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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E TECNOLOGIAS

CURSO DE ENGENHARIA PRODUÇÃO INDUSTRIAL

ALCIRA SEBASTIÃO FERREIRA DA GRAÇA

ANÁLISE DA QUALIDADE INDUSTRIAL DA FARINHA DE TRIGO

LUANDA
2021
ALCIRA SEBASTIÃO FERREIRA DA GRAÇA

ANÁLISE DA QUALIDADE INDUSTRIAL DA FARINHA DE TRIGO

Relatório de Estágio Supervisionado apresentado


ao curso de Engenharia de Produção Industrial, do
Departamento de Engenharias e Tecnologias
(DET), do Instituto Superior Politécnico de
Tecnologias e Ciências (ISPTEC), como requisito
de aprovação da disciplina de Estágio
Supervisionado.

Supervisor: Prof. Engº Luís de Almeida (ISPTEC)


Supervisor: Drª Catia Pontes (GMA)

LUANDA
2021
ASSINATURAS

A Supervisor do estágio do Curso

____________________________________
Prof. ENGº Luís de Almeida

O Coordenador do Curso

_______________________________________
Prof. ENGº Luís de Almeida

O Estagiário

______________________________________
Alcira Sebastião Ferreira da Graça

Relatório entregue à coordenação aos


____/____/____
AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS primeiramente pela vida, saúde e graça concedida para fazer e resistir a
caminha percorrida durante esses cinco anos.

Á minha família pelo apoio, dedicação, incentivo, em particular à minha mãe, Claudina
Francisco, a minha irmã Balbina da Graça, ao meu padrinho Alcides dos Santos e ao meu noivo
Artur Chalila. Pois eles tudo fizeram para que este momento fosse real, sempre deram o melhor
de si, sempre me consolaram nas horas mais tristes e me ajudaram a ter forças para continuar a
caminhar.

Aos meus colegas e amigos de modo particular a Luísa Campos, Elizandra Félix, Ivânia
Domingos, Pedro Nkumba e Mvambanu pois vocês sempre estiveram ali ao longo desse período
e viveram cada experiência acadêmica comigo e fizeram que a ligação se tornasse mais forte
fora dela. Cada um sempre deu o pouco de si a mim e sei que sem a vossa força, apoio,
companhia nas horas amargas e difíceis e nos momentos de maior alegria da minha vida.

Agradeço à todo o pessoal das GRANDES MOAGENS DE ANGOLA (GMA) pela paciência
e atenção ao longo desses 30 dias e agradecer também as amizades que fiz nessa instalação. O
meu agradecimento especial vai ao pessoal da área de qualidade/laboratórios o meu mais
sincero muito obrigado.

.
RESUMO

O presente relatório tem como objetivo apresentar o Estágio Curricular desenvolvido nas
Grandes Moagens de Angola (GMA), como requisito de aprovação da disciplina de Estágio
Supervisionado, e consequentemente se obter o grau de Licenciado em Engenharia de Produção
Industrial, pelo Instituto Superior Politécnico de Tecnologias e Ciências. As Grandes Moagens
de Angola (GMA) é uma empresa angolana que opera no negócio de moagem de farinha de
trigo e desenvolveu a maior fábrica de farinha de trigo em Angola como uma grande resposta
à visão do país na diversificação da sua economia. O presente relatório de estágio pretende
apresentar as principais análises desenvolvidas no laboratório de controle da qualidade das
Grandes Moagens de Angola que permitem a avaliação da farinha de trigo destinada a
panificação, onde foram avaliadas as características físico-químicas, nereológicas e
enzimáticas, com o objectivo de verificar se as mesmas atendem a legislação vigente quando,
de acordo com as diferentes literaturas garantindo que o produto obtido esteja dentro das
especificações pretendidas e que atenda as necessidades dos consumidores finais.

