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O Periscópio
Ano LXXI - Nº 71 - 2020
2 O Periscópio
CARTA DO EDITOR
ComForS
O Periscópio 1
EDITORIAL
CARTA DO EDITOR
2 O Periscópio
ComForS
Caro leitor,
O Periscópio 3
O Periscópio. – Ano 1, n.1 (1949) – . – Niterói, RJ : Comando da Força
de Submarinos, 1949- .
v. : il. ; 28 cm.
Anual.
ISSN 1806-5643
Editada pelo Centro de Instrução e Adestramento Almirante Áttila
Monteiro Aché.
CDD - 623.8257
4 O Periscópio
O Periscópio Nosso pessoal, nossa força.
SUMÁRIO
Ano LXXI - Nº 71 - 2020 ISSN 1806-5643
O PERISCÓPIO
Revista Anual da Força de Submarinos, editada pelo Centro de Instrução
e Adestramento Almirante Áttila Monteiro Aché (CIAMA)
Ilha de Mocanguê Grande, s/n – Niterói/RJ – CEP 20.040-300
adriana.carvalho@marinha.mil.br OPERATIVO
VERSÃO ELETRÔNICA Vapor e radiação: ponderações no emprego do controle de
https://www.marinha.mil.br/ciama/sites/files/upload/periscopio_2020.pdf avarias para a segurança do submarino nuclear brasileiro ..................... 06
As opiniões, os fatos e as fotografias/imagens descritos nos artigos são de Curso de coordenador de forças de resgate .......................................... 12
inteira responsabilidade de seus autores e podem não coincidir com a opinião Operações de resgate e salvamento da marinha turca, um
do Comando da Força de Submarinos.
enfoque na intervenção ........................................................................ 20
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA A atividade DAE no exercício de contramedidas de minagem da
Espanha – ESP MINEX 2019 ............................................................. 26
Nossa Capa: NSS Guillobel do dia da Incorporação à Marinha do Brasil e A esperança em meio às profundezas dos mares: o
Submarino Riachuelo durante teste na Base da Ilha da Madeira. desenvolvimento do escape e resgate submarino ................................... 38
ComForS
A importância da logística em apoio às operações especiais nas
O Periscópio atividades do GRUMEC ..................................................................... 46
Ano LXXI - Nº 71 - 2020
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Operações de O recebimento A variação da
resgate e salvamento de materiais do pressão ambiental na
da marinha turca PROSUB na França fisiologia humana
Pág. 20 Pág. 84 Pág. 96 1
O Periscópio
DIAGRAMAÇÃO PERISCOPADAS
Diagraf Comunicação
Atividades do Comando da Força de Submarinos 2020 .................... 144
IMPRESSÃO
Imprint 2001 Gráfica e Editora Ltda
“Artigos Diversos”, estão publicados artigos relevantes de forma regular, tem procurado ser um veículo de
para o debate profissional e acadêmico dentro das suas informação valioso para quem aqui navega.
OPERATIVO
respectivas áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com orgulho que convido você,
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
Oficiais (Turma1/2019), a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
VAPOR E RADIAÇÃO: PONDERAÇÕES NO EMPREGO
uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
DO CONTROLE DE AVARIAS PARA A SEGURANÇA DO
do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
SUBMARINO NUCLEAR BRASILEIRO
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
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ComForS
* Primário: circuito fechado de água pressurizada A Propulsão Naval deverá dispor dos principais
onde ocorre a geração do calor principal. Consti- Sistemas de Proteção:
tuído pelo vaso do reator contendo as varetas de 1. Sistema de Desligamento Rápido do Reator
combustível, onde ocorre a fissão dos átomos de (SCRAM). Sistema que insere rapidamente e
urânio, gerando calor e transferindo para o refri- de uma só vez todas as barras absorvedoras de
gerante; Bombas de Circulação Principal (BCP), nêutrons no núcleo, fazendo cessarem as fissões.
Pressurizador (PZ) e o Gerador de Vapor (GV), É usado em condições de operação normal e de
onde se realiza uma troca de calor entre as águas emergência.
deste circuito e a do circuito secundário que são 2. Sistema de Resfriamento de Emergência (SRE).
independentes entre si, produzindo o vapor prin- Possui basicamente duas funções: realizar a remo-
cipal para as turbinas. ção de calor de decaimento1 e reposição de água
2. Bloco 30: previsto para não ser estanque, abrigará o do reator nas duas condições de operação do rea-
Circuito secundário. tor. Deverá, ainda, possuir a condição de realizar o
* Circuito Secundário: é ciclo de conversão vapor / resfriamento no modo circulação natural. Assim, a
geração elétrica. Nesse ciclo, o vapor gerado no água do Primário que resfria o reator circula natu-
GV é utilizado para realizar trabalho nos Turbo- ralmente por diferença de densidade, sem a neces-
geradores, gerando energia elétrica para alimentar sidade da BCP.
o Motor Elétrico Principal (MEP) e Sistemas Au- 3. Sistema de Injeção de Boro (SIB). Sistema que provê
xiliares do Sb. O vapor, depois de mover a turbina, uma solução de ácido bórico para ser injetada dire-
passa pelo Condensador, que é refrigerado pela água tamente no refrigerante do reator com o objetivo
do mar através de um circuito independente. de realizar seu desligamento. Deverá ser utilizado
3. Bloco 20: comportará o MEP. Diferentemente do somente em caso de extrema necessidade; quando o
protótipo, o SN-BR não prevê possuir o Freio dina- SCRAM falhar.
mométrico. Este é usado no protótipo para simular
a resistência do mar, fornecendo torque ao Motor. 1 Calor proveniente da desintegração radioativa dos produtos de
(Figura 1). fissão presentes no combustível nuclear.
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4. Barreiras de Contenção: São sucessivas barreiras fí- será invisível a olho nu e capaz de causar queimaduras
sicas que servem de contenção segura da radioativi- extensas e profundas em uma pessoa que porventura
dade produzida na fissão nuclear. estiver no compartimento afetado. Semelhantemente,
Cabe ainda destacar que o reator está sendo proje- poderá acontecer se a tubulação por onde flui o refri-
tado para possuir uma importante e exigida segurança gerante do reator sofrer uma ruptura. Ainda que esteja
intrínseca do ponto de vista de operação e controle. no estado líquido, o fato de estar com sua temperatura
Essa autopreservação é dada por uma propriedade de- muito acima da sua saturação o transformará em vapor
nominada coeficiente de reatividade negativo, que, em superaquecido também. (Figura 3).
caso de um superaquecimento, diminui o número de
fissões, auxiliando no seu desligamento.
