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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CAMPUS PIÚMA
CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA

HIGOR JULIAN DA CUNHA ANDRADE

CARACTERIZAÇÃO DA FROTA PESQUEIRA DE ITAIPAVA-ES

PIÚMA
2018
HIGOR JULIAN DA CUNHA ANDRADE

CARACTERIZAÇÃO DA FROTA PESQUEIRA DE ITAIPAVA-ES

Monografia apresentada à Coordenadoria do


Curso de Engenharia de Pesca do Instituto
Federal do Espírito Santo, Campus Piúma,
como requisito parcial para a obtenção do
título de Bacharel em Engenharia de Pesca.

Orientador: Prof. Dr. Jones Santander Neto


Co-orientador: Prof. Me. Lucas de Carvalho
Guesse

PIÚMA
2018
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)

Bibliotecária responsável Maria de Lourdes Cardoso CRB-6/3242

A553c Andrade, Higor Julian da Cunha, 1991-

Caracterização da frota pesqueira de Itaipava - ES / Higor


Julian da Cunha Andrade -- 2018.
43 f. : il. ; 30 cm.

Orientador: Jones Santander Neto


Co-orientador: Lucas de Carvalho Guesse

Monografia (graduação) - Instituto Federal do Espírito Santo,


Campus Piúma, Coordenadoria de Curso Superior de Engenharia de
Pesca, 2018.

1. Barcos de pesca - Itapemirim(ES). 2. Barcos - construção. 3.


Pesca - Equipamentos e acessórios. 4. Recursos pesqueiros. I. Santander
Neto, Jones. II.Guesse, Lucas de Carvalho. III. Instituto Federal do Espírito
Santo, Campus Piúma. IIV. Título.

CDD: 623.8238152
0
1

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde е força para superar as dificuldades.

Agradeço а toda minha família, especialmente a minha mãe Arlete, heroína que me
deu apoio, incentivo nas horas difíceis, de desânimo е cansaço.

A minha namorada Tatiane, pessoa com quem amo partilhar а vida. Obrigado pelo
carinho, а paciência е por sua capacidade de me trazer paz na correria de cada
semestre.

Aos meus amigos, pelas alegrias, tristezas е dores compartilhadas. Com vocês, as
pausas entre um parágrafo е outro de produção melhora tudo о que tenho produzido
na vida.

Aos meus colegas de turma e do Ifes, pessoas com quem convivi nesse ambiente
ao longo desses anos. А experiências de uma produção compartilhada com amigos
nesses espaços foram а melhor experiência da minha formação acadêmica.”

Ao meu professor, coordenador, orientador e amigo, Jones Santander Neto pelos


puxões de orelha nas horas certas, pela paciência na orientação е incentivo que
tornaram possível а conclusão desta monografia.

Ao co-orientador Lucas de Carvalho Guesse, pela orientação, apoio е confiança.

Sou muito grato ao mestre Henrique David Lavander, onde posso dizer que а minha
formação, inclusive pessoal, não teria sido а mesma sem а sua pessoa.

A todos os professores do Ifes, que acompanharam a minha jornada acadêmica de


perto e deram muito apoio em sala de aula.

A Secretaria de Pesca de Itapemirim, pelo os dados fornecidos. A toda equipe que


me ajudou a ser um profissional melhor, e especialmente aos meus chefes Nansson
Marvila e José Arthur, que sempre estiveram ao meu lado dando todo apoio e
suporte.

A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, о meu muito
obrigado.
2

“[...] um tempo em que aprendi a entender as coisas do mar, a conversar com


grandes ondas e não discutir com o mau tempo. A transformar o medo em respeito,
o respeito em confiança. Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E
para se chegar, aonde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força,
mas a razão. É preciso, antes de mais nada, querer.”

AMYR KLINK, 1985.


3

RESUMO

Com o intuito de contribuir com a diminuição da lacuna de conhecimento sobre as


características das embarcações do Espírito Santo, o presente trabalho teve como
objetivo principal realizar a caracterização da frota pesqueira no litoral sul do Espírito
Santo, com ênfase no município de Itapemirim, no distrito de Itaipava. Durante o
período de agosto de 2013 a dezembro de 2015, os dados acerca das
características das embarcações foram registrados pela secretaria de aquicultura e
pesca do município de Itapemirim. Durante o período de novembro de 2017 a
outubro de 2018, foram realizadas visitas de campo para realização de entrevistas
junto aos pescadores, na área de desembarque, e coletar dados de embarcações
que ainda não haviam sido registradas. A partir dos dados coletados foram
registradas 331 embarcações. Dentre os apetrechos de pesca, o espinhel teve a
maior participação nas embarcações pesqueiras de Itaipava, seguido da linha e da
rede de espera. Houve uma incidência maior de embarcações com comprimento de
4 a 6 metros, 10 a 12 metros e 12 a 14 metros. Nos anos de 2000 a 2005 as
embarcações de 12 a 16 metros foram a maioria das embarcações fabricadas. A
arqueação bruta que mais foi registrada é de 0 a 5. A propulsão das embarcações
mais registradas no estudo foi motorizada. Foi possível observar que, com número
elevado de tripulantes, o apetrecho espinhel vai se tornando predominante na
embarcação. Os períodos de fabricação das embarcações que foram mais
registradas no estudo foram entre 2000 a 2005. Considerando os dados de
comprimento, AB, propulsão e nº de tripulantes, é possível observar que são
embarcações de pesca oceânica, em sua maioria o uso do apetrecho esta
diretamente ligada à espécie alvo, que na região são de espécies de relevante
importância econômica, como atuns e afins.

Palavras-chave: Embarcação. Apetrecho. Itapemirim.


4

ABSTRACT

With the intention of contributing to a reduction of the knowledge gap on the


characteristics of the fishing vessels of Espírito Santo, the present paper had the
main objective to characterize the fishing fleet in the southern coast of Espírito Santo,
with emphasis in the municipality of Itapemirim, in the district of Itaipava. During the
period from August 2013 to December 2015, the files of the characteristics of the
fishing vessels were recorded by the Secretaria Municipal de Aquicultura e Pesca de
Itapemirim. During the period from November 2017 to October 2018, field visits were
conducted to conduct interviews with fishermen in the landing area, and collect data
from fishing vessels that had not yet been registered. From the collected data, 331
vessels were registered. Among the fishing tackle, the longline had the largest
participation in the fishing vessels of Itaipava, followed by the line and the waiting
mash. There was a higher incidence of fishing vessels with a length of 4 to 6 meters,
10 to 12 meters and 12 to 14 meters. In the years 2000 to 2005 the vessels from 12
to 16 meters were the majority of the craft manufactured. The most recorded gross
tonnage is 0 to 5. The propulsion of the most recorded fishing vessels in the study
was motorized. It was possible to observe that, with a high number of crew members,
the longline tackle will become predominant in the vessel. The production periods of
the vessels that were most recorded in the study were between 2000 and 2005.
Considering the data of length, AB, propulsion and crew number, it is possible to
observe that they are oceanic fishing vessels, mainly the use of the tackle is directly
linked to the target species, which in the region are of the species of economic
importance, such as tuna and related.

