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ONS RE 3/109/2011

FILOSOFIAS DAS PROTEÇÃO DAS LTs


DE ALTA E EXTRA ALTA TENSÃO DA
REDE DE OPERAÇÃO DO ONS

Revisão 1

ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico


Rua Júlio do Carmo, 251 – Cidade Nova – RJ - 20211-160
(21) 3444-9894 | (21) 3444-9529
Sumário

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 45

2. OBJETIVO ......................................................................................................................................... 67

3. REQUISITOS TÉCNICOS GERAIS ................................................................................................... 78

4. PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ............................................................................... 910

4.1 UNIDADES DE DISTÂNCIA PARA FALHAS ENTRE FASES E FASE-TERRA ................................................................. 910
4.2 E FEITO DO ACOPLAMENTO MÚTUO DE SEQUÊNCIA ZERO NAS PROTEÇÕES DE DISTÂNCIA DE LINHAS DE TRANSMISSÃO 2728
4.3 UNIDADES DE SOBRECORRENTE DIRECIONAIS ............................................................................................. 4143

5. PROTEÇÕES DE REATORES SHUNT ......................................................................................... 5255

5 PROTEÇÕES UNITÁRIAS ............................................................................................................ 5356

5.1 PROTEÇÃO DIFERENCIAL DE FASE E DE TERRA RESTRITA ............................................................................... 5356


5.2 PROTEÇÕES GRADATIVAS ...................................................................................................................... 5456
5.3 CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS NA UTILIZAÇÃO DE PROTEÇÃO DE REATORES........................................................ 5558

6. PARTICIPAÇÃO DOS AGENTES ................................................................................................. 5760

7. REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 5861

8. CRÉDITOS ..................................................................................................................................... 6164

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Lista de Figuras

Figura 4-1 – Compensação Série em apenas um Terminal ............................................... 1112


Figura 4-2 – Compensação Série em Ambos os Terminais ............................................... 1314
Figura 4-3 – Sistema Com Compensação Série ............................................................... 1415
Figura 4-4 – Trajetória da Impedância Medida .................................................................. 1415
Figura 4-5 – Tensão Medida, Tensão Calculada e Relação entre ambas para falhas ao longo da
linha ............................................................................................................................... 1617
Figura 4-6 – Alcance da Unidade Reversa de Zona 3 Utilizada na Teleproteção................ 1820
Figura 4-138 – Tipos de Linhas de Transmissão Acopladas .................................................. 28
Figura 5-1 – TC Antes do Fechamento do neutro e no Neutro do Reator ........................... 5255
Figura 5-2 – Sem TC no Neutro do Reator ....................................................................... 5355

Lista de Tabelas

Tabela 1- Unidades de Medida de Distância Para Falhas a Terra-Sinais de Entrada ......... 3233
Tabela 2- Impedâncias Medidas Para Diferentes Configurações do circuito Paralelo ......... 3738
Tabela 3- Valores de K0 Para Diferentes Condições de Operação do Circuito Paralelo ..... 4041

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1. INTRODUÇÃO
No dia 10/11/2009, às 22h13min, falhas múltiplas, envolvendo as LTs 765 kV Itaberá - Ivaiporã
(circuitos C1 e C2) e a Barra A de 765 kV da SE Itaberá, provocaram a rejeição de 5.564 MW
de geração da UHE Itaipu - 60 Hz, bem como a abertura dos circuitos remanescentes da
Interligação Sul-Sudeste, em 525 kV, 500 kV, 230 kV e 138 kV, além do desligamento dos dois
Bipólos do Sistema HVDC, que no momento encontravam-se com 5.329 MW.

Na seqüência ocorreram outros desligamentos, ocasionando uma interrupção total de 24.436


MW (40 %) de cargas do Sistema Interligado Nacional - SIN, distribuídas da seguinte forma:

 Região Sudeste: 22.468 MW;


 Região Centro-Oeste: 867 MW;
 Região Sul: 104 MW;
 Região Nordeste: 802 MW;
 Região Norte (Estados do Acre e Rondônia): 195 MW.

Esta perturbação ocorrida no SIN provocou colapso nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro,
Espírito Santo e Mato Grosso do Sul e atuações do ERAC, rejeitando cargas na Região Nordeste
e nas Áreas Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Acre/Rondonia, esta última após sua
separação do Sistema Sudeste/Centro Oeste, formando uma ilha em torno da UHE Samuel e
da UTE Termonorte II.

Esta perturbação foi analisada através do RAP ONS RE-3 252/2010, que em seu item 9.1.3.6
emitiu a seguinte recomendação dirigida ao ONS:

“Avaliar a filosofia de proteção de linhas de transmissão e de equipamentos dos


principais troncos de transmissão, que possam afetar, através de sua atuação, o
desempenho do SIN como um todo”.

Visando o atendimento a esta recomendação, o ONS emitiu em 27 de maio de 2010, a carta


ONS-3-300/2010, solicitando informações relacionadas às filosofias e esquemas de proteção
utilizados nas principais linhas de transmissão, principalmente quanto aos aspectos
relacionados a seguir:

 Fabricantes, tipos de relés e de esquemas de teleproteção utilizados;

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 Filosofia de utilização das diversas zonas de proteção e unidades de partida dos relés
de distância, utilizada em cada uma das LTs, bem como os seus alcances /
temporizações;

 Sensibilidades / Temporizações das proteções de sobrecorrente;

 Critérios de Ajuste das proteções “não unitárias” dos Reatores Shunt de Linhas
existentes.

 Existência de Relés para bloqueio e/ou trip por oscilação de potência.

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2. OBJETIVO

O objetivo deste relatório é estabelecer, com base nas informações recebidas e nos requisitos
estabelecidos nos Procedimentos de Rede do ONS, uma filosofia a ser seguida pelos Agentes
com relação aos ajustes e utilização das unidades de partida e de medida dos relés de distância
e de sobrecorrente, dos esquemas de teleproteção e das lógicas especiais inerentes a estes
esquemas.

Os ajustes de proteção informados pelos Agentes foram utilizados apenas como subsídio no
desenvolvimento deste trabalho, que não tem como objetivo a verificação da adequacidade dos
mesmos, que é de única e exclusiva responsabilidade dos Agentes.

As Linhas de Transmissão que deverão atender aos requisitos estabelecidos por este relatório
são as linhas de tensão igual ou superior a 230 kV, que de acordo com o submódulo 2.6 dos
Procedimentos de Rede, foram concebidas dentro da Filosofia de retaguarda Local, ou seja,
não dependem de atuações de proteções de retaguarda remota para eliminação de falhas
internas a elas. As linhas existentes que ainda não atendem a este critério, quando tiverem
suas proteções modernizadas, deverão se enquadrar nos critérios aqui definidos. As futuras
linhas de transmissão nestes níveis de tensão já deverão entrar em operação atendendo a
estes requisitos.

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3. REQUISITOS TÉCNICOS GERAIS

O submódulo 2.6 dos Procedimentos de Rede estabelecem os Requisitos Mínimos para os


Sistemas de Proteção e de Telecomunicações para as linhas de transmissão e equipmentos
associados que fazem parte da Rede Básica do Sistema Interligado Nacional - SIN.

Este submódulo estabelece que todo componente deve ser protegido por dois sistemas de
proteção completamente independentes. No caso das Linhas de Transmissão temos as
proteções Principais e Alternadas, que devem ser concebidas na Filosofia de Retaguarda Local,
ou seja, não devem depender de atuações de proteções de Retaguarda Remotas para
eliminação de falhas internas a elas.

Desta forma este trabalho considera que todas as Linhas de Transmissão, mencionadas na
carta ONS-3-300/2010, tiveram suas proteções concebidas dentro da filosofia de Retaguarda
Local e todas elas são dotadas de:

 Alimentações de corrente e tensão provenientes de núcleos independentes de


Transformadores de Corrente - TC e de secundários diferentes de Divisores Capacitivos
de Potencial - DCP;

 Alimentações auxiliares de corrente contínua independentes para as proteções


Principais e Alternadas;

 Equipamentos independentes (Relés e Equipamentos de Teleproteção) para as


proteções Principais e Alternadas;

 Disjuntores dotados de duas bobinas de Trip;

 Esquemas de proteção de falha dos Disjuntores;

Com relação aos esquemas de teleproteção utilizados, de acordo com as respostas recebidas
dos Agentes, quase que a totalidade das linhas de transmissão nos níveis de tensão acima de
230 kV são dotadas de esquemas de teleproteção de Transferência de Disparo Permissivos de
Sobrealcance e esquemas Permissivos de Subalcance (POTT e PUTT). Desta forma, além das
filosofias de ajuste das unidades de medida de distância e de sobrecorrente, também serão

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abordados os requisitos de esquemas especiais inerentes às lógicas de teleproteção.

Outro aspecto que merece destaque, é que só serão objeto desta análise, as unidades de
medida de distância e de sobrecorrente essenciais para o funcionamento dos esquemas de
teleproteção, baseadas na concepção mencionada anteriormente de Retaguarda Local, assim
como os esquemas de teleproteção baseados em proteção diferencial.

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4. PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
As proteções das linhas de transmissão que são abordadas neste trabalho são constituídas de
relés com funções diferenciais de linha, de distância e direcionais de sobrecorrente residuais
de sequência negativa e de sequência zero.

Os relés de distância e direcionais de sobrecorrente residuais operam através de esquemas


redundantes de teleproteção, sendo que os mais usuais são: o Permissivo de Sobrealcance e
o Permissivo de Subalcance. Os relés de distância, principalmente os da geração digital,
possuem várias unidades de medida operando em paralelo, das quais iremos nos ater apenas
àquelas necessárias para o correto funcionamento dos esquemas de teleproteção. Os
esquemas de teleproteção Permissivos de Subalcance apresentam o inconveniente de não
eliminar instantaneamente falhas internas em caso de fraca alimentação por um dos terminais
para falhas localizadas além do alcance das unidades de medida de zonas 1 dos terminais
fortes, razão pela qual desaconselha-se a utilização de ambas as teleproteções com estas
lógicas de teleproteção.

4.1 Unidades De Distância Para Falhas Entre Fases e Fase-Terra

4.1.1 Unidades de medida de Zona 1

Nos esquemas de teleproteção do tipo Transferência de Disparo Permissivo de Sobrealcance


(POTT), estas unidades não são utilizadas na lógica de teleproteção, mas sim como unidades
de trip Direto.

Nos esquemas de teleproteção do tipo Transferência de Disparo Permissivo de Subalcance,


estas unidades, além do trip local, fazem parte da lógica de teleproteção, e têm por objetivo o
envio do sinal Permissivo do esquema de teleproteção para falhas dentro de seus alcances.

