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Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

COORDENAÇÃO DE
ISOLAMENTO E CÁLCULO DE
DISTÂNCIAS ELÉTRICAS

Alunos: André Luiz

Germana Linhares

Harley

Professor: Antônio Varejão

Disciplina: Subestações

III-1
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

ÍNDICE

1 OBJETIVO....................................................................................................................................4
2 INTRODUÇÃO...........................................................................................................................4
3 VISÃO HISTÓRICA DA COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTO.........................................5
4 UMA VISÃO GERAL DA COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTO.......................................6
5 INTRODUÇÃO AS SOBRETENSÕES.....................................................................................8
5.1 Tensão contínua de freqüência fundamental..........................................................................8
5.2 Sobretensões..........................................................................................................................9
5.3 Sobretensão temporária........................................................................................................10
5.3.1 Faltas a terra..........................................................................................................10
5.3.2 Rejeição de Carga..................................................................................................11
5.3.3 Ressonância e ferroressonância.............................................................................11
5.4 Sobretensão de frente lenta..................................................................................................12
5.4.1 Energização e religamento de linhas......................................................................13
5.5 Sobretensão de frente rápida................................................................................................15
5.5.1 Descargas atmosféricas afetando linhas de transmissão........................................15
5.5.2 Descargas atmosféricas afetando subestações.......................................................17
5.5.3 Operações de manobras e faltas.............................................................................18
5.6 Sobretensões de frente muito rápida....................................................................................19
6 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTO.........................21
6.1 Isolante................................................................................................................................21
6.2 Isolação................................................................................................................................21
6.3 Isolamento...........................................................................................................................21
6.4 Isolação externa...................................................................................................................21
6.5 Isolação interna....................................................................................................................21
6.6 Isolação auto-recuperante....................................................................................................21
6.7 Isolação não auto-recuperante..............................................................................................21
6.8 Tensão nominal de um sistema............................................................................................21
6.9 Tensão máxima do sistema..................................................................................................22
6.10 Tensão máxima do equipamento (Um).................................................................................22
6.11 Sobretensão..........................................................................................................................22
6.12 Tensão de freqüência fundamental de curta duração normalizada.......................................22
6.13 Impulso de manobra normalizado........................................................................................22
6.14 Impulso atmosférico normalizado........................................................................................22
6.15 Sobretensões representativas (Urp).......................................................................................22
6.16 Dispositivo limitador de sobretensão...................................................................................23
6.17 Nível de proteção a impulso atmosférico ou a impulso de manobra....................................23
6.18 Tensão crítica de descarga (U50% ou CFO – “Critical Flashover”).......................................23
6.19 Critério de desempenho.......................................................................................................24
7 SUPORTABILIDADE DA ISOLAÇÃO..................................................................................24
7.1 Isolação não auto-recuperante..............................................................................................24
7.2 Isolação auto-recuperante....................................................................................................25
7.2.1 Propriedades estatísticas da isolação auto-recuperante........................................27

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Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

8 MÉTODOS EMPREGADOS NOS ESTUDOS DE COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTO


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8.1 Método Convencional..........................................................................................................30
8.2 Método Estatístico...............................................................................................................33
8.3 Método Semi-Estatístico......................................................................................................36
ANEXOS..........................................................................................................................................39
Anexo I – Níveis de isolamento normalizados para faixa 1 (1kV<U m<=245kV).........................40
Anexo II – Níveis de isolamento normalizados para faixa 2 (U m >245kV)...................................41
Anexo III – Níveis de isolamento normalizados nominais na faixa de tensões 1kV< Um < 245kV,
para tensões máximas do equipamento não normalizadas pela IEC, baseados na prática usual em
alguns paises................................................................................................................................42
Referências bibliográficas................................................................................................................43

III-3
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Capítulo 4
COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTO

1 OBJETIVO
Este capítulo tem por objetivo apresentar os principais aspectos envolvidos nos estudos
de coordenação de isolamentos.

2 INTRODUÇÃO
Os sistemas elétricos de potência devem funcionar de forma segura e confiável para
atender à crescente demanda de energia elétrica. Embora, na grande parte do tempo, operem em
condições de regime permanente, eles não são projetados para essa condição, uma vez que, nessa
situação, o sistema não estará exposto aos maiores níveis de tensão. Não obstante, as informações
de tensão (módulo e fase) e fluxo de potência nas linhas e transformadores são de extrema
importância para a especificação dos equipamentos elétricos.

Valores de tensão mais elevados são causados por condições transitórias do sistema que
representam a passagem de um estado de regime estacionário para um outro, como conseqüência de
uma mudança de configuração na rede elétrica, provocada, por exemplo, pela energização de uma
linha de transmissão ou de um transformador. Em geral, ações de chaveamento provocam
sobretensões, além de descargas atmosféricas, curtos-circuitos e condições quase estacionárias,
denominadas transitórios eletromecânicos.

Apesar dos sistemas, no regime transitório, estarem sujeitos a maiores estresses, a


determinação do nível de isolamento de um equipamento é ditado tanto pelas condições de regime
quanto pelas sobretensões a que ele poderá ficar exposto nas condições transitórias [1]. O projetista
deverá decidir entre a economia e o comportamento, e, para ajudá-lo nessa tarefa, ele fará uso dos
métodos empregados na coordenação de isolamento que pode ser definida, de acordo com [2], da
seguinte forma:

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“Coordenação de isolamento é um conjunto de procedimentos utilizados na seleção de


equipamentos elétricos, tendo-se em vista as tensões que podem se manifestar no sistema e
levando-se em conta as características dos dispositivos de proteção, de modo a reduzir, a um nível
econômico e operacionalmente aceitável, a probabilidade de danos ao equipamento e/ou
interrupções do fornecimento de energia, causados por aquelas tensões”.

3 VISÃO HISTÓRICA DA COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTO


A coordenação de isolamento começou a ganhar importância após a Primeira Guerra
Mundial, principalmente por causa da falta de informação, até então, sobre a natureza dos surtos
causados por descargas atmosféricas e da suportabilidade a surto dos dispositivos de isolação.
Devido a essa ausência de informações, a coordenação de isolamento era feita baseada na
experiência e em idéias individuais. Como resultado, algumas partes de uma subestação ficavam
“sobre-isoladas” e outras “sub-isoladas”.

Também, o aumento do nível de isolamento das linhas de transmissão, como uma


tentativa de protegê-las de flashovers, impôs aos equipamentos das subestações uma maior
severidade no que diz respeito aos surtos. Por isso, em muitos casos, flashovers nas linhas eram
eliminados às custas da falha dos equipamentos [3].

O crescimento da demanda de energia elétrica fez com que a coordenação de isolamento


merecesse mais atenção e, por isso, entre 1918 e 1930, um grande esforço foi feito por
pesquisadores individuais e laboratórios na coleta de dados sobre descargas atmosféricas e novas
técnicas para testes de isolação. Embora o progresso tenha sido lento, um conhecimento razoável foi
obtido quanto aos surtos atmosféricos e no estabelecimento de novos dispositivos de geração e
medição de surtos.