Keywords: Fishing Vessels. fishing tackles. Itapemirim.


5

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Localização do município de Itapemirim no litoral sul do Espírito Santo,


Brasil. ........................................................................................................................ 21

Figura 2- Proporção de embarcações por apetrechos de pesca da frota pesqueira de


Itaipava-ES ............................................................................................................... 23

Figura 3- Número de embarcações e apetrechos de pesca por comprimento da


embarcação .............................................................................................................. 23

Figura 4- Proporção de embarcações fabricadas por comprimento no decorrer dos


anos ......................................................................................................................... 24

Figura 5- Número de embarcações e apetrechos de pesca por arqueação bruta


.................................................................................................................................. 25

Figura 6- Número de embarcações e apetrechos de pesca por tipo de propulsão


.................................................................................................................................. 26

Figura 7- Número de embarcações e apetrechos de pesca por número de tripulantes


.................................................................................................................................. 27

Figura 8- Número de embarcações e apetrechos de pesca por ano de fabricação


.................................................................................................................................. 28
6

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Dados quantitativos de apetrechos de pesca utilizados de acordo com o


comprimento das embarcações de Itaipava-ES ....................................................... 29

Tabela 2- Dados quantitativos de apetrechos de pesca utilizados de acordo com a


arqueação bruta das embarcações de Itaipava-ES .................................................. 30

Tabela 3- Dados quantitativos de apetrechos de pesca utilizados de acordo com a


propulsão das embarcações de Itaipava-ES ............................................................ 30

Tabela 4- Dados quantitativos de apetrechos de pesca utilizados de acordo com o


número de tripulantes das embarcações de Itaipava-ES ......................................... 31

Tabela 5- Dados quantitativos de apetrechos de pesca utilizados de acordo com o


ano de fabricação das embarcações de Itaipava-ES ............................................... 32
7

LISTA DE ABREVIATURAS

AB Arqueação Bruta
ES Espírito Santo
FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
FURG Universidade Federal do Rio Grande
IFES Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo
MPA Ministério da Pesca e Aquicultura
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PROZEE Fundação de Amparo à Pesquisa de Recursos Vivos na Zona
Economia Exclusiva
REVIZEE Programa de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos
na Zona Econômica Exclusiva
SEAP Secretaria Especial da Aquicultura e da Pesca

SEMAP Secretaria Municipal de Aquicultura e Pesca


8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 11
2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA ............................................................................ 13
2.1 A PESCA .......................................................................................................... 13
2.2 EMBARCAÇÕES PESQUEIRAS ..................................................................... 13
2.3 PESCA COMERCIAL E NÃO COMERCIAL ..................................................... 14
2.4 APETRECHOS DE PESCA .............................................................................. 16
2.4.1 Arrasto ............................................................................................................. 16
2.4.2 Emalhe ou espera ........................................................................................... 16
2.4.3 Espinhel .......................................................................................................... 16
2.4.4 Redes de cerco ............................................................................................... 17
2.4.5 Vara, linha, anzol e isca viva ......................................................................... 17
2.4.6 Armadilha ........................................................................................................ 17
2.5 TIPOS DE EMBARCAÇÕES PESQUEIRAS .................................................... 17
2.5.1 Embarcação Espinhel .................................................................................... 18
2.5.2 Embarcação Linha ......................................................................................... 18
2.5.3 Embarcação Armadilha .................................................................................. 18
2.5.4 Embarcação Cerco ......................................................................................... 18
2.5.5 Embarcação Arrasto ...................................................................................... 19
2.5.6 Embarcação Emalhar ..................................................................................... 19
2.6 A PESCA NO ESPÍRITO SANTO .................................................................... 19
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 21
4 RESULTADOS ................................................................................................. 23
4.1 COMPRIMENTO .............................................................................................. 23
4.2 ARQUEAÇÃO BRUTA ...................................................................................... 25
4.3 PROPULSÃO ................................................................................................... 25
4.4 NÚMEROS DE TRIPULANTES........................................................................ 26
4.5 ANO DE FABRICAÇÃO .................................................................................... 27
5 DISCUSSÃO .................................................................................................... 33
6 CONCLUSÃO .................................................................................................. 37
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 38
APÊNCIDE A .................................................................................................... 42
ANEXO A.......................................................................................................... 43
11

1 INTRODUÇÃO

As embarcações pesqueiras são veículos que conduzem os pescadores e seus


petrechos para as áreas de exploração. Nessa atividade, não devem ser tratadas
apenas como meio de transporte, pois possuem um papel fundamental na cadeia
produtiva, principalmente com relação às consequências econômicas e ambientais
da pesca (BEGOT e VIANNA, 2014).

O conhecimento da frota pesqueira de uma comunidade, de um município, de um


Estado ou de um país, é condição imprescindível ao planejamento e/ou
desenvolvimento de projetos relativos ao uso de Recursos Pesqueiros, tanto pela
iniciativa pública quanto privada, direcionando corretamente os investimentos e
adequações das políticas pesqueiras.

Vários autores salientam a importância do conhecimento sobre as características


físicas das frotas, sua dinâmica e sua capacidade de pesca como informações
indispensáveis e essenciais para que o manejo da atividade seja realmente
adequado (CHARLES, 2001; MENDONÇA e KATSURAGAWA, 2001; BATISTA,
2002; RUFFINO, 2005; CASTRO e TUTUI, 2007; DIAS NETO, 2011; PUTTEN et. al.,
2012).

O tipo de embarcação e a escolha da espécie alvo determinam os fatores de


produção e equipamentos necessários para a realização das pescarias, como os
tipos de apetrechos a serem usados, locais de pesca a serem explorada, previsão
de produção e tempo em dias e horas a serem gastos (BATISTA et. al., 2007).
Contudo, é normal na pesca artesanal no Brasil, os estaleiros e proprietários
utilizarem as mesmas embarcações para a pesca de distintas espécies-alvo, que
precisam de diferentes métodos de captura, trocando na embarcação apenas os
apetrechos de pesca (OLIVEIRA, 2009).

A composição da frota e os apetrechos de pesca diversificam conforme as


características do ambiente e das espécies-alvo, contudo também podem variar em
decorrência de fatores biológicos, econômicos, culturais e geográficos (REVIZEE,
2006; NOGUEIRA et. al., 2011).

O Espírito Santo é composto por 14 municípios costeiros, distribuídos em quase 460


12

km de extensão, em que o setor pesqueiro exerce bastante influência na economia,


sendo responsável por cerca de 14.000 empregos (MINISTÉRIO DA PESCA E
AQUICULTURA, 2011).

No estado pode-se observar uma ampla variedade de apetrechos de pesca,


distribuídos por toda costa (FREITAS NETTO & DI BENEDITTO, 2007),
predominando a pesca artesanal, ou de pequena e média escala (MARTINS et. al.,
2009, 2011; MPA, 2012).

