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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

GUILHERME REZENDE MONTEIRO ALVES

VINICIUS SILVA NEVES

Orientador: Prof. Dr. Salvador Pinillos Gimenez

TURBINA EÓLICA INTELIGENTE

São Bernardo do Campo, SP


2022
CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

GUILHERME REZENDE MONTEIRO ALVES

VINICIUS SILVA NEVES

Orientador: Prof. Dr. Salvador Pinillos Gimenez

TURBINA EÓLICA INTELIGENTE

Trabalho parcial de Conclusão de Curso apresentado ao


Centro Universitário FEI, como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Elétrica, sob orientação do Prof. Dr. Salvador
Pinillos Gimenez.

São Bernardo do Campo, SP


2022

2
Eu, Guilherme Rezende Monteiro Alves, dedico a este projeto aos meus pais Marisa e
Marcio que me deram todo o suporte necessário e me apoiaram nos momentos difíceis que tive
em minha jornada. Dedico também à minha namorada Ana Carolina que me apoiou na
realização desse trabalho e aos meus avós José Seixas de Rezende e Terezinha de Oliveira
Alves, que estiveram comigo nos meus pensamentos.

Eu, Vinicius Silva Neves, dedico este projeto de conclusão de curso primeiramente aos
meus pais, que me deram apoio e força para superar as barreiras de uma faculdade de
engenharia, agradeço imensamente aos meus irmãos, Rafael e Lucas Neves, pela parceria e
apoio nos momentos difíceis.

3
AGRADECIMENTOS

O grupo agradece ao nosso orientador Professor Doutor Salvador Pinillos Gimenez que
aceitou a proposta de nos orientar neste grande desafio e que nos ajudou com os conhecimentos
necessários para execução desse trabalho.

Eu, Guilherme Rezende Monteiro Alves, agradeço primeiramente a Deus, que me fez
ter fé a todo momento de minha trajetória, ao Engenheiro Eletricista Renato Marques Costa que
tanto me ensinou sobre Turbinas e Parques Eólicos. Agradeço também a todos os meus amigos
que estiveram comigo nos momentos difíceis, ao corpo docente da FEI, que nos direciono

Eu, Vinicius Silva Neves, registro neste texto meu agradecimento primeiramente a
Deus, que me deu energia e fé, agradeço imensamente aos professores e funcionários do corpo
docente da FEI, que foram excelentes nesta jornada, agradeço aos profissionais que me
acompanharam em minha jornada de estágio e me ensinaram muito sobre o trabalho e
responsabilidade de um engenheiro.

Eu, Vinicius Silva neves, gostaria de dizer que sem dúvidas o maior combustível que
me trouxe até aqui foi o amor e o respeito pela família, meus pais, Anderson e Daniela Neves,
e meus irmãos Rafael e Lucas Neves me fazem ir além das minhas limitações. Gostaria de
agradecer em especial a minha namorada, Isabella Urban, pelo apoio e parceria em todos os
momentos.

4
“Off all the forces of nature, I should think
the wind contains the greatest amount of
power”

Abraham Lincoln
5
RESUMO

A humanidade necessita, cada dia mais, de um futuro movido pelas energias renováveis.
Em um mundo dominado pela poluição causada por combustíveis fósseis, vê-se a enorme
necessidade de um investimento em fontes renováveis para obtenção de energia elétrica.

A energia renovável resulta de fontes inesgotáveis, provindas da natureza, para geração


de energia elétrica, como a energia eólica que utiliza o vento como fonte de energia. O vento
carrega em si um enorme potencial energético, pois utiliza da energia cinética para geração de
energia elétrica, cujo processo será explicado mais adiante.

O objetivo deste trabalho não é a criação de uma nova fonte de energia, mas sim o
aperfeiçoamento de uma microturbina eólica, aplicando tecnologia para o desenvolvimento de
um sistema que executa a rotação da Nacele a fim de direcionar o rotor na direção do vento. O
sistema de controle de posição em uma turbina eólica permite otimizar a potência elétrica e
reduzir os danos nas pás causado pelo vento. Tal objetivo é baseado em aerogeradores de grande
porte, cuja teoria é abordada nesse trabalho.

Neste trabalho estuda-se o método de controle de posicionamento do rotor em direção


ao vento através de um microcontrolador ligado a um motor. Também será realizada a coleta e
armazenamento de dados a uma interface web. Para tal método, foi adquirido uma microturbina
eólica padrão e configurados todos os parâmetros necessários para o controle de posição da
Nacele, mais conhecido como sistema Yaw.

As turbinas eólicas de pequena escala podem ser uma ótima opção para quem está
buscando gerar sua própria energia de fonte renováveis. Turbinas eólicas, quando instaladas em
locais apropriados, podem apresentar ótima geração de eletricidade. Portanto, o foco é aplicar
tecnologias de controle, processamento, armazenamento e análise de dados a fim de elevar o
rendimento do gerador eólico, assim como apresentar os dados analisados para o usuário.

Palavras-chave: Turbina eólica, controle de posição, sistema Yaw.

6
ABSTRACT

Humanity is in great need of a future powered by renewable energies. In a world


dominated by fossil fuels' pollution, there's necessity to invest in renewable sources to generate
electrical energy.

Renewable energy results from inextinguishable sources from nature to generate


electricity, such as wind energy that uses the wind as a source of energy. The wind itself carries
an enormous energetic potential, as it uses the kinetic energy from the wind to generate
electrical energy, which process will be explained later.

The aim of this project is not the creation of a new energy source, but the improvement
of a wind microturbine, applying technology to develop a system that rotates the Nacele in order
to direct the rotor towards the wind. The position control system in a wind turbine makes it
possible to optimize electrical power and reduce damage to the blades caused by the wind. This
objective is based on large wind turbines, which theory is addressed in this work.

This work approaches the method of controlling the rotor positioning in the
wind, through a microcontroller connected to a motor. In addition, there will be a research and
storage of data to an interface to the user. For this method, a standard micro wind turbine was
purchased and all the necessary parameters for Nacelle's position control were configured,
better known as the Yaw system.

Wind microturbines could be a great option for anyone looking to generate their own
energy from renewable sources. Wind turbines, when installed in appropriate locations, can
provide excellent electricity generation, therefore, the focus is to apply control technology,
processing, storage, and data analysis technologies in order to increase the wind microturbine
efficiency, as well as presenting the analyzed data to the user.

Keywords: Wind turbine, position control, yaw system.

7
LISTA DE TABELAS

TABELA 1: A ESCALA DE BEAUFORT ............................................................................. 34


TABELA 2 – ESPECIFICAÇÕES AEROGERADOR NOTUS MARINE ............................ 44
TABELA 3 – CONDIÇÕES DE TRABALHO DA FUNÇÃO WIFI ..................................... 47
TABELA 4 – CLASSIFICAÇÃO E DESCRIÇÃO DOS PINOS DO ESP-32 ....................... 48
TABELA 5 – DRIVE MOTOR DE PASSO ............................................................................ 56

8
Lista de figuras

FIGURA 1: EXEMPLO DE UMA TURBULÊNCIA DO VENTO EM BAIXAS


ALTITUDES ........................................................................................................................... 15
FIGURA 2: PERFIL DO COMPORTAMENTO DO VENTO COM E SEM
OBSTÁCULOS ....................................................................................................................... 15
FIGURA 3: EXEMPLO DOS COMPONENTES QUE INTEGRAM UMA TURBINA
EÓLICA TÍPICA ................................................................................................................... 17
FIGURA 4: EXEMPLO DE UMA NACELE DE UMA TURBINA EÓLICA ................. 18
FIGURA 5: EXEMPLO DE UM CUBO DE UMA TURBINA EÓLICA......................... 20
FIGURA 6: ANEL DE ENROLAMENTO DO SISTEMA YAW ...................................... 23
FIGURA 7: CARACTERÍSTICAS DE UMA TURBINA EÓLICA DE GRANDE
PORTE .................................................................................................................................... 24
FIGURA 8: MECANISMOS DE UM AEROGERADOR .................................................. 26
FIGURA 9: ILUSTRAÇÃO DO FLUXO VOLUMÉTRICO ............................................ 27
FIGURA 10: VELOCIDADE E PRESSÃO AO LONGO DA TURBINA ........................ 29
FIGURA 11: CURVA DO COEFICIENTE DE POTÊNCIA ............................................ 31
FIGURA 12: POTÊNCIA X INTENSIDADE DO VENTO ............................................... 32
FIGURA 13: FLUXOGRAMA DO SISTEMA EÓLICO .................................................. 35
FIGURA 14: ANEMÔMETRO ............................................................................................. 36
FIGURA 15: LEME DE DIREÇÃO ..................................................................................... 37
FIGURA 16: SENSOR DE CORRENTE ............................................................................. 38
FIGURA 17: PROTOCOLO DE COMUNICAÇÃO MESTRE-ESCRAVO ................... 39
FIGURA 18: ELEMENTOS DE UMA PÁ EÓLICA.......................................................... 40
FIGURA 19: COMPARAÇÃO ENTRE O CONTROLE PITCH E STALL. ................... 41
FIGURA 20: TURBINA NOTUS MARINE I ...................................................................... 42
FIGURA 21: TURBINA NOTUS MARINE II .................................................................... 43
FIGURA 22: POTÊNCIA DA TURBINA NOTUS MARINE ........................................... 44
FIGURA 23: CORRENTE DA BATERIA DE 12V ............................................................ 45
FIGURA 24: ESP32 ............................................................................................................... 46
FIGURA 25: PINAGEM NODEMCU-32S ......................................................................... 48
FIGURA 26: DASHBORD EM FUNCIONAMENTO ONLINE ...................................... 51
FIGURA 27: PÁGINA INICIAL IOT CLOUD .................................................................. 52
FIGURA 28: MONITOR SERIAL ONLINE ...................................................................... 53
FIGURA 29: ILUSTRAÇÃO DA TELA DO APLICATIVO ARDUINO IOT CLOUD 53