Palavras-chave: Análises, Farinha de Trigo, Controle da Qualidade, Consumidor e


Panificação.
ABSTRACT

The purpose of this report is to present the Curricular Internship developed in the Great Mills
of Angola (GMA), as a requirement for approval of the Supervised Internship discipline, and
consequently to obtain a degree in Industrial Production Engineering, by the Higher Polytechnic
Institute of Technologies and Sciences. Grandes Moagens de Angola (GMA) is an Angolan
company operating in the wheat flour milling business and has developed the largest wheat
flour factory in Angola as a great response to the country's vision of diversifying its economy.
This internship report intends to present the main analyzes developed in the Grandes Moagens
de Angola quality control laboratory that allow the evaluation of wheat flour destined for
bakery, where the physical-chemical, rheological and enzymatic characteristics were evaluated,
with the objective of verifying whether they comply with current legislation when, according
to the different literature, ensuring that the product obtained is within the intended specifications
and that it meets the needs of end consumers.

Keywords: Analysis, Wheat Flour, Quality Control, Consumer and Bakery.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Grão de trigo e sua composição morfológica ......................................................... 10


Figura 2. Representação esquemática dos parâmetros da alveografia. ................................... 11
Figura 3. Alveogramas típicos para massas, pães e bioscoitos/bolos e seus parâmetros ......... 11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Parâmetros envolvidos na análise da farinografia .................................................. 12


SUMÁRIO

1 NOTA INTRODUTÓRIA ........................................................................................... 8


1.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA .............................................................................. 8
2 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 9
2 OBJECTIVOS............................................................................................................... 9
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................. 10
3.1 TRIGO E FARINHA DE TRIGO ................................................................................ 10
3.2 ANÁLISES DO CONTROLE DA QUALIDADE DA FARINHA DE TRIGO ............ 10
3.2.2 ALVEOGRAFIA ........................................................................................................ 11
3.2.3 FARINOGRAFIA ....................................................................................................... 12
3.2.4 NÚMERO DE QUEDA (FALLING NUMBER) ......................................................... 12
3.2.5 TEOR DE CINZAS ..................................................................................................... 12
3.2.6 COR ............................................................................................................................ 13
4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ......................................................................... 13
4.1 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA FARINHA DE TRIGO .................................... 14
4.1.1 HUMIDADE ............................................................................................................... 14
4.1.2 COR DA FARINHA ................................................................................................... 14
4.1.3 CINZAS ...................................................................................................................... 14
4.1.4 GLÚTEN HÚMIDO ................................................................................................... 15
4.1.5 NÚMERO DE QUEDA .............................................................................................. 16
4.2 ANÁLISES REOLÓGICAS ........................................................................................ 16
4.2.1 FARINOGRAFIA ....................................................................................................... 16
4.2.2 ALVEOGRAFIA ........................................................................................................ 17
5 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 18
6 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 19
8

1 NOTA INTRODUTÓRIA

O presente documento enquadra-se no âmbito da Licenciatura em Engenharia de Produção


Industrial do Instituto Superior Politécnico de Tecnologias e Ciências, e tem por objetivo dar a
conhecer o Estágio Curricular supervisionado realizado nas Grandes Moagens de Angola
(GMA), por forma a obter o grau de Licenciado do curso referido.

É possível notar que a experiência de trabalho é muito valorizada pelas empresas e que a
realidade vivida no ensino superior é maioritariamente teórica, por isso os estágios são
indispensáveis e imprescindíveis para o crescimento profissional do estudante. Assim sendo,
realizar um estágio permite ter contacto com a realidade empresarial, adquirir conhecimentos
técnicos (na área que actua de modo específico), expandir rede de contactos bem como alinhar
os conhecimentos obtidos de forma teórica na universidade com a realidade vivida em campo
resolvendo problemas reais.

1.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

As Grandes Moagens de Angola é um projecto que integra uma fábrica de moagem de trigo
para a produção de farinha e a exploração de silos e infraestruturas de apoio para a descarga e
carga de navios no Porto de Luanda, em Angola. O empreendimento industrial, com uma área
de 30.000,00 m2, possui um acesso privilegiado para a expedição da produção em condições
competitivas, permitindo a redução substancial dos custos de transporte e outros encargos
logísticos associados.