Com o intuito de contribuir com a diminuição da lacuna de conhecimento sobre as


características das embarcações do Espírito Santo, o presente trabalho teve como
objetivo principal realizar a caracterização da frota pesqueira no litoral sul do Espírito
Santo, com ênfase no município de Itapemirim, no distrito de Itaipava.
13

2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.1 A PESCA

A pesca é a ação de capturar organismos aquáticos para obter alimento. Ao longo da


história da humanidade, a pesca constitui uma das atividades primárias que
originaram e sustentaram as sociedades que desenvolveram uma cultura própria
(PEREZ et. al, 2015).

Segundo a Lei nº 11.959/2009 Brasil (2009), defini a pesca como “toda atividade que
se dedica a capturar ou extrair espécies aquáticas de qualquer corpo d’água”. Esta
Lei estabelece ainda que “as atividades pesqueiras devem ser coordenadas e
executadas com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável da pesca e
aquicultura como fonte de alimentação, emprego, renda e lazer, garantindo-se o uso
sustentável dos recursos pesqueiros”. A indústria de pesca gera exportações no
valor de aproximadamente US$ 135 bilhões por ano proporcionando emprego e
renda para uma em cada dez pessoas em todo planeta; a pesca ainda contribui com
55,9% da produção mundial de pescados (93,4 milhões de toneladas), sendo 87,2%
desse montante oruindo da pesca marinha e costeira, (FAO, 2016). Neste contexto,
a indústria pesqueira nacional também se estabelece numa importante parte
econômica, tendo sido responsável pela criação de 8.843 empregos diretos, em
2012, somente para a pesca de ampla escala (MPA, 2013).

A pesca extrativa marinha permaneceu como a principal fonte de produção de


pescado nacional, sendo responsável por 38,7 % do total de pescado registrado em
2011, com 553.670 toneladas (MPA, 2011). Estima-se que a pesca extrativa marinha
seja responsável por aproximadamente 57 % da produção pesqueira. A pesca
artesanal representa 80 % da produção nacional, enquanto a pesca industrial totaliza
20 % dos desembarques pesqueiros (SILVA, 2014).

2.2 EMBARCAÇÕES PESQUEIRAS

Segundo Fonseca (2002) os navios e embarcações menores podem ser


considerados, de modo geral, quanto ao fim a que se propõem: De guerra;
Mercantes; De recreio; De serviços especiais. Podem ser classificados quanto ao
14

material de construção do casco: Madeira; Ferro, Fibra ou de aço; Cimento armado.


Quanto ao sistema de propulsão: A vela; Os remos; Propulsão mecânica; Sem
propulsão, que flutua e é designada a transportar pela água, pessoas ou objetos
diversos. Barco tem a mesma definição, mas usa-se pouco.

O Governo Federal através da Lei 11.959 de 2009 Brasil (2009), determina a


embarcação de pesca como aquela que é autorizada e registrada diante as
autoridades competentes e atua com exclusividade na pesca, na aquicultura, na
conservação do pescado, no seu processamento e transporte ou na pesquisa de
recursos pesqueiros.

As embarcações de pesca, além do papel de transportar a carga são responsáveis


ainda pela localização e captura do pescado no oceano. Características como o
tamanho, layout de convés, capacidade de transporte, alojamento, máquinas e
equipamentos são dimensionadas de acordo com o tipo de pescaria a ser
conseguida, em outras palavras, seu objetivo. Este objetivo está relacionado com a
espécie alvo, o que decide os equipamentos que serão usados para a sua captura,
chamados de apetrechos de pesca (GUESSE, 2016).

O tipo de embarcação e a escolha da espécie alvo determinam os fatores de


produção e aparelhos necessários para a realização das pescarias, como os tipos de
apetrechos a serem usados, locais de pesca a serem explorada, previsão de
produção e tempo em dias e horas a serem gastados (BATISTA et. al., 2007).

2.3 PESCA COMERCIAL E NÃO COMERCIAL

Existem duas classes de pesca: a comercial e a não comercial (BRASIL, 2009). A


comercial, como a própria denominação diz, é aquele tem o comércio como objetivo
distinguido pelo tipo e tamanho da embarcação, tecnologia empregada, volume de
captura e espécie-alvo (DIAS-NETO E DORNELLES, 1996; FREITAS, 2003). Ela
pode acontecer em duas formas, artesanal e industrial.

A atividade pesqueira é considerada de acordo com o comprimento da embarcação:


Artesanal: quando a embarcação tem comprimento menor ou igual a 12 (doze)
metros e com pesca predominantemente no estuário; Semi-industrial: quando a
embarcação tem comprimento entre 12 (doze) e 16 (dezesseis) metros com pesca
15

na zona costeira adjacente; Industrial: quando a embarcação tem comprimento igual


ou maior que 16 (dezesseis) metros com pesca na região costeira e oceânica
adjacente (MPA-FURG, 2016)

A frota de pesca artesanal compreende em duas modalidades de embarcações: não


motorizadas e motorizadas, contendo barcos que podem chegar a 12 metros de
comprimento, que possuem de compartimentos para conservação do pescado. Os
apetrechos de pesca diferenciam-se de acordo com as características do ambiente e
das espécies-alvo (REVIZEE, 2006). A frota pesqueira artesanal de pequeno porte
(até 7,0 m, sem cabine) opera na região costeira, com viagens de ida e volta diária,
já embarcações de médio porte, entre 7,3 e 9,0 m (com cabine), atua numa faixa
entre 50 e 100 m de profundidade, com viagens que duram em média de 3 a 5 dias.
Enquanto a frota considerada de maior porte, a partir de 9,5 metros de comprimento,
opera entre os limites da plataforma continental e a região oceânica (SEAP, 2004).

As pescarias artesanais são, geralmente, praticadas por pescadores autônomos,


que exercem a atividade individualmente ou em parcerias, empregam apetrechos
relativamente simples, utilizam embarcações de madeira com pouca autonomia e,
normalmente, comercializam o produto para intermediários gerando emprego e
renda (ZACARDI, 2015), além de estar associada à obtenção de alimentos paras as
famílias e grupo de vizinhança de populações tradicionais.

A pesca artesanal contribui significativamente com a produção pesqueira em águas


costeiras e litorâneas no Brasil e exibe grande importância social e econômica
dentro do setor pesqueiro, sendo responsável por um alto número de empregos nas
comunidades costeiras (MENDONÇA, 2015). Os pescadores artesanais, por
manterem contato direto com o ecossistema aquático, têm amplo conhecimento
acerca da biologia e ecologia dos recursos naturais da região onde vivem, os quais
são transmitidos, culturalmente, entre as gerações de pescadores (ZAPPES et. al.
2009, SILVA et. al. 2014).

