Você está na página 1de 28

Eletrotécnica Aplicada,

Ferramentas e Montagem de Sistemas Elétricos,


Instrumentos de Medição Elétrica

Prof. Me . J e an H ugo C a l l egari


Jean.callegari@senairs.org.br
As correntes elétricas geradas por pilhas e baterias são do tipo
contínuo, ou seja, elas percorrem o fio condutor sempre num mesmo
sentido. Essas fontes de tensão elétrica possuem sempre dois polos
distintos, ou seja, um polo positivo e um polo negativo. O sentido
convencionado da corrente elétrica, nesse circuito, é sempre do
positivo para o negativo.

A corrente elétrica que recebemos em nossas residências é do


tipo alternada. Essa espécie de corrente sofre inversão de sentido
constantemente. No sistema brasileiro de transmissão de energia
elétrica, ocorrem 120 inversões a cada segundo, ou seja, a corrente
elétrica, a cada segundo, percorre o condutor 60 vezes num sentido e
60 vezes em sentido contrário.
Por isso, dizemos que a corrente elétrica no Brasil tem
frequência de 60 Hz ou 60 ciclos por segundo. Alguns países, como o
Japão, utilizam a frequência 50 Hz. Em razão dessas diversas inversões
de sentido, que ocorrem a cada segundo em correntes alternadas, não
podemos identificar, por exemplo, em uma tomada, qual dos polos é
positivo ou negativo.
Uma função senoidal F(t) é uma função alternada que oscila
entre dois valores –Fmáx e Fmáx e tem a mesma forma da função seno
ou cosseno, como mostra a figura. Basta saber os valores das três
distâncias T, Fmáx e t máx referidas na figura, para caracterizar cada
uma dessas funções.
O intervalo T, entre dois máximos ou dois mínimos sucessivos, é
o período da função e o seu inverso, f = 1/ T, é a frequência.
Designando por “t máx” o valor absoluto da coordenada “t” onde a
função atinge o seu valor máximo, F máx, pela última vez antes de t=0.
Os elementos essenciais de circuitos de corrente alternada (C.A.) são os
Geradores de C.A. e elementos, passivos e lineares, que são uma combinação de
Resistores, Capacitores ou Indutores em série ou em paralelo. Alguns circuitos
poderão ter ainda transformadores que exibam histerese ou saturação,
considerados elementos não lineares.
A energia elétrica é produzida em alguma usina hidroelétrica,
termoelétrica, nuclear ou de outro tipo, geralmente muito remota. Esta energia
é transportada através de linhas de transmissão de muito alta voltagem
(centenas de quilovolts, podendo chegar até megavolts). A razão disto é obvia,
pela segunda lei de ohm: a perda nos cabos é proporcional ao quadrado da
corrente e à resistência do cabo e, para uma dada potência de consumo,
diminuir a corrente significa aumentar a voltagem. Estas linhas terminam em
alguma estação distribuidora, onde a voltagem é reduzida para algo entorno de
algumas dezenas de quilovolts e alimenta redes locais, do tamanho de uma
cidade.
“Aterrado” significa exatamente isto: o fio neutro é ligado a uma lança
condutora que está enterrada a alguns metros de profundidade na
terra, onde a condutividade é alta. Os fios “vivos” são também
chamados “fases”. Em alguns casos (Estados Unidos, por exemplo) há
duas fases de 110 V eficazes e a diferença de potencial entre elas é de
220 V. Assim, uma casa pode ter 110 V para as tomadas e 220 V para
alguns eletrodomésticos que consomem muito, tais como chuveiro
elétrico, fogão elétrico, lavadoras, etc. (lembre sempre que a corrente
deve ser baixa, menor que 40 A; caso contrário haverá que instalar fios
mais grossos). Em outros casos (Porto Alegre) há duas ou três fases de
127 V, com uma diferença de fase entre elas de 120º. A diferença de
potencial entre dois fios vivos quaisquer é novamente 220 V.
Na Europa e alguns países latino-americanos (Argentina) o vivo é
de 220 V e a diferença entre dois vivos (que estão defasados em 120º)
é de 380 V. Isto barateia o custo das instalações das redes elétricas,
pois os fios são mais finos do que em países com linhas de 110 V, mas
encarece as instalações dentro das casas pois é necessário um melhor
isolamento e mais cuidados com a segurança.
Outra diferença é que a frequência de linha, em alguns países
europeus e asiáticos com 220 V é de 50 Hz, e nos países com 110 V é
de 60 Hz.
No Brasil a tensão de linha depende da cidade e até da casa! Por
exemplo, em Brasília uma casa pode estar ligada em 220 V e outra em
110. Em Porto Alegre é 127 V/ 60 Hz. Note que a voltagem pico-a-pico
de uma linha de 127 V é de 359 V.
A Segunda Lei de Ohm é uma expressão matemática que
relaciona as propriedades físicas que interferem na resistência elétrica
de um corpo condutor e homogêneo. Essa lei informa que
a resistência elétrica de um corpo é diretamente proporcional ao seu
comprimento e resistividade e inversamente proporcional à
sua área transversal.
Essa lei relaciona propriedades geométricas e uma propriedade
intrínseca do material que compõe o corpo condutor: a resistividade.
Em termos simples, a Segunda Lei de Ohm estabelece que a resistência
de um corpo depende de sua composição e do seu formato: quanto
maior for à espessura de um fio, por exemplo, menor será a
sua resistência elétrica.
Fórmula da Segunda Lei de Ohm