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Turma1/2019), a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
amento de Mergulhador
OPERATIVO de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
dos durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
ma de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
nto de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
ma de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
CURSO DE COORDENADOR DE FORÇAS DE RESGATE
o Programa Nuclear da Marinha, expectativas
tivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
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Capitão de Fragata Marcos Paulo Beal
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s áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com orgulho que convido você,
o Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
Turma1/2019), OPERATIVO
a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
amento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
dos durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
ma de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
nto de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
OPERAÇÕES DE RESGATE E SALVAMENTO DA
ma de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
MARINHA TURCA, UM ENFOQUE NA INTERVENÇÃO
o Programa Nuclear da Marinha, expectativas
tivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
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Capitão de Fragata Albino Manoel Borges Santos
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passagem de medicamentos para o submarino pelo uso voltados para esta valência, com vultosos dispositivos
de contêineres estanques (PODEX); apoio a náufragos para a passagem de ar de alta pressão (Figura 3),
na superfície com o emprego do Submarine Parachute capaz de suprir o DISSUB com ar comprimido até
Assistance Group – SPAG (SPAGEX); e resgate da 600m, pelo Remotely Operated Vehicle – ROV(Figura
tripulação de submarino sinistrado pelo Submarine 4); a 300 m, pelo Atmospheric Diving System – ADS
Rescue Chamber – SRC (RESCUEX). (Figura 5), este operado por poucas marinhas devido
ao elevado custo de manutenção; e a 90 m, com a
conexão realizada por mergulhador. Todos os navios
possuem um sistema de ar comprimido fixo, composto
por compressores de ar de alta pressão e umbilical com
dupla derivação que se conecta a tomadas distintas de
ar, in-let e out-let. Por ser a maior e mais complexa
plataforma de apoio às atividades de mergulho, o ROV
e o ADS ficam, rotineiramente, embarcados no TCG
ALEMDAR.
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Perry. Adicionalmente, outras limitações são: o seu Nota-se que, embora sejam meios modernos e com
acoplamento, que só será exequível se o submarino notória tecnologia embarcada, nenhuma das três pla-
estiver com uma inclinação máxima de dez graus, e taformas dispõe de câmaras hiperbáricas fixas capazes
sua incapacidade de alterar a pressão interna no sino, a de realizar a transferência dos resgatados sob pressão,
qual é mantida a 1atm. Transfer Under Pressure (TUP), usadas para tratamento
hiperbárico aos tripulantes, caso a pressão interna no
DISSUB seja superior a 1 atm.
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“Artigos Diversos”, estão publicados artigos relevantes de forma regular, tem procurado ser um veículo de
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OPERATIVO respectivas áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com orgulho que convido você,
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
Oficiais (Turma1/2019), a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
A ATIVIDADE DAE NO EXERCÍCIO DE
uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
CONTRAMEDIDAS DE MINAGEM DA ESPANHA – ESP
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
MINEX 2019
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
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1 INTRODUÇÃO
O ESP MINEX é um exercício anual de Mina-
gem e Contramedidas de Minagem (CMM) condu-
zido pela Espanha, no Mar Mediterrâneo, no entorno
das Ilhas Baleares, aberto aos países parceiros e, em
2019, a Marinha do Brasil (MB) foi convidada como
observadora. O Exercício é destinado a treinar as uni-
dades participantes e o Comando e Controle no pla-
nejamento e execução das contramedidas de minagem
em águas costeiras e entrada de portos, incluindo ope-
rações em águas rasas (SW – Shallow Waters) e águas
muito rasas (VSW – Very Shallow Waters), a fim de Figura 2: Área total do exercício.
permitir o Movimento Navio Terra (MNT), com pos-
síveis ameaças assimétrica média e convencional baixa. O principal objetivo do exercício é promover a
cooperação e o entendimento mútuo entre os países
participantes. Executar a detecção de minas, progre-
dir nas Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTP) de
utilização dos AUV (Autonomous Underwater Vehicle
– Veículo Submerso Autônomo), treinar os Grupos
de Desativação de Artefatos Explosivos (GDAE) em
operações de contramedidas de minagem no porto, em
águas rasas (SW) e em águas muito rasas (VSW).
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3 FATORES GERADORES
Fruto das ameaças do mundo atual, como o aten-
tado com artefatos explosivos ao destroyer USS Cole,
da Marinha dos Estados Unidos, em 12 de outubro de
2000, enquanto estava reabastecendo no porto de Áden,
no Iêmen, no qual 17 marinheiros morreram e cerca de
39 ficaram feridos, o GDAE do GRUMEC tem re-
cebido diversas demandas correlatas à busca de UIED
(Underwater Improvised Explosive Device – Dispositivos
Figura 5: Brasão DAE. Explosivos Improvisados Submersos) em portos, em
águas rasas (SW) e em águas muito rasas (VSW).
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Dentro do princípio da prontidão, podemos, além dos ensaios repetitivos como uma rotina, inserir o enten-
dimento mútuo com outros países através de intercâmbios, visando à eliminação de barreiras ao cumprimento da
missão, aprimorar a simplicidade do planejamento, aperfeiçoar as TTP e incrementar reações rápidas em face de
situações diversas.
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5 CINEMÁTICA DO INTERCÂMBIO
O exercício ESP MINEX-19 impressionou pelo caráter realístico e pela forma sinérgica com que conseguiu
empregar todos os Grupos-Tarefas (GT). Além do treinamento de colocação de minas usando diferentes tipos de
plataformas (aeronaves, navios e submarinos), os navios caça-minas se dividiam em quadrantes para realizarem as
buscas de possíveis minas ou artefatos improvisados.
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Em águas rasas e muito rasas imperou o uso dos AUV (Autonomous Underwater Vehicle – Veículo Submerso
Autônomo), ROV (Remotely Operated Vehicle – Veículo Operado Remotamente) e dos mergulhadores Desativa-
dores de Artefatos Explosivos (DAE). Dentro de todo esse contexto, tinham ainda os meios aéreos e submarinos
amigos e inimigos de cada GT; nesse ínterim, ocorriam também as ameaças assimétricas de nível médio, conven-
cional de nível baixo e ainda a simulação de acidentes de mergulho para a operação das câmaras hiperbáricas com
os médicos e enfermeiros hiperbáricos.
