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TRAÇAGEM DE
CALDEIRARIA
Série Metalmecânica - Metalurgia
TRAÇAGEM DE
CALDEIRARIA
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Conselho Nacional
TRAÇAGEM DE
CALDEIRARIA
© 2018. SENAI – Departamento Nacional
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autoriza-
ção, por escrito, do SENAI.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491t
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Traçagem de caldeiraria / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial,
Departamento Nacional, Departamento Regional da Bahia. - Brasília: SENAI/
DN, 2018.
130 p.: il. - (Série Metalmecânica - Metalurgia).
ISBN 978-852018053-2
CDU: 669
SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 - Relações no ambiente organizacional...................................................................................................17
Figura 2 - Modelo de estrutura hierárquica.............................................................................................................19
Figura 3 - Modelo de estrutura hierárquica linear................................................................................................20
Figura 4 - Modelo de estrutura hierárquica funcional.........................................................................................20
Figura 5 - Modelo de estrutura hierárquica linha-staff........................................................................................21
Figura 6 - Modelo de estrutura hierárquica mista.................................................................................................21
Figura 7 - Modelo de estrutura hierárquica matricial..........................................................................................22
Figura 8 - Modelo de estrutura hierárquica em equipes....................................................................................22
Figura 9 - Processo administrativo..............................................................................................................................24
Figura 10 - Os seis passos do planejamento...........................................................................................................25
Figura 11 - Trabalho em equipe...................................................................................................................................29
Figura 12 - Compasso de ponta reta..........................................................................................................................36
Figura 13 - Punção de bico............................................................................................................................................36
Figura 14 - Régua de traçagem....................................................................................................................................37
Figura 15 - Esquadro flexível.........................................................................................................................................37
Figura 16 - Grampo tipo C ............................................................................................................................................38
Figura 17 - Bigorna...........................................................................................................................................................38
Figura 18 - Tesoura de bancada...................................................................................................................................39
Figura 19 - Guilhotina elétrica......................................................................................................................................40
Figura 20 - Oxicorte..........................................................................................................................................................41
Figura 21 - Máquina de corte a plasma.....................................................................................................................41
Figura 22 - Esmerilhadeira.............................................................................................................................................42
Figura 23 - Calandras de três rolos..............................................................................................................................43
Figura 24 - Rolos em formato de pirâmide..............................................................................................................43
Figura 25 - Rolos em formação oblíqua....................................................................................................................43
Figura 26 - Disco de desbaste.......................................................................................................................................44
Figura 27 - Disco de corte .............................................................................................................................................45
Figura 28 - Fixação do disco na esmerilhadeira.....................................................................................................45
Figura 29 - Formato de ponta montada...................................................................................................................46
Figura 30 - Escova rotativa.............................................................................................................................................46
Figura 31 - Ordem de serviço.......................................................................................................................................48
Figura 32 - Decapagem...................................................................................................................................................50
Figura 33 - Lixamento......................................................................................................................................................50
Figura 34 - Jateamento...................................................................................................................................................51
Figura 35 - Hidrojateamento.........................................................................................................................................51
Figura 36 - Galvanização................................................................................................................................................52
Figura 37 - Pintura com utilização de pistola..........................................................................................................54
Figura 38 - Linha horizontal..........................................................................................................................................58
Figura 39 - Traçagem da linha perpendicular.........................................................................................................58
Figura 40 - Circunferência dividida em 4 partes....................................................................................................59
Figura 41 - Marcação dos pontos E e F......................................................................................................................59
Figura 42 - Circunferência dividida em 12 partes..................................................................................................60
Figura 43 - Divisão da semicircunferência em 6 partes iguais..........................................................................60
Figura 44 - Linhas horizontais partindo de cada ponto da semicircunferência.........................................61
Figura 45 - Posicionamento do esquadro................................................................................................................61
Figura 46 - Linha horizontal dividida em 12 partes iguais.................................................................................62
Figura 47 - Transferência das medidas do cilindro................................................................................................63
Figura 48 - Cilindro planificado....................................................................................................................................63
Figura 49 - Cilindro após conformação.....................................................................................................................64
Figura 50 - Cotovelo a 90°..............................................................................................................................................65
Figura 51 - Cálculo da altura do cotovelo.................................................................................................................65
Figura 52 - Traçado do diâmetro maior do tronco de cone...............................................................................68
Figura 53 - Traçado do diâmetro altura do tronco de cone...............................................................................69
Figura 54 - Traçado do diâmetro menor do tronco de cone.............................................................................69
Figura 55 - Formação do trapézio...............................................................................................................................69
Figura 56 - Prolongamento da perpendicular........................................................................................................70
Figura 57 - Fechamento do triângulo........................................................................................................................70
Figura 58 - Traçado da circunferência menor.........................................................................................................71
Figura 59 - Traçado da circunferência maior...........................................................................................................71
Figura 60 - Divisão do arco da circunferência em 16 espaços..........................................................................72
Figura 61 - Planta e verdadeira grandeza do quadrado para redondo concêntrico 1.............................76
Figura 62 - Planta e verdadeira grandeza do quadrado para redondo concêntrico 2.............................82
Figura 63 - Chapa cortada..............................................................................................................................................94
Figura 64 - Vara de tubo..................................................................................................................................................95
Figura 65 - Tubos cortados em 4 diferentes dimensões.....................................................................................96
Figura 66 - Segundo tubo cortado em 4 diferentes dimensões......................................................................96
Figura 67 - Cantoneira L..................................................................................................................................................97
Figura 68 - Corte das cantoneiras com as dimensões solicitadas...................................................................98
Figura 69 - Talha manual de corrente tipo alavanca......................................................................................... 102
Figura 70 - Talha manual de corrente..................................................................................................................... 103
Figura 71 - Talha elétrica.............................................................................................................................................. 103
Figura 72 - Ponte rolante............................................................................................................................................. 104
Figura 73 - Cinta de nylon . ........................................................................................................................................ 105
Figura 74 - Esticador...................................................................................................................................................... 105
Figura 75 - Manilha........................................................................................................................................................ 106
Figura 76 - Lupa para inspeção visual ................................................................................................................... 110
Figura 77 - Chapa com trinca visível....................................................................................................................... 111
Figura 78 - Chapa com trinca visível apenas com a lupa................................................................................. 111
Figura 79 - Ensaio de ultrassom................................................................................................................................ 112
Figura 80 - Chapéu chinês com encaixe interno................................................................................................ 114
Figura 81 - Chapéu chinês com encaixe externo................................................................................................ 115
Figura 82 - Lista de verificação inicial..................................................................................................................... 118
Figura 83 - Lista de verificação final........................................................................................................................ 119
4 Técnicas de traçagem....................................................................................................................................................57
4.1 Técnicas de planificação.............................................................................................................................58
4.1.1 Cilindro de base inclinada 30°...............................................................................................60
4.1.2 Curvas.............................................................................................................................................64
4.1.3 Cones..............................................................................................................................................68
4.1.4 Transições.....................................................................................................................................73
4.1.5 Interseções...................................................................................................................................84
4.1.6 Tampos .........................................................................................................................................88
4.1.7 Otimização do traçado.............................................................................................................93
4.2 Traçagem assistida por computador.....................................................................................................99
4.3 Aspectos de segurança e meio ambiente aplicados à traçagem................................................99
4.3.1 Ergonomia................................................................................................................................. 100
4.3.2 Tratamento de resíduos........................................................................................................ 100
4.4 Equipamentos de movimentação de cargas . ................................................................................ 102
Referências......................................................................................................................................................................... 123
Índice................................................................................................................................................................................... 127
Introdução
Prezado aluno,
É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz o
livro didático Traçagem de Caldeiraria.
Este livro tem como objetivo levar o aluno a desenvolver as competências necessárias para
realizar a atividade de traçagem de peças de caldeiraria, preservando os requisitos de qualida-
de de acordo com normas, padrões e especificações vigentes.
Discutiremos sobre as estruturas e funcionamento do ambiente de trabalho. Veremos as
relações de trabalho, convivência profissional, comportamento de trabalho em equipe e im-
portância do controle emocional.
Depois aprofundaremos o assunto de traçagem de caldeiraria ao vermos os principais ins-
trumentos, ferramentas e acessórios que são usados nas atividades de traçagem. Conhece-
remos os tipos, as aplicações, os cuidados no seu manuseio e quais materiais compõem sua
fabricação. Vamos estudar os cuidados que se deve ter na traçagem, a ordem de serviço e
acabamentos superficiais.
Aprenderemos sobre planificação de peças utilizando o método tradicional do uso do com-
passo, esquadro, régua e transferidor de grau. Falaremos sobre os cálculos para encontrar as
dimensões das chapas que vão ser dobradas.
Com o assunto planificação de peças você terá a oportunidade de conhecer sobre os prin-
cipais tipos de traçados de caldeiraria: peças cônicas, variantes do quadrado para redondo e
retângulo para redondo, as curvas em gomo e bifurcações, além de aprender a fazer as divisões
de circunferências em partes iguais.
A otimização do traçado, aspecto de segurança, meio ambiente e, por fim, os equipamentos
de movimentação de carga.
Analisaremos sobre qualidade na traçagem, o controle dimensional e as principais normas
e documento de registro na área de traçagem de peças de caldeiraria.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
14
Esta unidade curricular servirá para despertar suas capacidades técnicas, metodológicas e organiza-
tivas, queremos que você no final consiga obter os conhecimentos necessários para ser um profissional
qualificado para o mercado de trabalho.
Os estudos desta unidade curricular lhe permitirão desenvolver:
CAPACIDADES TÉCNICAS
a) Analisar, com base nas especificações do projeto, o melhor aproveitamento da chapa, tubo ou
perfil, tendo em vista o atendimento dos princípios da economicidade;
b) Identificar, na ordem de serviço, a descrição das peças a serem traçadas (modelo, referências/
código);
c) Identificar, na ordem de serviço, as determinações quanto aos prazos, normas e procedimentos
a serem atendidos na operação;
d) Identificar, na ordem de serviço, ferramentas, instrumentos e dispositivos de fixação a serem uti-
lizados na traçagem de chapas, tubos e perfis;
e) Identificar, no projeto, a especificação técnica do material indicado para a construção do compo-
nente de caldeiraria;
f) Correlacionar o dimensional e as características de acabamento da peça traçada com as especifi-
cações do projeto, tendo em vista a avaliação qualitativa do processo de traçagem executado e,
se necessário, a realização de ajustes;
g) Interpretar os procedimentos de segurança aplicáveis à traçagem de peças de caldeiraria;
h) Reconhecer as características operacionais e finalidades de cada tipo de ferramenta empregada
na traçagem de componentes e peças de caldeiraria;
i) Reconhecer os diferentes acessórios/dispositivos auxiliares utilizados na traçagem de peças de
caldeiraria, suas características, finalidades, formas de uso e funcionamento;
j) Reconhecer os diferentes elementos de fixação utilizados na traçagem de peças de caldeiraria;
k) Reconhecer tipos, características e formas de uso das ferramentas, instrumentos e máquinas uti-
lizadas para a aplicação das codificações definidas pela empresa nas peças;
1 INTRODUÇÃO
15
Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação e isso inclui ações proativas, como:
a) Consultar seu professor-tutor sempre que tiver dúvida;
b) Não deixar as dúvidas para depois;
c) Estabelecer um cronograma de estudo que você cumpra realmente;
d) Reservar um intervalo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.
Bons estudos!
Estrutura e funcionamento
do ambiente de trabalho
A figura anterior ilustra a ideia das relações que se constroem e são vitais para a saúde dos ambientes
organizacionais, pois para que uma organização se desenvolva, ela depende do envolvimento de todos
os colaboradores em todos os níveis, cada um exercendo seu papel para alcançar os resultados esperados
pela organização.
A administração é a ciência responsável pelos princípios que regem um sistema organizacional. Nesse
sentido, o termo organização significa tanto o ato de organizar quanto pode ser usado no sentido de ins-
tituição, empresa. Sendo assim, uma organização pode ser uma empresa, um clube, uma associação, um
órgão público, um partido político, uma igreja, entre outras instituições da sociedade que tenham como
produto a combinação de esforços individuais visando a realização de propósitos coletivos.
Um dos principais teóricos da administração, Jules Henri Fayol, que foi um engenheiro de minas fran-
cês, define o ato de administrar ou organizar a partir de 5 ações: prever, organizar, comandar, coordenar e
controlar. Esses elementos são descritos da seguinte forma:
a) Prever: visualizar o futuro e traçar o programa de ação;
b) Organizar: construir o organismo social e material da empresa;
c) Comandar: dirigir e orientar o pessoal;
d) Coordenar: ligar, unir e harmonizar todos os atos e esforços coletivos;
e) Controlar: certificar-se de que tudo aconteça de acordo com o planejado.
