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Módulo de Formação
Noções Básicas em
Proteção e Defesa Civil
e em Gestão de Riscos
Livro Base
1ª Edição
Brasília - DF
2017
Ministério da Integração Nacional
Presidência da República
Michel Miguel Elias Temer | Presidente
Ministério da integração nacional
Helder Zahluth Barbalho | Ministro
Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil
Renato Newton Ramlow | Secretário
Departamento de Prevenção e Preparação
Adelaide Maria Pereira Nacif | Diretora
Coordenação Geral de Prevenção e Preparação
Mushue Dayan Hampel Vieira | Coordenador
Divisão de Capacitação e Difusão do Conhecimento
Leno Rodrigues de Queiroz | Chefe
2
Ficha técnica Apresentação
Coordenação e Supervisão Técnica - SEDEC/MI Em resposta aos princípios e diretrizes apontadas como prioritárias nas da I e II Conferência Nacional de
Adelaide Maria Pereira Nacif Proteção e Defesa Civil, ocorridas em 2010 e 2014, e com objetivo de apoiar os Estados, Distrito Federal e
Leno Rodrigues de Queiroz Municípios a implementarem a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC, a Secretaria Nacional
Giselle Paes Gouveia de Proteção e Defesa Civil - SEDEC, do Ministério da Integração Nacional, disponibiliza ao Sistema Nacional
Anderson Chagas da Silva de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC e a sociedade civil o Programa de Capacitação Continuada em
Proteção e Defesa Civil da SEDEC/MI, conforme estabelece a Lei 12.608 de 10 de abril de 2012 , que insti-
Elaboração do Projeto - SEDEC/MI tuiu a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC.
Giselle Paes Gouveia Como estratégia de implementação, o Programa foi estruturado em duas linhas de atuação: a elaboração
Revisão - SEDEC/MI e publicação de conteúdos e a capacitação com foco na “Formação de Formadores” e na “Multiplicação aos
Adelaide Maria Pereira Nacif | Geógrafa SEDEC/MI/DMD Municípios”. Norteado de acordo com o previsto na Política, que abrange as ações de prevenção, mitigação,
Anderson Chagas da Silva | Analista Técnico Administrativo SEDEC/DMD preparação, resposta e recuperação, está sendo executado por meio do Projeto de Cooperação Técnica Inter-
Cristhian Andres A. R. Moreira | Analista Técnico Administrativo SEDEC/DMD nacional BRA/12/017 – Fortalecimento da Cultura de Gestão de Riscos de Desastres no Brasil celebrado entre
Giselle Paes Gouveia | Engenheira SEDEC/DMD a SEDEC/MI e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento-PNUD.
Maria Cristina Dantas | Economista SEDEC/DMD Os conteúdos programáticos são apresentados em três livros: Livro Base, Apostila do Instrutor e Apostila
Maria Hosana B. André | Agente Administrativo SEDEC/DMD do Aluno, com os seguintes ”Módulos de Formação”:
i. Prevenção: “Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos”
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD ii. Mitigação e Preparação: “Elaboração de Plano de Contingência”
Moema Dutra Freire | Oficial de Programa Justiça, iii. Resposta: “Gestão de Desastres, Decretação e Reconhecimento Federal e Gestão de Recursos Federais
Direitos Humanos e Gestão de Riscos de Desastres em Proteção em Defesa Civil”
Graziela da Silveira | Assistente de Programa iv. Recuperação: “Gestão de Recursos Federais em Proteção e Defesa Civil para reconstrução”.
Fabio Ferreira Dias dos Santos | Auxiliar de Programa A metodologia de elaboração e atualização do presente módulo, partiu do levantamento do acervo didá-
Claudio Osorio Urzúa | Consultor Internacional tico-pedagógico utilizado nos cursos de capacitação promovidos pela SEDEC/MI com atuação exitosa e das
Ellen Cristina Balland | Orientação Pedagógica contribuições dos técnicos convidados, que integraram os Grupos de Trabalho – GT’s, compostos por repre-
Sarah Marcela C. Cartagena | Pesquisa e Texto sentantes de municípios, estados, academia, pedagogos, organismos internacionais e da SEDEC/MI.
Três Design | Diagramação O conjunto de publicações ora apresentados não encerra a necessidade de abordagem de temáticas
complementares demandadas pelo SINPDEC, havendo uma especial atenção para atualização e lançamento
de outros temas.
Esperamos que o material sirva de orientação aos integrantes do SINPDEC, assim como para a sociedade
civil, na prevenção e preparação à desastres e no fortalecimento da cultura de Proteção e Defesa Civil no
Brasil.
Boa leitura!
4 5
Agradecimentos Lista de abreviaturas e siglas
ANA CPTEC
A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil - SEDEC, do Ministério da Integração Nacional, agrade-
Agência Nacional de Águas Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
ce o apoio dos colaboradores, em especial aos órgãos estaduais e municipais de proteção e defesa civil e
demais participantes que formaram o grupo de trabalho, que contribuiu na discussão para elaboração dos ANEEL CREA
conteúdos a serem utilizados no Programa de Capacitação Continuada em Proteção e Defesa Civil da Agência Nacional de Energia Elétrica Conselho Regional de Engenharia
SEDEC/MI. e Agronomia
A participação de profissionais de órgãos federais, estaduais, municipais e de organismos internacionais ART
de diversas áreas do conhecimento com interface em proteção e defesa civil, ofereceu uma visão ampla e Anotação de Responsabilidade Técnica DNPM
qualificada, essencial para a construção do Módulo I - Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Departamento Nacional de Produção Mineral
CADIN
Gestão de Riscos, com os seguintes representantes:
Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do ECP
• Aldo Batista Neto, Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina e Comandante
Setor Público Federal Estado de calamidade pública
do Centro de Ensino Bombeiro Militar – Florianópolis, SC
• Claudio Osorio Urzúa, Consultor Internacional - PNUD CEMADEN EMATER
• Cristiane Pauletti, Integrante do Grupo de Gestão de Riscos de Desastres (GRID) PPGEC/UFRGS e Centro Nacional de Monitoramento Empresa de Assistência Técnica
Secretária Ajunta do CEPED/RS – Porto Alegre, RS e Alertas de Desastres Naturais e Extensão Rural
• George Luiz Pereira Santos, Coordenador Municipal de Proteção e Defesa Civil – Rio Branco, AC
• Kellen Salles, Subdiretora da Escola Estadual de Defesa Civil - ESDEC – Rio de Janeiro, RJ CENAD FIDE
Centro Nacional de Gerenciamento Formulário de Informações do Desastre
• Sidney Furtado, Diretor do Departamento de Defesa Civil – Campinas, SP
de Risco e Desastres
IBAMA
CENSIPAM Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
Centro Gestor e Operacional do Sistema de Prote- e dos Recursos Naturais Renováveis
ção da Amazônia
IBGE
CEPED Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Centro Universitário de Estudos
e Pesquisas sobre Desastres INMET
Instituto Nacional de Meteorologia
CIMAN
Centro Integrado Multiagências INPE
Instituto Nacional de Pesquisas
CNEN Espaciais
Comissão Nacional de Energia Nuclear
LDO
COBRADE Lei de Diretrizes Orçamentárias
Codificação Brasileira de Desastres
LOA
CONASQ Lei Orçamentária Anual
Comissão Nacional de Segurança Química
MCid
CPDC Ministério das Cidades
Cartão de Pagamento da Defesa Civil
CPRM MD
Serviço Geológico do Brasil Ministério da Defesa
6 7
MI
Ministério da Integração Nacional
SEI
Sistema Eletrônico de Informações
Sumário
MS SIAFI
Ministério da Saúde Sistema Integrado de Administração Financeira
8 9
4.1.9. Ministério do Meio Ambiente – MMA 54 5.9. Manter a união e o estado informados sobre a ocorrência
4.1.10. 2Secretaria de Portos 54 de desastres e as atividades de proteção civil no município 78
4.2. Principais políticas públicas federais correlatas à Gestão de Risco 55 5.9.1. Sistema Informatizado de Informações sobre Desastres - S2ID 78
4.2.1. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI 55 5.10. Estimular a participação social 79
4.2.2. Ministério da Educação – MEC 55 5.10.1. Espaços comunitários 79
4.2.3. Ministério da Saúde 55 5.10.2. Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil - NUPDECs 79
4.2.4. Ministério das Cidades – MCidades 56 5.10.3. Organizações voluntárias 80
4.2.5. Ministério de Minas e Energia 56 5.10.4. Audiências e consultas públicas 81
4.2.6. Ministério do Meio Ambiente – MMA 56 5.10.5. Acompanhamento do uso do Cartão de Pagamento
4.2.7. Secretaria de Direitos Humanos – SDH 57 de Proteção e Defesa Civil – CPDC 81
5.10.6. Acompanhamento de projetos de reconstrução
5. Atuação Municipal em Gestão de Risco 58 pelo Sistema Eletrônico de Informações - SEI 82
5.11. Desenvolver cultura nacional de prevenção 82
5.1. Executar a PNPDEC em âmbito local 60 5.12. Estabelecer medidas preventivas de segurança contra
5.1.1. Criação do Órgão Municipal de Proteção e Defesa Civil 60 desastres em escolas e hospitais situados em áreas de risco 84
5.1.2. Formalização do órgão central do 5.13. Oferecer capacitação de recursos humanos para
Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil 60 as ações de proteção e defesa civil 84
5.1.3. Adesão aos sistemas nacionais 60 5.14. Importância do acompanhamento e avaliação
5.1.4. Estruturação da Coordenação Municipal de Proteção e Defesa Civil 63 das ações de Gestão de Risco 84
5.2. Coordenar as ações do SINPDEC no âmbito local,
em articulação com a união e os estados 64 6. Material complementar 86
5.2.1. Órgão Central 64
5.2.2. Órgãos Setoriais 64 7. Glossário 90
5.2.3. Órgãos de apoio 65
5.2.4. Órgão Consultivo 65 8. Referências 92
5.3. Incorporar as ações de proteção e defesa civil no planejamento municipal 65
5.3.1. Plano Diretor 65
5.3.2. Plano Municipal de Redução de Riscos - PMRR 66
5.3.3. Cartas Geotécnicas 67
5.3.4. Medidas estruturais para mitigação de riscos 67
5.3.5. Mapas de ameaças múltiplas 68
5.3.6. Modelos digitais de elevação 68
5.4. Identificar e mapear as áreas de risco de desastres 68
5.4.1. Setorização de riscos geológicos da CPRM 69
5.5. Promover a fiscalização das áreas de risco
de desastre e vedar novas ocupações nessas áreas 71
5.6. Vistoriar edificações e áreas de risco 71
5.7. Manter a população informada sobre áreas de risco
e ocorrência de eventos extremos 71
5.7.1. Comunicação de Risco para Prevenção 72
5.7.2. Sistemas de monitoramento 73
5.7.3. Sistemas de Alerta 76
5.7.4. Sistemas de Alarme 77
5.8. Realizar regularmente exercícios simulados, conforme
plano de contingência de proteção e defesa civil 77
5.8.1. Planos de contingência 77
5.8.2. Simulados 78
10 11
Índice de figuras Índice de quadros
Figura 1. Metro de Londres sendo usado como abrigo durante a segunda guerra, 1940. 19 Quadro 1. Conceitos das Ações de Proteção e Defesa Civil 23
Figura 2. Desastre Região Serrana - Nova Friburgo/RJ, 2011. 20 Quadro 2. Competencias dos entes federados nas ações de proteção e defesa civil 44
Figura 3. Gestão Integrada em Proteção e Defesa Civil. 23 Quadro 3. Título: Comparativo entre Marco de Sendai e as ações do governo federal. 45
Figura 4. Crianças retirantes da Grande Seca na província do Ceará, 1878. 26 Quadro 4. Objetivos do Programa Gestão de Riscos – PPA 2016-2019 48
Figura 5. Abertura da III Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Quadro 5. Detalhamento das atribuições do Ministério da Integração Nacional no PPA 2016-2019 49
a Redução do Risco de Desastres, 2015. 31 Quadro 6. Atribuições do Ministério da Saúde no PPA 2016-2019
Figura 6. A evolução da Gestão de Risco - do foco nos desastres ao foco na gestão do risco. 33 que se relacionam com a gestão de risco 50
Figura 7. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. 34 Quadro 7. Atribuições do Ministério da Ciência e Tecnologia no PPA 2016-2019
Figura 8. 10 Passos da Campanha Cidades Resilientes. 36 que se relacionam com a gestão de risco 51
Figura 9. O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC. 40 Quadro 8. Atribuições do Ministério da Agricultura, Pecuária
Figura 10. Estrutura da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. 41 e Abastecimento no PPA 2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco 52
Figura 11. A Lei 12.608/12 e sua relação com outros atos legais. 42 Quadro 9. Atribuições do Ministério de Minas e Energia no PPA 2016-2019 que se relacionam com
Figura 12. SINPDEC e a relação entre entes federados. 47 a gestão de risco 52
Figura 13. Capacitação de Núcleo Comunitário de Proteção e Defesa Civil Quadro 10. Atribuições da Secretaria de Direitos Humanos no PPA 2016-2019 que se relacionam
(NUPDEC) pela Defesa civil Municipal, Belo Horizonte - MG, 2012 59 com a gestão de risco. 53
Figura 14. Página de acesso ao Sistema de Integrado de informação sobre Desastres – S2ID. 62 Quadro 11. Atribuições do Ministério da Educação no PPA 2016-2019
Figura 15. Acesso ao modelo de ofício para cadastro de usuário. 62 que se relacionam com a gestão de risco 53
Figura 16. Página de acesso ao S2ID para envio de formulário de cadastro 62 Quadro 12. Atribuições do Ministério das Cidades no PPA 2016-2019
Figura 17. Cartão de Pagamento de Proteção e Defesa Civil. 63 que se relacionam com a gestão de risco 53
Figura 18. Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil. 64 Quadro 13. Atribuições do Ministério do Meio Ambiente no PPA 2016-2019
Figura 19. Exemplo ilustrativo de uma carta geotécnica. 68 que se relacionam com a gestão de risco 54
Figura 20. Exemplo ilustrativo de Mapa de Setorização de Risco. 70 Quadro 14. Atribuições da secretaria de Portos no PPA 2016-2019
Figura 21. Fluxo de realocação de moradias em áreas de risco. 72 que se relacionam com a gestão de riscow 54
Figura 22. Página de acompanhamento meteorológico do INMET. 76
Figura 23. Página de Acesso ao CEMADEN 76
Figura 24. Página de Acesso ao Site da ANA 76
Figura 25. Pagina de Acompanhamento dos Recursos dotados Índice de tabelas
em Cartão de Pagamento de Proteção e Defesa Civil – CPDC 81
Figura 26. Página de Acesso aos Sistema Eletronico de Informações – SEI. 82
Figura 27. Acesso de cadastro ao SEI. 82 Tabela 1. Número de registros de desastres por tipo e região geográfica - 2013 e 2014 29
12 13
Noções básicas em proteção e defesa civil e em Gestão de Riscos | Livro Base Sobre o Livro Base
I. Objetivo
Consolidar conteúdos sobre Gestão de Risco e Proteção e Defesa Civil (Módulo 1), com ênfase na atuação
municipal, servindo como unidade de referência da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil do Minis-
tério da Integração Nacional.
Órgãos setoriais – órgãos e entidades da administração pública que se responsabilizam por ações integra-
das de proteção e defesa civil.
III. Distribuição
O Livro Base de cada módulo será um material de referência abrangente e amplamente disponível. Em
meio digital para download pelo site da SEDEC/MI e impresso para públicos específicos de multiplicadores da
SEDEC/MI.
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Noções básicas em proteção e defesa civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 1. O significado do símbolo da proteção e defesa civil no Brasil e no mundo
1. O Significado do
Símbolo da Proteção
e Defesa Civil no Brasil O triângulo equilátero representa a cooperação de
todos, a união de esforços, com o objetivo de proteger a
vida. A base desse triângulo representa a segurança e
e no Mundo
estabilidade. Os dois vértices representam a prevenção
e a ação, medidas fundamentais para a proteção de
toda a população.
17
Noções básicas em proteção e defesa civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 2. Introdução
19
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 2. Introdução
o termo “proteção” como uma maneira de reforçar as A perspectiva da construção social do risco é,
demandas de prevenção, atenção social e redução de portanto, a ponte que se estabelece entre a atuação
vulnerabilidades. Além disso, constituem-se como di- mais tradicional em proteção e defesa civil, fortemen-
retrizes da PNPDEC: (i) uma atuação articulada entre te associada a ações de resposta; e a atuação do
a União e seus entes federados; (ii) uma de gestão que modelo de tendência internacional que trata da gestão
inclua ações de prevenção, mitigação, preparação, sistêmica de risco. Ou seja, aquela “que se desenvol-
resposta e recuperação; (iii) a prioridade à prevenção ve num contínuo intimamente ligado a uma visão de
e minimização de desastres; (iv) a adoção da bacia desenvolvimento sustentável da sociedade e que não
hidrográfica com unidade de análise em casos especí- pensa em etapas distintas, senão em uma articulação
ficos; (v) a ênfase ao planejamento com base em pes- complexa de etapas. De onde se aceita que aquilo que
quisas e estudos; e (vi) a garantia da participação social. é feito em um momento do processo pode representar
Todas essas diretrizes e novas perspectivas de severas repercussões, positivas ou negativas, no
atuação podem ser consideradas como um reflexo da momento seguinte4”.
tendência, inclusive internacional, de se pensar o risco Nesse sentido, considera-se que todos os instru-
e o desastre como um processo de construção social. mentos de planejamento e gestão devem trabalhar,
Ou seja, de perceber que a configuração de áreas de além da dimensão estrutural, também a dimensão não
risco é um aspecto a ser abordado a partir da visão estrutural, a incluir aspectos de percepção de risco,
de planejamento do território, com influências histó- comunicação e participação. Além disso, essa tendên-
ricas, políticas, sociais e ambientais. A gestão de risco, cia aponta para que a gestão de risco se integre às
nesse contexto, amplia seu campo de abordagem e demais políticas de planejamento urbano e regional,
por isso é cada vez mais necessário que agentes de de tal forma que seja possível compreender a razão e
Figura 2. Desastre Região Serrana - Nova Friburgo/RJ, 2011. proteção e defesa civil integrem seus órgãos aos os motivos que levam à formação de cada área de risco,
Fonte: Google Earth. demais órgãos responsáveis pela administração e assim atuar cada vez mais na reversão de suas causas
pública, de forma a efetivamente trabalhar com o ou evitando novas instalações de áreas de risco.
Antônio Luiz Coimbra de Castro, conhecido por de gestão que favorecessem a prevenção de ocorrên- planejamento do território de maneira integrada. Aos profissionais responsáveis pelas ações de
Dr. Castro ou General Castro foi médico do Exér- cias de desastres e a diminuição de seus impactos. Significa dizer que para trabalhar aspectos de pre- proteção e defesa civil, especialmente em nível local,
cito Brasileiro, e membro da Defesa Civil no Brasil No Senado e na Câmara dos Deputados foram criadas venção e mitigação, por exemplo, é preciso articular talvez essa discussão pareça ainda muito mais pre-
até sua morte, em agosto de 2004. Para saber Comissões Especiais que debateram o tema e chega- esforços no sentido de reverter as situações que levam sente no campo teórico e acadêmico do que em sua
mais sobre sua história e atuação assista ao ví- ram ao texto da atual Lei Federal 12.608, aprovada em à formação de áreas de risco, tendo o Plano Diretor prática diária. Nada mais natural. Os processos de
deo no Youtube: https://www.youtube.com/wat- 10 de abril de 2012. Pela primeira vez um ato legal para como um dos principais instrumentos para tanto. Esse mudança de paradigmas são longos e pode-se consi-
ch?v=CgjDt3bjDPQ estabelecer as diretrizes do agora Sistema Nacional modelo de gestão passa pela compreensão de que, derar que a história brasileira de proteção e defesa
de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC teve origem no principalmente em áreas urbanas, as áreas de risco civil é bastante recente, sequer centenária. E assim,
Novamente, graves ocorrências de desastres refle- Poder Legislativo (como Lei Federal) e não mais no foram se constituindo ao logo do tempo devido a fatores a incorporação de novas diretrizes de uma política
tiram em um período de mudanças na legislação e na Executivo (como decreto ou medida provisória). como migrações, dificuldade de acesso à moradia, falta nacional deve ser observada com cautela, dentro de
organização institucional dos órgãos de defesa civil de acesso a recursos técnicos e profissionais. uma perspectiva histórica. Sua operacionalização,
brasileiros. Entre 2008 e 2011, inundações e movimen- Para saber mais sobre as Conferências Nacio- As “terras rejeitadas ou vetadas pela legislação principalmente no contexto da maioria dos pequenos
tos de massa fizeram com que essa fosse a década com nais que debateram a temática, acesso o resulta- ambiental e urbanística para o mercado imobiliário municípios brasileiros (70% deles possuem até 20.000
mais mortes decorrentes de desastres em toda a histó- do da 1ª CNDC http://emergenciasedesastres.cfp. formal [...], terrenos frágeis ou áreas não passíveis de habitantes5), com pouca infraestrutura e dificuldade
ria brasileira. Santa Catarina, Alagoas, Pernambuco e org.br/wp-content/uploads/sites/17/2011/08/CN- urbanização, como as encostas íngremes e as várzeas de acesso a recursos não é fácil. Além disso, sabe-se
Rio de Janeiro protagonizaram cenas sem precedentes. DC_caderno_diretrizes.pdf e da 2ª CNPDC inundáveis, além das vastas franjas de expansão pe- que muitas vezes o responsável pela área de proteção
Foi por meio da 1ª Conferência Nacional de Defesa riférica sobre as zonas rurais3” acabaram por tornar-se e defesa civil local tem formação estritamente técnica
Civil e Assistência Humanitária, realizada entre 2009 http://www.mi.gov.br/documents/10157/3935871/ a opção de moradia de uma parcela da população e acumula funções em secretarias de obras, agricul-
e 2010, que as discussões por uma revisão do então Resultado_+2%C2%AA+CNPDC.pdf/189e198f- “desprovida das infraestruturas, equipamentos e ser- tura, infraestrutura, gabinete, etc., de forma a ampliar
Sistema Nacional de Defesa Civil passaram pelas -3082-4cbc-9556-1e3e834a7116 viços que caracterizam a urbanidade3”, e assim, mais seu desafio de promover uma gestão que atenda in-
gestões públicas, pela população, pelas universidades vulneráveis aos desastres.
e chegaram ao Congresso Nacional. A principal Hoje, pois, o atual SINPDEC e a PNPDEC (Política 4. CEPED UFSC, 2014.
demanda era a de criar mecanismos e instrumentos Nacional de Proteção e Defesa Civil) passaram a adotar 3. ROLNIK, 2008. 5. IBGE, 2010.
20 21
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 2. Introdução
PREPARAÇÃO
tegralmente às novas diretrizes da PNPDEC. o debate teórico e conceitual de maneira aprofundada,
Diante desse cenário, pode-se dizer que o papel mas sim o de – alinhado à proposta de fortalecer a
dos agentes de proteção e defesa civil municipais, mais prática da gestão de risco local – delimitar um campo
do que diretamente operacional, está cada vez mais mínimo de conhecimento, indicando aos que tenham
ligado ao papel de articulação, tanto junto aos demais interesse em aprofundar-se no assunto que recorram
entes federados (Estados e União), principalmente na a outros documentos mais detalhados.
própria administração local e com as demais institui- A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
ções, entidades e seguimentos da sociedade situados (PNPDEC) estabelece que a proteção e defesa civil MITIGAÇÃO RESPOSTA
no município. Conseguir articular políticas públicas e em todo o território nacional abrange as ações de
aproximar-se das demais secretarias de seu município prevenção, mitigação, preparação, resposta e recu-
é o caminho para garantir uma gestão integrada, que peração. O conjunto dessas ações é um processo
articule aspectos de participação social e prioridade à contínuo, integrado, permanente e interdependente,
prevenção e minimização de desastres, por exemplo. configurando uma gestão integrada em proteção e
Ações Integradas
É nessa direção que os capítulos a seguir estão defesa civil. Há várias formas de representar esse Em Proteção E
Defesa Civil
organizados, procurando estruturar em detalhes da processo, como a figura a seguir.
gestão integrada em proteção e defesa civil, ao mesmo Trabalharemos inicialmente, portanto, com a con-
tempo em que se reflete sobre políticas públicas cor- ceituação das ações de proteção e defesa civil, para
relatas e sobre a atuação local, buscando trazer casos então tratar com mais atenção os conceitos de ameaça,
e boas práticas que apoiem a compreensão e atuação vulnerabilidade, risco e desastre; apresentando ao
dos agentes de proteção e defesa civil. final do documento um glossário mais completo com
definições dadas por diferentes órgãos.
2.1. Principais conceitos Passemos então à compreensão do conceito de
PREVENÇÃO RECUPERAÇÃO
desastre, que está relacionado a situações em que
Os conceitos da área de proteção e defesa civil e eventos adversos ocorrem em áreas que não possuem
de gestão de risco são inúmeros e organizados por estrutura para resistir aos impactos. O desastre é, Figura 3. Gestão Integrada em Proteção e Defesa Civil.
diversas instituições, tanto nacionais quanto interna- portanto, o resultado da combinação de um evento Fonte: Elaboração SEDEC/MI, 2017.
cionais. Não há, entretanto, unidade de interpretação adverso (ameaça) sobre um cenário vulnerável (vul-
e as divergências conceituais ainda estão presentes, nerabilidade).
tanto no meio acadêmico, quanto na legislação e nos O desastre é o resultado de eventos adversos,
órgãos de gestão, pela adoção de diferentes correntes. naturais, tecnológicos ou de origem antrópica, sobre
Quadro 1. Conceitos das Ações de Proteção e Defesa Civil
Trata-se de um processo natural de construção do um cenário vulnerável exposto a ameaça, causando
conhecimento, principalmente quando se considera danos humanos, materiais ou ambientais e conse- Medidas e atividades prioritárias, anteriores à ocorrência do
que a gestão de risco é uma área ainda recente na quentes prejuízos econômicos e sociais. PREVENÇÃO desastre, destinadas a evitar ou reduzir a instalação de novos riscos
prática e tanto mais na ciência. A ameaça, por sua vez, refere-se a “um evento de desastre.
Sobretudo destaca-se que a busca por um marco físico, potencialmente prejudicial, fenômeno e/ou ati-
Medidas e atividades imediatamente adotadas para reduzir ou evitar
conceitual bem definido auxilia diretamente os pro- vidade humana que pode causar a morte e/ou lesões, MITIGAÇÃO
as consequências do risco de desastre.
cessos de gestão, pois permitem a realização de aná- danos materiais, interrupção de atividade social e
lises comparativas e de evolução, favorecendo, por- econômica ou degradação do meio ambiente6”. Medidas e atividades, anteriores à ocorrência do desastre,
PREPARAÇÃO destinadas a otimizar as ações de resposta e minimizar os danos e
tanto, ações de planejamento. Assim, quando se fala Já a vulnerabilidade é a exposição socioeconô- as perdas decorrentes do desastre.
em estatísticas de desastres e históricos de ocorrência, mica ou ambiental de cenário sujeito à ameaça natural,
por exemplo, esses dados ainda tendem a sofrer dis- tecnológica ou de origem antrópica. “Indica como as Medidas emergenciais, realizadas durante ou após o desastre, que
RESPOSTA visam ao socorro e à assistência da população atingida e ao retorno
torções pela falta de unidade nacional e internacional condições preexistentes fazem com que os elementos
dos serviços essenciais.
na interpretação e denominação dos desastres. O expostos sejam mais ou menos propensos a ser afe-
mesmo pode ocorrer nas análises de risco, quando tados7”. Medidas desenvolvidas após o desastre para retornar à situação
conceitos de vulnerabilidade, ameaça e risco não estão de normalidade, que abrangem a reconstrução de infraestrutura
RECUPERAÇÃO
danificada ou destruída, e a reabilitação do meio ambiente e da
bem definidos. 6. UFRGS e CEPED/RS, 2015.
economia, visando ao bem-estar social.
