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SÉRIE SEGURANÇA DO TRABALHO

COORDENAÇÃO
DE PROGRAMAS E
PROCEDIMENTOS DE
SAÚDE E SEGURANÇA
DO TRABALHO
LIVRO 1
SÉRIE SEGURANÇA DO TRABALHO

COORDENAÇÃO
DE PROGRAMAS E
PROCEDIMENTOS DE
SAÚDE E SEGURANÇA
DO TRABALHO
LIVRO 1
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Educação e Tecnologia

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI


Robson Braga de Andrade
Presidente do Conselho Nacional

SENAI – Departamento Nacional


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor-Geral

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE SEGURANÇA DO TRABALHO

COORDENAÇÃO
DE PROGRAMAS E
PROCEDIMENTOS DE
SAÚDE E SEGURANÇA
DO TRABALHO
LIVRO 1
© 2018. SENAI – Departamento Nacional

© 2018. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação e Tecnologia do SENAI
de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Gerência de Educação e Tecnologia – GEDUT

FICHA CATALOGRÁFICA
S491c

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Coordenação de programas e procedimentos de saúde e segurança do
trabalho / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional,
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa
Catarina. – [rev.]. Brasília : SENAI/DN, 2018.
v 1. : il. ; (Série Segurança do Trabalho)

Inclui bibliografia e índice


ISBN 978-855054838-8

1. Segurança do trabalho. 2. Segurança do trabalho - Legislação. 3. Higiene


do trabalho. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Regional de Santa Catarina II. Título III. Série.

CDU: 614.8

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 -  Condições de trabalho................................................................................................................................24
Figura 2 -  Riscos no ambiente de trabalho..............................................................................................................25
Figura 3 -  Médica do trabalho .....................................................................................................................................28
Figura 4 -  Ambiente de trabalho ruidoso devido a máquinas utilizadas no processo produtivo.......29
Figura 5 -  Obra da construção civil, local com a presença de riscos de acidentes....................................33
Figura 6 -  Sistema de combate a incêndio...............................................................................................................36
Figura 7 -  Técnica de segurança do trabalho analisando o processo de trabalho....................................45
Figura 8 -  Arquivos com os documentos de segurança do trabalho.............................................................47
Figura 9 -  Identificação de riscos no ambiente de trabalho..............................................................................49
Figura 10 -  Pirâmide de hierarquia na implementação de medidas de proteção.....................................54
Figura 11 -  Trabalhador com desconforto ao ruído..............................................................................................57
Figura 12 -  Médico do trabalho analisando exames médicos .........................................................................59
Figura 13 -  Exames médicos periódicos....................................................................................................................62
Figura 14 -  Avaliação clínica..........................................................................................................................................64
Figura 15 -  Trabalhador fazendo uso de EPI............................................................................................................68
Figura 16 -  Exemplo de acomodação prevista no PCMAT..................................................................................69
Figura 17 -  Uso de serra circular sem proteção adequada.................................................................................70
Figura 18 -  Canteiro de obra com grua de movimentação de materiais......................................................72
Figura 19 -  Audiometria..................................................................................................................................................75
Figura 20 -  Áreas que compõem o PCA....................................................................................................................76
Figura 21 -  Relação entre os programas de saúde e segurança do trabalho..............................................78
Figura 22 -  Protetor auricular tipo inserção e tipo abafador.............................................................................81
Figura 23 -  Presença de poeira na execução da atividade laboral..................................................................84
Figura 24 -  Peça semifacial purificadora de ar........................................................................................................89
Figura 25 -  Rio contaminado com componentes de ferro.................................................................................92
Figura 26 -  Exaustor industrial – fonte gerador de ruído intenso....................................................................94
Figura 27 -  Ferramentas de saúde e segurança.................................................................................................. 111
Figura 28 -  Diálogo diário de segurança................................................................................................................ 112
Figura 29 -  Formulário de registros de DDS......................................................................................................... 116
Figura 30 -  Trinômio da ARO...................................................................................................................................... 116
Figura 31 -  Análise de riscos na fase de projeto da obra................................................................................. 117
Figura 32 -  Dispositivo de segurança...................................................................................................................... 118
Figura 33 -  Risco elétrico............................................................................................................................................. 120
Figura 34 -  Falta de organização no trabalho...................................................................................................... 121
Figura 35 -  Avaliação da gravidade......................................................................................................................... 123
Figura 36 -  Avaliação de probabilidade................................................................................................................. 124
Figura 37 -  Matriz de criticidade............................................................................................................................... 124
Figura 38 -  Análise de Risco Operacional (ARO).................................................................................................. 126
Figura 39 -  AST preenchida ....................................................................................................................................... 128
Figura 40 -  Esquema do sistema de gestão.......................................................................................................... 131
Figura 41 -  Ciclo vicioso das não conformidades............................................................................................... 132
Figura 42 -  Método PDCA........................................................................................................................................... 133
Figura 43 -  Sistema de tratamento para não conformidade.......................................................................... 134
Figura 44 -  Diagrama de causa e efeito.................................................................................................................. 136
Figura 45 -  Exemplo de espinha de peixe............................................................................................................. 137
Figura 46 -  Esquema do método dos cinco porquês........................................................................................ 139
Figura 47 -  Planilha 5W2H........................................................................................................................................... 140
Figura 48 -  Esquema de sequência dos subplanos do plano de gestão de segurança no
trabalho....................................................................................................................................................... 144
Figura 49 -  Obtenção de dados................................................................................................................................. 159
Figura 50 -  Tipos de coletas de dados.................................................................................................................... 159
Figura 51 -  Plano de trabalho.................................................................................................................................... 162
Figura 52 -  Recursos físicos......................................................................................................................................... 167
Figura 53 -  Exemplo de cronograma de um plano de trabalho.................................................................... 173
Figura 54 -  Ordem de serviço de segurança no trabalho................................................................................ 185
Figura 55 -  Supervisor orientando a execução da atividade de acordo com o procedimento
de trabalho................................................................................................................................................. 192
Figura 56 -  Carteira de trabalho................................................................................................................................ 202
Figura 57 -  Cadastro nacional de pessoa jurídica............................................................................................... 208
Figura 58 -  Modelo de ata de posse da CIPA........................................................................................................ 212
Figura 59 -  Ficha de registro de empregado........................................................................................................ 214
Figura 60 -  Acordo coletivo........................................................................................................................................ 215
Figura 61 -  Modelo de termo de registro de inspeção..................................................................................... 217
Figura 62 -  Livro da inspeção do trabalho............................................................................................................ 218
Figura 63 -  Termo de registro de inspeção............................................................................................................ 220
Figura 64 -  Termo de registro de inspeção............................................................................................................ 221
Figura 65 -  Termo de encerramento........................................................................................................................ 221
Figura 66 -  Cadastramento online......................................................................................................................... 222
Figura 67 -  Entrega de EPIs......................................................................................................................................... 224
Figura 68 -  Modelo de ficha de controle de EPI.................................................................................................. 225
Figura 69 -  Modelo de registro de reconhecimento de riscos ambientais................................................ 227
Figura 70 -  Trabalho com eletricidade.................................................................................................................... 228
Figura 71 -  Modelo de AET......................................................................................................................................... 231
Figura 72 -  Exemplo de parte de uma FISPQ....................................................................................................... 233
Figura 73 -  Material de segurança............................................................................................................................ 234
Figura 74 -  Modelo de parte do formulário do PPP........................................................................................... 240
Figura 75 -  Condições de trabalho deficientes.................................................................................................... 243
Figura 76 -  Anuário estatístico de acidentes do trabalho 2015..................................................................... 244
Figura 77 -  Distribuição de acidentes do trabalho, por motivo, no Brasil – 2015................................... 245
Figura 78 -  Custos da segurança do trabalho...................................................................................................... 253
Figura 79 -  Investimento em avaliação de ruído................................................................................................ 255
Figura 80 -  Exemplo de pequena empresa........................................................................................................... 262
Figura 81 -  Acidente de trabalho.............................................................................................................................. 268
Figura 82 -  Tipos de custos......................................................................................................................................... 269
Figura 83 -  Relação custos diretos x custos indiretos........................................................................................ 271
Figura 84 -  Brigada de incêndio................................................................................................................................ 277
Figura 85 -  Equipamentos de medição.................................................................................................................. 279
Figura 86 -  Kit de atendimento a emergência ................................................................................................... 284
Figura 87 -  Modelo de maca...................................................................................................................................... 284
Figura 88 -  Esfigmomanômetro e medidor de pressão digital...................................................................... 285
Figura 89 -  Equipamentos de segurança contra incêndios............................................................................ 287
Figura 90 -  Grades / cortinas ópticas de segurança........................................................................................... 288
Figura 91 -  Comando bimanual................................................................................................................................ 289
Figura 92 -  Escâner de área......................................................................................................................................... 290
Figura 93 -  Proteção de pontos perigosos............................................................................................................ 291
Figura 94 -  Aplicação do tapete de segurança.................................................................................................... 292
Figura 95 -  Cabine de pintura retrátil aberta (a); cabine de pintura retrátil recolhida (b); cabine
de pintura retrátil - parte interna - mostrando o sistema de filtragem do ar (c)............... 294
Figura 96 -  Estufa de secagem de peças pintadas - secagem downdraft.................................................. 295
Figura 97 -  Lanternim................................................................................................................................................... 296
Figura 98 -  Funcionamento do lanternim............................................................................................................. 296
Figura 99 -  Tipos de emergência.............................................................................................................................. 301
Figura 100 -  Fases do gerenciamento de emergência...................................................................................... 304
Figura 101 -  Estoque de material inflamável........................................................................................................ 307
Figura 102 -  Contato para acionar equipe externa............................................................................................ 309
Figura 103 -  Plano de evacuação.............................................................................................................................. 311
Figura 104 -  Treinamento para situações de emergência............................................................................... 312
Figura 105 -  Fluxograma de procedimentos de emergência......................................................................... 314
Figura 106 -  Escada de emergência......................................................................................................................... 317
Figura 107 -  Equipamentos de proteção individual ......................................................................................... 318
Figura 108 -  Sistema tipo mangotinho.................................................................................................................. 323
Figura 109 -  Sistema tipo hidrante duplo.............................................................................................................. 323
Figura 110 -  Bombas de recalque............................................................................................................................. 324
Figura 111 -  Esguicho................................................................................................................................................... 325
Figura 112 -  Mangueiras de incêndio..................................................................................................................... 325
Figura 113 -  Chuveiro automático (sprinklers)..................................................................................................... 326
Figura 114 -  Central de controle............................................................................................................................... 327
Figura 115 -  Dispositivo de acionamento manual de alarme........................................................................ 328
Figura 116 -  Sinalização de rota de fuga................................................................................................................ 331
Figura 117 -  Exemplo de sinalização de proibição............................................................................................. 332
Figura 118 -  Exemplo de sinalização de alerta.................................................................................................... 332
Figura 119 -  Exemplo de sinalização de orientação e salvamento.............................................................. 333
Figura 120 -  Exemplo de sinalização de equipamentos.................................................................................. 333
Figura 121 -  Detector de fumaça.............................................................................................................................. 334
Figura 122 -  Aceiro......................................................................................................................................................... 335
Figura 123 -  Extintor indicando necessidade de recarga................................................................................ 337
Figura 124 -  Rompimento do lacre e retirada da trava do extintor............................................................. 341
Figura 125 -  Combate a incêndio com jato contínuo....................................................................................... 344
Figura 126 -  Combate a incêndio com jato neblina.......................................................................................... 344
Figura 127 -  Exemplo de organograma de brigada .......................................................................................... 347
Figura 128 -  Emergência médica.............................................................................................................................. 352
Figura 129 -  Respiração artificial e reanimação cardíaca................................................................................. 355
Figura 130 -  Resgate da vítima.................................................................................................................................. 356
Figura 131 -  Transporte de acidentados................................................................................................................ 357
Figura 132 -  Sinalização do ponto de encontro.................................................................................................. 360
Figura 133 -  PDCA.......................................................................................................................................................... 361
Figura 134 -  Método de gerenciamento de processos..................................................................................... 362

Quadro 1 - Formulário de levantamento qualitativo de riscos ambientais..................................................52


Quadro 2 - Tipos de exames médicos do PCMSO...................................................................................................63
Quadro 3 - Exemplo de planilha para coleta de dados de medição de ruído..............................................79
Quadro 4 - Vantagens e desvantagens do modelo abafador.............................................................................82
Quadro 5 - Vantagens e desvantagens do modelo de inserção........................................................................83
Quadro 6 - Fatores de proteção atribuídos ao tipo de respirador....................................................................89
Quadro 7 - O planejamento nos três níveis organizacionais........................................................................... 108
Quadro 8 - Modelo de plano de trabalho............................................................................................................... 157
Quadro 9 - Exemplo de cronograma de metas.................................................................................................... 172
Quadro 10 - Permissão de trabalho - parte do procedimento operacional padrão............................... 195
Quadro 11 - Relação da Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE, com
correspondente agrupamento para dimensionamento da CIPA.......................................... 209
Quadro 12 - Agrupamento de setores econômicos pela Classificação Nacional de Atividades
Econômicas - CNAE para dimensionamento da CIPA................................................................ 210
Quadro 13 - Dimensionamento de CIPA................................................................................................................. 210
Quadro 14 - Dimensionamento do SESMT............................................................................................................ 273
Quadro 15 - Classes de incêndio................................................................................................................................ 302
Quadro 16 - Resumo das etapas de implantação da brigada de emergência.......................................... 350
Quadro 17 - Técnicas para transporte e remoção de vítimas.......................................................................... 359
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................15

2 Legislação, normas e procedimentos de saúde e segurança do trabalho.................................................19


2.1 Normas regulamentadores e CLT...........................................................................................................21
2.2 Norma regulamentadora 09 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)......25
2.3 Norma regulamentadora 07 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
(PCMSO)...........................................................................................................................................................27
2.4 Fundamentação Legal do Programa de Conservação Auditiva (PCA)......................................28
2.5 Fundamentação Legal do Programa de Proteção Respiratória (PPR).......................................31
2.6 Fundamentação Legal do Programa de Condições e Meio ambiente de Trabalho na
Indústria da Construção (PCMAT)..........................................................................................................32
2.7 Norma regulamentadora 15 – insalubridade.....................................................................................34
2.8 Norma brasileira (ABNT) – gestão de emergências.........................................................................35

3 Programas de segurança e saúde do trabalho.....................................................................................................41


3.1 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)...................................................................44
3.2 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)................................................59
3.3 Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
(PCMAT)...........................................................................................................................................................66
3.4 Programa de Conservação Auditiva (PCA)..........................................................................................72
3.5 Programa de Proteção Respiratória (PPR)...........................................................................................83
3.6 Gestão de impactos ambientais.............................................................................................................91

4 Planejamento em saúde e segurança do trabalho.......................................................................................... 103


4.1 Definição...................................................................................................................................................... 105
4.2 Benefícios de se fazer o planejamento.............................................................................................. 107
4.3 Elaboração de um planejamento........................................................................................................ 109
4.4 Aplicação de um planejamento........................................................................................................... 110
4.5 Ferramentas da qualidade aplicadas segurança do trabalho................................................... 129
4.6 Elaboração de um plano de gestão.................................................................................................... 141
4.7 Avaliação e divulgação............................................................................................................................ 150

5 Plano de trabalho........................................................................................................................................................ 153


5.1 Definição...................................................................................................................................................... 155
5.2 Coleta de dados......................................................................................................................................... 158
5.3 Análise de propostas................................................................................................................................ 162
5.4 Composição da equipe e responsabilidades.................................................................................. 164
5.5 Viabilidade técnica.................................................................................................................................... 166
5.6 Prazos............................................................................................................................................................. 171
5.7 Requisitos legais........................................................................................................................................ 174
5.8 Verificação e monitoramento............................................................................................................... 175
6 Procedimentos de segurança.................................................................................................................................. 179
6.1 Definição, etapas e elaboração............................................................................................................ 180

7 Relatórios e documentos de registros.................................................................................................................. 199


7.1 Análise de dados....................................................................................................................................... 201
7.2 Estrutura do documento ....................................................................................................................... 207
7.3 Interpretação gráfica................................................................................................................................ 242

8 Viabilidade técnica e financeira de aplicação de projetos de saúde e segurança do trabalho....... 249


8.1 Custos e benefícios dos investimentos em segurança................................................................ 251
8.2 Custo do acidente..................................................................................................................................... 268
8.3 Recursos humanos.................................................................................................................................... 273
8.4 Recursos físicos e recursos materiais.................................................................................................. 278
8.5 Novas tecnologias..................................................................................................................................... 288

9 Gestão de emergências em saúde e segurança do trabalho....................................................................... 299


9.1 Definição de sinistro................................................................................................................................. 301
9.2 Equipamentos de proteção e combate a incêndio....................................................................... 316
9.3 Brigadas de emergência......................................................................................................................... 345
9.4 Primeiros socorros..................................................................................................................................... 351
9.5 Simulados..................................................................................................................................................... 359
9.6 PDCA.............................................................................................................................................................. 361

Referências

Minicurrículo dos autores

Índice
Introdução

Prezado aluno!
Neste livro didático você terá a oportunidade de entender como são gerenciados alguns
programas e procedimentos de saúde e segurança no trabalho, bem como planejar ações vol-
tadas à saúde e segurança do trabalhador, compreender o que é um plano de trabalho, além
de verificar como elaborar relatórios e documentos de registros de segurança do trabalho,
acompanhar a gestão de emergências e como analisar a viabilidade técnica e financeira para
implantação de projetos voltados à saúde e segurança do trabalho. Verá também como é im-
portante a coordenação dos programas para manter a saúde e a segurança do trabalhador em
seu ambiente laboral.
Você desenvolverá as capacidades técnicas, científicas, sociais, organizativas e metodoló-
gicas para realizar a coordenação de programas e procedimentos de saúde e segurança do
trabalho em diferentes situações profissionais. Deve apresentar comportamento ético no de-
senvolvimento das atividades sob a sua responsabilidade, saber reconhecer os diferentes com-
portamentos das pessoas nos grupos e equipes, além de aplicar os princípios de organização
nas atividades sob a sua responsabilidade e saber reconhecer a iniciativa como característica
fundamental e requisito de um bom profissional.
Os programas de saúde e segurança visam à preservação da saúde e da integridade física e
moral dos trabalhadores e são de extrema importância para verificar o desempenho das me-
didas de controle de riscos contempladas em cada um deles. Cabe ao coordenador de cada
programa gerenciá-los da melhor forma, a fim de que as ações propostas no plano de ação
elaborado pela equipe de profissionais de cada um dos programas de saúde e segurança sejam
executadas.
A empresa que faz a implantação de um programa de saúde e segurança deve entender
que é preciso muito mais do que fazer cumprir uma determinação legal. É preciso olhar para
cada atividade laboral e verificar se o trabalhador tem condições de realizar as atividades de-
signadas para ele de modo seguro e saudável.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
18

Dentre os Programas de Saúde e Segurança do Trabalho que são estabelecidos como obrigatória a sua
elaboração e implementação e que você irá estudar através deste material, estão o: Programa de Prevenção
de Riscos Ambientais (PPRA), Programa de Conservação Auditiva (PCA), Programa de Proteção Respiratória
(PPR), Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT), Programa
de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO).
Todo profissional de saúde e segurança do trabalho deve ser capaz de executar ações prevencionistas
em saúde, segurança e meio ambiente do trabalho de acordo com Normas Regulamentadoras, os prin-
cípios de higiene ocupacional, a responsabilidade social, a sustentabilidade1 e a promoção à saúde do
trabalhador com ética.
Inúmeros procedimentos, planos de trabalho, relatórios e documentos fazem parte da rotina da área de
segurança do trabalho. Por isso, é preciso que a área de medicina e segurança do trabalho planejem suas
ações, saibam como divulgar seus resultados e avaliar o desempenho do setor, fazendo uso das ferramen-
tas da qualidade.
Você terá a oportunidade de analisar como um plano de trabalho é elaborado, coordenado e executado,
bem como conhecer quais são os relatórios e documentos de registros e os procedimentos de segurança.
Entenderá como é feita a gestão de emergências em Saúde e Segurança do Trabalho – SST.
Para o estudos da Coordenação de Programas e Procedimentos de Saúde e Segurança no Trabalho,
você deverá reconhecer a legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ambiente laboral, ao ramo
de atuação e ou à atividade do local a ser inspecionado; identificar os itens exigidos na legislação, nor-
mas e notas técnicas relacionados ao ramo de atuação e ou atividade do local, para estabelecimento do
plano de trabalho; saber identificar as medidas propostas nos relatórios para realizar o planejamento de
implantação das mesmas; contemplar em seu plano de trabalho, novas situações de riscos não previstas
inicialmente nos relatórios e avaliações; estimar recursos humanos, financeiros, físicos e materiais para exe-
cução das ações de saúde e segurança do trabalho; identificar os programas de treinamento estabelecido
pela empresa; monitorar a execução orçamentária prevista para ações de saúde e segurança do trabalho;
reconhecer a descrição técnica das medidas preventivas para embasar as especificações e ou aquisições
em conformidade com o orçamento disponibilizado para as ações de saúde e segurança do trabalho;
correlacionar o custo benefício da implantação de novas tecnologias e métodos de trabalho aplicados a
gestão da saúde e segurança do trabalho; identificar no planejamento estratégico as diretrizes relativas às
ações de segurança do trabalho; interpretar os dados do histórico, resultados de investigação de aciden-
tes, incidentes e doenças ocupacionais para definir as prioridades relacionadas às medidas preventivas e
corretivas; interpretar os dados dos relatórios de auditorias e documentos técnicos para definir as priori-
dades relacionadas às medidas preventivas e corretivas; monitorar a execução dos planos de ação gerados
em função das auditorias e documentos técnicos referentes a saúde e segurança do trabalho; identificar
nos relatórios a necessidade de procedimentos de saúde e segurança e meio ambiente do trabalho para
preservar a saúde e integridade física dos trabalhadores; identificar as principais causas de afastamento
de trabalhadores, identificar os resultados de exames considerados anormais, para estabelecer medidas

1
É dar suporte a alguma condição, a algo ou alguém em algum processo ou tarefa. Termo bastante utilizado para designar o bom
uso dos recursos naturais.
1 INTRODUÇÃO
19

corretivas; identificar nas avaliações quais agentes apresentam resultado acima do limite de tolerância
para estabelecer os procedimentos adequados; reconhecer as principais referências da literatura aplica-
das a saúde e segurança do trabalho; reconhecer novas tecnologias inerentes a prevenção da saúde e
segurança do trabalho; identificar a relação de custo x benefício dos bens e serviços associados à saúde e
segurança do trabalho; reconhecer os fluxos operacionais da empresa, identificar momentos de parada na
produção para implementação de medidas corretivas e ou preventivas; identificar as medidas preventivas
e corretivas estipuladas nos documentos de registro; interpretar os dados das análises de saúde e segu-
rança do trabalho, realizados na empresa; correlacionar os resultados das inspeções e avaliações com a
legislação vigente inerentes a SST.
Buscar relacionar os procedimentos e os planos de trabalho, os relatórios e documentos de registros
com os programas de saúde e segurança e com o plano de gestão de emergências em SST é um desafio
para você. Veja como é possível alinhar todos eles.
Fique sempre atento às atualizações que ocorrem na legislação trabalhista (Normas Regulamentadoras
– NRs, Portarias, Notas Técnicas, Instruções Normativa, Ordens de Serviço, entre outros), previdenciária, nas
Normas de Higiene Ocupacional (NHOs) e nas Normas Brasileiras (NBRs). É recomendável que, antes de
fazer uso das leis ou normas, você confira a última versão destes documentos, consultando os respectivos
endereços eletrônicos oficiais. Por exemplo, nosite do Ministério da Fazenda, Secretaria da Previdência,
você encontrará a legislação previdenciária e os Anuários Estatísticos de acidentes de trabalho. Já no site
da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, você encontrará as informações referentes ao cance-
lamento, à revisão e à atualização de Normas Brasileiras. As Normas de Higiene Ocupacional estão disponí-
veis para download gratuito na biblioteca do site do Ministério do Trabalho.
Quantos assuntos interessantes não é verdade? Muitos conteúdos norteando seus estudos! Siga em
frente e veja como é importante saber um pouco mais desta área de conhecimento técnico.
Bons estudos!
Legislação, Normas e Procedimentos de
Saúde e Segurança do Trabalho

Você sabe reconhecer qual é a legislação aplicada na coordenação de programas, proce-


dimentos, planos de trabalho, relatórios e documentos de registros, bem como à gestão de
emergências em saúde e segurança do trabalho?
São várias as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho que definem e estabe-
lecem os programas de saúde e segurança do trabalho. Estas normas também definem alguns
dos procedimentos, planos de trabalho, relatórios e registros de SST. Portanto, você irá estudar,
ao longo deste capítulo, as leis, Normas Regulamentadoras e as Notas Técnicas que estão rela-
cionadas a estes conhecimentos.
As normas de referência podem ser editadas e publicadas por órgãos do Governo Federal,
como a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – Fundacentro,
ou por instituições privadas, como a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, por
exemplo, também serão alvo de seus estudos.
A ordem jurídica no Brasil é formada por leis, normas e medidas provisórias de caráter ge-
ral, que se apoiam na Constituição Federal. A medicina e segurança do trabalho, por sua vez,
apoiam-se em leis ordinárias, que são utilizadas para regulamentar todas as matérias, exceto
às reservadas às leis complementares, na Constituição Federal e na Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT.
É consagrado o princípio geral de que, em todos os locais de trabalho, medidas de saúde
e segurança do trabalho devem ser adotadas para que o trabalhador tenha sua saúde e
integridade física devidamente resguardadas. Portanto, as leis e normas relativas ao trabalha-
dor que determinam ações prevencionistas são criadas com o intuito de manter a integridade
física e moral do trabalhador.
De maneira geral, as Normas Regulamentadoras são obrigatórias a todas as empresas priva-
das e públicas, os órgãos públicos da administração, direta e indireta, bem como os órgãos dos
Poderes Legislativo e Judiciário que possuam empregados regidos pela CLT. Você verá, mais
adiante, que as Normas Regulamentadoras estabelecem requisitos técnicos e legais relaciona-
das às características mínimas de segurança e saúde ocupacional. Pode-se considerar que as
normas são as principais diretrizes para a elaboração e a coordenação de programas em saúde
e segurança do trabalho, bem como a gestão de emergências para evitar acidentes e doenças
ocupacionais.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
22

Assim, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:


a) reconhecer legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ambiente laboral;
b) identificar os itens exigidos na legislação, normas e notas técnicas relacionadas ao ramo de atuação
e ou atividade do local, para estabelecimento do plano de trabalho;
c) reconhecer legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ramo de atuação e ou atividade do local
a ser inspecionado;
d) reconhecer legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ramo de atuação e ou atividade da
empresa;
e) identificar os itens exigidos na legislação, normas e notas técnicas relacionados ao ramo de atuação
e ou atividade do local, para estabelecer programas e procedimentos de saúde, segurança e meio
ambiente do trabalho;
f ) correlacionar os itens exigidos na legislação, normas e notas técnicas ao ramo de atuação e ou ativi-
dade da empresa;
g) correlacionar os itens exigidos na legislação, normas e notas técnicas, ao ambiente laboral.
Para que o profissional de saúde e segurança do trabalho seja capaz de executar ações prevencionistas
em saúde, segurança e meio ambiente do trabalho de acordo com Normas Regulamentadoras, com os
princípios de higiene ocupacional, responsabilidade social, sustentabilidade e promoção à saúde do tra-
balhador com ética, é preciso saber que os direitos e deveres são tanto para o empregador como também
para o empregado. Por conseguinte, todos os envolvidos devem ter conhecimento sobre os itens descritos
na legislação trabalhista, bem como realizar suas tarefas respeitando essas determinações.
Bons estudos!
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
23

2.1 NORMAS REGULAMENTADORES E CLT

Você irá conhecer a partir de agora as Normas Regulamentadoras – NRs do Ministério do Trabalho e
Emprego que regem a coordenação de programas e procedimentos de SST. Essas Normas devem ser res-
peitadas e cumpridas dentro de todas as funções, em território nacional, porque elas emanam das leis e
complementam toda a legislação trabalhista.
As Normas Regulamentadoras disciplinam os artigos de 154 a 201 da CLT e servem de parâmetro técni-
co tanto para empresas quanto para os trabalhadores, para que atendam aos ditames legais. Elas formam
um conjunto de requisitos e procedimentos relativos à segurança e medicina do trabalho, de observância
obrigatória às empresas privadas, públicas e órgãos do governo que possuam empregados regidos pela
CLT.
Você lembra do que trata a CLT e qual é a sua relevância para os trabalhadores? A sigla CLT significa
Consolidação das Leis do Trabalho, que regulamenta as relações trabalhistas, tanto do trabalho urbano
quanto do rural, visando proteger o trabalhador, regular as relações de trabalho e criar o direito processual
do trabalho.

Istock ([20--?])

A relevância da Consolidação das Leis do Trabalho está na forma com que se apresenta para frear as
relações abusivas de trabalho, que no passado eram muito comuns. Em certa época, não havia leis que
regulassem jornadas e condições de trabalho, muito menos os benefícios. Ou seja, a CLT foi um trunfo dos
trabalhadores, pois garantiu condições mínimas de trabalho.

Recentemente foi criada a Lei n.º 13.467, de 13 de julho de 2017, que altera a CLT, as
SAIBA Leis n.º 6.019, n.º 8.036 e n.º 8.212, a fim de adequar a legislação às novas relações de
MAIS trabalho. Para saber mais sobre estas alterações, acesse: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm>.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
24

Mas, você sabe qual artigo da CLT trata do assunto saúde e segurança do trabalho? A CLT foi criada em
1943 e possui 922 artigos, porém muitos estão em desuso ou foram revogados. E, para dar início aos seus
estudos, observe o que diz o art. 200 da CLT - Capítulo V, que trata da segurança e da medicina do trabalho:

Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições complementares às normas de


que trata este Capítulo, tendo em vista as peculiaridades de cada atividade ou setor de
trabalho, especialmente sobre:
I — medidas de prevenção de acidentes e os equipamentos de proteção individual em
obras de construção, demolição ou reparos;
II — depósitos, armazenagem e manuseio de combustíveis, inflamáveis e explosivos,
bem como o trânsito e permanência nas áreas respectivas;
III — trabalho em escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras, sobretudo quanto à
prevenção de explosões, incêndios, desmoronamentos e soterramentos, eliminação de
poeiras, gases etc., e facilidades de rápida saída dos empregados;
IV — proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas adequadas, com exi-
gências ao especial revestimento de portas e paredes, construção de paredes contra-fo-
go, diques e outros anteparos, assim como garantia geral de fácil circulação, corredores
de acesso e saídas amplas e protegidas, com suficiente sinalização;
V — proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no trabalho a
céu aberto, com provisão, quanto a este, de água potável, alojamento e profilaxia de
endemias;
VI — proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas, radiações
ionizantes e não ionizantes, ruídos, vibrações e trepidações ou pressões anormais ao
ambiente de trabalho, com especificação das medidas cabíveis para eliminação ou
atenuação desses efeitos, limites máximos quanto ao tempo de exposição, à intensidade
da ação ou de seus efeitos sobre o organismo do trabalhador, exames médicos
obrigatórios, limites de idade, controle permanente dos locais de trabalho e das demais
exigências que se façam necessárias;
VII — higiene nos locais de trabalho, com discriminação das exigências, instalações sani-
tárias com separação de sexos, chuveiros, lavatórios, vestiários e armários individuais,
refeitórios ou condições de conforto por ocasião das refeições, fornecimento de água
potável, condições de limpeza dos locais de trabalho e modo de sua execução, trata-
mento de resíduos industriais;
VIII — emprego das cores nos locais de trabalho, inclusive nas sinalizações de perigo.
Parágrafo único. Tratando-se de radiações ionizantes e explosivos, as normas a que se
referem este artigo serão expedidas de acordo com as resoluções a respeito adotadas
pelo órgão técnico. (BRASIL, 1943)

Você pode perceber que as atividades relacionadas ao assunto de saúde e segurança do trabalho estão
amparadas por lei. Na sequência de seus estudos, você conhecerá as normas relacionadas aos programas
de saúde e segurança do trabalho, aos registros e documentos, bem como à gestão de emergências.
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
25

CASOS E RELATOS

Existe trabalho escravo nos dias de hoje


O trabalho escravo ainda é comum atualmente. Apesar de as pessoas terem acesso aos meios de
comunicação e conhecerem seus diretos e deveres, esta mazela que assombra a sociedade con-
temporânea pode ser constatada.
No estado de São Paulo, região do Morro Agudo, no ano de 2007, um trabalhador era mantido por
sua empregadora, em alojamento, em condições deploráveis de habitação, alimentação e higiene,
caracterizando que o trabalho era em condição análoga a de um escravo.
Eis o relato deste trabalhador:
“Não havia cozinha. Havia água direto do cano para o banho, sem chuveiro, alguns banheiros
tinham chuveiros; havia banho com água gelada; não havia mesa ou cadeira; não havia copo,
talher ou prato. O local ficava sujo do barro trazido nos pés...o banheiro não era higienizado, ficava
sujo direto... a quantidade de comida que vinha não era suficiente para matar a fome da maioria
das pessoas; alguns ficavam até sem refeição porque outros pegavam; diariamente faltava energia
elétrica; também faltava água; e por conta disso tinha gente que dormia sem tomar banho e outros
que só conseguiam fazê-lo meia noite; praticamente não havia café da manhã, normalmente era só
o café preto e só comiam pão se houvesse sobra do dia anterior; a comida era ruim e quase sempre
eram achados cabelos, insetos, pelos e, às vezes, a comida vinha azeda, estragada; o jantar chegava
às 21h; a comida vinha em um marmitex de alumínio descartável e chegava fria e não havia como
esquentá-la... não havia travesseiro e cobertor; não foram fornecidos lençóis para todos... não eram
levados à cidade com frequência e ficavam muito tempo sem poder se comunicar com a família.”
O desfecho desta história terminou em fevereiro de 2010 no Tribunal Regional do Trabalho da
15ª Região, com causa ganha a favor do trabalhador. A empresa teve de indenizar o trabalhador.
(Adaptado de SÃO PAULO, 2010).

Como você pôde observar, o trabalho análogo ao escravo é a quebra de garantias dos direitos funda-
mentais que regem as relações de trabalho. Em suma, a valorização do trabalho humano está intrínseca à
valorização do próprio ser humano.
As Normas Regulamentadoras foram aprovadas no ano de 1978 pela Portaria n.º 3.214. Esta portaria
regulamenta as normas de saúde e segurança do trabalho.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
26

Naquela época, o Brasil possuía somente 28 Normas Regulamentadoras, diferente da atualidade, em


que o Ministério do Trabalho conta com 36 normas.

iStock ([20--?])
Figura 1 -  Condições de trabalho

Neste livro, você aprofundará seus conhecimentos somente na NR 07 – Programa de Controle Médico
de Saúde Ocupacional (PCMSO), na NR 09 – Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e na
NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT), que tratam espe-
cificamente dos programas de saúde e segurança e dos registros, documentos, planos de trabalhos e dos
procedimentos de SST abordados por elas. Cada NR apresentará os respectivos planos e procedimentos de
trabalho para executar ações de saúde e segurança no trabalho.
Você sabe o que é um programa de saúde e segurança do trabalho? Quais Normas Regulamentadoras
abordam estes programas? A legislação brasileira que trata do assunto da saúde e segurança no trabalho
estabelece a obrigatoriedade, das empresas elaborarem e implementarem programas voltados ao con-
trole dos riscos à saúde, à integridade física e psíquica dos empregados e ao ambiente de trabalho em
conjunto com o meio ambiente.
Tais programas foram desenvolvidos a partir da Convenção 161/85 da Organização Internacional do
Trabalho – OIT, que tem por finalidade a ampliação do conceito de medicina do trabalho como forma de
proteger não só o empregado sob um ponto de vista individualista, mas a coletividade de trabalhadores
em cada ramo de atividade, o que se estende em benefícios para a sociedade em geral.
Os programas de saúde e segurança do trabalho obrigatórios devem estar em concordância com as
Normas Regulamentadoras 07, 09 e 18, com exceção da NR 18, cujo programa específico deixa de ser
obrigatório nos estabelecimentos da construção civil com menos de 20 trabalhadores. Nestes casos, é obri-
gatória a implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA.
Nos diferentes assuntos que tratam as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho você en-
contrará tipos e formas de registros, documentos, procedimentos de saúde e segurança do trabalho, planos
de trabalho, ações voltadas às emergências em saúde e segurança do trabalho. Para tratar de coordenação
de programas e procedimentos de SST, serão abordados somente as normas específicas a estes assuntos.
É importante entender que o investimento em programas de segurança e saúde no trabalho permite
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
27

aumentar significativamente a produtividade e reduzir gastos com acidentes, doenças, absenteísmo2 e


assistência à saúde. Os programas de Saúde e Segurança do Trabalho tornam os locais seguros e saudáveis,
oferecendo aos trabalhadores condições adequadas para a realização de suas tarefas diárias e, dessa forma,
contribuir para o aumento da receita das empresas.
Foi possível perceber a importância da CLT e das NRs? Elas farão parte dos seus estudos sobre a coor-
denação de programas e procedimentos de SST. O próximo assunto é a NR 09, que trata do Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais.

