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1520Curva de Fanno Plano h−sfigure.caption.

19

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO


CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Daniel Victor Alves Vianna Azeredo

Análise de Fenômeno de bloqueio causado por


Problema de Fanno em circuito multifásico -
NEMOG

Vitória, ES
2023
Daniel Victor Alves Vianna Azeredo

Análise de Fenômeno de bloqueio causado por Problema


de Fanno em circuito multifásico - NEMOG

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Departamento de Engenharia Mecânica do
Centro Tecnológico da Universidade Federal
do Espírito Santo, como requisito parcial para
obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

Universidade Federal do Espírito Santo – UFES


Centro Tecnológico
Departamento de Engenharia Mecânica

Orientador: Prof. Dr. Rogerio Ramos

Vitória, ES
2023
Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.1 Velocidade do som . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2 Número de Mach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3 Equações de gás perfeito em termos do número de Mach . . . . . . 10
2.4 Diagrama h-s e T-s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.5 Escoamento adiabático com variação de área . . . . . . . . . . . . . 13
2.6 Escoamento de Fanno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.6.1 Perda de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3 DESCRIÇÃO DO PROJETO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.1 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.2 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2.1 Metodologia de validação isentrópica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2.2 Metodologia de validação de Fanno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2.3 Metodologia de validação Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.3 Planejamento e cronograma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.4 Recursos necessários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3

1 Introdução

Instalações de fluidos compressíveis são amplamente utilizadas em aplicações em


oficinas mecânicas para equipamentos pneumáticos até aplicações industriais como nas
lanças de ar comprimido dos alto-fornos e na medição de vazão na exploração de gás
natural.

Figura 1 – Sistema de Ventaneiras. Fonte: IBAR - Indústria Brasileria de produtos


refratários

Para todas estas aplicações, é necessário se conhecer de forma suficiente o compor-


tamento e efeitos causados pela compressibilidade dos fluidos.

Figura 2 – Croqui 3D de instalação de rede de ar comprimido. Fonte: Direcional:


Automação industrial

Um fenômeno comum em aplicações de fluidos compressíveis é o fenomeno de blo-


queio. Por exemplo, em um bocal convergente, quando a velocidade do som do escoamento
é igual à velocidade do próprio escoamento, atinge-se a condição conhecida como estado
crítico do escoamento. Nesta condição, para uma modelagem isentrópica, diz-se que o
Capítulo 1. Introdução 4

escoamento está bloqueado.

Figura 3 – Gráfico de razão de vazão de massa por razão de pressão demonstrando estado
crítico e bloqueio em escoamento isentrópico. Fonte:(BIBLARZ, 2002)

Um escoamento bloqueado, desde que se mantenham as condições operacionais, terá


a mesma vazão até a saída do equipamento. Para o exemplo dado, o que torna possível que
o escoamento chegue no estado crítico é a geometria do bocal convergente que gera uma
variação suave de seção transversal, que acelera o escoamento, levando a sua velocidade
para a velocidade crítica do fluido.
Este fenômeno também pode ocorrer quando o atrito é predominante na aceleração
do escoamento e pode-se entender a variação de área como desprezível, buscando-se uma
modelagem mais simples que atenda à análise do fenômeno. Para este caso, classifica-se o
fenômeno como bloqueio por escoamento de Fanno, devido à curva de Fanno que explica
este conportamento.

Figura 4 – Imagem representativa da Curva de Fanno. Fonte: Própria do Autor

Para este caso, é necessário entender profundamente a interação do escoamento


com as paredes da tubulação, além de compreender o comportamento do escoamento frente
ao acidentes de linha e medidores intrusivos presentes ao longo do circuito.
Capítulo 1. Introdução 5

Um exemplo destes medidores são os medidores deprimogênios que também causam


uma perda de carga significativa e que devem ser mencionados com mais detalhes ao
longo do projeto, além de medidores de temperatura, que também geram mudanças no
escoamento.

Figura 5 – Placa de orifício Padrão. Fonte:(ASSOCIAçãO BRASILEIRA DE NORMAS


TéCNICAS, 2011)

Essas interações geram perdas de carga no escoamento que podem ser explicadas
pela equação de Darcy-Weisbach (será discutido no referencial teórico) que define a perda
de carga total da tubulação em questão.
Para se entender o comportamento de escoamentos de fluidos compressíveis, é
essencial que se entenda as equações governantes em cada modelagem em termos das
propriedades dos fluidos e do número de Mach, um admensional fundamental para relacionar
as propriedades do fluido em cada estado com o comportamento dinâmico do mesmo.
Assim sendo, a exploração desse fenômeno aplicado a um circuito controlado, busca
explorar uma forma analítica de compreender o fenômeno de bloqueio em instalações de
fluido compressível.
6