Onde:
R – resistência elétrica (Ω – omhs)
ρ – resistividade (Ω.m – ohms vezes metro)
l – comprimento do corpo (m – metros)
A – área transversal do corpo (m² – metros quadrados)

A resistividade, representada pela letra ρ, é uma propriedade do material


que depende de características microscópicas, como a quantidade
de portadores de carga (elétrons, no caso dos metais) disponíveis para condução e
o tempo em que essas cargas elétricas são conduzidas no corpo sem colidirem-se
com a sua rede cristalina (distribuição espacial de átomos). Além disso,
a resistividade é definida como o inverso da condutividade de um corpo.
σ – condutividade (Ω-1.m-1 inverso de ohms vezes metro)
Deve-se lembrar de que, no caso de fios, que geralmente apresentam
formatos cilíndricos, suas áreas transversais são circulares e podem ser
calculadas pela fórmula a seguir:
A resistividade é uma das grandezas físicas com o maior espectro
de valores, podendo variar entre as ordens de grandeza de 10-6 até
1018. A tabela a seguir apresenta os valores de resistividade para
alguns materiais conhecidos.
Material Resistividade (Ω.m)

Prata 1,6.10-6

Cobre 1,7.10-6

Alumínio 2,8.10-6

Quartzo fundido 7,5.1019


Exemplo:
1) Você constrói três resistências elétricas, RA, RB e RC, com fios de
mesmo comprimento e com as seguintes características:
a) O fio de RA tem resistividade 1,0·10–6 Ω·m e diâmetro de 0,50 mm.
b) O fio de RB tem resistividade 1,2·10–6 Ω·m e diâmetro de 0,50 mm.
c) O fio de RC tem resistividade 1,5·10–6 Ω·m e diâmetro de 0,40 mm.

Qual apresenta menor e qual apresenta a maior resistência?


