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Série Energia – Geração, TRansmissão e Distribuição

PROJETOS
ELÉTRICOS
INDUSTRIAIS
Série Energia – Geração, transmissão e distribuição

PROJETOS
ELÉTRICOS
INDUSTRIAIS
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Série Energia – Geração, transmissão e distribuição

PROJETOS
ELÉTRICOS
INDUSTRIAIS
© 2018. SENAI – Departamento Nacional

© 2018. SENAI – Departamento Regional da Bahia

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por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela Equipe de Inovação e Tecnologias Educacionais do


SENAI da Bahia, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Inovação e Tecnologias Educacionais – ITED

FICHA CATALOGRÁFICA

S491p
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Projetos elétricos industriais / Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial, Departamento Nacional, Departamento Regional
da Bahia. - Brasília: SENAI/DN, 2018.
236 p.: il. - (Série Energia - Geração, Transmissão e Distribuição).

ISBN 978-85-505-0293-9

1. Instalações elétricas. 2. Administração de projeto. 3. Metodologia.


4. Normas técnicas. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Regional da Bahia. II. Título. III. Série.

CDU: 621.32

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 -  Ilustração de uma biblioteca técnica virtual.......................................................................................20
Figura 2 -  Levantamento de campo utilizando um drone..................................................................................22
Figura 3 -  Escâner 3D a laser portátil..........................................................................................................................23
Figura 4 -  Origem e formatos derivados da série “A”............................................................................................24
Figura 5 -  Análise de cenários.......................................................................................................................................33
Figura 6 -  Monitorando dados......................................................................................................................................35
Figura 7 -  Tempo versus recurso...................................................................................................................................37
Figura 8 -  Exemplo de cronograma............................................................................................................................38
Figura 9 -  Elaboração e implantação de projeto....................................................................................................43
Figura 10 -  Projeto como solução de problemas de engenharia.....................................................................44
Figura 11 -  Elaboração de projeto manual x elaboração de projeto em CAD.............................................45
Figura 12 -  Fluxograma da elaboração de um projeto........................................................................................48
Figura 13 -  Divergências de escopo de projeto.....................................................................................................49
Figura 14 -  Método interativo PDCA para gestão de qualidade......................................................................50
Figura 15 -  Exemplo de carimbo de verificação.....................................................................................................51
Figura 16 -  Sugestão das etapas de um projeto elétrico executivo................................................................52
Figura 17 -  Definindo a lista de tarefas......................................................................................................................54
Figura 18 -  Principais itens gerenciados em projetos..........................................................................................57
Figura 19 -  Vista aérea de uma unidade industrial................................................................................................61
Figura 20 -  Cargas elétricas industriais (motores).................................................................................................62
Figura 21 -  Condutores elétricos.................................................................................................................................70
Figura 22 -  Fusíveis retardados tipo NH....................................................................................................................76
Figura 23 -  Condutos em uma instalação industrial.............................................................................................83
Figura 24 -  Eletrodutos instalados em suporte metálico....................................................................................85
Figura 25 -  Ilustração do diâmetro externo de um condutor...........................................................................85
Figura 26 -  Eletrocalhas lisas e perfuradas com e sem tampa..........................................................................86
Figura 27 -  Sistema de bandejamento em área industrial.................................................................................88
Figura 28 -  Disposição das eletrocalhas ou leitos por nível de tensão..........................................................88
Figura 29 -  Cabos dispostos em uma eletrocalha com previsão de área reserva......................................92
Figura 30 -  Dimensões internas de uma eletrocalha típica................................................................................93
Figura 31 -  Eletrodutos metálicos...............................................................................................................................95
Figura 32 -  Eletroduto de polietileno de alta densidade (PEAD).....................................................................97
Figura 33 -  Exemplo de taxa de ocupação do eletroduto de 40%............................................................... 100
Figura 34 -  Descargas atmosféricas......................................................................................................................... 101
Figura 35 -  Procedimento para avaliar a necessidade de proteção e medidas de proteção.............. 110
Figura 36 -  Área de exposição equivalente (AD) de uma estrutura retangular isolada......................... 115
Figura 37 -  Área de exposição equivalente (AD) de uma estrutura com forma complexa................... 116
Figura 38 -  Áreas de exposição equivalentes (AD, ADJ, AM, AL e AI)................................................................. 118
Figura 39 -  Triângulo de potências (ativa, reativa e aparente)....................................................................... 154
Figura 40 -  Banco de capacitores instalado em painel (a) e na subestação (b)....................................... 156
Figura 41 -  Sistema de iluminação em uma indústria...................................................................................... 158
Figura 42 -  Detalhe típico de instalação de luminária para lâmpada fluorescente............................... 161
Figura 43 -  Placa de sinalização para local com atmosfera explosiva......................................................... 162
Figura 44 -  Instalações elétricas industriais.......................................................................................................... 164
Figura 45 -  Elaboração de documentos de projetos......................................................................................... 167
Figura 46 -  Vista aérea de uma unidade industrial à noite.............................................................................. 169
Figura 47 -  Iluminação de uma unidade industrial............................................................................................ 171
Figura 48 -  Exemplo de diagrama unifilar de painel de iluminação............................................................ 173
Figura 49 -  Exemplo de planta baixa de iluminação......................................................................................... 174
Figura 50 -  Exemplos de detalhes típicos de iluminação................................................................................ 175
Figura 51 -  Instalações elétricas de força e aterramento................................................................................. 176
Figura 52 -  Motores elétricos supridos por força e aterramento.................................................................. 178
Figura 53 -  Documento de projeto elétrico.......................................................................................................... 181
Figura 54 -  Exemplo de planta baixa de distribuição de força...................................................................... 183
Figura 55 -  Exemplo de planta baixa de distribuição de aterramento....................................................... 184
Figura 56 -  Exemplos de detalhes típicos de força e aterramento............................................................... 185
Figura 57 -  Descargas atmosféricas próximas de uma linha de energia.................................................... 186
Figura 58 -  Elaboração do projeto arquitetônico............................................................................................... 187
Figura 59 -  Corte A-A do projeto de SPDA............................................................................................................ 190
Figura 60 -  Exemplo de planta de cobertura de SPDA..................................................................................... 191
Figura 61 -  Exemplos de detalhes típicos de SPDA............................................................................................ 192
Figura 62 -  Subestação de consumidor em área externa................................................................................ 193
Figura 63 -  Ilustração de uma subestação desabrigada em 3D.................................................................... 196
Figura 64 -  Centro de distribuição de carga na sala de painéis de uma subestação............................. 199
Figura 65 -  Exemplo de planta de força e aterramento de subestação de consumidor...................... 201
Figura 66 -  Corte A-A planta de força e aterramento de subestação de consumidor........................... 202
Figura 67 -  Técnico explicando um projeto.......................................................................................................... 206
Figura 68 -  Técnico realizando levantamento de campo................................................................................. 207
Figura 69 -  Partes componentes de um memorial descritivo........................................................................ 208
Figura 70 -  Normas e padrões.................................................................................................................................... 212
Figura 71 -  Supervisor apresentando um projeto ao engenheiro................................................................ 213
Figura 72 -  Escopo do projeto................................................................................................................................... 214
Figura 73 -  Engenheiro explicando o escopo de um projeto......................................................................... 215

Gráfico 1 -  Curvas de tempo x corrente – fusíveis retardados tipo NH..........................................................81

Quadro 1 - Recursos humanos, financeiros e materiais.......................................................................................32


Quadro 2 - Tipos de projetos e suas aplicações......................................................................................................47
Quadro 3 - Lista de documentos e atividades de um projeto elétrico executivo.......................................53
Tabela 1 - Dimensões dos formatos da série “A”......................................................................................................24
Tabela 2 - Exemplo de lista de documentos de projeto.......................................................................................39
Tabela 3 - Fator de utilização típico de equipamentos industriais...................................................................64
Tabela 4 - Fator de serviço (FS)......................................................................................................................................65
Tabela 5 - Exemplos de cargas elétricas industriais...............................................................................................66
Tabela 6 - Exemplo de cálculo de demanda de potência....................................................................................67
Tabela 7 - Limites de queda de tensão estabelecidos pela ABNT NBR 5410................................................72
Tabela 8 - Corrente e tempo convencional de fusão dos fusíveis.....................................................................79
Tabela 9 - Eletrocalhas de aço galvanizado..............................................................................................................87
Tabela 10 - Lista de cabos................................................................................................................................................90
Tabela 11 - Cálculo da seção nominal dos condutores.........................................................................................91
Tabela 12 - Cálculo da seção total dos condutores................................................................................................92
Tabela 13 - Características do eletroduto de aço-carbono com rosca BSP, conforme a NBR 5598.......96
Tabela 14 - Características do eletroduto rígido de PVC rosqueável...............................................................96
Tabela 15 - Características dos eletrodutos de polietileno de alta densidade (PEAD)..............................97
Tabela 16 - Taxa máxima de ocupação dos eletrodutos por número de cabos...........................................99
Tabela 17 - Fontes de danos, tipos de danos e tipos de perdas..................................................................... 103
Tabela 18 - Componentes de risco para cada tipo de perda em uma estrutura...................................... 106
Tabela 19 - Valores típicos de risco tolerável RT.................................................................................................... 109
Tabela 20 - Fatores que influenciam os componentes de risco...................................................................... 113
Tabela 21 - Fator de localização da estrutura (CD)................................................................................................ 116
Tabela 22 - Fator de tipo de linha (CT )...................................................................................................................... 117
Tabela 23 - Fator de instalação da linha (CI)........................................................................................................... 119
Tabela 24 - Fator ambiental da linha (CE)................................................................................................................ 120
Tabela 25 - Valores da probabilidade PTA................................................................................................................ 121
Tabela 26 - Valores da probabilidade PB.................................................................................................................. 122
Tabela 27 - Valores da probabilidade PSPD em função do NP dos DPS projetados................................... 123
Tabela 28 - Valores dos fatores CLD e CLI em função das características das linhas.................................. 123
Tabela 29 - Valores do fator KS3................................................................................................................................... 125
Tabela 30 - Valores da probabilidade PTU................................................................................................................ 126
Tabela 31 - Valores da probabilidade PEB................................................................................................................ 126
Tabela 32 - Valores da probabilidade PLD................................................................................................................ 127
Tabela 33 - Valores da probabilidade PLI................................................................................................................. 129
Tabela 34 - Tipo de perda L1: Valores médios típicos de LT, LF e LO................................................................ 131
Tabela 35 - Fator de redução rt em função do solo ou piso............................................................................. 132
Tabela 36 - Fator de redução rp em função das providências tomadas contra incêndio....................... 132
Tabela 37 - Fator de redução r f em função do risco de explosão ou incêndio.......................................... 133
Tabela 38 - Fator hZ em função do perigo especial............................................................................................. 133
Tabela 39 - Tipo de perda L2: Valores médios típicos de LF e LO..................................................................... 134
Tabela 40 - Tipo de perda L3: Valor médio típico de LF...................................................................................... 135
Tabela 41 - Tipo de perda L4: Valores médios típicos de LT, LF e LO................................................................ 137
Tabela 42 - Parâmetros relevantes para avaliação dos componentes de risco......................................... 139
Tabela 43 - Componentes de risco para diferentes tipos de danos e fontes de danos.......................... 140
Tabela 44 - Número de pessoas e tempo de permanência por zona........................................................... 141
Tabela 45 - Características da estrutura................................................................................................................... 141
Tabela 46 - Parâmetros da linha de energia........................................................................................................... 142
Tabela 47 - Parâmetros da linha de sinal................................................................................................................. 143
Tabela 48 - Fatores válidos para Z1 (Área Externa)............................................................................................... 144
Tabela 49 - Fatores válidos para Z2 (Área Administrativa)................................................................................. 145
Tabela 50 - Fatores válidos para Z3 (Área Industrial)........................................................................................... 146
Tabela 51 - Resultado dos cálculos da área de exposição................................................................................ 147
Tabela 52 - Resultado dos cálculos do número de eventos perigosos anuais (NX)................................. 147
Tabela 53 - Resultado dos cálculos da probabilidade de dano à estrutura (PX)........................................ 148
Tabela 54 - Resultado dos cálculos da quantidade de perda consequente (LX)....................................... 149
Tabela 55 - Resultado dos cálculos do risco R1 para situação inicial (sem proteção)............................. 149
Tabela 56 - Resultado dos cálculos do risco R1 para situação final (com proteção)............................... 151
Tabela 57 - Resumo das medidas de proteção por zona.................................................................................. 152
Tabela 58 - Tipos de proteção para equipamentos em áreas classificadas................................................ 163
Tabela 59 - Exemplo de anexo de um memorial descritivo (lista de cabos).............................................. 217
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................15

2 Pesquisa e análise de informações / normas técnicas.......................................................................................19


2.1 Fontes de consulta e seleção de informações...................................................................................20
2.2 Levantamento de campo..........................................................................................................................22
2.3 Norma de formatação para projetos.....................................................................................................23
2.4 Normas técnicas para projetos elétricos..............................................................................................25

3 Organização, planejamento e controle de projetos .........................................................................................31


3.1 Previsão de recursos....................................................................................................................................32
3.2 Etapas de planejamento e controle.......................................................................................................33
3.2.1 Análise de cenários....................................................................................................................33
3.2.2 Formulação dos objetivos e estratégias............................................................................34
3.2.3 Execução monitorada...............................................................................................................34
3.2.4 Intervenção..................................................................................................................................35
3.3 Cronograma...................................................................................................................................................36
3.3.1 Programação por recursos ou por tempo.........................................................................36
3.3.2 Interdependência entre atividades.....................................................................................37
3.3.3 Elaboração de cronogramas..................................................................................................38
3.4 Lista de documentos...................................................................................................................................39

4 Projeto.................................................................................................................................................................................43
4.1 Conceitos básicos de projetos.................................................................................................................44
4.2 Tipos de projeto e suas aplicações.........................................................................................................47
4.3 Elaboração de projeto................................................................................................................................48
4.3.1 Escopo do projeto......................................................................................................................49
4.3.2 Qualidade do projeto...............................................................................................................50
4.3.3 Etapas de um projeto elétrico...............................................................................................51
4.3.4 Documentos e atividades de um projeto elétrico.........................................................53
4.3.5 Como definir as atividades e documentos.......................................................................54
4.4 Viabilidade técnica e econômica............................................................................................................56
4.5 Confiabilidade...............................................................................................................................................56
4.6 Gerenciamento de projetos......................................................................................................................57
4.7 Apresentação de projetos.........................................................................................................................58

5 Projetos de instalações elétricas industriais..........................................................................................................61


5.1 Estudo de cargas elétricas.........................................................................................................................62
5.1.1 Fator de demanda (FD)............................................................................................................63
5.1.2 Fator de utilização (FU)............................................................................................................63
5.1.3 Fator de serviço (FS)..................................................................................................................64
5.1.4 Cálculo da demanda de potência........................................................................................65
5.1.5 Fator de carga (FC).....................................................................................................................68
5.2 Dimensionamento de condutores.........................................................................................................70
5.2.1 Capacidade de condução de corrente...............................................................................71
5.2.2 Queda de tensão admissível..................................................................................................72
5.2.3 Capacidade de corrente de curto-circuito........................................................................74
5.2.4 Outros critérios...........................................................................................................................75
5.3 Dimensionamento de dispositivos de proteção...............................................................................76
5.4 Dimensionamento de condutos (eletrocalhas e eletrodutos).....................................................83
5.4.1 Requisitos gerais para condutos..........................................................................................84
5.4.2 Condutos x Condutores...........................................................................................................84
5.4.3 Dimensionamento de eletrocalhas.....................................................................................86
5.4.4 Dimensionamento de eletrodutos......................................................................................95
5.5 Dimensionamento de PDA (SPDA e MPS)........................................................................................ 101
5.5.1 Definições básicas.................................................................................................................. 102
5.5.2 Gerenciamento de risco....................................................................................................... 107
5.5.3 Avaliação dos componentes de risco.............................................................................. 114
5.5.4 Exemplo dos cálculos do gerenciamento de risco..................................................... 140
5.5.5 Inspeções periódicas............................................................................................................. 152
5.6 Correção do fator de potência.............................................................................................................. 153
5.6.1 Fator de potência (FP)........................................................................................................... 153
5.6.2 Aplicação de capacitores para adequar o fator de potência................................... 156
5.7 Dimensionamento do sistema de iluminação................................................................................ 158
5.8 Outras memórias de cálculo.................................................................................................................. 159
5.9 Manuais de equipamentos e instrumentos..................................................................................... 160
5.10 Detalhes de instalações elétricas...................................................................................................... 160
5.11 Planta de classificação de áreas......................................................................................................... 162
5.12 Recomendações gerais para projetos elétricos........................................................................... 164
5.12.1 Informações predecessoras.............................................................................................. 165
5.12.2 Recomendações técnicas.................................................................................................. 165
5.12.3 Documentos recomendados para elaboração.......................................................... 167
5.13 Projeto de iluminação industrial....................................................................................................... 169
5.13.1 Normas aplicáveis................................................................................................................ 169
5.13.2 Informações predecessoras.............................................................................................. 170
5.13.3 Recomendações técnicas.................................................................................................. 171
5.13.4 Documentos recomendados para elaboração.......................................................... 173
5.13.5 Exemplo de planta............................................................................................................... 174
5.13.6 Exemplos de detalhes de instalação............................................................................. 175
5.14 Projeto de força e aterramento.......................................................................................................... 176
5.14.1 Normas aplicáveis................................................................................................................ 177
5.14.2 Informações predecessoras.............................................................................................. 178
5.14.3 Recomendações técnicas.................................................................................................. 179
5.14.4 Documentos recomendados para elaboração.......................................................... 181
5.14.5 Exemplo de planta............................................................................................................... 183
5.14.6 Exemplos de detalhes de instalação............................................................................. 185
5.15 Projeto de SPDA e MPS......................................................................................................................... 186
5.15.1 Normas aplicáveis................................................................................................................ 187
5.15.2 Informações predecessoras.............................................................................................. 187
5.15.3 Recomendações técnicas.................................................................................................. 188
5.15.4 Documentos recomendados para elaboração.......................................................... 189
5.15.5 Exemplo de planta............................................................................................................... 191
5.15.6 Exemplos de detalhes de instalação............................................................................. 192
5.16 Projeto de subestação de consumidor........................................................................................... 193
5.16.1 Normas aplicáveis................................................................................................................ 195
5.16.2 Informações predecessoras.............................................................................................. 196
5.16.3 Recomendações técnicas.................................................................................................. 197
5.16.4 Documentos recomendados para elaboração.......................................................... 199
5.16.5 Exemplo de planta............................................................................................................... 200
5.16.6 Exemplo de corte ou vista................................................................................................. 202

6 Memorial descritivo.................................................................................................................................................... 205


6.1 Levantamento de dados......................................................................................................................... 207
6.2 Partes componentes................................................................................................................................ 208
6.3 Requisitos normativos............................................................................................................................. 209
6.4 Roteiro para elaborar memorial descritivo...................................................................................... 211
6.4.1 Objetivo...................................................................................................................................... 211
6.4.2 Normas aplicáveis................................................................................................................... 211
6.4.3 Documentos de referência.................................................................................................. 212
6.4.4 Introdução ou apresentação............................................................................................... 213
6.4.5 Premissas................................................................................................................................... 213
6.4.6 Descrição do escopo.............................................................................................................. 214
6.4.7 Considerações finais.............................................................................................................. 215
6.4.8 Anexos........................................................................................................................................ 217

Referências......................................................................................................................................................................... 221

Minicurrículo do autor................................................................................................................................................... 227

Índice................................................................................................................................................................................... 229

Apêndice A – Modelo de folha de dados............................................................................................................... 231

Apêndice B – Simbólos gráficos................................................................................................................................. 233


Introdução

Prezado aluno,

É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz o
livro didático de Projetos Elétricos Industriais.
Este livro tem como objetivo desenvolver fundamentos técnicos e científicos que serão em-
pregados na elaboração de projetos de instalações industriais, bem como capacidades sociais,
organizativas e metodológicas, de acordo com a atuação do técnico no mundo do trabalho.
Nos capítulos a seguir você vai estudar sobre Memorial Descritivo, Normas Técnicas e tam-
bém sobre como Organizar o trabalho fazendo uma boa gestão da rotina, planejamento e
controle da documentação. Além disso, vai aprender a elaborar um projeto de forma geral e
um projeto específico de instalações elétricas industriais, utilizando a Pesquisa e Análise de
Informações segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), tendo em vista o pla-
nejamento e gestão da produção. Todos esses conteúdos são necessários ao desenvolvimento
das competências específicas para formação do técnico em Eletrotécnica.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
16

Os estudos desta unidade curricular lhe permitirão desenvolver:

CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS

a) Cumprir normas e procedimentos;


b) Identificar diferentes alternativas de solução nas situações propostas;
c) Manter-se atualizado tecnicamente;
d) Ter capacidade de análise;
e) Ter senso crítico;
f) Ter senso investigativo;
g) Aplicar procedimentos técnicos;
h) Demonstrar organização;
i) Estabelecer prioridades;
j) Ter responsabilidade socioambiental;
k) Visão sistêmica;
l) Comunicar-se com clareza;
m) Demonstrar atitudes éticas;
n) Ter proatividade;
o) Ter responsabilidade;
p) Trabalhar em equipe.

CAPACIDADES TÉCNICAS

a) Adequar o projeto de acordo com os recursos do cliente, respeitando as normas técnicas, de saú-
de e segurança no trabalho, e de preservação ambiental;
b) Analisar a pertinência e a adequação dos dados coletados no levantamento de campo;
c) Selecionar e aplicar as normas, legislações e as regulamentações cabíveis ao projeto;
d) Aplicar as regulamentações da concessionária local, seguir as normas técnicas, de qualidade, de
saúde e segurança no trabalho e de preservação ambiental;
e) Aplicar softwares específicos para a elaboração do projeto;
f) Aplicar soluções tecnológicas tendo em vista a eficiência, a qualidade energética, segurança do
usuário e das instalações e a preservação do meio ambiente;
g) Comparar o projeto com as exigências do cliente;
1 INTRODUÇÃO
17

h) Compatibilizar o projeto com as exigências do órgão competente;


i) Efetuar cálculos fundamentais e complexos de matemática;
j) Elaborar cronograma físico e financeiro;
k) Elaborar desenhos de sistemas elétricos industriais, utilizando softwares específicos;
l) Elaborar memorial descritivo do projeto de sistemas elétricos industriais (dimensionamento, es-
pecificação, quantificação, diagramas elétricos e quadros de cargas);
m) Elaborar orçamento dos projetos elétricos industriais;
n) Especificar materiais em função da análise do custo-benefício;
o) Identificar a documentação necessária à legalização do projeto de acordo com o órgão compe-
tente;
p) Identificar as cargas a serem instaladas;
q) Identificar e aplicar escalas, simbologias e legendas de desenho;
r) Identificar instrumentos, ferramentas, normas técnicas vigentes de desenho;
s) Identificar os consumidores e ponto de entrega de energia elétrica;
t) Planejar o levantamento de dados, segundo os padrões estabelecidos;
u) Prever recursos físicos e financeiros;
v) Propor fontes alternativas de energia e soluções de eficiência energética;
w) Realizar medições dimensionais do percurso da rede e elétricas dos ambientes, equipamentos e
máquinas elétricas, utilizando os instrumentos de medidas;
x) Registrar os dados levantados no campo em função do projeto a ser elaborado;
y) Registrar os projetos nos órgãos competentes.

Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação e isso inclui ações proativas, como:
a) Consultar seu professor-tutor sempre que tiver dúvida;
b) Não deixar as dúvidas para depois;
c) Estabelecer um cronograma de estudo que você cumpra realmente;
d) Reservar um intervalo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.

Aproveite ao máximo todo o conhecimento que este livro pode lhe oferecer.

Bons estudos!
Pesquisa e análise de informações
/ Normas técnicas

Você foi indicado para elaborar um projeto novo, mas precisa de informações técnicas. En-
tão, por onde iniciar?
O primeiro passo é fazer uma pesquisa e análise de informações, principalmente em nor-
mas técnicas. E é sobre esse tema que tratará este capítulo.
Pesquisa é o levantamento e estudo de informações com o objetivo de obter entendimento
sobre determinado tema. Para isso, é preciso fazer a coleta, análise e a interpretação dos dados
e informações sobre o tema pesquisado.
Quando se trata de projetos de instalações elétricas, a pesquisa deve ser feita em documen-
tos técnicos relacionados à instalação elétrica referida, em normas e procedimentos técnicos,
livros, artigos técnicos, manuais e catálogos de materiais, equipamentos e instrumentos, do-
cumentos de outras disciplinas como engenharia civil e mecânica, dentre outras fontes. Sendo
que a principal fonte de informações técnicas que irá dar fundamento ao dimensionamento e
especificação das instalações elétricas são as normas técnicas.
Mas, além de conhecer as normas técnicas, é importante que o técnico em eletrotécnica
como projetista também conheça as instalações elétricas existentes, para que possa desenvol-
ver um projeto com a melhor solução técnica possível. Sem esquecer de levar em considera-
ção o custo-benefício, as condições adversas locais, condições ambientais, as necessidades da
equipe de manutenção e do usuário final.
Por essa razão o projetista deve sempre prever o levantamento de dados em campo e em
reuniões com o cliente antes de iniciar a elaboração do projeto. O técnico deve assimilar bem
os conteúdos abordados neste capítulo, pois em qualquer atividade técnica na área de proje-
tos são indispensáveis as pesquisas e análise de informações embasadas em normas técnicas.
Neste capítulo serão apresentadas algumas normas de formatação e padronização de do-
cumentos técnicos como a ABNT NBR 10068 (Folha de Desenho - Leiaute e Dimensões) e as
principais normas técnicas aplicáveis às instalações elétricas como a ABNT NBR 5410 (Instala-
ções Elétricas de Baixa Tensão). Além disso, verá dicas, recomendações e orientações para reali-
zar o levantamento de informações técnicas necessárias para elaboração de projetos elétricos.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
20

2.1 FONTES DE CONSULTA E SELEÇÃO DE INFORMAÇÕES

Na elaboração de projetos é necessário ter como principal fonte de informações as normas técnicas
nacionais ou internacionais aplicáveis. Além disso, é importante, também, consultar livros, e-books (livros
digitais), artigos técnicos, catálogos e manuais técnicos de equipamentos, instrumentos e materiais.
Recomenda-se que o projetista tenha acesso ou mantenha sempre atualizada uma biblioteca técnica
com os conteúdos mais utilizados da sua área de atuação. A figura seguinte ilustra uma biblioteca técnica
virtual.

Figura 1 -  Ilustração de uma biblioteca técnica virtual


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Atualmente, com a facilidade de acesso, diversas informações técnicas podem ser encontradas disponí-
veis na internet, mas deve-se ter cuidado com as fontes de consulta não confiáveis.
É importante buscar sempre informações em sites de entidades confiáveis, fabricantes de equipamen-
tos, órgãos governamentais, profissionais renomados na área, concessionárias, entidades de classes e ou-
tras.
Opções como reuniões técnicas também são utilizadas na área de projetos para o levantamento e com-
partilhamento de informações. Porém é importante que os assuntos discutidos e as informações passadas
sejam registrados em uma ata de reunião. Mas preste atenção, nunca utilize uma informação técnica im-
portante recebida de maneira informal. Solicite sempre que a sua fonte com o cliente, por exemplo, forne-
ça a informação através de um registro formal.
Esse registro pode ser através de um e-mail ou ata de reunião, preferencialmente embasada por algum
documento técnico com os dados requeridos na sua última revisão, ou seja, a revisão atual ou a versão
mais recente do documento. Fique sempre atento para utilizar as versões mais recentes dos documentos
e das normas técnicas. Veja a seguir um relato sobre este tema.
2 Pesquisa e análise de informações / Normas técnicas
21

CASOS E RELATOS

Uso de normas e documentos desatualizados


Fernando, técnico em eletrotécnica, trabalha na empresa Mega Projetos Industriais. Fernando tinha
o hábito de fazer projeto “no automático”, sem avaliar as condições específicas de cada projeto. Mas,
um dia, essa prática acabou causando problemas com um cliente.
O cliente era uma empresa da área automotiva que solicitou à Mega Projetos Industriais um projeto
para construção de um novo galpão da sua fábrica.
Fernando desenvolveu o projeto, como de costume, e encaminhou para o cliente. O cliente encami-
nhou o projeto para aprovação do corpo de bombeiros, que são responsáveis pela fiscalização de
instalações de sistemas de combate a incêndio, que neste caso inclui instalações de SPDA.
Ao apresentar o projeto para aprovação do corpo de bombeiros, o cliente ficou surpreso porque o
projeto de SPDA foi reprovado e foram apontadas algumas irregularidades.
Após receber a reclamação do cliente, João (supervisor do setor de elétrica) avaliou juntamente com
Fernando a situação e descobriram que a norma de proteção contra descargas atmosféricas (ABNT
NBR 5419) tinha sido revisada de forma bem significativa dois meses antes da emissão do projeto,
mas o projeto foi elaborado com base na versão anterior da norma.
Com isso, foi necessário revisar o projeto que atrasou o cronograma do cliente e a Mega Projetos
Industriais teve um custo extra que não foi previsto na fase de orçamento.
Essa situação serviu para a equipe da Mega reavaliar seu processo de elaboração de projetos e criar
procedimentos internos para evitar a utilização de normas e documentos técnicos desatualizados.

Observamos como o uso de um documento ou norma desatualizada pode causar transtornos para em-
presa projetista, o cliente e os órgãos de fiscalização. Então, tenha atenção para não cometer esse equívo-
co.

SAIBA Para saber se uma norma da ABNT está em vigor, ou se a versão que você está utilizan-
MAIS do é a mais atual, acesse o portal ABNT.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
22

2.2 LEVANTAMENTO DE CAMPO

Uma importante e imprescindível técnica de levantamento de informações é o levantamento de cam-


po, que é uma visita técnica ao local onde será implantado o projeto. O levantamento tem como objetivo
conhecer tecnicamente e cadastrar as instalações e os equipamentos. Além disso, é a partir do levanta-
mento que se obtém os dados que não constam nos respectivos documentos técnicos.
Durante o levantamento de campo devem ser feitos questionamentos às partes interessadas para co-
nhecer suas necessidades, procedimentos e expectativas com relação ao projeto.
Nunca confie 100% nas informações que forem passadas sem a presença de um documento técnico.
Escute com atenção, registre e pesquise a fonte da informação para confirmar aquele dado.
A imagem seguinte ilustra alguns engenheiros analisando uma planta durante o levantamento de cam-
po, enquanto um técnico controla o drone para registrar imagens aéreas. Esses são exemplos de ações que
fazem parte do levantamento de campo.

Figura 2 -  Levantamento de campo utilizando um drone


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

No levantamento de campo também deve ser feito o levantamento de documentação técnica, caso
se aplique. Em alguns casos o cliente disponibiliza o envio ou acesso de documentos via internet. Mas
em instalações antigas, por exemplo, às vezes só existem documentos técnicos impressos que não são
acessíveis via internet. Neste último caso o projetista deve fazer o levantamento de documentos durante
o levantamento de campo.
É importante, no levantamento de campo, ter sempre em mãos um checklist com os dados técnicos,
informações ou documentos que devem ser verificados em campo.
É interessante dispor de uma câmera para registro através de fotos e vídeos da instalação existente.
Lembre-se de que, talvez, você não possa voltar ao local posteriormente para tirar dúvidas, então faça o
máximo de fotos e vídeos que puder, com a devida autorização do cliente.

FIQUE Em algumas instalações não é permitido o acesso, sem autorização prévia, de equi-
pamentos de registro de imagens. Então, caso necessário, verifique com seu cliente
ALERTA previamente a possibilidade de registrar imagens e peça autorização.
2 Pesquisa e análise de informações / Normas técnicas
23

Com o avanço da tecnologia surgiram novas técnicas para realizar o levantamento de dados em campo,
por exemplo, o escaneamento 3D a laser de instalações existentes. Na figura seguinte consta um escâner
3D a laser portátil.

Figura 3 -  Escâner 3D a laser portátil


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

A técnica de escaneamento 3D a laser utiliza um escâner portátil que cria um modelo computacional
em 3D de todas as instalações dentro de um raio de 600 metros, com precisão de 3 milímetros. Esse tipo
de escaneamento é recomendável para serviços que exigem um alto grau de precisão no levantamento
de campo em instalações industriais complexas, sem documentos técnicos das instalações existentes, com
dificuldades de acessos ou que envolve trabalho de risco.

2.3 NORMA DE FORMATAÇÃO PARA PROJETOS

Os documentos de projeto, sejam desenhos, relatórios, planilhas e outros, devem ser formatados se-
guindo as normas e os padrões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Mas, as normas do
cliente e da concessionária local também devem ser atendidas, caso se apliquem.
A ABNT NBR 10068 (Folha de Desenho - Leiaute e Dimensões), padroniza o leiaute1 das folhas de dese-
nho técnico, sendo os formatos da série “A” os mais importantes e mais utilizados.
O formato A0 é um retângulo de 1 m2 e suas laterais atendem à expressão Y=X.√2. Essa expressão é
utilizada para padronizar as dimensões dos formatos de leiautes, conforme ilustrado na figura seguinte.

1  Leiaute: formato ou padrão das folhas de desenho técnico.


PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
24

A2
A3
x
γ=x√2
A0 A1

Figura 4 -  Origem e formatos derivados da série “A”


Fonte: ABNT NBR 10068; 1987.

Na tabela seguinte consta as dimensões dos formatos da série “A”:

Formato Dimensões (mm)


A0 841 x 1189
A1 594 x 841
A2 420 x 594
A3 297 x 420
A4 210 x 297

Tabela 1 - Dimensões dos formatos da série “A”


Fonte: ABNT NBR 10068, 1987.

Além da ABNT NBR 10068, as normas seguintes também devem ser consultadas ao elaborar desenhos
técnicos:
-- ABNT NBR 8402 - Execução de caracter para escrita em desenho técnico;
-- ABNT NBR 10582 - Apresentação da folha para desenho técnico.

Para os documentos técnicos, por exemplo: relatórios e memoriais descritivos, as principais regras de
formatação são as seguintes:
-- Tamanho da fonte de títulos: 16 e/ou 14;
-- Tamanho da fonte de texto: 12;
-- Fonte: Arial ou Times New Roman;
2 Pesquisa e análise de informações / Normas técnicas
25

-- Cor da fonte: Preta (exceto ilustrações);


-- Espaço entrelinhas: 1,5;
-- Margens superior e esquerda: 3,0 cm;
-- Margens inferior e direita: 2,0 cm;
-- Alinhamento: Justificado.

Aprendemos um pouco sobre como formatar os documentos de projetos com base nas normas da
ABNT. No próximo tópico abordaremos algumas normas técnicas utilizadas em projetos elétricos.

2.4 NORMAS técnicas PARA PROJETOS elétricos

Existem diversas normas técnicas aplicáveis aos projetos elétricos que devem ser empregadas no di-
mensionamento e especificação de instalações, equipamentos e materiais elétricos.
Não existem normas específicas para projetos elétricos industriais, mas algumas empresas do âmbito
industrial possuem normas, padrões e procedimentos internos que devem ser aplicados nos projetos.
Uma boa referência são as normas e padrões das empresas nacionais e internacionais da área de petró-
leo e gás, por exemplo, as normas da Petrobras que, normalmente, são mais rigorosas do que as normas
da ABNT.
Na lista seguinte estão indicadas as principais normas da ABNT aplicáveis a projetos elétricos:
-- ABNT NBR 5101 - Iluminação Pública - Procedimento;
-- ABNT NBR 5175 - Números das funções dos dispositivos de manobra, controle e proteção de sistemas
de potência - Codificação;
-- ABNT NBR 5356 - Transformadores de Potência;
-- ABNT NBR 5383-1 - Máquinas elétricas girantes - Parte 1: Motores de indução trifásicos - Ensaios;
-- ABNT NBR 5410 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão;
-- ABNT NBR 5419 - Proteção contra descargas atmosféricas (Parte 1 a 4);
-- ABNT NBR 5597 - Eletroduto de aço-carbono e acessórios, com revestimento protetor e rosca NPT -
Requisitos;
-- ABNT NBR 5598 - Eletroduto de aço-carbono e acessórios, com revestimento protetor e rosca BSP -
Requisitos;
-- ABNT NBR 7117 - Medição da resistividade e determinação da estratificação do solo;
-- ABNT NBR ISO/CIE 8995-1 - Iluminação de Ambientes de Trabalho- Parte 1: Interior;
-- ABNT NBR 10898 - Sistema de Iluminação de Emergência;
-- ABNT NBR 13570 - Instalações Elétricas em Locais de Afluência de Público - Requisitos Específicos;
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
26

-- ABNT NBR 14039 - Instalações Elétricas de Média Tensão de 1,0 kV a 36,2 kV;
-- ABNT NBR15254 - Acumulador chumbo-ácido estacionário - Diretrizes para dimensionamento;
-- ABNT NBR 15465 - Sistemas de eletrodutos plásticos para instalações elétricas de baixa tensão –
Requisitos de desempenho;
-- ABNT NBR15751 - Sistemas de aterramento de subestações - Requisitos;
-- ABNT NBR17094 - Máquinas elétricas girantes;
-- ABNT NBR IEC-60079-14 - Atmosferas explosivas - Parte 14: Projeto, seleção e montagem de insta-
lações elétricas;
-- ABNT NBR IEC-60439-1 - Conjuntos de Manobra e Controle de Baixa Tensão;
-- ABNT NBR IEC-60529 - Graus de proteção para invólucros de equipamentos elétricos (código IP);
-- ABNT NBR IEC-60947-2 - Dispositivos de Manobra e Comando de Baixa Tensão- Parte 2: Disjuntores;
-- ABNT NBR IEC-61084 - Sistemas de canaletas e condutos perfilados para instalações elétricas;
-- ABNT NBR IEC62271-200 - Conjunto de manobra e controle de alta-tensão - Parte 200: Conjunto de
manobra e controle de alta-tensão em involucro metálico para tensões acima de 1 kV até e inclusive
52 kV;
-- ABNT NBR ISO15589-1 - Indústrias de petróleo, petroquímica e gás natural - Proteção catódica de sis-
temas de transporte de dutos - Parte 1: Dutos terrestres.

Você sabia que as normas técnicas da ABNT estão presentes em nosso


dia a dia há mais de meio século? De utensílios domésticos às instala-
CURIOSIDADES ções elétricas são padronizados e definidos pelas normas da ABNT desde
a década de 1950.
(Fonte: ABNT, c2014).

As normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) devem ser aplicadas aos pro-
jetos de instalações elétricas, principalmente a NR 10, por ser a norma de Segurança em Instalações e
Serviços em Eletricidade. Estão indicadas a seguir algumas das normas do MTE aplicáveis a projetos elétri-
cos.
-- NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade;
-- NR 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos;
-- NR 17 - Ergonomia;
-- NR 26 - Sinalização de Segurança.
2 Pesquisa e análise de informações / Normas técnicas
27

Em situações que as normas nacionais não forem suficientes para dimensionar e especificar as instala-
ções elétricas e seus componentes, o projetista deve consultar as normas das principais entidades interna-
cionais, conforme indicadas a seguir:
-- American National Standards Institute (ANSI);
-- American Petroleum Institute (API);
-- International Electrotechnical Commission (IEC);
-- Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE);
-- International Society of Automation (ISA);
-- International Organization for Standardization (ISO);
-- National Fire Protection Association (NFPA).

A Petrobras disponibiliza em seu site algumas normas classificadas como públicas que podem ser utili-
zadas como referência na elaboração de projetos elétricos industriais.
A seguir estão indicadas algumas das principais normas de instalações elétricas da Petrobras:
-- N-0898 - Símbolos Gráficos e Designações para Diagramas Elétricos;
-- N-1521 - Identificação de Equipamentos Industriais;
-- N-1711 - Detalhes de Caixa de Enfiação (“Manholes-EMH”) para Uso em Rede Elétrica Subterrânea;
-- N-1735 - Pintura de Máquinas, Equipamentos Elétricos e Instrumentos;
-- N-1996 - Projeto de Redes Elétricas em Envelopes de Concreto;
-- N-1997 - Redes Elétricas em Sistemas de Bandejamento para Cabos;
-- N-2006 - Projeto de Sistema de Iluminação;
-- N-2039 - Projeto de Subestações em Instalações Terrestres;
-- N-2040 - Elaboração, apresentação e gerenciamento de documentos de projetos de eletricidade;
-- N-2429 - Níveis Mínimos de Iluminância;
-- N-2919 - Motores elétricos trifásicos de indução ou síncronos.

SAIBA Para ter acesso a diversas normas da Petrobras classificadas como públicas, consulte o
MAIS site da Petrobras em Canal Fornecedor / Normas e Especificações Técnicas.

Vale sinalizar que, se o projeto estiver relacionado com ligação nova ou alteração da entrada de serviços
(ponto de entrega de energia), o projetista também deve consultar as normas aplicáveis da concessionária
local.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
28

RECAPITULANDO

Neste capítulo aprendemos um pouco mais sobre pesquisa e análise de informações. Vimos a im-
portância de utilizar fontes confiáveis no levantamento de dados para elaboração de projetos e os
transtornos que podem causar ao utilizar documentos ou normas desatualizadas.
Aprendemos que o projetista deve sempre prever o levantamento de dados em campo para garantir
a elaboração de um projeto mais adequado à situação do local, com a melhor solução técnica possí-
vel e o melhor custo-benefício. Conhecemos algumas tecnologias atuais utilizadas para realizar o le-
vantamento de informações técnicas no campo, como: o uso de drones e o escaneamento 3D a laser.
Conhecemos também algumas normas de formatação para projetos, as principais normas da ABNT
e do MTE relacionadas com projetos de instalações elétricas e as principais entidades internacionais
responsáveis pela elaboração de normas técnicas. Vimos também que devem ser utilizadas no pro-
jeto as normas ou procedimentos internos do cliente e da concessionária local, caso se apliquem.
2 Pesquisa e análise de informações / Normas técnicas
29
Organização, planejamento
e controle de projetos

Para elaborar um projeto é necessário que todo o processo seja feito com organização, pla-
nejamento e controle do início ao fim. Por isso é importante que o Projetista faça uma boa ges-
tão da sua rotina definindo prazos e metas, que devem ser planejados e controlados durante
todo o projeto.
Um projeto que inicia desorganizado certamente acarretará em retrabalhos, qualidade
ruim, mais custos e mais tempo para execução.
O planejamento e o controle visam estabelecer metas para realizar um projeto, avaliando se
as metas estão sendo cumpridas ao longo da execução do projeto e intervindo, caso necessá-
rio, para que seja executado dentro das metas predefinidas.
Em processos complexos compostos por várias tarefas, como um projeto, é fundamental
que a tarefa principal seja subdividida em tarefas menores para permitir um controle mais de-
talhado. Por exemplo, o projeto de uma subestação pode ser dividido em projeto civil, projeto
elétrico e projeto de automação. Podendo ainda o projeto elétrico ser subdividido em projeto
de força, iluminação, aterramento e SPDA.
Essa subdivisão facilita a gestão, a organização, o planejamento e o controle do projeto.
Por exemplo, o gerente recebeu a informação de que o projeto de iluminação da subestação
estava atrasado. No entanto, o supervisor informou que o projeto elétrico não está atrasado,
pois as demais tarefas estão adiantadas, compensando desta forma o atraso da iluminação.
Estes são alguns exemplos dos conceitos básicos de organização, planejamento e controle
que abordaremos a seguir.
Neste capítulo serão apresentados conteúdos relativos à organização, ao planejamento e
ao controle de projetos, com foco nas etapas de planejamento, elaboração de cronogramas e
lista de documentos de projeto.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
32

3.1 PREVISÃO DE RECURSOS

Para elaborar um projeto precisamos definir ou receber a informação de quais serão os recursos dispo-
níveis para tal tarefa.
Os recursos utilizados no processo de elaboração de um projeto são:
a) Recursos humanos: referem-se às pessoas com capacidades técnicas designadas para executar
uma ou mais funções no projeto;
b) Recursos financeiros: são os valores disponíveis para utilizar na elaboração de projeto, os quais
devem envolver todos os custos diretos e indiretos, por exemplo, o pagamento de salário e bene-
fícios dos profissionais, impostos, transporte, alimentação, equipamentos, softwares, material de
escritório e outros;
c) Recursos materiais: referem-se aos equipamentos, instrumentos, ferramentas, softwares e ou-
tros que serão utilizados para executar o projeto.

O quadro a seguir aborda a definição dos recursos humanos, financeiros e materiais de um projeto
através de exemplos.

RECURSOS HUMANOS RECURSOS FINANCEIROS RECURSOS MATERIAIS

Com quais ferramentas,


Quem irá elaborar o Quanto poderá ser gasto equipamentos ou
projeto? com o projeto? instrumentos será
elaborado o projeto?
Todos os profissionais Prever ferramentas,
necessários à execução do Inclui todos os gastos
equipamentos ou
projeto, de forma direta ou diretos e indiretos do
instrumentos requeridos
indireta, para cada etapa. início ao fim do projeto.
ao longo do projeto.

Ex.: Desenhista, projetista, Ex.: Custo estimado de Ex.: Comprar papel,


engenheiro, gerente, um empreendimento alugar impressora,
supervisor, secretária, etc. R$ 500.000,00. Disponível pagar licença de
para projeto R$ 49.600,00. software específico.

Quadro 1 - Recursos humanos, financeiros e materiais


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

A previsão dos recursos humanos, financeiros e materiais deve ser uma das primeiras definições a ser
consolidada no planejamento de um projeto. No tópico seguinte serão abordadas essa e outras etapas de
planejamento e controle de projetos.
3 Organização, planejamento e controle de projetos
33

3.2 ETAPAS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE

Etapas de planejamento e controle são cada uma das partes em que pode dividir-se o desenvolvimento
de um projeto, empreendimento, obra, etc. O planejamento e o controle podem ser subdivididos em 4
etapas, que são: análise de cenários, formulação dos objetivos e estratégias, execução monitorada e inter-
venção. Veremos a seguir cada uma delas.

3.2.1 Análise de Cenários

A análise de cenários tem como objetivo entender todos os fatores internos e externos que podem
influenciar o projeto.
Nesta etapa deve ser elaborada uma estimativa de recursos humanos, financeiros e materiais necessá-
rios para desenvolver o projeto, que servirá de base para comparar os resultados reais com os dados da
estimativa na etapa de execução.
Essas informações permitem que o gestor do projeto tenha conhecimento do cenário que envolve o
projeto. Podendo, assim, traçar as melhores estratégias para a execução do projeto.

