Você está na página 1de 42

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

LÚCIO FLÁVIO SOUZA OLIVEIRA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO


INTERNO

JOÃO PESSOA - PB

2023
LÚCIO FLÁVIO SOUZA OLIVEIRA

Relatório do Estágio Curricular Supervisionado Obrigatório Interno apresentado à


Coordenação Geral de Estágio, referente ao período de 10/08/2023 a 29/09/2023, realizado no
CT – DEM – Laboratório de Energia Sustentável.

JOÃO PESSOA
14 de agosto de 2023
LÚCIO FLÁVIO SOUZA OLIVEIRA

Em atendimento à Lei n. 11.788/2008, apresentamos o relatório das atividades desenvolvidas


no estágio curricular supervisionado não obrigatório externo, conforme Termo de
Compromisso de Estágio (TCE) e Plano de Atividades de Estágio (PAE) previamente
celebrados entre as partes abaixo.

____________________________________
Lúcio Flávio Souza Oliveira
Estagiário Graduando em Engenharia Mecânica
E-mail: lucio.engmecanica@gmail.com
(assinatura)

____________________________________
Carlos Antônio Cabral dos Santos
Servidor Supervisor de Estágio
E-mail: carloscabralsantos@yahoo.com.br
(assinatura e carimbo)

____________________________________
Carlos Antônio Cabral dos Santos
Professor Orientador de Estágio
E-mail: carloscabralsantos@yahoo.com.br
(assinatura e carimbo)

João Pessoa - PB
14 de agosto de 2023
RESUMO
Este relatório contém as principais atividades desenvolvidas por Lúcio Flávio Souza Oliveira,
aluno concluinte do curso de graduação de Engenharia Mecânica da UFPB - Universidade
Federal da Paraíba. O estágio foi realizado no âmbito do Departamento de Engenharia
Mecânica da UFPB no Instituto de Energia Sustentável, na sede da Rede Cooperativa de
Pesquisa Norte Nordeste do Gás Natural, no contexto do projeto de pesquisa em atendimento
à chamada interna de produtividade em pesquisa PROPESQ/PRPG/UFPB – No 03/2020, cujo
título, é: Desenvolvimento de uma rota tecnológica para a produção de energia elétrica a
partir do uso do Biogás oriundo de resíduos orgânicos do meio rural e urbano. E tem como
objetivo o desenvolvimento de um modelo computacional do biodigestor de fluxo ascendente
modificado para posterior produção e instalação na UFPB, sendo um projeto piloto para o
beneficiamento energético de resíduos urbano e produção de biofertilizante. A metodologia
do estudo se baseia na construção do modelo 3D do biodigestor a partir do software
computacional SolidWorks, a posteriori, será realizada uma análise energética a fim de
verificar a eficiência do processo. Este trabalho se preocupa ainda com sustentabilidade
ambiental, que se faz necessária ao desenvolvimento cientifico e tecnológico no contexto da
atualidade, e do futuro, para os problemas relacionados à área de energia.

Palavras-chave: Biodigestão; Biometano; Biofertilizante; Sustentabilidade; Energia.


ABSTRACT
This report contains the main activities carried out by Lúcio Flávio Souza Oliveira,
undergraduate student in Mechanical Engineering at UFPB - Federal University of Paraíba.
The internship was carried out within the scope of the Department of Mechanical Engineering
at UFPB at the Institute of Sustainable Energy, at the headquarters of the North Northeast
Cooperative Network for Research in Natural Gas, in the context of the research project in
response to the internal call for research productivity PROPESQ/PRPG /UFPB – nº 03/2020,
whose title is: Development of a technological route for the production of electrical energy
from the use of Biogas from organic waste from rural and urban areas. The objective is to
develop a computational model of the modified upflow biodigester for subsequent production
and installation at UFPB, being a pilot project for energy processing of urban waste and
production of biofertilizer. The study methodology is based on the construction of a 3D model
of the biodigester using the SolidWorks computational software. An energy analysis will later
be carried out to verify the efficiency of the process. This work is also concerned with
environmental sustainability, necessary for scientific and technological development in the
current context, and in the future, for problems related to the energy area.

Keywords: Biodigestion; Biomethane; Biofertilizer; Sustainability; Energy.


LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Fluxo de carbono no processo de digestão anaeróbia ................................................................... 17
Figura 2.2 – Modelo de biodigestor UASB .......................................................................................................... 21
Figura 3.1 – Etapas de desenvolvimento do biodigestor UASB modificado ....................................................... 25
Figura 4.1 – Resultados dos aspectos construtivos do reator UASB .................................................................. 26
Figura 4.2 – Vista Isométrica do sistema UASB modificado .............................................................................. 27
Figura 4.3 – Componentes do sistema de tratamento de resíduos domésticos ................................................... 27
Figura 4.4 – Vista em corte do reator UASB modificado.................................................................................... 28
Figura 5.1 – Rotas de conversão de DQO e fluxos de metano em reatores UASB ............................................ 30
Figura 5.2 – Modelo polinomial da constante de Henry ..................................................................................... 36
Figura 5.3 – Resíduo do modelo polinomial ........................................................................................................ 37
Figura 5.4 – Modelo racional da constante de Henry ......................................................................................... 37
Figura 5.5 – Dados de entrada considerados no modelo .................................................................................... 38
Figura 5.6 – Resultados da produção de biogás do reator UASB....................................................................... 39
Figura 0.1 – Vista L.E e em corte do reator ........................................................................................................ 42
Figura 0.2 – Vistas do defletor de gás .................................................................................................................. 42
Figura 0.3 – Vistas da tampa superior interna .................................................................................................... 43
Figura 0.4 – Vistas do separador trifásico ........................................................................................................... 43
Figura 0.5 – Vistas da tampa superior externa ................................................................................................... 44
Figura 0.6 – Vistas da campânula ....................................................................................................................... 44
Figura 0.7 – Vistas do filtro de 𝑪𝑶𝟐 .................................................................................................................... 45
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Principais contaminante de águas residuárias ............................................................................... 16
Tabela 2.2 – Parâmetros característicos de esgoto doméstico ............................................................................. 16
Tabela 2.3 – Tempo de detenção hidráulica para reatores UASB ...................................................................... 22
Tabela 2.4 – Velocidades ascensionais para efluentes domésticos em função da vazão .................................... 24
Tabela 4.1 – Parâmetros de entrada da modelagem do reator UASB modificado ............................................. 26
Tabela 5.1 – Concentrações de 𝑪𝑯𝟒 no biogás em função da concentração de DQO ....................................... 35
Tabela 5.2 – Valores da constante da lei Henry para 𝑪𝑯𝟒 e 𝑯𝟐 𝑺 dissolvidos em água. .................................... 35
LISTA DE ABREVIATURAS
BRS Bactérias Redutoras de Sulfato
CHV Carga Hidráulica Volumétrica
CB Carga Biológica
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
DEM Departamento de Engenharia Mecânica
DQO Demanda Química de Oxigênio
IES Instituto de Energia Sustentável
PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
RECOGÁS Rede Cooperativa de Pesquisa Norte Nordeste do Gás Natural
TDH Tempo de Detenção Hidráulica
UASB Upflow Anaerobic Sludge Blanket
UFPB Universidade Federal da Paraíba
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................... 13
1.1.1 Objetivo geral ...................................................................................................................................... 13
1.1.2 Objetivos específicos ........................................................................................................................... 13