9
FIGURA 30: MOTOR DE PASSO NEMA 23 ..................................................................... 54
FIGURA 31: DRIVE MOTOR DE PASSO3535 - DC FULL/HALF STEP DRIVE ....... 55
FIGURA 32: CIRCUITO ANEMÔMETRO ....................................................................... 58
FIGURA 33: CIRCUITO BIRUTA ...................................................................................... 59
FIGURA 34: CONTROLADOR DE CARGA CIRCUITO ............................................... 60
FIGURA 35: CONTROLADOR DE CARGA ..................................................................... 61
FIGURA 36: FOTOGRAGIA DO SISTEMA DE CONTROLE DESENVOLVIDA
PARA ESTE PROJETO ........................................................................................................ 62
FIGURA 37: CIRCUITO FINAL UTILIZANDO BATERIA ........................................... 63
FIGURA 38: CIRCUITO FINAL UTILIZANDO RESISTOR DE POTÊNCIA ............ 64
FIGURA 39: CIRCUITO GERAL ....................................................................................... 64
FIGURA 40: ROSA DOS VENTOS ..................................................................................... 65
FIGURA 41: ACOPLAMENTO REALIZADO NO PROTÓTIPO 1 ............................... 69
FIGURA 42: ACOPLAMENTO REALIZADO DO PROTÓTIPO 2 ............................... 70
FIGURA 43: ACOPLADOR MECÂNICO UTILIZADO .................................................. 71
FIGURA 44: ROLAMENTO AXIAL. ................................................................................. 71
FIGURA 45: SUPORTE PARA O EIXO E ROLAMENTO AXIAL. .............................. 72
FIGURA 46: EIXO/COLUNA DA NACELE EM AÇO ..................................................... 73
FIGURA 47: ROLAMENTO RADIAL ADICIONADO NA CORREÇÃO ..................... 73
FIGURA 48: CONTROLE DE PASSO ................................................................................ 74

10
SIMBOLOGIA

𝐴 Área (m2)
𝐶𝑝 Coeficiente de potência (~0,59)
𝐸(𝑠) Sinal medido (V)
𝛥𝐸 Variação da energia cinética (J)
ℎ Altura do solo (m)
𝐾 Constante de Von Kármán (~0,4)
𝐾𝑑 Ganho derivativo (adimensional)
𝐾𝑖 Ganho integral (adimensional)
𝐾𝑝 Ganho proporcional (adimensional)
𝑃 Potência (W)
𝑃𝑚𝑎𝑥 Potência máxima (W)
𝑄 Fluxo volumétrico (m3/s)
𝑟 Raio (m)
SCADA Supervisory control and data acquisition
𝑇 Torque (Nm)
𝑈(𝑠) Sinal de controle (V)
𝑢 Velocidade de atrito do vento (m/s)
𝑣 Velocidade do vento (m/s)
𝑊𝑟 Velocidade angular do rotor (rad/s)
𝑍0 Comprimento de rugosidade (m)
𝜃 Ângulo de passo (rad)
𝜌 Massa específica de ar (kg/m3)

11
Sumario

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
1.1 CENÁRIO ATUAL DA GERAÇÃO DE ENERGIA ..................................................... 14
1.2 BREVE HISTÓRICO DAS TURBINAS EÓLICAS ...................................................... 16

2 COMPONENTES DO SISTEMA EÓLICO ..................................................................... 17


2.1 NACELE......................................................................................................................... 18
2.2 CAIXA DE ENGRENAGENS ....................................................................................... 19
2.3 CUBO ............................................................................................................................. 20
2.4 PÁS ................................................................................................................................. 20

3 SISTEMAS EÓLICOS ........................................................................................................ 21


3.1 SISTEMA PITCH ........................................................................................................... 21
3.2 CONTROLE DE POTÊNCIA PELO SISTEMA PITCH ............................................... 21
3.3 SISTEMA YAW .............................................................................................................. 22
3.4 NÚMERO DE PÁS DA TURBINA EÓLICA ................................................................ 25

4 O VENTO ............................................................................................................................. 27
4.1 ESTUDO DO VENTO .................................................................................................... 27
4.2 VELOCIDADE E POTÊNCIA EXTRAÍDA DO VENTO............................................. 31

5 TECNOLOGIA EMBARCADA EM NOSSA TURBINA ............................................... 35


5.1 SENSORES E COMPONENTES ................................................................................... 36
5.1.1 Anemômetro ....................................................................................................................................... 36
5.1.2 Sensor leme de direção ....................................................................................................................... 37
5.1.3 Wattímetro ......................................................................................................................................... 37
5.1.4 Sistema SCADA .................................................................................................................................... 38

6 TEORIA POR TRÁS DO CONTROLE ........................................................................... 40


7 TURBINA EÓLICA NOTUS MARINE ........................................................................... 42
8 MICROPROCESSADOR ................................................................................................... 46
9 INTERFACE IOT CLOUD ................................................................................................ 50
10 MOTOR DE PASSO ......................................................................................................... 54
9.1 INFORMAÇÕES DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO MOTOR DE PASSO ................................. 54

11 METODOLOGIA.............................................................................................................. 57
12
11.1 CIRCUITO DO ANEMÔMETRO ......................................................................................... 57
11.2 CIRCUITO DA BIRUTA ..................................................................................................... 58
11.3 CIRCUITO DO CONTROLADOR DE CARGA ....................................................................... 59
11.4 CIRCUITO FINAL DO TRABALHO ..................................................................................... 61
11.5 SOFTWARE ..................................................................................................................... 65
11.6 PROJETO MECÂNICO ...................................................................................................... 69

12 RESULTADOS OBTIDOS ............................................................................................... 75


13 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 76

13
1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo, será abordado o cenário da geração de energia elétrica no Brasil em


2021, o comportamento do vento e um breve histórico das turbinas eólicas.

1.1 CENÁRIO ATUAL DA GERAÇÃO DE ENERGIA

Nos últimos anos e, principalmente, em 2021, o Brasil registrou uma de suas piores
crises hídricas de sua história, em consequência dos baixos volumes dos seus reservatórios de
água e, portanto, o sistema de geração de energia elétrica brasileiro foi extremamente
impactado. Em um relatório feito pelo ministério de minas e energias, em parceria com a
empresa de pesquisa energética mostrou que, em 2020, a dependência das hidrelétricas caiu
para 65,2% enquanto outras fontes ficaram com: biomassa (9,1%), eólica (8,8%), gás natural
(8,3%), carvão e derivados (2,7%), nuclear (2,2%), derivados de petróleo (2,1%) e solar (1,7%).
Nesse cenário, devemos certamente considerar que nosso sistema de geração fica centralizado
na geração em hidrelétricas. (Ministério de Minas e Energia, 2020).

Nesse ambiente de instabilidade, as fontes de energia alternativas tiveram um salto


enorme para o seu desenvolvimento nesses últimos anos. Agora, alguns dos personagens
principais são as turbinas eólicas. (Ministério de Minas e Energia, 2020).

O comportamento do vento não é algo linear e, quando pensamos nele em baixas


altitudes, ele apresenta um comportamento ainda mais não linear, sendo bastante desordenado
e turbulento, devido principalmente, aos obstáculos físicos que se encontram na natureza,
cidades etc., conforme está ilustrado na figura 1. Dessa forma, os sistemas eólicos de baixa
altitude, para gerar energia elétrica, devem ser rápidos nas transições de seus movimentos
quando ocorre a mudança da direção do vento. (MIEMEC Integradora VIII, 2013).

14
Figura 1: Exemplo de uma turbulência do vento em baixas altitudes

Fonte: Universidade do Minho. Dep. Engenharia Mecânica, MIEMEC Integradora VIII

Contudo, em baixas altitudes, há um aumento de potencial de geração eólica, porque de


acordo com o princípio de mecânica dos fluidos, alguns obstáculos podem criar regiões de alta
pressão, que acarretam, por consequência, uma maior velocidade do vento, como está ilustrado
na figura 2. (MIEMEC Integradora VIII, 2013).

Figura 2: Perfil do comportamento do vento com e sem obstáculos

Fonte: Universidade do Minho. Dep. Engenharia Mecânica, MIEMEC Integradora VIII.

Onde 𝑧 é a altura da camada do vento, 𝑈0 (𝑧) é a Velocidade do veto sem obstáculo,


𝑈(𝑧) é a velocidade do vento com obstáculo, 𝐿 é o comprimento do obstáculo e 𝐻 é a altura do
obstáculo.

15
1.2 BREVE HISTÓRICO DAS TURBINAS EÓLICAS

As turbinas eólicas não surgiram recentemente. O conceito da transformação de energia


através do vento teve sua origem há muitos anos, por volta de 700 D.C, em que algumas
civilizações já utilizavam a força dos ventos para a moagem de grãos. (MIEMEC Integradora
VIII, 2013).

Atualmente, encontramos geradores enormes com um alto nível de geração e fabricados


com o que há de melhor em tecnologia. Como exemplo, pode-se citar o aerogerador Cypress
da GE Renewable Energy, maior modelo de turbina eólica onshore (turbinas terrestres) da
empresa, com rotores a 158 metros do solo e pode gerar entre 4,8 a 6,1 MW. (GE Renewable
Energy, Cypress onshore wind turbine platform).

16
2 COMPONENTES DO SISTEMA EÓLICO

Os componentes de uma turbina eólica de eixo horizontal, foco deste trabalho, são
compostos por três partes: Rotor, Nacele e Torre. Para cada uma dessas partes existem diversos
outros componentes os quais são necessários para o funcionamento da turbina, como mostrado
na figura 3. (PINTO, 2018).

Figura 3: Exemplo dos componentes que integram uma turbina eólica típica

Fonte: Esquema de uma turbina eólica típica [Nordex].

Na figura 3, tem-se que: 1 – pás do rotor; 2 – cubo do rotor; 3 – cabine; 4 – Acoplamento


do rotor; 5 – componente do rotor; 6 – caixa de velocidades; 7 – disco; 8 – componente do
gerador; 9 – gerador; 10 – radiador de arrefecimento; 11 – anemómetro e sensor de direção; 12
– sistema de controle; 13 – sistema hidráulico; 14 – mecanismo de orientação direcional; 15 –
chumaceira do mecanismo de orientação direcional; 16 – cobertura da cabina; 17 – torre.
(SEYER, 2017).

