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Série construção civil

projeto
arquitetônico
Série CONSTRUÇÃO CIVIL

Projeto
Arquitetônico
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Série construção civil

Projeto
Arquitetônico
© 2013. SENAI – Departamento Nacional

© 2013. SENAI – Departamento Regional da Bahia

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SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Núcleo de Educação a Distância - NEAD

FICHA CATALOGRÁFICA

S491p

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Projeto Arquitetônico / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional da Bahia. Brasília: SENAI/DN, 2013.
174p. : il. (Série Logística).
ISBN
1. Projeto Arquitetônico 2. Construção Civil. I. Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional II. Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Regional da Bahia III. Título IV.
Série

CDU: 349.2 (81)

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Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de Ilustrações
Figura 1 - O homem paleolítico e a descoberta do fogo....................................................................................21
Figura 2 - Representação do homem do período paleolítico...........................................................................21
Figura 3 - Moradia neolítica...........................................................................................................................................22
Figura 4 - Surgimento da propriedade privada.....................................................................................................23
Figura 5 - Primeiras cidades..........................................................................................................................................24
Figura 6 - Babilon em dois períodos antes de cristo, a maior cidade do mundo.......................................25
Figura 7 - Partenon: templo grego dedicado à deusa Atena, situado na acrópole de Atenas.............26
Figura 8 - Colunas gregas em estilos dórico, jônico, coríntio............................................................................27
Figura 9 - Coliseu...............................................................................................................................................................28
Figura 10 - Basilique Saint-Sernin – Toulouse, França..........................................................................................29
Figura 11 - Catedral de Notre Dame...........................................................................................................................30
Figura 12 - Arquitetura colonial: casas térreas........................................................................................................31
Figura 13 - Arquitetura colonial: sobrados..............................................................................................................31
Figura 14 - Casa de porão alto......................................................................................................................................32
Figura 15 - Igreja de São Francisco, Salvador, BA...................................................................................................33
Figura 16 - Palácio Rio Negro, Manaus, AM. exemplo da arquitetura neoclássica no brasil..................34
Figura 17 - Estrada de ferro da Grota Funda. Fotografia de Marc Ferrez C. (1880)....................................35
Figura 18 - Av. Paulista em 1920..................................................................................................................................36
Figura 19 - Processo de verticalização das cidades: Av Paulista em 2008....................................................36
Figura 20 - Arquitetura Moderna: representação da casa de vidro projetada por Lina Bo Bardi.........37
Figura 21 - Tate modern, Bankside em Londres, Inglaterra...............................................................................38
Figura 22 - Evolução urbana.........................................................................................................................................39
Figura 23 - Exemplo de arquitetura sustentável: escritório de arquitetura tryptique.............................40
Figura 24 - Normas ..........................................................................................................................................................43
Figura 25 - Plantas: representação gráfica...............................................................................................................44
Figura 26 - Normas: ABNT..............................................................................................................................................45
Figura 27 - Estatuto da cidade......................................................................................................................................46
Figura 28 - Plano diretor.................................................................................................................................................47
Figura 29 - PEU Campo Grande, RJ.............................................................................................................................48
Figura 30 - Edificação e a LOUOS.................................................................................................................................50
Figura 31 - Legislação......................................................................................................................................................52
Figura 32 - Fluxograma quebra-cabeça....................................................................................................................52
Figura 33 - Quebra-cabeça............................................................................................................................................58
Figura 34 - Fluxograma etapas.....................................................................................................................................60
Figura 35 - Croquis do Palácio do planalto – Oscar Niemeyer..........................................................................60
Figura 36 - Áreas de impacto da edificação............................................................................................................63
Figura 37 - Edificação no processo de desenvolvimento...................................................................................64
Figura 38 - Análise do projeto......................................................................................................................................66
Figura 39 - Engenheiro analisando o projeto executivo.....................................................................................67
Figura 40 - Configuração................................................................................................................................................69
Figura 41 - Ergonomia.....................................................................................................................................................73
Figura 42 - Ergonomia ações........................................................................................................................................74
Figura 43 - Mão na maçaneta.......................................................................................................................................75
Figura 44 - Mão no controle remoto..........................................................................................................................75
Figura 45 - Ergonomia figurativo................................................................................................................................76
Figura 46 - Ergonomia no trabalho............................................................................................................................77
Figura 47 - Arte de projetar em arquitetura............................................................................................................78
Figura 48 - Sensações calor e frio................................................................................................................................79
Figura 49 - Conforto térmico........................................................................................................................................80
Figura 50 - Eficiência energética..................................................................................................................................81
Figura 51 - Aproveitamento dos recursos naturais...............................................................................................82
Figura 52 - Radiação solar no edifício........................................................................................................................84
Figura 53 - Arquitetura bioclimática..........................................................................................................................85
Figura 54 - Uso da vegetação como sombreamento...........................................................................................86
Figura 55 - Propagação do som...................................................................................................................................87
Figura 56 - Noções de conforto acústico..................................................................................................................88
Figura 57 - Som direto.....................................................................................................................................................88
Figura 58 - Material absorvente...................................................................................................................................91
Figura 59 - Propagação do som em meios diferentes.........................................................................................92
Figura 60 - Iluminação natural x iluminação artificial..........................................................................................93
Figura 61 - Bem-estar proporcionado pela luz natural.......................................................................................94
Figura 62 - Aproveitamentos dos recursos nas edificações...............................................................................95
Figura 63 - Fluxo luminoso estabilizado...................................................................................................................96
Figura 64 - Fluxo luminoso estabilizado...................................................................................................................96
Figura 65 - Eficiência luminosa.....................................................................................................................................97
Figura 66 - Tipos de lâmpadas: incandescente, fluorescente compacta e LED..........................................97
Figura 67 - Iluminância....................................................................................................................................................98
Figura 68 - Diferença entre iluminância e luminância.........................................................................................99
Figura 69 - Projeto modelado no programa Sketchup..................................................................................... 104
Figura 70 - Imagem de abertura do programa Revit, projeto modelado pelo programa................... 105
Figura 71 - Projeto desenvolvido utilizando o Revit e a tecnologia BIM.................................................... 106
Figura 72 - Emerson sonhando com a casa.......................................................................................................... 107
Figura 73 - Trabalhando ao computador............................................................................................................... 109
Figura 74 - Layers..........................................................................................................................................................110
Figura 75 - Hachura diagramação de piso............................................................................................................ 112
Figura 76 - Tela principal do AutoCAD................................................................................................................... 113
Figura 77 - Comando fillet.........................................................................................................................................115
Figura 78 - Hachura....................................................................................................................................................... 116
Figura 79 - Comando mirror.....................................................................................................................................116
Figura 80 - Comando offset......................................................................................................................................117
Figura 81 - Comando stretch....................................................................................................................................118
Figura 82 - Comando spline......................................................................................................................................118
Figura 83 - Polilinha....................................................................................................................................................... 119
Figura 84 - Desenhando a planta baixa – térreo................................................................................................. 120
Figura 85 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – desenhando as paredes......... 121
Figura 86 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – eliminando objetos.................. 122
Figura 87 - Desenhando a planta baixa- arranjo espacial interno – eliminando objetos.................... 123
Figura 88 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – unindo linhas.............................. 124
Figura 89 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – fazendo aberturas..................... 125
Figura 90 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – fazendo aberturas 2................. 126
Figura 91 - Criando blocos (block definition)........................................................................................................ 127
Figura 92 - Porta – vão de abertura......................................................................................................................... 127
Figura 93 - Bloco porta (sequência 1-3)................................................................................................................. 128
Figura 94 - Bloco de janelas........................................................................................................................................ 128
Figura 95 - Pilares........................................................................................................................................................... 129
Figura 96 - Hatch (hachura)......................................................................................................................................... 129
Figura 97 - Esquadrias (sequência de figuras 1-3).............................................................................................. 130
Figura 98 - Inserindo blocos (sequência de figuras 1-3).................................................................................. 131
Figura 99 - Planta baixa................................................................................................................................................ 132
Figura 100 - Layers janela............................................................................................................................................. 132
Figura 101 - Soleira........................................................................................................................................................ 133
Figura 102 - Peitoril....................................................................................................................................................... 133
Figura 103 - Soleiras e peitoris.................................................................................................................................. 134
Figura 104 - Esquadrias-planta baixa...................................................................................................................... 134
Figura 105 - Comando Mtext .................................................................................................................................... 135
Figura 106 - Especificações esquadrias.................................................................................................................. 135
Figura 107 - Especificações esquadrias.................................................................................................................. 136
Figura 108 - Layer equipamento hidráulico......................................................................................................... 136
Figura 109 - Blocos hidráulicos – planta baixa.................................................................................................... 137
Figura 110 - Blocos hidráulicos – planta baixa.................................................................................................... 138
Figura 111 - Blocos hidráulicos – planta baixa.................................................................................................... 138
Figura 112 - Blocos hidráulicos – planta baixa.................................................................................................... 139
Figura 113 - Especificações esquadrias.................................................................................................................. 139
Figura 114 - Nomes ambientes e área.................................................................................................................... 140
Figura 115 - Área e perímetro.................................................................................................................................... 140
Figura 116 - Nome dos ambientes e área.............................................................................................................. 141
Figura 117 - Escada........................................................................................................................................................ 142
Figura 118 - Escada........................................................................................................................................................ 143
Figura 119 - Cotas.......................................................................................................................................................... 144
Figura 120 - Cotas.......................................................................................................................................................... 144
Figura 121 - Cotas.......................................................................................................................................................... 145
Figura 122 - Painel de ferramentas dimensionar................................................................................................ 145
Figura 123 - Planta baixa cotada.............................................................................................................................. 146
Figura 124 - Linhas de corte....................................................................................................................................... 147
Figura 125 - Planta baixa marcação das linhas de corte.................................................................................. 147
Figura 126 - Planta baixa marcação das linhas de corte.................................................................................. 148
Figura 127 - Perspectiva casa..................................................................................................................................... 149
Figura 128 - Beiral.......................................................................................................................................................... 149
Figura 129 - Construção planta de cobertura...................................................................................................... 150
Figura 130 - Construção planta de cobertura...................................................................................................... 150
Figura 131 - Perspectiva casa – cobertura............................................................................................................ 151
Figura 132 - Planta de cobertura.............................................................................................................................. 151
Figura 133 - Cortes – planta baixa térreo.............................................................................................................. 152
Figura 134 - Reservatório............................................................................................................................................ 153
Figura 135 - Planta baixa pavimento superior..................................................................................................... 154
Figura 136 - Planta de cobertura.............................................................................................................................. 155
Figura 137 - Cálculo inclinação................................................................................................................................. 156
Figura 138 - Cálculo inclinação................................................................................................................................. 156
Figura 139 - Perspectiva da casa com plano secante........................................................................................ 157
Figura 140 - Perspectiva da casa com plano secante........................................................................................ 157
Figura 141 - Planta da cobertura.............................................................................................................................. 158
Figura 142 - Corte cobertura...................................................................................................................................... 158
Figura 143 - Estrutura telhado................................................................................................................................... 159
Figura 144 - Estrutura telhado................................................................................................................................... 160
Figura 145 - Perspectiva frontal................................................................................................................................ 160
Figura 146 - Corte AA................................................................................................................................................... 161
Figura 147 - Perspectiva da casa com plano secante........................................................................................ 162
Figura 148 - Corte BB.................................................................................................................................................... 162
Figura 149 - Fachada frontal...................................................................................................................................... 163
Figura 150 - Fachada lateral....................................................................................................................................... 164

Quadro 1 - PDDU de Salvador, BA................................................................................................................................48


Quadro 2 - Documentos relativos ao estudo preliminar......................................................................................61
Quadro 3 - Documentos relativos ao estudo preliminar de viabilidade........................................................64
Quadro 4 - Documentos relativos ao estudo preliminar do anteprojeto......................................................65
Quadro 5 - Documentos relativos ao estudo preliminar do projeto legal.....................................................66
Quadro 6 - Documentos relativos ao estudo preliminar do projeto executivo...........................................68
Quadro 7 - Nível de ruído admitido pela NBR 10152............................................................................................90
Quadro 8 - Tipos e espessuras das linhas de um projeto.................................................................................. 111

Tabela 1 - Iluminância de interiores.............................................................................................................................98


Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................15

2 Histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades............................................................19


2.1 A pré-história.................................................................................................................................................20
2.2 A antiguidade................................................................................................................................................24
2.3 A antiguidade clássica................................................................................................................................25
2.4 A idade média................................................................................................................................................28
2.5 A idade moderna..........................................................................................................................................30
2.6 A arquitetura no brasil................................................................................................................................31
2.7 A arquitetura contemporânea – século xx..........................................................................................38

3 Normas e legislações aplicáveis................................................................................................................................43


3.1 Regulamentações.........................................................................................................................................44
3.1.1 Normas técnicas de representação para desenho técnico de edificações...........44
3.1.2 Estatuto das cidades.................................................................................................................45
3.1.3 Plano diretor de desenvolvimento urbano (pddu)........................................................47
3.1.4 Lei de ordenamento do uso e da ocupação do solo (louos)......................................49
3.1.5 Código de obras.........................................................................................................................51

4 Etapas do projeto arquitetônico...............................................................................................................................57


4.1 Elementos básicos de um projeto..........................................................................................................58
4.1.1 Peças gráficas..............................................................................................................................59
4.1.2 Peças escritas...............................................................................................................................59
4.2 Etapas de um projeto de arquitetura....................................................................................................59
4.2.1 Estudo preliminar......................................................................................................................60
4.2.2 Estudo de viabilidade do projeto com relação à legislação aplicável....................61
4.2.3 Anteprojeto..................................................................................................................................64
4.2.4 Projeto legal.................................................................................................................................65
4.2.5 Projeto executivo.......................................................................................................................67
4.2.6 Projetos de as built....................................................................................................................68

5 Noções de ergonomia e conforto ambiental.......................................................................................................73


5.1 Ergonomia......................................................................................................................................................73
5.1.1 A ergonomia no trabalho........................................................................................................76
5.2 Conforto ambiental nas edificações......................................................................................................79
5.2.1 Conforto térmico........................................................................................................................79
5.2.2 Conforto acústico.......................................................................................................................87
5.2.3 Conforto luminoso....................................................................................................................93
6 Desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador.................................................. 103
6.1 Aplicativos computacionais.................................................................................................................. 104
6.2 Construindo um projeto com o AutoCAD........................................................................................ 107
6.2.1 Principais comandos e suas funções................................................................................ 114

Referências
Minicurrículo da autora
Índice
Introdução

Bem-vindo ao universo das edificações!


Estamos iniciando uma caminhada pelo processo de formação técnica industrial na área da
Construção Civil. Esta é a primeira unidade curricular do módulo específico I do curso Técnico
em Edificações, denominada de Projeto Arquitetônico. Este módulo tem como objetivo geral
desenvolver competências para análise e criação arquitetônica realizando projetos individuais
de programa de habitação no nível de estudo preliminar e anteprojeto, relacionando função e
forma, levando em consideração princípios de construções sustentáveis, dentro dos limites de
sua responsabilidade técnica.
No decorrer do módulo, estudaremos os fundamentos técnicos e científicos que nos pos-
sibilitarão compreender o histórico da arquitetura e sua relação com a evolução urbana das
cidades. Além disso, estudaremos as normas e legislações aplicáveis, as etapas constituintes
do projeto arquitetônico e noções de Ergonomia e conforto ambiental.
Os temas aqui abordados também ajudarão a desenvolver as capacidades a seguir.

CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS

a) Planejar e organizar o próprio trabalho;


b) Atuar de forma ética;
c) Projetar e analisar resultados;
d) Aplicar princípios de qualidade, saúde, segurança do trabalho e ambientais;
e) Avaliar o trabalho realizado, na perspectiva de melhoria contínua;
f) Aplicar técnicas de comunicação oral e escrita.
PROJETO ARQUITETÔNICO
16

CAPACIDADES TÉCNICAS

a) Interpretar normas e legislações aplicáveis (técnicas, de patrimônio históri-


co-cultural e etc.);
b) Aplicar normas e legislações específicas (código de obras, concessionárias
locais e etc.);
c) Interpretar projetos e cartas;
d) Levantar dados para estudos preliminares de impacto ambiental e execu-
ção de projetos;
e) Realizar levantamento cadastral;
f) Analisar as variáveis técnicas e sociais para a implantação do empreendimento;
g) Elaborar planilhas de dados coletados (custos, possibilidades de venda do
empreendimento etc.);
h) Aplicar os dados coletados, de acordo com as necessidades dos clientes;
i) Analisar parâmetros de conforto ambiental;
j) Aplicar princípios de construção sustentável;
k) Elaborar projetos de arquitetura de edificações;
l) Representar graficamente projetos de arquitetura;
m) Redigir memoriais descritivos.
Vamos em frente. Bons estudos!
1 Introdução
17

Anotações:
Histórico da Arquitetura e sua relação
com a evolução das cidades

Vamos fazer um breve histórico para saber como surgiu a arquitetura e as cidades para ficar-
mos por dentro do histórico da sua evolução até os dias atuais, analisando aspectos sobre sua
relação com a evolução humana e sua influência em nossas vidas até hoje.
A urbanização dos espaços ocorreu de forma gradativa, a partir das transformações ocorri-
das nos mais variados campos, como a economia, a sociedade, a política e a religião.
Vamos começar a pensar o seguinte: desde que “o mundo é mundo e o homem é homem,”
independentemente da época, nós, na condição de seres humanos, para sobreviver, no mí-
nimo, precisamos de quê? Pense nas suas principais necessidades fisiológicas1 para manter o
corpo com saúde: quais são?
A fome e a sede, correto? Não vamos entrar aqui nas demais necessidades fisiológicas, nas
necessidades sociais, necessidade de segurança etc., nem nas suas possíveis associações para
que o ser humano mantenha não apenas seu corpo são, mas também a sua mente sã. Vamos
nos ater, agora, à necessidade de saciar a fome. Mas você deve estar se perguntando: o que isso
tem a ver com o nosso assunto? Você entenderá agora.

Cronologia da arquitetura

Vamos nos limitar a contar mais detalhadamente o período da Pré-História para entender
como, provavelmente, segundo relatos e vestígios históricos, surgiram a arquitetura e as ci-
dades. Já nos demais períodos da história da humanidade, vamos citar, ligeiramente, os prin-
cipais fatos que marcaram algumas épocas, para não desviar do nosso assunto: Histórico da
Arquitetura e a Evolução urbana das cidades.
PROJETO ARQUITETÔNICO
20

1 Necessidades 2.1 A PRÉ-HISTÓRIA


fisiológicas:
A pré-história é o período em que se dá a primeira etapa da evolução humana,
São as necessidades
vitais de sobrevivência: como vamos entender a seguir. Ela é dividida em dois períodos: Paleolítico e Ne-
alimentação, descanso,
proteção contra frio e calor olítico, cujo final é chamado Idade dos Metais. Vamos conhecer um pouco mais
e necessidades sexuais. sobre a pré-história, enfatizando o nosso assunto.
a) Período Paleolítico (2,7 milhões de anos até 10000 a.C.2) - Também é cha-
2 a.C.: mado de Período da Pedra Lascada devido ao fato de os homens paleolíti-
cos usarem osso, madeira e pedra para confeccionar suas armas e utensílios.
Abreviatura que significa
antes de Cristo. Isso os diferenciou dos outros animais, pois, com essa atitude, mostraram-
-se capazes de, racionalmente, produzir suas próprias ferramentas. Desde os
primórdios, o homem tem na alimentação sua principal fonte de energia,
por isso, desde o início da sua história evolutiva, ele precisou literalmente
correr atrás do seu alimento. Durante o período paleolítico, os alimentos
ofertados pela natureza eram adquiridos através da colheita, por exemplo,
de frutas. Porém, isso não era o suficiente, então, o homem precisou caçar
e pescar animais terrestres e aquáticos para saciar sua fome. Obviamente,
esses alimentos, aos poucos, iam ficando escassos e, por conta disso, esses
homens, que viviam em bando, precisaram se deslocar para outros lugares,
onde pudessem novamente encontrar alimentos. Devido a essa necessidade
de deslocamento, ou seja, por essa característica de viver de um lado para o
outro, sem residência fixa, foram chamados de Nômades.
E por falar em residência, nossos antepassados, assim como nós, também neces-
sitavam de um abrigo para se proteger das chuvas, dos ventos, de animais e de ou-
tros perigos que pudessem colocar a sua saúde em risco. Além disso, nesse período,
as baixas temperaturas eram predominantes na Terra, e a necessidade do abrigo
fez com que as cavernas fossem a melhor escolha, pois ainda não existia habitação.
Entretanto, embora as carvernas fossem mais aquecidas do que o meio exter-
no, ainda não eram o ideal, pois o clima era muito, muito frio. Certa feita, o homem
paleolitico observou que, quando caía um raio em uma árvore, era produzido
fogo. Então, ele percebeu que perto do fogo ele se sentia aquecido, e isso causa-
va certa sensação de conforto. Para não ficar dependente apenas dos fenômenos
da natureza, ele necessitava descobrir outras alternativas e percebeu que, quando
esfregava uma mão na outra, também se sentia aquecido, mesmo que por instan-
tes. Observou, também, que quando manuseava as pedras para fabricar suas ferra-
mentas e batia uma pedra na outra, saía uma luz muito parecida com a produzida
pela queda do raio. Assim, depois de um bom tempo desenvolvendo essa lógica,
ele percebeu que realmente poderia produzir fogo: ao experimentar friccionar ra-
pidamente dois gravetos de madeira um no outro, conseguiu esse feito!
2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades
21

Figura 1 - O homem paleolítico e a descoberta do fogo


Fonte: SENAI, 2013.

Parece simples, mas isso significou um grande avanço, afinal, com o fogo, o
homem do paleolítico conseguiu vencer o frio extremo, garantindo a sua sobre-
vivência, assim como pôde espantar os animais selvagens que poderiam atacá-lo,
iluminar as cavernas e cozinhar os alimentos que coletava e caçava.

Figura 2 - Representação do homem do período Paleolítico


Fonte: SENAI, 2013.

Observando a Figura 2, é possível notar os três marcos principais desse perío-


do: homem paleolítico abrigando-se na caverna, alimentando-se da caça e utili-
zando o fogo para aquecer-se e para “cozinhar” seu alimento.
PROJETO ARQUITETÔNICO
22

3 Subsistência b) Período Neolítico (5000 a.C a 3000 a.C) - Conhecido também como Idade
da Pedra Polida, vem logo depois do período paleolítico. É quando surgem
Suficiente à sobrevivência.
as primeiras habitações – será o surgimento da Arquitetura? Durante o perí-
odo neolítico, o homem percebeu que poderia cultivar plantas e domesticar
animais para lhes servirem de fonte “fixa” de alimentos. Assim, com o desen-
volvimento da atividade agrícola e a domesticação dos animais, o homem
viu que não precisava mais viver de um lado para outro atrás do alimento
de cada dia. Isso foi fator primordial para o surgimento das cidades, que
significou “concentração populacional, social e econômica que centraliza
atividades comerciais, industriais, culturais, etc.” (AULETE, 2008, p. 217).
Com a fixação do homem em um espaço determinado, geralmente próximo a
rios, onde as terras eram mais fertéis, caracterizou-se o sedentarismo. Percebeu-se,
então, a importância de organizar o território em que se vive. Dessa forma, surgiram
inovações tecnológicas que garantiram melhor domínio sobre a natureza e trouxe-
ram benefício para a existência do homem, de modo geral, e para o seu cotidiano.
Mas pode-se observar que, ao mesmo tempo em que o homem passou a domi-
nar as técnicas agrícolas, ele também passou a modificar aquele território, que até
então era virgem de qualquer interferência humana, atribuindo-lhe características
próprias da intervenção humana e alterando-lhe a paisagem. Em vez de cavernas,
agora eles construíam sua própria moradia, com palha e madeira. Assim, surgi-
ram as primeiras habitações do ser humano: o espaço começou a ser edificado.

