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RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFICO
Brasília 2021
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RESUMO
Este trabalho teve como principal objetivo verificar, frente à uma possível mobilização
nacional, a influência da adoção do uso de diferentes protocolos de radiocomunicação críticos
em Operações Conjuntas e Interagências, de modo a validar a hipótese de que os modelos de
protocolos dos Sistemas de Radiocomunicação Digital Troncalizado (SRDT) atuais, utilizados
pelo Ministério da Defesa e Ministério da Justiça e Segurança Pública, impedem ou limitam
significativamente a interoperabilidade. A abordagem foi fundamentada nos conceitos
estabelecidos na Estratégia Nacional de Defesa, conforme a Política Nacional de Defesa, com
enfoque na Logística e Mobilização Nacional, o que possibilitou concluir a necessidade da
existência de uma camada de software com vistas à completa integração dos SRDT.
Keywords: Logistics. National Mobilization. Joint and Interagency Operations. Critical com-
munication.
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1. INTRODUÇÃO
Dentre as diversas questões abordadas pela Política Nacional de Defesa (PND), a
promoção da capacidade de mobilização nacional, em proveito da defesa nacional,
apresenta-se como aspecto imprescindível no sentido de proporcionar ao Estado a
capacidade necessária ao atendimento dos seus interesses, conforme estabelecido na
Estratégia Nacional de Defesa (END).
1 O SINAMOB consiste no conjunto de órgãos que atuam de modo ordenado e integrado, a fim de planejar
e realizar todas as fases da Mobilização e Desmobilização Nacionais, devendo assegurar a integração das
capacidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, possibilitando a orientação e a coordenação com o máximo de eficiência,
estimulando o fluxo de informações entre os órgãos dele integrantes. (BRASIL, 2020).
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De igual maneira, não se pode olvidar a estreita relação da logística nacional com
a mobilização nacional, uma vez que esta complementa àquela, nos esforços que são
empreendidos para o alcance dos objetivos nacionais, nos quais os conceitos de integração
e interoperabilidade, neste estudo, apresentam significativa relevância.
Desta forma, este trabalho tem por Objetivo Geral (OG) verificar a influência da
adoção do uso de diferentes protocolos de radiocomunicação críticos em operações
conjuntas e interagências, frente à uma possível mobilização nacional, tendo como
Hipótese Principal (HP) a premissa que: os modelos de protocolos atuais impedem ou
limitam significativamente a interoperabilidade pretendida.
Para tal, pretende-se alcançar esse objetivo por meio das respostas e interações
dos seguintes objetivos específicos (OE):
OE1: levantar os principais protocolos de radiocomunicação críticos utilizados no
âmbito do MD;
OE2: levantar os principais protocolos de radiocomunicação críticos utilizados no
MJSP e Entes Subnacionais; e
OE3: verificar a compatibilidade entre os protocolos de radiocomunicação
adotados no MD e MJSP numa possível operação interagências e suas implicações.
2 Interação das Forças Armadas com outras agências com a finalidade de conciliar interesses e coordenar
esforços para a consecução de objetivos ou propósitos convergentes que atendam ao bem comum, evitando
a duplicidade de ações, a dispersão de recursos e a divergência de soluções com eficiência, eficácia,
efetividade e menores custos. (BRASIL, 2012).
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Dessa forma, a questão levantada por este trabalho visa responder: qual a
influência da adoção de distintos protocolos de radiocomunicação críticos nas Operações
Conjuntas e Interagências, frente à uma possível mobilização nacional?
3. REFERENCIAL TEÓRICO
trabalho o fato de que os mesmos não possuem compatibilidade por meio de interface
aérea, sendo necessário uma camada de integração para torna-los interoperáveis.
Os padrões de rádio troncalizado digital não possuem características
técnicas comuns que possam viabilizar a sua interoperabilidade pela
interface aérea. [...] No entanto, mesmo que os sinais de voz sejam
digitalizados e agrupados de acordo com cada padrão, esses dados
podem ser convertidos e trafegar em uma rede comum, Ethernet por
exemplo, aplicando-se técnicas de VoIP. (AMARAL, 2006, p. 49).