Em 1930, o NEMA-NELA Joint Commitee on Insulation Coordination foi formado para


determinar os níveis de isolamento em uso, definir a suportabilidade da isolação de todas as classes
de equipamento e estabelecer os níveis de isolação para os vários tipos de tensões. Como resultado
de 10 anos de trabalho, em 1941 foi apresentado um relatório contendo uma série de níveis de
impulsos básicos de isolamento para diferentes classes de tensão. Daí, o conceito de nível básico de
isolamento (BIL) foi estabelecido, fornecendo, assim, uma capacidade isolante ao impulso
estabelecido para cada classe de tensão.

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Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Desde os primeiros trabalhos sobre as necessidades de isolamento dos equipamentos,


novas pesquisas têm sido realizadas.Obviamente, a melhoria nos materiais e o conhecimento das
estruturas de isolamento têm permitido menores, porém, ainda confiáveis, sistemas de isolamento
para determinadas classes de tensão de equipamentos.

4 UMA VISÃO GERAL DA COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTO


De uma outra forma, a coordenação de isolamento pode ser entendida como a correlação
da isolação de um equipamento elétrico e circuitos com as características dos dispositivos de
proteção de tal forma que a isolação seja protegida contra os estresses causados pelas sobretensões.

Assim, a suportabilidade da isolação de cada equipamento de uma subestação deve ser


maior que os níveis de tensão proporcionados pelos dispositivos de controle de sobretensões. Sendo
assim, uma relação econômica entre suportabilidade a impulso e a isolação de um equipamento
deve ser estabelecida.

A idéia básica da coordenação de isolamento pode ser melhor compreendida com o


auxílio da figura abaixo, extraída da referência [2].

Figura 1- Dispositivos de proteção x Suportabilidade dos equipamentos

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Observa-se da figura que a curva de suportabilidade do equipamento está acima da curva


característica dos dispositivos de proteção contra surtos. Isso é desejável, uma vez que esses
dispositivos devem limitar as sobretensões a valores abaixo do que a isolação dos equipamentos
pode suportar. Sendo assim, qualquer isolação cuja suportabilidade esteja acima dos níveis de
proteção desses dispositivos, estará protegida (considera-se uma margem de segurança entre essas
duas curvas).

O bom desempenho da coordenação de isolamento depende do conhecimento de vários


outros aspectos, sendo os principais:

 Solicitações dielétricas: a isolação dos equipamentos está exposta, de tempos em


tempos, a sobretensões que podem ser causadas por faltas, transitórios de
chaveamento ou de descargas atmosféricas. Portanto, é de grande importância
conhecer o módulo, a duração e a probabilidade de ocorrência dessas
sobretensões. Um conceito básico sobre elas será apresentado em breve, nesse
capítulo.

 Dispositivos de proteção: é importante conhecer a natureza e a característica


desses dispositivos, entendendo como eles podem controlar as sobretensões bem
como ter um bom conhecimento da confiabilidade do próprio dispositivo.

 Esforços elétricos: é a capacidade de várias partes do equipamento resistirem a


descargas disruptivas sob condições especificadas.

 Nível de comportamento: são as conseqüências econômicas e operacionais de


falhas de isolamento.

A função da coordenação de isolamento é a de proporcionar a combinação dos itens


acima citados, até um ponto onde a decisão de engenharia, ditada pela economia e confiabilidade de
operação, possa ser tomada, considerando a capacidade do equipamento planejado [1].

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Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

5 INTRODUÇÃO AS SOBRETENSÕES
A deterioração da isolação elétrica depende da magnitude do estresse e do tempo durante
o qual este fica aplicado a isolação. Existem vários tipos de estresse, tais como, térmico, mecânico,
elétrico, etc, e há uma resposta diferente do material isolante para cada um deles.

No caso de equipamentos elétricos e linhas de transmissão, a palavra estresse está


relacionada a tensões ou sobretensões aplicadas à isolação, e agências e comitês adotam
terminologias específicas para várias categorias de estresses de tensão na isolação, sendo as
principais, de acordo com [4] e [5]:

 Tensões contínuas (de freqüência fundamental);

 Sobretensões temporárias;

 Sobretensões de frente lenta;

 Sobretensões de frente rápida;

 Sobretensões de frente muito rápida.

Todas essas categorias dizem respeito mais ao tipo de ensaio usado para identificar as
características da isolação do que à fonte do estresse de tensão aplicada a essa isolação. A forma e o
módulo desse estresse de tensão são mais importantes do que a origem física destes [6].

Este item abordará os principais aspectos relacionados aos tipos de estresses aplicados à
isolação.

5.1 Tensão contínua de freqüência fundamental

É a tensão rms, fase-fase, na freqüência fundamental do sistema elétrico. É usada como


base para os estudos de fluxo de carga, entre outros. Considera-se que essa tensão varia em
magnitude e seja diferente em vários pontos do sistema.

As concessionárias de energia elétrica permitem uma variação em torno desse valor de


tensão. No Brasil, esse valor é de 5%, ou seja, a tensão mínima de operação é de 0,95pu
enquanto que a máxima é de 1,05pu.

Para efeitos de coordenação de isolamento, a máxima tensão operativa do sistema é


adotada como referência. Na prática, em sistemas até 72,5kV a tensão máxima destes, U S, pode ser
substancialmente menor que a tensão máxima U M do equipamento, enquanto que para níveis de
tensões superiores, ambos os valores tendem a se tornar iguais.

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Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

É importante ressaltar a diferença entre o estresse causado à isolação pela tensão contínua
na freqüência fundamental e uma sobretensão.

Sobretensões são raras e de duração limitada. A tensão contínua de operação, embora de


magnitude bastante inferior, estressa continuamente a isolação enquanto o sistema está em
operação. Para eliminar esse estresse constante não há muita coisa a ser feita sem a diminuição da
potência transmitida.

A tensão contínua na freqüência fundamental causa envelhecimento da isolação, uma vez


que esta age de forma constante sobre ela. Para linhas de transmissão, isso não é tão importante, o
que já não acontece com os equipamentos elétricos de uma subestação.

Fatores que influenciam no estresse causado pelas tensões de operação são as condições
climáticas e o nível de poluição, que pode ser avaliado por meio de testes em laboratórios.

5.2 Sobretensões

De acordo com [6], uma sobretensão é qualquer tensão transitória, entre fase e neutro ou
entre fases, oscilatória ou não oscilatória e fortemente amortecida, com um valor de pico maior que
o pico máximo da máxima tensão operativa do sistema. Ela é geralmente expressa em pu e tem
como base o valor de pico da máxima tensão do sistema, ou seja:

Eq. 1

Onde,

Vpu é a sobretensão, em pu, fase-neutro,

VFN é o pico da sobretensão fase-neutro e,

VMáx. é o valor máximo da tensão contínua na freqüência fundamental.

A sobretensão entre fases é definida da mesma maneira.

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5.3 Sobretensão temporária

Sobretensão de freqüência igual e às vezes menor ou maior que a fundamental, de


duração relativamente longa, podendo ser não amortecida ou fracamente amortecida.