Figura 3 - Moradia neolítica


Fonte: SENAI, 2013.

As primeiras cidades surgiram possivelmente na Pales-


VOCÊ tina, na margem do rio Jordão; logo após, nas margens
SABIA? dos rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia; e, no Egito,
nos vales do rio Nilo.

Com a revolução agrícola, os homens puderam produzir alimentos a mais


do que sua sobrevivência necessitava, e é provavel que o comércio tenha sur-
2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades
23

gido por causa desse excesso de alimentos. Nesse momento, portanto, a econo-
mia deixou de ser de subsistência3 e comecou a funcionar a partir de trocas. Por
exemplo: se um agricultor tinha tomates de sobra, ele poderia trocá-los com um
pescador por peixes e, dessa forma, diversas outras trocas foram realizadas. Além
disso, com a domesticação dos animais, a técnica da tecelagem também foi de-
senvolvida. Com isso, passou a ser possível fazer vestimentas de lã, tanto para a
troca quanto para manter o corpo aquecido.

Idade dos Metais – Final do Período Neolítico

O período da Idade dos Metais corresponde ao final do Período Neolítico e tem


duração mais curta em relação aos anteriores. Ficou mais conhecido como Idade
dos Metais porque as ferramentas, que antes eram de pedra, foram aprimoradas e
substituídas por ferramentas de metal, mais poderosas e eficientes. Esse fato trouxe
ainda mais transformações para o período, como a melhoria nas técnicas agrícolas,
na caça e na criação de animais, assim como na fabricação de armas mais resistentes.
Além do provável surgimento do comércio a partir dos excedentes agrícolas,
outro tipo de excedente passou a causar os primeiros conflitos entre os habitan-
tes daquele território, afinal, o pedaço de terra passou a significar riqueza, então,
cada um queria ser o “dono do pedaço”.
Essa disputa foi desencadeando os primeiros conflitos entre os indivíduos:
os que venciam se tornavam os senhores de determinada terra. Com o fim do
coletivismo primitivo, surgiu então a propriedade privada e, por consequência,
a desigualdade social. Com tantas transformações resultando em diversos con-
flitos, houve a necessidade de um poder maior, que ditasse as ordens a serem
obedecidas pelos indivíduos. Assim, surgiu o Estado, e as aldeias evoluíram para
a formação das cidades.

Figura 4 - Surgimento da propriedade privada


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO ARQUITETÔNICO
24

Com o surgimento da escrita, aproximadamente 4000 a.C., encerra-se a Pré-


-História e inicia a Antiguidade.

2.2 A ANTIGUIDADE

A Antiguidade engloba o período que vai de 4000 a.C. a 476 d.C. Como vimos,
com a grande evolução ocorrida na Pré-História, naturalmente, a população foi
crescendo, e a luta pelo poder ficou cada vez mais acirrada, agora não só entre
os homens da mesma terra, mas também entre civilizações de outros territórios,
afinal, o homem começou a se aventurar pela conquista de outras terras. Pro-
gressivas transformações eram necessárias para a melhoria da forma de viver,
como a ligação entre as cidades, o saneamento básico, o abastecimento de água
e a construção de novas moradias. A partir dessas necessidades, novas soluções
foram surgindo, por exemplo, os novos materiais empregados nas construções,
como o barro, que começou a ser utilizado nas edificações das primeiras cidades,
localizadas no Oriente Médio e na Ásia Central, assim também como foram sendo
desenvolvidas novas técnicas para a construção desses abrigos.

Figura 5 - Primeiras cidades


Fonte: SENAI, 2013.

Com essa disputa por novas terras e, por consequência, a ameaça de invasões,
a primeira modalidade da arquitetura a ser desenvolvida foi a militar. Justamente
nesse período, surgiram as primeiras cidades sendo protegidas por muralhas.
2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades
25

Figura 6 - Babilon em dois períodos antes de Cristo, a maior cidade do mundo


Fonte: SENAI, 2013.

Começaram, portanto, a ser construídas as cidades. “A cidade é uma constru-


ção no espaço, mas uma construção em grande escala; uma coisa só percebida no
decorrer de longos períodos de tempo” (LYNCH, 1980, p. 1).
O nascimento de uma cidade, assim como o seu desenvolvimento, depende
de fatores econômicos, políticos, sociais e de localizalização geográfica, que po-
derá ser mais ou menos favorecida, e esses fatores precisam de tempo para serem
definidos e solidificados. Por consequência, a cidade vai evoluindo progressiva-
mente, aumentando seu poder econômico e aumentando o número de habitan-
tes; o número de construções, por sua vez, também cresce.

2.3 A ANTIGUIDADE CLÁSSICA

A história da arquitetura está intimamente ligada com a história da evo-


lução humana, como comprovamos nas páginas anteriores. Vimos que a arqui-
tetura surgiu como solução para condições de sobrevivência do ser humano ao
longo dos tempos, naturalmente impostas pelo meio ambiente. Dessa forma, a
arquitetura esteve presente, primeiramente, como abrigo para proteção contra
os animais e fenômenos naturais, também para garantir o conforto ambiental,
térmico e acústico para as diversas atividades exercidas pelo ser humano.
PROJETO ARQUITETÔNICO
26

4 Acrópole: A arquitetura é expressa de diferentes formas, de acordo com a cultura de


cada local, as crenças religiosas e políticas, e também pelas técnicas desenvol-
Local mais alto das cidades,
onde eram construídos vidas para a construção, aliadas a outros diversos fatores que norteiam o estilo
templos e igrejas. arquitetônico de determinado período e local.

5 Frontão:
Arquitetura Grega
Elemento arquitetônico
triangular localizado no
topo da fachada principal
do edifício.

6 Estereobata:

Base elevada, constituída


geralmente por três
degraus.

7 Atenas:

Cidade grega.

8 Adobe:
Figura 7 - Partenon: templo grego dedicado à deusa Atena, situado na acrópole4 de Atenas
Segundo Aulete (2008, p. Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.
23), tijolo de argila, cozido
ou seco ao sol.
A civilização grega nos influenciou tanto que é apontada como fundadora da
cultura ocidental. Sua maior influência foi nos padrões estéticos de arte e beleza
9 Cúpula: devido a seu forte senso de proporção, equilíbrio, harmonia e ordem.
Cobertura exterior de A arquitetura grega é fortemente representada pelos templos, geralmente
edifícios, de forma esférica
ou convexa. construídos no terreno mais vísivel e alto da cidade. Os templos são caracteriza-
dos pela composição entre frontão5, colunas e estereobata6. São santuários que
abrigam a estátua do deus homenageado. O Partenon, por exemplo, situado na
10 Abóboda:
acrópole de Atenas7, tem em seu interior a estátua da deusa Atena, a quem o
Segundo Aulete (2008, p. templo foi dedicado.
5), teto abaulado de certos
prédios (teatro, catedral As colunas definiam o estilo arquitetônico do templo. Como podemos obser-
etc.).
var na figura 8, os três principais eram:
a) Estilo jônico: evidencia traços de beleza, elegância e leveza;
11 Etruscos:
b) Estilo dórico: representa o rigor, a funcionalidade e a simplicidade das formas;
Povos que viviam na
região da Península Itálica, c) Estilo coríntio: é requintado e se caracteriza pela riqueza de detalhes e de
compreendendo hoje o que ornamentos. Surgiu depois dos dois anteriores, no século V.
conhecemos como a região
da Toscana.
2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades
27

Em relação aos materiais construtivos, primeiramente, a arquitetura grega


adotou como material o adobe8, usado para construir paredes, e a madeira, utili-
zada para as colunas. Porém, aos poucos, esses materiais foram sendo substituí-
dos por pedras, geralmente mármore branco, o que trouxe maior monumentali-
dade às construções gregas.

Figura 8 - Colunas gregas em estilos dórico, jônico, coríntio


Fonte: SENAI, 2013.

Arquitetura Romana

A partir do século II a.C., a arte romana foi sendo desenvolvida, ainda quando
Roma dominava o Mediterrâneo e visava alcançar outras terras na Europa e na
Ásia. Na arquitetura Romana, vemos o uso do arco, das cúpulas9, das abóbodas10
cilíndricas e de arestas, com ornamentos detalhados e rebuscasdos que retratam
o grande valor dado à estética das construções e de suas fachadas.
Afirma-se, no entanto, que o estilo Romano é, na verdade, a soma dos estilos
gregos e etruscos11. Porém, a arquitetura e arte romana foram utilizadas como
forma de demonstrar todo o poder do Império Romano. Isso aconteceu em pra-
ticamente todas as cidades do império, que foram urbanizadas pomposamente
e receberam construções como aquedutos12, teatros, termas13, templos, estátuas,
arcos de triunfo, palácios e diversas outras edificações que trouxeram beleza e
suntuosidade às cidades romanas.
O Coliseu, por exemplo, maior símbolo do Império Romano, é um suntuoso
anfiteatro construído entre 70 e 90 d.C. no centro de Roma. Ao longo do tempo,
assumiu diversas funções, de habitação a oficina. Porém, atualmente, está sendo
preservado como uma das maiores atrações turísticas de Roma e foi eleito uma
das sete maravilhas do mundo.
PROJETO ARQUITETÔNICO
28

12 Aquedutos:

Segundo Aulete (2008, p.


78), canal artificial utilizado
para a condução de água.

13 Termas:

Estabelecimento destinado
a banhos públicos.

14 Renascença:

Movimento artístico,
científico e filosófico que,
entre os séculos XIV e XVI,
pregava o retorno aos ideais
da Antiguidade greco-
romana, especialmente a Figura 9 - Coliseu
valorização do ser humano Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.
e de suas capacidades.

15 Arcos ogivais:

VOCÊ O termo Arquitetura Clássica remete-se à Arquitetu-


Segundo Aulete (2008, p. ra Grega e a toda aquela que por ela foi influenciada,
717), arco típico do gótico, SABIA? como a Arquitetura Romana.
em duas curvas que se
cruzam em ângulo agudo.

2.4 A IDADE MÉDIA

Data do final da Antiguidade: de 476 d.C a 1453d.C. Seu marco inicial é dado
pela queda do Império Romano do Ocidente, e seu término, pela tomada de
Constantinopla pelos turcos. Dividide-se em Alta Idade Média (séculos V a X) e
Baixa Idade Média (séculos VIII e XIII): situa-se temporalmente entre a Antigui-
dade Clássica e a Renascença14. Um dado importante a ser lembrado é o enorme
poder da Igreja Católica durante a Idade Média. A consequência disso é a maior
manisfestação artística da arquitetura religiosa, que se refletiu em diversas cons-
truções de igrejas, mosteiros e templos. Dentro desse contexto, surgem dois esti-
los arquitetônicos: o estilo Românico e o estilo Gótico.
a) Estilo Românico: Surgiu na Itália e na Europa ocidental e teve força do
século IX ao XII. Podemos facilmente reconhecê-lo por apresentar, em edi-
ficações religiosas, uma arquitetura rígida, pesada, e por utilizar paredes
maciças, pilares espessos, poucas e pequenas aberturas como vestígios da
insegurança causada pelas guerras e invasões.
2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades
29

Figura 10 - Basilique Saint-Sernin – Toulouse, França


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

b) Estilo Gótico: Surgiu em sequência ao Estilo Românico, no século XII, pro-


longando-se até o século XVI, através da construção de grandes catedrais e
também de edifícios públicos, como os palácios. A arquitetura começa a ad-
quirir estruturas mais leves, de maior altura, com a presença de ornamentos,
vitrais e arcos ogivais15 – principal característica do estilo gótico. Apresenta
fachadas ricamente esculpidas e minimamente detalhadas. Esse estilo pre-
dominou na França, Alemanha e Inglaterra.
PROJETO ARQUITETÔNICO
30

16 Feudalismo:

Segundo Aulete (2008,


p. 479), sistema político,
econômico e social que
vigorou na Europa durante
a Idade Média e que se
baseava na propriedade da
terra, cedida pelo senhor
feudal ao vassalo em
regime de servidão.

Figura 11 - Catedral de Notre Dame


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

2.5 A IDADE MODERNA

A Idade Moderna contempla do século XV ao XVII: inicia-se em 1453 e se esten-


dende até 1789, ano da Revolução Francesa. Nesse período, marcado por impor-
tantes passagens históricas, instala-se uma nova ordem política e social: acaba o
feudalismo16 e surge o capitalismo, sistema econômico e social que nos acompa-
nha até hoje. Assim, consolida-se a Revolução Comercial, que avança sobre diver-
sas terras, de americanas a africanas.
É um período de grandes mudanças e avanços, de progressos e desenvolvi-
mento, o que se reflete na mudança do pensamento da sociedade, que antes era
regido pelo universo católico-feudal e passou a ser reforçado pelo pensamento
racionalista burguês. Todas essas transformações históricas originaram o movi-
mento conhecido como Renascimento Cultural: “primeiro grande movimento
cultural burguês dos tempos modernos, o Renascimento foi a eclosão de mani-
festações artísticas, filosóficas e científicas do novo mundo urbano e burguês”
(VICENTINO, 1997, p. 185).
2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades
31

2.6 A ARQUITETURA NO BRASIL

Arquitetura no período colonial (1530 a 1830). A partir de 1530, quando


o Brasil é descoberto pelos europeus, houve o confrontamento entre a cultura
índigena e a cultura europeia, afinal, os índios até então eram os donos da terra e
tinham seu próprio modo de viver. Ao que tudo indica, viviam em harmonia, sem
que ninguém lhes julgasse se estavam certos ou errados em seu modo de comer,
rezar e morar. Porém, com a chegada dos portugueses, que vieram com o intuito
de dominar e colonizar outras terras, em busca de riquezas, seu modo de viver foi
imposto e, por consequência, a sua arquitetura, alterando a identidade local. As-
sim, começam a surgir as primeiras vilas no Brasil, em detrimento à arquitetura
indígena aqui instalada, afinal, os colonizadores trouxeram consigo as correntes
estílisticas arquitetônicas da Europa. Os europeus chegavam ao Brasil pelo litoral,
por isso, as primeiras aglomerações, que podemos chamar de cidades, situavam-
se próximas ao litoral.

Figura 12 - Arquitetura colonial: casas térreas


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

Figura 13 - Arquitetura Colonial: sobrados


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.
PROJETO ARQUITETÔNICO
32

17 Taipa: Nesse período colonial, as casas podiam ser divididas em sobrados (casa de
dois pavimentos, símbolo de riqueza, em que o terréo era usado comercialmente,
Barro armado com madeira
ou bambu. e o pavimento superior, como moradia) e casas térreas (tipicamente residenciais,
mais simples que os sobrados). Diferenciavam-se também pelo chão de assoalho
e pelo chão de terra batida, respectivamente.
18 Cartas régias:
As casas mais simples eram feitas de pau a pique, também conhecido como
Carta da autoria de um rei,
contendo determinações
taipa17, e em sua cobertura se utilizavam telhas de barro. Eram construídas no
dirigidas às autoridades alinhamento das vias públicas, sem recuos laterais: as casas eram estreitas, compri-
responsáveis por aplicáa-las.
das e coladas umas nas outras, sempre a obedecer a topografia da região onde es-
tavam implantadas. As ruas também eram estreitas, afinal, não era pensada para a
circulação de carros. Assim era determinado o traçado urbano no período colonial.
Já entre 1800 e 1850, surgiu uma nova tipologia de casas, as casas de porão
alto. Eram edificações elevadas do solo a mais ou menos meio pé-direito. O objeti-
vo desse porão é o de proteger a casa da umidade, que trazia graves problemas às
habitações, além de proteger a intimidade de seus habitantes no pavimento térreo.
Quanto às fachadas das edificações, eram determinadas pelas cartas régias18;
já a organização interna era de livre vontade de seus donos.

Figura 14 - Casa de porão alto


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.
2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades
33

A partir de 1830, com a vinda de imigrantes de vários países europeus para o


Brasil e a decadência do trabalho escravo, o trabalho começou a ser remunera-
do. Por consequência disso, as técnicas construtivas foram aprimoradas, o que
levou à mudança no arranjo espacial interno das casas, melhorando questões de
ventilação e iluminação dos cômodos. Outras mudanças também puderam ser
verificadas na implantação, no uso e dimensão dos lotes: surgiram pequenos jar-
dins na frente das casas, modificando as fachadas das casas e interferindo positi-
vamente no cenário das cidades.

O Barroco no Brasil: fim do século XVI e meados do século XVIII

Trazido pelos colonizadores portugueses, podemos dizer que o Barroco rejei-


ta alguns valores do Renascimento, como a simetria e a rigidez artística, e marca
com beleza, livre de qualquer regra, através de jogos de luz e sombra a arquite-
tura religiosa no Brasil. O Barroco é desenvolvido exclusivamente nas Igrejas es-
palhadas pelo país. Seus ornamentos são ricos, esculpidos em pedra-sabão, barro
cozido e cedro; as curvas no interior das Igrejas são exuberantes, assim como em
suas fachadas e em seus frontões. Dessa forma, o Barroco expressa emocional-
mente a religiosidade católica e lhe confere caráter monumental.
A principal e mais rica vertente do Barroco, originária da França, chama-se Ro-
cocó e aparece em Minas Gerais. Trata-se do barroco em seu estilo ainda mais
rebuscado, elaborado de modo a reproduzir formas como conchas e folhagens.
Nessa época, a igreja foi responsável pelo maior apoio ao desenvolvimento da
arte colonial, revelando artistas de destaque como o mineiro Aleijadinho.

Figura 15 - Igreja de São Francisco, Salvador, BA


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.
PROJETO ARQUITETÔNICO
34

19 Cornija: Arquitetura neoclássica: século XIX


Moldura sobreposta que A arquitetura neoclássica, em suas características estéticas, contrapõe-se ao
arremata o alto de paredes,
portas etc. (AULETE, 2008, Barroco, afinal, agora, a maior influência é a arquitetura clássica (arquitetura gre-
p. 273).
ga e romana, que vimos no ínicio deste capítulo). As características que prevale-
cem na arquitetura neoclássica são a busca pela harmonia, simetria, simplicidade,
20 Platibanda: proporção entre as partes da edificação e o rigor formal dos poucos ornamentos,
obedecendo sempre a uma composição geométrica. A arquitetura neoclássica
Segundo Aulete (2008, p.
780), mureta de alvenaria também é marcada pela forte presença de colunas, cornijas19 e platibandas20.
construída no alto das
paredes externas de uma
edificação.

21 Ecletismo:

Segundo Aulete (2008, p.


378), reunião de diferentes
correntes de pensamento,
arte etc.

22 Equipamentos
urbanos:

Segundo a NBR 9284, todos


os bens públicos e privados,
de utilidade pública,
destinados à prestação
de serviços necessários
ao funcionamento da
cidade, implantados
mediante autorização do Figura 16 - Palácio Rio Negro, Manaus, AM. Exemplo da Arquitetura Neoclássica no Brasil
poder público, em espaços Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.
públicos e privados. São
exemplos de equipamento
urbano: ginásio de
esportes, clubes, escolas,
praças, parques, auditórios, Arquitetura modernista: o Movimento Moderno (1930 a 1960)
estacionamentos.
A revolução industrial trouxe diversas mudanças nos mais variados campos da
nossa vida e modificou a cultura em todos os âmbitos. O modo de produção passou
de artesanal a industrial e impulsionou os estudos técnicos para que fossem desen-
volvidos métodos que tornassem o universo da industrialização ainda mais eficien-
te, qualificando a mão de obra e levando a avanços tecnológicos. Essas transfor-
mações impulsionaram também a imigração rural, do campo para a cidade. Então,
para atender a essa nova demanda populacional e garantir moradia a esses novos
habitantes, a cidade precisou também aumentar o seu número de edificações, e
isso obviamente mudou a cara da paisagem urbana nas principais cidades do Brasil.
Levando-se em conta ainda as interferências na paisagem urbana, vamos cha-
mar atenção para as ferrovias, que, a partir da segunda metade do século XIX, pro-
porcionaram diversas mudanças ao longo de seu caminho. As estradas de ferro
2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades
35

surgiram a partir do investimento do Governo Federal e através do investimento


Inglês em nossas terras, afinal, a Inglaterra, nesse período, era abundante em fer-
ro. Isso facilitou a construção das nossas ferrovias, pensadas para o transporte
da produção agrícola e de minério das zonas rurais para os crescentes centros
urbanos. Além disso, o trem foi o principal meio de transporte até 1939, início da
Segunda Guerra Mundial.

Figura 17 - Estrada de ferro da Grota Funda. Fotografia de Marc Ferrez C. (1880)


Fonte: SENAI, 2013.

A partir desse panorama de desenvolvimento técnico do processo construtivo


das edificações nessa então recente sociedade industrial, a variedade de mate-
riais construtivos (da estrutura aos materiais de acabamento) trouxe mudanças
à paisagem urbana das cidades. Com o desenrolar técnico, os projetistas dessa
época deslumbraram-se e começaram a reproduzir os estilos arquitetônicos que
mais chamaram a atenção em outras épocas nos países europeus. Esse fato expli-
ca o grande ecletismo21 que vemos em nossas cidades brasileiras até hoje.
Ao longo dos anos, para atender a demanda do crescimento populacional, hou-
ve a necessidade de um número maior de moradias e equipamentos urbanos22. As
cidades, que antes se desenvolviam horizontalmente, entraram em processo de
verticalização, ou seja, onde antes predominavam as residências térreas ou de até
dois andares, passou a haver edifícios de vários andares. Dentro desse contexto, é
válido chamar a atenção para o triste fato que vemos acontecer hoje em grandes
cidades: casarões antigos, símbolos históricos que retratam tempos passados de
grande valor arquitetônico estão sendo demolidos para dar lugar a prédios de múl-
tiplos andares, e isso acarreta perda da identidade da cidade.
PROJETO ARQUITETÔNICO
36

23 Pilotis:

Elemento estrutural (pilar)


utilizado principalmente na
arquitetura moderna.

Figura 18 - Av. Paulista em 1920


Fonte: ULTRADOWNLOADS, 2013.

Figura 19 - Processo de verticalização das cidades: Av Paulista em 2008


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

A partir do crescimento das cidades, surgiram também os sistemas de abas-


tecimento de água, a rede elétrica e a rede de esgoto, proporcionando melhor
qualidade de vida às pessoas. Isso determinou a evolução das habitações como
conhecemos nos dias atuais.
2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades
37

Segundo o Estatuto da Cidade, em 50 anos, nos transformamos de um país rural


em um país eminentemente urbano, onde 82% da população moram em cidades.

O Estatuto da Cidade é uma lei federal que estabelece normas


SAIBA de ordem pública e interesse social que regulam o uso da pro-
MAIS priedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do
bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.

Dentro desse contexto de evolução urbana, aparece a arquitetura moderna,


que reflete o período de desenvolvimento e inovação tecnológica iniciado no fim
do século XIX. Nesse período, houve mudanças também nas técnicas e materiais
construtivos. Por exemplo, a utilização do aço e do concreto armado nas constru-
ções logicamente interferiu na expressão arquitetônica, que agora adotou a uti-
lização de formas geométricas e puras, em que a função ganha mais importância
do que a forma ou qualquer ornamentação – o que se preza é o racionalismo.