Figura 5 -  Análise de cenários


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Na imagem anterior consta o exemplo de gestores analisando o cenário de um projeto através da ava-
liação de dados e informações relativas ao projeto.
Depois de analisar o cenário que envolve o projeto, deve-se seguir para a próxima etapa, que é a formu-
lação dos objetivos e estratégias. Essa etapa será abordada no próximo tópico.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
34

3.2.2 Formulação dos Objetivos e Estratégias

A formulação dos objetivos visa definir as metas parciais e gerais para o projeto.
Um gestor, por exemplo, poderá definir como objetivo finalizar o projeto antes do prazo acordado com
o cliente ou optar por aumentar a qualidade do projeto, porque se trata de um cliente importante que ele
quer passar uma boa imagem.
Mas como fazer isso? Como reduzir o tempo ou aumentar a qualidade do projeto?
Para que isso aconteça, é preciso definir qual estratégia a ser adotada para a execução do projeto.
A formulação das estratégias define como o projeto poderá ser executado, estabelecendo prazos, me-
todologias, aquisições, recursos e outros.
Um projeto, por exemplo, que tem uma demanda de 350 horas para projetista, se for considerado que
ele irá trabalhar full time2, 8 horas por dia e 5 dias por semana, este projeto poderá ser finalizado em 2 me-
ses. Mas se ele trabalhar apenas 4 horas por dia, o prazo passará para 4 meses.
Por outro lado, incluído um projetista sênior para executar o projeto, os dois trabalhando full time, o
prazo será reduzido e poderá ser executado um projeto com mais qualidade.
Ou seja, não deve ser adotada apenas uma estratégia, pois deve ser levado em consideração a ocorrên-
cia de imprevistos ou mudanças de cenário que alterem o andamento do projeto.
Por isso, é importante que seja definida uma estratégia principal e estratégias alternativas para garantir
que os objetivos do projeto sejam alcançados.

3.2.3 Execução Monitorada

Nesta etapa deve ser feito o planejamento de fato. Ou seja, com base nas etapas anteriores, deve-se
definir qual a estratégia ideal a ser adotada, monitorando o desempenho da execução.
Deve ser verificado se o projeto está sendo executado conforme a estratégia definida, se as tarefas
estão dentro dos prazos, se tiveram os custos estimados e se estão sendo utilizados os recursos previstos.
Enfim, avaliar se o desempenho do projeto está conforme planejado.

2  Full time: tarefa realizada durante 100% do tempo de um período, ou seja, em tempo integral.
3 Organização, planejamento e controle de projetos
35

Figura 6 -  Monitorando dados


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Na imagem anterior o técnico monitora a execução de um projeto através da análise de informações.


Caso ele identifique que o projeto não está avançado conforme planejado, devem ser feitas intervenções
para que o projeto retorne ao desempenho esperado. A etapa de intervenção será esclarecida no tópico
seguinte.

3.2.4 Intervenção

Intervenção significa que os gestores responsáveis pelo projeto devem intervir na execução do projeto.
Ou seja, eles devem utilizar sua autoridade para alterar as estratégias utilizadas para garantir um melhor
desempenho da execução do projeto.
Caso seja verificado, durante a execução monitorada, que as tarefas não estão sendo executadas con-
forme o planejado, as metas não estão sendo cumpridas, os custos estão altos ou que o retorno financeiro
está baixo, devem ser implantadas mudanças que interfiram no andamento do projeto, a fim de corrigir os
problemas e garantir que o projeto retome o desenvolvimento, conforme planejado.
Essas mudanças a serem implantadas podem significar, por exemplo, a aquisição de uma ferramenta ou
software para executar uma tarefa mais rápido, quando esta tarefa está atrasada.
Ou se o custo do projeto está muito alto, pode avaliar a possibilidade de utilizar recursos mais baratos.
Ou ainda, se a qualidade dos documentos não está satisfatória, pode ser agregado à equipe um profissio-
nal especializado na área para melhorar o processo de execução do projeto.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
36

FIQUE Todas as etapas do planejamento devem ser bem fundamentadas para que o gestor
tenha informações suficientes que justifiquem uma intervenção. Lembre-se de que
ALERTA intervenções podem representar custos que devem ser devidamente justificados.

Agora que conhecemos as etapas, precisamos conhecer ferramentas que auxiliem a realização do pla-
nejamento e controle do projeto. Uma dessas ferramentas é o cronograma, que será visto no tópico se-
guinte.

3.3 CRONOGRAMA

Cronograma é uma ferramenta que utiliza gráficos para representar o avanço de um determinado pro-
jeto ou tarefa ao longo do tempo. Neste caso, é um cronograma físico, pois representa o avanço físico da
execução do projeto.
Quando o cronograma é utilizado para representar o avanço financeiro, quanto se obteve de receitas e
despesas em um projeto, denomina-se de cronograma financeiro.
Para elaborar um cronograma é necessário conhecer bem as tarefas, os prazos de execução e os recur-
sos disponíveis. Veremos alguns desses itens a seguir.

3.3.1 Programação por Recursos ou por Tempo

Tão importante quanto definir quais serão os recursos utilizados no projeto é definir em que momento
será empregado cada recurso. Se um recurso for contratado ou utilizado fora do momento correto, poderá
ser subutilizado ou comprometer o prazo.
Por exemplo, se há necessidade de um software específico que será utilizado na fase final, mas a licença
do software foi contratada desde o início, será agregado ao projeto um custo desnecessário durante as
outras etapas que não foi utilizado o software.
Por outro lado, se há necessidade de dois engenheiros desde o início, mas foi contratado apenas um
até a metade do projeto, provavelmente as tarefas desempenhadas por engenheiro terão seus prazos
comprometidos.
Os dois exemplos anteriores retratam o quanto é importante a programação dos recursos humanos e
materiais. Os responsáveis pelo planejamento devem prever a utilização dos recursos no momento mais
adequado, de acordo com o cenário que envolve o projeto.
Para elaborar um cronograma pode-se considerar uma limitação de tempo ou de recursos. Por exem-
plo, pode ser considerado que o projeto não tem um prazo para finalizar (sem limitação de tempo) ou
podem ser utilizados todos os recursos humanos e materiais necessários para finalizar um projeto em um
prazo determinado (sem limitação de recursos).
3 Organização, planejamento e controle de projetos
37

Figura 7 -  Tempo versus recurso


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Por isso, é importante, durante a elaboração de um cronograma de execução de projetos, considerar


um ponto de equilíbrio entre o prazo e os recursos. Esse equilíbrio é fundamental para o projeto não durar
muito tempo e nem gastar mais recursos financeiros do que foi previsto.

3.3.2 Interdependência entre Atividades

Antes de iniciar a elaboração do cronograma, é importante que o gestor identifique quais são as ati-
vidades interdependentes e como elas são dependentes. Ou seja, deve ser analisado quais as atividades
predecessoras (que devem ser executadas antes) e quais são as atividades sucessoras (que devem ser exe-
cutadas depois).
Vamos adotar como exemplo a elaboração de um projeto de SPDA composto por memória de cálculo,
planta e lista de material.
Para elaborar a planta é necessário, primeiro, a elaboração da memória de cálculo, ou seja, a planta de-
pende da memória de cálculo. Neste caso, a memória de cálculo antecede o da planta.
No caso da lista de material, para elaborá-la é necessário que os dois documentos estejam finalizados,
pois não é possível elaborar um levantamento do material sem essa planta e a planta depende da memória.
Logo, a lista de materiais é dependente e sucessora da planta de forma direta e de forma indireta da
memória de cálculo.
Após ter sido definida a relação de interdependência entre as atividades, pode ser elaborado o crono-
grama, que será visto no próximo item.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
38

3.3.3 Elaboração de Cronogramas

Com esses conceitos básicos vistos anteriormente é possível elaborar um cronograma conhecendo as
tarefas, os recursos disponíveis, o prazo de execução de cada tarefa e a interdependência entre elas.
A seguir, temos o exemplo de cronograma no qual a tarefa principal é a montagem da Unidade THP
(uma unidade industrial), que está subdividida em 14 tarefas menores. Essas 14 tarefas também poderiam
ser subdivididas em outras tarefas, o que facilitaria o monitoramento por parte do gestor.

PRAZO MESES
ITEM DESCRIÇÃO DA TAREFA
(Dias) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

1. Unidade de Cromatografia THP 315

1.1 Assinatura do Contrato 0

1.2 Mobilização 45

1.3 Suprimento e Testes 120

1.4 Construção e Montagem 150

1.5 Comissionamento 60

1.6 Licença de Operação 60

1.7 Aprovação 60

1.8 Atestado de Comissionamento 30

1.9 Autorização de Operação (ANP) 30

1.10 Partida 0

1.11 Operação Assistida 15

1.12 As Built e Data Book 90

1.13 Desmobilização 45

1.14 Encerramento do Contrato 0

Figura 8 -  Exemplo de cronograma


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

É possível perceber, na figura anterior, que o tempo de execução é preenchido na coluna “Prazo” em
dias e ao lado das barras está representando o tempo em meses.
Ou seja, a tarefa “Aprovação”, por exemplo, dura 60 dias ou dois meses, entre os meses 7 e 8. A monta-
gem da Unidade THP, tarefa principal, dura 315 dias ou 10,5 meses.
Pode-se observar, ainda, que as tarefas “Licença de Operação” e “Aprovação” não são dependentes
entre si, ou seja, podem ser executadas ao mesmo tempo. Porém, elas são dependentes da tarefa “Cons-
trução e Montagem”, pois só iniciam após a finalização desta etapa.
3 Organização, planejamento e controle de projetos
39

Para um aprendizado mais aprofundado sobre planejamento e controle de projetos,


SAIBA consulte: PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Um guia do conhecimento em geren-
MAIS ciamento de projetos (Guia PMBOK). 5. ed. Pennsylvania, USA: Project Management
Institute, 2013.

Vale destacar que os cronogramas podem ser representados com unidades de tempo em horas, dias,
meses ou anos. Isso depende das tarefas desempenhadas e do nível de detalhamento requerido.

Você sabia que a construção da usina nuclear de Angra 3 iniciou há mais


de 30 anos e ainda não concluiu, sendo um dos motivos os erros de pla-
CURIOSIDADES nejamento? Foi paralisada duas vezes por falta de recursos financeiros.
(Fonte: PEREIRA, 2017).

Aprendemos neste tópico como elaborar um cronograma de um projeto e no tópico seguinte veremos
como organizar e acompanhar o status dos documentos que compõem um projeto.

3.4 LISTA DE DOCUMENTOS

Uma ferramenta simples, mas muito útil para o planejamento, é a lista de documentos de projeto (LDP).
A LDP é uma lista composta por todos os documentos que serão elaborados no projeto de todas as dis-
ciplinas, que é estimado na fase de orçamento e que, normalmente, vai se adequando ao longo do projeto.
A tabela seguinte ilustra um exemplo de lista de documentos.

DISCIPLINA NÚMERO DESCRIÇÃO FOR DATA REV STATUS

Diagrama unifilar e quadro


Elétrica DE - 1000-700-ELE-001 A3 3/7/17 0 Aprovado
de cargas
Planta de força e
Elétrica DE - 1000-700-ELE-002 A1 15/7/17 A Aprovado
aterramento
Cortes e detalhes de
Elétrica DE - 1000-700-ELE-003 A1 25/7/17 B Aprovado
elétrica
Especificação técnica -
Elétrica ET- 1000-700-ELE-001 transformador A4 3/7/17 A Aprovado

Lista de cargas elétricas


Elétrica LI - 1000-700-ELE-001 A4 7/6/17 B Aprovado

Lista de materiais elétricos


Elétrica LM -1000-700-ELE-001 A4 20/7/17 0 P/ comentários

Memorial descritivo -
Elétrica MD - 1000-700-ELE-001 A4 25/7/17 C P/ comentários
sistema elétrico

Tabela 2 - Exemplo de lista de documentos de projeto


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
40

A lista de documentos é utilizada para acompanhar o status de cada documento. Na lista deve constar
a disciplina responsável pelo documento, o número e a descrição do documento, o formato, revisão, data
e status da última emissão.

CASOS E RELATOS

Sempre organize, planeje e controle!


André é um técnico em eletrotécnica com mais de 20 anos de experiência na elaboração de projetos.
Ele trabalhava em uma empresa de grande porte da área de consultoria e projetos industriais.
Mas, após ficar desempregado, ele resolveu trabalhar como autônomo e logo surgiram bons traba-
lhos.
André estava acostumado a receber o projeto com todo o planejamento pronto, cabendo a ele ape-
nas a execução dos documentos técnicos. Em função disso, ele cometeu um equívoco que foi iniciar
a execução dos projetos sem planejamento.
Alguns meses depois, André percebeu que tinha quatro dos seis projetos em execução atrasados e
que os outros dois certamente iriam atrasar. Então ele resolveu parar a execução de todos e realizar
um planejamento. Após realizar o planejamento, ele chegou à conclusão de que precisaria de mais
recursos humanos e materiais para atender seus clientes, além de negociar o prazo de três projetos.
André contratou um projetista e a licença de mais um software de desenhos. Com isso, conseguiu
atender os novos prazos negociados com os clientes e aprendeu a lição, que deve sempre iniciar um
projeto com organização, planejamento e controle.

No exemplo anterior, vimos o quanto é importante a execução de projetos de forma organizada com
planejamento e controle adequado e todas as etapas. Por isso, fique atento e sempre analise os cenários,
escolha a estratégia mais adequada, monitore e intervenha, caso necessário.
3 Organização, planejamento e controle de projetos
41

RECAPITULANDO

Neste capítulo aprendemos um pouco mais sobre organização, planejamento e controle de proje-
tos. Aprendemos sobre a delimitação de atividades ou tarefas para possibilitar um melhor planeja-
mento e controle do projeto.
Vimos que o planejamento pode ser dividido em quatro etapas, que são: a análise de cenários, for-
mulação dos objetivos e estratégias, execução monitorada e intervenção. Aprendemos que inicial-
mente devem ser avaliados todos os cenários possíveis para embasar a definição das melhores estra-
tégias para alcançar os objetivos traçados. E que, ao longo da execução do projeto, deve ser feito um
monitoramento para avaliar se estão sendo cumpridas as metas definidas. Caso contrário, devem ser
feitas intervenções para garantir a execução dentro do planejado.
Aprendemos que um projeto deve ter uma lista de documentos (LDP) constando a disciplina, nú-
mero, descrição, status e demais informações que possibilitem ao gestor acompanhar a situação de
cada documento do projeto.
Os conteúdos abordados neste capítulo são imprescindíveis para um técnico em eletrotécnica que
atuará na área de projetos, pois estará sempre planejando a execução dos seus projetos ou dos pro-
jetos que serão executados por outros profissionais.
Projeto

Projeto pode ser definido como um trabalho temporário realizado para desenvolver um
sistema, serviço, empreendimento, produto ou algo que gere um resultado específico. O ter-
mo temporário é empregado para delimitar a execução do projeto durante um determinado
período de tempo, mas não significa que seja um período curto.
O resultado final de um projeto normalmente tem um período de duração muito mais lon-
go do que o projeto que o originou. Por exemplo, o projeto de um estádio de futebol durou
em torno de oito anos para ficar pronto, enquanto que o estádio foi utilizado por aproxima-
damente 60 anos, até que houve a necessidade de construir um novo estádio pelo fato da
estrutura não atender às condições de segurança. Neste caso, foi elaborado um novo projeto,
a estrutura antiga foi demolida e um moderno estádio foi construído atendendo aos requisitos
de segurança atuais.

Figura 9 -  Elaboração e implantação de projeto


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Em nosso país não existe uma cultura de elaboração de projetos para empresas de peque-
no porte ou pela sociedade de maneira geral. Normalmente, eles já partem para execução da
obra, o que poderá acarretar em falhas na execução, maior prazo, mais custos com materiais
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
44

e mão de obra, dentre outros. Daí a necessidade de estudarmos sobre projeto e compreendermos a sua
importância.
Sendo assim, neste capítulo veremos alguns conceitos por trás de um projeto que devem ser sempre
empregados na elaboração, gerenciamento e implantação, embora, às vezes, sejam negligenciados pelos
projetistas. Abordaremos alguns aspectos como conceitos básicos de projetos, aplicações, escopo, qua-
lidade, etapas, documentos, atividades realizadas em um projeto de instalações elétricas, dentre outros.

4.1 CONCEITOS BÁSICOS DE PROJETOS

No exemplo anterior citado sobre o estádio, fica evidente o que normalmente leva à elaboração de
um projeto é a necessidade humana. Ao detectar um problema ou simplesmente um desejo por ter algo
melhor, o homem agrega seus conhecimentos, habilidades e atitudes para gerar um projeto e de posse
deste poderá implantar um plano de ação, empreendimento ou produto para satisfazer sua necessidade.
A figura seguinte ilustra, através de um fluxograma, a interligação entre um problema, o projeto, a solu-
ção e outros elementos fundamentais a este processo.

Necessidades do Homem

Problema

Conhecimentos Habilidades Atitudes


• Científicos • Trabalho em equipe • Sensibilidade para
• Tecnológicos • Formulação de hipóteses as necessidades
• Artísticos • Representação (oral, • Ética
• Filosóficos escrita e gráfica) • Objetividade
• Sociais • Experimentação • Dúvida sistemática
• Econômicos • Mensuração • Isenção de preconceitos
• etc. • Simulação • Insatisfação construtiva
• Avaliação

Projeto

Recursos
• Humanos Execução
• Materiais
• Naturais

Novos Solução Novos


problemas conhecimentos

Satisfação das necessidades do homem

Figura 10 -  Projeto como solução de problemas de engenharia


Fonte: LIMA FILHO, 2001.
4 Projeto
45

Retornando ao exemplo, o estádio antigo foi projetado em meados do século 20 e o projeto durou em
torno de oito anos, enquanto que o estádio atual, com diversos recursos tecnológicos que o antigo não
tinha, durou 3 anos para ser projetado. Então, por que uma estrutura mais moderna foi projetada mais rá-
pida do que a outra? Por uma série de fatores, como recursos humanos disponíveis, financeiros, materiais,
interferências externas, importância do empreendimento, dificuldades de comunicação e outros. Neste
caso específico, podemos citar como exemplo que o projeto antigo durou mais tempo por não ter os mes-
mos recursos para elaboração de projetos como o atual dispunha.

Até a década de 1990 os desenhos técnicos eram feitos manualmente


sobre enormes pranchetas. Os projetistas utilizavam materiais como pa-
CURIOSIDADES pel vegetal, lápis, caneta nanquim, talco e escova de limpar prancheta.
(Fonte: CUNHA, 2010).

Antigamente os cálculos e os desenhos eram feitos manualmente. Atualmente temos softwares que
dimensionam estruturas civis e elétricas em um curto espaço de tempo, como é o caso dos softwares de
desenhos assistidos por computador, Computer Aided Design (CAD), que facilitam a elaboração de plantas
e desenhos técnicos. Observe na imagem a seguir a comparação entre um projeto feito manualmente e
outro utilizando um CAD.

Figura 11 -  Elaboração de projeto manual x elaboração de projeto em CAD


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Nesse contexto, no momento de elaboração, o projetista deve ter sempre em mente que o projeto deve
facilitar a instalação e a manutenção, principalmente a manutenção, que deve ser de fácil execução. Ele
deve se colocar no lugar de quem fará a instalação e a manutenção e refletir sobre o projeto. “A montadora
terá alguma dificuldade em instalar esse projeto? O técnico de manutenção terá dificuldade ou muitos cus-
tos para manter o sistema funcionando?” Essas são algumas das perguntas a serem feitas na etapa inicial
do projeto.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
46

Assim, ao elaborar um projeto é imprescindível a aplicação de alguns fatores denominados de fatores


de projeto, por exemplo, fator de demanda, fator de simultaneidade, fator de manutenção, fator de serviço
de motores, entre outros. Alguns desses fatores visam reduzir os custos do sistema, tal como a aplicação
de fatores de demanda possibilita a utilização de transformadores com potência menor do que seria se
fosse considerada a potência instalada. Outros fatores, por exemplo, o fator de serviços de motores tem
como objetivo prever um percentual de sobrecarga, como segurança acima da corrente nominal que os
dispositivos devem suportar.
Ao chegar à etapa final, o seu resultado depende muito da filosofia e dos critérios de projeto utilizados
durante a elaboração. Cada projetista pode utilizar critérios diferentes, desde que atendam às normas apli-
cáveis, e isso tem como consequência um mesmo projeto que pode ser elaborado de diversas maneiras di-
ferentes, com formas de execução e manutenção distintas, custos e prazos distintos, embora todos podem
estar corretos e atenderem ao objetivo requerido.
4 Projeto
47

4.2 TIPOS DE PROJETO E SUAS APLICAÇÕES

Quanto ao objetivo, podemos dividir os projetos em três tipos ou etapas: conceitual, básico e executivo.
a) Projeto conceitual: devem ser feitos os estudos preliminares, como estudo de viabilidade téc-
nica e econômica, e deve apresentar a ideia ou escopo do projeto de forma simples e resumida,
podendo ser composto de apenas um documento como uma planta baixa, um relatório, um me-
morial descritivo ou uma maquete que apresente o escopo3 do projeto;
b) Projeto básico: é um anteprojeto, isto é, um esboço de um projeto executivo, que deve conter
elementos suficientes para delimitar o escopo do empreendimento, obra ou serviço, como: os
recursos, equipamentos e/ou materiais necessários. Tudo deve ser feito de forma que seja pos-
sível quantificar os custos, prazos e processos necessários para executar o empreendimento ou
produto final, com base nos estudos técnicos requeridos por especialidade;
c) Projeto executivo: conhecido também como projeto de detalhamento, deve conter todos os
elementos necessários para possibilitar a execução do empreendimento, produto final, obra ou
serviço, como o dimensionamento e especificação dos equipamentos e materiais.

Os três tipos de projeto podem ser aplicados em etapas ou situações distintas, conforme descrito no
quadro a seguir.

TIPO APLICAÇÕES
Aplicado quando não se tem ainda uma ideia da solução a ser
Projeto adotada e são necessários estudos para nortear as ações
Conceitual requeridas. Sendo muito usado para apresentar um
empreendimento ou produto e, com isso, levantar os recursos
necessários para executar o projeto básico.
Aplicado quando já se tem a ideia e os estudos preliminares
Projeto definidos, mas há necessidade de levantar os custos e prazos
Básico para executar o empreendimento. O projeto básico é muito
usado na fase que antecede a licitação de um
empreendimento, por exemplo.

O projeto executivo vem antes da fase de construção,


montagem ou implantação de um produto ou serviço,
Projeto
servindo de base para os responsáveis colocarem em prática o
Executivo
empreendimento, ou seja, executarem o empreendimento.

Quadro 2 - Tipos de projetos e suas aplicações


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Licitação4

3  Escopo: é o objetivo, meta, finalidade ou propósito de um projeto.


4  Licitação: é o processo utilizado para leiloar o fornecimento de bens ou serviços, sendo contemplado quem apresentar o
menor preço.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
48

Para empreendimentos de custo elevado é imprescindível que sejam aplicados os três tipos de projetos
fundamentado em um bom planejamento. Isso garantirá uma implantação menos onerosa, maior qualida-
de, menor tempo de execução e satisfação dos envolvidos no empreendimento.

4.3 ELABORAÇÃO DE PROJETO

O processo de elaboração de um projeto é representado de forma resumida pelo fluxograma a seguir,


passando pela etapa de solicitação do cliente, anteprojeto e projeto que são as etapas principais. Entre
essas etapas existem processos de revisão, comentários e aprovação do cliente ou concessionária, ou seja,
para avançar em cada fase é requerida a aprovação pelo responsável, conforme ilustrado no fluxograma.

Início Solicitações do cliente

Contatos preliminares

Anteprojeto

Aprovação Não
do cliente
Sim

Projeto
Revisão
Não Aprovação
do cliente
Sim
Revisão

Não Aprovação da Sim Fim


concessionária

Figura 12 -  Fluxograma da elaboração de um projeto


Fonte: LIMA FILHO, 2001.

A etapa de anteprojeto pode ser comparada de forma prática como a fase de elaboração de uma pro-
posta técnica, na qual o projetista recebe a solicitação do cliente com seus requisitos e condições mínimas
a serem seguidas. Ele analisa, define uma solução técnica preliminar para estimar os equipamentos prin-
cipais, instrumentos, as atividades e documentos necessários para elaborar o projeto. O projetista reúne,
em uma proposta técnica ou anteprojeto, todas as informações, premissas e considerações adotadas para
aprovação. Após a aprovação do anteprojeto, que pode ser uma proposta técnica, inicia-se de fato a fase
de elaboração do projeto.
4 Projeto
49

4.3.1 ESCOPO DO PROJETO

Escopo é o objetivo, meta, finalidade ou propósito de uma determinada ação, tarefa, projeto, entre
outros. Vamos pensar na seguinte situação para compreender como tal conceito aparece na prática: Uma
determinada montadora possui um carro do modelo XTK-2000 movido à gasolina com autonomia de 500
km por tanque e seus diretores solicitaram que em 10 anos esse mesmo modelo passe a ser movido por
motores elétricos com autonomia total de 600 km por recarga. Desta forma, os projetistas deverão elabo-
rar um projeto cujo escopo é desenvolver um novo XTK-2000 movido à energia elétrica com autonomia
de 600 km.
Observe na imagem a seguir a relação que existe entre o diretor e o projetista, nesse caso, ao pensarem
em um mesmo produto, mas de formas divergentes.

Figura 13 -  Divergências de escopo de projeto


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Assim, para evitar divergências como na imagem anterior, em que o diretor espera um produto e o pro-
jetista imagina outro, o escopo deve ser registrado em um documento formal com o máximo de detalhes
técnicos possíveis que limitem o propósito do projeto. Normalmente, o escopo do projeto é definido em
um contrato, relatório, memorial descritivo ou por um conjunto de documentos.
Um problema muito comum em projeto é a solicitação de mudança de escopo ou mudança de objeto
(MO), que são alterações de projeto solicitadas pelo cliente que não estavam previstas no escopo inicial.
Por exemplo, no caso do projeto do carro, suponha que durante uma fase avançada do projeto o diretor
solicitasse para aumentar a autonomia de 600 km para 700 km. Provavelmente, os projetistas seriam sur-
preendidos e teriam que refazer o projeto.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
50

4.3.2 QUALIDADE DO PROJETO

Um dos grandes pilares de um bom projeto é a qualidade, que pode ser definida como o atendimento
de requisitos e padrões mínimos no processo de execução de atividades e documentos pelos responsáveis
pela elaboração do projeto, por exemplo, engenheiros, projetistas, desenhistas, planejadores, gestores e
outros.

FIQUE Em uma empresa de projetos, ou na elaboração de um projeto específico, recomen-


da-se que todos os envolvidos utilizem os mesmos critérios para manter a qualidade
ALERTA e padrão dos documentos.

Empresas que priorizam a qualidade inserem em sua política organizacional um Sistema de Gestão da
Qualidade (SGQ), que é uma forma de gerir, controlar, monitorar e aplicar métodos para manter um padrão
mínimo de um produto ou serviço. Uma das ferramentas utilizadas pelo SGQ é um método interativo de
gestão chamado PDCA, que é identificado pela sigla em inglês Plan (planejar), Do (executar), Check (verifi-
car) e Act ou Adjust (agir ou corrigir).
No SGQ é necessário definir metas (padrões e requisitos), definir o método de execução da atividade,
executar, coletar dados relativos a execução, checar (comparar metas e resultados) e aplicar ações (cor-
retivas, preventivas ou de melhoria), o que pode ser implementado através do método PDCA, conforme
ilustrado na figura seguinte.

Plan
Adjust Definir meta

Ação:
Corretiva
Preventiva
Melhoria Definir método

Checar Educar e treinar


METAS X RESULTADOS
Executar

Coletar Do
dados

Check

Figura 14 -  Método interativo PDCA para gestão de qualidade


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
4 Projeto
51

Em termos de projeto é fundamental que dentro do processo de elaboração seja incluída uma etapa de
verificação dos documentos técnicos. É uma etapa na qual o documento técnico é analisado por um verifi-
cador antes de ser encaminhado ao cliente. O verificador deve checar se o documento está tecnicamente
correto e se está atendendo aos requisitos e padrões definidos na etapa inicial da gestão da qualidade.
Ferramentas úteis utilizadas nesta etapa são: os carimbos de verificação, que registrará que o docu-
mento foi analisado; e as listas de verificação (do inglês: checklist), que se trata de uma lista com os itens
principais, de caráter técnico ou de padronização, que também devem ser checados pelo verificador. Logo,
tais atitudes caracterizam-se como uma ação para acompanhamento e garantia dos padrões de qualidade
de um determinado projeto.

Figura 15 -  Exemplo de carimbo de verificação


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Assim, para elaboração de um projeto com qualidade, precisa ter o equilíbrio entre três eixos funda-
mentais e que se relacionam, sendo eles: o escopo, o custo e o tempo de execução. Para atendermos ao
escopo do projeto, devemos executá-lo com o menor custo possível no tempo suficiente para realizar cada
tarefa, respeitando os requisitos técnicos e de segurança.

4.3.3 ETAPAS DE UM PROJETO ELÉTRICO

Um projeto elétrico pode ser subdividido em diversas etapas para facilitar a gestão, planejamento e
execução. Na imagem seguinte estão indicadas as principais etapas em uma ordem cronológica recomen-
dável. Em um cenário ideal, cada etapa se inicia após a finalização da etapa anterior, essa seria uma boa
ordem para executar cada tarefa. Porém, na prática, para otimizar o tempo, algumas tarefas são feitas em
paralelo, isto é, ao mesmo tempo.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
52

01 Orçamento

02 Planejamento

03 Estudos Elétricos

04 Diagramas Elétricos

05 Especificação dos Equipamentos

06 Plantas Elétricas

07 Especificação de Materiais Elétricos

08 Memorial Descritivo

09 Aprovação do Projeto

10 As Built5 (Revisão Conforme Construído)

Figura 16 -  Sugestão das etapas de um projeto elétrico executivo


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

As Built5
Em alguns casos não é recomendável a execução de tarefas em paralelo, como elaborar memórias de
cálculo (estudos elétricos) e diagramas elétricos. Durante a elaboração das memórias de cálculos de de-
manda e de iluminação, por exemplo, podem ocorrer mudanças que impactem diretamente o dimensio-
namento de condutores, dispositivos de proteção, transformadores e outros. Por isso, devem ser finali-
zadas as principais memórias de cálculo antes de iniciar a elaboração dos diagramas elétricos para evitar
retrabalhos ou ocasionar a elaboração de documentos inconsistentes, ou seja, com informações divergen-
tes ou equivocadas.

FIQUE Especifique os painéis de iluminação e transformadores sempre depois da elabora-


ção de memória de cálculo luminotécnico, pois pequenas alterações nos cálculos
ALERTA impactam diretamente o dimensionamento desses equipamentos.

Em cada etapa do projeto devem ser elaborados documentos ou atividades específicas, os quais vere-
mos no tópico seguinte.

5  As Built: do inglês, que significa conforme construído. Na engenharia representa a etapa de revisão do projeto, após a execução
da obra, contemplando alterações realizadas na obra, não previstas no projeto.
4 Projeto
53

4.3.4 DOCUMENTOS E ATIVIDADES DE UM PROJETO ELÉTRICO

Um projeto elétrico é composto por diversas tarefas que visam dimensionar os equipamentos, mate-
riais, instrumentos e dispositivos de proteção, definir o esquema elétrico e o esquema de aterramento,
dimensionar os condutores, o sistema de iluminação e o SPDA, definir a classificação de área, o arranjo dos
equipamentos elétricos, estabelecer a lógica de funcionamento, a interligação entre os equipamentos e
outras.
Para cada tarefa existe um documento ou conjunto de documentos específicos. No quadro seguinte
estão listados os principais documentos ou atividades de um projeto elétrico executivo em ordem crono-
lógica.

1. Análise de Consistência (a) 9. Parecer Técnico de Proposta


de Fornecedores
2. Reuniões (b) 10. Análise de Documentos de Fornecedor
3. Levantamento de Campo (c) 11. Arranjo de Equipamentos Elétricos
4. Memórias de cálculo (cargas, cabos,
12. Plantas (Força, Aterramento,
curto-circuito, aterramento, iluminação,
Iluminação, Tomadas e SPDA)
etc.)
5. Diagramas Elétricos (Unifilar, multifilar,
funcional, lógico e interligação) 13. Detalhes Típicos de Instalação Elétrica)

6. Classificação de Área (d) 14. Especificação de Materiais Elétricos


7. Especificação de Equipamentos 15. Memorial Descritivo
8. Lista de Cabos, Cargas e Equipamentos 16. As Built (Revisão Conforme Construído)
a. Pode ser feita uma análise da documentação que será utilizada como base para elaborar o
projeto, a fim de verificar sua consistência antes de iniciar o projeto, caso Cliente ou Projetista
julgue necessário.

b. Devem ser feitas reuniões no início do projeto para definir premissas, estabelecer prazos,
esclarecer escopo, etc. E ao longo do projeto para acompanhar o andamento e esclarecer dúvidas.

c. Devem ser feitos levantamentos de campo no início e, caso necessário, ao longo do projeto.

d. Aplicável apenas para projetos em instalações com áreas classificadas ou com atmosfera
explosiva.

Quadro 3 - Lista de documentos e atividades de um projeto elétrico executivo.


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Essa ordem pode ser adequada, desde que seja levada em consideração a dependência pelas ativi-
dades anteriores que servem de base para outras. Por exemplo, uma memória de cálculo de demanda é
elaborada antes da especificação técnica de um transformador, pois precisamos da demanda para definir
o transformador.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
54

Assim, seguiremos os nossos estudos vendo como definir quais atividades ou documentos serão exe-
cutados em um projeto elétrico.

4.3.5 COMO DEFINIR AS ATIVIDADES E DOCUMENTOS

Para definir bem os documentos e as atividades necessárias para desenvolver um determinado projeto
elétrico é fundamental ter o conhecimento da solicitação do cliente, das instalações locais, dos principais
itens das normas técnicas da ABNT, internacionais e da concessionária local, caso se apliquem. Além disso,
requer tempo, atenção, experiência prática e conhecimento dos procedimentos de execução de cada tare-
fa, que podem variar de acordo com os recursos e a filosofia de cada projetista.

Figura 17 -  Definindo a lista de tarefas


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Quando a lista de tarefas pode ser atualizada durante o projeto, é possível retirar e/ou incluir algumas
tarefas, mas depende da forma do contrato. Se a alteração requerida é devido a um erro do cliente, nor-
malmente é fácil conseguir a revisão das tarefas e, consequentemente, da proposta técnica comercial. Mas,
se a alteração se faz necessária devido a um erro do projetista/orçamentista que não previu tal tarefa na
proposta técnica comercial, talvez não seja possível atualizar a proposta.
Se houver uma tarefa indispensável para o projeto prevista de forma direta ou indireta na solicitação do
cliente, mas que não teve os custos previstos na proposta, isso poderá acarretar em prejuízos para o pro-
jetista. Para essas situações é fundamental ter um bom relacionamento técnico e comercial com o cliente
para obter um bom acordo.
Essa diferença entre a lista de documentos ou atividades previstas inicialmente e a real é muito comum
pelo fato de que no orçamento, normalmente, é feita uma estimativa com base nas informações disponí-
veis naquele momento. Porém, ao longo dos estudos, levantamento de campo ou avanço do projeto, pode
4 Projeto
55

ser verificada a necessidade de novos documentos ou atividades não previstas na solicitação do cliente ou
na proposta técnica comercial.

CASOS E RELATOS

Elaborando uma lista de tarefas de um projeto


Davi era um técnico recém-formado contratado por uma empresa de projetos de médio porte. Em
uma oportunidade, o seu supervisor solicitou que ele elaborasse uma lista de tarefas e documentos
de um projeto para definir um orçamento, mas Davi nunca tinha feito uma atividade como essa.
Então ele expôs ao supervisor suas dúvidas e ele resolveu explicar de forma simples como definir as
tarefas.
O supervisor começou explicando para Davi que, para elaborar uma lista de tarefas de um proje-
to elétrico, ele deveria iniciar lendo o escopo do projeto, normalmente, definido na solicitação do
cliente e, em seguida, listar todos os equipamentos, edificações e estruturas relacionadas ao projeto,
depois atribuir a cada um as tarefas requeridas diretas e indiretas.
Davi escutou com atenção e o supervisor resolveu exemplificar para ficar mais claro. Para o proje-
to de iluminação de um galpão, por exemplo, faz-se necessário levantamento de campo, memória
de cálculo de iluminação, memória de cálculo de cabos, planta de iluminação, lista de material e
documentos dos equipamentos. Para o painel de iluminação será necessário diagrama unifilar ou
trifilar e especificação técnica ou folha de dados. Caso necessário o uso do transformador, é funda-
mental uma especificação técnica ou folha de dados do equipamento. Se o galpão for alimentado
diretamente pela rede da concessionária, devem ser incluídos os documentos exigidos pela conces-
sionária local como planta de localização, planta de situação, memorial descritivo e outros. E assim,
sucessivamente, até atender à solicitação do cliente de forma direta e indireta.
Com isso, Davi aprendeu a dica do chefe, estudou o escopo, elaborou a lista e entregou dentro do
prazo solicitado pelo supervisor.

Portanto, tenha muita atenção ao definir as atividades e documentos de um projeto, principalmente, se


for para um orçamento. Analise com cautela cada ambiente da instalação e os equipamentos envolvidos.
Verifique para cada local se serão necessários documentos de iluminação, distribuição de força, SPDA,
aterramento, etc. Em seguida, avalie para cada ambiente quais os equipamentos necessários, como trans-
formadores, painéis de distribuição local, painéis de distribuição geral e outros. Por fim, atribua a cada
ambiente ou equipamento os documentos necessários para elaboração do projeto elétrico.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
56

4.4 VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA

Viabilidade técnica e econômica é um estudo realizado para verificar se um projeto é possível de ser
executado tecnicamente e financeiramente. O problema que gerou a necessidade do projeto é avaliado
para definir uma solução técnica e, em seguida, é verificado se essa solução técnica é a mais adequada e se
é viável financeiramente.
Uma técnica simples utilizada para verificar a viabilidade econômica de um projeto é o cálculo do
payback, que significa retorno em português. O payback é utilizado para analisar o prazo do retorno do
investimento de um projeto.
Em termos práticos, payback é o tempo no qual os ganhos ou retorno financeiro com a implantação
do projeto se iguala ao investimento inicial, podendo ser representado matematicamente pela fórmula
seguinte.
Investimento Inicial
Payback =
Ganho ou Retorno no Período

Algumas empresas adotam o estudo de viabilidade como uma etapa do projeto, outras como uma eta-
pa pré-projeto e outras consideram que o estudo de viabilidade é inerente ao projeto e deve ser sempre
realizado no projeto conceitual. Isso dependerá do projeto e da filosofia da empresa, mas todas devem
verificar a viabilidade técnica e econômica antes de iniciar o detalhamento do projeto.
Em termos de engenharia, existe solução para quase tudo. Mas o projetista deve avaliar se a solução
técnica é executável, se terá facilidade na manutenção e se o cliente está disposto a fazer o investimento
necessário.

4.5 confiabilidade

Confiabilidade é a capacidade de um item desempenhar uma função requerida sob condições espe-
cificadas, durante um dado intervalo de tempo (ABNT NBR 5462, 1994). A confiabilidade de um projeto
está diretamente relacionada com a manutenção dos equipamentos e dos demais componentes de uma
instalação elétrica. A instalação deve ser projetada para não ter falhas ou que a probabilidade de falhas seja
a menor possível, desde que os componentes estejam com a manutenção adequada.
O emprego de equipamentos em redundância é uma forma de garantir a confiabilidade das instalações
elétricas, por exemplo, o emprego de duas fontes de energia. Em instalações industriais é comum a utiliza-
ção de dois transformadores em paralelo alimentando o painel principal das subestações. A potência dos
transformadores deve ser igual e definida de forma que um só equipamento possa suprir todas as cargas
da instalação em caso de falha ou manutenção do outro equipamento.
4 Projeto
57

SAIBA Para mais informações sobre confiabilidade, consulte a norma da ABNT NBR 5462.
MAIS

Na elaboração do projeto devem ser especificados e dimensionados equipamentos e materiais elétricos


de qualidade, certificados pelos órgãos competentes e compatíveis com as condições locais. Por exemplo,
ao instalar um painel desabrigado em uma área industrial, o projetista deve especificar um equipamento
com o invólucro adequado para suportar uma atmosfera industrial, que normalmente é agressiva, e as
condições do clima do local. Caso contrário, essa instalação não será confiável e poderá falhar a qualquer
momento.

4.6 GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Gerenciamento, administração ou coordenação de projetos é o emprego de técnicas, ferramentas e


conhecimentos com o objetivo de atender aos pré-requisitos definidos para o escopo, qualidade, custo e
tempo de execução do projeto. Os principais itens que devem ser geridos em um projeto estão indicados
na figura seguinte.

Risco
opo s
Esc

o
çã

Te
ica

mp
un

o
Com

Interessadas
Humanos

PROJETO
Partes
Recursos

o
açã
Aq
uis

gr
te

In
õe
s

Cus d ade
to s Quali

Figura 18 -  Principais itens gerenciados em projetos


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
58

Podemos perceber, até o momento, que existe uma série de fatores que precisam ser planejados e con-
trolados, como: custos, escopo, tempo qualidade e outros. Por isso é muito importante aplicar técnicas de
gestão de projetos do início ao fim.

4.7 APRESENTAÇÃO DE PROJETOS

Apresentação de projetos é a forma como a projetista irá entregar ao cliente ou à concessionária o


projeto elaborado. As concessionárias de energia elétrica definem em suas normas uma lista mínima de
documentos que devem ser apresentados para aprovação e alguns pontos que devem constar na docu-
mentação.
Assim como as concessionárias, algumas empresas especificam os documentos mínimos que a proje-
tista deve prever no projeto e o nível de informações requeridas por documento, sendo que isso depende
do tipo de projeto. Para um projeto conceitual é aceitável apenas um relatório ou um memorial descriti-
vo. Para um projeto básico já deve ser incluído uma planta, um diagrama unifilar, lista de quantitativo de
materiais e outros. No entanto, para um projeto executivo o projetista deve prever todos os documentos
necessários para permitir a instalação e manutenção das instalações. Logo, a quantidade de documentos e
o volume de informações de um projeto executivo é muito superior aos documentos previstos em projetos
básicos e conceituais.
Algumas empresas especificam também o formato dos documentos, a forma de envio, o formato dos
arquivos eletrônicos, formato do papel, padrão de legenda, padrão de simbologia, padrão de identificação
dos documentos e outros.

Quer aprofundar seus conhecimentos em Apresentação de Projetos? Consulte a norma


SAIBA Petrobras N-2040 (Elaboração, Apresentação e Gerenciamento de Documentos de Pro-
MAIS jetos de Eletricidade), que é classificada como pública, no site da Petrobras em Canal
Fornecedor / Normas e Especificações Técnicas.

Independentemente dos padrões e da forma de apresentação solicitada pelos clientes e pela conces-
sionária local, o projetista deve sempre prever um padrão de qualidade mínima que atenda às principais
normas técnicas e de padronização aplicáveis.
4 Projeto
59

RECAPITULANDO

Neste capítulo aprendemos alguns conceitos básicos de projetos, tipos e suas aplicações. Estuda-
mos algumas regras básicas para elaborar projetos e aprendemos o conceito de escopo do projeto.
Vimos que um projeto pode ser subdividido em diversas etapas e que são compostos por diversas
atividades e documentos técnicos. Aprendemos também algumas dicas de como definir as ativida-
des e documentos de um projeto elétrico industrial.
Foi abordado sobre a importância de verificar a viabilidade técnica e econômica do projeto e conhe-
cemos o conceito do cálculo do payback, que é o tempo para o retorno do investimento inicial de
um projeto. Conhecemos o conceito de confiabilidade e que o projetista deve se preocupar com a
manutenção das instalações e equipamentos ao elaborar um projeto.
Compreendemos também que um projeto tem inúmeros fatores que precisam ser gerenciados, além
de alguns pontos necessários sobre a apresentação de projetos para concessionárias e o cliente final.
Projetos de instalações elétricas industriais

Os projetos de instalações elétricas industriais podem ser desenvolvidos por técnicos ele-
trotécnicos e engenheiros eletricistas trabalhando como projetistas. Esses projetos são indis-
pensáveis para construções, ampliações e reformas de unidades industriais, pois sem eles não
seria possível dimensionar e especificar as instalações elétricas requeridas pelo empreendi-
mento.
Um bom projeto deve ser embasado nas normas técnicas aplicáveis em suas versões mais
atualizadas, principalmente nas normas e padrões internos da indústria onde será implantado
o empreendimento. E deve conter todas as informações necessárias para permitir o dimensio-
namento, a aquisição e instalação de todos os componentes elétricos de acordo com as nor-
mas aplicáveis e os procedimentos de segurança, saúde, qualidade e preservação ambiental.

Figura 19 -  Vista aérea de uma unidade industrial


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

O projeto deve iniciar pelo levantamento de informações, planejamento e definição de cri-


térios. Em seguida, devem ser elaboradas as memórias de cálculos de dimensionamento das
instalações e dos equipamentos elétricos, que requerem uma atenção especial.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
62

Os cálculos devem estar embasados nas normas técnicas aplicáveis e as premissas adotadas devem
estar de acordo com a filosofia do cliente. Uma memória de cálculo com falhas pode comprometer todo o
projeto e gerar prejuízos ao projetista e ao cliente.
Depois das memórias de cálculos deve ser iniciada a fase de detalhamento do projeto com a elaboração
dos diagramas, plantas baixas, detalhes de instalação, listas de materiais, memorial descritivo e outros.
Neste capítulo serão abordados alguns documentos utilizados em projetos elétricos executivos aplica-
dos na área industrial, como o estudo de cargas elétricas, correção do fator de potência, o dimensionamen-
to de iluminação, SPDA, MPS, condutores, condutos, dispositivos de proteção e outros.
Em seguida, serão apresentados tópicos de detalhes típicos de instalações elétricas e plantas de clas-
sificação de área que devem ser utilizados nos projetos de iluminação, força, aterramento, SPDA, MPS e
subestação de consumidor, os quais serão abordados nos últimos tópicos.

5.1 ESTUDO DE Cargas Elétricas

As principais cargas elétricas na indústria são os motores e uma das primeiras ações que devem ser
feitas em um projeto elétrico industrial é um estudo de cargas elétricas. O estudo de cargas elétricas é um
memorial de cálculo com o objetivo de fazer um levantamento de todas as cargas, determinar a demanda
de potência e possibilitar o dimensionamento das instalações elétricas.

Figura 20 -  Cargas elétricas industriais (motores)


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Com base no estudo de cargas será possível definir quais os equipamentos necessários às instalações
elétricas, como os transformadores, centros de controle de motores (CCM), centros de distribuição de car-
gas (CDC), quadros de distribuição e outros.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
63

Nas instalações elétricas raramente são utilizados todos os equipamentos elétricos ao mesmo tempo
ou alguns são utilizados com cargas abaixo da sua capacidade nominal. Em função disso, para dimensionar
as instalações elétricas e seus equipamentos, não deve ser considerada a carga total instalada, pois isso
resultaria em instalações superdimensionadas e com alto custo.
No estudo de cargas elétricas é imprescindível a aplicação de fatores de ponderação ou fatores de pro-
jeto, como: o fator de demanda, o fator de utilização e o fator de serviço, que serão vistos nos tópicos
seguintes.