2.2 NORMA REGULAMENTADORA 09 - PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


(PPRA)

Todas as empresas são obrigadas a elaborar e manter o PPRA de acordo com a NR 09. O Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA está fundamentado na portaria n.º 3.214/78 e a NR 09, do Ministério
do Trabalho e Emprego.
Segundo esta Norma Regulamentadora, em seu item 9.1.3:

O PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa no campo
da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado
com o disposto nas demais NR, em especial com o Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional - PCMSO previsto na NR 07. (BRASIL, 2017a).

O principal objetivo do PPRA é definir metodologias de ações que garantam a preservação da saúde e a
integridade dos trabalhadores frente aos riscos (ou agentes) existentes nos ambientes de trabalho.
A NR 09 considera como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos. Para que sejam con-
siderados fatores de riscos ambientais, estes agentes precisam estar presentes no ambiente de trabalho
em determinadas concentrações ou intensidade, e o tempo máximo de exposição do trabalhador a eles
é determinado por limites preestabelecidos. Veja, na próxima figura, a demonstração de um ambiente de
trabalho em que há presença de calor, radiação, dentre outros fatores de riscos.
iStock ([20--?])

Figura 2 -  Riscos no ambiente de trabalho


2
Consiste no ato de se abster de alguma atividade ou função.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
28

A presença de agentes de riscos como calor e radiação provenientes do processo industrial devem ser
analisados qualitativamente e quantitativamente, para verificar qual a intensidade do risco e saber se este
risco pode causar danos à saúde do trabalhador. Esta análise de risco faz parte do PPRA.
Pode-se considerar agentes de risco as substâncias ou elementos que estão presentes no ambiente de
trabalho. Quando elas estão acima dos limites de tolerância, podem adoecer o trabalhador. Entretanto, as
doenças podem demorar anos para se manifestar, devido a diversos fatores, como o tempo que o trabalha-
dor ficou exposto, a concentração e a intensidade.
O Limite de Tolerância é a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza
e o tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador durante a sua vida
laboral. Todavia, certas pessoas hipersuscetíveis3 aos agentes podem desenvolver doenças com valores
inferiores ao limite. Neste caso, cabe ao Serviço Médico (Medicina do Trabalho) detectar e acompanhar
esses efeitos, com medidas especiais de proteção.

Para criar uma nova Norma Regulamentadora ou modificar uma que esteja em vigor,
é necessária uma análise da comissão tripartite. Esta comissão deverá ser composta
por representantes do governo, dos empregadores e dos empregados. A Portaria
CURIOSI n.º 59, de 19 de junho de 2008, cria a Comissão Nacional Tripartite da NR 06, em
DADES substituição à Comissão Tripartite da NR 06 de 2002. E, segundo a Portaria n.º 59
(BRASIL, 2008), esta Comissão tem como uma de suas atribuições apreciar e sugerir
adequações relacionadas à harmonização dos regulamentos técnicos com as normas
aplicáveis.

Você pôde perceber como é importante identificar e controlar os riscos existentes no ambiente de tra-
balho, pois nenhum empregado busca adquirir uma doença ocupacional ou um empregador ter que inde-
nizar um trabalhador pelos danos causados à sua saúde. Por isso, as Normas Regulamentadoras devem ser
analisadas pela Comissão Nacional Tripartite.
Segundo a NR 09 (BRASIL, 2017a), todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores
como empregados ficam obrigados a elaborar e implementar o PPRA, visando à preservação da saúde e
da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do controle
da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em
consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. A NR 09 aponta ainda que a elaboração,
a implementação, o acompanhamento e a avaliação do PPRA poderão ser feitos pelo Serviço Especializado
em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT ou por pessoa, ou equipe de pessoas,
que o empregador determinar e que sejam capazes de desenvolver o disposto nesta NR.
Note como é importante a análise da empresa sobre a determinação da pessoa ou equipe de pessoas
para elaborar, implementar, acompanhar e avaliar o PPRA. O próximo assunto será o PCMSO, que é um
programa da área da medicina do trabalho com muitas ações para serem coordenadas.


3
Indivíduos com alta probabilidade de adquirir uma doença ou irritações e alergias devido à presença de agentes nocivos.
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
29

2.3 NORMA REGULAMENTADORA 07 - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE


OCUPACIONAL (PCMSO)

A fundamentação legal do PCMSO é dada pela redação da NR 07, instituída pela Portaria do Ministério
do Trabalho e Emprego - MTE n.º 3.214, de 08 de junho de 1978. Nela são determinados que todos os
empregadores ou instituições que admitam trabalhadores como empregados regidos pela CLT elaborem
e implementem o PCMSO.
O objetivo do PCMSO é prevenir, detectar, monitorar e controlar possíveis danos à saúde do emprega-
do. Implementar o PCMSO é importante não só para cumprir a legislação em vigor, mas, sobretudo, para
prevenir possíveis consequências jurídicas decorrentes do aparecimento de doenças ocupacionais, como
processos cíveis, criminais e previdenciários.
A NR 07 define os parâmetros mínimos necessário para execução do PCMSO e fica a critério do médico
coordenador do programa ir além do que especifica esta norma. É responsabilidade do empregador a
delegação do profissional coordenador do programa.
Por sua vez, é de competência do médico do trabalho fazer o reconhecimento prévio dos riscos ocupa-
cionais existentes na empresa em função das atividades desenvolvidas. Todavia, a NR 07 estabelece que
o médico coordenador do programa deverá ser indicado dentre os médicos do Serviço Especializado de
Engenharia de Segurança e Medicina do trabalho - SESMT da empresa, se esta estiver obrigada a possuí-lo.
Caso contrário, o empregador deverá indicar o médico do trabalho para coordenar o PCMSO.
Na ausência de um médico do trabalho contratado pela empresa, poderá ser contatado um profissional
autônomo ou filiado a qualquer cooperativa médica, empresas prestadoras de serviços, sindicatos ou asso-
ciações, entre outras. Entretanto, é importante lembrar que o PCMSO estará sob a responsabilidade técnica
do médico e não da entidade à qual o mesmo se encontra vinculado.

O Médico do trabalho que integra o SESMT deve ser portador de certificado de conclusão
de curso de especialização em Medicina do Trabalho, em nível de pós-graduação, ou
portador de certificado de residência medica em área de concentração em saúde do
FIQUE trabalhador ou denominação equivalente, reconhecida pela Comissão Nacional de
ALERTA Residência Medica, do Ministério da Educação, ambos ministrados por universidades
ou faculdades que mantenham cursos de graduação em Medicina, de acordo com o
que determina a Portaria n.º 11, de 1990, do Ministério do Trabalho.

O médico coordenador do PCMSO pode exigir a análise do ambiente de trabalho dos colaboradores, a
fim de identificar riscos que podem afetar o agravo à saúde. Por conseguinte, pode ser solicitada uma série
de exames clínicos e complementares específicos para cada tipo de nível de risco da empresa.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
30

A falta dos documentos obrigatórios em conformidade com as Normas Regulamentadoras é passível de


multa e possíveis processos trabalhistas.

iStock ([20--?])
Figura 3 -  Médica do trabalho

Agora que você já percebeu a relevância do PCMSO, acompanhe, na próxima seção, a importância de
outros programas que fazem parte do PCMSO.

2.4 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DO PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA (PCA)

O PCA é o Programa de Conservação Auditiva, sendo um documento de gestão que se aplica a traba-
lhadores expostos ao ruído. Segundo Gabas (2004), o PCA de uma indústria tem como principal objetivo
a proteção da saúde do trabalhador, ou seja, prevenir que os trabalhadores expostos a níveis de ruído
perigosamente altos desenvolvam Perda Auditiva Induzida pelo Ruído ocupacional (PAIR).
Este programa de prevenção da audição possui amparo nas seguintes normas do Ministério do Trabalho:
NR 06, NR 07 e NR 09. A Norma de Higiene Ocupacional - NHO 01 da Fundacentro também trata do ruído,
especificamente da avaliação da exposição ocupacional ao ruído. A NR 07 (BRASIL, 2013) instrui sobre os
parâmetros de monitorização da exposição ocupacional ao risco de exposição à pressão sonora elevada. Já
a NR 09 (BRASIL, 2017a) estabelece como condição fundamental no controle dos processos de trabalho em
que há produção de ruído o monitoramento regular das fontes de emissão e a adoção de equipamentos
de proteção coletiva (enclausuramento4 ou abafamento) e de proteção individual.
O Programa de Conservação Auditiva é um conjunto de medidas coordenadas que previnem as perdas
auditivas ocupacionais ou sua evolução, e deve sempre estar perfeitamente integrado com o Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA.
A implantação do PCA é necessária quando existir o risco para a audição do trabalhador.


4
Colocação de uma barreira física, fechamento, isolamento.
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
31

Este programa tem a sua fundamentação legal na Portaria n.º 19, de 9 de abril de 1998, do Ministério
do Trabalho, que estabelece a obrigatoriedade da implementação do PCA em todo estabelecimento de
trabalho com níveis de pressão sonora elevados. O Anexo 1 da Portaria 19 trata das diretrizes e parâmetros
mínimos para avaliação e acompanhamento da audição em trabalhadores expostos a níveis de pressão
sonora elevados cujos objetivos são:

1.1.Estabelecer diretrizes e parâmetros mínimos para a avaliação e o acompanhamento


da audição do trabalhador através da realização de exames audiológicos5 de referência
e sequenciais.
1.2.Fornecer subsídios para a adoção de programas que visem a prevenção da perda au-
ditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados e a conservação da saúde auditiva
dos trabalhadores. (BRASIL, 1998)

Destaca-se, neste caso, a importância de conhecer a legislação aplicada à saúde e segurança do traba-
lhador para evitar que os riscos presentes no ambiente de trabalho causem danos à saúde.
O objetivo principal do PCA é proporcionar saúde auditiva aos trabalhadores expostos a níveis elevados
de pressão sonora, dando ênfase à qualidade de vida do trabalhador, além de impedir que aconteçam
perdas auditivas induzidas por ruídos ou agentes nocivos e mitigar os efeitos que o ruído pode causar no
organismo. Por isso, ocorre a necessidade da implementação do programa e, caso necessário, a utilização
de Equipamentos de Proteção Individual pelos trabalhadores. Observe, a seguir, um trabalhador utilizando
um Equipamento de Proteção Individual - EPI para atenuar o nível de ruído.
iStock ([20--?])

Figura 4 -  Ambiente de trabalho ruidoso devido a máquinas utilizadas no processo produtivo

Implantar um PCA demonstra que a empresa se preocupa realmente com a proteção da saúde auditiva
do trabalhador. Como o PCA é parte integrante do PPRA e do PCMSO, conhecer as atividades laborais que
expõem o trabalhador ao ruído, fazer a quantificação do nível de ruído nestas atividades, realizar o controle
da saúde auditiva e implantar medidas de controle de risco são ações conjuntas dos três programas.


5
Tem como objetivo avaliar a capacidade do paciente para ouvir e interpretar sons.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
32

CASOS E RELATOS

Rede de Hipermercados [...] tenta conciliação com o MPT em processo milionário sobre saúde
e segurança no trabalho
O ministro [...] do Tribunal Superior do Trabalho, realizou [...] audiência de conciliação entre o Hiper-
mercado [...] e o Ministério Público do Trabalho (MPT). O processo em discussão trata do descum-
primento de normas de saúde e segurança no ambiente de trabalho.
O MPT ajuizou ação civil pública contra o Hipermercado [...] com base em denúncias e compro-
vações de que a empresa descumpria normas em duas lojas, em Natal (RN), durante os anos de
2010 e 2011. Segundo a Procuradoria, na maioria dos setores do hipermercado, a quantidade de
afastamentos por motivo de doença e acidente de trabalho, nesses anos, superou a metade do
número de trabalhadores em cada setor. A situação era mais recorrente nos serviços relacionados a
atendimento de caixa. O juízo de primeiro grau determinou, entre outras medidas, o fornecimento
de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a implementação de ações e programas de con-
trole médico de saúde ocupacional e de prevenção de riscos a acidentes de trabalho.
A sentença ainda condenou o Hipermercado [...] a pagar R$ 20 milhões, como indenização por
dano moral coletivo, e multa de R$ 7 milhões pelo descumprimento de parte da decisão que ante-
cipou os efeitos da tutela. O Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (RN), no entanto, reduziu
a indenização para R$ 3 milhões e a multa para R$ 1 milhão, em vista das ações já realizadas pelo
hipermercado com o objetivo de cumprir as determinações judiciais. [...]
O hipermercado requereu a análise da decisão monocrática pela Sétima Turma, mas, antes do novo
julgamento, pediu a conciliação. [...]
Na avaliação do ministro, a audiência foi positiva. “Demos um primeiro passo, no sentido não ape-
nas de regularizar uma situação manifestamente irregular que o Ministério Público identificou, mas
também de garantir que os empregados atuais e futuros vinculados a essa empresa tenham um
ambiente de trabalho seguro e saudável”, afirmou. “A audiência foi importante para estabelecer
um canal de diálogo direto entre as partes, com a possibilidade de participação futura do TST, se
necessário for, para se chegar a um acordo”, concluiu. (BRASIL, 2018a).

Observe que, no caso anterior, a Justiça do Trabalho foi eficiente em prol dos trabalhadores, exigindo
medidas de saúde e segurança no trabalho, como o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual
– EPIs e a implementação de ações e programas de controle médico de saúde ocupacional e de prevenção
de riscos a acidentes de trabalho. Neste caso, se não tivesse uma atuação imediata da justiça, ao longo dos
anos, muitos trabalhadores estariam doentes em função da falta de controle de riscos.
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
33

O PCA tem relação direta com a saúde do trabalhador e, consequentemente, com as leis previdenciárias,
porque o operário que fica exposto ao ruído acima dos limites de tolerância sem a proteção adequada ao
risco terá o direito à aposentadoria especial.
A conservação auditiva independe de o indivíduo ser ou não portador de perda auditiva. O programa
busca a conservação da audição e não a exclusão do trabalhador dentro da empresa.
Após estudar a fundamentação legal do PCA, prossiga com a leitura do programa de proteção respira-
tória, que é tão importante para proteção da saúde do trabalhador quanto o PCA.

2.5 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DO PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA (PPR)

O simples fato do trabalhador usar um equipamento de proteção respiratória não significa que ele es-
teja protegido. O objetivo do Programa de Proteção Respiratória – PPR, é monitorar a saúde respiratória
dos trabalhadores expostos à poeira, a vapores orgânicos, a fumos metálicos, a névoas. Ou seja, quando for
necessário fazer o uso de protetor respiratório, faz-se necessária a implantação do programa.
A implantação do PPR por uma empresa demonstra a preocupação com a saúde respiratória do tra-
balhador, pois é através deste programa que são definidos os tipos de respiradores que os trabalhadores
irão utilizar, o tempo de uso de cada respirador, os treinamentos sobre proteção respiratória, dentre outros
fatores.
A seguir, observe um exemplo do uso de um equipamento de proteção respiratória.
iStock ([20--?])

O Programa de Proteção Respiratória foi instituído pela Instrução Normativa/IN n.º 1, de 11 de abril de
1994, do Ministério do Trabalho. Segundo Brasil (2016a), o objetivo desta publicação é auxiliar os profis-
sionais responsáveis pela elaboração, implementação e administração de um PPR, que abrange a seleção,
a utilização e a manutenção corretas dos equipamentos de proteção respiratória. Portanto, o PPR, assim
como o PCA, é um programa que deve caminhar alinhado ao PCMSO e ao PPRA.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
34

Estes programas de saúde e segurança devem garantir que o trabalhador não realize suas atividades em
locais onde a concentração de contaminantes possa lhe causar algum dano à saúde, e, se estas concentra-
ções puderem lhe causar danos, que a medida de controle de risco seja eficiente e controlada.
Para que o PPR seja elaborado e implementado de forma correta, os profissionais que nele atuam di-
retamente devem observar as recomendações contidas no Programa de Proteção Respiratória elaborado
pela Fundacentro.

SAIBA Você pode fazer download gratuito do PPR da Fundacentro através do site: <http://
www.fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/publicacao/detalhe/2016/6/
MAIS programa-de-protecao-respiratoria>.

Antes de a empresa fornecer um respirador ao trabalhador exposto a contaminantes por meio da ina-
lação, é preciso que o profissional receba orientações de uso, guarda e higienização do seu equipamento,
que também deve ser adequado ao rosto do portador. Todos estes procedimentos são individuais, sendo
que cada trabalhador deve receber o EPI adequado ao risco a que ele está exposto.Portanto, deve haver
um documento-base e um cronograma de ações para o PPR, no qual estarão registrados os EPIs para cada
função, os testes de ensaio de vedação, os treinamentos etc. O Programa de Proteção Respiratória deve
estar em consonância com a Norma Regulamentadora n.º 06, que trata dos Equipamentos de Proteção
Individual.
Você estudou que as consequências do não cumprimento de um programa podem acarretar penalida-
des ao empregador. Assim, siga em frente e conheça outro programa de saúde e segurança desenvolvido
pela área de segurança do trabalho, o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria
da Construção.

2.6 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DO PROGRAMA DE CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO


NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO (PCMAT)

Você já deve ter ouvido falar que a indústria da construção civil é a campeã em acidentes de trabalho
com mortes no país, não é mesmo? Isso indica que deve haver uma prioridade nas ações de segurança do
trabalho neste setor da economia.
A legislação aplicável e a sua fundamentação legal são instituídas pela Portaria 3214/78, do Ministério
do Trabalho e Emprego, que contempla a Norma Regulamentadora n.º 18 – Condições e Meio Ambiente de
Trabalho na Indústria da Construção.
O Ministério do Trabalho, através da NR 18 (BRASIL, 2015), estabeleceu diretrizes de ordem administrati-
va, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas
de prevenção de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da
Construção.
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
35

O Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção - PCMAT pode


ser considerado um planejamento, pois estabelece condições e diretrizes de Segurança do Trabalho para
obras e atividades relacionadas à construção civil. O item 18.3.4 da NR 18 aponta o que faz parte do PCMAT:

a) memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e operações,


levando-se em consideração riscos de acidentes e de doenças do trabalho e suas res-
pectivas medidas preventivas;
b) projeto de execução das proteções coletivas em conformidade com as etapas de exe-
cução da obra;
c) especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas;
d) cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT em con-
formidade com as etapas de execução da obra;
e) leiaute inicial e atualizado do canteiro de obras e/ou frente de trabalho, contemplando,
inclusive, previsão de dimensionamento das áreas de vivência;
f ) programa educativo contemplando a temática de prevenção de acidentes e doenças
do trabalho, com sua carga horária. (BRASIL, 2015).

Lendo o item 18.3.4 da norma apresentada anteriormente, você pode perceber que todas as ações da
obra de construção civil devem ser analisadas do ponto de vista de saúde e segurança, e o PCMAT deve
contemplar todos os riscos eminentes ou não, as ações, em caso de acidentes, bem como as medidas pre-
ventivas para estes riscos. Portanto, as ações do PCMAT devem ser muito bem organizadas e planejadas.
O objetivo principal do PCMAT é garantir, por ações preventivas, a integridade física e a saúde do traba-
lhador da construção, funcionários terceirizados, fornecedores, contratantes e visitantes.
iStock ([20--?])

Figura 5 -  Obra da construção civil, local com a presença de riscos de acidentes

De acordo com a NR 18 (BRASIL, 2015) item 18.3.1, “São obrigatórios a elaboração e o cumprimento do
PCMAT nos estabelecimentos com 20 (vinte) trabalhadores ou mais, contemplando os aspectos desta NR e
outros dispositivos complementares de segurança.” Empresas da indústria da construção civil com menos
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
36

de 20 trabalhadores não são obrigadas a elaborar o PCMAT, entretanto precisam impreterivelmente elabo-
rar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.
A NR 18 (BRASIL, 2015), no item 18.3.2, estabelece que “O PCMAT deve ser elaborado por profissional
legalmente habilitado na área de segurança do trabalho.” Para a elaboração do PCMAT, faz-se necessária
uma análise de riscos, ou seja, prever todos os possíveis riscos de acidentes que possam acontecer em uma
obra, desde a fundação até o acabamento. Cada etapa está relacionada a um tipo de risco ou situação,
razão pela qual este programa tem uma relação direta com um bom planejamento.
Aqui finaliza a seção sobre a legislação referente ao PCMAT, porém procure aprofundar seus estudos
sobre este assunto, correlacionando as atividades com os riscos inerentes a elas. Na sequência, você será
apresentado como a Norma Regulamentadora n.º 15 aborda a questão da insalubridade e como esta ques-
tão é abordada pelos programas de saúde e segurança do trabalho.

2.7 NORMA REGULAMENTADORA 15 – INSALUBRIDADE

No decorrer dos seus estudos, você leu sobre os limites de tolerância. Pois bem, eles são determinan-
tes para as definições nas ações de saúde e segurança que fazem parte dos programas estudados até o
momento.
A NR 15 considera como sendo atividades ou operações insalubres aquelas que se desenvolvem acima
dos limites de tolerância previstos em seus anexos 1, 2, 3, 5, 11 e 12. As operações insalubres, portanto, são
aquelas que expõem o trabalhador ao risco sem as proteções adequadas a ele.
Os programas de saúde e segurança têm como objetivo evitar ou minimizar a exposição do trabalhador
aos riscos e propor medidas de controle de riscos ocupacionais para os quais os limites de tolerância são
essenciais.
Entender que alguns riscos ambientais possuem valores limites de exposição e que acima deste valor
há risco para vida do trabalhador é muito importante. Neste caso, você precisa verificar no texto da NR
15 os limites de tolerância estabelecidos e quais ações devem ser tomadas para evitar que o trabalhador
realize suas atividades em local insalubre. Todas as ações do PPRA, do PCA, do PPR, do PCMSO envolvem
as avaliações de riscos ambientais para que o trabalhador execute suas atividades livre de insalubridade.
O PCMAT também inclui avaliação de riscos ambientais, como ruído, agentes químicos, vibração, radia-
ção, dentre outros analisados pelos demais programas, que devem seguir as orientações da NR 15. Porém,
o PCMAT inclui outros tipos de riscos, como o de acidentes.
Assim, na NR 15 consta:

15.4.1 A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer:


a) com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho
dentro dos limites de tolerância;
b) com a utilização de equipamento de proteção individual. (BRASIL, 2014).
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
37

A legislação americana, por sua vez, também define os limites de tolerância dos agentes de risco quími-
co e físico. Assim, a NR 09 esclarece que, na ausência dos limites na NR 15, devem ser utilizados os limites
da ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Higyenists ou de outros mais criteriosos.
Observe o que consta no item 9.3.5.1:

Deverão ser adotadas as medidas necessárias suficientes para a eliminação, a minimi-


zação ou o controle dos riscos ambientais sempre que forem verificadas uma ou mais
das seguintes situações:
a) identificação, na fase de antecipação, de risco potencial à saúde;
b) constatação, na fase de reconhecimento de risco evidente à saúde;
c) quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores
excederem os valores dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência destes os va-
lores limites de exposição ocupacional adotados pela ACGIH - American Conference
of Governmental Industrial Higyenists, ou aqueles que venham a ser estabelecidos
em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios
técnico-legais estabelecidos.
d) quando, através do controle médico da saúde, ficar caracterizado o nexo causal6 en-
tre danos observados na saúde os trabalhadores e a situação de trabalho a que eles
ficam expostos. (BRASIL, 2017a).

SAIBA Os limites de tolerância da ACGIH estão sendo constantemente revisados e também são
publicados no Brasil. Adquira o livreto da ACGIH com os limites de tolerância traduzido
MAIS para o português pelo site: <http://loja.abho.org.br/tlvs-e-beis---2017-em-portugues/

Nesta seção, você percebeu que os programas de saúde e segurança estão relacionados com os limites
de tolerância e com as avaliações quantitativas dos agentes de riscos ambientais determinados pela NR 15.
A seguir, você conhecerá as normas brasileiras utilizadas como base técnica para gestão de emergências,
que é de total interesse da área de segurança do trabalho, e suas aplicações.

2.8 NORMA BRASILEIRA (ABNT) – GESTÃO DE EMERGÊNCIAS

Ao longo de seus estudos técnicos, foi possível perceber que as Normas Brasileiras publicadas pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT fazem parte da rotina da área de segurança do trabalho,
certo?

6
É o vínculo existente entre a conduta do agente e o resultado por ela produzido. Examinar o nexo de causalidade é descobrir
quais condutas, positivas ou negativas, deram causa ao resultado previsto em lei.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
38

Acompanhe as finalidades da ABNT:

a) Promover a elaboração de normas técnicas e fomentar seu uso nos campos científico,
técnico, industrial, comercial, agrícola e correlatos, mantendo-as atualizadas, apoian-
do-se, para tanto, na melhor experiência técnica e em trabalhos de laboratório;
[...]
b) Colaborar com o Estado no estudo e solução dos problemas que se relacionem com a
normalização técnica em geral; [...] (ABNT, 2015).

Na gestão de emergências, assim como em outros assuntos, muitas normas da ABNT são utilizadas
como referência e você precisa estar atento às normas existentes e às suas atualizações.
A seguir, acompanhe algumas das normas brasileiras da ABNT utilizadas como referências na gestão de
emergências.
a) NBR 10897:2014 - Sistemas de proteção contra incêndio por chuveiros automáticos - Requisitos. Em
revisão;
b) NBR 10898:2013 - Sistema de iluminação de emergência;
c) NBR 12693:2013 - Sistemas de proteção por extintor de incêndio;
d) NBR 12962:2016 - Extintores de incêndio - Inspeção e manutenção;
e) NBR 12779:2004 - Mangueiras de incêndio - Inspeção, manutenção e cuidados;
f ) NBR 13714:2000 - Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio;
g) NBR 13434:2004 - Sinalização de segurança contra incêndio e pânico. Parte 1: Princípios de projeto e
Parte 2: Símbolos e suas formas, dimensões e cores;
h) NBR 14276:2006 - Brigada de incêndio - Requisitos;
i) NBR 15219:2005 - Plano de emergência contra incêndio - Requisitos;
j) NBR 16021:2011 - Válvula e acessórios para hidrante - Requisitos e métodos de ensaio.
A gestão de emergências é um trabalho cauteloso e requer muito estudo sobre os riscos presentes no
ambiente de trabalho para saber qual o meio de proteger o trabalhador em caso de emergência.
iStock ([20--?])

Figura 6 -  Sistema de combate a incêndio


2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
39

Seguir as recomendações das Normas Brasileiras – NBRs e da Norma Regulamentadora 23 é fundamen-


tal para garantir a segurança nos locais de trabalho.
A Norma Regulamentadora 23 trata da proteção contra incêndio e estabelece em seu item 23.1 que:

23.1 Todos os empregadores devem adotar medidas de prevenção de incêndios, em


conformidade com a legislação estadual e as normas técnicas aplicáveis.
23.1.1 O empregador deve providenciar para todos os trabalhadores informações sobre:
a) utilização dos equipamentos de combate ao incêndio;
b) procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança;
c) dispositivos de alarme existentes. (BRASIL, 2011a).

Veja que a NR 23 obriga os empregadores a adotarem medidas de prevenção de incêndio e as direciona


para as normas técnicas que tratam de prevenção de incêndio. No Brasil, devem ser seguidas as orienta-
ções das normas técnicas brasileiras publicadas pela ABNT.
Segundo a ABNT (2014), “Norma é o documento estabelecido por consenso e aprovado por um orga-
nismo reconhecido, que fornece regras, diretrizes ou características mínimas para atividades ou para seus
resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto”. A norma é de uso
voluntário e não obrigatório, porém é de boa conduta que os interessados façam o uso da mesma, até
mesmo pelo fato de ela definir padronização, métodos e regras, para que todos os interessados no assun-
to executem as ações da mesma maneira. Já imaginou se cada estabelecimento comercial ou industrial
criasse sua própria maneira de gerenciar emergências? Como a fiscalização iria cobrar o cumprimento das
determinações de segurança no local de trabalho? Como seria o atendimento a emergências pelos socor-
ristas? Portanto, se há normas, as mesmas devem ser cumpridas!
Seus estudos não devem terminar por aqui. Busque se aprofundar ainda mais no assunto das normas
brasileiras e se mantenha atualizado.

RECAPITULANDO

Neste capítulo sobre legislação, você pôde reconhecer as Leis e Normas utilizadas para coordenação
de programas e procedimentos em saúde e segurança do trabalho. Estes conceitos ajudarão você
correlacionar uma situação cotidiana com a fundamentação legal.
Você estudou também que uma Norma Regulamentadora é revisada por uma Comissão Nacional
Tripartite antes de ser publicada. Verificou quais são as normas específicas para cada programa e
procedimento de saúde e segurança do trabalho, bem como para gestão de emergências.
Além disso, descobriu o que é uma NBR e que algumas Normas Brasileiras fazem parte da gestão
de emergência.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
40

Os conceitos estudados por você ajudarão nas questões legais sobre a elaboração dos programas
e procedimentos de saúde e segurança do trabalho e também no cumprimento das Normas
Regulamentadoras e Normas Técnicas.
O estudo deste conteúdo é importante para o entendimento das consequências do não
cumprimento das leis e normas, principalmente no que tange à saúde e segurança do trabalho.
Você pôde observar que as Normas Regulamentadoras se complementam, para que possam
não só atendam à legislação pertinente, mas que busquem melhorias na qualidade de vida dos
trabalhadores.
Programas de Segurança e
Saúde do Trabalho

Neste capítulo, você estudará os programas utilizados em um sistema de gestão de saúde


e segurança do trabalho, quem poderá conduzi-los e como demonstrar à alta administração
a importância de se ter estes documentos que são relevantes para a organização. Prepare-se
para novas descobertas!
Os Programas de Saúde e Segurança do Trabalho são uma série de estudos realizados nas
empresas com o objetivo de antecipar, monitorar, diagnosticar, minimizar e neutralizar os ris-
cos associados ao meio produtivo, que possam vir a atingir trabalhadores, o meio ambiente e
a comunidade. Estes programas visam à preservação da saúde e da integridade física e moral
dos trabalhadores e são de extrema importância para verificar o desempenho das medidas de
controle de riscos contempladas em cada um deles. Cabe ao coordenador de cada programa
gerenciá-los da melhor forma, a fim de que as ações propostas no plano de ação elaborado pela
equipe de profissionais de cada um dos programas de saúde e segurança sejam executadas.
A empresa que faz a implantação de um programa de saúde e segurança deve entender
que é preciso muito mais do que fazer cumprir uma determinação legal, é preciso olhar para
cada atividade laboral e verificar se o trabalhador tem condições de realizar as atividades de-
signadas para ele de modo seguro e saudável.
Dentre os Programas de Saúde e Segurança do Trabalho que têm sua elaboração e imple-
mentação estabelecidas como obrigatórias e que você irá estudar neste livro didático estão o
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, o Programa de Conservação Auditiva
– PCA, o Programa de Proteção Respiratória – PPR, o Programa de Condições e Meio Ambiente
de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT), o Programa de Controle Médico e Saúde
Ocupacional (PCMSO).
Os profissionais da área de segurança do trabalho devem apresentar um comportamento
ético no desenvolvimento das atividades sob sua responsabilidade, reconhecer os diferentes
comportamentos das pessoas nos grupos e equipes, saber aplicar os princípios de organização
nas atividades sob a sua responsabilidade, além de saber reconhecer a iniciativa como caracte-
rística fundamental e requisito de um bom profissional.
Assim, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) reconhecer legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ambiente laboral;
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
44

b) identificar os itens exigidos na legislação, normas e notas técnicas relacionados ao ramo de atuação
e ou atividade do local, para estabelecimento do plano de trabalho;
c) identificar as medidas propostas nos relatórios para realizar o planejamento de implantação das
mesmas;
d) contemplar, em seu plano de trabalho, novas situações de riscos não previstas inicialmente nos
relatórios e avaliações;
e) reconhecer legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ramo de atuação e ou atividade do local
a ser inspecionado;
f ) estimar recursos humanos, financeiros, físicos e materiais para execução das ações de saúde e segu-
rança do trabalho;
g) identificar os programas de treinamento estabelecido pela empresa;
h) monitorar a execução orçamentária prevista para ações de saúde e segurança do trabalho;
i) reconhecer a descrição técnica das medidas preventivas para embasar as especificações e ou
aquisições em conformidade com o orçamento disponibilizado para as ações de saúde e segurança
do trabalho;
j) correlacionar o custo benefício da implantação de novas tecnologias e métodos de trabalho aplica-
dos a gestão da saúde e segurança do trabalho;
k) identificar no planejamento estratégico as diretrizes relativas às ações de segurança do trabalho;
l) interpretar os dados do histórico, resultados de investigação de acidentes, incidentes e doenças ocu-
pacionais para definir as prioridades relacionadas às medidas preventivas e corretivas;
m) interpretar os dados dos relatórios de auditorias e documentos técnicos para definir as prioridades
relacionadas às medidas preventivas e corretivas;
n) identificar os itens exigidos na legislação, normas e notas técnicas relacionados ao ramo de atuação
e ou atividade do local, para estabelecer programas e procedimentos de saúde, segurança e meio
ambiente do trabalho;
o) identificar nos relatórios a necessidade de procedimentos de saúde e segurança e meio ambiente do
trabalho para preservar a saúde e integridade física dos trabalhadores;
p) identificar as principais causas de afastamento de trabalhadores;
q) identificar os resultados de exames considerados anormais, para estabelecer medidas corretivas;
r) identificar nas avaliações quais agentes apresentam resultado acima do limite de tolerância para
estabelecer os procedimentos adequados;
s) reconhecer as principais referências da literatura aplicadas a saúde e segurança do trabalho;
t) monitorar a execução dos planos de ação gerados em função das auditorias e documentos técnicos
referentes a saúde e segurança do trabalho;
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
45

u) correlacionar os valores de novas aquisições com o orçamento disponível para ações de prevenção
da saúde e segurança do trabalho;
v) identificar a relação de custo x benefício dos bens e serviços associados à saúde e segurança do
trabalho;
w) reconhecer os fluxos operacionais da empresa;
x) identificar momentos de parada na produção para implementação de medidas corretivas e ou pre-
ventivas;
y) identificar as medidas preventivas e corretivas estipuladas nos documentos de registro;
z) interpretar os dados das análises de saúde e segurança do trabalho, realizados na empresa;
aa) correlacionar os resultados das inspeções e avaliações com a legislação vigente inerentes a SST;
ab) classificar os acidentes e doenças de acordo com sua especificidade.
Nas próximas seções, será apresentada a maneira como você, futuro Técnico de Segurança do Trabalho,
poderá auxilia o setor de saúde e segurança do trabalho da sua empresa, não somente seguindo a legisla-
ção, mas preservando a saúde física dos envolvidos e a saúde financeira da empresa.
Você estudará também a relação dos programas de saúde e segurança do trabalho com a rotina da
seção de segurança do trabalho através das análises de acidentes e doenças ocupacionais, com os projetos
e procedimentos de segurança, dentre outros tantos assuntos.
O desafio preparado para você neste capítulo é entender como os procedimentos, os planos de traba-
lho, os relatórios e documentos de registros estão relacionados com os programas de saúde e segurança.
Bons estudos!
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
46

3.1 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS (PPRA)

O PPRA pode ser considerado o mais importante programa de Saúde e Segurança do Trabalho (SST),
pois é nele que se estabelece um cronograma de ações a ser seguido pela empresa tendo por finalidade
neutralizar os riscos ambientais, ou caso não os neutralize totalmente, venha a minimizar e monitorar a
dimensão das exposições.
Você já estudou que, conforme a NR 09, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA é um
programa obrigatório e todas as empresas e instituições que admitem trabalhadores contratados confor-
me Consolidação das Leis do Trabalho – CLT devem possuir. Mas, você sabe qual é o objetivo do PPRA?
O objetivo do PPRA é preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores por meio da identifi-
cação dos riscos ambientais físicos, químicos e biológicos existentes no ambiente de trabalho, tais como:
ruído, calor, frio, radiações, vibrações, fumos, névoas, gases, neblinas, bactérias, fungos, parasitas, vírus e
protozoários.