Para o planejamento da desativação com mergulhadores DAE, levaram-se em consideração fatores como: local/
área, condições ambientais, profundidade do mergulho, tempo para execução, tipo de artefato mais e menos prová-
vel, e, dependendo do grau de necessidade da desativação (urgente ou de reconhecimento dos mecanismos de um
artefato inimigo), elaboravam-se pelo menos duas alternativas de desativação; com os dados iniciais do dispositivo,
determinavam-se também as distâncias mínimas de segurança e a zona de exclusão e as contingências para cada
tipo de desativação.
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O método de desativação por baixa ordem (quando apenas parte do explosivo detona no momento da reação
química, fragmentando-se o restante) só é realizado quando efetivamente não existe a possibilidade de afastar o
artefato de áreas habitadas, de cabos submarinos, de oleodutos ou de portos, ainda assim, antes de executarem a
desativação, isolam totalmente a área, cortam os cabos submarinos, bloqueiam os oleodutos, paralisam a plataforma
e cobrem a mina com mantas ou cases (tipos de caixas) especiais para o amortecimento da onda de choque.
É notório que, com o avanço da tecnologia, com o aumento da inteligência artificial e das suas capacidades de
carregamento, os AUV e os ROV diminuíram em muito a exposição dos mergulhadores DAE aos riscos da ativi-
dade de desativação e à fadiga física durante as buscas submersas.
Contudo, observou-se também, principalmente em águas muito rasas, onde as condições do mar, características
específicas do oceano na área de busca, tipo de fundo, espécies de algas, cor da água, entre outros, reduzem bastante
a capacidade desses equipamentos, ocasionando uma avaliação menos precisa pelo operador.
Dessa forma, dependendo de cada situação, o envio do mergulhador DAE, até o local onde se encontra o arte-
fato, para que se possa realizar uma identificação positiva do dispositivo, ainda se faz necessário.
Ou seja, o uso mais frequente dos mergulhadores era no reconhecimento a curta distância, a fim de obter
dados que auxiliassem na identificação positiva do artefato encontrado. Essa identificação positiva era alcançada
utilizando-se os dados obtidos no reconhecimento aproximado e comparando-os com os já existentes nos bancos
de dados utilizados pelos países.
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6 CONCLUSÃO
Após o período de observação do ESP MINEX-19, verificou-se que os nossos métodos utilizados para o pla-
nejamento e execução da desativação de artefatos explosivos são muito semelhantes. Contudo, notou-se também
a brevidade com que precisamos abranger a prontidão, provendo os meios utilizados atualmente para as operações
de contramedidas de minagem. Por exemplo, a aquisição de navios modernos com cascos de fibra de vidro, com
equipamentos inteligentes de detecção e manuseio de artefatos explosivos e com câmaras hiperbáricas.
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Vale ressaltar ainda que, além dos navios modernos, AUV e ROV utilizados pela grande maioria dos países,
outros equipamentos, tais como sonares portáteis, transponders, pingers e detectores anfíbios (equipamentos estes
que auxiliam os mergulhadores DAE na detecção dos artefatos submersos de forma portátil), Lift Bags para sus-
pender e afastar artefatos de grandes dimensões e, por fim, explosores RFI (Remote Firing Initiator – Iniciador de
fogo a distância) resistentes à água que permitem o acionamento dos dispositivos de desativação a distância e em
segurança são essenciais para a manutenção da atividade DAE no estado da arte e em condições de operar ombro
a ombro com os países parceiros.
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bate profissional e acadêmico dentro das suas informação valioso para quem aqui navega.
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amento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
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dos durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
A ESPERANÇA EM MEIO ÀS PROFUNDEZAS DOS MARES:
ma de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
O DESENVOLVIMENTO DO ESCAPE E RESGATE
nto de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
ma de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
SUBMARINO
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tivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
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Capitão-Tenente Thiago Delorenzi dos Santos
Figura 1: Hall-reess-Davi.
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Figura 9: Sistema de Resgate Submarino da OTAN Figuras 11: Atmospheric Diving Suit (ADS), veículo de
(NSRS) operação remota (VOR).
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OPERATIVO
Figura 13: Sino de Resgate (SRS). USNUM Curator submarine Rescue Chamber. Uni-
ted State Naval, Under Sea Museum, 23 set. 2016.
Disponível em: <https://www.navalunderseamuseum.
org/src/>. Acesso em: 21 abr. 2020.
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uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA EM APOIO ÀS
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
OPERAÇÕES ESPECIAIS NAS ATIVIDADES DO GRUMEC
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Capitão de Corveta Felipe Fonseca Mesquita Spranger
2 A LOGÍSTICA MILITAR
Figura 1: A logística na Segunda Guerra Mundial. Logística Militar é o conjunto de atividades rela-
tivas à previsão e à provisão dos recursos e dos ser-
viços necessários à execução das missões das Forças
Armadas, de acordo com a Doutrina de Logística
1 Antoine-Henri Jomini, Barão Jomini, foi o principal teórico mili-
Militar do Ministério da Defesa. Cabe a ela prover
tar da primeira metade do século XIX, tendo participado das cam- às forças em operação todos os serviços de que es-
panhas napoleônicas. Escreveu Sumário da arte da guerra em 1836, tas necessitem para se manterem em ação contínua e
em que dividiu a arte da guerra em seis partes: a política da guerra,
estratégia, grande tática, logística, engenharia e tática de detalhes. sempre operacionais.
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Pela sua destacada e importante atuação na solução so, a permanência e a saída de Equipes de Operações
de complexos problemas de apoio às forças militares, a Especiais (EqOpEsp) de território hostil, sustentar a
Logística adquiriu posição de destaque no quadro das capacidade de duração das ações, ampliando a sobrevi-
operações, passando a ser considerada como um dos vência dessas equipes em ambientes hostis e permitir
fundamentos da arte da guerra. a restauração da eficiência e do poder combatente dos
operadores, após a execução de uma determinada ação.