1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 14


2 Biodigestão e Biodigestores ................................................................................................. 15
2.1 DIGESTÃO ANAERÓBIA ............................................................................................ 15
2.1.1 Parâmetros importantes........................................................................................................................ 16
2.1.2 Etapas da digestão anaeróbia ............................................................................................................... 18
2.1.2.1 Hidrólise e Acidogênese .................................................................................... 18
2.1.2.2 Acetogênese ....................................................................................................... 18
2.1.2.3 Metanogênese .................................................................................................... 19

2.2 REATOR UASB ............................................................................................................. 19


2.2.1 Funcionamento .................................................................................................................................... 19
2.2.2 Parâmetros de projeto .......................................................................................................................... 21

3 Metodologia .......................................................................................................................... 25
4 Modelagem 3d ...................................................................................................................... 26
5 Estimativa de produção de biogás em reatores uasb ....................................................... 29
5.1 Dados de entrada do programa ....................................................................................... 31
5.2 balanço de massa da DQO e produção de metano .......................................................... 31
6 Considerações finais ............................................................................................................ 39
Referências .............................................................................................................................. 40
APÊNDICE A ......................................................................................................................... 42
1 INTRODUÇÃO

Este relatório contém as principais atividades desenvolvidas por Lúcio Flávio Souza
Oliveira, concluinte do curso de graduação de Engenharia Mecânica da Universidade Federal
da Paraíba. O estágio foi realizado no Instituto de Energia Sustentável - IES, na sede da Rede
Cooperativa de Pesquisa Norte Nordeste do Gás Natural - RECOGÁS, Campus João Pessoa –
PB, no período compreendido entre 10/08/2023 e 29/09/2023.
O estágio ocorreu no âmbito do projeto de pesquisa que visa o desenvolvimento de
uma rota tecnológica para a produção de energia elétrica a partir do uso do biogás oriundo de
resíduos orgânicos, tanto do meio rural quanto do urbano. Neste estágio foram postas em
prática diversas atividades/habilidades inerentes ao cargo de engenheiro mecânico, tais como:
trabalhar em equipe com alunos de graduação, mestrado e doutorado, adquirindo experiência
na área de gestão de projetos, comunicação e colaboração interdisciplinar; desenvolver e
executar cronogramas, participando ativamente na elaboração, desenvolvimento e implantar o
cronograma do projeto do reator UASB, acompanhando as atividades ao longo do tempo;
apresentar soluções eficazes e mecanismos eficientes para a resolução de problemas, como,
por exemplo, o desenvolvimento de um programa para estimar a produção de biogás;
desenvolver habilidades interpessoais, etc.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

O presente trabalho tem como objetivo geral desenvolver um modelo computacional


do biodigestor tipo UASB modificado para posterior implementação em escolas e
universidades públicas, o qual será alimentado por resíduos urbanos proveniente de dejetos
humanos, visando não só à produção de biometano como também de biofertilizante. Esse
produto visa contribuir para o desenvolvimento sustentável de escolas e universidades
públicas.

1.1.2 Objetivos específicos

Para que o objetivo geral fosse alcançado, os seguintes objetivos específicos foram
determinados:
(a) Levantamento bibliográfico sobre o processo químico da biodigestão anaeróbica;
(b) Estudos dos modelos de biodigestor atualmente no mercado;
13
(c) Levantamento das necessidades energéticas da UFPB;
(d) Escolha do tipo de matéria-prima a ser utilizada e do biodigestor a ser utilizado;
(e) Realizar a modelagem computacional do biodigestor a ser desenvolvido,
utilizando o software SolidWorks;
(f) Realizar a análise energética do modelo, desenvolvendo um programa em MatLab
a fim de verificar o potencial energético do reator UASB desenvolvido.

1.2 JUSTIFICATIVA

A crise do petróleo ocorrida na década de 1970 pressionou consideravelmente o preço


da commodity e teve como consequência a redução da atividade econômica de várias Nações
ao redor do Globo, inclusive do Brasil. Pressionado pelo elevado preço do petróleo, o governo
Militar, encabeçado pelo Presidente da República, Médici, destacou-se no desenvolvimento e
implantação do projeto de diversificação da matriz energética do país. Dentre as ações
tomadas para reverter a grave crise energética que assolava o Brasil, destacaram-se a
construção de usinas hidrelétricas e nucleares; além da implantação do Programa Nacional do
Álcool – Proálcool.
Em 2002, foi instituído pela Lei 10.4338/02 o Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica – PROINFA, com os objetivos de: diversificar a matriz
energética brasileira; valorizar as características e potencialidades regionais na produção de
energia elétrica e; reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Neste contexto de
diversificação da matriz energética brasileira, o biogás se apresentou como uma alternativa
eficaz, gás esse, produzido a partir da biodigestão anaeróbica de resíduos orgânicos urbanos
e/ou industriais em recipientes hermeticamente fechados, denominados, biodigestores. Esse
processo de produção de energia apresenta uma série de vantagens, das quais se destacam:
transformação de matéria-prima de baixo valor agregado em produtos de alto valor: resíduos
orgânicos em biometano e biofertilizante; redução dos custos com energia, uma vez que o
metano produzido pelo processo de biodigestão pode ser utilizado como combustível ou,
ainda, gerar eletricidade; diminuição da poluição atmosférica, uma vez que há captação do
metano que seria liberado na atmosfera pelo processo de biodigestão em ambiente aberto, gás
esse, causador do efeito estufa.

14
2 BIODIGESTÃO E BIODIGESTORES

Tendo em vista a proposta deste trabalho, este capítulo apresentará de forma simples a
definição de biodigestão; o funcionamento e os parâmetros de projeto do reator UASB.

2.1 DIGESTÃO ANAERÓBIA

Segundo Gonçalves1 (1982, apud PALERMO, 1991), a biodigestão anaeróbica


consiste em um processo biológico para tratamento de resíduos sólidos de origem orgânica, o
qual degrada compostos orgânicos complexos, a partir de atividade bacteriana, na ausência de
oxigênio, em substâncias mais simples: lodo biológico, líquido e gases. Como produto obtêm-
se biomassa, biofertilizante e biogás.
De acordo com Hughes2 & Costa3 (1980 & 1986, apud PALERMO, 1991), o processo
de biodigestão anaeróbia apresenta três principais vantagens em relação a outras fontes
energéticas, são elas: redução da poluição ambiental, a biodigestão possibilita a estabilização
da matéria orgânica em ambientes adequados, impedindo, dessa forma, que a matéria orgânica
contamine solo, rios, nascentes d’águas e lençol freático; produção de biogás, sendo
considerada uma fonte alternativa, renovável e sustentável de energia, a partir da
metabolização do substrato e; produção de biofertilizantes, que pode ser aproveitado para
utilização interna ou pode ser comercializado.
Segundo Martins, Guardabassi e da Costa (2006, apud JORGE & OMENA, 2012),
tem-se por definição que esgotos são efluentes líquidos de origem doméstica, urbano ou rural,
ou, com características similares. Os esgotos ou água residuária são composta de uma série de
substâncias podendo ser classificada como: sólidos em suspensão, matéria orgânica,
nutrientes e organismos patogênicos, conforme pode ser visto na Tab. 2.1.
Neste sentido, para a descontaminação do afluente faz-se necessária à utilização de
Estações de Tratamento de Esgotos (ETE), que é a unidade operacional do sistema de águas
residuárias que, a partir de processos físicos, químicos e biológicos removem as cargas
poluentes do esgoto, devolvendo ao ambiente um efluente tratado, em conformidade com os
padrões exigidos pela legislação ambiental (CASAN, 2005).

