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A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO DE PRODUÇÃO E OPERAÇÕES

As actividades da administração da produção remontam à origem do ser humano. As primeiras


actividades de produção extractiva, as plantações e criação de animais, que vieram na
sequência, já exigiam algum esforço no sentido produtivo.

O avanço das civilizações, desde a antiguidade, permitiu a construção de grandes


empreendimentos, como as pirâmides do Egipto, a grande muralha da China, pontes e estradas,
grandes embarcações, além de inúmeras outras obras monumentais de que se tem notícia.

O período pós-revolução industrial marca o início da administração da produção revestida do


cunho técnico que a caracteriza nos dias de hoje.

A evolução histórica da gestão de produção e operações, foi dividida em seis períodos, iniciando
com a Revolução Industrial e concluindo com o período actual, em que os esforços das
empresas se concentram no fortalecimento da cadeia de suprimentos.

1. PRIMEIRO PERÍODO – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL


A revolução industrial teve como berço a Inglaterra, a partir da segunda metade do séc. XVIII,
quando o surgimento das fábricas e a invenção das máquinas a vapor impulsionaram as
tendências que o mercantilismo havia iniciado.

O aparecimento de um novo tipo de organização, a empresa industrial, proporcionou a


substituição do processo de produção manual pelo processo de produção mecânica e fabril, o
que acabou por provocar influências nunca antes imaginadas nas técnicas de produção e de
administração. A Revolução Industrial passou a ser, naturalmente, considerado o marco inicial
do processo gerador da administração da produção conforme conhecida nos dias de hoje,
porque esta exigiu novas técnicas gerências de produção, específicas para a indústria.

1780 a 1860: Primeira Revolução Industrial - do carvão e do ferro


As primeiras organizações industriais utilizaram o carvão como fonte de energia e o ferro como
matéria-prima para a fabricação de produtos e principalmente, para a fabricação das próprias
máquinas industriais, que começavam a surgir. Este primeiro período permaneceu restrito à
Inglaterra, com a preponderância da produção de produtos têxteis e o aparecimento do motor a
vapor, impulsionado pelo uso do carvão.

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Primeira Revolução Industrial e seus responsáveis

1767 – James Hargreaves Invenção da primeira máquina de fiar


A máquina consistia em diversos fusos dispostos verticalmente e movidos por uma roda, além de
um gancho que segurava diversos novelos.

1776 - Adam Smith Introdução de uma nova doutrina económica


Em sua célebre obra “A riqueza das nações” Smith advogava que o governo não precisava
intervir na economia. Ele achava que, se os empresários tivessem liberdade de procurar seus
próprios interesses, o mercado produziria bens na quantidade e no preço que a sociedade
esperasse, levado por uma “mão invisível”, que actuaria adequadamente se não houvesse
impedimento ao livre comércio.

1776 - James Watt Aperfeiçoamento do motor a vapor


O aperfeiçoamento do motor a vapor de Watt permitiu o seu uso prático na indústria. Instalada,
inicialmente, em fábricas de artefactos de ferro, a máquina a vapor foi o gatilho que disparou a
revolução industrial, mecanizando tarefas anteriormente manuais.

1790 - Eli Whitney Criação do conceito da utilização de peças intercambiáveis


O conceito de intercâmbio de peças foi originalmente aplicado à fabricação de mosquetes
vendidos ao exército americano, mas acabou por permitir o processo de produção em massa,
com estações de trabalho e fluxo ininterrupto de produção nas mais diversas indústrias. Whitney
talvez seja mais conhecido pela invenção da Cotton gin, uma máquina revolucionária de
processamento de algodão, que aumentou a produtividade da indústria têxtil, incentivando as
plantações de algodão no sul dos Estados Unidos.

1822 - Charles Babbage Criação da primeira calculadora mecânica


Babbage concebeu a primeira calculadora mecânica e prática do mundo. Depois disto, Babbage
desenvolveu a idéia do “motor analítico”, que serviu de base para as implementações dos
computadores electrónicos, mais de um século depois, quando, finalmente, a IBM conseguiu
desenvolver a tecnologia necessária para colocar em prática os conceitos do inventor inglês. Em
seu livro On the economy of machinery and manufactures, lançado em 1832, Babbage fornece
ideias revolucionárias de gestão da produção, que também vieram a ser exploradas no século
seguinte.