Cabe aqui destacar que a torre de uma turbina eólica típica tem um papel fundamental,
pois ela deve estar acoplada à fundação e é será responsável por suportar o peso da Nacele,
além de todo o resto que compõem a mesma. (SEYER, 2017).

17
Todo cabeamento é feito dentro da torre, o qual é responsável pela alimentação
energética de todo o aerogerador e pelo controle e a comunicação da turbina eólica. (PINTO,
2018).

As torres também evitam que haja movimentação ruidosa indesejável por conta da força
do vento. (PINTO, 2019).

2.1 NACELE

Instalada na parte de cima da torre, a nacele contém itens importantes para o


funcionamento de uma turbina eólica, de acordo com a figura 4. Dependendo do tamanho do
aerogerador, encontram-se uma caixa de engrenagens, um gerador e um conversor de energia.
Na nacele, há um sistema de direção, utilizando motores de dentro da nacele, que rotaciona o
rotor em direção ao vento (sistema Yaw). Esse sistema de rotação deve ser executado com
velocidade lenta para que não haja esforços e movimentos não desejados na turbina por conta
da força do vento. (PINTO, 2018).

Figura 4: Exemplo de uma nacele de uma turbina eólica

FONTE: GE Windenergy General Electric (Cypress 5.3 – 158

18
Um dos freios da turbina também está localizado na nacele. Geralmente o seu material
é feito de aço. É recomendado que o freio esteja sempre ativo quando o aerogerador estiver
inoperante no caso ocorra qualquer manutenção corretiva, preventiva ou preditiva, evitando,
assim, acidentes com humanos e danos à turbina. (PINTO, 2018).

Quando falamos de turbinas eólicas maiores, aquelas que geram potência elétrica ainda
mais elevadas (potência que ultrapassa dos 2MW), é possível localizar na nacele também, um
gabinete que contém o sistema de controle da turbina, possibilitando a supervisão e o
monitoramento de todos os parâmetros e sensores que atuam no aerogerador. (BURTON,
2001).

Sob a nacele, estão localizados também os equipamentos utilizados para medição da


velocidade (anemômetro) e da direção do vento (biruta). Os dados coletados desses
equipamentos são utilizados, principalmente, para posicionar o rotor da turbina eólica na
direção correta do vento, visando obter o seu maior rendimento. (PINTO, 2018).

2.2 CAIXA DE ENGRENAGENS

A caixa de engrenagens ou multiplicador, localizada na nacele, é responsável pelo


transformar a baixa rotação (baixa velocidade do rotor) em alta rotação (alta velocidade do
gerador). Entretanto, nas turbinas eólicas, podem incluir ou não incluir a caixa de engrenagens
nos aerogeradores. Para esses dois casos, haverá vantagens e desvantagens na hora de incluir
um multiplicador em seu projeto.

Um aerogerador com a caixa de engrenagem deve-se adequar ao tamanho da nacele para


comportar o multiplicador de rotação. Projetos com o multiplicador podem apresentar uma vida
útil mais prolongada, minimizando as manutenções preventivas como sua lubrificação. No
entanto, a nacele deve estar isolada acusticamente a fim de diminuir o ruído da caixa de
engrenagem.

Um aerogerador sem a caixa de engrenagem deverá possuir um gerador multipolo de


baixa rotação acoplado direto na turbina. Por não haver engrenagens e um sistema hidráulico
acoplador ao multiplicador de rotação, haverá um menor nível de ruído, porém o transporte
desse gerador, é mais difícil pelo fato de apresentar grandes dimensões. (PINTO, 2018).

19
2.3 CUBO

O cubo é a estrutura onde são fixadas as pás do aerogerador, conforme pode ser visto
por meio da figura 5. (PINTO, 2018).

Figura 5: Exemplo de um cubo de uma turbina eólica.

Fonte: PAUL Anderson, TURBINE HUB.

2.4 PÁS

As pás dos aerogeradores são elementos fundamentais para transformar a energia


cinética do vento em energia mecânica nos enrolamentos e nos eixos da turbina eólica. Sua
aerodinâmica é em formato de aerofólio a fim de maximizar a potência do rotor. (PINTO, 2018).

As pás das turbinas eólicas devem ser leves e ao mesmo tempo resistentes para garantir
um ótimo desempenho. Os materiais que constituem as pás eólicas são fibras de vidro ou fibras
de carbono e podem ser reforçadas utilizando madeira e/ou epóxi. (PINTO, 2018).

20
3 SISTEMAS EÓLICOS

Com o avanço das tecnologias e redes de comunicação, as turbinas eólicas também


possuem um sistema de segurança automático para evitar danos a sua estrutura, acidentes com
terceiros e para maximizar a geração de energia elétrica. Atualmente, ela é praticamente
totalmente automatizada e controlada em tempo real. (BURTON, 2001).

As turbinas eólicas, em seu projeto, apresentam cálculos estruturais baseados na faixa


de operação do sistema. Portanto, existe a necessidade de um sistema que controle a velocidade
do rotor para que ele não ultrapasse o limite de operação estabelecido. (BURTON, 2018).

3.1 SISTEMA PITCH

O controle Pitch realiza exatamente o ajuste do ângulo das faces das pás em relação à
direção do vento. Para velocidades do vento que superem o limite de atuação do gerador ou de
outros componentes da turbina, o ângulo das pás é alterado para ajustar a velocidade do rotor.
O ângulo das pás controla o fluxo de conversão de energia mecânica em energia elétrica.
(BURTON, 2018).

O sistema Pitch também é efetivo para proteção do funcionamento da turbina, pois é


capaz de evitar desgastes e quebras em situações extremas quando se pensa na força do vento.
Caso o sistema Pitch, por algum motivo, não seja o suficiente para ajustar a velocidade do eixo
rotor, existe ainda o bloqueio total da turbina através de um conjunto de freios mecânicos.
(BURTON, 2001).

3.2 CONTROLE DE POTÊNCIA PELO SISTEMA PITCH

Uma das principais questões quando se trata do controle de potência em uma turbina, é
manter a velocidade do rotor constante, mesmo em que haja uma grande variação na velocidade
do vento, visando a segurança de sua operação. (PINTO, 2018).

Um dos principais meios de controle de potência elétrica gerada por uma turbina eólica
é o sistema de controle de passo (pitch control). Ele utiliza um monitoramento da potência de
saída do aerogerador, isto é, dependendo do valor de potência elétrica gerada, é possível efetuar
21
a correção deste valor por realizar a mudança dos ângulos das pás das turbinas eólicas.
Ajustando-se os ângulos das pás (ângulo de ataque) pode-se obter a máxima eficiência possível
ou limitar a potência elétrica de saída por questões de segurança por conta de ventos fortes
visando preservar a integridade funcional da turbina eólica. O sistema Pitch possibilita o
controle preciso da potência elétrica ativa do aerogerador sob as diversas condições da força do
vento. Ref. A Equação (3.2.1) define o coeficiente da potência elétrica (𝐶𝑝) de uma turbina
eólica de um sistema Pitch. (PINTO, 2018).

12,5
116
𝐶𝑝 = 0,22 ( − 0,4𝜃 − 5) 𝑒 − 𝜆 (3.2.1)
𝜆

Onde, 𝜆 (na equação 3.2.2) é a taxa de velocidade de ponta da pá (adimensional), 𝜃 é o


ângulo de passo (rad), 𝜔 é a velocidade rotacional da pá, 𝑣 é a velocidade do vento e 𝑟 é o raio
das pás das turbinas.

𝜔𝑟
𝜆= (3.2.2)
𝑣

3.3 SISTEMA YAW

O vento muda continuamente de direção. Portanto, é necessária uma correção do eixo


do rotor da turbina eólica sempre que haja qualquer alteração da direção do vento. O sistema
Yaw tem por função maximizar a geração da energia elétrica da turbina. Isso é feito manterndo
a nacele na direção contrária do vento incidente. Vide exemplo de Sistema Yaw na figura 6.

22
Figura 6: Anel de enrolamento do Sistema Yaw

Fonte: WEG – Serviços em redutores e multiplicadores eólicos

Observando-se a figura 6, podemos analisar o anel de enrolamento do sistema Yaw logo


abaixo dos motores (indicado pelas setas). O sistema Yaw é composto, normalmente por
motores para ser possível fazer a rotação da nacele, vários dispositivos de monitoramento e
controle e freios. Nota-se na figura 7 o sistema de posicionamento Yaw, como também, os
demais sistemas de monitoramento e controle para turbinas de grande porte (acima de 2MW).

23
Figura 7: Características de uma turbina eólica de grande porte

Fonte: WEG, Aerogeradores AGW 110/2.2.

O sistema de rastreamento do vento é feito através de uma biruta, que está presente na
parte de cima da nacele para aquelas turbinas de grande porte convencionais. Em turbinas
maiores, os sensores de direção do vento e o anemômetro podem ser substituídos por um sensor
ultrassônico. (PINTO, 2019).

Para turbinas de grande porte, o sistema Yaw é constituído por mais de um motor.
Entretanto, o número de motores pode variar quando se trata de turbinas de pequeno porte (cuja
potência elétrica de saída é baixa comparado às turbinas de grande porte. (PINTO, 2019).

Quando a nacele é rotacionada na direção do vento, os cabos que estão locados


internamente a ela (os cabos são passados pela torre como mostrado na figura 8), sofrem
torções. Portanto, podem ser danificados e consequentemente prejudicar o funcionamento da
turbina eólica. (Abad, 2011).

Para prevenir o desgaste prematuro do sistema Yaw e minimizar os custos de


manutenção, é necessário lubrificar manualmente as engrenagens dos motores (manutenção
preventiva). Para turbinas eólicas de grande porte, o sistema de lubrificação se torna mais
elaborado e automático, já que possuem mais motores e um anel de rolamento muito maior.
(PINTO, 2019).

24
3.4 NÚMERO DE PÁS DA TURBINA EÓLICA

Quando pensamos na aerodinâmica das turbinas eólicas, logo temos em mente as pás.
Essa estrutura, seu formato e limitações, carregam grande parte do conceito de transformação
de energia. (PINTO, 2018).

