Aprovada por:
ii
A todos os meus amigos.
iii
AGRADECIMENTOS
A meu pai Armando, minha mãe, Célia, meu irmão, Ricardo, e Priscila pelo
suporte e apoio.
Aos amigos do GPI, Heitor, Adriano, Renato Cameira, Alexandre, Vina, Rafael,
Elaine, Valadares, Alvarez, Leandro, Daniel, André, Elibel, Bruno, Rodrigues, Lam,
Karrer, Sandra, Bruna, Eliza e todos os demais que não listo aqui.
Fátima, Zui, Roberta, Maria pelas inúmeras ajudas em inscrições, bolsas, prazos,
o curso foi muito mais fácil com a presença de vocês.
Aos membros da banca pela pronta aceitação do convite para avaliar este
trabalho.
Aos executivos que, por questões de sigilos não podem ser citados
nominalmente, mas que prontamente cederam seu tempo para realização das entrevistas.
iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Março/2007
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
March/2007
vi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 1
1.1. Contextualização do problema .................................................................... 2
1.2. Objetivos.................................................................................................... 14
1.3. A relevância do tema para a Engenharia de Produção .............................. 15
1.4. Visão geral do trabalho.............................................................................. 16
2. MÉTODO DA PESQUISA ...................................................................................... 19
2.1. Caracterização da Pesquisa........................................................................ 19
2.2. Considerações sobre representações gerenciais ........................................ 25
2.3. Estrutura da investigação........................................................................... 29
2.3.1. As etapas de um trabalho de pesquisa ........................................... 29
2.3.2. A estrutura da pesquisa realizada .................................................. 32
3. ABSORPTIVE CAPACITY: ORIGENS, USOS E EVOLUÇÃO DO CONCEITO
43
3.1. As origens do construto Absorptive Capacity ........................................... 43
3.2. Uma análise crítica sobre o uso do construto ao longo dos anos: a pesquisa
de Lane, Koka e Pathak (2006) .................................................................................. 48
3.3. Uma análise temática da aplicação do construto da Absorptive capacity . 56
3.3.1. Definições e operacionalização da absorptive capacity ................ 57
3.3.2. Tipos de conhecimentos e a absorptive capacity........................... 59
3.3.3. Estrutura organizacional e a absorptive capacity .......................... 61
3.3.4. Escopo organizacional e absorptive capacity ................................ 61
3.3.5. Aprendizado organizacional e absorptive capacity ....................... 63
3.3.6. Aprendizado inter-organizacional e absorptive capacity............... 64
3.3.7. Inovação e absorptive capacity...................................................... 66
3.3.8. Considerações a partir da análise temática .................................... 66
3.4. As restrições que limitam o desenvolvimento do tema ............................. 67
3.5. Absorptive capacity: as principais contribuições ...................................... 69
3.5.1. A contribuição de Van den Bosch, Valberda e de Boer, 1999 ...... 70
3.5.2. A contribuição de Zahra e George, 2002....................................... 79
3.5.3. A contribuição de Lane, Koka e Pathak, 2006 .............................. 85
vii
4. FRAMEWORK DE REFERÊNCIA PARA SUPORTAR O
DESENVOLVIMENTO DA ABSORPTIVE CAPACITY ........................................... 89
4.1. Lógica de construção e características do framework de referência ........ 89
4.2. Primeira camada: Representação do construto.......................................... 92
4.3. Segunda camada: Framework de aplicação............................................... 96
4.3.1. Das capacitações às atividades de Gestão da Inovação................. 97
4.3.2. Os requisitos de integração.......................................................... 101
4.4. Terceira camada: Solução de aplicação................................................... 105
4.4.1. Dos requisitos de integração às técnicas ..................................... 106
4.4.2. Roadmap tecnológico .................................................................. 109
4.4.3. Tech mining................................................................................. 120
4.4.4. Gatekeeper ................................................................................... 126
4.4.5. Comunidades de práticas ............................................................. 128
4.5. Sobre o uso do framework de referência para desenvolver a absorptive
capacity 133
5. VERIFICAÇÃO DO FRAMEWORK DE REFERÊNCIA ..................................... 136
5.1. A lógica de verificação do framework de referência............................... 136
5.2. Os resultados das entrevistas ................................................................... 137
5.2.1. Entrevista com Empresa A do Setor de Vacinas e imunobiológicos
137
5.2.2. Entrevista com Empresa B do Setor de Petróleo......................... 141
5.2.3. Entrevista com Empresa C do Setor Elétrico .............................. 144
5.2.4. Impressões do entrevistador ........................................................ 145
5.3. Implicações para o modelo ...................................................................... 146
6. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 147
6.1. Uma síntese ............................................................................................. 147
6.2. Contribuições da pesquisa ....................................................................... 149
6.3. Limitações da pesquisa............................................................................ 150
6.4. Sugestões para trabalhos futuros ............................................................. 151
7. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 152
ANEXO I: ESTRUTURA PROPOSTA DE ROADMAP ........................................... 169
ANEXO II : QUESTÕES E ANÁLISES DO TECH MINING ................................... 178
viii
ÍNDICE DE TABELAS
ix
ÍNDICE DE FIGURAS
x
Figura 31: Construtos ................................................................................................... 125
Figura 32: Objetos a serem utilizados na camada de mercado e tendências ................ 169
Figura 33: Informações por objeto a serem utilizados na camada de mercado e
tendências ..................................................................................................................... 170
Figura 34: Objetos a serem utilizados na camada de produtos..................................... 171
Figura 35: Informações por objeto a serem utilizados na camada de produtos............ 172
Figura 36: Objetos a serem utilizados na camada de tecnologias e capacitações ........ 173
Figura 37: Informações por objeto a serem utilizados na camada de tecnologias e
capacitações .................................................................................................................. 174
Figura 38: Objetos a serem utilizados na camada de pesquisa de base........................ 175
Figura 39: Informações por objeto a serem utilizados na camada pesquisa de base.... 176
Figura 40: Representação esquemática da camada de projetos.................................... 177
xi
1. INTRODUÇÃO
1
O termo absorptive capacity poderia ser traduzido como capacidade de absorção ou
capacitação de absorção. Entretanto, por perceber que não existe um consenso na tradução adotada pelos
autores de língua portuguesa e para que o conceito original não se perdesse com a tradução, optou-se por
utilizar o termo em inglês ao longo de todo o trabalho.
1
1.1. Contextualização do problema
2
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
3
O trabalho organizado por De Negri e Salerno se baseou numa base de dados integrada pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) que possui dados da Pesquisa Industrial-Inovação
Tecnológica (Pintec) e da Pesquisa Industrial Anual (PIA) do IBGE; da Relação Anual de Informações
Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE); da Secretaria de Comércio Exterior (Secex)
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC); do Censo do Capital
Estrangeiro (CEB) e do Registro de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE) do Banco Central do Brasil
(Bacen); e da base de dados de compras governamentais (ComprasNet) do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (MPOG).
2
25,7 milhões e nas que não diferenciam nem produto e nem processos o faturamento é
de R$ 1,3 milhão. Além disso, as firmas que inovam e diferenciam produtos têm
eficiência de escala média de 0,77, ou seja, 60,4% maior do que a eficiência de escala
média das empresas que não diferenciam produto, que é de 0,48. Estes dados podem ser
observados na Tabela 1.
Inovam e diferenciam
545,9 135,5 0,77 0,3 74,1 0,02
produtos
Especializadas em produtos
158,1 25,7 0,7 0,18 44,3 0,004
padronizados
Não diferenciam produtos e
34,2 1,3 0,48 0,11 10 0,00028
têm produtividade menos
Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pintec 2000. Elaboração: IPEA/DISET apartir da transformação dos dados obtidos na fonte
com a incorporação de dados da PIA/IBGE, Secex/MDIC, CBE e CEB/Bacen, Compras Net/MPOG e Rais/TEM.
a
A eficiência de uma firma diz respeito à capacidade da firma em obter o máximo de produto a partir de um dado conjunto de insumos, ou seja, a eficiência
mede a habilidade da firma em produzir tantos produtos quanto permitem os insumos utilizados, ou usar o mínimo de insumos para produzir determinada
quantidade do produto. Essa eficiência, por sua vez, pode também ser separada em dois componentes: eficiência de escala, que é a habilidade de a firma
operar na escala mais produtiva o possível, e eficiência técnica propriamente dita. A eficiência de escala mede a diferença de produtividade da firma em
relação à escala mais produtiva da sua indústria, ou seja, em relação ao ponto onde a elasticidade de escala é igual à unidade. Sobre isso, ver Debreu
(1951) e Farrell (1957). A estimativa de eficiência de escala e eficiência técnica utilizadas neste projeto foram ralizadas por De Negri (2003)para 30 setores
da indústria de transformação brasileira usando Data Envelopment Analysis (DEA).
b
O indicador de liderança foi calculado a partir da participação de mercado de cada firma no seu grupo CNAE - Classificação Nacional de Atividades
Econômicas a 3 digitos industrial.
Outra informação importante sobre esta diferença é que nas firmas que inovam e
diferenciam produtos, cada pessoa ocupada é responsável por R$ 74,1 mil de valor
adicionado na produção, que corresponde a 67,3% a mais do que um trabalhador das
firmas especializadas em produtos padronizados, que possuem uma média de R$ 44,3
mil. A diferença é ainda mais gritante se comparada à média das empresas que não
diferenciam produtos e têm produtividade menor, que é de R$ 10 mil.
Esta diferença se reflete também nos salários, nos quais se percebe que a
remuneração média mensal dos trabalhadores das firmas que inovam e diferenciam
produto é de R$ 1.254,65, já nas firmas especializadas em produtos padronizados é de
R$ 749,02 e de R$ 431,15 nas empresas que não diferenciam produtos e têm
produtividade menor, como pode ser observado na Tabela 2.
3
Tabela 2: Salários e características dos trabalhadores empregados nas firmas industriais brasileiras
Fonte: De Negri, Salerno e Castro, 2005, p. 12.
Remuneração Tempo de
Escolaridade Prêmio
Estratégia competitiva média emprego médio
média (anos) Salarial (%)
(R$/mês) (meses)
Inovam e diferenciam
1.254,64 9,13 54,09 23
produtos
Especializadas em produtos
749,02 7,64 43,9 11
padronizados
Não diferenciam produtos e
431,15 6,89 35,41 0
têm produtividade menos
Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pintec 2000. Elaboração: IPEA/DISET apartir da
transformação dos dados obtidos na fonte com a incorporação de dados da PIA/IBGE, Secex/MDIC, CBE e
CEB/Bacen, Compras Net/MPOG e Rais/TEM.
4
análises econômicas são apenas fragmentadas e, portanto, incompletas. O autor apresenta
esta visão, com a seguinte afirmação:
Schumpeter expressou seu ponto de vista em relação a este impulso interno e como
este influencia a forma pela qual a economia deve ser entendida, com a seguinte colocação:
“Eu sentia de forma muito forte (...) existe uma fonte de energia no
sistema econômico que por si só seria capaz de romper com qualquer equilíbrio
que pudesse ser alcançado. Se é assim, deve existir uma teoria econômica de
evolução que não se baseie apenas em fatores externos impulsionando o sistema
econômico de um estado de equilíbrio ao outro. É esta teoria que eu tentei
construir (...)” (SCHUMPETER, 1912 apud. ALCOUFFE & KUHN, 2004, p.
226).
5
Desta forma, a visão Schumpeteriana trata a concorrência como um processo ativo
de criação de oportunidades econômicas, diferente do tratamento passivo de ajustamento
em direção ao equilíbrio como nas visões clássica e neoclássica. O processo concorrencial
Schumpeteriano é sempre aberto e, portanto, imprevisível, resultado de uma interação de
diversas forças que tomam forma ao longo do processo.
Ressalta-se que esta visão confronta a lógica neoclássica de análises estáticas, que
pressupondo o equilíbrio, buscam otimizar as alocações. Segundo, o fato de se tratar de um
processo orgânico, faz com que a análise dos elementos da estratégia de negócios das
empresas só adquira sentido quando analisada sob o pano de fundo deste processo.
Schumpeter (1942) destaca que os economistas que aceitam os dados de uma situação
momentânea, desconsiderando que esta possui passado e futuro, e acreditam que o princípio
de maximização de lucros é suficiente para promover o entendimento completo da situação,
dificilmente conseguirão formar um entendimento claro da situação. O autor destaca que:
6
“(...) normalmente se vê o problema de como o capitalismo administra
as estruturas existentes, enquanto o relevante é saber como ele as cria e as
destrói. Enquanto não reconhecer isso, o pesquisador realizará um trabalho
sem sentido.” (SCHUMPETER, 1942, p. 84).
7
3. o papel da inovação, vista de forma ampla, como principal fator gerador de
diversidade e, portanto, motor fundamental da dinâmica.
Mercado Mercado
atual
Na inovação fechada, uma empresa gera, desenvolve Na inovação aberta, uma empresa comercializa tanto a
e comercializa as suas próprias idéias. Esta filosofia suas próprias idéias quanto inovações de outras
de autoconfiança dominava o P&D da maior parte das firmas, buscando maneiras de levar suas idéias ao
empresas no século XX, mercado através de caminhos externos ao seu
negócio atual. A fronteira entre a organização e
ambiente a sua volta é porosa, habilitando uma maior
mobilidade das inovações entre os dois.
Novo
mercado
Empresa A
Mercado
existente
Novo
mercado
Empresa B
Mercado
existente
10
A Proctor e Gamble é um grande exemplo de mudança na direção do modelo da
inovação aberta. Com seu modelo denominado “Connect & Develop”, aprensentado por
Houston e Sakkab (2006), a empresa definiu uma meta de ter 50% de suas inovações
oriundas de fontes externas dentro de cinco anos, já atingindo a marca de 35% em 2006.
4
O Grupo de Produção Integrada é um grupo de pesquisa ligado à Coordenação dos Programas
de Pós-graduação em Engenharia e à Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
coordenado pelo Professor Heitor Mansur Caulliraux, orientador desta dissertação.
11
A resposta a esta pergunta encontra sustentação na vertente teórica das capacitações
dinâmicas. Do ponto de vista mais geral, a noção das capacitações dinâmicas é proposta por
Teece, Pisano e Shuen (1997) como uma maneira de responder à incapacidade da visão
baseada em recursos em explicar como a vantagem competitiva era alcançada em ambientes
de rápida mudança.
Teece, Pisano e Schuen (1997) se referem a esta habilidade de gerar novas formas
de vantagem competitiva como capacitações dinâmicas. Esta denominação busca enfatizar
dois aspectos que não eram bem enfatizados nas demais perspectivas da estratégia.
Primeiro, o termo dinâmica se refere à capacidade de renovar competências para alcançar
congruência com o ambiente de negócios que está mudando. Segundo, o termo capacitação
enfatiza o papel central da gestão estratégica em adaptar, integrar e reconfigurar
apropriadamente as competências, recursos e habilidades tanto internas quanto externas,
para se adequar aos requisitos de um ambiente em mudança.
12
“Os processos da firma que usam recursos – especificamente os processos
utilizados para integrar, reconfigurar, adquirir e descartar recursos – para se
adequar ou criar mudanças no mercado. Capacitações dinâmicas são, portanto, as
rotinas organizacionais e estratégicas pelas quais as firmas alcançam novas
configurações de recursos enquanto os mercados emergem, colidem, dividem-se,
evoluem e morrem.”
Esta visão é interessante, uma vez que deixa explícita a lógica da relação entre
capacitações dinâmicas, recursos e vantagem competitiva. Os autores argumentam que o
valor das capacitações dinâmicas não está nelas mesmas, mas sim na vantagem competitiva
oriunda das configurações de recursos que elas criam, ou seja, as capacitações dinâmicas
são condições necessárias mas não suficientes para a vantagem competitiva.
13
quanto para aumentar a sua capacidade de geração de inovações, garantindo assim
melhores resultados.
1.2. Objetivos
Por outro lado, tomando o problema pela perspectiva da questão acima colocada,
ou seja, uma visão intra-firma, com foco no “como fazer”, a Engenharia de Produção
pode aportar grande contribuição, uma vez que a organização de sistemas produtivos é o
seu objeto de estudo.
5
Percentual de firmas com 10 ou mais pessoas ocupadas que realizaram algum tipo de
inovação.
16
desenvolvido neste trabalho. Por fim, é apresentada a estrutura seguida para o
desenvolvimento desta pesquisa.