O PPRA deverá se estender a todas as áreas e ambientes de trabalho ocupados pela


FIQUE empresa, estando articulado com o PCMSO, com o LTCAT (Laudo Técnico das Condições
ALERTA do Ambiente de Trabalho), PCMAT, PCA, PPR, entre outros programas desenvolvidos
pela empresa, independentemente da obrigatoriedade da legislação.

Elaborar um PPRA requer um estudo das atividades de trabalho, dos processos produtivos, dos riscos de
cada processo, dos turnos de trabalho, conhecer os horários de trabalhos não rotineiros, saber como está a
saúde dos trabalhadores que estão expostos aos riscos, dentre outros fatores.
Segundo a NR 09, item 9.2.1, o PPRA deve conter a seguinte estrutura:

9.2.1 O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá conter, no mínimo, a


seguinte estrutura:
a) planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma;
b) estratégia e metodologia de ação;
c) forma do registro, manutenção e divulgação dos dados;
d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA. (BRASIL, 2017a).

Quando a NR 09, no item 9.2.1, se refere à estrutura mínima, isto quer dizer que devem ser incluídos to-
dos os itens descritos por esta norma. O PPRA deve estar em constante avaliação, pois, caso haja alteração
nas funções das atividades laborais, na exposição dos trabalhadores aos riscos ou nos locais de trabalho, há
a necessidade de se atualizar o programa.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
47

A Consolidação das Leis do Trabalho se relaciona com as Normas Regulamentadoras, e os Artigos 176,
177 e 178 são categóricos em afirmar que devem existir condições ambientais adequadas para a realização
de atividades laborais.

iStock ([20--?])
Figura 7 -  Técnica de segurança do trabalho analisando o processo de trabalho

Veja o que estabelecem estes artigos, que fazem parte da Seção VII, do Conforto Térmico:

Art. 176 - Os locais de trabalho deverão ter ventilação natural, compatível com o serviço
realizado.
Parágrafo único - A ventilação artificial será obrigatória sempre que a natural não preen-
cha as condições de conforto térmico.
Art. 177 - Se as condições de ambiente se tornarem desconfortáveis, em virtude de ins-
talações geradoras de frio ou de calor, será obrigatório o uso de vestimenta adequada
para o trabalho em tais condições ou de capelas, anteparos, paredes duplas, isolamento
térmico e recursos similares, de forma que os empregados fiquem protegidos contra as
radiações térmicas.
Art. 178 - As condições de conforto térmico dos locais de trabalho devem ser mantidas
dentro dos limites fixados pelo Ministério do Trabalho. (BRASIL, 1943).

Caso a empresa não cumpra com o determinado pela legislação, enfrentará problemas para validar o
PPRA junto ao Ministério do Trabalho e poderá ser autuada pelo descumprimento da norma, conforme o
que determina a NR 28.

Faça a leitura da NR 28 e observe como é a fiscalização e quais são as penalidades


SAIBA para a empresa que não cumprir o que é determinado pela legislação trabalhista.
MAIS Acesse o site do ministério do Trabalho através do link: <http://trabalho.gov.br/images/
Documentos/SST/NR/NR-28.pdf>.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
48

Note como é fundamental que o empregador conheça a importância de implantar o PPRA. Este pro-
grama não pode ser visto pelo empregador somente como um fator legal, no sentido de simplesmente
cumprir o que determina a lei, e sim como uma medida de controle de riscos ambientais, proporcionando
aos seus trabalhadores bem-estar físico e emocional. A vida do trabalhador deve vir em primeiro lugar e
você, como futuro técnico de segurança do trabalho, tem a missão de mostrar à empresa como o PPRA
pode ser planejado e executado.
Segundo a NR 09, a renovação do PPRA deve ser realizada sempre que houver alteração na planta da
empresa ou, pelo menos, uma vez por ano.

9.2.1.1. Deverá ser efetuada, sempre que necessário e pelo menos uma vez ao ano, uma
análise global do PPRA para avaliação do seu desenvolvimento e realização dos ajustes
necessários e estabelecimento de novas metas e prioridades. (BRASIL, 2017a).

E você sabe de quem é a responsabilidade da execução deste programa? A responsabilidade da execu-


ção deste programa é do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho
(SESMT) da instituição. Caso a empresa não tenha um SESMT implantado, deverá ser contratada uma em-
presa terceirizada, a critério do empregador, para prestar este tipo de serviço. Além disso, todas as infor-
mações pertinentes ao PPRA devem ser direcionadas à empresa terceira, de modo com que ela consiga
elaborar o documento-base.
Quanto ao controle de riscos, a NR 09 deve ser interpretada e seguida na íntegra, não sendo permitidos
ajustes ou desvios nas informações. Segundo a NR 09 (BRASIL, 2017a), o PPRA deverá estar descrito em um
documento-base, contendo todos os aspectos estruturais constantes do item 9.2.1, citados anteriormente.
O documento-base, suas alterações e complementações devem ser apresentados e discutidos junto com a
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, quando a mesma existir na empresa. Além disso, tam-
bém deverão estar disponíveis de modo a proporcionar o imediato acesso às autoridades competentes.
O PPRA contempla a exposição dos trabalhadores a agentes ambientais químicos, físicos e biológicos e
se relaciona diretamente com a NR 15, no que diz respeito aos valores dos limites de tolerância7 de exposi-
ção ocupacional aos riscos ambientais.
As avaliações quantitativas dos riscos ambientais devem seguir as orientações contidas na NR 15 e seus
anexos, bem como nas normas de higiene ocupacional da Fundacentro. Estar atento às normas de higiene
ocupacional é fundamental para o desenvolvimento das ações do PPRA.
Nesta era digital, provavelmente um sistema de gerenciamento de segurança do trabalho o auxiliará no
preenchimento do PPRA, mas, nem por isto, deve-se deixar de manter uma cópia física deste documento
para consulta e fiscalização.
Lembre-se de que todos os documentos de segurança do trabalho têm que ser impressos e guardados
para uma possível fiscalização, pois, para tal fim, não são aceitos arquivos em formato eletrônico.

7
É a concentração ou intensidade máxima ou mínima relacionada à natureza e ao tempo de exposição ao agente, que não causará
dano à saúde do trabalhador durante a sua vida laboral.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
49

Como o PPRA é discutido juntamente com a CIPA, deve ser preparado um documento resumido com
todas as informações referentes aos riscos mapeados. Este resumo deve ser registrado no livro de atas da
CIPA, e cada vez que ele for alterado, a versão mais atual deve, obrigatoriamente, ser anexada.

iStock ([20--?])
Figura 8 -  Arquivos com os documentos de Segurança do Trabalho

O PPRA deve possuir um cronograma de ação com desenvolvimento das etapas e cumprimento das
metas para o ano em vigência. As ações contidas no cronograma de ação devem ser relativas aos riscos
ambientais tratados na NR 09 e pertinentes a cada unidade da empresa analisada. Há empresas que pos-
suem uma unidade matriz e unidades filiais, em que algumas delas acabam generalizando as ações do
cronograma de ação do PPRA. Cada unidade deve ter o seu documento e a sua gestão de riscos, a não ser
que seja uma ação coletiva da empresa. Por exemplo, não é possível inserir, por exemplo, no cronograma,
uma ação como análise quantitativa de produtos químicos para determinada função, se naquela unidade
fabril não há função que exponha os colaboradores a produtos químicos.
Conhecer muito bem os processos produtivos de cada unidade fabril, os riscos presentes em cada ativi-
dade são essenciais para garantir a preservação da saúde do trabalhador.
Mas, como saber o que cada trabalhador faz? Como vou conhecer todos os riscos ambientais presentes
no ambiente laboral?
Para resolver esta questão, você deverá contar com o auxílio dos gestores de fábrica, das pessoas res-
ponsáveis por descrição dos cargos, irá fazer visitas em fábrica e conhecer a rotina e o fluxo de trabalho,
além de conversar com os trabalhadores. Lembre-se de que manter um bom relacionamento interpessoal8
é importante, pois só assim você receberá o auxílio que precisa.
O cronograma de metas e prazos elaborados no PPRA deve respeitar a periodicidade do programa,
que tem validade por um ano. Ou seja, o Técnico de Segurança precisa estar atento em como alcançar as
metas de redução de riscos, isto é, precisa definir uma metodologia para alcançar os resultados definidos
na elaboração do programa.

8
É a conexão feita por duas ou mais pessoas de um mesmo círculo. Trata-se da forma como os trabalhadores se relacionam com os
colegas, por exemplo.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
50

Segundo a NR 09, item 9.3.1, o PPRA deverá ser desenvolvido de acordo com as seguintes etapas:

a) antecipação e reconhecimento dos riscos;


b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;
c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
d) implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;
e) monitoramento da exposição aos riscos;
f ) registro e divulgação dos dados. (BRASIL, 2017a).

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deve identificar e monitorar todas as fontes de riscos,
incluindo as que ainda não foram causa de acidentes, para que o controle seja rigoroso e para que não se
tenha surpresas futuras na organização. O ideal é que o PPRA seja desenvolvido por quem melhor conhece
a realidade da organização, para que as avaliações reflitam a realidade dos ambientes monitorados.
Acompanhe o que destaca o item 9.3.2, da NR 09:

A antecipação deverá envolver a análise de projetos de novas instalações, métodos ou


processos de trabalho, ou de modificação dos já existentes, visando identificar os riscos
potenciais e introduzir medidas de proteção para sua redução ou eliminação. (BRASIL,
2017a).

A fase de antecipação e reconhecimento dos riscos é a mais importante no desenvolvimento do PPRA,


pois no momento da elaboração de um projeto para a instalação de uma nova máquina, pensar em segu-
rança irá facilitar todas as outras etapas do programa. Por exemplo, uma indústria de médio porte que pres-
ta serviços de tratamento térmico necessita comprar um novo forno para realizar a têmpera do aço9. Com
o auxílio de um técnico de segurança do trabalho, os responsáveis pelo projeto podem debater e escolher
um local mais adequado para a instalação do forno, de maneira a minimizar os efeitos da temperatura no
local e garantir que o projeto respeite as normas de segurança e à saúde do trabalhador, tornando assim o
ambiente mais produtivo.
Embora que as condições de trabalho e os riscos não tenham sido alteradas de um ano para o outro,
mesmo assim o programa necessita de uma reavaliação para garantir sua atualização anual prevista na NR
09. Todos os documentos antigos devem ser preservados por um prazo de vinte anos.
O processo de identificação e avaliação dos riscos ambientais deve ser muito bem organizado, além de
serem definidos os meios de medição e os prazos para quantificação dessas possibilidades de ameaças.
Por exemplo, em um ambiente de trabalho no qual há ruído, é preciso organizar os meios para medir a
intensidade sonora destes locais, definir prazos para a realização das medições e prazos para a entrega dos
resultados das mesmas.

9
É um processo de tratamento térmico de aços para aumentar a dureza e a resistência dos mesmos. A têmpera tem duas etapas:
aquecimento e esfriamento rápido.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
51

Se bem feitos os processos de identificação e avaliação, e sabendo-se pelos estudos anuais do ambiente
de trabalho e pelos resultados das avaliações quantitativas que os riscos variam pouco ou quase não se
alteram, algumas ações do PPRA podem ter prazos de reavaliação bianual ou conforme a avaliação técnica
determinar. Por exemplo, se o nível de ruído de um ambiente laboral não se altera, pode ser determinada
a avaliação quantitativa desse risco a cada dois anos ou conforme alteração no leiaute, no processo ou no
grupo homogêneo de exposição ao risco.

Figura 9 -  Identificação de riscos no ambiente de trabalho iStock ([20--?])

Algumas organizações elaboram o PPRA apenas para cumprir o que determina a lei e não tomam co-
nhecimento do conteúdo do relatório. Essa situação pode gerar problemas no momento de uma fiscaliza-
ção do Ministério do Trabalho e a empresa pode pagar um preço alto por isso. Acompanhe uma situação
real, para compreender melhor o assunto.

CASOS E RELATOS

Atualizando documentos
Anderson atua como Técnico em Segurança do Trabalho e foi contratado há poucos meses por
uma grande empresa no ramo da tecelagem para realizar melhorias, implantar novos programas
de riscos e realizar treinamentos. A empresa havia sido fiscalizada pelo Ministério do Trabalho e
notificada porque existiam irregularidades na elaboração de seu PPRA, o que gerou um grande
desconforto para todos. Além disso, também foi determinado um prazo para regularizar a situação
levantada.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
52

Depois de reunir toda a documentação, analisá-la e estudá-la, Anderson pôde identificar que o
PPRA (elaborado por uma empresa com muita tradição na cidade) estava com muitas irregulari-
dades. E foi por este motivo que a empresa de tecelagem acabou sendo notificada pelo Ministério
do Trabalho. A prestadora de serviço em questão realizava este tipo de serviço para a empresa há
10 anos. Durante esse tempo, a empresa cresceu e precisou de um espaço maior. Desta forma,
mudou de localização e, por isso, alterou suas características no leiaute. Entretanto, o PPRA da em-
presa ainda continha as características do antigo endereço. Algumas das diferenças que Anderson
percebeu do antigo endereço estão relacionadas ao piso (de madeira) e ao pé direito (baixo). Já
no novo endereço, o piso era de cerâmica, o pé direito era mais alto e o prédio da administração
possuía 3 andares.
Quando identificou estes problemas no PPRA, comunicou-os imediatamente à direção da empre-
sa, que ficou surpresa com o relatório. A situação foi resolvida com a reelaboração do PPRA da
empresa e sua reapresentação no Ministério do Trabalho, na data determinada, eliminando total-
mente o risco de uma autuação por parte do fiscal. Este exemplo demonstra a importância de se
acompanhar o trabalho de uma empresa terceirizada, pois o interesse e a responsabilidade pelo
serviço são da empresa.

A partir deste Casos e Relatos, você pôde observar como é importante que toda alteração no processo
e no leiaute sejam analisadas e contempladas no PPRA. Além da empresa ser notificada, como neste caso,
a vida dos trabalhadores também pode ser prejudicada. Se a empresa optar por terceirizar a elaboração do
PPRA, é preciso que alguém da segurança do trabalho esteja acompanhando de perto o passo a passo da
confecção e análise de riscos efetuada pela empresa terceira.
Toda vez que houver uma mudança significativa na empresa, como a compra de novos equipamentos,
novo leiaute ou construção de uma unidade fabril nova, faz-se necessário incluir estas modificações no
PPRA. Acompanhe o que apresenta o item 9.3.3 da NR 09 sobre a questão:

O reconhecimento dos riscos ambientais deverá conter os seguintes itens, quando


aplicáveis:
a) a sua identificação;
b) a determinação e localização das possíveis fontes geradoras;
c) a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no
ambiente de trabalho;
d) a identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos;
e) a caracterização das atividades e do tipo da exposição;
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
53

f ) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometi-


mento da saúde decorrente do trabalho;
g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na lite-
ratura técnica;
h) a descrição das medidas de controle já existentes. (BRASIL, 2017a).

Portanto, todas as alterações de processo e no leiaute da fábrica devem ser informadas à empresa ter-
ceira, para que ela possa fazer os ajustes no PPRA e verificar se há necessidade de inserir no documento
novas ações de saúde e segurança do trabalho.
A fase de reconhecimento dos riscos existente no ambiente de trabalho demanda de uma análise das
rotinas de cada posto de trabalho e função. Em empresas com produção seriada10, por exemplo, é mais
fácil a identificação e o reconhecimento dos riscos associados ao trabalho, porém com a tendência de se
fabricar produtos cada vez mais customizados11, de acordo com a necessidade dos clientes, a análise de
riscos deve ser constante.
Você já deve ter visto alguma vez um processo de produção em série não é mesmo? Mesmo que não
tenha realizado uma visita técnica para conhecer um processo de produção em série, nem mesmo tenha
assistido algum vídeo ou programa de televisão que fale deste assunto, é possível que você entenda que,
quando um produto é fabricado sempre da mesma maneira, ou seja, em série, os riscos não mudam ou
mudam muito pouco. Já em um processo customizado, ou seja, em uma personalização de um produto de
acordo com as necessidades do cliente, a cada novo projeto se dá a necessidade de reavaliação de riscos,
pois estes podem mudar.
Estar sempre atento às mudanças faz parte da rotina do profissional de segurança do trabalho. É de res-
ponsabilidade dele avaliar os novos riscos e analisar, juntamente com os demais profissionais envolvidos
com as alterações na fábrica, as medidas de controle de riscos cabíveis às mudanças.
As indústrias necessitam flexibilizar seus processos para atender aos diferentes requisitos de seus clien-
tes e, neste caso, o técnico de segurança precisa ser dinâmico, acompanhar e monitorar com a máxima
precisão a entrada das matérias-primas (produtos químicos), ajustes em máquinas e ferramentas (setup12)
e o método utilizado para montagens e teste, porque são nestes momentos de adaptações que ocorrem a
maioria dos acidentes.
A seguir, será apresentado um exemplo de formulário que pode ser utilizado para o levantamento qua-
litativo de riscos, gerando dados que facilitarão a elaboração do PPRA. Este formulário pode ser impresso e
levado a campo para realizar suas anotações sobre a avaliação de riscos.

10
Confecção de produtos em série, de modo sequencial, através de uma linha de produção em larga escala.
11
Produtos personalizados ou adaptados às necessidades do cliente.
12
Significa configuração, instalação, organização, disposição ou regulagem da máquina.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
54

RECONHECIMENTO DOS RISCOS AMBIENTAIS


Unidade Fabril: Setor: Gestor: Local de trabalho:

Colaborador: Função: Total de Funcionários/setor: Data:


/ /
N° de Funcionários expostos/setor: Responsável pelo reconhecimento:

DESCRIÇÃO DAS MEDIDAS DE


AGENTE DE EFEITOS À
ATIVIDADES / TEMPO FONTE GERADORA CONTROLE
RISCO/TIPO SAÙDE
DE EXPOSIÇÃO EXISTENTES

Descrição do ambiente FASES DO PPRA


de trabalho: ( ) Antecipação (Análise de projeto)
( ) Reconhecimento dos Riscos Ambientais (Qualitativa)
( ) Conclusão (Análise Quantitativa)
Observações:
Quadro 1 - Formulário de levantamento qualitativo de Riscos Ambientais
Fonte: adaptado de Brasil (2017a)

Após realizado o levantamento preliminar qualitativo sobre os riscos presentes no ambiente de trabalho,
analisam-se as funções que apresentam maior exposição a determinados riscos ambientais, organizando-
-os em Grupos Homogêneos de Exposição – GHE ou Grupos Homogêneos de Exposição Similar – GHES.
Ao iniciar um estudo quantitativo, é preciso conhecer as diferentes normas que tratam da avaliação de
riscos antes de efetuar uma coleta. Assim, as metodologias e tempos de amostragens para os agentes
de riscos ambientais, como ruído, e agentes químicos deverão seguir as recomendações das normas da
Fundacentro, da National Institute for Occupational Safety and Health – NIOSH, e também os limites de tole-
rância determinados pela American Conference of Governmental Industrial Hygyenists – ACGIH.
Segundo o item 9.3.4 da NR 09, a avaliação quantitativa deverá ser realizada sempre que necessária
para:

a) comprovar o controle da exposição ou a inexistência riscos identificados na etapa de


reconhecimento;
b) dimensionar a exposição dos trabalhadores;
c) subsidiar o equacionamento das medidas de controle. (BRASIL, 2017a).

A NR 09 cita o anexo 11 da NR 15 como referência para Limite de Tolerância – LT, mas deixa claro o
caminho a seguir para o controle da exposição ocupacional ao risco, caso a substância química não esteja
inserida neste anexo. Caso não seja possível consultar os valores de limites de exposição na NR 15, devem
ser adotados os valores estabelecidos pela ACGIH, ou valores limites que sejam mais rigorosos do que os
critérios técnicos-legais estabelecidos.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
55

Na elaboração do PPRA, devem ser analisadas todas as informações pertinentes, desde plantas e proje-
tos, produtos químicos, equipamentos, até processos e procedimentos de trabalho para mapear os riscos
inerentes ao trabalho. Após realizadas todas as análises no ambiente laboral, medidas de controle devem
ser adotadas, afim de eliminar, minimizar ou controlar os riscos ambientais sempre que forem identificadas
as seguintes situações:

a) identificação, na fase de antecipação, de risco potencial à saúde;


b) constatação, na fase de reconhecimento de risco evidente à saúde;
[...]
d) quando, através do controle médico da saúde, ficar caracterizado o nexo causal en-
tre danos observados na saúde os trabalhadores e a situação de trabalho a que eles
ficam expostos. (BRASIL, 2017a).

Para que a avaliação quantitativa dos agentes de riscos seja realizada, são necessários instrumentos
de medição para cada agente avaliado, que devem ser ajustados conforme os padrões de referência dos
fabricantes e as normas referentes a cada agente de risco. Além disso, estes instrumentos também devem
ser calibrados por laboratórios credenciados pela Rede Brasileira de Calibração - RBC.
O PPRA é um programa implantado pelas empresas e instituições com o dever de garantir a integridade
física e mental dos colaboradores da organização e, para isto, devem ser mapeados os riscos de forma
racional e implementadas as medidas de controle, coletivamente e individualmente, quando a primeira
não for eficiente. Desta forma, como cita a NR 09, item 9.3.5.2, o estudo, desenvolvimento e implantação
de medidas de proteção coletiva deverá obedecer à seguinte hierarquia:

a) medidas que eliminam ou reduzem a utilização ou a formação de agentes prejudi-


ciais à saúde;
b) medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de
trabalho;
c) medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente de
trabalho. (BRASIL, 2017a).

Veja como é importante conhecer todos os riscos presentes no ambiente de trabalho. Não basta apenas
achar que o risco está presente e que pode causar algum dano. É preciso ir além, estudar o ambiente de
trabalho, conversar com o trabalhador, fazer visitas em todos os turnos de trabalho e estudar todas as infor-
mações obtidas em campo. Por isso, fazer uso de um formulário de coleta para levantamento qualitativo,
conforme apresentado anteriormente, é essencial.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
56

Na figura, a seguir, é possível perceber que eliminar o risco do ambiente do trabalho é a primeira coisa a
se fazer. A implantação do EPI está entre as últimas ações de controle de exposição ao risco.

Patricia Marcilio (2018)


Figura 10 -  Pirâmide de hierarquia na implementação de medidas de proteção
Fonte: adaptado de CDC - NIOSH (2015)

A implantação de medidas de proteção coletiva deve ser acompanhada de treinamento para os traba-
lhadores, pois é preciso que eles conheçam os riscos a que estão expostos e o que devem fazer para evitar
essa exposição. Devem saber que as medidas de controle implantadas são eficazes e as limitações que
estas medidas oferecem.
Conversar com os operadores das máquinas e com os colaboradores das mais diversas funções existen-
tes na empresa sobre as atividades que eles realizam e sobre as dificuldades ao exercer suas tarefas pode
apontar riscos que ainda não tenham sido mapeados pela equipe de segurança do trabalho ou pela CIPA,
além de auxiliar na busca por sugestões de melhorias nos processos de trabalho.
Em alguns casos de exposição prolongadas a agentes, são necessárias medidas de caráter administra-
tivo, ou seja, caso um trabalhador necessite ficar exposto a um ruído elevado em um ambiente, deve ser
proposta uma alternância de função com outro trabalhador para respeitar o tempo máximo de exposição
ao ruído.
Em algumas situações, é inviável fazer o controle dos riscos através de medidas coletivas, pois as ações
de proteção coletiva estão em fase de estudo, planejamento, implantação ou em caráter complementar e,
por isso, deve-se adotar medidas como a implantação do EPI.
Quando for necessária a utilização de Equipamentos de Proteção Individual, deve-se observar o confor-
to do colaborador em relação ao EPI e se o mesmo está surtindo o efeito desejado.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
57

Desta forma, a NR 09 apresenta, em seu item 9.3.5.5, que a utilização de EPI deverá considerar as normas
legais e administrativas em vigor e envolver, no mínimo:

a) seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o trabalhador está exposto e


à atividade exercida, considerando-se a eficiência necessária para o controle da ex-
posição ao risco e o conforto oferecido segundo avaliação do trabalhador usuário;
b) programa de treinamento dos trabalhadores quanto à sua correta utilização e orien-
tação sobre as limitações de proteção que o EPI oferece;
c) estabelecimento de normas ou procedimento para promover o fornecimento, o uso,
a guarda, a higienização, a conservação, a manutenção e a reposição do EPI, visando
garantir as condições de proteção originalmente estabelecidas;
d) caracterização das funções ou atividades dos trabalhadores, com a respectiva identi-
ficação dos EPIs utilizados para os riscos ambientais. (BRASIL, 2017a).

É possível você perceber através do item 9.3.5.5, citado anteriormente, que não basta o empregador en-
tregar o Equipamento de Proteção Individual para o trabalhador, é necessário que o EPI seja adequado ao
risco a que o trabalhador está exposto e deve receber orientação de uso, de guarda e higienização do EPI.
A NR 09, no item 9.3.5.6 (BRASIL, 2017a), apresenta que devem ser estabelecidos critérios e mecanismos
de avaliação da eficácia das medidas de proteção implantadas, levando em consideração os resultados
de exames dos colaboradores e demais dados obtidos nas avaliações realizadas pelo PCMSO. Para aten-
der ao que a norma solicita, é aconselhável a elaboração de estudos de frequência para garantir que os
Equipamentos de Proteção Individual ou as medidas de proteção coletivas implantadas pela empresa es-
tejam efetivamente atenuando os níveis de exposição dos trabalhadores no ambiente de trabalho.
O profissional da área de segurança do trabalho, ao realizar o levantamento de riscos ambientais para
elaboração do PPRA, deve levar em consideração os agentes físicos, químicos e biológicos em sua avalia-
ção de risco. Dentre os agentes físicos estão:
a) ruído;
b) vibração;
c) pressões anormais;
d) temperaturas extremas;
e) umidade;
f ) radiações Ionizantes;
g) radiações não ionizantes;
h) infrassom;
i) ultrassom.
Quanto aos agentes químicos que podem causar danos à saúde do trabalhador quando em contato
com o corpo humano, devem ser considerados:
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
58

a) poeiras;
b) fumos;
c) névoas;
d) neblinas;
e) gases;
f ) vapores.
Os agentes biológicos são:
a) Bactérias;
b) fungos;
c) bacilos;
d) parasitas;
e) protozoários;
f ) vírus.
Lembre-se de que os Equipamentos de Proteção Individual entregues para o trabalhador devem ser
novos, de acordo com o risco a que ele está exposto, e ter o Certificado de Aprovação – CA válido. Toda vez
que o EPI estiver danificado ou for extraviado, deve ser feita a sua reposição.
D’imitre Camargo (2011)

É importante que você esteja atento à diferença entre Nível de Ação13 e Limite de Tolerância, pois a NR
09 determina que, quando os valores de ruído e agentes químicos presentes no local de trabalho forem
superiores aos limites estabelecidos pela NR 15, que trata de atividades e operações insalubres, deve-se
implantar medidas preventivas para minimizar a probabilidade de que as exposições a estes agentes am-
bientais ultrapassem esses limites.

Considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de
13

que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição.


3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
59

O Limite de Tolerância, quando ultrapassado, requer medidas de controle da exposição ao risco de for-
ma imediata, com o objetivo de diminuir a exposição ao risco presente no ambiente de trabalho, evitando
causar algum dano à saúde do trabalhador. Já o Nível de Ação, deve ser estabelecido pela empresa de
acordo com a NR 09 como um monitoramento de ordem preventiva, pois, se as avaliações quantitativas
dos agentes de risco estiverem no nível de ação ou acima dele, medidas de proteção ao risco já podem ser
implantadas para evitar que os valores das concentrações ultrapassem o limite de tolerância.
Estar sempre atento às situações que apresentem concentrações acima dos níveis de ação é fundamen-
tal para o controle da exposição ao risco. Veja o que aponta o item 9.3.7.1 da NR 09:

Para o monitoramento da exposição dos trabalhadores e das medidas de controle,


deve ser realizada uma avaliação sistemática e repetitiva da exposição a um dado risco,
visando à introdução ou modificação das medidas de controle, sempre que necessário.
(BRASIL, 2017a).

Quando não é possível a realização de uma avaliação quantitativa de um agente de risco, medidas de
controle podem ser implantadas e adicionadas como ações no PPRA simplesmente pela percepção do
profissional de segurança ou pela constatação de perturbação ou incômodo relatado pelo trabalhador
quando este se expõe a algum risco.
iStock ([20--?])

Figura 11 -  Trabalhador com desconforto ao ruído

A seguir, serão apresentados alguns exemplos de atividades relacionadas a cada agente de risco.
a) Agentes químicos: atividades relacionadas à pintura utilizando esmaltes, tintas, vernizes e solventes
contendo hidrocarbonetos aromáticos14; limpeza de peças e motores utilizando solventes, desen-
graxantes e removedores; fundições e processos de soldagem de metais em contato com fumos me-
tálicos, poeiras, vapores e gases; fabricação e manuseio de álcali cáustico, como o cimento, produtos
de limpeza, fabricação de baterias.

Possuem a cadeia carbônica fechada, sendo o benzeno o correspondente à estrutura mais simples dessa classe de compostos.
14
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
60

b) Agentes físicos: atividades realizadas no pátio de aeroportos onde o ruído é alto; processos metalúr-
gicos com presença de ruído e calor; teste e operação de equipamentos hidráulicos e pneumáticos
com presença de ruído e vibração; solda e corte de metais em que há presença de radiações não ioni-
zantes e calor; atividades que envolvam a utilização de equipamentos de raio-x e câmaras frigoríficas
onde há frio intenso.
c) Agentes biológicos: atividades exercidas em hospitais, clínicas e laboratórios com exposição a fun-
gos, bactérias, vírus, parasitas; protozoários; pode ocorrer em locais como curtumes, matadouros,
manutenção de esgotos, galerias, cemitérios e necrotérios.
Conhecer bem os processos produtivos e as atividades laborais auxiliam o profissional que está desen-
volvendo o PPRA a identificar todos os riscos presentes no ambiente de trabalho. É preciso tomar cuidado
com os limites de tolerância de certos agentes, principalmente ruídos e agentes químicos, pois os danos à
saúde do colaborador são muito graves e, muitas vezes, irreversíveis. A avaliação quantitativa deve ser exe-
cutada sempre que for necessário comprovar o controle sobre a exposição ou evidenciar a neutralização
dos riscos identificados na etapa de reconhecimento, no dimensionamento da exposição dos trabalhado-
res, e como forma de subsidiar a efetividade das medidas de controle adotadas pela empresa.
Segundo a NR 09, o PPRA deve ter suas ações registradas de forma estruturada, apresentando um his-
tórico técnico e administrativo de tudo que a empresa realizou ou venha a realizar para melhorar as condi-
ções de trabalho. O PPRA tem como ação monitorar a exposição dos trabalhadores. De acordo com o item
9.3.7.1,

Para o monitoramento da exposição dos trabalhadores e das medidas de controle,


deve ser realizada uma avaliação sistemática e repetitiva da exposição a um dado risco,
visando a introdução ou modificação das medidas de controle, sempre que necessário.
(BRASIL, 2017a).

Realizar um estudo estatístico dos dados coletados no monitoramento é necessário, pois, através dele,
obtém-se um histórico de informações sobre a presença e a intensidade dos riscos no ambiente de traba-
lho. O objetivo desse estudo estatístico é comparar os diferentes períodos de monitoramento, gerando
mais informação para a tomada de decisão com relação à implantação de medidas de controle de risco e
verificar sua eficiência posteriormente.
O documento-base do PPRA e todos os documentos que o compõe deverão ser mantidos pelo em-
pregador por pelo menos 20 anos, permanecendo disponíveis aos trabalhadores interessados, ou a seus
representantes, e às autoridades competentes.
Existe uma relação direta entre o PPRA e o PCMSO, pois, com base na fase de monitoramento, os dados
levantados sobre os riscos ambientais servirão como suporte de informação para o médico coordenador
do PCMSO especificar os exames necessários aos funcionários de acordo com suas respectivas funções. Os
aspectos relacionados entre o PPRA e o PCMSO têm sido alvo de fiscalização, pois se percebeu que muitos
PCMSO estavam sendo elaborados sem articulação nenhuma com o PPRA, gerando diversas não confor-
midades previstas tanto na NR 07 quanto na NR 09.
A NR 09 determina as responsabilidades do empregador e dos trabalhadores no que se refere ao PPRA.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
61

Confira os seguintes itens:

9.4.1 Do empregador:
I. estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do PPRA como atividade perma-
nente da empresa ou instituição.
9.4.2 Dos trabalhadores:
I. colaborar e participar na implantação e execução do PPRA;
II. seguir as orientações recebidas nos treinamentos oferecidos dentro do PPRA;
III. informar, ao seu superior hierárquico direto, ocorrências que, a seu julgamento, pos-
sam implicar riscos à saúde dos trabalhadores. (BRASIL, 2017a).

Os trabalhadores também têm direito de apresentar sugestões de melhoria e receber todas as informa-
ções relacionadas aos riscos a que estão expostos e à maneira mais apropriada de se proteger, prevenir ou
limitar a exposição a estes riscos.
A segurança do trabalho deve assegurar de que a elaboração do PPRA seja feita de forma responsável,
correta e ética, para que as medidas de controle implementadas sejam efetivas e protejam a saúde e a
segurança dos trabalhadores.
A seguir, você poderá aprofundar seus conhecimentos já iniciados anteriormente sobre o PCMSO e veja
que, assim como o PPRA, o PCMSO deve ser muito bem coordenado com o objetivo de promover a saúde
dos trabalhadores. Lembre-se de que sua aprendizagem depende de dedicação, interesse e motivação.

3.2 PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL (PCMSO)

Segundo a NR 07 (BRASIL, 2013), o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) apre-
senta os procedimentos e as condutas que devem ser adotadas pelas empresas em função dos riscos a
que os trabalhadores estão expostos no ambiente de trabalho. O PCMSO tem como objetivo promover
e preservar a saúde dos trabalhadores, bem como prevenir, rastrear e diagnosticar precocemente os pro-
blemas de saúde que, por ventura, os trabalhadores possam desenvolver em função de suas atividades
profissionais, inclusive os de natureza subclínica.
iStock ([20--?])