Para além dos edifícios industriais, a área integra: o laboratório, uma padaria industrial para
formação à indústria local, silos de matéria-prima, silos e armazém de produto final, escritórios,
equipamentos para a descarga/carga de navios, cantina, oficinas e parque para camiões. A
localização privilegiada da GMA - Grandes Moagens de Angola permite escoar diariamente
mais de 900 toneladas de farinha de trigo, resultantes do processamento diário de 1.200
toneladas de trigo. Trata-se de uma produção ininterrupta que permite garantir o fornecimento
regular de farinha de trigo ao mercado e conta actualmente com 150 colaboradores.
9

2 INTRODUÇÃO

O trigo é uma gramínea do gênero Triticum e está entre as plantas mais cultivadas no mundo.
Existem cerca de 30 tipos de trigo, geneticamente diferenciados, dos quais metade é cultivada
(CEZAR, 2012).
Sabe-se que a principal forma de consumo do trigo é através da utilização da farinha, obtida da
moagem do grão. A farinha de trigo é um produto produzido a partir dos grãos de trigo da
espécie Triticum Aestivium L. e outras espécies de trigo do gênero Triticum, por meio de
trituração ou moagem, sendo a última o processo mais comumente utilizado (SINDUSTRIGO,
2018 apud LACOVSKI et al, 2019).
O uso da farinha é feito tanto para a preparação de massas alimentares, pães, bolos e bolachas
(biscoitos). Assim sendo, para cada tipo de finalidade da farinha são aplicados técnicas e
conhecimentos de modo a garantir o cumprimento das especificações físico-químicas tanto do
produto final bem como dos seus derivados e subprodutos.

A qualidade de grãos e farinhas de cereais é determinada por uma variedade de características


que assumem diferentes significados dependendo da designação de uso ou tipo de produto.
Estas características podem ser divididas em físicas, químicas, enzimáticas e reológicas
(RASPER, 1991).

Para LACOVSKI, et al, 2019 produzir farinha é considerado uma arte apesar de envolver
operações relativamente simples uma vez que se se trata de uma matéria-prima que se destina
para vários alimentos de produção sejam domésticos ou industriais.

2 OBJECTIVOS

O objetivo do presente trabalho é o conhecimento das principais análises envolvidas no


processo de avaliação da qualidade da farinha de trigo e seus derivados, tendo como objetivo
específico:
 Descrição e fundamentação teórica das técnicas analíticas de controle de qualidade da
farinha de trigo: análises físico-químicas, enzimáticas e reológicas realizadas na GMA.
10

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Esta revisão bibliográfica visa apresentar a composição do trigo bem como a sua estrutura, as
análises e parâmetros envolvidos na avaliação da qualidade do trigo, da farinha de trigo e do
farelo.

3.1 TRIGO E FARINHA DE TRIGO

O grão de trigo possui essencialmente três partes: a casca que corresponde à cobertura exterior,
rica em fibras, que equivale em 13 a 15% do peso do grão, o endosperma: parte interior do grão,
da qual se extrai a farinha, rico em amido e proteínas, e equivale de 80 a 85% do grão, e o
gérmen que é a parte reprodutiva do trigo, rico em vitaminas e minerais e corresponde a 3% do
grão (SILVA, 2014).

Figura 1. Grão de trigo e sua composição morfológica


Fonte: ABITRIGO, 2015

Segundo COSTA (2008) o trigo, sendo matéria-prima pode ser considerado responsável pela
qualidade da farinha, uma vez que qualidade do grão de trigo é o resultado entre interações das
condições de cultivo (solo, clima, pragas, manejo, cultivar) e interferências de operações de
colheitas, secagem e armazenamento. Se as condições de colheita, secagem e armazenamento
forem inadequadas, o trigo pode sofrer alterações em suas propriedades físicas, químicas e
reológicas, reduzindo a funcionalidade da farinha e seu valor comercial.