3 LOGÍSTICA NO CAMPO DAS OPERAÇÕES Este apoio pode ser prestado por tropas conven-
ESPECIAIS (OPESP) cionais e/ou de OpEsp organizadas para este fim. É
De acordo com a Doutrina Militar Naval, as realizado de maneira flexível, devendo se adequar às
OpEsp são aquelas realizadas por pessoal adequado, exigências e peculiaridades de cada operação/missão.
rigorosamente selecionado e intensivamente adestra- Não deve ser baseado em estruturas excessivamente
do, empregando métodos, táticas, técnicas, procedi- rígidas e precisa se adaptar à natureza das OpEsp.
mentos e equipamentos não convencionais, visando à
consecução de objetivos dos níveis político, estratégico,
operacional e tático. Normalmente, são operações de
duração limitada, em função do reduzido efetivo em-
pregado e da dificuldade de ressuprimento. Podem ser
conduzidas tanto em tempo de paz como em períodos
de crise ou conflito armado; em situações de norma-
lidade ou não normalidade institucional; de forma os-
tensiva, sigilosa ou coberta; em áreas negadas, hostis
ou politicamente sensíveis; independentemente ou
em coordenação com operações realizadas por forças
convencionais; em proveito de comandos de nível es-
tratégico, operacional ou tático. O sigilo, a rapidez, a
surpresa e a agressividade das ações são as caracterís-
ticas essenciais para o sucesso desse tipo de operação.
Diante disso, e levando em consideração o vasto te-
atro de operações em que podem ser empregados os
elementos de operações especiais (ElmOpEsp), faz-se
necessário e indispensável um apoio logístico eficiente,
para que estes possam pensar e dedicar-se inteiramen- Figura 2: Infiltração por fast rope.
te ao combate frente ao inimigo. Devido à relevância
no combate e em diversos adestramentos e missões ao No tocante ao preparo e ao pronto emprego, o
longo do ano e de que as equipes operativas partici- Apoio ao Combate e o Apoio de Serviços de Com-
pam, o GRUMEC viu a necessidade de se aperfeiçoar bate, representados pelo Departamento de Logística,
organizacionalmente no que tange à logística. Desta contribuem para a manutenção das equipes operati-
forma foi criado um Departamento de Logística vol- vas constantemente aptas para serem empregadas nos
tado para o Apoio ao Combate e Apoio de Serviços diferentes ambientes operacionais do território nacio-
de Combate, cuja missão é prestar apoio logístico às nal e no exterior. Essa contribuição é prestada através:
equipes operativas, prestar-lhes apoio de Comando e do transporte terrestre de pessoal e material, empre-
Controle e apoiar a infiltração e a exfiltração. gados nos inúmeros adestramentos anuais, mediante
O apoio às OpEsp compreende uma sé- o auxílio às instruções de técnicas de mergulho e de
rie de atividades que são desenvolvidas em prol dos infiltração subaquática; do auxílio em adestramentos
ElmOpEsp, com o propósito de aumentar o poder de salto livre e salto semiautomático; da dobragem e
combatente das unidades de OpEsp, auxiliar o ingres- da preparação dos paraquedas para o lançamento de
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OPERATIVO
4 PERSPECTIVAS DE FUTURO
Visando incrementar e melhorar cada vez mais o
apoio logístico às EqOpEsp, atualmente o GRUMEC
estuda a viabilidade de lançar a Lancha Hurricane de
paraquedas sobre o mar, a partir da aeronave Embraer
Figura 3: Escalada de um Contato de Interesse. KC-3903, que terminou sua fase de certificação recen-
temente. A Embraer já tem contrato com a Força Aé-
Este apoio e o aparato logístico se mostraram rea Brasileira (FAB) para fornecer 28 aviões KC-390
eficientes e vêm sendo aperfeiçoados ao longo dos nos próximos anos.
anos, a exemplo do ocorrido nos eventos: Operação Em missões de apoio às ações do Grupo Espe-
de Segurança (OpSeg) dos Jogos Mundiais Militares cial de Retomada e Resgate (GERR-MEC) ao lon-
(2011), OpSeg da Conferência das Nações Unidas go da costa brasileira, nos cumprimentos de tarefas
sobre Desenvolvimento Sustentável (RIO+20), em de retomada de navios e plataformas de petróleo, o
2012, OpSeg da Jornada Mundial da Juventude (vi- GRUMEC conta com o apoio de submarinos, navios
sita do Papa Francisco ao Brasil), em 2013, OpSeg de superfície e helicópteros para realizar o seu des-
da Copa das Confederações, em 2013, OpSeg da locamento, todavia, esses meios não permitem uma
Copa do Mundo FIFA-BRASIL, em 2014, OpSeg chegada tão rápida ao local, principalmente quando o
dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio/2016, entre objetivo está localizado distante de terra e por vezes a
outros. O apoio do Departamento de Administração, dezenas de milhas da costa dentro das águas jurisdi-
atual Departamento de Logística do GRUMEC, cionais brasileiras e da capacidade de autonomia das
contribuiu sobremaneira no cumprimento e sucesso aeronaves navais, quando decolando de terra. Por isso,
das tarefas realizadas pelas EqOpEsp, permitindo o emprego de outros meios, coordenando ações com
ainda manter o elevado prestígio da Marinha junto à outras Forças, faz-se necessário, diminuindo, assim, o
sociedade. tempo de reação a uma eventual ameaça.
2 Dobragem, Manutenção de Paraquedas e Suprimento pelo Ar. 3 O Embraer KC-390 é uma aeronave para transporte tático/logísti-
Equipes de especialistas que são aptos para realizar a dobragem de co e reabastecimento em voo desenvolvido e fabricado pela Embraer
todos os tipos de paraquedas, executar a manutenção de materiais Defesa e Segurança. A aeronave estabelece um novo padrão para o
aeroterrestres e realizar o lançamento de suprimentos de aeronaves transporte militar médio, visando atender os requisitos operacionais
militares. da FAB, em substituição ao C-130 Hércules.
48 O Periscópio
ComForS
5 CONCLUSÃO REFERÊNCIAS
Por todos esses aspectos, a logística tem um pa- BRASIL. Marinha do Brasil. DOUTRINA DE
pel fundamental nas tarefas desenvolvidas pelo GRU- LOGÍSTICA MILITAR - MD42-M-02.
MEC e, desta maneira, é imprescindível que todos os
envolvidos de maneira direta e indireta, assim como o _______. Marinha do Brasil. EMA 305 – DOUTRI-
administrador logístico, seja em qualquer nível em que NA MILITAR NAVAL (DMN).
atuar, procurem se antecipar às necessidades que pode-
rão surgir, de forma que as equipes operativas possam CREVELD, Martin van. Supplying War: Logistics
guarnecer em um tempo mínimo quando acionadas e from Wallentstein to Patton. Cambridge: Cambridge
sejam capazes de cumprir suas missões. Universitypress, 2004, p. 96-127.
http://operacoesmilitaresguia.blogspot.com.
br/2012/09/logistica-militar
Figura 5: Destacamento de Abordagem.
