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SÉRIE ELETROELETRÔNICA

FUNDAMENTOS
DE REDES DE
DISTRIBUIÇÃO
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações

Regina Maria de Fátima Torres


Diretora Associada de Educação Profissional
SÉRIE ELETROELETRÔNICA

FUNDAMENTOS
DE REDES DE
DISTRIBUIÇÃO
© 2013. SENAI – Departamento Nacional

© 2013. SENAI – Departamento Regional de São Paulo

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI - São
Paulo, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os
Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de São Paulo


Gerência de Educação – Núcleo de Educação a Distância

FICHA CATALOGRÁFICA

S491g

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Fundamentos de redes de distribuição / Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de São Paulo. Brasília : SENAI/DN, 2013.
108 p. il. (Série Eletroeletrônica).

ISBN 978-85-7519-786-8

1. Redes aéreas 2. Sistema elétrico 3. Classes de tensão 4. Veículos


5. Sinalização 6. Equipamentos de comunicação I. Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de São Paulo II. Título
III. Série

CDU: 005.95

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de figuras, quadros e tabelas
Figura 1 - Estrutura curricular do curso de Eletricista de Redes
de Distribuição de Energia Elétrica.........................................................................................................12
Figura 2 - Etapas do sistema elétrico.........................................................................................................................16
Figura 3 - Torres em linhas de transmissão..............................................................................................................18
Figura 4 - Sistema de distribuição de energia elétrica no Brasil......................................................................19
Figura 5 - Ramal de ligação do consumidor............................................................................................................22
Figura 6 - Diagrama de transformação de energia elétrica até a chegada à casa do consumidor......24
Figura 7 - Redes primária e secundária de distribuição de energia elétrica................................................25
Figura 8 - Torre com base de concreto armado.....................................................................................................27
Figura 9 - Diferença entre fio e cabo.........................................................................................................................28
Figura 10 - Diferença entre cabo simples ou singelo e cabo multipolar......................................................28
Figura 11 - Transformador e suas proteções elétricas..........................................................................................29
Figura 12 - Veículo com compartimento para materiais e ferramentas........................................................31
Figura 13 - Poste e placa de identificação................................................................................................................32
Figura 14 - Estaiamento em cruzeta...........................................................................................................................33
Figura 15 - Instalação de equipamentos em redes secundários de energia...............................................34
Figura 16 - Ancoragem do cabo no isolador...........................................................................................................35
Figura 17 - Eletricista efetuando serviços no ramal do consumidor de energia........................................35
Figura 18 - Faixa de ocupação do poste destinada à infraestrutura de telecomunicações...................36
Figura 19 - Cruzeta simples...........................................................................................................................................59
Figura 20 - Luminária de iluminação pública..........................................................................................................69
Figura 21 - Estação transformadora de IP (transformador) ...............................................................................70
Figura 22 - Medidor de energia ligado ao poste...................................................................................................70
Figura 23 - Conector em rede de distribuição de BT............................................................................................71
Figura 24 - Conexões em rede de distribuição de BT, com derivação e estribo.........................................71
Figura 25 - Várias conexões em AT em cruzeta dupla..........................................................................................72
Figura 26 - Amarração do cabo no isolador............................................................................................................74
Figura 27 - Alça pré-formada para uso em isoladores de disco.......................................................................75
Figura 28 - Coxim de elastômero................................................................................................................................75
Figura 29 - Estrutura com cruzeta de concreto simples (N1) – padrão Celpa.............................................76
Figura 30 - Montagem em cruzeta simples – padrão AES Eletropaulo.........................................................77
Figura 31 - Caminhão guindauto................................................................................................................................82
Figura 32 - Serviço com caminhão com cestos aéreos........................................................................................83
Figura 33 - Caminhão para transporte de postes e bobinas de cabos..........................................................84
Figura 34 - Caminhão com escada central e lateral..............................................................................................85
Figura 35 - Comunicação via rádio.............................................................................................................................94
Figura 36 - Rádio móvel..................................................................................................................................................95
Figura 37 - Mensagem de texto via celular..............................................................................................................96
Figura 38 - Uso de radiocomunicador em serviço................................................................................................98
Quadro 1 – Documentos técnicos mais utilizados em RDAs..............................................................................39
Quadro 2– Tipos de alicate e aplicações ..................................................................................................................44
Quadro 3 – Tipos de chave e aplicações....................................................................................................................45
Quadro 4 – Tipos de ferramenta de corte e aplicações........................................................................................46
Quadro 5 – Tipos de ferramenta de perfuração e aplicações.............................................................................47
Quadro 6 – Tipos de ferramenta de tracionamento e aplicações.....................................................................49
Quadro 7– Ferramentas e equipamentos para manobras e aplicações.........................................................50
Quadro 8 – Acessórios e aplicações.............................................................................................................................51
Quadro 9 – Equipamentos de medição e aplicações ...........................................................................................54
Quadro 10 – Tipos de materiais e ferragens e aplicações....................................................................................61
Quadro 11 – Cabos elétricos e aplicações ................................................................................................................66
Quadro 12 - Conectores e aplicações..........................................................................................................................72
Quadro 13– Velocidades nas vias.................................................................................................................................89

Tabela 1 – Classe de tensão por segmento...............................................................................................................25


Tabela 2 – Relação de materiais para execução da montagem.........................................................................76
Tabela 3 - Disposição dos cones de acordo com a velocidade nominal de tráfego...................................88
Sumário

1 Introdução.........................................................................................................................................................................11

2 Redes de distribuição de energia elétrica..............................................................................................................15

2.1 Sistema elétrico............................................................................................................................................16


2.1.1 Geração de energia elétrica...................................................................................................17
2.1.2 Transmissão de energia elétrica............................................................................................18
2.1.3 Distribuição de energia elétrica............................................................................................20
2.1.4 Ramal de ligação do consumidor........................................................................................21
2.2 Transformação da energia elétrica e classes de tensão.................................................................23
2.3 Componentes e acessórios utilizados em RDAs...............................................................................26
2.3.1 Torres elétricas............................................................................................................................26
2.3.2 Postes de distribuição aérea..................................................................................................27
2.3.3 Condutores elétricos.................................................................................................................28
2.3.4 Transformadores de energia elétrica..................................................................................29
2.4 Etapas para construção de redes de distribuição ...........................................................................30
2.4.1 Transporte de materiais e equipamentos ao local da obra........................................30
2.4.2 Instalação de postes.................................................................................................................31
2.4.3 Instalação de materiais e equipamentos em RDAs.......................................................33
2.4.4 Lançamento e amarração de condutores ........................................................................34
2.4.5 Instalação e ligação de ramais de consumidores de energia elétrica.....................35
2.5 Outras instalações nas redes de distribuição ....................................................................................36
2.6 Mapas e plantas da rede de distribuição de energia elétrica......................................................37
2.7 Documentação técnica..............................................................................................................................38

3 Ferramentas e equipamentos utilizados em Redes de Distribuição Aérea (RDAs).................................43

3.1 Ferramentas de uso geral.........................................................................................................................44


3.2 Manuseio e zelo das ferramentas .........................................................................................................52
3.3 Equipamentos de medição....................................................................................................................54
3.4 Manuseio e zelo dos equipamentos.....................................................................................................56

4 Materiais utilizados em Redes de Distribuição Aérea (RDAs).........................................................................59

4.1 Materias e ferragens....................................................................................................................................60


4.2 Equipamentos instalados em iluminação pública...........................................................................68
4.3 Conexões e emendas em cabos elétricos...........................................................................................71
4.4 Amarrações em cabos elétricos..............................................................................................................73
4.4.1 Amarração com fios..................................................................................................................74
4.4.2 Alça pré-formada.......................................................................................................................74
4.4.2 Coxim de elastômero ...............................................................................................................75
5 Veículos de apoio para serviços em redes de distribuição..............................................................................81

5.1 Caminhão guindauto.................................................................................................................................82


5.2 Caminhão com cesto aéreo......................................................................................................................82
5.3 Caminhão para transporte de materiais e postes............................................................................83
5.4 Caminhão com escadas central e lateral.............................................................................................84
5.5 Procedimentos operacionais de sinalização de acordo
com o código de trânsito brasileiro......................................................................................................86

6 Comunicação com rádios e terminais remotos...................................................................................................93

6.1 Comunicação móvel em RDAs................................................................................................................94


6.2 Comunicação profissional adequada...................................................................................................96

Referências......................................................................................................................................................................... 101

Minicurrículo do autor................................................................................................................................................... 103

Índice................................................................................................................................................................................... 105
Introdução

A crise do apagão foi uma crise nacional de fornecimento de energia elétrica ocorrida no
Brasil entre os anos de 2001 e 2002. Ela afetou o fornecimento e a distribuição de energia elé-
trica e foi causada pela falta de chuvas, que deixou várias represas abaixo do nível de segurança
para a geração de eletricidade.
Cada consumidor passou a ser responsável por atingir metas de consumo mensal. Isso obri-
gou os brasileiros a diminuírem o consumo de energia elétrica, sob ameaça de ter o forneci-
mento suspenso.
Outro caso aconteceu em 2009. Veja como foi noticiado:

O blecaute atingiu em diferentes proporções ao menos dez estados. A re-


gião mais afetada foi a Sudeste. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e
Espírito Santo ficaram totalmente sem luz. Em Minas Gerais, houve blecaute
total nas regiões do Triângulo Mineiro e da Zona da Mata, mas em partes
de Belo Horizonte a luz não caiu durante a noite. O apagão também afetou
o interior do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato
Grosso, o interior da Bahia e partes de Pernambuco. Do outro lado da fron-
teira, o Paraguai, que também recebe energia de Itaipu, ficou às escuras, em
consequência do que usina chamou de “efeito dominó”. (G1. Após apagão
em partes de dez estados brasileiros, energia volta aos poucos. Dispo-
nível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1374243-5598,00-AP
OS+APAGAO+EM+PARTES+DE+DEZ+ESTADOS+BRASILEIROS+ENERGIA+V
OLTA+AOS+POUCOS.html>. Acesso em: 7 jun. 2013.)

Quem já ficou sem energia elétrica sabe o quanto é difícil, pois nossas vidas estão fortemen-
te vinculadas a esse benefício. Porém, para usufruirmos dele, há um longo caminho desde a
geração da energia até sua chegada em nossas casas, e o eletricista de redes de distribuição de
energia exerce atividades fundamentais nesse processo.
Então, nesta unidade curricular, você estudará aspectos referentes às redes de distribuição
de energia, entre eles: definições importantes, legislação, mapas e plantas, componentes utili-
zados e documentação técnica.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
12

A unidade curricular Fundamentos de Redes de Distribuição compõe o Mó-


dulo Básico do curso Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica.
No quadro a seguir, veja a posição desta unidade e o caminho a ser percorrido até
que você atinja seu objetivo final.

QUADRO DE ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

Módulo Básico (276 h)


• Técnicas de redação em Língua Portuguesa (40 h)
• Fundamentos da Eletricidade (104 h)
• Sistemas de Medida e Representação Gráfica (32 h)
• Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança
nos Serviços em Eletricidade (40 h)
• Fundamentos da Redes de Distribuição (60 h)

Módulo Específico I (80 h)


• Montagem e Instalação de Redes de Distribuição (80 h)

Módulo Específico II (64 h)


• Operação de Equipamentos e Dispositivos de Redes de Distribuição (32 h)
• Manutenção de Redes de Distribuição de Energia Elétrica (32 h)

Módulo Específico III (40 h)


• Execução de Serviços Técnicos Comerciais (40 h)

Módulo Específico IV (40 h)


• Montagem, Retirada e Manutenção de Iluminação Pública (40 h)

Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica (500 h)

Figura 1 - Estrutura curricular do curso de Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica


Fonte: SENAI-SP (2013)

Reunimos, nos capítulos deste livro, as informações básicas para você seguir
os estudos na área, tais como regulamentação do sistema energético brasileiro,
redes de distribuição de energia, ferramentas utilizadas em serviços de Redes de
Distribuição Aérea (RDAs), materiais e equipamentos e suas especificações, veícu-
los de apoio para os serviços e diversas formas de comunicação entre os integran-
tes da equipe de trabalho.
1 INTRODUÇÃO
13

Esses conhecimentos fornecerão subsídios para que você possa:


a) identificar etapas de um projeto;
b) conhecer ferramentas e equipamentos para a realização das atividades;
c) identificar normas técnicas e procedimentos adequados;
d) operar equipamentos de comunicação e veículos segundo o código de
trânsito brasileiro.
Além disso, queremos lembrar que um bom profissional deve cultivar uma sé-
rie de capacidades que o ajudem a estabelecer um bom ambiente de trabalho,
por exemplo: ser responsável; cumprir normas e procedimentos; ter consciência
prevencionista em relação à segurança, à saúde e ao meio ambiente; ser obser-
vador; comunicar-se com clareza; zelar pelas ferramentas; manter concentração;
cumprir prazos; ser organizado.
Agora, convidamos você a estudar os fundamentos de redes de distribuição,
essenciais para que você possa dar continuidade à sua formação profissional.
Bons estudos!
Redes de distribuição de energia elétrica

Os estudos sobre energia elétrica sempre ocuparam lugar de destaque na construção do


conhecimento humano. Atualmente, a qualidade de vida e o desenvolvimento de setores eco-
nômicos dependem diretamente da geração, da transmissão e da distribuição de energia elé-
trica. Isso significa que qualquer falha na distribuição de energia elétrica pode provocar situa-
ções indesejáveis. Assim, precisamos que esse serviço e seu produto sejam cada vez melhores.
Nesse contexto, este capítulo é muito importante para você, que está se qualificando para
ser eletricista de redes de distribuição de energia elétrica, pois apresenta uma visão geral de
aspectos relacionados às redes de distribuição de energia elétrica.
Você conhecerá caminhos percorridos pela energia elétrica, suas transformações e as clas-
ses de tensão referentes a cada etapa do processo; componentes e acessórios usados em Redes
de Distribuição Aérea (RDAs); etapas para a construção de redes; ligações existentes em redes;
iluminação pública; podas de árvore.
Além disso, serão abordados temas relacionados, como mapas e plantas de redes e instala-
ções e também documentação técnica.
Para iniciar, vamos descrever como funciona o sistema elétrico de energia, da geração até
o consumo.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
16

2.1 SISTEMA ELÉTRICO

O sistema elétrico compreende as etapas de geração, transmissão e distribui-


ção de energia, conhecidas como GTD, até chegar ao consumidor. Essas etapas se
caracterizam por:
a) geração – a energia é produzida;
b) transmissão – a energia passa por um transformador elevador de tensão e
por torres de transmissão;
c) distribuição – a energia passa por um transformador rebaixador de tensão
instalados em postes nas RDAs;
d) consumo – a energia chega ao consumidor residencial (passa por um trans-
formador instalado nos postes que rebaixa a alta-tensão para baixa tensão)
ou industrial (a energia entra em uma subestação que transforma a tensão
nos valores de consumo desejados).
Veja a representação dessas etapas na figura a seguir.

geração transmissão distribuição consumo


Figura 2 - Etapas do sistema elétrico
Fonte: SENAI-SP (2013)

Imagine que várias ações de gerenciamento são necessárias para manter e


ampliar esse sistema em suas etapas. Algumas dessas ações são:
a) planejamento, padronização de projetos e execução de serviços para cons-
trução de geradoras de energia, linhas de transmissão e redes de distribuição;
b) operação e manutenção dos sistemas de geração de energia, das linhas de
transmissão e das redes de distribuição;
c) atendimento aos consumidores finais.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é uma autar-


quia vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Ela tem a
missão de regular e fiscalizar a produção, transmissão e co-
SAIBA mercialização de energia elétrica no país, de modo que todo
o sistema elétrico esteja de acordo com as políticas e diretri-
MAIS zes do Governo Federal, incluindo a proteção ao consumidor
contra a falta de energia. Para saber mais sobre legislação,
normas, delegações e regulamentações da Aneel, consulte o
site: <http://www.aneel.gov.br>.
2 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
17

Para entender a complexidade do sistema elétrico, vamos inicialmente estudar


cada uma de suas etapas, da geração de energia elétrica até sua entrega ao con-
sumidor final, e conhecer as atribuições que você poderá ter como eletricista de
redes de distribuição.