5.1.1 Fator de demanda (FD)

Investimento
É a relação entre a demanda máxima da instalação inicial
e a carga total instalada nela durante um determina-
Payback =
Ganho
do período de tempo, conforme a equação ou Retorno no Período
seguinte.

DMÁX
FD =
PINS

Onde: PABS = FU x PN

FD – Fator de demanda;
DMÁX – Demanda máxima da instalação (kW ou D
kVA);
MÁX 322,17
FD = = = 0,89
PINS 361,92
PINS – Carga instalada da instalação (kW ou kVA).

DMÉD
O fator de demanda é utilizado para se obter a FC =
demanda máxima da instalação através do produto com
DMÁX
a carga ou potência instalada. Sua aplicação proporcionará, por exemplo, que os condutores, os painéis
e os transformadores não sejam superdimensionados, mas In que sejam especificados equipamentos com
custos e capacidades adequadas. Idim = x FS
Ft x Fa x Fr

Investimento inicial
Payback
5.1.2 Fator de UTILIZAÇÃO V = N I n (R cos + Xsen
=
(FU) ) L
Ganho ou Retorno no Período
É o fator que deve ser utilizado para obter a potência média absorvida pelo equipamento, de acor-
V = 2D I n R L
do com sua aplicação, através do produto com a potência
MÁXnominal do mesmo equipamento, conforme a
equação seguinte. FD =
P INS 1/ 2
I cc × (Te )
S≥ 1/ 2
⎛ ⎛ 234 + T f ⎞⎞
PABS
0,34 × ⎜⎜ = FU
log ⎜⎜ x PN ⎟⎟ ⎟

⎝ ⎝ 234 + Ti ⎠⎠

DMÁX 322,17
FD I= = I × (=I /I ) = 0,89
p PINS
n 361,92
p n

If ≥ In ×DFMÉD
p
FC =
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
64

Onde:
FU – Fator de utilização;
PABS – Potência média absorvida pelo equipamento (kW ou kVA);
PN – Potência nominal do equipamento (kW ou kVA).
A potência média absorvida pelo equipamento pode ser interpretada como a demanda do equipamen-
to, pois alguns equipamentos utilizam motores com potência nominal acima da potência necessária para
o equipamento funcionar em condições normais de operação.
A tabela seguinte apresenta alguns fatores de utilização típicos de equipamentos industriais.

Equipamento Fator de utilização (FU)


Caldeiras, retificadores, soldadores, secadores 1,00
Equipamentos que utilizam resistência elétrica 1,00
Fornos de indução 1,00
Motores até 2,5 CV 0,70
Motores de 3 a 15 CV 0,83
Motores de 20 a 40 CV 0,85
Motores a partir de 50 CV 0,87

Tabela 3 - Fator de utilização típico de equipamentos industriais


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

O engenheiro de processo envolvido no projeto deve determinar a potência média absorvida pelos
equipamentos ou o respectivo fator de utilização. Caso o projetista não tenha tais informações disponíveis,
pode-se utilizar a tabela anterior como referência ou na ausência de um equipamento similar, considerar
o fator de utilização igual à unidade. Ou seja, considerar que a potência absorvida será igual à nominal.

5.1.3 Fator de Serviço (FS)

É o fator que indica o percentual de carga extra, suportado pelo motor além da potência nominal, de
forma contínua, sob condições específicas. Ou seja, indica a sobrecarga que pode ser aplicada ao motor
continuamente. Por exemplo, um motor com fator de serviço igual a 1,15 suporta de maneira contínua
uma sobrecarga de 15% e um motor com fator de serviço igual a 1,0 não suporta sobrecarga de maneira
contínua.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
65

A tabela seguinte apresenta alguns fatores de serviços em função da potência nominal dos motores.

Fator de serviço
Potência nominal
Velocidade síncrona (rpm)
KW CV 3600 1800 1200 900
0,18 - 0,25 1/4 - 1/3 1,35 1,35 1,35 1,35
0,37 1/2 1,25 1,25 1,25 1,15 (*)
0,55 3/4 1,25 1,25 1,15 (*) 1,15 (*)
0,75 1,0 1,25 1,15 (*) 1,15 (*) 1,15 (*)
1,1 - 150 1,5 - 200 1,15 (*) 1,15 (*) 1,15 (*) 1,15 (*)
(*) No caso de motores de gaiola, estes fatores de serviço se aplicam somente às
categorias N e H, conforme a ABNT NBR 17094-1.

Tabela 4 - Fator de serviço (FS)


Fonte: ABNT NBR 17094-1, 2013.

Assim como os fatores de demanda e de utilização, o fator de serviço deve ser utilizado no estudo de
cargas para determinar a demanda de potência da instalação e possibilitar o dimensionamento adequado
dos equipamentos elétricos.
No próximo tópico veremos como determinar a demanda de potência da instalação.

5.1.4 Cálculo da Demanda de Potência

O primeiro passo para realizar o cálculo da demanda de potência é o levantamento das cargas elétricas,
verificando como será o processo de funcionamento das instalações industriais e administrativas.
A tabela seguinte apresenta alguns exemplos de cargas elétricas industriais típicas que devem ser le-
vantadas para realizar os cálculos de demanda:
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
66

Descrição da carga ou sistema Exemplos


Cargas dos processos industriais Caldeiras, motores de bombas e agitadores, etc.
Sistemas de instrumentação Instrumentos, controladores, válvulas, etc.
Sistema de combate a incêndio Bombas de incêndio, sistema de comando, etc.
Sistemas de segurança e comunicação Câmeras, servidores, painéis, etc.
Equipamentos de manutenção Tomadas de solda, ferramentas, etc.
Sistema de iluminação Iluminação industrial, viária e administrativa.
Tomadas Tomadas de uso geral e específicas.
Dentre outras Cargas não enquadradas nos demais itens.

Tabela 5 - Exemplos de cargas elétricas industriais


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

As cargas dos processos industriais devem ser verificadas no fluxograma de engenharia da indústria
e na lista de equipamentos do projeto. Enquanto que as cargas dos sistemas específicos devem ser veri-
ficadas junto ao projeto dos referidos sistemas como o projeto do sistema de combate a incêndio ou ar-
-condicionado.

FIQUE É imprescindível que o projetista de instalações elétricas entre em contato com os


projetistas das demais especialidades (mecânica, processo, instrumentação, automa-
ALERTA ção e outras) para avaliar a necessidade de cada setor e confirmar as cargas elétricas.

As cargas de manutenção ou de uso específico devem ser verificadas juntamente com o proprietário do
empreendimento ou com os usuários finais das instalações.
A determinação das cargas de tomadas de uso geral e específicas devem seguir as recomendações da
ABNT NBR 5410 e as normas internas da indústria proprietária da instalação.
As cargas dos sistemas de iluminação devem ser determinadas com base no dimensionamento do sis-
tema de iluminação que deve ser executado de acordo com as normas ABNT NBR ISO/CIE 8995-1, ABNT
NBR 10898 e as normas ou procedimentos internos da indústria proprietária da instalação.
De posse das informações de todas as cargas da instalação, deve-se tabular os dados em uma planilha,
organizada por painéis, setores e subestações e aplicar os fatores de projeto relacionados ao tipo da carga,
de maneira individual ou por conjunto de cargas para determinar as demandas parciais.
De maneira geral, devem ser empregados nas cargas os fatores de demanda aplicáveis de acordo com
o tipo da carga. Para motores, devem ser empregados os fatores de utilização e de serviço, além do fator
de potência e o rendimento de acordo com a potência de cada equipamento.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
67

A demanda de potência total da instalação será o somatório das demandas parciais obtidas com a apli-
cação dos respectivos fatores de projeto.

Exemplo de cálculo da demanda de potência

O exemplo da tabela seguinte apresenta de forma resumida a determinação da demanda de potência


elétrica para uma instalação fictícia, de acordo com as cargas listadas na tabela em kVA. O cálculo detalha-
do requer diversos outros parâmetros que foram suprimidos da tabela seguinte como o nível de tensão, o
fator de potência, rendimento e outros.

Potência (kVA) Demanda


Descrição Qtd. FD FU FS
Unitária Instalada máx. (kVA)
Motores de 5 CV 5 5,2 26,2 – 0,83 1,15 25,03
Motores de 20 CV 3 20,1 60,2 – 0,85 1,15 58,84
Motores de 100 CV 1 90,6 90,6 – 0,87 1,15 90,63
Iluminação industrial 70 0,8 54,4 1,00 – – 54,44
Iluminação administrativa 90 0,4 32,0 0,50 – – 16,00
Sistema de comunicação 1 1,1 1,1 0,70 – – 0,76
Ar-condicionado 12 1,3 1,3 0,86 – – 12,90
Tomadas de uso geral 80 0,3 0,3 0,40 – – 9,60
Tomadas de uso específico 10 1,1 11,1 0,60 – – 6,67
Sistema de combate a
1 47,3 47,3 – 0,87 1,15 47,30
incêndio (50 CV)
Geral 361,92 0,89 322,17

Tabela 6 - Exemplo de cálculo de demanda de potência


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Na tabela anterior pode-se observar que o fator de demanda não foi aplicado às cargas motóricas e para
as demais cargas foram aplicados fatores específicos. Para o sistema de iluminação foi adotado o fator de
Investimento inicial
Payback
demanda unitário, considerando que=o sistema opera diariamente em plena carga.
Ganho ou Retorno no Período
Nas cargas motóricas foram aplicados os fatores de utilização e de serviços em função da potência
nominal dos motores, de acordo com a tabela do fator de utilização típico de equipamentos industriais e
DMÁX
a tabela do fator de serviço (FS). FD =
PINS
Ainda na tabela anterior - Exemplo de cálculo de demanda de potência - o fator de demanda geral foi
obtido através da relação entre a demanda máxima e a potência instalada, conforme a equação seguinte:
PABS = FU x PN

DMÁX 322,17
FD = = = 0,89
PINS 361,92

DMÉD
FC =
DMÁX
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
68

Ou seja, a demanda máxima corresponde a 89% da potência instalada. Com isso, o painel de distribui-
ção geral, o transformador geral e os condutores de alimentação geral, por exemplo, devem ser dimensio-
nados considerando a demanda de 322,17 kVA.
Esse método para determinar a demanda de potência elétrica
Investimento inicialnão é muito preciso pela incerteza de
alguns fatores de demandaPayback =
parciais adotados, pois eles podem não corresponder às condições de uso reais
Ganho ou Retorno no Período
da instalação. Para uma instalação em operação, pode-se obter a demanda máxima através da curva de
carga extraída dos sistemas de monitoramento de energia dos painéis de distribuição e, com isso, deter-
DMÁX
minar o fator de demanda geral da instalação que
FDpoderá
= ser utilizado como referência e futuros projetos.
PINS

5.1.5 Fator de Carga (FC) PABS = FU x PN

É a relação entre a demanda média e a máxima demanda registrada na instalação durante um determi-
DMÁX 322,17
nado período de tempo, conforme a equação seguinte:
FD = = = 0,89
PINS 361,92

DMÉD
FC =
DMÁX

In
Onde: Idim = x FS
Ft x Fa x Fr
FC – Fator de carga;
DMÉD – Demanda média da instalação (R cos período
V =emNum Ideterminado
n + Xsen ) kVA);
(kW ou L
DMÁX – Demanda máxima registrada na instalação no mesmo período (kW ou kVA).
V = 2ou igual
O fator de carga é sempre maior que zero e menor In a R
um. L

1/ 2
I cc × (Te )
Analisando a equação anterior, pode-seS ≥ concluir que quanto mais1 /próximo2
estiverem os valores de de-
manda média e máxima, maior será o fator de carga, ⎛ por⎛ 234 + T ⎞ ⎞
0,34 × ⎜⎜ log ⎜⎜ isso que o⎟⎟ ⎟fator de carga representa se a energia
f

está sendo utilizada de forma racional, sem picos de ⎝ 234 + Ti ⎠ ⎠
⎝ demanda.
O fator de carga é utilizado em estudos de economia de energia para avaliar como está sendo o consu-
mo de energia elétrica, pois uma instalação com fator de carga alto apresenta as seguintes características:
Ip = In × ( Ip/In )
-- Uso otimizado dos recursos da instalação elétrica;
-- Utilização racional da energia consumida pela instalação;
If ≥ In × Fp
-- Redução do valor da demanda de pico.
If ≤ Iz

dc2
Ac= π ×
4
5 Projetos de instalações elétricas industriais
69

Baseado na equação do fator de carga, ao identificar um fator de carga baixo em um estudo de energia,
uma das seguintes providencias podem ser tomadas para aumentar o fator de carga:
a) Manter o consumo e reduzir a demanda
Aplicado em indústrias que apresentam um pico de consumo em certos horários e tem a flexibilidade
de deslocar o horário de operação de algumas áreas de produção ou equipamentos específicos, mantendo
o mesmo consumo.
Por exemplo, uma indústria que apresenta uma demanda máxima alta no período da tarde pode optar
por deslocar parte da produção para operar em um turno extra entre 22h às 6h, por esse horário apresentar
uma demanda máxima muito baixa. Desta forma, a produção e o consequente consumo de energia seriam
mantidos, mas a demanda máxima seria reduzida.

b) Manter a demanda e aumentar o consumo


Essa opção é utilizada por indústrias que precisam implantar novas áreas de produção ou novas máqui-
nas, mas estão limitados pela capacidade dos equipamentos elétricos como os painéis e os transformado-
res.
Desta forma, a indústria pode colocar as novas máquinas em operação no período em que a demanda
máxima era baixa, sem precisar investir em novos equipamentos ou subestações elétricas.
Utilizando o mesmo exemplo anterior, as novas máquinas seriam colocadas em operação no turno
entre 22h e 6h. Logo, a produção e o consequente consumo de energia seriam ampliados, mas a demanda
máxima seria mantida.
Para escolher quais os períodos precisam ter cargas relocadas e quais períodos podem receber cargas
novas ou relocadas, o executante do estudo de energia precisa ter a curva de carga, que representa o con-
sumo de energia, do período a ser analisado. De posse dessa informação, poderá discutir com os respon-
sáveis pela indústria quais as medidas a serem tomadas para otimizar a utilização das instalações elétricas
e racionalizar o consumo de energia elétrica.
Estudamos até aqui como determinar a potência demandada da instalação e as aplicações do fator de
carga. Veremos nos tópicos seguintes o dimensionamento de alguns elementos das instalações elétricas
que precisam das informações obtidas no estudo de cargas elétricas.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
70

5.2 Dimensionamento de CONDUTORES

Em instalações elétricas, condutores são os dispositivos utilizados para conduzir energia através da cor-
rente elétrica. Os condutores são aplicados em todos os tipos de instalações elétricas, sendo seu papel
desempenhado por fios, cabos, barramentos, cordoalhas e outros.
Tradicionalmente, os condutores mais utilizados nas instalações industriais são os fios e os cabos de
cobre de baixa tensão com isolação de PVC6, EPR7 ou XLPE8. Esses condutores serão o foco desse material.

Figura 21 -  Condutores elétricos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Um condutor mal dimensionado pode comprometer a segurança dos usuários e dos equipamentos
elétricos, pois poderá acarretar em incêndios, explosões, queima de equipamentos, dentre outros danos.
No dimensionamento e especificação dos condutores devem ser observados os seguintes fatores de
correção, técnicos e de instalação:
-- Condições ambientais (temperatura, exposição ao tempo e outros);
-- Condições de instalação (embutido, aparente, subterrâneo, quantidade de circuitos, agrupamento e
outros);
-- Solicitações mecânicas (vibração, choques e outros);
-- Mínima seção normalizada;
-- Economia;
-- Condição de coordenação entre a curva de suportabilidade térmica do cabo e a curva de atuação das
proteções contra sobrecorrente e curto-circuito.

6  PVC: cloreto de polivinila, que é um material utilizado para isolação de condutores elétricos.
7  EPR: etileno-propileno, que é um material utilizado para isolação de condutores elétricos.
8  XLPE: polietileno reticulado, que é um material utilizado para isolação de condutores elétricos.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
71

Ao dimensionar um condutor, o projetista deve levar em consideração também a segurança dos usu-
ários e dos equipamentos, os critérios internos da instalação onde serão aplicados, o custo-benefício e
alguns critérios definidos pela norma da ABNT NBR 5410, que define o dimensionamento dos condutores
Investimento
de baixa tensão. Esses critérios serão abordados inicial
nos próximos tópicos.
Payback =
Ganho ou Retorno no Período

DMÁX
5.2.1 CAPACIDADE DE CONDUÇÃO DE CORRENTE
FD =
PINS
Capacidade de condução de corrente é o critério no qual o condutor deve ser capaz de conduzir, no
mínimo, a corrente nominal do circuito, que é a sua principal função. No entanto, as condições de insta-
lação, como a temperatura ambiente, e a formaPABS
de=instalação
FU x PN interferem diretamente na capacidade de
condução.

DMÁX fatores
Em função disso, são aplicados na corrente nominal 322,17de correção relacionados à temperatura
FD =
ambiente, ao agrupamento (quantidade de condutores = = 0,89à resistividade térmica do solo e à
PINS por conduto),
361,92
sobrecarga que o condutor pode ser exposto, resultando na corrente de dimensionamento.
A corrente de dimensionamento pode ser calculada com
D base na seguinte equação:
MÉD
FC =
DMÁX

In
Idim = x FS
Ft x Fa x Fr

Onde: V =N In (R cos + Xsen ) L


In – Corrente nominal (A);
V = 2 In R L
Fa – Fator de agrupamento;
Ft – Fator de correção de temperatura; 1/ 2
I cc × (Te )
S≥
Fr – Fator de resistividade térmica do solo; ⎛ ⎛ 234 + T f
1/ 2
⎞⎞
0,34 × ⎜⎜ log⎜⎜ ⎟⎟ ⎟

Fs – Fator de sobrecarga;
⎝ ⎝ 234 + Ti ⎠⎠
Idim – Corrente de dimensionamento (A).

Ip = In × ( Ip/In )
Os itens que compõem a equação anterior podem ser definidos na seguinte forma:
a) Corrente nominal: obtida através da potência elétrica nominal do circuito;
If ≥ In × Fp
b) Fator de correção de temperatura: definido em função da isolação do condutor (PVC, EPR ou
If ≤conforme
XLPE) e da temperatura ambiente ou do solo, Iz a tabela 40 da norma da ABNT NBR 5410;
c) Fator de resistividade térmica do solo: definido2 em função da resistividade térmica do solo
dc
Ac= π41×da norma da ABNT NBR 5410;
para linhas subterrâneas, conforme a tabela
4
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
72

d) Fator de agrupamento: definido em função do tipo de instalação e da quantidade de condu-


tores agrupados no mesmo conduto, conforme as tabelas 42 a 45 da norma da ABNT NBR 5410;
e) Fator de sobrecarga: deve ser aplicado para cargas que podem operar de forma contínua em
sobrecarga, por exemplo, motores e transformadores com fator de serviço superior à unidade;
f) Corrente de dimensionamento: a corrente de dimensionamento é o valor obtido ao aplicar os
fatores de correção na corrente nominal. Os condutores devem ter capacidade de condução de
corrente maior ou igual ao valor da corrente de dimensionamento, conforme as tabelas 36 a 39
da norma da ABNT NBR 5410.

Determinado o condutor adequado através das tabelas 36 a 39 da norma da ABNT NBR 5410, deve ser
avaliado se esse condutor atende aos demais critérios de dimensionamento, que veremos a seguir.

5.2.2 QUEDA DE TENSÃO ADMISSÍVEL

Queda de tensão admissível é o valor máximo aceitável de queda (declínio) da tensão nominal de um
circuito, entre a fonte de alimentação e os terminais da carga.
Após o dimensionamento do condutor pelo critério da capacidade de condução de corrente, deve ser
verificado se a queda de tensão, em qualquer ponto de utilização da instalação, está dentro dos limites
estabelecidos pela norma da ABNT NBR 5410.
A tabela seguinte apresenta os limites de queda de tensão estabelecidos pela ABNT NBR 5410.

Queda de tensão Trecho aplicado Comentários

7% Calculados a partir dos terminais No caso de transformador de propriedade


secundários do transformador MT/BT. da unidade consumidora.

Calculados a partir dos terminais


7% Quando o ponto de entrega for aí
secundários do transformador MT/BT
localizado.
da empresa distribuidora de
eletricidade.

Calculados a partir do ponto de Nos demais casos de ponto de entrega com


5% entrega. fornecimento em tensão secundária de
distribuição.
Calculados a partir dos terminais de No caso de grupo gerador próprio.
7%
saída do gerador.

Tabela 7 - Limites de queda de tensão estabelecidos pela ABNT NBR 5410


Fonte: ABNT NBR 5410, 2004, 2008.
Investimento inicial
Payback = DMÁX no Período
Ganho ou Retorno
FD = 5 Projetos de instalações elétricas industriais
PINS 73
DMÁX
FD =
PINSx P
PABS = FU N

P
Dem = FU x P
Veja um exemplo: o circuito de alimentação ABS
MÁX 322,17
220 V deN uma carga em uma indústria, com transforma-
FD = = = 0,89
dor próprio alimentado pela concessionária, poderáPINS ter361,92
uma queda de tensão admissível de 15,4 V (7% de
220 V). Isso significa que a tensão nos terminaisDda carga pode ser, no mínimo, 204,6 V.
322,17
MÁX
FD = = = 0,89
PINS D361,92são permitidas para equipamentos com cor-
Quedas de tensão maiores que as indicadas anteriormente
MÉD
FC =
rente de partida elevada, durante o período de partida, desde que dentro dos limites permitidos em suas
DMÁX
normas respectivas, conforme a norma da ABNT NBR 5410.
DMÉD
FC = I
A queda de tensão pode ser determinada pelas seguintes
Idim = Dn MÁX xequações:
FS
Ft x Fa x Fr
Corrente Alternada
In
Idim = x FS
V =N F x F
I n t (R cos
a
x F r + Xsen ) L

Corrente Contínua V =N VI n = (2R cos


I n +RXsen
L ) L

V =I cc2× (TIe n)1/ 2 R L


S≥ 1/ 2
⎛ ⎛ 234 + T f ⎞ ⎞
0,34 × ⎜⎜ log⎜⎜ 1/ 2 ⎟⎟ ⎟
Onde:
S≥
I
⎝ ⎝ cc × (T
234
e ) + Ti ⎠⎠

1/ 2
Δ V– Máxima queda de tensão (V); ⎛ ⎛ 234 + T f ⎞ ⎞
0,34 × ⎜⎜ log⎜⎜ ⎟⎟ ⎟

N – 3 para sistema trifásico e 2 para sistemas
⎝ 234 + T
⎝monofásicos;i ⎠⎠
Ip = In × ( Ip/In )
L – Comprimento do circuito (km);
I n – Corrente nominal (A); Ip =I ≥In I× ×( IFp/In )
f n p
X – Reatância do condutor (W/km);
I ≤I
R – Resistência do condutor (W/km); If ≥ If n × zFp
φ – Ângulo do fator de potência da carga. d2
Ac= Iπf ≤×Iz
c

4
d2
Os valores de resistência e reatância devem serπ encontrados
Ac= ×
c nos catálogos dos fabricantes de condu-
tores. 4

Se a queda de tensão calculada estiver dentro dos limites definidos, o cabo atende ao critério da queda
de tensão. Caso contrário, deve ser adotado um cabo com seção nominal superior até que os valores obti-
dos atendam aos limites estabelecidos de queda de tensão.
INS

PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS


74 PABS = FU x PN

DMÁX 322,17
FD = = = 0,89
PINS 361,92
5.2.3 CAPACIDADE DE CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO
DMÉD
FCcritérios
Uma vez dimensionados os condutores pelos = de capacidade de condução de corrente e queda
DMÁX
de tensão admissível, deve ser verificado se o condutor suporta a corrente de curto-circuito no ponto da
instalação. I n
Idim = xF
Os condutores suportam conduzir uma corrente
Ft x de
Fa xcurto-circuito
Fr S por um breve tempo, desde que se-
jam dimensionados e especificados de acordo com a corrente de falta naquele ponto. Caso contrário, o
condutor poderá ter sua isolação comprometida e, consequentemente, a segurança dos usuários e dos
equipamentos. V = N I n (R cos + Xsen ) L
A corrente de dimensionamento pode ser calculada com base na seguinte equação:
V = 2 In R L

1/ 2
I cc × (Te )
S≥ 1/ 2
⎛ ⎛ 234 + T f ⎞⎞
0,34 × ⎜⎜ log⎜⎜ ⎟⎟ ⎟

⎝ ⎝ 234 + Ti ⎠⎠

Onde: Ip = In × ( Ip/In )
S – Seção do condutor (mm2);
If ≥ In × F(kA);
ICC – Máxima corrente de curto-circuito na instalação p

Te – Tempo de eliminação de defeito ou curto-circuito (s);


If ≤ Iz
T f – Temperatura máxima de curto-circuito suportada pela isolação do condutor (°C);

-- 160°C para cabos de PVC;


dc2
Ac= π ×
4
-- 250°C para cabos de EPR;

Ti – Temperatura máxima admissível pelo condutor em regime normal de operação (°C);


-- 70°C para cabos de PVC;
-- 90°C para cabos de EPR.

Após definir a seção do condutor mais adequado nos três critérios, capacidade de condução de corren-
te, queda de tensão e curto-circuito, deve ser adotada a seção nominal maior entre as três.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
75

5.2.4 OUTROS CRITÉRIOS

Com base nos três critérios, capacidade de condução de corrente, queda de tensão e curto-circuito, o
condutor já pode ser definido. Mas existem outros critérios que podem ser aplicados, é o que veremos a
seguir.

SEÇÃO MÍNIMA E MÁXIMA

A norma da ABNT NBR 5410 define como #2,5 mm2 a seção mínima para condutores de circuitos de
força e #1,5 mm2 a seção para circuitos de iluminação. Algumas indústrias são mais rigorosas do que a
ABNT NBR 5410, estabelecendo limites mínimos de #2,5 mm2 para circuitos de iluminação e #4,0 mm2 para
circuitos de força.
A instalação e a manutenção de condutores com seções transversais mais significativas são indesejadas
devido ao peso desses condutores e por serem pouco flexíveis. Em função disto, algumas indústrias limi-
tam o uso desses condutores estabelecendo seções máximas para os condutores de força, por exemplo,
#185 mm2, #240 mm2 ou #300 mm2.

CUSTO-BENEFÍCIO

Após ter definido tecnicamente o condutor mais adequado, pode ser avaliado também o custo-benefí-
cio da utilização daquele condutor. Por exemplo, um condutor com isolação em PVC pode ser mais barato
do que um condutor com isolação em EPR, mas ele possui uma capacidade de condução de corrente in-
ferior. Em algumas situações é possível optar por um condutor com isolação em EPR com seção nominal
inferior ao de PVC, pois sua capacidade de corrente atende às condições de instalação.
Outro exemplo, a adoção de um condutor com a seção nominal superior ao definido nos cálculos de
capacidade de condução de corrente, queda de tensão e curto-circuito pode representar uma redução das
perdas técnicas do circuito, causadas pelo efeito Joule. Porém, deve ser avaliada a viabilidade de adotar
um condutor com seção nominal superior, que tem um custo maior, mas proporcionará uma redução de
perdas maior gerando uma economia para indústria.

Para mais informações sobre o dimensionamento econômico e ambiental de condu-


SAIBA tores elétricos de potência, recomendamos a leitura da norma da ABNT NBR 15920
MAIS (Cabos elétricos - Cálculo da corrente nominal - Condições de operação - Otimização
econômica das seções dos cabos de potência).

O dimensionamento dos condutores de média tensão é similar ao dimensionamento dos condutores


de baixa tensão, mas são definidos pela norma da ABNT NBR 14039. Lembre-se de analisar as condições
técnicas, de segurança, ambientais e econômicas sempre que for dimensionar e especificar um condutor
elétrico.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
76

Veja exemplos e mais detalhes sobre o dimensionamento de condutores elétricos no material sobre
instalações elétricas prediais. No próximo tópico serão abordados os dispositivos utilizados para proteção
dos condutores e demais componentes das instalações elétricas.

5.3 Dimensionamento de Dispositivos de Proteção

Os dispositivos de proteção visam garantir a segurança dos usuários, condutores e equipamentos das
instalações elétricas, protegendo contra sobrecarga e curto-circuito.
Na área industrial os dispositivos de proteção mais utilizados são os disjuntores, os relés térmicos e os
fusíveis. Abordaremos neste tópico um exemplo de dimensionamento de fusível para proteção de motor.
Fusível é um componente elétrico composto por um corpo em material isolante, que envolve um con-
dutor constituído de um material que se funde ao conduzir uma corrente de falta (sobrecarga ou curto-
-circuito), abrindo o circuito e interrompendo a condução da corrente de falta.

Figura 22 -  Fusíveis retardados tipo NH


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Para proteção contra curto-circuito em semicondutores ou equipamentos eletrônicos, como retifica-


dores e inversores de frequência, recomenda-se a utilização dos fusíveis ultrarrápidos. Enquanto que para
proteção contra sobrecarga e curto-circuito em condutores e aplicações gerais, recomenda-se a utilização
dos fusíveis retardados, que possuem um tempo de atuação mais prolongado.
In
Idim = x FS 5 Projetos de instalações elétricas industriais 77
Ft x Fa x Fr

V =N In (R cos + Xsen ) L

V o=seguinte
O dimensionamento do fusível deve seguir 2 I n roteiro:
R L
a) Verificar a corrente e o tempo de partida do motor
1/ 2
I cc × (Te )
S ≥ a corrente de partida do1 / 2motor durante o tempo de partida. Os
O fusível dimensionado deve suportar
valores do tempo de partida e da relação Ip/In são T f ⎞catálogos
⎛ 234 +nos
⎛ obtidos ⎞ de fabricantes de motores. Para
0,34 × ⎜⎜ log⎜⎜ ⎟⎟ ⎟

+ Ti ⎠ ⎠
⎝ 234equação:
calcular a corrente de partida, deve-se utilizar a ⎝seguinte

Ip = In × ( Ip/In )

Onde: If ≥ In × Fp

In – Corrente nominal do circuito; If ≤ Iz


Ip – Corrente de partida do motor.
dc2
Ac= π ×
4
De posse dos valores do tempo e da corrente de partida, deve ser traçado o ponto no gráfico das curvas
de tempo x corrente do tipo de fusível a ser utilizado. O ponto obtido no gráfico servirá de referência para
definir a curva do fusível a ser adotado, que deve ser a curva imediata superior ao ponto definido. Será
ilustrado um exemplo mais à frente.
Caso o ponto no gráfico coincida sobre a linha de uma das curvas, deve ser adotado o fusível dessa cur-
va. Nunca deve ser adotado um fusível com curva abaixo do ponto de partida, pois o fusível poderá atuar
durante a partida do motor.
b) Verificar a corrente de projeto do circuito
O fusível deve permitir a condução da corrente nominal do circuito, podendo ser acrescida de um fator
de projeto. Esse fator é adotado por alguns projetistas conservadores com o intuito de garantir uma maior
vida útil dos componentes da instalação. Ou seja, é uma margem de segurança. Normalmente é adotado
um fator de 1,2 (20% acima da corrente nominal), mas essa prática não é obrigatória.

A adoção de um fator de projeto é recomendada apenas para proteção de alimenta-


FIQUE dores de cargas não motóricas. Para proteção de circuitos de motores, recomenda-se
ALERTA que a corrente nominal do fusível seja a mais próxima possível da corrente nominal
do motor.
VABS= 2 I n N R L
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
78 1/ 2
DMÁXI cc × (T322,17
e)
S ≥FD = = = 0,89
1/ 2
P⎛ INS ⎛ 234361,92
+ Tf ⎞⎞
0,34 × ⎜⎜ log⎜⎜ ⎟⎟ ⎟

⎝ ⎝ 234 + Ti ⎠⎠
DMÉD
FC =
DMÁX a seguir:
A corrente nominal do fusível (If) deve atender à expressão
Ip = In × ( Ip/In )
In
Idim = x FS
If ≥FtIxn ×
FaFx Fr
p

If ≤ Iz
Onde: V =N In (R cos + Xsen ) L

In – Corrente nominal do circuito;


dc2
= π2× I
VAc= 4n R L
If – Corrente nominal do fusível;
Fp – Fator de projeto. 1/ 2
I cc × (Te )
S≥ 1/ 2
⎛ ⎛ 234 + T f ⎞ ⎞
0,34 × ⎜⎜ log⎜⎜ ⎟⎟ ⎟

c) Verificar a capacidade de condução de corrente
⎝ 234do
+ condutor
T ⎠⎠ e a corrente convencional de fusão
⎝ i
do fusível
Primeiramente deve ser dimensionado o condutor, conforme estudamos no tópico anterior. Em segui-
da, deve ser verificado mais este critério, poisIpa=corrente
In × ( Ip/I )
nominal
n do fusível (If) deve ser inferior à capacida-
de de condução de corrente dos condutores do circuito (Iz). Ou seja:

If ≥ In × Fp

If ≤ Iz

dc2
Onde: Ac= π ×
4
If – Corrente nominal do fusível;
Iz – Capacidade de condução de corrente dos condutores do circuito.

Outro critério que deve ser verificado em função da capacidade de condução de corrente dos condu-
tores do circuito (Iz) é a corrente convencional de fusão dos fusíveis (I2), que deve ser inferior ou igual à
corrente que elevaria a temperatura do condutor até (praticamente) a temperatura limite de sobrecarga
(1,45Iz) durante um tempo, no máximo, igual ao tempo convencional (tc).
Os valores de I2 e tc são definidos pela tabela seguinte, conforme a norma da ABNT NBR IEC 60269-1.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
79

Fusíveis I2 tc (h)
If ≤ 63 A 1,6 If 1

63 A < If ≤ 160 A 1,6 If 2

160 A < If ≤ 400 A 1,6 If 3

400 A < If 1,6 If 4

Tabela 8 - Corrente e tempo convencional de fusão dos fusíveis


Fonte: ABNT NBR IEC 60269-1, 2014.

Na tabela anterior pôde-se constatar que é aceitável uma sobrecarga de 60% da corrente nominal do
fusível por um período de até 1 hora para fusíveis inferiores ou iguais a 63 A, por exemplo.
Com isso, podemos definir que:

I2 ≤ 1,45 × Iz, como I2 ≤ 1,6 If, então: 1,6 × If ≤ 1,45 × Iz


Onde:
If – Corrente nominal do fusível;
Iz – Capacidade de condução de corrente dos condutores do circuito;
I2 – Corrente convencional de fusão do fusível.

d) Definir o dispositivo
Com base nos critérios expostos anteriormente, deve-se adotar o fusível com a corrente nominal que
atenda simultaneamente a esses quatro critérios, que estão resumidos a seguir.
4 critérios:
-- Curva tempo x corrente adequada a partida do motor;
-- If ≥ In × Fp;
-- If ≤ Iz;
-- 1,6 × If ≤ 1,45 × Iz.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
80

Atendendo a esses quatro critérios, o fusível estará devidamente dimensionado e a instalação protegi-
da contra sobrecarga e curto-circuito.

Exemplo: Vamos dimensionar um fusível para um motor de acordo com os dados a seguir:
P = 5,5 kW / V = 220 V / In = 19,1 A / Ip/In = 8,0 / tp = 3 s;
Condutor: 6,0 mm2 (EPR) / Iz = 48 A;

Onde:
P – Potência;
V – Tensão nominal;
tp - Tempo de partida do motor.

Verificando a corrente e o tempo de partida:

Ip = In × (Ip/In) = 19,1 × 8,0 = 152,8 A @ 3s

Analisando o gráfico seguinte, para uma corrente de partida de 152,8 A e um tempo de 3s, pode-se ob-
servar que a curva imediata após o ponto de partida do motor é a curva do fusível de 35 A. Vale ressaltar o
gráfico de curvas tempo x corrente dos dispositivos de proteção é elaborado em escala logarítmica.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
81

Curva Tempo x Corrente dos fusíveis NH gL/gG

224 A
300 A
355 A
425 A
100 A
125 A
160 A
200 A
250 A
315 A
400 A
500 A
630 A
10 A
16 A
20 A
25 A
35 A
50 A
63 A
80 A
4A

6A
10.000

1.000
Tempo de fusão médio (s)

100

10

3
1

0,1

0,01

0,001
1 10 100 152,8 1.000 10.000 100.000

Corrente (valor eficaz) (A)

Gráfico 1 -  Curvas de tempo x corrente – fusíveis retardados tipo NH


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Após verificar a corrente de partida do motor no gráfico anterior, deve ser avaliado em seguida se o
fusível obtido através da curva atende aos outros critérios.

Verificando a corrente de projeto do circuito: If ≥ In × Fp = 19,1 × 1,2 = 22,92 A


Como If (35 A) ≥ In x Fp (22,92 A), o fusível de 35 A também atende a este critério.
Verificando a capacidade de condução de corrente do condutor:
If ≤ Iz 35 ≤ 48
Logo, o fusível de 35 A também atende a este critério.
Verificando a corrente convencional de fusão do fusível:
I2 ≤ 1,45 × Iz 1,6 × If ≤ 1,45 × Iz
1,6 × 35 ≤ 1,45 × 48 56 ≤ 69,6
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
82

Logo, o fusível de 35 A também atende a este critério.


Conclusão: Como o fusível de 35 A atendeu simultaneamente a todos os critérios, este é o fusível mais
adequado para proteção do motor nas condições apresentadas no exemplo.
Ressaltamos que neste exemplo abordamos apenas o dimensionamento de fusíveis, que são destina-
dos à proteção de curto-circuito. No entanto, os motores também precisam de proteção de sobrecarga,
desempenhada pelo relé térmico, que também deve ser dimensionado pelo projetista.
Utilize sempre fusíveis de qualidade e nunca instale um fusível sem se certificar de que aquele é o tipo
de fusível mais adequado à sua aplicação e que ele está devidamente dimensionado. Com isso, você irá
garantir a segurança das instalações e dos usuários.
O dimensionamento de disjuntores segue um procedimento similar como estudamos no conteúdo
sobre projetos elétricos prediais. Revise o conteúdo para relembrar o procedimento.

SAIBA Para o dimensionamento de dispositivos de proteção e comando em instalações elé-


tricas, assim como estudos de coordenação e seletividade, recomendamos o uso do
MAIS software DOC da ABB.

Estudamos neste tópico o dimensionamento dos condutores e dos dispositivos de proteção para os
condutores e demais componentes. No próximo, estudaremos o dimensionamento das eletrocalhas e dos
eletrodutos utilizados para instalação dos condutores.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
83

5.4 Dimensionamento de CONDUTOS (Eletrocalhas E Eletrodutos)

Condutos são os elementos destinados à instalação e proteção mecânica dos condutores elétricos, por
exemplo, eletrodutos, canaletas, perfilados, eletrocalhas, leitos e outros.
As determinações e características da instalação de condutos são definidos pelas normas da ABNT NBR
5410 e a ABNT NBR 14039. A fabricação e as características mínimas dos condutos são determinadas por
normas específicas para cada tipo.

Figura 23 -  Condutos em uma instalação industrial


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Devido à grande variedade de condutos, existem diversas normas relacionadas a este tema, como os
exemplos citados a seguir:
-- ABNT NBR 15465 - Sistemas de eletrodutos plásticos para instalações elétricas de baixa tensão – Requisitos
de desempenho;
-- ABNT NBR 5597 - Eletroduto de aço-carbono e acessórios, com revestimento protetor e rosca NPT –
Requisitos;
-- ABNT NBR 5598 - Eletroduto de aço-carbono e acessórios, com revestimento protetor e rosca BSP –
Requisitos;
-- ABNT NBR IEC 61084 - Sistemas de canaletas e condutos perfilados para instalações elétricas – Partes 1 e 2.

No tópico seguinte veremos algumas das determinações e exigências das normas da ABNT para os
condutos.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
84

5.4.1 REQUISITOS GERAIS PARA CONDUTOS

Requisitos são exigências, determinações ou recomendações das normas técnicas para determinado
tema. Neste caso, para instalação de condutos.
Nos itens seguintes constam alguns requisitos gerais que devem ser aplicados em todos os condutos:
a) Os condutores vivos (fase e neutro) de um mesmo circuito devem ser instalados em um mesmo
conduto;
b) É vedada a instalação isolada de apenas uma fase de um circuito trifásico em um eletroduto de
aço. Recomenda-se a instalação das 3 fases e do neutro no mesmo eletroduto;
c) Os condutores de baixa tensão não devem ser instalados nos mesmos condutos que os condu-
tores de tensão acima de 1000 V;
d) Condutos fechados só podem conter condutores de mais de um circuito no caso dos circuitos
de força, comando e/ou sinalização de um mesmo equipamento. Ou quando as quatro condições
seguintes forem atendidas simultaneamente:
-- Todos os circuitos tiverem origem de um mesmo dispositivo geral de manobra e proteção;
-- As seções dos condutores de fase estiverem em um intervalo de três valores padronizados suces-
sivos. Por exemplo, uma canaleta com cabos nas seções de #4,0 mm², #6,0 mm² e #10,0 mm²;
-- Os condutores devem ter a mesma temperatura máxima para serviço contínuo;
-- Todos os condutores devem ter isolação para o nível de tensão mais alta presente no conduto.

5.4.2 Condutos x Condutores

Para otimizar a instalação e ter um dimensionamento adequado é fundamental efetuar uma boa dis-
tribuição dos circuitos por condutos, assim como escolher o conduto mais adequado em função da seção
nominal e da quantidade de condutores.
Por exemplo, para um trecho em que serão agrupados dois circuitos com seções de #2,5 mm2 é mais
prudente utilizar eletrodutos. Por outro lado, para uma instalação com 10 circuitos de #25 mm2, 4 circuitos
de #50 mm2 e 6 circuitos de #70 mm2, é mais adequado utilizar leitos, eletrocalhas ou outro conduto que
comporte uma quantidade maior de condutores ao invés de utilizar vários eletrodutos.
A escolha adequada do conduto e uma boa distribuição dos circuitos proporciona uma instalação mais
limpa e facilita a manutenção.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
85

Figura 24 -  Eletrodutos instalados em suporte metálico


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

A figura anterior ilustra um exemplo não recomendado de instalação devido à grande quantidade de
eletrodutos utilizados que poderiam ser substituídos por uma ou mais eletrocalhas de dimensões adequa-
das. Pela imagem pode-se imaginar a dificuldade de acesso do último eletroduto do nível inferior em caso
de manutenção, o que não ocorreria caso fosse utilizada uma eletrocalha.
Para dimensionar um conduto deve ser considerado nos cálculos o diâmetro externo nominal dos con-
dutores incluindo a isolação. A imagem seguinte ilustra o diâmetro externo de um condutor.

Figura 25 -  Ilustração do diâmetro externo de um condutor


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
86

5.4.3 DIMENSIONAMENTO DE ELETROcalhas

Eletrocalha é um tipo de conduto em forma de “U” ou calha com tampa e com seção transversal em
formato retangular. Quando a eletrocalha não tem tampa é também denominada de bandeja.
A tampa da eletrocalha pode ser reta ou inclinada com “duas águas”. O termo “água” é utilizado nesse
contexto para representar uma das superfícies planas e inclinadas que compõem um telhado ou cobertura.
As tampas são utilizadas como uma proteção adicional aos condutores, principalmente em locais desabri-
gados para proteger da ação de agentes como sol, chuva, queda de objetos, produtos químicos e outros.
A tampa com “duas águas” indicada para evitar o acúmulo de água pluvial ou outros líquidos sobre a
superfície e as eletrocalhas perfuradas permite uma melhor ventilação dos condutores, porém em locais
com partículas sólidas em suspensão, como a poeira, permitem um acúmulo dessas partículas sobre os
condutores.
Ao dimensionar e especificar uma eletrocalha, o projetista deve levar em consideração as características
do ambiente local, o peso dos condutores, facilidade de manutenção, dentre outros. Com base nesses as-
pectos, poderá especificar o tipo e o material mais adequado e a utilização de tampa ou não.

Tipos e características de eletrocalhas

As eletrocalhas são fabricadas em materiais como aço galvanizado, aço inox, fibra de vidro, dentre ou-
tros.
As imagens seguintes são exemplos de eletrocalhas lisas ou perfuradas, com tampa reta ou tampa com
“duas águas”.

Eletrocalha lisa Eletrocalha perfurada

Eletrocalha lisa Eletrocalha perfurada


com tampa reta com tampa “duas águas”

Figura 26 -  Eletrocalhas lisas e perfuradas com e sem tampa


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
87

Na tabela seguinte constam algumas características técnicas de eletrocalhas lisa ou perfurada, de aço
galvanizado.

Dimensões Dimensões
nominais Espessura internas
Área útil
da parede
Largura Altura Largura Altura (mm2)
(mm)
(mm) (mm) (mm) (mm)
50 50 2 46 48 2208
100 50 2 96 48 4608
100 100 2 96 98 9408
150 50 2 146 48 7008
150 100 2 146 98 14308
200 50 3 194 47 9118
200 100 3 194 97 18818
300 50 3 294 47 13818
300 100 3 294 97 28518
400 100 4 392 96 37632
500 100 4 492 96 47232
600 100 4 592 96 56832

Tabela 9 - Eletrocalhas de aço galvanizado


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

As eletrocalhas de aço galvanizado são recomendadas para instalações comerciais ou industriais abri-
gadas ou ao tempo em locais sem atmosfera corrosiva.
Para ambientes industriais expostos à corrosão atmosférica severa, por exemplo, em instalações lito-
râneas ou industriais com atmosfera agressiva devem ser empregados condutos e acessórios fabricados
com materiais em alumínio, aço inox ou fibra de vidro. Esses materiais possuem uma maior resistência à
corrosão e, por isso, são recomendados para tais instalações.
Uma rede elétrica com eletrocalhas, bandejas e leitos é denominada de sistema de bandejamento.
Os sistemas de bandejamento devem ser aplicados em locais com demandas significativas de cabos, por
exemplo, em subestações ou dentro de unidades industriais. A figura seguinte ilustra o encaminhamento
de um sistema de bandejamento.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
88

Figura 27 -  Sistema de bandejamento em área industrial


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Nos trechos principais do sistema de bandejamento, onde existir mais de um nível de tensão, os circui-
tos devem ser agrupados em condutos separados pelo nível de tensão. Por exemplo, uma bandeja para os
cabos de 120 V, uma para os cabos de 480 V e uma para os cabos de 13,8 kV.
As bandejas deverão ser dispostas de forma que a bandeja com menor nível de tensão seja instalada
na parte superior e a bandeja com o maior nível de tensão seja instalada na parte inferior, espaçadas com
distância mínima de 300 mm entre elas. Veja a ilustração na imagem seguinte.