A partir dos estudos da administração enquanto ciência, é possível verificarmos como as instituições
são organizadas de acordo com suas necessidades. Cada empresa atua, juntamente com a força de traba-
lho dos seus colaboradores e o planejamento da equipe de gestão, em prol de um objetivo e para que ele
seja atingido com plenitude. Esses 5 elementos, trazidos por Fayol, com o passar do tempo foram comple-
mentados por outros estudiosos, que perceberam as mudanças vivenciadas pelas instituições.
Hoje, a ideia de organização perpassa por modelos formais e informais que levam em conta o perfil
social dos membros que fazem parte da organização, o perfil de cliente que deseja atender e até mesmo as
características sociais do local onde a instituição está instalada.
Para colocar em prática seus objetivos, as organizações contam com estruturas menores responsáveis
pelo cumprimento dos seus objetivos dentro da própria instituição. Essas estruturas são chamadas de es-
truturas hierárquicas, conforme veremos a seguir.
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
19
A palavra hierarquia quer dizer, em seu sentido denotativo1, uma organização que se constrói a partir de
uma ordem de prioridade estabelecida através de uma relação de subordinação. São como blocos dentro
de uma estrutura maior, sendo que cada bloco é responsável por uma atividade sob o comando de pessoa
responsável pelo cumprimento das ações. Cada líder de cada bloco está interligado a um líder maior, res-
ponsável pela administração geral.
Esta estrutura varia muito conforme o tipo de organização. Em algumas empresas, a estrutura hierárqui-
ca é mais complexa e com muitos blocos; já em outras, esta estrutura pode ser mais simples. Veja a seguir
um modelo simplificado de estrutura hierárquica:
Além dos modelos mais conhecidos baseados em uma hierarquia de cima para baixo, existem, na mo-
derna gestão de pessoas, modelos em que há maior interação entre os blocos e a gestão é considerada
mais participativa. Nesses modelos, as lideranças estão organizadas de forma mais horizontal e não tão
verticalizada como mostrou a figura anterior. Cada empresa escolhe uma forma de estrutura baseada nas
suas necessidades e também da cultura geralmente ditada pela alta gestão, que é formada pelas lideran-
ças da instituição. São tipos de estrutura:
a) Linear: é uma estrutura mais simples e antiga, parecida com a formação de antigos exércitos;
possui formato de pirâmide;
DIRETOR
GERÊNCIA A GERÊNCIA B
EXECUÇÃO A EXECUÇÃO B
DIRETOR
GERÊNCIA A GERÊNCIA B
EXECUÇÃO A EXECUÇÃO B
DIRETOR
STAFF GERÊNCIA B
ASSESSORIA EXECUÇÃO B
d) Mista: é mais frequente, em que cada departamento da empresa utiliza a estrutura que mais se
adéque à sua necessidade;
DIRETORIA
PROJETO B
PROJETO C
e) Matricial: estrutura mais desenvolvida com duas dimensões: gerência de funções e gerências de
projetos ou processos;
DIRETOR
Gerência do
Produção A Vendas A Finanças A RH A
Produto A
Gerência do
Produção B Vendas B Finanças B RH B
Produto B
Gerência do
Produção C Vendas C Finanças C RH C
Produto C
f) Baseada em equipes: neste modelo são formadas equipes, onde se torna desnecessário um con-
trole rígido sobre cada funcionário. As equipes não se sobrepõem umas às outras. Esse modelo é
também conhecido como estrutura celular.
Qualidade Marketing
Recursos
Presidência Finanças
Humanos
Operações e
Engenharia
Logística
Cada estrutura tem suas vantagens e desvantagens, cabendo aos administradores ou aos sócios da
organização definirem que estrutura melhor se adapta à sua realidade.
Uma das funções da estrutura hierárquica é facilitar o controle das atividades desenvolvidas na empre-
sa. Com uma estrutura bem organizada, em que todos os envolvidos sabem exatamente qual seu papel
na organização, fica mais fácil reconhecer possíveis falhas, sugerir melhorias e até mesmo estimular as
atividades que estão se desenvolvendo melhor. Veja a seguir.
Para que uma organização possa saber se está cumprindo com os objetivos esperados, é necessário ter
controle do que está sendo feito dia a dia para que possa tomar as devidas providências para sanar um
problema de atraso numa entrega de produto ou serviço, por exemplo.
Numa instituição com muitos ou poucos colaboradores, se o controle de atividades é feito de forma
eficaz pelas lideranças, esse controle é capaz de prever possíveis falhas no processo ou problemas que
podem ser solucionados antes de trazer maior impacto negativo.
O processo de controle de uma atividade, de forma geral, pode ser dividido em 6 etapas. São elas:
a) Estabelecimento de objetivos e metas: o que se pretende alcançar;
b) Definição de padrões de desempenho: estabelecer um padrão do que é correto;
c) Avaliação do desempenho atual: obter informações de como o trabalho está sendo executado;
d) Comparação: comprar o desempenho atual com os padrões estabelecidos;
e) Identificação de erros: verificar erros, problemas e desvios na atividade;
f) Ação corretiva: estabelecer ações e decisões para corrigir o processo que apresente problemas.
Além do controle pela empresa, os próprios colaboradores podem estabelecer critérios de organização
e controle de suas atividades, a fim de manter um padrão de qualidade do seu desempenho. Exercer um
trabalho de forma organizada, além de poupar retrabalhos ocasionados para possíveis correções, transmi-
te uma imagem positiva do colaborador junto à instituição.
SAIBA Muitos aplicativos vêm sendo desenvolvidos para facilitar o controle de atividades, seja
de ordem pessoal ou profissional. Veja dicas sobre eles acessando o Portal da Revista
MAIS Exame usando o tópico: 10 apps para organizar sua vida.
Além do controle efetivo das atividades desenvolvidas por setor ou colaborador, as organizações preci-
sam estabelecer funções administrativas para gerenciar os negócios de forma eficiente e eficaz, otimizan-
do tempo e recursos e alcançando com sucesso seus objetivos. Essas funções, quando unificadas, formam
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
24
o que chamamos de processo administrativo, composto pelas etapas de Planejamento, Organização, Dire-
ção e Controle. Veremos sobre elas a seguir.
Ao considerarmos uma organização como um todo integrado, com estruturas administrativas compos-
tas de vários elementos, cada um exercendo sua função para o sucesso da instituição, devemos levar em
conta que para tudo correr bem, 4 funções maiores são colocadas em prática. São elas: o planejamento,
a organização, a direção e o controle. Elas são chamadas de funções administrativas e formam a base de
gestão de toda administração e compõem o chamado ciclo administrativo em que cada função está in-
terligada e interage entre si. Veja a seguir o modelo de processo administrativo proposto pelo teórico da
administração, Idalberto Chiavenato (2012):
Planejamento
Controle Organização
Direção
De acordo com o modelo proposto na figura anterior, as etapas do processo administrativo têm igual
importância e devem estar conectadas de forma interdependente. Dessa maneira, é possível compreender
que na administração de uma organização, é preciso que cada etapa do processo aconteça a partir de uma
interação dinâmica e intimamente relacionada para cumprir com os objetivos da organização.
Vamos entender a seguir como se dá cada etapa desse processo.
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
25
2.2.1 PLANEJAMENTO
A figura a seguir ilustra, de forma bem didática2, cada passo para que o planejamento seja elaborado de
forma satisfatória:
Quais as premissas
O que temos pela frente?
em relação ao futuro?
Quais as alternativas
Quais os caminhos possíveis?
de ação?
Qual a melhor
Qual o melhor caminho?
alternativa?
Implemente o plano
escolhido e avalie os Como iremos percorrê-lo?
resultados
Para elaborar o planejamento, é fundamental conhecer o contexto em que a empresa está inserida,
qual sua missão e seus objetivos básicos:
a) Institucional: planejamento do tipo estratégico, de longo prazo que envolve toda a organização;
b) Intermediário: planejamento do tipo tático, de médio prazo que envolve cada unidade ou setor
organizacional separadamente;
c) Operacional: planejamento do tipo operacional, de curto prazo que aborda cada operação de
maneira separada.
O planejamento pode ser pautado em três níveis, como visto anteriormente, sendo que cada nível en-
globa um tipo de planejamento.
2.2.2 organização
A palavra organização, como já explicitado, pode ser usada no estudo da administração com dois sen-
tidos: como sinônimo de uma instituição ou como função administrativa ou ato de organizar. Neste tópico
abordaremos a palavra organização como elemento que compõe o processo administrativo e deve fazer
parte do ciclo de administração de toda instituição.
Nesse sentido, de acordo com Chiavenato (2012, p. 356), “organizar significa estruturar e integrar recur-
sos e órgãos e estabelecer relações entre eles e suas atribuições”.
É na organização que se definem os níveis estruturais e sua hierarquia. A organização também é respon-
sável pela divisão de trabalho, cadeia de comando3, atribuições, entre outros elementos que compõem a
administração.
Para fazer cumprir a organização, a administração deve lançar mão de outro elemento do processo
administrativo: a direção. Vejamos.
2.2.3 DIREÇÃO
A direção é a terceira função administrativa e diz respeito ao ato de interpretar as diretrizes da institui-
ção e direcionar todos as pessoas para o cumprimento das metas estabelecidas no planejamento.
Faz parte do processo de direção: a boa comunicação com os colaboradores, além da liderança e da
motivação que são elementos fundamentais para que os envolvidos compreendam seus papéis na organi-
zação e trabalhem para o resultado individual e coletivo.
3 Cadeia de comando: linha contínua de autoridade que liga todas as pessoas de uma organização e mostra quem é subordinado
a quem.
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
27
FIQUE Numa empresa, tempo é dinheiro! Por isso, quando se trata de negócios, a má ou
morosa4 interpretação de planos pode provocar elevados custos, causando prejuízos
ALERTA à instituição. (Fonte: CHIAVENATO, 2012).
A moderna gestão de pessoas enfatiza hoje que as pessoas são o principal recurso de uma empresa
e são elas que fazem a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma instituição. Por isso, as empresas
buscam estratégias de direção muito mais focadas nas pessoas do que nos processos. Investimento em ca-
pacitação, foco nas habilidades e conhecimentos, confiança e comprometimento pessoal são habilidades
buscadas cada vez mais nos colaboradores a partir das ações de direção.
Fechando o ciclo, o último elemento do processo administrativo é o controle, o qual veremos a seguir.
2.2.4 controle
Quando falamos em controle, pode nos vir à mente a ideia de freio, manipulação ou autoridade. Toda-
via, no que diz respeito ao ciclo administrativo, o controle pode ser descrito sob três aspectos:
a) Controle como função restritiva: usado para coibir ou restringir atos indesejáveis;
b) Controle como um sistema de regulação: utilizado para manter automaticamente um fluxo de
funcionamento de um processo;
c) Controle como função administrativa: parte do processo administrativo.
No dia a dia de uma empresa podemos nos deparar com o controle sendo aplicado das três maneiras
explicitadas anteriormente, todavia, nosso foco aqui é compreender o controle como forma de atingir os
resultados estabelecidos no planejamento da instituição de forma a assegurar que os resultados sejam
alcançados com sucesso.
Os setores de auditoria e controle de qualidade vêm ganhando cada vez mais espaços nas organiza-
ções, pois podem contribuir efetivamente para que as metas estabelecidas na instituição sejam cumpridas.
Mesmo esta sendo uma atribuição da administração, cada colaborador, no desenvolvimento de suas fun-
ções, pode contribuir para o controle da instituição executando suas tarefas de forma organizada, cumpri-
dos prazos e fazendo suas entregas com qualidade.
Um outro tipo de controle, mais ligado ao relacionamento interpessoal do colaborador, mas que muito
diz respeito ao sucesso no ambiente de trabalho, é o controle emocional. A maioria das pessoas que cum-
pre uma jornada de trabalho regular, baseada em 40 h de trabalho, o caso mais comum no Brasil, passa
mais tempo no ambiente de trabalho do que em sua casa com os familiares. Isso faz com que muitas em-
presas, que já têm a visão de que seu principal recurso está nos colaboradores, promovam um ambiente de
trabalho cada vez mais focado na qualidade, tanto física quanto emocional do colaborador.
4 Morosa: lenta.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
28
CASOS E RELATOS
Além da empresa, é papel também do colaborador contribuir com sua saúde emocional e de seus cole-
gas, desenvolvendo ações efetivas e pessoais como a cooperação, a interação e a colaboração. Uma forma
eficaz de trabalhar essas características é através do trabalho em equipe, conforme veremos a seguir.
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
29
Além do trabalho em equipe, outro fator de impacto na qualidade das instituições são as relações de
trabalho construídas a partir dos estilos de liderança de cada organização.
Vejamos no tópico a seguir.
Para que a liderança aconteça de forma efetiva, são necessários os seguintes comportamentos:
a) Comunicar-se de forma aberta e franca;
b) Envolver os colaboradores;
c) Desenvolver pessoal e profissionalmente os colaboradores;
d) Demonstrar reconhecimento;
e) Ser ético e imparcial;
f) Promover o bem-estar no ambiente de trabalho.