2.1.1 GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

A energia elétrica é gerada em usinas:


a) hidrelétricas – pela força das águas;
b) termelétricas – pelo calor;
c) eólicas – pela força dos ventos;
d) fotovoltaicas – pelo aproveitamento luminoso.

No capítulo 3, tópico 3.6.1, do livro Fundamentos de Eletrici-


SAIBA dade, você encontra mais detalhes sobre as usinas geradoras
MAIS de eletricidade. Lá você também pode ver ilustrações de
como a energia é gerada em cada tipo de usina.

Em nosso país, predominam as usinas hidrelétricas, devido à existência de


muitos rios e quedas d’água. Atualmente, as hidrelétricas são responsáveis por
74% da produção de energia no Brasil.
As usinas hidrelétricas utilizam a energia armazenada pela ação gravitacional
da água represada por uma barragem, conhecida como energia potencial. Essa
energia é convertida em energia cinética, isto é, energia de movimento, a qual,
quando canalizada, dirige o jato d’água cuja força faz girar uma roda d’água ou
turbina. O eixo da turbina está acoplado a um equipamento, o gerador, propi-
ciando assim a transformação de energia mecânica em energia elétrica. A ener-
gia produzida pelo gerador passa por um transformador, o qual eleva a tensão
para remetê-la por linhas de transmissão e instalações que possibilitem distribuir
a energia aos centros de consumo.
Agora que você já viu a etapa de geração, acompanhe como se dá a etapa de
transmissão.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
18

2.1.2 TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

A transmissão da energia elétrica é feita em torres que sustentam linhas de


condutores ou linhas subterrâneas destinadas a transportá-la desde a geração até
a distribuição. Nesse caminho, ocorrem processos de elevação e rebaixamento
de tensão elétrica, realizados em subestações próximas aos centros de consumo.
Essa energia é transmitida no Brasil em corrente contínua ou alternada na
frequência de 60 Hz, em tensões de 69 kV a 750 kV. Essas elevadas tensões no
sistema de transmissão se justificam para evitar as perdas por aquecimento nos
condutores e para reduzir o custo de condutores e dos métodos de transmissão
da energia.
As linhas de transmissão no Brasil costumam ser extensas, uma vez que as
grandes usinas hidrelétricas geralmente estão situadas a distâncias consideráveis
dos centros consumidores.

Figura 3 - Torres em linhas de transmissão


Fonte: SENAI-SP (2013)

Para transmitir a energia desde a geração nas hidrelétricas até o consumo,


em distâncias que podem chegar a 300 km, a tensão é elevada com o uso de
um transformador, já que quanto maior a tensão, menor a corrente. Assim, a
corrente é diminuída e consequentemente a seção do condutor é reduzida para
transmitir a energia, o que permite utilizar cabos com menor diâmetro, economi-
zando no investimento em cabos elétricos.
2 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
19

Atualmente, nosso país está quase que totalmente interligado por um siste-
ma integrado de eletrificação. Apenas alguns estados – Amazonas, Roraima, Acre,
Amapá, Rondônia e parte do Pará – ainda não fazem parte desse sistema. Nesses
estados, o abastecimento é feito por pequenas usinas termelétricas ou por usinas
hidrelétricas situadas próximas às capitais.
Para entender melhor esse sistema de interligação, observe o mapa na figura
a seguir.

Belém

São Luís Fortaleza


Tocantins Natal
Teresina

João Pessoa
Parnaíba Recife

São Francisco Maceió


Cuiabá Aracaju

Salvador

Brasília
LEGENDA Goiânia
Paranaíba
Belo Horizonte
geração de energia Campo Grande
Grande
Vitória
centros de distribuição Paraná/Tietê
750 kV Paranapanema Rio de Janeiro
Itaipu Paraíba do Sul
500 kV São Paulo
14.000MW
Curitiba
345 kV Paraguai Iguaçu
Uruguai Florianópolis
230 kV Garabi
2.178MW
Argentina Porto Alegre
Jacuí

Figura 4 - Sistema de distribuição de energia elétrica no Brasil


Fonte: Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS 2009/11

No mapa, observe que as linhas de transmissão acima de 230 kV até 750 kV


formam um sistema interligado. Essas interligações permitem manobras de abas-
tecimento, de forma que, em qualquer eventual desligamento de uma linha de
transmissão, outra pode ser acionada para suprir a necessidade temporária de
abastecimento de uma determinada região. Veja também que outros países,
como Argentina e Paraguai, possuem interligações de linhas com o Brasil. Assim,
é possível vender ou comprar energia elétrica desses países.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
20

2.1.3 DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Após passar pelas linhas de transmissão, a energia elétrica entra em uma su-
bestação, ou seja, uma estação de transformação de energia (transformador), na
qual as tensões são reduzidas para serem distribuídas nos diversos postes locali-
zados em:
a) zonas rurais – as estações são designadas como Redes de Distribuição Ru-
ral (RDRs), localizadas fora dos centros de cidades;
b) zonas urbanas – compreendem todas as redes instaladas nas delimitações
consideradas como centros de cidades ou áreas de grande concentração
humana, onde são distribuídas por redes:
• subterrâneas – instalações das redes elétricas embutidas na via, no solo,
em paredes, em tetos ou em cabos confinados de alguma forma;
• aéreas – instalações das redes elétricas ao ar livre, feitas através de es-
truturas para sustentação de cabos elétricos, tais como torres ou postes.
As classes de tensões em distribuição de energia subterrânea ou aérea podem
estar entre 11 kV e 36,2 kV, quando são chamadas de redes primárias de distri-
buição. Essas redes podem ter:
a) cabos isolados conforme classe de tensão – alta-tensão (AT) – com instala-
ção em postes e cruzetas especiais chamadas de redes compactas de energia;
b) cabos nus – instalações convencionais em postes e cruzetas.
Na sequência, a energia elétrica passa por um transformador, normalmente
instalado no poste, e a tensão elétrica é novamente rebaixada para níveis de ten-
sões de 110 V ou 220 V, dependendo da região do País. São as redes secundárias
de distribuição, com níveis operacionais de baixa tensão (BT) comercializadas
para os consumidores. As redes secundárias de distribuição podem ter:
a) cabos isolados conforme classe de tensão – baixa tensão (BT) – com ins-
talação em postes em sentido vertical ou horizontal, ambos entrelaçados;
b) cabos nus – instalações convencionais em postes e cruzetas.

A distribuição de energia nas redes rurais e urbanas e suas


classes de tensões variam de acordo com o estado do país.
SAIBA Verifique, na distribuidora da sua região, quais os padrões e
MAIS as classes de tensões primárias instaladas, ou pesquise em
manuais de distribuição de energia da concessionária (em-
presa distribuidora).
2 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
21

Na distribuição de energia elétrica, há diversas atividades que você, como ele-


tricista, pode realizar. Veja algumas delas.
a) Medição de energia elétrica em subestações e unidades consumidoras.
b) Calibração de medidores de energia e verificação de fraudes de consumidores.
c) Construção e Manutenção em Redes de Distribuição Aérea (CMRDA).
d) Construção de estruturas e obras civis.
e) Montagem de subestações de distribuição de energia.
f ) Montagem de transformadores e acessórios em estruturas em Redes de
Distribuição Aérea (RDAs).
g) Manutenção das linhas de distribuição de energia subterrânea.
h) Poda de galhos de árvores em redes primárias e secundárias.
i) Limpeza e desmatamento das faixas de serviços.
j) Medição do consumo de energia elétrica.
k) Operação dos centros de controle e supervisão da distribuição.
l) Construção e Manutenção em Redes de Distribuição Aérea com circuito
energizado (linha viva).
Agora que você já viu como é feita a distribuição de energia elétrica, vamos
estudar como ela chega ao consumidor.

2.1.4 RAMAL DE LIGAÇÃO DO CONSUMIDOR

O ramal de ligação do consumidor normalmente é a ligação da rede secun-


dária ou primária instalada nos postes da concessionária que está conectada ao
poste ou à entrada consumidora, a qual pode ser industrial, comercial, predial ou
residencial.
Em outras palavras, o ramal é a alimentação do poste da distribuidora até o
poste no qual é feita a medição de consumo. A classificação de entrada, primária
ou secundária, é definida pela distribuidora regional.
Veja na figura 5 um exemplo de ramal de ligação em rede secundária de um
consumidor, alimentada pela distribuidora de uma dada localidade.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
22

Figura 5 - Ramal de ligação do consumidor


Fonte: SENAI-SP (2013)

Nesse exemplo, a alimentação elétrica se dá por meio de condutores de bitolas


ou seções transversais, calculadas de acordo com a carga instalada do consumi-
dor e a tensão de fornecimento.
O ramal de ligação pode ser constituído de condutores nus ou isolados. A ali-
mentação pode ser realizada com entrada primária em AT ou secundária em BT,
seja a rede aérea, seja subterrânea.

CASOS E RELATOS

Falta de atenção e imprudência resulta em acidente


Um técnico de Segurança foi acionado pelo Centro de Operações da Dis-
tribuição (COD) para verificar um acidente ocorrido com um colaborador na
RDA da regional. O técnico foi até o local do evento para apurar as causas da
queda do eletricista Henrique de uma escada.
Ao chegar ao local, constatou que o eletricista estava executando o religa-
mento de uma instalação e havia posicionado a escada no poste do ramal
de ligação. Porém, quando iniciou a escalada, o poste de ferro não suportou
o peso, pois estava enferrujado.
2 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
23

O encarregado da turma de eletricistas informou que Henrique estava


usando o cinto de segurança e todos os outros EPIs necessários, mas acre-
dita que ele não verificou as condições daquele poste antes de posicionar
a escada. O técnico de Segurança também conversou com Henrique, que
confirmou não ter verificado as condições do poste.
Henrique sofreu algumas escoriações leves, felizmente, pois o acidente po-
deria ter sido muito pior.
De todo modo, fica o alerta: antes da execução de qualquer tarefa, para
evitar acidentes, analise as condições das estruturas das RDAs, incluindo o
poste do ramal de ligação do consumidor.

Ao estudar as etapas do sistema de energia elétrica, você deve ter observado


que, no percurso da energia da geração até o consumidor, há pontos de elevação
e de rebaixamento de tensão. Acompanhe a explicação a seguir para entender
melhor como se dá o caminho de transformação da energia elétrica no que se
refere às classes de tensão.

2.2 TRANSFORMAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA E CLASSES DE TENSÃO

As instalações elétricas são dimensionadas de acordo com as cargas e as lon-


gas distâncias entre os locais de geração e os centros consumidores. Assim, os
sistemas de transmissão e de distribuição devem estar apoiados em estruturas
adequadas de instalação.
Vamos entender como funciona esse sistema.
Caminhando pelas ruas da cidade, quando olhamos para cima, uma das coisas
que vemos são Redes de Distribuição Aérea (RDAs). Essas redes possuem transfor-
madores, disjuntores e chaves que transformam a energia elétrica, para permitir
nosso consumo diário. O diagrama a seguir, que representa os caminhos percorri-
dos pela energia elétrica, mostra os pontos nos quais ocorrem as transformações
(elevação ou rebaixamento de tensão).
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
24

geração transmissão
usina estação estação
geradora 1 elevadora 2 rebaixadora

alta tensão alta tensão 3

subestação

grandes
consumidores 3 distribuição
alta tensão
de energia
1 Geração de
energia elétrica
média tensão
2 Transmissão de
pequenos
energia elétrica consumidores
baixa tensão
3 Distribuição de
energia elétrica transformador médios
consumidores

Figura 6 - Diagrama de transformação de energia elétrica até a chegada à casa do consumidor


Fonte: SENAI-SP (2013)

Na figura 6, é possível identificar que, ao sair da usina, a energia passa por uma
estação elevadora, na qual um transformador aumenta a tensão elétrica aos ní-
veis de tensão 69/88/138/240/440 kV, sendo transmitida em corrente contínua
ou alternada. Sabemos que, no Brasil, a frequência (ou ciclos por segundo) é de
60 Hz e a energia elétrica é transportada por meio de cabos elétricos e estruturas
metálicas denominadas torres de transmissão.
Após esse longo caminho, a energia entra em uma estação rebaixadora ou
estação transformadora de energia, na qual transformadores rebaixam a tensão
elétrica. Esta é novamente transmitida para redes de distribuição nas tensões de
11 kV a 36,2 kV através dos postes das ruas, com tensões chamadas de redes pri-
márias de distribuição.
Os grandes consumidores de energia elétrica nas redes primárias de distribui-
ção são aqueles que utilizam as classes de tensões de 11 kV a 36,2 kV. Entre eles,
podemos citar: hospitais, indústrias e centros comerciais. Para outros consumi-
dores, teremos um novo rebaixamento de energia, que poderá ser efetuado pelo
próprio consumidor por meio de cabine primária, por exemplo.
Pequenos consumidores de energia elétrica são aqueles que utilizam as clas-
ses de tensões inferiores a 1 kV. Entre eles, podemos citar: residências, escolas e
comércios.
Nos postes das ruas, podemos facilmente identificar, pelos cabos instalados, a
rede primária e a rede secundária de energia, como você pode ver na figura a seguir.
2 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
25

Figura 7 - Redes primária e secundária de distribuição de energia elétrica


Fonte: SENAI-SP (2013)

Agora, você já sabe que, ao passar embaixo de uma RDA, como essa da figura
7, você está sob equipamentos com tensões que variam entre 11 kV e 36,2 kV.
Normalmente, as redes primárias operam nas classes de tensões definidas pela
concessionária de energia de cada região.

FIQUE No caso de rompimento de um condutor, não o toque


nem tente retirá-lo do caminho, pois, se o cabo estiver
ALERTA energizado, pode ocorrer risco de morte.