Actualmente, é muito raro encontrar algum produto que tenha estrutura ou peças de ferro. A
matéria-prima ferro é quebradiça, não permite ser dobrada, esticada ou entortada e tem
aplicações muito limitadas. O aço, por sua vez, é uma espécie de liga de ferro contendo carbono,

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que lhe proporciona características de transformação física excelentes para a manufactura de
produtos. Ele não é quebradiço como o ferro e permite a laminação em finas chapas, que podem
ser cortadas, dobradas, amassadas, esticadas e transformadas em vários perfis, inclusive tubos.

1850 a 1914: Segunda Revolução Industrial - do aço e da electricidade


Este foi o período em que “a grande mudança” da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, se
espalhou pela Europa, América e Ásia, aumentando a concorrência e proporcionando o
desenvolvimento da indústria de bens de produção. Houve a descoberta do processo de
fabricação do aço industrial, em substituição ao ferro, concomitantemente à utilização de outras
formas de energia, mais limpas, eficientes e acessíveis, como a electricidade e o petróleo, em
substituição ao carvão.

Alguns avanços da Segunda Revolução Industrial e seus responsáveis

1856 - Henry Bessemer Processo de fabricação do aço industrial


Por sua resistência e por seu baixo custo de produção, o aço logo suplantou o ferro,
transformando-se no metal básico de confecção de instrumentos e utilitários.

1873 – Gottlieb Daimler Aperfeiçoamento do motor a combustão


Daimler se aliou a Wilhehm Maybach, na Alemanha, e depois de muitas pesquisas e estudos
sobre o ciclo de motores de quatro tempos obteve, em 1876, a primeira patente europeia para
esse tipo de motor. Já no ano seguinte, esse modelo revolucionário de motor estava pronto e em
funcionamento.

1880 – Gottlieb Daimler e Karl Benz Invenção do automóvel


Ambos nascidos na Alemanha, Daimler e Benz desenvolveram o automóvel em paralelo, sem
nenhuma influência de um invento sobre o outro. Contra tudo e contra todos surge o automóvel
Podemos dizer que o surgimento do automóvel foi uma coincidência do acaso e do destino, pois
Gottlieb Daimler e Karl Benz sofreram muito com seus inventos. As críticas da época eram
pesadas e houve, em função disto, muitas perseguições nas cidades em que trabalhavam.

O jornal Connstatter Zeitung, em 1885, fez duras queixas contra o triciclo e o motor que Daimler
estava testando pelas ruas de Connstatt. Dizia que aquele invento era diabólico, repugnante e
muito perigoso para a vida e o bem-estar dos cidadãos, solicitando uma enérgica e drástica
intervenção dos policiais e autoridades locais. Daimler, apesar da angústia e mágoa, não
desistiu. Continuou sua pesquisa e testes com o triciclo. Concentrou-se ainda nas pesquisas de
seu barco, em estágio adiantado. “O Marie” tinha um motor a explosão de 1,5 HP. Quando foi
fazer seus testes em um rio próximo, disfarçou o barco com muito arame, fios intermináveis,

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diversos isolantes e caixas que não serviam para nada. Disse aos curiosos que se tratava de um
barco movido a electricidade. Só após o sucesso do teste Daimler revelou a verdade e ganhou a
batalha psicológica de seus concorrentes.

No mesmo período, Karl Benz era vítima também de um violento ataque de jornalistas e outros
inimigos. Mannheimer, um conhecido jornalista, descreveu o invento de Benz como indecente e
como uma ameaça a toda a sociedade. “Quem seria o louco interessado em adquirir um invento
(a carruagem sem cavalos de Benz) que ocuparia espaço, sem qualquer segurança e conforto,
uma vez que havia centenas de cavalos a venda, algo bem mais útil ao homem da região?”.
Com essas críticas, Benz pensou em desistir, mas sua esposa insistiu para que não o fizesse,
pois há muito tempo Benz trabalhava naquele projecto.

