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Pesquisa Operacional

A Pesquisa Operacional e a Análise


de Decisões
Sumário
A Pesquisa Operacional e a Análise de Decisões
Para Início de Conversa... ................................................................................ 3
Desenvolvimento do material Objetivo .......................................................................................................... 3
Julio Loureiro 1. Histórico .......................................................................................................... 4
2. Conceito e Objetivos .................................................................................... 6

1ª Edição 3. Metodologias de Pesquisa Associadas à


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Pesquisa Operacional ................................................................................... 8
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autorização, por escrito, da Afya.
Para Início de Conversa... serão apresentadas aqui e façam um excelente uso delas no desempenho
de suas atividades nas empresas, dentro e fora do Brasil.
A nossa disciplina integra a maior parte das grades curriculares dos
cursos de graduação em Administração, Gestão, Logística, Ciências da
Computação, Matemática Aplicada e das Engenharias. Objetivo
A Pesquisa Operacional, ou simplesmente PO, surgiu da necessidade de Examinar o histórico e os conceitos da Pesquisa Operacional,
utilização de recursos escassos, que deveriam ser muito bem utilizados contextualizando-a com as metodologias existentes.
para atender às demandas geradas no contexto em que foram verificados,
que, nesse caso, era o teatro de operações da Segunda Guerra Mundial, a
fim de que os aliados pudessem fazer frente aos avanços das potências
do eixo até que conseguissem reorganizar as suas forças bélicas.

Tal realidade é muito semelhante às vividas pelas empresas que se


empenham em fazer mais com menos o tempo todo.

Como a Pesquisa Operacional é muito versátil e empregada na solução


de muitos problemas do cotidiano nas organizações, vem sendo objeto
de busca por profissionais em formação e até mesmo pelos já formados.

Ao desenvolver este conteúdo, tive a preocupação de fazê-lo com um


linguajar voltado para os estudantes de gestão, a partir da apresentação
de problemas e desafios típicos, similares aos que os futuros gestores
terão pela frente.

Espero que gostem das possibilidades oferecidas pelas ferramentas que

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1. Histórico
A Pesquisa Operacional é o nome dado a um conjunto de técnicas que
O surgimento do termo Pesquisa Operacional, na visão de Longaray
faz uso do método científico para auxiliar os profissionais de diversas
(2013), remonta ao período da Segunda Guerra Mundial, ocorrida em
áreas, especialmente da gestão, a tomarem decisões.
meados do século passado. Naquela ocasião, foram aplicados métodos
científicos e técnicas matemáticas em diversas frentes de operações
militares, o termo é a tradução do inglês, Operational Research. Apesar de se dar crédito à Inglaterra como país de origem da Pesquisa
Portanto, a primeira aplicação prática da PO, como também chamamos Operacional, sua difusão mundial deve-se ao americano George B. Dantzig,
a Pesquisa Operacional, foi verificada logo no início da Segunda Guerra que foi convocado durante a guerra para auxiliar os levantamentos e a
Mundial, quando ingleses e americanos passaram a atuar conjuntamente formulação de soluções para os mais diferentes desafios.
e a utilizar a ferramenta em larga escala para alocar os recursos bélicos Nesses tempos difíceis, o grande desafio era se alcançar a estruturação
nas mais variadas frentes de combate e direcionar os esforços dos das linhas de defesa, organizar alguma capacidade de contra-ataque e
parques industriais para a maximização da produção. direcionar a produção bélica com um mínimo de recursos, e tudo isso no
Dos países do eixo Alemanha, Japão e Itália, o primeiro assustou todo o menor espaço de tempo. Assim, os aliados recorreram aos conhecimentos
mundo, que ainda se recuperava dos traumas da Primeira Guerra Mundial. dos matemáticos e físicos das universidades de seus países. O casamento
Os alemães, que pretendiam se vingar das severas penas impostas ao entre os conhecimentos científicos e as práticas da manufatura bélica
final desse conflito, passaram a lançar ofensivas maciças, conhecidas permitiu, por exemplo, que os americanos conseguissem produzir em
como blitzkriegs, ampliando rapidamente o número de territórios sob o suas fábricas uma embarcação por dia.
seu domínio. Na Europa, onde sangrentas batalhas eram travadas, o avanço das tropas
Para contornar o problema, as tropas dos países aliados, ainda em fase aliadas somente podia ser sustentado graças aos estrategistas que
de reorganização e treinamento, precisavam ser muito bem alocadas definiam, com o suporte da Pesquisa Operacional, os melhores meios de
para mitigar os impactos das ofensivas. fazer chegar e manter os suprimentos para as tropas.