Contudo, não é o objetivo deste material abordar 7. UFRGS e CEPED/RS, 2015.
22 23
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 2. Introdução
O Risco de desastre é o potencial de ocorrência Aos que se interessam por uma abordagem mais leira foi analisada pelo Centro Universitário de Estudos a 1879. Esta seca foi acompanhada por grande mo-
de ameaça de desastre em um cenário socioeconô- aprofundada destaca-se, entre os esforços interna- e Pesquisas sobre Desastres (CEPED), da Universida- vimento da população. Fortaleza, à época com uma
mico e ambiental vulnerável. cionais de criar marcos conceituais, a atuação do de Federal de Santa Catarina (UFSC), que processou população de 20.098 habitantes, segundo o censo
A gestão de risco de desastre compreende o UNISDR, que há anos trabalha com uma proposta de cerca de 39.000 registros e produziu o Atlas Brasileiro de 1872, atingiu em dezembro de 1878, 160.000.
planejamento, a coordenação e a execução de ações terminologia bastante completa, e as produções do de Desastres Naturais. Isto significou falta de alojamentos, de água, de
e medidas preventivas destinadas a reduzir os riscos EM-DAT, organização belga que se propõe a gerar alimentos, de remédios, de infraestrutura urbana e
de desastres e evitar a instalação de novos riscos. dados estatísticos de desastres em perspectiva global, Atlas Brasileiro de Desastres Naturais - 1991 e sanitária. Enfim, inúmeros problemas de saúde
Finalmente, resiliência: capacidade de um e para tanto também trabalha com conceituações. 2010 Disponível em: http://150.162.127.14:8080/ pública. Em agosto de 1878, Fortaleza tinha 113.900
sistema, comunidade ou sociedade exposta a um Esses trabalhos, entretanto, não estão disponíveis em atlas/atlas.html indigentes abarracados em seus subúrbios. (BARROS
desastre em resistir, absorver, adaptar e se recuperar português, indicando-se nesse caso a FIOCRUZ e LEAL, 1978).
de seus efeitos de modo oportuno e eficaz, o que inclui mesmo as publicações da SEDEC/MI para consultas Atlas Brasileiro de Desastres Naturais - 1991 e
a preservação e restauração de suas estruturas e mais detalhadas. 2012. Disponível em: http://150.162.127.14:8080/ A situação foi tão desesperadora, que famílias
funções básicas. (Eird) atlas/atlas2.html inteiras se viram obrigadas a migrar para outros
Os estudos sobre risco adotam ainda cinco dife- Conheça as publicações sobre terminologia do estados, promovendo uma onda de migração. Por fim,
rentes abordagens para o termo8: UNISDR em português (versão não oficial): em es- Segundo o Atlas, os desastres que mais afetam o para completar o quadro de tragédia, houve um surto
Risco instalado: “pode ser compreendido como o panhol http://www.unisdr.org/files/7817_UNISDR- território brasileiro são: seca e estiagem; inundação de varíola, dizimando milhares de pessoas. Calcula-se
risco efetivo, atual ou visível existente e percebido TerminologySpanish.pdf e inglês http://www.unis- brusca; inundação gradual; vendaval e/ou ciclone e que 500 mil pessoas morreram por causa da seca,
em áreas ocupadas. A identificação do risco ins- dr.org/files/7817_UNISDRTerminologyEnglish.pdf. granizo. Esses desastres de origem natural têm inci- em que o estado mais atingido foi Ceará.
talado é realizada com base na avaliação de evi- dência regional diferenciada: Um registro importante refere-se aos deslizamen-
dências do terreno, ou seja, condições “visíveis” Conheça o trabalho do EM-DAT, somente em in- • Na Região Norte, a maior frequência de de- tos de terra em Caraguatatuba/SP, no ano de 1967,
de que eventos adversos podem se repetir ou estão glês acessando o site geral: http://www.emdat.be sastres concentra-se no Estado do Pará, mais es- que ocasionaram 436 mortes. Esses deslizamentos de
em andamento”. ou especificamente seu conteúdo de classificação pecificamente na porção Centro-Norte; grande proporção na serra isolaram a cidade. A Rodovia
Risco aceitável: “aquele que uma determinada de desastres: http://www.emdat.be/classification • No Nordeste, a mancha de recorrência engloba dos Tamoios ficou destruída, vários carros ficaram
sociedade ou população aceita como admissível, a maior parte dos Estados da região, com exceção presos no trecho de serra. O acesso ficou interditado
após considerar todas as consequências associa- Se tiver interesse em conhecer mais sobre con- do Maranhão e do Oeste baiano; e a ajuda chegava apenas por ar e por mar. O bairro
das ao mesmo. Em outras palavras, é o risco que ceitos e definições, recomendamos a página do • A Região Centro-Oeste é a que apresenta áreas Rio do Ouro desapareceu.
a população exposta a um evento está preparada Centro de Conhecimento em Saúde Pública e De- com menos frequência, os desastres se concentram
para aceitar sem se preocupar com a sua gestão”. sastres da FIOCRUZ: http://andromeda.ensp.fio- apenas no Noroeste do Estado do Mato Grosso; https://www.youtube.com/watch?v=vEIUbryUp2A
Risco tolerável: “aquele com que a sociedade cruz.br/desastres/content/terminologia; também • No Sudeste do país, o Norte mineiro, o Norte
tolera conviver, mesmo tendo que suportar alguns há publicações diversas disponíveis na página da do Rio de Janeiro e, praticamente, todo o Estado Outro desastre relevante, no caso, tecnológico, foi
prejuízos ou danos, porque isto permite que usufrua SEDEC/MI: http://www.mi.gov.br/web/guest/defe- do Espírito Santo apresentam-se como áreas de o episódio de contaminação por radioatividade, em
de certos benefícios, como por exemplo, a proxi- sacivil/publicacoes maior frequência de desastres; 1987, conhecido como acidente com o Césio 137, ocor-
midade do local de trabalho ou a determinados • No Sul brasileiro, as maiores frequências rido em Goiânia/GO. Um aparelho utilizado em radio-
serviços”. 2.2. Histórico nacional abrangem o Sudoeste do Rio Grande do Sul e, terapias, esquecido dentro de uma clínica abandona-
Risco intolerável: “risco que não pode ser tolera- de ocorrência de desastres praticamente, toda a extensão territorial do Estado da e encontrado por catadores de um ferro velho do
do ou aceito pela sociedade, uma vez que os be- de Santa Catarina. local, foi desmontado e repassado para terceiros. No
nefícios ou vantagens proporcionadas pela convi- No Brasil, as ocorrências de desastres, em especial Dentre os muitos e grandes desastres naturais da total, 1.000 pessoas foram expostas aos efeitos do
vência não compensam os danos e prejuízos os de origem natural, coincidem com a deterioração série histórica nacional, destacam-se alguns que mar- césio. Destas, 129 pessoas apresentaram contamina-
potenciais”. das condições de vida nas cidades, onde, em menos caram significativamente a população e os governantes ção corporal interna e externa concreta, vindo a de-
Risco residual: “risco que ainda permanece num de um século, houve um crescimento significativo de Sobre as secas no estado do Ceará, cita-se Costa2 senvolver sintomas e foram apenas medicadas, quatro
local mesmo após a implantação de programas de sua população e inversão no tipo de ocupação do (2008): não resistiram e acabaram morrendo.
redução de risco. De uma maneira geral, é preciso território, já que uma maioria que vivia no meio rural
entender que sempre existirá um risco residual, passou a viver no meio urbano. Essa realidade pode “De modo geral, a história do Ceará foi marcada Césio137 - o maior acidente radiológico do mun-
uma vez que o risco pode ser gerenciado e/ou ser verificada com o aumentado número de ocorrên- pelas migrações, pelas secas, quase sempre acom- do: Disponível em: http://www.cesio137goiania.go.
reduzido com medidas de mitigação” cias, danos e prejuízos. panhadas por epidemias e grande mortandade. Das gov.br/
A partir dos dados disponíveis dos desastres na- muitas secas, a responsável pelo maior número de
8. UFRGS e CEPED/RS, 2015. turais ocorridos entre 1991 a 2012, a realidade brasi- vítimas foi a “seca dos dois setes”, que durou de 1877
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 2. Introdução
são valores que podem direcionar estratégias para zamentos da Região Serrana do Rio de Janeiro, evento
a Gestão de Risco de Desastres no estado, possibi- que causou 905 mortes em sete cidades e afetou mais
litando a análise do risco de forma estratificada, de 300 mil pessoas, ou 42% da população dos muni-
tanto considerando os setores da economia afetados cípios atingidos. Nos sete municípios que entraram
como os aspectos geográficos e políticos do estado.” em estado de calamidade pública viviam 713.652
pessoas, ou seja 4,46% da população do estado do
No Nordeste, as fortes inundações de 2010 atingi- Rio de Janeiro (15.989.929). Segundo os dados apu-
ram na mesma época, os Estados de Pernambuco e rados, 304.562 pessoas foram diretamente afetadas
Alagoas. pelo desastre, o que representa 42,68% da população
Em Alagoas, foram 20 municípios fortemente atin- dos sete municípios e 1,9% da população do estado
gidos: sendo 15 municípios em Estado de Calamidade do Rio de Janeiro. Os prejuízos totais foram estimados
Pública (ECP) e 4 em Situação de Emergência (SE), em R$ 4,8 bilhões, valor que, no entanto, omite impac-
afetando cerca de 269 mil pessoas, sendo 36 mortas, tos relevantes em setores como o da educação e o da
44 mil desalojadas e 28.500 desabrigadas. Segundo saúde, que não puderam ser considerados em função
consta da publicação do Banco Mundial de 2012, inti- da indisponibilidade de informações detalhadas.
tulada “Avaliação de Perdas e Danos Inundações Bruscas
em Alagoas - Junho de 2010”, as perdas e danos de- Relatório: Avaliação de Perdas e Danos - Inunda-
correntes das inundações bruscas de junho de 2010 ções e Deslizamentos na Região Serrana do Rio
totalizaram R$ 1.89 bilhões, valor que corresponde a de Janeiro/2011 - Banco Mundial. Disponível em:
cerca de 8% do PIB (Produto Interno Bruto) de Alagoas http://mi.gov.br/pt/c/document_library/get_fi-
em 2009. Do total estimado, 83% são referentes aos le?uuid=74 dde 46 c- 544 a- 4 bc 4 - a 6 e1- 852 d-
danos (custos diretos do desastre) e 17% correspondem 4c09be06&groupId=10157
aos custos indiretos das inundações.
Figura 4. Crianças retirantes da Grande Seca na província do Ceará, 1878.
Fonte: Biblioteca Nacional. Em Pernambuco, as inundações de junho de 2010 Em 2015, o rompimento da barragem de rejeitos da
afetaram 67 municípios, 42 decretaram estado de Samarco Mineração, empresa controlada pela Vale
Em novembro de 2008, verificou-se um grande 2014) que têm impactado negativamente o desenvol- calamidade pública (ECP) ou situação de emergência e pela BHP Billiton (50% cada), situada na divisa
volume de precipitação no Estado de Santa Catarina vimento dos municípios catarinenses em particular, e (SE) depois que ondas em alta velocidade e com alto dos Municípios de Mariana e Ouro Preto, no estado
que superou o recorde de chuvas em seu histórico de repercutindo em nível federal. Esses dados são apre- poder de destruição derrubaram casas, hospitais, de Minas Gerais, foi mais um desastre de grandes
registros. É citado como um dos piores desastres da sentados na publicação de 2016, do Centro Universi- prédios da administração pública, escolas, estabele- proporções que repercutiu nacional e internacional-
história daquele estado. As chuvas deixaram mais de tário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres CEPED/ cimentos comerciais, pontes, estradas e outros equi- mente. Esse desastre foi assunto da Comissão
80 mil pessoas desalojadas e desabrigadas, 60 muni- UFSC - “Relatório dos Danos Materiais e Prejuízos pamentos. Afetaram cerca de 740 mil pessoas, 20 Externa do Rompimento de Barragem na Região de
cípios em situação de emergência (SE) e 14 em estado decorrentes de Desastres Naturais em Santa Catarina mortas, 86.464 desalojadas e 19.520 desabrigadas. Mariana – MG (CEXBARRA), que emitiu o Relatório
de calamidade pública (ECP). Segundo os dados, as 1995-2014”. Os prejuízos foram significativos: R$ 3,4 bilhões, valor Final, em maio de 2016, do qual se extrai a descrição
perdas humanas se resumem a 110 mortes, sendo 97% Dessa publicação, destacam-se os danos e preju- que corresponde a mais de 4% do PIB (Produto Interno do desastre e as principais consequências:
dos óbitos resultantes de soterramento após o desli- ízos por desastres naturais, que demandaram um Bruto) estadual. Os custos diretos foram estimados em
zamento de encostas, além de cerca de 429 mil pessoas volume significativo de recursos públicos para a re- aproximadamente R$ 2 bilhões (60%), enquanto os “No dia 05/11/2015, por volta de 16h20min, a bar-
afetadas. O total de prejuízos estimado pelo Banco construção. Como apurado nessa pesquisa, a exten- custos indiretos somaram cerca de R$ 1,4 bilhão (40%). ragem de rejeitos de Fundão rompeu-se e derramou
Mundial para o período é da ordem de R$ 4,75 bilhões. são dos danos e prejuízos no período de 1995 a 2014 32 milhões m3 de lama no vale do córrego Santarém
é significativa, a saber: Relatório: Avaliação de Perdas e Danos - Inunda- e dos rios Gualaxo do Norte, Carmo e Doce, que
Relatório: Avaliação de Perdas e Danos - Inunda- ções Bruscas em Pernambuco/2010 - Banco Mun- desemboca no mar, após atravessar o Estado do
ções Bruscas em Santa Catarina/2008 - Banco “O total de danos e prejuízos para o período da pes- dial. Disponível em: http://mi.gov.br/pt/c/docu- Espírito Santo. Em cerca de 40 minutos, o fluxo de
Mundial. Disponível em: http://mi.gov.br/pt/c/do- quisa é de 17,6 bilhões de reais, com valores corri- ment_library/get_file?uuid=53d18df5-cf74-4be- lama atingiu e galgou a barragem de Santarém e se
cument_library/get_file?uuid=bff64ad 8 -7f- gidos para 2014. A perda anual média é de 881 4-80c0-97ce3cebad14&groupId=10157 deslocou outros 3 km até o Subdistrito de Bento
76-4762-a8ce-aadc443a3916&groupId=10157 milhões de reais, representando 0,4% do PIB do Rodrigues, destruindo-o quase totalmente.
estado. Mesmo considerando que os valores são Em janeiro de 2011, chuvas de grande intensidade
Ainda no Estado de Santa Catarina, registram-se baseados nas estimativas dos municípios e que, por deflagraram o que seria considerado o pior desastre Nos dezesseis dias seguintes, a lama percorreu mais
os desastres ocorridos nos últimos 20 anos (1995 a outro lado, há lacunas de informações nos registros, brasileiro dos últimos tempos: as inundações e desli- de 600 km e chegou à foz do rio Doce, no Oceano
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 2. Introdução
Tabela 1 - Número de registros de desastres por tipo e região geográfica - 2013 e 2014
Atlântico. Nas semanas posteriores ao evento, pelo do rio Doce, afetando centenas de pescadores;
menos outros 8 milhões m3 de lama continuaram REGIÃO BRASIL
TIPO DE DESASTRE
sendo despejados nos cursos d’água em razão das - 80 km2 de área no mar afetada pela pluma de re- NORTE CENTRO-OESTE SUL SUDESTE NORDESTE TOTAL
chuvas e das tentativas infrutíferas de barrar a lama jeitos, além de dezenas de quilômetros de ambien- Estiagem e Seca 185 1 74 542 3.892 4.694
mediante três diques galgáveis construídos entre o te costeiro, no litoral do Espírito Santo;
Enxurrada 20 29 417 201 52 719
local do rompimento e Bento Rodrigues.
Vendavais 13 110 431 162 24 740
- queda da arrecadação de cerca de R$4 milhões/
Entre os impactos identificados da tragédia, desta- mês do Município de Mariana, em decorrência da Granizo 0 3 144 17 1 165
cam-se: paralisação das atividades minerárias; Inundação 139 22 168 86 11 426
Outros 51 36 65 102 42 296
- Povoado de Bento Rodrigues, com pouco mais de - aumento do desemprego em Mariana e região; TOTAL 408 201 1.299 1.110 4.022 7.040
200 casas e 600 moradores, quase totalmente
Fonte: Sistema Integrado de Informações sobre Desastres-S2ID, 2016.
coberto pela lama, com perda de infraestrutura - destruição e perda de obras sacras do século XVIII,
Disponível em: https://s2id.mi.gov.br/
pública e bens privados; que constituíam patrimônio cultural de Bento
Rodrigues;
- Outras comunidades parcialmente afetadas pela
lama: Paracatu de Baixo, Paracatu de Cima, Águas - comunidade indígena (Krenak) afetada na pesca sendo que 70,99% deles devido à seca/estiagem,
Claras, Campinas, Borba, Pedras e Bica, que inte- e demais usos da água; e impactando significativamente a economia do país.
gram o Distrito de Camargos, do Município de Ainda em 2013, os 493 desastres naturais oficialmen-
Mariana, bem como Gesteira e Barreto e o próprio - indústria de papel (Cenibra) com atividades para- te reportados causaram 183 óbitos e afetaram cerca
centro urbano do Município de Barra Longa;; lisadas. de 18,5 milhões de pessoas.
O histórico nacional de desastres é um argumen-
- 35 municípios afetados no Estado de Minas Gerais Os impactos sobre os ecossistemas naturais e a to recorrente para que estados e municípios brasileiros
e quatro no Espírito Santo, vários com abastecimen- perda de biodiversidade ainda estão sendo avaliados, se estruturem e se organizem para atuarem de forma
to de água interrompido temporariamente; ao longo do rio Doce e afluentes, bem como na foz permanente na gestão de risco e se preparem para
do rio e nas áreas marinhas adjacentes. Um estudo atuação no desastre. No entanto, ressalte-se a impor-
- 18 mortos, entre moradores de Bento Rodrigues e da Marinha revelou altas concentrações de quatro tância o histórico de desastres e a percepção de riscos
trabalhadores da empresa e terceirizadas, além de metais pesados (arsênio, manganês, chumbo e vivenciados pela população de cada município, na
uma pessoa ainda desaparecida; selênio) na foz do rio Doce e no litoral norte do Es- perspectiva de analisar a realidade municipal a partir
pírito Santo. A poluição levou o Ministério Público a das múltiplas causas que originam os desastres.
- 644 desabrigados e 716 desalojados, principal- proibir a pesca nessa região.
mente nas comunidades afetadas dos Municípios
de Mariana e Barra Longa; A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil
- SEDEC/MI conta na sua estrutura com o Centro
- 8.567 outros afetados (prejudicados de alguma Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres
forma pelo desastre, direta ou indiretamente); (CENAD), que atualmente gerencia um banco de dados
de desastres. A partir de 2012, esses dados passaram
- Usinas hidrelétricas (Candonga, Baguari, Aimorés, a ser incluídos num sistema informatizado de registros
Mascarenhas) com produção de energia interrom- on-line - o Sistema Integrado de Informações sobre
pida, sendo que a primeira delas teve suas estrutu- Desastres (S2ID). A partir desses dados, foram publi-
ras ameaçadas e sofreu completo assoreamento de cadas edições do Anuário Brasileiro de Desastres
seu reservatório; Naturais, referentes aos anos de 2011, 2012 e 2013 e
2014. Os anos de 2013 e 2014 estão consolidados na
- cerca de 1.500 Hectares de mata ciliar destruídos, Tabela 1 a seguir.
principalmente no Município de Mariana (MG); Como consta no Anuário de 2013, quanto à exten-
são territorial atingida pelos desastres naquele ano,
- cerca de onze Toneladas de peixes mortos ao longo dos 5.570 municípios brasileiros, 4.433 foram afetados,
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Noções básicas em proteção e defesa civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco
3. Contexto Geral
da Gestão de Risco
Figura 5 . Abertura da III Conferência Mundial das Nações Unidas sobre a Redução do Risco de Desastres, 2015.
Fonte: SEDEC/MI.
Tendo sido realizada uma introdução histórica e reduzir os efeitos do desastre, o processo de gestão
conceitual sobre os órgãos de proteção e defesa civil, de risco começou a evoluir quando, na década seguin-
a abordagem, a partir deste momento, busca um te, percebeu-se, primeiro, que o investimento em ações
enfoque mais prático aos processos de gestão de risco. de preparação poderia reduzir os impactos de desas-
Assim sendo, este capítulo começa trabalhando, de tres e, depois, que alguns deles poderiam ser evitados
maneira mais abrangente, o contexto internacional da com ações de prevenção. Marcando a transição do
prática da gestão de risco para então chegar ao con- foco nos desastres para o foco no risco, as ações de
texto brasileiro e principalmente local. prevenção, preparação e resposta dominou as discus-
sões internacionais durante toda a década de 1990.
3.1. Contexto internacional A Assembleia Geral das Nações Unidas estabele-
ceu, já em 1987, um importante marco no histórico da
A década de 1940, como já abordado na introdução, gestão de risco internacional, ao definir a Década
marcou o surgimento das instituições de proteção e Internacional para a Redução dos Desastres Naturais
defesa civil, que aos poucos foram incorporando atri- (DIRDN) para o período de 1990 a 1999. Durante esse
buições além das associadas aos efeitos de guerra. O período, o compromisso de seus Estados-Membros era
processo de gestão de risco, entretanto, é hoje consi- o de prestar especial atenção ao fomento da coope-
derado muito mais amplo, sendo função não apenas ração internacional no âmbito da redução de desastres.
das próprias instituições de proteção e defesa civil, O Brasil já participava dessas discussões, marcando
mas da gestão pública em geral, e sempre com a presença, por exemplo, na Reunião de Países Latino-
participação de toda a sociedade. -americanos sobre a Década Internacional para a
Assim, se até a década de 1970 as instituições Redução dos Desastres Naturais, realizada na Gua-
dedicavam-se quase exclusivamente e responder e a temala em setembro de 1991.
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco
Para saber mais sobre Reunião de Países Latino- Acesse a íntegra do Quadro de Ação de Hyogo
FOCO NOS DESASTRES
-americanos sobre a Década Internacional para a em: http://www.defesacivil.pr.gov.br/arquivos/File/
Redução dos Desastres Naturais acesse: http:// Marco/MarcodeHyogoPortugues20052015.pdf.
1950 - 1970 1970 - 1980 1980 1990
helid.digicollection.org/en/d/Jphp048s/7.html
Acesse a íntegra do Marco de Sendai. Em portu- • Resposta • Preparação e resposta • Ciclo dos desastres • DIRDN
• Prevenção •Atenção mundial
Em maio de 1994, ocorreu na cidade de Yokohama, guês (versão não oficial): http://unisdr-cerrd.wi-
Japão, a primeira Conferência Mundial sobre a Redução kispaces.com/file/view/Sendai_Framework_for_
de Desastres Naturais, promovida pelas Nações Disaster_Risk_Reduction_ 2015-2030+(Portu-
Unidas. Em 1997 foi criado o Projeto Esfera com o gues)+Versao+31MAI2015.pdf, ou nas versões
objetivo de elaborar um conjunto de normas mínimas oficiais em espanhol: http://www.unisdr.org/fi- FOCO NO RISCO
universais para as ações de resposta humanitária. O les/43291_spanishsendaiframeworkfordisasterri.
grupo reuniu organizações não governamentais, o pdf e inglês: http://www.preventionweb.net/fi- 1990 2000 - 2015 2005 - 2013 2010
Movimento Internacional da Cruz Vermelha e a Meia- les/43291_sendaiframeworkfordrren.pdf • LA RED • Quadro de Ação de Hyogo • Proteção financeira • Gestão integral do
-Lua Vermelha, todos interessados em melhorar a • Gestão de risco • Redução de Risco de Desastre • Planificação pública risco de desastres
qualidade das respostas humanitárias em situações • Vulnerabilidade global
Percebe-se, nessa breve revisão do contexto inter-
• Foco no risco
de desastre ou de conflito. Hoje o grupo é responsável nacional, o importante papel exercido pelas Nações
pela edição da Carta Humanitária e Normas Mínimas Unidas ao incentivar que os governos nacionais
de Resposta Humanitária em Situações de Desas- ampliem sua atuação na gestão de riscos. Ao longo
tre que apresenta normas mínimas em cinco setores dos anos, percebe-se também a evolução da termino-
fundamentais: abastecimento de água e saneamento; logia utilizada. Se na década de 1990 a expressão Figura 6. A evolução da Gestão de Risco - do foco nos desastres ao foco na gestão do risco.
