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BRASIL 2016

POLÍTICA
NACIONAL DE DEFESA

ESTRATÉGIA
NACIONAL DE DEFESA
SUMÁRIO
POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA 5

1 INTRODUÇÃO 7
2 O CONTEXTO DA POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA 11
2.1 FUNDAMENTOS 11
2.2 O AMBIENTE NACIONAL 12
2.3 O AMBIENTE INTERNACIONAL 16
3 CONCEPÇÃO POLÍTICA DE DEFESA 20
4 OBJETIVOS NACIONAIS DE DEFESA 24
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 26

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 29

1 INTRODUÇÃO 31
2 CONCEPÇÃO ESTRATÉGICA DE DEFESA 32
3 FUNDAMENTOS 33
3.1 PODER NACIONAL 33
3.2 AÇÕES DE DIPLOMACIA 40
3.3 SETOR DE DEFESA 41
4 ESTRATÉGIAS E AÇÕES ESTRATÉGICAS DE DEFESA 58

GLOSSÁRIO 69
POLÍTICA
NACIONAL
DE DEFESA
1. INTRODUÇÃO
O Brasil privilegia a paz e defende o diálogo e Defesa e consoante o que preveem as Leis Com-
as negociações para a solução das controvérsias plementares nº 97, de 9 de junho de 1999, e nº
entre os Estados. Os eventos que marcam a his- 136, de 25 de agosto de 2010, a PND passou
tória do País atestam tal postura e fundamentam pelo seu terceiro processo de atualização, cujo
o seu posicionamento nas relações externas. objetivo foi promover sua adequação às novas
Não obstante, é essencial que a Nação de- circunstâncias, nacionais e internacionais. É jus-
dique contínua atenção à defesa da Pátria, haja tamente na evolução desses contextos que a
vista a condição sistemática de instabilidade dos presente Política é alicerçada.
relacionamentos entre os países e a emergência A PND é o documento de mais alto nível do
de novas ameaças no cenário internacional. País em questões de Defesa, baseado nos prin-
Com esse objetivo, foi aprovada, em 1996, a cípios constitucionais e alinhado às aspirações e
Política de Defesa Nacional. O documento con- aos Objetivos Nacionais Fundamentais1, que con-
figurou-se na primeira iniciativa para orientar os solida os posicionamentos do Estado brasileiro e
esforços de toda a sociedade brasileira no sen- estabelece os objetivos mais elevados neste tema.
tido de reunir capacidades em nível nacional, a A partir da análise das realidades que afetam
fim de desenvolver as condições para garantir a defesa da Pátria, a Política Nacional de Defesa
a soberania do País, sua integridade e a conse- busca harmonizar as iniciativas de todas as ex-
cução dos objetivos nacionais. pressões do Poder Nacional intervenientes com
Atualizada em 2005, a Política foi comple- o tema, visando melhor aproveitar as potencia-
mentada pela Estratégia Nacional de Defesa – lidades e as capacidades do País. Trata, subsi-
END, passando por nova atualização em 2012, diariamente, da interação e da cooperação em
então com a denominação de Política Nacional outras atividades que, embora não sejam dire-
de Defesa – PND. Enquanto a primeira apre- tamente ligadas à Defesa, são relacionadas com
sentava o posicionamento do País em relação à a manutenção do bem-estar e da segurança da
sua defesa e estabelecia os Objetivos Nacionais população em seu sentido mais amplo.
de Defesa – OND, a Estratégia orientava todos Desde a primeira versão desse marco
os segmentos do Estado brasileiro quanto às normativo, o Brasil vem aperfeiçoando a
medidas a serem implementadas para se atin- concepção de sua estrutura de Defesa,
girem os objetivos estabelecidos. processo complexo que se consolida no longo
Exercíto Brasileiro/Divulgação

Transcorridos vinte anos do primeiro marco de prazo, pois abarca o desenvolvimento das

1. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Art. 3º

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potencialidades de todos os segmentos do País, Fundamentais e os da política externa brasileira,
a modernização dos equipamentos das Forças as políticas setoriais do País, bem como sua si-
Armadas e a qualificação do seu capital humano, tuação socioeconômica, sua extensão territorial,
além da discussão de conceitos, de doutrinas, suas águas jurisdicionais e outros aspectos fisio-
de diretrizes e de procedimentos de preparo e gráficos relevantes. A complexidade do tema de-
emprego da expressão militar do Poder Nacional. manda que se articulem as ações do Ministério
O Ministério da Defesa coordena esse pro- da Defesa com as de outros órgãos do Estado e
cesso, que leva em conta os Objetivos Nacionais da sociedade brasileira.

POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA 9


2. O CONTEXTO DA POLÍTICA
NACIONAL DE DEFESA

2.1. FUNDAMENTOS

2.1.1 A PND expressa os objetivos a serem al- Objetivos Nacionais, em conformidade com a
cançados com vistas a assegurar a Defesa Vontade Nacional. Manifesta-se em cinco ex-
Nacional, conceituada como o conjunto de ati- pressões: a política, a econômica, a psicosso-
tudes, medidas e ações do Estado, com ênfase cial, a militar e a científico-tecnológica4.
na expressão militar, para a defesa do território,
da soberania e dos interesses nacionais contra 2.1.4 A defesa do País é indissociável de seu de-
ameaças preponderantemente externas, poten- senvolvimento, na medida em que depende das
ciais ou manifestas . 2
capacidades instaladas, ao mesmo tempo em que
contribui para o incremento das potencialidades
2.1.2 Portanto, a Política Nacional de Defesa nacionais e para o aprimoramento de todos os re-
atua no sentido de contribuir para a percepção cursos de que dispõe o Estado brasileiro.
de um estado de Segurança Nacional, enten-
dida como a condição que permite a preser- 2.1.5 A Política Nacional de Defesa tem como
vação da soberania e da integridade territorial, princípios a solução pacífica das controvérsias,
a realização dos interesses nacionais, livre de a promoção da paz e da segurança interna-
pressões e ameaças de qualquer natureza, e a cionais, o multilateralismo e a integração sul-a-
garantia aos cidadãos do exercício dos direitos e mericana, assim como a projeção do País no
Marinha do Brasil/Divulgação

deveres constitucionais . 3
concerto das nações e a ampliação de sua in-
serção em processos decisórios internacionais,
2.1.3 Coordenada pelo Ministério da Defesa, a o que requer permanente esforço de articulação
PND articula-se com as demais políticas nacio- diplomático-militar.
nais, com o propósito de integrar os esforços
do Estado brasileiro para consolidar seu Poder 2.1.6 Nesse sentido, sem desconsiderar a esfera
Nacional, compreendido como a capacidade global, estabelece como área de interesse prio-
que tem a Nação para alcançar e manter os ritário o entorno estratégico brasileiro, que inclui

2. BRASIL. Ministério da Defesa. Glossário das Forças Armadas MD35-G-01. Brasília, 2015, p. 85.
3. BRASIL. Ministério da Defesa. Glossário das Forças Armadas MD35-G-01. Brasília, 2015, P. 250.
4. BRASIL. Ministério da Defesa. Glossário das Forças Armadas MD35-G-01. Brasília, 2015, p. 212.

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 11


a América do Sul, o Atlântico Sul, os países da especial atenção aos esforços de cooperação no
costa ocidental africana e a Antártica. campo da Defesa. Igualmente, ao norte, a proxi- 2.2.6 Contudo, o porte da economia nacional 2.2.9 Em contrapartida, o País alcançou maior
midade do mar do Caribe impõe que se dê cres- poderá permitir melhores condições de coope- estabilidade político-institucional, situação que
2.1.7 Além disso, em função das tradicionais re- cente atenção àquela região. ração com nações mais avançadas no campo promove as condições para se incrementar o
lações, a América do Norte e a Europa também tecnológico, ou mesmo o aproveitamento de desenvolvimento econômico e social.
constituem áreas de interesse e, ainda, em face projetos de desenvolvimento nacional ligados
dos laços históricos e afinidade s culturais com o à área de Defesa, de modo a mitigar as even- 2.2.10 Nesse contexto, espera-se que o Brasil
Brasil, os países de língua portuguesa merecem tuais insuficiência e obsolescência de equipa- insira-se cada vez mais no cenário mundial, ob-
mentos das Forças Armadas, sem representar tendo maior representatividade nas decisões
2.2. O AMBIENTE NACIONAL impacto excessivo em seus orçamentos, en- internacionais. Por outro lado, as atenções ex-
quanto se maximizam os desdobramentos ternas tenderão a voltar-se para o País, de sorte
2.2.1 O Brasil constitui-se em um Estado demo- nacionais e, portanto, para a própria concepção positivos dos investimentos em defesa para a que sua ascensão no contexto global requer es-
crático de direito, que tem como fundamentos, da Segurança e Defesa nacionais. economia nacional. Tais desdobramentos ma- pecial atenção às ações no sentido de garantir
dentre outros, a soberania e o livre exercício da nifestam-se, em particular, por meio da geração sua soberania.
cidadania. A Constituição Federal estabelece, 2.2.4 O Brasil logrou integrar-se à comunidade de empregos qualificados na Base Industrial de
ainda, que são objetivos fundamentais do País a de países industrializados, carecendo, no en- Defesa, da absorção de tecnologias avançadas 2.2.11 Para proteger seu povo e seu patrimônio,
construção de uma sociedade livre, justa e soli- tanto, de maiores investimentos em Ciência, e da geração de oportunidades de exportação. bem como para ter a liberdade de perseguir seus
dária, a garantia do desenvolvimento nacional e Tecnologia e Inovação e em qualificação do ca- legítimos interesses, o Brasil deve considerar a
a erradicação da pobreza e da marginalização, pital humano. Todavia, os estrangulamentos de 2.2.7 No campo diplomático, o Brasil, por sua possibilidade de se defrontar com antagonismos
assim como a redução das desigualdades so- infraestrutura existentes poderão retardar o efe- tradição, valoriza e promove a convivência har- que venham pôr em risco seus objetivos nacio-
ciais e regionais e a promoção do bem de todos, tivo desenvolvimento do País. mônica entre os países e defende um mundo nais. O eventual enfrentamento desses antago-
sem preconceitos de origem, de raça, de sexo, cuja governança se baseie em valores, ins- nismos deve ocorrer de forma soberana, conso-
de cor, de idade e de quaisquer outras formas 2.2.5 A falta de regularidade nas aquisições de tituições e normas internacionais. A história, ante os princípios e fundamentos constitucionais
de discriminação. Produtos de Defesa – PRODE e da alocação de re- contudo, demonstra que as relações de força e as normas do direito internacional.
cursos orçamentários tem desestimulado os investi- desempenham papel relevante na interação es-
2.2.2 O País, mesmo considerando a crise mentos por parte da Base Industrial de Defesa – BID. tatal, de forma que “nenhum Estado pode ser 2.2.12 Do ponto de vista da Defesa, sem des-
atual, experimentou nas últimas décadas uma As demandas das Forças Armadas e a defasagem pacífico sem ser forte", conforme defendido por cuidar-se das demais regiões brasileiras, de-
melhora nos índices socioeconômicos, mas tecnológica provavelmente manterão inalterados os José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão do ve-se ter maior atenção às áreas onde se con-
ainda insuficiente para ascendê-lo à condição níveis de produção da BID dos últimos anos. Nesse Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira. centram os poderes político e econômico e a
de plenamente desenvolvido. sentido, o ritmo do desenvolvimento tecnológico maior parte da população brasileira, além da
brasileiro, considerando os atuais níveis de investi- 2.2.8 A população brasileira, por sua vez, após Amazônia e do Atlântico Sul.
2.2.3 A concentração populacional e das ativi- mento, não permite vislumbrar a eliminação da de- longo período livre de conflitos, tem a percepção
dades econômicas em regiões específicas, re- pendência externa em áreas de fundamental impor- das ameaças desvanecida, ainda que o País tenha 2.2.13 A enorme extensão territorial, a baixa
presenta um desafio para a integração e coesão tância para a indústria, nos próximos vinte anos. evoluído nas questões de segurança e de defesa. densidade demográfica da Amazônia brasileira e

POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA 13


as dificuldades de mobilidade, bem como seus A exploração do espaço exterior, o controle do
recursos minerais, seu potencial hidroenergético espaço aéreo brasileiro e a permanente articu-
e a valiosa biodiversidade que abriga, exigem a lação dessa atividade com a dos países vizinhos,
efetiva presença do Estado, com vistas ao de- bem como o contínuo desenvolvimento da ca-
senvolvimento e à integração daquela região. pacidade aeroespacial são essenciais para res-
guardar a soberania e os interesses nacionais.
2.2.14 As fronteiras demandam atenção, na
medida em que por elas transitam pessoas, 2.2.17 Adicionalmente, o amplo espectro de
mercadorias e bens, integrando e aproximando possibilidades no ambiente cibernético requer
o País de seus vizinhos, ao mesmo tempo em especial atenção à segurança e à defesa desse
que através delas são perpetradas atividades espaço virtual, composto por dispositivos com-
criminosas transnacionais de forma que sua putacionais conectados em redes ou não, no
permeabilidade requer constante vigilância, atu- qual transitam, processam-se e armazenam-se
ação coordenada entre os órgãos de defesa e informações digitais, essenciais para garantir o
os de segurança pública e estreita cooperação funcionamento dos sistemas de informações,
com os países limítrofes. de gerenciamento e de comunicações, dos
quais depende parcela significativa das ativi-
2.2.15 Por sua vez, a natural vocação marítima dades humanas.
brasileira é respaldada pelo seu extenso litoral,
pela magnitude do comércio exterior através 2.2.18 Para assegurar o atendimento à cres-
dele praticado e pela incontestável importância cente demanda imposta pelo processo de
estratégica do Atlântico Sul, o qual acolhe a desenvolvimento, será importante para o País
denominada “Amazônia Azul”, ecossistema de possuir condições de expandir sua matriz ener-
área comparável à Amazônia brasileira e de vital gética e deter o domínio das tecnologias ne-
relevância para o País, na medida em que in- cessárias para o pleno aproveitamento do seu
corpora elevado potencial de recursos vivos e potencial hidrelétrico, solar, eólico, fóssil e nu-
não vivos, entre estes, as maiores reservas de clear, dentre outros.
petróleo e gás do Brasil.