1
GONÇALVES, A.C.R. A potencialidade de outros substratos para a digestão anaeróbica. São Paulo: Instituto
de Pesquisas Tecnológicas, 1982. 29 p.
2
HUGHES, D.E. What is anaerobic digestion? An overview. In: STAFFORD, D.A., WHEATLEY, B.I.,
HUGHES, D.E. Anaerobic Digestion London: applied Science Publishers, 1980, p.1-14.
3
COSTA, S.R.A., LACAVA, P.M. Observações preliminares da digestão anaeróbica do soro de queijo. In:
SEMINÁRIO REGIONAL DE ECOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, 1986, São
Carlos, SP. Anais. São Carlos: UFScar, 1986. 185 p., p. 85-90.
15
Tabela 2.1 – Principais contaminante de águas residuárias

Fonte: Metcalf &Eddy, 1991.

2.1.1 Parâmetros importantes

DBO: Demanda bioquímica de oxigênio, esse parâmetro indica a quantidade de


oxigênio necessário para estabilizar a matéria orgânica biodegradável presente no afluente.
DQO: Demanda química de oxigênio, que corresponde ao consumo de oxigênio para
degradação da matéria orgânica, incluindo a fração biodegradável e a não biodegradável.
DQO/DBO: A relação DQO/DBO indica o grau de biodegradabilidade da matéria
orgânica. Caso a relação DQO/DBO seja baixa, a fração biodegradável é elevada, indicando
que processos biológicos para o seu tratamento seja eficiente. Caso a relação DQO/DBO seja
alta, a fração não biodegradável é elevada e, portanto, os processos físico-químicos são os
mais indicados para o tratamento.
Na tabela 2.2 são apresentados os valores característicos dos parâmetros apresentados
acima de água residuária de origem doméstica.

Tabela 2.2 – Parâmetros característicos de esgoto doméstico

16
Fonte: Metcalf &Eddy, 1991.

Segundo Metcalf & Eddy (1991), utiliza-se os tratamentos biológicos a fim de


decompor a matéria orgânica biodegradável (coloidais ou dissolvidas) do afluente e, ainda,
remover certas substâncias (nitrogênio e fósforo), cujos objetivos são o de: coagular e
remover material coloidal não sedimentável e, estabilizar a matéria orgânica. Para isso,
inúmeros micro-organismos fazem parte do tratamento biológico das águas residuárias; os
principais são: as bactérias, os protozoários, os fungos, as algas e os vermes; destes, as
bactérias tem papel fundamental. Do grupo das bactérias, destacam-se três grupos que, de
acordo com a sua função no processo de decomposição anaeróbica, participam dos
tratamentos biológicos: as fermentativas, as acetogênicas e as metanogênicas.
Segundo Nascimento (1996), as reações que ocorrem no processo de degradação
anaeróbia de matéria orgânica ocorrem de forma sistemática e sequencial. Podendo, a matéria
orgânica presente no sistema, ora ser utilizada como substrato (alimento) por um grupo de
bactérias, sendo considerada reagente, ora ter sido produzida por outro grupo, sendo
considerado produto; Pode-se distinguir quatro etapas no desenvolvimento da digestão
anaeróbia, que são: hidrólise, acidogênese, acetogênese e metanogênese, conforme pode ser
visto na Fig. 2.1.

Figura 2.1 – Fluxo de carbono no processo de digestão anaeróbia

Fonte: Cavaleiro, A. J., Alves, M. M., 2020.4

4
Disponível em: http://doi.org/10.24927/rce2020.009. Acesso em: 30 de agosto de 2023.
17
2.1.2 Etapas da digestão anaeróbia

2.1.2.1 Hidrólise e Acidogênese

A hidrólise, quebra das ligações moleculares a partir da ação da água, consiste em um


processo lento executado por enzimas extracelulares, em que ocorre a solubilização de
substratos complexos. Geralmente, a velocidade da hidrólise pode ser a etapa limitante para o
processo da digestão anaeróbia (RISSOLI, 2004). De acordo Weber (2006, apud COSTA;
BARBOSA FILHO; GIORDANO, 2014), as bactérias acidogênicas convertem, a partir da
hidrólise e fermentação, compostos orgânicos complexos, como hidratos de carbono
(carboidratos), proteínas e lipídios, em compostos mais simples, principalmente ácidos
orgânicos voláteis com três ou mais átomos de carbono na molécula, como: açúcares,
aminoácidos e peptídeos.
Segundo Chernicharo (2008, apud LETTINGA, 1996), vários fatores podem afetar o
grau e a taxa em que o substrato é hidrolisado, dentre eles têm-se:
Temperatura operacional do reator;
Tempo de residência do substrato no reator;
Composição do substrato;
Tamanho das partículas;
pH do meio;
Concentração de NH4  N ;
Concentração de produtos de hidrólise.
Os produtos solúveis resultantes da fase de hidrólise são absorvidos pelas células das
bactérias fermentativas, onde passam por reações metabólicas intracelulares. Nessa etapa, os
produtos complexos são quebrados e transformados em compostos mais simples. Após essa
metabolização intracelular, os compostos mais simples são excretados pelas células
bacterianas para o ambiente circundante (CHERNICHARO, 2008).

2.1.2.2 Acetogênese

As bactérias acetogênicas são responsáveis pela oxidação, retirada de elétrons, dos


produtos originados na fase acidogênica em substrato apropriado para as bactérias
metanogênicas. Essas bactérias fazem parte de um grupo metabólico intermediário,
produzindo substrato para as metanogênicas. Os produtos produzidos por aquelas são o
hidrogênio, o dióxido de carbono e o acetato (CHERNICHARO, 2008).
18
A partir da oxidação de compostos orgânicos, as bactérias sintróficas acetogênicas,
produtoras de hidrogênio, convertem o butirato, o propionato, propanol e metanol em
produtos de hidrogênio, como: acetato e dióxido de carbono (SOUBES, 1994).
A taxa de produção de ácidos por acetogênese, geralmente, é alta quando comparada à
produção de metano. Posto isso, um súbito acréscimo na concentração de matéria orgânica
resulta em acréscimo da produção de ácido favorecendo uma queda do pH, podendo vir a
prejudicar a etapa metanogênica (COSTA; BARBOSA FILHO; GIORDANO, 2014)

2.1.2.3 Metanogênese

O acetato e o hidrogênio, produzidos nas etapas anteriores, são convertidos em metano


e dióxido de carbono por um grupo de micro-organismos diferenciado, chamados de Arqueas
metanogênicas. Essas bactérias podem executar suas funções primordiais no processo
anaeróbio por duas vias (VON SPERLING, 1996).
Na primeira rota, a produção de metano e de gás carbônico é realizada a partir do
ácido acético; via esta, conhecida como metanogênese hidrogenotrófica. Ela responde por
cerca de 30% da produção total de metano. Nessa via, os gêneros predominantes são:
Methanobacterium, Methanospirillum e Methanobrevibacter.
Já a segunda rota, responde por 60 a 70% da produção de metano. As bactérias
responsáveis pelas reações utilizam o gás carbônico como fonte de carbono e o hidrogênio
como fonte de energia, sendo o grupo microbiano envolvido composto pelas metanogênicas
acetoclásticas ou acetotróficas. Os gêneros predominantes são: Methanosarcina e
Methanosaeta. Esta via é conhecida como metanogênese acetotrófica (fermentação do ácido
acético).