Entretanto, de acordo com os resultados a serem obtidos pelo GT, essa ação
adotada pelo MJSP poderá se alinhar ou não com os esforços do MD na padronização da
interoperabilidade das comunicações adotadas pelo SISMC2, o que de maneira geral
concorrem para a padronização das RADIOCOM críticas nas Operações Interagências,
fato que culminou com a urgente manifestação constante do Ofício nº 343-
A3.9/A3/GabCmtEx, já relatado no início deste trabalho.
a inclusão das Forças Armadas na partilha dessas redes de comunicações, sem prejuízo
de suas redes já estabelecidas, de modo que em uma situação de guerra/conflito as Forças
Armadas poderiam utilizar não só a rede compartilhada, mas também a segregar da rede
de Defesa. (VAQUEIRO, 2015).
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Este trabalho teve como principal objetivo verificar a influência da adoção do uso
de diferentes protocolos de radiocomunicação críticos em Operações Conjuntas e
Interagências, frente à uma possível mobilização nacional, de modo a validar a hipótese
de que os modelos de protocolos dos SRDT atuais, utilizados pelo MD e MJSP, impedem
ou limitam significativamente a interoperabilidade.
Aos esclarecer os objetivos específicos propostos, chegou-se à conclusão que as
Forças Armadas, no âmbito do MD, e o MJSP, por meio de seus Entes Subnacionais,
possuem infraestrutura e equipamentos distintos, contemplados pelas tecnologias SRDT
APCO-25, TETRA e TETRAPOL, as quais não se integram naturalmente, salvo a
existência de uma camada de software oriunda de tecnologia privada que possibilite a
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desejada compatibilidade, fato este que validou a hipótese estabelecida neste estudo e
respondeu ao problema de pesquisa.
Além disso, foi possível identificar movimentos por parte de ambos os Ministérios
no sentido de aumentar a interoperabilidade nas Operações Interagências. No entanto,
iniciativas isoladas, sem que haja uma estreita coordenação entre esses Órgãos, poderão
agravar questões relacionadas à cultura organizacional, ou até mesmo intensificar a
incompatibilidade dos sistemas de SRDT existentes, em virtude de investimento em
tecnologias distintas.
Outrossim, não obstante exista solução privada que se implementada poderia
mitigar tais problemas, o desenvolvimento nacional de uma plataforma de integração dos
SRDT em uso, via software, além de atender ao previsto nas PLDN e PMN, notadamente
quanto à redução da dependência tecnológica internacional e fomento às pesquisas
nacionais, poderia permitir um aumento significativo na interoperabilidade com impactos
favoráveis ao SISMIC2.
Finalmente, apresentou-se como principal lacuna neste trabalho o fato de se
analisar apenas as radiocomunicações digitais críticas sem considerar a influência das
características técnicas para as missões pretendidas.
Desta forma, sugere-se futuros estudos no sentido de se analisar a viabilidade
técnica do desenvolvimento de uma tecnologia independente, na qual possa integrar os
sistemas utilizados, entre o MD e o MJSP, ou a contratação dos serviços e recursos da
Motorola Solutions, com a possibilidade de aquisição da camada de software, por meio
de acordos de compensação e contratos de transferência de tecnologia, do tipo offset.
REFERÊNCIAS
AGUILAR, Sérgio L. C. A coordenação civil-militar nas operações de paz e o Brasil:
algumas considerações. Rev. Bra. Est. Def. v. 3, nº 2, jul/dez, 2016, p. 25-39.
AMARAL, C. T. Interoperabilidade nos Padrões de Rádio Troncalizado Digital.
Rio de Janeiro. 2006. 55 p. Monografia (Sistemas de Telecomunicações) —
Universidade Federal Fluminense/Centro de Estudos de Pessoal - Exército Brasileiro.
BARROS, André Gustavo Pinheiro do Rêgo. Inovação em Gestão de Tecnologia da
Informação e Comunicações no Setor Público: Análise de uma Proposta. Brasília:
FGV, 2017.
BRASIL. Ministério da Defesa. Política Nacional de Defesa: Estratégia Nacional de
Defesa. Brasília, DF, 2016.
_______. Ministério da Defesa. Livro Branco de Defesa Nacional. 1 ed. Brasília, DF,
2020.
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