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RESERVADO

GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA

SUBSECRETARIA DE INTELIGÊNCIA

DOUTRINA

DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

(DISPERJ)

ABRIL DE 2005

RESERVADO
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"SE CONHECEMOS O INIMIGO E A NÓS MESMOS,

NÃO PRECISAMOS TEMER O RESULTADO DE CEM BATALHAS.

SE NOS CONHECEMOS, MAS NÃO AO INIMIGO,

PARA CADA VITÓRIA SOFREREMOS UMA DERROTA.

SE NÃO NOS CONHECEMOS E NEM AO INIMIGO,

SEREMOS SEMPRE DERROTADOS."

"A ARTE DA GUERRA"


SUNTZU, 500 a.C.
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GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA
SUBSECRETARIA DE INTELIGÊNCIA

Ato do Poder Executivo

DECRETO N° 37.272, DE 01 DE ABRIL DE 2005

APROVA A DOUTRINA DE INTELIGÊNCIA


DE SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO (DISPERJ) E DÁ
OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

A GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no uso


de suas atribuições constitucionais e legais, tendo em vista o que consta no
Processo n° E-09/891/0010/2005, e

CONSIDERANDO que a elaboração e a adoção formal de um


conjunto de princípios reitores que informe a atuação dos órgãos integrantes do
Sistema de Inteligência de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro
(SISPERJ), de maneira atualizada e conforme as exigências peculiares da atividade
de Inteligência aplicada à segurança pública, constituem providências
indispensáveis para orientar e padronizar os procedimentos específicos sob sua
responsabilidade, além de ensejar o melhor alcance de suas finalidades e objetivos;

CONSIDERANDO que inexistem, atualmente, em nível nacional,


devidamente aprovadas e postas em uso, doutrinas de Inteligência e de Inteligência
de Segurança Pública, sendo imperioso e inadiável que o Estado do Rio de Janeiro,
nos limites de sua competência, supra essa lacuna para o fim de proporcionar aos
órgãos integrantes do SISPERJ a elevação dos padrões de eficiência e eficácia do
seu desempenho,

DECRETA:

Art. 1° - Fica aprovada a DOUTRINA DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA


PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (DISPERJ), constante do Processo
n° E-09/891/0010/2005, documento este classificado no grau de sigilo
RESERVADO, para adoção e aplicação por parte dos órgãos integrantes do
Sistema de Inteligência de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro
(SISPERJ).

Art. 2° - Este Decreto entrará em vigor na data da sua publicação, revogadas


as disposições em contrário, em especial, o ato publicado no Boletim Reservado n°
40, de 22 de novembro de 2002, da Secretaria de Estado de Segurança Pública.

Rio de Janeiro, 01 de abril de 2005

ROSINHA GAROTINHO
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APRESENTAÇÃO

Não é fácil elaborar uma doutrina, qualquer que seja o assunto. Sendo um
conjunto de conceitos, características, princípios, valores, classificações, normas,
métodos, medidas e procedimentos que orienta e disciplina uma atividade, ela
necessita de pessoas que tenham um profundo conhecimento sobre o assunto a ser
doutrinado e de condições que exijam a sua elaboração.

Mais difícil ainda é elaborar uma doutrina de Inteligência de Segurança Pública,


sem que ainda exista uma doutrina de Inteligência clássica formalmente aprovada.

Entretanto, encontramos no Estado do Rio de Janeiro pessoas que têm esse


profundo conhecimento e todas as condições necessárias para sua elaboração, em
benefício da segurança da sociedade.

Esta doutrina de Inteligência de Segurança Pública foi elaborada pela


determinação de muitos, a quem, sinceramente, agradeço.

Que ela seja uma trilha e não um trilho. Que seja uma trilha, no sentido de -
estabelecendo objetivos e caminhos - não permitir a adoção de ações incompatíveis
com as normas e padrões necessários para o eficaz funcionamento dos sistemas. Que
não seja um trilho, no sentido de - não sendo hermética - proporcionar a imprescindível
flexibilidade para a adoção de novas técnicas e de novos procedimentos.

Confiamos que a implementação desta Doutrina trará inestimáveis benefícios à


Inteligência de Segurança Pública de nosso Estado e auxiliará as polícias a combater a
criminalidade e o crime organizado.

Confiamos, também, que o desenvolvimento da Inteligência de Segurança


Pública possa, cada vez mais, com o conhecimento antecipadamente produzido, evitar
que muitos crimes ocorram, ação para a qual criamos o neologismo "antecrime".

Reafirmamos que é fácil realizar um trabalho de integração com os policiais e


civis interessados em Segurança Pública: basta mostrar-lhes o caminho e pavimentá-lo
com lealdade, seriedade e determinação.

Finalmente, não podemos nunca nos esquecer que, se conhecimento sem ação é
burocracia, ação sem conhecimento é burrice.

Rio de Janeiro, 15 de fevereiro de 2005

Romeu Antonio Ferreira


Subsecretário de Inteligência da SSP/RJ
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ÍNDICE

PAG

- FRASE DE SUNTZU 01

- DECRETO DA GOVERNADORA 02

- APRESENTAÇÃO 03

- ÍNDICE 04

- INTRODUÇÃO 06

- CAPÍTULO I: FUNDAMENTOS DOUTRINÁRIOS 08


1. Conceito de ISP
2. Características da ISP
3. Princípios da ISP
4. Valores da ISP
5. Ramos da ISP
6. Fontes da ISP

- CAPÍTULO II: PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO 12


1. Produção de Conhecimento
2. Verdade
3. Tipos de Conhecimento
4. Ciclo da Produção de Conhecimento
5. Planejamento
6. Reunião de Dados
7. Processamento
8. Avaliação
9. Análise
10. Integração
11. Interpretação
12. Utilização
13. Documentos de Inteligência

- CAPÍTULO III: REUNIÃO DE DADOS 20


1. Conceito
2. Ações de Inteligência
3. Operações de Inteligência
4. Ações de Busca
5. Técnicas Operacionais de Inteligência
6. Tipos de Operações de Inteligência
7. Planejamento das Operações de Inteligência
8. Segurança x Eficácia

- CAPÍTULO IV: CONTRA-INTELIGÊNCIA 25


1. Concepção
2. Responsabilidades
3. Acesso
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4. Comprometimento
5. Vazamento
6. Segmentos
7. Segurança Orgânica
8. Planejamento de Segurança Orgânica
9. Segurança Ativa

- CAPÍTULO V: ORGANIZAÇÃO 29
1. Conceituação
2. Sistema de ISP
3. Organização
4. Plano de ISP
5. Recursos Humanos
6. Recursos Materiais
7. Viaturas
8. Comunicações
9. Equipamentos de Inteligência
10. Informática
11. Denúncias
12. Situações Anormais
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INTRODUÇÃO

1. INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

A crescente demanda de segurança no Estado do Rio de Janeiro, causada pelo


crescimento da criminalidade e do crime organizado, vem impingindo, às autoridades, a
adoção de novas medidas e instrumentos de combate, a fim de, cada vez mais, trazer
tranqüilidade à população.
Um dos novos instrumentos adotados foi a utilização da atividade de Inteligência
clássica, que, por sua característica da amplitude, pode ser utilizada em diversos
campos, dentre os quais o da Segurança Pública.
Esta doutrina determina o conjunto de conceitos, características, princípios,
valores, classificações, normas, métodos, medidas e procedimentos que orienta
e disciplina a atividade de Inteligência de Segurança Pública, doravante
denominada, simplesmente, pela sigla ISP.

2. ÁREA ESTADUAL

No Estado do Rio de Janeiro, a partir da denominada Operação Rio, iniciada em


novembro de 1994, surgiu o reconhecimento da necessidade da existência de um
sistema de ISP, que realizasse um permanente processamento de dados, visando à
produção de conhecimentos relativos à criminalidade e ao crime organizado, a fim de
assessorar o Secretário de Estado de Segurança Pública e auxiliar as polícias.
Foi assim que, em 01 de janeiro de 1995, foi criado, pelo Decreto Estadual
21.258, no âmbito da Secretaria de Estado de Segurança Pública, o Centro de
Inteligência de Segurança Pública (CISP), transformado, em 05 de junho de 2000,
pelo Decreto Estadual 26.438, na atual Subsecretaria de Inteligência (SSINTE).
Pela efetiva necessidade de ampliar, integrar e otimizar a tramitação dos
documentos de Inteligência e implementar a troca de conhecimentos entre as diversas
Agências de Inteligência (AI), o Decreto Estadual nº 31.519, de 12 de julho de 2002,
criou o “Sistema de Inteligência de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro"
(SISPERJ), integrado por seis AI, cuja AI central é a SSINTE.
O Decreto Estadual nº 34.853, de 18 de fevereiro de 2004, alterou e consolidou a
estrutura do SISPERJ, ampliando-o para quinze AI, sem contar com a capilaridade dos
seus subsistemas.

3. ÁREA FEDERAL

Depois de um processo iniciado em 1995, a Lei Federal nº 9.883, de 07 de


dezembro de 1999, criou, no âmbito da Presidência da República, a Agência Brasileira de
Inteligência (ABIN), órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN).
O Decreto Federal nº 3.695, de 21 de dezembro de 2000, criou, no âmbito do
SISBIN, o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP), cujo órgão central é
a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) do Ministério da Justiça.
O SISPERJ, através da SSINTE, integra-se à área federal através do SISP e do
SISBIN.
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4. DOUTRINA DE ISP

O SISPERJ, entretanto, necessitava elaborar e adotar formalmente uma


Doutrina de Inteligência de Segurança Pública, a fim de orientar e padronizar a atuação
das suas agências integrantes, permitindo-lhes elevar os padrões de eficiência e
eficácia do seu desempenho.
Uma primeira Doutrina do SISPERJ foi publicada no Boletim Reservado 40, de
22 de novembro de 2002, da SSP/RJ.
Para aperfeiçoá-la, a SSINTE, através da Portaria nº 0001, de 15 de setembro de
2004, dispôs sobre a formulação da nova Doutrina de Inteligência de Segurança Pública
do Estado do Rio de Janeiro (DISPERJ), que culminou na sua aprovação formal, por ato
específico da Governadora do Estado.
Hoje, com esta Doutrina, temos os objetivos e os caminhos para atingi-los. Resta
que o SISPERJ a implemente.
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CAPÍTULO I: FUNDAMENTOS DOUTRINÁRIOS

1. CONCEITO DE ISP

A atividade de Inteligência de Segurança Pública é o exercício permanente e


sistemático de ações especializadas para a identificação, acompanhamento e avaliação
de ameaças reais ou potenciais na esfera de segurança pública, orientadas, basicamente,
para a produção e para a salvaguarda de conhecimentos necessários à decisão, ao
planejamento e à execução de uma política de segurança pública e das ações para
neutralizar, coibir e reprimir atos criminosos de qualquer natureza.