2 Fundamentação Teórica

Escoamentos de fluidos compressíveis são amplamente utilizados em meios in-


dustriais, aeroespaciais e aeronáuticos, além de ser amplamente estudado na indústria
automobilística. O seu comportamento é diferente do comportamento esperado de fluidos
que atendem à hipótese de incompressibilidade, quando em altas velocidades. Um número
adimensional que auxilia no entendimento acerca do comportamento desses fluidos é o
número de Mach, que categoriza o escoamento em Supersônico, sônico e subsônico.
Para melhorar a análise, a hipótese de gás perfeito aliado com o número de Mach
geram relações úteis que serão de grande importância para as análises do desenvolvimento
e resultados. Além disso, um fenômeno que necessita de atenção é o fenômeno de bloqueio,
que pode surgir de três maneiras principais: Por variação de área (quando aplicada a
hipótese de processo adiabático), quando se aumenta a energia do sistema por calor, ou
por atrito suficiente para modificar significativamente o perfil de velocidade do fluido
incompressível.
Para entender este fenômeno e sua origem, é fundamental conhecer os concei-
tos de Temperatura, pressão e entalpia de estagnação, fundamentais para referenciar o
comportamento dos fluidos.
Para o presente projeto, será necessário explorar com mais detalhe o fenômeno de
bloqueio em escoamento isentrópico e o bloqueio causado por atrito (problema de Fanno).
Neste referencial teórico propõe-se explorar os seguintes tópicos sobre esses princípios:
Equações para gás perfeito em termos de número de Mach, Fenômeno de bloqueio para
cada princípio físico, choque normal e seus efeitos e Estado de referência.
Por fim, espera-se abordar o conceito de perda de carga, que será fundamental
no entendimento do desenvolvimento do fenômeno de bloqueio ao longo da tubulação
e ajudará a especificar o dimensionamento correto de tubulação que evite o efeito em
questão, no caso de bloqueio por atrito.

2.1 Velocidade do som


Uma perturbação num determinado ponto cria uma região de moléculas compri-
midas que é passada para as moléculas vizinhas e, ao fazê-lo, cria uma onda progressiva.
As ondas vêm em várias intensidades, que são medidas pela amplitude da perturbação. A
velocidade com que essa perturbação se propaga através do meio é chamada de velocidade
da onda. Esta velocidade não depende apenas do tipo de meio e do seu estado termodi-
nâmico, mas também é uma função da força da onda. Quanto mais forte a onda é, mais
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 7

rápido ele se move.


Se estivermos lidando com ondas de grande amplitude, que envolvem mudanças
relativamente grandes de pressão e densidade, chamamos isso de ondas de choque. Se,
por outro lado, observarmos ondas de amplitude muito pequena, a sua velocidade é
característica apenas do meio e do seu estado. Esse comportamento é característico de
ondas sonoras.
Além disso, a presença de um objeto num meio só pode ser sentida pelo envio
ou reflexão do objeto por ondas infinitesimais que se propagam à velocidade sonora
característica.
Para levantar a hipótese de como pode-se formar uma onda de pressão infinitesimal
e depois aplicar os conceitos fundamentais para determinar a velocidade da onda. Considere
um tubo longo de área constante cheio de fluido e com um pistão em uma extremidade,
conforme mostrado na Figura 6. O fluido está inicialmente em repouso. Num certo instante,
o pistão recebe uma velocidade incremental dV para a esquerda. As partículas de fluido
imediatamente próximas ao pistão são comprimidas em uma quantidade muito pequena à
medida que adquirem a velocidade do pistão.

Figura 6 – Início do Pulso infinitesimal. Fonte:(BIBLARZ, 2002)

À medida que o pistão (e essas partículas comprimidas) continuam a se mover, o


próximo grupo de partículas de fluido é comprimido e observa-se que a frente de onda
se propaga através do fluido à velocidade sônica característica de magnitude a. Todas as
partículas entre a frente de onda e o pistão estão se movendo com velocidade dV para a
esquerda e foram comprimidas de ρ para ρ + dρ e aumentaram sua pressão de p para p +
dp.
Porém é um escoamento instável, à medida que você observa qualquer ponto no tubo,
as propriedades mudam com o tempo. Essa dificuldade pode ser resolvida sobrepondo-se a
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 8

todo o campo de escoamento uma constante velocidade à direita da magnitude a. Este


procedimento altera o referencial da frente de onda, que agora aparece como uma onda
estacionária. Uma forma alternativa de alcançar este resultado é saltar na frente da onda.
A Figura 7 mostra o problema que existe agora. Observe que alterar o referencial desta
maneira não altera de forma alguma as propriedades termodinâmicas reais (estáticas) do
fluido, embora afete as condições de estagnação (este conceito será apresentado na seção
2.3). Como a frente de onda é extremamente fina, podemos usar um volume de controle
de espessura infinitesimal.

Figura 7 – representação de uma onda estacionária em regime permanente.