As turbinas eólicas que possuem muitas pás, geralmente operam com uma velocidade
rotacional baixa, quando comparado com as turbinas com um menor número de pás. Isso
acontece, pois, ao aumentar o número de rotação por minuto (rpm) da turbina eólica, a
turbulência causada por uma só pá sempre irá afetar a eficiência da próxima pá. Portanto,
utilizando-se menos pás, o aerogerador pode rotacionar mais rápido, antes que haja uma
turbulência excessiva nas pás. (PINTO, 2018).

Para turbinas com 2 pás, a dinâmica do rotor pode se tornar desfavorável. Seu rotor
assimétrico faz com que as cargas de alta dinâmica necessitem de distribuição em outros
componentes da turbina, causando turbulência e danificando diversos componentes do
aerogerador, além de provocarem elevados níveis de ruído. (PINTO, 2018).

Logo, as turbinas eólicas com 3 pás se tornam mais aceitas para o mercado energético
de grande e pequeno porte, vide exemplo do sistema tradicional de turbina eólica com 3 pás na
figura 8. (PINTO, 2018).

25
Figura 8: Mecanismos de um aerogerador

Fonte: Abad, Gonzalo (2011)

26
4 O VENTO

Nesse capítulo, serão abordados os cálculos para o estudo do vento.

4.1 ESTUDO DO VENTO

O vento passando por uma turbina pode ser entendido como se fosse um fluído passando
por um obstáculo, onde o fluxo na entrada é igual ao fluxo da saída, de acordo com a equação
(4.1.1), onde 𝑄 é o fluxo volumétrico de ar ilustrado na figura 9. (MANWELL, 2012).

𝑄 = 𝑣0 𝐴0 = 𝑣3 𝐴3 = 𝑣𝐴 (4.1.1)

Onde, 𝑣0 é a velocidade do vento na frente do rotor, 𝑣3 é a velocidade do vento a jusante

do rotor e 𝑣 é a velocidade do vento pelo rotor, 𝐴0 e 𝐴3 são a área do vento antes e depois de

atingir o rotor enquanto 𝐴 é a área no rotor. Nota-se que P1 e P2 referem-se respectivamente


às pressões do ar antes e depois de entrar em contato com o rotor

Figura 9: Ilustração do fluxo volumétrico

Fonte: ENERGY EDUCATION RESOURCE CENTER, BETZ LIMIT - THE MAXIMUM EFFICIENCY FOR
HORIZONTAL AXIS WIND TURBINE.

27
A equação de Bernoulli não poderia ser aplicada nesse caso como um todo, pois as
perdas de energia acontecem nas entranhas da turbina, portando a análise de pressão e
velocidade do vento pode ser feita antes e depois da turbina. (MANWELL, 2012).

Dessa forma, tem-se as equações das pressões 𝑃0 e 𝑃1 aplicadas antes do rotor e as


pressões de 𝑃2 e 𝑃0 aplicadas depois do rotor. (MANWELL, 2012).

A equação de Bernoulli aplicada antes do rotor é dada pela equação (4.1.2).


(MANWELL, 2012).

𝑃0 1 𝑃1 1
+ ( ) ∗ 𝑣𝑜² = + ( ) ∗ 𝑣² (4.1.2)
𝜌 2 𝜌 2

A equação de Bernoulli aplicada depois do rotor é dada pela equação (4.1.3).


(MANWELL, 2012).

𝑃2 1 𝑃𝑜 1
+ ( ) ∗ 𝑣² = + ( ) ∗ 𝑣3 ² (4.1.3)
𝜌 2 𝜌 2

Sendo assim, a diferença entre a pressão de entrada e da saída é dada pela equação
(4.1.4). (MANWELL, 2012).

1
𝑃1 − 𝑃2 = ( ) ∗ 𝜌(𝑣0 2 − 𝑣3 2 ) (4.1.4)
2

A figura 10 mostra o gráfico da velocidade do vento em função das dimensões da turbina


quando analisamos a velocidade e a pressão do vento no espaço percorrendo o fluxo do vento
na turbina eólica. (MANWELL, 2012).

28
Figura 10: Velocidade e pressão ao longo da turbina

Fonte: ENERGY EDUCATION RESOURCE CENTER, BETZ LIMIT - THE MAXIMUM EFFICIENCY FOR
HORIZONTAL AXIS WIND TURBINE.

A variação de pressão que ocorre exatamente antes e depois da turbina é diretamente


proporcional ao torque exercido pelo fluxo de vento no rotor, que é equivalente à diferença de
momento da área montante para a área jusante. Dessa maneira, quando maior a diferença entre
P1 e P2, maior é o torque produzido no rotor, seguindo a equação (4.1.5). (MANWELL, 2012).

1
𝑇 = ( ) 𝐴𝜌(𝑣0 2 − 𝑣3 2 ) = 𝜌𝑄(𝑣0 − 𝑣3 ) (4.1.5)
2

Onde, 𝑇 é o pelo empuxo axial exercido pelo fluxo no rotor e 𝜌 é a massa específica de
ar (kg/m3).

A velocidade do vento na região do rotor é a média entre a velocidade do vento montante


e jusante. (MANWELL, 2012).

Em termos de energia, podemos considerar que a potência total absorvida pelo sistema
eólico é a diferença da energia cinética do vento antes e depois, que pode ser descrita com a
seguinte equação (4.1.6). (MANWELL, 2012).

29
1 1
𝛥𝐸 = ( ) 𝜌𝑄(𝑣0 2 − 𝑣3 2 ) = ( ) 𝐴𝑉(𝑣0 2 − 𝑣3 ²) (4.1.6)
2 2

Onde 𝛥𝐸 é a variação de energia cinética e 𝑉 é a velocidade do vento (m/s).

Seguindo com o pensamento de Betz, para calcularmos a eficiência de uma turbina,


devemos encontrar o coeficiente de potência (𝐶𝑝), que é a potência total absorvida pela turbina
dividida pela potência total disponível no vento montante, seguindo a equação (4.1.7).
(MANWELL, 2012).

𝛥𝐸 𝛥𝐸
𝐶𝑝 = = 1 (4.1.7)
𝐸𝑟𝑒𝑓 (2)𝜌𝐴𝑣0 3

Substituindo agora 𝛥𝐸, temos a equação (4.1.8):

1 1
(( )𝜌𝐴𝑉(𝑣0 2 −𝑣3 2 )) 2(𝑣0 +𝑣3 )(𝑣0 2 −𝑣3 2 )
2
𝐶𝑝 = = (4.1.8)
1
(( )𝜌𝐴𝑣0 3 ) 𝑣0 3
2

Transformando 𝑎 = 𝑣0 /𝑣3 e substituindo, é apresentado a equação (4.1.9):

1
𝐶𝑝 = (4.1.9)
2(1+𝑎)(1−𝑎2 )

Portanto, o valor do 𝑎 𝑚𝑎𝑥 é representado pela equação (4.1.10), sendo o valor


(𝐶𝑝)𝑚𝑎𝑥 representado na equação (4.1.11):

𝑎 𝑚𝑎𝑥 = 1/3 (4.1.10)

30
16
(𝐶𝑝)𝑚𝑎𝑥 = ( ) ≈ 0.5926 (4.1.11)
27

Finalmente, conseguimos chegar na equação que descreve o coeficiente de potência de


uma turbina eólica, que é dado pela equação (4.1.12):

1 16 1
𝑃𝑚𝑎𝑥 = ∆𝐸 = 𝐶𝑝 ( ) 𝜌𝐴𝑣0 ³ ( ) ( ) 𝜌𝐴𝑣0³ (4.1.12)
2 27 2

Fazendo-se o gráfico da equação da potência máxima tem-se o gráfico da figura 11:

Figura 11: Curva do coeficiente de potência

FONTE: Adaptado de Burton et al. (2001).

4.2 VELOCIDADE E POTÊNCIA EXTRAÍDA DO VENTO

O mapa de geração de energia de uma turbina eólica, que tem como base as condições
de rendimento do gerador e das pás eólicas, nos indica uma relação entre a potência gerada com
a velocidade do vento incidente nas pás, como mostrado na figura 12. Podemos classificar a
velocidade entre três pontos relevantes: Velocidade de partida (cut-in speed) que identifica a
velocidade mínima para o torque produzido pelas pás vença toda a resistência do sistema,

31
incluindo atrito das engrenagens e componentes assim como a resistência magnética do gerador,
velocidade nominal (rated speed) relacionado à velocidade mínima para que o gerador trabalhe
em sua condição nominal e a velocidade de desligamento (cut-out speed), indicando a
velocidade máxima que o sistema pode trabalhar em segurança, sem sobrecarregar nenhuma
parte do sistema eólico. (MANWELL, 2012).

Figura 12 Potência x Intensidade do vento

Potencia em função do Vento

Velocidade
nominal Velocidade de
desligamento
Potencia(W)

Velocidade de
acionamento

Intensidade do vento (m/s)

Fonte: Elaboração do autor

Podemos notar que, para velocidades do vento abaixo da velocidade nominal,


temos severas variações na geração de energia, porém, assim que entramos na faixa entre a
velocidade nominal e a de desligamento, temos o trabalho pleno e constante do gerador. Em
nosso estudo estudaremos os dados de geração e velocidade do vento, podendo entender as
propriedades da nossa turbina. (MANWELL, 2012).

A potência máxima (W) de uma turbina eólica é caracterizada pela massa


específica de ar (kg/m3) ou densidade absoluta 𝜌 do vento, movendo-se a uma velocidade 𝑣
(m/s), em uma área da sessão transversal de um cilindro varrido pelas pás que é ultrapassada
pelo vento (m2) 𝐴, expressada pela equação (4.2.1) (MANWELL, 2012):
32
1
𝑃= 𝐶𝑝 𝜌 𝐴 𝑣 3 (4.2.1)
2

Onde, 𝐶𝑝 é dado como coeficiente de potência, é o rendimento aerodinâmico de uma

turbina eólica. A velocidade do vento (m/s) é representada através da equação (4.2.2)


(MANWELL, 2012):

𝑢 ℎ
𝑣 = ( ) 𝑙𝑛 ( ) (4.2.2)
𝐾 𝑍 0

Onde, 𝑢 é a sigla que representada a velocidade de atrito do vento (m/s), 𝐾 é a constante

de Von Kármán (~0,4), 𝑍0 se trata do comprimento da rugosidade, responsável pela força de

atrito que se opões ao movimento do ar (m) e, por fim, ℎ é a altura em relação ao solo (m).
(PINTO, 2018).