Em ambos os casos estas unidades não devem sobrealcançar, em nenhuma hipótese, o


barramento remoto, em função de: erros dos instrumentos de medida (TC e TP), imprecisões
nos parâmetros das linhas, sobrealcance transitório e influência de acoplamento mútuo de
sequência zero entre linhas paralelas.

Um requisito adicional é que, nos esquemas Permissivos de Subalcance, os alcances destas


unidades devem se superpor para falhas no meio das linhas, de modo a que não exista

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nenhuma região da LT que não seja coberta por pelo menos uma unidade de zona 1 de qualquer
de seus terminais. Os alcances destas unidades devem também levar em consideração a
existência de compensações série na linha bem como em linhas adjacentes, além dos efeitos
de “Infeed” sobre estas compensações.

Existem fabricantes que só utilizam características tipo MHO para as unidades de medida para
falhas entre fases. Neste caso os alcances resistivos da unidade são inerentes à característica
MHO e ao método de polarização utilizado.

Outros fabricantes oferecem, além das características tipo MHO, características do tipo
quadrilateral, onde os alcances resistivos são ajustados independentemente dos alcances
reativos. A limitação dos alcances resistivos é tratada no item 4.1.6.

Para as unidades de medida de falhas à terra os fabricantes normalmente nos oferecem a


opção de utilização de ambas as características, sendo a quadrilateral a mais comumente
usada.

O alcance da unidade de medida de Zona 1 deve ser ajustado de forma que esta unidade, em
nenhuma circunstância, sobrealcance o terminal remoto da linha, mesmo considerando a
presença de compensação série e/ou sobrealcances transitórios. Estes alcances podem ser
determinados através de estudos de transitórios eletromagnéticos (ATP/PSCAD/RTDS) e,
quando se tratar de linhas compensadas, podem considerar o disparo dos elementos protetivos
da compensação série (Gaps ou MOVs), previamente às unidades de proteção da linha.
Quando não for possível a realização destes estudos e considerações, recomenda-se a
utilização das seguintes proposições de ajustes.

4.1.1.1 Linhas Sem Compensação Série

A prática usual é ajustar as unidades de medida de zona 1 com alcance de cerca de 70% a
90% da impedância de sequência positiva da linha (Z1).

Em caso de existência de linhas paralelas o efeito do acoplamento mútuo de sequência zero


deve ser levado em consideração para evitar sobrealcance das unidades de medida para falhas
fase-terra, principalmente na condição em que o circuito paralelo esteja isolado e aterrado em
ambos os terminais. Este aspecto será tratado mais adiante, no item 4.2.

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Um aspecto a ser considerado é a existência de linha adjacente com compensação série, o que
poderá acarretar em reduções significativas de seus alcances. (ver item 4.1.1.2).

Com relação aos alcances resistivos das unidades quadrilaterais ver item 4.1.7.

4.1.1.2 Linhas Com Compensação Série

Os efeitos da Compensação Série no desempenho e ajustes das unidades direcionais e de


medida dos relés de distância dependem de:

 Localização dos Bancos de Capacitores;


 Localização da Alimentação de Potencial para os Relés;
 Tipo de proteção Utilizada para os Bancos de Capacitores (Gaps ou MOV);
 Do Grau de Compensação Série Utilizado.

Estamos considerando que todas as linhas de transmissão incluídas nesta análise possuem
alimentação de potencial para os relés provenientes de Divisores Capacitivos de Potencial nas
linhas e os Capacitores Série estão colocados no início e/ou no final das mesmas. As linhas
objeto desta análise possuem Bancos de Capacitores protegidos por GAPS e/ou MOVs.

 Linhas Com Compensação Série em Apenas um Terminal (Figura 4-1Figura 4-1)

Figura 4-1 – Compensação Série em apenas um Terminal

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• Terminal com o Capacitor Série (Terminal R)

Nestes casos o relé pode apresentar problemas de direcionalidade se a reatância capacitiva do


capacitor for maior que a impedância do trecho de linha entre os DCPs e a falta, caracterizando
inversão de tensão no relé para falhas na linha. Este problema é resolvido por cada fabricante
através dos projetos de suas unidades direcionais. O importante é que não há influência dos
Capacitores no alcance das unidades de medida de zona 1, que podem ser ajustadas de acordo
com o item 4.1.1.1 para linhas sem Compensação Série, ou seja com alcance de cerca de 70%
a 90% da impedância de sequência positiva da linha (Z1).

• Terminal sem o Capacitor Série (Terminal S)

Neste caso o ajuste da zona 1 deve levar em consideração os efeitos do Capacitor do terminal
remoto. Temos as duas situações:

• Capacitores protegidos por Gaps

A referência 4 recomenda ajustar a zona 1 para (0,7 a 0,9) x (ZL-XC), onde ZL é a impedância
da linha e XC é a reatância do Banco de Capacitores Série. Entretanto este ajuste não leva em
consideração o sobrealcance da zona 1 em função das oscilações subsíncronas. A referência
8 sugere, além disso, a utilização de um fator de segurança (KTRANS) para levar em conta o
sobrealcance da zona 1 em função das oscilações subsíncronas provocadas pela presença do
Capacitor Série. Este fator é calculado pela expressão:

1
 =
1 + (UGAP/√2 )

UGAP  tensão de disparo do Gap

E tensão fase-fase RMS do sistema

O ajuste da zona 1 será então:

Z1= (0,7 a 0,9) x KTRANS x (ZL-XC)

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A utilização deste fator de segurança pode levar a alcances extremamente reduzidos para a
Zona 1, ainda com riscos de sobrealcance. Desta forma a utilização da Zona 1 deve ser avaliada
pelo Agente, considerando o risco na segurança para a operação de sua utilização, frente ao
pouco benefício, associado à sua pequena área de cobertura.

• Capacitores protegidos por MOV

A referência 4 recomenda ajustar a zona 1 para 0,5 (ZL-XC), onde ZL é a impedância da linha
e XC é a reatância do Banco de Capacitores Série.

O ajuste da zona 1 será então:

Z1= 0,5 x (ZL-XC)

 Linhas com Compensação Série em ambos os Terminais (Figura 4-2Figura 4-2)

Neste caso as proteções de ambos os terminais devem ser ajustadas para acomodar um
Capacitor Série apenas. Desta forma, devem ser aplicados os ajustes conforme o item 4.1.1.1,
para o caso de terminal de linha sem o Banco de Capacitores Série.

Figura 4-2 – Compensação Série em Ambos os Terminais

4.1.1.3 Considerações Adicionais Sobre os Ajustes das Unidades de Medida de Zona 1


Para Linhas Com Compensação Série

A Figura 4-3Figura 4-3, a seguir, obtida da referência (1), ilustra um sistema de transmissão
com uma Compensação Série de 50% colocada no final da linha. Para a falta na posição
mostrada, o relé de distância de zona 1, do terminal S, não deve operar para o ajuste

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convencional de 80% (ZL1-jXC). Todavia a associação do Capacitor Série com a indutância do
sistema gera oscilações sub-harmônicas que podem provocar sobrealcance das unidades de
medida de zona 1.

Figura 4-3 – Sistema Com Compensação Série

A Figura 4-4Figura 4-4 a seguir mostra a trajetória da impedância medida pelo relé para a falta
mostrada. Conforme pode ser observado a impedância medida decresce até valores próximos
a 2 Ohms secundários, que para o exemplo é a metade da impedância compensada da linha.
Desta forma a zona 1 da proteção de distância do terminal S pode sobrealcançar para a falha
externa mostrada.

Figura 4-4 – Trajetória da Impedância Medida

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Os critérios que foram apresentados no subitem 4.1.1.2 são um ponto de partida para a
determinação dos ajustes das unidades de medida de zona 1 e não garantem segurança para
falhas externas.

Para que se tenha segurança nos ajustes da zona 1 sugere-se uma modelagem do sistema e
da linha num programa de transitórios eletromagnéticos (tipo ATP ou PSCAD) ou testes em
simuladores do tipo RTDS, para verificar o sobrealcance e determinar um ajuste seguro. Caso
não seja possível a utilização destas ferramentas, é recomendável que estas unidades de
medida (zonas 1) sejam bloqueadas em linhas compensadas.

4.1.1.4 Esquema para Evitar Sobrealcance da Zona 1

A referência 5 mostra como determinado fabricante desenvolveu uma lógica para verificar se a
falha ocorre depois do Capacitor, conforme figura 4-5. Para uma falha na fase A, o elemento
desta fase calcula a tensão:

Vcalc = (IA + K0. IG). ZL1! + IA. (−jXC)!&

IA  corrente da fase A.
IG  corrente residual.
K0  fator de compensação de sequência zero.
ZL1  impedância de sequência positiva da linha.
XC  Reatância do Capacitor Série.

A Figura 4-5Figura 4-5 mostra a tensão medida no relé, a tensão calculada pela expressão
anterior e a relação entre elas para faltas ocorridas ao longo da linha. Desprezando os efeitos
da resistência de falta e do acoplamento mútuo entre linhas paralelas, a tensão calculada é
igual a tensão medida para faltas na Barra, e sua relação é igual a 1. Quando a falta se move
em direção à linha, a corrente de falta que circula no relé diminui, a tensão medida aumenta e
a tensão calculada diminui. A tensão medida aumenta porque o Capacitor Série não está mais
entre o relé e a falta e a impedância medida da linha aumenta. A tensão calculada diminui
porque ela sempre inclui o Capacitor Série. A relação entre a tensão medida e a tensão
calculada é sempre maior que 1 para faltas nesta região. À medida que a falta se aproxima do
relé, a tensão medida diminui, a tensão calculada aumenta e sua relação diminui.

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Figura 4-5 – Tensão Medida, Tensão Calculada e Relação entre ambas para falhas ao longo da
linha

A lógica compara a relação entre estas duas tensões com um ajuste pré-determinado. Quando
a relação entre elas for menor que o ajuste, a unidade de distância de zona 1 é liberada para
atuar. Caso contrário ela é bloqueada.

Com relés que possuem esta lógica a zona 1 pode ser ajustada baseada na impedância não
compensada da linha. A única informação adicional que o relé necessita para calcular a relação
é o valor da Reatância Capacitiva a ser medida pelo mesmo. O valor de XC depende da posição
do Capacitor Série em relação ao DCP da linha. Deve ser considerado o efeito de “Infeed” sobre
o Capacitor da linha adjacente.

4.1.2 Unidades de medida de Zona 2

Nos esquemas de teleproteção do tipo Comparação Direcional Permissivo de Sobrealcance,


estas unidades são utilizadas na lógica de teleproteção como unidades de sobrealcance, que
dependem da recepção de sinal Permissivo para efetuar o disparo dos Disjuntores locais. Nos
esquemas de teleproteção do tipo Comparação Direcional Permissivo de Subalcance estas
unidades fazem parte da lógica de teleproteção, e têm por objetivo o disparo dos Disjuntores
locais após recepção de sinal Permissivo, que é enviado pelas unidades de subalcance do
terminal remoto. Em ambos os casos estas unidades devem sempre sobrealcançar o
barramento remoto, para garantir proteção para falhas em 100% do comprimento da linha.