Fonte:(BIBLARZ, 2002)

Pela continuidade, considerando-se a hipótese de área constante e o volume de


controle da figura 7
ṁ = ρAV = const. (2.1)
ρV = const. (2.2)

Assim, substituindo pelas variáveis em torno do volume de controle:

ρa = (ρ + dρ)(a − dV ) (2.3)

Desenvolvendo:

dV = a (2.4)
ρ
Na análise por momento, pode-se desprezar tensões cisalhantes do fluido com a
parede, devido à espessura infinitesimal do colume de controle. Pode-se avaliar apenas o
termo na direção x do momento. Assim, aplicando as hipóteses de excoamento unidirecional
e regime permanente:

Fx = (Voutx − Vinx ) (2.5)
X
gc
Fazendo as substituições pelos termos do volume de controle:
ρAa
pA − (p + dp)A = [(a − dV ) − a] (2.6)
gc

Desenvolvendo:
ρAa
Adp = V (2.7)
gc
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 9

Pode-se colocar em termos de dV:


gc dp
dv = (2.8)
ρa
Substituindo 2.8 em 2.4:
dp
a2 = gC (2.9)

O problema em questão é que a derivada de pressão pela massa específica depende
do processo. porém, sendo de espessura infinitesimal, pode-se considerar que o processo é
adiabático e reversível, ou seja, pode-se escrever como derivadas parciais com subscrito de
processo isentrópico. !
∂p
a = gc
2
(2.10)
∂ρ s

Isto pode ser expresso de uma forma alternativa, introduzindo o módulo de elasti-
cidade Ev de volume. Esta é uma relação entre mudanças de volume ou densidade que
ocorre como resultado de flutuações de pressão e é definida como:
! !
∂p ∂p
Ev ≡ −v ≡ρ (2.11)
∂v s
∂ρ s

Assim, pode-se escrever a definição da velocidade do som como:


!
Ev
a2 = gc (2.12)
ρ

Essa equação pode ser usada para descrever a velocidade do som em qualquer meio,
mas como o interesse do presente estudo está relacionado a fluidos compressíveis, pode-se
aplicar a hipótese de gás perfeito para os casos mais típicos da indústria.
O gás perfeito, vem de uma simplificação da equação de estado. Esse modelo assume
que as partículas do gás não têm volume próprio e não exercem forças significativas entre
si. As principais características do gás perfeito são descritas pela equação dos gases ideais:

pV = nRT (2.13)

• P é a pressão do gás;

• V é o volume ocupado pelo gás;

• n é a quantidade da substância em moles;

• R é a constante dos gases ideias (aproximadamente 8,314 J/(mol K);

• T é a temperatura do gás em kelvins.


Capítulo 2. Fundamentação Teórica 10

Quando aplicada a hipótese isentrópica a lei dos gases perfeitos, pode-se afirmar
que:
pv γ = const → p = ργ const (2.14)

Sendo v o volume específico, ρ a massa especíica e γ a razão entre calores específicos,


considerada constante para gases perfeitos. Assim, aplicando-se a equação de estado para
gás perfeito na equação 2.12 !
∂p
= γργ−1 const (2.15)
∂ρ s
Sendo const = p/ργ : !
∂p
= γRT (2.16)
∂ρ s
Assim ao substituir 2.16 em 2.12

a2 = γgc RT (2.17)
q
a= γgc RT (2.18)

Um detalhe importante é notar que, para gases perfeitos, a velocidade do som é


uma propriedade dependente apenas da temperatura, já que γ é segue a lei dos gases
perfeitos, e gc e R são constantes.

2.2 Número de Mach


A definição matemática do número de Mach é:
V
M≡ (2.19)
a
Onde V é a velociade do escomento e a a é a magnitude da propriedade velocidade
do som.
É importante perceber que tanto V quanto a são calculados localmente para
condições que realmente existem no mesmo ponto.
Se a velocidade for menor que a velocidade local do som, M é menor que 1 e o
escoamento é chamado subsônico. Se a velocidade for maior que a velocidade local do
som, M é maior que 1 e o escoamento é chamado de supersônico. Veremos em breve que o
número Mach é o parâmetro mais importante na análise de escoamentos compressíveis.

2.3 Equações de gás perfeito em termos do número de Mach


O escoamento que não atende à simplificação de incompressibilidade pode ter seu
comportamento descrito em termos de Mach.
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 11

Para os gases perfeitos, pode-se escrever parâmetros que auxiliam no entendimento


de seu comportamento em cada classificação de velocidade através do número de Mach.
Pela continuidade, aplicando-se as hipóteses de escoamento unidimensional e regime
permanente, pode-se escrever 2.1, substituindo ρ isolado em 2.13, V pela definição de
Mach em 2.19 e a em 2.19 como 2.18, assim obtendo:
γgc
r
ṁ = pAM = const. (2.20)
RT

Pode-se escrever a entalpia de estagnação em termos do número de Mach a partir


da definição do número de Mach:
V2
ht = h + (2.21)
2gc
Para substituir, tomamos a relação de Mach e substituímos o valor de V pelo
produto de M×a e substui-se pela relação em 2.18, assim:

M 2 γRT
ht = h + (2.22)
2

Sabendo, ainda, da relação que descreve γ:

γ = cp /cv (2.23)

E da relação entre os calores específicos:


R
cp − cv = (2.24)
J

Substituindo 2.23 em 2.24, temos:


γR
cp = (2.25)
γ−1

Ao substituir 2.25 isolando o R em 2.22, tem-se:


γ−1
ht = h + M 2 cp T (2.26)
2
Ao se aplicar a hipótese de gás perfeito para o fluido em análise, pode-se reescrever h = cp T .
Assim a entelapia de estagnação para gás perfeito pode ser escrito como:
γ−1 2
 
ht = h 1 + M (2.27)
2

Como já visto, h = cp T , logo:


