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SUMÁRIO

1. Apostila de Noções Básicas de Proteção em Defesa Civil do Ministério da


Integração Nacional do Governo Federal total de 49
páginas.

2. Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres 2015-2030 oriundo


da III Conferência Mundial sobre a Redução do Risco de
Desastres total de 25 páginas.

3. Guia de Campo – Sistema de Comando em Operações do Ministério da


Integração Nacional do Governo Federal total de 62 páginas.

4. Lei Federal n.º 12.608, de 10 de abril de 2012 que institui a Política


Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional
de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e
Defesa Civil - CONPDEC; autoriza a criação de sistema de informações e
monitoramento de desastres; altera as Leis nºs 12.340, de 1º de dezembro de
2010, 10.257, de 10 de julho de 2001, 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.239,
de 4 de outubro de 1991, e 9.394, de 20 de dezembro de 1996; e dá outras
providências. total de 11 páginas.

5. Decreto Estadual n.º 48.095, de 18 de dezembro de 2020 que


regulamenta a estrutura orgânica, a competência e a composição das Unidades
Regionais de Defesa Civil, previstas no § 3º do art. 56 da Lei nº 23.304, de 30 de
maio de 2019. total de 05
páginas.

6. Resolução n. 03, de 25 de agosto de 2016 que regula o fornecimento de


ajuda humanitária pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais
nos termos que menciona e dá outras providências. ______ total de 06 páginas.

7. Vistoria e interdição preventiva de edificações em áreas de


risco__________________________________________total de 15 páginas.

8. PORTARIA Nº 260, DE 2 DE FEVEREIRO DE 2022. Estabelece


procedimentos e critérios para o reconhecimento federal e para a declaração
de situação de emergência ou estado de calamidade pública pelos
Municípios, Estados e Distrito Federal_______________total de 13 páginas.
Ministério da Integração Nacional – MI
Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil – SEDEC
Departamento de Prevenção e Preparação

Módulo de Formação

Noções Básicas em
Proteção e Defesa Civil
e em Gestão de Riscos
Livro Base

1ª Edição
Brasília - DF
2017
Ministério da Integração Nacional
Presidência da República
Michel Miguel Elias Temer | Presidente
Ministério da integração nacional
Helder Zahluth Barbalho | Ministro
Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil
Renato Newton Ramlow | Secretário
Departamento de Prevenção e Preparação
Adelaide Maria Pereira Nacif | Diretora
Coordenação Geral de Prevenção e Preparação
Mushue Dayan Hampel Vieira | Coordenador
Divisão de Capacitação e Difusão do Conhecimento
Leno Rodrigues de Queiroz | Chefe

Programa das Nações Unida para o desenvolvimento


Niky Fabiancic | Representante Residente
Didier Trebucq | Diretor de País
Maristela Baioni | Representante Residente Assistente para Programa
Moema Dutra Freire | Oficial de Programa Justiça, Direitos Humanos
e Gestão de Riscos de Desastres
Graziela da Silveira | Assistente de Programa - PNUD

Brasil. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Proteção


e Defesa Civil. Departamento de Prevenção e Preparação.
Módulo de formação: noções básicas em proteção e defesa civil e em gestão
de riscos: livro base / Ministério da Integração Nacional, Secretaria Nacional de
Proteção e Defesa Civil, Departamento de Minimização de Desastres. - Brasília:
Ministério da Integração Nacional, 2017.
ISBN (978-85-68813-08-9)
1. Defesa civil. 2. Desastres naturais. 3. Planejamento municipal. 4. Políticas
públicas. 5. Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. I. Título.
CDU 351.862:504.4(035)

2
Ficha técnica Apresentação

Coordenação e Supervisão Técnica - SEDEC/MI Em resposta aos princípios e diretrizes apontadas como prioritárias nas da I e II Conferência Nacional de
Adelaide Maria Pereira Nacif Proteção e Defesa Civil, ocorridas em 2010 e 2014, e com objetivo de apoiar os Estados, Distrito Federal e
Leno Rodrigues de Queiroz Municípios a implementarem a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC, a Secretaria Nacional
Giselle Paes Gouveia de Proteção e Defesa Civil - SEDEC, do Ministério da Integração Nacional, disponibiliza ao Sistema Nacional
Anderson Chagas da Silva de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC e a sociedade civil o Programa de Capacitação Continuada em
Proteção e Defesa Civil da SEDEC/MI, conforme estabelece a Lei 12.608 de 10 de abril de 2012 , que insti-
Elaboração do Projeto - SEDEC/MI tuiu a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC.
Giselle Paes Gouveia Como estratégia de implementação, o Programa foi estruturado em duas linhas de atuação: a elaboração
Revisão - SEDEC/MI e publicação de conteúdos e a capacitação com foco na “Formação de Formadores” e na “Multiplicação aos
Adelaide Maria Pereira Nacif | Geógrafa SEDEC/MI/DMD Municípios”. Norteado de acordo com o previsto na Política, que abrange as ações de prevenção, mitigação,
Anderson Chagas da Silva | Analista Técnico Administrativo SEDEC/DMD preparação, resposta e recuperação, está sendo executado por meio do Projeto de Cooperação Técnica Inter-
Cristhian Andres A. R. Moreira | Analista Técnico Administrativo SEDEC/DMD nacional BRA/12/017 – Fortalecimento da Cultura de Gestão de Riscos de Desastres no Brasil celebrado entre
Giselle Paes Gouveia | Engenheira SEDEC/DMD a SEDEC/MI e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento-PNUD.
Maria Cristina Dantas | Economista SEDEC/DMD Os conteúdos programáticos são apresentados em três livros: Livro Base, Apostila do Instrutor e Apostila
Maria Hosana B. André | Agente Administrativo SEDEC/DMD do Aluno, com os seguintes ”Módulos de Formação”:
i. Prevenção: “Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos”
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD ii. Mitigação e Preparação: “Elaboração de Plano de Contingência”
Moema Dutra Freire | Oficial de Programa Justiça, iii. Resposta: “Gestão de Desastres, Decretação e Reconhecimento Federal e Gestão de Recursos Federais
Direitos Humanos e Gestão de Riscos de Desastres em Proteção em Defesa Civil”
Graziela da Silveira | Assistente de Programa iv. Recuperação: “Gestão de Recursos Federais em Proteção e Defesa Civil para reconstrução”.
Fabio Ferreira Dias dos Santos | Auxiliar de Programa A metodologia de elaboração e atualização do presente módulo, partiu do levantamento do acervo didá-
Claudio Osorio Urzúa | Consultor Internacional tico-pedagógico utilizado nos cursos de capacitação promovidos pela SEDEC/MI com atuação exitosa e das
Ellen Cristina Balland | Orientação Pedagógica contribuições dos técnicos convidados, que integraram os Grupos de Trabalho – GT’s, compostos por repre-
Sarah Marcela C. Cartagena | Pesquisa e Texto sentantes de municípios, estados, academia, pedagogos, organismos internacionais e da SEDEC/MI.
Três Design | Diagramação O conjunto de publicações ora apresentados não encerra a necessidade de abordagem de temáticas
complementares demandadas pelo SINPDEC, havendo uma especial atenção para atualização e lançamento
de outros temas.
Esperamos que o material sirva de orientação aos integrantes do SINPDEC, assim como para a sociedade
civil, na prevenção e preparação à desastres e no fortalecimento da cultura de Proteção e Defesa Civil no
Brasil.

Boa leitura!

Renato Newton Ramlow


Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil

4 5
Agradecimentos Lista de abreviaturas e siglas

ANA CPTEC
A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil - SEDEC, do Ministério da Integração Nacional, agrade-
Agência Nacional de Águas Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
ce o apoio dos colaboradores, em especial aos órgãos estaduais e municipais de proteção e defesa civil e
demais participantes que formaram o grupo de trabalho, que contribuiu na discussão para elaboração dos ANEEL CREA
conteúdos a serem utilizados no Programa de Capacitação Continuada em Proteção e Defesa Civil da Agência Nacional de Energia Elétrica Conselho Regional de Engenharia
SEDEC/MI. e Agronomia
A participação de profissionais de órgãos federais, estaduais, municipais e de organismos internacionais ART
de diversas áreas do conhecimento com interface em proteção e defesa civil, ofereceu uma visão ampla e Anotação de Responsabilidade Técnica DNPM
qualificada, essencial para a construção do Módulo I - Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Departamento Nacional de Produção Mineral
CADIN
Gestão de Riscos, com os seguintes representantes:
Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do ECP
• Aldo Batista Neto, Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina e Comandante
Setor Público Federal Estado de calamidade pública
do Centro de Ensino Bombeiro Militar – Florianópolis, SC
• Claudio Osorio Urzúa, Consultor Internacional - PNUD CEMADEN EMATER
• Cristiane Pauletti, Integrante do Grupo de Gestão de Riscos de Desastres (GRID) PPGEC/UFRGS e Centro Nacional de Monitoramento Empresa de Assistência Técnica
Secretária Ajunta do CEPED/RS – Porto Alegre, RS e Alertas de Desastres Naturais e Extensão Rural
• George Luiz Pereira Santos, Coordenador Municipal de Proteção e Defesa Civil – Rio Branco, AC
• Kellen Salles, Subdiretora da Escola Estadual de Defesa Civil - ESDEC – Rio de Janeiro, RJ CENAD FIDE
Centro Nacional de Gerenciamento Formulário de Informações do Desastre
• Sidney Furtado, Diretor do Departamento de Defesa Civil – Campinas, SP
de Risco e Desastres
IBAMA
CENSIPAM Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
Centro Gestor e Operacional do Sistema de Prote- e dos Recursos Naturais Renováveis
ção da Amazônia
IBGE
CEPED Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Centro Universitário de Estudos
e Pesquisas sobre Desastres INMET
Instituto Nacional de Meteorologia
CIMAN
Centro Integrado Multiagências INPE
Instituto Nacional de Pesquisas
CNEN Espaciais
Comissão Nacional de Energia Nuclear
LDO
COBRADE Lei de Diretrizes Orçamentárias
Codificação Brasileira de Desastres
LOA
CONASQ Lei Orçamentária Anual
Comissão Nacional de Segurança Química
MCid
CPDC Ministério das Cidades
Cartão de Pagamento da Defesa Civil

CPRM MD
Serviço Geológico do Brasil Ministério da Defesa

6 7
MI
Ministério da Integração Nacional
SEI
Sistema Eletrônico de Informações
Sumário
MS SIAFI
Ministério da Saúde Sistema Integrado de Administração Financeira

MTO SICONV I. Objetivo 15


Manual Técnico de Orçamento Sistema de Gestão de Convênios II. Público Alvo 15
e Contratos de Repasse III. Distribuição 15
NUDEC
Núcleo Comunitário de Defesa Civil SINPDEC
Sistema Nacional de Proteção
1. O Significado do Símbolo da Proteção
NUPDEC e Defesa Civil
e Defesa Civil no Brasil e no Mundo 16
Núcleo Comunitário de Proteção e Defesa Civil
SIPRON 2. Introdução 18
ObSIS/UnB Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro
Observatório Sismológico/Universidade de Brasília 2.1. Principais conceitos 22
SNH 2.2. Histórico Nacional de ocorrência de desastres 24
PAC Secretaria Nacional de Habitação
Programa de Aceleração do Crescimento
SUAS 3. Contexto Geral da Gestão de Risco 30
PDR Sistema Único de Assistência Social
Plano Detalhado de Resposta 3.1. Contexto Internacional 31
SUDAM 3.1.1. Nações Unidas e as Agendas Internacionais 34
PLANCON Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia 3.2. Contexto da América Latina e Caribe 37
Plano de Contingência
3.2.1. União de Nações Sul-Americanas – UNASUR 37
TCU
3.2.2. Plataforma Regional para a Redução do Risco de Desastres 38
PNPDEC Tribunal de Contas da União
Política Nacional de Proteção 3.2.3. Reunião Regional sobre Mecanismos Internacionais
e Defesa Civil de Assistência Humanitária – MIAH 38
3.2.4. Declaração de Assunção 39
PNUD 3.2.5. Rede de Estudos Sociais em Prevenção
Programa das Nações Unidas para de Desastres na América Latina – La Red 39
o Desenvolvimento 3.3. Contexto Nacional 39
3.3.1. A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC 39
PPA
3.3.2. O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC 40
Plano Plurianual
3.3.3. Conteúdo legal 42
RDC 3.3.4. Competências dos Entes Federados nas Ações de Proteção e Defesa Civil 42
Regime Diferenciado de Contratações Públicas 3.3.5. O Governo Federal e o Marco de Sendai 42

S2ID 4. Atuação Federal em Gestão de Risco 46


Sistema Integrado de Informações
Sobre Desastres 4.1. Programas e iniciativas de Gestão de Risco no PPA 2016-2019 47
4.1.1. Ministério da Integração Nacional – MI 48
SE
4.1.2. Ministério da Saúde 50
Situação de emergência
4.1.3. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI 51
SEDEC 4.1.4. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA 52
Secretaria Nacional de Proteção 4.1.5. Ministério de Minas e Energia 52
e Defesa Civil 4.1.6. Secretaria de Direitos Humanos – SDH 53
4.1.7. Ministério da Educação – MEC 53
4.1.8. Ministério das Cidades – MCidades 53

8 9
4.1.9. Ministério do Meio Ambiente – MMA 54 5.9. Manter a união e o estado informados sobre a ocorrência
4.1.10. 2Secretaria de Portos 54 de desastres e as atividades de proteção civil no município 78
4.2. Principais políticas públicas federais correlatas à Gestão de Risco 55 5.9.1. Sistema Informatizado de Informações sobre Desastres - S2ID 78
4.2.1. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI 55 5.10. Estimular a participação social 79
4.2.2. Ministério da Educação – MEC 55 5.10.1. Espaços comunitários 79
4.2.3. Ministério da Saúde 55 5.10.2. Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil - NUPDECs 79
4.2.4. Ministério das Cidades – MCidades 56 5.10.3. Organizações voluntárias 80
4.2.5. Ministério de Minas e Energia 56 5.10.4. Audiências e consultas públicas 81
4.2.6. Ministério do Meio Ambiente – MMA 56 5.10.5. Acompanhamento do uso do Cartão de Pagamento
4.2.7. Secretaria de Direitos Humanos – SDH 57 de Proteção e Defesa Civil – CPDC 81
5.10.6. Acompanhamento de projetos de reconstrução
5. Atuação Municipal em Gestão de Risco 58 pelo Sistema Eletrônico de Informações - SEI 82
5.11. Desenvolver cultura nacional de prevenção 82
5.1. Executar a PNPDEC em âmbito local 60 5.12. Estabelecer medidas preventivas de segurança contra
5.1.1. Criação do Órgão Municipal de Proteção e Defesa Civil 60 desastres em escolas e hospitais situados em áreas de risco 84
5.1.2. Formalização do órgão central do 5.13. Oferecer capacitação de recursos humanos para
Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil 60 as ações de proteção e defesa civil 84
5.1.3. Adesão aos sistemas nacionais 60 5.14. Importância do acompanhamento e avaliação
5.1.4. Estruturação da Coordenação Municipal de Proteção e Defesa Civil 63 das ações de Gestão de Risco 84
5.2. Coordenar as ações do SINPDEC no âmbito local,
em articulação com a união e os estados 64 6. Material complementar 86
5.2.1. Órgão Central 64
5.2.2. Órgãos Setoriais 64 7. Glossário 90
5.2.3. Órgãos de apoio 65
5.2.4. Órgão Consultivo 65 8. Referências 92
5.3. Incorporar as ações de proteção e defesa civil no planejamento municipal 65
5.3.1. Plano Diretor 65
5.3.2. Plano Municipal de Redução de Riscos - PMRR 66
5.3.3. Cartas Geotécnicas 67
5.3.4. Medidas estruturais para mitigação de riscos 67
5.3.5. Mapas de ameaças múltiplas 68
5.3.6. Modelos digitais de elevação 68
5.4. Identificar e mapear as áreas de risco de desastres 68
5.4.1. Setorização de riscos geológicos da CPRM 69
5.5. Promover a fiscalização das áreas de risco
de desastre e vedar novas ocupações nessas áreas 71
5.6. Vistoriar edificações e áreas de risco 71
5.7. Manter a população informada sobre áreas de risco
e ocorrência de eventos extremos 71
5.7.1. Comunicação de Risco para Prevenção 72
5.7.2. Sistemas de monitoramento 73
5.7.3. Sistemas de Alerta 76
5.7.4. Sistemas de Alarme 77
5.8. Realizar regularmente exercícios simulados, conforme
plano de contingência de proteção e defesa civil 77
5.8.1. Planos de contingência 77
5.8.2. Simulados 78

10 11
Índice de figuras Índice de quadros

Figura 1. Metro de Londres sendo usado como abrigo durante a segunda guerra, 1940. 19 Quadro 1. Conceitos das Ações de Proteção e Defesa Civil 23
Figura 2. Desastre Região Serrana - Nova Friburgo/RJ, 2011. 20 Quadro 2. Competencias dos entes federados nas ações de proteção e defesa civil 44
Figura 3. Gestão Integrada em Proteção e Defesa Civil. 23 Quadro 3. Título: Comparativo entre Marco de Sendai e as ações do governo federal. 45
Figura 4. Crianças retirantes da Grande Seca na província do Ceará, 1878. 26 Quadro 4. Objetivos do Programa Gestão de Riscos – PPA 2016-2019 48
Figura 5. Abertura da III Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Quadro 5. Detalhamento das atribuições do Ministério da Integração Nacional no PPA 2016-2019 49
a Redução do Risco de Desastres, 2015. 31 Quadro 6. Atribuições do Ministério da Saúde no PPA 2016-2019
Figura 6. A evolução da Gestão de Risco - do foco nos desastres ao foco na gestão do risco. 33 que se relacionam com a gestão de risco 50
Figura 7. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. 34 Quadro 7. Atribuições do Ministério da Ciência e Tecnologia no PPA 2016-2019
Figura 8. 10 Passos da Campanha Cidades Resilientes. 36 que se relacionam com a gestão de risco 51
Figura 9. O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC. 40 Quadro 8. Atribuições do Ministério da Agricultura, Pecuária
Figura 10. Estrutura da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. 41 e Abastecimento no PPA 2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco 52
Figura 11. A Lei 12.608/12 e sua relação com outros atos legais. 42 Quadro 9. Atribuições do Ministério de Minas e Energia no PPA 2016-2019 que se relacionam com
Figura 12. SINPDEC e a relação entre entes federados. 47 a gestão de risco 52
Figura 13. Capacitação de Núcleo Comunitário de Proteção e Defesa Civil Quadro 10. Atribuições da Secretaria de Direitos Humanos no PPA 2016-2019 que se relacionam
(NUPDEC) pela Defesa civil Municipal, Belo Horizonte - MG, 2012 59 com a gestão de risco. 53
Figura 14. Página de acesso ao Sistema de Integrado de informação sobre Desastres – S2ID. 62 Quadro 11. Atribuições do Ministério da Educação no PPA 2016-2019
Figura 15. Acesso ao modelo de ofício para cadastro de usuário. 62 que se relacionam com a gestão de risco 53
Figura 16. Página de acesso ao S2ID para envio de formulário de cadastro 62 Quadro 12. Atribuições do Ministério das Cidades no PPA 2016-2019
Figura 17. Cartão de Pagamento de Proteção e Defesa Civil. 63 que se relacionam com a gestão de risco 53
Figura 18. Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil. 64 Quadro 13. Atribuições do Ministério do Meio Ambiente no PPA 2016-2019
Figura 19. Exemplo ilustrativo de uma carta geotécnica. 68 que se relacionam com a gestão de risco 54
Figura 20. Exemplo ilustrativo de Mapa de Setorização de Risco. 70 Quadro 14. Atribuições da secretaria de Portos no PPA 2016-2019
Figura 21. Fluxo de realocação de moradias em áreas de risco. 72 que se relacionam com a gestão de riscow 54
Figura 22. Página de acompanhamento meteorológico do INMET. 76
Figura 23. Página de Acesso ao CEMADEN 76
Figura 24. Página de Acesso ao Site da ANA 76
Figura 25. Pagina de Acompanhamento dos Recursos dotados Índice de tabelas
em Cartão de Pagamento de Proteção e Defesa Civil – CPDC 81
Figura 26. Página de Acesso aos Sistema Eletronico de Informações – SEI. 82
Figura 27. Acesso de cadastro ao SEI. 82 Tabela 1. Número de registros de desastres por tipo e região geográfica - 2013 e 2014 29

12 13
Noções básicas em proteção e defesa civil e em Gestão de Riscos | Livro Base Sobre o Livro Base

Sobre o Livro Base

I. Objetivo

Consolidar conteúdos sobre Gestão de Risco e Proteção e Defesa Civil (Módulo 1), com ênfase na atuação
municipal, servindo como unidade de referência da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil do Minis-
tério da Integração Nacional.

II. Público Alvo

• Agentes de Proteção e Defesa Civil da administração pública (União, Estados e Municípios)


• Profissionais de áreas correlatas à Proteção e Defesa Civil em nível municipal (órgãos setoriais do
SINPDEC, iniciativa pública e privada)
• Instituições de ensino e pesquisadores da área
• Organizações voluntárias
• Comunidades e outros interessados

Órgãos setoriais – órgãos e entidades da administração pública que se responsabilizam por ações integra-
das de proteção e defesa civil.

III. Distribuição

O Livro Base de cada módulo será um material de referência abrangente e amplamente disponível. Em
meio digital para download pelo site da SEDEC/MI e impresso para públicos específicos de multiplicadores da
SEDEC/MI.

15
14
Noções básicas em proteção e defesa civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 1. O significado do símbolo da proteção e defesa civil no Brasil e no mundo

1. O Significado do
Símbolo da Proteção
e Defesa Civil no Brasil O triângulo equilátero representa a cooperação de
todos, a união de esforços, com o objetivo de proteger a
vida. A base desse triângulo representa a segurança e

e no Mundo
estabilidade. Os dois vértices representam a prevenção
e a ação, medidas fundamentais para a proteção de
toda a população.

As mãos estilizadas representam o cuidado


e o amparo com a população em geral.

A cor azul remete à tranquilidade, ao


equilíbrio e à serenidade necessária a
todos na realização dessas atividades.

A cor laranja traduz o calor humano e a


solidariedade, além de ser a simbologia oficial
das ações de Proteção e Defesa Civil.

17
Noções básicas em proteção e defesa civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 2. Introdução

2. Introdução Para saber mais sobre o histórico de defesa civil no


Brasil e no Mundo, você pode consultar os seguin-
tes documentos: Site da SEDEC/MI: http://www.mi.
gov.br/historico-sedec; e Conteúdo de Capacita-
çãowww.mi.gov.br/documents/10157/2195155/
Capacita%C 3 %A7 %C 3 %A3 o+B%C 3 %A1si-
ca+em+Defesa+Civil+-+Livro+do+curso+em+Am-
biente+Virtual+de+Ensino-Aprendizagem+-+5%-
C 2 %A A + E d i %C 3 % A 7 %C 3 %A 3 o .
pdf/7414b05c-790e-455c-9ae6-029e1a2173c7?ver-
sion=1.0

Com o passar do tempo e o fim da guerra, essas


instituições foram sendo adaptadas à realidade das
demandas de segurança e proteção das populações.
No Brasil, por exemplo, foi no final da década de 1960
– principalmente em função de grandes secas na região
Nordeste, e cheias na região Sudeste – que o governo
brasileiro criou o então Ministério do Interior definindo
como sua área de competência as funções de, entre
outras, “beneficiamento de áreas e obras de proteção
Figura 1. Metro de Londres sendo usado como abrigo durante a
segunda guerra, 1940. contra secas e inundações; [...] de assistência às
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Blitz_West_End_ populações atingidas pelas calamidades públicas1”.
Air_Shelter.jpg .
Foi também em decorrência das cheias no Sudeste,
que o então Estado da Guanabara, hoje Rio de Janeiro,
Para abordar o tema de Noções Básicas em Pro- foi a primeira unidade federativa no Brasil a criar um
teção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos de órgão denominado Defesa Civil Estadual. A atuação
Desastres este material foi construído de modo a desses órgãos esteve, portanto, concentrada em ações
trabalhar tanto alguns aspectos conceituais quanto resposta e atendimento de populações afetadas, não
aspectos práticos, tendo em vista, principalmente, o mais por guerras, mas por calamidades públicas, como
contexto local de atuação do gestor público e dos inundações, secas e epidemias.
agentes de proteção e defesa civil. A partir de então, a proposta de pensar a então
O princípio das atividades de proteção e defesa nominada Defesa Civil como um processo sistêmico
civil no Brasil e no mundo está intimamente relacio- - sem limitar-se a ações de resposta e com o objetivo
nado a questões de segurança em tempos de guerra, de prevenir ocorrências – veio logo em seguida, e foi
mais especificamente durante a recente Segunda sistematizada pela equipe da já criada, no governo
Guerra Mundial (década de 1940), em que os danos federal, Secretaria de Defesa Civil (Decreto Federal
materiais e humanos dos conflitos ultrapassaram o 83.839/792). Sob a liderança do Antônio Luiz Coimbra
meio militar, atingindo gravemente as populações civis. de Castro foram produzidos, a partir de 1990, inúmeros
Foi então que o governo brasileiro criou o Serviço de materiais de orientação e de estabelecimento de di-
Defesa Passiva Antiaérea no âmbito do Ministério da retrizes nacionais de defesa civil, que refletem os
Aeronáutica. Um mês depois as ações passam para o paradigmas da época e hoje passam por revisão da
Ministério da Justiça e Negócios Interiores e Diretorias atual gestão da SEDEC/MI.
Regionais nos Estados, Territórios e no Distrito Federal,
responsáveis pelo atendimento dessa população,
vítima dos efeitos da Segunda Guerra Mundial. 1. BRASIL, 1967.
2. BRASIL, 1979.

19
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 2. Introdução

o termo “proteção” como uma maneira de reforçar as A perspectiva da construção social do risco é,
demandas de prevenção, atenção social e redução de portanto, a ponte que se estabelece entre a atuação
vulnerabilidades. Além disso, constituem-se como di- mais tradicional em proteção e defesa civil, fortemen-
retrizes da PNPDEC: (i) uma atuação articulada entre te associada a ações de resposta; e a atuação do
a União e seus entes federados; (ii) uma de gestão que modelo de tendência internacional que trata da gestão
inclua ações de prevenção, mitigação, preparação, sistêmica de risco. Ou seja, aquela “que se desenvol-
resposta e recuperação; (iii) a prioridade à prevenção ve num contínuo intimamente ligado a uma visão de
e minimização de desastres; (iv) a adoção da bacia desenvolvimento sustentável da sociedade e que não
hidrográfica com unidade de análise em casos especí- pensa em etapas distintas, senão em uma articulação
ficos; (v) a ênfase ao planejamento com base em pes- complexa de etapas. De onde se aceita que aquilo que
quisas e estudos; e (vi) a garantia da participação social. é feito em um momento do processo pode representar
Todas essas diretrizes e novas perspectivas de severas repercussões, positivas ou negativas, no
atuação podem ser consideradas como um reflexo da momento seguinte4”.
tendência, inclusive internacional, de se pensar o risco Nesse sentido, considera-se que todos os instru-
e o desastre como um processo de construção social. mentos de planejamento e gestão devem trabalhar,
Ou seja, de perceber que a configuração de áreas de além da dimensão estrutural, também a dimensão não
risco é um aspecto a ser abordado a partir da visão estrutural, a incluir aspectos de percepção de risco,
de planejamento do território, com influências histó- comunicação e participação. Além disso, essa tendên-
ricas, políticas, sociais e ambientais. A gestão de risco, cia aponta para que a gestão de risco se integre às
nesse contexto, amplia seu campo de abordagem e demais políticas de planejamento urbano e regional,
por isso é cada vez mais necessário que agentes de de tal forma que seja possível compreender a razão e
Figura 2. Desastre Região Serrana - Nova Friburgo/RJ, 2011. proteção e defesa civil integrem seus órgãos aos os motivos que levam à formação de cada área de risco,
Fonte: Google Earth. demais órgãos responsáveis pela administração e assim atuar cada vez mais na reversão de suas causas
pública, de forma a efetivamente trabalhar com o ou evitando novas instalações de áreas de risco.
Antônio Luiz Coimbra de Castro, conhecido por de gestão que favorecessem a prevenção de ocorrên- planejamento do território de maneira integrada. Aos profissionais responsáveis pelas ações de
Dr. Castro ou General Castro foi médico do Exér- cias de desastres e a diminuição de seus impactos. Significa dizer que para trabalhar aspectos de pre- proteção e defesa civil, especialmente em nível local,
cito Brasileiro, e membro da Defesa Civil no Brasil No Senado e na Câmara dos Deputados foram criadas venção e mitigação, por exemplo, é preciso articular talvez essa discussão pareça ainda muito mais pre-
até sua morte, em agosto de 2004. Para saber Comissões Especiais que debateram o tema e chega- esforços no sentido de reverter as situações que levam sente no campo teórico e acadêmico do que em sua
mais sobre sua história e atuação assista ao ví- ram ao texto da atual Lei Federal 12.608, aprovada em à formação de áreas de risco, tendo o Plano Diretor prática diária. Nada mais natural. Os processos de
deo no Youtube: https://www.youtube.com/wat- 10 de abril de 2012. Pela primeira vez um ato legal para como um dos principais instrumentos para tanto. Esse mudança de paradigmas são longos e pode-se consi-
ch?v=CgjDt3bjDPQ estabelecer as diretrizes do agora Sistema Nacional modelo de gestão passa pela compreensão de que, derar que a história brasileira de proteção e defesa
de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC teve origem no principalmente em áreas urbanas, as áreas de risco civil é bastante recente, sequer centenária. E assim,
Novamente, graves ocorrências de desastres refle- Poder Legislativo (como Lei Federal) e não mais no foram se constituindo ao logo do tempo devido a fatores a incorporação de novas diretrizes de uma política
tiram em um período de mudanças na legislação e na Executivo (como decreto ou medida provisória). como migrações, dificuldade de acesso à moradia, falta nacional deve ser observada com cautela, dentro de
organização institucional dos órgãos de defesa civil de acesso a recursos técnicos e profissionais. uma perspectiva histórica. Sua operacionalização,
brasileiros. Entre 2008 e 2011, inundações e movimen- Para saber mais sobre as Conferências Nacio- As “terras rejeitadas ou vetadas pela legislação principalmente no contexto da maioria dos pequenos
tos de massa fizeram com que essa fosse a década com nais que debateram a temática, acesso o resulta- ambiental e urbanística para o mercado imobiliário municípios brasileiros (70% deles possuem até 20.000
mais mortes decorrentes de desastres em toda a histó- do da 1ª CNDC http://emergenciasedesastres.cfp. formal [...], terrenos frágeis ou áreas não passíveis de habitantes5), com pouca infraestrutura e dificuldade
ria brasileira. Santa Catarina, Alagoas, Pernambuco e org.br/wp-content/uploads/sites/17/2011/08/CN- urbanização, como as encostas íngremes e as várzeas de acesso a recursos não é fácil. Além disso, sabe-se
Rio de Janeiro protagonizaram cenas sem precedentes. DC_caderno_diretrizes.pdf e da 2ª CNPDC inundáveis, além das vastas franjas de expansão pe- que muitas vezes o responsável pela área de proteção
Foi por meio da 1ª Conferência Nacional de Defesa riférica sobre as zonas rurais3” acabaram por tornar-se e defesa civil local tem formação estritamente técnica
Civil e Assistência Humanitária, realizada entre 2009 http://www.mi.gov.br/documents/10157/3935871/ a opção de moradia de uma parcela da população e acumula funções em secretarias de obras, agricul-
e 2010, que as discussões por uma revisão do então Resultado_+2%C2%AA+CNPDC.pdf/189e198f- “desprovida das infraestruturas, equipamentos e ser- tura, infraestrutura, gabinete, etc., de forma a ampliar
Sistema Nacional de Defesa Civil passaram pelas -3082-4cbc-9556-1e3e834a7116 viços que caracterizam a urbanidade3”, e assim, mais seu desafio de promover uma gestão que atenda in-
gestões públicas, pela população, pelas universidades vulneráveis aos desastres.
e chegaram ao Congresso Nacional. A principal Hoje, pois, o atual SINPDEC e a PNPDEC (Política 4. CEPED UFSC, 2014.
demanda era a de criar mecanismos e instrumentos Nacional de Proteção e Defesa Civil) passaram a adotar 3. ROLNIK, 2008. 5. IBGE, 2010.

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 2. Introdução

PREPARAÇÃO
tegralmente às novas diretrizes da PNPDEC. o debate teórico e conceitual de maneira aprofundada,
Diante desse cenário, pode-se dizer que o papel mas sim o de – alinhado à proposta de fortalecer a
dos agentes de proteção e defesa civil municipais, mais prática da gestão de risco local – delimitar um campo
do que diretamente operacional, está cada vez mais mínimo de conhecimento, indicando aos que tenham
ligado ao papel de articulação, tanto junto aos demais interesse em aprofundar-se no assunto que recorram
entes federados (Estados e União), principalmente na a outros documentos mais detalhados.
própria administração local e com as demais institui- A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
ções, entidades e seguimentos da sociedade situados (PNPDEC) estabelece que a proteção e defesa civil MITIGAÇÃO RESPOSTA
no município. Conseguir articular políticas públicas e em todo o território nacional abrange as ações de
aproximar-se das demais secretarias de seu município prevenção, mitigação, preparação, resposta e recu-
é o caminho para garantir uma gestão integrada, que peração. O conjunto dessas ações é um processo
articule aspectos de participação social e prioridade à contínuo, integrado, permanente e interdependente,
prevenção e minimização de desastres, por exemplo. configurando uma gestão integrada em proteção e
Ações Integradas
É nessa direção que os capítulos a seguir estão defesa civil. Há várias formas de representar esse Em Proteção E
Defesa Civil
organizados, procurando estruturar em detalhes da processo, como a figura a seguir.
gestão integrada em proteção e defesa civil, ao mesmo Trabalharemos inicialmente, portanto, com a con-
tempo em que se reflete sobre políticas públicas cor- ceituação das ações de proteção e defesa civil, para
relatas e sobre a atuação local, buscando trazer casos então tratar com mais atenção os conceitos de ameaça,
e boas práticas que apoiem a compreensão e atuação vulnerabilidade, risco e desastre; apresentando ao
dos agentes de proteção e defesa civil. final do documento um glossário mais completo com
definições dadas por diferentes órgãos.
2.1. Principais conceitos Passemos então à compreensão do conceito de
PREVENÇÃO RECUPERAÇÃO
desastre, que está relacionado a situações em que
Os conceitos da área de proteção e defesa civil e eventos adversos ocorrem em áreas que não possuem
de gestão de risco são inúmeros e organizados por estrutura para resistir aos impactos. O desastre é, Figura 3. Gestão Integrada em Proteção e Defesa Civil.
diversas instituições, tanto nacionais quanto interna- portanto, o resultado da combinação de um evento Fonte: Elaboração SEDEC/MI, 2017.
cionais. Não há, entretanto, unidade de interpretação adverso (ameaça) sobre um cenário vulnerável (vul-
e as divergências conceituais ainda estão presentes, nerabilidade).
tanto no meio acadêmico, quanto na legislação e nos O desastre é o resultado de eventos adversos,
órgãos de gestão, pela adoção de diferentes correntes. naturais, tecnológicos ou de origem antrópica, sobre
Quadro 1. Conceitos das Ações de Proteção e Defesa Civil
Trata-se de um processo natural de construção do um cenário vulnerável exposto a ameaça, causando
conhecimento, principalmente quando se considera danos humanos, materiais ou ambientais e conse- Medidas e atividades prioritárias, anteriores à ocorrência do
que a gestão de risco é uma área ainda recente na quentes prejuízos econômicos e sociais. PREVENÇÃO desastre, destinadas a evitar ou reduzir a instalação de novos riscos
prática e tanto mais na ciência. A ameaça, por sua vez, refere-se a “um evento de desastre.

Sobretudo destaca-se que a busca por um marco físico, potencialmente prejudicial, fenômeno e/ou ati-
Medidas e atividades imediatamente adotadas para reduzir ou evitar
conceitual bem definido auxilia diretamente os pro- vidade humana que pode causar a morte e/ou lesões, MITIGAÇÃO
as consequências do risco de desastre.
cessos de gestão, pois permitem a realização de aná- danos materiais, interrupção de atividade social e
lises comparativas e de evolução, favorecendo, por- econômica ou degradação do meio ambiente6”. Medidas e atividades, anteriores à ocorrência do desastre,
PREPARAÇÃO destinadas a otimizar as ações de resposta e minimizar os danos e
tanto, ações de planejamento. Assim, quando se fala Já a vulnerabilidade é a exposição socioeconô- as perdas decorrentes do desastre.
em estatísticas de desastres e históricos de ocorrência, mica ou ambiental de cenário sujeito à ameaça natural,
por exemplo, esses dados ainda tendem a sofrer dis- tecnológica ou de origem antrópica. “Indica como as Medidas emergenciais, realizadas durante ou após o desastre, que
RESPOSTA visam ao socorro e à assistência da população atingida e ao retorno
torções pela falta de unidade nacional e internacional condições preexistentes fazem com que os elementos
dos serviços essenciais.
na interpretação e denominação dos desastres. O expostos sejam mais ou menos propensos a ser afe-
mesmo pode ocorrer nas análises de risco, quando tados7”. Medidas desenvolvidas após o desastre para retornar à situação
conceitos de vulnerabilidade, ameaça e risco não estão de normalidade, que abrangem a reconstrução de infraestrutura
RECUPERAÇÃO
danificada ou destruída, e a reabilitação do meio ambiente e da
bem definidos. 6. UFRGS e CEPED/RS, 2015.
economia, visando ao bem-estar social.
Contudo, não é o objetivo deste material abordar 7. UFRGS e CEPED/RS, 2015.

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 2. Introdução

O Risco de desastre é o potencial de ocorrência Aos que se interessam por uma abordagem mais leira foi analisada pelo Centro Universitário de Estudos a 1879. Esta seca foi acompanhada por grande mo-
de ameaça de desastre em um cenário socioeconô- aprofundada destaca-se, entre os esforços interna- e Pesquisas sobre Desastres (CEPED), da Universida- vimento da população. Fortaleza, à época com uma
mico e ambiental vulnerável. cionais de criar marcos conceituais, a atuação do de Federal de Santa Catarina (UFSC), que processou população de 20.098 habitantes, segundo o censo
A gestão de risco de desastre compreende o UNISDR, que há anos trabalha com uma proposta de cerca de 39.000 registros e produziu o Atlas Brasileiro de 1872, atingiu em dezembro de 1878, 160.000.
planejamento, a coordenação e a execução de ações terminologia bastante completa, e as produções do de Desastres Naturais. Isto significou falta de alojamentos, de água, de
e medidas preventivas destinadas a reduzir os riscos EM-DAT, organização belga que se propõe a gerar alimentos, de remédios, de infraestrutura urbana e
de desastres e evitar a instalação de novos riscos. dados estatísticos de desastres em perspectiva global, Atlas Brasileiro de Desastres Naturais - 1991 e sanitária. Enfim, inúmeros problemas de saúde
Finalmente, resiliência: capacidade de um e para tanto também trabalha com conceituações. 2010 Disponível em: http://150.162.127.14:8080/ pública. Em agosto de 1878, Fortaleza tinha 113.900
sistema, comunidade ou sociedade exposta a um Esses trabalhos, entretanto, não estão disponíveis em atlas/atlas.html indigentes abarracados em seus subúrbios. (BARROS
desastre em resistir, absorver, adaptar e se recuperar português, indicando-se nesse caso a FIOCRUZ e LEAL, 1978).
de seus efeitos de modo oportuno e eficaz, o que inclui mesmo as publicações da SEDEC/MI para consultas Atlas Brasileiro de Desastres Naturais - 1991 e
a preservação e restauração de suas estruturas e mais detalhadas. 2012. Disponível em: http://150.162.127.14:8080/ A situação foi tão desesperadora, que famílias
funções básicas. (Eird) atlas/atlas2.html inteiras se viram obrigadas a migrar para outros
Os estudos sobre risco adotam ainda cinco dife- Conheça as publicações sobre terminologia do estados, promovendo uma onda de migração. Por fim,
rentes abordagens para o termo8: UNISDR em português (versão não oficial): em es- Segundo o Atlas, os desastres que mais afetam o para completar o quadro de tragédia, houve um surto
Risco instalado: “pode ser compreendido como o panhol http://www.unisdr.org/files/7817_UNISDR- território brasileiro são: seca e estiagem; inundação de varíola, dizimando milhares de pessoas. Calcula-se
risco efetivo, atual ou visível existente e percebido TerminologySpanish.pdf e inglês http://www.unis- brusca; inundação gradual; vendaval e/ou ciclone e que 500 mil pessoas morreram por causa da seca,
em áreas ocupadas. A identificação do risco ins- dr.org/files/7817_UNISDRTerminologyEnglish.pdf. granizo. Esses desastres de origem natural têm inci- em que o estado mais atingido foi Ceará.
talado é realizada com base na avaliação de evi- dência regional diferenciada: Um registro importante refere-se aos deslizamen-
dências do terreno, ou seja, condições “visíveis” Conheça o trabalho do EM-DAT, somente em in- • Na Região Norte, a maior frequência de de- tos de terra em Caraguatatuba/SP, no ano de 1967,
de que eventos adversos podem se repetir ou estão glês acessando o site geral: http://www.emdat.be sastres concentra-se no Estado do Pará, mais es- que ocasionaram 436 mortes. Esses deslizamentos de
em andamento”. ou especificamente seu conteúdo de classificação pecificamente na porção Centro-Norte; grande proporção na serra isolaram a cidade. A Rodovia
Risco aceitável: “aquele que uma determinada de desastres: http://www.emdat.be/classification • No Nordeste, a mancha de recorrência engloba dos Tamoios ficou destruída, vários carros ficaram
sociedade ou população aceita como admissível, a maior parte dos Estados da região, com exceção presos no trecho de serra. O acesso ficou interditado
após considerar todas as consequências associa- Se tiver interesse em conhecer mais sobre con- do Maranhão e do Oeste baiano; e a ajuda chegava apenas por ar e por mar. O bairro
das ao mesmo. Em outras palavras, é o risco que ceitos e definições, recomendamos a página do • A Região Centro-Oeste é a que apresenta áreas Rio do Ouro desapareceu.
a população exposta a um evento está preparada Centro de Conhecimento em Saúde Pública e De- com menos frequência, os desastres se concentram
para aceitar sem se preocupar com a sua gestão”. sastres da FIOCRUZ: http://andromeda.ensp.fio- apenas no Noroeste do Estado do Mato Grosso; https://www.youtube.com/watch?v=vEIUbryUp2A
Risco tolerável: “aquele com que a sociedade cruz.br/desastres/content/terminologia; também • No Sudeste do país, o Norte mineiro, o Norte
tolera conviver, mesmo tendo que suportar alguns há publicações diversas disponíveis na página da do Rio de Janeiro e, praticamente, todo o Estado Outro desastre relevante, no caso, tecnológico, foi
prejuízos ou danos, porque isto permite que usufrua SEDEC/MI: http://www.mi.gov.br/web/guest/defe- do Espírito Santo apresentam-se como áreas de o episódio de contaminação por radioatividade, em
de certos benefícios, como por exemplo, a proxi- sacivil/publicacoes maior frequência de desastres; 1987, conhecido como acidente com o Césio 137, ocor-
midade do local de trabalho ou a determinados • No Sul brasileiro, as maiores frequências rido em Goiânia/GO. Um aparelho utilizado em radio-
serviços”. 2.2. Histórico nacional abrangem o Sudoeste do Rio Grande do Sul e, terapias, esquecido dentro de uma clínica abandona-
Risco intolerável: “risco que não pode ser tolera- de ocorrência de desastres praticamente, toda a extensão territorial do Estado da e encontrado por catadores de um ferro velho do
do ou aceito pela sociedade, uma vez que os be- de Santa Catarina. local, foi desmontado e repassado para terceiros. No
nefícios ou vantagens proporcionadas pela convi- No Brasil, as ocorrências de desastres, em especial Dentre os muitos e grandes desastres naturais da total, 1.000 pessoas foram expostas aos efeitos do
vência não compensam os danos e prejuízos os de origem natural, coincidem com a deterioração série histórica nacional, destacam-se alguns que mar- césio. Destas, 129 pessoas apresentaram contamina-
potenciais”. das condições de vida nas cidades, onde, em menos caram significativamente a população e os governantes ção corporal interna e externa concreta, vindo a de-
Risco residual: “risco que ainda permanece num de um século, houve um crescimento significativo de Sobre as secas no estado do Ceará, cita-se Costa2 senvolver sintomas e foram apenas medicadas, quatro
local mesmo após a implantação de programas de sua população e inversão no tipo de ocupação do (2008): não resistiram e acabaram morrendo.
redução de risco. De uma maneira geral, é preciso território, já que uma maioria que vivia no meio rural
entender que sempre existirá um risco residual, passou a viver no meio urbano. Essa realidade pode “De modo geral, a história do Ceará foi marcada Césio137 - o maior acidente radiológico do mun-
uma vez que o risco pode ser gerenciado e/ou ser verificada com o aumentado número de ocorrên- pelas migrações, pelas secas, quase sempre acom- do: Disponível em: http://www.cesio137goiania.go.
reduzido com medidas de mitigação” cias, danos e prejuízos. panhadas por epidemias e grande mortandade. Das gov.br/
A partir dos dados disponíveis dos desastres na- muitas secas, a responsável pelo maior número de
8. UFRGS e CEPED/RS, 2015. turais ocorridos entre 1991 a 2012, a realidade brasi- vítimas foi a “seca dos dois setes”, que durou de 1877

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 2. Introdução

são valores que podem direcionar estratégias para zamentos da Região Serrana do Rio de Janeiro, evento
a Gestão de Risco de Desastres no estado, possibi- que causou 905 mortes em sete cidades e afetou mais
litando a análise do risco de forma estratificada, de 300 mil pessoas, ou 42% da população dos muni-
tanto considerando os setores da economia afetados cípios atingidos. Nos sete municípios que entraram
como os aspectos geográficos e políticos do estado.” em estado de calamidade pública viviam 713.652
pessoas, ou seja 4,46% da população do estado do
No Nordeste, as fortes inundações de 2010 atingi- Rio de Janeiro (15.989.929). Segundo os dados apu-
ram na mesma época, os Estados de Pernambuco e rados, 304.562 pessoas foram diretamente afetadas
Alagoas. pelo desastre, o que representa 42,68% da população
Em Alagoas, foram 20 municípios fortemente atin- dos sete municípios e 1,9% da população do estado
gidos: sendo 15 municípios em Estado de Calamidade do Rio de Janeiro. Os prejuízos totais foram estimados
Pública (ECP) e 4 em Situação de Emergência (SE), em R$ 4,8 bilhões, valor que, no entanto, omite impac-
afetando cerca de 269 mil pessoas, sendo 36 mortas, tos relevantes em setores como o da educação e o da
44 mil desalojadas e 28.500 desabrigadas. Segundo saúde, que não puderam ser considerados em função
consta da publicação do Banco Mundial de 2012, inti- da indisponibilidade de informações detalhadas.
tulada “Avaliação de Perdas e Danos Inundações Bruscas
em Alagoas - Junho de 2010”, as perdas e danos de- Relatório: Avaliação de Perdas e Danos - Inunda-
correntes das inundações bruscas de junho de 2010 ções e Deslizamentos na Região Serrana do Rio
totalizaram R$ 1.89 bilhões, valor que corresponde a de Janeiro/2011 - Banco Mundial. Disponível em:
cerca de 8% do PIB (Produto Interno Bruto) de Alagoas http://mi.gov.br/pt/c/document_library/get_fi-
em 2009. Do total estimado, 83% são referentes aos le?uuid=74 dde 46 c- 544 a- 4 bc 4 - a 6 e1- 852 d-
danos (custos diretos do desastre) e 17% correspondem 4c09be06&groupId=10157
aos custos indiretos das inundações.
Figura 4. Crianças retirantes da Grande Seca na província do Ceará, 1878.
Fonte: Biblioteca Nacional. Em Pernambuco, as inundações de junho de 2010 Em 2015, o rompimento da barragem de rejeitos da
afetaram 67 municípios, 42 decretaram estado de Samarco Mineração, empresa controlada pela Vale
Em novembro de 2008, verificou-se um grande 2014) que têm impactado negativamente o desenvol- calamidade pública (ECP) ou situação de emergência e pela BHP Billiton (50% cada), situada na divisa
volume de precipitação no Estado de Santa Catarina vimento dos municípios catarinenses em particular, e (SE) depois que ondas em alta velocidade e com alto dos Municípios de Mariana e Ouro Preto, no estado
que superou o recorde de chuvas em seu histórico de repercutindo em nível federal. Esses dados são apre- poder de destruição derrubaram casas, hospitais, de Minas Gerais, foi mais um desastre de grandes
registros. É citado como um dos piores desastres da sentados na publicação de 2016, do Centro Universi- prédios da administração pública, escolas, estabele- proporções que repercutiu nacional e internacional-
história daquele estado. As chuvas deixaram mais de tário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres CEPED/ cimentos comerciais, pontes, estradas e outros equi- mente. Esse desastre foi assunto da Comissão
80 mil pessoas desalojadas e desabrigadas, 60 muni- UFSC - “Relatório dos Danos Materiais e Prejuízos pamentos. Afetaram cerca de 740 mil pessoas, 20 Externa do Rompimento de Barragem na Região de
cípios em situação de emergência (SE) e 14 em estado decorrentes de Desastres Naturais em Santa Catarina mortas, 86.464 desalojadas e 19.520 desabrigadas. Mariana – MG (CEXBARRA), que emitiu o Relatório
de calamidade pública (ECP). Segundo os dados, as 1995-2014”. Os prejuízos foram significativos: R$ 3,4 bilhões, valor Final, em maio de 2016, do qual se extrai a descrição
perdas humanas se resumem a 110 mortes, sendo 97% Dessa publicação, destacam-se os danos e preju- que corresponde a mais de 4% do PIB (Produto Interno do desastre e as principais consequências:
dos óbitos resultantes de soterramento após o desli- ízos por desastres naturais, que demandaram um Bruto) estadual. Os custos diretos foram estimados em
zamento de encostas, além de cerca de 429 mil pessoas volume significativo de recursos públicos para a re- aproximadamente R$ 2 bilhões (60%), enquanto os “No dia 05/11/2015, por volta de 16h20min, a bar-
afetadas. O total de prejuízos estimado pelo Banco construção. Como apurado nessa pesquisa, a exten- custos indiretos somaram cerca de R$ 1,4 bilhão (40%). ragem de rejeitos de Fundão rompeu-se e derramou
Mundial para o período é da ordem de R$ 4,75 bilhões. são dos danos e prejuízos no período de 1995 a 2014 32 milhões m3 de lama no vale do córrego Santarém
é significativa, a saber: Relatório: Avaliação de Perdas e Danos - Inunda- e dos rios Gualaxo do Norte, Carmo e Doce, que
Relatório: Avaliação de Perdas e Danos - Inunda- ções Bruscas em Pernambuco/2010 - Banco Mun- desemboca no mar, após atravessar o Estado do
ções Bruscas em Santa Catarina/2008 - Banco “O total de danos e prejuízos para o período da pes- dial. Disponível em: http://mi.gov.br/pt/c/docu- Espírito Santo. Em cerca de 40 minutos, o fluxo de
Mundial. Disponível em: http://mi.gov.br/pt/c/do- quisa é de 17,6 bilhões de reais, com valores corri- ment_library/get_file?uuid=53d18df5-cf74-4be- lama atingiu e galgou a barragem de Santarém e se
cument_library/get_file?uuid=bff64ad 8 -7f- gidos para 2014. A perda anual média é de 881 4-80c0-97ce3cebad14&groupId=10157 deslocou outros 3 km até o Subdistrito de Bento
76-4762-a8ce-aadc443a3916&groupId=10157 milhões de reais, representando 0,4% do PIB do Rodrigues, destruindo-o quase totalmente.
estado. Mesmo considerando que os valores são Em janeiro de 2011, chuvas de grande intensidade
Ainda no Estado de Santa Catarina, registram-se baseados nas estimativas dos municípios e que, por deflagraram o que seria considerado o pior desastre Nos dezesseis dias seguintes, a lama percorreu mais
os desastres ocorridos nos últimos 20 anos (1995 a outro lado, há lacunas de informações nos registros, brasileiro dos últimos tempos: as inundações e desli- de 600 km e chegou à foz do rio Doce, no Oceano

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 2. Introdução

Tabela 1 - Número de registros de desastres por tipo e região geográfica - 2013 e 2014
Atlântico. Nas semanas posteriores ao evento, pelo do rio Doce, afetando centenas de pescadores;
menos outros 8 milhões m3 de lama continuaram REGIÃO BRASIL
TIPO DE DESASTRE
sendo despejados nos cursos d’água em razão das - 80 km2 de área no mar afetada pela pluma de re- NORTE CENTRO-OESTE SUL SUDESTE NORDESTE TOTAL

chuvas e das tentativas infrutíferas de barrar a lama jeitos, além de dezenas de quilômetros de ambien- Estiagem e Seca 185 1 74 542 3.892 4.694
mediante três diques galgáveis construídos entre o te costeiro, no litoral do Espírito Santo;
Enxurrada 20 29 417 201 52 719
local do rompimento e Bento Rodrigues.
Vendavais 13 110 431 162 24 740
- queda da arrecadação de cerca de R$4 milhões/
Entre os impactos identificados da tragédia, desta- mês do Município de Mariana, em decorrência da Granizo 0 3 144 17 1 165
cam-se: paralisação das atividades minerárias; Inundação 139 22 168 86 11 426
Outros 51 36 65 102 42 296
- Povoado de Bento Rodrigues, com pouco mais de - aumento do desemprego em Mariana e região; TOTAL 408 201 1.299 1.110 4.022 7.040
200 casas e 600 moradores, quase totalmente
Fonte: Sistema Integrado de Informações sobre Desastres-S2ID, 2016.
coberto pela lama, com perda de infraestrutura - destruição e perda de obras sacras do século XVIII,
Disponível em: https://s2id.mi.gov.br/
pública e bens privados; que constituíam patrimônio cultural de Bento
Rodrigues;
- Outras comunidades parcialmente afetadas pela
lama: Paracatu de Baixo, Paracatu de Cima, Águas - comunidade indígena (Krenak) afetada na pesca sendo que 70,99% deles devido à seca/estiagem,
Claras, Campinas, Borba, Pedras e Bica, que inte- e demais usos da água; e impactando significativamente a economia do país.
gram o Distrito de Camargos, do Município de Ainda em 2013, os 493 desastres naturais oficialmen-
Mariana, bem como Gesteira e Barreto e o próprio - indústria de papel (Cenibra) com atividades para- te reportados causaram 183 óbitos e afetaram cerca
centro urbano do Município de Barra Longa;; lisadas. de 18,5 milhões de pessoas.
O histórico nacional de desastres é um argumen-
- 35 municípios afetados no Estado de Minas Gerais Os impactos sobre os ecossistemas naturais e a to recorrente para que estados e municípios brasileiros
e quatro no Espírito Santo, vários com abastecimen- perda de biodiversidade ainda estão sendo avaliados, se estruturem e se organizem para atuarem de forma
to de água interrompido temporariamente; ao longo do rio Doce e afluentes, bem como na foz permanente na gestão de risco e se preparem para
do rio e nas áreas marinhas adjacentes. Um estudo atuação no desastre. No entanto, ressalte-se a impor-
- 18 mortos, entre moradores de Bento Rodrigues e da Marinha revelou altas concentrações de quatro tância o histórico de desastres e a percepção de riscos
trabalhadores da empresa e terceirizadas, além de metais pesados (arsênio, manganês, chumbo e vivenciados pela população de cada município, na
uma pessoa ainda desaparecida; selênio) na foz do rio Doce e no litoral norte do Es- perspectiva de analisar a realidade municipal a partir
pírito Santo. A poluição levou o Ministério Público a das múltiplas causas que originam os desastres.
- 644 desabrigados e 716 desalojados, principal- proibir a pesca nessa região.
mente nas comunidades afetadas dos Municípios
de Mariana e Barra Longa; A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil
- SEDEC/MI conta na sua estrutura com o Centro
- 8.567 outros afetados (prejudicados de alguma Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres
forma pelo desastre, direta ou indiretamente); (CENAD), que atualmente gerencia um banco de dados
de desastres. A partir de 2012, esses dados passaram
- Usinas hidrelétricas (Candonga, Baguari, Aimorés, a ser incluídos num sistema informatizado de registros
Mascarenhas) com produção de energia interrom- on-line - o Sistema Integrado de Informações sobre
pida, sendo que a primeira delas teve suas estrutu- Desastres (S2ID). A partir desses dados, foram publi-
ras ameaçadas e sofreu completo assoreamento de cadas edições do Anuário Brasileiro de Desastres
seu reservatório; Naturais, referentes aos anos de 2011, 2012 e 2013 e
2014. Os anos de 2013 e 2014 estão consolidados na
- cerca de 1.500 Hectares de mata ciliar destruídos, Tabela 1 a seguir.
principalmente no Município de Mariana (MG); Como consta no Anuário de 2013, quanto à exten-
são territorial atingida pelos desastres naquele ano,
- cerca de onze Toneladas de peixes mortos ao longo dos 5.570 municípios brasileiros, 4.433 foram afetados,

28 29
Noções básicas em proteção e defesa civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco

3. Contexto Geral
da Gestão de Risco

Figura 5 . Abertura da III Conferência Mundial das Nações Unidas sobre a Redução do Risco de Desastres, 2015.
Fonte: SEDEC/MI.