2.2.16 Da mesma forma que as dimensões con-


tinental e marítima, o ambiente aeroespacial so-

Exército Brasileiro/Divulgação
brejacente àquelas caracteriza-se como de fun-
damental importância para a Defesa Nacional.

POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA


2.3. O AMBIENTE INTERNACIONAL 2.3.5 Os impactos da “Mudança do funcionamento das instituições do País. No
Clima” poderão, ademais, acarretar campo militar, a dependência em relação a
2.3.1 Em decorrência da globalização, os 2.3.3 O expressivo aumento das atividades graves consequências ambientais, sociais, esses sistemas poderá afetar, ou mesmo
Estados têm-se desenvolvido e se tornado humanas decorrente dos crescimentos econômicas e políticas, exigindo maior inviabilizar, operações militares, em face
mais interdependentes, e associações econômico e populacional mundiais tem capacidade estatal de agir. da dificuldade ou da impossibilidade de se
político-econômicas de países se formam ou resultado na urbanização desordenada e na exercerem as ações de Comando, Controle
se fortalecem em busca de maior influência ampliação da demanda por recursos naturais. 2.3.6 Nesse contexto, a crescente e Inteligência.
internacional. Os benefícios desse processo, Dessa forma, não se pode negligenciar a interdependência econômica mundial
contudo, não se distribuem equitativamente, intensificação de disputas por áreas marítimas, deverá favorecer soluções negociadas de 2.3.9 No âmbito regional, o período sem
deixando à margem países e regiões, o que pelo domínio espacial e por fontes de água controvérsias, de sorte que países serão conflitos graves e a convergência de interesses
resulta na elevação da taxa de desemprego doce, de alimentos e de energia. Tais questões instados a empregar, cada vez mais, os poderão contribuir para o incremento da
e na volatilidade financeira, dentre outros poderão levar a ingerências em assuntos instrumentos diplomático e econômico, cooperação entre os países Sul-americanos,
efeitos adversos. internos ou a controvérsias por interesses sobre articulados no âmbito de organismos o que promoverá a consolidação da confiança
espaços sujeitos à soberania dos Estados, multilaterais, por intermédio dos quais serão mútua e a execução de projetos de defesa,
2.3.2 A configuração internacional, caracterizada configurando possíveis quadros de conflito. levadas a termo negociações e sanções. visando, dentre outros, ao desenvolvimento
por assimetrias de poder, gera tensões de capacidades tecnológicas e industriais,
e instabilidades que contribuem para o 2.3.4 As crescentes demandas por 2.3.7 A demanda por ajuda humanitária e além de estratégias para a solução de
surgimento de grupos insurgentes e de desenvolvimento econômico e social poderão por operações de paz tende a acentuar-se, problemas comuns.
organizações terroristas ou criminosas impactar a sustentabilidade, mantendo ou de sorte que o País poderá ser impelido a
e que tendem a incrementar a guerra acelerando o processo de degradação do meio incrementar sua participação nesses tipos de 2.3.10 Por outro lado, a América do Sul, o
irregular. Ainda que a ocorrência de conflitos ambiente, de modo que a questão ambiental missão. Além do aumento de sua influência Atlântico Sul, a Antártica e a África ocidental
generalizados entre Estados tenha reduzido, será, cada vez mais, uma preocupação da política em nível global, a participação em detêm significativas reservas de recursos
renovam-se aqueles de caráter étnico e humanidade. A promoção do desenvolvimento operações internacionais permitirá ao Brasil naturais, em um mundo já cioso da escassez
religioso, exacerbam-se os nacionalismos e sustentável, incluindo a conservação e estreitar laços de cooperação por intermédio desses ativos. Tal cenário poderá intensificar
fragmentam-se os Estados, cenário propício o uso sustentável da biodiversidade, o das Forças Armadas e ampliar sua projeção a ocorrência de conflitos nos quais prevaleça
para o desenvolvimento da denominada aproveitamento de recursos naturais e do no concerto das nações. o uso da força ou o seu respaldo para a
“guerra híbrida” , que combina distintos
5
potencial energético e a incorporação de imposição de sanções políticas e econômicas,
conceitos de guerra. grandes áreas ao sistema produtivo são 2.3.8 Em relação a sistemas de informações, com eventual militarização do Atlântico Sul,
indissociáveis da soberania nacional. de gerenciamento e de comunicações, tornar- área cuja consolidação como Zona de Paz
se-ão mais frequentes os acessos indesejados, e Cooperação revela-se fundamental para
inclusive com eventuais bloqueios do fluxo de resguardá-la da interferência de interesses
informações de interesse nacional, capazes não legítimos.
de expor ou paralisar atividades vitais para o
5.“Guerra Híbrida” é um conceito cada vez mais adotado para a definição de novos conflitos do século XXI, frequentemente chamados de “con-
flitos do futuro”, em que ações de combate convencional são aglutinadas, no tempo e no espaço, com operações de natureza irregular, de guerra
cibernética e de operações de informação, dentre outras, com atores estatais e não-estatais, no ambiente real e informacional, incluindo as redes
sociais. Sua natureza realça características dos conflitos contemporâneos e tornam a definição das missões das Forças Armadas muito mais
complexa, dinâmica e sofisticada.

POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA 17


2.3.11 Em que pese a América do Sul capacitado a exercer em plenitude sua
constituir-se numa das regiões mais estáveis soberania, ao mesmo tempo em que são
do mundo, não se pode desconsiderar a observados os princípios e fundamentos
possibilidade de tal circunstância vir a sofrer que alicerçam a conduta brasileira em suas
interrupção, de sorte que o Brasil poderá relações externas, assim como incrementar
ver-se compelido a contribuir para a solução o Poder Nacional e, simultaneamente,
de eventuais controvérsias sub-regionais satisfazer as necessidades da sociedade.
ou mesmo para defender seus interesses. Essa condição demanda, no entanto,
O reforço dos mecanismos de cooperação ações alinhadas e indivisíveis de todos os
e integração na região, merece, portanto, setores governamentais, fundamentadas em
atenção especial. posicionamentos nacionais claros e objetivos.

2.3.12 Nesse contexto instável e com


demandas crescentes para países emergentes,
torna-se imprescindível para o Brasil manter-se

Exército Brasileiro/ Sgt Mache

POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA


X. defender o uso sustentável dos recursos XVI. priorizar os investimentos em Ciência,
3. CONCEPÇÃO POLÍTICA DE DEFESA ambientais, respeitando a soberania dos Estados; Tecnologia e Inovação relativos a produtos de
defesa de aplicação dual, visando à autonomia
XI. promover maior integração da região tecnológica do País;
3.1 A paz e a estabilidade nas relações compromissos assumidos em convenções, amazônica brasileira;
internacionais requerem ações integradas e tratados e acordos internacionais; XVII. promover a participação da mobilização
coordenadas nas esferas do Desenvolvimento, XII. buscar a manutenção do Atlântico Sul nacional (recursos humanos, capacidade
para a redução das deficiências estruturais IV. repudiar qualquer intervenção na soberania como zona de paz e cooperação; industrial e infraestrutura instaladas) na Defesa
de uma nação, viveiros para o surgimento de dos Estados e defender que qualquer ação Nacional; e
ameaças à soberania e ao bem-estar social; da nesse sentido seja realizada de acordo com os XIII. defender a exploração da Antártica
Diplomacia, para a conjugação dos interesses ditames do ordenamento jurídico internacional; somente para fins de pesquisa científica, XVIII. estimular o fundamental envolvimento de
conflitantes de países; e da Defesa, para com a preservação do meio ambiente e sua todos os segmentos da sociedade brasileira nos
a dissuasão ou o enfrentamento de ações V. participar de organismos internacionais, manutenção como patrimônio da humanidade; assuntos de defesa, para o desenvolvimento
hostis. Esses três pilares – Desenvolvimento, projetando cada vez mais o País no concerto de uma cultura participativa e colaborativa de
Diplomacia e Defesa – devem ser explorados das nações; XIV. manter as Forças Armadas adequadamente todos os cidadãos.
com maior ou menor profundidade conforme o preparadas e equipadas, a fim de serem capazes
caso concreto, a fim de garantir a Segurança e VI. participar de operações internacionais, de cumprir suas missões constitucionais, e
a Defesa nacionais. visando contribuir para a estabilidade mundial prover a adequada capacidade de dissuasão;
e o bem-estar dos povos;
3.2 Portanto, sendo a Defesa uma atividade XV. buscar a regularidade orçamentária
preponderantemente voltada contra ameaças VII. apoiar as iniciativas para a eliminação total para o Setor de Defesa, adequada ao pleno
externas e considerando os aspectos constantes de armas químicas, biológicas, radiológicas e cumprimento de suas missões constitucionais
dos ambientes nacional e internacional, o Brasil nucleares, nos termos do Tratado sobre a Não- e à continuidade dos projetos de de Defesa;
concebe sua Defesa Nacional segundo os Proliferação de Armas Nucleares, ressalvando o
seguintes posicionamentos: direito ao uso da tecnologia para fins pacíficos;

I. privilegiar a solução pacífica das controvérsias; VIII. sem prejuízo da dissuasão, privilegiar
a cooperação no âmbito internacional e a
II. apoiar o multilateralismo no âmbito das integração com os países sul-americanos,
relações internacionais; visando encontrar soluções integradas para
questões de interesses comuns ou afins;
III. atuar sob a égide de organismos
internacionais, visando à legitimidade e ao IX. promover o intercâmbio com países de maior
respaldo jurídico internacional, e conforme os interesse estratégico no campo de defesa;

POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA 21


Marinha do Brasil/Divulgação

POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA 23


4. OBJETIVOS NACIONAIS DE DEFESA
V. Contribuir para a estabilidade regional e VIII. Ampliar o envolvimento da sociedade
para a paz e a segurança internacionais. brasileira nos assuntos de Defesa Nacional.
4.1 Em decorrência da análise dos ambientes técnicas e da doutrina de emprego das Forças, Refere-se à participação do Brasil nos meca- Trata-se de aumentar a percepção de toda a
internacional e nacional e suas projeções, bem de forma singular ou conjunta, com foco na in- nismos de resolução de controvérsias no âmbito sociedade brasileira sobre a importância dos
como da Concepção Política, são estabelecidos teroperabilidade; o adequado aparelhamento dos organismos internacionais, complementada assuntos relacionados à defesa do País, incre-
os Objetivos Nacionais de Defesa, os quais devem das Forças Armadas, empregando-se tecnolo- pelas relações com toda a comunidade mundial, mentando-se a participação de todo cidadão
ser interpretados como as condições a serem al- gias modernas e equipamentos eficientes e em na busca de confiança mútua, pela colaboração nas discussões afetas ao tema e culminando
cançadas e mantidas permanentemente pela quantidade compatível com a magnitude das nos interesses comuns e pela cooperação em com a geração de uma sólida cultura de defesa.
nação brasileira no âmbito de defesa. atribuições cometidas; e a dotação de recursos assuntos de segurança e defesa.
humanos qualificados e bem preparados.
4.2 São Objetivos Nacionais de Defesa: VI. Contribuir para o incremento da
III. Salvaguardar as pessoas, os bens, projeção do Brasil no concerto das nações
I. Garantir a soberania, o patrimônio nacional os recursos e os interesses nacionais, e sua inserção em processos decisórios
e a integridade territorial. situados no exterior. internacionais.
Trata-se de assegurar a condição inalienável de Significa proporcionar condições de segurança Caracteriza-se pelas ações no sentido de incre-
fazer valer a vontade nacional e de exercer a úl- aos brasileiros no exterior, assegurando o res- mentar a participação do Brasil em organismos
tima instância da autoridade do Estado, sobre peito aos direitos individuais ou coletivos, pri- e fóruns internacionais, em operações interna-
o conjunto das instituições, bens nacionais, di- vados ou públicos, a execução de acordos cionais, visando auferir maior influência nas de-
reitos e obrigações, valores e costumes, bem internacionais, de modo a zelar também pelo cisões em questões globais.
como a estabilidade da ordem jurídica em todo o patrimônio, pelos ativos econômicos e recursos
território nacional. nacionais existentes fora do Brasil, de acordo VII. Promover a autonomia produtiva e
com o regramento jurídico internacional. tecnológica na área de defesa.
II. Assegurar a capacidade de Defesa, para Significa manter e estimular a pesquisa e buscar
o cumprimento das missões constitucionais IV. Contribuir para a preservação da coesão e o desenvolvimento de tecnologias autóctones,
das Forças Armadas. unidade nacionais. sobretudo no que se refere a tecnologias crí-
Refere-se a, em última análise, dotar as Forças Trata da contribuição da Defesa Nacional à pre- ticas, bem como o intercâmbio com outras
Armadas das capacidades necessárias para servação da identidade nacional, dos valores, tra- nações detentoras de conhecimentos de in-
realizar a vigilância, o controle e a defesa do dições e costumes do povo brasileiro, assim como teresse do País. Refere-se, adicionalmente, à
território, das águas jurisdicionais e do espaço dos objetivos nacionais fundamentais e comuns a qualificação do capital humano, assim como ao
aéreo brasileiros e prover a segurança das linhas toda a nação, garantindo aos cidadãos o pleno desenvolvimento da Base Industrial de Defesa
de comunicação marítimas. Leva em conta a exercício dos direitos e deveres constitucionais. e de produtos de emprego dual (civil e militar),
necessidade de contínuo aperfeiçoamento das além da geração de empregos e renda.

POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA 25


5. CONSIDERAÇÕES
FINAIS

5.1 Todos os setores da Administração Federal


deverão articular-se entre si, visando à conse-
cução dos objetivos estabelecidos na presente
Política e ao emprego mais racional das capa-
cidades e potencialidades do País. Da mesma
forma, as medidas implementadas pelo Setor
de Defesa no sentido da consecução dos
Objetivos Nacionais de Defesa deverão ob-
servar e atender, no que for cabível, as intera-
ções com as políticas setoriais dos demais ór-
gãos da Administração Federal.

5.2 Os objetivos estabelecidos nesta Política di-


recionarão a formulação da Estratégia Nacional
de Defesa, documento que estabelece as ações
para a consecução daqueles objetivos.
Saab Força Aérea/ Sgt Johnson

Apresentação do primeiro F-39 Gripen brasileiro, em Linköping, na Suécia.


Agência

POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA 27


ESTRATÉGIA
NACIONAL DE DEFESA
1. INTRODUÇÃO
O Brasil rege suas relações internacionais, A Estratégia Nacional de Defesa – END, por
dentre outros, pelos princípios constitucionais da sua vez, orienta os segmentos do Estado brasi-
não intervenção, da defesa da paz e da solução leiro quanto às medidas que devem ser implemen-
pacífica dos conflitos. Essa vocação para a con- tadas para que esses objetivos sejam alcançados.
vivência harmônica com outros países é parte da É, portanto, o vínculo entre o posicionamento do
identidade nacional e constitui valor a ser conser- País nas questões de defesa e as ações necessá-
vado pelo povo brasileiro. rias para efetivamente dotar o Estado da capaci-
Por outro lado, o contexto atual demonstra que dade para preservar seus valores fundamentais.
as relações internacionais mantêm-se instáveis e Após a aprovação de sua primeira versão, em
possuem desdobramentos, por vezes, imprevisí- 2008, a Estratégia Nacional de Defesa foi sub-
veis. Dessa forma, conforme defendido por José metida, em 2012, ao primeiro processo de re-
Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio visão. Em 2016, consoante o que prevê a nº 97,
Branco, o Brasil tem a consciência de que “ne- de 09 de junho de 1999, e suas alterações, al-
nhum Estado pode ser pacífico sem ser forte", de cança novo estágio de atualização, que consiste
modo que o crescente desenvolvimento do País de sua adaptação às atuais circunstâncias dos
deve ser acompanhado pelo adequado preparo ambientes nacional e internacional.
de sua defesa. Fundamentada nos posicionamentos estabe-
Assim, a sociedade brasileira vem tomando lecidos na Política Nacional de Defesa e alicer-
maior consciência da sua responsabilidade na pre- çados nos objetivos de mais elevada importância
servação da autonomia do País e da importância no campo da defesa, a END define, de forma
de dotá-lo de ferramentas que o capacitem a ga- clara e objetiva, as estratégias que deverão nor-
rantir a consecução de suas legítimas aspirações. tear a sociedade brasileira nas ações de defesa
O Estado, como provedor da segurança da po- da Pátria. Trata das bases sobre as quais deve
pulação brasileira, é o responsável por coordenar estar estruturada a defesa do País, assim como
as ações relacionadas à Defesa Nacional, que indica as articulações que deverão ser condu-
Ministério da Defesa/ Felipe Barra

tem como documento de mais alto nível a Política zidas, no âmbito de todas as instâncias dos três
Nacional de Defesa – PND, a qual estabelece os poderes e a interação entre os diversos escalões
Objetivos Nacionais de Defesa – OND, que devem condutores dessas ações com os segmentos
ser permanentemente perseguidos pela Nação. não-governamentais do País.

7 de Setembro de 2011

31
2. CONCEPÇÃO ESTRATÉGICA 3. FUNDAMENTOS
DE DEFESA
3.1 PODER NACIONAL

A Constituição Federal estabelece os do direito internacional e os compromissos fir- O Poder Nacional8 apresenta-se como a con- humanos e materiais das Forças Armadas, que é o
fundamentos e os Objetivos Nacionais mados pelo País. As ações do Setor de Defesa, jugação interdependente de vontades e meios, conceito de Elasticidade, um dos pressupostos da
Fundamentais6 do Brasil, orientadores para a constituído pelo Ministério da Defesa e pelas voltada para o alcance de determinada finali- Mobilização Nacional.
manutenção da identidade nacional e para a Forças Armadas, contribuem para o propósito dade. De vontades, por ser este um elemento im- Em face da análise dos atuais cenários, nacional e
preservação da coesão e da unidade do País. da diplomacia ao interagirem com as contra- prescindível à sua manifestação, tornando-o um internacional, torna-se essencial adaptar a configu-
A Carta Magna prescreve, dentre outros partes de outros países, incrementando-se a fenômeno essencialmente humano, individual ou ração das expressões do Poder Nacional às novas
aspectos, o bem-estar social, a construção confiança mútua e os laços de amizade. coletivo; de meios, por refletir as possibilidades e circunstâncias e, por conseguinte, buscar estruturar
de uma sociedade justa, livre e solidária, A Defesa Nacional, portanto, confere subs- limitações das pessoas que o constituem e dos os meios de defesa em torno de capacidades.
que proporcionem as condições para o tância à Segurança e atua em consonância com a recursos de que dispõe. São consideradas Capacidades Nacionais
desenvolvimento nacional, alicerçadas pelo política brasileira de privilegiar a solução pacífica Assim, entende-se o Poder Nacional como de Defesa aquelas compostas por diferentes par-
adequado grau de segurança7 promovido pelo das controvérsias entre os países, de sorte que o a capacidade que tem a Nação para alcançar celas das expressões do Poder Nacional. Elas são
Estado, esta entendida como a sensação de uso da força por intermédio da Expressão Militar e manter os Objetivos Nacionais, em conformi- implementadas por intermédio da participação co-
garantia necessária e indispensável a uma do Poder Nacional somente será concretizado, dade com a vontade nacional, manifestando-se ordenada e sinérgica de órgãos governamentais e,
sociedade e a cada um de seus integrantes, quando, ameaçados os interesses nacionais, as nas Expressões Política, Econômica, Psicosso- quando pertinente, de entes privados orientados
contra ameaças de qualquer natureza. possibilidades de negociação apresentem-se in- cial, Militar e Científico-tecnológica. para a defesa e para a segurança em seu sentido
Nesse sentido, a Defesa Nacional, concei- viáveis, visando à preservação da soberania, da O preparo do Poder Nacional consiste de um mais amplo.
tuada como o conjunto de atitudes, medidas e integridade territorial e dos interesses nacionais. conjunto de atividades executadas com o objetivo Assim, destacam-se dentre as Capacidades Na-
ações do Estado, com ênfase na expressão mi- de fortalecê-lo, seja pela manutenção ou aperfeiço- cionais de Defesa: as Capacidades de Proteção, de
litar, para a defesa do território, das águas jurisdi- amento do poder existente, seja por meio da trans- Dissuasão, de Pronta-resposta, de Coordenação e
cionais, da soberania e dos interesses nacionais formação do potencial em poder. A eficiência de tal Controle, de Gestão da Informação, de Mobilidade
contra ameaças preponderantemente externas, preparo depende de políticas e estratégias que pro- Estratégica e de Mobilização.
potenciais ou manifestas, é essencial para a con- piciem as condições necessárias ao processo de A Capacidade de Proteção do território e da
secução do desejado grau de segurança do País. desenvolvimento do País. população brasileira exprime o mais relevante obje-
A concepção estratégica de defesa do Brasil No contexto da Defesa Nacional, é necessário tivo nacional, o de garantir a soberania, o patrimônio
prevê a prevalência da ação diplomática, em que a Nação esteja preparada para evoluir, rapida- nacional e a integridade territorial. Assim, importa
tempo de paz ou de crise, em que será per- mente, da situação de paz ou de crise para a situ- dotar a Nação da capacidade de resposta em si-
seguido o entendimento para eventuais diver- ação de conflito armado. O País deverá, portanto, tuações excepcionais, preservando-se o funciona-
gências e disputas, observando-se os preceitos estar habilitado a aumentar celeremente os meios mento normal das funções vitais do Estado.

6. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Art. 3º. 8. BRASIL. Ministério da Defesa. Glossário das Forças Armadas. Brasília, 2016. p.212
7. BRASIL. Ministério da Defesa. Glossário das Forças Armadas. Brasília, 2016. p.248

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 33


A Capacidade de Dissuasão, por sua vez, Intimamente relacionada à Capacidade de Pro-
configura-se como fator essencial para a Segu- teção está a Capacidade de Pronta-resposta,
rança Nacional, na medida em que tem como que inclui diversos elementos do Poder Nacional.
propósito desestimular possíveis agressões. Visa prevenir o agravamento de uma situação de
Sustenta-se nas condições que possui a Nação crise ou encerrar, de forma célere, uma contenda
de congregar e aplicar sua Capacidade de Pro- já deflagrada, evitando o engajamento do País em
teção e de Pronta-resposta, no caso de even- um conflito armado prolongado.
tuais ações hostis contra a soberania e os legí-
timos interesses do Brasil.
Agência Força Aérea/Cb V. Santos

Marinha do Brasil/Divulgação
Reforçar a Capacidade de Proteção requer a A Capacidade de Proteção, além de voltar-se
adequação dos meios e métodos de vigilância para o território nacional, deverá considerar os
sobre o território nacional, incluindo a Zona Eco- interesses brasileiros no exterior, com o pro-
nômica Exclusiva, a plataforma continental e o es- pósito de assegurar a observância dos direitos
paço exterior sobrejacente, o espaço cibernético e individuais ou coletivos, privados ou públicos,
outras áreas de interesse. Exige, adicionalmente, o o cumprimento de acordos internacionais, de
aperfeiçoamento dos sistemas de comunicações modo a zelar também pelo patrimônio, pelos A Capacidade de Coordenação e Controle Estará assentada no Sistema Nacional de Comu-
e de informações e dos sistemas de alerta relacio- ativos econômicos e pelos recursos nacionais tem como objetivo permitir, em quaisquer circuns- nicações Críticas – SISNACC, que beneficiará a
nados aos órgãos de Proteção e Defesa Civil, com existentes fora do Brasil, de acordo com o arca- tâncias, a coordenação entre os diversos órgãos Administração Pública com uma rede de comuni-
vistas à atuação coordenada interagências. bouço jurídico internacional. governamentais e tem como fundamento o do- cações para coordenação e controle nos campos
mínio e a integridade do tráfego de informações. da Defesa Nacional, da Proteção e da Defesa

