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MANUTENÇÃO
ELÉTRICA
PREDIAL E
INDUSTRIAL
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente
Conselho Nacional
MANUTENÇÃO
ELÉTRICA
PREDIAL E
INDUSTRIAL
© 2018. SENAI – Departamento Nacional
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me-
cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491m
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Manutenção elétrica predial e industrial / Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial, Departamento Nacional, Departamento Regional
da Bahia. - Brasília: SENAI/DN, 2018.
126 p.: il. - (Série Energia - Geração, Transmissão e Distribuição).
ISBN 978-855050296-0
CDU: 621.3191
SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 - Planejamento e controle da manutenção............................................................................................18
Figura 2 - Fluxo das atividades do PCM....................................................................................................................19
Figura 3 - Fluxo das atividades do planejamento da manutenção.................................................................20
Figura 4 - Fluxo das atividades da programação da manutenção..................................................................21
Figura 5 - Fluxo das atividades de controle da manutenção............................................................................22
Figura 6 - Inspeção visual em painéis elétricos......................................................................................................25
Figura 7 - Verificando o nível de tensão das instalações.....................................................................................26
Figura 8 - Evolução da manutenção...........................................................................................................................32
Figura 9 - Ferramentas estratégicas...........................................................................................................................33
Figura 10 - Benchmarking ...........................................................................................................................................33
Figura 11 - Ciclo PDCA.....................................................................................................................................................34
Figura 12 - Princípio de Pareto.....................................................................................................................................35
Figura 13 - Os pilares da TPM........................................................................................................................................36
Figura 14 - Tipos de manutenção................................................................................................................................37
Figura 15 - Manutenção corretiva não planejada.................................................................................................38
Figura 16 - Manutenção preventiva...........................................................................................................................39
Figura 17 - Manutenção preventiva em painéis elétricos..................................................................................40
Figura 18 - Conceito da manutenção preditiva.....................................................................................................41
Figura 19 - Manutenção preditiva em motores elétricos...................................................................................42
Figura 20 - Conceito da manutenção detectiva.....................................................................................................44
Figura 21 - Painel com lâmpadas de sinalização...................................................................................................44
Figura 22 - Custo dos tipos de manutenção vs resultados................................................................................46
Figura 23 - Instrumentos de controle da manutenção........................................................................................47
Figura 24 - Modelo de SSM............................................................................................................................................48
Figura 25 - Modelo de Ordem de Serviço................................................................................................................48
Figura 26 - Técnico preenchendo relatório de inspeção.....................................................................................49
Figura 27 - Software ERP................................................................................................................................................49
Figura 28 - Confiabilidade..............................................................................................................................................50
Figura 29 - Ciclo da manutenção baseado na confiabilidade...........................................................................55
Figura 30 - Técnico fazendo testes em painel elétrico.........................................................................................61
Figura 31 - Corrente elétrica nominal........................................................................................................................62
Figura 32 - Sobrecorrente..............................................................................................................................................63
Figura 33 - Sobrecarga....................................................................................................................................................64
Figura 34 - Extensões e filtro de linha para tomadas...........................................................................................64
Figura 35 - Fluxo de atividades para identificar sobrecarga..............................................................................65
Figura 36 - Lei de Joule...................................................................................................................................................68
Figura 37 - Sobreaquecimento em painel elétrico...............................................................................................69
Figura 38 - Inspeção termográfica em instalações elétricas..............................................................................72
Figura 39 - Termômetro infravermelho.....................................................................................................................72
Figura 40 - Centelhamento/arco elétrico.................................................................................................................73
Figura 41 - Centelhamento durante a abertura dos contatos de um relé....................................................74
Figura 42 - Condutor isolado........................................................................................................................................75
Figura 43 - Falha na isolação por emenda malfeita..............................................................................................75
Figura 44 - Medição da resistência de isolamento em condutores................................................................77
Figura 45 - Testando a isolação de um motor.........................................................................................................79
Figura 46 - Resistência de isolação do motor por um período de tempo....................................................79
Figura 47 - Danos físicos e materiais provocados por um curto-circuito.....................................................80
Figura 48 - Princípio de incêndio provocado por um curto-circuito..............................................................81
Figura 49 - Diagrama unifilar – Painel elétrico........................................................................................................82
Figura 50 - Diagrama unifilar – Seletividade ..........................................................................................................83
Figura 51 - Seletividade por níveis de corrente.....................................................................................................84
Figura 52 - Seletividade por tempo . .........................................................................................................................84
Figura 53 - Seletividade por níveis de corrente e tempo....................................................................................85
Figura 54 - Escada rolante . ...........................................................................................................................................88
Figura 55 - Fasímetro e sequencímetro....................................................................................................................89
Figura 56 - Análise de vibração ...................................................................................................................................90
Figura 57 - Análise de ruídos.........................................................................................................................................91
Figura 58 - Dependência do homem com os instrumentos de medição.....................................................95
Figura 59 - Medição de temperatura com termômetro infravermelho.........................................................97
Figura 60 - Imagem real vs imagem térmica...........................................................................................................98
Figura 61 - Inspeção com termovisor em painéis elétricos...............................................................................99
Figura 62 - Medição com analisador de energia ............................................................................................... 100
Figura 63 - Megôhmetro analógico......................................................................................................................... 102
Figura 64 - Megôhmetro digital................................................................................................................................ 103
Figura 65 - Meio ambiente.......................................................................................................................................... 107
Figura 66 - Poluição na praia de Bali, Indonésia................................................................................................. 108
Figura 67 - Lixeira para coleta seletiva................................................................................................................... 110
3 Manutenção......................................................................................................................................................................31
3.1 Conhecimento de gestão . .......................................................................................................................33
3.2 Manutenção produtiva total....................................................................................................................35
3.3 Tipos de manutenção ................................................................................................................................37
3.3.1 Manutenção corretiva..............................................................................................................37
3.3.2 Manutenção preventiva..........................................................................................................39
3.3.3 Manutenção preditiva..............................................................................................................40
3.3.4 Manutenção detectiva.............................................................................................................43
3.3.5 Engenharia de manutenção...................................................................................................46
3.4 Instrumentos de controle da manutenção.........................................................................................47
3.5 Confiabilidade: análise de falhas e defeitos, falha humana, análise de riscos, prevenção e
correção de falhas........................................................................................................................................50
3.5.1 Análise do Modo e Efeito de Falha - FMEA.......................................................................51
3.5.2 Falha humana..............................................................................................................................55
3.6 Técnicas de desmontagem de equipamentos das instalações elétricas..................................56
5 Instrumentos de medição...........................................................................................................................................95
5.1 Temperatura: pirômetros . ........................................................................................................................96
5.1.1 Termômetro infravermelho....................................................................................................96
5.1.2 Termovisor ...................................................................................................................................97
5.2 Energia: analisador de energia................................................................................................................99
5.3 Megôhmetro............................................................................................................................................... 102
Referências......................................................................................................................................................................... 115
Índice................................................................................................................................................................................... 123
Introdução
Prezado aluno,
É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz o
livro didático de Manutenção Elétrica Predial e Industrial.
Este livro tem como objetivo levar o aluno a desenvolver capacidades técnicas relativas à
manutenção de sistemas elétricos prediais e industriais, bem como capacidades sociais, orga-
nizativas e metodológicas, de acordo com a atuação do técnico no mundo do trabalho.
Nos capítulos a seguir, veremos conceitos, procedimentos e normas voltadas à área de ma-
nutenção com o intuito de instruir o aluno sobre os elementos que englobam a manutenção
elétrica e elucidar as técnicas para análise de algumas falhas em instalações elétricas, utilizan-
do instrumentos de medição e conhecimentos técnicos que irão auxiliar no dia a dia da manu-
tenção. Será apresentado também como a manutenção pode auxiliar o meio ambiente através
da identificação dos tipos de materiais recicláveis e o descarte adequado.
Este livro visa proporcionar ao aluno conteúdo técnico necessário que permita planejar e
executar manutenções em equipamentos e instalações elétricas, bem como identificar falhas
através de técnicas e instrumentos adequados para evitar danos ou prejuízos às instalações
elétricas.
Por fim, esta unidade curricular servirá para despertar suas capacidades sociais, organizati-
vas, metodológicas e técnicas. Queremos que você esteja preparado e capacitado para execu-
tar a manutenção elétrica predial e industrial. Os estudos desta unidade curricular lhe permiti-
rão desenvolver:
CAPACIDADES TÉCNICAS
p) Identificar os riscos;
q) Identificar sequência de operação;
r) Indicar, no projeto, as alterações para atualização dos documentos técnicos, inclusive por meio
de croqui;
s) Interpretar diagramas elétricos;
t) Preparar a área de trabalho para a manutenção de sistemas elétricos prediais e industriais, de
acordo com os procedimentos estabelecidos;
u) Programar o reparo com os setores envolvidos;
v) Reconhecer princípios de eletricidade;
w) Reconhecer princípios de funcionamento do sistema elétrico;
x) Reconhecer princípios de qualidade, segurança, saúde e meio ambiente;
y) Reparar componentes danificados dos sistemas elétricos prediais e industriais;
z) Reparar os circuitos elétricos prediais e industriais;
aa) Substituir componentes danificados dos sistemas elétricos;
ab) Utilizar software específico de monitoramento dos sistemas elétricos prediais e industriais;
ac) Verificar o funcionamento dos componentes.
Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação e isso inclui ações proativas, como:
a) Consultar seu professor-tutor sempre que tiver dúvida;
b) Não deixar as dúvidas para depois;
c) Estabelecer um cronograma de estudo que você cumpra realmente;
d) Reservar um intervalo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.
Bons estudos!
Elementos de manutenção elétrica
Nesse sentido, diante da importância da manutenção e com a utilização crescente de energia elétrica
para funcionamento dos equipamentos, houve a necessidade das indústrias em organizar o setor de ma-
nutenção elétrica e ter profissionais qualificados para realizar atividades específicas, para manter os equi-
pamentos funcionando adequadamente e com segurança.
No cenário atual da manutenção, é importante que o profissional tenha, além do conhecimento téc-
nico, noções organizacionais do setor. Assim, serão abordados neste capítulo procedimentos para o pla-
nejamento, programação e controle da manutenção das instalações elétricas, como também, aplicações
conforme a norma ABNT NBR 5410 para as instalações elétricas de baixa tensão.
O setor de manutenção tem uma área específica para planejamento, programação e controle da manu-
tenção conhecido como PCM (Planejamento e Controle da Manutenção).
O PCM gerencia as atividades da manutenção determinando as prioridades, recursos, procedimentos,
custos e indicadores dos serviços com o propósito de garantir a confiabilidade e disponibilidade dos equi-
pamentos.
A demanda de serviços da manutenção é proveniente de solicitações de serviço de manutenção (SSM),
planos de manutenção, inspeções e emergências que surgem na operação.
Por exemplo, no início da sua jornada de trabalho, o técnico encontra no setor de manutenção soli-
citações de operadores para reparar equipamentos que não estão funcionando perfeitamente, além de
atender chamados de operadores ou usuários de equipamentos que apresentam defeito e pararam de
2 ELEMENTOS DE MANUTENÇÃO ELÉTRICA
19
PROCESSO ENGENHARIA DE
INÍCIO DO
OPERAÇÃO
(Solicitação de serviço MANUTENÇÃO
de manutenção) (Plano de manutenção)
Gerenciamento da
execução dos serviços
SAIBA Para ter mais informações sobre a organização da manutenção, consulte: VIANA, Her-
MAIS bert. PCM: planejamento e controle da manutenção. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
A atuação do PCM é fundamental para o bom desempenho e organização da manutenção, tendo cada
etapa a sua devida importância. Desta maneira, a seguir serão detalhados os procedimentos realizados
durante as etapas de planejamento, programação e controle.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
20
INÍCIO DO ABERTURA DE
PROCESSO UMA SSM NO CAMPO
SETOR DE
MANUTENÇÃO AVALIAÇÃO
DA SSM
PLANEJAMENTO
SIM
ABERTURA DA
ORDEM DE SERVIÇO
(O.S.)