2. CARACTERÍSTICAS DA ISP

Características da ISP são os aspectos distintivos e as particularidades que a


identificam e a qualificam como tal.
As características da ISP são 10 (dez):
- Produção de Conhecimento;
- Assessoria;
- Verdade com Significado;
- Busca de Dados Protegidos;
- Ações Especializadas;
- Economia de Meios;
- Iniciativa;
- Amplitude;
- Flexibilidade;
- Segurança.
Produção de Conhecimento é a característica da ISP que a qualifica como uma
atividade de Inteligência, na medida em que busca dados e, por meio de metodologia
específica, transforma-os em conhecimento preciso, para que os órgãos policiais possam
tomar decisões operacionais adequadas.
Assessoria é a característica da ISP que a qualifica, não como órgão tipicamente
policial, mas como um órgão de "staff", produzindo conhecimentos para um processo
decisório e para auxiliar as polícias na atividade-fim.
Verdade com Significado é a característica da ISP que a torna uma produtora de
conhecimentos precisos, claros e imparciais, de tal modo que consiga expressar as
intenções, óbvias ou subentendidas, das pessoas envolvidas ou, mesmo, as possíveis ou
prováveis conseqüências dos fatos relatados.
Busca de Dados Protegidos é a característica da ISP pela qual a atividade deve
desenvolver-se e atuar em universo antagônico, ambiente no qual os criminosos
procuram proteger os dados que os possam comprometer.
Ações Especializadas constituem a característica da ISP que, em face da
metodologia e linguagem próprias e padronizadas, exige dos seus integrantes uma
formação acadêmica, complementada por longos anos de especialização, de treinamento
e de experiência, conseguidos pela permanência na função.
Economia de Meios é a característica da ISP proporcionada pela produção de
conhecimentos objetivos, precisos e oportunos.
Iniciativa é a característica da ISP que, referenciada ao princípio da Oportunidade,
induz os órgãos de ISP a produzirem conhecimentos antecipados e a assumirem uma
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atitude pró-ativa e não somente reativa. Deve-se, preferencialmente, evitar que os crimes
venham a ocorrer, através de ações denominadas de "antecrimes".
Amplitude é a característica da ISP que lhe permite atuar em qualquer campo do
conhecimento. Suas características de assessoramento e de possuir metodologia própria
fazem da atividade de Inteligência instrumento versátil e indispensável para a tomada de
decisões em qualquer setor da atuação humana e, dentre eles, o da segurança pública.
Flexibilidade é a característica da ISP que a torna permeável às idéias novas e
infensa ao apego às idéias ultrapassadas, permitindo-lhe melhor atender aos desafios
impostos pelas constantes transformações do mundo.
Segurança é a característica da ISP que visa a garantir, não só o seu próprio
funcionamento, como, também, assegurar a proteção do conhecimento, em todas as
fases de sua produção, de forma a que o seu acesso seja limitado apenas a pessoas
credenciadas e com necessidade de conhecê-lo. Deverão ser adotadas medidas de
salvaguarda, a fim de garantir a produção e a difusão sem vazamentos. O sigilo e a
discrição devem estar sempre presentes. A balança "segurança x eficácia" deverá ser
sempre pesada e avaliada pelos chefes e pelos agentes.

3. PRINCÍPIOS DA ISP

Princípios da ISP são as proposições diretoras - as bases, os fundamentos, os


alicerces, os pilares - que orientam e definem os caminhos da atividade.
Os princípios da ISP são 10:
- Precisão;
- Imparcialidade;
- Objetividade;
- Simplicidade;
- Oportunidade;
- Interação;
- Permanência;
- Controle;
- Compartimentação;
- Sigilo.
O princípio da Precisão determina que o conhecimento produzido na ISP deve
ser verdadeiro - com a veracidade bem avaliada -, significativo, completo e útil.
O princípio da Imparcialidade impõe, aos órgãos de ISP, produzir
conhecimentos isentos de idéias preconcebidas, subjetivas, distorcidas ou tendenciosas,
evitando atender a interesses escusos.
O princípio da Objetividade orienta o planejamento e as ações do órgão de ISP,
de acordo com objetivos previamente definidos pelo escalão superior e perfeitamente
sintonizados com suas finalidades.
O princípio da Simplicidade conduz o órgão de ISP a produzir conhecimentos
claros e concisos, proporcionando imediata, fácil e completa compreensão, tornando-o útil
para quem o recebe e minimizando custos e riscos desnecessários. Deve-se evitar
planos complexos e a linguagem utilizada não deve ser rebuscada, prolixa ou erudita.
O princípio da Oportunidade conduz o órgão de ISP a produzir o conhecimento
em prazo que permita seu aproveitamento útil e adequado, para agir, com eficácia, no
momento certo, tomando a iniciativa.
O princípio da Interação induz a atividade de ISP a estabelecer ligações entre
as AI, inter-relacionadas pelo canal técnico - não hierárquico - existente em sistemas e
subsistemas, nos quais poderão otimizar esforços para a consecução dos objetivos.
O princípio da Permanência determina que o órgão de ISP deve proporcionar
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um fluxo constante e contínuo de dados e de conhecimentos, o que só será conseguido


após um bom tempo de aprendizado e experiência de seus integrantes. A permanência
na função, sem altas rotatividades, deverá sempre ser buscada.
O princípio do Controle impõe, na atividade de ISP, que sejam evitados erros
na condução das ações, causados por vazamentos de documentos e/ou do
conhecimento, desvios de conduta ou procedimentos amadorísticos. Rígidas normas de
controle deverão ser implantadas, a fim de que se permita detectar e minimizar ou corrigir
os desvios observados.
O princípio da Compartimentação determina que a atividade de ISP, a fim de
evitar riscos e comprometimentos, restrinja o acesso ao conhecimento sigiloso produzido
somente para aqueles que tenham a real necessidade de conhecê-lo, em vista da
função desempenhada e da credencial de segurança adequada, independentemente da
hierarquia.
O princípio do Sigilo proporciona, à atividade de ISP, o espaço e os caminhos
necessários para atuar no universo antagônico e obter os dados protegidos, com a
imprescindível preservação (salvaguarda) do órgão e de seus integrantes contra pressões
e ameaças. Além disso, o sigilo é condição básica para evitar a divulgação de
conhecimentos, informações e dados que possam colocar em risco a segurança da
Sociedade e/ou do Estado, bem como afetar a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem de pessoas e/ou instituições.

4. VALORES DA ISP

A atividade de ISP está alicerçada em valores éticos e morais, estando


compromissada com a vida, a verdade, a justiça, a honra, a integridade de caráter, a
família, a solidariedade, o patriotismo, a democracia, a legislação e o respeito aos direitos
humanos.
Nunca poderá ser esquecido que a Sociedade e as Instituições deverão estar,
sempre, acima do Homem. E todos aqueles que trabalham em ISP devem estar bem
cientes e conscientes dessa assertiva.

5. RAMOS DA ISP

A atividade de ISP possui dois ramos: a Inteligência e a Contra-Inteligência.


O ramo Inteligência destina-se a produzir conhecimentos para a atividade-fim,
isto é, sobre a criminalidade em geral. Como uma verdadeira "inteligência positiva",
direciona seus esforços para o alvo colimado.
O ramo Contra-Inteligência destina-se a produzir conhecimentos para proteger
a atividade de Inteligência e a Instituição a que pertence. Como "inteligência negativa",
direciona seus esforços para os "assuntos internos", particularmente os relativos aos
desvios de conduta, e contra as ameaças das forças adversas.
Ambos os ramos devem ser compreendidos como indissoluvelmente ligados; são
partes de um todo, não possuindo limites precisos, uma vez que se interpenetram, se
inter-relacionam e interdependem.

6. FONTES DA ISP

A atividade de ISP dispõe, basicamente, de duas fontes para conseguir dados e


produzir conhecimentos: a Inteligência Humana e a Inteligência Eletrônica.
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Inteligência Humana (Inthum) é aquela na qual o Homem, seja orgânico, seja


externo, é o centro, o ponto de aplicação do esforço, mesmo quando apoiado por
diversos equipamentos, os quais nada mais são do que meios especiais e apoios
técnicos. Na realidade, quem busca o dado é o Homem e a Inteligência é a Humana.
Por outro lado, quando o ponto central é o equipamento que captura os dados e o
Homem, apenas um analista dos dados obtidos, temos a Inteligência Eletrônica (Intel).
Desse modo, de acordo com o tipo de equipamento, temos a Intel de Sinais, a Intel de
Imagens e a Intel de Dígitos.
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CAPÍTULO II: PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO

1. PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO

A atividade de ISP centra-se na produção e na salvaguarda de


conhecimentos, utilizados em uma tomada de decisão ou em apoio às polícias.
Para o correto exercício da ISP, é impositivo o uso de metodologia própria, de
procedimentos específicos e de técnicas acessórias voltadas para a produção do
conhecimento, excluídas a prática de ações meramente intuitivas e a adoção de
procedimentos sem orientação racional.
A Produção de Conhecimento compreende o tratamento, pelo profissional de
ISP, de dados e conhecimentos.
Dado é toda e qualquer representação de fato, situação, comunicação, notícia,
documento, extrato de documento, fotografia, gravação, relato, denúncia, etc, ainda
não submetida, pelo profissional de ISP, à metodologia de Produção de
Conhecimento.
Conhecimento é o resultado final - expresso por escrito ou oralmente pelo
profissional de ISP - da utilização da metodologia de Produção de Conhecimento sobre
dados e/ou conhecimentos anteriores.
Produzir conhecimento é, para a ISP, transformar dados e/ou conhecimentos
em conhecimentos avaliados, significativos, úteis, oportunos e seguros, de acordo com
metodologia própria e específica.

