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ESCOLA DE MINAS - EM
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E
ECONOMIA - DEPRO
Ouro Preto
2022
Tomáz Malta Conceição
Ouro Preto
2022
SISBIN - SISTEMA DE BIBLIOTECAS E INFORMAÇÃO
CDU 658.5
REITORIA
ESCOLA DE MINAS
FOLHA DE APROVAÇÃO
Tomaz Malta Conceição
Estudo de viabilidade econômica da reforma de um alambique produtor de cachaça artesanal
Documento assinado eletronicamente por Claver Antonio Fontes Vilela, PROFESSOR DE MAGISTERIO SUPERIOR, em
06/04/2022, às 15:00, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de
outubro de 2015.
Referência: Caso responda este documento, indicar expressamente o Processo nº 23109.004302/2022-68 SEI nº 0306791
Agradeço aos meus pais, José Alves Conceição Filho e Cristina de Oliveira Malta, pelo
amor incondicional. Aos meus irmãos e familiares que sempre estiveram presentes nessa
jornada.
Agradeço a todos meus amigos, as velhas amizades de Valença, e as novas de Ouro
Preto, pelo companherismo e apoio ao longo do percurso.
A todos do departamento de Engenharia de Produção pelos ensinamentos, a empresa
júnior PROJET pelos aprendizados.
Ao professor Claver Vilela, por todo o conhecimento transmitido e tempo despendido
para conclusão deste trabalho.
Agradeço a todos que direta ou indiretamente auxiliaram na construção deste trabalho.
Resumo
O presente trabalho procurou comprovar a viabilidade econômica da reforma e legalização
de um alambique produtor de cachaça artesanal, localizado no municı́pio de Valença-RJ.
A legalização de um alambique pode incluir altos investimentos, dessa maneira se faz
necessário o estudo e análise do projeto para que decisões assertivas possam ser tomadas.
O estudo de caso conta com todos os investimentos necessários para que a produção no
alambique se inicie e esteja dentro dos parâmetros das leis, também conta com uma série
de investimentos ao longo do projeto com o objetivo de aumentar a capacidade de pro-
dução e consequentemente o resultado da indústria. Inicialmente a indústria produzirá
20.000 litros de cachaça por ano, aumentando esse valor gradativamente até atingir uma
produção de 35.000 litros por ano. A análise foi feita a partir da construção dos fluxos
de caixa da empresa, utilizando o conceito de FCOL, que permite a visualização da real
quantia disponı́vel na empresa no perı́odo, contendo todas as entradas, custos, despesas
e necessidades de reinvestimentos para alcance das metas de produção e para atendi-
mento do mercado dos respectivos perı́odos, os resultados encontrados foram utilizados
para comprovar a viabilidade do projeto, por meio do uso de ferramentas de análise de
investimentos e seus respectivos indicadores financeiros. O estudo mostrou que a proposta
de investimento é viável apresentando valor presente positivo e taxa interna de retorno
acima da taxa de mercado estipulada, que podem ser observadas ao longo do trabalho.
ha Hectare
IR Imposto de renda
l litros
LL Lucro lı́quido
ml mililitro
mm milı́metro
MP Matéria-prima
quant. quantidade
RT Responsável Técnico
Lista de ilustrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Lista de tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Lista de quadros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.1 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2 REFERENCIAL TEÓRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1 Análise de investimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2 Demonstrações contábeis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2.1 Demonstrativo de resultado do exercício . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.3 Custos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.3.1 Depreciação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.4 Investimentos em bens de capital - CAPEX . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.5 Fluxo de caixa operacional livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.6 Métodos para análise de investimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.6.1 Valor Presente Líquido - VPL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.6.2 Taxa mínima de atratividade - TMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.6.3 Taxa interna de retorno - TIR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.6.4 Payback . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.7 Cachaça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.7.1 Legislação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.7.2 Qualidade e controle na produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.1 Coleta de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
16
1 Introdução
1.1 Justificativa
No setor, grande parte dos produtores se enquadram como pequenos e médios e dentro
desse contexto se encontra o alambique Alto do Brilhante, que produz cachaça artesanal
desde 1982. Localizado no municı́pio de Valença - RJ, a fazenda sempre teve grande
capacidade para produzir um destilado de qualidade, devido às condições climáticas para
o plantio de cana de açúcar, qualidade da água e solo, e conhecimento dos proprietários
sobre as caracterı́sticas intrı́nsecas da formulação. Apesar das condições favoráveis, a
estruturação do processo produtivo de cachaça destinado a venda legalizada, nunca foi
concretizado, e até os dias atuais a produção é considerada apenas um passatempo para os
donos, que por muitos anos comercializaram a cachaça no mercado informal da região. Os
primeiros litros de cachaça foram destilados em um alambique com capacidade para pouco
menos de 100 litros de vinho, como é chamado o caldo da cana já fermentado, produzindo
cerca de 20 litros de cachaça por alambicada. Durante alguns anos, o consumo da cachaça
Alto do Brilhante foi limitado a familiares e amigos, com o passar do tempo a popularidade
da cachaça aumentou e o produto começou a ser destinado à venda e assim se manteve
por muitos anos.