O Periscópio 49
“Artigos Diversos”, estão publicados artigos relevantes de forma regular, tem procurado ser um veículo de
para o debate profissional e acadêmico dentro das suas informação valioso para quem aqui navega.
OPERATIVO respectivas áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com orgulho que convido você,
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
Oficiais (Turma1/2019), a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
A EVOLUÇÃO DA ARTE OPERACIONAL DO GRUMEC
uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
A PARTIR DE VARIÁVEIS AMBIENTAIS: DESAFIOS E
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
OPORTUNIDADES
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
Periscópio 3
50 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 51
OPERATIVO
- Precipitação
O ambiente ribeirinho é altamente dinâmico devi-
do à precipitação em uma grande área geográfica, sen-
do o escoamento concentrado em um canal relativa-
mente estreito. As chuvas que ocorrem bem no interior Figura 1: Veículos não tripulados.
podem ter efeitos importantes na bacia hidrográfica a
jusante, como inundações e correntes mais intensas Os elementos do GRUMEC poderiam fazer rele-
que as previstas em um curto período de tempo, que vantes observações ambientais em escalas espaciais e
podem colocar em risco a missão ou a própria vida da temporais adequadas para parametrizar as condições
equipe. Costumam aumentar a fadiga e o desconforto de contorno e iniciais para modelos de alta resolução
do combatente. Em estuários, podem afetar a visibili- com poucos equipamentos meteoceanográficos que
52 O Periscópio
ComForS
4 O USO DE MODELOS
Uma visão dinâmica dos fenômenos existentes
nesses complexos corpos d’águas naturais pode ser Figura 3: Exemplo de comparação entre os resultados
derivados de modelos numéricos e medição de campo.
obtida, de uma forma simplificada, por meio de mo- Apresenta-se uma correlação aceitável para dados de elevação
delos numéricos. Havendo uma correlação entre os do nível do mar. Neste caso foi utilizado um marégrafo para
resultados obtidos por essas simulações e as medi- medição do nível do mar e o Software SisBaHiA desenvolvido
na COPPE/UFRJ como modelo. (GURGEL, 2016).
ções de campo, valida-se o mesmo que já pode ser
empregado, em determinada região de interesse, na
Essas tecnologias estão disponíveis nas universida-
previsão dos processos dinâmicos do mar e de rios
des, instituições de pesquisa e no mercado. Podemos
(Figuras 2 e 3).
citar modelos hidrodinâmicos capazes de descrever
apropriadamente a circulação hidrodinâmica forne-
cendo dados de correntes. Os modelos digitais do ter-
reno, que devem estar aptos a importar mapas e linhas
de contorno de terra e de água, gerar e editar malhas
de discretização (ROSMAM, 2020).
Os modelos de geração de ondas permitem cal-
cular, ao longo do tempo, parâmetros como: alturas
significativas e médias quadráticas, períodos de pico,
velocidades orbitais, entre outros. Os modelos de pro-
pagação de ondas explicitam os efeitos de refração, di-
fração, dissipação e arrebentação (idem).
Os modelos já são utilizados em outras Marinhas
Figura 2: Exemplo de comparação entre os resultados para variados tipos de operações. A Marinha dos EUA
derivados de modelos numéricos e medição de campo. utiliza o modelos do Naval Meteorology and Oceanography
Apresenta-se uma correlação aceitável dos valores de Command 7 (METOC), conforme apresentado na Figura
corrente. Neste caso foi utilizado um Acoustic Doppler
Current Profiler (ADCP) para medição das correntes e o 4, a Marinha Nacional Francesa emprega o Système Dé-
Software SisBaHiA desenvolvido na COPPE/UFRJ como ployable d’Hydrographique Militaire (SDHM)8 – Figura 5,
modelo. (GURGEL, 2016). e as Forças de Defesa da Nova Zelândia optaram pelo
SurfZoneView (Figura 6). Modelo este também adotado
O suporte meteorológico/oceanográfico deve ser pelo Ministério da Defesa do Reino Unido9.
dado por especialistas em um local com ferramentas
computacionais (softwares) e sistemas de comuni- 7 “Comando Naval de Meteorologia e Oceanografia.”
cação capazes de receber dados e produzir conheci- 8 “Sistema de Implementação de Hidrografia Militar.”
mentos de interesse para as OpEsp em curto espaço 9 Disponível em: <https://www.metocean.co.nz/news/2018/2/28/
de tempo. uk-ministry-of-defence-adopts-surfzoneview>. Acesso em: 6 de
mai. 2020.
O Periscópio 53
OPERATIVO
54 O Periscópio
ComForS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Defesa. Doutrina de opera-
ções conjuntas. (MD30-M-01) – 1° Volume. 2011.
O Periscópio 55
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
Oficiais (Turma1/2019), a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
OPERATIVO
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
A FORÇA OCEÂNICA ESTRATÉGICA (FOST) FRANCESA
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
Periscópio 3
Capitão-Tenente Rômulo dos Santos da Costa
A dissuasão constitui a garantia máxima contra qual- Le Triomphant, Le Téméraire e Le Vigilant, enco-
quer ataque aos interesses vitais, independentemente da mendados respectivamente em 1997, 1999 e 2004,
sua origem ou forma. A presença permanente de um possuem equipamentos de última geração e melhor
SNLE-Submarinos Nucleares Balísticos Franceses em desempenho furtivo acústico. No mar, o SSBN é uma
patrulha, ou dois, se necessário, garante sempre a possibi- base estratégica totalmente autônoma, não rastreável
lidade de executar um ataque nuclear que seria ordenado em toda a sua patrulha. Indetectáveis, inicialmente
pelo Presidente da República a qualquer momento. equipados com 16 mísseis M45, cada um carregando
Para manter a disponibilidade, são tripulados por várias ogivas nucleares, a patrulha dos 4 SNLE con-
duas equipes identificadas por cores: azul e vermelho, siste em revezar-se para garantir a permanência no
compreendendo 110 marinheiros cada. Enquanto os mar e contribuir para a dissuasão nuclear. Agrupados
SSBNs alternam os períodos de patrulha e manuten- dentro da Força Oceânica Estratégica (FOST), que é
ção, suas equipes sucessivas seguem um ciclo de pe- composta por cerca de 2.850 funcionários e é um dos
ríodos de treinamento em simuladores, manutenção componentes das forças nucleares estratégicas (SAN)
do navio, patrulha de nove a dez semanas e algumas francesas, que detêm a maioria dos armamentos nucle-
semanas de licença em terra. ares daquele país. O Le Terrible, último navio da clas-
Quatro SSBNs operam a partir da base “Ile se que foi comissionado em 2010, foi equipado com
Longue”, localizada em uma península a oeste da cos- a capacidade de 16 mísseis estratégicos M51 desde
ta francesa: um SSBN L’Inflexible da classe M4 e três sua construção. Os outros três SSBNs originalmente
SSBNs de nova gera-ção: Le Triomphant, Le Téméraire implantaram mísseis M45 e foram atualizados para o
e Le Vigilant. novo míssil M51 pela DCNS (agora Naval Group).