17
No sexto capítulo, são apresentadas as conclusões e sugestões para trabalhos
futuros. Para concluir, no sétimo capítulo é apresentada toda a bibliografia citada no
trabalho.
18
2. MÉTODO DA PESQUISA
Minayo (1993 apud. Silva e Menezes, 2001, p.19) define pesquisa como a
“atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude
e prática teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e
permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se
esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados”.
Booth, Colomb e Williams (2003, p.10) mostram que a pesquisa faz parte das
atividades cotidianas de qualquer pessoa, uma vez que a define como uma coleta de
informações para responder a uma questão que resolva um problema. Esta perspectiva é
acompanhada por Demo (1996 apud. Silva e Menezes, 2001, p.19) que a define como o
“questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção competente na
realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e
prático”.
De acordo com Silva e Menezes (2001, p.20), em relação à sua natureza, uma
pesquisa pode ser:
• Básica: quando objetiva desenvolver novos conhecimentos, úteis para
avançar a fronteira do conhecimento, sem que tenham uma aplicação
prática prevista.
• Aplicada: quando objetiva a geração de conhecimentos para solucionar
problemas específicos e práticos.
Booth, Colomb e Williams (2003, p.64) destacam que “quando a solução para
um problema de pesquisa não possui nenhuma aplicação aparente para nenhum
problema prático do mundo e é apenas de interesse acadêmico da comunidade de
pesquisadores, é denominada pesquisa pura. Quando a solução do problema de pesquisa
tem conseqüências práticas, é chamada pesquisa aplicada”.
Com base nestas definições, o trabalho descrito nesta dissertação pode ser
caracterizado como de natureza aplicada, uma vez que tem por objetivo o
desenvolvimento de um modelo teórico que oriente as organizações no
desenvolvimento de sua capacidade de identificar, assimilar e explorar conhecimentos
disponíveis no ambiente (COHEN e LEVINTHAL, 1990; VAN DEN BOSCH,
VOLBERDA e de BOER, 1999; ZAHRA e GEORGE, 2002; LANE, KOKA e
PATHAK, 2006).
20
Seguindo o esquema das mesmas autoras, em relação à forma de abordagem,
uma pesquisa pode ser caracterizada como:
• Quantitativa: quando a pesquisa busca quantificar as informações
utilizadas na pesquisa. Estas são trabalhadas a partir de técnicas
estatísticas de forma tal que possam ser classificadas, agrupadas e
analisadas.
• Qualitativa: quando a pesquisa considera que a interpretação dos
fenômenos e a atribuição de significados são fundamentais no processo.
Existindo uma relação dinâmica e indissociável entre o mundo objetivo e
a subjetividade do sujeito.
Lee (1999 p.7) destaca como principal diferença que, enquanto a pesquisa
qualitativa aplica interpretações subjetivas para entendimento dos fenômenos
organizacionais, a pesquisa quantitativa busca descrições objetivas e minuciosamente
calibradas. Creswell (1994 apud. Lee, 1999), Cassell e Symon (1994) e Kvale (1996)
apresentam estudos bastante detalhados sobre as diferenças entre as pesquisas
qualitativas e quantitativas, mas estes não serão tratados neste trabalho.
21
Avaliando as perguntas acima propostas, pode-se identificar que a pesquisa
descrita nesta dissertação se enquadra nas questões 2 e 4, ou seja, trata de um construto
teórico cuja aplicação prática nas organizações ainda é pouco entendida, questão 2, e,
gera uma proposição de modelo para estruturar a relação entre quatro elementos
organizacionais, questão 4. Desta forma, a pesquisa em questão pode ser caracterizada
pela abordagem qualitativa.
Silva e Menezes (2001, p.21) definem ainda, que uma pesquisa pode ser
caracterizada de acordo com seus objetivos, podendo ser:
• Exploratória: quando a pesquisa tem por objetivo tornar o problema
explícito ou construir hipóteses. Normalmente envolve levantamento
bibliográfico, entrevistas com pessoas que possuem experiência prática
com o problema pesquisado e análise de casos.
• Descritiva: quando a pesquisa tem por objetivo descrever as
características de determinada população ou fenômeno. Normalmente
utiliza formas padronizadas de aquisição de dados.
• Explicativa: quando o objetivo da pesquisa é a identificação da razão,
do “porquê” determinados fenômenos ocorrem e que fatores são
determinantes para tal. Normalmente requer uso de técnicas
experimentais ou observacionais.
22
material disponível na internet. Ressalta-se que esta se baseia em fontes
que já realizaram a sistematização e tratamento dos dados primários.
• Pesquisa documental: quando o material utilizado ainda não recebeu
um tratamento analítico.
• Pesquisa experimental: quando é determinado um objeto de estudo,
definem-se as variáveis que podem influenciá-lo, as formas de controle e
observação dos efeitos que estas produzem e por fim se realizam os
experimentos, sobre os quais as conclusões se baseiam.
• Levantamento: quando a pesquisa envolve a interrogação direta de
pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.
• Estudo de caso: envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou
poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado
conhecimento. Yin (2005) e Lee (1999) destacam que este procedimento
deve ser utilizado quando o contexto em que o objeto se insere é
particular e fundamental para a análise.
• Pesquisa expost-facto: quando o experimento se realiza depois dos
fatos;
• Pesquisa-ação: quando concebida e realizada em estreita associação
com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os
pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema
estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
• Pesquisa participante: quando se desenvolve a partir da interação entre
pesquisadores e membros das situações investigadas.
23
Do ponto de vista do método científico adotado, Silva e Menezes (2001, p.25-
27) e Marconi e Lakatos (2006, p. 106) descrevem que uma pesquisa pode utilizar:
• Método dedutivo: quando o raciocínio caminha de planos mais gerais,
partindo das teorias e leis, para predizer a ocorrência de fenômenos
particulares, ou seja, utilizando-se de uma conexão descendente. Utiliza-
se do silogismo, construção lógica para, a partir de duas premissas,
retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras,
denominada de conclusão.
• Método indutivo: quando o raciocínio caminha de fenômenos
particulares, centrados na experiência e observação empírica, para a
formulação de generalizações, leis e teorias, ou seja, utilizando-se de
uma conexão ascendente.
• Método hipotético-dedutivo: quando são percebidas lacunas nos
conhecimentos disponíveis, um problema é identificado, para tentar
resolvê-lo, algumas conjecturas ou hipóteses são formuladas. Estas
hipóteses devem ser testadas e evidências empíricas são buscadas para
falseá-la.
• Método dialético: quando o raciocínio é fundamentado na dialética
proposta por Hegel, na qual as contradições se transcendem dando
origem a novas contradições que passam a requerer solução. É um
método de interpretação dinâmica, inerente à mudança dialética que
ocorre na natureza e na sociedade.
• Método fenomenológico: quando o método se preocupa em descrever a
experiência assim como ela é. Desta forma, a realidade passa por uma
construção social, uma vez que é compreendida, interpretada e
comunicada por diferentes atores, ou seja, existem tantas realidades
quantas forem as interpretações e comunicações realizadas. Desta
maneira, o sujeito que interpreta e comunica é peça central no processo
de construção do conhecimento.
Com base nestas descrições conclui-se que este trabalho utiliza-se do método
hipotético-dedutivo, pois propõe um framework de referência para suportar a absorptive
24
capacity a partir da identificação das lacunas teóricas identificadas. A passagem de
Lane, Koka e Pathak, (2006, p.857) corrobora a existência da lacuna conceitual
identificada:
CONCEITUAL
ESTÁTICO DINÂMICO
APLICADO
26
as representações gerenciais. O resultados desta classificação é apresentado na Figura 4
e a definição de cada um destes termos é realizada em seguida.
Conceitual
(abstrato,
entendimento)
Sistema
Representação
Framework
Abordagem
Processo
Procedimento
Técnica
Ferramenta
Aplicado
Com base na proposição dos autores, sistema pode ser definido como:
27
Segundo eles, “os frameworks vêm sendo muito utilizados nas disciplinas de
gestão, como uma forma de traduzir problemas complexos em formatos mais
simples e analisáveis” (p.10). Sendo constantemente aplicados para:
• Comunicar idéias ou descobertas para comunidades maiores;
• Realizar comparações entre diferentes situações e abordagens;
• Definir o escopo ou fronteira de uma determinada situação;
• Descrever o contexto ou argumentar a validade de uma descoberta;
• Suportar o desenvolvimento de procedimentos, técnicas, métodos e
ferramentas.
Já um modelo:
28
completar uma parte de um procedimento e, por fim, uma ferramenta facilita a
aplicação prática de uma técnica”.
29
Formulação da
pergunta de partida
Exploração
Problemática
Construção do
modelo de análise
Observação
Análise das
informações
Conclusões
30
Eco (2004) e Booth, Colomb e Willians (2003) são outros autores que destacam
a importância da formulação da questão de pesquisa. Estes autores propõem que a
passagem de um tema de interesse para uma questão de pesquisa é o primeiro passo
para que uma pesquisa possa se desenvolver.
31
exprime o essencial desta realidade do ponto de vista do investigador” (QUIVY e
CAMPENHOUDT, 2005, p.150).
32
Formulação da
pergunta de partida
Exploração
Problemática
Construção do
framework de
referência
Entrevistas de
verificação do
framework
Análise das
informações
Conclusões
33
ressalta fortemente a adoção pelas empresas de estratégias que consideram e se apóiam na
constante troca de inovações e conhecimentos com o ambiente em que se insere.
Além desta revisão bibliográfica mais ampla, discussões iniciais realizadas em dois
projetos de extensão6 sobre o tema, realizados no âmbito do Grupo de Produção Integrada
da COPPE / Poli – UFRJ também contribuíram para a identificação da importância, da
necessidade e da dificuldade que as organizações possuíam para tratar de forma sistemática
a sua capacidade de identificar e tratar estes conhecimentos disponíveis externamente. Estas
discussões iniciais foram importantes para garantir um caráter tanto teórico quanto prático
para a definição do problema de pesquisa.
Uma característica que foi comum tanto na literatura quanto nas discussões práticas
foi o destaque dado a crescente necessidade de se aproveitar dos conhecimentos disponíveis
externamente para tomar suas decisões estratégicas e enriquecer suas atividades
operacionais. Este trabalho foi suficiente para a formulação da questão inicial de pesquisa:
Na segunda etapa, utilizou-se esta questão inicial para orientar uma pesquisa
bibliográfica exploratória, com o objetivo de aumentar as informações sobre o campo de
estudo e identificar os principais autores e conceitos. Foi utilizado um conjunto grande de
palavras-chave, que combinavam os termos “external knowledge”, “learning”,
“environment”, “assimilation” em diferentes buscas na base ISI - Web of Knowledge. Os
resultados destas buscas eram tratados com os recursos de análise na base como a contagem
de autores, citações, periódicos, entre outras. Desta forma, os principais artigos eram
selecionados e armazenados em software específico de referências bibliográficas. A partir
da leitura dos resumos destes artigos, novas combinações das palavras-chave eram
realizadas para o refinamento da busca.
6
Não descritos aqui em função de acordos de sigilo assinados com as duas empresas.
34
Nos artigos lidos foi possível identificar um construto teórico, a absorptive
capacity, que representa a habilidade da firma para identificar, assimilar e explorar
conhecimentos disponíveis no ambiente. Esse construto teórico era sempre utilizado com
referência ao trabalho de Cohen e Levinthal intitulado “Absorptive Capacity: A new
perspective on learning and innovation” e publicado na Administrative Science Quartely
em 1990. Este artigo recebeu um grande número de citações, um total de 1569 até 2007 (a
Figura 7 ilustra a distribuição de citações ao longo dos anos), o que demonstra sua
relevância acadêmica.
Anos
35
Tabela 3: Principais periódicos no tema da absorptive capacity
Fonte: elaborada a partir de ISI - Web of Knowledge
36
Figura 8: Funcionalidades de refino da busca sobre absorptive capacity
Fonte: ISI - Web of Knowledge
37
Destaca-se ainda, que em paralelo à revisão bibliográfica foi realizada uma série de
entrevistas abertas, no âmbito dos dois projetos de extensão citados anteriormente, que
contribuíram para o entendimento dos problemas práticos relacionados ao tema e ao
desenvolvimento do framework que se pretendia.
38
“Qual é a estrutura, e conteúdo, de um framework de referência, no qual uma
organização poderia se basear para construir a sua solução particular, de forma que
possa desenvolver a sua absorptive capacity?”
39
Conceitual
(abstrato,
entendimento)
Sistema
Representação
1a Camada:
Framework Construto e
capacitações
2a Camada:
Processos e
Estático Mapa requisitos
Modelo de Dinâmico
(estrutura,
integração (interação,
elementos) casualidade)
Abordagem
3a Camada:
Processo Técnicas
Procedimento articuladas
Técnica
Ferramenta
Aplicado
40
Esta segunda camada, apesar de já apresentar processos e requisitos de
integração, ainda se propõe a orientar as organizações no desenvolvimento de suas
próprias soluções. Entretanto, este projeto não se mostra trivial. Diferentes técnicas
estão disponíveis e diversas soluções podem ser construídas, dependendo do
conhecimento prévio e do contexto específico de cada organização. Para exemplificar
esta passagem, a terceira camada do framework propõe, a partir de buscas bibliográficas
específicas, um conjunto articulado de técnicas que combinadas poderiam suportar por
completo a segunda camada do framework.
A quinta etapa da pesquisa foi a verificação do modelo proposto. Para tal, projetou-
se três entrevistas semi-estruturadas com executivos de três diferentes setores: petróleo,
energia-elétrica, e, vacinas e imunobiológicos. Estes executivos, após uma apresentação do
framework de referência proposto, eram confrontados com quatro questões:
• Quais as características do setor em relação à dinâmica e existência de
conhecimentos no ambiente? O quanto isso é importante para determinar o
sucesso da organização?
• Quais as contribuições que este framework poderia trazer às ações da
organização?
• Quais as lacunas percebidas no framework?
• A organização realiza as ações presentes no framework de forma estruturada e
integrada? O quão distante está disso?
Entende-se que estas entrevistas não são suficientes para afirmar a validade do
framework, mas ressalta-se que este é de difícil validação empírica, uma vez que é muito
difícil isolar as suas contribuições. Estas impactam de maneira indireta os resultados de
41
efetividade da empresa e, por fim, os resultados têm um tempo de maturação muito longo,
exigindo extensos períodos de observação para mensurá-los. Destaca-se, portanto, o
trabalho de pesquisa descrito na tese de Doutorado realizada sob orientação do Prof. DSc.
José Luis Duarte Ribeiro, defendida em 2004 pela aluna Istefani Carísio de Paula no
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul – UFRGS no qual a autora avalia o modelo de referência proposto para o
desenvolvimento de produtos farmacêuticos a partir da realização de entrevistas semi-
estruturadas com cinco empresas do setor.
42
3. ABSORPTIVE CAPACITY: ORIGENS, USOS E
EVOLUÇÃO DO CONCEITO
43
futuro desenvolvimento do conceito por outros autores, mostrando-se interessante
destacar as principais questões que estes trabalhos seminais abordaram.
+
+
+
Facilidade de aprendizado de
conhecimento externo
Gastos Absorptive
-relevância para empresa;
-complexidade; com P&D + capacity
-dependência de trajetória
+
+
+
Competitividade
Concentração do
Propensão ao transbordamento market share
de conhecimento -
- Inverso do uso de proteções a
propriedade intelectual Elasticidade
de preço
44
Primeiro, os autores sugerem que o escopo de oportunidades tecnológicas é
função da quantidade e do valor dos conhecimentos disponíveis no ambiente externo.
Quanto maior a disponibilidade e maior o potencial de melhorar os conhecimentos já
existentes, maior o incentivo para que a firma invista em P&D. Já o potencial de
apropriação dos conhecimentos disponíveis na indústria é inversamente proporcional ao
incentivo ao uso de mecanismos de proteção intelectual. Desta forma, quanto mais fraca
a capacidade de proteção intelectual, mais forte é o transbordamento de conhecimentos
e, portanto, maior o incentivo para investir em P&D. Analogamente, quanto maior o
crescimento da demanda e maior a elasticidade da receita, maiores os incentivos para
direcionar recursos para o P&D.
Estes efeitos são moderados por um conjunto de fatores. Quanto mais fácil for o
aprendizado do conhecimento externo, mais fácil identificar as oportunidades
tecnológicas, e, mais fácil a apropriação de conhecimentos. A influência do potencial de
apropriação dos conhecimentos nos gastos de P&D é mediada pela competitividade na
indústria. Quanto mais competitiva, maior a necessidade de absorptive capacity. Esta
mesma influência tende a sofrer um efeito negativo da elasticidade de preço, pois gera
um retorno muito limitado comparado ao acréscimo de custo de P&D.