Figura 12 -  Médico do trabalho analisando exames médicos


COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
62

A NR 07 estabelece que todas as empresas e instituições que admitam trabalhadores registrados são
obrigadas a elaborar e implantar o PCMSO. De acordo com esta Norma Regulamentadora, conforme item
7.3.1, cabe ao empregador:

a) garantir a elaboração e efetiva implementação do PCMSO, bem como zelar pela sua
eficácia;
b) custear sem ônus para o empregado todos os procedimentos relacionados ao
PCMSO;
c) indicar, dentre os médicos dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança
e Medicina do Trabalho – SESMT, da empresa, um coordenador responsável pela exe-
cução do PCMSO;
d) no caso de a empresa estar desobrigada de manter médico do trabalho, de acordo
com a NR 4, deverá o empregador indicar médico do trabalho, empregado ou não da
empresa, para coordenar o PCMSO;
e) e) inexistindo médico do trabalho na localidade, o empregador poderá contratar mé-
dico de outra especialidade para coordenar o PCMSO. (BRASIL, 2013).

O PCMSO, juntamente com o PPRA, visa identificar possíveis riscos existentes no ambiente de trabalho
que possam causar danos à saúde do trabalhador e fazer o controle médico e de segurança, evitando assim
que o trabalhador adoeça.
Conforme você já estudou anteriormente, fazer a identificação de riscos é um trabalho que requer mui-
to estudo! É preciso que os profissionais de segurança e medicina do trabalho tenham um bom relaciona-
mento entre si, para que identifiquem os mesmos riscos e em conjunto analisem maneiras de evitá-los ou
anulá-los. Nem sempre é possível anular a exposição ao risco, mas implantar medidas de controle pode ser
eficiente, se bem gerenciadas.
No aspecto legal da NR 07, este programa pretende evitar processos cíveis, criminais e previdenciários
advindos da parte do trabalhador, decorrentes do aparecimento de doenças ocupacionais. Vale destacar
que as responsabilidades do empregador, quanto aos aspectos de segurança e saúde do trabalhador estão
previstos nos enunciados do Código de Processo Penal – CPP, Código de Processo Civil – CPC e do Supremo
Tribunal Federal – STF.
A CLT (BRASIL, 1943), em seu artigo 168, estabelece que o exame médico é obrigatório e por conta do
empregador na admissão, na demissão e periodicamente. Poderão ser exigidos outros exames comple-
mentares, a critério médico, para apuração da capacidade ou aptidão física e mental do empregado para a
função que deverá exercer. O tempo de exposição e a periodicidade dos exames médicos de acordo com o
risco da atividade serão estabelecidos pelo Ministério do Trabalho.
A Convenção 161, da Organização Internacional do Trabalho – OIT, através dos princípios de uma Política
Nacional, em seu artigo 1, estabelece:
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
63

a) a expressão “Serviços de Saúde no Trabalho” designa um serviço investido de funções


essencialmente preventivas e encarregado de aconselhar o empregador, os traba-
lhadores e seus representantes na empresa em apreço, sobre:
i) os requisitos necessários para estabelecer e manter um ambiente de trabalho seguro
e salubre, de molde a favorecer uma saúde física e mental ótima em relação com o
trabalho;
ii) a adaptação do trabalho às capacidades dos trabalhadores, levando em conta seu
estado de sanidade física e mental;
b) a expressão “representantes dos trabalhadores na empresa” designa as pessoas recon-
hecidas como tal em virtude da legislação ou da prática nacional. (BRASIL, 1991a).

Note, a partir das citações apresentadas, que o trabalhador tem o direito ao controle de sua saúde de
acordo com os riscos a que está exposto. Portanto, é dever do empregador garantir que o trabalhador
esteja ciente dos riscos a que está exposto durante a realização de suas atividades laborais.

SAIBA Para conhecer a Convenção n.º 161, da Organização Internacional do Trabalho - OIT,
relativa aos Serviços de Saúde do Trabalho, acesse: <http://www.planalto.gov.br/
MAIS ccivil_03/decreto/1990-1994/D0127>.

O PCMSO deve estar alinhado às demais NRs e sua implementação é de total responsabilidade do em-
pregador, que deve zelar por sua eficácia e custear as despesas. O programa é um controle médico e, como
tal, deve ser coordenado e elaborado por um médico do trabalho. De acordo com o item 7.3.2 da NR 07,
compete ao médico coordenador:

a) realizar os exames médicos previstos no item 7.4.1 ou encarregar os mesmos à profis-


sional médico familiarizado com os princípios da patologia ocupacional e suas causas,
bem como, com o ambiente, as condições de trabalho e os riscos a que está ou será
exposto cada trabalhador da empresa a ser examinado;
b) encarregar-se dos exames complementares previstos nos itens, quadros e anexos
desta NR dos profissionais e/ou entidades devidamente capacitados, equipados e
qualificados. (BRASIL, 2013).

Desta forma, o PCMSO deve ser elaborado pelo médico coordenador do programa que terá, por meio
do PPRA, as informações das análises de riscos ambientais em função das atividades executadas pelos
trabalhadores.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
64

Posteriormente, o médico irá verificar se os trabalhadores apresentam algum tipo de disfunção ou alte-
ração no seu quadro clínico e estão aptos a exercerem suas funções.

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Figura 13 -  Exames médicos periódicos

Como as empresas estão terceirizando cada vez mais as suas atividades, é preciso ter um cuidado maior
na elaboração do PPRA e do PCMSO, pois a empresa contratante de mão de obra precisa informar à contra-
tada os riscos associados à atividade e ao ambiente onde será desenvolvido o trabalho, com o objetivo de
evitar a corresponsabilidade associada a algum acidente de trabalho e, principalmente, para que os dois
programas de saúde e segurança do trabalho analisem e controlem os mesmos riscos ocupacionais.
São parte integrante e obrigatórios no PCMSO, os seguintes exames médicos:
a) admissional;
b) periódico;
c) de retorno ao trabalho;
d) de mudança de função;
e) demissional.
Acompanhe, no quadro a seguir, os tipos de exames que devem ser feitos, sua periodicidade e quais são
as notas relevantes em cada tipo de exame.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
65

AVALIAÇÃO CLÍNICA
TIPO DE EXAME PERIODICIDADE NOTAS
Admissional Realizada antes que o trabalhador assuma suas atividades
a ) para trabalhadores expostos a riscos ou a situações de trabalho que im-
pliquem o desencadeamento ou agravamento de doença ocupacional, ou,
ainda, para aqueles que sejam portadores de doenças crônicas, os exames
deverão ser repetidos: a cada ano ou a intervalos menores, a critério do
De acordo com os intervalos médico encarregado, ou se notificado pelo médico agente da inspeção do
Periódico mínimos de tempo determi- trabalho, ou, ainda, como resultado de negociação coletiva de trabalho; de
nados na NR acordo com à periodicidade especificada no Anexo n.º 6 da NR 15, para os
trabalhadores expostos a condições hiperbáricas.
b) para os demais trabalhadores: anual, quando menores de 18 (dezoito) anos
e maiores de 45 (quarenta e cinco) anos de idade; a cada dois anos, para os
trabalhadores entre 18 (dezoito) anos e 45 (quarenta e cinco) anos de idade.
Retorno ao Obrigatoriamente, no primeiro dia da volta ao trabalho de trabalhador ausente por período igual ou superior a
trabalho 30 (trinta) dias, por motivo de doença ou acidente, de natureza ocupacional ou não, ou parto.
Mudança de função é toda qualquer alteração de atividade, posto de tra-
Obrigatoriamente realizada
Mudança de função balho ou de setor que implique a exposição do trabalhador a risco diferente
antes da data da mudança
daquele a que estava exposto antes da mudança.
Desde que o último exame médico ocupacional tenha sido realizado há mais
de: 135 (centro e trinta e cinco) dias para as empresas de grau de risco 1 e 2,
segundo o Quadro I da NR 04; 90 (noventa) dias para as empresas de grau de
risco 3 e 4, segundo o Quadro I da NR 04.
As empresas enquadradas no grau de risco 1 ou 2, segundo o Quadro I da
NR 04, poderão ampliar o prazo de dispensa da realização do exame demis-
sional em até mais 135 (cento e trinta e cinco) dias, em decorrência de nego-
ciação coletiva, assistida por profissional indicado, de comum acordo entre
as partes, ou por profissional do órgão regional competente em segurança e
saúde no trabalho.
Obrigatoriamente realizada As empresas enquadradas no grau de risco 3 ou 4, segundo o Quadro I da
Demissional
até a data da homologação. NR 04, poderão ampliar o prazo de dispensa da realização do exame demis-
sional em até mais 90 (noventa) dias, em decorrência de negociação coletiva
assistida por profissional indicado de comum acordo entre as partes, ou por
profissional do órgão regional competente em segurança e saúde no traba-
lho.
Por determinação do Delegado Regional do Trabalho, com base em parecer
técnico conclusivo da autoridade regional competente, em matéria de segu-
rança e saúde do trabalhador, ou em decorrência de negociação coletiva, as
empresas poderão ser obrigadas a realizar o exame médico demissional in-
dependentemente da época de realização de qualquer outro exame, quando
suas condições representarem potencial de risco grave aos trabalhadores.
Quadro 2 - Tipos de exames médicos do PCMSO
Fonte: Brasil (2013), Brasil (2014) e Brasil (2016c)
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
66

É preciso entender que se um agente de risco ambiental não for inserido no PCMSO, provavelmente não
será controlado através de exames médicos. Caso haja discordância entre os riscos encontrados no PCMSO
e no PPRA para determinada função, é preciso alinhar os dois programas, pois não basta fazer o controle
do risco no local de trabalho, ou seja, é preciso saber se o controle está sendo eficaz e não está causando
danos à saúde do trabalhador.
Veja, a seguir, o que a NR 07 aponta quanto aos exames médicos:

7.4.5 Os dados obtidos nos exames médicos, incluindo avaliação clínica e exames com-
plementares, as conclusões e as medidas aplicadas deverão ser registrados em pron-
tuário clínico individual, que ficará sob a responsabilidade do médico-coordenador do
PCMSO.
7.4.5.1 Os registros a que se refere o item 7.4.5 deverão ser mantidos por período míni-
mo de 20 (vinte) anos após o desligamento do trabalhador.
7.4.5.2 Havendo substituição do médico a que se refere o item 7.4.5, os arquivos deverão
ser transferidos para seu sucessor.
7.4.6 O PCMSO deverá obedecer a um planejamento em que estejam previstas as ações
de saúde a serem executadas durante o ano, devendo estas ser objeto de relatório anual.
7.4.6.1 O relatório anual deverá discriminar, por setores da empresa, o número e a na-
tureza dos exames médicos, incluindo avaliações clínicas e exames complementares,
estatísticas de resultados considerados anormais, assim como o planejamento para o
próximo ano, tomando como base o modelo proposto no Quadro III desta NR. (BRASIL,
2013).

O PCMSO não é um programa simples de se administrar. A saúde do trabalhador deve ser analisada
antes que este inicia suas funções na empresa até seu desligamento. Para isso, o mapeamento de riscos
para a função que o trabalhador irá exercer deve estar correto e representar a realidade. O trabalhador deve
ser acompanhado clinicamente durante toda sua vida laboral, observando-se as determinações da NR 07.
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Figura 14 -  Avaliação clínica


3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
67

Veja que o médico deve saber administrar todas as informações vindas do PPRA, os problemas de saúde
detectados nos exames médicos e que deve informar o trabalhador sobre os possíveis danos à sua saúde.
Grande também é a responsabilidade da empresa sobre seus funcionários. Portanto, todo procedimento
deve ser documentado e guardado para estudos e prestação de contas fiscais.
Sempre que houver a realização de exames, o médico deverá emitir, em duas vias, um Atestado de
Saúde Ocupacional – ASO, sendo uma via entregue para o trabalhador e outra arquivada nas dependências
da empresa, permanecendo à disposição das fiscalizações do trabalho.
Depois da fase de reconhecimento dos riscos, o PCMSO deve monitorar os efeitos da exposição aos
riscos presentes no ambiente de trabalho através de exames clínicos e exames complementares especí-
ficos, acompanhando, assim, os possíveis agravos na saúde do trabalhador e procurar a neutralização de
qualquer nexo causal.
O custo gerado pelos exames médicos que compõem o PCMSO é do empregador, o que inclui as ava-
liações médicas e os exames complementares. Desta maneira, a fiscalização pode exigir a comprovação
contábil deste item, sendo que sua não conformidade é passível de autuação.
Outro aspecto apontado na NR 07 refere-se à necessidade de que todo estabelecimento esteja equipa-
do com material de primeiros socorros, atendendo às características da atividade que é desenvolvida pela
empresa. Este kit deve ficar sob os cuidados e responsabilidade de uma pessoa treinada na prestação dos
primeiros socorros às vítimas.
O kit deverá conter material necessário somente para os primeiros atendimentos, ou seja, somente
material para imobilização e contenção de hemorragias. Isto não significa que a organização não possa
possuir um kit de primeiro atendimento com características de suporte básico de vida.
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Lembre-se de que, neste kit, não devem conter medicamentos do tipo analgésicos, pomadas, colírios ou
outros medicamentos que precisem de prescrição médica.
Caso a empresa ministre esses medicamentos sem a prescrição de um médico e ocorra algum proble-
ma, como uma reação alérgica ao medicamento, esta terá que arcar com as consequências.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
68

Nesta etapa de seus estudos, você pôde perceber a importância do PCMSO, um programa que existe
para avaliar, diagnosticar e prevenir futuros problemas de saúde ao trabalhador, caso a empresa não garan-
ta salubridade do ambiente de trabalho.
Igualmente importante para a vida do trabalhador e da própria empresa é o PCMAT, que você irá estu-
dar a seguir.

3.3 PROGRAMA DE CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO


(PCMAT)

Como se sabe, a indústria da construção civil é a campeã em acidentes de trabalho com mortes no país.
Priorizar ações de segurança do trabalho neste setor da economia é extremamente importante para a
segurança dos trabalhadores.
O Ministério do Trabalho, através da NR 18 (BRASIL, 2015), estabeleceu diretrizes de ordem adminis-
trativa, de planejamento e de organização, que objetivam à implementação de medidas de controle e de
sistemas de prevenção de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na
Indústria da Construção.
O Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho – PCMAT, na construção civil, é um documento
baseado na NR 18, que obriga as empresas que trabalham com preparação de terrenos, obras de infraes-
trutura, obras de instalações hidráulicas e elétricas, serviços de demolição, reparo, pintura e limpeza, ma-
nutenção de obras de urbanismo e paisagismo e que contenham 20 ou mais trabalhadores a implementar
este programa. O PCMAT também deve estar alinhado ao PPRA e contemplar as exigências contidas nele.
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A existência jurídica da NR 18 é assegurada no âmbito de legislação ordinária, através do Capítulo V – da


Segurança e Medicina do Trabalho, Seção XV – das outras medidas especiais de proteção, do artigo 200
da CLT. São consideradas atividades da indústria da construção os serviços de demolição, reparo, pintura,
limpeza e manutenção de edifícios, com qualquer número de pavimentos ou tipo de construção, inclusive
manutenção de obras de urbanização e paisagem.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
69

Leia, a seguir, como a CLT, artigo 200, capítulo V, seção XV, e a NR 18 estão relacionadas:

Art. 200 - Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições complementares às


normas de que trata este Capítulo, tendo em vista as peculiaridades de cada atividade
ou setor de trabalho, especialmente sobre:
I - medidas de prevenção de acidentes e os equipamentos de proteção individual em
obras de construção, demolição ou reparos;
II - depósitos, armazenagem e manuseio de combustíveis, inflamáveis e explosivos, bem
como trânsito e permanência nas áreas respectivas;
III - trabalho em escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras, sobretudo quanto à
prevenção de explosões, incêndios, desmoronamentos e soterramentos, eliminação de
poeiras, gases, etc. e facilidades de rápida saída dos empregados;
IV - proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas adequadas, com
exigências ao especial revestimento de portas e paredes, construção de paredes contra-
fogo, diques e outros anteparos, assim como garantia geral de fácil circulação, corredores
de acesso e saídas amplas e protegidas, com suficiente sinalização;
V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no trabalho a
céu aberto, com provisão, quanto a este, de água potável, alojamento profilaxia de en-
demias;
VI - proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas, radiações ioni-
zantes e não ionizantes, ruídos, vibrações e trepidações ou pressões anormais ao ambi-
ente de trabalho, com especificação das medidas cabíveis para eliminação ou atenuação
desses efeitos limites máximos quanto ao tempo de exposição, à intensidade da ação ou
de seus efeitos sobre o organismo do trabalhador, exames médicos obrigatórios, limites
de idade controle permanente dos locais de trabalho e das demais exigências que se
façam necessárias;
VII - higiene nos locais de trabalho, com discriminação das exigências, instalações sani-
tárias, com separação de sexos, chuveiros, lavatórios, vestiários e armários individuais,
refeitórios ou condições de conforto por ocasião das refeições, fornecimento de água
potável, condições de limpeza dos locais de trabalho e modo de sua execução, trata-
mento de resíduos industriais;
VIII - emprego das cores nos locais de trabalho, inclusive nas sinalizações de perigo.
(BRASIL, 1943).

O PCMAT, neste caso, é um conjunto de ações que visam à preservação da saúde e da integridade física
dos trabalhadores de um canteiro de obras, incluindo-se terceiros e o meio ambiente. É um documento
importante para o andamento das atividades em uma obra, porque é voltado aos riscos e condições na
área da construção civil, montagem de estruturas metálicas e conservação dos canteiros de obras.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
70

Este programa deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado na área de segurança do tra-
balho e, de preferência, assinado por um engenheiro civil, pois, na estrutura do programa, devem constar
os projetos de cada fase da obra. O técnico em segurança do trabalho possui como função a indicação e
especificação dos Equipamentos de Proteção Coletiva – EPCs e dos Equipamentos de Proteção Individual
– EPIs de acordo com o risco da obra, ministrar os treinamentos de segurança do trabalho, dentre outras
atribuições.

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Figura 15 -  Trabalhador fazendo uso de EPI

Antes de iniciar algum trabalho da construção civil, é muito importante que a equipe de segurança do
trabalho se reúna com os executores da obra para apresentar a análise prévia dos riscos existentes nos
locais de trabalho. O item 18.2, da NR 18, que trata da Comunicação Prévia, destaca:

18.2.1. É obrigatória a comunicação à Delegacia Regional do Trabalho, antes do início


das atividades, das seguintes informações:
a) endereço correto da obra;
b) endereço correto e qualificação (CEI15, CNPJ16, CGC17 ou CPF18) do contratante, empre-
gador ou condomínio;
c) tipo de obra;
d) datas previstas do início e conclusão da obra;
e) número máximo previsto de trabalhadores na obra. (BRASIL, 2015).

O programa deve ainda atender aos requisitos previstos e desenvolvidos no PPRA, pois os riscos identi-
ficados no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais devem estar identificados e controlados também
no PCMAT. Todas as ações de controle de exposição de riscos solicitadas no PPRA devem ser analisadas
pelo coordenador do PCMAT e se integrar a este programa.

15
Cadastro Específico do INSS
16
Cadastro Específico do INSS
17
Cadastro Geral de Contribuintes. Era um cadastro obrigatório criado pelo Ministério da Fazenda em 1964 para identificar todas
as pessoas jurídicas de direito privado funcionando no País, como também as empresas que, tendo domicílio no exterior, tivessem
capitais aplicados no País.
18
Cadastro Nacional da Pessoa Física
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
71

Os coordenadores de todos os programas de saúde e segurança do trabalho implantados pela empresa


devem se reunir e discutir constantemente a evolução das ações propostas por cada um dos programas e
verificar se as medidas de controle de exposição ao risco estão sendo eficientes. Gerenciar um programa
destes não é tarefa fácil! O coordenador de um programa de saúde e segurança deve estar sempre atento
às atividades das pessoas envolvidas no desenvolvimento de cada ação contida cronograma de ações.
Conforme o item 18.3.3 da NR 18 (BRASIL, 2015), “A implementação do PCMAT nos estabelecimentos é
de responsabilidade do empregador ou condomínio. ” Para um PCMAT ser elaborado corretamente e ter
validade perante o Ministério do Trabalho, deve apresentar os seguintes documentos:

a) memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e operações,


levando-se em consideração riscos de acidentes e de doenças do trabalho e suas
respectivas medidas preventivas;
b) projeto de execução das proteções coletivas em conformidade com as etapas de
execução da obra;
c) especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas;
d) cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT;
e) leiaute inicial do canteiro de obras, contemplando, inclusive, previsão de dimensiona-
mento das áreas de vivência;
f ) programa educativo contemplando a temática de prevenção de acidentes e doenças
do trabalho, com sua carga horária. (BRASIL, 2015).

A NR 18 também determina que os canteiros de obra possuam áreas de vivência, ou seja, um espaço
destinado a suprir as necessidades básicas do indivíduo, como instalações sanitárias, vestiário, alojamento,
dentre outros.
Quanto ao alojamento, é importante ter área mínima de 3 m² por módulo, com cama e área de cir-
culação. Não pode haver três ou mais camas na vertical e nem estar situado em subsolo ou porões das
edificações. Também deve ser respeitada a distância entre as camas e das camas em relação ao teto com
no mínimo 1,20 m e as suas dimensões construtivas devem ter 0,80 m por 1,90 m.
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Figura 16 -  Exemplo de acomodação prevista no PCMAT


COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
72

A empresa que descumprir o que determina a legislação trabalhista será autuada e pagará multa con-
forme estabelecido em lei. Em caso de reincidência, embargo ou resistência à fiscalização, a multa será
aplicada em seu valor máximo.
Não pode ser esquecido que, para a elaboração do PCMAT, deve ser verificada a existência de itens
relativos às atividades realizadas na construção civil nas demais Normas Regulamentadoras. Por exem-
plo, os trabalhos com eletricidade devem seguir as exigências da NR 10; já os trabalhos com máquinas e
equipamentos devem seguir as exigências da NR 12; enquanto movimentação, armazenagem e manuseio
de materiais, devem seguir as exigências da NR 11. Todos os riscos existentes em um trabalho relativo à
construção devem ser muito bem analisados, relacionados, avaliados e controlados.
Conferir, a seguir, um exemplo de relação da NR 18 com a NR 12. O item 18.7 trata da carpintaria, espe-
cificando que:

18.7.2. A serra circular deve atender às disposições a seguir:


a) ser dotada de mesa estável, com fechamento de suas faces inferiores, anterior e pos-
terior, construída em madeira resistente e de primeira qualidade, material metálico
ou similar de resistência equivalente, sem irregularidades, com dimensionamento su-
ficiente para a execução das tarefas;
b) ter a carcaça do motor aterrada eletricamente;
c) o disco deve ser mantido afiado e travado, devendo ser substituído quando apresen-
tar trincas, dentes quebrados ou empenamentos;
d) as transmissões de força mecânica devem estar protegidas obrigatoriamente por an-
teparos fixos e resistentes, não podendo ser removidos, em hipótese alguma, durante
a execução dos trabalhos;
e) ser provida de coifa protetora do disco e cutelo divisor, com identificação do fabri-
cante e ainda coletor de serragem. (BRASIL, 2015).

Mesmo que a NR 18 aborde itens relativos à segurança no que diz respeito a máquinas e equipamentos,
é necessário verificar todos os requisitos na NR 12. No caso da serra circular, citada anteriormente, deve ser
avaliada, na NR 12, a questão de treinamentos, dispositivos de segurança, dentre outros itens. Acompanhe,
a seguir, um exemplo de uma atividade que pode gerar risco de lesão grave e iminente ao operador.
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Figura 17 -  Uso de serra circular sem proteção adequada


3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
73

Os canteiros de obras contam com grande quantidade de materiais. Ao trabalhar com armações de aços
e estruturas metálicas, por exemplo, é comum o uso de equipamentos de soldagem e corte, o que resulta
na geração de gases e só podem ser executadas por profissionais qualificados. Segundo a NR 18 (BRASIL,
2015), em materiais que contenham chumbo, zinco, revestimento com cádmio ou na utilização de eletrodo
revestido, é obrigatório a remoção dos gases por ventilação local exautora. Ao utilizar cilindros de oxigênio
ou outros gases oxidantes, é vedada a presença de materiais inflamáveis ou explosivos. Por exemplo, o
contato de cilindros de oxigênio com lubrificantes que contenham hidrocarbonetos, tais como solventes,
gasolina, dentre outras, pode provocar uma explosão imediata.
É muito importante a leitura detalhada da NR 18 antes de elaborar o PCMAT, pois a partir das exigências
contidas nesta Norma Regulamentadora é que o profissional de segurança do trabalho irá desenvolver
ações de controle de exposição aos riscos existentes no local de trabalho. Este profissional irá também
verificar as ações já definidas pelo PPRA e demais programas de saúde e segurança que estejam relaciona-
dos à construção. Se há ações definidas no PPRA ou no Programa de Proteção Respiratória – PPR relativas
a cuidados relacionados à emanação de gases tóxicos, atmosferas explosivas ou espaços confinados com
deficiência de oxigênio, é preciso agir em parceria com esses dois programas.

Doenças como tuberculose, diabetes melitus, epilepsia, convulsões, enxaqueca, dor


de cabeça e distúrbios do sono, distúrbios visuais, inclusive cegueira, infecções do
coração, insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas, hemorragias cerebrais (derrames),
CURIOSI isquemias (falta de irrigação no cérebro) e alguns tipos de artrites e doenças das
DADES juntas, entre outras, estão enquadradas pelo NTEP18 como sendo ocupacionais da
construção. Além disso, não é levado em consideração pelo INSS que os trabalhadores
do canteiro de obras operam em ambiente totalmente distinto daquele frequentados
pelos funcionários do escritório da empresa. (CIPA, 2016).

Trabalhos realizados em altura também são abordados pela NR 18. No item 18.13, a NR 18 (BRASIL,
2015) especifica as medidas obrigatórias de proteção contra quedas de altura, descrevendo instalações de
proteção, tanto para queda de trabalhadores como para projeção de materiais com medidas mínimas e de
como devem ser construídas as plataformas que são conhecidas pelos pedreiros e mestre de obras como
bandejão.
Quanto à movimentação e transporte de materiais e pessoas, no item 18.14 da NR 18, são especificados
diversos requisitos mínimos para evitar a ocorrência de acidentes, pois esses são fatores primordiais para
a execução de qualquer construção, principalmente de edifícios. A operação dos equipamentos de movi-
mentação deve ser somente executada por profissional qualificado, que deverá ter sua função anotada na
Carteira de Trabalho.

19
O Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP do INSS estabelece um nexo presumido, ou seja, um vínculo entre a doen-
ça (Código Internacional da Doença – CID) e a atividade econômica à qual pertence o trabalhador (Classificação Nacional de Ativida-
des Econômicas – CNAE).
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
74

A figura, a seguir, é uma imagem de um canteiro de obra equipado com uma grua, ou guindaste, que fa-
cilita bastante o transporte de materiais, tanto na vertical quanto na horizontal. Porém, é um procedimento
de alto risco, que envolve, muitas vezes, toneladas de materiais.

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Figura 18 -  Canteiro de obra com grua de movimentação de materiais

No item 18.20 da NR 18 (BRASIL, 2015), os locais confinados são descritos e apresenta os requisitos
mínimos de segurança para execução de trabalho. Estes locais são bastante comuns nas construções, tais
como caixa d’água e cisternas, poço de elevadores e fossa sépticas. Acidentes nestes ambientes tem sido a
causa da maioria das mortes no setor, perdendo somente para o trabalho em altura na construção civil. A
grande maioria dos acidentes poderia ser evitada se o trabalhador tivesse ciência dos riscos aos quais está
exposto no canteiro de obra.
Assim como os demais programas de saúde e segurança do trabalho, é preciso que as ações contidas no
PCMAT sejam realmente executadas e gerenciadas, pois, se há um elevado índice de acidentes de trabalho
envolvendo a construção civil, isto significa que muitos incidentes não são levados em consideração e
que ações envolvendo a segurança no trabalho não são levadas a sério. O gerenciamento do PCMAT é um
trabalho que envolve muita atenção no início do processo de planejamento da obra, pois há a necessidade
de prever as chances de um acidente acontecer antes mesmo da obra começar.
A área de construção civil traz muitos riscos ao trabalhador. Por isso, há a necessidade de um acompa-
nhamento e medidas que garantam a saúde e a segurança de todos os trabalhadores.
Quer conhecer mais um programa de saúde e segurança que, assim como o PCMAT, visa à preservação
da integridade física e moral do trabalhador? Siga adiante e conheça PCA.

3.4 PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA (PCA)

O Programa de Conservação Auditiva – PCA é um documento de gestão de risco físico, isto é, de ruído,
no ambiente de trabalho. Este documento tem como objetivo cuidar da saúde auditiva dos trabalhado-
res expostos ao ruído, a produtos químicos ototóxicos20, expostos a outros fatores que estejam presentes

São produtos químicos, como benzeno, tolueno, xileno e estireno, que por si só podem causar perda auditiva.
20
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
75

no ambiente de trabalho que possam causar danos auditivos, bem como prevenir que os trabalhadores
expostos a níveis de ruído perigosamente altos desenvolvam a Perda Auditiva Induzida pelo Ruído ocupa-
cional – PAIR. Este programa de saúde e segurança do trabalho é parte do PPRA e do PCMSO.
O PCA deve ser implantado pelas empresas que expõe seus trabalhadores a ruídos. Este programa é
desenvolvido por uma área técnica multidisciplinar da qual participam a engenharia, a segurança e a me-
dicina do trabalho, a fonoaudiologia e a administração da empresa, atuando de forma integrada, visando a
um controle e à eliminação de riscos auditivos, por meio da implantação de um processo contínuo e dinâ-
mico de treinamentos direcionados à rotina dos funcionários, bem como à modificação de equipamentos
e ambientes de trabalho que geram ruído.

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Como é um programa que visa à conservação auditiva, o PCA não é direcionado somente aos traba-
lhadores que possuam alguma alteração auditiva, e sim a todos os trabalhadores que estejam expostos
a ruídos. Esse programa também analisa e previne outros efeitos do ruído que não aqueles ocasionados
diretamente nas vias auditivas, como o trauma acústico, o estresse, dores de cabeça, a perda auditiva tem-
porária etc., causados pela exposição ao ruído.
A atuação da equipe multidisciplinar no PCA é muito importante para o sucesso do programa. Por exem-
plo, o fonoaudiólogo, cujo papel é imprescindível, atua direta e individualmente com o trabalhador através
da realização das audiometrias. Este profissional pode assumir a coordenação do programa e demonstrar
a todos os trabalhadores envolvidos de alguma forma com o PCA a importância da implantação deste
programa na empresa, bem como reforçar as orientações de segurança já repassadas com relação a ruídos
aos trabalhadores em treinamento ministrado pelo técnico de segurança. Este profissional é o responsável
por prestar esclarecimentos quanto ao uso adequado do EPI, as consequências do ruído e a importância da
prevenção da perda auditiva induzida pelo ruído ao trabalhador.
Este programa de prevenção da audição possui amparo nas seguintes normas do Ministério do Trabalho:
NR 06, NR 07 e NR 09. A Norma de Higiene Ocupacional - NHO 01, da Fundacentro, também trata do ruído,
especificamente sobre a avaliação da exposição ocupacional.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
76

A NR 07 (BRASIL, 2013) instrui quanto aos parâmetros de monitorização da exposição ocupacional ao


risco de exposição à pressão sonora elevada e a NR 09 (BRASIL, 2017a) estabelece como condição funda-
mental no controle dos processos de trabalho em que há produção de ruído o monitoramento regular
das fontes de emissão e a adoção de equipamentos de proteção coletiva, como enclausuramento21 ou
abafamento e de proteção individual.

SAIBA Para conhecer melhor o controle de exposição ao ruído, leia a Portaria 19/1998, do
MAIS Ministério do Trabalho, disponível em: < https://goo.gl/x73KfK>.

A empresa que implanta o PCA demonstra que se preocupa com a proteção da saúde auditiva do tra-
balhador. Para que a gestão do risco seja efetiva, é preciso conhecer as atividades laborais que expõem o
trabalhador ao ruído, elaborar estratégias de amostragens do nível de ruído para estas atividades e estabe-
lecer medidas de controle do risco. Todas as ações de controle de ruído do PCA devem ser também ações
dos demais programas: PPRA e PCMSO.
Quando se trata de programas de saúde e segurança do trabalho interligados como o PPRA, o PCMSO
e o PCA, os quais gerenciam os mesmos riscos, todos devem indicar os mesmos níveis de ruído para as
mesmas atividades e os mesmos controles de exposição ao risco.
Você precisa conhecer a fundo como o PCA pode ser implantado por uma empresa e quem poderá ser o
coordenador deste programa. O ruído é um dos agentes de risco ambiental mais comumente encontrado
no ambiente fabril como parte dos processos industriais e também na rotina diária. Fazer o controle do
nível de ruído é de suma importância econômica e social.
Para iniciar a elaboração do PCA, é importante verificar todas as atividades da empresa que exponham
o trabalhador ao ruído, saber qual o tipo e a intensidade do ruído presente em cada uma das atividades
analisadas. O primeiro passo para prevenção da exposição ao ruído é atuar na redução do nível de pressão
sonora no ambiente, atuando de forma direta nas fontes geradoras. Para isso, conhecer a acústica, visando
aplicar medidas técnicas viáveis economicamente e que sejam eficazes na redução ou eliminação do ru-
ído na fonte geradora deve ser a primeira medida a ser tomada. Caso a equipe de segurança do trabalho
não detenha conhecimentos sobre acústica para analisar e realizar possíveis melhorias no ambiente de
trabalho, é preciso recorrer à equipe de engenharia da empresa ou terceirizar o serviço contratando um
especialista no assunto.
Visando assegurar o controle dos riscos sonoros, o setor de segurança da empresa deve fazer anualmen-
te o mapeamento de ruído em todos os setores. Essa avaliação deve ser feita com o objetivo de detectar, em
dB(A)22, o Nível de Pressão Sonora – NPS em uma determinada área, estabelecer os Grupos Homogêneos de
Exposição ao ruído nesta área e realizar as avaliações quantitativas fazendo uso de um dosímetro de ruído.

21
Colocação de uma barreira física, fechamento, isolamento.
22
Decibel (dB) é uma unidade logarítmica que indica a proporção de uma quantidade física (geralmente energia ou intensidade) em
relação a um nível de referência especificado ou implícito. Nível de pressão sonora tem como unidade de medida o decibel.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
77

O levantamento e o reconhecimento das fontes geradoras de ruído poderão ser feitos utilizando um
instrumento de medição (dosímetro) para avaliação do nível de ruído no ambiente de trabalho e tam-
bém da exposição do funcionário ao risco, ou, verificando os exames audiométricos dos mesmos. Porém,
é aconselhável que a análise de risco seja realizada com as avaliações quantitativas de ruído em conjunto
com a análise dos resultados das audiometrias, visto que, se há presença de ruído elevado e exame alterado
para a mesma atividade na empresa, é sinal de que há necessidade de implantar ou reavaliar a medida de
controle da exposição do trabalhador ao risco.
Através do resultado das audiometrias, é possível verificar as causas, bem como o caráter evolutivo das
reduções auditivas, possibilitando empregar corretas ações de controle ou eliminação do risco.
Devem ser submetidos a exame audiométrico de referência e sequenciais todos os trabalhadores que
exercem ou irão exercer suas atividades em ambientes cujos níveis de pressão sonora ultrapassem os li-
mites de tolerâncias estabelecidos nos Anexos 1 e 2 da NR 15, independentemente do uso de protetor
auditivo.
A audiometria é um exame importante para a verificação da Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR),
porém não deve ser usada como diagnóstico final, pois existem outros fatores complementares, tais como:
fisiológicos, comportamentais ou ambientais, que poderão confirmar se a perda auditiva realmente está
relacionada ao risco ruído.
iStock ([20--?])