2. VERDADE

a. Conceito
A verdade consiste na perfeita concordância do conteúdo do pensamento
(sujeito) com o fato (objeto).
A verdade - significativa, imparcial, oportuna e bem apresentada - é a
aspiração que norteia o exercício da atividade de ISP. Todos os profissionais que a
exercem devem acautelar-se contra a mera ilusão da verdade, contra o erro.

b. Estados da Mente
A mente humana pode encontrar-se, em relação à verdade, em quatro
diferentes estados: certeza, opinião, dúvida, ignorância.
1) Certeza: consiste no acatamento integral, pela mente, da imagem por
ela mesma formada, como correspondente a determinado objeto. A certeza é, dessa
forma, o estado em que a mente adere à imagem de um objeto, por ela mesma
formada, sem temor de enganar-se.
2) Opinião: é o estado em que a mente acata, porém com receio de
enganar-se, a imagem, por ela mesma formada, como correspondente a determinado
objeto. A opinião é, portanto, um estado no qual a mente se define por um objeto,
porém com receio de equívoco. Por isso, o valor do estado de opinião expressa-se por
meio de indicadores de probabilidades.
3) Dúvida: é o estado em que a mente encontra, metodicamente, em
situação de equilíbrio, razões para aceitar e razões para negar que a imagem, por ela
mesma formada, está em conformidade com determinado objeto.
4) Ignorância: é o estado da mente que se caracteriza pela inexistência
de qualquer imagem de determinado objeto. A ignorância é um estado puramente
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nulo da mente. Nesta situação, o espírito encontra-se privado de qualquer imagem


sobre uma realidade específica.

c. Trabalhos Intelectuais
O ser humano, para conhecer determinados fatos ou situações, pode
realizar três trabalhos intelectuais: conceber idéias, formular juízos e elaborar
raciocínios.
1) Idéia: é a simples concepção, na mente, da imagem de determinado
objeto, sem adjetivá-lo.
2) Juízo: é a operação pela qual a mente estabelece uma relação entre
idéias.
3) Raciocínio: é a operação pela qual a mente, a partir de dois ou mais
juízos conhecidos, alcança outro que deles decorre logicamente.

3. TIPOS DE CONHECIMENTO

a. Tipos
A doutrina de ISP preconiza uma diferenciação dos tipos de
conhecimento produzidos, resultante dos seguintes fatores:
- os diferentes estados em que a mente humana pode situar-se em
relação à verdade (certeza, opinião, dúvida e ignorância);
- os diferentes graus de complexidade do trabalho intelectual
necessário à produção do conhecimento (idéia, juízo e raciocínio); e
- a necessidade de elaborar, além de trabalhos relacionados com
fatos e/ou situações passados e presentes, outros, voltados para o futuro.
Os tipos de conhecimento produzidos são: Informe, Informação,
Apreciação e Estimativa.

b. Informe
É o conhecimento resultante de juízo(s) formulado(s) pelo profissional
de ISP e que expressa o seu estado de certeza, de opinião ou de dúvida frente à
verdade sobre fato ou situação passados e/ou presentes.

c. Informação
É o conhecimento resultante de raciocínio(s) elaborado(s) pelo
profissional de ISP e que expressa o seu estado de certeza frente à verdade sobre
fato ou situação passados e/ou presentes.

d. Apreciação
É o conhecimento resultante de raciocínio(s) elaborado(s) pelo
profissional de ISP e que expressa o seu estado de opinião frente à verdade, sobre
fato ou situação passados e/ou presentes.

e. Estimativa
É o conhecimento resultante de raciocínio(s) elaborado(s) pelo
profissional de ISP e que expressa o seu estado de opinião sobre a evolução futura
de um fato ou de uma situação.
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4. CICLO DA PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO

Visando tornar o trabalho de produção de conhecimentos o mais científico


possível, utiliza-se uma metodologia, denominada Ciclo da Produção do Conhecimento
(CPC), conduzida pelo profissional de ISP, comumente denominado de analista.
A metodologia apresentada é aplicável, no todo ou em parte, aos quatro tipos de
conhecimento, de acordo com as peculiaridades de cada um.
O CPC não despreza a importância de outros fatores que concorrem para o
êxito do analista na produção do conhecimento, dentre eles, particularmente, seus
atributos pessoais, sua experiência profissional e seu embasamento cultural.
O CPC compreende as seguintes quatro fases, não necessariamente
cronológicas: Planejamento, Reunião de Dados, Processamento e Utilização.

5. PLANEJAMENTO

a. Conceito
Planejamento é a primeira fase do CPC, na qual o analista procura, de
forma ordenada e racional, sistematizar o trabalho a ser desenvolvido tendo em vista
os fins a atingir.

b. Esquematização
O planejamento pode ser, esquematicamente, assim apresentado:
- determinação do assunto a ser estudado;
- determinação da faixa de tempo a ser considerada;
- determinação do usuário do conhecimento;
- determinação da finalidade do conhecimento;
- determinação do prazo disponível para a produção;
- determinação dos aspectos essenciais do assunto;
- verificação dos aspectos essenciais conhecidos; e
- verificação dos aspectos essenciais a conhecer.

6. REUNIÃO DE DADOS

a. Conceito
Reunião de Dados é a fase do CPC na qual o analista procura obter
dados e/ou conhecimentos que respondam e/ou complementem os aspectos
essenciais a conhecer.

b. Ações de Inteligência
Dois tipos de ações de Inteligência fazem-se presentes nesta fase: a
coleta e a busca.
- coleta é a obtenção de dados e/ou conhecimentos disponíveis;
- busca é a obtenção de dados não disponíveis.
Por "disponível" entende-se o fato de o dado e/ou conhecimento ser de
livre acesso a quem procura obtê-los.

c. Esquematização
A Reunião de Dados pode ser assim esquematizada:
- consulta aos arquivos da AI;
- pesquisa;
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- acionamento do Elemento de Operações;


- ligações com órgãos congêneres.

d. Complexidade
Pela sua complexidade, a fase da Reunião de Dados está detalhada no
Capítulo III deste Manual.

7. PROCESSAMENTO

Processamento é a fase do CPC na qual o conhecimento é produzido. É a fase


intelectual do ciclo, na qual o analista percorre quatro etapas, não necessariamente
cronológicas:
- Avaliação;
- Análise;
- Integração; e
- Interpretação.

8. AVALIAÇÃO

a. Conceito
Avaliação é a etapa da fase do Processamento do CPC na qual o
analista estabelece o grau de veracidade dos dados e/ou conhecimentos reunidos, a
fim de classificar e ordenar aqueles que, prioritariamente, serão utilizados e
influenciarão decisivamente no conhecimento a ser produzido.
Para realizar a Avaliação, o analista verificará a pertinência e a
credibilidade dos dados e/ou conhecimentos reunidos.

b. Pertinência
Na Pertinência, o analista verifica se o assunto constante do dado ou
conhecimento reunido está coerente e interessa ao assunto do conhecimento a ser
produzido.
Inicia-se por um exame preliminar do relacionamento entre o obtido e o
desejado e esgota-se pela determinação das frações significativas, isto é, das
parcelas de dados e/ou conhecimentos que interessam aos aspectos essenciais
determinados na fase do Planejamento.
Os dados e/ou conhecimentos avaliados como não-pertinentes serão
descartados para o assunto específico.

c. Credibilidade
Na Credibilidade, o analista verifica e estabelece julgamentos sobre:
- as frações significativas;
- a fonte; e
- o conteúdo.

1) No julgamento das frações significativas, são comparadas as


frações entre si e com o que o analista planejou e sabe sobre o assunto. Ao final do
procedimento, o analista disporá de frações significativas preliminarmente graduadas
em credibilidade.
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2) No julgamento da fonte, realizado com a finalidade de


estabelecer seu grau de idoneidade, devem ser verificados três aspectos:
autenticidade, confiança e competência.
No aspecto da autenticidade, verifica-se se o dado ou
conhecimento provém realmente da fonte presumida.
No aspecto da confiança, verifica-se sobre a fonte: antecedentes,
padrão de vida compatível com o seu poder aquisitivo, contribuição já prestada à AI e
motivação.
No aspecto da competência, verifica-se se a fonte é habilitada e
teve condições de obter aquele dado específico.

3) No julgamento do conteúdo, devem ser verificados três


aspectos: coerência, compatibilidade e semelhança.
No aspecto da coerência, verifica-se se o dado apresenta
contradições em seu encadeamento lógico.
No aspecto da compatibilidade, verifica-se o grau de harmonia
com que o dado se relaciona com outros dados conhecidos.
No aspecto da semelhança, verifica-se se há outro dado, oriundo
de fonte diferente, cujo conteúdo esteja em conformidade com o dado em julgamento.

d. Avaliação
Após julgadas as frações significativas, a fonte e o conteúdo dos dados
e/ou conhecimentos reunidos e pertinentes, terá, o analista, as melhores condições
de produzir o conhecimento desejado , devidamente avaliado em sua credibilidade,
que será traduzida, quando de sua formalização, por meio de recursos de linguagem
que expressem o estado de certeza, de opinião ou de dúvida.
Tradicionalmente, existem duas tabelas que podem auxiliar o analista no
julgamento da fonte e do conteúdo.
Tabela de julgamento da fonte:
- A: inteiramente idônea
- B: normalmente idônea
- C: regularmente idônea
- D: normalmente inidônea
- E: inidônea
- F: não pôde ser avaliada
Tabela de julgamento do conteúdo:
- 1: confirmado por outras fontes
- 2: provavelmente verdadeiro
- 3: possivelmente verdadeiro
- 4: duvidoso
- 5: improvável
- 6: não pôde ser avaliado

9. ANÁLISE

Análise é a etapa da fase do Processamento do CPC na qual o analista


decompõe os dados e/ou conhecimentos reunidos e pertinentes, em suas partes
constitutivas, já devidamente avaliadas, relacionadas aos Aspectos Essenciais
levantados e examina cada uma delas, a fim de estabelecer sua importância em
relação ao assunto que está sendo estudado.
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10. INTEGRAÇÃO

Integração é a etapa da fase do Processamento do CPC na qual o analista


monta um conjunto coerente, ordenado, lógico e cronológico, com base nas frações
significativas já devidamente avaliadas. O aproveitamento de uma fração significativa
varia de acordo com o tipo de conhecimento que se pretende produzir, porém, é
desejável que sejam aproveitadas, principalmente, as frações significativas com grau
máximo de credibilidade.
O conjunto lógico e cronológico preconizado visa proporcionar o melhor
entendimento do conhecimento produzido. Entretanto, o centro do conhecimento - o
assunto objeto do conhecimento - deverá constar no início do documento produzido.