Há várias escalas de medida do vento, uma delas é a escala de Beaufort (mostrada na


tabela 1), que foi criada em 1805 por Francis Beaufort (1774-1857). A escala Beaufort, a
princípio, quantifica a intensidade dos ventos pela velocidade e sua ventania tanto em locais
terrestres quanto marítimos. Indo de 0 (ventos menores que 1km/h) a 12 (ventos maiores que
120km/h), sendo que a partir da escala 9, se torna impossível caminhar em direção oposta ao
vento. (PINTO, 2018).

33
Tabela 1: A escala de Beaufort

Altura
Número Velocidade
da
de (km/h) Classificação Em terra No mar
onda
Beaufort (m/s)
(m)
<1 A fumaça se eleva na
0 Calmaria Espelhado 0
< 0,3 vertical
1,1-5,5 A fumaça indica a direção Pequenas rugas na
1 Aragem leve 0-0,2
0,3-2 do vento superfície do mar
As folhas das árvores se
5,6-11 movem Ondas, mas sem
2 Brisa leve 0,2-0,5
2-3 Pequenos cata-ventos rebentação
começam a girar
Ondas com algumas
12-19 As folhas e os pequenos
3 Brisa suave cristas e princípio de 0,5-1
3-5 ramos se agitam
rebentação
Poeira e pequenos papéis
20-28 Ondas com cristas
4 Brisa moderada levantados. Movem-se os 1-2
6-8 frequentes
galhos das árvores
29-38 Movimentação de grandes Ondas e possibilidade de
5 Brisa fresca 2-3
8,1-10,6 galhos e árvores pequenas borrifos
Movem-se os ramos das
39-49 árvores. Dificuldade em Ondas grandes e
6 Brisa forte 3-4
10,8-13,6 manter um guarda-chuva borrifos
aberto
Árvores se agitam.
50-61 Vento
7 Pedestres andam com Mar agitado 4-5,5
13,9-16,9 moderado
dificuldade
Mar agitado.
62-74 Galhos se quebram. Difícil
8 Vento fresco Rebentação e faixa de 5,5-7,5
17,2-20,6 andar contra o vento
espuma
Danos em árvores e
75-88 pequenas construções Mar agitado. Visibilidade
9 Vento forte 7,5-10
20,8-24,2 Impossível andar contra o precária
vento
89-102 Árvores arrancadas. Danos Mar agitado. Superfície
10 Tempestade 10-12
24,7-28,3 estruturais em construções do mar branca
Mar agitado. Pequenos
103-117 Tempestade Estragos generalizados em
11 navios sobem no cavalo 12-16
28,6-32,5 violenta construções
das ondas
Efeitos graves e Mar todo de espuma,
≥ 118
12 Furacão generalizados em com visibilidade quase ≥ 16
≥ 32,8
construções nula

Fonte: [PINTO, 2018].

34
5 TECNOLOGIA EMBARCADA EM NOSSA TURBINA

Tendo em mãos todo o embasamento acima, vamos aprofundar no estudo de algumas


tecnologias em turbinas de pequeno porte, testando e estudando o seu funcionamento, assim
como sua viabilidade e resultados.

Nossa concepção de turbina engloba o sistema de controle da nacele e a leitura dos sinais
e dados que colheremos na turbina. Podemos comparar essas tecnologias com, respectivamente,
o sistema Yaw e o sistema SCADA, como mostrado na figura 13.

Figura 13: Fluxograma do sistema eólico

Fonte: elaboração do autor.

Aqui são mostrados os sinais elétricos importantes para controle e estudo do projeto,
são eles: Pt (potência teórica), Pr (potência real), Av (ângulo do vento), An (ângulo da nacele),
Vw (velocidade do vento) e Ne (nível da bateria).

Seguindo o fluxograma ilustrado na figura 13, usaremos esses sinais eletricos para
parametrizar e controlar nosso sistema eletrônico de controle, conforme o desenrolar do
procedimento experimental seguiremos com uma análise de controlabilidade para garantir que
o sistema Yaw controle o motor de posição com menor erro possível.

35
5.1 SENSORES E COMPONENTES

Nesse capítulo, serão tratados os sensores e componentes que farão parte do


funcionamento correto da turbina eólica, capaz de evitar mal funcionamento, otimizar a vida
útil da turbina e prever instabilidade no sistema eólico.

5.1.1 Anemômetro

O anemômetro será capaz de nos indicar a velocidade do vento, dado muito importante
para nossa rede de informações. Dependendo da intensidade do vento, podemos estipular as
faixas médias de geração de energia e, assim, comparar com a potência real gerada. Dessa
forma, podemos analisar a qualidade de nossa geração, analisando possíveis defeitos e desgastes
da turbina. Segue figura 14 da imagem de exemplo do anemômetro. (PINTO, 2019).

Figura 14: Anemômetro

Fonte: Usinainfo

36
5.1.2 Sensor leme de direção

O leme de direção descreve a direção do vento, com essa informação faremos o devido
controle do ângulo da nacele, através de um motor acoplado no sistema. Movimentando
constantemente nosso sistema para o ângulo de melhor aproveitamento do vento. Na figura 15,
é apresentado um exemplo de leme de direção.

As informações deverão ser coletadas para que o usuário fique informado da qualidade
e direção majoritária do vento.

Figura 15: Leme de direção

Fonte: Usinainfo

5.1.3 Wattímetro

O wattímetro será adicionado a uma das fases do nosso gerador, indicando a potência
real sendo gerada pela turbina. Com esse dado, poderemos analisar toda a geração de energia,
comparar com a potência teórica e entender possíveis distorções na geração.

37
Para os cálculos de potência elétrica gerada na bateria neste projeto, é necessário a
integração de um sensor de corrente no sistema. Para isso, foi utilizado o sensor ACS712
(ilustrado na figura 16). Este sensor de corrente utiliza o efeito hall para detecção do campo
magnético gerado na passagem de corrente elétrica, medindo correntes que variam de -30A a
30A. Sua medição é do tipo invasivo, pois é necessária a interrupção do circuito para realizar a
medição da corrente elétrica e sua tensão de alimentação é de 5V.

Figura 16: Sensor de Corrente

Fonte: Flipflop
O sinal gerado por esse dispositivo será importante para o cálculo de potência de saída
do regulador.

5.1.4 Sistema SCADA

O sistema SCADA (Sistema de Supervisão e Aquisição de dados) surgiu para atender


às necessidades da indústria para turbinas eólicas de grande porte (com valor de potência
nominal muito maior que uma turbina eólica de pequeno porte). Com o SCADA, é possível
realizar o controle e o monitoramento dos dados em um processo. (AVEVA, 2018).

Para um sistema SCADA, a aquisição de dados se torna a parte fundamental em


qualquer processo. A aquisição de dados funciona através de um relacionamento de rede do
38
tipo mestre-escravo (master e slave). É possível analisar, na figura 17, que, o master envia a
requisição dos dados por meio de um sinal. Já, o slave irá fazer o envio da resposta desse sinal
ao master. (AVEVA, 2018).

Figura 17: Protocolo de comunicação mestre-escravo

Fonte: Engineer Ambitiously, O protocolo Modbus em detalhes.


As informações são exibidas no SCADA em tempo real. Seu processo de supervisão e
controle permite uma atuação imediata no sistema garantindo o funcionamento. É necessário a
programação de alarmes de segurança que serão responsáveis por alertar o usuário a respeito
de algum evento não programável. (AVEVA, 2018).

É possível armazenar todos os dados e registros coletados por um certo período. Para
questões de segurança e requisitos legais, um sistema que armazena dados é muito importante
para os dias de hoje. (AVEVA, 2018).

39
6 TEORIA RELACIONADO AO CONTROLE PROPOSTO
POR ESSE PROJETO

O TSR (Relação entre velocidade das lâminas da turbina e a velocidade do vento) é


extremamente importante para o dimensionamento de turbinas eólicas. Muitas referências
bibliográficas indicam como λ, o coeficiente da relação entre a velocidade do vento na ponta
da pá com a velocidade do vento em um ponto de raio r da envergadura R da pá. Veja a
representação na figura 18. (MANWELL, 2012).

Figura 18: Elementos de uma pá eólica

Fonte: BLADE ELEMENT THEORY - WIKIPEDIA


Sendo 𝑊𝑟 a velocidade angular do rotor, u a velocidade do vento e R o raio da pá.
(MANWELL, 2012).

Se o rotor da turbina girar muito devagar, a maior parte do vento passará entre as pás
não fornecendo energia. Entretanto, se o rotor girar rápido demais, as lâminas poderão funcionar
como uma parede sólida. Além disso, as pás do rotor criam turbulência conforme giram. Se a
próxima pá chegar muito rápido, ela atinge o ar em regime turbulento, o coeficiente TSR nos
ajuda a determinar a velocidade ideal de trabalho para cada design da turbina. (MANWELL,
2012)

Existem meios para controlar a potência gerada por uma turbina eólica, seja variando o
coeficiente de potência ou em limitações de projeto. Podemos dividir em dois principais meios,
sendo eles passivos e ativos. (PINTO, 2018).
40
Quando falamos de meios passivos de controle, seria um controle baseado na limitação
de rendimento das pás eólicas, que perdem sustentação em determinada velocidade. Podemos
chamar essa perda de aerodinâmica de Stall, um dos pontos positivos desse controle passivo é
exatamente a ausência de partes moveis no rotor ou nas pás. (PINTO, 2018).

Já, com os meios ativos temos a variação do ângulo das próprias pás eólicas, conhecido
como sistema Pitch. A mudança do ângulo longitudinal das pás intensifica ou enfraquece as
forças de sustentação ou arrasto, alterando o coeficiente de potência (Cp). (PINTO, 2018).