Tendo sido realizada uma introdução histórica e reduzir os efeitos do desastre, o processo de gestão
conceitual sobre os órgãos de proteção e defesa civil, de risco começou a evoluir quando, na década seguin-
a abordagem, a partir deste momento, busca um te, percebeu-se, primeiro, que o investimento em ações
enfoque mais prático aos processos de gestão de risco. de preparação poderia reduzir os impactos de desas-
Assim sendo, este capítulo começa trabalhando, de tres e, depois, que alguns deles poderiam ser evitados
maneira mais abrangente, o contexto internacional da com ações de prevenção. Marcando a transição do
prática da gestão de risco para então chegar ao con- foco nos desastres para o foco no risco, as ações de
texto brasileiro e principalmente local. prevenção, preparação e resposta dominou as discus-
sões internacionais durante toda a década de 1990.
3.1. Contexto internacional A Assembleia Geral das Nações Unidas estabele-
ceu, já em 1987, um importante marco no histórico da
A década de 1940, como já abordado na introdução, gestão de risco internacional, ao definir a Década
marcou o surgimento das instituições de proteção e Internacional para a Redução dos Desastres Naturais
defesa civil, que aos poucos foram incorporando atri- (DIRDN) para o período de 1990 a 1999. Durante esse
buições além das associadas aos efeitos de guerra. O período, o compromisso de seus Estados-Membros era
processo de gestão de risco, entretanto, é hoje consi- o de prestar especial atenção ao fomento da coope-
derado muito mais amplo, sendo função não apenas ração internacional no âmbito da redução de desastres.
das próprias instituições de proteção e defesa civil, O Brasil já participava dessas discussões, marcando
mas da gestão pública em geral, e sempre com a presença, por exemplo, na Reunião de Países Latino-
participação de toda a sociedade. -americanos sobre a Década Internacional para a
Assim, se até a década de 1970 as instituições Redução dos Desastres Naturais, realizada na Gua-
dedicavam-se quase exclusivamente e responder e a temala em setembro de 1991.

31
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco

Para saber mais sobre Reunião de Países Latino- Acesse a íntegra do Quadro de Ação de Hyogo
FOCO NOS DESASTRES
-americanos sobre a Década Internacional para a em: http://www.defesacivil.pr.gov.br/arquivos/File/
Redução dos Desastres Naturais acesse: http:// Marco/MarcodeHyogoPortugues20052015.pdf.
1950 - 1970 1970 - 1980 1980 1990
helid.digicollection.org/en/d/Jphp048s/7.html
Acesse a íntegra do Marco de Sendai. Em portu- • Resposta • Preparação e resposta • Ciclo dos desastres • DIRDN
• Prevenção •Atenção mundial
Em maio de 1994, ocorreu na cidade de Yokohama, guês (versão não oficial): http://unisdr-cerrd.wi-
Japão, a primeira Conferência Mundial sobre a Redução kispaces.com/file/view/Sendai_Framework_for_
de Desastres Naturais, promovida pelas Nações Disaster_Risk_Reduction_ 2015-2030+(Portu-
Unidas. Em 1997 foi criado o Projeto Esfera com o gues)+Versao+31MAI2015.pdf, ou nas versões
objetivo de elaborar um conjunto de normas mínimas oficiais em espanhol: http://www.unisdr.org/fi- FOCO NO RISCO
universais para as ações de resposta humanitária. O les/43291_spanishsendaiframeworkfordisasterri.
grupo reuniu organizações não governamentais, o pdf e inglês: http://www.preventionweb.net/fi- 1990 2000 - 2015 2005 - 2013 2010
Movimento Internacional da Cruz Vermelha e a Meia- les/43291_sendaiframeworkfordrren.pdf • LA RED • Quadro de Ação de Hyogo • Proteção financeira • Gestão integral do
-Lua Vermelha, todos interessados em melhorar a • Gestão de risco • Redução de Risco de Desastre • Planificação pública risco de desastres
qualidade das respostas humanitárias em situações • Vulnerabilidade global
Percebe-se, nessa breve revisão do contexto inter-
• Foco no risco
de desastre ou de conflito. Hoje o grupo é responsável nacional, o importante papel exercido pelas Nações
pela edição da Carta Humanitária e Normas Mínimas Unidas ao incentivar que os governos nacionais
de Resposta Humanitária em Situações de Desas- ampliem sua atuação na gestão de riscos. Ao longo
tre que apresenta normas mínimas em cinco setores dos anos, percebe-se também a evolução da termino-
fundamentais: abastecimento de água e saneamento; logia utilizada. Se na década de 1990 a expressão Figura 6. A evolução da Gestão de Risco - do foco nos desastres ao foco na gestão do risco.
Fonte: SEDEC/MI e PNUD, 2014.
nutrição; ajuda alimentar; abrigo; e planejamento de “desastres naturais” era amplamente aplicada, vê-se
locais de alojamento e cuidados médicos. uma propensão ao seu desuso a partir da década 2000
e posteriormente a incorporação do termo “risco” junto
Acesse a íntegra da Carta Humanitária em: http:// ao “desastre”. Pequenos detalhes, mas de significati- o Desenvolvimento – PNUD; o Escritório da ONU de OPAS/OMS; a questões de infância e educação a
forumsnlp.org/index.php?option=com_content&- va representação da tendência internacional que con- Coordenação de Assuntos Humanitários – OCHA, na Organização das Nações Unidas para a Educação, a
view=article&id=179&Itemid=100 sidera, a partir da perspectiva da construção social sigla em inglês; e a iniciativa para fortalecimento de Ciência e a Cultura – UNESCO e o Fundo das Nações
do risco, que se é o ser o humano – e não a natureza capacidades para redução de riscos de desastres – Unidas para a Infância – UNICEF; a questões de agri-
Já no final da década de 1990, as Nações Unidas – que o produz, ele próprio assume responsabilidade CADRI, em inglês9. cultura a Organização das Nações Unidas para a Ali-
estabeleceram a Estratégia Internacional para Redução por evitá-lo. O PNUD é a agência da ONU com mandato voltado mentação e a Agricultura – FAO; a questões de recons-
de Desastres, por meio da qual foram organizadas Pode-se afirmar, portanto, que atualmente o con- à promoção do desenvolvimento humano sustentável trução a Comissão Econômica para a América Latina
diversas reuniões e promovidos importantes acordos texto internacional da Gestão de Risco está estrutu- e – considerando a estreita relação entre desenvolvi- e o Caribe – CEPAL; e a questões ambientais o Pro-
internacionais. rado a partir de um foco de gestão sistêmica. Ou seja, mento e gestão de riscos de desastres – o PNUD grama das Nações Unidas para o Meio Ambiente –
Destes, destacam-se a II Conferência Mundial sobre quando se traça uma linha do tempo, como se observa coopera com diferentes países na realização de pro- PNUMA, dentre outras.
a Redução de Desastres e a III Conferência Mundial na figura a seguir, percebe-se que as ações de prote- jetos voltados à redução de riscos de desastres e
das Nações Unidas sobre a Redução do Risco de De- ção e defesa civil iniciaram-se com foco em resposta construção de resiliência. No Brasil, o PNUD vem
sastres. A II Conferência foi realizada em Kobe em e ao longo dos anos e décadas foram incorporando atuando em parceria com a Secretaria Nacional de Vamos aprofundar a
2005, ano que coincidiu com o terremoto e tsunami elementos de prevenção igualmente importantes, Proteção e Defesa Civil – SEDEC/MI em ações voltadas
no Sudeste Asiático. Como resultado do encontro saindo do foco nos desastres, para o foco nos riscos. ao fortalecimento da cultura de gestão de riscos de
compreensão do contexto
estabeleceu-se o Quadro de Ação de Hyogo, cujas Nessa visão de gestão sistêmica trabalha-se com desastres no país10. internacional conhecendo um
prioridades de ação alinhavam-se aos Objetivos de a articulação de diferentes áreas do conhecimento, Além disso, outras agências das Nações Unidas pouco sobre as principais
Desenvolvimento do Milênio – ODM. Já a III Conferên- profissionais e sociedade. De forma direta, exerce forte também discutem questões que implicam sobrema- discussões internacionais
cia Mundial das Nações Unidas sobre a Redução do representação internacional a Estratégia Internacional neira na gestão de risco. Associada a questões de
vigentes que direta e
Risco de Desastres, realizada em 2015 também no da ONU para Redução de Desastres – ISDR, na sigla saúde, por exemplo, está a Organização Pan-Ameri-
Japão, resultou na aprovação, pelos Estados-Membros em inglês. Fazem parte do Sistema ISDR: o Secreta- cana da Saúde/Organização Mundial da Saúde – indiretamente incluem a gestão
das Nações Unidas, do atual Quadro de Sendai. riado da Estratégia Internacional das Nações Unidas de risco e a construção da
para Redução do Risco de Desastres – UNISDR, na 9. Para mais detalhes vide http://www.unisdr.org/ resiliência em todo o mundo.
sigla em inglês; o Programa das Nações Unidas para 10. Para mais informações sobre o PNUD vide http://www.pnud.org.br

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco

metas e indicadores diretamente relacionados à gestão 5. Ampliar consideravelmente, até 2020, o


de risco11. número de países com estratégias nacionais e
locais para redução do risco de desastres.
b. Marco de Sendai 6. Ampliar consideravelmente, até 2030, a co-
Sobre o tema da gestão de risco é importante operação internacional destinada aos países em
ressaltar o recém adotado Marco de Sendai para desenvolvimento por meio de apoio adequado e
Redução de Risco de Desastres 2015-2030, formali- sustentável para complementar suas ações nacio-
zado após longas discussões realizadas em Sendai, nais de implantação deste quadro.
Japão, em março de 2015, descrito em detalhes a 7. Ampliar consideravelmente, até 2030, a dis-
seguir, junto a outros acordos e iniciativas internacio- ponibilidade e o acesso das pessoas a sistemas
nais correlatos à gestão de risco. de alerta multiameaças, a informações e avaliações
O documento consiste de uma atualização do sobre risco de desastres.
acordo anterior denominado Quadro de Ação de
Figura 7. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Hyogo 2005-2015: Construindo a resiliência das Por sua vez, as quatro novas prioridades de ação
Fonte: PNUD, 2015. nações e comunidades frente aos desastres, pas- são:
sando a definir sete metas e quatro prioridades de 1. Compreensão do risco de desastres;
ação. Na avaliação do Escritório das Nações Unidas 2. Fortalecimento da governança para gerenciar
3.1.1. Nações Unidas 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. A Agenda para Redução do Risco de Desastres, o acordo “tem o risco de desastres;
e as Agendas Internacionais 2030 é um plano de ação para as pessoas, o planeta um foco maior na prevenção do risco, estabelece di- 3. Investimento na redução do risco de desas-
e a prosperidade. Ela busca fortalecer a paz universal retrizes principais, propõe sete metas, estabelece uma tres para a resiliência;
A Organização das Nações Unidas, também co- com mais liberdade, e reconhece que a erradicação articulação clara entre as ações à nível nacional, local 4. Melhoria na preparação para desastres com
nhecida pela sigla ONU, é uma organização interna- da pobreza em todas as suas formas e dimensões – e regional, e global, destaca as ações de reconstrução foco em resposta efetiva e na máxima “Reconstruir
cional formada por países que se reuniram voluntaria- incluindo a pobreza extrema – é o maior desafio global e saúde, e define as responsabilidades de todas as Melhor que Antes” aplicável às ações de recupe-
mente para trabalhar pela paz e pelo desenvolvimento ao desenvolvimento sustentável. partes interessadas12”. ração, reabilitação e reconstrução.
mundial. No âmbito de sua atuação na ONU, os Países A Agenda consiste em uma Declaração, 17 Obje- As sete metas do Marco de Sendai são:
Membros pactuam acordos, protocolos e convenções tivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS e 169 1. Reduzir consideravelmente, até 2030, a mor- Acesse a íntegra do Quadro de Sendai. Em portu-
internacionais que podem ser posteriormente incorpo- metas, uma seção sobre meios de implantação e de talidade global causada por desastres, tendo como guês (versão não oficial): http://unisdr-cerrd.wi-
rados na legislação e nas políticas dos diferentes países. parcerias globais, e um arcabouço para acompanha- meta uma redução da taxa de mortalidade por kispaces.com/file/view/Sendai_Framework_for_
O ano de 2015 foi particularmente importante nesse mento e revisão. Os ODS aprovados foram construídos 100.000 habitantes entre 2020-2030 comparati- Disaster_Risk_Reduction_ 2015-2030+(Portu-
sentido, pois representou um momento de revisão, sobre as bases estabelecidas pelos Objetivos de De- vamente a 2005-2015. gues)+Versao+31MAI2015.pdf, ou nas versões
discussão e proposição de novas metas a serem al- senvolvimento do Milênio – ODM, de maneira a com- 2. Reduzir consideravelmente, até 2030, o oficiais em espanhol: http://www.unisdr.org/fi-
cançadas até 2030 em todo o mundo, com o objetivo pletar o trabalho deles e responder a novos desafios. número de pessoas afetadas em todo o mundo les/43291_spanishsendaiframeworkfordisasterri.
de acabar com a pobreza, transformar vidas e proteger São integrados e indivisíveis, e mesclam, de forma tendo como meta uma redução da taxa global por pdf e inglês: http://www.preventionweb.net/fi-
o planeta. equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento 100.000 habitantes entre 2020-2030 comparati- les/43291_sendaiframeworkfordrren.pdf.
sustentável: a econômica, a social e a ambiental. vamente a 2005-2015.
A OPAS foi a primeira agência da ONU a trabalhar Aprovados na Cúpula das Nações Unidas sobre o 3. Reduzir, até 2030, perdas econômicas cau- c. Campanha Construindo Cidades Resilientes
os desastres considerando o risco e não a emer- Desenvolvimento Sustentável, que ocorreu entre os sadas diretamente por desastres em relação ao A Campanha Construindo Cidades Resilientes foi
gência. Esse trabalho teve início em parceria com dias 25 e 27 de setembro 2015, a implementação dos produto interno bruto (PIB) mundial. lançada internacionalmente em 2010 pelo Escritório
o Ministério da Saúde da Guatemala no início da ODS será um desafio, o que requererá uma parceria 4. Reduzir consideravelmente, até 2030, os das Nações Unidas para a Redução do Risco de De-
década de 1970, após a ocorrência de um grande global com a participação ativa de todos, incluindo danos causados por desastres em relação a infra- sastres – UNISDR, embasando os 10 passos essenciais
terremoto no país. governos, sociedade civil, setor privado, academia, estrutura básica e interrupção de serviços essen- para fins de incremento da resiliência a desastres em
mídia, e Nações Unidas. ciais, entre eles serviços de saúde e educação, nível local. Em 2015, com a adoção do Quadro de
a. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – Cabe destacar ainda que os ODS de número 11: incluindo o desenvolvimento de sua resiliência. Sendai, verificou-se a necessidade de se reformular
ODS Tornar as cidades e os assentamentos humanos in- a campanha e incorporar as diretrizes do novo acordo
Após mais de três anos de discussão, os líderes de clusivos, seguros, resilientes e sustentáveis; e de 11. Para mais informações sobre a agenda 2030 e os ODS, vide http:// internacional para os próximos 15 anos13.
governo e de estado aprovaram, por consenso, o do- número 13: Tomar medidas urgentes para combater a www.pnud.org.br/ODS.aspx
cumento Transformando Nosso Mundo: A Agenda mudança climática e seus impactos, contemplam 12. UNISDR, 2015. 13. Adaptado de BRASIL, 2016.

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco

10 PASSOS ESSENCIAIS PARA TORNAR AS CIDADES RESILIENTES


e. Nova Agenda Urbana União de Nações Sul-Americanas –
3.2.1.

Organizar-se para a Identificar compreender Fortalecer a capacidade Durante a Terceira Conferência das Nações Unidas UNASUR17
ASPECTOS BÁSICOS 01 resiliência a desastres 02 e utilizar os cenários de 03 financeira para a resiliência
riscos atuais e futuros
sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável,
realizada em Quito em outubro de 2016, no Equador, Em agosto de 2013, durante a Reunião Ordinária
foi definida a Nova Agenda Urbana — documento que do Conselho de Ministras e Ministros de Relações
Buscar desenvolvimento e Salvaguardar zonas de Fortalecer a capacidade
04 projetos urbanos resiliêntes 05 amorteciemento naturais 06 institucional para a resiliência vai orientar a urbanização sustentável pelos próximos Exteriores da UNASUR foi criado o Grupo de Alto
para melhorar as funções
de proteção oferecidas 20 anos. Nível Sobre Gestão de Riscos de Desastres. Seu
ASPECTOS OPERATIVOS pelos ecossistemas naturais
Entre as principais disposições do documento, está propósito é o de identificar elementos chave que
07
Compreender e fortalecer
08
Aumentar a resiliência a igualdade de oportunidades para todos; o fim da possam servir como insumos para a formulação de
a capacidade da sociedade da infraestrutura
para a resiliencia discriminação; a importância das cidades mais limpas; uma Estratégia Sul-americana para a Redução do
a redução das emissões de carbono; o respeito pleno Risco de Desastres. Na ocasião – que ocorreu em
ASPECTOS PARA UMA Assegurar uma resposta Acelerar a recuperação e aos direitos dos refugiados e migrantes; a implemen- Paramaribo, Suriname – os representantes de Argen-
09 10
MELHOR RECONSTRUÇÃO eficaz ao desastre reconstruir melhor tação de melhores iniciativas verdes e de conectivi- tina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana,
dade, entre outras. Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela esta-
Diversas dos compromissos assumidos no docu- beleceram os seguintes objetivos do grupo:
Figura 8. 10 Passos da Campanha Cidades Resilientes. mento tem relação direta com a gestão de risco, em • Definir, a partir de avaliações nacionais e de
Fonte: Defesa Civil de Campinas/SP, sem data.
especial com as diretrizes do marco de Sendai, como aportes dos Conselhos Ministeriais da UNASUR
por exemplo o compromisso 13.G (visão compartilhada): as capacidades, riscos e desafios comuns dos
Assim sendo, os atuais 10 passos essenciais que de 2015 em Paris, França, e que inclui metas de redução Aprovar e colocar em prática políticas de gestão e Estados Membros em matéria de gestão de risco
devem ser adotados pelos municípios que façam a de emissões de gases de efeito estufa com o objetivo redução de riscos de desastres que reduzam vulnerabi- de desastres.
adesão à campanha estão apresentados na figura 8, de limitar o aumento da temperatura do planeta em lidades, aumentem a resiliência, aumentem a capaci- • Desenvolver um glossário de termos que ex-
que os divide em aspectos básicos, aspectos operati- até 1,5 °C até o ano de 2100. dade de resposta a desastres diante de ameaças natu- presse uma visão compartilhada.
vos e aspectos para uma melhor reconstrução. As tratativas internacionais buscam direcionar a rais e antrópicas, e fomentem a mitigação e adaptação • Promover a adoção de mecanismos e proto-
O escopo da Campanha Construindo Cidades Re- atuação dos Estados-Membros para a mitigação dos à mudança do climática16 (tradução livre). colos comuns que permitam uma gestão eficaz da
silientes concentra-se na resiliência a desastres – ou impactos e adaptação climática diante do atual cenário De maneira semelhante aos demais acordos inter- assistência humanitária dos Estados Membros em
seja, na capacidade de uma cidade para planejar, global. Para o secretário executivo do Observatório do nacionais, o Brasil teve sua delegação presente na caso de desastres.
mitigar, responder, recuperar-se, adaptar-se e crescer Clima, Carlos Rittl, as consequências de não atender conferência e deverá ser signatário também da Nova • Estudar, em coordenação com a Secretaria
após grandes desastres, tendo em conta suas circuns- aos limites previstos no acordo podem ser muito Agenda Urbana. Geral da UNASUR, a viabilidade técnica e opera-
tâncias físicas, econômicas, ambientais e sociais par- severas. “Com menos de 1 °C de aquecimento já temos, cional para estabelecer uma plataforma destinada
ticulares14. toda semana, uma má notícia em algum lugar do Para saber mais sobre a Nova Agenda Urbana, e a compartilhar informações, comunicações e ope-
mundo, inclusive no Brasil, de acidentes ligados a até contribuir, acesse a página oficial da confe- rações utilizando o Centro de Comunicação e In-
Se o seu município tem interesse em participar climas mais extremos, chuvas fortes, secas que se rência, em inglês: https://habitat3.org/the-new-ur- formação da Secretaria Geral.
desta iniciativa, entre em contato com o Promotor intensificam, tornados, deslizamentos de terra. Isso ban-agenda ou a representação brasileira: http:// • Contribuir para a adoção de políticas, estra-
da Campanha no Brasil: Sidnei Furtado Fernan- vem acontecendo com frequência e intensidade maior www.participa.br/profile/habitat#.V17Pv_krKUl tégias e ferramentas compartilhadas em matéria
des, e-mail promotor.brasil01@gmail.com. nos últimos anos e tende a se agravar”15. de redução do risco de desastres.
Desde o dia 22 de abril de 2016 o acordo já foi • Promover a cooperação sobre o tema por meio
Para saber mais sobre a campanha você pode assinado por 177 países, e estará aberto a adesões 3.1. Contexto da américa latina e caribe de programas, projetos e outras ações de coope-
acessar o site oficial (em inglês): http://www.unis- até o dia 21 de abril de 2017. O Acordo de Paris esta- ração sul – sul e triangular, de acordo com as nor-
dr.org/campaign/resilientcities/, e conhecer o Guia belece ainda que os países deverão reunir-se a cada Diante do cenário internacional é válido um olhar mativas da UNASUR.
para Gestores Públicos Locais: http://www.unisdr. cinco anos, a partir de 2023, para realizar discussões mais atento às discussões que ocorrem entre os países • Incentivar a investigação científica e tecno-
org/files/26462_guiagestorespublicosweb.pdf. e revisões políticas de suas ações. da América Latina e Caribe, que compartilham com o lógica e integrar programas, projetos e outras ações
Brasil semelhanças regionais e possuem espaços de deste Grupo de Trabalho de Alto Nível.
d. Acordo de Paris Acesse a íntegra do documento, em https://na- cooperação internacional e atuação conjunta. • Promover o fortalecimento das capacidades
Trata-se do acordo negociado durante a COP21 coesunidas.org/acordodeparis/ e o estabelecimento de mecanismos e sistemas
– Conferência das Partes, que ocorreu em dezembro comuns de avaliação das ações relacionadas a

14. CAMPINAS, sem data. 15. EBC, 2015. 16. Tradução livre 17. Adaptado de UNASUR, sem data.

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco

redução do risco de desastres decorrentes de de definir as tendências e áreas prioritárias de avanço Para saber mais sobre as MIAH, e conhecer a ín- Costa Rica em agosto de 1992, foram formuladas cinco
eventos naturais ou induzidos pelo ser humano na e fortalecimento, os resultados da Plataforma Regional tegra de todas as declarações acesse o link (em áreas de intervenção para sua Agenda de Investigação
região da América Latina e Caribe. servem de insumo para a Plataforma Global, que se espanhol): http://www.redhum.org/es/miah e Constituição Orgânica:
• Fomentar o desenvolvimento de programas realizada periodicamente com representantes de todo • Estado, sistemas políticos e prevenção de
de redução do risco de desastres que permitam a o mundo. 3.2.4. Declaração de Assunção desastres
diminuição dos níveis de risco nas comunidades A última Plataforma Regional – IV Sessão – ocorreu • Desastres e modelo de desenvolvimento
da região com um enfoque em gestão integrada em Guayaquil, Equador, em maio de 2014, abarcando A Declaração de Assunção surgiu da Primeira • Desastres e cultura
de bacias hidrográficas. quatro sessões temáticas: Reunião Ministerial e de Autoridades de Alto Nível • Modelos organizativos-administrativos para
• Impulsionar o desenvolvimento de uma estra- • Redução do risco e segmentos especiais da sobre a Implantação do Quadro de Sendai para a a prevenção de desastres
tégia regional que promova uma cultura de pre- sociedade. Redução do Risco de Desastres 2015-2030 nas • Sistemas de instrumentos para a prevenção,
venção e resiliência nas comunidades. • Redução do risco de desastres, mudanças Américas, realizada em junho de 2016 no Paraguai. atenção e recuperação a desastres.
• Integrar em seu programa de atividades as climáticas e agenda de desenvolvimento O documento considera as discussões já ocorridas
conquistas alcançadas com a redução de riscos • Governabilidade e políticas públicas para a na região da América Latina e Caribe, como a Plata- Para saber mais sobre a La Red acesse o site: ht-
de desastres, pelos Organismos Sub-regionais e redução do risco forma Regional; e os acordos internacionais, como o tp://www.la-red.org/ e a página de Facebook: ht-
pelos Estados Membros, a fim de evitar duplicida- • Consulta regional do novo quadro para Quadro de Sendai; além de ponderar que para “avançar tps://www.facebook.com/desenredando.org/
de de esforços. redução de riscos de desastres, pós 2015. na erradicação da pobreza, diminuir a inequidade e
alcançar um desenvolvimento sustentável e inclusivo, 3.1. Contexto nacional
Conheça o material elaborado pela UNASUR e Para saber mais sobre as Plataformas Regionais é necessário avaliar os avanços da implantação de
pelo UNISDR, denominado Considerações para acesse o link (em espanhol): http://eird.org/pr14/ políticas de gestão do risco de desastre em todos os 3.1.1. A Política Nacional de Proteção
Fortalecer uma Estratégia Sul-americana para a index.html níveis territoriais e setoriais20“. e Defesa Civil – PNPDEC
Redução do Risco de Desastres - 2015 (em espa- Há ainda a proposição de ações em níveis regional
nhol): http://www.unisdr.org/files/43861_conside- 3.2.3.Reunião Regional sobre Mecanismos (Américas e Caribe) e nacional para cada uma das A PNPDEC é o marco doutrinário da proteção e
racionesparaunaestrategiarrd.pdf Internacionais de Assistência Humanitária – quatro novas prioridades do Quadro de Sendai. defesa civil no Brasil, estabelecida pela lei 12.608,
MIAH19 expresso pelas diretrizes e objetivos instituídos na
3.2.2.Plataforma Regional para a Redução Para conhecer a íntegra da declaração (em espa- política e que devem ser seguidos por todos os membros
do Risco de Desastres18 As Reuniões Regionais sobre Mecanismos de As- nhol), acesse: https://issuu.com/secretariaemer- do SINPDEC. Norteia os programas, planos e projetos
sistência Humanitária – MIAH surgiram como uma gencianacionalpy/docs/declaraci__n__sendaia- que tratam da temática e define as competências dos
A Plataforma Regional para a Redução do Risco iniciativa impulsionada pelos escritórios regionais do mericas_-_espa e para obter mais informações entes federados.
de Desastres nas Américas é o principal espaço que OCHA (Escritório das Nações Unidas para a Coorde- sobre toda a reunião, (em espanhol) acesse: ht- A PNPDEC deve se integrar integrar-se às políticas
reúne atores chave envolvidos no tema por toda a nação de Assuntos Humanitários). Esses espaços têm tp://eird.org/ran-sendai-2016/index.html de ordenamento territorial, desenvolvimento urbano,
América e Caribe. Trata-se de um fórum multissetorial como objetivo o fortalecimento de articulações entre saúde, meio ambiente, mudanças climáticas, gestão
e de ampla participação que reflete os compromissos os principais atores humanitários, ao mesmo tempo Rede de Estudos Sociais em Prevenção
3.2.5. de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educa-
e as preocupações dos governos (nacionais, subna- em que se difunde missão, objetivos e ferramentas de Desastres na América Latina – La Red21 ção, ciência e tecnologia e às demais políticas setoriais,
cionais e locais), das organizações intergovernamen- disponibilizados pelo OCHA aos governos nacionais tendo em vista a promoção do desenvolvimento sus-
tais, das organizações internacionais, das organiza- para uma melhor gestão da assistência humanitária. Criada no início da década de 1990, a Rede de tentável, dando indicações fundamentais das principais
ções não governamentais, das organizações O processo se consolidou como uma forma de Estudos Sociais em Prevenção de Desastres na políticas que se relacionam com a Gestão de Riscos.
comunitárias, das instituições científicas e acadêmicas, intercâmbio de inciativas, experiências, boas práticas América Latina – conhecida simplesmente como La Estabelece ainda uma abordagem sistêmica para
do setor privado e dos meios de comunicação. e propostas, onde os representantes da atuação hu- Red – é uma das mais antigas e importantes estrutu- a gestão de risco, dentro das ações de prevenção,
É um encontro que oferece a oportunidade de in- manitária da América Latina e Caribe buscam avançar ras que trabalham com a temática dos desastres na mitigação, preparação, resposta e recuperação. Como
tercambiar informação e conhecimento, promovendo em todos os níveis de sua coordenação. A reunião mais América Latina. Sua formação deu-se por um pequeno abordagem sistêmica deve-se considerar que as
processos de planejamento, monitoramento de pro- recente – VII MIAH – ocorreu em maio de 2015, na grupo multidisciplinar que começou a compreender e ações possuem relação entre si, e jamais ocorrem de
gresso, tomada de decisão coletiva e estratégica, e Guatemala, e sua declaração reforça os pressupostos analisar os desastres, formando as bases para o que maneira isolada. Ou seja, mesmo em momentos de
ações para ampliar a implantação do Quadro de Hyogo do Quadro de Sendai. O Brasil foi sede desse encontro atualmente se convenciona por gestão de risco. recuperação, por exemplo, a perspectiva da prevenção
– e mais recentemente do Quadro de Sendai – vincu- em sua segunda edição, que ocorreu em Florianópolis A partir da primeira Reunião Geral, realizada na deve estar presente. É a isto que se refere o Marco de
lando esforços em nível internacional e nacional. Além em setembro de 2009. Sendai quando menciona a máxima “Reconstruir
20. DECLARAÇÃO DE ASSUNÇÃO, 2016. Melhor que Antes”.
18. Adaptado de EIRD, sem data. 19. Adaptado de REDHUM, sem data. 21. Adaptado de LA RED, sem data.

38 39
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco

SECRETARIA NACIONAL DE
ÓRGÃO CONSULTIVO PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL
ÓRGÃO CENTRAL
Conselho

Coordenação de
Serviço de Apoio Administração e
administrativo e protocolo Assessoramento

Órgão Setoriais Órgãos de Apoio

Centro Nacional de Departamento Departamento de Departamento Departamento de


Gerenciamento de de Articulação Prevenção e de Reabilitação e Operações de Socorro
Riscos e Desastres e Gestão Preparação de Reconstrução em Desastres

Figura 9. O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC.


Fonte: Elaboração SEDEC/MI, 2017.
Coordenação-Geral Coordenação-Geral Coordenação-Geral Coordenação-Geral Coordenação – Geral
de Monitoramento de Articulação de Prevenção de Reabilitação e de Operações
3.1.2. O Sistema Nacional de Proteção cisões dentro do sistema. e Operação e Gestão e Preparação de Reconstrução de Socorro
e Defesa Civil – SINPDEC
Você pode conhecer a composição do CONP-
A Proteção e Defesa Civil é organizada por meio DEC, bem como acompanhar as atas de reuniões
de um sistema, o Sistema Nacional de Proteção e pelo site: http://www.mi.gov.br/web/guest/apre- Figura 10. Estrutura da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.
Fonte:Decreto nº 8980, de 01 de fevereirode 2017.
Defesa Civil – SINPDEC. A Lei 12.608/12 define a com- sentacao-conpdec
posição do SINPDEC com diferentes órgãos públicos
responsáveis por sua gerência, prevendo ainda a pos- a. Órgão central
sibilidade de participação da sociedade, conforme A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil ganização de órgãos municipais de proteção e Localmente, os gestores de
definido no Artigo 11: – SEDEC/MI atua como órgão central do SINPDEC, e defesa civil. Você também pode acessar essa proteção e defesa civil devem
faz parte da estrutura do Ministério da Integração apostila que orienta municípios a implantarem e
fazer o esforço de verificar como
Art. 11. O SINPDEC será gerido pelos seguintes Nacional – MI. Como órgão central é responsável por operacionalizarem seus órgãos: http://www.mi.
órgãos: coordenar as ações de proteção e defesa civil em todo gov.br/c/document_library/get_file?uuid=6cb0d-
articular-se aos demais órgãos
I - órgão consultivo: CONPDEC; o território nacional. Seu organograma, definido pelo 27c-ffa7-437e-a724-fa8cde4bb1ee&groupId=10157 da administração pública,
II - órgão central, definido em ato do Poder Executi- Decreto 8.161/13 está assim constituído. de maneira a fortalecer sua
vo federal, com a finalidade de coordenar o sistema; c. Órgãos setoriais dos três âmbitos de governo gestão integrada.
III - os órgãos regionais estaduais e municipais de b. Órgãos regionais estaduais e municipais de Embora também em relação aos órgãos setoriais,
proteção e defesa civil; e proteção e defesa civil a Lei 12.608/12 não defina diretamente quais sejam e
IV - órgãos setoriais dos 3 (três) âmbitos de governo. A Lei 12.608/12 não define hierarquia nem estrutu- como atuam, pode-se considerar que estes sejam, d. Organizações comunitárias e sociedade civil
Parágrafo único. Poderão participar do SINPDEC as ra mínima para esses órgãos, de maneira que Estados principalmente, os responsáveis pelas políticas públi- Em parágrafo único a Lei 12.608/12 abre a possi-
organizações comunitárias de caráter voluntário ou e Municípios possuem autonomia para definir como cas setoriais ali mencionadas: “políticas de ordena- bilidade para que organizações comunitárias de caráter
outras entidades com atuação significativa nas ações organizam sua área de proteção e defesa civil dentro mento territorial, desenvolvimento urbano, saúde, meio voluntário e outras entidades com atuação significa-
locais de proteção e defesa civil.22 da administração pública local. Assim, há locais em ambiente, mudanças climáticas, gestão de recursos tiva nas ações locais de proteção e defesa civil possam
Constitui-se pelo Conselho Nacional de Proteção que esses órgãos se constituem em secretarias espe- hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência também participar do Sistema Nacional de Proteção
e Defesa Civil – CONPDEC, que por sua vez é formado cíficas, e outros em que se integram à estrutura de e tecnologia23”, além dos órgãos responsáveis pelos e Defesa Civil. Sua participação pode se dar pela
por diversos representantes dos órgãos setoriais fe- outras secretarias ou ao gabinete do prefeito, por programas do PPA 2016-2019, listados há pouco. composição paritária nos Conselhos ou ainda se vin-
derais. Trata-se de uma instância consultiva que exemplo. Independente da forma, Estados e Municípios culando localmente às ações de gestão de risco a
discute, orienta e indica o órgão central em suas de- devem responder pelas competências definidas em lei. critério de cada órgão municipal.

22. BRASIL, 2012. No capítulo 5, há conteúdo específico sobre a or- 23. BRASIL, 2012.

40 41
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco

3.1.3. Conteúdo legal 3.1.5. O Governo Federal


e o Marco de Sendai Lei 1. Institui a PNPDEC
Passaremos agora a uma análise mais específica 12.608/12 2. Dispõe sobre o SINPDEC
sobre o conteúdo legal que direciona os órgãos de No que diz respeito ao reflexo das discussões in- 3. Dispõe sobre o CONPDEC
proteção e defesa civil, e consequentemente a gestão ternacionais no contexto nacional, pode-se avaliar 4. Autoriza o S2ID
de risco. No quadro seguinte, é possível observar como que o atual Plano Plurianual do governo federal – PPA 5. Dá outras providências
a Lei 12.608/12 relaciona-se com outros decretos e 2016-2019 (detalhado no capítulo 4.1), principalmente
medidas provisórias formando uma complexa rede de por meio do Programa 2040, está claramente alinha-
definições legais, sobretudo por questões de regula- do ao Marco de Sendai. O que se verifica, por exemplo,
mentação. Se por um lado um de seus artigos é regu- na comparação entre as metas globais e prioridades 6. Altera:
• 6.766/79 - Parcelamento do solo urbano
lamentado por um decreto de 2010 alterado em 2011 de ação do Quadro com os indicadores, objetivos,
• 8.239/91 - Serviço alternativo ao serviço militar obrigatório
– e, portanto, antes de sua própria publicação – por metas e iniciativas do PPA. Duas metas do Quadro,
• 9.394/96 - Diretrizes e bases da educação nacional
outro lado, boa parte de seu conteúdo depende de por exemplo, tratam da redução da mortalidade e do
• 10.257/01 - Política urbana
regulamentação ainda pendente. número de pessoas afetadas por desastres o que
• 12.340/10 - Transferências de recursos da União para SE e ECP
Há ainda a Lei 12.340/10 para dispor sobre as dialoga com dois indicadores do Programa 2040: (i)
transferências de recursos da União aos órgãos e número de óbitos e (ii) número de desalojados e de-
entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios, sabrigados provocados por desastres.
no que diz respeito a execução de ações de prevenção Pode ser citado ainda o alinhamento do referente 7. Artigo 2º é regulamentado pelo:
em áreas de risco, e de resposta e recuperação em ao aumento da disponibilidade e acesso a sistemas • Decreto 7.257/10
áreas atingidas por desastres. de alerta, com a meta do quadro de “aumentar a ca-
pacidade de emitir alertas de desastres naturais por
Acesse a íntegra da Lei 12.340/14 em: http://www. meio do aprimoramento da rede de monitoramento,
Decreto 1. Dispõe sobre o SINDEC
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/ com atuação integrada entre os órgãos Federais, Es- 7.257/10 2. Dispõe sobre reconhecimento de SE e ECP
l12340.htm taduais e Municipais”. Acrescenta-se a estreita relação 3. Dispõe sobre transferências para:
entre a prioridade de ação 2 do Quadro, que trata do • Socorro
É, portanto, de se compreender a complexidade fortalecimento da governança, com a meta do PPA, • Assistência
do processo e algumas fragilidades que se refletem referente à instituição do Comitê Federal de Gestão • Restabelecimento
na gestão de risco local. O objetivo deste conteúdo é, de Riscos e Gerenciamento de Desastres. • Reconstrução
nesse sentido, fortalecer ao máximo a compreensão A seguir é apresentada uma comparação entre as 4. Dá outras providências
sobre o SINPDEC e a PNPDEC de forma a contribuir metas do Marco de Sendai e algumas das ações do
para que os entes federados melhor compreendam Governo Federal.
suas atribuições, mesmo que nos próprios documen-
5. Regulamenta
tos legais de orientação ainda existam lacunas. Assim, O Ministério da Integração Nacional concentra a
• Medida Provisória 494/10
é preciso considerá-los dentro de um contexto de maior parte das ações do Programa 2040. Não
(que foi convertida na Lei 12.340/10)
avanços legais ao mesmo tempo em que desafios deixe de consultar a íntegra do Programa, a partir
institucionais e políticos se fazem presentes. da página 149 do PPA 2016-2019: http://www.pla-
nejamento.gov.br/secretarias/upload/arquivo/spi-
3.1.4. Competências dos Entes Federados 1/ppa-2016-2019/anexo-i.pdf 6. Revoga
nas Ações de Proteção e Defesa Civil • Decreto 6.663/08
Acesse a íntegra do documento, em http://www.
A PNPDEC apresenta em seus artigos 6°, 7°, 8°, e planejamento.gov.br/secretarias/upload/arquivo/
9° as competências da união, estados e municípios, spi-1/ppa-2016-2019/anexo-i.pdf
as quais são organizadas sob o ponto de vista sistê-
mico no quadro a seguir.

Figura 11. A Lei 12.608/12 e sua relação com outros atos legais.
Fonte: Cartagena, 2015.

42 43
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 3. Contexto geral da Gestão de Risco

Quadro 2. Competencias dos entes federados nas ações de proteção e defesa civil

Ações/competências União Estado Município Ações/competências União Estado Município

Sobre a Política Nacional Expedir normas para Executar em âmbito


• Executar em âmbito local
de Proteção e defesa civil implementação e execução territorial Oferecer capacitação
Incentivar a instalação
de centros de ensino e
Coordenar em articulação Coordenar em • Coordenar no âmbito local, pesquisa
Sobre o sistema Nacional Oferecer capacitação
com os Estados, o Distrito articulação com a União em articulação com a União e Sobre a promoção de
de proteção e defesa civil
Federal e os Municípios; e os Municípios; os Estados; Promover estudos Oferecer capacitação Mobilizar e capacitar os
Estudos e Capacitação
Fomentar Pesquisa radioamadores

Apoiar comunidade docente


• Incorporar as ações de
Sobre o Plano de Proteção no desenvolvimento de
Instituir em seu âmbito Instituir em seu âmbito proteção e defesa civil no
e Defesa civil material
planejamento municipal

Instituir e manter • Informar ocorrências Desenvolver


Sobre a cultura nacional Desenvolver Desenvolver
Sobre o Sistema de Fornecer dados e
Informações de desastres Fornecer dados e informações • Fornecer dados e de prevenção de Estimular
Estimular comportamentos Estimular comportamentos
informações informações desastres comportamentos
preventivos preventivos
preventivos

• Identificar e mapear Fonte: Elaboração SEDEC/MI, 2017.


• Manter a população
informada sobre áreas de risco
Quadro 3. Comparativo entre Marco de Sendai e as ações do governo federal.
• Elaborar plano dew
contingência

Identificar e mapear • Realizar simulados Marco de Sendai Ações Governo Federal


Apoiar mapeamento
Estabelecer de • Promover a fiscalização
Estabelecer de segurança • Setorização de riscos em 1.1487 municípios (maio de 2016)
Sobre áreas de risco segurança contra • Vedar novas ocupações
contra desastres em escolas • Capacitação e sensibilização de Agentes de Proteção e Defesa civil e
desastres em escolas e
e hospitais situados em • Vistoriar comunidade (12.000 pessoas entre 2014 e 2016).
hospitais situados em
áreas de risco Prioridade 1: Compreensão do Risco de
áreas de risco Desastres
• Quando for o caso, a • A PNPDEC alterou a Lei 8.239, que estabelece as diretrizes e bases da
intervenção preventiva e a educação nacional: Os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir
evacuação os princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma
integrada aos conteúdos obrigatórios.
• Estabelecer de segurança
contra desastres em escolas
e hospitais situados em áreas • Governo Federal disponibilizou em junho de 2016 ferramenta para apoio à
de risco Prioridade 2: Fortalecimento da elaboração de Plano de Contingência;
governança de riscos de desastres • Previsão, no PPA 2016 dá à instituição do Comitê Federal de Gestão de Riscos
• Declarar e Gerenciamento de Desastres.

• Organizar e administrar
abrigos provisórios • A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil modificou as seguintes Leis:
Instituir e manter sistema Apoiar a União, • Lei n° 10.257, que estabelece diretrizes gerais da política urbana: impondo
para declaração • Promover a coleta, a
Sobre a situação de quando solicitado, no distribuição e o controle de que a ordenação e controle do uso do solo deve evitar a exposição da
emergência ou estado de Estabelecer critérios e reconhecimento suprimentos em situações de população a riscos de desastres; obriga os municípios incluídos no cadastro
calamidade pública condições desastre Prioridade 3: Investimentos na redução nacional de Municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos
Declarar, quando for o de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou
de riscos de desastres para a resiliência
Reconhecer caso, • Prover solução de moradia hidrológicos correlatos a terem Plano Diretor;
temporária às famílias
atingidas por desastres • Lei n° 6.7665, que dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano: veda a
aprovação de projeto de loteamento e desmembramento em áreas de risco
• Avaliar danos e prejuízos definidas como não edificáveis;

Realizar em articulação • Fortalecimento do Centro nacional de Gerenciamento de Riscos e de


Prioridade 4: Melhoria da preparação
com os Estados, o Distrito para resposta efetiva a desastres e para Desastres – CENAD;
Sobre o monitoramento Federal e os Municípios Realizar monitoramento • Manter a população
meteorológico, hidrológico em articulação com a informada sobre a ocorrência reconstruir melhor na recuperação, • Criação, em 2012, do CEMADEM – Centro Nacional de Monitoramento e
e geológico Instituir e manter cadastro União e os Municípios; de eventos extremo reabilitação e reconstrução Alerta de Desastres naturais.
nacional de municípios com
áreas suscetíveis
Fonte: Elaboração SEDEC/MI, 2017.

44 45
Noções básicas em proteção e defesa civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 4. Atuação Federal em Gestão de Risco

4. Atuação Federal
UNIÃO ESTADO MUNICÍPIO

em Gestão de Risco ÓRGÃO


CENTRAL
ÓRGÃO
CONSULTIVO

ÓRGÃO ÓRGÃO
CENTRAL CONSULTIVO

ÓRGÃOS
ÓRGÃO DE
SETORIAIS
APOIO
ÓRGÃOS
ÓRGÃO DE
SETORIAIS
APOIO ÓRGÃO ÓRGÃO
CENTRAL CONSULTIVO

ÓRGÃOS
ÓRGÃO DE
SETORIAIS
APOIO

Figura 12. SINPDEC e a relação entre entes federados.


Fonte: Elaboração SEDEC/MI, 2017.

A proposta deste capítulo é trabalhar com inicia- 4.1. Programas e iniciativas de gestão
tivas de gestão que sejam correlatas à PNPDEC, ou de risco no PPA 2016-2019
seja, que se vinculem à gestão de risco por meio de
órgãos que não necessariamente os de proteção e
defesa civil diretamente. A ideia é apresentar as prin-
cipais políticas públicas federais; e detalhar os pro-
gramas do PPA 2016-2019 relacionados à gestão de
risco.
Iniciamos assim, a compreensão sobre o SINPDEC
e sobre a execução da PNPDEC no âmbito de Municí-
pios, Estados e União. Ou seja, ao mesmo tempo em
que o sistema prevê uma atuação articulada entre os
entes federados, prevê uma estrutura interna compos-
ta pelos órgãos central, consultivo, setoriais e de apoio
em cada um deles. É o que ilustra a figura 12.
Nesse sentido, ao ampliar o conhecimento sobre
quais programas e ações existem em âmbito federal,
incentiva-se que localmente cada gestor de proteção
e defesa civil possa identificar, em seu Município, como
esses programas e recursos chegam e são trabalhados
na ponta. O conhecimento dessas iniciativas torna-se Conforme indicação da PNPDEC, a gestão de risco
relevante uma vez que abre possibilidades aos gesto- no Brasil deve integrar-se às políticas de ordenamen-
res de proteção e defesa civil de articular-se a outros to territorial, desenvolvimento urbano, saúde, meio
órgãos e programas de governo que compartilham de ambiente, mudanças climáticas, gestão de recursos
responsabilidades na gestão de risco seja sob a pers- hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência
pectiva do planejamento do território, da saúde ou da e tecnologia e às demais políticas setoriais.
assistência social, por exemplo. Assim, a gestão de risco deve ocorrer articulando-

47
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 4. Atuação Federal em Gestão de Risco

Quadro 4. Objetivos do Programa Gestão de Riscos – PPA 2016-2019 Quadro 5. Detalhamento das atribuições do Ministério da Integração Nacional no PPA 2016-2019

Objetivos programa 2040, PPA 2016-2019 Orgão responsável Objetivo: Aprimorar a coordenação e a gestão das ações de preparação, prevenção, mitigação,
resposta e recuperação para a proteção e defesa civil por meio do fortalecimento do Sistema Nacional
Identificar riscos de desastres naturais por meio da elaboração Ministério de Minas de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC, inclusive pela articulação federativa e internacional.
de mapeamentos em municípios críticos. e Energia
• Promover a atuação integrada dos órgãos do SINPDEC na preparação, prevenção, mitigação, resposta e
recuperação de desastres
Apoiar a redução do risco de desastres naturais em municípios críticos Meta
Ministério das Cidades • Instituir e tornar operante o Comitê Federal de Gestão de Riscos e Gerenciamento de Desastres
a partir de planejamento e de execução de obras.
• Elaborar o Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil
Aumentar a capacidade de emitir alertas de desastres naturais por meio
Ministério da Ciência,
do aprimoramento da rede de monitoramento, com atuação integrada • Aprimoramento da articulação federativa por meio do fortalecimento do SINPDEC
Tecnologia e Inovação
entre os órgãos Federais, Estaduais e Municipais.
• Celebração de protocolos de ação conjunta entre órgãos federais integrantes do SINPDEC para
execução coordenada em ações referentes à gestão de risco e de desastres, com foco em prevenção
Aprimorar a coordenação e a gestão das ações de preparação, prevenção,
mitigação, resposta e recuperação para a proteção e defesa civil por meio Ministério da Integração • Regulamentação das Leis nº 12.608/2012 (institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil; dispõe
do fortalecimento do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC, Nacional sobre o SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil) e nº 12.340/2010 (dispõe sobre as
inclusive pela articulação federativa e internacional. transferências de recursos da União aos órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios para
a execução de ações de prevenção em áreas de risco de desastres e de resposta e de recuperação em áreas
atingidas por desastres e sobre o Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil)
Promover ações de resposta para atendimento à população afetada
Ministério da
e recuperar cenários atingidos por desastres, especialmente por meio de recursos • Implementação do Cadastro Nacional de Municípios suscetíveis à ocorrência de inundações e
Integração Nacional
financeiros, materiais e logísticos, complementares à ação dos Estados e Municípios. deslizamentos (CAdRISCO)
• Aperfeiçoamento dos critérios para declaração e reconhecimento de situação de emergência ou de
estado de calamidade pública
• Desenvolvimento de programa nacional de fortalecimento da cultura de percepção de risco no país
-se a inúmeros órgãos e políticas setoriais a demons- • Programa 2028 - Defesa Agropecuária
• Elaboração de estudos para definição de parâmetros mínimos necessários para caracterizar as Defesas
trar que suas ações devem permear toda a gestão do • Programa 2053 - Petróleo e Gás
Estaduais e Municipais estruturadas
governo federal de forma bastante abrangente. É • Programa 2062 - Promoção, Proteção e Defesa
• Implementação de estratégia nacional de capacitação em gestão de risco e de desastres, por meio da
também um indicativo importante aos gestores locais, dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes oferta de capacitação, apoio ao desenvolvimento de programa estaduais e desenvolvimento de plataforma
no sentido de buscar ampliar suas articulações, inserir • Programa 2063 - Promoção e Defesa dos Di- virtual

no planejamento municipal previsões orçamentário- reitos de Pessoas com Deficiência • Capacitação dos municípios suscetíveis a riscos nas temáticas de adaptação de instrumentos, normas
urbanísticas e legislações de planejamento e uso e ocupação do solo urbano aplicados à prevenção de riscos
-financeiro que atendam a gestão de risco de desastre • Programa 2077 - Agropecuária Sustentável
• Proposição de estratégia nacional para pesquisa científica na área de gestão de risco e de desastres
e verificar como as políticas nacionais podem refletir • Programa 2080 - Educação de Qualidade para
Iniciativas
em sua gestão de risco local. Todos • Estimular a formação de redes nacionais e internacionais de instituições de ensino, pesquisa e extensão
em gestão de risco de desastres
Percebe-se claramente a intenção de se organizar • Programa 2083 - Qualidade Ambiental
• Fomento à realização de estudos, pesquisa científica e extensão na área de gestão de riscos e de
o assunto “Gestão de Riscos” por meio por meio do • Programa 2084 - Recursos Hídricos desastres
Programa 2040 – Gestão de Riscos, que vem sendo Programa 2086 - Transporte Aquaviário24

• Apoio à criação de cursos de pós-graduação em gestão de riscos e de desastres (especialização,
organizado no PPA como Programa específico desde Já relacionamos os objetivos do Programa 2040 mestrado, doutorado)
o PPA 2012-2015, atualizado agora no PPA 2016 – 2019, do PPA. Passaremos agora ao detalhamento destes • Fortalecimento das organizações comunitárias de caráter voluntário nas ações de proteção de defesa
o qual apresenta os objetivos e instituições envolvidas objetivos e a discorrer sobre os demais programas e civil

apresentados no quadro a seguir, com ênfase aos iniciativas previstos no PPA que dizem respeito aos • Elaboração e revisão de acordos e protocolos internacionais de assistência recíproca em situações de
emergências decorrentes de desastres com os países do Mercado Comum do Sul – MERCOSUL, União de
objetivos sob responsabilidade do Ministério da Inte- demais órgãos setoriais que devem articular-se na Nações Sul-Americanas - UNASUL, Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos - CELAC e
gração Nacional. gestão de risco. Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
Essa integração possui reflexos diretos e indiretos • Proposição de marcos legais para a tempestiva resposta do Brasil a emergências internacionais
no atual PPA, para além do já mencionado no Progra- 4.1.1. Ministério da Integração Nacional – MI decorrentes de desastres

ma 2040. Ou seja, outros programas, listados na se- • Ampliação da participação do Brasil em equipes internacionais de resgate e resposta a emergências
decorrentes de desastres
quência, também abordam temas correlatos à gestão Para entender melhor as atribuições do Ministério
• Realização de Conferência Nacional de Proteção e Defesa Civil
de risco ao incluir iniciativas que favorecem a redução da Integração Nacional no Plano Plurianual 2016-2019
• Aperfeiçoamento do Sistema de Informações e Monitoramento de Desastres
de risco de desastres em todo o Brasil, com detalha- previstas no Programa Gestão de Riscos (2040), deta-
mento apresentado nos capítulos seguintes. lha-se a seguir a seguir as metas e iniciativas previstas • Monitoramento da implementação do Marco de Sendai

• Programa 2015 - Fortalecimento do Sistema nessas ações do MI conforme os objetivos previstos. • Contribuir para a recuperação da infraestrutura e mitigação dos efeitos do desastre ecológico na região
de Mariana/MG
Único de Saúde – SUS
• Programa 2021 - Ciência, Tecnologia e Inovação 24. BRASIL, 2015.