11. INTERPRETAÇÃO

Interpretação é a etapa da fase do Processamento do CPC na qual o analista


estabelece o significado final do assunto tratado. Interpretar é dialogar com o texto, é
dar uma conclusão significativa aos fatos e situações apresentados.
Para isso, o analista, depois de avaliar, analisar e integrar:
- procura as relações de causa e efeito;
- aponta tendências e faz previsões, baseadas no raciocínio.
Nos estudos mais complexos, avalia-se também:
- a trajetória ou seu delineamento, balizada pelo início da faixa de tempo
identificada no planejamento, em determinado ponto do passado, no presente ou,
ainda, no futuro;
- os fatores de influência, identificando e ponderando os fatores que
influem no fato ou situação, considerando-se a freqüência, a intensidade e os efeitos.
Significado é o resultado final da interpretação, quando se estabelecem as
conclusões sobre os fatos e situações apresentados, sejam no passado, no presente
ou no futuro, com vislumbres de projeções.
Nos casos de pouca complexidade, não são necessariamente cumpridos todos
os procedimentos da interpretação, sendo possível passar da integração diretamente
para o significado final.

12. UTILIZAÇÃO

a. Conceito
Utilização é a fase do CPC na qual o conhecimento produzido será:
- formalizado em um Documento de Inteligência;
- difundido para outras AI; e
- arquivado.

b. Formalização
Consiste em elaborar um documento próprio - um Documento de
Inteligência - que expresse o conhecimento produzido.

c. Difusão
Consiste na divulgação do conhecimento produzido para o usuário que o
solicitou ou para quem tal conhecimento possa interessar ou ser útil. É condicionada à
necessidade de conhecer.
18/39

Pode ser feita através dos meios de informática, por via postal, por
mensageiro, eventualmente pela telecomunicações e até mesmo verbalmente.
A utilização desses meios, em cada caso, subordina-se às necessidades
de sigilo, urgência (oportunidade) e conveniência administrativa.

d. Arquivamento
Consiste na embalagem e na estocagem de documentos de forma
adequada à sua conservação, obedecendo a uma ordem estabelecida, a fim de facilitar
o seu manuseio e a sua recuperação.

13. DOCUMENTOS DE INTELIGÊNCIA

a. Conceito
Documentos de Inteligência (Doc Intlg) são os documentos padronizados,
sigilosos, que circulam entre as AI, a fim de transmitir ou solicitar conhecimentos.
Um Doc Intlg deve ser redigido em texto simples, coerente, ordenado,
lógico, cronológico, conciso, claro e objetivo.
Os Doc Intlg são, genericamente, classificados em externos e internos.

b. Documentos Externos
São os Doc Intlg difundidos para outras AI.
As AI que integram o SISPERJ utilizarão os seguintes tipos de Doc Intlg:
Pedido de Busca (PB), Relatório de Inteligência (RELINT), Relatório Periódico de
Inteligência (RPI), Relatório Especial de Inteligência (REI), Mensagem (Msg) e
Sumário. Outros tipos poderão ser criados, a fim de atender a necessidades
específicas.

1) Pedido de Busca (PB)


É o documento externo, padronizado, no qual o analista solicita
dados e/ou conhecimentos de outras AI, dentro ou fora do SISPERJ.

2) Relatório de Inteligência (RELINT)


É o documento externo, padronizado, no qual o analista transmite
conhecimentos para outras AI, dentro ou fora do SISPERJ.
O RELINT substituiu, de forma única, os seguintes antigos Doc
Intlg: Informes, Informações, Apreciações e Estimativas. O tipo de conhecimento
transmitido deverá estar explícito na forma de redação.

3) Relatório Periódico de Inteligência (RPI)


É o documento externo, padronizado, que tem por objetivo
propiciar ao usuário uma visão conclusiva e global dos fatos ocorridos num
determinado período de tempo ou em desenvolvimento, complementando e
consolidando os conhecimentos anteriormente difundidos. Reúne dados e
conhecimentos da área de responsabilidade da AI, que reflitam a certeza ou sejam
confirmados pelo analista. Caracteriza-se, também, pela sua periodicidade.

4) Relatório Especial de Inteligência (REI)


É o documento externo, padronizado, que reúne conhecimentos
significativos, contidos ou não em outros documentos de Inteligência, sobre assunto
específico e considerado de grande importância pela AI responsável pela sua autoria.
19/39

Reúne conhecimentos sobre determinado assunto, que reflitam a certeza ou sejam


confirmados pelo analista.

5) Mensagem (Msg)
É o documento externo, padronizado, que envia alguma
comunicação de interesse das AI.

6) Sumário
É o documento externo, padronizado, que expressa uma coletânea
rotineira e periódica de fatos e situações ocorridas no âmbito da Segurança Pública.

c. Documentos Internos
São os documentos de circulação interna das AI, podendo ser de
solicitação de dados, resposta às solicitações ou transmissão interna de dados ou
conhecimentos.
Cada AI poderá elaborar seus próprios documentos internos, de acordo
com seu objetivo, finalidade e estrutura.

d. Elaboração dos Doc Intlg


Os Doc Intlg serão elaborados de forma padronizada e, necessariamente,
deverão conter:
- indicativo da AI produtora e sua subordinação;
- classificação sigilosa;
- tipo do documento;
- numeração seqüencial, por ano;
- cabeçalho contendo: Data; Assunto; Origem; Difusão; Difusão
Anterior; Referência; Anexo;
- texto;
- numeração das folhas;
- autenticação; e
- recomendação sobre quebra de sigilo.

e. Restrição ao Uso dos Doc Intlg


Os Doc Intlg são elaborados para difundir conhecimentos, de AI para AI.
Como tal, recebem uma classificação sigilosa, de acordo com o assunto abordado.
Os Doc Intlg não podem ser inseridos em processos e procedimentos
apuratórios. O conhecimento pode e deve ser usado, de acordo com as normas de
cada instituição. Entretanto, os Doc Intlg devem permanecer restritos às AI e aos seus
respectivos chefes do canal de comando.
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CAPÍTULO III – REUNIÃO DE DADOS

1. CONCEITO

Reunião de Dados é a fase do Ciclo de Produção de Conhecimento na qual as


AI procuram obter os dados necessários, realizando , metódica e sistematicamente,
ações que lhes possibilitem produzir o conhecimento.

2. AÇÕES DE INTELIGÊNCIA

a. Ações de Inteligência
São todos os procedimentos e medidas realizadas por uma AI, a fim de que
possa dispor dos dados necessários e suficientes para a produção do conhecimento,
realizando, de um modo geral, dois tipos de ações de Inteligência: as Ações de Coleta e
as Ações de Busca.

b. Ações de Coleta
Ações de Coleta são todos os procedimentos realizados por uma AI,
ostensiva ou sigilosamente, a fim de reunir dados cadastrados e/ou catalogados em
órgãos públicos ou privados. Essas ações caracterizam-se, particularmente, pelo
acesso, credenciado ou não, aos órgãos que dispõem desses dados.

c. Ações de Busca
Ações de Busca são todos os procedimentos realizados pelo Elemento de
Operações de uma AI, normalmente sigilosos, a fim de reunir dados protegidos, num
universo antagônico, de difícil obtenção. A fim de preservar a AI, essas ações deverão
ser, normalmente, sigilosas, independentemente de estarem, os dados buscados,
protegidos ou não por medidas de segurança.

3. OPERAÇÕES DE INTELIGÊNCIA

a. Conceituação

Operação de Inteligência (Op Intlg) é o conjunto de ações de Coleta e de


Busca, executada quando os dados a serem obtidos estão protegidos por rígidas
medidas de segurança e as dificuldades e/ou riscos são grandes para as AI , exigindo um
planejamento minucioso, um esforço concentrado e o emprego de técnicas
especializadas, com pessoal e material especializados.
Todas as Ações de Inteligência, sejam de Coleta, sejam de Busca, são
capazes de, por si sós, mesmo que desencadeadas isoladamente, obter os dados
necessários para a produção do conhecimento. Podem ser, também, ações preparatórias
ou fazerem parte de uma Op Intlg.
A maior parte dos dados necessários ao exercício da atividade de ISP
está disponível em fontes abertas; entretanto, os dados protegidos, tidos como
“negados”, revestem-se de especial importância, constituindo-se num fator
diferenciador que possibilita a produção de conhecimentos úteis e privilegiados.
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b. Ambiente Operacional
É o local onde desenvolve-se uma Op Intlg e que, normalmente, determina
os recursos empregados.

c. Alvo
É o objetivo das Ações de Inteligência e, particularmente, das Ações de
Busca. O alvo pode ser um assunto, uma pessoa, uma organização, um local ou um
objeto.

d. Elemento de Operações
Elemento de Operações (ELO) é o setor de uma AI que planeja e executa
as Op Intlg.

e. Pessoal empregado nas Op Intlg


- Agente é o elemento orgânico da AI, que possui treinamento
especializado e que só deve nela ingressar após passar por um Processo de
Recrutamento Administrativo.
- Colaborador é o elemento - recrutado operacionalmente ou não - que,
por suas ligações e conhecimentos, cria facilidades para a AI, até mesmo fora de sua
área normal de atuação. Eventualmente, pode transmitir dados obtidos em sua área de
atuação. Não é orgânico da AI e não possui treinamento especializado.
- Informante é o elemento recrutado operacionalmente que opera em
sua área normal de atuação. Eventualmente, pode criar facilidades em sua área normal
de atuação. Não é orgânico da AI e, normalmente, não possui treinamento
especializado.
- Agente Especial é o elemento que possui treinamento especializado, a
fim de realizar operações especiais de Inteligência, dentre as quais a infiltração.

f. Controlador
Controlador é o agente responsável pelo controle do Colaborador, do
Informante e do Agente Especial.

g. Rede
Rede é a designação dada ao conjunto dos elementos não-orgânicos
controlados pela AI.