300mm

300mm

Figura 28 -  Disposição das eletrocalhas ou leitos por nível de tensão


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

A imagem anterior é um exemplo típico de instalação de eletrocalhas em três níveis, que podem ser
sustentadas no teto de uma instalação por um sistema de suportes. Veremos a seguir mais informações
sobre a instalação de eletrocalhas.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
89

Prescrições para Eletrocalhas

Prescrições são critérios, regras ou regulamentações técnicas que devem ser aplicados às instalações.
Nos itens seguintes constam algumas prescrições que devem ser aplicadas quanto à instalação de eletro-
calhas:
-- Os meios de fixação das eletrocalhas devem ser projetados e instalados de forma que não danifiquem
ou comprometam o desempenho dos condutores. Eles devem suportar sem danos as influências ex-
ternas a que forem submetidos;
-- Deve ser assegurado que o esforço de tração9 imposto pelo peso dos cabos não resulte em defor-
mação ou ruptura dos condutores;
-- Os cabos devem ser dispostos, preferencialmente, em uma única camada. Cabos unipolares de um
mesmo circuito trifásico (de fases distintas) devem ser unidos com abraçadeiras em formação trian-
gular (trifólio) e dispostos como se fossem um cabo tripolar;
-- Os condutores instalados em eletrocalhas devem ser isolados;
-- Os condutores podem ser emendados ao longo das eletrocalhas desde que sejam devidamente isola-
das as partes vivas;
-- O percurso do sistema de bandejamento deve evitar a passagem próxima de equipamentos que apre-
sentem probabilidade de ocorrência de fogo, como pontos de descarga de bomba;
-- Deve ser previsto o aterramento do sistema de bandejamento através do lançamento de um cabo de
cobre nu ao longo de todo o percurso, conectando a todas as partes do sistema de bandejamento
através de conectores. O cabo deverá ser interligado à malha de aterramento nas extremidades e, no
máximo, a cada 50 metros;
-- Os cabos devem ser devidamente identificados no início, durante e no final do percurso;
-- As eletrocalhas devem ser instaladas em locais de fácil acesso de forma a permitir uma fácil manutenção.

A norma da ABNT NBR 5410 define uma taxa de ocupação para eletrodutos, mas não há uma definição
para taxa de ocupação de eletrocalhas, leitos e similares. A taxa de ocupação é dada pela razão entre a
soma das áreas das seções transversais dos condutores e a área útil da seção transversal da eletrocalha.
Na prática, são adotados fatores de projeto definidos pelo projetista ou por padrões internos do usuário
das instalações para definir a taxa de ocupação. Os fatores ou taxa de ocupação adotada deve garantir a
instalação ou retirada dos condutores com facilidade e permitir uma expansão futura, caso aplicável. Vere-
mos nos próximos tópicos mais detalhes sobre a taxa de ocupação.

9  Tração: ação de uma força aplicada sobre um objeto ou superfície na direção perpendicular.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
90

Roteiro de Dimensionamento DE ELETROCALHAS

Será apresentado a seguir um roteiro orientativo para o dimensionamento de eletrocalhas, que tam-
bém pode ser aplicado para leitos e bandejas, desde que sejam utilizadas nos cálculos as dimensões inter-
nas dos condutos.
O dimensionamento das eletrocalhas pode ser realizado seguindo os seguintes passos:
a) Levantamento dos circuitos e condutores;
b) Calcular a seção nominal de cada condutor;
c) Calcular a seção total ocupada pelos condutores;
d) Calcular a seção útil mínima da eletrocalha;
e) Adotar uma eletrocalha conforme tabela;
f) Registrar em memória de cálculo.

Esses itens serão abordados a seguir com mais detalhes com base em um exemplo.
a) Levantamento dos circuitos e condutores
Deve ser feito um levantamento de quais circuitos serão instalados na eletrocalha, qual a seção e a
quantidade de condutores.
Exemplo: A tabela seguinte representa a lista de cabos que serão instalados na eletrocalha que será
dimensionada.

Seção nominal (mm²) Diâmetro externo (mm) Nº de cabos


1x1/C# 35 12 3
1x1/C# 150 21 3
1x1/C# 185 23,5 3
1x3/C# 25 22 4
1x3/C# 35 24,5 4
1x3/C# 50 28,5 1

Tabela 10 - Lista de cabos


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
91

b) Calcular a seção nominal de cada condutor


Nesta etapa deve ser calculada a área da seção transversal de cada cabo considerando o diâmetro ex-
terno, com a fórmula seguinte:
2
dc
Ac = π ×
4

Onde:
Ac – Área da seção transversal do cabo (mm2);
dc – Diâmetro externo do cabo (mm).
Exemplo: A tabela seguinte apresenta o resultado dos cálculos da seção nominal de cada condutor.

Seção nominal (mm²) Diâmetro externo (mm) Seção (mm²)


1x1/C# 35 12 113,1
1x1/C# 150 21 346,4
1x1/C# 185 23,5 433,7
1x3/C# 25 22 380,1
1x3/C# 35 24,5 471,4
1x3/C# 50 28,5 637,9

Tabela 11 - Cálculo da seção nominal de cada condutor


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

c) Calcular a seção total ocupada pelos condutores


Após calcular a seção de cada condutor individualmente deve ser feito um somatório da área da seção
transversal de todos os cabos que serão encaminhados na eletrocalha.
Act = Ac1 + Ac2 + ... + Acn
Onde:
Act – Área da seção transversal total ocupada por todos os cabos (mm2);
Ac1...n – Área da seção transversal individual de cada cabo (mm2).
Se o conduto a ser dimensionado estiver em um trecho importante da instalação ou houver possibili-
dade de expansão futura, deve ser aplicado um fator de projeto sobre a seção total dos condutores. Por
exemplo, para prever uma instalação futura de mais 20% de cabos, deve ser aplicado um fator sobre a
seção total dos cabos, conforme a fórmula seguinte.
Act+r = Act + Fr x Act = Fr x Act
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
92

Onde:
Act – Área da seção transversal total ocupada por todos os cabos (mm2);
Act+r – Área da seção transversal total ocupada por todos os cabos (mm2) acrescido de um fator de re-
serva;
Fr – Fator de reserva (instalação futura).
Se Fr igual a 20% ou 0,2:
Act+r = Act + 0,2 x Act = 1,2 x Act

A imagem seguinte ilustra a instalação de 3 circuitos trifásicos com cabos unipolares em trifólio e 5
circuitos de cabos multipolares em uma eletrocalha. Neste exemplo foi prevista uma seção reserva para
instalação futura de cabos. Para um fator de reserva (Fr) de 0,3, por exemplo, essa seção deve corresponder
a 30% da área útil da eletrocalha.

CABO UNIPOLAR CABOS MULTIPOLARES


EM TRIFÓLIO

SEÇÃO RESERVA

Figura 29 -  Cabos dispostos em uma eletrocalha com previsão de área reserva


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Exemplo: Seguindo o exemplo, estão indicados na tabela seguinte o resultado dos cálculos da seção
total dos condutores, a seção reserva considerando um fator de 20% e a seção total adicionada da seção
reserva.

Seção Diâmetro Seção Nº de Seção total Seção reserva Seção total +


externo (mm) cabos reserva (mm2)

1x1/C# 35 12 113,1 3 339,3 67,9 407,2


1x1/C# 150 21 346,4 3 1039,1 207,8 1246,9
1x1/C# 185 23,5 433,7 3 1301,2 260,2 1561,5
1x3/C# 25 22 380,1 4 1520,5 304,1 1824,6
1x3/C# 35 24,5 471,4 4 1885,7 377,1 2262,9
1x3/C# 50 28,5 637,9 1 637,9 127,6 765,5
Total geral 6723,8 1344,8 8068.6

Tabela 12 - Cálculo da seção total dos condutores


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
93

d) Calcular a seção útil mínima da eletrocalha


Podemos calcular então a seção mínima da eletrocalha e definir suas dimensões. As dimensões internas
devem ser calculadas em função da área total ocupada pelos cabos com o fator de reserva e da taxa de
ocupação máxima. Como a área máxima permitida para ser ocupada pelos cabos é limitada pela taxa de
ocupação, pode-se deduzir o seguinte:
Act+r = Ael x Tx
Logo,
Act+r Act+r
Ael = = H×L L =
TX H × TX

Onde:
Act+r – Área da seção transversal total ocupada por todos os cabos (mm2) acrescido de um fator de re-
serva;
Ael – Área útil mínima da eletrocalha (mm2);
Tx – Taxa de ocupação máxima permitida;
H – Altura interna mínima da eletrocalha (mm);
L – Largura interna mínima da eletrocalha (mm).

A altura (H) deve ser adotada com base nas dimensões das tabelas dos fabricantes de eletrocalhas. E a
taxa de ocupação deve ser definida pelo projetista como critério do projeto.
Na imagem seguinte estão indicadas a espessura da parede (E), altura (H) e a largura (L) interna de uma
eletrocalha típica. A estrutura mecânica da eletrocalha pode variar por modelo ou fabricante, mas o impor-
tante é o projetista utilizar as dimensões internas nos cálculos.

L E

Figura 30 -  Dimensões internas de uma eletrocalha típica


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
94

Exemplo: Considerando os dados dos cálculos anteriores, temos:


Act = 8068,6 mm2;
Adotando:
Act+r = Ael × Tx
Taxa de ocupação (Tx) igual a 40% ou 0,4 como critério de projeto.
ct+r
A ct+r
A
A altura interna da eletrocalha (H)
A igual
= 97 mm, conforme aL=
=H×L Tabela 7.
el Tx H × Tx

Act+r 8068,6
L= = = 208mm
H × Tx 97×0,4

Logo, a eletrocalha calculada deverá ter dimensões mínimasAinternas


ct
de2 97 mm de altura (H) e 208 mm
Act = Ae × Tx A = π × D e
de largura (L). e
T x 4
e) Adotar uma eletrocalha conforme tabela
Com base na altura (H) adotada e na largura (L)4 mínima
× Act calculada na etapa anterior, pode ser determi-
De=
nada a eletrocalha adequada. Deve ser adotada a eletrocalha
Tx × π com dimensões internas maiores ou iguais às
definidas na etapa anterior, consultando o catálogo dos fabricantes de eletrocalhas ou as normas da ABNT
pertinentes, por exemplo, a NBR IEC 61084 (Sistemas de canaletas e condutos perfilados para instalações
elétricas).
Exemplo: Consultando as características K
da = 0,12 × Wm1 Tabela de Eletrocalhas de aço galvanizado,
S1 eletrocalha na

podemos verificar que a eletrocalha com 97 KS2mm


= 0,12 × Wm2 com largura maior ou igual a 208 mm, é a
de altura,
eletrocalha de 297 mm de largura. Ou seja, a eletrocalha1 especificada deverá ter dimensões nominais de
KS4 = da eletrocalha de aço galvanizado.
100 x 300 mm, conforme a Tabela de características U W
f) Registrar em memória de cálculo
Para finalizar o dimensionamento, o projetista deve registrar os cálculos em uma memória de cálculo
nz tz
LA = LUde= cálculo
que deve compor o projeto. Na memória rt × LT × × em um editor de textos deve conter in-
elaborada
nt 8760
formações como as referências técnicas utilizadas, as premissas adotadas, características das eletrocalhas
utilizadas, resumo dos resultados, dentre outras informações. n t z z
LB = LV = rp × rf × hz× LF × ×
nt elétricas
Depois de ver a importância das eletrocalhas nas instalações 8760 e aprender o roteiro de dimensio-
nar, iremos abordar o dimensionamento de eletrodutos.
nz tz
LC = LM = LW = LZ = LO × ×
nt 8760

LFT = LF + LE
te
LE = LFE×
8760
5 Projetos de instalações elétricas industriais
95

5.4.4 DIMENSIONAMENTO DE ELETRODUTOS

Eletroduto é um tipo de conduto fechado com seção transversal em formato circular muito utilizado em
instalações residenciais, comerciais e industriais.
Os eletrodutos são mais simples e práticos para instalação do que as eletrocalhas, pois requerem estru-
turas de fixação menores e de instalação mais rápida para aplicações envolvendo poucos cabos. No en-
tanto, para instalações com um volume significativo de cabos, recomenda-se a instalação de eletrocalhas
para acomodação dos condutores nos trechos principais e o uso de eletrodutos nas derivações a partir da
eletrocalha.

Figura 31 -  Eletrodutos metálicos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Na imagem anterior temos alguns eletrodutos metálicos que são os mais utilizados na área industrial.
Abordaremos nos próximos tópicos alguns tipos, características, prescrições para instalação e o dimensio-
namento de eletrodutos.

Tipos e características DOS ELETRODUTOS

Os eletrodutos são fabricados em diversos materiais, por exemplo, PVC, alumínio, aço galvanizado e
polietileno de alta densidade (PEAD). Eles podem ser instalados aparentes, embutidos na parede, piso ou
teto. Veja a seguir as características dos tipos mais utilizados na área industrial.
a) Eletroduto de aço-carbono
O eletroduto de aço-carbono com rosca BSP, conforme a norma da ABNT NBR 5598, é um dos mais uti-
lizados em instalações de processo ou produção na área industrial por ter uma boa resistência mecânica.
É recomendável para instalação em áreas industriais, comerciais, para instalação subterrânea em locais de
tráfego de veículos pesados e outros.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
96

Na tabela seguinte constam algumas características técnicas do eletroduto de aço-carbono com rosca
BSP, conforme a norma da ABNT NBR 5598.

Tamanho
nominal Diâmetro Espessura Diâmetro Área
externo da parede interno útil (mm2)
(pol) (mm) (mm) (mm) (mm)

1/2 15 21,30 2,25 16,80 221,67


3/4 20 26,90 2,25 22,40 394,08
1 25 33,70 2,65 28,40 633,47
1 1/4 32 42,40 2,65 37,10 1081,03
1 1/2 40 48,30 3,00 42,30 1405,31
2 50 60,30 3,00 54,30 2315,74
2 1/2 65 76,10 3,35 69,40 3782,76
3 80 88,90 3,35 82,20 5306,81
4 100 114,30 3,75 106,80 8958,44

Tabela 13 - Características do eletroduto de aço-carbono com rosca BSP, conforme a NBR 5598
Fonte: SENAI DR BA, 2018.

b) Eletroduto rígido de PVC rosqueável


O eletroduto rígido de PVC rosqueável é recomendável para instalações administrativas, comerciais e
residenciais. Não é recomendável para instalações industriais por ter uma baixa resistência mecânica.
Na tabela seguinte constam algumas características técnicas do eletroduto rígido de PVC rosqueável
de um fabricante.

Tamanho nominal Diâmetro externo Espessura da parade Diâmetro interno Área útil
(pol) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm2)

1/2 20 20,80 2,20 16,40 211,24


3/4 25 25,90 2,30 21,30 356,33
1 32 32,90 2,70 27,50 593,96
1 1/4 40 41,90 2,90 36,10 1023,54
1 1/2 50 47,90 3,00 41,40 1346,14
2 60 59,00 3,10 52,80 2189,56
2 1/2 75 74,70 3,80 67,10 3536,18
3 85 87,60 4,00 79,60 4976,41
4 100 113,10 5,00 103,10 8348,48

Tabela 14 - Características do eletroduto rígido de PVC rosqueável


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
97

c) Eletroduto corrugado de PEAD


O eletroduto corrugado de polietileno de alta densidade (PEAD) é recomendável para instalações sub-
terrâneas em áreas industriais ou comerciais.

FIQUE Em locais de tráfego de veículos pesados e intenso na superfície, recomenda-se a


proteção mecânica dos eletrodutos de PEAD através de concreto ou a colocação de
ALERTA placas de concreto pré-moldadas entre os eletrodutos e a superfície.

Na tabela seguinte constam algumas características técnicas do eletroduto corrugado de PEAD de um


fabricante.

Tamanho nominal Diâmetro externo Diâmetro interno Área útil


(pol) (mm) (mm) (mm) (mm2)

1 1/4 30 41,30 31,50 779,31


1 1/2 40 56,00 43,00 1452,20
2 50 63,40 50,80 2026,83
3 75 89,00 75,00 4417,86
4 100 124,50 102,00 8171,28

Tabela 15 - Características dos eletrodutos de polietileno de alta densidade (PEAD)


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Na imagem seguinte temos a extremidade de um eletroduto corrugado de PEAD com um cabo de aço
utilizado para guiar os condutores.

Figura 32 -  Eletroduto de polietileno de alta densidade (PEAD)


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
98

O eletroduto corrugado de PEAD possui algumas vantagens para instalações de redes subterrâneas em
comparação com os eletrodutos de aço ou PVC por terem um custo de instalação menor e por serem mais
leves, o que facilita o transporte e a instalação.
d) Eletroduto de alumínio
Os eletrodutos de alumínio são outro tipo muito utilizado em instalações de processo ou produção
na área industrial. Eles possuem uma resistência mecânica um pouco menor do que os eletrodutos de
aço-carbono, mas tem uma maior resistência à corrosão. São recomendados para instalações em locais
expostos à corrosão atmosférica severa, por exemplo, instalações litorâneas ou industriais com atmosfera
agressiva.

Prescrições para EletroDUTOS

A norma da ABNT NBR 5410 estabelece algumas prescrições que devem ser aplicadas quanto à instala-
ção de eletrodutos, conforme citados a seguir:
-- É vedada a utilização, como eletrodutos, de produtos que não sejam expressamente apresentados e
comercializados como eletrodutos. Por exemplo, o uso de canos ou mangueiras hidráulicas;
-- Devem ser constituídos de materiais que não propagam chama;
-- Em instalação embutida, só podem ser aplicados eletrodutos que suportem os esforços de defor-
mação característicos da técnica construtiva utilizada;
-- Os eletrodutos devem ser adequados para suportar as solicitações mecânicas, elétricas, químicas e
térmicas que forem submetidos;
-- Os condutores instalados em eletrodutos devem ser isolados. Exceto em aplicações de eletroduto
para proteção mecânica de condutores de aterramento;
-- Os trechos retos de eletrodutos sem caixas ou equipamentos interligados não devem ultrapassar 15
metros de comprimento para instalações internas e 30 metros para instalações externas. Se os trechos
incluírem curvas, o limite de 15 metros e o de 30 metros devem ser reduzidos em 3 metros para cada
curva de 90°;
-- As caixas de derivação devem ser instaladas em locais de fácil acesso;
-- Os condutores não podem ser emendados no interior de eletrodutos. As emendas ou derivações de-
vem ser realizadas no interior de caixas;
-- Para permitir a instalação ou retirada dos condutores com facilidade, a taxa de ocupação do elet-
roduto, dada pela razão entre a soma das áreas das seções transversais dos condutores e a área útil da
seção transversal do eletroduto, deve atender à tabela seguinte:
5 Projetos de instalações elétricas industriais
99

Número de condutores Taxa máxima de ocupação


1 53%
2 31%
3 ou mais nz 40%
LB = LV = rp × rf × LF ×
nt
Tabela 16 - Taxa máxima de ocupação dos eletrodutos por número de cabos
Fonte: ABNT NBR 5410, 2004, 2008.
nz
LC = LM = LW = LZ = LO ×
nt

cz
LB = LV = rp × rf × LF ×
ct
Roteiro de Dimensionamento DE ELETRODUTO

O dimensionamento de eletrodutos é similar ao dimensionamento de eletrocalhas, alterando apenas o


ca*
cálculo da seção útil mínima do conduto.
LA =Para
LU =definir
rt × LT a
× eletrocalha adotamos uma das dimensões e calcu-
ct
lamos a outra dimensão em função da seção total ocupada pelos condutores. Enquanto que, para definir o
eletroduto, calculamos o diâmetro interno mínimo do eletroduto em
(ca + cb +cc +cs
)*função da seção total ocupada pelos
LB = LV = rp × rt × LF ×
condutores. ct

Veja a seguir o roteiro simplificado. Para os itens de “a” até c“c”


s
* reveja o roteiro de dimensionamento de
LC = LM = LW = LZ = LO ×
eletrocalhas, pois são iguais. c t

a) Fazer levantamento dos circuitos e condutores;


L = L + LE
b) Calcular a seção nominal de cada condutor;
FT F

ce
c) Calcular a seção total ocupada pelos Lcondutores;
E
= LFE×
c t

d) Calcular o diâmetro interno do eletroduto.


Act+r = Ael × Tx
PAT Q
= cos (ARCTG
FP = cos A
Ф=
ct+r Pem P ct+r A)
Calcula-se o diâmetro interno doAeletroduto
=
AP função da área AT
=H×L L= total ocupada pelos cabos e da taxa de
el T
ocupação máxima definida pela ABNT NBR 5410. x Como a área máximaH × Txpermitida para ser ocupada pelos
cabos é limitada pela taxa de ocupação, pode-se
QC = PATdeduzir
× (tan Ф1o-seguinte:
tan Ф2)
Act+r 8068,6
L= = = 208mm
H × Tx 97×0,4
Act
Act = Ae × Tx Ae= π × De2
Tx
4
Act
Act = Ae × Tx Ae= π × De2
Tx
Logo,
4

4 × Act
De=
Tx × π

KS1 = 0,12 × Wm1


PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
100

Onde:
Act – Área da seção transversal total ocupada por todos os cabos (mm2);
Ae – Área útil mínima do eletroduto (mm2);
Tx – Taxa de ocupação máxima permitida;
De – Diâmetro interno mínimo do eletroduto (mm).

A imagem seguinte ilustra a instalação de 5 condutores em um eletroduto. Neste caso, a taxa de ocupa-
ção seria de 40%, ou seja, os cabos devem ocupar, no máximo, 40% da área útil do eletroduto.

60%

40%

Figura 33 -  Exemplo de taxa de ocupação do eletroduto de 40%


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

e) Adotar um eletroduto conforme tabela


Com base no diâmetro interno mínimo, calculado no item anterior, pode ser determinado o eletroduto
adequado. Deve ser adotado o eletroduto com diâmetro interno maior ou igual ao diâmetro do eletroduto
calculado. Para verificar qual o diâmetro interno dos eletrodutos, consulte o catálogo dos fabricantes ou as
normas de eletrodutos, por exemplo, ABNT NBR 5597, ABNT NBR 5598 ou ABNT NBR 15465.

f) Registrar em memória de cálculo


Para finalizar o dimensionamento, o projetista deve registrar os cálculos em uma memória de cálculo
que deve compor o projeto.
Vimos neste tópico requisitos gerais e prescrições para eletrocalhas e eletrodutos, conhecemos algu-
mas características e um roteiro para o dimensionamento desses condutos.
Você agora está apto para dimensionar eletrocalhas, bandejas e eletrodutos. Use sempre o conheci-
mento técnico e o bom senso para escolher o conduto mais adequado às condições da instalação e dimen-
sione seguindo os passos indicados neste material.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
101

5.5 DIMENSIONAMENTO de PDA (SPDA E MPS)

A descarga atmosférica é um fenômeno natural que impressiona por sua beleza, mas pode acarretar
em danos físicos, danos aos seres vivos e falhas em sistemas internos atingidos de forma direta ou indireta.
Um técnico em eletrotécnica ou um engenheiro eletricista deve projetar uma proteção contra descargas
atmosféricas (PDA) para eliminar ou reduzir as perdas consequentes desse fenômeno.
Os danos podem ter como consequência a perda da vida humana, perda de serviços públicos, perda de
patrimônio cultural e perda de valores econômicos.

Figura 34 -  Descargas atmosféricas


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

A proteção contra descargas atmosféricas (PDA) é composta por um sistema de proteção contra descar-
gas atmosféricas (SPDA) e por medidas de proteção contra surtos (MPS).
Para selecionar as medidas de proteção contra descargas atmosféricas, o projetista deve avaliar a es-
trutura seguindo o procedimento do gerenciamento de risco da norma da ABNT NBR 5419-2 (Proteção
contra descargas atmosféricas – Parte 2: Gerenciamento de risco) para mensurar o risco de uma estrutura
sofrer danos causados por descargas atmosféricas e, com base nessa avaliação, dimensionar e especificar
as medidas de proteção mais adequadas.
O gerenciamento de risco definido pela ABNT NBR 5419-2 é uma exigência da autoridade local, como o
corpo de bombeiros, que tenha jurisdição sobre a proteção de estruturas contra incêndio e explosão, que
pode ser uma das consequências das descargas atmosféricas.
Nos próximos tópicos será abordado de forma detalhada o gerenciamento de risco conforme a ABNT
NBR 5419-2 para determinar se a estrutura requer um PDA e, com isso, dimensionar e especificar as medi-
das de proteção adequadas para proteger a estrutura.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
102

5.5.1 Definições BÁSICAS

Serão abordadas neste tópico algumas definições como fontes de danos, tipos de danos, tipos de per-
das, composição dos riscos e zonas ZS que são necessárias para estudar o gerenciamento de risco.

Fontes de danos

A corrente da descarga atmosférica é a principal fonte de dano. Essas fontes de danos são definidas pelo
ponto de impacto conforme conceituadas a seguir:
-- S1: Descarga atmosférica que impacta diretamente a estrutura;
-- S2: Descarga atmosférica que impacta suficientemente próximo da estrutura que pode produzir so-
bretensões ou correntes induzidas perigosas;
-- S3: Descarga atmosférica que impacta diretamente uma linha de energia ou sinal conectada à es-
trutura;
-- S4: Descarga atmosférica que impacta suficientemente próximo de uma linha de energia ou sinal,
conectada à estrutura que pode produzir sobretensões ou correntes induzidas perigosas.

Essas fontes de danos relacionadas às descargas atmosféricas podem causar três tipos de danos que
serão apresentados a seguir.

Tipos de danos

Os danos causados pelas descargas atmosféricas nas estruturas dependem de suas características como
tipo de construção, conteúdo, tipos de serviços e medidas de proteção existentes. Para a análise de risco
eles são classificados basicamente em três tipos, conforme indicados a seguir:
-- D1: Danos para os seres vivos por choque elétrico;
-- D2: Danos físicos;
-- D3: Falha de sistemas elétricos e eletrônicos.
Esses danos podem ser limitados a um trecho da estrutura, em toda estrutura ou podem comprometer
o meio ambiente e as estruturas ao redor, acarretando em perdas consequentes que são classificadas em
quatro tipos. Os quatro tipos de perdas consequentes dos danos serão abordados a seguir.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
103

Tipos de perdas

As perdas são as consequências que os danos, de forma isolada ou em conjunto, que podem causar
em uma estrutura a ser protegida. O tipo de perda consequente também depende do tipo de estrutura e
do seu conteúdo. Foram estabelecidos quatro tipos de perdas para análise de riscos, conforme indicados
a seguir:
-- L1: Perda de vida humana (inclui ferimentos permanentes);
-- L2: Perda de serviço ao público;
-- L3: Perda de patrimônio cultural;
-- L4: Perda de valores econômicos (estrutura, conteúdo e perdas de atividades).

A tabela seguinte correlaciona as fontes de danos, os tipos de danos e os tipos de perdas.

Ponto de impacto Fonte de danos Tipo de danos Tipo de perdas

D1 L1, L4*
S1 D2 L1, L2, L3, L4
D3 L1**, L2, L4

S2 D3 L1**, L2, L4

D1 L1, L4*
S3 D2 L1, L2, L3, L4
D3 L1**, L2, L4

S4 D3 L1**, L2, L4

(*) Somente para propriedades onde animais podem ser perdidos.


(**) Somente para estruturas com risco de explosão e para hospitais ou outras estruturas onde
falhas de sistemas internos podem imediatamente colocar em perigo a vida humana.

Tabela 17 - Fontes de danos, tipos de danos e tipos de perdas


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
104

Riscos e componentes de risco

O risco (R) é um valor relativo a uma provável perda anual média. O risco resultante deve ser analisado
para cada tipo de perda que pode ocorrer na estrutura. A norma da ABNT NBR 5419-2 estabelece quatro
tipos de riscos associados às perdas consequentes, que são:
-- R1: Risco de perda de vida humana (incluindo ferimentos permanentes);
-- R2: Risco de perda de serviço ao público;
-- R3: Risco de perda de patrimônio cultural;
-- R4: Risco de perda de valores econômicos.

Para compor os riscos devemos definir e calcular os componentes relevantes de risco parciais, que serão
somados para compor cada risco R. Os riscos parciais podem ser agrupados de acordo com a fonte de dano
e o tipo de dano, pois eles dependem desses dois elementos.

Veremos essa composição com mais clareza a seguir.


a) Componentes de risco devido às descargas na estrutura
Os componentes de risco para uma estrutura, devido às descargas atmosféricas com impacto direto na
estrutura, estão indicados a seguir:
-- RA: Relacionado a ferimentos aos seres vivos causadas por choque elétrico devido à tensão de toque
e de passo dentro e fora da estrutura em até 3 m em torno dos condutores de descidas. Perdas L1 e
L4 podem ocorrer;
-- RB: Relacionado a danos físicos causados por centelhamentos perigosos dentro da estrutura iniciando
incêndio ou explosão, que também podem colocar em risco o ambiente. Todos os tipos de perdas
podem ocorrer;
-- RC: Relacionado a falha de sistemas internos causados por LEMP10. Pode ocorrer perda de vidas no
caso de estruturas com risco de incêndio e explosão, em hospitais ou outras estruturas onde a falha de
sistemas internos possa provocar perigo imediato à vida humana. Perdas L1, L2 e L4 podem ocorrer.

b) Componente de risco devido às descargas próximas da estrutura


O componente de risco para uma estrutura, devido às descargas atmosféricas com impacto próximo da
estrutura, está indicado a seguir:
-- RM: Relacionado à falha de sistemas internos causados por LEMP. Pode ocorrer perda de vidas no caso
de estruturas com risco de incêndio e explosão, em hospitais ou outras estruturas onde a falha de
sistemas internos possa provocar perigo imediato à vida humana. Perdas L1, L2 e L4 podem ocorrer.

10  LEMP: pulso eletromagnético devido a descargas atmosféricas. Podem induzir correntes em condutores ou equipamentos
eletrônicos, resultando em falhas nos sistemas.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
105

c) Componentes de risco devido às descargas para uma linha conectada na estrutura


Os componentes de risco para uma estrutura, devido às descargas atmosféricas com impacto direto
para uma linha conectada na estrutura, estão indicados a seguir:
-- RU: Relacionado a ferimentos aos seres vivos causadas por choque elétrico devido à tensão de toque
e de passo dentro da estrutura. Perdas L1 e L4 podem ocorrer;
-- RV: Relacionado a danos físicos (incêndio ou explosão iniciados por centelhamentos perigosos entre
instalações externas e partes metálicas, geralmente no ponto de entrada da linha na estrutura) devido
à corrente de descarga atmosférica transmitida através das linhas. Todos os tipos de perdas podem
ocorrer;
-- RW: Relacionado à falha de sistemas internos causados por sobretensões induzidas nas linhas de en-
trada e transmitidas para a estrutura. Perdas L1, L2 e L4 podem ocorrer.

d) Componente de risco devido às descargas próximas a uma linha conectada à estrutura


O componente de risco para uma estrutura, devido às descargas atmosféricas com impacto próximo a
uma linha conectada à estrutura, está indicado a seguir:
-- RZ: Relacionado à falha de sistemas internos causados por sobretensões induzidas nas linhas de en-
trada e transmitidas para a estrutura. Perdas L1, L2 e L4 podem ocorrer.

Vale ressaltar que essa análise vale apenas para as linhas de energia e sinal que entram na estrutura.
Descargas atmosféricas próximas ou diretamente em tubulações metálicas conectadas à estrutura não são
consideradas pelo fato de que essas estruturas devem estar conectadas ao barramento de equipotenciali-
zação. Porém, se o barramento não existir ou as linhas de tubulações metálicas não estiverem equipoten-
cializadas, recomenda-se considerar também este tipo de ameaça.

COMPOSIÇÃO DOS componentes de risco

Os componentes de risco que devem ser considerados para cada tipo de perda em uma estrutura e sua
composição estão indicados a seguir.
R1: Risco de perda de vidas humanas:

R1 = RA1 + RB1 + R*C1 + RM1 + RU1 + RV1 + R*W1 + R*Z1

(*) Os componentes RC, RW e RZ devem ser considerados para o risco R1 somente para estruturas que
possam ocorrer perda de vidas por risco de incêndio e explosão, em hospitais ou outras estruturas onde a
falha de sistemas internos possa provocar perigo imediato à vida humana.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
106

R2: Risco de perda de serviço ao público:

R2 = RB2 + RC2 + RM2 + RV2 + RW2 + RZ2

R3: Risco de perda de patrimônio cultural:

R3 = RB3 + RU3

R4: Risco de perda de valores econômicos:

** **
R4 = RA4 + RB4 + RC4 + RM4 + RU4 + RV4 + RW4 + RZ4

(**) Os componentes RA e RU devem ser considerados para o risco R4 somente para propriedades onde
animais possam ser perdidos.

A tabela seguinte apresenta os componentes de risco a serem considerados para cada tipo de perda
em uma estrutura.

S1: Descarga S2: Descarga S3: Descarga S4: Descarga


Fonte de
atmosférica na atmosférica perto atmosférica na atmosférica perto
danos
estrutura da estrutura linha conectada da linha conectada

Componente RA RB RC RM RU RV RW RZ
de risco
Risco para
cada tipo de
perda

R1 * * *a *a * * *a *a

R2 * * * * * *

R3 * *

R4 *b * * * *b * * *

a - Somente para estruturas com risco de explosão e para hospitais ou outras estruturas quando a
falha dos sistemas internos imediantamente possam colocar em perigo a vida humana.
b - Somente para propriedades onde animais possam ser perdidos.

Tabela 18 - Componentes de risco para cada tipo de perda em uma estrutura


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
107

Faremos uma análise com mais detalhes sobre esses componentes no tópico de avaliação dos com-
ponentes de risco. Veremos no próximo tópico a subdivisão da estrutura em zonas e como utilizá-las para
melhor identificar os riscos.

subdividindo a estrutura em Zonas (zs)

A divisão da estrutura em zonas ZS tem como objetivo a separação de zonas com características homo-
gêneas para facilitar a identificação dos riscos e a seleção das medidas de proteção mais adequadas para
cada. Porém, a estrutura pode ser, ou pode-se assumir, a estrutura como sendo uma única zona.
a) Zonas Zs são definidas principalmente por:
-- Tipo de solo ou piso (componentes de risco RA e RU);
-- Compartimentos à prova de fogo (componentes de risco RB e RV );
-- Blindagem espacial (componentes de risco RC e RM).
b) Zonas adicionais podem ser definidas de acordo com:
-- Leiaute dos sistemas internos (componentes de risco RC e RM);
-- Medidas de proteção existentes ou a serem instaladas (todos os componentes de risco);
-- Valores de perdas LX (todos os componentes de risco).

SAIBA Para um estudo mais aprofundado sobre os conceitos e terminologias relacionadas às


MAIS descargas atmosféricas, consulte a norma da ABNT NBR 5419-1.

Estudamos até aqui algumas definições, como fazer a composição de cada risco e os valores de riscos
toleráveis. Veremos a seguir o procedimento para realizar o gerenciamento de risco.

5.5.2 Gerenciamento de risco

Gerenciamento de risco é o método definido pela norma da ABNT NBR 5419-1 para avaliar os riscos que
uma estrutura está submetida ao ser afetada de forma direta ou indireta por uma descarga atmosférica.
Nesse método podemos verificar se uma estrutura necessita de instalação de SPDA, MPS ou medidas de
proteção adicionais, que serão vistas nos próximos tópicos.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
108

procedimento de análise

O gerenciamento de risco deve ser executado seguindo os seguintes passos:


a) Identificação da estrutura a ser protegida e suas características;
b) Identificação de todos os tipos de perdas na estrutura e os componentes de riscos relevantes (R1
a R4);
c) Avaliação do risco R para cada tipo de perda;
d) Avaliação da necessidade de proteção (comparação dos riscos R1 a R4 com os riscos toleráveis RT);
e) Avaliação da eficiência do custo da proteção com o custo total das perdas com ou sem as medi-
das de proteção. Neste caso, a avaliação dos componentes de risco R4 deve ser feita no sentido de
avaliar tais custos conforme o Anexo D da ABNT NBR 5419-2:2015.

Esse procedimento de análise será apresentado de forma detalhada nos próximos tópicos.

estrutura a ser protegida e suas características

A identificação da estrutura a ser protegida não se limita apenas a própria estrutura. No gerenciamento
de risco devem ser considerados os seguintes pontos para estrutura a ser protegida:
a) A própria estrutura;
b) As instalações da estrutura;
c) O conteúdo da estrutura;
d) As pessoas na estrutura ou nas zonas até 3 m para fora da estrutura;
e) O meio ambiente afetado por danos na estrutura.

A estrutura a ser protegida pode ser subdividida em várias zonas de proteção com características ho-
mogêneas. Como estudamos anteriormente, a adoção de zonas de proteção facilita a especificação de
medidas de proteção adequadas para o risco de cada estrutura ou área específica de uma estrutura.

Risco tolerável (RT)

Risco tolerável (RT) é o valor máximo de risco aceitável para a estrutura a ser protegida.
A tabela seguinte define os valores a serem considerados para o risco tolerável para situações que en-
volvem perda de vida humana, perda de valores sociais e culturais, provocados por descargas atmosféricas.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
109

Tipo de perda RT (y-1)


L1 Perda de vida humana ou ferimentos permanentes 10-5
L2 Perda de serviço ao público 10-3
L3 Perda de patrimônio cultural 10-4

Tabela 19 - Valores típicos de risco tolerável RT


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

O procedimento para análise da perda de valor econômico (L4) é definido pelo Anexo D da norma da
ABNT NBR 5419. Caso os dados para esta análise não estiverem disponíveis, pode ser utilizado o valor de
risco tolerável RT = 10-3.
Com base nos valores obtidos dos componentes de risco (R1 a R4), deve-se comparar com os valores dos
riscos toleráveis (RT) e, com isso, constatar a necessidade de proteção da estrutura. Veremos esse procedi-
mento no tópico de gerenciamento de risco. No tópico seguinte veremos o conceito das zonas de prote-
ção e suas aplicações no gerenciamento de risco.

AVALIAÇÃO DA Necessidade de proteção

Os riscos R1, R2 e R3 devem ser considerados na avaliação da necessidade de proteção contra descargas
atmosféricas, conforme a norma da ABNT NBR 5419-1. Os passos seguintes devem ser executados para
cada risco a ser considerado:
a) Identificação dos componentes RX que compõem o risco;
b) Cálculo dos componentes de risco RX identificados;
c) Cálculo do risco total R;
d) Identificação dos riscos toleráveis RT;
e) Comparação do risco R com o risco tolerável RT, conforme indicado a seguir.
-- Se R ≤ RT, a proteção contra descargas atmosféricas não é necessária;
-- Se R > RT, medidas de proteção devem ser adotadas para reduzir o risco e obter R ≤ RT, para
todos os riscos aos quais a estrutura está sujeita.

Quando não for possível reduzir o risco a um nível tolerável, o proprietário deve ser informado e o mais
alto nível de proteção deve ser adotado na instalação.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
110

O procedimento para avaliar a necessidade de proteção contra descargas atmosféricas está ilustrado
na figura seguinte:

Identificar a estrutura a ser protegida

Identificar os tipos de perdas relevantes à estrutura

Para cada tipo de perda, identificar e calcular os componentes de risco


RA, RB , RC , RM , RU , RV , RW, RZ

Não
R > RT Estrutura protegida

Sim

Necessita proteção

Sim Sim
Há SPDA Há MPS
instalado? instaladas?

Calcular novos valores dos


Não
componentes de risco

RA + RB + RU Não Não
+ RV > RTa

Sim

Instalar um tipo de SPDA Instalar MPS Instalar outras medidas de


adequado adequadas proteçãob

Figura 35 -  Procedimento para avaliar a necessidade de proteção e medidas de proteção


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
111

(a) Se RA + RB < RT, um SPDA completo não é necessário. Neste caso é suficiente a instalação de DPS de
acordo com a ABNT NBR 5419-4.
(b) Conforme Tabela 3 da ABNT NBR 5419-2.

Avaliação do custo da eficiência DA proteção

Avaliação da eficiência do custo da proteção consiste em comparar os custos anuais das medidas de
proteção com o custo total das perdas com e sem as medidas de proteção contra descargas atmosféricas.
Com isso, pode-se verificar se financeiramente compensa ou não a instalação das medidas de proteção.
O procedimento para avaliar o custo da eficiência da proteção deve tomar os seguintes passos:
a) Identificação dos componentes RX que compõem o risco R4;
b) Cálculo dos componentes de risco identificados RX na ausência de novas ou adicionais medidas
de proteção;
c) Cálculo do custo anual de perdas devido a cada componente de risco RX;
d) Cálculo do custo anual CL da perda total na ausência das medidas de proteção;
e) Adoção das medidas de proteção selecionadas;
f) Cálculo dos componentes de risco RX na presença das medidas de proteção selecionadas;
g) Cálculo do custo anual das perdas residuais devido a cada componente de risco RX na estrutura
protegida;
h) Cálculo do custo anual total CRL das perdas residuais com a presença das medidas de proteção
selecionadas;
i) Cálculo do custo anual CPM das medidas de proteção selecionadas;
j) Comparação dos custos.

Por fim, deve ser verificado:


-- Se CL < CRL + CPM, não é eficiente o custo das medidas de proteção adotadas;
-- Se CL > CRL + CPM, é eficiente o custo das medidas de proteção adotadas.

Pode ser interessante analisar algumas variações de combinações de medidas de proteção para definir
a solução com o melhor custo-benefício.
Em função das dificuldades de se obter os valores econômicos relativos às estruturas, perdas econô-
micas pela paralização dos serviços e perdas materiais (ou por uma questão de segurança, as empresas
não disponibilizam tais informações), alguns projetistas optam por não realizarem os cálculos relativos às
perdas de valor econômico (L4), bem como a avaliação da eficiência do custo efetivo da proteção.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
112

MEDIDAS DE PROTEÇÃO

São medidas técnicas utilizadas para reduzir os riscos de acordo com o tipo de dano ao qual a estrutura
está submetida. As medidas de proteção devem atender aos requisitos das seguintes normas:
-- ABNT NBR 5419-3: Para proteção contra ferimentos de seres vivos e danos físicos à estrutura;
-- ABNT NBR 5419-4: Para proteção contra falhas de sistemas eletroeletrônicos.

A tabela seguinte contempla fatores que influenciam os componentes de risco. Com base nessa tabela,
e de posse da informação dos riscos mais relevantes para uma estrutura, podemos identificar quais os fato-
res estão influenciando os riscos e selecionar medidas de proteção para reduzir tais componentes de risco.

Características da estrutura ou
dos sistemas internos RA RB RC RM RU RV RW RZ
(medidas de proteção)

Área de exposição equivalente X X X X X X X X

Resistividade da superfície do solo X

Resistividade do piso
X X

Restrições físicas, isolamento,


avisos visíveis, equipotencialização X X
do solo

SPDA X X X X X X

Ligação ao DPS X X X X

Interfaces isolantes X X X X X X

Sistema coordenado de DPS X X X X

Blindagem espacial X X

Blindagem de linhas externas X X X X

Blindagem de linhas internas X X

Precauções de roteamento X X

Sistema de equipotencialização X

Precauções contra incêndio X X

Sensores de fogo X X
Sistema coordenado de DPS X X X X
5 Projetos de instalações elétricas industriais
113
Blindagem espacial X X

Blindagem de linhas externas X X X X

Blindagem de linhas internas X X

Precauções de roteamento X X
Características da estrutura ou
dos sistemas internos RA RB RC RM RU RV RW RZ
Sistema de equipotencialização
(medidas de proteção) X

Área de exposição
Precauções contra equivalente
incêndio X X X X X X X X

Resistividade da superfície do solo


Sensores de fogo X X X

Resistividade do piso
Perigos especiais X X X X

Restrições físicas, isolamento,


Tensãovisíveis,
avisos suportável de impulso
equipotencialização X X X X
X X X X
do solo
a - Somente para SPDA tipo malha externa.
b - Devido a ligações equipotenciais.
SPDA X X X X X X
c - Somente se eles pertencem ao equipamento.

Ligação ao DPS X X X X
Tabela 20 - Fatores que influenciam os componentes de risco
Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.
Interfaces isolantes X X X X X X

Sistema coordenado de DPS X X X X


Podemos citar alguns exemplos de medidas de proteção contra descargas atmosféricas, como: SPDA,
sistema de DPS, equipotencialização, sistemas de combate a incêndio, restrições físicas, avisos visíveis,
Blindagem espacial X X
blindagem de linhas, dentre outras. Essas medidas influenciam diretamente os componentes de riscos
conforme os fatores expostos na tabela anterior.
Blindagem de linhas externas X X X X
A seleção das medidas de proteção deve levar em consideração aspectos técnicos e econômicos com o
objetivo de a condição
BlindagemRde RT serinternas
≤ linhas mantida. O projetista deve Xverificar
X quais as perdas mais significativas na
estrutura e selecionar uma medida ou uma combinação de medidas que sejam mais eficientes na redução
dos riscos. Precauções de roteamento X X

Após construções ou reformas que alterem os componentes relevantes de risco, os cálculos do geren-
Sistema de equipotencialização X
ciamento de risco devem ser refeitos para verificar a necessidade de instalação ou alteração das medidas
de proteção previstas.
Precauções contra incêndio X X
Agora que sabemos o que é o gerenciamento de risco, veremos no próximo tópico de forma detalhada
como efetuar a Sensores
avaliação dos componentes de risco para
de fogo X determinar o risco total
X R.

Perigos especiais X X

Tensão suportável de impulso X X X X X X

a - Somente para SPDA tipo malha externa.


b - Devido a ligações equipotenciais.
c - Somente se eles pertencem ao equipamento.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
114

5.5.3 AVALIAÇÃO DOS COMPONENTES DE RISCO

Os componentes de risco RA, RB, RC, RM, RU, RV, RW e RZ podem ser expressos pela seguinte equação base:
RX = NX × PX × LX
Onde:
NX - É o número de eventos perigosos anuais;
PX - É a probabilidade de dano à estrutura;
LX - É a perda consequente de um evento causado por uma descarga atmosférica.
Nos próximos tópicos analisaremos os parâmetros relevantes NX, PX e LX para avaliação dos componen-
tes de risco RA, RB, RC, RM, RU, RV, RW e RZ.

AVALIAÇÃO DO número de eventos perigosos anuais (NX)

O número de eventos perigosos NX é influenciado pelas características físicas da estrutura, da vizinhan-


ça, do solo, das linhas conectadas e pela densidade de descargas atmosféricas para a terra (NG), que é o
número de descargas atmosféricas por km2 por ano.
O valor de NX é obtido pela multiplicação da densidade de descargas atmosféricas para a terra (NG) com
a área de exposição equivalente (AD) da estrutura, aplicando alguns fatores de correção relacionados às
características físicas da estrutura e das linhas externas conectadas à estrutura.
Os dados de NG podem ser obtidos no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) ou através
de mapas disponibilizados na ABNT NBR 5419-2. E os valores da área de exposição equivalente (AD) devem
ser calculados com base nas dimensões físicas da estrutura.