Segundo Lane, Koka e Pathak (2006, p.837-838) este artigo de 1989 é notável
por três principais motivos:
45
Apesar da importância deste texto, é possível notar uma inconsistência na forma
pela qual Cohen e Levinthal discutem o construto e a forma pela qual o mesmo é
modelado e medido. “Eles apresentam a absorptive capacity explicitamente como um
processo de aprendizado e implicitamente com uma capacitação.” (LANE, KOKA e
PATHAK, 2006, p.838). Nos modelos e nos testes realizados, os autores utilizaram o
gasto em P&D como uma representação da absorptive capacity. Mesmo que isso seja
justificado por ser uma aproximação para mensurar um construto de difícil
representação, esta medida apresenta um grande problema, uma vez que trata a
absorptive capacity como um recurso estático, e não como um processo ou capacitação
(GODFREY e WILL, 1995).
46
Com esses avanços, Cohen e Levinthal terminam o artigo derivando esta
perspectiva nos modelos econômicos utilizados no trabalho de 1989 e aplicando-os
sobre os mesmos dados, mostrando resultados satisfatórios.
47
da definição apresentada por eles. Ressalta-se o caráter cumulativo desta capacitação,
gerando um ciclo virtuoso em que mais conhecimento gera mais absorptive capacity e
mais absorptive capacity permite identificar e assimilar mais conhecimento.
7
A redução dos 900 artigos encontrados na busca bibliográfica para os 289 analisados é
realizada a partir da inclusão na amostra de apenas os artigos que citam Cohen e Levinthal, 1990, o
trabalho mais reconhecido dos autores, e da limitação da busca aos periódicos que publicaram pelo menos
5 artigos no tema no período entre 1991 e 2002. Os autores consideraram que um artigo a cada dois anos
era o mínimo necessário para considerar que o tema faz parte da agenda de pesquisa do periódico.
48
hipótese de que este conceito passou pelo processo denominado reificação8, ou seja,
uma “coisificação” de um conceito. Esta idéia foi introduzida por Lukacs (1971) para
criticar o construto econômico, “trabalho”. Ele usa o conceito de reificação para
apresentar a tendência em se discutir o trabalho como uma coisa abstrata, destacada dos
trabalhadores que o realizam. Lane, Koka e Pathak (2006, p.835) definem o conceito de
reificação como: “o resultado de um processo pelo qual nós esquecemos a autoria das
idéias e teorias, objetificamos (transformando-as em “coisas”), e esquecemos que
fizemos esse processo.”
8
De acordo com o dicionário Houassis.
Reificar: 1. FIL encarar (algo abstrato) como uma coisa material ou concreta; coisificar <r.
conceitos como se fossem objetos é comum na literatura e em certos comportamentos patológicos> 2.
transformar em coisa; dar o caráter de coisa a <a tendência a r. heróis e anti-heróis é constante na
cultura popular> 3. tornar estático; paralisar.
Reificação: 1. FIL segundo Georg Lukácks (1885-1971), alargando e enriquecendo um conceito
de Karl Marx (1818-1883), processo histórico inerente às sociedades capitalistas, caracterizado por uma
transformação experimentada pela atividade produtiva, pelas relações sociais e pela própria subjetividade
humana, sujeitadas e identificadas cada vez mais ao caráter inanimado, quantitativo e automático dos
objetos ou mercadorias circulantes no mercado. Cf. alienação 2. p.ext. qualquer processo em que uma
realidade social ou subjetiva de natureza dinâmica e criativa passa a apresentar determinadas
características – fixidez, automatismo, passividade – de um objeto inorgânico, perdendo sua autonomia e
autoconsciência.
49
adapta para se enquadrar a necessidade da sua pesquisa ou ao seu viés de pensamento.
No fim, este problema pode levar a sérios questionamentos em relação à validade do
conceito, uma vez que os diversos trabalhos são construídos sobre bases inconsistentes.
50
2. O número de dimensões da absorptive capacity que o artigo discute:
esta análise permite avaliar o quanto a definição original do construto
continua entendida e o quanto esta vem sendo utilizada de forma parcial
ou adaptada. Para tal, os autores classificam os artigos em oito
categorias:
i. identificação de conhecimento externo, ou seja, o artigo trata o
construto apenas como a atividade de adquirir conhecimentos
externos, desconsiderando as demais componentes;
ii. assimilação de conhecimento externo;
iii. exploração de conhecimento externo;
iv. todas as dimensões;
v. identificação e assimilação;
vi. identificação e exploração;
vii. assimilação e exploração;
viii. nenhuma das dimensões.
51
Número de artigos enfatizando cada dimensão do construto
Número de artigos em cada
Todas as Identificação Identificação Assimilação Nenhuma
Identificação Assimilação Exploração perspectiva, em relação ao tipo
dimensões e assimilação e exploração e exploração dimensão
de uso
Uso 1 4 0 0 0 0 0 0 0 4 100,0% Capacitação
Extensão da 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,0% Recurso
definição 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,0% Ambos
4 artigos: 1,4% 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,0% Nenhum
Uso 2 9 0 0 0 1 0 0 0 10 68,8% Capacitação
Hipóteses ou 1 0 0 0 1 0 0 0 2 12,5% Recurso
modelo 1 0 0 0 0 0 0 0 1 6,3% Ambos
15 artigos: 5,2% 0 0 1 0 0 0 0 1 2 12,5% Nenhum
Uso 3 17 1 0 0 5 3 0 4 30 65,1% Capacitação
2 1 0 0 1 2 0 0 6 14,0% Recurso
Construção lógica
3 1 0 0 0 2 0 0 6 14,0% Ambos
45 artigos: 15,6% 0 0 0 0 1 0 0 2 3 7,0% Nenhum
Uso 4 27 13 5 6 4 6 3 8 72 32,0% Capacitação
Citações 2 14 2 2 3 6 3 2 34 15,1% Recurso
secundárias 0 1 1 1 0 1 0 0 4 1,8% Ambos
225 artigos: 77,9% 4 16 1 3 2 5 0 84 115 51,1% Nenhum
Total 70 47 10 12 18 25 6 101 289
24,2% 16,3% 3,5% 4,2% 6,2% 8,7% 2,1% 34,9% 100%
52
As informações sumarizadas na Figura 11 são importantes para uma análise de
como o uso do construto vem sendo feito ao longo dos anos. Uma primeira constatação
possível é que apesar da grande quantidade de artigos que abordam o tema, os 900
iniciais e os 289 analisados, o construto é normalmente utilizado sem receber grande
importância. Da amostra avaliada, 78% ou 225 artigos usam Cohen e Levinthal (1990)
apenas como uma citação secundária, sem nenhuma discussão a respeito. Outro ponto a
se notar é que 32,5% ou 94 artigos não discutem nenhuma das dimensões - identificar,
assimilar e explorar – propostas para a absorptive capacity. Avaliando pelo outro
extremo, apenas 22% dos artigos fazem mais do que uma referência secundária e, ainda
mais crítico, apenas 4 artigos procuram refinar ou estender a definição do construto. Do
ponto de vista das dimensões analisadas, apenas 24%, ou 70 artigos consideram as três
dimensões da absorptive capacity, o que pode ser considerado um número muito
reduzido, dada a clareza com que os trabalhos de Cohen e Levinthal (1989, 1990 e
1994) as expuseram. Em relação à perspectiva com que cada artigo tratou o construto,
pode-se observar que 40,1%, ou 116 artigos, observam a absorptive capacity como uma
capacitação, mas dentro destes, 72 fazem apenas uma mera citação, identificando o
construto como a base de conhecimento da organização.
53
importância do construto, ou seja, a extensão com que suas afirmações e
hipóteses foram testadas e a suas contribuições para o determinado campo são
superestimadas. Nós acreditamos que isso aconteceu com a absorptive
capacity.”
Este problema deve servir como um alerta para este trabalho, indicando que para
seu desdobramento é importante que se deixe muito claro as perspectivas e hipóteses
sobre as quais se apoiará. A reificação acontecida com este conceito reforça a
importância do estabelecimento da problemática que foi realizado no capítulo anterior
(QUIVY e CAMPENHOUDT, 2005).
Lane, Koka e Pathak (2006) propõem que quanto mais frouxa for a relação de
um artigo com uma comunidade de pesquisa, maior o risco de que o conceito seja
desviado de sua proposição original e das normas desta comunidade. Para aplicar esta
avaliação ao caso da absorptive capacity, os autores utilizaram o software de análise
bibliométrica9 chamado SITKIS. Os autores calcularam duas medidas centrais: (1) o
número de vezes que um determinado artigo cita os demais 288, ou seja, citações
9
Estas técnicas serão expostas mais a frente neste trabalho. Para referências bastante completas
sobre o tema, pode-se indicar os trabalhos de Porter e Cunningham (2005), Daim, Rueda, Martin e
Gerdsri (2006), Watts e Porter (1997), Yoon e Park (2005) e Smalheiser (2001).
54
enviadas, e; (2) o número de vezes que um determinado artigo é citado pelos outros 288,
ou seja, citações recebidas.
O resultado desta análise constata que 150 artigos, ou 52%, não receberam
citação de nenhum outro dos 288 artigos. Além disso, 162 artigos, ou 56%, tiveram uma
média de menos de 0,5 links por ano10, e 50 artigos, ou 18%, nem citam e nem são
citados pelos outros artigos considerados na pesquisa. O único link que estes 50 artigos
possuem para a literatura da absorptive capacity é a citação de Cohen e Levinthal
(LANE, KOKA e PATHAK, 2006).
Por fim, esta análise crítica do uso do construto ao longo dos anos realizada por
Lane, Koka e Pathak, permite estabelecer alguns requisitos para a utilização da
absorptive capacity para o desenvolvimento teórico.
10
O número de links por ano á calculado como o número de citações recebidas mais o número de
citações enviadas dividido por 12, que é o número de anos considerado na pesquisa bibliográfica.
Ressalta-se ainda que, tanto no número de citações enviadas como o número de citações recebidas tem
viés temporal, mas como no primeiro caso, os artigos publicados depois podem citar mais e no segundo,
os artigos publicados depois recebem menos citação, foi considerado que um anularia o outro.
55
Um primeiro ponto de atenção é que é de extrema importância explicitar e
clarificar as diferentes perspectivas que o construto foi utilizado, para que seja possível
decidir a trajetória a ser seguida. O segundo ponto de atenção é que, o uso da absorptive
capacity deve passar por um enorme rigor no estabelecimento e explicitação das
hipóteses, afirmações e conceitos que suportam toda a argumentação a ser gerada.
Apenas dessa forma o trabalho poderá ter validade e credibilidade científica, e com isso,
contribuir para o avanço do campo.
Absorptive capacity
Lane, Koka e Pathak (2006) realizaram uma análise temática11 nos 64 artigos
que foram caracterizados anteriormente como fazendo uso substancial do construto. A
classificação realizada pelos autores foi baseada em uma adaptação de Owen (1984).
Para tal, três critérios foram considerados: (1) a recorrência de mesma linha de
raciocínio em diferentes palavras; (2) a repetição de palavras, frases ou sentenças; (3) a
importância dada pelos autores aos conceitos.
11
Para uma exposição detalhada do processo seguido pelos autores para realizar esta análise, o
leitor é remetido ao trabalho original.
56
Cada um destes temas será apresentado e os principais trabalhos relacionados serão
discutidos na seqüência.
Tipos
Tiposde
de Estrutura
Estrutura
conhecimento
conhecimento organizacional
organizacional
Escopo
Escopo
organizacional
organizacional
Definições
Definiçõesee
operacionalização
operacionalização
da
daabsorptive
absorptive
capacity
capacity
Aprendizado
Aprendizadointer-
inter- Inovação
Inovação
organizacional
organizacional
Aprendizado
Aprendizado
organizacional
organizacional
57
KATILA, 2001). Entretanto, o uso destas variáveis, além de demonstrar um viés muito
centrado no P&D, levava a sérios problemas de validade, uma vez que são muito
questionáveis como representativas do acúmulo de conhecimento. Como apontam Lane,
Koka e Pathak (2006, p.844) os estudos de Tsai (2001) e Meeus et al. (2001) chegam a
conclusões opostas em relação à validade da variável intensidade de P&D para prever o
aprendizado organizacional.
58
Zahra e George (2002) são outros autores que trazem contribuições substanciais
à discussão. Eles também utilizam a perspectiva de processos para tratar a absorptive
capacity como uma capacitação dinâmica, e destacam a importância da difusão do
conhecimento e da integração organizacional como os fatores críticos desta discussão.
Eles sugerem que o construto deve ser entendido a partir de duas naturezas: absorptive
capacity potencial (PACAP12), ou seja, o conhecimento externo que a firma pode
absorver, e absorptive capacity realizada (RACAP13), ou seja, o conhecimento externo
que a firma efetivamente explora.
Por fim, cabe ressaltar que Lane, Koka e Pathak (2006, p.846) afirmam que
apesar dos trabalhos analisados trazerem muitas contribuições para o tema, pouco
esforço de integração entre eles foi realizado, o que aponta para a necessidade de uma
revitalização do tema.
12
Do inglês: Potential Absorptive CAPacity.
13
Do inglês: Realized Absorptive CAPacity.
59
KATILA, 2001), cultura (BHAGAT, KEDIA, HARVESTON e TRIANDIS, 2002;
SIMONIN, 1999) e estruturas cognitivas, aumentam a absorptive capacity, segundo a
visão destes autores. A segunda característica estudada é o quanto o conhecimento é
tácito, ou seja, o quão embutido está em habilidades e formas não codificadas, ou
“know-how”. Estes conhecimentos, por estarem embarcados em rotinas organizacionais,
são mais difíceis de serem imitados, e, por conseqüência, mais difíceis de serem
absorvidos (SAVIOTTI, 1998; NONAKA, 1994; SIMONIN, 1999; SZULANSKI,
1996; LANE, KOKA e PATHAK, 2006). A terceira característica é a complexidade do
conhecimento, “definida como o número de tecnologias, rotinas, indivíduos e recursos
independentes, relacionados a um conhecimento específico.” (SIMONIN, 1999, apud.
LANE ET AL., 2006, p.846). O argumento por trás disso é que à medida que o
conhecimento se torna mais complexo, a organização precisa absorver mais áreas de
conteúdo, bem como entender as interfaces e relações entre elas (GARUD e NAYYAR,
1994; LANE ET AL., 2006, p.846).
Lane, Koka e Pathak (2006, p.846) sumarizam a revisão deste tema, indicando:
60
E concluem que a falta de evidencias empíricas para demonstrar essa influencia
é um sinal da pouca atenção dada a essa vertente de pesquisa.
Van den Bosch et al. (1999) faz uma das poucas abordagens que relaciona a
absorptive capacity com a estrutura organizacional, argumentando que o escopo,
flexibilidade e eficiência na assimilação do conhecimento variam dependendo se a
organização possui uma estrutura funcional, divisional ou matricial (LANE ET AL.
2006; DAFT, 2002; GALBRAITH, 1995). Lane, Koka e Pathak (2006, p.847) apontam
que este tema ainda carece de estudos que explorem como a estrutura organizacional
pode influenciar as capacitações do construto.
61
As decisões de escopo de atuação de uma empresa, e por conseqüência o grau de
coesão de seus produtos, capacitações e mercados, e a forma pela qual estas afetam a
absorptive capacity, foram temas de estudo de muitos pesquisadores. Zook (2003)
argumenta que as decisões de expansão devem ocorrer de forma incremental e em
mercados e produtos em que seja possível se valer das capacitações que já suportam seu
negócio principal. O argumento central é que quanto mais próxima da sua base de
conhecimento atual e da sua expertise, maior a absorptive capacity e por conseqüência,
melhor o desempenho que a firma pode obter com a expansão (ZOOK, 2003; AHUJA e
KATILA, 2001; BARKEMA e VERMEULEN, 1998; ISOBE, MAKINO e
MONTGOMERY, 2000; KIM e KOGUT, 1996).
62
e Hitt (1995) argumentam que aquisições continuadas gerariam um efeito negativo, uma
vez que a organização não geraria a sua própria absorptive capacity.
Lane, Koka e Pathak (2006) alertam que a maior parte dos artigos que tratam da
relação da absorptive capacity com o escopo organizacional, adota uma visão limitada
do construto, observando-o como uma base de conhecimento (recurso) e com o foco em
aquisição do conhecimento - que é apenas uma das dimensões da absorptive capacity.