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
31
Existem vários estilos de liderança, baseados na forma como decidem ou se comportam frente a seus
liderados. Dentre os estilos de líder, podemos listar os principais conforme quadro a seguir:
O grupo de funcionários
A participação do líder no
debate entre si as melhores
debate é pequena,
O líder decide o que deverá soluções para os problemas, o
esclarecendo que poderia
ser feito em todas as esferas. que deverá ser feito,
fornecer informações desde
solicitando a opinião do líder
que solicitado.
quando necessário.
É importante conhecer o estilo de liderança sob o qual você está subordinado, sobretudo para saber
como melhor se reportar e estabelecer uma relação de confiança e harmonia no ambiente de trabalho.
Caso seja você a exercer a liderança, fique atento aos estilos de líder que melhor se adequam à sua equipe
e procure desenvolver sua liderança de forma ética e humanizada, mas sem deixar de observar os objetivos
e metas da sua instituição. Um bom líder é aquele que conduz a sua equipe a atingir os objetivos de forma
espontânea e com qualidade. Acima de tudo, a relação entre líder e liderada pode e deve ser uma relação
de parceria, pois o sucesso de um é o sucesso de ambos.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
32
RECAPITULANDO
Neste capítulo você irá conhecer as principais finalidades de cada ferramenta, instrumen-
tos, máquinas de caldeiraria e materiais de consumo utilizados no processo de traçagem de
caldeiraria, além do desenho, desenvolvimento e planificação de várias peças de caldeiraria.
Em relação às ferramentas, vamos conhecer os tipos, as aplicações, os tipos de materiais de
construção que são fabricados e os cuidados no manuseio.
Já referente às máquinas, iremos ver os tipos mais usados, para que servem, como se opera,
os seus acessórios e suas aplicações. Vamos observar também que algumas destas máquinas
estão presentes em quase todas os processos operacionais de fabricação de peças de caldeira-
ria, principalmente quando se trata de elementos de formato cilíndrico e quadrado.
Vale ressaltar que essas máquinas têm grande importância, pois são utilizadas nos segmen-
tos da indústria química, petroquímica, siderurgia, metalurgia, petróleo e gás, etc.
Todo profissional que atua nesta área precisa ter bastante conhecimento sobre estes ativos
para ter um bom desempenho profissional.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
36
Vamos conhecer agora um pouco sobre as ferramentas e acessórios utilizados na traçagem de peças de
caldeiraria.
a) Compasso: uma das ferramentas essenciais no desenvolvimento do traçado é o compasso, pois
ele é o responsável em traçar as circunferências, os arcos e transferir medidas;
Porca de regulagem
abertura e fechamento
b) Punção de bico: é uma ferramenta que serve para marcar pontos sobre uma linha traçada, de
modo a deixá-la mais visível. Como os pontos não se apagam, as marcações ficam visíveis mesmo
que as linhas se apaguem, algo que não acontece se o traçado apresentar só o risco.
Existem dois tipos de punção de bico: punção de marcar, que possui o ângulo do bico de 30º a 60°; e a
punção de centrar, que possui o ângulo de 90° a 120°;
c) Réguas de traçagem: são utilizadas para traçar as linhas, sejam elas retas ou perpendiculares;
d) Esquadros de aço flexível: são usados nos serviços que precisa traçar uma perpendicular e/ou
verificar a perpendicularidade da peça.
FIQUE O esquadro é um instrumento para traçar e verificar ângulo. Não deve ser usado
ALERTA como chave de fenda, talhadeira, riscador, martelo ou espátula.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
38
e) Grampos tipo C: é uma ferramenta usada para trabalhos que necessitem a fixação rápida de
peças nas mais variadas aplicações. Estas fixações podem ser de peças na bancada ou em uma
estrutura metálica. Além disso, o uso dos grampos deve obedecer à capacidade de abertura dos
mesmos;
f) Bigorna: é um bloco de aço, ferro fundido ou ferro forjado, de corpo central em forma de
paralelepípedo e extremidades afilando-se em cone ou pirâmide, que se apoia sobre um cepo
(estrutura de madeira), sobre o qual se forjam ou malham diferentes tipos de metais, a quente ou
a frio.
Figura 17 - Bigorna
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
Encerrar este tópico sobre as ferramentas foi mais um passo muito importante para atuar nas atividades
que exigem este conhecimento sobre ferramentas e acessórios com competência e habilidade exigida
para o profissional.
3 Traçado de caldeiraria
39
As máquinas de caldeiraria são utilizadas nas oficinas para fabricação das peças, nos processos de corte
e conformação.
A escolha das máquinas para realizar o processo de corte e/ou conformação será definido conforme
a espessura, o tipo de material da chapa, tubo e perfis e a disponibilidade dos equipamentos na oficina,
sendo que o processo de corte poderá ser a frio ou a quente.
Então o profissional envolvido na escolha da máquina precisa ter domínio sobre materiais de constru-
ção mecânica e metrologia dimensional.
Veremos a seguir como ocorre o processo de corte a frio e a quente.
Podemos considerar como processo de corte a frio aquele realizado nas tesouras manuais, nas tesouras
de bancada e nas guilhotinas.
a) Tesoura de bancada: utilizada no processo de corte, fixadas em bancadas, quando há necessida-
de de aplicar um esforço maior devido à espessura da chapa ou ao tipo do material. É composta
de duas lâminas, uma fixa e outro móvel, e são fabricadas em ferro fundido nodular com lâminas
de aços especiais temperadas.
A sua capacidade de corte de chapa irá depender do tamanho da máquina e do tipo do material. Nor-
malmente, a tesoura de bancada pode cortar chapas de 1 a 3 mm de espessura.
b) Guilhotina: máquina usada para cortar chapas de metais, como alumínio, aço, latão, bronze,
cobre, entre outros. A lâmina de corte da guilhotina tem bordas quadradas para dar maior resis-
tência e durabilidade, além disso, há diferentes tipos de guilhotina para o corte de chapa, que
vão desde pequenas unidades portáteis até grandes dimensões. E ainda, para chapas metálicas, a
guilhotina pode ter o seu mecanismo de funcionamento pneumático ou elétrico.
Nos cortes na guilhotina, não há necessidade de traçar a peça, porque o equipamento possui uma ré-
gua graduada para delimitar o tamanho que a chapa vai ser cortada.
O processo de corte a quente é realizado através de um conjunto oxicorte, conjunto plasma, máquina
policorte e/ou esmerilhadora elétrica e, normalmente, é realizado em chapas de média e grande espessura.
Vejamos a seguir como ocorre cada processo de corte a quente:
a) Processo de corte por conjunto de oxicorte: é o processo de separação de metais onde é utili-
zado o calor e uma violenta reação de oxidação com oxigênio puro. O conjunto oxicorte consiste
no controle dos gases oxigênio e acetileno (através dos reguladores de pressão) e os de mistura
(maçaricos e bicos de corte).
3 Traçado de caldeiraria
41
Figura 20 - Oxicorte
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
Este processo é amplamente aplicado a todos os aços ferrosos e pode ser feito manualmente ou meca-
nizado por máquinas portáteis ou de grande porte. É possível efetuar corte em aços de baixa, média e alta
liga com espessuras de 3 mm a 180 mm.
b) Processo de corte a plasma: é um processo que utiliza um gás em alta temperatura, eletrica-
mente condutor, para cortar qualquer material que possa conduzir eletricidade. Ele é adequado
para materiais ferrosos e não ferrosos. Em geral, ele corta materiais de espessuras de até 50 mm,
a depender do porte da máquina.
c) Processo de corte por esmerilhadeira: utiliza uma máquina rotativa (esmerilhadeira) que pode
cortar (utilizando o disco de corte) ou desbastar (utilizando o disco de desbaste) aço. Esses discos
são fabricados com grãos abrasivos e aglomerantes.
Figura 22 - Esmerilhadeira
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
Para serviços de desbastes com esmerilhadeira, é importante observar se a máquina está posicionada
em um ângulo de trabalho de 30°, e para a realização do corte, também verificar se a mesma está a 90° em
relação à peça ser cortada, visto que os discos foram projetados para trabalhar neste ângulo. Além disso, é
importante ter alguns cuidados, como:
-- Não utilizar discos que estejam molhados com óleo, graxa ou exposto a sol e chuva;
-- Proteger com tapume ou cabana o local quando estiver esmerilhando ou cortando material;
d) Calandras: máquinas utilizadas para curvar chapas, perfis e tubos. São constituídas por um
conjunto de rolos ou cilindros com movimentos giratórios e pressão regulável e podem ser de
dois tipos: de quatro rolos e três rolos.
Quanto aos rolos, estes podem ser fixos ou móveis. Entretanto, o diâmetro mínimo que pode ser calan-
drado varia de 1,3 a 1,5 vezes o diâmetro do cilindro superior.
Vale destacar que as calandras mais utilizadas na área de produção são as de 3 rolos, que podem estar
dispostos em forma de pirâmide ou com dois rolos paralelos e o terceiro em posição oblíqua.
-- Rolos em formato de pirâmide: a calandra com esses rolos em pirâmide apresenta dois rolos
fixos situados no mesmo plano horizontal e um terceiro rolo superior é móvel, responsável
pelo curvamento.
-- Rolos em formação oblíqua: apresenta dois rolos de arraste no mesmo plano vertical. Um de-
les é fixo e o outro móvel e giram em sentidos opostos.
Conhecemos aqui as principais máquinas utilizadas no processo de corte, de materiais metálicos para
conformação de peças de caldeiraria. Veremos adiante os materiais de consumo utilizados na indústria.
FIQUE É importante, para a segurança do técnico, sempre checar se a máquina está desliga-
ALERTA da todas as vezes que for necessário aumentar a pressão do cilindro.
Agora, veremos o assunto materiais de consumo. Lembramos que, para ampliarmos nossos conheci-
mentos, é muito importante estudar literatura técnica.
As informações que adquirimos até aqui dará o suporte para continuidade dos estudos sobre os mate-
riais de consumo, visando a utilização dos processos de fabricação de peças em caldeiraria.
Os materiais de consumo são os elementos que cortam, desbastam, retiram rebarbas e fazem a limpeza,
conforme suas especificidades, juntamente com a máquina adequada. Os discos de corte e desbaste, as
pontas montadas e escovas rotativas são exemplos de materiais de consumo.
a) Disco de desbaste: são utilizados com a finalidade de fazer chanfros em tubos e chapas, limpeza
de superfície antes da solda, remoção de imperfeições em peças fundidas, retirar rebarbas de pe-
ças fundidas, além de preparação superficial para pintura ou revestimento. A posição correta de
trabalho deste disco deve ser no ângulo de 35° a 40°.
b) Disco de corte: os discos abrasivos de corte são utilizados com a finalidade de realizar cortes em
materiais metálicos, onde a posição correta de trabalho para realizar o corte é o ângulo 90°, tanto
na horizontal quanto na vertical.
Disco de corte
Para retirada dos disco de desbaste e de corte da esmerilhadeira, utilizamos uma chave radial, conforme
ilustra a imagem seguinte.
É importante atentar para não misturar os discos que trabalham com material de aço-carbono, com os
discos que trabalham com material de aço inox.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
46
c) Ponta montada: é um acessório utilizado nas retíficas para acabamentos em biséis em tubos ou
outros elementos cilíndricos. Tem diversas formas geométricas, como ilustra a figura seguinte.
d) Escova rotativa: usada na limpeza visual da superfície metálica que apresenta oxidação. Após o
processo de soldagem, é utilizada para fazer a limpeza visual para realização de ensaio não des-
trutivo.
Agora que conhecemos vários tipos de material de consumo utilizados nos processos de traçagem e
confecção de peças de caldeiraria, vamos aprender sobre o que é traçagem, como desenhamos, desenvol-
vemos e planificamos vários tipos de peças de caldeiraria.
3 Traçado de caldeiraria
47
3.3 TRAÇAGEM
Dá-se o nome de traçagem ao conjunto de tarefas destinadas à criação de elementos básicos de cal-
deiraria, peças para tubulação que podem ser feitas em chapas, perfis e tubos, e equipamentos estáticos,
como tampos e cascos para vaso de pressão.
Para a realização do processo de traçagem de qualquer tipo peça, seja na chapa, no tubo ou em perfis,
o ponto de partida para a realização desta tarefa sempre parte de um desenho.
Nesse sentido, podemos dizer que em todo segmento industrial, seja químico, petroquímico, petróleo
e gás, metalurgia, siderurgia, agroindústria, usina de açúcar e álcool, naval, etc., há sempre o processo de
traçagem, corte e conformação de tubo, perfis e chapas, para a fabricação de peças, desde um simples dis-
co de chapa para tamponar um orifício, a outras peças mais complexas para equipamentos como reatores,
torres de fracionamento, trocadores de calor, caldeiras, fornos, etc.
Contudo, alguns cuidados precisam ser tomados na traçagem. E é sobre isso que trataremos a seguir.
