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a região foi alvo da Campanha no Contestado desencadeada pelo Exército brasileiro, no conflito que
mais tarde ficou conhecido como Guerra do Contestado.
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Floresta ombrófila mista – é a terminologia proposta pelo IBGE e adequada a um sistema de
classificação da vegetação intertropical que mistura duas florestas distintas: a tropical afro-brasileira
e a temperada austro-brasileira (pinhais ou matas de araucárias). As condições peculiares no Planalto
Meridional Brasileiro, associadas à latitude e às altitudes planálticas possibilitam a singular Região
Neotropical (GUERRA et al., 2003).
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Nos nomes de povos e respectivos gentílicos, neste texto foi adotada a grafia dicionarizada em
língua portuguesa (dicionários Houaiss, Aurélio, Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa,
da Academia Brasileira de Letras, entre outros) e flexões correspondentes: jê(s), caingangue(s),
xoclengue(s), guarani(s)... (Nota da revisão)
3 As terras contestadas
A região do Contestado, embora nos anos dos combates ainda fosse dispu-
tada acirradamente entre Paraná e Santa Catarina, anteriormente já havia sido
alvo de disputa entre Brasil e Argentina e, remotamente, entre Portugal e Es-
panha. A “Guerra do Contestado” teve esta denominação após os escritos di-
vulgados pelos militares brasileiros contando sobre a “Campanha no Contes-
tado”, uma alusão às lutas travadas contra os denominados “desordeiros”,
“incautos”, “fanáticos” moradores da região, no momento histórico em que
também ocorria uma luta judicial litigiosa acerca dos limites entre os Estados
de Santa Catarina e Paraná que não abriam mão de táticas de ocupação que
partiam das doações de terras “devolutas” até a guerra verbal, principalmente
da imprensa de ambos os pretendentes das terras contestadas.
Durante o período colonial, a área que hoje compreende a mesorregião5 da
Grande Fronteira do Mercosul foi alvo de disputas entre as coroas espanhola
e portuguesa. Distante do litoral e dos portugueses que a partir do Tratado de
Tordesilhas ocuparam a faixa atlântica, os espanhóis, por meio das missões
dos padres jesuítas e dos aldeamentos dos índios guaranis, ocuparam terras do
atual Estado do Paraná e depois se deslocaram para áreas do atual Estado do Rio
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Os revolucionários federalistas.
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A mesorregião da Grande Fronteira do Mercosul, criada em 2009, abrange os três Estados do Sul.
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É interessante observar o elevado número de imigrantes poloneses e ucranianos que trabalharam na
Lumber. No donkey n. 2, em outubro de 1923, trabalhavam 12 operários; pelos sobrenomes é possível
identificar a origem: Kozak, Scorey, Kozakevicz, Repula, Jankok, Scheuky, Holowka, Sczerbisky,
Wiescosky, Maralevicz, Wolk e Budi.
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O nome da localidade de Bela Vista foi mudado para Clevelândia, em homenagem ao árbitro e ao en-
tão Presidente norte-americano Grover Cleveland, que deu sentença favorável ao Brasil na contenda
pelas áreas do vasto território que abrangia o Extremo-Oeste Catarinense e Sudoeste do Paraná, na
disputa com a Argentina na denominada “Questão de Palmas” ou “Questão de Misiones”. O litígio foi
arbitrado favoravelmente ao Brasil no ano de 1895.
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Além dos dados extraídos de SILVA (1983), também foram consultadas as obras de NODARI (1999)
e PIAZZA (1982).
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O Barão do Rio Branco destaca-se principalmente pela atuação como advogado brasileiro na “Questão
de Palmas” com a Argentina, cujo arbitramento foi feito pelo Presidente dos EUA, Grover Cleveland.
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O litígio secular, pelo território contestado, após a decisão do STF ocorrida no ano de 2004, continua-
va tramitando no Supremo Tribunal Federal e as indefinições continuavam gerando muitas discussões.
Não se trata de sugerir todos os trabalhos que foram feitos ou pretender que
os citados sejam os únicos ou melhores que os demais, mas apenas facultar alter-
nativas para aproximações, abastecimento intelectual e, acima de tudo, abrir diá-
logos sobre o tema e oportunizar novas indagações e possíveis novas investi-
gações em diferentes áreas do conhecimento.
Arquivos / Documentos
1. Inquérito policial. Juízo de Direito da Comarca de Palmas. Réu: José Fabrício das Neves e outros
(Combate do Irani). Palmas, 11 de março de 1913.
2. Inquérito policial militar. Comando das forças em operações de guerra. Morte de João Teixeira
Mattos da Costa. União da Victória, 21 de setembro de 1914.
3. Telegrama do General Fernando Setembrino de Carvalho ao Ministro da Guerra noticiando a queda
do aeroplano e a morte do aviador Tenente Ricardo Kirk. Porto União, SC, 01 de março de 1915.
4. Auto de prisão e perguntas. Delegacia de Polícia de Canoinhas. Réu: Adeodato Manoel de Ramos.
Villa de Canoinhas, 02 de agosto de 1916.