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Mesmo durante a guerra, as preocupações com a alocação eficiente dos Ao adotar uma abordagem que viabilize o debate de uma equipe
recursos, seja para a escolha de quais tipos de equipamentos seriam multidisciplinar, com a participação de pessoas de diversos setores
produzidos, organização da distribuição de tropas, engajadas no ataque e formações de origem, podem surgir soluções tecnicamente
ou defesa das posições, foram mantidas. Contudo, após o final da guerra, e economicamente viáveis para problemas que dificilmente se
os cientistas que trabalharam nesses projetos os adaptaram para o enquadrariam naqueles que serão ilustrados ao longo da disciplina,
uso civil, com a finalidade de maximizar os resultados nos campos de os quais, em muitos casos, dispensarão o uso de modelagens mais
batalha e no esforço de guerra para as grandes empresas, mundo afora. sofisticadas.

Essa migração permitiu que o assunto deixasse de ser exclusivo das


forças armadas e passasse a ser utilizado por profissionais e tomadores
de decisão em escala maior.
Com o término da Segunda Guerra Mundial, o desempenho da indústria
Mas, segundo Caixeta-Filho (2011), foi por meio do aperfeiçoamento bélica, proporcionado pelo emprego das técnicas da PO, chamou a
da computação, do surgimento de equipamentos menores e acessíveis, atenção de diversas outras áreas, e os profissionais a ela dedicados foram
além dos avanços em programas de computador (softwares) capazes absorvidos pelas grandes corporações, passando a atuar principalmente
de auxiliar a busca das soluções ótimas, que o assunto passou a ser no setor da manufatura, como as indústrias automobilística, naval,
metalúrgica, entre outras.
mais difundido, estudado e empregado em empresas de porte menor,
aumentando ainda mais o interesse e uso das suas ferramentas.

A PO busca, em linhas gerais, alocar os recursos que estão cada vez Foi também no pós-guerra que o mundo assistiu ao desenvolvimento
mais escassos de forma eficiente, promovendo os melhores resultados. da qualidade e da informatização, com o surgimento de aplicações
Geralmente faz isso por meio de modelos matemáticos conhecidos tecnológicas que acabaram sendo empregadas em muitas organizações,
como algoritmos. como auxílio à gestão.

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Nas três décadas passadas, com a expansão da capacidade de
processamento dos computadores, houve um grande progresso na PO,
fazendo com que os modelos desenvolvidos para estudo pudessem
representar a realidade de forma mais fidedigna, ajustando-se,
consequentemente, aos problemas reais de decisão.

Com a popularização do uso de programas e computadores para a


realização de rotinas nas empresas, a adoção de processos informatizados
ganhou corpo e protagonismo na aplicação da PO. Na atualidade, com a
evolução da informática, o que antes precisava ser feito em programas
especialistas pode ser desenvolvido em planilhas eletrônicas, comuns
em muitos computadores, inclusive de uso pessoal e doméstico. Entre
Figura 1: Servidores em um centro de dados de uma empresa de grande porte. Fonte:
Dreamstime. os programas que realizam esta tarefa, temos a planilha eletrônica do
Microsoft Excel com o seu suplemento Solver.
Os computadores cada vez mais possantes e a popularização desses
equipamentos possibilitaram que um grande número de empresas
passasse a utilizar programas especialistas para a solução de problemas.
2. Conceito e Objetivos
Uma característica altamente relevante, que facilita o processo
A Pesquisa Operacional pode ser definida como um conjunto de diversas
de análise e de decisão por meio da PO, como dito, é o emprego de
técnicas que se valem do processo científico para auxiliar as pessoas
modelos que viabilizem a experimentação de diversas soluções. Essa
a tomarem decisões. Ou seja, ela dá o embasamento daquilo que seria
facilidade permite que uma decisão possa ser testada e avaliada antes
mais indicado, no entanto compete ao gestor a decisão final. Ela vem
de ser efetivamente implementada. Esse procedimento proporciona
sendo cada vez mais utilizada como abordagem gerencial de resolução
maior economia de recursos e aquisição de experiência por parte dos
de problemas nos mais diversos setores da economia ao redor do mundo.
tomadores de decisão.