56 O Periscópio
ComForS
Dados técnicos:
• Comprimento: 138 metros.
• Largura: 12,5 metros.
• Peso: 14.200 toneladas.
• Imersão máxima: 300 metros.
• Motorização: 1 reator nuclear, 1 unidade redutora de
turbo de 30,5 MW.
• Tripulação: 2 tripulações de 110 marinheiros (16
oficiais e 94 praças).
• Armamento estratégico: 16 mísseis estratégicos
M45/M51.
• Equipamento de autodefesa: tubos de torpedo de 4 x Figura 2.3: Brasão Le Vigilant.
533 mm para torpedos F17 e para mísseis antinavio
SM-39 EXOCET.
• Equipamento: 1 radar, 1 sonar multifuncional, 1 sonar
rebocado de baixa frequência, 1 sistema de transmissão
por satélite, 1 sistema de combate SET ou SYCOBS.
O Periscópio 57
OPERATIVO
58 O Periscópio
ComForS
REFERÊNCIAS
MINISTÈRE des Armées. Disponível em: <https://
www.defense.gouv.fr/marine/equipements/sous-ma-
rins/sous-marins-nucleaires-lanceurs-d-engins/les-
-sous-marins-nucleaires-lanceurs-d-engins/>. Acesso
em 22 jul. 2020.
O Periscópio 59
para o debate profissional e acadêmico dentro das suas informação valioso para quem aqui navega.
respectivas áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com orgulho que convido você,
OPERATIVO
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
Oficiais (Turma1/2019), a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
CURSO DE COMANDANTES DE SUBMARINOS NA
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
MARINHA DA FRANÇA (COURCO-2019)
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
Periscópio 3
60 O Periscópio
ComForS
Arquivo pessoal
ciais (COFISMA); Curso de Oficial de Águas (Cours
Maître de Central); e Curso Superior de Submarinos
para Oficiais. Além dos referidos cursos, embarquei
em Submarinos Nucleares de Ataque (SNA), com o
objetivo de qualificar os sistemas e serviços de bordo,
totalizando um pouco mais de 1.300 horas de imersão.
Ao final do intercâmbio estava qualificado para o ser-
viço de Oficial de Águas e de Oficial de Periscópio em
SNA da classe Rubis.
Ter a oportunidade de qualificar um submarino
de propulsão nuclear foi uma experiência única, prin-
cipalmente por se tratar de uma arma complexa e de
grande valor militar.
O Periscópio 61
OPERATIVO
3 ESTAGIÁRIOS
Marine Nationale
A gestão do pessoal da força de submarinos fran-
cesa acompanha o desempenho operativo de cada
oficial submarinista desde o início de sua carreira a
bordo. Este acompanhamento é realizado pela Divi-
são de Treinamento da ESNA. O oficial encarregado
do treinamento tem um dossiê que contém todas as
avaliações de cada oficial desde o início de sua carrei-
ra como submarinista. Quando a força de submarinos
indica um oficial para fazer o curso de comandantes,
já tem uma boa noção de que o referido candidato a
comando tem o nível mínimo de conhecimento e de
capacidade de condução do submarino exigido para Figura 3: Estagiários e Teacher do COURCO 2019.
ser comandante. O curso é a avaliação final, em que
o candidato será submetido ao estresse e ao cansaço, 4 PREPARAÇÃO
num ambiente de operações complexas, e deverá to- Após a confirmação da participação no curso, que
mar decisões coerentes, analisando os riscos, ouvindo ocorreu no mês de março de 2019, iniciei uma pre-
sua tripulação e não comprometendo a segurança do paração ainda no Brasil. Para tal, realizei treinamen-
submarino, sem perder a agressividade necessária ao tos nos simuladores táticos dos SB-R no Centro de
comandante de um submarino. Instrução e Adestramento Almirante Áttila Monteiro
Um dos pré-requisitos obrigatórios para um ofi- Aché (CIAMA) em Itaguaí-RJ. O sistema de comba-
cial comandar um SNA é ter sido comandante de te e disposição dos equipamentos no compartimento
um navio de superfície de 3a ou 4a classe. A MNF do comando do SB-R se assemelha aos encontrados
considera essencial a experiência de um comando no nos SNA da classe Rubis. Para me auxiliar com a fra-
mar antes de comandar um submarino. Além deste seologia e procedimentos da doutrina francesa, contei
requisito, há todo um percurso mínimo a bordo de com a inestimável ajuda do Premier Maître Sébastien
submarinos para que o oficial chegue ao comando Bugli, experiente submarinista francês que serviu na
de um submarino. Normalmente, após comandar um Marinha do Brasil durante 4 anos, e do Encarregado
SNA, o oficial será imediato e depois comandante de do Grupo de Recebimento do Submarino Riachuelo,
um SNLE (Submarino Lançador de Mísseis Balís- CF Vale, e seus oficiais (Figura 4).
ticos), e esses submarinos ficam baseados em Brest,
norte da França.
Arquivo Pessoal
Os estagiários do COURCO têm geralmente ida-
des que variam de 35 a 38 anos e, logo após o curso, os
oficiais aprovados assumem o comando de um SNA.
No curso de 2019 havia cinco estagiários franceses e
um brasileiro (Figura 3). Além de brasileiros, há his-
tórico de estagiários espanhóis que participaram do
curso de comandantes da Marinha da França em anos
anteriores.