5. Biografia de Ofício do Capitão João Teixeira Mattos da Costa. Descrição de Fernando Lopes da
Costa. Inf. 2199 do Arquivo do Exército. Rio de Janeiro, 18 de outubro de 1946.
6. Santa Catarina – Paraná. Questão de Limites. Artigos, discursos e documentos. Rio de Janeiro:
Typ. do Jornal do Commercio, 1909.
Imprensa diária
Jornal A Federação. Porto Alegre, RS – 15.03.1895. / Jornal Folha de São Paulo. São Paulo, SP
– 09.12.1999. / Jornal O Estado do Paraná. Curitiba, PR – 22.06.1956. / Jornal Diário da Tarde.
Curitiba, PR – 25.09.1912. / Jornal O Estado. Florianópolis, SC. / Jornal A Federação. Porto
Alegre, RS – 15.03.1895. / Jornal O Estado do Paraná. Curitiba, PR – 22.06.1956. / Jornal Diário
da Tarde. Curitiba, PR – 25.09.1912. / Jornal Folha do Comércio. Florianópolis, SC. / Jornal Diário
Catarinense. Florianópolis, SC. / Jornal A Notícia. Florianópolis, SC. / Jornal A Folha da Cidade.
Caçador, SC – 13.10.2005. / Jornal Informe. Caçador, SC – 13.10.2005. / Jornal O Iguassu. Porto
União, SC – 29 e 30 de outubro de 2005.
Dissertações
CALAZA, Cláudio Passos. Aviação no Contestado: investigação e análise de um emprego militar
inédito. Dissertação de Mestrado em Ciências Aeroespaciais. Rio de Janeiro: Universidade da
Aeronáutica, 2007.
CARVALHO, Tarcísio Motta de. “Nós não tem direito”: costume e direito à terra no Contestado
(1912-1916). Dissertação de mestrado em História. Niterói: UFF, 2002.
DALFRÉ, Liz Andrea. Outras narrativas da nacionalidade: o Movimento do Contestado.
Dissertação de Mestrado em História. Curitiba: UFPR. 2004.
ESPIG, Márcia Janete. A presença da gesta carolíngia no movimento do Contestado. Dissertação de
Mestrado em História. Porto Alegre: UFRGS, l998.
KROETZ, Lando Rogério. As estradas de ferro de Santa Catarina 1910-1960. Dissertação de
Mestrado. Curitiba: UFPR, 1975.
LAZARIN, Katiuscia Maria. Fanáticos, rebeldes e caboclos: discursos e invenções sobre diferentes
sujeitos na historiografia do Contestado (1916-2003). Dissertação de Mestrado em História.
Florianópolis: UFSC, 2005.
MIRANDA, Heloísa Pereira Hübbe de. Travessias pelo sertão contestado: entre ficção e história,
no deserto e na floresta. Dissertação de Mestrado em Literatura. Florianópolis: UFSC, 1997.
NODARI, Renato. Estrada de ferro São Paulo-Rio Grande: causas e consequências de sua
construção em território catarinense – 1900-1940. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, 1999.
OLIVEIRA, Célio Alves de. A construção e a permanência do mito de João Maria de Jesus na
Região do Contestado, Santa Catarina. Dissertação de mestrado em Antropologia Social. Porto
Alegre: UFRGS, 1992.
OLIVEIRA, Susan Aparecida de. Contestado: visões e projeções da modernidade. Dissertação de
Mestrado em Literatura. Florianópolis: UFSC, 2002.
SILVA, Rosângela Cavallazi da. Terras públicas e particulares: o impacto do capital estrangeiro
sobre a institucionalização da propriedade privada (um estudo da Brazil Railway Company no meio
Oeste Catarinense. Dissertação de Mestrado em Ciências Humanas – Direito. Florianópolis: UFSC,
1983.
RODRIGUES, Rogério Rosa. Os sertões catarinenses: embates e conflitos envolvendo a atuação
militar na Guerra do Contestado. Dissertação de Mestrado em História. Florianópolis: UFSC, 2001.
Teses
AURAS, Marli. Poder oligárquico catarinense: da Guerra aos “fanáticos” do Contestado à “opção
pelos pequenos”. Tese de doutorado na Faculdade de Educação. São Paulo: PUC/SP, 1991.
CARVALHO, Tarcísio Motta de. Coerção e Consenso na Primeira República: a Guerra do Contes-
tado (1912-1916). Tese de Doutorado em História. Niterói: UFF, 2009.
ESPIG, Márcia Janete. Personagens do Contestado: os turmeiros da Estrada de Ferro São Paulo-
Rio Grande (1908-1915). Tese de doutorado no Programa de Graduação em História. Porto Alegre:
UFRGS, 2008.
MACHADO, Paulo Pinheiro. Um estudo sobre as origens sociais e a formação política das
lideranças sertanejas do Contestado, 1912-1916. Tese de Doutorado em História. Campinas:
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OLIVEIRA, Susan Aparecida de. Guerra do Contestado: mímesis e política da memória. Tese de
Doutorado em Literatura. Florianópolis: UFSC, 2006.