No final do verão de 1888, camponeses e fazendeiros assustados viram um dos veículos de


Benz avançar ao meio da estrada cheia de buracos levantando leve poeira. O veículo era dirigido
por um de seus filhos, acompanhado por Benz, a esposa e seu outro filho. Benz ganhou
confiança e acabou convencendo até seus inimigos. Por volta de 1875, mais de dois mil motores
tinham sido vendidos na Europa.

2. SEGUNDO PERÍODO – PESQUISAS POR TENTATIVAS, ERROS E ACERTOS

A proliferação das organizações industriais também criou problemas outrora inexistentes. As


novas organizações se transformaram em terreno fértil para pesquisas, testes, experimentos,
análises e criação de teorias que contribuíram para a elevação da arte da administração à
categoria de ciência.
Muitos pesquisadores organizacionais sentiram-se encorajados a escrever sobre suas
experiências e técnicas empregadas na administração em grande parte por conta dos sucessos
que obtiveram ao administrar estes novos desafios.
O resultado dos trabalhos deste segundo período da cronologia é conhecido na literatura das
teorias da administração como abordagem clássica da administração.

Alguns pioneiros da abordagem clássica da administração

1911 - Frederick Winslow Taylor


Escola da administração científica O trabalho de Taylor, nascido na Pensilvânia nos Estados
Unidos, tinha como objectivo principal desenvolver princípios e técnicas para resolver os
problemas advindos da intensa escala de industrialização. Taylor concentrou-se na análise da
administração de tarefas. Em decorrência do seu trabalho, Taylor é comummente chamado de “o
pai da administração científica”.

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1912 - Frank e Lillian Gilbreth
Estudos dos movimentos e da psicologia industrial
O casal norte-americano trouxe importantes contribuições para a administração científica,
abordando o estudo dos movimentos, da fadiga e da psicologia da administração.

1912 - Henry Gantt Gráfico de Gantt para programação de atividades


Entre as várias contribuições de Henry Gantt, a mais popular e de uso mais generalizado é o que
se convencionou chamar de gráfico de Gantt, que ainda é a ferramenta de programação de
tarefas mais utilizada pelos administradores. Trata-se de uma ferramenta simples, que se baseia
no uso de barras horizontais para mostrar quais tarefas podem ser executadas simultaneamente
ao longo da vida de um projecto. As atividades são listadas na vertical, as datas na horizontal e
sua duração é representada pelo comprimento das barras, que podem mostrar o desempenho
actual comparado com o planeado.

1913 - Henry Ford Criação da primeira linha de montagem móvel


Seguindo a idéia da linha de montagem móvel, proposta por Ford, o produto em processo
desloca-se ao longo de um percurso, enquanto os operadores ficam parados. Essa inovação no
processo produtivo trouxe consequências espantosas para a produção, maximizando as
vantagens da economia de escala.

Na lógica de Ford, típica de um momento da história das organizações em que a demanda era
muito superior à oferta, quanto mais automóveis fossem produzidos, menor seria o custo
unitário.

1916 – Henry Fayol Escola clássica da administração


Fayol, engenheiro francês, publicou o livro "Administração geral e industrial", em que formulou
uma teoria geral de administração que podia ser ensinada. Sua abordagem se concentrou na
análise da administração das funções da organização. Os elementos da administração descritos
por ele, como planeamento, organização, liderança, coordenação e controlo, ainda são os
parâmetros válidos para as modernas teorias da ciência da administração.

3. TERCEIRO PERÍODO – CONSOLIDAÇÃO DA CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO


Em continuidade à evolução natural dos factos, a ciência da administração avançou rapidamente
para uma fase de amadurecimento e consolidação das práticas administrativas. Inicialmente, a
administração da produção foi conduzida exclusivamente por engenheiros. Mas o fato de a
abordagem clássica não considerar as variáveis humanas adequadamente permitiu que
profissionais de outras áreas do conhecimento humano, principalmente os psicólogos,

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passassem a ter uma actuação importante no desenvolvimento da ciência da administração. Em
paralelo à evolução desta abordagem comportamental, incorporaram-se à administração uma
série de modelos estatísticos e matemáticos.