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 4. Atuação Federal em Gestão de Risco

Quadro 5. Detalhamento das atribuições do Ministério da Integração Nacional no PPA 2016-2019


4.1.3. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI
Objetivo: Promover ações de resposta para atendimento à população afetada e recuperar cenários
atingidos por desastres, especialmente por meio de recursos financeiros, materiais e logísticos,
complementares à ação dos Estados e Municípios. Quadro 7. Atribuições do Ministério da Ciência e Tecnologia no PPA 2016-2019
que se relacionam com a gestão de risco
• Aumentar o número de municípios com adesão ao Cartão de Pagamento da Defesa Civil - CPDC em
• Meta
60% (3.342 municípios), alcançando a totalidade dos municípios brasileiros.
Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas

• Redução do tempo médio de atendimento à população afetada por desastre, a partir da solicitação do
. Aquisição de um supercomputador para aplicações em meteorologia,
ente afetado, com recursos financeiros, materiais ou logísticos
2021 - Ciência, Tecnologia e Inovação climatologia, desastres naturais, observação da terra e ciência do sistema
• Reconstrução ou reparação de infraestruturas públicas afetadas por desastres por meio da terrestre.
transferência de recursos aos entes federados para a execução de intervenções
• Promoção da adesão de municípios ao Sistema Integrado de Informações de Desastres – S2ID . Aumentar a capacidade de emitir alertas de desastres naturais por meio do
aprimoramento da rede de monitoramento, com atuação integrada entre os
• Criação e revisão de Protocolos de ações conjuntas entre órgãos federais visando o atendimento órgãos Federais, Estaduais e Municipais
integrado para resposta a desastres e recuperação das áreas atingidas
. Revisão dos protocolos de atuação conjunta entre os entes do governo federal
• Disponibilização de atas de registro de preço para aquisição de materiais de assistência humanitária responsáveis pelo monitoramento e alerta de desastres
com atenção às características regionais para formação de estoques e para fins de resposta
. Fortalecimento da capacidade técnica de previsão e monitoramento de eventos
• Iniciativas
• Capacitação de Estados e Municípios para elaboração de planos de contingência e exercícios simulados hidrológicos críticos das salas de situação estaduais, e aprimoramento da
para desastres articulação dessas salas com os órgãos de defesa civil e aqueles responsáveis
pela gestão de desastres no nível federal, estadual e regional
• Disponibilização de ferramenta virtual para confecção e divulgação de Planos de Contingência (módulo
do S2ID), integrada com informações de mapeamentos de áreas de risco . Elaboração de estudos de vazões máximas e realização de modelagem
hidráulica dos cursos d´água sujeitos à inundação em munícipios submetidos à
• Elaboração de projetos-tipo para execução de obras emergenciais
eventos hidrológicos críticos
• Avaliação emergencial de estabilidade de encostas em regiões atingidas por deslizamentos
. Definição de modelos de manchas de inundação associadas a variáveis
• Elaboração de normativos visando aperfeiçoar e agilizar os procedimentos para solicitação e análise de hidrológicas em 16 municípios críticos
recursos para respostas
. Desenvolvimento de ferramentas e atividades voltadas ao compartilhamento
2040 - Gestão de Riscos e de de informações científicas e tecnológicas ligadas a monitoramento e alerta de
• Apoio à recuperação e reparação de infraestruturas afetadas por desastres na Bacia do Rio Doce
Desastres desastres naturais com os variados segmentos sociais
. Implantação de um laboratório de simulação de processos geológicos e
hidrológicos para subsidiar pesquisas em desastres naturais
. Avaliação dos alertas emitidos associados aos impactos de desastres
. Aprimoramento do sistema de previsão de impacto e alerta de eventos
4.1.2. Ministério da Saúde climáticos extremos na Amazônia legal
. Fornecimento de previsões de tempo e clima e de informações de satélites em
Quadro 6. Atribuições do Ministério da Saúde no PPA 2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco alta resolução espacial e temporal
. Fortalecimento dos serviços estaduais de previsão meteorológica visando
suporte à prevenção de desastres naturais
Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas
. Implantação do Sistema de Monitoramento da Ocupação Urbana,
prioritariamente dos municípios críticos
. Reduzir e prevenir riscos e agravos à saúde da população, considerando os
determinantes sociais, por meio das ações de vigilância, promoção e proteção, . Estruturação da Rede Nacional de Sismologia em articulação com
com foco na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, acidentes Universidades e instituições científicas
2015 – Fortalecimento do Sistema e violências, no controle das doenças transmissíveis e na promoção do
Único de Saúde (SUS) envelhecimento saudável. . Expandir o monitoramento da área queimada, do risco de queima e da
. Reavaliar 11 ingredientes ativos de produtos agrotóxicos já registrados, severidade do fogo para todo território nacional por meio de imagens de satélite
considerando novos indícios de risco à saúde humana. 2050 - Mudança do Clima
. Monitoramento diário do risco de fogo da vegetação dos seis biomas nacionais
. Previsão diária do risco de fogo futuro com até cinco dias de antecedência

50 51
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 4. Atuação Federal em Gestão de Risco

4.1.4. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA 4.1.6. Secretaria de Direitos Humanos – SDH

Quadro 8. Atribuições do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no PPA Quadro 10. Atribuições da Secretaria de Direitos Humanos no PPA 2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco
2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco

Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas

• Estruturar programas nacionais de avaliação de conformidade e de gerenciamento de • Articulação para implementar o Protocolo Nacional Conjunto para
2062 - Promoção, Proteção e Defesa dos
risco de produtos de origem animal e vegetal Proteção Integral de Crianças e Adolescentes em Situação de Riscos
Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes
• Estabelecimento de estratégia de mitigação de riscos e ações de inteligência vinculadas a e Desastres
ocorrência de violações relacionadas a matérias primas, insumos agropecuários e produtos
de origem animal e vegetal • Monitoramento e apoio à implementação do Protocolo Nacional
• Desenvolvimento e implantação de mecanismos de gerenciamento e comunicação de 2063 - Promoção e Defesa dos Direitos de Conjunto para Proteção Integral a Crianças e Adolescentes, Pessoas
2028 – Defesa Agropecuária Pessoas com Deficiência Idosas e Pessoas com Deficiência em Situação de Riscos e Desastres
riscos relacionados a ocorrências de resíduos e contaminantes em produtos de origem
animal e vegetal nos Estados, Distrito Federal e Municípios
• Mapeamento dos principais riscos zoos sanitários e fitossanitários com elaboração e
revisão dos respectivos planos de contingência
• Implantação de módulo do sistema de informação para gerenciamento do risco 4.1.7. Ministério da Educação – MEC
agropecuário e recepção de informações do Sistema Advanced Passenger Information (API)

Quadro 11. Atribuições do Ministério da Educação no PPA 2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco
• Aperfeiçoar mecanismos de gestão de riscos climáticos e de proteção de renda
para a atividade agropecuária, com ênfase no seguro rural
• Desenvolvimento de novos mecanismos de prevenção aos riscos agroclimáticos Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas
2077 – Agricultura Sustentável • Disponibilização de informações e aperfeiçoamento dos mecanismos de monitoramento
de riscos agroclimáticos 2080 - Educação de qualidade para todos . Reconstrução de unidades de ensino fundamental atingidas por desastres
• Adequação do seguro rural considerando irrigação como fator de minimização
de riscos para ampliação da oferta do seguro rural

4.1.8. Ministério das Cidades – MCidades


4.1.5. Ministério de Minas e Energia
Quadro 12. Atribuições do Ministério das Cidades no PPA 2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco

Quadro 9. Atribuições do Ministério de Minas e Energia no PPA 2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco
Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas

Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas • Apoiar a redução do risco de desastres naturais em municípios críticos a partir
de planejamento e de execução de obras
• Identificar riscos de desastres naturais por meio da elaboração de mapeamentos em
municípios críticos. • Construção da Barragem Castelo (PI)

• Elaborar mapeamentos de identificação de setores de risco de inundações e • Construção da Barragem Serro Azul (PE)
deslizamentos em 350 municípios • Apoio à elaboração de estudos, planos e projetos de engenharia de drenagem
urbana em municípios críticos
• Avaliação da utilização dos mapeamentos de áreas de riscos e de suscetibilidade a
deslizamentos e inundações entregues a municípios críticos • Apoio à execução de intervenções estruturais em drenagem urbana em
municípios críticos
• Elaboração de estudos sobre chuvas intensas como subsídio à elaboração de mapas de
suscetibilidade à inundação • Apoio à elaboração de projetos e a execução de obras de contenção de
• Consolidação do Sistema de Cadastro de Deslizamentos e Inundações - SCDI e sua encostas em áreas urbanas em municípios suscetíveis a deslizamentos de
2040 - Gestão de Riscos e integração ao Sistema Integrado de Informações sobre Desastres – S2ID encostas e processos correlatos
de Desastres 2040 - Gestão de Riscos e de • Execução de estudos, projetos e intervenções estruturais para contenção de
• Disponibilização de ata de registros de preços para contratação de mapeamentos de Desastres
identificação de setores de riscos por Estados e Municípios cheias e inundações.

• Aperfeiçoamento do Sistema Integrado de Dados dos Mapeamentos de Risco, • Difusão do uso e da aplicação do conceito de drenagem urbana sustentável
Suscetibilidade e Aptidão a Urbanização · 04QS - Aumento do detalhamento do em estudos, projetos e execução de obras nos municípios críticos, com foco
Atlas de Vulnerabilidade a Inundações em bacias prioritárias para o monitoramento no amortecimento de vazões. Incentivo à elaboração de planos diretores
hidrometeorológico. de drenagem urbana, valorizando a bacia hidrográfica como unidade de
planejamento
• Coordenação da obtenção, validação e disponibilização das bases cartográficas junto aos
órgãos federais, estaduais e municipais para apoiar os mapeamentos. • Apoio à elaboração de projetos de expansão urbana em municípios suscetíveis
aos riscos de desastres naturais
• Elaboração do Mapa Nacional de Barragens para identificação de áreas sob risco de
rompimento de barragens • Realização de estudos, projetos e obras para contenção de erosões fluviais
• Realização de estudos, projetos e execução de obras para contenção de
erosões marinhas
. Proposição de decreto de regulamentação do Plano de Contingência para o suprimento de
2053 - Petróleo e Gás • Socorro e assistência às populações vitimadas pela seca
gás natural

52 53
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 4. Atuação Federal em Gestão de Risco

4.1.9. Ministério do Meio Ambiente – MMA 4.2.Principais políticas públicas federais


correlatas à gestão de risco25 4.2.2. Ministério da Educação – MEC
Quadro 13. Atribuições do Ministério do Meio Ambiente no PPA 2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco

Neste item estão apresentadas as principais polí- As questões de educação devem ser consideradas
Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas
ticas públicas nacionais correlatas à gestão de risco, atentamente dentro da gestão de risco, tanto na ga-
• Implementar cinco instrumentos do Plano Nacional de Contingência para com o objetivo de exemplificar ao gestor local como rantia de estruturas físicas de escolas seguras, como
2053 - Petróleo e Gás
Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional podem ser feitas articulações com órgãos setoriais, no envolvimento da população em ações de prevenção,
levando-o a conhecer mais especificamente quais preparação e primeira resposta.
• Implementação do Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta
Rápida a Emergências Ambientais envolvendo Produtos Químicos Perigosos órgãos do governo federal estão envolvidos na gestão Dentre as políticas públicas correlatas, destaca-se
2083 – Qualidade Ambiental (P2R2) por meio de apoio às Comissões Estaduais do P2R2 e de integração a de risco. a lei de Diretrizes e Bases da Educação (9.394, de 20
outras políticas de gerenciamento de riscos
de dezembro de 1996) que, quando alterada pela Lei
• Conclusão do Programa de Gestão de Riscos para Portos e Terminais
Para facilitar a compreensão de como as políti- 12.608/12, passou a prever que “os currículos do ensino
• Elaboração de estudos de gestão de riscos de eventos hidrológicos críticos em cas federais podem ser aplicadas localmente, fundamental e médio devem incluir os princípios da
bacias prioritárias para o monitoramento hidrometeorológico procure identificar quais órgãos locais possuem proteção e defesa civil e a educação ambiental de
• Fomento à elaboração de Planos de Contingência para escassez hídrica
relação direta com os Ministérios responsáveis forma integrada aos conteúdos obrigatórios27”.
2084 – Recursos Hídricos • Melhoria da articulação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos – SINGREH com os entes do Sistema Nacional de Proteção e Defesa por cada ação, e a partir daí, estabeleça uma re- Há também outras políticas de educação que
Civil – SINPDEC e com os demais órgãos responsáveis pela gestão de desastres lação que lhe auxilie a construir pontes entre os podem ser consideradas correlatas à gestão de risco,
nos níveis federal e estadual
recursos federais e sua gestão. a exemplo da Política Nacional de Educação Ambien-
tal. Estabelecida pela Lei 9.795, de 27 de abril de 1999
4.2.1. Ministério da Ciência, a PNEA, embora não oriente diretamente a conteúdos
Tecnologia e Inovação – MCTI de gestão de risco, orienta para a “sensibilização da
4.1.10. Secretaria de Portos coletividade sobre as questões ambientais28”, das quais
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação tacitamente estão incluídos os desastres.
Quadro 14. Atribuições da secretaria de Portos no PPA 2016-2019 que se relacionam com a gestão de risco está ligado à gestão de risco principalmente em ações
de monitoramento. Na prática diária da gestão de risco 4.2.3. Ministério da Saúde
Programa do PPA 2016-2019 Iniciativas local sabe-se que o Centro Nacional de Monitoramen-
• Desenvolvimento, implementação e manutenção de um modelo de Gestão de to e Alerta a Desastres Naturais – CEMADEN tem um O Ministério da Saúde também possui forte relação
2086 – Transporte Aquaviário
Riscos para obras e serviços de infraestrutura portuária importante e frequente papel de apoio aos municípios. com a gestão de risco, principalmente na prevenção
São atualmente 957 municípios monitorados em de doenças decorrentes de desastres ou de produtos
todas as regiões brasileiras com histórico de registros químicos, por exemplo.
de desastres decorrentes de movimentos de massa O Vigidesastres é um programa bastante completo
(deslizamentos de encosta; corridas de massa; sola- mantido pelo Ministério da Saúde e articulado a
pamentos de margens/terras caídas; queda/rolamen- Estados e Municípios. Seu objetivo inclui a redução
to de blocos rochosos; e processos erosivos) e/ou do impacto dos desastres sobre a saúde pública, ao
É possível que as gestões locais tenham progra- Para verificar se seu município pode ser contem- decorrentes de processos hidrológicos (inundações, compreender que a «redução do risco de desastres é
mas próprios, que não estejam vinculados ao go- plado nas ações do PPA procure identificar na enxurradas, grandes alagamentos). Em complemento, uma das funções essenciais da saúde pública, que
verno federal. Incentivamos, portanto, que os parte de “iniciativas” de cada quadro os itens que os municípios monitorados devem ter as áreas de riscos deve considerar em seu processo de planejamento, a
gestores de proteção e defesa civil busquem in- atendam a demandas específicas de sua locali- para processos hidrológicos e geológicos identificados, inserção de ações para a prevenção, mitigação,
formações em diferentes secretarias e órgãos de dade. Depois disso, procure identificar quais ór- mapeados e georreferenciados26. preparação, resposta e reabilitação 29”.
governo locais para identificar quais articulações gãos locais possuem relação direta com os Minis-
são possíveis. Assim como fazemos aqui, des- térios responsáveis por essa ação, e a partir daí, Conheça mais sobre o CEMADEN em http://www. O Programa Vigidesastres tem uma página
membrando o PPA 2016-2019 do governo federal, estabeleça uma relação que lhe auxilie a cons- cemaden.gov.br/ completa na internet em que disponibiliza, entre
é possível pesquisar no PPA dos municípios como truir pontes entre os recursos federais e sua ges- outros materiais, orientações para situações de
as políticas públicas e os recursos previstos po- tão. Esperamos que esse modelo de análise do
dem ser aplicados em ações correlatas à gestão PPA do governo federal inspire os gestores a fa- 27. BRASIL, 1996.

de risco. zer o mesmo com os PPA estaduais e municipais. 25. Adaptado de CARTAGENA, 2016 28. BRASIL, 1999.
26. CEMADEN, sem data. 29. BRASIL, sem data.

54 55
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 4. Atuação Federal em Gestão de Risco

desastres e um levantamento de políticas incen- resse Social, estabelecida pela Lei 11.124 de 16 de junho Por sua vez a Política Nacional de Resíduos Integral a Crianças e Adolescentes, Pessoas Idosas
tivadas pelo Ministério da Saúde, relacionadas a de 2005. Por fim, vinculado às políticas de habitação, Sólidos (Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010) indica e Pessoas com Deficiência em Situação de Riscos
planos de contingência, produtos perigosos e há ainda o Programa Minha Casa Minha Vida, que entre a “identificação das possibilidades de implantação de e Desastres, que tem como objetivo dar subsídios aos
mudanças climáticas. Não deixe de acessar: ht- os critérios de prioridade destina-se a beneficiar famí- soluções consorciadas ou compartilhadas com outros gestores estaduais, municipais e distritais para ga-
t p : // p o r t a l s a u d e . s a u d e . g o v . b r/ i n de x . lias que atualmente residem em áreas de risco. Municípios, considerando, nos critérios de economia rantir parâmetros de atuação uniformes de proteção
php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/vigide- de escala, a proximidade dos locais estabelecidos e de crianças e adolescentes, pessoas idosas e pessoas
sastres-a-a-z 4.2.5. Ministério de Minas e Energia as formas de prevenção dos riscos ambientais”. com deficiência em situação de desastres.
Já a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº
Também merece destaque os esforços, em espe- O Ministério de Minas e Energia possui dois órgãos 6.938 de 31 de agosto de 1981), embora não trate da Acesse o documento em: http://www.sdh.gov.br/
cial do Conselho Nacional de Saúde, para a institu- bastante atuantes na área de gestão de risco. A CPRM, gestão de risco em particular, versa sobre as “condições assuntos/criancas-e-adolescentes/protocolo-de-
cionalização de uma Política Nacional de Saúde Am- Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, também ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses -desastres]
biental, que prevê uma articulação com o Ministério conhecida como Serviço Geológico do Brasil, foi a da segurança nacional e à proteção da dignidade da
da Integração Nacional, com fins de “harmonizar as responsável pela setorização de riscos em todo o ter- vida humana33”, temas diretamente relacionados à Como se vê, a gestão de risco abrange uma enor-
políticas e as ações de saúde ambiental às inerentes ritório nacional no início da década de 2010. Por sua redução de vulnerabilidades a desastres. midade de políticas públicas, algumas mais usualmen-
ao Sistema Nacional de [Proteção e] Defesa Civil, para vez, o DNPM, Departamento Nacional de Produção Há ainda o Plano Nacional de Adaptação à te articuladas, outras que ainda dependem de um
a redução e a prevenção dos desastres naturais e dos Mineral, é o responsável, por exemplo, pela Política Mudança do Clima que inclui a gestão de risco como melhor estreitamento de relações. Ao gestor de pro-
acidentes com produtos perigosos, bem como a res- Nacional de Segurança de Barragens. estratégia setorial, tendo o objetivo de desenvolver teção e defesa civil local cabe conhecer esses espaços
posta, a reconstrução e a recuperação para minimizar Especificamente sobre Política Nacional de Segu- capacidades e estratégias para a redução de riscos, de potencial trabalho conjunto para auxiliar sua gestão,
seus danos30”. rança de Barragens, estabelecida pela Lei 12.334 de preparação e resposta considerando a adaptação à sua busca por recursos e as justificativas para inves-
20 de setembro de 2010, destaca-se o objetivo de mudança do clima. timentos. Além disso, é importante conhecer também
4.2.4. Ministério das Cidades – MCidades “fomentar a cultura de segurança de barragens e Por fim, importa destacar a Política Nacional de as próprias ações do Ministério da Integração Nacio-
gestão de riscos32”, para o quê estabelece, entre seus Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos nal, sejam elas previstas no PPA 2016-2019, ou em
O Ministério das Cidades tem sua principal relação instrumentos, a necessidade de um Plano de Segu- da Seca, que prevê diversos objetivos relacionados a políticas ligadas a outras secretarias que não neces-
com a gestão de risco nas questões de planejamento rança de Barragem. prevenção, combate, mitigação e adaptação aos efeitos sariamente a de Proteção e Defesa Civil, como a de
territorial e execução de obras, por exemplo. É válido da seca. Desenvolvimento Regional, por exemplo.
destacar que um dos instrumentos mais importantes 4.2.6. Ministério do Meio Ambiente – MMA
de planejamento territorial, o Plano Diretor, passou Você pode ter acesso à íntegra deste Plano, pelo
por adequações a partir da Lei 12.608/12 que alterou As ações do Ministério do Meio Ambiente estão link: http://hotsite.mma.gov.br/consultapublicap-
a Lei da Política Urbana, ou Estatuto da Cidade, (Lei concentradas na preservação dos recursos naturais, na/wp-content/uploads/sites/15/2015/08/PNA-Vo-
nº 10.257, de 10 de julho de 2001). e em especial na gestão dos recursos hídricos. A Po- lume-1-05.10.15-Vers%C3%A3o-consulta-p%-
A Política Urbana aplica-se à “ordenação e contro- lítica Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela C3%BAblica.pdf
le do uso do solo, de forma a evitar [entre outros] a Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, talvez seja a que
exposição da população a riscos de desastres31”. Nesse mais cotidianamente articule-se à gestão de risco, No âmbito do MMA é preciso considerar também
sentido, municípios “com áreas suscetíveis à ocorrên- tendo os Comitês de Bacia como importantes pontos os aspectos relacionados à política de licenciamentos
cia de deslizamentos de grande impacto, inundações de apoio ao gestor de proteção e defesa civil para o e estudos ambientais tratados na Resolução Conama
bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos cor- planejamento local. 237, de 19 de dezembro de 1997, uma vez que os órgãos
relatos37” devem atender a uma série de requisitos de Além dela, o Ministério do Meio Ambiente ainda de proteção e defesa civil local podem e devem ter
identificação, mapeamento e planejamento relacio- responde pela Política Nacional de Mudanças Cli- acesso a estes licenciamentos, e principalmente, tomar
nados aos riscos de desastres. máticas (Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009) conhecimento das ações de prevenção e gestão de
Na área de atuação do Ministério das Cidades está que possui como diretrizes, entre outras, a adoção de riscos previstas nos empreendimentos.
também a Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, medidas de adaptação para reduzir os efeitos adversos
que trabalha, por exemplo, com a aplicação de instru- da mudança do clima e a vulnerabilidade dos sistemas 4.2.7. Secretaria de Direitos Humanos – SDH
mentos para evitar a ocupação de áreas de risco e ambiental, social e econômico; além da identificação
relaciona-se à Política Nacional de Habitação de Inte- de vulnerabilidades para adoção de medidas de adap- A SDH atua na gestão de risco de desastres por
tação adequadas. meio do Protocolo Nacional Conjunto para Proteção
30. BRASIL, 2007.

31. BRASIL, 2001. 32. BRASIL, 2010. 33. BRASIL, 1981.

56 57
Noções básicas em proteção e defesa civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco

5. Atuação Municipal
em Gestão de Risco

Figura 13. Capacitação de Núcleo Comunitário de Proteção e Defesa Civil


(NUPDEC) pela Defesa civil Municipal, Belo Horizonte - MG, 2012
Fonte: Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.

Na gestão de risco local cabe ao órgão central do ocorre em âmbito federal, e se demonstrou no capítu-
Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil gerenciar lo anterior, muitas das competências devem ser atri-
as demandas de proteção e defesa civil e articular-se buídas aos órgãos setoriais.
aos órgãos setoriais, com o objetivo de planejar e
definir sua atuação dentro das ações integradas de Quando consideramos a realidade brasileira de
prevenção, mitigação, preparação, resposta e recu- pequenos municípios devemos lembrar que mui-
peração. Para essas atividades, há diversos instru- tos possuem limitações de equipe e recursos. Se
mentos disponíveis que auxiliam o trabalho, contri- este é o seu caso, lembre-se de que diversas ações
buindo para uma gestão de risco local bem articulada, devem ocorrer de forma articulada aos governos
conforme estabelece a lei 12.608/12. federal e estaduais. Além disso, é preciso buscar
Nesse sentido organizamos neste capítulo orien- espaços de cooperação local, a exemplo de con-
tações para cada uma das competências municipais sórcios intermunicipais; parcerias com universida-
previstas na PNPDEC, reforçando que se tratam de des; linhas de financiamento internacional; além,
competências do Município e não necessariamente claro, do trabalho articulado dentro do governo lo-
do órgão de proteção e defesa civil. A exemplo do que cal com as demais secretaris municipais.

59
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco

5.1. Executar a PNPDEC em âmbito local34 5.1.1. Criação do Órgão Municipal de a. Registro do município no Sistema Integrado de br) utilizando o campo “Acesso restrito - Municípios/
Proteção e Defesa Civil Informações sobre Desastres – S2ID Estados” (veja a figura 16). Em seguida, escolhe-se a
Todos os municípios, grandes ou pequenos, estão Conforme previsto na Portaria MI 526/2012, o poder opção “não possuo cadastro” e envia-se o ofício para
sujeitos a desastres. É ali que os desastres acontecem A criação de um órgão de proteção e defesa civil, executivo federal só reconhecerá a situação anormal obter usuário e senha.
e, por isso, é importante que o governo municipal – por meio de um ato legal, é importante para que o decretada pelo Município, Distrito Federal ou Estado,
como um todo – esteja consciente da necessidade de órgão esteja totalmente integrado ao Sistema Nacio- se a solicitação e a caracterização do desastre forem Para mais detalhes sobre o uso do sistema, utili-
investir em ações de gestão de risco. Portanto, por nal de Proteção e Defesa Civil e possa usufruir de seus enviadas por meio do Sistema Integrado de Informa- ze o link e a opção de Material de Capacitação:
mais simples que sejam as estruturas da administra- benefícios. Para tanto, são necessárias as seguintes ções sobre Desastres. http://www.mi.gov.br/web/guest/defesa-civil/s2id
ção municipal é preciso que o Sistema Municipal de providências:
Proteção e Defesa Civil esteja instalado de maneira • Mensagem à Câmara Municipal encaminhan- Conheça a Portaria 526/2012 no link http://www. O uso correto e permanente do S2ID também
que se possa executar plenamente a PNPDEC. do o Projeto de Lei de criação do Órgão Municipal mi.gov.br/documents/301094/3963208/TE+-+RE- atende à competência compartilhada entre Municípios,
de Proteção e Defesa Civil. C+-+Portaria+526+-+S2ID+060912.pdf/5bd88d2f- Estados e União, prevista na PNPDEC como “fornecer
• Aprovação da Lei de criação do Órgão Muni- -9258-476e-adfa-af73ebd31f52 dados e informações para o sistema nacional de in-
Vejamos primeiramente o cipal de Proteção e Defesa Civil. formações e monitoramento de desastres”.
detalhamento para a instalação • Decreto de Regulamentação da Lei que cria
o Órgão Municipal de Proteção e Defesa Civil. b. Solicitação do Cartão de Pagamento de Prote-
do órgão central do Sistema • Portaria de nomeação dos membros do Órgão Até junho de 2016, o S2ID já ção e Defesa Civil – CPDC
Municipal de Proteção e Defesa Municipal de Proteção e Defesa Civil. O CPDC deve ser solicitado em situação de nor-
registrava o cadastro de 3568
Civil, para no item seguinte • Portaria de nomeação dos representantes dos malidade, ou seja, antes da ocorrência de um desas-
entre os 5570 municípios
aprofundar sobre sua órgãos integrantes do Sistema Municipal de Pro- tre. A depender do tamanho e do histórico de desastres
teção e Defesa Civil. brasileiros. Se você ingressou do município, aconselha-se a abertura de mais de uma
composição completa. Todos os atos legais devem ser publicados na agora no órgão de proteção e conta, para conferir agilidade aos processos de libe-
Imprensa Oficial ou nos jornais de maior circulação ração de recursos, quando for o caso. O cartão foi
defesa civil municipal, é preciso
no município. concebido com dois grandes objetivos:
Assim, para determinar o tamanho, estrutura e primeiro verificar se o seu • Acelerar o repasse de recursos a municípios
organização do órgão de proteção e defesa civil local 5.1.2. Formalização do órgão central do município já possui cadastro. e estados em situação de emergência ou estado
é preciso considerar em primeiro lugar, que não existe Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil Caso positivo, solicite um de calamidade pública reconhecidos pela Secre-
uma regra ou hierarquia obrigatória para sua consti- taria Nacional de Defesa Civil, com a finalidade de
tuição, e em seguida compreender que essa estrutura É preciso garantir que os demais entes federados
usuário em seu nome pelo site
executar ações de resposta, socorro, assistência
depende das principais características funcionais ne- – Estados e União – reconheçam a estrutura do Sistema https://s2id.mi.gov.br. Para às vítimas e restabelecimento de serviços essen-
cessárias localmente para exercer as ações de preven- Municipal de Proteção e Defesa Civil e saibam a quem aqueles que ainda não se ciais.
ção, mitigação, preparação, resposta e recuperação. dirigir-se para conduzir as ações de gestão de risco. cadastraram, basta realizar • Conferir transparência e controle social na
Recomendamos quatro passos básicos para que Para tanto, uma vez que a etapa de criação esteja utilização desses recursos.
o órgão de proteção e defesa civil local esteja total- concluída, é preciso dar conhecimento ao seu Estado
o acesso seguindo os
Atualmente, qualquer recurso federal transferido
mente apto a cumprir com suas funções: e ao governo federal, por meio de envio de documen- procedimentos seguintes. para ações de resposta só poderá ser utilizado por
• Criação do Órgão Municipal de Proteção e tação referenciando os atos legais de seu município. meio do CPDC. Além disso, para cada desastre haverá
Defesa Civil um cartão específico. Por isso, as contas do CPDC
• Formalização do órgão central do Sistema 5.1.3. Adesão aos sistemas nacionais Caso seja necessário o cadastramento, o municí- devem ser abertas previamente à ocorrência de um
Municipal de Proteção e Defesa Civil pio deverá entrar na página da Secretaria Nacional de desastre e os portadores dos cartões cadastrados na
• Adesão aos sistemas nacionais (S2ID e Cartão Os municípios devem preocupar-se também em Proteção e Defesa Civil (http://www.mi.gov.br/defe- agência de relacionamento do Banco do Brasil. Assim,
de Pagamento de Defesa Civil – CPDC) fazer parte dos cadastros e sistemas do governo federal sacivil) e clicar no item do Sistema Integrado de Infor- no momento do desastre os gestores estarão de posse
• Estruturação da coordenação local (S2ID e CPDC) de forma que sua atuação seja perma- mações sobre Desastres no menu à esquerda, confor- do cartão e poderão utilizar os recursos imediatamen-
nente e integral, independentemente da existência ou me ilustra a figura 14. te após sua liberação.
não de ocorrências de desastres. Em seguida, deve-se preencher o modelo de ofício Para abertura da conta, o representante do ente
proposto, acessando-o no site, como se vê na figura 15. beneficiário se dirige a uma agência do Banco do Brasil,
Com o ofício devidamente finalizado, deve-se clicar de preferência onde a prefeitura já possua conta,
34. Adaptado de CEPED UFSC, 2014 e CASTRO, sem data. para o primeiro acesso no sistema (https://s2id.mi.gov. solicita a abertura da conta do CPDC, assina o con-

60 61
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco

Estruturação da Coordenação
5.1.4.

Municipal de Proteção e Defesa Civil35

O órgão de proteção e defesa civil local pode ser


estruturado de forma semelhante aos órgãos estaduais
e federal, e possuir estrutura mais simplificada quando
se tratar de pequenos municípios. Aos municípios com
possibilidades de investir em uma organização mais
densa, recomenda-se uma estrutura formada por áreas
e setores com as seguintes atribuições:
• Área Administrativa: com atribuições de se-
Figura 17. Cartão de Pagamento de Proteção e Defesa Civil.
cretaria, cadastramento e gestão de recursos ma-
trato com o Banco e comunica à SEDEC/MI os dados teriais, humanos e financeiros.
com os números da Agência, da Conta, do Centro de • Área de Prevenção, Mitigação e Preparação:
Figura 14. Página de acesso ao Sistema de
Integrado de informação sobre Desastres – S2ID.
Custo e o CNPJ utilizado para abertura da conta. dividida em dois setores, um deles responsável
Fonte: http://www.mi.gov.br/defesacivil. Também deve ser informado o nome e CPF do agente pela gestão de riscos aos quais o município está
público responsável pela conta. Para a abertura da sujeito e redução de riscos de desastres; e outro
conta poderá ser utilizado o CNPJ da prefeitura ou responsável pelo desenvolvimento institucional,
CNPJ do órgão local de Proteção e Defesa Civil. de recursos humanos (cursos de treinamento) e
Todos os pagamentos são publicados em extratos científico-tecnológicos, mobilização, monitoramen-
detalhados no Portal da Transparência: quem gastou, to, alerta, alarme, aparelhamento, apoio logístico,
onde gastou, quanto gastou. O responsável pelos por exemplo.
recursos no município, o Ministério da Integração Na- • Área Operacional: também com dois setores,
cional e a Controladoria Geral da União podem acom- um de resposta responsável pelas atividades de
panhar os gastos em tempo real (online), e qualquer socorro às populações em risco, assistência aos
cidadão pode fazer um acompanhamento dos gastos habitantes afetados; e outro de recuperação, res-
mensais pelo Portal da Transparência do Governo ponsável pelo restabelecimento dos serviços pú-
Federal. (Mais detalhes estão descritos no item 5.10.5 blicos essenciais, reconstrução e/ou recuperação
deste capítulo). das edificações e infraestrutura, serviços básicos
É importante saber que a cartão funciona na função necessários para restabelecer a normalidade.
DÉBITO. A conta sempre é aberta com saldo ZERO e • Centro de Operações: recomenda-se um
Figura 15. Acesso ao modelo de ofício para
após a transferência dos recursos o saldo da conta centro de operações para municípios de grande
cadastro de usuário. passa a ser o do valor transferido. A conta e o cartão porte, com plantão 24 horas, vinculado a uma
Fonte: http://www.mi.gov.br/web/guest/ não permitem saque em espécie, não dão direito a central de atendimento telefônico, 199.
como-solicitar-o-reconhecimento-federal.
talão de cheque, nem à transferência entre contas. Independentemente do tamanho e da quantidade
dos recursos humanos e logísticos, o órgão municipal
Estados e municípios que ainda não possuam de proteção e defesa civil só será eficiente se estiver
seu cartão ou tenham dúvidas sobre seu funcio- preparado para coordenar os demais órgãos e atores
namento podem consultar o manual do CPDC sociais envolvidos nas ações de prevenção, mitigação,
disponível em: http://www.mi.gov.br/c/docu- preparação, resposta e recuperação do desastre.
ment_ l ibrary/get_ fi le?uuid= 990 ccc 44 - fe -
98-4675-8558-e9c1558d86fb&groupId=10157.

Para saber mais sobre transferência de recursos


de resposta, consulte o módulo 3 desta coleção
Figura 16. Página de acesso ao S2ID para envio
de formulário de cadastro.
que trata detalhadamente desses aspectos.
Fonte: https://s2id.mi.gov.br. 35. CEPED UFSC, 2014 e CASTRO, sem data.

62 63
Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco

• Corpo de Bombeiros Militar Proteção e Defesa Civil. O texto da lei afirma que
ÓRGÃO CENTRAL • Economia e Finanças “poderão participar do Sistema Nacional de Proteção
ÓRGÃO CONSULTIVO
• Educação e Defesa Civil as organizações comunitárias de caráter
Órgão municipal de Conselho • Esportes voluntário ou outras entidades com atuação signifi-
proteção e defesa civil
• Forças Armadas cativa nas ações locais de Proteção e Defesa Civil,
• Guarda Municipal, Polícia Rodoviária, Polícia cabendo ao Município estimular essa participação”
Militar, Polícia Civil e Polícia Federal (detalhamento no item 5.10.3 deste capítulo).
• Instituto Médico Legal

Órgão Setoriais Órgãos de Apoio • Justiça e Ministério Público 5.2.4. Órgão Consultivo
• Saúde
• Trabalho e Previdência Social Trata-se do Conselho Municipal de Proteção e Defesa
• Transporte Civil, de caráter consultivo. Aconselha-se que a repre-
Figura 18. Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil.
Fonte: Elaboração SEDEC/MI, 2017. • Planejamento e finanças sentação no Conselho esteja dividida entre órgãos
• Entre outros setoriais (municipais, estaduais e federais sediados no
município), iniciativa privada e sociedade civil.
5.2. Coordenar as ações do SINPDEC Defesa Civil esteja organizado em coerência com a Cabe ao gestor de proteção e defesa civil articu-
no âmbito local, em articulação estrutura desenvolvida em âmbito nacional. Por esse lar estes órgãos, inclusive para evitar sobreposi- 5.3. Incorporar as ações de proteção e
com a união e os estados motivo, preconiza-se a constituição dos seguintes órgãos. ção de ações. A recomendação é que o gestor lo- defesa civil no planejamento municipal
cal de proteção e defesa civil procure:
Vimos no item anterior como estruturar o órgão 5.2.1. Órgão Central A Lei 10.257/01, que estabelece diretrizes gerais
central do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Identificar e estabelecer contato com os órgãos da política urbana, prevê em seu artigo 2° que a orde-
Civil, ou seja, a coordenação municipal de proteção e Trata-se da coordenação municipal de proteção e que possuem interface com a gestão de risco, nação e controle do uso do solo evite a exposição da
defesa civil. Entretanto para que a gestão de risco defesa civil, responsável pela articulação, coordenação principalmente os responsáveis pela execução população a riscos de desastres. Para tanto é funda-
possa ocorrer de forma sistêmica, conforme previsto e operacionalização Sistema Municipal de Proteção e local das políticas às quais a proteção de defesa mental uma articulação entre o órgão de proteção e
na PNPDEC, é preciso que todo o município esteja Defesa Civil (já detalhada no item 5.1 deste capítulo). civil deve integrar-se, segundo artigo 3º da Lei defesa civil e o de planejamento urbano. O trabalho
estruturado em forma de Sistema, como se demonstra 12.608/12: ordenamento territorial, desenvolvi- conjunto pode envolver a troca de informações, como
na figura 18. 5.2.2. Órgãos Setoriais mento urbano, saúde, meio ambiente, mudanças exemplo: mapas de setorização de riscos geológicos
A implantação do Sistema Municipal de Proteção climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, elaborados pela CPRM, quando houver; mapas de risco
e Defesa Civil compete aos prefeitos municipais, sendo Trata-se dos órgãos e entidades da administração infraestrutura, educação, ciência e tecnologia e realizados localmente ou com apoio dos governos
apoiados, para tanto, pelo órgão de proteção e defesa pública municipal, estadual e federal sediados no às demais políticas setoriais. federal e estadual; estudos disponíveis sobre ameaças
civil estadual. Também é da competência dos prefeitos município, os quais se responsabilizam pelas ações e vulnerabilidades.
garantir a articulação do órgão municipal de coorde- integradas do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Caso o município apresente muitas áreas de ris- Além disso, outros importantes instrumentos de
nação com os órgãos setoriais, de apoio e organizações Civil que se fizerem necessárias. É desejável que os co e recorrência de desastres, recomenda-se o incorporação das ações de proteção e defesa civil no
comunitárias, bem como com os órgãos de coordena- órgãos setoriais implementem em suas estruturas estabelecimento de uma rotina de encontros e re- planejamento municipal são: o Plano Diretor, previsto
ção nos níveis estadual e federal. pontos focais de coordenação responsáveis por sua uniões com os órgãos, utilizando, por exemplo, o pela mesma Lei 10.257/01; os Planos Municipais de
articulação com o órgão municipal de proteção e defesa espaço dos Conselhos, convidando, sempre que Redução de Riscos - PMRR, do programa de prevenção
civil. A distribuição das atividades obedece à lógica possível, representantes estaduais. de riscos conduzido pelo Ministério das Cidades; as
Os orçamentos anuais do órgão mais vocacionado para desempenhar as cartas geotécnicas; e a execução de medidas estru-
turais, conforme descritos a seguir.
municipais devem prever ações que lhes são atribuídas de forma mais eficaz. É Recomenda-se que todas as ações de gestão de
desejável que esses órgãos setoriais sejam ampla- risco trabalhem com o estabelecimento de víncu-
recursos financeiros para mente diversificados, permitindo que haja amplitude los comunitários, de forma a estruturar uma ges- 5.3.1. Plano Diretor
desenvolvimento das ações multidisciplinar. Em geral, os órgãos setoriais envolvem tão local participativa.
de proteção e defesa civil. as seguintes áreas: O Plano Diretor é um instrumento de planejamen-
• Agricultura e Abastecimento 5.2.3. Órgãos de apoio to do território que deve ser construído pelos municípios
• Agências de serviços públicos com ampla participação social e definir as propostas
• Assistência Social Os órgãos de apoio referem-se às organizações de desenvolvimento local. Segundo o Estatuto da
É desejável que o Sistema Municipal de Proteção e • Comunicações comunitárias, conforme prevê a Política Nacional de Cidade, o plano diretor é obrigatório para municípios:

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco

social e de outros instrumentos de política urbana, audiências públicas39. 5.3.4.Medidas estruturais para
I – com mais de vinte mil habitantes; onde o uso habitacional for permitido37. mitigação de riscos41
II – integrantes de regiões metropolitanas e aglome- Saiba mais sobre o programa do Ministério das
rações urbanas; Cidades pelo site: http://www.cidades.gov.br/ As medidas estruturais são, em geral, relacionadas
III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar Participe ativamente da elaboração ou revi- acessibilidade-e-programas-urbanos/acoes-e-pro- a projetos de engenharia para a execução de obras
os instrumentos previstos no § 4o do art. 182 da são do Plano Diretor em seu município. Esta é gramas-snapu/prevencao-de-riscos ou em contato de contenção, drenagem, retenção hídrica, proteção
Constituição Federal; a maneira mais eficaz para garantir que áreas de com o Departamento de Assuntos Fundiários Ur- superficial, reforço de infraestrutura existente, realo-
IV – integrantes de áreas de especial interesse tu- risco sejam legalmente vedadas a novas ocupa- banos, risco@cidades.gov.br, 61 2108-1650 cação de infraestrutura em risco, entre outras. O tipo
rístico; ções. Sua articulação também pode contribuir de medida estrutural adotada está diretamente rela-
V – inseridos na área de influência de empreendi- para que outros aspectos de gestão de risco se- 5.3.3. Cartas Geotécnicas cionado com as características do local em que será
mentos ou atividades com significativo impacto jam observados e incluídos na construção con- aplicada. Vejamos uma breve descrição desses prin-
ambiental de âmbito regional ou nacional. junta do Plano com a população, dando o suporte A página do governo federal denominada Obser- cipais tipos de medidas estruturais:
VI
- incluídos no cadastro nacional de Municípios técnico necessário para a tomada de decisão. vatório das Chuvas, apresenta as Cartas Geotécnicas • Contenção de encostas ou taludes: encostas
com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamen- como “um instrumento de planejamento urbano, criado são as superfícies inclinadas de maciços naturais,
tos de grande impacto, inundações bruscas ou pro- Acesse o conteúdo completo do Estatuto da Ci- pela Lei 12.608/12, que estabelece diretrizes para que formados por material rochoso ou solo. Taludes são
cessos geológicos ou hidrológicos correlatos36 dade aqui: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ os novos loteamentos sejam construídos de forma superfícies inclinadas geradas a partir de uma mo-
leis/LEIS_2001/L10257.htm equilibrada com as condições de suporte do meio físico, dificação humana, alterando a encosta através da
A importância de trabalhar com esse instrumento definindo as áreas que não devem ser ocupadas, as realização de cortes ou aterros. As obras executadas
de gestão para prevenção de desastres está direta- 5.3.2. Plano Municipal de Redução áreas em que a ocupação deve seguir cuidados espe- em locais com essas características buscam mitigar
mente relacionada à compreensão sobre os aspectos de Riscos - PMRR ciais e as áreas sem restrição à ocupação urbana. Ela desastres relacionados a movimentos de massa.
de construção social do risco e da necessidade de uma busca evitar que se aprovem lotes em áreas poten- • Drenagem: o sistema de drenagem das águas
ocupação do solo mais atenta a ameaças e vulnera- Os Planos Municipais de Redução de Riscos fazem cialmente sujeitas a desastres40”. é outro aspecto fundamental que deve ser obser-
bilidades. A Lei 12.608/12, quando alterou o Estatuto parte do programa de Prevenção de Riscos conduzido Também segundo a página, o governo federal, via vado na implantação de qualquer obra para con-
da Cidade, incluiu os seguintes itens como conteúdo pelo Ministério das Cidades com o objetivo de “melho- Ministério das Cidades, é responsável pela elaboração tenção e estabilidade de encostas, pois a sua re-
do Plano Diretor: rar as condições de habitabilidade de assentamentos de cartas geotécnicas de prevenção de desastres para tenção ou direcionamento inadequado poderá
humanos precários, reduzir riscos mediante sua urba- 106 municípios com histórico de grandes desastres e comprometer a estabilidade do conjunto. Nas obras
I - parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do nização e regularização fundiária, integrando-os ao elevadas taxas de crescimento populacional, locali- que não possuem características autodrenantes,
solo, de modo a promover a diversidade de usos e a tecido urbano da cidade38”. zados em 12 Estados da Federação. Essas cartas devem ser utilizadas outras técnicas para garantir
contribuir para a geração de emprego e renda; O PMRR pode ser elaborado – sempre em parceria apoiam a gestão de risco uma vez que definem áreas a drenagem do faceamento.
II - mapeamento contendo as áreas suscetíveis à com o Ministério das Cidades – por diferentes órgãos potencialmente de risco, e podem servir também de • Bacias de detenção e retenção: as obras
ocorrência de deslizamentos de grande impacto, da prefeitura. Em geral, o próprio órgão de proteção e documento de apoio durante a elaboração dos Planos de detenção são executadas com o objetivo de
inundações bruscas ou processos geológicos ou defesa civil é o que busca o financiamento e se arti- Diretores. reter parte do volume escoado na bacia a mon-
hidrológicos correlatos; cula a outras secretarias – variáveis de município para tante e permitem amortecer a vazão máxima
III - planejamento de ações de intervenção preven- município – para sua execução. O contato do Ministério das Cidades para mais in- escoada em decorrência da chuva na bacia. O
tiva e realocação de população de áreas de risco de Para desenvolver um PMRR é necessário realizar formações sobre Cartas Geotécnicas Tel.: (61) objetivo dessa obra é impedir a inundação de áreas
desastre; levantamentos, estudos e análises sobre as áreas de 2108-1475 - E-mail: paula.cabral@cidades.gov.br situadas à jusante. Já as bacias de retenção são
IV - medidas de drenagem urbana necessárias à risco, que foquem em aspectos como: (i) condições concebidas para armazenar todo o volume gerado
prevenção e à mitigação de impactos de desastres; de riscos (geológico, geotécnico, hidrológico) com foco O Observatório das Chuvas possui informações na bacia, possibilitando também a melhoria da
e para as áreas vulneráveis e suscetíveis; (ii) critérios sobre ações do governo federal em prevenção, qualidade da água.
V - diretrizes para a regularização fundiária de as- de hierarquização do risco; (iii) intervenções estrutu- mapeamento, monitoramento, alerta e resposta. • Proteção superficial: tem a finalidade de re-
sentamentos urbanos irregulares, se houver, obser- rais necessárias para reduzir e mitigar as situações Visite o site: http://www.brasil.gov.br/observato- vestir os taludes com materiais que permitam um
vadas a Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009, e demais de risco de desastre; (iv) estimativas de custos das riodaschuvas/index.html escoamento adequado das águas. Os materiais
normas federais e estaduais pertinentes, e previsão intervenções propostas; (v) mobilização, sensibilização utilizados podem ser naturais, como o revestimen-
de áreas para habitação de interesse social por meio e capacitação de comunidades e instituições; (vi) to de talude com biomassa; artificias como o reves-
da demarcação de zonas especiais de interesse timento com argamassa; ou ainda uma combinação
37. BRASIL, 2001. 39. Conteúdo adaptado de CEPED UFSC, 2015.
36. BRASIL, 2001. 38. BRASIL, sem data. 40. BRASIL, sem data. 41. UFRGS e CEPED/RS, 2015.

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco

Geográficas, por exemplo, os quais podem ser deman- • Reconhecimento de vulnerabilidades


dados ou articulados pelo gestor de proteção e defesa sociais: é importante para avaliar a aplicação de
civil local aos outros órgãos setoriais. ações eficientes e deve considerar as condições
Entretanto, é possível realizar mapeamentos de de segurança, educação, saúde, conflitos e per-
risco mais simplificados, considerando que o mais cepção de risco.
importante é compreender que o planejamento de um • Reconhecimento de capacidades: trata-se
órgão de proteção e defesa civil deve ser estruturado de identificar como ocorre a mobilização comuni-
a partir do conhecimento da realidade local e, por isso, tária no local, e quais as estruturas comunitárias
este instrumento é de fundamental relevância. É a de apoio, como instituições religiosas, escolas e
partir dele, por exemplo, que um plano de contingên- associações comunitárias.
cia é elaborado; que se definem os principais pontos • Representação gráfica: seja em um sistema
de monitoramento e instalação de sistemas de alerta informatizado, no Google Maps, ou em uma repre-
e alarme; e que se faz o planejamento de ações prio- sentação manual, as informações coletadas devem
ritárias dentro de uma área de atuação. ser representadas em um mapa que facilite a iden-
A elaboração de mapas de risco deve avaliar os tificação espacial das principais áreas de risco e
fatores de ameaças e vulnerabilidades que compõem suas ameaças, vulnerabilidades e capacidades.
os riscos analisados em uma determinada área de
risco. Há que se considerar ainda que o risco tem
características dinâmicas e diferenciadas44, isto é, “Diariamente novas áreas são
altera-se ao longo do tempo em função de diversas
variáveis como ocupação do solo, percepção de risco,
ocupadas com casas e produção
intervenções preventivas, etc.; e por isso é preciso agrícola. Isso influencia
Figura 19. Exemplo ilustrativo de uma carta geotécnica. mantê-lo sempre atualizado. diretamente o aumento da
Fonte: CPRM, 2017. Não há um modelo padrão para um processo de
vulnerabilidade e das
mapeamento de risco, que deve ser adaptado à reali-
dos dois. A definição de qual tipo utilizar deverá ser Conteúdo enviado pelo GT: http://www2.soroca- dade local. Podemos, entretanto, definir as seguintes
consequências da ameaça
analisada considerando cada situação específica. ba.unesp.br/professor/robertow/Arquivos%20 etapas como fundamentais45: também. Depois de pronto, o
2011/SIG_2011/SIG_Aula_3_4_2011.pdf • Levantamento de dados históricos de re- mapa deve ser constantemente
5.3.5. Mapas de ameaças múltiplas corrência de desastres: é preciso identificar quais atualizado46”.
5.4. Identificar e mapear as áreas foram, ao longo do tempo, os desastres que mais
Identificado pela Organização das Nações Unidas de risco de desastres atingiram uma localidade, e quais foram os pontos
(ONU) como uma das ferramentas mais relevantes do mais afetados.
continente americano para redução de riscos de de- Mapear riscos é o processo pelo qual os cenários • Reconhecimento de ameaças: pelo reco- Nesta publicação do INPE você pode conhecer
sastres no planeta, o Mapa de Ameaças Múltiplas pode de risco de uma localidade são identificados e repre- nhecimento histórico é possível determinar quais um passo a passo para elaborar um mapa de ris-
incluir ameaças tecnológicas, além de 460 ameaças sentados graficamente, produzindo mapas de risco. são as principais ameaças, seja de origem natural co de uma localidade com a participação de es-
naturais, classificadas de acordo com a origem e o Esse processo de diagnóstico pode ser tão complexo ou tecnológica e o período de ocorrência, e a partir colas, alunos e professores: http://mtc-m16d.sid.
contexto socioecológico regional42. e detalhado quanto seja possível, ou simplificado a daí determinar quais instrumentos de monitora- inpe.br/col/sid.inpe.br/mtc-m19/2013/05.31.18.43/
partir das condições limitantes para sua elaboração. mento são importantes para a localidade. doc/publicacao.pdf?metadatarepository=&mir-
5.3.6. Modelos digitais de elevação Em processos mais completos, há o envolvimento de • Reconhecimento de vulnerabilidades físicas: ror=sid.inpe.br/mtc-m19@80/2009/08.21.17.02.53
uma grande equipe multidisciplinar entre profissionais trata-se de verificar como as condições das edifi-
Um Modelo Digital de Elevação (MDE) é uma re- de assistência social, comunicação, engenharia, física, cações, a geografia do terreno, o tipo de vegetação, 5.4.1. Setorização de riscos
presentação matemática computacional da distribui- geologia, geotécnica, hidrologia, meteorologia, psico- a forma de ocupação do solo, as condições de mo- geológicos da CPRM47
ção de um fenômeno espacial que ocorre dentro de logia social e sociologia43. Esses profissionais utilizam- bilidade, de saneamento e de infraestrutura,
uma região da superfície terrestre. -se de ferramentas de pesquisa e sistemas informa- ampliam ou reduzem a vulnerabilidade local. O governo federal, por meio da CPRM, desenvolveu
ções, como os SIG – Sistemas de Informações
44. DUARTE et al, 2008. 46. ALVES et al, 2011.

