você aprender de que forma são controlados.
Acompanhe.

5.3 CONTROLE DOS RISCOS DE ACIDENTES

Conforme Cardella (2009), a função de controle de riscos pode ser desdobrada em controlar frequência
e consequências do evento perigoso. Portanto, é fundamental que um sistema de controle de riscos abran-
ja ações de controle de frequência e consequências. Estas ações fazem parte de um plano de controle de
riscos que pode compreender ações simples ou complexas e de curto, médio e longo prazo, dependendo
da dimensão dos riscos, dos sistemas e das organizações envolvidas.
Ainda segundo Cardella (2009), os danos decorrem da relação entre o agente agressivo e o alvo. Tomando
como exemplo um vaso de pressão contendo amônia, para que o mesmo cause danos, é necessário que:
a) a amônia seja liberada para o ambiente;
b) haja pessoas no campo de ação agressiva; e
c) essas pessoas sejam expostas sem proteção.
Considerando este exemplo, para evitar danos, você pode aplicar as seguintes ações: não permitir que a
amônia vaze, impedir a presença das pessoas (automatizando a operação) e eliminar a exposição por meio
de proteção (máscara).
Portanto, as ações de controle de risco podem ser aplicadas no agente, no alvo e na exposição.
Acompanhe, a seguir, algumas ações indicadas por Cardella (2009), aplicáveis a cada um destes aspectos.
Controle do agente
a) Eliminar a fonte ou reduzir a quantidade e/ou a energia agressiva (substituindo substâncias perigo-
sas por inertes, reduzindo estoques de matérias-primas).
b) Reduzir a potência das fontes contribuintes (reduzindo estoques, vazões ou pressões).
c) Reduzir a nocividade dos agentes nocivos (substituir produtos não biodegradáveis por biode-
gradáveis, produtos tóxicos por outros menos tóxicos).
d) Reduzir a frequência de falhas de contenção, aumentando a confiabilidade (tubulações com pare-
des de maior espessura, maior frequência de testes) ou implantando sistemas adicionais de conten-
ção (bacias de contenção ao redor de tanques de armazenamento), de recomposição da contenção
(válvulas especiais acionadas pelo próprio fluxo do fluido que vaza) e de combate aos agentes de
ruptura (proteção catódica, válvulas de alívio).
e) Combater agentes agressivos (diluição de gases tóxicos por insuflação de ar no ambiente, absorção
de ruído por barreiras ou filtros).
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
142

f ) Reduzir a ação de agentes promotores de capacidade agressiva (trabalhando com baixas voltagens,
baixas temperaturas) e de nocividade (eliminando cloretos de soluções de ácido nítrico em sistemas
de aço inox).
Controle no alvo
a) Reduzir a susceptibilidade por seleção (pessoas de pele clara não devem trabalhar em salinas).
b) Reduzir a vulnerabilidade por seleção, projeto ou construção (casas de controle resistentes a ex-
plosões).
c) Aumentar a capacidade de sistemas de defesa dos alvos (vacinas).
Controle na exposição: reduzir probabilidade, tempo ou categoria da exposição.
a) Distâncias adequadas para que alvos importantes se situem em pontos em que a agressividade do
agente é reduzida por diluição.
b) Sistemas de proteção coletiva ou individual (cabines acústicas, protetores auriculares).
c) Sistemas de isolamento (barreiras, placas, normas, treinamento).

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Figura 48 -  Sistema de isolamento através do uso de fitas listradas

d) Alarmes sonoros (sirene, bip), visuais (placas, cores) e olfativos (odorização com produto de odor
desagradável). Incluir treinamento em detecção de alarmes.
e) Redução na frequência de entrada de alvos no campo de ação dos agentes (rotinas, normas, boas
práticas de trabalho).
Para minimizar os riscos de acidentes, você deverá desenvolver ações para o controle de um ou mais
destes aspectos: o agente, o alvo e a exposição.
5 RISCOS DE ACIDENTES
143

CASOS E RELATOS

O valor da Vida
Será que a sua vida vale mais do que 1 minuto do seu tempo? Ela pode valer mais, só depende
das suas atitudes. Obviamente você deve estar pensando, não há dinheiro que pague o quanto a
minha vida vale, não é mesmo?
Pois bem, agora você está convidado a fazer uma análise de atitudes para tentar demonstrar que
muitas vezes a vida não é valoriza como deveria.
Pense e guarde só para você. Quem nunca atravessou, pelo menos uma vez na vida, um semáforo
quando ele estava no vermelho? Não considere que em 100% das pessoas, mas é um número
bem perto disso, vocês não acham? Pois bem, os semáforos tradicionais monitoram cruzamentos
e quando ele está verde para um lado, fatalmente estará vermelho para o outro, correto? E isto não
falha. Então, considere um salário razoavelmente alto, por exemplo, R$ 60.000,00 por mês. É um
bom salário, certo? Então, o semáforo tradicional quando fica vermelho, em aproximadamente 1
minuto ele retorna para o verde. Esse é o tempo que você teria que esperar para poder atravessar
para o outro lado com segurança, certo? Faça uma rápida conta com um salário de R$ 60.000,00
por mês. O valor do minuto deste motorista seria de R$ 4,54. O que tem de tão importante do outro
lado da rua que faz o cidadão atravessar com o semáforo no vermelho?

Agora que você acompanhou como é possível controlar os riscos de acidentes, continue sua leitura e
conheça as terminologias técnicas que compões esta atividade.

5.4 TERMINOLOGIA TÉCNICA

De acordo com Fundacentro (2004), são definidos alguns conceitos relativos aos riscos. Confira
cada um deles.

Criada oficialmente em 1966, a FUNDACENTRO (Fundação Jorge Duprat Figueiredo


de Segurança e Medicina do Trabalho) é uma instituição ligada ao Ministério do
CURIOSI Trabalho que tem a missão de produzir e difundir conhecimentos que contribuam
DADES para a promoção da segurança e saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras,
visando ao desenvolvimento sustentável, com crescimento econômico, equidade
social e proteção do meio ambiente.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
144

Agente de risco: agente necessário para provocar riscos à saúde e meio ambiente, incluindo agentes
químicos, biológicos (vírus, bactérias), físicos (ruído, calor), risco de acidentes e estressores. Normalmente,
os agentes de riscos são os principais fatores de riscos.

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Agente tóxico: qualquer substância química que pode causar dano a um organismo vivo como resul-
tado de interações físico-químicas, como a atividade de aplicação de pesticida.

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Análise: exame de um sistema complexo, seus componentes e suas relações; exame de cada parte de
um todo para conhecer sua natureza, suas proporções, suas funções e suas relações; estudo pormenorizado e
exame crítico.
Avaliação ambiental: medida da concentração ou intensidade dos agentes de risco presentes no am-
biente e sua análise, comparando com referências apropriadas.
Concentração ambiental: estimativa da quantidade de uma substância em um meio ambiental
específico.
5 RISCOS DE ACIDENTES
145

Contaminante ambiental: qualquer agente físico, químico ou biológico que tiver sido introduzido no
ar, água ou solo e que esteja qualitativa ou quantitativamente estranho a esse meio.

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Figura 49 -  Poluição ambiental

Dose: quantidade de um agente químico ou físico que entra em contato ou interage com o organismo.
Dose efetiva é a quantidade ou intensidade de um químico ou físico que alcança o órgão alvo.
Efeitos nocivos à saúde: É a presença de um dano funcional ou anatômico, uma mudança irreversível
na homeostase, um aumento da susceptibilidade em relação a outros agentes químicos ou estresse
biológico, incluindo moléstias infecciosas. A extensão do efeito pode ser influenciada pelo estado de saúde
do organismo. O efeito nocivo pode ser geral à sociedade, à cultura e ao patrimônio de uma empresa.
Efeito tóxico: efeito adverso ou nocivo ocasionado por substâncias químicas a qualquer organismo
vivo. Resultado de uma ação tóxica, ou ação de um agente tóxico, que se evidencia como o conjunto de
alterações indesejáveis ocasionadas pela ação de uma substância química no organismo.
Estimativa: determinação por cálculo ou avaliação, valor fundado em probabilidade.
Exposição: a situação ou exposição de uma ou mais pessoas que podem estar sujeitas à interação com
agentes ou fatores de riscos.
Fator de risco/situação de risco (Hazard): evento, acontecimento ou situação com potencial para pro-
vocar danos ao organismo (lesão, doença), à propriedade, ao meio ambiente ou a combinação destas. Uma
fonte de risco não produz necessariamente um dano. Somente existirá o risco se existir a exposição e se
esta criar a possibilidade de consequências adversas.
Gerenciamento (gerência) de risco (Risk Management): processo de selecionar e implementar medi-
das para alterar a magnitude do risco.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
146

Limites de tolerância: é a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e


o tipo de exposição ao agente que não causará dano à saúde do trabalhador, durante sua vida laboral.

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Monitorização ambiental: medida e avaliação da concentração ou intensidade dos agentes presentes
no ambiente, de forma periódica e contínua, para estimar a contaminação do meio ambiente, a exposição dos
indivíduos e comparar os resultados com referências apropriadas, além de estimar os riscos à saúde.
Monitorização biológica: medida e avaliação de forma periódica ou contínua da concentração dos
agentes químicos, ou de seus produtos de biotransformação em: tecidos, secreções, ar exalado ou alguma
combinação destes, para estimar a exposição, comparar os resultados com referências apropriadas e esti-
mar os riscos à saúde.
Monitorização de emissões: medida de forma periódica ou contínua da concentração ou intensi-
dade de um contaminante para estimar a emissão por uma determinada fonte e comparar os resulta-
dos com referências apropriadas.
Percepção de riscos: avaliação de uma situação de risco baseada na interpretação e aceitação pes-
soal ou sociopolítica.
Risco (Risk): Probabilidade da ocorrência de um evento, geralmente indesejável. A gravidade do risco
pode ser determinada pela probabilidade da ocorrência do advento indesejado e suas consequências.
Risco ambiental: é a probabilidade de ocorrência de uma situação adversa ao ambiente ou seres
que nele habitam.
Risco ocupacional: possibilidade de uma pessoa sofrer determinado dano à saúde em virtude das con-
dições de trabalho. Para qualificar um risco de acordo com a gravidade, avaliam-se, conjuntamente, a proba-
bilidade de ocorrência do dano e a severidade do mesmo.
Toxicidade: propriedade de qualquer substância ocasionar danos a um organismo vivo. A toxicidade
pode ser graduada, de acordo com o tipo e o nível de interação que apresenta a um determinado organis-
mo. Uma determinada substância pode ser muito tóxica para aves e seres humanos e apresentar pouca ação
sobre vegetais. Os efeitos tóxicos às aves e aos seres humanos podem ser graves, mas de natureza diferente.
5 RISCOS DE ACIDENTES
147

Sempre observe com atenção às instruções contidas nos rótulos.

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Os acidentes de trabalho são fenômenos geradores de perdas, o que provoca a necessidade da busca
de seu controle. Embora não seja possível predizer quando eles ocorrerão, sabe-se que acidentes resultam de
processos que podem ser detectados e corrigidos. Evitar que o processo produtivo apresente disfunções
é reduzir as chances de que os acidentes ocorram. Essas disfunções podem se manifestar na forma de riscos
(risco de acidentes, físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, sociais ou ambientais).
Para a edificação e eliminação (controle) desses riscos, é necessário um processo sistemático que se
inicia com a caracterização da situação atual, passando por análises sucessivas e pela geração de soluções
alternativas (que podem ser físicas ou organizacionais, inseridas na fonte, no meio de propagação ou no
receptor do risco; que atuem para evitar que o risco se manifeste na forma de acidentes ou minimize as
consequências do acidente) e resulta na implantação de uma solução.
As terminologias técnicas são de grande importância, já que farão parte do seu dia a dia no trabalho
como responsável pela segurança.
Conheça, a seguir, as mediadas preventivas de proteção e segurança da saúde do trabalhador.

5.5 MEDIDAS PREVENTIVAS

A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e seguran-
ça da saúde do trabalhador, sendo também seu dever, prestar informações pormenorizadas sobre os riscos
da operação e da execução do produto a manipular.
Constitui contravenção penal, punível com multa se a empresa deixar de cumprir as normas de segu-
rança e higiene do trabalho. Nos casos de negligência quanto às normas de segurança e saúde do traba-
lho, indicadas para a proteção individual e coletiva, a previdência social proporá ação regressiva contra os
responsáveis.
O pagamento pela Previdência Social das prestações decorrentes do acidente do trabalho não exclui a
responsabilidade civil da empresa ou de terceiros.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
148

Por intermédio dos estabelecimentos de ensino, sindicatos, associações de classe, Fundação Jorge
Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho, órgãos públicos e outros meios, serão promovi-
dos, regularmente, instrução e formação, com vistas a incrementar costumes e atitudes prevencionistas em
matéria de acidentes, especialmente, os acidentes de trabalho. Sob todos os aspectos em que possam ser
analisados, os acidentes e doenças decorrentes do trabalho apresentam fatores extremamente negativos
para a empresa, para o trabalhador acidentado e para a sociedade.
Anualmente, as altas taxas de acidentes e doenças registradas pelas estatísticas oficiais expõem os
elevados custos e prejuízos humanos, sociais e econômicos que custam muito para o País (considerando
apenas os dados do trabalho formal). O somatório das perdas, muitas delas irreparáveis, é avaliado e deter-
minado, levando-se em consideração os danos causados à integridade física e mental do trabalhador, os
prejuízos da empresa e os demais custos resultantes para a sociedade.
Para evitar esses custos e prejuízos, existem alguns recursos a serem utilizados como formas de preven-
ção. Confira a seguir.
a) Diagnóstico inicial para conhecer as características da empresa, dos trabalhadores e dos ambientes
de trabalho.
b) Mapeamento dos processos de produção e atividades relacionadas, para conhecimento de suas
principais etapas.
c) Avaliação dos riscos para identificar as fontes de perigo e estimar os riscos a elas associados.
d) Identificação de requisitos legais e outros, para verificar a situação da empresa em relação ao cum-
primento da legislação e de acordos ou contratos firmados.
e) Definição dos objetivos e metas, para que a direção da empresa estabeleça as metas em relação à
saúde e ao trabalho.
f ) Controle operacional, medição e monitoramento, para estabelecer o ciclo básico de gerenciamen-
to de saúde e segurança no trabalho, constituído pelos seguintes passos: reconhecimento, anteci-
pação, avaliação, prevenção e controle dos riscos ambientais (químicos, físicos, biológicos, acidentes
e ergonômicos).
g) Implementação dos programas de gestão, para atingir os objetivos e metas estabelecidas na etapa
anterior, as pessoas responsáveis, os recursos envolvidos e os prazos.
h) Tratamento de desvios, incidentes, acidentes, doenças, ações emergenciais, corretivas e preventivas
ou mitigadoras, para garantir que a gestão de saúde e segurança no trabalho seja implementada e
mantida na empresa.
Lembrando que sempre são importantes a manutenção e o uso dos equipamentos de segurança, pois,
assim, você estará resguardando a empresa de possíveis acidentes e consequentemente futuras contra-
venções penais.
5 RISCOS DE ACIDENTES
149

Como você pôde perceber, prevenir sempre é melhor, e para isso, as medidas preventivas ajudam mui-
to. Continue explorando todas as informações apresentadas neste material.

iStock ([20--?])
Figura 50 -  Equipamentos de segurança pessoal

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você conheceu os tipos de riscos de acidentes, tais como arranjo físico, espaço
confinado, incêndio e explosão, trabalho em altura, riscos elétricos e animais peçonhentos, bem
como suas características e de que maneira atuar para evitar ou minimizar os danos provocados
por estes riscos. Entendeu também que o combate dos riscos de acidentes pode ocorrer através do
controle do agente, controle no alvo e controle na exposição ao risco.
Você também estudou que a prevenção contra os riscos de acidentes pode ser aplicada através de
várias etapas de trabalho, como o diagnóstico dos ambientes e funções de trabalho, o mapeamento
dos processos produtivos, a avaliação dos riscos, a observação de requisitos legais e a definição de
objetivos e metas, dentre outras.
Conhecer os tipos de possibilidades de acidentes contribuirá para você identificar os riscos
inerentes às atividades laborais a serem avaliadas durante a inspeção, contribuindo para o controle
e prevenção dos mesmos. Da mesma forma, este conhecimento ajudará você na identificação de
situações de risco grave e iminente durante a inspeção nos ambientes laborais, colaborando para
que você possa agir de acordo com os procedimentos padrões e/ou de emergência da empresa.
O conteúdo deste capítulo possibilita a você a identificação de novas situações de riscos não
contempladas inicialmente nos relatórios e avaliações e cumprir normas e procedimentos de
segurança estabelecidos pela empresa para avaliação de processo de trabalho e ou novo projeto,
a fim de garantir a saúde e integridade física dos trabalhadores.
Riscos Biológicos

Ao considerar a necessidade de promover a saúde e segurança no ambiente de trabalho,


é necessário levar em conta diversos fatores. Ao obter conhecimentos que contribuam para a
identificação, controle e prevenção, você terá melhores condições de contribuir neste sentido.
No estudo deste capitulo, você irá conhecer os tipos de riscos biológicos e a sua relação
com o tipo de atividade e ambiente de trabalho, considerando que bactérias, vírus e fungos
são tipos de riscos biológicos.
Conhecerá também os efeitos da exposição aos riscos biológicos e suas consequências,
principalmente, as doenças. Entenderá ainda a necessidade do controle e das medidas preven-
tivas para minimizar as consequências destes riscos.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) identificar os riscos inerentes às atividades laborais a serem avaliadas durante a inspeção;
b) identificar situações de risco grave e iminente durante a inspeção nos ambientes labo-
rais, agindo de acordo com os procedimentos padrão e ou de emergência da empresa;
c) interpretar os relatórios de inspeção e avaliação de riscos para identificar se as medidas
propostas no relatório estão sendo cumpridas;
d) avaliar a evolução ou a mitigação dos riscos ocupacionais evidenciados no relatório;
e) identificar novas situações de riscos não contempladas inicialmente nos relatórios e
avaliações.
A partir de agora, você terá a oportunidade de conhecer diversos temas sobre o assunto,
que farão a diferença em suas práticas.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
152

6.1 DEFINIÇÕES

São considerados riscos biológicos vírus, bactérias, parasitas, protozoários, fungos e bacilos. Esses
riscos ocorrem por meio de microrganismos que, em contato com o homem, podem provocar inúmeras
doenças. Muitas atividades profissionais favorecem o contato com tais riscos, como no caso das indústrias de
alimentação, hospitais, limpeza pública (coleta de lixo), laboratórios, tratamento de água e esgoto, trabalho
com animais e outros. Quando você se deparar com o símbolo apresentado a seguir, já saberá que aquela
área ou produto representa um risco biológico.

iStock ([20--?])

