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2 - AGITAÇÃO E MISTURA
2.1 - Objetivos
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- obter materiais com propriedades diferentes daquelas do material originário.
- Do fluido : ρ , μ, miscibilidade.
- Do sólido : tamanho das partículas, ρS, forma, aderência e molhabilidade.
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Neste material iremos tratar mais especificamente da mistura de líquidos. Entende-se por
líquido qualquer solução ou suspensão bombeável.
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Figura 03 – Tanque de agitação/mistura industrial.
a) Batelada
Equipamentos de agitação/mistura operados em batelada podem ser usados para materiais
viscosos, plásticos e sólidos. São pontos importantes destes equipamentos:
- Tempo para obtenção do resultado desejado;
- Facilidade e rapidez de descarga e limpeza;
- Consumo de energia.
b) Contínuos
Equipamentos de agitação/mistura operados em regime contínuo podem ser usados para
gases, líquidos de baixa viscosidade e suspensões.
a) Escoamento radial: Tem suas pás paralelas ao eixo de rotação. Este fluxo é perpendicular
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à parede do tanque. Fazem parte desta classe os impelidores tipo turbina, pás, âncora e grade.
A Figura 4(a) ilustra o perfil de escoamento para estes impelidores.
b) Escoamento axial: São aqueles cujas pás fazem um ângulo menor que 90º com o plano de
rotação do impelidor. Fazem parte desta classe os impelidores tipo hélices e turbinas de pás
inclinadas. A Figura 4(b) ilustra o perfil de escoamento para estes impelidores.
Figura 5 – Impelidores. a) Hélice de três pás. b) Turbina de lâminas retas abertas. c) Turbina com
lâminas no disco. d) Turbina de lâminas verticais curvas. e) Turbina com pás inclinadas.
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mostra uma turbina para uso como agitador/circulador, com movimentação vertical do fluído.
Figura 6 – Impelidores tipo turbina. a) Turbina de fluxo axial (pás inclinadas) com estabilizador
direcional. b) Turbina de fluxo axial (pás moldadas, inclinadas).
(a) (b)
Fonte: FOUST et al., 1982.
(a) (b)
Fonte: FOUST et al., 1982.
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Figura 8 – Impelidor com formato helicoidal.
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2.3.3 - Formação do Vórtice
O vórtice (redemoinho) é produzido pela ação da força centrífuga que age no líquido em
rotação, devido à componente tangencial da velocidade do fluido. Geralmente ocorre para líquidos
de baixa viscosidade e em vasos com agitação central desprovidos de chicanas. O vórtice ocorre
quando Re > 300 para tanques sem chicanas.
Quando ocorre, o vórtice prejudica a mistura, pois apenas uma das três componentes de
velocidade ocorre com maior intensidade. Desta forma, este comportamento é indesejado e pode ser
evitado seguindo-se uma das medidas abaixo:
Descentralizar o agitador;
Inclinar o agitador de 15º (aproximadamente) em relação ao eixo vertical do centro do
tanque;
Colocar o agitador na horizontal;
Utilizar chicanas.
A Figura 10 apresenta, esquematicamente, maneiras de evitar-se a formação do vórtice.
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Figura 10 – Esquema de instalação do agitador.
As chicanas são anteparos instalados próximos à parede do vaso de modo a reduzir o efeito
da componente tangencial de velocidade, objetivando assim evitar a formação do vórtice. As
chicanas podem ser instaladas seguindo-se três diferentes configurações:
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Figura 11 – Relação das variáveis das dimensões do tanque.
a) Segundo Holland:
i) Impelidor: turbina de 6 lâminas planas.
ii) Diâmetro do impelidor: Da = (1/3).Dt
iii) Altura do impelidor em relação à base do vaso: E = (1/3).Dt
iv) Largura da pá do impelidor: W = (1/5).Da
v) Comprimento da pá do impelidor: L = (1/4).Da
vi) Nível do líquido: H = Dt
vii) Número de dificultores (chicanas): 4 montados verticalmente na parede do tanque do
fundo até acima do nível de líquido.
viii) Largura dos dificultores: J = (1/10).Dt
b) Segundo McCabe:
i) Diâmetro do impelidor: Da = (1/3).Dt
ii) Altura do impelidor em relação à base do vaso: E = Da
iii) Largura da pá do impelidor: W = (1/5).Da
iv) Comprimento da pá do impelidor: L = (1/4).Da
v) Nível do líquido: H = Dt
vi) Número de dificultores (chicanas): 4.