Para propósitos de coordenação de isolamento, a sobretensão temporária representativa é


considerada como tendo a forma da tensão normalizada de freqüência fundamental de curta duração
(1 minuto). Sua amplitude pode ser definida por um valor (o máximo assumido), um conjunto de
valores de crista ou uma distribuição estatística completa de valores de crista.

Como exemplos desse tipo de sobretensão, pode-se citar:

 Faltas a terra;

 Rejeição de Carga;

 Ressonância e ferroressonância;

 Combinações dessas citadas acima.

Para um maior entendimento desses fenômenos, os principais aspectos relativos às três


primeiras sobretensões serão abordados.

5.3.1 Faltas a terra

São causadas pelo contato de uma ou mais fases do sistema com a terra, sendo as do tipo
monofásicas as mais freqüentes.

As faltas fase-terra resultam em sobretensões nas outras fases (fases sãs) cujas
magnitudes dependem do local onde elas ocorrem e do grau de aterramento do sistema. Em
configurações normais de sistemas, a amplitude da sobretensão representativa deve ser assumida
igual ao seu valor máximo.

A duração da sobretensão corresponde à duração da falta (até a sua eliminação). Em


sistemas com neutro aterrado é geralmente menor que 1s. Em sistemas com aterramento ressonante,
com eliminação da falta, é geralmente menor que 10s. Em sistemas sem eliminação da falta a terra a
duração pode ser de várias horas. Em tais casos, pode ser necessário definir a tensão contínua de
freqüência fundamental como o valor da sobretensão temporária durante a falta fase-terra.

É importante ressaltar também que o valor da tensão no momento em que ocorre a falta
influencia na magnitude das sobretensões nas fases sãs. De forma a ser mais conservativo, adota-se
a máxima tensão de operação do sistema como a condição pré-falta.

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5.3.2 Rejeição de Carga

É causada por uma perda substancial da carga, suprida pelos geradores do sistema. Essa
rejeição pode ocorrer intencionalmente, em resposta a uma condição do sistema, ou por uma falha
na proteção, por exemplo, causando um trip indesejado do disjuntor.

A rejeição súbita de carga causa um aumento de tensão porque, com um fluxo de corrente
reduzido, a queda de tensão na impedância do sistema é reduzida. Além disso, os geradores do
sistema tendem a aumentar a velocidade de rotação, causando sobretensões ainda maiores.

Os fatores que influenciam essas sobretensões são a carga rejeitada, a configuração do


sistema após a rejeição e as características das fontes, tais como potência de curto-circuito,
regulação de tensão e velocidade dos geradores, etc.

As elevações das três tensões fase-terra são idênticas e, assim, as mesmas sobretensões
relativas ocorrem entre fase-terra e fase-fase. Essas elevações podem ser especialmente importantes
no caso de rejeição de carga no terminal remoto de uma linha longa (efeito Ferranti) e afetam
principalmente os equipamentos da subestação conectados ao lado fonte do disjuntor remoto aberto.

5.3.3 Ressonância e ferroressonância

Sobretensões temporárias devidas a estas causas geralmente ocorrem quando circuitos


com grandes elementos capacitivos (linhas, cabos, linhas com compensação série) e elementos
indutivos (transformadores, reatores em derivação) tendo características de magnetização não
lineares são energizados, ou como resultado de rejeições de carga. As sobretensões temporárias
devido a fenômenos de ressonância podem atingir valores extremamente altos.

Não devem ser normalmente consideradas como base para a seleção da tensão nominal de
pára-raios ou para o projeto de isolamento, a menos que medidas corretivas não sejam suficientes.

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A figura abaixo mostra uma sobretensão típica causada por ressonância em uma linha de

transmissão.

Figura 2 - Sobretensão devido a ressonância em linha de transmissão

5.4 Sobretensão de frente lenta

Sobretensão transitória, usualmente unidirecional, com tempo até a crista tal que 20s 
Tcr  5000s, e tempo até o meio valor (na cauda) T2  20s, sendo oscilatórias por natureza.

Originam-se normalmente de:

 Energização e religamento de linha;

 Faltas e eliminação de faltas;

 Rejeição de carga;

 Chaveamento de correntes capacitivas ou indutivas;

 Descargas atmosféricas distantes do condutor de linhas aéreas.

São caracterizadas por uma forma de onda representativa e uma amplitude representativa,
que pode ser ou uma sobretensão máxima assumida ou uma distribuição de probabilidade de
amplitudes de sobretensões.

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Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

5.4.1 Energização e religamento de linhas

Resulta da conexão de uma linha a um sistema energizado pelo fechamento de um


disjuntor. Em muitos casos, a injeção brusca de corrente produzirá uma tensão, a qual atingirá o
valor duplo da fonte de tensão (valor típico para condições monofásicas).

Em sistema trifásico há acoplamento entre as fases, o que pode resultar em módulos de


surtos de energização maiores do que aqueles que poderiam ser previstos, baseados no estudo de
circuitos monofásicos. Os surtos de tensão de energização em linha de transmissão trifásicas são da
ordem de 2,5 a 3,0 pu.

A amplitude das sobretensões devidas a energização de linha depende de vários fatores


incluindo o tipo de disjuntor (com resistor de fechamento ou não), natureza e potência de curto-
circuito da barra a partir da qual a linha é energizada, a natureza da compensação utilizada e o
comprimento da linha energizada, tipo de terminação da linha (aberta, com transformador, com
pára-raios), etc.

Religamentos trifásicos podem gerar altas sobretensões de frente lenta devido às cargas
armazenadas na linha religada. No instante do religamento, a amplitude da sobretensão
remanescente na linha (devido a carga armazenada) pode ser tão alta quanto o pico da sobretensão
temporária. A descarga desta carga armazenada depende do equipamento que permanece conectado
à linha, da condutividade superficial dos isoladores, das condições de corona dos condutores e do
tempo morto até o religamento.

Em sistemas normais, o religamento monopolar não gera sobretensões maiores que


aquelas devidas à energização. Entretanto, em linhas nas quais o efeito de ressonância ou o efeito
Ferranti pode ser significativo, o religamento monopolar pode resultar em sobretensões maiores do
que energizações trifásicas.

A correta distribuição de probabilidade das amplitudes das sobretensões somente pode ser
obtida a partir de uma cuidadosa simulação das operações de manobra por computação digital,
analisadores de transitórios, etc.

Todas as considerações são relacionadas às sobretensões no lado aberto da linha (terminal


receptor), as sobretensões no terminal emissor podem ser substancialmente menores que aquelas na
extremidade aberta.

As figuras abaixo mostram sobretensões típicas de energização e religamento,


respectivamente, de uma linha trifásica.

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Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Figura 3 – Sobretensão transitória devida a uma energização de linha de transmissão.

Figura 4 – Sobretensão transitória devida a um religamento de linha de transmissão.

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Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

5.5 Sobretensão de frente rápida

Sobretensão transitória, usualmente unidirecional, com tempo até a crista


tal que 0,1s ≤ T1 ≤ 20s, e tempo até o meio valor (na cauda) T2 ≤ 300s.