SIM
PRIORIZAR SERVIÇO E
GERENCIAR EXECUÇÃO
O planejamento da manutenção inicia a partir de uma solicitação de serviço de manutenção (SSM) que
é enviada ao setor relatando algum problema nas instalações.
A manutenção avalia a SSM e caso seja procedente inicia uma ordem de serviço (O.S.) para investigar,
organizar as atividades e, por fim, avaliar se há urgência na execução do serviço.
2 ELEMENTOS DE MANUTENÇÃO ELÉTRICA
21
Caso haja urgência, a manutenção pode ser iniciada. Caso contrário, o PCM classifica e programa a exe-
cução das atividades de acordo com a criticidade do serviço.
O planejamento dos serviços que serão executados pela manutenção é fundamental para garantir a
execução das atividades de forma organizada e priorizando os serviços mais críticos, objetivando maior
disponibilidade dos equipamentos e segurança dos técnicos durante a realização da manutenção.
A programação da manutenção das instalações elétricas refere-se à análise da disponibilidade dos re-
cursos, como: mão de obra, ferramentas, máquinas e materiais necessários para execução da manutenção.
O fluxograma a seguir ilustra as etapas que compreendem a programação da manutenção:
SETOR DE
MANUTENÇÃO ANÁLISE DA
DISPONIBILIDADE DE
PROGRAMAÇÃO
RECURSOS
SIM
INICIAR FINAL DA
EXECUÇÃO EXECUÇÃO
Após a fase de planejamento, o PCM inicia a programação dos serviços analisando a disponibilidade
dos recursos.
Caso haja recursos, a manutenção é iniciada, caso contrário, o PCM deve acompanhar os procedimen-
tos de compra de materiais, disponibilidade de equipamentos, ferramentas e/ou recursos humanos para
programar e iniciar o serviço.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
22
Durante a execução dos serviços, o PCM gerencia as atividades e dá suporte aos executantes, anteci-
pando possíveis demandas que surjam durante o processo, garantindo a execução do serviço no prazo e
com os recursos previstos.
O PCM realiza o controle da manutenção das instalações elétricas através da análise crítica do serviço
executado, ou seja, o setor avalia se o serviço foi realizado conforme planejado e programado, identifican-
do possíveis desvios que ocorreram durante a sua execução.
Desta forma, são obtidos indicadores confiáveis que possibilitem a gestão das práticas de manutenção
e uma melhoria contínua dos processos de trabalho.
O fluxograma a seguir ilustra as etapas de controle da manutenção das instalações elétricas.
FASE ANTERIOR:
PROGRAMAÇÃO FINAL DA
EXECUÇÃO
SETOR DE
MANUTENÇÃO ANALISAR O.S. E
TABULAR/TRATAR
CONTROLE
OS DADOS
Mesmo após a execução da manutenção, o PCM continua analisando o serviço que foi executado com
a intenção de levantar informações para avaliar o desempenho da manutenção e poder intervir nos pro-
cedimentos, caso necessário, para melhorar os principais indicadores e, consequentemente, aumentar a
produtividade.
Por exemplo, nesta etapa, o setor verifica se o serviço foi executado no tempo planejado, se cumpriu a
programação, o tempo médio para realizar o reparo, se houve retrabalho, qual foi o tempo médio entre a
falha anterior deste mesmo equipamento e outros.
2 ELEMENTOS DE MANUTENÇÃO ELÉTRICA
23
CASOS E RELATOS
As instalações elétricas, por utilizar diversos equipamentos e elementos que são necessários para ga-
rantir o fornecimento de energia, são muito complexas.
Por isso, existem normas que estabelecem uma série de critérios e condições que as instalações devem
satisfazer e a NBR 5410 é uma delas.
A NBR 5410 é a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que estabelece as condições
que devem seguir as instalações elétricas de baixa tensão. Conforme definido na referida norma, caracte-
riza-se como baixa tensão os circuitos elétricos alimentados sob tensão nominal igual ou inferior a 1000
Volts em corrente alternada, com frequências inferiores a 400 Hz, ou a 1500 Volts em corrente contínua.
Com relação à manutenção, a norma da ABNT NBR 5410 estabelece os seguintes itens:
a) Periodicidade: a periodicidade da manutenção é específica a cada tipo de instalação. Neste caso,
o intervalo entre as manutenções deverá levar em consideração a importância do equipamento
para a instalação, a severidade das influências externas a que é submetido e as recomendações
do fabricante. Por exemplo, em equipamentos de subestações devem ser realizadas inspeções
termográficas a cada 6 meses no máximo;
b) Qualificação do pessoal: as instalações elétricas deverão ser inspecionadas e sofrer interven-
ções apenas por pessoas advertidas (BA4) ou qualificadas (BA5)1, conforme o quadro a seguir:
APLICAÇÕES E
CÓDIGO CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS
EXEMPLOS
1 BA4 e BA5: é um código que representa a competência das pessoas que irão utilizar as instalações elétricas, onde a primeira
letra indica a categoria geral, a segunda letra indica a natureza e o número indica a classe.
2 ELEMENTOS DE MANUTENÇÃO ELÉTRICA
25
c) Verificação de rotina: faz parte da manutenção preventiva a verificação das instalações elétricas
através de inspeções visuais, conforme a figura seguinte, para identificar se os equipamentos e
componentes apresentam danos aparentes que comprometam o funcionamento adequado e
a segurança. As verificações de rotina são feitas em dois momentos. No primeiro momento será
inspecionado visualmente os seguintes itens:
-- Condutores: deve ser verificada a isolação dos condutores para identificar sinais de aqueci-
mento excessivo, rachaduras e ressecamento; e seus elementos de conexão, fixação e suporte
para verificar folga nas conexões gerando mau contato, o estado de conservação e limpeza;
-- Quadros de distribuição e painéis: deve ser verificada a integridade da estrutura mecânica
dos quadros de distribuição e painéis observando se há algum dano físico, corrosão e se seus
elementos estão em perfeito funcionamento. Internamente, todos os elementos devem ser
inspecionados avaliando o estado dos contatos, ajustes, calibrações, fixação e limpeza. É im-
portante verificar se há sinais de aquecimento excessivo em algum componente;
-- Equipamentos móveis: deve ser inspecionado verificando o estado geral, limpeza e se há
sinais de aquecimento excessivo. Deverá verificar, principalmente, o estado dos condutores
que alimentam o equipamento móvel.
A inspeção visual é uma atividade simples, mas extremamente importante para identificar falhas ou
quaisquer anomalias visíveis nas instalações elétricas e devem ser feitas com muita atenção para evitar que
estas falhas se transformem em defeitos ou danos mais graves.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
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FIQUE Sempre que possível, as verificações devem ser feitas com as instalações elétricas
desenergizadas, garantindo uma maior segurança aos profissionais envolvidos na
ALERTA manutenção.
Após a inspeção visual, deverão ser realizados, no segundo momento, os ensaios nas instalações elétri-
cas. Os ensaios são testes feitos, normalmente, com auxílio de instrumentos de medição para verificar se as
instalações estão aptas a funcionar. Deste modo, deverão ser realizados, no mínimo, os seguintes ensaios:
-- Continuidade dos condutores de proteção e das equipotencializações principal e suplementares;
-- Resistência de isolamento da instalação elétrica;
-- Resistência de isolamento das partes da instalação objeto de SELV2, PELV3 ou separação elétrica4;
-- Ensaios de funcionamento.
Caso seja identificada alguma irregularidade durante os ensaios, o ensaio deverá ser repetido após a
correção do problema, inclusive, os ensaios predecessores que tenham sido influenciados.
Após realizar a inspeção visual e os ensaios, chega o momento de ser feito o ensaio geral de funciona-
mento das instalações elétricas, pelo menos, das situações de maior perigo.
Nesta etapa da verificação é importante também avaliar se os níveis de tensão estão adequados à ins-
talação, conforme ilustra a figura seguinte.
2 SELV: sistema de extrabaixa tensão que é eletricamente separado da terra, de outros sistemas e de tal modo que a ocorrência
de uma única falta não resulta em risco de choque elétrico.
3 PELV: sistema de extrabaixa tensão que não é eletricamente separado da terra, mas que preenche, de modo equivalente, todos
os requisitos de um SELV.
4 Separação elétrica: é uma proteção supletiva contra choques elétricos quando massas ou partes condutivas acessíveis tornam-
se acidentalmente vivas.
2 ELEMENTOS DE MANUTENÇÃO ELÉTRICA
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As inspeções e ensaios em instalações elétricas são importantíssimos para evitar possíveis falhas ou
irregularidades que ocorram no sistema elétrico durante a sua vida útil, prevenindo que equipamentos
elétricos operem fora dos seus parâmetros nominais ou que possíveis falhas ocorram provocando danos
físicos às instalações ou acidentes com pessoas.
SAIBA Para ter mais informações em relação aos ensaios em instalações elétricas consulte o
MAIS item 7.3 da Norma ABNT NBR 5410.
d) Manutenção corretiva: caso seja identificada alguma anormalidade durante as inspeções e en-
saios nas instalações elétricas, toda a instalação ou apenas a parte afetada deverá ser desenergi-
zada e a falha deverá ser corrigida por pessoas advertidas (BA4) ou qualificadas (BA5).
A aplicação da norma ABNT NBR 5410 na manutenção elétrica predial e industrial é generalista, deven-
do ser utilizada apenas como uma referência do mínimo que deve ser feito nas instalações elétricas.
É importante destacar que o técnico deve observar as particularidades de cada componente da insta-
lação elétrica e seguir as orientações do fabricante no que diz respeito à manutenção. Contudo, as reco-
mendações da referida norma garantem um funcionamento adequado e com segurança das instalações
elétricas de baixa tensão.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
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RECAPITULANDO
Aprendemos neste capítulo que o sucesso da manutenção depende da organização do setor através
da área de PCM que é responsável pelo planejamento, programação e controle dos serviços. Cada
atividade deve ser analisada cuidadosamente e assim o sucesso do setor é traduzido em uma maior
disponibilidade dos equipamentos, menor custo e consequentemente maior produtividade.
Aprendemos que o PCM é responsável por organizar todos serviços executados na manutenção e ao
término dessas atividades o PCM analisa os procedimentos executados para avaliar o desempenho
da manutenção através de indicadores que irão ajudar no acompanhamento de desempenho e me-
lhoria contínua da manutenção.
Para manutenção em instalações elétricas de baixa tensão vimos que devemos seguir, no mínimo,
as orientações da norma ABNT NBR 5410 que estabelece alguns critérios para manutenção, como:
periodicidade da manutenção, qualificação das pessoas envolvidas na manutenção, as verificações
de rotina e a manutenção corretiva que devem ser executadas nas instalações.
2 ELEMENTOS DE MANUTENÇÃO ELÉTRICA
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Manutenção
5 TPM: Termo proveniente da palavra em inglês Total Productive Maintenance que significa Manutenção Produtiva
Total.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
32
As ferramentas estratégicas são instrumentos gerenciais utilizados para conduzir as ações de uma em-
presa, para que esta alcance suas metas. Algumas ferramentas estratégicas utilizadas na gestão da manu-
tenção, são:
a) Benchmarking: é um processo de comparação dos principais indicadores de performance com
uma empresa do mesmo seguimento de negócio que já possui um nível de excelência. No caso
da manutenção, a aplicação desta ferramenta assume um foco estratégico para que a empresa
melhore seus indicadores e se torne mais competitiva no seu ramo de atuação;
Figura 10 - Benchmarking
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
34
b) PDCA: conhecido como ciclo PDCA, é uma metodologia com ampla aplicação em diversos pro-
cessos com o objetivo de solução de problemas, controle e melhoria contínua. PDCA é assim cha-
mado devido aos nomes das suas etapas que são representadas pela sua letra inicial em inglês:
-- P: do verbo em inglês Plan, que significa planejar em português;
-- D: do verbo em inglês Do, que significa executar em português;
-- C: do verbo em inglês Check, que significa verificar em português;
-- A: do verbo em inglês Action, que significa agir em português, mas no contexto da metodolo-
gia significa corrigir.