Estas unidades, além de fazerem parte dos esquemas de teleproteção das linhas, têm a função
adicional de prover proteção de retaguarda remota para falhas nos Barramentos. Esta função

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realizada pela unidade de medida de zona 2 necessita de temporização, que geralmente é da
ordem de 0,4 a 0,6 segundos, podendo em alguns casos ser ligeiramente superior em função
de necessidades de coordenação, principalmente com as funções de falha de disjuntor.

Existem fabricantes que só utilizam características tipo MHO para as unidades de medida para
falhas entre fases. Neste caso os alcances resistivos da unidade são inerentes à característica
MHO e ao método de polarização utilizado.

Outros fabricantes oferecem além das características tipo MHO, características do tipo
quadrilateral, onde os alcances resistivos são ajustados independentemente dos alcances
reativos. A limitação dos alcances resistivos é tratada no item 4.1.6

Para as unidades de medida de falhas a terra os fabricantes normalmente nos oferecem a


opção de utilização de ambas as características.

Esta unidade deve ser ajustada para pelo menos 120% da Impedância Aparente (ZAPP) medida
pelo relé para uma falha no barramento remoto, garantindo desta forma que ela irá atuar para
todas as falhas que ocorram na linha de transmissão e no barramento remoto. A impedância
aparente deve ser obtida de um estudo de curto-circuito, onde estejam representadas as
impedâncias mútuas de sequência zero entre circuitos paralelos.

Deverá ser verificado se com o alcance acima sugerido, haverá acomodação das resistências
de arco para falhas entre fases esperadas, em função das configurações das linhas. As
resistências de arco devem ser determinadas, a critério de cada Agente, de acordo com as
fórmulas empíricas existentes na literatura. A referência 7 apresenta os seis modelos de cálculo
mais usuais para diferentes tensões e níveis de curto-circuito. É necessário também que seja
considerado o efeito do carregamento pré-falta nos terminais exportadores de carga.

Além disso, é desejável que o alcance da zona 2 não vá além do alcance das unidades de
medida de zona 1 das linhas que partem do barramento remoto, para evitar problemas de
coordenação entre as zonas 2. Caso não seja possível atender a este requisito, principalmente
quando da existência de linhas muito curtas partindo do barramento remoto, as unidades de
zona 2 devem ser coordenadas em função do tempo de atuação e, caso necessário, como
alternativa é possível adotar uma zona exclusiva (por ex: zona 3 ou 4) para função de
retaguarda remota para falha na barra, mantendo-se a zona 2 com alcance mínimo de 120 %,
exclusivamente para teleproteção.

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Em caso de necessidade o alcance da unidade de zona 2 poderá ser superior ao valor acima
mencionado; entretanto deverá se tomar o cuidado com o carregamento máximo da linha, em
condições de emergências no Sistema, que não deverá provocar as atuações das mesmas.
Para isto podem ser utilizadas, se necessário, as funções de “Load Encroachment” existentes
nos relés digitais. Este requisito se aplica também às unidades de medida para falhas à terra
que não sejam condicionadas à presença de corrente de sequência zero, sendo, portanto,
afetadas de igual modo pelo carregamento da linha.

As unidades de distância tipo MHO têm o alcance resistivo definido em função do ajuste (ZAPP).
As unidades quadrilaterais possuem parametrizações independentes na direção resistiva e
reativa. Os alcances resistivos são definidos em função das limitações impostas pelos
fabricantes e em função de exigências do sistema, conforme apresentado no item 4.1.6.

4.1.3 Unidades de Medida de Zona 3

4.1.3.1 Utilização Exclusiva Como Unidades Reversas em Esquemas de Teleproteção


Permissivos de Sobrealcance.

Nos esquemas de teleproteção Permissivos de Sobrealcance as unidades de medida de zona


3 são utilizadas como unidades reversas para bloqueio das lógicas de ECO e “Weak Infeed”,
que são inerentes a estes esquemas de teleproteção. Nesta filosofia estas unidades devem ter
um alcance suficiente para atuar para todas as falhas vistas pelas unidades de medida de zona
2 do terminal remoto. Além disso, estas unidades devem ter características com mesmo
desempenho transitório que o das unidades de zona 2 remotas.

Figura 4-6 – Alcance da Unidade Reversa de Zona 3 Utilizada na Teleproteção

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Na Figura 4.6 o alcance da unidade de medida de zona 3 reversa deverá ser de pelo menos
1,3 vezes o valor BX. É usual ajustar a unidade de medida de zona 3 reversa com o mesmo
ajuste da unidade de zona 2 do terminal remoto, já que ela tem o objetivo somente de realizar
bloqueio das lógicas de ECO e Fraca Alimentação dos esquemas de teleproteção POTT.

4.1.3.2 Utilização Como Unidades Reversas para Retaguarda para Falhas em


Barramentos.

É possível a utilização destas unidades reversas para prover retaguarda local para falhas nos
barramentos. Nestes casos devem ser tomados cuidados especiais para não haver
descoordenação com as Zonas 2 dos circuitos adjacentes. Para isto, valem as mesmas
observações de ajustes feitas para a zona 2, no item 4.1.2.2, com relação aos cuidados para
que ela não alcance além das unidades de medida de zona 1, das linhas que partem do
barramento, e não imponha restrições ao carregamento máximo da linha. Ressalta-se que esta
aplicação apenas é justificável se a temporização da Zona 3 for inferior à temporização da
unidade de medida de zona 2 remota desta linha e superior a temporização de atuação da
proteção de falha de disjuntor. Recomenda-se a utilização de uma unidade independente para
esta finalidade, de forma que possam ser utilizados alcances reduzidos.

4.1.3.3 Utilização Como Unidades Diretas Independentes

Nestes casos as unidades de medida de zona 3, para falhas entre fases, são utilizadas com a
finalidade de prover retaguarda remota para falhas em linhas de transmissão, com
temporização da ordem de 1 segundo. Estas aplicações normalmente conduzem a alcances
bastante abrangentes no diagrama R-X, podendo acarretar atuações incorretas durante
contingências no sistema, que provoquem aumentos significativos nos carregamentos das
linhas. Esta prática não é recomendada para sistemas onde se utiliza filosofia de retaguarda
local, para evitar que linhas sejam desligadas durante contingências, de modo a não agravar
as condições operativas do sistema. Estas aplicações podem ser utilizadas desde que se
garanta o desempenho correto das mesmas durante contingências, aproveitando o recurso das
funções “Load Encroachment” existentes nos relés digitas. Este requisito se aplica também às
unidades de medida para falhas a terra que não sejam inibidas pela presença de corrente de
sequência zero, sendo, portanto afetadas de igual modo pelo carregamento da linha.

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4.1.4 Unidades Direcionais Baseadas na Medição de Impedâncias de Sequência
Negativa e Zero

A referência 5 mostra que as unidades direcionais baseadas na medição de impedância de


sequência negativa utilizam a tensão de sequência negativa como grandeza de polarização
calculam a impedância z2 como se segue:

Na expressão acima temos:

V2 tensão de sequência negativa.

I2 corrente de sequência negativa

Z1ANG ajuste que corresponde ao ângulo da impedância de sequência positiva da linha.

A unidade compara o valor calculado de z2 com dois ajustes.

Se z2< ajuste Forward, a unidade direcional declara a falta como na direção direta;
Se z2> Ajuste Reverse, a unidade direcional declara a falta na direção reversa.

A referência 5 mostra também que as unidades direcionais baseadas na medição de impedância


de sequência zero utilizam a tensão de sequência zero como grandeza de polarização calculam
a impedância z0 como se segue:

Na expressão acima temos:

V0 tensão de sequência zero.

I0 corrente de sequência zero

Z0MTA ajuste que corresponde ao ângulo da unidade direcional (parâmetro ajustável)

A unidade compara o valor calculado de z0 com dois ajustes.

Se z0< ajuste Forward, a unidade direcional declara a falta como na direção direta;
Se z0> Ajuste Reverse, a unidade direcional declara a falta na direção reversa.

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A figura 4-7 mostra o diagrama de sequência negativa para uma falta monofásica no final da
linha de um sistema equivalente de duas fontes, onde:
Z2S impedância de sequência negativa da fonte atrás do relé
Z2R impedância de sequência negativa equivalente das fontes além da barra remota.
Z2L impedância de sequência negativa da linha.

Figura 4-7 – Diagrama de Sequência Negativa Para Falta no Final da Linha-Sistema de Duas Fontes

A unidade direcional baseada na medição da impedância de sequência negativa mede a tensão


de sequência negativa e a corrente de sequência negativa no ponto de localização do relé
temos:

V2=-I2. Z2S z2= -IZ2SI

Ou seja, para uma falta na direção direta a impedância de sequência negativa medida pelo relé
é negativa, e corresponde ao valor da impedância de sequência negativa da fonte atrás do relé.

Análise similar mostra que para faltas na direção reversa, a impedância de sequência negativa
medida é:

z2= IZ2L + Z2RI

ou seja, para uma falta na direção reversa a impedância de sequência negativa medida pelo
relé é positiva, e corresponde ao valor da impedância de sequência negativa equivalente em
frente ao relé.

A Figura 4-8 mostra as características de atuação das unidades direcionais baseadas nas
medições de impedâncias de sequência zero e negativa, considerando o sistema puramente
indutivo e assumindo os ângulos Z1ANG e Z0MTA como sendo 90o.

Como os valores de z2 e Z0 calculados para faltas na direção direta e reversa possuem sinais
contrários existe uma boa margem para ajustar Z2F, Z2R, Z0F e Z0R.

21
Figura 4-8 – Características de Operação das Unidades Direcionais baseadas na Medição de
Impedâncias de Sequência Negativa e Zero

A seguir serão apresentadas as sugestões de ajuste para os casos encontrados no Sistema


Interligado Nacional, ou seja linhas sem compensação e linhas compensadas em um ou nos
dois terminais. Em todos os casos estamos supondo os relés alimentados por Divisores
Capacitivos de Potencial localizados nas linhas de transmissão.

4.1.4.1 Linhas Sem Compensação Série

A Figura 4-9 mostra uma linha sem compensação, onde os ajustes sugeridos são:

ZL impedância de sequência positiva da linha

Irated corrente nominal do relé (1 ou 5 A)

89

22
Figura 4-9 – Linha Sem Compensação Série

4.1.4.2 Linhas Com Compensação Série em Apenas Um Terminal

A Figura 4-10 mostra uma linha com compensação série no terminal R.