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Entre os conceitos mais relevantes na PO, temos os de decisão. De uma sintomas e, em seguida, chega-se à fase de identificação do problema,
forma bem instintiva, cada pessoa sabe o que vem a ser uma decisão. que dá origem ao processo de tomada de decisão, como podemos ver na
Nesta etapa, iremos discutir alguns tipos possíveis, abordando desde Figura 2, a seguir:
as técnicas para a tomada de decisão, que normalmente guardam uma
profunda relação com a natureza do problema em questão, até o tipo de
decisão a ser tomada.

SINTOMA

SINTOMA
SINTOMA

SINTOMA
Alguns especialistas definem a decisão como o resultado de um processo
cognitivo-mental de uma pessoa ou grupo de indivíduos. Contudo, para
o escopo do nosso curso, na visão de Andrade (2015), a definição do
processo de tomada de decisão começa com uma situação que leva
à necessidade de ação, a qual pode ser motivada por uma frustração,
interesse, desafio, curiosidade ou irritação, que dispara um objetivo a
IDENTIFICAÇÃO DO
ser alcançado. Junto a isso, há um obstáculo que precisa ser contornado, PROBLEMA PELO
uma condição que precisa ser corrigida, um evento que requer algum TOMADOR DE DECISÃO
tipo de ação ou uma oportunidade que abre espaço para lidar com todos
esses cenários.

A tomada de decisão envolve alguns elementos, como a figura do

TOMADA DE
tomador de decisões, os objetivos a serem alcançados, as preferências, a

DECISÃO
estratégia a ser escolhida, a situação e o resultado esperado.

Aqui destacamos a importância do tomador de decisão ao perceber os


possíveis sintomas ou problemas que podem estar ocorrendo, os quais
estão associados com a decisão a ser tomada. Parte-se da percepção dos Figura 2: Processo de tomada de decisão. Fonte: Adaptada de Andrade (2015).

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Longaray (2013) atribui o sucesso da pesquisa operacional nas empresas
à objetividade das técnicas que formam a sua base metodológica,
com modelos que conseguem capturar e traduzir de forma objetiva e Um modelo pode ser entendido como a representação matemática,
estruturada problemas do cotidiano das empresas. simbólica ou descritiva de um conjunto de eventos físicos, ou aspectos
subjetivos, considerados importantes para um determinado tomador de
decisão em um contexto específico.

No atual momento tecnológico, elementos de inteligência artificial e de


Um modelo escolhido para a solução de um problema poderá ser
algoritmos que rodam em computadores são igualmente responsáveis
utilizado novamente no futuro para resolver situações semelhantes.
pela sua maior divulgação e até mesmo pela sua utilização por parte
de empresas de menor porte, uma vez que a tecnologia da informação Modelos projetados matematicamente são os mais usados ​​ por
nas décadas de 1970 e 1980 era quase que exclusividade das grandes profissionais em técnicas de Pesquisa Operacional. De um jeito bem
corporações. simples, o modelo matemático é descrito como sendo composto de
variáveis, restrições, critérios e pelo menos um objetivo. Observe a Figura
3, a seguir:

3. Metodologias de Pesquisa Associadas à Variáveis

Pesquisa Operacional Ao menos Modelo Restrições


1 objetivo matemático
Para Longaray (2013), a Pesquisa Operacional usa modelos geralmente
baseados em dados científicos para estruturar as decisões que precisam
Critérios
ser tomadas. Isso pressupõe que um profissional dessa área deve
dominar os recursos básicos da modelagem de problemas.
Figura 3: Elementos do modelo matemático. Fonte: Adaptada de Longaray (2013).