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 35


Civil, da Segurança Pública, da fiscalização e da Por sua vez, a Capacidade de Mobilidade e da capacidade do pronto emprego dos recursos zações estatais e privadas, civis e militares, que
repressão a ilícitos. É estruturada, basicamente, Estratégica refere-se à condição de que dispõe a e serviços colocados à sua disposição. A Capa- realizem ou conduzam pesquisas, projetos, de-
em redes e composta por capacidades oriundas infraestrutura logística de transporte do País, com cidade de Mobilização tem como objetivos, por senvolvimento, industrialização, produção, reparo,
de outros sistemas privados de comunicações, capacidade multimodal, e aos meios de trans- um lado, complementar a logística das Forças Ar- conservação, revisão, conversão, modernização
quando empregados em situações emergenciais. porte, de permitir às Forças Armadas deslocar-se, madas, pelo emprego de meios civis, utilizando o ou manutenção de produtos de defesa, no País.
A Capacidade de Gestão da Informação rapidamente, para a área de emprego, no território conceito de logística nacional, consoante o Sis- Em relação aos aspectos comerciais, estes
visa garantir a obtenção, a produção e a difusão nacional ou no exterior, quando assim impuser a tema Nacional de Mobilização – SINAMOB. devem estar subordinados aos imperativos es-
dos conhecimentos necessários à coordenação e defesa dos interesses nacionais. A mobilização deverá considerar todas as ca- tratégicos, com o propósito de permitir o aten-
ao controle dos meios de que dispõe a Nação, Tal condição requer, dentre outros aspectos, pacidades de que dispõe o País (infraestruturas, dimento dos Objetivos Nacionais de Defesa.
proporcionando o acesso à Inteligência aos toma- que o Brasil disponha de estrutura de trans- instaladas e potenciais, e capital humano), de- Assim, importa que a rede de desenvolvimento,
dores de decisão e aos responsáveis pelas áreas portes adequada e que privilegie a interação e vendo ser dada especial atenção ao preparo produção e comercialização esteja submetida a
de Segurança Pública e de Defesa Nacional, em a integração dos diversos modais, de sorte que dessas capacidades, visando ao seu emprego regimes legal, regulatório e tributário especiais,
todos os escalões. O Sistema Brasileiro de Inteli- possam atuar de forma complementar. de forma célere, eficiente e eficaz, considerando de forma a proporcionar maior nível de segu-
gência – SISBIN é a sua estrutura principal. Essa A Capacidade de Mobilização tem como que o “fator tempo” é crítico para os resultados rança às empresas nacionais contra os riscos
capacidade proporciona condições para a ação objetivo incrementar a eficácia do emprego da de um conflito armado. do imediatismo mercantil e maior regularidade
preventiva do poder público e contribui para a efi- expressão militar que está intimamente associada Nesse sentido, o Setor de Defesa deverá es- nas demandas estatais por produtos de defesa,
cácia dos meios operativos das Forças Armadas ao grau de independência tecnológica e logística timular, no seu âmbito de atuação, o desenvol- sem prejudicar a competição no mercado e o
e dos meios de segurança pública. do País, da capacidade de Mobilização Nacional vimento das potencialidades industriais do País, desenvolvimento de novas tecnologias.
de sorte a incrementar o Poder Nacional. Tais regimes deverão proporcionar à Base In-
Assim, a defesa e o desenvolvimento do País dustrial de Defesa condições de aumentar sua
são naturalmente interdependentes, na medida competitividade, em especial com relação ao
em que este se configura como fator prepon- mercado externo, de forma a incrementar sua
derante para construir os meios, humanos e de escala de produção e, dessa forma, promover
infraestrutura, de que a Nação necessita para maior regularidade às demandas de produtos,
suportar um eventual emprego da expressão quer sejam exclusivamente de defesa, quer
Agência Força Aérea/Sgt. Johnson

militar. Ao mesmo tempo, é imperioso que o sejam de aplicação dual.


aparato de defesa esteja de acordo com as A contrapartida para tais regimes especiais
mais avançadas práticas e tecnologias, o que deve ser a observância pela BID de requisitos
requer a condição de desenvolvimento científico estabelecidos pelo Estado, de acordo com os
e tecnológico nacional no estado da arte. pertinentes instrumentos legais, de sorte que tal
Nesse contexto, a defesa do Brasil exige o per- condição não configure privilégios, mas prerroga-
manente fortalecimento de sua Base Industrial de tivas decorrentes de seu comprometimento com
Defesa – BID, formada pelo conjunto de organi- o preparo do Poder Nacional.

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 37


O fomento a uma indústria nacional de de- fesa e fator relevante para o seu desenvolvi- Nesse contexto, o Setor de Defesa deverá de Produtos de Defesa deverá observar esses
fesa é, também, um incentivo ao crescimento mento e sustentação. Nesse escopo, a atuação realizar o acompanhamento de pesquisas avan- mesmos critérios, visando racionalizar o em-
econômico de um país, na medida em que gera do Estado constitui importante agente facilitador, çadas em tecnologias de defesa nos institutos prego de recursos orçamentários e garantir, nas
empregos diretos e indiretos e desenvolve pro- na medida em que a política externa praticada das Forças Armadas ou em outras organizações decisões de obtenção, a prevalência do compro-
dutos que serão úteis ao setor civil. Assim, in- pelo Brasil, bem como o suporte estatal a finan- a elas subordinadas ou associadas, visando, so- misso com o desenvolvimento das capacitações
vestir em defesa significa garantir a soberania, ciamentos de programas, projetos de pesquisa, bretudo, à atuação sinérgica de tais iniciativas. tecnológicas nacionais em produtos de defesa.
promover o desenvolvimento científico e tecno- desenvolvimento, produção, aquisições e co- Busca-se, com isso, uma integração que evite No que se refere aos recursos humanos, de-
lógico e estimular o crescimento do País. mercialização de produtos de defesa nacionais duplicidade de esforços, que compartilhe qua- verá ser mantida uma reserva qualificada e em
Considerando o contexto da globalização tendem a proporcionar maior confiança aos po- dros e ideias e que racionalize o uso dos recursos, condições de ser convocada para atuar em prol
nas áreas comercial e industrial, a busca por tenciais compradores. assim como privilegie a construção de elos entre da defesa da Pátria, quando necessário. Nesse
parcerias estratégicas com outros países deve O Estado deve utilizar seu poder de compra pesquisa e produção, sem que se perca contato contexto, deverá ser mantido o caráter obriga-
ser uma prioridade, que demanda ação coorde- para garantir condições mínimas de sustentabi- com os avanços em ciências básicas. tório do Serviço Militar, por ser uma das condi-
nada de diversos órgãos governamentais e de lidade e de aprimoramento das capacitações da Para se atingir tal condição, é necessário que ções para que se possa mobilizar a população
entes privados, com o propósito de alcançar e BID, de tal sorte que a cadeia de produção seja os projetos de pesquisa sejam, prioritariamente, brasileira em defesa da soberania nacional, além
consolidar a capacidade de desenvolver e fa- relativamente independente da política de expor- realizados de forma conjunta pelas instituições de servir como instrumento de integração, de co-
bricar produtos de defesa, minimizando-se a tação e de comercialização de produtos duais. de tecnologia avançada das três Forças singu- esão e de afirmação da unidade nacional, inde-
dependência da importação de componentes No que se refere às competências tecnoló- lares. Projetos de interesse comum a mais de pendentemente de classes sociais, uma vez que
críticos, de produtos e de serviços. gicas nacionais no campo da defesa, o seu apri- uma Força devem ter seus esforços integrados, gera oportunidades de aprimoramento pessoal e
Tais parcerias deverão ter como premissa o moramento ocorre em função, tanto do desenvol- definindo-se para cada um deles um polo inte- profissional e incentiva o exercício da cidadania.
fortalecimento das capacitações autônomas na- vimento da infraestrutura de ciência e tecnologia, grador. Esses projetos poderão ser organizados O Serviço Militar deverá ser empregado de
cionais. A Estratégia considera, portanto, que quanto da formação de recursos humanos. Daí com personalidade própria, seja como em- acordo com critérios estabelecidos no âmbito das
parte substancial do desenvolvimento, da pro- a importância de se implementar uma política de presas de propósitos específicos, seja sob ou- Forças singulares, em função das características
dução e da manutenção seja realizada no Brasil. formação em ciências básica e aplicada, privile- tras formas jurídicas, e deverão ser selecionados e necessidades funcionais e profissionais de cada
O componente estatal da Base Industrial de giando-se a aproximação da produção científica e avaliados não somente pelo seu potencial de uma delas. Entretanto, deverá ser observado seu
Defesa deverá, em princípio, projetar e produzir com as atividades relativas ao desenvolvimento emprego imediato, mas também por sua fecun- caráter educativo, social e profissionalizante, de
o que o setor privado não pode fazê-lo de forma tecnológico da Base Industrial de Defesa. didade tecnológica, ou seja, sua utilidade como modo a entregar à sociedade cidadãos compro-
rentável no curto e no médio prazos. Dessa Resguardados os interesses de segurança do fonte de inspiração e de capacitação para inicia- metidos com o País e mais bem preparados para
forma, o Estado buscará atuar no teto tecnoló- Estado quanto ao acesso a informações, devem tivas análogas. o mercado de trabalho, e militares qualificados e
gico, em estreito vínculo com os centros avan- ser estimuladas iniciativas conjuntas entre orga- Ademais, tais projetos deverão considerar as motivados para bem servir à Pátria.
çados de pesquisa das Forças Armadas e das nizações de pesquisa das Forças Armadas, ins- desejadas comunalidade e interoperabilidade A composição dos efetivos deverá, pois, estar
instituições acadêmicas brasileiras. tituições acadêmicas nacionais e empresas pri- dos equipamentos das Forças Armadas, res- em consonância com a política de emprego ra-
A busca por novos mercados é um dos vadas brasileiras. guardando-se, no entanto, as peculiaridades de cional dos recursos humanos, sendo imperativo
maiores desafios para a Base Industrial de De- cada Força. Igualmente, a Política de Obtenção buscar-se o equilíbrio entre o ingresso do militar

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 39


de carreira e o do militar temporário, visando As capacidades nacionais configuram suporte tribuir para a estratégia de defesa, uma vez que favorecem que eventuais diferenças sejam tra-
equilibrar a necessidade de formação de re- para as ações, tanto para a diplomacia, quanto promovem a confiança mútua, a cooperação e tadas de forma pacífica.
servas e o atendimento das necessidades fun- para a expressão militar. Portanto, o desenvol- o estreitamento de laços de amizade, os quais
cionais de cada Força. A carreira militar, dado o vimento do País, condição essencial para a
seu caráter universal, exprime o conjunto da so- geração do Poder Nacional em toda a sua ple- 3.3 SETOR DE DEFESA
ciedade brasileira. Deverá, portanto, manter seu nitude, constitui peça fundamental para a Segu-
acesso facultado a todas as classes sociais, sem rança, para a Defesa Nacional e para a efetiva O Setor de Defesa, constituído pelo Ministério Decorrem das Capacidades Nacionais de De-
qualquer tipo de proporcionalidade ou privilégios dissuasão contra eventuais ameaças. da Defesa e integrado pela Marinha do Brasil, fesa, as Capacidades Militares de que deverão
no ingresso nas fileiras das Forças Armadas. pelo Exército Brasileiro e pela Força Aérea Brasi- dispor as Forças Armadas para suportar o seu
leira, é responsável pelo preparo e pelo emprego eventual emprego. Tais capacidades deverão ser
3.2 AÇÕES DE DIPLOMACIA da expressão militar do Poder Nacional. integradas e consolidadas, de modo a permitir
Assim, se, por um lado, nos tempos de paz, o planejamento, a estruturação e a definição de
A atividade diplomática estimula o conhe- para o progresso da humanidade; e concessão o Setor de Defesa atua de maneira a contribuir processos e de responsabilidades, voltadas ao
cimento recíproco entre nações e permite a de asilo político. para as ações de diplomacia empreendidas pelo preparo e ao emprego.
conciliação de eventuais diferenças de percep- No contexto da política exterior do Brasil, as País, por outro lado, em caso de guerra ou con- Em face das peculiaridades dos conflitos ar-
ções. Portanto, o diálogo e a cooperação com relações diplomáticas, na perspectiva da De- flito armado, é o setor do Estado brasileiro que mados modernos, deve-se considerar, primor-
outros países são fundamentais para o êxito fesa Nacional, antecedem o uso da força, por aplica a força em sua plenitude. dialmente, o emprego conjunto das Forças,
da Estratégia Nacional de Defesa, por serem intermédio da expressão militar, para a solução A Constituição Federal conceitua as Forças racionalizando-se meios de toda ordem e incre-
poderosos instrumentos de prevenção e de de contenciosos. Visam à consecução dos Ob- Armadas como instituições nacionais perma- mentando-se as capacidades de cada uma delas,
resolução de conflitos. jetivos Nacionais por intermédio da observância nentes e regulares, organizadas com base na por intermédio do uso sinérgico de suas carac-
Em um ambiente internacional cada vez dos princípios estabelecidos no Artigo 4º da hierarquia e na disciplina, sob a autoridade su- terísticas e potencialidades, sem desconsiderar,
mais complexo e de uma crescente interdepen- Carta Magna, sobretudo no que se refere à so- prema do Presidente da República, as quais se contudo, a possibilidade do seu emprego singular.
dência entre as nações em diversos domínios, lução pacífica das controvérsias. destinam à defesa da Pátria, à garantia dos po- Necessário é, pois, desenvolver as atividades
a diplomacia ganha cada vez maior importância As ações diplomáticas, portanto, diferen- deres constitucionais e, por iniciativa de qualquer de monitoramento e controle do espaço aéreo,
no encaminhamento das grandes questões glo- ciam-se daquelas adotadas pela Defesa Na- destes, da lei e da ordem. do território, das águas jurisdicionais brasileiras e
bais. No caso do Brasil, a atividade diplomática cional quanto à sua natureza, todavia possuem Para cumprir sua destinação constitucional, de outras áreas de interesse, bem como a capa-
orienta-se pelos princípios estabelecidos no Ar- o mesmo objetivo em sua essência. Assim, as Forças Armadas devem conceber suas es- cidade de pronta-resposta a qualquer ameaça ou
tigo 4º da Constituição Federal: independência ainda que a política externa seja competência truturas organizacionais e operacionais em torno agressão. Tais atividades demandam que, cada
nacional; prevalência dos direitos humanos; privativa do Presidente da República, que a de capacidades, em consonância com a estru- vez mais, as Forças possam operar em rede9, in-
autodeterminação dos povos; não intervenção; exerce com o auxílio do Ministério das Relações turação dos meios de defesa do país, de acordo crementando-se o intercâmbio de informações,
igualdade entre os Estados; defesa da paz; so- Exteriores na sua formulação e condução, o re- com as características de cada Força singular. o que, dadas as dimensões das áreas conside-
lução pacífica dos conflitos; repúdio ao terro- lacionamento internacional de defesa de enti-
rismo e ao racismo; cooperação entre os povos dades governamentais brasileiras podem con-
9. A operação em rede é uma concepção que remete às Forças Armadas a necessidade de operarem no contexto da era da informação. Ela
propicia condições para a interoperabilidade das forças, contribuindo para a construção, a manutenção e a difusão da consciência situacional
no espaço de batalha e o aprimoramento do Ciclo de Comando e Controle. Caracteriza-se pelo estabelecimento de um ambiente de comparti-
lhamento da consciência situacional, de modo a contribuir para a obtenção da Superioridade de Informação e da iniciativa, mesmo que os meios
empregados estejam dispersos geograficamente.