4. AÇÕES DE BUSCA

a. As Ações de Busca são 10 (dez): Reconhecimento; Vigilância; Recrutamento


Operacional; Infiltração; Desinformação; Provocação; Entrevista; Interrogatório;
Interceptação Postal; Interceptação das Comunicações. Algumas delas, para serem
executadas, necessitam de ordem judicial.

b. Reconhecimento é a Ação de Busca realizada para obter dados sobre o


ambiente operacional ou identificar visualmente uma pessoa. Normalmente, é uma
ação preparatória que subsidia e prepara o planejamento de uma Operação de
Inteligência.

c. Vigilância é a Ação de Busca realizada para levantar dados sobre um alvo.


Classifica-se: quanto ao alvo - fixa e móvel -, quanto aos agentes - a pé ou
transportada - e quanto ao grau de sigilo - sigilosa ou ostensiva.
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d. Recrutamento Operacional é a Ação de Busca realizada para convencer ou


persuadir uma pessoa não pertencente à AI a trabalhar em benefício desta.

e. Infiltração é a Ação de Busca realizada para colocar uma pessoa -


normalmente, não pertencente à AI -, junto ao alvo, a fim de obter dados de interesse
da atividade.

f. Desinformação é a Ação de Busca realizada para, intencionalmente,


ludibriar alvos - pessoas ou organizações -, a fim de ocultar os reais propósitos da AI
ou de induzir esses alvos a cometerem erros de apreciação, levando-os a executar
um comportamento determinado.

g. Provocação é a Ação de Busca, com alto nível de especialização, realizada


para fazer com que uma pessoa/alvo modifique seus procedimentos e execute algo
desejado pela AI, sem que o alvo desconfie da ação a que está sendo submetido.

h. Entrevista é a Ação de Busca realizada para obter dados por meio de uma
conversação, consentida pelo alvo, mantida com propósitos definidos e planejada e
controlada pelo entrevistador.

i. Interrogatório é a Ação de Busca realizada para obter dados por meio de uma
conversação, não consentida pelo alvo, mantida com propósitos definidos e
planejada e controlada pelo interrogador.

j. Interceptação Postal é a Ação de Busca realizada para obter dados e/ou


interceptar correspondências com aspectos ilícitos.

k. Interceptação das Comunicações é a Ação de Busca realizada para obter


dados por meio de equipamentos adequados, operados por integrantes da Inteligência
Eletrônica.

5. TÉCNICAS OPERACIONAIS DE INTELIGÊNCIA

a. Técnicas Operacionais de Inteligência (TOI) são as habilidades nas quais


deverão ser treinados os agentes de um ELO, a fim de facilitar a atuação humana nas
Ações de Busca, aumentando suas potencialidades, possibilidades, capacidades e
operacionalidades.

b. As TOI são 10 (dez): Processos de Identificação de Pessoas; Observação,


Memorização e Descrição; Estória-Cobertura; Disfarce; Comunicações Sigilosas; Leitura
da Fala; Detector de Mentiras; Emprego de Meios Cine-fotográficos; Emprego de Meios
Eletrônicos e Foto-interpretação.

c. Processos de Identificação de Pessoas é conjunto de TOI destinado a


identificar ou a reconhecer pessoas. Pode-se listar os seguintes processos,
constantemente acrescidos, conforme o desenvolvimento tecnológico: fotografia,
retrato falado, datiloscopia, documentoscopia, DNA, arcada dentária, voz, íris, medidas
corporais, descrição, dados de qualificação.
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d. Observação, Memorização e Descrição é a TOI utilizada para observar,


memorizar e descrever, com precisão, pessoas, objetos, locais e fatos, a fim de
identificá-los ou de reconhecê-los.

e. Estória-Cobertura é a TOI utilizada para encobrir as reais identidades dos


agentes e das AI, a fim de facilitar a obtenção de dados - dissimulando os verdadeiros
propósitos da atividade -, e de assegurar a segurança e o sigilo.

f. Disfarce é a TOI pela qual o agente, usando recursos naturais ou artificiais,


modifica sua aparência física, a fim de evitar o seu reconhecimento, atual ou futuro, ou
de adequar-se a uma Estória-cobertura.

g. Comunicações Sigilosas é a TOI utilizada para, sigilosamente, transmitir


mensagens ou enviar objetos durante as Ações de Busca, de acordo com planos
preestabelecidos.

h. Leitura da Fala é a TOI na qual um agente, à distância, compreende o


assunto tratado numa conversação entre duas ou mais pessoas;

i. Detector de Mentiras é a TOI utilizada para verificar se há convicção de que


uma pessoa esteja falando a verdade.

j. Emprego de Meios Cine-fotográficos é a TOI que capacita os agentes


integrantes da Inteligência Humana a utilizarem adequadamente os equipamentos de
captação, gravação e reprodução de imagens.

k. Emprego de Meios Eletrônicos é a TOI que capacita os agentes integrantes


da Inteligência Humana a utilizarem adequadamente os equipamentos de captação,
gravação e reprodução de sons.

l. Foto-interpretação é a TOI que capacita os agentes a interpretarem


corretamente as imagens obtidas.

6. TIPOS DE OP INTLG

a. Tipos
Há dois tipos básicos de Op Intlg: as exploratórias e as sistemáticas.

b. Operações Exploratórias
São as utilizadas, normalmente, para cobrir eventos e levantar dados
específicos, em curto prazo. Prestam-se, particularmente, para a cobertura de
reuniões em geral, para o reconhecimento e levantamento de áreas, para o
levantamento das atividades e contatos das pessoas, para a obtenção de
conhecimentos contidos em documentos guardados, para a avaliação da validade da
abertura de outras operações, etc. Visam a atender à necessidade imediata de um
conhecimento específico sobre determinado assunto.
São particularmente aptas para o levantamento das atividades atuais do
alvo.

c. Operações Sistemáticas
São as utilizadas, normalmente, para acompanhar, metodicamente, as
24/39

atividades de pessoas, organizações, entidades e localidades. Prestam-se,


particularmente, para o acompanhamento das facções criminosas, a neutralização de
suas ações e a identificação de seus integrantes. Visam a atualizar e a aprofundar
conhecimentos sobre suas estruturas, atividades e ligações, através da produção de um
fluxo contínuo de dados.
São particularmente aptas para o levantamento das atividades futuras do
alvo.

7. PLANEJAMENTO DAS OP INTLG

Dentre as diversas características de uma Op Intlg, deve-se destacar o


planejamento.
Qualquer que seja a Op Intlg, ela deve ser muito bem planejada, tanto na abertura,
quanto na execução e no encerramento.
No planejamento, devem ser aplicadas as seguintes cinco medidas para a eficaz e
completa condução da Op Intlg: Controle, Coordenação, Avaliação, Orientação e
Segurança.

8. SEGURANÇA X EFICÁCIA

Nas Ações de Busca e nas Op Intlg, as AI devem, sempre, observar o binômio


SEGURANÇA X EFICÁCIA. Se bem que a segurança é inerente a qualquer ação ou
operação, a primazia da segurança sobre a eficácia, ou vice-versa, será determinada
pelos aspectos conjunturais.
O ideal a ser atingido é o equilíbrio: eficácia com segurança.
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CAPÍTULO IV: CONTRA-INTELIGÊNCIA

1. CONCEPÇÃO

Contra-Inteligência (CI) é o ramo da atividade de ISP que se destina a produzir


conhecimentos para proteger a atividade de Inteligência e a instituição a que pertence,
de modo a salvaguardar dados e conhecimentos sigilosos, oriundos da estrutura de
ISP, e identificar e neutralizar ações adversas realizadas por organismos ou por
pessoas.
A CI implementa-se através da adoção de ações, normas, medidas e
procedimentos voltados para a prevenção, a detecção, a obstrução e a neutralização
de ações adversas de qualquer natureza.
Como “inteligência negativa”, no campo da Segurança Pública, direciona seus
esforços na busca de conhecimentos sobre os “assuntos internos”, particularmente os
desvios de conduta.

2. RESPONSABILIDADES

Cabe à CI realizar as ações necessárias para regular os acessos aos dados e


conhecimentos e prevenir e evitar os comprometimentos e os vazamentos.
Essas ações de CI não se restringem aos servidores especialistas, mas
estendem-se a todos os servidores dos órgãos de ISP.

3. ACESSO

Acesso é a possibilidade e/ou a oportunidade de uma pessoa obter dados ou


conhecimentos sigilosos, que devem ser protegidos. O acesso denota, portanto, não só
a condição que tem uma pessoa para fazê-lo, mas também o ato de uma pessoa obter
dados ou conhecimentos sigilosos.
O acesso, em conseqüência, deriva de autorização oficial emanada de
autoridade competente – o credenciamento – ou da superação das medidas de
salvaguarda aplicadas aos documentos sigilosos.

4. COMPROMETIMENTO

Comprometimento é a perda de segurança de dados ou conhecimentos


sigilosos, resultante de acesso por pessoas não credenciadas ou da inutilização
indesejada, ocorrida em conseqüência de fenômenos naturais, que podem causar a
adulteração, a destruição ou a perda do princípio da oportunidade.
De um modo geral, o comprometimento decorre da insuficiência ou da
inadequação das medidas de salvaguarda aplicadas.

5. VAZAMENTO

Vazamento é a divulgação não autorizada de dados ou conhecimentos sigilosos.


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Quanto à motivação, o vazamento pode ocorrer por irresponsabilidade, por


vingança ou por motivos financeiros.
Denomina-se vazamento controlado aquele que é divulgado deliberadamente,
a fim de atingir determinado objetivo.