Alguns personagens da consolidação da administração como ciência

1930 - Elton Mayo Abordagem comportamental da administração

Os estudos famosos de Hawthorne 7, conduzidos entre os anos de 1927 e 1932, são


considerados o início da abordagem comportamental, reconhecendo cientificamente a influência
da variável humana nos meios de produção. Essa abordagem diz que os gestores precisam
entender seus funcionários e adaptar a empresa a eles para que a organização obtenha êxito.
Outros grandes nomes prosseguiram dando ênfase à motivação, liderança, comunicação,
criatividade, organização informal etc. Dentre tantos, sobressaem-se Abraham Maslow, com
suas teorias motivacionais, Frederick Hertzberg e Douglas McGregor, com as teorias X e Y,
entre numerosas contribuições.

1931 - Walter Shewhart Controlo estatístico da qualidade


Trata-se de um método estatístico desenvolvido para eliminar causas de variações anormais no
processo produtivo, desenvolvido a partir de 1924 por Shewhart para a Bell Telephone
Laboratories. A utilização de técnicas estatísticas para análise e solução de problemas ganhou
importância somente após 1944, com o desenvolvimento da produção em larga escala,
principalmente no Japão. O controlo estatístico de processos (CEP) surgiu como a ferramenta
ideal para o controle eficiente, rápido e seguro dos processos produtivos e seu aperfeiçoamento.
Em 1944, Shewhart publicou o livro "Economic Control of Quality of Manufactured Products",
livro que atribuiu, pela primeira vez, um carácter cientifico aos aspectos da qualidade.

1934 - L. H. C. Tippet Técnica da amostragem do trabalho


Empregada pela primeira vez na indústria têxtil inglesa, a técnica proposta por Tippet permitiu
estimar a percentagem de tempo que um trabalhador ou uma máquina utiliza em cada
actividade. Seu uso só se generalizou a partir de 1950.

4. QUARTO PERÍODO – ABORDAGEM QUANTITATIVA

A abordagem quantitativa da administração teve sua origem durante a Segunda Guerra Mundial.
Neste período, equipes multidisciplinares de matemáticos, físicos, estatísticos e outros
profissionais foram formadas para criar ferramentas mais sofisticadas que as existentes até
então para auxílio à tomada de decisão, inicialmente em questões de interesse militar. Como

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estes problemas envolviam materiais, armazenamento, logística, pessoas e outras preocupações
similares às de qualquer organização, as teorias e técnicas criadas foram rapidamente
adoptadas por organizações não militares.

O foco principal de qualquer método quantitativo consiste na busca de um processo de auxílio à


tomada de decisão baseado em critérios absolutamente racionais e analíticos, enfim
quantitativos. A maioria dos métodos quantitativos se baseia em algum critério de decisão
envolvendo algum factor económico.
Esta abordagem tem uma visão distinta das abordagens até então adoptadas, em função da
aplicação de matemática, estatística, pesquisa operacional e outras técnicas, ditas quantitativas,
para auxílio à tomada de decisão pelos administradores.

Principais avanços da fase de desenvolvimento quantitativo

1940 - P. M. S. Blackett Pesquisa operacional


A técnica de pesquisa operacional se desenvolveu na Inglaterra, com Blackett dirigindo um grupo
de especialistas dedicados à análise de operações militares. As análises procuravam maximizar
os escassos recursos disponíveis para as operações militares. Ao final da guerra, as técnicas
passaram a serem aplicadas nos meios empresariais da Inglaterra e dos Estados Unidos. O MIT
(Massachusetts Institute of Technology) foi o primeiro instituto de ensino a incluir, em 1948, uma
disciplina destinada ao ensino da pesquisa operacional.