Fonte: SEDEC/MI e PNUD, 2014.
nutrição; ajuda alimentar; abrigo; e planejamento de “desastres naturais” era amplamente aplicada, vê-se
locais de alojamento e cuidados médicos. uma propensão ao seu desuso a partir da década 2000
e posteriormente a incorporação do termo “risco” junto
Acesse a íntegra da Carta Humanitária em: http:// ao “desastre”. Pequenos detalhes, mas de significati- o Desenvolvimento – PNUD; o Escritório da ONU de OPAS/OMS; a questões de infância e educação a
forumsnlp.org/index.php?option=com_content&- va representação da tendência internacional que con- Coordenação de Assuntos Humanitários – OCHA, na Organização das Nações Unidas para a Educação, a
view=article&id=179&Itemid=100 sidera, a partir da perspectiva da construção social sigla em inglês; e a iniciativa para fortalecimento de Ciência e a Cultura – UNESCO e o Fundo das Nações
do risco, que se é o ser o humano – e não a natureza capacidades para redução de riscos de desastres – Unidas para a Infância – UNICEF; a questões de agri-
Já no final da década de 1990, as Nações Unidas – que o produz, ele próprio assume responsabilidade CADRI, em inglês9. cultura a Organização das Nações Unidas para a Ali-
estabeleceram a Estratégia Internacional para Redução por evitá-lo. O PNUD é a agência da ONU com mandato voltado mentação e a Agricultura – FAO; a questões de recons-
de Desastres, por meio da qual foram organizadas Pode-se afirmar, portanto, que atualmente o con- à promoção do desenvolvimento humano sustentável trução a Comissão Econômica para a América Latina
diversas reuniões e promovidos importantes acordos texto internacional da Gestão de Risco está estrutu- e – considerando a estreita relação entre desenvolvi- e o Caribe – CEPAL; e a questões ambientais o Pro-
internacionais. rado a partir de um foco de gestão sistêmica. Ou seja, mento e gestão de riscos de desastres – o PNUD grama das Nações Unidas para o Meio Ambiente –
Destes, destacam-se a II Conferência Mundial sobre quando se traça uma linha do tempo, como se observa coopera com diferentes países na realização de pro- PNUMA, dentre outras.
a Redução de Desastres e a III Conferência Mundial na figura a seguir, percebe-se que as ações de prote- jetos voltados à redução de riscos de desastres e
das Nações Unidas sobre a Redução do Risco de De- ção e defesa civil iniciaram-se com foco em resposta construção de resiliência. No Brasil, o PNUD vem
sastres. A II Conferência foi realizada em Kobe em e ao longo dos anos e décadas foram incorporando atuando em parceria com a Secretaria Nacional de Vamos aprofundar a
2005, ano que coincidiu com o terremoto e tsunami elementos de prevenção igualmente importantes, Proteção e Defesa Civil – SEDEC/MI em ações voltadas
no Sudeste Asiático. Como resultado do encontro saindo do foco nos desastres, para o foco nos riscos. ao fortalecimento da cultura de gestão de riscos de
compreensão do contexto
estabeleceu-se o Quadro de Ação de Hyogo, cujas Nessa visão de gestão sistêmica trabalha-se com desastres no país10. internacional conhecendo um
prioridades de ação alinhavam-se aos Objetivos de a articulação de diferentes áreas do conhecimento, Além disso, outras agências das Nações Unidas pouco sobre as principais
Desenvolvimento do Milênio – ODM. Já a III Conferên- profissionais e sociedade. De forma direta, exerce forte também discutem questões que implicam sobrema- discussões internacionais
cia Mundial das Nações Unidas sobre a Redução do representação internacional a Estratégia Internacional neira na gestão de risco. Associada a questões de
vigentes que direta e
Risco de Desastres, realizada em 2015 também no da ONU para Redução de Desastres – ISDR, na sigla saúde, por exemplo, está a Organização Pan-Ameri-
Japão, resultou na aprovação, pelos Estados-Membros em inglês. Fazem parte do Sistema ISDR: o Secreta- cana da Saúde/Organização Mundial da Saúde – indiretamente incluem a gestão
das Nações Unidas, do atual Quadro de Sendai. riado da Estratégia Internacional das Nações Unidas de risco e a construção da
para Redução do Risco de Desastres – UNISDR, na 9. Para mais detalhes vide http://www.unisdr.org/ resiliência em todo o mundo.
sigla em inglês; o Programa das Nações Unidas para 10. Para mais informações sobre o PNUD vide http://www.pnud.org.br
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco
Organizar-se para a Identificar compreender Fortalecer a capacidade Durante a Terceira Conferência das Nações Unidas UNASUR17
ASPECTOS BÁSICOS 01 resiliência a desastres 02 e utilizar os cenários de 03 financeira para a resiliência
riscos atuais e futuros
sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável,
realizada em Quito em outubro de 2016, no Equador, Em agosto de 2013, durante a Reunião Ordinária
foi definida a Nova Agenda Urbana — documento que do Conselho de Ministras e Ministros de Relações
Buscar desenvolvimento e Salvaguardar zonas de Fortalecer a capacidade
04 projetos urbanos resiliêntes 05 amorteciemento naturais 06 institucional para a resiliência vai orientar a urbanização sustentável pelos próximos Exteriores da UNASUR foi criado o Grupo de Alto
para melhorar as funções
de proteção oferecidas 20 anos. Nível Sobre Gestão de Riscos de Desastres. Seu
ASPECTOS OPERATIVOS pelos ecossistemas naturais
Entre as principais disposições do documento, está propósito é o de identificar elementos chave que
07
Compreender e fortalecer
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Aumentar a resiliência a igualdade de oportunidades para todos; o fim da possam servir como insumos para a formulação de
a capacidade da sociedade da infraestrutura
para a resiliencia discriminação; a importância das cidades mais limpas; uma Estratégia Sul-americana para a Redução do
a redução das emissões de carbono; o respeito pleno Risco de Desastres. Na ocasião – que ocorreu em
ASPECTOS PARA UMA Assegurar uma resposta Acelerar a recuperação e aos direitos dos refugiados e migrantes; a implemen- Paramaribo, Suriname – os representantes de Argen-
09 10
MELHOR RECONSTRUÇÃO eficaz ao desastre reconstruir melhor tação de melhores iniciativas verdes e de conectivi- tina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana,
dade, entre outras. Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela esta-
Diversas dos compromissos assumidos no docu- beleceram os seguintes objetivos do grupo:
Figura 8. 10 Passos da Campanha Cidades Resilientes. mento tem relação direta com a gestão de risco, em • Definir, a partir de avaliações nacionais e de
Fonte: Defesa Civil de Campinas/SP, sem data.
especial com as diretrizes do marco de Sendai, como aportes dos Conselhos Ministeriais da UNASUR
por exemplo o compromisso 13.G (visão compartilhada): as capacidades, riscos e desafios comuns dos
Assim sendo, os atuais 10 passos essenciais que de 2015 em Paris, França, e que inclui metas de redução Aprovar e colocar em prática políticas de gestão e Estados Membros em matéria de gestão de risco
devem ser adotados pelos municípios que façam a de emissões de gases de efeito estufa com o objetivo redução de riscos de desastres que reduzam vulnerabi- de desastres.
adesão à campanha estão apresentados na figura 8, de limitar o aumento da temperatura do planeta em lidades, aumentem a resiliência, aumentem a capaci- • Desenvolver um glossário de termos que ex-
que os divide em aspectos básicos, aspectos operati- até 1,5 °C até o ano de 2100. dade de resposta a desastres diante de ameaças natu- presse uma visão compartilhada.
vos e aspectos para uma melhor reconstrução. As tratativas internacionais buscam direcionar a rais e antrópicas, e fomentem a mitigação e adaptação • Promover a adoção de mecanismos e proto-
O escopo da Campanha Construindo Cidades Re- atuação dos Estados-Membros para a mitigação dos à mudança do climática16 (tradução livre). colos comuns que permitam uma gestão eficaz da
silientes concentra-se na resiliência a desastres – ou impactos e adaptação climática diante do atual cenário De maneira semelhante aos demais acordos inter- assistência humanitária dos Estados Membros em
seja, na capacidade de uma cidade para planejar, global. Para o secretário executivo do Observatório do nacionais, o Brasil teve sua delegação presente na caso de desastres.
mitigar, responder, recuperar-se, adaptar-se e crescer Clima, Carlos Rittl, as consequências de não atender conferência e deverá ser signatário também da Nova • Estudar, em coordenação com a Secretaria
após grandes desastres, tendo em conta suas circuns- aos limites previstos no acordo podem ser muito Agenda Urbana. Geral da UNASUR, a viabilidade técnica e opera-
tâncias físicas, econômicas, ambientais e sociais par- severas. “Com menos de 1 °C de aquecimento já temos, cional para estabelecer uma plataforma destinada
ticulares14. toda semana, uma má notícia em algum lugar do Para saber mais sobre a Nova Agenda Urbana, e a compartilhar informações, comunicações e ope-
mundo, inclusive no Brasil, de acidentes ligados a até contribuir, acesse a página oficial da confe- rações utilizando o Centro de Comunicação e In-
Se o seu município tem interesse em participar climas mais extremos, chuvas fortes, secas que se rência, em inglês: https://habitat3.org/the-new-ur- formação da Secretaria Geral.
desta iniciativa, entre em contato com o Promotor intensificam, tornados, deslizamentos de terra. Isso ban-agenda ou a representação brasileira: http:// • Contribuir para a adoção de políticas, estra-
da Campanha no Brasil: Sidnei Furtado Fernan- vem acontecendo com frequência e intensidade maior www.participa.br/profile/habitat#.V17Pv_krKUl tégias e ferramentas compartilhadas em matéria
des, e-mail promotor.brasil01@gmail.com. nos últimos anos e tende a se agravar”15. de redução do risco de desastres.
Desde o dia 22 de abril de 2016 o acordo já foi • Promover a cooperação sobre o tema por meio
Para saber mais sobre a campanha você pode assinado por 177 países, e estará aberto a adesões 3.1. Contexto da américa latina e caribe de programas, projetos e outras ações de coope-
acessar o site oficial (em inglês): http://www.unis- até o dia 21 de abril de 2017. O Acordo de Paris esta- ração sul – sul e triangular, de acordo com as nor-
dr.org/campaign/resilientcities/, e conhecer o Guia belece ainda que os países deverão reunir-se a cada Diante do cenário internacional é válido um olhar mativas da UNASUR.
para Gestores Públicos Locais: http://www.unisdr. cinco anos, a partir de 2023, para realizar discussões mais atento às discussões que ocorrem entre os países • Incentivar a investigação científica e tecno-
org/files/26462_guiagestorespublicosweb.pdf. e revisões políticas de suas ações. da América Latina e Caribe, que compartilham com o lógica e integrar programas, projetos e outras ações
Brasil semelhanças regionais e possuem espaços de deste Grupo de Trabalho de Alto Nível.
d. Acordo de Paris Acesse a íntegra do documento, em https://na- cooperação internacional e atuação conjunta. • Promover o fortalecimento das capacidades
Trata-se do acordo negociado durante a COP21 coesunidas.org/acordodeparis/ e o estabelecimento de mecanismos e sistemas
– Conferência das Partes, que ocorreu em dezembro comuns de avaliação das ações relacionadas a
14. CAMPINAS, sem data. 15. EBC, 2015. 16. Tradução livre 17. Adaptado de UNASUR, sem data.
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco
redução do risco de desastres decorrentes de de definir as tendências e áreas prioritárias de avanço Para saber mais sobre as MIAH, e conhecer a ín- Costa Rica em agosto de 1992, foram formuladas cinco
eventos naturais ou induzidos pelo ser humano na e fortalecimento, os resultados da Plataforma Regional tegra de todas as declarações acesse o link (em áreas de intervenção para sua Agenda de Investigação
região da América Latina e Caribe. servem de insumo para a Plataforma Global, que se espanhol): http://www.redhum.org/es/miah e Constituição Orgânica:
• Fomentar o desenvolvimento de programas realizada periodicamente com representantes de todo • Estado, sistemas políticos e prevenção de
de redução do risco de desastres que permitam a o mundo. 3.2.4. Declaração de Assunção desastres
diminuição dos níveis de risco nas comunidades A última Plataforma Regional – IV Sessão – ocorreu • Desastres e modelo de desenvolvimento
da região com um enfoque em gestão integrada em Guayaquil, Equador, em maio de 2014, abarcando A Declaração de Assunção surgiu da Primeira • Desastres e cultura
de bacias hidrográficas. quatro sessões temáticas: Reunião Ministerial e de Autoridades de Alto Nível • Modelos organizativos-administrativos para
• Impulsionar o desenvolvimento de uma estra- • Redução do risco e segmentos especiais da sobre a Implantação do Quadro de Sendai para a a prevenção de desastres
tégia regional que promova uma cultura de pre- sociedade. Redução do Risco de Desastres 2015-2030 nas • Sistemas de instrumentos para a prevenção,
venção e resiliência nas comunidades. • Redução do risco de desastres, mudanças Américas, realizada em junho de 2016 no Paraguai. atenção e recuperação a desastres.
• Integrar em seu programa de atividades as climáticas e agenda de desenvolvimento O documento considera as discussões já ocorridas
conquistas alcançadas com a redução de riscos • Governabilidade e políticas públicas para a na região da América Latina e Caribe, como a Plata- Para saber mais sobre a La Red acesse o site: ht-
de desastres, pelos Organismos Sub-regionais e redução do risco forma Regional; e os acordos internacionais, como o tp://www.la-red.org/ e a página de Facebook: ht-
pelos Estados Membros, a fim de evitar duplicida- • Consulta regional do novo quadro para Quadro de Sendai; além de ponderar que para “avançar tps://www.facebook.com/desenredando.org/
de de esforços. redução de riscos de desastres, pós 2015. na erradicação da pobreza, diminuir a inequidade e
alcançar um desenvolvimento sustentável e inclusivo, 3.1. Contexto nacional
Conheça o material elaborado pela UNASUR e Para saber mais sobre as Plataformas Regionais é necessário avaliar os avanços da implantação de
pelo UNISDR, denominado Considerações para acesse o link (em espanhol): http://eird.org/pr14/ políticas de gestão do risco de desastre em todos os 3.1.1. A Política Nacional de Proteção
Fortalecer uma Estratégia Sul-americana para a index.html níveis territoriais e setoriais20“. e Defesa Civil – PNPDEC
Redução do Risco de Desastres - 2015 (em espa- Há ainda a proposição de ações em níveis regional
nhol): http://www.unisdr.org/files/43861_conside- 3.2.3.Reunião Regional sobre Mecanismos (Américas e Caribe) e nacional para cada uma das A PNPDEC é o marco doutrinário da proteção e
racionesparaunaestrategiarrd.pdf Internacionais de Assistência Humanitária – quatro novas prioridades do Quadro de Sendai. defesa civil no Brasil, estabelecida pela lei 12.608,
MIAH19 expresso pelas diretrizes e objetivos instituídos na
3.2.2.Plataforma Regional para a Redução Para conhecer a íntegra da declaração (em espa- política e que devem ser seguidos por todos os membros
do Risco de Desastres18 As Reuniões Regionais sobre Mecanismos de As- nhol), acesse: https://issuu.com/secretariaemer- do SINPDEC. Norteia os programas, planos e projetos
sistência Humanitária – MIAH surgiram como uma gencianacionalpy/docs/declaraci__n__sendaia- que tratam da temática e define as competências dos
A Plataforma Regional para a Redução do Risco iniciativa impulsionada pelos escritórios regionais do mericas_-_espa e para obter mais informações entes federados.
de Desastres nas Américas é o principal espaço que OCHA (Escritório das Nações Unidas para a Coorde- sobre toda a reunião, (em espanhol) acesse: ht- A PNPDEC deve se integrar integrar-se às políticas
reúne atores chave envolvidos no tema por toda a nação de Assuntos Humanitários). Esses espaços têm tp://eird.org/ran-sendai-2016/index.html de ordenamento territorial, desenvolvimento urbano,
América e Caribe. Trata-se de um fórum multissetorial como objetivo o fortalecimento de articulações entre saúde, meio ambiente, mudanças climáticas, gestão
e de ampla participação que reflete os compromissos os principais atores humanitários, ao mesmo tempo Rede de Estudos Sociais em Prevenção
3.2.5. de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educa-
e as preocupações dos governos (nacionais, subna- em que se difunde missão, objetivos e ferramentas de Desastres na América Latina – La Red21 ção, ciência e tecnologia e às demais políticas setoriais,
cionais e locais), das organizações intergovernamen- disponibilizados pelo OCHA aos governos nacionais tendo em vista a promoção do desenvolvimento sus-
tais, das organizações internacionais, das organiza- para uma melhor gestão da assistência humanitária. Criada no início da década de 1990, a Rede de tentável, dando indicações fundamentais das principais
ções não governamentais, das organizações O processo se consolidou como uma forma de Estudos Sociais em Prevenção de Desastres na políticas que se relacionam com a Gestão de Riscos.
comunitárias, das instituições científicas e acadêmicas, intercâmbio de inciativas, experiências, boas práticas América Latina – conhecida simplesmente como La Estabelece ainda uma abordagem sistêmica para
do setor privado e dos meios de comunicação. e propostas, onde os representantes da atuação hu- Red – é uma das mais antigas e importantes estrutu- a gestão de risco, dentro das ações de prevenção,
É um encontro que oferece a oportunidade de in- manitária da América Latina e Caribe buscam avançar ras que trabalham com a temática dos desastres na mitigação, preparação, resposta e recuperação. Como
tercambiar informação e conhecimento, promovendo em todos os níveis de sua coordenação. A reunião mais América Latina. Sua formação deu-se por um pequeno abordagem sistêmica deve-se considerar que as
processos de planejamento, monitoramento de pro- recente – VII MIAH – ocorreu em maio de 2015, na grupo multidisciplinar que começou a compreender e ações possuem relação entre si, e jamais ocorrem de
gresso, tomada de decisão coletiva e estratégica, e Guatemala, e sua declaração reforça os pressupostos analisar os desastres, formando as bases para o que maneira isolada. Ou seja, mesmo em momentos de
ações para ampliar a implantação do Quadro de Hyogo do Quadro de Sendai. O Brasil foi sede desse encontro atualmente se convenciona por gestão de risco. recuperação, por exemplo, a perspectiva da prevenção
– e mais recentemente do Quadro de Sendai – vincu- em sua segunda edição, que ocorreu em Florianópolis A partir da primeira Reunião Geral, realizada na deve estar presente. É a isto que se refere o Marco de
lando esforços em nível internacional e nacional. Além em setembro de 2009. Sendai quando menciona a máxima “Reconstruir
20. DECLARAÇÃO DE ASSUNÇÃO, 2016. Melhor que Antes”.
18. Adaptado de EIRD, sem data. 19. Adaptado de REDHUM, sem data. 21. Adaptado de LA RED, sem data.
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco
SECRETARIA NACIONAL DE
ÓRGÃO CONSULTIVO PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL
ÓRGÃO CENTRAL
Conselho
Coordenação de
Serviço de Apoio Administração e
administrativo e protocolo Assessoramento
22. BRASIL, 2012. No capítulo 5, há conteúdo específico sobre a or- 23. BRASIL, 2012.
40 41
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco
Figura 11. A Lei 12.608/12 e sua relação com outros atos legais.
Fonte: Cartagena, 2015.
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco
Quadro 2. Competencias dos entes federados nas ações de proteção e defesa civil
• Organizar e administrar
abrigos provisórios • A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil modificou as seguintes Leis:
Instituir e manter sistema Apoiar a União, • Lei n° 10.257, que estabelece diretrizes gerais da política urbana: impondo
para declaração • Promover a coleta, a
Sobre a situação de quando solicitado, no distribuição e o controle de que a ordenação e controle do uso do solo deve evitar a exposição da
emergência ou estado de Estabelecer critérios e reconhecimento suprimentos em situações de população a riscos de desastres; obriga os municípios incluídos no cadastro
calamidade pública condições desastre Prioridade 3: Investimentos na redução nacional de Municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos
Declarar, quando for o de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou
de riscos de desastres para a resiliência
Reconhecer caso, • Prover solução de moradia hidrológicos correlatos a terem Plano Diretor;
temporária às famílias
atingidas por desastres • Lei n° 6.7665, que dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano: veda a
aprovação de projeto de loteamento e desmembramento em áreas de risco
• Avaliar danos e prejuízos definidas como não edificáveis;
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Noções básicas em proteção e defesa civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 4. Atuação Federal em Gestão de Risco
4. Atuação Federal
UNIÃO ESTADO MUNICÍPIO
ÓRGÃO ÓRGÃO
CENTRAL CONSULTIVO
ÓRGÃOS
ÓRGÃO DE
SETORIAIS
APOIO
ÓRGÃOS
ÓRGÃO DE
SETORIAIS
APOIO ÓRGÃO ÓRGÃO
CENTRAL CONSULTIVO
ÓRGÃOS
ÓRGÃO DE
SETORIAIS
APOIO
A proposta deste capítulo é trabalhar com inicia- 4.1. Programas e iniciativas de gestão
tivas de gestão que sejam correlatas à PNPDEC, ou de risco no PPA 2016-2019
seja, que se vinculem à gestão de risco por meio de
órgãos que não necessariamente os de proteção e
defesa civil diretamente. A ideia é apresentar as prin-
cipais políticas públicas federais; e detalhar os pro-
gramas do PPA 2016-2019 relacionados à gestão de
risco.
Iniciamos assim, a compreensão sobre o SINPDEC
e sobre a execução da PNPDEC no âmbito de Municí-
pios, Estados e União. Ou seja, ao mesmo tempo em
que o sistema prevê uma atuação articulada entre os
entes federados, prevê uma estrutura interna compos-
ta pelos órgãos central, consultivo, setoriais e de apoio
em cada um deles. É o que ilustra a figura 12.
Nesse sentido, ao ampliar o conhecimento sobre
quais programas e ações existem em âmbito federal,
incentiva-se que localmente cada gestor de proteção
e defesa civil possa identificar, em seu Município, como
esses programas e recursos chegam e são trabalhados
na ponta. O conhecimento dessas iniciativas torna-se Conforme indicação da PNPDEC, a gestão de risco
relevante uma vez que abre possibilidades aos gesto- no Brasil deve integrar-se às políticas de ordenamen-
res de proteção e defesa civil de articular-se a outros to territorial, desenvolvimento urbano, saúde, meio
órgãos e programas de governo que compartilham de ambiente, mudanças climáticas, gestão de recursos
responsabilidades na gestão de risco seja sob a pers- hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência
pectiva do planejamento do território, da saúde ou da e tecnologia e às demais políticas setoriais.
assistência social, por exemplo. Assim, a gestão de risco deve ocorrer articulando-
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 4. Atuação Federal em Gestão de Risco
Quadro 4. Objetivos do Programa Gestão de Riscos – PPA 2016-2019 Quadro 5. Detalhamento das atribuições do Ministério da Integração Nacional no PPA 2016-2019
Objetivos programa 2040, PPA 2016-2019 Orgão responsável Objetivo: Aprimorar a coordenação e a gestão das ações de preparação, prevenção, mitigação,
resposta e recuperação para a proteção e defesa civil por meio do fortalecimento do Sistema Nacional
Identificar riscos de desastres naturais por meio da elaboração Ministério de Minas de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC, inclusive pela articulação federativa e internacional.
de mapeamentos em municípios críticos. e Energia
• Promover a atuação integrada dos órgãos do SINPDEC na preparação, prevenção, mitigação, resposta e
recuperação de desastres
Apoiar a redução do risco de desastres naturais em municípios críticos Meta
Ministério das Cidades • Instituir e tornar operante o Comitê Federal de Gestão de Riscos e Gerenciamento de Desastres
a partir de planejamento e de execução de obras.
• Elaborar o Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil
Aumentar a capacidade de emitir alertas de desastres naturais por meio
Ministério da Ciência,
do aprimoramento da rede de monitoramento, com atuação integrada • Aprimoramento da articulação federativa por meio do fortalecimento do SINPDEC
Tecnologia e Inovação
entre os órgãos Federais, Estaduais e Municipais.
• Celebração de protocolos de ação conjunta entre órgãos federais integrantes do SINPDEC para
execução coordenada em ações referentes à gestão de risco e de desastres, com foco em prevenção
Aprimorar a coordenação e a gestão das ações de preparação, prevenção,
mitigação, resposta e recuperação para a proteção e defesa civil por meio Ministério da Integração • Regulamentação das Leis nº 12.608/2012 (institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil; dispõe
do fortalecimento do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC, Nacional sobre o SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil) e nº 12.340/2010 (dispõe sobre as
inclusive pela articulação federativa e internacional. transferências de recursos da União aos órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios para
a execução de ações de prevenção em áreas de risco de desastres e de resposta e de recuperação em áreas
atingidas por desastres e sobre o Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil)
Promover ações de resposta para atendimento à população afetada
Ministério da
e recuperar cenários atingidos por desastres, especialmente por meio de recursos • Implementação do Cadastro Nacional de Municípios suscetíveis à ocorrência de inundações e
Integração Nacional
financeiros, materiais e logísticos, complementares à ação dos Estados e Municípios. deslizamentos (CAdRISCO)
• Aperfeiçoamento dos critérios para declaração e reconhecimento de situação de emergência ou de
estado de calamidade pública
• Desenvolvimento de programa nacional de fortalecimento da cultura de percepção de risco no país
-se a inúmeros órgãos e políticas setoriais a demons- • Programa 2028 - Defesa Agropecuária
• Elaboração de estudos para definição de parâmetros mínimos necessários para caracterizar as Defesas
trar que suas ações devem permear toda a gestão do • Programa 2053 - Petróleo e Gás
Estaduais e Municipais estruturadas
governo federal de forma bastante abrangente. É • Programa 2062 - Promoção, Proteção e Defesa
• Implementação de estratégia nacional de capacitação em gestão de risco e de desastres, por meio da
também um indicativo importante aos gestores locais, dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes oferta de capacitação, apoio ao desenvolvimento de programa estaduais e desenvolvimento de plataforma
no sentido de buscar ampliar suas articulações, inserir • Programa 2063 - Promoção e Defesa dos Di- virtual
no planejamento municipal previsões orçamentário- reitos de Pessoas com Deficiência • Capacitação dos municípios suscetíveis a riscos nas temáticas de adaptação de instrumentos, normas
urbanísticas e legislações de planejamento e uso e ocupação do solo urbano aplicados à prevenção de riscos
-financeiro que atendam a gestão de risco de desastre • Programa 2077 - Agropecuária Sustentável
• Proposição de estratégia nacional para pesquisa científica na área de gestão de risco e de desastres
e verificar como as políticas nacionais podem refletir • Programa 2080 - Educação de Qualidade para
Iniciativas
em sua gestão de risco local. Todos • Estimular a formação de redes nacionais e internacionais de instituições de ensino, pesquisa e extensão
em gestão de risco de desastres
Percebe-se claramente a intenção de se organizar • Programa 2083 - Qualidade Ambiental
• Fomento à realização de estudos, pesquisa científica e extensão na área de gestão de riscos e de
o assunto “Gestão de Riscos” por meio por meio do • Programa 2084 - Recursos Hídricos desastres
Programa 2040 – Gestão de Riscos, que vem sendo Programa 2086 - Transporte Aquaviário24
•
• Apoio à criação de cursos de pós-graduação em gestão de riscos e de desastres (especialização,
organizado no PPA como Programa específico desde Já relacionamos os objetivos do Programa 2040 mestrado, doutorado)
o PPA 2012-2015, atualizado agora no PPA 2016 – 2019, do PPA. Passaremos agora ao detalhamento destes • Fortalecimento das organizações comunitárias de caráter voluntário nas ações de proteção de defesa
o qual apresenta os objetivos e instituições envolvidas objetivos e a discorrer sobre os demais programas e civil
apresentados no quadro a seguir, com ênfase aos iniciativas previstos no PPA que dizem respeito aos • Elaboração e revisão de acordos e protocolos internacionais de assistência recíproca em situações de
emergências decorrentes de desastres com os países do Mercado Comum do Sul – MERCOSUL, União de
objetivos sob responsabilidade do Ministério da Inte- demais órgãos setoriais que devem articular-se na Nações Sul-Americanas - UNASUL, Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos - CELAC e
gração Nacional. gestão de risco. Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
Essa integração possui reflexos diretos e indiretos • Proposição de marcos legais para a tempestiva resposta do Brasil a emergências internacionais
no atual PPA, para além do já mencionado no Progra- 4.1.1. Ministério da Integração Nacional – MI decorrentes de desastres
ma 2040. Ou seja, outros programas, listados na se- • Ampliação da participação do Brasil em equipes internacionais de resgate e resposta a emergências
decorrentes de desastres
quência, também abordam temas correlatos à gestão Para entender melhor as atribuições do Ministério
• Realização de Conferência Nacional de Proteção e Defesa Civil
de risco ao incluir iniciativas que favorecem a redução da Integração Nacional no Plano Plurianual 2016-2019
• Aperfeiçoamento do Sistema de Informações e Monitoramento de Desastres
de risco de desastres em todo o Brasil, com detalha- previstas no Programa Gestão de Riscos (2040), deta-
mento apresentado nos capítulos seguintes. lha-se a seguir a seguir as metas e iniciativas previstas • Monitoramento da implementação do Marco de Sendai
• Programa 2015 - Fortalecimento do Sistema nessas ações do MI conforme os objetivos previstos. • Contribuir para a recuperação da infraestrutura e mitigação dos efeitos do desastre ecológico na região
de Mariana/MG
Único de Saúde – SUS
• Programa 2021 - Ciência, Tecnologia e Inovação 24. BRASIL, 2015.