Em 2017 foi realizado um investimento no alambique onde foram comprados novos
equipamentos para a produção, incluindo dornas de fermentação, diluidora e volante,
tanque de armazenamento, decantador e destilador com capacidade para 500 litros de
vinho, o que aumentou significativamente a produção. O objetivo inicial era legalizar
por completo a produção porém, devido aos altos custos para legalização do alambique,
como as obras necessárias para adequação a legislação, a iniciativa foi interrompida e
desde então nenhum investimento foi realizado. A atual estrutura do alambique tem a
capacidade de produção de 300 litros de cachaça por dia em condições ideais. A cana
utilizada no processo é em sua totalidade colhida das próprias plantações da fazenda, que
possui 250 hectares com amplos terrenos propı́cios para o cultivo.
Capı́tulo 1. Introdução 18
1.2 Objetivos
Para realizar o projeto será feito um estudo preliminar com um levantamento de todas
as modificações necessárias a serem feitas no alambique existente, desde possı́veis ampli-
ações e compras de equipamentos até a reforma total de instalações elétricas, hidráulicas
e de esgoto que se façam necessárias para a legalização do espaço. Após essa etapa, uti-
lizando informações de empresas semelhantes, estudos bibliográficos, pesquisas em sı́tios
eletrônicos e levantamento de insumos necessários em lojas locais, será contabilizado o
custo de produção, as despesas e tributações. O grande acervo de livros relacionados a
indicadores de viabilidade contribuirá na elaboração dos mesmos, que serão analisados e
comentados no final do trabalho.
Essa monografia procura comprovar a viabilidade econômica do alambique Alto do
Brilhante, para que um investimento baseado em dados possa ser feito, e servir como
fonte relevante de informação para todos aqueles que desejam dar seus primeiros pas-
sos na legalização de seus alambiques e finalmente poderem produzir uma cachaça com
caracterı́sticas sensoriais únicas dentro dos parâmetros da lei.
20
2 Referencial teórico
Para Cassaroto Filho e Kopittke (2020) e Bruni (2018) investir significa abrir mão de
algo no tempo presente, seja dinheiro, tempo ou outros recursos, com o objetivo de obter
recompensas no tempo futuro. Independente do tipo de investimento, todos apresen-
tam uma caracterı́stica intrı́nseca em comum, existe um sacrifı́cio justificado em maiores
benefı́cios no futuro.(BODIE; KANE; MARCUS, 2015).
Neste contexto, Cassaroto Filho e Kopittke (2020, p. IX) afirmam que, “a escassez dos
recursos frente às necessidades ilimitadas faz com que cada vez mais se procure otimizar
sua utilização.” Assim se justifica a análise de investimentos, que envolve conhecimentos
técnicos e permite a melhor alocação de recursos em função do tempo.
Assaf Neto (2021), afirma que as decisões de investimento possuem diferentes origens,
que diz respeito aos motivos internos dos proprietários para realizá-las. Dentre as princi-
pais modalidades pode se encontrar a Ampliação do Volume de Atividade. Esse tipo de
investimento refere-se normalmente à aquisição de máquinas, instalações e equipamentos,
em situações que a empresa, em seu estado de produção atual, não consegue atender a
necessidade atual ou projetada de seus consumidores. Todavia, o motivo irá direcionar
o projeto, a decisão de prosseguir com o investimento leva em consideração as etapas de
elaboração, análise e seleção de propostas.
