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Rio de Janeiro
2022
C2021ESG
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ELEUSON MARCOS NUNES
85 f. : il.
CDD - 356.167
Elaborada pelo bibliotecário Antonio Rocha Freire Milhomens – CRB-7/5917
A Deus por tudo o amparo e proteção em
todos os momentos da vida.
A minha família Adriana e Gabriel por
todo o companheirismo, suporte,
compreensão e paciência neste período
de elaboração deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
Napoleão Bonaparte
RESUMO
Figura 1 - Espectro dos Conflitos, negociação e emprego de ações não cinéticas ... 37
Figura 2 - Efetividade dissuasória das Op Info .......................................................... 49
Figura 3 - Concentração das Op Info na Fase I.........................................................51
LISTA DE ABREVIATURAS
A Op - Área de Operações
C Intlg - Contrainteligência
DMT - Doutrina Militar Terrestre
Eng - Engenharia
EFD - Estado Final Desejado
EI - Estado Islâmico
EUA - Estados Unidos da América
EMCFA - Estado Maior Conjunto das Forças Armadas
EI - Estado Islâmico
EB - Exército Brasileiro
FA - Forças Armadas
GE - Guerra Eletrônica
Intlg - Inteligência
MD - Ministério da Defesa
Op Cj - Operações Conjuntas
PD - Pontos Decisivos
RP - Relações Públicas
TO - Teatro de Operações
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
1 INTRODUÇÃO
1
De acordo com o Manual de Doutrina de Operações Conjuntas (MD, 2020, p.128) as Capacidades
Relacionadas à Informação necessárias para uma campanha são as Operações Psicológicas, a
Comunicação Social, Guerra Eletrônica, Cibernética e Assuntos Civis, podendo ser elencadas outras,
conforme estudo de situação.
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2
De acordo com o Glossário das Forças Armadas (MD, 2020, p. 19), ações não cinéticas são aquelas
desencadeadas no interior da Área de Operações, que não envolvem movimentos (ações de guerra
eletrônica, operações psicológicas, ações de assuntos civis, ações no ciberespaço) e produzem
resultados intangíveis (interferências eletromagnéticas, bloqueio, percepção positiva da população
sobre as forças amigas e suas operações), mas que contribuem para o sucesso da operação.
3De acordo com o Glossário das Forças Armadas (MD, 2020, p. 17), ações cinéticas são aquelas
desencadeadas no interior da Área de Operações, que envolvem movimentos (fogos, voos,
deslocamento de tropas e de blindados) e produzem resultados tangíveis (destruição, captura,
conquista etc.).
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Quanto aos fins, a pesquisa foi exploratória e descritiva, pois teve como
objetivo principal o aprimoramento das atividades de Op Info, por meio da viabilidade
de realização de uma Manobra Informacional estratégica, com ênfase na utilização
de ações não cinéticas, notadamente as CRI.
Além disso, não se verificou a existência de estudos que tratem da forma de
emprego da supracitada atividade pelo MD, de forma metódica e sistematizada,
antecipadamente à uma Op Mil, e posteriormente, em seu apoio, sob o ponto de
vista pelo qual a pesquisa teve a intenção de abordá-lo.
Quanto aos meios, a pesquisa foi bibliográfica e documental. A coleta do
material bibliográfico foi realizada mediante consulta aos arquivos e livros de
bibliotecas e na internet, além de manuais doutrinários militares publicados que
tratam do gerenciamento estratégico das informações, por meio das Op Info.
A pesquisa bibliográfica utilizou a técnica da documentação indireta e foi
realizada observando-se as seguintes fases:
a. levantamento da bibliografia;
b. seleção da bibliografia;
c. leitura analítica da bibliografia selecionada;
d. fichamento: elaboração das fichas bibliográficas, de citação, de resumo e
analíticas;
e. análise comparativa e interpretação dos dados.
Para proteger o seu povo e o seu patrimônio, bem como para ter a liberdade
de perseguir seus legítimos interesses, o Brasil deve considerar a
possibilidade de se defrontar com antagonismos que venham a pôr em risco
seus objetivos nacionais. O eventual enfrentamento desses antagonismos
deve ocorrer de forma soberana, consoante os princípios e fundamentos
constitucionais e as normas do Direito Internacional.