Já os nãos comerciais podem ser subdivididos em: (1) científica, quando utilizada
para pesquisas; (2) amadoras, para a prática desportiva; (3) de subsistência, quando
praticada para fins de consumo doméstico ou escambo (BRASIL, 2009).
16

2.4 APETRECHOS DE PESCA

As pescarias brasileiras empregam todos os principais métodos de pesca


conhecidos no mundo, destacando-se: arrasto (simples, duplo e com parelha), cerco,
emalhe (superfície, meia-água e de fundo), linha e anzol (espinhel horizontal de
superfície, de meia-água e de fundo; espinhel vertical; vara e linha; vara, linha, anzol
e isca viva etc.), armadilhas (covo, pote etc.); arte de lanço (tarrafa e arpão); artes
fixas (curral, aviãozinho etc.) (DIAS-NETO e DIAS, 2015). Cochrane (2002) classifica
os métodos de pescas em ativos e passivos. Essa classificação baseia-se no
desempenho do aparelho de pesca em relação à espécie-alvo. Os métodos ativos,
dominantemente, vão objetivamente ao encontro (perseguem) da espécie-alvo
(como exemplo, as redes de arrasto, os cercos etc.). Já os passivos fundamentam-
se no deslocamento da espécie-alvo em direção à arte de pesca (como o emalhe e
as armadilhas).

2.4.1 Arrasto

As redes de arrasto são utilizadas para capturar diferentes espécies de animais


bentônicos, demersais e pelágicos; contendo características de formato e método de
captura característica para cada espécie ou grupos de espécies com
comportamentos iguais, e são rebocadas por uma ou duas embarcações.
(MONTEALEGRE-QUIJANO et. al., 2011).

2.4.2 Emalhe ou espera

As redes de emalhe são produzidas de uma panagem retangular, com tamanhos


diversificados. Os peixes permanecem emalhados ou enredados e sem
probabilidade de escapar (MPA-FURG, 2016). De acordo com seu design e
flutuabilidade podem ser utilizadas para pesca na superfície, meia água ou na pesca
de fundo (NÉDÉLEC & PRADO, 1990).

2.4.3 Espinhel

Arte que se baseia na atração dos peixes por meio de iscas que servem de estímulo
ao comportamento alimentar. Existem três tipos básicos de espinhel: de fundo
(demersal), de meia água (semi-pelágico), e de superfície (pelágico) (FAO, 1998).
17

2.4.4 Redes de cerco

Esse tipo de rede é empregado pelos pescadores na pescaria artesanal trazendo


como alvo espécies que formam cardumes densos e que podem ser capturadas em
grande número em uma exclusiva rede. A operação de redes de cerco costuma ser
conseguida com duas embarcações. (KALIKOSKI & VANSCONCELOS, 2013).

2.4.5 Vara, linha, anzol e isca viva

O equipamento, em si, é muito simples e consistem de uma vara, uma linha e um


anzol sem farpa ou barbela (GAMBA,1994). Porém, a operação de pesca é mais
difícil, já que depende de um conjunto de características próprias. Esta modalidade é
realizada para a captura de espécies pelágicas que facilmente formam cardumes, ou
que podem ser aproximadas para a superfície. Esta arte é eficaz para pesca de
atuns (MPA-FURG, 2016).

2.4.6 Armadilha

Os covos são armadilhas transportáveis com forma geométricos bastante


modificados como os cilíndricos, semicilíndricos, retangulares, hexagonal etc. Com
uma ou mais aberturas em forma de funil para a entrada do pescado, sendo muito
ativo na captura de espécies de pouco movimento, que vivem próximas ao fundo
(DIAS-NETO e DIAS, 2015).

Nessa atividade, não devem ser tratadas apenas como meio de transporte, pois
possuem um papel fundamental na cadeia produtiva, principalmente com relação às
consequências econômicas e ambientais da pesca (BEGOT e VIANNA, 2014).

2.5 TIPOS DE EMBARCAÇÕES PESQUEIRAS

O que defini os apetrechos necessários para a realização das pescarias são o tipo
de embarcação e a escolha da espécie alvo, como os tipos de instrumentos a serem
utilizada, zona de pesca a serem explorada, estimativa de produção e tempo em
dias e horas a serem gastos (BATISTA et. al., 2007).
18

2.5.1 Embarcação Espinhel

Embarcações de espinhel que atuam manualmente podem ser realizadas com


embarcações de todos os tamanhos. O número de anzóis e linhas depende do
tamanho da embarcação, do nível de mecanização e números de tripulantes. Quase
toda embarcação pode funcionar como espinhel; no entanto, existem embarcações
de grandes dimensões que se dedicam à pesca de espécies únicas, como os
dedicados ao atum. (FAO, 2018)

2.5.2 Embarcação Linha

Embarcações normalmente não recobertas que incluem canoas e outras


embarcações de pequeno ou médio porte, sem quaisquer características especiais
para o manuseio de equipamentos. Os barcos de linhas de mão operam em todo o
mundo, alguns em águas rasas e outros em até 300 metros de profundidade (FAO,
2018).

Na embarcação de linha de mão, a busca de peixes, normalmente está mais ligada


ao conhecimento pessoal dos pescadores sobre o local da pesca, do que em vez do
uso de equipamentos especiais de detecção (FAO, 2018).

2.5.3 Embarcação Armadilha

Essas embarcações são usadas para colocar potes ou armadilhas para a captura de
peixes, lagostas, caranguejos, lagostins e outras espécies semelhantes. A pesca de
armadilha variam de embarcações menores, que operam na costa, até embarcações
maiores de 20 a 50 metros, que operam na borda de uma plataforma continental.
(FAO, 2018).

2.5.4 Embarcação cerco

Essas embarcações são compostas por um grande grupo que aparece em todos os
tamanhos, desde barcos pequenos a embarcações maiores. Os cercadores são os
mais importantes e mais eficazes para capturar espécies em cardumes perto da
superfície. A procura de cardumes, avaliação do tamanho do peixe e direção do
movimento são a parte mais importante da operação de pesca. Para auxiliar na
19

detecção de peixes, às vezes o observador fica em mastros e/ou em torres de


observação (FAO, 2018).

2.5.5 Embarcação Arrasto

Embarcações de arrasto rebocam uma ou várias redes de arrasto paralelas que são
mantidas horizontalmente abertas com o auxílio das portas. Essas redes de arrasto
podem ser rebocadas no fundo e no meio da água. Este tipo de embarcação pode
ser de qualquer tamanho (FAO, 2018).

Geralmente, as embarcações de arrasto são equipados com tangones, através dos


quais os cabos de reboque operam e o guincho que consiste de um conjunto de
polias que são acionadas pelo motor da embarcação com objetivo de recolher a rede
de arrasto (FAO, 2018).

Essas embarcações de tamanho médio e grande são geralmente equipadas com


uma rampa na popa, na qual a rede é arrastada para o convés. As embarcações de
arrasto modernas podem ser equipadas com três cabos de tração e três guinchos,
que rebocam duas redes de arrasto paralelo (FAO, 2018).

2.5.6 Embarcação emalhar

O tamanho das embarcações varia de embarcações pequenas abertas a grandes


embarcações especializadas, operando em alto mar. A casa do leme geralmente
está localizada na popa, pois o convés frontal é usado para o manuseio dos
equipamentos. O transporte da rede é feito lateralmente na parte dianteira do
convés, geralmente usando a roldana mecânica e sendo acionados hidraulicamente
(FAO, 2018).