Como exemplo desse tipo de sobretensão transitória, pode-se citar:

 Descargas atmosféricas afetando linhas de transmissão;

 Descargas atmosféricas afetando subestações;

 Operações de manobras e faltas.

5.5.1 Descargas atmosféricas afetando linhas de transmissão

As descargas atmosféricas são caracterizadas pela sua polarização, sendo, geralmente,


negativa. Aproximadamente 10% delas são reversas (polaridade positiva) e essas são as mais
perigosas [7]. Elas podem ser classificadas em descargas diretas e indiretas.

As descargas diretas resultam da injeção de uma onda de corrente, da ordem de dezenas


de kA, nos condutores fases de uma linha de transmissão e que se propaga em ambas às direções do
ponto de impacto.

A figura abaixo, extraída de [7], mostra uma descarga atmosférica atingindo o condutor
fase de uma linha de transmissão.

Figura 5 – Descarga atmosférica incidindo diretamente em uma linha de transmissão.

Ao incidir em uma das fases da linha e se propagar em direção às torres adjacentes, uma
elevação de tensão acontecerá, cujo valor é dado por:

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Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Eq. 2

onde ZC é a impedância característica de seqüência zero da linha (entre 300 e 1000) e


i é a corrente injetada.

A tensão U, na cadeia de isoladores, poderá atingir um valor da ordem de milhões de


volts e que nenhuma linha pode suportar. Em um ponto da linha, como, por exemplo, na primeira
torre em que a onda de corrente atinge, a tensão pode se elevar de tal forma que haverá um
rompimento do dielétrico da cadeia de isoladores, provocando, assim, um defeito fase-terra.

As descargas indiretas, por sua vez, são aquelas que atingem um dos condutores de
proteção, denominados cabos-guarda ou cabos pára-raios. São as mais comuns de acontecerem.

Na verdade, uma linha de transmissão, quando bem projetada, para grande valores de
correntes de descarga, não será afetada por quedas diretas. Quando isso acontece, diz-se que houve
uma falha de blindagem da linha.

A figura abaixo, também extraída de [7], ilustra uma queda indireta de uma descarga
atmosférica em uma linha de transmissão.

Figura 6 - Descarga atmosférica incidindo de forma indireta em uma linha de transmissão.

Ao atingir a torre, haverá uma elevação de tensão desta em relação ao solo. A tensão U
poderá alcançar centenas de kV e pode ser calculada pela expressão:

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Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Eq. 3

onde R é a resistência de aterramento da torre (resistência de pé-de-torre) e L é a


indutância da torre e/ou do condutor de proteção.

Quando a tensão através da cadeia de isoladores for maior que a suportabilidade dessa,
um “arco de retorno” ocorre (backflashover) entre a estrutura de metal e um dos condutores fase.
Para evitar esse problema é de grande importância que a torre tenha um bom aterramento (baixa
resistência de pé-de-torre).

A forma de onda representativa das sobretensões de descarga atmosférica é um impulso


atmosférico normalizado (1,2 / 50s). A amplitude representativa é dada ou como um máximo
assumido ou por uma distribuição de probabilidade de valores de crista em função da taxa de
retorno das sobretensões.

5.5.2 Descargas atmosféricas afetando subestações

Sobretensões devidas a descargas atmosféricas em subestações e suas taxas de ocorrência


dependem do:

 Desempenho a descargas atmosféricas das linhas aéreas conectadas a ela;

 Arranjo físico da subestação, seu tamanho e, em particular, do número de linhas


conectadas a ela;

 Valor instantâneo da tensão de operação (no momento da descarga).

A severidade das sobretensões atmosféricas no equipamento da subestação é determinada


pela combinação desses três fatores e diversas etapas são necessárias para assegurar uma adequada
proteção. As amplitudes das sobretensões (sem limitação por pára-raios) são usualmente muito altas
para basear a coordenação do isolamento nestes valores. Em alguns casos, entretanto, e em
particular em subestações conectadas por cabos, a auto proteção provida pela baixa impedância de
surto dos cabos pode reduzir as amplitudes das sobretensões atmosféricas a valores baixos
adequados.

5.5.3 Operações de manobras e faltas

Sobretensões de manobra de frente rápida ocorrem quando o equipamento é conectado ou


desconectado do sistema através de conexões curtas, principalmente em subestações. Sobretensões

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Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

de frente rápida podem também ocorrer quando a isolação externa sofre uma disrupção. Tais
eventos podem causar solicitações particularmente severas sobre isolações internas próximas (por
exemplo, sobre enrolamentos).

Embora se trate em geral de fenômenos oscilatórios, pode-se considerar, para propósitos


de coordenação do isolamento, a forma da sobretensão representativa correspondente à de um
impulso atmosférico normalizado (1,2/50s). Entretanto, atenção especial deve ser dada a
equipamentos com enrolamentos por causa das altas solicitações entre espiras.

Os valores de crista máximos das sobretensões dependem do tipo e do comportamento do


equipamento de manobra. Como os valores de crista das sobretensões são usualmente menores que
aqueles causados por descargas atmosféricas, sua importância é restrita a casos especiais. Portanto,
é tecnicamente justificável caracterizar a amplitude da sobretensão representativa pelos seguintes

valores máximos (em p.u. de ):

 Manobra de disjuntor sem reacendimento: 2 pu;

 Manobra de disjuntor com reacendimento: 3 pu;

 Operação de secionador: 3 pu.

Como a ocorrência simultânea de sobretensão de manobra de frente rápida em mais de


uma fase é altamente improvável, pode-se assumir que sobretensões fase-fase maiores que as
sobretensões fase-terra não existem. Para as últimas, o máximo valor assumido, previamente
definido, pode ser usado para verificar a importância de tais sobretensões. Se elas determinarem a
tensão suportável de impulso atmosférico, investigações mais cuidadosas são recomendadas.

5.6 Sobretensões de frente muito rápida

Sobretensões de frente muito rápida originam-se de operação de secionadores ou de faltas


dentro de uma SIG (Subestação Isolada a Gás) devido à disrupção rápida da isolação gasosa e à
propagação praticamente não amortecida do surto dentro da SIG. Suas amplitudes são rapidamente
amortecidas ao sair da SIG, por exemplo, nas buchas, e seus tempos de frente são usualmente

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Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

aumentados atingindo a faixa daqueles representativos de sobretensões de frente rápida.


Sobretensões de frente muito rápida podem também ocorrer em transformadores secos de média
tensão com conexões curtas aos equipamentos de manobra.

A forma da sobretensão é caracterizada por um rápido aumento da tensão até um valor


próximo a seu valor de crista, resultando num tempo de frente abaixo de 0,1s. Para operações de
secionadores esta frente é tipicamente seguida por uma oscilação com freqüências acima de 1MHz.
A duração das sobretensões de frente muito rápida é menor do que 3ms, mas elas podem ocorrer
várias vezes. A amplitude da sobretensão depende do projeto construtivo do secionador e da
configuração da subestação. Pode-se assumir que é possível a limitação das amplitudes máximas a
2,5pu. Estas sobretensões podem, entretanto, criar localmente sobretensões elevadas no interior de
transformadores conectados diretamente.

