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História

8 ano - 2022

A formação da América
portuguesa
A CHEGADA DOS INVASORES ESTRANGEIROS

Disponível em:
https://suburbanodigital.blogspot.com/2019/04/tirinha-do-armandinho-e-assim-foi-
o-descobrimento-do-brasil.html
IMAGINÁRIO SOBRE O NOVO MUNDO A América pré-cabralina era
habitada por uma enorme
variedade de grupos indígenas, que
se distinguiam sobretudo pelos
troncos linguísticos e por suas
culturas. Mas os europeus
transformaram o diferente em
falta. Exemplo disso foram as
representações visuais da época.
Num momento em que era melhor
“ouvi dizer do que ver”, vingou a
imaginação, com os índios
apresentados como guerreiros e
bárbaros devoradores de
Imagem do Novo Mundo, xilogravura aquarelada à mão de Johann humanos. Ao fundo, naves
Froschauer, c. 1505, publicada em Mundus Novus, de Américo Vespúcio. portuguesas vêm trazendo a
civilização europeia.
PERÍODO PRÉ-COLONIAL

Primeiros anos após a chegada dos


invasores estrangeiros
• Madeira usada para fazer tinta
vermelha;
• Exploração através de escambo com
mão de obra nativa;
• Arrendamento – Fernando de Noronha
• Estabelecimento de feitorias -
depósitos;
• Expedição guarda-costas;
• Sem justiça e sem administração;
• Estanco – monopólio da Coroa
portuguesa.

André Trevet. Cosmografia universal. Ilustração de 1575.


A experiência portuguesa na América foi muito diversa da espanhola. Alusões a metais preciosos não se
confirmaram ao longo de quase dois séculos. O objetivo que movia a colonização portuguesa no século XVI
“não eram as terras, mas o império sobre o comércio marítimo”. A conquista de territórios, que foi um
segundo momento na Índia e também no Brasil, era apenas um meio de assegurar a supremacia marítima,
assim como metais preciosos poderiam vir a ser um facilitador. Logo na primeira expedição de
reconhecimento, comandada por Gonçalo Coelho em 1501, a riqueza da Nova Terra foi identificada como o
pau-brasil, árvore que possuía um similar asiático e da qual se extraía a tintura de tecido. Era encontrado
em abundância em todo o litoral, mas ao invés de transportá-lo in natura, melhor seria preparar a madeira
antes de embarcá-la. Toda a produção dependeria de uma relação amistosa com os indígenas, não apenas
para assegurar a troca, mas sobretudo para o abate das árvores (na escala desejada) e o seu
aparelhamento, o que exigia a incorporação pelos nativos de instrumentos de metal e novas técnicas de
trabalho.
OLIVEIRA, João Pacheco de. Os indígenas na fundação da colônia. Uma abordagem crítica. Apud. FRAGOSO, João Luis
Ribeiro. O Brasil Colonial: 1443-1580. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 2014. V 1. p. 178.
1. Contextualize os primeiros 30 anos após a chegada dos colonizadores portugueses no Brasil destacando
as ações dos colonizadores em relação às populações nativas e aos recursos encontrados.
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ADMINISTRAÇÃO COLONIAL

O sistema colonial é o conjunto de relações entre as metrópoles e suas respectivas colônias.

Segundo o seu modelo teórico típico, a colônia deveria ser um local de consumo (mercado) para
os produtos metropolitanos, de fornecimento de artigos para a metrópole (fonte de matérias
primas). Em outras palavras, dentro da lógica do “Sistema Colonial Mercantilista” tradicional, a
colônia existia para desenvolver a metrópole, principalmente através do acúmulo de riquezas,
seja através do extrativismo ou de práticas agrícolas mais ou menos sofisticadas.

As formas de colonizar empreendidas na América variaram muito, dependendo da região, das


características geográficas, das riquezas encontradas e dos objetivos das metrópoles.
ECONOMIA COLONIAL: O AÇÚCAR

• A introdução da cana de açúcar no Brasil atendia a um objetivo bem preciso: desenvolver uma
atividade lucrativa na colônia.
• Como já sabemos, a lógica do mercantilismo exigia que as colônias tivessem suas riquezas
exploradas em favor das metrópoles. Por essa razão, a produção açucareira do Brasil era uma
atividade econômica que gerava lucro para a metrópole que tinha a exclusividade na compra
deste produto (Pacto Colonial) e sempre pagava o menor preço por ele.
• A produção açucareira no Brasil era baseada em quatro pilares que constituem o que chamamos
de plantation:
• Monocultura;
• Latifúndio;
• Escravidão;
• Produção voltada para o mercado externo;
ADMINISTRAÇÃO COLONIAL: O AÇÚCAR