Ciclo PDCA
P D
Planos de ação; planos de ação
Metas.
Treinar;
Corrigir erros;
Padronizar.
A C Acompanhar
desempenho;
Verificar metas.
c) Diagrama de Pareto: é um gráfico de barras que ordena as frequências das ocorrências, da maior
para a menor, facilitando a identificação dos problemas que ocorrem com maior frequência, com
o objetivo de focar os esforços nos problemas mais importantes. O Princípio de Pareto apresenta
o conceito de que, na maioria das situações, 80% das consequências são resultado de 20% das
causas. Ou seja, são poucas causas que originam a maioria dos problemas.
3 MANUTENÇÃO
35
PRINCÍPIO DE PARETO
20% 80%
ESFORÇO RESULTADOS
20%
80% 80%
80% 20%
20%
Figura 12 - Princípio de Pareto
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
Alguns pilares da TPM buscam a manutenção planejada e melhorias específicas. Desta forma, é ne-
cessário conhecer e aplicar corretamente os tipos de manutenção para criar um plano de manutenção
adequado e eficaz às instalações.
3 MANUTENÇÃO
37
Compõe a manutenção um conjunto de atividades planejadas ou não planejadas que são realizadas
com o objetivo de manter ou recuperar as características funcionais de um equipamento ou sistema.
A manutenção não planejada ocorre de forma inesperada, quando há a falha6 de um equipamento ou
sistema, necessitando de intervenções corretivas para que o equipamento volte às suas condições normais
de funcionamento. Desta forma, dizemos que a manutenção é corretiva.
A manutenção planejada depende de uma organização prévia de atividades e métodos que serão apli-
cados, além de ferramentas e mão de obra que serão necessários para evitar que ocorram falhas nos equi-
pamentos.
Neste caso, existem algumas técnicas para realizar e programar a manutenção, como as manutenções
preventiva, preditiva, corretiva planejada e detectiva.
MANUTENÇÃO
ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO
Atualmente, está havendo uma mudança de conceito na manutenção. Essa mudança consiste em dei-
xar de ficar consertando para implantar um conjunto de atividades para aumentar a confiabilidade e, as-
sim, garantir a disponibilidade dos equipamentos através da engenharia da manutenção.
Nesse sentido, convido vocês para aprender um pouco mais sobre os tipos de manutenção, suas van-
tagens e desvantagens.
A manutenção corretiva é um conjunto de atividades que tem como objetivo restaurar ou corrigir as
condições de funcionamento de um equipamento para que retorne próximo às condições originais.
6 Falha: é o término da capacidade de um item desempenhar a função requerida (ABNT NBR 5462, 1994).
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
38
As principais características da manutenção corretiva quando ocorre de maneira não planejada, são:
a) Redução da disponibilidade dos equipamentos;
b) Diminuição da vida útil dos equipamentos;
c) Paradas em momentos indesejados e inesperados causando prejuízos à empresa;
d) Perda da qualidade do produto;
e) Aumento no custo da manutenção.
Apesar do avanço das técnicas e métodos na manutenção, é impossível eliminar completamente a ma-
nutenção corretiva não programada, pois em muitos casos ainda não é possível prever o momento exato
que uma falha irá ocorrer nos equipamentos. Entretanto, a aplicação da manutenção preventiva evita as
ações não planejadas, conforme será abordado a seguir.
3 MANUTENÇÃO
39
A manutenção preventiva tem o objetivo de prevenir defeitos que possam ocasionar a falha ou dimi-
nuir o desempenho de funcionamento dos equipamentos em operação.
Esta é uma manutenção que atua de maneira programada, através de um plano de manutenção elabo-
rado previamente, baseado em intervalos de tempo definidos, estudos estatísticos, orientação do fabrican-
te, local de instalação e outros fatores que interfiram diretamente no funcionamento dos equipamentos.
Para que a manutenção preventiva seja produtiva e eficaz, é necessário criar um plano de manutenção
com uma equipe de profissionais capacitados, para realizar o planejamento e controle de todas as ações.
Além disso, é necessário criar um mapa de rotinas e organizar uma biblioteca com a documentação dos
equipamentos, como: manuais, catálogos, desenhos atualizados e histórico de intervenções.
A manutenção preventiva, quando bem executada, garante a integridade dos equipamentos e tem
como principais benefícios:
a) Redução do número de intervenções corretivas não planejadas;
b) Redução do custo da manutenção corretiva;
c) Maior disponibilidade dos equipamentos;
d) Conservação da vida útil do equipamento.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
40
Entretanto, quando há intervenção em equipamentos que estão funcionando bem, existe o risco de in-
troduzir defeitos através da falha humana, falha das peças sobressalentes ou procedimentos inadequados.
Portanto, as desvantagens da manutenção preventiva são:
a) Inserção de defeitos nos equipamentos;
b) Gasto na substituição de um componente que está funcionando bem.
Apesar das desvantagens a manutenção preventiva é muito aplicada nas rotinas das manutenções e
quando bem aplicada tem resultados extremamente eficientes.
A manutenção preditiva, assim como a manutenção preventiva, tem o objetivo de prevenir defeitos
que possam ocasionar a falha dos equipamentos em operação.
Porém, a manutenção preditiva atua através do monitoramento de parâmetros, permitindo a operação
dos equipamentos continuamente por um maior período possível.
A prática da manutenção preditiva é aplicada em equipamentos que permitem o monitoramento de
parâmetros e que os custos envolvidos justificam a aplicação deste tipo de manutenção.
Esta manutenção permite monitorar o equipamento em pleno funcionamento através de medições de
parâmetros (vibração, corrosão, temperatura e outros) que podem ter sua progressão acompanhada.
A partir da determinação de um limite seguro para o estado ou condição operacional do parâmetro
monitorado, é planejada a intervenção no equipamento, ou seja, uma manutenção corretiva planejada.
3 MANUTENÇÃO
41
A determinação de um limite seguro para o parâmetro monitorado é crucial para impedir a ocorrência
de falhas aleatórias e paradas indesejáveis na produção, ao mesmo tempo, permite planejar a manutenção
corretiva no equipamento.
performance esperada
nível de alarme
nível admissível
procurado
acompanhamento
preditivo
t0 t1 t2 t3 tempo
Manutenção corretiva planejada
Manutenção preditiva
Entretanto, em comparação com a manutenção preventiva, a manutenção preditiva tem um custo para
a implantação do sistema de medição e monitoramento. Desta forma, os custos devem ser avaliados e
justificados para a sua implantação.
TIPO DE
OBJETIVO INTERVALOS MÉTODOS VANTAGENS DESVANTAGENS
MANUTENÇÃO
- Redução da disponibi-
lidade dos equipamen-
tos;
- Diminuição da vida
útil dos equipamentos;
Intervenção/
- Paradas em momen-
Corretiva não Correção das substituição
Aleatórios tos indesejados e ines-
planejada falhas sem progra-
perados causando pre-
mação
juízos à empresa;
- Perda da qualidade do
produto;
- Aumento no custo da
manutenção.
3 MANUTENÇÃO
43
TIPO DE
OBJETIVO INTERVALOS MÉTODOS VANTAGENS DESVANTAGENS
MANUTENÇÃO
- Redução do número
de intervenções corre- - Inserção de defeitos
- Horas de
tivas não planejadas; nos equipamentos;
operação; Intervenção/
- Redução do custo da - Gasto na substituição
Evitar ocorrên- - N° de opera- substituição
Preventiva manutenção corretiva; de um componente
cia de falhas ções; em intervalos
- Maior disponibilida- que está funcionando
- Tempo decor- programados
de dos equipamentos; bem.
rido (dias).
- Conservação da vida
útil do equipamento.
- Operação contínua
Intervenção/ do equipamento por
Determinado substituição maior tempo possível;
- Custo para implanta-
pelo estado determinada - Maior disponibilida-
Evitar ocorrên- ção do sistema de me-
Preditiva ou condição pelo estado de dos equipamentos;
cia de falhas dição e monitoramento
do parâmetro ou condição - Maior intervalo entre
dos parâmetros.
monitorado. do parâmetro as manutenções;
monitorado. - Menor custo com
sobressalentes.
A sinalização nas portas dos painéis é um indicativo do status dos equipamentos e normalmente indica
se o equipamento está em operação e se há algum defeito. Caso todo o circuito de comando esteja funcio-
nando perfeitamente, mas a lâmpada de sinalização esteja com algum defeito, a sinalização ou o alarme
deixa de ser executado.
3 MANUTENÇÃO
45
CASOS E RELATOS
Perceberam como atitudes simples ajudam na manutenção dos equipamentos, evitando danos maio-
res? Por isso, é importante a implementação da manutenção detectiva nos planos de manutenção em
sistemas de proteção, controle e comando.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
46
A figura a seguir representa a evolução da manutenção e compara os resultados obtidos em cada tipo
da manutenção com os custos envolvidos.
RESULTADOS
CUSTOS
PREDITIVA + ENG. DE
CORRETIVA PREVENTIVA CORR. PLANEJADA MANUTENÇÃO
EVOLUÇÃO
É possível perceber através da figura anterior a necessidade de evitar ao máximo a manutenção corre-
tiva não planejada, como também, a necessidade de buscar evoluir até a engenharia de manutenção para
obter melhores resultados.
SAIBA Para saber mais sobre os tipos de manutenção, consulte: PINTO, Alan Kardec; NASCIF,
MAIS Júlio. Manutenção: função estratégica. 3. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009.
Visualizaram o quanto é vantajosa a engenharia de manutenção para ter melhores resultados com cus-
tos menores? Então, é importante estudar a implementação deste tipo de manutenção para ter um setor
eficiente.
A implantação do plano de manutenção depende das informações que estão presentes nas rotinas das
empresas. Desta forma, o setor de manutenção precisa ter instrumentos de controle para poder coletar
esses dados.
Entrada de dados
Entrada de dados
- Software ERP;
- O.S.
- SSM
Banco de dados
de manutenção
Os principais instrumentos utilizados para controle da manutenção são documentos e software ERP,
conforme a lista seguinte:
a) Solicitação de serviço de manutenção (SSM): documento utilizado pela operação com a finali-
dade de informar ao setor de manutenção alguma falha nas instalações;
EMPRESA DATA
IDENTIFICAÇÃO
DESCRIÇÃO
NÍVEL DE URGÊNCIA
ASSINATURA
b) Ordem de serviço (O.S.): documento utilizado para descrever, individualmente, os serviços exe-
cutados pela manutenção, para que seja possível gerir o setor baseado em informações como
materiais utilizados, funcionários envolvidos, duração da manutenção, atividades, causa da falha
e outros;
EMPRESA REFERÊNCIA
DESCRIÇÃO
MATERIAIS
INSTRUMENTOS
EPI
RISCOS
d) Software ERP7: é um sistema integrado de gestão utilizado para integrar diversos setores de uma
empresa com um banco de dados único. Atualmente, muito utilizado nas empresas de médio e
grande porte devido à eficiência e facilidade de acesso às informações.
7 ERP: significa Planejamento dos Recursos da Empresa é uma sigla proveniente do termo em Inglês Enterprise Resource Planning.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
50
Confiabilidade é a capacidade de um item desempenhar uma função requerida sob condições especifi-
cadas, durante um dado intervalo de tempo (NBR 5462-1994). É um índice (número) utilizado para controle
da manutenção, que representa um estudo de todos os fatores que contribuem para a falha de um equipa-
mento, instalações ou processo.
Para aumentar a confiabilidade de um equipamento ou instalação são necessárias diversas ações que
se baseiam na identificação das falhas potenciais e determinação das ações necessárias para evitar a sua
ocorrência.
Figura 28 - Confiabilidade
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
8 TMEF: é um indicador da manutenção que significa Tempo Médio Entre Falhas e é proveniente do termo em inglês, MTBF, Mean
Time Between Failures.