2.6 A PESCA NO ESPÍRITO SANTO

A costa do Espírito Santo tem cerca de 460 km de extensão, sendo composta por 14
municípios com influência na economia através do setor pesqueiro (MINISTÉRIO DA
PESCA E AQUICULTURA, 2011). Os municípios de Marataízes, Itapemirim, Piúma
(Litoral Sul) e Conceição da Barra têm na pesca sua principal fonte de emprego e
renda (PROZEE, 2005). Na pesca extrativa o estado ocupa o 10° lugar no Brasil,
gerando cerca de 14.000 toneladas por ano (BRASIL, 2012). O litoral sul tem a
20

maior centralização de pontos de desembarque, um total de 36, metade dos


existentes no Espírito Santo.

Em 2002, esta frota no Espírito Santo representou respeitável parcela da pesca


marítima, movimentando cerca de 23% da frota pesqueira do Estado e 58% dos
desembarques (MARTINS & DOXSEY, 2004) É composta por barcos de madeira
motorizados com comprimento variando de 8 a 18 metros e com autonomia de 20
dias (PROZEE, 2005). A frota dedicada a captura de atuns e espécies parecidas
valorizadas no mercado, como o dourado, está situada na região de Itaipava, no sul
do litoral capixaba na cidade de Itapemirim e faz sua pescaria na região oceânica da
Bacia de Campos (MARTINS, et. al., 2005).
21

3 MATERIAL E MÉTODOS

O terminal pesqueiro no qual as embarcações desembarcam está localizado no


distrito de Itaipava, município de Itapemirim (Figura 1), no litoral sul do Espírito
Santo, na posição geográfica 21° 00′ 40″ S, 040° 50′ 02″ W.

Figura 1 Localização do município de Itapemirim no litoral sul do Espírito Santo, Brasil.

Fonte: BASILIO et al. (2015). Adaptado pelo autor.

Durante o período de agosto de 2013 a dezembro de 2015, os dados acerca das


características das embarcações foram registrados pela secretaria de aquicultura e
pesca do município de Itapemirim, responsável pela coleta dos dados primários de
pesca, através de formulário próprio (Anexo A).
22

Adicionalmente, durante o período de novembro de 2017 a outubro de 2018, foram


realizadas visitas de campo para realização de entrevistas junto aos pescadores, na
área de desembarque, com intuito de levantar informações que faltavam nos
formulários da Secretaria de Aquicultura e Pesca do município, além de coletar
dados de embarcações que ainda não haviam sido registradas.

Os dados coletados (Anexo A) das embarcações foram: Comprimento, arqueação


bruta, propulsão, ano de fabricação e número de tripulantes. Para avaliar o
apetrecho de pesca mais dominante nas embarcações foi feita uma análise da
proporção de apetrechos de pesca utilizados nas embarcações cadastradas. Para
avaliar o caráter mono e multiespecífico das pescarias quanto ao número de
apetrechos de pesca utilizados, foram feitas análises comparando o número de
embarcações e apetrechos de pesca com a classificação das características das
embarcações. O número de apetrechos de pesca foi dado considerando a média e o
desvio padrão de cada categoria. Adicionalmente foi realizada uma análise
comparativa entre a proporção de embarcações em cada faixa de comprimento por
ano de fabricação.

Dessa forma, a caracterização das embarcações da frota pesqueira de Itaipava foi


feita através dos critérios indicados acima, utilizando software Microsoft Excel como
ferramenta de análise e construção de tabelas e gráficos.
23

4 RESULTADOS

A partir dos dados coletados foram registradas 331 embarcações. Dentre os


apetrechos de pesca, o espinhel teve a maior participação nas embarcações
pesqueiras de Itaipava, seguido da linha e da rede de espera (Figura 2).

Figura 2 Proporção de embarcações por apetrechos de pesca da frota pesqueira de Itaipava-ES.

Fonte: Autor

4.1 COMPRIMENTO

O comprimento das embarcações analisadas variou de 1,8 até 18,5 metros. Houve
uma incidência maior de embarcações com comprimento de 4 a 6 metros, 10 a 12
metros e 12 a 14 metros, representando respectivamente 22%, 19% e 27% do total
analisado. Dessa forma, com base nos dados coletados observa-se (Figura 3) que
as embarcações de 4 a 6 metros e de 10 a 14 metros representam a maior
frequência no comprimento das embarcações da frota de Itaipava.

Figura 3 Número de embarcações e apetrechos de pesca por comprimento da embarcação

Fonte: Autor
24

A média de petrechos por embarcações é de 2,5 nas embarcações de 4 a 6 metros,


1,9 nas embarcações de 10 a 12 metros e de 1,3 nas embarcações de 12 a 14
metros, porém, nas embarcações a partir de 14 metros as embarcações utilizam
apenas um petrecho, o espinhel.

Nas embarcações de 4 a 6 metros os petrechos mais frequentes são linha, tarrafa e


rede de espera (Tabela 1), como respectivamente 33%, 30% e 29%, do total,
representando assim 92% dos petrechos utilizados para embarcações deste
comprimento. Nas embarcações de 10 a 12 metros os petrechos predominantes são
espinhel, linha e cerco, representando respectivamente 44%, 29% e 14% do total
analisado, totalizando 87%. Já nas embarcações de 12 a 14 metros, os petrechos de
pesca predominantes foram espinhel, linha e cerco, com 67%, 16 % e 7%,
respectivamente, totalizando 90%. Dessa forma pode-se observar que quanto maior
a embarcação maior a predominância no uso do petrecho espinhel.

Entre os anos de 1960 a 1965, as embarcações eram 100% de 4 a 6 metros (Figura


4) e, no decorrer dos anos de fabricação, pode-se observar um aumento na
participação de embarcações de maior porte, onde percebe-se que nos anos de
2000 a 2005 as embarcações de 12 a 16 metros corresponderam a 82% de todas as
embarcações fabricadas.

Figura 4 Proporção de embarcações fabricadas por comprimento no decorrer dos anos.

Fonte: Autor
25

4.2 ARQUEAÇÃO BRUTA

As embarcações tiveram arqueação bruta variando de 0,2 até 43. A arqueação bruta
que mais foi registrada é de 0 a 5, com um total de 122 embarcações.

A média de apetrechos destas embarcações foi de 2,17. Existe uma tendência entre
quantidade de apetrechos e arqueação bruta com apenas um leve aumento no
número de apetrechos de pesca entre 25 a 30 AB, contudo, a partir de 30 a
quantidade passa a ser apenas 1 apetrecho de pesca, sendo este o espinhel.

Figura 5 Número de embarcações e apetrechos de pesca por arqueação bruta.

Fonte: Autor

Na (Tabela 2) pode se observar que as embarcações de 0 a 5, os apetrechos de


pesca predominantes foram linha, rede de espera e tarrafa, com aproximadamente
31%, 27 % e 26%, respectivamente, totalizando 84%.

Foi possível observar, a partir do aumento da arqueação bruta, que o apetrecho


espinhel se torna predominante na embarcação.

4.3 PROPULSÃO

As embarcações tiveram a propulsão classificadas em motorizado e não motorizado.