• No início da colonização do Brasil, não havia um


governo centralizado, mas sim as capitanias
hereditárias (1534) que eram governadas por um
Capitão donatário escolhido pelo rei de Portugal.
• Para desenvolver a economia da sua capitania, o
Capitão Donatário poderia distribuir sesmarias
(grandes lotes de terra) para colonos ricos. Esses
colonos instalaram as primeiras fazendas de cana na
colônia, desenvolviam o plantio e a produção de
açúcar em suas sesmarias.
• Com a criação do Governo Geral, em 1549, houve a
centralização do governo colonial na figura do
Governador Geral que era escolhido pelo rei de
Portugal para administrar toda a colônia.
• O açúcar foi o carro-chefe da economia colonial
brasileira nos séculos XVI e XVII com destaque para as
capitanias de Pernambuco e São Vicente.
Mapa do Brasil confeccionado pelo
cartógrafo Luís Teixeira, 1574.
O ENGENHO
• A produção açucareira no Brasil envolvia tanto o processo de cultivo quanto o de beneficiamento da
cana, esta última parte ocorria no engenho.
• Após ser colhida, a cana era transportada em carros de boi para o engenho, onde era submetida aos
seguintes processos:
• 1) Moagem: a cana era moída para se extrair o caldo. Esta etapa era feito numa engrenagem chamada
moenda que podia ser movimentada por força animal (trapiche), hidráulica (real) ou por pessoas
escravizadas.
• 2) Cozimento: o calda da cana era cozido em caldeiras até se transformar em melaço, um liquido bem
espesso e escuro.
• 3) Purga: o melaço era colocado em formas de barro onde permanecia durante vários dias. Essas formas
tinham um furo por onde o líquido escorria, deixando apenas os cristais de açúcar.
• Por fim, o açúcar era desenformado e ficava mais alguns dias secando, em seguida, era dividido entre
açúcar branco e o mascavo (mais escuro) para então ser empacotado e exportado.
Representação da estrutura de funcionamento de um engenho
A SOCIEDADE DO ENGENHO

Senhores de Engenho: era o proprietário de terras


dono do engenho. Formavam o grupo de maior
poder, pois todos aqueles que viviam no engenho
eram submetidos a sua autoridade.

Trabalhadores livres: podiam ser lavradores que


cultivavam as terras do senhor em troca de
pagamento; trabalhadores especializados dos
engenhos; ou feitores.

Escravizados: eram os trabalhadores que


movimentavam a plantação e o engenho. A opção
pelo trabalho escravizado se de, em parte, pelo alto
lucro que o tráfico escravista oferecia aos
comerciantes portugueses.
CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE DE ENGENHO

• A sociedade do engenho apresentava uma


hierarquia bastante rígida de modo que era
improvável que houvesse mobilidade social
entre os grupos que a formavam.
• Também percebemos uma forte polarização
entre senhores de engenho e escravizados, com
uma pequena camada intermediária formada
por trabalhadores livres.
• Por fim, trata-se de uma sociedade baseada na
família patriarcal, uma herança ibérica. Quer
dizer que o senhor de engenho exercia um
poder absoluto sobre sua família que incluía não
apenas esposa e filhos, como parentes
distantes, filhos ilegítimos e agregados (pessoas
que viviam em suas terras). “Família de Fazendeiros” ilustração de
Johann Moritz Rugendas, 1822.
Próximo ao engenho ficava a casa-grande, residência do proprietário, que congregava funções de fortaleza,
hospedaria e escritório. Ela podia ser térrea ou possuir dois andares, mas poucas vezes alcançou proporções
imponentes. Até o século XVII, essas habitações, geralmente feitas de taipa e com telhado de sapé, pareciam
inclusive despretensiosas. Apesar disso, os senhores, especialmente os proprietários de engenhos localizados
no litoral, procuravam fazer delas ícones de sua projeção e acúmulo de poder econômico, social e político que
ganharam na colônia, a ponto de serem definidos por Antonil, jesuíta italiano, como aqueles que detinham o
“título” a que todos aspiravam. Segundo ele, o senhor era “servido, obedecido e respeitado de muitos”.
Formavam uma espécie de aristocracia da riqueza e do poder. [...].
SCHWACZ, Lilian M. Starling, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 67. 1.