γ−1 2
 
Tt = T 1 + M (2.28)
2
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 12

Ainda, para definir a pressão de estagnação, pode-se usar a seguinte relação para escoa-
mentos isentrópicos: γ
p2 T2
  γ−1
= (2.29)
p1 T1
Aplicando esta relação, agora para um ponto de referência onde se tem a temperatura de
estagnação e um ponto qualquer, pode-se definir a pressão de estagnação, como:
γ
γ−1 2
 
γ−1
pt = p 1 + M (2.30)
2
Para um escoamento unidimensional em regime permanente, pode-se descrever a equação
de energia como:
dpt
+ dse (Tt − T ) + Tt dsi + ∂ws = 0 (2.31)
ρt
Pela equação 2.13:
pt = ρt RTt (2.32)

A equação 2.31 pode ser reescrita ao substituir a equação 2.32:


dpt dse T ds δws
+ (1 − ) + i + =0 (2.33)
pt R Tt R RTt

para a maior parte dos problemas são adabáticos e envolvem tradbalho desprezível,
assim dse e δws = 0. Assim:
dpt dsi
+ =0 (2.34)
pt R
fazendo a integração entre dois pontos, têm-se:
pt2 si2 − si1
ln + =0 (2.35)
pt1 R

Pode-se concluir, que:


pt2 −∆s
=e R (2.36)
pt1

A presente equação é útil para a modelagem de Fanno, que será descrita a diante.
Para a hipótese de escoamento isentrópico, a pressão de

2.4 Diagrama h-s e T-s


Todo problema exige uma análise de energia e também um diagrama de estado
termodinâmica.
A depender da modelagem e do sistema, sabe-se que as perdas geram mudanças de
estropia do sistema. Assim, usa-se um diagrama h-s ou T-s, para o caso de gases perfeitos.
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 13

Figura 8 – Estado de estagnação de referência. Fonte:(BIBLARZ, 2002)

Para os casos onde é desprezível o trabalho de eixo e perda de calor na fronteira, a


entalpia do sistema é constante e, para gases ideias, a temperatura também é constante.
Observe que embora as condições de estagnação não existam realmente no sistema,
elas também são mostradas no diagrama para referência. A distância entre os pontos
estáticos e de estagnação é indicativa da velocidade que existe naquele local (uma vez que
a gravidade foi desprezada). Também pode ser visto claramente que se houver s1 − 2, então
pt2 < pt1 e a relação entre pressão de estagnação e perdas de escoamento é novamente
verificada.
Esse diagrama é útil para entender como se comporta a energia ao longo do
escoamento em cada estado. Um ponto bacana de se atentar é que mesmo que se tenha
um mesmo valor de entalpia, isso não significa que tenham o mesmo valor de Mach, haja
visto que a velocidade do som é uma propriedade e varia com características do sistema.

2.5 Escoamento adiabático com variação de área


Uma das modelagens para avaliar o comportamento de escoamento compressível é
a modelagem isentrópica com variação de área.
As hipóteses assumidas são:

• Regime permanente;

• Escoamento unidimensional;

• Adiabático;

• Sem trabalho de eixo;

• Energia potencial desprezível

• Atrito desprezível
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 14

Como já visto, o número mais importante para descrever o comportamento de


um escoamento compressível é o Número de Mach, assim, o objetivo aqui é descrever as
equações governantes em termos de Mach e o comportamento subsônico e supersônico.
Pela equação da energia, temos:
dV 2 g
δq = δws + dh + + dz (2.37)
2gc gc

Ao se levar em conta as hipóteses definidas, pode-se resumir a equação ?? como:


dV
dh = −V (2.38)
gc

Considerando, ainda, a relação entre propriedades a seguir:


dp
T ds = dh − (2.39)
ρ

Sendo uma das hipóteses escoamento isentrópico:


dp
dh = (2.40)
ρ

Ao igualar as equações 2.40 e 2.38, temos:


gc dp
dV = − (2.41)
ρV

A equação diferencial da continuidade pode ser lida como:


dρ dA gc dp
+ − =0 (2.42)
ρ A ρV 2

Isolando dp/ρ da equação 2.42:


!
dp V2 dρ dA
= + (2.43)
ρ gc ρ A

segundo a definição matemática da velocidade do som com a hipótese isentrópica:


a2
dp = dρ (2.44)
gc

Assim: ! !
dρ V2 dρ dA dρ dρ dA
= 2 + → = M2 + (2.45)
ρ a ρ A ρ ρ A

Pode-se ainda, colocar o termo dρ/ρ em evidência e se torna:


!
dρ M2 dA
= (2.46)
ρ 1 − M2 A
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 15

Tomando a versão diferencial da equação da continuidade, com e subsituindo a


equação 2.46:
dV 1 dA
 
=− (2.47)
V 1−M 2 A
Ao dividir a equação 2.41 por V:
dV gc dp
=− 2 (2.48)
V ρV

Igualando 2.47 e 2.48:

ρV 2 1 dA
 
dp = (2.49)
gc 1 − M2 A

A tabela a seguir descreve o comportamento dessas equações para cada valor de


Mach:

Subsonic Supersonic
M <1 M >1
Área A Diminui Aumenta
Massa específica ρ Diminui Diminui
Velocidade V Aumenta Aumenta
Tabela 1 – Tabela de relação das características do escoamento com o número de Mach.
Fonte: Fonte:(BIBLARZ, 2002)

Como velocidade e área aumentam quando M > 1 é natural se pensar que a massa
específica diminua de maneira consistente. Essa é a consequência da compressibilidade no
sistema.
A Figura 9 representa esse comportamento.