Figura 20 - Arquitetura Moderna: representação da casa de vidro projetada por Lina Bo Bardi
Fonte: SENAI, 2013.

Os arranha-céus surgiram nessa época em função desses novos materiais cons-


trutivos. Algumas características da arquitetura moderna que podemos apontar são:
a) Uso de Pilotis23 para estruturar as edificações, supendendo-as e deixando o
pavimento térreo livre, integrado ao entorno;
b) Panos de vidro nas fachadas;
c) Falta de ornamento;
PROJETO ARQUITETÔNICO
38

d) Paredes internas e externas na cor branca;


e) Terraço-jardim: aproveitamento da última laje da edificação como um espa-
ço de convivência e lazer.

Grandes arquitetos destacaram-se nesta época, por exemplo:


SAIBA Lina Bo Bardi, Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha, Mies
MAIS van der Rohe, Frank Lloyd Wright e o mentor da arquitetura
modernista, Le Corbusier. Vale a pena pesquisar sobre eles!

Vocês notaram alguma semelhança com a arquitetura que vemos hoje em dia?
Sim? Pois é, a arquitetura moderna perdura até hoje, mesclada à arquitetura
contemporânea!

2.7 A ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA - SÉCULO XX

Ao falarmos da arquitetura contemporânea, estamos falando da arquitetura


desenvolvida nos dias atuais, fruto de novos parâmetros arquitetônicos, sociais,
políticos e econômicos. Seguindo a linha do pós-modernismo, a arquitetura con-
temporânea rompe com algumas das características determinadas pela arqui-
tetura moderna (sem negar, obviamente, sua importância). O que caracteriza a
arquitetura contemporânea é a utilização de formas assimétricas, o uso da tecno-
logia para promover a automação dos edifícios, a utilização de novos materiais
(como o aço, o concreto e o vidro) para feitos estruturais e estéticos e os novos
processos construtivos.

Figura 21 - Tate Modern, Bankside em Londres, Inglaterra


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.
2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades
39

A cidade é, em sua essência, a composição da paisagem urbana, cuja superfí-


cie é ocupada pelos mais diversos elementos: edificações, árvores, resíduos, pe-
dras, água etc. A cidade é um organismo dinâmico, que tem em seu traçado o
desenho necessário para atender ao fluxo das mais variadas “peças” que a com-
põem (pessoas, veículos, mercadorias), e cuja infraestrutura pretende estabelecer
o pleno desenvolvimento desses componentes, que estão, a todo o momento,
relacionando-se.
A evolução urbana é uma tendência natural das cidades, que estão a todo o
momento sofrendo mudanças para atender a um número maior de pessoas e,
consequentemente, a um maior número de veículos, habitações, equipamentos
urbanos etc. Isso resulta também no aumento de problemas como violência, po-
breza, redução da qualidade ambiental, degradação dos recursos naturais, con-
flitos urbanos, enfim, questões de ordem social, ambiental, econômica e cultural.

Figura 22 - Evolução urbana


Fonte: SENAI, 2013.

Como podemos concluir, as cidades são sistemas complexos, onde variados


componentes devem “funcionar” perfeitamente, reduzindo ao máximo o núme-
ro de conflitos urbanos e socioambientais. Isso significa que devem fazer parte
do planejamento da cidade ações que contemplem o saudável desenvolvimento
econômico, social e político, que tragam qualidade de vida aos seus habitantes e
obedeçam as normas e regulamentações urbanas e ambientais.

A qualidade de vida nas cidades é responsabilidade não só do


governo, mas também dos seus habitantes, que têm direitos
FIQUE a serem respeitados e deveres a serem cumpridos. Pequenos
ALERTA atos, como a separação do lixo, jogar o lixo no lixo, evitar o
despedício de água, entre outros, ajudam a preservar o meio
ambiente para a geração presente e as futuras!
PROJETO ARQUITETÔNICO
40

Responsabilidades

Seria inaceitável pensar em novas formas de construir e em novos materiais


construtivos sem pensar nos recursos do planeta Terra que consumimos como
matéria-prima. Sabe-se que no século XX o homem explorou demasiadamente os
recursos naturais do planeta, devastando suas riquezas de maneira irresponsável,
sem a preoucupação de deixar para as futuras gerações condições possíveis para
se viver saudavelmente. Agora, tenta-se reduzir esses malefícios através de políti-
cas ambientais. A partir desse próposito, dentro do nosso universo da construção
civil, começaram a surgir vertentes como a arquitetura sustentável, sobre a qual
conheceremos um pouco mais no capítulo 5.

Figura 23 - Exemplo de arquitetura sustentável: escritório de arquitetura Tryptique


Fonte: FAMINTO, 2013.

CASOS E RELATOS

Benjamim
Benjamim, técnico em edificações, sempre se interessou pelo universo
da construção civil e, durante uma das disciplinas de seu curso, projeto
Arquitetônico, sua professora Marta introduziu a matéria falando sobre
a história da arquitetura e os estilos arquitetônicos, o que lhe despertou
bastante curiosidade e interesse! Benjamim começou então a pesquisar
esse assunto em livros especializados, na internet e onde pudesse encon-
trar informações. Alguns de seus colegas o criticavam:
2 histórico da arquitetura e sua relação com a evolução das cidades
41

– Para que eu vou querer saber sobre a história da arquitetura? Você está
perdendo tempo, rapaz!
Benjamim, já conhecedor do assunto e sabendo da importância do co-
nhecimento para sua carreira, respondeu:
– Você sabia que muito do que a gente aprende aqui no curso para se
executar uma obra, sobre as técnicas construtivas, sobre os materiais
construtivos e diversos outros assuntos relativos tiveram seu início há
muitos e muitos anos? E que todo esse desenvolvimento que temos
hoje é a evolução das técnicas desenvolvidas em construções passadas?
Você sabe o valor do legado que as gerações passadas nos deixaram? Por
exemplo, você sabe quem inventou o arco? Qual é a técnica utilizada para
construí-lo? E sobre a arquitetura colonial, quais foram os materiais utili-
zados naquela época?
Benjamim não precisou falar mais nada, pois sua resposta foi tão boa que
causou interesse de outros alunos em pesquisar mais sobre o assunto!

RECAPITULANDO

Neste capítulo, falamos sobre a História da arquitetura e sobre fatos que


marcaram a história mundial e seu reflexo na arquitetura, em seus estilos
arquitetônicos, forma, função, materiais construtivos e técnicas constru-
tivas e como as cidades chegaram à sua configuração atual diante da ex-
cedente demanda populacional. Pudemos observar também que fatores
políticos, econômicos e sociais estão intimamente ligados ao desenvolvi-
mento urbano de uma cidade e de sua sociedade.
E nós, na condição de habitantes dessas cidades, como nos encontramos
nesse contexo? Que qualidade de vida a cidade em que moramos nos ofe-
rece? Para assegurar o uso condizente à plena dignidade humana, para
priorizar o interesse coletivo sobre o individual, assegurar condições sau-
davéis de moradia e outros tantos princípios, existem leis, códigos e nor-
mas dedicados a essa causa. É o que estudaremos no próximo capítulo!
Normas e legislações aplicáveis

Vamos analisar como acontece o processo construtivo dentro das normas e legislações?
Primeiro, têm-se a ideia do projeto, depois, vem a concepção propriamente dita, quando
acontece a representação do projeto. Para que ele seja realmente construído, é necessário
uma série de aprovações, que vão do âmbito municipal ao federal.

Figura 24 - Normas
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

Desde o início, já na representação gráfica do projeto, há normas que regem essa ativida-
de, as chamadas Normas Brasileiras, aprovadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). Existem centenas de normas que contemplam o universo da construção civil, e para
que o projeto possa ser aprovado para ser executado, devemos obedecer diversas outras di-
retrizes ditadas pelas regulamentações estabelecidas para esse propósito. Você deve estar se
perguntando que regulamentações são essas. É o que veremos agora!
PROJETO ARQUITETÔNICO
44

3.1 REGULAMENTAÇÕES

3.1.1 Normas técnicas de representação para desenho


técnico de edificações

Essas normas abrangem o momento de representação do projeto arquitetôni-


co, incluindo-o dentro da linguagem padrão do Desenho Técnico de Edificações.
Pois bem, você pode estar se perguntando: Mas para que mesmo servem to-
das essas regulamentações? Vejamos isso na prática.
Supomos que você, técnico de edificações, esteja representando uma casa de
dois pavimentos. Como você representará graficamente os seus elementos cons-
trutivos? Com base em quê? E como o próximo profissional que trabalhará tendo
como base aquele desenho fará para adivinhar o que cada simbologia quer dizer?
Para resolver esses problemas, existem as normas técnicas, que padronizam a re-
presentação gráfica dos elementos para que seja constituída uma linguagem de
comum entendimento.

Figura 25 - Plantas: representação gráfica


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas, fundada em 1940, é o órgão res-


ponsável pela normalização técnica do Brasil. Insere-se também na linguagem uni-
versal, já que a ABNT segue normas de importantes entidades internacionais, como
International Organization for Standardization (ISO), International Eletrotechnical Co-
mission (IEC) e de entidades de normalização regional: Comissão Panamericana de
Normas Técnicas (COPANT) e Associação Mercosul de Normalização (AMN).
3 normas e legislações aplicáveis
45

Figura 26 - Normas: ABNT


Fonte: SENAI, 2013.

Vamos lembrar que essas Normas ditam não só como se deve representar grafi-
camente um projeto, mas também como será apresentado esse projeto. Por exem-
plo: NBR 10068/1987 – Folha de desenho – Leiaute e dimensões – tem objetivo de
padronizar “as características dimensionais das folhas em branco e pré-impressas
a serem aplicadas em todos os desenhos técnicos”; NBR 10582 – Apresentação da
folha para desenho técnico – tem objetivo de fixar “as condições exigíveis para a
localização e disposição do espaço para desenho, espaço para texto e espaço para
legenda, e respectivos conteúdos, nas folhas de desenhos técnicos.”

VOCÊ Normalização e normatização têm significados diferen-


SABIA? tes. Normalizar é regularizar, e normatizar é criar normas!

3.1.2 Estatuto das cidades

“Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece


normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade
PROJETO ARQUITETÔNICO
46

urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem


como do equilíbrio ambiental.” (Cartilha do Estatuto da Cidade).

PAVIMENTAÇÃO

SAÚDE
HABITAÇÃO
SEGURANÇA
CULTURA

Figura 27 - Estatuto da cidade


Fonte: SENAI, 2013.

O Estatuto da Cidade é a Lei Federal 10.257/2001, que estabelece parâme-


tros e diretrizes de política e gestão urbana no Brasil. Seu principal objetivo é
garantir o pleno desenvolvimento da cidade, prezando pela qualidade de vida
dos seus habitantes.
A aplicação dessa lei é de responsabilidade do Município, que deve garantir
que os habitantes da cidade, como um todo, tenham seus direitos respeitados
quanto a condições dignas de moradia e possam usufruir de todos os bens que a
estrutura urbana pode oferecer. Outro ponto bastante importante é que, a partir
da implantação do Estatuto, foi possível regularizar extensas áreas ocupadas por
favelas e invasões, transformando-as em áreas formais, com direitos e deveres
como qualquer outra área da cidade.
Com o constante e desordenado crescimento das cidades, tornou-se impres-
cindível a formulação de um instrumento que regulamenta, ordena e controla
o uso do solo das cidades, favorecendo a aplicação da política urbana, fato que
explica o surgimento do Estatuto da Cidade.
Mas o que é a política urbana?
“A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público muni-
cipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus
habitantes.” (Cartilha do Estatuto da Cidade, p. 45)
O Município formulará a Política Urbana, e essas diretrizes serão cumpridas atra-
vés do Plano Diretor. Dessa forma, o estatuto e o Plano Diretor visam a estabelecer
diretrizes que tornem possível uma cidade democrática, justa, agradável, organiza-
3 normas e legislações aplicáveis
47

da, limpa, onde todos os seus habitantes sintam-se bem ao transitar por ela. Além
disso, o Plano Diretor e o estatuo visam a fazer cumprir diretrizes para que haja se-
gurança, acesso a saúde, a moradia e a educação de qualidade, acesso a transporte
público, a lazer e que a cidade possa desenvolver-se dentro da linha da sustentabi-
lidade em todos os âmbitos, seja econômico, social, ambiental, político, garantindo
as devidas condições de qualidade de vida também para as próximas gerações.
Mas, afinal, o que é o Plano Diretor?
“A Constituição Federal determina que o instrumento básico da política de de-
senvolvimento e expansão urbana é o Plano Diretor.” (Estatuto da Cidade, p. 18)

3.1.3 Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU)

O Plano Diretor é uma lei municipal e deverá ser o principal instrumento


da política urbana, atuando através de diretrizes que ordenam o desenvolvi-
mento urbano.
A palavra-chave do Plano Diretor é planejamento. E planejamento significa
elaborar um plano de ação para alcançar o que se quer obter. E em relação ao
nosso Plano Diretor, que está aliado ao Estatuto da Cidade, esse ato de planejar é
direcionado para qual objetivo?
Pois é, esse plano de ação tem como meta o desenvolvimento de ações inte-
gradas que garantam o principal objetivo ditado pelo Estatuto da Cidade, o bem-
-estar social. Durante a concepção do Plano Diretor, são feitas audiências públicas
para que a população possa participar expondo as suas reivindicações.

CULTURA
SAÚDE

EDUCAÇÃO

HABITAÇÃO LAZER

TRANSPORTE

Figura 28 - Plano Diretor


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO ARQUITETÔNICO
48

Mas como é elaborado o Plano Diretor?


Esse planejamento geralmente é feito da seguinte forma: a área da cidade é
dividida em zonas, ou seja, faz-se o zoneamento, onde serão implantadas ações
de intervenção de acordo com o seu perfil.

Zona de Uso Especial (ZUE) – zonas destinadas a complexos urbanos voltados a funções administra-
tivas, educacionais, de transportes e de serviços de alta tecnologia.
Zona de Exploração Mineral (ZEM) – zona destinada ao desenvolvimento de atividades de extração
mineral e beneficiamento de minérios.
Zonas Especiais (ZE) – zonas que requerem a definição de critérios e restrições específicos para o
ordenamento e controle do uso e ocupação do solo em razão de sua configuração socioespacial e
urbanística. Compreendem duas subcategorias: Zonas Especiais Interesse Social (ZEIS) e Zonas Sob
Regime Urbanístico Especial (ZRE).
Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) – zonas destinadas à implementação de programas
de regularização urbanística, fundiária e a produção, manutenção ou qualificação de Habitação de
Interesse Social (HIS).
Zonas Industriais (ZIN) – zonas destinadas ao uso predominantemente industrial, sendo admitidos
usos comerciais e de serviços compatíveis com a finalidade da zona.
Zonas Predominantemente Residenciais (ZPR) – zonas destinadas preferencialmente aos
usos uniresidenciais e multiresidenciais, admitindo-se outros usos, desde que compatíveis com
os usos predominantes, atendidos os critérios e restrições estabelecidos pela legislação de uso e
ocupação do solo.
Zonas Exclusivamente Uniresidenciais (ZEU) – zonas destinadas ao uso uniresidencial, conforme
Termo de Acordo e Compromisso (TAC) preexistente.
Zonas Sob Regime Urbanístico Especial (ZRE) – zonas em que há interesse público na manutenção
de padrões urbanísticos estabelecidos com base em planos ou projetos específicos, e cujos parâme-
tros de uso e ocupação do solo são diferenciados em relação ao ordenamento geral da cidade.
Quadro 1 - PDDU de Salvador, BA
Fonte: PREFEITURA DE SALVADOR, 2010.

PCRJ/SMU
PEU Campo Grande/AEIAs Legenda
Proj. Gráfico: Coordenadoria de Informática
UEPs

AEIA1

AEIA2

Esc. Gráfica
0 500 1000 1500

Figura 29 - PEU Campo Grande, RJ


Fonte: SENAI, 2013.
3 normas e legislações aplicáveis
49

Geralmente, o zoneamento de uma cidade é dado desta forma: o mapa da


cidade é dividido em diversas áreas de diversas cores, para representar determi-
nadas zonas.
Os principais objetivos do zoneamento são:
a) Inibir o crescimento urbano desordenado;
b) Propor o crescimento urbano ordenado, de acordo com leis vigentes;
c) Controlar o uso do solo, tendo em vista o tipo da edificação e seu porte;
d) Proteger as áreas de reservas ambientais;
e) Impedir a ocupação de áreas inadequadas para o ser humano;
f) Melhorar, ampliar e controlar do sistema viário.

VOCÊ O Plano Diretor é obrigatório para municípios com mais


de 20 mil habitantes. E a cada 10 anos, ele tem de ser
SABIA? reformulado.

3.1.4 Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo


(LOUOS)

A Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo, cujas disposições são


estabelecidas pelos municípios, tem como fundamento “pôr em ordem” o solo
do município, legitimando e ilustrando de forma organizada as determinações do
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. A Constituição de 1988 estabeleceu
que as prefeituras têm o poder de regular o controle e a ocupação do uso do solo,
bem como as construções de edificações residenciais, industriais e comerciais.

Essa Lei, a depender de cada município, pode ser chama-


da por denominações diferentes. Por exemplo, em Salva-
VOCÊ dor, é chamada de Lei de Ordenamento do Uso e Ocupa-
SABIA? ção do Solo (LOUOS); em São Paulo, chama-se Legislação
de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LPUOS); em
Recife, chama-se Lei do Uso e Ocupação do Solo (LUOS).

Esses parâmetros são pensados tendo como finalidade os objetivos listados


pelo Estatuto da Cidade, de forma a sempre priorizar a qualidade de vida. Consi-
deram-se questões quanto a:
PROJETO ARQUITETÔNICO
50

a) Preservação do meio ambiente;


b) Áreas de preservação histórica;
c) Risco de segurança;
d) Levantamento arqueológico;
e) Poluição ambiental;
f) Impacto no sistema viário e na densidade demográfica de determinada região;
g) Impacto no conforto ambiental;
h) Impacto visual.
Esses e diversos outros dados são analisados e fundamentam as decisões do
que é viável e apropriado para as áreas em foco, a fim de determinar o que é pos-
sível e permitido em cada zona.
Dentro desse documento, encontraremos, para cada zona (como vimos no
assunto do PDDU), critérios e restrições a serem respeitados para que o projeto
do empreendimento seja aprovado e, por fim, possa ser construído. Vejamos
um exemplo.
André tem um terreno X, em uma zona classificada como residencial, e quer
construir uma casa. O primeiro passo relativo ao cumprimento das normas e re-
gulamentações vigentes é verificar a LOUOS para saber os parâmetros que de-
vem ser obedecidos para se construir naquela área em que está localizado o ter-
reno. Portanto, o projeto terá de ser desenvolvido respeitando esses critérios e
restrições. Um dos critérios a ser obedecido refere-se ao recuo da edificação em
relação ao seu entorno, seja a via ou outras construções. Observe a Figura 30.

terreno
edificação

recuo
recuo
recuo

recuo

Figura 30 - Edificação e a LOUOS


Fonte: SENAI, 2013.
3 normas e legislações aplicáveis
51

Nessa região, a LOUOS determina que a edificação deva estar recuada “x” me-
tros nas laterais, frente e fundo (o que pode ser visto na Figura 30). Esse critério
depende de cada município e de cada região em que a edificação está localizada.
Essa Lei vale para construção, reforma de edificações e tudo o que engloba o
universo de construção e obras. Por exemplo, projetos e obras de urbanização,
infraestrutura etc.
Para detalhar a devida aplicação das regras gerais e específicas dentro da ativi-
dade de projetos e obras é que existe o Código de Obras: ele nos norteia quanto
às possibilidades e legalidade do projeto e da obra.

A Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil é a responsá-


SAIBA vel pela vistoria de imóveis que apresentam problemas em
MAIS sua estrutura devido a acidentes provocados pelo homem ou
pela natureza.

O Código de Obras está vinculado à Lei de Ordenamento e Uso do Solo.

3.1.5 Código de obras

Cada município tem seu Código de Obras, que pode ser entendido como o con-
junto de Normas administrativas que norteiam a execução de toda e qualquer obra
dentro dos limites do município. Cabe à prefeitura fiscalizar as normas vigentes.
O Código de Obras contém normas administrativas relativas aos assuntos:
a) Habilitação;
b) Licenças;
c) Projeto;
d) Obrigações;
e) Fiscalização;
f) Penalidades e recursos.
O Código de Obras refere-se às responsabilidades do município, dos profissio-
nais da área de projetos e obras, bem como dos proprietários de bens imóveis.
Formulado e próprio a cada município, apresenta parâmetros do que é preciso
ser respeitado e atendido nos projetos de arquitetura para empreendimentos de
qualquer porte, a serem edificados ou já construídos no município em questão.
Além disso, fiscaliza as exigências citadas nas LOUOS para que sejam cumpridas,
assegurando condições dignas de higiene, segurança, conforto ambiental, o cor-
PROJETO ARQUITETÔNICO
52

reto emprego dos elementos e materiais construtivos, assim como o adequado


dimensionamento dos espaços.

Código
de
Obras

Figura 31 - Legislação
Fonte: SENAI, 2013.

O Código de Obras contempla diretamente as obras. Como vimos, as regu-


lamentações estão interrelacionadas, conforme podemos ver representado na
figura 32, em que o que está acima determina as diretrizes a serem adotadas e
direcionadas para o que está abaixo.

ESTATUTO DA CIDADE

PLANO DIRETOR

LEI DE USO E OCUPAÇÃO DE SOLO

CÓDIGO DE OBRAS
Figura 32 - Fluxograma quebra-cabeça
Fonte: SENAI, 2013.

Todo projeto, para ser executado, precisa da aprovação dos


FIQUE órgãos legais. Assim, caso alguém decida construir sem
ALERTA essa aprovação, poderá ser notificado e multado, além de
ter sua obra embargada.
3 normas e legislações aplicáveis
53

Acessibilidade

A acessibilidade é lei e é obrigatória. No ano 2000, foi lançada a Lei 10.098, que
estabelece normas e critérios para promover a acessibilidade autônoma das pes-
soas com deficiência a edificações, espaços, mobiliários e equipamentos urbanos.
Em 2004, foi lançado o decreto nº 5.296, que regulamentou essa lei, ou seja, espe-
cificou condições para tornar real a acessibilidade com “Enfoque na mobilidade
urbana, na construção dos espaços e nos edifícios de uso público e legislação ur-
banística.” (BRASIL, 2006). Então, o Estatuto das Cidades e o Plano Diretor passam
a ter como uma das diretrizes a acessibilidade, tomando como base a legislação
e as normas vigentes.

CASOS E RELATOS

Você será Avô, meu pai!