Figura 51 -  Símbolo de risco biológico

De acordo com Mastroeni (2006, p. 212), “[...] os agentes biológicos são os mais antigos riscos ocupacio-
nais de que se tem registro, que se constituem em agentes etiológicos ou infecciosos.”
Já Zocchio (1992, p. 220), aponta que “[...] agentes biológicos são os microrganismos, como bacté-
rias, vírus, fungos, protozoários, etc., cujas características agressivas ao homem provocam algumas das
denominadas doenças ocupacionais.” Por exemplo, uma das atividades que expõe o trabalhador aos riscos
biológicos é a atividade pecuária.
Conforme estabelecido no capítulo IV da Resolução Normativa nº 2, da Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança - CTNBio, de 2006, a classificação dos agentes biológicos foi baseada no seu potencial pato-
gênico4 para o homem e para os animais. Observe, a seguir, como foi estruturada esta classificação.
a) Classe de risco 1: baixo risco individual e para a comunidade, organismo que não cause doença ao
homem ou animal.
b) Classe de risco 2: moderado risco individual e limitado risco para a comunidade, patógeno que cause
doença ao homem ou aos animais, mas que não consiste em sério risco a quem o manipula em con-
dições de contenção, à comunidade, aos seres vivos e ao meio ambiente.
c) Classe de risco 3: alto risco individual e moderado risco para a comunidade, patógeno que geral-
mente causa doenças graves ao homem ou aos animais e pode representar um sério risco a quem o
manipula.


4
Que possui propriedades capazes de induzir o aparecimento de doenças.
6 RISCOS BIOLÓGICOS
153

d) Classe de risco 4: alto risco individual e para a comunidade, patógeno que representa grande ameaça
para o ser humano e para aos animais, representando grande risco a quem o manipula e tendo
grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro.

iStock ([20--?])
Figura 52 -  Imunização suína

Para que se possa entender a importância do risco biológico, veja algumas atividades profissionais
que apresentam exposição:
a) atividades agrícolas e unidades de produção de alimentos;
b) atividades relacionadas à pecuária, desde o contato com animais na criação até o abate;
c) atividades relacionadas à saúde e laboratórios;
d) atividade de coleta, transporte e tratamento de resíduos;
e) atividade de tratamento de água e esgoto.
Até aqui, você pôde observar que reconhecer os riscos biológicos e a sua classificação de grau de risco
é um passo importante para a prevenção contra as doenças provocadas por este agente.

Para conhecer melhor as doenças e os principais meios de transmissão de vírus,


SAIBA bactérias e fungos, leia: BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes Gerais para o Trabalho
MAIS em Contenção com Material Biológico. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília: MS,
2004. Disponível em: <http://www.saude.gov.br/editora>.

Conhecidos a definição e os principais locais suscetíveis aos riscos biológicos, conheça os tipos de riscos
que se está sujeito.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
154

6.2 TIPOS DE RISCOS

Os riscos biológicos podem ser considerados como doenças do trabalho e, consequentemente, aciden-
tes do trabalho. Esses riscos incluem infecções crônicas e agudas, parasitoses e até, reações alérgicas ou
intoxicações provocadas por animais e plantas.
Estes tipos de riscos são originados por microrganismos ao entrarem em contato com o corpo humano.
Confira, a seguir, os tipos de riscos biológicos iniciando pelas bactérias.

6.2.1 BACTÉRIAS

As bactérias são seres unicelulares, procariotas (sem um núcleo verdadeiro), visíveis ao microscópio
óptico e com muitas espécies patogênicas para o homem. Provocam doenças como cólera, difteria e
tuberculose.

iStock ([20--?])

As bactérias podem ser classificadas quanto:


RESPIRAÇÃO: aeróbias - utilizam oxigênio na respiração; anaeróbias - não utilizam oxigênio na respira-
ção; facultativas - podem viver com ou sem oxigênio.
FORMA: esféricas – cocos; bastonetes – bacilos; caca-rolhas – espirilos; vírgula – vibriões.
COLORAÇÃO: com a técnica de Gram, as bactérias podem corar:
a) de roxo - as Gram positivo (Gram +)
b) de vermelho - as Gram negativo (Gram -)
Outro tipo de contaminação que se está exposto é a dos vírus que você conhecerá na sequência.
6 RISCOS BIOLÓGICOS
155

6.2.2 VÍRUS

Os vírus são agentes filtráveis, visíveis apenas ao microscópio eletrônico. São obrigatoriamente intercelu-
lares, isto é, só se multiplicam e se desenvolvem no interior de células vivas. Não são seres unicelulares. São
partículas com várias formas geométricas características, constituídas por um ácido nucléico e proteínas. As
doenças provocadas por vírus denominam-se viroses.

iStock ([20--?])
Dentre as doenças causadas por vírus temos as infecções, como a herpes, rubéola e gripe.

6.2.3 FUNGOS

Os fungos são seres vivos, uni ou pluricelulares, eucariotas, que podem provocar doenças no homem.
As doenças provocadas por fungos denominam-se micoses e são transmitidas por meio de uma cadeia
epidemiológica.
iStock ([20--?])
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
156

Outro aspecto interessante em relação aos fungos é a sua utilidade para o homem. Produtos desenvol-
vidos com a ajuda de fungos são importantes para a economia. A penicilina, por exemplo, foi o primeiro
antibiótico feito com uma substância produzida pelo fungo Penicillium. Os fungos também são utilizados
no fermento biológico usado para fazer o pão e nas fermentações de bebidas alcoólicas.

Você sabia? Que atualmente são conhecidas cerca de 73 mil espécies de fungos.
Porém, especialistas em fungos acreditam que possa existir cerca de 1,4 milhões de
CURIOSI espécies de fungos. E o maior fungo do mundo? Pesquisadores encontraram numa
DADES floresta dos EUA um fungo com cerca de 2300 anos, da espécie Armillaria Ostoyae,
que possui hifas emaranhadas (micélio) espalhadas por uma área correspondente a
45 estádios de futebol.

Agora que aprendeu quais sãos os tipos dos riscos biológicos, chegou a hora de estudar os efeitos da
exposição a estes ricos. Acompanhe.

6.3 EFEITOS DA EXPOSIÇÃO

Os riscos podem ser classificados em grupos de acordo com a sua tipologia, conforme quadro a seguir.
Entre estes grupos estão os agentes biológicos que devem fazer parte da avaliação ambiental – aqueles
causados por microrganismos, como bactérias, fungos, vírus e outros. “São capazes de desencadear doenças
devido à contaminação e pela própria natureza do trabalho.”(BRASIL, 2008, p. 125).

RISCOS BIOLÓGICOS CONSEQUÊNCIAS


Vírus, bactérias e protozoários Doenças infectocontagiosas
Fungos e bacilos Infecções variadas, externas e internas
Parasitas Infecções cutâneas ou sistêmicas, podendo causar contágio.
Quadro 23 - Riscos biológicos X consequências
Fonte: adaptado de Brasil (2015e)

O exemplo a seguir demonstra uma situação bastante comum em hospitais e clinicas, e que causa uma
grande probabilidade de aquisição de doenças em consequência da manipulação destes materiais de for-
ma indevida.
Existem várias doenças que podem ser desencadeadas após contato com agentes biológicos e que
podem vir a ser transmitidas para o trabalhador, na realização da sua atividade. Entre as inúmeras doenças
profissionais provocadas por microrganismos incluem-se:
6 RISCOS BIOLÓGICOS
157

a) hepatite A, B, C, D e;
b) HIV/AIDS;
c) infecção gastrintestinal;
d) herpes simples;
e) influenza;
f ) rubéola;
g) difteria;
h) meningite;
i) tuberculose;
j) sarampo;
k) caxumba;
l) varicela;
m) febre hemorrágica;
n) poliomielite;
o) raiva;
p) escabiose;
q) stafilococcus aureus;
r) streptococcus;
s) brucelose;
t) malária;
u) febre amarela.
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Figura 53 -  Risco biológico


ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
158

Para que possam ser consideradas doenças profissionais, é preciso que haja exposição do funcionário a
estes microrganismos no ambiente de trabalho.

Você sabia que, comparado com o vaso sanitário, a sua mesa de trabalho tem 400
vezes mais bactérias, o teclado do seu computador também tem 200 vezes mais
bactérias e o seu celular possui cerca de 18 vezes mais bactérias? O seu próprio
FIQUE umbigo abriga cerca de 1.400 espécies de bactérias diferentes. Sua boca ainda abriga
ALERTA entre 1.000 e 100.000 bactérias em cada dente. Sabe aquele beijo inesquecível? Pois é,
em um beijo, você troca entre 10 milhões e 1 bilhão de bactérias com a boca de outra
pessoa.

São necessárias medidas preventivas para que as condições de higiene e segurança, nos diversos setores
de trabalho, sejam adequadas. Na figura que segue, você pode conhecer um tipo de manipulação que
apresenta risco de acidente por exposição a microrganismos.

iStock ([20--?])

Figura 54 -  Atividade de trabalho exposta a risco biológico

Os riscos biológicos em laboratórios podem estar relacionados com a manipulação de:


a) agentes patogênicos selvagens;
b) agentes patogênicos atenuados;
c) agentes patogênicos que sofreram processo de recombinação;
d) amostras biológicas;
e) culturas e manipulações celulares;
f ) animais.
Uma forma para classificar os agentes patogênicos selvagens é através da análise dos riscos ao manipu-
lador, à comunidade e ao meio ambiente. Esta análise é feita em função de alguns aspectos importantes.
6 RISCOS BIOLÓGICOS
159

Observe a seguir, quais são estes aspectos.


a) Poder patogênico do agente infeccioso;
b) Resistência do agente infeccioso ao meio ambiente ao qual está exposto;
c) Modo de contaminação;
d) Importância da contaminação em relação ao tamanho da dose;
e) Estado de imunidade do manipulador;
f ) Possibilidade de tratamento eficaz, tanto preventivo como curativo.
As principais vias envolvidas num processo de contaminação biológica são: a via cutânea ou percutâ-
nea (com ou sem lesões por acidente com agulhas e vidraria ou na experimentação animal - arranhões e
mordidas); a via respiratória (aerossóis); a via conjuntiva e a via oral. Um descarte correto deste material é
sempre sinônimo de segurança.

iStock ([20--?])

São várias as doenças às quais se está exposto, tanto no dia a dia quanto no trabalho, mas, sempre há
uma maneira de evitá-las. Oriente os trabalhadores da sua empresa, para prevenir e controlar estes riscos,
pois em algumas situações não podem ser evitados, apenas controlados, como você poderá acompanhar
na próxima seção.

6.4 CONTROLE

O controle do risco biológico se dá de várias formas, algumas delas bem simples, como os descritos
pela Norma Regulamentadora nº 6, que recomenda o uso de equipamentos de proteção individual
(luvas, máscaras, gorros, óculos de proteção, aventais e calçados), sempre que houver a possibilidade
de contato com agentes biológicos como: sangue, secreções e excreções, mucosas ou com áreas de pele
não íntegras.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
160

Neste caso, é preciso realizar controle de imunização dos trabalhadores, bem como o uso de medidas
de quimioprofilaxia5 e acompanhamento sorológico6, se for necessário.

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Figura 55 -  Uso de equipamentos de proteção individual contra agentes biológicos

Caso haja um contato ou exposição ao material biológico, recomenda-se ter alguns cuidados,
como lavar o local com água e sabão (em caso de exposição percutânea7). Em casos de exposições de
mucosas, a lavagem deve ser feita com água ou solução fisiológica. (BRASIL, 2004).
Na área da saúde, segundo orientações do manual de condutas em exposição ocupacional o mate-
rial biológico do Ministério da Saúde (MS), as normas de precauções universais “atualmente denominadas
‘Precauções Básicas’, são medidas de prevenção que devem ser utilizadas na assistência a todos os pacien-
tes na manipulação de sangue, secreções e excreções e contato com mucosas e pele não-íntegra.” (BRASIL,
2004, p. 10)
Isso independe do diagnóstico definido de doença infecciosa. Essas medidas incluem a utilização de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI), com a finalidade de reduzir a exposição do profissional a san-
gue ou fluidos corpóreos, e os cuidados específicos recomendados para manipulação e descarte de mate-
riais perfurocortantes contaminados por material orgânico.
O controle de sanidade dos animais também é uma forma de manter a saúde dos trabalhadores, evitando
assim o contato com o agente.
Na ocorrência de um acidente de trabalho com material biológico, deve-se preencher a Comunicação de
Acidente de Trabalho (CAT), no prazo máximo de 24 horas após o acidente, segundo a Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT). Veja um modelo de CAT na sequência.

5
Utilização de substâncias químicas para a prevenção de doenças.
6
Pertencente ou relativo à sorologia ou ao soro.
7
Que tem capacidade de atravessar a pele.
6 RISCOS BIOLÓGICOS
161
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
162
6 RISCOS BIOLÓGICOS
163

Antonio Mees (2017)


Figura 56 -  Modelo de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)

Fonte: Brasil (2017i)

Com a utilização de equipamentos de proteção individual, é possível evitar os riscos biológicos,


porém, no caso de um acidente, a empresa precisa, por determinação legal, preencher uma CAT no pra-
zo máximo de 24 horas. Além disto, devem ser tomados alguns cuidados emergenciais, como lavar
o local com água e sabão ou soro fisiológico. Importante ainda é tomar medidas preventivas afim de
evitar estes fatos. Acompanhe essas medidas a seguir.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
164

6.5 MEDIDAS PREVENTIVAS

Entre as medidas preventivas que podem ser utilizadas, recomendam-se:


a) substituição dos agentes biológicos nocivos por outros que não sejam perigosos ou o sejam em menor
grau;
b) redução, ao mínimo possível, do número de trabalhadores expostos ou que possam estar expostos;
c) estabelecer procedimentos de trabalho e medidas técnicas adequadas de gestão de resíduos, in-
cluindo a manipulação, o transporte de agentes biológicos no local de trabalho e planos de emergên-
cias frente aos possíveis acidentes que incluam agentes biológicos;
d) utilização do sinal de perigo biológico e outros sinais de avisos pertinentes;
e) adotar medidas de proteção coletiva e/ou medidas de proteção individual quando a exposição não
possa vir a ser evitada por outros meios;
f ) disponibilizar banheiros apropriados, nos quais se disponibilizem produtos para lavar os olhos e/ou
antissépticos para lavar a pele;
g) treinar os trabalhadores com relação aos riscos potenciais para a saúde, as disposições em matéria
de segurança e higiene, a utilização dos equipamentos de proteção coletiva e individual e as medi-
das que devem ser adotadas em caso de acidente;
h) estabelecer um controle sanitário prévio e continuado;
i) avaliar e conhecer os riscos biológicos do local de trabalho;
j) localizar as áreas de riscos no estabelecimento;
k) identificar os trabalhadores expostos, classificados nos grupos 1, 2, 3 e 4;
l) realizar vigilância médica dos trabalhadores expostos a riscos biológicos;
m) promover campanhas de vacinação, bem como o controle das mesmas;
n) implantar sistemas adequados de saneamento básico (água e esgoto);
o) controlar a saúde dos animais;
p) usar Equipamento de Proteção Coletiva (EPC);
q) implantar Equipamento de Proteção Individual (EPI) e vestuário adequado para o risco;
r) manter higiene rigorosa nos locais de trabalho, bem como cultivar hábitos de higiene pessoal (hi-
giene das mãos);
s) treinar os trabalhadores quanto aos riscos biológicos aos quais estão expostos, de forma continuada,
desde a sua integração de trabalho, bem como durante todo o período laboral;
t) manter o sistema de ventilação/exaustão em perfeito estado e funcionamento, bem como intensifi-
car o número de trocas de ar no ambiente;
6 RISCOS BIOLÓGICOS
165

u) conhecer os possíveis agentes etiológicos8 e os meios de transmissão;


v) manipular de forma correta os perfurocortantes (não recapar agulhas);
w) conhecer a rotina para atendimento de acidentes com material biológico, bem como as limitações da
profilaxia9 pós-exposição;
x) eliminar ou minimizar o uso de equipamentos que possam provocar cortes e ferimentos;
y) eliminar a presença de roedores;
z) evitar a agregação de muitas pessoas em lugar fechado;
aa) elaborar e aplicar Ordem de Serviço (OS), dando conhecimento ao trabalhador dos riscos aos quais
está exposto e das medidas preventivas que devem ser utilizadas;
ab) promover campanhas de prevenção de acidentes;
ac) descrever os procedimentos de segurança que devem ser observados e divulgá-los a todos os tra-
balhadores do estabelecimento;
ad) desenvolver um ‘Programa de Gerenciamento de Resíduos’, conforme as normas vigentes;
ae) realizar inspeções de segurança no local de trabalho com a finalidade de identificar situações de
riscos, bem como desenvolver nos trabalhadores cultura de segurança do trabalho.
Como você pôde perceber, existem muitas medidas preventivas que podem ser tomadas para se evi-
tar contaminações por riscos biológicos, sejam eles visíveis ou “invisíveis”. Caberá a você, como Técnico
de Segurança do Trabalho, identificar os riscos e tomar as decisões necessárias para pôr essas medidas em
prática.
Para fazer a identificações dos riscos biológicos, segue um modelo de checklist. Acompanhe.

CHECKLIST
AGENTES BIOLÓGICOS
1) O trabalho implica a manipulação de contaminantes biológicos
Se a resposta for “Não”, termina aqui o
ou o contato com pessoas, animais ou produtos que possam estar Sim Não
questionário.
infectados?
2) Os trabalhadores conhecem o grau de periculosidade dos
Dar conhecimento aos trabalhadores do perigo
contaminantes biológicos que estão ou possam estar presentes no Sim Não
de infecção por contaminantes biológicos.
local de trabalho?

3) Existem zonas de trabalho diferenciadas, que reúnam os requisi- Estabelecer zonas de trabalho diferenciadas para
Sim Não
tos necessários para manipular os contaminantes biológicos? manipular contaminantes biológicos.

4) São tomadas medidas de segurança no sentido de evitar ou Medidas devem ser aplicadas ao foco da emis-
Sim Não
minimizar a liberação de contaminantes no local de trabalho? são do contaminante para redução do risco.