RODRIGUES, Rogério Rosa. Veredas de um grande sertão: a Guerra do Contestado e a moderniza-
ção do Exército brasileiro na Primeira República. Tese de Doutorado em História. Florianópolis:
UFSC, 2008.
TONON, Eloy. Os monges do Contestado: permanências históricas de longa duração das predições
e rituais no imaginário coletivo. Tese de Doutorado em História. Niterói: UFF, 2008.
VALENTINI, Delmir José. Atividades da Brazil Railway Company no Sul do Brasil: a instalação da
Lumber e a Guerra na Região do Contestado. Tese de doutorado no Programa de Pós Graduação em
História. Porto Alegre: PUCRS, 2009.
WELTER, Tânia. O Profeta São João Maria continua encantando no meio do povo: um estudo
dos discursos contemporâneos a respeito de João Maria em Santa Catarina. Tese de doutorado em
Antropologia Social. Florianópolis: UFSC, 2007.
leiros e já teve dezenas de montagens em todo país. Foi assistida por dezenas de milhares de pessoas.
No ano 2006, Borelli lançou este livro com a dramaturgia, personagens e toda riqueza do vocabulário,
singular desta obra. No dia 03/09/2011 a peça foi apresentada em Florianópolis com uma montagem
dirigida por Jorge Zamoner.
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Euclides Felippe foi topógrafo durante 48 anos e atuou em toda a Região nas décadas que seguiram-se
ao conflito armado. Em suas cadernetas anotou muito do que ouviu de remanescentes da Guerra. A com-
pilação de vasto material recolhido nas andanças dos “causos” e depoimentos, resultou na publicação
deste livro.
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Napoleão Xavier do Amarante, apresentou este livro com as seguintes palavras: “O romance apresenta
alguns focos de interesse, dentro de uma estrutura harmoniosamente coesa: o falar regionalista, a re-
cordação dos fatos históricos e de hábitos regionais, o manejo da linguagem literária híbrida pela alter-
nância de dois estilos diferentes e a análise do que representou para os jagunços a guerra santa”.
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O livro “Geração do Deserto” foi um marco interessante da História do Contestado. O filme “A Guer-
ra dos Pelados” contou com a contribuição deste romance.
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Conhecedor da Região do Contestado, Donald Schuller prestou homenagem escrevendo um brilhante
romance histórico. Com muita fidelidade, o autor identificou personagens e episódios da Guerra do
Contestado.
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Vicente Telles, talentoso músico e compositor, há décadas seguidas vem divulgando o folclore da His-
tória do Contestado. Semanalmente recebe grupos de estudantes de todas as partes do país e conta,
canta e empolga os visitantes com as narrativas, músicas e encenações sobre a História do Contestado.
Responsável pelo projeto de construção do Parque Temático do Contestado na Cidade do Irani, SC,
Vicente Telles já percorreu o Estado de Santa Catarina com projetos como “O folclore itinerante do
Contestado”.
Bibliografia geral
AFONSO, Eduardo José. O Contestado. São Paulo: Ática, 1994.
AMADO, Davi J. F. do Vale. Contestado pelados versus peludos: uma batalha ainda não vencida.
São Paulo: MC Gráfica e Editora, 2002.
AURAS, Marli. A Guerra Sertaneja do Contestado: organização da irmandade cabocla. Florianó-
polis: Ed. da UFSC, 1984.
ÁVILA DA LUZ, Aujor. Os fanáticos: crimes e aberrações da religiosidade dos nossos caboclos.
Florianópolis: s/n, 1951.
BASTOS, Ângela. O Contestado: sangue no verde do sertão. Florianópolis: Ed. Terceiro Milênio,
1997.
BERNARDET, Jean-Claude. Guerra Camponesa do Contestado. São Paulo: Editora Global, 1979.
BORELLI, Romário José e VALENTINI, Delmir José. Doze Pares de Cenas da História do Con-
testado. 1. ed. Curitiba: Orion, 2009.
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BUSATO, Gualdino D. Contestado: da questão de limites à Guerra Santa. Curitibanos – SC: edição
do Autor, 2001.
CABRAL, Oswaldo Rodrigues. João Maria: interpretação da campanha do Contestado. São Paulo:
Cia Ed. Nacional, l960 (Segunda edição publicada com o título: A Campanha do Contestado.
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CARVALHO, Fernando Setembrino de (General). Relatório apresentado ao Ministro da Guerra
General Caetano de Faria. Rio de Janeiro: Imprensa Militar, 1916.
CAVALLAZZI, Rosângela Lunardelli. Contestado: espaço do camponês, tempo da propriedade pri-
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CAVALCANTI, Walter Tenório. Guerra do Contestado: verdade histórica. Florianópolis: Ed. da
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CERQUEIRA, Antonio Alves. A Jornada de Taquarussú (feito guerreiro): contribuição ao estudo da
história militar do Brasil. Rio de Janeiro: s.ed., 1936.
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COSTA, Otacílio. Santa Cruz. Lages: s.ed., 1942.