6. SEGMENTOS

A Contra-Inteligência atua por meio de dois segmentos: a Segurança Orgânica


e a Segurança Ativa.
A Segurança Orgânica (SEGOR) é o conjunto de medidas passivas, de caráter
eminentemente defensivo, destinadas a garantir o perfeito funcionamento da
instituição, de modo a prevenir e a obstruir as ações adversas que lhe são dirigidas por
elementos ou grupos de qualquer natureza.
A Segurança Ativa (SEGAT) é o conjunto de medidas de caráter
eminentemente ofensivo, destinadas a detectar e neutralizar as ações adversas de
elementos ou grupos de qualquer natureza dirigidas contra a instituição.

7. SEGURANÇA ORGÂNICA

A Segurança Orgânica (SEGOR) caracteriza-se pelo conjunto de medidas


integradas e meticulosamente planejadas, destinadas a proteger o pessoal, a
documentação, as instalações, o material, as comunicações, as operações e a
informática.
Para atingir os seus objetivos de prevenir e obstruir, a SEGOR planeja e
implementa um conjunto de normas, medidas e procedimentos, todas intimamente
ligadas.

a. Segurança de Pessoal

É o conjunto de normas, medidas e procedimentos voltados para os


recursos humanos, no sentido de assegurar comportamentos adequados à salvaguarda
de dados e conhecimentos sigilosos, a fim de prevenir e obstruir ações adversas.
Uma das principais normas de Segurança de Pessoal é o Processo de
Recrutamento Administrativo (PRA), que visa selecionar, acompanhar e desligar os
recursos humanos orgânicos de uma AI, nas fases da admissão, do desempenho da
função e do desligamento.

b. Segurança da Documentação

É o conjunto de normas, medidas e procedimentos voltados para os


documentos de Inteligência, no sentido de evitar o comprometimento e/ou o vazamento.
A Segurança da Documentação é garantida através do exato cumprimento
dos regulamentos, instruções ou normas que regem a produção, a classificação, a
expedição, o recebimento, o registro, o manuseio, a guarda, o arquivamento e a
destruição de documentos sigilosos.
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c. Segurança das Instalações

É o conjunto de normas, medidas e procedimentos voltados para os locais


onde são elaborados, tratados, manuseados ou guardados dados e conhecimentos
sigilosos, além de materiais sensíveis, com a finalidade de salvaguardá-los.
A Segurança das Instalações é obtida pela adoção de medidas de proteção
geral, fiscalização e controle do acesso a locais sensíveis, de pessoal orgânico ou não,
bem como pela demarcação, bloqueio e permanente controle das áreas livres, sigilosas
(locais que abrigam dados e/ou conhecimentos sigilosos) e restritas (locais considerados
vitais para o pleno funcionamento do órgão).

d. Segurança do Material

É o conjunto de normas, medidas e procedimentos voltados para a guarda e


a preservação do material, de modo a assegurar o seu perfeito e contínuo funcionamento.
Devem merecer especial atenção da AI as ameaças de roubos, furtos e
sabotagem nos materiais, sejam comuns, sejam sensíveis.

e. Segurança das Comunicações

É o conjunto de normas, medidas e procedimentos voltados para os meios


de comunicações, no sentido de salvaguardar dados e/ou conhecimentos, de modo a
impedir ou a dificultar a interceptação e a análise da transmissão e do tráfego.

f. Segurança das Operações

É o conjunto de normas, medidas e procedimentos adotados para


proteger as ações operacionais realizadas pela AI, seja na proteção dos agentes e da
instituição, seja na proteção da real identidade do alvo e dos objetivos da operação.

g. Segurança da Informática

É o conjunto de normas, medidas e procedimentos destinados a preservar o


sistema de Informática da instituição, de modo a garantir a continuidade do seu
funcionamento, a integridade dos conhecimentos e a confiabilidade no acesso.

8. PLANEJAMENTO DE SEGURANÇA ORGÂNICA

A SEGOR de uma AI deve ser cuidadosamente planejada e implementada por


meio da elaboração de um Plano de Segurança Orgânica (PLASEGOR), que irá regular
as medidas de segurança adequadas.
O PLASEGOR é um documento que visa orientar os procedimentos de interesse
da Segurança Orgânica a serem realizados no âmbito da AI. A adoção de medidas de
segurança sem a necessária análise dos riscos e dos aspectos envolvidos poderá causar
o comprometimento, decorrente de sua insuficiência ou inadequação.
O PLASEGOR será resultado de um processo harmônico e integrado, após
percorridas as seguintes fases: Estudo de Situação, Decisão, Elaboração do Plano,
Implantação do Plano e Supervisão das Ações Planejadas.
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O PLASEGOR abrange todos os segmentos que compõem a Segurança Orgânica,


definindo atribuições, normas e procedimentos a serem observados e cumpridos. Arrola,
ainda, as vulnerabilidades, existentes ou potenciais, para a AI.

9. SEGURANÇA ATIVA

As medidas pertinentes às diversas atividades da Segurança Ativa (SEGAT) visam


detectar e neutralizar as ações adversas.
Para isso, medidas ofensivas deverão ser desencadeadas contra as ações
adversas, por meio da Contrapropaganda, da Contra-espionagem, da Contra-
sabotagem e do Contraterrorismo.
A SEGAT está intimamente ligada à SEGOR, complementando-a e sendo por
ela auxiliada. Enquanto a Segurança Orgânica, em última análise, procura criar
obstáculos entre os elementos ou grupos adversos, a Segurança Ativa atua
ofensivamente sobre tais ameaças.
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CAPÍTULO V: ORGANIZAÇÃO DA ISP

1. CONCEITUAÇÃO

Uma Agência de Inteligência (AI) sozinha, isolada, não conseguirá produzir todos
os conhecimentos de que necessita. É imprescindível que ela esteja integrada a um
sistema, no qual dados e/ou conhecimentos possam fluir, com capilaridade, da base à
cúpula e vice-versa.
A atividade de ISP organiza-se, portanto, num Sistema de Inteligência de
Segurança Pública, que, de modo integrado, desenvolverá o exercício sistemático de
ações especializadas, orientadas à produção e salvaguarda de conhecimentos, a fim de
assessorar as autoridades governamentais, nos respectivos níveis e áreas de
atribuição, na organização, planejamento, execução, controle e acompanhamento da
sua Política de Segurança Pública.

2. SISTEMA DE ISP

a. Conceito

Sistema de ISP é o conjunto harmônico, integrado e ordenado de


Subsistemas e de AI, que integram instituições inter-relacionadas, que buscam os
mesmos objetivos, que têm funções similares e que se submetem a uma padronização
de doutrina, de procedimentos e de rotinas.
Subsistemas de Inteligência são frações do sistema, constituídas por
conjuntos específicos de AI, devidamente hierarquizadas, sob a gerência de uma
Agência Central, voltada para o adequado assessoramento das diferentes autoridades
envolvidas no processo decisório da chefia do órgão a que pertence.
A organização de cada Subsistema que integra o Sistema de Inteligência é
definida pela chefia da instituição a que pertence esse subsistema, observada a
legislação vigente e ouvida a Agência Central do Sistema.
Nos Subsistemas de Inteligência, a Agência Central será a AI subordinada,
em primeiro grau hierárquico-funcional, ao chefe da instituição a que pertencer.
As AI são unidades indivisíveis, constitutivas do Sistema e que produzem os
conhecimentos.
Enquanto as AI produzem os conhecimentos, os Subsistemas e o Sistema
de Inteligência os integram.

b. Canais

O Sistema de Inteligência e seus subsistemas estabelecem ligações entre


as AI através do Canal Técnico que, em absoluto, não se confunde com o Canal de
Comando.
O Canal de Comando estabelece as ligações, fundamentalmente de
natureza hierárquica, entre as chefias dos organismos que compõem a instituição.
Naturalmente, a AI subordina-se ao chefe da instituição a que pertence organicamente.
O Canal Técnico, criado para facilitar a troca de conhecimentos e para
atender ao princípio da oportunidade, estabelece as ligações diretas entre as AI, sem
criar vinculações orgânicas ou de chefias. São, apenas, ligações formalizadas pela
30/39

difusão de documentos de Inteligência padronizados, enviando e recebendo


conhecimentos. Uma AI não se subordina, hierarquicamente, a nenhuma outra AI.

c. Comunidade de ISP

As AI relacionam-se, também, sem adotar os rígidos fundamentos


sistêmicos, formando conjuntos específicos. Nessa circunstância, essas Agências
constituem a Comunidade de Inteligência.
A Comunidade de ISP é, portanto, o conjunto de integrantes de AI que têm
missões análogas ou que atuam em uma mesma área territorial. Através da Comunidade,
aparam-se as arestas e quebra-se a rigidez do sistema, criando-se uma informalidade e
uma confiança absolutamente necessária para as ligações entre as pessoas.

3. ORGANIZAÇÃO

a. Sistema

A atividade de ISP é desenvolvida pelo Sistema de Inteligência de


Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (SISPERJ), integrado diretamente ao
Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP), da Secretaria Nacional de
Segurança Pública do Ministério da Justiça (SENASP/MJ).
A Agência Central do SISPERJ é a Subsecretaria de Inteligência (SSINTE),
orgânica da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro (SSP/RJ).

b. Subsistemas

Atualmente, no SISPERJ, existem quatro subsistemas:


1) Subsistema de Inteligência da Polícia Militar (SIPMERJ), cuja
Agência Central é a Segunda Seção do seu Estado-Maior (PM2);
2) Subsistema de Inteligência da Polícia Civil (SIPCERJ), cuja
Agência Central é a Coordenadoria de Inteligência Policial (CINPOL);
3) Subsistema de Inteligência do Corpo de Bombeiros Militar
(SICBM), cuja Agência Central é a Segunda Seção do seu Estado-Maior (BM2);
4) Subsistema de Inteligência da Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária (SISEAP), cuja Agência Central é a Coordenadoria de
Inteligência do Sistema Penitenciário (CISPEN).
Outros subsistemas poderão ser criados, pela necessidade da Segurança
Pública.

c. Tipos de AI

Atualmente, no SISPERJ, existem três tipos de agências: as efetivas, as


especiais e as afins.
1) Efetivas: são as AI que pertencem à estrutura organizacional do
Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro e participam diretamente na busca de
conhecimentos de interesse da Segurança Pública;
2) Especiais: são as AI que pertencem à estrutura organizacional
do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro e participam direta ou indiretamente
na busca de conhecimentos de interesse da Segurança Pública;
3) Afins: são as AI que não pertencem à estrutura organizacional
do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro, mas têm interesse na Segurança
31/39

Pública. Essas Agências poderão integrar o SISPERJ mediante o estabelecimento de


Termos de Cooperação ou instrumentos congêneres, respeitando-se as prerrogativas
constitucionais e no interesse da Segurança Pública.

d. Classes de AI

1) As AI do SISPERJ são classificadas em classes, de acordo com os


seguintes fatores, variáveis conforme as características de cada subsistema:
a) nível hierárquico na organização que integram;
b) estrutura organizacional;
c) recursos humanos e materiais; e
d) ciclo de produção do conhecimento que realiza.