Quando as decisões tomadas pelas empresas em situações que a quantidade de pro-
postas é superior à capacidade fı́sica ou orçamentária da mesma, os investimentos podem
criar inter-relações, que podem ou não afetar um ao outro. Dentro desse contexto, os tipos
de investimentos se classificam como (I) economicamente independentes, quando a decisão
de prosseguir ou não com um projeto não influencia nem é influenciador da decisão de
outros projetos; (II) com restrição orçamentária, ou seja os projetos não podem ser simul-
taneamente implementados devido às limitações orçamentárias definidas pela empresa;
(III) economicamente dependentes, quando um investimento influencia, seja de maneira
positiva ou negativa, ou depende rigorosamente de outro projeto; (IV) mutuamente ex-
cludentes, a aceitação de um projeto exclui a aceitação do outro; e (V) investimentos com
dependência estatı́stica, quando os resultados dos investimentos dependem das variáveis
semelhantes.(ASSAF NETO, 2021).
Para Martins (2018, p. 10), investimentos são “Todos os sacrifı́cios havidos pela aqui-
sição de bens ou serviços (gastos) que são “estocados” nos Ativos da empresa para baixa
ou amortização quando de sua venda, de seu consumo, de seu desaparecimento ou de sua
desvalorização”.
Analisar um investimento requer conhecimento de seu risco e liquidez, que são carac-
Capı́tulo 2. Referencial teórico 21
2.3 Custos
2.3.1 Depreciação
Dentro dos custos por produto encontramos a depreciação dos equipamentos que se
trata de um valor que não causa variações no caixa, mas sim no fluxo de caixa. Por
possuir essa caracterı́stica é importante delimitar qual depreciação é mais adequada para
cada tipo de regime tributário, no caso do lucro real, onde os impostos representam uma
porcentagem do lucro da empresa é de interesse da organização utilizar a depreciação
fiscal, onde as taxas de depreciação são estabelecidas pela Receita Federal. No caso das
empresas que optam pelo regime tributário simples nacional e lucro presumido, onde os
impostos são calculados a partir do faturamento da empresa, utilizar a depreciação fiscal
pode ocasionar em grandes variações no fluxo de caixa da empresa, nesse caso algumas
optam pela depreciação societária, que permite estender ou encurtar a vida útil de um
ativo. (ROSS et al., 2015).
Capı́tulo 2. Referencial teórico 23
Ainda segundo Assaf Neto (2020), é possı́vel encontrar o Fluxo de Caixa Operacional
Livre (FCOL) da empresa, que representa a quantia real disponı́vel para fluxo de caixa no
perı́odo, subtraindo os investimentos CAPEX e OPEX do resultado operacional lı́quido.
Conforme Bruni (2018), o valor presente lı́quido (VPL) é utilizado no cálculo do valor
do capital no tempo, consiste em trazer para a data presente todas as entradas e saı́das da
empresa, num determinado perı́odo de tempo, acrescidas de uma taxa. A taxa utilizada
é a taxa mı́nima de atratividade. As principais vantagens do VPL são:
Segundo Assaf Neto (2021), o VPL é obtido quando se traz todos os valores dos bene-
fı́cios lı́quidos de caixa do perı́odo para a data presente e os subtrai pelo desembolso de
caixa presente. O VPL não calcula a rentabilidade efetiva do projeto, mas sim demonstra
a riqueza da empresa atualizada. Nos casos em que a riqueza lı́quida é positiva, o projeto
deve ser aceito, pois trouxe benefı́cios para a empresa. Para calcular o Valor Presente
utiliza-se a equação (2.1):
n
X CFj
PV = j (2.1)
j=1 (1 + i)
Onde:
PV = Valor Presente;
CF = Valor (fluxo de caixa) a ser recebido ou pago no perı́odo j;
i = Taxa de juros.