2. Comente como a cultura do engenho gerou uma estrutura de poder conduzida pelo patriarca, esclarecendo
na sua resposta como funcionava o poder desses senhores.
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CONEXÕES ENTRE ÁFRICA E AMÉRICA • Estima-se que o Brasil recebeu
PORTUGUESA 43% dos 12 milhões de
escravizados traficados
compulsoriamente para o
continente americano entre os
séculos XVI e XIX.
• As relações entre o Brasil e a
África eram tão intensas que o
Arcebispo da Bahia tinha
soberania sobre o Rio de
Janeiro, Pernambuco, Luanda e
São Tomé, porém não tinha
domínio sobre o Pará. No
mesmo sentido, as embarcações
portuguesas enfrentavam maior
dificuldade no trajeto Bahia-Pará
do que Bahia-Luanda (Atual
Angola).
O AÇÚCAR E A ESCRAVIDÃO
• Até a primeira metade do século XVI, a mão de obra utilizada nos engenhos era a de indígenas escravizados.
Todavia, os constantes conflitos com os indígenas levou gradualmente ao abandono dessa mão de obra.
• A opção pela mão de obra de africanos escravizados não se deve porque eles eram mais fortes, ou mais
submissos, ou porque não conheciam o território. Essa escolha se deve ao lucro que os comerciantes portugueses
obtinham com o tráfico de escravizados, pois esse comércio de pessoas era uma atividade exclusiva dos
negociantes da metrópole. Como a necessidade de mão de obra era sempre alta, esse comércio era tão lucrativo
quanto a própria exportação do açúcar.

Engenho de Itamaracá, de Frans Post para mapa de Gaspar Barlaeus, 1647


Obrigado por compartilhar. Lembre-se de citar a fonte: https://ensinarhistoria.com.br/para_colorir_engenho_frans_post/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues
A cana matou o índio e importou o africano. Dizia o padre Anchieta que “os portugueses não têm índios amigos
que os ajudem porque os destruíram todos”. Se, de um lado, a escravidão indígena durou até fins do século
XVII no planalto paulistano, absorvido pela produção de trigo, a percentagem de escravos índios envolvidos na
produção do açúcar foi, por outro lado, baixando à medida que os senhores enriqueceriam e podiam importar
africanos. Isso começou a acontecer no Nordeste e no litoral do Sudeste, a partir da segunda metade do século
XVI. O tráfico, por sua vez, desenvolveu-se cada vez mais sob o controle de comerciantes estabelecidos em
cidades como Rio de Janeiro, Recife e Salvador, cujos proventos eram reinvestidos em engenhos, plantação de
cana e exportação de açúcar.
PRIORE, Mary del. História de gente Brasileira. Volume 1: Colônia. - São Paulo: LeYa, 2016.p. 71

3. Durante todo o período colonial, os nativos passaram pelo processo de escravização, foram aculturados e
explorados, entretanto, foram as mãos do africano que sustentaram o sistema de plantation. Explique como e
por que a mão de obra dos africanos escravizados passou a vigorar no território colonial português.
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Resistência negra • Os negros escravizados resistiram de diversas maneiras ao
sistema de trabalho escravizado: fugas, revoltas e formação de
quilombos foram as mais frequentes.
• Por todo o território, os quilombos eram locais de refúgio e de
resistência organizada dos escravizados.
• Em geral, estabeleciam-se em matas e locais de difícil acesso e
mantinham relações com as comunidades próximas, praticando
até mesmo o comércio de alimentos, armas, sal, roupas e
aguardente, entre outros produtos.
• O quilombo mais conhecido no Brasil foi o dos Palmares. Ele
não era somente uma comunidade, mas uma confederação de
quilombos na serra da Barriga, em Alagoas. Essa região, cortada
por montanhas e rios, garantiu a sobrevivência desse quilombo
por pelo menos um século. Zumbi foi a principal liderança do
Quilombo de Palmares.
• Encarado como uma ameaça pelos grandes proprietários de
terras, o Quilombo dos Palmares foi dizimado por uma
Representação de Zumbi. expedição liderada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho que
Um dos principais líderes da resistência foi contratado pelo governo colonial para por fim a esta
em um dos maiores quilombos do Brasil experiência.
colonial, o Quilombo dos Palmares.

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