42. Adaptado de RIO DE JANEIRO, 2016. 43. ALVES et al, 2011. 45. ALVES et al, 2011. 47. Adaptado de CPRM, sem data.

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco

da de Riscos em Desastres Naturais – GIDES é a evacuação da população das áreas de alto risco ou
executado pelo Ministério das Cidades; Ministério das edificações vulneráveis”.
da Ciência, Tecnologia e Inovação, via CEMA- Entenda como deve ocorrer a realocação de mo-
DEN; Ministério da Integração, via CENAD; e Mi- radias em áreas de risco para situações de normali-
nistério de Minas e Energia, via CPRM, contando dade e de anormalidade.
com a cooperação de especialistas do governo Mais uma vez, como a estrutura dos órgãos de pro-
japonês através da JICA. Espera-se que este pro- teção e defesa civil variam de município para município
jeto resulte, dentre outros, em um Manual Técnico essa competência pode não estar sob responsabilidade
de Mapeamento de Risco/Perigo, previsto para direta do agente de proteção e defesa civil, principal-
ser disponibilizado ao público no primeiro semes- mente porque as vistorias exigem uma formação técnica
tre de 2017. Acompanhe o andamento do projeto bastante específica. Há casos, porém, em que os órgãos
no site http://www.cidades.gov.br/gides/ de proteção e defesa civil possuem corpo técnico capaz
de conduzir diretamente essa atividade. Portanto, é
5.5. Promover a fiscalização das áreas preciso verificar localmente como estão distribuídas as
de risco de desastre e vedar novas competências entre os órgãos municipais de forma a
ocupações nessas áreas viabilizar a realização de vistorias, obras preventivas e
remoção de populações quando for o caso.
A competência municipal relativa de fiscalização Paras as vistorias, indica-se uma articulação e o
da ocupação do solo é muito variável de município acionamento das áreas de engenharia da prefeitura,
para município. Em alguns, esta competência é do de corpos de bombeiro, ou o estabelecimento de par-
órgão ambiental, em outros do órgão responsável pela cerias com universidades e órgãos de classe, como o
área de obras e infraestrutura, ou ainda de agências CREA, por exemplo. Alguns desses órgãos podem
específicas de fiscalização. Ao órgão de proteção e auxiliar também em intervenções preventivas neces-
defesa civil cabe identificar os responsáveis locais e sárias nas áreas de risco. Já a evacuação e remoção
Figura 20. Exemplo ilustrativo de Mapa de Setorização de Risco. então estabelecer uma relação de articulação para de populações de áreas de risco, devem ser feitas por
Fonte: CPRM, 2017. encaminhamento de casos que sejam identificados meio de um processo participativo, com o apoio de
pelos agentes de proteção e defesa civil. áreas de assistência social e habitação, e de repre-
estudos em diversos municípios para apoiar os pro- monitoramento de eventos climáticos, visando contribuir De toda forma, é importante que os gestores de sentante do poder público presente.
cessos de mapeamento de risco local. Esses estudos para a redução dos danos e para a diminuição das proteção e defesa civil conheçam as restrições legais
foram chamados de setorização de riscos geológicos, perdas humanas e materiais relacionadas aos desastres. de ocupação de áreas, e sempre que possível consigam A Defesa Civil do Espírito Santo possui uma pe-
e tiveram por finalidade a identificação, a delimitação laudos, vistorias ou atestados que definam determina- quena apostila denominada Noções de Avaliação
e a caracterização de áreas ou setores de uma encosta O governo federal entregou a diversos municí- da área como sendo de risco e indiquem que não haja de Risco Estrutural, consulte o material em: http://
ou planície de inundação sujeitas à ocorrência de pios, entre os anos de 2013 e 2015 a Setorização novas ocupações no local. Instrumentos como as cartas www.defesacivil.es.gov.br/files/pdf/apostila_ava-
processos destrutivos de movimentos de massa, en- de Riscos Geológicos, elaborados pela CPRM. geotécnicas, planos diretores ou Leis de Ordenamento liacao_de_risco_estrutural.pdf. Há também con-
chentes de alta energia e inundações. Antes de partir para o mapeamento de risco, veri- Territorial do município podem auxiliar nesse trabalho. teúdo relativo ao tema produzido pelo município
As informações levantadas pela CPRM foram dis- fique se já foi elaborada alguma setorização no do Rio de Janeiro: http://www0.rio.rj.gov.br/defe-
ponibilizadas para o Centro Nacional de Monitoramen- seu município e use-o como apoio (http://www. A Defesa Civil do Espírito Santo possui uma pe- sacivil/construcoes_perigosas.htm
to e Alertas de Desastres Naturais – CEMADEN a fim cprm.gov.br/publique/Gestao-Territorial/Geologia- quena apostila denominada Noções de Avaliação
de subsidiar a emissão de avisos e alertas meteoroló- -de-Engenharia-e-Riscos-Geologicos/Setorizacao- de Risco Estrutural, consulte o material em: http:// 5.7.Manter a população informada
gicos, e para o Centro Nacional de Gerenciamento de -de-Riscos-Geologicos-4138.html www.defesacivil.es.gov.br/files/pdf/apostila_ava- sobre áreas de risco e ocorrência
Riscos e Desastres – CENAD, para a emissão de alertas liacao_de_risco_estrutural.pdf de eventos extremos48
aos órgãos de proteção e defesa civil estaduais e Projeto Gides - Manual Técnico de Mapea-
municipais, visando ações de prevenção e resposta mento e Risco/Perigo. O Brasil está desenvol- 5.6. Vistoriar edificações e áreas de risco O texto completo da PNPDEC define que compete
frente aos desastres naturais. vendo um importante projeto com a Agência de ao município “manter a população informada sobre
Todo o acervo de dados está também disponibiliza- Cooperação Internacional do Japão – JICA. Ini- De acordo com a PNPDEC, além de vistoriar edifi- áreas de risco e ocorrência de eventos extremos,
do para órgãos e instituições do governo federal, de ciado em julho de 2013, o Projeto de Fortaleci- cações e áreas de risco compete ao município “pro-
estados e de municípios que atuam na prevenção e no mento da Estratégia Nacional de Gestão Integra- mover, quando for o caso, a intervenção preventiva e 48. Adaptado de UFRGS e CEPED/RS, 2015 e CARTAGENA, 2016.

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco

PREVENÇÃO EMERGÊNCIA tores, ampliando a credibilidade do gestor. Para veis, sobre o que outras comunidades estão fa-
situações de realocação de famílias, obras, e zendo, sobre qual o custo da redução de riscos,
grandes investimentos ou impactos na população sobre o que pode ocorrer se não focarem na re-
MAPEAMENTO ABRIGO EMERGENCIAL recomenda-se não abrir mão desse processo. dução de riscos. Não considere que a comunica-
Além disso, pode-se considerar que as ações de ção de risco é uma atividade única de curto pra-
Comunicação de Risco devem ser conduzidas consi- zo. Ela deve ser um processo continuado. Não
derando aspectos de variedade e frequência; utilização considere que as pessoas não podem compreen-
ANÁLISE SOCIAL MORADIA PROVISÓRIA de espaços formais e informais; garantia de diálogo e der informações científicas. Se apresentadas de
transparência; e adequação à realidade local. Tal maneira apropriada, elas entenderão. Fonte:
processo está também alinhado aos pressupostos do Abarquez e Murshed, 2004.
atual Marco de Sendai, especialmente em relação ao
POLÍTICA HABITAIONAL CASA DEFINITIVA papel dos gestores locais e nacionais previsto na Prio- 5.7.2. Sistemas de monitoramento
ridade 1: “Promover estratégias nacionais que for-
taleçam a educação e formação públicas em Os sistemas de monitoramento têm a função de
Figura 21. Fluxo de realocação de moradias em áreas de risco.
Fonte: Elaboração SEDEC/MI, 2017. redução de risco de desastres, incluindo informa- gerenciar informações preliminares às ocorrências
ção e conhecimento sobre risco de desastres, por potenciais de desastres e trabalhar como foco em
meio de campanhas, mídias sociais e mobilização prevenção, mitigação e preparação. Desse modo, esses
bem como sobre protocolos de prevenção e alerta exemplo; até as mais complexas, em que o vínculo comunitária; e considerando demandas e neces- sistemas podem identificar a potencialidade de uma
e sobre as ações emergenciais em circunstâncias entre indivíduos, grupos e instituições torna-se cada sidades específicas de cada público alvo”. ameaça e, a partir de alertas e alarmes à população,
de desastres”. Para tratar deste tema dividiremos esta vez mais sólido. Esse conjunto pode ser formado por: Neste caso, o conteúdo da mensagem que dire- evitar ou minimizar os efeitos de um desastre.
competência em duas partes, uma de aspecto preven- • Ações de divulgação: possuem conteúdos ciona o diálogo deve estar vinculado à temática da O governo federal mantém alguns sistemas de
tivo, e outra de monitoramento de eventos extremos. rápidos e envolvem pouca interação com o inter- gestão do risco, gerando um conhecimento capaz de monitoramento de abrangência nacional por meio de
locutor. São comunicados oficiais, panfletos, carros qualificar a percepção, e de estimular a participação órgãos como o Centro Nacional de Gerenciamento de
5.7.1. Comunicação de Risco para Prevenção de som, cartazes, spots de rádio e comerciais em institucional e comunitária em torno das ações de Riscos e Desastres – CENAD, o Instituto Nacional de
TV, e conteúdo digital não interativo, etc. prevenção, mitigação e preparação. Por isso, a escolha Meteorologia – INMET, o Centro Nacional de Monito-
A Comunicação de Risco refere-se a um processo • Ações de informação: possuem conteúdos um da linguagem, do conteúdo, da forma como a mensa- ramentos e Alertas de Desastres Naturais – CEMADEN,
de construção de conhecimento, que deve ser contínuo pouco mais detalhados e também alguma interação gem será transmitida e o meio a ser utilizado, devem o Centro de previsão do tempo e estudos climáticos
e pode envolver diferentes níveis de vínculo com os com o interlocutor. São visitas domiciliares, reuniões, ser adequados ao público e aos objetivos estabeleci- – CPTEC, a Agência Nacional de Águas – ANA, e o
interlocutores. Ou como define o Conselho Nacional palestras, eventos, notícias, reportagens, programas dos com o processo de comunicação. Por exemplo, se Observatório das Chuvas.
de Pesquisas dos Estados Unidos (National Research de rádio e TV, conteúdo digital interativo, etc. a comunicação sobre gestão de risco acontecer em
Council, 1989) a Comunicação de Risco é “um proces- • Ações de consulta: são definidas por total escolas e for direcionada ao público infantil, formas Verifique se seu estado ou município já possui um
so interativo de troca de informações e opiniões entre interação com o interlocutor, e devem ser prece- lúdicas podem ser eficazes e capazes de gerar inter- sistema de monitoramento próprio, caso contrá-
os indivíduos, grupos e instituições, que frequente- didas, ao menos, por ações de informação. Em locução e aprendizagem sobre o tema. rio, use dos sistemas de monitoramento do Go-
mente envolve várias mensagens sobre a natureza do geral, referem-se a audiências públicas, orçamen- verno Federal
risco ou expressa preocupações e opiniões legais e to participativo, enquetes, etc. Para o trabalho com escolas, pode-se utilizar o li-
institucionais sobre a gestão do risco”. • Ações de formação: exigem um trabalho de vro interativo sobre desastres, disponível em: a. Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos
informação aprofundado, e podem constituir-se www.lid.educacaocerebral.org/ e Desastres – CENAD
Em geral a condução das ações de Comunicação por um conjunto de ações de divulgação, informa- O CENAD foi criado em fevereiro de 2005 e tem o
de Risco devem ser articuladas entre diversos ór- ção e consulta. Por isso mesmo são mais duradou- Dicas sobre Comunicação de Risco: Não conside- intuito de gerenciar, com agilidade, ações estratégicas
gãos dentro de um município. Por sua variedade ras, a exemplos de cursos, capacitações, simulados re que as comunidades não possuem informação de preparação e resposta a desastres em território
e abrangência, pode envolver, além do órgão de e oficinas. sobre os riscos a que estão expostas. Não consi- nacional e, eventualmente, também no âmbito inter-
proteção e defesa civil, as áreas de educação, • Ações de negociação e parceria: são longos dere que você deve ensinar as pessoas. Na boa nacional. Coordenado pela Secretaria Nacional de
assistência social, assessoria de imprensa, gabi- processos de comunicação, também precedidos comunicação de risco, o processo é tão impor- Proteção e Defesa Civil, o centro possui uma estrutu-
nete, etc. por ações de divulgação, informação, consulta e tante quanto a mensagem. Deve haver um pro- ra de monitoramento constante de informações sobre
formação. Nestes casos, há compartilhamento de cesso de diálogo. As pessoas não precisam de in- possíveis desastres em áreas de risco, atuando 24
Portanto, o conjunto de ações de comunicação vai poder e de responsabilidades, e quando bem con- formação apenas sobre os riscos. Elas podem horas por dia, inclusive aos fins de semana e feriados.
desde as mais simples, como ações de divulgação, por duzidos fortalecem os vínculos entre os interlocu- precisar de informações sobre recursos disponí- O CENAD atua em parceria com outros órgãos,

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco

como o CEMADEN, o CPRM, o Instituto Brasileiro do município em: http://www.inmet.gov.br/portal


Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
- IBAMA, a ANA, a Agência Brasileira de Inteligência c. Centro Nacional de Monitoramento e Alertas
- ABIN, o CPTEC/INPE, o INMET, o Centro Gestor e de Desastres Naturais - CEMADEN
Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia - O CEMADEN monitora, 24 horas por dia, as áreas
CENSIPAM, as Forças Armadas e demais órgãos do de risco de municípios classificados como vulneráveis
poder executivo federal. (821 municípios prioritários) a eventos adversos em
A dinâmica de funcionamento do CENAD consiste todo o território nacional. Tem como objetivo principal
no recebimento de informações de diversos órgãos do contribuir para que se evitem mortes acarretadas pelos
governo federal responsáveis pela predição de tempo desastres e diminuir a vulnerabilidade social, ambien-
e temperatura; avaliação de condições geológicas de tal e econômica deles decorrentes.
áreas de risco; monitoramento dos movimentos das O centro conta com uma rede de observação com-
placas tectônicas; acompanhamento das bacias hi- posta por radares, pluviômetros automáticos e semiau-
drográficas; controle de queimadas e incêndios flo- tomáticos e estações hidrológicas, entre outros equi-
restais; e transporte e armazenamento de produtos pamentos. A Sala de Situação, onde ocorrem as
perigosos. As informações recebidas por estes órgãos atividades de monitoramento e emissão de alertas,
são avaliadas e processadas no CENAD e encaminha- conta com gabinete de crise, interligado ao CENAD.
das aos órgãos de proteção e defesa civil de estados Entre outras competências, o CEMADEN envia os
e municípios com risco de ocorrência de desastres, alertas de desastres referentes aos municípios priori-
sendo que o alerta ocorre de acordo com a intensida- tários ao CENAD, auxiliando o Sistema Nacional de
de do evento adverso. Proteção e Defesa Civil. Figura 22. Página de acompanhamento meteorológico do INMET.
• Alerta Moderado: encaminhado aos municí- Fonte: http://www.inmet.gov.br/portal.
pios e estados por e-mail. Verifique se o seu município está sendo monito-
• Alerta Alto e Muito Alto: encaminhado aos rado pelo CEMADEN no site: http://www.cema-
municípios e estados por e-mail e SMS. Nestes den.gov.br/municipios-monitorados/
casos o CENAD ainda faz contato telefônico com
os representantes locais. d. Centro de previsão do tempo e estudos climá-
ticos - CPTEC
Existe ainda a equipe de plantão que trabalha 24 O CPTEC, órgão vinculado ao INPE, trabalha com
horas por dia no gerenciamento de informações um novo supercomputador (CRAY XT6) que vem me-
preditivas, alertas ou avisos para os diferentes lhorando a resolução espacial dos modelos de previsão
cenários de risco do país, subsidiando assim de tempo, de clima sazonal, ambiental (qualidade do
ações de preparação e resposta dos órgãos de ar) e de projeções de cenários de mudanças climáticas.
proteção e defesa civil. Para fins de ações de O centro está também aperfeiçoando seus modelos
emergências e orientações, ligue 0800 644 0199. para que o novo supercomputador possa gerar previ-
sões com mais dias de antecedência, além de prever
b. Instituto Nacional de Meteorologia – INMET chuvas e eventos extremos com maior confiabilidade.
O INMET é um órgão do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento que tem como objetivo Acompanhe as informações de seu município
fornecer informações meteorológicas à sociedade em: http://tempo.cptec.inpe.br, ou caso queira re-
brasileira e por meio de monitoramento, análise e ceber informações por e-mail, inscreva-se em: ht-
previsão de tempo e de clima, que se fundamentam tp://www.cptec.inpe.br/previsaoporemail/pt
em pesquisa aplicada, trabalho em parceria e com-
partilhamento do conhecimento, com ênfase em re- O CPTEC trabalha também com Monitoramento
sultados práticos e confiáveis. de Queimadas e Incêndios. O trabalho consiste na
detecção de focos de calor por satélites, e também no Figura 23. Página de Acesso ao CEMADEN
Acompanhe diariamente as previsões para seu cálculo e previsão do risco de fogo da vegetação. Fonte: http://www.cemaden.gov.br/municipios-monitorados/ .

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco

[Para diagramação, sugestão: Inserir imagens ou Indicação das responsabilidades de cada órgão
ilustrações de alertas, ícones – alertas podem ser na gestão de desastres
algo como aviso em celular, em televisão, etc]
Definição dos sistemas de alerta a desastres,
5.7.4. Sistemas de Alarme em articulação com o sistema de
monitoramento, com especial atenção dos
Já o alarme, corresponde a informação de ocor- radioamadores
rência iminente, que deve corresponder a uma ação
imediata por parte da população, geralmente para não Organização dos exercícios simulados, a
sair de casa (em caso de vendavais, por exemplo) ou serem realizados com a participação da
para evacuação (no caso de deslizamentos, por população
exemplo). Os alarmes podem ser emitidos por sirenes,
Organização do sistema de atendimento emer-
sinos de igreja, veículos de som, WhatsApp ou qualquer
gencial à população, incluindo-se a localização
meio de comunicação previamente acordado.
das rotas de deslocamento e dos pontos
seguros no momento do desastre, bem como
Inserir imagens ou ilustrações de alarmes - algo
dos pontos de abrigo após a ocorrência de
como uma sirene, por exemplo
desastre

5.8. Realizar regularmente exercícios Definição das ações de atendimento médico-


simulados, conforme plano de -hospitalar e psicológico
Figura 24. Página de Acesso ao Site da ANA.
contingência de proteção e defesa civil
Fonte: http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/saladesituacao/default.aspx.
Cadastramento das equipes técnicas e de
Os simulados são exercícios de treinamento para volun- tários
avaliar o conteúdo de um plano de contingência e
Você pode ainda se cadastrar para receber rela- f. Observatório das Chuvas preparar comunidade e órgãos de resposta para o Localização dos centros de recebimento e orga-
tórios por e-mail diariamente de seu município, Todas as ações do Governo Federal em relação à momento da ocorrência do desastre. Portanto, ante- nização da estratégia de distribuição de
pelo link: http://sigma.cptec.inpe.br/queimadas/ Prevenção, Mapeamento, Monitoramento e Alerta e riormente à realização do simulado, é necessário que O governo
doações federal, por meio do S2ID – Sistema
e suprimentos
cadastro_login.php ou acompanho o monitora- Resposta em nível federal estão organizadas na página seja elaborado o plano de contingência. Integrado de Informações sobre Desastres, disponibi-
mento de queimadas na página: https://queima- do Observatório das Chuvas, vinculada à Casa Civil, liza o recurso de preenchimento online de plano de
das.dgi.inpe.br/queimadas/situacao-atual disponível em http://www.brasil.gov.br/observatorio- 5.8.1. Planos de contingência contingência, facilitando o trabalho de cadastro de
daschuvas/index.html todas as informações necessárias para a concretiza-
e. Agência Nacional de Águas – ANA Além desses sistemas mantidos pelo governo O plano de contingência - PLANCON funciona como ção desse instrumento.
A ANA comporta uma Sala de Situação para iden- federal, dos quais as gestões locais podem obter in- um planejamento da resposta e por isso, deve ser ela-
tificação de possível ocorrência de eventos críticos, formações de monitoramento, é possível trabalhar com borado na normalidade, quando são definidos os pro- Acesse o S2ID e utilize a ferramenta de elabora-
acompanhando as condições hidrológicas dos princi- sistemas locais, a exemplo de réguas linimétricas cedimentos, ações e decisões que devem ser tomadas ção de Plano de Contingência aqui: https://s2id.mi.
pais sistemas hídricos nacionais, o que permite a instaladas em rios e inclinômetros instalados em en- na ocorrência do desastre. Por sua vez, na etapa de gov.br/paginas/login/manutencao_cadastro.xhtml
adoção antecipada de medidas mitigadoras com o costas para acompanhamentos geotécnicos. resposta, tem-se a operacionalização do plano de
objetivo de minimizar os efeitos de secas e inundações. contingência, quando todo o planejamento feito ante- Para a organização de plano de contingência,
5.7.3. Sistemas de Alerta riormente é adaptado a situação real do desastre. entretanto, não é suficiente o preenchimento de
Acompanhe aqui a Sala de Situação da ANA: ht- Os documentos podem incluir um ou mais tipos formulários e sistemas. É importante saber que
tp://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/saladesi- Alertas são emitidos a partir das informações de riscos, devendo prever ações para cada cenário existem algumas etapas fundamentais antes e
tuacao/default.aspx obtidas pelos sistemas de monitoramento. Os alertas possível. depois da elaboração do documento em si. Este
correspondem a informações sobre a potencialidade assunto é tratado profundamente no Livro Base Plano
Assista ao vídeo da ANA sobre pluviômetros: ht- de um evento, que podem ser realizados em formato A Lei 12.983/14 estipula os seguintes elementos a de Contingência (Módulo II)
tps://w w w.youtube. com/watch? v = Fy 01 u- de boletins ou de avisos de atenção, e comunicados serem considerados em um Plano de Contingên-
64q-t8&feature=youtu.be por rádio, TV, mensagem de celular ou internet. cia de Proteção e Defesa Civil: Para um passo a passo sobre como elaborar um
plano de contingência, você pode consultar o

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação Municipal em Gestão de Risco

Módulo “Elaboração de Plano de Contingência” removida, e a divulgação na mídia de forma estru- um banco de dados com o histórico de ocorrências no cidadão acompanhe como os recursos públicos são
dessa Coleção que trata especificamente sobre turada e integrada. município seguro e disponível para toda a sociedade, utilizados, apoiando o processo de fiscalização.
o assunto. • Avaliação: A avaliação do Simulado tem o fortalecendo, inclusive, a cultura de gestão sistêmica.
objetivo de verificar se, de fato, as ações planeja- Da mesma maneira, no caso de unidades federativas 5.10.1. Espaços comunitários
5.8.2. Simulados das no Plano de Contingência são viáveis e se que possuam seus bancos de dados, é importante
ocorreram conforme previstas. Para tanto, deve-se também mantê-los sempre atualizados. Os espaços de participação e controle social podem
Como já foi dito, os simulados são instrumentos montar uma equipe de observadores, que durante O uso correto e permanente do S2ID também ser mais ou menos formais, e o ideal é que passem a
de preparação para resposta, que funcionam como toda a execução do simulado, verifiquem a partir atende à competência compartilhada entre Municípios, fazer parte do cotidiano da gestão de risco de forma
treinamento para a execução do plano de contingên- de critérios pré-definidos o que funcionou e o que Estados e União, prevista na PNPDEC como “fornecer gradual. Isto é, o envolvimento da população vai cres-
cia, e por isso devem ocorrer após a sua elaboração não funcionou. Para tanto, costuma-se adotar for- dados e informações para o sistema nacional de in- cendo à medida que se sinta interessada pelo tema e
ou atualização. O treinamento pode incluir todos os mulários padronizados para a coleta de informa- formações e monitoramento de desastres”. perceba resultados positivos; ao mesmo tempo é
procedimentos e ações previstos no Plano de Contin- ções observadas, tanto quantitativas como quali- preciso garantir que não haja sobrecarga às estruturas
gência ou apenas parte deles, principalmente se o tativas. Ao final do simulado é realização uma 5.10. Estimular a participação social de proteção e defesa civil, muitas vezes deficientes.
documento previr mais de um cenário de risco. É re- reunião de avaliação com os parceiros envolvidos, Por isso, o ideal é iniciar o trabalho com ações
comendável que os Simulados sejam organizados com os observadores e com a comunidade, em que O texto integral do item da PNPDEC que trata sobre simples, e ampliar esses instrumentos de gestão a
periodicamente, e a cada vez treinem um aspecto do são identificados os pontos de sucesso e as falhas a participação registra como competência do municí- partir do momento em que os espaços iniciais de par-
plano, como por exemplo, para as etapas de primeira e o tempo de resposta dos órgãos de resposta. pio a função de “estimular a participação de enti- ticipação já estejam consolidados. O incentivo à par-
resposta, de evacuação, de abrigos, etc. Para as falhas deve-se definir se haverá alterações dades privadas, associações de voluntários, clubes ticipação em Conferências Nacionais é uma das formas
Portanto, a organização dos simulados também no Plano de Contingência, ou se o treinamento de serviços, organizações não governamentais e de mobilização, pois diversas delas podem estar rela-
deve obedecer a um roteiro entre planejamento, exe- precisa ser reforçado. associações de classe e comunitárias nas ações cionadas com o tema de gestão de risco.
cução e avaliação, assim previstos: do SINPDEC e promover o treinamento de asso- O mais importante é compreender que não há
• Planejamento: Deve-se iniciar definindo qual Neste guia você pode encontrar orientações de- ciações de voluntários para atuação conjunta com padrão quando se trata de mobilização comunitária,
cenário de risco (se houver mais de um) do Plano talhadas para organização de um Simulado: ht- as comunidades apoiadas”. Isso significa que o en- e por isso é preciso conhecer a realidade local e iden-
de Contingência será trabalhado, e a partir daí tp://www.mi.gov.br/pt/c/document_library/get_fi- volvimento da população durante todas as ações de tificar os espaços mais propícios para o trabalho de
estabelecer um roteiro de problemas e ações es- le? u ui d = 7 5 9 c 3 1 f 7 - 5 7 ad - 4 6 9 e - b 2 9 c - 1 f - prevenção, mitigação, preparação, resposta e recu- redução de risco.
peradas, que incluam as mensagens de alerta e cda78f5e91&groupId=10157; além disso, você peração é essencial para que a gestão de risco seja
alarme, o abrigo para onde as pessoas serão des- também pode consultar o Módulo “Elaboração de completa. Os princípios de Comunicação de Risco, já Saiba mais sobre mobilização comunitária aces-
tinadas, a remoção de animais domésticos, etc. Plano de Contingência” dessa Coleção que trata tratados no item 5.7.1, aplicam-se também às ações sando a cartilha: http://www.ceped.ufsc.br/wp-
Uma vez definido cenário e roteiro, devem ocorrer especificamente sobre o assunto. de participação, que podem ser realizadas por meio -content/uploads/2014/10/mobilizacao_comunita-
reuniões (tantas quantas forem necessárias) com de instrumentos como consultas e audiências públicas, ria_e_comunicao_de_risco_0.pdf
a comunidade e os demais órgãos de resposta 5.9. Manter a união e o estado informados também já mencionados ao longo deste material.
envolvidos para definir data e horário do Simulado, sobre a ocorrência de desastres e as Os processos de controle social, por sua vez, per- 5.10.2. Núcleos Comunitários
quais as pessoas que serão envolvidas, a partici- atividades de proteção civil no município mitem que qualquer cidadão acompanhe a gestão de Proteção e Defesa Civil - NUPDECs
pação dos meios de comunicação, etc. pública, tornando-se uma importante ferramenta de
• Execução: No dia da realização do simulado 5.9.1. sistema Informatizado combate à corrupção, e funcionando como um meca- Historicamente os NUPDECs são as organizações
toda a área deve estar bem sinalizada e o treina- de Informações sobre Desastres - S2ID nismo indutor para que os gestores públicos ajam com comunitárias que atuam em proteção e defesa civil, e
mento amplamente divulgado para evitar que a responsabilidade. O controle social permite ainda que embora não estejam nominalmente previstos na atual
ação simulada seja confundida com uma ocorrên- Como já explicado no item 5.1.3 neste capítulo, a a sociedade colabore com o controle das ações de Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, permane-
cia real. Indica-se, em caso de evacuação de mo- SEDEC/MI mantém o Sistema Integrado de Informações seus governantes, no intuito de checar se os recursos ce a orientação para formação de estruturas comuni-
radores, indica-se que sempre permaneça ao sobre Desastres, que, dentre outras funções, permite públicos estão sendo utilizados adequadamente. A tárias que devem ser incentivadas e fortalecidas. Os
menos um morador nas residências para evitar que os municípios que necessitem de reconhecimen- recomendação é que o gestor de proteção e defesa NUPEDECs incluem-se, portanto, nas organizações
qualquer imprevisto. Algumas das atividades mais to federal para situação de emergência ou estado de civil esteja sempre comprometido com a utilização das comunitárias de caráter voluntário previstas no SINPDEC.
comuns incluem a notificação da ocorrência ou calamidade, registrem a ocorrência no sistema. Não ferramentas de transparência disponibilizadas pela Esses núcleos podem ser organizados em distritos,
iminência, o estabelecimento do comando e con- obstante, a recomendação é que qualquer desastre administração pública. vilas, povoados, bairros, quarteirões, edificações de
trole do exercício, a sinalização das áreas seguras, seja registrado no S2ID, ou seja, mesmo aqueles que Assim, apresentam-se aqui tanto instrumentos de grande porte, escolas, distritos industriais, etc. Devem
o deslocamento das pessoas para o abrigo, a or- não demandem reconhecimento e destinação de re- estímulo à participação como recursos que conferem funcionar como elos entre a comunidade e o governo
ganização do abrigo para a recepção da população cursos do governo federal. Dessa maneira, mantém-se transparência à gestão pública, permitindo que o municipal, por meio do órgão de proteção e defesa

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação municipal em Gestão de Risco

civil. Além disso, têm o objetivo de apoiar a gestão de taque para:


risco local, participando de ações de prevenção, miti- • Apoio na avaliação dos riscos de desastres e
gação, preparação, resposta e recuperação. A insta- a preparação de mapas temáticos relacionados
lação dos NUPDECs é mais importante nas áreas de com as ameaças, as vulnerabilidades dos cenários
riscos intensificados, pois servem de apoio nas ações e com as áreas de riscos intensificados
de informação, organização e preparação da comuni- • Apoio na promoção de medidas preventivas
dade local. Algumas vezes esses grupos se formam • Apoio na elaboração de planos de contingência
autonomamente, porém na maioria dos casos, insti- • Apoio no treinamento de voluntários e de
tuições externas é que incentivam sua formação. equipes técnicas operacionais, para atuar em cir-
O modo como esses núcleos são formados e sua cunstâncias de desastres
rotina de atuação sofre grande variação entre diferen- • Apoio na organização de um plano de
tes municípios e regiões. Há locais em que os NUPDECs chamada, com o objetivo de otimizar o estado de
organizam-se em grupos de moradores que se reúnem prontidão, na iminência de desastres
para discutir e trabalhar aspectos especialmente de Algumas organizações voluntárias são parceiras
prevenção em suas comunidades. Em outras localida- conhecidas na prevenção e na resposta aos desastres,
des, os grupos são preparados para atuar em situações inclusive em âmbito mundial, e é interessante verificar
de desastres, fornecendo o primeiro atendimento antes se há possibilidade de que atuem em seu município.
da chegada das instituições de resposta. • Agência Japonesa de Cooperação Internacio-
A organização de um NUPDEC exige algumas etapas nal – JICA
básicas como (i) mobilização de interessados; (ii) for- • CARE Internacional / CARE Brasil Figura 25. Pagina de Acompanhamento dos Recursos dotados em Cartão de Pagamento de
mações e capacitações; (iii) planejamento de ações e • Cruz Vermelha Proteção e Defesa Civil – CPDC.
Fonte: www.portaltransparencia.gov.br/PortalTematicas.asp.
reuniões periódicas; (iv) articulação com estruturas • Cáritas brasileira
municipais; e (v) acompanhamento pelo órgão munici- • Lions
pal de proteção e defesa civil. São um excelente ins- • Médicos sem Fronteiras de contingência. Se representantes das comunidades
trumento de gestão em comunidades que já possuem • Nações Unidas forem chamados para reuniões de elaboração desde
histórico de mobilização e envolvimento na temática. • Rotary A participação das o início, suas expectativas e opiniões já terão sido
• Fundação Abrinq / Save the Children consideras durante toda a elaboração do instrumento,
• USAID – Do povo dos Estados Unidos
organizações voluntárias
Existem alguns manuais para formação desses fazendo com que a audiência pública ao final seja um
núcleos. Conheça: http://www.mi.gov.br/c/docu- O incentivo à ação voluntária para ações proteção necessitam de autorização momento de formalização de um trabalho já acordado
me n t _ l i br a r y / g e t _ f i l e ? u ui d = d b 8 a - e defesa civil é uma forma moderna e cidadã de incen- do órgão de proteção previamente. Ao contrário, se a população é chamada
3774 - 8703 - 450 e- b18 e-21931c2a6fc 5& grou- tivar a contribuição da comunidade com o próximo, de e defesa civil local. para ser ouvida apenas nos momentos formais de
pId=10157 e http://www.care.org.br/wp-content/ aumentar o senso de pertencimento e de criar apoio audiências públicas, todas suas demandas ficam con-
uploads/2010/08/MANUAL_FormacaoNUDECs_ mútuo e maximização dos recursos existentes em áreas centradas em um único momento, tornando mais com-
CAREBrasil_FINAL.pdf vulneráveis para o fortalecimento da atividade prote- 5.10.4. Audiências e consultas públicas plexos e trabalhosos os processos de negociação.
tiva. Porém, é necessário atenção a aspectos legais
5.10.3. Organizações voluntárias49 que resguardam direitos de vínculos empregatícios Esses espaços de participação e controle social 5.10.5. Acompanhamento do uso do Cartão
e segurança de voluntários. Por isso, indicamos que muitas vezes fazem parte de exigências legais, que de Pagamento de Proteção e Defesa Civil –
As organizações voluntárias constituem-se como o trabalho voluntário, principalmente durante os de- vem crescendo nos últimos tempos. São importantes CPDC
órgãos de apoio do SINPDEC e são representadas por sastres, seja organizado por organizações especiali- para garantir que os processos decisórios incluam a
entidades privadas, associações de voluntários, clubes zadas e com vasto histórico de atuação na área, esta- percepção e as expectativas das comunidades dire- O Cartão de Pagamento de Proteção e Defesa Civil
de serviços, organizações não governamentais, asso- belecendo termos de adesão e compromisso. tamente afetadas, neste caso, por desastres. É impor- é um meio de pagamento específico para ações de
ciações de classe e comunitárias. Podem funcionar tante notar, entretanto, que esses encontros podem defesa civil, que proporciona mais agilidade, controle
como fóruns de debate sobre proteção e defesa civil, alcançar melhores resultados quando são precedidos e transparência dos gastos. Trata-se de uma forma
realizando reuniões de apoio ao planejamento das por diálogo e troca de informações constantes, e exclusiva para o pagamento de despesas com ações
atividades relacionadas à gestão de risco, com des- quando a construção de um instrumento de gestão de resposta, que compreendem socorro, assistência às
envolve a participação social desde o seu início. vítimas e restabelecimento de serviços essenciais, con-
49. Adaptado de CEPED UFSC, 2014 É o caso, por exemplo, da construção de um plano forme definidas no Decreto nº 7.257, de 4 de agosto de

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 5. Atuação municipal em Gestão de Risco

201050. dendo a todo o conjunto de ações de gestão.


Os recursos utilizados por meio do CPDC são A promoção da cultura de riscos, porém, é prece-
disponibilizados no Portal da Transparência, acessível dida de acesso à informação e da construção de per-
a qualquer cidadão. Desta forma, qualquer um poderá cepções de riscos mais coerentes com a realidade, ou
acompanhar o uso dos recursos federais disponibili- seja, sem superestimar ou subestimar os riscos. Nesse
zados para a resposta, seguindo os seguintes passos: sentido, o processo deve ser composto por uma série
1°- Acesse o link: www.portaltransparencia.gov.br/ de práticas educativas e participativas que reforcem
PortalTematicas.asp conceitos, incentivem a ação e proponham a reflexão
2° - Acesse o item Cartão de Pagamento da Defesa para a mudança de comportamento51.
Civil, conforme figura abaixo Alinhada a essa competência, a Lei 12.608/12
3° - Acesse efetue a sua consulta. alterou a Lei 9.394/96 que estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional, conhecida como LDB.
Para saber mais sobre transferência de recursos Especialmente no Artigo 7º foi acrescido o conteúdo
de resposta, consulte o módulo Resposta desta co- que prevê que “os currículos do ensino fundamental e
leção que trata detalhadamente desses aspectos. médio devem incluir os princípios da proteção e defesa
civil e a educação ambiental de forma integrada aos
conteúdos obrigatórios”.
5.10.6. Acompanhamento de projetos de
reconstrução pelo Sistema Eletrônico de Para o trabalho com escolas, pode-se utilizar o li-
Informações - SEI vro interativo sobre desastres, disponível em:
www.lid.educacaocerebral.org/
Todos os processos de reconstrução aprovados e
executados com recursos repassados por meio da
SEDEC/MI são registrados no Sistema Eletrônico de Figura 26. Página de Acesso aos Sistema Eletronico de Informações – SEI.
Informações – SEI. A recomendação ao gestor de Fonte: http://www.mi.gov.br/sei.

proteção e defesa civil, bem como aos munícipes, é


a que acessem seus processos para conhecimento e
controle das ações previstas no projeto aprovado,
seguindo os seguintes passos:
1°- Acesse o link: http://www.mi.gov.br/sei
2° - No item Usuários Externos acesse Acesso e
Cadastros, conforme figura a seguir
3° - Caso você não seja cadastrado, realize seu ca-
dastro.

Para saber mais sobre processos de reconstru-


ção, consulte o módulo Reconstrução desta cole-
ção que trata detalhadamente desses aspectos.

5.11. Desenvolver cultura


Figura 27. Acesso de cadastro ao SEI.
nacional de prevenção Fonte: http://www.mi.gov.br/sei .

A competência de se estabelecer uma cultura na-


cional de prevenção é atribuída pela PNPDEC tanto
aos Municípios, como aos Estados e União, correspon-

50. BRASIL, sem data. 51. Adaptado de CEPED UFSC, 2012c.

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base

As capacitações oferecidas pela Secretaria Na- to de execução das atividades de gestão. Inicialmen-
5.12. Estabelecer medidas preventivas de cional de Proteção e Defesa civil são divulgadas te, indica-se a utilização de indicadores de simples,
segurança contra desastres em escolas e na página: http://www.mi.gov.br/web/guest/ca- com o objetivo de verificar a eficiência de processos
hospitais situados em áreas de risco pacitacoes. Você pode ainda solicitar à SEDEC/ e ações. Posteriormente, os indicadores podem ser
MI sua inscrição no mailing da capacitação, por mais complexos de maneira a verificar a eficácia da
A atuação de proteção e defesa civil considerando onde são divulgados diversos cursos relaciona- gestão.
a segurança de escolas e hospitais é tema de uma dos a proteção e defesa civil: defesacivil.minimi- Para as verificações de eficiência os indicadores
campanha mundial do UNISDR, e alinha-se ao Passo zacao.capacitacao@integracao.gov.br. podem ser as próprias ações previstas na gestão de
5 da Campanha Construindo Cidades Resilientes: risco, verificando se foram ou não cumpridas, com que
Avalie a segurança de todas as escolas e centros Acompanhe as ofertas de cursos internacionais dificuldade de tempo, recursos e equipe, por exemplo.
de saúde e atualize tais avaliações conforme ne- oferecidos por diversas instituições: http://www. Para as verificações de eficácia é necessário desen-
cessário. jica.go.jp/brazil/portuguese/office/courses/index. volver indicadores específicos para cada ação. Por
Segundo o UNISDR, “apesar do colapso de uma html; https://www.aecid.gob.es/es-es/convocato- exemplo, para o caso da ação relacionada à fiscaliza-
escola ou hospital gerar graves problemas para uma rias-tramites-servicios/Paginas/DetalleProcedi- ção de áreas de risco, podem ser aplicados indicado-
cidade afetada por desastre, é mais comum assistir miento.aspx?idc=200; e https://training.fema.gov res relacionados à desocupação e reocupação.
ao colapso funcional dessas instalações, onde as
estruturas ainda se mantêm resistentes, mas não Importância do acompnhamento e avaliação
podem ser utilizadas por uma variedade de ações das ações de gestão de risco. É importante que
preventivas que não foram tomadas. Para evitar isso, os órgãos de proteção e defesa civil local mante-
hospitais e escolas devem ser construídos a partir de nham uma rotina de acompanhamento de execu-
altos padrões de resiliência, suas vias de acesso devem ção das atividades de gestão. Inicialmente, indi-
permanecer abertas, bem como o fornecimento de ca-se a utilização de indicadores de simples, com
água, energia elétrica e telecomunicações, que, para o objetivo de verificar a eficiência de processos e
garantir a continuidade de suas operações, não podem ações. Posteriormente, os indicadores podem ser
ser interrompidos52”. mais complexos de maneira a verificar a eficácia
da gestão.
5.13. Oferecer capacitação de recursos
humanos para as ações de proteção e Para as verificações de eficiência os indicadores
defesa civil podem ser as próprias ações previstas na gestão
de risco, verificando se foram ou não cumpridas,
Considerando que as ações de proteção e defesa com que dificuldade de tempo, recursos e equipe,
civil são particularmente específicas, é fundamental por exemplo. Para as verificações de eficácia é
que haja capacitação de todos os servidores e volun- necessário desenvolver indicadores específicos
tários para o pleno exercício de suas atividades. Assim, para cada ação. Por exemplo, para o caso da
necessariamente, Municípios, Estados e União devem ação relacionada à fiscalização de áreas de ris-
destinar recursos para investimentos na capacitação. co, podem ser aplicados indicadores relaciona-
É importante considerar a necessidade de que dos à desocupação e reocupação.
haja, preferencialmente, servidores públicos efetivos
no órgão municipal de proteção e defesa civil, de modo Quais são os indicadores de gestão de seu
a garantir a continuidade das ações e evitar que se município?
percam os investimentos a cada troca de gestão. Além
disso, é fundamental o planejamento, preparação e
capacitação em nível comunitário visando à obtenção 5.14. Importância do acompanhamento e
de uma resposta efetiva aos alertas. avaliação das ações de gestão de risco

É importante que os órgãos de proteção e defesa


52. UNISDR, 2012. civil local mantenham uma rotina de acompanhamen-

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Noções básicas em proteção e defesa civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 6. Material complementar

6. Material complementar Conteúdo

Páginas do Governo Federal


Link

Aém das recomendações de leitura apresentadas ao longo dos capítulos acrescentamos outras sugestões http://www.brasil.gov.br/observatoriodaschuvas/index.
Observatório das Chuvas
que podem ser interessantes para quem trabalha ou estuda o tema da gestão de risco. html

Observatório da Seca http://www.brasil.gov.br/observatoriodaseca/

S2ID https://s2id.mi.gov.br/

Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil www.mi.gov.br/defesacivil

Material para download (português)

http://www.mi.gov.br/c/document_library/
Apostila sobre implantação e operacionalização de
get_file?uuid=6cb0d27c-ffa7-437e-a724-
COMDEC
fa8cde4bb1ee&groupId=10157

http://www.ippur.ufrj.br/download/pub/
Construção social da moradia de risco
MariaAuxiliadoraRamosVargas.pdf

http://www.smad.rs.gov.br/downloads/documentos/
Glossário da UNISDR (tradução não oficial) ONU-UNISDR%20-%20Glossario%20EIRD%20
Estrategia%20Internac%20Reducao%20Desastres.pdf

Publicações SEDEC/MI http://www.mi.gov.br/web/guest/defesacivil/publicacoes

Material para download (espanhol)

http://www.unisdr.org/files/43291_
Marco de Sendai
spanishsendaiframeworkfordisasterri.pdf

UNISDR Terminología sobre redución del riesgo de http://www.unisdr.org/files/7817_


desastre UNISDRTerminologySpanish.pdf

Material para download (inglês)


http://www.unisdr.org/files/7817_
UNISDR Terminology on Disaster Risk Reduction
UNISDRTerminologyEnglish.pdf

Páginas do Facebook (português)

ANA https://www.facebook.com/anagovbr/

CEMADEN https://www.facebook.com/cemaden.mcti/

CEPED PR https://www.facebook.com/cepedpr/

https://www.facebook.com/CepedRS-
CEPED RS – UFRGS
UFRGS-713080458769590/

CEPED UFSC https://www.facebook.com/ceped.ufsc.5?fref=ts

CEPED UNIOESTE https://www.facebook.com/unioesteceped/

https://www.facebook.com/
Construindo cidades resilientes
construindocidadesresilientes/

Desastres Brasil https://www.facebook.com/DesastresBrasil/

https://www.facebook.com/Pluvi%C3%B4metros-nas-
Pluviômetros nas comunidades
Comunidades-213497195522766/

UNISDR Brasil https://www.facebook.com/UNISDR.BRASIL/

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base

Páginas do Facebook (espanhol)

Gestión Integral de Riesgos https://www.facebook.com/gesinri/

LaRed https://www.facebook.com/desenredando.org/

Practicas resilientes https://www.facebook.com/resilienciacomunitaria/

Proyecto DesInventar https://www.facebook.com/desinventar/

UNISDR Las Americas https://www.facebook.com/UnisdrLasAmericas/

Páginas do Facebook (inglês)

Disaster Reduction Learning Center https://www.facebook.com/jicadrlc/

https://www.facebook.com/Disaster-Risk-Management-
Disaster Risk Management Program
Programme-433606393441338/

https://www.facebook.com/Disaster-Risk-Management-
Disaster Risk Management Society
Society-GCU-Lahore-1401281546781757/

Habitat 3 Conference https://www.facebook.com/Habitat3UN/

UNISDR https://www.facebook.com/UNISDR/

Jogos e conteúdo infantil (português)

Conhecendo a natureza eu previno os desastres http://www.lid.educacaocerebral.org/

Jogos e conteúdo infantil (inglês)

Disaster Map https://disastermapper.ema.edu.au/#/intro

Disaster Will Strike http://www.clickjogos.com.br/jogos/disaster-will-strike/

Stop Disaster http://www.stopdisastersgame.org/en/home.html

Outros conteúdos (português)

GIDES http://www.cidades.gov.br/gides/

Outros conteúdos (inglês)

Early Recovery http://www.earlyrecovery.global/

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 6. Material complementar

Glossário tecimento de água, açudes, pequenas barragens, de modo oportuno e eficaz, o que inclui a preservação
Dano: resultado das perdas humanas, materiais estradas vicinais, prédios públicos e comunitários, e restauração de suas estruturas e funções básicas.
ou ambientais infligidas às pessoas, comunidades, cursos d’água, contenção de encostas, entre outras (Eird apud FIOCRUZ)
Ameaça: Fenômeno natural, tecnológico ou de instituições, instalações e aos ecossistemas, como
origem antrópica, com potencial de causar danos consequência de um desastre. (Instrução Normativa estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional. Resposta: medidas emergenciais, realizadas
humanos, materiais e ambientais e perdas socioeco- nº 2 de 20 de dezembro der 2016] (Decreto 7.257/10). durante ou após o desastre, que visam ao socorro e à
nômicas públicas ou privadas. assistência da população atingida e ao retorno dos
Pode ser um evento físico ou fenômeno de origem Desastre: resultado de eventos adversos, natu- Recuperação: medidas desenvolvidas após o serviços essenciais.
natural, assim como de origem tecnológica ou resul- rais, tecnológicos ou de origem antrópica, sobre um desastre para retornar à situação de normalidade, que
tante das atividades humanas, que pode causar cenário vulnerável exposto a ameaça, causando danos abrangem a reconstrução de infraestrutura danificada Restabelecimento de serviços essenciais:
doenças ou agravos, óbitos, danos materiais, inter- humanos, materiais ou ambientais e consequentes ou destruída e a reabilitação do meio ambiente e da ações de caráter emergencial destinadas ao restabe-
rupção de atividade social e econômica ou degradação prejuízos econômicos e sociais. economia, visando ao bem-estar social. lecimento das condições de segurança e habitabilida-
ambiental. As ameaças de origem natural envolvem de da área atingida pelo desastre, incluindo a des-
os seguintes eventos: hidrológicos (inundações bruscas Estado de calamidade pública: situação Recursos: conjunto de bens materiais, humanos, montagem de edificações e de obras-de-arte com
e graduais); climatológicos (estiagem e seca, granizo, anormal, provocada por desastre, causando danos e institucionais e financeiros utilizáveis em caso de estruturas comprometidas, o suprimento e distribuição
geada, eventos de temperatura extrema e incêndios prejuízos que impliquem o comprometimento substan- desastre e necessários para o restabelecimento da de energia elétrica, água potável, esgotamento sani-
florestais); meteorológicos (ciclones tropicais e extra- cial da capacidade de resposta do poder público do normalidade. (Instrução Normativa nº 2 de 20 de de- tário, limpeza urbana, drenagem das águas pluviais,
tropicais, tornados, tempestades de raios, de neve e ente federativo atingido. zembro de 2016) transporte coletivo, trafegabilidade, comunicações,
de areia); geofísico/geológico (terremotos, tsunamis, abastecimento de água potável e desobstrução e
erupções vulcânicas, erosões e deslizamentos de terras Gestão do risco de desastres: compreende o Redução dos Riscos de Desastres – RRD: marco remoção de escombros, entre outras estabelecidas
e rochas); biológico (processos de origem orgânica ou planejamento, a coordenação e a execução de ações conceitual de elementos que têm a função de minimi- pelo Ministério da Integração Nacional. (Decreto
transportados por vetores biológicos, incluindo a ex- e medidas preventivas destinadas a reduzir os riscos zar vulnerabilidades e riscos em uma sociedade, para 7.257/10)
posição a micro-organismos patógenos, toxinas e de desastres e evitar a instalação de novos riscos. evitar (prevenção) ou limitar (mitigação e preparação)
substâncias bioativas, resultando em infestações, o impacto adverso de ameaças, dentro do amplo con- Risco de desastre: potencial de ocorrência de
pragas ou epidemias). As ameaças de origem tecno- Mitigação: Medidas e atividades imediatamen- ceito de desenvolvimento sustentável. De acordo com ameaça de desastre em um cenário socioeconômico
lógica ou resultante das atividades humanas envolvem te adotadas para reduzir ou evitar as consequências o Eird, o marco conceitual referente à redução de risco e ambiental vulnerável
eventos como rompimentos de barragens; acidentes do risco de desastre. de desastres se compõe dos seguintes campos de
nos processos de extração, transporte, produção e ações: 1) avaliação de riscos, incluindo análise de Situação de emergência: situação anormal, pro-
armazenamento de produtos industriais; degradação Prejuízo: medida de perda relacionada com o vulnerabilidade, assim como análises e monitoramen- vocada por desastres, causando danos e prejuízos que
ambiental. As ameaças podem ser individuais, com- valor econômico, social e patrimonial de um determi- to de ameaças/perigos; 2) conscientização para mo- impliquem o comprometimento parcial da capacidade
binadas ou sequenciais em sua origem e efeitos. Cada nado bem, em circunstâncias de desastre (Instrução dificar o comportamento; 3) desenvolvimento do co- de resposta do poder público do ente federativo atingido.
uma delas se caracteriza por sua localização, magni- Normativa nº 2 de 20 de dezembro de 2016) nhecimento, incluindo informação, educação,
tude ou intensidade, frequência e probabilidade. (Eird capacitação e investigação; 4) compromisso político Socorro: ações imediatas de resposta aos de-
e EM-Data) Preparação: Medidas e atividades, anteriores à e estruturas institucionais, incluindo informação, po- sastres com o objetivo de socorrer a população atin-
ocorrência do desastre, destinadas a otimizar as ações lítica, legislação e ação comunitária; 5) aplicação de gida, incluindo a busca e salvamento, os primeiros-
Assistência às vítimas: ações imediatas desti- de resposta e minimizar os danos e as perdas decor- medidas incluindo gestão ambiental, práticas para o -socorros, o atendimento pré-hospitalar e o
nadas a garantir condições de incolumidade e cida- rentes do desastre. desenvolvimento social e econômico, medidas físicas atendimento médico e cirúrgico de urgência, entre
dania aos atingidos, incluindo o fornecimento de água e tecnológicas, ordenamento territorial e urbano, pro- outras estabelecidas pelo Ministério da Integração
potável, a provisão e meios de preparação de alimen- Prevenção: Medidas e atividades prioritárias, teção de serviços básicos e formação de redes e alian- Nacional. (Decreto 7.257/10)
tos, o suprimento de material de abrigamento, de anteriores à ocorrência do desastre, destinadas a evitar ças; 6) sistemas de detecção e alerta precoce, incluin-
vestuário, de limpeza e de higiene pessoal, a instala- ou reduzir a instalação de novos riscos de desastre. do prognóstico, predição, difusão de alertas, medidas Vulnerabilidade: exposição socioeconômica ou
ção de lavanderias, banheiros, o apoio logístico às de preparação e capacidades de enfrentamento. (Eird ambiental de cenário sujeito à ameaça natural, tec-
equipes empenhadas no desenvolvimento dessas Reconstrução: ações de caráter definitivo des- apud FIOCRUZ) nológica ou de origem antrópica.
ações, a atenção integral à saúde, ao manejo de tinadas a restabelecer o cenário destruído pelo desas-
mortos, entre outras estabelecidas pelo Ministério da tre, como a reconstrução ou recuperação de unidades Resiliência: capacidade de um sistema, comu-
Integração Nacional. (Decreto 7.257/10) habitacionais, infraestrutura pública, sistema de abas- nidade ou sociedade exposta a um desastre em resis-
tir, absorver, adaptar e se recuperar de seus efeitos

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Noções Básicas em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos | Livro Base 6. Material complementar

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94 95
96
A/CONF.224/L.2

Distribuição: Limitada

7 de abril de 2015

Original: inglês

Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres 2015-


2030 (Versão em português não-oficial – 31 de maio de 2015)
Sumário
Págin

I. Preâmbulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
II. Resultado esperado e objetivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
III. Princípios norteadores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
IV. Prioridades de ação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Prioridade 1: Compreensão do risco de desastres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Prioridade 2: Fortalecimento da governança do risco de desastres para gerenciar o 12
risco de desastres. . . . . . . . . . . . . . . .
Prioridade 3: Investir na redução do risco de desastres para a resiliência. . . . . . . . . . 15
Prioridade 4: Aumentar a preparação para desastres para uma resposta eficaz e
para "Reconstruir Melhor" em recuperação, reabilitação e reconstrução. . . . . . . .. 17

V. Papel das partes interessadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20


VI. Cooperação internacional e parceria global. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

2
I. Preâmbulo
1. O presente marco pós-2015 para a redução do risco de desastres foi adotado na
Terceira Conferência Mundial sobre a Redução do Risco de Desastres, realizada de 14-18
março de 2015, em Sendai, Miyagi, no Japão, representando uma oportunidade única para
que os países pudessem:
(a) Adotar um marco pós-2015 para a redução do risco de desastres, conciso,
focado e orientado para o futuro e para a ação;
(b) Completar a avaliação e revisão da implementação do Marco de Ação de
Hyogo 2005-2015: Construindo a resiliência das nações e comunidades frente aos
desastres;1
(c) Considerar a experiência adquirida com estratégias/instituições e planos
regionais e nacionais para a redução do risco de desastres e suas recomendações, bem
como acordos regionais relevantes no âmbito da implementação do Marco de Ação de
Hyogo;
(d) Identificar modalidades de cooperação com base nos compromissos para
implementar um quadro pós-2015 para a redução do risco de desastres;
(e) Determinar modalidades para a revisão periódica da implementação de um
quadro pós-2015 para a redução do risco de desastres.
2. Durante a Conferência Mundial, os Estados também reiteraram seu compromisso
com a redução do risco de desastres e com o aumento da resiliência2 a desastres, um tema a
ser abordado com renovado senso de urgência no contexto do desenvolvimento sustentável
e da erradicação da pobreza e, conforme adequado, integrado em políticas, planos,
programas e orçamentos de todos os níveis e considerado dentro dos quadros relevantes.