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 41


radas, exigirá a aptidão de se chegar, oportuna- com os objetivos da política externa exercida representem ameaça nas águas jurisdicionais de Santos a Vitória e a área em torno da foz do
mente, à região de interesse, de acordo com a pelo Brasil. brasileiras, e manter a segurança nas linhas de rio Amazonas. Dessa forma, a Marinha dará con-
capacidade de mobilidade estratégica. As Capacidades Militares de Defesa deverão comunicação marítimas onde houver interesses tinuidade ao trabalho de instalação de sua nova
Adicionalmente às atribuições constitucio- ser levantadas em conjunto e consolidadas, inte- nacionais, nos termos do direito internacional. base de submarinos e aos estudos para estabe-
nais, as três Forças deverão ter condições de gradas e priorizadas no nível setorial da Adminis- O cumprimento desse conjunto de atribuições lecer, nas proximidades da foz do rio Amazonas,
atuar, de forma singular ou conjunta, em opera- tração Federal. A essas capacidades somam-se será efetuado por meio das tarefas básicas do um complexo naval de uso múltiplo.
ções internacionais, quer de caráter expedicio- as capacidades militares das Forças Singulares, Poder Naval: controle de área marítima; negação do A Marinha estruturar-se-á, por etapas, como
nário, de operações de paz ou de ajuda humani- para atender às suas atribuições subsidiárias e uso do mar; projeção de poder sobre terra; e con- uma Força balanceada entre os componentes de
tária, para atender a compromissos assumidos às especificidades de cada uma delas. tribuição para a dissuasão. O monitoramento do superfície, submarino, anfíbio e aéreo, dotada de
pelo País ou para salvaguardar os interesses mar, inclusive a partir do espaço, deverá integrar o alto grau de mobilidade. Isso permitirá aumentar a
brasileiros no exterior e, dessa forma, contribuir repertório de práticas e capacitações operacionais. flexibilidade com que se persegue o objetivo prio-
O Poder Naval deve explorar suas caracterís- ritário da estratégia de segurança marítima: a dis-
3.3.1 Plano de Articulação e Equipamentos de Defesa ticas intrínsecas de mobilidade, de permanência, suasão contra qualquer concentração de forças
de versatilidade e de flexibilidade, que, favorecidas hostis nas águas de interesse nacional.
Os conjuntos de Capacidades Militares de De- a interoperabilidade entre elas e a capacidade de pela liberdade de navegação, pela disponibili- A força naval de superfície contará tanto com
fesa serão sistematizados e dimensionados na defesa, permitir o atendimento às necessidades dade de pontos de apoio logístico fixos, estrate- navios de grande porte, capazes de operar e de
Política e na Estratégia Militar de Defesa e, por fim, específicas das Forças e a racionalização das ati- gicamente posicionados, e pela incorporação de permanecer por longo tempo em alto mar, quanto
refletidos no Plano de Articulação e Equipamentos vidades de planejamento estratégico. apoio logístico móvel às forças em operação, pro- com navios de menor porte, dedicados a patru-
de Defesa (PAED), que contemplará, além da ma- Por sua vez, a execução dos projetos visando porcionam o emprego do Poder Naval em largo lhar o litoral e os principais rios brasileiros. Deverá
crodistribuição das instalações militares no terri- à obtenção de ambos os conjuntos de capaci- espectro de atividades, desde o apoio às ações contar também com navios de apoio logístico
tório nacional, o delineamento dos equipamentos dades será, em princípio, de responsabilidade de de diplomacia, o emprego limitado da força, até móvel, necessários ao provimento da mobilidade
necessários ao cumprimento das atribuições das cada Força singular. as operações de guerra naval. da força naval em áreas de interesse. Dentre os
Forças Armadas, com o propósito de incrementar As capacidades para controlar áreas marítimas, navios de grande porte, deverá ser dispensada
negar o uso do mar e projetar o Poder Naval terão especial atenção à obtenção de navios de propó-
3.3.2 Marinha do Brasil por foco incrementar a segurança e a habilitação sitos múltiplos e também de navios aeródromos.
para defender as plataformas petrolíferas, as ins- Contribuirá para a operação da Força Naval, a ca-
A Marinha do Brasil tem como missão-síntese A intensificação das ocorrências de atos ilícitos talações navais e portuárias, os arquipélagos e as pacidade da Força Aérea de operar em conjunto
preparar e empregar o Poder Naval, a fim de con- no mar, na forma de pirataria, tráfico de pessoas ilhas oceânicas nas águas jurisdicionais brasileiras com a aviação naval, para garantir o controle do ar
tribuir para a defesa da Pátria; para a garantia dos e de drogas, contrabando, pesca ilegal, crimes e responder prontamente a qualquer ameaça às no grau desejado.
poderes constitucionais e, por iniciativa de qual- ambientais e outros demandam a presença es- vias marítimas de comércio. Para assegurar a tarefa de negação do uso do
quer destes, da lei e da ordem; para o cumpri- tatal nos mares e nas vias navegáveis. Daí decorre Duas áreas do litoral merecem atenção espe- mar, o Brasil contará com força naval submarina
mento das atribuições subsidiárias previstas em que o Poder Naval deve dispor de meios capazes cial, do ponto de vista da necessidade de con- de envergadura, composta de submarinos de
lei; e para o apoio à política externa. de detectar, identificar e neutralizar ações que trolar o acesso marítimo ao Brasil: a faixa que vai propulsão nuclear e de propulsão convencional.

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 43


Marinha do Brasil/Divulgação,

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 45


Diligenciará para que o Brasil ganhe autonomia mentais para assegurar o controle das margens rias, com o adequado suporte logístico, desde as em especial de suas brigadas leves, mecanizadas
nas tecnologias cibernéticas que guiem os sub- durante as Operações Ribeirinhas. O Corpo de frações elementares até os Grandes Comandos. e blindadas. Assim, o Exército, partindo de um
marinos e seus sistemas de armas, e que lhes Fuzileiros Navais, força de caráter anfíbio e expe- A adaptabilidade, por seu turno, possibilita um dispositivo de expectativa e em conjunto com as
possibilitem atuar em rede com as outras forças dicionário por excelência, constitui-se em parcela rápido ajuste às mudanças nas condicionantes que demais Forças Singulares, deve ter capacidade de
navais, terrestres e aéreas. do Conjugado Anfíbio da Marinha do Brasil. determinam a seleção e a forma como os meios concentrar as forças necessárias para garantir a
A fim de garantir a capacidade de projeção de A Marinha deverá contar, também, com serão empregados, em qualquer faixa do espectro superioridade decisiva no combate, mantendo a
poder e ampliar a de controlar áreas marítimas, embarcações de combate, de transporte e de do conflito, nas situações de guerra e não guerra. inviolabilidade do território nacional.
a Marinha deverá dispor de meios de fuzileiros patrulha, oceânicas, litorâneas e fluviais, con- A modularidade confere a um elemento de Decorrente da estratégia da presença, o Exér-
navais, em permanente condição de pronto em- cebidas de acordo com os mesmos requisitos combate a condição de, a partir de uma estru- cito atuará de forma episódica e pontual em ope-
prego, essenciais para a defesa de instalações de versatilidade funcional que orientarão a tura básica mínima, receber módulos que am- rações de Garantia da Lei e da Ordem e colaborará
navais e portuárias, dos arquipélagos e das ilhas construção das belonaves de alto mar. A Força pliem seu poder de combate ou lhe agreguem com os órgãos de Segurança Pública nas ações
oceânicas, nas águas jurisdicionais brasileiras, deverá adensar sua presença nas vias navegá- capacidades, viabilizando a adoção de estruturas contra ilícitos transnacionais perpetrados na faixa
para atuar, tempestiva e eficazmente, em opera- veis das duas grandes bacias fluviais, a do rio adaptáveis para cada situação de emprego. A de fronteira. Além de participar na proteção inte-
ções de guerra naval, em atividades de emprego Amazonas e a do sistema Paraguai-Paraná, em- modularidade está diretamente relacionada ao grada de Estruturas Estratégicas e na execução
de magnitude e permanência limitadas, em ope- pregando tanto navios-patrulha, como navios- conceito de elasticidade. de obras de engenharia em todo o território na-
rações humanitárias e em apoio à política externa -transporte, ambos guarnecidos por helicóp- A elasticidade, por sua vez, é a característica cional, em proveito do desenvolvimento do País.
em qualquer região que configure cenário estraté- teros e adaptados ao regime das águas. que, dispondo uma força de adequadas estru- O Exército deverá, também, ter a capacidade
gico de interesse. Nas vias fluviais, serão funda- turas de comando e controle e de logística, lhe de projeção de poder, constituindo uma Força Ex-
permite variar o poder de combate pelo acréscimo pedicionária, quer para operações de paz, ajuda
3.3.3 Exército Brasileiro ou supressão de estruturas, com oportunidade, humanitária ou demais operações, para atender
ou por intermédio da mobilização de meios adi- compromissos assumidos sob a égide de orga-
O Exército Brasileiro tem como missão-síntese Terrestre em adequado estado de prontidão, es- cionais, quando for o caso. nismos internacionais ou para salvaguardar inte-
contribuir para a garantia da soberania nacional, truturada e preparada para o cumprimento de A sustentabilidade permite a uma força durar resses brasileiros no exterior.
dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, missões operacionais terrestres, conjuntas e in- na ação, pelo prazo que se fizer necessário, man- Papel fundamental exercem os projetos estra-
salvaguardando os interesses nacionais e coope- teragências. Tal estado de prontidão decorre do tendo suas capacidades operativas e resistentes tégicos, uma vez que agem como indutores do
rando com o desenvolvimento nacional e o bem- contínuo processo de transformação, na busca de às oscilações do combate. processo de transformação em curso no Exér-
-estar social. Para isso a Força Terrestre deverá, novas capacidades, sob a orientação das caracte- O processo de transformação do Exército, no cito Brasileiro. Sua continuidade constitui a forma
dentre outras, ter condições de: neutralizar con- rísticas doutrinárias de flexibilidade, adaptabilidade, entanto, não será orientado somente por essas mais adequada de permitir a necessária evolução
centrações de forcas hostis junto à fronteira ter- modularidade, elasticidade e sustentabilidade. características, mas deverá buscar a compati- tecnológica e doutrinária da Força Terrestre, man-
restre, contribuir para a defesa do litoral e para a A flexibilidade, característica decorrente de es- bilização com a estratégia da presença, sobre- tendo-a em patamares de relevância operacional,
defesa antiaérea no território nacional. truturas com mínima rigidez preestabelecida, fa- tudo na Amazônia. compatíveis com o grau de dissuasão desejado,
Concebe o cumprimento de sua destinação culta um número maior de opções para reorganizar A capacidade de estar presente, ou de fazer-se ou para seu emprego efetivo nas missões atribu-
constitucional por meio da manutenção da Força os elementos de combate em estruturas temporá- presente se dará pela mobilidade de seus meios, ídas pelo Estado.