Nos terminais de equipamentos conectados a uma SIG através de uma linha aérea de
transmissão curta e de alta tensão, as oscilações das sobretensões apresentam freqüências na faixa
de 0,2MHz a 2,0MHz e amplitudes de até 1,5 vezes a tensão de descarga. Neste caso, é possível
proteger o equipamento com pára-raios. Entretanto, o conteúdo de freqüências das sobretensões
pode ainda causar grandes solicitações internas em enrolamentos de transformadores por causa de
ressonâncias em parte dos enrolamentos.

Métodos alternativos de proteção confirmados por estudos detalhados podem ser


necessários. Estas medidas podem incluir mudanças (abaixamento) da freqüência de ressonância
pela instalação de capacitâncias adicionais. Entretanto, deve-se tomar cuidado com esta solução,
sendo necessário ter certeza que as características de ressonância do transformador são
adequadamente conhecidas.

A sobretensão representativa não pode ser estabelecida porque padronizações adequadas


não são disponíveis no presente. Espera-se, entretanto, que sobretensões de frente muito rápidas não
tenham influência na seleção das tensões suportáveis nominais.

A tabela a seguir, extraída de [4], apresenta um resumo das principais sobretensões


comentadas nesse capítulo.

III-19
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Tabela 1 - Classe e forma das solicitações de tensão

III-20
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

6 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE COORDENAÇÃO DE


ISOLAMENTO
Serão apresentados agora os principais conceitos utilizados na coordenação de
isolamento, extraídos da referência [4].

5.7 Isolante

Material, em geral um dielétrico, utilizado para impedir a passagem de correntes de


condução.

5.8 Isolação
Conjunto de materiais isolantes utilizados para isolar eletricamente.

5.9 Isolamento
Conjunto de propriedades adquiridas por um corpo condutor, decorrentes de sua isolação.

5.10 Isolação externa


Distâncias em ar e superfícies de isolantes sólidos de um equipamento, em contato com o
ar, que estão sujeitas a solicitações dielétricas e aos efeitos de condições atmosféricas e outras
condições externas, tais como poluição, umidade, animais, insetos, etc.

5.11 Isolação interna


Partes internas sólidas, líquidas ou gasosas, da isolação do equipamento que são
protegidas dos efeitos atmosféricos e de outras condições externas.

5.12 Isolação auto-recuperante


Isolação que recupera completamente suas propriedades isolantes após uma descarga
disruptiva.

5.13 Isolação não auto-recuperante


Isolação que perde suas propriedades isolantes, ou que não as recupera totalmente, após
uma descarga disruptiva.

III-21
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

5.14 Tensão nominal de um sistema


Valor de tensão fase-fase usado para designar ou identificar um sistema.

5.15 Tensão máxima do sistema


Máximo valor de tensão de operação que ocorre sob condições normais de funcionamento
em qualquer tempo e em qualquer ponto do sistema.

5.16 Tensão máxima do equipamento (Um)


Máximo valor eficaz de tensão fase-fase para o qual o equipamento é projetado,
considerando-se o seu isolamento, bem como outras características relacionadas a esta tensão nas
normas específicas para o equipamento em questão.

5.17 Sobretensão
Qualquer tensão entre fase e terra, ou entre fases, cujo valor de crista excede o valor de

crista deduzido da tensão máxima do equipamento ( ou , respectivamente).

5.18 Tensão de freqüência fundamental de curta duração normalizada


Tensão senoidal com freqüência entre 58 Hz e 62 Hz e duração de 60s.

5.19 Impulso de manobra normalizado


Impulso de tensão com tempo até a crista de 250s e um tempo até o meio valor de
2500s.

5.20 Impulso atmosférico normalizado


Impulso de tensão com tempo de frente de 1,2s e um tempo até o meio valor de 50s.

5.21 Sobretensões representativas (Urp)


Sobretensões consideradas capazes de produzir o mesmo efeito dielétrico sobre a isolação
que sobretensões de uma dada classe que ocorrem em serviço, devido a várias origens.
Consistem de tensões com a forma normalizada da classe e podem ser definidas por um
valor ou um conjunto de valores ou por uma distribuição de freqüência de valores que caracterizem
as condições de serviço.

III-22
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

5.22 Dispositivo limitador de sobretensão


Dispositivo que limita os valores de crista das sobretensões ou suas durações ou ambas.
São classificados como dispositivos de prevenção (por exemplo: um resistor de pré-inserção) ou
como dispositivos de proteção (por exemplo: um pára-raios).

5.23 Nível de proteção a impulso atmosférico ou a impulso de manobra


Máximo valor permissível de crista de tensão nos terminais de um dispositivo de proteção
sujeito a impulsos atmosféricos (ou impulsos de manobra) sob condições específicas.
Quando se trata de isolação não auto-recuperante, o nível de proteção a impulso
atmosférico ou de manobra recebe o nome de Tensão Suportável Convencional. Nesse caso, não se
admite que haja descarga disruptiva da isolação, isto é, a probabilidade de falha é zero.
No que se refere à isolação auto-recuperante, esses níveis de proteção são chamados de
Tensão Suportável Estatística. Isso porque, nesse caso, admite-se que essa é a tensão suportável
com um a probabilidade de falha menor ou igual a 10%.
As seguintes nomenclaturas são usadas:
 BSL “Basic Switching Level” – tensão suportável a impulso de manobra
(convencional ou estatístico) ou nível de isolamento a impulso de manobra.
 BIL “Basic Impulse Level” – tensão suportável a impulso atmosférico
(convencional ou estatístico) ou nível de isolamento a impulso atmosférico.

5.24 Tensão crítica de descarga (U50% ou CFO – “Critical Flashover”)

Valor de crista especificado de uma tensão de ensaio para o qual a isolação auto-
recuperante tem 50% de probabilidade de suportar impulsos ou de haver descargas.

Nas avaliações de risco de falha de uma isolação, é conveniente expressar as curvas de


probabilidade de descarga em função da tensão crítica e de seu desvio padrão (). Assim, supondo
uma distribuição normal, tem-se:

Eq. 4

onde , dado em percentagem de U50 , depende da forma de onda, polaridade, natureza do


dielétrico, etc.

III-23
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Assumem-se, para o desvio padrão, 3% para impulsos atmosféricos e 6% para impulsos


de manobra, a menos de recomendação específica da norma do equipamento considerado.

5.25 Critério de desempenho


Base sobre a qual o isolamento é selecionado de forma a reduzir, a um nível econômico e
operacionalmente aceitável, a probabilidade que as solicitações de tensão resultantes impostas ao
equipamento causem prejuízo a sua isolação ou afetem a continuidade do serviço. Este critério é
usualmente expresso em termos de uma taxa de falha aceitável da configuração da isolação (número
de falhas por ano, anos entre falhas, risco de falha, etc.).