63
Lane, Koka e Pathak (2006) demonstram surpresa com o que encontram em
termos do teste da relação entre o aprendizado organizacional e o construto. Apenas o
trabalho de Szulanski (1996) aborta tal discussão. Os autores apontam que apesar do
enriquecimento das discussões da visão baseada em recursos (PROENÇA, 1999;
PENROSE, 1959; RUMELT, 1984; COLLIS e MONTGOMERY, 1997), a visão da
absorptive capacity, fortemente restrita à base de conhecimento e ao ambiente de P&D,
limitou o desenvolvimento de pesquisas orientadas ao entendimento da relação entre os
dois temas.
64
Assim como na relação entre aprendizado organizacional e absorptive capacity,
este tema também possui uma relação recursiva. Bowman e Hurry (1993) propõem que
o aprendizado inter-organizacional pode aumentar a absorptive capacity. Outros
autores, por sua vez, argumentam que se basear estritamente em tecnologias externas,
pode degradar a absorptive capacity de uma empresa (LEI e HITT, 1995).
Este tema tende ainda a ganhar maior relevância, uma vez que a complexidade
dos conhecimentos aumenta rapidamente em ambientes dinâmicos (CHESBROUGH,
2003a, 2003b, 2006; CLEMENTE, 2005; CLEMENTE, 2006) e se torna muito difícil
para uma única organização reter, desenvolver ou combinar todos os conhecimentos
necessários. Desta forma, diferentes organizações se especializam em aspectos
particulares no tema, associando-se quando existe necessidade de complementariedade
entre estas especializações (CHESBROUGH, 2003, 2006; POWELL, KOPUT e
SMITH-DOERR, 1996; CHRISTENSEN, 1995, 1997a, 1997b, 2001, 2002, 2003,
2004). PISANO (2006) demonstra como esta dinâmica tem afetado a lógica de negócios
no setor de Biotecnologia, que é um dos maiores exemplos deste fenômeno, no qual
diversas empresas se especializam fortemente em determinadas etapas do processo de
inovação.
65
3.3.7. Inovação e absorptive capacity
A relação entre inovação e absorptive capacity pode ser vista de duas maneiras.
A primeira ressalta que a absorptive capacity pode aumentar a velocidade, freqüência e
magnitude de uma inovação. A segunda, por sua vez, indica que a inovação aumenta a
base de conhecimentos que a firma possui, o que, consequentemente, aumenta sua
absorptive capacity (LANE, KOKA e PATHAK, 2006, p.849).
Por fim, cabe destacar que este tema é o único no qual o foco de investigação
migra da dimensão relativa à aquisição de conhecimento para a de exploração deste,
relacionando-o aos resultados do processo.
66
A primeira consideração a ser realizada é que, apesar do elevado número de
citações e artigos que utilizam o construto da absorptive capacity, poucos autores se
preocuparam em refinar as definições e conceitos que o suportavam. Apenas cinco
trabalhos se propuseram a tal (DYER e SINGH, 1998; LANE e LUBATKIN, 1998;
VAN DEN BOSCH, VALBERDA e DE BOER, 1999; ZAHRA e GEORGE, 2002;
LANE, KOKA e PATHAK, 2006), o que aponta para um grande potencial de
desenvolvimento teórico do construto.
14
A fortuna favorece as firmas preparadas.
68
aquisição e posse de recursos, e mais ênfase na forma como o recurso é utilizado
(SCHULZE, 1994; AMIT e SHOEMAKER, 1993). Neste caso, a vantagem competitiva
é vista como uma função da combinação de recursos para criar novas competências.
69
Em função disso, esta seção tem por objetivo apresentar a contribuição dos três
trabalhos mais relevantes neste contexto, os artigos de Van den Bosch, Valberda e de
Boer (1999), intitulado “Coevolution of Firm Absorptive Capacity and Knowledge
Environment: Organizational Forms and Combinative Capabilities”; Zahra e George
(2002), intitulado “Absorptive capacity: a review, reconceptualization and extension”;
e Lane, Koka e Pathak (2006), intitulado “The reification of absorptive capacity: a
critical review and rejuvenation of the construct”. A partir desta trajetória, será possível
construir as bases para o modelo de referência que será desenvolvido nesta pesquisa.
Van den Bosch, Valberda e de Boer (1999) exploram em seu trabalho o papel da
absorptive capacity como mediadora da co-evolução da firma e do ambiente em que
esta se insere. Para tal, eles expandem a visão inicial de que o conhecimento acumulado
é o fator determinante desta capacitação (COHEN e LEVINTHAL, 1990) e sugerem a
incorporação de dois outros fatores: as estruturas organizacionais e as capacitações
combinativas, que podem ser entendidas como os processos organizacionais pelos quais
a firma sintetiza e assimila conhecimento (KOGUT e ZANDER, 1992). Eisenhardt e
Martin (2000) indicam que este termo é similar à definição de capacitação dinâmica por
eles adotada, ao termo competência arquitetural adotado por Cockburn (1994) e com o
termo capacitações adotado por Amit e Schoemaker (1993). Para evitar confusões de
definições, será utilizado o termo como originalmente proposto por Van den Bosch et
al. (1999).
70
Baseados na importância levantada por Cohen e Levinthal (1990) em relação aos
mecanismos de coordenação interna tais como: transferência de conhecimento entre
sub-unidades, estrutura de comunicação entre o ambiente externo e a firma, a rede de
relacionamentos interno e externo para a formação da absorptive capacity, os autores
propõem um framework para entendimento do construto (Figura 13).
Estrutura
Estrutura Formação
Formaçãode de
organizacional
organizacional expectativa
expectativa
Nível
Nívelde
de
conhecimento
conhecimento Absorptive
Absorptive
previamente
previamente capacity
capacity
disponível
disponível
Capacitações
Capacitações Trajetória
Trajetóriade
de
combinativas
combinativas conhecimento
conhecimento
Van den Bosch et al. (1999) afirmam que diferentes configurações de estrutura
possuem diferentes potenciais para absorver conhecimento e, portanto, diferente
influência na absorptive capacity. Os autores analisam três formatos organizacionais:
funcional, divisional e matricial (DAFT, 2002; GALBRAITH, 1995), para explorar
estas diferenças em termos de eficiência, escopo e flexibilidade da absorção do
conhecimento.
71
(CAULLIRAUX, 2001; DAFT, 2002; GALBRAITH, 1995). A principal vantagem
deste recorte é a eficiência que obtém de economias de escala, competências e recursos.
Já o escopo e a flexibilidade da absorção do conhecimento são mais limitados. No caso
de ambientes estáveis e homogêneos, com poucas combinações de mercados e produtos,
como ciclos de vida relativamente longos, este formato é apropriado (DAFT, 2002;
GALBRAITH, 1995). Já em ambientes mais instáveis, começam a ocorrer conflitos de
prioridades, atrasos de decisões e produtos; as linhas de comunicação passam a ser
maiores e o tempo de resposta às condições externas é muito longo. Desta forma, pode-
se concluir que a estrutura funcional tem um grande potencial para eficiência, mas um
baixo potencial para escopo e flexibilidade da absorção de conhecimento.
15
A estrutura matricial permite a combinação de diferentes eixos, como: geográfico, processo,
função, produto, setor, cliente etc. Neste caso, para simplificar a apresentação, utilizaremos a combinação
de função com produto-mercado (divisão).
72
dos conhecimentos especializados nas funções, garante a este tipo de estrutura grande
escopo e flexibilidade na absorção de conhecimento, uma vez que as pessoas, ou
recursos que embarcam conhecimentos, podem ser combinadas para tratar um
determinado problema. Em função disso, esta forma é a mais indicada para ambientes
com muita dinâmica, em que os ciclos de vida são muito curtos. Por outro lado, a
estrutura matricial tende a perder o ganho de escala que a estrutura funcional possui,
uma vez que como recursos vão ser necessários em diferentes projetos ao mesmo
tempo, tende a existir uma subutilização dos mesmos (VAN DEN BOSCH, 1999;
CAULLIRAUX, 2001; DAFT, 2002; GALBRAITH, 1995). Desta forma, pode-se
concluir que a estrutura matricial tem um alto potencial para o escopo e a eficiência,
mas um baixo potencial para a flexibilidade da absorção de conhecimento. A Tabela 4
sintetiza o impacto destas estruturas na absorptive capacity.
74
O terceiro tipo, chamado de capacitação de socialização, se refere à capacidade
de se produzir uma ideologia comum, capaz de gerar uma identidade dos seus membros
na interpretação da realidade. Esta se relaciona com a absorptive capacity uma vez que
determina regras tácitas de como proceder em determinadas circunstâncias (CAMERER
e VEPSALAINEN, 1988). Estes mesmos autores argumentam que a eficiência da
integração de conhecimento é muito alta, mas questionam o escopo e a flexibilidade. As
capacitações de socialização podem criar uma prisão mental, que impede as pessoas de
perceberem importantes mudanças, como no caso de uma disrupção, como discutido por
Christensen (1997) e Christensen e Raynor (2001). Ouchi (1981) afima que firmas com
culturas muito fortes normalmente sofrem de “xenofobia”, que Chesbrough (2003a,
2003b e 2007) e Huston e Sakkab (2006) denominaram a síndrome do NIH (“Non
invented here”). Esta situação acaba por prejudicar a absorção de conhecimentos
externos que contradigam quaisquer das crenças compartilhadas na organização. Desta
forma, os autores afirmam que as capacitações de socialização possuem um alto
potencial para eficiência e um baixo potencial tanto para o escopo quanto para a
flexibilidade da absorção do conhecimento. A Tabela 5 sintetiza o impacto destas
capacitações na absorptive capacity.
Suposição: Tanto escopo quanto a flexibilidade têm impacto positivo na absorptive capacity, enquanto a eficiência tem um impacto negativo.
75
Tabela 6: Tipos de ambientes de conhecimento e dimensões da absorção de conhecimento
Fonte: Van den Bosch et al. (1999, p.553)
Requesitos em relação às três dimensões da absorção
de conhecimento
Tipos de ambiente de conhecimento Foco da absorção de conhecimento Eficiência Escopo Flexibilidade
Ambiente de conhecimento estável Exploração-utilização (exploitation) Alto Baixo Baixo
Ambiente de conhecimento turbulento Exploração-investigação (exploration ) Baixo Alto Alto
16
Aqui se apresenta o problema de tradução das palavras exploitation e exploration, uma vez
que no português utiliza-se a palavra exploração para ambas. No texto, procurou-se apresentar o termo em
inglês para facilitar o entendimento da palavra exploração. Exploration é a exploração com o sentido da
descoberta, busca de entendimento e novas informações. Exploitation é a exploração com o sentido de
obter o máximo de resultado do conhecimento em questão.
76
Segundo Van den Bosch, Volberda e de Boer (1999,p.558),
77
absorptive capacity pode ser entendida como um resultado combinado de ações
gerenciais e mudanças no ambiente de conhecimento.
Van den Bosch et al. (1999) propõem um framework para explicitar os efeitos
co-evolucionários, tanto no nível micro quanto no macro, conforme Figura 14. O
primeiro mecanismo microevolucionário a ser discutido (representado pela seta 1 da
Figura 14) é chamado por Cohen e Levinthal (1990) de caráter cumulativo da
absorptive capacity. Ou seja, um maior nível de absorptive capacity leva a uma maior
capacidade de acumulação de conhecimentos nos períodos seguintes. O segundo
mecanismo (seta 2 da Figura 14) é o impacto que um maior nível de absorptive capacity
gera na capacidade de formação de expectativas, e as conseqüências disso em redefinir a
trajetória de conhecimentos a serem explorados. O terceiro mecanismo (seta 3 da Figura
14), por sua vez, indica que mudanças na formação de expectativas levam a um
aumento das atividades exploratórias (exploration) que podem gerar mudanças
deliberadas nas estruturas organizacionais ou nas capacitações combinativas.
3
Mudanças
Mudançasna na 2 Mudança
Mudançana na 4
estrutura
estrutura formação
formaçãodede
Mudança organizacional expectativas
Mudançado do organizacional expectativas
nível
nívelde Mudança
de Mudançana na Mudança
Mudançanono
conhecimento absorptive ambiente
conhecimento absorptive ambientede
de
previamente
previamente capacity conhecimentos
capacity 5 conhecimentos
disponível
disponível Mudanças
Mudançasnas
nas
capacitações
capacitações
combinativas
combinativas
1
Mudanças
Mudançasna
nadinâmica
dinâmicade
decompetição,
competição,ambientes
ambientesinstitucionais
institucionaiseecontextos
contextos
78
Em relação ao mecanismos macroevolucionários, ou seja, o impacto no
ambiente das mudanças na absorptive capacity, a primeira relação (seta 4 da Figura 14)
indica que a formação de expectativas de uma firma pode ser tanto pró-ativa quanto
reativa. No primeiro caso, uma empresa que absorve conhecimentos de outras indústrias
e os aplica comercialmente no seu setor, está alterando o ambiente de conhecimento dos
seus competidores. No segundo caso, quando a firma assume um posição reativa,
qualquer mudança realizada pelos seus competidores afetará a sua absorptive capacity
(seta 5 da Figura 14).
A partir deste framework, Van den Bosch, Volberda e de Boer (1999, p.560)
propõem:
“Ambientes de conhecimentos co-evoluem com a emergência de novas
formas organizacionais e capacitações combinativas adequadas à absorptive
capacity.”
Desta forma os autores destacam que, para uma boa formulação estratégica, é
importante que uma firma desenvolva um alto nível de absorptive capacity, uma vez
que a formação de expectativas da firma pode passar a ser definida pelas oportunidades
presentes no ambiente, independente dos critérios atuais de desempenho.
Esta visão, do ponto de vista desta dissertação, é importante, pois afirma que as
capacitações dinâmicas estão embarcadas em processos organizacionais e habilitam a
79
evolução e transformação da organização (ZOTT, 2003). Outra vantagem desta
abordagem é que permite que a capacitação seja projetada ou mudada através de uma
ação gerencial, que redefine a combinação da base de recursos da organização (FLOYD
e LANE, 2000). Cabe ressaltar, que a visão da absorptive capacity como uma
capacitação dinâmica assegura uma visão mais ampla, pois esta passa a influenciar a
criação de outras competências organizacionais, proporcionando à firma múltiplas
fontes de vantagem competitiva (BARNEY, 1991).
80
conhecimentos adquiridos e assimilados externamente. Esta é especialmente importante,
pois permite o reconhecimento de novas oportunidades e altera a forma como a
organização vê a si mesma e ao ambiente de negócios em que se insere. A última
dimensão, a exploração, refere-se ao conjunto de processos e rotinas que permitem à
organização refinar, estender e alavancar as competências existentes, ou criar novas,
através da incorporação de conhecimentos adquiridos e transformados à sua operação
(ZAHRA e GEORGE, 2002).
De acordo com estes autores, para o pleno entendimento de como estas quatro
dimensões se combinam para formar uma capacitação dinâmica, é importante fazer a
distinção de dois componentes da absorptive capacity, a potencial ( PACAP – potential
absorptive capacity) e a realizada (RACAP – realized absorptive capacity). As
dimensões aquisição e assimilação compõem a PACAP, que representa a capacitação da
firma em receber os conhecimentos externos, o que não garante que esta os explore
efetivamente. Já a RACAP, composta pelas capacitações de transformação e
exploração, representa a habilidade da firma de efetivamente se aproveitar desses
conhecimentos que foram adquiridos. A PACAP e a RACAP têm uma forte
complementariedade, uma vez que uma firma não pode transformar e explorar um
conhecimento que não adquiriu. Por outro lado, uma firma com elevada PACAP que
não consiga explorar (RACAP) os conhecimentos absorvidos, não obterá benefício
nenhum da absorptive capacity.
81
Absorptive capacity da firma
Fonte
Fontede
de Vantagem
Vantagem
conhecimento Potencial Realizada competitiva
conhecimentoee competitiva
complementariedade
complementariedade Flexibilidade estratégica
Aquisição Transformação Flexibilidade estratégica
Inovação
Inovação
Experiência
Experiência Desempenho
Desempenho
Assimilação Exploração
Mecanismos
Mecanismos Regimes
Regimesdede
Disparadores
Disparadores de
de apropriação
apropriação
integração
integração
83
um aumento do estado de alerta (awareness) quanto aos conhecimentos que esta possui.