3.2 ANÁLISES DO CONTROLE DA QUALIDADE DA FARINHA DE TRIGO

As análises de controle da qualidade do trigo, farinha de trigo e do farelo são realizadas para
garantir que o produto esteja em conformidade com a legislação alimentar vigente, este controle
é feito por meio de análises físico-químicas, enzimáticas, e análises reológicas. As análises
físico-químicas da farinha compreendem a análise da Humidade, teor de Cinzas, quantifição do
Glúten, quantificação proteica e Cor; a enzimática compreende o número de queda ou Falling
11

Number e finalmente nas análises reológicas temos a Alveografia, Farinografia, Extensografia


e a Amilografia (LANZARINI, 2015).

3.2.1 HUMIDADE

Segundo CEZAR, 2014 a humidade é um indicador de importância tecnológica e analítica no


agronegócio, pois possibilita a previsão e o condicionamento dos grãos a serem armazenados e
processados para sua transformação industrial. Do ponto de vista analítico, os resultados de
uma análise de teor de humidade são importantes para estabelecer uma base que expresse a
matéria em base seca ou húmida.
O valor comercial dos grãos de trigo está atrelado diretamente ao teor de humidade dos lotes.
Existem limites máximos vigentes de humidade para a conservação e para sua comercialização.

3.2.2 ALVEOGRAFIA

Este método simula o comportamento do produto final, a massa de trigo, misturada a uma
solução de cloreto de sódio simulará o comportamento da massa na fermentação realizada na
produção de pães, bolos, e biscoitos, pela formação de alvéolos originados na massa pelo gás
carbônico produzido pelos fermentos. As propriedades viscoelásticas da massa são avaliadas
por diferentes parâmetros da alveografia. Os parâmetros analisados no alveograma são:
tenacidade (P), extensibilidade (L), configuração e equilíbrio da curva (P/L) e energia de
deformação (W).

Figura 2. Representação esquemática dos Figura 3. Alveogramas típicos para massas,


parâmetros da alveografia. pães e bioscoitos/bolos e seus parâmetros
Fonte: Nitzke (2018) Fonte: Nitzke (2018).
12

3.2.3 FARINOGRAFIA

O farinógrafo é, basicamente, um misturador de massa que mede e regista o torque produzido


pela resistência da massa à mistura. A resistência da massa à mistura, e a “pegajosidade” da
massa são propriedades reológicas avaliadas da massa de farinha de trigo. Esse método será
conduzido em farinógrafo, o qual segue as normas 54-21 da AACC1.

Tabela 1. Parâmetros envolvidos na análise da farinografia


Parâmetros Expressão
Expressa em percentagem, na base de 14%
AA- Absorção de água
de humidade)
TDM – Tempo de desenvolvimento da Expresso em minutos, linha das 500
massa unidades Brabender
EST – estabilidade Expressa em minutos
ITM – índice de tolerância à mistura Expresso em unidades Brabender
Fonte: AUTOR, 2021

3.2.4 NÚMERO DE QUEDA (FALLING NUMBER)

O teste de Falling Number é um indicador da atividade da enzima alfa amilase do grão. Esta
enzima tem um papel importante no processo de panificação, pois, se ocorre em excesso,
atrelado à germinação indesejada dos grãos, processo pelo qual acelera a formação desta, pode
causar danos na qualidade do produto e, portanto, deve ser diluída, e se em quantidades pífias,
requer suplementação (EMBRAPA, 2009).

3.2.5 TEOR DE CINZAS

Cinza é o material residual resultante da queima de matéria orgânica e, na cadeia produtiva do


trigo, é constituída por fosfatos e sulfatos de potássio, por cálcio e por magnésio. Na superfície
externa do grão no farelo há a maior concentração destes resíduos. Quanto maior a concentração
destes minerais ou a contaminação de farelo na farinha, maior será o teor de cinzas presente no
produto final (ICTA, 2013).