A propulsão das embarcações que foram mais registradas no estudo era motorizada,
com um total de 258 embarcações (78 %).

A média de apetrechos por embarcações foram de 1,5 para motorizado e 2,5 para
não motorizado (FIGURA 6). Foi possível observar que quando a embarcação é
motorizada, elas contem menos apetrechos de pesca comparados ao não
motorizado.
26

Figura 6 Número de embarcações e apetrechos de pesca por tipo de propulsão.

Fonte: Autor

Nas embarcações motorizadas, os apetrechos de pesca predominantes foram


espinhel, linha e cerco, com aproximadamente 50%, 22% e 7%, respectivamente,
totalizando 79% (Tabela 3). Nas embarcações não motorizadas, os apetrechos de
pesca predominantes foram linha, tarrafa e rede de espera, com aproximadamente
33%, 32% e 29%, respectivamente, totalizando 94%.

Foi possível observar que nas embarcações não motorizadas, não foram registradas
os apetrechos espinhel, vara e isca viva, arrasto e cerco.

4.4 NÚMEROS DE TRIPULANTES

As embarcações tiveram números de tripulantes variando de 1 até 15. Foram


analisadas três modas na frequência de embarcações por número de tripulantes
(Figura 7), sendo estas em 2 tripulantes, 6 tripulantes e 8 tripulantes. A média de
apetrechos por embarcações foram de, 2,4 e 2 e 1,4, respectivamente. Não foi
possível observar um padrão claro na relação entre quantidade de apetrechos e
número de tripulantes.
27

Figura 7 Número de embarcações e apetrechos de pesca por número de tripulantes.

Fonte: Autor

Na (Tabela 4) pode se observar que as embarcações com 2 tripulantes, os


apetrechos de pesca predominantes foram linha, rede de espera e tarrafa, com
aproximadamente 33%, 29% e 29%, respectivamente, totalizando 91%. Nas
embarcações com 6 tripulantes, os apetrechos de pesca predominantes foram
espinhel, linha e cerco, com aproximadamente 44%, 30% e 12%, respectivamente,
totalizando 86%. As embarcações com 8 tripulantes, os apetrechos de pesca
predominantes foram espinhel, linha e cerco, com aproximadamente 66%, 17 % e
8%, respectivamente, totalizando 91%.

Foi possível observar que, com número elevado de tripulantes, o apetrecho espinhel
vai se tornando predominante na embarcação.

4.5 ANO DE FABRICAÇÃO

As embarcações tiveram ano de fabricação variando de 1962 a 2015. Os períodos


de fabricação das embarcações que foram mais registradas no estudo foram entre
2000 a 2005, onde foi registrado 104 embarcações. A média de apetrechos por
embarcações foi de 1,3.

Não foi possível observar um padrão claro na relação entre quantidade de


apetrechos e ano de fabricação. Contudo, foi possível observar que durante o
período de 1995 a 2010, houve um número elevado das fabricações das
embarcações, totalizando aproximadamente 66% das embarcações registradas no
estudo.
28

Figura 8 Número de embarcações e apetrechos de pesca por ano de fabricação.

Fonte: Autor

Nas embarcações fabricadas entre 1995 a 2000, os apetrechos de pesca


predominantes foram espinhel, linha e rede de espera (Tabela 5), com
aproximadamente 32%, 27% e 15%, respectivamente, totalizando 74%. Nas
embarcações de 2000 a 2005, os apetrechos de pesca predominantes foram
espinhel, linha e rede de espera, com aproximadamente 47%, 21%,14% e 14%,
respectivamente, totalizando 96%. Nas embarcações de 2005 a 2010, os apetrechos
de pesca predominantes foram linha, tarrafa e rede de espera, com
aproximadamente 30%, 28% e 26% respectivamente, totalizando 84%.
29

Tabela 1 Dados quantitativos de apetrechos de pesca utilizados de acordo com o comprimento das embarcações de Itaipava-ES.

Vara Isca Rede


Comprimento Espinhel % Linha % % Arrasto % Armadilha % Cerco % Pargueira % % Tarrafa % Diversos %
Viva espera

0˫2 0 0,0 1 33,3 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 33,3 1 33,3 0 0,0

2˫4 0 0,0 7 43,8 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 3 18,8 5 31,3 1 6,3

4˫6 0 0,0 62 33,2 0 0,0 1 0,5 5 2,7 0 0,0 1 0,5 55 29,4 57 30,5 6 3,2

6˫8 6 13,6 10 22,7 0 0,0 7 15,9 2 4,5 0 0,0 1 2,3 11 25,0 3 6,8 4 9,1

8 ˫ 10 14 35,9 10 25,6 2 5,1 3 7,7 2 5,1 2 5,1 1 2,6 2 5,1 2 5,1 1 2,6

10 ˫ 12 55 44,4 36 29,0 9 7,3 0 0,0 0 0,0 17 13,7 1 0,8 5 4,0 1 0,8 0 0,0

12 ˫ 14 81 66,9 19 15,7 6 5,0 0 0,0 2 1,7 8 6,6 0 0,0 5 4,1 0 0,0 0 0,0

14 ˫ 16 34 85,0 4 10,0 1 2,5 0 0,0 0 0,0 1 2,5 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

16 ˫ 18 3 100,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

18 ˫ 20 1 100,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Fonte: Autor
30

Tabela 2 Dados quantitativos de apetrechos de pesca utilizados de acordo com o a arqueação bruta das embarcações de Itaipava-ES.
Vara
Rede
Arqueação Bruta Espinhel % Linha % Isca % Arrasto % Armadilha % Cerco % Pargueira % % Tarrafa % Diversos %
espera
Viva

0˫5 8 3,1 82 31,5 0 0,0 10 3,8 7 2,7 0 0,0 3 1,2 71 27,3 67 25,8 12 4,6

5 ˫ 10 36 44,4 21 25,9 7 8,6 1 1,2 2 2,5 9 11,1 0 0,0 4 4,9 1 1,2 0 0,0

10 ˫ 15 42 47,2 25 28,1 6 6,7 0 0,0 0 0,0 11 12,4 1 1,1 3 3,4 1 1,1 0 0,0

15 ˫ 20 43 59,7 15 20,8 3 4,2 0 0,0 2 2,8 5 6,9 0 0,0 4 5,6 0 0,0 0 0,0

20 ˫ 25 40 88,9 3 6,7 1 2,2 0 0,0 0 0,0 1 2,2 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

25 ˫ 30 14 66,7 4 19,0 1 4,8 0 0,0 0 0,0 2 9,5 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

30 ˫ 35 9 100,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

35 ˫ 40 1 100,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

40 ˫ 45 2 100,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Fonte: Autor

Tabela 3 Dados quantitativos de apetrechos de pesca utilizados de acordo com a propulsão das embarcações de Itaipava-ES.

