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1. Uma rápida campanha experimental de flotação deverá ser feita com intuito de se
determinar os parâmetros cinéticos de flotação de um minério (sintético) binário
contendo pirita e quartzo. O depressor de silicatos é silicato alcalino (com
concentração de recepção de 61,5 % em massa) e um xantato de sódio (granulado a
100 %).
2. PROCEDIMENTO:
2.1. Aferição do volume efetivo da cuba:
i. Abaixar o sistema de agitação e aeração,
ii. Com o sistema de aeração obturado e sem agitação, preencher a cuba com
água, usando proveta adequada, até o nível desejado de operação (em geral
10 mm abaixo do transbordo) e registrar o valor do volume efetivo;
iii. Esvaziar a célula para início do ensaio;
2.2. Cálculo da massa de sólido (ms): de posse do volume efetivo da cuba, calcular a
massa de sólidos a ser adicionado para resultar a concentração mássica de
flotação (cmf = 35 %);
2.3. Cálculo inicial dos reagentes:
i. Cálculo da quantidade de depressor a ser usado na dosagem especificada:
Ddep = 500 g/t:
Massa a 100 %: mdep100% = ms x Ddep;
Na concentração mássica inicial C0dep: mdep = mdep100%/C0;
Volume de dosagem: Vdep = mdep/dep (dep: massa específica da solução
do depressor).
ii. Cálculo da quantidade de coletor a ser usado na dosagem especificada: Dcol =
110 g/t:
Massa a 100 %: mcol100% = ms x Dcol;
Na concentração mássica inicial C0col: mcol = mcol100%/C0;
Volume de dosagem: Vcol = mcol/col (col: massa específica da solução
do coletor).
2.8. Condicionamento:
Adicionar a alíquota de depressor e disparar o cronômetro e;
Condicionar com depressor por 4 minutos (contando desde a adição do
reagente);
Adicionar a alíquotas de coletor reajustar o pH para o valor do ensaio
(entre pH 8,0 e pH 8,5);
Condicionar com coletor por 2 minutos (contando desde a adição do
reagente);
Posicionar a bandeja de 30 segundos sob o vertedouro da cuba;
2.9. Flotação:
Manter recipientes extras com água para reposição de nível de célula (na
medida em que for necessitando).
Findo o tempo de condicionamento, imediatamente adicionar a alíquota
de água de diluição (já com espumante), abrir a válvula de aeração e
atentar para os tempos de coleta (medir o pH inicial da flotação);
Extrair a espuma com espátula de maneira contínua e uniforme (ou usar
extrator de espuma automático nas células que disponham desse
implemento);
Após 30 segundos trocar a bandeja, colocando a bandeja de 60
segundos, continuando a extração da espuma (e repondo o nível da polpa
com água, quando necessário);
Após 60 segundos trocar a bandeja, colocando a bandeja final,
continuando a extração da espuma (e repondo o nível da polpa com água,
quando necessário) até que por verificação visual, se perceba o término
da mineralização da espuma;
Fechar a válvula de aeração, medir o pH final, retirar o material residual
na cuba, pondo-o na bandeja de afundado.
2.10. Filtragem/secagem e pesagem dos produtos:
2.11. Determinação dos teores via picnometria ou método mais adequado.
4. ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO:
Uma abordagem alternativa foi proposta por Kelsall (EMC, 2012) é dividir o sistema
particulado a ser flotado em duas parcelas, uma de flotação “rápida” e outra “lenta”. Ou
seja, a recuperação, até o instante t, torna-se:
R f rap 1 exp k rap t 1 f rap 1 exp klen t
(02)
4
ki Pi Sb Resp
(04)
Deve-se notar que modelo alternativo de cinética que não é infrequente na literatura é o
chamado modelo retangular de Klimpel. Para o caso de avaliação das cinéticas de cada
uma das espécies mineralógicas presentes, a recuperação acumulativa da espécie i para
cinética retangular (Yianatos, 2005; King, 2001; Klimpel, 1980):
1 ki t
Ri R i, t Ri 1 1 e (05)
ki t
Para os propósitos deste trabalho, adotar-se-á cinética de primeira ordem com o valor
típico de tempo de indução nula. Assim, mudando-se as condições da equação 03, de
regime em batelada (a rigor, em “semibatelada”), para regime contínuo, com regime de
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misturador ideal em cada cuba ou célula, estando N células em série (banco), tem-se,
para a recuperação no conjunto:
1
Ri R i, t Ri 1 (06)
1 ki
N
No que tange à flotação colunar, o modelo de dispersão axial, tratado por Levenspiel, é
largamente usado para prever a recuperação na chamada zona de coleta, a qual se situa
acima dos aeradores e abaixo da zona de espuma (Burstein e Filippov, 2010; Satr, 1998;
Zhou e colaboradores, 2003).
1
4 a exp
2 Nd
Ri R i, t 1
1 a 2 exp 2 aN 1 a 2 exp 2 aN
d d (08)
a 1 4 k t Nd
(09)
A vazão mássica da polpa (em kg/s), Qa, na alimentação do circuito é dada por:
Qsa
Qa (10)
cma
Onde Qsa é a vazão mássica de sólidos (em kg/s) e cma é a concentração mássica de
sólidos no fluxo.