Agentes causadores.
8

Prevenção.
9
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
166

CHECKLIST
AGENTES BIOLÓGICOS
5) São desenvolvidas ações para evitar que os trabalhadores sofram
Estabelecer medidas de segurança que evitem
cortes, picadas ou ferimentos com instrumentos pontiagudos, ar- Sim Não
esses acidentes.
ranhaduras, mordidas?
Todo programa de gestão de resíduos perigosos
6) Na empresa, há programa de gestão dos resíduos biológicos
Sim Não deve contemplar a classificação, sinalização,
gerados no local de trabalho?
tratamento e descarte dos mesmos.
Devem estabelecer-se programas para a limpeza,
desinfecção e desinsetização dos locais de
7) Na empresa, são cumpridos os programas para a limpeza, desin-
Sim Não trabalho, bem como utilizar materiais lisos, imper-
fecção e desinsetização7 dos locais de trabalho?
meáveis e resistentes aos produtos empregados,
facilitando a tarefa.

8) Os trabalhadores expostos a esses riscos ou a animais recebem Estabelecer programa de vacinação dos traba-
Sim Não
vacinação específica? lhadores expostos a esses riscos.

O empresário é o responsável pela compra, en-


9) Os trabalhadores usam e conhecem as características dos Equi-
trega e correto uso e manuseio dos Equipamen-
pamentos de Proteção Individual adequadas para as atividades em Sim Não
tos de Proteção Individual adequados às tarefas
que eles são necessários?
realizadas na sua empresa pelos trabalhadores.
Para a prevenção de riscos, é fundamental
10) Os trabalhadores expostos a esses riscos recebem formação conhecê-los. Planejar ações educativas que pos-
adequada às suas responsabilidades, que lhes permita desenvolver Sim Não sibilitem dar conhecimento aos trabalhadores
suas tarefas corretamente? dos riscos aos quais estão expostos no ambiente
de trabalho.
11) A empresa possui instalações sanitárias suficientes (lavabos,
chuveiros, vestiários) e áreas de descanso (refeitório, local para Sim Não Providenciar as instalações citadas.
fumantes)?

12) A empresa possui programa de primeiros socorros, com dis- Promover programa de primeiros socorros para
Sim Não
ponibilidade de meios para aplicá-lo? os trabalhadores e fazer a devida manutenção.

13) A empresa possui plano de emergência para o caso de ocor-


Sim Não Implantar plano de emergência.
rência de acidentes com contaminantes biológicos?
Quadro 24 - Exemplo de checklist

Processo de eliminação de insetos.


10
6 RISCOS BIOLÓGICOS
167

Agora você conheceu um exemplo de identificações dos riscos biológicos, leia o casos e relatos a seguir.

CASOS E RELATOS

O resultado da falta de limpeza e manutenção


Governo do Amapá é condenado por más condições de trabalho
O governo do Amapá foi condenado pela falta de segurança dos funcionários do Hospital Materni-
dade da Mulher - Mãe Luzia, onde riscos biológicos, mecânicos e químicos também põem em risco
a integridade dos usuários. Em 2014, o estado foi processado pelo Ministério Público do Trabalho
(MPT), que ajuizou a ação após constatar que a Secretaria Estadual de Saúde não havia cumprido
as recomendações presentes em notificação relativas à higiene e proteção dos empregados do
estabelecimento médico.
Em sua defesa, o governo alegou não dispor de recursos financeiros para custear os ajustes
necessários, sem comprovar, no entanto, a inviabilidade logística ou limitação orçamentária que
impedissem o atendimento à legislação trabalhista.
Os trabalhadores ficavam expostos aos riscos de contaminação em virtude da ausência de higieni-
zação dos lavatórios, falta de manutenção preventiva de autoclaves8 para a esterilização de mate-
riais e ausência de Plano de Proteção Radiológica ou Programa de Garantia de Qualidade. (MPT/
PARÁ E AMAPÁ, 2015).
Agora você já conhece melhor os riscos biológicos e a forma de controle e prevenção dos mesmos. Na
sequência de seus estudos, você estudará a Ergonomia.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você pode conhecer os tipos de riscos biológicos, sua relação com o tipo de
atividade e ambiente de trabalho e os efeitos da exposição, bem como as formas de controle e
prevenção destes riscos.
Observou também que muitas doenças estão associadas à exposição a estes riscos e, portanto, a
importância de medidas de controle e prevenção para minimizar as consequências destes riscos.
Conhecer os riscos biológicos contribuirá para você identificar os riscos inerentes às atividades
laborais a serem avaliadas durante a inspeção, contribuindo para o controle e prevenção dos
mesmos. Da mesma forma, este conhecimento ajudará você na identificação de situações de risco
grave e iminente durante a inspeção nos ambientes laborais, contribuindo para que você possa
agir de acordo com os procedimentos padrões e ou de emergência da empresa.
O conteúdo deste capítulo contribuirá também para que você possa avaliar a evolução ou a
mitigação dos riscos ocupacionais, do tipo biológico, e identificar novas situações de riscos não
contempladas em relatórios e avaliações iniciais.

11
Recipiente metálico de paredes espessas, com fecho hermético, para operar a cocção ou a esterilização pelo vapor sob pressão, e
a alta temperatura.
Ergonomia

Neste capitulo, você irá conhecer o conceito de ergonomia e os tipos de riscos associados
a ela. Entenderá, também, que a fisiologia do trabalho é aplicada na investigação dos ajustes
fisiológicos às condições de trabalho das diferentes atividades profissionais, buscando con-
dições adequadas de trabalho com conforto, segurança e produtividade.
O conhecimento relacionado à ergonomia ajudará você a conduzir sua atuação na área de
saúde e segurança do trabalho, de forma preventiva, por exemplo, ao realizar inspeções de se-
gurança nos ambientes laborais e ao apresentar soluções para minimizar os riscos ergonômicos.
Assim, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) identificar os riscos inerentes às atividades laborais a serem avaliadas durante a inspeção;
b) identificar situações de risco grave e iminente durante a inspeção nos ambientes labo-
rais, agindo de acordo com os procedimentos padrão e ou de emergência da empresa;
c) interpretar os relatórios de inspeção e avaliação de riscos para identificar se as medidas
propostas no relatório estão sendo cumpridas.
d) avaliar a evolução ou a mitigação dos riscos ocupacionais evidenciados no relatório;
e) identificar novas situações de riscos não contempladas inicialmente nos relatórios e
avaliações.
A partir de agora, você terá a oportunidade de conhecer diversos temas sobre o assunto,
que farão a diferença em suas práticas.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
172

7.1 DEFINIÇÃO

Desde os tempos do Homem das Cavernas, a Ergonomia já existia e já era aplicada. Quando se desco-
briu que uma pedra poderia ser afiada até ficar pontiaguda e transformar-se numa lança ou num machado
ou quando se posicionavam galhos ou troncos de árvores sob rochas ou outros obstáculos como alavan-
cas, ali estava a Ergonomia.
A Ergonomia é o estudo aplicado a facilitar o trabalho executado pelo homem, sendo que, interpreta-se
aqui, a palavra “trabalho” como algo muito abrangente, em todos os ramos e áreas de atuação.
O termo ergonomia deriva-se de duas palavras gregas: ergos (trabalho) e nomos (leis, normas e regras).
É, portanto, uma disciplina científica relacionada a pesquisar, estudar, desenvolver e aplicar regras e nor-
mas a fim de organizar o trabalho, tornando-o compatível com as características físicas e psíquicas do ser
humano, com o objetivo de proporcionar conforto, segurança e produtividade. Para que esta aplicação
seja realizada de forma correta, são necessários conhecimentos prévios das características físicas do corpo
humano, o que é exemplificado na figura, a seguir.

iStock ([20--?])

Figura 57 -  Características físicas do corpo humano

Segundo Couto (1996), a ergonomia pode ser definida como o trabalho interprofissional que, baseado
em um conjunto de ciência e tecnologias, procura o ajuste mútuo entre o ser humano e seu ambiente de
trabalho, de forma confortável, produtiva e segura, basicamente procurando adaptar o trabalho às pessoas.
Segundo Ilda (2005), ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem. O trabalho aqui tem
uma acepção bastante ampla, abrangendo não apenas aquelas máquinas e equipamentos utilizados para
transformar os materiais, mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e
seu trabalho. Isso envolve não somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como
esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados desejados.
Murrel (1949), engenheiro inglês, define Ergonomia como um conjunto de conhecimentos científi-
cos relativos ao homem e necessários para os engenheiros conceberem ferramentas, máquinas e con-
juntos de trabalho que possam ser utilizados com o máximo conforto, segurança e eficiência.
7 ERGONOMIA
173

A adequação do posto de trabalho ao homem foi de fundamental importância nas viagens espaciais,
pois foram consideradas as inúmeras diferenças entre os mais variados padrões físicos e antropométricos12.
Segundo Ilda (2005), “Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipa-
mento e ambiente e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na
solução dos problemas surgidos desse relacionamento”.

FIQUE O objetivo da ergonomia é proporcionar o entendimento das relações entre o ser


humano e seu trabalho, visando o perfeito ajuste das máquinas e do ambiente de
ALERTA trabalho.

Houve uma primeira fase da ergonomia relacionada às dimensões dos objetos, ferramentas e painéis
de controle usados pelos operários em seus postos de trabalho. Nesta fase, o objetivo dos cientistas teve
como foco o redimensionamento dos postos de trabalho para possibilitar a otimização do alcance motor e
visual dos trabalhadores na execução de suas tarefas. Na próxima figura, você pode observar um posto
de trabalho projetado ergonomicamente correto.

Figura 58 -  Posto de trabalho ergonômico

É possível perceber também que, em uma segunda fase, ocorre a ampliação da área de atuação dos
estudos ergonômicos. Os projetos de ergonomia passam a isolar postos de trabalho que isolam os traba-
lhadores dos agentes agressivos existentes no ambiente industrial, tanto físicos como químicos. Nesta fase,
os aspectos relacionados à saúde e segurança dos trabalhadores são agregados aos aspectos de produti-
vidade da primeira fase.

Relativo ao estudo das proporções e medidas das diversas partes do corpo.


12
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
174

A partir da década de 1980, tem início a terceira fase da ergonomia, que passa a considerar também
aspectos cognitivos do ser humano, vindo então a estudar e elaborar sistemas para transmitir informações
de forma mais adequada às capacidades mentais do homem. Esta necessidade que surgiu com a evolução
dos sistemas informatizados e com o desenvolvimento da automação industrial.

A Norma Regulamentadora NR 17, do Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2007,


SAIBA p. 236) visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de
MAIS trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar
um máximo de conforto, segurança e desempenho eficientes.

A ergonomia é utilizada fortemente no setor industrial na relação entre o ser humano, suas tarefas e o
ambiente de trabalho. No entanto, a aplicação da ergonomia também acontece na agricultura, pecuária,
mineração, no setor de serviços e também nas tarefas do cotidiano.
Quanto à forma de atuação em que é empregada a ergonomia, pode-se considerar os aspectos apre-
sentados a seguir.
a) Aplicação da ergonomia na fase de planejamento, concepção e projeto de produtos, equipamentos
e postos de trabalho em que se tem uma atuação proativa em relação a possíveis riscos ergonômicos.
b) O uso da ergonomia na detecção de riscos ergonômicos presentes em condições inadequadas de
trabalho, em que a atuação se dá de forma reativa com ações para a correção ou adequação destas
condições. O objetivo, neste caso, é melhorar as condições de trabalho já existentes, para que con-
tribuam para a saúde e a segurança do trabalhador e com reflexos positivos na sua produtividade.
c) A conscientização dos trabalhadores por meio de sua capacitação para identificar e corrigir posturas
e condições inadequadas de trabalho.
Conforme estabelecido na NR 17, do ponto de vista de ergonomia, as condições de trabalho in-
cluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, mobiliários, equi-
pamentos, condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.
Atualmente, conta-se com uma base científica importante que traduz a importância das muitas áreas de
estudo.
a) Anatomia: estuda a estrutura do corpo humano, o tamanho e a forma como cada órgão é estru-
turado e executa suas funções.
b) Antropometria: estuda as dimensões do corpo e suas partes.
c) Biomecânica: estuda o movimento humano.
d) Fisiologia: estuda a função de cada órgão, suas interações e o processo biológico de sua manutenção.
e) Fisiologia do organismo: estuda o comportamento físico e orgânico do corpo.
f ) Fisiologia do trabalho: estuda o consumo de energia e o trabalho muscular das atividades.
7 ERGONOMIA
175

g) Psicologia: estuda o comportamento humano, relacionando à adaptação do organismo ao meio ambi-


ente e também efetua o recrutamento, a seleção, o treinamento e a avaliação psicológica.
h) Ciência Psicológica: estuda o processamento de informações e formulação de decisão.
i) Sociologia: estuda as relações sociais, incluindo as interações no trabalho.
j) Engenharia: estuda métodos e processos de trabalho, além de criar equipamentos e ferramentas
para uso no trabalho.
k) Arquitetura: estuda aspectos de conforto ambiental e segurança em instalações destinadas ao tra-
balho.
Confira, na figura, a seguir, algumas sugestões para prevenir problemas de má postura decorrentes de
tarefas diárias, garantindo assim, uma vida mais saudável.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
176

D’imitri Camargo (2011), Antonio Mees (2017)

Figura 59 -  Dicas de postura


Fonte: SENAI (2011)
7 ERGONOMIA
177

Nesse primeiro assunto abordado sobre Ergonomia, você aprendeu o que é, qual seu objetivo e conhe-
ceu as três fases da ergonomia. Conheceu também as áreas da saúde que servem como base científica e
auxiliam o estudo da ergonomia. Agora, conheça os tipos de riscos ergonômicos.

7.2 TIPOS DE RISCOS ERGONÔMICOS

O ambiente de trabalho e as tarefas a serem executadas podem oferecer uma série de riscos ergonômi-
cos ao trabalhador. Veja, a seguir, alguns tipos de riscos ergonômicos.
a) esforço físico intenso;
b) levantamento e transporte manual de peso;
c) exigência de postura inadequada;
d) controle rígido de produtividade;
e) imposição de ritmos excessivos;
f ) trabalho noturno e em turnos;
g) jornadas de trabalho prolongadas;
h) monotonia e repetitividade;
i) outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico;
As principais áreas da ergonomia aplicada ao trabalho são:
a) trabalho fisicamente pesado;
b) trabalho em ambientes de altas temperaturas;
c) trabalho em ambientes frios;
d) biomecânica: esforços, uso da coluna, posturas, uso dos membros superiores, cadeira e organização
ergonômica dos postos de trabalho - uso do computador;
e) método e posto de trabalho;
f ) condições para o trabalho intelectual;
g) problemas de gestão com repercussões em ergonomia;
h) melhoria da confiabilidade humana;
i) prevenção de acidentes do trabalho;
j) prevenção da fadiga.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
178

Conforme você acompanhou, a Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994, divide os tipos de riscos
ocupacionais em cinco grupos. Cada grupo é representado por uma cor, da seguinte maneira:
a) grupo verde – riscos físicos;
b) grupo vermelho – riscos químicos;
c) grupo marrom – riscos biológicos;
d) grupo amarelo – riscos ergonômicos;
e) grupo azul – risco de acidentes. (BRASIL, 1994)
Além de conhecer os cinco grupos de riscos, você acompanhou as principais áreas da ergonomia aplica-
das ao trabalho.

7.3 FISIOLOGIA DO TRABALHO

A fisiologia do trabalho é um ramo das Ciências Fisiológicas, portanto, pertence ao campo da medicina
humana e, para seu entendimento, necessita do conhecimento da fisiologia humana.
A fisiologia do trabalho está orientada a investigar os ajustes fisiológicos às condições de trabalho das di-
ferentes atividades profissionais, enfocando, sob distintos aspectos fisiológicos, os órgãos e sistemas que,
em condições de esforço físico, executem ou limitem a atividade física.
Sendo uma ciência que serve de base para todas as demais, busca humanizar os locais de trabalho.
iStock ([20--?])

Figura 60 -  Fisiologia humana

O corpo humano é uma eficiente máquina de transformação de energia. O movimento, por exemplo,
depende da conversão de energia química em energia mecânica. Esta força é consequência da ação dos
mais de 430 músculos existentes no corpo humano. Vale ressaltar que a estrutura muscular do homem teve
poucas alterações nestes últimos 100.000 anos. Este fato comprova que o corpo humano está apto a exercer
o trabalho físico. Pode-se compreender o movimento como uma culminação de pequenos movimentos
celulares que, juntos, podem mover grandes músculos e, com o apoio das articulações, moverem os
membros.
7 ERGONOMIA
179

De todos os tecidos do corpo humano, o tecido muscular é o único que pode variar amplamente sua
taxa metabólica, chegando a 50 vezes em relação ao repouso, quando em exigência máxima. As quatro
principais características dos tecidos musculares são:
a) excitabilidade – responde ao estímulo;
b) condutibilidade – transmite o estado de excitação;
c) contratibilidade – capacidade de se encurtar;
d) elasticidade – consegue recuperar a forma após ter sido deformado.
Cerca de 40% do corpo do homem é formado por músculos esqueléticos e aproximadamente 10% por
músculos lisos e cardíaco. Já na mulher, a musculatura estriada corresponde a aproximadamente 25% a 30%
do peso corporal.
Para definir uma boa ergonomia no trabalho, é preciso que você conheça minimamente a fisiologia do
corpo humano e do trabalho. Esse foi o assunto estudado agora. Na próxima seção, você conhecerá algu-
mas doenças que estão relacionadas à ergonomia.

7.4 DOENÇAS RELACIONADAS

Segundo pesquisas da Previdência Social, em 2007, ocorreram 514.135 acidentes de trabalho, sen-
do 393.954 com homens e 120.981 com mulheres. Destes, 414.785 foram acidentes típicos, 78.564 aciden-
tes de trajeto e 20.786 doenças do trabalho.
Historicamente, na década de 1970, o Japão foi o primeiro país a reconhecer a LER (hoje, DORT) como
doença ocupacional (do trabalho) e de origem multicausal.
No Brasil e na Austrália (década de 1980), a LER (hoje DORT) foi “adotada” como sendo “diagnóstico”. Na
verdade, deveria ser usado para diagnóstico: tendinite do músculo supraespinhoso13, epicondilites14 de
cotovelo etc.
As questões ocupacionais são comparadas a um iceberg, em que a parte visível representa aquelas
situações quantificáveis que a equipe de saúde ocupacional pode registrar e controlar por um censo
interno entre os trabalhadores.