7 Suportabilidade da isolação
Conforme mencionado anteriormente, a suportabilidade da isolação é uma medida dos
esforços a que esta está submetida, refletindo a sua capacidade de resistir a uma descarga disruptiva,
sob condições específicas.
Quanto a sua natureza, a isolação pode ser classificada como auto-recuperante e não auto-
recuperante, sendo, esta última, de caráter puramente estatístico. Sendo assim, cada uma delas se
comporta de forma distinta quando submetida a estresses de tensão.
Serão apresentados agora os principais aspectos referentes a estes dois tipos de isolação,
necessários para uma melhor compreensão dos métodos aplicados na coordenação de isolamento.

5.26 Isolação não auto-recuperante


Sua suportabilidade é a maior tensão que ela pode suportar sem haver uma descarga
disruptiva através da mesma. Porém, a determinação deste valor não é possível, uma vez que esta
isolação não recupera suas propriedades após uma descarga. Deste modo, pode-se afirmar que sua
suportabilidade é no mínimo igual à sua tensão suportável nominal (BIL ou BSL) e considera-se
uma baixa probabilidade de descarga em relação ao nível máximo de sobretensão.

Eq. 5

Eq. 6

III-24
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

A suportabilidade da isolação tende a ser mais elevada para surtos rápidos do que para
surtos mais lentos devido ao retardo inerente ao processo de disrupção, sendo a distribuição da
solicitação resultante dos surtos rápidos mais dependente das capacitâncias internas.
A suportabilidade elétrica da isolação pode ser alterada devido a dois fatores:
 Ciclos térmicos e mecânicos que alteram a composição física e química dos
materiais isolantes;
 Ionização sustentada devido à excessiva tensão em determinado ponto da
isolação resultando em uma falha localizada e posterior dano total da isolação.
Desta forma, a isolação deve ser projetada de modo que a tensão de início da ionização
em pontos críticos seja bem superior à máxima solicitação que pode ocorrer em regime normal de
operação.
Em anexo estão apresentados os principais valores de BIL e BSL e as distâncias mínimas
de isolamento.

5.27 Isolação auto-recuperante


É geralmente uma isolação externa e que recupera integralmente suas propriedades
isolantes após uma descarga disruptiva. Como exemplos, tem-se: ar e superfícies de cerâmica ou
plástica exposta ao ar.
Como as descargas são aleatórias, a suportabilidade é definida em termos estatísticos e
depende do tipo de solicitação a que ela está submetida, do tempo de crista e da polaridade da onda
e ainda da influência das condições meteorológicas, especialmente a umidade e a densidade relativa
do ar.
Para surtos de manobra, verificou-se, após a análise dos resultados de ensaios em
laboratório, que a suportabilidade fase-terra da isolação em ar depende basicamente da distância
entre os eletrodos e da forma geométrica dos mesmos. Com isso, as seguintes fórmulas empíricas
foram obtidas:

Eq. 7

(válida para distâncias entre 2 a 7 metros)

onde:

III-25
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

U50 ou CFO – tensão crítica de descarga para impulsos de manobra de polaridade positiva, a seco,
frente de onda de 120s, nas condições atmosféricas padronizadas (kV).

d – distância entre os eletrodos (m)

k – fator de gap ou de intervalo (conforme tabela 2)

Configuração dos eletrodos k


haste - plano 1,00
Haste - estrutura 1,05
condutor - plano 1,15
condutor - janela 1,20
condutor - estrutura (condutor acima) 1,30
haste - haste (h=3m) 1,30
Condutor - estrutura (cond. ao lado ou embaixo) 1,35
haste - haste (h=6m) 1,40
condutor - condutor (perpendicular) 1,40
condutor – haste (h=3m, embaixo) 1,65
condutor – haste (h=6m, embaixo) 1,90
condutor - haste (haste acima) 1,90
Tabela 2 - Fator de Gap ou Fator de Intervalo
Também através de métodos empíricos, chegou-se a fórmula abaixo utilizada para a
determinação da suportabilidade da isolação, considerando o fato que para cada distância existe um
tempo de crista crítico que acarreta menor suportabilidade da isolação:

k  3400
CFO 
8
1
d

Eq. 8

(válida para distâncias de 1 a 15 m)


onde,

III-26
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

U50 ou CFO – tensão crítica de descarga para impulsos e manobra de polaridade positiva, a seco,
frente de onda de 120s, nas condições atmosféricas padronizadas (kV).

d – distância entre os eletrodos (m)

k – fator de gap ou de intervalo (conforme tabela 2)

5.27.1 Propriedades estatísticas da isolação auto-recuperante

A suportabilidade da isolação é uma quantidade inerente à mesma e que é determinada


por teste. Porém, não pode ser determinada diretamente porque, mediante a aplicação de uma dada
tensão de teste, VT, dois resultados podem acontecer: o surgimento ou não de uma descarga
disruptiva. No primeiro caso, a tensão de suportabilidade, V W, é menor que a tensão aplicada. No
segundo, VW é maior que VT.
Conceitualmente, a tensão de suportabilidade pode ser definida como aquela entre uma
aplicação de tensão que não causa descarga disruptiva e outra, infinitesimalmente maior, que causa
uma descarga. Essa tensão de teste, aplicada diversas vezes, resulta em valores diferentes para V W, e
tal resultado pode ser esperado, mesmo que as condições do teste sejam exatamente as mesmas, na
mesma isolação.
A isolação pode suportar a aplicação de uma tensão de teste, falhar na próxima aplicação
e voltar a suportar a aplicação subseqüente de uma tensão maior. Desta forma, embora a
suportabilidade de uma isolação seja uma grandeza mensurável, ela o é em termos estatísticos. Isto
é, ela é uma grandeza aleatória caracterizada por um valor médio e por uma dispersão, representada
por um desvio padrão.
É um tanto quanto evidente que a suportabilidade de uma isolação auto-recuperante pode
ser obtida mais facilmente que a de uma não auto-recuperante, simplesmente porque mais testes
podem ser conduzidos em uma amostra de uma isolação. É importante ressaltar que, a aleatoriedade
discutida aqui se refere à natureza física das descargas elétricas e da decomposição da isolação.
De forma a tornar esse entendimento mais fácil, suponha que um grande número de
testes, n, é realizado com tensões de valores V T1, VT2, ..., VTk. A freqüência relativa de falhas, v k/n,
onde vk denota o número de falhas na tensão V Tk (k = 1,2,...,r), representa as probabilidades
estimadas de falhas para as tensões V T1, VT2, ..., VTk. O gráfico expressando a dependência da
probabilidade de falha, vk/n, em VTk, se aproxima de uma curva continuamente crescente de 0 até 1.

III-27
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Para tensões pequenas, não haveria descargas disruptivas (falhas na isolação), e, para altos valores
de tensão, todos os testes resultariam em falhas na isolação.
Esta função, denotada por F (V T), representa a probabilidade de que, num dado instante, a
suportabilidade da isolação seria menor que a tensão aplicada, ou seja, a probabilidade de descarga
disruptiva. Esta função é uma distribuição cumulativa:

Eq. 9

e sua derivada,

Eq. 10

é a correspondente função densidade de probabilidade.