A pesquisa operacional busca construir modelos matemáticos ou de abstracção similares a uma


situação específica, com vistas a obter a solução óptima para servir de base à tomada de
decisão. Fazem parte da pesquisa operacional as técnicas de programação linear e modelos de
gerenciamento de projectos, como o PERT e o CPM.

Final da década de 1950 Administração de projectos por PERT e CPM


Consiste de uma metodologia utilizada para planejar, coordenar e controlar o andamento de
projectos de grande porte. O sistema PERT (iniciais de Programe valuation and review
technique) foi criado em um trabalho conjunto da marinha norte-americana, da empresa
Lookheede da firma de consultoria Booz-Allenand Hamilton para o projeto de construção do
míssil Polaris.

O CPM (sigla de Critical Path Method) também é uma técnica para coordenação de projectos,
desenvolvida no final da década de 50 por J. E. Kelly e por M. R. Walter, originalmente para a
coordenação de projectos de manutenção de fábricas da indústria química.

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1947 - George Dantzig Programação linear - método simplex
Um grande marco na evolução dos estudos da programação linear foi o desenvolvimento por
Dantzig do algoritmo por ele denominado de simplex. O método simplex é uma sistemática de
busca de solução óptima entre um conjunto de possíveis soluções.

1949 – Ergonomia
Em 12 de Julho de 1949, na Inglaterra ocorreu a primeira reunião entre cientistas para discutir e
formalizar esta nova disciplina. Em 16 de Fevereiro de 1950 adoptou-se oficialmente o termo
Ergonomia, derivado das palavras gregas ergon, que significa trabalho, e nomos, com o
significado de regras, normas ou leis. Em suma o termo ergonomia está relacionado com as
regras do trabalho.

1952 – Lawrence D. Miles Engenharia de valor


Também denominada análise de valor, trata-se de uma série de técnicas que visam a concentrar
os esforços em termos de função e não tem termos de peças ou componentes.

5. QUINTO PERÍODO – QUALIDADE E EXCELÊNCIA ORGANIZACIONAL


Os aspectos da administração da qualidade do que se produz são inerentes ao processo
produtivo.
No início das organizações industriais, a abordagem dos aspectos da qualidade tinha carácter
predominantemente operacional e correctivo, voltado para a inspecção. Mais recentemente,
principalmente em decorrência da introdução do JIT e da produção enxuta, as empresas
passaram a se preocupar com a identificação e eliminação de qualquer tipo de desperdício.
Esta abordagem, diferentemente da preocupação operacional de outrora, se voltou aos aspectos
estratégicos da qualidade, prevenção de falhas e ao ataque profundo aos desperdícios, até
então ocultos. A inspecção e controlo estatístico da qualidade (operacionais) evoluíram rumo à
gestão da qualidade total (estratégica).

Os principais pensadores e difusores das novas ideias deste período são:

1970 – Gurus da qualidade Ênfase na qualidade


Na década de 70, o assunto da qualidade passou a ser abordado como forte prioridade
competitiva. As práticas modernas da qualidade foram moldadas por contribuições de
personagens, que passaram a serem conhecidos nos meios empresariais como os gurus da
qualidade. Entre os mais famosos estão: W. Edwards Deming, considerado o pai do controlo da
qualidade, Joseph M. Juran, Armand Feigenbaum, Philip Crosby, KarouIshikawa e Genichi
Taguchi.
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1973 – Taiichi Ohno Sistema Toyota de produção
O sistema Toyota de produção foi concebido e sua implementação começou logo após a
Segunda Guerra Mundial. Mas a atenção do Japão e do resto do mundo só se voltou para a
nova técnica a partir de 1973, quando conceitos como o Kanban e o just-in-time passaram a ser
adoptados por empresas dos mais variados sectores, tanto no ocidente como no
oriente.nistração da Produção (Operações industriais e de serviços)

1975 – MRP Material Requirements Planning


Com o aparecimento dos computares, uma grande carga representada pela manutenção dos
registos de estoques e determinação das necessidades de materiais foi transferida para os
computadores. O principal programa desenvolvido para tal, denominado MRP, rapidamente
passou a ser parte integrante dos processos de programação da produção e materiais das
empresas de todo o mundo. O crédito pela divulgação do MRP se deve a Joseph Orlick, autor do
livro "Material requirements planning", de 1975, a George Plossl, Oliver Wight e à Sociedade
Americana para o Controlo de Estoques (APICS).