Músculo localizado na parte superior do ombro.


13

Inflamação na extremidade inferior do úmero (osso entre o cotovelo e o ombro).


14
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
180

Veja as questões demonstradas na figura, a seguir.

Antonio Mees (2017)


Figura 61 -  Iceberg da ergonomia
Fonte: SENAI (2011)

O corpo humano é um sistema complexo e muito bem programado, pois, para cada problema ou dis-
função apresentada por este organismo há algum sinal indicando que algo está errado. Estes sinais funcio-
nam como alarme. Observe, na figura, a seguir, alguns destes sinais.
Diego Fernandes (2011), Antonio Mees (2017)

Figura 62 -  Sinais de alarme de doenças relacionadas


Fonte: SENAI (2011)
7 ERGONOMIA
181

Ao se utilizar o termo LER, poderá dar a impressão de que, diminuindo a repetitividade, a LER desapa-
recerá, o que não é verdade. Não obstante, o termo LER estar consagrado. Hoje o termo técnico mais
adequado é DORT, mas não deve ser utilizado como diagnóstico.
A DORT não é a “última grande doença” do século, como já foi veiculado pela mídia. Vale lembrar que B.
Ramazzini, considerado o pai da Medicina do Trabalho, foi o primeiro a correlacionar certas doenças com a
ocupação das pessoas, e, em 1700, ele já observava instrumentos de trabalho mal construídos associados
à movimentação inadequada dos membros superiores. Na verdade, tudo o que se observa em relação às
tenossinovites15 ou tendinites ocupacionais nada mais é do que a constatação de um fenômeno antigo.
Esses distúrbios podem ser divididos em doença grave, progressiva e incapacitante, porém, não costumam
ser graves e a maioria regride com o tempo.
Em torno de 30% dos casos de DORT são nitidamente causados por trabalho, 30% são causados por
fatores extraprofissionais e 40% são de difíceis correlações. A afirmação de que LER/DORT é uma “doença
dos digitadores” e “das mulheres”, devido à maior ocorrência em uma determinada conjuntura (década
de 1980) não é uma verdade, pois ela aparece em ambos os sexos em um grande número de atividades,
como metalurgia, fiação e tecelagem, eletroeletrônica, dentre outras. No Brasil, a Portaria nº 4.062, de 07
de agosto de 1987, reconhece a LER/DORT como doença profissional. Baseado na definição de Antonalia
(2008), que define as DORT como alterações que comprometem músculos e/ou tendões e/ou fáscias16 e/
ou nervos, ocasionadas por utilização biomecânica incorreta do setor do corpo humano atingido em de-
corrência do trabalho.
A resultante é: dor, fadiga, fraqueza e queda de performance no trabalho.

Os primeiros relatos de LER surgiram na Austrália, na década de 70. Nessa época, o


CURIOSI nome dado às lesões originadas dos esforços repetitivos era Cãibra do Escrivão. Depois,
DADES tentou-se adotar a nomenclatura AMERT (Acometimentos Musculoesqueléticos
Relacionados ao Trabalho), que acabou não vingando.

Os locais do corpo mais atingidos são membros superiores, pescoço, ombros e dorso. É claro que
onde existe articulação, músculo, tendão, fáscia e nervo existe a possibilidade da ocorrência de DORT.
O diagnóstico de DORT deve sempre fundamentar-se numa boa anamnese ocupacional17, que permi-
tirá a correlação do quadro clínico com a atividade ocupacional desempenhada efetivamente pelo
trabalhador. No início do processo, é considerado um distúrbio, não uma lesão.
Esse problema de LER/DORT é reversível com adequada conduta médica e paramédica, além da devi-
da orientação ergonômica e das condições biomecânicas do posto de trabalho.

15
Inflamação de um tendão e da sua veia.
16
Membrana ou lâmina fibrosa que envolve os músculos ou regiões anatômicas.
17
Entrevista feita pelo profissional de saúde faz ao indivíduo durante o atendimento.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
182

Confira, nas figuras, as posturas erradas e certas para utilização do teclado.

Diego Fernandes (2011)


Figura 63 -  Postura correta e incorreta das mãos
Fonte: SENAI (2011)

Em relação ao diagnóstico, é importante que o médico defina com o dedo em gatilho, síndrome do túnel
do carpo, tendinite do músculo supraespinhoso etc. DORT é um termo genérico e não é aceito como diag-
nóstico médico.
Há necessidade também de o médico especialista fazer o diagnóstico diferencial com outras patolo-
gias que apresentam os mesmos sinais e sintomas clínicos, e que não são ocupacionais.
O diagnóstico de DORT é, eminentemente, clínico-ocupacional e, às vezes, difícil. Os exames
subsidiários não têm se mostrado eficientes no sentido de apoio ao diagnóstico (Ultrassonografia,
Eletroneuromiografia18, Raios X ou exames laboratoriais).
Na prática pericial, os exames complementares não são relevantes para se definir o diagnóstico ou ava-
liar a capacidade laborativa, pois são pouco esclarecedoras.
Percebe-se que o tratamento requer uma equipe multidisciplinar, devido à complexidade do quadro
clínico ocupacional. Portanto, além do médico, o fisioterapeuta, o acupunturista, o terapeuta ocupacional, o
psicólogo, o assistente social, os educadores físicos, entre outros, são profissionais que contribuem significa-
tivamente para o sucesso do tratamento nos casos de DORT. Contudo, este objetivo dificilmente será alcança-
do se a empresa não promover as melhorias ergonômicas necessárias nos ambientes de trabalho.

Procedimento que avalia a função do sistema nervoso periférico e muscular através do registro das respostas elétricas geradas por
18

estes sistemas, às quais são detectadas graficamente por um equipamento denominado eletroneuromiógrafo.
7 ERGONOMIA
183

Todos os casos com diagnóstico confirmado de DORT devem ser objetos de emissão de CAT pelo
empregador, com o devido preenchimento do Laudo do Exame Médico (LEM) ou relatório médico
equivalente pelo médico do trabalho da empresa, médico assistente (serviço de saúde público ou pri-
vado) ou médico responsável pelo PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), com
descrição da atividade e do posto de trabalho para fundamentar o nexo causal19 e técnico.
Veja, a seguir, algumas patologias reconhecidas como tendo nexo causal com algumas atividades no
trabalho.
a) Bursite Olecraniana: Inflamação na ponta do cotovelo causada por contato.
b) Dedo em Gatilho: inflamação no tendão que faz o dedo dobrar.
c) Epicondilites do Cotovelo: inflamação no cotovelo causada pelo uso excessivo do braço.
d) Síndrome do Canal Cubital: lesão no nervo do cotovelo.
e) Síndrome do Canal de Guyon: lesão no nervo do punho.
f ) Tenossinovite dos Extensores dos Dedos: inflamação nos tendões dos dedos causada por esforço re-
petitivo.
g) Síndrome do Desfiladeiro Torácico: quando há um estreitamento anormal no espaço que os vasos
sanguíneos e os nervos atravessam quando saem do tronco em direção aos membros superiores
h) Cervicobraquialgia: dor na região cervical que se propaga pela medula espinhal até chegar no braço.
i) Síndrome do Túnel do Carpo: causada pela compressão do nervo que passa pelo punho e provoca
dormência, formigamento e danos musculares na mão e nos dedos.
j) Tendinite da Porção Longa do Bíceps: inflamação do músculo do ombro.
k) Tendinite do Supra – Espinhoso: inflamação e degeneração do tendão do ombro.
l) Tenossinovite de Quervain: inflamação dos tendões do punho e dedo polegar.
Grande parte destas doenças descritas anteriormente é causada pela má postura.
iStock ([20--?])

19
Vínculo que há entre a causa e o resultado. Ou seja, relação existente entre as condutas, positivas ou negativas, do agente e o
resultado por ele produzido.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
184

Observe, no quadro, a seguir, as consequências resultantes de posturas erradas.

CONSEQUÊNCIAS POSTURAS ASSOCIADAS

Varizes De pé, parado, com pouca movimentação. Sentado sem apoio para os pés.

Cansaço na panturrilha De pé, parado (ou com pouca movimentação).

Levantamento, movimentação e carregamento de cargas pesadas e/ou em pos-


turas forçadas.
Lombalgias
Tronco encurvado ou torcido.
Sentado em posição estática (sem possibilidade de apoiar o tronco).

Dorsalgias Trabalho sentado em geral.

Levantamento, manuseio e carregamento de cargas muito pesadas.


Degeneração dos discos da coluna vertebral Alta frequência de esforços de levantamento, movimentação e carregamento.
Tronco encurvado de forma permanente seja sentado ou de pé.

Fraqueza muscular Trabalho sedentário.

Fadiga Posturas críticas.

Bursites e calos ósseos Abdução dos braços.

Tensão nos músculos do pescoço Situações comuns de escritório que envolvem trabalho com computador.

Subir e descer escadas com frequência (acentuado quando é feito transportando


Dor muscular em membros inferiores e joelhos
peso).
Tabela 3 - Consequências e posturas associadas
Fonte: Adaptado de Couto (1996)

Você conferiu os principais problemas e doenças relacionadas à falta de adequação ergonômica no lo-
cal de trabalho. Além disso, verificou como é importante orientar o trabalhador para evitar esses problemas
e conferiu as consequências de posturas erradas. Conheça agora como é realizada a análise ergonômica do
posto de trabalho.

7.5 ANÁLISE ERGONÔMICA

A análise de um posto de trabalho para adequação ergonômica deve ser feita levando em considera-
ção todos os aspectos ligados à postura, tipo e quantidade de esforço físico, índice de erros e ocorrência
de acidentes.
Este tipo de análise visa à melhoria das condições de trabalho através de ações corretivas e preventivas
que impactam positivamente na saúde e na produtividade do trabalhador.
Observe, a seguir, um exemplo de roteiro para análise ergonômica do posto de trabalho. Este roteiro
pode ser alterado conforme as condições do posto em análise.
7 ERGONOMIA
185

7.5.1 ROTEIRO PARA ANÁLISE ERGONÔMICA DE UMA ATIVIDADE

Acompanhe, a seguir, um exemplo de roteiro que serve como lista de checagem para análises rápidas.
a) Análise da demanda, composta pelos seguintes itens: justificativa da análise, objetivo da análise,
descrição do sistema/subsistema/posto de trabalho, nome do sistema do qual o posto de tra-
balho faz parte, nome do subsistema do qual o posto faz parte, nome do posto de trabalho, repre-
sentação esquemática do sistema/subsistema/posto, identificação das fronteiras do posto de
trabalho, análise da importância relativa do posto de trabalho. A figura a seguir apresenta um
exemplo de posto de trabalho.

Figura 64 -  Posto de trabalho

b) Análise da tarefa, composta pelos seguintes itens: descrição detalhada da tarefa, descrição de-
talhada do posto de trabalho, descrição detalhada do trabalhador: definição dos objetivos das
operações, análise das alternativas para atingir os objetivos, teste das alternativas e seleção da
que melhor atenda aos objetivos, determinação do método padrão (efetivo), determinação dos
tempos do método padrão.
Veja, na próxima figura, os fatores ambientais que influenciam no bem-estar do posto de trabalho.

Figura 65 -  Posto de trabalho com presença de riscos ambientais


ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
186

c) Análise das relações Homem x Máquina: descrição detalhada das ações, análise da probabilidade
de erro na transmissão das informações, análise da eficácia informação-decisão-ação-controle-efei-
to.
d) Diagnóstico ergonômico (descrição detalhada dos problemas encontrados): fatores humanos, fa-
tores ambientais, fatores de transmissão de informações (eficiência), fatores organizacionais (opera-
cionalidade/layout), incidentes críticos.
e) Recomendações ergonômicas: recomendações para redução das exigências biomecânicas, reco-
mendações para melhoria da postura, recomendações para melhoria na compatibilização do
trabalhador com o entorno, recomendações para melhoria na transmissão de informações, reco-
mendações para melhoria organizacional. Um importante item a ser observado durante a exe-
cução das atividades laborais é a postura na execução da tarefa.

iStock ([20--?])

f ) Análise das melhorias proporcionadas pelas recomendações ergonômicas: análise dos fatores hu-
manos, análise dos fatores ambientais, análise dos fatores de transmissão de informações, análise dos
fatores organizacionais, análise da redução de incidentes.
Análises mais completas e aprofundadas não podem deixar de considerar os fatores psicológicos do
trabalhador (reconhecimento, motivação, relacionamento social) e aspectos como a questão salarial, a es-
tabilidade no emprego, entre outros.
Confira os dez tipos de soluções ergonômicas:
a) eliminação do movimento/postura críticos: redução da frequência, redução do tempo na postura
crítica;
b) pequenas melhorias;
c) equipamentos e soluções conhecidos;
d) projeto ergonômico;
e) melhoria na organização do trabalho;
f ) orientação ao trabalhador e cobrança de atitudes corretas;
7 ERGONOMIA
187

g) condicionamento físico: preparação dos movimentos para o padrão muscular do trabalho, ginás-
tica de aquecimento e alongamento, ginástica de distensionamento, ginástica compensatória,
ginástica de condicionamento muscular, ginástica de manutenção da capacidade aeróbica e
prevenção e combate à obesidade. Veja, na figura, a seguir, uma boa solução para manter um bom
condicionamento físico e postura adequada, que é a ginastica laboral.

iStock ([20--?])
Figura 66 -  Ginástica laboral

h) rodízio nas tarefas (revezamento);


i) seleção (mínima);
j) pausas de recuperação.
NBTV ([20--?])

Figura 67 -  Sobrecarga na coluna devido a má postura

Ao realizar uma vistoria nos locais de trabalho da empresa, lembre-se de utilizar o modelo de roteiro para
análise ergonômica e também dos dez tipos de solução ergonômica.

SAIBA Para aprofundar seus conhecimentos sobre este assunto, consulte o livro: VIEIRA, Jair
MAIS Lot. Manual de Ergonomia. 2. ed. [S.l.]: EDIPRO, 2011.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
188

Outro componente importante na ergonomia é a intervenção, o que proporciona a prevenção à DORT


e evita a baixa da produtividade. Acompanhe.

7.6 INTERVENÇÃO ERGONÔMICA

Uma das razões para se investir em programas de prevenção da DORT é a relação que existe entre produti-
vidade e bem-estar dos trabalhadores. Os programas de prevenção da DORT proporcionam:
a) melhoria das condições primitivas dos postos de trabalho;
b) melhoria do conforto ambiental;
c) melhoria do método de trabalho;
d) melhoria da organização do sistema de trabalho;
e) ergonomia de concepção.
Segundo Couto (1996), existem algumas regras básicas de ergonomia muito utilizada nas linhas de mon-
tagem e também servem para a organização do trabalho. Confira.

iStock ([20--?])

a) Prever espaços mínimos compatíveis com as necessidades das pessoas, segundo o tipo de serviço.
b) Evitar grandes distâncias entre pessoas, mesmo que exista espaço sobrando.
c) Reduzir, ao mínimo, a movimentação de pessoas.
d) Ajustar, ao máximo, o posicionamento de acordo com o grau de interdependência do trabalho.
e) A área de trabalho deve ser organizada de tal forma que o produto tenha um fluxo crescente ao
longo da mesma em uma direção, evitando-se, ao máximo, o retorno do mesmo no contrafluxo.
f ) Ao planejar o layout em que irão trabalhar pessoas, deve-se ter em mente as três dimensões: altura,
distância mínima do eixo latéro-lateral e distância mínima para caberem adequadamente as pessoas.
g) Cuidar para evitar que o corpo humano atinja partes de máquinas ao se movimentar, e vice-versa
(Ex.: pontas).
7 ERGONOMIA
189

h) Posicionar os postos de trabalho com alto empenho visual mais próximo da luz natural.
i) Estudar a posição do sol e sua variação ao longo do dia, de tal forma que luz direta não atinja ne-
nhum posto de trabalho.
j) Manter sempre as áreas industriais bem demarcadas, de forma a preservar a organização e respeitar
os limites estabelecidos.
Acompanhe, no relato, a seguir, uma situação que se relaciona aos cuidados que podem ajudar a reduzir
problemas com relação à ergonomia e esforços repetitivos. Confira!

CASOS E RELATOS

Mexa-se!
João trabalha na expedição de uma indústria. Há quase 10 anos, exerce esta mesma atividade,
digitando os produtos que são carregados para exportação ou outras vendas. Porém, como cada
produto tem um peso diferenciado, João precisa pesar todos várias vezes, digitando cerca de 1000
itens.
João não se preocupava muito em parar um pouco para fazer intervalos, nem acompanhava seus
colegas nas horas de ginástica. Com o passar dos anos, começou a sentir fortes dores nos dedos.
Algumas vezes, de tão forte que eram as dores, não tinha nem forças para cortar pedaços de carne
no almoço. O fato de não fazer nenhuma atividade para as mãos, que ajudasse a descansar do
movimento repetitivo, agravou ainda mais a lesão.
Precisou, então, procurar um médico especialista que diagnosticou um problema avançado que foi
reconhecido como DORT. Como a empresa não possuía nenhum programa nesse sentido, precisou
considerar como um acidente de trabalho adquirido nesta atividade, e foi necessário fazer a devida
emissão da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), uma vez que a doença estava relacionada
ao trabalho. Se ações neste sentido tivessem sido adotadas, talvez o caso do João pudesse ter sido
evitado ou, ao menos, não teria tamanha gravidade.

Você viu que, para ter uma boa produtividade e melhorar o bem-estar dos trabalhadores, existem pro-
gramas de prevenção de DORT, que utilizam algumas ações de melhoria no ambiente de trabalho, assim
como algumas regras básicas para prevenção. Mas, não é só isso. É preciso preocupar-se, também, com a
biomecânica. Mas, o que é isso? Confira no próximo item.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
190

7.7 BIOMECÂNICA

Segundo Baú (2002, p.168), “[...] a biomecânica estuda as interações entre o trabalho e o homem sob
o ponto de vista dos movimentos. Analisa basicamente a questão das posturas no trabalho e a aplicação de
forças.”
A biomecânica aplica conceitos de engenharia e leis da física para descrever e analisar movimentos
realizados por várias partes do corpo e as forças que atuam sobre estes segmentos do corpo durante a
execução das atividades.
Veja, a seguir, como a biomecânica é aplicada às situações de trabalho do ser humano.