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 47


Exército Brasileiro/Divulgação
ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 49
Dos sistemas indutores da transformação, al- Sistema de Defesa Cibernética e a Mecanização cidades de proteção dos Sistemas de Comando Ambos configuram elementos interdependentes
guns colaboram diretamente para a capacidade do Exército atuam por meio do incremento da mo- e Controle e das Estruturas Estratégicas do e complementares no cumprimento da missão
de dissuasão, em conjunto com as demais Forças bilidade, da atividade de monitoramento e controle País, principalmente daquelas que envolvam o constitucional da Força Aérea. Enquanto o SIS-
Singulares. O Sistema Integrado de Monitora- das fronteiras e da capacidade de atuar na ne- espaço cibernético. Deve, portanto, manter em DABRA é responsável pelas ações de defesa
mento de Fronteira – SISFRON, o Sistema de Mís- gação de acesso indesejado a áreas ou a sistemas elevado grau o nível de segurança e de defesa propriamente ditas, compete ao SISCEAB o
seis e Foguetes, o Sistema de Defesa Antiaérea, o estratégicos de interesse da Defesa Nacional. dos seus sistemas computacionais. controle do espaço aéreo e o exercício das ativi-
Importa considerar o caráter dual das atribui- dades de Proteção ao Voo. A atuação sinérgica
3.3.4 Força Aérea Brasileira ções cometidas à Força Aérea: a defesa aero- e integrada desses sistemas permite utilizar, de
espacial e o controle de espaço aéreo. Em de- forma eficiente e racional, as sucessivas e com-
Decorrente de sua destinação constitucional, litares do Poder Aeroespacial está intrinseca- corrência de acordos internacionais, compete plementares camadas de vigilância do espaço
a Força Aérea Brasileira – FAB tem como mis- mente relacionada ao binômio ciência-tecno- à Força Aérea o controle do espaço aéreo e o aéreo, simultaneamente a um adequado con-
são-síntese manter a soberania do espaço aéreo logia, de sorte que a Força Aérea buscará o serviço de busca e resgate no espaço aéreo so- trole do espaço aéreo.
nacional com vistas à defesa da Pátria. Coopera, domínio científico-tecnológico que lhe possibi- brejacente ao território nacional e à área oceâ- A Força Aérea Brasileira será mantida como
subsidiariamente, com setores relacionados ao lite responder aos desafios impostos pelas ca- nica sob responsabilidade do Brasil, realizado um relevante pilar no contexto da Defesa Na-
desenvolvimento nacional e à segurança. racterísticas da guerra moderna. em conjunto com a Marinha. cional, pois que, por sua capacidade opera-
A arquitetura operacional para manter a so- Nesse contexto, tornam-se imperiosas a Nesse contexto, são dois os componentes- cional, contribui significativamente para o for-
berania no espaço aéreo deverá estar orientada criação e a ampliação de polos tecnológicos inte- -chave para o exercício da soberania do espaço talecimento do Poder Aeroespacial. Cumprirá
em torno das Capacidades Militares da Força gradores, com o objetivo de conquistar a autossu- aéreo nacional: o Sistema de Defesa Aeroespa- papel imprescindível à realização de quaisquer
Aérea Brasileira, observando-se a doutrina, ficiência em projetos de desenvolvimento e na fa- cial Brasileiro – SISDABRA e o Sistema de Con- missões no ambiente de operações conjuntas.
com foco nas suas características e fundamen- bricação de sistemas de C3I (Comando, Controle, trole do Espaço Aéreo Brasileiro – SISCEAB.
tada nos princípios próprios para o emprego do Comunicação e Inteligência), com vistas a eliminar,
Poder Aeroespacial. progressivamente, a dependência externa.
As Capacidades Militares de projeção estra- O Setor Espacial do interesse da Defesa,
tégica de poder, superioridade nos ambientes sob a coordenação da FAB em conjunto com
aéreos e espaciais, comando e controle, su- a Agência Espacial Brasileira, proverá a estru-
perioridade nas informações, sustentação lo- tura aeroespacial para as operações das Forças
gística, proteção da força e interoperabilidade Armadas e, simultaneamente, benefícios para
deverão estar associadas às intrínsecas ca- a sociedade brasileira nas áreas de comunica-
racterísticas da Força Aérea: alcance, flexibili- ções, meteorologia, observação da terra, nave-
dade e versatilidade, mobilidade, penetração, gação e monitoramento do espaço.
pronta-resposta e velocidade. Considerando que a Força Aérea se confi-
A eficaz aplicação de tais atributos, ou seja, gura como uma organização altamente tecnoló-
a eficiência operacional das Capacidades Mi- gica, imprescindível se faz utilizar-se das capa-

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 51


Agência Força Aérea/Sgt. Batista

KC-390, aeronave de transporte da Força Aérea Brasileira

53
3.3.5 Setores estratégicos nacionalização e o desenvolvimento em escala in- d) aumentar a capacidade de usar a energia nuclear
dustrial do ciclo do combustível nuclear, inclusive em amplo espectro de atividades de uso pacífico;
Três setores tecnológicos são essenciais para No Setor Nuclear, o Brasil é um dos países mais a gaseificação e seu enriquecimento, e da tecno-
a Defesa Nacional: o nuclear, o cibernético e o es- atuantes na causa da não proliferação de armas logia de construção de reatores nucleares, para e) incrementar a capacidade de prover as defesas
pacial. Portanto, são considerados estratégicos e atômicas. Sem renunciar ao domínio da tecnologia uso exclusivo do Brasil; radiológica e nuclear.
devem ser fortalecidos. Como decorrência de sua nuclear, optou por empregá-la exclusivamente para
própria natureza, transcendem à divisão entre de- fins pacíficos, decisão consubstanciada no texto c) aprimorar as tecnologias e capacitações na- No Setor Cibernético, as capacitações des-
senvolvimento e defesa e entre o civil e o militar. constitucional e referendada pela adesão do País cionais com vistas a qualificar o País a projetar e tinar-se-ão ao mais amplo espectro de emprego
Importa, nesse contexto, a capacitação do País ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucle- construir termelétricas nucleares, ainda que de- civil e militar. Incluirão, como parte prioritária, as
como um todo, bem como conferir ao Poder Na- ares – TNP. Tal posicionamento foi assumido em senvolvidas por meio de parcerias com outros pa- tecnologias de comunicações entre as unidades
cional condições de adaptar-se às circunstâncias e face de várias premissas, sendo a mais importante íses ou com empresas estrangeiras, com o pro- das Forças Armadas, de modo a assegurar sua in-
de servir-se do potencial de emprego que abrigam. o progressivo desarmamento dos Estados nuclear- pósito de diversificar a matriz energética nacional; teroperabilidade e a capacidade de atuar de forma
Esses setores estratégicos apresentam elevada mente armados. integrada, com segurança.
complexidade, de forma que, ao mesmo tempo em No Setor Nuclear busca-se:
que demandam liderança centralizada, requerem
estreita coordenação e integração de diversos a) aprimorar o desenvolvimento da tecnologia
atores e áreas do conhecimento. Dessa forma, atri- nuclear;
bui-se à Marinha a responsabilidade pelo Setor Nu-
clear, ao Exército pelo Setor Cibernético e à Força b) concluir, no que diz respeito ao programa do
Aérea pelo Setor Espacial. submarino de propulsão nuclear, a completa
Marinha do Brasil/Divulgação

Exército Brasileiro/Divulgação

Lançamento do submarino Riachuelo

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 55


Essa condição implica aprimorar a Segurança acadêmica nacional, os setores público e privado b) incrementar as competências associadas ao Os esforços no setor espacial buscarão garantir
da Informação e das Comunicações e a Segurança e a Base Industrial de Defesa. Adicionalmente, é projeto, à fabricação e à integração de plata- o acesso a dados e viabilizar economicamente o
Cibernética, em todas as instâncias do Estado, com importante que sejam intensificadas as parcerias formas espaciais (satélites), buscando o atendi- desenvolvimento de tecnologias críticas de inte-
ênfase na proteção das Estruturas Estratégicas re- estratégicas e o intercâmbio com as Forças Ar- mento das demandas da Defesa e dos demais resse do País, bem como estabelecer condições
lacionadas à Tecnologia da Informação. Será ne- madas de outros países, sobretudo daqueles que órgãos governamentais; favoráveis ao intercâmbio de pessoal, instrumen-
cessário, portanto, aperfeiçoar o marco legal e as compõem o entorno estratégico do Brasil. tação e dados, assegurando, também, a partici-
normas afins a essa atividade. No Setor Espacial, a Força Aérea, em con- c) buscar soluções inovadoras para as teleco- pação brasileira em programas científicos interna-
Dessa forma, busca-se fomentar a pesquisa, o junto com a Agência Espacial Brasileira, por inter- municações entre os segmentos espaciais e cionais. Além disso, deverão propiciar o seu uso
desenvolvimento e a inovação, com foco nas tec- médio de todo o complexo científico-tecnológico e terrestres; e em aplicações para a sociedade nas áreas de co-
nologias que permitam o planejamento e a exe- da interação com a Base Industrial de Defesa, tem municações, meteorologia, observação da terra,
cução da Defesa Cibernética no âmbito do Setor as seguintes atribuições: d) promover a cooperação internacional nas navegação e monitoramento do espaço, bem
de Defesa e que contribuam com a Segurança áreas de concepção, de projeto, de desenvol- como a exploração comercial de serviços e pro-
Cibernética no âmbito nacional, envolvendo a co- a) desenvolver soluções para veículos lançadores vimento e de operação de sistemas espaciais, dutos associados às atividades espaciais.
munidade acadêmica doméstica e internacional. de satélites e tecnologias associadas que permitam com vistas a acelerar a aquisição de conheci-
Tal proposta visa, primordialmente, contribuir para fazer uso de plataformas espaciais com finalidades mento científico e tecnológico.
o esforço de mobilização do potencial nacional na de comunicações, observação da terra, vigilância,
área da Tecnologia da Informação. meteorologia e navegação;
Para tanto, deverá ser fortalecida a atuação co-
laborativa entre o Setor de Defesa e a comunidade
Agência Força Aérea/Sd A. Soares

Centro de Lançamento de Alcântara

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 57


4. ESTRATÉGIAS E AÇÕES ED-2 Fortalecimento da capacidade de dissuasão

ESTRATÉGICAS DE DEFESA Esta Estratégia significa desenvolver, apri- AED-9 Desenvolver as capacidades de monitorar
morar e consolidar os fatores que conferem ao e controlar o espaço aéreo, o espaço cibernético,
País condições para desestimular qualquer ação o território, as águas jurisdicionais brasileiras e ou-
Com base nas considerações constantes do Defesa – AED, que visam orientar as medidas que hostil contra sua soberania, seus interesses, an- tras áreas de interesse.
presente marco normativo, o Brasil orienta suas ini- deverão ser implementadas no sentido da conse- seios e aspirações.
ciativas na área de defesa no seu nível mais amplo, cução dos Objetivos Nacionais de Defesa. AED-10 Incrementar as capacidades de defender
segundo as Estratégias de Defesa – ED, direta- Uma ED pode contribuir para mais de um Ob- AED-7 Dotar o País de Forças Armadas mo- e de explorar o espaço cibernético.
mente alinhadas aos Objetivos Nacionais de De- jetivo Nacional de Defesa, o mesmo ocorrendo dernas, bem equipadas, adestradas e em estado
fesa estabelecidos na Política Nacional de Defesa. com as Ações Estratégicas de Defesa em relação de permanente prontidão, capazes de desenco- AED-11 Incrementar a capacidade de
Complementarmente, a cada Estratégia de às Estratégias. Nesse caso, podem ser de natu- rajar ameaças e agressões. Mobilização Nacional.
Defesa são incorporadas Ações Estratégicas de rezas idênticas ou distintas.
AED-8 Demonstrar a capacidade de contrapor-se
OND-I: GARANTIR A SOBERANIA, O PATRIMÔNIO
NACIONAL E A INTEGRIDADE TERRITORIAL à concentração de forças hostis nas proximidades
das fronteiras, dos limites das águas jurisdicionais
ED-1 Fortalecimento do Poder Nacional brasileiras e do espaço aéreo nacional.