Vara Isca Rede


Propulsão Espinhel % Linha % % Arrasto % Armadilha % Cerco % Pargueira % % Tarrafa % Diversos %
Viva espera

Motorizado 195 50,1 86 22,1 18 4,6 11 2,8 6 1,5 28 7,2 3 0,8 26 6,7 8 2,1 8 2,1

Não
0 0,0 64 33,5 0 0,0 0 0,0 5 2,6 0 0,0 1 0,5 56 29,3 61 31,9 4 2,1
motorizado

Fonte: Autor
31

Tabela 4 Dados quantitativos de apetrechos de pesca utilizados de acordo com o número de tripulantes das embarcações de Itaipava-ES.
N° de Vara Isca Rede
Espinhel % Linha % % Arrasto % Armadilha % Cerco % Pargueira % % Tarrafa % Diversos %
Tripulante Viva espera
1 0,0 0,0 12,0 34,3 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0 2,9 0,0 0,0 1,0 2,9 10,0 28,6 11,0 31,4 0,0 0,0

2 4,0 2,1 62,0 32,8 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 2,7 0,0 0,0 2,0 1,1 55,0 29,1 54,0 28,6 7,0 3,7

3 5,0 21,7 6,0 26,1 0,0 0,0 4,0 17,4 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0 4,4 4,0 17,4 1,0 4,4 2,0 8,7

4 14,0 37,8 6,0 16,2 1,0 2,7 6,0 16,2 2,0 5,4 1,0 2,7 0,0 0,0 3,0 8,1 1,0 2,7 3,0 8,1

5 6,0 46,2 4,0 30,8 0,0 0,0 1,0 7,7 0,0 0,0 1,0 7,7 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0 7,7 0,0 0,0

6 36,0 43,9 25,0 30,5 5,0 6,1 0,0 0,0 2,0 2,4 10,0 12,2 0,0 0,0 3,0 3,7 1,0 1,2 0,0 0,0

7 20,0 48,8 9,0 22,0 4,0 9,8 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 12,2 0,0 0,0 3,0 7,3 0,0 0,0 0,0 0,0

8 57,0 66,3 15,0 17,4 6,0 7,0 0,0 0,0 0,0 0,0 7,0 8,1 0,0 0,0 1,0 1,2 0,0 0,0 0,0 0,0

9 19,0 61,3 5,0 16,1 1,0 3,2 0,0 0,0 1,0 3,2 3,0 9,7 0,0 0,0 2,0 6,5 0,0 0,0 0,0 0,0

10 12,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

11 13,0 68,4 3,0 15,8 1,0 5,3 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0 5,3 0,0 0,0 1,0 5,3 0,0 0,0 0,0 0,0

12 2,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

13 1,0 50,0 1,0 50,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

14 3,0 75,0 1,0 25,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

15 2,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Fonte: Autor
32

Tabela 5 Dados quantitativos de apetrechos de pesca utilizados de acordo com o ano de fabricação das embarcações de Itaipava-ES.
Ano Vara Isca Rede
Espinhel % Linha % % Arrasto % Armadilha % Cerco % Pargueira % % Tarrafa % Diversos %
Fabricação Viva espera

1960 ˫ 1965 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 100,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

1965 ˫ 1970 1 33,3 1 33,3 0 0,0 0 0,0 1 33,3 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

1970 ˫ 1975 1 25,0 0 0,0 0 0,0 1 25,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 25,0 0 0,0 1 25,0

1975 ˫ 1980 5 35,7 4 28,6 1 7,1 1 7,1 0 0,0 1 7,1 0 0,0 1 7,1 0 0,0 1 7,1

1980 ˫ 1985 12 38,7 11 35,5 1 3,2 1 3,2 0 0,0 1 3,2 0 0,0 1 3,2 2 6,5 2 6,5

1985 ˫ 1990 21 30,0 19 27,1 6 8,6 2 2,9 2 2,9 8 11,4 0 0,0 6 8,6 2 2,9 4 5,7

1990 ˫ 1995 21 31,3 21 31,3 3 4,5 2 3,0 0 0,0 7 10,4 0 0,0 8 11,9 3 4,5 2 3,0

1995 ˫ 2000 30 31,9 25 26,6 4 4,3 2 2,1 2 2,1 5 5,3 2 2,1 14 14,9 9 9,6 1 1,1

2000 ˫ 2005 85 63,0 21 15,6 3 2,2 1 0,7 2 1,5 5 3,7 1 0,7 9 6,7 8 5,9 0 0,0

2005 ˫ 2010 17 11,8 43 29,9 0 0,0 0 0,0 4 2,8 1 0,7 1 0,7 37 25,7 41 28,5 0 0,0

2010 ˫ 2015 1 6,3 5 31,3 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 5 31,3 4 25,0 1 6,3

Fonte: Autor
33

5 DISCUSSÃO

As embarcações pesqueiras da frota de Itaipava, em geral, tem licença para mais de


um apetrecho de pesca. Esta estratégia é utilizada para contornar as restrições
impostas pelo ambiente e é também utilizada para capturar uma maior variedade de
pescado, em especial aqueles de maior valor comercial, aumentando a rentabilidade
da pescaria (BEGOT E VIANNA, 2014). Desta forma, a variedade de apetrechos de
pesca usados pelas embarcações de Itaipava representa uma característica
fundamental dentre as embarcações de pesca costeira do Brasil.

Dentre os apetrechos de pesca, o espinhel teve a maior participação nas


embarcações pesqueira de Itaipava, seguido da linha e da rede de espera. Esse
resultado foi semelhante aos dados dispostos por Brasil (2013), onde o espinhel teve
a maior participação na produção pesqueira em 2011 no Espirito Santo, seguido da
Rede de Arrasto e da Linha. Porém, observa-se que nas embarcações de Itaipava a
rede de espera tem maior frequência que rede de arrasto, possivelmente devido a
cultura local dos pescadores, visto que em alguns municípios do litoral sul capixaba,
a pesca com rede de arrasto vem sendo praticada (PINHEIROS e MARTINS, 2009).

Aproximadamente 60% da frota cadastrada foi menor ou igual a 12 metros,


podendo-se afirmar que a frota pesqueira de Itaipava é basicamente artesanal
considerando o comprimento como padrão de classificação. As embarcações de
Itaipava apresentam, de forma geral, comprimentos superiores (média= 10m) ao
reportado para as embarcações do Espírito Santo, que é de 7 a 9 metros (Guesse,
2016), indicando que a frota de Itaipava tem característica única no estado.