Antes de iniciar a traçagem, é importante observar qual é a solicitação do projeto, quanto às formas
geométricas, às tolerâncias, aos tipos de materiais, entre outras informações das peças a serem traçadas. A
este processo damos o nome de Minuta do Traçado.
São dados necessários que o profissional precisa obter, pois vai ter acesso a documentos que trazem no
seu bojo essas informações.
Ordem de serviço é o documento que descreve o que será realizado em uma determinada tarefa. Nela
pode constar desde os dados do cliente, a data que foi emitida, o local onde que foi feita ou será feita a
intervenção, os detalhes do que será feito, podendo contar também os recursos que serão utilizados nesta
tarefa.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
48
EQUIPAMENTO
/ PEÇA
ALOCAÇÃO DE RECURSOS
Executado por
Data / / 2018
O desenho técnico e a ordem de serviço são indispensáveis no processo de traçagem, mas as informa-
ções nelas encontradas só ajudarão se soubermos ler e interpretar o desenho, conhecermos as unidades
de medida e os elementos nelas descriminados.
Você sabe o que é pré-tratamento de superfície? Então vamos saber a partir deste momento.
O pré-tratamento é quando fazemos a limpeza de uma peça antes de levar para a metalização ou pin-
tura. O objetivo da limpeza em uma superfície metálica é preparar para o acabamento, que pode ser uma
metalização ou pintura, assunto este que falaremos agora.
A retirada e remoção das impurezas das peças é feita para promover aderência adequada do revesti-
mento. Nas superfícies das peças metálicas, os tipos mais comuns de impureza encontradas são a oleosa,
proveniente do processo de laminação das chapas; as impurezas semissólidas, que é a mais difícil de remo-
ver e as que causam sérios problemas de aderência quando do acabamento.
A remoção destas impurezas se dá através de procedimento químico e mecânico.
No procedimento químico são utilizados detergentes químicos que visam a remoção de filmes e sujei-
ras aderidas na superfície. Os procedimentos mais comuns usados é a decapagem química por imersão e
o desengraxamento através da utilização de solventes.
Figura 32 - Decapagem
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
Para cada tipo de material há uma forma diferente de remoção das impurezas, por exemplo, aplicação
dos solventes para remoção das impurezas. Essa aplicação se dá através de imersão das peças no solvente,
jateamento das peças com o solvente pelo vapor de solvente ou pela combinação de vapor e imersão do
solvente.
Já nos tratamentos mecânicos de superfície metálica, os procedimentos podem ser feitos através de
lixamento, jateamento, hidrojateamento, vibração e tambonamento.
No caso de traçado de peças, vamos falar a seguir sobre os três primeiros procedimentos que são os
mais comuns e utilizados na área de caldeiraria.
a) Lixamento: este tratamento de superfície envolve uso de ferramentas manuais como escova de
aço, espátula flexível e acessórios como folha de lixa e máquina, como lixadeira elétrica ou pneu-
mática.
Figura 33 - Lixamento
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
3 Traçado de caldeiraria
51
O lixamento manual é feito para correção de um defeito superficial, através do uso de lixas de granula-
ções adequadas. Este método não é adequado para remoção de óxido que esteja aderido à superfície em
local de difícil acesso para lixamento.
Já o lixamento através de uma lixadeira elétrica ou pneumática é utilizado quando o defeito da superfí-
cie é maior e mais profundo. Possui uma boa eficiência e é menos trabalhoso do que o lixamento manual.
No tratamento da superfície com as lixas devemos começar com as lixas de granulações mais grossas e
depois iremos reduzindo para lixas de granulações mais finas. Essa sequência é para retirar os riscos deixa-
dos pelas lixas de granulações mais grossas.
b) Jateamento: esta é outra forma de limpeza da superfície. Este procedimento é com uso de abra-
sivo e os principais usados no jateamento são: a escória de fundição, a granalha de aço e a bauxita
sinterizada.
Figura 34 - Jateamento
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
c) Hidrojateamento: nos anos 90 surgiu mais este método de limpeza de superfície, que utiliza a
água com alta pressão para a remoção das impurezas da superfície, através de equipamento hi-
dráulico móvel, com bomba de alta pressão, acionada por motor elétrico ou diesel.
Figura 35 - Hidrojateamento
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
52
Este método em relação aos demais tem a vantagem de não gerar pó ou faíscas, não gerar impacto
ambiental, não alterar a rugosidade superficial da peça. Porém, em muitas das vezes, isso pode ser consi-
derado como uma desvantagem, porque o aumento da rugosidade superficial proporciona um aumento
do contato entre o metal e a tinta aplicada, contribuindo para o aumento da aderência. Este procedimento
de limpeza, portanto, é mais adequado para superfícies já pintadas anteriormente, onde já existe o perfil
de rugosidade.
Ainda falando sobre acabamentos, podemos dizer que o principal meio de proteção e acabamento de
superfície é realizado através da metalização e pintura. Os materiais de caldeiraria que passam pelo proces-
so de metalização são os perfis metálicos, chapas planas e tubos.
SAIBA Para saber mais sobre o manuseio e operação de máquinas, consulte a Norma Regula-
MAIS mentadora nº 12 (NR 12), sobre Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos.
No caso específico do traçador de caldeiraria, os materiais utilizados para fabricar as peças passaram ou
passarão pelo processo de galvanização, também conhecido por zincagem, para proteger a sua superfície.
Figura 36 - Galvanização
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
Neste processo de recobrimento metálico por galvanização, o banho de zinco adere ao aço, fazendo
uma camada que protege a peça da corrosão.
3 Traçado de caldeiraria
53
CASOS E RELATOS
Outro processo de acabamento muito utilizado é a pintura, que consiste em uma técnica de proteção
anticorrosiva, no qual se utiliza diferentes tipos de tintas:
a) Tintas à base de solvente, verniz e água: a pintura pode ser realizada por meio de pincel ou
rolo manualmente e utilizando equipamento quando se usa a pistola, com ar comprimido;
b) Através de rolo e pincel: a pintura com pincel ou rolo é uma atividade manual onde o pintor
deposita a tinta com pinceladas longas ou curtas, suaves e uniformes, iniciando da esquerda para
a direita ou vice versa, no sentido de comprimento. A tinta contida no pincel ou rolo deve ser a
quantidade suficiente para cobrir a superfície da pintura;
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
54
c) Através de pistola com compressor de ar: neste processo a tinta é atomizada7 dentro da pisto-
la. O pintor aperta o gatilho, a tinta passa por um orifício formando um leque de tinta, e é direcio-
nada para a superfície a ser pintada.
É um tipo de aplicação de tinta de um bom acabamento liso, homogêneo e um aspecto visual superior
à pintura com rolo e pincel. Também e indicada para pintura de áreas de grande dimensão e geometria
muito complexa.
A secagem da tinta pode ser ao ar livre (o tempo de secagem varia conforme as condições de atmosfé-
rica); ou por meio artificial, através de secadores em estufa.
RECAPITULANDO
Até agora você teve a oportunidade de se apropriar dos conhecimentos sobre ferramentas utilizadas
no processo de traçagem de caldeiraria, os seus tipos e sua utilização.
Conheceram os instrumentos mais utilizados e suas aplicações, as máquinas de caldeiraria e seus
acessórios, os materiais de consumo mais utilizados nas atividades na marcação, de corte e desbaste
dos materiais. Além disso, aprendeu sobre o conceito de traçagem, os cuidados que são necessários
durante o processo de traçagem. Vimos também os itens que podem compor uma ordem de serviço
e a que são direcionados. Aprendemos também sobre recobrimento de materiais metálicos e aca-
bamento superficial de peças através da pintura, que é procedimento de proteção das peças contra
a corrosão.
Vimos sobre a importância do tratamento e acabamento de superfície para a conservação das peças
metálicas de caldeiraria, que em muitas das vezes fica exposto em um ambiente sem cobertura e
passível de corrosão. No próximo capítulo aprenderemos acerca das técnicas de desenvolver e plani-
ficar peças metálicas ou não metálicas de caldeiraria e tubulação.
Técnicas de traçagem
Neste capítulo você irá estudar sobre os traçados de caldeiraria. As peças fabricadas através
do traçado de caldeiraria ainda ocupam grande espaço no mercado. Apesar das conexões de
aço forjado estarem disponíveis comercialmente, elas não são encontradas em todas as di-
mensões.
No traçado podemos obter peças de dimensões maiores ou menores do que normalmente
são oferecidas comercialmente. Como exemplo, podemos citar a possibilidade de fabricarmos
peças com materiais mais leves, com formato, diâmetro, altura, largura e comprimento dife-
renciados dos existentes no mercado, com o objetivo de atender à demanda e à necessidade
dos segmentos da indústria química, petroquímica, siderurgia, metalurgia, petróleo e gás, etc.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
58
Vamos dar mais um importante passo para que você se torne um excelente profissional com conheci-
mentos em Traçados de Caldeiraria. Você aprenderá como se faz para planificar peças utilizando o método
tradicional com o uso do compasso, do esquadro, da régua e do transferidor de grau para fazer os traçados,
mas antes aprenda como fazer as divisões de circunferências em 4 e em 12 partes iguais.
Primeiro trace uma reta. No exemplo será usado 100 mm de comprimento do ponto A ao ponto B, con-
forme a figura a seguir.
A B
Figura 38 - Linha horizontal
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
E agora, como construir a perpendicular8 em relação a esta linha? Vamos lá, siga o passo a passo e não
terá dificuldade na hora da traçagem.
Após traçar a linha horizontal, abra o compasso com uma abertura maior do que a metade do compri-
mento da linha. Por exemplo, já que a metade da linha horizontal é de 50 mm, abra o compasso até 70 mm.
Com a ponta seca do compasso no ponto A, trace dois arcos, um acima e um abaixo da linha. Em seguida,
troque a posição da ponta seca para o ponto B e traçe outros dois arcos, também acima e abaixo da linha,
marcando os pontos C e D. Por fim, pegue o esquadro e faça outra linha passando pelos pontos C e D,
conforme a figura a seguir.
Perpendicular
A B
0
Ponto médio
A partir da linha horizontal e da perpendicular prontas, é só fixar a ponta seca do compasso no ponto
médio da reta, abrir o compasso até a ponta de marcação, tocar o ponto A ou B e girar a ponta de marcação
do compasso em 360°.
90º 90º
A 0
B
90º 90º
D
Figura 40 - Circunferência dividida em 4 partes
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
Pronto, a circunferência está pronta e dividida em quatro partes iguais. Agora você verá como dividir
uma circunferência em 12 partes iguais.
Primeiro, trace a linha horizontal e a perpendicular com o diâmetro da circunferência desejada, confor-
me processo anterior.
Abra o compasso com a metade do diâmetro desejado. Esse tamanho é chamado de raio da circunfe-
rência. Coloque a ponta seca do compasso no centro e dê um giro de 360°. Com a mesma abertura do raio,
coloque a ponta seca no ponto A e marque os pontos E e F.
A B
D
Figura 41 - Marcação dos pontos E e F
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
60
Colocando a ponta seca nos outros pontos (B/C/D), repita o mesmo processo. No final as marcas ficarão
conforme a figura seguinte.
C
E G
J I
A B
L
K
F
H
D
Pronto! A circunferência está dividida em 12 partes iguais. Você precisa ter o domínio desta técnica. Este
conhecimento será utilizado para desenvolver a maioria dos traçados.
Agora, vamos fazer o traçado do cilindro de base inclinada. Com os conhecimentos adquiridos anterior-
mente, será muito fácil executar esta tarefa. Veja as instruções e depois experimente fazendo!
Inicialmente, construa uma circunferência com o diâmetro desejado. No exemplo, a circunferência será
de 40 mm. Depois, divida a metade da circunferência (180°) em 6 partes iguais. É o mesmo processo da
divisão da circunferência em 12 partes, basta apenas marcar os pontos na semicircunferência, conforme
figura a seguir.
A A’
Depois de dividir a metade da circunferência em seis partes, puxe linhas retas horizontais de cada ponto
da divisão e identifique com números de 1 a 7, conforme a figura a seguir:
120 mm
7
6
5 mm
4
2
1
Figura 44 - Linhas horizontais partindo de cada ponto da semicircunferência
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
A altura do cilindro é 120 mm, então essas linhas devem ter uma medida maior, já que existe uma
margem de distância de mais ou menos 30 mm, de onde você deverá começar a medir os 120 mm. Veja
novamente a figura anterior.
Agora vamos partir para mais uma etapa da construção, que é marcar a inclinação do cilindro. Faremos
o passo a passo para 30°. Essa operação serve também para os ângulos de 45° e 60°.
Coloque o esquadro conforme a figura seguinte. O lado C1 deve estar perpendicular às linhas de 1 a 7.
Achando o ângulo de 30°, trace uma linha inclinada partindo da linha 7 até a linha 1.