Figura 4-10 – Linha Com Compensação Série em Um dos Terminais

Como o potencial de alimentação da proteção é fornecido pelo DCP de linha, o Capacitor Série
deve ser considerado como parte da impedância da fonte atrás do relé. Se a amplitude de XC
for maior que ZSR (impedância atrás da barra R), pode ocorrer inversão de tensão para faltas
na direção direta. Para evitar discriminação incorreta de direcionalidade, o ajuste de Z2F deve
ser maior que XC. Os valores de ajuste sugeridos são:

Relé do Terminal R

23
Relé do Terminal S

4.1.4.3 Linhas Com Compensação Série em Ambos os Terminais

A figura 4-11 mostra uma linha com compensação série em ambos os terminais.

Figura 4-11 – Linha Com Compensação Série em Ambos os Terminais

Os valores de ajuste sugeridos são:

Relé do Terminal R

Relé do Terminal S

24
4.1.5 Demais Unidades de Medida

As demais unidades de medida dos relés de distância, principalmente para as de falhas entre
fases, que são afetadas por oscilações e carregamentos elevados, não são necessárias nas
proteções de linhas de transmissão de Alta e Extra Alta tensão. Esta prática não é recomendada
para sistemas onde se utiliza filosofia de retaguarda local, para evitar que linhas sejam
desligadas durante contingências, evitando o agravamento das condições operativas do
sistema. A utilização destas unidades de medida requer cuidados especiais, conforme
mencionado no item 4.1.3.3.

As Unidades de medida de distância para falhas a terra, que não são afetadas pelo
carregamento pré-falta, não apresentam esta restrição e podem ser utilizadas a critério dos
Agentes.

4.1.6 Unidades de Partida

Estas unidades, que são inerentes a relés de fabricantes Europeus, têm o objetivo de
acrescentar segurança aos esquemas de proteção, e quando utilizarem medição de
impedância, devem ser ajustadas com alcances superiores aos alcances da maior zona de
medição utilizada. Unidades que utilizem outros métodos de partida devem ser ajustadas de
acordo com recomendação específica de cada fabricante e/ou critérios próprios dos Agentes.

A prática usual de colocar uma temporização associada a esta unidade para disparo não é
recomendada pelo ONS, a fim de evitar que linhas sejam desligadas durante contingências,
agravando as condições operativas do sistema.

4.1.7 Bandas Laterais das Características Quadrilaterais

As unidades de distância com características quadrilaterais permitem ajustes independentes


nas direções resistiva e reativa da característica de atuação. Normalmente os fabricantes
definem os valores máximos que devem ter as bandas laterais destas características, de modo
a respeitar os erros inerentes dos processos de medição. Normalmente estes alcances são
definidos em função dos alcances na direção reativa e do carregamento máximo da linha em
condições de emergência, para as unidades de fase e de terra que não sejam condicionadas à
presença de corrente de sequência zero. Desta forma estes ajustes devem sempre ser
baseados nas informações dos fabricantes, que constam dos manuais de aplicação de seus
produtos.

25
Na referência 2 está desenvolvido o cálculo de uma expressão que permite calcular a relação
R/X em função do alcance que se deseja para a característica da proteção. Esta expressão foi
determinada considerando erros de 10 (um grau elétrico) para os TC, 20 para os TP e de 0,20
para os relés, e resulta na curva apresentada a seguir:

Figura 4-12 – Ajuste das Bandas Laterais das Características Quadrilaterais

Esta expressão pode ser utilizada na falta de orientação específica do fabricante sobre as
limitações de ajuste de seus relés.

Deve se ter um cuidado especial na utilização de unidades de distância de característica


quadrilateral para proteção contra falhas entre fases, principalmente devido a possibilidade de
atuação das mesmas durante oscilações de potência e carregamentos elevados. Nestes casos
deve se restringir os alcances resistivos somente ao necessário para acomodação das
resistências de falta esperadas para falhas entre fases calculadas de acordo com os critérios
de cada Agente.

26
4.1.8 Unidades de Medida de Alta velocidade

Alguns relés possuem unidades de medida cuja característica é a rapidez de atuação e pouca
precisão, sendo mais rápidas que as unidades de medida convencionais. Estas unidades,
principalmente as de medida de zona 1, requerem muito cuidado em sua aplicação, não
podendo ser ajustadas do modo convencional sob pena de atuações incorretas para falhas
externas à linha. A existência de Compensação Série, na linha ou em linhas adjacentes,
normalmente inviabiliza a utilização das mesmas. A utilização das mesmas em esquemas de
teleproteção Permissivos de Sobrealcance (POTT) não apresenta problemas e os requisitos de
ajustes são os mesmos vistos para as unidades de distância convencionais.

4.2 Efeito do Acoplamento Mútuo de Sequência Zero nas Proteções de Distância de


Linhas de Transmissão Paralelas.

4.2.1 O problema do Acoplamento Entre Circuitos Paralelos

A existência de linhas paralelas compartilhando as mesmas torres ou a mesma faixa de


servidão são bastante comuns nas redes de Alta e Extra Alta Tensão.

Elas podem ter várias configurações em função da topologia da rede e de como elas estão
conectadas nos terminais. A Figura 4-13 mostra os tipos mais comuns de linhas acopladas.

27
Figura 4-13 – Tipos de Linhas de Transmissão Acopladas

A Figura 4-13Figura 4-13(a) mostra dois circuitos acoplados magneticamente que partem e
chegam nas mesmas subestações, e é o tipo mais encontrado.

A Figura 4-13Figura 4-13(b) mostra o caso de duas linhas que compartilham a mesma faixa de
servidão por uma distância d. As duas linhas partem de uma mesma subestação, mas se
destinam a subestações diferentes.

As Figura 4-13(c) e (d) mostram linhas independentes com caminhos comuns por uma distância
d. O caminho paralelo pode corresponder ao comprimento total da linha mais curta (c) ou um
caminho parcial (d).

Outro aspecto é que as linhas podem ser de mesmo nível de tensão ou de níveis de tensão
diferentes.

O acoplamento mútuo é baseado na lei da indução, que estabelece que a corrente cria um
campo magnético ao percorrer um condutor. Se este campo magnético enlaçar um ou mais
condutores, ele irá induzir tensões longitudinais nesses circuitos, conforme mostra a Figura 4-
14.

28
Figura 4-22Figura 4-14- Indução de Tensão Por Acoplamento

Na Figura 4-14, a tensão Vb é dada por :

Vb= ZM. Ia, onde ZM é a impedância mútua de sequência zero.

4.2.2 Influência na Impedância Medida Pelos Relés de Distância

A Figura 4-15 mostra o caso de duas linhas acopladas magneticamente com um curto-circuito
monofásico ocorrendo a uma distância (m) p.u do relé do terminal A. Este exemplo será utilizado
para determinar a impedância medida por este relé para esta falha, de modo a verificar a
influência da impedância mútua de sequência zero sobre a impedância medida pelo relé.

A Figura 4-16 mostra a associação dos 3 circuitos de sequência para a falha monofásica a uma
distância m do relé a partir da barra A, com o objetivo de determinar a tensão e a corrente
medidos pelo relé para esta falha.

29
Figura 4-15 Acoplamento Entre Dois Circuitos-Caso Geral

Figura 4-16 Associação dos Circuitos de Sequência Para Determinação da Impedância Medida

(1)

30
A expressão (1) mostra que para que o relé meça corretamente a impedância mZ1L até o ponto
de defeito ele tem que ser alimentado pela tensão do Loop de Falta (VA) e por uma corrente
que é dada por:

A expressão acima também pode ser escrita como:

IA + 3K0.I0 + K0m.I0p, onde:

K0,fator de compensação de sequência zero própria da linha, é dado pela expressão:

Z0L − Z1L
0 =
3Z1L

)*+
K 0m = ),-
, fator de compensação de sequência zero mútua com o circuito paralelo.

Então para que o relé meça corretamente a distância até o ponto de defeito ele deve ser
alimentado com uma corrente compensada, que leva em consideração os efeitos da
compensação de sequência zero própria da linha e da compensação de sequência zero mútua
com o circuito paralelo.

Não é usual utilizar compensação de sequência zero mútua nos relés de distância, pelas razões
que serão vistas.

4.2.3 Unidades de Medida de Distância Para Falhas à Terra

A Tabela 1 mostra os sinais de corrente e tensão e corrente que são utilizados pelas unidades
tradicionais de medida de distância para falhas fase-terra.

31
Tabela 4- Unidades de Medida de Distância Para Falhas a Terra-Sinais de Entrada

Estas unidades necessitam que a corrente de fase seja compensada pela corrente residual,
para que elas meçam corretamente a impedância

Ir= Ia + Ib + Ic

Onde Ia, Ib, e Ic são as correntes de fase e

Z0L é a impedância de sequência zero da linha.

Z1L é a impedância de sequência positiva da linha.

Considerando os circuitos acoplados da Figura 4-15, a expressão a seguir nos mostra a tensão
aplicada ao relé de distância para a falha mostrada, onde a corrente tem a forma Ia+ K0Ir,
conforme mostrado na tabela 1 para a unidade da fase A.

Dividindo a tensão Va pela corrente Ir, temos a impedância aparente medida pelo relé:

32
Observando a expressão de Z APP, vemos que ela possui uma parcela de erro, que é positiva
quando as correntes Ir e I0M fluem no mesmo sentido, o que provoca subalcance do relé e que
é negativa quando essas correntes fluem em sentidos contrários, o que provoca sobrealcance
do relé.

A unidade de distância sobrealcança quando a impedância medida é menor que a impedância


real existente entre o relé e o ponto de defeito e subalcança quando a impedância medida é
maior que a impedância real existente entre o relé e o ponto de defeito. Para a condição de
defeito mostrada na Figura 4-15, ZAPP é maior que Z1L e o relé subalcança. Para configurações
do sistema e condições de falta que façam com que as correntes Ir e I0M tenham sentidos
opostos, o relé sobrealcança.

4.2.4 Problemas Complexos de Acoplamento Mútuo

As direções relativas das correntes em linhas mutuamente acopladas, que determinam


condições de sub ou sobrealcance dos relés de distância, dependem da existência dos
acoplamentos mútuos, da topologia do sistema e da localização da falta. Essas condições
podem ser muito complexas. Além disso a topologia do sistema pode variar durante a falta por
causa de aberturas sequenciais de disjuntores.

A Figura 4-17 mostra duas linhas acopladas magneticamente com ligações comuns nas duas
subestações. Neste caso para falhas externas as correntes fluem no mesmo sentido nas duas
linhas e teremos subalcance do relé de distância da linha 1 na SE S. O subalcance da unidade
de medida de zona 1 não é problemático, mas o subalcance da unidade de medida de zona 2
é indesejável, porque temos que garantir que a zona 2 atue para todas as falhas internas à
linha.