Desta forma os autores realizam a seguinte proposição (ZAHRA e GEORGE, 2002,
p.194):
De acordo com Barney (1991), duas das formas mais importantes pelas quais
uma firma pode obter vantagem competitiva são a inovação e a flexibilidade estratégica.
As dimensões de transformação e exploração (RACAP) estão diretamente relacionadas
ao desempenho na geração de novos produtos e processos. Com base neste argumento,
Zahra e George (2002, p.196) sugere a seguinte proposição:
84
tendências no ambiente externo da internalização destes conhecimentos. Com base neste
argumento, Zahra e George (2002, p.196) sugere a seguinte proposição:
85
de aprendizado transformacional, e (3) utilizar o conhecimento assimilado para
criar novos conhecimentos e resultados comerciais através do aprendizado de
exploração.”
Características
Características do do Características
Características dada
modelo
modelomental
mentaldos dos estrutura
estruturaeedos
dos
membros
membrosda dafirma
firma processos
processosdadafirma
firma
(guia a criatividade de (guia a eficiência e
Características
Características (guia a criatividade de (guia a eficiência e
reconhecimento, efetividade de assimilação
do reconhecimento, efetividade de assimilação
doconhecimento
conhecimento assimilação e aplicação)
assimilação e aplicação)
e aplicação)
e aplicação)
Resultados
Resultadosde
de
interno
internoeeexterno
externo conhecimento
conhecimento
(guia a profundidade (geral, científico,
(guia a profundidade (geral, científico,
e escopo do técnico
e escopo do técnicoee
entendimento) organizacional)
entendimento) organizacional)
Características
Características Resultados
Resultados
das
dasrelações
relaçõesde
de
Estratégia comerciais
comerciais
aprendizado
aprendizado Estratégiada
dafirma
firma (produtos,
(guia (guia o foco de reconhecimento e entendimento, (produtos,serviços
serviços
(guiaaafacilidade
facilidade (guia o foco de reconhecimento e entendimento, eepropriedade
de propriedade
do
doentendimento)
entendimento) deassimilação,
assimilação,eede
deaplicação)
aplicação) intelectual)
intelectual)
86
O modelo possui quatro componentes. Ao centro, está a definição da absorptive
capacity, à esquerda estão os direcionadores que são totalmente ou parcialmente
externos à firma, acima e abaixo do centro, os direcionadores internos à firma, e à
direita, os resultados da absorptive capacity.
87
O elemento central do modelo, a visão multidimensional do construto, é
separado, da mesma forma como o fizeram Cohen e Levinthal, em três dimensões. Esta
segmentação é importante, pois a natureza dos processos em cada uma das dimensões é
bastante diferente, e a integração entre eles também deve ser tratada com atenção. Na
primeira dimensão, o aprendizado exploratório é utilizado para reconhecer e entender o
conhecimento externo. Neste momento, a estratégia tem um papel importante em definir
o estado de alerta com que os indivíduos, com seus modelos mentais, avaliarão a
relevância do conhecimento. Na segunda dimensão, o aprendizado transformativo é a
base para assimilar os conhecimentos externos que possuam valor para a organização.
Esta transformação envolve diferentes processos que afetam a forma como o
conhecimento novo adquirido é combinado com o conhecimento já existente. Sendo a
difusão de conhecimento para todas as partes da organização um dos pontos críticos
desta dimensão. Por fim, na terceira dimensão, o aprendizado de exploração é a base
para aplicar o conhecimento assimilado externamente nos processos de geração de valor
da organização.
88
4. FRAMEWORK DE REFERÊNCIA PARA SUPORTAR O
DESENVOLVIMENTO DA ABSORPTIVE CAPACITY
referência
89
Para a construção do framework de referência desta pesquisa, e para enfrentar
esta questão, decidiu-se por uma representação em três camadas de abstração. Estes
podem ser vistos como representações que incrementalmente fazem a passagem de um
conceito abstrato, mais universal, com um foco na representação e estruturação de um
problema complexo, até uma solução de aplicação, com foco na indicação de técnicas
de como aquele conceito pode ser implementado na prática. A Figura 17 ilustra como o
framework de referência e as suas três camadas estão associadas com a lógica de
passagem incremental apresentada no capítulo de método e ilustrada na Figura 9,
construída sobre o diagrama de Shehabuddeen et al. (1999).
Conceitual
(abstrato,
entendimento)
Framework de
Sistema referência
Representação
1a Camada:
Representação Construto e
Framework do construto
capacitações
2a Camada:
Framework de Processos e
Estático Mapa aplicação
Modelo requisitos de
Dinâmico
(estrutura, integração
(interação,
elementos) casualidade)
Abordagem
3a Camada:
Solução de
Técnicas
Processo aplicação
Procedimento articuladas
Técnica
Ferramenta
Aplicado
Esta passagem pode ser entendida pelas características das três camadas de
detalhe. A primeira camada, denominada ‘representação do construto’, tem como
principal objetivo definir a orientação conceitual e abstrata que será utilizada como base
para o desenvolvimento das demais camadas com foco em aplicação. A construção
dessa camada se dá a partir da revisão bibliográfica realizada sobre absorptive capacity
e da definição dos principais aspectos que este construto deve tratar, ou seja,
explicitando os antecedentes, condicionantes e resultados que este deve gerar. O
resultado gerado nesta camada é um framework conceitual que organiza os diversos
elementos que definem o construto.
90
A partir deste framework, que representa uma base conceitual uniforme sobre a
qual uma orientação mais prática pode ser desdobrada, é desenvolvida a segunda
camada de representação, denominada ‘framework de aplicação’. O foco desta camada
está em prover uma orientação aos gestores de quais processos devem ser realizados e,
mais importante, os requisitos de integração entre eles. Para realizar esta construção,
cada uma das capacitações que compõem a absorptive capacity é associada a um
processo organizacional. Esta passagem tem como objetivo gerar uma relação (proxy)
entre uma visão mais conceitual, com a terminologia de capacitação, para uma visão
mais prática, com a terminologia de um processo que as organizações realizam. Ainda
nesta camada, os requisitos de integração entre cada um dos processos são definidos.
Estes requisitos são fundamentais para que se desenvolva a absorptive capacity, uma
vez que a execução isolada dos processos não vai garantir a existência desta capacitação
dinâmica.
Este framework de aplicação ainda se propõe a ser uma orientação com grande
universalidade para desenvolver a absorptive capacity, uma vez que cada processo pode
ser realizado de diferentes maneiras, dependendo das características da organização que
a aplica. Entretanto, esta orientação ainda pode ser insuficiente para uma empresa que
queira implementar uma solução que a habilite a desenvolver a absorptive capacity.
Desta forma, uma terceira camada, foi desenvolvida no framework de referência. Essa é
denominada ‘solução de aplicação’, e se configura em um conjunto articulado de
técnicas que representam uma solução completa para as integrações necessárias entre os
processos. Ressalta-se que a solução apresentada nesta camada não tem mais um caráter
de universalidade, sendo apenas uma, de diversas soluções possíveis, para conceber a
concretização na prática do framework de aplicação.
91
Tabela 7: Camadas e características do framework de referência
92
“um conjunto de rotinas e processos organizacionais pelos quais as
firmas adquirem, assimilam, transformam e exploram conhecimento para
produzir uma capacitação dinâmica.”
Aquisição
Assimilação Transformação
Exploração
Estrutura organizacional
e modelo mental dos
indivíduos
Aquisição
Características
Assimilação Transformação Resultados
ambientais
Exploração
Estratégia da firma
94
ambiente também são determinantes para a facilidade de aquisição e assimilação do
conhecimento.
A segunda relação destacada por Lane et al. (2006) é o papel das estruturas
organizacionais, em especial a forma como estas garantem a coordenação do trabalho,
na assimilação e transformação do conhecimento. Diferentes tipos de estrutura terão
influências distintas na absorptive capacity, como destaca o trabalho de Van den Bosch
(1999). Outro ponto muito importante nesta relação é o papel do indivíduo. O
conhecimento prévio que este possui, as características culturais e os sistemas de
incentivo serão críticos para conformar que tipos de oportunidades serão percebidos,
como os indivíduos julgarão o valor de um determinado conhecimento, e,
principalmente a propensão destes a absorvê-lo (COHEN e LEVINTHAL, 1990).
95
recursos são geradas, podendo representar oportunidades que podem conformar a
estratégia da organização de forma que estas possam ser melhores exploradas (p.ex.
formação de um grupo de excelência em biotecnologia).
Lane et al. (2006) destacam que, além destes resultados comerciais, o aumento
da base de conhecimento da organização também é um resultado significativo. Em
função do caráter cumulativo (path dependent) deste construto, essa base influenciará
diretamente a absorptive capacity da organização, tento o caráter de ciclo virtuoso
apontado por Cohen e Levinthal (1994) e Van den Bosch et al. (1999), no qual maior
absorptive capacity gera mais aprendizado, que por sua vez aumenta a base de
conhecimento, que por sua vez potencializa a absorptive capacity.
96
4.3.1. Das capacitações às atividades de Gestão da Inovação
Para realizar essa passagem, buscou-se associar cada uma das dimensões do
construto teórico a um processo reconhecido e consolidado na literatura e na prática da
Gestão da Inovação. Para orientar esta passagem, cada uma das quatro capacitações foi
representada em perguntas que orientaram a realização de uma busca bibliográfica, na
qual, eram identificados os processos que mais se adequavam para responder a questão
formulada. A Tabela 8 apresenta a questão que representa cada uma das capacitações e
em seguida, é apresentada breve síntese da literatura que motivou cada passagem.
98
informação coletada na prospecção para que esta possa ser utilizada e interpretada pelo
profissional com maior potencial para utilizá-la. Allen (1977), em seu conhecido livro
sobre fonte de informações para P&D, ressalta a importância do relacionamento e
contato interpessoal para o fluxo dos conhecimentos na organização. Nonaka e
Takeuchi (1997), por sua vez, apresentam o modelo da espiral do conhecimento para
demonstrar como o conhecimento pode se socializado, externalizado, combinado e
internalizado. Hildreth e Kimble (2002) discutem as formas pelas quais conhecimentos
tácitos, denominados por eles de soft, podem ser compartilhados e geridos. Kimble, Li e
Barlow (2000) argumentam que a crescente internacionalização com o conseqüente
aumento da complexidade e do volume das informações disponíveis aumentam a
necessidade de compartilhamento e difusão de conhecimentos nas organizações. Lave e
Wenger (1991) destacam a assimilação de conhecimento como um processo social, no
qual as pessoas podem participar em um aprendizado comum dependendo do nível de
autoridade e senioridade no grupo. Desta forma, entende-se que a capacitação de
assimilação pode ser representada pelo processo ‘difusão de conhecimento’.
99
a definição das necessidades dos consumidores e o posicionamento da empresa para
responder a estas, e o segundo, com as tendências tecnológicas e definições de
desenvolvimento adotadas pela empresa. Desta forma, a capacitação de transformação
pode ser representada pelo processo de ‘planejamento tecnológico’.
Prospecção
Aquisição
tecnológica
Exploração Desenvolvimento
tecnológico
100
4.3.2. Os requisitos de integração
10 Prospecção
tecnológica
2
9 1
11
Difusão de 6 Planejamento
conhecimentos 5 tecnológico
12
7 4
8
Desenvolvimento
tecnológico 3
17
Os números não representam nenhum tipo de seqüência entre as integrações. São apenas
identificadores do arco entre os processos.
101
A primeira integração necessária (seta 1) é que as informações coletadas e
tratadas na prospecção tecnológica devem subsidiar o processo de planejamento.
Quanto maior a quantidade e a qualidade de informações disponíveis, melhor a
capacidade dos participantes do processo de planejamento em prever as mudanças que
ocorrerão, entender os possíveis impactos destas na organização e com isso tomar as
decisões estratégicas de como a organização irá responder a esta dinâmica.
102
negativos, um insucesso tecnológico ou atraso em um projeto. De qualquer forma, este
desvio deve motivar uma constante avaliação em relação aos impactos causados no
planejado (seta 4). Desta forma, além de manter este planejamento “vivo” em relação ao
ambiente, garante-se que as ações efetivamente realizadas serão orgânicas com o
planejado (setas 3 e 4).
Além disso, esta participação permite um maior entendimento de que áreas estão
envolvidas em que atividades e das competências disponíveis em cada uma delas. Desta
forma, o fluxo de conhecimentos pode ser melhorado, uma vez que uma área ou
indivíduo tem melhor condição de avaliar onde um determinado conhecimento pode ser
melhor explorado.
18
Este sentimento foi curiosamente chamado de “efeito tese” por um dos executivos
entrevistados. É percebida uma grande dificuldade por parte do pesquisador em abandonar o projeto que
foi originado a partir de suas pesquisas de tese, ao qual dedicou toda a sua vida.
103
O sentido inverso desta relação (seta 6) destaca que a difusão de conhecimento é
um fator fundamental para uma maior efetividade do processo de planejamento. Um
certo grau de sobreposição de conhecimento entre as várias áreas da organização é
necessário para que estas possam vislumbrar oportunidades a partir de combinação de
conhecimentos, estabelecer uma linguagem comum, priorizar ações e definir a trajetória
a ser seguida pela organização. Reforçando com isso a tomada de decisão estratégica.
104
Por fim, ao longo das inúmeras ações de desenvolvimento, os pesquisadores
podem necessitar identificar e acessar conhecimentos externos à organização, como
perguntas como: “quem domina esta tecnologia?”, “existe algum tipo de solução para
este problema?” Desta forma, podem orientar (seta 11) o processo de prospecção de
informações de forma bem específica para a resolução de um problema. O sentido
inverso (seta 12), ou seja, as informações que respondem as necessidades específicas
dos pesquisadores, também deve estar garantido.
Primeiro, não se buscou prescrever como cada processo (caixinha) deveria ser
realizado e sim, que técnica garantiria que os resultados deste fossem integrados nos
demais processos. Ou seja, essa proposição se preocupa mais com a integração (setas)
do que com os processos específicos. Isso é razoável uma vez que, como destacado por
Zahra e George (2002), não são as quatro capacitações isoladas, e sim a integração entre
elas que configuram a capacitação dinâmica. Por exemplo, uma organização pode fazer
a prospecção tecnológica (caixa) a partir de um questionário DELPHI, um painel de
105
especialistas, métodos estatísticos ou até uma combinação destes, mas o mais
importante é que estes resultados suportem o planejamento tecnológico (seta 1). Outro
ponto que reforça esse argumento é a intenção de manter esta solução com o máximo
grau de generalidade. As técnicas específicas mais indicadas para resolver cada
processo dependem de inúmeros fatores, tais como a maturidade tecnológica, a
concorrência no setor, as características da tecnologia, entre outros. Desta forma,
prescrever a priori uma técnica restringiria a aplicabilidade da solução. Uma última
ressalva é que as técnicas que compõem a solução resolvem parte dos processos, mas
não têm a intenção de ser exaustivas (p.ex. o roadmap ao ser usado no planejamento
tecnológico não restringe o uso de matrizes de balanceamento de portfólio).
Segundo, esta solução de aplicação é apenas uma alternativa que suporta por
completo o framework de aplicação. Diversas alternativas podem ser criadas,
respondendo completamente ou parcialmente ao framework, dependendo das
necessidades da organização.
106
Prospecção
tecnológica
Tech m
rs in
i
ng
ep
Gateke
Difusão de Roadmap Planejamento
conhecimentos tecnológico tecnológico
Com
u ni
s
da
ica des
de prát
Desenvolvimento
tecnológico
107
que esta técnica se baseia em conhecimentos explícitos, ou seja, que estão de alguma
forma publicados e documentados.
108
Tabela 9: Requisitos de integração e técnicas de suporte
110
representar como o mercado, os produtos e as tecnologias evoluem, explorando as suas
relações. O roadmap permite considerar, em conjunto e com a perspectiva temporal, os
principais fatores da estratégia tecnológica.
tempo
Mercado
Produto
Tecnologia
Em função de sua abordagem ser muito flexível, podendo ser aplicado a diversos
objetivos, diferentes formatos e formas gráficas foram desenvolvidas ao longo dos anos
de aplicação. Phaal et al. (2004a) apresentam uma proposta de classificação baseada na
análise de 40 aplicações. Estas consideram tanto o propósito do uso e o formato gráfico
adotado. A Figura 24 apresenta os oito tipos de propósitos identificados para os quais o
roadmap foi utilizado.