SAIBA Para consultar a densidade de descargas atmosféricas para a terra (NG) das cidades
brasileiras, consulte o site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), na aba
MAIS Infográfico: Densidade de raios no Brasil.

Veremos nos próximos tópicos como calcular a área de exposição equivalente e como determinar os
fatores de ponderação em função das fontes de danos e das características da estrutura e das linhas, com o
objetivo de determinar o número de eventos perigosos anuais (NX) da estrutura a ser protegida.
a) Área de exposição equivalente (AD) para estrutura retangular
A área de exposição equivalente (AD) é definida como sendo a interseção entre a superfície do solo com
uma linha reta de inclinação 1:3 a qual toca na parte mais alta da estrutura e rotaciona ao seu redor, con-
forme a norma da ABNT NBR 5419-2.
O valor de AD pode ser calculado pela seguinte equação:
5 Projetos de instalações elétricas industriais
115

AD = L × W + 2 × (3 × H) × (L + W) + π × (3 × H)2

Onde:
L - Comprimento;
W - Largura;
H - Altura.
A figura seguinte ilustra o conceito da área de exposição equivalente (AD) de uma estrutura isolada com
dimensões L, W e H.

H 1:3 Vista frontal

3H

W
Vista superior

Figura 36 -  Área de exposição equivalente (AD) de uma estrutura retangular isolada


Fonte: ABNT NBR 5419-2; 2015.

b) Área de exposição equivalente (AD) para estruturas com forma complexa


A equação anterior deve ser aplicada apenas para estruturas retangulares. Quando a estrutura tiver
uma forma que não seja retangular ou com saliências, como o prédio de uma igreja com torre, por exem-
plo, deve ser aplicada a equação seguinte.

AD' = π × (3 × HP)2

Onde:
HP - Altura da saliência.
A figura seguinte ilustra uma estrutura com forma complexa para o cálculo da área de exposição equi-
valente (AD’).
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
116

H =H
P MAX
H
MÍN

Figura 37 -  Área de exposição equivalente (AD) de uma estrutura com forma complexa
Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Para estruturas com forma complexa, é aceitável adotar o maior valor entre os valores obtidos com as
duas equações apresentadas. Outra solução aceitável pela ABNT NBR 5419-2 é a determinação da área de
exposição equivalente através de algum método gráfico.

c) Fator de localização relativa da estrutura


A localização relativa da estrutura pode impactar no risco da estrutura ser atingida por uma descarga
atmosférica. Por exemplo, uma estrutura isolada no topo de uma colina tem uma probabilidade maior de
ser atingida por uma descarga atmosférica, do que uma estrutura cercada por edificações mais altas.
Em função disso a tabela seguinte determina os valores para o fator de localização (CD) para compensar
os cálculos em função da localização relativa da estrutura.

Localização relativa CD
Estrutura cercada por objetos mais altos 0,25
Estrutura cercada por objetos da mesma altura ou mais baixos 0,5
Estrutura isolada: nenhum outro objeto nas vizinhanças 1
Estrutura isolada no topo de uma colina ou monte 2

Tabela 21 - Fator de localização da estrutura (CD)


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
117

d) Determinação do número de eventos perigosos (ND) para a estrutura


O número de eventos perigosos (ND) para a estrutura pode ser determinado pela equação seguinte.

ND = NG × AD × CD × 10-6

Onde:
NG - Densidade de descargas atmosféricas para a terra (1/km2 x ano);
AD - Área de exposição equivalente da estrutura (m2);
CD - Fator de localização da estrutura (Tabela 21 - Fator de localização da estrutura (CD)).

e) Determinação do número de eventos perigosos (NDJ) para uma estrutura adjacente


Estrutura adjacente é uma estrutura conectada a outra extremidade de uma linha com conexão com
a estrutura a ser protegida. O número de eventos perigosos (NDJ) para uma estrutura adjacente pode ser
determinado pela equação seguinte:

NDJ = NG × ADJ × CDJ × CT × 10-6

Onde:
NG - Densidade de descargas atmosféricas para a terra (1/km2 x ano);
ADJ - Área de exposição equivalente da estrutura adjacente (m2);
CDJ - Fator de localização da estrutura adjacente (Tabela 21 - Fator de localização da estrutura (CD));
CT - Fator de tipo de linha (Tabela 22 - Fator de tipo de linha (CT)).
O fator de tipo de linha (CT) pode ser obtido pela tabela seguinte:

Instalação CT

Linha de energia ou sinal 1


Linha de energia em AT (com transformador AT/BT) 0,2

Tabela 22 - Fator de tipo de linha (CT )


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
118

f) Avaliação do número médio anual de eventos perigosos (NM) decorrentes de descargas atmosfé-
ricas próximas da estrutura
O NM pode ser determinado pela equação seguinte:

NM = NG × AM × 10-6

Onde:
NG - Densidade de descargas atmosféricas para a terra (1/km2 x ano);
AM - Área de exposição equivalente de descargas atmosféricas que atingem locais perto da estrutura
(m2).
Área de exposição equivalente (AM) é relacionada às descargas atmosféricas que atingem locais perto
da estrutura a uma distância de 500 m do perímetro da estrutura a ser protegida e pode ser determinada
pela equação seguinte:

AM = 2 × 500 × (L + W) + π × 5002

A figura seguinte ilustra as áreas de exposição equivalentes AD, ADJ e AM. Além das áreas de exposição
equivalentes AL e AI, que serão abordadas nos próximos tópicos.

3H
A A
D 40m 4.000m I A
DJ
H H
L A J L
L J

W
W J

A
M
500m
L
L

Figura 38 -  Áreas de exposição equivalentes (AD, ADJ, AM, AL e AI)


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
119

g) Avaliação do número médio anual de eventos perigosos (NL) decorrentes de descargas atmosfé-
ricas na linha
O NL pode ser determinado pela equação seguinte:

NL = NG × AL × CI × CE × CT × 10-6

Onde:
NL - Número de sobretensões de amplitude não inferior a 1 kV (1/ano) na seção da linha;
NG - Densidade de descargas atmosféricas para a terra (1/km2 x ano);
AL - Área de exposição equivalente de descargas atmosféricas que atingem a linha (m2);
CI - Fator de instalação da linha (Tabela 23 - Fator de instalação da linha (CI));
CT - Fator de tipo de linha (Tabela 22 - Fator de tipo de linha (CT));
CE - Fator ambiental (Tabela 24 - Fator ambiental da linha (CE)).
Sendo a área de exposição equivalente para linha (AL) determinada pela equação seguinte. E quando o
comprimento da seção da linha (LL) for desconhecido, pode ser adotado LL = 1000 m.

AL = 40 × LL

O fator de tipo de instalação da linha (CI) pode ser obtido pela tabela seguinte:

Roteamento CI

Aéreo 1
Enterrado 0,5
Cabos enterrados instalados completamente dentro de uma
0,01
malha de aterramento (ABNT NBR 5419-4:2015, 5.2)

Tabela 23 - Fator de instalação da linha (CI)


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
120

O fator ambiental da linha (CE) pode ser obtido pela tabela seguinte:

Localização relativa CE
Rural 1
Suburbano 0,5
Urbano 0,1
Urbano com edifícios mais altos que 20m 0,01

Tabela 24 - Fator ambiental da linha (CE)


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

h) Avaliação do número médio anual de eventos perigosos (NI) decorrentes de descargas atmosfé-
ricas próximo da linha
O NI pode ser determinado pela equação seguinte:

NI = NG × AI × CI × CE × CT × 10-6

Onde:
NI - Número de sobretensões de amplitude não inferior a 1 kV (1/ano) na seção da linha;
NG - Densidade de descargas atmosféricas para a terra (1/km2 x ano);
AI - Área de exposição equivalente de descargas atmosféricas para a terra próximo da linha (m2);
CI - Fator de instalação da linha (Tabela 23 - Fator de instalação da linha (CI));
CT - Fator de tipo de linha (Tabela 22 - Fator de tipo de linha (CT));
CE - Fator ambiental (Tabela 24 - Fator ambiental da linha (CE)).

Sendo a área de exposição equivalente para descargas próximas da linha (AI) determinada pela equação
seguinte. E quando o comprimento da seção da linha (LL) for desconhecido, pode ser adotado LL = 1000 m.

AI = 4000 × LL

Estudamos neste tópico como avaliar o número de eventos perigosos anuais (NX). Agora será exposto
sobre a avaliação da probabilidade de danos (PX), que também é um dos parâmetros relevantes dos com-
ponentes de risco RA, RB, RC, RM, RU, RV, RW e RZ.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
121

AVALIAÇÃO DA probabilidade de danoS (PX)

A probabilidade de danos à estrutura PX é influenciado pelas características da estrutura, das medidas


de proteção existentes e das linhas conectadas.
Veremos nos próximos tópicos como calcular a probabilidade de danos (PX) em função das fontes de
danos, das características da estrutura e das linhas externas conectadas à estrutura.
a) Probabilidade (PA) de uma descarga atmosférica impactar uma estrutura e causar ferimentos a
seres vivos por meio de choque elétrico
As tensões de passo e toque originadas por descargas atmosféricas que impactam uma estrutura po-
dem causar ferimentos por choque aos seres vivos. A probabilidade (PA) dessa fonte de dano causar feri-
mentos a seres vivos por meio de choque elétrico depende do SPDA adotado e das medidas de proteção
adotadas.
O valor de PA pode ser determinado através da equação seguinte:

PA = PTA × PB

Onde:
PTA - Depende das medidas de proteção contra tensão de passo e toque (Tabela 25);
PB - Depende da classe do SPDA projetado (Tabela 26).
Os valores da probabilidade PTA de uma descarga atmosférica em uma estrutura causar choque a seres
vivos, devido a tensões de toque e de passo perigosas, podem ser obtidos na tabela seguinte em função
das medidas de proteção adicionais.

Medida de proteção adicional PTA

Nenhuma medida de proteção 1


Avisos de alerta 0,1
Isolação elétrica (por exemplo, aplicação de pelo menos 3mm de polietileno
0,01
reticulado das partes expostas com condutores de descidas)
Equipotencialização efetiva do solo 0,01
Restrições físicas ou estrutura do edifício utilizada como subsistema de
0
descida (SPDA estrutural)

Tabela 25 - Valores da probabilidade PTA


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

Caso seja adotada mais de uma medida de proteção indicada na tabela anterior, o valor de PTA será o
produto dos valores correspondentes.
Os valores de probabilidade PB serão tratados no próximo item.
b) Probabilidade (PB) de uma descarga atmosférica impactar uma estrutura e causar danos físicos
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
122

Os valores da probabilidade PB de uma descarga atmosférica em uma estrutura causar danos físicos
podem ser obtidos na tabela seguinte em função da classe do SPDA projetado.

Características da estrutura Classe do SPDA PB

Estrutura não protegida por SPDA - 1


IV 0,2

III 0,1
Estrutura protegida por SPDA
II 0,05
I 0,02

Estrutura com subsistema de captação conforme SPDA - Classe I e uma estrutura metálica
contínua ou de concreto armado atuando como um subsistema de descida natural 0,01

Estrutura com cobertura metálica e um subsistema de captação, possivelmente incluindo 0,001


componentes naturais, com proteção completa de qualquer instalação da cobertura contra
descargas atmosféricas diretas e uma estrutura metálica contínua ou de concreto armado
atuando como um subsistema de descidas natural

Tabela 26 - Valores da probabilidade PB


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

Conforme a tabela anterior, quanto mais completo o SPDA, menor será a probabilidade PB de uma des-
carga atmosférica causar danos físicos à estrutura. Logo, um SPDA com classe adequada pode ser utilizado
para reduzir PB e, consequentemente, PA, visto que o valor de PA é proporcional ao valor de PB, conforme a
equação de PA.
c) Probabilidade (PC) de uma descarga atmosférica impactar uma estrutura e causar falha a sistemas
internos
As descargas atmosféricas que impactam uma estrutura podem causar falhas nos sistemas internos
(em equipamentos eletrônicos, por exemplo). A probabilidade (PC) dessa fonte de dano causar falhas nos
sistemas internos depende do nível de proteção (NP) do sistema coordenado de DPS adotado e das carac-
terísticas de isolação, blindagem e aterramento da linha.
O valor de PC pode ser determinado através da equação seguinte:

PC = PSPD × CLD

Onde:
PSPD - Depende do sistema coordenado de DPS e do nível de proteção (NP) para o qual os DPS foram
projetados (Tabela 27);
CLD - Depende das condições de isolação, blindagem e aterramento da linha externa conectada à estru-
tura (Tabela 28).
Os valores da probabilidade PSPD podem ser obtidos na tabela seguinte em função do nível de proteção
NP para o qual os DPS foram projetados.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
123

NP PSPD

Nenhum sistema de DPS coordenado 1


III-IV 0,05

II 0,02
I 0,01

DPS com melhores características de proteção em comparação ao NP I 0,005 - 0,001

Tabela 27 - Valores da probabilidade PSPD em função do NP dos DPS projetados


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

Os fatores CLD e CLI podem ser obtidos na tabela seguinte em função do isolamento, blindagem e ater-
ramento da linha externa de energia ou sinal conectada à estrutura.

Tipo de linha externa Conexão de entrada CLD CLI

Linha aérea não blindada 1 1


Indefinida
Linha enterrada não blindada 1 1

Linha de energia com neutro Nenhuma 1 0,2


multiaterrado

Linha enterrada blindada (energia ou Blindagem não interligada ao


1 0,3
sinal) mesmo barramento de
equipotencialização que o
Linha aérea blindada (energia ou sinal) equipamento 1 0,1

Linha enterrada blindada (energia ou


sinal) 1 0

Linha aérea blindada (energia ou sinal) Blindagem interligada ao mesmo 1 0


barramento de equipotencialização
Cabo protegido contra descargas que o equipamento
atmosféricas ou cabeamento em dutos
para cabos protegido contra descargas 0 0
atmosféricas, eletrodutos metálicos ou
tubos metálicos

Sem conexões com linhas externas


(Nenhuma linha externa) 0 0
(sistemas independentes)

Interfaces isolantes de acordo com a


Qualquer tipo 0 0
ABNT NBR 5419-4

Tabela 28 - Valores dos fatores CLD e CLI em função das características das linhas
Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
124

d) Probabilidade (PM) de uma descarga atmosférica impactar próximo de uma estrutura e causar
falha a sistemas internos
A probabilidade (PM) de uma descarga atmosférica impactar próximo de uma estrutura e resultar em
falha nos sistemas internos depende das medidas de proteção contra surtos (MPS) adotadas.
Algumas das medidas que influenciam a probabilidade PM são o uso de blindagens com malha, SPDA
em malha, tensão suportável aumentada, precauções de roteamento e sistemas coordenados de DPS.
O valor de PM pode ser determinado através da equação seguinte:

PM = PSPD × PMS

Sendo, PSPD definido pela tabela 25 e o fator PAMS = Ael × Tx pela equação seguinte:
determinado
ct+r

Act+r Act+r
Ael= P = (K=H×L L=
Tx S1 × KS2 × KS3 × KS4H) × Tx
2
MS

Onde:
PSPD - Depende do sistema coordenadoAde ct+r DPS e8068,6
L= = do nível=de proteção (NP) para o qual os DPS foram
208mm
H × Tx P 97×0,4
projetados (Tabela 27 - Valores da probabilidade em função do NP dos DPS projetados);
SPD

KS1 - Definido em função da eficiência por blindagem por malha na estrutura (do SPDA ou outra blinda-
gem); A ct
A =A ×T A= π×D2
ct
KS2 - Definido em função da eficiênciae x
por blindagem e
Txde malhaede blindagem interna da estru-
através
4
tura;
KS3 - Definido em função das características da 4fiação
× A interna (Tabela 29 - Valores do fator KS3);
ct
D=
e
KS4 - Definido em função da tensão suportável Tx ×
de π
impulso (UW) do sistema a ser protegido.
Os valores de KS1, KS2 e KS4 são determinados pelas seguintes equações:

KS1 = 0,12 × Wm1


KS2 = 0,12 × Wm2
1
KS4 =
UW

Onde: nz tz
LA = LU = rt × LT × ×
n 8760
Wm1 e Wm2 - Larguras da blindagem em forma de grade, tou dos condutores de descida do SPDA do tipo
malha ou a distância entre as colunas metálicas utilizadas como
n descidas
t do SPDA (m);
z z
LB = LV = rp × rf × hz× LF × ×
nt 8760

nz tz
LC = LM = LW = LZ = LO × ×
nt 8760
5 Projetos de instalações elétricas industriais
125

UW - Tensão suportável nominal de impulso do sistema a ser protegido (KV).


Os fatores KS1, KS2 e KS4 devem ter valor igual ou inferior a 1 e o fator KS3 deve ser determinado pela tabela
seguinte, em função da fiação interna.

Tipo de fiação interna KS3

Cabo não blindado - sem preocupação no roteamento no sentido de evitar laços (a) 1
Cabo não blindado - preocupação no roteamento no sentido de evitar grandes laços (b) 0,2

Cabo não blindado - preocupação no roteamento no sentido de evitar laços (c) 0,01

Cabos blindados e cabos instalados em eletrodutos metálicos (d) 0,0001

(a) Condutores em laço com diferentes roteamentos em grandes edifícios (área do laço da ordem de 50 m²).

(b) Condutores em laço roteados em um mesmo eletroduto ou condutores em laço com diferentes
roteamentos em edifícios pequenos (área do laço da ordem de 10 m²).

(c) Condutores em laço roteados em um mesmo cabo (área do laço da ordem de 0,5 m²).

(d) Blindados e eletrodutos metálicos interligados a um barramento de equipotencialização em ambas


extremidades e equipamentos estão conectados no mesmo barramento equipotencialização.

Tabela 29 - Valores do fator KS3


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

e) Probabilidade (PU) de uma descarga atmosférica impactar uma linha e causar ferimentos a seres
vivos por meio de choque elétrico
A probabilidade (PU) de ferimentos a seres vivos localizados dentro de uma estrutura por tensão de
toque devido a uma descarga atmosférica em uma linha conectada à estrutura depende da blindagem da
linha, da tensão suportável de impulso dos sistemas internos conectados à linha, das medidas de proteção
como avisos visíveis de alertas, restrições físicas, interfaces isolantes ou DPS instalado na entrada da linha.
O valor de PU pode ser determinado através da equação seguinte:

PU = PTU × PEB × PLD × CLD

Onde:
PTU - Depende das medidas de proteção contra tensão de passo e toque (Tabela 30);
PEB - Depende das ligações equipotenciais para descargas atmosféricas (EB) relacionado ao SPDA e do
nível de proteção contra descargas atmosféricas (NP) do DPS projetado (Tabela 31);
PLD - É a probabilidade de falha de sistemas internos causada por descargas atmosféricas na linha em
função das características da linha (Tabela 32);
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
126

CLD - Depende das condições de isolação, blindagem e aterramento da linha externa conectada à estru-
tura (Tabela 28).
Os valores da probabilidade PTU de uma descarga atmosférica impactar uma linha conectada à estrutura
e causar choque a seres vivos, devido a tensões de toque perigosas, podem ser obtidos na tabela seguinte
em função das medidas de proteção.

Medida de proteção PTU

Nenhuma medida de proteção 1

Avisos visíveis de alerta 0,1

Isolação elétrica 0,01

Restrições físicas 0

Tabela 30 - Valores da probabilidade PTU


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

Caso seja adotada mais de uma medida de proteção indicada na tabela anterior, o valor de PTU será o
produto dos valores correspondentes.
Os valores da probabilidade PEB em função do nível de proteção (NP) do DPS projetado para ligações
equipotenciais para descargas atmosféricas (EB), conforme a ABNT NBR 5419-3, podem ser obtidos na ta-
bela seguinte.

NP PEB

Sem DPS 1

III-IV 0,05

II 0,02

I 0,01

DPS com melhores características de proteção em comparação ao NP I 0,005 - 0,001

Tabela 31 - Valores da probabilidade PEB


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

Com base na tabela anterior, pode-se concluir que a instalação de um DPS com classe adequada na
entrada da linha pode ser utilizada para reduzir PEB e, consequentemente, PU, visto que o valor de PU é pro-
porcional ao valor de PEB, conforme a equação de PU.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
127

Os valores da probabilidade PLD em função da resistência (RS) da blindagem do cabo e da tensão supor-
tável de impulso (UW) podem ser obtidos na tabela seguinte.

Tipo da Condições do roteamento, blindagem e interligação Tensão suportável Uw em kV


linha
1 1,5 2,5 4 6
Linha aérea ou subterrânea, não blindada ou com
blindagem não interligada ao mesmo barramento de 1 1 1 1 1
Linhas de equipotencialização do equipamento
energia Linha aérea ou subterrânea blindada, 5Ω/km < Rs ≤ 20Ω/km 1 1 0,95 0,9 0,8
ou sinal cuja blindagem está interligada ao
mesmo barramento de 1Ω/km < Rs ≤ 5Ω/km 0,9 0,8 0,6 0,3 0,1
equipotencialização do equipamento
Rs ≤ 1Ω/km 0,6 0,4 0,4 0,04 0,02

Tabela 32 - Valores da probabilidade PLD


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

Tipicamente, as linhas de energia de baixa tensão (BT) e de alta tensão (AT) são aéreas e sem blindagem,
mas existem aplicações de linhas AT subterrâneas em áreas urbanas que utilizam cabos blindados com
uma resistência da blindagem entre 1 Ω/km e 5 Ω/km. Enquanto que as linhas de sinal em áreas rurais utili-
zam cabos não blindadas e em áreas urbanas utilizam cabos blindados com uma resistência da blindagem
de 5 Ω/km.
f) Probabilidade (PV) de uma descarga atmosférica impactar uma linha e causar danos físicos
A probabilidade (PV) de danos físicos devido uma descarga atmosférica em uma linha conectada à es-
trutura depende da blindagem da linha, da tensão suportável de impulso dos sistemas internos conecta-
dos à linha, das interfaces isolantes ou DPS instalado na entrada da linha.
O valor de PV pode ser determinado através da equação seguinte:

PV = PEB × PLD × CLD

Onde:
PEB - Depende das ligações equipotenciais para descargas atmosféricas (EB) relacionado ao SPDA e do
nível de proteção contra descargas atmosféricas (NP) do DPS projetado (Tabela 31);
PLD - É a probabilidade de falha de sistemas internos causada por descargas atmosféricas na linha em
função das características da linha (Tabela 32);
CLD - Depende das condições de isolação, blindagem e aterramento da linha externa conectada à estru-
tura (Tabela 28).
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
128

g) Probabilidade (PW) de uma descarga atmosférica impactar uma linha e causar falha de sistemas
internos
A probabilidade (PW) de falha de sistemas internos, devido uma descarga atmosférica em uma linha
conectada à estrutura, depende da blindagem da linha, da tensão suportável de impulso dos sistemas
internos conectados à linha, das interfaces isolantes ou do sistema coordenado de DPS instalado.
O valor de PW pode ser determinado através da equação seguinte:

PW = PSPD × PLD × CLD

Onde:
PSPD - Depende do sistema coordenado de DPS e do nível de proteção (NP) para o qual os DPS foram
projetados (Tabela 27);
PLD - É a probabilidade de falha de sistemas internos, causada por descargas atmosféricas na linha em
função das características da linha (Tabela 32);
CLD - Depende das condições de isolação, blindagem e aterramento da linha externa conectada à estru-
tura (Tabela 28).
h) Probabilidade (PZ) de uma descarga atmosférica impactar próximo de uma linha e causar falha
de sistemas internos
A probabilidade (PZ) de falha de sistemas internos, devido uma descarga atmosférica impactar próximo
de uma linha conectada à estrutura, depende da blindagem da linha, da tensão suportável de impulso dos
sistemas internos conectados à linha, das interfaces isolantes ou do sistema coordenado de DPS instalado.
O valor de PZ pode ser determinado através da equação seguinte:

PZ = PSPD × PLI × CLI

Onde:
PSPD - Depende do sistema coordenado de DPS e do nível de proteção (NP) para o qual os DPS foram
projetados (Tabela 27);
PLI - É a probabilidade de falha de sistemas internos causada por descargas atmosféricas próximo da
linha em função das características da linha e dos equipamentos (Tabela 33);
CLI - Depende das condições de isolação, blindagem e aterramento da linha externa conectada à estru-
tura (Tabela 28).
Os valores da probabilidade PLI em função do tipo da linha e da tensão suportável de impulso (UW) dos
equipamentos podem ser obtidos na tabela seguinte.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
129

Tensão suportável Uw em kV
Tipo da linha
1 1,5 2,5 4 6
Linhas de energia 1 0,6 0,3 0,16 0,1

Linhas de sinais 1 0,5 0,2 0,08 0,04

Tabela 33 - Valores da probabilidade PLI


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

Estudaremos a partir de agora a avaliação da quantidade de perdas (LX) concluído com o terceiro e últi-
mo dos parâmetros relevantes dos componentes de risco RA, RB, RC, RM, RU, RV, RW e RZ.

AVALIAÇÃO DA QUANTIDADE DE PERDAS (LX)

A perda consequente LX é influenciada pelo uso para qual a estrutura foi concebida, pelo número e fre-
quência de pessoas na instalação, pelo valor dos bens que podem ser afetados pelos danos, tipo de serviço
disponível ao público e as medidas adotadas para limitar a quantidade de perdas.
Vimos, anteriormente, que as perdas são as consequências que os danos (D1, D2 e D3) podem causar
em uma estrutura a ser protegida, conforme indicadas a seguir.
-- L1 (perda de vida humana, incluindo ferimentos permanentes): relacionada ao número de pessoas
em perigo;
-- L2 (perda de serviço ao público): relacionada ao número de usuários não atendidos pelo serviço;
-- L3 (perda de patrimônio cultural): relacionada ao valor econômico da estrutura e do conteúdo cul-
tural;
-- L4 (perda de valores econômicos): relacionada ao valor econômico de animais, da estrutura, perdas de
atividades, conteúdo e sistemas internos.
As perdas devem ser calculadas para cada zona que a estrutura for dividida. Veremos nos próximos
tópicos como calcular a quantidade de perdas (LX) em função das fontes de danos, das características da
estrutura e das linhas externas conectadas à estrutura.
a) Perda de vida humana (L1)
Os valores da perda de vida humana (L1) são influenciados pela relação entre o número de pessoas na
zona (nz) e o número total de pessoas na estrutura (nt), pela relação entre o tempo em horas por ano que
as pessoas estão presentes na zona (tz) com o tempo total em horas de um ano (equivalente a 8760 horas)
e pelos fatores de ponderação que dependem das características da zona.
ct e x 4 × Act e
Tx e
De= 4
Tx × π
130 PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS A
Act = Ae × Tx 4 × A Ae= ct π × De2
ct Tx
De= 4
Tx × π
KS1 = 40,12
× A× Wm1
ct
DKeS2= = T
0,12
x
× π× Wm2
O valor da perda L1 pode ser determinado através das 1 equações seguintes correlacionadas aos respec-
KS1K=S4 0,12
= × Wm1
tivos tipos de danos. U
KS2 = 0,12 ×WWm2
Danos para os seres vivos por choque elétrico (D1):
1
KS1K=S4 0,12
= × Wm1
UWnz t
LA = LUK=S2r= ×0,12
L ×× Wm2× z
t T
n 8760
1 t
KS4 =
UWnz n tz t
LB =LLAV==LrUp ×
= r t ×× LhT××L ×× z × z
Danos físicos (D2): f z nF t n8760
t
8760

nz nnz tz ttz
LBL==LLAVL==Lr =
× r ×
× L
h
=Up LW =ft LZ = ×
Tz L F××× ××
× L z z
O nt nn8760
8760
C M
t
t
8760
nnz ttz
LBL==LVL= =rp L× r=f ×
L h=z×LLF××
z× z
Falha de sistemas internos (D3):C M W Z O nnt ×8760
8760
t

LFT = LF + LE n tz
z
LC = LM = LW = LZ = LO × t ×
en 8760
LE = LFE× t
8760
LFT = LF + LE
te
Onde: LE = LFE×
8760
LFT choque
LT - Número médio típico de vítimas feridas por = LF + elétrico
LE (D1) (Tabela 34);
LF - Número médio típico de vítimas por danos
te
LE =físicos
LFE×(D2) (Tabela 34);
8760
LO - Número médio típico de vítimas por falha de sistemas internos (D3) (Tabela 34);
rt - Fator de redução da perda de vida humana em função do tipo de solo ou piso (Tabela 35);
rp - Fator de redução da perda por danos físicos em função em função das providências tomadas contra
incêndio (Tabela 36);
rf - Fator de redução da perda por danos físicos em função do risco de incêndio ou explosão da estrutura
(Tabela 37);
hz - Fator de aumento da perda por danos físicos em função da presença de algum perigo especial (Ta-
bela 38);
nz - Número de pessoas na zona;
nt - Número total de pessoas na estrutura;
tz - É o tempo de permanência das pessoas na zona por ano (em horas).
Os valores médios típicos de LT, LF e LO, para o tipo de perda L1, em função do tipo de dano e do tipo da
estrutura podem ser obtidos na tabela seguinte.
Act+r 8068,6
L= = = 208mm
5 Projetos de instalações elétricas industriais
H × Tx 97×0,4 131

Act
Act = Ae × Tx Ae= π × De2
Tx
4

4 × Act
D =
Tipos de danos Valor típico de perda
e
Tx × π Tipo de estrutura

D1: Ferimentos a seres vivos


LT 0,01 Todos os tipos
devido a choque elétrico
0,1 Risco de explosão

LF K0,1S1 = 0,12 × Wm1hotel, escola, edifício cívico


Hospital,
D2: Danos físicos
KS2
0,05 = 0,12 × Wm2
Entretenimento público, igreja, museu

0,02 1
Industrial, comercial
KS4 =
UW
0,01 Outros

0,1 Risco de explosão


D3: Falhas de LO
sistemas internos 0,01 tz intensiva e bloco cirúrgico de hospital
nz de terapia
LA = LU = rt × LTUnidade
× ×
0,001 ntpartes
Outras 8760
de hospital

nz tz
= L34V -=Tiporpde×perda
LBTabela rf L1:
× Valores
hz× Lmédios
× típicos×de L , L e L
F
nt 8760
Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.
T F O

z z
n t
Quando o dano à estrutura originado
LC = LM = deLuma
= Ldescarga
= LO ×atmosférica
× tiver consequências para as estru-
W Z
n 8760
turas vizinhas ou ao meio ambiente por emissões químicas ou radioativas, por exemplo, perdas adicionais
t

(LE) podem ser consideradas ao avaliar a perda total (LFT), conforme as equações seguintes.

LFT = LF + LE
te
LE = LFE×
8760

Onde:
LFE - Perda por danos físicos fora da estrutura;
tz - É o tempo de permanência das pessoas nos lugares perigosos fora da estrutura por ano (em horas).
Quando os valores de LFE e te forem desconhecidos, recomenda-se adotar LFE = 1 e te = 8760 h.
Os valores do fator de redução rt em função do tipo de superfície do solo ou piso podem ser obtidos na
tabela seguinte.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
132

Tipo de superfície Resistência de contato kΩ rt


Agricultura, concreto ≤1 0,1

Mámore, cerâmica 1 -10 0,001

Cascalho, tapete, carpete 10 - 100 0,0001

Asfalto, linóleo, madeira ≥ 100 0,00001

Tabela 35 - Fator de redução rt em função do solo ou piso


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

Os valores do fator de redução rp em função das providências adotadas para reduzir as consequên-
cias de um incêndio podem ser obtidos na tabela seguinte. Caso seja adotada mais de uma providência,
recomenda-se adotar o menor dos valores e, caso a estrutura apresente risco de explosão, deve-se adotar
rp = 1 para todos os casos.

Providências rp
Nenhuma providência 1

Uma das seguintes providências: extintores, instalações fixas


operadas manualmente, instalações de alarme manuais, 0,5
hidrantes, compartimentos à prova de fogo, rotas de escape
Uma das seguintes providências: instalações fixas operadas
0,2
manualmente, instalações de alarme automático

Tabela 36 - Fator de redução rp em função das providências tomadas contra incêndio


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

Os valores do fator de redução rf em função do risco de incêndio ou explosão na estrutura podem ser
obtidos na tabela seguinte.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
133

Risco Quantidade de risco rf


Zonas 0, 20 e explosivos sólidos 1

Explosão Zonas 1, 21 0,1

Zonas 2, 22 0,001

Alto 0,1

Incêndio Normal 0,01

Baixo 0,001

Explosão ou incêndio Nenhum 0

Tabela 37 - Fator de redução rf em função do risco de explosão ou incêndio


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

As zonas 0, 1, 2, 20, 21 e 22 indicadas na tabela anterior são relativas à classificação de área da estrutura.
Veja mais detalhes sobre este conteúdo no tópico sobre plantas de classificação de áreas.
Os valores do fator hz para aumentar a quantidade de perda, quando existir algum perigo especial, po-
dem ser obtidos na tabela seguinte.

Tipo de perigo especial hhzZ


Sem perigo especial 1

Baixo nível de pânico (por exemplo, uma estrutura limitada a dois andares e número
de pessoas não superior a 100) 2

Nível médio de pânico (por exemplo, estruturas designadas para eventos culturais ou
esportivos com um número de participantes entre 100 e 1000 pessoas) 5

5
hospitais)

Alto nível de pânico (por exemplo, estruturas designadas para eventos culturais ou 10
esportivos com um número de participantes maior que 1000 pessoas)

Tabela 38 - Fator hZ em função do perigo especial


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

Os perigos especiais são relativos à dificuldade de evacuação em locais com grande número de pessoas
ou com pessoas com dificuldade de locomoção como indicado na tabela anterior.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
134

b) Perda de serviço ao público (L2)


Os valores da perda de serviço ao público (L2) são influenciados pela relação entre o número de usu-
ários servidos pela zona (nz) e o número total de usuários servidos pela estrutura (nt) e pelos fatores de
ponderação que dependem das características da zona.
O valor da perda L2 pode ser determinado através das equações seguintes correlacionadas aos respec-
tivos tipos de danos.
Danos físicos (D2):

nz
LB = LV = rp × rf × LF ×
nt
nz
LB = LV = rp × rf × LF × n
Falha de sistemas internos (D3): L = L = L = L = L ×nt z
C M W Z O
nt
nz
LC = LM = LW = LZ = LO ×
cnz t
LB = LV = rp × rf × LF ×
ct
Onde: cz
LB = LV = rp × rf × LF ×
ct
LF - Número médio típico de usuários não servidos por danos físicos (D2) (Tabela 39 - Tipo de perda L2:
Valores médios típicos de LF e LO); ca*
LA = LU = rt × LT ×
t
c
LO - Número médio típico de usuários não servidos por falha de sistemas internos (D3) (Tabela 39 - Tipo
ca*
de perda L2: Valores médios típicos de LFLe L=O);L = r × L ×
A U t T (cca + cb +cc +cs )*
L
rp - Fator de redução da perda por = L
B danos
= r ×
físicosr × L ×
t em função
t
das providências tomadas contra incêndio
V p F ct
(Tabela 36 - Fator de redução rp em função das providências (c tomadas
+ cb +ccontra incêndio);
+cs )*
a c
LB = LV = rp × rt × LF × cs*
rf - Fator de redução da perda por danos
LC =físicos
LM =em LWfunção
= LZ =do × ctde incêndio (Tabela 37);
LOrisco
ct
nz - Número de usuários servidos pela zona;
cs*
L = L = L
nt - Número total de usuários servidos pela estrutura.
= L = L ×
C M W Z O
ct
Os valores médios típicos de L e L , para o tipoLde
F O
= LF + L2,
FT perda
LE em função do tipo de dano e do tipo de
serviço da estrutura, podem ser obtidos na tabela seguinte. ce
LLFT == L
L ×+ L
E FE
F cE t
ce
Tipos de danos L
Valor típico de perda = L ×
E FE
ct Tipo de serviço
0,1 PAT Gás, água, fornecimento Q de energia
D2: Danos físicos FP
LF = cos Ф = = cos (ARCTG )
0,01 PAP TV, linhas de sinaisPAT
PAT Q
D3: Falhas de FP = cos Ф0,01 = =Gás,
coságua,
(ARCTG
fornecimento) de energia
LO
PAP PAT
sistemas internos
C
= PAT × (tan
Q0,001 Ф1 - de
TV, linhas tansinais
Ф2)

Q = P × (tan Ф - tan Ф )
Tabela 39 - Tipo de perda L2: Valores médios típicos de LF e LO
Fonte:CABNT NBR
AT 5419-2, 2015. 1 2

Act
Act = Ae × Tx Ae= π × De2
T
5 Projetos de instalações elétricas industriais
135

c) Perda de patrimônio cultural (L3)


Os valores da perda de patrimônio cultural (L3) são influenciados pela relação entre o valor do patrimô-
nio cultural da zona (cz) e o valor total da edificação, incluindo onzconteúdo da estrutura (ct) e pelos fatores
LB = LV = rp × rf × LF ×
de ponderação que dependem das características da zona. nt
O valor da perda L3 pode ser determinado através das equações seguintes correlacionadas ao respec-
nz
tivo tipo de dano. L =L =L =L =L ×
C M W Z O
nt
Danos físicos (D2):

cz
LB = LV = rp × rf × LF ×
ct

Onde:
a
c*
LA = atingidos
LF - Valor médio típico de todos os valores LU = rt × pelos
LT × danos físicos (D2) (Tabela 40 - Tipo de perda
ct
L3: Valor médio típico de LF);
rp - Fator de redução da perda por danos físicos em função
(cadas
+ cbprovidências
+cc +cs )* tomadas contra incêndio
LBfunção
(Tabela 36 - Fator de redução rp em = LV =das
rp × rt × LF × tomadas contra incêndio);
providencias c t
rf - Fator de redução da perda por danos físicos em função do risco de incêndio (Tabela 37 - Fator de
redução rf em função do risco de explosão ouLincêndio); cs*
L = =L =L =L ×
C M W Z O
ct
cz - Valor do patrimônio cultural da zona;
ct - Valor total da edificação incluindo o conteúdo da estrutura.
O valor médio típico de LF, para o tipo de perdaLL3, = LF + LE do tipo de dano e do tipo de estrutura ou
FT em função

zona, pode ser obtido na tabela seguinte. c e


LE = LFE×
ct

Tipos de dano Valor típico de perda Tipo de estrutura ou zona

D2: Danos físicos LF 0,1 P Museu,Qgalerias


AT
FP = cos Ф = = cos (ARCTG )
PAP PAT
Tabela 40 - Tipo de perda L3: Valor médio típico de LF
Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

QC = PAT × (tan Ф1 - tan Ф2)


d) Perda de valores econômicos (L4)
O montante da perda de valores econômicos (L4) é influenciado pela relação entre o valor econômico
relevante da zona (ca, cb, cc e cs) e o valor total (ct) da estrutura completa (animais, edificação, conteúdo e
Act
sistemas internos incluindo suas atividades) e pelos fatores de ponderação que dependem das caracterís-
Act = Ae × Tx A = π × D 2
ticas da zona. e
T e
x 4
Os valores da perda L4 podem ser determinados através das equações seguintes correlacionadas aos
respectivos tipos de danos.
LB = LV = rp × rf × LF ×
nt
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
136
nz
LC = LM = LW = LZ = LOn×
z nt
LB = LV = rp × rf × LF ×
nt
cz
LB = LV = rp × rf × LFn × nz
LC = LM = LW = LZ = LO ×z ct
Danos para animais por choque elétrico
LB = LV = r(D1) × LF × valornde
× r–f somente animais (ca):
p nt t

nczz*
c
L = L
LC =BLM L=VL= r × r × L ×
A
=WL=Up =
LZrf=×LOLF×× ca
t T nctt
t

c(cz a + cb +cc +cs )*


LLBB =
Danos físicos (D2) – total de valores= L(c
LVa,=
=
cbr,rpcp×
×e rc ):× L ×
c rfts× LFF × ca* ct
LA = LU = rt × LT × ct
V

ct
cs*
LC = LM = LW = LZ = LO ×
(ca + cb +ccc+c t s
)*
LB = LV = rp × rt × LF × ca*
LA = LU = rt × LT × ct
ct
L = LF + LE cs*
LC =dos
Falha de sistemas internos (D3) – valor LM = LWFT= Linternos
sistemas = L ×incluindo
Z(ca + Ocb +c +cs )*suas atividades (cs):
cc
LB = LV = rp × rt × LF × ce c t
LE = LFE× t
ct
cs*
LC = LM = LLWFT==LL =+LLO E×
ZF
ct
ce
L P=ATLFE× Q
FP = cos Ф = E = cosct (ARCTG )
(*) Relações entre os valores econômicos da zonaPAP PAT
e o valor total (ct) da estrutura devem ser consideradas
LFT = LF + LE
apenas se a avaliação dos custos das perdas seguir o procedimento do Anexo D da norma da ABNT NBR
5419-2. Caso não seja adotado o procedimento ou não tenha ce disponíveis tais valores, deve ser adotada a
L =
P L ×
PATFE× (tan
Q E= AT Ф1 - tan ФQ )
relação igual a 1. FP = cos Ф =C ct (ARCTG
= cos 2 )
PAP PAT
Onde:
LT - Valor médio típico de todos os valores danificados por choque elétrico (D1) (Tabela 41 - Tipo de
PAT Q
perda L4: Valores médios típicos eQ
, LFФ
FPde= Lcos L=OC);= P ×
= (tan
cos Ф -
(ARCTGA
tan
ct Ф ) )
πP× De2
T
Act = Ae × TPx AP
AT 1
Ae=
2
T
LF - Valor médio típico de todos os valores atingidos por danos físicos
AT
(D2)
x 4 (Tabela 41 - Tipo de perda L4:
Valores médios típicos de LT, LF e LO);
LO - Valor médio típico de todos os valores AT
× (tan Фpor
QC = Pdanificados - tan
1 A
Фde
falha 2
) sistemas internos (D3) (Tabela 41 -
ct
Tipo de perda L4: Valores médiosActtípicos
= Ae ×deTLxT, LF e LO); Ae= π × De2
Tx
4
rt - Fator de redução da perda de animais em função do tipo de solo ou piso (Tabela 35 - Fator de redu-
ção rt em função do solo ou piso);
Act
Act =por
rp - Fator de redução da perda Ae danos
× Tx físicos emAefunção
= π×
das De
providências
2
tomadas contra incêndio
Tx
4
(Tabela 36 - Fator de redução rp em função das providências tomadas contra incêndio);
rf - Fator de redução da perda por danos físicos em função do risco de incêndio ou explosão da estrutura
(Tabela 37 - Fator de redução rf em função do risco de explosão ou incêndio);
ca - Valor dos animais na zona;
cb - Valor da edificação relevante à zona;
5 Projetos de instalações elétricas industriais
137

cc - Valor do conteúdo da zona;


cs - Valor dos sistemas internos incluindo suas atividades na zona;
Os valores médios típicos de LT, LF e LO, para o tipo de perda L4, em função do tipo de dano e do tipo da
estrutura, podem ser obtidos na tabela seguinte.

Tipos de danos Valor típico de perda Tipo de estrutura


D1: Ferimentos a seres nz
vivos devido a LBL= rp × rf × LF × Todos os tipos
T L = 0,01
onde somente animais
choque elétrico
V nt estão presentes

1 Risco de explosão
0,5 nz industrial, museu, agricultura
Hospital,
LC = LM = LW = LZ = LO ×
D2: Danos físicos LF nt escola, escritório, igreja,
Hotel,
0,2
entretenimento público, comercial

0,01 cz Outros
LB = LV = 0,1
rp × rf × LF × Risco de explosão
ct
D3: Falhas de sistemas 0,01 Hospital, industrial, escritório, hotel, comercial
LO
internos Museu, agricultura, escola, igreja,
0,001
entretenimento público
0,0001 ca* Outros
LA = LU = rt × LT ×
c
t
Tabela 41 - Tipo de perda L4: Valores médios típicos de LT, LF e LO
Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.
(ca + cb +cc +cs )*
LB = LV = rp × rt × LF ×
ct
Quando o dano à estrutura originado de uma descarga atmosférica tiver consequências para as estru-
cs*
turas vizinhas ou ao meio ambiente por emissões químicas ou radioativas, por exemplo, perdas adicionais
LC = LM = LW = LZ = LO ×
(LE) podem ser consideradas ao avaliar a perda total (LFT), conformect as equações seguintes.

LFT = LF + LE
ce
LE = LFE×
ct

Onde:
PAT Q
LFE - Perda por danos físicos FP
fora=da
cos Ф=
estrutura; = cos (ARCTG )
PAP PAT
ce - Total dos valores em perigo localizados fora da estrutura;
Quando o valor de LFE for desconhecido, recomenda-se adotar LFE = 1.
QC = PAT × (tan Ф1 - tan Ф2)

Act
Act = Ae × Tx Ae= π × De2
Tx
4
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
138

Estruturas com zona (zs) única ou múltiplas

Caso a estrutura seja subdividida em zonas (ZS), cada componente de risco deve ser analisado para
cada zona e o risco total R da estrutura será a soma dos componentes de risco das zonas que compõem a
estrutura.
Para os componentes de risco RA, RB, RU, RV, RW e RZ, quando for aplicável em cada zona mais de um valor
por parâmetro, deve ser adotado o maior deles.
Para os componentes de risco RC e RM, caso esteja relacionado mais de um sistema interno por zona, os
valores de PC e PM devem ser calculados de acordo com as seguintes equações:

PC = 1 - (1 - PC1) × (1 - PC2) × ... × (1 - PCN)

PM = 1 - (1 - PM1) × (1 - PM2) × ... × (1 - PMN)

De forma geral, caso seja aplicável mais de um valor de parâmetro para uma zona, deve ser adotado
o valor que levar ao mais alto risco, exceto para PC e PM, que devem ser aplicadas as equações anteriores.
Definir a estrutura como uma única zona poderá levar o projetista a adotar soluções caras, pois as me-
didas de proteção deverão ser estendidas a toda estrutura. No entanto, ao dividir a estrutura em zonas
múltiplas ZS permite que o projetista faça uma análise zona a zona em função de suas características. Desta
forma, podem ser adotadas medidas de proteção específicas para cada zona, reduzindo o custo total da
proteção contra descargas atmosféricas.

Divisão das linhas em seções

As linhas podem ser subdivididas em seções (SL) para a avaliação dos componentes de risco relativos a
descargas atmosféricas na linha ou próximos da linha. A seção de uma linha (SL) é definida como parte de
uma linha de energia ou sinal com características homogêneas. Por exemplo, se a linha possui trecho aéreo
ou enterrada, blindada ou não blindada, etc.
Caso se aplique mais de um valor de parâmetro por seção, deve-se adotar o valor que resulte no maior
risco.

CONSOLIDANDO A AVALIAÇÃO DOS COMPONENTES DE RISCO

Estudamos nos tópicos anteriores como calcular os parâmetros relevantes NX, PX e LX para avaliação dos
componentes de risco RA, RB, RC, RM, RU, RV, RW e RZ, podemos então consolidar esses componentes através
da equação base recapitulada a seguir.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
139

RX = NX × PX × LX

Os parâmetros relevantes NX, PX e LX estão dispostos na tabela seguinte, com suas respectivas denomi-
nações.