33
Figura 4-17- Linhas Acopladas Com Subestações Comuns nos Dois Terminais

A Figura4-18 mostra a mesma situação apresentada na Figura 4-17, agora com o disjuntor de
interligação de barras na SE R aberto. Para a mesma falha, as correntes irão fluir em sentidos
opostos nas duas linhas, o que provoca sobrealcance do relé de distância da linha 1 na SE S.
O sobrealcance da unidade de medida de zona 2 não é problemático, mas o sobrealcance da
unidade de medida de zona 1 é indesejável, porque ocorrerá o desligamento incorreto da linha
1 para uma falha externa à linha.

Figura 4-18 Linhas Acopladas Com Subestações Comuns nos Dois Terminais-Disjuntor de
Interligação de barras Aberto

A Figura 4-18 mostra que, ocorrendo a abertura do disjuntor 3 para uma falha interna à linha 2,
com o disjuntor 5 de interligação de barras aberto, embora as correntes fluam em sentidos
opostos nas duas linhas, o relé 1 não terá problemas de medição, porque os circuitos de
sequência zero serão eletricamente isolados.

34
Figura 4-18 Linhas Acopladas Com Subestações Comuns nos Dois Terminais-Inversão da Tensão
de Polarização de Sequência Zero

As unidades de distância para falhas a terra também podem sobrealcançar quando a linha
paralela está isolada e aterrada em ambos os terminais, conforme mostrado na Figura 4-19.
Para uma falha monofásica na barra R a corrente de sequência zero induzida na linha 2 flui em
direção oposta à corrente na linha 1, provocando sobrealcance.

Figura 4-19 Linhas Acopladas-Circuito Paralelo Isolado e Aterrado em Ambos os Terminais

35
4.2.5 Métodos de Compensação dos Efeitos do Acoplamento Mútuo

4.2.5.1 Aplicação de Ajustes que levam em Consideração os Efeitos do Acoplamento


Mútuo

1.9.4.5.1 Este método consiste em determinar cuidadosamente os alcances dos elementos


de distância através do cálculo da impedância aparente medida considerando os efeitos do
acoplamento mútuo para todas as configurações práticas e localização de faltas.

Será utilizado o sistema da Figura 4-20. Considerando o relé de distância associado ao disjuntor
1 da linha 1, a zona 1 deve ser ajustada de modo a não alcançar falhas na barra R em nenhuma
circunstância. A zona 2 deve ser ajustada de modo a atuar para falhas no ponto F2 e não
subalcançar a barra R. Desta forma o sobrealcance causado pelo acoplamento mútuo deve ser
considerado no ajuste da zona 1 e o subalcance deve ser considerado no ajuste da zona 2 e
das demais zonas de sobrealcance, que são tipicamente utilizadas nos esquemas de
teleproteção por Sobrealcance (POTT).

Figura 4-20 Linhas Acopladas-Sistema Exemplo Para Cálculos dos Ajustes das Zonas 1 e 2

A Tabela 2 mostra as diferentes configurações do circuito paralelo e as impedâncias aparentes


medidas para cada uma destas situações.

Essas impedâncias aparentes foram obtidas da expressão:

36
Com as seguintes considerações:

As correntes de fase e residual (Ia) e (Ir) iguais

A corrente residual da linha acoplada é igual a corrente residual da linha protegida (Ir=3I0M)

Tabela 2- Impedâncias Medidas Para Diferentes Configurações do circuito Paralelo

O primeiro cenário da Tabela 2 é uma condição de subalcance, o segundo cenário corresponde


a uma medição correta de medição de impedância e o terceiro cenário corresponde a uma
condição de sobrealcance. Uma alternativa para lidar com este problema é selecionar ajustes
que acomodem os 3 cenários. Outra alternativa é a utilização de diferentes grupos de ajuste.

Na alternativa de utilização de ajustes fixos, a zona 1 deve ser ajustada para uma impedância
menor que a medida para o cenário 3, ou seja para a condição de linha paralela isolada e
aterrada em ambos os terminais. A zona 2 deve ser ajustada para uma impedância maior do
que a medida para o cenário 1, ou seja com ambos os circuitos em operação, situação que
provoca o maior subalcance, com um fator de segurança de 20%.

37
Existe um limite inferior de ajuste da zona 1, de cerca de 60% da impedância de sequência
positiva da linha, para que haja superposição das unidades de medida de zona 1 dos dois
terminais.

Outra alternativa para lidar com os 3 cenários apresentados na Tabela 2 é utilizar ajustes
adaptativos às diferentes condições de operação do circuito paralelo (linha paralela em serviço,
fora de serviço e fora de serviço e aterrada em ambos os terminais), considerando o
acoplamento mútuo efetivo nas diferentes condições de operação. Esta alternativa apresenta
alguns problemas de ordem prática para implementação, porque o estado do circuito paralelo
varia dinamicamente dependendo das condições dos disjuntores do circuito paralelo nos dois
terminais. A mudança dos ajustes pode ser muito lenta em tempo real para se adaptar às
mudanças de topologia e o usuário deve encontrar um ajuste que satisfaça aos 2 cenários de
linha paralela em operação e fora de operação. O terceiro cenário que corresponde a linha
paralela fora de operação e aterrada em ambos os terminais pode ser ativado manualmente
durante manutenções.

4.2.5.2 Utilização de Compensação pela Corrente de Sequência Zero do Circuito


Paralelo

A equação

Pode ser escrita sob a forma:

A expressão entre parêntesis da equação acima mostra a corrente necessária para o relé
eliminar os erros de medição. Esta corrente requer um termo adicional de compensação que
depende da corrente de sequência zero do circuito paralelo. Este método de compensação
possui os seguintes inconvenientes:

Necessita de fiação entre os painéis de proteção das linhas mutuamente


acopladas, o que nem sempre é possível quando as linhas terminam em subestações
diferentes.

38
Não é possível obter a corrente de sequência zero da linha paralela quando ela
estiver fora de operação para manutenção e aterrada em ambos os terminais.

Este método só elimina os erros de medição nos relés da linha sob defeito e pode
aumentar os erros dos relés das linhas sãs adjacentes.

Por estas razões não é aconselhável a utilização da corrente de sequência zero do circuito
paralelo para compensar os erros de medição introduzidos pelo acoplamento mútuo de
sequência zero entre circuitos paralelos.

4.2.5.3 Utilização de Fatores de Compensação pela Corrente de Sequência Zero (K0)


que Consideram o Efeito do Acoplamento Mútuo de Sequência Zero

Assumindo que a corrente de sequência zero na linha acoplada é igual à corrente residual da
linha protegida (Ir=3 I0M), para uma falta no final da linha com ambas as linhas em operação,
a expressão da tensão Va se torna:

O termo entre parêntesis que precede Ir é o valor modificado de K0 (K0’) requerido para eliminar
os erros de medição quando as duas linhas se encontram em serviço (primeiro cenário da
tabela 2).

Na Figura 4-20 para uma falta no final da linha, a corrente residual da linha paralela é:

Substituindo este valor na expressão da tensão e fazendo m=1 (falta no final da linha)

39
O termo entre parêntesis precedendo Ir na equação anterior é o valor K0 modificado (K0’’)
requerido para eliminar os erros de medição quando a linha paralela estiver isolada e aterrada
em ambos os terminais.(terceiro cenário da tabela 2)

Tabela 3- Valores de K0 Para Diferentes Condições de Operação do Circuito Paralelo

Utilizando ajustes fixos o usuário pode utilizar o ajuste K0’’ para a unidade de medida de zona
1 para evitar sobrealcance e o valor de K0’ para a zona 2 para evitar subalcance.

Utilizando grupos de ajuste o usuário pode utilizar o valor K0 para a zona 1 e K0’ para a zona
2 quando o circuito paralelo estiver em operação. Quando a linha paralela estive fora de
operação e aterrada em ambos os terminais o usuário pode utilizar k0’’ para a zona 1 e K0’
para a zona 2. Alternativamente pode ser utilizado o valor K0 para as zonas 1 e 2 se a linha
paralela estiver isolada e aterrada em apenas um ponto.

40
4.3 - Unidades de Sobrecorrente Direcionais

4.3.1 Unidades de Sobrecorrente Direcionais de Fase

Estas unidades não devem ser utilizadas nos esquemas de proteção das linhas de transmissão
de alta e extra-alta tensão, que possuem proteções de distância para a mesma finalidade. Além
disso, sua utilização pode impor limitação ao carregamento da linha de transmissão.

4.3.2 Unidades de Sobrecorrente Direcionais Residuais

São unidades de sobrecorrente que utilizam a corrente residual da linha como grandeza de
operação e são polarizadas pela tensão de sequência zero proveniente do DCP da linha ou
calculada pelo relé.

4.3.2.1 Utilizadas nos Esquemas de Teleproteção

Estas unidades, com direcionalidade na direção direta, têm o objetivo de atuar para falhas
internas de valores elevados de impedância de falta e devem ser bastante sensíveis.

Nos esquemas de teleproteção Permissivos de Sobrealcance elas dependem da recepção do


sinal Permissivo para dar disparo no Disjuntor local. Estes esquemas necessitam também de
unidades de sobrecorrente residuais, com direcionalidade na direção reversa, para bloqueio
das Lógicas de ECO e “Weak Infeed” para falhas externas à LT. Estas unidades devem ser
mais sensíveis que as unidades de sobrecorrente direcionais diretas do terminal remoto.

Os valores de ajuste de ambas as unidades dependem da prática de cada Agente, sendo normal
a utilização de valores de operação (“pick-up”) na faixa de 10% a 20% da corrente nominal do
TC.

4.3.2.2 Utilizadas Independentemente dos Esquemas de Teleproteção

Nestes casos as unidades de sobrecorrente direcionais residuais são utilizadas como


retaguarda para falhas internas à linha e como retaguarda para falhas monofásicas nos
barramentos remotos. Devem ser utilizadas características de tempo inverso e devem ser
coordenadas com as proteções das linhas e equipamentos que partem do barramento remoto.

Os valores de ajuste dependem da prática de cada Agente, sendo normal a utilização de valores
de operação (“pick-up”) na faixa de 10% a 20% da corrente nominal do TC.

41
4.3.3 Unidades de Sobrecorrente Direcionais de Seqüência Negativa

São unidades de sobrecorrente que utilizam a corrente de sequência negativa da linha como
grandeza de operação e são polarizadas pela tensão de sequência negativa proveniente do
DCP da linha ou calculada pelo relé.

4.3.3.1 Utilizadas nos Esquemas de Teleproteção

Estas unidades, com direcionalidade na direção direta, têm o objetivo de atuar para falhas
internas de valores elevados de resistência de falta e devem ser bastante sensíveis.