A taxa interna de retorno é considerada “A taxa de juros que torna o VPL do investi-
mento igual a zero. [...] a TIR é, grosso modo, a rentabilidade projetada do investimento,
ou seja, quanto está se estimando ganhar (%) de acordo com o orçamento de caixa de-
finido.” (CAMLOFFSKI, 2014, p. 79). Pode se encontrar a TIR por meio da equação
(2.2).
n
X F Ct
I0 = t (2.2)
t=1 (1 + K)
Capı́tulo 2. Referencial teórico 25
Onde:
I0 = montante do investimento no momento zero;
FC = fluxos previstos de entradas de caixa em cada perı́odo de vida do projeto.
K = taxa de rentabilidade equivalente periódica (IRR);
2.6.4 Payback
C
Retorno = N + (2.3)
F
Onde:
N = Número de anos antes da recuperação
C = Custo não recuperado no inı́cio do ano
F = Fluxo de caixa durante o ano de recuperação completa
Para Brigham e Ehrhardt (2016) as principais falhas do retorno regular são a seme-
lhança de peso atribuı́da a fluxos de anos diferentes e a desconsideração de fluxos de caixa
Capı́tulo 2. Referencial teórico 26
nos anos subsequentes ao retorno do investimento. Para contornar uma dessas falhas, se
faz o uso do método do retorno descontado. O método do payback descontado, acresce aos
fluxos de caixa uma taxa de desconto, assim o valor do dinheiro no tempo é considerado.
2.7 Cachaça
2.7.1 Legislação
3 Metodologia
A análise de viabilidade econômica foi baseada na premissa que a fazenda iniciará sua
produção com 200 litros de cachaça por dia, funcionando 5 dias por semana, durante 5
meses, totalizando uma produção de 20.000 litros de cachaça anuais. O estudo conta com
um plano de expansão ao longo de 5 anos, onde investimentos incrementais serão realizados
com o objetivo de aumentar a capacidade de produção do alambique, na perspectiva de
gerar maiores lucros. Durante os dois primeiros anos a produção se manterá em 20.000
litros, tendo um aumento de 5.000 litros no terceiro ano, e 10.000 litros no quarto ano.
A produção inicial será dividida em 65% de cachaça prata e 35% de cachaça premium,
sendo 3.600 litros em madeira de carvalho, 1.400 litros em madeira de castanheira e
2.000 litros em madeira de jequitibá. A cachaça será vendida em embalagens de 700ml,
resultando na produção anual de 18.571 garrafas de cachaça prata, e a partir do segundo
ano um adicional de 10.000 garrafas de cachaça premium. O valor inicial da venda será de
R$15,00 pela cachaça prata e R$30,00 pela cachaça premium. A partir do terceiro ano a
indústria inicia sua produção de cachaça extra premium, que será vendida posteriormente
por R$60,00.
A produção inicial foi determinada levando em consideração a capacidade instalada
do destilador, a estrutura atual do alambique, uma pesquisa feita com outros produtores
de cachaça na região que auxiliou no levantamento da oferta e demanda de cachaça no
mercado regional e o ponto de equilı́brio do alambique. A escolha da divisão de produção
entre cachaça prata e envelhecida está relacionada com a capacidade de armazenamento
já existente na fazenda, que possui tonéis de inox com capacidade somada de 13.000 litros
de cachaça, onde será armazenada a cachaça prata, o que contribuirá para a geração de
capital de giro e reserva de capital, possibilitando a fabricação de cachaça nos seguintes
anos e a manutenção do alambique e dos produtos que serão envelhecidos. As quantidades
de cada tipo de cachaça produzida nos respectivos anos podem ser observadas na Tabela
1.