111
O terceiro propósito (c) é o planejamento estratégico, no qual o roadmap é usado
para apoiar o planejamento a identificar possíveis oportunidades ou ameaças. O foco é
desenvolver uma visão de futuro dos negócios a partir da evolução dos mercados,
legislação, produtos, tecnologias, habilidades, pesquisa, cultura, entre outras. Esta visão
deve orientar a definição de ações estratégicas para mover a organização na direção
desejada.
112
Por fim, a oitava e última aplicação (h) é o planejamento de integrações. Este
foca na integração e evolução das tecnologias em termos de como diferentes tecnologias
se combinam em produtos e sistemas, formando novas tecnologias.
Questões
a) b)
Produtos Negócios & Drives
de mercado
Capacitações para
alcançar os drivers
Tecnologias
Desenvolvimentos
tecnológicos
c) Mercado d)
Negócio
Produto Desenvolvimentos
tecnológicos
Tecnologia
Habilidades
Organização
s /
a/ ivo s te
g) h) t emtrat ico n en ma
o os
/
a
s
S i o n s ló g po iste gic tips de s em i ce
m s t ó st v
Perspectiva m no Cosub nol
ó o te a S i -ser
comercial de tec c Pr Tes tem in
te s
si
Processo de
negócio
(ex. NPD)
Perspectiva
técnica
113
encaixar perfeitamente em uma destas oito categorias apresentadas. Híbridos destes
propósitos devem ser considerados no projeto de soluções específicas.
WS 1 WS 2 WS 3 WS 4
MERCADO PRODUTOS TECNOLOGIAS ROADMAPPING
114
Como já destacado, os inúmeros propósitos que podem ser associados ao
roadmap, combinados com as especificidades de cada organização, que vão possuir
características particulares em relação ao seu contexto de negócio, cultura, recursos e
tipos de tecnologias, exigem uma customização desta técnica. Lee e Park (2005)
apresentam um extenso trabalho sobre customizações do roadmap com base no
propósito de uso da técnica. Phaal et al. (2004a) propõem que o roadmap genérico pode
ser customizado nas seguintes dimensões:
1. Tempo: Esta dimensão pode ser adaptada para se adequar aos horizontes
do setor em questão. Estes serão, por exemplo, mais curtos em setores
como softwares e mais longos em setores como farmacêutico e
aeroespacial. Para horizontes muito longos é possível o uso de escalas
logarítmicas, com maior espaço para curto e médio prazo. Normalmente
é interessante também alocar espaço para a definição de uma visão de
horizonte muito longo por parte dos participantes envolvidos na
construção.
115
Passado Agora Planos Futuro Visão Tempo
(know-when)
Mercado / Clientes / Competidores /
Ambiente / Indústria / ‘propósito’
Negócio / Tendências / Direcionadores / Ameaças /
Objetivos / Metas / Estratégia (know-why)
Tecnologia /
Competências /
Conhecimento ‘recursos’
(know-how)
Outros recursos:
Habilidades / Performance / Fornecedores /
Instalações / Infra-estrutura / Organização /
Padrões / Ciência / Finanças / Projetos de P&D
117
roadmap. O detalhamento de cada um dos objetos que o compõe está apresentado no
ANEXO I.
01 02 03 05 10 16 anos
Pesquisa
de base
Projeto
118
• A estrutura de desdobramento da camada de mercado para as camadas
inferiores foi mantida. Porém, é plenamente aceitável e importante que as
lógicas de desdobramento top-down (das camadas superiories para as
camadas inferiores) e construção bottom-up (das camadas inferiores para
as superiores, como no caso em que uma inovação pode gerar um novo
mercado) coexistam.
• A perspectiva de projetos permite a consolidação de uma atividade de
planejamento, que notadamente possui um grande horizonte de tempo,
com ações concretas executadas no presente. Tal característica enfatiza a
construção do futuro da organização como um processo contínuo de
reflexão e formulação estratégica e de adequação de trajetória.
Escala temporal
01 02 03 05 10 16 anos
Pesquisa
de base
Projeto Estrutura
Internamente ao projeto, utilizar uma
desdobrada
lógica PMI ou outro modelo
119
externos, orientação para monitoramento e prospecção no ambiente e, por fim, e de
grande importância, geração de visão compartilhada do futuro da organização.
Yoon e Park (2005) destacam que a mineração de dados (data mining) é uma
técnica para acessar e extrair conhecimento de uma base de dados. Aplica aprendizado
computacional e técnicas de análise estatística para o descobrimento automático de
padrões. A maior parte destes esforços, no entanto, foi realizada para extrair
informações de uma base estruturada, o que faz com que a utilidade destas técnicas seja
muito limitada quando usada em grandes volumes de documentos de texto não
estruturados. Para tratar este problema, a mineração de texto (text mining) é uma técnica
mais nova, desenvolvida para tratar este tipo de informação desestruturada. No text
mining uma série de “etiquetas” são colocadas nos textos e as operações de descoberta
são realizadas sobre elas.
120
Tabela 10: Análises que podem ser suportadas pelo tech mining
Fonte: Porter e Cunninghan, 2005
Para tornar mais claro como o tratamento destas informações pode apoiar o
processo de planejamento, e no caso específico desta solução, a elaboração do roadmap,
pode-se destacar algumas das informações mais comumente usadas para suportar
decisões estratégicas e de assimilação de conhecimentos:
121
• Transferência de conhecimento: Citações a um corpo de conhecimento podem
ser organizadas para verificar que campos estão recorrendo a estes resultados ou
utilizando-se dos métodos;
• Expertise: Quais autores (ou instituições ou países ou outras unidades) lidam
com cada um dos tópicos?
• Análise de clusters: Procedimentos estatísticos podem apoiar a identificação de
que tópicos tendem a co-ocorrer, implicando em relação entre eles;
• Auto-suficiência: a extensão em que os atores citam seus próprios trabalhos
(especialmente patentes, mas também artigos) é importante para determinar
interdependências (especialmente importante para Propriedade Intelectual);
• Colaboração: a extensão em que instituições trabalham juntas;
• Fontes principais: que periódicos ou conferências são mais citadas pelos
documentos, indicando forte suporte nestas fontes. Estas podem ser refinadas
para identificar fontes principais para tópicos particulares;
• Fator de impacto: quais periódicos são mais citados, implicando que seus artigos
exercem maior influência;
• Atualidade: O que é mais atual? Busca por padrões temporais de atividades.
• Ritmo de pesquisa: Definir que proporções das citações, para e por, são mais
recentes. Esta análise indica o quão rápido o domínio de P&D está se movendo
(válido para patentes e para publicações);
• Engajamento: Para definir quando uma organização ou país continua ativamente
envolvido na pesquisa e desenvolvimento no domínio em questão;
122
Para operacionalizar o tech mining, Porter e Cunninghan (2005) sugerem que o
processo de busca e análise de informações pode ser apresentado em nove passos
principais. A Figura 29 a seguir apresenta uma breve descrição de cada passo.
1. Identificação dos objetivos Nesta fase é importante que sejam entendidos os objetivos da pesquisa e
que seja realizada alguma interação com o solicitante para entendimento
detalhado da busca a ser realizada
2. Seleção das fontes de Nesta fase é necessário identificar que tipos de base serão pesquisadas
informação (periódicos, patentes etc.) e quais bases mais apropriadas
3. Refinamento da busca e Nesta fase são formuladas queries para extrair documentos destas bases.
obtenção dos dados Nesta fase podem ocorrer interações com o solicitante para refinar as
buscas e os resultados
4. Limpeza dos dados Nesta fase são realizadas análises para eliminar redundâncias e variações
desnecessárias nos dados
5. Análises básicas Nesta fase são iniciadas as análises nos dados. Dentre estas análises
básicas, podemos listar: análise exploratória, limpeza adicional dos dados,
elaboração de listas e combinação de listas em matrizes
6. Análises avançadas Nesta fase os dados tratados nas análises básicas são trabalhados
segundo modelos estatísticos e outras combinações, para que se possa
reconhecer padrões e ainda, realizar inferências sobre a tecnologia
7. Representação Nesta etapa o analista deve tabular, gerar gráficos, diagramas e textos para
divulgar os resultados para o solicitante
8. Interpretação Nesta fase é importante que se ofereça suporte para leitura e interpretação
das informações disponibilizadas pelo solicitante
123
Algumas diretrizes operacionais são importantes para esta tarefa. Primeiro, a
definição da linguagem a ser utilizada na busca depende da base onde será realizada a
consulta. Uma base de periódicos exige uma busca com termos científicos, enquanto
uma base de jornais de negócios exige uma busca com linguagem natural. Segundo, é
importante que se façam buscas redundantes com diferentes termos semelhantes e que
os resultados sejam comparados. Desta forma evita-se desconsiderar pontos
importantes. Terceiro, a realização de análises rápidas de todos os documentos ou
resumos pode contribuir para identificação de ou outros termos para realimentar a
busca. Por fim, é fundamental que se faça uma revisão dos resultados com um
especialista no tema para identificar se a busca está suficiente ou se é necessário ampliá-
la, reduzi-la ou redirecioná-la. A Figura 30 a seguir apresenta as queries indicadas para
cada um dos tipos de estudos que podem ser realizados com o suporte das buscas.
Inteligência competitiva tecnológica – achar Normalmente nominal (autor, instituição, país etc.) ou um mix
quem está fazendo o que entre nominal e baseadas em tópicos específicos
Gestão do processo tecnológico – manter as Normalmente amplo, procurando novas direções, cruzando C&T
pessoas envolvidas para tomar decisões a com fatores de contexto para estimular o pensamento criativo
respeito da tecnologia
A partir das informações obtidas nas buscas, dois tipos de análise podem ser
realizados. As análises básicas são caracterizadas por se tratarem de relatórios a partir
dos dados, ou seja, são informações geradas de forma simples e pragmática a partir dos
124
dados coletados. As análises avançadas estendem as análises básicas e descritivas para
realizar inferências sobre relações entre os dados, indo além de simplesmente listá-los
ou contá-los. No cerne deste tipo de análise está a modelagem dos dados, permitindo
que se observem padrões emergentes. Estes padrões também podem ser denominados
“variáveis escondidas” ou implícitas. Ou seja, não podem ser medidas ou contadas
diretamente. Estas variáveis são construtos conceituais que ajudam a explicar as
relações entre os dados disponíveis (PORTER e CUNNINGHAN, 2005).
Colégios Ênfase em tópicos do Escolas de pensamento desenvolvidas nas diferenças entre teorias ou
invisíveis conteúdo; ênfase de métodos. Análise de conteúdo pode identificar o uso de conceitos chave. Idéias
métodos; padrões de co- compartilhadas também refletem nas redes interpessoais. Alguns autores se
autoria e citações tornam centrais na comunidade, como explicitado nas co-autorias e nas
citações aos seus trabalhos
Aprendizado Ênfase em métodos ou Incrementos de conhecimento ao longo do tempo. Aprendizado pode envolver
tópicos incorporação de novas teorias ou conceitos e/ou resultados empíricos em um
determinado campo de pesquisa. Acumulação de novas idéias são refletidas
nos conteúdos de publicações ou patentes de um domínio de P&D
Estrutura do Ênfase em métodos ou Conhecimento técnico reflete estruturas (métodos, conceitos, abordagens,
conhecimento tópicos (termos utilizados); idéias) associados com disciplinas particulares, campos, ou escolas de
popularidade de periódicos pensamento. O vocabulário técnico específico normalmente difere e é refletido
e conferências nos termos usados nas publicações. Prevalência de artigos de um determinado
campo em periódicos particulares podem indicar estruturas de conhecimento
dominantes
Produção de Publicações e patentes; Memórias de pesquisa mantidas pelas instituições. Continuidade da ênfase em
conhecimento afiliação de autores e uma pesquisa ao longo do tempo deriva de seleção, treinamento especial e
inventores ao longo do colaboração. Network interno e externo reforçam a ênfase na pesquisa e
tempo alavancam a produtividade.
125
O tech mining, portanto, se configura em um dos principais mecanismos de
identificação de conhecimentos externos, contribuindo para: (1) enriquecer as
informações disponíveis para o processo de planejamento tecnológico, tanto para sua
formulação quanto para o seu monitoramento; (2) acessar informações para resolução
de problemas específicos no processo de desenvolvimento; (3) alimentar o processo de
difusão de conhecimentos com informações relevantes e atualizadas.
4.4.4. Gatekeeper
Savioz e Blum (2002) afirmam que uma empresa inovadora deve identificar
profissionais que estão em constante contato com pares fora da organização e
demonstram habilidades de comunicação acima da média, de forma tal que são
frequentemente demandados para ajudar e para compartilhar seus conhecimentos com
outras pessoas, criando uma rede de comunicação. Esses profissionais, os gatekeepers,
“atuam como a interface entre a organização e o ambiente tecnológico” (TSCHIRKY,
1998, p.354, apud. SAVIOZ e BLUM, 2002).
126
políticas organizacionais devem ser adotadas para garantir a eficácia do trabalho do
gatekeeper, como por exemplo, mecanismos de reconhecimento e incentivos para este
tipo de atuação.
Harada (2003) ressalta que para exercer esse papel com efetividade o gatekeeper
precisa estar conectado a transformação interna de conhecimento, de forma tal que
consiga transformar a informação em conhecimento específico da organização. Por estar
diretamente ligado às atividades de desenvolvimento, possui pleno conhecimento das
necessidades, estando apto a direcionar as ações de prospecção tecnológica. Ele deve ser
responsável por: (i) acompanhar os principais acontecimentos no assunto de sua
responsabilidade; (ii) formar redes de relacionamento com pesquisadores e profissionais
de referência do seu campo; (iii) participar dos congressos e eventos no tema; (iv)
participar de comunidades virtuais (invisible colleges); (v) realizar a leitura dos
principais periódicos; (vi) orientar buscas no processo de prospecção tecnológica; (vii)
organizar seminários, palestras e apresentações sobre o tema; (viii) se relacionar com os
pesquisadores e profissionais para coleta e difusão de informações e dificuldades
percebidas; (ix) participar do processo de planejamento; (x) promover a difusão nas
comunidades de práticas.
127
Jones (2006) ressalta que o conhecimento adquirido pelos gatekeepers precisa
ser difundido para os profissionais com maior potencial de transformá-lo e explorá-lo.
Para tal, o gatekeeper precisa ter consciência de quem são estes profissionais e ter
mecanismos para acessá-los para transmitir o conhecimento. A realização de atividades
de integração que permitam o aumento do relacionamento interno entre os profissionais
e permitam que estes entendam as diferentes responsabilidades e competências das
diferentes áreas são fundamentais para tal. Essa afirmativa reforça a integração,
realizada nesta solução de aplicação, deste elemento com as técnicas de roadmap e com
as comunidades de práticas, que podem suportar o desenvolvimento da consciência de
quem sabe o que internamente na organização.
128
Estas comunidades podem ser geradas pelos próprios membros ou criadas pela
organização para estimular esta forma de troca entre os seus profissionais. Estas
comunidades, pelas suas habilidades de desenvolver relações e visões compartilhadas
entre os demandantes e os provedores de conhecimento, ajudam a resolver diversas
barreiras no compartilhamento de conhecimento.
Uma pesquisa realizada por Millen, Fontaine e Muller (2002) com 431
participantes de comunidades obteve como resposta que 65% deles afirmavam que a
participação e o uso dos recursos e atividades da comunidade de prática aumentaram as
habilidades e o know-how individual. Outros 58% afirmaram que se tornaram mais
produtivos e economizaram tempo dos trabalhos que estavam envolvidos e 46%
indicaram o aumento da sensação de pertencer a organização.
129
portanto, quando acioná-la; (2) ser capaz de acionar a pessoa no momento necessário;
(3) disposição da pessoa procurada em engajar na resolução do problema ao invés de
apenas despejar informação; (4) um grau de segurança na relação tal que promova o
aprendizado e a criatividade.
1. Consciência (awareness)
2. Acesso
130
comprometida. É necessário um conjunto de mecanismos que incentivem o provedor de
conhecimentos a se engajar no compartilhamento, pois este é um processo que consome
tempo e esforço.
Outro problema muito encontrado é que um especialista pode ser consultado por
inúmeros demandantes, com questionamentos muito semelhantes de cada um deles.
Responder a cada uma destas individualmente, além de exigir um alto
comprometimento de tempo, pode impedir que questões mais relevantes alcancem o
especialista.
3. Aplicação
131
4. Percepção
132
histórico e características dos demais profissionais, encurtando a identificação de pares
com experiências e interesses similares.