É importante que você saiba que, para cada segmento dos caminhos da ener-
gia, existe uma classe de tensão. Observe na tabela 1 que as tensões são variáveis
nos segmentos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, sendo
classificadas em baixa tensão (BT), média tensão (MT), alta-tensão (AT) e extra
alta-tensão (EAT).

Tabela 1 – Classe de tensão por segmento

SEGMENTO TENSÃO

Geração acima de 1,2 kV

Transmissão de 69 kV a 750 kV

Distribuição de 11 kV a 36,2 kV

Indústria de 11 kV a 36,2 kV

Comércio de 110 V a 440 V

Residência de 110 V a 220 V

Fonte: <www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/cartilha_revisao_2.pdf>
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
26

Agora que você já estudou as classes de tensões e suas derivações nas etapas
de geração, transmissão e distribuição e tendo em vista que nossas atividades
estão direcionadas para redes de distribuição, alertamos para o fato de que você
executará serviços em RDAs nas tensões de 36,2 kV até 110 V. Mas não se assus-
te, pois você trabalhará com a rede desligada.
A seguir, apresentaremos alguns acessórios e componentes utilizados em RDAs.

2.3 COMPONENTES E ACESSÓRIOS UTILIZADOS EM RDAs

Como você viu até aqui, as redes elétricas de distribuição percorrem um longo
caminho e passam por transformações até chegar ao consumidor final, no qual a
energia elétrica pode ter finalidades diversas, por exemplo, girar um motor, aque-
cer a água em um chuveiro, iluminar uma cidade. Independentemente da finali-
dade, no percurso são utilizados componentes e acessórios, como torres elétricas,
postes de distribuição aérea, condutores e transformadores que você precisa co-
nhecer, pois farão parte do seu dia a dia como eletricista em RDA.
Por exemplo, é importante que você saiba que os transformadores fazem a
conversão das tensões elétricas. Os religadores fazem a supervisão das redes para
religar o circuito quando houver uma pane elétrica. As chaves fusíveis fazem a
proteção de corrente elétrica do circuito. Os para-raios fazem a proteção contra
sobretensão do circuito elétrico. As chaves de faca são utilizadas para manobras
de abertura e fechamento das redes elétricas. Os reguladores de tensão efetuam
a supervisão da tensão elétrica, diminuindo ou aumentando a tensão quando a
rede de distribuição solicitar. Acompanhe as explicações a seguir e conheça mais
sobre alguns dos componentes e acessórios utilizados em RDA.

2.3.1 TORRES ELÉTRICAS

As torres elétricas são confeccionadas com vários tipos de materiais, depen-


dendo da região em que a energia será transmitida e distribuída e da classe de
tensão. Elas sustentam redes ou linhas de transmissões em AT, normalmente ser-
vindo para ancoragem de condutores elétricos de alumínio ou de cobre, mate-
riais mais usuais para linhas de transmissão (LT). As torres mais comumente en-
contradas são fabricadas em aço ou ferro, chumbadas em bases de concreto
armado, como a que você vê a seguir.
2 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
27

Figura 8 - Torre com base de concreto armado


Fonte: SENAI-SP (2013)

2.3.2 POSTES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA

Os postes de distribuição aérea são confeccionados com materiais de acordo


com a região e a cada classe de tensão na qual a energia será distribuída. Eles
sustentam as RDAs em AT e BT, ancorando condutores elétricos de alumínio ou
cobre. Os postes podem ser de:
a) concreto circular;
b) concreto do tipo duplo T;
c) madeira;
d) ferro fundido (utilizado em iluminação pública).
As bases dos postes são enterradas e concretadas de acordo com normas e
padrões de instalações da concessionária local. A profundidade e o diâmetro das
bases variam conforme o tipo de poste a ser instalado.

VOCÊ Para instalar um poste, é possível utilizar equipamentos


hidráulicos adaptados em caminhões apropriados, cha-
SABIA? mados de guindautos ou caminhões-guinchos.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
28

2.3.3 CONDUTORES ELÉTRICOS

Os condutores elétricos são responsáveis pelo transporte de energia elétrica


desde a geração até o consumidor final. São circulares, fabricados em alumínio ou
cobre, recobertos (com isolação de PVC ou outros materiais) ou nus. Podem ser
constituídos de um ou vários fios.
Quando o condutor possui um único e espesso filamento sólido, de cobre, alu-
mínio ou outro metal, é denominado fio. Quando é constituído de vários fios, é
chamado cabo. Veja a diferença na ilustração a seguir.

fio

cabo
Figura 9 - Diferença entre fio e cabo
Fonte: SENAI-SP (2013)

O cabo pode ser formado por um único condutor (cabo simples ou singelo)
ou vários condutores agrupados em uma mesma cobertura (cabo multipolar).

cabo cabo

isolação
isolação
cobertura

singelo multipolar
Figura 10 - Diferença entre cabo simples ou singelo e cabo multipolar
Fonte: SENAI-SP (2013)
2 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
29

Os fabricantes de condutores disponibilizam tabelas que


apresentam diversas características dos fios e cabos nus e
SAIBA isolados, singelos ou multipolares. Algumas delas são: ca-
MAIS pacidade de condução da corrente elétrica, agrupamentos,
formatos, isolação, bitola ou seção transversal. Pesquise os
fabricantes que atendem sua região e consulte as tabelas.

Os cabos de alumínio nus, utilizados normalmente nas RDAs em AT e BT ur-


banas e rurais, fazem a distribuição de energia nas redes primárias e secundárias,
ancorados nos postes.

2.3.4 TRANSFORMADORES DE ENERGIA ELÉTRICA

Nas redes distribuidoras, os transformadores, também conhecidos como trafos,


têm como função transformar a tensão elétrica de AT e MT para BT ou vice-versa.
Os trafos são instalados em postes e, para sua proteção elétrica, são acompa-
nhados de chaves-fusíveis e para-raios.
Os fusíveis controlam o fluxo de corrente. Em caso de curto-circuito, eles quei-
mam, abrindo o circuito e protegendo o transformador. Já os para-raios protegem
os trafos de flutuações de correntes e tensões em AT.
Veja a seguir um transformador trifásico instalado em um poste de concreto
de seção circular. Na imagem, você pode observar chaves-fusíveis e para-raios.
Note que é instalada um para-raio para cada fase da rede primária de distribuição.

Figura 11 - Transformador e suas proteções elétricas


Fonte: SENAI-SP (2013)
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
30

Os transformadores são equipamentos estáticos, isto é, não se movimentam.


Sua função é de transformar tensão ou corrente elétrica em níveis de tensões dife-
rentes, para diversas aplicações. Temos transformadores monofásicos (ligados ape-
nas a uma fase da rede primária), bifásicos (ligados a duas fases da rede primária) e
trifásicos (ligados a três fases da rede primária).
A instalação de transformadores, para-raios e chaves-fusíveis em redes rurais
e urbanas e suas classes de tensão variam de acordo com a região. Você deve ve-
rificar no seu estado, na distribuidora local, qual é o padrão técnico de instalação.
Agora que você já conhece o sistema elétrico e os componentes e acessórios
utilizados em RDAs, continue seus estudos para identificar as etapas de constru-
ção de redes de distribuição de energia elétrica e as tarefas realizadas pelo eletri-
cista em cada uma delas.

2.4 ETAPAS PARA CONSTRUÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO

Para construir redes primárias e secundárias, o eletricista de redes de distribui-


ção de energia (ERDE) e seu auxiliar se baseiam em uma Ordem de Serviço (OS),
emitida pela concessionária local de energia elétrica. Nesse documento, constam
dados e procedimentos para construção das redes.
O planejamento das atividades deve ser efetuado com base na OS, antes de o
caminhão sair da base. Devem ser previstos materiais, ferramentas e procedimen-
tos adequados para as tarefas que serão realizadas, considerando os tipos de ins-
talação, as maneiras de instalar e as classes de tensão, entre outras características.
As etapas a serem consideradas na construção das redes aéreas são: transporte de
materiais e equipamentos; instalação de postes, materiais e equipamentos que com-
põem as estruturas das redes primárias e secundárias; lançamento e amarração de
condutores; ligação de ramais de consumidores. Veremos a seguir cada uma delas.

2.4.1 TRANSPORTE DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS AO LOCAL DA OBRA

Os materiais e equipamentos a serem transportados para o local da obra de-


vem estar armazenados de forma adequada, para que não sejam danificados.
No veículo, deve haver um alojamento separado para acondicionar equipamen-
tos de proteção individual e coletiva (EPIs e EPCs). Os materiais mais frágeis devem
ser separados e etiquetados, e ferramentas e ferragens não devem estar juntas.
Na figura a seguir, é possível ver um exemplo de acondicionamento dos mate-
riais e das ferramentas em um veículo.
2 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
31

Figura 12 - Veículo com compartimento para materiais e ferramentas


Fonte: SENAI-SP (2013)

No veículo, jamais transporte pessoas no comparti-


FIQUE mento de materiais e ferramentas, pois podem ocorrer
ALERTA acidentes no deslocamento, colocando a segurança dos
profissionais em risco.

No capítulo 5, você conhecerá mais detalhadamente os veículos de apoio para


serviços em redes de distribuição, incluindo aqueles utilizados no transporte de
equipamentos e materiais.

2.4.2 INSTALAÇÃO DE POSTES

A instalação de postes segue as etapas: fincamento, instalação de escoras, con-


cretagem da base, recomposição de passeio e estaiamentos.
As aberturas dos buracos para fincamento ou engastamento dos postes podem
ser realizadas de forma manual ou com um perfurador hidráulico. O modo mais co-
mum de executar essa tarefa é o manual, com uso de ferramentas adequadas, tais
como cavadeira, enxada, pá e soquete, que você estudará nos próximos capítulos.
Os postes são engastados no solo conforme você pode ver na figura 13. Ob-
serve também que existe uma placa identificadora para facilitar a instalação, pois
a profundidade e a largura do buraco a ser aberto variam conforme as dimensões
do poste.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
32

abertura para chapa de


fio terra identificação
do poste

Nome da empresa
No:
B 3290
DATA DE
centro de FABRICAÇÃO 22 04 04
COMPRIMENTO
gravidade - CG NOMINAL (m) 12
RESISTENCIA
NOMINAL (daN) 600
Fabricante
abertura para
fio terra linha demarcação do
engastamento do poste

Figura 13 - Poste e placa de identificação


Fonte: SENAI-SP (2013)

Postes que suportam esforços mecânicos de até 300 daN (decanewton) ou aci-
ma disso podem ter a base concretada, para melhorar as condições de instalação.
Em RDAs, é comum utilizarmos as expressões “concretagem de base leve”, “con-
cretagem de base média” ou “concretagem de base pesada”. O tipo de concreta-
gem deve ser definido com base na intensidade do esforço mecânico suportado
pelo poste.
Nas zonas urbanas, as atividades de recomposição do piso da calçada são con-
sideradas como serviço avulso e devem ser executadas imediatamente após a ins-
talação ou a retirada dos postes, com material igual ao anteriormente existente
no local.
Outro equipamento comumente instalado nas redes distribuidoras é o estai.
Em alguns postes, é possível fazer a instalação do estaiamento, isto é, uma trava
de cabo de aço que tem a finalidade de contrabalancear as forças mecânicas de
tracionamento.
Na figura 14, você pode ver que os cabos da RDA terminam no poste e, para
minimizar os esforços mecânicos produzidos pelo peso dos cabos, tanto a cruzeta
como o poste estão estaiados pelo lado direito. O estai é uma forma de reforçar as
estruturas instaladas nas RDAs, de forma a equilibrar as forças mecânicas.
2 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
33

Figura 14 - Estaiamento em cruzeta


Fonte: SENAI-SP (2013)

2.4.3 INSTALAÇÃO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS EM RDAs

A instalação de materiais ou equipamentos das redes distribuidoras de ener-


gia elétrica deve atentar ao padrão técnico estabelecido pela concessionária, o
que exige, portanto, uma consulta ao manual de padrões e estruturas de redes
adotado na sua região.
Observe que há um padrão para construção de redes novas, e esse padrão
deve ser consultado também nos momentos em que são realizadas as manuten-
ções. Tal padronização visa facilitar o trabalho, contribuindo na compreensão dos
elementos que compõem as redes, além de melhorar a segurança de quem exe-
cuta o trabalho.
Na figura 15, você pode ver um eletricista de rede de distribuição fazendo a
instalação de equipamentos em uma RDA. Essa montagem deve obedecer a um
padrão de instalação e de posicionamento dos materiais na estrutura tais como:
chave de faca (utilizada para manobras de abertura e fechamento das redes elé-
tricas); reguladores de tensão (diminuindo ou aumentando a tensão quando soli-
citado da rede de distribuição).
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
34

Figura 15 - Instalação de equipamentos em redes secundários de energia


Fonte: SENAI-SP (2013)

2.4.4 LANÇAMENTO E AMARRAÇÃO DE CONDUTORES

Após a montagem das estruturas em todos os postes, são efetuados os lan-


çamentos dos condutores elétricos (cabos) sobre os isoladores. Essa tarefa deve
ser executada por meio de técnicas e ferramentas adequadas. Em seguida, são
realizados os tracionamentos dos condutores, para então fixá-los nos isoladores
instalados nos postes. O termo usual para essas amarrações é ancoragem.
Veja, na figura 16, um exemplo de ancoragem de condutores.
2 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
35

Figura 16 - Ancoragem do cabo no isolador


Fonte: SENAI-SP (2013)

2.4.5 INSTALAÇÃO E LIGAÇÃO DE RAMAIS DE CONSUMIDORES DE


ENERGIA ELÉTRICA

O serviço de atendimento ao consumidor é o produto final das linhas de dis-


tribuição e compreende a execução de reparos, ligações novas, desligamentos,
entre outras atividades.
Na figura 17, você pode ver um ERDE realizando um serviço no ramal do consu-
midor, também conhecido por ramal de ligação, no poste da unidade consumidora.

Figura 17 - Eletricista efetuando serviços no ramal do consumidor de energia


Fonte: SENAI-SP (2013)
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
36

Na execução e instalação do ramal do consumidor, as conexões das ligações


deverão ser executadas identificando-se as fases e neutro (se houver), pois esta
sequência de ligação é muito importante, pois se não executada poderá causar
grandes transtornos ao consumidor como queima de equipamentos, inversão de
motores e outros.