62 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 63
OPERATIVO
A fase de terra do COURCO 2019 ocorreu no pe- • Segurança do submarino na cota periscópica (CP)
ríodo de 6 a 17 de maio, nas dependências da École e a relação de compromisso entre a discrição obti-
de Navigation Sous-Marine et des Bâtiments à Porpul- da com a exposição intermitente do periscópio e a
sion Nucléaire (ENSM-BPN), também localizada em segurança do submarino em relação aos contatos de
Toulon, onde se encontram os simuladores táticos e superfície. Foram analisados dois casos de colisões
de navegação. A título de curiosidade, a ENSM tam- entre submarinos e mercantes na CP: SNA Rubis e
bém abriga os simuladores do controle da propulsão NM Lyra e HMS Ambush e um mercante nas proxi-
e o treinador de imersão, onde realizei os cursos de midades de Gibraltar.
formação em 2012 e 2013. Anexo ao prédio da ENSM • A ameaça crescente do submarino convencional.
foi construída uma nova edificação para abrigar os si- Nesta apresentação, que foi realizada por mim, tra-
muladores da nova classe de submarinos de ataque da tou-se da expansão dos submarinos convencionais
MNF. Esta fase do curso contemplou sessões nos si- pelo mundo, principalmente na Ásia e no Mediter-
muladores e palestras sobre diversos temas relaciona- râneo e das evoluções destes tipos de submarinos.
dos aos submarinos. Algumas palestras são proferidas • Segurança nas operações em águas rasas. Apresenta-
pelos próprios alunos e outras pelo oficial de treina- ção exclusiva para os oficiais franceses.
mento encarregado do curso (Entraineur 1 – ENT1). • Dissuasão na Força de Submarinos. Apresentação
Os exercícios realizados foram: CASEX A5 (ata- exclusiva para os oficiais franceses.
que à Força Naval na Cota Periscópica); CASEX A6 • Operações antissubmarino. Apresentação exclusiva
(ataque à Força Naval); Retorno à Cota Periscópica para os oficiais franceses.
em condições de saturação de contatos de forma ex-
pedita, utilizando apenas o SONAR; e CASEX S7 6.2 Fase de Operações Antissubmarinos
(detecção, manobra anticolisão e ataque a submarinos). Finda a fase de terra, iniciou-se a fase de operações
Nos simuladores eram utilizados, como figurati- antissubmarino (A/S) do curso, com duração de 1 se-
vos inimigos (FIGIN), navios da Marinha Nacional mana de mar, entre os dias 19 e 24 de maio. Esta parte
da França, da Marinha do Reino Unido e da Marinha do curso foi particularmente desafiadora, ao menos
dos Estados Unidos da América. Com relação aos sub- para mim, pois foi onde encontrei mais diferenças en-
marinos, foi utilizado um submarino com caracterís- tre os procedimentos da MB e da MNF. Apesar de ter
ticas similares à classe Rubis, porém com frequências participado de diversos exercícios SUB X SUB, seria a
conspícuas diferentes das reais. Os simuladores são primeira vez que teria de, a partir de um submarino a
bem fiéis no que diz respeito ao processamento das propulsão nuclear, detectar e seguir outro submarino,
informações acústicas e de guerra eletrônica, gerando também de propulsão nuclear, por uma semana contí-
um cenário muito próximo à realidade, no que tange nua, ainda mais com o apoio de meios aéreos A/S. De
às distâncias de detecção e contra detecção, níveis de uma forma geral, a cinemática do exercício era seguir
perigo e emprego do armamento. Com relação a este um submarino inimigo que deixaria seu porto-base e
último item, o submarino contava com uma dotação, faria operações em nossas águas. Conforme os even-
definida pelo oficial aluno, de torpedos F17 e mísseis tos iam se desenrolando, regras de engajamento eram
submarino/superfície Exocet SM39. acionadas até a autorização para atacar o alvo “inimi-
Seguindo o retorno de experiências, dentro da filo- go”. Além disso, era necessário reportar os dados de
sofia da gestão de conhecimentos, foram proferidas pa- inteligência operacional obtidos para o comando em
lestras sobre acidentes e outros assuntos relacionados a terra, a fim de manter o quadro tático atualizado.
submarinos. Os seguintes temas foram abordados: Os meios envolvidos nesta fase foram o SNA Perle
• Manobra do SNA no porto e navegação na superfície, (Figura 5), onde estavam embarcados os oficiais alunos
quando foram abordados aspectos e especificidades de e o oficial de treinamento, um avião de patrulha A/S
manobra dos submarinos da classe Rubis, sobretudo tipo Atlantique 2 Standard 6 (Figura 6), um helicóptero
quando estão transportando a antena do sonar reboca- A/S NH-90 (Figura 7), sendo as duas aeronaves da for-
do, que pode chegar a até 1.500 jardas de comprimento. ça amiga e controladas pelo SNA Perle. O SNA Saphir
64 O Periscópio
ComForS
participou como FIGIN, ou seja, o alvo que deveria ser tida através de separação por camadas verticais de
seguido. A área de exercícios era compreendida entre a imersão dos meios;
costa sul da França e a costa da Ilha da Córsega. c) CASEX S28: Acompanhamento do submarino ini-
migo enquanto ele está na superfície, nos períodos
Marine Nationale
noturno e diurno. O SNA Perle permanecia na cota
periscópica para detectar o SNA inimigo saindo da
base e cumprindo os procedimentos de imersão ou
vindo à superfície e entrando no porto.
O Periscópio 65
OPERATIVO
Marine Nationale
Marine Nationale
Figura 11: VN Rebel (HVU).
U.S. Navy
Marine Nationale
Marine Nationale
Marine Nationale
66 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 67
OPERATIVO
Arquivo Pessoal
multânea, de sensores passivos e ativos e a interliga-
ção dos sensores do submarino com os das aeronaves
aumenta o volume de detecção sobremaneira, colocan-
do o submarino inimigo na defensiva. Os cursos de
comandantes de submarinos têm características em
comum, independentemente do país onde são reali-
zados. Os futuros comandantes irão ser submetidos à
fatiga física e mental para enfrentar situações comple-
xas, onde terão de decidir rapidamente e sem colocar
a segurança do submarino e da tripulação em risco. O
cansaço e o estresse são inimigos sempre presentes nas
operações em submarinos e um dos objetivos do curso
é justamente verificar como os futuros comandantes
conseguem gerenciar esses problemas. O comandante
de submarino deve ser capaz de se preservar para po-
der decidir nos momentos de tensão, quando o quadro
tático estiver sobrecarregado e exigir toda a sua capa-
cidade de raciocínio e sua experiência. Saber delegar, Figura 14: CC Fampa e CC le Blanc em frente ao
confiar nos seus oficiais e praças, sobretudo no seu SNA Perle atracado na Base Naval de Toulon.
imediato, conhecendo suas limitações e seus pontos
fortes, são requisitos-chaves para o sucesso de um bom
comandante (Figura 14).