Figura 19 -  Audiometria

Os efeitos à saúde auditiva advindos de fatores externos acarretam certa dificuldade da quantificação,
uma vez que não são específicos, ou seja, não são diretamente relacionados ao risco ruído, podendo ter
outras causas, como o estresse.
Além do estabelecimento do PPRA na empresa e de suas etapas de atuação, deverá ser formado um
grupo específico para atuação com o PCA. Como já mencionado, o PCA é um programa composto por
uma equipe multidisciplinar das áreas administrativa, segurança e medicina do trabalho, bem como as
áreas produtivas da empresa. Como todo programa, deverão ser estabelecidos grupos de ação que di-
recionarão suas atividades, convergindo em um objetivo geral, que é a saúde auditiva do trabalhador.
Consequentemente, o estabelecimento de metas e a elaboração de um cronograma de ação deverão ser
desenvolvidos pela equipe, determinando assim as respectivas atividades e prazos para divulgação dos
resultados.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
78

As áreas que vão compor o PCA são:

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2018)


Figura 20 -  Áreas que compõem o PCA
Fonte: SENAI (2018)

O PCA é formado por uma equipe multidisciplinar, porém, para este programa, deve haver um coor-
denador e os responsáveis por cada ação contida no cronograma de ações. Esta equipe multidisciplinar é
que irá desenvolver as ações para eliminar ou reduzir a exposição do trabalhador ao ruído, fazer exames
de saúde e analisar a melhor forma de proteger o trabalhador da exposição. Ela é composta por membros
do setor administrativo da empresa, incluindo também gestores, pois é no local de trabalho onde as ações
de melhoria devem ser implantadas. Por esse motivo, estes profissionais devem se reunir para analisar a
situação de risco encontrada e como serão feitas as melhorias.

SAIBA Conheça a evolução histórica da medicina do trabalho e as situações enfrentadas pelos


trabalhadores brasileiros. Leia: SOUTO, Daphnis Ferreira. Saúde no Trabalho: Uma
MAIS Revolução em Andamento. 2. ed. Rio de Janeiro: SENAC Nacional, 2004.

Acompanhe agora as funções de cada área técnica que faz parte da equipe multidisciplinar na atuação
do PCA.
Administrativa
a) Estabelecer normas e procedimentos internos da empresa, visando o cumprimento do disposto nas
Normas Regulamentadoras e no PCA.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
79

b) Viabilizar a implantação e manutenção do PCA.


c) Adquirir equipamentos menos ruidosos para área produtiva.
d) Determinar local adequado para a realização de palestras educativas e treinamento, proporcion-
ando e verificando material didático, registros e recibos.
e) Verificar se foi realizado o registro de entrega de EPIs e de treinamento.
f ) Gerenciar a política de gastos para com a segurança do trabalho.
g) Viabilizar, junto ao departamento financeiro, as verbas necessárias para aquisição de equipamentos
de medição e de proteção coletiva e individual.
Segurança do Trabalho
a) Realizar a avaliação qualitativa e quantitativa de ruído.
b) Estabelecer a implantação dos Grupos Homogêneos de Exposição ao ruído.
c) Rever e analisar a metodologia existente de avaliação quantitativa de ruído.
d) Reavaliar os equipamentos de medição (decibelímetro e dosímetro) no que diz respeito à aferição
dos equipamentos e ao prazo de validade do certificado de calibração.
e) Analisar as capacidades técnicas do avaliador.
f ) Realizar as avaliações quantitativas de ruído.
g) Estudar os resultados encontrados nas medições de ruído.
h) Analisar o mapa de risco já existente.
i) Sugerir a proteção coletiva contra o ruído, atuando na fonte e no meio.
j) Implantar o uso de EPIs e treinar o trabalhador quanto ao uso, higienização e guarda do EPI.
k) Colher a assinatura do trabalhador no momento da entrega do EPI;
l) Verificar o procedimento relativo ao uso dos protetores auricular e o vencimento dos Certificados de
Aprovação – CA dos EPIs.
m) Classificar o ruído quanto ao seu tipo (contínuo, intermitente ou de impacto).
n) Planejamento dos meios de cobrança do uso adequado de EPIs.
o) Promover palestras rápidas no local de trabalho como Diálogo Diário de Segurança – DDS.
p) Advertir funcionário pelo mau uso dos EPIs.
Médica
a) Realizar as audiometrias e demais exames médicos relativos à saúde auditiva do trabalhador.
b) Revisar os prontuários de exames audiométricos.
c) Analisar como é a exposição do trabalhador ao ruído.
d) Analisar se o prazo legal da realização dos exames médicos está sendo cumprido.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
80

e) Analisar os resultados das avaliações quantitativas de ruído.


f ) Analisar as informações sobre ruído no PPRA, no PCMSO e no PCA.
g) Levantar os casos de Perda Auditiva e registro das Comunicações de Acidentes do Trabalho – CAT.
h) Promover ou sugerir campanhas internas na empresa sobre proteção auditiva.
i) Definir juntamente com a equipe de segurança do trabalho qual é a melhor proteção do trabalhador
ao ruído.
j) Verificar a qualidade e calibração dos equipamentos de aferição e da cabine audiométrica.
k) Determinar o nexo causal da doença com a atividade do trabalhador.
Engenharia
a) Receber o profissional da área de segurança e medicina do trabalho para analisar as possíveis fontes
geradoras de ruído e analisar as sugestões de melhorias no processo produtivo ou no ambiente de
trabalho.
b) Apresentar as propostas de melhorias no que diz respeito à redução de ruído na fábrica pelas áreas
administrativa e de segurança da empresa, para que sejam liberados recursos para a realização das
melhorias.
c) Implantar as melhorias para a redução de ruído na fábrica.
d) Passar toda informação pertinente aos processos produtivos, máquinas com problemas de ruído,
relatar os problemas relativos ao mau uso dos protetores auriculares para a área de segurança do
trabalho.
A seguir, observe, no fluxograma, o funcionamento do PCA na prática.
Patricia Marcilio (2018)

Figura 21 -  Relação entre os Programas de Saúde e Segurança do Trabalho


Fonte: SENAI (2018)
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
81

O fluxograma apresentado anteriormente facilita a visualização da relação entre os programas de saúde


e segurança. Todos estes programas devem estar alinhados e com a mesma descrição da exposição do
trabalhador ao risco, além de designar a mesma solução para a redução da exposição ao risco ocupacional.
A seguir, confira um exemplo de planilha para ser utilizada em campo durante a avaliação quantitativa de
ruído.

Data:
AVALIAÇÃO DE RUÍDO MAPEAMENTO DE ÁREA/SETOR
Avaliador:

Departamento: Número de funcionários na área:

Turno: GHE:

ÁREA/SETOR LAVG dB(A) NPS dB(A) EXIGIDO MEDIDAS PREVENTIVAS/ PRAZO DE ATENUAÇÃO OU
CONTROLE NEUTRALIZAÇÃO

Descrição da atividade da área/setor:

Observação:

Equipamento utilizado na avaliação: Técnico de segurança responsável pelo setor:

Quadro 3 - Exemplo de planilha para coleta de dados de medição de ruído


Fonte: adaptado de Sherique (2011)

Para que um programa venha a dar resultados positivos para a empresa, deverá ter o envolvimento de
todos os funcionários e contar com a participação e apoio da direção/gerência da empresa, pois somente
o envolvimento da área de segurança e medicina do trabalho não basta. A maneira para que todos os pro-
cedimentos de segurança sejam empregados corretamente é o treinamento, ou seja, a capacitação profis-
sional do funcionário para com sua atividade, proporcionando o entendimento e a importância do PCA.
A NR 09 estabelece, no item 9.3.6.1, que:

Para os fins desta NR, considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser ini-
ciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições
a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o
monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o controle
médico. (BRASIL, 2017a).

No que diz respeito ao nível de ação, a NR 15 não estabelece o nível de ação para ruído, porém é sabido
que a partir de 80 dB(A) já é possível causar danos à saúde auditiva e 85 dB(A) é o limite de exposição ocu-
pacional diária ao ruído contínuo ou intermitente.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
82

A NHO 01 (BRASIL, 2001) aponta que “[...] o nível de ação para a exposição ocupacional ao ruído é de
dose diária igual a 50%” [...], sendo a dose diária de 100% igual a 85 dB(A), a metade da dose (50%) para esta
norma é de 83 dB(A).
Você deve entender que o nível de ação para ruído está relacionado ao tempo que o trabalhador poderá
ficar exposto ao ruído, sendo que, a partir a dose diária de 50% (nível de ação), é preciso iniciar o controle
de risco implantando ações preventivas, para que o limite de tolerância não seja ultrapassado. Se o limite
de tolerância para ruído é de 85 dB(A), com tempo de exposição de 8 horas diárias, o nível de ação estabe-
lecido pela NHO 01 é de 83 dB(A), com tempo de exposição de 16 horas diárias. O tempo de exposição para
85 dB(A) é 50% do tempo de exposição a 83 dB(A).
A NR 15 e a NHO 01 afirmam que a dose diária para ruído corresponde à dose de 100% e é igual a 85
dB(A), porém quando se trata de nível de ação as duas normas divergem.
Veja, na tabela, a seguir, um comparativo entre as duas normas.

LIMITES DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO RUÍDO SEGUNDO A NR 15 E A NHO 01


NHO 01 NHO 01
TEMPO DE EXPOSIÇÃO TEMPO DE EXPOSIÇÃO
NÍVEL DE RUÍDO dB(A) NÍVEL DE RUÍDO dB(A)
(HORAS) (HORAS)
83 16 80 16
85 8 85 8
88 4 90 4
91 2 95 2
Tabela 1 - Limites de exposição ocupacional ao ruído comparando a NR 15 com a NHO 01
Fonte: Fonte: adaptado de Brasil (2014) e Brasil (2001)

A NR 15 apresenta os limites de exposição ao ruído a cada 5 dB(A) e a NHO 01 a cada 3 dB(A), o que
torna a NHO 01 mais prevencionista que a NR 15. Porém, quando se trata de nível de ação, as medidas de
controle já se iniciam em 80 dB(A) pela NR 15 e a NHO 01 em 83 dB(A). No entanto, por que a NHO 01 é mais
prevencionista do que a NR 15, se o nível de ação desta norma é maior?
A NR 15, através de seus limites, estabelece que o tempo de exposição do trabalhador ao ruído cai a
cada 5 dB(A) e a NHO 01 aponta que o tempo de exposição cai a cada 3 dB(A), tornando-a mais prevencio-
nista a partir do limite de exposição.
Medidas de controle de ruído em setores que apresentam ruídos acima de 80 dB (A) devem ser implan-
tadas para baixar o nível de pressão sonora no ambiente, tais como:
a) enclausuramento das máquinas geradoras de ruído;
b) criar um sistema de abafamento do ruído no sistema de exaustão do ambiente;
c) alterar as características acústicas do ambiente com a introdução de matérias que absorvem as on-
das sonoras, principalmente em paredes e forração;
d) instalação de portas para melhorar o isolamento acústico;
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
83

e) alterar os exaustores do tipo axial por centrífugo que é mais silencioso;


f ) incentivar o uso de protetores auriculares tipo inserção em conjunto com os protetores tipo aba-
fadores;
g) substituir maquinário antigo;
h) modificar o processo produtivo se possível.
Sempre que o profissional de segurança do trabalho ministrar um treinamento, deverá estar atento ao
nível de compreensão, que deverá ser condizente com o público que está participando. Falar “bonito” não
é falar difícil, mas sim, de maneira que todos compreendam! Seu resultado dependerá disso.
O treinamento relativo à exposição do trabalhador ao ruído deverá:
a) informar aos trabalhadores as consequências da exposição ao ruído;
b) apresentar o PCA e esclarecer seu objetivo;
c) mostrar a importância da utilização do EPI;
d) expor as vantagens do PCA para os funcionários e para a empresa.
A forma de abordagem nesses treinamentos dependerá do porte da empresa e das características do
processo de produção. Algumas opções são:
a) aproveitar o exame periódico para abordar o funcionário;
b) encontros rápidos e regulares nos próprios setores;
c) utilização de cartazes, filmes e teatros;
d) competição entre linhas de produção ou setores.
Como visto, o primeiro procedimento de eliminação de risco é focar no ambiente. Após comprovada
a ineficiência dessa atuação, parte-se para a utilização de outros métodos, como a utilização dos EPIs. Os
equipamentos de proteção deverão possuir algumas características, como atenuação, conforto, compa-
tibilidade, higiene e custo, e os mais utilizados são: o modelo dos abafadores conhecidos como protetor
concha e o modelo de inserção conhecido como plugs.
Patricia Marcilio (2018)

Figura 22 -  Protetor auricular tipo inserção e tipo abafador


Fonte: 3M do Brasil (2018)
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
84

Na imagem anterior, você pôde verificar que o protetor tipo inserção é pequeno e com formato ajustá-
vel ao tamanho do conduto auditivo. O protetor tipo abafador possui um formato de concha, ocasionando
o abafamento do nível de ruído. Este modelo não possui tamanho para o conduto auditivo, mas apresenta
uma regulagem para ajuste na cabeça.
Antes de fazer a implantação do protetor auricular, é preciso conhecer o nível de ruído do ambiente,
para saber a atenuação necessária para aquele ambiente de trabalho. Fazendo isso, o coordenador do PCA,
ou profissional responsável pela implantação do EPI, irá escolher qual é a melhor proteção para o trabalha-
dor. Confira, no quadro, a seguir, as vantagens e desvantagens do modelo abafador.

MODELO ABAFADOR
VANTAGENS DESVANTAGENS
a) colocação rápida; a) desconforto em áreas quentes;
b) atenuação uniforme nas duas conchas; b) dificuldade em carregar e guardar;
c) partes substituíveis; c) pode interferir no uso de outros EPIs;
d) modelos variados; d) pode restringir movimentos da cabeça;
e) maior taxa de redução de ruído; e) tamanho único;
g) não é recomendado o seu uso com cabelos compridos soltos,
f) ótima vedação;
barba, óculos etc.
g) maior conforto ao trabalhado, pois possui pontos de inclinação;
e) higiênicos.
Quadro 4 - Vantagens e desvantagens do modelo abafador
Fonte: SENAI (2018)

Em relação ao tamanho único do EPI, poderia ser interpretado como uma vantagem, com a visão de
gestão do equipamento. Porém, em se tratando de um EPI, deve-se considerar que o funcionário se sinta
confortável com o uso do mesmo. No entanto, as pessoas possuem orelhas e crânios de tamanhos e for-
mas diferentes, o que, em alguns casos, pode se tornar um desconforto para o funcionário, bem como, em
outros, não atenuar o ruído de forma satisfatória.
Acompanhe, no quadro, a seguir, as vantagens e desvantagens do modelo de inserção.

MODELO DE INSERÇÃO
VANTAGENS DESVANTAGENS

a) utilizado por pessoas de cabelos compridos, barba, com cicatriz etc.; a) menor atenuação do nível de ruído;

b) necessidade de treinamento específico para colocação


b) compatível com outros equipamentos;
adequada;
c) pequenos e facilmente transportados e guardados; c) bons níveis de atenuação dependem da boa colocação;
d) menos higiênicos, podendo contribuir para evolução de
d) boa adaptação a ambientes com calor e umidade excessiva;
alguma enfermidade no ouvido;
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
85

MODELO DE INSERÇÃO

VANTAGENS DESVANTAGENS

e) não restringe movimentos em áreas muito pequenas. e) só pode ser utilizado em canais auditivos saudáveis;

f) fáceis de perder;

g) pode acabar sendo recomendado para usuários com


canais auditivos mais largos.
Quadro 5 - Vantagens e desvantagens do modelo de inserção
Fonte: SENAI (2018)

Fica visível a importância das etapas de verificação, avaliação, levantamento, investigação, entre outras
atitudes de gestão para identificar, atenuar ou eliminar o risco do ruído no ambiente de trabalho. O PCA
é o resultado das avaliações quantitativas de ruído, das avaliações audiométricas e da eficácia das modifi-
cações aplicadas no ambiente de trabalho. Lógico que, para que estas etapas do PCA sejam efetivadas, é
preciso a realização de várias ações e o envolvimento de todos os respectivos profissionais.
Desta forma, é de suma importância para o sucesso do programa que haja a integração dos profissio-
nais envolvidos e a aplicação da filosofia de melhoria contínua com auditorias e relatórios dos resultados
atingidos pelas equipes. Somente assim, é possível avaliar a dimensão de atuação do PCA, bem como seus
resultados e consequências no processo e satisfação dos funcionários.
Você acabou de conhecer mais um programa de grande importância para evitar doenças ocupacionais,
que enriquece o PCMSO e incentiva as características preventivas previstas na NR 07. Igualmente relevante
é o PPR, que você estudará na sequência.

3.5 PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA (PPR)

O programa de proteção respiratória tem como objetivo gerenciar os riscos à saúde respiratória dos
trabalhadores expostos à poeira, vapores orgânicos, fumos metálicos, névoas.
A empresa que optar por implantar o PPR, demonstra a preocupação em manter a integridade física e
moral do trabalhador, pois é através deste programa que são definidos os tipos de respiradores que serão
utilizados pelos trabalhadores, o tempo de uso de cada respirador, o modo de guarda e higienização dos
respiradores, os tipos de treinamentos sobre proteção respiratória que os trabalhadores devem receber,
dentre outros fatores.
A Instrução Normativa – IN n.º 1, de 11 de abril de 1994, do Ministério do Trabalho instituiu o Programa
de Proteção Respiratória. Segundo Brasil (2016a), o objetivo desta IN é auxiliar os profissionais responsáveis
pela elaboração, implementação e administração de um programa que abrange a seleção, a utilização e
a manutenção corretas dos equipamentos de proteção respiratória. Portanto, o PPR, assim como o PCA, é
um programa que deve caminhar alinhado ao PCMSO e ao PPRA. Estes programas de saúde e segurança
devem garantir que o trabalhador não realize suas atividades em locais onde as concentrações de agentes
de risco possam lhe causar algum dano à saúde e que, se estas concentrações estiverem acima dos limites
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
86

de tolerância, as medidas de controle de riscos sejam eficientes e controladas. O PCMSO, o PPRA, o PCA e o
PPR são programas que administram os riscos ambientais presentes no ambiente de trabalho, sendo que
todos eles devem relacionar os mesmos riscos para as mesmas atividades laborais.
Para que o PPR seja efetivo, é preciso que a empresa defina um coordenador para ele, pois o coordena-
dor irá gerenciar todas as ações que envolvem este programa de saúde e segurança. É muito importante
fazer uma análise criteriosa dos produtos contaminantes com os quais o trabalhador está manipulando,
conhecer os limites de tolerância e analisar a concentração do contaminante presente no ambiente antes
de implantar um respirador para ser utilizado.

iStock ([20--?])

Figura 23 -  Presença de poeira na execução da atividade laboral

Por meio da imagem apresentada é possível perceber a importância de fazer uma boa análise da expo-
sição do trabalhador, do tipo de contaminante presente no ambiente, dos possíveis danos à saúde e qual é
a melhor proteção deste trabalhador ao risco.
Por se tratar de um programa de proteção, deve-se buscar a segurança e o bem-estar do trabalhador.
E, quando isso não for alcançado com as medidas ambientais (gerais) de controle, como exaustão de ar,
ventilação, enclausuramento, entre outras, deverão ser disponibilizados ao funcionário Equipamentos de
Proteção Individual adequados à sua respectiva atividade.
Segundo o PPR da Fundacentro (BRASIL, 2016a), o empregador deve atribuir a uma só pessoa a respon-
sabilidade e a autoridade pelo programa. Esta pessoa deve ser qualificada ou possuir experiência compa-
tível com a complexidade do PPR para implementar e administrar de modo apropriado o programa, bem
como conhecer e estar atualizada no que se refere às publicações e aos regulamentos legais vigentes. É
recomendável que profissional seja um Higienista Ocupacional, alguém da Medicina do Trabalho ou da
Engenharia de Segurança da própria empresa. O coordenador do PPR poderá indicar pessoas competentes
para auxiliá-lo na implantação e na execução de algumas tarefas do programa. Essas pessoas devem ter
experiência e treinamentos apropriados para exercer suas funções no PPR de maneira efetiva e se mante-
rem atualizadas.
De acordo com o artigo 1° da Instrução Normativa N.º 1, de 11 de abril de 1994, o empregador, deverá,
depois de esgotadas as possibilidades de proteção coletiva, proporcionar ao empregado o Equipamento
de Proteção Respiratória – EPR adequado ao risco. Veja o que diz o Art. 1º desta IN:
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
87

O empregador deverá adotar um conjunto de medidas com a finalidade de adequar


a utilização dos equipamentos de proteção respiratória-EPR, quando necessário para
complementar as medidas de proteção coletiva implementadas, ou enquanto as mes-
mas estiverem sendo implantadas com a finalidade de garantir uma completa proteção
ao trabalhador contra os riscos existentes nos ambientes de trabalho. (BRASIL, 1994).

É grande a responsabilidade do empregador com relação à saúde do trabalhador. Note que, para pro-
teção respiratória, a análise das condições de trabalho, das concentrações de contaminante presentes no
ambiente, da verificação destas concentrações em relação aos limites de tolerância não é diferente dos
demais agentes de riscos.
Ainda, sobre o artigo 1º da IN n.º 1, de 11 de abril de 1994:

§ 1º. As medidas previstas neste artigo deverão observar os seguintes princípios:


I. O estabelecimento de procedimentos escritos abordando, no mínimo:
a. os critérios para a seleção dos equipamentos;
b. o uso adequado dos mesmos levando em conta o tipo de atividade e as característi-
cas individuais do trabalhador;
c. a orientação ao trabalhador para deixar a área de risco por motivos relacionados ao
equipamento;
II. A indicação do equipamento de acordo com os riscos aos quais o trabalhador está
exposto;
III. A instrução e o treinamento do usuário sobre o uso e as limitações do EPR;
IV. O uso individual dos equipamentos, salvo em situações específicas, de acordo com a
finalidade dos mesmos;
V. A guarda, a conservação e a higienização adequada;
VI. O monitoramento apropriado e periódico das áreas de trabalho e dos riscos ambien-
tais a que estão expostos os trabalhadores;
VII. O fornecimento somente a pessoas fisicamente capacitadas a realizar suas tarefas
utilizando os equipamentos;
VIII. O uso somente de respiradores aprovados e indicados para as condições em que os
mesmos forem utilizados;
IX. A adoção da proteção respiratória individual, após a avaliação prévia dos seguintes
parâmetros:
a. características físicas do ambiente de trabalho;
b. necessidade de utilização de outros EPI;
c. demandas físicas específicas das atividades de que o usuário está encarregado;
d. tempo de uso em relação à jornada de trabalho;
e. características de atmosfera imediatamente perigosas à vida ou à saúde.
X. A realização de exame médico no candidato ao uso do EPR, quando por recomendação
médica, levando em conta, dentre outras, as disposições do inciso anterior, sem prejuízo
dos exames previstos na NR 07. (BRASIL, 1994).
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
88

Observe que, antes de a empresa fornecer um respirador a um trabalhador exposto a contaminantes


por meio da inalação, é preciso que este receba as orientações de uso, guarda e higienização do seu EPI,
que deve ser adequado ao rosto do trabalhador.

Você precisa estar alerta a todas as orientações quanto à administração do PPR contidas
FIQUE no livro “Programa de Proteção Respiratória”, da Fundacentro, e aos princípios das
ALERTA medidas preventivas para proteção respiratória contidas na Instrução Normativa no 1,
do Ministério do Trabalho.

Antes de dar início à implantação do PPR, é preciso que se estabeleça um coordenador para este
programa, que sejam analisadas as exigências descritas na IN n.º 1, de 11 de abril de 1994, e no PPR, da
Fundacentro, para depois partir para as análises de campo.
Se há a necessidade de implantar o PPR em uma empresa, é porque há presença de agentes de risco no
ambiente de trabalho. Neste caso, uma das formas de proteger o trabalhador é fornecendo o EPI adequado
ao risco a que ele está exposto.
Todo EPI entregue para o trabalhador deve estar documento e registrado no PPR. O registro de EPI deve
ser feito de acordo com a função do trabalhador. Os testes de ensaio de vedação, os treinamentos, as ava-
liações quantitativas de contaminantes etc. também devem fazer parte dos registros do PPR.
Não se pode esquecer de que devem haver exames médicos para verificar a saúde do trabalhador
e as condições de trabalho a que ele estará exposto antes de iniciar qualquer atividade em ambiente
contaminado.
O trabalhador deve receber a máscara de proteção respiratória de acordo com a atividade que está reali-
zando e que o expõe a um determinado contaminante. Por exemplo, não adianta fornecer uma máscara de
proteção respiratória contra poeira para o trabalhador que está exposto a vapores orgânicos provenientes
do processo de pintura.
iStock ([20--?])
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
89

Veja, a seguir, qual é a responsabilidade do empregador com relação à proteção respiratória:


a) fornecer o respirador adequado sempre que a atividade requerer;
b) estabelecer e manter um Programa de Proteção Respiratória – PPR;
c) treinar o trabalhador para o uso do equipamento e em casos de situações de emergência;
d) permitir a saída imediata do empregado, do local de risco, caso seja observado qualquer irregulari-
dade com o equipamento de respiração;
e) investigar a causa, caso ocorra, do mau funcionamento do EPR. Comunicar o fato ao setor de segu-
rança e medicina do trabalho da empresa e, se necessário, também verificar o motivo do mau fun-
cionamento do EPR com o fabricante.
As responsabilidades do trabalhador são:
a) utilizar o EPR de acordo com instruções repassadas em treinamento e as recomendações do fabri-
cante do EPR;
b) guardar e higienizar corretamente o equipamento;
c) sair da área de risco caso o equipamento apresente algum problema;
d) comunicar ao responsável qualquer alteração em relação à sua saúde;
e) não apresentar pelos faciais que interfiram na vedação.
Segundo o PPR da Fundacentro, o texto do PPR deve conter, no mínimo os seguintes elementos:

a) política da empresa na área de proteção respiratória;


b) abrangência;
c) indicação do administrador do programa;
d) regras e responsabilidades dos principais atores envolvidos;
e) avaliação dos riscos respiratórios;
f ) seleção do respirador;
g) avaliação das condições físicas, psicológicas e médicas dos usuários;
h) treinamento;
i) ensaio de vedação;
j) uso do respirador e política da barba;
k) manutenção, inspeção, limpeza e higienização dos respiradores;
l) guarda e estocagem;
m) uso de respirador para fuga, emergências e resgates;
n) qualidade do ar/gás respirável;
o) revisão do programa;
p) arquivamento de registros. (BRASIL, 2016a).
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
90

O estabelecimento de um programa de proteção respiratória não é tão simples. Veja como é importante
o estabelecimento de ações de emergência, o arquivamento de registros, a verificação da saúde do traba-
lhador, dentre outros fatores.
O coordenador do programa é o responsável pela administração do PPR e que tem autoridade sobre
ele. Neste caso, pode ser um profissional do SESMT ou um gestor da empresa, caso seja empresa de peque-
no porte. Além disso, deve ter conhecimentos de proteção respiratória e da legislação trabalhista.
É de responsabilidade do coordenador do PPR identificar os riscos respiratórios presentes no ambiente
de trabalho, selecionar os equipamentos adequados ao risco, realizar manutenção de registros e procedi-
mentos atualizados e realizar a auditoria anual do PPR.
Há uma grande variedade de atividades que utilizam em seu procedimento a proteção respiratória, o
que torna impossível o uso de um único tipo de equipamento. Então, foram desenvolvidos, para suprir as
inúmeras demandas, vários modelos de equipamentos de proteção respiratória. Os EPR são divididos em
dois grupos principais, os quais dependem diretamente do ar atmosférico e os que não dependem do
efeito do ar atmosférico ambiental.
A seleção do tipo de respirador deve ser feita, considerando os aspectos descritos a seguir.
a) A natureza da operação ou perigo do processo.
b) O tipo de risco respiratório (incluindo as propriedades físicas, deficiência de oxigênio, efeitos fisi-
ológicos sobre o organismo, concentração do material tóxico, ou nível de radioatividade, limites de
exposição estabelecidos para os materiais tóxicos, concentração permitida para o aerossol radio-
ativo, e a concentração IPVS – Imediatamente Perigoso a Vida e à Saúde, estabelecida para o material
tóxico).
c) A localização da área de risco em relação à área mais próxima que possui ar respirável.
d) O tempo durante o qual o respirador deve ser utilizado.
e) As atividades que os trabalhadores desenvolvem na área de risco.
f ) As características e as limitações dos vários tipos de respiradores.
g) O Fator de Proteção Atribuído para os diversos tipos de respirador, conforme o quadro a seguir.

TIPO DE TIPO DE COBERTURA DAS VIAS RESPIRATÓRIAS


RESPIRADOR PEÇA SEMIFACIAL (1) PEÇA FACIAL INTEIRA

Purificador de ar 10 100

De aduação de ar:
10 100
- Máscara autônoma (2)

- Linha de ar comprimido 10 100


3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
91

TIPO DE COBERTURA DAS VIAS RESPIRATÓRIAS


TIPO DE
RESPIRADOR PEÇA FACIAL SEM VEDAÇÃO
PEÇA SEMIFACIAL CAPUZ CAPACETE
INTEIRA FACIAL
Purificador de ar motorizado 50 1000 (3) 1000 25
De adução de ar: linha de ar comprimido
50 1000 - -
- De demanda com pressão positiva
- Fluxo contínuo 50 1000 1000 25
Máscara autônoma (Circuito aberto ou fechado
- (4) - -
- De demanda com pressão positiva
Quadro 6 - Fatores de proteção atribuídos ao tipo de respirador
Fonte: Brasil (1994)

NOTAS:
1 - Inclui a peça quarto facial, a peça semifacial filtrante e as peças semifaciais de elastómeros. 2 - A máscara autônoma de
demanda não deve ser usada para situações de emergência como incêndios. 3 - Os fatores de proteção apresentados são de
respiradores com filtros P3 ou sorbentes (cartuchos, químicos pequenos ou grandes). Com filtros classe P2, deve-se usar Fator de
Proteção atribuindo 100 devido às limitações do filtro. 4 - Em situações de emergência, onde as concentrações dos contaminan-
tes possam ser estimadas, deve-se usar um fator de proteção atribuído não maior que 10.000. 5 - O fator de proteção atribuído,
não é aplicável para respiradores de fuga.

Segundo Brasil (2016a), o Fator de Proteção Atribuído – FPA é o nível mínimo de proteção respiratória
que se espera alcançar no local de trabalho para uma porcentagem especificada de usuários treinados,
proporcionado por um respirador apropriado (ou classe de respirador apropriado) em bom estado e ajus-
tado corretamente no rosto, usado durante todo o tempo que o usuário permanece na área contaminada.
Por exemplo, uma peça semifacial purificadora de ar possui FPA 10, isto quer dizer que este respirador
protege até 10 vezes a concentração de contaminante no ambiente em relação ao seu limite de exposição.
O equipamento de proteção respiratória por si só não protege o trabalhador do contaminante, é preciso
que este EPR possua um filtro, que, como o próprio nome sugere, é a parte do equipamento de proteção
respiratória que retém as partículas contaminadas do ar inspirado, porém não fornece oxigênio ao usuário.
iStock ([20--?])

Figura 24 -  Peça semifacial purificadora de ar


Fonte: 3M do Brasil (2018)
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
92

Existem diferentes tipos de filtros, cada um destinado a reter as partículas de acordo com o tipo de
contaminante. É fundamental que a escolha do filtro seja adequada às partículas de contaminante que
estão presentes no ambiente. Onde há deficiência de oxigênio ou IPVS, o EPR é diferenciado e dependerá
da avaliação do ambiente e posterior definição do equipamento necessário.
O uso de respiradores tem algumas observações a serem seguidas, em caso de trabalhos realizados em
ambiente Imediatamente Perigoso à Vida e à Saúde (IPVS). Acompanhe.
a) Onde há concentração de gases ou suspeita de concentração gases asfixiantes.
b) Espaço confinado com teor de oxigênio menor que 20,9% em volume, que é considerado teor nor-
mal acima disso.
c) Qualquer local com teor de oxigênio menor que 12,5% ao nível do mar.
d) Com pressão atmosférica do local menor que 450 mmhg (equivalente a 4240 m de altitude), ou
qualquer combinação de redução na porcentagem de oxigênio e pressão reduzida que leve a uma
pressão parcial de oxigênio menor que 95 mmHg.
Nestes ambientes, é necessário o uso de respiradores de adução de ar23, muitas vezes com cilindro au-
xiliar de oxigênio. Para se utilizar qualquer EPR com segurança, é essencial que o usuário tenha sido instru-
ído corretamente sobre o tipo de equipamento (de acordo com a atividade a ser realizada) e sua devida
manutenção.
O treinamento visa garantir a manipulação e o uso correto de equipamentos de proteção respiratória.
As instruções deverão ser repassadas por um instrutor qualificado, de acordo com a legislação. Esse treina-
mento deverá ser repassado ao supervisor, aos usuários do EPR, ao responsável pela distribuição dos EPRs
e às equipes de emergência e salvamento.
Lembre-se de que todos os profissionais treinados deverão passar por reciclagem periódica, de con-
teúdos técnicos teóricos e práticos, a cada 12 meses. Para cada um desses funcionários participantes do
treinamento deverá ser mantido um registro contendo qual foi o assunto abordado, a data e o instrutor
responsável.
Mas, você sabe o que um treinamento básico deve incluir? Confira a seguir.
a) Instrução sobre o tipo de contaminante e o uso de EPR adequado, bem como as consequências da
não utilização do equipamento.
b) As limitações dos equipamentos.
c) Instruções sobre inspeção e colocação dos respiradores.
d) Treinamento específico de reconhecimento e ação em situações de emergência.
e) Uso e monitoramento do uso de respiradores.
f ) Manutenção e guarda dos respiradores.
g) Verificação e ensaio de vedação.

23
Fornece ar respirável ao usuário proveniente de uma fonte independente da atmosfera ambiente, seja transportada pelo próprio
usuário ou de uma fonte estacionária.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
93

Talvez você esteja se perguntando o que é o ensaio de vedação. O PPR, da Fundacentro (BRASIL, 2016a),
especifica que “[...] a verificação de vedação não substitui os ensaios de vedação qualitativos ou quantitati-
vos realizados com a finalidade de avaliar a vedação de um respirador específico em um dado indivíduo. ”
Alguma vez você já fez uso de uma máscara de proteção respiratória? Se sim, deve ter percebido que
as máscaras descartáveis ou sem manutenção não se ajustam perfeitamente ao rosto e precisam ser ajus-
tadas manualmente. Este é o ajuste qualitativo. Porém, existe um ensaio de vedação quantitativo que um
profissional designado pelo coordenador do PPR da empresa deve realizar sempre que um trabalhador
faça uso de um EPR. Acompanhe o que diz o PPR da Fundacentro sobre a verificação da vedação do EPR ao
rosto do trabalhador.

Toda vez que o usuário colocar o respirador antes de entrar na área de risco ou reajustá-
lo quando já estiver no local, deve “verificar a vedação” para garantir que o respirador
esteja ajustado corretamente na face. São recomendados os testes de pressão negativa
e o de pressão positiva, descritos nos itens abaixo. Pode-se, também, utilizar o procedi-
mento indicado pelo fabricante do respirador, desde que alcance os mesmos resultados.
Durante a fase de treinamento, os usuários devem ficar familiarizados com o procedi-
mento adotado. O usuário não deve entrar na área contaminada com respirador que
não tenha sido aprovado na verificação de vedação e deve sair imediatamente desta
área, caso não obtenha resultado satisfatório na verificação de vedação realizada após o
reajuste do respirador no próprio local de trabalho. (BRASIL, 2016a).