9 TMPR: é um indicador da manutenção que significa Tempo Médio Para Reparo e é proveniente do termo em inglês MTTR,
Mean time to Repair.
10 Disponibilidade: é a capacidade de um item estar em condições de executar uma certa função em um dado instante ou
durante um intervalo de tempo determinado (ABNT NBR 5462, 1994).
3 MANUTENÇÃO
51
Uma dessas ações é a Análise do Modo e Efeito de Falha (FMEA), muito utilizada em diversos setores, in-
clusive, na manutenção. Assim, sabendo que a FMEA implica no aumento da confiabilidade, que tal apren-
dermos sobre esta ferramenta e como aplicá-la na manutenção? Vamos lá!
FMEA, do inglês Failure Modes and Effects Analysis, é uma ferramenta que tem como objetivo identificar
modos potenciais de falha, classificá-los de acordo com a sua importância e indicar ações corretivas, pre-
ventivas, preditivas ou detectivas que evitem a sua ocorrência.
Os principais benefícios da aplicação da FMEA para a manutenção são:
a) Analisar de forma estruturada e conceitual as falhas vivenciadas ou potenciais falhas nas instala-
ções ou equipamentos;
b) Garantir o controle das principais causas identificadas em cada modo de falha e minimizar o im-
pacto sobre a disponibilidade dos equipamentos;
c) Melhorar continuamente o plano de manutenção das instalações, através de recomendações
para evitar falhas;
d) Melhorar a eficiência da manutenção, aumentando TMEF e reduzindo o TMPR;
e) Redução dos custos da manutenção;
f) Aumento da confiabilidade e segurança das instalações e equipamentos.
Ponto da falha
b) Análise da falha: identificar as possíveis falhas que podem ocorrer nos componentes listados,
considerando os seguintes itens:
-- Modos de falhas: informar como é observado o dano causado ao componente;
-- Efeitos da falha: identificar as consequências que a falha provoca no componente;
-- Causa da falha: identificar as possíveis causas da falha.
Análise da falha
Resistência de Degradação
Perda de potência
isolamento do isolamento
c) Avaliar os ricos: analisar os riscos inerentes a cada falha, compreendendo os seguintes itens:
-- Frequência: é a probabilidade de ocorrer a falha, conforme o quadro anterior;
-- Severidade: é a gravidade da falha, conforme o quadro anterior;
-- Detecção: indica o grau de facilidade para detectar a falha, conforme o quadro anterior;
3 MANUTENÇÃO
53
-- NPR: é um índice que indica o Número da Prioridade do Risco, através do produto da Frequên-
cia x Severidade x Detecção, ou seja, NPR = F x S x D.
Improvável 1
Muito pequena 2a3
Frequência (F) Pequena 4a6
Média 7a8
Alta 9 a 10
Apenas perceptível 1
Pouca importância 2a3
Severidade (S) Moderadamente grave 4a6
Grave 7a8
Extremamente grave 9 a 10
Alta 1
Moderada 2a5
Detecção (D) Pequena 6a8
Muito pequena 9
Improvável 10
Baixo 1 a 50
Médio 50 a 100
NPR
Alto 100 a 200
Muito alto 200 a 1000
Quadro 51 -- Componentes
Quadro Componentes NPR
NPR
Fonte:PINTO;
Fonte: SENAI NASCIF,
DR BA, 2018.
2009.
Ainda tendo como base o exemplo do transformador de potência, tem-se os seguintes índices NPR:
Avaliação de Risco
4 6 1 24
2 10 3 60
2 10 3 60
2 10 3 60
d) Ações para o plano de manutenção: neste item são indicadas as ações que devem ser imple-
mentadas no plano de manutenção para evitar a ocorrência da respectiva falha.
AÇÃO DA MANUTENÇÃO
Quadro61--FMEA
Quadro FMEA –– Ação
Ação da
damanutenção
manutenção
Fonte:PINTO;
Fonte: SENAI NASCIF,
DR BA, 2018
2009.
Com base nas etapas descritas, o formulário FMEA resultante para o exemplo do transformador deverá
ter a seguinte estrutura:
Ação da manutencão
Detecção
Quadro 7 - FMEA
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
3 MANUTENÇÃO
55
Na prática, a aplicação da FMEA na rotina da manutenção irá ocorrer conforme ciclo a seguir:
2
OCORRÊNCIA
DE FALHAS
CORRIGIR O
1 3
PLANO DE
MANUTENÇÃO
AÇÕES FMEA
PREVENTIVAS
O plano de manutenção das instalações elétricas deverá ser ajustado continuamente à medida que
ocorram falhas. Essas falhas devem ser analisadas através da FMEA com o intuito de aumentar a confiabili-
dade e embasar as correções do plano de manutenção.
Falha humana na manutenção é um item impossível de se prever ou medir e não faz parte do cálculo
da confiabilidade. A confiabilidade avalia as falhas funcionais que ocorrem nos equipamentos, que podem
ser provocadas por erros de execução durante a manutenção.
Desta forma, a capacitação e envolvimento dos profissionais no desenvolvimento das atividades e pro-
cedimentos da manutenção são fundamentais para minimizar as falhas humanas e alcançar a “falha zero”.
A ocorrência de falha humana é imprevisível, no entanto, ser identificada e controlada através de avalia-
ções de riscos antes da realização das atividades, principalmente, em atividades críticas.
Em caso de ocorrência da falha humana, deve ser investigada a causa da falha para evitar ocorrências
futuras.
Em atividades relacionadas a instalações elétricas, é necessário que o profissional seja capacitado con-
tinuamente com procedimentos de segurança e conhecimentos técnicos sobre os equipamentos, pois um
erro pode ocasionar um acidente e pôr em risco a sua vida.
Depois de conhecermos os aspectos da falha humana, vamos aprender as técnicas de desmontagem
de equipamentos das instalações elétricas que é uma ação que depende essencialmente do técnico em
eletrotécnica e que requer máxima atenção, segurança e conhecimento técnico.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
56
A desmontagem dos equipamentos das instalações elétricas requer uma atenção especial e deve se-
guir alguns procedimentos que visam, principalmente, a segurança dos profissionais que trabalham com
instalações elétricas:
a) Medidas de controle: durante as atividades em instalações elétricas, devem ser adotadas medi-
das de controle dos riscos elétricos e riscos adicionais, através de técnicas de análise de riscos com
o objetivo de garantir a segurança do profissional;
b) Medidas de proteção coletiva: durante todos os serviços em instalações elétricas, devem ser
adotadas medidas de proteção coletiva, prioritariamente, a desenergização elétrica. Caso não
seja possível, devem ser adotadas outras medidas de proteção, como: utilização de tensão de
segurança, a isolação das partes vivas, obstáculos, sinalização e outros;
c) Medidas de controle individual: durante todos os serviços em instalações elétricas em que as
medidas de proteção coletivas forem inviáveis ou insuficientes, o profissional deve adotar medi-
das de controle individual com a utilização de EPI11 específico e adequado à atividade que está
sendo realizada;
d) Utilização de ferramentas adequadas: nos trabalhos executados em instalações elétricas de-
vem ser utilizados equipamentos, ferramentas e utensílios compatíveis com a instalação elétrica
existente. Os equipamentos e ferramentas com isolação elétrica devem estar adequados ao nível
de tensão.
Sempre que possível, as intervenções devem ocorrer em instalações elétricas desenergizadas, seguindo
os seguintes passos que constam na NR 10 - Segurança em instalações e serviços em eletricidade:
a) Seccionamento através do desligamento do dispositivo de seccionamento (disjuntor ou inter-
ruptor ou chave seccionadora) de toda a instalação ou apenas da parte que sofrerá intervenção;
b) Impedimento de reenergização, através de travamento mecânico (cadeado ou fechaduras) que
impeça que o dispositivo seja reenergizado sem autorização;
c) Constatação de ausência de energia elétrica, através de instrumentos de medição como multí-
metro ou detectores;
d) Instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos circuitos;
e) Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada12;
f) Instalação da sinalização de impedimento de reenergização, através de placas, etiquetas e avisos.
Após a intervenção nas instalações elétricas e autorização dos profissionais envolvidos na atividade, as
instalações devem ser reenergizadas de acordo com a sequência estabelecida pela NR 10:
SAIBA Para saber mais sobre segurança em instalações e serviços em eletricidade, consulte a
MAIS NR 10.
RECAPITULANDO
Neste capítulo, abordamos conceitos importantíssimos para garantir uma manutenção eficiente e
com estratégias bem definidas. Percebemos que é fundamental desenvolver uma boa gestão atra-
vés de ferramentas estratégicas para integrar a manutenção à operação e desta forma alcançar me-
tas estabelecidas na visão da empresa.
Verificamos nos tipos de manutenção que a manutenção corretiva não planejada é indesejada e tem
diversos aspectos negativos que prejudicam o desempenho do setor e da empresa. A aplicação da
manutenção planejada através de técnicas preventivas, preditivas e detectivas devem fazer parte
do plano de manutenção das empresas para garantir uma maior disponibilidade dos equipamentos
e instalações. É importante destacar que, atualmente, os tipos de manutenção têm evoluído para a
engenharia de manutenção, com o objetivo de consolidar a rotina e implantar melhorias através da
aplicação de técnicas modernas de manutenção.
Vimos ainda que a utilização de instrumentos de controle é indispensável no dia a dia do setor de
manutenção, pois organiza, planeja e mantém o histórico das intervenções realizadas nos equipa-
mentos, além de transformar as informações em indicadores. Por fim, apresentamos a FMEA como
ferramenta para melhoria da confiabilidade e os procedimentos de segurança para a desmontagem
de equipamentos elétricos.
3 MANUTENÇÃO
59
Técnicas de análise de falhas
em instalações elétricas
As técnicas de análise de falha em instalações elétricas são imprescindíveis no dia a dia da manutenção.
Por isso, é necessário que os profissionais envolvidos tenham conhecimentos técnicos, equipamentos e
ferramentas adequadas para identificar qualquer anomalia nas instalações elétricas.
Desta forma, abordaremos neste capítulo algumas técnicas básicas de análise de falha em instalações
elétricas, como a identificação de sobrecarga, sobreaquecimento, centelhamento, falha de isolação e ou-
tras.
Bom estudo!
Vamos iniciar a análise por uma das falhas que talvez seja a mais comum em instalações elétricas, que é
a sobrecarga em circuitos elétricos. Antes, será necessário entender alguns conceitos básicos.
Vamos lá!
Corrente elétrica é o fluxo ordenado de cargas elétricas dentro de um condutor, quando existe uma
diferença de potencial elétrico entre as extremidades dos condutores.
Enquanto que, corrente nominal é a máxima corrente elétrica que pode ser conduzida continuamente
por um condutor.
Após o conceito de corrente nominal, vamos entender o que é uma sobrecorrente no item seguinte.
4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE FALHAS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
63
4.1.2 SOBRECORRENTE
Sobrecorrente é uma corrente elétrica cujo valor é superior à corrente nominal prevista para um deter-
minado circuito.
Na prática, a sobrecorrente ocorre quando a corrente elétrica no circuito é superior à capacidade nomi-
nal de condução de corrente do condutor ou quando a corrente elétrica é superior à corrente nominal do
disjuntor.
Máximo
6 Ampères
Figura 32 - Sobrecorrente
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
Agora que entendemos o que é uma sobrecorrente, vamos aprender no item seguinte como ocorre
uma sobrecarga.
4.1.3 SOBRECARGA
Sobrecarga é uma sobrecorrente que ocorre devido ao aumento de cargas que não foram previstas no
circuito.
A imagem seguinte ilustra, no primeiro momento, um circuito dimensionado para alimentar um único
motor com corrente nominal, In13 = 9A. No segundo momento, o mesmo circuito está alimentando 2 mo-
tores, com uma corrente de sobrecarga, Isc14 =18A.
Como pode ser verificado na imagem, o circuito é protegido por um disjuntor de 10A e desta forma
o dispositivo irá atuar desligando o circuito após um tempo de operação, conforme curva de atuação do
disjuntor, já que a corrente elétrica do circuito está acima da corrente nominal do disjuntor.