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 4. Atuação Federal em Gestão de Risco
• Redução do tempo médio de atendimento à população afetada por desastre, a partir da solicitação do
. Aquisição de um supercomputador para aplicações em meteorologia,
ente afetado, com recursos financeiros, materiais ou logísticos
2021 - Ciência, Tecnologia e Inovação climatologia, desastres naturais, observação da terra e ciência do sistema
• Reconstrução ou reparação de infraestruturas públicas afetadas por desastres por meio da terrestre.
transferência de recursos aos entes federados para a execução de intervenções
• Promoção da adesão de municípios ao Sistema Integrado de Informações de Desastres – S2ID . Aumentar a capacidade de emitir alertas de desastres naturais por meio do
aprimoramento da rede de monitoramento, com atuação integrada entre os
• Criação e revisão de Protocolos de ações conjuntas entre órgãos federais visando o atendimento órgãos Federais, Estaduais e Municipais
integrado para resposta a desastres e recuperação das áreas atingidas
. Revisão dos protocolos de atuação conjunta entre os entes do governo federal
• Disponibilização de atas de registro de preço para aquisição de materiais de assistência humanitária responsáveis pelo monitoramento e alerta de desastres
com atenção às características regionais para formação de estoques e para fins de resposta
. Fortalecimento da capacidade técnica de previsão e monitoramento de eventos
• Iniciativas
• Capacitação de Estados e Municípios para elaboração de planos de contingência e exercícios simulados hidrológicos críticos das salas de situação estaduais, e aprimoramento da
para desastres articulação dessas salas com os órgãos de defesa civil e aqueles responsáveis
pela gestão de desastres no nível federal, estadual e regional
• Disponibilização de ferramenta virtual para confecção e divulgação de Planos de Contingência (módulo
do S2ID), integrada com informações de mapeamentos de áreas de risco . Elaboração de estudos de vazões máximas e realização de modelagem
hidráulica dos cursos d´água sujeitos à inundação em munícipios submetidos à
• Elaboração de projetos-tipo para execução de obras emergenciais
eventos hidrológicos críticos
• Avaliação emergencial de estabilidade de encostas em regiões atingidas por deslizamentos
. Definição de modelos de manchas de inundação associadas a variáveis
• Elaboração de normativos visando aperfeiçoar e agilizar os procedimentos para solicitação e análise de hidrológicas em 16 municípios críticos
recursos para respostas
. Desenvolvimento de ferramentas e atividades voltadas ao compartilhamento
2040 - Gestão de Riscos e de de informações científicas e tecnológicas ligadas a monitoramento e alerta de
• Apoio à recuperação e reparação de infraestruturas afetadas por desastres na Bacia do Rio Doce
Desastres desastres naturais com os variados segmentos sociais
. Implantação de um laboratório de simulação de processos geológicos e
hidrológicos para subsidiar pesquisas em desastres naturais
. Avaliação dos alertas emitidos associados aos impactos de desastres
. Aprimoramento do sistema de previsão de impacto e alerta de eventos
4.1.2. Ministério da Saúde climáticos extremos na Amazônia legal
. Fornecimento de previsões de tempo e clima e de informações de satélites em
Quadro 6. Atribuições do Ministério da Saúde no PPA 2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco alta resolução espacial e temporal
. Fortalecimento dos serviços estaduais de previsão meteorológica visando
suporte à prevenção de desastres naturais
Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas
. Implantação do Sistema de Monitoramento da Ocupação Urbana,
prioritariamente dos municípios críticos
. Reduzir e prevenir riscos e agravos à saúde da população, considerando os
determinantes sociais, por meio das ações de vigilância, promoção e proteção, . Estruturação da Rede Nacional de Sismologia em articulação com
com foco na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, acidentes Universidades e instituições científicas
2015 – Fortalecimento do Sistema e violências, no controle das doenças transmissíveis e na promoção do
Único de Saúde (SUS) envelhecimento saudável. . Expandir o monitoramento da área queimada, do risco de queima e da
. Reavaliar 11 ingredientes ativos de produtos agrotóxicos já registrados, severidade do fogo para todo território nacional por meio de imagens de satélite
considerando novos indícios de risco à saúde humana. 2050 - Mudança do Clima
. Monitoramento diário do risco de fogo da vegetação dos seis biomas nacionais
. Previsão diária do risco de fogo futuro com até cinco dias de antecedência
50 51
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 4. Atuação Federal em Gestão de Risco
4.1.4. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA 4.1.6. Secretaria de Direitos Humanos – SDH
Quadro 8. Atribuições do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no PPA Quadro 10. Atribuições da Secretaria de Direitos Humanos no PPA 2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco
2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco
• Estruturar programas nacionais de avaliação de conformidade e de gerenciamento de • Articulação para implementar o Protocolo Nacional Conjunto para
2062 - Promoção, Proteção e Defesa dos
risco de produtos de origem animal e vegetal Proteção Integral de Crianças e Adolescentes em Situação de Riscos
Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes
• Estabelecimento de estratégia de mitigação de riscos e ações de inteligência vinculadas a e Desastres
ocorrência de violações relacionadas a matérias primas, insumos agropecuários e produtos
de origem animal e vegetal • Monitoramento e apoio à implementação do Protocolo Nacional
• Desenvolvimento e implantação de mecanismos de gerenciamento e comunicação de 2063 - Promoção e Defesa dos Direitos de Conjunto para Proteção Integral a Crianças e Adolescentes, Pessoas
2028 – Defesa Agropecuária Pessoas com Deficiência Idosas e Pessoas com Deficiência em Situação de Riscos e Desastres
riscos relacionados a ocorrências de resíduos e contaminantes em produtos de origem
animal e vegetal nos Estados, Distrito Federal e Municípios
• Mapeamento dos principais riscos zoos sanitários e fitossanitários com elaboração e
revisão dos respectivos planos de contingência
• Implantação de módulo do sistema de informação para gerenciamento do risco 4.1.7. Ministério da Educação – MEC
agropecuário e recepção de informações do Sistema Advanced Passenger Information (API)
Quadro 11. Atribuições do Ministério da Educação no PPA 2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco
• Aperfeiçoar mecanismos de gestão de riscos climáticos e de proteção de renda
para a atividade agropecuária, com ênfase no seguro rural
• Desenvolvimento de novos mecanismos de prevenção aos riscos agroclimáticos Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas
2077 – Agricultura Sustentável • Disponibilização de informações e aperfeiçoamento dos mecanismos de monitoramento
de riscos agroclimáticos 2080 - Educação de qualidade para todos . Reconstrução de unidades de ensino fundamental atingidas por desastres
• Adequação do seguro rural considerando irrigação como fator de minimização
de riscos para ampliação da oferta do seguro rural
Quadro 9. Atribuições do Ministério de Minas e Energia no PPA 2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco
Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas
Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas • Apoiar a redução do risco de desastres naturais em municípios críticos a partir
de planejamento e de execução de obras
• Identificar riscos de desastres naturais por meio da elaboração de mapeamentos em
municípios críticos. • Construção da Barragem Castelo (PI)
• Elaborar mapeamentos de identificação de setores de risco de inundações e • Construção da Barragem Serro Azul (PE)
deslizamentos em 350 municípios • Apoio à elaboração de estudos, planos e projetos de engenharia de drenagem
urbana em municípios críticos
• Avaliação da utilização dos mapeamentos de áreas de riscos e de suscetibilidade a
deslizamentos e inundações entregues a municípios críticos • Apoio à execução de intervenções estruturais em drenagem urbana em
municípios críticos
• Elaboração de estudos sobre chuvas intensas como subsídio à elaboração de mapas de
suscetibilidade à inundação • Apoio à elaboração de projetos e a execução de obras de contenção de
• Consolidação do Sistema de Cadastro de Deslizamentos e Inundações - SCDI e sua encostas em áreas urbanas em municípios suscetíveis a deslizamentos de
2040 - Gestão de Riscos e integração ao Sistema Integrado de Informações sobre Desastres – S2ID encostas e processos correlatos
de Desastres 2040 - Gestão de Riscos e de • Execução de estudos, projetos e intervenções estruturais para contenção de
• Disponibilização de ata de registros de preços para contratação de mapeamentos de Desastres
identificação de setores de riscos por Estados e Municípios cheias e inundações.
• Aperfeiçoamento do Sistema Integrado de Dados dos Mapeamentos de Risco, • Difusão do uso e da aplicação do conceito de drenagem urbana sustentável
Suscetibilidade e Aptidão a Urbanização · 04QS - Aumento do detalhamento do em estudos, projetos e execução de obras nos municípios críticos, com foco
Atlas de Vulnerabilidade a Inundações em bacias prioritárias para o monitoramento no amortecimento de vazões. Incentivo à elaboração de planos diretores
hidrometeorológico. de drenagem urbana, valorizando a bacia hidrográfica como unidade de
planejamento
• Coordenação da obtenção, validação e disponibilização das bases cartográficas junto aos
órgãos federais, estaduais e municipais para apoiar os mapeamentos. • Apoio à elaboração de projetos de expansão urbana em municípios suscetíveis
aos riscos de desastres naturais
• Elaboração do Mapa Nacional de Barragens para identificação de áreas sob risco de
rompimento de barragens • Realização de estudos, projetos e obras para contenção de erosões fluviais
• Realização de estudos, projetos e execução de obras para contenção de
erosões marinhas
. Proposição de decreto de regulamentação do Plano de Contingência para o suprimento de
2053 - Petróleo e Gás • Socorro e assistência às populações vitimadas pela seca
gás natural
52 53
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 4. Atuação Federal em Gestão de Risco
Neste item estão apresentadas as principais polí- As questões de educação devem ser consideradas
Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas
ticas públicas nacionais correlatas à gestão de risco, atentamente dentro da gestão de risco, tanto na ga-
• Implementar cinco instrumentos do Plano Nacional de Contingência para com o objetivo de exemplificar ao gestor local como rantia de estruturas físicas de escolas seguras, como
2053 - Petróleo e Gás
Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional podem ser feitas articulações com órgãos setoriais, no envolvimento da população em ações de prevenção,
levando-o a conhecer mais especificamente quais preparação e primeira resposta.
• Implementação do Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta
Rápida a Emergências Ambientais envolvendo Produtos Químicos Perigosos órgãos do governo federal estão envolvidos na gestão Dentre as políticas públicas correlatas, destaca-se
2083 – Qualidade Ambiental (P2R2) por meio de apoio às Comissões Estaduais do P2R2 e de integração a de risco. a lei de Diretrizes e Bases da Educação (9.394, de 20
outras políticas de gerenciamento de riscos
de dezembro de 1996) que, quando alterada pela Lei
• Conclusão do Programa de Gestão de Riscos para Portos e Terminais
Para facilitar a compreensão de como as políti- 12.608/12, passou a prever que “os currículos do ensino
• Elaboração de estudos de gestão de riscos de eventos hidrológicos críticos em cas federais podem ser aplicadas localmente, fundamental e médio devem incluir os princípios da
bacias prioritárias para o monitoramento hidrometeorológico procure identificar quais órgãos locais possuem proteção e defesa civil e a educação ambiental de
• Fomento à elaboração de Planos de Contingência para escassez hídrica
relação direta com os Ministérios responsáveis forma integrada aos conteúdos obrigatórios27”.
2084 – Recursos Hídricos • Melhoria da articulação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos – SINGREH com os entes do Sistema Nacional de Proteção e Defesa por cada ação, e a partir daí, estabeleça uma re- Há também outras políticas de educação que
Civil – SINPDEC e com os demais órgãos responsáveis pela gestão de desastres lação que lhe auxilie a construir pontes entre os podem ser consideradas correlatas à gestão de risco,
nos níveis federal e estadual
recursos federais e sua gestão. a exemplo da Política Nacional de Educação Ambien-
tal. Estabelecida pela Lei 9.795, de 27 de abril de 1999
4.2.1. Ministério da Ciência, a PNEA, embora não oriente diretamente a conteúdos
Tecnologia e Inovação – MCTI de gestão de risco, orienta para a “sensibilização da
4.1.10. Secretaria de Portos coletividade sobre as questões ambientais28”, das quais
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação tacitamente estão incluídos os desastres.
Quadro 14. Atribuições da secretaria de Portos no PPA 2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco está ligado à gestão de risco principalmente em ações
de monitoramento. Na prática diária da gestão de risco 4.2.3. Ministério da Saúde
Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas local sabe-se que o Centro Nacional de Monitoramen-
• Desenvolvimento, implementação e manutenção de um modelo de Gestão de to e Alerta a Desastres Naturais – CEMADEN tem um O Ministério da Saúde também possui forte relação
2086 – Transporte Aquaviário
Riscos para obras e serviços de infraestrutura portuária importante e frequente papel de apoio aos municípios. com a gestão de risco, principalmente na prevenção
São atualmente 957 municípios monitorados em de doenças decorrentes de desastres ou de produtos
todas as regiões brasileiras com histórico de registros químicos, por exemplo.
de desastres decorrentes de movimentos de massa O Vigidesastres é um programa bastante completo
(deslizamentos de encosta; corridas de massa; sola- mantido pelo Ministério da Saúde e articulado a
pamentos de margens/terras caídas; queda/rolamen- Estados e Municípios. Seu objetivo inclui a redução
to de blocos rochosos; e processos erosivos) e/ou do impacto dos desastres sobre a saúde pública, ao
É possível que as gestões locais tenham progra- Para verificar se seu município pode ser contem- decorrentes de processos hidrológicos (inundações, compreender que a «redução do risco de desastres é
mas próprios, que não estejam vinculados ao go- plado nas ações do PPA procure identificar na enxurradas, grandes alagamentos). Em complemento, uma das funções essenciais da saúde pública, que
verno federal. Incentivamos, portanto, que os parte de “iniciativas” de cada quadro os itens que os municípios monitorados devem ter as áreas de riscos deve considerar em seu processo de planejamento, a
gestores de proteção e defesa civil busquem in- atendam a demandas específicas de sua locali- para processos hidrológicos e geológicos identificados, inserção de ações para a prevenção, mitigação,
formações em diferentes secretarias e órgãos de dade. Depois disso, procure identificar quais ór- mapeados e georreferenciados26. preparação, resposta e reabilitação 29”.
governo locais para identificar quais articulações gãos locais possuem relação direta com os Minis-
são possíveis. Assim como fazemos aqui, des- térios responsáveis por essa ação, e a partir daí, Conheça mais sobre o CEMADEN em http://www. O Programa Vigidesastres tem uma página
membrando o PPA 2016-2019 do governo federal, estabeleça uma relação que lhe auxilie a cons- cemaden.gov.br/ completa na internet em que disponibiliza, entre
é possível pesquisar no PPA dos municípios como truir pontes entre os recursos federais e sua ges- outros materiais, orientações para situações de
as políticas públicas e os recursos previstos po- tão. Esperamos que esse modelo de análise do
dem ser aplicados em ações correlatas à gestão PPA do governo federal inspire os gestores a fa- 27. BRASIL, 1996.
de risco. zer o mesmo com os PPA estaduais e municipais. 25. Adaptado de CARTAGENA, 2016 28. BRASIL, 1999.
26. CEMADEN, sem data. 29. BRASIL, sem data.
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 4. Atuação Federal em Gestão de Risco
desastres e um levantamento de políticas incen- resse Social, estabelecida pela Lei 11.124 de 16 de junho Por sua vez a Política Nacional de Resíduos Integral a Crianças e Adolescentes, Pessoas Idosas
tivadas pelo Ministério da Saúde, relacionadas a de 2005. Por fim, vinculado às políticas de habitação, Sólidos (Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010) indica e Pessoas com Deficiência em Situação de Riscos
planos de contingência, produtos perigosos e há ainda o Programa Minha Casa Minha Vida, que entre a “identificação das possibilidades de implantação de e Desastres, que tem como objetivo dar subsídios aos
mudanças climáticas. Não deixe de acessar: ht- os critérios de prioridade destina-se a beneficiar famí- soluções consorciadas ou compartilhadas com outros gestores estaduais, municipais e distritais para ga-
t p : // p o r t a l s a u d e . s a u d e . g o v . b r/ i n de x . lias que atualmente residem em áreas de risco. Municípios, considerando, nos critérios de economia rantir parâmetros de atuação uniformes de proteção
php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/vigide- de escala, a proximidade dos locais estabelecidos e de crianças e adolescentes, pessoas idosas e pessoas
sastres-a-a-z 4.2.5. Ministério de Minas e Energia as formas de prevenção dos riscos ambientais”. com deficiência em situação de desastres.
Já a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº
Também merece destaque os esforços, em espe- O Ministério de Minas e Energia possui dois órgãos 6.938 de 31 de agosto de 1981), embora não trate da Acesse o documento em: http://www.sdh.gov.br/
cial do Conselho Nacional de Saúde, para a institu- bastante atuantes na área de gestão de risco. A CPRM, gestão de risco em particular, versa sobre as “condições assuntos/criancas-e-adolescentes/protocolo-de-
cionalização de uma Política Nacional de Saúde Am- Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, também ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses -desastres]
biental, que prevê uma articulação com o Ministério conhecida como Serviço Geológico do Brasil, foi a da segurança nacional e à proteção da dignidade da
da Integração Nacional, com fins de “harmonizar as responsável pela setorização de riscos em todo o ter- vida humana33”, temas diretamente relacionados à Como se vê, a gestão de risco abrange uma enor-
políticas e as ações de saúde ambiental às inerentes ritório nacional no início da década de 2010. Por sua redução de vulnerabilidades a desastres. midade de políticas públicas, algumas mais usualmen-
ao Sistema Nacional de [Proteção e] Defesa Civil, para vez, o DNPM, Departamento Nacional de Produção Há ainda o Plano Nacional de Adaptação à te articuladas, outras que ainda dependem de um
a redução e a prevenção dos desastres naturais e dos Mineral, é o responsável, por exemplo, pela Política Mudança do Clima que inclui a gestão de risco como melhor estreitamento de relações. Ao gestor de pro-
acidentes com produtos perigosos, bem como a res- Nacional de Segurança de Barragens. estratégia setorial, tendo o objetivo de desenvolver teção e defesa civil local cabe conhecer esses espaços
posta, a reconstrução e a recuperação para minimizar Especificamente sobre Política Nacional de Segu- capacidades e estratégias para a redução de riscos, de potencial trabalho conjunto para auxiliar sua gestão,
seus danos30”. rança de Barragens, estabelecida pela Lei 12.334 de preparação e resposta considerando a adaptação à sua busca por recursos e as justificativas para inves-
20 de setembro de 2010, destaca-se o objetivo de mudança do clima. timentos. Além disso, é importante conhecer também
4.2.4. Ministério das Cidades – MCidades “fomentar a cultura de segurança de barragens e Por fim, importa destacar a Política Nacional de as próprias ações do Ministério da Integração Nacio-
gestão de riscos32”, para o quê estabelece, entre seus Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos nal, sejam elas previstas no PPA 2016-2019, ou em
O Ministério das Cidades tem sua principal relação instrumentos, a necessidade de um Plano de Segu- da Seca, que prevê diversos objetivos relacionados a políticas ligadas a outras secretarias que não neces-
com a gestão de risco nas questões de planejamento rança de Barragem. prevenção, combate, mitigação e adaptação aos efeitos sariamente a de Proteção e Defesa Civil, como a de
territorial e execução de obras, por exemplo. É válido da seca. Desenvolvimento Regional, por exemplo.
destacar que um dos instrumentos mais importantes 4.2.6. Ministério do Meio Ambiente – MMA
de planejamento territorial, o Plano Diretor, passou Você pode ter acesso à íntegra deste Plano, pelo
por adequações a partir da Lei 12.608/12 que alterou As ações do Ministério do Meio Ambiente estão link: http://hotsite.mma.gov.br/consultapublicap-
a Lei da Política Urbana, ou Estatuto da Cidade, (Lei concentradas na preservação dos recursos naturais, na/wp-content/uploads/sites/15/2015/08/PNA-Vo-
nº 10.257, de 10 de julho de 2001). e em especial na gestão dos recursos hídricos. A Po- lume-1-05.10.15-Vers%C3%A3o-consulta-p%-
A Política Urbana aplica-se à “ordenação e contro- lítica Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela C3%BAblica.pdf
le do uso do solo, de forma a evitar [entre outros] a Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, talvez seja a que
exposição da população a riscos de desastres31”. Nesse mais cotidianamente articule-se à gestão de risco, No âmbito do MMA é preciso considerar também
sentido, municípios “com áreas suscetíveis à ocorrên- tendo os Comitês de Bacia como importantes pontos os aspectos relacionados à política de licenciamentos
cia de deslizamentos de grande impacto, inundações de apoio ao gestor de proteção e defesa civil para o e estudos ambientais tratados na Resolução Conama
bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos cor- planejamento local. 237, de 19 de dezembro de 1997, uma vez que os órgãos
relatos37” devem atender a uma série de requisitos de Além dela, o Ministério do Meio Ambiente ainda de proteção e defesa civil local podem e devem ter
identificação, mapeamento e planejamento relacio- responde pela Política Nacional de Mudanças Cli- acesso a estes licenciamentos, e principalmente, tomar
nados aos riscos de desastres. máticas (Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009) conhecimento das ações de prevenção e gestão de
Na área de atuação do Ministério das Cidades está que possui como diretrizes, entre outras, a adoção de riscos previstas nos empreendimentos.
também a Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, medidas de adaptação para reduzir os efeitos adversos
que trabalha, por exemplo, com a aplicação de instru- da mudança do clima e a vulnerabilidade dos sistemas 4.2.7. Secretaria de Direitos Humanos – SDH
mentos para evitar a ocupação de áreas de risco e ambiental, social e econômico; além da identificação
relaciona-se à Política Nacional de Habitação de Inte- de vulnerabilidades para adoção de medidas de adap- A SDH atua na gestão de risco de desastres por
tação adequadas. meio do Protocolo Nacional Conjunto para Proteção
30. BRASIL, 2007.
56 57
Noções básicas em proteção e defesa civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco
5. Atuação Municipal
em Gestão de Risco
Na gestão de risco local cabe ao órgão central do ocorre em âmbito federal, e se demonstrou no capítu-
Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil gerenciar lo anterior, muitas das competências devem ser atri-
as demandas de proteção e defesa civil e articular-se buídas aos órgãos setoriais.
aos órgãos setoriais, com o objetivo de planejar e
definir sua atuação dentro das ações integradas de Quando consideramos a realidade brasileira de
prevenção, mitigação, preparação, resposta e recu- pequenos municípios devemos lembrar que mui-
peração. Para essas atividades, há diversos instru- tos possuem limitações de equipe e recursos. Se
mentos disponíveis que auxiliam o trabalho, contri- este é o seu caso, lembre-se de que diversas ações
buindo para uma gestão de risco local bem articulada, devem ocorrer de forma articulada aos governos
conforme estabelece a lei 12.608/12. federal e estaduais. Além disso, é preciso buscar
Nesse sentido organizamos neste capítulo orien- espaços de cooperação local, a exemplo de con-
tações para cada uma das competências municipais sórcios intermunicipais; parcerias com universida-
previstas na PNPDEC, reforçando que se tratam de des; linhas de financiamento internacional; além,
competências do Município e não necessariamente claro, do trabalho articulado dentro do governo lo-
do órgão de proteção e defesa civil. A exemplo do que cal com as demais secretaris municipais.
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco
5.1. Executar a PNPDEC em âmbito local34 5.1.1. Criação do Órgão Municipal de a. Registro do município no Sistema Integrado de br) utilizando o campo “Acesso restrito - Municípios/
Proteção e Defesa Civil Informações sobre Desastres – S2ID Estados” (veja a figura 16). Em seguida, escolhe-se a
Todos os municípios, grandes ou pequenos, estão Conforme previsto na Portaria MI 526/2012, o poder opção “não possuo cadastro” e envia-se o ofício para
sujeitos a desastres. É ali que os desastres acontecem A criação de um órgão de proteção e defesa civil, executivo federal só reconhecerá a situação anormal obter usuário e senha.
e, por isso, é importante que o governo municipal – por meio de um ato legal, é importante para que o decretada pelo Município, Distrito Federal ou Estado,
como um todo – esteja consciente da necessidade de órgão esteja totalmente integrado ao Sistema Nacio- se a solicitação e a caracterização do desastre forem Para mais detalhes sobre o uso do sistema, utili-
investir em ações de gestão de risco. Portanto, por nal de Proteção e Defesa Civil e possa usufruir de seus enviadas por meio do Sistema Integrado de Informa- ze o link e a opção de Material de Capacitação:
mais simples que sejam as estruturas da administra- benefícios. Para tanto, são necessárias as seguintes ções sobre Desastres. http://www.mi.gov.br/web/guest/defesa-civil/s2id
ção municipal é preciso que o Sistema Municipal de providências:
Proteção e Defesa Civil esteja instalado de maneira • Mensagem à Câmara Municipal encaminhan- Conheça a Portaria 526/2012 no link http://www. O uso correto e permanente do S2ID também
que se possa executar plenamente a PNPDEC. do o Projeto de Lei de criação do Órgão Municipal mi.gov.br/documents/301094/3963208/TE+-+RE- atende à competência compartilhada entre Municípios,
de Proteção e Defesa Civil. C+-+Portaria+526+-+S2ID+060912.pdf/5bd88d2f- Estados e União, prevista na PNPDEC como “fornecer
• Aprovação da Lei de criação do Órgão Muni- -9258-476e-adfa-af73ebd31f52 dados e informações para o sistema nacional de in-
Vejamos primeiramente o cipal de Proteção e Defesa Civil. formações e monitoramento de desastres”.
detalhamento para a instalação • Decreto de Regulamentação da Lei que cria
o Órgão Municipal de Proteção e Defesa Civil. b. Solicitação do Cartão de Pagamento de Prote-
do órgão central do Sistema • Portaria de nomeação dos membros do Órgão Até junho de 2016, o S2ID já ção e Defesa Civil – CPDC
Municipal de Proteção e Defesa Municipal de Proteção e Defesa Civil. O CPDC deve ser solicitado em situação de nor-
registrava o cadastro de 3568
Civil, para no item seguinte • Portaria de nomeação dos representantes dos malidade, ou seja, antes da ocorrência de um desas-
entre os 5570 municípios
aprofundar sobre sua órgãos integrantes do Sistema Municipal de Pro- tre. A depender do tamanho e do histórico de desastres
teção e Defesa Civil. brasileiros. Se você ingressou do município, aconselha-se a abertura de mais de uma
composição completa. Todos os atos legais devem ser publicados na agora no órgão de proteção e conta, para conferir agilidade aos processos de libe-
Imprensa Oficial ou nos jornais de maior circulação ração de recursos, quando for o caso. O cartão foi
defesa civil municipal, é preciso
no município. concebido com dois grandes objetivos:
Assim, para determinar o tamanho, estrutura e primeiro verificar se o seu • Acelerar o repasse de recursos a municípios
organização do órgão de proteção e defesa civil local 5.1.2. Formalização do órgão central do município já possui cadastro. e estados em situação de emergência ou estado
é preciso considerar em primeiro lugar, que não existe Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil Caso positivo, solicite um de calamidade pública reconhecidos pela Secre-
uma regra ou hierarquia obrigatória para sua consti- taria Nacional de Defesa Civil, com a finalidade de
tuição, e em seguida compreender que essa estrutura É preciso garantir que os demais entes federados
usuário em seu nome pelo site
executar ações de resposta, socorro, assistência
depende das principais características funcionais ne- – Estados e União – reconheçam a estrutura do Sistema https://s2id.mi.gov.br. Para às vítimas e restabelecimento de serviços essen-
cessárias localmente para exercer as ações de preven- Municipal de Proteção e Defesa Civil e saibam a quem aqueles que ainda não se ciais.
ção, mitigação, preparação, resposta e recuperação. dirigir-se para conduzir as ações de gestão de risco. cadastraram, basta realizar • Conferir transparência e controle social na
Recomendamos quatro passos básicos para que Para tanto, uma vez que a etapa de criação esteja utilização desses recursos.
o órgão de proteção e defesa civil local esteja total- concluída, é preciso dar conhecimento ao seu Estado
o acesso seguindo os
Atualmente, qualquer recurso federal transferido
mente apto a cumprir com suas funções: e ao governo federal, por meio de envio de documen- procedimentos seguintes. para ações de resposta só poderá ser utilizado por
• Criação do Órgão Municipal de Proteção e tação referenciando os atos legais de seu município. meio do CPDC. Além disso, para cada desastre haverá
Defesa Civil um cartão específico. Por isso, as contas do CPDC
• Formalização do órgão central do Sistema 5.1.3. Adesão aos sistemas nacionais Caso seja necessário o cadastramento, o municí- devem ser abertas previamente à ocorrência de um
Municipal de Proteção e Defesa Civil pio deverá entrar na página da Secretaria Nacional de desastre e os portadores dos cartões cadastrados na
• Adesão aos sistemas nacionais (S2ID e Cartão Os municípios devem preocupar-se também em Proteção e Defesa Civil (http://www.mi.gov.br/defe- agência de relacionamento do Banco do Brasil. Assim,
de Pagamento de Defesa Civil – CPDC) fazer parte dos cadastros e sistemas do governo federal sacivil) e clicar no item do Sistema Integrado de Infor- no momento do desastre os gestores estarão de posse
• Estruturação da coordenação local (S2ID e CPDC) de forma que sua atuação seja perma- mações sobre Desastres no menu à esquerda, confor- do cartão e poderão utilizar os recursos imediatamen-
nente e integral, independentemente da existência ou me ilustra a figura 14. te após sua liberação.
não de ocorrências de desastres. Em seguida, deve-se preencher o modelo de ofício Para abertura da conta, o representante do ente
proposto, acessando-o no site, como se vê na figura 15. beneficiário se dirige a uma agência do Banco do Brasil,
Com o ofício devidamente finalizado, deve-se clicar de preferência onde a prefeitura já possua conta,
34. Adaptado de CEPED UFSC, 2014 e CASTRO, sem data. para o primeiro acesso no sistema (https://s2id.mi.gov. solicita a abertura da conta do CPDC, assina o con-
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco
Estruturação da Coordenação
5.1.4.