1975 - Wickham Skinner Ênfase na estratégia de operações


Skinner propôs o conceito de estratégia de operações, que busca garantir que os processos de
produção estejam alinhados como os objectivos estratégicos do negócio da organização como
um todo. Seu trabalho mostra a importância da interface da produção com as outras actividades
da organização, representadas pelas actividades mercadológicas, contabilísticas, gestão de
pessoas e o ambiente global em que se insere o negócio, envolvendo o governo, tecnologias
disponíveis, concorrência, consumidores etc.

Também alerta para a necessidade de uma estratégia de operações rapidamente adaptável às


mudanças deste ambiente, para melhor enfrentar os desafios que certamente vão ocorrer no
longo prazo.

1987 – ISO 9000 Normas da Série ISO 9000


Conjunto de normas que define padrões para o estabelecimento de um sistema da qualidade
que oriente o desempenho de uma empresa em requisitos específicos nas áreas de projecto,
produção, instalação e serviço. A ISO 9000 passou a ser de utilização praticamente obrigatória
em grandes negócios.
Em 1994, os 73 países de maior produto interno bruto do mundo adoptaram a ISO 9000 como
norma nacional.

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6. SEXTO PERÍODO – ABORDAGEM DE COORDENAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

Sempre em busca da excelência e eliminação de desperdícios, conforme proposto pela filosofia


just-in-time, e cada vez mais pressionadas pelo aumento da competição, agora em escala global,
as organizações têm buscado, mais recentemente, melhorar a eficácia da interacção na cadeia
de suprimentos como um todo.

Uma cadeia de suprimentos engloba todos os estágios envolvidos, de forma directa ou indirecta,
no atendimento do consumidor. Ela envolve clientes, varejistas, atacadistas, distribuidores,
fabricantes, fornecedores de matéria-prima ou componentes, fornecedores dos fornecedores e
transportadores.

A gestão da actuação conjunta de tantos playerstem sido chamada de Supply Chain


Management, que se apresenta como um novo modelo competitivo e gerencial para as
organizações. O movimento nesse sentido é recente e ainda não há na literatura um consenso
sobre os marcos históricos mais relevantes a ele relacionados. Ainda assim, algumas práticas e
iniciativas alinhadas a este novo direcionamento merecem destaque e são:

Práticas associadas à gestão da cadeia de suprimentos

1990 – VMI Vendor Managed Inventory


Trata-se de uma prática em que o gerenciamento, o controlo e a reposição do estoque ficam a
cargo do fornecedor. Este conceito se baseia na confiança mútua entre fornecedor e cliente com
busca de ganhos conjuntos que possam ser compartilhados pelas partes.

1992 – Movimento ECR Efficient Consumer Response


Envolve os esforços desenvolvidos para proporcionar uma rápida resposta às exigências do
mercado, no caso do desenvolvimento e lançamento de novos produtos, no atendimento dos
pedidos, na produção sob encomenda, na recuperação de falhas, na adaptação às mudanças de
mercado, ou seja, um movimento em busca de uma administração mais ágil e flexível.

1994 – CPFR Collaborative Planning, Forecasting and Replenishment


Envolve processos que visam a facilitar a colaboração entre empresas, principalmente no
tocante à previsão de demanda, com base na colaboração mútua, mais uma vez, indo em busca
de ganhos conjuntos que possam ser compartilhados entre as partes.

1998 - E-business Comércio electrónico


Implica na execução de transacções comerciais via Internet, o que promete revolucionar a forma
de comercialização de muitos produtos.

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 Quando a transacção via e-business acontece entre empresa e o consumidor, é
denominada B2C (Business to Consumer).
 Quando o e-business diz respeito às transacções entre empresas, denomina-se B2B
(Business to Business).

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