No campo militar, a Opi Pub só estará ao lado das forças militares, quando tiver
consciência que o papel que desempenham na sociedade é do seu próprio
interesse: o interesse nacional. É importante, pois, a conquista da Opi Pub favorável
ao desenvolvimento das atividades militares, a qual, além de sintetizar a vontade
nacional, envolverá todo o país no esforço despendido, permitirá que se obtenham
mais recursos para as atividades militares e que a tropa seja empregada em
melhores condições de pessoal e material. (AGUILLAR, 1996).
Logo, pode-se inferir que não somete as ações cinéticas são preponderantes
na solução de conflitos armados. Os comandantes consideram o poder de combate
como o efeito produzido pela manobra, poder de fogo, proteção e liderança em um
momento e local específicos, eles também deveriam encarar o apoio popular como
uma espécie de efeito. (REITZ, 1993).
Neste sentido, cabe destacar que o manual de Doutrina de Operações
Conjuntas (MD, 2020, v1) prevê que desde o Conceito Preliminar de uma Op Mil até
a elaboração do Conceito da Operação, orientações básicas e diretrizes para as Op
Info devem ser emitidas, tendo em vista os objetivos do planejamento. Nesta fase,
há que se considerar o efeito da Opi Pub no desenvolvimento das Op Mil, a qual
deve ser objeto de planejamento para a obtenção de seu apoio.
Ainda segundo o manual supracitado, as Op Info serão planejadas tendo em
vista um cenário de normalidade, admitindo-se evoluções para situações de crise, as
quais demandem o emprego das FA, ensejando que ações de Op Info, por meio de
ações não cinéticas, devem ser realizadas e priorizadas em fase anterior à
deflagração da crise.
3. A GUERRA DE INFORMAÇÃO
Contudo, ainda segundo Berg (2019, p.86), já se admite uma quinta geração
de guerras. De acordo com o autor, esta nova classificação em especial é aplicada
ao contexto contemporâneo, onde o contentor com menor poder de combate busca,
primordialmente, impedir a vitória do oponente do que vencê-lo. É um combate de
desgaste em pontos vulneráveis do oponente reconhecidamente mais forte, como
em sua política, economia, sociedade e Opi Pub.
Destacam-se, neste contexto, as chamadas “operações bélicas de não
combate”, ou seja, a guerras comercial, jurídica, financeira, de mídia, cultural e
cibernética que dependem, primordialmente, das informações e seus meios de
propagação para sua efetividade, com emprego de ações não cinéticas e ampla
difusão de narrativas, a fim de se influenciar diversos atores com poder de decisão
envolvidos e a Opi Pub.
Para Sergeevich Labush (2015), o surgimento do ciberespaço, que trouxe o
desenvolvimento exponencial da comunicação pela internet, das mídias tradicionais
e sociais, provocou alteração nas possibilidades de persuadir mentes e corações
das pessoas. As Op Info ultrapassaram as fronteiras militares e alcançaram toda a
sociedade, em tempos de guerra ou em tempos de paz. De acordo com o autor:
4[...]
a guerra de informação, [information war,] em tempo de paz, consiste
principalmente na coleta de informações e operações políticas e
psicológicas contra os adversários e garantia da própria segurança da
informação [...] (SERGEEVICH LABUSH, 2015, p. 32, tradução nossa).
4
Texto original: 14 [...] the information war in peacetime, which mainly consists of the intelligence-
gathering and political and psychological operations against the enemy and ensuring the own
information security, is mostly hidden.
25
5
Segundo o Glossário das Forças Armadas (2020 p.36 e p.267), a Área de Operações refere-se ao
espaço geográfico necessário à condução de operações militares que não justifiquem a criação de
um Teatro de Operações. Já o Teatro de Operações é a parte do teatro de guerra necessária à
condução de operações militares de grande vulto, para o cumprimento de determinada missão e para
o consequente apoio logístico.
6O Glossário das Forças Armadas (MD, 2020 p. 61) define um Centro de Gravidade como uma fonte
de força, poder e resistência física ou moral que confere ao contendor, em última análise, a liberdade
de ação para utilizar integralmente seu poder de combate. O CG, uma vez conquistado ou atingido,
poderá resultar no desmoronamento da estrutura de poder, uma vez que se trata de um ponto de
equilíbrio que dá coesão às forças, à estrutura de poder e à resistência do adversário, sustendo o seu
esforço de combate.