Em que mf é a massa final das cinzas mais a massa do cadinho, mcad é a massa do cadinho e
mi é a massa inicial da amostra. Em que U é a humidade da amostra em percentual.
_____________
1
American Association Of Cereal Chemists (Associação Americana De Químicos De Cereais).
13

3.2.6 COR

A cor é característica da luz, mensurável em termos de intensidade (energia radiante) e


comprimentos de onda. A cor da farinha de trigo é afetada principalmente por: genótipo,
processo de moagem (grau de extração, condicionamento do trigo, tamanho de partículas e teor
de cinzas), estacagem da farinha e efeito de tratamentos de branqueamento (CEZAR, 2012).

4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Todas as atividades do estágio foram desenvolvidas no Laboratório da GMA. As amostras de


trigo, da farinha e do farelo são levadas diariamente ao laboratório, devidamente identificadas,
e nestas amostras é que são realizadas as análises físico-químicas e reológicas. As amostras de
trigo são retiradas da carga por um funcionário operador da zona de moagem, da padaria ou
pelo técnico de laboratório e levadas ao laboratório para os testes. Dos diferentes tipos de
farinha produzidas a GMA tem o foco na farinha para produção de pão, na qual se requer um
teor de cinzas no máximo de 0,65%.
O grande desafio imposto aos moinhos de trigo para garantir a qualidade de suas farinhas e
assim de seus subprodutos é atingir os valores ideais para o controle da cor, teor e qualidade
das proteínas que formam o glúten, o teor de cinzas e também para os valores de umidade e
número de queda, variando devido as propriedades do grão de trigo e a cada nova safra. Essas
análises e outras, ajudam a qualificar a trigo a ser processado e assim também a sua farinha, já
que dependendo do produto e de suas características que se deseja obter (LANZARINI, 2015,
pág 11).

A análises de controle da qualidade são imprescindíveis para que se possa garantir que os
produtos estejam em conformidade com os parâmetros exigidos uma vez que se trata de um
produto para o consumo alimentar. E na GMA elas não são descartadas, sendo elas realizadas
com o máximo rigor e dentre elas são feitas as análises físico-químicas, enzimáticas e
reológicas, desde análise da Humidade, teor de Cinzas, quantifição do Glúten, quantificação
protéica e Cor até número de queda ou Falling Number.

Ao longo do relatório são apresentadas fotos de outros autores pois a empresa não permite
que sejam tiradas fotos dos seus equipamentos e máquinas laboratoriais. Mas como foram
usadas para melhor ilustrar as análises realizadas e os tipos de equipamentos utilizados (
sendo que todos eles são parecidos, senão iguais aos que se encontram no laboratório das
Grandes Moagens de Angola- GMA).
14

4.1 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA FARINHA DE TRIGO

4.1.1 HUMIDADE

Na GMA a humidade é determinada (em percentual) pela perda do peso original das amostras
(5 gramas das pré-farinhas, farinha do ensacamento, do trigo “sujo” e “limpo” e do farelo),
durante 2 hora em Termo balança Brabender à temperatura constante de 130 °C (IACC2, 1976)
(AGOSTINHA, 2013).O controle da humidade da farinha apresenta importância econômica
pelo fato da mesma ser comercializada em base húmida.

4.1.2 COR DA FARINHA

Na GMA ela é determinada por meio do Colorímetro da marca Minolta (figura 6) que fica
localizado na sala de controle isso na zona da fábrica. Este é um método de leitura direta, não
necessita nenhum tipo de preparo da amostra.

Figura 6. Aparelho Colorímetro Minolta


Fonte: SILVA, 2014

4.1.3 CINZAS

Para determinação do % de cinzas da farinha, dos trigos sujos e limpos bem como do farelo na
GMA procede-se:
1. Primeiramente fazendo a pesagem dos cadinhos e de seguida, são pesados
aproximadamente 5 g de farinha nos mesmos cadinhos de porcelana e 3 g das restantes
amostras (trigo sujo e limpo e do farelo).