A vedação do EPR ao rosto do trabalhador é o que garante que a proteção seja efetiva. Se houver falhas
na vedação, haverá falha na proteção da saúde do trabalhador. Antes que a empresa forneça um respirador
para contaminantes por meio da inalação, é preciso que o trabalhador receba orientações de uso, guarda e
higienização do seu EPI e que este seja adequado ao rosto do usuário. Todos estes procedimentos são indi-
viduais, sendo que cada trabalhador deve receber o EPI adequado ao risco a que ele está exposto. Portanto,
deve haver um documento-base e um cronograma de ações para o PPR, em que estarão registrados os EPIs
para cada função, os testes de ensaio de vedação, os treinamentos etc.
A proteção respiratória é muito importante. Fique sempre atento às alterações em processos de traba-
lho, a mudanças nos produtos químicos no processo, à forma de uso dos EPR, à maneira como o trabalha-
dor guarda o EPR e se a empresa está ciente dos riscos respiratórios presentes no ambiente de trabalho.

3.6 GESTÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

Muito já se ouviu sobre a poluição do planeta, a falta de água, a reciclagem de resíduos, não é mesmo?
Mas, você já percebeu como é feita a gestão de impactos ambientais? Como os danos causados pelo ho-
mem ao meio ambiente é administrado pelas nações?
A gestão ambiental instituída nas empresas tem por finalidade, de forma qualitativa e quantitativa, le-
vantar, identificar, monitorar alterações provenientes da atividade produtiva realizada, de modo a proteger
o meio ambiente em geral.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
94

Quando se refere ao meio ambiente, chega-se ao resultado de que é tudo o que está em volta das pes-
soas, seja vivo ou não.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, celebrada em Estocolmo, em 1972, procla-
mou que:

O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca, o qual
lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual,
moral, social e espiritualmente. Em larga e tortuosa evolução da raça humana neste
planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida aceleração da ciência e da tec-
nologia, o homem adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras e em uma
escala sem precedentes, tudo que o cerca. Os dois aspectos do meio ambiente humano,
o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do homem e para o gozo dos di-
reitos humanos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma. (ONUBR, 2017).

Pode-se observar que o meio ambiente interage e interfere em nossas atitudes e vice-versa. Qualquer
trabalho que o homem realize, o ambiente e ele próprio sofrerão consequências. Atividades que utilizem,
por exemplo, algum produto químico, poderão causar impacto ao meio ambiente e ao funcionário, caso
não existam medidas preventivas ou protetivas para ambos.
Ter consciência de que as indústrias geram resíduos ao meio ambiente, que geram poluição atmosférica
e que precisam ser responsáveis é fundamental na gestão dos impactos ambientais.
iStock ([20--?])

Figura 25 -  Rio contaminado com componentes de ferro

As áreas de meio ambiente e segurança do trabalho não podem ser pensadas de forma separada, pois
ambas precisam cuidar da gestão de resíduos, das informações aos trabalhadores sobre a nocividade dos
resíduos gerados, das avaliações quantitativas de contaminantes que saem das chaminés, dos processos
de exaustão para o ambiente, do transporte de produtos perigosos.
Após alguns desastres históricos, como o de Bhopal, em 1984, ou da empresa Piper Alpha em 1988, a
sociedade industrial direcionou sua atenção para algumas problemáticas advindas dos processos produti-
vos, como a degradação ambiental e a segurança do trabalho.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
95

Segundo Greenpeace24 (2003), no dia do encontro dos líderes empresariais e governamentais em Davos
na Suíça, para a reunião do Fórum Econômico Mundial em 2003, trinta ativistas do Greenpeace entregaram
na sede europeia da transnacional Dow Química, em Horgen na Suíça, dezoito barris de lixo industrial tóxico
coletados em Bhopal, Índia. Ao mesmo tempo em que o lixo químico era devolvido, os ativistas ergueram
bandeiras com a mensagem constrangedora para a gigante química parar de envenenar os habitantes de
Bhopal e a limpar a sujeira abandonada naquela cidade. De acordo com o Greenpeace, o comportamento
da Dow, dizendo-se em busca de como criar confiança dentro do Fórum Econômico Mundial, ao mesmo
tempo em que é cúmplice pela morte de milhares de vizinhos da maior tragédia industrial mundial é, no
mínimo, doentio. Os 300 kg de lixo tóxico entregues neste dia à Dow são somente uma fração das centenas
de toneladas abandonadas na planta industrial da empresa em Bhopal desde 1984. A Dow comprou a
Union Carbide, em 2001, quando inundou a cidade com um coquetel de gases tóxicos provenientes de
uma explosão que matou 8 mil pessoas nos três primeiros dias e afetou outras 500 mil. Os filhos de sobre-
viventes da tragédia nasceram com problemas de saúde e cerca de 150 mil pessoas precisaram de atenção
médica constante.
A partir do exemplo do desastre na Índia, você pôde analisar como é grande a responsabilidade das
indústrias com o meio ambiente, como as consequências da poluição atingem os seres humanos por vários
anos, às vezes, impossibilitando a sobrevivência nos locais afetados.
Com as experiências aprendidas dolorosamente, após esses e entre outros desastres, as indústrias co-
meçaram a entender a necessidade de implantar normas que possibilitassem a gestão do meio ambiente,
a segurança de seus trabalhadores e a qualidade de seu processo e produtos.
Atualmente, as empresas implantam instrumentos de gerenciamento, buscando conjuntamente a pro-
teção ambiental, a qualidade, a segurança e a saúde ocupacional do trabalhador, pois visam a um comércio
internacional. E, em virtude disso, fica visível o grande número de empresas que implanta esses sistemas
para a conquista de um perfil mais competidor no mercado atual.
A Lei 6938/81 (BRASIL, 1981), que trata da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, definiu meio
ambiente como “[...] o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e bio-
lógica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.” Esta política objetiva a preservação, a
melhoria e a recuperação da qualidade do meio ambiente, propiciando a vida e assegurando as condições
ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da
vida humana.
Veja como a gestão dos impactos é fundamental para garantir a saúde da população, o desenvolvimen-
to econômico e a sustentabilidade.
Define-se poluição ambiental como qualquer tipo de degradação ou interferência no meio ambiente
que tenha como resultado a alteração nas características químicas, físicas ou biológicas, prejudicando, di-
reta ou indiretamente, os seres vivos de modo a causar distúrbios à sua saúde, podendo levá-los à morte.

Grupo de ativistas que surgiu nos Estados Unidos em 1971 para protestar contra os testes nucleares dos EUA na costa do Alasca e
24

que hoje possui representantes em mais de 50 países onde trabalham e lutam de forma ativa e pacifista.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
96

De acordo com a Lei 6.938/81, art. 3°:

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta


ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, dire-
ta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. (BRASIL,1981).

Alguns tipos de degradação e interferências identificadas no dia a dia são: poluição sonora, atmosférica,
visual, da água, do solo. Conheça, a seguir, as causas de cada um desses tipos de poluição.
a) Poluição sonora
É qualquer som que se encontre acima dos limites estabelecidos pela legislação, ou mesmo que
provoque desconforto, prejudicando a saúde humana. Esse ruído excessivo é causado principalmente nas
casas (pelos eletrodomésticos), nas cidades (pelos carros) e nas indústrias (pelo maquinário). Dessa forma,
pode-se perceber que o ser humano encontra-se em contato direto com o risco da poluição sonora duran-
te todo o seu dia.
iStock ([20--?])

Figura 26 -  Exaustor industrial – fonte gerador de ruído intenso

Segundo a Associação Brasileira para Qualidade Acústica, dados mais recentes da Organização Mundial
da Saúde estimam que 10% da população mundial está exposta a níveis de pressão sonora que podem
potencialmente causar perda auditiva induzida por ruído. Em aproximadamente metade destas pessoas, o
prejuízo auditivo pode ser atribuído ao ruído intenso (PRÓ ACÚSTICA, 2018).
A poluição sonora pode ter como fonte geradora ruídos provenientes de processos industriais, equipa-
mentos eletrônicos, alguns tipos de fogos de artifício, dentre outras.
Quando não há alternativa de eliminar o ruído na fonte, uma das possibilidades é diminuir a exposição
à poluição sonora.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
97

b) Poluição atmosférica
É aquela causada por substâncias encontradas na atmosfera cujas concentrações possam causar danos
à saúde da população e ao meio ambiente.
Segundo a Resolução 03/90 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA:

Parágrafo Único - Entende-se como poluente atmosférico qualquer forma de matéria ou


energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em
desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar:
I - impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;
II - inconveniente ao bem-estar público;
III - danoso aos materiais, à fauna e flora;
IV - prejudicial à segurança ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da
comunidade. (BRASIL, 1990b).

Em virtude do relevo, correntes naturais de ar, clima, período de chuva ou estiagem, entre outros fatores,
também materiais particulados, como fuligem, poeira ou gases do tipo dióxido de carbono, monóxido de
carbono, dióxido de enxofre, circulam de um lugar para outro, podendo contaminar diferentes ambientes
e pessoas. Esses contaminantes podem causar vários problemas de saúde, tais como problemas de pele,
problemas pulmonares, entre outros.
iStock ([20--?])

A emissão de poluentes para a atmosfera deve observar os limites de concentração de contaminantes


permitidos pela legislação nacional e internacional. Por este motivo, as empresas devem realizar análises
quantitativas dos contaminantes que lançam pelas chaminés de suas fábricas. A área de segurança do
trabalho pode auxiliar na avaliação dos produtos químicos utilizados nos processos fabris, verificando a
nocividade deles em relação à saúde do trabalhador. Se houver exaustão ou processo de queima de pro-
duto químico no processo com a liberação de vapores, gases ou fumaça para o meio ambiente, é preciso
verificar se as concentrações dos poluentes estão de acordo com o que é estabelecido por lei.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
98

c) Poluição visual
Embora, em princípio, se tenha a impressão de não causar algum dano, a poluição visual pode ocorrer
em todos os lugares, seja nas cidades, em outdoors, cartazes, e diversos outros meios de comunicação
ou mesmo nas indústrias, por meio de sinalizações e informações ao trabalhador, em que o uso exagera-
do destes recursos causa desconforto, estresse e, até mesmo, acidentes com a confusão e quantidade de
informações.
d) Poluição da água
O homem, por sua própria evolução, sempre procurou locais próximos a rios ou mares para se estabe-
lecer e acabou comprometendo a qualidade das águas, ao lançar no meio os resíduos produzidos em seu
cotidiano.
A água é utilizada pelo homem para suprir as necessidades do corpo humano, para a geração de ener-
gia, para os processos industrias, para o abastecimento das residências, dentre outras. Muitas doenças po-
dem ser adquiridas por meio da água contaminada, seja por agentes biológicos ou por agentes químicos.

iStock ([20--?])

Com certeza, você já deve ter ouvido falar que alguns locais no Brasil sofrem pela falta de água, que há
rios contaminados por dejetos industriais ou pelo esgoto residencial, não é verdade?
Muitos processos industriais fazem uso abundante de água e nem sempre devolvem esta água limpa ao
meio ambiente. É preciso estar atento ao desperdício de água, bem como à contaminação e à devolução
dela para o rio sem o devido tratamento.
e) Poluição do solo
É causada pela deposição de qualquer contaminante ou resíduo no ambiente, resultando em alterações
nas características físicas, químicas e biológicas. Os resíduos sólidos urbanos e industriais são responsáveis
por grande parte da contaminação do solo, uma vez que, por serem dispostos inadequadamente, contri-
buem para afetar a vida do ser humano.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
99

iStock ([20--?])
Atuar na prevenção da poluição é prevenir danos à segurança e à saúde dos trabalhadores. Uma vez que
ocorra a substituição de uma substância mais nociva do processo produtivo por outra menos agressiva,
como a redução de emissões atmosféricas, a minimização da geração de resíduos no processo, entre ou-
tras, são atitudes que beneficiam a saúde do colaborador. Dessa forma, a empresa também é beneficiada
com:
a) redução de custos no processo;
b) cumprimento da legislação;
c) melhoria na imagem da empresa;
d) melhoria na segurança dos trabalhadores;
e) postura mais competitiva no mercado local e internacional.
Para implantação de um programa de prevenção à poluição, os aspectos e impactos ambientais produ-
zidos pela empresa deverão ser mapeados.
O levantamento, a avaliação e o monitoramento dos aspectos ambientais gerados pelas atividades de
uma empresa são ferramentas que ajudam a mitigar25 os impactos ambientais futuros de um acidente.
Acompanhe o que FIESP e CIESP observam a respeito da ISO 14001/15 - Sistemas da gestão ambiental
– Requisitos com orientações para uso:

É uma norma internacional, pertencente à série de normas ISO 14000, que especifica
requisitos para implementação e operação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA)
nas organizações. [...]
Um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é uma estrutura desenvolvida para auxiliar as
organizações, independentemente de seu tipo ou porte, a planejar consistentemente
ações, prevenir e controlar impactos significativos sobre o meio ambiente, gerenciar
riscos e melhorar continuamente o desempenho ambiental e a produtividade. Além
destes aspectos, um SGA permite avaliar e monitorar a conformidade em relação ao
atendimento dos requisitos legais. (FIESP; CIESP, 2015).

Abrandar, amansar, diminuir; tornar menos penoso.


25
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
100

Ao implantar um sistema de Gestão Ambiental, a empresa mostra ao mundo como a ela se preocupa
com o meio ambiente e com a geração de poluentes. A implantação de um SGA não é um processo fácil,
mas buscar certificações é visto com bons olhos pelo cliente e pela população.
De acordo com o art. 1° da Resolução do CONAMA 01/86, impacto ambiental é considerado:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,


causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas
que, direta ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - à biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais. (BRASIL, 1986).

Para que seja possível uma gestão ambiental eficiente, devem ser levantados por meio de um inventá-
rio todos os aspectos e impactos ambientais, bem como suas interações com o meio, visando à melhoria
contínua do processo produtivo.
O processo de implantação e gestão de um sistema de monitoramento ambiental é uma atividade que
exige a participação de todos os setores e funcionários da empresa, mantendo uma dinâmica cíclica, ou
seja, as auditorias, verificações e responsabilidades deverão ser eficientes, eficazes e contínuas.
Após várias experiências com desastres ambientais e ocupacionais, as indústrias perceberam que es-
tavam aplicando uma ação corretiva ao invés de recorrerem a uma filosofia de antecipação ao evento,
ou seja, pôr em prática uma ação preventiva. Essas atitudes prevencionistas geraram o interesse por criar
métodos de prevenção à poluição.
Segundo FIESP/CIESP, a nova versão da ISO 14001 especifica:

[...] três compromissos básicos que devem estar contemplados na política ambiental da
organização: proteção ao meio ambiente, atendimento aos requisitos legais e outros
requisitos (compliance obligations26) e fortalecimento do seu desempenho ambiental.
(FIESP; CIESP, 2015).

Para elaborar uma planilha de aspectos e impactos ambientais, é preciso inicialmente conhecer o pro-
cesso de trabalho das organizações e identificar se, no seu andamento, ocorre interferência na ordem
natural dos eventos, ou seja, se está alterando ou impactando no meio ambiente ou nas condições de
sobrevivência das espécies que já existiam no local antes do processo de trabalho ser iniciado.

26
O termo compliance obligations substitui o termo “requisitos legais e outros requisitos subscritos pela organização”. Contempla as
obrigações legais e outros requisitos mandatórios que a empresa é obrigada a cumprir (por exemplo, leis, decretos, licenças, tratados,
convenções, protocolos etc.), e também os compromissos voluntários que a organização escolhe adotar.
3 PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
101

iStock ([20--?])
Depois de se conhecer todo o processo de trabalho, é necessário mapear os possíveis impactos que ele
gera ao meio ambiente.
Leia, a seguir, um exemplo de controle dos impactos ambientais em uma empresa.

CASOS E RELATOS

Impacto Ambiental
Uma indústria metalúrgica instalou uma nova planta em um local afastado da cidade e iniciou seu
processo de trabalho. Neste local, existiam dois riachos e a vida predominava em abundância com
muitas espécies de animais e vegetais. Cinco anos depois, ao se analisar essa região, constatou-se
que toda a vida fora extinta nesse local, inicialmente pelo desaparecimento de todos os animais
silvestres e depois pela destruição do próprio local.
Esta organização, preocupada com sua imagem, iniciou um trabalho de investigação das causas
dessa mudança radical dos recursos ambientais. Onde havia um riacho, agora existe um local in-
festado de água malcheirosa; onde haviam animais, a vegetação está morta e seca. Pergunta-se: o
que pode ter ocorrido?
Para resolver este assunto, a organização contratou uma empresa para realizar um levantamento
das condições ambientais em sua planta. A empresa contratada iniciou os trabalhos e levantou as
possíveis causas de contaminação que, nesse caso, já foram apontadas, como a degradação do
solo por metais pesados e, consequentemente, a contaminação dos lençóis freáticos.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
102

Encerram aqui seus estudos relacionados aos programas e procedimentos de saúde e segurança do
trabalho. A gestão de cada programa implantado pela empresa depende de cada trabalhador! Faça a sua
parte e bons estudos!

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você teve a oportunidade de conhecer os principais programas de saúde e


segurança e as normas que regulamentam cada um deles.
Pôde verificar que existem normas técnicas de referência que orientam a implantação dos
programas de saúde e segurança do trabalho e que determinam os procedimentos de saúde e
segurança que estão inclusos em cada um deles.
Estudou também que a gestão de cada programa é importante e que cada um deles é implementado
através de ações de saúde e segurança, cujos executores são definidos pelo coordenador do
programa em questão.
Conheceu também a gestão de impactos ambientais e a norma Isso, que rege o sistema de gestão
ambiental e como cada indústria pode contribuir para a redução na geração de resíduos.
Planejamento em Saúde e
Segurança do Trabalho

Neste capítulo, você conhecerá a definição do tema, a aplicação do planejamento, as ferra-


mentas de qualidade, bem como sua elaboração, avaliação e divulgação.
Você terá ainda a oportunidade de verificar a importância de um planejamento bem feito,
identificar as medidas propostas nos relatórios para realizar o planejamento de implantação
de ações específicas da área de Saúde e Segurança do Trabalho. Perceberá que os planos são a
base de sustentação de uma organização, porque relatam as informações necessárias, as ativi-
dades a serem realizadas, os caminhos a serem percorridos e quando cada atividade deverá ser
realizada, a fim de garantir a eficácia do sistema. Você também descobrirá como as ferramentas
da qualidade podem auxiliar na realização dos planos de uma organização, pois elas fornece-
rão subsídios para a sua atuação.
A partir de seus estudos, você deverá aprimorar um comportamento ético e aplicar os prin-
cípios de organização no desenvolvimento das atividades sob a sua responsabilidade, além de
ter a iniciativa como característica fundamental e requisito de um bom profissional.
Assim, ao final você terá subsídios para:
a) reconhecer legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ambiente laboral;
b) identificar os itens exigidos na legislação, normas e notas técnicas relacionados ao ramo
de atuação e ou atividade do local, para estabelecimento do plano de trabalho;
c) identificar as medidas propostas nos relatórios para realizar o planejamento de implan-
tação das mesmas;
d) contemplar, em seu plano de trabalho, novas situações de riscos não previstas inicial-
mente nos relatórios e avaliações;
e) reconhecer legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ramo de atuação e ou ativi-
dade do local a ser inspecionado;
f ) estimar recursos humanos, financeiros, físicos e materiais para execução das ações de
saúde e segurança do trabalho;
g) identificar os programas de treinamento estabelecido pela empresa;
h) monitorar a execução orçamentária prevista para ações de saúde e segurança do tra-
balho;
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
106

i) reconhecer a descrição técnica das medidas preventivas para embasar as especificações e ou


aquisições em conformidade com o orçamento disponibilizado para as ações de saúde e segurança
do trabalho;
j) correlacionar o custo benefício da implantação de novas tecnologias e métodos de trabalho aplica-
dos a gestão da saúde e segurança do trabalho;
k) identificar no planejamento estratégico as diretrizes relativas às ações de segurança do trabalho;
l) interpretar os dados do histórico, resultados de investigação de acidentes, incidentes e doenças ocu-
pacionais para definir as prioridades relacionadas às medidas preventivas e corretivas;
m) interpretar os dados dos relatórios de auditorias e documentos técnicos para definir as prioridades
relacionadas às medidas preventivas e corretivas;
n) identificar as principais causas de afastamento de trabalhadores;
o) correlacionar os itens exigidos na legislação, normas e notas técnicas ao ramo de atuação e ou ativi-
dade da empresa;
p) reconhecer novas tecnologias inerentes a prevenção da saúde e segurança do trabalho;
q) correlacionar os valores de novas aquisições com o orçamento disponível para ações de prevenção
da saúde e segurança do trabalho;
r) reconhecer os fluxos operacionais da empresa;
s) identificar momentos de parada na produção para implementação de medidas corretivas e ou pre-
ventivas;
t) identificar as medidas preventivas e corretivas estipuladas nos documentos de registro.
Seguindo com seus estudos, você irá desenvolver capacidades técnicas para elaborar, avaliar e divul-
gar planejamentos em saúde e segurança do trabalho a partir das ferramentas da qualidade aplicadas à
Segurança do Trabalho. Você conhecerá algumas das ferramentas de qualidade mais importantes aplica-
das nas empresas e perceberá que, com tais ferramentas, é possível trabalhar na resolução de problemas,
tanto na área de segurança e saúde no trabalho, como em áreas da produção e meio ambiente, pois fazem
parte de um conjunto de ações que, se aplicadas amplamente, podem trazer resultados significativos de
prevenção dentro de uma empresa.
Interessado para conhecer todos os conteúdos deste capítulo? Prossiga e verifique como é importante
saber um pouco mais desta área de conhecimento técnico.
Bons estudos!
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
107

4.1 DEFINIÇÃO

Em algum momento da sua vida, você já fez alguma coisa sem planejar? Uma viagem, um trabalho?
Seria ótimo se as pessoas conseguissem realizar as diferentes atividades cotidianas planejá-las. Para uma
viagem, por exemplo, é necessário um planejamento do tempo, do orçamento e das responsabilidades.
A partir de agora, você irá entender a importância do planejamento em toda sua vida e, especialmente,
em Saúde e Segurança do Trabalho.
A atividade do gestor em SST não se limita ao imediatismo, ao agora, e sim, a planejar e projetar futuras
ações. Nesse sentido, para administrar, é necessário planejar o amanhã com base em dados estratégicos e,
dessa forma, configurar um plano de trabalho. É preciso saber que decisão tomar e em que momento, pois
o presente e o futuro requerem que a organização esteja plenamente ciente e pronta para este momento.

O planejamento define o que a organização pretende fazer no futuro e como deverá fazê-
lo. Por essa razão, o planejamento é a primeira função administrativa, e que define os
objetivos para o futuro desempenho organizacional e decide sobre os recursos e tarefas
necessários para alcançá-los adequadamente. Graças ao planejamento, o administrador
se orienta pelos objetivos visados e das ações necessárias para alcançá-los, baseando-se
em algum método, plano ou lógica. (CHIAVENATO, 2005, p. 15).

Perceba que, em um primeiro momento, o planejamento consiste no conceito dos objetivos, ou seja,
o que se pretende atingir em um determinado prazo. Assim que os objetivos são definidos, uma série de
programas pode ser utilizada para buscar os objetivos de forma clara e consistente. Após esse processo, o
gestor deverá pensar em sua viabilidade e aprovação pela gestão estratégica.
iStock ([20--?])

Para Chiavenato (2005, p. 193), “[...] planejar significa olhar para frente, visualizar o futuro e o que deverá
ser feito, elaborar bons planos e ajudar as pessoas a fazer hoje as ações necessárias para melhor enfrentar
os desafios do amanhã [...] ”.
A área de saúde e segurança do trabalho muda constantemente e o planejamento das ações de melho-
rias devem ser muito bem elaboradas antes das ações serem executadas, pois muitas impactam na vida do
trabalhador.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
108

Por exemplo, quando há alteração da legislação sobre proteção de máquinas e equipamentos e a em-
presa precisa se adaptar a estas mudanças dentro de um prazo estipulado por lei, ela precisa de um pla-
nejamento para realizar estas melhorias, que impactarão no futuram na segurança do trabalhador. Ainda
segundo Chiavenato (2005), o planejamento apresenta as seguintes características:

a) É um processo permanente e contínuo, ou seja, a função de planejar é realizada a


todo momento na organização, sendo que é necessário estar planejando as ativi-
dades durante todo o processo empresarial;
b) É sempre voltado para o futuro, isto é, o planejamento visa antecipar as ações que
irão ocorrer em um momento futuro, pois as ações e atitudes que acontecem no pre-
sente não necessitam de planejamento, já que estão sendo feitas. Dessa maneira, o
planejamento só é eficaz se desencadear ações que irão acontecer em um momento
futuro, para assim, poder antecipar essas ações diminuindo os riscos de erro;
c) Se preocupa com a racionalidade da tomada de decisões – é o aspecto que torna
o planejamento uma ferramenta importante, visto que as atitudes e tomada de de-
cisões são feitas em meio racional, de porte das informações que a empresa possui,
sem se basear no empirismo27 ou em decisões emocionais;
d) Visa relacionar entre várias alternativas disponíveis, um determinado curso de ação,
em decorrência de suas consequências futuras e das possibilidades de interferência
em sua execução e realização;
e) É sistêmico, ou seja, o planejamento considera a empresa ou outro tipo de organi-
zação em sua totalidade;
f ) É interativo, isto é, o planejamento deve ser flexível para poder fazer ajustes e cor-
reções que forem necessários em função do momento e das ações que desencadeiam
o objetivo fruto do planejamento. Dessa forma, se ações modificarem e interferirem
no planejamento de forma diferente de como o mesmo fora feito inicialmente, o mes-
mo deve-se adaptar a essas alterações.
g) É cíclico e contínuo, visto que, à medida que é executado o planejamento, ele passa a
ser realizado, deixando a sua atuação futura para se tornar presente;
h) É uma técnica de mudança e inovação, onde a organização consegue introduzir mu-
danças e inovar gradativamente com a utilização da ferramenta de planejamento.
(CHIAVENATO, 2005 p. 193).

O planejamento pode ser comparado a um jogo de xadrez, no qual o jogador não movimenta uma
peça, sem antes analisar as oportunidades e as ameaças que o seu oponente provoca. Ou seja, a finalidade
do planejamento é analisar todo o cenário antes de agir, pois as posições das peças do oponente influen-
ciam na movimentação das suas peças. No xadrez, é possível imaginar cenários para tomada de decisões
afim de vencer o jogo. O planejamento deve ser constante e participativo. Descentralizando o processo de
planejamento, consegue-se envolver as pessoas em todos os aspectos, tornando-o participativo. A área de
saúde e segurança do trabalho depende de um bom planejamento.

Empírico é um fato que se apoia somente em experiências vividas, na observação de coisas, e não em teorias e métodos científi-
27

cos.
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
109

4.2 BENEFÍCIOS DE SE FAZER O PLANEJAMENTO

Atualmente, as organizações enfrentam uma batalha pelo mercado. Para conquistá-lo, as empresas de-
vem promover melhorias no processo produtivo, com o objetivo de aumentar a qualidade e a produtivi-
dade da empresa.

iStock ([20--?])
Como se pôde perceber, conforme Chiavenato (2005, p. 200), o planejamento oferece uma série de
vantagens nessas circunstâncias, até mesmo melhorando a flexibilidade, coordenação e administração do
tempo. Acompanhe cada uma dessas vantagens do planejamento.
a) Foco e flexibilidade
O planejamento possibilita aumentar o foco de forma a concentrar esforços para o alcance das metas.
A flexibilidade torna a empresa maleável e capaz de sofrer alterações, adaptações e ajustes, quando for
necessário.
Uma organização com foco e flexibilidade sabe as necessidades de seus clientes e como servi-los ade-
quadamente, opera dinamicamente e com um senso do futuro, sendo rápida e ágil, antecipando-se ou
mudando rapidamente, em função de alguma situação, problema ou oportunidade emergente.
b) Melhoria na coordenação
Nas organizações, os diferentes grupos perseguem seus objetivos, que precisam ser muito bem co-
ordenados/interligados, de modo que os propósitos mais gerais (metas da empresa) sejam apoiados e
suportados pelos objetivos dos setores (metas de produção), por exemplo. Desta forma, os objetivos hie-
rarquizados criam uma rede interligada de meios fins.
c) Melhoria no controle
Perceba que o planejamento permite fazer um controle mais apurado dos processos realizados, porque
os objetivos, os resultados esperados e as ações estão claramente definidos. Desta forma, se alguma coisa
desse processo estiver aquém dos resultados esperados, faz-se necessário realizar ajustes no processo de
controle.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
110

Tanto o planejamento quanto o controle funcionam melhor quando os objetivos estão claramente es-
tabelecidos. Assim, é possível acompanhar o progresso dos objetivos e medir se as etapas estão sendo
cumpridas em tempo ou antes da data prefixada.
d) Administração do tempo
Lembre-se de que o planejamento melhora a administração do tempo. É difícil balancear o tempo dis-
ponível para atender às responsabilidades e aproveitar as oportunidades que surgem.
Diariamente, os administradores se deparam com uma quantidade enorme de tarefas diferentes e, por
isso, é necessária uma boa administração, para que eles não percam tempo com atividades que não são
essenciais.
Existem três níveis de planejamento: estratégico, tático e operacional. O nível institucional projeta o pla-
nejamento estratégico; o nível intermediário segue o planejamento com planos táticos; e o nível operacio-
nal detalha os planos operacionais. Em uma empresa de sucesso, estes três níveis funcionam em conjunto
e ocorrem na seguinte ordem: estratégia, tática e operação.
O planejamento estratégico tem um longo alcance e é executado pelos responsáveis máximos da em-
presa, que determinam os objetivos em um prazo definido (curto, médio ou longo).
O planejamento tático tem um escopo médio na empresa e consiste no pensamento de como os meios
ou recursos disponíveis podem ser utilizados para alcançar um resultado favorável. Normalmente, este
planejamento é uma tarefa de gestão, muitas vezes executada por administradores.
O planejamento operacional de alcance curto está diretamente ligado com a área técnica de execução
de um determinado plano de ação. Desse modo, planejar significa visualizar antecipadamente as ações
que irão ocorrer na empresa e que visam alcançar os objetivos propostos pela mesma.
Perceba que o tempo pode ser diferenciado em um plano. Acompanhe.
a) O plano de curto prazo não extrapola um ano, sendo, muitas vezes, menor que isso.
b) Já os planos intermediários são executados entre um e dois anos.
c) E os de longo prazo, levam além dos cinco anos.
d) É no curto prazo que os objetivos do planejamento devem ser detalhados. Já a longo prazo, são
apresentados de forma mais macro.
Veja, a seguir, o planejamento nos três níveis organizacionais.

NÍVEL TIPO DE
CONTEÚDO TEMPO AMPLITUDE
ORGANIZACIONAL PLANEJAMENTO
Genérico e Macro-orientado.
Institucional Estratégico Longo prazo
Sintético Aborda a organização como um todo.
Menos genérico Aborda cada unidade organizacional
Intermediário Tático Médio prazo
e mais detalhado em separado.
Detalhado e Micro-orientado.
Operacional Operacional Curto prazo
Analítico Aborda cada operação em separado.
Quadro 7 - O planejamento nos três níveis organizacionais
Fonte: adaptado de Chiavenato (2005)
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
111

Perceba que o planejamento é diferenciado quando se muda o nível organizacional da empresa, pois
o planejamento estratégico aborda questões relacionadas à organização como um todo. O planejamento
tático, por sua vez, detalha as questões por unidade da empresa e por processos produtivos, e o planeja-
mento operacional planeja a execução de cada atividade incluída nos processos produtivos.
A área de segurança do trabalho precisa saber diferenciar cada etapa do planejamento da empresa para
saber como abordar a área responsável por cada ação dentro do planejamento da empresa. Por exemplo,
se houver algum problema relacionado às atividades produtivas, de que adianta se dirigir ao dono da em-
presa? Inicialmente, inicia-se um diálogo com os gestores de produção, para resolver alguma questão na
falta de planejamento na área fabril.

As organizações se deparam com uma grande quantidade de informações advindas


de diversas fontes, como do mercado, de concorrentes, de clientes, dos funcionários
CURIOSI e outras de empresas parceiras. Essas informações são cruciais para a elaboração do
planejamento das organizações. Portanto, a competitividade da empresa depende
DADES de um bom planejamento. Para se ter bons resultados na empresa, é preciso receber
as diversas informações de mercado, de legislação, de funcionários, analisar estas
informações, para depois planejar ações.

Veja como é importante um bom planejamento, seja ele estratégico ou operacional. Na sequência, você
terá a oportunidade de saber como elaborá-lo.

4.3 ELABORAÇÃO DE UM PLANEJAMENTO

A elaboração do planejamento é uma etapa que requer muito estudo, análise, dedicação e tempo para
que, no futuro, o resultado das ações do planejamento seja positivo e não haja desperdício de investimen-
to e de tempo.
iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2018)
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
112

O planejamento é um processo constituído de seis passos. Acompanhe.

• Definir os objetivos - O primeiro passo do planejamento é o estabelecimento de obje-


tivos que se pretende alcançar. Os objetivos da organização devem servir de direção a
todos os principais planos. Os objetivos devem especificar resultados desejados e os
pontos finais onde se pretende chegar, para conhecer os passos intermediários;
• Verificar qual a situação atual em relação aos objetivos – Simultaneamente à definição
dos objetivos, deve-se avaliar a situação atual em contraposição aos objetivos deseja-
dos, verificar onde se está e o que precisa ser feito;
• Desenvolver premissas quanto às condições futuras - Premissas constituem os ambien-
tes esperados dos planos em operação. Trata-se de gerar cenários alternativos para os
estados futuros das ações, analisar o que pode ajudar ou prejudicar o progresso em
direção aos objetivos. Lembre-se que a previsão é um aspecto importante no desenvol-
vimento de premissas. A previsão está relacionada com pressuposições antecipatórias
a respeito do futuro;
• Analisar as alternativas de ação - O quarto passo do planejamento é a busca e análise
dos cursos alternativos de ação. Trata-se de relacionar e avaliar as ações que devem ser
tomadas, escolher uma delas para perseguir um ou mais objetivos, fazer um plano para
alcançar os objetivos.
• Escolher um curso de ação entre as várias alternativas - O quinto passo é selecionar o
curso de ação adequado para alcançar os objetivos propostos. Trata-se de uma tomada
de decisão, em que se escolhe uma alternativa e se abandona as demais. A alternativa
escolhida se transforma em um plano para o alcance dos objetivos.
• Implantar o plano e avaliar os resultados - Fazer aquilo que o plano determina e avaliar
cuidadosamente os resultados para assegurar o alcance dos objetivos, seguir por meio
do que foi planejado e tomar as ações corretivas à medida que se tornarem necessárias.
(CHIAVENATO, 2005, p. 195)

Embora seja uma atividade voltada para o futuro, o planejamento deve ser contínuo e permanente e, se
possível, abrangendo o maior número de pessoas na sua elaboração e implantação.
Para se definir a eficácia de um planejamento, ao fim de sua criação, as seguintes perguntas deverão
estar respondidas: Aonde se quer ir? Onde se está agora? O que há pela frente? Quais os caminhos possí-
veis? Qual o melhor caminho? Como ele será percorrido? Agora que você já sabe o que é um planejamento
e como fazê-lo, poderá praticar com alguma ação em sua vida cotidiana (uma viagem, uma reforma, uma
construção etc.). Vá em frente!