Por seu turno, a vazão volumétrica de polpa na alimentação, Qva é dada por:
6
Qa
Qva (11)
a
Onde a massa específica da polpa (não aerada), ρa, é calculável por:
1
a
cma
1 cma (12)
s f
Onde ρs é a massa específica do sólido e ρf é a massa específica do fluido, ambas em
kg/m3.
Nas células de flotação, a vazão volumétrica efetiva deve considerar a fração de espaço
preenchido pelo ar dinamicamente apreendido na polpa, referida, usualmente, pelo
termo inglês: hold up. A vazão volumétrica da polpa aerada é dada por:
Qva
QVaer
1 (13)
O volume da polpa na célula aerada (expressa em m3) será, portanto, dado por:
Vp aerada QVaer (14)
O volume geométrico efetivo da célula deve levar em conta o espaço ocupado por
dispositivos acessórios (como rotor, etc.) e o espaço ocupado pela camada de espuma no
reator. O volume geométrico da célula pode ser dado por:
VPaerada
VCel
1 fespuma 1 f acessórios (15)
Onde fespuma é a fração de nível de espuma (borda livre dividida pela altura da cuba) e
facessórios é a fração de acessórios presentes na célula.
k tr
King (16)
k d k tr
O coeficiente específico aparente (ou global) de flotação pode ser expresso em termos
dos coeficientes elementares, de acordo com a seguinte equação (Kapur et alii, 1991):
k a b t p1
k ap King (17)
k d t p1
Por seu turno Flynn, e Woodburn (1987) desenvolveram modelo de flotação com base
no transporte de sólidos em relação ao fluxo de superfície de bolhas na espuma. A
estabilidade da espuma foi descrita pelos parâmetros de coalescência e ruptura das
bolhas, pelo diâmetro de Sauter das bolhas e pelo arraste hidrodinâmico das partículas,
caracterizado pela espessura das lamelas intersticiais. A espessura dessas lamelas foi
derivada da premissa de bolhas esféricas na espuma. Foi adotado também, no modelo de
Luz (1996), um fator de empacotamento das partículas na espuma, admitido como
constante para cada sistema.
Um modelo que considerou o efeito da fase gasosa na polpa aerada mas não na
espuma foi desenvolvido por Laplante, Toguri e Smith (Laplante et alii, 1983). Nesse
modelo, validado experimentalmente, ficou estabelecido o efeito da taxa de aeração da
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célula sobre a eficiência de captura (e, portanto, sobre a taxa específica de flotação, k1).
Mostrou um ótimo no qual há o melhor balanço entre colisão e destacamento de bolhas
e partículas, resultado da concentração de bolhas e da turbulência.
Harris também advoga o uso de modelos “bifásicos” como o melhor para simular
regimes estacionários de operação, mas não para transientes. Adotou a polpa como um
misturador ideal, já que o número de Reynolds vigente em células fica em torno de 10 5
para cubas de laboratório e 106 para equipamentos industriais. Segundo o mesmo autor
a espuma é bem descrita por regime de fluxo pistonar (plug flow).
É conveniente registrar que para o caso da polpa quando se tem um banco de flotação a
intercomunicação entre as células em série pode ocasionar mudanças de regime: de
misturador ideal para misturadores com reciclo ou retrofluxos (back mixing effect) ou,
mesmo, para misturadores por difusão (em células pneumáticas). Inoue (1984) estudou
o impacto dessas mudanças sobre a taxa de flotação.
Mesmo para células de laboratório, somente uma parte da cuba se comporta com um
misturador ideal, conforme estudos o demonstraram (Mehrotra e Saxena, 1983).
Segundo essa referência bibliográfica, a razão o volume efetivo: volume nominal pode
ser expressa por:
1,472
di p N Qvp p
1,962 1,711
Vef Qvp
Cma
0,32
K **
(18)
V di V
Onde:
K** - constante de proporcionalidade;
V- volume nominal [m3];
Vef - volume efetivo em regime de misturador ideal [m3];
Com respeito à cinética de flotação, sua taxa específica, k1, expurgada dos efeitos da
espuma, pode ser obtida por um processo “evolutivo” a partir dos ajustes de uma
seqüência histórica de processo, ou em campanha específica em que se obtenham os
valores aparentes (kap) para várias condições de espuma no transbordo (por exemplo:
variando o nível de polpa). Nesse caso, mantendo-se as demais variáveis constantes,
pode-se obter k1 como valor assintótico de kap, quando se aumenta a espessura de
espuma.
6. REFERÊNCIAS
INOUE, T. Flotation Process Modelling. In: JONES, M.H. & WOODCOCK, J.T.
(ed.): Principles of Mineral Flotation: The Work Symposium. Victoria: The
Australasian Institute of Mining and Metallurgy, 1984.
LAPLANTE, A.R., TOGURI, J.M., SMITH, H.W. The effect of air flow rate on the
kinetics of flotation: the transfer of material from the slurry to the froth. International
Journal of Mineral Processing. Amsterdam, v. 11, p. 203-219, 1983.
MEHROTRA, S.P., SAXENA, A.K. Effects of process variables on the residence time
distribution of a solid in a continuously operated flotation cell. International
Journal of Mineral Processing, Amsterdam, v. 10, n. 4,p. 255-277, june 1983.