2.5 OUTRAS INSTALAÇÕES NAS REDES DE DISTRIBUIÇÃO

Normalmente, as concessionárias de energia compartilham os postes de dis-


tribuição aérea de energia com empresas de telecomunicações, TV a cabo etc., re-
servando um espaço logo abaixo das redes de energia para essas outras ligações.
No poste, um espaço de 500 mm é destinado à faixa de ocupação da infraes-
trutura em rede de distribuição de energia elétrica. Nesse espaço, são definidos os
pontos de fixação destinados exclusivamente ao compartilhamento com agentes
do setor de telecomunicações. Isso é estabelecido pela norma da ABNT NBR
15214 Rede de distribuição de energia elétrica - Compartilhamento de infraestru-
tura com redes de telecomunicações.
Você pode identificar tal espaço no esquema da figura 18.

neutro
fase 1
fase 2
fase 3

faixa de ocupação 500mm

Figura 18 - Faixa de ocupação do poste destinada à infraestrutura de telecomunicações


Fonte: SENAI-SP (2013)
2 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
37

Nas redes subterrâneas ou redes instaladas sob o solo, são encontradas outras
ligações, como tubulações de gás, água, esgoto, óleo; rede de telefonia ou TV a
cabo (fibra óptica); redes de BT e AT. Estas devem ser previstas em projeto para
não haver interferências caso ocorram novas instalações.
Atualmente, há tecnologias que possibilitam identificar essas interferências,
tais como aparelhos de ultrassom e plantas com as redes existentes do local de
implantação. Porém, há locais nos quais esses recursos não estão disponíveis e
os serviços são efetuados de forma precária, muitas vezes contando com a sorte.
Ao fazer uma perfuração no solo para instalar um poste, o eletricista de RDA
pode se deparar com essas redes. Por isso, ao encontrar dificuldade na abertura
do buraco, caso não disponha de recursos que possibilitem identificar as ligações
existentes, você deve comunicar imediatamente seu superior, para que sejam to-
madas as medidas cabíveis, por exemplo, deslocamento do poste ou continuida-
de da escavação.

Existem outras interferências que podem ocorrer nas RDAs,


como a existência de vegetação. Nesse caso, a concessio-
SAIBA nária emitirá Ordem de Serviço para a realização da poda
MAIS de galhos. Para saber mais sobre esse tema, consulte o livro
deste curso: Qualidade, saúde, meio ambiente e segu-
rança nos serviços em eletricidade.

A rede de iluminação pública normalmente é separada


da rede secundária de distribuição de energia elétrica.
VOCÊ Os circuitos são independentes e formados por vários
componentes, tornando a rede de iluminação pública
SABIA? particularmente caracterizada em cada região do nosso
país. Ainda neste curso você estudará em detalhes a
construção e a manutenção desse tipo de rede.

2.6 MAPAS E PLANTAS DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Outro tema importante para o seu trabalho como eletricista de redes se refere
aos mapas e às plantas, pois muitas vezes, no seu dia a dia, você necessitará de
dados para elaborar relatórios, por exemplo, a planta elétrica de distribuição, o
mapa da região para identificar proximidades de ferrovias, rodovias, avenidas e
ruas, o cadastro das edificações nas prefeituras locais, as numerações das casas.
Essas informações podem ajudá-lo nas ações ou nas tarefas de atendimento ao
consumidor.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
38

A concessionária ou distribuidora de energia elétrica de cada estado é regida


por normas unificadas e delegadas pela Aneel. Essas normas são aplicadas em
zonas urbanas e rurais, dentro da área delimitada para atuação da concessioná-
ria local. As concessionárias possuem padrões diferenciados para cada região, os
quais, ao longo do tempo, foram se adaptando e se adequando para execução de
todas as estruturas utilizadas na construção de RDAs.
O uso de símbolos permite estabelecer critérios básicos para mapeamento, ca-
dastramento e apresentação de projetos do sistema de distribuição, fornecendo
os requisitos para a representação gráfica em mapas, plantas e projetos.
O cadastro das edificações e numerações é especificado pelos municípios, re-
grados e administrados pela prefeitura municipal de cada localidade, através de
órgãos e departamentos municipais como Cadastro de Edificações (CEDI) ou Di-
visão Técnica de Estrutura Urbana e Cartografia. Para localizar um endereço, você
deve consultar o mapa da cidade.
Na sua cidade, observe que a numeração de uma rua é realizada de forma cres-
cente, do centro da cidade para os bairros. As numerações das edificações são
identificadas e iniciadas nas ruas, avenidas e praças, tomando-se como base o
ponto central definido pela prefeitura.

Para executar serviços em RDAs, a identificação da casa


do consumidor é a numeração, mas ela pode estar re-
FIQUE petida na mesma rua (por exemplo, pode haver 10A e
10B). Você deve ficar atento aos detalhes para não se
ALERTA confundir. Para ter certeza se você está no endereço cor-
reto, faça algumas novas identificações, como verificar o
nome do cliente, o CPF ou o número do medidor.

Já para a marcação de quilometragem em rodovias estaduais, toma-se como


referência o ponto central da capital (marco zero), seguindo o final até a divisa
estadual.

2.7 DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA

Nas concessionárias e empresas parceiras, existem vários documentos técni-


cos que fazem parte das operações em redes de distribuição de energia. No qua-
dro a seguir, você pode encontrar os mais utilizados e conhecer suas finalidades.
2 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
39

Quadro 1 – Documentos técnicos mais utilizados em RDAs

DOCUMENTO FINALIDADE

Relaciona quantidade e descrição dos materiais que serão


Requisição de Materiais (RM)
utilizados em um determinado serviço.

Lista itens empregados em manutenção ou construção de


Inspeção de Qualidade
redes para obter informações sobre a qualidade do serviço.

Indica um conjunto de tarefas que deverão ser executadas em


Ordem de Serviço (OS)
um determinado serviço.

Faz um levantamento prévio dos riscos e das formas de con-


Análise Preliminar de Riscos (APR)
trole para as tarefas que serão executadas.

Descreve a forma padronizada para montagem e manutenção


Manual de Procedimentos
das RDAs.

Relata uma condição insegura ou de perigo percebida pelo


Relato de Perigo (RP)
profissional em serviço.

Em redes de distribuição rurais (RDR), além dos documentos citados, também


poderão ser cobrados os seguintes documentos: termos de autorização de pas-
sagem; levantamento cadastral; formulário de dados da propriedade, e memorial
técnico descritivo.
Alguns desses documentos são elaborados pelas próprias empresas e outros
são desenvolvidos por órgãos gerenciadores de energia estaduais ou municipais.
Para cada tipo de atividade a ser desenvolvida, deve-se utilizar o modelo de
formulário ou documento fornecido pelas empresas executoras dos serviços de
cada estado. Para conhecer os documentos usados na sua região, faça uma pes-
quisa nos sites das empresas ou das gerenciadoras de energia.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
40

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você aprendeu sobre o sistema elétrico brasileiro e sua leg-
islação e regulamentação, além dos diversos tipos de instalação de redes
de distribuição.
Agora, você é capaz de identificar padrões, catálogos e importantes pro-
cedimentos que devem ser executados durante as etapas de um projeto.
Também pode reconhecer funções e características das instalações e como
acontecem as etapas de distribuição de energia.
Ainda vimos que:
• a distribuição de energia elétrica em nosso país é realizada em zonas
rurais e urbanas, nas modalidades aérea e subterrânea, com cabos nus
e recobertos;
• o padrão técnico para instalação das distribuições das redes rurais e
urbanas e suas classes de tensões varia de acordo com a concessionária
e deve ser verificado na distribuidora de sua região;
• as empresas distribuidoras ou os órgãos gerenciadores de energia
estaduais ou municipais desenvolveram documentos para cada tipo de
atividade a ser realizada, e o profissional da área deve estar atento ao
preenchimento desses formulários.
Vamos seguir com os estudos e alcançar outras competências importantes
para o desenvolvimento do seu trabalho.
2 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
41

Anotações:
Ferramentas e equipamentos utilizados em
Redes de Distribuição Aérea (RDAs)

Neste capítulo, apresentaremos as ferramentas e os equipamentos utilizados em Redes de


Distribuição Aérea (RDAs), para que você possa identificar aqueles que são adequados a cada
atividade e classe de tensão, bem como reconhecer as normas técnicas e os procedimentos das
concessionárias e os manuais dos equipamentos.
Esperamos que esse estudo contribua para que você possa realizar as tarefas de montagem
em estruturas de redes de distribuição.
Bons estudos!
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
44

3.1 FERRAMENTAS DE USO GERAL

No seu dia a dia de trabalho, para sua segurança é muito importante que você
conheça todas as ferramentas e saiba para que servem, como funcionam e tam-
bém onde utilizá-las. Muitas vezes, será necessário recorrer aos manuais de fabri-
cantes ou às orientações da empresa em que você trabalha para usar corretamen-
te tais ferramentas.

As ferramentas atendem a propósitos específicos para


VOCÊ os quais elas foram projetadas e, por isso, existem ins-
trumentos exclusivos para determinadas funções. A
SABIA? utilização da ferramenta deve ser observada em cada
tarefa a ser desenvolvida.

Apresentaremos as ferramentas costumeiramente utilizadas nos serviços exe-


cutados nas redes distribuidoras.
Nos quadros a seguir, para facilitar o entendimento, classificamos as ferramen-
tas e os equipamentos por tipo e indicamos os usos mais comuns. Acompanhe!

Quadro 2– Tipos de alicate e aplicações

TIPO DE ALICATE APLICAÇÃO

Esta é uma das principais ferra-


mentas usadas pelo eletricista,
pois serve para prender, cortar ou
dobrar condutores.

Alicate universal

É adequado para diversas ati-


vidades. As principais são: fixar
conectores em condutores de
diversas bitolas ou diâmetros e
fixar eletrodutos, buchas e arruelas
em BT.
Alicate do tipo bomba-d’água

Usado para instalação de conecto-


res, luvas de emenda e outros tipos
de conectores de compressão.
Contém duas entradas fixas: D3 e
O. Em cada entrada, possui matri-
zes para cada tamanho ou bitola
Alicate de compressão mecânico de condutor, cabos ou fios.
3 FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
45

TIPO DE ALICATE APLICAÇÃO

Utilizado nas instalações de


conectores, luvas de emendas e
outros conectores de compressão
em RDAs. Por ser uma ferramenta
hidráulica, oferece prensagem rápi-
da a frio de 12 ton. O cabeçote tem
movimento giratório de 180º.
Alicate de compressão hidráulico

Usado para manutenção dos alica-


tes hidráulicos, com a finalidade de
medir a pressão exercida pelo óleo
comprimido no alicate.

Manômetro

Fonte: SENAI-SP (2013) e RF123.

Quadro 3 – Tipos de chave e aplicações

TIPO DE CHAVE APLICAÇÃO

Utilizada para apertar e desaper-


tar parafusos dotados de fendas.
Pode ter corpo e cabo isolados,
para maior segurança do eletri-
cista contra contados diretos com
partes vivas ou ligadas. O tama-
nho pode ser pequeno, médio ou
grande.

Chave de fenda
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
46

TIPO DE CHAVE APLICAÇÃO

Usada para rosquear e desros-


quear porcas e parafusos de
diversos diâmetros. Possui uma
regulagem para vários tipos de
ajustes e seu cabo é isolado para
Chave de boca regulável (chave-inglesa) ser usado em BT.

Utilizada para apertar e desaper-


tar porcas e parafusos sextavados
ou quadrados.

Chave de boca fixa

Fonte: SENAI-SP (2013) e RF123.

Quadro 4 – Tipos de ferramenta de corte e aplicações

TIPO DE FERRAMENTA DE CORTE APLICAÇÃO

Contém uma lâmina utilizada para


desencapar a isolação de conduto-
res e cortar materiais diversos. Pos-
sui cabo isolante, para proteção do
operador.

Faca curva

Utilizado para serrar plásticos,


metais, cabos elétricos isolados e
nus de várias bitolas. É dotado de
lâmina ajustável.

Arco de serra ajustável


3 FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
47

TIPO DE FERRAMENTA DE CORTE APLICAÇÃO

É mais comumente utilizada para


cortar condutores de alumínio
isolados ou nus de 0 MCM a 400
MCM ou 240 mm².

Tesoura para cortar cabos elétricos

Fonte: SENAI-SP (2013) e RF123.

Quadro 5 – Tipos de ferramenta de perfuração e aplicações

TIPO DE FERRAMENTA DE PERFURAÇÃO APLICAÇÃO

Destinada ao corte e/ou perfuração


de pequenas peças metálicas, de
alvenaria ou de rocha, nos mais
variados serviços de instalação da
rede de distribuição. Fabricada em
aço carbono.
Talhadeira

Utilizada para mover ou levantar


objetos pesados e iniciar a abertura
de buracos em terrenos duros ou
pedregosos. Fabricada em aço
carbono, possui perfil sextavado ou
circular, com ambas as extremida-
des temperadas, uma em forma de
ponta e outra no formato de uma
talhadeira.

Alavanca

Usada para fazer abertura de


buracos destinados à instalação
ou à retirada de postes. Seus cabos
podem ser de vários tamanhos,
chegando a 2 m de comprimento.

Cavadeira
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
48

TIPO DE FERRAMENTA DE PERFURAÇÃO APLICAÇÃO

Utilizado em serviços de escavação


de buracos, valetas, remoção de
entulho e terra, como na implanta-
ção de postes ou no aterramento
definitivo com cabos de cobre.

Enxadão

Usada no campo para capinar


vegetações ou remover resíduos
provenientes das podas. Também
pode ser utilizada para remover
terra, restos de concreto e outros
materiais, principalmente na im-
Enxada
plantação e retirada de postes.

Destinada a movimentar pequenas


quantidades de terra, areia, pedra,
argamassa, concreto e cimento na
Agricultura e na Construção Civil.

Utilizado para compactar a terra, é


composto de cabo de até 2 m de
comprimento. Na ponta, achatada
como se fosse um remo de barco,
tem proteção metálica para melhor
rigidez em serviços como instala-
ção de postes e abertura de valas
para a instalação de cabos elétricos
enterrados diretamente no solo.

Soquete

Fonte: SENAI-SP (2013) e RF123.


3 FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
49

Quadro 6 – Tipos de ferramenta de tracionamento e aplicações

TIPO DE FERRAMENTA DE TRACIONAMENTO APLICAÇÃO

Utilizado para tracionamento


manual de condutores em RDAs,
o que acontece, por exemplo, na
instalação de cabos de alumínio.

Guincho portátil para cabos

Usado para medir força mecânica


em kgf (quilograma-força). Em
RDAs, é utilizado para medir esfor-
ços mecânicos em tracionamento
na instalação de cabos elétricos
ou ramal de ligação de energia do
consumidor.

Dinamômetro para cabos

Utilizado para tracionamento de


cabos em RDAs juntamente com
guincho portátil.

Esticador de cabos (camelão)

Empregado nas instalações de


RDAs para evitar a torção dos cabos
durante o lançamento para instala-
ção em postes.

Destorcedor de cabos
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
50

TIPO DE FERRAMENTA DE TRACIONAMENTO APLICAÇÃO

Usado para medir força mecânica


em kgf (quilograma-força). Em
RDAs, é empregado para medir
esforços mecânicos na instalação e
no tracionamento de postinho ou
pontaletes na entrada de energia
do consumidor.

Dinamômetro para postes

Fonte: SENAI-SP (2013) e RF123.