Figura 33 - Sobrecarga
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
SIM
Faça uma vistoria
nos equipamentos
do circuito
Faça manutenção
Final manutenção! Faça outros testes. NÃO nos equipamentos
Está OK?
do circuito
SIM
SIM
In circ.a
Não é NÃO maior que o
Religue o disjuntor
SOBREGARGA! In Disj?
e faça medições
SIM
Redimencione o
circuito ou redistribua SOBREGARGA!
os equipamentos
b) Antes da atuação do dispositivo de proteção do circuito: neste caso, pode ser verificado du-
rante uma inspeção de rotina da manutenção através da medição da corrente do circuito com um
alicate amperímetro ou através de imagem termográfica nos componentes do circuito ou através
de amperímetros instalados no próprio painel;
c) Solução: se for utilizada a imagem termográfica para constatar que há sobrecarga, é importante
que seja realizada a medição com o alicate amperímetro para mensurar a diferença de corrente
elétrica. Se o circuito for trifásico e a sobrecarga for apenas em uma das fases, o técnico deverá
redistribuir as cargas entre as fases de forma que fiquem equilibradas e a corrente elétrica seja
menor ou igual à corrente prevista. Após este procedimento, o técnico deverá identificar as car-
gas que estão sendo alimentadas pelo circuito e redistribuí-las ou redimensionar o circuito, insta-
lando condutores e disjuntores adequados. Se o circuito for trifásico e a sobrecarga for apenas em
uma das fases, o técnico deverá redistribuir as cargas entre as fases de forma que as fases fiquem
equilibradas e a corrente elétrica seja menor ou igual à corrente prevista.
Vamos no próximo item conhecer os instrumentos que irão nos auxiliar a identificar de maneira segura
e rápida a sobrecarga.
4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE FALHAS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
67
Todos os componentes em instalações elétricas que conduzem corrente elétrica sofrem efeitos térmi-
cos e mantêm a temperatura conforme especificado, desde que a corrente não ultrapasse a capacidade
máxima de condução de corrente elétrica do componente.
Desta forma, quando há uma sobrecorrente, as temperaturas dos componentes elevam e ocorre o so-
breaquecimento dos componentes e circuitos.
Agora, vamos aprender como identificar esta falha no item seguinte, pois há outros fatores que deter-
minam a sua ocorrência.
O aquecimento de componentes e circuitos elétricos é explicado pela lei de Joule, que é a transforma-
ção de energia elétrica em energia térmica durante a passagem da corrente elétrica por um condutor em
um intervalo de tempo, devido à colisão dos elétrons da corrente elétrica com as partículas do condutor.
I I
Desta forma, o aquecimento dos componentes e circuitos elétricos é normal, mas o sobreaquecimento
é indesejável e a sua identificação precoce é importante para garantir a integridade das instalações elétri-
cas.
Diversos eventos podem ocasionar sobreaquecimento, como sobrecorrentes, temperatura ambiente
excessiva, ventilação insuficiente e outros.
4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE FALHAS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
69
Em conexões elétricas, como conexão de cabos a barramentos, conexão de cabos em disjuntores e co-
nexão de cabos em bornes, o sobreaquecimento pode ocorrer devido ao mau contato em função de folga
nas conexões.
Agora que entendemos como ocorre o aquecimento e as principais causas de sobreaquecimento, va-
mos aprender a identificar os principais aspectos da temperatura em componentes e circuitos elétricos.
4.2.1 TEMPERATURA
Tratando-se de temperatura em circuitos elétricos e componentes, devemos observar que cada ele-
mento que faz parte das instalações elétricas, com a função de conduzir corrente elétrica, possui uma
elevação máxima de temperatura estabelecida pela respectiva norma do componente.
No entanto, para identificar a ocorrência de sobreaquecimento, os seguintes aspectos devem ser con-
siderados:
a) Os condutores elétricos providos de isolação possuem três temperaturas: em regime per-
manente, em regime de sobrecarga e em regime de curto-circuito.
-- No regime permanente: as temperaturas máximas do condutor em serviço contínuo (θz) serão
conforme a tabela seguinte em condições normais de funcionamento, a depender da isolação;
-- Em regime de sobrecarga: as temperaturas máximas (θsc) especificadas também na tabela
seguinte em função da isolação não devem superar 100 horas durante doze meses consecu-
tivos, nem superar 500 horas durante a vida do cabo;
-- Em regime de curto-circuito: a duração máxima de um curto-circuito, no qual o condutor pode
manter temperaturas máximas (θcc) especificadas na tabela seguinte em função da isolação,
é de 5 segundos.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
70
SAIBA Para saber os limites de elevação de temperatura admissíveis nos dispositivos de ma-
MAIS nobra e comando de baixa tensão, consulte a norma NBR IEC 60947-1.
c) Nas conexões com cabos em que a pressão for menor que o necessário, ou seja, mal conectados,
é gerada uma sobretemperatura na região dos terminais, como, por exemplo, a conexão de cabos
com barramentos;
d) Quando os condutores estão subdimensionados, ou seja, a seção do condutor é menor que o
necessário para conduzir a corrente nominal, mesmo que bem conectado, o condutor aquece
além da sua temperatura nominal e associado à resistência de conexão acaba gerando mais calor;
15 PVC: é a sigla de policloreto de vinila, que é um material plástico utilizado para isolação do condutor.
16 EPR: é a sigla de etileno propileno, que é tipo de borracha utilizada para isolação do condutor.
17 XLPE: é a sigla para um material isolante com composto extrudado termofixo de polietileno reticulado, utilizado na isolação
do condutor.
18 Resistência de contato: é a resistência elétrica no ponto de contato entre o contato fixo e o móvel.
4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE FALHAS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
71
e) Quando a dissipação do calor gerado internamente pelos componentes é ineficiente, o calor fica
retido dentro do painel elétrico impedindo que os dispositivos façam a sua troca de calor com o
meio externo, aumentando a sua temperatura.
4.2.2 SOBRETEMPERATURA
A sobretemperatura ocorre quando a temperatura do componente, que faz parte das instalações elé-
tricas, excede o limite de elevação de temperatura admissível ou a temperatura máxima estabelecida. Em
ambos os casos, a temperatura ambiente é utilizada como referência.
É importante sinalizar que para identificar a sobretemperatura nos componentes, a temperatura am-
biente deve ser somada ao limite de elevação de temperatura admissível.
Por outro lado, nos condutores elétricos, a temperatura ambiente é um fator de correção para o dimen-
sionamento da bitola. Desta forma, a sobretemperatura pode ser identificada de forma direta, observando
a temperatura no condutor.
Por exemplo, em um condutor com isolação em PVC, quando a temperatura é superior a 70ºC, consi-
dera-se que há uma sobretemperatura no condutor, visto que a temperatura no condutor foi superior à
máxima temperatura em regime permanente. Desta forma, esta sobretemperatura pode indicar uma so-
brecarga no circuito ou outras falhas que devem ser investigadas pelo técnico em eletrotécnica.
De acordo com ABNT NBR IEC 60947-2:2013, nos terminais para conexão externa de disjuntores de
baixa tensão, o limite de elevação de temperatura é igual a 80ºC. Sabendo que a temperatura ambiente é
40ºC, considera-se, neste caso, que qualquer temperatura acima de 120ºC (80ºC + 40ºC) é uma sobretem-
peratura.
Agora que já sabemos o que é sobretemperatura, vamos aprender quais são os instrumentos de medi-
ção que podem nos auxiliar a identificar a ocorrência desta falha.
Os termômetros infravermelhos também são muito aplicados para medição de temperatura nas insta-
lações elétricas e identificação de sobrecarga.
Centelhamento é um fenômeno que ocorre quando é aplicada uma tensão elétrica suficiente para ge-
rar um campo elétrico entre dois pontos, com uma intensidade que seja capaz de romper parcialmente o
ar ou o material isolante entre eles. Quando ocorre a ruptura total do dielétrico19, o fenômeno passa a ser
chamado de arco elétrico.
A depender da luminosidade do ambiente, o centelhamento pode ser visto. Isso acontece porque du-
rante o fenômeno os elétrons se chocam com outros átomos do ar fazendo com que haja a emissão de luz
e, assim, é possível visualizar o caminho percorrido pelos elétrons.
Em componentes elétricos que realizam chaveamento, abertura e fechamento de contatos, é comum a
ocorrência de centelhas durante a operação do dispositivo.
No entanto, em alguns dispositivos não é perceptível, pois o componente é envolvido por material
resistente a arcos, como disjuntores, contatores, fontes chaveadas, termostatos e outros.
Apesar do centelhamento ser comum em alguns componentes elétricos, existem casos em que são
decorrentes de algumas falhas ou falta de manutenção, como oxidação na conexão, conexões frouxas,
isolador trincado, excesso de sujeira, emenda defeituosa e outros.
19 Dielétrico: são materiais que têm características de isolantes elétricos, como por exemplo: borracha, madeira,
plásticos e outros.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
74
Nesse sentido, a verificação do centelhamento nas instalações elétricas deve ocorrer durante as inspe-
ções da manutenção. Inclusive, em alguns casos como linhas de transmissão, as inspeções podem ser feitas
à noite para facilitar a visualização do centelhamento em isolamento.
Após identificar a ocorrência de centelhamento anormal no dispositivo, será necessário realizar uma
manutenção corretiva ou substituição do dispositivo.
4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE FALHAS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
75
Isolação é o ato de isolar eletricamente um determinado elemento do meio que o circunda, evitando a
ocorrência de choques elétricos e curto-circuito. São exemplos comuns de materiais isolantes utilizados o
PVC e a borracha.
Desta forma, quando há falha na isolação, o elemento passa a ter contato com partes condutoras não
energizadas da instalação, mas que passam a ficar energizadas, provocando a fuga de corrente. A figura
seguinte ilustra um condutor isolado. Condutor isolado (fio)
As instalações elétricas são expostas a diversas condições ambientais e operacionais que associadas à
falta de manutenção podem ocasionar falhas na isolação no decorrer da sua vida útil, podendo provocar
perdas na produção ou acidentes com pessoas que tenham acesso às instalações.
A figura seguinte ilustra uma situação de uma emenda malfeita que pode resultar em um choque elé-
trico por falha na isolação.
Caixa de passagem
metálica
Eletroduto metálico
Tomada
A falha de isolação pode ocorrer devido à emenda malfeita em condutores, desgaste da isolação dos
cabos, condutores desencapados ou falha no equipamento gerando contato da parte não energizada do
equipamento com o condutor energizado.
Para evitar a ocorrência de acidentes ou falhas elétricas é importante, em novas instalações e durante
as manutenções, realizar testes para identificar possíveis falhas na isolação.
Para identificar a falha de isolação são utilizados equipamentos capazes de realizar testes de resistência
de isolamento, conhecidos como megôhmetros.
O megôhmetro é utilizado para medir a resistência de isolamento e com base nestes dados é feita uma
comparação com valores estabelecidos em norma para confirmar se há falha na isolação.