7.7.1 TRABALHO ESTÁTICO X DINÂMICO

A demanda muscular do trabalhador varia em função da atividade, porém, geralmente, alguns mús-
culos são mais exigidos que outros, levando a uma sobrecarga muscular. Esta sobrecarga exige uma
compensação para os outros músculos que não estão sendo solicitados, como forma de alívio dos
músculos exigidos. Assim, atividades intensas precisam ser interrompidas ou alteradas de forma a pro-
porcionar este alívio muscular.
As fibras vermelhas têm como função a sustentação da postura (estática) e são menores em tamanho,
localizando-se na região profunda do sistema esquelético. Possuem alta resistência à tensão e baixa resis-
tência à deformação (plasticidade). Adaptam-se à postura estática, tendendo ao encurtamento do sistema
muscular. Veja, na figura, a seguir, o exemplo das fibras vermelhas da coluna vertebral.
iStock ([20--?])

Figura 68 -  Fibras vermelhas da coluna vertebral

O trabalho estático é aquele que exige a contração contínua de alguns grupos de músculos, a fim de
manter uma posição corporal determinada. Este tipo de trabalho prejudica a circulação sanguínea dos
vasos capilares provocando dores, câimbras e perda de força muscular. Isto pode ocorrer na movimentação
manual de cargas ou em posturas inadequadas de trabalho.
7 ERGONOMIA
191

Confira, a seguir, algumas situações de contração estática no trabalho.


a) Corpo fora do eixo vertical natural.
b) Sustentação de cargas com os membros superiores.
c) De pé, parado.
d) Apoio do corpo sobre um dos pés.
e) Braços acima do nível dos ombros.
f ) Carregamento de cargas pesadas.
g) Sentado em posição estática.
h) Pequenas contrações estáticas, porém, por muito tempo.
i) Braços suspensos.
j) Antebraços suspensos.
k) Usar a mão como morsa.
l) Trabalho de alta precisão ou exatidão.
m) Atividades com acuidade visual intensa para perto.
n) Segmento corpóreo em posição de desvio fixo, enquanto se executa o trabalho.

7.7.2 ESFORÇO DINÂMICO

O músculo trabalha com uma alternância entre contração e descontração. Estes movimentos ativam a
circulação sanguínea nos capilares e os músculos passam a receber mais oxigênio, o que aumenta a sua
resistência à fadiga. Nos músculos intactos, a tensão por eles gerada ao encurtarem-se é influenciada por
vários fatores, como:
iStock ([20--?])

Figura 69 -  Contração e descontração muscular


ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
192

a) comprimento inicial das fibras musculares;


b) ângulo de tração do músculo sobre o esqueleto ósseo;
c) a velocidade de encurtamento.
Para a prevenção de problemas causados pelo trabalho dinâmico, devem ser considerados os seguintes
fatores:
a) reduzir o esforço muscular, adequando o trabalho à capacidade física do trabalhador;
b) limitar o peso em atividades de movimentação manual de cargas;
c) reduzir a repetitividade das tarefas através da reestruturação do método de trabalho.

7.7.3 ALONGAMENTO MUSCULAR

Realizar o alongamento muscular é de extrema importante. Assim, longos períodos de atividades repe-
titivas, devem ser intercalados pelo alongamento. Veja os problemas da falta de alongamento muscular:
a) os encurtamentos dos músculos funcionam como limitantes da amplitude articular;
b) encurtamentos musculares podem ser gerados pela imobilização prolongada;
c) não usar tala na digitação impede a movimentação correta e uso de musculatura específica, ocor-
rendo sobrecarga em outras estruturas;
d) exposição de tecido denso fibroso no músculo por consequência de agressões;
O alongamento muscular diminui a tensão no local, alinha as fibras fibrosas no sentido da tensão
muscular e aumenta a absorção de edema.
A postura em que a atividade é realizada define o grau de conforto do trabalhador. Quando a distribui-
ção do peso do corpo é desigual entre suas partes, desde a cabeça, tronco e membros, conforme a postu-
ra, este peso pode ser fator de cansaço. Quando deitado, a exigência muscular é mínima; quando sentado, a
maior exigência é sobre os músculos ventrais e dorsais, sendo que o peso do corpo é descarregado sobre o
ísquio20, o que exige uma superfície adequada para conforto.
Quando o trabalho é realizado em pé, praticamente todos os músculos são exigidos, e a adequação da
atividade é muito importante, sendo necessário paradas e rodízios, além de ginástica laboral. Posturas inclina-
das, rotações de tronco e membros também são posturas de grande exigência muscular.
A combinação de forças e uso muscular definem o custo energético da atividade. Movimentos de maior
precisão são realizados pelos dedos, mas estes produzem pouca força. Atividades manuais que exigem
mais força deverão combinar movimentos e músculos do punho, braço e ombro, mas há perda de precisão
para movimentos mais delicados.

Parte inferior do osso ilíaco (bacia).


20
7 ERGONOMIA
193

O alongamento demonstrado na figura, a seguir, é uma boa solução quando a realização destas
atividades relatadas.

iStock ([20--?])
Figura 70 -  Alongando

Os movimentos devem ser rítmicos, suaves e curvos, que é o padrão natural dos movimentos dos membros.
O término do movimento é facilitado com o uso de anteparos e gabaritos.
A transmissão de força deve ocorrer dentro do alcance vertical e horizontal dos membros quando
se está em uma posição confortável. A aplicação de força no limite do alcance é menor que na distância
média. Cargas estáticas são melhor suportadas pelos músculos das pernas, que são os mais fortes do
organismo.
A exigência muscular é diferente quando é realizada de maneira esporádica do que de forma repetitiva. A
coluna vertebral resiste bem a cargas verticais, portanto não deve ser inclinada na pega, elevação e descar-
ga. Deve-se usar os músculos das pernas para sustentar o peso da carga. A forma correta de como se abaixar
e garantir a correta postura pode ser visto na figura, a seguir.
iStock ([20--?]), Antonio Mees (2017)

Figura 71 -  Como se abaixar


Fonte: SENAI (2017)

A carga deve ser transportada junto ao corpo, para que o centro de gravidade da carga fique o mais
próximo possível do centro de gravidade do corpo, reduzindo a rotação da coluna para frente. As cargas
devem ser simétricas para os braços, para evitar sobrecarga.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
194

Quando a forma da carga não é de fácil pega, deve-se erguê-la em duas etapas, primeiramente a um
plano baixo, e então, erguida. Durante o transporte, devem-se evitar obstáculos.
O trabalho fisicamente pesado normalmente exige/acontece:
a) alta exigência física geral;
b) em altas temperaturas;
c) carregamento de cargas.
Confira, na figura, a seguir, algumas formas de carregar peso.

iStock ([20--?]), Antonio Mees (2017)

Figura 72 -  Como levantar peso


Fonte: SENAI (2017)

Você conferiu algumas informações e sugestões de como orientar os trabalhadores para não prejudi-
carem a coluna. Normalmente, no dia a dia, as pessoas acabam esquecendo dos cuidados que se deve ter
principalmente ao carregar pesos. É sempre bom lembrá-los: utilize as reuniões e palestras para repassar
essas informações.
Com a segurança da coluna dos trabalhadores garantidas com as informações que você teve até aqui,
chegou o momento de cuida do conforto térmico, acústico e de iluminação nos postos de trabalho.
Acompanhe, na sequência.

7.8 CONFORTO TÉRMICO, ACÚSTICO E ILUMINAÇÃO ADEQUADA NO POSTO DE TRABALHO DE


FORMA QUANTITATIVA

A NR 15 dispõe sobre as condições ambientais no trabalho, que devem estar adequadas ao trabalhador e
à natureza da atividade desenvolvida. As condições desfavoráveis, como excesso de ruído, calor/frio, vibração
e iluminação, podem causar desconforto, aumentando o risco de acidentes e doenças ocupacionais. Esta
norma estabelece limites de exposição para estes fatores que se encontram nas atividades profissionais,
além de regulamentar as atividades insalubres.
7 ERGONOMIA
195

Veja, na figura, a seguir, um ambiente de trabalho adequado a esses itens.

iStock ([20--?])
Figura 73 -  Ambiente de trabalho adequado

A NR17 estabelece parâmetros para as condições de conforto em ambientes de trabalho onde são
executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes. São exemplos destes am-
bientes os laboratórios, escritórios, salas de controle, dentre outros. Acompanhe a seguir os parâmetros
relacionados ao conforto térmico.
a) temperatura de bulbo seco21: 20 a 23º C;
b) velocidade do ar: não superior a 0,75 metros/segundo;
c) umidade relativa do ar: não inferior a 40%.
Para a correta iluminação dos ambientes de trabalho, dois fatores merecem destaque: a intensidade da
iluminação (ou iluminamento), geralmente expressa em LUX, e a luminância, que é a sensação de brilho e de
ofuscamento, percebida por uma pessoa a partir de uma fonte de luz (por exemplo, uma lâmpada ou a cla-
ridade externa), ou refletida por uma superfície (por exemplo, o monitor de vídeo). Diante de más condições
de iluminamento, as duas consequências mais comuns são a queda de rendimento e a fadiga visual.
A Ergonomia introduziu o conceito de conforto acústico, o que é muito importante para o trabalho inte-
lectual. Pesquisas na década de 1980 proporcionaram conhecimento suficiente para se estabelecer níveis
máximos de ruído por tipo de atividade, principalmente pela análise do espectro auditivo de determinado
ambiente, uma vez que se sabe que o ouvido humano é mais tolerante aos ruídos de baixa frequência (mais
graves) e muito pouco tolerante aos ruídos de alta frequência (mais agudos).

Para saber mais sobre os níveis de conforto e os níveis máximos de ruído para o trabalho
SAIBA em situação de empenho intelectual, consulte a NBR 10152. A NR 15 estabelece
MAIS limites de exposição do trabalhador ao calor, a ruído e aos agentes químicos, além de
regulamentar as atividades insalubres.

É a temperatura indicada por um termômetro comum.


21
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
196

Características básicas do ser humano com relação aos ruídos é que ele pode sentir dificuldade de
concentração diante de nível excessivo de ruído, dependendo das características do ruído e das carac-
terísticas do trabalho. A performance intelectual do ser humano é mais prejudicada por conversa do que
por ruído propriamente dito e a música também compromete a atenção com o trabalho.
Conhecida a ergonomia, o conforto térmico e os níveis de ruído, chegou o momento de estudar a termi-
nologia técnica aplicada no exercício da sua atividade como técnico de segurança do trabalho.

7.9 TERMINOLOGIA TÉCNICA

Conforme sua peculiaridade, cada área de conhecimento possui termos específicos que são utilizados
no estudo e aplicação de conceitos, técnicas e procedimentos. Por isso, é importante que você conheça
alguns termos utilizados em iluminamento, apresentados a seguir.
a) Dano à saúde: alteração do estado de saúde que resulte em doença ou alteração do processo de
crescimento e desenvolvimento, ou até a morte, que ocorre com maior probabilidade em um indi-
víduo ou grupos de indivíduos sujeitos a fatores de risco.
b) Doença do trabalho: de acordo com a Lei Federal, Decreto nº 2.172, de 05 de março de 1997, seção
II, artigo 132, a doença do trabalho é entendida como adquirida ou desencadeada em função de
condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, desde que
constante da relação de que trata o Anexo II.
c) DORT: distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho;
d) LER: Lesões por Esforços Repetitivos.
iStock ([20--?])

Figura 74 -  Trabalho repetitivo de digitação

e) Limite de Tolerância: é a intensidade ou concentração máxima ou mínima relacionada à natureza e


ao tempo de exposição aos agentes ocupacionais, que não causará dano à saúde do trabalhador,
durante sua vida laboral.
f ) Lesão: alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de
função de uma parte do corpo.
7 ERGONOMIA
197

Estas são as terminologias técnicas que você irá utilizar durante a realização do seu trabalho como téc-
nico de segurança. Veja, a seguir, como podem ser controlados os riscos ergonômicos.

7.10 CONTROLE DOS RISCOS ERGONÔMICOS

A instituição de um processo de ergonomia é uma atividade de menor custo financeiro que as empresas
desenvolvem e de melhor relação custo/benefício. Para tal, é necessário que se tenha uma noção clara dos
diversos tipos de solução ergonômica e o momento de implementar cada um deles.

iStock ([20--?])

a) Eliminação do movimento crítico ou da postura crítica: trata-se de procurar uma nova forma de se
fazer aquele trabalho, em que aquela ação técnica, de alta sobrecarga ergonômica, não necessite ser
feita.
b) Pequenas melhorias: trata-se de uma das atuações mais eficazes da ergonomia, principalmente
quando envolve a participação dos trabalhadores.
c) Equipamentos e soluções conhecidos: equipamentos e acessórios desenvolvidos para facilitar a vida
do trabalhador.
d) Projetos ergonômicos: envolvimento de esforços diversos das mais diversas áreas, levando-se em
conta impactos da logística e interferências.
e) Melhoria na organização do trabalho: gerenciamento do processo produtivo.
f ) Orientação ao trabalhador e cobrança de atitudes corretas.
g) Condicionamento físico para o trabalho e distensionamento.
h) Rodízio nas tarefas.
i) Pausas de recuperação.
j) Seleção de pessoas mais capazes.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
198

Você conferiu algumas soluções ergonômicas aplicadas em um processo ergonômico a ser desenvolvi-
do na empresa. O próximo assunto será sobre medidas preventivas.

7.11 MEDIDAS PREVENTIVAS

Existem algumas recomendações de ergonomia para a utilização correta de músculos do sistema loco-
motor que visam contribuir para a melhoria das condições de trabalho.
Do ponto de vista da ergonomia, melhorar condições de trabalho significa reduzir os impactos que
movimentos, esforços e posturas provocam no trabalhador.
As orientações para uso da postura em pé, orientações para uso da postura sentada, orientações para uso
da postura semisentado que devem ser seguidas na hora de controlar e aplicar medidas preventivas relativas
à ergonomia no trabalho. Confira!

7.11.1 RECOMENDAÇÕES DE ERGONOMIA PARA UTILIZAÇÃO CORRETA DE MÚSCULOS E DO


SISTEMA LOCOMOTOR

Para evitar dores e problemas musculares originados pelas tarefas do trabalho, observe as recomenda-
ções a seguir.
a) Reduzir o esforço muscular na realização da tarefa.
b) O tronco deve estar na vertical.
c) Eliminar as situações de contração estática.
d) Fazer exercícios de aquecimento e de alongamento.
e) Ginástica de distensionamento.
f ) Escolher postura ideal para a atividade.
g) Adotar flexibilidade postural.
h) Pausas durante o trabalho.
i) Tapetes antifadiga.
j) Degraus ou plataforma.
7 ERGONOMIA
199

7.11.2 ORIENTAÇÕES PARA USO DA POSTURA EM PÉ

Veja, a seguir, algumas orientações quanto ao uso da postura em pé.


a) Quando o trabalho exigir esforço físico.
b) Quando a tarefa exigir um esforço muscular significativo.
c) Quando for necessário fazer força para baixo.
d) Alcançar ou pegar comandos ou pegar peças ou componentes que estejam a uma distância horizontal
maior que 35 cm.
e) Quando é necessário andar com frequência.
f ) Quando estando sentado, tem-se que fazer a ação técnica acima do nível dos ombros.
g) Operações em planos altos. Além de ser recomendado para algumas atividades na postura de pé,
não basta apenas estar de pé, é necessário realizar de forma correta esta atividade.
Veja, na figura, a seguir, como realizá-la.

iStock ([20--?]), Antonio Mees (2017)

Figura 75 -  Postura em Pé
Fonte: SENAI (2017)

Percebeu como orientações simples podem fazer a diferença na utilização da postura correta para o
trabalho?

7.11.3 ORIENTAÇÕES PARA USO DA POSTURA SENTADA

Observe, a seguir, algumas orientações quanto ao uso da postura sentada.


ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
200

a) Quando a atividade exigir precisão de movimentos.

Diego Fernandes (2011)


Figura 76 -  Trabalho sentado utilizando o computador
Fonte: SENAI (2011)

b) Quando as cargas ou pesos a serem manuseados forem leves, todos os objetos e comandos estive-
rem próximos do corpo e quando houver espaço para acomodar as pernas.
c) Quando o posto de trabalho exigir que se fique parado durante grande parte do tempo (sempre
testar antes essa solução).