Quadro 7– Ferramentas e equipamentos para manobras e aplicações

TIPO DE FERRAMENTA OU EQUIPAMENTO APLICAÇÃO

Utilizado para abertura de cha-


ves de faca ou chaves-fusíveis,
normalmente usada para realizar
manobras em redes energizadas.
Possui cabo com isolação de 100 kV,
Bastão ou vara de manobra telescópica
extensível para 12 m.

Usada para cobertura de rede


secundária de energia ou equipa-
mentos da rede que estiverem ener-
gizados, servindo como bloqueio
isolante elétrico.

Manta isolante

Utilizado para abertura de chaves


de faca ou chaves-fusíveis em carga,
com o auxílio de uma vara (bastão)
de manobra. Esse equipamento
extingue o arco voltaico, difundido
Loadbuster pela abertura do circuito.
3 FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
51

TIPO DE FERRAMENTA OU EQUIPAMENTO APLICAÇÃO

Usada para serviços em altura, é


constituída de duas escadas simples
que deslizam verticalmente uma
sobre a outra com o auxílio de um
conjunto formado por corda, polia,
guias e travas. Deve ser feita de ma-
terial não condutor de eletricidade,
por exemplo, madeira seca ou fibra.

Escada extensível

Fonte: SENAI-SP (2013) e RF123.

Quadro 8 – Acessórios e aplicações

ACESSÓRIO APLICAÇÃO

Recipiente exclusivo para transpor-


te e acondicionamento de materiais
e ferramentas utilizados nas ativida-
des do eletricista.

Bandeja ou sacola para materiais e ferramentas

Utilizada para subir e descer mate-


riais e ferramentas. Possui cordas e
gancho para suporte em estruturas
de RDAs.

Carretilha de alumínio com gancho


FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
52

ACESSÓRIO APLICAÇÃO

Usada para limpar superfícies dos


cabos ou outras áreas nas quais se-
rão efetuadas conexões, emendas,
soldas etc.

Escova de aço

Utilizado para quebrar pisos ao


redor do poste em calçadas ou nas
aplicações de materiais em RDAs,
como na instalação e na retirada de
abraçadeiras e cintas para postes,
ou na instalação de hastes para
aterramento.

Martelo-bola

Usada para efetuar várias medições,


por exemplo, de vãos entre postes
e do comprimento de cabos para
lançamentos em postes. A trena é
graduada em metros, centímetros
e polegadas. É disponibilizada com
Trena 50 m de comprimento.

Fonte: SENAI-SP (2013) e RF123.

No decorrer do seu trabalho como eletricista em RDAs, você terá oportunidade


de utilizar essas ferramentas e já estará bem familiarizado com elas. Até lá, os qua-
dros ilustrativos que acabamos de estudar podem auxiliar você na identificação
dos instrumentos a serem utilizados em cada tarefa.

3.2 MANUSEIO E ZELO DAS FERRAMENTAS

É importante manusear as ferramentas de forma adequada e obedecer às indica-


ções dos manuais dos fabricantes para manter a funcionalidade e as boas condições.
3 FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
53

Após o uso da ferramenta, também devem ser tomados os seguintes cuidados


com ela.
a) Evite sua exposição ao sol e à chuva.
b) Remova líquidos solventes, óleos, graxas, terra, cimento.
c) Evite contato com líquidos corrosivos, pois materiais isolantes podem per-
der as propriedades químicas.
d) Mantenha-a sempre limpa.
e) Armazene-a em local apropriado as ferramentas de uso diário.

Consulte o manual do fabricante ou os catálogos técnicos


SAIBA fornecidos na aquisição da ferramenta, para saber como
MAIS utilizá-la corretamente. Outra fonte de informação é o site do
fabricante e também a concessionária de energia local.

CASOS E RELATOS

Nada de improviso
Um eletricista de uma empresa prestadora de serviços para concessionária
de energia efetuava uma montagem de estrutura em poste, sobre a escada.
Para apertar os parafusos de uma abraçadeira, utilizou uma chave de boca
com regulagem (chave-inglesa), porém não se atentou ao fato de que a
abraçadeira estava desalinhada.
Ao ser informado sobre a situação por outro eletricista que estava no solo,
o profissional que estava executando o serviço, na tentativa de alinhar a
abraçadeira, passou a bater na peça com a mesma com a mesma chave que
estava usando para apertar os parafusos, embora soubesse que, para isso,
deveria utilizar o martelo.
Por ser inapropriada para essa atividade, a chave acabou escapando de sua
mão e acertou diretamente o eletricista do solo, atingindo-o na cabeça. Por
sorte, ele estava com o capacete de segurança e nada sofreu.
Desse caso, podemos tirar a seguinte lição: cada ferramenta tem uma fun-
ção e uma finalidade específica de acordo com a tarefa a ser executada. Ao
tentar improvisar, estamos infringindo as regras de segurança, colocando
em risco a nossa vida e a de outras pessoas.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
54

3.3 EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO

O eletricista de RDA utiliza alguns equipamentos auxiliares para diagnosticar o


não funcionamento de um circuito. Vamos apresentar alguns desses equipamen-
tos e seus usos no quadro a seguir.

Os equipamentos de medições são projetados de forma


VOCÊ a atender as necessidades de utilização para cada tipo
de medição a ser realizada. Existem equipamentos ex-
SABIA? clusivos para determinadas funções, e seu uso indevido
pode trazer consequências indesejáveis.

Quadro 9 – Equipamentos de medição e aplicações

TIPO DE EQUIPAMENTO DE MEDIÇÃO APLICAÇÃO

Usado para medir grandezas elétricas:


tensão, corrente e resistência elétrica
em baixa tensão. Indica os valores
medidos em um display.

Multímetro digital

Possui funções semelhantes ao


multímetro convencional, porém
apresenta um gancho com abertura
para medições de correntes elétricas
sem necessidade de interromper o
circuito elétrico.
Alicate voltamperímetro

Utilizado para medições ôhmicas de


resistência de aterramentos entre
hastes e cabos de descidas para a
terra.

Medidor de resistência de terra


3 FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
55

TIPO DE EQUIPAMENTO DE MEDIÇÃO APLICAÇÃO

Usado em AT e BT. Por aproximação,


detecta a existência de tensão elétri-
ca, com avisos sonoro e luminoso.

Detector de tensão AT/BT

Destinado à verificação e à consta-


tação de resistência de isolação e
continuidade elétrica em cabos de
alta-tensão.

Megômetro

Utilizado para verificar a sequência


entre fases, com sinalizadores de
luzes, para BT.

Fasímetro

Usado para verificar temperatura no


lançamento de cabos de alumínio,
fornecendo valores de referência para
tracionamento mecânico em tabelas
de cabos.

Termômetro digital

Fonte: SENAI-SP (2013) e RF123.


FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
56

3.4 MANUSEIO E ZELO DOS EQUIPAMENTOS

Observe a seguir alguns cuidados básicos necessários no manuseio e na ma-


nutenção de equipamentos.
a) Evite exposição ao sol e à chuva.
b) Evite contato com líquidos solventes, óleos, graxas, terra, cimento.
c) Evite quedas, pois podem prejudicar os ajustes ou o funcionamento dos
equipamentos.
d) Antes do uso, teste os equipamentos dotados de fontes, pilhas ou baterias.
e) Mantenha-os sempre limpos após o uso.
f ) Armazene-os em local apropriado após o uso diário.

Para saber como utilizar um novo equipamento, consulte o


SAIBA manual do fabricante ou os catálogos técnicos fornecidos na
MAIS aquisição. Outra fonte de informação é o site do fabricante e
também a concessionária de energia local.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, estudamos as ferramentas e os equipamentos de uso geral


em RDAs. Também vimos os cuidados que esses instrumentos exigem.
É importante ressaltar que, para desenvolver um bom trabalho como ele-
tricista de redes de distribuição, de acordo com padrões de qualidade e
segurança, é preciso manter ferramentas e equipamentos em bom estado
de limpeza e conservação.
Par utilizar corretamente ferramentas e equipamentos, fique sempre atento
aos manuais fornecidos pelos fabricantes e às orientações das concessioná-
rias de energia da sua região.
Vamos seguir para mais um capítulo deste livro, para que mais informações
auxiliem você em sua prática profissional.
3 FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
57

Anotações:
Materiais utilizados em Redes de
Distribuição Aérea (RDAs)

Neste capítulo, você estudará alguns dos vários materiais, componentes e acessórios utili-
zados em Redes de Distribuição Aérea (RDAs) e conhecerá a correta identificação e aplicação,
para realizar operações de construção e manutenção de redes.
Esperamos que você tenha percepção clara e precisa e seja observador e detalhista, para
que, ao término desses estudos, tenha subsídios para identificar:
a) materiais adequados à atividade e à classe de tensão;
b) padrões técnicos e procedimentos referentes aos materiais utilizados na rede de distri-
buição;
c) componentes da rede distribuição.
Para começar, observe com atenção a figura 19.

Figura 19 - Cruzeta simples


Fonte: SENAI-SP (2013)
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
60

Olhando para essa figura, você saberia responder às questões seguintes?


a) Quais os materiais necessários para executar a montagem?
b) Qual é o tipo de rede apresentada: secundária ou primária?
c) Quais são os símbolos que representam a rede e quais as especificações
técnicas?
Essa imagem apresenta um modelo de estrutura de RDA que você deve ser ca-
paz de identificar. Mas, se você não soube responder às perguntas anteriores, não
se preocupe. Estudando este capítulo você terá condições de responder a essas e
a muitas outras perguntas.
É importante que você saiba que as concessionárias de energia possuem pa-
drões técnicos de montagem das redes, por isso, você deve pesquisar o padrão
utilizado na sua região. Nos estudos que realizaremos vamos adotar como refe-
rência o padrão técnico da concessionária de energia elétrica de São Paulo, a AES
Eletropaulo.

4.1. MATERIAS E FERRAGENS

Para montagens como essas que você acabou de ver, podem ser usados pos-
tes dos seguintes tipos:
a) de concreto armado circular;
b) de concreto armado do tipo duplo T;
c) de madeira;
d) de ferro;
e) de aço;
f ) de fibra.

As escoras, que reforçam a base dos postes, podem ser dos seguintes tipos:
a) contraposte de concreto armado circular;
b) contraposte de concreto armado do tipo duplo T;
c) contraposte de madeira;
d) placa de concreto;
e) tora de madeira.

Já as cruzetas são catalogadas pela classe de tensão, ou seja, a capacidade de


isolamento (as capacidades mais comuns são: 15 kV, 25 kV e 36,2 kV).
4 MATERIAIS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
61

Nas RDAs, você encontra os mais variados modelos de cruzetas. Veja alguns
exemplos.
a) Cruzeta de madeira – classes 15 kV, 25 kV e 36,2 kV.
b) Cruzeta de aço perfilada – classe 15 kV.
c) Cruzeta de fibra – classes 15 kV, 25 kV e 36,2 kV.
d) Cruzeta de concreto – classes 15 kV, 25 kV e 36,2 kV.

Antes da instalação, a cruzeta é testada e recebe um certificado de aprovação,


pois na rede sofrerá tracionamento, torções e pressões dos cabos, das porcas e
dos demais componentes instalados.
Nas cruzetas, existem furos que servem para a correta fixação nos postes e
também para a instalação de isoladores, para-raios, transformadores, chaves de
faca, chaves-fusíveis e outros elementos. A furação dos pontos segue padroniza-
ção, e a distância entre os furos varia de acordo com o tamanho da cruzeta.
É possível encontrar cruzetas com as seguintes dimensões:
a) cruzeta de madeira de 1,5 m, 2,4 m, 3,3 m ou 5,0 m;
b) cruzeta de aço de 2,0 m, 2,4 m ou 2,8 m;
c) cruzeta de fibra de vidro ou polimérica do tipo L de 2,0 m.

VOCÊ Para saber quais são os tipos de cruzetas padronizadas a


serem utilizadas nas redes, consulte os manuais da con-
SABIA? cessionária distribuidora de energia elétrica da sua região.

Para que você possa identificar materiais e ferragens utilizados nas montagens
das redes, preparamos o quadro a seguir.

Quadro 10 – Tipos de materiais e ferragens e aplicações

MATERIAL/FERRAGEM APLICAÇÃO

Utilizada em instalações de
materiais e equipamentos como:
transformadores, chaves de faca,
chaves-fusíveis.

Cruzeta de aço-carbono com perfil U


FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
62

MATERIAL/FERRAGEM APLICAÇÃO

Usada para todos os serviços em


RDA primária de energia elétrica.
Apresenta furações laterais e os
furos não utilizados são fechados
com tampões de borracha.

Cruzeta de aço perfilada - classe 15 kV

Serve de ponto de apoio para can-


toneira ou mão-francesa que sus-
tenta a cruzeta simples ou dupla na
montagem de estruturas. É compos-
ta de duas metades, para “abraçar” o
poste circular de concreto. É fixada
com porcas e parafusos.

Cinta do tipo B para poste de concreto circular

Usadas para fixar a abraçadeira e as


cruzetas; é instalada entre elas. Esse
material deve ser homologado para
ter sua utilização aprovada. Você
deve verificar na concessionária
local qual o tipo de cantoneira ou
mão-francesa aprovado para uso
nas redes da sua região.
Cantoneira ou mão-francesa e tala

Utilizado para instalação de


cruzetas, abraçadeiras e diversas
montagens em RDA. Na cabeça
do parafuso, temos uma formação
chata ou quadrada. Para fixação
na estrutura, podem ser utilizadas
abraçadeiras do tipo B, H ou outras.
Além do parafuso com cabeça chata
ou quadrada, temos o parafuso es-
paçador, utilizado para montagens
de estruturas de cruzetas duplas,
Parafuso com cabeça chata ou quadrada, com porca com a finalidade de indicar o espa-
ço certo entre as duas cruzetas.
4 MATERIAIS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
63

MATERIAL/FERRAGEM APLICAÇÃO

Usada para fixação em cruzetas,


através de parafuso espaçador,
normalmente para instalação de
isolador de disco ou isolador de
poliuretano na horizontal e estais
(cabos de tracionamento) na hori-
zontal.
Porca do tipo olhal

Usadas para montagens diversas,


principalmente das cruzetas de ma-
deira. São instaladas nos parafusos.
Arruela e porca quadradas

Utilizados em estruturas primárias


da classe de tensão 15 kV, siste-
mas verticais, para ancoragem e
sustentação de cabos distribuídos
em RDAs.

Isolador de porcelana, topo, pino, P13A

Usado em estruturas primárias das


classes de tensão de 5 kV a 34,6 kV,
sistemas horizontais e verticais, para
ancoragem. Dependendo da classe
de tensão, pode formar “cachos”, ou
seja, cadeias com vários isoladores.
Isolador de disco ou suspensão

Utilizado em redes secundárias


de energia, ramal de ligação do
consumidor e redes intermediárias
secundárias.