_____________
2
Internacional Association For Cereal Chemistry (Associação Internacional de Química Geral).
15

2. De seguida os cadinhos são levados à mufla (Figura 5) onde passam por um processo
de combustão da amostra a uma temperatura de aproximadamente 900 ºC por 4 horas
(farinha) e por 3 horas (trigo sujo e limpo e do farelo).
3. Posteriormente, são colocados em dessecador (figura 5) até atingirem a temperatura
ambiente. Efetua-se a pesagem, na sequência, obtendo-se os resultados em percentagem
de cinzas.

Figura 5. Mufla (esquerda); Dessecador (direita)


Fonte: SILVA, 2014

4.1.4 GLÚTEN HÚMIDO

Para determinação do glutén na GMA realiza-se normalmente a determinação do glúten


húmido (percentual):
1. Através da lavagem da amostra (10 g) com solução de cloreto de sódio a 2,5 %,
seguida por separação das proteínas insolúveis formadoras do glúten (gliadinas e
gluteninas), utilizando-se o aparelho Glutomatic (Figura 7) e posterior pesagem
(SILVA, 2014).

Figura 7. Aparelho Glutomatic


Fonte: SILVA, 2014
16

4.1.5 NÚMERO DE QUEDA

Na GMA segue-se o procedimento de:


2. Primeiramente pesar a quantidade de farinha correspondente (a uma tabela padrão) a
humidade obtida pela estufa.
3. De seguida colocá-la em tubo de ensaio específico, adicionando-se 25 ml de água
desionizada e o tubo é agitado 40 vezes para obtenção de uma suspensão uniforme.
4. Posteriormente o tubo é então colocado no aparelho (Figura 8), que possui um banho
em torno 100ºC para promover a gelatinização do amido.

Figura 8. Aparelho falling number


Fonte: Moagem de Trigo, 2011

4.2 ANÁLISES REOLÓGICAS

4.2.1 FARINOGRAFIA

O equipamento utilizando para realização das análises laboratoriais na GMA é o farinógrafo


Brabender. O aparelho consiste numa massadeira, onde coloca-se a quantidade de farinha que
o próprio software gera automaticamente tendo em conta a humidade da farinha obtida pela
estufa. Através de uma bureta acoplada ao aparelho, adiciona-se água de ionizada até formação
da massa. Um dinamômetro mede a força requerida para a mistura da amostra, o aparelho é
conectado a um computador, onde é instalado um software que gera um gráfico de cada análise.
17

4.2.2 ALVEOGRAFIA

As análises foram realizadas em alveógrafo Chopin (Figura 12), de acordo com o método
54-30A (AMERICAN ASSOCIATION OF CEREAL CHEMISTS, 2000), simulando o
comportamento da massa na fermentação. A análise de alveografia na GMA é realizada
pelo seguinte procedimento:
1. Primeiramente faz-se a pesagem de 250 g da amostra de farinha e misturando-se
com solução de cloreto de sódio a 2,5 %. A quantidade de solução utilizada no teste
é determinada segundo a humidade da farinha.
2. De seguida a massa é misturada por 8 minutos.
3. Após esse período, a massa é modelada em pequenos discos, que ficam em repouso
na estufa de descanso do alveógrafo, a uma temperatura de 25 ºC durante 20 minutos
(figura 12). Cada disco de massa é testado individualmente.
4. Após o período de descanso, prende-se a amostra sobre uma platina na superfície e
a massa começa a ser insuflada, formando uma bolha até romper-se. A pressão
dentro da bolha é registada com uma curva indicando os valores de P, L, W e P/L
(figura 13).