A utilização do megôhmetro depende do tipo de equipamento que está sendo testado e a razão para
o teste. Os procedimentos seguintes exemplificam a utilização de um megôhmetro para testar se há falha
de isolação em condutores elétricos.
a) Inicialmente, é importante isolar e sinalizar com placas de advertência a área onde será feito o
ensaio de resistência de isolamento;
b) O circuito em que será feito o teste deverá ser desenergizado e desconectado dos barramentos
do painel elétrico correspondente. Além disso, todos os equipamentos devem ser desconectados
do circuito;
c) Antes de iniciar os testes é importante se certificar de que o circuito está realmente desenergiza-
do. Portanto, deverá constatar a ausência de tensão através de um multímetro. Fique atento, pois
estes dois momentos são etapas diferentes e realmente devem ser feitos em dois momentos. Pri-
meiro desconecta e depois o profissional ratifica que houve a desenergização. Este procedimento
existe por motivos de segurança, pois em alguns casos são atividades feitas por pessoas distintas
e em momentos distintos, então a constatação da desenergização é muito importante;
d) Após as atividades preliminares, deverá selecionar a classe de tensão no Megôhmetro compatível
com a classe de tensão da instalação, conforme a tabela seguinte;
e) Os testes devem ser feitos nos condutores vivos, ou seja, condutores de fase e neutro que com-
põem o circuito uns contra os outros e contra a terra;
f) Medição da fase R: interligar as fases S e T com o eletroduto metálico e/ou com aterramento e
interligar à ponteira preta. A fase R deverá interligar a ponteira vermelha;
g) Medição da fase S: interligar as fases R e T com o eletroduto metálico e/ou com aterramento e
interligar à ponteira preta. A fase S deverá interligar a ponteira vermelha;
h) Medição da fase T: interligar as fases R e S com o eletroduto metálico e/ou com aterramento e
interligar à ponteira preta. A fase T deverá interligar a ponteira vermelha;
4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE FALHAS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
77
i) Com a tensão de ensaio no megôhmetro selecionada de acordo com a tensão nominal do circuito
conforme a tabela seguinte, deverá apertar o botão Test para iniciar o procedimento;
j) O tempo de execução do procedimento de medição deverá ser suficiente para se obter uma lei-
tura estável, mas não inferior a 1 minuto e nem superior a 5 minutos;
k) Após obter os valores medidos no visor do megôhmetro em cada fase, o técnico deverá registrar
esses valores e comparar com os valores mínimos estabelecidos para a instalação, conforme a
tabela seguinte.
Exemplo: Conforme a tabela de Valores mínimos de resistência de isolamento para instalações com
tensão nominal de 220V, a resistência de isolamento tem que ser igual ou maior que 0,5MΩ. Portanto, se o
valor encontrado durante a medição for igual ou superior a 0,5MΩ, então a instalação está apta, caso con-
trário, existe falha na isolação e o técnico deverá investigar o local da falha ou trocar o condutor.
Após o término das medições, o técnico deverá reconectar o circuito ao painel elétrico e aos equipa-
mentos caso esteja com o isolamento em perfeito estado; caso contrário, deverá identificar a falha da iso-
lação ou trocar os condutores com falha na isolação.
TENSÃO DE ENSAIO
RESISTÊNCIA DE
TENSÃO NOMINAL DO CIRCUITO (V) (V EM CORRENTE
ISOLAMENTO MΩ
CONTÍNUA)
A imagem seguinte ilustra o procedimento para teste da resistência de isolamento com megôhmetro
para identificar falha na isolação em condutores elétricos.
A realização de teste de resistência de isolamento é importante para garantir a integridade dos con-
dutores elétricos e instalação apropriada para os equipamentos. No entanto, existem outros benefícios
importantes para a manutenção elétrica que serão abordados no próximo item.
Conforme a ABNT NBR 5383-1:2002, resistência de isolamento é o termo geralmente utilizado para defi-
nir o quociente da tensão contínua aplicada pela corrente em função do tempo medido a partir da aplica-
ção da tensão; assim será encontrada referência à resistência de isolamento para 1 min ou 10 min.
A resistência de isolamento dos equipamentos varia de acordo com os seus respectivos projetos, além
de serem afetados por condições ambientais como temperatura e umidade.
Durante a vida útil dos equipamentos, é possível identificar o estado de deterioração do isolamento e
atuar de forma a impedir que ocorra uma falha no equipamento ou danos maiores à instalação.
Portanto, os procedimentos de ensaio deverão respeitar as normas e condições pertinentes a cada
equipamento.
Para avaliar a integridade dos equipamentos, o técnico deve realizar ensaios periodicamente, analisar
os dados obtidos durante a medição da resistência de isolamento com o histórico do equipamento ou
comparar aos valores mínimos estabelecidos para cada tipo de equipamento.
Vale destacar que os ensaios da resistência de isolação são realizados através de megôhmetros e, como
as voltagens de teste variam entre 500 e 5000V, a escolha do instrumento dependerá da aplicação e nível
de tensão que será ensaiado. O quadro seguinte exemplifica alguns modelos de megôhmetro.
Instrumento Imagem
Megôhmetro digital
até 1000V
Megôhmetro digital
até 5000V
Quadro 9 - Megôhmetros
Fonte: SENAI DR BA; SHUTTERSTOCK, 2018.
4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE FALHAS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
79
Para circuitos
diferentes
Para a terra
Após a realização de ensaios periódicas para medir a resistência de isolamento do motor, conforme
anterior, o setor de manutenção estabelece um histórico para o equipamento e consegue identificar uma
falha da isolação, como exemplifica a figura seguinte.
Teste de Envelhecimento
Aceitação da Após
Inicial Isolação Rebobinação
1000
500
100
Resistência 50
(em Megaohms)
10
5 Falha de
Isolação
Por isso, a inclusão de ensaio de resistência de isolamento no plano de manutenção preventiva é fun-
damental para prevenir as instalações de falhas elétricas como o curto-circuito, que será abordado no
próximo tópico.
O curto-circuito é uma falha elétrica extremamente indesejada e perigosa devido as graves consequ-
ências que podem provocar danos físicos e materiais para as instalações, mas, principalmente, riscos de
acidentes e morte com pessoas que, direta ou indiretamente, trabalham com instalações elétricas.
A figura seguinte ilustra bem os danos provocados por um curto-circuito.
O curto-circuito é uma rápida elevação da corrente elétrica, em um curto período de tempo, devido a
uma ligação de baixa impedância entre dois pontos com potenciais diferentes ou quando esta ligação é
metálica. Neste caso, dizemos que é um curto-circuito franco, ou seja, a impedância é insignificante.
Outro fator que pode provocar um curto-circuito é a redução da distância entre os condutores ou entre
os condutores e a terra que pode ocorrer devido uma falha da isolação dos condutores.
Normalmente, o curto-circuito é identificado após a atuação do dispositivo de proteção e/ou quando
os efeitos térmicos do curto-circuito causam danos à instalação como um princípio de incêndio, conforme
ilustra a imagem seguinte.
4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE FALHAS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
81
Os efeitos térmicos do curto-circuito provocam aquecimento dos condutores e devem ser interrompi-
dos de forma segura através de dispositivos de proteção (fusível e disjuntor) para evitar danos como redu-
ção da resistência mecânica dos cabos ou estrago do material isolante do condutor, com risco de incêndio
a depender da intensidade e duração do curto-circuito.
Após a ocorrência de um curto-circuito, quando não há danos à instalação e houve apenas o desliga-
mento do dispositivo de proteção, o técnico deverá identificar no painel o circuito correspondente ao
dispositivo de proteção e investigar ao longo do circuito (do painel até as cargas) evidências que indiquem
o local do curto-circuito.
Somente após identificar a origem do curto-circuito, corrigir esta falha e realizar testes o técnico poderá
religar o circuito. Caso não seja possível identificar a origem do curto-circuito, o técnico deverá verificar os
equipamentos individualmente e verificar se houve falha de isolação nos condutores.
Após entendermos o que é o curto-circuito, vamos aprender no tópico seguinte os tipos de curto-cir-
cuito.
segunda, quando há uma ligação de baixa impedância ou uma ligação metálica entre duas fases
e a terra;
c) Curto-circuito fase-terra: este tipo de curto-circuito, assim como o bifásico, pode ocorrer de
duas formas: a primeira ocorre quando há uma ligação de baixa impedância ou uma ligação me-
tálica entre as duas fases e a terra; e a segunda, quando há uma ligação de baixa impedância ou
uma ligação metálica entre apenas uma das fases e a terra.
Os dispositivos de proteção instalados em série deverão ter características de atuação que permitam,
quando houver uma falta elétrica, que apenas o dispositivo responsável pelo circuito atue.
Desta forma, apenas a parte da instalação afetada pela falta elétrica ficará inoperante, enquanto que o
restante da instalação, que não tem nenhuma relação com a falta, permanece operando. Esta característica
de definir quem irá atuar entre os dispositivos de proteção em série é que garante a seletividade entre os
dispositivos.
Por exemplo, em uma instalação de uma residência, normalmente existem vários disjuntores de pro-
teção, conforme figura seguinte, mas apenas 2 dispositivos de proteção estão em série, sendo o disjuntor
geral do painel elétrico e os disjuntores das cargas (iluminação, tomadas, chuveiro elétrico e outros).
Desta forma, quando há um curto-circuito em uma tomada quem deve desligar é o disjuntor da tomada
(DJ.03); o disjuntor geral (DJ.01) e os demais disjuntores permanecem ligados, mantendo os outros circui-
tos operando.
d) Níveis de corrente: este critério é o mais utilizado em instalações prediais, onde a seletividade
é feita pelo ajuste da corrente de atuação dos disjuntores, compreendendo os disjuntores mais
próximos às cargas com ajustes menores e os disjuntores mais próximos à fonte de alimentação
com ajustes maiores. Por exemplo, na figura anterior, a corrente de atuação do disjuntor DJ.B
será menor que a corrente de atuação do disjuntor DJ.A. A figura seguinte ilustra como ocorrerá
a seletividade.
20 A montante: é um termo comumente utilizado em instalações elétricas que significa que um determinado componente está
antes do outro.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
84
Ir B Ir A lcc B lrm A l
e) Tempo: neste método, a seletividade é feita pelo ajuste do tempo de atuação da proteção, de
modo que os dispositivos de proteção mais próximos às cargas tenham tempo mais curtos em
comparação àqueles mais próximos da fonte de alimentação. Por exemplo, na figura – Diagrama
unifilar – Seletividade, o tempo de atuação do disjuntor DJ.A é retardado o suficiente para que
primeiro haja a atuação do disjuntor DJ.B. A figura seguinte ilustra como ocorrerá a seletividade.
A
t
Δt
B
lsc B l
f) Combinação dos critérios anteriores (níveis de corrente e tempo): este método é muito utili-
zado e reduz a possibilidade de atuação da proteção.
A
B
Δt
Ir B Ir A lsc B lsc l
É muito comum que ocorram situações em que a seletividade entre os dispositivos de proteção não
ocorra devido a erros de especificação ou ajuste das proteções.
Por isso, é importante que desde a fase de projeto até o comissionamento do sistema elétrico estudos
e testes de seletividade sejam feitos para evitar transtornos e, principalmente, prejuízos em função de um
desligamento inapropriado de um dispositivo de proteção por falta de seletividade.
É importante também conhecer as condições e valores nominais de trabalho das instalações elétricas
para evitar possíveis falhas no sistema elétrico.
CASOS E RELATOS
Nos primeiros dias do ano novo, os técnicos foram até o supervisor, após identificar o problema,
e relataram que os desligamentos dos disjuntores estavam ocorrendo primeiro por um erro de di-
mensionamento na ala A, pois, quando os quartos atingiam 100% da capacidade de ocupação, isto
sobrecarregava o circuito alimentador e o disjuntor principal atuava; e segundo, por falta de sele-
tividade entre as proteções, pois durante a ampliação manteve o mesmo disjuntor e, com isso, a
sobrecarga na ala A estava atuando no disjuntor principal do painel a montante ao invés de desligar
apenas a ala A.
O supervisor, então, solicitou aos técnicos um estudo de seletividade, um novo dimensionamento
para a ala A e o levantamento dos materiais necessários para realizar as intervenções que precisavam
para deixar as instalações aptas para receber bem seus hóspedes.
Agora veremos no próximo tópico os principais valores nominais de trabalho das unidades elétricas.
A ANEEL21, através do módulo 8 do PRODIST22, estabelece os critérios para qualidade da energia elétrica.
Desta forma, estes critérios podem ser utilizados como parâmetros para as condições e valores de trabalho.
A tabela seguinte representa a faixa de variação de tensão adequada para tensão nominal de 220V e
127V.
A tabela a seguir representa a faixa de variação de tensão adequada para tensão nominal de 380V e
220V.
A tabela adiante representa a faixa de variação de tensão adequada para tensão nominal superior a 1
kV e inferior a 69 kV.