Isolador do tipo roldana


FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
64

MATERIAL/FERRAGEM APLICAÇÃO

Empregado em redes normalmente


em estai (cabo de aço), para ancora-
gem ou estabilização de forças em
postes e cruzetas, interrompendo a
continuidade entre os cabos de for-
ça para que não haja energização.

Isolador do tipo castanha

Utilizado em estruturas primárias


das classes de tensão de 5 kV a
36,2 kV, sistemas em cruzetas ou
diretamente no suporte do equipa-
mento a ser instalado.

Para-raios

Usado em estruturas primárias das


classes de tensão de 5 kV a 36,2 kV,
sistemas horizontais, para ancora-
gem. Equivale ao isolador de disco
ou suspensão, dependendo da
classe de tensão.

Isolador de suspensão de poliuretano

Utilizada em cabos de alumínio ou


de aço, para que não se dobrem ou
torçam.

Anilha
4 MATERIAIS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
65

MATERIAL/FERRAGEM APLICAÇÃO

Instalada entre o condutor e os


isoladores de disco de poliuretano,
para conexão e ancoragem dos
cabos condutores.

Sapatilha

Instalado entre o condutor e os


isoladores de disco de poliuretano,
porcelana ou vidro para conexão e
ancoragem dos cabos condutores
elétricos em cruzetas.

Grampo para isolador

Usada na instalação e na fixação da


cruzeta no poste, para nivelamento
horizontal.

Sela para cruzeta

Utilizado na instalação e na fixação


em postes para redes secundárias
ou entradas consumidoras, junta-
mente com isolador do tipo roldana
para ancoragem de cabos.

Suporte de roldana simples


FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
66

MATERIAL/FERRAGEM APLICAÇÃO

Empregado na instalação de equi-


pamentos, chaves, comandos de
iluminação pública e outros.

Suporte do tipo T

Utilizado na instalação de equipa-


mentos, chaves, comandos de ilumi-
nação pública, para-raios e outros.

Suporte do tipo L

Fonte: SENAI-SP e 123RF (2013)

Em seguida, vamos apresentar os cabos elétricos instalados em redes primá-


rias e secundárias de distribuição aérea que podem ser utilizados conforme indi-
cado no projeto. Observe-os no quadro a seguir.

Quadro 11 – Cabos elétricos e aplicações

CABO ELÉTRICO APLICAÇÃO

Utilizado em locais onde se tenha


que efetuar tração, já que, nessas
circunstâncias, cabos de alumínio
sem aço no interior se romperiam.

Cabo de alumínio com alma de aço (CAA)


4 MATERIAIS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
67

CABO ELÉTRICO APLICAÇÃO

Usado em ramal de ligação para


consumidores de baixa tensão.

Cabo multiplexado

Empregado em travamento ou estai


de postes em RDA, tracionamento
de cargas e instalação de postes.

Cabo de aço

Utilizado em cabines primárias e su-


bestações. É enterrado diretamente
no solo ou sob linha de transmissão.

Cabo multiplex de cobre com alta resistência à chama

Usado em RDA, linhas de transmis-


são e subestações, devido às pro-
priedades elétricas e ao baixo custo
em relação ao cabo de cobre.

Cabo de alumínio nu e com isolação


FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
68

CABO ELÉTRICO APLICAÇÃO

Utilizado nos aterramentos elétricos


da RDA, enterrado diretamente no
solo. É um bom condutor elétrico. É
constituído de condutores flexíveis
às dobras.
Cabo de cobre nu

Usada em diversos aterramentos


elétricos. Fica interligada aos cabos
por intermédio de conectores
apropriados ou soldas exotérmicas.
Esse tipo de solda é aplicado com
equipamento especial que contém
pólvora. Por isso, o eletricista deve
ser treinado para realizar a aplica-
ção.

Haste de terra com conector

Fonte: SENAI-SP e 123RF (2013)

4.2 EQUIPAMENTOS INSTALADOS EM ILUMINAÇÃO PÚBLICA

A rede de iluminação pública é de propriedade das prefeituras municipais. Ge-


ralmente é elaborado um projeto para atender à necessidade de cada local, no
qual são definidos tipos de luminárias, lâmpadas e postes. Essas definições de
projeto identificam a localidade, servindo inclusive como decoração.
Veja a seguir exemplos de equipamentos utilizados nas redes de iluminação
pública.
4 MATERIAIS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
69

Figura 20 - Luminária de iluminação pública


Fonte: SENAI-SP (2013)

a) Os postes podem ser de vários tamanhos, para atender às especificações


técnicas e de projetos.
b) As luminárias são recipientes que alojam lâmpadas, reatores e comandos
elétricos. São escolhidas e determinadas por projetos.
c) As lâmpadas mais usuais são de vapor de sódio e de vapor metálico.
d) Os reatores são instalados nos circuitos para acionamento das lâmpadas e
devem ser selecionados de acordo com o tipo de lâmpada.
e) Os relés fotoelétricos são equipamentos eletromagnéticos comandados
por luz. Isso significa que, ao escurecer, são acionados; ao amanhecer, desli-
gam-se automaticamente. Podem acionar uma ou várias lâmpadas.
f ) Os transformadores podem ser exclusivos para atender a uma determi-
nada rua ou a um circuito estabelecido em projeto. Na estrutura montada,
eles são normalmente conhecidos como estação transformadora de IP. Os
transformadores contêm identificação patrimonial por placas, como você
pode observar na figura a seguir.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
70

Figura 21 - Estação transformadora de IP (transformador)


Fonte: SENAI-SP (2013)

A estação transformadora de IP é administrada pelo setor público (prefeitura


local) e, para faturamento do consumo a ser pago à concessionária, um medidor
de energia é instalado no poste. Veja um exemplo na figura 22.

Figura 22 - Medidor de energia ligado ao poste


Fonte: SENAI-SP (2013)
4 MATERIAIS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
71

4.3 CONEXÕES E EMENDAS EM CABOS ELÉTRICOS

Em suas atividades cotidianas na RDA, por vezes você poderá se deparar com
a necessidade de emendar ou conectar os cabos de energia.
No esquema apresentado a seguir, você pode identificar os conectores utiliza-
dos em redes secundárias de distribuição aérea.

conexão do cabo

Figura 23 - Conector em rede de distribuição de BT


Fonte: SENAI-SP (2013)

A figura 24 mostra uma derivação da rede secundária que utiliza conectores


do tipo estribo. Veja:

estribo

conexão de cabos

Figura 24 - Conexões em rede de distribuição de BT, com derivação e estribo


Fonte: SENAI-SP (2013)
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
72

Observe na figura 25 o uso de conectores na rede primária de distribuição aé-


rea. Veja como eles são maiores em relação aos conectores das redes secundárias.
Isso ocorre porque os cabos da rede primária possuem bitola (diâmetro) maior.

Figura 25 - Várias conexões em AT em cruzeta dupla


Fonte: SENAI-SP (2013)

Existem também conectores de rede secundária instalados em cruzamentos


de redes aéreas.
Para facilitar a identificação dos conectores, reunimos alguns tipos que são
empregados nas mais diversas formas nas RDAs. Estude com atenção o quadro
12.

Quadro 12 - Conectores e aplicações

TIPO DE CONECTOR APLICAÇÃO

Utilizado em sistemas de aterra-


mento, para-raios e interligações de
cabos. O tamanho do conector varia
de acordo com a bitola do cabo.

Conector do tipo parafuso fendido de cobre (split bolt)


4 MATERIAIS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
73

TIPO DE CONECTOR APLICAÇÃO

Usado em interligações de transfor-


madores, chaves de faca, chaves-fu-
síveis e equipamentos de proteção
e manobra. O tamanho do conector
varia de acordo com a bitola do
cabo. Pode ser fabricado em cobre
ou alumínio.

Conector bimetálico do tipo parafuso/pressão

Utilizado em interligações de
transformadores, chaves de faca,
chaves-fusíveis, equipamentos de
proteção e manobra, redes de ilu-
minação pública, ramais do consu-
midor e também redes primárias e
secundárias de energia. O tamanho
do conector varia de acordo com a
bitola do cabo. Pode ser fabricado
Conector de compressão do tipo cunha em cobre ou alumínio.

Usada nas emendas de condutores,


as quais são feitas utilizando alicate
hidráulico para compressão, cujo
modelo é definido de acordo com
a bitola dos condutores. Pode ser
Luva de emenda fabricada em cobre ou alumínio.

Fonte: SENAI-SP e 123RF (2013)

4.4 AMARRAÇÕES EM CABOS ELÉTRICOS

A amarração dos cabos nos isoladores é mais uma das atividades que costu-
meiramente o eletricista executa em seu dia a dia.
Existem vários tipos de amarrações de cabos elétricos. A amarração mais ade-
quada é definida de acordo com as especificações do projeto que está sendo exe-
cutado. Veja a seguir algumas características da amarração.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
74

4.4.1 AMARRAÇÃO COM FIOS

As amarrações podem ser feitas com fio encapado ou de alumínio nu. Esse é o
tipo mais comum de amarração. Veja um exemplo na figura 26.

Figura 26 - Amarração do cabo no isolador


Fonte: SENAI-SP (2013)

4.4.2 ALÇA PRÉ-FORMADA

As alças pré-formadas são utilizadas para amarrações de condutores em isola-


dores em redes de distribuição primárias e secundárias.
São disponibilizadas em vários modelos e, quando adquiridas do fabricante,
como o próprio nome diz, estão previamente formadas de modo que o profissio-
nal consiga laçar o cabo e prendê-lo no isolador. Para tanto, devemos conhecer:
a) a bitola do condutor a ser amarrado;
b) o tipo de isolador no qual o condutor será amarrado;
c) se a rede é primária ou secundária.
Na figura 27, você pode ver um exemplo de alça pré-formada para ser utilizada
em isoladores de disco.
4 MATERIAIS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
75

Figura 27 - Alça pré-formada para uso em isoladores de disco


Fonte: SENAI-SP (2013)

4.4.2 COXIM DE ELASTÔMERO

Em se tratando de amarração é importante também que você conheça um


acessório muito utilizado em redes primária e secundária. Estamos falando do co-
xim de elastômero.
O coxim de elastômero que você vê instalado na figura 28 é um tubinho de
borracha. Ele dá maior aderência entre o isolador e o cabo. Normalmente, acom-
panha a alça pré-formada na instalação em condutores.
Para ajudar na escolha da alça pré-formada e, consequentemente, do coxim,
os fabricantes disponibilizam a identificação do condutor e do isolador impressa
no corpo da alça pré-formada, com uma etiqueta plastificada em cores.

Figura 28 - Coxim de elastômero


Fonte: SENAI-SP (2013)

Após você ter estudado todos esses materiais, cada um com sua característica
física e técnica, veremos o modelo de uma estrutura montada conforme o padrão
de redes da Companhia Elétrica do Pará (Celpa), Grupo Rede de Energia. Nesse
padrão, é possível encontrar desenhos técnicos que detalham o esquema para
montagem da estrutura com cruzeta de concreto simples (N1), como você pode
ver na figura a seguir.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
76

distâncias em mm
isolador
900 300 600

porca e
arruela pino para isolador

tala de ferro

poste de concreto

Figura 29 - Estrutura com cruzeta de concreto simples (N1) – padrão Celpa


Fonte: CENTRAIS ELÉTRICAS DO PARÁ (CELPA). Manual de construção e manutenção de redes de distribuição aérea.
Belém: Centrais Elétricas do Pará (Celpa), 2011. p. 12

Na tabela 2, observe a relação de materiais necessários para execução da mon-


tagem dessa estrutura.

Tabela 2 – Relação de materiais para execução da montagem


QUANTIDADE PARA
DESCRIÇÃO TENSÃO
13,8 KV 36,2 KV
Poste de concreto armado seção duplo T 1

Cruzeta de concreto 250 daN retangular 1

Mão-francesa plana – 619 mm 2

Isolador pilar NBI 110 kV 3 -

Isolador pilar NBI 170 kV - 3

Pino autotravante 140 mm, para isolador pilar 3

Parafuso de cabeça quadrada – 125 mm 2

Arruela quadrada 5

Fonte: CENTRAIS ELÉTRICAS DO PARÁ (CELPA). Manual de construção e manutenção de redes de distribuição aérea.
Belém: Centrais Elétricas do Pará (Celpa), 2011. p. 13
4 MATERIAIS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
77

FIQUE Para você separar as quantidades de parafusos necessá-


rias para montagem das estruturas, verifique o tipo e a
ALERTA altura do poste, bem como a classe de tensão da RDA.

Agora, vamos relembrar o modelo da estrutura apresentada na figura 29. Des-


ta vez, usaremos como referência o padrão técnico das redes da AES Eletropaulo,
distribuidora de energia elétrica do estado de São Paulo. Veja na figura 30 os de-
talhes do esquema para montagem dessa mesma estrutura.

vista lateral
2000
100 500 450 850 100
I 17
200

R6

P1 F 307 / F 84
500

F1

F 16
F 200
800

vista superior

F 201 F 16

F 303

M5
F 202- F84 F 231- F84

Cód. Descrição Unidade Quant. Código de Desenho


Material
F1 Mão-francesa tipo 1 pç. 1 328, 137-0 MP-04-03
F16 Cinta tipo B pç. 4 Variável MP-03-01
F84 Arruela quadrada pç. 5 949, 740-8 MP-05-05
F 200 Parafuso de cabeça abaulada - M16 x 45mm pç. 1 943,477-7 MP-05-03
F 201 Parafuso de cabeça abaulada - M16 x 70mm pç. 4 943,478-5 MP-05-03
F 202 Parafuso de cabeça abaulada - M16 x 150mm pç. 1 943, 479-3 MP-05-03
F 231 Parafuso de cabeça quadrada - M16 x 125mm pç. 1 943, 781-4 MP-05-10
F 303 Sela para cruzeta de madeira pç. 1 328, 709-1 MP-08-01
F 307 Pino normal - cruzeta de madeira pç. 3 328,507-3 MP-06-22
I 17 Isolador tipo pilar 15 kV pç. 3 321, 322-0 MP-06-19
M5 Laço de topo pré-formada pç. 3 Variável -
P1 Poste de concreto armado seção circular pç. 1 Variável MP-01-01
R6 Cruzeta de madeira classe 15 kV pç. 1 328, 265-1 MP-02-17

Figura 30 - Montagem em cruzeta simples – padrão AES Eletropaulo


Fonte: SENAI-SP (2013)
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
78

Para saber como um material deve ser aplicado na RDA, pro-


SAIBA cure o manual do fabricante ou os catálogos técnicos que
MAIS geralmente são disponibilizados nos sites dos fabricantes ou
da concessionária local.

Existem outros tipos de construções de redes, sem ser a convencional execu-


tada sobre cruzetas e estruturas similares. Podemos citar estruturas que estão
sendo implantadas em RDAs, mais compactas na sua forma contrutiva, tais como:
space cable - montagens com cabos isolados ou especiais atendendo a média
tensão(MT), montados em cruzetas compactas; pré-reunido e redes compactas
atendendo à RDAs de BT, com lançamento de cabos trançados isolados, com an-
coragem em estruturas dos postes.