O Marco de Ação de Hyogo: lições aprendidas, lacunas identificadas e


desafios futuros
3. Desde a aprovação do Marco de Ação de Hyogo, em 2005, conforme documentado
em relatórios de progresso nacionais e regionais sobre a sua execução e em outros
relatórios globais, foram obtidos progressos na redução do risco de desastres nos níveis
local, nacional, regional e global por países e outras partes interessadas, levando a uma
diminuição da mortalidade no caso de alguns perigos. 3 A redução do risco de desastres é
um investimento custo-eficiente na prevenção de perdas futuras.

1 A/CONF.206/6 e Corr.1, cap. I, resolução 2.


2 A resiliência é definida como: "Capacidade de um sistema, comunidade ou sociedade exposto a
riscos de resistir, absorver, adaptar-se e recuperar-se dos efeitos de um perigo de maneira
tempestiva e eficiente, através, por exemplo, da preservação e restauração de suas estruturas
básicas e funções essenciais", Escritório das Nações Unidas para a Redução de Riscos de
Desastres (UNISDR), "Terminologia sobre a Redução de Risco de Desastres do UNISDR –
2009", Genebra, maio de 2009 (http://www.unisdr.org/we/inform/terminology).
3 Perigo está definido no Marco de Ação de Hyogo como: "Evento físico, fenômeno ou atividade
humana potencialmente prejudicial que pode causar a perda de vidas humanas ou ferimentos,
danos à propriedade, ruptura social e econômica ou degradação ambiental. Os perigos incluem
condições latentes que podem representar ameaças futuras e podem ter diferentes origens:
naturais (geológicas, hidrometeorológicas e biológicas) ou induzidas por processos humanos
(degradação ambiental e perigos tecnológicos).

3
A gestão eficaz dos riscos de desastres contribui para o desenvolvimento sustentável. Os
países têm reforçado suas capacidades de gestão do risco de desastres. Mecanismos
internacionais de consultoria estratégica, coordenação e construção de parcerias para a
redução do risco de desastres, como a Plataforma Global para a Redução do Risco de
Desastres e as plataformas regionais para a redução do risco de desastres, bem como outros
fóruns internacionais e regionais pertinentes para a cooperação, são fundamentais para o
desenvolvimento de políticas e estratégias e para o avanço do conhecimento e da
aprendizagem mútua. De modo geral, o Marco de Ação de Hyogo tem sido um importante
instrumento para aumentar a conscientização pública e institucional, gerando compromisso
político, concentrando e catalisando as ações de uma série de partes interessadas em todos
os níveis.
4. Durante o mesmo período de 10 anos, no entanto, os desastres continuaram a
produzir grandes custos e, como resultado, o bem-estar e segurança de pessoas,
comunidades e países como um todo foi afetado. Mais de 700 mil pessoas perderam a vida,
mais de 1,4 milhão de pessoas ficaram feridas e cerca de 23 milhões ficaram desabrigadas
em consequência de desastres. No total, mais de 1,5 bilhões de pessoas foram afetadas por
desastres de várias maneiras. Mulheres, crianças e pessoas em situação de vulnerabilidade
foram afetadas desproporcionalmente. A perda econômica total foi de mais de US$ 1,3
trilhões. Além disso, entre 2008 e 2012, 144 milhões de pessoas foram deslocadas por
catástrofes. Desastres, muitos dos quais são agravados pelas mudanças climáticas e que
estão se tornando mais frequentes e intensos, significativamente impedem o progresso para
o desenvolvimento sustentável. Evidências indicam que a exposição de pessoas e ativos
em todos os países cresce mais rapidamente do que a redução da vulnerabilidade4, gerando
novos riscos e um aumento constante em perdas por desastres, com significativo impacto
sobre a economia, a sociedade, a saúde, a cultura e o meio ambiente, a curto, médio e
longo prazo, especialmente nos níveis local e comunitário. Pequenos desastres recorrentes
e desastres de início lento afetam particularmente comunidades, famílias e pequenas e
médias empresas, constituindo um percentual elevado das perdas totais. Todos os países –
especialmente os países em desenvolvimento onde a mortalidade e as perdas econômicas
são desproporcionalmente maiores – enfrentam o aumento dos níveis de possíveis custos e
desafios ocultos para cumprir suas obrigações financeiras e de outros tipos.
5. É urgente e fundamental prever, planejar e reduzir o risco de desastres, a fim de
proteger de forma mais eficaz pessoas, comunidades e países, seus meios de vida, saúde,
patrimônio cultural, patrimônio socioeconômico e ecossistemas, fortalecendo, assim, sua
resiliência.
6. É necessário redobrar o trabalho para reduzir a exposição e a vulnerabilidade,
evitando a criação de novos riscos de desastres, bem como criar um sistema de
responsabilização pela criação de riscos de desastres em todos os níveis. Ações mais
dedicadas precisam ser centradas no combate a fatores subjacentes de risco de desastres,
como, por exemplo, as consequências da pobreza e da desigualdade, mudanças e
variabilidade climática, urbanização rápida e não planejada, má gestão do solo e fatores
como a mudança demográfica, arranjos institucionais fracos, políticas não informadas
sobre riscos, falta de regulamentação e incentivos para o investimento privado na redução
do risco de desastres, cadeias de suprimentos complexas, limitada disponibilidade de
tecnologia, usos insustentáveis de recursos naturais, ecossistemas em declínio, pandemias
e epidemias. Além disso, é necessário seguir

4 A vulnerabilidade é definida no Marco de Ação de Hyogo como: "Condições determinadas por


fatores ou processos físicos, sociais, econômicos e ambientais que aumentam a suscetibilidade
de uma comunidade ao impacto de riscos".

4
fortalecendo a boa governança na redução do risco de desastres nos níveis nacional,
regional e global e melhorar a preparação e coordenação nacional para resposta a
desastres, reabilitação e reconstrução, bem como usar a recuperação e a reconstrução pós-
desastres para "Reconstruir Melhor", com apoio de modalidades reforçadas de cooperação
internacional.
7. Deve haver uma abordagem mais ampla e centrada nas pessoas para prevenir os
riscos de desastres. As práticas de redução do risco de desastres precisam ser
multissetoriais e orientadas para uma variedade de perigos, devendo ser inclusivas e
acessíveis para que possam se tornar eficientes e eficazes. Reconhecendo seu papel de
liderança, regulamentação e coordenação, os governos devem envolver as partes
interessadas, inclusive mulheres, crianças e jovens, pessoas com deficiência, pessoas
pobres, migrantes, povos indígenas, voluntários, profissionais da saúde e idosos na
concepção e implementação de políticas, planos e normas. É necessário que os setores
público e privado e organizações da sociedade civil, bem como academia e instituições
científicas e de pesquisa, trabalhem em conjunto e criem oportunidades de colaboração, e
que as empresas integrem o risco de desastres em suas práticas de gestão.
8. A cooperação internacional, regional, sub-regional e transfronteiriça permanece
fundamental no apoio aos esforços dos Estados, de suas autoridades nacionais e locais,
bem como de comunidades e empresas para reduzir o risco de desastres. Pode ser
necessário reforçar os mecanismos existentes, a fim de prestar apoio eficaz e alcançar uma
melhor implementação. Os países em desenvolvimento, especialmente os países menos
desenvolvidos, os pequenos Estados insulares, os países em desenvolvimento sem litoral e
os países africanos, bem como países de renda média que passam por desafios específicos,
precisam de atenção especial e de apoio para aumentar os recursos internos e capacidades
através de canais bilaterais e multilaterais para assegurem meios adequados, sustentáveis e
oportunos para a implementação em capacitação, apoio financeiro e técnico e transferência
de tecnologia, de acordo com os compromissos internacionais.
9. De modo geral, o Marco de Ação de Hyogo forneceu orientações cruciais para os
esforços destinados a reduzir o risco de desastres e contribuiu para o progresso no sentido
de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Sua aplicação evidenciou, no
entanto, uma série de lacunas na abordagem dos fatores subjacentes de risco de desastres,
na formulação de metas e prioridades de ação,5 na necessidade de promover a resiliência a
desastres em todos os níveis e de garantir meios adequados de execução. As lacunas
indicam a necessidade de desenvolver um marco voltado para a ação que os Governos e as
partes interessadas possam implementar de forma apoiada e complementar, ajudando a
identificar os riscos de desastres que precisam ser gerenciados e a orientar os
investimentos para melhorar a resiliência.
10. Dez anos depois do Marco de Ação de Hyogo, os desastres continuam a se contrapor
aos esforços para alcançar o desenvolvimento sustentável.
11. As negociações intergovernamentais sobre a agenda de desenvolvimento pós-2015,
financiamento para o desenvolvimento, mudanças climáticas e redução do risco de
desastres fornecem

5 As prioridades Marco de Ação de Hyogo 2005-2015 são: (1) garantir que a redução do risco
de desastres seja uma prioridade nacional e local com forte base institucional para a aplicação;
(2) identificar, avaliar e monitorar os riscos de desastres e melhorar os sistemas de alerta
precoce; (3) utilizar conhecimento, inovação e educação para criar uma cultura de segurança
e resiliência em todos os níveis; (4) reduzir os fatores de risco subjacentes; e (5) fortalecer a
preparação para desastres para permitir uma resposta eficaz em todos os níveis.

5
à comunidade internacional uma oportunidade única para aumentar a coerência entre
políticas, instituições, metas, indicadores e sistemas de medição para a implementação,
respeitando seus respectivos mandatos. A garantia de ligações confiáveis entre esses
processos de acordo com cada caso irá contribuir para o aumento da resiliência e para
alcançar a meta global de erradicação da pobreza.
12. Vale lembrar que o resultado da Conferência das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento Sustentável de 2012, "O Futuro que Queremos" foi um apelo para que os
temas da redução do risco de desastres e o aumento da resiliência a desastres fossem
abordados com renovado senso de urgência no contexto do desenvolvimento sustentável e
da erradicação da pobreza e para que fossem integrados, conforme adequado, em todos os
níveis. A Conferência também reafirma todos os princípios da Declaração do Rio sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento.
13. Tratar das mudanças climáticas como um dos fatores que geram risco de desastres e
seguir, ao mesmo tempo, o mandato da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas6, representa uma oportunidade para reduzir o risco de desastres de
forma significativa e coerente em todos om processos intergovernamentais inter-
relacionados.
14. Neste contexto, e de forma a reduzir o risco de desastres, é necessário enfrentar os
atuais desafios e se preparar para os futuros, com foco em: monitoramento, avaliação e
compreensão do risco de desastres e compartilhar essas informações e como elas são
geradas; fortalecimento da governança do risco de desastres e coordenação entre as
instituições e os setores relevantes, bem como a participação plena e significativa das
partes interessadas nos níveis adequados; investimento na resiliência econômica, social, de
saúde, cultural e educacional de pessoas, comunidades e países e no meio ambiente,
inclusive por meio de tecnologia e pesquisa; melhoria em sistemas de alerta precoce para
vários perigos, preparação, resposta, recuperação, reabilitação e reconstrução. Para
complementar as ações e capacidades nacionais, é necessário intensificar a cooperação
internacional entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento e entre Estados e
organizações internacionais.
15. O presente marco se aplica aos riscos de pequena e grande escala, frequentes e
infrequentes, súbitos e lentos, de causa natural ou humana, bem como aos riscos e perigos
ambientais, tecnológicos e biológicos. Ele tem como objetivo orientar a gestão do risco de
desastres para vários perigos no desenvolvimento em todos os níveis, nos âmbitos intra- e
interssetorial.

II. Resultado esperado e objetivo


16. Embora tenham sido realizados alguns progressos em aumentar a resiliência e
reduzir perdas e danos, uma redução substancial do risco de desastres exige perseverança e
persistência, com foco mais explícito nas pessoas, em sua saúde e seus meios de
subsistência, com acompanhamento regular. Baseado no Marco de Ação de Hyogo, o atual
marco tem por objetivo alcançar o seguinte resultado ao longo dos próximos 15 anos:

6 As questões da mudança climática mencionadas no presente quadro permanecem dentro do mandato da Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima no âmbito das competências das Partes da Convenção.

6
Redução substancial nos riscos de desastres e nas perdas de vidas, meios de
subsistência e saúde, bem como de ativos econômicos, físicos, sociais, culturais e
ambientais de pessoas, empresas, comunidades e países

A realização deste resultado exige o forte empenho e envolvimento de lideranças políticas


em todos os países, em todos os níveis da implementação e acompanhamento deste quadro
e na criação de um ambiente propício adequado.
17. Para atingir o resultado esperado, o seguinte objetivo deve ser buscado:
Prevenir novos riscos de desastres e reduzir os riscos de desastres existentes,
através da implementação medidas econômicas, estruturais, jurídicas, sociais, de
saúde, culturais, educacionais, ambientais, tecnológicas, políticas e institucionais
integradas e inclusivas que previnam e reduzam a exposição a perigos e a
vulnerabilidade a desastres, aumentar a preparação para resposta e recuperação, e,
assim, aumentar a resiliência
Alcançar este objetivo exige o reforço da capacidade de implementação e das capacidades
dos países em desenvolvimento, particularmente dos países menos desenvolvidos, dos
pequenos Estados insulares, dos países em desenvolvimento sem litoral e dos países
africanos, bem como dos países de renda média que enfrentam desafios específicos,
incluindo a mobilização de apoio através da cooperação internacional para o fornecimento
de meios de implementação de acordo com as suas prioridades nacionais.
18. Para apoiar a avaliação do progresso global em atingir o resultado e o objetivo deste
quadro, sete metas globais foram acordadas. Essas metas serão medidas no nível global e
serão complementadas por trabalho para desenvolver indicadores apropriados.
As metas e os indicadores nacionais irão contribuir para a realização do resultado e do
objetivo deste quadro.
As sete metas globais são:
(a) Reduzir substancialmente a mortalidade global por desastres até 2030, com o
objetivo de reduzir a média de mortalidade global por 100.000 habitantes entre 2020-2030,
em comparação com 2005-2015.
(b) Reduzir substancialmente o número de pessoas afetadas em todo o mundo até
2030, com o objetivo de reduzir a média global por 100.000 habitantes entre 2020-2030,
em comparação com 2005-2015. 7
(c) Reduzir as perdas econômicas diretas por desastres em relação ao produto
interno bruto (PIB) global até 2030.
(d) Reduzir substancialmente os danos causados por desastres em infraestrutura
básica e a interrupção de serviços básicos, como unidades de saúde e educação, inclusive
por meio do aumento de sua resiliência até 2030.
(e) Aumentar substancialmente o número de países com estratégias nacionais e
locais de redução do risco de desastres até 2020.
(f) Intensificar substancialmente a cooperação internacional com os países em
desenvolvimento por meio de apoio adequado e sustentável para complementar suas ações
nacionais para a implementação deste quadro até 2030.

7 Categorias de pessoas afetadas serão elaboradas no processo de trabalho pós-Sendai decidido


pela Conferência.
7
(g) Aumentar substancialmente a disponibilidade e o acesso a sistemas de alerta
precoce para vários perigos e as informações e avaliações sobre o risco de desastres para o
povo até 2030.

III. Princípios norteadores


19. A partir dos princípios contidos na Estratégia de Yokohama para um Mundo mais
Seguro: Diretrizes para a Prevenção de Desastres Naturais, Preparação e Mitigação e seu
Plano de Ação8 e do Marco de Ação de Hyogo, a aplicação do atual marco será guiada
pelos seguintes princípios, considerando, ao mesmo tempo, as circunstâncias nacionais, e
em conformidade com as leis nacionais e com obrigações e compromissos internacionais:
(a) Cada Estado tem a responsabilidade fundamental de prevenir e reduzir os
riscos de desastres, inclusive por meio de cooperação internacional, regional, sub-regional,
transfronteiriça e bilateral. A redução do risco de desastres é uma preocupação comum a
todos os Estados e à medida em que os países em desenvolvimento são capazes de
efetivamente melhorar e implementar políticas e medidas nacionais de redução do risco de
desastres, considerando suas circunstâncias e capacidades, pode ser aumentada através da
cooperação internacional sustentável;
(b) A redução do risco de desastres demanda que as responsabilidades sejam
compartilhadas pelos governos centrais e por autoridades, setores e partes interessadas
nacionais relevantes, conforme apropriado às circunstâncias nacionais e ao sistema de
governança;
(c) A gestão do risco de desastres é destinada a proteger as pessoas e seus bens,
saúde, meios de vida e bens de produção, bem como seu patrimônio cultural e ambiental,
além de promover e proteger todos os direitos humanos, incluindo o direito ao
desenvolvimento;
(d) A redução do risco de desastres exige engajamento e cooperação de toda a
sociedade. Exige, também, empoderamento e participação inclusiva, acessível e não-
discriminatória, com especial atenção para as pessoas desproporcionalmente afetadas por
desastres, especialmente os mais pobres. Uma perspectiva de gênero, idade, deficiência e
cultura em todas as políticas e práticas; e a promoção da liderança de mulheres e jovens;
neste contexto, especial atenção deve ser dada para a melhoria do trabalho voluntário
organizado dos cidadãos;
(e) A redução e a gestão do risco de desastres dependem de mecanismos de
coordenação intra- e interssetoriais e com as partes interessadas em todos os níveis,
exigindo também o empenho integral de todas as instituições públicas de natureza
executiva e legislativa em nível nacional e local e uma articulação clara das
responsabilidades de cada uma das partes interessadas públicas e privadas, incluindo
empresas e universidades, para garantir a comunicação, parceria e complementaridade de
funções, bem como responsabilidade e acompanhamento;
(f) Embora o papel dos Governos nacionais e federais dos Estados em facilitar,
orientar e coordenar ações continue sendo essencial, é necessário habilitar as autoridades e
comunidades locais para reduzir o risco de desastres, inclusive por meio de recursos,
incentivos e responsabilidades de tomada de decisões, conforme apropriado;

8 A / CONF.172 / 9, cap. I, resolução 1, anexo I.

8
(g) A redução do risco de desastres requer uma abordagem para vários perigos e
tomada de decisões inclusiva e informada sobre os riscos, com base no livre intercâmbio e
na divulgação de dados desagregados, inclusive por sexo, idade e deficiência, bem como
em informações sobre riscos de fácil acesso, atualizadas, de fácil compreensão, com base
científica e não confidenciais, complementadas por conhecimentos tradicionais;
(h) O desenvolvimento, o fortalecimento e a implementação de políticas, planos,
práticas e mecanismos precisam visar a coerência, conforme necessário, entre as agendas
de desenvolvimento sustentável e crescimento, segurança alimentar, saúde e segurança,
mudanças e variabilidade climática, gestão ambiental e redução de risco de desastres. A
redução do risco de desastres é essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável;
(i) Embora os fatores de risco de desastres possam ser locais, nacionais, regionais
ou globais, os riscos de desastres têm características locais e específicas que devem ser
compreendidas para determinar as medidas de redução do risco de desastres;
(j) Abordar os fatores subjacentes de risco de desastres através de investimentos
públicos e privados informados sobre riscos é mais custo-eficiente do que concentrar-se
principalmente em resposta pós-desastres e recuperação, contribuindo, também, para o
desenvolvimento sustentável;
(k) Na fase de reconstrução, recuperação e reabilitação pós-desastres é
fundamental evitar a criação e reduzir os riscos de desastres por meio de uma estratégia de
"Reconstruir Melhor", com aumento da educação e sensibilização da sociedade sobre o
risco de desastres;
(l) Uma parceria global efetiva e significativa e a intensificação da cooperação
internacional, incluindo o cumprimento dos respectivos compromissos oficiais de auxílio
ao desenvolvimento por parte dos países desenvolvidos, são elementos essenciais para uma
gestão eficaz do risco de desastres;
(m) Os países em desenvolvimento, especialmente os países menos desenvolvidos,
os pequenos Estados insulares, os países em desenvolvimento sem litoral e os países
africanos, bem como os países de renda média e outros países que enfrentam desafios
específicos de risco de desastres, precisam receber de países desenvolvidos e parceiros
apoio adequado, sustentável e tempestivo, por meio de financiamento, transferência de
tecnologia e capacitação, entre outros, considerando suas necessidades e prioridades.

IV. Prioridades de ação


20. Considerando a experiência adquirida com a implementação do Marco de Ação de
Hyogo e buscando o resultado e o objetivo esperados, há necessidade de uma ação focada
nos âmbitos intra- e interssetorial, promovida pelos Estados nos níveis local, nacional,
regional e global, nas quatro áreas prioritárias a seguir:
1. Compreensão do risco de desastres.
2. Fortalecimento da governança do risco de desastres para gerenciar o risco de desastres;
3. Investimento na redução do risco de desastres para a resiliência;
4. Melhoria na preparação para desastres a fim de providenciar uma resposta
eficaz e de Reconstruir Melhor em recuperação, reabilitação e reconstrução.
21. Em sua abordagem à redução do risco de desastres, organizações nacionais,
regionais e internacionais e outras partes interessadas devem levar em consideração as
principais
9
atividades listadas em cada uma destas quatro prioridades e devem implementá-las,
conforme adequado, tendo em consideração as respectivas capacidades e competências, de
acordo com as leis e os regulamentos nacionais.
22. Em um contexto de crescente interdependência global, a cooperação internacional
concertada, um ambiente internacional favorável e meios de execução são necessários para
estimular e contribuir para desenvolver conhecimentos, capacidades e motivação para a
redução do risco de desastres em todos os níveis, especialmente para os países em
desenvolvimento.

Prioridade 1. Compreensão do risco de desastres


23. As políticas e práticas para a gestão do risco de desastres devem ser baseadas em
uma compreensão clara do risco em todas as suas dimensões de vulnerabilidade,
capacidade, exposição de pessoas e bens, características dos perigos e meio ambiente. Tal
conhecimento pode ser aproveitado para realizar uma avaliação de riscos pré-desastre, para
prevenção e mitigação e para o desenvolvimento e a implementação de preparação
adequada e resposta eficaz a desastres.

Contexto nacional e local


24. Para conseguir isso, é importante:
(a) Realizar coleta, análise, gestão e uso de dados e informações práticas
relevantes. Garantir sua divulgação, tendo em conta as necessidades das diferentes
categorias de usuários, conforme apropriado;
(b) Incentivar o uso e o fortalecimento de parâmetros de referência e avaliar
periodicamente os riscos de desastres, vulnerabilidade, capacidade, exposição,
características dos perigos e seus possíveis efeitos sequenciais, na escala social e espacial
relevante, sobre os ecossistemas, de acordo com as circunstâncias nacionais;
(c) Desenvolver, atualizar e divulgar periodicamente, conforme adequado,
informações sobre risco de desastres específicos a cada local, incluindo mapas de risco,
para os tomadores de decisão, o público em geral e as comunidades em risco de desastre,
em formato adequado e utilizando, conforme o caso, tecnologia de informação
geoespacial;
(d) Sistematicamente avaliar, registrar, compartilhar e prestar contas públicas de
perdas por desastres e compreender os impactos sobre o patrimônio econômico, social, de
saúde, educação, ambiental e cultural, conforme o caso, no contexto de informações sobre
vulnerabilidades e exposição a perigos específicas para cada evento;
(e) Tornar informações desagregadas não confidenciais sobre exposição a perigos,
vulnerabilidade, risco, desastres e perdas amplamente disponíveis e acessíveis, conforme
apropriado;
(f) Promover acesso em tempo real a dados confiáveis, fazer uso do espaço e de
informações in situ, incluindo sistemas de informação geográfica (SIG), e utilizar
inovações em tecnologia da informação e comunicação para melhorar as ferramentas de
medição e a coleta, análise e divulgação de dados;
(g) Ampliar o conhecimento de funcionários do governo de todos os níveis,
sociedade civil, comunidades e voluntários, bem como do setor privado, por meio do
compartilhamento de experiências, lições aprendidas, boas práticas e formação e educação
sobre a redução do risco de desastres, incluindo o uso de mecanismos existentes de
formação e educação e aprendizagem entre pares;

10
(h) Promover e melhorar o diálogo e a cooperação entre comunidades científicas e
tecnológicas, outras partes interessadas e elaboradores de políticas relevantes, a fim de
facilitar uma interface ciência-política para a tomada de decisões eficientes na gestão do
risco de desastres;
(i) Garantir a utilização de conhecimentos e práticas tradicionais, indígenas e
locais, conforme o caso, para complementar o conhecimento científico na avaliação do
risco de desastres e para o desenvolvimento e a implementação de políticas, estratégias,
planos e programas de setores específicos, com uma abordagem transetorial, que deve ser
adaptada às localidades e ao contexto;
(j) Reforçar a capacidade técnica e científica de aproveitar e consolidar os
conhecimentos existentes, bem como desenvolver e aplicar metodologias e modelos para
avaliar riscos de desastres, vulnerabilidades e exposição a todos os perigos;
(k) Promover investimentos em inovação e no desenvolvimento de tecnologia em
pesquisas de longo prazo, sobre uma variedade de riscos e orientadas para soluções em
gestão do risco de desastres a fim de tratar de lacunas, obstáculos, interdependências e
desafios sociais, econômicos, educacionais e ambientais e dos riscos de desastres;
(l) Promover a incorporação de conhecimento sobre o risco de desastres –
incluindo prevenção, mitigação, preparação, resposta, recuperação e reabilitação – na
educação formal e não-formal, bem como na educação cívica de todos os níveis e no
ensino e treinamento profissionalizante;
(m) Promover estratégias nacionais para reforçar a educação e a conscientização
pública sobre a redução do risco de desastres, incluindo informações e conhecimentos
sobre o risco de desastres, por meio de campanhas, mídias sociais e mobilização
comunitária, tendo em conta os públicos específicos e as suas necessidades;
(n) Aplicar informações sobre riscos em todas as suas dimensões de
vulnerabilidade, capacidade e exposição de pessoas, comunidades, países e ativos, bem
como as características dos perigos, para desenvolver e implementar políticas de redução
do risco de desastres;
(o) Intensificar a colaboração entre pessoas em nível local para divulgar
informações sobre o risco de desastres através do envolvimento de organizações
comunitárias e de organizações não-governamentais.

Contexto global e regional


25. Para conseguir isso, é importante:
(a) Melhorar o desenvolvimento e a divulgação de metodologias e ferramentas
científicas para o registro e compartilhamento de perdas por desastres e de dados
desagregados e estatísticas relevantes, bem como fortalecer a modelagem, a avaliação, o
mapeamento e o monitoramento do risco de desastres, bem como sistemas de alerta
precoce para vários perigos;
(b) Promover a realização de estudos abrangentes riscos de desastres com vários
perigos e o desenvolvimento de avaliações e mapas de risco de desastres regionais,
incluindo cenários de mudanças climáticas;
(c) Promover e melhorar, por meio da cooperação internacional, incluindo a
transferência de tecnologia, o acesso, o compartilhamento e o uso de dados e informações
não confidenciais e, conforme adequado, comunicações e tecnologias geoespaciais e
baseadas no espaço e serviços relacionados. Manter e ampliar observações locais e remotas
da Terra e do clima. Fortalecer o uso dos meios de comunicação, incluindo
11
mídias sociais, meios de comunicação tradicionais, big data e redes de telefonia móvel
para apoiar medidas nacionais para a comunicação bem-sucedida do risco de desastres,
conforme o caso e de acordo com as legislações nacionais;
(d) Promover esforços comuns, em parceria com a comunidade científica e
tecnológica, a academia e o setor privado para criar, divulgar e compartilhar boas práticas
em nível internacional;
(e) Apoiar o desenvolvimento de sistemas e serviços locais, nacionais, regionais e
globais de fácil utilização para o intercâmbio de informações sobre boas práticas,
tecnologias de redução do risco de desastres custo-eficientes e fáceis de usar e lições
aprendidas sobre políticas, planos e medidas para a redução do risco de desastres;
(f) Desenvolver campanhas globais e regionais eficazes como instrumentos para a
sensibilização e educação da sociedade, com base em campanhas já existentes (por
exemplo, a iniciativa "Um milhão de escolas e hospitais seguros", a campanha
"Construindo cidades Resilientes: minha cidade está se preparando", o Prêmio Sasakawa
das Nações Unidas para a Redução de Desastres e o Dia Internacional das Nações Unidas
para a Redução de Desastres), a fim de promover uma cultura de prevenção de desastres,
resiliência e cidadania responsável, gerar compreensão dos riscos de desastres, apoiar a
aprendizagem mútua, compartilhar experiências. Incentivar as partes interessadas públicas
e privadas a se engajar e participar ativamente de tais iniciativas e a desenvolver novas
iniciativas nos níveis local, nacional, regional e global;
(g) Aprimorar o trabalho científico e técnico sobre a redução do risco de desastres
e sua mobilização através da coordenação de redes existentes e de institutos de pesquisa
científica em todos os níveis e regiões, com apoio do Grupo Consultivo Científico e
Técnico do UNISDR, a fim de: reforçar a base de evidências para apoiar a implementação
deste marco; promover a pesquisa científica sobre padrões, causas e efeitos dos riscos de
desastres; divulgar informações sobre os riscos com o melhor uso da tecnologia da
informação geoespacial; fornecer orientações sobre metodologias e normas de avaliação de
riscos, modelagem de risco de desastres e uso de dados; identificar as lacunas de pesquisa
e tecnologia e estabelecer recomendações para as áreas prioritárias de pesquisa para a
redução do risco de desastres; promover e apoiar a disponibilidade e a aplicação de ciência
e tecnologia para a tomada de decisões; contribuir para a atualização da Terminologia de
2009 do UNISDR sobre a Redução do Risco de Desastres; usar avaliações pós- desastre
como oportunidades para melhorar a aprendizagem e as políticas públicas; e divulgar
estudos;
(h) Incentivar a disponibilização de materiais protegidos por direitos autorais e
patentes, inclusive por meio de concessões negociadas conforme o caso.
(i) Melhorar o acesso e apoio a tecnologia e inovação, bem como, no longo-prazo,
pesquisa e desenvolvimento sobre vários riscos e com foco em soluções para a gestão do
risco de desastres.

Prioridade 2. Fortalecimento da governança do risco de desastres para gerenciar o risco de desastres.


26. A governança do risco de desastres nos níveis nacional, regional e global tem grande
importância para uma gestão eficaz e eficiente dos riscos de desastres. É necessário ter
visão clara, planos, competências, orientação e coordenação intra- e interssetorial, bem
como a participação das partes interessadas. O fortalecimento da governança do risco de
desastres para prevenção, mitigação, preparação, resposta, recuperação e reabilitação é,
portanto, necessário e promove colaboração e parceria entre mecanismos e instituições
para a implementação de instrumentos relevantes para a redução do risco de desastres e
para o desenvolvimento sustentável.
12
Contexto nacional e local
27. Para conseguir isso, é importante:

(a) Integrar a redução do risco de desastres de modo intra- e interssetorial. Avaliar


e promover a coerência e o desenvolvimento, conforme apropriado, de marcos nacionais e
locais de leis, regulamentos e políticas públicas, que, através da definição de papéis e
responsabilidades, orientem os setores público e privado para: (i) tratar do risco de
desastres em serviços e infraestruturas de propriedade, gestão ou regulamentação pública;
(ii) promover e incentivar, conforme adequado, ações promovidas por pessoas, famílias,
comunidades e empresas; (iii) aperfeiçoar mecanismos e iniciativas pertinentes para
transparência sobre o risco de desastres, incluindo, entre outros, incentivos financeiros,
iniciativas de conscientização e treinamento para a sociedade, exigência de relatórios e
medidas legais e administrativas; e (iv) estabelecer coordenação e estruturas
organizacionais;
(b) Adotar e aplicar estratégias e planos nacionais e locais de redução do risco de
desastres, em diferentes escalas de tempo, com metas, indicadores e prazos, com o objetivo
de impedir a criação de riscos, reduzir os riscos existentes e aumentar a resiliência
econômica, social, de saúde e ambiental;
(c) Realizar uma avaliação técnica, financeira e administrativa da capacidade de
gestão do risco de desastres para lidar com os riscos identificados nos níveis local e
nacional;
(d) Promover o estabelecimento de mecanismos e incentivos necessários para
garantir elevados níveis de conformidade com as disposições para o aumento da segurança
existentes em leis e regulamentações setoriais, inclusive naquelas voltadas para o uso da
terra e planejamento urbano, códigos de construção, gestão ambiental e de recursos e
normas de saúde e segurança, e atualizar tais instrumentos, quando necessário, para
garantir uma orientação adequada sobre a gestão do risco de desastres;
(e) Desenvolver e fortalecer, conforme apropriado, mecanismos para
acompanhamento, avaliação periódica e relatórios públicos sobre os progressos em planos
nacionais e locais. Promover o escrutínio público e incentivar debates institucionais,
inclusive por parlamentares e outras autoridades competentes, sobre os relatórios de
progresso dos planos locais e nacionais para a redução do risco de desastres;
(f) Atribuir, conforme apropriado, papéis claros e tarefas a representantes da
comunidade no âmbito das instituições e dos processos de gestão do risco de desastres e
tomada de decisões utilizando marcos legais pertinentes. Realizar consultas públicas e
comunitárias abrangentes durante o desenvolvimento de tais leis e regulamentos para
apoiar a sua implementação;
(g) Estabelecer e fortalecer fóruns de coordenação do governo compostos pelas
partes interessadas pertinentes em nível nacional e local, como plataformas nacionais e
locais para a redução do risco de desastres e um ponto focal nacional designado para a
implementação do marco pós-2015. É necessário que tais mecanismos tenham uma base
sólida nos marcos institucionais nacionais com responsabilidades e autoridade claramente
atribuídas para, entre outros, identificar risco de desastres setoriais e multissetoriais,
aumentar a conscientização e o conhecimento do risco de desastres através do
compartilhamento e da divulgação de informações e dados não confidenciais sobre o risco
de desastres, contribuir e coordenar relatórios locais e nacionais sobre o risco de desastres,
coordenar campanhas de conscientização pública sobre o risco de desastres, facilitar e
apoiar a cooperação multissetorial em nível local
13
(por exemplo, entre governos locais), contribuir para a determinação e para relatórios
sobre planos nacionais e locais de gestão de risco de desastres e para todas as políticas
relevantes para a gestão do risco de desastres. Essas responsabilidades devem ser
estabelecidas por meio de leis, regulamentos, normas e procedimentos;
(h) Capacitar as autoridades locais, conforme adequado, por meio de normas e
financiamento para trabalhar em coordenação com a sociedade civil, comunidades e povos
indígenas e migrantes na gestão do risco de desastres em nível local;
(i) Incentivar parlamentares a apoiar a implementação da redução do risco de
desastres através do desenvolvimento de novas leis ou de alterações em leis existentes e
pela alocação de recursos orçamentais;
(j) Promover o desenvolvimento de padrões de qualidade, tais como certificações
e prêmios, para a gestão do risco de desastres, com a participação do setor privado, da
sociedade civil, bem como de associações profissionais, organizações científicas e da
ONU;
(k) Quando aplicável, formular políticas destinadas a abordar as questões de
prevenção ou realocação, quando possível, de assentamentos humanos em zonas sujeitas a
risco de desastres, em conformidade com a legislação e os sistemas jurídicos nacionais.

Contexto global e regional


28. Para conseguir isso, é importante:
(a) Orientar as ações em nível regional por meio de estratégias e mecanismos
regionais e sub-regionais acordados para a cooperação objetivando a redução do risco de
desastres, conforme adequado à luz deste marco, a fim de promover um planejamento mais
eficiente, criar sistemas de informação comuns e realizar o intercâmbio de boas práticas e
programas de cooperação e desenvolvimento de capacidades, principalmente para
enfrentar riscos de desastres comuns e transfronteiriços;
(b) Promover colaboração entre mecanismos e instituições globais e regionais para
a implementação e coerência entre instrumentos e ferramentas relevantes para a redução
do risco de desastres, por exemplo, para as mudanças climáticas, biodiversidade,
desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza, meio ambiente, agricultura, saúde,
alimentação e nutrição, entre outros, conforme apropriado;
(c) Participar ativamente da Plataforma Global para a Redução do Risco de
Desastres, das plataformas regionais e sub-regionais para a redução do risco de desastres e
das plataformas temáticas, a fim de estabelecer parcerias, periodicamente avaliar o
progresso na implementação e compartilhar práticas e conhecimentos a respeito de
políticas, programas e investimentos informados sobre o risco de desastres, inclusive no
que diz respeito a questões de desenvolvimento e de clima, conforme apropriado, e
promover a integração da gestão do risco de desastres em outros setores relevantes. As
organizações intergovernamentais regionais devem desempenhar um papel importante nas
plataformas regionais para a redução do risco de desastres;
(d) Promover a cooperação transfronteiriça para permitir políticas e planejamento
para a implementação de abordagens baseadas no ecossistema, no que diz respeito a
recursos compartilhados, por exemplo, em bacias hidrográficas e ao longo da orla costeira,
para aumentar a resiliência e reduzir o risco de desastres, incluindo riscos de epidemias e
deslocamento;
(e) Promover a aprendizagem mútua e o intercâmbio de boas práticas e de
informações por meio de, entre outros, revisões de pares voluntárias e iniciadas
espontaneamente entre estados interessados;
14
(f) Conforme necessário, promover o fortalecimento de mecanismos voluntários
internacionais para acompanhamento e avaliação dos riscos de desastres, incluindo dados e
informações relevantes, beneficiando-se da experiência do Monitoramento do Marco de
Ação de Hyogo. Esses mecanismos podem promover o intercâmbio de informações não
confidenciais sobre os riscos de desastres entre órgãos do governo nacional e partes
interessadas, em prol do desenvolvimento social e econômico sustentável;

Prioridade 3. Investir na redução do risco de desastres para a resiliência.


29. O investimento público e privado na prevenção e na redução de riscos de desastres
através de medidas estruturais e não estruturais é essencial para melhorar a resiliência
econômica, social, cultural e de saúde de pessoas, comunidades, países e ativos, bem como
do meio ambiente. Esses podem ser fatores de estímulo para inovação, crescimento e
criação de empregos. Tais medidas são custo-eficientes e fundamentais para salvar vidas,
prevenir e reduzir perdas e garantir a recuperação e reabilitação eficaz.

Contexto nacional e local


30. Para conseguir isso, é importante:
(a) Alocar os recursos necessários, inclusive financeiros e logísticos, conforme
apropriado, em todos os níveis da administração para o desenvolvimento e a
implementação de políticas, planos, leis e regulamentos de gestão de risco de desastres em
todos os setores relevantes;
(b) Promover mecanismos para a transferência de riscos de desastres e seguros,
compartilhamento de riscos e retenção e proteção financeira, conforme apropriado, para
investimento público e privado, a fim de reduzir o impacto financeiro dos desastres sobre
os governos e as sociedades, em áreas urbanas e rurais;
(c) Fortalecer, conforme adequado, os investimentos públicos e privados
resilientes a desastres, especialmente por meio de: medidas estruturais, não estruturais e
funcionais de prevenção e redução de riscos de desastres em instalações críticas,
principalmente em escolas e hospitais e infraestruturas físicas; construir melhor desde o
início para suportar os perigos através de projeto e construção adequados, incluindo a
utilização dos princípios de design universal e a padronização dos materiais de construção;
reforma e reconstrução; promover uma cultura de manutenção; e considerar avaliações de
impacto econômico, social, estrutural, tecnológico e ambiental;
(d) Proteger ou apoiar a proteção de instituições culturais e de coleção e de outros
locais de interesse histórico, cultural ou religioso;
(e) Promover a resiliência ao risco de desastres dos locais de trabalho por meio de
medidas estruturais e não estruturais;
(f) Promover a integração das avaliações de risco de desastres no
desenvolvimento e na implementação de políticas de uso da terra, incluindo o
planejamento urbano, avaliações de degradação do solo e habitações informais e não
permanentes, bem como o uso de diretrizes e ferramentas de acompanhamento informadas
por previsões de alterações demográficas e ambientais;
(g) Promover a integração da avaliação do mapeamento e da gestão do risco de
desastres no planejamento e na gestão do desenvolvimento rural de, entre outros,
montanhas, rios, planícies aluviais costeiras, zonas áridas, pântanos e todas as outras áreas
propensas a secas e inundações, nomeadamente através da identificação de áreas

15
seguras para o assentamento humano, preservando, simultaneamente, as funções
ecossistêmicas que ajudam a reduzir os riscos;
(h) Promover a revisão de códigos existentes ou o desenvolvimento de novos
códigos de construção, normas e práticas de reabilitação e de reconstrução, em nível
nacional ou local, conforme o caso, com o objetivo de torná-los mais aplicáveis no
contexto local, especialmente em assentamentos humanos informais e marginais, bem
como reforçar a capacidade de implementar, examinar e fazer cumprir esses códigos, por
meio de uma abordagem adequada, com vista a promover estruturas resistentes a desastres;
(i) Aumentar a resiliência dos sistemas nacionais de saúde, inclusive através da
integração da gestão do risco de desastres no atendimento de saúde primário, secundário e
terciário, especialmente em nível local; capacitar os profissionais da saúde para
compreender o risco de desastres e aplicar e implementar abordagens de redução do risco
de desastres no trabalho em saúde; e promover e reforçar as capacidades de formação no
domínio da medicina de desastres; e apoiar e treinar grupos comunitários de saúde sobre
abordagens à redução do risco de desastres em programas de saúde, em colaboração com
outros setores, bem como sobre a implementação do Regulamento Sanitário Internacional
(2005) da Organização Mundial de Saúde;
(j) Melhorar o projeto e a implementação de políticas de inclusão e mecanismos
de proteção social, inclusive por meio do envolvimento da comunidade, integrados com
programas de melhoria dos meios de subsistência e acesso a serviços básicos de saúde,
inclusive saúde materna, neonatal e infantil, saúde sexual e reprodutiva, segurança
alimentar e nutrição, habitação e educação, para a erradicação da pobreza, com o objetivo
de encontrar soluções duradouras na fase pós-desastres e de capacitar e ajudar as pessoas
desproporcionalmente afetadas por desastres;
(k) As pessoas com risco de vida e doenças crônicas, devido às suas necessidades
específicas, devem ser incluídas na elaboração de políticas e planos para gerenciar seus
riscos antes, durante e depois de desastres, incluindo acesso a serviços de salvamento de
vidas;
(l) Incentivar a adoção de políticas e programas relacionados à mobilidade
humana induzida por desastres, a fim de aumentar a resiliência das pessoas afetadas e das
comunidades que as recebem, de acordo com as leis e circunstâncias nacionais;
(m) Promover, conforme adequado, a integração de considerações e medidas de
redução do risco de desastres em instrumentos financeiros e fiscais;
(n) Fortalecer o uso e a gestão sustentável dos ecossistemas e implementar
abordagens integradas de gestão ambiental e de recursos naturais que incluam a redução
do risco de desastres;
(o) Aumentar a resiliência de empresas e a proteção a meios de subsistência e bens
produtivos ao longo das cadeias de abastecimento. Assegurar a continuidade dos serviços e
integrar a gestão do risco de desastres em modelos e práticas de negócios;
(p) Reforçar a proteção de meios de subsistência e bens produtivos, incluindo
gado, animais de trabalho, ferramentas e sementes;
(q) Promover e integrar abordagens de gestão do risco de desastres em toda a
indústria do turismo, considerando que muitas vezes há grande dependência do turismo
como atividade econômica fundamental.

16
Contexto global e regional
31. Para conseguir isso, é importante:
(a) Promover a coerência entre sistemas, setores e organizações relacionadas com
o desenvolvimento sustentável e com a redução do risco de desastres em seus planos,
políticas, programas e processos;
(b) Promover o desenvolvimento e o reforço dos mecanismos e instrumentos de
transferência e compartilhamento do risco de desastres, em estreita cooperação com
parceiros da comunidade internacional, empresas, instituições financeiras internacionais e
outras partes interessadas;
(c) Promover a cooperação entre entidades e redes acadêmicas, científicas e de
pesquisa e o setor privado a fim de desenvolver novos produtos e serviços para ajudar a
reduzir o risco de desastres, particularmente aqueles que poderiam ajudar os países em
desenvolvimento em seus desafios específicos;
(d) Incentivar a coordenação entre instituições financeiras globais e regionais com
o objetivo de avaliar e prever os possíveis impactos econômicos e sociais de desastres;
(e) Intensificar a cooperação entre autoridades de saúde e outras partes
interessadas relevantes para aumentar a capacidade de países para a gestão do risco de
desastres para a saúde, implementar o Regulamento Sanitário Internacional (2005) e
construir sistemas de saúde resilientes;
(f) Fortalecer e promover a colaboração e capacitação para a proteção de bens
produtivos, incluindo gado, animais de trabalho, ferramentas e sementes;
(g) Promover e apoiar o desenvolvimento de redes de segurança social como
medidas de redução do risco de desastres ligadas e integradas com programas de reforço
dos meios de subsistência, a fim de garantir a resiliência a impactos nos níveis familiar e
comunitário;
(h) Fortalecer e ampliar os esforços internacionais para erradicação da fome e da
pobreza, através da redução do risco de desastres;
(i) Promover e apoiar a colaboração entre as partes interessadas públicas e
privadas relevantes para aumentar a resiliência de empresas aos desastres.

Prioridade 4. Aumentar a preparação para desastres para uma resposta eficaz e para
"Reconstruir Melhor"em recuperação, reabilitação e reconstrução
32. O crescimento constante do risco de desastres, incluindo o aumento da exposição de
pessoas e ativos, combinado com as lições aprendidas com desastres do passado, indica a
necessidade de reforçar ainda mais a preparação para resposta a desastres, tomar medidas
com base na previsão de eventos, integrar a redução do risco de desastres na preparação
para resposta e assegurar que exista capacidade para resposta e recuperação eficazes em
todos os níveis. É fundamental promover o empoderamento das mulheres e das pessoas
com deficiência para liderar publicamente e promover abordagens de resposta,
recuperação, reabilitação e reconstrução com igualdade de gênero e acesso universal. Os
desastres demonstram que a fase de recuperação, reabilitação e reconstrução, que deve ser
preparado antes que ocorra um desastre, é uma oportunidade fundamental para reconstruir
melhor, inclusive pela integração da redução do risco de desastres

17
em medidas de desenvolvimento, construindo nações e comunidades resilientes aos
desastres.

Contexto nacional e local


33. Para conseguir isso, é importante:
(a) Preparar ou revisar e atualizar periodicamente políticas, planos e programas de
prevenção de desastres e de contingência, com a participação das instituições pertinentes e
considerando cenários de mudanças climáticas e seu impacto sobre o risco de desastres, e
facilitar, conforme adequado, a participação de todos os setores e partes interessadas;
(b) Investir, desenvolver, manter e fortalecer sistemas de previsão e alerta precoce
focados nas pessoas, para vários perigos e multissetoriais, mecanismos de comunicação de
emergência e risco de desastres, tecnologias sociais e sistemas de telecomunicações de
monitoramento de perigos. Desenvolver esses sistemas por meio de um processo
participativo. Adequá-los às necessidades dos usuários, incluindo necessidades sociais e
culturais, especialmente de gênero. Promover a aplicação de equipamentos e instalações de
alerta precoce simples e de baixo custo e ampliar os canais de difusão para informações de
alerta precoce sobre desastres naturais;
(c) Promover a resiliência de infraestruturas básicas novas e antigas, incluindo
infraestrutura de água, transporte e telecomunicações, instituições de ensino, hospitais e
outros estabelecimentos de saúde, com o objetivo de garantir que permaneçam seguras,
eficazes e operacionais durante e após catástrofes, a fim de fornecer serviços essenciais e
de salvamento de vidas;
(d) Estabelecer centros comunitários para promover a conscientização da
sociedade e o armazenamento dos materiais necessários para a implementação das
atividades de salvamento e socorro;
(e) Adotar políticas e ações públicas que apoiem o papel dos funcionários públicos
em estabelecer ou fortalecer mecanismos e procedimentos de coordenação e de
financiamento para ajuda de emergência e em planejar e fazer preparativos para a
recuperação e reconstrução pós-desastres;
(f) Treinar funcionários e voluntários para trabalho em resposta a desastres e
aprimorar as capacidades técnicas e logísticas a fim de garantir uma melhor resposta em
situações de emergência;
(g) Assegurar a continuidade das operações e do planejamento, incluindo
recuperação social e econômica e a prestação de serviços básicos no período pós-desastre;
(h) Promover exercícios regulares de preparação para desastres, resposta e
recuperação, incluindo exercícios de evacuação, treinamento e estabelecimento de sistemas
de apoio para áreas específicas, com o objetivo de assegurar uma resposta rápida e eficaz
aos desastres e aos deslocamentos relacionados, incluindo acesso a um abrigo seguro,
alimentos essenciais e suprimentos não alimentícios de ajuda, conforme adequado às
necessidades locais;
(i) Promover a cooperação de diversas instituições, várias autoridades e atores
relacionados em todos os níveis, incluindo as comunidades e empresas afetadas, tendo em
conta a natureza complexa e onerosa da reconstrução pós-desastres, sob a coordenação das
autoridades nacionais;
(j) Promover a incorporação da gestão do risco de desastres nos processos de
recuperação e reabilitação pós-desastres, facilitar a ligação entre ajuda de emergência,

18
reabilitação e desenvolvimento. Aproveitar oportunidades durante a fase de recuperação
para desenvolver capacidades que reduzam o risco de desastres a curto, médio e longo
prazo, inclusive por meio do desenvolvimento de medidas como planejamento do uso da
terra, melhoria nos padrões estruturais e compartilhamento de competências,
conhecimentos, avaliações e lições aprendidas pós-desastres. Integrar a reconstrução pós-
desastre ao desenvolvimento econômico e social sustentável das áreas afetadas. Isso
também deve ser aplicável aos assentamentos temporários para pessoas deslocadas por
desastres;
(k) Desenvolver orientações de preparação para a reconstrução após desastres, por
exemplo, sobre planejamento do uso do solo e melhoria dos padrões estruturais,
aproveitando também lições aprendidas de programas de recuperação e reconstrução ao
longo da década, desde a adoção do Marco de Ação de Hyogo, e trocando experiências,
conhecimentos e lições aprendidas;
(l) Sempre que possível, considerar a deslocalização de instalações e
infraestruturas públicas para áreas fora da faixa de risco, sempre que possível, no processo
de reconstrução pós-desastres, consultando as pessoas envolvidas, conforme apropriado;
(m) Reforçar a capacidade das autoridades locais para evacuar as pessoas que
vivem em áreas propensas a desastres;
(n) Estabelecer um mecanismo de registro de casos e um banco de dados de
mortalidade causada por desastres a fim de melhorar a prevenção de morbidade e
mortalidade;
(o) Melhorar esquemas de recuperação para fornecer apoio psicossocial e serviços
de saúde mental para todas as pessoas necessitadas;
(p) Avaliar e fortalecer, conforme adequado, as leis e os procedimentos nacionais
em matéria de cooperação internacional, com base nas orientações para a facilitação
doméstica e nas regulamentações internacionais de socorro e assistência inicial para a
recuperação.