SÍMBOLO DENOMINAÇÃO EQUAÇÃO / TABELA

Número médio anual de eventos perigosos devido às descargas atmosféricas

ND Na estrutura ND = NG × AD × CD × 10-6

NM Perto da estrutura NM = NG × AM × 10-6

NL Em uma linha conectada à estrutura NL = NG × AL × CI × CE × CT × 10-6

NI Perto de uma linha conectada à estrutura NI = NG × AI × CI × CE × CT × 10-6

NDJ Em uma estrutura adjacente NDJ = NG × ADJ × CDJ × CT × 10-6

Probabilidade de uma descarga atmosférica na estrutura causar

PA Ferimentos de seres vivos por choque elétrico PA = PTA × PB

PB Danos físicos Tabela 24

PC Falha de sistemas internos PC = PSPD × CLD

Probabilidade de uma descarga atmosférica perto da estrutura causar

PM Falha de sistemas internos PM = PSPD × PMS

Probabilidade de uma descarga atmosférica em uma linha causar

PU Ferimentos a seres vivos por choque elétrico PU = PTU × PEB × PLD × CLD

PV Danos físicos PV = PEB × PLD × CLD

PW Falha de sistemas internos PW = PSPD × PLD × CLD

Probabilidade de uma descarga atmosférica perto de uma linha causar

PZ Falha de sistemas internos PZ = PSPD × PLI × CLI

Perda devido a

n t
LA = LU Ferimentos a seres vivos por choque elétrico LA = LU = rt × LT × nz × z
t 8760

n t
LB = LV Danos físicos LB = LV = rp × rf × hz × LF × nz × z
t 8760

n t
LC = LM = LW = LZ Falha de sistemas internos LC = LM = LW = LZ = LO × nz × z
t 8760

Tabela 42 - Parâmetros relevantes para avaliação dos componentes de risco


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
140

Um sumário dos componentes de riscos para estruturas em função dos tipos de danos (D1 a D3) e fon-
tes de danos (S1 à S4) estão relacionados na tabela seguinte com base nos parâmetros dispostos na tabela
anterior e na equação base.

Fonte de danos

Danos S1: Descarga S2: Descarga S4: Descarga


S3: Descarga atmosférica
atmosférica na atmosférica perto atmosférica perto da
na linha conectada
estrutura da estrutura linha conectada
D1 RA = ND x PA x LA – RU = (NL x NDJ) x PU x LU –
D2 RB = ND x PB x LB – RV = (NL x NDJ) x PV x LV –
D3 RC = ND x PC x LC RM = NM x PM x LM RW = (NL x NDJ) x PW x LW RZ = NI x PZ x LZ

Tabela 43 - Componentes de risco para diferentes tipos de danos e fontes de danos


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

Para os cálculos relacionados a descargas na linha (S3) ou próximo da linha (S4), nas estruturas com
mais de uma linha conectada com roteamento diferente, devem ser feitos cálculos para cada linha. Se o
roteamento for o mesmo, deve ser feito o cálculo apenas para a linha com as piores características, que
serão as linhas com valores de NL e NI mais altos, com os menores valores de tensão suportável (UW), linhas
não blindadas e as linhas de energia sem transformador AT/BT.

Os cálculos dos componentes de risco são extensos e há sempre a necessidade de


FIQUE efetuar interações para avaliar qual conjunto de medidas proporcionará um risco
ALERTA aceitável. Por isso, recomenda-se que os cálculos sejam feitos com o auxílio de uma
planilha ou software para evitar erros e retrabalhos.

Estudamos até aqui os cálculos para definir as medidas de proteção. No próximo tópico será apresenta-
do um exemplo ilustrativo com os cálculos do gerenciamento de risco.

5.5.4 Exemplo DOS CÁLCULOS DO GERENCIAMENTO DE RISCO

Será exposto neste tópico um exemplo com os cálculos do gerenciamento de risco de uma indústria
fictícia. Sendo que serão realizados os cálculos da situação inicial sem as medidas de proteção, em seguida,
analisaremos quais as medidas de proteção adequadas para reduzir os componentes de risco e, por fim,
serão recalculados os componentes de risco considerando a aplicação das medidas adotadas.
Para este tipo de estrutura (uma indústria) se aplicam apenas as perdas de vida humana L1 e as perdas
de valores econômicos L4. Como não temos valores econômicos reais de uma estrutura, conteúdo e per-
das de atividades de uma indústria similar, será analisado apenas o componente de risco R1 relacionado à
perda de vida humana L1.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
141

características da estrutura

A estrutura é composta por uma edificação única, está localizada na cidade de Cubatão-SP que apre-
senta NG = 10,27 por km2/ano, em uma área com outras estruturas de altura similar, não possui SPDA, não
possui MPS, possui dimensões de 150 m de largura, 270 de comprimento e 20 de altura.
A indústria opera em regime de 3 turnos durante 7 dias por semana com o mesmo número de funcio-
nários nos três turnos. A área administrativa opera apenas em horário comercial de segunda a sexta, consi-
derando 8 horas por dia e 22 dias úteis por mês teremos um total de 2112 horas/ano.
Está conectada à estrutura uma linha de energia AT aérea com transformador AT/BT com 2350 m de
comprimento e uma linha de sinal enterrada sem blindagem com 840 m de comprimento.
A tabela seguinte apresenta a divisão da estrutura em zonas adotadas para o gerenciamento de risco, o
número de pessoas e o tempo de permanência das pessoas em cada zona.

Zonas Número de pessoas Tempo da presença (h)

Z1 Área externa nZ1 8 tZ1 8760

Z2 Área administrativa nZ2 42 tZ2 2112

Z3 Área industrial nZ3 97 tZ3 8760

Total nt 147 T. Anual 8760

Tabela 44 - Número de pessoas e tempo de permanência por zona


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

As características da estrutura estão indicadas na tabela seguinte, que apresenta cada parâmetro e a
referência aplicável para obter os valores.

Parâmetros de entrada Comentário Símbolo Valor Referência

Densidade de descargas
atmosféricas para a terra Cidade: Cubatão - SP NG 10,27 INPE
(1/km2/ano)

Dimensões da estrutura Comprimento, largura e altura (m) L/W/H 150 / 270 / 20 –

Fator de localização da Estrutura cercada por objetos da CD 0,5 Tabela 21


estrutura mesma altura ou mais baixos

SPDA Estrutura não protegida por SPDA PB 1 Tabela 26

Ligação equipotencial Sem DPS PEB 1 Tabela 31

Blindagem espacial externa Sem blindagem estrutural KS1 1 ≤1

Tabela 45 - Características da estrutura


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
142

Na tabela anterior foi adotado KS1 com o valor máximo (KS1 = 1) e os demais parâmetros definidos con-
forme as características da estrutura informadas nos dados de entrada e as tabelas relacionadas na coluna
referência.

características da linha de energia

Os parâmetros da linha de energia estão indicados na tabela seguinte.

Parâmetros de entrada Comentário Símbolo Valor Referência


Comprimento (m) LL 2350
Fator de instalação Aéreo CI 1 Tabela 23
Fator tipo de linha Linha de energia em AT (com tranformador AT/BT) CT 0,2 Tabela 22
Fator ambiental Suburbano CE 0,5 Tabela 24
Blindagem da linha Linha enterrada sem blindagem RS – Tabela 32
Aérea não Indefinida CLD 1
Blindagem, Tipo de linha blindada Conexão na
entrada Tabela 28
aterramento, isolação externa Aérea não Indefinida CLI 1
blindada
Estrutura adjacente Comprimento, largura e altura (m) LJ / WJ / HJ 60 / 140 / 10 –
Fator de localização da Estrutura cercada por objetos da CDJ
mesma altura ou mais baixos 0,5 Tabela 21
estrutura adjacente
Tensão suportáveis dos UW 4 Tabela 32
sistemas internos (kV)

KS4= 1
KS4 0,25 UW
Parâmetros resultantes
PLD 1 Tabela 32
PLI 0,16 Tabela 33

Tabela 46 - Parâmetros da linha de energia


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
143

características da linha de sinal

Os parâmetros da linha de sinal estão indicados na tabela seguinte.

Parâmetros de entrada Comentário Símbolo Valor Referência


Comprimento (m) LL 840
Fator de instalação Enterrado CI 0,5 Tabela 23
Fator tipo de linha Linha de sinal CT 1 Tabela 22
Fator ambiental Suburbano CE 0,5 Tabela 22
Blindagem da linha Linha enterrada sem blindagem RS – Tabela 32
Enterrada CLD
Blindagem, Tipo de linha não blindada Conexão na Indefinida 1
entrada Tabela 28
aterramento, isolação externa Enterrada Indefinida CLI 1
não blindada
Estrutura adjacente Comprimento, largura e altura (m) LJ / WJ / HJ 30 / 80 / 7 –
Fator de localização da Estrutura isolada: nenhum CDJ
outro objeto nas vizinhanças 1 Tabela 21
estrutura adjacente
Tensão suportáveis dos UW 2,5 Tabela 32
sistemas internos (kV)
1
KS4 0,40 UW
Parâmetros resultantes
PLD 1 Tabela 32
PLI 0,2 Tabela 33

Tabela 47 - Parâmetros da linha de sinal


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Nos próximos tópicos será feita a avaliação de cada zona em função das características de cada uma.

Fatores e características das zonas

Nas tabelas seguintes serão apresentados as características de cada zona e os parâmetros resultantes.
Na coluna “Parâmetros de entrada” serão dispostos os itens avaliados, na coluna “Comentário” são apre-
sentadas alguma informação adicional ou uma opção do parâmetro avaliado, as colunas seguintes apre-
sentam o “Símbolo” do parâmetro, o “Valor” resultante e, por fim, a tabela ou equação de “Referência” do
parâmetro avaliado.
Analise os dados apresentados e consulte as tabelas de referência para acompanhar o desenvolvimento
dos cálculos.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
144

Os fatores válidos para Área Externa, definida como zona Z1, em função de suas características, estão
dispostos na tabela seguinte.

Parâmetros de
Comentário Símbolo Valor Referência
entrada

Superfície do piso Gramado / concreto (KΩ ≤ 1) rt 0,01 Tabela 35


Proteção contra choque Nenhuma medida de proteção PTA 1
Tabela 25
(descarga na estrutura)
Risco de incêndio Incêndio / Normal rf 0,01 Tabela 37

Proteção contra incêndio Extintores e hidrantes rp 0,5 Tabela 36


Blindagem espacial interna Sem blindagem KS2 1 0,12×Wm2
L1: Perda de vida humana Perigo especial: Nenhum hZ 1 Tabela 38
D1: Ferimentos – Todos tipos LT 0,01

D2: Danos físicos – Industrial LF 0,02 Tabela 34


D3: Falhas de sistemas internos LO -

nz1 tz1 8 8760


Fator para pessoas na zona × = × - 0,054 Tabela 44
nt 8760 147 8760

Tabela 48 - Fatores válidos para Z1 (Área Externa)


Fonte: senai dr ba, 2018.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
145

Os fatores válidos para Área Administrativa, definida como zona Z2, em função de suas características,
estão dispostos na tabela seguinte.

Parâmetros de entrada Comentário Símbolo Valor Referência


Superfície do piso Concreto (KΩ ≤ 1) rt 00,1 Tabela 35
Proteção contra choque PTA
Nenhuma medida de proteção 1 Tabela 25
(descarga na estrutura)

Proteção contra choque PTU


Nenhuma medida de proteção 1 Tabela 30
(descarga na linha)
Risco de incêndio Incêndio / Normal rf 00,1 Tabela 37
Extintores, instalações de alarme rp
Proteção contra incêndio 0,5 Tabela 36
manuais, hidrantes, rotas de escape
Blindagem espacial interna Sem blindagem KS2 1 0,12 x Wm2
Não blindado (sem preocupação no KS3
Fiação interna 1 Tabela 29
Energia roteamento no sentido de evitar laços)
DPS Nenhum sistema de DPS ccordenado PSPD 1 Tabela 27
Não blindado (sem preocupação no KS3
Fiação interna 1 Tabela 29
Telecom roteamento no sentido de evitar laços)
DPS Nenhum sistema de DPS ccordenado PSPD 1 Tabela 27
Perigo especial: Baixo nível de pânico
(limitada a dois andares e número de hz 2 Tabela 38
pessoas não superior a 100)
L1: Perda de vida humana LT
D1: Ferimentos - Todos tipos 00,1
D2: Danos físicos - industrial LF 00,2 Tabela 34
D3: Falhas de sistemas internos LO –
nZ2 tZ2 42 2112
Fator para pessoas na zona nt x 8760 = 147 x 8760 – 0,669 Tabela 44

Tabela 49 - Fatores válidos para Z2 (Área Administrativa)


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
146

Os fatores válidos para Área Industrial, definida como zona Z3, em função de suas características, estão
dispostos na tabela seguinte.

Parâmetros de entrada Comentário Símbolo Valor Referência


Superfície do piso Concreto (KΩ ≤ 1) rt 00,1 Tabela 35
Proteção contra choque PTA
Nenhuma medida de proteção 1 Tabela 25
(descarga na estrutura)

Proteção contra choque PTU


Nenhuma medida de proteção 1 Tabela 30
(descarga na linha)
Risco de incêndio Incêndio / Normal rf 00,1 Tabela 37
Extintores, instalações de alarme rp
Proteção contra incêndio 0,5 Tabela 36
manuais, hidrantes, rotas de escape
Blindagem espacial interna Sem blindagem KS2 1 0,12 x Wm2
Não blindado (sem preocupação no KS3
Fiação interna 1 Tabela 29
Energia roteamento no sentido de evitar laços)
DPS Nenhum sistema de DPS ccordenado PSPD 1 Tabela 27
Não blindado (sem preocupação no KS3
Fiação interna 1 Tabela 29
Telecom roteamento no sentido de evitar laços)
DPS Nenhum sistema de DPS coordenado PSPD 1 Tabela 27
Perigo especial: Baixo nível de pânico
(limitada a dois andares e número de hz 2 Tabela 38
pessoas não superior a 100)
L1: Perda de vida humana LT
D1: Ferimentos - Todos tipos 00,1
D2: Danos físicos - Industrial LF 00,2 Tabela 34
D3: Falhas de sistemas internos LO –
nZ3 tZ3 97 8760
Fator para pessoas na zona nt x 8760 = 147 x 8760 – 0,660 Tabela 44

Tabela 50 - Fatores válidos para Z3 (Área Industrial)


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Não foi considerado perigo especial (hz) para Z1 por se tratar de uma área aberta sem andares. Para as
zonas Z2 e Z3 foi considerado baixo nível de pânico porque a estrutura é limitada a 2 andares e possui nú-
mero de pessoas não superior a 100 em cada zona.
Avaliamos e definimos os parâmetros de cada zona. Precisamos agora calcular a área de exposição equi-
valente da estrutura e das linhas, que será calculado no próximo tópico.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
147

Cálculo da área de exposição equivalente da estrutura e das linhas

Os cálculos da área de exposição equivalente da estrutura e das linhas de energia e sinal estão dispostos
na tabela seguinte. Na coluna “Equação” consta a fórmula utilizada para calcular cada parâmetro.

Referente à Símbolo Resultado (m2) Equação


AD 1,02 x 105 AD = L x W + 2x (3 x H) x (L x W) + � x (3 x H)2
Estrutura
AM 1,21 x 106 AM = 2 x 500 x (L x W) + � x 5002

AL/P 9,40 x 104 AL/P = 40 x LL


Linha de AI/P AI/P = 4000 x LL
9,40 x 106
energia
ADJ/P 2,32 x 104 ADJ/P = L x W + 2 x (3 x H) x (L x W) + � x (3 x H)2

AL/T 3,36 x 104 AL/T = 40 x LL


Linha de AI/T AI/T = 4000 x LL
3,36 x 106
sinal
ADJ/T 8,41 x 103 ADJ/T = L x W + 2 x (3 x H) x (L x W) + � x (3 x H)2

Tabela 51 - Resultado dos cálculos da área de exposição


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

De posse da informação da área de exposição equivalente, podemos calcular o número de eventos


perigosos anuais, conforme o próximo tópico.

Cálculo do número de eventos perigosos anuais (NX)

Os cálculos do número anual de eventos perigosos (NX) estão dispostos na tabela seguinte. Na coluna
“Equação” consta a fórmula utilizada para calcular cada parâmetro.

Referente à Símbolo Resultado (m2) Equação


ND 5,25 x 10-1 ND = NG x AD x CD x 10-6
Estrutura
NM 12,4 NM = NG x AM x 10-6
NL/P 9,65 x 10-2 NL/P = NG x AL/P x CI/P x CE/P x CT/P x 10-6
Linha de NIL/P 9,65 NI/P = NG x AI/P x CI/P x CE/P x CT/P x 10-6
energia
NDJ/P 2,39 x 10-2 NDJ/P = NG x ADJ/P x CDJ/P x CT/P x 10-6
NL/T 8,63 x 10-2 NL/T = NG x AL/T x CI/T x CE/T x CT/T x 10-6
Linha de NIT 8,63 NI/T = NG x AI/T x CI/T x CE/T x CT/T x 10-6
sinal
NDJ/T 8,63 x 10-2 NDJ/T = NG x ADJ/T x CDJ/T x CT/T x 10-6

Tabela 52 - Resultado dos cálculos do número de eventos perigosos anuais (NX)


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
148

O próximo passo é o cálculo da probabilidade de dano à estrutura, que será calculada por zona no tó-
pico seguinte.

Cálculo dA PROBABILIDADE DE DANO À ESTRUTURA (PX)

Os cálculos da probabilidade de dano à estrutura (PX) relativos a cada zona estão dispostos na tabela
seguinte. Na coluna “Equação/Referência” consta a fórmula utilizada para calcular ou a tabela de referência
consultada para definir o parâmetro.

Tipos de danos Símbolo Z1 Z2 Z3 Equação/Referência


PA 1,00 1,00 1,00 PA = PTA x PB
D1: Ferimentos PU/P PU/P = PTU/P x PEB x PLD/P x CLD/P
– 1,00 1,00
devido a choque
PU/T – 1,00 1,00 PU/T = PTU/T x PEB x PLD/T x CLD/T
PB – 1,00 1,00 Tabela 26
D2: Danos PV/P PV/P = PEB x PLD/P x CLD/P
– 1,00 1,00
físicos
PV/T – 1,00 1,00 PV/T = PEB x PLD/T x CLD/T

PC – 1,00 1,00 PC = 1 - (1 - PC/P) x (1 - PC/T)

PM – 2,13 x 10-1 2,13 x 10-1 PM = 1 - (1 - PM/P) x (1 - PM/T)

D3: Falha de PW/P – 1,00 1,00 PW/P = PSPD/P x PLD/P x CLD/P


sistemas
internos PW/T – 1,00 1,00 PW/T = PSPD/T x PLD/T x CLD/T

PZ/P – 1,60 x 10-1 1,60 x 10-1 PZ/P = PSPD/P x PLI/P x CLI/P

PZ/T – 2,00 x 10-1 2,00 x 10-1 PZ/T = PSPD/T x PLI/T x CLI/T

Tabela 53 - Resultado dos cálculos da probabilidade de dano à estrutura (PX)


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Por fim, precisamos calcular a perda consequente, conforme o próximo tópico.

Cálculo dA PERDA CONSEQUENTE (LX)

Os cálculos da quantidade de perda consequente (LX) estão dispostos na tabela seguinte. Na coluna
“Equação” consta a fórmula utilizada para calcular cada parâmetro.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
149

Tipos de danos Símbolo Z1 Z2 Z3 Equação

D1: Ferimentos nZ tZ
devido LA 5,44 x 10-6 6,89 x 10-6 6,60 x 10-5 LA = LU = rt x LT x x
nt 8760
a choque

D2: Danos nZ tZ
LB 5,44 x 10-6 1,38 x 10-5 1,32 x 10-4 LB = LV = rp x rt x hzx Lf x x
físicos nt 8760

D3: Falha de nZ tZ
sistemas LM 0,00 0,00 0,00 LC = LM = LW = LZ = LO x x
nt 8760
internos

Tabela 54 - Resultado dos cálculos da quantidade de perda consequente (LX)


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Foi considerado que não há risco de explosão em caso de falhas de sistemas internos. Com isso, o parâ-
metro LO foi adotado como sendo nulo, resultando em um valor nulo também para o parâmetro LM.
Temos calculados os parâmetros relevantes NX, PX e LX. Podemos então calcular os componentes de
risco, o que será realizado no próximo tópico.

AVALIAÇÃO DOS RISCOS PARA SITUAÇÃO INICIAL (sem PROTEÇÃO)

Os cálculos da situação inicial (sem proteção) dos componentes de riscos relacionados e a avaliação do
risco total estão dispostos na tabela seguinte.

Tipos de danos Símbolo Z Z Z Estrutura

RA 2,92 x 10 3,62 x 10 3,46 x 10 4,11 x 10-5


D1: Ferimentos devido a choque
RU = RU/P + RU/T - 2,02 x 10 1,93 x 10 2,14 x 10-5

RB - 7,23 x 10 6,93 x 10 7,65 x 10-5


D2: Danos físicos
RV = RV/P + RV/T - 4,04 x 10 3,87 x 10 4,27 x 10-5

RC - 0 0 0

RM - 0 0 0
D3: Falha de sistemas internos
RW = RW/P + RW/T - 0 0 0

RZ = RZ/P + RZ/T - 0 0 0

Total do risco R1 2,86 x 10 1,69 x 10 1,62 x 10 1,82 x 10-4

Total na estrutura: R1 = 1,82 x 10


R1 > RT: Necessária instalação de proteção contra
descargas atmosféricas.
Risco tolerável: RT ≤ 1,0 x 10

Tabela 55 - Resultado dos cálculos do risco R1 para situação inicial (sem proteção)
Fonte: senai dr ba, 2018.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
150

Conforme o resultado dos cálculos apresentados na tabela anterior para situação inicial, que é a estru-
tura sem proteção contra descargas atmosféricas, o valor do risco R1 é maior do que o risco tolerável RT
para as zonas Z2 e Z3. Logo, faz-se necessária a instalação de proteção contra descargas atmosféricas nas
zonas Z2 e Z3.
Como Z2 e Z3 fazem parte da edificação única da indústria, devem ser aplicadas medidas nessa edifica-
ção e não se faz necessário aplicar medidas de proteção na zona Z1.
Veremos no próximo tópico quais as medidas necessárias para reduzir o risco R1 para um valor menor
ou igual ao risco tolerável RT.

AVALIAÇÃO DOS RISCOS PARA SITUAÇÃO FINAL (COM PROTEÇÃO)

Para reduzir o risco R1 da estrutura para um valor menor ou igual ao risco tolerável, devem ser aplicadas
algumas medidas de proteção contra descargas atmosféricas. Conforme a tabela anterior, os componen-
tes que influenciaram o risco foram:
a) Componente RA (RA = ND x PA x LA)
Relacionado a descargas atmosféricas na estrutura. Conforme a Tabela 18, pode ser influenciado pela
área de exposição equivalente, SPDA e ligação ao DPS.
b) Componente RU (RU = (NL + NDJ) x PU x LU)
Relacionado a descargas atmosféricas na linha conectada à estrutura. Conforme a Tabela 20 (Fatores
que influenciam os componentes de risco), pode ser influenciado pela área de exposição equivalente, pela
resistividade do piso, restrições físicas, isolamento, avisos visíveis, equipotencialização do solo, SPDA, liga-
ção ao DPS, interfaces isolantes, blindagem de linhas externas e pela tensão suportável de impulso.
c) Componente RB (RB = ND x PB x LB)
Relacionado a descargas atmosféricas na estrutura. Conforme a Tabela 20 (Fatores que influenciam os
componentes de risco), pode ser influenciado pela área de exposição equivalente, SPDA, ligação ao DPS,
proteção contra incêndio, sensores de fogo e pelos perigos especiais.
d) Componente RV (RV = (NL + NDJ) x PV x LV)
Relacionado a descargas atmosféricas na linha conectada à estrutura. Conforme a Tabela 20 (Fatores
que influenciam os componentes de risco), pode ser influenciado pela área de exposição equivalente,
SPDA, ligação ao DPS, interfaces isolantes, blindagem de linhas externas, proteção contra incêndio, senso-
res de fogo, perigos especiais e pela tensão suportável de impulso.
A solução a ser adotada pelo projetista deve levar em consideração os fatores técnicos e econômicos.
Neste exemplo, adotaremos como solução as seguintes medidas de proteção contra descargas atmosfé-
ricas:
-- Instalação de SPDA classe II. Com isso, o valor de PB será reduzido de 1 para 0,1 de acordo com a Tabela
26. Logo, haverá redução no componente RB que é diretamente proporcional ao valor PB;
5 Projetos de instalações elétricas industriais
151

-- O SPDA deve prever a interligação equipotencial de descargas atmosféricas obrigatória na entrada da


linha com DPS projetado para NP II. Com isso, o valor de PEB será reduzido de 1 para 0,02 conforme a
Tabela 31. Os valores de PU e PV são diretamente proporcionais ao valor de PEB. Logo, haverá redução
nos componentes RU e RV.

Após a análise e definição das medidas de proteção a serem adotadas, devem ser refeitos os cálculos
para certificar que o risco total R ficou menor ou igual ao risco tolerável.
Um resumo dos cálculos da situação final dos componentes de riscos relacionadas e a avaliação do risco
total, considerando as medidas de proteção adotadas, estão dispostos na tabela seguinte.

Tipos de danos Símbolo Z1 Z2 Z3 Estrutura


RA 1,43 x 10-7 1,81 x 10-7 1,73 x 10-6 2,06 x 10-6
D1: Ferimentos
devido a choque RU = RU/P + RU/T – 4,04 x 10-8 3,87 x 10-7 4,27 x 10-7
RB – 3,62 x 10-7 3,46 x 10-6 3,82 x 10-6
D3: Danos
físicos RV = RV/P + RV/T – 8,07 x 10-8 7,73 x 10-7 8,54 x 10-7
RC – 0 0 0
RM – 0 0 0
D3: Falha de
sistemas internos RW = RW/P + RW/T – 0 0 0
RZ = RZ/P + RZ/T – 0 0 0
Total do Risco R1 1,43 x 10-7 6,63 x 10-7 6,35 x 10-6 7,16 x 10-6
Total na Estrutura R1 = 7,16 x 10-6
R1 < RT: Estrutura protegida contra descargas atmosféricas
Risco Tolerável RT ≤ 1,0 x 10-5

Tabela 56 - Resultado dos cálculos do risco R1 para situação final (com proteção)
Fonte: SENAI DR BA, 2018.

De acordo o resultado dos cálculos apresentados na tabela anterior para situação da estrutura com as
medidas de proteção contra descargas atmosféricas adotadas, o valor do risco R1 é menor do que o risco
tolerável RT. Logo, as medidas de proteção são satisfatórias e a estrutura pode ser considerada como pro-
tegida contra descargas atmosféricas.
A tabela seguinte apresenta um resumo das medidas de proteção, seção dos cabos dos subsistemas de
captação, descida e aterramento, dimensões da malha de captação e o número mínimo de descidas, de
acordo com a norma da ABNT NBR 5419.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
152

Distância entre
Nível de proteção Condutores(mm2) condutores (m) Número
Zona/Local de
SPDA DPS Captação Descida Aterra. Captação Descida descidas

Z1 Área Externa – – – – – – – –

Z2 Área Administrativa
Z3 II II #35 #35 #50 10 10 84
Área Industrial

Tabela 57 - Resumo das medidas de proteção por zona


Fonte: ABNT NBR 5419-2, 2015.

Com base nessas informações básicas apresentadas nesse exemplo, que devem constar no gerencia-
mento de risco, e nas recomendações da norma da ABNT NBR 5419, é possível desenvolver o projeto,
especificar e adquirir os componentes do PDA.
O gerenciamento de risco também serve de base para fiscalização das estruturas pelas autoridades
competentes e para inspeção periódica obrigatória, que será abordada no próximo tópico.

5.5.5 Inspeções periódicas

As inspeções nas estruturas visam garantir que o SPDA e o MPS foram executados conforme definidos
no gerenciamento de risco e no projeto, que os componentes estão em boas condições físicas, são capazes
de cumprir suas funções e avaliar se novas construções ou reformas alteram as características iniciais da
estrutura previstas no gerenciamento de risco.
As inspeções devem ser feitas nos seguintes momentos:
a) Durante a construção ou instalação;
b) Após a instalação;
c) Quando houver indícios de que a estrutura foi atingida por uma descarga atmosférica;
d) Após construções ou reformas que impliquem em alterações nos componentes relevantes;
e) Periodicamente.

Você sabia que o Brasil é o campeão mundial na incidência de raios? Se-


gundo o Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), do Instituto Nacional
CURIOSIDADES de Pesquisas Espaciais (INPE), são quase 59 milhões de ocorrências de
raios por ano.
(Fonte: ANTUNES, 2016).
5 Projetos de instalações elétricas industriais
153

Para o SPDA devem ser realizadas inspeções visuais semestralmente, para identificar pontos deteriora-
dos no sistema e devem ser feitas inspeções periódicas por profissional habilitado e capacitado para exer-
cer tal atividade, com a emissão de documentação pertinente, como um laudo ou relatório de inspeção.
A inspeção periódica do SPDA deve adotar os seguintes intervalos:
-- Um ano: para estruturas utilizadas para armazenar munição ou explosivos, instaladas em locais expos-
tos à corrosão atmosférica severa ou estruturas de fornecedores de serviços essenciais, como energia,
água, telecomunicações, etc.;
-- Três anos: para estruturas que não se enquadram nas opções anteriores.

Durante as inspeções periódicas devem ser feitos testes de continuidade elétrica utilizando micro-oh-
mímetro11 ou miliohmímetro12 para verificar a continuidade dos condutores do SPDA, seguindo o procedi-
mento do Anexo F da ABNT NBR 5419-3.
As inspeções periódicas de MPS devem ser determinadas em função do ambiente local, como a existên-
cia de atmosfera ou solo corrosivo e o tipo das medidas de proteção empregadas, conforme a ABNT NBR
5419-4.
Será abordado ainda neste capítulo como elaborar o projeto de SPDA e MPS de acordo com as medidas
de proteção dimensionadas e especificadas no gerenciamento de risco. No próximo tópico abordaremos
mais um estudo elétrico necessário para o dimensionamento das instalações elétricas.

5.6 Correção do Fator de Potência

O fator de potência é uma característica extremamente importante para o uso eficiente da energia elé-
trica em uma instalação elétrica. Uma instalação com baixo fator de potência terá um consumo de energia
maior do que a energia que seria realmente necessária para manter os equipamentos funcionando, além
de outras consequências prejudiciais que serão abordadas neste tópico.
Abordaremos neste tópico como efetuar a correção do fator de potência para mantê-lo em níveis acei-
táveis pela legislação vigente. Caso queira lembrar algum conceito de eletricidade básica, reveja o material
específico sobre esse tema.

5.6.1 FATOR DE POTÊNCIA (FP)

O fator de potência pode ser definido como a relação entre o componente da potência ativa e o seu
componente total, que é a potência aparente. Pode ser definido também como o cosseno do ângulo for-
mado entre o componente da potência ativa e o seu componente total. A equação seguinte ilustra essas
definições.

11  Micro-ohmímetro: instrumento utilizado para medição de resistência ôhmica.


12  Miliohmímetro: instrumento utilizado para medição de resistência ôhmica.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
154
LFT = LF + LE
ce
LE = LFE×
ct

PAT Q
FP = cos Ф = = cos (ARCTG )
PAP PAT

Onde:
QC = PAT × (tan Ф1 - tan Ф2)
FP - Fator de potência;
PAT - Componente da potência ativa (kW);
PAP - Componente da potência aparente (kVA);
Act
Act = Ae × Tx Ae= π × De2
Q - Componente da potência reativa (kvar); Tx
4
φ - Ângulo formado entre a componente da potência ativa e a potência aparente.

A figura com o triângulo retângulo seguinte representa graficamente a relação entre as potências ativa,
reativa e aparente.

)
( k VA
nte
p are
ci aa Potência
o tên reativa
P
(kvar)
φ

Potência ativa (kW)

Figura 39 -  Triângulo de potências (ativa, reativa e aparente)


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Na figura anterior pudemos observar que a potência aparente (kVA) é o resultado da soma vetorial en-
tre a potência ativa (kW) e a potência reativa (kvar). Quanto menor for o ângulo φ, menor será a potência
reativa e maior será o fator de potência.
Logo, pode-se concluir que o baixo fator de potência está diretamente relacionado com a potência
reativa alta e que quanto mais próximo de 1,0 for o fator de potência, teremos um uso mais eficiente da
energia elétrica.
A potência ativa (kW) é aquela que efetivamente realiza trabalho e a potência reativa (kvar) é utilizada
para criação dos campos eletromagnéticos das cargas indutivas, mas não são consumidas pelas cargas. A
potência reativa permanece na rede circulando entre a carga e a fonte de alimentação elétrica.
As principais causas do excesso de potência reativa e o baixo fator de potência estão indicados a seguir:
-- Motores de indução trabalhando em vazio por um longo período;
5 Projetos de instalações elétricas industriais
155

-- Transformadores operando em vazio ou com pequenas cargas;


-- Transformadores e motores superdimensionados;
-- Grande número de motores de pequena potência em operação por longo período;
-- Lâmpadas de descarga (fluorescentes, vapor de mercúrio e vapor de sódio) supridas por reatores de
baixo fator de potência;
-- Fornos a arco;
-- Máquinas de solda;
-- Equipamentos eletrônicos e outros.

Essas causas podem ter as seguintes consequências nas instalações industriais:


-- Aumento da potência aparente;
-- Aumento da corrente que circula pela rede elétrica da unidade consumidora e da distribuidora;
-- Subutilização da capacidade instalada da unidade consumidora e da distribuidora. Ou seja, redução
da capacidade do sistema fornecer potência ativa;
-- Sobrecarga na rede;
-- Aumento das perdas elétricas;
-- Quedas de tensão;
-- Aumento do custo de energia elétrica.

Alguns equipamentos, como motores elétricos, fornos a arco e transformadores, necessitam de certa
quantidade de energia reativa para operar. Porém, essa energia reativa deve ser monitorada e controlada
para evitar essas consequências negativas para unidade consumidora e para os demais usuários da rede
de distribuição de energia.
Em função disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), através da Resolução nº 414/10 - Con-
dições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica - estabeleceu o limite mínimo de 0,92 de fator de potên-
cia para unidade consumidora.
Caso a unidade consumidora não atenda esse limite, a empresa responsável pela distribuição de energia
poderá cobrar pela energia reativa excedente, conforme os critérios definidos pela Resolução nº 414/10.
Veremos a seguir uma das soluções utilizadas para manter o fator de potência dentro de limites aceitáveis.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
156

5.6.2 APLICAÇÃO DE CAPACITORES PARA ADEQUAR O Fator de Potência

Uma das soluções mais utilizadas para adequar o fator de potência é a instalação de capacitores. O ca-
pacitor é um dispositivo formado por duas placas elétricas condutoras separadas por um material isolante
denominado dielétrico. O capacitor tem o objetivo de suprir potência reativa (kvar) aos equipamentos do
sistema ao qual está conectado e, desta forma, evitar que a energia reativa circule entre a carga e a fonte
de alimentação.
Consequentemente teremos mais espaço disponível na rede para fluir a potência ativa, reduzindo a
potência aparente, a corrente elétrica, as perdas e outras consequências relacionadas ao baixo FP.
Os capacitores podem ser instalados na entrada da subestação, no painel de distribuição geral, no pai-
nel local ou diretamente acoplado à carga.
As figuras seguintes ilustram bancos de capacitores instalados em um painel na rede de baixa tensão e
na entrada da subestação na rede de alta tensão.

(a) (b)
Figura 40 -  Banco de capacitores instalado em painel (a) e na subestação (b)
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

A operação do banco de capacitores pode ser fixa, com uma única potência reativa, ou pode operar au-
tomaticamente através de um controlador de fator de potência que atua em uma faixa de potência reativa
para manter o FP dentro de um limite mínimo e um limite máximo.
Veremos no próximo tópico como dimensionar um banco de capacitor para reduzir o fator de potência.
s
LC = LM = LW = LZ = LO ×
ct
5 Projetos de instalações elétricas industriais
157

LFT = LF + LE
ce
LE = LFE×
ct
dimensionamento do BANCO DE CAPACITORES

Para dimensionar o banco de capacitor adequado, precisamos calcular qual a potência reativa requeri-
PAT Q
da pelo sistema, conforme a equação
FP = cosseguinte.
Ф= = cos (ARCTG )
PAP PAT

QC = PAT × (tan Ф1 - tan Ф2)

Onde:
QC - Potência reativa do capacitor (kvar); Act
A =A × T Ae= π × De2
ct e x
Tx
PAT - Potência ativa (kW); 4
Ф1 - Ângulo do fator de potência original;
Ф2 - Ângulo do fator de potência requerido.

Exemplo: Determinar o banco de capacitores para obter um fator de potência de 0,95 em uma indústria
com demanda de 720,6 kVA e fator de potência atual de 0,85.

A demanda foi dada em kVA, ou seja, potência aparente. Pode-se obter a potência ativa utilizando a
relação com o fator de potência.

PAT = FP × PAP = 0,85 × 720,6 = 612,51 KW

Utilizando a função inversa do cosseno, pode-se determinar os ângulos relativos ao FP atual e requeri-
do.

Ф1 = cos-1 0,85 = 31,79o


Ф2 = cos-1 0,95 = 18,19o

Aplicando a fórmula para determinar a potência reativa do capacitor, temos:

Qc = PAT × (tanφ1 - tanφ2) = 612,51 × (tan 31,79 - tan 18,19)


Qc = 612,51 × (0,62 - 0,33) = 177,63 kvar
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
158

Logo, para obter um FP de 0,95, o banco de capacitores deverá ter uma potência reativa de 177,63 kvar.
Para especificar o banco de capacitores adequado, consulte o catálogo dos fabricantes e as normas da
ABNT pertinentes à sua instalação.
Estudamos neste tópico como dimensionar mais um dos elementos das instalações elétricas. Nos pró-
ximos tópicos abordaremos o dimensionamento do sistema de iluminação.

5.7 Dimensionamento do Sistema de Iluminação

As luminárias, projetores, lâmpadas e seus acessórios desempenham um papel muito importante na


indústria, que é proporcionar iluminação em condições satisfatórias que permitam aos usuários desempe-
nharem suas tarefas com segurança.
O projetista deve dimensionar o sistema de iluminação ou sistema luminotécnico, levando em consi-
deração as características da instalação e das tarefas que serão executados no local com base nas normas
aplicáveis.

Figura 41 -  Sistema de iluminação em uma indústria


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Para o dimensionamento do sistema luminotécnico, recomendamos o uso de programas livres que


utilizem os padrões da Comissão Internacional de Iluminação (CIE) como o DIALux.
O DIALux realiza cálculos de iluminamento ponto a ponto, com base nas curvas fotométricas das lumi-
nárias/lâmpadas e na geometria das instalações, levando em consideração as características de todas as
superfícies disponíveis, por exemplo: piso, teto, parede, portas, janelas, equipamentos, mobiliário e outros.
No programa é possível modelar toda a instalação, equipamentos, estruturas e móveis em 3D. Também
é possível importar uma planta ou objetos desenhados em outras plataformas do tipo CAD.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
159

No próximo tópico abordaremos mais algumas memórias de cálculo utilizadas no dimensionamento


das instalações elétricas.

5.8 Outras Memórias de Cálculo

Para o dimensionamento dos equipamentos e das instalações elétricas, existem outras memórias de
cálculo ou estudos elétricos que não serão abordados neste material, mas são importantes para o projeto.
Dentre os diversos estudos ou memoriais de cálculos utilizados em instalações elétricas, citamos a se-
guir alguns mais comuns que podem ser necessários elaborar no projeto elétrico industrial:
-- Coordenação e seletividade dos dispositivos de proteção;
-- Estudo de curto-circuito;
-- Dimensionamento da malha de aterramento;
-- Dimensionamento de sistemas de corrente contínua;
-- Dimensionamento de sistemas ininterruptos de energia (UPS ou nobreak);
-- Estudo de energia incidente em painéis elétricos;
-- Estudo de fluxo de cargas ou fluxo de potência;
-- Estudo de harmônicos;
-- Estudo de partida de motores.

Alguns desses estudos não se aplicam para qualquer tipo de projeto. Dependem do porte da instalação,
das características das cargas elétricas, dos equipamentos que serão utilizados, das exigências da indústria
ou da concessionária de energia, dentre outros aspectos.
Na indústria, onde será implantado o projeto, também poderá ter alguns desses estudos prontos, por
exemplo, a memória de cálculo de curto-circuito e fornecer ao projetista para utilizar as informações no
projeto.
O projetista deve avaliar quais as informações necessárias para o dimensionamento dos componentes
da instalação elétrica e confirmar quais serão as memórias de cálculo a serem executadas no projeto.
Para dimensionar os equipamentos e as instalações elétricas são necessárias algumas informações téc-
nicas disponibilizadas nos manuais de equipamentos ou instrumentos pelos seus fabricantes. No próximo
tópico serão abordados os manuais de equipamentos e instrumentos.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
160

5.9 Manuais de Equipamentos e Instrumentos

Os manuais de equipamentos e instrumentos têm por objetivo apresentar informações técnicas e


orientações do fabricante para permitir aos usuários uma correta instalação, operação e manutenção des-
ses componentes.
Na elaboração de projetos de instalações elétricas o projetista também deve sempre consultar os ma-
nuais dos equipamentos e dos instrumentos que farão parte do sistema elétrico a ser projetado ou que
serão cargas à serem alimentadas pelo sistema elétrico.
Por exemplo, ao especificar um voltímetro para instalação no frontal de um painel, o projetista deve
consultar o manual do fabricante desse instrumento para verificar suas características técnicas, requisitos,
compatibilidade com o sistema elétrico, etc.
Outra situação em que o projetista deve consultar o manual do fabricante é no momento de elaborar
um projeto para alimentar um motor elétrico. Deve ser verificado no manual informações características,
como: a tensão nominal do motor, a corrente de partida, pontos de aterramento, recomendações para
partida, necessidade de alimentação auxiliar para sistema de aquecimento, dentre outros itens.
Algumas informações também são disponibilizadas pelos fabricantes em catálogos técnicos, que pos-
suem informações mais resumidas por terem como objetivo a divulgação do produto para venda. Mas em
algumas situações o catálogo apresenta as informações suficientes para permitir o desenvolvimento do
projeto.
Os fornecedores ou fabricantes de equipamentos e instrumentos mantém catálogos e manuais em ver-
sões impressas e disponibilizadas via internet. Consulte sempre as versões mais atualizadas na elaboração
dos projetos.
Os manuais de equipamentos e instrumentos também devem ser consultados para o projetista definir
como serão os detalhes de instalações elétricas que são fundamentais para os projetos executivos e serão
abordados no próximo tópico.

5.10 Detalhes de Instalações Elétricas

Quando o projeto é desenhado apenas em planta baixa, pode gerar dúvidas de interpretação por re-
presentar as instalações apenas em duas dimensões. Para evitar isso, é fundamental que o projetista acres-
cente ao seu projeto desenhos em perspectiva, vistas, cortes, fachadas e detalhes das instalações elétricas.
Um detalhe de instalação elétrica pode ser específico quando é aplicado em apenas um ponto ou situ-
ação do projeto ou típico quando é aplicado em vários pontos do projeto.
Um detalhe típico deve simbolizar ou ilustrar um modelo de instalação de um componente ou conjun-
to de componentes. Por exemplo, no projeto de iluminação que serão utilizadas diversas luminárias para
lâmpadas fluorescentes de sobrepor, pode ser utilizado o detalhe típico ilustrado na figura seguinte para
representar a instalação típica.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
161

CHUMBADOR “CB” Ø1/4”

ARRUELA LISA Ø1/4”


PORCA SEXTAVADA Ø1/4”
100

CANTONEIRA TIPO “ZZ”PARA


VERGALHÃO ROSCA TOTAL

TOMADA 2P+T 10A


VERGALHÃO ROSCA PORCA LOSANGULAR C/ PINO ø3/8”
TOTAL Ø1/4” PORCA SEXTAVADA ø3/8”
ARRUELA LISA ø3/8”

PLUGUE
PERFILADO 2P+T - 10A
PERFURADO
38x38mm

GANCHO CURTO GANCHO CURTO


PARA PERFILADO PARA LUMINÁRIA
CABO “PP”
1X3 / C#1,5mm2
4000

LUMINÁRIA DE SOBREPOR PARA


LÂMPADA 2x32W FLUORESCENTE PISO

Figura 42 -  Detalhe típico de instalação de luminária para lâmpada fluorescente


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

No detalhe ilustrado na figura anterior está definido como será a suportação (fixação) da luminária, a
altura em relação ao piso, os acessórios necessários para instalação e outras informações.
Os detalhes de instalações elétricas devem ser claros e objetivos, deve conter todos os principais com-
ponentes desenhados, a especificação dos materiais, as principais cotas definindo a posição dos compo-
nentes, tipo de fixação, identificação do detalhe para ser referenciado em qualquer documento do projeto,
dentre outras informações.
Um projeto básico pode ser elaborado apenas com planta baixa, mas para um projeto executivo é im-
prescindível que sejam incluídos desenhos de instalações elétricas como cortes, vistas e detalhes típicos
ou específicos.
No próximo tópico veremos mais uma parte fundamental dos projetos de instalações elétricas indus-
triais, que são as plantas de classificação de área.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
162

5.11 Planta de Classificação de Áreas

Área classificada é a área na qual uma atmosfera explosiva está presente ou pode ser prevista para estar
presente, em quantidades tais que requeiram precauções especiais para a construção, instalação e utiliza-
ção de equipamentos, conforme a ABNT IEC 60079-14 (Atmosferas explosivas - Parte 14: Projeto, seleção e
montagem de instalações elétricas).
Atmosfera explosiva pode ser definida como uma mistura de substâncias inflamáveis na forma de ga-
ses, vapores, névoa ou poeira, com o ar com potencial para causar uma explosão na ocorrência de um arco
elétrico, centelha ou outra fonte de ignição. Por exemplo, a área interna de um tanque de armazenamento
de gasolina, em locais próximos ao tanque, próximo das válvulas ou das bombas utilizadas na distribuição
do combustível.

EX
ATMOSFERA
EXPLOSIVA

Figura 43 -  Placa de sinalização para local com atmosfera explosiva


Fonte: senai dr ba, 2018.