CASOS E RELATOS

Falta de planejamento causa prejuízo


Ao receber a Ordem de Serviço (OS), como era de costume, uma turma de
construção de redes iniciou a contagem e separação dos materiais e das
ferramentas necessários para as montagens. O eletricista responsável pelo
levantamento fez a conferência e autorizou a partida do caminhão.
Naquele dia, os profissionais saíram para executar um serviço de acréscimo
de rede primária a aproximadamente 60 km da base de apoio.
Chegando ao local estipulado na OS, enquanto todos estavam a postos
para início das atividades, o encarregado da turma fez uma nova conferên-
cia rápida e observou a falta de uma cruzeta e dois isoladores.
O que você acha que aconteceu? O serviço foi executado ou não?
Se você respondeu que não, acertou! Sem esses materiais, o serviço não
poderia ser concluído. Todos retornaram à base de apoio e o serviço foi
reprogramado para outro dia.
Veja o transtorno e o prejuízo para a empresa que ocasionaram a falta de
planejamento e os erros na conferência dos materiais!
E agora? Você é capaz de responder àquelas três perguntas formuladas no
início deste capítulo? Cremos que sim!
4 MATERIAIS UTILIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA (RDAs)
79

Depois de ter estudado todos esses materiais e a aplicação nas redes distribui-
doras, esperamos que seu aprendizado tenha sido significativo.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você estudou os vários materiais utilizados em redes de


distribuição, tais como isoladores, amarrações, conexões, postes, cruzetas,
escoras, cabos, ferragens e acessórios.
Você viu como são empregados alças pré-formadas, diversos tipos de pa-
rafuso e arruela, talas, cantoneiras ou mão-francesa, selas, cintas e suportes
nas estruturas padronizadas pelas concessionárias.
Vimos também quais materiais, ferragens, acessórios e equipamentos com-
põem as redes de iluminação pública.
Esses conhecimentos são importantes para sua atividade profissional, pois
farão parte do seu dia a dia. Além disso, no trabalho você será capaz de
identificar os vários componentes de uma RDA e utilizar os materiais de
forma adequada e com segurança.
Continue estudando para alcançar o objetivo de se tornar um eletricista
competente!
Veículos de apoio para serviços
em redes de distribuição

Nos serviços realizados em redes de distribuição de energia elétrica, são utilizados veículos
de diferentes tipos, com finalidades específicas.
Neste capítulo, você estudará quais são esses veículos e poderá identificar suas finalidades
nas tarefas de montagem e manutenção de estruturas de redes de distribuição.
Também terá oportunidade de conhecer os aspectos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB)
voltados ao uso e à condução desses veículos, principalmente no que diz respeito à sinalização
correta quando utilizados na execução dos serviços.
Esse conteúdo é importante, pois, como eletricista de RDA, você usará meios como esses no
seu dia a dia.
Iniciaremos pelos tipos de transporte. Acompanhe!
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
82

5.1 CAMINHÃO GUINDAUTO

O caminhão guindauto possui braços hidráulicos instalados em uma platafor-


ma da carroceria. Tais braços são destinados à movimentação de cargas e são con-
trolados por alavancas posicionadas na lateral do veículo.
O guindauto está dividido em duas partes: uma delas é o sistema hidráulico,
composto da plataforma, dos braços e dos dispositivos de acionamento; a outra
é o próprio veículo (caminhão) acoplado ao sistema hidráulico. Daí vem o nome
“guindauto”, ou seja, um guincho sobre um caminhão.
Com esse tipo de veículo, é possível realizar operações comuns em RDA, como
instalações de postes, geradores, transformadores, capacitores e movimentação
de outras cargas. Sempre é preciso verificar a capacidade de carga do guindauto,
pois, dependendo do seu tamanho e peso, pode ocorrer uma sobrecarga, acarre-
tando na queda ao movimentar o veículo, o que pode danificar o equipamento.

Na operação de equipamentos hidráulicos, a questão


FIQUE de segurança deve ser seguida de acordo com normas,
manuais e procedimentos técnicos do fabricante e da
ALERTA concessionária local. Para operá-los, faça sempre uso
dos EPIs e EPCs solicitados.

Veja um exemplo desse tipo de caminhão na figura 31.

Figura 31 - Caminhão guindauto


Fonte: 123RF (2013)

5.2 CAMINHÃO COM CESTO AÉREO

O caminhão com cesto aéreo, assim como o guindauto, possui equipamento hi-
dráulico constituído de braços e cesto instalados sobre uma plataforma no chassi
dos veículos, com controles operacionais por meio de manoplas no cesto. Esse tipo
de caminhão tem sistema de giro ajustável que cobre toda a área de trabalho em
ambos os lados. Pode conter um ou dois cestos e é destinado a serviços em altura.
5 VEÍCULOS DE APOIO PARA SERVIÇOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO
83

Com esse tipo de caminhão, são realizadas operações em redes de iluminação


pública, construção e manutenção em RDA, entre outras atividades.
Observe um exemplo de caminhão na figura 32.

Figura 32 - Serviço com caminhão com cestos aéreos


Fonte: 123RF (2013)

Antes de sair para realizar algum trabalho, é importante


testar o equipamento hidráulico, para verificar se há
FIQUE alguma irregularidade. Veja o nível de óleo do reserva-
ALERTA tório hidráulico, bem como o estado de conservação
das mangueiras e dos terminais para se certificar de que
não haja vazamentos.

5.3 CAMINHÃO PARA TRANSPORTE DE MATERIAIS E POSTES

O caminhão para transporte de materiais e postes é projetado exclusivamente


para transportar postes circulares, do tipo duplo T, de madeira ou de ferro, bem
como bobinas de cabos e materiais pesados. Ele possui moldagens para acomo-
dar os postes, de acordo com as especificações da concessionária local. Ainda exis-
tem modelos que agregam a funcionalidade do guindauto na mesma carroceria.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
84

Veja um exemplo na figura 33.

Figura 33 - Caminhão para transporte de postes e bobinas de cabos


Fonte: SENAI-SP (2013)

No Brasil, existem normas que norteiam as operações de


SAIBA transporte de cargas. Para saber mais sobre esse assunto,
MAIS pesquise a norma regulamentadora NR 11 – Transportes, mo-
vimentação, armazenagem e manuseio de materiais.

5.4 CAMINHÃO COM ESCADAS CENTRAL E LATERAL

O caminhão com escadas central e lateral é de uso específico para atividades aé-
reas em altura de aproximadamente 12 m. Ele possui uma escada giratória extensí-
vel, fixada na parte central, e duas escadas extensíveis, uma de cada lado do veículo,
para serviços fora de sua ação. Na lateral, são disponibilizados compartimentos para
armazenamento de materiais, ferramentas e equipamentos de segurança.
Esse tipo de caminhão é utilizado em atividades como: atendimentos emer-
genciais em RDAs primárias e secundárias de energia; construção e manutenção
em redes de iluminação pública; abertura e fechamento de chaves de manobras
ou de equipamentos em redes de distribuição; atendimento a consumidores resi-
denciais, comerciais, industriais.
5 VEÍCULOS DE APOIO PARA SERVIÇOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO
85

Figura 34 - Caminhão com escada central e lateral


Fonte: SENAI-SP (2013)

CASOS E RELATOS

Acidente causado por não acionamento do freio de estacionamento


Uma turma de eletricistas de construção e manutenção de redes foi infor-
mada, via Central de Operações da Distribuição (COD), de que os clientes
da rua Rafael Correia, na cidade de Mauá, estado de São Paulo, estavam sem
energia elétrica.
Naquele momento, os eletricistas estavam utilizando um caminhão com
cesto aéreo, equipado com materiais e ferramentas para execução de re-
paros nas redes primárias e, com esse veículo, prontamente se dirigiram ao
local informado.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
86

No local, estacionaram o caminhão e iniciaram o plano de reparo do defei-


to. Diagnosticaram o problema, identificaram os riscos da tarefa de manu-
tenção e começaram o serviço.
Foi quando o operador do cesto percebeu uma movimentação inesperada
do veículo. O caminhão começou a descer sem controle a rua, pois os eletri-
cistas não haviam calçado as rodas. Para piorar a situação, o freio-montanha
não funcionou e, por isso, não segurou o caminhão.
Ao perceber o que estava ocorrendo, o eletricista que estava no cesto, ain-
da abaixado na posição de descanso, tentou pular. Não conseguiu, pois es-
tava preso pelo cinto de segurança.
O caminhão desceu desgovernado por uns 50 m até bater em um dos pos-
tes da RDA. Imagine o tamanho do estrago! O eletricista que estava no ces-
to teve seu braço esquerdo quebrado, luxação nos dedos da mão direita e
escoriações na cabeça.
Com esse caso, é fácil perceber como uma pequena distração pode resultar
em perdas muito sérias. Por isso, utilize sempre o bom senso e a calma, man-
tendo a concentração no seu trabalho. Cumpra o estabelecido nas normas e
regulamentações de trânsito. Assim, você será capaz de prevenir acidentes.

Agora que você já viu os principais tipos de veículos utilizados em RDA, é impor-
tante que leia com atenção os aspectos relacionados ao Código de Trânsito Brasileiro.

5.5 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS DE SINALIZAÇÃO DE ACORDO COM


O CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

Os veículos de apoio, principalmente aqueles que possuem equipamentos hi-


dráulicos acoplados, como os que você já estudou neste capítulo, só podem ser
utilizados por pessoas habilitadas e autorizadas, que tenham feito treinamentos
básicos operacionais. Isso porque há muitos riscos de acidentes na utilização des-
ses veículos.
O profissional que vai operar esses equipamentos, além da habilidade de ma-
nuseio, deve estar atento ao tráfego de veículos nas ruas e de pessoas nas calça-
das, bem como à movimentação dos demais colaboradores.
5 VEÍCULOS DE APOIO PARA SERVIÇOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO
87

A maioria das empresas possui normas de segurança e procedimentos opera-


cionais para movimentação de cargas, condução de veículos e uso de sinalização.
O atendimento a essas normas bem como ao regulamento de trânsito, aliados ao
bom senso e à calma nas operações, permitem ao operador prevenir acidentes.
Por isso, leia com atenção alguns procedimentos relacionados a seguir. Você,
como operador de veículos de apoio aos serviços em redes de distribuição, deve
obedecê-los com muito cuidado.
a) Planejamento da atividade
Antes de sair com o caminhão, você deve verificar todos os equipamentos e
todas as condições do veículo, através de inspeção visual, bem como as condições
e a quantidade necessária de ferramentas e materiais à realização das tarefas.

b) Identificação de riscos
Faça um levantamento preliminar dos riscos que envolvem a execução dos
serviços e não deixe de atender às normas de segurança e ao Código de Trânsito
Brasileiro (CTB).
Como riscos diretos da condução de veículos de apoio, podemos citar:
• colisão;
• atropelamento de colaboradores e de terceiros;
• estacionamento indevido do veículo no local de trabalho;
• ausência de sinalização correta.

c) Controle de riscos
Verifique as instruções seguintes.
• Um colaborador deve ser designado para a função de vigia do veículo.
• Para iniciar a sinalização, o vigia deve estar munido com bandeirola ou bas-
tão sinalizador e posicionar-se a 20 m antes do primeiro cone.
• O vigia deve estar munido de colete refletivo, capacete e bastão sinalizador, se
os serviços forem realizados à noite, ou bandeirola para serviços à luz do dia.
• O motorista deve manobrar o veículo com orientação do vigia.
• O veículo deve ser mantido com freio de estacionamento acionado.
• O freio-montanha deve ser acionado, travando as rodas dianteiras ao meio-
-fio, e estas devem ser calçadas.
• O veículo deve ser utilizado como barreira entre a área de trabalho e o fluxo
de tráfego, quando houver necessidade.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
88

No Brasil, a distribuição de energia elétrica é considerada serviço público es-


sencial, porém, como prevê a legislação, nenhuma tarefa em via ou logradouro
público que possa perturbar a livre circulação de veículos e pedestres, ou colocar
em risco a segurança, pode ocorrer sem a permissão prévia dos órgãos de trânsito.
A concessionária local ou a empresa contratada para prestar serviços tem
a obrigação de sinalizar a área na qual o trabalho será executado. Portanto, é
importante que você conheça os procedimentos operacionais de sinalização das
vias públicas, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro.
Agora, veja a tabela 3, que apresenta a disposição dos cones de acordo com a
velocidade nominal do tráfego.
Tabela 3 - Disposição dos cones de acordo com a velocidade nominal de tráfego

DISTÂNCIA
VELOCIDADE
DO PRIMEIRO ESPAÇAMENTO DISPOSIÇÃO
NOMINAL NÚMERO DE
DISPOSITIVO ENTRE CONES DE CONES NA
DO TRÁFEGO CONES NA RETA
DE SEGURANÇA (m) AGULHA
(km/h)
(m)

40 24 5 3 3

60 32 6 3 5

80 56 8 5 5

100 75 10 5 5

120 75 10 5 5

Fonte: Manual de construção e manutenção de redes de distribuição aérea. São Paulo: AES Eletropaulo, 2011

No quadro 13, você pode observar os procedimentos para sinalização, segun-


do as velocidades nas vias e as distâncias dos dispositivos de segurança.
5 VEÍCULOS DE APOIO PARA SERVIÇOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO
89

Quadro 13– Velocidades nas vias

Diurno
12 m

20 km/h
3 cones na
formação
da agulha

Noturno
12 m

18 m

Diurno
Atividade
no centro
da via

40 km/h
1 cone na
reta e 3
cones na
formação
da agulha

18 m

Noturno
Atividade
no centro
da via
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
90

24 m

Diurno

24 m
60 km/h
2 cones
na reta e 3
cones na
formação
da agulha

24 m

Noturno

24 m

80 km/h Diurno
3 cones
na reta e 5
cones na
formação 49 m

da agulha Noturno

100 km/h Noturno


5 cones
na reta e 7
cones na
formação 49 m

da agulha Noturno

Fonte: Manual de construção e manutenção de redes de distribuição aérea. São Paulo: AES Eletropaulo, 2011
5 VEÍCULOS DE APOIO PARA SERVIÇOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO
91

Acompanhe o exemplo seguinte, que demonstra como você pode ler a tabela
3 e o quadro 13 e assim entender corretamente o procedimento.
Vamos tomar como exemplo uma via cuja velocidade nominal é de 60 km/h.
Nessa situação, de acordo com a tabela 3, é necessária a sinalização através da
disposição de cinco cones em reta ou na formação agulha, a qual é possível
identificar no quadro 13. A distância máxima da área de trabalho em relação ao
primeiro cone deve ser de 32 m e o espaçamento entre eles, de 6 m.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você estudou que:


• o caminhão guindauto é equipado com braço hidráulico extensível de
elevação e é destinado à movimentação de cargas;
• o caminhão com cesto aéreo é movido por um equipamento hidráulico
com sistema de giro ajustável e com controles operacionais. Esse tipo
de caminhão é destinado a serviços em altura;
• o caminhão para transporte de materiais e postes é equipado com su-
porte moldado de acordo com os tamanhos dos postes padronizados
pela concessionária local;
• o caminhão com escadas central e lateral é de uso específico para ativi-
dades aéreas. Ele possui uma escada giratória extensível, fixada na par-
te central, e duas escadas extensíveis removíveis nas laterais;
• para utilização dos veículos de apoio nos serviços em redes de distri-
buição, o eletricista tem que ser habilitado e autorizado, ter feito trei-
namentos específicos e deve seguir os procedimentos operacionais de
sinalização segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Esses conhecimentos auxiliarão no seu trabalho quando for preciso execu-
tar serviços em veículos como esses.
Continue estudando.
Comunicação com rádios
e terminais remotos

Comunicar-se por meio de rádios e terminais é uma prática comum para os eletricistas de
redes de distribuição de energia elétrica.
Por isso, neste capítulo, você estudará os métodos de comunicação com rádios e termi-
nais remotos utilizados na execução dos serviços em RDAs e terá subsídios para se comunicar
com uma central de operações ou com os seus superiores de forma adequada.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
94

1 COMUNICAÇÃO WIRELESS 6.1 COMUNICAÇÃO MÓVEL EM RDAs


OU COMUNICAÇÃO SEM
FIO
Normalmente, quando nos comunicamos diretamente com as pessoas sem o
Transferência de informação uso de canais intermediários, estamos sujeitos a interferências que podem com-
sem a utilização de cabos.
prometer o entendimento, tanto na transmissão da mensagem como na recep-
ção. Isso pode ocorrer devido a fatores como vícios de linguagem, problemas de
dicção, uso de termos técnicos nem sempre compreendidos pelo receptor, entre
outros ruídos. No livro Técnicas de Redação em Língua Portuguesa, aprofunda-
mos o estudo sobre elementos e ruídos de comunicação.
Ao utilizarmos canais como telefone, rádio ou unidade móvel, a comunicação
pode ficar ainda mais difícil, pois, além dos ruídos já citados, existem também as
interferências geradas pelos equipamentos, por exemplo, os chiados.