30
Haja vista esta capacidade ter sido concebida de forma conjunta, por
intermédio da END, foi instituído o Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber),
culminando com a implementação do projeto estratégico Defesa Cibernética. O
ComDCiber já atuou em operações de Defesa Cibernética de forma conjunta em
várias operações, como por exemplo, na segurança de Grandes Eventos no Brasil,
demonstrando sua aptidão para atuar no nível operacional do setor cibernético.
empregar as ações não cinéticas identificadas como a CO31- GE, CO32 - OP PSC,
CO33 - Com Soc e CO34 Intlg.
O Catálogo de Capacidades definiu a Superioridade de Informações como
uma vantagem operativa derivada da habilidade de coletar, processar, disseminar,
explorar e proteger um fluxo ininterrupto de informações aos comandantes em todos
os níveis, ao mesmo em que se busca tirar proveito das informações do oponente
e/ou negar-lhe essas habilidades. Permite o controle da dimensão informacional por
determinado tempo e lugar.
Ressalta-se neste contexto, a definição da CO32 – Op Psc que detém a
capacidade de apoiar ou desenvolver processos e ações, em tempo de paz, crise ou
conflito, para influenciar os diversos públicos existentes (hostil, amigo ou neutro), a
fim de obter uma atitude positiva de nossas ações e inibir as percepções contrárias à
nossa atuação, contribuindo para o sucesso nas operações. Tal capacidade,
conjugada com as demais por meio de uma Manobra Informacional, tem papel
fundamental no domínio da superioridade informacional
7
Texto original: Information warfare is the term adopted by the Department of Defense (DOD) and
the jointstaff to recognize a range of actions taken during conflict to achieve information superiority
over an adversary.
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8 Texto original: The employment of the core capabilities […], in concert with specified supporting and
related capabilities, to affect or defend information and information systems, and to influence decision
making
46
9Carls Maria Von Clausewitz foi um general prussiano, nascido em Burg, em 1780, falecendo em
1831. Foi um dos grandes pensadores da arte da guerra (LEONARD, 1988).
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O objetivo é obter mais liberdade de ação com apoio maior de toda opinião
pública possível. Segundo a doutrina americana, o emprego desses dois órgãos,
será indispensável para construir a legitimidade da ação militar, o apoio das
populações dos EUA e a mundial, especialmente em operações de emprego não
guerra10. (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2016).
Mas é no manual militar FM 3-0, Operations, que a Op Pub é tratada com
maior abrangência de importância quando se observa um comentário relativo ao
emprego do Exército, no tocante ao apoio popular, enfatizando que o povo norte-
americano “espera vitórias rápidas e abomina as baixas desnecessárias,
reservando-se o direito de retirar seu apoio quando não se cumpra uma dessas
condições”. (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2011).
Portanto, as operações atuais têm como característica ocorrerem em um
ambiente operacional complexo onde apenas a aplicação de ações cinéticas para a
conquista de objetivos físicos terreno não garantem às FA certeza da vitória. Neste
ambiente, tornou-se primordial a obtenção do apoio da população e opinião pública
favorável para que os objetivos sejam conquistados. Visacro (2018) indica uma
característica importante do ambiente operacional moderno, ligada à dimensão
humana, como se segue:
10O termo operações não-guerra é empregado para definir as missões de paz ou operações
humanitárias do Exército dos EUA (GLENN, 1999).
55
aos combates durante a Guerra do Vietnã, trazendo a verdade dos fatos à nação
norte-americana.
Estados Unidos, que, em janeiro de 1991, liderou uma coalizão militar durante as
Operações Escudo no Deserto e Tempestade no Deserto, com a finalidade de
expulsar as tropas de Saddam Hussein, com o consentimento das Nações Unidas
(ONU). (ZAPERLÃO, 2008)
Neste conflito, percebeu-se a utilização de narrativas que levaram a Op Pub
a ser convencida que a luta seria realizada entre bem, identificado pelos EUA e seus
aliados, contra o mal, que tinha Saddam Hussein como sua encarnação.