De acordo com a equação da segunda lei de Ohm, que determina a
resistência dos materiais a partir de suas dimensões, vemos que a resistência é
inversamente proporcional à área de secção transversal do fio e diretamente
proporcional à resistividade e ao comprimento do fio. Sendo assim, sabendo que
os comprimentos são os mesmos para os três fios, temos:
O fio que possuir maior diâmetro necessariamente possuirá maior área de
secção transversal e, portanto, terá a menor resistência. Nesse aspecto, os fios RA e
RB possuirão menor resistência e o fio RC, por ter menor diâmetro, será o de maior
resistência.
Como a resistividade é diretamente proporcional à resistência, entre os fios
RA e RB, aquele que possuir maior resistividade terá maior resistência. Nesse
aspecto, o fio RB possui maior resistência que RA.
Sendo assim, temos que: RC > RB > RA
Capacitância é a capacidade de armazenar energia de um capacitor, é
medido em farad (F).
C=ϵA
d
Onde
C é a capacitância
ϵ é a permissividade dielétrica;
A é a área da placa;
d é a distância das placas.
Indutância
Enquanto o capacitor armazena energia em um campo elétrico,
o indutor armazena energia em um campo magnético. Indutância é a
capacidade do indutor de resistir a variação de corrente elétrica e é
medido em henries (H). O indutor nada mais é que um fio enrolado em
espiras que pode ter um núcleo dentro para aumentar o campo
magnético e a indutância. Ás vezes indutores são chamados de
solenoides.
L = μNA ² Onde
l
μ é a permeabilidade magnética;
N é o número de espiras ou voltas no indutor;
A é a área de seção;
l é o comprimento.
Corrente Alternada
Uma tensão alternada é uma diferença de potencial que varia no tempo.
Uma tensão alternada que tem um grande número de aplicações práticas é a
que varia harmonicamente no tempo (do tipo senoidal), e pode ser descrita
como:

V(t) = Vp cos (ωt + Φ0)

onde:
Vp é a tensão máxima ou tensão de pico ou, ainda, amplitude,
ω é a frequência angular
Φ0 é a fase da tensão alternada no instante t=0.
A frequência angular, ω, é dada por: ω = 2 π f
onde f é a frequência da oscilação e igual ao inverso do período, T.
Tensão de fase e tensão de linha

A tensão de fase é aquela medida entre qualquer fase e o neutro. Em


nossa cidade é de 227V, em Porto Alegre é de 110V.
A tensão de linha é aquela medida entre quaisquer duas fases. Nos
sistemas 380/227, como em nossa cidade, a tensão de linha é de 380V.
Ela é √3 vezes maior que a tensão de fase. Em Porto Alegre, a tensão
de linha é de 220V.
TENSÃO E CORRENTE EM CORRENTE
ALTERNADA
Tensão em circuito monofásico

De Para Multiplicar por

Pico RMS 0,707


Pico Pico a pico 2
Pico Médio 0,637
RMS Pico 1,414
RMS Médio 0,901
Médio RMS 1,110
Médio Pico 1,570
Medição de Ondas Senoidais

A figura apresenta a forma de onda de saída de um gerador. Se o


condutor executar uma rotação num segundo, a frequência da onda
senoidal produzida pelo gerador é de um Hertz.
Existem quatro tipos de medição de tensão ou corrente que
deve conhecer se pretende efetuar medidas AC.

O primeiro tipo de medição é a amplitude de pico e é abreviada


para Vp ou Vpico. Uma onda senoidal completa é formada por duas
alternâncias: uma positiva e outra negativa. A amplitude de pico é o
valor máximo de tensão de uma alternância. A figura apresenta uma
onda senoidal onde são apresentados os valor de pico e o valor de pico
a pico.
O valor máximo da tensão positiva é o pico positivo. Como esta
onda senoidal tem um valor máximo de pico de +10 volts, a tensão de
pico positiva é de +10 volts. De igual modo, o valor máximo negativo é
de -10 volts, tensão de pico negativa é de -10 volts.
O segundo tipo de medição de tensão ou corrente é o valor pico
a pico e é abreviado para Vpp. A tensão pico a pico é o valor da tensão
desde o pico positivo até ao pico negativo, então a tensão pico a pico é
de 20 volts. Para concluir, pode-se dizer que a onda senoidal da figura
tem um valor de pico de 10 volts e uma tensão pico a pico de 20 volts.

A fórmula para o cálculo da tensão ou corrente pico a pico (pp)


é:

Vpp = 2 x Vp

Ipp = 2 x Ip

Você também pode gostar