2) São três as classes das AI do SISPERJ:


a) Classe A: são as AI do mais alto nível hierárquico, com estrutura
organizacional completa, recursos humanos e materiais no mais alto grau e ciclo de
produção de conhecimento completo;
b) Classe B: são as AI de níveis intermediários, com estrutura
organizacional parcial, recursos humanos e materiais medianos e ciclo de produção de
conhecimento parcial;
c) Classe C: são as de níveis inferiores, com estrutura organizacional
reduzida, recursos humanos e materiais apenas suficientes e ciclo de produção de
conhecimento limitado à Reunião de Dados e sua Utilização (formalização, difusão e
arquivamento).

3) A classificação das AI, no âmbito de cada Subsistema de Inteligência que


integra o SISPERJ, é definida pela chefia da instituição a que pertence esse subsistema,
observada a legislação vigente e ouvida a SSINTE.

e. Estruturas das AI

As estruturas das AI variam de sistema para sistema, conforme os


objetivos estabelecidos e os recursos disponíveis. De um modo geral, são, entretanto,
dispendiosas, complexas e de difícil organização.
As AI, em sua estruturação mais ampla, podem possuir 08 (oito) setores de
atuação: Inteligência, Contra-Inteligência, Operações de Inteligência, Arquivo,
Informática, Inteligência Eletrônica, Comunicações e Apoio Administrativo.
A definição da estrutura das AI que integram o SISPERJ é estabelecida pela
chefia da instituição a que pertence o Subsistema de Inteligência, observada a
legislação vigente e ouvida a SSINTE.

4. PLANO DE ISP

a. Conceito

Plano de Inteligência de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro


(PISPERJ) é o documento elaborado pela SSINTE, a fim de orientar o exercício da
atividade de Inteligência no SISPERJ. É um conjunto ordenado de disposições e
procedimentos, que visa operacionalizar as decisões governamentais no que se refere
à atividade de ISP. É um documento flexível que, embora elaborado com o propósito
de resistir a todo um período de governo, pode ajustar-se às variações de conjuntura e
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deve conter as indicações gerais para que as AI do SISPERJ elaborem seus planos
específicos.

b. Elaboração do Plano

O PISPERJ deverá ser elaborado com base nos resultados de Estudos de


Situação de Inteligência de Segurança Pública (ESISP).
Os ESISP devem ser realizados por todas as AI do SISPERJ, com o
objetivo de definir os pontos fundamentais que balizarão o exercício da atividade de
ISP em suas respectivas áreas e em determinado período.
Em sua concepção mais ampla, o ESISP aborda as seguintes questões:
- Objetivos de ISP;
- Diretrizes de ISP;
- Conhecimentos Necessários;
- Execução;
- Administração;
- Ligações;
- Segurança.

c. Objetivos de ISP

Os Objetivos de ISP constituem a expressão genérica das necessidades


de conhecimentos da autoridade decisória, em sua área de atuação.
Essas necessidades são decorrentes dos Objetivos de Governo que, por
suas peculiaridades, enquadram-se na esfera de competência da atividade de ISP.
Depois de identificados e devidamente avaliados, os Objetivos devem ser
cuidadosamente explicitados.

d. Diretrizes de ISP

Neste estágio do ESISP, são formuladas as Diretrizes de ISP, as quais


constituem guias para os planejadores, em seus diferentes níveis.
Em linhas gerais, as Diretrizes de ISP devem estar compatibilizadas com
as demais diretrizes de Governo e enunciadas em um nível de generalização que, sem
perder a precisão de seu sentido, deixem margem para que os planejadores possam
detalhá-las de acordo com os interesses específicos da autoridade.

e. Conhecimentos Necessários (CN)

Conhecimentos Necessários (CN) constituem a etapa seguinte do ESISP


e dizem respeito ao desdobramento dos Objetivos de ISP em nível adequado às
necessidades de cada AI.
Dependendo da necessidade, os CN poderão ser detalhados em
Desdobramentos de Conhecimentos Necessários (DCN).

f. Execução

Execução é a fase em que são abordadas:


- a especificação formal das AI envolvidas no respectivo plano;
- a missão específica a ser atribuída a cada uma dessas AI; e
- a oportunidade para o atendimento aos CN e DCN.
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g. Administração

No tópico Administração, avaliam-se os recursos de toda ordem,


necessários ao exercício da atividade de ISP.

h. Ligações

No item Ligações, estabelecem-se as normas para as ligações entre as AI


envolvidas e os meios e sistemas de comunicações que podem ser utilizados e
especificados, observado o canal técnico.

i. Segurança

Na Segurança, são estudadas as medidas extraordinárias de segurança


que, eventualmente, possam ser adotadas.

j. Novos Estudos de Situação de Inteligência de Segurança Pública

No decorrer do processo decisório, a SSINTE pode realizar ou determinar


a realização de novos ESISP.
Considerando que o processo decisório é altamente dinâmico, a atividade
de ISP deve capacitar-se para atender a situações não previstas no ESISP
originalmente realizado. Assim, sempre que o elemento decisório fizer avaliações de
sua ação de governo para redefinir ou mesmo substituir os objetivos e os caminhos
para alcançá-los, a AI deve realizar novos Estudos de Situação, a fim de ajustar a
atividade de ISP às mudanças que se podem operar na condução do Processo
Decisório.

5. RECURSOS HUMANOS

a. Atributos

Os recursos humanos a serem empregados na atividade de ISP devem


ser vistos como fundamentais para seu bom funcionamento, seja na Inteligência
Humana, seja na Inteligência Eletrônica.
Qualitativamente, o profissional de ISP tem que possuir diversos
atributos que o caracterizam e o distinguem.
Todos deverão pautar suas condutas por elevados padrões éticos e
morais, com destaque para a lealdade, a integridade, a discrição e o profissionalismo
(capacidade de trabalho, dedicação, responsabilidade e cooperação).
Os analistas, além de um acurado espírito analítico, deverão destacar-se
pela objetividade e pela capacidade intelectual superior (curiosidade intelectual,
capacidade de apreensão, imaginação criadora e disciplina intelectual).
Os que trabalham nas Operações de Inteligência, além do espírito de
aventura, deverão possuir adaptabilidade, flexibilidade, dissimulação, habilidade no
trato, iniciativa, criatividade, determinação, dinamismo, coragem, controle emocional,
paciência e resistência à tensão.
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b. Recrutamento Administrativo

Para ingressar na atividade de ISP, é fundamental que a pessoa seja


voluntária e que tenha competência e afinidade com a função a ser exercida.
Todos os candidatos deverão ser submetidos a um rigoroso Processo de
Recrutamento Administrativo (PRA), a ser conduzido pelo setor de Contra-Inteligência,
para avaliar o seu perfil e verificar se os seus antecedentes são compatíveis com a
atividade.
Os policiais aposentados poderão ser recrutados e contratados para
desempenhar funções na atividade de ISP, de acordo com a legislação vigente e com
os recursos disponíveis.

c. Qualificação

A qualificação do profissional de ISP deverá ser realizada através de


específicos e sistemáticos programas de formação, de especialização e de
treinamento.

d. Cargos e Gratificações

Para os integrantes da ISP, exige-se, na quase totalidade de suas


funções, uma dedicação integral e diária ao trabalho.
Por esse motivo, aliado à relevância do serviço, deve-se buscar, para
todos os profissionais de ISP, a motivação financeira proporcionada pelos Cargos em
Comissão e pela Gratificação de Encargos Especiais, de acordo com os recursos
disponíveis.

6. RECURSOS MATERIAIS

a. Materiais

As AI devem ser dotadas de uma extensa e variada gama de materiais,


móveis de escritório, materiais de expediente, computadores, armamentos, viaturas,
comunicações e equipamentos especializados de Inteligência, para os quais deverão
ser cumpridas rígidas normas e medidas administrativas de controle de material, seja
permanente ou de consumo.

b. Instalações

Uma AI, por ser um órgão de assessoramento direto do chefe da sua


instituição, deverá ter suas instalações localizadas próximas e justapostas às dele.
O tamanho das instalações deverá ser o necessário para a estrutura
organizacional projetada e otimizada a ocupação dos espaços físicos.
Boas condições de trabalho são indispensáveis para uma boa produção
de conhecimento.

c. Armamento

Normalmente, para cumprir suas missões, os profissionais de ISP não


usarão armas. Entretanto, para a defesa pessoal, poderão ser fornecidas armas e
munições, devidamente controladas.
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7. VIATURAS

a. Conceito

Viaturas (Vtr) das AI são todos os veículos necessários para o adequado


e eficaz cumprimento das missões e deverão ser utilizadas exclusivamente no serviço,
ressalvadas as circunstâncias excepcionais, de natureza emergencial.

b. Classificação

Quanto ao uso, as Vtr utilizadas nas atividades de ISP são classificadas


em seis categorias:
1) Representação;
2) Administrativa;
3) Operacional;
4) Técnica;
5) Especial;
6) Moto.

c. Tipos

Em princípio, as Vtr utilizadas na atividade de ISP serão do tipo comum,


popular, com quatro portas e nas cores comuns e variadas. Não deverão dispor de
nenhuma característica que facilite a identificação da sua origem.

d. Placas

Para efeitos de segurança e sigilo, todas as Vtr utilizadas na atividade de


ISP deverão ser equipadas com placas "reservadas", conforme a legislação vigente. As
placas oficiais ficarão custodiadas, em cada AI, no setor encarregado do controle da
respectiva frota.

e. Estacionamento

Deve ser previsto um estacionamento seguro para guardar as viaturas da


AI, com especial ênfase para as viaturas técnicas e especiais.