Contexto global e regional


34. Para conseguir isso, é importante:
(a) Desenvolver e fortalecer, conforme necessário, abordagens regionais
coordenadas e mecanismos operacionais para se preparar e garantir uma resposta a
desastres rápida e eficaz em situações que ultrapassem as capacidades nacionais de
enfrentamento;
(b) Promover maior desenvolvimento e difusão de instrumentos, tais como
normas, códigos, manuais operacionais e outros instrumentos de orientação para apoiar
uma ação coordenada em matéria de preparação e resposta a desastres e facilitar o
compartilhamento de informações sobre lições aprendidas e melhores práticas para a
aplicação de políticas e programas de reconstrução pós-desastres;
(c) Promover maior desenvolvimento e investimento em mecanismos de alerta
precoce para vários perigos que sejam regionais, efetivos, nacionalmente compatíveis e,
quando pertinente, em conformidade com o Quadro Global de Serviços de Clima e facilitar
o compartilhamento e o intercâmbio de informações entre países;
(d) Aprimorar mecanismos internacionais, tais como a Plataforma de Recuperação
Internacional, para o compartilhamento de experiências e aprendizagens entre países e
todas as partes interessadas;
(e) Apoiar, conforme apropriado, entidades relevantes das Nações Unidas para
19
fortalecer e implementar mecanismos globais sobre questões hidrometeorológicas, a fim de
promover a sensibilização e melhorar a compreensão de riscos de desastres relacionados à
água e seu impacto sobre a sociedade, e propor estratégias de redução do risco de
desastres, a pedido dos Estados;
(f) Apoiar a cooperação regional para lidar com a preparação para desastres,
inclusive por meio de exercícios e treinamentos comuns;
(g) Promover protocolos regionais para facilitar o compartilhamento de
capacidades de resposta e recursos durante e após catástrofes;
(h) Treinar a força de trabalho e os voluntários existentes para resposta a desastres.

V. Papel das partes interessadas


35. Embora os Estados tenham a responsabilidade geral de reduzir o risco de desastres,
esta é uma responsabilidade compartilhada entre governos e partes interessadas.
Especificamente, as partes interessadas não estatais desempenham um papel importante
como facilitadoras, prestando apoio aos Estados de acordo com as políticas, as leis e os
regulamentos nacionais, na aplicação do marco nos níveis local, nacional, regional e
global. Serão necessários o empenho, boa vontade, conhecimento, experiência e recursos
das partes.
36. Ao determinar papéis e responsabilidades específicas para as partes interessadas,
com base, também, nos instrumentos internacionais relevantes, os Estados devem
encorajar as seguintes ações por parte de todas as partes interessadas públicas e privadas:
(a) Sociedade civil, voluntários, organizações de trabalho voluntário e
organizações comunitárias devem: participar, em colaboração com instituições públicas,
para, entre outros, fornecer conhecimento específico e orientação pragmática no contexto
do desenvolvimento e da implementação de marcos normativos, padrões e planos para a
redução do risco de desastres; engajar-se na implementação e no monitoramento de planos
e estratégias locais, nacionais, regionais e globais; contribuir e apoiar a conscientização
pública, uma cultura de prevenção e a educação sobre o risco de desastres; e lutar por
comunidades resilientes e por uma gestão do risco de desastres inclusiva e para toda a
sociedade, reforçando as sinergias entre grupos, conforme adequado. A este respeito,
devemos observar que:
(i) As mulheres e sua participação são fundamentais para o gerenciamento eficaz
dos riscos de desastres e para a elaboração, captação de recursos e implementação de
políticas, planos e programas de redução do risco de desastres sensíveis ao gênero; e
medidas de capacitação adequadas precisam ser tomadas para empoderar as
mulheres para a preparação e para capacitá-las para a subsistência por meios
alternativos em situações pós-desastre;
(ii) Crianças e jovens são agentes de mudança e devem ter espaço e modos de
contribuir para a redução do risco de desastres, de acordo com a legislação, com a
prática nacional e com os currículos educacionais;
(iii) As pessoas com deficiências e suas organizações são fundamentais na
avaliação do risco de desastres e na concepção e implementação de planos adaptados
a exigências específicas, tendo em conta, nomeadamente, os princípios do design
universal;

20
(iv) As pessoas mais velhas têm anos de conhecimentos, habilidades e sabedoria,
que são ativos valiosos para reduzir o risco de desastres, e devem ser incluídas na
elaboração de políticas, planos e mecanismos, inclusive para aviso precoce;
(v) Os povos indígenas, por meio de sua experiência e conhecimento tradicional,
fornecem uma importante contribuição para o desenvolvimento e a implementação
de planos e mecanismos, inclusive para aviso precoce;
(vi) Os migrantes contribuem para a resiliência das comunidades e sociedades e
seus conhecimentos, habilidades e capacidades podem ser úteis na concepção e
implementação da redução do risco de desastres.
(b) Academia, entidades e redes científicas e de pesquisa devem: concentrar-se
nos fatores e cenários de risco de desastres, incluindo novos riscos de desastres, a médio e
longo prazo; intensificar a pesquisa para aplicação regional, nacional e local; apoiar a ação
de comunidades e autoridades locais; e apoiar a interface entre política e ciência para a
tomada de decisões;
(c) Empresas, associações profissionais e instituições financeiras do setor privado,
incluindo órgão reguladores de finanças e contabilidade, bem como fundações
filantrópicas, devem: integrar a gestão do risco de desastres, incluindo a continuidade dos
negócios, em modelos e práticas de negócios por meio de investimentos informados sobre
o risco de desastres, especialmente em micro, pequenas e médias empresas; envolver-se
em atividades de conscientização e treinamento para seus funcionários e clientes;
participar e apoiar pesquisa e inovação, bem como o desenvolvimento tecnológico para a
gestão do risco de desastres; compartilhar e divulgar conhecimentos, práticas e dados não
confidenciais; e participar ativamente, conforme adequado e sob orientação do setor
público, no desenvolvimento de estruturas normativas e normas técnicas que incorporem a
gestão do risco de desastres;
(d) Os meios de comunicação devem: assumir um papel ativo e inclusivo nos
níveis local, nacional, regional e global, contribuindo para a sensibilização e para o
entendimento do público, e divulgar informações precisas e não confidenciais sobre risco
de desastres, perigos e desastres, incluindo desastres de pequena escala, de modo fácil de
entender, simples, transparente e acessível, em estreita cooperação com as autoridades
nacionais; adotar políticas de comunicação específicas para a redução do risco de
desastres; apoiar, conforme apropriado, sistemas de alerta precoce e medidas de proteção
para salvar vidas; e estimular uma cultura de prevenção e forte envolvimento da
comunidade em campanhas de educação pública e consultas públicas em todos os níveis da
sociedade, em conformidade com as práticas nacionais.
37. Com referência à resolução 68/211 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 20
de dezembro de 2013, os compromissos das partes interessadas são importantes para
identificar formas de cooperação e para implementar este marco. Esses compromissos
precisam ser específicos e ter prazos definidos a fim de apoiar o desenvolvimento de
parcerias em nível local, nacional, regional e global e a implementação de planos e
estratégias locais e nacionais para redução do risco de desastres. Todas as partes
interessadas são encorajadas a divulgar seus compromissos e seu cumprimento em apoio à
implementação do marco ou dos planos nacionais e locais de gestão do risco de desastres
através do site do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres
(UNISDR).

21
VI. Cooperação internacional e parceria global
Considerações gerais
38. Dadas as suas diferentes capacidades e a ligação entre o nível de apoio que recebem
e na medida em que serão capazes de implementar o presente marco, os países em
desenvolvimento demandam melhores disposições de meios de implementação, incluindo
recursos tempestivos, sustentáveis e adequados, através da cooperação internacional e da
parceria global para o desenvolvimento, e apoio internacional contínuo para reforçar seus
esforços de redução do risco de desastres.
39. A cooperação internacional para a redução do risco de desastres inclui uma
variedade de fontes e é um elemento crucial para apoiar os esforços dos países em
desenvolvimento para reduzir o risco de desastres.
40. Tratando da disparidade econômica e da disparidade de inovação tecnológica e
capacidade de pesquisa entre os países, é fundamental melhorar a transferência de
tecnologia, o que envolve um processo para possibilitar e facilitar os fluxos de habilidades,
conhecimentos, ideias, know-how e tecnologia dos países desenvolvidos para os países em
desenvolvimento na implementação do atual marco.
41. Os países em desenvolvimento propensos a desastres, em particular os países menos
desenvolvidos, os pequenos Estados insulares, os países em desenvolvimento sem litoral e
os países africanos, bem como os países de renda média que enfrentam desafios
específicos, merecem especial atenção em função de seus níveis mais elevados de
vulnerabilidade e de risco, que muitas vezes excedem em muito a sua capacidade de
responder e se recuperar de desastres. Essa vulnerabilidade requer o reforço urgente da
cooperação internacional e assegurar parcerias genuínas e duráveis nos níveis regional e
internacional, a fim de apoiar os países em desenvolvimento na implementação deste
marco, de acordo com as suas prioridades e necessidades nacionais. Similar atenção e
assistência adequada também devem ser prestadas a outros países suscetíveis a desastres
com características específicas, como os países arquipelágicos e países com litorais
extensos.
42. Os desastres podem afetar desproporcionalmente pequenos Estados insulares em
desenvolvimento, devido às suas vulnerabilidades únicas e particulares. Os efeitos dos
desastres, alguns dos quais aumentaram em intensidade e foram exacerbados pelas
mudanças climáticas, impedem seu progresso em direção ao desenvolvimento sustentável.
Dado o caso especial dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento, há uma
necessidade urgente de aumentar a resiliência e de prestar apoio especial pela
implementação dos resultados da Trajetória das Modalidades Aceleradas de Ação para
PEID (Samoa)9 na área de redução do risco de desastres.
43. Os países africanos continuam a enfrentar desafios relacionados a desastres e riscos
crescentes, incluindo aqueles relacionados com o aumento da resiliência de infraestrutura,
saúde e meios de subsistência. Estes desafios exigem uma maior cooperação internacional
e apoio adequado aos países africanos, a fim de permitir a implementação do presente
marco.

9 Resolução 69/15 da Assembleia Geral, anexo.

22
44. A cooperação Norte-Sul, complementada por cooperação Sul-Sul e triangular, tem-
se provado fundamental para reduzir o risco de desastres e, portanto, é necessário
fortalecer ainda mais a cooperação em ambas as áreas. Parcerias também têm papel
importante por permitirem aproveitar todo o potencial dos países e apoiar as suas
capacidades nacionais na gestão do risco de desastres e na melhoria do bem-estar
socioeconômico e da saúde de pessoas, comunidades e países.
45. Os esforços de países em desenvolvimento que oferecem cooperação Sul-Sul e
triangular não devem reduzir a cooperação Norte-Sul dos países desenvolvidos, pois eles
complementam a cooperação Norte-Sul.
46. O financiamento de diversas fontes internacionais; a transferência de tecnologias
públicas e privadas ambientalmente seguras, confiáveis, acessíveis, adequadas e modernas,
sob condições de concessão e preferência, por mútuo acordo; assistência aos países em
desenvolvimento por meio de capacitações; e ambientes institucionais e políticos propícios
em todos os níveis são meios altamente importantes para reduzir o risco de desastres.

Meios de implementação
47. Para conseguir isto, é necessário:
(a) Reafirmar que os países em desenvolvimento precisam de maior auxílio
internacional coordenado, sustentado, e adequado para a redução do risco de desastres, em
particular para os países menos desenvolvidos, os pequenos Estados insulares em
desenvolvimento, países em desenvolvimento sem litoral e países africanos, bem como os
países de renda média que enfrentam desafios específicos, por meio de canais bilaterais e
multilaterais, inclusive por um maior apoio técnico e financeiro e pela transferência de
tecnologia em condições de concessão e preferência, de acordo com termos mutuamente
acordados, para o desenvolvimento e o fortalecimento de suas capacidades;
(b) Melhorar o acesso dos estados, em especial dos países em desenvolvimento, a
financiamento, tecnologia ambientalmente segura, ciência e inovação inclusiva, bem como
ao conhecimento e ao compartilhamento de informações através dos mecanismos
existentes, especialmente acordos de colaboração bilaterais, regionais e multilaterais,
incluindo a Organização das Nações Unidas e outros organismos pertinentes;
(c) Promover o uso e a ampliação de plataformas temáticas de cooperação, tais
como agrupamentos globais de tecnologias e sistemas globais para o compartilhamento de
know-how, inovação e pesquisa e para garantir o acesso a tecnologia e informação sobre a
redução do risco de desastres.
(d) Incorporar medidas de redução do risco de desastres em programas
multilaterais e bilaterais de assistência ao desenvolvimento, nos âmbitos intra- e
interssetorial, conforme apropriado, relacionados com redução da pobreza,
desenvolvimento sustentável, gestão de recursos naturais, meio ambiente, desenvolvimento
urbano e adaptação às mudanças climáticas;

Apoio de organizações internacionais


48. As necessidades para apoiar a execução do presente marco são:
(a) A Organização das Nações Unidas e outras organizações internacionais e
regionais, instituições financeiras internacionais e regionais e agências doadoras
empenhadas na redução do risco de desastres deverão, conforme adequado, melhorar a
coordenação de suas estratégias a este respeito;

23
(b) As entidades do sistema das Nações Unidas, incluindo fundos, programas e
agências especializadas, através do Plano de Ação da ONU para a Redução do Risco de
Desastres para a Resiliência, dos Marcos de Assistência das Nações Unidas para o
Desenvolvimento e de programas nacionais, deverão promover o melhor uso de recursos e
apoiar países em desenvolvimento, quando solicitado, na implementação do presente
marco, em coordenação com outras estruturas relevantes, tais como o Regulamento
Sanitário Internacional (2005), inclusive através do desenvolvimento e do fortalecimento
de capacidades e de programas claros e focados para apoiar as prioridades dos Estados de
forma equilibrada, coordenada e sustentável, no âmbito dos respectivos mandatos;
(c) O Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres
(UNISDR), em particular, deverá apoiar a implementação, o acompanhamento e a
avaliação deste marco por meio de: elaboração de avaliações periódicas sobre o progresso,
especialmente para a Plataforma Global, e, conforme apropriado, de forma atempada com
o processo de acompanhamento na Organização das Nações Unidas, apoio ao
desenvolvimento de acompanhamento global e regional coerente e indicadores coerentes e
coordenados, conforme apropriado, com outros mecanismos relevantes para o
desenvolvimento sustentável e as mudanças climáticas e atualização do Monitoramento do
Marco de Ação de Hyogo existente na web em conformidade com eles; participação ativa
no trabalho do Grupo Inter-Agências e de Peritos em Indicadores do Desenvolvimento
Sustentável; produção de orientações práticas e baseadas em evidências para a
implementação, em estreita colaboração com os Estados, e através da mobilização de
peritos; fortalecimento de uma cultura de prevenção entre as partes interessadas, por meio
do apoio ao desenvolvimento de normas por especialistas e organizações técnicas,
iniciativas de ativismo e divulgação de informações, políticas e práticas sobre o risco de
desastres, bem como a oferta de educação e treinamento sobre a redução do risco de
desastres por meio de organizações filiadas; apoio aos países, inclusive através das
plataformas nacionais ou de equivalentes, para o desenvolvimento de planos nacionais e
acompanhamento das tendências e padrões de riscos, perdas e impactos de desastres;
convocação da Plataforma Global para a Redução do Risco de Desastres e apoio à
organização de plataformas regionais para a redução do risco de desastres, em cooperação
com as organizações regionais; direção da revisão do Plano de Ação da ONU sobre a
Redução do Risco de Desastres para a Resiliência; auxílio para o fortalecimento e apoio
continuado ao Grupo Consultivo Científico e Técnico da Conferência Internacional sobre o
Risco de Desastres na mobilização da ciência e de trabalhos técnicos sobre a redução do
risco de desastres; direção, em estreita coordenação com os Estados, da atualização da
Terminologia de 2009 sobre Redução de Risco de Desastres, em conformidade com a
terminologia acordada pelos Estados; e registro dos compromissos das partes interessadas;
(d) As instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial e os bancos
regionais de desenvolvimento, deverão considerar as prioridades marco quadro para a
prestação de apoio financeiro e empréstimos para a redução integrada do risco de desastres
nos países em desenvolvimento;
(e) Outras organizações internacionais e órgãos de tratados, incluindo a
Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima, instituições financeiras internacionais, em nível global e regional, e a Cruz
Vermelha Internacional e o Movimento do Crescente Vermelho deverão apoiar os países
em desenvolvimento, quando solicitado, na implementação deste marco, em coordenação
com outras estruturas relevantes;

24
(f) O Pacto Global das Nações Unidas, como a principal iniciativa das Nações
Unidas para o envolvimento com o setor privado e empresas, deverá envolver-se ainda
mais e promover a importância crucial da redução do risco de desastres para o
desenvolvimento sustentável e a resiliência;
(g). A capacidade total do sistema das Nações Unidas para ajudar os países em
desenvolvimento na redução do risco de desastres deverá ser reforçada por meio de
recursos adequados provenientes de vários mecanismos de financiamento, incluindo
contribuições maiores, tempestivas, estáveis e previsíveis para o Fundo Fiduciário das
Nações Unidas para a Redução de Desastres e pela ampliação do papel do Fundo em
relação à implementação do presente marco.
(h) A União Interparlamentar, bem como outros organismos e mecanismos
regionais pertinentes para parlamentares, deverá, conforme apropriado, continuar apoiando
e defendendo a redução do risco de desastres e o reforço dos marcos jurídicos nacionais;
(i) A organização Cidades Unidas e Governos Locais e outros órgãos competentes
dos governos locais deverão continuar a apoiar a cooperação e aprendizagem mútua entre
os governos locais para a redução do risco de desastres e para a execução do presente
marco.

Ações de acompanhamento
49. A Conferência convida a Assembleia Geral, em sua septuagésima sessão, a
considerar a possibilidade de incluir a avaliação do progresso global na implementação
deste marco para a redução do risco de desastres como parte de seus processos de
acompanhamento integrado e coordenado para conferências e cúpulas das Nações Unidas,
alinhados com o Conselho Econômico e Social, o Fórum Político de Alto Nível para o
Desenvolvimento Sustentável e os ciclos quadrienais de revisão política abrangente,
conforme adequado, tendo em conta as contribuições da Plataforma Global para a Redução
do Risco de Desastres e das plataformas regionais para a redução do risco de desastres e do
Monitoramento do Marco de Ação de Hyogo.
50. A Conferência recomenda à Assembleia Geral a criação, em sua sexagésima-nona
sessão, de um grupo de trabalho intergovernamental aberto, composto por especialistas
indicados pelos Estados-Membros, e apoiado pelo Escritório das Nações Unidas para a
Redução do Risco de Desastres (UNISDR), com a participação de partes interessadas, para
o desenvolvimento de um conjunto de possíveis indicadores para medir o progresso global
na aplicação deste marco em conjunto com o trabalho do grupo interagências de peritos em
indicadores de desenvolvimento sustentável. A conferência também recomenda que o
Grupo de Trabalho considere as recomendações do Grupo Consultivo Científico e Técnico
sobre a atualização da Terminologia de 2009 do UNISDR sobre a Redução do Risco de
Desastres, até dezembro de 2016, e que o resultado de seu trabalho seja submetido à
Assembleia Geral para consideração e adoção.

25
Secretaria Nacional de Defesa Civil

SISTEMA DE COMANDO
EM OPERAÇÕES
GUIA DE CAMPO
Comentários
Por favor, apresente suas observações sobre este manual
ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e
Desastres (CENAD) da Secretaria Nacional de Defesa
Civil (SEDEC) no seguinte endereço: Esplanada dos
Ministérios, Bloco “E”, 7º andar, Brasília/DF, CEP:
70067-901, Telefone: (61) 3414-5869, Fax: (61) 3414-5967,
Website: http://www.defesacivil.gov.br

Oliveira, Marcos de.

Brasil. Ministério da Integração Nacional. Secretaria


Nacional de Defesa Civil.

Sistema de Comando em Operações - Guia de Campo.


Marcos de Oliveira. Florianópolis: Ministério da
Integração Nacional, Secretaria Nacional de Defesa
Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Centro
Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres,
2010.

61p.; 18cm

1. Brasil – Defesa Civil. 2. Gerenciamento de desastres. 3.


Sistema de comando em operações.

CDD 355.58

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


2
ÍNDICE

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1.1 O que é o SCO?. ................................................................. 5
1.2 Como usar este guia de bolso?. ....................................... 6
CAPÍTULO 2 - PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS
BÁSICAS DO SCO
2.1 Princípios fundamentais do SCO. ..................................6
2.1 Características básicas do SCO. .......................................7
CAPÍTULO 3 – ROTEIRO BÁSICO
3.1 Etapas do SCO. ...................................................................7
3.2 Etapa de Resposta Imediata. ........................................... 8
3.2.1 Instalação do SCO. ...........................................................8
3.2.2 Assunção do comando. ....................................................9
3.2.3 Instalação do posto de comando (PC). ...........................9
3.2.4 Instalação da área de espera/estacionamento. .............9
3.2.5 Coleta de informações....................................................10
3.2.6 Elaboração do plano de ação. .......................................10
3.3 Etapa do Plano de Ação. ..................................................11
3.3.1 O plano de ação inicial. .................................................11
3.3.2 Períodos operacionais e novos planos. .......................12
3.3.3 Hierarquização de objetivos..........................................13
3.3.4 Transferência de comando. ...........................................13
3.3.5 Emprego de formulários padronizados.......................14
3.4 Etapa da Desmobilização da Operação. .......................17
3.4.1 Desmobilização da operação. .......................................17
3.5 Ciclo de planejamento operacional (resumo geral em
sequência). ................................................................................ 17
CAPÍTULO 4 – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
4.1 Estrutura Organizacional Básica do SCO. ...................20
4.2 Comando da Operação. ...................................................20
4.2.1 Função comando. ...........................................................20

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


3
4.3 Staff/Assessoria de Comando. ....................................... 21
4.3.1 Função segurança. .......................................................... 22
4.3.2 Função ligações. .............................................................. 22
4.3.3 Função informação ao público. .................................... 23
4.3.4 Função secretário............................................................. 24
4.4 Staff Geral/Principal de Comando. ............................... 25
4.4.1 Seção operações. ............................................................. 25
4.4.2 Área de espera/estacionamento. .................................. 26
4.4.3 Seções operacionais e setores operacionais. ............... 27
4.4.4 Seção planejamento......................................................... 29
4.4.5 Seção logística. ................................................................ 31
4.4.6 Seção administração/finanças. ..................................... 33
4.5 Estrutura Organizacional Padrão do SCO. .................. 35
CAPÍTULO 5 – INSTALAÇÕES E ÁREAS
PADRONIZADAS DO SCO
5.1 Instalações padronizadas. ................................................ 36
5.1.1 Posto de comando. ......................................................... 36
5.1.2 Bases ou bases de apoio. ............................................... 38
5.1.3 Acampamento.................................................................. 39
5.1.4 Centro de informação ao público. ................................ 41
5.1.5 Helibases e helipontos.................................................... 43
5.2 Áreas padronizadas........................................................... 44
5.2.1 Área de espera. ............................................................... 44
5.2.2 Área de concentração de vítimas. ................................. 46
5.3 O emprego de zonas de trabalho em situações críticas.
...................................................................................................48
5.3.1 Área quente. .................................................... 49
5.3.2 Área morna. .....................................................49
5.3.3 Área fria. ......................................................... 50
GLOSSÁRIO DE TERMOS. ................................................ 51

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


4
SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES
GUIA DE CAMPO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1 O que é o SCO?
Uma das mais importantes boas práticas
incorporadas na Defesa Civil Nacional foi a adoção do
Sistema de Comando em Operações (SCO) como sistema
padrão para responder emergências e situações críticas
e estruturar a forma de organização e gerenciamento de
desastres ou eventos planejados.
O SCO não é algo novo e experimental, pois sua
estruturação é garantida por uma ampla fundamentação
teórica, de longa data e aliada à experiência de inúmeros
eventos em vários diferentes países.
Utilizando-se das melhores práticas de
administração, o SCO ajuda a garantir:
 Maior segurança para as equipes de resposta e
demais envolvidos numa situação crítica;
 O alcance de objetivos e prioridades previamente
estabelecidas; e
 O uso eficiente e eficaz dos recursos (humanos,
materiais, financeiros, tecnológicos e de
informação) disponíveis.
Sua correta utilização permite que pessoas de
diferentes organizações se integrem rapidamente em
uma estrutura de gerenciamento comum, facilitando a
integração das comunicações e os fluxos de informações
e melhorando os trabalhos de inteligência e de
planejamento.
O correto emprego do SCO fornecerá um melhor

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


5
apoio logístico e administrativo ao pessoal operacional,
melhorando a articulação do comando e seu staff com
elementos internos e externos à operação, facilitando
relações e trocas e agregando valor à operação (evitando
a duplicação de esforços e ampliando a segurança dos
envolvidos).

1.2 Como usar este guia de bolso?


Este guia de bolso foi concebido a partir
das referências constantes no Livro texto do Projeto
Gerenciamento de Desastres - Sistema de Comando
de Operações, da Secretaria Nacional de Defesa Civil
(SEDEC), para facilitar o trabalho das pessoas e das
organizações que participam, direta ou indiretamente, da
resposta a uma emergência ou situação crítica.
O guia foi estruturado de forma a atender dois
requisitos fundamentais: ampliar a compreensão sobre
os princípios e características básicas do SCO e facilitar a
visualização das principais recomendações que balizam
a doutrina de emprego do SCO.
Ao final do guia você encontrará um glossário
com algumas definições de termos frequentemente
utilizados nos documentos sobre SCO.

CAPÍTULO 2 - PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS


BÁSICAS DO SCO
2.1 Princípios fundamentais do SCO
O SCO baseia seu emprego em 3 (três)
princípios fundamentais: concepção sistêmica, concepção
contingencial e concepção para todos os riscos e situações.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


6
2.1 Características básicas do SCO
O SCO possui também 15 (quinze) características
básicas:
1) Emprego de terminologia comum;
2) Uso de formulários padronizados.
3) Estabelecimento e transferência formal de comando;
4) Cadeia e unidade de comando;
5) Comando único ou unificado.
6) Organização modular e flexível;
7) Administração por objetivos;
8) Uso de planos de ação;
9) Adequada amplitude de controle.
10) Instalações e áreas padronizadas;
11) Gerenciamento integrado de recursos.
12) Gerenciamento integrado das comunicações;
13) Gerenciamento integrado de informações e
inteligência.
14) Controle de pessoal;
15) Controle da mobilização/desmobilização.

CAPÍTULO 3 – ROTEIRO BÁSICO


3.1 Etapas do SCO

Embora o SCO possa ser empregado nas mais


diversas situações, independentemente de sua causa,
tamanho, configuração, localização ou complexidade,
faz-se necessário que o sistema seja implementado a
partir de um roteiro básico.
Dessa forma, assim que a situação crítica
é percebida, um conjunto de medidas previamente

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


7
estabelecidas devem ser iniciadas, começando com o
acionamento dos organismos de resposta através de seus
recursos operacionais, de forma que os mesmos possam
deslocar-se até o local da emergência e iniciar os primeiros
trabalhos de avaliação e controle da situação.
Embora não haja uma sequência linear
obrigatória aplicável a todos os casos, sugere-se a divisão
dos trabalhos a partir de três grandes etapas: a etapa
de resposta imediata, a etapa de elaboração do plano
de ação e a etapa final de desmobilização e retorno à
situação de normalidade.

3.2 Etapa de Resposta Imediata


3.2.1 Instalação do SCO
Assim que a situação crítica é percebida,
as primeiras equipes que chegam no local avaliam
preliminarmente a situação e implementam as
primeiras ações (seguindo procedimentos operacionais
padronizados) voltadas para o controle inicial de riscos
(segurança) e obtenção de maiores informações sobre o
que está acontecendo.
A pessoa de maior nível de autoridade
da primeira equipe no local comunica-se (usando
comunicação de rádio ou telefone) com as demais
equipes e com o nível de autoridade logo acima dela
(normalmente com uma central de operações ou central
de emergência) para informar que está instalando o SCO
e assumindo o comando da operação.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


8
3.2.2 Assunção do comando
A pessoa que instalou o SCO deve assumir
formalmente o comando da operação através da rede
rádio. Esse comando pode ser único (quando assumido por
uma única pessoa) ou unificado (quando representantes
de várias organizações assumem o comando de forma
colegiada).
Dependendo do andamento da situação, o
comando único pode converter-se em um comando
unificado (quando mais representantes de outras
organizações passam a integrar a operação).

3.2.3 Instalação do posto de comando (PC)


Ato contínuo, a pessoa que assumiu o comando
deve identificar um local apropriado para instalar o
posto de comando da operação, levando em consideração
requisitos de segurança, acessibilidade, fácil localização,
etc.

3.2.4 Instalação da área de espera/estacionamento


Após instalar o PC, o comando da operação
deve identificar um local apropriado para instalar a área
de espera e designar uma pessoa para assumir a função
de encarregado dessa área.
Esse encarregado irá controlar todos os recursos
operacionais que chegam para atuar na operação. É
possível que parte desses recursos já estejam em operação
e, por isso, o encarregado pode fazer esse cadastramento
através da comunicação de rádio (para não retardar as
ações de socorro).
De forma geral, parte dos recursos que chegam

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


9
na cena da emergência recebem suas atribuições assim
que são recepcionados e cadastrados e, outra parte dos
recursos é cadastrada e permanece estacionada na área
de espera, aguardando acionamento posterior, de acordo
com as necessidades da operação.

3.2.5 Coleta de informações


Após designar a área de espera e seu encarregado,
o comando passa a buscar informações sobre a situação
crítica para formar um cenário mais completo da situação
como um todo. Procure responder a essas três perguntas
chaves:
 O que aconteceu?
 Como a situação está agora?
 Como poderá evoluir?
Essas informações podem ser visualizadas
diretamente pelo comando ou chegarem até o posto de
comando por meio de relatos de vítimas, testemunhas,
integrantes das equipes de resposta, etc.

3.2.6 Elaboração do plano de ação


Com base nas informações coletadas, o comando
deverá implementar o plano de ação inicial, para
estabelecer objetivos e prioridades, a partir da situação
e dos recursos disponíveis, num determinado período
operacional.
Geralmente, esse primeiro plano de ação ésimples
e de curto alcance, representando um esforço inicial para
a passagem de uma resposta mais genérica, baseada
em ações orientadas em procedimentos operacionais
padronizados (POP’s) e planos de contingência, para

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


10
uma resposta baseada num plano concreto (específico)
sobre uma situação melhor conhecida.
Assim, a elaboração sucessiva de novos planos
de ação depende em grande parte de um adequado
trabalho de inteligência e da coleta sistemática de
informações variadas, tais como: dados meteorológicos,
características geográficas, informações populacionais,
dados sócio-econômicos e culturais, explicações sobre
fenômenos naturais específicos, análise de cenários de
futuro, etc.
Normalmente, tal situação exigirá do comando
a implementação de novas funções no organograma do
SCO e a transferência de responsabilidades para outros
integrantes da equipe, de forma que os trabalhos passem
a ser realizados por equipes ampliadas.

3.3 Etapa do Plano de Ação


3.3.1 O plano de ação inicial
O plano de ação inicial serve para estabelecer os
objetivos e prioridades, a partir da situação e dos recursos
disponíveis, num determinado período operacional.
Obviamente, os recursos operacionais que
já estão no local da emergência não ficam parados
aguardando a elaboração do plano. Em situações críticas,
cada uma das organizações acaba atuando com base
nos seus procedimentos operacionais padronizados até
que o comando estabeleça um plano com objetivos e
prioridades comuns.
De forma geral, essas primeiras ações priorizam
a organização dos recursos, o salvamento de pessoas em
perigo e a estabilização da situação crítica.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


11
O plano de ação inicial deve conter informações
sobre o cenário (mapas, croquis), os objetivos estratégicos
e táticos da operação, as principais tarefas a serem
realizadas, a estrutura organizacional do SCO, a descrição
dos recursos disponíveis, dados relativos aos riscos e a
estrutura de comunicações do SCO.
Com base no plano de ação inicial, o comando
da operação acompanha os trabalhos e continua reunindo
informações.
Cabe ao comando ainda, solicitar ou dispensar
recursos adicionais e verificar a necessidade da
implantação de novas funções no organograma do SCO
(operações, segurança, secretaria, ligações, e assim por
diante, conforme a necessidade).
De dentro do PC, o comando permanece
controlando informações, recursos, organograma, mapas
e croquis, plano de ação, enfim, a operação como um
todo.

3.3.2 Períodos operacionais e novos planos


Quando o período operacional estipulado está
chegando ao fim, o comando reúne-se com os demais
integrantes de seu staff para avaliar os resultados
obtidos e elaborar um novo plano de ação para mais um
período.
Assim, na medida em que a situação crítica
vai sendo estabilizada, e a situação caótica do início vai
sendo controlada e estabilizada, existe a tendência de
que os planos de ação sucessivos sejam organizados em
períodos operacionais cada vez maiores, em decorrência
da situação que vai se estabilizando e diminuindo seus

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


12
riscos, complexidade, dinamismo e confusão.
Com o passar do tempo, as prioridades e
objetivos da operação também vão se modificando.

3.3.3 Hierarquização de objetivos


O SCO sugere como referência para a
confecção dos planos de ação que o comando utilize
uma hierarquização de objetivos, de forma a priorizar a
articulação de recursos e esforços, da seguinte forma:
 Objetivos de preservação e socorro à vida
(critério de proteção à vida);
 Objetivos de estabilização da situação crítica
(critério de controle e estabilização da
emergência);
 Objetivos de proteção às propriedades e
preservação do meio ambiente (critério de
proteção aos investimentos e meio ambiente).

Embora bastante óbvias estas prioridades


representam o consenso entre os especialistas e um
guia bastante útil no planejamento inicial da resposta à
situação crítica.

3.3.4 Transferência de comando


Na prática, é bem comum ocorrer que a primeira
pessoa que instalou o SCO e assumiu formalmente o
comando da operação seja alguém mais ligado a parte
operativa e, portanto, não detenha suficiente autoridade
para permanecer no comando durante toda a operação.
Nesses casos, o comando pode e deve mesmo,
ser transferido para outra pessoa mais qualificada ou com

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


13
maior autoridade (especialmente em situações críticas
de maior magnitude), no entanto essa transferência
deve ocorrer de maneira formal, através da rede de
comunicação de rádio.
Em resumo, independentemente do motivo da
passagem do comando há dois aspectos importantes
nesse processo, ou seja: a transferência formal da
autoridade para evitar a perda da unidade de comando
e a transferência efetiva de todas as informações
relevantes para que não haja uma quebra na sequência
das atividades.

3.3.5 Emprego de formulários padronizados


O SCO recomenda, enfaticamente, o emprego
de formulários padronizados (formulário SCO 201),
para facilitar a transmissão de todas as informações
necessárias. Essa prática é especialmente importante
durante a primeira transferência de comando, ainda na
fase inicial da operação.
O formulário padronizado SCO 201 registra
uma série de informações básicas e deve ser preenchido
pelo próprio comando (em alguns casos com o auxílio do
chefe de operações ou outra pessoa do staff do comando,
quando tal função já estiver ativada).
O formulário é simples e estrutura-se a partir de
quatro páginas com diferentes tipos de informações, das
quais destacam-se:
Página 01: Além das informações do cabeçalho (nome
da operação, data, hora, nome do responsável pelas
informações) há espaço para a elaboração de um mapa/
croqui da operação indicando os acidentes do terreno,

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


14
edificações importantes, zonas de trabalho, instalações
padronizadas, localização dos recursos designados
e outras informações necessárias à compreensão da
operação. Abaixo do mapa/croqui há espaço para a
descrição resumida dos fatos ocorridos.
Página 02: Além das informações do cabeçalho são
registrados os objetivos e prioridades comuns da
operação, bem como um resumo das ações planejadas e
das ações implementadas.
Página 03: Além das informações do cabeçalho é
registrada, na forma de organograma, a estrutura atual
do SCO com a indicação da organização e o nome dos
responsáveis por cada função ativada.
Página 04: Além das informações do cabeçalho é
registrado um sumário dos recursos mobilizados e seu
atual status na operação.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


15
Observação: Utilize as seguintes orientações para o
correto preenchimento do formulário padronizado SCO
201:

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16
3.4 Etapa da Desmobilização da Operação
3.4.1 Desmobilização da operação
Conforme os objetivos vão sendo alcançados
e a situação crítica vai sendo estabilizada, diminuem
os riscos, a complexidade e a confusão, tão comuns nos
períodos iniciais da operação.
As tarefas ainda necessárias vão exigindo cada
vez menos articulação e tornando-se mais e mais simples,
até o momento em que a situação volta à normalidade e
chega o tempo de iniciar a desmobilização dos recursos
empregados, ou em outras palavras, o tempo de desativar
o SCO.
Obviamente, esse processo é gradual e contínuo,
fazendo com que as ações antes planejadas a partir
da articulação de esforços coletivos das organizações
envolvidas passem a representar procedimentos
rotineiros, não exigindo mais uma coordenação especial.
Dessa forma, a desmobilização deve ser
planejada e executada cuidadosamente para evitar o
descontrole e a perda de equipamentos e materiais, a
sobrecarga de equipes ou determinadas organizações e o
desmantelamento descontrolado das operações.
O plano de desmobilização deve garantir que
todos os recursos operacionais sejam desmobilizados,
todos os materiais e equipamentos devolvidos e os
formulários devidamente preenchidos.

3.5 Ciclo de planejamento operacional (resumo geral da


sequência)
Ocorrência do evento (emergência ou situação
crítica)

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17
Notificações
1. Avaliação (dimensionamento) e ações iniciais
de resposta seguindo procedimentos operacionais
padronizados;
2. Instalação do SCO;
3. Assunção do comando através da rede rádio;
4. Instalação do posto de comando;
5. Instalação da área de espera/estacionamento e
indicação do encarregado da mesma;
6. Coleta de informações e elaboração do plano de ação
inicial;
7. Estabelecimento dos objetivos e prioridades a partir
da situação e recursos disponíveis para um determinado
período operacional;
8. Execução do plano e continuação da coleta de
informações;
9. Verificação da necessidade da implementação de novas
funções (staff de assessoria e staff principal);
10. Solicitação ou dispensa de recursos adicionais;
11. Controle da operação no posto de comando (PC) e
preparação para reunião de avaliação e planejamento do
novo período operacional;
12. Registro das informações no formulário padronizado
SCO 201;
13. Transferência do comando ou instalação do comando
unificado;
14. Realização da reunião de avaliação e planejamento do
novo período operacional;
15. Execução do plano e reinício do ciclo de planejamento
até a desmobilização.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


18
Estabelecimento dos Verificação da
objetivos e prioridades a Execução necessidade da
partir da situação e do plano implementação de
recursos disponíveis novas funções

Coleta de
informações e
7 8 9 Solicitação ou
PAç inicial dispensa de
recursos
6 10 adicionais

Controle da
Área de operação no PC
espera e
11 e preparação
encarregado 5 para reunião

12
Instalação
do PC 4 Formulário
15 14 13 SCO 201

Execução
do plano Reunião de
planejamento Transferência do
Assunção e reinício comando ou
do comando 3 do ciclo instalação do
comando unificado

Instalação
do SCO 2
CICLO DE
Avaliação e
ações iniciais 1 PLANEJAMENTO
Notificações
OPERACIONAL

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


19
CAPÍTULO 4 – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

4.1 Estrutura Organizacional Básica do SCO


A estrutura organizacional básico do SCO é
composta de três partes principais, a saber: o comando
(que poderá ser único ou unificado); o staff/assessoria
de comando (composto pelas funções de segurança,
ligações, informações ao público e secretaria) e o staff
geral/principal (composto pelas seções de operações,
planejamento, logística e administração/finanças).

4.2 Comando da Operação


4.2.1 Função comando
O comando é o responsável pela operação como
um todo. Cabe a ele instalar o SCO, avaliar a situação,
designar instalações e áreas, estruturar o organograma,
definir objetivos e prioridades, desenvolver um plano
de ação e coordenar todas as atividades administrativas
(planejamento, organização, direção e controle) da
operação. O comando é apoiado por uma estrutura de
assessoria (staff de comando) que supre necessidades de
segurança, ligações, informações ao público e secretaria.

Lista de checagem das principais atribuições do


comando:
( ) instalar o SCO;
( ) designar um posto de comando e uma área de
espera/estacionamento;
( ) buscar informações, avaliar a situação como um
todo e suas prioridades;
( ) determinar objetivos estratégicos e táticos;

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


20
( ) desenvolver um plano de ação;
( ) implementar uma estrutura organizacional
adequada;
( ) mobilizar e gerenciar os recursos disponíveis;
( ) coordenar as atividades como um todo;
( ) garantir a segurança;
( ) coordenar atividades com órgãos externos de apoio
e cooperação;
( ) divulgar informações junto à mídia;
( ) registrar as informações da operação em formulários
padronizados.

4.3 Staff/Assessoria de Comando


O staff/assessoria de comando é responsável
por algumas atribuições diretas do comando.
Seguindo a lógica contingencial do SCO, num
primeiro momento as atribuições peculiares desse staff
pessoal são desempenhadas pelo próprio comando, no
entanto, quando se tornam necessárias essas assessorias
vão sendo gradativamente ativadas, de forma a evitar
que o comando acabe sobrecarregado.

Estrutura organizacional do staff/assessoria de comando/SCO.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


21
4.3.1 Função segurança
O coordenador de segurança faz parte do staff/
assessoria do comando e é o responsável por avaliar
e monitorar constantemente condições inseguras de
trabalho no local da operação.

Lista de checagem das principais atribuições do


segurança:
( ) obter informações sobre a emergência ou situação
crítica e o SCO;
( ) avaliar os riscos da operação e identificar medidas
de segurança;
( ) recomendar medidas para o gerenciamento dos
riscos relacionados à operação;
( ) monitorar a segurança das pessoas envolvidas na
operação;
( ) estabelecer medidas preventivas com vistas a
redução do risco;
( ) informar ao comando, medidas de segurança
específicas para as pessoas que acessam as zonas de
trabalho da operação;
( ) interromper, de imediato, qualquer ato ou condição
insegura;
( ) registrar as situações inseguras constatadas;
( ) participar da elaboração do plano de ação sugerindo
medidas de segurança.

4.3.2 Função ligações


O coordenador de ligações faz parte do
staff/assessoria do comando e é o responsável pelo
enlace (contatos externos) com os representantes dos

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


22
organismos que estão auxiliando e cooperando com a
operação, especialmente aqueles que não estão no posto
de comando e autoridades políticas.

Lista de checagem das principais atribuições do


ligações:
( ) obter informações sobre a emergência ou situação
crítica e o SCO;
( ) estabelecer um ponto de contato para os organismos
que estão auxiliando e cooperando com a operação;
( ) identificar um representante (pessoa de contato) de
cada organismo envolvido;
( ) atender às solicitações do comando estabelecendo os
contatos externos necessários;
( ) monitorar as operações como um todo para
identificar possíveis conflitos ou problemas no
relacionamento entre os organismos envolvidos;
( ) manter um registro dos organismos que estão
auxiliando e cooperando com a operação e seus
respectivos contatos (telefone, celular, email).

4.3.3 Função informação ao público:


O coordenador de informações ao público faz
parte do staff/assessoria do comando e é o responsável
pela formulação e divulgação de informações sobre a
situação crítica e a operação para a mídia.

Lista de checagem das principais atribuições do


informação ao público:
( ) obter informações sobre a emergência ou situação

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


23
crítica e o SCO;
( ) produzir informes sobre a situação crítica e a
operação, tão logo quanto possível;
( ) estabelecer locais e horários para a divulgação de
informações;
( ) assumir pessoalmente ou identificar alguém
preparado para ser o porta-voz da operação (pessoa que
fala sobre o evento na mídia);
( ) estabelecer contatos regulares com a mídia para fins
de dissiminação de informações;
( ) observar as restrições para a divulgação de
informações estabelecidas pelo comando da operação;
( ) obter a aprovação dos informes antes de divulgados
na mídia;
( ) organizar coletivas e intermediar o contato do
comando com integrantes da imprensa em geral;
( ) controlar o acesso de integrantes da mídia na área de
operações.

4.3.4 Função secretário:


O coordenador da secretaria faz parte do staff/
assessoria do comando e é o responsável pelas tarefas
administrativas do comando.

Lista de checagem das principais atribuições do


secretário:
( ) obter informações sobre a emergência ou situação
crítica e o SCO;
( ) organizar as dependências do posto de comando,
providenciando serviços de apoio (água, café, lanches) e

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


24
limpeza;
( ) preparar reuniões de trabalho;
( ) registrar as decisões das reuniões de trabalho;
( ) resolver problemas relativos ao funcionamento do
posto de comando.

4.4 Staff Geral/Principal de Comando


O staff geral/principal de comando é constituído
pelas seções de operações, planejamento, logística e
administração/finanças.

Estrutura organizacional do staff geral/principal de comando/SCO.

4.4.1 Seção operações:


O chefe da seção de operações conduz as
atividades operacionais no nível tático, executando o
plano de ação do comando. Sob sua responsabilidade
encontram-se o encarregado da área de espera/
estacionamento e os demais coordenadores dos setores
operacionais (bombeiro, polícia, saúde, produtos
perigosos, abrigos, operações aéreas, etc.) que se fizerem
necessários.

Lista de checagem das principais atribuições do


operações:
( ) obter informações sobre a emergência ou situação

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


25
crítica e o SCO;
( ) participar da elaboração do plano de ação;
( ) dar ciência do plano de ação aos integrantes das
seções operacionais;
( ) supervisionar as operações como um todo;
( ) avaliar a necessidade de recursos adicionais e, caso
sejam necessários, solicitá-los ao encarregado da área de
espera;
( ) dispensar, se necessário, recursos em operação,
reencaminhando-os à área de espera;
( ) organizar os recursos operacionais disponíveis
em seções (apoio especializado) e/ou setores (áreas
geográficas);
( ) manter o comando informado sobre o andamento
das operações como um todo.

O SCO recomenda que o chefe de operações, na


qualidade de responsável pela supervisão do plano de
ação no nível tático, instale algumas seções ou setores
padronizados para facilitar seus trabalhos, das quais
destacam-se a área de espera/estacionamento e as seções
e setores operacionais.

4.4.2 Área de espera/estacionameto


O encarregado da área de espera/estacionamento
controla o local onde os recursos mobilizados irão chegar
e ficar a espera de emprego na operação. Cabe a ele fazer
o cadastramento de todos os recursos que integram o
SCO.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


26
Lista de checagem das principais atribuições do
encarregado da área de espera:
( ) obter, junto ao coordenador de operações,
informações sobre a emergência ou situação crítica e o
SCO;
( ) delimitar e sinalizar adequadamente a área de
espera;
( ) cadastrar os recursos mobilizados que chegam ao
local da emergência ou situação crítica;
( ) prestar orientações iniciais sobre a emergência ou
situação crítica ao pessoal que chega na área de espera/
estacionamento;
( ) orientar pessoas sem treinamento em SCO com as
informações mínimas para que possam integrar-se ao
sistema em operação;
( ) controlar a situação dos recursos, registrando as
informações em formulários próprios e repassando-as
continuamente ao coordenador de operações;
( ) designar recursos disponíveis conforme solicitado;
( ) estruturar equipes de intervenção (combinação
de recursos iguais) ou forças-tarefa (combinação de
recursos diferentes) combinando recursos disponíveis
conforme a necessidade do coordenador de operações.

4.4.3 Seções operacionais e setores operacionais


Os responsáveis pelas seções operacionais
controlam os seus recursos disponíveis usando como
critério a afinidade das atividades ou os objetivos de ação
tática, sendo ativados pelo coordenador de operações, de
acordo com o plano de ação.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


27
Os responsáveis pelas setores operacionais
controlam os seus recursos disponíveis usando como
critério a divisão geográfica, sendo igualmente ativados
pelo coordenador de operações, de acordo com o plano
de ação.

Lista de checagem das principais atribuições dos


responsáveis pelas seções e setores operacionais
Embora diferentes seções e setores operacionais
tenham aspectos peculiares de acordo com a atividade a
ser desenvolvida, há algumas atribuições comuns a todas
elas, a saber:
( ) obter, junto ao coordenador de operações,
informações sobre a emergência ou situação crítica e o
SCO;
( ) participar, quando acionado pelo coordenador de
operações, das reuniões de planejamento da operação;
( ) rever os objetivos específicos de sua seção ou setor
e desenvolver com os integrantes de suas equipes
alternativas para realizar as tarefas necessárias ao
cumprimento da missão;
( ) resolver problemas logísticos identificados pelos
integrantes de sua seção ou setor;
( ) manter o coordenador de operações informado
sobre o andamento das operações e relatar qualquer
modificação importante no plano de ação (progressos
ou dificuldades), qualquer necessidade adicional de
recursos, a possibilidade da liberação de recursos,
situações de risco ou outros problemas significativos.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


28
4.4.4 Seção planejamento:
O chefe da seção de planejamento prepara e
documenta o plano de ação para alcançar os objetivos e
prioridades estabelecidas pelo comando, coleta e avalia
informações, mantém um registro dos recursos e da
emergência ou situação crítica como um todo. Sob sua
responsabilidade encontram-se os líderes das unidades
de situação, recursos, documentação e mobilização/
desmobilização ou outros especialistas que se fizerem
necessários.

Lista de checagem das principais atribuições do


planejamento
( ) obter informações sobre a emergência ou situação
crítica e o SCO;
( ) ativar e supervisionar unidades e seções específicas
conforme a necessidade;
( ) obter, reunir, registrar, julgar, processar e
compartilhar informações;
( ) participar da elaboração, acompanhamento e
atualização do plano de ação,
( ) elaborar relatórios informando a situação e suas
futuras tendências;
( ) monitorar o conjunto de recursos mobilizados na
cena, incluindo aqueles que estão na área de espera, em
operação ou nas bases de apoio;
( ) documentar o evento, produzindo os devidos
expedientes necessários;
( ) planejar e implementar a desmobilização dos
recursos;
( ) coordenar a participação de especialistas e

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


29
colaboradores;
( ) ativar e supervisionar as unidades que se fizerem
necessárias.

Estrutura organizacional sugerida para a seção de planejamento/SCO.

O SCO recomenda que o chefe de planejamento,


na qualidade de responsável pela preparação e
documentação do plano de ação, instale algumas
unidades padronizadas para facilitar seus trabalhos,
das quais destacam-se as unidades de situação,
recursos, documentação, mobilização/desmobilização e
especialistas.
A unidade de situação acompanha a
evolução da emergência ou situação crítica, analisando
o seu desenvolvimento e mantendo quadros de
acompanhamento da situação. Além do líder, a unidade
de situação pode ter encarregados da manutenção dos
quadros de situação, observadores de campo e outros
especialistas, conforme as necessidades do evento.
A unidade de recursos registra e monitora
os recursos operacionais envolvidos na operação,

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


30
principalmente quando houver mais de um local de
cadastro.
A unidade de documentação é a responsável
por toda a parte escrita do plano de ação, mas também
registra, controla e arquiva documentos importantes
para o evento e a operação como um todo.
A unidade de mobilização/desmobilização é
responsável pela solicitação ou dispensa dos recursos
necessários à operação. Cabe a ela organizar os recursos
de forma segura e equilibrada, evitando tanto os
desperdícios (mobilizar recursos em excesso) quanto
o sub-dimensionamento das necessidades (tardar a
mobilização ou desmobilização de recursos).
A unidade de especialistas serve para
reunir pessoas com conhecimentos especializados que
cooperam em situações especiais e atendem necessidades
diferenciadas no planejamento da operação.

4.4.5 Seção logística:


O chefe da seção de logística fornece suporte,
recursos e outros serviços necessários ao alcance dos
objetivos e prioridades da operação como um todo. Sob sua
responsabilidade encontram-se os líderes das unidades
de suporte (normalmente atuam com suprimentos e
instalações) e serviços (comunicações, alimentação,
serviços médicos) que se fizerem necessários.

Lista de checagem das principais atribuições do


logística
( ) obter informações sobre a emergência ou situação
crítica e o SCO;

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


31
( ) planejar a organização da logística do SCO, ativando
e supervisionando unidades e seções específicas
conforme a necessidade;
( ) gerenciar as atividades de suporte da operação
(materiais, suprimentos e instalações);
( ) gerenciar as atividades de serviços da operação
(comunicações, alimentação, serviços médicos);
( ) supervisionar as atividades de suporte e serviços;
( ) manter o comando informado sobre o andamento
dos trabalhos logísticos da operação.

Estrutura organizacional sugerida para a seção de logística/SCO.

O SCO recomenda que o chefe de logística


instale algumas unidades padronizadas para facilitar
seus trabalhos, das quais destacam-se as unidades de
suporte e a unidade de serviços.
Os líderes da unidade de suporte providenciam
e distribuem suporte material para as operações e as

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


32
instalações ativadas, por meio de seções de suprimentos
(requisição, recepção e equipamentos/ferramentas) e
seções de instalações (vigilância, bases, campos e posto
de comando).
Os líderes da unidade de serviço prestam
serviços para os integrantes da operação por meio de
seções de comunicações, serviços médicos e alimentação.

4.4.6 Seção administração/finanças:


O chefe da seção de administração/finanças
controla e monitora os custos relacionados a operação
como um todo, providenciando o controle de emprego
de pessoal, horas trabalhadas para fins de indenização,
compras (orçamentos, contratos, pagamentos) e custos.
Sob sua responsabilidade encontram-se os líderes das
unidades de emprego, compras, indenizações e custos,
ou outras que se fizerem necessárias.