Figura 9 – Variação de Propriedades em termos no número de Mach em modelagem


isentrópica com variação de área. Fonte:(BIBLARZ, 2002)
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 16

Um bocal é um dispositivo que converte entalpia em energia cinética. Na Figura 10


vemos que um aumento na velocidade é acompanhado por um aumento ou diminuição na
área, dependendo do número de Mach. A Figura 10 mostra a aparência desses dispositivos
nos regimes de fluxo subsônico e supersônico.

Figura 10 – Configuração de bocal. Fonte:(BIBLARZ, 2002)

Um difusor é um dispositivo que converte energia cinética em entalpia. A Figura


11 mostra a aparência desses dispositivos nos regimes subsônico e supersônico. Assim
vemos que um mesmo equipamento pode funcionar tanto como bocal quanto como difusor,
dependendo do regime de vazão.

Figura 11 – Configuração de difusor. Fonte:(BIBLARZ, 2002)

Pode-se perceber que um dispositivo é chamado de bocal ou difusor por causa do


que faz, não pela aparência.
Conhecendo o comportamento esperado para esse tipo de modelagem, surgem
equações que auxiliam em entender o comportamento esperado em diferentes estados do
mesmo escoamento conhecendo-se um estado anterior e, ao menos, uma propriedade no
estado desejado. Além disso, pode-se tomar as propriedades de estagnação para comparação.
As equações a seguir são um conjunto de relações, normalmente tabeladas, que são
úteis na análise de escoamentos compressíveis na modelagem sugerida.
γ+1
1 + [(γ − 1)/2]M22
!
A2 M1 2(γ−1)
= (2.50)
A1 M2 1 + [(γ − 1)/2]M12
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 17

T2 1 + [(γ − 1)/2]M12
= (2.51)
T1 1 + [(γ − 1)/2]M22

γ γ
1 + [(γ − 1)/2]M12
!
P2 T2 γ−1
  γ−1
= = (2.52)
P1 T1 1 + [(γ − 1)/2]M22
1 1
1 + [(γ − 1)/2]M12
!
ρ2 T2 γ−1
  γ−1
= = (2.53)
ρ1 T1 1 + [(γ − 1)/2]M22

Essa equação é análoga para um estado qualquer e um estado de estagnação ou o


estado crítico, cabe apenas uma substituição no valor de Mach.
Sendo assim, Tabelas foram criadas a partir destas equações tornando mais simples
a análise em cada situação.
Na presença de uma mudança na geometria da tubulação, como uma restrição
ou uma expansão, o escoamento pode atingir velocidades sônicas. Isso ocorre porque a
velocidade do escoamento precisa se ajustar para atender às mudanças na área da tubulação
e garantir que o fluxo sônico seja mantido.
O bloqueio, nesse contexto, ocorre quando o escoamento é restrito de tal forma
que não é mais possível atender às condições de escoamento sônico.
Em termos práticos, quando o escoamento atinge o bloqueio, a velocidade do
fluido não pode aumentar mais e a pressão diminui drasticamente. Isso resulta em uma
queda significativa na pressão estática e total, causando uma mudança nas condições de
escoamento.
Esse tipo de fenômeno é comum em gargantas e acidentes de linha onde a velocidade
do escoamento é próxima da velocidade do som. Quando se atinge M = 1 e se aumenta a
área, o fenômeno de bloqueio ocorre.
Uma maneira de se identificar a razão entre vazão mássica do sistema e a máxima
vazão mássica está representado na figura 12.
Choques normais ou ondas de choque normais podem ocorrer em bocais convergentes-
divergentes quando o escoamento supersônico é acelerado através da garganta do bocal.
Isso está relacionado ao comportamento dos escoamentos supersônicos e à necessidade de
ajustar as condições de fluxo para manter um escoamento contínuo e estável.
Ao considerar um bocal convergente-divergente típico, um exemplo são os utilizados
em um bocal de um motor a jato. Este bocal tem uma seção de garganta (a área mínima)
onde o escoamento atinge sua velocidade máxima, que é a velocidade do som. Além da
garganta, o bocal se expande em uma seção divergente.
Quando o escoamento supersônico atinge a garganta, o mesmo está em equilíbrio
dinâmico com as mudanças de pressão, temperatura e velocidade. Se a pressão do escoa-
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 18