As áreas classificadas devem ser identificadas em função da possibilidade de uma atmosfera explosiva
estar presente. Desta forma, foi estabelecido o conceito de zonas, que classificam as áreas com base na
frequência e na duração da ocorrência de uma atmosfera explosiva.
A norma da ABNT IEC 60079-10-1 define as seguintes zonas para atmosferas explosivas formadas por
gás:
-- Zona 0: Área na qual uma atmosfera explosiva de gás está presente de forma contínua, por longos
períodos ou frequentemente;
-- Zona 1: Área na qual uma atmosfera explosiva de gás tem possibilidade de ocorrer em operação
normal;
-- Zona 2: Área na qual uma atmosfera explosiva de gás não tem possibilidade de ocorrer em operação
normal, mas, se ocorrer, só existirá por um curto período de tempo. (ABNT NBR IEC 60079-10-1:2009).

A norma da ABNT IEC 60079-10-2 define as seguintes zonas para atmosferas explosivas formadas por
poeira explosiva no ar:
-- Zona 20: Área na qual uma atmosfera explosiva, na forma de nuvem de poeira no ar, está presente de
forma contínua, por longos períodos ou frequentemente;
5 Projetos de instalações elétricas industriais
163

-- Zona 21: Área na qual uma atmosfera explosiva, na forma de nuvem de poeira no ar, tem possibili-
dade de ocorrer em condições normais de operação;
-- Zona 22: Área na qual uma atmosfera explosiva, na forma de nuvem de poeira no ar, não tem possibi-
lidade de ocorrer em condições normais de operação, mas, se ocorrer, só existirá por um curto período
de tempo. (ABNT NBR IEC 60079-10-2:2016).

Podemos entender por situações diferentes da operação normal (citado nas zonas 2 e 22) como situa-
ções decorrentes de vazamentos ou manutenção de equipamentos, por exemplo.
Instalações com atmosfera explosiva devem possuir e manter atualizadas plantas indicando a classifica-
ção de área da unidade e a extensão das áreas classificadas por zona. Esses documentos devem mostrar a
classificação de área em planta baixa e através de cortes e detalhes que englobe toda instalação.
As plantas de classificação de área são importantes para o projetista ficar ciente dos locais que têm área
classificada e qual a zona do local. Com base nisso, o projetista pode tomar a decisão de instalar ou não um
componente da instalação elétrica no local.
Caso componentes elétricos sejam instalados em área classificada, os materiais, os equipamentos e a
forma de instalação devem ser compatíveis com a classificação de área do local e o tipo de proteção mais
adequada.
Os tipos de proteção para equipamentos instalados em áreas classificadas estão indicados na tabela
seguinte, de acordo com a zona compatível.

Tipo de proteção Símbolo Zona compatível


À prova de explosão d 1
Segurança aumentada e 1
À prova de explosão + Segurança aumentada de 1
Segurança intrínseca la-ib-ic 0, 1 e 2
Encapsulamento m 1
Não acendível n 2
Imerso em óleo o 1
Equipmento pressurizado p 1
Imersão em areia q 1
Áreas com poeira combustível
Segurança intrínseca iD 20, 21 e 22
Encapsulamento mD 20, 21 e 22
Pressurização pD 21 e 22
Proteção por invólucros tD 21

Tabela 58 - Tipos de proteção para equipamentos em áreas classificadas


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
164

Os equipamentos especificados para uso em área classificada devem ser certificados pelos órgãos com-
petentes para uso com área classificada compatível à sua aplicação. Um equipamento certificado para
zona 1 pode ser instalado na zona 1 ou 2, mas não pode ser instalado na zona 0, por exemplo.
O tema classificação de áreas é muito mais abrangente e o conhecimento indispensável para o projetis-
ta de instalações elétricas industriais.

SAIBA Para mais informações sobre classificação de área, consulte a norma da ABNT IEC
MAIS 60079-14.

Vimos neste tópico a importância das plantas de classificação de área nos projetos industriais. Veremos
nos próximos tópicos como elaborar os projetos de instalações elétricas industriais, os quais dependem
da classificação de área do local. Mas antes serão abordadas algumas recomendações gerais para projetos
elétricos.

5.12 Recomendações Gerais Para Projetos Elétricos

O projeto de instalações elétricas deve levar em consideração todas as diretrizes de segurança, saúde,
meio ambiente, qualidade e eficiência energética que constem na NR 10, nas normas internas do cliente
e nas demais normas aplicáveis.

Figura 44 -  Instalações elétricas industriais


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
165

Abordaremos neste tópico algumas recomendações gerais aplicáveis ao desenvolvimento dos projetos
de instalações elétricas industriais, que servirão de base para o entendimento dos próximos tópicos que
abordaremos os projetos de distribuição de força, aterramento, iluminação, SPDA e MPS.

5.12.1 Informações Predecessoras

Informações predecessoras são as informações necessárias para o desenvolvimento de alguma tarefa


ou documento do projeto. Apresentaremos nos tópicos de projetos algumas informações específicas re-
queridas ao desenvolvimento de cada especificidade de projeto elétrico.

5.12.2 RECOMENDAÇÕES técnicas

Recomendações técnicas são requisitos e orientações obrigatórias ou opcionais que devem ser segui-
dos nos projetos de instalações elétricas industriais.
As seguintes recomendações técnicas devem ser utilizadas em todos os tipos de projetos de instalações
elétricas industriais, exceto onde as normas internas das indústrias ou as definições do cliente tiverem re-
quisitos divergentes.
a) A elaboração de projetos de instalações elétricas deve ser executada por profissionais habilitados
e capacitados para a realização dessa tarefa, como o técnico em eletrotécnica;
b) Recomenda-se que o projetista de elétrica faça reuniões de interface13 com os projetistas das
demais especialidades, como civil, arquitetura, tubulação, mecânica e outras, desde o início do
projeto para definirem em comum acordo quais as melhores alternativas de leiaute e infraestru-
tura para o projeto;
c) O projetista deve sempre especificar equipamentos que o fabricante apresente a certificação de
classificação de área do equipamento, quando aplicável, e deve pensar no custo-benefício e na
facilidade de manutenção ao especificar um equipamento com um determinado tipo de prote-
ção para zona referida;
d) Recomenda-se a previsão de uma reserva de potência nos transformadores para uso futuro em
torno de 20% da potência nominal;
e) Em ambientes industriais, recomenda-se que os condutores tenham cobertura em PVC e isola-
mento em EPR;
f) Os eletrodutos devem ter seção nominal mínima de Ø1” para redes elétricas subterrâneas e Ø3/4”
para instalações aparentes;
g) A instalação de eletrodutos e caixas de passagem devem ser preferencialmente aparentes (não
embutidas no piso ou parede) para facilitar a manutenção;

13  Reuniões de interface: são reuniões realizadas entre todos os projetistas envolvidos no empreendimento com o objetivo de
promover a comunicação ou interação entre eles.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
166

h) A especificação dos materiais e dos equipamentos elétricos deve levar em consideração classifi-
cação de área e as condições de agressividade de um ambiente industrial;
i) Recomenda-se que os eletrodutos, caixas de passagem e acessórios instalados aparentes sejam
de alumínio e suas paredes possuam espessura mínima correspondente ao schedule14 40. Porém,
o projetista deve especificar o tipo de material de acordo com as características locais de forma
que o material possa resistir às condições da atmosfera agressiva;
j) Os circuitos elétricos com finalidades diferentes, como circuitos de controle, sinalização, teleco-
municação, automação e força, devem ser identificados e instalados separadamente, salvo quan-
do o desenvolvimento tecnológico permitir compartilhamento dos condutos;
k) Os leitos, eletrocalhas e eletrodutos devem ser suportados, no mínimo, a cada 2,0 metros. O tipo
de fixação deve ser definido pelo projetista de acordo com as condições locais e exigência mecâ-
nica sobre a estrutura;
l) Nas redes elétricas subterrâneas devem ser previstas caixas de passagem nos pontos com possi-
bilidade de ampliações futuras;
m) Para projetos aplicados em unidades (instalações) existentes, recomenda-se que o projetista
faça a revisão dos documentos existentes relacionados com o projeto;
n) Os condutores dos circuitos de força e iluminação devem ser de cobre, dimensionados de acordo
com a ABNT NBR 5410 e com seção nominal mínima de 1,5 mm² para os circuitos de iluminação e
2,5 mm² para os circuitos de força.

Alguns dos itens anteriores e os que serão apresentados nos tópicos de projetos são obrigatórios e ou-
tros são recomendações. Compete ao projetista verificar (nas normas internas do cliente, nos critérios de
projeto e nas demais normas aplicáveis) quais os itens serão aplicáveis ao projeto.

14  Schedule: termo em inglês utilizado para especificar a espessura da parede de dutos.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
167

5.12.3 Documentos Recomendados Para elaboração

O projetista deverá definir quais os documentos serão elaborados no projeto em função do porte da ins-
talação, das características técnicas, das recomendações das normas aplicáveis e das exigências do cliente.

Figura 45 -  Elaboração de documentos de projetos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Será apresentada uma lista com documentos recomendados para serem elaborados nos tópicos de
projetos. A seguir indicamos algumas recomendações ou esclarecimentos gerais relacionados a elabora-
ção de documentos.
a) O projetista deve sempre usar o bom senso para definir os documentos a serem elaborados,
prevendo a quantidade e os tipos de documentos necessários para o projeto possuir informações
que garantam a aquisição dos materiais e dos equipamentos, além de permitir a montagem das
instalações de forma precisa e coerente;
b) A realização da análise de consistência, que é uma tarefa de projetos, é opcional e se aplica aos
casos em que foi elaborado um projeto básico pelo cliente ou por outro projetista;
c) As definições do cliente para o projeto podem ser definidas através de um documento de critério
de projetos ou através de uma reunião a ser realizada no início do projeto. O cliente deve informar
os padrões internos da indústria e as características básicas que ele espera para as instalações
elétricas;
d) O estudo de classificação de áreas é importante para o projetista definir a locação dos equipa-
mentos elétricos, que devem ser instalados preferencialmente em área não classificada. Caso seja
inevitável, os equipamentos e os materiais elétricos devem ser especificados de acordo com a
classificação de área local;
e) O documento de parecer técnico de equipamentos elétricos é aplicável aos projetos em que o
projetista será o responsável pela aprovação das propostas técnicas de fornecimento dos equipa-
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
168

mentos. E a tarefa de análise de documentos de fornecedor (ADF) é aplicável aos projetos em que
o projetista for responsável pela aprovação dos documentos técnicos dos equipamentos elétricos
a serem apresentados pelo fornecedor;
f) Os detalhes de instalações elétricas devem ser utilizados para esclarecem as particularidades do
projeto, o que proporcionará uma redução de falhas de instalação por má interpretação do pro-
jeto;
g) Na elaboração das plantas, recomenda-se que os elementos que compõem o leiaute sejam sem-
pre indicados na planta com uma linha mais fina, enquanto que os componentes elétricos e tex-
tos do projeto devem ser destacados;
h) Recomenda-se, se possível, que o projeto de instalações elétricas industriais seja elaborado em
softwares do tipo CAD em três dimensões (3D) para facilitar a visualização de interferências com
as demais instalações de civil, tubulação, mecânica, instrumentação e outras;
i) Quando solicitado na contratação do projeto ou previsto nas normas internas do cliente, o proje-
tista deve prever revisão dos documentos de projeto conforme construído (As Built) após a exe-
cução da obra;
j) O projetista ou o responsável técnico do projeto deve sempre registrar a anotação de respon-
sabilidade técnica (ART) do projeto no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA),
conforme definido na Lei n° 6.496, de 7 de dezembro de 1977.

De posse das normas aplicáveis, das informações predecessoras e da definição dos documentos a serem
elaborados, o projetista poderá elaborar um projeto elétrico industrial com qualidade técnica e eficiência
energética, respeitando os procedimentos de saúde, segurança do trabalho e preservação ambiental.
Em caso de dúvidas sobre a simbologia utilizada nas plantas apresentadas como exemplos nos próxi-
mos tópicos, consulte uma lista de símbolos gráficos para instalações elétricas no Apêndice.
Veremos nos próximos tópicos como elaborar o projeto de iluminação industrial utilizando algumas
das recomendações gerais abordadas neste tópico. As plantas que serão apresentadas parcialmente como
exemplos nos próximos tópicos foram disponibilizadas, na íntegra, juntamente com seu material didático.
Verifique as plantas em seu material e acompanhe o desenvolvimento dos próximos conteúdos.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
169

5.13 PROJETO DE ILUMINAÇÃO INDUSTRIAL

Os sistemas de iluminação industrial devem ser projetados considerando as particularidades das ativi-
dades desenvolvidas e os locais de instalação. Por exemplo, em alguns casos as luminárias devem ser aptas
para instalação em ambientes com atmosfera agressiva (como instalações na orla marítima) ou áreas com
atmosfera explosiva.

Figura 46 -  Vista aérea de uma unidade industrial à noite


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Neste tópico serão abordados normas aplicáveis, informações predecessoras, requisitos técnicos, docu-
mentos recomendados para elaboração, exemplos e recomendações técnicas para projetos de iluminação
industrial.

5.13.1 Normas Aplicáveis

As principais normas brasileiras aplicáveis aos projetos de iluminação são a ABNT NBR 5101 (Iluminação
pública – Procedimento), a ABNT NBR ISO/CIE 8995-1 (Iluminação de ambientes de trabalho - Parte 1: Inte-
rior) e a ABNT NBR 10898 (Sistema de iluminação de emergência).
Não existe uma norma brasileira específica para iluminação industrial ou iluminação de ambientes ex-
ternos. Para tais ambientes são utilizadas as normas anteriores, onde for possível aplicar, as normas inter-
nas dos clientes ou normas internacionais.
As normas listadas a seguir devem ser utilizadas nos projetos de iluminação industrial, onde aplicáveis:
-- ABNT NBR 5101 - Iluminação pública - Procedimento;
-- ABNT NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensão;
-- ABNT NBR ISO/CIE 8995-1 - Iluminação de ambientes de trabalho - Parte 1: Interior;
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
170

-- ABNT NBR 10898 - Sistema de iluminação de emergência;


-- ABNT NBR IEC-60079-14 - Atmosferas explosivas - Parte 14: Projeto, seleção e montagem de insta-
lações elétricas;
-- ABNT NBR IEC-60529 - Graus de proteção providos por invólucros (código IP);
-- NR 10 - Segurança em instalações e serviços em eletricidade;
-- NR 12 - Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos;
-- NR 17 - Ergonomia;
-- Normas da concessionária de energia local;
-- Normas internas do cliente.

Uma boa referência na área de iluminação industrial são as normas e padrões das empresas nacionais
e internacionais da área de petróleo e gás, como a Petrobras, que são mais rígidas e, em alguns casos, pos-
suem detalhes não encontrados nas normas citadas anteriormente.
Por exemplo, a norma API RP 540 (Electrical installations in petroleum processing plants) possui reco-
mendações para iluminância mantida de ambientes industriais que não são abordados na norma da ABNT
NBR ISO/CIE 8995-1.

5.13.2 Informações Predecessoras

Antes de iniciar um projeto de iluminação industrial é necessário que as informações seguintes sejam
disponibilizadas ou as tarefas sejam executadas:
-- Análise de consistência do projeto básico;
-- Planejamento do projeto;
-- Levantamento de campo;
-- Critérios de projeto (definições do cliente);
-- Estudo de classificação de áreas;
-- Arranjo de equipamentos;
-- Projeto arquitetônico;
-- Projeto de tubulação;
-- Projeto de instrumentação e automação;
-- Projeto do sistema de ar-condicionado;
-- Dentre outras.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
171

A planta de arranjo de equipamentos e o projeto arquitetônico são necessários para o projetista definir
onde serão instalados os pontos de iluminação em função do leiaute da planta industrial. Devendo ser
destacados os pontos que requerem um nível maior de iluminamento como o frontal de painéis ou áreas
que serão executadas tarefas minuciosas.

Figura 47 -  Iluminação de uma unidade industrial


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Os projetos de tubulação, ar-condicionado, instrumentação e automação são necessários também para


avaliar pontos que requerem um nível maior de iluminamento, além de verificar possíveis interferências
com equipamentos, tubulações, eletrodutos, dutos de ventilação ou instrumentos que poderiam ser insta-
lados em possíveis pontos de iluminação ou na rota dos condutos de iluminação.

5.13.3 RECOMENDAÇÕES técnicas

As seguintes recomendações técnicas devem ser utilizadas nos projetos de iluminação industrial, exce-
to onde as normas internas das indústrias ou as definições do cliente tiverem requisitos divergentes.
a) O sistema de iluminação deve ser projetado de forma a proporcionar aos trabalhadores a ilumi-
nação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17;
b) O dimensionamento do sistema luminotécnico deve considerar iluminância mantida definida na
ABNT NBR ISO/CIE 8995-1, API RP 540 e nas normas internas do cliente, prevalecendo esta última
quando existir;
c) A proteção dos circuitos de iluminação e tomadas deve ser realizada a partir de disjuntores ter-
momagnéticos;
d) Os circuitos de tomadas devem ser utilizados exclusivamente para alimentação de tomadas;
e) Os pontos de iluminação devem ser definidos pelo memorial de cálculo de iluminação e os pon-
tos de tomadas devem estar de acordo com a ABNT NBR 5410, sendo adotado um mínimo de
duas tomadas em unidades de processo;
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
172

f) Para iluminação de ambientes interiores com altura até 4 metros, recomenda-se a utilização de
lâmpadas fluorescentes ou LED e lâmpadas vapor de mercúrio ou vapor de sódio para alturas
superiores;
g) Para iluminação de ambientes exteriores, recomenda-se a utilização de lâmpadas LED, vapor de
mercúrio ou vapor de sódio;
h) Quando utilizadas as lâmpadas de descargas, devem estar associadas a reatores de alto rendi-
mento com fator de potência maior ou igual a 0,92;
i) As luminárias instaladas em ambientes internos devem ser dotadas de elemento difusor para mi-
nimizar o ofuscamento;
j) Os circuitos de iluminação de ambientes externos devem ser acionados automaticamente por
relé fotoelétrico ou programador horário;
k) A alimentação dos circuitos de iluminação de emergência deve ser originada de painéis alimen-
tados pela concessionária local e por geradores ou sistemas ininterruptos de energia, conforme
critério da unidade industrial;
l) O sistema de iluminação de emergência deve estar em operação normalmente com o sistema de
iluminação normal e na falta deste, deve garantir um nível de iluminância mínimo de acordo com
a ABNT NBR 10898;
m) Os circuitos de iluminação de emergência devem ser de uso exclusivo;
n) Deve ser evitado o uso de lâmpadas de descarga com acendimento longo para iluminação de
emergência;
o) Luminárias autônomas com bateria incorporada podem ser utilizadas pelos sistemas de ilumina-
ção de emergência;
p) A localização dos pontos de iluminação de emergência deve permitir a evacuação do local e a
realização de pequenas operações necessárias em uma situação de emergência;
q) As luminárias instaladas devem ser as mesmas especificadas no projeto. Caso sejam alteradas, o
cliente deve refazer os cálculos para validar à utilização da luminária alternativa, que deve apre-
sentar a curva de distribuição polar e fluxo luminoso similares aos da luminária do projeto.

Alguns dos itens anteriores são obrigatórios e outros são recomendações. Compete ao projetista verifi-
car (nas normas internas do cliente, nos critérios de projeto e nas demais normas aplicáveis) quais os itens
serão aplicáveis ao projeto.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
173

5.13.4 Documentos Recomendados Para elaboração

O projetista deverá definir quais os documentos serão elaborados em função do porte da instalação,
das características técnicas e das recomendações das normas aplicáveis.

VEM DO TL–370.01

5x1/C#6,0
(3F+N+T)
PL–370.01
40A

3Ø+N+T – 100A – 5KA – 220/127V – 60HZ

DJ1 DJ2 DJ3 DJ4 DJ5 DJ6 DJ7 DJ8


16A 16A 16A 20A 20A 20A 20A 25A
PL - 01 - 04F

PL - 01 - 05F

PL - 01 - 06F

PL - 01 - 07F

PL - 01 - 08F
PL - 01 - 01L

PL - 01 - 02L

PL - 01 - 03L
3x1/C#1,5

3x1/C#1,5

3x1/C#2,5

3x1/C#2,5

ILUMIN. ILUMIN. RESERVA TOMADAS RESERVA TOMADAS RESERVA RESERVA


127V 220V

Figura 48 -  Exemplo de diagrama unifilar de painel de iluminação


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Recomenda-se a elaboração dos documentos listados a seguir nos projetos de iluminação industrial,
caso se aplique:
-- Plantas de iluminação;
-- Desenhos de cortes, vistas e detalhes;
-- Detalhes típicos de instalação;
-- Diagramas unifilares ou trifilares;
-- Quadro de cargas de iluminação e tomadas;
-- Lista de materiais elétricos;
-- Especificação técnica ou folhas de dados dos painéis e transformadores de iluminação;
-- Memória de cálculo de condutores;
-- Memória de cálculo de dimensionamento de condutos;
-- Memória de cálculo de iluminação;
-- Memorial descritivo de construção e montagem;
-- Parecer técnico dos painéis e transformadores de iluminação;
-- Análise dos documentos de fornecedor dos painéis e transformadores de iluminação.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
174

A lista anterior é indicada para um projeto de médio a grande porte. Um projeto de pequeno porte,
sem muitas exigências do cliente, pode ser executado apenas com plantas, detalhes, diagramas trifilares,
quadros de cargas e listas de materiais.

5.13.5 Exemplo de Planta

A figura seguinte é o exemplo de uma planta de iluminação da sala de painéis de uma subestação. Na
planta constam as luminárias, os condutos, a indicação dos circuitos, a locação do painel de iluminação, a
indicação dos detalhes, etc.

Figura 49 -  Exemplo de planta baixa de iluminação


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
175

No próximo tópico serão ilustrados alguns detalhes de instalação indicados na planta.

5.13.6 Exemplos de Detalhes de Instalação

A figura seguinte tem exemplos de alguns detalhes típicos de instalação elétrica, os quais estão indica-
dos na planta de iluminação da figura anterior.

Figura 50 -  Exemplos de detalhes típicos de iluminação


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
176

No próximo tópico será abordado o projeto de força e aterramento, que depende de informações do
projeto de iluminação, como as cargas e a localização dos equipamentos deste sistema.

5.14 Projeto de Força e Aterramento

O sistema de distribuição de força é o conjunto de componentes elétricos destinados à distribuição de


energia elétrica dentro das unidades consumidoras, sendo composto pelos transformadores de força, cen-
tros de distribuição de carga (CDC), centros de controle de motores (CCM), painéis de serviços auxiliares,
condutores e condutos utilizados para interligação, dentre outros.
A distribuição de força dentro das indústrias normalmente utiliza os níveis de tensão de 13,8 kV, 4,16
kV, 2,4 kV, 480 V, 380 V e 220 V. Enquanto que a distribuição de iluminação utiliza mais frequentemente
220 V e 127 V.
O sistema de força inicia no ponto de entrega15 de energia elétrica e segue até as cargas terminais de
maior porte ou até os painéis terminais, por exemplo, os painéis de iluminação e tomadas. A partir de pai-
néis terminais se iniciam outros sistemas, como o sistema de iluminação que se inicia a partir do painel de
iluminação e tomadas.
O sistema de aterramento é distribuído em paralelo com o sistema de força ou seus componentes estão
instalados próximos pelo fato de que todas as partes não energizadas dos equipamentos elétricos devem
ser equipotencializadas, ou seja, devem ser aterradas.

Figura 51 -  Instalações elétricas de força e aterramento


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Em algumas aplicações os sistemas de aterramento utilizam até os mesmos condutos da distribuição de


força para encaminhar os condutores de aterramento.

15  Ponto de entrega: ponto de conexão do sistema elétrico da concessionária de energia local com o sistema elétrico da
unidade consumidora, caracterizando-se como o limite de responsabilidade do fornecimento de energia elétrica.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
177

De forma resumida, o projetista deve elaborar o projeto de força com o objetivo de distribuir alimenta-
ção elétrica aos componentes do sistema e o sistema de aterramento para garantir a equipotencialização
das partes não energizadas do sistema.
Neste tópico serão abordados normas aplicáveis, informações predecessoras, requisitos técnicos, docu-
mentos recomendados para elaboração, exemplos e recomendações técnicas para projetos de distribui-
ção de força e aterramento em instalações industriais.

5.14.1 Normas Aplicáveis

As principais normas brasileiras aplicáveis aos projetos de força e aterramento são a NBR 5410 (Insta-
lações elétricas de baixa tensão) e a NBR 14039 (Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV).
As normas listadas a seguir devem ser utilizadas nos projetos de força e aterramento, onde aplicáveis:
-- ABNT NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensão;
-- ABNT NBR 7117 - Medição da resistividade e determinação da estratificação do solo;
-- ABNT NBR 14039 - Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV;
-- ABNT NBR 15751 - Sistemas de aterramento de subestações - Requisitos;
-- ABNT NBR 15920 - Cabos elétricos - Cálculo da corrente nominal - Condições de operação - Otimi-
zação econômica das seções dos cabos de potência;
-- ABNT NBR IEC-60079-14 - Atmosferas explosivas - Parte 14: Projeto, seleção e montagem de insta-
lações elétricas;
-- NR 10 - Segurança em instalações e serviços em eletricidade;
-- NR 12 - Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos;
-- Normas da concessionária de energia local;
-- Normas internas do cliente.

Assim como para iluminação industrial, as normas e padrões das empresas de petróleo e gás também
são ótimas referências para projetos de força e aterramento. Por exemplo, as normas Petrobras N-1996
(Projeto de redes elétricas em envelope de concreto) e a N-1997 (Redes elétricas em sistemas de bandeja-
mento para cabos – Projeto, instalação e inspeção).
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
178

5.14.2 Informações Predecessoras

O projeto de força e aterramento depende praticamente do projeto de todas as outras especialidades,


pois as instalações elétricas dependem da infraestrutura, do arranjo de equipamentos e precisa alimentar
as cargas elétricas de todos os sistemas.
Logo, o projeto de força e aterramento será um dos últimos a ser concluído. Mas o projetista deve par-
ticipar das reuniões de projeto, com as demais especialidades, para definir as instalações desde o início e
desenvolver o projeto em paralelo com as demais especialidades. Pontos relevantes como a localização da
subestação, o arranjo de equipamentos e o encaminhamento do tronco principal da rede de distribuição
devem ser debatidos com os projetistas das demais especialidades.

Figura 52 -  Motores elétricos supridos por força e aterramento


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Para elaboração do projeto de força e aterramento é necessário que as informações seguintes sejam
disponibilizadas ou as tarefas sejam executadas:
-- Análise de consistência do projeto básico;
-- Planejamento do projeto;
-- Fluxograma de engenharia;
-- Memorial descritivo de processo;
-- Levantamento de campo;
-- Critérios de projeto (definições do cliente);
-- Estudo de classificação de áreas;
-- Manuais de equipamentos / instrumentos;
-- Arranjo de equipamentos;
5 Projetos de instalações elétricas industriais
179

-- Projeto arquitetônico;
-- Projeto de civil;
-- Projeto de tubulação;
-- Projeto de instrumentação e automação;
-- Projeto de telecomunicação;
-- Projeto de mecânica;
-- Projeto do sistema de ar-condicionado;
-- Projeto de segurança;
-- Projeto de iluminação e tomadas;
-- Estudo de cargas elétricas;
-- Estudo de curto-circuito;
-- Estudo de fluxo de cargas ou fluxo de potência;
-- Estudo de harmônicos;
-- Estudo de partida de motores.

Na lista anterior se destacam alguns documentos elaborados pela própria especialidade de elétrica,
como os estudos de cargas e curto-circuito. Esses documentos impactam diretamente o dimensionamen-
to dos condutores e dos equipamentos elétricos. Por isso, recomenda-se que sejam elaborados antes de
iniciar o detalhamento do projeto.

5.14.3 RECOMENDAÇÕES técnicas

As seguintes recomendações técnicas devem ser utilizadas nos projetos de força e aterramento em
instalações industriais, exceto onde as normas internas ou as definições do cliente tiverem requisitos di-
vergentes:
a) O projeto deve definir a forma de instalação e o tipo de conduto a ser utilizado para rede elétrica
principal em função das características locais e quantidade de condutores a serem instalados.
Caso sejam adotados eletrodutos, devem ter seção nominal mínima de 4 polegadas para o tronco
principal;
b) As redes elétricas subterrâneas ou aparentes devem ser projetadas em locais de fácil acesso para
instalação e manutenção. Caso seja inevitável a instalação em pontos com dificuldades de acesso,
devem ser previstas no projeto estruturas para facilitar o acesso, como plataformas e escadas;
c) Em condições normais, as cargas de emergência, como bombas do sistema de combate a incên-
dio, devem ser alimentadas por fonte ligada à concessionária de energia local e na falta desta, sua
alimentação deve ser alterada automaticamente para o gerador de emergência;
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
180

d) Recomenda-se adotar uma taxa de ocupação máxima de área útil dos leitos e eletrocalhas de
80%, no máximo. Ou seja, uma reserva mínima de 20%;
e) Para eletrodutos, deve-se adotar a taxa de ocupação máxima de área útil de acordo com a ABNT
NBR 5410 e a ABNT NBR 14039;
f) Onde existirem mais de um nível de leito ou eletrocalhas com tensões diferentes, eles deverão
ser dispostos de forma que o leito com menor nível de tensão seja instalado na parte superior e o
leito com o maior nível de tensão seja instalado na parte inferior;
g) Os cabos deverão ser fixados ao sistema de bandejamento através de braçadeiras plásticas a
cada 2,0 metros. Os cabos singelos de circuitos trifásicos deverão ser agrupados em trifólio;
h) No projeto de redes elétricas subterrâneas deve ser observado as possíveis interferências com as
redes subterrâneas existentes como redes de esgoto, drenagem, gás, telefônica e outras;
i) As instalações elétricas subterrâneas devem ter uma profundidade mínima de 600 mm, sendo
admitido, para solução de interferências 450 mm;
j) Em instalações subterrâneas podem ser utilizados eletrodutos de aço galvanizado ou em PEAD.
Quando utilizado eletroduto em PEAD, deve ser protegido por placas de concreto e acima das
placas de concreto deverá ser utilizada fita de aviso para sinalização contra futuras escavações;
k) O raio da curvatura dos eletrodutos e acessórios utilizados deve permitir a execução dos raios
mínimos de curvatura dos condutores;
l) Nos trechos principais das redes elétricas subterrâneas devem ser previstos eletrodutos reservas
em uma proporção mínima de 20% para futuras instalações;
m) O projeto deve especificar a configuração do esquema de aterramento conforme a ABNT NBR
5410 e/ou ABNT NBR 14039;
n) Todas as partes condutoras e expostas devem ser aterradas conforme as prescrições da ABNT
NBR 5410;
o) Deve ser apresentado o cálculo de dimensionamento da malha de aterramento para instalações
com demanda superior a 1 MVA. Recomenda-se que os cálculos sejam realizados com software
específico para tal fim;
p) Para instalações novas, deve ser projetada uma malha de aterramento geral em toda unidade.
Para instalações existentes, deve ser prevista uma malha no local da nova estrutura prevendo a
interligação com a malha geral da unidade em, pelo menos, dois pontos distintos;
q) A malha de aterramento deve ser composta por cabos de cobre nu com seção mínima definida
em memorial de cálculo ou pelas recomendações da ABNT NBR 5410;
r) As conexões da malha de aterramento devem ser executadas com solda exotérmica ou conec-
tores de compressão, de acordo com os critérios de projeto do local. Nas caixas de inspeção as
conexões deverão ser feitas por conectores mecânicos;
s) A vala para lançamento dos cabos da malha de aterramento deve ter largura mínima de 300 mm
e profundidade mínima de 600 mm;
5 Projetos de instalações elétricas industriais
181

t) Caixas de inspeção de aterramento devem ser instaladas em algumas hastes da malha de aterra-
mento. Devendo ser previstas, no mínimo, duas por unidade de processo ou edificação industrial;
u) Devem ser instaladas barras de equipotencialização principal (BEP) e local (BEL) distribuídas pela
área de processo e pelas edificações industriais. As massas16 deverão ser aterradas a partir da barra
mais próxima e cada painel de distribuição deve conter uma barra de aterramento que será ligada
a uma das barras;
v) A BEP deve ser interligada à malha de aterramento em, pelo menos, dois pontos distintos;
w) Ao longo das redes elétricas subterrâneas deve ser previsto o lançamento de cabos de cobre nu
para aterramento das cargas, equipamentos, estruturas metálicas e os condutos metálicos das
redes subterrâneas;
x) Para o aterramento do sistema de bandejamento deve ser adotado cabo de cobre nu, que deve
ser conectado a todas as partes do sistema de bandejamento através de conectores. O cabo de-
verá ser interligado ao sistema de aterramento nas extremidades e, no máximo, a cada 50 metros.

Alguns dos itens anteriores são obrigatórios e outros são recomendações. Compete ao projetista veri-
ficar (nas normas internas do cliente, nos critérios de projeto e nas demais normas aplicáveis) quais itens
serão aplicáveis ao projeto.

5.14.4 Documentos Recomendados Para elaboração

Para projetos de distribuição de força e aterramento existe uma variedade maior de documentos que
devem ser elaborados do que os projetos de iluminação, o que será abordado neste tópico.

Figura 53 -  Documento de projeto elétrico


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

16  Massas: parte condutora acessível ao toque e que normalmente não é energizada, mas pode ser energizada em condições
anormais. Por exemplo, involucro de equipamentos, condutos e suportes metálicos.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
182

Recomenda-se a elaboração dos documentos listados a seguir nos projetos de distribuição de força e
aterramento em ambientes industriais, caso se aplique:
-- Plantas de distribuição de força e aterramento;
-- Plantas de arranjo de equipamentos elétricos (para subestações e salas de painéis);
-- Plantas de situação e localização (caso solicitado pela concessionária local);
-- Desenhos de cortes, vistas e detalhes;
-- Detalhes típicos de instalação;
-- Diagramas unifilares e trifilares;
-- Diagramas funcionais dos centros de controle de cargas (CDC) e dos centros de controle de motores
(CCM);
-- Diagramas lógicos dos centros de controle de cargas (CDC);
-- Diagramas de interligações;
-- Lista de materiais elétricos;
-- Lista de cabos ou circuitos;
-- Lista de cargas elétricas;
-- Lista de equipamentos elétricos;
-- Especificação técnica ou folhas de dados de equipamentos (transformadores, CCMs, painéis de dis-
tribuição, geradores, nobreak e outros);
-- Memória de cálculo de dimensionamento dos equipamentos;
-- Memória de cálculo de condutores;
-- Estudo de coordenação e seletividade dos dispositivos de proteção;
-- Dimensionamento da malha de aterramento;
-- Estudo de energia incidente em painéis elétricos;
-- Memória de cálculo de dimensionamento de condutos;
-- Memorial descritivo;
-- Parecer técnico dos equipamentos elétricos;
-- Análise dos documentos de fornecedor.

A lista anterior é indicada para um projeto de médio a grande porte incluindo o dimensionamento e
especificação dos CDCs, CCMs, painéis de distribuição e outros.
Um projeto de pequeno porte, sem muitas exigências do cliente, pode ser executado com plantas,
detalhes, diagramas unifilares, listas de materiais e cargas, especificação dos equipamentos elétricos, me-
morial descritivo, memória de cálculo de dimensionamento de equipamentos, condutores e condutos.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
183

5.14.5 Exemplo de Planta

A figura seguinte é o exemplo de uma planta de distribuição de força da sala de painéis de uma subes-
tação. Na planta constam os equipamentos elétricos, os condutos, a indicação dos circuitos, a indicação
dos detalhes, etc.

Figura 54 -  Exemplo de planta baixa de distribuição de força


Fonte: senai dr ba, 2018.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
184

A figura seguinte é o exemplo de uma planta de distribuição de aterramento sala de painéis de uma
subestação. Na planta constam os condutores, barras e hastes de aterramento, os equipamentos elétricos,
a indicação dos detalhes, etc.

Figura 55 -  Exemplo de planta baixa de distribuição de aterramento


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
185

Embora, neste exemplo, as plantas de força e aterramento tenham sido elaboradas separadamente,
elas podem ser elaboradas juntas na mesma planta baixa.
No próximo tópico serão ilustrados alguns detalhes de instalação indicados nas plantas.

5.14.6 Exemplos de Detalhes de Instalação

As figuras seguintes são exemplos de alguns detalhes típicos de instalação elétrica, os quais estão indi-
cados nas plantas de distribuição de força e aterramento das figuras anteriores.

Figura 56 -  Exemplos de detalhes típicos de força e aterramento


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
186

No próximo tópico será abordado o projeto de SPDA e MPS, que depende de informações do projeto de
força e aterramento como as medidas de equipotencialização e proteção contra surtos adotadas.

5.15 Projeto de SPDA e MPS

Caso o gerenciamento de risco aponte que a estrutura necessita de proteção contra descargas atmosfé-
ricas, deve ser desenvolvido um projeto de SPDA conforme a ABNT NBR 5419-3 (Proteção contra descargas
atmosféricas – Parte 3: Danos físicos a estruturas e perigos à vida) e/ou um projeto de MPS conforme a
ABNT NBR 5419-4 (Proteção contra descargas atmosféricas – Parte 4: Sistemas elétricos e eletrônicos inter-
nos na estrutura).
Além de ser uma exigência das normas citadas, o projeto de PDA (SPDA e MPS) também é uma exigên-
cia de autoridades locais como órgãos públicos e o corpo de bombeiros.

Figura 57 -  Descargas atmosféricas próximas de uma linha de energia


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

O projetista deverá especificar as medidas de proteção adotadas por zona seguindo as prescrições da
ABNT NBR 5419-3 (SPDA) e da ABNT NBR 5419-4 (MPS) levando em consideração aspectos técnicos e eco-
nômicos.
Para instalações novas recomenda-se utilizar as partes metálicas estruturais como componentes natu-
rais do SPDA, o que proporcionará a estrutura um risco menor em comparação com o SPDA convencional
e terá um impacto estético quase nulo pelo fato de os componentes estarem embutidos na estrutura.
Neste tópico serão abordados normas aplicáveis, informações predecessoras, requisitos técnicos, do-
cumentos recomendados para elaboração, exemplos e recomendações técnicas para projetos de SPDA e
MPS em instalações industriais.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
187

5.15.1 Normas Aplicáveis

As principais normas brasileiras aplicáveis aos projetos de PDA são a ABNT NBR 5419-3 (SPDA) e da
ABNT NBR 5419-4 (MPS).
As normas listadas a seguir devem ser utilizadas nos projetos de SPDA e MPS, onde aplicáveis:
-- ABNT NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensão;
-- ABNT NBR 5419-1 - Proteção contra descargas atmosféricas - Parte 1: Princípios gerais;
-- ABNT NBR 5419-2 - Proteção contra descargas atmosféricas – Parte 2: Gerenciamento de risco;
-- ABNT NBR 5419-3 - Proteção contra descargas atmosféricas – Parte 3: Danos físicos a estruturas e
perigos à vida;
-- ABNT NBR 5419-4 - Proteção contra descargas atmosféricas – Parte 4: Sistemas elétricos e eletrônicos
internos na estrutura;
-- ABNT NBR 7117 - Medição da resistividade e determinação da estratificação do solo;
-- ABNT NBR IEC-60079-14 - Atmosferas explosivas - Parte 14: Projeto, seleção e montagem de insta-
lações elétricas;
-- NR 10 - Segurança em instalações e serviços em eletricidade;
-- Normas internas do cliente.

O ponto crucial do projeto de SPDA e MPS é o gerenciamento de risco definido pela ABNT NBR 5419-2,
como vimos anteriormente. Os cálculos resultantes do gerenciamento de risco serão a base para o desen-
volvimento do projeto.

5.15.2 Informações Predecessoras

O projeto de SPDA e MPS dependem principalmente do projeto arquitetônico ou arranjo de equipa-


mentos e das definições do projeto elétrico relacionadas às medidas de equipotencialização e proteção
contra surtos.

Figura 58 -  Elaboração do projeto arquitetônico


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
188

Para elaboração do projeto de SPDA e MPS é necessário que as informações seguintes sejam disponibi-
lizadas ou as tarefas sejam executadas:
-- Análise de consistência do projeto básico;
-- Planejamento do projeto;
-- Levantamento de campo;
-- Critérios de projeto (definições do cliente);
-- Estudo de classificação de áreas;
-- Projeto do sistema de combate a incêndio;
-- Manuais de equipamentos/instrumentos;
-- Arranjo de equipamentos;
-- Projeto arquitetônico;
-- Projeto de civil;
-- Projeto de tubulação;
-- Projeto de força e aterramento;
-- Diagramas unifilares ou trifilares.

Os projetos de tubulação e distribuição de força são necessários para confirmar quais linhas estão co-
nectadas à estrutura para realizar o gerenciamento de risco. Enquanto que os diagramas e o projeto de
aterramento são utilizados para verificar as medidas adotadas para equipotencialização e proteção contra
surtos.
O projeto arquitetônico e de civil são utilizados para verificar qual o leiaute das instalações e a possibili-
dade de utilizar as ferragens ou estruturas metálicas como elementos naturais do SPDA.

5.15.3 RECOMENDAÇÕES técnicas

As seguintes recomendações técnicas devem ser utilizadas nos projetos de SPDA e MPS em instalações
industriais, exceto onde as normas internas ou as definições do cliente tiverem requisitos divergentes:
a) O projeto de SPDA e MPS devem ser fundamentados nas normas da ABNT NBR 5419 (Parte 1 a
4), sendo obrigatório elaborar o memorial de cálculo com o gerenciamento de risco para avaliar a
necessidade de proteção e definir as medidas de proteção;
b) Em locais onde a proteção contra descargas atmosféricas for exigência da autoridade que tenha
jurisdição sobre estruturas com risco de explosão, deve ser adotado, pelo menos, um SPDA classe
II. Exceções ao uso de classe II são aceitas desde que sejam tecnicamente justificadas e autoriza-
das pela autoridade que tenha jurisprudência;
5 Projetos de instalações elétricas industriais
189

c) Os documentos de SPDA devem especificar e indicar a localização dos condutores de captação,


descida e aterramento, as interligações, todas as medidas de proteção adotas e as características
dos materiais utilizados;
d) Nas plantas de SPDA também deve constar o volume de proteção representado em planta baixa,
vistas ou cortes;
e) A malha do SPDA deverá ser conectada à malha de aterramento do sistema elétrico;
f) A seção dos condutores do SPDA deve ser definida em função do nível de proteção do SPDA es-
tabelecido no gerenciamento de risco;
g) Os condutores do SPDA devem ser preferencialmente de cobre nu. Porém, o projetista deve de-
finir o material em função das características ambientais de acordo com nos tipos de condutores
indicados na ABNT NBR 5419-3;
h) Todas as descidas do SPDA devem possuir conectores mecânicos para permitir a desconexão do
subsistema de aterramento;
i) Recomenda-se que os condutores da captação e das descidas sejam fixados, a cada 1 metro, dire-
tamente na estrutura (sem utilização de suportes de porcelana) a fim de evitar centelhamentos e
maiores danos à estrutura;
j) Recomenda-se a utilização de poliuretano17 ou outras técnicas para vedar as telhas da cobertura
nos pontos onde forem realizadas furações para o SPDA;
k) Para proteção de estruturas instaladas sobre a cobertura, como antenas, recomenda-se o uso de
mastros como captores interligados à malha de captação;
l) Os documentos de MPS devem especificar e indicar a localização dos DPSs, todas as medidas de
proteção contra surtos e as características dos materiais utilizados;
m) Durante as inspeções periódicas deve ser avaliado se o projeto e as instalações estão de acordo
com as normas da ABNT NBR 5419 (Parte 1 a 4). Caso não estejam, o projeto e as instalações de-
vem ser adequados.
Alguns dos itens anteriores são obrigatórios e outros são recomendações. Compete ao projetista verifi-
car (nas normas internas do cliente, nos critérios de projeto e nas demais normas aplicáveis) quais os itens
serão aplicáveis ao projeto.

5.15.4 Documentos Recomendados Para elaboração

Os documentos de projetos de SPDA e MPS são poucos e bem específicos. Em alguns casos podem ser
utilizados os documentos do projeto de força e iluminação, como os diagramas unifilares ou trifilares dos
painéis que possuem DPS para o projeto de MPS.

17  Poliuretano: resina utilizada para vedação.


PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
190

A figura seguinte representa um corte ou vista do projeto de SPDA de uma subestação, no qual estão
indicados os condutores de captação e descidas, acessórios, detalhes, etc. A planta baixa referente ao corte
consta no próximo tópico.

Figura 59 -  Corte A-A do projeto de SPDA


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Recomenda-se a elaboração dos documentos listados a seguir nos projetos de SPDA e MPS em ambien-
tes industriais, caso se apliquem:
-- Plantas de SPDA e MPS;
-- Desenhos de cortes, vistas e detalhes;
-- Diagrama esquemático dos DPSs;
-- Detalhes típicos de instalação;
-- Lista de materiais elétricos;
-- Memória de cálculo de PDA (SPDA e MPS);
-- Memorial descritivo.

A lista anterior é indicada para qualquer porte de projeto, podendo algumas das informações serem
contidas em um mesmo documento.
Os diagramas esquemáticos dos DPSs podem ser substituídos pelos diagramas unifilares ou trifilares
dos projetos de força, iluminação e tomadas.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
191

5.15.5 Exemplo de Planta

A figura seguinte é o exemplo de uma planta de SPDA da sala de painéis de uma subestação. Na planta
constam os condutores de captação, indicação das descidas, os acessórios, a indicação dos detalhes, etc. O
corte A-A indicado na figura corresponde ao corte ilustrado na figura anterior.

Figura 60 -  Exemplo de planta de cobertura de SPDA


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
192

5.15.6 Exemplos de Detalhes de Instalação

As figuras seguintes são exemplos de detalhes típicos de instalação elétrica, os quais estão indicados na
planta de SPDA e MPS da figura anterior.

Figura 61 -  Exemplos de detalhes típicos de SPDA


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

O detalhe 04 não está indicado na planta anterior por ser um detalhe da descida, mas está indicado no
Corte A-A apresentado anteriormente.
No próximo tópico será abordado o projeto de subestação de consumidor.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
193

5.16 Projeto de Subestação de Consumidor

Subestação é o conjunto de dispositivos, instalações e equipamentos elétricos com a finalidade de


transformar as características da energia elétrica conduzida, a partir da redução ou elevação dos níveis de
tensão, o que permite a sua transmissão e distribuição para os centros de consumo.
Subestação de consumidor é aquela estabelecida nas instalações internas da unidade consumidora e
suprida pela rede primária de distribuição. Por exemplo, a subestação de um hospital, indústria ou comér-
cio construída dentro da propriedade particular.
As unidades consumidoras com carga instalada até 2500 kW devem ser supridas pela concessionária de
energia local em média tensão (13,8 ou 34,5 kV) e acima de 2500 kW devem ser supridas em alta tensão (69,
138 ou 230 kV), de acordo com os níveis de tensão disponíveis na região.