7.11.4 PAUSAS NO TRABALHO

Grandjean (1998), classifica as pausas em quatro tipos: pausas voluntárias, pausas mascaradas (traba-
lhos colaterais), pausas necessárias ao trabalho e pausas obrigatórias do trabalho.
Confira a definição para cada uma dessas pausas.
a) Pausas voluntárias são as declaradas, visíveis que o trabalhador faz para descansar.
b) Pausas mascaradas são aquelas colaterais que no momento de sua execução, não são necessárias
para a execução do trabalho. Conforme explica Grandjean (1998, p. 173), “[...] com essas atividades
colaterais, o homem procura mascarar uma pausa, que é necessária para ele descansar. Do ponto
de vista fisiológico, estas pausas mascaradas são justificadas: Ninguém é obrigado a executar uma
atividade física ou mental sem interrupção.”
7 ERGONOMIA
201

c) Pausas necessárias do trabalho são aquelas causadas por todos os tipos de espera, seja pela organi-
zação do trabalho, seja pelo andamento das máquinas que se faz necessário.
d) Pausas obrigatórias do trabalho são aquelas determinadas pela empresa, tais como a pausa do meio-
dia, as pausas para alimentação e todas as pausas curtas.

iStock ([20--?])
Figura 77 -  Pausa no trabalho para o almoço

Observa-se que atualmente é usual pelo menos uma pausa de 10 minutos na manhã, e, muitas vezes, a
mesma pausa, à tarde. Esta disposição das pausas tem a finalidade de prevenir a fadiga por permitir ausência
de atividade muscular, possibilitar contatos sociais e dar a oportunidade para o trabalhador realizar outras ati-
vidades que não aquelas do trabalho.
Neste sentido, você estudou algumas sugestões práticas de medidas preventivas e conferiu tam-
bém a necessidade da realização de algumas pausas no decorrer de um dia de trabalho, atitudes que
contribuem fortemente para melhorar a produtividade.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você conheceu o conceito de ergonomia e os tipos de riscos associados a ela.
Também entendeu que a fisiologia do trabalho é aplicada na investigação dos ajustes fisiológicos
às condições de trabalho das diferentes atividades profissionais, bem como a aplicação da
biomecânica para a análise dos movimentos corporais nas atividades do trabalho e como a
ergonomia pode contribuir para a adequação das condições de trabalho para promover conforto,
segurança e produtividade.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
202

Estudou também questões relacionados à ergonomia, que também ajudarão você na condução
do processo de inspeção, além de identificar os riscos inerentes às atividades laborais a serem
avaliadas durante a inspeção, tratando casos mais complexos através da aplicação de ferramentas
adequadas para analisar estes riscos.
A identificação de situações de risco ergonômicos durante a inspeção nos ambientes laborais
contribuirá para que você possa agir de acordo com os procedimentos padrão da empresa, trazendo
soluções para minimizar os riscos ergonômicos e melhorar as condições de saúde e segurança no
trabalho.
Iluminamento

Certamente você já ouviu a seguinte expressão popular: “À noite, todos os gatos são pardos”.
Esta expressão apresenta a ideia de que todas as coisas são semelhantes ou iguais no escuro.
Usada como metáfora, esta expressão pode significar também que, em meio a uma multidão,
as particularidades não são enxergadas. No entanto, do ponto de vista físico, significa que em
locais com pouca luminosidade se tem dificuldade para distinguir ou reconhecer os detalhes
e as cores das coisas.
E, porque isso acontece? Porque nossa capacidade de enxergar diminui à medida que o
ambiente vai ficando mais escuro?
Cientificamente é possível dizer que os olhos humanos possuem células responsáveis pela
visão colorida. No entanto, em condições ambientais de pouca luz, estas células são menos
sensíveis do que as que distinguem intensidades de brilho. Assim, os olhos captam variações
de brilho e se passa a distinguir apenas tonalidades de preto e branco.
O efeito que a intensidade de luz provoca na visão traz impacto também no ambiente de
trabalho. Portanto, este é um aspecto importante para a saúde e segurança no trabalho.
No estudo deste capitulo, você irá conhecer os conceitos relacionados ao iluminamento, os
efeitos da exposição do trabalhador a níveis inadequados de intensidade de luz e os limites de
tolerância para os ambientes de trabalho. Além disso, conhecerá o instrumento utilizado para
medir o nível de iluminamento, a avaliação destes níveis em relação ao requerido para cada tipo
de ambiente de trabalho e o controle e as medidas preventivas relacionadas ao iluminamento.
Assim, o final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) identificar os riscos inerentes às atividades laborais a serem avaliadas durante a inspeção;
b) interpretar os relatórios de inspeção e avaliação de riscos para identificar se as medidas
propostas no relatório estão sendo cumpridas;
c) avaliar a evolução ou a mitigação dos riscos ocupacionais evidenciados no relatório;
d) correlacionar os resultados obtidos na avaliação quantitativa com os padrões estabeleci-
dos na legislação;
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
206

e) cumprir normas e procedimentos de segurança estabelecidos pela empresa para avaliação de pro-
cesso de trabalho e ou novo projeto, a fim de garantir a saúde e integridade física;
f ) reconhecer legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ramo de atuação e ou atividade do local
a ser inspecionado;
g) correlacionar as especificações dos equipamentos de avaliação com o padrão mínimo exigido nas
Normas Técnicas.
A partir de agora você terá a oportunidade de conhecer diversos temas sobre o assunto, que farão a
diferença em suas práticas.
Bons Estudos!
8 ILUMINAMENTO
207

8.1 DEFINIÇÃO

A visão humana tem uma grande importância diante da função que desempenha. No entanto, obser-
vando-se muitos locais de trabalho, ainda existem aqueles que não oferecem os níveis mínimos necessários
de iluminação e não dão a real importância a algo tão essencial para a execução dos trabalhos. Veja, na
figura, a seguir, um exemplo de fábrica que aplica boa tarde de sua iluminação de forma natural.

iStock ([20--?])
Figura 78 -  Fábrica com iluminação natural

Obviamente as pessoas foram projetadas e dimensionadas para trabalhar com a luz natural. A luz do dia
com céu claro e sem nebulosidades, o chamado céu de brigadeiro, é composta por 90 % de luz solar direta
e 10 % de luz difusa. Sempre que possível, os postos de trabalho devem ser planejados para aproveitar, o má-
ximo possível, a luz natural.
Em um dia nublado de verão, é possível encontrar de 10.000 a 30.000 lux em locais abertos. Já em dias
de verão, os valores chegam a 100.000 lux.
As premissas básicas para a definição da iluminação de um posto de trabalho devem levar em conta que
ela não gere risco de acidentes e, ao mesmo tempo, seja condizente com as exigências da tarefa a ser reali-
zada. Para definir o tipo de iluminação, há necessidade de se compreender melhor as tarefas visuais.
Quanto maior o grau de dificuldade da tarefa visual, maior deverá ser a qualidade da iluminação. Para
atender a essas necessidades, pode-se valer de uma ‘iluminação geral’ ou de uma ‘iluminação geral orienta-
da’ para o posto de trabalho e, por fim, nos casos mais complexos de iluminação, no próprio posto de trabalho
individual ou não.

FIQUE Iluminação insuficiente está diretamente associado à perda de desempenho e ao


ALERTA aumento do número de acidentes.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
208

A visão é bastante complexa e implica uma série de fatores. Por isso, é de grande importância, tanto
para a segurança das pessoas como para a qualidade do produto, que a iluminação do posto de trabalho
seja adequada às exigências da tarefa.

Um estudo realizado na empresa Erickson Co., em 1973, mostrou a influência da


CURIOSI intensidade luminosa sobre o desempenho e o registro de acidentes. A pesquisa
mostrou que o aumento da intensidade luminosa de 500 para 2000 lux pode
DADES aumentar o desempenho na atividade em até 10% e que a redução do número de
acidentes pode ser de até 50%.

Mas, o que é iluminância?


Pode-se dizer que iluminância é o fluxo luminoso (lúmen) incidente numa superfície por unidade de
área (m²). Sua unidade é o lux. Um lux corresponde à Iluminância de uma superfície plana de um metro
quadrado de área, sobre a qual incide perpendicularmente um fluxo luminoso de um lúmen.
Iluminância é a densidade de luz necessária para a realização de uma determinada tarefa visual. Isso
permite supor que existe um valor ótimo de luz para quantificar um projeto de iluminação. Com base em
pesquisas realizadas com diferentes níveis de iluminação, os valores relativos à iluminância foram tabelados
por tipo de atividades, conforme Norma Brasileira – NBR 5413.
Esta norma define iluminância como o limite da razão do fluxo luminoso recebido pela superfície em
torno de um ponto considerado, para a área da superfície quando esta tende para o zero.
E o ofuscamento?
O ofuscamento é o efeito de uma luz forte no campo de visão do olho humano, que pode provocar sensa-
ção de desconforto e prejudicar o desempenho das atividades realizadas no local.
iStock ([20--?])

Quando se ilumina uma superfície de vidro, por exemplo, uma parte do fluxo luminoso que incide sobre
ela se reflete, outra atravessa a superfície, transmitindo-se ao outro lado, e uma terceira parte do fluxo
luminoso é absorvida pela própria superfície, transformando-se em calor.
8 ILUMINAMENTO
209

Portanto, o fluxo luminoso incidente divide-se em três partes, em uma dada proporção, que depende
das características da substância sobre a qual incide.
Nesse contexto, tem-se três fatores importantes. Acompanhe.
a) Refletância: é a relação entre o fluxo luminoso refletido por uma superfície e o fluxo luminoso inci-
dente sobre ela.
b) Transmitância: é a relação entre o fluxo luminoso transmitido por uma superfície e o fluxo luminoso
que incide sobre ela.
c) Fator de absorção: é a relação entre o fluxo luminoso absorvido por uma superfície e o fluxo lumi-
noso que incide sobre ela.
O sistema de iluminação natural é, sob todos os aspectos, o ponto de partida para se obter um sistema
de iluminação eficiente. É a tendência mundial cada vez mais adotada nos sistemas de iluminação. No Brasil,
essa situação encontra razões fortes de serem seguidas por causa das condições climáticas favoráveis.
Embora a iluminação natural seja a mais recomendada, existem alguns problemas comuns para o cor-
reto aproveitamento desta luz: os edifícios. Estes, por suas características, têm necessidade da iluminação
artificial como complemento. É necessária a integração dos dois sistemas para solucionar o problema.
Já o sistema de iluminação artificial permite utilizar as edificações à noite para dar continuidade às ativi-
dades do dia. Porém, não é tão simples fazer uso da iluminação artificial de forma correta e eficiente. Afinal,
iluminação é para a pessoa, não para a edificação!

importantes como quantidade de luz, uniformidade da iluminação e


FIQUE Conceitos
ofuscamento devem ser levados em consideração na hora do dimensionamento da
ALERTA iluminação de um ambiente.

A eficiência dos sistemas de iluminação artificial está associada ao conjunto de lâmpadas, luminárias,
reatores, circuitos, utilização da luz natural, cores das superfícies e mobiliários que devem ser bem dimensio-
nados para que se atinja um alto padrão de iluminamento.
Você pôde perceber que a luminosidade influencia no dia a dia do trabalhador. Por isso, é importante
uma iluminação adequada ao ambiente de acordo com as normas técnicas. Na próxima etapa, você conhece-
rá os níveis de luminosidade e os efeitos a sua exposição!

8.2 EFEITOS DA EXPOSIÇÃO

O desempenho no trabalho está relacionado a uma série de fatores. Dentre eles, está a luminosidade
do posto de trabalho, que tem relação direta com o nível de desempenho do trabalhador.É necessário
que o local de trabalho seja completamente adequado e uma iluminação profissional deve fazer parte do
conjunto.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
210

Recomenda-se uma luz clara, sem reflexos e que ofereça uma reprodução de cor autêntica. Assim, os
olhos se cansam menos e se pode produzir por mais tempo.
A iluminação do local de trabalho deve ser versátil, para que sempre se tenha a luz correta para as dife-
rentes tarefas e atividades.
Você sabe o que pode causar o baixo nível de iluminamento?
O baixo nível de iluminamento pode causar danos à saúde do trabalhador e, associado a uma baixa
acuidade visual, causa fadiga, cansaço e incômodos, o que provoca uma redução na capacidade produtiva
em virtude dos sintomas desenvolvidos.
Os reflexos ou ofuscamentos podem causar, além da fadiga, cefaleias22 e distúrbios da visão. Por sua vez,
a exposição aos raios infravermelhos pode causar cataratas23, enquanto a exposição aos raios ultravioletas
pode causar úlcera de córnea.
O olho humano, gera pelo efeito de refração da luz na córnea e no cristalino, uma nítida imagem
do ambiente no fundo do olho, ou seja, na retina. Na sequência, células sensitivas à luminosidade na
retina são estimuladas, e esse estímulo é transmitido por meio de fibras nervosas e chega ao cérebro
como uma percepção.
O retratamento ou acerto do meio ambiente na retina é feito pelo ajustamento do olho através dos
músculos externos da vista. O processo em si, de forma simplificada, consiste em adaptar, acomodar e fixar.
O processo de adequação a diferentes claridades ocorre pela modificação do diâmetro da pupila e por
alteração na sensibilidade da retina. Isso você vivencia quando está dirigindo à noite.
Neste ponto, é importante afirmar que, na transição da luz do dia para a escuridão, o processo se dá de
forma rápida nos primeiros cinco minutos. Depois, torna-se lento, pois a adaptação total leva em torno de 60
minutos, no entanto, em 25 minutos, ocorre 80 % desse processo. Já a adaptação à claridade é muito mais
rápida, ocorrendo em alguns décimos de segundos.
A acomodação é o ajuste a diferentes distâncias e ocorre através de alterações da curvatura do cristalino
feitas com ajuda dos músculos dos olhos.
iStock ([20--?])

Dor excessiva na cabeça.


22

Opacidade do cristalino, que provoca cegueira total ou parcial.


23
8 ILUMINAMENTO
211

Somente na visão a distância é que os músculos dos olhos estão completamente relaxados, pois a fixa-
ção da visão em um ponto mais próximo exige a contração destes músculos.

SAIBA O ponto mais próximo para o qual se pode ajustar o olho é denominado ponto de
focalização, que, segundo alguns estudos em jovens, se encontra a cerca de 8 cm e em
MAIS pessoas de maior idade em torno de 50 cm.

Por fim, na fixação, o objeto observado é retratado através da adaptação da vista na parte do fundo do
olho.
Portanto, a partir desse estudo, você pôde ampliar seus conhecimentos, para que, no futuro, atuando
como técnico em Segurança do Trabalho em uma indústria, possa acompanhar e avaliar os efeitos da exposi-
ção. Acompanhe, a seguir, outro assunto importante a ser avaliado na sua atividade, o limite de tolerância.

8.3 LIMITES DE TOLERÂNCIA

A Norma Brasileira – NBR ISO 8995-1 - Iluminação de ambientes de trabalho – em sua primeira parte e
primeiro item, especifica os requisitos de iluminação para locais de trabalho internos e os requisitos para
que as pessoas desempenhem tarefas visuais de maneira eficiente, com conforto e segurança durante todo
o período de trabalho.
Esta norma, em vigência desde 2013, foi criada para substituir as normas NBR 5413 - Iluminância de
interiores e a NBR 5382 - Verificação do nível de iluminamento de interiores, que se encontram revogadas.
No entanto, o item 17.5.3.3 da NR 17, atualizada em junho de 2007, ainda estabelece que os níveis mínimos
de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos
na NBR 5413. Portanto, considerando que as NRs têm força legal e as NBRs são normas técnicas, a definição
dos níveis de iluminamento continua sendo estabelecida com base na NBR 5413. Veja esses limites na
sequência.

8.3.1 NBR 5413 – ILUMINÂNCIA DE INTERIORES

A NBR 5413 tem como objetivo estabelecer os valores de Iluminância médias e mínimas em serviço,
para iluminação artificial em interiores, onde se realizem atividades de comércio, indústria, ensino, esporte
e outras.
Esses valores devem ser encontrados no campo de trabalho, considerando a região onde, para qualquer
superfície nela situada, se exigem condições de iluminância apropriadas ao trabalho visual a ser realizado. O
nível deve ser medido no campo de trabalho. Quando este não for definido, entende-se como tal o nível refe-
rente a um plano horizontal a 0,75 m do piso.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
212

O nível de iluminância no restante do ambiente não deve ser inferior a 1/10 da adotada para o campo de
trabalho, mesmo que haja recomendação para valor menor.
Recomenda-se que a iluminância em qualquer ponto do campo de trabalho não seja inferior a 70% da
iluminância média determinada pela NBR 5382.
A tabela de iluminância classifica as tarefas por classe visual, determinando os valores mínimos que
devem ser alcançados.
O procedimento é o seguinte: analise e confira o exemplo depois dos quadros que apresentam os pa-
drões de iluminância.
a) Analisar cada característica para determinar o seu peso (-1, 0 ou +1). Somar os três valores encontra-
dos, algebricamente, considerando o sinal.
b) Usar a iluminância inferior do grupo, quando o valor total for igual a -2 ou -3; a iluminância superior,
quando a soma for +2 ou +3; e a iluminância média, nos outros casos.
A maioria das tarefas visuais apresenta pelo menos média precisão. Em cada tipo de local ou atividade, três
iluminâncias são indicadas, sendo a seleção do valor recomendado feita da seguinte maneira: das três ilumi-
nâncias, considerar o valor do meio, devendo este ser utilizado em todos os casos.
O valor mais alto das três iluminâncias deve ser utilizado quando:
a) a tarefa se apresenta com refletâncias e contrastes bastante baixos;
b) erros são de difícil correção;
c) o trabalho visual é crítico;
d) alta produtividade ou precisão é de grande importância;
e) a capacidade visual do observador está abaixo da média.
Como exemplo de precisão, pode-se mencionar a leitura simples de um jornal versus a leitura de uma
receita médica, sendo a primeira sem importância e a segunda crítica.
O valor mais baixo das três iluminâncias pode ser usado quando:
a) refletâncias ou contrastes são relativamente altos;
b) a velocidade e/ou precisão não são importantes;
c) a tarefa é executada ocasionalmente.
Observe, no quadro, a seguir, o nível de Iluminância por tipo de atividade, conforme estabelecido pela
NBR 5413.
8 ILUMINAMENTO
213

CLASSE ILUMINÂNCIA (lux) TIPO DE ATIVIDADE


20-30-50 Áreas públicas com arredores escuros
A
50-75-100 Orientações simples para permanência curta
Iluminação geral para áreas
100-150-200 Recintos não usados para trabalho contínuo: depósitos
usadas interruptamente ou
Tarefas com requisitos visuais limitados trabalho bruto de maquinaria,
com tarefas visuais simples 200-300-500
auditórios
Tarefas com requisitos visuais normais, trabalho médio de maquinaria,
B 500-750-1000
escritório
Iluminação geral para área de
Tarefas com requisitos especiais, gravação manual, inspeção, indústria de
trabalho 1000-1500-2000
roupa
C 2000-3000-5000 Tarefas visuais exatas e prolongadas, eletrônica de tamanho pequeno
Iluminação adicional para 5000-7500-10000 Tarefas visuais muito exatas, montagem de microeletrônica
tarefas visuais difíceis 10000-15000-20000 Tarefas visuais muito especiais, cirurgia
Quadro 25 - Iluminância por classe de tarefa visual
Fonte: Adaptado ABNT (1992)

A norma NBR 5413 também apresenta valores médios em serviço para iluminância para diversos tipos
de atividade. Conheça, no quadro, a seguir, parte destes valores.

ACONDICIONAMENTO ILUMINÂNCIA (lux)


Engradamento, encaixotamento e empacotamento 100-150-200
BANCOS ILUMINÂNCIA (lux)
Atendimento ao público 300-500-750
Máquina de contabilidade 300-500-750
Estatística e contabilidade 300-500-750
Salas de datilografia 300-500-750
Salas de gerentes 300-500-750
INDÚSTRIAS DE VESTUÁRIO ILUMINÂNCIA (lux)
Inspeção do material 1500 - 2000 – 3000
Corte e passagem 750 - 1000 – 1500
Costura e guarnecimento 750 - 1000 – 1500
INDÚSTRIAS METALÚRGICAS ILUMINÂNCIA (lux)
Usinagem grosseira e trabalhos de ajustador 150-200-300
Usinagem média e trabalhos de ajustador, trabalhos grosseiros de plainas, tornos e polimento 300-500-750
Usinagem de precisão de trabalhos de ajustador, máquinas de precisão automática, aplainamento, tornos
750-1000-1500
de precisão e polimento de alta qualidade
Usinagem de alta precisão e trabalhos de ajustador 1500-2000-3000
Quadro 26 - Iluminância por tipo de atividade (valores médios em serviço)
Fonte: Adaptado ABNT (1992)
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
214

Ainda na norma NBR 5413, são estabelecidos pesos, com base nas características da tarefa e do obser-
vador, a serem aplicados para determinar a iluminância requerida para o ambiente. Acompanhe o quadro
a seguir.