Domingo, 16 horas e 27 minutos do dia 16 de setembro de 2008. Tama-
nha foi a surpresa de Seu Doroteu, que ele se lembra de todos os detalhes
de seu filho Daniel lhe dando essa notícia maravilhosa. Porém, como to-
dos sabem, ter um filho traz diversas responsabilidades, e o ideal é que se
tenha uma boa estrutura para acolhê-lo da melhor forma.
Essa era a única questão que estava preocupando seu Doroteu, afinal,
seu filho já tinha uma casinha, onde morava com sua esposa, mas que
era muito pequena: tinha apenas quarto e sala. Por isso, resolveu dar um
presente ao seu filho: “Filho! Vou subir um andar para ser a sua nova casa,
com um quarto lindo para meu neto!” Daniel ficou muito feliz pelo esfor-
ço do seu pai em ajudá-lo: “Obrigado, meu pai! Eu o ajudarei.”
Seu Doroteu já tinha um pouco de experiência em construção, por isso,
resolveu erguer mais um andar sem a ajuda de nenhum especialista no
assunto. Seu Paulo, amigo da família, técnico em Edificações, passou pela
rua de seu Doroteu, notou que ele estava construindo e resolveu parar
para saber as novidades. Também ficou muito feliz com a notícia de que
a família do amigo estava aumentando, mas começou a ficar preocupa-
do quando seu Doroteu disse que estava construindo sem ter consulta-
do nenhum profissional. E o questionou: “Mas seu Doroteu, essa casa foi
PROJETO ARQUITETÔNICO
54

construída já pensando em ter este segundo andar? A fundação e a es-


trutura do térreo suportarão?” Seu Doroteu não sabia lhe responder com
exatidão. “E a outra questão é: o senhor deu a entrada na prefeitura para
que lhe fosse liberada a construção?” Seu Doroteu disse que não, que não
precisava. Com todos os seus conhecimentos, seu Paulo, técnico em edi-
ficações, orientou toda a construção de seu Doroteu e os procedimentos
que ele deveria adotar. Seu Doroteu o agradece até hoje, afinal, prezou
pela segurança de sua família e o livrou das multas e até do embargo que
sua construção poderia sofrer se não atendesse as exigências da prefeitu-
ra. E que venha o neto de seu Doroteu!
Fonte: SENAI, 2013.

RECAPITULANDO

O Estatuto da Cidade se refere à cidade de forma geral a seus princípios


para garantia da qualidade de vida. O Plano Diretor, por sua vez, é o plano
de ações para se chegar ao resultado desejado pelo Estatuto da Cidade. A
Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo (LOUOS) nos remete ao
Plano Diretor e seu parcelamento do solo e zoneamento, ditando o que é
apropriado para cada zona, ou seja, a relação cidade-obra.
3 normas e legislações aplicáveis
55

Anotações:
Etapas do projeto arquitetônico

O projeto arquitetônico começa a partir do desejo do cliente de que determinado espaço seja
edificado ou de que a edificação sofra modificações-reformas para atender a novas funções.
No processo de desenvolvimento de um projeto, desde a sua concepção à execução, o
planejamento de cada etapa assume papel de grande importância. Exatamente por isso, o
projeto arquitetônico é dividido em etapas, cada uma das quais contendo tarefas específicas
a serem realizadas sucessivamente. Por fim, elas se complementam e resultam em um projeto
bem planejado e de grande eficiência, com continuidade até a sua completa execução.
Essas etapas são compostas de processos que vão desde a coleta de dados relativos ao
terreno à consulta e ao atendimento às leis municipais de uso do solo e ao código de obras
da cidade. Em seguida, prossegue-se com a concepção do projeto e, em seguida, a aprovação
do cliente e dos órgãos públicos responsáveis, com a estimativa de custos, determinação dos
prazos, detalhamento de projetos etc. Só então o projeto poderá ser executado.
Vejamos melhor quais são as etapas de cumprimento necessário à aprovação de um projeto.
a) Estudo preliminar;
b) Estudo de viabilidade do projeto com relação à legislação aplicável;
c) Projeto legal;
d) Anteprojeto;
e) Projeto de execução;
f) Projeto de as built.
PROJETO ARQUITETÔNICO
58

Figura 33 - Quebra-cabeça
Fonte: SENAI, 2013.

Para ajudar no entendimento das etapas de um projeto, será preciso rever as


normas listadas abaixo, das quais recomendamos uma leitura cuidadosa!
NBR 13531/1995: Elaboração de projetos de edificações – Atividades técnicas.
NBR 13532/1995: Elaboração de projetos de edificações – Arquitetura.
NBR 6492/1994: Representação de projetos de arquitetura.
Precisamos também saber que, para conceber o projeto arquitetônico, é ne-
cessário dispor de uma série de informações, como:
a) Programa de necessidade de arquitetura;
b) Levantamento topográfico;
c) Levantamento cadastral do terreno que acomodará a edificação, bem como
de outras edificações já existentes;
d) Orientação da edificação em relação ao posicionamento do sol, direção e
sentido dos ventos predominantes;
e) Leis municipais de ordenamento e uso do solo;
f) Acessos;
g) Levantamento cadastral das edificações vizinhas;
h) Consulta para saber os serviços públicos disponíveis para aquela região:
água, esgotamento sanitário, iluminação, coleta de lixo etc.

4.1 ELEMENTOS BÁSICOS DE UM PROJETO

Cada etapa exigirá o levantamento de informações técnicas necessárias ao cor-


reto entendimento do projeto no nível de detalhamento que cada etapa determina.
Essas informações técnicas serão apresentadas através de documentos técnicos.
4 etapas do projeto arquitetônico
59

Segundo a NBR 6492 – Representação de Projetos de Arquitetura, os elemen-


tos básicos de um projeto são:

4.1.1 Peças gráficas

a) Plantas:
a) planta de situação;
b) planta de locação (ou implantação);
c) planta de edificação.
b) Corte;
c) Fachada;
d) Elevações;
e) Detalhes ou ampliações;
f) Escala.

4.1.2 Peças escritas

a) Programa de necessidades;
b) Memorial justificativo;
c) Discriminação técnica;
d) Especificação;
e) Lista de materiais;
f) Orçamento.

4.2 ETAPAS DE UM PROJETO DE ARQUITETURA

De acordo com a NBR 13532/1995 – Elaboração de projetos de edificações –


Arquitetura, cada etapa do projeto de arquitetura exige um grau de informações
que vai crescendo conforme se passa para outra etapa.
Sendo assim, as etapas do projeto de arquitetura são vistas na Figura 34.
PROJETO ARQUITETÔNICO
60

ESTUDO PRELIMINAR

ESTUDO DE VIABILIDADE DE PROJETO E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

PROJETO LEGAL

ANTEPROJETO

PROJETO DE EXECUÇÃO

PROJETO DE AS BUILT

Figura 34 - Fluxograma Etapas


Fonte: SENAI, 2013.

Vamos conhecer cada uma das etapas e os documentos que as compõem?

4.2.1 Estudo preliminar

Como o próprio nome diz, o estudo preliminar é relativo aos primeiros estu-
dos para conceber o projeto de arquitetura. Essa é a etapa em que começam a ser
definidos o partido arquitetônico, o arranjo espacial, a volumetria da edificação,
as diretrizes do projeto, ou seja, é a etapa de início da concepção do projeto com
todas as suas dúvidas, desejos e certezas. A partir daí, já se pode pensar, de forma
esquemática, nos materiais e elementos construtivos que poderão ser utilizados,
levando-se em conta, claro, os dados necessários para o pleno atendimento à
funcionalidade do projeto, como o programa de necessidades e dados relaciona-
dos à legalidade. Podemos também dizer, para simplificar o entendimento, que
o estudo preliminar é a primeira proposta do projeto arquitetônico que o cliente
recebe, cabendo-lhe então aprovar ou pedir alterações.

Figura 35 - Croquis do Palácio do Planalto – Oscar Niemeyer


Fonte: NIEMEYER, 1958
4 etapas do projeto arquitetônico
61

A seguir, veremos os documentos relativos a essa etapa, as informações que


precisam estar presentes e em quais normas essas informações são especificadas.

Documentos relativos ao estudo preliminar


Estudo preliminar de arquitetura
Informações de referências Estudos preliminares produzidos por outras atividades técnicas
Levantamento topográfico e cadastral
Situação
Plantas
Documentos a apresentar Cortes
Fachadas
Memorial justificativo
Croquis
Maquetes 3D
Documentos facultativos
Textos
Análise preliminar de custo
Elementos construtivos
Partido arquitetônico
Medidas principais
Informações presentes Áreas
Acessos
Orientação
Curvas de níveis
Escala Será determinada de acordo com o porte do programa
NBR 6492/1994
Normas técnicas NBR 13531/1995
NBR 13532/1995
Quadro 2 - Documentos relativos ao estudo preliminar
Fonte: SENAI, 2013.

4.2.2 Estudo de viabilidade do projeto com relação à


legislação aplicável

O estudo de viabilidade tem o objetivo de aprovar o projeto, é a etapa da aná-


lise técnica que verifica se o projeto está atendendo as exigências legais.
Um empreendimento deve atender a legislação dentro de três limites:
a) Em relação ao seu arranjo espacial interno;
b) Em relação à altura da edificação;
c) Em relação à sua implantação na cidade.
PROJETO ARQUITETÔNICO
62

1 Gabarito: Alguns dados deverão ser avaliados quanto à situação “a”:

Medida padrão que poderá Para verificar esses dados, devemos consultar o Código de Obras do município.
ser relativa a altura, largura,
comprimento. a) Dimensionamento dos compartimentos;
b) Áreas que têm por obrigação receber iluminação e ventilação natural;
c) Áreas mínimas dos vãos de iluminação nos compartimentos da edificação;
d) Necessidade de elevador em relação à altura da edificação;
e) Dimensão das circulações horizontais e verticais;
f) Saídas de emergência;
g) Capacidade de acesso.
Alguns dados deverão ser avaliados quanto à situação “b”:
Para verificar esses dados, devemos consultar o PDDU e o Código de Obras do
Município.
a) Dependendo da área, devemos verificar o gabarito permitido.
Alguns dados deverão ser avaliados quanto à situação “c”:
Índices urbanísticos:
a) Índice de Utilização (IU);
b) Índice de Ocupação (IO);
c) Índice de Permeabilidade do terreno (IP);
d) Área construída total para efeito de cálculo do (IU);
e) Área ocupada em relação à área do terreno;
f) Gabarito1 de altura da edificação;
g) Área máxima a ser construída.
Diversas outras questões devem ser abordadas para que o projeto seja viável
segundo a legislação aplicável: o impacto ambiental, o impacto da densidade de-
mográfica com a implantação do empreendimento, o impacto quanto ao aumen-
to de tráfego e quanto às questões do acesso.
4 etapas do projeto arquitetônico
63

Figura 36 - Áreas de impacto da edificação


Fonte: SENAI, 2013.

Intervenção Esquemática

No Quadro 3, veremos os documentos relativos a essa etapa, as informações que


precisam estar presentes e em que normas essas informações são especificadas.

Documentos relativos ao estudo de viabilidade


Programas de necessidade de arquitetura
Informações de referências Levantamento topográfico e cadastral
Levantamento de dados
Esquemas gráficos
Diagramas
Documentos a apresentar Relatórios técnicos
Outros meios de representação
Desenhos e textos exigidos em leis
Metodologia empregada
Soluções alternativas para a viabilidade do projeto, tanto física
Documentos facultativos
quanto jurídica
Conclusões, comentários, recomendações

Elementos construtivos
Partido arquitetônico
Medidas principais
Informações presentes Áreas
Acessos
Orientação
Curvas de níveis
PROJETO ARQUITETÔNICO
64

Escala Será determinada de acordo com o porte do programa

NBR 6492/1994
Normas técnicas
NBR 13532/1995
Quadro 3 - Documentos relativos ao estudo preliminar de viabilidade
Fonte: SENAI, 2013.

4.2.3 Anteprojeto

Também é chamado de projeto de pré-execução, por anteceder a etapa de


execução. É quando são feitas as alterações solicitadas pelo cliente, depois de
melhor avaliadas pelo arquiteto em relação ao estudo preliminar. Portanto, essa
é etapa de aprovação final do cliente, bem como dos órgãos responsáveis pela
aprovação do projeto. Agora, ao contrário das outras etapas, os elementos da edi-
ficação (fundação, estrutura, cobertura, forro, vedos verticais, revestimentos, aca-
bamentos etc.) e seus componentes construtivos também são definidos. Custos e
prazos para a execução do projeto também deverão ser apresentados nessa etapa.

Figura 37 - Edificação no processo de desenvolvimento


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

No quadro 4, veremos os documentos relativos a essa etapa, as informações


que precisam estar presentes no anteprojeto e em quais normas essas informa-
ções são especificadas.
4 etapas do projeto arquitetônico
65

Documentos relativos ao anteprojeto


Estudo preliminar de arquitetura
Estudos preliminares produzidos por outras atividades técnicas
Informações de referências
Levantamento topográfico e cadastral
Outras informações
Situação
Plantas dos pavimentos
Cortes
Fachadas
Documentos a apresentar
Memorial justificativo, abrangendo aspectos construtivos
Discriminação técnica
Documentos para aprovação em órgãos públicos
Lista preliminar de materiais
Maquete
Documentos facultativos Estimativa de custo
Quadro geral de acabamento
Metodologia empregada
Soluções alternativas para a viabilidade do projeto, tanto física
Informações presentes
quanto jurídica
Conclusões, comentários, recomendações
Escala Igual ou superior a 1/100
NBR 6492/1994
Normas técnicas NBR 13531/1995
NBR 13532/1995
Quadro 4 - Documentos relativos ao estudo preliminar do anteprojeto
Fonte: SENAI, 2013.

4.2.4 Projeto legal

Também chamado de projeto de prefeitura, por ser o conjunto de pranchas


usado para dar entrada nos órgãos responsáveis para a obtenção do alvará de
construção. Nessa etapa, o projeto já deve estar atendendo a todas as exigências
das normas de apresentação e representação gráficas vigentes, bem como es-
tar obedecendo a todos os critérios e exigências da legislação específica para a
obtenção do alvará ou das licenças necessárias para a construção da edificação,
inclusive a aprovação do Corpo de Bombeiros. É de suma importância que todas
as informações técnicas presentes no projeto estejam muito bem explicitadas e
sejam de fácil entendimento.
PROJETO ARQUITETÔNICO
66

Figura 38 - Análise do projeto


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

No Quadro 5, veremos os documentos relativos a essa etapa, as informações que


precisam estar presentes e em quais normas essas informações são especificadas.

Documentos relativos ao projeto legal


Anteprojeto de arquitetura
Anteprojetos produzidos por outras atividades técnicas
Levantamento topográfico e cadastral
Informações de referências
Legislação municipal, estadual e federal pertinentes (leis, decretos,
portarias e normas)
Normas técnicas
Desenhos e textos definidos pelas normas e legislação vigente de
Documentos a apresentar
cada município
Documentos facultativos
Desenhos e textos exigidos em leis, decretos, portarias ou normas
e relativos aos diversos órgãos públicos ou companhias conces-
Informações presentes
sionárias de serviços nos quais o projeto legal deva ser submetido
para análise e aprovação
Escala Será determinada de acordo com o porte do programa
NBR 13531/1995
Normas técnicas
NBR 13532/1995
Quadro 5 - Documentos relativos ao estudo preliminar do projeto legal
Fonte: SENAI, 2013.

Para aprovação do projeto, é necessário considerar a legis-


SAIBA lação vigente, federal, estadual e municipal, assim como as
normas específicas de órgãos ou concessionárias de serviços
MAIS públicos, por exemplo, Corpo de Bombeiros, Aeronáutica e
Órgãos de Proteção Ambiental.
4 etapas do projeto arquitetônico
67

4.2.5 Projeto executivo

Logo após o projeto ser aprovado pelos órgãos competentes, vem a etapa do
Projeto Executivo, a fase de detalhamento do projeto, em que estarão presentes
as informações técnicas da edificação e suas partes constituintes. O projeto, nessa
etapa, deverá estar representado com o maior número possível de informações
para que seja muito bem entendido e executado sem maiores dúvidas.
A complexidade de cada projeto definirá o nível de detalhes: quanto maior
for a complexidade, maior deverá ser a quantidade de detalhamentos. Se vamos
detalhar uma cobertura, podemos detalhar como será o encaixe das peças que
formam o telhado, ou como a calha estará fixada, por exemplo. Diversos outros
detalhes poderão ser feitos, conforme a sua necessidade.

Figura 39 - Engenheiro analisando o projeto executivo


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

No Quadro 6, veremos os documentos relativos a essa etapa, as informações que


precisam estar presentes e em quais normas essas informações são especificadas.
PROJETO ARQUITETÔNICO
68

2 TRÂMITES LEGAIS: Documentos relativos ao projeto executivo


Anteprojeto ou projeto básico de arquitetura
Segundo Aulete (2008, p.
968), etapas regulares de Anteprojetos ou projetos básicos produzidos por
um processo. Informações de referências
outras atividades técnicas
Outras informações

3 Habite-se: Desenhos:
- planta geral de implantação;
Certidão emitida pela
- planta de terraplenagem;
prefeitura, atestando que
o imóvel foi construído em - cortes de terraplenagem;
obediência às exigências da
legislação local, de acordo - plantas das coberturas;
com os projetos aprovados. - cortes (longitudinais e transversais);
- elevações (frontais, posteriores e laterais)
Documentos a apresentar
plantas, cortes e elevações de ambientes especiais
(banheiros, cozinhas, lavatórios, oficinas e
lavanderias);
- detalhes (plantas, cortes, elevações e perspectivas)
de elementos da edificação e de seus componentes
construtivos (portas, janelas, bancadas, grades, forros, beirais, parapeitos,
pisos, revestimentos e seus encontros, impermeabilizações e proteções)
Perspectivas (opcionais) (interiores ou exteriores, parciais ou gerais)
Maquetes (opcionais) (interior e exterior)
Documentos facultativos
Fotografias, diapositivos, microfilmes e montagens (opcionais)
Recursos audiovisuais (opcionais) (filmes, fitas de vídeo e disquetes)
Detalhamentos
Informações presentes
Especificações técnicas
Escala Será determinada de acordo com o porte do programa.
NBR 6492/1994
Normas técnicas NBR 13531/1995
NBR 13532/1995
Quadro 6 - Documentos relativos ao estudo preliminar do projeto executivo
Fonte: SENAI, 2013.

4.2.6 Projetos de as built

Nas etapas anteriores, estávamos nos referenciando ao projeto ainda no pa-


pel e aos trâmites legais2 necessários para a aprovação de sua execução. Porém,
nessa etapa, estamos nos referenciando ao projeto logo após ser construído, ou
seja, a edificação. “As built” é um termo em inglês que significa “como construído”
e consiste em conferir as medidas de todos os espaços existentes na edificação:
conferir a rede de instalações hidráulica, elétrica, a estrutura. Dessa forma, é feito
um novo desenho, representando toda edificação como foi construída.
4 etapas do projeto arquitetônico
69

O as built é importante, pois é possível atualizar os dados da edificação e re-


gistrar todas as alterações que ocorreram ao longo da obra. Futuramente, servirá
como base para ações de manutenção do edifício e a outras intervenções. Segun-
do a NBR 6492 – Projeto como construído, constitui-se na revisão final, pós-obra,
de todos os documentos do projeto executivo.

Figura 40 - Configuração
Fonte: SENAI, 2013.

VOCÊ O termo as built é também comumente conhecido pelos


profissionais que trabalham em obras por “como execu-
SABIA? tado”.

A NBR 14645/2000: Elaboração do “como construído” (as built) para edifica-


ções está dividida em três partes:
a) Levantamento planialtimétrico cadastral de imóvel urbanizado com área
até 25 000 m2, para fins de estudos, projetos e edificação;
b) Levantamento planialtimétrico – registro público;
c) Levantamento planialtimétrico – locação topográfica e controle dimensio-
nal da obra.
A regularização final da construção se dá com aquisição do habite-se3 e do re-
gistro do imóvel, sinalizando o término da obra e entrega do edifício. O responsá-
vel pela obra deverá solicitar a vistoria das concessionárias locais, a exemplo das
empresas fornecedoras de energia, água e esgoto, gás e o Corpo de Bombeiros.
Após as vistorias realizadas, finaliza-se a documentação da construção, que passa
a ser um edifício.
PROJETO ARQUITETÔNICO
70

A obtenção do habite-se significa apenas que a construção


FIQUE foi executada em obediência às normas de engenharia e
ALERTA arquitetura, mas não atesta a segurança da obra nem a sua
qualidade.

CASOS E RELATOS

Prejuízo x benefício
George pediu Ana Rosa em casamento e, seguindo aquele famoso dita-
do, “quem casa, quer casa”, George e Ana uniram suas economias para
construir a casa em que morarão. O terreno em que será construída a
casa foi herança da família de Ana. George que é analista de sistemas e
decidiu fazer sua casa com conhecimentos técnicos construtivos adquiri-
dos quando ajudou seu pai, há muito tempo, a fazer sua casa.
O correto seria George contratar um arquiteto para fazer o projeto da sua
casa e uma equipe de técnicos para acompanhar a obra, mas George que-
ria “economizar”. E foi justo por isso que ele cometeu seu maior erro: acre-
ditou que a contratação de profissionais habilitados lhe geraria um cus-
to elevado, assim como preferiu também não dar entrada na prefeitura
para a aprovação do projeto para obter o alvará de construção. Então, sua
obra foi embargada, pois não estava obedecendo aos regulamentos mu-
nicipais, nem as normas técnicas, e constituía um grande perigo. O custo
de todo material e mão de obra lhe gerou grande prejuízo e um gasto
bem maior do que o preço da contratação dos profissionais habilitados.
George precisou demolir tudo o que já havia construído e economizar
ainda mais para arcar com os prejuízos e recomeçar do zero uma nova
construção. Mas ele aprendeu, e dessa vez, vai contratar os profissionais
habilitados e dar entrada na prefeitura para aprovação do seu projeto.
4 etapas do projeto arquitetônico
71

RECAPITULANDO

Neste capítulo, vimos que um projeto arquitetônico é dividido em várias


etapas, e que cada uma exige um nível de informações. Aprendemos
também que os elementos básicos de um projeto são divididos em peças
gráficas e escritas. E que, para receber o alvará de construção, ou seja,
para que o projeto possa ser executado, precisa atender as normas técni-
cas de arquitetura e engenharia, além de obedecer às leis vigentes, fede-
ral, estadual e municipal, bem como as normas específicas de órgãos ou
concessionária de serviços públicos municipais.
Noções de ergonomia e
conforto ambiental

5.1 ERGONOMIA

Se fôssemos fazer um comercial sobre Ergonomia, o jargão1 seria:


“Tudo feito pensando em você!”

Figura 41 - Ergonomia
Fonte: SENAI, 2013.

A Ergonomia é a ciência que estuda as melhores condições referentes ao conforto térmico,


acústico, visual e a todos os demais, para se executar uma tarefa, qualquer que seja: trabalhar,
estudar, comer, dormir. Em 2000, a Associação Internacional de Ergonomia (IEA) adotou a de-
finição oficial apresentada a seguir: “A Ergonomia é uma disciplina científica relacionada ao
entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à apli-
cação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano
e o desempenho global do sistema.”
PROJETO ARQUITETÔNICO
74

1 Jargão: É importante lembrar que essas sensações de conforto nos dizem respeito não
só ao conforto físico, mas também ao psicológico. Para tanto, a Ergonomia envolve
Uma expressão comum
para um ou mais grupos. diversas outras ciências que precisam ser conhecidas e abordadas, por exemplo,
anatomia2, fisiologia3, antropometria4, para o correto desenvolvimento das regras
e normas ergonômicas.
2 Anatomia:

Segundo Aulete (2008, p.


57), estudo da estrutura de
qualquer ser vivo.

3 Fisiologia:

Segundo Aulete (2008, p.


485), ciência que estuda
as funções dos órgãos e
processos vitais.