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Quando pensamos no dimensionamento de uma frota de veículos, por As variáveis controláveis
​​ ​​são aquelas em que o tomador de decisão pode
exemplo, estamos buscando uma solução ótima para este desafio. As fazer algo para atingir seus objetivos. Já as variáveis ​​não controláveis ou
variáveis, restrições e critérios estarão relacionados com pelo menos incontroláveis ​​são aquelas sobre as quais não é possível ter controle, mas
um objetivo, ou seja: definir o tamanho ideal, que atenda à demanda que afetam de alguma forma e trazem consequências ou influenciam os
de entregas ou coletas a serem realizadas em um determinado período resultados de uma decisão.
de tempo.
▪ Restrições: as restrições expressam as relações matemáticas entre
as variáveis ​​do problema e as limitações identificadas no cenário do
processo de tomada de decisão.
▪ Critério: um critério é uma função matemática que mede o
desempenho de uma possível ação ou preferência.
▪ Objetivo: o objetivo do modelo indica o que você espera e deseja
alcançar com a decisão que será tomada.

A estrutura lógica que expressa as relações matemáticas entre as


variáveis ​​
e constantes do problema, composta pelo objetivo, pelas
restrições e pelo critério do modelo, é chamada de algoritmo.

Figura 4: Frota de veículos para atender às necessidades de uma organização. Fonte:


Diversos autores, ao estudarem a Pesquisa Operacional, sugerem uma
Dreamstime. diversidade de modelos, muitos deles com expressões que variam de
acordo com as características e peculiaridades dos contextos que cercam
Agora, vamos conhecer um pouco mais sobre cada um dos elementos as decisões que serão tomadas.
envolvidos na construção de um modelo matemático:
Para obter sucesso na condução do processo de tomada de decisão,
Variáveis: as variáveis ​​de um problema podem ser classificadas como o gestor deverá fazer a escolha do modelo mais adequado a ser
controláveis ​​e incontroláveis.

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utilizado. Em linhas gerais, existem dois grandes grupos de modelos: Diante do aperfeiçoamento da computação, do surgimento de
os modelos de otimização e os modelos de simulação. Vamos equipamentos menores e acessíveis, além dos avanços em programas
conhecer cada um deles. capazes de auxiliar a busca das soluções ótimas, o assunto passou a ser
estudado e empregado em empresas de porte menor, aumentando ainda
Modelos de otimização são a representação matemática de uma
mais o interesse e uso das suas ferramentas.
determinada situação-problema, com o objetivo de apontar o melhor
resultado possível para a decisão. A estrutura básica de um modelo de
otimização se dá por sua função-objetivo e por um conjunto de restrições.

Os modelos de simulação, por sua vez, como o próprio nome sugere, não
retornam uma solução ótima, mas um conjunto de alternativas possíveis
por meio do qual podemos estudar os comportamentos do sistema
quando alteramos alguma variável ou valor dele.

Mais adiante, veremos detalhadamente diversas ferramentas que


viabilizam a utilização de cada modelo.

Como você pôde perceber, a Pesquisa Operacional surgiu da necessidade


de empregar de forma racional uma quantidade de recursos disponíveis
(tropas) para que as ações do inimigo (países do eixo na Segunda
Guerra Mundial) fossem as menores possíveis. Terminada a guerra, os
profissionais levaram e adaptaram os estudos feitos com a finalidade de
maximizar os resultados nos campos de batalha e no esforço de guerra
para as grandes empresas mundo afora. Isso permitiu que o assunto
deixasse de ser restrito aos círculos militares e passasse a ser utilizado
por profissionais e tomadores de decisão em escala maior.

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Referências
ANDRADE, E. L. Introdução à pesquisa operacional: métodos e modelos
para análise de decisões. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.

CAIXETA-FILHO, J. V. Pesquisa operacional: técnicas de otimização


aplicada a sistemas agroindustriais. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2011.

LONGARAY, A. A. Introdução à pesquisa operacional. São Paulo: Saraiva,


2013.

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