Figura 12 – Razão entre vazões mássicas por razão entre pressões. Fonte:(BIBLARZ,
2002)

mento externo (como a pressão atmosférica) for menor do que a pressão do escoamento no
interior da garganta, a expansão supersônica pode ser mantida, resultando em um fluxo
contínuo e estável.
No entanto, se a pressão externa for maior do que a pressão interna, ocorre o
choque normal. Isso acontece porque a pressão externa impõe uma restrição ao escoamento
supersônico, forçando-o a diminuir a velocidade e a aumentar a pressão, criando uma
onda de choque normal. Essa onda de choque normal desacelera o escoamento supersônico
para velocidades subsônicas, permitindo que o escoamento se ajuste à pressão externa.Os
choques normais são uma resposta do escoamento a condições de contorno externas. Em
um bocal convergente-divergente, é importante projetar a geometria do bocal e ajustar
as condições operacionais para evitar choques normais sempre que possível. A presença
de choques normais pode causar instabilidades no escoamento e afetar o desempenho do
bocal.

2.6 Escoamento de Fanno


Assim como existe a modelagem para os cenários onde a variação de área é
significativa, como o caso de pesquisa em bocais para projeto de foguetes e algumas
aplicações industriais, como o caso de ventaneiras de alto fornos, existem cenários onde a
viscosidade do escoamento, mesmo que pequena, é significativa devido à grandes extensões,
como o caso de um circuito de ensaio. Para esse cenário, uma modelagem útil é a modelagem
de escoamento de Fanno.
O escoamento de Fanno é um tipo de escoamento compressível e adiabático que
ocorre em uma tubulação longa e delgada com atrito viscoso. Esse tipo de escoamento é
uma abstração teórica que ajuda a entender o comportamento de escoamentos de fluidos
compressíveis em tubulações longas, considerando o efeito do atrito viscoso.
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 19

Figura 13 – Razão entre vazões mássicas por razão entre pressões. Fonte:(BIBLARZ,
2002)

Na modelagem de Fanno, a área costuma ser considerada constante e nesse caso


surge uma relação constante a partir da continuidade:

ρV = const. = G (2.54)

essa relação constante é chamada de Velocidade mássica, caracterísitca de cada


escoamento. É representado como a variável G.
A velocidade mássica é uma variável importante em análises de escoamento de
Fanno, pois está relacionada às condições iniciais do escoamento e ao comportamento do
fluido ao longo da tubulação, considerando a compressibilidade e o atrito viscoso.
A equação de Fanno frequentemente é formulada em termos da velocidade mássica
inicial, e a variação dessa variável ao longo da tubulação é um aspecto chave na análise do
escoamento compressível em tubulações longas com atrito viscoso.
Pela análise da equação de energia, considerando trabalho de eixo desprezíveis e
troca térmica desprezível, pode-se escrever a entalpia de estagnação para escoamento de
Fanno em termos da velocidade mássica:
G2
ht = h + = const. (2.55)
ρ2 2gc
Surge, da análise dessa relação constante a linha de Fanno planoh − v como na figura 14.
Percebe-se que enquanto maior o valor de G, mais rápido se esgota a energia do
sistema.
Outro plano que pode ser analisado é o plano h-s como na figura ??.
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 20

Figura 14 – Linha de Fanno plano h − v. Fonte:(BIBLARZ, 2002)

Figura 15 – Curva de Fanno Plano h − s

Percebe-se que o ponto de máxima entropia de Fanno é menor conforme o valor de


G cresce.
De igual modo, existem tabelas que descrevem o comportamento do escoamento de
Fanno ao longo de uma tubulação. Essas equações descrevem a relação entre os estados:

T2 1 + [(γ − 1)/2]M12
= (2.56)
T1 1 + [(γ − 1)/2]M22
!1
p2 M1 1 + [(γ − 1)/2]M12 2
= (2.57)
p1 M2 1 + [(γ − 1)/2]M22
γ+1
1 + [(γ − 1)/2]M22
!
ρt2 M1 2(γ−1)
= (2.58)
ρt1 M2 1 + [(γ − 1)/2]M12
γ+1
1 + [(γ − 1)/2]M12
!
pt2 M1 2(γ−1)
= (2.59)
pt1 M2 1 + [(γ − 1)/2]M22

Por fim, ao se desenvolver a relação diferencial de momento em termos do número


de Mach chega-se em 2.60.
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 21

Figura 16 – Análise de momento no escoamento de Fanno. Fonte:(BIBLARZ, 2002)

dp dx γ 2 gdz γ γ dT
+f M + + dM 2 + M 2 =0 (2.60)
p De 2 gc RT 2 2 T
dT d(1 + [(γ − 1)/2]M 2
+ =0 (2.61)
T 1 + [(γ − 1)/2]M 2
Ao descrever a equação da continuidade na forma diferencial, tem-se:
dp dM 1 dT
+ − =0 (2.62)
p M 2 T

Pode-se reescrever a equação 2.62 substituindo-se dT /T pela equação 2.61. Fazendo


a diferenciação da nova equação, têm-se:
f (x2 − x1 ) γ+1 1 + [(γ − 1)/2]M 2 1 1 1 γ + 1 M22
! !
= ln − − 2 − ln 2 (2.63)
De 2γ 1 + [(γ − 1)/2]M 2 γ M2 2
m1 2γ M1