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco
• Corpo de Bombeiros Militar Proteção e Defesa Civil. O texto da lei afirma que
ÓRGÃO CENTRAL • Economia e Finanças “poderão participar do Sistema Nacional de Proteção
ÓRGÃO CONSULTIVO
• Educação e Defesa Civil as organizações comunitárias de caráter
Órgão municipal de Conselho • Esportes voluntário ou outras entidades com atuação signifi-
proteção e defesa civil
• Forças Armadas cativa nas ações locais de Proteção e Defesa Civil,
• Guarda Municipal, Polícia Rodoviária, Polícia cabendo ao Município estimular essa participação”
Militar, Polícia Civil e Polícia Federal (detalhamento no item 5.10.3 deste capítulo).
• Instituto Médico Legal
Órgão Setoriais Órgãos de Apoio • Justiça e Ministério Público 5.2.4. Órgão Consultivo
• Saúde
• Trabalho e Previdência Social Trata-se do Conselho Municipal de Proteção e Defesa
• Transporte Civil, de caráter consultivo. Aconselha-se que a repre-
Figura 18. Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil.
Fonte: Elaboração SEDEC/MI, 2017. • Planejamento e finanças sentação no Conselho esteja dividida entre órgãos
• Entre outros setoriais (municipais, estaduais e federais sediados no
município), iniciativa privada e sociedade civil.
5.2. Coordenar as ações do SINPDEC Defesa Civil esteja organizado em coerência com a Cabe ao gestor de proteção e defesa civil articu-
no âmbito local, em articulação estrutura desenvolvida em âmbito nacional. Por esse lar estes órgãos, inclusive para evitar sobreposi- 5.3. Incorporar as ações de proteção e
com a união e os estados motivo, preconiza-se a constituição dos seguintes órgãos. ção de ações. A recomendação é que o gestor lo- defesa civil no planejamento municipal
cal de proteção e defesa civil procure:
Vimos no item anterior como estruturar o órgão 5.2.1. Órgão Central A Lei 10.257/01, que estabelece diretrizes gerais
central do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Identificar e estabelecer contato com os órgãos da política urbana, prevê em seu artigo 2° que a orde-
Civil, ou seja, a coordenação municipal de proteção e Trata-se da coordenação municipal de proteção e que possuem interface com a gestão de risco, nação e controle do uso do solo evite a exposição da
defesa civil. Entretanto para que a gestão de risco defesa civil, responsável pela articulação, coordenação principalmente os responsáveis pela execução população a riscos de desastres. Para tanto é funda-
possa ocorrer de forma sistêmica, conforme previsto e operacionalização Sistema Municipal de Proteção e local das políticas às quais a proteção de defesa mental uma articulação entre o órgão de proteção e
na PNPDEC, é preciso que todo o município esteja Defesa Civil (já detalhada no item 5.1 deste capítulo). civil deve integrar-se, segundo artigo 3º da Lei defesa civil e o de planejamento urbano. O trabalho
estruturado em forma de Sistema, como se demonstra 12.608/12: ordenamento territorial, desenvolvi- conjunto pode envolver a troca de informações, como
na figura 18. 5.2.2. Órgãos Setoriais mento urbano, saúde, meio ambiente, mudanças exemplo: mapas de setorização de riscos geológicos
A implantação do Sistema Municipal de Proteção climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, elaborados pela CPRM, quando houver; mapas de risco
e Defesa Civil compete aos prefeitos municipais, sendo Trata-se dos órgãos e entidades da administração infraestrutura, educação, ciência e tecnologia e realizados localmente ou com apoio dos governos
apoiados, para tanto, pelo órgão de proteção e defesa pública municipal, estadual e federal sediados no às demais políticas setoriais. federal e estadual; estudos disponíveis sobre ameaças
civil estadual. Também é da competência dos prefeitos município, os quais se responsabilizam pelas ações e vulnerabilidades.
garantir a articulação do órgão municipal de coorde- integradas do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Caso o município apresente muitas áreas de ris- Além disso, outros importantes instrumentos de
nação com os órgãos setoriais, de apoio e organizações Civil que se fizerem necessárias. É desejável que os co e recorrência de desastres, recomenda-se o incorporação das ações de proteção e defesa civil no
comunitárias, bem como com os órgãos de coordena- órgãos setoriais implementem em suas estruturas estabelecimento de uma rotina de encontros e re- planejamento municipal são: o Plano Diretor, previsto
ção nos níveis estadual e federal. pontos focais de coordenação responsáveis por sua uniões com os órgãos, utilizando, por exemplo, o pela mesma Lei 10.257/01; os Planos Municipais de
articulação com o órgão municipal de proteção e defesa espaço dos Conselhos, convidando, sempre que Redução de Riscos - PMRR, do programa de prevenção
civil. A distribuição das atividades obedece à lógica possível, representantes estaduais. de riscos conduzido pelo Ministério das Cidades; as
Os orçamentos anuais do órgão mais vocacionado para desempenhar as cartas geotécnicas; e a execução de medidas estru-
turais, conforme descritos a seguir.
municipais devem prever ações que lhes são atribuídas de forma mais eficaz. É Recomenda-se que todas as ações de gestão de
desejável que esses órgãos setoriais sejam ampla- risco trabalhem com o estabelecimento de víncu-
recursos financeiros para mente diversificados, permitindo que haja amplitude los comunitários, de forma a estruturar uma ges- 5.3.1. Plano Diretor
desenvolvimento das ações multidisciplinar. Em geral, os órgãos setoriais envolvem tão local participativa.
de proteção e defesa civil. as seguintes áreas: O Plano Diretor é um instrumento de planejamen-
• Agricultura e Abastecimento 5.2.3. Órgãos de apoio to do território que deve ser construído pelos municípios
• Agências de serviços públicos com ampla participação social e definir as propostas
• Assistência Social Os órgãos de apoio referem-se às organizações de desenvolvimento local. Segundo o Estatuto da
É desejável que o Sistema Municipal de Proteção e • Comunicações comunitárias, conforme prevê a Política Nacional de Cidade, o plano diretor é obrigatório para municípios:
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social e de outros instrumentos de política urbana, audiências públicas39. 5.3.4.Medidas estruturais para
I – com mais de vinte mil habitantes; onde o uso habitacional for permitido37. mitigação de riscos41
II – integrantes de regiões metropolitanas e aglome- Saiba mais sobre o programa do Ministério das
rações urbanas; Cidades pelo site: http://www.cidades.gov.br/ As medidas estruturais são, em geral, relacionadas
III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar Participe ativamente da elaboração ou revi- acessibilidade-e-programas-urbanos/acoes-e-pro- a projetos de engenharia para a execução de obras
os instrumentos previstos no § 4o do art. 182 da são do Plano Diretor em seu município. Esta é gramas-snapu/prevencao-de-riscos ou em contato de contenção, drenagem, retenção hídrica, proteção
Constituição Federal; a maneira mais eficaz para garantir que áreas de com o Departamento de Assuntos Fundiários Ur- superficial, reforço de infraestrutura existente, realo-
IV – integrantes de áreas de especial interesse tu- risco sejam legalmente vedadas a novas ocupa- banos, risco@cidades.gov.br, 61 2108-1650 cação de infraestrutura em risco, entre outras. O tipo
rístico; ções. Sua articulação também pode contribuir de medida estrutural adotada está diretamente rela-
V – inseridos na área de influência de empreendi- para que outros aspectos de gestão de risco se- 5.3.3. Cartas Geotécnicas cionado com as características do local em que será
mentos ou atividades com significativo impacto jam observados e incluídos na construção con- aplicada. Vejamos uma breve descrição desses prin-
ambiental de âmbito regional ou nacional. junta do Plano com a população, dando o suporte A página do governo federal denominada Obser- cipais tipos de medidas estruturais:
VI
- incluídos no cadastro nacional de Municípios técnico necessário para a tomada de decisão. vatório das Chuvas, apresenta as Cartas Geotécnicas • Contenção de encostas ou taludes: encostas
com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamen- como “um instrumento de planejamento urbano, criado são as superfícies inclinadas de maciços naturais,
tos de grande impacto, inundações bruscas ou pro- Acesse o conteúdo completo do Estatuto da Ci- pela Lei 12.608/12, que estabelece diretrizes para que formados por material rochoso ou solo. Taludes são
cessos geológicos ou hidrológicos correlatos36 dade aqui: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ os novos loteamentos sejam construídos de forma superfícies inclinadas geradas a partir de uma mo-
leis/LEIS_2001/L10257.htm equilibrada com as condições de suporte do meio físico, dificação humana, alterando a encosta através da
A importância de trabalhar com esse instrumento definindo as áreas que não devem ser ocupadas, as realização de cortes ou aterros. As obras executadas
de gestão para prevenção de desastres está direta- 5.3.2. Plano Municipal de Redução áreas em que a ocupação deve seguir cuidados espe- em locais com essas características buscam mitigar
mente relacionada à compreensão sobre os aspectos de Riscos - PMRR ciais e as áreas sem restrição à ocupação urbana. Ela desastres relacionados a movimentos de massa.
de construção social do risco e da necessidade de uma busca evitar que se aprovem lotes em áreas poten- • Drenagem: o sistema de drenagem das águas
ocupação do solo mais atenta a ameaças e vulnera- Os Planos Municipais de Redução de Riscos fazem cialmente sujeitas a desastres40”. é outro aspecto fundamental que deve ser obser-
bilidades. A Lei 12.608/12, quando alterou o Estatuto parte do programa de Prevenção de Riscos conduzido Também segundo a página, o governo federal, via vado na implantação de qualquer obra para con-
da Cidade, incluiu os seguintes itens como conteúdo pelo Ministério das Cidades com o objetivo de “melho- Ministério das Cidades, é responsável pela elaboração tenção e estabilidade de encostas, pois a sua re-
do Plano Diretor: rar as condições de habitabilidade de assentamentos de cartas geotécnicas de prevenção de desastres para tenção ou direcionamento inadequado poderá
humanos precários, reduzir riscos mediante sua urba- 106 municípios com histórico de grandes desastres e comprometer a estabilidade do conjunto. Nas obras
I - parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do nização e regularização fundiária, integrando-os ao elevadas taxas de crescimento populacional, locali- que não possuem características autodrenantes,
solo, de modo a promover a diversidade de usos e a tecido urbano da cidade38”. zados em 12 Estados da Federação. Essas cartas devem ser utilizadas outras técnicas para garantir
contribuir para a geração de emprego e renda; O PMRR pode ser elaborado – sempre em parceria apoiam a gestão de risco uma vez que definem áreas a drenagem do faceamento.
II - mapeamento contendo as áreas suscetíveis à com o Ministério das Cidades – por diferentes órgãos potencialmente de risco, e podem servir também de • Bacias de detenção e retenção: as obras
ocorrência de deslizamentos de grande impacto, da prefeitura. Em geral, o próprio órgão de proteção e documento de apoio durante a elaboração dos Planos de detenção são executadas com o objetivo de
inundações bruscas ou processos geológicos ou defesa civil é o que busca o financiamento e se arti- Diretores. reter parte do volume escoado na bacia a mon-
hidrológicos correlatos; cula a outras secretarias – variáveis de município para tante e permitem amortecer a vazão máxima
III - planejamento de ações de intervenção preven- município – para sua execução. O contato do Ministério das Cidades para mais in- escoada em decorrência da chuva na bacia. O
tiva e realocação de população de áreas de risco de Para desenvolver um PMRR é necessário realizar formações sobre Cartas Geotécnicas Tel.: (61) objetivo dessa obra é impedir a inundação de áreas
desastre; levantamentos, estudos e análises sobre as áreas de 2108-1475 - E-mail: paula.cabral@cidades.gov.br situadas à jusante. Já as bacias de retenção são
IV - medidas de drenagem urbana necessárias à risco, que foquem em aspectos como: (i) condições concebidas para armazenar todo o volume gerado
prevenção e à mitigação de impactos de desastres; de riscos (geológico, geotécnico, hidrológico) com foco O Observatório das Chuvas possui informações na bacia, possibilitando também a melhoria da
e para as áreas vulneráveis e suscetíveis; (ii) critérios sobre ações do governo federal em prevenção, qualidade da água.
V - diretrizes para a regularização fundiária de as- de hierarquização do risco; (iii) intervenções estrutu- mapeamento, monitoramento, alerta e resposta. • Proteção superficial: tem a finalidade de re-
sentamentos urbanos irregulares, se houver, obser- rais necessárias para reduzir e mitigar as situações Visite o site: http://www.brasil.gov.br/observato- vestir os taludes com materiais que permitam um
vadas a Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009, e demais de risco de desastre; (iv) estimativas de custos das riodaschuvas/index.html escoamento adequado das águas. Os materiais
normas federais e estaduais pertinentes, e previsão intervenções propostas; (v) mobilização, sensibilização utilizados podem ser naturais, como o revestimen-
de áreas para habitação de interesse social por meio e capacitação de comunidades e instituições; (vi) to de talude com biomassa; artificias como o reves-
da demarcação de zonas especiais de interesse timento com argamassa; ou ainda uma combinação
37. BRASIL, 2001. 39. Conteúdo adaptado de CEPED UFSC, 2015.
36. BRASIL, 2001. 38. BRASIL, sem data. 40. BRASIL, sem data. 41. UFRGS e CEPED/RS, 2015.
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42. Adaptado de RIO DE JANEIRO, 2016. 43. ALVES et al, 2011. 45. ALVES et al, 2011. 47. Adaptado de CPRM, sem data.
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da de Riscos em Desastres Naturais – GIDES é a evacuação da população das áreas de alto risco ou
executado pelo Ministério das Cidades; Ministério das edificações vulneráveis”.
da Ciência, Tecnologia e Inovação, via CEMA- Entenda como deve ocorrer a realocação de mo-
DEN; Ministério da Integração, via CENAD; e Mi- radias em áreas de risco para situações de normali-
nistério de Minas e Energia, via CPRM, contando dade e de anormalidade.
com a cooperação de especialistas do governo Mais uma vez, como a estrutura dos órgãos de pro-
japonês através da JICA. Espera-se que este pro- teção e defesa civil variam de município para município
jeto resulte, dentre outros, em um Manual Técnico essa competência pode não estar sob responsabilidade
de Mapeamento de Risco/Perigo, previsto para direta do agente de proteção e defesa civil, principal-
ser disponibilizado ao público no primeiro semes- mente porque as vistorias exigem uma formação técnica
tre de 2017. Acompanhe o andamento do projeto bastante específica. Há casos, porém, em que os órgãos
no site http://www.cidades.gov.br/gides/ de proteção e defesa civil possuem corpo técnico capaz
de conduzir diretamente essa atividade. Portanto, é
5.5. Promover a fiscalização das áreas preciso verificar localmente como estão distribuídas as
de risco de desastre e vedar novas competências entre os órgãos municipais de forma a
ocupações nessas áreas viabilizar a realização de vistorias, obras preventivas e
remoção de populações quando for o caso.
A competência municipal relativa de fiscalização Paras as vistorias, indica-se uma articulação e o
da ocupação do solo é muito variável de município acionamento das áreas de engenharia da prefeitura,
para município. Em alguns, esta competência é do de corpos de bombeiro, ou o estabelecimento de par-
órgão ambiental, em outros do órgão responsável pela cerias com universidades e órgãos de classe, como o
área de obras e infraestrutura, ou ainda de agências CREA, por exemplo. Alguns desses órgãos podem
específicas de fiscalização. Ao órgão de proteção e auxiliar também em intervenções preventivas neces-
defesa civil cabe identificar os responsáveis locais e sárias nas áreas de risco. Já a evacuação e remoção
Figura 20. Exemplo ilustrativo de Mapa de Setorização de Risco. então estabelecer uma relação de articulação para de populações de áreas de risco, devem ser feitas por
Fonte: CPRM, 2017. encaminhamento de casos que sejam identificados meio de um processo participativo, com o apoio de
pelos agentes de proteção e defesa civil. áreas de assistência social e habitação, e de repre-
estudos em diversos municípios para apoiar os pro- monitoramento de eventos climáticos, visando contribuir De toda forma, é importante que os gestores de sentante do poder público presente.
cessos de mapeamento de risco local. Esses estudos para a redução dos danos e para a diminuição das proteção e defesa civil conheçam as restrições legais
foram chamados de setorização de riscos geológicos, perdas humanas e materiais relacionadas aos desastres. de ocupação de áreas, e sempre que possível consigam A Defesa Civil do Espírito Santo possui uma pe-
e tiveram por finalidade a identificação, a delimitação laudos, vistorias ou atestados que definam determina- quena apostila denominada Noções de Avaliação
e a caracterização de áreas ou setores de uma encosta O governo federal entregou a diversos municí- da área como sendo de risco e indiquem que não haja de Risco Estrutural, consulte o material em: http://
ou planície de inundação sujeitas à ocorrência de pios, entre os anos de 2013 e 2015 a Setorização novas ocupações no local. Instrumentos como as cartas www.defesacivil.es.gov.br/files/pdf/apostila_ava-
processos destrutivos de movimentos de massa, en- de Riscos Geológicos, elaborados pela CPRM. geotécnicas, planos diretores ou Leis de Ordenamento liacao_de_risco_estrutural.pdf. Há também con-
chentes de alta energia e inundações. Antes de partir para o mapeamento de risco, veri- Territorial do município podem auxiliar nesse trabalho. teúdo relativo ao tema produzido pelo município
As informações levantadas pela CPRM foram dis- fique se já foi elaborada alguma setorização no do Rio de Janeiro: http://www0.rio.rj.gov.br/defe-
ponibilizadas para o Centro Nacional de Monitoramen- seu município e use-o como apoio (http://www. A Defesa Civil do Espírito Santo possui uma pe- sacivil/construcoes_perigosas.htm
to e Alertas de Desastres Naturais – CEMADEN a fim cprm.gov.br/publique/Gestao-Territorial/Geologia- quena apostila denominada Noções de Avaliação
de subsidiar a emissão de avisos e alertas meteoroló- -de-Engenharia-e-Riscos-Geologicos/Setorizacao- de Risco Estrutural, consulte o material em: http:// 5.7.Manter a população informada
gicos, e para o Centro Nacional de Gerenciamento de -de-Riscos-Geologicos-4138.html www.defesacivil.es.gov.br/files/pdf/apostila_ava- sobre áreas de risco e ocorrência
Riscos e Desastres – CENAD, para a emissão de alertas liacao_de_risco_estrutural.pdf de eventos extremos48
aos órgãos de proteção e defesa civil estaduais e Projeto Gides - Manual Técnico de Mapea-
municipais, visando ações de prevenção e resposta mento e Risco/Perigo. O Brasil está desenvol- 5.6. Vistoriar edificações e áreas de risco O texto completo da PNPDEC define que compete
frente aos desastres naturais. vendo um importante projeto com a Agência de ao município “manter a população informada sobre
Todo o acervo de dados está também disponibiliza- Cooperação Internacional do Japão – JICA. Ini- De acordo com a PNPDEC, além de vistoriar edifi- áreas de risco e ocorrência de eventos extremos,
do para órgãos e instituições do governo federal, de ciado em julho de 2013, o Projeto de Fortaleci- cações e áreas de risco compete ao município “pro-
estados e de municípios que atuam na prevenção e no mento da Estratégia Nacional de Gestão Integra- mover, quando for o caso, a intervenção preventiva e 48. Adaptado de UFRGS e CEPED/RS, 2015 e CARTAGENA, 2016.
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PREVENÇÃO EMERGÊNCIA tores, ampliando a credibilidade do gestor. Para veis, sobre o que outras comunidades estão fa-
situações de realocação de famílias, obras, e zendo, sobre qual o custo da redução de riscos,
grandes investimentos ou impactos na população sobre o que pode ocorrer se não focarem na re-
MAPEAMENTO ABRIGO EMERGENCIAL recomenda-se não abrir mão desse processo. dução de riscos. Não considere que a comunica-
Além disso, pode-se considerar que as ações de ção de risco é uma atividade única de curto pra-
Comunicação de Risco devem ser conduzidas consi- zo. Ela deve ser um processo continuado. Não
derando aspectos de variedade e frequência; utilização considere que as pessoas não podem compreen-
ANÁLISE SOCIAL MORADIA PROVISÓRIA de espaços formais e informais; garantia de diálogo e der informações científicas. Se apresentadas de
transparência; e adequação à realidade local. Tal maneira apropriada, elas entenderão. Fonte:
processo está também alinhado aos pressupostos do Abarquez e Murshed, 2004.
atual Marco de Sendai, especialmente em relação ao
POLÍTICA HABITAIONAL CASA DEFINITIVA papel dos gestores locais e nacionais previsto na Prio- 5.7.2. Sistemas de monitoramento
ridade 1: “Promover estratégias nacionais que for-
taleçam a educação e formação públicas em Os sistemas de monitoramento têm a função de
Figura 21. Fluxo de realocação de moradias em áreas de risco.
Fonte: Elaboração SEDEC/MI, 2017. redução de risco de desastres, incluindo informa- gerenciar informações preliminares às ocorrências
ção e conhecimento sobre risco de desastres, por potenciais de desastres e trabalhar como foco em
meio de campanhas, mídias sociais e mobilização prevenção, mitigação e preparação. Desse modo, esses
bem como sobre protocolos de prevenção e alerta exemplo; até as mais complexas, em que o vínculo comunitária; e considerando demandas e neces- sistemas podem identificar a potencialidade de uma
e sobre as ações emergenciais em circunstâncias entre indivíduos, grupos e instituições torna-se cada sidades específicas de cada público alvo”. ameaça e, a partir de alertas e alarmes à população,
de desastres”. Para tratar deste tema dividiremos esta vez mais sólido. Esse conjunto pode ser formado por: Neste caso, o conteúdo da mensagem que dire- evitar ou minimizar os efeitos de um desastre.
competência em duas partes, uma de aspecto preven- • Ações de divulgação: possuem conteúdos ciona o diálogo deve estar vinculado à temática da O governo federal mantém alguns sistemas de
tivo, e outra de monitoramento de eventos extremos. rápidos e envolvem pouca interação com o inter- gestão do risco, gerando um conhecimento capaz de monitoramento de abrangência nacional por meio de
locutor. São comunicados oficiais, panfletos, carros qualificar a percepção, e de estimular a participação órgãos como o Centro Nacional de Gerenciamento de
5.7.1. Comunicação de Risco para Prevenção de som, cartazes, spots de rádio e comerciais em institucional e comunitária em torno das ações de Riscos e Desastres – CENAD, o Instituto Nacional de
TV, e conteúdo digital não interativo, etc. prevenção, mitigação e preparação. Por isso, a escolha Meteorologia – INMET, o Centro Nacional de Monito-
A Comunicação de Risco refere-se a um processo • Ações de informação: possuem conteúdos um da linguagem, do conteúdo, da forma como a mensa- ramentos e Alertas de Desastres Naturais – CEMADEN,
de construção de conhecimento, que deve ser contínuo pouco mais detalhados e também alguma interação gem será transmitida e o meio a ser utilizado, devem o Centro de previsão do tempo e estudos climáticos
e pode envolver diferentes níveis de vínculo com os com o interlocutor. São visitas domiciliares, reuniões, ser adequados ao público e aos objetivos estabeleci- – CPTEC, a Agência Nacional de Águas – ANA, e o
interlocutores. Ou como define o Conselho Nacional palestras, eventos, notícias, reportagens, programas dos com o processo de comunicação. Por exemplo, se Observatório das Chuvas.
de Pesquisas dos Estados Unidos (National Research de rádio e TV, conteúdo digital interativo, etc. a comunicação sobre gestão de risco acontecer em
Council, 1989) a Comunicação de Risco é “um proces- • Ações de consulta: são definidas por total escolas e for direcionada ao público infantil, formas Verifique se seu estado ou município já possui um
so interativo de troca de informações e opiniões entre interação com o interlocutor, e devem ser prece- lúdicas podem ser eficazes e capazes de gerar inter- sistema de monitoramento próprio, caso contrá-
os indivíduos, grupos e instituições, que frequente- didas, ao menos, por ações de informação. Em locução e aprendizagem sobre o tema. rio, use dos sistemas de monitoramento do Go-
mente envolve várias mensagens sobre a natureza do geral, referem-se a audiências públicas, orçamen- verno Federal
risco ou expressa preocupações e opiniões legais e to participativo, enquetes, etc. Para o trabalho com escolas, pode-se utilizar o li-
institucionais sobre a gestão do risco”. • Ações de formação: exigem um trabalho de vro interativo sobre desastres, disponível em: a. Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos
informação aprofundado, e podem constituir-se www.lid.educacaocerebral.org/ e Desastres – CENAD
Em geral a condução das ações de Comunicação por um conjunto de ações de divulgação, informa- O CENAD foi criado em fevereiro de 2005 e tem o
de Risco devem ser articuladas entre diversos ór- ção e consulta. Por isso mesmo são mais duradou- Dicas sobre Comunicação de Risco: Não conside- intuito de gerenciar, com agilidade, ações estratégicas
gãos dentro de um município. Por sua variedade ras, a exemplos de cursos, capacitações, simulados re que as comunidades não possuem informação de preparação e resposta a desastres em território
e abrangência, pode envolver, além do órgão de e oficinas. sobre os riscos a que estão expostas. Não consi- nacional e, eventualmente, também no âmbito inter-
proteção e defesa civil, as áreas de educação, • Ações de negociação e parceria: são longos dere que você deve ensinar as pessoas. Na boa nacional. Coordenado pela Secretaria Nacional de
assistência social, assessoria de imprensa, gabi- processos de comunicação, também precedidos comunicação de risco, o processo é tão impor- Proteção e Defesa Civil, o centro possui uma estrutu-
nete, etc. por ações de divulgação, informação, consulta e tante quanto a mensagem. Deve haver um pro- ra de monitoramento constante de informações sobre
formação. Nestes casos, há compartilhamento de cesso de diálogo. As pessoas não precisam de in- possíveis desastres em áreas de risco, atuando 24
Portanto, o conjunto de ações de comunicação vai poder e de responsabilidades, e quando bem con- formação apenas sobre os riscos. Elas podem horas por dia, inclusive aos fins de semana e feriados.
desde as mais simples, como ações de divulgação, por duzidos fortalecem os vínculos entre os interlocu- precisar de informações sobre recursos disponí- O CENAD atua em parceria com outros órgãos,
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[Para diagramação, sugestão: Inserir imagens ou Indicação das responsabilidades de cada órgão
ilustrações de alertas, ícones – alertas podem ser na gestão de desastres
algo como aviso em celular, em televisão, etc]
Definição dos sistemas de alerta a desastres,
5.7.4. Sistemas de Alarme em articulação com o sistema de
monitoramento, com especial atenção dos
Já o alarme, corresponde a informação de ocor- radioamadores
rência iminente, que deve corresponder a uma ação
imediata por parte da população, geralmente para não Organização dos exercícios simulados, a
sair de casa (em caso de vendavais, por exemplo) ou serem realizados com a participação da
para evacuação (no caso de deslizamentos, por população
exemplo). Os alarmes podem ser emitidos por sirenes,
Organização do sistema de atendimento emer-
sinos de igreja, veículos de som, WhatsApp ou qualquer
gencial à população, incluindo-se a localização
meio de comunicação previamente acordado.
das rotas de deslocamento e dos pontos
seguros no momento do desastre, bem como
Inserir imagens ou ilustrações de alarmes - algo
dos pontos de abrigo após a ocorrência de
como uma sirene, por exemplo
desastre
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Módulo “Elaboração de Plano de Contingência” removida, e a divulgação na mídia de forma estru- um banco de dados com o histórico de ocorrências no cidadão acompanhe como os recursos públicos são
dessa Coleção que trata especificamente sobre turada e integrada. município seguro e disponível para toda a sociedade, utilizados, apoiando o processo de fiscalização.