CARACTERÍSTICAS DA TAREFA E PESO


DO OBSERVADOR -1 0 +1
Idade Inferior a 40 anos 40 a 55 anos Superior a 55 anos
Velocidade e precisão Sem importância Importante Crítica
Refletância do fundo da tarefa Superior a 70% 30 a 70% Inferior a 30%
Quadro 27 - Fatores determinantes da iluminância adequada
Fonte: Adaptado ABNT (1992)

A seguir, você aprenderá como determinar a iluminância adequada para o ambiente de trabalho com
base na norma NBR 5413.

PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DA ILUMINÂNCIA


a) Consulte a Iluminância apresentada na tabela de iluminância por classe de tarefa visual e selecione
os valores de iluminância conforme o tipo de atividade do local avaliado.
b) Verifique, na tabela de fatores determinantes da iluminância adequada, conforme as características
da tarefa e do observador. Analise cada uma das três características, conforme o posto de trabalho,
objeto da avaliação, e determine o seu peso (-1, 0 ou +1).
c) Agora faça a soma, considerando o sinal, dos três valores encontrados.
d) Para avaliar o resultado da soma.
e) Se o resultado for inferior a (-2) ⇒ iluminância inferior
f ) Se o resultado for superior a (+2) ⇒ iluminância superior
g) Demais resultados ⇒ iluminância média
h) Procure o tipo de atividade na de tabela 1 de atividade visual.
i) Caso não encontre, procure a seção 5.3 da NBR 5413.
j) Determine o valor da iluminância mínima.
Para cada tipo de local ou atividade, três iluminâncias são indicadas.
Acompanhe, a seguir, um exemplo de determinação da iluminância requerida para o ambiente de
trabalho.
8 ILUMINAMENTO
215

EXEMPLO: Em um laboratório de metrologia, são efetuadas medições de peças com o uso de paquíme-
tros e micrômetros. Este laboratório possui 20 m2 de área e paredes brancas. A equipe que trabalha neste
laboratório é composta por 4 técnicos e o mais velho completou 40 anos recentemente. Com base nestas
informações e nas recomendações da norma NBR 5413, determine a Iluminância recomendada para este
ambiente.
a) Consultando a tabela dos fatores determinantes da iluminância adequada, tem-se os seguintes re-
sultados:
Fator idade = 0
Fator velocidade e precisão =0
Fator refletância do fundo da tarefa = +1
Soma dos fatores = +1
b) Consultando a tabela de iluminância por classe de tarefa visual, tem-se como resultado:
Classe = B (Iluminação geral para área de trabalho)
Tipo de atividade = Inspeção
Iluminância = 1000-1500-2000
c) Como a soma dos fatores do item anterior foi igual a +1, será adotada a iluminância média, que é de
1.500 lux.
A partir deste exemplo, você pôde observar a aplicação do procedimento para determinar o nível de ilu-
minamento adequado para um posto de trabalho, tomando como base as características do local avaliado
e os requisitos da norma.

8.3.2 NBR ISO 8995-1 - ILUMINAÇÃO DE AMBIENTES DE TRABALHO - PARTE 1

A NBR ISO 8995-1 foi elaborada com base na Norma Internacional ISO 8995-1 (Lighting of indoor workpla-
ces). Esta norma apresenta critérios e requisitos qualitativos, como iluminação de tarefas, controle de ofus-
camento e índice de reprodução da cor, bem como critérios quantitativos, por exemplo, atendimento aos
níveis de iluminância estabelecidos. Nesta nova norma, foram feitas alterações em relação à norma NBR
5413. Acompanhe, a seguir, alguns dos detalhes e os principais fatores que apresentam diferenças entre
estas normas.

SAIBA Para melhor aplicação da norma, consulte a NBR ISO 8995-1 Iluminação de ambientes
MAIS de trabalho - Parte 1: Interior. Acesse: <https://www.abntcolecao.com.br>.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
216

Idade: a NBR 5413 levava em conta a idade, a velocidade e precisão da tarefa e a refletância de fundo
para o projeto de iluminação. Esta norma considerava três faixas etárias (inferior a 40 anos, entre 40 e 55
anos e acima de 55 anos).
A ISO 8995-1 excluiu a idade como variável de projeto. Apesar de a capacidade visual ficar prejudicada
com o passar dos anos, seria difícil planejar ambientes para uma faixa etária específica.
Índice de ofuscamento: este fator não era considerando pela NBR 5413. A ISO 8995-1 aborda o ofusca-
mento direto, o ofuscamento refletido e são indicados valores de referência. A norma preocupa-se também
com o controle de ofuscamento. São definidas salas-padrão para controle de ofuscamento.
Refletância: a NBR ISO 8995-1 definiu faixas padrão de refletância para teto, paredes, pisos e planos de
trabalho, enquanto que a NBR 5413 era dividida em três grupos: até 30%, de 30% a 70% e acima de 70%.
Dificuldade e Precisão da Tarefa: a NBR 5413 dividia este fator em três grupos: Sem importância,
Importante e Crítica.
Na NBR ISO 8995-1, é contemplado, juntamente com o ofuscamento, o índice de reprodução da cor e a
Iluminância, com valores de referência para as principais tarefas e ambientes.
Índice de Reprodução da Cor: este fator não era contemplado, preocupava-se apenas com os níveis
de iluminância.
A ISO 8995-1 passou a sugerir que o fabricante de cada lâmpada forneça os valores. Para algumas clas-
ses de tarefa, a NBR ISSO 8995-1 determina a temperatura da cor, por exemplo, para atividades de pintura
e controle de qualidade, a temperatura da cor mínima exigida é de 4000 k. O índice de reprodução da cor
também é exigido, e quanto mais crítica for a atividade, maior é o índice de reprodução da cor exigido. Para
uma ideia inicial, o IRC exigido para uma sala cirúrgica é de no mínimo 90, enquanto o IRC exigido para
tarefas industriais sem precisão é de 60.
Área de Tarefa e Entorno imediato: não contemplada pela NBR 5413.
A ISO 8995-1 definiu a área de tarefa como sendo onde a tarefa é executada, e o entorno imediato como
uma zona de 0,5 metros ao redor do plano da tarefa. Especifica valores que podem ser diferentes para área
e entorno
Manutenção: não contemplada pela NBR 5413.
O anexo D, da ISO 8995-1, trata da manutenção do sistema de iluminação. A norma explica o que deverá
ser considerado em uma manutenção, como depreciação de lâmpadas, manutenção de luminárias e de
superfícies da sala, e dá exemplos de quais devem ser os fatores de manutenção em função do tipo de
ambiente e da periodicidade de limpeza.
Embora a manutenção seja uma evolução importante na NBR ISO 8995-1, pois especifica um método
de cálculo para o fator de manutenção considerando a depreciação do fluxo luminoso, o envelhecimento,
a redução do fluxo luminoso com o passar do tempo e a redução da refletância devido à sujeira, ela não
contempla uma tabela de fatores característicos para LED, abrangendo apenas lâmpadas fluorescentes,
lâmpadas fluorescentes compactas e lâmpadas de vapor de sódio.
8 ILUMINAMENTO
217

Grade de Cálculos: não contemplada pela NBR 5413.


O anexo B, da ISO 8995-1, recomenda critérios para elaboração de projetos em softwares com as diferen-
tes geometrias e espaçamento entre lâmpadas para diferentes tamanhos de salas.
Uniformidade: não contemplada pela NBR 5413. A ISO 8995-1 recomenda que seja superior a 0,7.
Temperatura da Cor: não contemplada pela NBR 5413, preocupa-se apenas com os níveis de iluminância.
A ISO 8995-1 recomenda, em determinados ambientes, temperatura mínima da cor.
Você deve ter percebido que nenhuma das legislações contempla de forma excelente as situações com
as quais você irá se depara na empresa na qual estiver atuando. As leis, as tecnologias e as empresas se
adaptam constantemente, e cabe a você se adaptar e se atualizar na mesma velocidade, garantindo assim
o bom desempenho das suas atividades como técnico de segurança do trabalho.
Conhecido os regulamentos e medidas, chegou o momento de você conhecer com quais instrumentos
fará essas medidas. Acompanhe.

8.4 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO

Uma análise quantitativa do nível de iluminamento requer a avaliação de parâmetros mensuráveis. Uma
vez definidos estes parâmetros, necessita-se de um instrumento que possibilite a sua medição.
A utilização de um instrumento para a medição do nível de iluminamento permite uma avaliação obje-
tiva através da comparação dos valores obtidos na medição com os valores padronizados e requeridos em
normas específicas.
Acompanhe, a seguir, mais detalhes sobre instrumentos e procedimentos de medição.

8.4.1 LUXÍMETRO

Existe uma série de métodos e processos de medidas das grandezas luminosas. Os processos utilizados
permitem a determinação do fluxo luminoso, intensidade, iluminância e curvas de desempenho dos apare-
lhos de iluminação.
Quando se deseja conhecer os níveis de iluminância de interiores, realiza-se a medição com o auxílio de um
fotômetro calibrado em lux, chamado de luxímetro.
Luxímetro é um equipamento destinado a efetuar medições de iluminância em ambientes com ilumina-
ção natural ou artificial, em lux (lx), ou lúmens por metro quadrado (lm/m2).
O luxímetro dispõe de um sensor fotométrico para medição de luz visível (luz), de silício, com um filtro de
correção óptica, com tratamento do sinal de linearização ou amplificação com visor.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
218

Observe, a seguir, um exemplo desse tipo de aparelho.

AIQ ([20--?])
Figura 79 -  Luxímetro
Fonte: SENAI (2011)

Por que é importante medir a intensidade da luz em um ambiente?


Medir a intensidade da luz em um ambiente é importante, porque diversas análises precisam de ilu-
minação, e o excesso ou falta dela podem fazer com que os resultados não sejam precisos. Além desses
fatores, a baixa ou alta luminosidade pode trazer danos à saúde de quem está no ambiente, como fadiga,
catarata e úlcera de córnea, como já mencionado anteriormente. Na sequência, veja mais um exemplo de
iluminação do ambiente de trabalho.
iStock ([20--?])

Figura 80 -  Iluminação do ambiente de trabalho

Em instalações recém-construídas, antes da medição da intensidade da luz, é preciso fazer as lâmpa-


das funcionarem por algum tempo (+/- 100 horas), período necessário para que estejam devidamente
estabilizadas.
Procedimento utilização do luxímetro e preparação para as medições:
Colocação da bateria: remova a cobertura na parte detrás do aparelho e coloque uma bateria.
Substituição da bateria: quando a tensão da bateria estiver abaixo de sua tensão operacional.
8 ILUMINAMENTO
219

Ligar: aperte o botão ON/OFF para ligar ou desligar o instrumento.


Seleção de escala: selecione a escala de trabalho desejada LUX ou FC. (1FC= 10,76LUX).
Remova a tampa do fotodetector e coloque em frente à fonte de luz a ser medida na posição horizon-
tal. Leia o valor de luminosidade no display LCD.
Sobre a escala: caso o instrumento exiba a indicação OL, indica que o sinal está muito forte e é necessário
mudar a escala para um valor maior. Caso esteja selecionado na escala de 20000, o valor exibido no visor deve
ser multiplicado por x10.

FIQUE Periodicamente, limpe a caixa do instrumento com um pano seco. Não use produtos
ALERTA abrasivos ou solventes nesse instrumento.

Nesta seção, você conheceu o luxímetro, instrumento é imprescindível para a avaliação do iluminamen-
to. Este aparelho, através de parâmetros mensuráveis, permite uma avaliação objetiva da intensidade de
luz do ambiente.

8.5 AVALIAÇÃO DE NÍVEIS

Para a realização de avaliação dos níveis de luminosidade, deve-se observar o campo de trabalho e a
região onde, para qualquer superfície nela situada, se exigem condições de iluminância apropriada ao
trabalho visual a ser realizado.
Você sabe quais são as condições gerais para avaliação nos níveis de luminosidade?
No caso de ser necessário elevar a iluminância em limitado campo de trabalho, pode-se usar iluminação
suplementar. Conheça mais um tipo de luxímetro na figura a seguir.
Michael Connors ([20--?])

Figura 81 -  Luxímetro
Fonte: SENAI (2011)
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
220

Com o cálculo de luminosidade, pode-se definir a quantidade de luminárias necessárias para a área
de trabalho. Os dados necessários para o cálculo das dimensões do ambiente são: pé direito, altura do
plano de trabalho, altura de suspensão da luminária, refletância do teto, parede e piso, tipo de luminária
a ser utilizada, iluminância necessária no ambiente segundo NBR 5413.
Acompanhe, a seguir, as técnicas utilizadas para realização de medição dos níveis de luminosidade.
a) Equipamento calibrado.
b) Evitar temperaturas e umidades elevadas.
c) Expor fotocélula à luz de 5 a 15 min, para estabilizar.
d) Medição deve ser feita no campo de trabalho (0,75 do solo se não definido o plano).
e) Fotocélula24 deve ficar paralela à superfície de trabalho.
f ) Evitar fazer sombras.
g) Não usar roupas claras.
h) Procurar realizar leituras nos piores casos.
i) Considerar o valor do meio na maioria dos casos.
Acompanhe, a seguir, um exemplo de cálculo luminotécnico para áreas internas.
Quantas luminárias serão necessárias e qual a sua disposição para que em uma área se tenha um nível
de iluminamento desejado?
O local de exemplo é a Área de Bombas, que possui as seguintes dimensões: 10 metros de largura X
20 metros de comprimento. A altura das lâmpadas é de 3,5 m em relação ao plano do eixo das bombas.
Primeiro, você irá escolher o nível de iluminamento (E) em“lux”.
Para fazer esta escolha, você irá consultar a norma N-2429 Níveis Mínimos de Iluminamento, especifi-
cada pela CONTEC- Comissão de Normas Técnicas.
Para área de bombas tem-se: E = 100 lux
O próximo passo será a escolha o tipo de luminária, lâmpadas e o sistema de iluminação.
Considere que a escolha foi a luminária Tipo W-50 equipada com 2 lâmpadas fluorescentes de 40 watts.
Sistema de iluminação (item 2.2 – N-537 rev. A): direto, semidireto, direto-indireto (difuso), semi- indire-
to, indireto.
Para o exemplo, será utilizado o sistema semidireto, e devem ser observados os passos descritos a seguir.

Dispositivo que transforma energia luminosa em elétrica.


24
8 ILUMINAMENTO
221

a) Cálculo da proporção e índice do local, segundo N-537 rev. A:

b) Cálculo do fator de manutenção: é a relação entre o fluxo luminoso produzido por uma luminária no
fim do período de manutenção (tempo decorrido entre duas limpezas consecutivas de uma luminária)
e o fluxo emitido pela mesma no início de seu funcionamento.
Segundo tabela IV, do Anexo II da N-537 rev. A, 3a.
Luminária Fator de manutenção = 0,65
c) Determinação das refletâncias, segundo aN-537 rev. A:
Teto = 50%
Parede = 30%
d) Determinação do fator de utilização: é a relação do fluxo luminoso que atinge o plano de trabalho e o
fluxo luminoso total produzido pelas lâmpadas. Leva em consideração a eficiência e a curva fotométri-
ca da luminária, sua altura de montagem, as dimensões do local, bem como as refletâncias das paredes,
do teto e do piso.
Segundo a N-537 rev. A: tabela IV do Anexo II, p. VII, 3a.
Luminária Fator de utilização = 0,52
Escolha da lâmpada e determinação de seu fluxo luminoso Lâmpadas de 40 W – TLRS-40/54
Fluxo luminoso = 2550 lumens
e) Cálculo do número de lâmpadas:
Nº lâmpadas = Fluxo luminoso necessário/Fluxo luminoso por lâmpada

f ) Cálculo do número de luminárias:


Número de luminárias = 24/2 = 12
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
222

Você pôde acompanhar um exemplo de cálculo luminotécnico para que pudesse compreender
melhor como avaliar os níveis de luminosidade. Em caso de dúvidas, releia o conteúdo quantas vezes
achar necessário. Prepare-se para a próxima etapa de estudos, pois as informações disponíveis
complementarão seu aperfeiçoamento com as terminologias técnicas.

8.6 TERMINOLOGIA TÉCNICA

Cada área de conhecimento possui termos específicos, conforme a sua peculiaridade, que são utiliza-
dos no estudo e aplicação de conceitos, técnicas e procedimentos. Por essa razão, é importante que você
conheça alguns termos utilizados em iluminamento, apresentados a seguir.
Luz: segundo Creder (2007, p. 160), a Luz “[...] é o espectro da energia radiante que um observador
humano constata pela sensação visual, determinado pelo estímulo da retina ocular”.
A faixa das radiações eletromagnéticas capaz de ser percebida pelo olho humano se situa entre os com-
primentos de onda de 3800 a 7600 angströms25.
Cor: de acordo com Creder (2007, p. 161), “[...] a cor da luz é determinada pelo comprimento de onda,
sendo a luz violeta a de menor comprimento de onda visível do espectro, entre 3800 Å e 4500 Å, e a cor
vermelha a de maior comprimento de onda visível, entre 6400 Å e 7600 Å.”
Fluxo Luminoso: segundo o Manual da Osram (2000), o Fluxo Luminoso é a radiação total da fonte
luminosa entre os limites de comprimento de onda (380 e 780 nm). O fluxo luminoso é a quantidade de luz
emitida por uma fonte na tensão nominal de funcionamento. Sua unidade é o lúmen (lm).
Eficiência Luminosa: o Manual da Osram (2000) ainda diz que as lâmpadas se diferenciam entre si não
só pela diferença de fluxo luminoso que elas irradiam, mas também pelas diferentes potências que conso-
mem. Para poder compará-las, é necessário que se saiba quantos lumens são gerados por watt absorvido.
Sua unidade é o lúmen/watt (lm/W).
Iluminância ou Iluminamento: a iluminância é a luz que uma lâmpada irradia, relacionada à superfície
sobre a qual ela incide. Indica o fluxo luminoso de uma fonte de luz que incide sobre uma superfície situada
a certa distância desta fonte. Na prática, é a quantidade de luz em um ambiente e pode ser medida com o
auxílio de um luxímetro. Como o fluxo luminoso não é distribuído uniformemente, a iluminância não será a
mesma em todos os pontos da área em questão. Considera-se, por isso, a iluminância média (Em). A norma
NBR 5413 estabelecia os valores médios de iluminamento até 2013.
Luminância: está ligada ao brilho, é a diferença entre zonas claras e escuras. Matematicamente, é a
razão da intensidade luminosa (dI) incidente num elemento de superfície que contém o ponto dado, para
a área (dA) aparente vista pelo observador, quando esta tende a zero. É expressa em cd/m² (candela por
metro quadrado).