Para a integração acima, foi considerado o f (fator de atrito) constante, De é o


diametro hidráulico.
A equação 2.63 é chamada de equação de Fanno e é a equação mais importante na
análise desse modelo de escoamento compressível.
Entendendo que o ponto máximo de entropia ocorre quando M = 1 a referência
para o Escoamento de Fanno é encontrar um comprimento equivalente onde ocorre o
estado crítico da tubulação, sendo ela originalmente subsônica ou supersônica.
Para encontrar esse escoamento, é necessário fazer a substituição de M2 = M ∗ = 1,
assim:
f (x∗ − x) γ+1 1 + [(γ − 1)/2]M 2 1 1
!  
= ln + − 1 = f (M, γ) (2.64)
De 2γ 1 + [(γ − 1)/2]M 2 γ M2

f sendof = f (Re , ϵ/D), sendo ϵ a rugosidade da tubulação é importante conhecer a


rugosidade relativa e o número de Reynolds que descreve o comportamento do escoamento.
Para encontrar o valor do fator de atrito, pode-se consultar o diagrama de Moody
Por fim, vale citar como um choque causado por atrito se comporta.
Quando se analisa a energia em termos de Mach, percebe-se que para cada valor
supersônico, existe um valor equivalente energético para um escoamento subsônico como
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 22

Figura 17 – A referência do escoamento de Fanno. Fonte:(BIBLARZ, 2002)

Figura 18 – A referência do escoamento de Fanno. Fonte:(BIBLARZ, 2002)

mostrado na figura 19. Quando ocorre um choque por atrito, o número de Mach passa a
ser o seu valor equivalente de energia no outro regime, como mostra a imagem 20.
O diagrama h − s na Figura ?? mostra como esse fenômeno ocorre em termos
energéticos. Existe uma transformação de pressão estática para pressão dinâmica do
sistema, mas a pressão de estagnação antes e depois do choque, se mantém.
Uma característica interessante do Choque normal é se atentar para como o
diagrama h-s (ou T-s para gases perfeitos) se comportante quando se muda o valor de G.
A figura ?? mostra que enquanto maior o valor de G, mais rápido se chega no valor de
M = 1. Assim, chega-se. Sendo uma alternativa para solucionar o problema de Fanno,
quando se pode mudar a configuração do escoamento.
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 23

Figura 19 – Variação de pressão de estagnação em termos do número de Mach.


Fonte:(BIBLARZ, 2002)

Figura 20 – Representação de choque em um trecho reto. Fonte:(BIBLARZ, 2002)

2.6.1 Perda de carga


O modelo de Fanno exige que o escoamento esteja em um trecho reto. Porém, em
aplicações industriais, é comum que diversos acidentes de linha, instrumentos intrusivos
e medidores de vazão, como é o caso dos deprimogênios, influenciem diretamente no
escoamento.
Assim, é importante fazer o estudo da perda de carga na Tubulação, afim de
encontrar um comprimento equivalente que represente um trecho reto e auxilie na análise
do problema.
A equação de Darcy-Weisbach pode ser representada como na equaçaõ ??
L V2
hf = f (2.65)
De 2gc

• hf é a perda de carga total;

• f é o fator de atrito de Darcy (também conhecido como coeficiente de atrito);

• L é o comprimento da tubulação;

• De é o diâmetro hidráulico da tubulação;

• V é a velocidade média do fluido;


Capítulo 2. Fundamentação Teórica 24

Figura 21 – Choque por atrito, diagrama h-s

Figura 22 – Diagrama T-s para diferentes valores de G. Fonte: (BIBLARZ, 2002)

• g é a aceleração devido à gravidade.

Lembrando que o fator de atrito é f = f (Re , ϵ/De ), sendo ϵ a rugosidade da


tubulação.
A perda de carga total aumenta em termos de viscosidade, ou seja, pelo atrito entre
a parede da tubulação e o fluido, também com as perdas de carga localizadas característica
de cada instrumento e equipamento presente no circuito. Assim, é necessário um estudo
mais aprofundado em cada equipamento de forma específica.
Uma sugestão para o período de Graduação é descrever em mais detalhes cada
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 25

tipo de instrumento e trazer uma análise profunda de suas perdas de carga características.
No presente circuito, serão necessários os estudos de perda de carga nos seguintes
equipamentos e instrumentos.

• Válvulas globo;

• Medidores de Temperatura;

• Tomadas de pressão;

• Mangueiras de conexão;

• Placas de orifício;

• V-cone;

• conexões com joelhos de 90º.


26

3 Descrição do Projeto

Este projeto busca entender o fenômeno de bloqueio no circuito multifásico do


NEMOG (Núcleo de Estudos em Escoamento e Medição de Óleo e Gás) do Centro
Tecnológico da UFES. A proposta é aliar a visão teórica e experimental e explorar esse
fenômeno.
No circuito apresentado na Figura 23 pode-se perceber os 5 estágios presentes nele.
O estágio.