133
organização a desenvolvê-la. Este diagnóstico deve orientar o esforço a ser empregado
no desenvolvimento desta capacitação dinâmica.
134
de adquirir, assimilar, transformar e explorar os conhecimentos disponíveis no ambiente
em que se inserem.
135
5. VERIFICAÇÃO DO FRAMEWORK DE REFERÊNCIA
19
Os encontros tiveram duração média de 2 horas e 30 minutos.
136
• Quais as lacunas percebidas no modelo?
• A organização realiza as ações presentes no modelo de forma estruturada e
integrada? O quão distante está disso?
O executivo, para ilustrar este crescimento do mercado, estima20 que nestes vinte
últimos anos, o mercado tenha passado de U$$ 1 bilhão para U$$ 10 bilhões. Este
crescimento também foi acompanhado pelo crescimento do investimento em P&D, o
que o executivo estima que, considerando os recursos públicos e privados, esteja na
ordem de U$$ 5 bilhões. Nos últimos anos pode-se perceber também, um aumento
significativo de publicações com novas técnicas mais modernas e eficientes.
20
Os números citados estão baseados nas estimativas do executivo.
137
este é um setor em que o desenvolvimento de um produto é muito longo, em média 14
anos para uma vacina, essa taxa de renovação é bastante elevada. Com essa dinâmica, se
uma organização não estiver fortemente antenada ao que está acontecendo
externamente, em alguns anos estará completamente fora do mercado.
Outra virtude destacada por ele foi a definição dos requisitos de integração no
framework de aplicação. Estes podem orientar a construções de soluções mais
simplificadas do que a apresentada na terceira camada do framework, mas que busquem
138
e estejam orientadas à alcançá-los por completo futuramente: “É uma ótima orientação.
Utilizá-lo como norte, mesmo que adotando uma solução mais simples no primeiro
momento, te ajudará a seguir no caminho certo para alcançar esse nível de integração
no futuro.” Desta forma, a solução pode ser construída e aprimorada incrementalmente,
à medida que os profissionais vão ganhando maior experiência e capacidade de
percepção (awareness) do ambiente e da organização. Este efeito cumulativo, muito
discutido por Cohen e Levinthal (1990), foi percebido e destacado pelo executivo, com
o entendimento que esta é uma solução que os maiores benefícios não podem ser
esperados no curto prazo. É preciso tempo e diversos ciclos para que se forme massa
crítica nos indivíduos que suportarão o funcionamento desta solução
.
Desta forma, o executivo apresentou grande preocupação com os modelos
mentais dos profissionais. Apesar do próprio funcionamento do framework impactar
positivamente a formação da visão sistêmica e o acesso aos conhecimentos externos, ele
acredita que a sua implantação sem uma devida intervenção nos mecanismos de
incentivos, pode reduzir fortemente o seu potencial.
139
temporal e o constante questionamento dos planos pelo monitoramento do ambiente
pressionariam os pesquisadores a alcançar os resultados e a buscar novas soluções.
140
5.2.2. Entrevista com Empresa B do Setor de Petróleo
Mas lidar com isso gera um grande problema do ponto de vista da gestão do
P&D, pois a organização tem que lidar com dois tipos de tecnologias muito diferentes,
com estágios de maturidade distintos e conhecimentos diferentes. Esta situação acaba
por gerar grandes impactos culturais, nos mecanismos de incentivo e em toda a lógica
de gestão. “É como se pudéssemos separar duas empresas, uma ligada ao petróleo e
uma outra à energia”. No caso destas novas tecnologias, a necessidade de desenvolver
a absorptive capacity é crucial para que a empresa possa se posicionar e assumir um
papel de líder no mercado.
Outra aplicação que seria de grande importância para esta empresa é o constante
alinhamento entre o ambiente, o planejamento e os projetos. Hoje esta organização
possui um grande problema com a gestão de portfólio, projetos que não fazem mais
sentido estratégico continuam em andamento, não se consegue descontinuá-los. Isso
acaba com consumir muitos recursos da organização, sem que estes gerem retornos
satisfatórios. “...os pesquisadores reagem a gestão de portfólio. Para o responsável
pelo projeto, acaba se tornando pessoal, se sente perseguido. Mas a questão é aquele
projeto perdeu o sentido para a organização. Este modelo ajudaria a comunicar e a
tornar este processo mais sistemático, reduzindo as resistências e suportando uma
gestão de portfólio que otimizasse o uso dos recursos da organização.” O fato desta
priorização passar a ser feita de forma coletiva, também ajudará bastante este processo.
142
O executivo ressaltou dois pontos que percebia com potenciais problemas
relacionados a implantação do framework. O primeiro refere-se ao modelo mental dos
profissionais da organização. “O conhecimento de um pesquisador de ponta tem um
efeito cumulativo semelhante ao de uma curva S. Para percorrê-la, exige-se a
dedicação de toda uma carreira. Dificilmente uma mesma pessoa consegue percorrer
essa curva em duas tecnologias de natureza diferentes. Atualmente, o aumento das
pesquisas nas novas alternativas de energias ainda está num estagio muito inicial, é
necessário o ingresso de novos quadros que possam percorrer essa nova curva,
dificilmente um pesquisador de ponta ligado ao petróleo fará esse salto. Mas como esse
modelo mental será mudado se os novos pesquisadores são submetidos a tutoria dos
pesquisadores que hoje são reativos?”
Essa colocação ressalta a importância de que o uso deste framework deve ser
acompanhado pela intervenção em diversas políticas organizacionais como os
mecanismos de reconhecimento e recompensa, o treinamento dos quadros, recrutamento
e contratação, entre outras.
21
O executivo utilizou o termo caixinhas para se referir aos quatro processos de gestão da
inovação que constituem o segundo nível do framework de referência.
143
em utilizá-las de forma integrada. Essas setas (requisitos de integração) é que são a
maior virtude deste modelo, e pode nos ajudar muito”.
144
O outro ponto destacado é referente à complexidade do modelo. Segundo o
executivo, implantá-lo integralmente exige experiência prévia da organização no tema.
Desta forma, ele acredita que o desenvolvimento de uma versão simplificada, que
pudesse ser implantada por organizações que desejassem iniciar estas ações, poderia ser
de grande valia para o framework.
145
5.3. Implicações para o modelo
A última implicação que pode ser desdobrada das entrevistas e que apesar de
não estar no escopo inicial trabalho merece destaque é a forma pela qual a efetividade
deste modelo será mensurada. Apesar deste se constituir um problema de complexa
resolução, em função dos efeitos indiretos que a absorptive capacity gera nos resultados
da organização, definir alguns tipos de medidas que acompanhem a evolução da
organização ao longo do tempo seria uma importante melhoria a ser realizada no
modelo.
146
6. CONCLUSÕES
Este capítulo tem como objetivo apresentar as conclusões deste trabalho. Para
tal, primeiro é realizada uma síntese da pesquisa realizada. Em seguida, as contribuições
e limitações do trabalho são destacadas, dando base para a proposição de trabalhos
futuros. Por fim, algumas considerações finais são apresentadas.
147
Na revisão bibliográfica o mapeamento dos diversos artigos que utilizam-se ou
se referenciam a este conceito permitiu a identificação das diferentes perspectivas com
que o mesmo vem sendo utilizado, sendo possível perceber que o construto “absorptive
capacity” passou pelo processo de reificação. Estas constatações foram importantes para
que se apresentasse um rigor maior no estabelecimento da perspectiva e da explicitação
dos conceitos sobre os quais o construto seria utilizado.
A partir disso pôde-se definir, em sua forma final, o objetivo desta pesquisa, que
foi a construção de um framework de referência composto por três camadas, que
incrementalmente decalcavam o construto da absorptive capacity em processos,
requisitos de integração e técnicas para suportá-los.
148
A terceira camada, denominada solução de aplicação, apresenta um conjunto de
técnicas que suportam a aplicação do framework de aplicação sugerido. Ressalta-se que
esta solução é apenas uma alternativa possível para suportar os processos e requisitos de
integração propostos, não pretendendo ser uma solução universal.
149
6.3. Limitações da pesquisa
150
A partir desta definição pode-se constatar que o método da ‘design research’
poderia ter contribuído para a estruturação da pesquisa realizada, sendo esta, portanto
uma limitação deste trabalho.
151
7. BIBLIOGRAFIA
153
DSc.: 287.
CHESBROUGH, H. W. (2003). Open innovation. The new imperative for creating and
profiting from technology. Boston, Massachusetts, Harvard Business School
Press.
154
CHRISTENSEN, C. M. and RAYNOR, M. E. (2004). "Practicing disruptive
innovation: The Innovator's Solution." Journal of Fashion Marketing and
Management 8(4): 452-454.
155
Psychological Bulletin 52: 281–302.
CROSS, R., PARKER, A., PRUSAK, L. and BORGATTI, S. (2001). "Knowing what
we know: Supporting knowledge creation and sharing in social networks."
Organizational Dynamics 30 (2): 100-120.
156
Large Firms." Organization Science 3(2): 179-202.
DYER, J. H., KALE, P. and SINGH, H. (2001). "How to make strategic alliances
work." Mit Sloan Management Review 42(4): 37-43.
DYER, J. H. and SINGH, H. (1998). "The relational view: Cooperative strategy and
sources of interorganizational competitive advantage." Academy of
Management Review 23(4): 660-679.
ESTES, W. K. (1970). Learning theory and mental development. New York, Academic
Press.
FATTORI, M., PEDRAZZI, G. and TURRA, R. (2003). "Text mining applied to patent
mapping: a practical business case." World Patent Information 25(4): 335-342.
157
GALUNIC, D. C. and RODAN, S. (1998). "Resource recombinations in the firm:
Knowledge structures and the potential for Schumpeterian innovation." Strategic
Management Journal 19: 1193–1201.
HEVNER, A. R., MARCH, S. T., PARK, J. and RAM, S. (2004). "Design science in
Information Systems research." Mis Quarterly 28(1): 75-105.
HILDRETH, P. and KIMBLE, C., Eds. (2004). Kowledge networks: innovation throuh
communities of practice. London, Idea Group Publishing.
158
HILLEBRAND, B. and BIEMANS, W. G. (2004). "Links between internal and external
cooperation in product development: An exploratory study." Journal of Product
Innovation Management 21(2): 110-122.
HITT, M. A., DACIN, M. T., LEVITAS, E., ARREGLE, J. L. and BORZA, A. (2000).
"Partner selection in emerging and developed market contexts: Resource-based
and organizational learning perspectives." Academy of Management Journal 43:
449–476.
HUSTON, L. and SAKKAB, N. (2006). "Connect and develop: Inside Procter &
Gamble's new model for innovation." Harvard Business Review 84(3): 58-+.
KIMBLE, C., LI, F. and BARLOW, A. (2000 ). Effective virtual teams through
communities of practice, University of Strathclyde Management Science.
KUHN, T. (1962). A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo, SP, Ed.
Perspectiva.
LAAT, M. and BROER, W. (2004). CoPs for Cops: Managing and Creating Knowledge
through Networked Expertise. Kowledge networks: innovation throuh
communities of practice. P. Hildreth and C. Kimble. London, Idea Group
Publishing.
LEI, D. and HITT, M. A. (1995). "Strategic restructuring and outsourcing: The effect of
mergers, acquisitions and LBOs on building firm skills and capabilities." Journal
of Management 21: 835–859.
161
LIEBESKIND, J. P., OLIVER, A. L., ZUCKER, L. and BREWER, M. (1996). "Social
networks, learning, and flexibility: Sourcing scientific knowledge in new
biotechnology firms." Organization Science 7: 428–443.
LINTON, J. D. (2004). "Determining demand, supply, and pricing for emerging markets
based on disruptive process technologies." Technological Forecasting and Social
Change 71(1-2): 105-120.
MANSON, N. J. (2006). "Is operations research really research?" Orion 22(2): 155-180.
MCGRATH, R. G. (1997). "A real options logic for initiating technology positioning
investments." Academy of Management Review 22: 974–996.
MCMILLAN, G. S., NARIN, F. and DEEDS, D. L. (2000). "An analysis of the critical
162
role of public science in innovation: The case of biotechnology." Research
Policy 29: 1–8.
OWEN, C. (1997). "Design research: Building the knowledge base." Journal of the
Japanese Society for the Science of Design 5(2): 36-45.
PENROSE, E. (1959). The theory of the growth of the firm. New York, Oxford
University Press.
PISANO, G. (2006). Science Business: The Promise, the Reality, and the Future of
Biotech, Harvard Business School Press.
164
Technology Management 47(2): 24-37.
SAVIOZ, P. and BLUM, M. (2002). "Strategic forecast tool for SMEs: how the
opportunity landscape interacts with business strategy to anticipate technological
trends." Technovation 22(2): 91-100.
165
Advances in Strategic Management 10: 127–151.
TEECE, D. J., PISANO, G. and SHUEN, A. (1997). "Dynamic capabilities and strategic
management." Strategic Management Journal 18(7): 509-533.
167
WINTER, S. G. (2000). "The satisficing principle in capability learning." Strategic
Management Journal 21(10-11): 981-996.
YOON, B. and PARK, Y. (2005). "A systematic approach for identifying technology
opportunities: Keyword-based morphology analysis." Technological Forecasting
and Social Change 72(2): 145-160.
168
ANEXO I: ESTRUTURA PROPOSTA DE ROADMAP
Para cada camada deste roadmap foram estabelecidos um conjunto de objetos, que
têm como principal objetivo enriquecer a análise e o exercício de planejamento.
9 marco regulatório
9 tendências tecnológicas
9 entre outros.
Camada de produtos
Nesta camada, para cada um dos eventos validados deve ser associado um ou mais
produtos (inclusive alternativos) para responder àquele acontecimento. Estes produtos
podem assumir diferentes formatos e a organização pode decidir se quer ou não ofertá-
lo.
170
Objeto Descrição
Define um produto real, ou seja, que existirá concretamente, que a
Produto real do organização decidiu que fará parte de seu portfólio. Este já foi objeto de
portfólio consenso no comitê de roadmapping ou na sala de situações.
171
Objeto Informações por objeto
Descrição do produto
Status (sugerido ou validado)
Produto
Tipo de produto (real ou virtual)
Decisão de portfólio (sim ou não)
Fórum de validação (data e instância)
Propositor
Fonte de informação
Responsável pelo acompanhamento
Forma de busca para acompanhamento
Atores importantes
Palavras-chave
Forma de colapso
Fórum (registra opiniões sobre o produto – “blog”)
Descrição do ator
Informações do ator
Atores Classificação do ator (concorrente, universidade, governo etc..)
Responsável pelo acompanhamento
Forma de busca para acompanhamento
Fórum (registra observações sobre os atores – “blog”)
Descrição da atividade
Natureza da atividade (desenvolvimento, transferência de tecnologia,
terceirização etc..)
Atividade realizada
Responsável pela atividade
internamente
Responsável pelo acompanhamento
Palavras-chave
Forma de colapso
Fórum (registra opiniões sobre a ação – “blog”)
Descrição da atividade
Ator que realiza a atividade
Atividade externa Implicações da ação
(outros atores) Responsável pelo acompanhamento
Palavras-chave
Fórum (registra opiniões sobre a ação – “blog”)
Descrição do marco
Prazo para alcance
Marco Responsável
Responsável pela verificação
Implicações do não alcance
Fórum (registra opiniões sobre o marco – “blog”)
Produto relacionado
Incerteza Período de possível acontecimento
Nesta camada, para cada um dos produtos validados devem ser associadas às
tecnologias e capacitações que viabilizam a construção daquele produto. Deve-se
entender:
172
9 Tecnologia: conhecimento teórico e prático, habilidades e artefatos que podem
ser usados para desenvolver produtos e serviços, assim como seus sistemas
produtivos. Pode estar embarcada nas pessoas, equipamentos e ferramentas.
Objeto Descrição
Define uma tecnologia desejada que já foi discutida e acordada com os
Tecnologia participantes do comitê de roadmapping ou na sala de situações.
174
Camada de pesquisa de base
Nesta camada, para cada uma das tecnologias validadas devem ser associadas as
descobertas científicas que restringem o seu desenvolvimento.
Objeto Descrição
Define uma descoberta científica desejada que restringe o desenvolvimento
Descoberta científica tecnológico e já foi discutida e acordada com os participantes do comitê de
roadmapping ou na sala de situações.