o assunto. • Avaliação: A avaliação do Simulado tem o fortalecendo, inclusive, a cultura de gestão sistêmica.
objetivo de verificar se, de fato, as ações planeja- Da mesma maneira, no caso de unidades federativas 5.10.1. Espaços comunitários
5.8.2. Simulados das no Plano de Contingência são viáveis e se que possuam seus bancos de dados, é importante
ocorreram conforme previstas. Para tanto, deve-se também mantê-los sempre atualizados. Os espaços de participação e controle social podem
Como já foi dito, os simulados são instrumentos montar uma equipe de observadores, que durante O uso correto e permanente do S2ID também ser mais ou menos formais, e o ideal é que passem a
de preparação para resposta, que funcionam como toda a execução do simulado, verifiquem a partir atende à competência compartilhada entre Municípios, fazer parte do cotidiano da gestão de risco de forma
treinamento para a execução do plano de contingên- de critérios pré-definidos o que funcionou e o que Estados e União, prevista na PNPDEC como “fornecer gradual. Isto é, o envolvimento da população vai cres-
cia, e por isso devem ocorrer após a sua elaboração não funcionou. Para tanto, costuma-se adotar for- dados e informações para o sistema nacional de in- cendo à medida que se sinta interessada pelo tema e
ou atualização. O treinamento pode incluir todos os mulários padronizados para a coleta de informa- formações e monitoramento de desastres”. perceba resultados positivos; ao mesmo tempo é
procedimentos e ações previstos no Plano de Contin- ções observadas, tanto quantitativas como quali- preciso garantir que não haja sobrecarga às estruturas
gência ou apenas parte deles, principalmente se o tativas. Ao final do simulado é realização uma 5.10. Estimular a participação social de proteção e defesa civil, muitas vezes deficientes.
documento previr mais de um cenário de risco. É re- reunião de avaliação com os parceiros envolvidos, Por isso, o ideal é iniciar o trabalho com ações
comendável que os Simulados sejam organizados com os observadores e com a comunidade, em que O texto integral do item da PNPDEC que trata sobre simples, e ampliar esses instrumentos de gestão a
periodicamente, e a cada vez treinem um aspecto do são identificados os pontos de sucesso e as falhas a participação registra como competência do municí- partir do momento em que os espaços iniciais de par-
plano, como por exemplo, para as etapas de primeira e o tempo de resposta dos órgãos de resposta. pio a função de “estimular a participação de enti- ticipação já estejam consolidados. O incentivo à par-
resposta, de evacuação, de abrigos, etc. Para as falhas deve-se definir se haverá alterações dades privadas, associações de voluntários, clubes ticipação em Conferências Nacionais é uma das formas
Portanto, a organização dos simulados também no Plano de Contingência, ou se o treinamento de serviços, organizações não governamentais e de mobilização, pois diversas delas podem estar rela-
deve obedecer a um roteiro entre planejamento, exe- precisa ser reforçado. associações de classe e comunitárias nas ações cionadas com o tema de gestão de risco.
cução e avaliação, assim previstos: do SINPDEC e promover o treinamento de asso- O mais importante é compreender que não há
• Planejamento: Deve-se iniciar definindo qual Neste guia você pode encontrar orientações de- ciações de voluntários para atuação conjunta com padrão quando se trata de mobilização comunitária,
cenário de risco (se houver mais de um) do Plano talhadas para organização de um Simulado: ht- as comunidades apoiadas”. Isso significa que o en- e por isso é preciso conhecer a realidade local e iden-
de Contingência será trabalhado, e a partir daí tp://www.mi.gov.br/pt/c/document_library/get_fi- volvimento da população durante todas as ações de tificar os espaços mais propícios para o trabalho de
estabelecer um roteiro de problemas e ações es- le? u ui d = 7 5 9 c 3 1 f 7 - 5 7 ad - 4 6 9 e - b 2 9 c - 1 f - prevenção, mitigação, preparação, resposta e recu- redução de risco.
peradas, que incluam as mensagens de alerta e cda78f5e91&groupId=10157; além disso, você peração é essencial para que a gestão de risco seja
alarme, o abrigo para onde as pessoas serão des- também pode consultar o Módulo “Elaboração de completa. Os princípios de Comunicação de Risco, já Saiba mais sobre mobilização comunitária aces-
tinadas, a remoção de animais domésticos, etc. Plano de Contingência” dessa Coleção que trata tratados no item 5.7.1, aplicam-se também às ações sando a cartilha: http://www.ceped.ufsc.br/wp-
Uma vez definido cenário e roteiro, devem ocorrer especificamente sobre o assunto. de participação, que podem ser realizadas por meio -content/uploads/2014/10/mobilizacao_comunita-
reuniões (tantas quantas forem necessárias) com de instrumentos como consultas e audiências públicas, ria_e_comunicao_de_risco_0.pdf
a comunidade e os demais órgãos de resposta 5.9. Manter a união e o estado informados também já mencionados ao longo deste material.
envolvidos para definir data e horário do Simulado, sobre a ocorrência de desastres e as Os processos de controle social, por sua vez, per- 5.10.2. Núcleos Comunitários
quais as pessoas que serão envolvidas, a partici- atividades de proteção civil no município mitem que qualquer cidadão acompanhe a gestão de Proteção e Defesa Civil - NUPDECs
pação dos meios de comunicação, etc. pública, tornando-se uma importante ferramenta de
• Execução: No dia da realização do simulado 5.9.1. sistema Informatizado combate à corrupção, e funcionando como um meca- Historicamente os NUPDECs são as organizações
toda a área deve estar bem sinalizada e o treina- de Informações sobre Desastres - S2ID nismo indutor para que os gestores públicos ajam com comunitárias que atuam em proteção e defesa civil, e
mento amplamente divulgado para evitar que a responsabilidade. O controle social permite ainda que embora não estejam nominalmente previstos na atual
ação simulada seja confundida com uma ocorrên- Como já explicado no item 5.1.3 neste capítulo, a a sociedade colabore com o controle das ações de Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, permane-
cia real. Indica-se, em caso de evacuação de mo- SEDEC/MI mantém o Sistema Integrado de Informações seus governantes, no intuito de checar se os recursos ce a orientação para formação de estruturas comuni-
radores, indica-se que sempre permaneça ao sobre Desastres, que, dentre outras funções, permite públicos estão sendo utilizados adequadamente. A tárias que devem ser incentivadas e fortalecidas. Os
menos um morador nas residências para evitar que os municípios que necessitem de reconhecimen- recomendação é que o gestor de proteção e defesa NUPEDECs incluem-se, portanto, nas organizações
qualquer imprevisto. Algumas das atividades mais to federal para situação de emergência ou estado de civil esteja sempre comprometido com a utilização das comunitárias de caráter voluntário previstas no SINPDEC.
comuns incluem a notificação da ocorrência ou calamidade, registrem a ocorrência no sistema. Não ferramentas de transparência disponibilizadas pela Esses núcleos podem ser organizados em distritos,
iminência, o estabelecimento do comando e con- obstante, a recomendação é que qualquer desastre administração pública. vilas, povoados, bairros, quarteirões, edificações de
trole do exercício, a sinalização das áreas seguras, seja registrado no S2ID, ou seja, mesmo aqueles que Assim, apresentam-se aqui tanto instrumentos de grande porte, escolas, distritos industriais, etc. Devem
o deslocamento das pessoas para o abrigo, a or- não demandem reconhecimento e destinação de re- estímulo à participação como recursos que conferem funcionar como elos entre a comunidade e o governo
ganização do abrigo para a recepção da população cursos do governo federal. Dessa maneira, mantém-se transparência à gestão pública, permitindo que o municipal, por meio do órgão de proteção e defesa
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação municipal em Gestão de Risco
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação municipal em Gestão de Risco
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base
As capacitações oferecidas pela Secretaria Na- to de execução das atividades de gestão. Inicialmen-
5.12. Estabelecer medidas preventivas de cional de Proteção e Defesa civil são divulgadas te, indica-se a utilização de indicadores de simples,
segurança contra desastres em escolas e na página: http://www.mi.gov.br/web/guest/ca- com o objetivo de verificar a eficiência de processos
hospitais situados em áreas de risco pacitacoes. Você pode ainda solicitar à SEDEC/ e ações. Posteriormente, os indicadores podem ser
MI sua inscrição no mailing da capacitação, por mais complexos de maneira a verificar a eficácia da
A atuação de proteção e defesa civil considerando onde são divulgados diversos cursos relaciona- gestão.
a segurança de escolas e hospitais é tema de uma dos a proteção e defesa civil: defesacivil.minimi- Para as verificações de eficiência os indicadores
campanha mundial do UNISDR, e alinha-se ao Passo zacao.capacitacao@integracao.gov.br. podem ser as próprias ações previstas na gestão de
5 da Campanha Construindo Cidades Resilientes: risco, verificando se foram ou não cumpridas, com que
Avalie a segurança de todas as escolas e centros Acompanhe as ofertas de cursos internacionais dificuldade de tempo, recursos e equipe, por exemplo.
de saúde e atualize tais avaliações conforme ne- oferecidos por diversas instituições: http://www. Para as verificações de eficácia é necessário desen-
cessário. jica.go.jp/brazil/portuguese/office/courses/index. volver indicadores específicos para cada ação. Por
Segundo o UNISDR, “apesar do colapso de uma html; https://www.aecid.gob.es/es-es/convocato- exemplo, para o caso da ação relacionada à fiscaliza-
escola ou hospital gerar graves problemas para uma rias-tramites-servicios/Paginas/DetalleProcedi- ção de áreas de risco, podem ser aplicados indicado-
cidade afetada por desastre, é mais comum assistir miento.aspx?idc=200; e https://training.fema.gov res relacionados à desocupação e reocupação.
ao colapso funcional dessas instalações, onde as
estruturas ainda se mantêm resistentes, mas não Importância do acompnhamento e avaliação
podem ser utilizadas por uma variedade de ações das ações de gestão de risco. É importante que
preventivas que não foram tomadas. Para evitar isso, os órgãos de proteção e defesa civil local mante-
hospitais e escolas devem ser construídos a partir de nham uma rotina de acompanhamento de execu-
altos padrões de resiliência, suas vias de acesso devem ção das atividades de gestão. Inicialmente, indi-
permanecer abertas, bem como o fornecimento de ca-se a utilização de indicadores de simples, com
água, energia elétrica e telecomunicações, que, para o objetivo de verificar a eficiência de processos e
garantir a continuidade de suas operações, não podem ações. Posteriormente, os indicadores podem ser
ser interrompidos52”. mais complexos de maneira a verificar a eficácia
da gestão.
5.13. Oferecer capacitação de recursos
humanos para as ações de proteção e Para as verificações de eficiência os indicadores
defesa civil podem ser as próprias ações previstas na gestão
de risco, verificando se foram ou não cumpridas,
Considerando que as ações de proteção e defesa com que dificuldade de tempo, recursos e equipe,
civil são particularmente específicas, é fundamental por exemplo. Para as verificações de eficácia é
que haja capacitação de todos os servidores e volun- necessário desenvolver indicadores específicos
tários para o pleno exercício de suas atividades. Assim, para cada ação. Por exemplo, para o caso da
necessariamente, Municípios, Estados e União devem ação relacionada à fiscalização de áreas de ris-
destinar recursos para investimentos na capacitação. co, podem ser aplicados indicadores relaciona-
É importante considerar a necessidade de que dos à desocupação e reocupação.
haja, preferencialmente, servidores públicos efetivos
no órgão municipal de proteção e defesa civil, de modo Quais são os indicadores de gestão de seu
a garantir a continuidade das ações e evitar que se município?
percam os investimentos a cada troca de gestão. Além
disso, é fundamental o planejamento, preparação e
capacitação em nível comunitário visando à obtenção 5.14. Importância do acompanhamento e
de uma resposta efetiva aos alertas. avaliação das ações de gestão de risco
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Noções básicas em proteção e defesa civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 6. Material complementar
Aém das recomendações de leitura apresentadas ao longo dos capítulos acrescentamos outras sugestões http://www.brasil.gov.br/observatoriodaschuvas/index.
Observatório das Chuvas
que podem ser interessantes para quem trabalha ou estuda o tema da gestão de risco. html
S2ID https://s2id.mi.gov.br/
http://www.mi.gov.br/c/document_library/
Apostila sobre implantação e operacionalização de
get_file?uuid=6cb0d27c-ffa7-437e-a724-
COMDEC
fa8cde4bb1ee&groupId=10157
http://www.ippur.ufrj.br/download/pub/
Construção social da moradia de risco
MariaAuxiliadoraRamosVargas.pdf
http://www.smad.rs.gov.br/downloads/documentos/
Glossário da UNISDR (tradução não oficial) ONU-UNISDR%20-%20Glossario%20EIRD%20
Estrategia%20Internac%20Reducao%20Desastres.pdf
http://www.unisdr.org/files/43291_
Marco de Sendai
spanishsendaiframeworkfordisasterri.pdf
ANA https://www.facebook.com/anagovbr/
CEMADEN https://www.facebook.com/cemaden.mcti/
CEPED PR https://www.facebook.com/cepedpr/
https://www.facebook.com/CepedRS-
CEPED RS – UFRGS
UFRGS-713080458769590/
https://www.facebook.com/
Construindo cidades resilientes
construindocidadesresilientes/
https://www.facebook.com/Pluvi%C3%B4metros-nas-
Pluviômetros nas comunidades
Comunidades-213497195522766/
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base
LaRed https://www.facebook.com/desenredando.org/
https://www.facebook.com/Disaster-Risk-Management-
Disaster Risk Management Program
Programme-433606393441338/
https://www.facebook.com/Disaster-Risk-Management-
Disaster Risk Management Society
Society-GCU-Lahore-1401281546781757/
UNISDR https://www.facebook.com/UNISDR/
GIDES http://www.cidades.gov.br/gides/
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 6. Material complementar
Glossário tecimento de água, açudes, pequenas barragens, de modo oportuno e eficaz, o que inclui a preservação
Dano: resultado das perdas humanas, materiais estradas vicinais, prédios públicos e comunitários, e restauração de suas estruturas e funções básicas.
ou ambientais infligidas às pessoas, comunidades, cursos d’água, contenção de encostas, entre outras (Eird apud FIOCRUZ)
Ameaça: Fenômeno natural, tecnológico ou de instituições, instalações e aos ecossistemas, como
origem antrópica, com potencial de causar danos consequência de um desastre. (Instrução Normativa estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional. Resposta: medidas emergenciais, realizadas
humanos, materiais e ambientais e perdas socioeco- nº 2 de 20 de dezembro der 2016] (Decreto 7.257/10). durante ou após o desastre, que visam ao socorro e à
nômicas públicas ou privadas. assistência da população atingida e ao retorno dos
Pode ser um evento físico ou fenômeno de origem Desastre: resultado de eventos adversos, natu- Recuperação: medidas desenvolvidas após o serviços essenciais.
natural, assim como de origem tecnológica ou resul- rais, tecnológicos ou de origem antrópica, sobre um desastre para retornar à situação de normalidade, que
tante das atividades humanas, que pode causar cenário vulnerável exposto a ameaça, causando danos abrangem a reconstrução de infraestrutura danificada Restabelecimento de serviços essenciais:
doenças ou agravos, óbitos, danos materiais, inter- humanos, materiais ou ambientais e consequentes ou destruída e a reabilitação do meio ambiente e da ações de caráter emergencial destinadas ao restabe-
rupção de atividade social e econômica ou degradação prejuízos econômicos e sociais. economia, visando ao bem-estar social. lecimento das condições de segurança e habitabilida-
ambiental. As ameaças de origem natural envolvem de da área atingida pelo desastre, incluindo a des-
os seguintes eventos: hidrológicos (inundações bruscas Estado de calamidade pública: situação Recursos: conjunto de bens materiais, humanos, montagem de edificações e de obras-de-arte com
e graduais); climatológicos (estiagem e seca, granizo, anormal, provocada por desastre, causando danos e institucionais e financeiros utilizáveis em caso de estruturas comprometidas, o suprimento e distribuição
geada, eventos de temperatura extrema e incêndios prejuízos que impliquem o comprometimento substan- desastre e necessários para o restabelecimento da de energia elétrica, água potável, esgotamento sani-
florestais); meteorológicos (ciclones tropicais e extra- cial da capacidade de resposta do poder público do normalidade. (Instrução Normativa nº 2 de 20 de de- tário, limpeza urbana, drenagem das águas pluviais,
tropicais, tornados, tempestades de raios, de neve e ente federativo atingido. zembro de 2016) transporte coletivo, trafegabilidade, comunicações,
de areia); geofísico/geológico (terremotos, tsunamis, abastecimento de água potável e desobstrução e
erupções vulcânicas, erosões e deslizamentos de terras Gestão do risco de desastres: compreende o Redução dos Riscos de Desastres – RRD: marco remoção de escombros, entre outras estabelecidas
e rochas); biológico (processos de origem orgânica ou planejamento, a coordenação e a execução de ações conceitual de elementos que têm a função de minimi- pelo Ministério da Integração Nacional. (Decreto
transportados por vetores biológicos, incluindo a ex- e medidas preventivas destinadas a reduzir os riscos zar vulnerabilidades e riscos em uma sociedade, para 7.257/10)
posição a micro-organismos patógenos, toxinas e de desastres e evitar a instalação de novos riscos. evitar (prevenção) ou limitar (mitigação e preparação)
substâncias bioativas, resultando em infestações, o impacto adverso de ameaças, dentro do amplo con- Risco de desastre: potencial de ocorrência de
pragas ou epidemias). As ameaças de origem tecno- Mitigação: Medidas e atividades imediatamen- ceito de desenvolvimento sustentável. De acordo com ameaça de desastre em um cenário socioeconômico
lógica ou resultante das atividades humanas envolvem te adotadas para reduzir ou evitar as consequências o Eird, o marco conceitual referente à redução de risco e ambiental vulnerável
eventos como rompimentos de barragens; acidentes do risco de desastre. de desastres se compõe dos seguintes campos de
nos processos de extração, transporte, produção e ações: 1) avaliação de riscos, incluindo análise de Situação de emergência: situação anormal, pro-
armazenamento de produtos industriais; degradação Prejuízo: medida de perda relacionada com o vulnerabilidade, assim como análises e monitoramen- vocada por desastres, causando danos e prejuízos que
ambiental. As ameaças podem ser individuais, com- valor econômico, social e patrimonial de um determi- to de ameaças/perigos; 2) conscientização para mo- impliquem o comprometimento parcial da capacidade
binadas ou sequenciais em sua origem e efeitos. Cada nado bem, em circunstâncias de desastre (Instrução dificar o comportamento; 3) desenvolvimento do co- de resposta do poder público do ente federativo atingido.
uma delas se caracteriza por sua localização, magni- Normativa nº 2 de 20 de dezembro de 2016) nhecimento, incluindo informação, educação,
tude ou intensidade, frequência e probabilidade. (Eird capacitação e investigação; 4) compromisso político Socorro: ações imediatas de resposta aos de-
e EM-Data) Preparação: Medidas e atividades, anteriores à e estruturas institucionais, incluindo informação, po- sastres com o objetivo de socorrer a população atin-
ocorrência do desastre, destinadas a otimizar as ações lítica, legislação e ação comunitária; 5) aplicação de gida, incluindo a busca e salvamento, os primeiros-
Assistência às vítimas: ações imediatas desti- de resposta e minimizar os danos e as perdas decor- medidas incluindo gestão ambiental, práticas para o -socorros, o atendimento pré-hospitalar e o
nadas a garantir condições de incolumidade e cida- rentes do desastre. desenvolvimento social e econômico, medidas físicas atendimento médico e cirúrgico de urgência, entre
dania aos atingidos, incluindo o fornecimento de água e tecnológicas, ordenamento territorial e urbano, pro- outras estabelecidas pelo Ministério da Integração
potável, a provisão e meios de preparação de alimen- Prevenção: Medidas e atividades prioritárias, teção de serviços básicos e formação de redes e alian- Nacional. (Decreto 7.257/10)
tos, o suprimento de material de abrigamento, de anteriores à ocorrência do desastre, destinadas a evitar ças; 6) sistemas de detecção e alerta precoce, incluin-
vestuário, de limpeza e de higiene pessoal, a instala- ou reduzir a instalação de novos riscos de desastre. do prognóstico, predição, difusão de alertas, medidas Vulnerabilidade: exposição socioeconômica ou
ção de lavanderias, banheiros, o apoio logístico às de preparação e capacidades de enfrentamento. (Eird ambiental de cenário sujeito à ameaça natural, tec-
equipes empenhadas no desenvolvimento dessas Reconstrução: ações de caráter definitivo des- apud FIOCRUZ) nológica ou de origem antrópica.
ações, a atenção integral à saúde, ao manejo de tinadas a restabelecer o cenário destruído pelo desas-
mortos, entre outras estabelecidas pelo Ministério da tre, como a reconstrução ou recuperação de unidades Resiliência: capacidade de um sistema, comu-
Integração Nacional. (Decreto 7.257/10) habitacionais, infraestrutura pública, sistema de abas- nidade ou sociedade exposta a um desastre em resis-
tir, absorver, adaptar e se recuperar de seus efeitos
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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 6. Material complementar
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94 95
96
A/CONF.224/L.2
Distribuição: Limitada
7 de abril de 2015
Original: inglês
I. Preâmbulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
II. Resultado esperado e objetivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
III. Princípios norteadores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
IV. Prioridades de ação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Prioridade 1: Compreensão do risco de desastres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Prioridade 2: Fortalecimento da governança do risco de desastres para gerenciar o 12
risco de desastres. . . . . . . . . . . . . . . .
Prioridade 3: Investir na redução do risco de desastres para a resiliência. . . . . . . . . . 15
Prioridade 4: Aumentar a preparação para desastres para uma resposta eficaz e
para "Reconstruir Melhor" em recuperação, reabilitação e reconstrução. . . . . . . .. 17
2
I. Preâmbulo
1. O presente marco pós-2015 para a redução do risco de desastres foi adotado na
Terceira Conferência Mundial sobre a Redução do Risco de Desastres, realizada de 14-18
março de 2015, em Sendai, Miyagi, no Japão, representando uma oportunidade única para
que os países pudessem:
(a) Adotar um marco pós-2015 para a redução do risco de desastres, conciso,
focado e orientado para o futuro e para a ação;
(b) Completar a avaliação e revisão da implementação do Marco de Ação de
Hyogo 2005-2015: Construindo a resiliência das nações e comunidades frente aos
desastres;1
(c) Considerar a experiência adquirida com estratégias/instituições e planos
regionais e nacionais para a redução do risco de desastres e suas recomendações, bem
como acordos regionais relevantes no âmbito da implementação do Marco de Ação de
Hyogo;
(d) Identificar modalidades de cooperação com base nos compromissos para
implementar um quadro pós-2015 para a redução do risco de desastres;
(e) Determinar modalidades para a revisão periódica da implementação de um
quadro pós-2015 para a redução do risco de desastres.
2. Durante a Conferência Mundial, os Estados também reiteraram seu compromisso
com a redução do risco de desastres e com o aumento da resiliência2 a desastres, um tema a
ser abordado com renovado senso de urgência no contexto do desenvolvimento sustentável
e da erradicação da pobreza e, conforme adequado, integrado em políticas, planos,
programas e orçamentos de todos os níveis e considerado dentro dos quadros relevantes.
3
A gestão eficaz dos riscos de desastres contribui para o desenvolvimento sustentável. Os
países têm reforçado suas capacidades de gestão do risco de desastres. Mecanismos
internacionais de consultoria estratégica, coordenação e construção de parcerias para a
redução do risco de desastres, como a Plataforma Global para a Redução do Risco de
Desastres e as plataformas regionais para a redução do risco de desastres, bem como outros
fóruns internacionais e regionais pertinentes para a cooperação, são fundamentais para o
desenvolvimento de políticas e estratégias e para o avanço do conhecimento e da
aprendizagem mútua. De modo geral, o Marco de Ação de Hyogo tem sido um importante
instrumento para aumentar a conscientização pública e institucional, gerando compromisso
político, concentrando e catalisando as ações de uma série de partes interessadas em todos
os níveis.
4. Durante o mesmo período de 10 anos, no entanto, os desastres continuaram a
produzir grandes custos e, como resultado, o bem-estar e segurança de pessoas,
comunidades e países como um todo foi afetado. Mais de 700 mil pessoas perderam a vida,
mais de 1,4 milhão de pessoas ficaram feridas e cerca de 23 milhões ficaram desabrigadas
em consequência de desastres. No total, mais de 1,5 bilhões de pessoas foram afetadas por
desastres de várias maneiras. Mulheres, crianças e pessoas em situação de vulnerabilidade
foram afetadas desproporcionalmente. A perda econômica total foi de mais de US$ 1,3
trilhões. Além disso, entre 2008 e 2012, 144 milhões de pessoas foram deslocadas por
catástrofes. Desastres, muitos dos quais são agravados pelas mudanças climáticas e que
estão se tornando mais frequentes e intensos, significativamente impedem o progresso para
o desenvolvimento sustentável. Evidências indicam que a exposição de pessoas e ativos
em todos os países cresce mais rapidamente do que a redução da vulnerabilidade4, gerando
novos riscos e um aumento constante em perdas por desastres, com significativo impacto
sobre a economia, a sociedade, a saúde, a cultura e o meio ambiente, a curto, médio e
longo prazo, especialmente nos níveis local e comunitário. Pequenos desastres recorrentes
e desastres de início lento afetam particularmente comunidades, famílias e pequenas e
médias empresas, constituindo um percentual elevado das perdas totais. Todos os países –
especialmente os países em desenvolvimento onde a mortalidade e as perdas econômicas
são desproporcionalmente maiores – enfrentam o aumento dos níveis de possíveis custos e
desafios ocultos para cumprir suas obrigações financeiras e de outros tipos.
5. É urgente e fundamental prever, planejar e reduzir o risco de desastres, a fim de
proteger de forma mais eficaz pessoas, comunidades e países, seus meios de vida, saúde,
patrimônio cultural, patrimônio socioeconômico e ecossistemas, fortalecendo, assim, sua
resiliência.
6. É necessário redobrar o trabalho para reduzir a exposição e a vulnerabilidade,
evitando a criação de novos riscos de desastres, bem como criar um sistema de
responsabilização pela criação de riscos de desastres em todos os níveis. Ações mais
dedicadas precisam ser centradas no combate a fatores subjacentes de risco de desastres,
como, por exemplo, as consequências da pobreza e da desigualdade, mudanças e
variabilidade climática, urbanização rápida e não planejada, má gestão do solo e fatores
como a mudança demográfica, arranjos institucionais fracos, políticas não informadas
sobre riscos, falta de regulamentação e incentivos para o investimento privado na redução
do risco de desastres, cadeias de suprimentos complexas, limitada disponibilidade de
tecnologia, usos insustentáveis de recursos naturais, ecossistemas em declínio, pandemias
e epidemias. Além disso, é necessário seguir
4
fortalecendo a boa governança na redução do risco de desastres nos níveis nacional,
regional e global e melhorar a preparação e coordenação nacional para resposta a
desastres, reabilitação e reconstrução, bem como usar a recuperação e a reconstrução pós-
desastres para "Reconstruir Melhor", com apoio de modalidades reforçadas de cooperação
internacional.
7. Deve haver uma abordagem mais ampla e centrada nas pessoas para prevenir os
riscos de desastres. As práticas de redução do risco de desastres precisam ser
multissetoriais e orientadas para uma variedade de perigos, devendo ser inclusivas e
acessíveis para que possam se tornar eficientes e eficazes. Reconhecendo seu papel de
liderança, regulamentação e coordenação, os governos devem envolver as partes
interessadas, inclusive mulheres, crianças e jovens, pessoas com deficiência, pessoas
pobres, migrantes, povos indígenas, voluntários, profissionais da saúde e idosos na
concepção e implementação de políticas, planos e normas. É necessário que os setores
público e privado e organizações da sociedade civil, bem como academia e instituições
científicas e de pesquisa, trabalhem em conjunto e criem oportunidades de colaboração, e
que as empresas integrem o risco de desastres em suas práticas de gestão.