2.2 REATOR UASB

2.2.1 Funcionamento

O biodigestor é um equipamento/recipiente hermeticamente fechado, no qual matéria


orgânica é adicionada ao recipiente com intuito de que diversos micro-organismos possam
decompô-la, obtendo-se como produtos da biodigestão: o biofertilizante e o biogás. Esses
produtos são de alto valor econômico e são renováveis, podendo ser utilizados para outros
fins, portanto, traz consigo, além dos benefícios ambientais, competitividade econômica. O
reator UASB é um tipo de reator anaeróbio amplamente utilizado no tratamento de águas
residuais e efluentes industriais. O reator é projetado para degradar material orgânico sob
19
condições anaeróbias, onde a ausência de oxigênio é essencial para o crescimento dos micro-
organismos responsáveis pela degradação.
Uma das características principais para o sucesso do funcionamento do reator é a
formação de uma biomassa que tenha uma intensa atividade, podendo ser desenvolvida na
forma de flocos ou mesmo granular. O reator UASB contém, basicamente, dois
compartimentos distintos, um de digestão e outro de decantação. A primeira região consiste
em uma região de alta densidade de micro-organismos conhecida como manta de lodo, é nela
em que há o primeiro contato entre o afluente bruto e os organismos responsáveis pela
decomposição da matéria orgânica. O segundo compartimento consiste em uma região de
baixa densidade de micro-organismos, denominada de zona de decantação. Nessa região
ocorre a clarificação do efluente e a diminuição da concentração de sólidos. Essas regiões são
detalhadas abaixo:
A característica mais distintiva do compartimento de digestão do reator UASB é a
presença de uma manta de lodo (sludge blanket) no interior. Esta zona contém uma biomassa
rica em micro-organismos anaeróbicos, que são responsáveis pela decomposição da matéria
orgânica presente nas águas residuais. A manta de lodo se forma devido à sedimentação das
partículas sólidas produzidas durante o processo anaeróbico.
Nas partes superiores do reator, há um espaço, zona de decantação, onde o gás
produzido durante o processo de digestão anaeróbica (principalmente metano), esse gás é
coletado e pode ser usado como fonte de energia, como biogás.
O afluente bruto, que contém matéria orgânica a ser tratada, é introduzido na parte
inferior do reator UASB. A mistura do sistema é provocada pelo fluxo ascendente do esgoto e
das bolhas de gás. No reator tem-se, então, em todas as zonas de reação descritas, a
estabilização da matéria orgânica. A entrada do esgoto se dá pelo fundo e a saída por meio de
um decantador interno, instalado em sua parte superior. A sedimentação das partículas ocorre
por um sistema de segregação de gases e sólidos existente abaixo do decantador, que as
separam da manta de lodo, encaminhando-as para a câmara de digestão ao invés de enviá-las
para fora do sistema (COSTA; BARBOSA FILHO; GIORDANO, 2014).
Apesar do reator de manta de lodo ter sido desenvolvido para o tratamento de esgotos
concentrados, da mesma forma que os processos de leito expandido, eles têm sido utilizados
com resultados satisfatórios para o tratamento de esgotos de menor concentração. Soma-se a
isto, a simplicidade do processo que sequer necessita de equipamentos aprimorados ou meios
suporte para a retenção da biomassa (NUNES; NUNES; COSTA, 2007).

20
Os compartimentos do reator UASB são projetados de forma a otimizar a separação
dos sólidos, a sedimentação do lodo e a produção de gases, garantindo assim a eficiência na
decomposição da matéria orgânica presente nas águas residuais, conforme pode ser visto na
Fig. 2.2. Esse sistema é amplamente utilizado devido à sua eficácia na remoção de poluentes
orgânicos e na produção de biogás, contribuindo para o tratamento sustentável de águas
residuais e a recuperação de recursos energéticos.
O processo de digestão/fermentação de águas residuais e efluentes industriais deve
ocorrer de maneira correta, uma vez que patógenos presentes na matéria orgânica devem ser
eliminados. Esses micro-organismos são os responsáveis pela propagação de várias doenças a
partir da veiculação hídrica. Além disso, moléculas complexas são reduzidas/quebradas a
moléculas simples, que podem ser absorvidas pelas plantas, não colocando em risco o meio
ambiente e a saúde pública.

Figura 2.2 – Modelo de biodigestor UASB

Fonte: adaptado do site da Reviva Soluções Ambientais.5

2.2.2 Parâmetros de projeto

Tempo de detenção hidráulica e Carga hidráulica volumétrica

O tempo de detenção hidráulica (TDH) se refere ao tempo médio que o afluente


permanece dentro do reator durante o processo de tratamento. O TDH é expresso em horas e é
5
Disponível em: https://www.revivaambiental.com. Acesso em: 21 de agosto de 2023.
21
calculado dividindo-se o volume do sistema pelo fluxo de efluente que passa por ele. De
acordo com Costa, Barbosa e Giordano (2014), o TDH é relevante por ter relação direta com a
velocidade do processo de digestão anaeróbia, que está conexo com o tamanho da unidade de
tratamento. Segundo Chernicharo (1999), o TDH em reatores UASB tem relação direta com a
temperatura do esgoto e está relacionado com ela de acordo com a Tab. 2.3.

Tabela 2.3 – Tempo de detenção hidráulica para reatores UASB

Fonte: Chernicharo, 1999.

Para os efluentes sanitários com uma temperatura em torno de 20°C, adota-se para a
vazão média um tempo de detenção em torno de 8 a 10 horas, podendo também ser calculada
a partir da Eq. (1). Para a vazão máxima, deve-se adotar um tempo superior a 4 horas, sendo
que para os picos de vazão máxima, o tempo não deve exceder a 4 a 6 horas
(CHERNICHARO, 2008).
V
TDH   (1)
V med
Onde:
 TDH – Tempo de detenção hidráulica (h);
 V – Volume do reator UASB (m³);
 𝑉̇𝑚𝑒𝑑 – Vazão média do afluente (m³/h).
A carga hidráulica volumétrica (CHV) é uma medida utilizada em sistemas de
tratamento de efluentes para quantificar a quantidade de efluente que passa por uma
determinada área ou volume de um sistema em um período de tempo específico. É tida pelo
volume de esgotos introduzidos diariamente no reator por unidade de seu volume. Ela
equivale ao inverso do tempo de detenção hidráulica. Estudos e análises apontam que a carga
hidráulica volumétrica não deve exceder o valor de 5,00 m³/m³∙d, correspondendo a um tempo
de detenção hidráulica mínimo de 4,80 horas (CAMPOS, 1999).

V med
CHV 
V (2)
Onde:
 CHV – Carga hidráulica volumétrica (m³/m³∙d).
22
Segundo Chernicharo (2008), cargas hidráulicas abaixo do valor recomendado, 5,00
m³/m³∙d, pode induzir as seguintes consequências no sistema:
 Perda excessiva de biomassa do sistema;
 Redução do tempo de residência celular (idade do lodo) e consequente diminuição
do grau de estabilização dos sólidos;
 Possibilidade de falha do sistema, uma vez que o tempo de permanência da
biomassa no sistema pode ser inferior ao seu tempo de crescimento.

Carga biológica

Uma gama de autores que estudam processos anaeróbios (CHERNICHARO, 2008;


VAN HAANDEL; LETTINGA, 1994) indicam que a carga de lodo refere-se à quantidade
(massa) de matéria orgânica aplicada diariamente ao reator, por unidade de biomassa presente
no mesmo.
O valor da carga biológica difere de acordo com o tipo de regime a que o sistema está
submetido, tendo um valor para o regime transiente (de partida) e outro para o regime
permanente. Para início do processo de tratamento, em função das características dos
efluentes a serem tratados, são indicadas pela bibliografia especializada como sendo da ordem
de 0,05 a 0,15 (kgDQO/kgSVT∙d). A partir da qual deve ser elevada, gradativamente, para
valores em torno de 2,0 (kgDQO/kgSVT∙d) (CHERNICHARO, 2008). A carga biológica
inserida ao reator UASB pode ser calculada a partir da Eq. (3).