Sendo assim, vamos analisar o que aconteceria com a potência elétrica gerada se em um
período a velocidade do vento fosse aumentando, em ambos os sistemas de controle, conforme
está ilustrado na figura 19. (PINTO, 2018).

Figura 19: Comparação entre o controle Pitch e Stall.

FONTE: David Wood, Department of Industrial Engineering, Università Degli Studi di Firenze, via di Santa Marta
3, 50139 Firenze, Italy

Em certo momento, quando a velocidade atinge sua máxima no sistema Stall, a turbina
começa a perder desempenho por conta de sua própria turbulência, como pode ser visto por
meio da figura 19.

41
7 TURBINA EÓLICA NOTUS MARINE

O grupo escolheu trabalhar com a turbina NOTUS MARINE (ilustrada nas figuras 20 e
21), um aerogerador produzido pela Enersud, com cede no Rio de janeiro. Essa turbina é
comumente utilizada em embarcações, tendo como objetivo principal recarregar as baterias a
bordo, gerando também pouco ruido sonoro.

No caso, a configuração fornecida pela empresa foi a de 12V, que casa perfeitamente
com o projeto, visto que nossa bateria e outros dispositivos do projeto trabalham com essa
tensão nominal. Nos demais capítulos, serão apresentados os dispositivos em geral.

Figura 20: Turbina Notus Marine I

Fonte: Enersud

42
Figura 21: Turbina Notus Marine II

Fonte: Enersud

Com base nas condições e limites desse projeto e especificações da turbina mostrada
acima atestamos que o uso desse aerogerador seria o suficiente. A princípio, levamos em
consideração diversas informações que foram coletadas no próprio site da Enersud. Essas
informações estão listadas na tabela 2.

43
Tabela 2: Especificações Aerogerador Notus Marine

Especificações
Diâmetro da hélice 1,12 m
Número de pás 3
Tipo de pás Torcida
Peso Total 10 kg
Neodímio (imã
Sistema magnético
permanente)
Potência Nominal 200 W
Rotação Nominal 900 RPM
Torque de partida 0,12 Nm
Tensão de saída 12/24/ volts
Velocidade Nominal 13 m/s
Velocidade de Partida 3,84 m/s
Velocidade Máxima 137 km/h
Temperatura de operação -10 a 50 ºC

Fonte: Enersud

Segundo o fabricante, temos os parâmetros de geração para essa turbina na figura 22 e


a corrente da bateria na figura 23.

Figura 22: Potência da turbina Notus Marine

Fonte: Enersud

44
Figura 23: Corrente da bateria de 12V

Fonte: Enersud

45
8 MICROPROCESSADOR

Para este projeto iremos utilizar o ESP32, sendo um dispositivo que consiste em um
microprocessador de baixa potência com suporte embutido à rede Wifi e Bluetooth. De todas as
versões do ESP32 a versão escolhida para este projeto é o NodeMCU-32S, conforme mostrado
na figura 24. (Espressif System, 2019).

Figura 24: ESP32

Fonte: Usinainfo

O ESP32 irá receber diversas informações. Como, por exemplo, o sinal da biruta,
anemômetro, potência gerada na saída do gerador e faz o processamento destas informações.
Nos próximos capítulos desse TCC iremos descrever em código e funcionamento quais
processos e condições ocorrem no ESP32. De antemão, podemos dizer que grande parte do
nosso projeto esteve no desenvolvimento das funções e códigos desse hardware ESP32.
(Espressif System, 2019).

Tivemos que programar o nosso ESP32 para interpretar e trabalhar com os sinais
provenientes dos dispositivos envolvidos no projeto e, tornando grandezas elétricas em
informações cabíveis de análise e acompanhamento. Desta forma, o ESP32, que já vem com
46
uma interface de comunicação WIFI, serviu perfeitamente para o controle do motor de passo,
que faz o direcionamento da nacele e para a interface dashboard que é o canal de
armazenamento e tratamento de dados. (Espressif System, 2019).

Como foi citado anteriormente, o projeto conta com a presença de diversos componentes
eletrônicos. Para comportar a entrada desses dados, foi levado em conta o número de portas
logicas e General Purpose Input/Output (GPIO) que o ESP32 disponibiliza (como mostrado na
figura 25). Essa informação será mostrada no tópico 10.1.1. (Espressif System, 2019).

Seguindo com as análises desse microprocessador, utilizamos as condições impostas no


datasheet, entre elas, os limites de faixas de operação do WIFI, como mostrado na tabela 3.
(Espressif System, 2019).

Tabela 3: Condições de trabalho da função WIFI

Fonte: Espressif

É possível analisar a estrutura de pinagem do NodeMCU-32S e descrição


correspondente de acordo com a tabela 4.

47
Figura 25: Pinagem NodeMCU-32S

Fonte: Datasheet Espressif

Tabela 4: Classificação e descrição dos pinos do ESP-32

48
Fonte: Datasheet Espressif

49
9 INTERFACE IOT CLOUD

Tendo em vista os conceitos e desafios propostos nesse projeto, sabendo da enorme


capacidade de processamento e conectividade do ESP32 utilizado nessa tese, buscamos uma
interface ligada à Internet das Coisas (Internet of Things, IOT) que nos atendesse. Dessa
maneira, conhecemos e utilizamos o Arduino IOT Cloud, que abordaremos mais a fundo nesse
capítulo.

Para consolidar o projeto dentro do IOT Cloud, tivemos que cadastrar e programar nosso
hardware através da interface web, adicionando nossos sinais e comandos que gostaríamos de
compartilhar via web. Os principais agentes da função IOT são as bibliotecas thingProperties.h
e ArduinoIoTCloud.

As bibliotecas ArduinoIoTCloud e thingProperties.h são os elementos centrais do


firmware que permite que certas placas Arduino se conectem ao Arduino IOT Cloud. Para que
isso aconteça, precisamos cadastrar uma placa compatível, e em seguida, criar uma
representação lógica de um item, chamado de thing. Temos a seguinte divisão:

• Device: Objetos físicos construídos em torno de uma placa. Este é o hardware


que executa o sketch, lê os sensores, controla os atuadores e se comunica com o
Arduino IOT Cloud.

• Thing: Representação lógica de um objeto conectado. Eles incorporam


propriedades inerentes do objeto, com pouca referência ao hardware ou código
real usado para implementá-los. Cada Thing é representada por uma coleção de
Propriedades (por exemplo, temperatura, luz, pressão...).

• Properties: Qualidades que definem as características de um sistema. Uma


propriedade pode ser definida como somente leitura (READ) para indicar que o
Arduino IOT Cloud pode ler os dados, mas não pode alterar o valor dessa
propriedade. Por outro lado, pode ser designado para leitura e escrita
(READWRITE), permitindo que o Arduino IOT Cloud altere remotamente o
valor da propriedade e acione uma notificação de evento no dispositivo.
Também é possível marcar propriedades como somente gravação (WRITE), o
que significa que a nuvem pode gravar nessa propriedade, mas não ler seu valor
(isso limita a transmissão de dados para propriedades que são usadas apenas para
acionar eventos).
50
Após dominar as configurações dessa interface conseguimos organizar e desenvolver o
Dashboard do nosso sistema de controle, conforme indicado na figura 26.

Figura 26: Dashboard em funcionamento online

Fonte: Elaboração do autor

Os dados do dashboard acima foram gerados a partir dos próprios sinais do projeto da
turbina eólica.

A interface do Arduino IOT Cloud possui uma aba específica para monitoramento e
organização do projeto, nesse espaço, podemos ver qual device (hardware) está conectado à
internet (como por exemplo, anemômetro e biruta), assim como quais variáveis estão recebendo
conteúdo. Dessa forma, a página principal, na figura 27, do programa nos auxiliou muito a
mapear nosso projeto.

51
Figura 27: Página inicial IOT Cloud

Fonte: Elaboração do autor

A biblioteca que faz a função IOT, endereçando os valores das variáveis escolhidas via
internet, cria o que podemos entender como um monitor serial online específico para o projeto,
figura 28, em que podemos executar e monitorar os dados que estão fluindo via internet. Porém,
ficou claro que, conforme o fluxo de informação aumenta, isso pode começar e ter
inconsistências e travar. Inclusive, a fim de nos ajudar a mostrar isso, a Figura 28 mostram as
informações das variáveis quando começam a entrar em uma fila de espera para serem
carregadas e, pela limitação de tráfego de dados, acabam sendo perdidas. Nesses casos
acontecem um Rebooting que, geralmente retorna à operação normal do ESP32.

52
Figura 28: Monitor Serial online

Fonte: Elaboração do autor

Utilizar o IOT Cloud certamente enriqueceu muito esse projeto. As possibilidades de


implementação a nível IOT/online são diversas. Inclusive, existe um aplicativo Android e IOS
que pode ser baixado para monitoramento mostrado na Figura 29, onde, pode-se checar a um
gráfico representando a tensão da carga naquele momento e o valor da direção do vento
“NO”, como sendo, Noroeste.

Figura 29: Ilustração da tela do aplicativo Arduino IOT cloud

Fonte: Elaboração do autor

53
10 MOTOR DE PASSO

A decisão do motor em nosso projeto foi uma etapa muito importante, pois
necessitávamos escolher um motor que, em velocidades baixas, apresentasse um bom torque e
possuísse um controle de velocidade bastante precisa. Assim, foi decidido a utilização do motor
de passo.

O motor de passo Nema23, ilustrado na figura 30, é um dispositivo com funcionamento


eletromecânico, onde, seu eixo gira em função dos pulsos elétricos aplicados. A velocidade de
rotação do eixo do motor é definida pela frequência dos pulsos e o número de voltas do eixo se
baseia na quantidade de pulsos aplicados. (Neomotion, 2017).

Neste projeto, o motor de passo será responsável pelo recebimento dos sinais do
microprocessador (sinais esses enviados pela biruta) e direcionamento do rotor da turbina eólica
em direção ao vento. Iremos comentar a lógica por trás desse controle nos capítulos à frente.

Figura 30: Motor de passo NEMA 23

Fonte: Kalatec.