175
Objeto Informações por objeto
Descrição da descoberta científica
Status (sugerida ou validada)
Fórum de validação (data e instância)
Descoberta científica Propositor
Responsável pelo acompanhamento
Forma de busca para acompanhamento
Descoberta científica Atores importantes
sugerida Palavras-chave
Forma de colapso
Fórum (registra opiniões sobre a descoberta científica – “blog”)
Descrição do ator
Informações do ator
Atores Classificação do ator (concorrente, universidade, governo etc..)
Responsável pelo acompanhamento
Forma de busca para acompanhamento
Fórum (registra observações sobre os atores – “blog”)
Descrição da atividade
Atividade realizada Natureza da atividade (desenvolvimento, transferência de tecnologia,
terceirização etc..)
internamente
Responsável pela atividade
Responsável pelo acompanhamento
Palavras-chave
Forma de colapso
Fórum (registra opiniões sobre a ação – “blog”)
Descrição da atividade
Ator que realiza a atividade
Implicações da ação
Atividade externa
Responsável pelo acompanhamento
(outros atores)
Palavras-chave
Fórum (registra opiniões sobre a ação – “blog”)
Descrição do marco
Prazo para alcance
Responsável
Marco
Responsável pela verificação
Implicações do não alcance
Fórum (registra opiniões sobre o marco – “blog”)
Produto relacionado
Incerteza Período de possível acontecimento
Nesta perspectiva, as ações internas que decidiu-se realizar são consolidadas. Desta
forma pode ser detalhada a lógica e programação do projeto, alocando recursos,
cronogramas etc. Para este detalhamento pode ser usado a metodologia específica da
organização ou alguma metodologia consagrada com o PMBoK (PMI) ou Price2. Nesta
perspectiva ficam explicitas concorrências por recursos, restrições de capacidade
instalada etc..
176
Projeto
177
ANEXO II : QUESTÕES E ANÁLISES DO TECH MINING
179
Times de pesquisa - compare o tamanho dos times
(número de co-autores) entre as diferentes tecnologias
(quanto maior os times melhor o indicador)
9. Quais são os prováveis
caminhos de desenvolvimento Velocidade de indicação (taxa de publicação e taxa de
para esta tecnologia? mudança)
Marque o status e o desenvolvimento do projeto na
curva S (maturação da tecnologia)
Marque o status e a produção do projeto na curva S
Marque o status e a expectativa de desenvolvimento
do projeto dos componentes críticos na curva S
Realize análises de sensibilidade nos modelos de
crescimento
Sinalize sinais de mudança de regime (transição
caótica para uma nova curva S)
Compile medidas similares na variações e formas da
tecnologia (apresente de forma comparativa)
Distinga possibilidades de diferenciação
Apresente quebras para as expectativas de aplicação
(baseado nos pedidos de patente, códigos de classes,
classe de publicação etc.) para comparar os principais
tópicos com a tecnologia
10. Calcule a maturação da Liste as tecnologias relacionadas para apreciação dos
tecnologia dos componentes especialistas
Ressalte os tópicos peculiares a esta tecnologia
11. Identifique potencial de fusão Acompanhe ao longo do tempo - padrões de relações
entre tecnologias entre tópicos das publicações
Acompanhe ao longo do tempo - padrões de relações
entre tópicos das patentes
Extrapole tendências para prever possíveis fusões
Mapeie períodos de tempos de clusters de tópicos
agregados (procure pelo início da associação entre os
tópicos)
Identifique as organizações que possuem múltiplas
capacitações
12. Devemos buscar patentes
relativas a esta tecnologia? Que
reivindicações devemos Apresente relatório de uma página para facilitar
perseguir? verificação de risco por especialista
Apresente atividades "hot spot" que tenham interseção
com esta patente
13. Desenvolva um roadmap Consolide informações dos componentes e suas
tecnológico maturações, trajetórias de desenvolvimento das
tecnologias, desenvolvimento dos processos de
produção e aplicações, em um formato de roadmap.
Isso deve apresentar: a) integração dos componentes
para produzir esta tecnologia; b) sua evolução em
diferentes gerações; c) produtos e gerações para os
quais esta tecnologia pode ser aplicada
180
14. Calcule a maturidade dos Perfil de aplicação dos sistemas (identifique os alvos;
sistemas em que esta tecnologia identifique o status de cada um; apresente para
pode ser aplicada opiniões de especialistas em relação a gaps e ao
acesso ao sistema)
15. Quais aspectos desta Desdobre os principais tópicos por publicações e/ou
tecnologia casam com os pedidos de patentes mencionados (usando sua própria
interesses da aplicação coleção de aplicações alvo)
Desdobre os principais tópicos por códigos de classe
(publicações e patentes)
Plote tendências nestes desdobramentos
16. Quais são as nossas
oportunidades nesta tecnologia Perfil dos proprietários de patentes (quantos e o quão
emergente? forte)
Comparação visual entre a nossa posição com a
distribuição dos atores líderes
Indicação da densidade de patentes
Indicação das licenças sendo mantidas
Indicação das estratégias de patenteamento dos atores
líderes
Indicação de velocidade de novos entrantes
Indicação de importância do conjunto de patentes
pelas citações a ele realizadas
Medidas particulares (densidade, tendências, etc.)
para tecnologias ou aplicações que tenham interseções
com os nossos interesses
Identificação de patentes que bloqueiem o
desenvolvimento desejado
Faça um benchmark por setor com o os dados de
citação de patentes CHI
Componha um indicador com as barreiras à entrada
baseado na extensão das patentes, auto-citação de
patentes, concentração, atividades de publicação e
maturidade
17. Quais necessidades sociais e Busque por menções em publicações (para idéias,
de mercado esta tecnologia e suas para contar possibilidades e identificar termos
aplicações suportam? alternativos)
Sugestão de novas tendências nas necessidades
18. Que aplicações são Use processamento natural de linguagem (NLP) nos
promissoras para esta tecnologia? pedidos para procurar por aplicações
Desenvolva um catálogo de aplicações para usar nas
buscas de aplicações nos pedidos
Represente visualmente a distribuição do IPC
(International patent classification codes) ou Código
manual
Represente visualmente o espalhamento ao longo do
tempo do IPC (International patent classification
codes) ou Código manual
19. Quais são as oportunidades Plote Geo-referenciadamente concentrações de
globais? proprietários de patentes
181
Plote Geo-referenciadamente concentrações nacionais
de vários proprietários de patentes (indicador de
potencial de mercado)
Plote Geo-referenciadamente publicações por
nacionalidade dos autores
Delimite importantes barreiras e impedimentos por
região ou países (e.x. competidores, padrões,
regulação, restrição de acesso)
Denote ativos significativos e vantagens por região ou
país (e.x. parcerias, capacitações locais)
Métrica para avaliação de risco (definição dos riscos
para atuação nas oportunidades globais)
20. O que está mudando no
ambiente competitivo? Indique novos entrantes (primeiros a patentear)
Indique a taxa de entrada dos novos patenteadores
Identifique as organizações que estão saindo (sem
depositar novas patentes em 'X' anos ou não mantendo
as patentes)
21. Esta tecnologia oferece fortes Avalie a infra-estrutura tecnológica (acompanhe a
perspectivas de comercialização? disponibilidade dos componentes necessários;
acompanhe o desenvolvimento dos sistemas para
absorver esta tecnologia)
Defina pontuações (scorecards) para possibilitar a
rápida visualização das múltiplas tecnologias
Benchmark a atividade de patenteamento com outras
tecnologias comparáveis
Benchmark a difusão dos códigos de classe de
patentes e atividades de publicação por setores
industriais
Tabule as aplicações mencionadas por setores
industriais
Indicador de riqueza das palavras-chave - plote esta
medida de especialização do P&D ao longo do tempo
Decomposição da tecnologia (difusão de tipos de
palavra-chave) – usando um catálogo de tipos de
palavra-chave, mostrar a tendência de espalhamento
dos interesses de desenvolvimento (categorizando
ênfase relativa em ciência de base, processo,
desenvolvimento tecnológico, materiais, aplicações)
Gráfico de pizza com % de publicações de P&D por
indústria (versus acadêmicas, governamentais e
outras)
Tabulação das aplicações mencionadas ao longo do
tempo (a partir de pedidos de patentes, abstracts de
publicações)
Plotagem das tendências em 3-D dos códigos de
classes ao longo do tempo (indicador de foco de
espalhamento)
Identificação de substitutos para a tecnologia (real ou
tecnologia com potencial de competição)
Defina uma pontuação para a facilidade de adoção
182
Compare a correlação entre desenvolvimento
tecnológico e oportunidades de mercado
22. Avalie o ambiente Analise as 5 forças de Porter a) rivalidade, b)
competitivo fornecedores, c) entrantes, d) compradores, e)
substitutos
Mapeamento da dispersão da tecnologia com a
difusão de patentes em países ao longo do tempo
23. Quem são os especialistas Retrate os inventores mais citados que não estejam
disponíveis? associados a uma grande empresa (afiliação,
distribuição temporal, códigos de classe mais
relevantes)
Retrate os autores mais citados (palavras-chave mais
encontradas, afiliação, endereço web, background
acadêmico)
24. Quais universidades ou Retrate as "Top N" organizações com maior número
laboratórios de pesquisa lideram de publicações nos anos recentes
nesta tecnologia - no geral ou em Retrate os "Top N" tipos particulares de organizações
aspectos particulares? ou localidades com maior número de publicações (e.x.
Brasil)
Compare códigos de classes de publicação
Mapeie em superfícies 3-D, mostrando a evolução no
tempo, as organizações líderes em publicações
Indicador de longevidade - padrão ao longo do tempo
nas atividades de publicação
Mapeamento de autores (co-autoria; ênfase de
tópicos)
25. Quais são as forças e lacunas Tabulação das atividades de publicações e/ou patentes
da nossa própria organização? em tecnologias relacionadas
Mapeie quem colabora com quem dentro na própria
organização
Identifique as lacunas nas capacitações necessárias
para atingir os objetivos da inovação
26. Quais empresas lideram em Retrate as "Top N" organizações com maior número
determinados aspectos de patentes por tópicos principais (ou usando o código
particulares desta tecnologia? de classe)
Retrate as "Top N" organizações com maior número
de publicações por tópicos principais (ou usando o
código de classe, palavras-chaves)
Indicador de concentração (% de patentes de
propriedade das principais empresas)
Indicador de foco (proporção das patentes de uma
organização no tópico principal, em tópicos
relacionados e em tópicos não relacionados)
Mapeie as patentes das empresas líderes em
superfícies 3-D, mostrando a evolução ao longo do
tempo
Mapeie uma empresa de cada vez para entender a
ênfase
Forneça avaliações de "uma página" para facilitar a
combinação de julgamento de especialistas com os
resultados do text mining
183
Represente graficamente as empresas "outliers"
(aquelas com padrões de patente diferentes)
Matriz de empresas líderes por tópicos principais
27. O quão fortes são os times de Mapeie os inventores (co-inventores; tópicos de
P&D das empresas líderes? ênfase)
Mapeie os autores (co-autoria; tópicos de ênfase)
Mapeie a atividade do time ao longo do tempo (por
tópicos de ênfase; perceba possibilidades de término,
fusões ou potenciais fusões)
Identifique inventores associados à patentes muito
citadas (grau de concentração)
28. Quais empresas lideram nesta Retrate as "TOP N" organizações com maior número
tecnologia? de publicações recentes
Plote publicações e patentes ao longo do tempo para
cada uma das empresas líderes
Indicador de longevidade - compare a duração do
engajamento (patentes e publicações)
Indique a auto-suficiência em patentes (o quanto se
baseia em outras patentes)
Indicador de foco (proporção das patentes de uma
organização nesta tecnologia, em tecnologias
relacionadas e em tecnologias não relacionadas)
29. Como a ênfase de Compare a visualização do IPC (International patent
desenvolvimento das empresas classification codes) ou Código manual com a da sua
líderes se compara com a nossa? organização
Compare a visualização dos códigos de classes de
publicação com a da sua organização
Identifique os "hot spots" e as citações de outros "hot
spots" contra os de sua organização
Sinalize as taxas de mudança nos padrões de
atividades de P&D, comparando-as com as de sua
organização
Defina pontuações para avaliar potenciais
colaboradores; desenvolva indicadores que apontem
para P&D em conjunto, licenciamento de patentes,
etc.
30. Que outras forças Retrate as demais patentes relacionadas a esta
tecnológicas cada uma das organização pelo IPC (International patent
empresas líderes possuem? classification codes) ou Código Manual
Mapeie as ênfases de suas patentes
Calcule uma medida de concentração apresentando o
% de patentes nesta área tecnológica
31. Caracterize a Propriedade Retrate comparativamente (quantas patentes cada uma
Industrial de uma empresa em e o quão forte elas são), em uma visualização
relação a uma determinada composta, os principais proprietários (empresas e
tecnologia outros)
Indique a concentração para cada uma delas (que %
de patentes é na tecnologia em questão, que % é
relacionado e que % não tem relação)
184
Indique a concentração de publicações (nesta e em
tecnologias relacionadas) por editores-chave, ao longo
do tempo
Acompanhe a concentração ao longo do tempo
Indique as comercializações de patentes (licenças
sendo mantidas)
Indique as estratégias de patenteamento aparentes dos
atores líderes
Indique a partir das citações, a importância do
portfólio de patentes de cada proprietário de patente
Retrate a força de P&D desta organização
(pesquisadores e inventores chave, longevidade,
ênfase)
32. O que empresas pequenas ou Retrate os proprietários (quantos são, qual a força de
inventores autônomos têm de cada um) em uma visualização comparativa
interessante (Propriedade Indique as comercializações de patentes (licenças
Intelectual) relacionado a esta sendo mantidas)
tecnologia (potenciais aquisições Indique as estratégias de patenteamento aparentes dos
ou licenciamento)? atores líderes
Indique a velocidade dos novos entrantes
Indique a partir das citações, a importância do
portfólio de patentes
Identifique empresas recebendo financiamentos para
desenvolvimento de projetos
33. Quem está colaborando com Identifique co-propriedade de patentes
quem (ambiente competitivo)? Identifique co-autorias em publicações
Identifique a duração destas colaborações
Plote o interesse das organizações; identifique
interseções que podem ser potenciais colaborações
Retrate potenciais duplas de parceria entre empresas
(status, forma, capacitações etc.)
Retrate potenciais parcerias entre empresas e outros
(universidades, institutos, laboratórios)
34. Mapeamento de competidores Retrate as capacitações pertinentes para desenvolver a
determinada tecnologia (busque os estágios de
desenvolvimento da pesquisa às vendas e questões
relativas ao ciclo de vida) (formate para viabilizar
opiniões de especialistas)
Retrate os recursos disponíveis (financeiros,
conhecimento, técnico, marketing, base de clientes)
Defina pontuações para a inovatividade desta
organização em vários aspectos (tecnologia, produtos,
serviços, processos de produção, sistemas de
distribuição) - procure utilizar opiniões de
especialistas para refinamento
Defina pontuações para avaliar o alinhamento do
potencial tecnológico com a estratégia de negócios
35. Quais as empresas devemos Defina pontuações para rápida visão geral das
acompanhar de perto? múltiplas organizações
185
Retrate as empresas candidatas (seus "hot spots";
áreas que citam suas patentes "hot spots" e.x. patentes
muito citadas no ano anterior)
Defina alertas (que medidas, que informações,
freqüência, atualizações de "uma página")
36. Quem pode se interessar pelo Identifique empresas com tecnologias
nosso portfólio de Propriedade complementares em desenvolvimento como
Intelectual? potenciais licenciadores para as nossas tecnologias
37. Quão empreendedor é o Indique a velocidade de entrada de pequenas
ambiente competitivo? empresas no patenteamento
Tendências das empresas em receber prêmios por
desempenho em inovações (p.ex. prêmio FINEP)
Defina pontuações para avaliar a disponibilidade de
capital de risco
38. Avalie cada um dos Mapeie a taxa de publicações (antigas e recentes) e
competidores chave patentes, para verificar diferenças na taxa de atividade
Avalie a estratégia tecnológica do competidor
(identifique possíveis alvos e incertezas do nosso
conhecimento)
Realize a análise SWOT de cada competidor (forças,
fraquezas, ameaças e oportunidades)
Avalie o posicionamento de produto do competidor
Avalie o time-to-market de novos produtos e serviços
do competidor
Avalie a efetividade do desenvolvimento de novos
produtos do competidor
Construa um roadmap tecnológico para cada um dos
principais competidores (identifique barreiras e riscos
associados)
Defina pontuações "eles contra nós" nos diferentes
fatores
Fonte: Adaptado de Porter & Cunningham, 2005
186