Os gráficos dessas funções estão mostrados a seguir:

Figura 7 - Curva de probabilidade disruptiva de uma isolação (suportabilidade)

III-28
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Figura 8 - Função densidade de probabilidade

Para gaps de alta tensão, esta função é bem representada pela distribuição normal
(Gaussiana), dada por:

Eq. 11

onde

Eq. 12

com

Eq. 13

A função (u) é dada em tabelas. A constante  é o valor médio, ou a média da tensão de


suportabilidade e é chamada de tensão crítica de descarga (CFO ou U 50%), já definida anteriormente.

III-29
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

A suportabilidade da isolação é usualmente expressa em termos dos valores do BIL e do


BSL. Se a isolação fosse submetida a uma série de testes tendo o nível especificado pelo BIL ou
BSL, ela não deve sofrer descargas disruptivas, ou, pelo menos, não deve sofrer descargas com
mais freqüência que um determinado valor padronizado.

8 Métodos empregados nos estudos de coordenação de isolamento


Os conceitos de coordenação de isolamento e procedimentos têm sido desenvolvidos
sobre a história global dos sistemas de energia elétrica. As especificações dos equipamentos são
comumente baseadas em padrões oficializados que detalham os procedimentos de testes aceitáveis,
que, em retorno, definem níveis aceitáveis das capacidades dos equipamentos, em termos da
terminologia convencional ou padrão. O processo é na escolha dos níveis de teste em fábrica, tal
que o equipamento opere satisfatoriamente sobre uma margem ampla do sistema e condições de
entorno.
Há, basicamente, dois métodos empregados nos estudos de coordenação de isolamento. O
primeiro chamado de método convencional, é aplicada em todas as classes de tensão. O segundo
denominado método estatístico é normalmente utilizado em níveis de tensão superiores a 300kV.
Na verdade, existe também um terceiro denominado estatístico simplificado, que visa a uma análise
de sensibilidade e uma rápida avaliação do risco de falha. Essas três metodologias serão abordadas
nos itens que se seguem.

5.28 Método Convencional


Este método tem sido utilizado pela indústria de todas as classes de tensão,
especialmente nos níveis de BT e AT. Em sistemas de EAT (Extra Alta Tensão), o método
convencional encontra sua maior aplicabilidade na isolação não auto-recuperante, caso de
transformadores de potência e reatores em derivação, por exemplo.
Esta metodologia de análise consiste em determinar a máxima sobretensão, V Máx, a qual
uma isolação poderá ficar exposta e a mínima suportabilidade da mesma, V W (withtstand). Uma vez
obtidos tais valores, é estabelecida uma margem de segurança, , entre eles, tal que:

Eq. 14

A margem de segurança estabelecida leva em consideração imprecisões na


determinação de VMáx e VW e é igual a 15% (1,15) para impulso de manobra e 25% (1,25) para

III-30
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

impulso atmosférico. Desta forma, a isolação deve ser projetada de tal forma que V W seja sempre
maior que VMáx.
O valor de VMáx é obtido por meio de programas digitais onde se determina o
comportamento estatístico das sobretensões, tais como o valor médio (V 50%) e o desvio padrão, .
Considera-se, portanto, que a máxima sobretensão é aquela com uma probabilidade de
2% de ser excedida. Logo:

Eq. 15

Aplicada a margem de segurança, pode-se determinar a tensão crítica disruptiva (U 50%)


da isolação, admitindo-se que esta tem uma probabilidade muito baixa de ser excedida. Desta
forma, fica determinada também a distância mínima de isolamento, de acordo com a expressão a
seguir:

Eq. 16

onde D é o desvio padrão da curva normal representativa das tensões suportáveis.

As distâncias mínimas de isolamento podem ser determinadas por meio das equações 7
e 8. A figura abaixo mostra o procedimento acima descrito, já levando em consideração a correção
de U50% pelas condições atmosféricas ambientes.

III-31
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Figura 9 – Método Convencional

Como uma isolação auto-recuperante não necessita de uma proteção tão rígida, uma vez
que uma descarga na mesma não acarreta conseqüências tão grandes [2], pode-se admitir uma
probabilidade de falha maior. Desta forma, tem-se:

Eq. 17

No caso de isolação não auto-recuperante, pode-se admitir que a probabilidade de falha


na mesma seja bem pequena. Assim, a tensão crítica disruptiva pode ser determinada como segue:

Eq. 18

Eq. 19

onde,
U50%-1 é a tensão crítica disruptiva de descarga para impulsos atmosféricos;

III-32
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

D1 é o desvio padrão para a suportabilidade a impulsos atmosféricos;


U50%-2 é a tensão crítica disruptiva de descarga para impulsos de manobra;
D2 é o desvio padrão para a suportabilidade a impulsos de manobra.

5.29 Método Estatístico


A máxima sobretensão que poderá ocorrer em um dado ponto do sistema e que ficará
submetida a uma determinada isolação, não necessariamente ocorrerá no momento em que a
suportabilidade desta seja a mínima, determinada, por exemplo, pelo método convencional. A
probabilidade delas coincidirem é muito limitada [6]. Sendo assim, assumindo um certo risco de
falha, considerável economia pode ser obtida num projeto de coordenação de isolamento levando-se
em conta a natureza estatística dessas grandezas. Essa redução no custo do projeto deve ser
confrontada com o aumento do risco de falha da isolação.
A aplicação deste método é mais adequada à isolação auto-recuperante na qual a sua
suportabilidade estatística pode ser determinada por meio das descargas disruptivas. Nessa
metodologia, todos os fenômenos que podem gerar sobretensões em uma dada isolação devem ser
conhecidos, bem como a distribuição estatística de cada evento e a sua freqüência anual de
ocorrência.
É importante ressaltar aqui que nem todas as sobretensões esperadas podem ser
agrupadas em uma única distribuição estatística e somente aquelas identificadas pela mesma
localização e causa podem ser consideradas como estatisticamente homogêneas.
A abordagem estatística aqui apresentada consiste apenas na quantificação do risco de
uma falha na isolação, verificando se tal risco se encontra dentro de padrões aceitáveis. Estes
limites dependem da freqüência de ocorrência do tipo de evento e das conseqüências de uma falha
em uma parte da isolação em questão.
Se as distribuições estatísticas das sobretensões e da suportabilidade da isolação são
conhecidas, representadas, por exemplo, por uma distribuição Normal (Gaussiana), o risco de falha
pode ser numericamente calculado.
Neste tipo de representação a distribuição estatística fica caracterizada por um valor
médio, V50% (no caso das sobretensões) e U50% (no caso da suportabilidade), e um desvio padrão. As
figuras a seguir mostram essas distribuições considerando valores de referência, tais como o valor

de 10% (BSL) na distribuição da suportabilidade da isolação. A distribuição das sobretensões tem


como probabilidade de referência o valor de 2% (V Máx.) que é aquela com apenas 2% de chance de
ser excedida.