4 Antropometria:

Foi definida como a ciência


de medida do tamanho
corporal (NASA, 1978).

Figura 42 - Ergonomia ações


Fonte: SENAI, 2013.

A origem da palavra vem de ERGOS (trabalho) e NOMOS (estudo das regras e


normas). Por trabalho, entende-se: o emprego da força física ou intelectual para rea-
lizar alguma coisa. Ou seja, considera-se como trabalho qualquer ação que façamos.
Dessa forma, podemos concluir que a Ergonomia está presente no nosso dia a dia.

A aplicação da Ergonomia

A aplicação da Ergonomia está presente em todas as nossas ações. Veja o exem-


plo a seguir: você chega a casa apressado para assistir aquele filme de ação que vai
passar logo após a novela. Vamos descrever passo a passo suas ações para tal:
5 noções de ergonomia e conforto ambiental
75

a) Primeiro: você abre a porta para entrar em casa. O ato do abrir a porta já
envolve a Ergonomia, afinal, a dimensão e o formato da maçaneta da porta
foram pensados para se adaptarem à anatomia da sua mão.

Figura 43 - Mão na maçaneta


Fonte: SENAI, 2013.

b) Segundo: você liga a televisão. O design do controle remoto foi também pen-
sado para se adaptar ao formato das suas mãos e ao toque dos seus dedos.

Figura 44 - Mão no controle remoto


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO ARQUITETÔNICO
76

c) Terceiro: você assiste à televisão. O sofá possui design exclusivo para que
você se sente confortavelmente, pois quem o criou precisou conhecer as
medidas do corpo humano.

altura
distância

Figura 45 - Ergonomia figurativo


Fonte: SENAI, 2013.

Também podemos observar que essa relação entre você, a televisão e o con-
forto envolvido nessa relação faz parte dos estudos da Ergonomia.

5.1.1 A Ergonomia no trabalho

Passamos a maior parte do tempo de nossas vidas no trabalho, por isso, é es-
sencial a qualidade do ambiente de trabalho. Esse fato nos remete à Ergonomia,
que, quando aplicada ao trabalho, nos beneficia com conforto e segurança, per-
mitindo-nos inclusive aumentar a nossa produtividade.
A Ergonomia aplicada ao trabalho traz benefícios como os citados, afinal, o
conforto físico e mental propiciado pela correta aplicação da Ergonomia nos
leva à eficiência.
Vale lembrar que, quando falamos de Ergonomia, estamos falando não só do de-
sign do mobiliário que os trabalhadores utilizam para exercerem suas funções, mas
também das condições ambientais do trabalho, como temperatura, nível de ruído e
de iluminação. Sabemos que condições favoráveis dentro do ambiente de trabalho
têm influência direta sobre nosso desempenho, assim como condições não favorá-
veis também influenciam de maneira negativa a execução de nossas tarefas.
5 noções de ergonomia e conforto ambiental
77

ERRADO
CERTO

500 Kg de pressão

50 Kg

Alternativas

Figura 46 - Ergonomia no trabalho


Fonte: SENAI, 2013.

Há uma famosa frase que traduz perfeitamente a importância da aplicabilida-


de da Ergonomia: “O trabalho tem que se adaptar ao homem, e não o homem ao
trabalho”. Isso nos referencia para a necessidade de boas condições de trabalho,
visando ao melhoramento e à conservação da saúde do trabalhador.

O design de produtos é pensado objetivando o conforto das


SAIBA pessoas que o utilizarão. Isso pode ser percebido em embala-
MAIS gens, tecidos esportivos, canetas, cadeiras etc. A Ergonomia
está sempre presente!

Hoje, temos ao nosso dispor uma vasta literatura sobre o assunto, pois já existem
livros especializados abordando a questão da Ergonomia. Princípios, medidas, ângu-
los, distâncias e alturas ideais influenciam bastante os projetos de arquitetura, afinal,
os espaços são dimensionados de acordo com as atividades a serem desenvolvidas
e com quem as desenvolverá. E já que a Ergonomia determina a melhor forma de
estabelecer essa relação, devemos nos basear em suas orientações e normas.
PROJETO ARQUITETÔNICO
78

A NBR 15127:2004 – Corpo Humano – trata da Definição de medidas e apre-


senta as principais medidas do corpo humano. Podemos consultar também a NBR
15127:2004 –Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos – que aborda aspectos ergonômicos relativos a esses componentes.
Nos livros que abordam a Ergonomia, vamos ver figuras do ser humano exer-
cendo suas atividades, das simples às mais complexas, para que qualquer ação
que realizemos seja regida pelo universo da Ergonomia: dormir, comer, pegar
utensílios em um armário, tomar banho, sentar. Veja a Figura 46 e 47.

Figura 47 - Arte de projetar em arquitetura


Fonte: NEUFERT, 2004, p. 20.

Observe que tudo o que falamos em relação à Ergonomia poderia se resumir


em uma só palavra:
CONFORTO!
Concordam?
Falamos o tempo todo sobre conforto! O que significa que objetivamos a todo
instante o:
BEM-ESTAR!
Como estudamos a edificação e suas condicionantes, vamos falar sobre as sen-
sações que sentimos quando estamos no ambiente de trabalho. Alguns critérios
são estabelecidos dentro do universo do projeto arquitetônico, os quais devem
ser seguidos para que a edificação seja eficiente quanto ao desempenho térmico,
acústico e luminoso. Estamos falando sobre o Conforto Ambiental nas Edifica-
ções. Vamos saber um pouco mais sobre ele!
5 noções de ergonomia e conforto ambiental
79

5.2 CONFORTO AMBIENTAL NAS EDIFICAÇÕES

Antes de iniciar o estudo de novos conceitos, é válido lembrar que o conforto


ambiental é, antes de tudo, um “bem” necessário em qualquer que seja o ambien-
te, afinal, contribui para a saúde e o bem-estar dos indivíduos. Podemos afirmar
que o conforto ambiental das edificações também poderá ser entendido como a
adequação do edifício para o uso do homem, garantindo-lhe qualidade de vida e
condições favoráveis à realização de suas tarefas.
O conforto ambiental trata do desempenho das edificações quanto ao:
a) Conforto térmico;
b) Conforto acústico;
c) Conforto luminoso.
A seguir, vamos estudar cada um deles, e você verá o quanto é importante e
necessário que as nossas edificações adotem estratégias arquitetônicas de forma
a garantir qualidade de vida para os seus habitantes.

5.2.1 Conforto térmico

Onde você está agora?


A depender da região em que você mora ou está, você poderá associar a pala-
vra conforto térmico a um pouco mais de calor, se estiver em uma região fria, ou
a um pouco mais de frio, se estiver em uma região bem quente!

Figura 48 - Sensações calor e frio


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO ARQUITETÔNICO
80

O conforto térmico está relacionado ao nosso bem-estar e à nossa saúde. Afi-


nal, é só você lembrar daquele dia em que você estava tentando se concentrar no
trabalho, mas o frio do ar condicionado o impedia; ou então, aquele dia em que
você estava em casa, não ventava nada e a indisposição tomou conta!
Sabemos que o ideal é: “nem muito calor, nem muito frio.”
Mas onde está o equilíbrio?
As condições de conforto térmico dependem de diversas variáveis, que po-
dem ser divididas em:
a) Ambientais: temperatura, velocidade e umidade do ar;
b) Humanas: que variam com idade, sexo, hábitos alimentares, estado de saúde,
quantidade e tipo de vestimentas e o local em que o indivíduo se encontra.
Existem vários graus de conforto: estudos mostram que a temperatura ideal
para o ser humano varia em torno de 23ºC a 27ºC.
Existem formas para propiciar o conforto térmico. Dependendo da situação,
poderá ser através de um ar condicionado, um aquecedor, um ventilador, uma
roupa mais grossa ou mais fina.

Figura 49 - Conforto térmico


Fonte: SENAI, 2013.

Mas como estamos falando sobre projeto arquitetônico, vamos tratar do com-
portamento térmico das edificações e sua relação com a sensação de confor-
to térmico para os indivíduos que as utilizam.
5 noções de ergonomia e conforto ambiental
81

Desempenho térmico da arquitetura

Começaremos o assunto desempenho térmico da arquitetura introduzindo o


conceito sobre eficiência energética, pois um está interligado ao outro.
Mas afinal, o que você entende por eficiência energética?
Algo que seja eficiente atende bem a tarefas solicitadas, ou seja, tem um bom
desempenho. Mas e a eficiência energética? Qual é o sentido?
Segundo os autores Lamberts, Dutra e Pereira (2004, p. 14), esse conceito pode
ser entendido como a obtenção de um serviço com baixo dispêndio de energia.
Portanto, um edifício é considerado mais eficiente do que outro se sua edificação
oferecer as mesmas condições ambientais com menor consumo de energia. Para
alcançar tal qualidade, é preciso pensar em soluções para conseguir esse feito.
A primeira coisa que provavelmente nos vem à cabeça, em uma reflexão rá-
pida, pode ser a de que, para se ter menor custo, deve-se fazer a utilização de
recursos gratuitos, oferecidos pela natureza, dos quais devemos tirar máximo
proveito, de forma a garantir as boas condições de uso nos ambientes internos
das edificações, benefício estendido durante toda a vida útil da edificação. Além
disso, essa atitude contribui também para a preservação do meio ambiente!

Figura 50 - Eficiência energética


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO ARQUITETÔNICO
82

A implantação da edificação

O que devemos observar ao falar sobre esse assunto é que, se estamos utili-
zando recursos naturais, temos que, primeiramente, saber quais são as condições
climáticas do local onde o edifício está ou será implantado. Os projetistas devem
conceber as edificações de acordo com as condições climáticas e os recursos por
elas oferecidos. Por exemplo, as decisões quanto à forma arquitetônica, à distri-
buição espacial dos ambientes, aos materiais construtivos a serem utilizados etc.
devem ser tomadas de forma a aproveitar ao máximo os recursos naturais para
reduzir o gasto de energia com aparelhos destinados a suprir essa demanda.

Consideradas as “energias do futuro”, as fontes de energia re-


SAIBA nováveis são aquelas em que os recursos naturais utilizados
MAIS são inesgotáveis: sol, chuva, vento, oceanos, hidrogênio. Pes-
quise mais sobre elas!

No Brasil, ocorrem seis tipos climáticos: equatorial, tropical, tropical de altitu-


de, tropical atlântico ou tropical úmido, subtropical e semi-árido. Nas áreas mais
quentes, em determinados ambientes, pode acontecer de a ventilação natural
ser insuficiente para proporcionar o conforto térmico. Por isso, a orientação do
edifício e a quantidade de aberturas dispostas em uma direção correta assu-
mem extrema importância para o desempenho térmico natural do edifício, con-
tribuindo para a redução de custos com energia, afinal, se esse recurso for bem
utilizado, haverá menos necessidade de potência para refrigerar os ambientes. O
mesmo pode acontecer para uma situação inversa, em que o clima é mais frio e
precise de aquecedor: se o edifício estiver bem implantado e for bem concebido,
as condicionantes quanto à sua eficiência energética serão potencializadas, con-
tribuindo, da mesma forma, para a redução da energia gasta para aquecê-lo.

Figura 51 - Aproveitamento dos recursos naturais


Fonte: SENAI, 2013.
5 noções de ergonomia e conforto ambiental
83

Edifícios verdes são prédios concebidos seguindo parâ-


metros da sustentabilidade, em que há a preocupação
com a preservação do meio ambiente e a correta utiliza-
ção dos recursos naturais. E para atestar que esses edifí-
cios são realmente verdadeiros exemplos da arquitetura
VOCÊ sustentável e da eficiência energética é que surgiram
SABIA? as certificações, que possuem diversos parâmetros de
avaliação para atestá-los de sua responsabilidade social
e ambiental. Conheça essas e outras certificações: Certi-
ficação de Eficiência Energética PROCEL, Certificação de
sustentabilidade em edificações AQUA e Certificação de
sustentabilidade LEED.

Esse assunto nos associa diretamente a outro assunto, a arquitetura


sustentável.
Segundo Corbella e Yannas (2003, p. 17),

A arquitetura sustentável é a continuidade mais natural da


bioclimática, considerando também a integração do edifício
à totalidade do meio ambiente, de forma a torná-lo parte de
um conjunto maior. É a arquitetura que quer criar prédios ob-
jetivando o aumento da qualidade de vida do ser humano no
ambiente construído e no seu entorno, integrando as caracte-
rísticas da vida e do clima locais, consumindo a menor quanti-
dade de energia compatível com o conforto ambiental, para
legar um mundo menos poluído para as próximas gerações.

Vamos saber um pouco mais sobre a arquitetura bioclimática!

A arquitetura bioclimática

A arquitetura bioclimática tem como conceito a relação harmônica entre o


meio ambiente e o ambiente construído, abordando a influência do clima no ser
humano. Isso significa que os componentes construtivos devem ser eficientes
agentes na garantia do conforto ambiental no interior da edificação. Para tanto,
devem ser estudadas algumas diretrizes para assegurar que essa interação en-
tre o ambiente natural e o artificial seja adequada para ambos os lados. Hoje, já
dispomos de tecnologias desenvolvidas para esse fim, como os novos materiais
construtivos desenvolvidos para interagir de maneira eficiente dentro dessa rela-
ção entre a edificação e o meio ambiente.
Algumas diretrizes e decisões devem ser tomadas para a correta aplicação da
arquitetura bioclimática:
PROJETO ARQUITETÔNICO
84

5 Brise-Soleil: a) Estudo do clima local;

Elemento arquitetônico de b) Estudo da insolação;


proteção solar.
c) Estudo da ventilação predominante;
d) Materiais construtivos;
e) Uso da vegetação como sombreamento;
f) Cores das superfícies.

Radiação solar
incidente

Parcela da radiação
Parcela da radiação solar solar absorvida e
refletida para o exterior transmitida para
o interior da
edificação

Figura 52 - Radiação solar no edifício


Fonte: SENAI, 2013.

Estudo do clima local – As variáveis do clima (radiação solar, velocidade, tem-


peratura e umidade do ar) influenciam diretamente as sensações de conforto que
sentimos ao ocuparmos uma edificação. Isso significa que o clima do local em
que a edificação estará situada influenciará diretamente na concepção do proje-
to através do uso correto de elementos do projeto e tecnologias disponíveis de
maneira a poder aproveitar os recursos do meio ambiente de forma eficiente e a
evitar outros possíveis desconfortos.
Estudo da insolação – O estudo da insolação também é primordial para as de-
cisões na concepção do projeto, pois definirá o melhor aproveitamento da ener-
5 noções de ergonomia e conforto ambiental
85

gia solar através do percentual de aberturas e elementos de proteção solar, como


toldos, marquises e brise-soleil5 em uma edificação.
Estudo da ventilação predominante – É de extrema importância, para a con-
cepção de um projeto arquitetônico, saber a orientação dos ventos predominantes
na região em que o edifício será implantado, para que se decida a quantidade e a
orientação das aberturas da edificação destinadas a melhor aproveitar esse recurso.

Figura 53 - Arquitetura bioclimática


Fonte: SENAI, 2013.

Materiais construtivos – Os materiais que compõem a edificação nortearão


seu comportamento térmico, afinal, há materiais que absorvem, refletem e/ou
dissipam maior ou menor quantidade de calor, o que poderá interferir diretamen-
te na eficiência térmica do edifício. Podemos também citar os materiais de cons-
trução desenvolvidos a partir do reaproveitamento de resíduos: piso de bambu,
telhas de material reciclado, tintas ecológicas etc.
Uso da vegetação como sombreamento – A vegetação assume grande impor-
tância na redução da radiação solar incidente nas edificações, além de proporcionar
o desenvolvimento de um microclima mais agradável para o ambiente construído.
PROJETO ARQUITETÔNICO
86

Figura 54 - Uso da vegetação como sombreamento


Fonte: SENAI, 2013.

Cores das superfícies – As cores utilizadas nas superfícies das fachadas das
edificações influenciam não só a estética, mas também o conforto ambiental: co-
res escuras absorvem maior quantidade de radiação solar, causando o aqueci-
mento da superfície, que, por sua vez, poderá aquecer o ambiente interno; já as
cores claras aumentam a reflexão da radiação, o que diminui o ganho de calor. O
mesmo vale para as superfícies internas do ambiente construído.

Você sabe a diferença entre arquitetura bioclimática e


arquitetura sustentável? A primeira busca aproveitar em
VOCÊ nossas construções os recursos que o meio ambiente
SABIA? oferece: ventilação, insolação etc.; enquanto a segunda
zela pelo reaproveitamento dos recursos finitos do pla-
neta terra, como a água e a renovação da energia.

Todos esses fatores, em paralelo às condições climáticas do local em que será


implantada a edificação, garantem o conforto térmico adequado para os usuários
da edificação. Tratamos do conforto térmico, mas existem outras qualificações
quanto ao ambiente construído que precisamos levar em conta para tornar pleno
o nosso bem-estar. Vamos conhecer outro tipo de conforto que precisamos obter.
5 noções de ergonomia e conforto ambiental
87

5.2.2 Conforto acústico

Quando ouvimos a palavra “barulho”, nos remetemos a determinada situação


que já passou, como aquela bateria irritante do vizinho justo na hora em que você
queria dormir, ou o latido do cachorro da casa do outro lado da rua que não o dei-
xava em paz, enfim, são diversas as situações que envolvem o desconforto acústico.
Então, podemos facilmente concluir que o conforto acústico diz respeito a
ambientes com condições acústicas favoráveis para o desempenho de tarefas re-
alizadas pelo homem, ou seja, ambientes eficientes e capazes de proporcionar
condições específicas de condicionamento acústico para a(s) atividade(s) que
nele serão realizadas, como: estudar, dormir, ler, tocar um instrumento, fazer uma
apresentação musical, encenar uma peça de teatro etc. Você percebeu que o
tempo todo estamos falando sobre o som?
Vamos saber um pouco mais sobre ele?
Fonte sonora – O som origina-se da vibração de um objeto, e a propagação
desse som é dada pela vibração de partículas que fazem com que as partículas
vizinhas também vibrem, tornando o meio propício para a divulgação desse som.
Meio de propagação do som – A voz humana e qualquer outro som são cap-
tados pelo ouvido humano, tendo como meio de propagação o ar.
Mas você pode estar se perguntando: se o meio de propagação é o ar, como o
som passa entre duas paredes, se ele não passa entre uma parede e outra?

Figura 55 - Propagação do som


Fonte: SENAI, 2013.

É que a superfície também é um meio vibrante, por isso, o som passa por entre
ela e, por fim, é ouvido em outro ambiente.
PROJETO ARQUITETÔNICO
88

6 Poroso:

Material contendo poros,


vazios.

Figura 56 - Noções de conforto acústico


Fonte: SENAI, 2013.

Segundo Souza, Almeida e Bragança (2006), “As vibrações sonoras propagam-


-se pelo ar em razão de pequenas alterações provocadas na pressão atmosférica,
configurando-se como ondas sonoras.”
É dentro desse conceito que se trabalha um ambiente acusticamente. As super-
fícies podem ser mais ou menos propícias para a propagação do som, portanto, a
superfície assume o papel de principal elemento para o qual o projetista direcio-
nará sua atenção para que o ambiente cumpra com eficiência sua função acústica.
É importante sabermos que:
Ruído de um ambiente = ruído interno + ruído externo.
E que o som que chega aos nossos ouvidos é:
Som percebido = som direto + som refletido.
O som direto é emitido por uma fonte sonora e chega diretamente aos nossos
ouvidos, enquanto o som refletido é emitido pela reflexão do som pelas superfí-
cies, e sua energia sonora é menor do que a do som direto.

FONTE OUVINTE
SOM DIRETO

SOM REFLETIDO
Figura 57 - Som direto
Fonte: SENAI, 2013.
5 noções de ergonomia e conforto ambiental
89

Condicionamento acústico de uma edificação

Podemos afirmar que trabalhar acusticamente um ambiente significa torná-lo


propício, confortável para a realização das atividades desenvolvidas pelo homem.
As variáveis que influenciam a qualidade sonora dos ambientes são:
a) Entorno (tráfego);
b) Arquitetura (superfícies, forma e arranjo interno dos compartimentos);
c) Clima (ventilação, pluviosidade);
d) Orientação/ implantação (exposição ao ruído externo).
Quando falamos em superfícies do ambiente interno, estamos falando das pa-
redes, teto, forro, pisos e também móveis e objetos. Isso mesmo! Móveis e objetos
também influenciam na condição acústica de um ambiente.
É necessário também lembrar que a energia sonora emitida e refletida por alguma
superfície não é 100% refletida. Parte dessa energia é absorvida pela superfície:
Energia sonora EMITIDA Energia REFLETIDA e ABSORVIDA
pelas superfícies.
A quantidade de energia absorvida dependerá de quanto é poroso6 o mate-
rial que a compõe. Ao falarmos de superfícies de um ambiente, estamos falan-
do sobre os materiais construtivos que foram adotados para esse ambiente e so-
bre a forma que este possui. Diversos estudos mostram que a forma da edificação
e os materiais construtivos adotados influenciam diretamente no desempenho
acústico dos ambientes internos de uma edificação.
É importante lembrar que teremos diversos ambientes, com diferentes fun-
ções, que deverão ser projetados ou tratados acusticamente de forma a atender
da melhor forma a função a que se destina. Por exemplo: a sala de leitura de uma
biblioteca tem função diferente da de um teatro ou de uma sala de espetáculos.
Para cada caso, são estudadas formas para que o desempenho acústico do am-
biente seja eficiente.

O conforto acústico é de extrema importância para a nossa


FIQUE saúde, pois altos níveis de barulho afetam nosso bem-estar,
ALERTA além de exercerem influência negativa sobre nosso poder
de concentração e produtividade.
PROJETO ARQUITETÔNICO
90

7 Escala logarítmica: Desempenho acústico de edifícios


Uma escala que usa o A NBR 15575-1:2012 aborda aspectos do desempenho acústico de edifícios e
logaritmo de uma grandeza
em vez da grandeza determina que, desde 2009, as construtoras devem, obrigatoriamente, obedecer
propriamente dita.
a seguinte premissa: “De forma a gerar conforto acústico a seus ocupantes, o edi-
fício habitacional deve apresentar isolamento acústico adequado das vedações
externas no que se refere aos ruídos aéreos provenientes e ao isolamento acústi-
co adequado entre ambientes.” Em outras palavras, o que isso significa é que as
construtoras deverão adotar determinados procedimentos, como a utilização de
materiais construtivos que promovam o condicionamento acústico ideal para o
bem-estar de seus habitantes. Esse condicionamento ideal é determinado pelo
limite máximo de nível sonoro admissível nos ambientes, como veremos a seguir.
Nível de ruído – A NBR 10152 – Níveis de ruído para conforto acústico – de-
termina o máximo nível sonoro admissível em determinados ambientes, como
vemos no Quadro 7.

Nível de ruído admitido pela NBR 10152


LOCAIS dB(A)
Apartamentos de Hoteis 35-45
Restaurantes 40-50
Residência- quartos 35-45
Igrejas e Templos 40-50
Auditórios 30-40
Quadro 7 - Nível de ruído admitido pela NBR 10152
Fonte: ABNT, 1987.

Mas você deve estar se perguntando: o que é dB?