OND-2: ASSEGURAR A CAPACIDADE DE


Significa incrementar todo tipo de meios de que AED-3 Aprimorar o Sistema Nacional DEFESA, PARA O CUMPRIMENTO DAS MISSÕES
dispõe a Nação (infraestruturas, instaladas e po- de Mobilização. CONSTITUCIONAIS DAS FORÇAS ARMADAS
tenciais, e capital humano), assim como aperfei-
çoar os procedimentos de emprego dos recursos AED-4 Coordenar com os diversos órgãos ED-3 Dimensionamento do Setor de Defesa
utilizados na aplicação da expressão militar. setoriais da Administração Pública o atendi-
mento dos requisitos de infraestrutura de inte- Refere-se à estrutura, operacional e admi- AED-12 Estruturar as Forças Armadas em torno
AED-1 Desenvolver os setores estratégicos resse da defesa. nistrativa, do Ministério da Defesa e das Forças de capacidades.
de defesa (nuclear, cibernético e espacial). Armadas, com vistas à sua capacitação para
AED-5 Fortalecer o Sistema Brasileiro o cumprimento das correspondentes missões AED-13 Aparelhar as Forças Armadas com equi-
AED-2 Contribuir para o incremento do nível de de Inteligência. constitucionais, precípuas e subsidiárias. Consi- pamentos adequados ao cumprimento de sua
segurança das Estruturas Estratégicas (sistema de dera os aspectos físicos, que compreendem a missão constitucional.
captação, tratamento e distribuição de água, ge- AED-6 Aprimorar a coordenação do Setor de distribuição das organizações e unidades pelo
ração e distribuição de energia elétrica, sistemas Defesa, internamente e no nível interministerial. território nacional e a dotação dos equipamentos AED-14 Articular as três Forças singulares, com
de transporte, produção e distribuição de com- que aparelham as Forças Armadas. ênfase na interoperabilidade.
bustíveis, finanças, comunicações e cibernética).

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 59


AED-15 Incrementar as capacidades das Forças AED-19 Incrementar as capacidades das Forças ED-5 Regularidade orçamentária
Armadas para emprego conjunto. Armadas em sua autodefesa e para contribuir
com os órgãos de Proteção e Defesa Civil, na pre- Visa possibilitar ao Setor de Defesa melhores AED-25 Buscar a regularidade e a previsibili-
AED-16 Dar prosseguimento aos projetos estra- venção, mitigação, preparação, resposta e recu- condições de planejar o emprego dos recursos dade orçamentária para o Setor de Defesa.
tégicos das Forças Armadas. peração, em eventos adversos de natureza bioló- orçamentários, e, dessa forma, racionalizar o
gica, química, radiológica ou nuclear. seu uso, tornando os gastos em defesa mais efi- AED-26 Buscar a vinculação orçamentária e
AED-17 Incrementar as capacidades das Forças cientes. Adicionalmente, busca compatibilizar o financeira de percentual adequado do PIB em
Armadas para atuar em operações interagências. AED-20 Dotar as Forças Armadas de equipa- orçamento de defesa à envergadura do País no gastos com defesa.
mentos que privilegiem o conceito de letalidade cenário mundial.
AED-18 Incrementar as capacidades das Forças seletiva, estimulando o desenvolvimento e a fa-
Armadas para contribuir na prevenção e no en- bricação nacionais. ED-6 Desenvolvimento da capacidade de mobilização nacional
frentamento às redes criminosas transnacionais.
Trata-se do preparo das infraestruturas, ins- AED-28 Preparar e manter reservas em condi-
ED-4 Capacitação e dotação de recursos humanos taladas e potenciais, e do capital humano, de ções de expandir a capacidade de combate das
que dispõe o País, para um eventual emprego Forças Armadas.
Trata da composição dos efetivos do Ministério AED-22 Manter os efetivos adequadamente da expressão militar do Poder Nacional, quer em
da Defesa e das Forças Armadas, segundo as preparados. ações de defesa, quer em ações subsidiárias in- AED-29 Catalogar as capacidades de infraes-
mais modernas práticas de Gestão de Recursos teragências ou não. truturas necessárias por meio da mobilização
Humanos, visando à maior eficiência de seu em- AED-23 Buscar a criação da carreira civil de defesa. de pessoal, material e serviços, para comple-
prego e à racionalização do pessoal do Setor de AED-3 Aprimorar o Sistema Nacional de Mobilização. mentar a logística militar.
Defesa, militar e civil. Considera o equilíbrio na AED-24 Valorizar a profissão militar e a carreira
utilização de militares de carreira e recursos hu- civil de defesa. AED-4 Coordenar com os diversos órgãos seto- AED-30 Aperfeiçoar o gerenciamento e a capa-
manos alternativos (quadros temporários, profis- riais da Administração Pública o atendimento dos citação técnica das instalações industriais das
sionais terceirizados e contratação de serviços). requisitos de infraestrutura de interesse da defesa. Forças Armadas.
Adicionalmente, leva em conta o adequado
preparo dos efetivos, mantidos em elevado es- AED-27 Aperfeiçoar o Serviço Militar.
tado motivacional e de comprometimento com os
objetivos de suas correspondentes organizações.

AED-21 Adequar a composição dos efetivos do


Setor de Defesa, com base em uma política de
racionalização dos recursos humanos.

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 61


OND-3: SALVAGUARDAR AS PESSOAS, OS BENS, OS RECURSOS OND-4: CONTRIBUIR PARA A PRESERVAÇÃO DA
E OS INTERESSES NACIONAIS, SITUADOS NO EXTERIOR COESÃO E UNIDADE NACIONAIS

ED-6 Fortalecimento da capacidade de dissuasão ED-8 Incremento da presença do Estado em todas as regiões do País

Trata do desenvolvimento, do aprimoramento AED-33 Incrementar a participação das Forças Significa o compromisso do poder público no AED-38 Intensificar a presença do Setor de
e da consolidação dos fatores que conferem ao Armadas em exercícios operacionais com sentido de se fazer presente, inclusive nas áreas Defesa nas áreas estratégicas de baixa densi-
País condições para desestimular qualquer ação outros países. menos favorecidas do País, para atender neces- dade demográfica.
hostil contra sua soberania, seus interesses, an- sidades básicas da população, promovendo a
seios e aspirações. AED-34 Promover o adestramento, a atualização integração e a cidadania e consolidando a iden- AED-39 Intensificar a contribuição do Setor de
tecnológica dos meios materiais e doutrinária tidade nacional. Defesa para a integração da região Amazônica.
AED-31 Desenvolver capacidades para preservar dos recursos humanos, para a participação das
nacionais em situação de risco e resguardar bens, Forças Armadas em operações internacionais. AED-27 Aperfeiçoar o Serviço Militar
recursos e interesses brasileiros, no exterior, inclu-
sive linhas de comunicação marítimas. AED-35 Desenvolver capacidades de manter a ED-9 Adoção de medidas educativas
segurança das linhas de comunicação marítimas
AED-32 Incrementar a capacidade expedicio- onde houver interesses nacionais. Trata-se da adoção de medidas educativas, AED-41 Intensificar as ações de comunicação
nária, com foco na presteza e na permanência. no sentido da construção de uma cultura que va- social voltadas para a identidade nacional.
lorize a cidadania, o patriotismo e o civismo.
ED-7 Emprego de ações diplomáticas relacionadas à defesa
AED-40 Contribuir para a ampliação de programas
Refere-se às atividades mantidas entre o Setor AED-36 Incrementar o relacionamento com o educacionais que visem à promoção da cidadania.
de Defesa brasileiro e os congêneres estran- Setor de Defesa de outros países.
geiros, visando ao fortalecimento da confiança, ED-10 Contribuição para a atuação dos órgãos federais, estaduais e municipais
ao estreitamento dos laços de amizade, ao co- AED-37 Incrementar as ações de presença naval
nhecimento mútuo e ao desenvolvimento de um em apoio às ações de diplomacia. A presente estratégia refere-se às atribuições AED-42 Capacitar as Forças Armadas para co-
ambiente de camaradagem e cooperação. subsidiárias das Forças Armadas, em coope- operar com os órgãos públicos.
Considera, adicionalmente, o relacionamento ração com as diversas agências e instituições
do Setor de Defesa com demais órgãos estatais e públicas nas as instâncias dos três poderes, em- AED-43 Promover a interação e a cooperação
não-estatais e com a sociedade de outros países. penhadas na manutenção do bem-estar da po- entre os diversos órgãos da Administração
pulação e na conservação do nível de segurança Pública responsáveis pelas correspondentes
no seu sentido amplo. áreas de segurança nas as instâncias dos três
poderes, aprimorando os processos de coorde-
nação afins.

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 63


AED-50 Intensificar a atuação em foros multilate- AED-53 Aperfeiçoar o adestramento de civis
OND-5: CONTRIBUIR PARA A ESTABILIDADE REGIONAL E
PARA A PAZ E A SEGURANÇA INTERNACIONAIS rais e em mecanismos inter-regionais. e militares para participação em operações
internacionais.
ED-11 Promoção da integração regional AED-52 Desenvolver capacidades das Forças
Armadas para desempenharem responsabili-
Trata-se das ações que visam à consolidação AED-45 Intensificar as parcerias estratégicas, dades crescentes em operações internacionais,
de uma mentalidade própria de defesa no âmbito a cooperação e o intercâmbio militar com as sob mandato de organismos multilaterais.
da América do Sul, buscando-se incrementar o Forças Armadas dos países da União das
OND 6: CONTRIBUIR PARA O INCREMENTO DA PROJEÇÃO DO
nível de comprometimento dos países da Re- Nações Sul-Americanas – UNASUL. BRASIL NO CONCERTO DAS NAÇÕES E SUA INSERÇÃO EM
gião, nos esforços conjuntos para solução de PROCESSOS DECISÓRIOS INTERNACIONAIS
problemas comuns nesse tema. AED-46 Incrementar a participação brasileira no
Conselho de Defesa Sul-Americano – CDS/UNASUL. ED-14 Atuação com base no multilateralismo
AED-44 Estimular o desenvolvimento de uma
identidade sul-americana de defesa. Refere-se à atuação do Setor de Defesa em AED-52 Desenvolver capacidades das Forças
consonância com o posicionamento político do Armadas para desempenharem responsabili-
ED-12 Promoção da cooperação internacional Brasil, no sentido de defender o princípio do dades crescentes em operações internacionais,
multilateralismo nas relações internacionais, nas sob mandato de organismos multilaterais.
Refere-se às atividades mantidas entre o Setor AED-49 Intensificar a realização de operações operações internacionais e nas ações de coope-
de Defesa brasileiro e os congêneres estrangeiros, internacionais, unilateralmente ou em arranjos ração com outros países e organismos estran- AED-53 Intensificar a atuação do Setor de
visando ao estreitamento dos laços de amizade, plurilaterais, e de iniciativas de cooperação em geiros, de modo a ampliar a participação dos pa- Defesa em organismos internacionais.
ao conhecimento mútuo e ao desenvolvimento de áreas de interesse de defesa. íses na discussão de temas de interesse global,
um ambiente de camaradagem e cooperação. conferindo às decisões maior legitimidade.
AED-50 Intensificar a atuação em foros multila-
AED-47 Intensificar as medidas de fomento da terais e em mecanismos inter-regionais. ED-12 Promoção da cooperação internacional
confiança mútua e da segurança internacionais.
AED-51 Incrementar a participação brasileira nas Refere-se às atividades mantidas entre o Setor AED-48 Intensificar a realização de intercâmbios
AED- 48 Intensificar a realização de intercâmbios decisões sobre o destino da região Antártica. de Defesa brasileiro e os congêneres estrangeiros, e acordos na área de defesa com outros países.
e acordos na área de defesa com outros países. visando ao estreitamento dos laços de amizade,
ao conhecimento mútuo e ao desenvolvimento de AED-49 Intensificar a realização de operações in-
ED-13 Atuação em organismos internacionais um ambiente de camaradagem e cooperação. ternacionais, unilateralmente ou em arranjos pluri-
laterais, e de iniciativas de cooperação em áreas
Trata da atuação do Brasil em foros e organiza- humanitárias e de operações de paz sob o man- AED-47 Intensificar as medidas de fomento da de interesse de defesa.
ções internacionais e da participação das Forças dato de organismos multilaterais. confiança mútua e da segurança internacionais.
Armadas e de contingentes policiais em missões

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 65


AED-50 Intensificar a atuação em foros multila- AED-51 Incrementar a participação brasileira nas AED-60 Aprimorar os mecanismos de financia- AED-63 Promover o aumento de conteúdo local
terais e em mecanismos inter-regionais. decisões sobre o destino da região Antártica. mento para a Base Industrial de Defesa. nos produtos da Base Industrial de Defesa.