Figura 35 - Comunicação via rádio


Fonte: RF123 (2013)

O uso do rádio, uma unidade móvel, consiste em uma


VOCÊ prestação de serviço de telecomunicações, portanto ne-
SABIA? cessita de liberação para utilização. A autorização pode ser
obtida na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

As companhias distribuidoras de energia elétrica geralmente estão equipadas


com sistemas de comunicação que têm como base o rádio, nos quais a comu-
nicação entre colaboradores, incluindo com prestadores de serviço, é realizada
diretamente via Centro de Operações da Distribuição (COD).
6 COMUNICAÇÃO COM RÁDIOS E TERMINAIS REMOTOS
95

Figura 36 - Rádio móvel


Fonte: RF123 (2013)

No entanto, cada vez mais concessionárias e empresas prestadoras de serviços


optam pela comunicação por meio de texto, via terminal digital instalado nos
veículos de apoio. Esse tipo de sistema aumenta a confiabilidade da comunica-
ção, pois permite a consulta on-line de parâmetros técnicos dos equipamentos
da RDA, nas áreas em que são realizados os serviços de construção e manutenção
de redes, bem como a verificação de dados de cadastro de um consumidor para
facilitar sua localização, por exemplo.
Além disso, a expansão dos serviços prestados pelas operadoras das áreas de
comunicação celular, redes wireless1 e via satélite permite acesso às informações
de qualquer lugar e a qualquer hora do dia ou da noite. A comunicação pode ser
feita por voz, áudio, imagem ou vídeo. Imagine que, utilizando um celular, você
pode fazer uso dessa tecnologia. Essa possibilidade torna os serviços mais ágeis e,
por isso, essa tecnologia tem sido cada vez mais utilizada.

Existe uma tecnologia, denominada smart grid, que está


sendo aplicada nas distribuidoras de energia elétrica, mais
especificamente em RDAs, para monitoramento de alguns
SAIBA itens da instalação como consumo de energia, comporta-
MAIS mento do nível de fornecimento e recebimento de energia
elétrica em determinados trechos de uma região ou cidade
preestabelecidos pela distribuidora. Vale a pena usar um site
de busca na internet e pesquisar sobre esse assunto.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
96

Figura 37 - Mensagem de texto via celular


Fonte: 123RF (2013)

A seguir, abordaremos alguns aspectos que poderão ajudar você a manter


uma boa comunicação profissional via equipamentos remotos.

6.2 COMUNICAÇÃO PROFISSIONAL ADEQUADA

Como temos visto até aqui, a comunicação do eletricista com colaboradores


de outros setores, via rádio, pode apresentar problemas relacionados, que vão
desde falhas no sistema – devido à insuficiência de cobertura, que impede a che-
gada do sinal de comunicação a toda a área de concessão – a deficiências que o
profissional eventualmente apresente, como falhas na dicção, tom de voz muito
baixo ou alto, audição insuficiente ou falta de concentração.
Por isso, é importante que, ao utilizar rádio móvel na execução dos serviços de
manutenção em redes de distribuição primária ou secundária, em subestações
ou em linhas de transmissão, o eletricista adote técnicas de operação que contri-
buam para uma comunicação clara e objetiva.
Veja a seguir algumas dessas técnicas e procure adotá-las em serviço.
a) Mantenha a concentração.
b) Ajuste um volume moderado no dispositivo.
c) Escute antes de falar.
d) Mantenha uma distância adequada do microfone.
e) Evite tapar o microfone.
f ) Fale clara e lentamente, com voz moderadamente forte.
6 COMUNICAÇÃO COM RÁDIOS E TERMINAIS REMOTOS
97

g) Forneça informações corretas e precisas.


h) Repita ou soletre palavras quando necessário.

Além de aplicar essas técnicas, evite interrupções desnecessárias na comuni-


cação, aguarde o momento certo de entrar com sua transmissão, tenha calma
enquanto a pessoa que transmite a mensagem decide o que vai dizer, pois ela
pode ter algo muito importante para comunicar.
Saiba que o regulamento de radiocomunicações proíbe algumas práticas, por
exemplo, transmitir mensagens supérfluas e desnecessárias, pois isso representa
uma sobrecarga no sistema de comunicação brasileiro.
Veja agora outras práticas proibidas com relação ao uso de radiocomunicação.
É importante que você as conheça para evitá-las.
a) Utilização de palavras ou expressões que não sejam autorizadas, isto é, pa-
lavrões, ofensas diretas e indiretas, fofocas etc.
b) Comunicações de caráter não técnico entre operadores.
c) Entonação irônica ou agressiva na voz.
d) Interrupção da comunicação de outros operadores sem justificativa.

Você pode estar se perguntando: em que situações especificamente usarei a


comunicação remota? Conheça algumas dessas situações.
O Centro de Operações da Distribuição (COD) é o setor da companhia
distribuidora de energia elétrica que autoriza o início da execução de serviços
programados e de emergência em rede primária. Nas subestações e na linha de
transmissão, a autorização é obtida na Central de Operações e Serviços (COS).
Todas as manobras a serem realizadas em circuitos de distribuição devem ser co-
municadas a essas centrais, para que as turmas de trabalho sejam ou não libera-
das para irem a campo executar o serviço. Os termos COS e COD poderão variar
dependendo da distribuidora local.
Os serviços previamente planejados e programados com o COD podem re-
querer que o eletricista de redes de distribuição efetue bloqueios, desbloqueios,
ligação e desligamento dos circuitos por comando remoto ou local, dentro das
subestações. Essas manobras são monitoradas, e o eletricista deve informar ao
COD a execução.

Nunca energize ou desenergize um trecho do sistema


FIQUE elétrico, chave de faca, fusíveis, disjuntores de AT ou
transformadores, sem antes solicitar a autorização do
ALERTA COD ou do COS. Isso pode ser feito via rádio ou outro
tipo de comunicação já mencionado neste livro.
FUNDAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO
98

Na ocorrência de acidentes ou algo imprevisto durante a execução dos servi-


ços, os superiores imediatos devem ser comunicados, via rádio, ou outras vias de
comunicação, para que sejam tomadas as providências de forma correta e segura.

Figura 38 - Uso de radiocomunicador em serviço


Fonte: RF123 (2013)

Em um site de busca na internet, faça uma pesquisa sobre


SAIBA comunicação via rádio e conheça os códigos fonéticos que
os operadores mais experientes utilizam. Saiba o que signifi-
MAIS ca, por exemplo, o código “Q”. Ficou curioso? Então, se apres-
se e faça a pesquisa!

CASOS E RELATOS

Falha de comunicação quase causa mortes


O encarregado da turma de construção e manutenção, Sr. José da Silva, so-
licitou via rádio o desligamento do circuito primário 106 para o COD. Sua
turma efetuaria a substituição de uma cruzeta de madeira que havia apo-
drecido. No momento da comunicação, sua mensagem foi esta:
6 COMUNICAÇÃO COM RÁDIOS E TERMINAIS REMOTOS
99

“Boa tarde, sou José da Silva, encarregado de turma. Gostaria do desligamento


do circuito cento e seis, para execução da OS número zero dois três quatro cinco”.
O operador no COD entendeu que o número do circuito era 103 (cento e
três). Na pressa, ele não repetiu as informações passadas pelo Sr. José para
confirmação.
Ou seja, o que aconteceu foi que nenhum dos dois profissionais confirmou
os dados, certamente porque pensaram que a comunicação estava correta-
mente compreendida.
O COD deu a autorização para a execução da referida OS dizendo que o cir-
cuito estava bloqueado e desligado. O Sr. José repassou a informação para
que a turma pudesse iniciar os serviços.
Um dos eletricistas, seguindo os procedimentos de segurança, testou o cir-
cuito com detector de tensão e constatou que ele estava ligado. Imediata-
mente, o encarregado entrou em contato novamente com o COD, corrigin-
do o mal-entendido.
Com esse caso, é possível constatar que a má comunicação pode trazer
várias consequências negativas e até mesmo colocar vidas em perigo.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, estudamos as formas de comunicação remota e vimos como


fazer adequadamente as comunicações, via rádios e terminais remotos. Co-
nhecemos também as formas de linguagem mais adequadas a esses meios.
É sempre importante entender as técnicas de operação de equipamentos
de comunicação, pois se você precisar saberá como agir adequadamente.
Com este capítulo, terminamos os estudos deste livro. Esperamos que você,
com esses fundamentos, tenha compreendido o contexto no qual irá atuar, bem
como possa identificar equipamentos, materiais e ferramentas que irá utilizar.
REFERÊNCIAS

AES ELETROPAULO. Manual de construção e manutenção de redes de distribuição aérea. São


Paulo: AES Eletropaulo, 2011.
______. PD-4.001: padrão técnico da distribuição em redes de distribuição aérea urbana: 15 kV
aérea. São Paulo: AES Eletropaulo, 2006.
ABNT. NBR 15688:2009: redes de distribuição aérea de energia elétrica com condutores nus. Rio
de Janeiro: ABNT, 2009.
ABNT. NBR 15214:2005: rede de distribuição de energia elétrica: compartilhamento de
infraestrutura com redes de telecomunicações. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
CENTRAIS ELÉTRICAS DO PARÁ (CELPA). Manual de construção e manutenção de redes de
distribuição aérea. Belém: Centrais Elétricas do Pará (Celpa), 2011.
COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ (CPFL). Manual de construção e manutenção de redes
de distribuição aérea. São Paulo: Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), 2011.
FUNDACENTRO. Energia elétrica: geração, transmissão e distribuição. Disponível em: <http://
www.fundacentro.gov.br/dominios/ctn/anexos/cdNr10/Manuais/M%C3%B3dulo01/333_1-%20
INTRODU%C3%87%C3%83O%20A%20SEGURAN%C3%87A%20COM%20ELETRICIDADE.pdf>.
Acesso em: 25 ago. 2012.
G1. Após apagão em partes de dez estados brasileiros, energia volta aos poucos. Disponível
em: <http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1374243-5598,00-APOS+APAGAO+EM+PARTES+D
E+DEZ+ESTADOS+BRASILEIROS+ENERGIA+VOLTA+AOS+POUCOS.html>. Acesso em: 7 jun. 2013.
TAVARES, Mônica; FRANCO, Ilimar; PAUL, Gustavo; et al. Itaipu diz em nota que causa do apagão
não teve origem na usina. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/itaipu-diz-em-
nota-que-causa-do-apagao-nao-teve-origem-na-usina-3160264>. Acesso em: 11 nov. 2012.
MINICURRÍCULO DO AUTOR

Adilson Santo Crivellaro é engenheiro eletricista, pós-graduado em Administração de Empresas


e Engenharia de Segurança no Trabalho, especialista em Treinamentos na área de Energia. Atua
desde 1994 como instrutor do SENAI SP, em treinamentos sobre Redes de Distribuição Aérea
(RDAs) de energia elétrica em circuitos energizados da classe 15 kV e em circuitos desenergizados.
Tais treinamentos foram direcionados à capacitação de profissionais de empresas prestadoras de
serviços e das concessionárias de energia elétrica de São Paulo: AES Eletropaulo, Bandeirante Energia,
CPFL, EDP. Em 2002, participou do projeto Energia Brasil, do SENAI DN, que teve foco na eficiência
energética e no empreendedorismo. É membro do Comitê de Energia e Eficiência Energética do
Setor Elétrico do SENAI SP e do Comitê de Desenvolvimento do Curso de Aprendizagem Industrial
(CAI) – Eletricistas de Redes de Energia do Sindicato das Concessionárias de Energia Elétrica do
Estado de São Paulo, representado pelo SINDI Energia. Atualmente, é conteudista do curso de
qualificação profissional de Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica do Programa
Nacional de Oferta de Educação Profissional a Distância (PN-EAD) do SENAI DN.
ÍNDICE

W
Wireless 93
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SÃO PAULO

Walter Vicioni Gonçalves


Diretor Regional

Ricardo Figueiredo Terra


Diretor Técnico

João Ricardo Santa Rosa


Gerente de Educação

Airton Almeida de Moraes


Supervisão de Educação a Distância

Cláudia Benages Alcântara


Henrique Tavares de Oliveira Filho
Márcia Sarraf Mercadante
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros

Adilson Santo Crivellaro


Elaboração

Paulo Roberto Mack


Revisão Técnica

Maria Isabel Porazza Mendes


Design Educacional

Alexandre Suga Benites


Juliana Rumi Fujishima
Ilustrações e Tratamento de imagens

Adilson Damasceno
Fotografia
Delinea Tecnologia Educacional
Editoração

Andréa Borges Minsky


Fabrícia Eugênia de Souza
Laís Gonçalves Natalino
Tiago Costa Pereira
Revisão Ortográfica e Gramatical

Natália de Gouvêa Silva


Laura Martins Rodrigues
Diagramação

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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