10.1 Informações dispositivos relacionados ao motor de passo

Para acionamento do motor de passo, que funciona segundo as condições citadas acima
notamos que a potência dos pulsos gerados pelo Arduino não era suficiente para fazer com que
o motor trabalhasse em condições nominais de torque e RPM. Portanto, para que esse projeto
54
funcionasse em todos os âmbitos e condições, foi utilizado um Driver 2035 - DC Full/Half Step
Drive para motor de passo, mostrado na figura 31. Esse driver é muito utilizado em ambientes
industriais, devido a sua qualidade e resistência.

Figura 31: Drive Motor de Passo3535 - DC Full/Half Step Drive

Fonte: Elaboração do Autor

N tabela 5, é possível analisar os dados técnicos do drive de motor de passo.

55
Tabela 5: Drive motor de passo

DC Full/Half Step Drive


Modelo 2035
Tensão DC 12V - 35V
Step &
Modos de Controle
Direction
Corrente Output 0,125A - 2A
Range de
Temperatura 0 - 70 °C
operacional
Fonte: Elaboração do autor

56
11 METODOLOGIA

Neste capítulo, iremos abordar a metodologia utilizada para a montagem, teste e,


principalmente, o funcionamento de nosso projeto. Explicaremos em detalhe a escolha do
hardware do projeto, o software incluindo a lógica programável para o funcionamento dos
dispositivos e o projeto mecânico envolvendo a turbina e o motor de passo.

11.1 Circuito do Anemômetro

Para o funcionamento do anemômetro foi utilizado o esquema de montagem ilustrado


na figura 32. O material que constitui o anemômetro utilizado nesse projeto é de alumínio e sua
massa equivale à aproximadamente 330 gramas. É compatível em diversos ambientes pois
trabalha em temperaturas que variam de -40°C a 80°C.

A lógica do anemômetro é baseada no sensor HALL, que é amplamente utilizado na


indústria como um sensor de rotação e velocidade. Para cada rotação do anemômetro um pulso
elétrico é gerado e captado pelo Arduino, que calcula a velocidade do vento de acordo com o
número de pulsos por minuto.

57
Figura 32: Circuito Anemômetro

Fonte: Elaboração do autor.

11.2 Circuito da biruta

Para o funcionamento da biruta foi utilizado o esquema de montagem ilustrado na figura


33. O material que constitui a biruta utilizado nesse projeto é de alumínio e sua massa equivale
à aproximadamente 330 gramas. O equipamento possui média de 95% de precisão (conforme
o fabricante) e trabalha com sinais analógicos.

Internamente, podemos concluir que esse dispositivo trabalhava como um


potenciômetro. Portanto, para cada ângulo da biruta, temos um sinal entrando no Arduino.

58
Figura 33: Circuito Biruta

Fonte: Elaboração do autor

11.3 Circuito do Controlador de Carga

O controlador de carga foi adquirido através da empresa Enersud junto com a turbina
eólica utilizada no projeto. Este dispositivo será fundamental para fazer as medições de tensão
gerada pela turbina, garantir a segurança da bateria caso for gerada uma tensão acima de 12V e
efetuar o freio do rotor da turbina eólica.

Já embarcado no controlador pelo próprio fornecedor, para esse drive, não tivemos a
liberação dos códigos pelo fornecedor. Porém, em reuniões com o time de desenvolvimento da
Enersud, tivemos conhecimento que esse microprocessador monitora a tensão de saída da
turbina, caso essa tensão ultrapasse aproximadamente 14V, o microprocessador aciona o relé,
que fecha um curto-circuito nos polos da turbina, a fim de reduzir o número de rotações por
minuto e diretamente proporcional à tensão e corrente gerada.

É possível analisar, na figura 34, que o sistema possui uma chave alavanca de 2 posições
que resulta no freio da turbina. O circuito do controlador de carga possui essa chave como
59
normal fechado. Caso o usuário queira frear o rotor da turbina eólica, é necessário alterar a
posição da chave, o que resulta em um curto-circuito na turbina e a paralização forçada do rotor.

Para garantir a segurança da bateria conectada no sistema, o relé será acionado para
desconectar a bateria em tensões acima de 12V.

Figura 34: Controlador de Carga Circuito

Fonte: Elaboração do autor (Autodesk)

Abaixo na figura 35, ilustramos a investigação e trabalho que foi feito no controlador
de carga, entendendo o funcionamento do item disponibilizado pelo fornecedor.

60
Figura 35: Controlador de Carga

Fonte: Elaboração do autor

11.4 Circuito final do Trabalho

Para manter o protótipo didático, o grupo optou em acoplar os dispositivos do projeto


na mesma base estrutural da turbina eólica, como mostrado na figura 36.

61
Figura 36: Fotogragia do sistema de controle desenvolvida para este projeto

Fonte: Elaboração do autor

Na figura 37, é possível analisar todo o circuito elétrico do projeto. Nota-se que o Driver
do motor de passo é conectado aos polos (A+, A-, B+ e B-) do motor de passo, ao ESP32
(microcontrolador do projeto) e aos terminais (positivos e negativos) da bateria ao controlador
de carga.

Quando conectado no ESP32, foram utilizadas as portas:

• Enable: para habilitar (sistema livre) ou desabilitar (sistema travado) as saídas


do Drive.

• Step: representa cada passo do motor.

• Direction: responsável pela direção do motor de passo (horário e anti-horário).

62
Figura 37: Circuito final utilizando bateria

Fonte: Elaboração do autor

No circuito acima não foi possível ler a tensão e corrente gerada exclusivamente pela
turbina, por conta da presença da bateria e do controlador de carga. Sendo assim, tivemos que
pensar em um circuito dedicado apenas para os testes da turbina.

Para conseguir fazer as medições de tensão e corrente geradas pela turbina, foi
adicionada uma carga de 10 Ohms (resistor de potência) entre os polos de saída do aerogerador.
Fizemos, então, a leitura de tensão sobre o resistor de potência, como mostrado na figura 38.
Para preservar as funcionalidades das portas do ESP 32, fizemos um divisor de tensão com
proporção de 4, recaindo sobre o ESP 32 apenas ¼ da tensão gerada no aerogerador. Portanto,
em condições extremas de vento, onde a tensão de saída do aerogerador pode chegar a 13,2 V,
garantimos que a tensão de entrada do ESP fique abaixo de 3,3V

63
Figura 38: Circuito final utilizando resistor de potência

Fonte: Elaboração do autor

Na figura 39, é possível visualizar o circuito soldado na placa.

Figura 39: Circuito geral

Fonte: Elaboração do autor


64
11.5 Software

Neste capítulo, será mostrada a lógica da programação feita com base no cumprimento
dos requisitos de nosso projeto. Foi utilizada a linguagem de programação em C.

A programação da Biruta, para a sincronização do direcionamento com o motor de


passo, foi feita utilizando 8 sentidos, sendo eles: N – 0° (norte), NE – 45° (nordeste), L – 90°
(leste), SE – 135° (sudeste), S – 180° (sul), SO – 235° (sudoeste), O – 270° (oeste), NO – 315°
(noroeste), e conforme representado na rosa dos ventos pela figura 40.

Figura 40: Rosa dos Ventos

Fonte: Open Clip Art Library

A programação do Anemômetro foi desenvolvida para que o usuário possa ser


informado qual a velocidade do vento naquele instante. Os parâmetros de leitura da velocidade
do vento funcionam de 0 a 33,33 m/s, que resulta em aproximadamente em uma velocidade de
até 120 km/h.

---------------------- CÓDIGO CRIADO PARA O CONTROLE -------------

#include "thingProperties.h"
//#include "TimerOne.h"

long int current,current1,previous=0,previous1=0,previous2=0,previous3=0,periodo;


float VENTO,freq,raio=0.08,vELO,volt;
bool bandeira,flag1,status,corrige;
int
dir=0,contdir=0,cont=0,dirm=0,contm=0,dif=0,dirmprev=0,quant=0,pulso=0,dirbiruta=2
,dirturbina=2,pOSITION,tensao;

65
void setup() {
// Initialize serial and wait for port to open:
Serial.begin(9600);
// This delay gives the chance to wait for a Serial Monitor without blocking if
none is found
delay(1500);
pinMode(27,OUTPUT);//Enable
pinMode(26,OUTPUT);//Step
pinMode(14,OUTPUT);//Direção
pinMode(35, INPUT);//configura o digital 35 como entrada (anemometro)
// Defined in thingProperties.h
initProperties();

// Connect to Arduino IoT Cloud


ArduinoCloud.begin(ArduinoIoTPreferredConnection);

/*
The following function allows you to obtain more information
related to the state of network and IoT Cloud connection and errors
the higher number the more granular information you’ll get.
The default is 0 (only errors).
Maximum is 4
*/
setDebugMessageLevel(2);
ArduinoCloud.printDebugInfo();

//attachInterrupt(35,velocidade,RISING);

void loop()
{
ArduinoCloud.update();//Comando do propio IOT cloud para update das variaveis
criadas na Thing
attachInterrupt(35,velocidade,RISING);//essa função é acionada sempre que a
porta 35 chega a condição de borda de subida, chamando como consequancia a função
velocidade
/*Supomos que você quisesse ter certeza que um programa sempre captura os pulsos
de um codifcador rotativo,
sem nunca perder um pulso, seria muito complicado criar um programa que pudesse
fazer qualquer outra coisa além disso,
porque o programa precisaria checar constantemente os pinos do codificador, para
capturar os pulsos exatamente quando eles ocorreram.
Outros sensores são similarmente dinâmicos também, como um sensor de som que
pode ser usado para capturar um clique, ou um sensor infravermelho
(foto-interruptor) para capturar a queda de uma moeda. Em todas essas situações,
usar uma interrupção pode permitir o microcontrolador trabalhar em outras
tarefas sem perder a interrupção.
*/