Figura 62 -  Subestação de consumidor em área externa


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

O projetista deve definir a localização da subestação em função do centro de carga. Quanto mais próxi-
mo da carga estiver, menores serão os custos com cabos de baixa tensão.
Dependendo da carga e da extensão da área da unidade consumidora é conveniente ter mais de uma
subestação. Por exemplo, a indústria pode ser suprida em 69 kV com uma subestação principal abaixadora
de 69 kV para 13,8 kV e, a partir dessa subestação, alimentar em 13,8 kV subestações localizadas dentro das
unidades de processo. Estas, por sua vez, alimentariam os centros de consumo internos da unidade nos
níveis de tensão adequados.
As subestações podem ser instaladas em postes, no solo em área desabrigada ou abrigada. O primeiro
passo para dimensionar uma subestação é realizar um estudo de cargas elétricas e fluxo de potência. Com
base nos resultados, pode-se definir qual a potência nominal da subestação, o nível de tensão de supri-
mento e os principais equipamentos requeridos.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
194

Em seguida, pode ser elaborado o diagrama unifilar, que servirá de base para desenvolver o arranjo de
equipamentos elétricos. O projetista deve consultar a norma da ABNT NBR 14039 (Instalações elétricas de
média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV) para definir os afastamentos mínimos das instalações de uma subestação
suprida em média e consultar as dimensões dos equipamentos nos catálogos de fabricantes para desen-
volver o arranjo de equipamentos.
Dependendo do porte da subestação, deve ser prevista uma sala de painéis ou sala de comandos para
abrigar o centro de distribuição de cargas (CDC) ou quadro de distribuição de força (QDF) e os demais
equipamentos do sistema elétrico, como os transformadores e painéis de distribuição, bancos de baterias
e outros sistemas auxiliares. A sala de painéis pode ser anexa à subestação ou construída em instalações
independentes.

CASOS E RELATOS

Erros de projetos x Erros de construção


Davi é um técnico em eletrotécnica que atuava há cinco anos em uma empresa de projetos. Davi
e seus colegas estavam desenvolvendo uma nova planta industrial importantíssima para o cliente.
A obra estava em andamento enquanto eles avançavam com o projeto. Então, Davi recebeu um
e-mail do gerente da construtora reclamando que havia um erro no projeto dos dutos de barramen-
tos que faziam a interligação entre os transformadores de força e o centro de distribuição de cargas
(CDC). Segundo o gerente, os dutos não tinham comprimento suficiente para permitir a conexão
entre os equipamentos.
A equipe se reuniu, analisou o projeto e não encontrou o erro mencionado. Então, Davi reuniu os
documentos e as ferramentas necessárias e foi fazer um levantamento de campo para analisar e
resolver o problema.
Chegando ao local da construção da subestação, Davi observou que aparentemente os dois trans-
formadores estavam desalinhados. Ele utilizou uma trena para verificar o posicionamento dos trans-
formadores e confirmou que as distâncias estavam divergentes do que foi previsto no projeto.
Com isso, Davi reuniu o gerente da construtora e o fiscal da obra para informar que o projeto estava
correto, mas faltava uma cota indicando a posição correta dos transformadores. Só era possível con-
firmar a cota utilizando um escalímetro, que não é muito usual em uma obra.
Enfim, os equipamentos tinham sido instalados na posição equivocada porque o projeto não deixou
evidente uma informação, embora estivesse correta, e a construtora não confirmou a informação
antes de instalar os equipamentos.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
195

É recomendável a previsão de um gerador de emergência suprido por uma fonte alternativa de energia,
como diesel ou gás, para alimentar as cargas elétricas de emergência como bombas do sistema de comba-
te a incêndio, cargas essenciais, sistema de iluminação de emergência em caso de falta da alimentação de
energia oriunda da concessionária.
Neste tópico serão abordados normas aplicáveis, informações predecessoras, requisitos técnicos, docu-
mentos recomendados para elaboração, exemplos e recomendações técnicas para projetos de subestação
de consumidor em instalações industriais supridas em média tensão.

5.16.1 Normas Aplicáveis

As principais normas brasileiras aplicáveis aos projetos de subestação de consumidor são a ABNT NBR
14039 (Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV) e a ABNT NBR 5410 (Instalações elétricas
de baixa tensão). Entretanto, dependendo do tipo e porte da subestação, outras normas também devem
ser aplicadas. Por exemplo, as normas relativas aos projetos de iluminação, força, aterramento, SPDA e MPS
abordadas nos tópicos anteriores.
As normas listadas a seguir devem ser utilizadas nos projetos de subestação de consumidor supridas
em média tensão, onde aplicáveis:
-- ABNT NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensão;
-- ABNT NBR 5419-3 - Proteção contra descargas atmosféricas – Parte 3: Danos físicos a estruturas e
perigos à vida;
-- ABNT NBR 5419-4 - Proteção contra descargas atmosféricas – Parte 4: Sistemas elétricos e eletrônicos
internos na estrutura;
-- ABNT NBR 7117 - Medição da resistividade e determinação da estratificação do solo;
-- ABNT NBR ISO/CIE 8995-1 - Iluminação de ambientes de trabalho - Parte 1: Interior;
-- ABNT NBR 10898 - Sistema de iluminação de emergência;
-- ABNT NBR 14039 - Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV;
-- ABNT NBR15751 - Sistemas de aterramento de subestações - Requisitos;
-- ABNT NBR 15920 - Cabos elétricos - Cálculo da corrente nominal - Condições de operação - Otimi-
zação econômica das seções dos cabos de potência.
-- ABNT NBR IEC-60079-14 - Atmosferas explosivas - Parte 14: Projeto, seleção e montagem de insta-
lações elétricas;
-- NR 10 - Segurança em instalações e serviços em eletricidade;
-- Normas da concessionária de energia local;
-- Normas internas do cliente.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
196

No âmbito das normas internas das indústrias, a norma Petrobras N-2039 (Projeto de subestações) é
uma ótima referência para projetos de subestação de consumidor de média e alta tensão.
Na lista anterior se destacam também as normas da concessionária de energia local, pois o projetista
deve atender aos requisitos técnicos da concessionária nas instalações elétricas da entrada de serviços,
que compreende entre o ponto de conexão com a rede primária de distribuição e a medição.
A norma NOR.DISTRIBU-ENGE-0023 (Fornecimento de energia elétrica em média tensão de distribuição
à edificação individual) da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) é o exemplo de uma
das normas da concessionária local que o projetista deve aplicar nos projetos de subestação em unidade
consumidora no estado da Bahia.
O projetista deve obter e aplicar no projeto as normas da concessionária de energia que irá suprir a
unidade consumidora. Sempre que for elaborar um projeto, acesse o site da concessionária da região de
implantação do empreendimento e faça o download das normas aplicáveis em suas versões atualizadas.

5.16.2 Informações Predecessoras

O projeto de subestação de consumidor depende principalmente de informações a serem fornecidas


pela concessionária de energia elétrica local, por exemplo, o nível de curto-circuito e a impedância no pon-
to de conexão da rede de distribuição primária, além dos ajustes do dispositivo de proteção a montante
que servirão de base para configuração da proteção geral da unidade consumidora.

Figura 63 -  Ilustração de uma subestação desabrigada em 3D


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Para elaboração do projeto de subestação de consumidor é necessário que as informações seguintes


sejam disponibilizadas ou as tarefas sejam executadas:
-- Informações da concessionária de energia elétrica local (curto-circuito, impedância e ajustes do sis-
5 Projetos de instalações elétricas industriais
197

tema de proteção);
-- Análise de consistência do projeto básico;
-- Planejamento do projeto;
-- Levantamento de campo;
-- Critérios de projeto (definições do cliente);
-- Manuais de equipamentos/instrumentos;
-- Estudo de classificação de áreas;
-- Projeto arquitetônico;
-- Projeto de civil.

Embora os projetos de civil e de arquitetura sejam indicados como informações predecessoras, eles
devem ser desenvolvidos em paralelo com o arranjo de equipamentos a ser elaborado pelo projetista de
elétrica, que deve fazer reuniões com os responsáveis pelos projetos de civil e de arquitetura para consoli-
dar a disposição dos equipamentos, dimensões da subestação, leiaute e a infraestrutura necessária.

5.16.3 RECOMENDAÇÕES técnicas

As seguintes recomendações técnicas devem ser utilizadas nos projetos de subestação de consumidor
em instalações industriais supridas em média tensão, exceto onde as normas internas ou as definições do
cliente tiverem requisitos divergentes:
a) O projeto de subestação de consumidor deve ser fundamentado nas normas do cliente, da con-
cessionária local, ABNT NBR 5410, ABNT NBR 14039 e nas demais normas aplicáveis;
b) Os projetos de distribuição de iluminação (normal e de emergência), força, aterramento, SPDA e
MPS da subestação de consumidor devem seguir as recomendações técnicas dos tópicos anterio-
res, onde aplicáveis;
c) O arranjo de equipamentos da subestação de consumidor deve conter a identificação e dimen-
são dos equipamentos elétricos, as principais estruturas, as distâncias entre os equipamentos e
outras informações dispostas em planta baixa, vistas e cortes;
d) A subestação deve possuir dimensões e estruturas para comportar todos os equipamentos pre-
vistos no projeto como transformadores de força, CDCs, CCMs, transformadores e painéis de dis-
tribuição, bancos de capacitores e baterias, nobreaks e demais sistemas auxiliares, onde aplicáveis;
e) Para elaborar o arranjo de equipamentos da subestação, o projetista deve utilizar as dimensões
reais dos equipamentos elétricos, caso sejam disponibilizadas pelo cliente ou pelo fornecedor, ou
devem ser utilizadas as dimensões disponíveis nos catálogos dos fabricantes dos equipamentos;
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
198

f) Recomenda-se que a subestação possua portas metálicas para acesso de pessoal e acesso de
equipamentos, podendo ser uma única ou portas diferentes. Para subestação abrigada, a porta
de acesso de pessoal deve abrir para fora e possuir barra antipânico. E a porta de acesso de equi-
pamentos deve possuir dimensões suficientes para entrada do maior equipamento;
g) A localização da subestação e o arranjo de equipamentos deve considerar a previsão de amplia-
ções futuras;
h) Deve ser evitado, sempre que possível, a instalação de subestação dentro de área classificada;
i) Recomenda-se que o piso interno da subestação abrigada fique acima do nível do terreno;
j) A área destinada aos transformadores de força e os resistores de aterramento, onde aplicáveis,
deve possuir o piso coberto com brita, quando instalados em área desabrigada;
k) Todos os equipamentos e materiais instalados em área aberta, mesmo com cobertura, devem ser
adequados para instalação ao tempo;
l) As redes elétricas interligadas à subestação podem ser área ou subterrânea, de acordo com os
critérios do cliente e, na ausência destes, devem ser definidos pelo projetista;
m) A subestação deve ser dotada de tomadas de uso geral, sistema de iluminação normal e de
emergência;
n) A distância entre os equipamentos e as áreas livres ao redor deles deve ser definida com base nas
normas internas do cliente ou da concessionária local, onde aplicáveis. Sendo que o arranjo deve
ser definido de forma a permitir a entrada e saída do maior equipamento;
o) Recomenda-se que seja prevista uma distância livre, mínima, de 50 cm entre o topo do maior
equipamento e as instalações no teto da subestação, como iluminação, vigas e outros.

Alguns dos itens anteriores são obrigatórios e outros são recomendações. Compete ao projetista verifi-
car (nas normas internas do cliente, da concessionária local, nos critérios de projeto e nas demais normas
aplicáveis) quais itens serão aplicáveis ao projeto.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
199

5.16.4 Documentos Recomendados Para elaboração

Os documentos de projetos de subestação de consumidor dependem do porte da subestação. Para


uma subestação de grande porte com sala de painéis, envolve todos os documentos de projetos de ilumi-
nação, força, aterramento, SPDA e MPS, além de alguns documentos específicos.

Figura 64 -  Centro de distribuição de carga na sala de painéis de uma subestação


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Recomenda-se a elaboração dos documentos listados a seguir nos projetos de subestação de consumi-
dor em ambientes industriais incluindo a sala de painéis, caso se apliquem:
-- Plantas de iluminação;
-- Plantas de distribuição de força e aterramento;
-- Plantas de SPDA e MPS;
-- Plantas de arranjo de equipamentos elétricos;
-- Plantas de situação e localização;
-- Desenhos de cortes, vistas e detalhes;
-- Detalhes típicos de instalação;
-- Diagramas unifilares;
-- Diagramas trifilares;
-- Diagramas funcionais;
-- Diagramas lógicos;
-- Diagramas de interligações;
-- Arquitetura de automação elétrica;
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
200

-- Quadro de cargas de iluminação e tomadas;


-- Lista de materiais elétricos;
-- Lista de cabos ou circuitos;
-- Lista de cargas elétricas;
-- Lista de equipamentos elétricos;
-- Especificação técnica ou folhas de dados de equipamentos elétricos;
-- Memória de cálculo de dimensionamento dos equipamentos;
-- Estudo de cargas elétricas;
-- Memória de cálculo de condutores;
-- Estudo de coordenação e seletividade dos dispositivos de proteção;
-- Estudo de curto-circuito;
-- Dimensionamento da malha de aterramento;
-- Dimensionamento de sistemas ininterruptos de energia;
-- Estudo de energia incidente em painéis elétricos;
-- Estudo de fluxo de cargas ou fluxo de potência;
-- Estudo de harmônicos;
-- Estudo de partida de motores;
-- Memória de cálculo de dimensionamento de condutos;
-- Memória de cálculo de PDA (SPDA E MPS);
-- Memória de cálculo de iluminação;
-- Memorial descritivo;
-- Parecer técnico dos equipamentos elétricos;
-- Análise dos documentos de fornecedor.

Veremos nos próximos tópicos um exemplo de planta e corte de força e aterramento de uma subesta-
ção de consumidor.

5.16.5 Exemplo de Planta

A figura seguinte é o exemplo de uma planta de força e aterramento de subestação de consumidor. Na


planta constam os equipamentos elétricos, os condutores de força, os condutos, os condutores, barras e
hastes de aterramento, a indicação do corte, etc.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
201

Figura 65 -  Exemplo de planta de força e aterramento de subestação de consumidor


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

No próximo tópico será apresentado o corte A-A indicado na planta anterior.


PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
202

5.16.6 Exemplo de CORTE OU VISTA

A figura seguinte é um exemplo de corte da planta de força e aterramento da subestação de consumi-


dor indicada na figura anterior.

Figura 66 -  Corte A-A planta de força e aterramento de subestação de consumidor


Fonte: senai dr ba, 2018.

O corte indicado na figura anterior apresenta a instalação em outro ângulo com detalhes que não são
possíveis apresentar em planta baixa.
Chegamos ao fim de mais um capítulo. No próximo capítulo será abordado o memorial descritivo, que
é um dos documentos que devem compor os projetos de instalações elétricas, sendo uma exigência da
ABNT NBR 5410, da NR 10 e das normas das concessionárias de energia elétrica local.
5 Projetos de instalações elétricas industriais
203

RECAPITULANDO

Aprendemos neste capítulo como é o desenvolvimento de um projeto elétrico industrial desde a


fase de estudos técnicos até a fase de elaboração dos documentos de detalhamento, como plantas
e detalhes de instalação.
Estudamos a importância da elaboração dos estudos embasados nas normas técnicas e de acordo
com a filosofia do cliente para especificação e dimensionamento das instalações e dos equipamen-
tos elétricos.
Abordamos que o levantamento de cargas e o cálculo de demanda a serem realizados no estudo de
cargas elétricas é uma das primeiras tarefas de um projeto elétrico para dimensionar o transforma-
dor de força e determinar os principais equipamentos necessários ao sistema.
Vimos também que o estudo de classificação de áreas é indispensável para definir a localização dos
equipamentos e quando for inevitável instalá-los em área classificada, eles devem ter a proteção
adequada à classificação da área.
Apresentamos ainda algumas normas técnicas que devem ser utilizadas nos projetos elétricos in-
dustriais e algumas informações predecessoras que devem ser fornecidas ou executadas antes do
projeto elétrico.
Estudamos também algumas recomendações técnicas gerais e específicas, exemplos de plantas e
detalhes de projetos elétricos industriais de iluminação, força, aterramento, SPDA, MPS e subestação
de consumidor.
Memorial descritivo

Quando um técnico recebe um projeto para análise ou montagem das instalações elétricas,
em alguns casos, ele se depara inicialmente com algumas dúvidas ou questionamentos que
não ficam claros nas plantas ou nos diagramas, por exemplo. Essas dúvidas podem ser sanadas
em um documento denominado de memorial descritivo.
Memorial descritivo (MD) é um documento escrito de maneira formal, com o objetivo de
esclarecer ou ampliar o entendimento técnico de um projeto, empreendimento, instalação,
equipamento, entre outros.
A linguagem utilizada deve ser objetiva, clara, precisa, formal e embasada nas normas téc-
nicas aplicáveis ao projeto.
O nível de informações que devem compor um memorial descritivo está diretamente re-
lacionado com o tipo de projeto (conceitual, básico ou executivo). Por exemplo, o memorial
descritivo de um projeto conceitual deve definir o objetivo do projeto e constar informações
suficientes para orientar a elaboração do projeto básico. Enquanto que o MD de projeto exe-
cutivo deve apresentar uma quantidade maior de informações para permitir que o projeto seja
compreendido pela equipe de construção e montagem.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
206

Figura 67 -  Técnico explicando um projeto


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

A imagem anterior ilustra um técnico descrevendo ao cliente como será o projeto. Essa ação talvez não
fosse necessária se houvesse um MD com a descrição técnica do projeto.

Você sabe quando surgiu a escrita? Datam de 6000 a.C. as primeiras for-
mas de escrita e, por volta de 400 a.C., surgiu o alfabeto grego, o primei-
CURIOSIDADES ro a ser escrito da esquerda para direita.
(Fonte: ESCRITA, 2016).

Neste capítulo será abordado o memorial descritivo utilizado em projetos elétricos executivos. Ou seja,
um documento com o objetivo de orientar a montadora (empresa de construção e montagem) no enten-
dimento do escopo do projeto desde a fase de orçamento até a execução da obra.
Na sequência serão abordados o levantamento de dados, as partes componentes e os requisitos nor-
mativos. Por fim, será apresentado um roteiro para elaborar um memorial descritivo de projeto executivo
de instalações elétricas.
6 Memorial descritivo
207

6.1 LEVANTAMENTO DE DADOS

Para compor o memorial descritivo, o levantamento dos dados deve ter início junto com o projeto, pois
é necessário incluir no documento informações básicas com as definições iniciais do projeto, critérios utili-
zados, premissas adotadas, entre outras. Além disso, as informações principais que irão compor o MD são
as mesmas utilizadas para definir a especificação e o dimensionamento das instalações elétricas ao longo
do projeto.
Uma das formas de recolher os dados é fazer um levantamento de campo, que pode ser acompanhado
de um registro fotográfico. Algumas fotos podem ser utilizadas no MD para descrever uma instalação ou
esclarecer uma premissa adotada.
A imagem seguinte ilustra um técnico realizando o levantamento de dados em campo para elaboração
do memorial descritivo.

Figura 68 -  Técnico realizando levantamento de campo


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

As informações devem ser levantadas também nos documentos técnicos de todas as áreas relacionadas
ao projeto como engenharia civil, arquitetura, instrumentação, automação, classificação de área, mecâni-
ca, tubulação, hidráulica, sistemas de combate a incêndio, drenagem pluvial, arranjo geral e outros.
Devem ser recolhidas informações ainda em catálogos, manuais e documentos de fornecedores de
equipamentos e instrumentos que tenham interface com o sistema elétrico. Por exemplo, para prever a
alimentação elétrica de uma válvula motorizada18, o projetista deve verificar qual a potência do motor e a
tensão de alimentação no manual ou catálogo do fabricante.
As normas técnicas também devem ser verificadas para levantar informações para elaboração do me-
morial descritivo. É fundamental que sejam verificadas as normas aplicáveis da ABNT, da concessionária
local, normas internas do cliente, normas ou procedimentos de órgãos públicos, entre outros.

18  Válvula motorizada: válvula com acionamento por motor elétrico.


PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
208

FIQUE O memorial descritivo é importante para consolidar o escopo, servindo de base para
elaborar orçamento da obra. Por isso, sempre inclua informações precisas e objetivas
ALERTA que definam claramente o escopo do empreendimento.

No próximo tópico serão abordadas as partes componentes de um memorial descritivo. Nas partes
componentes deverão conter os dados levantados, que devem ser tratados, organizados e inseridos dire-
tamente no MD ou como anexos.

6.2 PARTES COMPONENTES

Partes componentes são todos os documentos técnicos do projeto, por exemplo, memorial de cálculo,
diagramas elétricos, plantas, leiautes, especificações técnicas, listas de materiais, entre outros.
Esses documentos devem compor o memorial descritivo e ser relacionados (listados) no item de docu-
mentos de referência do MD. Esse item será abordado com mais detalhes nos próximos tópicos.
Diagramas elétricos

Especificações técnicas
Memorial de cálculo

Memorial
Plantas elétricas

Listas de materiais

Listas de materiais

Descritivo
Outros

Figura 69 -  Partes componentes de um memorial descritivo


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. (adaptado).

Os principais documentos do projeto devem ser mencionados ao longo do memorial descritivo. Por
exemplo, ao descrever o sistema de iluminação, pode-se citar que a quantidade de luminárias utilizadas
foi definida conforme o memorial de cálculo luminotécnico e serão alimentadas pelo determinado painel,
conforme indicado no diagrama unifilar. Os números dos documentos devem ser indicados em cada cita-
ção.
6 Memorial descritivo
209

O memorial descritivo e todas as partes componentes devem ser elaborados de acordo com os requi-
sitos normativos aplicáveis. No próximo tópico serão abordados alguns requisitos normativos aplicáveis
ao MD.

6.3 REQUISITOS NORMATIVOS

Requisitos normativos são exigências, determinações ou recomendações das normas técnicas para de-
terminado tema. Neste caso, para elaboração do memorial descritivo.
O memorial descritivo é uma exigência da norma da ABNT NBR 5410. A referida norma define no item
6.1.8.1 que a instalação deve ser executada a partir de projeto específico, que deve conter, no mínimo:
a) Plantas;
b) Esquemas unifilares e outros, quando aplicáveis;
c) Detalhes de montagem, quando necessários;
d) Memorial descritivo da instalação;
e) Especificação dos componentes (descrição, características nominais e normas que devem aten-
der);
f) Parâmetros de projeto (correntes de curto-circuito, queda de tensão, fatores de demanda consi-
derados, temperatura ambiente, etc.). (ABNT NBR 5410, 2004).

Assim, percebe-se que dentre os documentos anteriores, no item ‘d’ consta a exigência do memorial
descritivo da instalação.
A Norma Regulamentadora nº 10 (NR 10), Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, define
que no memorial descritivo deve conter, no mínimo, os seguintes itens:
a) Especificação das características relativas à proteção contra choques elétricos, queimaduras e
outros riscos adicionais;
b) Indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos elétricos: (Verde – “D”, desligado
e Vermelho - “L”, ligado);
c) Descrição do sistema de identificação de circuitos elétricos e equipamentos, incluindo disposi-
tivos de manobra, de controle, de proteção, de intertravamento, dos condutores e os próprios
equipamentos e estruturas, definindo como tais indicações devem ser aplicadas fisicamente nos
componentes das instalações;
d) Recomendações de restrições e advertências quanto ao acesso de pessoas aos componentes das
instalações;
e) Precauções aplicáveis em face das influências externas;
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
210

f) O princípio funcional dos dispositivos de proteção, constantes do projeto, destinados à seguran-


ça das pessoas;
g) Descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção com a instalação elétrica. (BRASIL,
1978).

Além da norma da ABNT NBR 5410 e a NR 10, as normas das concessionárias de energia elétrica e as
normas internas de algumas empresas da área industrial também apresentam requisitos relativos ao me-
morial descritivo. Os itens a seguir são alguns exigidos pelas concessionárias que devem constar no MD:
a) Nome do proprietário/cliente;
b) Endereço;
c) Carga instalada e demanda calculada;
d) Número de pavimentos;
e) Propósito da instalação;
f) Tensão de suprimento;
g) Ponto de alimentação;
h) Descrição da entrada de serviço;
i) Especificação das características relativas à proteção contra choques elétricos, queimaduras e ou-
tros riscos adicionais;
j) Indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos elétricos: (Verde - “D”, desligado
e Vermelho - “L”, ligado);
k) Descrição do sistema de identificação de circuitos elétricos e equipamentos, incluindo dispositi-
vos de manobra, controle, proteção, intertravamento, dos condutores e os próprios equipamen-
tos e estruturas, definindo como tais indicações, devem ser aplicadas fisicamente nos componen-
tes das instalações;
l) Recomendações, restrições e advertências quanto ao acesso de pessoas aos componentes das
instalações;
m) Precauções aplicáveis em face das influências externas.

Observe que os itens exigidos pelas concessionárias já incluem os itens exigidos pela NR 10.

SAIBA Para mais requisitos técnicos para projetos de instalações elétricas que influenciam a
elaboração do memorial descritivo, recomendamos a leitura da Norma Regulamenta-
MAIS dora nº 10 (NR 10), de segurança em instalações e serviços em eletricidade.
6 Memorial descritivo
211

Vimos até o momento o levantamento dos dados, as partes componentes e as exigências ou requisitos
normativos para um memorial descritivo. No próximo tópico veremos um roteiro para elaboração de um
MD.

6.4 ROTEIRO PARA ELABORAR MEMORIAL DESCRITIVO

Quando um técnico precisa elaborar um memorial descritivo pela primeira vez, ele pode se deparar
com várias dúvidas, tais como: por onde começar, qual a estrutura, quais informações deve conter, quais
os documentos relacionados, dentre outras. Essas são algumas dúvidas que iremos esclarecer neste tópico.
Vimos até aqui que o memorial descritivo deve conter todas as informações indicadas nos requisitos
normativos, conforme as normas aplicáveis ao projeto. Veremos agora como elaborar o MD, organizando
essas e outras informações importantes que devem constar na estrutura do documento.
O memorial pode ser elaborado seguindo a estrutura do roteiro orientativo a seguir:
a) Objetivo;
b) Normas aplicáveis;
c) Documentos de referência;
d) Introdução/apresentação;
e) Premissas;
f) Descrição do escopo;
g) Considerações finais;
h) Anexos.

O roteiro apresentado é orientativo e poderá ser aprimorado ou adequado para ser utilizado em um
projeto. Nos próximos tópicos será detalhado o conteúdo de cada item do memorial descritivo.

6.4.1 Objetivo

No primeiro item deve ser feita uma breve descrição do objetivo do documento em apenas um pará-
grafo de forma simples e prática, indo direto ao ponto. Deve constar as informações de identificação do
projeto, proprietário/cliente e a localização da instalação.

6.4.2 Normas Aplicáveis

Normas aplicáveis são as normas que devem ser empregadas ao projeto em função do tipo de insta-
lação. Por exemplo, para um projeto de iluminação da via de acesso de uma indústria deve ser aplicada a
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
212

norma da ABNT NBR 5101 referente à iluminação pública, além das normas da ABNT NBR 5410 e a NR 10,
que são normas aplicáveis em todos os tipos de instalações elétricas de baixa tensão.

Figura 70 -  Normas e padrões


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. (adaptado).

Se neste mesmo projeto do exemplo anterior fosse necessário modificar ou instalar uma rede de média
tensão para alimentar a rede de distribuição do sistema de iluminação, obrigatoriamente deve ser aplicada
a norma da ABNT NBR 14039, referente às instalações elétricas de média tensão.
Nesse contexto, devem ser listadas neste item do MD todas as normas, padrões ou procedimentos apli-
cáveis ao projeto, assim como, citadas as normas da ABNT, internacionais, do cliente, da concessionária,
de órgãos públicos, normas regulamentadoras, dentre outras, cabendo ao projetista utilizar sempre as
normas na sua versão mais recente.

6.4.3 Documentos de Referência

Documentos de referência são todos os documentos que possuem informações técnicas relacionadas
ao projeto de instalações elétricas de forma direta ou indireta. Por exemplo, a planta de arquitetura e a
planta do sistema de ar-condicionado são documentos de referência que possuem relação indireta com o
projeto elétrico. Enquanto que o memorial de cálculo de dimensionamento de condutores é um documen-
to de referência com relação direta por ser do próprio projeto.
No memorial descritivo devem ser listados todos os documentos elaborados no projeto relacionados à
construção e montagem, que seja necessário ao entendimento do projeto ou que serviram de base para
especificação e dimensionamento das instalações elétricas.
Devem ser citados os documentos do projeto, por exemplo, arranjo de equipamentos elétricos, me-
moriais de cálculo, diagramas elétricos, plantas, detalhes de instalações elétricas, especificações técnicas,
listas de materiais, dentre outros.
6 Memorial descritivo
213

Além dos documentos elaborados pelo projetista de instalações elétricas, devem ser citados documen-
tos de outras áreas que sejam relevantes ao projeto elétrico, como plantas de arquitetura, plantas de tu-
bulação, plantas de ar-condicionado, lista de dados de classificação de área, documentos de automação e
instrumentação, dentre outros.

6.4.4 Introdução OU Apresentação

Neste item deve ser apresentado um breve resumo do projeto para servir de introdução ao assunto
principal. Devem ser apresentadas informações básicas do escopo do projeto em dois ou três parágrafos.

Figura 71 -  Supervisor apresentando um projeto ao engenheiro


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Caso seja necessária a aprovação do projeto juntamente à concessionária de energia elétrica local, re-
comenda-se incluir informações solicitadas pela concessionária para identificar o cliente, por exemplo,
proprietário, endereço, finalidade da instalação e número de pavimentos.

6.4.5 Premissas

Premissas são ideias iniciais, preposições ou considerações adotadas no dimensionamento e especifi-


cação das instalações elétricas. As principais premissas, notas, observações e considerações gerais devem
ser citadas nesse tópico.
A seguir estão indicados alguns exemplos de premissas:
a) O presente projeto está em consonância com o item 10.3 (Segurança em Projetos) da NR 10;
b) A construção e a montagem referente a este projeto deverão atender às normas e critérios de
projeto do cliente citados nas referências;
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
214

c) A CONTRATANTE será responsável pelo fornecimento dos equipamentos e a CONTRATADA será


responsável pela instalação. A CONTRATADA também será responsável pelo fornecimento, trans-
porte e instalação dos materiais elétricos;
d) Foi adotada uma queda de tensão máxima admitida de 3% para os circuitos de iluminação, 3%
para os alimentadores de motores em regime permanente, 2% para os alimentadores principais e
alimentadores de painéis em geral;
e) A seção mínima para os condutores deverá ser 4,0 mm² para circuitos de força e 2,5 mm² para
circuitos de iluminação. A seção máxima dos condutores de força deverá ser 300 mm²;
f) A formação dos cabos de força de baixa tensão será multipolar para seções iguais ou inferiores a
35 mm² em todo percurso dos circuitos. Para seções superiores serão unipolares;
g) Os eletrodutos instalados aparente deverão ser fixados, no mínimo, a cada 2,0 metros.

As premissas mais importantes que impactem diretamente na filosofia do projeto devem receber maior
atenção ao serem descritas no memorial descritivo.

6.4.6 Descrição do Escopo

Escopo é o objetivo, meta, finalidade ou propósito de um projeto. Este é o item principal do memorial
descritivo, no qual deve constar a descrição detalhada do escopo dos serviços.
O projetista deve ficar atento ao fato de que o memorial descritivo de construção e montagem deve
constar a descrição do escopo que será executado pela montadora do projeto e não o escopo do projeto,
pois podem ter serviços que não fazem parte do escopo do projeto, mas será escopo da montadora.

E
S
C
P R O J E T O
P
O
Figura 72 -  Escopo do projeto
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Por exemplo, a montadora deverá realizar testes depois de instalar os equipamentos. Não faz parte do
escopo do projeto, mas o projetista deve citar que faz parte do escopo da montadora, caso se aplique.
6 Memorial descritivo
215

Outro exemplo, a desmontagem de um equipamento elétrico que será substituído. Pode não ser requeri-
da nenhuma ação do projetista, mas ele deve informar que a montadora precisa prever a substituição do
equipamento.
Uma boa estratégia é subdividir o item de escopo em subitens, por exemplo, distribuição de força, ater-
ramento, iluminação e tomadas, telefonia, automação elétrica e SPDA, caso se apliquem. Ou separar por
área e descrever de forma organizada todos os itens anteriores.
Caso o projetista opte por fazer uma descrição detalhada da instalação elétrica, recomenda-se que se
inicie a descrição a partir da fonte ou ponto de entrega de energia e siga até a carga.
Durante a descrição do percurso devem ser citados os documentos de referência relacionados, por
exemplo, ao descrever a origem da alimentação devem ser citados o diagrama unifilar e a planta do local
de instalação do painel. Ao citar a carga deve ser indicada a planta do local e o detalhe de instalação elé-
trica, caso aplicável.
Essa descrição detalhada não é obrigatória, mas proporcionará um melhor entendimento do projeto
por parte do cliente, da concessionária, da montadora e das demais partes envolvidas com o projeto.

Figura 73 -  Engenheiro explicando o escopo de um projeto


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Caso seja um projeto que requeira a aprovação da concessionária local, recomenda-se incluir no MD o
descritivo do ramal de ligação, ponto de entrega, ramal de entrada e ramal de distribuição.

6.4.7 Considerações Finais

Considerações finais são ponderações, complementações, recomendações, notas ou observações rela-


cionadas ao projeto ou à construção e à montagem que merecem ser chamadas atenção no encerramento
do memorial descritivo.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
216

A seguir estão indicados alguns exemplos:


a) Todas as alterações e inserções não previstas deverão ser registradas em cópia do desenho do
projeto, para posterior inclusão das modificações nos originais (As Built);
b) Deverão ser tomados os cuidados necessários a uma montagem em área industrial onde os equi-
pamentos adjacentes poderão estar operando, bem como os próprios painéis onde serão feitos
os serviços, também poderão estar energizados;
c) Todo e qualquer trabalho em altura deverá seguir os preceitos e as orientações da NR 35;
d) A MONTADORA deverá respeitar todas as normas de segurança da CONTRATANTE;
e) Deve ser mantido no local das instalações, em tempo integral, um supervisor capacitado e auto-
rizado, a fim de acompanhar e orientar os serviços, para permitir o bom andamento e desenvol-
vimento da montagem;
f) Todos os materiais utilizados pela MONTADORA deverão seguir as especificações dos documen-
tos do projeto, podendo ser de um fabricante diferente do especificado, desde que atenda às
especificações mínimas.

O projetista pode utilizar as considerações finais para encerrar o memorial descritivo dando ênfase ao
principal objetivo do projeto.

CASOS E RELATOS

Montagem de um projeto sem o memorial descritivo


Mário é um técnico em eletrotécnica que trabalhava em uma empresa de projetos. Em um momen-
to, Mário estava com várias demandas de serviços na empresa e recebeu a tarefa de desenvolver um
projeto para área de petróleo e gás.
Ele iniciou a elaboração do projeto com sua equipe e as principais informações ou decisões do proje-
to eram tomadas por Mário, que participou do projeto desde a fase inicial de levantamento de dados
até o projeto executivo.
Como Mário era o profissional que conhecia melhor o projeto e sempre tirava dúvidas de seus co-
legas referentes ao escopo, ele ficou responsável pela elaboração do memorial descritivo que seria
utilizado pela empresa de construção e montagem. Mas devido a um imprevisto, ele precisou ir
trabalhar em outro projeto e não teve tempo para elaborar o documento.
O projeto acabou sendo liberado para execução da obra sem o memorial descritivo. Como a equipe
da montadora não tinha um documento com informações descritas do escopo, gerou diversas dú-
vidas na obra e eles precisavam ligar várias vezes ao dia para esclarecer as dúvidas com a equipe de
projetos.
6 Memorial descritivo
217

Depois dos transtornos causados, Mário e sua equipe aprenderam o quanto é importante elaborar
um memorial descritivo e resolveram dar mais atenção a elaboração do documento.

É importante aprender como elaborar um memorial descritivo e desenvolver o documento desde a fase
inicial do projeto. No próximo tópico serão abordados os anexos, que são de utilização opcional.

6.4.8 Anexos

Anexos são informações que não constam em nenhum documento técnico, mas são relevantes para
descrição do escopo dos serviços, especificação ou dimensionamento das instalações elétricas. O uso do
item anexos é opcional.
Caso o projetista julgue necessário para o entendimento do projeto, devem ser incluídas imagens, ta-
belas, gráficos, documentos, diagramas, cálculos, catálogos ou manuais de equipamentos, instrumento ou
instrumentos, dentre outros.

CIRCUITO DE PARA SEÇÃO (mm2)


TFW095-001 REDE QDG.01 3x1/C#300 + 1x1/C#300
QDG.01.01F QDG.01 QDM.01 3x1/C#95 + 1x1/C#95 + 1x1/C#50
QDG.01.02F QDG.01 QDM.02 3x1/C#95 + 1x1/C#95 + 1x1/C#50
QDM.01.01F QDM.01 QDF.01 3x1/C#95 + 1x1/C#95 + 1x1/C#50
QDM.02.01F QDM.02 QDF.02 3x1/C#95 + 1x1/C#95 + 1x1/C#50

Tabela 59 - Exemplo de anexo de um memorial descritivo (lista de cabos)


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

A tabela anterior ilustra um exemplo da lista dos principais cabos elétricos de um projeto que pode ser
incluída no memorial descritivo como anexo, desde que não haja documento específico com estas infor-
mações, como a Lista de Cabos.
Itens como imagens, tabelas, gráficos, também podem ser utilizados dentro do item de escopo para
ilustrar melhor alguma descrição.
Assim, podemos compreender que o projetista deve elaborar o memorial descritivo com a maior aten-
ção possível, bom senso e informações técnicas precisas. Se o documento for deficiente tecnicamente,
poderá acarretar em prejuízos e transtornos para o cliente e para empresa responsável pela execução da
obra.
Então, faça o levantamento dos dados de forma mais coerente possível, utilize as partes componentes
e siga nosso roteiro orientativo para elaborar o memorial descritivo com base nos requisitos normativos
adequados ao seu projeto.
PROJETOS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
218

RECAPITULANDO

O memorial descritivo é um dos documentos mais relevantes em um projeto executivo, pois poderá
influenciar diretamente na execução da obra desde a fase de orçamento até o As Built (revisão con-
forme construído).
Nesse sentido, aprendemos neste capítulo que o memorial descritivo deve ser composto por todos
os documentos técnicos do projeto e que eles são utilizados para dar fundamento às informações
descritas no memorial.
Vimos que o levantamento das informações deve ter início junto com o projeto ao longo do dimen-
sionamento e especificação dos materiais e equipamentos elétricos.
Verificamos que o memorial descritivo é uma exigência para projetos de instalações elétricas e pu-
demos observar que ele deve atender alguns requisitos técnicos definidos em normas, como a ABNT
NBR 5410, a NR 10 e as normas da concessionária de energia elétrica local.
Por fim, foi apresentado um roteiro composto por objetivo, normas aplicáveis, documentos de re-
ferência, introdução/apresentação, premissas, descrição do escopo, considerações finais e anexos,
com orientações para o projetista elaborar o memorial descritivo, indicando a estrutura básica, infor-
mações, documentos relacionados e diretrizes aplicáveis ao documento.
6 Memorial descritivo
219
REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Resolução normativa nº 414, de


9 de setembro de 2010. Estabelece as condições gerais de fornecimento de energia
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atmosferas de poeiras explosivas. Rio de Janeiro, 2016.
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corrigida: 2008).
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Rio de Janeiro, 2015.
______. NBR 5419-2: proteção contra descargas atmosféricas: parte 2: gerenciamento
de risco. Rio de Janeiro, 2015.
______. NBR 5419-3: proteção contra descargas atmosféricas: parte 3: danos físicos a
estruturas e perigos à vida. Rio de Janeiro, 2015.
______. NBR 5419-4: proteção contra descargas atmosféricas: parte 4: sistemas elétricos
e eletrônicos internos na estrutura. Rio de Janeiro, 2015.
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______. Supervisor apresentando um projeto ao engenheiro. Figura 71. 2018. Dispo-
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meeting-606749144>. Acesso em: 25 abr. 2018.
MINICURRÍCULO DO AUTOR

MANOEL HIGOR ALVES DOS SANTOS


Manoel Higor Alves dos Santos é Engenheiro Eletricista, graduado em Engenharia Elétrica pela
Faculdade Área 1 - Wyden (2007), especialista em Sistemas Elétricos de Potência pelo SENAI CIMA-
TEC (2010) e pós-graduando em Sistemas Elétricos de Potência pela Faculdade Área 1 – Wyden.
Atua na área de projetos há mais de 10 anos. Atualmente atua como sócio proprietário na MHI
Engenharia e Projetos. Atuou como Engenheiro Eletricista no setor de proteção da Coelba entre
2017 e 2018. Atuou na supervisão e elaboração de projetos na AP Consultoria e Projetos entre
2008 e 2016. E atuou na WG Projetos entre 2007 e 2008 como estagiário e engenheiro trainee.
Participou de projetos para empresas ou empreendimentos como Coelba, Petrobras, Dow Quími-
ca, J. Macêdo, CCR Metrô Bahia, Vale, Yamana Golding, Transpetro, Ferbasa, Cristal Global, Parque
Eólico de Mangue Seco 6 e 7, várias unidades termoelétricas, entre outras.
Índice

A
As Built 52

E
EPR 70, 71, 74, 75, 80, 165
escopo 44, 47, 49, 51, 55, 57, 58, 59

F
full time 34

L
leiaute 23
LEMP 104
Licitação 47

M
massas 181
micro-ohmímetro 153
miliohmímetro 153

P
poliuretano 189
ponto de entrega 176
PVC 70, 71, 74, 75, 95, 96, 98, 165

R
reuniões de interface 165

S
schedule 166

T
tração 89

V
válvula motorizada 207

X
XLPE 70, 71
APÊNDICE A – MODELO DE FOLHA DE DADOS
APÊNDICE A – MODELO DE FOLHA DE DADOS

1. DOCUMENTAÇÃO b) Circuitos Nos:

Fazem parte integrante desta folha de dados os seguintes documentos: com disjuntores de A

- Área não classificada: sim não Tipo, modelo ou nº catálogo:

- Área classificada: sim não Fabricante:

2. FONTE DE SUPRIMENTO c) Circuitos Nos:

2.1 Tensão de suprimento: VAC com disjuntores de A

2.2 Frequência: Hz Tipo, modelo ou nº catálogo:

2.3 Corrente de curto-circuito: Ampères assimétricos Fabricante:


2
2.4 Condutores de alimentação: mm 4.8 Circuitos bifásicos de: V
os
3. CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS a) Circuitos N :

3.1 Instalação: abrigada ao tempo com disjuntores de A

3.2 Fixação: parede perfis metálicos Tipo, modelo ou nº catálogo:

3.3 Temperatura ambiente: máx.: ºC Fabricante:

mín.: ºC b) Circuitos Nos:

3.4 Proximidade do mar: sim não com disjuntores de A

3.5 Área classificada: Zona: Tipo, modelo ou nº catálogo:

Grupo: Fabricante:

Classe de temperatura: c) Circuitos Nos:

3.6 Umidade relativa do ar (máxima): % com disjuntores de A

3.7 Ambiente: corrosivo gases industriais petroquímicos Tipo, modelo ou nº catálogo:

Fabricante:

4. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS 4.9 Circuitos monofásicos de: V


os
4.1 Quadro de distribuição TAG nº: a) Circuitos N :

4.2 Barramentos principais: A com disjuntores de A

4.3 Barramento de neutro: sim não Tipo, modelo ou nº catálogo:

Corrente nominal: A Fabricante:

4.4 Disjuntor geral de entrada: sim não b) Circuitos Nos:

Corrente nominal: A com disjuntores de A

Capacidade de curto-circuito: A Tipo, modelo ou nº catálogo:

Tipo, modelo ou nº catálogo: Fabricante:

Fabricante: c) Circuitos Nos:

4.5 Grau de proteção mecânica: IP- com disjuntores de A

4.6 Espessura da chapa: USG mm Tipo, modelo ou nº catálogo:

4.7 Circuitos trifásicos de: V Fabricante:


os
a) Circuitos N : 4.10 Caixas individuais componentes no quadro:

com disjuntores de A a) Para área classificada "DIV.1", todas as

Tipo, modelo ou nº catálogo: caixas a prova de explosão.

Fabricante: b) Para área classificada "DIV.2", somente as

de disjuntores, a prova de explosão.


c) Caixas de blocos terminais: 5.2 Orelhas para fixação na parede sim não

Na parte superior: sim não com furo para chumbadores:

Na parte inferior: sim não 5.3 Autossustentação: sim não

Ambas: sim não 5.4 Fixação embutido: sim não

Circuitos na parte Superior: 5.5 Porta com fecho rápido:

Circuitos na parte Inferior: com manopla sem manopla

5. ACESSÓRIOS

5.1 Conector para aterramento do painel: sim não 6. CORE DE ACABAMENTO FINAL:

Cabo terra: mm² cinza Munsell N 6.5 outra (indicar na nota)

7. NORMAS APLICÁVEIS

7.1 Entidades:
ABNT IEC _______

ANSI UL _______

NEMA VDE _______

7.2 Relação de normas:


Nº DA NORMA
ENTIDADE
PROJETO / FABRICAÇÃO ENSAIOS

7.3 Relação dos ensaios:

7.3.1 Ensaios de rotina: SIM NÃO

7.3.2 Ensaios de tipo: SIM NÃO

a) d)
b) e)
c) f)

8. OBSERVAÇÕES
APÊNDICE B – SIMBÓLOS GRÁFICOS
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – Departamento Regional da bahia

Ricardo Santos Lima


Coordenador do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional da Bahia

Manoel Higor Alves dos Santos


Elaboração

Carlos Roberto Lima da Silva


Revisão Técnica

Edeilson Brito
Coordenação Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Luiz Lima da Costa


Igor Nogueira Oliveira Dantas
Coordenação de Produção

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto
Kariene da Silva Simões Santos
Lorena Bárbara da Rocha Ribeiro
Larissa Leslie Sena Fiuza Bispo
Design Educacional

Regiani Coser Cravo


Revisão Ortográfica e Gramatical

Alex Ricardo de Lima Romano


Antônio Ivo Ferreira Lima
Daniel Soares Araújo
Fábio Ramon Rego da Silva
Thiago Ribeiro Costa dos Santos
Vinicius Vidal da Cruz
Ilustrações e Tratamento de Imagens

Nelson Antônio Correia Filho


Fotografia

Alex Ricardo de Lima Romano


Antônio Ivo Ferreira Lima
Leonardo Silveira
Vinicius Vidal da Cruz
Diagramação, Revisão de Arte e Fechamento de Arquivo

Renata Oliveira de Souza CRB - 5 / 1716


Normalização - Ficha Catalográfica

Regiani Coser Cravo


Revisão de Diagramação e Padronização

Comitê técnico EAD


Comitê Técnico de Avaliação

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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