V med  S
CB 
M (3)
Onde:
 CB – Carga biológica (kgDQO/kgSVT∙d);
 S – Concentração de substrato afluente (kgDQO/m³);
 M – Massa de micro-organismos presentes no reator (kgSVT/m³).

Velocidade ascensional do fluxo

Velocidade ascensional do fluxo é uma medida que descreve a taxa na qual um fluido
sobe ou é transportado verticalmente através do reator, ela pode ser calculada utilizando-se a
Eq. (4). Em sistemas de tratamento de água e efluentes, a velocidade ascensional do fluxo é
uma consideração importante para garantir que as partículas sólidas ou bolhas de gás
produzidas durante o processo de digestão anaeróbia tenham tempo suficiente para se separar

23
ou subir adequadamente. Em reatores anaeróbios, a velocidade ascensional é projetada para
permitir a eficiente remoção de partículas sólidas ou para otimizar processos de separação.
Em suma, a velocidade ascensional do fluxo é uma medida importante para entender
como o movimento vertical de fluidos ou partículas ocorre em sistemas de tratamento de
água, efluentes ou processos industriais, e é usada para projetar e/ou otimizar esses sistemas.

V med H
vmed  
Ar TDH (4)
Onde:
 𝑣𝑚𝑒𝑑 – Velocidade média ascensional do fluxo (m/h);
 𝐴𝑟 – Área da seção transversal do reator (m²).
As velocidades ascensionais para o projeto de reatores UASB foram sintetizadas por
Campos (1999), encontrando-se na Tab. 2.4.

Tabela 2.4 – Velocidades ascensionais para efluentes domésticos em função da vazão


Vazão afluente Velocidade Ascensional
Vazão média 0,5 – 0,7
Vazão máxima 0,9 – 1,1
Picos temporários < 1,5
Fonte: adaptado de Campos, 1999.

A partir da Eq. (4) e da Tab. 2.4, observa-se que as profundidades dos reatores devem
estar no intervalo entre 3,00 m e 6,00 m, quando se trata efluentes domésticos com
velocidades ascensionais e tempos de detenção hidráulica usuais em projetos, ou seja,
velocidade inferior a 1,00 m/h para vazão média e tempo entre 6 e 10 horas para temperaturas
variando entre 20 e 26°C (COSTA, BARBOSA FILHO e GIORDANO, 2014).

24
3 METODOLOGIA

O estágio ocorreu no âmbito do projeto de pesquisa que visa o desenvolvimento de


uma rota tecnológica para a produção de energia elétrica a partir do uso do biogás oriundo de
resíduos orgânicos do meio rural e urbano. Nesse contexto, e sabendo-se que o projeto é um
projeto piloto, foi proposto o desenvolvimento de um biodigestor do tipo UASB modificado
para atender as necessidades energéticas da UFPB. O tipo de biodigestor foi escolhido pela
sua elevada eficiência na produção de biogás.
A metodologia adotada obedeceu a seguinte sequência: (a) Revisão bibliográfica:
estabelecer uma base sólida para o desenvolvimento do biodigestor, revisando projetos
consolidados e propondo melhorias; (b) Modelagem 3D: desenvolver um modelo
tridimensional do biodigestor no software SolidWorks, verificando possíveis falhas de
projetos; (c) Estimar, a partir do modelo desenvolvido por Lobato (2011), a produção
volumétrica de biogás do modelo desenvolvido. Na Figura 3.1 são apresentadas as etapas
desenvolvidas para que os objetivos específicos fossem alcançados.

Figura 3.1 – Etapas de desenvolvimento do biodigestor UASB modificado


Revisão Modelagem Produção de
Etapas
bibliográfica 3D biogás

Desenvolvimento Estimar a produção


Processo de do modelo 3D do volumétrica de
Atividades
biodigestão biodigestor UASB biogás do modelo
modificado desenvolvido

Averiguação de
Biodigestores possíveis falhas de
projeto

Modelo UASB

Estudo de projetos

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.

25
4 MODELAGEM 3D

As dimensões do reator UASB foram adotadas após os cálculos dos parâmetros


operacionais, verificando se os mesmos se encontravam na faixa de valores recomendadas
pela Literatura. A partir da Tab. 4.1, verifica-se os valores iniciais de alguns desses
parâmetros.

Tabela 4.1 – Parâmetros de entrada da modelagem do reator UASB modificado


Parâmetros
Símbolo Valor Unidade
adotados
Volume do reator V 500 L
Tempo de detenção
TDH 8 h
hidráulica
Altura do reator h 3400 mm
Temperatura
T 27 °C
operacional do reator
DQO do afluente 𝐷𝑄𝑂𝑎𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 500 mg/L
Fonte: coleção do próprio autor, 2023.

A partir dos dados acima foi elaborado um programa em MatLab capaz de calcular os
parâmetros operacionais do reator desenvolvido. Nesse contexto, o programa nos traz os
seguintes resultados, conforme pode ser visto na Fig. 4.1.

Figura 4.1 – Resultados dos aspectos construtivos do reator UASB

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.

26
A partir dos resultados obtidos na Fig. 4.1, foi desenvolvido um modelo do reator
UASB no SolidWorks. Nessa etapa, foram elaborados tanto o modelo 3D do reator quanto os
desenhos 2D de cada componente integrante do mesmo. Para efeitos de detalhamento, será
apresentado apenas os desenhos mais importantes para a compreensão do modelo. A Fig. 4.2
apresenta a vista Isométrica do sistema de purificação, composto de uma bomba, do reator e
dos filtros de purificação do gás, além das tubulações de alimentação do afluente e descarga
do gás.

Figura 4.2 – Vista Isométrica do sistema UASB modificado

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.

Figura 4.3 – Componentes do sistema de tratamento de resíduos domésticos

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.


27
A Fig 4.4 traz a vista em corte do reator UASB, trazendo mais detalhes de seus
componentes.

Figura 4.4 – Vista em corte do reator UASB modificado

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.

No Apêndice A deste trabalho se encontra os desenhos 2D dos demais componentes


do reator UASB desenvolvido.