FD95%23
O desequilíbrio de tensão é o fenômeno caracterizado pela diferença de amplitude entre as três tensões
de fase de um sistema trifásico. Desta forma, este desequilíbrio deve obedecer aos valores, conforme a
tabela anterior.
SAIBA Para conhecer outros critérios de qualidade de energia como fator de potência, harmô-
nicos, flutuação de tensão, entre outros, consulte o módulo sobre Qualidade de Ener-
MAIS gia Elétrica, do PRODIST, disponível no Portal da ANEEL.
É importante que o técnico em eletrotécnica tenha conhecimento das condições e os limites dos va-
lores nominais de trabalho das instalações elétricas para identificar possíveis problemas na qualidade de
energia que possa causar danos ou prejuízos.
Vamos aprender sobre inversão de fase no próximo tópico, como identificar e como evitar a ocorrência
desta falha.
23 FD95%: é valor do fator de desequilíbrio de tensão que foi superado em apenas 5 % das 1008 leituras válidas.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
88
Inversão na sequência de fase é um erro que ocorre, principalmente, em sistemas trifásicos quando as
fases são invertidas durante a sua instalação ou manutenção. Como consequência, há uma alteração no
sentido de rotação dos motores, ou seja, ao invés do motor girar no sentido horário, passaria a girar no
sentido anti-horário.
De maneira prática, um motor que tem suas bobinas conectadas às fases na sequência A-B-C e passam
a ser conectadas às fases na sequência A-C-B teria o sentido de rotação alterado.
Em um ambiente predial ou industrial, onde existem muitos motores que fazem avançar ou retornar es-
teiras, girar máquinas no sentido horário ou anti-horário e etc., uma mudança no sentido de rotação pode
provocar acidentes ou erros no funcionamento de algum processo.
A figura anterior ilustra a mudança de rotação no sentido do motor da escada rolante, desequilibrando
e provocando riscos aos usuários.
Por isso, identificar a sequência das fases no momento da instalação e proteger os motores de inversão
de fase inesperada é imprescindível para uma correta manutenção das instalações.
A identificação da sequência de fases pode ser feita com a utilização de alguns instrumentos disponí-
veis no mercado conhecidos como indicador de rotação de fases (sequencímetro) ou detector de sequên-
cia de fase (fasímetro).
Estes instrumentos têm o princípio de funcionamento diferente, mas ambos atingem o mesmo objeti-
vo.
O primeiro instrumento, sequencímetro, ao ser interligado ao circuito trifásico irá alimentar o motor e
indicar o sentido de rotação, enquanto que o segundo instrumento, fasímetro, irá identificar quais são as
fases A-B-C do circuito, possibilitando que seja feita a ligação de maneira correta.
Há ainda instrumentos que possuem as duas funções de fasímetro e sequencímetro, conforme ilustra a
imagem seguinte.
4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE FALHAS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
89
A instalação de dispositivos de proteção de motores contra a inversão de fase é outro fator que contri-
bui consideravelmente para evitar falhas deste tipo.
Desta forma, quando necessário, a manutenção deve prever a instalação de relés de sequência de fase
no painel elétrico de comando dos motores para prevenir as mudanças de rotação dos motores devido a
um erro de instalação.
A análise de vibrações é uma técnica de manutenção preditiva muito aplicada nas rotinas de manu-
tenção nas indústrias, para diagnosticar as variações da vibração dos equipamentos, com a finalidade de
identificar precocemente anomalias em sua operação.
Todos os equipamentos quando estão em funcionamento emitem uma vibração e cada irregularidade
na vibração indica um possível defeito, desgaste ou degradação do mesmo.
Para realizar a análise de vibrações, é necessário instalar sensores em pontos estratégicos do equipa-
mento.
Estes sensores serão monitorados para que transforme energia mecânica de vibração em sinais elétri-
cos que serão encaminhados para aparelhos registradores ou analisadores de vibrações.
Após a coleta e registro dos dados, um especialista irá analisar e interpretar os dados obtidos para iden-
tificar possíveis falhas nos equipamentos.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
90
A análise de ruídos tem o mesmo objetivo final da análise de vibração, porém utiliza meios diferentes.
Seu principal objetivo é o monitoramento, através de um instrumento chamado ultrassom, das frequên-
cias emitidas pelos equipamentos que os ouvidos humanos não alcançam.
Além disso, a análise de ruídos por meio de inspeção de ultrassom também é uma técnica preditiva de
manutenção que identifica falhas em estágio inicial e que tem sido muito implementado na indústria.
Através desta técnica, é possível detectar diversos tipos de falha, inclusive faiscamento, arco elétrico e
efeito corona. A imagem seguinte ilustra a inspeção por ultrassom.
4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE FALHAS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
91
Os avanços tecnológicos e a modernização do setor de manutenção têm gerado novas técnicas para
análise e identificação de falhas, priorizando sempre a integridade das máquinas e equipamentos para
aumentar a disponibilidade e evitar que ocorram manutenções não programadas. Desta forma, a análise
de ruídos que tinha uma aplicação muito específica na manutenção, tem se expandido a cada momento.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
92
RECAPITULANDO
Neste capítulo, abordamos as técnicas de análise de falhas em instalações elétricas. Percebemos que
é necessário conhecer os princípios básicos da eletricidade e instrumentos para poder identificar as
falhas através do uso correto das técnicas.
Aprendemos que uma sobrecorrente, que pode ser uma sobrecarga ou um curto-circuito, é extre-
mamente indesejável e traz riscos imensuráveis para as instalações elétricas se não for interrompida
de forma precoce, inclusive, provocando uma sobretemperatura sobre a qual abordamos as formas
de identificar através de instrumentos de medição. Vimos o quanto é importante realizar testes para
identificar falha na isolação em condutores e acompanhar a degradação da resistência de isolamen-
to de equipamentos para programar manutenções corretivas e realizar os reparos necessários.
Além disso, verificamos a importância da seletividade entre os dispositivos de proteção para evitar
desligamentos desnecessários, assim como as condições e valores nominais de tensão estabelecidos
para trabalho. Abordamos também a gravidade de uma inversão de fase no sentido de rotação dos
motores e as técnicas de manutenção preditiva para análise de ruídos e vibração em equipamentos.
4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE FALHAS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
93
Instrumentos de medição
As técnicas de manutenção estão cada vez mais eficientes devido aos avanços tecnológicos
que têm influenciado o aprimoramento e modernização dos instrumentos de medição.
Estes instrumentos são um meio físico para determinar o valor de uma grandeza ou de uma
variável e são imprescindíveis para a manutenção elétrica predial e industrial.
Podemos considerar que para a manutenção os instrumentos de medição atuam além da
capacidade humana. Ou seja, são uma extensão do homem da manutenção, pois sem o seu
auxílio seria impossível determinar e prever diversos fenômenos que acontecem nas instala-
ções elétricas.
Isso permite, por exemplo, atuar de forma preventiva, impedindo a ocorrência de falhas.
A imagem seguinte ilustra esta relação de dependência do homem com os instrumentos
de medição.
Diante da importância desses instrumentos no dia a dia da manutenção, é fundamental que os profis-
sionais tenham conhecimento dos princípios de funcionamento e saibam manusear estes equipamentos
com segurança e exatidão para obter medidas confiáveis.
Desta forma, abordaremos neste capítulo alguns instrumentos de medição de temperatura a distância
que são os pirômetros e o termovisor, o analisador de energia e o megôhmetro.
A temperatura talvez seja a grandeza ou parâmetro mais importante para avaliar as mudanças de esta-
do dos componentes e equipamentos em instalações elétricas, principalmente, devido a sua facilidade em
traduzir variação de temperatura em uma determinada falha em potencial.
Em alguns processos industriais e em instalações elétricas a medição da temperatura seria um processo
arriscado e até mesmo inviável se fosse necessário o contato físico, devido aos riscos de acidentes.
Desta forma, instrumentos como os Pirômetros são soluções bem empregadas nos planos de manuten-
ção para acompanhar o estado dos equipamentos.
Pirômetros são equipamentos que realizam a medição de temperatura sem a necessidade do contato
físico direto com o objeto.
São empregados em diversas áreas e a sua aplicação varia de acordo com a tecnologia utilizada para
determinar a temperatura do objeto, como:
a) Pirômetro óptico;
b) Pirômetro de radiação;
c) Pirômetro fotoelétrico.
Em instalações elétricas, os pirômetros mais utilizados são conhecidos como termômetro infraverme-
lho e termovisor.
Apesar da facilidade em realizar as medições é importante, antes de utilizar o instrumento, ler o manual
para conhecer suas características e, durante o procedimento de medição, observar as particularidades refe-
rente ao campo de visão (tamanho do alvo e distância) e o tipo de superfície a ser medida (emissividade23).
O termômetro infravermelho tem uma série de vantagens, como: segurança ao realizar medições a
distância, rapidez, uma faixa de temperatura ampla e baixo custo.
No entanto, nos últimos anos, este instrumento tem ganhado um concorrente que é o termovisor, de-
vido a uma série de fatores, como: facilidade para identificar pontos quentes, maior área de medição, vi-
sualização da temperatura do objeto de forma interativa na tela e outros que serão apresentados no item
seguinte.
5.1.2 TERMOVISOR
com o objeto. Ou seja, o termovisor atua como um tipo de câmera fotográfica que mostra a imagem tér-
mica do objeto.
Este procedimento de detecção da imagem térmica do objeto pelo termovisor é chamado de análise
termográfica.
A análise termográfica é uma técnica de inspeção realizada com os termovisores muito utilizada na
indústria, pois não precisa ter contato direto com o objeto ou equipamento para realizar a medição da
temperatura, o que torna o procedimento seguro, prático e eficiente.
A figura seguinte ilustra como funciona o termovisor. A fotografia da esquerda é uma imagem real do
motor de um carro, enquanto que a fotografia da direita é uma imagem térmica do mesmo motor no mo-
mento da medição.
Na imagem térmica, é possível verificar à direita que a temperatura do motor varia de 16.8ºC até 38.4ºC
para os pontos mais quentes.
Em instalações elétricas, os termovisores foram introduzidos nas rotinas das manutenções preditiva
e preventiva, pois a partir deles é possível a identificação, através de imagem termográfica, da elevação
excessiva de temperatura em alguns pontos dos equipamentos, o que possibilita, consequentemente, a
identificação de falhas causadas pelo mau contato entre conexões.
A figura seguinte é um exemplo de aplicação do termovisor em instalações elétricas, onde é possível ve-
rificar, mantendo uma distância segura para uma instalação energizada, se existe elevação de temperatura
nas conexões dos disjuntores, barramentos, cabos e se é necessário realizar aperto nas conexões.
5 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO
99
A qualidade de energia é um fator essencial para o bom funcionamento e garantia de uma vida útil
prolongada dos equipamentos que têm a energia elétrica como fonte de alimentação.
Mas como saber se a energia que alimenta os equipamentos é de qualidade? Isto é possível através do
analisador de energia, que é um instrumento de medição, análise e registro de grandezas elétricas utiliza-
do para avaliar a qualidade de energia elétrica ou identificar possíveis problemas na rede elétrica de um
empreendimento.
É importante a equipe de manutenção acompanhar a qualidade da energia elétrica para evitar que os
equipamentos operem com distúrbios de tensão, corrente elétrica e baixo fator de potência.
Por isso, o grande diferencial do analisador de energia é a possibilidade de avaliar diversas grandezas
elétricas ao mesmo tempo, como: tensão, corrente, potência e frequência.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
100
Na indústria, este instrumento é muito utilizado para observar o desempenho da rede elétrica, como
ilustra a figura seguinte, pois a entrada de grandes cargas no sistema elétrico pode causar grandes impac-
tos se for mal dimensionada.
É muito importante também que o profissional tenha segurança durante os testes e medições que são
realizados em instalações elétricas. Desta forma, é imprescindível utilizar instrumentos adequados para a
instalação em que será feita a medição.