120 mm
7
6 30º
5 mm
4
C1
3
2
1
C2
Para a planificação do cilindro, faça uma linha horizontal e divida-a em doze partes iguais. Para saber
o comprimento da linha, faça o cálculo: diâmetro do cilindro x 3,1416. Essa medida é o comprimento do
círculo da base inferior do cilindro.
O diâmetro usado no exemplo é 40 mm, portanto: 40 x 3,1416 = 125,6 mm, que pode ser arredondado
para 126 mm.
SAIBA Para saber sobre as regras de arredondamento, pesquise através do site do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a Resolução nº 886, de 26 de outubro de
MAIS 1966 - Normas de Apresentação Tabular.
A linha vertical do centro deverá ser identificada com o número 7. Depois, numere as divisões da es-
querda para o centro de 1 a 6 e da direita para o centro também de 1 a 6. Depois, levante linhas verticais
com tamanho de 120 mm, que é a altura do cilindro, conforme a figura a seguir.
1 2 3 4 5 6 7 6 5 4 3 2 1
Agora, com a utilização do compasso, transfira para a figura planificada as medidas encontradas no
traçado da semicircunferência que você fez na figura “Posicionamento do esquadro”.
Observe a figura a seguir. Com a medida do compasso na linha número (1) da semicircunferência, trans-
fira esta medida para as linhas (1) da planificação. Depois, transfira a medida da linha número (2) da semi-
circunferência para as linhas (2) da planificação, e assim sucessivamente, para todas as outras linhas.
4 Técnicas de traçagem
63
1 2 3 4 5 6 7 6 5 4 3 2 1
Depois de ter transferido todas as medidas, vamos ligar os pontos finais das linhas conforme a figura
seguinte. Está pronta a planificação do cilindro de base inclinada de 30°.
6 7 6
5 5
4 4
3 3
1 2 2 1
A 1 2 3 4 5 6 7 6 5 4 3 2 1 B
DM x 3,14
Sentiu alguma dificuldade? Se você seguir atentamente todos passos para a traçagem do cilindro, per-
ceberá que é uma atividade simples. Procure exercitar, repetindo o traçado com cilindros de outros diâ-
metros.
4.1.2 curvas
As curvas são conexões utilizadas para mudança de direção em uma tubulação. Normalmente as curvas
de gomos são usadas quando o traçado das linhas não comporta uma conexão forjada. Ela é confecciona-
da nas dimensões desejadas e todo o seu traçado é feito no papelão, que chamamos de gabarito. Depois
do gabarito pronto, é colocado na parte externa do tubo para marcação e corte no ângulo desejado.
A derivação soldada a 90 graus é um tipo de curva utilizada para mudança de direção, como o nome já
diz, em 90° em uma tubulação.
Observe a figura a seguir. Note que o cotovelo a 90° é formado por dois cilindros de base inclinada. A
inclinação das bases dos dois cilindros é de 45º, basta dividir o ângulo de 90° por dois. Após fabricar as duas
partes, faz a união por soldagem.
4 Técnicas de traçagem
65
7
6
5
4
3
2
1
Figura 50 - Cotovelo a 90°
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
Para traçar a planificação do cotovelo de uma tubulação a 90°, será necessário calcular o comprimento
do círculo da base e altura mínima do cilindro. Normalmente, a informação que você terá à disposição é o
diâmetro da tubulação.
Para fazer a planificação do cotovelo de 90°, utiliza-se um gabarito, onde o diâmetro externo do tubo
deve ser somado à espessura do papelão e seu resultado multiplicado por Pi (3,1416).
Comprimento = (Ø externo do tubo + espessura do papelão) x 3,1416.
Portanto, se o diâmetro do tubo é de 60 mm e a espessura do papelão é 1/16’’ (1,58 mm), sua soma dará
61,58 mm. Multiplicando este valor por Pi, temos: 61,58 x 3,1416 = 193,46 mm. Arredonde o número para
193 mm. Essa dimensão é o comprimento do cotovelo planificado.
O cálculo da altura é bastante simples, como o triângulo é retângulo, use as relações trigonométricas.
Observe a figura seguinte, como o ângulo é conhecido fica fácil.
45º
7
6
5
60 mm
4
3
45º
2
1
A tangente é a divisão entre os dois catetos do triângulo. Sabendo que a tangente de 45° vale 1, então
podemos fazer a conta: Tg (45°) = cateto oposto / cateto adjacente. Substituindo os valores, conforme a
figura anterior, ficamos com: 1 = 60 / x. Onde x = 60 mm.
Portanto, a altura mínima do cilindro será de 60 mm. É recomendável aumentar a altura do cilindro em
pelo menos 10 mm para ter espaço para conectar o cotovelo à tubulação.
São peças confeccionadas em tubos, utilizadas em tubulação para mudança de direção. A curva de
gomo a 90° se diferencia do cotovelo por ter uma curva mais suave, resultando em um raio maior.
Acompanhe os passos a serem seguidos para traçar a planificação dos elementos que compõem a curva
de gomos a 90° com um gomo de 45° e dois semigomos de 22°30’, em um gabarito de papelão, para ao
final transferir o formato do gabarito para os tubos.
30 mm
encontrado. 1
2
30 mm
da circunferência até a linha inclinada e marque
os pontos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. 0
encontrado. 1
2
30 mm
da circunferência até a linha inclinada e marque
os pontos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. 0
C
7
6
pontos 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
desenho ao lado. 1 2
3 3
2 1
4 4
5 5
6 6
A C
SAIBA Para saber sobre cálculo de linha média para dobrar e curvar chapas, consulte o livro:
FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Cálculo técnico: aulas: 01 a 08. São Paulo: Fundação
MAIS Roberto Marinho, 2001.
As curvas de gomos a 90° podem ser produzidas com uma quantidade maior de elementos. Quanto
mais elementos, a curva será mais suave. Por exemplo, para fazer uma curva com quatro pedaços, construa
quatro semigomos de 22°30’.
Quando for solicitado para fazer uma curva de gomos, observe a quantidade de gomos e a quantidade
de solda que são solicitadas para traçar o ângulo corretamente.
4.1.3 Cones
Os cones são sólidos geométricos que possuem uma base circular. As linhas laterais se encontram em
único ponto chamado vértice. São formatos conhecidos por ser utilizados nas sinalizações de segurança e
para organização de trânsito.
Você entenderá a importância desse formato nas mudanças de diâmetro em tubulações e escoamen-
to de líquidos. Continue acompanhando atentamente os traçados que darão origem a essas construções
geométricas.
TRONCO DE CONE
Dando continuidade à traçagem de peças de caldeiraria, você agora vai aprender o passo a passo de
como se desenvolve a traçagem de um tronco de cone na chapa. O tronco do cone também é chamado de
redução concêntrica.
Primeiro construa uma linha com o diâmetro maior do cone. No exemplo será usado o diâmetro de 100
mm. Neste caso, faça uma linha horizontal com 100 mm de comprimento e identifique como sendo ponto
(A e B), conforme o modelo a seguir.
A B
100 mm
Depois, deve-se dividir a linha ao meio (50 mm). Nesta divisão, deve-se traçar uma perpendicular, com
comprimento de 60 mm, conforme figura seguinte, identificando como ponto (2a).
2a
A B
No próximo passo trace uma nova linha, paralela à reta AB, com o ponto médio em (2a) e com compri-
mento de 60 mm. Identifique a extremidade com os pontos (C e D).
C D
2a
A B
Depois, faça a ligação entre os pontos (A e C) e (B e D), formando um trapézio, assim como demonstra
a figura a seguir.
C D
2a
A B
60
30 30
C D
2a
A B
50 50
60
30 30
C D
2a
A B
50 50
Agora, trace uma circunferência com diâmetro de 60 mm. Para fazer a circunferência, coloque a ponta
seca do compasso em (E) abrindo até (D), fazer um giro 360°, formando assim a circunferência menor, con-
forme a figura a seguir.
C D
A B
Para fazer a circunferência maior, você deve colocar a ponta seca do compasso em (E) e a ponta de mar-
cação em (B) e fazer um giro 360°, formando assim a circunferência maior.
C D
A B
Por fim, com as duas circunferências prontas, encontre o perímetro da base maior do tronco de cone.
Calcule o perímetro (P) da circunferência maior utilizando a fórmula:
P = 3,1416 x diâmetro
Podemos dividir o perímetro em uma quantidade qualquer de partes. Quanto maior o número de par-
tes, melhor, pois chegaremos mais próximo possível da medida calculada do perímetro do tronco de cone.
Nesse exemplo, dividiremos o perímetro por 16 partes, daí teremos a medida de abertura do compasso:
314,0
= 19,62 mm
16
12
16
C D
A B
Dessa forma, cada espaço da circunferência será de 19,5 mm. Abra o compasso com essa medida. Inicie
a divisão escolhendo o lado de um dos pontos, A ou B, sobre a circunferência. No exemplo iniciamos a
divisão próximo ao ponto B, marcando 16 espaços conforme figura anterior. Fique atento, são 16 espaços
e não 16 traços!
4 Técnicas de traçagem
73
4.1.4 TRANSIÇÕES
Quando se fala em tubo, vem em nosso pensamento algo cilíndrico, não é? Entretanto, essa afirmação
não está 100% correta, visto que muitas tubulações podem ser construídas nas formas quadradas ou re-
tangulares.
Em algum momento estas peças cilíndricas e quadradas irão se encontrar. É aí que entra as chamadas
transições, que podem ser do quadrado para redondo e também do retângulo para redondo. As transições
de redondo para quadrado têm a mesma traçagem que de quadrado para redondo. Assim como, as de
redondo para retângulo têm a mesma traçagem que de retângulo para redondo.
Primeiro, vamos aprender como desenvolver um tipo de transição chamado de quadrado para redondo
concêntrico e, depois, aprenderemos como realizar essa transição do retângulo para redondo concêntrico.
Inicialmente, iremos fazer um gabarito na cartolina ou papelão. Para a primeira transição, utilizaremos
as seguintes dimensões: 140 x 140 mm para o quadrado e Ø 80 mm e 100 mm de altura para o redondo.
C 140 D
A 140 B
C 140 D
A 140 B
C 140 D
3° Dividir o quadrado ao meio, tanto no sentido
vertical como no sentido horizontal, achando
140 E 140
assim o centro do quadrado, identificando
como ponto (E).
A 140 B
C 140 D
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA C 140 D
74
3° Dividir o quadrado ao meio, tanto no sentido
vertical como no sentido horizontal, achando
140 E 140
assim o centro do quadrado, identificando
como ponto (E).
A 140 B
C 140 D
4° A partir do centro deste quadrado, traçar
uma circunferência com diâmetro 80 mm.
Obs.: só para lembrar, a abertura do compasso 140 140
para traçar a circunferência é a metade do
diâmetro, ou seja, raio é 40 mm.
A 140 B
140
C D
C 140 D
7° Depois numeramos as linhas dos quadrantes
de baixo de (1, 2, 3 e 4), e o outro quadrante da
circunferência, de (4, 3, 2 e 1).
Obs. 1: não há necessidade de numerar os 140
outros quadrantes pela peça ser simétrica, ou 80
G
F
seja, as medidas dos quadrantes inferior são as 1 1
mesmas do quadrante superior. 2
Obs. 2: o desenvolvimento acima é realizado 2
3 3
em um gabarito, que pode ser feito em 4 4
cartolina ou papelão.
A B
Quadrante9
Ainda não acabou! O nosso próximo passo será construir a verdadeira grandeza10 do quadrado para
redondo, fazendo assim o seu segundo gabarito.
Vamos lá?
A
11° Para encontrar a verdadeira grandeza do Verdadeira grandeza
ponto (d), coloque a ponta seca do compasso no
ponto (G) e a ponta de marcação no ponto (F). 100
Com a medida encontrada, marque na linha (B)
e depois ligue até a linha (A), conforme figura ao B
lado. 0
(d) (2,3) (1,4)
Agora que os nossos gabaritos estão prontos, vamos ao passo a passo para planificar a peça na chapa.
A B
Feito isso, vamos trabalhar com as medidas das circunferências e da verdadeira grandeza. Colocamos as
figuras dos 7° e 11° passos para facilitar a visualização da planificação do quadrado para redondo.
140
A
Verdadeira grandeza
140
80
100
1 1
2
3 2
3
4 4
0
(d) (2,3) (1,4) B
4 4
4 4
4 4
3 3
A B
140
verdadeira grandeza. 3 3
Para isso, abra o compasso e meça a dimensão 2 2
1
entre A e (d). Com essa abertura, volte à
planificação, como demonstra a figura ao lado.
Fixe a ponta seca do compasso em (4) do lado
(A) e trace um semiarco.
Depois, colocando a ponta seca do compasso A B
140
em 4, do lado (B).