28
5 ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE BIOGÁS EM REATORES UASB

O modelo apresentado a seguir para estimar a produção de biogás foi desenvolvido por
(LOBATO, 2011). Inicialmente, foi realizado o balanço de massa no sistema, que em nosso
caso, é o reator UASB. Esse balanço de massa é realizado em temos de DQO. Segundo
Lobato (2011), os balanços de massa de DQO desenvolvidos para estimar a recuperação de
metano e de energia em reatores anaeróbios, usualmente, não contemplam a parcela de DQO
utilizada na redução de sulfato, nem as parcelas perdidas como metano dissolvido no efluente
ou emitido para a atmosfera, conforme pode ser verificado na Eq. (5).
DQO afluente  DQO efluente  DQOlodo  DQOCH 4  DQO oxi
(5)
Onde:
 𝐷𝑄𝑂𝑎𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 – Taxa mássica de DQO de material orgânico do afluente;
 𝐷𝑄𝑂𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 – Taxa mássica de DQO de material orgânico do efluente;
 𝐷𝑄𝑂𝑙𝑜𝑑𝑜 – Taxa mássica de DQO de material orgânico convertida em lodo;
 𝐷𝑄𝑂𝐶𝐻4 – Taxa mássica de DQO de material orgânico convertida em metano;
 𝐷𝑄𝑂𝐶𝐻4 – Taxa mássica de DQO de material orgânico oxidada.
A Equação (5) é normalmente utilizada para a realização de estimativas de produção
de biogás em reatores UASB. No entanto, de acordo com Lobato (2011), esse método de
estimativa não leva em consideração todas as parcelas de conversão da matéria orgânica
dentro do reator, bem como, não estima as perdas de metano no sistema.
Ainda de acordo com ele, no balanço de massa da DQO em reatores UASB devem ser
consideradas todas as parcelas possíveis de conversão da matéria orgânica e perdas de
metano, conforme a Eq. (6), sendo elas: a parcela convertida em metano e presente no biogás;
a parcela convertida em metano e perdida junto ao efluente ou gás residual; a parcela de
sulfato convertida em sulfeto; a parcela convertida em lodo, e, por fim, a parcela da matéria
orgânica solubilizada junto ao efluente (LOBATO, 2011).
DQO afluente  DQOeflsol  DQOlodoret  DQOlodoefl  DQOCH 4 Biogás  DQOCH 4 perdas  DQO sulfred
(6)
Onde:
 𝐷𝑄𝑂𝑒𝑓𝑙𝑠𝑜𝑙 – Taxa mássica de DQO de material orgânico solubilizada no efluente;
 𝐷𝑄𝑂𝑙𝑜𝑑𝑜𝑟𝑒𝑡 – Taxa mássica de DQO de material orgânico convertida em lodo e
retida no sistema;

29
 𝐷𝑄𝑂𝑙𝑜𝑑𝑜𝑒𝑓𝑙 – Taxa mássica de DQO de material orgânico convertida em lodo e
perdida com o efluente;
 𝐷𝑄𝑂𝐶𝐻4 – Taxa mássica de DQO de material orgânico convertida em metano
𝐵𝑖𝑜𝑔á𝑠

e presente no biogás;
 𝐷𝑄𝑂𝐶𝐻4 – Taxa mássica de DQO de material orgânico convertida em
𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠

metano e perdida no efluente ou com o gás residual;


 𝐷𝑄𝑂𝑠𝑢𝑙𝑓𝑟𝑒𝑑 – Taxa mássica de DQO de material orgânico utilizada pelas BRS na
redução de sulfato.
O modelo de Lobato (2011) foi testado e calibrado para os diferentes cenários de
estimativas reportados. Ao todo, 750 simulações foram realizadas levando em consideração
características de reatores em escala piloto e em escala plena. A partir do modelo de Lobato
foi desenvolvido um programa no MatLab para estimar a produção de metano produzidos em
reatores UASB. Conceitualmente, o modelo foi estruturado de acordo com as rotas de
conversão de DQO e fluxos de metano em reatores UASB representados na Fig. 5.1.

Figura 5.1 – Rotas de conversão de DQO e fluxos de metano em reatores UASB

Fonte: Lobato, 2011.

Segundo Lobato (2011), o modelo matemático foi desenvolvido considerando três


situações que acarretam em potenciais de recuperação de metano diferentes: (i) pior situação
(situação conservadora); (ii) situação típica e (iii) melhor situação (situação otimista).
A situação conservadora é aquela no qual o potencial energético é menor, refere-se a
sistemas operando com esgoto mais diluído, concentrações de sulfato maiores, menor
eficiência de remoção de DQO e maiores índices de perda de metano; a situação otimista, o
potencial energético é o mais elevado e refere-se a sistemas operando com esgoto mais

30
concentrado, menores concentrações de sulfato, maior eficiência de remoção de DQO e
menores índices de perda de metano. Para a situação típica são utilizados valores
intermediários para os dados de entrada.

5.1 DADOS DE ENTRADA DO PROGRAMA

Os dados de entrada necessários ao modelo são:


Cenário (conservador, típico ou otimista);
Pop – População contribuinte (hab);
QPC - Contribuição per capita de esgoto (L/hab∙d);
𝑄𝑃𝐶𝐷𝑄𝑂 - Contribuição per capita de DQO (mg/hab∙L);
𝑇 – Temperatura operacional do reator (°C).

5.2 BALANÇO DE MASSA DA DQO E PRODUÇÃO DE METANO

A partir da definição dos parâmetros de entrada, (Cenário, Pop, QPC, 𝑄𝑃𝐶𝐷𝑄𝑂 , T),
inicialmente são estimadas as parcelas de DQO removida no sistema, convertida em lodo e
consumida na redução do sulfato. Com essas parcelas calcula-se a DQO máxima (teórica)
convertida em 𝐶𝐻4 e a consequente produção volumétrica máxima. A fim de se calcular o
volume de 𝐶𝐻4 realmente disponível para o aproveitamento energético, o modelo considera
as perdas de 𝐶𝐻4 dissolvido no efluente e na fase gasosa com o gás residual, além de outras
perdas eventuais na fase gasosa. Por fim, descontadas essas perdas, o potencial energético
disponível é calculado (LOBATO, 2011). O cálculo do potencial energético disponível a
partir da conversão de DQO em metano é importante para avaliar a viabilidade econômica e
ambiental de um sistema de tratamento anaeróbico e determinar a quantidade de energia que
pode ser aproveitada a partir do processo. As equações utilizadas para os cálculos de todas as
parcelas do balanço de massa da DQO e do potencial de recuperação de energia são
apresentadas a seguir.

Vazão média

O fluxo de afluente no reator se dá pelo produto da contribuição per capita de esgoto


pela população, de acordo com a Eq. (7).

V med  Pop  QPC (7)
Onde:

31
 𝑉̇𝑚𝑒𝑑 – Vazão média de afluente (m³/d);
 Pop – População contribuinte (hab);
 QPC – Contribuição per capita de esgoto (m³/hab∙d).

Taxa de DQO total do afluente

A taxa de DQO total afluente se refere à quantidade total de DQO presente no afluente
antes de passar por qualquer processo de tratamento. Ela é, frequentemente, usada como
indicador da carga orgânica que o sistema de tratamento deve remover, podendo ser calculada
a partir da Eq. (8).
DQO afluente  Pop  QPC DQO
(8)
Onde:
 𝐷𝑄𝑂𝑎𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 – Taxa de DQO total do afluente (kgDQO/d);
 𝑄𝑃𝐶𝐷𝑄𝑂 – Contribuição de DQO do esgoto (kgDQO/hab∙d);

Taxa de DQO removida do sistema

A taxa de DQO removida estima a quantidade de DQO que foi removida do afluente
durante o tratamento anaeróbico e é calculada a partir da Eq. (9).
DQO remov  DQO afluente  E DQO
(9)
Onde:
 𝐷𝑄𝑂𝑟𝑒𝑚𝑜𝑣 – Taxa mássica de DQO removida do sistema (kg𝐷𝑄𝑂𝑟𝑒𝑚𝑜𝑣 /d);
 𝐸𝐷𝑄𝑂 – Eficiência de remoção de DQO do sistema (%).