Segundo Arbex (2001), houve a utilização narrativas por parte da imprensa e
dos países envolvidos fazendo como que a Op Pub construísse em sua mente a
imagem de uma luta entre o "bem", representado pelos EUA, e consequentemente a
sociedade Ocidental, com seus valores cristãos, que lutavam em prol da democracia
e liberdade de mercado, contra o "mal", representado pelas tropas de Saddam
Hussein, tirano que representava a civilização muçulmana intolerante, atrasada e
contrária as liberdades individuais
Para Teles (2011), o jornal New York Times tratou cuidadosamente seu
discurso acerca da Guerra do Golfo, a fim de manter a opinião pública favorável à
intervenção estadunidense no Golfo, sempre respeitando as regras impostas pelo
Exército para não comprometer o êxito da missão.
Outro conflito armado onde a Op Pub foi decisiva para o empego da FA, foi a
Guerra do Iraque ou 2ª Guerra do Golfo, ocorrida entre 20 de março e 9 de abril de
2003 e motivada por tensões envolvendo os EUA, a Inglaterra, a França, a
Alemanha, a ONU e o Iraque, então liderado por Saddam Hussein
O fato desencadeador da guerra foi o atentado terrorista de 11 de setembro
de 2001 às “Torres Gêmeas”, em Nova Iorque, empreendido pela organização
terrorista Al Qaeda, liderada por Osama bin Laden, que fez o povo americano, até
então, com opiniões pacifistas e anti-guerra, passarem a apoiar a denominada
“guerra ao terror”. Segundo Keegan (2005):
operacional, que contemple ações não cinéticas. Tal abordagem, visa obter o efeito
cognitivo expresso relacionado com as percepções, atitudes e, finalmente, o
comportamento, com o intuito de atingir os objetivos abrangentes do comandante,
consubstanciados no EFD.
8.1.2.6 Efeitos
10. CONCLUSÃO
das CRI, e que antecipe uma ação militar, de forma sistematizada, sinérgica,
interativa e sincronizada, além de apoiá-la, quando de seu início.
Tal procedimento buscaria atingir, prioritariamente, efeitos no campo
cognitivo em toda gama de atores presentes que não seriam possíveis de serem
alcançados, com o emprego de ações cinéticas.
Uma Manobra Informacional, quando eficazmente planejada, possibilitaria,
primordialmente, influenciar, moldar, prevenir e deter ameaças do “terreno humano”
em um ambiente operacional. Visaria, também, com base no que foi estudado,
controlar a narrativa (percepções) e produzir reflexos no nível de aceitação que a
Opi Pub (nacional e internacional) atribui ao argumento de que se faz necessário o
emprego da força militar para a solução de crises e conflitos.
Além disso, planejar uma Manobra Informacional se tornou imperioso para
as FA, a partir do momento em que nos conflitos atuais, identifica-se a existência da
“Guerra da Informação”, tornando contundente a importância do gerenciamento
estratégico das informações e deixando evidente que, durante um conflito, existem
duas batalhas que devem ser vencidas: Uma no terreno físico e outra que,
condicionada pelo “terreno humano”, esta última a ser combatida e vencida no
informacional.
O Exército dos EUA, por seu turno, já vislumbrou a necessidade de um
melhor aproveitamento e utilização das informações de combate, o que ficou
evidente nos dois textos analisados publicados na revista Military Review. O
conteúdo das citadas publicações deu conta de que o emprego das Op Info daquele
país, são fatores de sucesso para as operações reais, devendo ser meticulosamente
planejadas e metodicamente aplicadas, no tempo e no espaço, servindo de
experiência para as Op Cj no Brasil.
Logo, o planejamento, execução e condução de uma manobra que vise,
primordialmente, na dimensão informacional, por meio do emprego prioritário de
ações não cinéticas, antecedendo uma crise e a manobra cinética dos elementos de
combate, apoiando-a quando ela se inicie, é fundamental para a multiplicação do
poder de combate das forças empregadas, rumo ao êxito das Op Mil.
Paralelamente, cabe destacar que uma Manobra Informacional, pela
amplitude de atores, diversidade de tarefas e efeitos, além de combinações de
ações potenciais no tempo e espaço, necessita de um método para seu
planejamento eficiente. O PPC permite descrever os problemas da dimensão
79
REFERÊNCIAS
GLENN, Russell. Não mais princípios de guerra? Military Review, Kansas, p. 3-16,
1999.
FARHAT, Said. O fator opinião pública, como se lida com ele. São Paulo. T. A.
Queiroz, 1992.
POYARES, Walter Ramos. Imagem pública: glória para uns, ruína para outros.
São Paulo: Globo, 1998.