Lista de checagem das principais atribuições do


administração/finanças
( ) obter informações sobre a emergência ou situação
crítica e o SCO;
( ) planejar a organização da administração do
SCO, ativando e supervisionando unidades e seções
específicas conforme a necessidade;
( ) realizar o controle de horas de trabalho do pessoal e
equipamentos empregados para fins de pagamento;
( ) providenciar orçamentos, contratos, pagamentos
que se fizerem necessárias;
( ) controlar e registrar os custos da operação como um

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


33
todo;
( ) manter o comando informado sobre o andamento
dos trabalhos administrativos e financeiros da operação.

Estrutura organizacional sugerida para a seção de administração/finanças/SCO.

O SCO recomenda que o chefe de administração/


finanças instale algumas unidades padronizadas para
facilitar seus trabalhos, das quais destacam-se as unidades
de emprego, compras, indenizações e custo.
Os líderes da unidade de emprego providenciam
controla as horas de trabalho do pessoal e equipamentos
empregado na operação para fins de pagamento, hora
extra e adicional noturno, diárias no caso de deslocamento,
além de indenizações por mortes ou lesões de trabalho.
Os líderes da unidade de compras efetuam os
procedimentos legais para a compra ou contratação de
bens e serviços (orçamentos, contratos, pagamentos)
tanto para o pessoal empregado na operação como
também para a população afetada pela emergência ou
situação crítica.
Os líderes da unidade de custos controlam
os gastos da operação, a fim de determinar o custo da
mesma e identificar a necessidade de recursos financeiros
adicionais.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


34
Comando
Comando

Informações ao público

Estrutura organizacional padrão sugerida para o SCO


Ligações

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


Segurança
4.5 Estrutura Organizacional Padrão do SCO:

Secretaria

Operações Planejamento Logística Administração/finanças

Emprego

35
Encarregado da Suporte
Situação
área de espera

Compras
Seção de Bombeiro Recursos Suprimentos

Custo
Instalações
Seção Policial Documentação

Seção de Saúde Mobilização/ Serviços


desmobilização

Seção de Defesa Civil Especialistas Comunicações

Encarregado de Serviços médicos


Operações Aéreas

Alimentação
CAPÍTULO 5 – INSTALAÇÕES E ÁREAS
PADRONIZADAS DO SCO
5.1 Instalações padronizadas
O uso de instalações padronizadas é uma
das características básicas do SCO e representa um
instrumento importante para a organização do espaço
físico do cenário de uma emergência ou situação crítica.
As 6 (seis) principais instalações padronizadas
recomendadas pelo SCO são: posto de comando (PC),
base de apoio, acampamento, centro de informações ao
público, helibases e helipontos.
As instalações são determinadas pelo comando
da operação em função das necessidades e complexidade
da situação crítica. Com exceção do posto de comando
(que deve ser instalado em todas as operações), somente
devem ser ativadas aquelas instalações e áreas que se
fizerem realmente necessárias, evitando desperdício de
tempo e recursos.

5.1.1 Posto de Comando


O posto de comando é o local onde são
desenvolvidas as atividades de comando da operação.
Sua instalação deve ocorrer logo após a ativação do
SCO.
A simbologia utilizada para indicar o posto de
comando é representada por um retângulo de cor laranja
com as letras PC em cor preta no centro.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


36
Simbologia do posto de comando (PC) do SCO.

Algumas dicas importante que devem ser


consideradas na instalação de um posto de comando
são:
 Quanto à segurança, o PC deve ser posicionado
em um local seguro, preferencialmente silencioso
e protegido das intempéries;
 Quanto ao posicionamento, é desejável que o
PC permita uma boa visualização da situação
crítica e das operações mais importantes, sem
no entanto comprometer sua segurança;
 Quanto à identificação, é igualmente desejável
que o PC seja instalado em local de fácil acesso
e visualização por parte dos integrantes da
operação;
 Quanto à capacidade de ampliação, é importante
que o PC possa expandir-se para abrigar
mais pessoal, novas funções e ocupar maiores
espaços;
 Finalmente, em operações mais prolongadas
que exigem vários dias de trabalho continuado,
é recomendável que o PC tenha acomodações
ampliadas para a realização de reuniões, área
de descanso, ambientes para preparação de
alimentos e refeitório.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


37
5.1.2 Bases ou bases de apoio
As bases de apoio são os locais onde são
desenvolvidas as atividades logísticas, que incluem
abastecimento e manutenção de veículos, reparo e
substituição de equipamentos e materiais, estoque de
suprimentos, etc.
As bases são instaladas somente em eventos
mais complexos que exigem maior aporte logístico ou
durante operações mais prolongadas.
A simbologia utilizada para indicar uma base de
apoio é representada por um círculo de cor amarela com
a letra B em cor preta no centro.

Simbologia de uma base de apoio do SCO.

Algumas dicas importante que devem ser


consideradas na instalação de uma base de apoio são:
 Quanto à segurança, a base deve ser posicionada
em um local seguro na zona de suporte (área
fria) da operação;
 Quanto ao posicionamento, é desejável
que a base seja posicionada numa distância
equilibrada (nem perto demais, nem longe
demais) de forma que sua operacionalização
não interfira nos trabalhos da área quente,
nem comprometa a mobilidade dos recursos
necessários à operação;

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


38
 Quanto à identificação, é igualmente desejável
que a base seja instalada em local de fácil acesso
e localização por parte daqueles que necessitem
dispor ou requisitar recursos para a operação;
 Quanto à capacidade de ampliação, é importante
que as bases possam expandir-se e ocupar
espaços maiores quando necessário;
 Finalmente, os responsáveis pelas bases devem
prever vigilância continuada para proteção
e segurança patrimonial dos equipamentos e
materiais armazenados.

5.1.3 Acampamento
Os acampamentos, também chamados de
campos, são os locais de apoio dos recursos humanos
da operação, ou seja, o local onde as pessoas conseguem
alojamento, alimentação, atendimento médico, assistência
psicológica, área para banho, etc.
Os acampamentos são instalados somente em
eventos mais prolongados ou naquelas situações em que
a natureza do evento exige o deslocamento de recursos
operacionais a partir de áreas mais distantes.
A simbologia utilizada para indicar um
acampamento é representada por um círculo de cor
amarela com a letra A em cor preta no centro.

Simbologia de um acampamento do SCO.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


39
Algumas dicas importante que devem ser
consideradas na instalação de um acampamento são:
 Quanto à segurança, o acampamento deve ser
posicionado em um local seguro na zona de
suporte (área fria) da operação;
 Quanto ao posicionamento, é desejável que o
acampamento seja posicionado numa distância
equilibrada (nem perto demais, nem longe
demais) de forma que sua operacionalização
não interfira nos trabalhos da área quente, nem
exija deslocamentos muito distantes no início e
no fim de cada período operacional;
 Quanto à identificação, é igualmente desejável
que o acampamento seja instalado em local de
fácil acesso e localização por parte das equipes
que para eles se deslocam ao fim de cada período
operacional;
 Quanto à capacidade de ampliação, é importante
que os acampamentos possam expandir-se e
ocupar espaços maiores quando necessário, ou
mesmo, que possam ser posicionados em locais
diferentes (mais de um acampamento);
 Finalmente, os responsáveis pelos
acampamentos devem prever vigilância
continuada para proteção e segurança
patrimonial dos equipamentos e materiais da
operação, bem como, para os bens pessoais das
equipes hospedadas.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


40
5.1.4 Centro de informação ao público
Os centros de informação pública são os locais
onde são desenvolvidas as atividades de atendimento à
mídia.
Esse centro somente é instalado quando a
situação crítica gera uma expectativa de presença
significativa de profissionais da imprensa ou ainda
nos casos em que existe uma necessidade de produção
e disseminação de informações sobre a operação ou o
evento.
A simbologia utilizada para indicar um centro
de informação pública é representada por um triângulo
de cor amarela com a letra I em cor preta no centro.

Simbologia de um centro de informação ao público do SCO.

Algumas dicas importante que devem ser


consideradas na instalação de um centro de informação
ao público são:
 Quanto à segurança, o centro de informação
pública deve ser posicionado em um local seguro
na zona de suporte (área fria) da operação;
 Quanto ao posicionamento, é desejável que o
centro de informação pública seja posicionado
numa distância equilibrada (nem perto demais,
nem longe demais do PC) de forma que o
comando e sua equipe de colaborados tenham

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


41
garantida sua privacidade, mas também as
equipes de mídia possam ter acesso facilitado às
informações;
 Quanto à identificação, é igualmente desejável
que o centro de informação pública seja instalado
em local de fácil acesso e localização por parte
das equipes de mídia;
 Quanto a sua estrutura física, embora em
eventos maiores seja desejável o uso de uma
edificação com facilidades de energia elétrica,
comunicações, sala de reuniões para entrevistas
coletivas, etc., o centro de informações ao público
pode ser simplesmente um local designado e
demarcado no terreno;
 Quanto à capacidade de ampliação, é importante
que os centros de informação ao público possam
expandir-se e ocupar espaços maiores quando
necessário;
 Finalmente, os responsáveis pelos centros de
informação ao público devem prever vigilância
continuada para proteção e segurança
patrimonial dos equipamentos e materiais
existentes.

5.1.5 Helibases e helipontos


Helibases são locais onde são desenvolvidas
as atividades de suporte às operações aéreas, tais
como estacionamento, abastecimento e manutenção de
aeronaves. Já os helipontos são locais destinados somente
ao embarque e desembarque de pessoal e equipamentos

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


42
em aeronaves, sem uma estrutura de suporte específica.
As helibases somente são instaladas em eventos
mais prolongados ou quando a distância entre o incidente
a o aeródromo/heliporto mais próximo for prejudicial
para a autonomia e agilidade das operações. Já os
helipontos são instalados de acordo com as necessidades
operacionais da operação.
A simbologia utilizada para indicar uma helibase
é representada por um círculo de cor amarela com a letra
H em cor preta no centro. A simbologia utilizada para
indicar um heliponto é também representada por um
círculo de cor amarela com a letra H acrescida de um
numeral indicativo, ambos em cor preta no centro do
círculo.

Simbologias de uma helibase e de um heliponto do SCO.

Algumas dicas importante que devem ser


consideradas na instalação de helibases e helipontos são:
 As helibases e os helipontos deverão adotar
normas específicas de segurança em função dos
riscos decorrentes das operações aéreas;
 Os responsáveis pelas helibases devem prever
vigilância continuada para proteção e segurança
patrimonial das aeronaves, equipamentos e
materiais distribuídos, bem como, para os

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


43
bens pessoais das equipes de pilotos e demais
envolvidos.

5.2 Áreas padronizadas


O emprego de áreas de atendimento
padronizadas também é uma das características básicas
do SCO que melhora a qualidade das operações e
poupa tempo, diminuindo as dificuldades iniciais de
organização de uma operação de resposta. As duas
principais áreas padronizadas recomendadas pelo SCO
são: área de espera e área de concentração de vítimas.

5.2.1 Área de espera


A área de espera, também chamada de
estacionamento, é o local delimitado e identificado onde
os recursos operacionais são recepcionados, cadastrados
e permanecem disponíveis até seu emprego.
A área de espera deve ser instalada logo
depois de identificada a necessidade da mobilização de
uma quantidade maior de recursos operacionais. Para
facilitar o processo de controle, os recursos operacionais
devem ser anotados pelo encarregado da área de espera,
preferencialmente em formulários padronizados.
A simbologia utilizada para indicar uma área de
espera é representada por um círculo de cor amarela com
a letra E em cor preta no centro do círculo.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


44
Simbologia de uma área de espera do SCO.

Algumas dicas importante que devem ser


consideradas na instalação de uma área de espera são:
 Quanto à segurança, a área de espera deve ser
posicionada em um local seguro na zona de
suporte (área fria) da operação;
 Quanto ao posicionamento, desde que não
comprometa a segurança, é desejável que a área
de espera seja posicionada o mais próximo do
local da emergência de forma a evitar perda de
tempo no emprego dos recursos operacionais
mobilizados e disponíveis;
 Quanto à visualização, é igualmente desejável
que a área de espera seja instalada em local de
fácil acesso tanto para aqueles que chegam no
local da emergência, como também para seu
pronto emprego na operação. É fundamental
que essa área seja facilmente identificada
pelas pessoas que chegam na situação crítica e
garanta que nenhum recurso seja perdido ou
não cadastrado;
 Quanto à capacidade de ampliação, é importante
que a área de espera possa expandir-se e ocupar
ambientes maiores quando necessário;

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


45
 Em eventos mais prolongados, é recomendável
que a área de espera estruture espaços de apoio
para descanso, alimentação, realização de
reuniões, registro de dados, etc.;
 Finalmente, os responsáveis pela área de
espera devem prever vigilância continuada
para proteção e segurança patrimonial dos
equipamentos e materiais nela abrigados.

5.2.2 Área de concentração de vítimas


A área de concentração de vítimas é o local onde
os vitimados pela situação crítica são reunidos, triados
e recebem atendimento inicial até serem transportadas
para estabelecimentos hospitalares.
Sempre que há um elevado número de vítimas
na cena da emergência é quase impossível cuidar de
todos ao mesmo tempo, assim a triagem é usada para
auxiliar na identificação das vítimas que necessitam de
cuidados imediatos.
A área de concentração de vítimas deve ser
instalada logo depois de identificada a existência de
múltiplas vítimas na cena de emergência.
A simbologia utilizada para indicar uma área de
concentração de vítimas é representada por um círculo
de cor amarela com as letras ACV em cor preta no centro
do círculo.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


46
Simbologia de uma área de concentração de vítimas do SCO.

Algumas dicas importante que devem ser


consideradas na instalação de uma área de concentração
de vítimas são:
 Quanto à segurança, a área de concentração de
vítimas deve ser posicionada em um local seguro
na zona de suporte (área fria) da operação;
 Quanto ao posicionamento, desde que não
comprometa a segurança, é desejável que a área
de concentração de vítimas seja posicionada
o mais próximo do local da emergência de
forma a facilitar a triagem, o tratamento e o
início do transporte das vítimas para unidades
hospitalares adequadas;
 Quanto à visualização, é igualmente desejável
que a área de concentração de vítimas seja
instalada em local de fácil acesso e identificação
para os integrantes das unidades que prestarão
socorro aos vitimados, bem como, para aqueles
que atuarem no deslocamento das vítimas até as
unidades hospitalares;
 Quanto à capacidade de ampliação, é importante
que a área de concentração de vítimas possa
expandir-se e ocupar ambientes maiores quando
tal situação se fizer necessária;

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


47
 Quanto à lógica de atendimento, a organização
da área de concentração de vítimas deve permitir
um fluxo acelerado, mas seguro, para as equipes
e veículos de emergência responsáveis pela
triagem, estabilização e remoção dos feridos
até as unidades hospitalares, preferencialmente
com acessos e rotas diferenciadas de entrada e
saída na ACV;
 Finalmente, os responsáveis pela área de
concentração de vítimas devem prever vigilância
e isolamento para proteção patrimonial dos
equipamentos, materiais e bens pessoais das
vítimas, bem como, para evitar o acesso de
pessoas (parentes das vítimas, curiosos, etc.)
estranhas à operação.

5.3 O emprego de zonas de trabalho em situações


críticas
O SCO recomenda a organização da área
envolvida em uma situação crítica em diferentes zonas
de trabalho, de acordo com o tipo de emergência, a
natureza das tarefas a serem realizadas e o risco presente
no cenário em questão.
A divisão da área de atuação em diferentes
zonas de trabalho facilita a coordenação das operações e
o controle dos recursos operacionais, além de servir para
aumentar a segurança das operações.
As zonas de trabalho devem ser divididas em
três áreas distintas: área quente (local de maior risco
com acesso restrito), área morna (local intermediário não

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


48
totalmente seguro com acesso e circulação igualmente
restritos) e área fria (local seguro que abriga as instalações
e recursos que darão suporte à operação).
As zonas de trabalho devem ser delimitadas
com fitas coloridas, e, se possível, também mapeadas.
Todas essas áreas fazem parte do teatro de operações e
são delimitadas por acessos e corredores que servem para
melhor controlar a situação como um todo. A dimensão
das zonas e os pontos de controle de acesso devem ser do
conhecimento de todos os envolvidos na operação.

5.3.1 Área quente


A área quente é o local onde se produziram
mais intensamente os efeitos do fenômeno causador
da emergência ou situação crítica. É nessa área que
serão desenvolvidas as operações de maior risco e
complexidade.
A área quente é considerada uma zona de
exclusão que deve ser delimitada pela chamada linha
quente.
O principal objetivo de estabelecer uma área
quente no espaço das operações é restringir o acesso de
pessoas no local e minimizar os riscos da situação crítica,
prevenindo novos acidentes.

5.3.2 Área morna


A área morna é uma localidade intermediária
entre a área quente (de maior risco) e a área fria (totalmente
segura). Na área morna o acesso e a circulação ainda são
restritos, mas as condições de risco não são tão altas,

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


49
propiciando uma área onde os profissionais envolvidos
possam repassar orientações, trocar equipamentos e
materiais, fazer verificações de segurança e passar por
procedimentos de descontaminação, ao sair ou mesmo
antes de entrar propriamente na área quente. Por isso,
toda a entrada ou saída da área quente deverá ser
realizada nesse ponto.

5.3.3 Área fria


A área fria é o local que abriga as instalações e
os recursos que darão suporte às atividades da operação
como um todo. Ela é considerada uma área segura. Apesar
da circulação ser livre na área fria ou área de suporte,
devem ser providenciados procedimentos de segurança
para restringir a circulação e o acesso a cercas instalações
de apoio da operação, tais como, o posto de comando, a
área de espera, as bases de apoio, e outras que o comando
julgar necessárias.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


50
GLOSSÁRIO DE TERMOS

Este glossário contém algumas definições de termos


frequentemente utilizados nos documentos sobre SCO,
bem como, expressões não definidas no corpo deste guia
de bolso.

Acampamento - Também chamado de campo, refere-se ao


local de apoio dos recursos humanos da operação, o local
onde as pessoas conseguem alojamento, alimentação,
atendimento médico, assistência psicológica, área para
banho, etc. A simbologia utilizada para indicar um
acampamento é representada por um círculo de cor
amarela com a letra A em cor preta no centro.
Acidente com Múltiplas Vítimas - Qualquer emergência
que envolva muitas vítimas e sobrecarregue as unidades
de socorro.
Amplitude de Controle - Também chamada de amplitude
administrativa, se refere ao número ideal de pessoas
que um superior pode supervisionar pessoalmente, de
maneira eficiente e eficaz.
Área de Concentração de Vítimas - Local onde os
vitimados pela situação crítica são reunidos, triados e
recebem atendimento inicial até serem transportadas para
estabelecimentos hospitalares. A simbologia utilizada
para indicar uma área de concentração de vítimas é
representada por um círculo de cor amarela com as letras
ACV em cor preta no centro do círculo.
Área de Espera - Também chamada de estacionamento,
é o local delimitado e identificado onde os recursos
operacionais são recepcionados, cadastrados e

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


51
permanecem disponíveis até seu emprego. A simbologia
utilizada para indicar uma área de espera é representada
por um círculo de cor amarela com a letra E em cor preta
no centro do círculo.
Ações de Resposta - Conjunto de ações que visam
socorrer e auxiliar as pessoas em situação de risco,
reduzir danos e prejuízos e garantir o funcionamento dos
sistemas essenciais de uma determinada comunidade.
Ações Iniciais - Ações executadas pelos primeiros
recursos operacionais envolvidos na operação de resposta
com capacidade para agir.
ÁreaQuente-Localondeseproduzirammaisintensamente
os efeitos do fenômeno causador da emergência ou
situação crítica. É nessa área que serão desenvolvidas as
operações de maior risco e complexidade.
Área Morna - Localidade intermediária entre a área
quente (de maior risco) e a área fria (totalmente
segura). Neste ponto, o acesso e a circulação ainda são
restritos, mas as condições de risco não são tão altas,
propiciando uma área onde os profissionais envolvidos
possam repassar orientações, trocar equipamentos e
materiais, fazer verificações de segurança e passar por
procedimentos de descontaminação ao sair, ou antes de
entrar propriamente na área quente.
Área Fria - Local que abriga as instalações e os recursos
que darão suporte às atividades da operação como um
todo. Ela é considerada uma área segura.
Base - Também chamada de base de apoio, é o local
onde são desenvolvidas as atividades logísticas, que
incluem abastecimento e manutenção de veículos, reparo
e substituição de equipamentos e materiais, estoque de

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


52
suprimentos, etc. A simbologia utilizada para indicar
uma base é representada por um círculo de cor amarela
com a letra B em cor preta no centro.
Boas práticas - resultado de ideias, preferencialmente
inovadoras, que servem para solucionar problemas num
determinado contexto.
Cadeia de Comando - Linha ininterrupta de autoridade
que liga as pessoas dentro do SCO. Essa linha representa
o caminho por onde fluem as ordens, orientações e
informações entre os diferentes níveis organizacionais.
Comando Único - Situação na qual apenas uma pessoa,
representando sua organização, assume formalmente o
comando da operação como um todo, sendo o responsável
pelo gerenciamento de todas as atividades relativas a
situação crítica.
Comando Unificado - Situação na qual é usada uma
abordagem mais cooperativa, na qual representantes das
diferentes organizações envolvidas na resposta a situação
crítica atuam em conjunto, a partir do estabelecimento de
objetivos e prioridades comuns.
Cadastro de recursos - Processo através do qual todos
os recursos operacionais mobilizados (independente da
organização a quem pertencem) devem ser cadastrados e
receber designações de acordo com o Plano de Ação.
Centro de Informação ao Público - Local onde são
desenvolvidas as atividades de atendimento à mídia.
A simbologia utilizada para indicar um centro de
informação pública é representada por um triângulo de
cor amarela com a letra I em cor preta no centro.
Chefe da Seção de Operações - Cabe ao responsável pela
função operações: conduzir as atividades operacionais

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


53
no nível tático, executando o plano de ação do comando.
Chefe da Seção de Planejamento - Cabe ao responsável
pela função planejamento: preparar e documentar o
plano de ação de acordo com os objetivos e prioridades
estabelecidas pelo comando, coletar e avaliar informações
e registrar os recursos da operação como um todo.
Chefe da Seção de Logística - Cabe ao responsável pela
função logística: fornecer suporte, recursos e outros
serviços necessários ao alcance dos objetivos e prioridades
da operação como um todo.
Chefe da Seção de Administração/Finanças - Cabe
ao responsável pela função administração/finanças:
controlar e monitorar os custos relacionados a operação
como um todo, providenciando o controle de emprego
de pessoal, horas trabalhadas para fins de indenização,
compras (orçamentos, contratos, pagamentos) e custos.
Comando (ação) – Ato de planejar, organizar, dirigir e
controlar as atividades de resposta numa emergência
ou situação crítica em virtude de uma autoridade legal,
própria ou delegada.
Comando (função) - O comando é o responsável pela
operação de resposta como um todo. Cabe ao responsável
pelo comando da operação: instalar o SCO, avaliar
a situação, designar instalações e áreas, estruturar o
organograma, definir objetivos e prioridades, desenvolver
um plano de ação e coordenar todas as atividades
administrativas (planejamento, organização, direção e
controle) da operação.
Coordenador de Segurança - Cabe ao responsável
pela segurança da operação: avaliar e monitorar
constantemente condições inseguras de trabalho no local

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


54
da operação.
Coordenador de Ligações - Cabe ao responsável pelos
contatos externos da operação: controlar a ligação
(contatos externos) com os representantes dos organismos
que estão auxiliando e cooperando com a operação,
especialmente autoridades políticas e aqueles que não
estão presentes no posto de comando.
Coordenador de Informações ao Público - Cabe ao
responsável pela informação ao público da operação:
formular e divulgar informações sobre a situação crítica e
a operação como um todo para a mídia em geral.
Coordenador da Secretaria - Cabe ao responsável pela
secretaria: responsabilizar-se pelas tarefas administrativas
do comando.
Desmobilização - Retorno planejado, organizado,
controlado e seguro de um recurso operacional à
organização a que pertence. O plano de desmobilização
deve garantir que todos os recursos operacionais sejam
desmobilizados, todos os materiais e equipamentos
devolvidos e os formulários devidamente preenchidos.
Dimensionamento - Processo mental de avaliação de
todos os fatores de influência numa cena de emergência
antes de levar a cabo ações de emprego de pessoal e
recursos. Avaliação e interpretação de informações na
cena da emergência para determinar ações de controle e
fundamentar a tomada de decisão.
Equipe de intervenção - É a combinação de recursos
únicos do mesmo tipo agrupados para uma tarefa tática
específica, sob a supervisão de um líder ou responsável.
Emergência - Situação que exige uma intervenção
imediata de profissionais capacitados com equipamentos

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


55
adequados, mas que pode ser atendida pelos recursos
normais de resposta, sem a necessidade de ações de
gerenciamento ou procedimentos especiais.
Força-tarefa - Qualquer combinação de diferentes recursos
únicos constituída para uma tarefa tática específica, sob a
supervisão de um líder ou responsável.
Formulário SCO 201 - Documento padronizado que
serve para registrar uma série de informações básicas
sobre a operação.
Gerenciamento de emergências - também chamado
de gerenciamento de desastres é a organização e a
gestão dos recursos e responsabilidades para abordar
todos os aspectos das emergências, especialmente a
preparação, a resposta e os passos iniciais da reabilitação
(reconstrução).
Helibase - Local onde são desenvolvidas as atividades de
suporte às operações aéreas, tais como estacionamento,
abastecimento e manutenção de aeronaves. A simbologia
utilizada para indicar uma helibase é representada por
um círculo de cor amarela com a letra H em cor preta no
centro.
Heliponto - Local destinado somente ao embarque e
desembarque de pessoal e equipamentos em aeronaves,
sem uma estrutura de suporte específica. A simbologia
utilizada para indicar um heliponto é representada por
um círculo de cor amarela com a letra H acrescida de um
numeral indicativo, ambos em cor preta no centro do
círculo.
Instalações Padronizadas – São os espaços físicos
(móveis ou fixos) onde um conjunto de atividades pré-
determinadas do SCO são desenvolvidas. As instalações

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


56
padronizadas recomendadas pelo SCO são: posto de
comando (PC), base de apoio, acampamento, centro de
informações ao público, helibases e helipontos.
Líder da Unidade de Situação - Responsável que
acompanha a evolução da emergência ou situação crítica,
analisando o seu desenvolvimento e mantendo quadros
de acompanhamento da situação.
Líder da Unidade de Recursos - Responsável que
registra e monitora os recursos operacionais envolvidos
na operação, principalmente quando houver mais de um
local de cadastro.
Líder da Unidade de Documentação - Responsável
por toda a parte escrita do plano de ação, que também
registra, controla e arquiva documentos importantes da
operação como um todo.
Líder da Unidade de Mobilização/Desmobilização -
Responsável pela solicitação ou dispensa dos recursos
necessários à operação.
Líder da Unidade de Especialistas - Responsável pela
reunião de pessoas com conhecimentos especializados que
cooperam em situações especiais e atendem necessidades
diferenciadas no planejamento da operação.
Líder da Unidade de Suporte - Responsável por
providenciar e distribuir suporte material para as
operações e as instalações ativadas, por meio de seções
de suprimentos (requisição, recepção e equipamentos/
ferramentas) e seções de instalações (vigilância, bases,
campos e posto de comando).
Líder da Unidade de Serviço - Responsável por prestar
serviços para os integrantes da operação por meio de
seções de comunicações, serviços médicos e alimentação.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


57
Líder da Unidade de Emprego - Responsável por
controlar as horas de trabalho do pessoal e equipamentos
empregado na operação para fins de pagamento, hora
extra e adicional noturno, diárias no caso de deslocamento,
além de indenizações por mortes ou lesões de trabalho.
Líder da Unidade de Compras - Responsável pelos
procedimentos legais para a compra ou contratação de
bens e serviços (orçamentos, contratos, pagamentos)
tanto para o pessoal empregado na operação como
também para a população afetada pela emergência ou
situação crítica.
Líder da Unidade de Custos - Responsável pelo controle
dos gastos da operação, a fim de determinar o custo da
mesma e identificar a necessidade de recursos financeiros
adicionais.
Mobilização - Ação de reunir recursos operacionais
solicitados através de processos de ativação, deslocamento,
posicionamento, cadastramento e disposição com vistas
ao gerenciamento de uma emergência ou situação
crítica.
Organização colaboradora - Organização que participa
direta ou indiretamente da resposta a uma emergência ou
situação crítica, porém não integra o comando unificado
da operação.
Organização respondedora - Organização que participa
diretamente da resposta a uma emergência e faz parte do
comando unificado da operação.
Organograma do SCO - O organograma é uma
representação visual da estrutura organizacional
padronizada do SCO, nele estão representadas as
principais funções do staff de assessoria do comando e

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


58
do staff geral do SCO.
Período Operacional - Período de tempo estipulado para
a execução de um Plano de Ação.
Plano de Ação - Documento escrito que fornece as pessoas
e organizações envolvidas no SCO uma ideia geral da
situação, dos recursos disponíveis e, especialmente, dos
objetivos e prioridades a alcançar num determinado
período operacional, otimizando os esforços e gerando
sinergia. Na fase inicial da operação, o plano de ação
poderá ser apenas verbal.
Plano de Comunicações - Documento que organiza
através de diferentes redes de comunicação (comando,
tática, administrativa, logística, operações aéreas) quem
conversa com quem e como durante toda a operação.
Porta Voz - Pessoa que fala sobre o evento (situação crítica)
na mídia. Profissional que recebeu treinamento para
assumir a responsabilidade de realizar pronunciamentos
públicos de forma apropriada através da mídia.
Posto de Comando - O posto de comando é o local
definido e identificado onde são desenvolvidas as
atividades de comando (administração) da operação. A
simbologia utilizada para indicar o posto de comando
é representada por um retângulo de cor laranja com as
letras PC em cor preta no centro.
Recurso Único - É o equipamento somado ao seu
complemento em pessoal pronto para emprego tático na
operação sob a supervisão de um líder ou responsável.
Recurso Logístico - qualquer modalidade de serviço ou
suprimento necessário à operação de resposta (exemplo:
alimentação, colchões, travesseiros e cobertores,
equipamentos de comunicação, etc.)

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


59
Recurso Operacional - menor unidade operacional
gerenciada, composta pelos equipamentos e seus
operadores. Qualquer recurso em condições de pronto
emprego operacional (exemplo: um helicóptero com
a sua tripulação, uma ambulância com sua equipe de
socorro, etc.).
Recurso Operacional Designado - Recurso operacional
cadastrado que foi designado para a realização de uma
determinada atividade ou tarefa.
Recurso Operacional Disponível - Recurso operacional
que após chegar na área de espera e ser cadastrado,
permanecendo pronto para emprego imediato.
Recurso Operacional Indisponível - Recurso operacional
cadastrado na operação e não disponível para a realização
imediata de uma determinada atividade ou tarefa por
algum problema ou limitação temporária.
Rede de Comando - rede de comunicação integrante
do plano de comunicações que regula as comunicações
entre o comando e sua assessoria (staff) de comando e
o staff principal (operações, planejamento, logística e
administração).
Rede Tática - rede de comunicação integrante do plano
de comunicações que regula as comunicações entre as
pessoas e equipes subordinadas ao coordenador de
operações.
Rede Administrativa - rede de comunicação integrante
do plano de comunicações que regula as comunicações
não operacionais entre o comando e sua assessoria com
órgãos externos que estão cooperando com o SCO.
Rede Logística - rede de comunicação integrante do
plano de comunicações que regula as comunicações que

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


60
tratam de assuntos referentes a suprimentos, serviços e
instalações.
Rede de Operações Aéreas - rede de comunicação
integrante do plano de comunicações que regula as
comunicações do pessoal de operações aéreas.
Sistema de Comando em Operações (SCO) - ferramenta
gerencial que padroniza as ações de resposta em
situações críticas de qualquer natureza ou tamanho, a
partir da adoção de uma estrutura organizacional pré-
definida e integrada. Utilizando as melhores práticas de
administração, o SCO ajuda a garantir: maior segurança
para as equipes de resposta e demais envolvidos na
situação crítica, o alcance de objetivos e prioridades
previamente estabelecidas, e o uso eficiente e eficaz dos
recursos (humanos, materiais, financeiros, tecnológicos e
de informação) disponíveis.
Situação Crítica – Situação cuja característica de risco
exige, além de uma intervenção imediata de profissionais
capacitados com equipamentos adequados, uma postura
organizacional não rotineira para o gerenciamento
integrado das ações de resposta.
Triagem - Processo para classificar pessoas feridas de
acordo com o tipo de assistência exigida e priorizar os
que necessitam cuidados imediatos.
Unidade de Comando - Expressão que significa que cada
indivíduo responde a apenas uma pessoa, a quem deve
reportar-se durante toda a operação.

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - GUIA DE CAMPO


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19/02/2021 L12608

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 12.608, DE 10 DE ABRIL DE 2012.

Institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil -


PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e
Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção
Vigência e Defesa Civil - CONPDEC; autoriza a criação de sistema de
informações e monitoramento de desastres; altera as Leis nºs
Conversão da Medida Provisória nº 547, de 2011) 12.340, de 1º de dezembro de 2010, 10.257, de 10 de julho
de 2001, 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.239, de 4 de
outubro de 1991, e 9.394, de 20 de dezembro de 1996; e dá
outras providências.

O VICE–PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber


que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO i

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC, dispõe sobre o Sistema Nacional
de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil - CONPDEC, autoriza a
criação de sistema de informações e monitoramento de desastres e dá outras providências.

Parágrafo único. As definições técnicas para aplicação desta Lei serão estabelecidas em ato do Poder Executivo
federal.

Art. 2º É dever da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios adotar as medidas necessárias à
redução dos riscos de desastre. (Regulamento)

§ 1º As medidas previstas no caput poderão ser adotadas com a colaboração de entidades públicas ou privadas e
da sociedade em geral.

§ 2º A incerteza quanto ao risco de desastre não constituirá óbice para a adoção das medidas preventivas e
mitigadoras da situação de risco.

CAPÍTULO Ii

DA POLÍTICA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL - PNPDEC

Seção I

Di retrizes e Objetivos

Art. 3º A PNPDEC abrange as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação voltadas à
proteção e defesa civil.

Parágrafo único. A PNPDEC deve integrar-se às políticas de ordenamento territorial, desenvolvimento urbano,
saúde, meio ambiente, mudanças climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência e
tecnologia e às demais políticas setoriais, tendo em vista a promoção do desenvolvimento sustentável.

Art. 4º São diretrizes da PNPDEC:


www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12608.htm 1 /11
19/02/2021 L12608
I - atuação articulada entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para redução de desastres e
apoio às comunidades atingidas;

II - abordagem sistêmica das ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação;

III - a prioridade às ações preventivas relacionadas à minimização de desastres;

IV - adoção da bacia hidrográfica como unidade de análise das ações de prevenção de desastres relacionados a
corpos d’água;

V - planejamento com base em pesquisas e estudos sobre áreas de risco e incidência de desastres no território
nacional;

VI - participação da sociedade civil.

Art. 5º São objetivos da PNPDEC:

I - reduzir os riscos de desastres;

II - prestar socorro e assistência às populações atingidas por desastres;

III - recuperar as áreas afetadas por desastres;

IV - incorporar a redução do risco de desastre e as ações de proteção e defesa civil entre os elementos da gestão
territorial e do planejamento das políticas setoriais;

V - promover a continuidade das ações de proteção e defesa civil;

VI - estimular o desenvolvimento de cidades resilientes e os processos sustentáveis de urbanização;

VII - promover a identificação e avaliação das ameaças, suscetibilidades e vulnerabilidades a desastres, de modo
a evitar ou reduzir sua ocorrência;

VIII - monitorar os eventos meteorológicos, hidrológicos, geológicos, biológicos, nucleares, químicos e outros
potencialmente causadores de desastres;

IX - produzir alertas antecipados sobre a possibilidade de ocorrência de desastres naturais;

X - estimular o ordenamento da ocupação do solo urbano e rural, tendo em vista sua conservação e a proteção da
vegetação nativa, dos recursos hídricos e da vida humana;

XI - combater a ocupação de áreas ambientalmente vulneráveis e de risco e promover a realocação da população


residente nessas áreas;

XII - estimular iniciativas que resultem na destinação de moradia em local seguro;

XIII - desenvolver consciência nacional acerca dos riscos de desastre;

XIV - orientar as comunidades a adotar comportamentos adequados de prevenção e de resposta em situação de


desastre e promover a autoproteção; e

XV - integrar informações em sistema capaz de subsidiar os órgãos do SINPDEC na previsão e no controle dos
efeitos negativos de eventos adversos sobre a população, os bens e serviços e o meio ambiente.

Seção II

Das Competências dos Entes Federados

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Art. 6º Compete à União:

I - expedir normas para implementação e execução da PNPDEC;

II - coordenar o SINPDEC, em articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

III - promover estudos referentes às causas e possibilidades de ocorrência de desastres de qualquer origem, sua
incidência, extensão e consequência;

IV - apoiar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios no mapeamento das áreas de risco, nos estudos de
identificação de ameaças, suscetibilidades, vulnerabilidades e risco de desastre e nas demais ações de prevenção,
mitigação, preparação, resposta e recuperação;

V - instituir e manter sistema de informações e monitoramento de desastres;

VI - instituir e manter cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de
grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos;

VII - instituir e manter sistema para declaração e reconhecimento de situação de emergência ou de estado de
calamidade pública;

VIII - instituir o Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil;

IX - realizar o monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico das áreas de risco, bem como dos riscos
biológicos, nucleares e químicos, e produzir alertas sobre a possibilidade de ocorrência de desastres, em articulação
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

X - estabelecer critérios e condições para a declaração e o reconhecimento de situações de emergência e estado


de calamidade pública;

XI - incentivar a instalação de centros universitários de ensino e pesquisa sobre desastres e de núcleos


multidisciplinares de ensino permanente e a distância, destinados à pesquisa, extensão e capacitação de recursos
humanos, com vistas no gerenciamento e na execução de atividades de proteção e defesa civil;

XII - fomentar a pesquisa sobre os eventos deflagradores de desastres; e

XIII - apoiar a comunidade docente no desenvolvimento de material didático-pedagógico relacionado ao


desenvolvimento da cultura de prevenção de desastres.

§ 1º O Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil conterá, no mínimo:

I - a identificação dos riscos de desastres nas regiões geográficas e grandes bacias hidrográficas do País; e

II - as diretrizes de ação governamental de proteção e defesa civil no âmbito nacional e regional, em especial
quanto à rede de monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico e dos riscos biológicos, nucleares e químicos e à
produção de alertas antecipados das regiões com risco de desastres.

§ 2º Os prazos para elaboração e revisão do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil serão definidos em
regulamento.

Art. 7º Compete aos Estados:

I - executar a PNPDEC em seu âmbito territorial;

II - coordenar as ações do SINPDEC em articulação com a União e os Municípios;

III - instituir o Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil;

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IV - identificar e mapear as áreas de risco e realizar estudos de identificação de ameaças, suscetibilidades e
vulnerabilidades, em articulação com a União e os Municípios;

V - realizar o monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico das áreas de risco, em articulação com a
União e os Municípios;

VI - apoiar a União, quando solicitado, no reconhecimento de situação de emergência e estado de calamidade


pública;

VII - declarar, quando for o caso, estado de calamidade pública ou situação de emergência; e

VIII - apoiar, sempre que necessário, os Municípios no levantamento das áreas de risco, na elaboração dos Planos
de Contingência de Proteção e Defesa Civil e na divulgação de protocolos de prevenção e alerta e de ações
emergenciais.

Parágrafo único. O Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil conterá, no mínimo:

I - a identificação das bacias hidrográficas com risco de ocorrência de desastres; e

II - as diretrizes de ação governamental de proteção e defesa civil no âmbito estadual, em especial no que se
refere à implantação da rede de monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico das bacias com risco de desastre.

Art. 8º Compete aos Municípios:

I - executar a PNPDEC em âmbito local;

II - coordenar as ações do SINPDEC no âmbito local, em articulação com a União e os Estados;

III - incorporar as ações de proteção e defesa civil no planejamento municipal;

IV - identificar e mapear as áreas de risco de desastres;

V - promover a fiscalização das áreas de risco de desastre e vedar novas ocupações nessas áreas;

VI - declarar situação de emergência e estado de calamidade pública;

VII - vistoriar edificações e áreas de risco e promover, quando for o caso, a intervenção preventiva e a evacuação
da população das áreas de alto risco ou das edificações vulneráveis;

VIII - organizar e administrar abrigos provisórios para assistência à população em situação de desastre, em
condições adequadas de higiene e segurança;

IX - manter a população informada sobre áreas de risco e ocorrência de eventos extremos, bem como sobre
protocolos de prevenção e alerta e sobre as ações emergenciais em circunstâncias de desastres;

X - mobilizar e capacitar os radioamadores para atuação na ocorrência de desastre;

XI - realizar regularmente exercícios simulados, conforme Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil;

XII - promover a coleta, a distribuição e o controle de suprimentos em situações de desastre;

XIII - proceder à avaliação de danos e prejuízos das áreas atingidas por desastres;

XIV - manter a União e o Estado informados sobre a ocorrência de desastres e as atividades de proteção civil no
Município;

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XV - estimular a participação de entidades privadas, associações de voluntários, clubes de serviços, organizações
não governamentais e associações de classe e comunitárias nas ações do SINPDEC e promover o treinamento de
associações de voluntários para atuação conjunta com as comunidades apoiadas; e

XVI - prover solução de moradia temporária às famílias atingidas por desastres.

Art. 9º Compete à União, aos Estados e aos Municípios:

I - desenvolver cultura nacional de prevenção de desastres, destinada ao desenvolvimento da consciência


nacional acerca dos riscos de desastre no País;

II - estimular comportamentos de prevenção capazes de evitar ou minimizar a ocorrência de desastres;

III - estimular a reorganização do setor produtivo e a reestruturação econômica das áreas atingidas por desastres;

IV - estabelecer medidas preventivas de segurança contra desastres em escolas e hospitais situados em áreas de
risco;

V - oferecer capacitação de recursos humanos para as ações de proteção e defesa civil; e

VI - fornecer dados e informações para o sistema nacional de informações e monitoramento de desastres.

CAPÍTULO III

DO SISTEMA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL - SINPDEC

Seção I

Disposições Gerais

Art. 10. O SINPDEC é constituído pelos órgãos e entidades da administração pública federal, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios e pelas entidades públicas e privadas de atuação significativa na área de proteção e
defesa civil.

Parágrafo único. O SINPDEC tem por finalidade contribuir no processo de planejamento, articulação, coordenação
e execução dos programas, projetos e ações de proteção e defesa civil.

Art. 11. O SINPDEC será gerido pelos seguintes órgãos:

I - órgão consultivo: CONPDEC;

II - órgão central, definido em ato do Poder Executivo federal, com a finalidade de coordenar o sistema;

III - os órgãos regionais estaduais e municipais de proteção e defesa civil; e

IV - órgãos setoriais dos 3 (três) âmbitos de governo.

Parágrafo único. Poderão participar do SINPDEC as organizações comunitárias de caráter voluntário ou outras
entidades com atuação significativa nas ações locais de proteção e defesa civil.

Seção II

Do Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil - CONPDEC

Art. 12. O CONPDEC, órgão colegiado integrante do Ministério da Integração Nacional, terá por finalidades:

I - auxiliar na formulação, implementação e execução do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil;


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II - propor normas para implementação e execução da PNPDEC;

III - expedir procedimentos para implementação, execução e monitoramento da PNPDEC, observado o disposto
nesta Lei e em seu regulamento;

IV - propor procedimentos para atendimento a crianças, adolescentes, gestantes, idosos e pessoas com
deficiência em situação de desastre, observada a legislação aplicável; e

V - acompanhar o cumprimento das disposições legais e regulamentares de proteção e defesa civil.

§ 1º A organização, a composição e o funcionamento do CONPDEC serão estabelecidos em ato do Poder


Executivo federal.

§ 2º O CONPDEC contará com representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e da
sociedade civil organizada, incluindo-se representantes das comunidades atingidas por desastre, e por especialistas de
notório saber.

CAPÍTULO IV

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 13. Fica autorizada a criação de sistema de informações de monitoramento de desastres, em ambiente
informatizado, que atuará por meio de base de dados compartilhada entre os integrantes do SINPDEC visando ao
oferecimento de informações atualizadas para prevenção, mitigação, alerta, resposta e recuperação em situações de
desastre em todo o território nacional.

Art. 14. Os programas habitacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios devem priorizar a
relocação de comunidades atingidas e de moradores de áreas de risco.

Art. 15. A União poderá manter linha de crédito específica, por intermédio de suas agências financeiras oficiais de
fomento, destinada ao capital de giro e ao investimento de sociedades empresariais, empresários individuais e pessoas
físicas ou jurídicas em Municípios atingidos por desastre que tiverem a situação de emergência ou o estado de
calamidade pública reconhecido pelo Poder Executivo federal.

Art. 16. Fica a União autorizada a conceder incentivo ao Município que adotar medidas voltadas ao aumento da
oferta de terra urbanizada para utilização em habitação de interesse social, por meio dos institutos previstos na Lei nº
10.257, de 10 de julho de 2001, na forma do regulamento.

Parágrafo único. O incentivo de que trata o caput compreenderá a transferência de recursos para a aquisição de
terrenos destinados a programas de habitação de interesse social.

Art. 17. Em situações de iminência ou ocorrência de desastre, ficam os órgãos competentes autorizados a
transferir bens apreendidos em operações de combate e repressão a crimes para os órgãos de proteção e defesa civil.

Art. 18. Para fins do disposto nesta Lei, consideram-se agentes de proteção e defesa civil:

I - os agentes políticos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios responsáveis pela direção
superior dos órgãos do SINPDEC;

II - os agentes públicos responsáveis pela coordenação e direção de órgãos ou entidades públicas prestadores
dos serviços de proteção e defesa civil;

III - os agentes públicos detentores de cargo, emprego ou função pública, civis ou militares, com atribuições
relativas à prestação ou execução dos serviços de proteção e defesa civil; e

IV - os agentes voluntários, vinculados a entidades privadas ou prestadores de serviços voluntários que exercem,
em caráter suplementar, serviços relacionados à proteção e defesa civil.

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Parágrafo único. Os órgãos do SINPDEC adotarão, no âmbito de suas competências, as medidas pertinentes para
assegurar a profissionalização e a qualificação, em caráter permanente, dos agentes públicos referidos no inciso III.

Art. 19. Aplicam-se ao Distrito Federal as competências atribuídas nesta Lei aos Estados e aos Municípios.

Art. 20. A ementa da Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Dispõe sobre as transferências de recursos da União aos órgãos e entidades dos


Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução de ações de resposta e recuperação
nas áreas atingidas por desastre, e sobre o Fundo Especial para Calamidades Públicas; e dá
outras providências.”

Art. 21. Os arts. 4º e 5º da Lei nº 12.340, de 1o de dezembro de 2010, passam a vigorar com a seguinte redação:

“ Art. 4º São obrigatórias as transferências da União aos órgãos e entidades dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para a execução de ações de resposta e
recuperação, observados os requisitos e procedimentos previstos nesta Lei.

§ 1º As ações de que trata o caput serão definidas em regulamento, e o órgão central


do SINPDEC definirá o montante de recursos a ser transferido, mediante depósito em conta
específica mantida pelo ente beneficiário em instituição financeira oficial federal, de acordo
com sua disponibilidade orçamentária e financeira e com base nas informações obtidas
perante o ente federativo.

§ 2º No caso de execução de ações de recuperação, o ente beneficiário deverá


apresentar plano de trabalho ao órgão central do SINPDEC no prazo máximo de 90 (noventa)
dias da ocorrência do desastre.” (NR)

“ Art. 5º O órgão central do SINPDEC acompanhará e fiscalizará a aplicação dos


recursos transferidos na forma do art. 4º .

...........................................................................................................................................................

§ 2º Os entes beneficiários das transferências de que trata o caput deverão apresentar


ao órgão central do SINPDEC a prestação de contas do total dos recursos recebidos, na
forma do regulamento.

§ 3º Os entes beneficiários manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, contados da data


de aprovação da prestação de contas de que trata o § 2º , os documentos a ela referentes,
inclusive os comprovantes de pagamentos efetuados com os recursos financeiros transferidos
na forma desta Lei, ficando obrigados a disponibilizá-los, sempre que solicitado, ao órgão
central do SINPDEC, ao Tribunal de Contas da União e ao Sistema de Controle Interno do
Poder Executivo federal.” (NR)

Art. 22. A Lei nº 12.340, de 1o de dezembro de 2010, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 3º-A, 3º-B e 5º-A:

“ Art. 3º-A. O Governo Federal instituirá cadastro nacional de municípios com áreas
suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou
processos geológicos ou hidrológicos correlatos, conforme regulamento.

§ 1º A inscrição no cadastro previsto no caput dar-se-á por iniciativa do Município ou


mediante indicação dos demais entes federados, observados os critérios e procedimentos
previstos em regulamento.

§ 2º Os Municípios incluídos no cadastro deverão:

I - elaborar mapeamento contendo as áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos


de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos;

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II - elaborar Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil e instituir órgãos
municipais de defesa civil, de acordo com os procedimentos estabelecidos pelo órgão central
do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC;

III - elaborar plano de implantação de obras e serviços para a redução de riscos de


desastre;

IV - criar mecanismos de controle e fiscalização para evitar a edificação em áreas


suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou
processos geológicos ou hidrológicos correlatos; e

V - elaborar carta geotécnica de aptidão à urbanização, estabelecendo diretrizes


urbanísticas voltadas para a segurança dos novos parcelamentos do solo e para o
aproveitamento de agregados para a construção civil.

§ 3º A União e os Estados, no âmbito de suas competências, apoiarão os Municípios na


efetivação das medidas previstas no § 2º .

§ 4º Sem prejuízo das ações de monitoramento desenvolvidas pelos Estados e


Municípios, o Governo Federal publicará, periodicamente, informações sobre a evolução das
ocupações em áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto,
inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos nos Municípios
constantes do cadastro.

§ 5º As informações de que trata o § 4º serão encaminhadas, para conhecimento e


providências, aos Poderes Executivo e Legislativo dos respectivos Estados e Municípios e ao
Ministério Público.

§ 6º O Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil será elaborado no prazo de 1


(um) ano, sendo submetido a avaliação e prestação de contas anual, por meio de audiência
pública, com ampla divulgação.”

“ Art. 3º-B. Verificada a existência de ocupações em áreas suscetíveis à ocorrência de


deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou
hidrológicos correlatos, o município adotará as providências para redução do risco, dentre as
quais, a execução de plano de contingência e de obras de segurança e, quando necessário, a
remoção de edificações e o reassentamento dos ocupantes em local seguro.

§ 1º A efetivação da remoção somente se dará mediante a prévia observância dos


seguintes procedimentos:

I - realização de vistoria no local e elaboração de laudo técnico que demonstre os


riscos da ocupação para a integridade física dos ocupantes ou de terceiros; e

II - notificação da remoção aos ocupantes acompanhada de cópia do laudo técnico e,


quando for o caso, de informações sobre as alternativas oferecidas pelo poder público para
assegurar seu direito à moradia.

§ 2º Na hipótese de remoção de edificações, deverão ser adotadas medidas que


impeçam a reocupação da área.

§ 3º Aqueles que tiverem suas moradias removidas deverão ser abrigados, quando
necessário, e cadastrados pelo Município para garantia de atendimento habitacional em caráter
definitivo, de acordo com os critérios dos programas públicos de habitação de interesse social.”

“ Art. 5º-A. Constatada, a qualquer tempo, a presença de vícios nos documentos


apresentados, ou a inexistência do estado de calamidade pública ou da situação de
emergência declarados, o ato administrativo que tenha autorizado a realização da
transferência obrigatória perderá seus efeitos, ficando o ente beneficiário obrigado a devolver
os valores repassados, devidamente atualizados.

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Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no caput , ocorrendo indícios de falsificação
de documentos pelo ente federado, deverão ser notificados o Ministério Público Federal e o
Ministério Público Estadual respectivo, para adoção das providências cabíveis.”

Art. 23. É vedada a concessão de licença ou alvará de construção em áreas de risco indicadas como não
edificáveis no plano diretor ou legislação dele derivada.

Art. 24. O inciso VI do art. 2º da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, passa a vigorar acrescido da seguinte
alínea h :

“Art. 2º ....................... .............................................................................................

..........................................................................................................................................................

VI - ....................
.......................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

h) a exposição da população a riscos de desastres.

....................................................................................................................................................”
(NR).

Art. 25. O art. 41 da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso VI:

“Art. 41.
..........................................................................................................................................

.............................................................................................................................................................

VI - incluídas no cadastro nacional de Municípios com áreas suscetíveis à ocorrência


de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou
hidrológicos correlatos.

..............................................................................................................................................................”
(NR)

Art. 26. A Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 42-A e 42-B:

“ Art. 42-A. Além do conteúdo previsto no art. 42, o plano diretor dos Municípios
incluídos no cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de
deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou
hidrológicos correlatos deverá conter:

I - parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo, de modo a promover a


diversidade de usos e a contribuir para a geração de emprego e renda;

II - mapeamento contendo as áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de


grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos;

III - planejamento de ações de intervenção preventiva e realocação de população de


áreas de risco de desastre;

IV - medidas de drenagem urbana necessárias à prevenção e à mitigação de impactos


de desastres; e

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V - diretrizes para a regularização fundiária de assentamentos urbanos irregulares, se
houver, observadas a Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009, e demais normas federais e
estaduais pertinentes, e previsão de áreas para habitação de interesse social por meio da
demarcação de zonas especiais de interesse social e de outros instrumentos de política
urbana, onde o uso habitacional for permitido.

§ 1º A identificação e o mapeamento de áreas de risco levarão em conta as cartas


geotécnicas.

§ 2º O conteúdo do plano diretor deverá ser compatível com as disposições insertas


nos planos de recursos hídricos, formulados consoante a Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de
1997.

§ 3º Os Municípios adequarão o plano diretor às disposições deste artigo, por ocasião


de sua revisão, observados os prazos legais.

§ 4º Os Municípios enquadrados no inciso VI do art. 41 desta Lei e que não tenham


plano diretor aprovado terão o prazo de 5 (cinco) anos para o seu encaminhamento para
aprovação pela Câmara Municipal.”