Taxa de DQO convertida em lodo

A taxa de DQO convertida em lodo é uma parcela da DQO removida que, durante o
processo anaeróbico, é convertida em lodo. Esse lodo é uma mistura de micro-organismos e
matéria orgânica não convertida. A taxa pode ser determinada a partir da Eq. (10).
DQOlodo  YDQO  DQO removida
(10)
Onde:
 𝐷𝑄𝑂𝑙𝑜𝑑𝑜 – Fluxo mássico de DQO convertido em lodo (kg𝐷𝑄𝑂𝑙𝑜𝑑𝑜 /d);
 𝑌𝐷𝑄𝑂 – Coeficiente de produção de sólidos (kg𝐷𝑄𝑂𝑙𝑜𝑑𝑜 /kg𝐷𝑄𝑂𝑟𝑒𝑚𝑜𝑣 ).
A partir da Equação (9), determina-se o coeficiente de produção de sólidos.

32
YDQO  Y  K sólidos
(11)
Onde:
 𝑌 – Coeficiente de produção de sólidos voláteis (kgSTV/ kg𝐷𝑄𝑂𝑟𝑒𝑚𝑜𝑣 );
 𝑌𝐷𝑄𝑂 – Fator de conversão de STV em DQO (1 kgSTV = 1,42 kg𝐷𝑄𝑂𝑙𝑜𝑑𝑜 ).
Segundo Lobato (2011), a DQO convertida em lodo, calculada pela Eq. (10), pode ser
dividida em duas parcelas:
(i) DQO convertida em lodo, retida no sistema e/ou retirada com o lodo excedente;
(ii) DQO convertida em lodo e perdida junto ao efluente.

Taxa de DQO utilizada pelas BRS na redução de sulfato

Em sistemas anaeróbios, especialmente em processos como a redução do sulfato, parte


da DQO removida é usada pelos micro-organismos na redução do sulfato. Isso também é
levado em consideração ao calcular a DQO disponível para a produção de CH4 , podendo ser
determinada a partir da Eq. (12).

DQOSO4  V med  CSO4  ESO4  K DQO SO4
(12)
Onde:
 𝐷𝑄𝑂𝑆𝑂4 – Taxa mássica de DQO utilizada pelas BRS na redução de sulfato
(kg𝐷𝑄𝑂𝑆𝑂4 /d);
 𝐶𝑆𝑂4 – Concentração média de 𝑆𝑂4 no afluente (kg𝑆𝑂4/m³);
 𝐸𝑆𝑂4 – Eficiência de redução de 𝑆𝑂4 (%);
 𝐾𝐷𝑄𝑂−𝑆𝑂4 – DQO consumida na redução de sulfato (0,667 kgDQO/kg𝑆𝑂4).

Taxa de DQO convertida em metano e presente no biogás

A determinação da massa diária de DQO convertida em CH4 pode ser calculada por
meio da Eq. (13).
DQOCH 4  DQO remov  DQOlodo  DQO SO4
(13)
Onde:
 𝐷𝑄𝑂𝐶𝐻4 – Taxa mássica de DQO convertida em metano e presente no biogás
(kg𝐷𝑄𝑂/d).

Produção volumétrica teórica máxima de metano

33
A determinação da produção volumétrica teórica máxima de metano pode ser obtida
pela Eq. (14).
DQO CH 4  R  (273  T )
QCH 4 
103  P  K DQO
(14)
Onde:
 𝑄𝐶𝐻4 – Produção volumétrica teórica máxima de metano (m³/d);
 R – Constante dos gases (0,08206 atm∙L/mol∙K);
 T – Temperatura operacional do reator (°C);
 P – Pressão atmosférica (1 atm);
 𝐾𝐷𝑄𝑂 – DQO correspondente a um mol de 𝐶𝐻4 (0,064 kg𝐷𝑄𝑂𝐶𝐻4 /mol).

Perdas volumétricas de metano dissolvido no efluente e no gás residual

A Equação (14) representa a produção volumétrica máxima de metano, não levando


em consideração as perdas de 𝐶𝐻4 dissolvido no efluente ou no gás residual e, também, outras
perdas, como vazamentos, purgas de condensado etc.
Quando o intuito do balanço de massa da DQO é estimar o volume de metano
efetivamente coletado no interior do separador trifásico e disponível para recuperação de
energia, é importante considerar essas perdas a fim de se obter valores mais reais (LOBATO,
2011).
Para a determinação das perdas de metano no gás residual e outras perdas foram
utilizadas as Equações (15) e (16), respectivamente.
QW CH 4  pw  QCH 4
(15)
QO CH 4  po  QCH 4
(16)
Onde:
 𝑄𝑊−𝐶𝐻4 – Perda de metano na fase gasosa, com o gás residual (m³/d);
 𝑝𝑤 – Percentual de perda de metano na fase gasosa, com o gás residual (%);
 𝑄𝑂−𝐶𝐻4 – Outras perdas de metano na fase gasosa (m³/d);
 𝑝𝑜 – Percentual de outras perdas de metano na fase gasosa (%).
Para a determinação das perdas de metano dissolvido no efluente foi utilizada a Eq.
(17).

V med  pL  f CH 4  R  (273  T )
QLCH 4 
P  K DQO
(17)

34
Onde:
 𝑄𝐿−𝐶𝐻4 – Perda de metano na fase líquida, dissolvido no efluente (m³/d);
 𝑝𝐿 – Perda de metano na fase líquida, dissolvido no efluente (kg/m³);
 𝑓𝐶𝐻4 – fator de conversão de massa de metano em massa de DQO (coeficiente
estequiométrico 4,0 kgDQO/kg𝐶𝐻4 ).
Para o cálculo de pL foi utilizada a Eq. (18).
CCH 4
pL   K h  FS
100 (18)
Onde:
 𝑝𝐿 – Perda de metano na fase líquida, dissolvido no efluente (mg/L);
 𝐶𝐶𝐻4 – Concentração de metano no biogás (% v/v);
 𝐾ℎ – Constante de Henry (mg/L∙atm);
 𝐹𝑆 – Fator de supersaturação de 𝐶𝐻4 na fase líquida.
O valor de 𝐶𝐶𝐻4 depende do valor da DQO e deve ser calculado de acordo com as
equações descritas na Tab. 5.1.

Tabela 5.1 – Concentrações de 𝑪𝑯𝟒 no biogás em função da concentração de DQO

Fonte: Cakir & Stenstrom, 2005.

A constante de Henry, K h , foi obtida a partir da regressão polinomial da Tab. 5.2.

Tabela 5.2 – Valores da constante da lei Henry para 𝑪𝑯𝟒 e 𝑯𝟐 𝑺 dissolvidos em água.

Fonte: adaptado de Perry & Chilton, 1973.

35
A partir dos valores da Tab. 5.2 e manipulando o MatLab no aplicativo curve fitting,
verificou-se um modelo de curva que atendia a precisão requerida para o desenvolvimento do
programa.
A curva adotada para a constante de Henry modela de acordo com uma função do
quarto grau, conforme se verifica na Fig.5.2. Na Figura 5.3, verifica-se os valores dos
resíduos apresentados no modelo.

Figura 5.2 – Modelo polinomial da constante de Henry

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.

Os valores fornecidos pelas métricas de ajuste indicam um bom ajuste do modelo aos
dados.
O SSE (Sum of Squares Error): indicando a soma dos quadrados das diferenças entre
os valores observados e os valores previstos pelo modelo de regressão, cujo valor observado é
bem baixo, significando que os valores previstos pelo modelo estão muito próximos dos
valores observados, indicando um ajuste preciso;
R–quadrado (R²): é uma medida de quão bem o modelo de regressão explica a
variação nos dados. Ele varia de 0 a 1, onde 1 indica um ajuste perfeito;
Já o R–quadrado ajustado (Adjusted R²): é uma versão do R² que leva em
consideração o número de variáveis independentes do modelo. Ele penaliza modelos com
muitas variáveis independentes que podem não adicionar informações significativas ao
modelo.
O R–quadrado ajustado igual à unidade indica que o modelo é altamente explicativo e
não contém variáveis desnecessárias e;
RMSE (Root Mean Square Error): é uma medida da dispersão dos erros residuais no
modelo. Quanto menor o RMSE, melhor o ajuste do modelo aos dados, conforme pode ser
visto na Fig. 5.3.
36
Figura 5.3 – Resíduo do modelo polinomial

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.