4 4
8º Com o esquadro ou régua, faça uma linha
7° Com a abertura do compasso na medida da 4 4
metade do quadrado, como no nosso exemplo 4 Técnicas de traçagem
70 mm e volte à planificação. 3 3 79
Fixe a ponta seca do compasso em A, e trace um 2
1
2
4 4
8º Com o esquadro ou régua, faça uma linha
ligando A até a1. Depois faça o mesmo de B até 3 3
b1. 2
1
2
Para fechar a metade do quadrado para
redondo, pegue uma régua ou esquadro e trace a1 b1
uma linha do ponto (a1) até o ponto 4.
Faça a mesma sequência de b1 a 4 do lado
A B
direito, conforme figura ao lado. 140
Concluímos. Está pronta a metade do quadrado para redondo! Para traçar a outra metade, você vai
seguir o mesmo passo a passo explicado até aqui. Depois basta fixar as partes.
Agora que aprendemos a desenvolver o quadrado para redondo concêntrico, vamos aprender a traçar
o retângulo para redondo concêntrico.
Vamos agora realizar o desenvolvimento do traçado de Retângulo para Redondo Concêntrico. Inicial-
mente, vamos traçar uma peça com o formato geométrico retangular e no interior desta peça, um círculo.
Isto é o que chamamos de retângulo para redondo.
Para facilitar a planificação desta peça, vamos definir as dimensões do retângulo e do círculo:
Lado maior do retângulo = 120 mm;
Lado menor do retângulo = 90 mm;
Altura da peça = 150 mm;
Diâmetro da circunferência = 62 mm.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
80
120 mm
A B
120 mm
A B
O nosso próximo passo agora vai ser construir a verdadeira grandeza do retângulo para redondo, fazen-
do assim o nosso segundo gabarito:
A B
120mm
Agora vamos trabalhar com as medidas das circunferências e da verdadeira grandeza. Colocamos jun-
tas as figuras dos 2° e 3° passos para você relembrar e ajudar no restante do desenvolvimento da peça.
A
120 mm
A B B
A1 (dl) B3 B2 B4 B1
120 mm
Agora, vamos encontrar os pontos 2, 3, e 4 dos lados A e B para traçar a curva onde será encaixada a
parte redonda da tubulação.
direito
para direita.
2-Na verdadeira grandeza, da figura do 3° passo,
pegue com o compasso a distância de A até o
ponto (B3). Na figura ao lado, coloque a ponta
seca do compasso em (A), trace um semiarco
passando no meio do outro semiarco, feito
anteriormente, do lado esquerdo. Faça o mesmo A 0 B
semiarco em (B), do lado direito.
Nos pontos de interseção, marque como (3, 3),
conforme figura ao lado.
43 34
2 1 2
A 0 B
Finalmente, concluímos a metade do retângulo para redondo. Para traçar a outra metade do retângulo
para redondo, você deve fazer outra peça, seguindo o mesmo passo a passo explicado até aqui.
4.1.5 interseções
A derivação faz parte das interseções, usada para unir tubos que seguem direções diferentes. É muito
utilizada nas tubulações industriais, principalmente quando há pouco espaço para utilizar uma conexão
forjada. As derivações podem ser fabricadas em chapas ou tubos.
4 Técnicas de traçagem
85
Vamos agora acompanhar o passo a passo para o desenvolvimento e a planificação da derivação de 90°
no gabarito, através dos desenhos e das descrições. A derivação a 90°, também conhecida como “Boca de
lobo”, é a união entre dois tubos com diâmetros iguais com bico entroncado11 até o eixo do tubo12.
Vamos trabalhar com a derivação com o diâmetro de 60 mm, altura de 80 mm. No desenvolvimento da
derivação, haverá a necessidade de traçar duas circunferências de diâmetros iguais.
100 mm
1° Trace a primeira circunferência e identifique
A B
como (A).
Afastado 100 mm de centro a centro de (A), faça
a segunda circunferência e identifique como (B).
Veja como ficaram os desenhos das
circunferências na figura ao lado. A B
3° Afastado 20 mm da borda da
semicircunferência (A), trace uma linha vertical A B
partindo do ponto1 para o ponto 5 da parte C
superior e inferior.
Identifique esta linha com a letra C. Figura A Figura C Figura B
Quadro 11 - Planificação da derivação a 90° entre dois tubos com diâmetros iguais com bico
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
É preciso ter muito cuidado em executar o passo a passo para traçar uma derivação em boca de lobo.
Atente-se com as distâncias entre os pontos destacados na circunferência até a linha central C.
Derivação a 90° ou boca de lobo entre dois tubos com diâmetro maior X menor
A derivação de 90° de um tubo de diâmetro maior, para um de diâmetro menor, ocorre sempre quando
não tem uma peça forjada ou quando o espaço é pequeno para comportar uma conexão, um (Tê13) e um
Niple14.
Vamos então ao desenvolvimento desta peça em um gabarito. Acompanhe atentamente o passo a
passo:
13 Tê: elemento de tubulação que serve para unir ou separar dois tubos em direções diferentes.
14 Niple: elemento de tubulação rosqueado na parte externa para fazer a união dos tubos que estão na mesma direção.
4 Técnicas de traçagem
87
80 mm
1° Trace uma circunferência com 80 mm de
diâmetro e identifique como figura A. Com a
A B
distância de 80 mm de afastamento de centro a
centro, trace a 2° circunferência com o diâmetro
de 60 mm e identifique como B. 80 mm
60 mm
Você viu as formas de planificação para criar derivações a 90º em tubulações com mesmo diâmetro e
diâmetros diferentes. Como pôde perceber, as formas de planificação das derivações são parecidas. Fique
atento aos detalhes para não fazer confusões.
4.1.6 TAMPOS
Os tampos servem para fazer o fechamento de uma tubulação por razões de segurança, para evitar
vazamentos de fluidos, para evitar a entrada de elementos estranhos, tais como sujeira e até animais, além
do lado estético.
CHAPÉU CHINÊS
O chapéu chinês é um acessório fabricado em chapas de aço ou alumínio. Ele é utilizado nos terminais
de chaminés, nos tubos na posição vertical, nas tubulações de combate a incêndio, do teto de tanques, etc.
Também é utilizado para um melhor direcionamento da água em caso de incêndio.
Vamos desenvolver um chapéu chinês. Vamos definir os dados para a fabricação do chapéu chinês.
Diâmetro de 120 mm e altura de 80 mm.
4 Técnicas de traçagem
89
120
1° Trace uma linha horizontal com o diâmetro da 0
A B
peça 120 mm, identificando como ponto A e B.
2° Divida a linha, identificando-a como ponto (0). 80
Em seguida, trace uma linha vertical na parte
inferior com 80 mm, identificando como ponto C.
C
120
cortar cortar
20 A B 1
cortar cortar
19 2
5° Trace retas partindo dos pontos 1 a 20 até o C
18 3
ponto C.
17 4
16 5
15 6
14 7
13 8
12 11 10 9
20 1
19 2
6° Realize o processo de corte do material que 18 3
não faz parte do chapéu chinês.
17 4
Depois de retirar a “sobra”, verifique se as
16 5
medidas estão conforme o desenho e se a chapa
15 6
já está liberada para a conformação.
14 7
13 8
12 11 10 9
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA 20 1
90
19 2
6° Realize o processo de corte do material que 18 3
não faz parte do chapéu chinês.
17 4
Depois de retirar a “sobra”, verifique se as
16 5
medidas estão conforme o desenho e se a chapa
15 6
já está liberada para a conformação.
14 7
13 8
12 11 10 9
Muito bem! Percebeu como a construção do chapéu chinês foi simples? À medida que você está prati-
cando os traçados, as construções vão se tornando familiares. É importante exercitar, pois somente desta
maneira você se tornará um bom profissional.
A ponta de tubo meio esférica é um tipo de conexão para fechamento de uma extremidade do final de
tubulação. Vamos fazer o desenvolvimento da ponta de tubo com diâmetro de 60 mm.
3
2
1
9
8
7
6
2° Traçar as retas partindo dos pontos 4 a 6 nos
A
5
semicircunferências A, B e C, conforme figura ao
A
lado.
4
3
2
1
identificando como circunferência A, B e C.
Faça o traçado da primeira semicircunferência A. 6
Depois do lado esquerdo, vamos dividir em oito B
4 Técnicas de traçagem
partes iguais.
5
C 91
Ligue os pontos encontrados ao centro da
circunferência, numerando-os de 1 a 9, conforme
figura ao lado. 4
3
2
1
9
8
7
6
2° Traçar as retas partindo dos pontos 4 a 6 nos
A
cruzamentos com as linhas das
B B
C C
5
semicircunferências A, B e C, conforme figura ao
A
lado.
4
3
2
1
e f
c d
11° Ligue os pontos 1, a1, c1, e, c2, a2 e 3, à mão
livre ou com uma régua flexível. Repita a mesma
a b
sequência de traçagem conforme figura ao lado.
A1 B1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 8 7 6 5 4 3 2 1
procedimento para os outros pontos pares, A1 B1
conforme figura ao lado. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 8 7 6 5 4 3 2 1
10° Com o compasso, volte a circunferência do 4 Técnicas de traçagem
93
passo 2 e pegue a metade da distância de 4 a 6
da semicircunferência C e marque na reta e f
horizontal, colocando a ponta seca do compasso
c1 c2
no ponto (c). Transfira essa medida para o lado c d
esquerdo e para o lado direito, achando os a b
pontos (c1) e (c2). Repita o mesmo procedimento
para os outros pontos pares, conforme figura ao A1 B1
lado. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 8 7 6 5 4 3 2 1
e f
c d
11° Ligue os pontos 1, a1, c1, e, c2, a2 e 3, à mão
livre ou com uma régua flexível. Repita a mesma
a b
sequência de traçagem conforme figura ao lado.
A1 B1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Finalizamos mais uma etapa de conhecimento sobre exemplos de traçados de peças de caldeiraria.
Veremos agora as técnicas para otimizar um traçado.
Toda chapa possui uma largura e comprimento nominal15 padronizado. Daí a importância de que a
leitura e interpretação de desenho sejam feitas corretamente. Com isso, haverá uma melhor otimização
das chapas.
Na seleção das chapas, para realizar a confecção de uma peça, o profissional responsável pela tarefa
deve conhecer quais são as dimensões utilizadas para fazer a peça e quais as dimensões que resultarão na
sobra da chapa. As sobras de uma chapa, dependendo da dimensão, será uma peça no futuro, para isso,
é recomendável organizar o que não foi aproveitado, deixando visível para ser utilizado o quanto antes.
Outro ponto a ser observado, antes de realizar o corte, é a possibilidade de traçar na mesma chapa,
peças com características similares. Com o mínimo de riscos e cortes podemos obter as peças. Com a utili-
zação deste tipo de plano haverá uma grande economia de chapa.
Quando for realizar a traçagem na chapa, verificar a direção das fibras do material
FIQUE a ser traçado, que deve ser paralela à direção da dobra ou curvatura e, deste modo,
estejam no sentido adequado, a fim de favorecer a operação, não diminuindo a resis-
ALERTA tência do material. Geralmente, as chapas têm formato retangular e as fibras têm a
direção do comprimento da chapa.
Quando se tem uma quantidade de peças a ser fabricada, devemos analisar as geometrias, visando um
melhor plano de corte. As sobras podem ser reduzidas substancialmente se consultar os novos pedidos
que entraram na área de produção. Além de estar se antecipando aos prazos, está otimizando a utilização
dos materiais, reduzindo custo com aquisição.
Existem muitas empresas que possuem softwares para otimização dos materiais e dos profissionais en-
volvidos no corte. Para aquelas empresas que não têm essa tecnologia, o controle deverá ser feito manual-
mente. Os profissionais nestes casos precisarão fazer os cálculos para obter a quantidade exata de material
para realizar o corte/fabricação da peça.
Independentemente do tipo de tecnologia utilizada, a melhor maneira de fazer uma otimização de
material é ter um controle do estoque e das sobras existentes na empresa. O ganho obtido com o planeja-
mento de um plano de corte faz com que a sobras sejam reduzidas, com isso, a otimização surtirá o efeito
desejado. O objetivo sempre será o aproveitamento do material que se tornaria sucata. Essas informações
são importantes para diminuir o grau de desperdício.
Todos os profissionais devem estar envolvidos na melhoria dos processos de utilização do material.
Isto deve ocorrer desde o momento do envio do pedido de fabricação de uma peça nova, passando pelo
momento que chegam à área de gestão, até a finalização na área de produção.
Aproveitamento de chapas
Nos planos de corte de chapas para fabricação das peças, o traçador de caldeiraria precisa primeira-
mente observar a geometria da peça para aproveitar da melhor forma possível o material, principalmente
quando se tratar de uma chapa ainda inteira.
O plano de corte deve sempre realizar a marcação da peça na chapa, partindo de uma das suas extremi-
dades para o centro, aproveitando assim a maior quantidade possível do material.
Por exemplo: para a fabricação de uma base para fixação de uma bomba com a dimensão de 140 x 240
mm, se tivermos uma chapa com dimensão de 150 x 260 mm:
a) Passo 1: mede-se primeiro a dimensão maior (240 mm);
b) Passo 2: mede-se a dimensão menor (140 mm);
c) Passo 3: a medição deve partir sempre da extremidade para o centro, de outra forma não será
possível o melhor aproveitamento da chapa e a redução do perímetro de corte.