8. A cooperação internacional, regional, sub-regional e transfronteiriça permanece
fundamental no apoio aos esforços dos Estados, de suas autoridades nacionais e locais,
bem como de comunidades e empresas para reduzir o risco de desastres. Pode ser
necessário reforçar os mecanismos existentes, a fim de prestar apoio eficaz e alcançar uma
melhor implementação. Os países em desenvolvimento, especialmente os países menos
desenvolvidos, os pequenos Estados insulares, os países em desenvolvimento sem litoral e
os países africanos, bem como países de renda média que passam por desafios específicos,
precisam de atenção especial e de apoio para aumentar os recursos internos e capacidades
através de canais bilaterais e multilaterais para assegurem meios adequados, sustentáveis e
oportunos para a implementação em capacitação, apoio financeiro e técnico e transferência
de tecnologia, de acordo com os compromissos internacionais.
9. De modo geral, o Marco de Ação de Hyogo forneceu orientações cruciais para os
esforços destinados a reduzir o risco de desastres e contribuiu para o progresso no sentido
de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Sua aplicação evidenciou, no
entanto, uma série de lacunas na abordagem dos fatores subjacentes de risco de desastres,
na formulação de metas e prioridades de ação,5 na necessidade de promover a resiliência a
desastres em todos os níveis e de garantir meios adequados de execução. As lacunas
indicam a necessidade de desenvolver um marco voltado para a ação que os Governos e as
partes interessadas possam implementar de forma apoiada e complementar, ajudando a
identificar os riscos de desastres que precisam ser gerenciados e a orientar os
investimentos para melhorar a resiliência.
10. Dez anos depois do Marco de Ação de Hyogo, os desastres continuam a se contrapor
aos esforços para alcançar o desenvolvimento sustentável.
11. As negociações intergovernamentais sobre a agenda de desenvolvimento pós-2015,
financiamento para o desenvolvimento, mudanças climáticas e redução do risco de
desastres fornecem
5 As prioridades Marco de Ação de Hyogo 2005-2015 são: (1) garantir que a redução do risco
de desastres seja uma prioridade nacional e local com forte base institucional para a aplicação;
(2) identificar, avaliar e monitorar os riscos de desastres e melhorar os sistemas de alerta
precoce; (3) utilizar conhecimento, inovação e educação para criar uma cultura de segurança
e resiliência em todos os níveis; (4) reduzir os fatores de risco subjacentes; e (5) fortalecer a
preparação para desastres para permitir uma resposta eficaz em todos os níveis.
5
à comunidade internacional uma oportunidade única para aumentar a coerência entre
políticas, instituições, metas, indicadores e sistemas de medição para a implementação,
respeitando seus respectivos mandatos. A garantia de ligações confiáveis entre esses
processos de acordo com cada caso irá contribuir para o aumento da resiliência e para
alcançar a meta global de erradicação da pobreza.
12. Vale lembrar que o resultado da Conferência das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento Sustentável de 2012, "O Futuro que Queremos" foi um apelo para que os
temas da redução do risco de desastres e o aumento da resiliência a desastres fossem
abordados com renovado senso de urgência no contexto do desenvolvimento sustentável e
da erradicação da pobreza e para que fossem integrados, conforme adequado, em todos os
níveis. A Conferência também reafirma todos os princípios da Declaração do Rio sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento.
13. Tratar das mudanças climáticas como um dos fatores que geram risco de desastres e
seguir, ao mesmo tempo, o mandato da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas6, representa uma oportunidade para reduzir o risco de desastres de
forma significativa e coerente em todos om processos intergovernamentais inter-
relacionados.
14. Neste contexto, e de forma a reduzir o risco de desastres, é necessário enfrentar os
atuais desafios e se preparar para os futuros, com foco em: monitoramento, avaliação e
compreensão do risco de desastres e compartilhar essas informações e como elas são
geradas; fortalecimento da governança do risco de desastres e coordenação entre as
instituições e os setores relevantes, bem como a participação plena e significativa das
partes interessadas nos níveis adequados; investimento na resiliência econômica, social, de
saúde, cultural e educacional de pessoas, comunidades e países e no meio ambiente,
inclusive por meio de tecnologia e pesquisa; melhoria em sistemas de alerta precoce para
vários perigos, preparação, resposta, recuperação, reabilitação e reconstrução. Para
complementar as ações e capacidades nacionais, é necessário intensificar a cooperação
internacional entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento e entre Estados e
organizações internacionais.
15. O presente marco se aplica aos riscos de pequena e grande escala, frequentes e
infrequentes, súbitos e lentos, de causa natural ou humana, bem como aos riscos e perigos
ambientais, tecnológicos e biológicos. Ele tem como objetivo orientar a gestão do risco de
desastres para vários perigos no desenvolvimento em todos os níveis, nos âmbitos intra- e
interssetorial.
6 As questões da mudança climática mencionadas no presente quadro permanecem dentro do mandato da Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima no âmbito das competências das Partes da Convenção.
6
Redução substancial nos riscos de desastres e nas perdas de vidas, meios de
subsistência e saúde, bem como de ativos econômicos, físicos, sociais, culturais e
ambientais de pessoas, empresas, comunidades e países
8
(g) A redução do risco de desastres requer uma abordagem para vários perigos e
tomada de decisões inclusiva e informada sobre os riscos, com base no livre intercâmbio e
na divulgação de dados desagregados, inclusive por sexo, idade e deficiência, bem como
em informações sobre riscos de fácil acesso, atualizadas, de fácil compreensão, com base
científica e não confidenciais, complementadas por conhecimentos tradicionais;
(h) O desenvolvimento, o fortalecimento e a implementação de políticas, planos,
práticas e mecanismos precisam visar a coerência, conforme necessário, entre as agendas
de desenvolvimento sustentável e crescimento, segurança alimentar, saúde e segurança,
mudanças e variabilidade climática, gestão ambiental e redução de risco de desastres. A
redução do risco de desastres é essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável;
(i) Embora os fatores de risco de desastres possam ser locais, nacionais, regionais
ou globais, os riscos de desastres têm características locais e específicas que devem ser
compreendidas para determinar as medidas de redução do risco de desastres;
(j) Abordar os fatores subjacentes de risco de desastres através de investimentos
públicos e privados informados sobre riscos é mais custo-eficiente do que concentrar-se
principalmente em resposta pós-desastres e recuperação, contribuindo, também, para o
desenvolvimento sustentável;
(k) Na fase de reconstrução, recuperação e reabilitação pós-desastres é
fundamental evitar a criação e reduzir os riscos de desastres por meio de uma estratégia de
"Reconstruir Melhor", com aumento da educação e sensibilização da sociedade sobre o
risco de desastres;
(l) Uma parceria global efetiva e significativa e a intensificação da cooperação
internacional, incluindo o cumprimento dos respectivos compromissos oficiais de auxílio
ao desenvolvimento por parte dos países desenvolvidos, são elementos essenciais para uma
gestão eficaz do risco de desastres;
(m) Os países em desenvolvimento, especialmente os países menos desenvolvidos,
os pequenos Estados insulares, os países em desenvolvimento sem litoral e os países
africanos, bem como os países de renda média e outros países que enfrentam desafios
específicos de risco de desastres, precisam receber de países desenvolvidos e parceiros
apoio adequado, sustentável e tempestivo, por meio de financiamento, transferência de
tecnologia e capacitação, entre outros, considerando suas necessidades e prioridades.
10
(h) Promover e melhorar o diálogo e a cooperação entre comunidades científicas e
tecnológicas, outras partes interessadas e elaboradores de políticas relevantes, a fim de
facilitar uma interface ciência-política para a tomada de decisões eficientes na gestão do
risco de desastres;
(i) Garantir a utilização de conhecimentos e práticas tradicionais, indígenas e
locais, conforme o caso, para complementar o conhecimento científico na avaliação do
risco de desastres e para o desenvolvimento e a implementação de políticas, estratégias,
planos e programas de setores específicos, com uma abordagem transetorial, que deve ser
adaptada às localidades e ao contexto;
(j) Reforçar a capacidade técnica e científica de aproveitar e consolidar os
conhecimentos existentes, bem como desenvolver e aplicar metodologias e modelos para
avaliar riscos de desastres, vulnerabilidades e exposição a todos os perigos;
(k) Promover investimentos em inovação e no desenvolvimento de tecnologia em
pesquisas de longo prazo, sobre uma variedade de riscos e orientadas para soluções em
gestão do risco de desastres a fim de tratar de lacunas, obstáculos, interdependências e
desafios sociais, econômicos, educacionais e ambientais e dos riscos de desastres;
(l) Promover a incorporação de conhecimento sobre o risco de desastres –
incluindo prevenção, mitigação, preparação, resposta, recuperação e reabilitação – na
educação formal e não-formal, bem como na educação cívica de todos os níveis e no
ensino e treinamento profissionalizante;
(m) Promover estratégias nacionais para reforçar a educação e a conscientização
pública sobre a redução do risco de desastres, incluindo informações e conhecimentos
sobre o risco de desastres, por meio de campanhas, mídias sociais e mobilização
comunitária, tendo em conta os públicos específicos e as suas necessidades;
(n) Aplicar informações sobre riscos em todas as suas dimensões de
vulnerabilidade, capacidade e exposição de pessoas, comunidades, países e ativos, bem
como as características dos perigos, para desenvolver e implementar políticas de redução
do risco de desastres;
(o) Intensificar a colaboração entre pessoas em nível local para divulgar
informações sobre o risco de desastres através do envolvimento de organizações
comunitárias e de organizações não-governamentais.
15
seguras para o assentamento humano, preservando, simultaneamente, as funções
ecossistêmicas que ajudam a reduzir os riscos;
(h) Promover a revisão de códigos existentes ou o desenvolvimento de novos
códigos de construção, normas e práticas de reabilitação e de reconstrução, em nível
nacional ou local, conforme o caso, com o objetivo de torná-los mais aplicáveis no
contexto local, especialmente em assentamentos humanos informais e marginais, bem
como reforçar a capacidade de implementar, examinar e fazer cumprir esses códigos, por
meio de uma abordagem adequada, com vista a promover estruturas resistentes a desastres;
(i) Aumentar a resiliência dos sistemas nacionais de saúde, inclusive através da
integração da gestão do risco de desastres no atendimento de saúde primário, secundário e
terciário, especialmente em nível local; capacitar os profissionais da saúde para
compreender o risco de desastres e aplicar e implementar abordagens de redução do risco
de desastres no trabalho em saúde; e promover e reforçar as capacidades de formação no
domínio da medicina de desastres; e apoiar e treinar grupos comunitários de saúde sobre
abordagens à redução do risco de desastres em programas de saúde, em colaboração com
outros setores, bem como sobre a implementação do Regulamento Sanitário Internacional
(2005) da Organização Mundial de Saúde;
(j) Melhorar o projeto e a implementação de políticas de inclusão e mecanismos
de proteção social, inclusive por meio do envolvimento da comunidade, integrados com
programas de melhoria dos meios de subsistência e acesso a serviços básicos de saúde,
inclusive saúde materna, neonatal e infantil, saúde sexual e reprodutiva, segurança
alimentar e nutrição, habitação e educação, para a erradicação da pobreza, com o objetivo
de encontrar soluções duradouras na fase pós-desastres e de capacitar e ajudar as pessoas
desproporcionalmente afetadas por desastres;
(k) As pessoas com risco de vida e doenças crônicas, devido às suas necessidades
específicas, devem ser incluídas na elaboração de políticas e planos para gerenciar seus
riscos antes, durante e depois de desastres, incluindo acesso a serviços de salvamento de
vidas;
(l) Incentivar a adoção de políticas e programas relacionados à mobilidade
humana induzida por desastres, a fim de aumentar a resiliência das pessoas afetadas e das
comunidades que as recebem, de acordo com as leis e circunstâncias nacionais;
(m) Promover, conforme adequado, a integração de considerações e medidas de
redução do risco de desastres em instrumentos financeiros e fiscais;
(n) Fortalecer o uso e a gestão sustentável dos ecossistemas e implementar
abordagens integradas de gestão ambiental e de recursos naturais que incluam a redução
do risco de desastres;
(o) Aumentar a resiliência de empresas e a proteção a meios de subsistência e bens
produtivos ao longo das cadeias de abastecimento. Assegurar a continuidade dos serviços e
integrar a gestão do risco de desastres em modelos e práticas de negócios;
(p) Reforçar a proteção de meios de subsistência e bens produtivos, incluindo
gado, animais de trabalho, ferramentas e sementes;
(q) Promover e integrar abordagens de gestão do risco de desastres em toda a
indústria do turismo, considerando que muitas vezes há grande dependência do turismo
como atividade econômica fundamental.
16
Contexto global e regional
31. Para conseguir isso, é importante:
(a) Promover a coerência entre sistemas, setores e organizações relacionadas com
o desenvolvimento sustentável e com a redução do risco de desastres em seus planos,
políticas, programas e processos;
(b) Promover o desenvolvimento e o reforço dos mecanismos e instrumentos de
transferência e compartilhamento do risco de desastres, em estreita cooperação com
parceiros da comunidade internacional, empresas, instituições financeiras internacionais e
outras partes interessadas;
(c) Promover a cooperação entre entidades e redes acadêmicas, científicas e de
pesquisa e o setor privado a fim de desenvolver novos produtos e serviços para ajudar a
reduzir o risco de desastres, particularmente aqueles que poderiam ajudar os países em
desenvolvimento em seus desafios específicos;
(d) Incentivar a coordenação entre instituições financeiras globais e regionais com
o objetivo de avaliar e prever os possíveis impactos econômicos e sociais de desastres;
(e) Intensificar a cooperação entre autoridades de saúde e outras partes
interessadas relevantes para aumentar a capacidade de países para a gestão do risco de
desastres para a saúde, implementar o Regulamento Sanitário Internacional (2005) e
construir sistemas de saúde resilientes;
(f) Fortalecer e promover a colaboração e capacitação para a proteção de bens
produtivos, incluindo gado, animais de trabalho, ferramentas e sementes;
(g) Promover e apoiar o desenvolvimento de redes de segurança social como
medidas de redução do risco de desastres ligadas e integradas com programas de reforço
dos meios de subsistência, a fim de garantir a resiliência a impactos nos níveis familiar e
comunitário;
(h) Fortalecer e ampliar os esforços internacionais para erradicação da fome e da
pobreza, através da redução do risco de desastres;
(i) Promover e apoiar a colaboração entre as partes interessadas públicas e
privadas relevantes para aumentar a resiliência de empresas aos desastres.
Prioridade 4. Aumentar a preparação para desastres para uma resposta eficaz e para
"Reconstruir Melhor"em recuperação, reabilitação e reconstrução
32. O crescimento constante do risco de desastres, incluindo o aumento da exposição de
pessoas e ativos, combinado com as lições aprendidas com desastres do passado, indica a
necessidade de reforçar ainda mais a preparação para resposta a desastres, tomar medidas
com base na previsão de eventos, integrar a redução do risco de desastres na preparação
para resposta e assegurar que exista capacidade para resposta e recuperação eficazes em
todos os níveis. É fundamental promover o empoderamento das mulheres e das pessoas
com deficiência para liderar publicamente e promover abordagens de resposta,
recuperação, reabilitação e reconstrução com igualdade de gênero e acesso universal. Os
desastres demonstram que a fase de recuperação, reabilitação e reconstrução, que deve ser
preparado antes que ocorra um desastre, é uma oportunidade fundamental para reconstruir
melhor, inclusive pela integração da redução do risco de desastres
17
em medidas de desenvolvimento, construindo nações e comunidades resilientes aos
desastres.
18
reabilitação e desenvolvimento. Aproveitar oportunidades durante a fase de recuperação
para desenvolver capacidades que reduzam o risco de desastres a curto, médio e longo
prazo, inclusive por meio do desenvolvimento de medidas como planejamento do uso da
terra, melhoria nos padrões estruturais e compartilhamento de competências,
conhecimentos, avaliações e lições aprendidas pós-desastres. Integrar a reconstrução pós-
desastre ao desenvolvimento econômico e social sustentável das áreas afetadas. Isso
também deve ser aplicável aos assentamentos temporários para pessoas deslocadas por
desastres;
(k) Desenvolver orientações de preparação para a reconstrução após desastres, por
exemplo, sobre planejamento do uso do solo e melhoria dos padrões estruturais,
aproveitando também lições aprendidas de programas de recuperação e reconstrução ao
longo da década, desde a adoção do Marco de Ação de Hyogo, e trocando experiências,
conhecimentos e lições aprendidas;
(l) Sempre que possível, considerar a deslocalização de instalações e
infraestruturas públicas para áreas fora da faixa de risco, sempre que possível, no processo
de reconstrução pós-desastres, consultando as pessoas envolvidas, conforme apropriado;
(m) Reforçar a capacidade das autoridades locais para evacuar as pessoas que
vivem em áreas propensas a desastres;
(n) Estabelecer um mecanismo de registro de casos e um banco de dados de
mortalidade causada por desastres a fim de melhorar a prevenção de morbidade e
mortalidade;
(o) Melhorar esquemas de recuperação para fornecer apoio psicossocial e serviços
de saúde mental para todas as pessoas necessitadas;
(p) Avaliar e fortalecer, conforme adequado, as leis e os procedimentos nacionais
em matéria de cooperação internacional, com base nas orientações para a facilitação
doméstica e nas regulamentações internacionais de socorro e assistência inicial para a
recuperação.
20
(iv) As pessoas mais velhas têm anos de conhecimentos, habilidades e sabedoria,
que são ativos valiosos para reduzir o risco de desastres, e devem ser incluídas na
elaboração de políticas, planos e mecanismos, inclusive para aviso precoce;
(v) Os povos indígenas, por meio de sua experiência e conhecimento tradicional,
fornecem uma importante contribuição para o desenvolvimento e a implementação
de planos e mecanismos, inclusive para aviso precoce;
(vi) Os migrantes contribuem para a resiliência das comunidades e sociedades e
seus conhecimentos, habilidades e capacidades podem ser úteis na concepção e
implementação da redução do risco de desastres.
(b) Academia, entidades e redes científicas e de pesquisa devem: concentrar-se
nos fatores e cenários de risco de desastres, incluindo novos riscos de desastres, a médio e
longo prazo; intensificar a pesquisa para aplicação regional, nacional e local; apoiar a ação
de comunidades e autoridades locais; e apoiar a interface entre política e ciência para a
tomada de decisões;
(c) Empresas, associações profissionais e instituições financeiras do setor privado,
incluindo órgão reguladores de finanças e contabilidade, bem como fundações
filantrópicas, devem: integrar a gestão do risco de desastres, incluindo a continuidade dos
negócios, em modelos e práticas de negócios por meio de investimentos informados sobre
o risco de desastres, especialmente em micro, pequenas e médias empresas; envolver-se
em atividades de conscientização e treinamento para seus funcionários e clientes;
participar e apoiar pesquisa e inovação, bem como o desenvolvimento tecnológico para a
gestão do risco de desastres; compartilhar e divulgar conhecimentos, práticas e dados não
confidenciais; e participar ativamente, conforme adequado e sob orientação do setor
público, no desenvolvimento de estruturas normativas e normas técnicas que incorporem a
gestão do risco de desastres;
(d) Os meios de comunicação devem: assumir um papel ativo e inclusivo nos
níveis local, nacional, regional e global, contribuindo para a sensibilização e para o
entendimento do público, e divulgar informações precisas e não confidenciais sobre risco
de desastres, perigos e desastres, incluindo desastres de pequena escala, de modo fácil de
entender, simples, transparente e acessível, em estreita cooperação com as autoridades
nacionais; adotar políticas de comunicação específicas para a redução do risco de
desastres; apoiar, conforme apropriado, sistemas de alerta precoce e medidas de proteção
para salvar vidas; e estimular uma cultura de prevenção e forte envolvimento da
comunidade em campanhas de educação pública e consultas públicas em todos os níveis da
sociedade, em conformidade com as práticas nacionais.
37. Com referência à resolução 68/211 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 20
de dezembro de 2013, os compromissos das partes interessadas são importantes para
identificar formas de cooperação e para implementar este marco. Esses compromissos
precisam ser específicos e ter prazos definidos a fim de apoiar o desenvolvimento de
parcerias em nível local, nacional, regional e global e a implementação de planos e
estratégias locais e nacionais para redução do risco de desastres. Todas as partes
interessadas são encorajadas a divulgar seus compromissos e seu cumprimento em apoio à
implementação do marco ou dos planos nacionais e locais de gestão do risco de desastres
através do site do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres
(UNISDR).
21
VI. Cooperação internacional e parceria global
Considerações gerais
38. Dadas as suas diferentes capacidades e a ligação entre o nível de apoio que recebem
e na medida em que serão capazes de implementar o presente marco, os países em
desenvolvimento demandam melhores disposições de meios de implementação, incluindo
recursos tempestivos, sustentáveis e adequados, através da cooperação internacional e da
parceria global para o desenvolvimento, e apoio internacional contínuo para reforçar seus
esforços de redução do risco de desastres.
39. A cooperação internacional para a redução do risco de desastres inclui uma
variedade de fontes e é um elemento crucial para apoiar os esforços dos países em
desenvolvimento para reduzir o risco de desastres.
40. Tratando da disparidade econômica e da disparidade de inovação tecnológica e
capacidade de pesquisa entre os países, é fundamental melhorar a transferência de
tecnologia, o que envolve um processo para possibilitar e facilitar os fluxos de habilidades,
conhecimentos, ideias, know-how e tecnologia dos países desenvolvidos para os países em
desenvolvimento na implementação do atual marco.
41. Os países em desenvolvimento propensos a desastres, em particular os países menos
desenvolvidos, os pequenos Estados insulares, os países em desenvolvimento sem litoral e
os países africanos, bem como os países de renda média que enfrentam desafios
específicos, merecem especial atenção em função de seus níveis mais elevados de
vulnerabilidade e de risco, que muitas vezes excedem em muito a sua capacidade de
responder e se recuperar de desastres. Essa vulnerabilidade requer o reforço urgente da
cooperação internacional e assegurar parcerias genuínas e duráveis nos níveis regional e
internacional, a fim de apoiar os países em desenvolvimento na implementação deste
marco, de acordo com as suas prioridades e necessidades nacionais. Similar atenção e
assistência adequada também devem ser prestadas a outros países suscetíveis a desastres
com características específicas, como os países arquipelágicos e países com litorais
extensos.
42. Os desastres podem afetar desproporcionalmente pequenos Estados insulares em
desenvolvimento, devido às suas vulnerabilidades únicas e particulares. Os efeitos dos
desastres, alguns dos quais aumentaram em intensidade e foram exacerbados pelas
mudanças climáticas, impedem seu progresso em direção ao desenvolvimento sustentável.
Dado o caso especial dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento, há uma
necessidade urgente de aumentar a resiliência e de prestar apoio especial pela
implementação dos resultados da Trajetória das Modalidades Aceleradas de Ação para
PEID (Samoa)9 na área de redução do risco de desastres.
43. Os países africanos continuam a enfrentar desafios relacionados a desastres e riscos
crescentes, incluindo aqueles relacionados com o aumento da resiliência de infraestrutura,
saúde e meios de subsistência. Estes desafios exigem uma maior cooperação internacional
e apoio adequado aos países africanos, a fim de permitir a implementação do presente
marco.
22
44. A cooperação Norte-Sul, complementada por cooperação Sul-Sul e triangular, tem-
se provado fundamental para reduzir o risco de desastres e, portanto, é necessário
fortalecer ainda mais a cooperação em ambas as áreas. Parcerias também têm papel
importante por permitirem aproveitar todo o potencial dos países e apoiar as suas
capacidades nacionais na gestão do risco de desastres e na melhoria do bem-estar
socioeconômico e da saúde de pessoas, comunidades e países.
45. Os esforços de países em desenvolvimento que oferecem cooperação Sul-Sul e
triangular não devem reduzir a cooperação Norte-Sul dos países desenvolvidos, pois eles
complementam a cooperação Norte-Sul.
46. O financiamento de diversas fontes internacionais; a transferência de tecnologias
públicas e privadas ambientalmente seguras, confiáveis, acessíveis, adequadas e modernas,
sob condições de concessão e preferência, por mútuo acordo; assistência aos países em
desenvolvimento por meio de capacitações; e ambientes institucionais e políticos propícios
em todos os níveis são meios altamente importantes para reduzir o risco de desastres.
Meios de implementação
47. Para conseguir isto, é necessário:
(a) Reafirmar que os países em desenvolvimento precisam de maior auxílio
internacional coordenado, sustentado, e adequado para a redução do risco de desastres, em
particular para os países menos desenvolvidos, os pequenos Estados insulares em
desenvolvimento, países em desenvolvimento sem litoral e países africanos, bem como os
países de renda média que enfrentam desafios específicos, por meio de canais bilaterais e
multilaterais, inclusive por um maior apoio técnico e financeiro e pela transferência de
tecnologia em condições de concessão e preferência, de acordo com termos mutuamente
acordados, para o desenvolvimento e o fortalecimento de suas capacidades;
(b) Melhorar o acesso dos estados, em especial dos países em desenvolvimento, a
financiamento, tecnologia ambientalmente segura, ciência e inovação inclusiva, bem como
ao conhecimento e ao compartilhamento de informações através dos mecanismos
existentes, especialmente acordos de colaboração bilaterais, regionais e multilaterais,
incluindo a Organização das Nações Unidas e outros organismos pertinentes;
(c) Promover o uso e a ampliação de plataformas temáticas de cooperação, tais
como agrupamentos globais de tecnologias e sistemas globais para o compartilhamento de
know-how, inovação e pesquisa e para garantir o acesso a tecnologia e informação sobre a
redução do risco de desastres.