Nos esquemas de teleproteção Permissivos de Sobrealcance elas dependem da recepção do


sinal Permissivo para dar disparo no Disjuntor Local. Estes esquemas necessitam também de
unidades de sobrecorrente de sequência negativa, com direcionalidade na direção reversa,
para bloqueio das Lógicas de ECO e “Weak Infeed” para falhas externas à LT. Estas unidades
devem ser mais sensíveis que as unidades de sobrecorrente de sequência negativa diretas do
terminal remoto.

Os valores de ajuste de ambas as unidades dependem da prática de cada Agente, sendo normal
a utilização de valores de operação (“pick-up”) na faixa de 10% a 20% da corrente nominal do
TC.

4.3.3.2 Utilizadas Independentemente dos Esquemas de Teleproteção

Esta prática pode ser utilizada de maneira análoga à descrita no item 4.2.2.2 para as unidades
de sobrecorrente direcionais residuais.

4.3.4 Lógicas Adicionais dos Esquemas de Teleproteção

4.3.4.1 Lógicas de ECO e “WEAK INFEED”

Os esquemas de teleproteção Permissivos de Sobrealcance possuem lógicas especiais cujo


objetivo é permitir a abertura da linha, quando de falha interna, caso um dos terminais da
mesma esteja aberto ou ainda a contribuição de curto-circuito para falhas internas seja
insuficiente para provocar a atuação das proteções locais (Terminal Fraco). As filosofias destas
lógicas são:

 Retransmitir o sinal Permissivo recebido para o terminal remoto, sob condições


específicas (Lógicas de ECO);

42
 Permitir a abertura dos terminais “Fracos” em alta velocidade em condições de falhas
internas, sem depender de envio de sinal de transferência de disparo dos terminais
“Fortes”.

As filosofias das lógicas de ECO utilizadas pelos diferentes fabricantes não variam muito.
Basicamente as lógicas consistem em retransmitir o sinal Permissivo, recebido do terminal
remoto e mantido por um determinado tempo, descaracterizando ruídos no canal de
comunicação, se não tivermos atuação de nenhuma unidade direcional reversa (ou de proteção
local), caracterizando que a falha é interna à linha.

As principais temporizações envolvidas nesta lógica, que podem variar dependendo do


fabricante, são:

 Temporização de “pickup” da Lógica de ECO - esta temporização tem por objetivo


assegurar que as unidades reversas terão tempo suficiente para atuar para falhas
externas, bloqueando as lógicas de ECO e também assegurar que os sinais Permissivos
recebidos não são ruídos introduzidos nos canais de comunicação. Os ajustes típicos
para este temporizador são de 2 a 3 ciclos.
 Temporizador para Duração do Sinal de ECO - temporizador que define a duração do
sinal de ECO. Este temporizador evita que ambos os terminais mantenham os canais de
comunicação (sinal permissivo) num contínuo “trip chaveado”. É desejável manter o sinal
permissivo ecoado para o terminal remoto até que a falta seja eliminada. Esta
temporização deve ser maior que o tempo do canal de comunicação somado ao tempo
de abertura do Disjuntor remoto e a uma margem de segurança. Um valor típico para o
ajuste deste temporizador é 5 ciclos.

A lógica de “Week Infeed”, ou Trip por Fraca Alimentação, atua se forem satisfeitas as
condições de ECO e adicionalmente for detectada a condição de subtensão ou tensão residual
elevada no terminal. Estas condições são supervisionadas por uma unidade de subtensão
conectada entre fases e uma unidade de sobretensão residual para permitir o disparo local.

Um ajuste típico para a unidade de subtensão é entre 70% e 80% da tensão fase-fase
secundária do sistema.

A Unidade de sobretensão residual deve ser ajustada para pelo menos duas vezes a tensão
residual presente em condições normais de operação.

43
4.3.4.2 Lógicas de “Transient Blocking”

A eliminação não simultânea de falhas em linhas paralelas pode provocar reversão de corrente
em linhas sãs. Quando isto ocorre podemos ter atuações incorretas de esquemas de
teleproteção, do tipo Transferência de Disparo Permissivos de Sobrealcance (POTT). Os
esquemas de Subalcance não são afetados por este problema. A Figura 4-21 abaixo ilustra o
problema

Figura 4-21 – Reversão de Corrente na Linha Sã Após Eliminação de Falha em LT Paralela

A) Situação Inicial B) Situação Após a Abertura de B

A Figura 4-21-A mostra a situação inicial na ocorrência da falha próxima ao Disjuntor B na linha
1, com o fluxo de corrente na linha sã (linha 2) no sentido de C para D. Nesta situação o
esquema de proteção da linha sã funciona da seguinte forma:

 No instante da falta a proteção em C enxerga a falta na direção Direta, envia sinal


Permissivo para o terminal remoto, mas não atua para abrir o disjuntor em C em função
de não ter recebido sinal Permissivo do terminal remoto, pois para este terminal a falha
está inicialmente na direção reversa.

 A proteção em D, embora receba sinal Permissivo de C, não atua, pois a falha está na
direção reversa.

A Figura 4-21-B mostra que se o Disjuntor B abrir antes do Disjuntor A, o que é uma situação
normal na maioria dos esquemas de proteção, ocorrerá reversão de corrente na linha 2. Os
esquemas de teleproteção Permissivos de Sobrealcance apresentam tendência de atuações
incorretas nesta situação pela seguinte razão:

44
 Quando o Disjuntor B abre, a corrente reverte de direção na linha 2 e a proteção em D
enxerga a falha agora na direção direta. Se o sinal Permissivo enviado pela proteção em
C ainda estiver presente, a proteção em D atuará incorretamente.

Esta situação é agravada em linhas curtas e em linhas com Compensação Série.

Para evitar atuações incorretas nestas situações os esquemas de teleproteção do tipo


Transferência de Disparo Permissivos de Sobrealcance (POTT) são dotados de lógicas de
“Transient Blocking”, que devem ter suas temporizações ajustadas convenientemente. Estas
lógicas dependem do fabricante da proteção, mas como filosofia geral, devem atender aos
seguintes critérios:

 Devem permitir o Trip da proteção, por um certo intervalo de tempo, após a recepção de
sinal permissivo para falhas internas e não atuação de unidades reversas. Este tempo
geralmente é da ordem de 40 ms.
 Devem bloquear a proteção em D antes que o Disjuntor B abra, ou seja, antes que ocorra
reversão de corrente na linha sã.
 Devem resetear imediatamente quando da detecção de falhas internas na linha.

4.3.4.3 Lógica de Fechamento Sob Falta (SOTF)

Esta lógica está presente em todos os esquemas de proteção que utilizam relés de distância
alimentados por DCP (Divisores Capacitivos de Potencial) de linha. A lógica tem por objetivo
permitir a atuação da proteção em casos de energização de linhas com falha interna, por
exemplo, em casos de falhas permanentes provocadas por esquecimento de aterramentos de
linhas após manutenções. Nestes casos os relés de distância ficam inoperantes em função de
inexistência de tensão de polarização.

A lógica consiste em permitir durante certo tempo a atuação de uma unidade de sobrecorrente
não direcional após o fechamento do Disjuntor da linha. Após detecção de tensão normal na
linha, a lógica deve ser desativada.

A ativação da lógica depende do projeto de cada fabricante.

É importante salientar que esta lógica deve estar presente apenas no primeiro terminal da linha
a ser fechado. A lógica do outro terminal deve ser reseteada por tensão, após o fechamento
com sucesso do primeiro terminal. Quando o projeto da proteção não contemplar esta

45
facilidade, o ajuste do “pickup” do relé de sobrecorrente deverá ser superior à máxima corrente
de carga prevista na linha durante o processo de sincronização para que não ocorra a atuação
da lógica durante o fechamento do segundo terminal.

A corrente de “pickup” do relé de sobrecorrente, quando a lógica é reseteada por tensão, deverá
ser superior ao “Line Charging” da linha e inferior a corrente de curto mínima para falha no final
da linha. A temporização de permanência da lógica em operação deve ser de pelo menos 200
ms.

4.3.4.4 Lógica de “STUB BUS”

Esta lógica está presente em subestações com arranjo em Anel ou Disjuntor e Meio e é ativada
sempre que a linha está isolada por sua Chave Isoladora, através de um contato tipo “b” da
Chave. Seu objetivo é proteger o trecho de barramento compreendido entre os TCs e a Chave
Isoladora da linha, quando a mesma se encontra aberta. Um relé de sobrecorrente não
direcional é ativado, supervisionado por um contato tipo “b” da Chave Isoladora.

O único ajuste desta lógica é o valor de “pickup” do relé de sobrecorrente. Sugere-se ajustar
acima do maior valor de corrente de carga da linha (120% da corrente nominal do TC), para
evitar atuações incorretas em condições normais, em função de desajustes nos contatos
auxiliares das Chaves isoladoras de linha.

4.3.5 Lógica de Perda de Potencial

A Lógica de Perda de Potencial tem como objetivo principal evitar as atuações de relés de
distância e direcionais (relés que dependem de tensão de polarização para atuação correta)
em caso de perda da alimentação da tensão para os mesmos. Esta perda de alimentação pode
ser provocada pela abertura do Disjuntor termomagnético do secundário do DCP ou por
problema em cabo de controle. Esta lógica quando atuada deve bloquear as atuações dos relés
que dependem de tensão e emitir um alarme, conforme estabelecido no item 6.1.6 do
submódulo 2.6 dos Procedimentos de Rede.

O princípio de detecção de perda de potencial varia de acordo com o fabricante. Alguns utilizam
a presença de 3V0 simultaneamente à ausência de 3I0 como critério de detecção. Nestes casos
deve se tomar o cuidado com os ajustes, principalmente com o nível de 3V0 que não deve ser
muito baixo para não ocasionar atuações incorretas da lógica.

46
Outros fabricantes preferem a medição entre os ângulos das componentes de sequência das
correntes de falta. Independentemente do critério de detecção, a atuação deve ser a mesma.

Alguns fabricantes sugerem a utilização de funções de sobrecorrente de emergência, que são


ativadas quando da atuação da Lógica de Perda de Potencial, conforme item 4.3.6, apresentado
a seguir.

4.3.6 Funções de Sobrecorrente de Emergência

São funções de sobrecorrente não direcionais existentes em algumas proteções que são
ativadas pelas lógicas de detecção de perda de alimentação de tensão para os relés de
distância.

Tendo em vista que as proteções de linha são duplicadas e que nestes níveis de tensão temos
enrolamentos dos TP diferentes para cada proteção, recomenda-se que estas funções só sejam
ativadas quando ocorrer perda de potencial para as duas proteções.