“ Art. 42-B. Os Municípios que pretendam ampliar o seu perímetro urbano após a data
de publicação desta Lei deverão elaborar projeto específico que contenha, no mínimo:

I - demarcação do novo perímetro urbano;

II - delimitação dos trechos com restrições à urbanização e dos trechos sujeitos a


controle especial em função de ameaça de desastres naturais;

III - definição de diretrizes específicas e de áreas que serão utilizadas para


infraestrutura, sistema viário, equipamentos e instalações públicas, urbanas e sociais;

IV - definição de parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo, de modo a


promover a diversidade de usos e contribuir para a geração de emprego e renda;

V - a previsão de áreas para habitação de interesse social por meio da demarcação de


zonas especiais de interesse social e de outros instrumentos de política urbana, quando o uso
habitacional for permitido;

VI - definição de diretrizes e instrumentos específicos para proteção ambiental e do


patrimônio histórico e cultural; e

VII - definição de mecanismos para garantir a justa distribuição dos ônus e benefícios
decorrentes do processo de urbanização do território de expansão urbana e a recuperação
para a coletividade da valorização imobiliária resultante da ação do poder público.

§ 1º O projeto específico de que trata o caput deste artigo deverá ser instituído por lei
municipal e atender às diretrizes do plano diretor, quando houver.

§ 2º Quando o plano diretor contemplar as exigências estabelecidas no caput , o


Município ficará dispensado da elaboração do projeto específico de que trata o caput deste
artigo.

§ 3º A aprovação de projetos de parcelamento do solo no novo perímetro urbano ficará


condicionada à existência do projeto específico e deverá obedecer às suas disposições.”

Art. 27. O art. 12 da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979 , passa a vigorar com a seguinte redação,
renumerando-se o atual parágrafo único para § 1º :

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“Art. 12.
..................................................................................................................................

§ 1 º O projeto aprovado deverá ser executado no prazo constante do cronograma de


execução, sob pena de caducidade da aprovação.

§ 2º Nos Municípios inseridos no cadastro nacional de municípios com áreas


suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou
processos geológicos ou hidrológicos correlatos, a aprovação do projeto de que trata o caput
ficará vinculada ao atendimento dos requisitos constantes da carta geotécnica de aptidão à
urbanização. Vigência

§ 3º É vedada a aprovação de projeto de loteamento e desmembramento em áreas de


risco definidas como não edificáveis, no plano diretor ou em legislação dele derivada.” (NR)

Art. 28. O art. 3º da Lei nº 8.239, de 4 de outubro de 1991, que regulamenta os §§ 1º e 2º do art. 143 da
Constituição Federal, que dispõem sobre a prestação de Serviço Alternativo ao Serviço Militar Obrigatório, passa a
vigorar acrescido dos seguintes §§ 4º e 5º :

“Art. 3º
............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................................

§ 4º O Serviço Alternativo incluirá o treinamento para atuação em áreas atingidas por


desastre, em situação de emergência e estado de calamidade, executado de forma integrada
com o órgão federal responsável pela implantação das ações de proteção e defesa civil.

§ 5º A União articular-se-á com os Estados e o Distrito Federal para a execução do


treinamento a que se refere o § 4º deste artigo.” (NR)

Art. 29. O art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, passa a vigorar acrescido do seguinte § 7º :

“Art. 26.
...........................................................................................................................................

............................................................................................................................................................

§ 7º Os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir os princípios da


proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos conteúdos
obrigatórios.” (NR)

Art. 30. Ficam revogados os arts. 1º , 2º e 17 da Lei 12.340, de 1º de dezembro de 2010.

Art. 31. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, com exceção do disposto no § 2º do art. 12 da Lei nº
6.766, de 19 de dezembro de 1979, que entrará em vigor após decorridos 2 (dois) anos da data de sua publicação oficial.

Brasília, 10 de abril de 2012; 191º da Independência e 124º da República.

MICHEL TEMER
José Eduardo Cardozo
Luiz Antonio Rodríguez Elias
Izabella Mónica Vieira Teixeira
Alexandre Navarro Garcia
Alexandre Cordeiro Macedo

Este texto não substitui o publicado no DOU de 11.4.2012

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DECRETO 48095, DE 18/12/2020 - TEXTO ORIGINAL

Regulamenta a estrutura orgânica, a competência e a


composição das Unidades Regionais de Defesa Civil,
previstas no § 3º do art. 56 da Lei nº 23.304, de 30 de
maio de 2019.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, no uso de atribuição que
lhe confere o inciso VII do art. 90 da Constituição do Estado e tendo em vista o disposto no §
3º do art. 56 da Lei nº 23.304, de 30 de maio de 2019, e no § 10 do art. 2º do Decreto nº
47.777, de 4 de dezembro de 2019,
DECRETA:
Art. 1º – Este decreto regulamenta a estrutura orgânica, a competência e a
composição das Unidades Regionais de Defesa Civil – Redec, previstas no § 3º do art. 56 da
Lei nº 23.304, de 30 de maio de 2019.
Art. 2º – As Redec são estruturas desconcentradas, com competência de
executar e supervisionar as políticas públicas e as ações de proteção e defesa civil em âmbito
regional, a partir das diretrizes técnicas emanadas pelo Gabinete Militar do Governador –
GMG, órgão central de proteção e defesa civil do Estado, baseadas nas premissas da
proximidade e acessibilidade ao cidadão, com atribuições de:
I – fomentar, coordenar, orientar e monitorar a elaboração do mapeamento de
riscos e de planos de contingência de desastres para a sua região, em consonância com as
diretrizes emanadas pelo GMG;
II – comunicar à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e aos órgãos
competentes as ocorrências de desastres ocorridos no território sob sua responsabilidade;
III – apoiar tecnicamente a criação de instâncias locais de proteção e defesa civil.
§ 1º – As Redec têm sede nas Regiões de Polícia Militar, subordinando-se
tecnicamente ao Coordenador Estadual de Defesa Civil e operacionalmente ao respectivo
Comandante Regional da Polícia Militar.
§ 2º – As Redec serão estruturadas com servidores da Polícia Militar de Minas
Gerais – PMMG e deverão ter a composição mínima de um Coordenador Regional de Defesa
Civil e um Agente Regional de Defesa Civil.
§ 3º – Poderá ser instituída, no âmbito das Redec, a função do Auxiliar Regional
de Defesa Civil, que será exercida, preferencialmente, por servidor cedido pelos municípios da
área atendida, em colaboração interfederativa, ou por particular em colaboração com o poder
público.
§ 4º – Para viabilizar a cessão de servidor municipal prevista no § 3º, que
ocorrerá com ônus para o cedente, ou a atuação do particular em colaboração com o poder
público, o Estado, por meio do GMG, poderá celebrar convênios, termos de compromisso,
acordos de cooperação, ajustes ou outros instrumentos congêneres com os municípios ou com
entidades privadas da área atendida pela respectiva Redec.
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§ 5º – A estruturação das Redec, nos termos do § 2º e as parcerias de que tratam


o § 4º, em todos os casos, ocorrerão sem ônus financeiro para o Estado ou alteração na
composição remuneratória do servidor.
§ 6º – A função do Auxiliar Regional de Defesa Civil também poderá ser exercida
por militar ou por servidor civil da PMMG.
§ 7º – O período de designação dos servidores civis e militares nas Redec será
computado como efetivo exercício para todos os fins, de tal forma que não haja prejuízo para a
carreira e demais direitos e vantagens.
Art. 3º – Para os fins deste decreto, considera-se:
I – Coordenador Regional de Defesa Civil: encargo exercido pelo Comandante da
Região da Polícia Militar – RPM, com vinculação técnica ao Coordenador Estadual de Defesa
Civil, nos assuntos inerentes à proteção e à defesa civil;
II – Agente Regional de Defesa Civil: militar da PMMG, designado para atuação
na atividade de proteção e defesa civil, subordinando-se tecnicamente ao GMG e,
administrativamente, ao Comandante da respectiva Região da Polícia Militar;
III – Auxiliar Regional de Defesa Civil: agente da Unidade Regional de Defesa
Civil com atuação exclusiva na área administrativa e operacional das ações de proteção e
defesa civil, subordinado ao Agente Regional de Defesa Civil;
IV – ações de proteção e defesa civil: conjunto de ações voltadas à redução do
risco de desastres e à gestão do desastre nos termos da Política Nacional de Proteção e
Defesa Civil, definidos na Lei Federal nº 12.608, de 10 de abril de 2012, que institui a Política
Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC e dispõe sobre o Sistema Nacional de
Proteção e Defesa Civil – Sinpdec e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil –
Conpdec;
V – Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil – Nupdec: grupos
comunitários, voluntários, organizados em distritos, vilas, povoados, bairros, zonas rurais,
quarteirões, edificações de grande porte, escolas e distritos industriais, que atuam na
interlocução entre a comunidade e o governo municipal, por intermédio da Coordenadoria
Municipal de Proteção e Defesa Civil – Compdec, com o objetivo de reduzir desastres e de
promover a segurança da população.
Parágrafo único – O representante da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil no
Nupdec será o Comandante da Polícia Militar do município, que se vincula tecnicamente às
Redec.
Art. 4º – São atribuições do Coordenador Regional de Defesa Civil:
I – fomentar a implantação, no âmbito regional, da política nacional de proteção e
defesa civil, em conformidade com as normas vigentes;
II – coordenar as ações de proteção e defesa civil no âmbito da Redec;
III – encarregar-se da representação do GMG em solenidades e eventos afetos à
proteção e à defesa civil, quando recomendado;
IV – disponibilizar instalação física adequada para o funcionamento da Redec;
V – instalar e coordenar o Gabinete de Crise nas respectivas regiões quando da
ocorrência de desastres ou eventos complexos.
Art. 5º – São atribuições do Agente Regional de Defesa Civil:

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I – planejar e executar, no âmbito regional, as ações e a política nacional de


proteção e defesa civil, seguindo as diretrizes do GMG;
II – gerir os materiais e os equipamentos colocados a sua disposição para o
desempenho de suas funções;
III – manter-se informado sobre a temática de proteção e defesa civil, pelos meios
institucionais e não institucionais disponíveis;
IV – comunicar ao GMG a ocorrência de fatos relacionados à proteção e à defesa
civil ocorridos na sua área de responsabilidade;
V – replicar os alertas enviados pelo GMG ou por outros órgãos do Sistema
Nacional de Proteção e Defesa Civil aos municípios inseridos na sua área de responsabilidade
territorial;
VI – gerir o funcionamento e o estoque do depósito avançado de defesa civil
instalado na Redec, conforme as diretrizes do GMG;
VII – apoiar os municípios técnica e metodologicamente nas ações de:
a) criação e estruturação das Compdecs;
b) capacitação de recursos humanos para as ações de Proteção e Defesa Civil,
com o apoio do GMG;
c) mobilização social com vistas à implantação e à operacionalização de
Nupdecs;
d) identificação, avaliação e mapeamento de área de risco e recomendação de
intervenção preventiva, isolamento e evacuação da população dessas áreas e de edificações
vulneráveis;
e) produção de dados e informações estatísticos sobre a ocorrência de
desastres;
f) elaboração de relatórios e no compartilhamento de informações com outros
órgãos integrantes do Sinpdec;
g) elaboração e implementação de Planos de Contingência e outros planos afetos
à proteção e à defesa civil;
h) aplicação da metodologia de Sistema de Comando de Operações – SCO;
i) ações de prevenção, mitigação e preparação voltadas à redução do risco de
desastres;
j) ações de resposta e recuperação voltadas à gestão do desastre;
k) atualização dos dados dos coordenadores municipais de proteção e defesa
civil no Sistema de Defesa Civil – SDC;
VIII – apoiar ou compor as comissões de recebimento de materiais de ajuda
humanitária adquiridos ou doados ao GMG;
IX – apoiar o GMG no fomento junto aos municípios, entidades de classe e
universidades a desenvolverem estudos sobre os desastres ocorridos em sua região, tendo em
vista o aprimoramento das ações de proteção e defesa civil, com o apoio do GMG;
X – elaborar relatórios, atas e outros documentos solicitados pelo GMG;
XI – manter atualizado o banco de dados dos coordenadores municipais de
proteção e defesa civil e comunicar imediatamente ao GMG qualquer alteração de quadro;

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XII – encarregar-se da representação do GMG em solenidades e eventos afetos


à proteção e à defesa civil, quando determinado;
XIII – fomentar e apoiar a mobilização e realização de reuniões, congressos,
conferências intermunicipais promovidas pelo GMG, inclusive com ferramentas de
teleconferência, buscando a maior participação local, com o objetivo de:
a) apresentar soluções para problemas na área de proteção e defesa civil;
b) compartilhar ideias inovadoras e boas práticas na área de proteção e defesa
civil;
c) trocar informações entre os entes municipais;
d) estimular a criação de Nupdecs nos municípios pelas Compdecs;
e) estimular as Compdecs a realizarem exercícios simulados de evacuação das
áreas de risco nos municípios;
XIV – coordenar e controlar as atividades dos Auxiliares Regionais de Defesa
Civil;
XV – efetuar levantamento dos municípios de sua área de responsabilidade,
quanto aos seguintes itens, os quais deverão ser encaminhados ao GMG:
a) existência de mapeamento de Área de Risco;
b) existência e atualização de Plano de Contingência;
c) agentes com senha de acesso à plataforma do S2ID;
d) existência de sistema de monitoramento e alerta;
e) existência de cadastro da Compdec no SDC;
f) pedidos de ajuda humanitária e transporte de água inseridos no SDC, e a
respectiva prestação de contas.
Parágrafo único – No prazo de até sessenta dias da publicação deste decreto, as
Redec deverão providenciar o levantamento e o envio ao GMG dos itens previstos no inciso
XV, atualizando-os, anualmente, nos meses de fevereiro e, excepcionalmente, sempre que
demandado pelo órgão.
Art. 6º – Os requisitos para designação, as atribuições e os deveres dos Agentes
e dos Auxiliares Regionais de Defesa Civil serão definidos em ato do Chefe do Gabinete Militar
e Coordenador Estadual de Defesa Civil.
Art. 7º – O acompanhamento das atividades das Redec será realizado pelo GMG
por meio de metas e indicadores.
Art. 8º – As Redec deverão emitir relatório periódico de atividades, a fim de
demonstrar os esforços empreendidos no cumprimento de suas atribuições.
§ 1º – O regime de metas a ser observado pelas Redec, bem como o modelo e a
periodicidade do relatório de que trata o caput serão definidos por meio de ato próprio do
Chefe do GMG, que deverá ser emitido no prazo de noventa dias após a publicação deste
decreto.
§ 2º – Independentemente do envio regular do relatório previsto no caput, cabe
ao Agente Regional de Defesa Civil manter o GMG informado sobre qualquer fato relevante na
área de proteção e defesa civil, que tenha ocorrido em sua área de responsabilidade.
Art. 9º – A PMMG deverá prever, em seu Quadro de Organização e Distribuição –
QOD, os cargos militares compatíveis e destinados às atividades nas Redec, sem que haja

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criação ou aumento de cargo em lei de efetivo.


Art. 10 – Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Belo Horizonte, aos 18 de dezembro de 2020; 232º da Inconfidência Mineira e
199º da Independência do Brasil.
ROMEU ZEMA NETO

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Resolução n. 03, de 25 de agosto de 2016

Regula o fornecimento de ajuda humanitária


pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil
de Minas Gerais nos termos que menciona e
dá outras providências.

O CHEFE DO GABINETE MILITAR DO GOVERNADOR DO ESTADO DE


MINAS GERAIS, no uso de suas atribuições legais previstas no art. 93, § 1º, inciso III, da
Constituição do estado de Minas Gerais, no art. 47, da Lei Delegada n. 180, de 20 de janeiro
de 2011; e no art. 4º, inciso II, alíneas c e d do Decreto Estadual n. 45.859, de 29 de
dezembro de 2011, e CONSIDERANDO:

1. Que a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) estabelecida pela Lei
Nacional n. 12.608/2012 atribui ao Estado a competência para o desenvolvimento
desta no âmbito do seu território, sendo o principal responsável pelo apoio aos
municípios que o integram;

2. Que no âmbito do Estado de Minas Gerais, o planejamento, a execução, a


coordenação e o controle das ações afetas a Proteção e Defesa Civil cabem ao
Gabinete Militar do Governador, por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa
Civil, responsável pela articulação com a União e com os municípios para o
desenvolvimento das ações do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil
(SINPDEC) no Estado, conforme previsto no artigo 51 da Lei Estadual n.
22.257/2016;

3. Que a Portaria Interministerial n. 01, de 25 de julho de 2012, dos Ministérios da


Defesa e da Integração do Governo Federal, dispõe sobre a mútua cooperação
técnica e financeira entre os Ministérios da Integração Nacional e da Defesa para a
realização de ações complementares de apoio às atividades de distribuição de água
potável às populações atingidas por estiagem e seca na região do semiárido
nordestino e região norte dos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo,
denominada Operação Carro-Pipa;

4. Que existe a necessidade de estabelecimento de um processo claro e bem


delineado para o fornecimento de ajuda humanitária aos municípios atingidos por
desastres de qualquer natureza, visando ao atendimento de forma oportuna,
adequada e consonante aos princípios sustentadores da Administração Pública,
mormente quanto à legalidade e eficiência;

5. Que há a necessidade de regulamentação, no âmbito do Gabinete Militar do


Governador, do artigo 4º da Lei Estadual n. 15.660/2005, do Decreto Estadual n.
45.168/2009 e do artigo 15 do Decreto Estadual n. 19.077/1978.
RESOLVE:

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES INICIAIS E DEFINIÇÕES

Art. 1º - O fornecimento de ajuda humanitária pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil


de Minas Gerais, doravante denominada Cedec/MG, se dará na forma desta Resolução,
observada a legislação federal e estadual aplicável.

Parágrafo único: o disposto nesta Resolução aplica-se ao fornecimento de quaisquer itens


de ajuda humanitária cuja gestão caiba à Cedec/MG, independente da origem dos recursos
que tenham viabilizado sua aquisição, ressalvadas exceções expressas decorrentes de
convênios, termos de cooperação ou equivalentes celebrados com outros entes públicos ou
privados.

Art. 2º - Para os fins do disposto nesta Resolução, consideram-se as seguintes definições:

I - defesa civil: conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas


destinadas a evitar desastres e minimizar seus impactos para a população e restabelecer a
normalidade social;

II - desastre: resultado de eventos adversos, súbitos ou graduais, naturais ou provocados


pelo homem sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais ou
ambientais e conseqüentes prejuízos econômicos e sociais;

III - situação de emergência: situação anormal, provocada por desastres, causando danos e
prejuízos que impliquem o comprometimento parcial da capacidade de resposta do poder
público do ente atingido;

IV - estado de calamidade pública: situação anormal, provocada por desastres, causando


danos e prejuízos que impliquem o comprometimento substancial da capacidade de
resposta do poder público do ente atingido;

V - ações de assistência às vítimas: ações imediatas destinadas a garantir condições de


incolumidade e cidadania aos atingidos, incluindo o fornecimento de água potável, a
provisão e meios de preparação de alimentos, o suprimento de material de abrigamento, de
vestuário, de limpeza e de higiene pessoal e outros que se façam necessários.

Art. 3º - Constituem o escopo de fornecimento de ajuda humanitária da Cedec/MG, a


cessão, doação, o comodato ou qualquer ação que coloque à disposição dos municípios
afetados por desastre os seguintes itens:

I - cesta de alimentos;
II - transporte e distribuição de água para consumo humano;
III – kit de limpeza;
IV – kit de higiene pessoal;
V – lona;
VI – colchão;
VII – kit dormitório;
VIII – outros que possam estar disponíveis.
Art. 4º - O fornecimento dos recursos mencionados no art. 3º destina-se exclusivamente às
ações de defesa civil, sendo vedada a sua utilização para qualquer outro fim, sob pena de
responsabilidade, nos termos da legislação vigente.

Parágrafo único: em caso de constatação de irregularidade ou desvio na aplicação dos


recursos fornecidos, a Cedec/MG comunicará aos órgãos competentes para as providências
decorrentes.

CAPÍTULO II
DAS CONDIÇÕES PARA ATENDIMENTO

Art. 5º - São requisitos para atendimento com fornecimento de ajuda humanitária, o


município:

I – Estar afetado por desastre, nos termos da legislação de proteção e defesa civil nacional;

II – Preencher as informações sobre o desastre no Formulário de Informações sobre o


Desastre (FIDE), disponível no Sistema S2ID, da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa
Civil (SEDEC);

III – Estar com situação de emergência ou estado de calamidade pública decretada e em


vigência na data do pedido;

IV – Estar com a decretação de situação de emergência ou de estado de calamidade pública


homologada ou em fase de análise pela Cedec/MG;

V – Prestar contas sobre a distribuição dos recursos, fornecendo dados de identificação das
famílias, entidades ou comunidades atendidas, conforme modelo do Anexo B desta
Resolução;

VI – Atender ao disposto no art. 6º desta Resolução.

§1º - Para atendimento ao município com recursos oriundos da União, será obrigatório o
reconhecimento da situação de emergência ou de estado de calamidade pública, segundo
dispõe o art. 3º, §1º da Lei Nacional n. 12.340, de 1º de dezembro de 2010.

§2º - Em casos excepcionais, devidamente analisados pela Cedec/MG, os requisitos dos


incisos de II a V deste artigo poderão ser dispensados ou terem prazo para cumprimento
fixado, de modo a não inviabilizar a assistência às vítimas de desastre.

Art. 6º - A tramitação do pedido de ajuda humanitária à Cedec/MG atenderá ao seguinte:

I – o município demandante deverá atender ao disposto no art. 5º desta Resolução e ainda:


a) preencher o formulário correspondente à sua necessidade (Anexo A ou B, conforme
o caso), fornecendo as informações por ele exigidas, o qual deverá ser assinado pelo
Coordenador Municipal de Proteção e Defesa Civil (COMPDEC);
b) providenciar ofício de encaminhamento do formulário anterior firmado pelo Prefeito
ou seu substituto legal,

c) remeter a documentação produzida via postal para a Coordenadoria Adjunta da


Cedec/MG ou por meio de rotina eletrônica disponibilizada pelo órgão;

II – a documentação será encaminhada para análise de mérito e capacidade de


atendimento, segundo a disponibilidade de recursos;

III – deferido o pedido, o município solicitante será comunicado para adotar as providências
de retirada ou recebimento dos itens solicitados, neste último caso quando a entrega for
realizada pela própria Cedec/MG;

IV – Após o recebimento dos itens solicitados, o município beneficiado deverá remeter


prestação de contas à CEDEC, conforme modelo do Anexo C, no prazo de até 60 dias.

§1º - Não serão deferidos novos pedidos aos municípios que inobservarem o prazo do inciso
IV do caput deste artigo, salvo casos excepcionais, decididos pelo Coordenador Estadual
Adjunto de Defesa Civil.

§2º - Para atendimento pelo serviço de transporte e distribuição de água para consumo
humano, o município solicitante deverá fazer publicar em seu diário oficial ou equivalente a
relação de agentes comunitários responsáveis pelo recebimento da água em cada
comunidade, num total de 03 (três) pessoas para cada comunidade, devendo a relação
nominal constar quando do preenchimento do “Anexo A”.

§3º - Havendo necessidade de substituição de qualquer pessoa designada nos termos do


parágrafo anterior, esta deverá ser informada à Cedec/MG e devidamente publicada, na
forma do mesmo parágrafo.

§4º - Para o cumprimento do disposto no §2º deste artigo, sugere-se a utilização do


voluntariado, como forma de fomento aos primados da solidariedade e coesão social, nos
termos da Lei Nacional n. 9.608/98.

CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 7º - Aplica-se de forma subsidiária e complementar a esta Resolução o contido na


Portaria Interministerial n. 01/2012 – MI/MD, especialmente quanto às condições para
atendimento por operação de abastecimento de água para consumo humano, sua
suspensão ou encerramento, no que couber.

Art. 8º - Deverão ser observadas também as disposições da Lei Federal 12.608/12; da Lei
Federal n. 12.340/10; do Decreto Federal n. 7.257/10, no que for aplicável.
Art. 9º - A prestação de apoio, nos termos desta Resolução, fica sujeita aos limites da
disponibilidade de recursos orçamentários e logísticos para as atividades da Cedec/MG.

Art. 10 - Casos excepcionais ou omissos serão resolvidos pelo Coordenador Estadual de


Defesa Civil de Minas Gerais.

Art. 11 – A Cedec/MG poderá desenvolver sistema eletrônico específico a ser


disponibilizado na rede mundial de computadores para receber e tratar os pedidos a que
refere esta Resolução.

Art. 12 – Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, não se aplicando aos
pedidos apresentados anteriormente à sua vigência.

Belo Horizonte, 25 de agosto de 2016.

(a) HELBERT FIGUEIRÓ DE LOURDES, CEL PM


CHEFE DO GMG E COORDENADOR ESTADUAL DE DEFESA CIVIL DE MINAS GERAIS
ANEXO A - Plano Municipal de Distribuição de Água (PMDA) – Parte 1 (Comunidades)

1. Dados do Município
Nome do Prefeito: Telefone Gab.: ( ) Celular: ( )
Endereço Prefeitura: Bairro: CEP.:
Telefones da ( ) ( ) Fax.: ( ) E-mail:
Prefeitura:
População Urbana: Hab. População Rural: Hab.
Área territorial: Km² Qtd de caminhões pipa pertencentes e ou contratados pelo
município:

2. Informações sobre a Coordenadoria Municipal de Proteção Defesa Civil


Endereço da Compdec:
Nome Função Telefone Celular Telefone Fixo E-mail:
Coordenador
Secretário
Membro
Membro

3. Informações sobre as Comunidades


Coordenada Geográfica da Coordenada Geográfica Trecho
Comunidade do Ponto de Captação Pav. Não
Ponto de captação
Latitude Longitude Latitude Longitude (Asfalto, Pav. Distância População
Comunidade atendida
total Atendida
Calçamento (Terra)
etc.)

Inserir nome EX: S W Copasa/Copanor/Saae S W 10 40 50 1200


(Boqueirão) 16º27’33,01’’ 44º44’54,12’’ 16º28’31,01’’ 43º42’54,11’’
Inserir nome EX: S W 43º57’8,17’’ Poço Artesiano/ S W 12 65 77 607
(Bambuí) 19º46’56,35’’ Manancial Outro ponto 19º40’66,20’’ 41º25’12,21’’
de captação
ANEXO A - Plano Municipal de Distribuição de Água (PMDA) – Parte 2 (Reservatórios)
4. Dados dos representantes das comunidades que realizarão o controle da entrega da água.1
Nome da comunidade 1. Nome do representante da comunidade Telefone ( )
Endereço: Bairro: CEP.:

2.Nome do representante da comunidade Telefone ( )


Boqueirão Endereço: Bairro:
3.Nome do representante da comunidade Telefone ( )
Endereço: Bairro: CEP.
5. Informações sobre tipo de reservatórios, capacidade de armazenamento e as coordenadas geográficas.
Informar o tipo de reservatório
Coordenada Geográfica da
1) – Caixa/reservatório coletivo Caixa reservatório Capacidade de
Comunidade atendida
2) –Caixa/reservatório coletivo com sistema distribuição autônoma armazenamento
Latitude Longitude
(gravidade) em litros
3) – Caixa/reservatório domiciliar
Inserir nome ex: Boqueirão Caixa reservatório coletivo (no caso de mais de um acrescentar S 16º28’31,01’’ W 43º42’54,11’’ 12.000 litros
outra linha)
Inserir nome ex: Boqueirão Caixa reservatório domiciliar (no caso de mais de um acrescentar S 16º28’31,02’’ W 43º42’54,20’’ 1.0 litros
outra linha)
4. Dados dos representantes das comunidades que realizarão o controle da entrega da água.
Nome da comunidade 1. Nome do representante da comunidade Telefone ( )
Endereço: Bairro: CEP.:

2.Nome do representante da comunidade Telefone ( )


(Nome da
Endereço: Bairro:
Comunidade)
3.Nome do representante da comunidade Telefone ( )
Endereço: Bairro: CEP.
5. Informações sobre tipo de reservatórios, capacidade de armazenamento e as coordenadas geográficas
Informar o tipo de reservatório
Coordenada Geográfica da
Comunidade atendida Capacidade de
Caixa reservatório
1) – Caixa/reservatório coletivo armazenamento

1
Deverão ser fornecidos de representantes de todas as comunidades a serem atendidas.
2) –Caixa/reservatório coletivo com sistema distribuição autônoma Latitude Longitude em litros
(gravidade)
3) – Caixa/reservatório domiciliar
(Nome da Comunidade)

Prefeitura Municipal de , de de 2016

Assinatura do Prefeito

Instruções de preenchimento do Plano Municipal de Distribuição de Água (PMDA) – CEDEC-MG


Observações INSTRUÇÕES DE PREECHIMENTO
Deverá ser confeccionado pelo prefeito, ofício solicitando ao Secretário Executivo da CEDEC-MG apoio com atendimento de
caminhões para distribuição de água potável nas comunidades rurais do município afetadas pelo desastre Estiagem/Seca.
Ofício de solicitação de atendimento Juntamente com o ofício de solicitação, deverá ser encaminhado o anexo A devidamente preenchido.

Informar o nome completo do prefeito.


Os dados para contato do prefeito, quantidade de habitantes (zona urbana e rural) e área do município.
01- Dados do município
No campo “Qtd de caminhões pipa pertencentes e ou contratados pelo município” deverão ser considerados aqueles que
estejam em condições de utilização e os contratados de forma direta pela prefeitura.
Deverá ser preenchido com as informações da Coordenadoria Municipal de Proteção Defesa Civil, endereço, telefones de
02- Informações sobre a Coordenadoria
contato e correio eletrônico dos integrantes (e-mail). As informações disponibilizadas comporão o banco de dados da CEDEC
Municipal de Proteção e Defesa Civil
para futuros contatos.
“Comunidade atendida”: refere-se ao nome do bairro, distrito, povoado, vila etc.
“População atendida”: Neste campo, informar a quantidade de (PESSOAS) que serão atendidas. (Não lançar quantidade de
famílias).
“Trecho”: os campos deverão ser preenchidos com a distância em quilômetros a ser percorrido em cada tipo de
pavimentação para o acesso à comunidade atendida. Deverá ser considerada apenas a distância do ponto de captação até a
comunidade. O retorno deverá ser desconsiderado. Quanto à característica da via, considera-se pavimentada a via asfaltada,
03- Informações sobre as Comunidades com calçamento ou similares.
atendidas e pontos de captação “Distância total”: somatório do trecho a ser percorrido até a comunidade, (pavimentado e não pavimentado). Deverá ser
considerada apenas a distância do ponto de captação até a comunidade, o retorno deverá ser desconsiderado.
“Coordenada Geográfica da comunidade”: referenciamento da comunidade com a coordenada geográfica do ponto mais
distante a ser atendido na comunidade no formato GRAUS, MINUTOS, SEGUNDOS. (ANEXO A).
“Ponto de captação”:
1) Informar o órgão responsável pelo local de abastecimento do caminhão pipa e o nome da empresa concessionária
Copasa, Copanor, SAAE, preferencialmente situada no município. Caso o município informe a captação a ser realizada em
poço artesiano, manancial ou barragem deverá, descrever o nome do local e junto ao plano detalhado de resposta, anexar
um laudo que ateste a boa qualidade da água para consumo humano (em conformidade com a PORTARIA Nº 2.914, DE 12
DE DEZEMBRO DE 2011, do Ministério da Saúde), sendo de responsabilidade do município a garantia da qualidade da água.
(O exame da qualidade da água deverá obrigatoriamente ocorrer mensalmente, sob pena de suspenção do atendimento
caso o Laudo não seja enviado até a data determinada a CEDEC/MG).
2) Caso a captação seja indicada em um município vizinho, deverá ser anexado ao PMDA, declaração da empresa
concessionária, permitindo o abastecimento dos caminhões pipa que atenderão o município durante a vigência da
operação, informando o volume de água permitido .
04- Informações sobre representantes “Coordenada Geográfica do Ponto de Captação”: referenciamento através de coordenada geográfica de cada ponto de
comunitários captação no formato GRAUS, MINUTOS, SEGUNDOS. (Não lançar coordenadas em UTM ou graus decimais).
1)Para o maior controle da entrega da água, deverão ser indicadas 03 (três) pessoas em cada comunidade, que ficarão
encarregadas de receber e fiscalizar se o caminhão está entregando a quantidade contratada. Anexo 2.
“Reservatórios coletivos / domiciliar”
1)Para cada comunidade indicada no Anexo A, deverá ser informada a existência de caixa/reservatório coletivo, onde a água
05- Informações sobre reservatórios poderá ser depositada, referenciando–a com coordenada geográfica no formato GRAUS, MINUTOS, SEGUNDOS. Caso não
haja sistema coletivo de reservação de água na comunidade, informar distribuição domiciliar, não sendo necessário
georeferenciar os reservatórios domiciliares.
Considerando o disposto na Portaria Interministerial 01/2012* (que proíbe a duplicidade de atendimento/repasse de
06 -Atendimento em duplicidade recurso), os municípios que possuem comunidades afetadas atendidas pela Operação Pipa do Exército Brasileiro (OpEB),
caso necessitem incluir novas comunidades deverão solicitar diretamente àquela Instituição.
O anexo do Plano Detalhado de Resposta deverá conter assinatura do prefeito e ser encaminhado à CEDEC-MG por correio
07- Envio do Plano Detalhado de
ou qualquer outro meio. Também deverão ser enviados em arquivo digitalizado nos formatos *.doc ou *.odt para o
Resposta
endereço eletrônico: emergencia@defesacivil.mg.gov.br
*PORTARIA INTERMINISTERIAL 01/2012: (...) Art. 7º - São atribuições do Governo Estadual, por intermédio dos órgãos estaduais de defesa civil (Cedec): (...) VI - realizar
a distribuição de água potável nos Municípios que não puderam ser atendidos pelo Comando do Exército;(...).
ANEXO B – Formulário de solicitação de ajuda humanitária (exceto água para consumo humano) – Fl. 01/02
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Pedido nº
GABINETE MILITAR DO GOVERNADOR
(uso da CEDEC)
COORDENADORIA ESTADUAL DE DEFESA CIVIL
(CEDEC)

FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO DE AJUDA HUMANITÁRIA


(EXCETO ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO)
DADOS DO SOLICITANTE
Nome do Município: Mesorregião

Nome do(a) Coordenador(a) Municipal de Proteção e Telefone E-mail


Defesa Civil

Nome do(a) Prefeito(a) Telefone E-mail

DADOS SOBRE O DESASTRE


Tipo de Desastre (Código do FIDE2) População afetada Decreto de SE ou
ECP vigente?
□ Sim □ Não
Número do Decreto Data de Vigência Tipo de Decreto
□ Estado de Calamidade Pública
□ Situação de Emergência
DADOS SOBRE O PEDIDO
Cód. Descrição do Item Quantidade Quantidade de
Famílias a serem
atendidas
CB Cesta Básica
KH Kit de higiene
KL Kit de Limpeza
LN Lona
CH Colchão
KD Kit dormitório
OUT Outros
ESFORÇOS JÁ REALIZADOS PELO MUNICÍPIO – Pode ser substituído pela juntada da Declaração
Municipal de Atuação Emergencial - DMATE

Local , Data de de .

Assinatura do Prefeito ou substituto legal


FOLHA 01/02

2
Formulário de Informações de Desastre
ANEXO B – Formulário de solicitação de ajuda humanitária (exceto água para consumo humano) – Fl. 02/02

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


GABINETE MILITAR DO GOVERNADOR
COORDENADORIA ESTADUAL DE DEFESA CIVIL (CEDEC)

FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO DE AJUDA HUMANITÁRIA


(EXCETO ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO)
PARECER DA DIRETORIA DE CONTROLE DE EMERGÊNCIAS (DCE)

Data: / / Ass. do Diretor com Carimbo:

PARECER DA DIRETORIA DE LOGÍSTICA (DLog)

Data: / / Ass. do Diretor com Carimbo:

DESPACHO DO COORDENADOR ADJUNTO DE DEFESA CIVIL

Data: / / Ass. do Coordenador Adjunto de Defesa Civil com Carimbo:

RETIRADA/DISTRIBUIÇÃO
Cód. Descrição do Item Data Quant. Responsável pela
Entrega (CEDEC)
CB Cesta Básica
KH Kit de higiene
KL Kit de Limpeza
LN Lona
CH Colchão
KD Kit dormitório
OUT Outros
FOLHA 02/02
ANEXO C – Formulário para prestação de contas de fornecimento de ajuda humanitária (exceto água para consumo humano) – Fl. 01

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


GABINETE MILITAR DO GOVERNADOR
COORDENADORIA ESTADUAL DE DEFESA CIVIL (CEDEC)

FORMULÁRIO PARA PRESTAÇÃO DE CONTAS SOBRE FORNECIMENTO DE ITENS DE AJUDA HUMANITÁRIA – EXCETO ÁGUA PARA
CONSUMO HUMANO
(Deverá ser preenchido um formulário para cada tipo de material)

Nome do Município: Mesorregião

Nome do(a) Coordenador(a) Municipal de Proteção e Defesa Civil Telefone E-mail

Nome do(a) Prefeito(a) Telefone E-mail

Tipo de material distribuído


(deverá ser usada uma ficha para tipo de material)
Total de famílias, grupos ou comunidades atendidas
DADOS SOBRE A DISTRIBUIÇÃO
Nome do Beneficiário (Informar apenas o
responsável pelo recebimento) Número do RG Comunidade Quant. Data Assinatura

Primeira folha
ANEXO C – Formulário para prestação de contas de fornecimento de ajuda humanitária (exceto água para consumo humano) – Demais folhas, quando
necessário
DADOS SOBRE A DISTRIBUIÇÃO (Continuação)
Nome do Beneficiário (Informar apenas o
responsável pelo recebimento) Número do RG Comunidade Quant. Data Assinatura

Local , Data de de .

Assinatura do Prefeito ou substituto legal


GABINETE MILITAR DO GOVERNADOR
COORDENADORIA ESTADUAL DE DEFESA CIVIL
SUPERINTENDÊNCIA DE GESTÃO DO RISCO DE DESASTRE
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Cidade Administrativa – Prédio Minas – 10º andar

Rodovia Papa João Paulo II, n. º 3.777 - Serra Verde, Belo Horizonte -
MG, 31630-903

Plantão: (31) 9 9818-2400


DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO
Publicado em: 04/02/2022 | Edição: 25 | Seção: 1 | Página: 21
Órgão: Ministério do Desenvolvimento Regional/Gabinete do Ministro

PORTARIA Nº 260, DE 2 DE FEVEREIRO DE 2022

Estabelece procedimentos e critérios para o reconhecimento


federal e para a declaração de situação de emergência ou
estado de calamidade pública pelos Municípios, Estados e
Distrito Federal.

O MINISTRO DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL, SUBSTITUTO, no uso da


atribuição que lhe confere o inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal, e considerando
o disposto nos incisos I e X do artigo 6º da Lei n. 12.608, de 10 de abril de 2012, e no parágrafo único do art.
32 do Decreto n. 10.593, de 24 de dezembro de 2020, resolve:
Art. 1º Estabelecer procedimentos e critérios para o reconhecimento federal e para a
declaração de situação de emergência ou estado de calamidade pública pelos Municípios, Estados e
Distrito Federal.
CAPÍTULO I
DAS DEFINIÇÕES
Art. 2º Para os efeitos desta Portaria, considera-se:
I. desastre súbito: desastre desencadeado por eventos adversos de início abrupto, resultando
em danos imediatos ou de rápida evolução;
II. desastre gradual: desastre desencadeado por eventos adversos de agravamento lento e
progressivo, resultando em danos crescentes ao longo do tempo;
III. evento adverso: fenômeno potencial causador de um desastre, de origem natural ou
tecnológica;
IV. dano: resultado dos impactos diretos causados pelo evento adverso, caracterizado pela
deterioração das condições de normalidade nas dimensões humana, material ou ambiental;
V. prejuízo: perdas socioeconômicas causadas pelo evento adverso;
VI. recursos: conjunto de recursos materiais, tecnológicos, humanos, de informação, logísticos,
institucionais e financeiros mobilizáveis em caso de desastre e necessários para o retorno à normalidade; e
VII. situação de anormalidade: situação de anormalidade: situação de emergência ou estado de
calamidade pública declarados em razão de desastre.
Art. 3º A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil adotará a classificação dos desastres
constante da Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade), conforme o estabelecido no
Anexo desta Portaria.
CAPÍTULO II
DA DECLARAÇÃO DA SITUAÇÃO DE ANORMALIDADE
Art. 4º O Chefe do Poder Executivo Municipal, Estadual ou do Distrito Federal, integrante do
Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec), poderá declarar Situação de Emergência (SE) ou
Estado de Calamidade Pública (ECP) quando for necessária a adoção de medidas administrativas
excepcionais no território afetado por desastre.
§ 1º O Estado poderá declarar a situação de anormalidade, nos municípios em seu território,
quando mais de um município for afetado concomitantemente por desastre resultante do mesmo evento
adverso ou quando um município estiver com sua capacidade administrativa prejudicada pelo evento
adverso.
§ 2º Os desastres deverão ser registrados no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres
(S2iD), ou outro Sistema que vier a sucedê-lo, com informações de sua codificação, suas causas, danos e
prejuízos estimados, assim como as ações emergenciais realizadas.
§ 3º No caso de ocorrência simultânea de dois ou mais eventos adversos, o registro do tipo do
desastre deverá indicar aquele que gerou danos e prejuízos mais relevantes.
§ 4º Os desastres secundários deverão ser descritos na documentação inserida no Sistema
Integrado de Informações sobre Desastres, mencionando seus danos e prejuízos.
Art. 5º Quanto à intensidade os desastres classificam-se em:
I. Desastres de Nível I ou de pequena intensidade: aqueles em que há danos humanos, materiais
e ambientais além de prejuízos econômicos e sociais, mas que a situação de normalidade pode ser
restabelecida com os recursos mobilizados a nível local, por meio do emprego de medidas administrativas
excepcionais previstas na ordem jurídica.
II. Desastres de Nível II ou de média intensidade: aqueles em que há danos humanos, materiais
e ambientais além de prejuízos econômicos e sociais expressivos e que a situação de normalidade precisa
ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível local e complementados com o aporte de
recursos dos demais entes federativos; e
III. Desastres de Nível III ou de grande intensidade: aqueles em que há vultosos danos humanos,
materiais e ambientais além de prejuízos econômicos e sociais, com sério e relevante comprometimento
do funcionamento das instituições públicas locais ou regionais, impondo-se a mobilização e a ação
coordenada das três esferas de atuação do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, e, eventualmente
de ajuda internacional, para o restabelecimento da situação de normalidade.
§ 1º Nos casos previstos no inciso I, não deverá ser encaminhado requerimento para o
reconhecimento estadual ou federal, sendo mantida a necessidade de se proceder ao registro do desastre
no sistema informatizado disponibilizado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional.
§ 2º Os desastres de nível I e II ensejam a declaração de situação de emergência, enquanto os
desastres de nível III ensejam a declaração de estado de calamidade pública.
§ 3º Nos casos previstos nos incisos II e III, a motivação da classificação deve estar expressa no
decreto de situação de emergência ou estado de calamidade pública.
CAPÍTULO III
DO RECONHECIMENTO FEDERAL
Seção I
Do Objetivo e Prazo
Art. 6º O Poder Executivo Federal, especialmente por meio da Secretaria Nacional de Proteção e
Defesa Civil do Ministério do Desenvolvimento Regional, poderá reconhecer o decreto de situação de
anormalidade dos entes federados, por meio de portaria.
§ 1º O reconhecimento mencionado no caput tem por objetivos principais a adoção de medidas
administrativas excepcionais por parte Sistema Federal de Proteção e Defesa Civil e o atendimento de
requisito previsto em lei para realização de transferências de recursos da União aos órgãos e entidades
dos Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução de ações de resposta e de recuperação em
áreas atingidas por desastres.
§ 2º. A adoção do reconhecimento federal como critério para acesso a políticas públicas e
atribuição de efeitos jurídicos específicos por órgãos ou entidades da Administração Direta e Indireta
Federal, Estadual, Distrital e Municipal observará a legislação específica Federal e a de cada ente
federado, conforme o caso.
Art. 7º Nos casos não disciplinados em norma específica, o prazo de vigência do
reconhecimento da situação de anormalidade decorrente de desastres é de até 180 (cento e oitenta) dias,
a contar da data de publicação do decreto.
§ 1º Findo o prazo mencionado no caput, o ente federado poderá declarar novamente a situação
de anormalidade e solicitar novo reconhecimento federal, mediante a apresentação de novos elementos
que comprovem a permanência dos efeitos do desastre original sobre a região afetada.
§ 2º No caso descrito no §1º, o reconhecimento se dará somente após análise e parecer técnico
da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil acerca dos elementos novos apresentados e a
manutenção da gravidade da situação anormal e seu efeitos sobre o local do evento.
§ 3º. Nos casos em que o decreto oriundo do ente federado estabelecer prazo inferior a 180
(cento e oitenta) dias, o reconhecimento federal considerará o prazo que estiver expresso naquele decreto.
Seção II
Da Solicitação
Art. 8º O requerimento para reconhecimento federal deverá ser realizado por meio do Sistema
Integrado de Informações sobre Desastres no prazo máximo de 10 (dez) dias a contar da data da
ocorrência do desastre nos eventos de início súbito e a partir da data da publicação do decreto nos
eventos graduais.
Parágrafo único. Em casos excepcionais, e mediante a apresentação de justificativas, poderão
ser aceitos requerimentos após o decurso dos prazos mencionados no caput.
Art. 9º Quando não for aplicável o disposto no art. 15 desta Portaria, a solicitação de
reconhecimento federal deverá ser instruída com os seguintes documentos:
I. ofício de requerimento de reconhecimento federal, observado o modelo constante na página
oficial do Ministério do Desenvolvimento Regional.
II. decreto que declara a situação de anormalidade, devidamente publicado em meio oficial;
III. Formulário de Informações do Desastre (Fide);
IV. parecer do Órgão de Proteção e Defesa Civil contemplando os danos decorrentes do
desastre e fundamentação quanto à necessidade da declaração;
V. Relatório Fotográfico que demonstre claramente os danos que foram declarados e o seu
nexo de causalidade com o desastre; e
VI. outros documentos solicitados pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil para
instruir a análise técnica.
§ 1º Sempre que houver repercussão nos veículos de imprensa nacional, regional ou local,
poderá ser anexado relatório de mídia, contemplando os conteúdos dos portais que publicaram matérias
sobre o desastre, obrigatoriamente contendo a data e fonte com o endereço eletrônico da publicação.
§ 2º Todos os pareceres, relatórios, informações e documentos técnicos congêneres anexados
ao processo devem estar corretamente datados e assinados pelo responsável.
§ 3º Em casos excepcionais, a critério da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, poderá
ser solicitada documentação complementar, ou específica que comprove os danos e prejuízos registrados,
tornando-se obrigatório o atendimento.
§ 4º Para instrução do processo de reconhecimento federal, a Secretaria Nacional de Proteção e
Defesa Civil poderá embasar-se em reconhecimento estadual, quando houver, ou solicitar manifestação
do Estado quanto à situação de anormalidade informada pelo Município, na forma do inciso VI do art. 7º da
Lei n. 12.608, de 10 de abril de 2012.
§ 5º O ofício de requerimento deverá ser assinado pelo chefe do Poder Executivo do ente
solicitante.
§ 6º Quando a solicitação de reconhecimento federal provier de ente estadual ou de município
que possuam em sua organização administrativa órgãos de proteção e defesa civil, o ofício de
requerimento de que trata o § 5º poderá ser firmado pelo Coordenador estadual ou municipal de Proteção
e Defesa Civil ou titular de cargo equivalente.
Seção III
Da Análise Técnica
Art. 10. A análise técnica das solicitações de reconhecimento federal compreende as seguintes
verificações:
I - cumprimento do prazo para a solicitação;
II - apresentação e conformidade da documentação obrigatória recebida;
III - enquadramento às normas vigentes; e
IV - informações oficiais de monitoramento do desastre e do relatório de mídia sempre que
houver.
§ 1º Em casos excepcionais, deliberados pela autoridade competente, será realizada visita ao
ente federado onde ocorreu o desastre, para apoio à análise técnica, hipótese em que os documentos
oficiais elaborados em campo devem ser anexados no processo.
§ 2º O Formulário de Verificação Documental, constante no Sistema Integrado de Informações
sobre Desastres, é ferramenta de apoio para a análise técnica e destina-se ao registro de eventuais
pendências e ajustes necessários nas devoluções processuais pela Secretaria Nacional de Proteção e
Defesa Civil.
Art. 11. Na hipótese de serem registradas pendências no Formulário de Verificação Documental,
na forma do artigo anterior, será estipulado o prazo de 7 (sete) dias, a contar da remessa do processo ao
ente federado, para o devido atendimento.
§ 1º Caso não seja atendida a solicitação registrada no Formulário de Verificação Documental no
prazo definido no caput, o mesmo poderá ser prorrogado pelo tempo necessário informado e justificado
pelo ente federado ou definido pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, após análise das
justificativas.
§ 2º Na hipótese de permanência da inconformidade após o decurso do prazo mencionado no
§1º, o processo será submetido às instâncias superiores da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil,
com a sugestão técnica cabível.
Art. 12. No caso de flagrante equívoco na classificação ou codificação do desastre, a Secretaria
Nacional de Proteção e Defesa Civil fará a devida adequação, com base nos elementos constantes no
processo do pedido do ente federado e nos fatos e informações existentes sobre o desastre,
reconhecendo a situação de anormalidade com base na codificação e classificação correta.
Parágrafo único. Na hipótese descrita no caput, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil
sugerirá à autoridade competente do ente federado que realize o ajuste em seu ato original, justificando
sua posição.
Art. 13. A análise da solicitação de reconhecimento federal para decretos estaduais estará
sujeita aos critérios e condições estabelecidas nesta Portaria.
§ 1º Caso algum município contido em declaração estadual não cumpra os requisitos essenciais
ao reconhecimento federal, conforme o procedimento de análise técnica estabelecido, ele será
desagrupado do processo estadual e da portaria de reconhecimento federal, sem prejuízo aos demais
municípios.
§ 2º Toda a documentação enviada poderá ser providenciada pelo Órgão Estadual de Proteção
e Defesa Civil, à exceção dos Formulários de Informações dos Desastres municipais agrupados, os quais
são de responsabilidade de cada Município do grupo.
§ 3º O Fide Estadual deve consolidar as informações municipais, para fins de propiciar
celeridade à análise técnica.
§ 4º Para instrução do processo, o Órgão de Proteção e Defesa Civil Estadual poderá reunir
documentos oriundos do Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil, compreendendo, inclusive, relatos e
informações regionais acerca de onde se encontrarão os dados dos municípios afetados pelo desastre.
Seção IV
Do Recurso ao Indeferimento da Solicitação de Reconhecimento
Art. 14. O ente federado que discordar do indeferimento do pedido de reconhecimento poderá
apresentar recurso administrativo por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, dirigido
ao Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, no prazo de 10 (dez) dias úteis do recebimento da
notificação oficial.
§ 1º O recurso administrativo deverá ser fundamentado, indicando a legislação, as razões e
justificativas, bem como outros documentos comprobatórios do pedido de reexame.
§ 2º Caso o Secretário não reconsidere a decisão no prazo de 5 (cinco) dias úteis, o recurso será
encaminhado para decisão do Ministro de Estado do Desenvolvimento Regional.
Seção V
Do Reconhecimento
Art. 15. A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil poderá reconhecer sumariamente a
situação de anormalidade decretada, com base no ofício de requerimento, no relatório do órgão de
proteção e defesa civil local e no Decreto do ente federado, devidamente publicado, acrescido, além do
Fide, de pelo menos um dos seguintes subsídios:
I. informação técnica de monitoramento do desastre;
II. no caso do §1º do art. 10 desta Portaria, informação técnica da equipe de campo ou do Grupo
de Apoio a Desastres (Gade); e
III. relatório de mídia.
§ 1º O ente federado deverá apresentar a documentação necessária para a formalização do
pleito no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, contemplando no preenchimento do Fide a
data da ocorrência e a classificação do desastre, observada a Classificação e Codificação Brasileira de
Desastres (Cobrade).
§ 2º O ente federado deverá apresentar posteriormente a documentação prevista no Art. 9º
desta Portaria.
§ 3º O ente federado deverá inserir informações do desastre no Fide e atender às eventuais
solicitações de documentação complementar formuladas pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa
Civil.
Seção VI
Das Disposições Gerais
Art. 16. A exclusão do pedido de reconhecimento federal será realizada pela Secretaria Nacional
de Proteção e Defesa Civil, mediante apresentação no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres
do ofício de requerimento de desistência do ente federado solicitante com a apresentação das
justificativas cabíveis.
Parágrafo Único. O ofício de requerimento deve ser assinado pelas autoridades competentes
para solicitação, conforme disposto nesta Portaria.
Art. 17. Constatada, a qualquer tempo, a presença de vícios nos documentos apresentados, ou a
inexistência da situação de anormalidade declarada, a portaria de reconhecimento perderá seus efeitos,
assim como o ato administrativo que tenha autorizado a realização de transferências obrigatórias, ficando
o ente federado beneficiário obrigado a devolver os valores repassados, atualizados monetariamente, sem
prejuízo da eventual aplicação das demais penalidades legais.
Art. 18. Poderão ser estabelecidos por meio de ato normativo específico prazo, parâmetros,
critérios e procedimentos próprios de reconhecimento federal, considerando as especificidades dos tipos
de desastres.
Art. 19. Os Estados poderão, em normatização própria, estabelecer critérios e procedimentos
para seus atos de reconhecimento, fundados no pacto federativo e na sua autonomia, segundo previsto no
art. 18, caput, da Constituição Federal.
Art. 20. Os modelos de documentos necessários à execução do disposto nesta Portaria serão
disponibilizados no sítio eletrônico do Ministério do Desenvolvimento Regional ou no Sistema Integrado de
Informações sobre Desastres, conforme o caso.
Art. 21. Os casos omissos ou excepcionais serão analisados pela autoridade competente da
Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.
Art. 22 Fica revogada a Instrução Normativa n. 36, de 4 de dezembro 2020, do Ministério do
Desenvolvimento Regional.
Art. 23. Esta Portaria entra em vigor no sétimo dia útil do primeiro mês após a data de sua
publicação.

DANIEL DE OLIVEIRA DUARTE FERREIRA


ANEXO
Este conteúdo não substitui o publicado na versão certificada.

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