ED-1 Fortalecimento do Poder Nacional AED-61 Estender as prerrogativas da Base AED-64 Estimular a obtenção de compensação
Industrial de Defesa para os produtos ou sis- comercial, industrial e tecnológica nas aquisi-
Significa incrementar todo tipo de meios de que captação, tratamento e distribuição de água, ge- temas destinados à segurança pública. ções do exterior.
dispõe a Nação (infraestruturas, instaladas e poten- ração e distribuição de energia elétrica, sistemas
ciais, e capital humano), assim como aperfeiçoar de transporte, produção e distribuição de com- AED-62 Promover as exportações da Base AED-65 Promover a coordenação dos pro-
os procedimentos de emprego dos recursos, uti- bustíveis, finanças, comunicações e cibernética). Industrial de Defesa. cessos de certificação de produtos, serviços
lizados no caso da aplicação da expressão militar. e Sistemas de Defesa – PRODE/SD, concer-
AED-3 Aprimorar o Sistema Nacional de nentes à Base Industrial de Defesa.
AED-1 Desenvolver os setores estratégicos de Mobilização.
ED- 16 Fortalecimento da Área de Ciência e Tecnologia de Defesa
defesa (nuclear, cibernético e espacial).
AED-32 Incrementar a capacidade expedicio- Visa ao desenvolvimento e à solidez da área de AED-70 Promover o desenvolvimento de sis-
AED-2 Contribuir para o incremento do nível de nária, com foco na presteza e na permanência. CT&I em assuntos de defesa, promovendo a ab- temas espaciais.
segurança das Estruturas Estratégicas (sistema de sorção, por parte da cadeia produtiva, de conhe-
cimentos indispensáveis à redução gradativa da AED-71 Estimular o estabelecimento de parcerias
OND-7: PROMOVER A AUTONOMIA PRODUTIVA E dependência de tecnologia externa. e intercâmbios na área de pesquisa de tecnolo-
TECNOLÓGICA NA ÁREA DE DEFESA
gias de interesse da defesa.
ED-15 Promoção da sustentabilidade da cadeia produtiva da Base Industrial de Defesa AED-66 Promover o desenvolvimento de tecnolo-
gias críticas para a defesa. AED-72 Utilizar encomendas tecnológicas para
Trata de proporcionar condições de estabili- AED-56 Estimular projetos de interesse da defesa promover o aumento do conteúdo tecnológico
dade às atividades de pesquisa, desenvolvimento, que empreguem produtos e tecnologias duais. AED-67 Aprimorar o modelo de integração da nacional dos produtos de defesa.
produção e venda de produtos de defesa brasi- tríade Governo/Academia/Empresa.
leiros e de dar condições de sustentabilidade à AED-57 Aprimorar os regimes legal, regulatório e tri- AED-73 Promover a formação em ciências bá-
cadeia produtiva, ainda que submetida a regimes butário especiais para a Base Industrial de Defesa. AED-68 Promover o desenvolvimento da tecno- sica e aplicada, privilegiando-se a aproximação
legal, regulatório e tributário especiais. logia nuclear. da produção científica com as atividades rela-
AED-58 Estabelecer planos de carga para tivas ao desenvolvimento de análises estraté-
AED-25 Buscar a regularidade e a previsibilidade atendimento do Plano de Articulação e de AED-69 Promover o desenvolvimento da tecno- gicas, ao desenvolvimento tecnológico da Base
orçamentária para o Setor de Defesa. Equipamento de Defesa – PAED e para susten- logia cibernética. Industrial de Defesa e ao aprimoramento dos
tação da Base Industrial de Defesa. instrumentos de gestão e aperfeiçoamento de
AED-26 Buscar a vinculação orçamentária e AED-59 Privilegiar aquisições governamentais doutrinas operacionais.
financeira de percentual adequado do PIB em conjuntas de interesse da defesa.
gastos com defesa.

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 67


AED-74 Promover a integração do Setor de
Defesa nas áreas de metrologia, normalização e
de certificação de produtos, serviços e Sistemas
de Defesa – PRODE/SD, concernentes à Base GLOSSÁRIO
Industrial de Defesa.

OND-8: AMPLIAR O ENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE BRASILEIRA ADAPTABILIDADE - Característica que possi- que possui a Nação de congregar e aplicar sua
NOS ASSUNTOS DE DEFESA NACIONAL bilita um rápido ajuste às mudanças nas condi- Capacidade de Proteção e de Pronta-resposta, no
ED-17 Promoção da temática de defesa na educação cionantes que determinam a seleção e a forma caso de eventuais ações hostis contra a soberania
como os meios serão empregados, em qualquer e os legítimos interesses do Brasil.
Refere-se às ações que têm por objetivo es- AED-78 Apoiar as iniciativas no sentido de re- faixa do espectro do conflito, nas situações de
timular a discussão sobre Defesa Nacional nas conhecer o tema defesa como subárea de co- guerra e não guerra. CAPACIDADE DE COORDENAÇÃO E
atividades educacionais do País, nos diversos ní- nhecimento junto às agências de fomento de CONTROLE – capacidade que tem como obje-
veis, promovendo maior conscientização sobre a pós-graduação. C I - Comando, Controle, Comunicação e
3
tivo permitir, em quaisquer circunstâncias, a coor-
importância do tema. Inteligência. denação entre os diversos órgãos governamentais
AED-79 Consolidar a Escola Superior de Guerra e tem como fundamento o domínio e a integridade
AED-75 Buscar a inserção da temática de defesa como uma instituição nacional acadêmica, nos CAPACIDADE DE DEFESA – Capacidade que do tráfego de informações.
no sistema de educação nacional. campos do ensino, da pesquisa e da formação de o País dispõe para gerar efeito dissuasório e
recursos humanos sobre pensamento de defesa, respaldar a preservação dos interesses nacio- CAPACIDADE DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO
AED-76 Realizar, promover e incentivar ati- bem como o Instituto Pandiá Calógeras como ins- nais, compatível com sua estatura político-es- capacidade que visa garantir a obtenção, a pro-
vidades de ensino relacionadas aos temas de tituição de estudos de Defesa, dedicada à pro- tratégica e com as atribuições de defesa do ter- dução e a difusão dos conhecimentos necessários à
Defesa Nacional. moção da participação acadêmica e social. ritório, das águas jurisdicionais, da plataforma coordenação e ao controle dos meios de que dispõe
continental e do espaço aéreo brasileiros. a Nação, proporcionando o acesso à Inteligência
AED-77 Contribuir para a ampliação de pro- aos tomadores de decisão e aos responsáveis pelas
gramas de apoio à pesquisa científica e tecnoló- CAPACIDADE DE PROTEÇÃO - exprime o mais áreas de Segurança Pública e de Defesa Nacional,
gica relacionados aos temas de Defesa Nacional. relevante objetivo nacional, o de garantir a sobe- em todos os escalões. O Sistema Brasileiro de
rania, o patrimônio nacional e a integridade territo- Inteligência – SISBIN é a sua estrutura principal.
ED-18 Emprego da Comunicação Social rial. Assim, importa dotar a Nação da capacidade
de resposta em situações excepcionais, preser- CAPACIDADE DE MOBILIDADE ESTRATÉGICA
Trata das ações com vistas à interação do AED-80 Desenvolver o planejamento de ativi- vando-se o funcionamento normal das funções é a condição de que dispõe a infraestrutura logís-
Setor de Defesa com a sociedade, possibili- dades de promoção institucional. vitais do Estado. tica de transporte do País, com capacidade mul-
tando aos cidadãos brasileiros tomar conhe- timodal, e aos meios de transporte, de permitir às
cimento das atividades desempenhadas pelo AED-81 Promover a visibilidade às ações do CAPACIDADE DE DISSUASÃO - configura-se Forças Armadas deslocar-se, rapidamente, para
Ministério da Defesa e pelas Forças Armadas, Setor de Defesa como fator de esclarecimento de como fator essencial para a Segurança Nacional, na a área de emprego, no território nacional ou no
promovendo uma imagem fidedigna, real e legí- tomadores de decisão e da opinião pública sobre medida em que tem como propósito desestimular exterior, quando assim impuser a defesa dos inte-
tima dessas organizações. os assuntos de defesa. possíveis agressões. Sustenta-se nas condições resses nacionais.

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 69


CAPACIDADE DE MOBILIZAÇÃO – é a ca- comando e controle e de logística, lhe permite NEGAÇÃO DO USO DO MAR AO INIMIGO - PROJEÇÃO DE PODER SOBRE TERRA –
pacidade que tem como objetivo incrementar a variar o poder de combate pelo acréscimo ou Tarefa básica do Poder Naval que consiste em quando referenciada ao Poder Naval, indica uma
eficácia do emprego da expressão militar que supressão de estruturas, com oportunidade, ou dificultar o estabelecimento do controle de área de suas tarefas básicas, que abrange um amplo
está intimamente associada ao grau de inde- por intermédio da mobilização de meios adicio- marítima pelo inimigo, ou a exploração deste con- espectro de atividades, que podem incluir: o
pendência tecnológica e logística do País, da nais, quando for o caso. trole por meio da destruição ou neutralização de bombardeio naval; o bombardeio aeronaval; e
capacidade de Mobilização Nacional e da capa- suas forças navais, do ataque às suas linhas de as operações anfíbias. Nessa tarefa, também,
cidade do pronto emprego dos recursos e ser- FLEXIBILIDADE - 1 Característica de que deve comunicação marítimas e aos pontos de apoio. estão enquadrados os ataques a terra com mís-
viços colocados à sua disposição. dispor uma força militar, de modo a organizar-se seis, a partir de unidades navais e aeronavais.
para o cumprimento de uma missão específica, OPERAÇÃO CONJUNTA - Operação que en- Pode ter um ou mais dos seguintes propósitos:
CONTROLE DE ÁREA MARÍTIMA - Controle para atender tanto às diferentes fases de um volve o emprego coordenado de elementos de reduzir o poder inimigo, pela destruição ou neu-
que visa garantir certo grau de utilização, ainda plano ou ordem de operações, quanto de se mais de uma força singular, com propósitos in- tralização de objetivos importantes; conquistar
que temporário, de áreas marítimas limitadas, es- adaptar às variações de situação que se possam terdependentes ou complementares, sem que área estratégica para a conduta da guerra naval
tacionárias ou móveis, exercido na intensidade apresentar, no desenrolar do combate ou missão haja a constituição de um comando único no ou aérea, ou para propiciar o início de uma cam-
adequada à execução de atividades específicas. recebida. 2 Capacidade de organizar grupa- escalão considerado. panha terrestre; negar ao inimigo o uso de uma
mentos operativos de diferentes valores, em área capturada; apoiar operações em terra; e
CAPACIDADES NACIONAIS DE DEFESA – função da missão. 3 Capacidade de se adaptar, OPERAÇÃO SINGULAR - Operação desenvol- salvaguardar a vida humana ou resgatar pes-
são aquelas compostas por diferentes parcelas rapidamente, às variações da situação, utilizando vida por apenas uma das Forças Armadas. O soas e materiais de interesse.
das expressões do Poder Nacional. São imple- unidades aéreas para a realização de uma gama mesmo que OPERAÇÃO INDEPENDENTE
mentadas por intermédio da participação coor- variada de tipos de missões, com o emprego, em SUSTENTABILIDADE - Característica que per-
denada e sinérgica de órgãos governamentais cada caso, de táticas e armamentos adequados PODER NACIONAL - É a capacidade que tem mite a uma força durar na ação, pelo prazo que
e, quando pertinente, de entes privados orien- à operação a ser realizada. 4 Característica de- a Nação para alcançar e manter os Objetivos se fizer necessário, mantendo suas capacidades
tados para a defesa e para a segurança em seu corrente de estruturas com mínima rigidez prees- Nacionais, em conformidade com a Vontade operativas e resistentes às oscilações do combate.
sentido mais amplo. tabelecida, faculta um número maior de opções Nacional. Manifesta-se em cinco expressões: a
para reorganizar os elementos de combate em política, a econômica, a psicossocial, a militar e
DISSUASÃO - Atitude estratégica que, por in- estruturas temporárias, com o adequado suporte a científico-tecnológica.
termédio de meios de qualquer natureza, inclu- logístico, desde as frações elementares até os
sive militares, tem por finalidade desaconselhar Grandes Comandos. PROJEÇÃO DE PODER NAVAL - Significa
ou desviar adversários, reais ou potenciais, de a transposição da influência do Poder Naval
possíveis ou presumíveis propósitos bélicos. O MODULARIDADE - Divisão de um sistema em sobre áreas de interesse, sejam elas terrestres
mesmo que DETERRÊNCIA. componentes, denominados módulos, que são ou marítimas, abrangendo um amplo espectro
nomeados separadamente, possuem caracterís- de atividades, que incluem, desde a presença
ELASTICIDADE - Característica que, dis- ticas internas comuns e podem ser operados de de forças até a realização de operações navais.
pondo uma força de adequadas estruturas de forma independente em relação aos demais.

POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA E ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA 71

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