Uma alternativa ao modelo polinomial é o modelo de uma função racional, conforme


pode ser visto na Fig. 5.4.

Figura 5.4 – Modelo racional da constante de Henry

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.

O modelo racional é uma boa alternativa ao modelo polinomial, haja vista a economia
de tempo computacional, embora, ele seja quase equivalente para ambos os modelos.
Nesse sentido, pode-se determinar a constante de Henry a partir da Eq. (19).
K h  1  T 4   2  T 3   3  T 2   4  T   5
(19)
Onde:
 𝐾ℎ – Constante de Henry (mg/L∙atm);
 𝛽1, 𝛽2, 𝛽3, 𝛽4 , 𝛽5 – Coeficientes do polinômio;
 𝛽1 = 1,911𝑒 −6 ; 𝛽2 = −3,445𝑒 −4 ; 𝛽3 = 2,718𝑒 −2 ;
 𝛽4 = −1,224; 𝛽5 = 3,971𝑒 1 ;
 𝑇 – Temperatura operacional do reator (°C).
37
Estimativa de produção real de metano

Uma vez calculada a produção teórica de metano e as parcelas referentes às perdas, foi
então estimado o volume de metano efetivamente coletado no interior de separador trifásico e
disponível para recuperação de energia. Os cálculos foram efetuados de acordo com a Eq.
(20).
QRe al CH 4  QCH 4  QW CH 4  QO CH 4  QL CH 4
(20)
Onde:
 𝑄𝑅𝑒𝑎𝑙−𝐶𝐻4 – produção real de metano disponível para recuperação de energia
(m³/d).

Estimativa do potencial energético disponível

A estimativa do potencial energético disponível no biogás efetivamente coletado pelo


separador trifásico foi realizada conforme a Eq. (21).
PERe al CH 4  QN  Re al CH 4 E CH 4
(21)
Onde:
 𝑃𝐸𝑅𝑒𝑎𝑙−𝐶𝐻4 – Produção real de metano disponível para recuperação de energia
(MJ/d)
 𝑄𝑁−𝑅𝑒𝑎𝑙−𝐶𝐻4 – Produção real normalizada de metano (N  m³/d);
 𝐸𝐶𝐻4 – Poder calorífico inferior do metano (35,9 MJ/N  m³).
Os dados de entrada considerada no modelo segue na Fig. 5.5.

Figura 5.5 – Dados de entrada considerados no modelo

Fonte: Lobato, 2011


38
A partir das equações descritas acima foi realizado um programa no MatLab para
estimar a produção de biogás do modelo desenvolvido, conforme pode ser visto na Fig. 5.6.

Figura 5.6 – Resultados da produção de biogás do reator UASB

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, o estágio realizado no Instituto de Energia Sustentável - IES, na sede da


Rede Cooperativa de Pesquisa Norte Nordeste do Gás Natural - RECOGÁS, Campus João
Pessoa – PB foi muito enriquecedor, visto que foi aprendida habilidades inerentes ao cargo de
engenheiro mecânico, tais como: trabalhar em equipe; gestão de projetos, comunicação e
colaboração interdisciplinar; desenvolvimento e execução de cronogramas; apresentação de
soluções e mecanismos eficientes para a resolução de problemas; desenvolvimento de
habilidades interpessoais, etc.
Em suma, essa experiência no IES foi de fato um ponto primordial para a minha
formação quanto engenheiro mecânico, preparando o estagiário para mais desafios e
oportunidades no mercado de trabalho.

39
REFERÊNCIAS

CASAN. ETE - Estação de tratamento de esgoto, 2005. Disponível em:<


http://www.casan .com.br/index.php?sys=138>. Acesso em: 16 set. 2023.
CHERNICHARO, C. A. L. Princípios do Tratamento Biológico de Águas
Residuárias: reatores anaeróbios. Vol. 5. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2008.
COSTA, S.R.A., LACAVA, P.M. Observações preliminares da digestão anaeróbica
do soro de queijo. In: SEMINÁRIO REGIONAL DE ECOLOGIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SÃO CARLOS, 1986, São Carlos, SP. Anais. São Carlos: UFScar, 1986. 185
p., p. 85-90.
COSTA, Ernani S.; BARBOSA FILHO, Olavo; GIORDANO, Gandhi; Reatores
anaeróbios de manta de lodo (UASB): uma abordagem concisa; Rio de Janeiro:
COAMB/FEN/UERJ, 2014. (Série Temática: Tecnologias Ambientais - Volume 5), 121 p.
GONÇALVES, A.C.R. A potencialidade de outros substratos para a digestão
anaeróbica. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 1982. 29 p.
HUGHES, D.E. What is anaerobic digestion? An overview. In: STAFFORD, D.A.,
WHEATLEY, B.I., HUGHES, D.E. Anaerobic Digestion London: applied Science
Publishers, 1980, p.1-14.
JORGE, L. H. A.; OMENA, E. Biodigestor. Dossiê Técnico. SENAI/ AM - Escola
SENAI Antônio Simões. Março, 2012. Disponível em: < http://sbrt.ibict.br/dossie-
tecnico/downloadsDT/NjEwNw==>. Acesso em: 15 set. 2023.
LETTINGA, G. Sustainable integrated biological wastewater treatment. Water
Science and Technology, Kidlington, v.33, n.3, p.85-98, 1996.
METCALF & EDDY; Wastewater Engineering: treatment, disposal and reuse. 3.ed.
New York: McGraw-Hill, 1991, 1265pp.
PALERMO, M. M. SciELO. Biodigestão anaeróbica: uma alternativa para usinas de
laticínios. Piracicaba: SciELO, 1991. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-
84781991000100015. Acesso em: 13 set. 2023.
RISSOLI, C.A.; Estudo de parâmetros operacionais do reator UASB tratando esgoto
doméstico e avaliação da biodegradabilidade do seu efluente. Dissertação de Mestrado,
Publicação PTARH.DM – 073/04, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2004, 125p.

40
SOUBES, M. Microbiologia de la digestion anaerobia. In: Anales del III Taller y
Seminário Latinoamericano: tratamiento anaeróbio de águas residuales. Montevideo,
Uruguay, p. 15-28, 1994.
VON SPERLING, M. Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de
Esgotos: Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Vol. 1. 2.ed., Belo
Horizonte: UFMG, 1996.

41
APÊNDICE A

As Figuras a seguir são recortes do documento que contêm os desenhos


bidimensionais dos componentes do reator UASB.

Figura 0.1 – Vista L.E e em corte do reator

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.


Figura 0.2 – Vistas do defletor de gás

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.

42
Figura 0.3 – Vistas da tampa superior interna

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.


Figura 0.4 – Vistas do separador trifásico

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.

43
Figura 0.5 – Vistas da tampa superior externa

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.


Figura 0.6 – Vistas da campânula

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.

44
Figura 0.7 – Vistas do filtro de 𝑪𝑶𝟐

Fonte: coleção do próprio autor, 2023.

45

Você também pode gostar