Figura 23 – Esquemático 3D circuito multifásico NEMOG. Fonte:(CALIMAN, 2022)

3.1 Objetivos específicos


Entre os objetivos principais deste trabalho estão:

• Exploração do fenômeno de bloqueio ao longo circuito de teste multifásico do


NEMOG;

• Modelagem analítica de um sistema isentrópico do circuito;

• Modelagem analítica de um sistema com atrito e perda de carga;

• Validação por método experimental do circuito de teste multifásico e comparação


com os modelos analíticos.
Capítulo 3. Descrição do Projeto 27

3.2 Metodologia
A bancada experimental pode ser descrita como contendo 5 seções das quais o
fluido escoa e que podem gerar fenômenos dos mais variados em cada trecho.
Assim, é necessário ter um controle dos estados termodinâmicos em pontos de
referência em cada trecho para entender melhor o comportamento do fluido ao longo de
todo o circuito.
O trecho 3 é o trecho de medição de referência monofásico, nele existe um conjunto
de medição que avalia o estado de referência pro circuito. Já na entrada da seção de teste,
existe um outro conjunto de medição. No trecho entre essas duas referências, Pode-se
avaliar o comportamento do escoamento em termos do número de Mach e comparar os
resultados experimentais com as referências isentrópicas e curva de Fanno para validação
experimental.
Não sendo possível identificar um bloqueio nesta linha, também pretende-se avaliar
um bloqueio no trecho de teste, tendo um outro conjunto de medição no final do trecho de
teste. Para tanto, pretende-se continuar com a mesma metodologia, avaliando a possibili-
dade do fenômeno de bloqueio neste trecho a partir das referências teóricas a partir da
validação dos dados experimentais.

3.2.1 Metodologia de validação isentrópica


Para a validação isentrópica do sistema, pretende-se utilizar o gráfico de razão de
vazão mássica por razão de pressão teórica para validar os dados experimentais.
Será feito uma variação na vazão do circuito através do controle de vazão no
compressor, buscando-se a curva de bloqueio na modelagem isentrópica.
A ideia é identifcar o comportamento real do sistema e perceber a ação inevitável
da entropia no circuito.

3.2.2 Metodologia de validação de Fanno


Nessa modelagem, utiliza-se a curva de Fanno a partir da equação de fanno para
definir o ponto limite de entropia e avaliar se o trecho reto em questão atende ao valor
mínimo, dentro da configuração do sistema, para entrar em bloqueio.
Em seguida, busca-se a validação através de dados experimentais na curva de
Fanno.
O objetivo será avaliar se existe trecho reto suficiente para que o bloqueio ocorra,
sendo que o trecho reto será o comprimento equivalente do circuito, calculado a partir da
perda de carga do sistema.
Capítulo 3. Descrição do Projeto 28

3.2.3 Metodologia de validação Experimental


Serão feito n ensaios variando-se a vazão mássica do escoamento para identificar o
desenvolvimento das curvas de bloqueio isentrópico e curva de Fanno reais do sistema, em
contrapartida com os valores teóricos das curvas.

3.3 Planejamento e cronograma


A proposta de planejamento é começar por um estudo aprofundado buscando
entender as principais diferenças entre as duas modelagens de sistemas compressíveis frente
ao fenômeno de bloqueio e entender, de maneira profunda, como montar a metodologia de
maneira a mitigar incertezas no método analítico e experimental.
Em seguida, será iniciado a exploração pelos resultados analíticos de cada meto-
dologia, reservando cerca de 2 meses para uma exploração detalhada de cada parâmetro
da análise, passando pela perda de carga do sistema e indo até a análise de entropia do
mesmo.
Após essas etapas estarem encaminhadas, pode-se começar a aplicar a metodologia
experimental para reservar uma massa de dados grande o suficiente para garantir resultados
confiáveis. Para esse período, foram reservados 2 meses.
Por fim, será feito um pós-processamentos dos dados e comparação para validação
do método analítico.
Sendo a apresentação prevista para o fim do mês de junho e início do mês de julho,
será garantido um período de 4 meses de escritas, onde deve-se pontuar alguns marcos de
validação do projeto até que esteja pronto e cerca de 3 semanas para garantir uma boa
apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso.

3.4 Recursos necessários


Dentre os recursos necessários para a boa execução deste trabalho, estão:

• Uso do circuito multifásico ao longo do próximo semestre;

• Acesso à instrumentação do circuito e dados experimentais gerados.


29

Referências

ASSOCIAçãO BRASILEIRA DE NORMAS TéCNICAS. Medição de vazão de fluidos por


dispositivos de pressão diferencial inseridos em condutos forçados de seção transversal
circular Parte 2: Placas de Orifício. 2011. ABNT NBR 5167-2:2011. Citado na página 5.

BIBLARZ, R. D. Z. Fundamentals of Gas Dynamics. 2. ed. Monterey: Department


of Aeronautics and Astronautics Naval Postgraduate School, 2002. ISBN 2002028816.
Citado 13 vezes nas páginas 4, 7, 8, 13, 15, 16, 18, 19, 20, 21, 22, 23 e 24.

CALIMAN, R. F. AN EXPERIMENTAL ANALYSIS OF ORIFICE PLATE WET GAS


METER BY THIRD PRESSURE TAPPING FOR LIQUID LOADING ESTIMATION.
2022. Citado na página 26.

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