vii) Largura dos dificultores: J = (1/12).Dt
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viii) Número de pás do impelidor (turbina): 4 a 16, geralmente 6 a 8.
ix) Caso o nível do líquido seja maior que 1,25 Dt usar mais impelidores, conforme ilustra
a Figura 12.
x) A distância ótima entre os impelidores fica entre 1 - 1,5 Da.
xi) Distância entre chicanas e parede: c = 0,015.Dt
Ainda segundo McCabe, o número de impelidores pode ser calculado pela relação empírica
de Weber, Equação 01.
WELH
N Impelidores = 01
Dt
WELH = H × m 02
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2.4 - Consumo de Potência em Tanques Agitados
Da E L W J H
S1 = ; S2 = ; S3 = ; S4 = ; S5 = ; S6 =
Dt Dt Da Da Dt Dt
Reynolds:
Re =
nDa 2 ρ
=
(nDa )Daρ ∝ U 2 Daρ 03
µ µ µ
onde u é a velocidade periférica do impelidor. Desta forma, o número de Reynolds pode ser
interpretado como uma relação entre a força inercial e viscosa.
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Número de Potência:
P
NP ≡ 04
n Da 5 ρ
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No vaso, o movimento das pás do impelidor se opõe a uma força de arraste, que atua sobre
toda a área de circulação, não apenas sobre os extremos da pá. Assim, o número de potência é
análogo ao fator de atrito ou ao coeficiente de arraste. Np é proporcional à razão entre força de
arraste atuando em uma unidade de área do impelidor e forças de inércia. Resumidamente, pode-se
dizer que Np é a razão entre a força aplicada pelo impelidor e a força de inércia.
Número de Froude:
n 2 Da 05
Fr =
g
O número de Froude é interpretado como a razão entre a força de inércia e forças associadas
à gravidade. O número de Froude intervém na dinâmica de fluidos sempre que existe um
movimento de ondas importante sobre a superfície do líquido. A relação entre as forças
especificadas por Fr ocorre como conseqüência do vórtice, pois neste existem forças gravitacionais
não equilibradas, que são proporcionais à massa de líquido influenciada.
O número de Froude, Fr, somente intervém no cálculo do consumo de potência em um
sistema agitado quando se tem a formação do vórtice, ou seja, para Re > 300 e sistemas sem
chicanas.
A potência, em tanques agitados, pode ser calculada pela expressão do Número de Potência,
conforme a Equação 06.
P = N P n 3 Da 5 ρ 06
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forma de equações semi-empíricas e empíricas, além de gráficos e tabelas. Quando intervém o
número de Froude, seu efeito se considera mediante a Equação 07.
= ψ (Re, S1 , S 2 ,K, S n ) = Φ
NP 07
Fr m
a − log Re 08
m=
b
onde a e b são constantes empíricas, e seus valores podem ser obtidos pela Tabela 9.1 de McCabe et
al. (1993).
Para baixos valores de Re as linhas de NP x Re, tanto para tanques com chicanas quanto para
aqueles com ausência destas, são coincidentes, com um ângulo, em coordenadas logarítmicas, no
valor de –1. Sendo assim:
KL 09
NP =
Re
e, portanto:
P = K L n 2 Da 3 µ 10
N P = KT 11
logo:
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P = K T n 3 Da 5 ρ 12
Valores para as constantes KL e KT, para vários tipos de impelidores são mostrados pela
Tabela 9.3 em McCabe et al. (1993).
Em sistemas com impelidores tipo turbina de pás planas, operando em regime turbulento,
em tanques com chicanas, o efeito da geometria do sistema pode ser assim resumido:
a) Diminuindo-se o valor de S1, aumenta-se NP para tanques com chicanas estreitas e em baixo
número. NP diminui pra chicanas largas e em maior número. Para tanques com 4 chicanas e
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Q = Vm ⋅ S 13
π ⋅ DT2 14
S=
4
Q 15
NB =
Da 3 ⋅ N
A velocidade maciça (Vm) é definida como a resposta dinâmica desejada no sistema, com
valores usuais entre 0,03 a 0,3 m.s-1, conforme os requisitos do processo e de acordo com a escala
de agitação da Tabela XII-3 apresentada em Gomide (1997).