Capı́tulo 4. Apresentação e discussão dos resultados 31
4.2 Investimentos
Fermentação:
• Espaço suficiente para as dornas de fermentação, e com espaço entre elas para a
realização das operações
Destilação:
Armazenamento e Envelhecimento:
• Área e altura compatı́veis com a necessidade (abrigo dos tonéis) e a realização das
operações
Lavagem/Enxágue de Vasilhame:
• Área compatı́vel ao abrigo dos equipamentos, com espaço suficiente para realização
das operações
Capı́tulo 4. Apresentação e discussão dos resultados 33
• Paredes de alvenaria com revestimento de azulejo de cor clara ou tinta lavável até
uma altura mı́nima de 2 metros (é possı́vel outro revestimento desde que seja de
material liso, impermeável, lavável e inócuo)
• Piso impermeável com inclinação suficiente ao escoamento das águas (não serve
ardósia ou material similar)
Parte dos custos anuais da empresa serão alocados no futuro fluxo de caixa da empresa
como investimentos de giro. Essa transferência é justificada pela produção de cachaça
destinada a envelhecimento, a qual não trará resultado para a empresa em seu ano de
fabricação. A porcentagem deslocada para investimento em giro é o resultado da divisão
da quantidade de cachaça destinada ao envelhecimento pela produção anual total. Todos
os custos por perı́odo e por produto estão incluı́dos, exceto os custos de embalagem, que
são influenciados apenas pelas vendas de garrafas no ano.
Os custos por produto foram separados em grandes grupos, são eles: custos de matéria
prima, custos de embalagens, custos de mão de obra e custos gerais de fabricação.
região, a partir desses dados, os custos referentes a cada item e atividade foram levantados
em lojas agropecuárias da região, nele são incluı́dos custos como maquinário, corretivos
do solo, mão de obras, fertilizantes, pesticidas dentre outros. O custo de mudas de cana
não foi contabilizado, visto que a fazenda ainda possui plantações de cana-de-açúcar, de
onde as mudas serão recolhidas para plantação no primeiro ano. Assim foi obtido o custo
total por hectare, representado na Tabela 5.
Capı́tulo 4. Apresentação e discussão dos resultados
Tabela 5 – Custos dos insumos de plantação e manutenção por hectare
Item/Atividade Unidade de medida Valor unitário Quant. por ha Valor por ha
Herbicida seletivo Volcane Litros R$ 53,40 5 R$ 267,00
Herbicida seletivo DMA Litros R$ 56,50 5 R$ 282,50
Espalhante adesivo Litros R$ 62,00 1 R$ 62,00
Furmicida isca Quilogramas R$ 23,00 3 R$ 69,00
Calcário dolomı́tico Quilogramas R$ 0,52 2.250 R$ 1.170,00
Superfosfato simples Quilogramas R$ 3,66 150 R$ 549,00
Cloreto de uréia Quilogramas R$ 6,74 275 R$ 1.853,50
Úreia Quilogramas R$ 6,50 225 R$ 1.462,50
Arar Horas de trator R$ 120,00 8 R$ 960,00
Gradear Horas de trator R$ 120,00 4 R$ 480,00
Sulcar Horas de trator R$ 120,00 4 R$ 480,00
Aplicar quı́micos Dias de trabalho R$ 70,00 2 R$ 140,00
Plantar Dias de trabalho R$ 70,00 10 R$ 700,00
Total R$ 8.475,50
Fonte: O autor, 2022.
38
Capı́tulo 4. Apresentação e discussão dos resultados 39
Os custos de embalagens são compostos pela garrafa de vidro de 700 ml, a tampa rosca
da garrafa, o rótulo frontal e traseiro e o lacre de proteção da tampa. Os valores foram
obtidos por meio do orçamento em diferentes lojas online, incluindo o frete dos produtos.
Os custos unitários dos itens citados podem ser observados na Tabela 7.
A indústria irá contar com um número diferente de funcionários ao longo do ano, dado
a demanda de mão de obra nos perı́odos de colheita e produção. Os funcionários que
trabalham durante cinco meses no ano foram divididos entre:
A indústria ainda conta com alguns custos que não se enquadram nos outros grupos,
e que foram agrupados neste. Os custos de energia elétrica foram obtidos dos valores da
conta de luz da fazenda, de perı́odos onde o alambique ainda realizava as atividades de
produção, e análise de contas de luz de outros alambiques na região, visto que o alambique
comprará novas máquinas que afetarão o consumo de energia elétrica. Nos perı́odos de
produção, que englobam cinco meses no ano, os custos de energia serão mais elevados,
devido ao funcionamento de mais equipamentos, principalmente a moenda. Assim foi
Capı́tulo 4. Apresentação e discussão dos resultados 42
contabilizado uma verba de R$1.250,00 para cobrir as contas de luz nos perı́odos de
produção, e R$300,00 para os demais meses do ano. Com o aumento da produção durante
os anos de análise, as contas de luz também irão aumentar proporcionalmente, como pode-
se observar na Tabela 12.