240 mm
150 mm
150 mm
140 mm
260 mm 260 mm
Figura 63 - Chapa cortada
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
Para evitar o desperdício, ao receber o projeto para a fabricação de qualquer peça, é fundamental que o
traçador planeje o corte e realize todos os cálculos, antes de executar a operação de corte. A falta de crité-
rio no momento de cortar uma chapa pode gerar um custo muito elevado para a empresa.
Aproveitamento de tubos
Os tubos são vendidos comercialmente com comprimento de 6 metros, salvo nos casos de encomenda,
que podem ser encontrados com 12 metros. O aproveitamento dos tubos na fabricação de peças segue o
mesmo princípio do aproveitamento de chapas.
Vamos ver como podemos fazer isso?
Ao realizar um plano de corte de um tubo, priorize os cortes das peças com dimensões maiores.
Nosso exemplo será criar um plano de corte para a fabricação de oito peças, com as seguintes medidas:
(1098 mm, 998 mm, 1008 mm, 2798 mm, 1198 mm, 798 mm, 1958 mm e 1950 mm), com a disponibilidade
de dois (2) tubos com a dimensão de 6000 mm.
FIQUE Todos os perfis são vendidos em metros, porém no plano de corte todas as medidas
ALERTA devem estar em milímetros.
O plano de corte para o aproveitamento máximo do material seria de acordo com este a seguir. Com
uma sobra de aproximadamente 90 mm, considerando que em cada corte haverá a perda de 2 mm.
Vejamos o primeiro tubo com a dimensão de 6000 mm.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
96
6000 mm
Veja o segundo tubo com a mesma dimensão, mas peça uma sobra de aproximadamente 88 mm, teria
o seguinte plano de corte:
Conforme estes dois planos de corte, se considerássemos um tubo com 12000 mm, sobrariam aproxi-
madamente 178 mm, que corresponde a uma sobra de 1,5% do comprimento total.
Aproveitamento de perfis
Os perfis são vendidos comercialmente com o comprimento de 6 metros. Conforme citado anterior-
mente, o plano de corte deve priorizar sempre a marcação para o corte dos perfis, partindo de uma das
suas extremidades para o centro, aproveitando assim a maior quantidade possível do material para fabri-
cação das peças.
Durante a fabricação de uma peça de formato retangular ou quadrado, com o perfil de cantoneira tipo
(L), você deverá executar a tarefa observando o desenho, verificando se as dimensões da peça são internas
ou externas.
Se as medidas forem externas, no processo de marcação da peça que será realizada o corte, você deverá
descontar a espessura do material. Exemplo: Se a espessura da cantoneira for de ¼’’, devemos descontar
6,35 mm, que é a dimensão de ¼” em milímetros, seguindo o mesmo procedimento para outras espessuras.
2”X2”X 6000 mm
Figura 67 - Cantoneira L
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
Vamos cortar as peças com a dimensões de 580 mm, 495 mm, 465 mm, 420 mm, 300 mm, 290 mm, 280
mm e 120 mm. As quantidades de cada peça estão na tabela a seguir:
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
98
A primeira cantoneira será cortada baseada no plano de aproveitar a maior quantidade do material. O
primeiro plano de corte contempla as peças 5, 7 e 8.
Veja na tabela a seguir o plano de corte para primeira cantoneira:
Veja na figura a seguir como será feito o traçado para o corte da primeira cantoneira. Portanto, somando
os comprimentos de todas estas peças mais 2 milímetros de cada corte, foi possível cortar as cantoneiras
para fabricar as doze peças, tendo uma sobra de material de aproximadamente 116 mm.
A segunda cantoneira será cortada baseada no aproveitamento da maior quantidade do material possí-
vel, cortando as peças 1, 2, 3, 4 e 6 e sobrando um pedaço de aproximadamente 20 mm de material.
Veja na tabela a seguir como será feito o planejamento para o corte da cantoneira:
Peça 6 Peça 1
495 495 495 495 300 300 300 300
mm mm mm mm mm mm mm mm
Peça 2 Peça 3
290 290 290 290 280 280 280 280
mm mm mm mm mm mm mm mm
Peça 4 Sobra
120 120 120 120
20 mm
mm mm mm mm
Percebeu como um bom planejamento de corte reduz ao mínimo a sobra de material. Precisamos fazer
essa prática a todo instante, pois os recursos materiais e financeiros não são somente uma preocupação da
gestão da empresa. É um esforço de todos os envolvidos no processo de fabricação.
Com o surgimento dos microcomputadores, uma empresa que trabalha com projeto e fabricação de
peças de caldeiraria pode utilizar um software de traçagem assistido por computador. Este programa de
computador é utilizado na tarefa de planificar peças de caldeiraria e de tubulações. A traçagem assistida
por computador realiza a programação de peças de forma rápida e precisa.
O desenvolvimento da superfície de uma peça a ser construída é de suma importância na indústria de
caldeiraria. As peças utilizadas neste ramo são de pequeno, médio e grande porte e possuem as mais varia-
das formas e dimensões. Como exemplo, temos tubulações e derivações para indústrias química, petroquí-
mica e de petróleo, estruturas metálicas para sustentação de equipamentos e cobertura de área, equipa-
mentos de processos estático como trocador de calor, torres de destilação, reatores, caldeiras, fornos, etc.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
100
Dessa forma, é importante que a tarefa de desenvolvê-las seja realizada de modo rápido e preciso.
Atendendo essa demanda, há softwares no mercado para desenvolver a traçagem visando a confecção de
peças de caldeiraria. Estes softwares são utilizados para dinamizar o trabalho. Em muitas empresas que não
têm esses recursos, o trabalho é feito de modo manual.
Através de um comando numérico, as máquinas de corte como oxicorte, corte plasma, corte laser, jato
d´água, funcionam permitindo a possibilidade de fabricação de peças mais rápidas do que no processo
convencional.
Quando se fala em área de fabricação de peças de caldeiraria, temos que nos preocupar com os aspec-
tos de segurança, que envolve os riscos na execução das operações e das questões ambientais, pois neste
processo pode gerar resíduos de diferentes tipos de materiais.
Por envolver materiais metálicos e não metálicos, os procedimentos de segurança devem iniciar desde
a seleção do material para a execução da traçagem e continua durante e depois do corte.
Além de manipular peças com grandes dimensões e peso, temos também que ter cuidado com a ergo-
nomia. Em relação às questões ambientais, devemos ter cuidado com a destinação correta dos resíduos
gerados durante o corte das chapas, dos tubos e dos perfis durante o processo de fabricação.
4.3.1 Ergonomia
Diante da realidade atual, onde novas tecnologias são aplicadas para aumentar a produção, o profissio-
nal envolvido nas tarefas de traçagem das peças de caldeiraria devem aplicar métodos, processo e lógica
mais adequada durante a execução das tarefas.
Nos trabalhos realizados na área de produção de peças de caldeiraria, quando se tratar de chapas, tu-
bos e perfis de grandes dimensões, os profissionais envolvidos na tarefa devem utilizar os equipamentos
de movimentação de cargas adequados para cada atividade. Quando envolver movimentação de cargas
horizontais, sempre se deve fazer uso de paleteira16, empilhadeira ou outro equipamento adequado.
No momento e nas movimentações de cargas verticais, utilizar talhas elétricas ou pontes rolantes. Um
bom leiaute da área de produção ajuda muito na questão da ergonomia, o posicionamento das bancadas
de traçagem devem estar próximos da talha elétrica e/ou da ponte rolante para facilitar a movimentação.
Nas tarefas realizadas no dia a dia na área de produção de qualquer meio produtivo sobrará resíduos e
na fabricação de peças de caldeiraria não é diferente.
Se os profissionais envolvidos não tiverem uma atenção especial e uma gestão adequada para o tra-
tamento de resíduos, no futuro vai gerar um grande passivo ambiental. Você observou durante a leitura
deste livro a preocupação com o princípio da economicidade e aproveitamento de materiais.
As práticas que devem nortear a gestão de resíduos, nas empresas que trabalham na fabricação de pe-
ças de caldeiraria, começam desde o processo de traçagem, passam pelo processo de corte de material, até
finalmente soldar/parafusar os componentes. Os resíduos que são gerados durante este processo devem
ser descartados sempre dentro de contêineres ou recipientes de coleta seletiva. Porém, deve-se entender
que é preciso encontrar soluções para diminuir a quantidade desses resíduos.
Durante a geração de resíduo, a sua coleta e o transporte devem ser realizados de forma eficiente e
compatíveis com a classificação e quantidade.
CASOS E RELATOS
Descobrindo o erro
A empresa metalúrgica Irmãos Alves Fabricação e Manutenção S/A estava passando por muita di-
ficuldade em equilibrar suas contas pela falta de clientes.
Um dos sócios teve a ideia de investir na divulgação da empresa. Passou a sair para visitar as em-
presas das regiões próximas para oferecer os serviços da metalúrgica. No início, a estratégia passou
a dar resultados, a Irmãos Alves passou a ser muito procurada. Mas eles não conseguiam fechar
contratos ou segurar os clientes por muito tempo. E o mais engraçado era que todos os clientes elo-
giavam a qualidade do serviço. Então, o que estava dando errado?
Os sócios resolveram fazer um curso de especialização e durante os estudos puderam perceber onde
estavam falhando. Era uma coisa muito simples, a sujeira no ambiente de trabalho e nas proximi-
dades da metalúrgica. A presença do lixo dava um aspecto de descuido e era contrário aos princípios
da maioria dos clientes.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
102
A Irmãos Alves resolveu fazer mais um investimento, contratou uma equipe para fazer uma grande
limpeza dentro da empresa e nas proximidades. Mas não fizeram essa ação isolada, aproveitaram
o momento para fazer propaganda da metalúrgica. Para fazer a mudança causando um impacto,
escolheram a data de 5 de junho, que é o dia Mundial do Meio Ambiente, para fazer o evento inicial.
Contrataram alguns especialistas na área ambiental para dar palestras gratuitas sobre conservação
ambiental, descarte de resíduos e coleta seletiva. Compraram recipientes para fazer a coleta seletiva
dentro da empresa e na área próxima. Desenvolveram uma página no seu site da internet para tirar
dúvidas quanto ao descarte de resíduos e reciclagem. E investiu em treinamento para os funcionári-
os sobre conservação ambiental.
Após dois meses depois da primeira ação não houve mais perda de clientes, muito pelo contrário,
conseguiram fechar novos contratos. A comunidade local estava satisfeita com o trabalho da em-
presa que fundou uma espécie de museu aberto ao público. Esse local passou a ser usado para tratar
de assuntos relacionados à conservação do meio ambiente através de oficinas, teatrinhos para as
crianças e palestras em geral.
A classificação só é possível quando a empresa tem implantada a coleta seletiva. Um exemplo da impor-
tância da coleta seletiva são as sobras de materiais, como aço inox, que tem valor agregado maior do que
os materiais de aço-carbono na hora da venda.
b) Talha manual de corrente: seu acionamento é manual e através de corrente. Esses equipamen-
tos são fixados em estruturas, içando na posição vertical ou colocado em tróleis18, fazendo movi-
mento de translação. Normalmente a carga é içada por correntes, que em função das necessida-
des, variam de tipos e de sistemas de transmissão.
c) Talha elétrica: é um equipamento cuja função é elevar carga pesada ou de difícil locomoção.
É movido por uma força elétrica e muito utilizada nas áreas industriais para levantar, abaixar e
18 Tróleis: carrinhos que se deslocam sobre trilhos, onde se coloca o sistema mecânico de elevação de carga.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
104
mover objetos de difícil movimentação. É usada para movimentação de cargas verticais, quando
utiliza um trólei realiza operação de translação.
-- Capacidade de cargas: é variável conforme largura, tipo de costura, olhal e forma de utili-
zação;
-- Irregularidades: cortes, desgastes, deterioração e mau uso, quando detectados devem ser
substituídas;
-- Armazenamento: a cinta deve ser mantida limpa, isenta de óleos, graxa, produtos químicos
ou água salgada, em local apropriado sem exposição à luz solar;
-- Evitar uso de cintas em arestas metálicas, pois estas podem danificar a cinta e diminuir sua
vida útil.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
106
-- Esticadores: são peças forjadas que normalmente são utilizadas para transporte e movimen-
tação de cargas, podendo ter inúmeras utilidades dependendo da necessidade de uso, como:
tensores de cabos, em fixações de estrutura, etc.