O famoso decibel (dB) corresponde a uma escala logarítmica7 e pode também
ser entendido como unidade de medida da variação relativa de potência sonora
(AULETE, 2008, p. 297), ou seja, o decibel expressa a intensidade do som.
Como vimos, outro fator importante que influencia diretamente o desempe-
nho acústico de uma edificação é a sua orientação e localização, pois a exposi-
ção ao ruído vindo do ambiente externo pode contribuir tanto de maneira posi-
tiva quanto negativa.
Para melhorar essas condições ambientais de acústica, os materiais constru-
tivos têm evoluído bastante e aperfeiçoado suas características físicas para pro-
piciar melhor isolamento acústico.
5 noções de ergonomia e conforto ambiental
91

Isolamento acústico é diferente de condicionamento


acústico. O condicionamento acústico trata o ambiente
VOCÊ em relação ao ruído produzido em seu interior; por sua
SABIA? vez, o isolamento acústico de uma edificação significa
“proteger” o ambiente para que os ruídos exteriores não
o atinjam e não provoquem desconforto.

Já sabemos que existem materiais construtivos desenvolvidos para o trata-


mento acústico e o condicionamento dos ambientes. Vamos conhecer um pouco
mais sobre as propriedades desses materiais?

Materiais construtivos

Os materiais detêm grande importância quanto à qualidade acústica dos


ambientes.
Todos os materiais construtivos são absorventes, uns em maior e outros em
menor grau.
Quando esse grau de absorção é alto, o material é chamado de material
acústico.

material absorvente
absorção sonora

Figura 58 - Material absorvente


Fonte: SENAI, 2013.
PROJETO ARQUITETÔNICO
92

A absorção é resultado da transformação da energia sonora em outro tipo de


energia, muitas vezes, o calor, o que ameniza a energia sonora dos raios refleti-
dos. A energia refletida é menor que a energia incidente.
A forma, a dimensão e a composição de um material determinarão se ele po-
derá ser classificado como material acústico. Sua utilização em determinados
espaços definirá o comportamento da energia sonora presente no ambiente: o
comportamento dos raios emitidos pela fonte sonora, após refletidos, será deter-
minado por esse material.

Diferentes superfícies

SÓLIDO

LÍQUIDO

GASOSO
Figura 59 - Propagação do som em meios diferentes
Fonte: SENAI, 2013.

Os materiais podem ser classificados em:


a) Absorventes: Caracterizam-se por permitir a penetração e a propagação da
energia sonora em seu interior, o que faz com que essa energia sonora seja
dissipada, após inúmeras reflexões, sobre os poros desse material, transfor-
mando-se em calor. Exemplos de materiais absorventes: materiais porosos
ou fibrosos, lã mineral, fibra de vidro, feltro etc.;
5 noções de ergonomia e conforto ambiental
93

b) Isolantes: Caracterizam-se por dificultar a passagem do som através deles


por refletirem as ondas sonoras. Assim, podemos dizer que suas partículas
estão unidas, o que lhes dá tal propriedade por lhes conferir característica
compacta e pesada. A medida da capacidade de um material isolar o som é
dada por sua perda de transmissão, chamada de isolação. A capacidade de
um material em transmitir o som é medida pelo seu coeficiente de transmis-
são, dado pela relação entre a energia sonora incidente (no lado da fonte) e a
energia sonora transmitida (do lado receptor). Exemplo de materiais isolan-
tes: concreto, tijolo maciço, pedra lisa, gesso, madeira, vidro etc.

5.2.3 Conforto luminoso

Também chamado de conforto visual, esse conforto está ligado a questões de


boa visibilidade para desenvolver tarefas como estudar, comer, trabalhar em varia-
dos lugares e ambientes, por exemplo, a casa, o trabalho, a escola, o supermercado
etc. Cada um desses ambientes pedirá determinadas condições de iluminação, que
dependerão da hora do dia e do que estará sendo realizado em seu interior.

Figura 60 - Iluminação natural x iluminação artificial


Fonte: SENAI, 2013.

Temos dois tipos de iluminação: a natural (a luz do sol) e a artificial (provenien-


te de alguma fonte de luz artificial, como lâmpadas).
Vamos saber um pouco mais sobre esse assunto?
Iluminação natural – É gratuita, combate a umidade e elimina fungos e bac-
térias. Além disso, temos boas sensações quando ela adentra nos ambientes in-
ternos das edificicações, não é? É que a luz natural nos traz inúmeros benefícios!
PROJETO ARQUITETÔNICO
94

Figura 61 - Bem-estar proporcionado pela luz natural


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

A orientação da edificação deverá ser planejada de acordo com o percurso do


sol. Desde o tempo das cavernas, o homem a aproveita a luz natural. Atualmente,
os materiais e elementos construtivos têm evoluído bastante, visando à capta-
ção de forma eficiente dos recursos naturais oferecidos pelo meio ambiente, por
exemplo, a luz.
Pontos a serem analisados quanto à iluminação natural:
a) Implantação: orientação da edificação;
b) Proporção do ambiente (altura, largura, profundidade);
c) Materiais que revestem a superfície (paredes, pisos, bancadas, etc.);
d) Dimensão das aberturas (altura e largura das janelas);
e) Elementos de fachada.
O aproveitamento da luz nas edificações poderá se dar atráves de:
a) Aberturas para o exterior: esquadrias;
b) Telhas translúcidas;
c) Poços de ventilação e iluminação;
d) Pátios internos etc.
5 noções de ergonomia e conforto ambiental
95

Telhas translúcidas

Pátio interno

Esquadrias
Figura 62 - Aproveitamentos dos recursos nas edificações
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

Devemos atentar para o fato de que a utilização correta da luz natural traz
benefícios também para o meio ambiente, afinal, quando a orientação de uma
edificação é determinada para permitir que a luz natural seja capaz de nos pro-
porcionar um ambiente confortável para os diversos afazeres, sem a necessidade
da utilização de luz artificial durante o dia, economizamos energia elétrica.
Iluminação artificial – O fogo foi a primeira fonte artificial de luz utilizada pelo
homem para esquentar e clarear o interior das cavernas, assim como para afastar
animais que pudessem ameaçar a sua segurança. Já a partir dos progressos tec-
nológicos e da necessidade de ambientes propícios para a jornada de trabalho à
noite, assim como os diversos outros afazeres cotidianos, houve a necessidade de
novas fontes artificiais de luz.
Projeto de iluminação artificial – Seguindo a norma ABNT para níveis ade-
quados de iluminação, busca-se (através do cálculo) a valorização do projeto de
arquitetura, aliando-se a eficiência energética, o conforto dos usuários e a facili-
PROJETO ARQUITETÔNICO
96

dade de manutenção. O projeto de iluminação artificial consiste no planejamento


da iluminação, especificação e quantitativo de lâmpadas e luminárias.
A NBR 5413/1994 – Iluminância de interiores – determina a iluminância (ver
conceito nas próximas páginas) adequada para variados ambientes de acor-
do com o tipo de atividade. Essa norma tem como objetivo “estabelecer os va-
lores de iluminâncias médias mínimas em serviço para iluminação artificial em
interiores, onde se realizem atividades de comércio, indústria, ensino, esporte
e outras.” Ou seja, segundo estudos, há níveis adequados de iluminação para o
desenvolvimento de atividades, por isso há parâmetros estabelecidos para ob-
tenção do conforto lumínico.
A seguir, vejamos algumas das principais grandezas físicas que precisamos
conhecer.
a) Fluxo energético: É a potência transportada pela luz visível, ultravioleta e in-
fravermelha, assim como outras formas de radiação. A unidade é o Watt (W).

Figura 63 - Fluxo luminoso estabilizado


Fonte: SENAI, 2013.

b) Fluxo luminoso (F ou φ): É a quantidade total de luz visível que uma fonte de
luz irradia em todas as direções. Resumidamente, podemos dizer que é o flu-
xo que determina o nível de iluminação em um local. Unidade: Lumem (Lm).
É importante verificarmos que o fluxo luminoso de uma lâmpada tende a
diminuir e, com o passar do tempo, se estabiliza. Ou seja, não se espante se
você comprar uma lâmpada que, quando nova, tem sua intensidade bastan-
te forte, mas depois diminui e se estabiliza: é natural.

Figura 64 - Fluxo luminoso estabilizado


Fonte: SENAI, 2013.
5 noções de ergonomia e conforto ambiental
97

c) Eficiência luminosa: Também chamada de rendimento ou eficácia, é a rela-


ção entre o fluxo luminoso e a quantidade de energia gasta por determinada
fonte de luz para emitir esse fluxo. Unidade: Lm/Watt

UFA!

Figura 65 - Eficiência luminosa


Fonte: SENAI, 2013.

A partir dessa relação, podemos identificar o quanto uma lâmpada é mais efi-
ciente que a outra, ou seja, qual consome menos energia para produzir um mes-
mo fluxo luminoso, ou qual é mais econômica.

Figura 66 - Tipos de lâmpadas: incandescente, fluorescente compacta e LED


Fonte: SENAI, 2013.

Na Figura 66, vimos, da esquerda para a direita, lâmpadas por ordem de con-
sumo, da menos para a mais eficiente.
d) Iluminância (E): é a densidade de fluxo luminoso que uma superfície re-
cebe. Seu cálculo é: E = lm / m2. A relação é dada pela unidade Lux, que
representa, dessa forma, o nível de iluminância recebido por uma superfície.
Vejamos um exemplo: de acordo com a NBR 5413/1994, a iluminância indi-
cada para um ambiente em que se realizem tarefas visuais simples é de 20
a 500 lux; já para atividades laborais que necessitem de grande precisão, o
indicado é de 5000 a 10000 lux.
PROJETO ARQUITETÔNICO
98

1 lúmen
1 lux

1m 2

Figura 67 - Iluminância
Fonte: SENAI, 2013.

Tabela 1 - Iluminância de interiores


Fonte: ABNT, 1994.

e) Luminância: É a luminosidade que enxergamos refletida por qualquer su-


perfície.
É importante lembrar que cada material tem seu coeficiente de reflexão.
5 noções de ergonomia e conforto ambiental
99

ILUMINÂNCIA LUMINÂNCIA
Figura 68 - Diferença entre iluminância e luminância
Fonte: SENAI, 2013.

Assim, o nível de conforto lumínico será determinado por diversos fatores e de


acordo com a tarefa a ser realizada no ambiente.

RETROFIT é “dar cara nova ao que é velho”. Esse termo, am-


plamente utilizado nos dias atuais, significa a preservação da
SAIBA memória e da história da edificação, porém, renovando-a e
MAIS atualizando-a quanto aos equipamentos, materiais e siste-
mas, oferecendo-lhe melhores condições de conforto e admi-
tindo novas possibilidades de uso.

CASOS E RELATOS

O escritório de Zélia
Zélia saiu de São Paulo para voltar a morar na Bahia, seu estado natal.
Estava com saudade de seus familiares e amigos, assim como da vida
tranquila em sua cidade, por isso decidiu abrir uma pequena empresa de
contabilidade (área de sua formação) em sua cidade natal para voltar a
morar lá. Zélia já tinha comprado o terreno há um bom tempo e decidiu
construir seu escritório nesse local. Chamou Luisinho, pedreiro e amigo
PROJETO ARQUITETÔNICO
100

da família, e pediu para que ele construísse sua empresa: “é simples, seu
Luisinho, uma sala com banheiro para mim, uma recepção, uma sala para
dois funcionários e um banheiro social.” Zélia não quis contratar um pro-
fissional habilitado para projetar seu escritório e decidiu deixar a cargo de
Luisinho a divisão dos espaços internos e construção. Pois bem, tempos
depois, construído o escritório, finalmente, Zélia começou a trabalhar lá.
Para sua decepção, toda tarde era um sofrimento, tamanha a quantidade
de sol que a sua sala recebia. Colocou cortinas para tentar amenizar os
efeitos da insolação e instalou um ar-condicionado para diminuir o calor,
porém, quando chegou o final do mês, se assustou com o alto valor da
conta de energia! Seu escritório ficou sem o conforto ambiental adequa-
do para o desenvolvimento de suas atividades e ainda estava lhe cau-
sando prejuízos. Zélia se arrependeu e percebeu o quanto errou em não
contratar o profissional habilitado para projetar seu escritório, pois viu
que não é apenas a divisão de cômodos correta que ele tem competência
para fazer, mas também sua correta dimensão e orientação quanto à tra-
jetória do sol e dos ventos predominantes, entre diversos outros fatores
que tornam a edificação confortável e eficiente.
Fonte: SENAI, 2013.

RECAPITULANDO

Além de se preocupar com as normas, leis e com as peças gráficas fun-


damentais para o desenvolvimento do projeto, também precisamos nos
ater à ergonomia e ao conforto ambiental. Isso foi o que vimos nesse ca-
pitulo: as relações entre nós e as edificações. Concluímos que essa relação
deve ser benéfica e confortável, considerar o bem estar, minimizar os efei-
tos externos e internos quanto à iluminação, temperatura e acústica e, é
claro que para obter tudo isso, precisamos aplicar a ergonomia.
5 noções de ergonomia e conforto ambiental
101

Anotações:
Desenvolvimento de projeto arquitetônico
assistido por computador

Passamos, atualmente, por uma revolução quanto às ferramentas de produção de projetos


arquitetônicos e de engenharia, pois os recursos digitais apresentam muitas vantagens em
relação às ferramentas tradicionais de desenho. Dentre esses benefícios, podemos citar como
principais: agilidade, aumento da produção, maior facilidade para compatibilização de proje-
tos e para a identificação de erros antes do projeto ser executado.
Neste capítulo, vamos falar sobre esses novos recursos digitais, sobre alguns dos programas
computacionais desenvolvidos para auxiliar o processo de produção arquitetônica e, de forma
geral, sobre a tecnologia desenvolvida para a área da construção civil.
projeto arquitetônico
104

1 Software: 6.1 APLICATIVOS COMPUTACIONAIS


Termo em inglês que Podemos entender por aplicativos computacionais: programas desenvolvidos
significa programa de
computador. para auxiliar o usuário a executar tarefas específicas tendo como meio o com-
putador. No nosso caso, esses aplicativos serão destinados a facilitar e auxiliar o
desenho técnico.
2 Apresentação
fotorealística: A construção civil muito evoluiu ao utilizar o computador como ferramenta de
A imagem do projeto trabalho.
desenvolvido aproxima-
se da aparência real do O Desenho Técnico Assistido por Computador (DAC) ou CAD vem do inglês
projeto construído, dando computer-aided design e representa a tecnologia aliada às ferramentas de que dis-
a impressão de que é
uma foto do projeto já pomos para executar o desenho técnico. Diversos são os softwares criados para
construído.
essa finalidade, os quais nos permitem a criação, o desenvolvimento e a represen-
tação de desenhos em duas (2D) e em três dimensões(3D).
3 Compatibilização:
E para isso, os softwares mais comumente utilizados no Brasil são:
Coexistir em harmonia com
os demais. a) Autocad;
b) Sketchup;
c) Revit.
Autocad é o software1 mais utilizado no Brasil para o desenho técnico. Trata-se
de uma ferramenta que serve para auxiliar o desenvolvimento de desenhos técni-
cos, atendendo não só a arquitetura e a engenharia civil, mas também a engenha-
ria mecânica e outras áreas, como a medicina. Você precisará ter o conhecimento
prático do software para sua profissão. Por isso, neste e no próximo capítulo, trata-
remos do desenho técnico e do uso do AutoCAD.
Sketchup é um software que tem versões gratuitas, utilizado principalmen-
te para modelagem 3D de projetos. O Sketchup permite visualizar os projetos em
3D com mais facilidade. É um programa fácil de aprender e de usar.

Figura 69 - Projeto modelado no programa Sketchup


Fonte: 3DM, 2012.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
105

Revit é um software que contempla o projeto desde a sua fase de concepção à


de execução. A sua interface funciona da seguinte forma: o que você desenha em
2D, ou seja, no plano de representação horizontal, o programa interpreta e gera
automaticamente as demais representações verticais, como os cortes e fachadas,
além de gerar perspectivas (internas e externas) em 3D e tabelas sobre as partes
constituintes do desenho, o que facilita bastante sua representação, execução,
planejamento e orçamentação.
Outro fato positivo é a apresentação fotorealística2: além da facilidade de visu-
alização de possíveis erros ainda durante a concepção do projeto, há a vantagem
de facilitar o detalhamento de partes que precisam ser geradas para a execução.

Figura 70 - Imagem de abertura do programa Revit, projeto modelado pelo programa


Fonte: REVIT, 2013.

O Revit contempla a Tecnologia BIM. Vamos saber um pouco mais sobre ela?

A tecnologia BIM

A tecnologia BIM: Building Information Model, ou Modelo de Informação da


Construção, traz como principal objetivo a melhoria da comunicação entre as di-
versas disciplinas do projeto, gerando a união harmônica entre arquitetura, enge-
nharia e os projetos complementares.
Para entendermos melhor essa tecnologia, primeiro vamos entender como
acontece o processo tradicional de desenvolvimento de projetos.
No processo tradicional, é feita a base do projeto em 2D, o projeto arquitetôni-
co e, a partir dessa base, são feitos os demais projetos: estrutural, hidrossanitários,
elétrico etc. Porém, como cada projeto compete a um projetista especializado,
muitas vezes, não há compatibilização3 entre eles, o que causa diversos proble-
projeto arquitetônico
106

4 Paramétrico: mas construtivos, principalmente quando, por qualquer motivo, é necessária al-
guma modificação no projeto.
Recurso que o Revit
oferece em que todos os A tecnologia BIM veio revolucionar esse ruído de comunicação, através de sof-
elementos do modelo
estão relacionados twares de desenho tridimensional. Para isso, parametrizou4 a arquitetura, esta-
permitindo a coordenação
e o gerenciamento belecendo que, desde a concepção do edifício às etapas finais do projeto, os ele-
de alterações mentos construtivos sejam apresentados em 2D e também em 3D, de modo que
automaticamente,
conforme as mudanças quaisquer modificações feitas em qualquer disciplina do projeto são processadas
executadas. em tempo real nos demais projetos. Essa técnica (parametrização ou compati-
bilização) traz muitos benefícios, pois evita a propagação de erros, assim como
diminui de maneira significativa o tempo gasto na atualização de projetos.
Com a tecnologia BIM, a compatibilização dos projetos ocorre de maneira
dinâmica, pois a identificação de erros e conflitos entre os projetos é detectada
rapidamente. Isso permite fazer as necessárias modificações antes da etapa de
execução do edifício, e assim reduzir custos e tempo e aumentar a qualidade ge-
ral da obra.

Figura 71 - Projeto desenvolvido utilizando o Revit e a Tecnologia BIM


Fonte: SENAI, 2013.

Como o AutoCAD ainda é o programa mais utilizado no Brasil, vamos abordá-lo


mais adiante.

Utilizando o AutoCAD para o desenvolvimento de projeto


arquitetônico

Para que possamos ilustrar da melhor maneira o processo construtivo do de-


senho técnico no AutoCAD 2D, vamos fazê-lo em forma de passo a passo. Vamos
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
107

reproduzir o que fazemos quando desenhamos um projeto utilizando como fer-


ramenta o AutoCAD.

Lembramos que a prática é essencial, por isso, se você ler


FIQUE os conhecimentos apresentados neste livro e depois disso
não praticar o AutoCAD, é muito provável que você esque-
ALERTA ça tudo o que aprendeu. O tempo é precioso, então, faça
dele algo produtivo.

Mas que projeto arquitetônico acompanharemos?


O desenho técnico que executaremos será do projeto arquitetônico da casa
de Emerson!
Você deve estar se perguntando: mas quem é Emerson?!
Emerson é um cara que sempre trabalhou muito, e suas economias sempre
foram destinadas à construção da sua casa, que sempre foi seu sonho!

Figura 72 - Emerson sonhando com a casa


Fonte: SENAI, 2013

Agora, ele realizará seu sonho. Para isso, contratou o arquiteto Roberto para
projetar a sua casa. Vamos saber um pouco mais sobre esse projeto.

6.2 CONSTRUINDO UM PROJETO COM O AUTOCAD

Emerson revelou que seu sonho sempre foi ter uma casa própria com dois pa-
vimentos e três quartos, uma suíte com varanda para ele e sua esposa e outros
projeto arquitetônico
108

dois quartos para Marcelo e Manoel, seus dois filhos. Então, pediu a Roberto que
a projetasse assim. Como todo bom projetista, Roberto estudou a melhor forma
de satisfazer todos os desejos que Emerson tinha quanto à sua casa.
Vamos saber um pouco mais sobre as preferências de Emerson e o que ele
pediu a Roberto:
a) Pavimento Térreo:
a) Cozinha;
b) Sala de estar;
c) Jantar;
d) Quarto de serviço;
e) Sanitário social;
f) Área de serviço.
b) Pavimento Superior:
a) Suíte com varanda;
b) Sanitário social;
c) Dois quartos.
Essa lista de compartimentos que cada pavimento terá chama-se programa
do projeto, ou seja, são os espaços previstos para o projeto. O primeiro passo que
Roberto deu foi consultar a legislação vigente para a região em que se localiza o
terreno. Para aquela área, de acordo com o código de obras da cidade, deveriam
ser respeitados os seguintes recuos:
a) Frontal: 5,0 m;
b) Fundo: 3,0 m;
c) Laterais: 1,5 m.
Roberto, desde o início da sua carreira, sempre preferiu começar os projetos
utilizando as nobres e velhas ferramentas: lápis e papel. Através de seus croquis,
consegue visualizar e diz que “chega até sentir como é o espaço”, o que facilita
a compreensão dos espaços que está projetando. Após o projeto ser desenvolvi-
do a mão, Roberto pediu para Samuel, técnico em edificações e membro de sua
equipe, desenvolver o desenho técnico do projeto arquitetônico utilizando como
ferramenta o AutoCAD, cujas peças constituintes são:
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
109

a) Plantas baixas;
b) Planta de cobertura;
c) Fachadas;
d) Cortes: longitudinal e transversal.

Figura 73 - Trabalhando ao computador


Fonte: SENAI, 2013.

Primeiras decisões a serem tomadas

a) Escala do desenho para aplicar a escala da cota


Ao imaginarmos a escala do desenho, estamos falando da escala de impressão,
ou seja, as plantas do projeto organizadas em pranchas estarão organizadas em
qual formato de prancha e a qual escala? Essa decisão dependerá do tamanho do
desenho e de sua boa legibilidade, podendo estar no A0, A1, A2, A3, A4. Dependen-
do da escala do desenho, escolheremos a escala da cota, ou seja, a sua dimensão.
projeto arquitetônico
110

b) Configuração dos layers

Figura 74 - Layers
Fonte: AutoCAD, [20--].

Como sabemos, layer é um termo em inglês que significa camadas. Essas ca-
madas podem ser entendidas como as partes constituintes do projeto, ou seja:
Layer 1 – Paredes;
Layer 2 – Esquadrias;
Layer 3 – Hachura;
Layer 4 – Estrutura;
Layer 5 – Mobiliário;
Cada layer tem cor característica, assim como o tipo de linha e espessura, sen-
do que os dois últimos podem variar de acordo com a planta a ser representada,
que poderá ser um corte, uma planta baixa, uma fachada etc.
Vejamos um exemplo prático.
Se estamos fazendo uma planta baixa em que aparece a projeção de uma es-
quadria alta, o layer será o da esquadria, porém, suas linhas serão as de projeção.
Já se estivermos desenhando um corte que passe por essa esquadria, o layer será
o mesmo: esquadria. Porém, a linha já não será mais de projeção, contínua e es-
pessa, pois está sendo cortada, ou seja, o layer e sua cor serão sempre os mesmos;
o que poderá mudar será o tipo da linha e sua espessura.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
111

O tipo e a espessura da linha têm seus correlativos significados. Vamos revê-los.