A perda de potencial para os relés de distância deve ser alarmada e os relés que dependem de
tensão devem ser bloqueados.

4.3.7 Proteções de Sobrecarga nos Disjuntores Centrais em Subestações com


Arranjo Tipo Disjuntor e Meio

Esta função é realizada por um relé de sobrecorrente de tempo definido que detecta a corrente
circulando pelos Disjuntores centrais em subestações com arranjo tipo Disjuntor e Meio. Esta
função não consta do submódulo 2.6, dos Procedimentos de Rede, e o ONS não recomenda a
sua utilização como função de disparo. Esta condição de sobrecarga, que só ocorre em
condições de rede alterada ou contingências no sistema, deve ser tratada pela operação em
tempo real, a partir de alarmes de atuação desta função.

4.3.8 Proteções de Sobretensão

Os Procedimentos de Rede, em seu submódulo 2.6, item 6.2.3.6, estabelece que as linhas de
transmissão de alta e extra-alta tensão devem possuir proteção trifásica para sobretensões com
unidades instantâneas e temporizadas. As unidades instantâneas devem operar para
sobretensões que ocorram simultaneamente nas 3 fases, e as unidades temporizadas devem
atuar para sobretensões sustentadas em qualquer uma das fases. Como se trata de proteção
de caráter sistêmico, seus ajustes e necessidades de esquemas associados à teleproteção
devem ser definidos pelo ONS. Esta função não deve atuar sobre relés de bloqueio.

47
4.3.9 Religamento Automático e Check de Sincronismo

Os Esquemas de Religamento Automático e as condições de Check de Sincronismo estão


definidos nos itens 6.2.5 e 6.2.6 do submódulo 2.6 dos Procedimentos de Rede.

A referência 11, apresenta os benefícios obtidos pela adoção do religamento tripolar lento, com
tempos mortos da ordem de 3 s a 10 s, estratégia que vem sendo adotada desde 2002 nas
linhas que foram objeto de leilões de transmissão pela ANEEL.

As seguintes condições para religamento devem ser definidas pelo ONS, através de estudos
realizados em conjunto com os Agentes envolvidos:

 Tipo de Religamento a ser utilizado (mono ou tripolar);


 Terminais Líderes e Seguidores;
 Tempos mortos dos esquemas de Religamento Automático;
 Defasagens Angulares para check de sincronismo (no terminal seguidor, no esquema de
religamento tripolar);
 Diferenças de tensão para check de sincronismo (no terminal seguidor, no esquema de
religamento tripolar);
 Escorregamento de frequência para check de sincronismo (no terminal seguidor, no
esquema de religamento tripolar).
 Filosofia para reinserção da Compensação Série, no caso de linhas compensadas.
 Inserção automática de reatores.
 Valores limites de tensão para se considerar barra/linha viva/morta.
 Valores máximo/mínimo de tensão de linha/barra permitidos para religamento.

4.3.10 Esquemas de Proteção de Falha de Disjuntores

Todos os Disjuntores destes níveis de tensão possuem esquemas de proteção de falha, cujos
requisitos estão definidos no item 6.6 do submódulo 2.6 dos Procedimentos de Rede. Para
estes níveis de tensão a temporização do esquema é da ordem de 250 ms. A definição quanto
às atuações das funções de Retrip e de Zona morta, se instantânea ou temporizada, deve ficar
a critério de cada Agente, bem como o ajuste da corrente de supervisão do esquema, que deve
ser suficiente para detectar as condições de curto-circuito interno mínimo na linha de
transmissão.

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A supervisão de partida dos esquemas de falha de disjuntores de linha para atuações de
proteções de sobretensão, proteções de reatores de linha não manobráveis e recepção de sinal
de transferência de disparo, devem utilizar contatos normalmente abertos do Disjuntor em
paralelo com os contatos do relé de supervisão de corrente, tendo em vista que estas funções
não dependem de corrente na linha.

4.3.11 Oscilações de Potência e Perdas de Sincronismo

A filosofia básica adotada para proteção contra oscilações de potência é a de evitar os


desligamentos de linhas de transmissão durante oscilações estáveis de potência, através do
bloqueio adequado das unidades de medida de distância e de promover a separação de partes
do sistema durante condições de perda de sincronismo. As funções de bloqueio contra
oscilações de potência e de disparo por perda de sincronismo estão incluídas nas proteções de
linhas de transmissão, sendo que estas últimas são aplicadas apenas em determinadas linhas
de interligação, cujas necessidades são definidas através de estudos realizados pelo ONS.

4.3.11.1 Bloqueio Contra Oscilações de Potência

Estas funções detectam oscilações de potência e têm como objetivo bloquear as unidades de
distância passíveis de atuar nestas condições. O princípio básico de operação mais utilizado
no SIN consiste na medição da impedância aparente medida pelo relé no ponto de aplicação,
que apresenta uma variação gradual durante oscilações e uma variação abrupta durante um
curto-circuito. Durante um curto-circuito a impedância aparente varia da condição de pré-falta
para a condição de falta num tempo muito curto, alguns milissegundos. Por outro lado durante
uma oscilação de potência esta variação é gradual, o que permite que o relé detecte esta
condição.

A implementação das funções de detecção de oscilação de potência é feita através da utilização


de duas unidades de medida independentes e um temporizador. Se a impedância medida
permanecer entre as duas unidades de medida por um tempo superior a um tempo ajustável,
fica caracterizada uma condição de oscilação de potência e os relés de proteção da linha devem
ser bloqueados.

Várias unidades de medida têm sido utilizadas na implementação das funções de bloqueio
contra oscilações de potência, e a Figura 4-22 (referência 14) mostra algumas utilizadas no SIN
(duplo blinder (a), polígonos concêntricos (b) e círculos concêntricos (c)).

49
Figura 4-22 – Características das Unidades de Bloqueio Contra Oscilações de Potência

Para garantir que haverá tempo suficiente para bloquear as atuações dos relés de distância
para falhas entre fases quando uma oscilação de potência for detectada, o elemento de
medição mais interno da lógica deve englobar a maior característica dos relés de distância da
linha que se quer bloquear. O elemento de medição mais externo, deve ser afastado da região
de carga, para evitar atuações incorretas durante condições de carregamentos elevados. A
Figura 4-22(b) mostra este conceito para o caso de utilização de características de polígonos
concêntricos.

A temporização para atuação e desatuação da lógica de bloqueio contra oscilações de potência


deve ser ajustada em função dos alcances das duas unidades de medida (Inner/Outer) e da
maior velocidade da oscilação que se quer detectar. Esta velocidade da oscilação deve ser
obtida de estudos de estabilidade transitória fornecida pelo ONS.

Atualmente as unidades de medida de distância de zonas 2 e superiores e as unidades de


medida de distância associada aos esquemas de teleproteção são bloqueadas pelas lógicas de
detecção de oscilação de potência, ficando liberada apenas a atuação da unidade de medida
de zona 1.

4.3.11.2 Disparo por Perda de Sincronismo

As proteções de disparo por perda de sincronismo devem discriminar as oscilações estáveis


das oscilações instáveis e providenciar os desligamentos necessários em casos de perda de
sincronismo. Estas proteções estão localizadas em pontos estratégicos do sistema definidos

50
pelo ONS. Atualmente existem proteções de Perda de Sincronismo instaladas e em operação
nas seguintes linhas de transmissão de alta e extra alta tensão:

 LTs 765 kV Foz do Iguaçu - Ivaiporã, em ambos os terminais.


 LTs 765 kV Ivaiporã - Itaberá, em ambos os terminais.
 LTs 765 kV Itaberá – Tijuco Preto, em ambos os terminais.
 LT 500 kV Serra da Mesa – Gurupi C1, em Serra da Mesa.
 LT 500 kV Gurupi – Miracema C1, em Gurupi.
 LT 500 kV Gurupi – Miracema C2, em Gurupi.

 LT 500 kV Gurupi – Miracema C3, em Gurupi.


 LT 500 kV Miracema – Colinas C1, em Miracema.
 LT 500 kV Miracema – Colinas C3, em Miracema.
 LT 500 kV Serra da Mesa 2-Peixe 2, em Serra da Mesa 2.
 LT 500 kV Bom Jesus da Lapa 2 – Rio das Éguas, em Bom Jesus da Lapa 2.
 LT 500 kV Ribeiro Gonçalves – Colinas C1, em Ribeiro Gonçalves.
 LT 500 kV Ribeiro Gonçalves – Colinas C2, em Ribeiro Gonçalves.
 LT 500 kV Presidente Dutra – Teresina II C1, em Presidente Dutra.
 LT 500 kV Presidente Dutra – Teresina II C2, em Presidente Dutra.
 LT 500 kV Teresina II – Sobral III, em Sobral III
 LT 500 kV Presidente Dutra – Boa Esperança, em Presidente Dutra.
 LT 500 kV Bateias – Ibiúna, em Bateias.
 LT 525 kV Londrina – Assis, em Assis

Os Agentes devem ajustar as proteções de Perda de Sincronismo em função de condições de


sistema definidas pelo ONS e de acordo com as características dos relés e das instruções de
ajuste dos fabricantes.

51
5. PROTEÇÕES DE REATORES SHUNT
Os Reatores Shunt devem dispor de três sistemas de proteção independentes, de acordo com
os procedimentos de Rede: proteção unitária; proteção gradativa; e proteção intrínseca, que
deve ser ajustada de acordo com a recomendação de seu fabricante.

As proteções unitárias e gradativas podem ser utilizadas nos seguintes esquemas de proteção,
dependendo do projeto e disponibilidade de TC:

a) Com TC antes do fechamento do neutro e no neutro no Reator (bancos de reatores


monofásicos)
Figura 5-1 – TC Antes do Fechamento do neutro e no Neutro do Reator

52
b) Sem TC no neutro do Reator

Figura 5-2 – Sem TC no Neutro do Reator

5.1 Proteções Unitárias


As proteções unitárias dos Reatores são as Proteções Diferenciais por fase e de Terra Restrita.

5.1.1 Proteção Diferencial de Fase e de Terra Restrita

O ajuste da corrente de “pickup” do relé deve ser o mais sensível possível considerando uma
margem de segurança de tal forma que se evite operações incorretas causadas por erros de
medições (TC e relé) ou corrente de excitação do reator.

Para agregar segurança à proteção diferencial, os elementos diferenciais devem utilizar


característica diferencial percentual com inclinação (“slope”) simples ou dupla.

Para evitar a operação incorreta do relé diferencial de fase em condições de energização do


reator, durante eliminação de falha externa (corrente de “inrush” em função de normalização
de tensão) ou ainda durante manobras ou sobretensões no sistema, devem ser utilizados os
harmônicos de segunda e quinta ordem nas lógicas de restrição ou bloqueio por harmônicos.