O Angström, cujo símbolo é Å, é o comprimento de onda unitário e igual a dez milionésimos do milímetro.
25
8 ILUMINAMENTO
223

Intensidade Luminosa: é o fluxo luminoso irradiado na direção de um determinado ponto. Essa dire-
ção é representada por vetores, cujo comprimento indica a intensidade luminosa. É expressa em candela
(cd). As lâmpadas comerciais exibem comumente uma curva de distribuição luminosa. Essa curva é a re-
presentação vetorial da intensidade luminosa em todos os ângulos em que ela é direcionada num plano. É
obtida ligando-se as extremidades desses vetores e representada em coordenadas polares, apontando se
a luz é concentrada, difusa, simétrica etc.
Temperatura da Cor: é a grandeza que expressa a aparência de cor da luz. Quanto mais alta a tempe-
ratura de cor, mais branca é a cor da luz. Sua unidade é o Kelvin (K). A “luz quente” é a que tem aparência
amarelada e temperatura de cor baixa: 3.000 K ou menos. A “luz fria”, ao contrário, tem aparência azul-vio-
leta, com temperatura de cor elevada: 6.000 K ou mais. A “luz branca natural” é aquela emitida pelo sol em
céu aberto ao meio-dia, cuja temperatura de cor é de 5.800 K.
Ofuscamento: segundo a Norma ABNT ISO 8995-1:2013

Ofuscamento é a sensação visual produzida por áreas brilhantes dentro do campo de


visão e pode ser experimentado tanto como um ofuscamento desconfortável quanto
um ofuscamento inabilitador. O ofuscamento pode também ser causado por reflexões
em superfícies especulares e é normalmente conhecido como reflexões veladoras ou
ofuscamento refletido. É importante limitar o ofuscamento para evitar erros, fadiga e
acidentes. O ofuscamento inabilitador é mais comum na iluminação exterior, mas tam-
bém pode ser experimentado em iluminação pontual ou fontes brilhantes intensas tais
como uma janela em um espaço relativamente pouco iluminado. (ABNT, 2013)

Agora que você já identificou os limites de tolerância, os efeitos da exposição à luz, aprendeu como
medir a luz e também conhece as terminologias técnicas, você já tem todo aparato para orientar os cola-
boradores da empresa. A seguir, veja como controlar a medição da luz.

8.7 CONTROLE

Os sistemas de iluminação podem apresentar as mais diversas condições. Atualmente, ainda há muitos
ambientes de trabalho com níveis de iluminação inadequados. Na maioria dos casos, as soluções são sim-
ples, e com pequenos investimentos. Na figura, a seguir, você pode conhecer mais um exemplo de ilumina-
ção natural.
Segundo a NR 17, que estabelece os limites mínimos de ergonomia, a iluminação deve seguir os limites
mínimos. Em todos os locais de trabalho, deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou
suplementar, apropriada à natureza da atividade.
ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
224

A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa.

iStock ([20--?])
Figura 82 -  Iluminação natural

A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, refle-
xos incômodos, sombras e contrastes excessivos. Os níveis mínimos de iluminamento a serem observa-
dos nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413.
A medição dos níveis de iluminamento deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual,
utilizando-se de luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do ân-
gulo de incidência.
Um técnico em Segurança do Trabalho precisará reconhecer a iluminação adequada para um ambiente.
Essa adequação é estabelecida em uma norma técnica conforme você conheceu nesta etapa de estudos. A
seguir, você estudará as medidas preventivas que promovem qualidade de vida no trabalho.

8.8 MEDIDAS PREVENTIVAS

Como medida preventiva, recomenda-se a observância de algumas situações que podem ser muito
úteis no dia a dia do trabalho. Se bem aplicadas, essas indicações podem melhorar os postos de trabalho,
oferecendo mais conforto e trazendo melhor qualidade de trabalho e bem-estar ao trabalhador.
Veja, a seguir, algumas recomendações que deverão ser avaliadas para adequar as medidas cabíveis e
oferecer ao trabalhador um ambiente favorável à sua atividade.
a) Excesso de luz é um problema comum nas empresas e nos escritórios. Muita luz, no entanto, não sig-
nifica luz adequada. Pelo contrário, pode atrapalhar e gerar uma sensação de desconforto.
b) O limite mínimo também deve ser observado. A iluminação da área de trabalho deve apresentar, no
mínimo, 500 lux, o que é fiscalizado pelo Ministério do Trabalho.
8 ILUMINAMENTO
225

c) Além da iluminação geral, algumas atividades exigem uma iluminação mais pontual na mesa de tra-
balho.
d) O excesso da luz solar deve ser controlado com cortinas e persianas. Há uma tendência em se aprovei-
tar a luz natural, sempre complementando com a iluminação artificial.
e) Ao longo do dia, as pessoas têm necessidades diferentes, normalmente decrescentes de iluminação.
Identificar essa variação pode ajudar no rendimento do trabalho.
f ) Iluminação com cores diferentes torna o ambiente de trabalho menos monótono, causando
uma sensação de bem-estar.
g) Também é possível utilizar recursos de iluminação em paredes, para torná-las mais aconchegantes.
h) O computador nunca deve receber a luz natural da janela diretamente na tela. O ofuscamento preju-
dica a concentração e a saúde.
i) Remova lâmpadas onde há mais luz do que o necessário, mas certifique-se de manter uma ilumi-
nação boa em locais de trabalho, para não prejudicar seu desempenho ou evitar acidentes (áreas com
máquinas).
j) A limpeza de paredes, tetos e pisos e a utilização de cores claras no ambiente de trabalho e estudo
são atitudes que melhoram a iluminação do local, e as pessoas se sentirão mais confortáveis e dispostas
no seu local de trabalho.
Você pôde perceber que existem medidas simples de prevenção que fazem toda a diferença. É preciso
medir a quantidade de luz, que não pode ser nem a mais e nem a menos. Portanto, você precisa compreender
muito bem esse assunto, porque na prática você certamente vai utilizar.

Para aprofundar seus conhecimentos quanto às normas sobre iluminamento utilizadas


no Brasil, você poderá ainda consultar as seguintes normas:
a) Petrobras N 2429 Níveis Mínimos de Iluminamento.
SAIBA b) Petrobras N 2488 Avaliação do Nível de Iluminamento.
MAIS
c) ABNT NBR 5413 - Iluminância de Interiores - Especificação.
d) NBR 5382 - Verificação da Iluminância de interiores.
e) NBR 5461 – Iluminação Terminologia.

Acompanhe, a seguir, a descrição de uma situação relacionada ao iluminamento no local de trabalho.


ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
226

CASOS E RELATOS

A falta de luminosidade
José é um funcionário dedicado de uma empresa gráfica e nunca reclamou das condições de tra-
balho na empresa, pois seu supervisor e dono da empresa sempre falava:
- Estamos no vermelho e não podemos comprar ou trocar nenhum equipamento!
Ele trabalhava na parte de impressões de panfletos, e, por um período muito longo, trabalhou com
parte da iluminação da seção queimada, o que lhe causava fadiga e uma grande sobrecarga dos
olhos quando fazia as impressões - que não podiam ter falhas -, além do risco de acidente com a
máquina todos os dias. O nível de lux em um ambiente de trabalho contribui bastante para incre-
mentar a produtividade, bem como para melhorar a saúde do trabalhador.
Na empresa, nunca foi feita uma avaliação quantitativa de luminosidade conforme a NBR 5413.
Porém, um dia, José mostrou ao seu supervisor que existiam normas de luminosidade e que todos
os postos de trabalho precisavam estar adequados, inclusive no seu, que era o da impressão.
Ele mostrou, conforme a norma, que o ambiente de trabalho deveria estar entre 200-300-500 luxes,
mas, com parte da iluminação queimada, poderia estar bem abaixo.
Percebendo esta necessidade, o patrão resolveu aceitar todas as solicitações e fazer esta melhoria,
pois estaria também aumentando sua produtividade.

O nível de luz em um ambiente contribui bastante para a produtividade e a saúde do trabalhador. Você,
como futuro técnico, precisa compreender muito bem esse assunto, para que, no momento em que avaliar
tecnicamente um ambiente, saiba identificar os padrões a serem atendidos.
8 ILUMINAMENTO
227

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você conheceu os conceitos relacionados ao iluminamento, os efeitos da


exposição do trabalhador a níveis inadequados de intensidade de luz e os limites de tolerância
para os ambientes de trabalho. Também conheceu o instrumento utilizado para medir o nível de
iluminamento, a avaliação destes níveis em relação ao requerido para cada tipo de ambiente de
trabalho, o controle e as medidas preventivas relacionadas ao iluminamento.
Os conhecimentos sobre iluminamento ajudarão você a correlacionar os resultados obtidos
na avaliação quantitativa com os padrões estabelecidos na legislação. Portanto, conhecer os
parâmetros de iluminamento, a forma de medi-los e reconhecer as normas relacionadas apoiará
você no cumprimento da legislação.
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MINICURRÍCULO DOS AUTORES
JEFFERSON LUIZ SCHELBAUER
Graduado em Engenharia Mecânica (1992- UDESC), pós-graduado em Gestão da Manutenção (2006-
INPG) e em Tecnologia Mecânica (1996-UNERJ/UFSC). Atualmente é instrutor do SENAIsc, na unida-
de de Jaraguá do Sul, ministrando as disciplinas de Gestão de Manutenção, Tecnologia dos Materiais
e Processo de Fundição no curso de Tecnologia de Produção Mecânica, cursos na área de segurança
conforme exigido pela NR 13 e NR 20 e aulas presenciais e tutoria para o curso Técnico de Seguran-
ça do Trabalho. Possui 22 anos de experiência em empresas dos ramos alimentício, têxtil e metal-
-mecânico, em manutenção industrial, atuando em gestão, supervisão de equipes, planejamento e
engenharia de manutenção.

DAIANI MACHADO
Graduada em administração com habilitação em marketing pela Universidade Católica de Santa Ca-
tarina. Atualmente trabalha no SENAI na área de educação a distância como tutora e monitora de
cursos a distância da unidade de Jaraguá do Sul.

LILIAN ELCI CLAAS


Graduada em Pedagogia com habilitação em Supervisão Escolar, pós-graduada em Administração
de Recursos Humanos (FAE/UNERJ) e em Consultoria Empresarial (UFSC/SENAI). Atua desde 1988
com a formação e o desenvolvimento de lideranças, melhoria das relações humanas, resolução
de conflitos, melhoria nos métodos de trabalho e no ensino correto de um trabalho. Atualmente,
é instrutora no SENAI-SC, na unidade de Jaraguá do Sul, ministrando as Unidades Curriculares de
Comunicação Oral e Escrita, Metodologia Científica e da Pesquisa e Gestão de Processos e Pessoas.
Desenvolve trabalho de Consultoria Empresarial na área de gestão de pessoas e treinamento.

MORGANA MACHADO TEZZA


Graduada em Administração em Marketing pelo Centro Universitário de Jaraguá do Sul (2005),
em Ciências da computação pela Universidade do Sul de Santa Catarina (1999) e em Formação
Pedagógica para Formadores de pela Universidade do Sul de Santa Catarina (2005). Possui
especialização em Gerenciamento de Marketing pelo Instituto Nacional de Pós-Graduação (2003).
Atuou como docente nos cursos superiores de tecnologia, técnicos e aprendizagem no SENAI/SC
em Jaraguá do Sul. Mestra em Administração na UNIVALI, e coordena a área de educação a distância
do SENAIsc.
RICARDO RODRIGUES MISUMOTO
Formado na área de Segurança do Trabalho pela Instituição SENAC de Campinas SP. Atuou como
profissional de segurança nos últimos 12 anos em diversos segmen tos da indústria, como construção
civil, montagem mecânica, tecelagem, plásticos, metalurgia, comunicação. Realizou inúmeras
apresentações, palestras e cursos voltados ao segmento de saúde e segurança, meio ambiente e
gestão de pessoas. Atualmente leciona no SENAI de Joinville nas disciplinas de saúde e segurança
do trabalho, ética cidadania e meio ambiente, organização e preparação para o trabalho, gestão de
processos industriais, gestão da qualidade, gestão de pessoas e gestão ambiental.

RONALDO SCOZ DUARTE


Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC e pós-
graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná
– PUCPR. Trabalha na área de treinamentos em segurança, com ênfase nas normas regulamentadoras
NR-10, Básico e Complementar, e em NR-33 para Vigias e Trabalhadores. É professor de Segurança
em Procedimentos de Manutenção do Curso de Pós Graduação em Engenharia de Manutenção
Industrial – Faculdade de Tecnologia SENAI, e também professor de Eletrônica Industrial do Curso
Superior de Tecnologia em Mecatrônica – Faculdade de Tecnologia SENAI.

WILMAR MATTES
Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), em
1982. Cursou Administração com Habilitação em Comércio Exterior pelo Centro Universitário de
Jaraguá do Sul (UNERJ) em 2002. Fez MBA em Negócios Internacionais pela UNERJ em 2007. É
mestre em Engenharia Mecânica pela SOCIESC em 2008, e é doutor em Engenharia Mecânica pela
Universidade de São Paulo (USP, São Carlos) / UCLA (Los Angeles,USA).

ANA PAULA MÜLLER


Graduada em Fisioterapia pela UNICRUZ – Universidade de Cruz Alta, no ano de 1996. É especialista
em Saúde Pública pela FACINTER e IBPEX de Curitiba - PR, em Fisioterapia do Trabalho/Ergonomia
pelo CBES - Centro Brasileiro de Estudos Sistêmicos de Curitiba- PR, e em Engenharia de Segurança
do Trabalho pela UNOCHAPECO - Universidade Comunitária de Chapecó, em Chapecó-SC. Possui
cursos nas áreas de Perícia Judicial e Higiene Ocupacional. Atua na empresa Bondio Alimentos S/A
como Ergonomista e coordena o Curso Técnico em Segurança do Trabalho na unidade do SENAI em
Chapecó-SC. É docente no SENAI nas disciplinas de Higiene Ocupacional, Ergonomia e Saúde do
Trabalhador nos cursos Técnicos e Superiores de Tecnologia. Atualmente é mestranda em Prevenção
em Riscos Laborais pela Fundação Iberoamericana.
ANA ANDREIA MIGLIORANZA STRASSBURGER
Técnica em Segurança do Trabalho desde 1999, formada na Escola Técnica Federal de Santa
Catarina (Etefesc), em Florianópolis. Graduada em Engenharia Florestal pela Universidade do
Oeste Catarinense (Unoes), em Xanxerê, em 2008. É especialista em Engenharia e Segurança do
Trabalho pela Universidade Comunitária de Chapecó (UNOCHAPECÓ), em 2010. Atuou como TST na
Cooperativa Central Oeste Catarinense – Aurora, em Chapecó, e como assessoria em várias empresas
de ramos de atividades diferentes, construção civil, cerealista, clínicas. Atualmente, é docente do
curso técnico de Segurança do Trabalho do SENAI Chapecó e coordenadora do Serviço de Saúde
Ocupacional da Unimed Chapecó, atuando como engenheira responsável pelo serviço.

GUILHERME AUGUSTO GIRARDI


Graduado em Engenharia Ambiental pela Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO e
pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Tecnológica Federal do
Paraná – UTFPR. Docente em escolas técnicas, desde 2008, nos cursos técnicos em segurança do
trabalho, florestal, meio ambiente e logística. Atualmente é instrutor técnico do SENAI/SC-Joinville.

ROGÉRIO ZINGANO GADEGAST


Graduado em Engenharia de Operação - Fabricação Mecânica pela Universidade do Vale do Rio dos
Sinos (1976), possui especialização em Engenharia de Segurança pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (1977), especialização em Recursos Humanos pela Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul (1988), especialização em Administração Hospitalar pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (1995) e mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica
do Paraná (2005).
ÍNDICE

A
ABNT 46, 56, 57, 58, 103, 113, 213, 214, 223, 225, 229
Associação Brasileira de Normas Técnicas 46, 56, 57

C
CLT 18, 19, 39, 56, 57, 60, 61, 62, 63, 69, 160, 230, 235
Constituição federal 18, 67

D
Delegacia Regional do Trabalho (DRT) 20, 32

L
Lei 8.213/91 63
Leis 17, 19, 55, 56, 60, 61, 66, 67, 69, 160, 172, 190, 217, 230, 235

M
Ministério do trabalho 18, 19, 21, 24, 25, 26, 28, 54, 55, 56, 61, 62, 63, 67, 83, 84, 143, 174, 224,
233

N
Normas regulamentadoras 13, 17, 18, 21, 30, 31, 54, 56, 57, 61, 69
Notas técnicas 13, 17, 55, 56, 69, 71, 206

O
OHSAS 18001 67, 68, 91

P
Portaria MTb no 3.214 67

S
Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST) 20
SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Ana Andreia Miglioranza Strassburger


Ana Paula Müller
Daiani Machado
Guilherme Augusto Girardi
Jefferson Luiz Schelbauer
Lilian Elci Claas
Morgana Machado Tezza
Ricardo Rodrigues Misumoto
Rogério Zingano Gadegast
Ronaldo Scoz Duarte
Wilmar Mattes
Elaboração

Guilherme Augusto Girardi


Revisão Técnica

Morgana Machado Tezza


Coordenação do Projeto

Adriana Giovanela
Design Educacional

Airton Júlio Reiter


Revisão Ortográfica e Gramatical
Alisson Adriano Dhien
Antônio Mees
Dimitri Camargo
Fábio Henrique Lessmann da Silva
Patricia Marcilio
Sabrina da Silva Farias
Fotografias, ilustras e Tratamento de Imagens

Ana Carolina Silva


Leandra Oliveira Castro
Marcus Nino Moura
Thomaz Yuri Vernac
Comitê Técnico de Avaliação

Patricia Marcilio
Sabrina da Silva Farias
Diagramação

Airton Júlio Reiter


Normalização

Patricia Correa Ciciliano


CRB – 14/752
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

iStock
Banco de Imagens

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