As embarcações com comprimento entre 4 e 6 metros (22% do total), que operam


com uma maior quantidade de apetrechos de pesca do que embarcações maiores,
praticam uma pesca costeira. Estas apresentam uma produção menor, e com foco
em espécies variadas a fim de garantir o abastecimento de peixarias ou o comércio
direto nas embarcações para a população local. Já nas embarcações maiores, entre
10 a 14 metros (46% do total), usam de 1 a 2 apetrechos. Nestes casos, os
apetrechos mais frequentes são espinhel, linha e cerco, devido ao direcionamento
dessas embarcações para pesca oceânica, com o uso do apetrecho ligado
diretamente a uma espécie alvo.
34

Ainda, é possível observar que nas embarcações com comprimento superior a 14


metros, o espinhel é o único petrecho em uso, sendo estas embarcações
direcionadas a pesca do atum, principal espécie alvo da frota de Itaipava. Sendo
assim, o caráter monoespecífico da determinação do apetrecho de pesca está ligado
à escolha da espécie alvo. Dessa forma pode-se observar que quanto maior a
embarcação, maior a predominância no uso do apetrecho espinhel. Dito isto,
podemos afirmar que o principal apetrecho de pesca utilizado pela frota é o espinhel.
Além disto, elevadas frequências de comprimentos de embarcações foram
observadas entre 10 e 14 metros. Considerando todas as embarcações, a frota de
Itaipava deve ser considerada como artesanal devido o comprimento médio ser
menor que 12 metros. Contudo, sua maior frequência foi de 12 a 14 metros, assim
como ressaltado por Guesse (2016; acima de 10 m), indicando que este tipo de frota
tem grande participação na economia pesqueira do Espírito Santo devido a sua
capacidade de carga e importância econômica do recurso capturado por estas
embarcações.

Considerando o tamanho das embarcações no decorrer do tempo, foi observado um


aumento no comprimento das embarcações fabricadas, registradas no período de
1990 a 1995, isto pode ter ocorrido devido à descoberta do atum que fez com que a
frota pesqueira neste período redirecionasse seu esforço de pesca em cima desta
espécie, introduzindo neste ano embarcações de comprimento maiores (REVIZEE,
2005).

No período de 2000 a 2005 foram registradas no porto de Itaipava, uma proporção


maior de embarcações de grande porte. Adicionalmente, nesses anos de fabricação,
as embarcações utilizaram em media 1,3 apetrechos, dentre eles destacam-se o
espinhel. Isto deve-se, provavelmente, a incentivos do governo aplicados durante
esse período, dentre eles o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar), que segundo informações da Secretaria Municipal de
Aquicultura e Pesca do Município de Itapemirim, promoveu a aquisição ou reforma
da frota pesqueira artesanal, estimulando a competitividade do setor, principalmente
com embarcações maiores destinadas a capturas de recursos economicamente
mais rentáveis.
35

A arqueação bruta mais frequente dentre as embarcações do Rio de Janeiro é de 0


até 20 (BEGOT e VIANNA, 2014). Dessa forma pode-se perceber semelhança com
as embarcações de Itaipava, onde, após análise dos dados coletados, constata-se
que aproximadamente 80% das embarcações tem AB de 0 a 20. Este dado reforça a
afirmação de que a frota pesqueira cadastrada em Itaipava é basicamente artesanal,
considerando através de arqueação bruta.

A média de apetrechos destas embarcações foi de 2,17, dentre eles destacam-se


linha, rede de espera e tarrafa. Como dito anteriormente, no caso de embarcações
de comprimento 4 a 6 metros, o mesmo se repete para embarcações com 0 a 5 AB,
elas praticam pesca costeira, geralmente com uma produção menor, e com foco em
espécies variadas a fim de garantir o abastecimento de peixarias ou o comércio
direto nas embarcações para a população local. Contudo, a partir de 30 AB, como
dito anteriormente em comprimento acima de 14 metros, o espinhel é o único
apetrecho em uso, sendo que nessas embarcações a pesca do atum, principal
espécie alvo da frota de Itaipava, é a principal responsável pela escolha do
apetrecho.

Conforme os dados dispostos pelo PROZEE (2005), a propulsão mais frequente


dentre as embarcações do Espírito Santo é motorizada, com cerca de
aproximadamente 74%. Dessa forma pode-se perceber grande semelhança com as
embarcações de Itaipava.

As embarcações não motorizadas, consideradas menores, utilizam cerca de 2,5


apetrechos e praticam pesca costeira. Apresentam uma produção menor, e com foco
em espécies variadas, logo a necessidade de apetrechos diversos. Este tipo de
pescaria visa garantir o abastecimento de peixarias ou comércio direto nas
embarcações para a população local.

Foi possível observar que nas embarcações não motorizadas, não foram registradas
os apetrechos espinhel, vara e isca viva, arrasto e cerco. Claramente devido esses
apetrechos dependerem de embarcações de grande porte e consequentemente
motorizadas.

Segundo dados dispostos pelo PROZEE (2005), o número de tripulantes mais


frequente dentre as embarcações do Espírito Santo é de 6 a 10 tripulantes. Dessa
36

forma pode-se perceber semelhança com as embarcações de Itaipava, onde, após


análise dos dados coletados, contata-se que maior frequência do número de
tripulantes está entre 6 e 8 tripulantes, contudo embarcações com 2 tripulantes
também foram frequentes.

O número de tripulantes está ligado diretamente com o comprimento das


embarcações, logo a característica mais costeira com números maiores de
apetrechos de pesca ou pescarias mais afastadas da costa e redução no número de
apetrechos se deve muito mais ao comprimento e AB do que propriamente ao
número de tripulantes.

Conforme os dados dispostos pelo Guesse (2016), os anos de fabricação mais


frequentes dentre as embarcações do Espírito Santo é 1999 a 2002. Dessa forma
pode-se perceber semelhança com as embarcações de Itaipava, após análise dos
dados coletados. Segundo o autor, a idade média da frota do Espírito Santo é de 10
anos e, considerando o espaço temporal até o presente trabalho, as embarcações
de Itaipava que tem em média 15 anos, não diferem muito deste padrão. Desta
forma, é possível que as mesmas linhas de financiamento que foram utilizadas para
a construção de embarcações em Itaipava, também foram utilizadas no Espírito
Santo.

O Espírito Santo é desprovido de estudos abrangentes que demostram como é a


sua frota pesqueira. Estes dados podem ser utilizados como orientação para auxiliar
trabalhos e pesquisas futuras no sentido de aprimorar as embarcações do Espírito
Santo para ganho de eficiência, utilização de espaços e redução custos. É
importante manter o cadastramento para o acompanhamento contínuo das
embarcações e dos apetrechos de pesca utilizados e, a ausência destes dados pode
dificultar a ação dos gestores no direcionamento de políticas públicas para o setor
pesqueiro.
37

6 CONCLUSÃO

A frota pesqueira de Itaipava é artesanal, considerando os dados de comprimento e


arqueação bruta, e possui grande diversidade qualitativa e quantitativa. O apetrecho
principal utilizado pela frota é o espinhel, tornando-se a frota linheira predominante.

Considerando os dados de comprimento, AB, propulsão e nº de tripulantes, é


possível observar que são embarcações de pesca oceânica e, em sua maioria, o
uso do apetrecho esta diretamente ligado à espécie alvo, que na região são de
espécies de relevante importância econômica, como atuns e afins. Dito isto, é
possível afirmar que a frota pesqueira avaliada tem grande participação na economia
pesqueira do Espírito Santo devido a sua relativamente alta capacidade de carga e
recurso pesqueiro alvo.
38

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APÊNCIDE A – FROTA PESQUEIRA DE ITAIPAVA-ES

Fonte: Autor
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ANEXO A – CADASTRO DAS EMBARCAÇÕES

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