53
5.2 Proteções Gradativas
As Proteções Gradativas dos Reatores são as seguintes:

 Lado de AT - Proteções de Sobrecorrente de Fase (50/51) e Proteção de Sobrecorrente


Residual (50/51N).

 Lado do Neutro - Proteções de Sobrecorrente Residuais (50/51N) ou Proteções de


Sobrecorrente de Neutro (50/51 G).

5.2.1 Proteções de Sobrecorrente de Fase do lado de AT

O valor de “pickup” da unidade temporizada deve ser ajustado acima da corrente de carga do
Reator, considerando uma sobretensão de 15% e adotando-se uma margem de segurança de
cerca de 10%. A curva de tempo deve ser selecionada de modo a que o relé não atue ou atue
em tempos superiores a 1,0 s para a máxima corrente de contribuição do Reator para uma falha
fase-terra na Barra adjacente.

Esta proteção serve como proteção de retaguarda para o Reator, desta forma o ONS
recomenda apenas a utilização das unidades temporizadas.

5.2.2 Proteções de Sobrecorrente Residuais do lado de AT

O valor de “pickup” da unidade temporizada deve ser ajustado o mais sensível possível,
servindo como retaguarda para falhas em grande parte dos enrolamentos do Reator. Um valor
prático de ajuste é 10% da corrente nominal do TC. A curva de tempo deve ser selecionada de
modo a que o relé atue num tempo de 1,0 s a 1,5 s para a máxima corrente de contribuição do
Reator para uma falha fase-terra na Barra adjacente.

Esta proteção serve como proteção de retaguarda para o Reator, desta forma o ONS
recomenda apenas a utilização das unidades temporizadas. Caso o Agente utilize unidades
instantâneas, os seus ajustes devem ser otimizados através de simulações utilizando
programas de transitórios, como o ATP ou PSCAD, associado a uma representação acurada
dos elementos efetivamente instalados na rede, ou através de testes utilizando RTDS.

54
5.2.3 Proteções de Sobrecorrente de Neutro ou Residuais do lado de Neutro do
Reator

O valor de “pickup” da unidade temporizada deve ser ajustado o mais sensível possível,
servindo como retaguarda para falhas em grande parte dos enrolamentos do Reator. Um valor
prático de ajuste é 10% da corrente nominal do TC. A curva de tempo deve ser selecionada de
modo a que o relé atue num tempo de 1,0 s a 1,5 s para a máxima corrente de contribuição do
Reator para uma falha fase-terra na Barra.

Esta proteção serve como proteção de retaguarda para o Reator, desta forma o ONS
recomenda apenas a utilização das unidades temporizadas. Caso o Agente utilize unidades
instantâneas, os seus ajustes devem ser otimizados através de simulações utilizando
programas de transitórios, como o ATP ou PSCAD, associado a uma representação acurada
dos elementos efetivamente instalados na rede, ou através de testes utilizando RTDS.

5.3 Considerações Adicionais na Utilização de Proteção de Reatores

A referência 12 “Estudos de Eventos de Manobras e Falhas Internas e Externas em Reatores


Shunt de Linhas de Transmissão Utilizando o Programa ATP para verificação do
Comportamento de Suas Proteções” apresenta uma série de conclusões à respeito das
proteções de Reatores em função de estudos realizados para dois tipos de Reatores de
diferentes níveis de tensão e de configurações, sendo as principais relacionadas a seguir:

 Para Reatores aterrados através de Reator e Resistor de aterramento

Como a sensibilidade da proteção diferencial diminui à medida que a falha se aproxima do


neutro do Reator, agravada nestes casos quando são utilizados resistor e Reator de
aterramento, é recomendável a utilização de proteção diferencial de terra restrita nestes tipos
de Reatores.

A aplicação da proteção de sobrecorrente de neutro de Reatores nestes tipos de arranjos é


limitada, em função das baixas correntes de curto-circuito para falhas internas próximas ao
neutro dos mesmos, onde se espera maior eficiência da mesma. Ressalta-se que o aumento
da sensibilidade dessa proteção implica em risco de atuações incorretas da mesma, para falhas
externas ou manobras no sistema, o que só poderia ser corrigido através do aumento de sua
temporização. Desta forma reforça-se a necessidade de utilização da proteção diferencial de
terra restrita neste caso.

55
 Para Reatores aterrados solidamente

Nestes tipos de arranjos deve-se ter o maior cuidado na definição das características dos
Transformadores de Corrente (classe de exatidão e relações de transformação). Relações mais
baixas aumentam a sensibilidade das proteções, entretanto aumenta a probabilidade de
saturação para falhas internas próximas às buchas. Relações mais elevadas diminuem a
probabilidade de saturação dos TC, entretanto diminuem também a sensibilidade das
proteções.

Para estes tipos de Reatores um fator agravante é o acoplamento mútuo existente entre
circuitos paralelos, que provoca sobrecorrente sustentada no neutro dos Reatores, mesmo com
a Linha desenergizada, bastando que os circuitos paralelos estejam em operação. Nestes
casos é necessário desativar as proteções de sobrecorrente de neutro para evitar suas
atuações incorretas, implicando na necessidade de utilização de proteção diferencial de terra
restrita.

 Conclusões gerais

É recomendável a utilização de proteção diferencial de terra restrita em todos os Reatores de


alta tensão independentemente da sua aplicação.

É recomendável que os ajustes das proteções de Reatores sejam otimizados através de


simulações utilizando programas de transitórios, como o ATP ou PSCAD, associado a uma
representação acurada dos elementos efetivamente instalados na rede, ou através de testes
utilizando RTDS.

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6. PARTICIPAÇÃO DOS AGENTES

Os seguintes Agentes enviaram as informações solicitadas relativas às proteções de suas


unidades geradoras:
ATE
CEMIG
COPEL
ELETRONORTE
FURNAS
INTESA
SC ENERGIA
TAESA
TBE
ELETROSUL
CHESF
CTEEP

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7. REFERÊNCIAS

Referência 1 - Transmission Line protection System for Increasing Power System


Requirements- Armando Guzmán, Joe Mooney, Gabriel Benmouyal, Normann Fissher.
Schweitzer Enginnering Laboratories,Inc. Pullman,WA USA

Referência 2 - Application Guidelines for Ground Fault Protection, Joe Mooney, P.E,
Jackie Peer. Schweitzer Enginnering Laboratories,Inc.

Referência 3 - Advanced Application Guidelines for Ground Fault Protection, George E.


Alexander, Joe Mooney, William Tyska. Schweitzer Enginnering Laboratories,Inc.
Pullman,WA USA

Referência 4 - Applying The SEL-321 Relay on Series-Compensated Systems, Joseph


B. Mooney and George E.Alexander Schweitzer Enginnering Laboratories,Inc.
Pullman,WA USA

Referência 5 - Advances in Series-Compensated Line Protection, Joseph B. Mooney,


Hector J. Altuve and George E. Alexander Schweitzer Enginnering Laboratories,Inc.
Pullman,WA USA

Referência 6 - Capacitive Voltage Transformers: Transient Overreach Concerns and


Solutions for Distance Relaying, Daqing Hou and Jeff Roberts Schweitzer Enginnering
Laboratories,Inc. Pullman,WA USA

Referência 7 - Typical Expected Values of The Fault Resistance in Power Systems,


Virgilio de Andrade, Elmer Sorrentino, Universidad Simón Bolívar, Caracas, Venezuela

Referência 8 - Numerical Distance Protection, Principles and Applications- Gerhard


Ziegler

Referência 9 - Digital Communications for Power System Protection: Security,


Availability and Speed. Edmund O Schweitzer III, Ken Behrendt and Tony Lee.
Schweitzer Enginnering Laboratories, Inc. Pulman, WA USA

58
Referência 10 - Rebirth of Negative-Sequence Quantities in Protective Relaying With
Microprocessor-Based Relays- Fernando Calero. Schweitzer Enginnering Laboratories,
Inc. La Paz, Bolívia

Referência 11 - Adoção do Religamento Tripolar Lento: Benefícios para o Desempenho


do SIN e para Concessionárias de Transmissão. Alexandre Garcia Massaud, Antonio
Felipe da Cunha de Aquino, ONS-Operador Nacional do Sistema Elétrico.

Referência 12 - Estudo de Eventos de Manobras e Falhas Internas e Externas em


Reatores Shunt de Linhas de Transmissão Utilizando o Programa ATP para verificação
do Comportamento de Suas Proteções. Antonio Carlos da Rocha Duarte, Tatiana Maria
Tavares de Souza Alves, Henildo Medeiros de Barros – ONS - Operador Nacional do
Sistema Elétrico, Roberto Campos de Lima, Jayme Evaristo da Silva Filho- Furnas
Centrais Elétricas S.A.

Referência 13 - HV Shunt Reactor Secrets for Protection Engineers, Zoran Gajié, Birger
Hillström- ABB Sweden, Västeras, Sweden, Fahrudin Mekié, ABB Inc

Referência 14 - Out Of Step Protection Fundamentals and Advancements, Demetrius A.


Tziourvars, Schweitzer Enginnering Laboratories, Inc. Vacaville, CA USA, Daqing Hou,
Schweitzer Enginnering Laboratories, Boise ID, USA

Referência 15- Numerical Distance protection- Principles and Applications- Gerhard


Ziegler

Referência 16- Network Protection & Automation Guide-Protective Relays,


Measurement &Control-Alstom

Referência 17- Ground Distance Relaying: Problems and Principles, G.E.Alexander,


J.G.Andrichak-General Electric Company

Referência 18- Consideration of Speed, Dependability, and Security in Pilot Relaying


Schemes

Referência 19- Application of Out-of-Step Blocking and Tripping Relays, John Berdy

Referência 20- Dynamic Characteristics of Mho Distance Relays, S.B. Wilkinson and
C.A. Mathews.

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Referência 20- Protecting Mutually Coupled Transmission Lines:Chalenges and
Solutions, Demetrios A. Tziouvaras; Hector J. Altuve and Fernando Calero; Scwitzer
Engineering laboratories, Inc..

Referência 21- Mutual Impedance in Parallel Lines-Protective Relaying and Fault


Location Considerations, Fernando Calero; Scwitzer Engineering laboratories, Inc..

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8. CRÉDITOS

Este trabalho foi elaborado pela Diretoria do Planejamento da Programação – DPP, na Gerência
de Estudos Especiais Proteção e Controle – GPE, tendo participado da sua elaboração os
seguintes profissionais:

Colaboradores:
Antonio Carlos da Rocha Duarte – GPE1
Tatiana Maria tavares de Souza Alves – GPE1
Alexandre Andrade Torres – GPE1

Gerente:
Alexandre Garcia Massaud – GPE1

Gerente Executivo:
Mauro Pereira Muniz – GPE

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