4.4 APLICAÇÃO DE UM PLANEJAMENTO

Agora você terá a oportunidade de estudar algumas ferramentas de aplicação do planejamento em


Saúde e Segurança do Trabalho.
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
113

Para que as ações contidas no planejamento (estratégico, tático ou operacional) sejam executadas e
obtenham bons resultados, tudo dependerá da elaboração de boas estratégias.
Quanto à segurança, considera-se um conjunto de ações exercidas com o intuito de reduzir danos e
perdas provocados por agentes agressivos. A segurança é uma das funções complementares vitais como
a produtividade, a qualidade de produtos, a preservação ambiental, o desenvolvimento de pessoas e a
responsabilidade social, que devem ser exercidas juntamente com a missão de qualquer organização.
Dirigir esforços para a função segurança sem considerar a produtividade, a qualidade de produtos, a
preservação ambiental e o desenvolvimento de pessoas é uma grave falha conceitual e estratégica. Além
disso, não se melhora seu desempenho com estímulos do tipo “segurança em primeiro lugar”, mas com
equilíbrio no exercício das funções vitais. Portanto, a gestão da função segurança deve ser integrada
à gestão das demais funções vitais. E, a gestão integrada requer visão holística28 e a elaboração de um
planejamento.
A seguir, estão relacionadas três das ferramentas de saúde e segurança do trabalho que merecem
destaque.

Patricia Marcilio (2018)


Figura 27 -  Ferramentas de saúde e segurança
Fonte: SENAI (2018)

Essas ferramentas, quando aplicadas em conjunto e bem planejadas, podem trazer resultados significa-
tivos na redução tanto de acidentes como das doenças ocupacionais.
A partir de agora, conheça cada uma dessas ferramentas.

DDS (DIÁLOGO DIÁRIO DE SEGURANÇA)


O Diálogo Diário de Segurança é uma ferramenta dinâmica de comunicação que tem o objetivo de
estreitar o contato dos trabalhadores com os seus líderes e conscientizar a todos sobre os diversos riscos
existentes e as regras de segurança da empresa.
É uma ferramenta de planejamento em ações de saúde e segurança do trabalho e deve ser muito
bem elaborado, pois será realizado diariamente e não pode se tornar repetitivo e redundante para os
colaboradores.

Que busca abranger tudo, que é totalizante.


28
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
114

O DDS pode ser ministrado pelo técnico em segurança do trabalho, por um trabalhador que faça parte
da CIPA ou por algum profissional que detenha conhecimentos sobre o assunto segurança do trabalho em
determinada tarefa. Deve ser utilizado uma linguagem simples e de fácil compreensão, para que todos os
ouvintes possam compreender as informações do DDS.

FIQUE Os DDS são reuniões rápidas de aproximadamente cinco a dez minutos, realizadas em
grupo, no local de trabalho, para discutir temas relacionados à segurança, bem como
ALERTA aprendizados de acidentes, incidentes e desvios ocorridos na empresa.

Quando você for atuar como Técnico de Segurança do Trabalho, busque utilizar o DDS para reforçar as
questões de segurança do trabalho que geram acidentes no local onde os trabalhadores estão realizando
suas atividades. Podem ser utilizadas notícias de jornais, por exemplo. Lembre-se de ter uma postura ética
e profissional quando estiver ministrando um DDS. Planeje com antecedência os diálogos de segurança
que serão ministrados ao longo do ano e documente, através de uma folha de registros de execução do
DDS e uma listra de presença, os assuntos tratados e os envolvidos.

Supera ([20--?])

Figura 28 -  Diálogo Diário de Segurança


Fonte: SENAI (2018)

Recomenda-se a aplicação diária da prática do DDS em todas as trocas de turnos, antes do início de cada
jornada. É importante analisar o tipo de empresa e de negócio, a fim de adequar a melhor forma de aplicar
a prática no dia a dia.
Veja, a seguir, alguns dos benefícios do DDS.
a) Facilita o acesso dos trabalhadores às informações relativas à segurança, para que eles possam
reconhecer os riscos inerentes às suas atividades.
b) Fortalece a cultura de segurança nas diversas áreas da empresa, desenvolvendo nas pessoas o hábito
da conversa diária sobre assuntos relativos à segurança do trabalho.
c) Integra e estabelece um canal de comunicação ágil, transparente e sincero entre lideranças e equi-
pes.
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
115

Agora que você conheceu os benefícios dos DDS, acompanhe os passos de um roteiro de implementa-
ção desta ferramenta.
Passo 1 - Reunião de apresentação ao comitê de segurança da empresa
Nesta reunião, devem ser apresentados a ferramenta e seu processo de implementação. O comitê tem a
função de avaliar o processo e prover recursos, para que a implantação seja realizada dentro do prazo/dia
definido nessa reunião.

iStock ([20--?])

Passo 2 - Divisão da empresa em áreas e/ou setores


A empresa deve ser dividida em áreas e/ou setores conforme suas similaridades ou hierarquias. Em cada
local, deverão ocorrer os DDS, sob condução das lideranças. Uma divisão bem realizada vai otimizar o uso
do tempo e os recursos para a realização dos DDS na empresa.
Passo 3 - Elaboração de lista com temas de segurança para os DDS
É importante elaborar uma lista de temas de segurança a serem abordados nos DDS, para que exista
uma prévia preparação do tema a ser abordado ou debatido. A lista de temas servirá de material-base para
a montagem do cronograma anual e/ou dos cronogramas mensais (tema X dia do mês).
Um bom começo é revisar e avaliar as tendências de segurança locais (a partir das estatísticas de aciden-
tes, incidentes, auditoria comportamental), para eleger outros temas relevantes.
Passo 4 - Elaboração de cronograma mensal de realização dos DDS
O cronograma mensal serve de “orientador” para que os DDS sejam cumpridos. No entanto, lembre-se
de que temas julgados como de alta importância podem substituir os temas predefinidos no cronograma.
O exemplo de um acidente ou incidente grave deve ser priorizado e repassado nos DDS de uma área ou
setor que possua riscos similares. O cronograma deve ser montado no formato “tema X dia do mês” e divul-
gado às lideranças com bastante antecedência.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
116

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2018)


Passo 5 – Montagem de folha de registro dos DDS
A folha de registro dos DDS é muito importante para o controle e monitoramento mensal da realização
dos DDS. A folha deve ser preenchida pelo líder (manualmente), ao fim de cada DDS, e ficar disponível na
área ou setor até o fechamento de cada mês. Na sequência, cada líder deve encaminhar essa folha para o
departamento de segurança da empresa. É recomendável elaborar uma lista de presença dos trabalhado-
res no DDS.
Passo 6 - Reunião com liderança da unidade sobre o processo de DDS
A reunião com a liderança da empresa tem o objetivo de apresentar todo o processo aos principais
responsáveis pela condução dos DDS. Na reunião, devem ser esclarecidos todos os detalhes do processo.
Nesta ocasião, apresenta-se a divisão de áreas, entregam-se os cronogramas mensais e as folhas de registro
dos DDS para implementação da ferramenta.
Passo 7 - Comunicação e divulgação do processo de DDS na empresa
Após reunião com a liderança da unidade, é importante realizar uma ampla divulgação do DDS na uni-
dade. Perceba que essa ação evitará dúvidas, demonstrar a importância da segurança no trabalho e injetar
motivação para que os funcionários participem dos DDS.
iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2018)
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
117

Passo 8 - Acompanhamento periódico da realização dos DDS


Recomenda-se que os profissionais de segurança participem frequentemente dos DDS nos turnos ad-
ministrativos, nas áreas produtivas e de manutenção, a fim de verificar seu andamento e poder contribuir
para a sua melhoria.
Passo 9 - Análise crítica mensal do indicador de realização dos DDS
Ao final de cada mês, o departamento de segurança da empresa deverá compilar as informações das
folhas de registro dos DDS e de seus acompanhamentos periódicos, a fim de gerar um indicador para ser
analisado nas reuniões do comitê de segurança.

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2018)

Para os DDS, podem ser utilizadas ferramentas de aprendizagem, como atividades práticas, dinâmicas,
debates, entre outras.
A seguir, conheça um formulário de controle de realização dos DDS. Note que é um documento simples
e cada empresa pode fazer as adaptações que julgar necessárias para que este atenda às suas necessidades.

Controle de realização do DDS - Deverá ficar no setor para possível verificação


SETOR:
SEÇÃO:
RESPONSÁVEL:
MESES
DIAS
MAR

NOV
AGO

OUT
ABR

DEZ
MAI

JUN
JAN

FEV

SET
JUL

1
2
3
4
5
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
118

MESES
DIAS

MAR

NOV
AGO

OUT
ABR

DEZ
MAI

JUN
JAN

FEV

SET
JUL
...
30
31
TOTAL

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Esta planilha é de controle da área onde foi realizada!


Figura 29 -  Formulário de registros de DDS
Fonte: SENAI (2018)

Neste formulário, é possível acrescentar espaço para adicionar os temas abordados e o número de
participantes.
Após identificar como planejar uma ferramenta importante e muito utilizada na área de Saúde e
Segurança do Trabalho, o DDS, conheça, a seguir, mais uma ferramenta de planejamento de ações em SST.

ARO (ANÁLISE DE RISCO OPERACIONAL)


A Análise de Risco Operacional é um processo que visa auxiliar a identificação, a avaliação de seus riscos
e a implementação de sistemas de proteção. É mais uma ferramenta de planejamento de ações em Saúde
e Segurança do Trabalho.
O objetivo básico é a redução dos riscos operacionais por meio da adição de sistemas de proteção.
Observe, na figura, a seguir, o trinômio em que se baseia a ARO.
Patricia Marcilio (2018)

Figura 30 -  Trinômio da ARO


Fonte: SENAI (2018)
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
119

A seguir, verifique algumas definições necessárias para se entender uma ARO.


a) Analisar: investigar, examinar minuciosamente.
b) Identificar: determinar ou comprovar a identidade de algo.
c) Controlar: submeter a exame e vigilância estritos; fiscalizar, monitorar.
Em outras palavras, ARO é estudar a fundo um risco existente, identificando-o, analisando-o e contro-
lando sua ação, para evitar doenças ocupacionais ou acidentes. Acompanhe, a seguir, os itens constantes
da ARO.
a) Identificação dos riscos existentes.
b) Identificação dos sistemas de proteção existentes para cada risco.
c) Avaliação dos riscos (gravidade x probabilidade).
Os sistemas de proteção de riscos são ações, propostas, atividades, que tem como objetivo a proteção
contra riscos existentes.
Veja, a seguir, os sistemas de proteção de segurança para evitar acidentes do trabalho.
Projeto: são ações definidas com o objetivo de eliminar ou isolar definitivamente o risco. A mudança
será definitiva. Ex.: alimentações automáticas, substituição de produtos químicos, exaustão do local, ade-
quação de estação de trabalho, EPCs etc.
iStock ([20--?])

Figura 31 -  Análise de riscos na fase de projeto da obra

Proteção ativa: são dispositivos ativos, que funcionam independentemente da presença e da ação das
pessoas. Não podem ser removidos, mas podem ser “burlados”.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
120

Ex.: sistemas de bloqueio intertravados (trava de segurança interna), válvulas de alívio de pressão, siste-
mas de segurança redundantes etc.

Patricia Marcilio (2018)


Figura 32 -  Dispositivo de segurança
Fonte: SENAI (2018)

Proteção passiva: são barreiras de proteção fixas, que podem ser removidas por intenção humana.
Exemplo: proteções físicas em geral, telas de segurança, cintos de segurança etc.
iStock ([20--?])

Sinalização: são dispositivos de advertência, como, alarmes visuais/sonoros e placas de sinalização.


iStock ([20--?])
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
121

Administrativas: procedimentos, treinamentos e EPIs.

iStock ([20--?])
Agora que você já conhece os sistemas de proteção, acompanhe como proceder com a aplicação da
ARO.
Passo 1 - Definir o campo de aplicação
a) Converse com a equipe de trabalho do setor/área definida.
b) Procure informações com operadores, mecânicos e eletricistas, ou com usuários (se houver).
c) Identifique os processos, subprocessos e tarefas existentes.
d) Lembre-se de que uma tarefa pode conter vários riscos.
e) Inclua, neste passo, a identificação das tarefas de operação e de manutenção.
f ) Identifique as fases de operação e de manutenção. Verifique cada fase de operação/manutenção:
preparação (setup)/início, em operação, em ajustes/manutenção, parada (sem funcionamento), con-
dição anormal, parada de emergência.
Passo 2 - Coletar as informações pertinentes
Obtenha e reveja as seguintes informações: procedimentos operacionais, análises de riscos, relatórios
de inspeção, fluxograma do processo, leiaute da área, inventário de riscos. Outros documentos relaciona-
dos podem ser: listas de ações corretivas/preventivas, material de treinamento, dados de levantamentos
ambientais (ruído, calor etc.), normas de segurança e relatórios de acidentes e incidentes.

Em Saúde e Segurança do Trabalho, todo documento é extremamente importante e


FIQUE deve ser analisado e guardado com muita cautela. Muitas informações necessárias
ALERTA para analisar a atuação na segurança do trabalho são disponibilizadas pelos gestores e
trabalhadores da área fabril.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
122

Passo 3 - Estudar o processo a ser avaliado


É importante que você converse com os operadores e responsáveis pela produção, esteja sempre aten-
to e entenda as responsabilidades de cada componente da equipe de trabalho do processo estudado.
Coloque-se à posição dos operadores e responsáveis pela produção, busque sempre perguntar aos tra-
balhadores sobre emergências e condições anormais e avalie os métodos de comunicação utilizados pela
equipe. Conversar com a equipe que faz a manutenção das máquinas e equipamentos também é funda-
mental para detectar falhas na proteção das máquinas e equipamentos ou para analisar manutenções
repetitivas, quando os problemas são recorrentes.
Passo 4 - Identificar os riscos
Utilize todas as ferramentas necessárias para identificação dos riscos, tenha bom senso e fique atento a
situações que às vezes passam desapercebidas.
Lembre-se de que condições anormais podem ocorrer, tais como: interrupção de energia, problemas
com alimentação do equipamento, quebra de material, congestionamento, entre outros.
Veja, a seguir, alguns perigos evidentes relacionados a máquinas e equipamentos.
a) painel elétrico sem tampa;
b) proteção de máquina removida;
c) esmerilhadora sem proteção;
d) congestionamento/cruzamento de pessoas e equipamentos móveis;
e) rolos sem proteção;
f ) proteção de máquinas;
g) riscos de quedas;
h) contato com superfícies quentes;
i) pontos de prensagem/esmagamento;
j) riscos elétricos.
iStock ([20--?])

Figura 33 -  Risco elétrico


4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
123

Estar atento aos sinais de aumento do risco é fundamental para evitar acidentes. Na imagem apresen-
tada anteriormente, você pôde perceber que há evidências de problemas na instalação elétrica, como fios
desencapados, entre outros.
Agora, veja alguns riscos relacionados a pessoas:
a) riscos ergonômicos;
b) riscos psicossociais e estresse, como carga excessiva de trabalho, falta de comunicação eficaz, assé-
dio psicológico ou sexual.

iStock ([20--?])

Riscos relacionados a condições:


a) leiaute das instalações;
b) organização e limpeza;
c) movimentação de veículos;
d) riscos físicos;
e) riscos químicos;
f ) riscos biológicos.
iStock ([20--?])

Figura 34 -  Falta de organização no trabalho


COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
124

Passo 5 - Identificar os sistemas de proteção existentes


Para cada risco, devem existir controles de identificação e avaliação dos sistemas de proteção existen-
tes. Lembre-se de que pode haver mais de uma opção de proteção para um mesmo risco.
Todas as etapas vistas anteriormente são importantes, porém você deve tomar muito cuidado com os
riscos relacionados no passo 4, porque a identificação das ameaças é imprescindível para uma boa gestão
e planejamento de ações.

AVALIAR OS RISCOS
A área de saúde e segurança do trabalho tem como principal objetivo a gestão de riscos ocupacionais.
Segundo Sanders e McCormick (1993, p. 675), “Risco é a probabilidade ou chance de lesão ou morte” e
“Perigo é uma condição ou um conjunto de circunstâncias que têm o potencial de causar ou contribuir
para uma lesão ou morte”

Risco = gravidade x probabilidade

Veja como fazer essa avaliação de cada risco associado a seus sistemas de proteção:
a) defina a gravidade;
b) defina a probabilidade;
c) determine a criticidade.
Utilize sempre a maior gravidade para o perigo apontado. A seguir, acompanhe os itens citado
anteriormente.
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
125

Patricia Marcilio (2018)

Figura 35 -  Avaliação da gravidade


Fonte: adaptado de Corsi (2006)

Na avaliação da gravidade, você deverá analisar o risco, ou perigo, e dimensioná-lo como indicado,
levando em consideração que a pontuação 9 se dá para riscos elevadíssimos os quais devem sofrer ações
imediatas.
Probabilidade é a possibilidade de que o risco resulte na pior consequência possível. Geralmente, é mais
difícil de determinar, por isso, é importante utilizar a opinião do grupo. Lembre-se de que a probabilidade
só tem significado se estiver associada a um período de tempo de exposição.
Se houver discussão, dedique pelo menos cinco minutos ao tema. Se não houver consenso entre o
grupo, seja pessimista em sua avaliação e use a maior probabilidade sugerida. Fique atento à saúde e à
segurança das pessoas com a quais irá trabalhar. Então, esteja ciente de que as avaliações e as decisões
tomadas são de sua responsabilidade.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
126

Acompanhe o quadro, a seguir.

PROBABILIDADE OCORRÊNCIAS PONTUAÇÃO


Fisicamente impossível de ocorrer ou os controles existentes impedem a ocorrência, sem
Improvável 1
possibilidade de falhas.

Remota Acontece, no máximo, uma vez por ano 2

Ocasional Acontece, no máximo, uma vez por mês 4

Provável Acontece, no máximo, uma vez por semana 6

Frequente Acontece, no máximo, uma vez por dia 8

Figura 36 -  Avaliação de probabilidade


Fonte: adaptado de Corsi (2006)

A criticidade auxilia a decidir a abrangência dos sistemas de proteção necessários. Assim, a aplicação
desses sistemas reduzirá os riscos. A criticidade também serve para definir quais riscos devem ser elimina-
dos/minimizados primeiro. Em tempos de recursos escassos (financeiros, pessoal e tempo), a criticidade é
de grande valia para determinar a eficácia das ações a serem tomadas.
Seixas (2005) observa que duas premissas são utilizadas para o estabelecimento da criticidade de um
determinado item nesse método. A primeira delas é a frequência de ocorrência de falha para aquele item. A
outra é a severidade, indicando o quão implacável é a ocorrência daquela falha para o processo produtivo.

Patricia Marcilio (2018)

Figura 37 -  Matriz de criticidade


Fonte: adaptado de Seixas (2005)
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
127

A frequência de ocorrência de falha pode ser classificada em:


a) muito alta ou frequente;
b) alta ou razoavelmente provável;
c) moderada ou ocasional;
d) baixa ou remota;
e) muito baixa ou extremamente improvável.
Já a severidade pode ter as seguintes classificações:
a) catastrófica;
b) muito séria;
c) séria;
d) significante;
e) pequena.
A matriz de criticidade, ilustrada na figura anterior, mostra o eixo cartesiano X e Y, em que, nas abscis-
sas , se tem a classificação da severidade (I, II, III, IV e V) e, no eixo das ordenadas, a frequência de ocorrên-
29

cia de falha (A, B, C, D e E). Assim, para cada item, verifica-se qual a prioridade de atendimento, fazendo o
cruzamento de X com Y. Essa prioridade de atendimento pode ser classificada em: alta, média alta, média
ou baixa (dependendo da frequência de ocorrência de falha e da classificação da severidade).
A partir da matriz de criticidade, criou-se uma tabela de equivalência, apresentada a seguir.

FAIXA TIPOS DE AÇÕES A SEREM


CÓDIGO
(PRIORIDADES) MANUTENÇÃO TOMADAS
No caso de as predições indicarem possíveis problemas,
Alto EME Manutenção preditiva
realizar manutenções preventivas e de melhoria
Manutenções preventivas Manter o item funcionando pois, caso ele pare, a produção
Médio-alto URG
frequentes poderá ser comprometida
Manutenções preventivas
Médio PRG Manter o item funcionando
normais

Baixo ROT Manutenção corretiva Parar o funcionamento do item para ele ser consertado

Tabela 2 - Equivalência para a matriz de criticidade


Fonte: Belmonte (2007)

Segundo Belmonte (2007), os dados da primeira coluna da tabela são procedentes da matriz de critici-
dade. Na segunda coluna, aparecem os códigos EME (emergência), URG (urgência), ROT (rotina) e foi criada
a nomenclatura PRG, que significa programável.

Em um plano e duas retas perpendiculares, sendo uma delas horizontal e a outra vertical, a horizontal será denominada eixo das
29

abscissas (eixo OX), e a vertical será denominada eixo das ordenadas (eixo OY).
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
128

De acordo com Belmonte (2007), supondo que um item tenha frequência de ocorrência de falha classi-
ficada como alta e como classificação da severidade séria. Usando a matriz de criticidade, de acordo com o
cruzamento de X com Y, sua criticidade será definida como média alta e, confrontando essa prioridade aos
dados da tabela, o código de atendimento será URG.
Com isso, deverão ser realizadas manutenções preventivas frequentes. Como ação a ser tomada, o item
deverá ser mantido em funcionamento, para o não comprometimento da produção. Quando você utiliza
as ferramentas apresentadas cruzando os dados da matriz de criticidade com a equivalência, fica mais fácil
entender a prioridade das ações.
A seguir, você encontrará um modelo de formulário de ARO, que poderá ser usado para identificar a
criticidade de cada processo e determinar as camadas de controle propostas.

ANÁLISE DE RISCO OPERACIONAL (ARO)


ANÁLISE DE RISCOS
IDENTIFICAÇÃO
RISCOS ASSOCIADOS

OPERACIONAL (ARO)
CAMADAS DE

CAMADAS DE
COLABORADORES

PROPOSTAS
EXISTENTES
CATEGORIA

CONTROLE

CONTROLE
PROBABILIDADE
PERIGOS

CRITICIDADE
GRAVIDADE
PRINCIPAL)
ATIVIDADE
PROCESSO

EXPOSTOS
(TÍTULO

Nº DE
ÁREA

Figura 38 -  Análise de Risco Operacional (ARO)


Fonte: adaptado de Corsi (2006)

Você pôde perceber por meio das características apresentadas até aqui que o Diálogo Diário de
Segurança e a Análise de Risco Operacional são extremamente necessários. Agora você conhecerá mais
uma importante ferramenta para a Saúde e Segurança do Trabalho.

AST (ANÁLISE DE SEGURANÇA DO TRABALHO)


A Análise de Segurança do Trabalho tem como objetivo promover uma averiguação de riscos de segu-
rança e saúde nas tarefas, por meio de uma metodologia simples e objetiva. Lembre-se de que a AST deve
ser aplicada para qualquer tarefa (rotineiras ou não, em novas tarefas, tarefas revisadas, em paradas gerais,
onde ocorreu um acidente etc.) antes de ela ser realizada.
Deve-se iniciar em cada área pelas atividades críticas e se estender a todas as tarefas, inclusive as mais simples.
Tarefas críticas são aquelas com alta frequência de acidentes ou com histórico de acidentes/incidentes, tarefas
com perigo potencial e também com alteração de cargo/função/responsabilidade. A força da AST está no fato
de ser uma atividade de equipe, que estimula a criatividade, o questionamento e a responsabilidade solidária.
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
129

Veja, a seguir, os passos para elaboração da AST.


Passo 1 - Determinar a tarefa a ser analisada
Passo 2 - Definir quais as etapas necessárias para a execução da tarefa
Estude a tarefa e estabeleça as etapas básicas. Descreva as ações de cada etapa básica. Peça ajuda a
alguém com experiência. Confira as etapas básicas com outro executante. Seja objetivo. Não omita nenhu-
ma etapa. Inicie cada etapa com uma palavra de ação: remover, localizar, apertar, soltar, levantar, ligar etc.
Confira sua AST observando a tarefa na prática.
Passo 3 - Identificar os riscos potenciais de cada etapa da tarefa
Identifique os riscos relacionados aos equipamentos, aos materiais, aos processos e às ferramentas. Na
sequência, questione cada etapa com o objetivo de realizá-la de maneira mais segura e eficiente. Para fa-
cilitar a definição dos riscos, você pode ter em mente as seguintes perguntas: qual parte do corpo poderá
sofrer uma lesão? Que tipo de lesão poderia sofrer? Dê atenção a alguns riscos, como: buracos, bueiros, ca-
naletas, superfícies quentes, energias, superfícies cortantes, partes em movimento, engrenagens, agentes
biológicos (vírus, bactérias, fungos etc.), agentes químicos (gases, poeiras, vapores etc.), altura, cargas ele-
vadas e projeção de partículas. É importante dar atenção especial aos fatores ergonômicos (força excessiva,
posturas, repetitividade, compressão mecânica; deslocamentos, movimentação, ambiente).
Passo 4 - Estabelecer o procedimento seguro e recomendado para a execução de cada etapa da
tarefa, para definir o procedimento seguro
Determine a melhor maneira de fazer a etapa. Verifique as precauções necessárias. Defina proteções
para os equipamentos e os EPIs necessários. Verifique se os controles definidos nas etapas anteriores ge-
ram um novo risco. Discuta as precauções definidas com as demais pessoas da equipe e analise se há
possibilidades de mudanças no procedimento existente de executar a tarefa. Seja específico, descrevendo
o que fazer e como fazer.
Passo 5 - Verificar o que pode dar errado
Averiguar o que pode dar errado em relação ao procedimento seguro elaborado no passo 4. Exemplo:
Ficou definida a utilização do cinto de segurança em uma determinada etapa. O que pode dar errado? O
cinto está desgastado e pode romper quando receber esforço. Veja a imagem.
Leonardo Sobreira ([20--?])
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
130

Passo 6 - Definir ação preventiva


Uma ação preventiva é identificar meios de controle para o que possa sair errado e definir procedimen-
tos, treinamentos, inspeções prévias, entre outros. Exemplo: verificar o estado de conservação do talabar-
te30 do cinto antes de utilizá-lo.Observe, a seguir, um exemplo de uma AST preenchida.

DATA:
AST - ANÁLISE DE SEGURANÇA DO TRABALHO PÁGINA:
NÚMERO:
Aprovado por:
Elaborado por:
Descrição do trabalho:
Pintura do cilindro secador
EPI exigidos/recomendados:
Capacete, óculos de segurança, bota de segurança, protetor auricular / luvas e máscara para vapores orgânicos
Procedimento SIG:

SEQUÊNCIA DE PROCEDIMENTOS DE
PERIGOS O QUE PODE DAR
ETAPAS BÁSICAS TRABALHO SEGURO AÇÃO PREVENTIVA
ASSOCIADOS ERRADO?
DO TRABALHO RECOMENDADO
• derrubar o material • organizar o material • o material cair
• segurar e movimentar o
1 - pegar o material • transformá-lo em um • o carrinho quebrar
• peso excessivo carrinho de forma correta
carrinho • o carrinho virar
• abrir com a ferramenta
• a tampa atingir a face • o material cair • verificar a validade da tinta
correta
• respingos de tinta nos
2 - abrir a lata e • usar o óculos de segu- • verificar as condições das
olhos, causando irri- • o carrinho quebrar
misturar a tinta rança ferramentas antes de usar
tação ocular
• inalar vapores orgâni- • usar máscara para va- • verificar o tipo de validade
• o carrinho virar
cos pores da máscara
• postura inadequada
3 - pintar o cilindro
• o pincel quebrar e ferir as mãos

• item 1 • analisar melhor em qual • alterar algumas vezes a


• ter uma lesão na coluna
4 - limpar o local e posição pintar posição de trabalho
guardar o material • usar luvas adequadas /
• usar luvas • a luva rasgar
resistente para esta tarefa

• item 1 • item 1 • item 1

Figura 39 -  AST preenchida


Fonte: adaptado de Corsi (2008)

30
É uma alça, feita de couro, nylon ou outros tecidos sintéticos e resistentes. Protege o usuário do cinto de segurança, “travando” a
queda.
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
131

Na análise de segurança do trabalho, você deverá estudar e escrever cada parte do sistema (cada etapa)
com um olhar crítico para o que pode ocorrer de errado na execução da operação, além de se antecipar a
um possível acidente.
Na sequência, conheça as ferramentas da qualidade aplicadas à segurança do trabalho.

4.5 FERRAMENTAS DA QUALIDADE APLICADAS SEGURANÇA DO TRABALHO

As empresas procuram cada vez mais qualidade para satisfazer seus clientes. Existe uma busca pela
excelência no seu ramo de atuação e, para isso, utilizam técnicas de qualidade, aperfeiçoam os seus proces-
sos, reduzem os desperdícios e buscam a melhoria contínua, tendo como resultado um produto eficiente
e sustentável.
O padrão de qualidade em 1.700 a.C. já era uma questão levada muito a sério. O Código de Hamurabi
(sexto rei da primeira dinastia babilônica) escreveu um dos mais antigos conjuntos de leis já encontrados,
que em seu Art. 25 § 227 determina: “Se um construtor edificou uma casa para um Awilum31, mas não
reforçou seu trabalho, e a casa que construiu, caiu e causou à morte do dono da casa, esse construtor será
morto. “ (DA SILVA, 2012).
Portanto, a qualidade é uma questão perseguida pelas pessoas desde os tempos mais remotos. Note
como é importante observar todas as etapas de um processo e determinar os responsáveis por cada ação.
Planejar é a palavra chave para obter qualidade num processo.
Com a Revolução Industrial, no século XIX, a produção em série foi possível devido ao surgimento das
máquinas, que trouxeram padronização e uniformidade aos processos e produtos. Além disso, houve uma
preocupação em criar normas de qualidade.
iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2018)

Homens livres e proprietários de terra independentes do templo e do palácio.


31
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
132

Segundo Mariani (2005, p. 115), para gerenciar os processos e, sobretudo, tomar decisões com maior
precisão, é necessário trabalhar com base em fatos e dados, ou seja, com informações geradas no pro-
cesso, para eliminar o empirismo32. Para tanto, existem técnicas importantes e eficazes, denominadas de
ferramentas da qualidade, capazes de propiciar a coleta, o processamento e a disposição clara das infor-
mações disponíveis ou dos dados relacionados aos processos gerenciados dentro das organizações. Tais
ferramentas da qualidade passam a ser de grande utilidade no momento em que as pessoas que compõem
a organização começam a dominá-las e praticá-las. As ferramentas da qualidade são inseridas no processo
produtivo para manutenção, melhoria e solução de problemas, aperfeiçoando assim o fluxo produtivo e a
qualidade dos produtos.

SISTEMAS DE GESTÃO
Em busca da qualidade, não se pode deixar de citar os sistemas de gestão, ou seja, um conjunto de sis-
temas inter-relacionados ou interativos para estabelecer políticas e objetivos. A seguir, conheça o esquema
do sistema de gestão.

Atitude de quem se atém a conhecimentos práticos.


32
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
133

Patricia Marcilio (2018)

Figura 40 -  Esquema do sistema de gestão


Fonte: adaptado de Rodrigues (2004)
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
134

Quando ocorrem desvios na rotina de trabalho, deve-se rever o sistema de trabalho. Para isso, é preciso
identificar as Não Conformidades – NC e saná-las. Uma NC é o não atendimento a um determinado requi-
sito legal ou não. A não conformidade poderá ser factual, precisa, objetiva e rastreável.
A seguir, acompanhe como se processa o ciclo vicioso das não conformidades.

Patricia Marcilio (2018)

Figura 41 -  Ciclo vicioso das não conformidades


Fonte: adaptado de Corsi (2009)

Tendo em vista que uma NC gera um atendimento negativo, falha em um processo ou sistema e retra-
balho, é muito importante sua detecção, avaliação e tratamento. A seguir, conheça ferramentas de imple-
mentação de ações que eliminam as causas de não conformidade, de forma que evitem a sua repetição.
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
135

Algumas ferramentas da qualidade utilizam métodos para agrupar os resultados da empresa a fim de
se obter uma melhor compreensão geral acerca de um fenômeno que foi analisado, como é o caso do mé-
todo PDCA. O método PDCA é utilizado para eliminar as não conformidades ou melhorar processos dentro
de um sistema de gestão.
A figura, a seguir, apresenta o funcionamento do método PDCA.

Patricia Marcilio (2018)

Figura 42 -  Método PDCA


Fonte: adaptado de Mariani (2005)

O ciclo PDCA também é conhecido como ciclo de Deming, ou ciclo de Shewhart. Ele tem o objetivo
de promover a melhoria contínua dos processos e foi idealizado por Shewhart e divulgado e aplicado por
Deming.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
136

A figura apresentada anteriormente demonstra a representação gráfica das fases do


PDCA, sendo que a primeira fase corresponde ao PLAN (planejamento) em que se de-
finem as metas ideais (itens de controle) do processo analisado, estabelecendo-se os
métodos para a sua consecução. A segunda etapa compreende o DO (execução) sendo
necessários a educação e o treinamento das pessoas envolvidas, com a execução efetiva
das ações planejadas. Paralelamente, as informações geradas no processo são registra-
das. A terceira etapa é composta do CHECK (verificação) e tem por objetivo comparar a
execução (a partir dos dados registrados) com o planejamento. Aqui se pode notar se
os resultados propostos inicialmente foram ou não alcançados. A quarta etapa, ACTION
implica em ações corretivas; nesta fase, a partir dos resultados alcançados, tem-se dois
caminhos distintos a seguir: se a verificação mostrou que não foi possível atingir os re-
sultados propostos, deve-se partir para o estudo de ações corretivas e a seguir retomar
o método PDCA; porém se os resultados propostos foram atingidos, deve-se então pa-
dronizar o processo, assegurando assim sua continuidade. (MARIANI, 2005).

Este ciclo tem como princípio tornar mais claros e ágeis os processos envolvidos na execução da gestão.
A seguir, identifique de que forma é detectada e relatada uma NC e como ela pode ser sanada com a utili-
zação do ciclo PDCA.

Patricia Marcilio (2018)

Figura 43 -  Sistema de tratamento para Não Conformidade


Fonte: adaptado de Corsi (2009)
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
137

A correção é uma ação para eliminar uma não conformidade identificada. Conforme Corsi (2009, p. 14),
“[...] uma correção pode ser feita em conjunto com uma ação corretiva. Entenda como “disposição” ou “ação
imediata” a ação de contenção do problema.” Para toda disposição, ou seja, uma NC, uma ação imediata
deverá ser acionada com o auxílio de um plano de ação.
Toda não conformidade precisa de uma ação corretiva para eliminá-la. “Então, a ação para eliminar a
causa de uma não conformidade identificada ou outra situação indesejável é uma ação corretiva. Existe
uma diferença entre correção e ação corretiva.” (CORSI, 2009, p. 14).
Lembre-se de que pode existir mais de uma causa para uma não conformidade. A ação corretiva é
executada para prevenir a repetição. A seguir, você verá que existem algumas definições importantes que
fazem parte da tomada de ação para se eliminar as não conformidades. Acompanhe.
a) Ação preventiva: Ação para eliminar a causa de uma potencial não conformidade identificada ou
outra situação potencialmente indesejável. Pode existir mais de uma causa para uma não conformi-
dade potencial. A ação preventiva é executada para prevenir a ocorrência (CORSI, 2009). Essa ação
é chamada também de ação proativa, ou seja, é uma ação imediata para evitar a ocorrência e/ou
reincidência.
b) Análise crítica: A análise crítica, segundo Corsi (2009, p.15), é a “[...] atividade realizada para determi-
nar a pertinência, a adequação e a eficácia do que está sendo examinado para alcançar os objetivos
estabelecidos. Análise crítica pode, também, incluir a determinação da eficiência. Análise crítica de
não conformidade.” Normalmente, tal análise acontece pelo nível de liderança da empresa, tendo o
suporte das áreas de apoio e sua conclusão ocorre de forma imediata.
Em um ciclo de melhoria contínua, algumas técnicas de análise de causa e efeito podem ser utilizadas,
como é o caso do Brainstorming, que será apresentado a você na sequência.