Todos os custos por perı́odo foram alocados no grupo das despesas gerais. Na ta-
bela das despesas, estão todos os gastos relacionados a vendas e gestão do negócio. Vale
destacar algumas informações, os EPIs estão relacionados a compra de equipamentos de
proteção individual, incluindo bota, óculos, touca, luva e camisa para os funcionários da
produção, a depreciação refere-se apenas aos materiais de escritório. Devido a localização
da fazenda, uma despesa de movimentação foi adicionada, para cobrir gastos de combustı́-
veis. A propriedade pertence à famı́lia do proprietário, assim, a partir do terceiro ano um
Capı́tulo 4. Apresentação e discussão dos resultados 43
aluguel será destinado aos outros membros que possuem parte da fazenda. As despesas de
funcionário administrativo, vendedores e contador foram adicionadas ao longo dos anos
com base na necessidade de gestão, e quantidade de vendas. A verba de representação
está relacionada aos gastos dos vendedores em suas viagens destinadas à busca de novos
clientes, expansão de mercado e representatividade da marca em eventos, exposições e
congressos. Todas as despesas podem ser vistas na Tabela 14
Capı́tulo 4. Apresentação e discussão dos resultados
Tabela 14 – Custos por perı́odo ao longo dos anos
Item Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6
Marketing R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 R$ 7.000,00 R$ 8.000,00 R$ 10.000,00
EPI’s R$ 1.024,15 R$ 1.024,15 R$ 1.202,82 R$ 1.381,49 R$ 1.381,49 R$ 1.381,49
Depreciação R$ 558,33 R$ 558,33 R$ 558,33 R$ 558,33 R$ 558,33 R$ 558,33
Prolabore R$ 21.397,56 R$ 21.397,56 R$ 21.397,56 R$ 21.397,56 R$ 21.397,56 R$ 21.397,56
Contador R$ 6.600,00 R$ 6.600,00 R$ 6.600,00 R$ 6.600,00 R$ 6.600,00 R$ 6.600,00
Funcionário administrativo R$ 0,00 R$ 21.397,56 R$ 21.397,56 R$ 21.397,56 R$ 21.397,56 R$ 21.397,56
Retirada R$ 0,00 R$ 60.000,00 R$ 60.000,00 R$ 0,00 R$ 60.000,00 R$ 60.000,00
Frete R$ 1.337,00 R$ 2.056,92 R$ 2.056,92 R$ 2.468,31 R$ 3.085,38 R$ 4.113,85
Alimentos R$ 600,00 R$ 600,00 R$ 700,00 R$ 800,00 R$ 800,00 R$ 800,00
Movimentação R$ 3.208,80 R$ 3.208,80 R$ 3.208,80 R$ 3.208,80 R$ 3.208,80 R$ 3.208,80
Aluguel R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 48.000,00 R$ 48.000,00 R$ 48.000,00 R$ 48.000,00
Custos de vendas R$ 0,00 R$ 32.089,04 R$ 32.089,04 R$ 55.029,45 R$ 59.609,68 R$ 67.221,11
Internet R$ 780,00 R$ 780,00 R$ 780,00 R$ 780,00 R$ 780,00 R$ 780,00
Verba de representação R$ 0,00 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 R$ 12.000,00
Total R$ 41.505,84 R$ 161.712,36 R$ 209.991,03 R$ 180.621,50 R$ 246.818,80 R$ 257.458,69
Fonte: O autor, 2022.
44
Capı́tulo 4. Apresentação e discussão dos resultados 45
4.5 Tributação
A indústria optou pelo regime tributário Simples Nacional. O CNAE 1111-9/01 que
se refere à fabricação de aguardente de cana de açúcar, está enquadrado no anexo 2 -
indústria, e foi adicionado à lista do Simples no final de 2017. A escolha do regime leva
em consideração as vantagens do Simples Nacional como alı́quotas de impostos reduzidas,
maior simplicidade na contabilidade e o pagamento de uma única guia mensal chamada
DAS - Documento de Arrecadação do Simples Nacional, que recolhe os seguintes tributos:
A alı́quota no anexo varia de 4,5% a 30%, de acordo com a receita bruta da empresa
em 12 meses, conforme mostra a Tabela 15.