Quadro 8 - Tipos e espessuras das linhas de um projeto


Fonte: SENAI, 2013.

Já sabemos que o desenho técnico nada mais é do que a representação dos


elementos constituintes de uma edificação, através do uso de linhas. Então, o que
fazemos ao utilizar o AutoCAD é utilizar comandos para trabalhar com as linhas
para compor o desenho.
Mas quais são as partes constituintes de uma residência?
Vamos listá-las:
a) Paredes;
b) Esquadrias (portas e janelas);
c) Piso;
d) Louças sanitárias;
e) Cobertura;
f) Estrutura: pilares e vigas.
Essas são as partes que representaremos no AutoCAD, seja na planta baixa,
nos cortes, nas fachadas etc.
projeto arquitetônico
112

5 Interface: Informações necessárias para o desenho


Segundo Aulete (2008, p. a) Parede: espessura e material construtivo;
585), meio que o usuário
dispõe para interagir com
um programa ou sistema b) Esquadrias: dimensões:
operacional.
Para portas: base x altura. Exemplo: 0.60 x 2.10 m.
Para janelas: base x altura x peitoril. Exemplo: 1.60 x 1.20 x 0.90 m.
c) Piso: diagramação do piso e de onde começará, como será a sua composição;
Exemplo:
Hachura diagramação de piso

Figura 75 - Hachura diagramação de piso


Fonte: SENAI, 2013.

d) Estrutura: dimensões de pilares e vigas;


e) Pé-direito dos pavimentos: altura do piso à laje;
f) Nome dos ambientes e áreas;
g) Que elementos estarão em projeção;
h) Para a planta de layout : disposição do mobiliário.

Há diversas apostilas, os chamados tutoriais, disponíveis gra-


SAIBA tuitamente na internet para auxiliar o aprendizado sobre o
MAIS AUTOCAD e diversos outros programas! Vale a pena pesqui-
sá-los!
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
113

CASOS E RELATOS

O exemplo de Elenita
Elenita sempre foi uma pessoa bastante esforçada e em sua turma, no cur-
so técnico de edificações, era uma pessoa bastante admirada por todos,
por conseguir conciliar seu tempo entre trabalho e estudos muito bem,
sendo sempre a que mais se destacava nos trabalhos e provas do curso.
Quando começou a matéria Projeto Arquitetônico na qual o professor
determinou que cada aluno deveria desenvolver um projeto de até 80
m2 utilizando o AutoCAD, Elenita percebeu que precisava melhorar seu
desempenho no programa, viu que tinha que aprender um pouco mais
sobre o AutoCAD o quanto antes para que não fosse prejudicada no an-
damento da matéria, e sabia o quanto é importante a sua habilidade para
sua área de trabalho. Elenita como sempre surpreendeu por sua dedica-
ção, seus colegas e professor começaram a perceber o quanto melhor ela
estava ao utilizar o programa e ela disse o seu segredo: “dedicação! entre
uma aula e outra em vez de ir para o intervalo eu ficava aqui treinando
com ajuda do tutorial e do livro, e na hora do almoço todos os dias lá no
trabalho eu tiro meia hora para me dedicar aos estudos também!” E todos
mais uma vez admiraram Elenita e a tomaram como exemplo!
Fonte: SENAI, 2013.

Primeiro, vejamos alguns dos principais comandos e seus atalhos. Lembre-se


de que a versão do AutoCAD que utilizaremos é a de 2010. Então, vamos começar
entendendo um pouco mais sobre a interface5 do CAD.

Figura 76 - Tela principal do AutoCAD


Fonte: AUTOCAD, 2013.
projeto arquitetônico
114

6 Atalho: Principais comandos e seus atalhos4


Acesso rápido ao comando. Antes dos comandos, veja algumas dicas que farão você entender melhor o
funcionamento do programa:
a) Geralmente, o atalho6 é referente à primeira ou às duas primeiras letras do
7 Chanfrados: comando;
Cortado em ângulo. b) Todos os comandos são finalizados com ENTER, o que confirma a sua ativação;
c) Observe a janela em branco abaixo da tela: todo comando será informado
através dela, assim como as informações que poderão ser pedidas. Então,
sempre que tiver dúvida de algum comando, verifique se nessa janela há a
indicação de alguma direção que você possa seguir;
d) F3: Liga e desliga o object snap, comando que localiza pontos no desenho,
referentes a pontos médios de uma linha, perpendiculares, intersecções etc.
nos guiando quanto ao desenvolvimento do nosso desenho.

6.2.1 Principais comandos e suas funções

ENDpoint: localiza o ponto final da linha, arco etc.;


MIDpoint: localiza o ponto médio de uma linha;
CENter: localiza o centro de um círculo ou arco, lembrando que o quadrilátero
deve ser posicionado sobre o lugar geométrico do círculo;
NODe: possibilita a localização de um ponto gerado pelo comando “point”;
QUAdrant: localiza o quadrante do arco ou círculo. Os quadrantes são as posi-
ções de 0o, 90o, 180o e 270o;
INTersection: localiza a interseção de duas entidades;
INSert: localiza o ponto de inserção de texto ou de um bloco;
PERpendicular: possibilita a geração de perpendiculares;
TANgent: localiza com relação ao último ponto a tangência com um círculo
ou arco;
NEArest: localiza o ponto mais próximo de uma entidade qualquer, dentro da
área de ação do comando.
a) Comando Undo (U): permite retroceder etapas do desenho;
b) F8: Liga e desliga o Ortho, que permite apenas o desenho de linhas ortogo-
nais ao cursor;
A seguir, você pode ver o comando e o seu atalho, por exemplo: FILLET (co-
mando) – F (atalho).
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
115

O ideal é que, ao ler o que cada comando significa, você possa testá-lo em seu
AutoCAD, de modo a facilitar o seu aprendizado.
a) ARC (A): Para desenhar arcos;
b) AREA (AA): Informa a área e também o perímetro de figuras desenhadas por
polilinhas;
c) BLOCK (B): Para criar blocos. Bloco é o conjunto de desenho no qual só se
pode editar dentro de um comando específico;
d) BREAK (BR): Quebra linhas, polilinhas, círculo ou arco em um ou mais pontos;
e) CHAMFER: Tem a mesma função do fillet, porém são criados cantos
chanfrados7;
f) CIRCLE (C): Desenha círculos;
g) COPY (CP): Copia qualquer linha ou conjunto de linhas, objetos;
h) DIST (DI): Informa a distância entre dois pontos;
i) DIVIDE (DIV): Divide um componente em segmentos iguais, de acordo com
o número de divisões que você queira;
j) DIMENSION (D): Cota o desenho, informando as suas propriedades em rela-
ção a dimensão, raio, e ângulos;
k) ERASE (E): Apaga a linha ou partes do segmento e/ou objeto;
l) EXTEND (EX): Estende linhas selecionadas a um ponto de referência escolhido;
m) EXPLODE (X): Explode (desagrupa) componentes, objetos, blocos, hachu-
ras, cotas;
n) FILLET (F): Faz a união dos limites de duas linhas ou arcos, permitindo tam-
bém, a partir de um raio definido, fazer a concordância de linhas através
de um arco;

Comando Fillet

Primeiro objeto Segundo objeto Resultado


selecionado selecionado

Figura 77 - Comando fillet


Fonte: SENAI, 2013.
projeto arquitetônico
116

o) HATCH (H): Preenche uma área com uma textura definida;

Hachura

Figura 78 - Hachura
Fonte: SENAI, 2013.

p) INSERT (I): Esse comando insere blocos no desenho;


q) LINE (L): Desenha linhas;
r) LAYER (LA): Todo desenho deverá ser composto por vários layers (camadas),
em que cada linha representa uma camada, com cor e espessura específicas;
s) LIST (LS): Este comando fornece as características de qualquer componente
do desenho;
t) MATCHPROP (MA): Copia as propriedades de um componente do desenho
para outro(s) componente(s);
u) MOVE (M): Move qualquer componente do desenho;
v) MIRROR (MI): Espelha um componente ou objeto selecionados tendo como
referência uma linha de espelho;

Comando Mirror

Original
Mirror
Figura 79 - Comando mirror
Fonte: SENAI, 2013.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
117

w) MTEXT (MT): Com esse comando ativado, abre-se uma janela de diálogo
onde podemos modificar as propriedades de um texto;
x) OFFSET (O): Copia linhas, arcos e círculos a partir de uma distância deter-
minada;

Comando Offset

Original Offset
Figura 80 - Comando offset
Fonte: SENAI, 2013.

y) PEDIT (PE): Edita polilinhas;


z) PLINE (PL): Desenha linhas contínuas, as polilinhas, assim como desenha
também arcos;
aa) POINT (PO): Desenha um ponto geralmente utilizado para dividir linhas e
arcos em dimensões iguais;
ab) POLYGON (POL): Desenha polilinhas fechadas – polígonos que estarão ins-
critos ou circunscrito por um círculo;
ac) PROPERTIES (PROP): Informa as propriedades da entidade selecionada;
ad) PURGE (PU): Elimina do presente arquivo tudo o que foi criado e não está
sendo utilizado. Por exemplo, blocos, layers;
ae) REGEN (RE): Regenera a tela que estamos vendo. Com a prática, você ve-
rificará que, muitas vezes, as curvas no desenho não são visualizadas como
realmente são, pois elas se mostram como segmentos de retas. Mas ao se
ativar esse comando, elas voltam à aparência correta;
af) RECTANG (REC): Desenha um retângulo;
ag) ROTATE (RO): Roda um ou mais componentes do desenho em torno de um
ponto escolhido como referência;
ah) STRETCH (S): Possibilita o deslocamento de objetos, preservando as inter-
secções originais;
projeto arquitetônico
118

Comando Stretch

Original Stretch
Figura 81 - Comando stretch
Fonte: SENAI, 2013.

ai) SCALE (SC): Modifica a dimensão de um componente do desenho ou vários.


Pode ter seu tamanho ampliado quando o valor da escala for maior que 1; ou
reduzido, se o valor da escala for menor que 1;
aj) SPLINE (SPL): Cria curvas spline – curvas definidas por um ou mais pontos
de controle;

Comando Spline

Original
Spline
Figura 82 - Comando spline
Fonte: SENAI, 2013.

ak) TRIM (TR): Corta linhas, polilinhas e arcos tendo como referência outra li-
nha ou componente do desenho.
Ao longo do capítulo, ao acompanharmos o desenvolvimento do projeto ar-
quitetônico, utilizaremos alguns desses comandos, assim, poderemos visualizar
melhor sua utilização.
As peças gráficas que desenharemos serão as indicadas abaixo:
a) PLANTAS BAIXAS DOS PAVIMENTOS
b) CORTES: TRANSVERSAL E LONGITUDINAL
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
119

c) PLANTA DE COBERTURA
d) FACHADAS
Emerson, com os desenhos em mãos feitos por Roberto, cumpriu com perfei-
ção a atividade a ele delegada: passar o projeto feito pelo arquiteto para o Auto-
CAD para que o arquivo se torne digital.
É válido salientar que podemos desenvolver um desenho de diversas formas,
entretanto, apresentaremos aqui apenas uma delas. Ao longo do seu tempo de
prática, você desenvolverá seu próprio método.

QUADRO 1

Fazendo a planta baixa – térreo:


Com o layer definido (nesse caso, o “Arq. a construir”) ativado e o comando
Polilinha (PL) também ativado, escolhemos um ponto de origem e, em sequência,
vamos informando o sentido da linha, através do cursor do mouse, e a dimensão
da linha. Vamos digitá-la conforme a Figura 83.

Comando Polilinha

Figura 83 - Polilinha
Fonte: SENAI, 2013.

Polilinha concluída, figura fechada. Agora, vamos utilizar o comando Offset (O)
para fazer as paredes.
Como veremos nas páginas a seguir, a escolha da cor de exibição da tela do
AutoCAD e dos layers foi feita de maneira a melhor podermos visualizá-los no
livro. É importante também saber que existem diversas formas para se executar
um desenho no AutoCAD. Ao longo do tempo, com prática, você descobrirá a
projeto arquitetônico
120

melhor maneira de trabalhar com essa ferramenta. A forma que apresentamos a


seguir é apenas uma das inúmeras possibilidades.
Desenhando a planta baixa – térreo
Agora, faremos a divisão interna da casa, o seu arranjo espacial.
Com a polilinha (1) fechada, vamos agora utilizar o comando Offset para fazer
as paredes, cuja espessura é de 15 cm, então, a distância a ser informada é a de
0.15 (2). Em seguida, clicamos internamente ao desenho (3), no sentido da cópia
do objeto, e como resultado, teremos o desenho (4).

1 2

Specify point on side to offset or 0.15

3 4

Specify point on side to offset or 0.15

Figura 84 - Desenhando a planta baixa – térreo


Fonte: SENAI, 2013.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
121

Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – desenhando as


paredes
Para que possamos fazer o arranjo espacial interno da residência, o melhor é
explodirmos a polilinha interna. Então, com o comando Explode, selecionamos a
polilinha (1) e, ao confirmar o comando com o Enter, explodimos a linha, o que
quer dizer que, agora, temos vários segmentos de reta e podemos trabalhá-las
separadamente. Para fazermos a divisão do espaço interno, vamos trabalhar com
o comando Offset, de acordo com as medidas vistas decididas por Roberto e pas-
sadas para Samuel. Acompanhe abaixo o desenvolvimento do desenho: Offset de
1.4 (2) e (3), logo após, para fazer a parede Offset de .15 (4).

1 2

X
Specify point on side to offset or 1.4

3 4

Specify offset distance or 0.15

Figura 85 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – desenhando as paredes


Fonte: SENAI, 2013.
projeto arquitetônico
122

Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – eliminando objetos


No quadro (1) vemos o mesmo processo para fazermos agora outro ambiente.
Damos Offset da medida determinada, e .15 para fazermos a parede também.
Depois, vamos apagar o segmento que da reta que não nos interessa, ou seja,
que não faz parte do projeto. Para isso, ativamos o comando Trim, clicamos com
o botão direito do mouse em qualquer ponto do desenho e, depois, com o botão
esquerdo do mouse, selecionamos a linha que queremos apagar (2). Para finalizar
o comando, clicamos enter, como vemos no quadro (3). Agora, vemos as outras
partes que devem ser apagadas (4)

1 2

Specify opposite corner:

3 4

Specify opposite corner:

Figura 86 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – eliminando objetos


Fonte: SENAI, 2013.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
123

Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – eliminando objetos


E assim, progredimos em nosso desenho, como vemos a seguir, com as demais
partes do projeto, utilizando os comandos Offset e Trim.

Specify opposite corner:

Select object to trim or shift - select extend or

Select object to offset or

Figura 87 - Desenhando a planta baixa- arranjo espacial interno – eliminando objetos


Fonte: SENAI, 2013.
projeto arquitetônico
124

Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – unindo linhas


Com o comando Fillet, vamos fechar a parte do desenho ao lado selecionada
(demarcada pela bolinha laranja). Com o comando Fillet ativado (1), selecione,
com o botão direito do mouse, as duas linhas a serem unidas (2) e (3). O resultado
será como o que vemos no quadro (4).

1 2

Select first object or

3 4

Select second object or shift - select to apply corner:

Figura 88 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – unindo linhas


Fonte: SENAI, 2013.

Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – fazendo aberturas


Agora, vamos ver como fazer as aberturas das esquadrias (portas e janelas) no
desenho. Primeiro, decidimos, logicamente, o melhor ponto para fazê-la. Existem
várias formas de se fazerem as aberturas, mas aqui estudaremos a seguinte: pri-
meiro, com o comando Line, desenharemos uma linha para nos servir de linha
“limite base” da abertura (1). Assim, vemos a dimensão da abertura e damos o
comando Offset da linha de acordo com essa dimensão (2) e (3), gerando a linha
limite da esquadria. Depois, com o comando Trim ativado, eliminamos as linhas
entre as linhas “base”, e assim temos a abertura (4).
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
125

1
.1500
90o
Perpendicular

Select object to offset or

Figura 89 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – fazendo aberturas


Fonte: SENAI, 2013.
projeto arquitetônico
126

Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – fazendo aberturas


Assim, continuamos a fazer a abertura das demais esquadrias na planta baixa
da edificação. Lembre-se de apagar a linha limite base da abertura quando esta
não fizer parte do desenho.

Figura 90 - Desenhando a planta baixa – arranjo espacial interno – fazendo aberturas 2


Fonte: SENAI, 2013.

Criando blocos
Os blocos poderão ser importados de algum outro arquivo, ou poderemos
criá-los. Para criá-los, com o desenho já pronto, ativamos o comando Block e se-
guimos estes passos:
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
127

1o passo:
Aqui você irá inserir o nome do bloco. Exemplo: Janela

2o passo:
Selecionar o desenho que será o bloco.

3o passo:
Escolher o ponto de inserção do bloco.

Figura 91 - Criando blocos (block definition)


Fonte: SENAI, 2013.

Para o desenho desse projeto, vamos criar 3 blocos:


1 – porta;
2 – janela;
3 – pilar.
Desenhando o bloco de portas
A porta que vamos desenhar tem 60 cm de vão de abertura e, por convenção,
3 cm de espessura.

Figura 92 - Porta – vão de abertura


Fonte: SENAI, 2013.

Primeiro, vamos selecionar o layer 0; depois, vamos escolher o comando Rec (re-
tângulo). Primeiro, clicamos com o lado esquerdo do mouse onde queremos fixar o
desenho na tela. Depois, será solicitada a dimensão. Como estamos fazendo a folha
da porta, que tem 60 cm de comprimento e 3 cm de espessura, digitaremos: base,
projeto arquitetônico
128

altura, nesse caso: 0.03 e 0.60. Fazemos uma linha guia para dar o comando Offset
de 60 cm para fazermos o arco e usaremos o comando Arc onde escolheremos o
start, second e endpoint para o desenho do arco, como mostramos a seguir (2). Na
ilustração (3), vemos o bloco pronto já com o layer porta selecionado.

OFFSET DE 60 CM

Lembrar de apagar as linhas que serviram


Figura de base
93 - Bloco para
porta marcar o 1-3)
(sequência vão de abertura da porta.
Fonte: SENAI, 2013.

Lembre-se de apagar as linhas que serviram de base para marcar o vão de


abertura da porta.
Essa ilustração mostra o desenho do bloco da porta de 60 cm, mas como pode-
mos verificar na planta base, temos portas de 70 cm e de 80 cm. Para desenhá-las,
siga os mesmos procedimentos anteriormente descritos.
Desenhando o bloco de janelas

Vista janela

Planta Baixa
Bloco Janela

.08 .09 .08

Figura 94 - Bloco de janelas


Fonte: SENAI, 2013.

A Figura 94 demonstra a configuração do bloco da janela e a vista da janela


para melhor entendermos a origem desse bloco.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
129

Os mesmos procedimentos adotados para criar blocos serão utilizados para


fazer o bloco da janela. Na figura 94, você viu as dimensões para fazê-lo.
Desenhando o bloco do pilar
Como vimos na planta baixa, de referência, todos os pilares têm dimensão de
15 x 30 cm. Para facilitar o desenho, vamos transformar o desenho do pilar em
bloco, assim, podemos inseri-los nos pontos determinados. Com o comando ati-
vado, digitamos: 0.15 e 0.30. Rec (retângulo)
Retângulo pronto, agora, vamos hachurá-lo.
Com o comando Hatch ativo, veja os passos a seguir:

Pilar

Parede
0,15m

0,30m

Figura 95 - Pilares
Fonte: SENAI, 2013.

10 Passo:
Aqui você irá escolher a hachura
que deseja, basta um clique.

20 Passo:
Clique aqui para escolher no
desenho a área a ser hachurada

20 Passo:
Para finalizar o comando.

Figura 96 - Hatch (hachura)


Fonte: SENAI, 2013.
projeto arquitetônico
130

Na imagem 1 e 2, da Figura 97, vemos o bloco da janela e a forma como ela


será inserida na abertura: ficará rente à parte interior da parede, como demonstra
a bolinha rosa. Sua dimensão estará localizada na parte interior da edificação.
Na imagem 3, da Figura 97, vemos o bloco da porta e a forma como ela é inse-
rida na abertura. Como já sabemos, seu sentido de abertura é o que determina o
seu posicionamento; a sua dimensão estará localizada entres as linhas que repre-
sentam a soleira (ver explicação nas próximas páginas).

Bloco Janela

Interior
1.40 x 1.20/ h=90cm

Figura 97 - Esquadrias (sequência de figuras 1-3)


Fonte: SENAI, 2013.

80x2.10
Bloco porta

INSERINDO OS BLOCOS

Pilar
Com o bloco pilar pronto, vamos inseri-lo na planta, com base na planta de
referência.
E faremos isso para os demais pontos.
Ativamos o comando Insert e, na janela (1) que abrir, selecionamos o bloco
que queremos inserir. Clique Ok e escolha o local em que o fixará (2). Depois,
copie-o, usando o comando Copy para os demais pontos; assim, ao finalizarmos,
teremos a planta conforme a figura (3).
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
131

2 3

Figura 98 - Inserindo blocos (sequência de figuras 1-3)


Fonte: SENAI, 2013.

Portas e janelas
Com a especificação das esquadrias, tomando como base a planta baixa de
referência, sabemos onde estarão as portas e onde estarão as janelas. Com as
aberturas feitas, vamos agora por a simbologia das portas e janelas nos locais
destinados.
j.a = janela alta
j. = janela
p. = porta
Para a janela alta, não faremos bloco, pois são apenas duas unidades. Como
sabemos, as linhas estão além do plano de corte da planta baixa, cuja altura é de
1,50 m. Essa linha de projeção superior é representada tracejada.
projeto arquitetônico
132

Figura 99 - Planta baixa


Fonte: SENAI, 2013.

Então, a representação dessa janela será semelhante à que vemos na Figura 100.

Layer Arq. a Construir


Color: Green (mais fina que a do by layer)

Layer Projeção Superior


Color: Green by layer

Layer Arq. a Construir


Color: Green (mais fina que a do by layer)

Figura 100 - Layers janela


Fonte: SENAI, 2013.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
133

Você percebeu que temos outras duas linhas (outros dois layers) representa-
das no desenho a seguir? É a Linha de piso, cujo Layer é o de mesmo nome. Ela é
utilizada para representar as soleiras das portas.

Figura 101 - Soleira


Fonte: SENAI, 2013.

Figura 102 - Peitoril

Fonte: SENAI, 2013.


projeto arquitetônico
134

Figura 103 - Soleiras e peitoris


Fonte: SENAI, 2013.

Figura 104 - Esquadrias-planta baixa


Fonte: SENAI, 2013.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
135

Especificação das esquadrias


Agora, vamos inserir a especificação das esquadrias. Para isso, com o layer tex-
to, vamos utilizar o comando Mtext (MT). Primeiro, vamos escolher um ponto na
tela, clicando com o botão esquerdo do mouse. Abre-se a janela do texto, e clica-
mos novamente onde queremos fechá-la. Depois, digitamos o texto.
As especificações das esquadrias (dimensões) são informadas na planta base
de referência.
Caso o texto não se encontre na posição correta, utilizaremos o comando
Rotate (Ro). Selecionamos o objeto que queremos rotacionar e digitamos o
grau de rotação.
Dica: como há algumas esquadrias iguais, basta copiar o texto da especifica-
ção e colá-lo onde houver uma igual.