Figura 12. Alveógrafo Chopin


Fonte: SILVA, 2014

Figura 13. Estufa de descanso 25º C


Fonte: Moinhos Tondo S/A
18

5 CONCLUSÕES

O crescente nível da exigência dos compradores trás a necessidade de se fazer um controle


mais rigoroso da qualidade da farinha porque as suas características determinam a qualidade
dos produtos que usam a mesma como matéria-prima de diversos produtos alimentícios
como pão, massa alimentar, bolos, biscoitos e outros logo as análises de qualidade são
realizadas de modos a garantir a qualidade sanitária bem como a conformidade dos mesmos
de acordo aos regulamentos e padrões técnicos exigidos.

No período de realização do estágio na GMA, além de praticar diversos procedimentos que


foram aprendidos durante o perido de estudo, também foi possível enriquecer o
conhecimento na área de Qualidade, além de permitir que se olhe para os principais desafios
que um Engenheiro de Produção Industrial passa a ter quando inserido no mercado de
trabalho.

O estágio na área de controle de qualidade possibilitou um aprendizado maior sobre a


avaliação do trigo e da farinha e o quanto representam para a obtenção de produtos finais
também com qualidade. Uma vez que esse controle é indispensável para que as empresas
possam vender seus produtos de forma a satisfazer os pré-requisitos exigidos pelo
comprador e pela legislação vigente.

Assim sendo, as análises laboratorias se apresentam como uma ferramenta muito


importante para o processo de tomada de decisão sobre a colocação do produtos no mercado
ou não, bem como a necessidade de fazer correcção das características que colocam em
causa a integridade e conformidade do mesmo de modos que sejam rapidamente corrigidas.
Deste modo todas as análises realizadas na GMA obedecem às normas técnicas e legislação.
Contudo, ao realizar-se as as análises no dia a dia é possível controlar os padrões da farinha
de acordo a finalidade ou tipo de farinha que se pretende obter (seja para pão, bolo ou
massas alimentares) ou ainda controlar a qualidade adequada da farinha de modos que se
faça um melhor aproveitamento dela como matéria-prima de outros produtos.
.
19

6 REFERÊNCIAS

American Association Of Cereal Chemists – AACC. Approved methods of the American


Association of Cereal Chemists. 9 ed. Saint Paul, 2000.

Associação Brasileira Das Indústrias De Trigo. Sobre o trigo e Estatísticas. São Paulo,
2015. Disponível em: <http://www.abitrigo.com.br>. Acesso em: 2 agosto de 2015.
ATWELL, W. A. Wheat Flour. Eagen Press Handbook Series. American Association of
Cereal Chemists. St. Paul, 2001.

AUGUSTINHA, PATRICIA de LIMA. Analises Laboratoriais para o controle de qualidade


da farinha de trigo e garantia de qualidade na produção de alimentos.2013.38f. Trabalho
de Conclusão de Curso. Universidade Federal do Paraná. Palotina. Agosto de 2013.

CEZAR, Ana Paula Capersani. Controle de Qualidade em farinha de trigo. 2012. 26f.
Estágio Supervisionado. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Campo Mourão. 2012.

SILVA, VILMARA MARIA. Análises Laboratoriais para o controle de qualidade da


farinha de Trigo. 2015. 31f. Relatório de Estágio Curricular. Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Porto Alegre. 2014.

INTERNACIONAL ASSOCIATION FOR CEREAL CHEMISTRY. 1976 Norm ICC Nº


110/01. Determination of the moisture content of cereal products- Practical Method.
Vienna, 1976.

LANZARINI, DAIANE PRECILA. Controle de qualidade aplicado a farinha de trigo


panificável produzida em moinhos do estado do paraná. 2015. 25f. Monografia de
Especialização. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Francisco Beltrão. 2015.

SOUZA, PAULA GIMENEZ. Controle de Qualidade no Moinho de Trigo. 2013. 36f.


Relatório de Estágio. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianopolis. 2013.

ZARDO, F.P. Análises Laboratoriais Para O Controle De Qualidade De Farinha De Trigo.


Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Bento Gonçalves, 2010.

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