8. COMUNICAÇÕES

As AI deverão ser dotadas de uma Rede de Comunicações ágil e eficaz, que


atenda à característica da segurança e aos princípios do sigilo e da oportunidade,
proporcionando comunicações rápidas e seguras.
Na atividade de ISP, a telefonia móvel deverá ser largamente implementada,
visando as pessoas e não as viaturas.
Os aparelhos a serem utilizados em operações nas vias públicas deverão ser
comuns e populares, de modo a não despertar a atenção.
Quando possível, os equipamentos deverão ser dotados de segurança
criptográfica.
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9. EQUIPAMENTOS DE INTELIGÊNCIA

a. Conceito

Equipamentos de Inteligência são, na Inteligência Humana, todos os


aparelhos utilizados para auxiliar o agente de operações nas ações de busca. Alguns
deles, entretanto, serão utilizados especificamente na Inteligência Eletrônica.

b. Classificação

Os equipamentos de ISP são classificados em nove categorias:


1) Fotografia;
2) Óticos;
3) Vídeo;
4) Gravação;
5) Transmissão e Recepção;
6) Interceptação;
7) Identificação;
8) Segurança;
9) Diversos.

c. Aquisição e utilização

A aquisição desses equipamentos, sofisticados e caros, dependem dos


tipos e classes das AI e dos recursos disponíveis.
Esses equipamentos deverão ser utilizados de acordo com o princípio do
sigilo.

10. INFORMÁTICA

a. Conceito

Informática é a ciência e a tecnologia que se ocupa do armazenamento


e tratamento da informação, mediante a utilização de equipamentos e procedimentos
da área de processamento de dados.
A ISP, que tem o conhecimento por objeto, deve incorporar as benesses
da Informática, adequando-se ao novo e aproveitando o que ela pode oferecer.
Numa AI, a Informática, estabelecida em rede, está presente em todos os
seus setores, irrigando-a qual uma corrente sangüínea.

b. Características

A crescente complexidade da atividade de ISP requer modernas


soluções tecnológicas. Desta forma, integração, flexibilidade e segurança são
componentes fundamentais nos Sistemas de Informática das AI. A utilização de um
sistema integrado justifica-se pela geração e produção do conhecimento, através de
instrumentos (aplicativos) que possibilitem, de forma fácil, segura e flexível, pesquisar,
criar e arquivar dados.
A plataforma básica, como sistema operacional e gerenciador de
bancos de dados e linguagem de programação, deve estar baseada em software livre
(“freeware”).
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A forma de troca de conhecimento deve ser efetuada através de


“Documentos de Inteligência” transmitidos e recebidos pela automação do fluxo de
documentos.
Os sistemas devem ser construídos de forma a manter o registro de toda
e qualquer transação efetuada no sistema (arquivos de log), seja uma mera consulta,
uma inclusão, uma alteração ou uma exclusão de dados, indicando o usuário, a data, a
hora e o conteúdo dos dados envolvidos na transação, possibilitando, desta forma, o
controle e a segurança.
A técnica de Criptografia deverá ser utilizada na guarda e na
comunicação dos dados, a fim de garantir a segurança.
A rede de Informática do SISPERJ deve ser:
- sigilosa e segura;
- própria, exclusiva e restrita a seus integrantes;
- implantada gradativamente, da cúpula para as bases.
A mentalidade de informatização deverá ser elevada ao seu mais alto
grau, de acordo com as modernas idéias da telemática.
Na implementação de uma rede nova, há que se buscar os
equipamentos de última geração, a fim de que a rede persista por mais tempo, sem
necessidade de contínuos "up-grade".
Especial atenção deverá ser dada aos servidores, particularmente, nos
aspectos da segurança, da capacidade de armazenamento e processamento e das
cópias de segurança (“back-up”), as quais deverão ser feitas diariamente e guardadas em
locais seguros, preferencialmente, fora das instalações físicas da AI.

c. Segurança da Informática

A Segurança da Informática, inserida na Segurança Orgânica da Contra-


Inteligência, deverá prever um conjunto de medidas destinadas a preservar a rede, de
modo a garantir a continuidade do seu funcionamento, a integridade dos conhecimentos e
a confiabilidade no acesso.
A continuidade de funcionamento da rede, prevenindo contra a
interrupção dos serviços e disponibilizando permanentemente os dados, trará a tão
necessária confiança do usuário.
A integridade dos conhecimentos visa impedir a indevida alteração dos
dados, o que poderia ser causado por falhas tecnológicas (vírus, qualidades do
"hardware" e/ou do "software"), por falhas humanas (deficiência no treinamento do
usuário ou pouca capacitação dos técnicos) e pela intenção humana (sabotagem,
“hackers”).
A confiabilidade no acesso visa controlar o acesso dos dados somente
para as pessoas autorizadas.
As medidas de segurança de informática deverão ser estabelecidas em
cinco níveis:
1) Segurança do Planejamento
- verificar a qualidade, a idoneidade e a confiabilidade
(fundamental e imprescindível) da empresa projetista;
- estabelecer que a empresa que elabora, desenvolve e instala o
projeto e que treina usuários e técnicos administradores, não atue na execução.
2) Segurança Física
- providenciar a duplicidade do sistema, com servidores e
cópias de segurança (“back-up”);
- controlar o acesso aos servidores e aos ativos de rede;
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- estabelecer uma rede elétrica nova e exclusiva, com geradores,


"no breaks" e estabilizadores;
- prever combate a incêndios, inclusive, com sensores e
equipamentos automáticos.
3) Segurança do "Hardware"
- adquirir equipamentos de elevados padrões;
- obedecer às normas técnicas;
- verificar os termos de garantia e de manutenção.
4) Segurança do "Software" (programas)
- prever as senhas de acesso;
- trabalhar com criptografia;
- educar contra vírus;
- isolar por "firewalls";
- estabelecer técnicas de endereçamento de rede (NAT).
5) Segurança do Pessoal
- estabelecer a compartimentação dos aplicativos, credenciando
somente aqueles que realmente precisam do acesso;
- implantar senhas pessoais de acesso ("passwords"), prevendo
sigilo e trocas periódicas;
- planejar palestras para educação de segurança;
- verificar e credenciar as empresas técnicas;
- fiscalizar sistematicamente os usuários (análise de “logs”).

11. DENÚNCIAS

Denúncia é a acusação ostensiva ou sigilosa que se faz de algo ou alguém,


sobre falta ou crime cometido ou na iminência de ser cometido, podendo ser realizada
de maneira formal ou anônima.
As denúncias anônimas sejam por carta, pela internet ou pelo telefone (disque-
denúncia) representam a participação da população no combate à criminalidade. Como
tal, devem ser incentivadas, recebidas pelos setores de Inteligência e difundidas para
os órgãos competentes, que investigarão sua veracidade. Entretanto, no
processamento dessas denúncias, deve ser preservado o sigilo das pessoas
envolvidas - particularmente o anonimato dos denunciantes -, devendo ser
operacionalizadas em tempo hábil, para atender o princípio da oportunidade,
retornando o relatório dos resultados obtidos à origem, com a classificação adequada
quanto ao grau de sigilo.
Recompensas poderão ser pagas aos denunciantes que apresentarem
denúncias com resultados positivos.

12. SITUAÇÕES ANORMAIS

a. Conceito

As AI do SISPERJ devem ser empregadas, exclusivamente, na específica


atividade de ISP. Entretanto, circunstâncias inerentes à atividade policial podem exigir
que os integrantes das AI atuem, em caráter excepcional, em ações que não são,
propriamente, as preconizadas na atividade de ISP. Ao mesmo tempo, a imposição de
situações emergenciais e/ou a exigência de pronta resposta, em atendimento ao
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princípio da oportunidade, pode determinar o emprego atípico dos profissionais de ISP.


A essas hipóteses, dá-se o nome de Situações Anormais.

b. Tipos e Previsão de Emprego em Situações Anormais

1) Prisão de Pessoas
Para a prisão de pessoas, formam-se equipes de captura e
apreensão, em número e composição variáveis, subordinadas diretamente ao setor
incumbido da execução de Operações de Inteligência.

2) Interrogatório de Presos
Para o interrogatório de presos, formam-se equipes de
interrogatório, em número e composição variáveis, subordinadas diretamente ao Chefe
da AI. Seus integrantes deverão possuir o conhecimento específico do assunto a ser
tratado.

3) Acompanhamento de Ações Policiais


Para o acompanhamento de ações policiais, formam-se equipes de
acompanhamento, em número e composição variáveis, subordinadas diretamente ao
setor incumbido da execução de Operações de Inteligência.

4) Segurança de Dignitários
Para a segurança de dignitários, somente realizada em casos
excepcionais, só devem ser empregados policiais que não atuem diretamente nas
Operações de Inteligência, para preservar o princípio do sigilo.

5) Situações Emergenciais
Todas as AI do SISPERJ devem estar sempre em condições de
empregar parte de seus efetivos em situações emergenciais, de qualquer natureza.
Para isso, equipes, em número e composição variáveis,
permanecerão constantemente em sobreaviso, para atuar em pronta-resposta.

c. Decisão

A decisão sobre o emprego de integrantes das AI do SISPERJ em


Situações Anormais será de exclusiva responsabilidade dos seus chefes, depois de
avaliados os riscos de quebra da segurança e do sigilo.
Deve-se sempre ter em vista que a atividade de ISP, para produzir
conhecimentos oportunos, seguros e significativos, necessita organizar-se de modo a
que a balança ”segurança x eficácia” esteja sempre bem equacionada e equilibrada.

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