Figura 74 - Esticador
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
-- Manilhas: é um acessório formado por duas partes: coroa e pino (corpo e cavirão) facilmente
desmontável, usadas normalmente para fixação de cargas;
4 Técnicas de traçagem
107
Figura 75 - Manilha
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
Nunca esqueça de verificar se todos os elementos que estão sendo utilizados para a movimentação de
carga estão em perfeitas condições para uso. Inspecione detalhadamente e, se houver sinal de desgaste ou
dano, providencie a substituição. Nunca faça improvisos, cada componente foi projetado para uma aplica-
ção. Muito cuidado, o que está em primeiro lugar é a saúde e segurança do trabalhador.
RECAPITULANDO
Neste capítulo foi possível obter o conhecimento sobre como desenvolver os principais traçados de
caldeiraria em tubos e chapas e como utilizar os gabaritos para transferir as medidas. Foram passa-
das as técnicas para construção de linhas perpendiculares e divisão da circunferência em 12 partes,
servindo como base para a construção dos traçados dos cotovelos, curvas de gomos, tronco de cone,
derivações do tipo boca de lobo. Foram trabalhadas as técnicas para a elaboração das transições de
quadrado para redondo e retângulo para redondo concêntrico, além dos tampos do tipo chapéu
chinês e do fechamento da ponta da tubulação meio esférica.
Foi possível abordar sobre as formas de otimização do traçado para o melhor aproveitamento da
matéria-prima através de exemplos sobre o planejamento do corte que será realizado.
Os conhecimentos adquiridos sobre os equipamentos de movimentação de cargas e seus acessóri-
os serão de grande valia no momento de movimentar os materiais para fabricação de peças de cal-
deiraria. As formas de movimentação das cargas influenciam na segurança e saúde do trabalhador.
No próximo capítulo será abordado outro tema muito importante no processo de aprendizagem de
traçagem de peças de caldeiraria, que é a qualidade na traçagem.
Qualidade na traçagem
Você já pensou sobre quando um produto não sai conforme as especificações de projeto?
E quando precisa retornar para corrigir o defeito e o local de fabricação fica a quilômetros de
distância? Imagine o transtorno. Nesta situação verifica-se a necessidade da qualidade.
Você conhece quais as ferramentas da qualidade mais eficazes para se obter peças de di-
mensões diferentes do que normalmente é oferecida comercialmente, sem perder a sua qua-
lidade?
Bom, neste capítulo você conhecerá, como também as principais finalidades da qualidade
da traçagem no processo de fabricação de elementos de caldeiraria.
Temos que conhecer e executar os processos de traçagem para que possamos realizar os
serviços solicitados com qualidade.
Para desenvolver operações ligadas aos diferentes métodos e processos de traçagem, te-
mos que ter o conhecimento necessário para fabricar as peças com qualidade, utilizando as
ferramentas, instrumentos e os equipamentos de acordo com o desenvolvimento da tarefa,
obedecendo os critérios de uso.
Sabendo que após realizar o traçado de caldeiraria, o caldeireiro, durante o processo de
corte, deixa as peças com sobremetal. Isto significa que as dimensões utilizadas para o corte
ficam um pouco maior do que o traçado, devido à possibilidade dos equipamentos/ferramen-
tas utilizados para fazer este corte, tipo lâmina da tesoura com o fio de corte danificado, régua
da guilhotina desalinhada ou bico do aparelho de oxicorte inadequado ou danificado, fazendo
com que, mesmo com toda a habilidade que o profissional possua, os defeitos citados anterior-
mente irão influenciar no corte.
Com este sobremetal deixado, diminui a possibilidade de retirar material onde não é ne-
cessário, podendo ocasionar a perda da peça. Além disso, existe também em alguns casos, a
necessidade de deixar as peças um pouco maiores para realizar o ajuste no local da montagem
(campo).
Ter o conhecimento sobre qualidade por si só não é garantia de se obter um produto dentro
das especificações desejadas. Precisamos de outros mecanismos para garantir que esta quali-
dade se efetive, por isso, vamos conhecer alguns mecanismos que darão suporte para que esta
qualidade se concretize.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
110
A primeira inspeção a ser realizada sempre é a visual. Por se tratar de um método mais simples de ins-
peção, não requerendo instrumento sofisticado, dependendo exclusivamente da avaliação do profissional
que está executando a tarefa.
As três etapas da inspeção visual são:
a) Detecção: que é a procura para verificar se existe defeito na peça. Essa etapa pode ser dividida
em dois momentos:
-- Inspeção por acuidade visual: as inspeções visam garantir, de forma eficaz, que as dimen-
sões da peça que acabou de ser fabricada estejam conforme projeto, para que a mesma não
seja liberada da área de fabricação com algum defeito que poderá causar um problema grave
mais adiante, tempo perdido na montagem, onde não poderá ser montada ou precisará fazer
adaptações no campo para realizar a montagem. Adaptações estas que poderão colocar em
risco a planta e os colaboradores;
-- Inspeção por lupa: a lupa é um instrumento óptico munido de uma lente com capacidade
de ampliar imagens. É utilizada para observar com mais detalhe defeitos em superfícies que
não seria possível localizar utilizando só a visão humana.
Após a inspeção visual, caso haja necessidade, são realizados ensaios com aparelhos específicos para
detectar possíveis defeitos que não foram percebidos através da lupa.
Trinca em um chapa
detectada em uma
inspeção visual
A depender da solicitação requerida para a peça e para qual tipo de equipamento foi fabricada a mes-
ma, antes de ser montada, deverá ser submetida a um ensaio não destrutivo.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
112
O ensaio pode ser de líquido penetrante, ultrassom ou outro, visando evidenciar que a mesma suporta
os esforços a que será submetida.
Encerramos uma etapa sobre os conhecimentos de inspeção visual do traçado e trataremos agora so-
bre o controle dimensional, assunto muito importante quando se trata de processo de fabricação e quali-
dade nos traçados.
5 Qualidade na traçagem
113
Seguindo estes passos de um traçado bem definido, com o dimensional conforme o projeto, a possibi-
lidade de termos peças de boa qualidade é elevada.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
114
CASOS E RELATOS
Controle de qualidade
Eduardo é traçador de caldeiraria há cinco anos e estava atuando como inspetor dimensional na em-
presa. Ele estava muito satisfeito com a sua área de atuação e buscava cada vez mais conhecimentos
sobre assuntos relacionados ao processo de fabricação de caldeiraria.
Certo dia, Eduardo, com seus equipamentos de proteção individual, recebeu a ordem de serviço.
Juntamente com outro colega, ele ficou responsável pela inspeção dimensional de alguns suportes
de tubulação. As peças foram fabricadas pelo grupo de trabalho da equipe da noite.
Eduardo e seu colega iniciaram a inspeção. Logo, perceberam que um dos lados de alguns suportes
da tubulação não estavam com a largura correta conforme pedia o desenho de projeto.
Eduardo, no seu relatório, apontou a não conformidade e sugeriu que antes da saída da área de
fabricação, para o departamento de qualidade, todas peças passassem pela lista de verificação. Este
procedimento evitaria grandes retrabalhos e preveniria possíveis problemas que pudessem passar
despercebidos.
Na figura a seguir, vemos o exemplo do chapéu chinês, onde a medida da primeira peça, é dada pela
parte interna, ou seja, o encaixe se dará na outra peça pelo lado de dentro (interno); e na outra figura o
encaixe é pela parte externa, ou seja, o encaixe se dará na outra pela parte externa. Se no momento da
traçagem, corte e conformação de uma das duas peças das duas figuras, uma das peças ficassem com di-
mensões maiores ou menores, não haverá o encaixe perfeito das peças.
Enquanto que, na peça a seguir, o encaixe é pelo lado de fora da outra peça (externa).
É importante observar que, na construção das peças anteriores, as medidas internas e externas são di-
ferentes, mesmo se tratando da mesma peça.
FIQUE Sempre que for realizar uma medição e o resultado desta medição é pela medida ex-
ALERTA terna, lembre-se de somar o diâmetro interno mais a espessura do material.
Antes da aplicação de revestimento, pintura ou qualquer outro tipo de tratamento, serão checadas se
todas as medidas da peça estão de acordo com as previstas no projeto.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
116
Duas normas da ABNT também se relacionam com a certificação dos profissionais envolvidos na tarefa
de caldeiraria, que são: caldeireiro montador, que segue a norma da ABNT NBR 15151; e o caldeireiro de
manutenção, a norma da ABNT NBR 15153.
Com os conhecimentos adquiridos sobre normas, vamos aprender sobre mais um conhecimento im-
portante na formação profissional, que é a leitura de documento da ferramenta da qualidade.
As ferramentas da qualidade são métodos conhecidos por adequar, monitorar e controlar processos,
resultando na qualidade de um determinado processo. Esse conjunto de ferramentas possibilita, também,
a melhoria contínua, garantindo ao produto os requisitos de qualidade adequada.
Existem diversas ferramentas da qualidade, no entanto, iremos conhecer uma delas, que é a lista de
verificação.
O que é uma lista de verificação?
A lista de verificação é uma ferramenta da qualidade. Ela identifica o que pode ser controlado e define
os itens que devem ser verificados.
Antes da liberação para execução do serviço de traçagem, os profissionais envolvidos nesta tarefa de-
vem realizar uma verificação dos recursos necessários quanto a materiais, ferramentas, instrumentos e
equipamentos que serão utilizados no seu local de trabalho.
A lista de verificação é um documento com o qual os profissionais podem contar para realizar esse le-
vantamento.
A figura seguinte ilustra um exemplo de uma lista de verificação (checklist), com algumas etapas para
realização de um projeto de fabricação de uma peça de caldeiraria. Desde da requisição do material ao
suprimento, até a entrega na área de fabricação.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
118
Lista de Verificação -
OBRA: CÓDIGO: DATA: 20/02/2017
INSPEÇÃO: ( ) INICIAL ( ) PERIÓDICO
ATIVIDADE:
LOCAL DA INSPEÇÃO:
PARTICIPANTES:
EMPRESA:
DOCUMENTO DE REFERÊNCIA:
Calcular a quantidade de X
material para realizar a tarefa 21/02
21/02
Entrega no almoxarifado da requisição
para separação do material X
Lista de Verificação -
OBRA: CÓDIGO: DATA:
INSPEÇÃO: ( ) INICIAL ( ) PERIÓDICO
ATIVIDADE:
LOCAL DA INSPEÇÃO:
PARTICIPANTES:
EMPRESA:
DOCUMENTO DE REFERÊNCIA:
Profissional de apoio X
Como você pôde ter observado na lista de verificação, foram listados vários itens de controle, como a
importância da checagem da dimensão da peça, se a mesma está conforme a solicitação de projeto, se há
empeno que vai influenciar no momento da conformação.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
120
RECAPITULANDO
Acabamos mais um capítulo do livro sobre a qualidade da traçagem, onde vimos o processo de
inspeção visual, com a utilização da lupa, a detecção de uma falha externa na superfície de uma
chapa.
Vimos sobre a importância da utilização das ferramentas da qualidade, lista de verificação e todo o
processo que o profissional de traçagem executa para a confecção de uma peça.
E, também, o controle sobre ferramentas, máquinas e instrumentos visando colocar um profissional
diferenciado no mercado de trabalho, os procedimentos que devemos utilizar quando trabalhamos
com material diferente do aço-carbono, bem como a lista de verificação, que é um checklist de todo
o processo de produção, desde o projeto até a conclusão do produto final.
Com isso, acabamos de obter mais uma gama de conhecimentos. Esperamos ter contribuindo para
a mudança na sua carreira profissional. Continue estudando!
5 Qualidade na traçagem
121
REFERÊNCIAS
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______. Ensaio de ultrassom. Figura 79. 2018. Disponível em: <https://www.shutterstock.
com/pt/image-photo/ultrasonic-test-detect-imperfection-defect-steel-616141199>.
Acesso em: 14 jun. 2018.
MINICURRÍCULO DOS AUTORES
GREGÓRIO DE SOUZA
Gregório de Souza é Pós-graduando em Educação de Jovens e Adultos na Faculdade Afonso Cláu-
dio. Graduado em pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Cursou Nível Técnico
de Eletromecânica na Escola Técnica de Eletromecânica da Bahia em Salvador - Bahia. Atua na
área Metalmecânica há 26 anos. Tem experiência na área de Tubulações, Caldeiraria e Estrutura
Metálica. Atuou no setor de manutenção industrial na CEMAN – Central de Manutenção de Ca-
maçari. Foi examinador do CEQUAL – Bahia na parceria SENAI – DR/BA e ABRAMAN - Associação
Brasileira de Manutenção.
Índice
A
atomizada 54
C
cadeia de comando 26
comprimento nominal 93
D
denotativo 19
didática 25
E
eixo do tubo 85
entroncado 85
I
içamento 102
M
Morosa 27
N
Niple 86
P
paleteira 100
perpendicular 58, 59, 61, 69, 70
R
rastreabilidade 116
RPM 42
T
TAG 49
Tê 86
tróleis 102
V
verdadeira grandeza 75, 76, 81, 82
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP
Daiane Amancio
Gregório de Souza
Elaboração
Marcelle Minho
Coordenação Educacional
i-Comunicação
Projeto Gráfico