66
current=millis();//atribuição cronologica, o current recebe a contagem do tempo
no exato momento da atribuição

if (current-previous>20)
{
tensao=analogRead(36); //(leitura do sinal de tensao gerada na porta 36, vai
de 0 a 4095)
tens=(float(tensao)/4095)*13.2;//a leitura da variavel 'tensão' é analogica e
vai de 0 ate 4095. Como temos um divisor de tensão de proporsão 4, temos que
multiplicar por 13,2
volt=volt+tens;
pOSITION=analogRead(34);//(biruta)
dir=dir+pOSITION;
cont++;
if (cont==5)//condição if criada para fazermos 5 leituras, que faremos a media
das variaveis
{
cont=0;

volt=volt/5;
corrente=tens/10;
pOWERG=tens*corrente;
volt=0;

dir=dir/5;
if(dir>=0 && dir<300) dIRECTION="SUL";
if(dir>=300 && dir<580) dIRECTION="LESTE";
if(dir>=580 && dir<1050) dIRECTION="NORDESTE";
if(dir>=1050 && dir<1570) dIRECTION="NORTE";
if(dir>=1570 && dir<2070) dIRECTION="NOROESTE";
if(dir>=2070 && dir<2550) dIRECTION="OESTE";
if(dir>=2550 && dir<3100) dIRECTION="SUDOESTE";
if(dir>=3100 && dir<3800) dIRECTION="SUL";

dirm=dirm+dir;
dir=0;
contm=contm+1;
if (contm==4)
{
contm=0;
dirm=dirm/4;
if(dirm>=0 && dirm<300) dirbiruta=1;
if(dirm>=300 && dirm<580) dirbiruta=2;
if(dirm>=580 && dirm<1050) dirbiruta=3;
if(dirm>=1050 && dirm<1570) dirbiruta=4;
if(dirm>=1570 && dirm<2070) dirbiruta=5;
if(dirm>=2070 && dirm<2550) dirbiruta=6;
if(dirm>=2550 && dirm<3100) dirbiruta=7;
if(dirm>=3100 && dirm<3800) dirbiruta=8;
dirmprev=dirm;

67
dirm=0;
}
}
}

if(dirbiruta!=dirturbina) posiciona();
}

void velocidade()
{
current=millis();
periodo=current-previous1;
previous1=current;
freq=1000/float(periodo);
vELO=(2*3.14)*freq*raio; //(m/s)
vELOK=vELO*3.6;
Serial.print("Velocidade: ");
Serial.print(vELO);
Serial.print(" m/s , ");
Serial.print(vELOK);
Serial.println(" Km/h");
}

void posiciona()
{

if(flag1==LOW)
{
dif=dirbiruta-dirturbina;
if(abs(dif)==1) quant=25;
if(abs(dif)==2) quant=50;
if(abs(dif)==3) quant=75;
if(abs(dif)==4) quant=100;
if(abs(dif)==5) quant=125;
if(abs(dif)==6) quant=150;
if(abs(dif)==7) quant=175;
flag1=HIGH;
digitalWrite(27,HIGH);//ENABLE 3,3V OUTPUT
if(dif<0) digitalWrite(14,HIGH);//dir anti-horário
else digitalWrite(14,LOW);//dir horário
}

current1=millis();
if(current1-previous2>250)
{
previous2=current1;
status=!status;
digitalWrite(26,status);
if(status==HIGH) quant--;
}

68
if(quant==0)
{
dirturbina=dirturbina+dif;
flag1=LOW;
digitalWrite(27,LOW);//ENABLE
Serial.print("Turbina: ");
Serial.println(dirturbina);
}

11.6 Projeto Mecânico

Para execução deste projeto, foi necessária uma estratégia para acoplar o motor de passo
na turbina eólica, a fim de garantir a correta operação sem prejudicar a estrutura mecânica e os
dispositivos. Toda estrutura mecânica foi montada no Centro Universitário FEI com o auxílio
do Centro de Laboratório da Mecânica.

Num primeiro momento, utilizamos um acoplamento para baixos torques, isso não
funcionou muito bem devido ao esforço geral do nosso sistema. O protótipo 1 está ilustrado na
figura 41 à seguir.

Figura 41: Acoplamento realizado no protótipo 1

Fonte: Elaboração do autor


69
Na segunda montagem, fizemos o superdimensionamento do acoplador, como mostrado
nas figuras 42 e figura 43, respectivamente.

Figura 42: Acoplamento realizado do protótipo 2

Fonte: Elaboração do autor

70
Figura 43: Acoplador mecânico utilizado

Fonte: IIVVERR

Antes de darmos continuidade, é importante lembrar que, toda estrutura mecânica do


projeto foi elaborada pelo grupo para se tornar o mais simples e viável para projetos futuros, o
intuito do trabalho é o controle do direcionamento Yaw em um aerogerador.

A base da turbina foi construída através de uma cadeira de 4 pés. No centro foi feito um
encaixe utilizando uma estrutura em alumino. Na base superior dessa estrutura, anexamos o
rolamento axial de esfera (Figura 44), servindo de apoio para o eixo de aço mostrado na Figura
45.

Figura 44: Rolamento Axial.

Fonte: Abecom

Abaixo, na figura 45, é possível enxergar a solução pensada pelo grupo para sustentar
grande parte da estrutura desse projeto. Precisávamos de uma solução que envolvesse o
acoplamento firme e preciso do nosso sistema, mantendo as capacidades de rotação em um eixo
vertical da turbina. A peça ilustrada na figura 45 foi encaixada na base de 4 pês (da cadeira),
71
firmando a estrutura. Dessa forma, obtivemos uma estrutura rígida de alumínio com a base
superior livre para rotação. O material escolhido para usinagem foi o alumínio, pois, além de
suas ótimas capacidades estruturais, foi considerado que o atrito entre uma superfície de
alumínio e uma de aço é menor que ambas de aço.

Figura 45: Suporte para o eixo e rolamento axial.

Fonte: elaboração do autor

Como dito nos parágrafos anteriores, decidimos utilizar um eixo de aço, que é mais pesado.
Porém, o atrito entre uma superfície de aço com uma de alumínio é menor.

72
Figura 46: Eixo/coluna da nacele em aço

Fonte: Elaboração do autor

Nesse momento do projeto, após toda a estrutura mecânica estar montada, percebemos que,
quando o vento era aplicado na turbina o atrito entre o eixo e o suporte do eixo/rolamento axial
aumentava significativamente, travando a rotação do sistema.

Para solucionar, entendemos que precisávamos de um outro ponto de apoio do eixo. Foi então
que adicionamos um outro rolamento (figura 47), dessa vez radial e blindado, na superfície
inferior do suporte, o que retirou totalmente a folga e minimizou os atritos presentes nas
superfícies de contado.

Figura 47: Rolamento radial adicionado na correção

Fonte: elaboração do autor

73
A turbina eólica utilizada possui um sistema de controle de segurança e limitação de velocidade
(Sistema de controle de Passos), buscando reduzir a capacidade de conversão da energia do
vento em energia mecânica através do ângulo de Stall. Quando aplicado uma carga muito forte
nas pás da turbina, nota-se que na figura 48, o rotor é freado, esticando-se a mola.

Figura 48: Controle de passo

Fonte: Elaboração do autor

74
12 Resultados obtidos

Neste capítulo, serão mostrados os resultados obtidos a partir de algumas simulações


feitas e aquisição de dados pela Dashoboard da IOT Cloud.

Conseguimos realizar o direcionamento do conjunto mecânico da nacele. Porém, isso


não aconteceu no primeiro momento, tivemos que ir evoluindo alguns pontos do projeto.
Conforme fomos estruturando a parte mecânica do projeto percebemos que o conjunto acabou
ficando muito pesado. Sendo assim, trocamos o motor de passo de um Nema 17 para um Nema
23, com a prerrogativa de ter mais torque disponível.

Entretanto, notamos que, para o conjunto realmente rodar com margem de segurança,
sem perder nenhum passo, deveríamos dimensionar a potência fornecida no motor de passo. A
primeira solução foi usar o drive amplificador de corrente em ponte H, listado anteriormente.
O Amplificador realmente funcionou elevando o torque final do motor de passo. Porém, em
casos extremos, tivemos problemas. Basicamente, por ser tratar de um amplificador de corrente
em ponte H, e o conjunto mecânico ser muito pesado, este amplificador começou a
superaquecer e a desligar em certos momentos de picos de corrente, tornando-o inviável para
nosso projeto.

A solução final foi utilizar um drive muito robusto, usado inclusive em ambientes
industriais, chamado de 2035 - DC Full/Half Step Drive da Applied e citado no capítulo 9.1.
Isso solucionou as perdas de passo no nosso direcionamento.

O Divre 3535 - DC Full/Half Step Drive, entretanto, apresenta um valor mínimo de 5V


para os sinais de INPUT. Nosso ESP32, que é quem dispara os sinais no STEPPER apenas
manda sinais com um pico de 3,6V. Sendo assim não conseguimos, no primeiro momento,
acionar o Divre 2535. A solução que a dupla adotou foi a introdução de optoacopladores 4N25,
que quando excitados, fecham circuito com uma fonte ou a bateria.

75
13 Considerações finais

Neste trabalho, se estudou o sistema de direcionamento do rotor de uma turbina eólica


de pequeno porte e a aquisição e monitoramento dos dados através de uma interface web. Com
base nos estudos teóricos sobre a captação e utilização da energia eólica para geração elétrica e
nos resultados obtidos nesse projeto, o sistema implementado na turbina eólica utilizada para
teste se tornou bastante viável no regime Offshore e em ambientes terrestres onde possui solo
exposto e com alto índice de vento, pois, nesses casos, o grau de aproveitamento dos
aerogeradores é maior.

Em função de outros estudos para o desenvolvimento tecnológico das turbinas eólicas


em pequeno porte, recomenda-se o método de controle das pás (sistema pitch) encarregado de
controlar o ângulo de ataque das pás e o aperfeiçoamento dos sinais obtidos e processados
através de uma interface web, tornando o sistema mais preciso e estável na leitura e aquisição
dos dados.

76
REFERÊNCIAS

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NEOMOTION, CATÁLOGO DATASHEET MOTORES DE PASSO. JOINVILLE/SC, 2017. DISPONÍVEL


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ENERSUD, TURBINA EÓLICA NOTUS MARINE. DISPONÍVEL EM:


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