A definição da rotação para um projeto inicia-se na estimativa de um valor para o número de
bombeamento (usualmente NB = 0,7), o qual fornecerá a rotação teórica que será empregada no
cálculo de Reynolds. A partir deste NRe e utilizando-se a Figura XII-11 apresentada em Gomide
(1997), é possível finalmente determinar um novo NB, o qual deverá coincidir com o NB estimado
inicialmente.
g ⋅ D P ⋅ (ρ s − ρ ) 16
u t = 1,741 ⋅
ρ
A partir desta velocidade, pode-se definir a velocidade de projeto (uP), conforme Equação
17.
u P = f ⋅ ut 17
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% Sólidos 2 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
f 0,80 0,84 0,91 1,00 1,10 1,20 1,30 1,42 1,55 1,70 1,85
Fonte: GOMIDE, 1997.
N = (φ ⋅ u P ) 18
0 , 267
⋅ Da −0,749
D 19
q = 0,92nDa 3 t
Da
5V πD 2 H 1 20
tT ≈ =5 t
q 4 0,92nDa 2 Dt
2
Da Dt 21
ntT = cte = 4,3
Dt H
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2.6 – Ampliação de Escala (Scale up)
Em uma ampliação de escala é necessário que se tenha similaridade dinâmica e, neste caso,
os números admensionais devem permanecer constantes.
Passo 1: calcule o fator de ampliação de escala R. Considerando o volume do tanque com Dt1 = H1
temos:
V1 = [(π.Dt12)/4].H1
Logo a razão de volume é:
V2/V1 = [(Dt23)/(Dt13)]
R = (V2/V1)1/3 = (Dt2/Dt1)
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Passo 2: Usando o valor R calcule o valor das novas dimensões. Por exemplo:
P1 ⋅ Da 23
Potência / Volume N ⋅ Da = N ⋅ Da
3
1
2
1
3
2
2
2
P2 =
Da13
P1 ⋅ Da 22
Tensão de cisalhamento N 1 ⋅ Da1 = N 2 ⋅ Da 2 P2 =
Da12
2.7 – Exemplos
Ex. 01. Um impelidor tipo turbina de 6 pás planas é instalada no centro, em um tanque vertical. A
geometria dos sistema é assim definida: o tanque possui 6 ft de diâmetro; o impelidor 2 ft de
diâmetro, posicionado 2 ft acima da base do tanque; as pás possuem largura de 5 in. O
tanque é preenchido até 6 ft com uma solução de NaOH. A solução possui uma viscosidade
Ex. 02. Caso o tanque do Problema 01 não possuir chicanas, qual a potência requerida?
Ex. 03. Um tanque de dissolução deve ser agitado de modo a suspender do fundo todos os sólidos.
A capacidade do tanque é de 20 m3 e o sólido disperso tem partículas de 3 mm de diâmetro
com densidade de 1260 kg.m-3. A densidade do líquido sem sólido é de 955 kg.m-3 e a
viscosidade pode ser considerada igual a 1 cP. Quais são as dimensões do agitador, a
rotação e a potência deste sistema para uma solução que contém 15% de sólidos?
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Ex. 04. No intuito de auxiliar a população no combate ao Sars-CoV-2, você decide produzir
hipoclorito de sódio (água sanitária). A formação deste saneante ocorre em duas etapas, sendo
primeiramente necessário diluir NaOH (soda cáustica) em água até uma solução de 50% (em massa)
e depois misturar esta solução novamente em água, na qual é adicionado cloro gasoso. Neste
sentido, considere a segunda etapa como um processo de mistura de líquidos, a qual deverá ser
realizada em um reator agitado de 8 m3. No entanto, para que fosse possível avaliar o processo de
forma adequada antes do projeto, você realizou um teste em escala piloto, no qual você empregou
um reator de 10 litros, com uma escala de agitação igual a 5. Devido condições do processo, optou-
se por manter a tensão de cisalhamento constante na ampliação de escala. Neste sentido, quais as
dimensões, rotação e potência do reator em escala industrial?
Dados
ρ = 1200 kg.m-3 μ = 6,4 cP
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