Como já mencionado anteriormente a indústria vai produzir 20.000 litros de cachaça
nos primeiros dois anos, 25.000 litros no terceiro e 35.000 litros no quarto, quinto e sexto
ano. Devido ao envelhecimento do produto as quantidades de cachaça vendidas anual-
mente irão divergir da produção anual. O quadro da quantidade de cachaça pronta para
venda, anualmente, pode ser observado na Tabela 16.
Capı́tulo 4. Apresentação e discussão dos resultados 46
Com o objetivo de acompanhar a saúde financeira da empresa ao longo dos seis anos
de projeto, foi realizado um FCOL anual, que conta com todos os dados de receitas,
custos e despesas da empresa até a obtenção do fluxo de caixa operacional, o qual se
subtrai os investimentos CAPEX e de giro, resultando no fluxo de caixa operacional livre
da empresa. Como todos os investimentos realizados no projeto são oriundos dos próprios
donos, não será necessário o acréscimo de despesas financeiras. A FCOL ao longo dos
anos do projeto pode ser observada na Tabela 18.
Capı́tulo 4. Apresentação e discussão dos resultados
Tabela 18 – Fluxo de caixa operacional livre ao longo dos anos
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6
(+) Receita bruta de vendas R$ 278.571,43 R$ 578.571,43 R$ 578.571,43 R$ 664.285,71 R$ 921.428,57 R$ 1.350.000,00
(-) Deduções R$ 15.788,57 R$ 43.971,43 R$ 43.971,43 R$ 52.545,00 R$ 80.717,14 R$ 128.655,00
(=) Receita lı́quida de vendas R$ 262.782,86 R$ 534.600,00 R$ 534.600,00 R$ 611.740,71 R$ 840.711,43 R$ 1.221.345,00
(-) Custos por produto R$ 149.300,48 R$ 206.973,48 R$ 200.890,41 R$ 234.740,35 R$ 275.472,91 R$ 315.106,80
(=) Resultado bruto R$ 113.482,37 R$ 327.626,52 R$ 333.709,59 R$ 377.000,36 R$ 565.238,52 R$ 906.238,20
(-) Despesas Operacionais R$ 26.978,80 R$ 105.113,03 R$ 109.195,34 R$ 87.727,86 R$ 119.879,89 R$ 125.047,69
(=) Resultado bruto operacional R$ 86.503,58 R$ 222.513,48 R$ 224.514,25 R$ 289.272,50 R$ 445.358,62 R$ 781.190,51
(-) Despesas financeiras R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
(=) Lucro operacional R$ 86.503,58 R$ 222.513,48 R$ 224.514,25 R$ 289.272,50 R$ 445.358,62 R$ 781.190,51
(+) Depreciação R$ 9.521,57 R$ 25.941,57 R$ 28.094,63 R$ 32.241,93 R$ 33.161,93 R$ 33.161,93
(=)Fluxo de caixa operacional R$ 96.025,15 R$ 248.455,05 R$ 252.608,89 R$ 321.514,43 R$ 478.520,56 R$ 814.352,44
(-) Investimentos fixos (CAPEX) R$ 0,00 R$ 82.100,00 R$ 59.992,00 R$ 121.289,00 R$ 23.000,00 R$ 0,00
(-) Investimentos em giro R$ 47.919,61 R$ 95.738,89 R$ 162.276,95 R$ 170.824,85 R$ 205.343,28 R$ 217.234,82
(=) Fluxo de caixa operacional livre R$ 48.105,53 R$ 70.616,16 R$ 30.339,93 R$ 29.400,58 R$ 250.177,27 R$ 597.117,62
Fonte: O autor, 2022.
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Capı́tulo 4. Apresentação e discussão dos resultados 48
ALCARDE, A. R. Cachaça: Ciência, tecnologia e arte. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2017.
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2021.
BODIE, Z.; KANE, A.; MARCUS, A. J. Investimentos. 10. ed. Porto Alegre: AMGH,
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