(d) Incorporar medidas de redução do risco de desastres em programas
multilaterais e bilaterais de assistência ao desenvolvimento, nos âmbitos intra- e
interssetorial, conforme apropriado, relacionados com redução da pobreza,
desenvolvimento sustentável, gestão de recursos naturais, meio ambiente, desenvolvimento
urbano e adaptação às mudanças climáticas;
23
(b) As entidades do sistema das Nações Unidas, incluindo fundos, programas e
agências especializadas, através do Plano de Ação da ONU para a Redução do Risco de
Desastres para a Resiliência, dos Marcos de Assistência das Nações Unidas para o
Desenvolvimento e de programas nacionais, deverão promover o melhor uso de recursos e
apoiar países em desenvolvimento, quando solicitado, na implementação do presente
marco, em coordenação com outras estruturas relevantes, tais como o Regulamento
Sanitário Internacional (2005), inclusive através do desenvolvimento e do fortalecimento
de capacidades e de programas claros e focados para apoiar as prioridades dos Estados de
forma equilibrada, coordenada e sustentável, no âmbito dos respectivos mandatos;
(c) O Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres
(UNISDR), em particular, deverá apoiar a implementação, o acompanhamento e a
avaliação deste marco por meio de: elaboração de avaliações periódicas sobre o progresso,
especialmente para a Plataforma Global, e, conforme apropriado, de forma atempada com
o processo de acompanhamento na Organização das Nações Unidas, apoio ao
desenvolvimento de acompanhamento global e regional coerente e indicadores coerentes e
coordenados, conforme apropriado, com outros mecanismos relevantes para o
desenvolvimento sustentável e as mudanças climáticas e atualização do Monitoramento do
Marco de Ação de Hyogo existente na web em conformidade com eles; participação ativa
no trabalho do Grupo Inter-Agências e de Peritos em Indicadores do Desenvolvimento
Sustentável; produção de orientações práticas e baseadas em evidências para a
implementação, em estreita colaboração com os Estados, e através da mobilização de
peritos; fortalecimento de uma cultura de prevenção entre as partes interessadas, por meio
do apoio ao desenvolvimento de normas por especialistas e organizações técnicas,
iniciativas de ativismo e divulgação de informações, políticas e práticas sobre o risco de
desastres, bem como a oferta de educação e treinamento sobre a redução do risco de
desastres por meio de organizações filiadas; apoio aos países, inclusive através das
plataformas nacionais ou de equivalentes, para o desenvolvimento de planos nacionais e
acompanhamento das tendências e padrões de riscos, perdas e impactos de desastres;
convocação da Plataforma Global para a Redução do Risco de Desastres e apoio à
organização de plataformas regionais para a redução do risco de desastres, em cooperação
com as organizações regionais; direção da revisão do Plano de Ação da ONU sobre a
Redução do Risco de Desastres para a Resiliência; auxílio para o fortalecimento e apoio
continuado ao Grupo Consultivo Científico e Técnico da Conferência Internacional sobre o
Risco de Desastres na mobilização da ciência e de trabalhos técnicos sobre a redução do
risco de desastres; direção, em estreita coordenação com os Estados, da atualização da
Terminologia de 2009 sobre Redução de Risco de Desastres, em conformidade com a
terminologia acordada pelos Estados; e registro dos compromissos das partes interessadas;
(d) As instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial e os bancos
regionais de desenvolvimento, deverão considerar as prioridades marco quadro para a
prestação de apoio financeiro e empréstimos para a redução integrada do risco de desastres
nos países em desenvolvimento;
(e) Outras organizações internacionais e órgãos de tratados, incluindo a
Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima, instituições financeiras internacionais, em nível global e regional, e a Cruz
Vermelha Internacional e o Movimento do Crescente Vermelho deverão apoiar os países
em desenvolvimento, quando solicitado, na implementação deste marco, em coordenação
com outras estruturas relevantes;
24
(f) O Pacto Global das Nações Unidas, como a principal iniciativa das Nações
Unidas para o envolvimento com o setor privado e empresas, deverá envolver-se ainda
mais e promover a importância crucial da redução do risco de desastres para o
desenvolvimento sustentável e a resiliência;
(g). A capacidade total do sistema das Nações Unidas para ajudar os países em
desenvolvimento na redução do risco de desastres deverá ser reforçada por meio de
recursos adequados provenientes de vários mecanismos de financiamento, incluindo
contribuições maiores, tempestivas, estáveis e previsíveis para o Fundo Fiduciário das
Nações Unidas para a Redução de Desastres e pela ampliação do papel do Fundo em
relação à implementação do presente marco.
(h) A União Interparlamentar, bem como outros organismos e mecanismos
regionais pertinentes para parlamentares, deverá, conforme apropriado, continuar apoiando
e defendendo a redução do risco de desastres e o reforço dos marcos jurídicos nacionais;
(i) A organização Cidades Unidas e Governos Locais e outros órgãos competentes
dos governos locais deverão continuar a apoiar a cooperação e aprendizagem mútua entre
os governos locais para a redução do risco de desastres e para a execução do presente
marco.
Ações de acompanhamento
49. A Conferência convida a Assembleia Geral, em sua septuagésima sessão, a
considerar a possibilidade de incluir a avaliação do progresso global na implementação
deste marco para a redução do risco de desastres como parte de seus processos de
acompanhamento integrado e coordenado para conferências e cúpulas das Nações Unidas,
alinhados com o Conselho Econômico e Social, o Fórum Político de Alto Nível para o
Desenvolvimento Sustentável e os ciclos quadrienais de revisão política abrangente,
conforme adequado, tendo em conta as contribuições da Plataforma Global para a Redução
do Risco de Desastres e das plataformas regionais para a redução do risco de desastres e do
Monitoramento do Marco de Ação de Hyogo.
50. A Conferência recomenda à Assembleia Geral a criação, em sua sexagésima-nona
sessão, de um grupo de trabalho intergovernamental aberto, composto por especialistas
indicados pelos Estados-Membros, e apoiado pelo Escritório das Nações Unidas para a
Redução do Risco de Desastres (UNISDR), com a participação de partes interessadas, para
o desenvolvimento de um conjunto de possíveis indicadores para medir o progresso global
na aplicação deste marco em conjunto com o trabalho do grupo interagências de peritos em
indicadores de desenvolvimento sustentável. A conferência também recomenda que o
Grupo de Trabalho considere as recomendações do Grupo Consultivo Científico e Técnico
sobre a atualização da Terminologia de 2009 do UNISDR sobre a Redução do Risco de
Desastres, até dezembro de 2016, e que o resultado de seu trabalho seja submetido à
Assembleia Geral para consideração e adoção.
25
Secretaria Nacional de Defesa Civil
SISTEMA DE COMANDO
EM OPERAÇÕES
GUIA DE CAMPO
Comentários
Por favor, apresente suas observações sobre este manual
ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e
Desastres (CENAD) da Secretaria Nacional de Defesa
Civil (SEDEC) no seguinte endereço: Esplanada dos
Ministérios, Bloco “E”, 7º andar, Brasília/DF, CEP:
70067-901, Telefone: (61) 3414-5869, Fax: (61) 3414-5967,
Website: http://www.defesacivil.gov.br
61p.; 18cm
CDD 355.58
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1.1 O que é o SCO?. ................................................................. 5
1.2 Como usar este guia de bolso?. ....................................... 6
CAPÍTULO 2 - PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS
BÁSICAS DO SCO
2.1 Princípios fundamentais do SCO. ..................................6
2.1 Características básicas do SCO. .......................................7
CAPÍTULO 3 – ROTEIRO BÁSICO
3.1 Etapas do SCO. ...................................................................7
3.2 Etapa de Resposta Imediata. ........................................... 8
3.2.1 Instalação do SCO. ...........................................................8
3.2.2 Assunção do comando. ....................................................9
3.2.3 Instalação do posto de comando (PC). ...........................9
3.2.4 Instalação da área de espera/estacionamento. .............9
3.2.5 Coleta de informações....................................................10
3.2.6 Elaboração do plano de ação. .......................................10
3.3 Etapa do Plano de Ação. ..................................................11
3.3.1 O plano de ação inicial. .................................................11
3.3.2 Períodos operacionais e novos planos. .......................12
3.3.3 Hierarquização de objetivos..........................................13
3.3.4 Transferência de comando. ...........................................13
3.3.5 Emprego de formulários padronizados.......................14
3.4 Etapa da Desmobilização da Operação. .......................17
3.4.1 Desmobilização da operação. .......................................17
3.5 Ciclo de planejamento operacional (resumo geral em
sequência). ................................................................................ 17
CAPÍTULO 4 – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
4.1 Estrutura Organizacional Básica do SCO. ...................20
4.2 Comando da Operação. ...................................................20
4.2.1 Função comando. ...........................................................20
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1 O que é o SCO?
Uma das mais importantes boas práticas
incorporadas na Defesa Civil Nacional foi a adoção do
Sistema de Comando em Operações (SCO) como sistema
padrão para responder emergências e situações críticas
e estruturar a forma de organização e gerenciamento de
desastres ou eventos planejados.
O SCO não é algo novo e experimental, pois sua
estruturação é garantida por uma ampla fundamentação
teórica, de longa data e aliada à experiência de inúmeros
eventos em vários diferentes países.
Utilizando-se das melhores práticas de
administração, o SCO ajuda a garantir:
Maior segurança para as equipes de resposta e
demais envolvidos numa situação crítica;
O alcance de objetivos e prioridades previamente
estabelecidas; e
O uso eficiente e eficaz dos recursos (humanos,
materiais, financeiros, tecnológicos e de
informação) disponíveis.
Sua correta utilização permite que pessoas de
diferentes organizações se integrem rapidamente em
uma estrutura de gerenciamento comum, facilitando a
integração das comunicações e os fluxos de informações
e melhorando os trabalhos de inteligência e de
planejamento.
O correto emprego do SCO fornecerá um melhor
Coleta de
informações e
7 8 9 Solicitação ou
PAç inicial dispensa de
recursos
6 10 adicionais
Controle da
Área de operação no PC
espera e
11 e preparação
encarregado 5 para reunião
12
Instalação
do PC 4 Formulário
15 14 13 SCO 201
Execução
do plano Reunião de
planejamento Transferência do
Assunção e reinício comando ou
do comando 3 do ciclo instalação do
comando unificado
Instalação
do SCO 2
CICLO DE
Avaliação e
ações iniciais 1 PLANEJAMENTO
Notificações
OPERACIONAL
Informações ao público
Secretaria
Emprego
35
Encarregado da Suporte
Situação
área de espera
Compras
Seção de Bombeiro Recursos Suprimentos
Custo
Instalações
Seção Policial Documentação
Alimentação
CAPÍTULO 5 – INSTALAÇÕES E ÁREAS
PADRONIZADAS DO SCO
5.1 Instalações padronizadas
O uso de instalações padronizadas é uma
das características básicas do SCO e representa um
instrumento importante para a organização do espaço
físico do cenário de uma emergência ou situação crítica.
As 6 (seis) principais instalações padronizadas
recomendadas pelo SCO são: posto de comando (PC),
base de apoio, acampamento, centro de informações ao
público, helibases e helipontos.
As instalações são determinadas pelo comando
da operação em função das necessidades e complexidade
da situação crítica. Com exceção do posto de comando
(que deve ser instalado em todas as operações), somente
devem ser ativadas aquelas instalações e áreas que se
fizerem realmente necessárias, evitando desperdício de
tempo e recursos.
5.1.3 Acampamento
Os acampamentos, também chamados de
campos, são os locais de apoio dos recursos humanos
da operação, ou seja, o local onde as pessoas conseguem
alojamento, alimentação, atendimento médico, assistência
psicológica, área para banho, etc.
Os acampamentos são instalados somente em
eventos mais prolongados ou naquelas situações em que
a natureza do evento exige o deslocamento de recursos
operacionais a partir de áreas mais distantes.
A simbologia utilizada para indicar um
acampamento é representada por um círculo de cor
amarela com a letra A em cor preta no centro.
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
CAPÍTULO i
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC, dispõe sobre o Sistema Nacional
de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil - CONPDEC, autoriza a
criação de sistema de informações e monitoramento de desastres e dá outras providências.
Parágrafo único. As definições técnicas para aplicação desta Lei serão estabelecidas em ato do Poder Executivo
federal.
Art. 2º É dever da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios adotar as medidas necessárias à
redução dos riscos de desastre. (Regulamento)
§ 1º As medidas previstas no caput poderão ser adotadas com a colaboração de entidades públicas ou privadas e
da sociedade em geral.
§ 2º A incerteza quanto ao risco de desastre não constituirá óbice para a adoção das medidas preventivas e
mitigadoras da situação de risco.
CAPÍTULO Ii
Seção I
Di retrizes e Objetivos
Art. 3º A PNPDEC abrange as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação voltadas à
proteção e defesa civil.
Parágrafo único. A PNPDEC deve integrar-se às políticas de ordenamento territorial, desenvolvimento urbano,
saúde, meio ambiente, mudanças climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência e
tecnologia e às demais políticas setoriais, tendo em vista a promoção do desenvolvimento sustentável.
IV - adoção da bacia hidrográfica como unidade de análise das ações de prevenção de desastres relacionados a
corpos d’água;
V - planejamento com base em pesquisas e estudos sobre áreas de risco e incidência de desastres no território
nacional;
IV - incorporar a redução do risco de desastre e as ações de proteção e defesa civil entre os elementos da gestão
territorial e do planejamento das políticas setoriais;
VII - promover a identificação e avaliação das ameaças, suscetibilidades e vulnerabilidades a desastres, de modo
a evitar ou reduzir sua ocorrência;
VIII - monitorar os eventos meteorológicos, hidrológicos, geológicos, biológicos, nucleares, químicos e outros
potencialmente causadores de desastres;
X - estimular o ordenamento da ocupação do solo urbano e rural, tendo em vista sua conservação e a proteção da
vegetação nativa, dos recursos hídricos e da vida humana;
XV - integrar informações em sistema capaz de subsidiar os órgãos do SINPDEC na previsão e no controle dos
efeitos negativos de eventos adversos sobre a população, os bens e serviços e o meio ambiente.
Seção II
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12608.htm 2 /11
19/02/2021 L12608
Art. 6º Compete à União:
III - promover estudos referentes às causas e possibilidades de ocorrência de desastres de qualquer origem, sua
incidência, extensão e consequência;
IV - apoiar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios no mapeamento das áreas de risco, nos estudos de
identificação de ameaças, suscetibilidades, vulnerabilidades e risco de desastre e nas demais ações de prevenção,
mitigação, preparação, resposta e recuperação;
VI - instituir e manter cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de
grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos;
VII - instituir e manter sistema para declaração e reconhecimento de situação de emergência ou de estado de
calamidade pública;
IX - realizar o monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico das áreas de risco, bem como dos riscos
biológicos, nucleares e químicos, e produzir alertas sobre a possibilidade de ocorrência de desastres, em articulação
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
I - a identificação dos riscos de desastres nas regiões geográficas e grandes bacias hidrográficas do País; e
II - as diretrizes de ação governamental de proteção e defesa civil no âmbito nacional e regional, em especial
quanto à rede de monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico e dos riscos biológicos, nucleares e químicos e à
produção de alertas antecipados das regiões com risco de desastres.
§ 2º Os prazos para elaboração e revisão do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil serão definidos em
regulamento.
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12608.htm 3 /11
19/02/2021 L12608
IV - identificar e mapear as áreas de risco e realizar estudos de identificação de ameaças, suscetibilidades e
vulnerabilidades, em articulação com a União e os Municípios;
V - realizar o monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico das áreas de risco, em articulação com a
União e os Municípios;
VII - declarar, quando for o caso, estado de calamidade pública ou situação de emergência; e
VIII - apoiar, sempre que necessário, os Municípios no levantamento das áreas de risco, na elaboração dos Planos
de Contingência de Proteção e Defesa Civil e na divulgação de protocolos de prevenção e alerta e de ações
emergenciais.
II - as diretrizes de ação governamental de proteção e defesa civil no âmbito estadual, em especial no que se
refere à implantação da rede de monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico das bacias com risco de desastre.
V - promover a fiscalização das áreas de risco de desastre e vedar novas ocupações nessas áreas;
VII - vistoriar edificações e áreas de risco e promover, quando for o caso, a intervenção preventiva e a evacuação
da população das áreas de alto risco ou das edificações vulneráveis;
VIII - organizar e administrar abrigos provisórios para assistência à população em situação de desastre, em
condições adequadas de higiene e segurança;
IX - manter a população informada sobre áreas de risco e ocorrência de eventos extremos, bem como sobre
protocolos de prevenção e alerta e sobre as ações emergenciais em circunstâncias de desastres;
XI - realizar regularmente exercícios simulados, conforme Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil;
XIII - proceder à avaliação de danos e prejuízos das áreas atingidas por desastres;
XIV - manter a União e o Estado informados sobre a ocorrência de desastres e as atividades de proteção civil no
Município;
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19/02/2021 L12608
XV - estimular a participação de entidades privadas, associações de voluntários, clubes de serviços, organizações
não governamentais e associações de classe e comunitárias nas ações do SINPDEC e promover o treinamento de
associações de voluntários para atuação conjunta com as comunidades apoiadas; e
III - estimular a reorganização do setor produtivo e a reestruturação econômica das áreas atingidas por desastres;
IV - estabelecer medidas preventivas de segurança contra desastres em escolas e hospitais situados em áreas de
risco;
CAPÍTULO III
Seção I
Disposições Gerais
Art. 10. O SINPDEC é constituído pelos órgãos e entidades da administração pública federal, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios e pelas entidades públicas e privadas de atuação significativa na área de proteção e
defesa civil.
Parágrafo único. O SINPDEC tem por finalidade contribuir no processo de planejamento, articulação, coordenação
e execução dos programas, projetos e ações de proteção e defesa civil.
II - órgão central, definido em ato do Poder Executivo federal, com a finalidade de coordenar o sistema;
Parágrafo único. Poderão participar do SINPDEC as organizações comunitárias de caráter voluntário ou outras
entidades com atuação significativa nas ações locais de proteção e defesa civil.
Seção II
Art. 12. O CONPDEC, órgão colegiado integrante do Ministério da Integração Nacional, terá por finalidades:
III - expedir procedimentos para implementação, execução e monitoramento da PNPDEC, observado o disposto
nesta Lei e em seu regulamento;
IV - propor procedimentos para atendimento a crianças, adolescentes, gestantes, idosos e pessoas com
deficiência em situação de desastre, observada a legislação aplicável; e
§ 2º O CONPDEC contará com representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e da
sociedade civil organizada, incluindo-se representantes das comunidades atingidas por desastre, e por especialistas de
notório saber.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 13. Fica autorizada a criação de sistema de informações de monitoramento de desastres, em ambiente
informatizado, que atuará por meio de base de dados compartilhada entre os integrantes do SINPDEC visando ao
oferecimento de informações atualizadas para prevenção, mitigação, alerta, resposta e recuperação em situações de
desastre em todo o território nacional.
Art. 14. Os programas habitacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios devem priorizar a
relocação de comunidades atingidas e de moradores de áreas de risco.
Art. 15. A União poderá manter linha de crédito específica, por intermédio de suas agências financeiras oficiais de
fomento, destinada ao capital de giro e ao investimento de sociedades empresariais, empresários individuais e pessoas
físicas ou jurídicas em Municípios atingidos por desastre que tiverem a situação de emergência ou o estado de
calamidade pública reconhecido pelo Poder Executivo federal.
Art. 16. Fica a União autorizada a conceder incentivo ao Município que adotar medidas voltadas ao aumento da
oferta de terra urbanizada para utilização em habitação de interesse social, por meio dos institutos previstos na Lei nº
10.257, de 10 de julho de 2001, na forma do regulamento.
Parágrafo único. O incentivo de que trata o caput compreenderá a transferência de recursos para a aquisição de
terrenos destinados a programas de habitação de interesse social.
Art. 17. Em situações de iminência ou ocorrência de desastre, ficam os órgãos competentes autorizados a
transferir bens apreendidos em operações de combate e repressão a crimes para os órgãos de proteção e defesa civil.
Art. 18. Para fins do disposto nesta Lei, consideram-se agentes de proteção e defesa civil:
I - os agentes políticos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios responsáveis pela direção
superior dos órgãos do SINPDEC;
II - os agentes públicos responsáveis pela coordenação e direção de órgãos ou entidades públicas prestadores
dos serviços de proteção e defesa civil;
III - os agentes públicos detentores de cargo, emprego ou função pública, civis ou militares, com atribuições
relativas à prestação ou execução dos serviços de proteção e defesa civil; e
IV - os agentes voluntários, vinculados a entidades privadas ou prestadores de serviços voluntários que exercem,
em caráter suplementar, serviços relacionados à proteção e defesa civil.
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12608.htm 6 /11
19/02/2021 L12608
Parágrafo único. Os órgãos do SINPDEC adotarão, no âmbito de suas competências, as medidas pertinentes para
assegurar a profissionalização e a qualificação, em caráter permanente, dos agentes públicos referidos no inciso III.
Art. 19. Aplicam-se ao Distrito Federal as competências atribuídas nesta Lei aos Estados e aos Municípios.
Art. 20. A ementa da Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010, passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 21. Os arts. 4º e 5º da Lei nº 12.340, de 1o de dezembro de 2010, passam a vigorar com a seguinte redação:
...........................................................................................................................................................
Art. 22. A Lei nº 12.340, de 1o de dezembro de 2010, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 3º-A, 3º-B e 5º-A:
“ Art. 3º-A. O Governo Federal instituirá cadastro nacional de municípios com áreas
suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou
processos geológicos ou hidrológicos correlatos, conforme regulamento.
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12608.htm 7 /11
19/02/2021 L12608
II - elaborar Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil e instituir órgãos
municipais de defesa civil, de acordo com os procedimentos estabelecidos pelo órgão central
do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC;
§ 3º Aqueles que tiverem suas moradias removidas deverão ser abrigados, quando
necessário, e cadastrados pelo Município para garantia de atendimento habitacional em caráter
definitivo, de acordo com os critérios dos programas públicos de habitação de interesse social.”
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12608.htm 8 /11
19/02/2021 L12608
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no caput , ocorrendo indícios de falsificação
de documentos pelo ente federado, deverão ser notificados o Ministério Público Federal e o
Ministério Público Estadual respectivo, para adoção das providências cabíveis.”
Art. 23. É vedada a concessão de licença ou alvará de construção em áreas de risco indicadas como não
edificáveis no plano diretor ou legislação dele derivada.
Art. 24. O inciso VI do art. 2º da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, passa a vigorar acrescido da seguinte
alínea h :
..........................................................................................................................................................
VI - ....................
.......................................................................................................................
...........................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................”
(NR).
Art. 25. O art. 41 da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso VI:
“Art. 41.
..........................................................................................................................................
.............................................................................................................................................................
..............................................................................................................................................................”
(NR)
Art. 26. A Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 42-A e 42-B:
“ Art. 42-A. Além do conteúdo previsto no art. 42, o plano diretor dos Municípios
incluídos no cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de
deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou
hidrológicos correlatos deverá conter:
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V - diretrizes para a regularização fundiária de assentamentos urbanos irregulares, se
houver, observadas a Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009, e demais normas federais e
estaduais pertinentes, e previsão de áreas para habitação de interesse social por meio da
demarcação de zonas especiais de interesse social e de outros instrumentos de política
urbana, onde o uso habitacional for permitido.
“ Art. 42-B. Os Municípios que pretendam ampliar o seu perímetro urbano após a data
de publicação desta Lei deverão elaborar projeto específico que contenha, no mínimo:
VII - definição de mecanismos para garantir a justa distribuição dos ônus e benefícios
decorrentes do processo de urbanização do território de expansão urbana e a recuperação
para a coletividade da valorização imobiliária resultante da ação do poder público.
§ 1º O projeto específico de que trata o caput deste artigo deverá ser instituído por lei
municipal e atender às diretrizes do plano diretor, quando houver.
Art. 27. O art. 12 da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979 , passa a vigorar com a seguinte redação,
renumerando-se o atual parágrafo único para § 1º :
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12608.htm 10
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“Art. 12.
..................................................................................................................................
Art. 28. O art. 3º da Lei nº 8.239, de 4 de outubro de 1991, que regulamenta os §§ 1º e 2º do art. 143 da
Constituição Federal, que dispõem sobre a prestação de Serviço Alternativo ao Serviço Militar Obrigatório, passa a
vigorar acrescido dos seguintes §§ 4º e 5º :
“Art. 3º
............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................................
Art. 29. O art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, passa a vigorar acrescido do seguinte § 7º :
“Art. 26.
...........................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
Art. 31. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, com exceção do disposto no § 2º do art. 12 da Lei nº
6.766, de 19 de dezembro de 1979, que entrará em vigor após decorridos 2 (dois) anos da data de sua publicação oficial.
MICHEL TEMER
José Eduardo Cardozo
Luiz Antonio Rodríguez Elias
Izabella Mónica Vieira Teixeira
Alexandre Navarro Garcia
Alexandre Cordeiro Macedo
*
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Resolução n. 03, de 25 de agosto de 2016
1. Que a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) estabelecida pela Lei
Nacional n. 12.608/2012 atribui ao Estado a competência para o desenvolvimento
desta no âmbito do seu território, sendo o principal responsável pelo apoio aos
municípios que o integram;
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES INICIAIS E DEFINIÇÕES
III - situação de emergência: situação anormal, provocada por desastres, causando danos e
prejuízos que impliquem o comprometimento parcial da capacidade de resposta do poder
público do ente atingido;
I - cesta de alimentos;
II - transporte e distribuição de água para consumo humano;
III – kit de limpeza;
IV – kit de higiene pessoal;
V – lona;
VI – colchão;
VII – kit dormitório;
VIII – outros que possam estar disponíveis.
Art. 4º - O fornecimento dos recursos mencionados no art. 3º destina-se exclusivamente às
ações de defesa civil, sendo vedada a sua utilização para qualquer outro fim, sob pena de
responsabilidade, nos termos da legislação vigente.
CAPÍTULO II
DAS CONDIÇÕES PARA ATENDIMENTO
I – Estar afetado por desastre, nos termos da legislação de proteção e defesa civil nacional;
V – Prestar contas sobre a distribuição dos recursos, fornecendo dados de identificação das
famílias, entidades ou comunidades atendidas, conforme modelo do Anexo B desta
Resolução;
§1º - Para atendimento ao município com recursos oriundos da União, será obrigatório o
reconhecimento da situação de emergência ou de estado de calamidade pública, segundo
dispõe o art. 3º, §1º da Lei Nacional n. 12.340, de 1º de dezembro de 2010.
III – deferido o pedido, o município solicitante será comunicado para adotar as providências
de retirada ou recebimento dos itens solicitados, neste último caso quando a entrega for
realizada pela própria Cedec/MG;
§1º - Não serão deferidos novos pedidos aos municípios que inobservarem o prazo do inciso
IV do caput deste artigo, salvo casos excepcionais, decididos pelo Coordenador Estadual
Adjunto de Defesa Civil.
§2º - Para atendimento pelo serviço de transporte e distribuição de água para consumo
humano, o município solicitante deverá fazer publicar em seu diário oficial ou equivalente a
relação de agentes comunitários responsáveis pelo recebimento da água em cada
comunidade, num total de 03 (três) pessoas para cada comunidade, devendo a relação
nominal constar quando do preenchimento do “Anexo A”.
CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 8º - Deverão ser observadas também as disposições da Lei Federal 12.608/12; da Lei
Federal n. 12.340/10; do Decreto Federal n. 7.257/10, no que for aplicável.
Art. 9º - A prestação de apoio, nos termos desta Resolução, fica sujeita aos limites da
disponibilidade de recursos orçamentários e logísticos para as atividades da Cedec/MG.
Art. 12 – Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, não se aplicando aos
pedidos apresentados anteriormente à sua vigência.
1. Dados do Município
Nome do Prefeito: Telefone Gab.: ( ) Celular: ( )
Endereço Prefeitura: Bairro: CEP.:
Telefones da ( ) ( ) Fax.: ( ) E-mail:
Prefeitura:
População Urbana: Hab. População Rural: Hab.
Área territorial: Km² Qtd de caminhões pipa pertencentes e ou contratados pelo
município:
1
Deverão ser fornecidos de representantes de todas as comunidades a serem atendidas.
2) –Caixa/reservatório coletivo com sistema distribuição autônoma Latitude Longitude em litros
(gravidade)
3) – Caixa/reservatório domiciliar
(Nome da Comunidade)
Assinatura do Prefeito
Local , Data de de .
2
Formulário de Informações de Desastre
ANEXO B – Formulário de solicitação de ajuda humanitária (exceto água para consumo humano) – Fl. 02/02
RETIRADA/DISTRIBUIÇÃO
Cód. Descrição do Item Data Quant. Responsável pela
Entrega (CEDEC)
CB Cesta Básica
KH Kit de higiene
KL Kit de Limpeza
LN Lona
CH Colchão
KD Kit dormitório
OUT Outros
FOLHA 02/02
ANEXO C – Formulário para prestação de contas de fornecimento de ajuda humanitária (exceto água para consumo humano) – Fl. 01
FORMULÁRIO PARA PRESTAÇÃO DE CONTAS SOBRE FORNECIMENTO DE ITENS DE AJUDA HUMANITÁRIA – EXCETO ÁGUA PARA
CONSUMO HUMANO
(Deverá ser preenchido um formulário para cada tipo de material)
Primeira folha
ANEXO C – Formulário para prestação de contas de fornecimento de ajuda humanitária (exceto água para consumo humano) – Demais folhas, quando
necessário
DADOS SOBRE A DISTRIBUIÇÃO (Continuação)
Nome do Beneficiário (Informar apenas o
responsável pelo recebimento) Número do RG Comunidade Quant. Data Assinatura
Local , Data de de .
Rodovia Papa João Paulo II, n. º 3.777 - Serra Verde, Belo Horizonte -
MG, 31630-903