III-33
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Figura 10 – Probabilidade de descarga, com os valores de referência

Figura 11 – Distribuição estatística das sobretensões, com seu valor de referência

A probabilidade de a suportabilidade ser menor que a tensão aplicada a uma


determinada isolação é dada por F(VW). A densidade de probabilidade de uma determinada
sobretensão é dada por f(V). Ambas as curvas estão mostradas na figura a seguir.

III-34
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Figura 12 – Método Estatístico

A probabilidade de que a sobretensão V1 venha a acontecer é dada por f(V1). Da mesma


forma, a probabilidade de que a isolação falhe quando da aplicação de V 1 é representada por F(V1).
Assim, a probabilidade de que a tensão V 1 ocorra e que a isolação não seja capaz de suportá-la,
indica a probabilidade do risco de falha na tensão V 1.
Matematicamente, tem-se:

Eq. 20

O risco de falha, R, da isolação é calculado considerando-se a soma de todas as


probabilidades em todas as tensões possíveis. Logo:

Eq. 21

Graficamente, o risco de falha é representado pela área hachurada na Figura 12. No


caso da sobretensão ser caracterizada por um único valor de V 1, o risco será igual ao valor da
probabilidade na curva F(V1).
Vale ressaltar que a exatidão no cálculo do risco de falha depende grandemente da
exatidão na determinação das sobretensões e da probabilidade de descarga disruptiva da isolação.

III-35
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Desde que a exatidão dessas medidas dificilmente é satisfatória, a exatidão do risco de falha
decorrente é, freqüentemente, baixa.
De acordo com esse método, a isolação é selecionada de forma que a probabilidade de
falha seja menor ou igual a um valor pré-determinado, que caracteriza o nível de segurança
requerido. Uma mudança nos níveis de isolamento translada a curva de suportabilidade ao longo do
eixo V, com a conseqüente modificação da área hachurada e que representa o risco de falha, R, para
uma determinada distribuição das sobretensões.
Deslocar a curva F(V) para a direita significa aumentar os níveis de isolamento, por
exemplo, por meio do aumento das distâncias físicas das isolações, onerando, assim, o custo do
projeto.
Por outro lado, deslocando-se a curva das sobretensões, f(V), para a esquerda, significa
reduzir os níveis das mesmas, por meio, por exemplo, do uso de resistores de pré-inserção nos
disjuntores de uma linha de transmissão, uso de reatores, pára-raios, etc. Essas soluções, qualquer
que seja, também implica em investimentos adicionais. Portanto, deve-se avaliar qual a melhor
alternativa a ser implantada: aumentar o isolamento ou utilizar meios de controle das sobretensões.

5.30 Método Semi-Estatístico


Também conhecido como o método estatístico simplificado, é utilizado para análises de
sensibilidade e rápidas avaliações do risco de falha, onde as distribuições reais antes desconhecidas
são substituídas por distribuições simples como, por exemplo, a Gaussiana com desvios-padrão
conhecidos. Com isso, a curva completa de distribuição das sobretensões e a curva de probabilidade
de descarga da isolação podem ser definidas apenas por um ponto correspondente a uma dada
probabilidade de referência chamada de “surto-estatístico” e “tensão suportável estatística de
impulso”, respectivamente. O risco de falha pode ser correlacionado com a margem entre estes dois
valores, tornando esse método muito parecido com o convencional.
A sobretensão denominada “surto-estatístico” ou “sobretensão estatística” (V S) é a
sobretensão com 2% de probabilidade de ser excedida e a “tensão suportável estatística de impulso”
(V90%) é aquela a qual o isolamento possui uma probabilidade de 10% de romper ou 90% de
suportar.
O fator de segurança estatístico é então a razão entre a “tensão suportável estatística de
impulso” (V90%) e o “surto-estatístico” (VS). A correlação entre o fator de coordenação estatístico e
o risco de falha é, aparentemente, só ligeiramente afetada por mudanças nos parâmetros da
distribuição de sobretensões. Isto se deve ao fato de que o valor de 2% escolhido como a

III-36
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

probabilidade de referência da sobretensão situa-se naquela parte da distribuição de sobretensões


que dá a principal contribuição ao risco de falha na faixa de risco considerada.
A escolha do valor de 90% para a probabilidade de referência da tensão suportável é
que o ensaio de descarga disruptiva a 50% (obtenção da tensão disruptiva U 50%) não pode ser
aplicado em todos os tipos de isolação. Logo, considera-se mais adequado fazer referência a um
valor mais elevado da probabilidade de suportar (90%), com isso garante-se os mesmos valores de
tensão suportável nominal de impulso, independente do tipo de equipamento ou de isolação e que
esses mesmos valores sejam utilizados diretamente nas definições de distribuições estatísticas.
Logo, neste método, o cálculo de risco de falha é realizado uma única vez e para todas
as condições. Conseqüentemente, uma relação entre o risco de falha e o fator de segurança
estatístico é estabelecida, conforme figuras abaixo:

Figura 13 – Método Semi-Estatístico: Correlação entre o risco de falha(R) e o coeficiente de segurança


estatístico()

onde o desvio padrão de isolação  t = 6% e o desvio padrão da distribuição das


sobretensões  S = 10, 15 e 20%

III-37
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

III-38
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

ANEXOS

III-39
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Anexo I – Níveis de isolamento normalizados para faixa 1 (1kV<U m<=245kV)

NOTAS
1 O nível de isolamento correspondente à Um = 0,6 kV só é aplicável a secundário de transformador, cujo primário tem
Um superior a 1 kV.
2 Se os valores entre parêntesis forem considerados insuficientes para provar que as tensões suportáveis fase-fase
especificadas são satisfeitas, ensaios adicionais de suportabilidade fase-fase são necessários.
* Indica valores não constantes na IEC 60071-1.

III-40
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Anexo II – Níveis de isolamento normalizados para faixa 2 (Um >245kV)

NOTAS
1 Valor da componente do impulso do ensaio combinado aplicável.
2 A introdução de Um 1050 kV e 1200 kV e das tensões suportáveis associadas estão sob consideração.
* Indica valores não constantes na IEC 60071-1.

III-41
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Anexo III – Níveis de isolamento normalizados nominais na faixa de tensões 1kV< Um < 245kV,
para tensões máximas do equipamento não normalizadas pela IEC, baseados na prática usual
em alguns paises.

III-42
Capítulo 3 – Coordenação de isolamento e cálculo de distâncias elétricas.

Referências bibliográficas
1. “Coordenação de Isolamento” - Curso de Engenharia em Sistema de Potência – Série PTI
2. “Transitórios Elétricos e Coordenação de Isolamento: aplicação em sistemas de potência de
alta tensão” – D’Ajuz, et al
3. “Electrical Transmission and Distribution” - Westinghouse
4. Norma Coordenação de Isolamento – Procedimento - ABNT – NBR 6939 – Primeiro
projeto de revisão: 1987
5. Norma Coordenação de Isolamento – Guia de aplicação – ABNT – NBR 8186:2001
6. “Transmission Line Reference Book: 345kV and Above” - EPRI
7. “Overvoltages and insulation coordination in MV and HV” – Fulchiron, D. Cahier
Techinique Merlin Gerin n° 151

III-43

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