Specify opposite corner or 8.8148 < 336o

Figura 105 - Comando Mtext


Fonte: SENAI, 2013.

Specify opposite corner or 8.8148 < 336o

Figura 106 - Especificações esquadrias


Fonte: SENAI, 2013.
projeto arquitetônico
136

Equipamentos hidráulicos
Agora, vamos inserir em nossa planta os blocos dos equipamentos hidráulicos:
pia da cozinha, pia do banheiro, tanque, chuveiro, vaso sanitário, tudo o que pre-
cise de tubulação hidrossanitária.

VOCÊ Na área da construção civil, chamamos de área molhada


as áreas onde são instalados pontos hidrossanitários: co-
SABIA? zinhas, sanitários e área de serviço.

Os blocos são fornecidos gratuitamente por sites na internet que tratam desse
assunto e por muitas empresas fabricantes de louças, também através de seu site.
Blocos hidráulicos

máquina
Tanque de lavar pia - cozinha chuveiro vaso sanitário pia sanitário

Figura 107 - Especificações esquadrias


Fonte: SENAI, 2013.

De acordo com os pontos determinados na planta de referência, vamos in-


serir os blocos dos equipamentos hidráulicos, cujo layer é equipamento hidráu-
lico. Para inseri-los, adotaremos os mesmos procedimentos mencionados em
páginas anteriores.
Layer equipamento hidraúlico

Figura 108 - Layer equipamento hidráulico


Fonte: SENAI, 2013.

Planta baixa com inserção dos blocos de equipamentos hidráulicas.


6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
137

Figura 109 - Blocos hidráulicos – planta baixa


Fonte: SENAI, 2013.

Diagramação de piso
Você sabe o que é diagramação de piso?
É a forma como o piso será assentado, por exemplo, na diagonal ou reto. É
como se sabe a partir de que ponto será instalado, qual é seu ponto inicial. Para
isso, utilizaremos o comando Hatc, para pôr a hachura, no layer piso.
projeto arquitetônico
138

140x90/h=120cm

Figura 110 - Blocos hidráulicos – planta baixa


Fonte: SENAI, 2013.

0o: Composição do piso em linha reta


45o: composição do piso em diagonal

Dimensão da peça (piso)

Marcar o ponto inicial do piso

Escolher onde será hachurado

Figura 111 - Blocos hidráulicos – planta baixa


Fonte: SENAI, 2013.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
139

Figura 112 - Blocos hidráulicos – planta baixa


Fonte: SENAI, 2013.

Na Figura 113, está representada a planta baixa com a diagramação dos pisos
das áreas molhadas.

Figura 113 - Especificações esquadrias


Fonte: SENAI, 2013.
projeto arquitetônico
140

Nome dos ambientes e área


Agora, vamos por o nome dos ambientes e calcular suas áreas. Para calcular-
mos a área de algum objeto, precisamos que o polígono esteja fechado. Portanto,
como vemos na Figura 114, fizemos uma polilinha fechada demarcando a área do
living, e assim faremos nos demais ambientes.

Figura 114 - Nomes ambientes e área


Fonte: SENAI, 2013.

Para isso, ativaremos o comando Area (AA). Depois, na janela, serão mostra-
das 3 opções.
Nesse caso, escolheremos object, o que significa que selecionaremos o objeto
cuja área queremos saber. Nesse caso, a polilinha.
Feito isso, teremos o valor da área e do perímetro.

Figura 115 - Área e perímetro


Fonte: SENAI, 2013.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
141

²
²

Figura 116 - Nome dos ambientes e área


Fonte: SENAI, 2013.

Em seguida, ativamos o comando Mtext escrevemos o nome do ambiente e a


sua área correspondente. A altura do texto para o nome do ambiente foi de .15,
e o da área, .125, de mesmo layer, porém, de cores diferentes.
Circulação vertical
Agora, aprenderemos a calcular a escada da edificação. Para isso, primeira-
mente, precisamos saber duas informações:
a) Qual é o pé-direito? 2,78 m
projeto arquitetônico
142

b) Qual é a espessura da laje? 0,10 m

Figura 117 - Escada


Fonte: SENAI, 2013.

Mas você pode estar se perguntando:


Quais são os elementos que compõem uma escada? Os degraus são formados
por: espelho e piso.
Para a escada, precisamos saber:
a) a quantidade de degraus;
b) a altura do espelho;
c) a profundidade do piso;
d) o comprimento da escada.
Para isso, precisamos seguir algumas regras:
a) o espelho deve ter 16 cm a 18 cm;
b) o piso deve ter de 28 cm a 32 cm.
Temos algumas fórmulas a nos basear.
e = espelho; p = piso
a) número de pisos = número de degraus - 1
b) Fórmula de Blondell (fórmula que garante que a escada seja confortável):
2e + p = 63 a 64 cm
Vamos fazer o cálculo para a escada?
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
143

Temos que vencer a altura de: 2,78 m (pé direito) + 0,10 m (espessura laje) =
2,88 m
Vamos estimar que a altura que queremos é de 18 cm para o espelho, então:
2,88 m / 0,18 m = 16 degraus.
Então, temos 16 degraus, portanto, 15 pisos.
Vamos agora calcular a profundidade do piso (p):
Utilizando a fórmula de Blondel: 2e + p= 63 a 64, vamos escolher 64 cm,
sabendo que e = 18 cm:
2e + p = 64 2 x 18 + p = 64 p = 64 - 36 p = 28 cm
Para uma escada residencial, o mínimo é 80 cm, mas usaremos uma medida
um pouco mais confortável: 90 cm
De forma a utilizar o espaço disposto para a escada, esta será em U (chama-se
assim, pois a escada fica com o formato da letra u).
As linhas tracejadas representam os degraus que estão acima do
corte de 1,50 m (planta baixa).
Linha de interrupção (ponto em quea linha de corte da planta baixa, localizada
a 1,50 m, interrompe o desenho.)

Figura 118 - Escada


Fonte: SENAI, 2013.
projeto arquitetônico
144

Cotas
Você percebeu que no desenho da escada colocamos as medidas dos degraus
para você ter conhecimento de sua dimensão?
Elas são as cotas (dimension)!
Precisamos dimensionar o desenho, e para isso, existem os estilos de dimen-
sionamento. Podemos utilizar o DIMSTYLE que já esteja presente e salvo no de-
senho ou criar um novo estilo dentro do arquivo do desenho.
Para isso, ativamos o comando DIMSTYLE (D), clicamos no estilo standart e o
copiamos, clicando em new. Então, abrirá uma nova janela.

Estilo em uso

Novo

Modificar o estilo em uso

Figura 119 - Cotas


Fonte: SENAI, 2013.

Iremos aqui denominar


nossa Cota.

Figura 120 - Cotas


Fonte: SENAI, 2013.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
145

Iremos configurar as cotas


apartir destas janelinhas,
abra-as para ajustar o diversos
componentes das cotas.

Figura 121 - Cotas


Fonte: SENAI, 2013.

Painel de ferramentas de dimensionar

Dimensionamento linear,
horizontal e vertical.

Dimensionamento alinhado.

Dimensiona o raio de arcos


e círculos.

Dimensiona o diâmetro de arcos


e círculos.

Painel de ferramentas de dimensionar


Dimensiona o comprimento
de um arco.

Dimensiona ângulos.

Figura 122 - Painel de ferramentas dimensionar


Fonte: SENAI, 2013.

Cotas
Para cotar o desenho, ativamos o _dimlinear e vamos percorrendo o desenho
de acordo com as medidas que queremos apresentar. Como desenho final, tere-
mos o que se ilustra na Figura 123.
projeto arquitetônico
146

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6.40

.15 .15 .15


2.15 3.80
.95

.15

.15
1.40
²

2.75
.15

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT


PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

2.40

.15
²
.15

3.20
²
10.05

10.05
2.00

.15
.15

.45

2.25
²
3.50

.15

²
1.25
.15

2.75 2.75

.15 .15 .15


5.95

Figura 123 - Planta baixa cotada


Fonte: SENAI, 2013.

Marcação das linhas de corte


PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Como podemos ver, a planta baixa do térreo já está sendo finalizada, falta ape-
nas a marcação das linhas de corte.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
147

Deveremos marcá-las por onde o corte irá passar, como já aprendemos


no Livro de Desenho Técnico - Vol. 1 e 2.

Figura 124 - Linhas de corte


Fonte: SENAI, 2013.

Para fazermos a linha de corte, usaremos a polilinha com o layer linha de corte:
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6.40

.15 .15 .15


2.15 3.80
.95
.15

.15
1.40

²
2.75
.15

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2.40

.15

²
.15

²
3.20

²
10.05

10.05
2.00

²
.15
.15

.45
2.25

²
3.50

.15

²
1.25
.15

2.75 2.75

.15 .15 .15


5.95

Figura 125 - Planta baixa marcação das linhas de corte


Fonte: SENAI, 2013.
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Planta baixa pavimento superior


Na Figura 126, vemos a planta baixa do pavimento superior de referência, para
a qual utilizaremos os mesmos procedimentos que aprendemos para a planta
baixa do térreo.
projeto arquitetônico
148

Você consegue notar que na planta representada pela figura 126 falta um dado?
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6.40

.15
.15 .15 4.85
1.10

.15

.15
.75

2.35

2.75
² ²
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

.15

.15
1.45

²
.15

3.20
²
10.05

10.05
2.00

²
.15

.15
2.15

.15 .15

² ²
3.50

3.50
.15
.15

.45 2.75 2.75


.15 5.95
.15 .15

Figura 126 - Planta baixa marcação das linhas de corte


Fonte: SENAI, 2013.
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Como estamos desenhando a planta baixa do pavimento superior, podemos


observar que deve constar nesse pavimento a projeção da cobertura.
Planta de cobertura
O autor do projeto decidiu que o telhado terá estrutura de madeira, e a co-
bertura, de telhas cerâmicas, e que sua forma será como podemos observar na
Figura 127.
A inclinação do maior plano do telhado é de 35%.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
149

Figura 127 - Perspectiva casa


Fonte: SENAI, 2013.

Mas como representaremos essa cobertura?


Sabemos que a cobertura de uma edificação é composta por dois elementos:
a estrutura e a cobertura.
As águas do telhado representam o plano inclinado de caimento do telhado,
onde o beiral é a parte da água do telhado que se projeta além da face externa da
edificação, conforme podemos ver na Figura 128. Vamos também acompanhar o
processo de composição do desenho da planta de cobertura.

Figura 128 - Beiral


Fonte: SENAI, 2013.
projeto arquitetônico
150

Figura 129 - Construção planta de cobertura


Fonte: SENAI, 2013.

Figura 130 - Construção planta de cobertura


Fonte: SENAI, 2013.

Planta de cobertura
Percebe-se que a planta de cobertura é a representação da planta da cobertura
vista de cima. Portanto, conclui-se que a planta de cobertura é o contorno da
edificação + beiral. Representamos o telhamento da cobertura com hachuras, e
as setas indicam o sentido de caimento da água:
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
151

Figura 131 - Perspectiva casa – cobertura


Fonte: SENAI, 2013.

Na Figura 132, vemos a planta de cobertura final. Observe as setas de indica-


ção que explicam os elementos gráficos da planta.

Hachura de representação do
telhamento que compõe o telhado

Contorno da
Setas direcionais que edificação
indicam o sentido de representado
inclinação (caimento) por linha de
do telhado projeção

Linha
representando
a cumeeira

Figura 132 - Planta de cobertura


Fonte: SENAI, 2013.
projeto arquitetônico
152

Cortes
Agora, vamos nos dedicar aos cortes. O primeiro passo é verificar por onde
estão passando as linhas de corte.
Vamos começar pelo corte AA.
Com a planta baixa do térreo, verificamos onde está marcada a linha de corte
AA. Nesse caso, está “cortando” os seguintes ambientes e elementos: sanitário,
jantar e escada.
Outro dado que precisamos saber para executar o desenho é a altura do pé-
-direito.

Figura 133 - Cortes – Planta baixa térreo

Fonte: SENAI, 2013.


6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
153

Continuando o corte AA, vamos agora fazer o corte do pavimento superior. Va-
mos executar o mesmo procedimento: puxar linhas guias da planta baixa, dessa
vez, do pavimento superior, e verificar onde passa a linha de corte AA: sanitário
social, hall, escada, reservatório superior, cortando também a cobertura. Deixa-
mos o desenho a seguir incompleto, pois, adiante, explicaremos mais detalhada-
mente como fazer o desenho da cobertura seccionada.

Figura 134 - Reservatório


Fonte: SENAI, 2013.
projeto arquitetônico
154

Figura 135 - Planta baixa pavimento superior


Fonte: SENAI, 2013.

Para que possamos visualizar e saber a altura relativa ao ponto em que o


plano secante passa na cobertura, vamos fazer um triângulo esquemático re-
presentando-a.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
155

Figura 136 - Planta de cobertura


Fonte: SENAI, 2013.

Como o telhado é simétrico, vamos dividi-lo em duas partes, para fazermos o


cálculo a partir dos dados apresentados na Figura 137.
projeto arquitetônico
156

i = hx100
C
c = comprimento
i = inclinação %
h = altura
h

C
11,05
Figura 137 - Cálculo inclinação
Fonte: SENAI, 2013.

O autor do projeto decidiu que a telha será cerâmica, e a inclinação do


telhado será de 35%.
Pela planta baixa, obtemos o comprimento c = 11,05 ÷ 2 ~ 5,53 m, utilizando a
fórmula apresentada, vamos calcular a altura máxima do telhado.

i = hx100 35% = hx100 h = 5.53x35 h = 1.935m


C 5.53 100

h = 1.935m

c = 5.53m
Figura 138 - Cálculo inclinação
Fonte: SENAI, 2013.

A partir dessa figura no AutoCAD, podemos saber automaticamente a altura


correspondente a qualquer ponto.
Corte AA
Secção da cobertura
Inclinação do telhado
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
157

Como o telhado é simétrico, vamos dividi-lo em duas partes para fazermos o


cálculo a partir desses dados.

Figura 139 - Perspectiva da casa com plano secante


Fonte: SENAI, 2013.

O plano secante do corte AA está posicionado da forma como podemos ver na


Figura 139: a seta indica o sentido do corte. Na figura a seguir, vemos o telhado
como se estivésemos posicionados paralelamente ao corte AA.
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Figura 140 - Perspectiva da casa com plano secante


Fonte: SENAI, 2013.
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projeto arquitetônico
158

Para o corte AA é transversal, podemos ver que sua distância da extremidade é


de 4.74m, pelo AutoCAD podemos ver qualquer altura relativa ao ponto, precisa
só que o localizemos no triângulo que fizemos representando o telhado e acha-
mos sua altura.

A A

4.74m

Figura 141 - Planta da cobertura


Fonte: SENAI, 2013.

h = 1.42m

c = 4.74m
Figura 142 - Corte cobertura
Fonte: SENAI, 2013.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
159

Estrutura telhado
Sabemos que a estrutura do telhado poderá ser composta pelas peças estru-
turais de madeira, por exemplo:
a) tesouras;
b) terças;
c) caibros;
d) ripas.

caibros
terças
ripas
cumeeira

Figura 143 - Estrutura telhado


Fonte: SENAI, 2013.

Como os cortes passam pelo telhado principal, daremos mais atenção a ele,
fato que explica o motivo de os outros telhados (reservatório e varanda) não es-
tarem sendo representados em desenho com o mesmo nível de detalhamento. A
seguir, vemos a planta de cobertura com a estrutura sendo representada. Obser-
ve que as peças estruturais são representadas por cores.
projeto arquitetônico
160

caibros
terças
ripas
cumeeira

Figura 144 - Estrutura telhado


Fonte: SENAI, 2013.

Na figura a seguir, mostramos esquematicamente por onde passa o corte; em


seguida, mostramos o corte AA.
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Figura 145 - Perspectiva frontal


Fonte: SENAI, 2013.
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6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
161

Figura 146 - Corte AA


Fonte: SENAI, 2013.

Corte BB
A mesma sequência de ações que fizemos para executar o corte AA de-
vemos fazer para o corte BB. O corte BB é transversal, então, devemos observar
que a linha de corte, em determinado momento, é deslocada, cortando outra par-
te do desenho. Em relação à cobertura, podemos, pelo AutoCAD, achar a altura
relativa por onde a linha de corte secciona a cobertura. É necessário apenas que o
localizemos e tiremos sua medida.
projeto arquitetônico
162

Figura 147 - Perspectiva da casa com plano secante


Fonte: SENAI, 2013.

Figura 148 - Corte BB


Fonte: SENAI, 2013.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
163

Fachadas
Vamos fazer primeiramente a fachada frontal. Podemos verificar que, para fa-
zermos o desenho de uma fachada, devemos posicionar a planta baixa com a par-
te a ser retratada em evidência, como vemos na Figura 149. Pegamos apenas as
partes das plantas baixas que servem de referência para a construção do desenho
da fachada frontal. Logo após alinharmos, vamos construindo o desenho através
de linhas de chamada, posicionando os limites da fachada, as esquadrias e a co-
bertura. Assim, devemos saber o pé direito dos pavimentos que correspondem à
altura da fachada. Desenhamos as esquadrias de acordo com sua especificação.

Figura 149 - Fachada frontal


Fonte: SENAI, 2013.
projeto arquitetônico
164

Fachada lateral
Agora, vamos executar a fachada lateral. Utilizaremos o mesmo procedimento
que utilizamos para a execução da fachada frontal, no posicionamento da planta
baixa, para puxar as linhas de chamadas e então fazer a construção do desenho.
Atenção: No desenho das fachadas não se escrevem cotas! As cotas que vemos
no desenho a seguir são para referenciar quanto à construção do desenho.

Figura 150 - Fachada lateral


Fonte: SENAI, 2013.
6 desenvolvimento de projeto arquitetônico assistido por computador
165

RECAPITULANDO

Neste capítulo podemos aprender passo a passo os principais comandos do


software AutoCAD através do desenvolvimento das partes gráficas de uma
residência de dois pavimentos: plantas baixas, cortes e fachadas. Podemos
concluir existem diversas formas para se executar um desenho no AutoCAD
e que ao longo da sua prática, você irá descobrir a melhor de trabalhar com
esta ferramenta. Vimos também que a prática e dedicação é muito impor-
tante para que os conhecimentos no programa possam ser aprimorados.
Referências
3DM. Maquetes Eletrônicas. 2012. Disponível em < http://blog.3dm.com.br/tapa-maquete-
eletronica-realista-para-sketchup-e-revit/>. Acesso em: 06 mai 2013.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 1353: elaboração de projetos de
edificações:atividades Técnicas. Rio de Janeiro,1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13532: elaboração de projetos de
edificações : arquitetura. Rio de Janeiro,1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492: representação de projetos de
arquitetura. Rio de Janeiro, 1994.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152. Níveis de ruídos para conforto
acústico. Rio de Janeiro,1987.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10151: acústica – avaliação do ruído em
áreas habitadas, visando o conforto da comunidade: procedimento. Rio de Janeiro, 2000.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12179: tratamento acústico em recintos
fechados. Rio de Janeiro, 1992.
BENEVOLO, Leonardo. A cidade e o arquiteto: método e historia na arquitetura. 2.ed. São Paulo:
Perspectiva, 1991.
BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana.
Construindo a cidade acessível. Brasília, 2006. (Brasil Acessível; 2)Disponível em:
<http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/assitencia_tecnica/acessibilidade/cad-2.pdf>. Acesso
em: 26 mar 2013.
CHING, F. D. K. Dicionário visual de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
CONSTRUÇÃO e Reforma Legal. Cartilha de orientação para o cidadão. Rio de Janeiro: CREA,
2010.
COSTA, Ennio Cruz da. Acústica técnica. São Paulo: Edgard Blücher, 2003.
LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1980.
MACHADO, I. F.; RIBAS, O. T.; OLIVEIRA, T. A. Cartilha: procedimentos básicos para uma arquitetura
no trópico úmido. Brasília: Pini, 1986.
NEUFERT, Ernst. Arte de projetar em arquitetura. G. Gilli, 2004.
NIEMEYER, Oscar. Croquis do Palácio do Planalto. 1958. Disponível em: <http://www4.planalto.
gov.br/restauracao/registros-fotograficos/historia-do-palacio/croquis-do-palacio-do-planalto-de-
oscar-niemeyer-1958/view>. Acesso em: 21 jan 2013.
PREFEITURA DE SALVADOR. PDDU - Plano Diretor Desenvolvimento Urbano. 2010. disponível em <
http://www.desenvolvimentourbano.salvador.ba.gov.br/lei7400_pddu/index.php >. Acesso em: 06
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RIO DE JANEIRO. Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.[2010]. Construção e
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SHUTTERSTOCK. Foto. 2013. Disponível em: <http://www.shutterstock.com/>. Acesso em:
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ULTRA DOWNLOAD. Avenida Paulista. 2013. Disponível em: <http://ultradownloads.com.br/papel-
de-parede/Ano-de-1935-Avenida-Paulista/>. Acesso em:
VICENTINO, Claudio. História Geral. São Paulo: Scipione, 1997.
MINICURRÍCULO Da AUTORa
Camila Rocha de Souza
É graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Participou
do projeto de pesquisa: Utilização de resíduos sólidos industriais como materiais de construção,
do CNPq, pelo Departamento de Ciências e Tecnologia dos Materiais (DCTM), Escola Politécnica/
UFBA. Atuou em diversos escritórios e instituições na área de Projetos de Arquitetura e Urbanis-
mo. É pós-graduanda no curso de Especialização em Tecnologia e Gerenciamento de Obras – SE-
NAI, professora da disciplina de Projeto Arquitetônico II no Curso Técnico de Desenho de Cons-
trução Civil no SENAI, é autora do livro do módulo básico – Desenho Técnico-Volume 2 – SENAI e
pesquisadora pelo Grupo de Pesquisa do CNPq – SENAI.
Índice

A
Abóboda 26, 27
a.C. 20, 24, 27
Acrópole 26
Adobe 26, 27
Anatomia 74, 75
Antropometria 74
Apresentação fotorealística 104, 105
Aquedutos 27, 28
Arcos ogivais 28, 29
Atalho 114
Atenas 26

B
Brise-Soleil 84, 85

C
Cartas régias 32
Chanfrados 114
Compatibilização 105
Cornija 34
Cúpula 26, 27

E
Ecletismo 34, 35
Equipamentos urbanos 34, 35, 39
Escala logarítmica 90
Estereobata 26
Etruscos 26, 27

F
Feudalismo 30
Fisiologia 74
Frontão 26

G
Gabarito 62

H
Habite-se 68, 69, 70

I
Interface 105, 112

J
Jargão 73, 74

N
Necessidades fisiológicas 19, 20

P
Paramétrico 106
Pilotis 36, 37
Platibanda 34
Poroso 88, 89, 92

R
Renascença 28

S
Software 104, 105, 164
Subsistência 22, 23

T
Taipa 32
Termas 27, 28
Trâmites legais 68
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – Departamento Regional da bahia

Ricardo Santos Lima


Coordenador do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional da Bahia

Camila Rocha de Souza


Elaboração

Carla Carvalho Simões.


Revisão Técnica

Carla Carvalho Simões.


Coordenação Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Costa
Coordenação de Produção

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto

Kariene da Silva Simões Santos


Design Educacional

FabriCo
Revisão Ortográfica e Gramatical
Vinícius Vidal da cruz
Revisão de arte e Fechamento de arquivo

Clemilda Santana dos Reis


FabriCo
Normalização

FabriCo
Diagramação e Ilustrações

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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