Os instrumentos de medição em baixa tensão são separados em 4 categorias, conhecidas como Cat. I,
II, III e IV, que dependem da localização ou tipo de instalação em que a medição será feita. Por exemplo,
um analisador de energia categoria Cat. III pode ser utilizado em barramento e alimentador em instalações
5 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO
101
industriais, enquanto que o instrumento Cat. II só pode ser utilizado em cargas conectadas a tomadas
monofásicas.
CASOS E RELATOS
É importante para as instalações elétricas, sempre que possível, observar a qualidade da energia da con-
cessionária, principalmente, em grandes centros urbanos e industriais para identificar possível oscilações
na rede elétrica. Deste modo, a utilização do analisador de energia é imprescindível e faz-se necessária no
setor de manutenção.
SAIBA Para conhecer mais sobre requisitos de segurança para equipamentos elétricos de
medição, consulte a norma IEC 61010-1, através do Portal International Eletrotechnical
MAIS Commission (ICE), em português, Comissão Internacional Eletrotécnica.
Após saber a importância do analisador de energia para as instalações elétricas, será apresentado no
próximo tópico o megôhmetro, um instrumento muito utilizado e extremamente útil para a manutenção.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
102
5.3 MEGÔHMETRO
Nos modelos mais antigos de megôhmetros era necessário girar uma manivela para acionar o gerador
de corrente contínua, mas com o avanço da tecnologia houve uma modernização e, atualmente, os instru-
mentos são cada vez mais compactos e práticos, conforme ilustra a imagem seguinte.
5 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO
103
A medição da resistência de isolamento da instalação elétrica é uma prescrição da norma ABNT NBR
5410:2004, 2008 como um dos ensaios necessários para verificação final de novas instalações, ampliações
ou reforma da instalação existente.
O ensaio de resistência de isolamento quando aplicado para verificação final das instalações, tem como
objetivo principal identificar se há problemas de isolações que possam provocar falhas elétricas ou aciden-
tes com pessoas que, direta ou indiretamente, tenham contato com as instalações elétricas.
Já os ensaios realizados em equipamentos como motores e transformadores fazem parte do plano de
manutenção preventiva, pois com o histórico de medições da resistência de isolamento é possível acompa-
nhar a integridade da isolação e definir o momento de realizar manutenções corretivas nos equipamentos.
De uma forma geral, com o megôhmetro é possível realizar testes em transformadores, buchas, cabos
elétricos, cabos de telefonia, motores, chaves e painéis elétricos.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
104
RECAPITULANDO
Neste capítulo, apresentamos alguns instrumentos utilizados em manutenção elétrica predial e in-
dustrial para medição de temperatura, energia e resistência de isolamento, como o pirômetro, ana-
lisador de energia e o megôhmetro.
Vimos que a utilização dos pirômetros (termômetro digital e termovisores) em instalações elétricas
facilita as rotinas de manutenção devido à facilidade e segurança para realizar as medições, assim
como verificamos que uma análise detalhada da qualidade de energia da rede elétrica é imprescin-
dível para que os equipamentos elétricos operem de forma confiável.
Por fim, conhecemos um pouco mais sobre o megôhmetro e a sua importância para verificar falhas
de isolação em instalações elétricas, além de auxiliar na manutenção preventiva de equipamentos
elétricos, analisando a integridade da isolação.
Os instrumentos apresentados neste capítulo, são alguns dos muitos instrumentos que existem para
manutenção elétrica predial e industrial. Portanto, é necessário que o técnico em eletrotécnica se
mantenha atualizado tecnicamente e conheça novas tecnologias e instrumentos capazes de auxi-
liar no dia a dia da manutenção, através de ensaios, diagnósticos, testes e medições cada vez mais
eficientes.
5 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO
105
Meio ambiente
Diariamente, o meio ambiente tem dado sinais da degradação e descaso. Muitos são os
eventos catastróficos ocorridos em todo mundo, consequência do aquecimento global, utili-
zação inapropriada dos recursos naturais, emissão de poluentes e dejetos lançados de maneira
irregular na natureza.
Desta forma, a preservação do meio ambiente também deve ser uma preocupação das em-
presas, pois precisam buscar meios de reduzir os impactos ambientais, principalmente, em
função do desenvolvimento industrial.
O meio ambiente passou a ser um dos pilares da mudança de postura organizacional pro-
posto pela Manutenção Produtiva Total (TPM). Esta metodologia de gerenciamento da manu-
tenção engloba a participação de todos os funcionários e setores de uma empresa, buscando
conscientizar e dividir a responsabilidade com todos sobre a importância do meio ambiente
através de ações, como por exemplo: o consumo consciente dos recursos naturais, descarte
adequado dos resíduos, a importância da reciclagem e outros.
É evidente que a forma mais impactante para reduzir os problemas ambientais seria uma
mudança na forma de produção industrial e de consumo da sociedade, mas uma mudança
deste tipo requer tempo e conscientização da população.
Mas, é mais simples começar mudando certos hábitos em nossas vidas. Afinal, cada cidadão deve ter
responsabilidade com o meio ambiente. Nesse sentido, abordaremos neste capítulo os tipos de materiais
recicláveis e como podemos fazer o descarte adequado.
Vamos nessa?
Todos os setores da sociedade têm produzido diariamente uma quantidade de lixo tão grande que os
aterros existentes não conseguem mais absorver o volume de lixo.
Com isso, a degradação do meio ambiente tem atingido níveis que ameaçam a sobrevivência no pla-
neta.
A imagem seguinte, tirada em Bali, na Indonésia durante a alta temporada turística, ilustra bem como o
problema da produção excessiva de lixo e descarte inapropriado geram consequências, como a poluição
nas águas da Indonésia.
Uma solução para amenizar a quantidade de lixo produzida diariamente é a coleta seletiva e a recicla-
gem dos materiais.
A coleta seletiva permite separar os materiais recicláveis dos não recicláveis e transforma o lixo em uma
solução econômica, social e com retornos consideráveis para o meio ambiente, em função da reciclagem
de materiais ao invés de aumentar o consumo de matérias-primas.
6 MEIO AMBIENTE
109
Em uma coleta seletiva, os materiais devem ser separados conforme o quadro seguinte, para viabilizar
o descarte adequado e a reciclagem dos mesmos.
Na indústria, o problema da reciclagem não é diferente. A atenção deve ser voltada para a separação
dos objetos e suas peculiaridades.
FIQUE Os papéis combinados com outros materiais (plastificados, metalizados, papel carbo-
no, fotografias e fitas adesivas) ou muito sujos de graxa, gordura, alimentos, e tam-
ALERTA bém os papéis higiênicos, não são recicláveis.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
110
A separação dos materiais deve ser feita em recipientes específicos para cada tipo de material, identifi-
cados por cores. Por exemplo:
a) Vermelho: plásticos;
b) Amarelo: metal;
c) Marrom: orgânicos;
d) Azul: papel/papelão;
e) Verde: vidro;
f) Preto: madeira;
g) Laranja: resíduos perigosos;
h) Branco: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde;
i) Roxo: resíduos radioativos;
j) Cinza: resíduo geral não-reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação.
Agora que já aprendemos os tipos de materiais e como separá-los corretamente, vamos conhecer no
tópico seguinte como realizar o descarte adequado destes materiais.
6 MEIO AMBIENTE
111
A destinação de alguns materiais específicos é sempre uma dúvida para muitas pessoas, devido à falta
de informação.
É necessário ter o máximo de cuidado com alguns materiais que descartamos, pois eles podem conter
resíduos perigosos que contaminam a natureza e podem prejudicar a saúde dos seres humanos.
Desta forma, é necessário realizar sempre o descarte de forma correta, conforme orientação do quadro
seguinte.
RESÍDUOS LOCAIS
SAIBA Para ter mais informações em relação ao descarte adequado e coleta seletiva, acesse
o portal do Centro de informações sobre reciclagem e Meio Ambiente - RECICLOTECA.
MAIS No portal, há um acervo aberto, destinado ao estudo da reciclagem e Meio Ambiente.
O descarte adequado é muito importante para evitar contaminação dos recursos naturais e acidentes
com a população local, portanto é imprescindível que o técnico em eletrotécnica tenha responsabilidade
ambiental ao buscar informações nos rótulos dos produtos quanto aos riscos e sempre descartar os mate-
riais em locais apropriados.
MANUTENÇÃO ELÉTRICA PREDIAL E INDUSTRIAL
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CASOS E RELATOS
Césio-137
Em 1987, na cidade de Goiânia-GO, catadores de um ferro velho entraram em uma clínica abandona-
da e encontraram no local um aparelho de radioterapia que eles acreditavam ser uma sucata como
outra qualquer e decidiram levar o objeto para o ferro velho, onde foi desmontado.
Após desmontar o aparelho, encontraram uma cápsula que possuía um pó branco parecido com
sal de cozinha, mas que emitia um brilho azulado em ambientes com pouca claridade. E assim, este
pó passou a chamar a atenção das pessoas que passaram a ter contato com o mesmo. Este pó era
o cloreto de Césio-137, uma substância radioativa que em contato com seres humanos traz riscos à
saúde, podendo inclusive levar à morte, como aconteceu com 4 pessoas de forma imediata e, poste-
riormente, com mais duas pessoas.
Este acidente radiológico foi consequência da falta de descarte adequado de um equipamento que
possuía uma substância tão perigosa, com riscos à saúde da população. Desta forma, fica o alerta
para outros tipos de materiais que devem ser descartados adequadamente e que, apesar de não
serem tão perigosos quanto um material radioativo, também trazem consequências para a saúde
das pessoas e do Meio Ambiente.
É responsabilidade de todos cuidar do Meio Ambiente através do consumo racional dos recursos natu-
rais, descarte adequado do lixo, implantação de coleta seletiva e reciclagem. Os países desenvolvidos têm
aumentado cada vez mais o índice de resíduos reciclados, tendo impacto considerável nas áreas: social,
econômica e, principalmente, ambiental. Portanto, devemos nos conscientizar e ter iniciativa para juntos
buscar resultados expressivos para toda a sociedade.
6 MEIO AMBIENTE
113
RECAPITULANDO
Neste capítulo, abordamos os cuidados que devemos ter com meio ambiente, quando se trata de
descarte de lixo. Vimos que é necessário optar por uma coleta seletiva para amenizar a quantidade
de lixo que é levada diariamente para os aterros sanitários, que estão atingindo níveis insuportáveis
de lixo com consequências graves para a natureza.
Aprendemos os tipos de materiais recicláveis, a forma de segregá-los e como descartar, principal-
mente, os resíduos perigosos adequadamente.
É importante uma conscientização e participação de todos na sociedade para que possamos ame-
nizar os danos causados a natureza. É necessário que o técnico em eletrotécnica também faça o
seu papel, através da implantação de soluções inteligentes e ecologicamente corretas para que, no
futuro, as próximas gerações tenham a oportunidade de conviver com a natureza. Os assuntos abor-
dados neste livro são apenas o início do estudo. A busca pela melhoria contínua deve ser o objetivo
de todos para ser um profissional capaz de manter-se sempre atualizado e preparado para cumprir
sua atividade com qualidade e segurança. Bons estudos!
REFERÊNCIAS
A
A montante 83, 85, 86
ANEEL 86, 87
B
BA4 e BA5 24, 27
D
Dielétrico 73
Disponibilidade 35, 37, 38, 39, 42, 43, 46, 50, 51, 58
E
Emissividade 97
EPI 56
EPR 70
ERP 48, 49
F
Falha 37, 38, 39, 40, 43, 48, 50, 51, 52, 53, 54, 55
FD95% 87
I
In 63
Isc 64
P
PELV 26
PRODIST 86
PVC 70, 71, 75
R
Resistência de contato 70
S
SELV 26
Separação elétrica 26
T
TMEF 50, 51
TMPR 50, 51
TPM 31, 32, 35, 36
X
XLPE 70
Z
Zona controlada 56, 57
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP
Marcelle Minho
Coordenação Educacional
Daiane Amancio
Revisão de Diagramação e Padronização
i-Comunicação
Projeto Gráfico