BRAINSTORMING
Segundo Corsi (2009, p. 17), o Brainstorming “[...] é uma técnica que visa desinibir os participantes da
reunião, para que deem o maior número possível de ideias, encorajando o pensamento criativo de todos.”
O objetivo dessa ferramenta é”[...] criar o maior número de ideias sobre um tema previamente selecionado.”
E as regras gerais para a aplicação do Brainstorming são: “[...] nunca criticar ideias; escrever todas as ideias
sugeridas; concordância de todos; duração de 5 a 15 minutos.”
iStock ([20--?])
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
138

Também é chamado de chuvas de ideias e, neste momento, todos os participantes expõem suas posições
referentes ao assunto que está sendo tratado, não obrigatoriamente seguindo uma lógica na informação.
O Brainstorming foi desenvolvido por Alex Faickney Osborn (1941), um executivo de publicidade nasci-
do no Bronx (Nova Iorque). Ele descreveu o Brainstorming como uma técnica de conferência pela qual um
grupo tenta encontrar uma solução para um problema específico, reunindo todas as ideias, espontanea-
mente, por seus membros.
Outra técnica de análise utilizada na solução das não conformidades é o diagrama de causa e efeito,
também conhecido como espinha de peixe.

DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO


Segundo Corsi (2009, p. 20), o diagrama de causa e efeito é uma estrutura gráfica que representa a
relação entre um efeito e suas respectivas causas. E, sua finalidade é identificar de modo simples, rápido e
sistemático a relação entre causa e efeito. É usado para levantar as causas de problemas, de não conformi-
dades, estabelecer itens de controle etc.
Veja, a seguir, uma forma de apresentação do diagrama de causa e efeito.

Patricia Marcilio (2018)

Figura 44 -  Diagrama de causa e efeito


Fonte: SENAI (2018)

Criada e desenvolvida por Kaoru Ishikawa, esta ferramenta também é denominada de Diagrama de
Espinha de Peixe. É uma técnica simples e eficaz na enumeração das possíveis causas de um determinado
problema. As causas são agrupadas em famílias para facilitar sua análise, sendo relacionadas com o efeito
causado de forma visual e clara.
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
139

Veja, a seguir, uma representação da causa e efeito preenchida, para um melhor entendimento.

Patricia Marcilio (2018)


Figura 45 -  Exemplo de espinha de peixe
Fonte: adaptado de Rodrigues (2004)

No exemplo, foi apresentado um problema relacionado à falha de um equipamento, tendo como pos-
síveis causas a máquina, a mão de obra, o método, a medida, o meio ambiente e o material para se chegar
a resolução do problema. Você pôde perceber quantas possíveis causas foram apresentadas para o proble-
ma na falha do equipamento?

CASOS E RELATOS

Proatividade
Joel está com um problema no setor de manutenção de veículos da empresa onde trabalha. Ele
recebeu um relatório do setor de finanças no qual fica evidente o alto consumo de combustível
dos carros da empresa. A primeira observação que ouviu foi que ele não tem feito a regulagem
adequada dos motores e, por isso, eles estão consumindo demasiadamente. Num primeiro mo-
mento, não conseguiu argumentar, mas ficou intrigado com a situação. Resolveu usar uma ferra-
menta conhecida popularmente como “espinha de peixe” para fazer um levantamento de todas as
possíveis causas para esse problema.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
140

Analisou o método usado pelos motoristas na condução dos veículos e descobriu que a maioria
não conhecia o manual do proprietário. Desta forma, faziam o uso das marchas de forma incorreta,
aceleravam desnecessariamente e trocavam continuamente de marcha, o que provocava o au-
mento do consumo do combustível dos carros. Enfim, descobriu ainda, uma série de outras causas
relacionadas aos modelos e às marcas dos veículos e do próprio combustível.
Diante de tantas possíveis causas, fez uma verificação dos dados, registrando-os sistematicamente
durante dois meses. Em seguida, elencou aquelas situações que eram mais significativas. Traçou
um plano de ação para ser apresentado à diretoria, que ficou impressionada com a forma profis-
sional e impessoal com que ele apresentou todo o problema e como a empresa poderia solucioná-
lo. A diretoria acatou o seu plano de ação e solicitou que tomasse as providências necessárias para
solucionar o problema. Joel saiu satisfeito e passou a contar ainda mais com o respeito de seus
superiores e subordinados.

No caso apresentado, foi possível perceber que o funcionário da empresa é um trabalhador proativo e
que fez uso de uma ferramenta de análise para tentar resolver o problema, que, em princípio, parecia ser de
sua responsabilidade. A partir do plano de ação que Joel elaborou, foi possível tomar algumas providências
e solucionar a situação.
A seguir, será apresentada mais uma técnica de análise de causa e efeito.

MÉTODO DOS CINCO PORQUÊS


Outra ferramenta muito usada é o método dos cinco porquês. Segundo Corsi (2009, p. 23), o método
visa à “Identificação da causa fundamental (causa raiz) de um problema. Consiste em perguntar, no míni-
mo 5 vezes, por que um determinado efeito ocorre (problema). O resultado final é causa fundamental do
problema.”
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
141

Acompanhe, a seguir, um esquema do método dos cinco porquês.

Antonio Mees (2018)

Figura 46 -  Esquema do método dos cinco porquês


Fonte: Corsi (2009)

É um método muito utilizado para a análise e investigação de acidentes. O objetivo é buscar a causa raiz,
identificando se a ocorrência tem influência nos fatores pessoais, de gestão ou instalações, para depois
aplicar as soluções do problema.
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
142

Outra técnica de análise de não conformidade relacionando causa e efeito é o plano de ação 5W2H.
Acompanhe.

PLANO DE AÇÃO - 5W2H


Após a etapa em que são relacionadas as causas prováveis do problema, pode-se estabelecer ações
corretivas e prioridade para o desenvolvimento e implementação dos trabalhos. Neste ponto, a ferramenta
da qualidade a ser utilizada chama-se “5W e 2H”, que funciona como um plano de ação simplificado.
Segundo Corsi (2009), o 5W2H é uma ferramenta para ser utilizada na elaboração e no gerenciamento
de planos. Quando a não conformidade e suas causas já forem conhecidas, resta determinar as ações,
medidas, ou estratégias que garantam o alcance dos objetivos desejados. Na elaboração do plano, devem
ser consideradas as precedências entre as ações e as possíveis contingências. Veja, na figura, a seguir, um
modelo do 5W2H.

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2018)

Figura 47 -  Planilha 5W2H


Fonte: Rodrigues (2004)

Essa ferramenta é usada para traçar um plano de ação para qualquer tipo de problema identificado.
Com ela, é possível monitorar de que forma as ações acontecerão, sendo determinado um responsável e
traçada uma data de conclusão para cada ação.
Após estudar as ferramentas da qualidade e de sua aplicação, acompanhe, na sequência, a elaboração
de um plano de gestão.
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
143

4.6 ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE GESTÃO

O planejamento visa diminuir os riscos de acidentes de trabalho e também a perda de tempo de todos
os envolvidos. Em uma empresa, existem diversos planos de gestão, sendo um deles o Plano de Gestão de
Segurança do Trabalho (PGST). O plano deve conter técnicas para identificar riscos, perigos e análise da
segurança. A análise da segurança contém o estudo dos riscos, das causas e das consequências. Depois,
estabelece medidas de controle, tendo em vista uma área ou um sistema.

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2018)

A empresa que demonstra preocupação com seus trabalhadores, que possui objetivo de melhorar as
condições e o ambiente de trabalho, que busca garantir a saúde no trabalho, que promove e mantém a
saúde física, mental e o bem-estar social dos trabalhadores, age de forma organizada, planejada e estabe-
lece um plano de gerenciamento de ações de saúde segurança do trabalho através da implantação de um
sistema de gestão.
A Organização Internacional do Trabalho – OIT define assim o Sistema da Gestão de Segurança e Saúde
no Trabalho (SGSST):

A noção de sistemas de gestão é muitas vezes utilizada nos processos de tomada de


decisão de empresas e, também, de uma forma inconsciente no dia-a-dia, quer seja na
compra de equipamento, no alargamento do negócio ou simplesmente na selecção de
novo mobiliário. A aplicação de Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho
(SGSST) baseia-se em critérios relevantes de SST, em normas e em comportamentos.
Tem como objectivo proporcionar um método de avaliar e de melhorar comportamen-
tos relativamente à prevenção de incidentes e de acidentes no local de trabalho, através
da gestão efectiva de riscos perigosos e de riscos no local de trabalho. Trata-se de um
método lógico e gradual de decidir o que é necessário fazer, como fazer melhor, de
acompanhar os progressos no sentido dos objetivos estabelecidos, de avaliar a forma
como é feito e de identificar áreas a aperfeiçoar. É e deve ser susceptível de ser adaptado
a mudanças na operacionalidade da organização e a exigências legislativas. (OIT, 2011).
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
144

Note que implantar um sistema de gestão e manter este sistema em funcionamento não é algo simples,
isto é, depende do envolvimento de todos na empresa, principalmente a alta direção.

Am etur acculli quidunto que por maiorer emporerro maximagni consernatust mil
inumenduci sus quos dolenes nonsed maximpor aceatius. Nobis molum accum alita
SAIBA volorum rerum que nus, tem et evelitaqui berem quatem Conheça melhor as diretrizes
MAIS dos sistemas de gestão da segurança e saúde consultando um material elaborado
pela OIT Genebra e a Fundacentro, disponível em: <http://www.oitbrasil.org.br/sites/
default/files/topic/safework/pub/diretrizes_sobre_gestao_364.pdf>.

Quando uma empresa decide fazer a implantação do SGSST, é preciso conhecer o grupo certificador e
toda metodologia de implantação do sistema. Dentre os diversos autores que tratam deste assunto, acom-
panhe o que Vezzani (2011) ressalta quanto ao Plano de Gestão de Segurança do Trabalho, ou SGSST, que
contém oito etapas básicas:
a) descrição do objeto-alvo;
b) seleção dos elementos do objeto-alvo;
c) seleção dos eventos perigosos indesejáveis;
d) identificação das possíveis causas do evento perigoso;
e) identificação das consequências;
f ) estabelecimento das medidas de controle das emergências;
g) repetição dos processos para outros eventos perigosos;
h) seleção de outros objetos-alvo, a fim de que possam ser repetidos os processos.
O PGST conta, ainda, com técnicas auxiliares, como a Análise dos Modos de Falhas e Efeitos – AMFE
e as Listas de Verificação – LV, registro das ocorrências, inspeção planejada, monitoramento, controle e
estatísticas.
Segundo a OIT (2011), nos últimos anos, o conceito de SGSST tem sido visto pelas empresas como um
método efetivo de melhorar a implementação de Segurança e Saúde no Trabalho no local de trabalho,
assegurando que as respectivas necessidades integrem os planejamentos empresariais e os processos de
desenvolvimento. A OIT aponta ainda que:

Um SGSST é uma ferramenta lógica, flexível, que pode ser adequada à dimensão e à
atividade da organização e centrar-se em perigos e riscos de carácter genérico e es-
pecífico, associados à referida actividade. A respectiva complexidade pode abranger
desde as necessidades simples de uma pequena empresa gerindo um único processo
produtivo, no qual os perigos e os riscos sejam de fácil identificação, a actividades de
múltiplos riscos como o sector da construção civil e obras públicas, a actividade mineira,
a energia nuclear ou o fabrico de produtos químicos. (OIT,2011).
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
145

O BSI Group (British Stardart Instituion) desenvolveu uma série de normas britânicas na qual se inclui
a OHSAS (Occupational Health and Safety Assessment Series) 18001, para orientação de formação de um
Sistema de Gestão e certificação da Segurança e Saúde Ocupacionais – SSO. É uma ferramenta que fornece
orientações relacionadas aos procedimentos de saúde e segurança do trabalho a serem implantadas e
avaliadas em uma organização.
De acordo com o BSI Group:

A OHSAS 18001 é uma norma realmente internacional que define os requisitos de boas
práticas em gestão de saúde e segurança ocupacional para organizações de qualquer
tamanho. Ela fornece diretivas para ajudar você a criar a sua própria estrutura de saúde e
segurança, permitindo trazer todos os controles e processos relevantes em um sistema
de gestão. (BSI GROUP, 2018).

A OHSAS 18001 define os requisitos mínimos para melhorar as práticas em gestão de saúde e segurança
ocupacional. A criação desta norma surgiu justamente no local em que se iniciou o processo industrial e
onde se enfrentou grandes problemas relacionados à saúde e segurança no trabalho.
Conforme Araújo e Regazzi (2002), o item 4.3.1 da norma OHSAS 18001 explicita que a organização
deve estabelecer e manter procedimentos para identificar os perigos e implementar as medidas de con-
trole adequadas.
Muitas empresas possuem programas preventivos que incluem a elaboração de estudos de risco do
trabalho. Esses estudos são muito parecidos com a metodologia prevista pelo PPRA na NR 09, porém apre-
sentam uma abordagem mais detalhada de cada operação, incluindo os seguintes pontos:
a) atividades rotineiras e também outras atividades que não fazem parte da rotina;
b) atividades do pessoal envolvido nas operações, incluindo contratos e visitantes;
c) identificação das instalações e os riscos ambientais existentes.
Um plano deve ter, segundo Vezzani (2011), a definição das metas e dos objetivos, organização e/ou
reestruturação da infraestrutura encarregada de estudar, planejar e controlar a política de segurança e a
implementação de uma relação de colaboração com as autoridades constituídas. Deverá ter, ainda, um
planejamento dos meios e estudos referentes às necessidades locais, inerentes a cada organização, orga-
nizar as equipes responsáveis pela segurança, supervisão e controle das normas de gestão da segurança,
elaborar os manuais e atualizá-los frequentemente.
Para Vezzani (2011, p. 8), o plano de gestão de segurança conta com oito subplanos, que comporão o
esboço constitutivo, que são:
a) plano preventivo de segurança;
b) plano corretivo de segurança;
c) plano de formação e capacitação de recursos humanos;
d) plano de meios;
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
146

e) plano de emergências;
f ) plano normativo de segurança;
g) plano de segurança das instalações; e
h) plano de segurança da imagem.
Para que você compreenda como funcionam estes subplanos, veja, a seguir, um esquema de sequência
dos subplanos do Plano de Gestão de Segurança no Trabalho – PGST.

Patricia Marcilio (2018)


Figura 48 -  Esquema de sequência dos subplanos do plano de gestão de segurança no trabalho
Fonte: adaptado de Cavassa (2001 apud VEZZANI, 2011)

Cada um desses subplanos possui uma finalidade no sistema de gestão, que inicia com os planos pre-
ventivos e finaliza com as ações corretivas.
Acompanhe, a seguir, as características de cada um destes oito subplanos.

No plano preventivo de segurança serão visualizados: a segurança e observadas as


ações que visem a eliminação dos riscos existentes ou a manutenção destes em níveis
aceitáveis, também os eventos danosos, as condições inseguras e os comportamentos
perigosos, levando-se em consideração os custos de implantação e implementação.
O plano corretivo de segurança, por sua vez, deverá contemplar a aplicação de ações
corretivas às situações de disfunção do sistema de gestão do ambiente laboral alvo,
bem como, os seus custos.
O plano de formação e capacitação de recursos humanos deverá abarcar as questões
relativas aos processos de treinamento e capacitação necessários à ampliação dos
conhecimentos técnicos dos gestores, colaboradores e outros interessados, no sentido
de enaltecer e reforçar o processo de cognição para segurança.
No que concerne ao plano de meios, ele deverá abarcar o conhecimento do meio físico
no qual esteja inserido o ambiente laboral, analisando-se suas características, possibili-
dades, limitações, condições latentes de perigo, a fim de que sejam evitados os procedi-
mentos inseguros.
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
147

O plano de emergências será exclusivo e relativo ao conhecimento das emergências,


como: incêndios, assaltos, vazamentos e outros. Neste plano, poderão ocorrer parcerias
com o Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, CREA/GO, AGEST, Vigilância Sanitária e outros
parceiros envolvidos com as práticas de contenção de emergências.
O plano normativo de segurança estará direcionado ao conhecimento dos gestores,
colaboradores e outros interessados sobre as normas de segurança e a criação de no-
vas normas, pautando-se nas Normas Regulamentadoras - NR vigentes e exigidas pelo
Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.
Já o plano de segurança das instalações estará direcionado à viabilização das ações
e medidas voltadas às instalações físicas das unidades de trabalho, com vistas a res-
guardá-las contra os elementos externos que possam vir a perturbar ou desagregar as
condições de segurança da unidade laboral.
E, finalmente, o plano de segurança da imagem que deverá estar voltado para o mar-
keting positivo da segurança, do quanto ele irá proporcionar tranquilidade e satisfação
aos que dele se utilizam, bem como, os seus custos de implantação e implementação,
estando a cargo do gestor e sua assessoria de comunicação. (VEZZANI, 2011, p. 8-9).

Ao longo dos últimos anos, os órgãos certificadores estudaram vários meios para auxiliar a implantação
de um sistema de gestão e facilitar a integração entre o sistema de gestão ambiental e de qualidade. Assim,
surgiu a ISO 45001, que irá substituir a OHSAS 18001. Em novembro de 2017, a ISO 45001 foi aprovada e
deverá ser gradativamente implantada nas empresas certificadas na OHSAS 18001. Sua publicação está
prevista para 2018. O BSI Group continuará dando suporte a estas empresas já certificadas e fornecerá
materiais de suporte e treinamento para apoiar sua transição.
A nova ISO 45001 continuará baseando-se no modelo Planejar-Realizar-Verificar-Atuar, como previsto
na OHSAS 18001:2007. Esta norma ajudará a implementar um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde
Ocupacional, com o objetivo de melhorar a saúde e o bem-estar de seus colaboradores. A ISO 45001 é uma
norma criada pela International Organization for Standardization – ISO, que é uma entidade de padroniza-
ção e normatização criada em Genebra, na Suíça.
Esteja atento à publicação desta nova norma de implantação de um sistema de gestão de saúde e
segurança no trabalho, pois muitas mudanças devem acontecer. Como futuro profissional de segurança
do trabalho, busque possibilidades de atuar como participante da implantação de um sistema de gestão
como estes.

ESTRATÉGIAS
Entre as estratégias utilizadas num plano de gestão de segurança do trabalho, a mais importante é a
eliminação ou diminuição dos acidentes/eventos danosos e a diminuição das condições inseguras que
existem no ambiente. Nesse sentido, as principais estratégias do PGST são:
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
148

Estratégias preventivas - decisões de orientação e direção da ação principal visando à


eliminação dos riscos e das condições inseguras;
Estratégias corretivas - decisões e orientações de ações que possibilitem a retroali-
mentação ou retroação e a correção das atividades causadoras de acidentes;
Estratégias de rentabilidade - decisões e orientações no sentido de as ações principais
incrementarem a rentabilidade da unidade de trabalho;
Estratégias de conscientização - decisões e orientações no sentido de dirigir as ações
principais para motivação, preparação e conhecimento da importância da segurança a
fim de aumentar o nível de confiabilidade da unidade de trabalho;
Estratégias de relações e imagem - decisões e orientações no sentido de dirigir a ação
principal à motivação e reforço da imagem da unidade de trabalho e das atitudes positi-
vas relativas à gestão de segurança no trabalho aos colaboradores e outros envolvidos;
Estratégias de proteção integral - decisões e orientações no sentido de dirigir para
atuação e motivação do pessoal de projeto, colaboradores e outros envolvidos, como
forma de fomentar a preocupação com a manutenção e a gestão de segurança das ins-
talações. (VEZZANI, 2011, p. 12).

Portanto, não basta elaborar planos, é preciso definir estratégias para que estes planos possam atingir
seus objetivos. No caso das questões que envolvem a saúde e a segurança do trabalhador, as estratégias
devem focar a prevenção e a conscientização de acidentes do trabalho e depois as estratégias corretivas.

ATRIBUIÇÕES
Estão envolvidos na questão da segurança do trabalho os seguintes agentes (FUNDACENTRO33, 1979,
p. 236):
Diretoria - Cabe à diretoria a completa responsabilidade pela segurança do trabalho na empresa, vol-
tando suas ações para:
a) responsabilizar os executivos pela segurança do trabalho de todos os empregados;
b) autorizar gastos necessários para segurança do trabalho;
c) transformar em políticas, as recomendações formuladas pelo Departamento de Segurança do Tra-
balho ou pelos órgãos governamentais;
d) participar do programa de segurança do trabalho, sempre que solicitada pelo Departamento de
Segurança do Trabalho ou pelos executivos.

É uma instituição de pesquisa e estudos pertinentes à segurança, higiene e medicina do trabalho, vinculada ao Ministério do
33

Trabalho.
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
149

iStock ([20--?])
Supervisor de Segurança do Trabalho - tem a função de assessor de segurança e deve desenvolver
ações como:
a) coordenar as atividades de segurança do trabalho;
b) manter arquivos e analisar os relatórios de acidentes;
c) conduzir atividades educacionais para os supervisores de todos os níveis;
d) conduzir atividades para estimular e manter o interesse dos empregados;
e) supervisionar investigações e levantamentos de acidentes;
f ) planejar e dirigir um programa de inspeções de segurança do trabalho;
g) estudar leis e códigos de segurança do trabalho, para aplicação na empresa.
iStock ([20--?])

Departamento de Manutenção - trabalhar em conjunto com a CIPA, com o supervisor de segurança


do trabalho e com os mestres, devendo:
a) executar prontamente as ordens de serviço;
b) cooperar em relação às recomendações de equipamentos de segurança, proteção de máquinas etc.;
c) respeitar uma tabela de manutenção para todos os equipamentos, do ponto de vista de segurança;
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
150

d) fazer inspeções periódicas, com relatórios apropriados, de acordo com instruções do Departamento
de Segurança do Trabalho.

iStock ([20--?])
Líderes - terão como deveres e funções:
a) fazer inspeções para a verificação das normas de trabalho e regras de segurança estabelecidas;
b) modificar atitudes dos empregados;
c) promover a cooperação de cada equipe de trabalho;
d) ser responsável pela segurança do local de trabalho, arrumação e limpeza, iluminação e ventilação,
empilhamento, uso de roupas e equipamentos de proteção;
e) ser responsável pela pronta prestação dos primeiros-socorros a um subordinado ferido;
f ) relatar e investigar todos os acidentes e as suas causas;
g) fazer parte da CIPA;
h) fazer reuniões de segurança do trabalho;
i) discutir a segurança do trabalho com os empregados, individualmente.
iStock ([20--?])
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
151

Trabalhadores - os trabalhadores também poderão participar ativamente, no sentido de:


a) trabalhar de acordo com as práticas de segurança estabelecidas;
b) relatar condições inseguras;
c) acatar as sugestões da CIPA;
d) desempenhar, quando representantes na CIPA, as atribuições que lhes são designadas;
e) observar regras e regulamentos de segurança do trabalho;
f ) oferecer sugestões sobre segurança do trabalho;
g) não executar trabalhos que não conheçam, e não tenham treinamento específico para função.

iStock ([20--?])

CIPA - A CIPA deverá alcançar seu real objetivo por meio das atribuições que lhe são destinadas na legis-
lação vigente. A Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho que trata da CIPA é a NR 05.
A CIPA (BRASIL, 2011b) “[...] tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do
trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a pro-
moção da saúde do trabalhador. “
Todas as empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e
indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que
admitam trabalhadores como empregados devem constituir a CIPA.
Antonio Mees (2018)
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
152

Você pôde acompanhar o plano de gestão e observar as características dessa prática. Vá em frente e co-
nheça como é realizada a avaliação e a divulgação de ações educativas em saúde e segurança do trabalho.

4.7 AVALIAÇÃO E DIVULGAÇÃO

O Plano de Gestão de Segurança do Trabalho visa à criação de uma política de segurança geral, en-
volvendo todas as pessoas possíveis. Os critérios considerados são embasados em deduções, análises e
correções.
O envolvimento de outras pessoas é importante em um planejamento, porque podem ser passadas res-
ponsabilidades aos subordinados. Assim, o trabalhador se envolve mais com o suas atividades, motivando-
-se. Além disso, ele poderá observar situações que o responsável pela área de segurança, às vezes, deixa
passar desapercebidas.
O controle e o acompanhamento fazem parte dos procedimentos de qualquer planejamento. Iniciam
com a identificação e correção dos bloqueios ou desvios. O controle se dá por adoção de alguns critérios
embasados em deduções, análises e correções. Por exemplo, em um determinado período, pode ser men-
surada a quantidade de ocorrências que não são normais, para que, então, sejam elaboradas medidas de
melhorias. Se a comunicação não ocorrer corretamente, o entendimento também não ocorrerá. Uma boa
comunicação é aquela em que se diz algo à pessoa certa, de maneira certa, no momento certo.
A comunicação é mais do que simplesmente alguém dar uma ordem, fazer uma pergunta ou uma con-
sulta. Ela significa, também, todos os esforços de se esclarecerem as dúvidas e, com isso, manter os traba-
lhadores bem informados.
iStock ([20--?])

Assim, a própria divulgação dos regulamentos da empresa, cartazes sobre prevenção de acidentes, co-
municações internas, fichas, memorandos etc., constituem aspectos da comunicação.
A empresa deve fazer com que as informações de saúde e segurança cheguem ao conhecimento de to-
dos os funcionários. O envolvimento do empregado, bem como, os arranjos, as providências e os recursos
para consulta devem estar documentados e as partes interessadas devem ser informadas.
4 PLANEJAMENTO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
153

Além disso, os empregados devem ser envolvidos no desenvolvimento e na análise crítica de políticas e
procedimentos para gerenciar os riscos. Além disso, devem ser consultados quanto a quaisquer mudanças
que afetem a segurança e a saúde do ambiente de trabalho, representados em assuntos referentes à SST
(Saúde e Segurança do Trabalho), informados sobre quem é(são) o(s) representante(s) de SST dos empre-
gados e o representante indicado pela alta administração.
Como você pôde observar, a divulgação das informações relacionadas à segurança é muito importante,
pois isso ajuda a reduzir o número de acidentes nas empresas.

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você estudou o que é o planejamento em saúde e segurança do trabalho e


constatou que o planejamento constitui a primeira das funções administrativas que compõem o
processo. O planejamento define objetivos e decide sobre os recursos e as tarefas necessárias para
alcançá-los adequadamente.
Pôde perceber que planejar significa olhar para frente, visualizar o futuro e o que deverá ser feito,
e que os objetivos são resultados específicos ou metas que se deseja atingir. Nessa perspectiva,
plano é uma colocação ordenada daquilo que é necessário fazer para atingir os objetivos.
Foi apresentado a você como elaborar um planejamento de SST, quais os benefícios de se fazer
um planejamento em SST e quais as ferramentas utilizadas para isto. Outra questão importante
apresentada neste capítulo foi a implantação de um sistema de gestão em saúde e segurança do
trabalho.
Você pôde verificar como a qualidade vem trazendo novidades e ferramentas cada vez mais
eficazes para a resolução de problemas e conheceu ainda algumas das ferramentas da qualidade
mais importantes aplicadas nas empresas.
Conheceu a importância da comunicação e da divulgação de ações voltadas à Saúde e segurança
do Trabalho, além de constatar a importância da participação de todos os níveis hierárquicos da
empresa nas ações propostas, sempre com o objetivo de manter a saúde e promover a segurança
dos trabalhadores no seu ambiente de trabalho.
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MINICURRÍCULO DOS AUTORES
ALUIR DO ROSÁRIO
Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (2007) e especiali-
zação em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade do Contestado (2012). Trabalhou
como Engenheiro Eletricista em Especificação de Redes de Telecomunicações, em controle de Proje-
tos aplicado a redes de energia, no desenvolvimento de procedimentos e processos, coordenação,
análise de procedimentos e processos relacionados a equipamentos elétricos/eletrônicos. Trabalhou
em diversas empresas da área de serviço, prestando consultoria na área. Na área de ensino trabalhou
como professor da rede FIESC, atuou como responsável técnico no controle de qualidade e ensaio
de funcionalidade e segurança de equipamentos de telecomunicações. Elaborou e aprovou junto ao
CNPQ projeto de extensão de ensino à comunidade, que gerou a montagem de um laboratório de
controle.

BRUNNO BORGES PEREIRA


Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Regional de Blumenau – FURB (2010), com
Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Regional de Blumenau
– FURB (2015). Atuou como docente do SENAI desde 2012 nos cursos Técnico em Mecânica, Técnico
em Eletrotécnica, Técnico em Eletromecânica e Técnico em Manutenção Automotiva.

JULIANA CARLA HOBI SCHMITT


Licenciada e Bacharel em Química pela UFSC - Florianópolis (2002), Especialista em Higiene Ocu-
pacional pela Escola Politécnica da USP - São Paulo (2009) e Técnica de Segurança do Trabalho pelo
SENAI de Jaraguá do Sul (2014). Atuou como professora de Química para o Ensino Médio. No ensino
técnico, atuou como professora, coordenadora de curso, conteudista, tutora e orientadora de proje-
tos de conclusão. Em empresas, atuou no ramo metalúrgico e siderúrgico como Higienista Ocupacio-
nal em trabalhos voltados à avaliação de riscos ocupacionais, treinamentos de segurança, inspeções,
coordenando programas de Saúde e Segurança do Trabalho, análise de produtos químicos, emissão
de laudos toxicológicos, realizando treinamento sobre produtos perigosos. A área de interesse pro-
fissional é focada na Higiene Ocupacional e Química voltada à Segurança do Trabalho.
ROCHELE SPODE MAHLKE
Graduada em Educação Física pela Universidade Tuiuti do Paraná concluído (2002), Técnica em Se-
gurança do Trabalho pelo CEDUP de São Bento do Sul (2011), Especialista em Ergonomia (2012),
Especialista em Promoção de Programas para a Saúde do Trabalhador, especialização realizada no
ISEPE de Joinville, Especialização em Gestão em Saúde pela Fiocruz do Rio de Janeiro. Trabalhou 9
anos no SESI com Promoção de Saúde e qualidade de vida do Trabalhador e atuou como Técnica em
Segurança do Trabalho em industrias da Região do Planalto Norte Catarinense. Atualmente é Profes-
sora do Curso técnico em Segurança do Trabalho no Estado de Santa Catarina.

JEFFERSON LUIZ SCHELBAUER


Graduado em Engenharia Mecânica (1992- UDESC), pós-graduado em Gestão da Manutenção (2006-
INPG) e em Tecnologia Mecânica (1996-UNERJ/UFSC). Atualmente é instrutor do SENAIsc, na unida-
de de Jaraguá do Sul, ministrando as disciplinas de Gestão de Manutenção, Tecnologia dos Materiais
e Processo de Fundição no curso de Tecnologia de Produção Mecânica, cursos na área de segurança
conforme exigido pela NR 13 e NR 20 e aulas presenciais e tutoria para o curso Técnico de Segurança
do Trabalho. Possui 22 anos de experiência em empresas dos ramos alimentício, têxtil e metal-mecâ-
nico, em manutenção industrial, atuando em gestão, supervisão de equipes, planejamento e enge-
nharia de manutenção.

GUILHERME AUGUSTO GIRARDI


Graduado em Engenharia Ambiental pela Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO e
pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Tecnológica Federal do
Paraná – UTFPR. Docente em escolas técnicas, desde 2008, nos cursos técnicos em segurança do
trabalho, técnico florestal, técnico em meio ambiente, técnico em logística e técnico têxtil.

RICARDO RODRIGUES MISUMOTO


Formado na área de Segurança do trabalho, atuou como profissional de segurança nos últimos 12
anos em diversos segmentos da indústria. Ainda no segmento corporativo, teve a oportunidade de
realizar inúmeras apresentações, palestras e cursos voltados ao segmento de saúde e segurança,
meio ambiente e gestão de pessoas.
ÍNDICE

A
ACT 261
Análise dos Modos de Falhas e Efeitos - AMFE 142
Análise Ergonômica do Trabalho – AET 230
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT 19, 201, 367
Atestado de Saúde Ocupacional – ASO 65, 205, 226

B
Brigada de incêndio 36, 277, 316, 345, 346, 348, 350, 367

C
Certificado de Aprovação - CA 56
Check 134, 157, 261, 363
Classificação Nacional de Atividades Econômicas 71, 209, 210, 242, 270
Código de Processo Civil – CPC 60
Código de Processo Penal - CPP 60
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA 46
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA 95
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT 19, 44

D
Diálogo Diário de Segurança - DDS 77, 199
Do 59, 235, 261, 295, 362

E
Equipamento de Proteção Respiratória - EPR 84
Extintores de incêndios 319

F
Fator de Proteção Atribuído - FPA 89
Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho - Fundacentro 19, 372
G
Grau de Risco - GR 270
Grupos Homogêneos de Exposição - GHE 52
Grupos Homogêneos de Exposição Similar - GHES 52

I
Iluminação de emergência 36, 328, 329, 340, 348, 367
Instituto Nacional de Metrologia - INMETRO 279
Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS 235, 272
Instrução Normativa - IN 83, 207
International Organization for Standardization - ISO 145

L
Limite de Tolerância - LT 52
Listas de Verificação - LV 142

M
Ministério do Trabalho - MTE 201, 254

N
Não Conformidades - NC 132
National Institute for Occupational Safety and Health - NIOSH 52
Nível de Pressão Sonora - NPS 74
Normas Regulamentadoras - NRs 21

O
Organização Internacional do Trabalho - OIT 24, 60, 141

P
PDCA 133, 134, 261, 361, 362, 364, 373
Perda Auditiva Induzida pelo Ruído ocupacional - PAIR 73
Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP 375
Plan 134, 261, 362
Plano de emergência 36, 299, 301, 303, 304, 305, 306, 310, 311, 312, 315, 334, 346, 348, 349, 359,
363, 367
Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho - PNSST 189
Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA 93
Políticas de Saúde e Segurança do Trabalho - PSST 186
Primeiros socorros 65, 234, 278, 280, 281, 282, 299, 313, 345, 347, 348, 349, 350, 351, 352, 353,
354, 360, 364
Programa de Conservação Auditiva - PCA 41, 72, 241
Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR 241
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA 41, 44, 225
Programa de Proteção Respiratória - PPR 31, 41, 71, 87, 242
Proteção e combate a incêndio 299, 316, 317, 319, 334, 340, 364

R
Receita Federal do Brasil - RFB 207

S
Segurança e Saúde Ocupacionais - SSO 143
Seguro Acidente do Trabalho - SAT 266
Sinalização de emergência 329, 330
Supremo Tribunal Federal - STF 60
SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Aluir do Rosário
Brunno Borges Pereira
Guilherme Augusto Girardi
Jefferson Luiz Schelbauer
Juliana Carla Hobi Schmitt
Ricardo Rodrigues Misumoto
Rochele Spode Mahlke
Elaboração

Juliana Carla Hobbi Schmitt


Revisão Técnica

Morgana Machado Tezza


Coordenação do Projeto

Marina Wudtke Laurindo


Design Educacional

Airton Julio Reiter


Revisão Ortográfica e Gramatical

Alisson Adriano Dhien


Antonio Mees
D’imitre Camargo
Leonardo Ribeiro dos Santos Reis
Leonardo Sobreira
Luiz Meneghel
Patricia Marcilio
Sabrina da Silva Farias
Waleska Knecht
Fotografias, ilustras e Tratamento de Imagens
Ana Carolina Silva
Leandra Oliveira Castro
Marcus Nino Moura
Thomaz Yuri Vernac
Comitê Técnico de Avaliação

Patricia Marcilio
Diagramação

Airton Julio Reiter


Normalização

Patricia Correa Ciciliano


CRB – 14/752
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

Creatas Images
Hemera
Ingram Publishing
iStock
Lifesize
Microsoft Office
Office
Stockbyte
Supera
Banco de Imagens

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