68 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 69
para o debate profissional e acadêmico dentro das suas informação valioso para quem aqui navega.
respectivas áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com orgulho que convido você,
OPERATIVO
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
Oficiais (Turma1/2019), a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
CURSO DE COMANDANTE DE SUBMARINO NO CHILE
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
(CCOS 2019)
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
Periscópio 3
70 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 71
OPERATIVO
72 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 73
e Simuladores do CIAMA, no Complexo Naval de patrocinadores, militares e civis, que proporcionaram
CIÊNCIA E
Itaguaí. Ao término desta trajetória de leitura, na seção a concretização desta edição de “O Periscópio” que,
“Artigos Diversos”, estão publicados artigos relevantes de forma regular, tem procurado ser um veículo de
TECNOLOGIA
para o debate profissional e acadêmico dentro das suas informação valioso para quem aqui navega.
respectivas áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com orgulho que convido você,
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
Oficiais (Turma1/2019), a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para
INDICADOR VIA RÁDIO DE POSICIONAMENTO
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate,
de relevante interesse operativo, dando ênfase às
tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
DE EMERGÊNCIA SUBMARINA (SEPIRB): UMA
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
ÚTIL BALIZA NA DELICADA MISSÃO DE BUSCA E
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
SALVAMENTO SUBMARINO (SARSUB)
do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
Periscópio 3
1 INTRODUÇÃO
A indicação de que um submarino está em perigo
pode vir de uma variedade de fontes, desde navios mer-
cantes observando um incidente desagradável, passando
por navios de guerra que operam com o submarino, até Figura 1: SEPIRB.
a Autoridade de Controle Operativo de Submarinos
(ACOSUB), percebendo que o submarino falhou na Já o Sistema Global de Segurança Marítima
emissão de relatos conforme a descrição em suas ordens, (GMDSS) é um conjunto de procedimentos de se-
ou de qualquer unidade que receba sinais de socorro do gurança, tipos de equipamento e protocolos de comu-
submarino. O SEPIRB é um dispositivo de sinalização nicação acordados internacionalmente, usados para
usado para localizar um submarino em perigo. É arma- aumentar a segurança e facilitar o resgate de navios
zenado a bordo e, no momento da emergência, é lança- e aeronaves em perigo. Para requisitos operacionais, o
do. O submarino pode estar na superfície ou submerso GMDSS dividiu o mundo em quatro subáreas:
no momento do lançamento. Ele transmite uma sequ-
ência de dados, como as coordenadas da posição, o tem- - Área A1: dentro do alcance das estações costei-
po, identificação e nacionalidade da unidade submarina ras VHF em terra (cerca de 20 Mn). Equipa-
sinistrada para a rede de satélites COSPAS-SARSAT. mentos VHF e SEPIRB, receptor MSI.
- Área A2: dentro do alcance das estações cos-
2 ENTENDENDO O PROGRAMA teiras MF em terra (excluindo áreas A1) (até
COSPAS-SARSAT E O SISTEMA GMDSS cerca de 150 Mn). Equipamentos VHF, MF e
O Programa Internacional COSPAS-SARSAT SEPIRB, receptor MSI.
(COSPAS: Sistema Espacial para Busca de Navios - Área A3: dentro da área de cobertura dos saté-
em Perigo; SARSAT: Busca e Salvamento por Ras- lites de comunicação INMARSAT (excluindo
treamento Auxiliado por Satélite), é uma iniciativa de áreas A1 e A2 - aproximadamente entre as lati-
busca e salvamento auxiliada por satélite. Ele é organi- tudes 70º norte e 70º sul). Equipamentos VHF,
zado como uma cooperativa humanitária, sem fins lu- MF, HF, satélite e SEPIRB, receptor MSI.
crativos, intergovernamental, composto por 45 nações - Área A4: compreende as demais áreas marítimas
e agências. Dedicado à detecção e localização de radio- fora de A1, A2, A3 (as regiões polares). Equi-
frequências ativadas por pessoas, aeronaves ou embar- pamentos VHF, MF, HF e SEPIRB, receptor
cações em perigo e ao encaminhamento dessas infor- MSI.
mações de alerta às autoridades de busca e salvamento
(SAR), que podem tomar medidas para o resgate.
74 O Periscópio
ComForS
3 O SEPIRB: CARACTERÍSTICAS E
FUNCIONAMENTO
O Indicador via Rádio de Posicionamento de
Emergência Submarina (SEPIRB) é um (GMDSS)
aprovado para uso em submarinos. O SEPIRB é fei-
to em alumínio com um diâmetro de 3 polegadas,
com um comprimento total de 41,285 polegadas e
um peso máximo de 8,2 libras, tendo uma flutuabi-
lidade positiva de 20,7%. Ele é ativado depois que
a guia de lançamento é dobrada para trás. Uma vez
na superfície, ele começa imediatamente a obter uma
correção GPS e a transmitir uma mensagem digital
de 406,025 MHz, sendo captada pelos satélites da
rede COSPAS-SARSAT, em órbita a cerca de 1.000
km, contendo sua posição GPS inicial (valor-padrão Figura 3: SEPIRB.
até que a correção GPS seja obtida), tempo decor-
rido desde a sua ativação e a identificação exclusiva 4 CONCLUSÃO
da unidade submarina. Seis horas após a ativação, o Os submarinos dependem de métodos confiá-
SEPIRB começará a transmissão de um sinal de re- veis de comunicação do status ao Comando da Frota.
torno de 121,5 MHz para ajudar na sua localização. No caso de um desastre, como vidas e ativos estão em
A operação continua até a desativação ou o fim da risco, é imperativo ter um método de backup para trans-
vida útil da bateria (48 horas). O SEPIRB não é fixo mitir um sinal de socorro. Os SEPIRBs fornecem essa
ao casco do submarino, sendo uma grande vantagem função. Uma vez lançados, esses sinalizadores flutuam
em comparação com a boia transmissora de emergên- para a superfície do oceano e transmitem status e po-
cia. Por exemplo, no caso de um submarino operando sição ao sistema de satélite COSPAS-SARSAT, que
em uma isobática de 1.000 metros que venha a sofrer passa as informações para as equipes de busca e resgate.
um sinistro, a boia transmissora de emergência ficaria A filosofia geral das operações de busca e salvamento
impossibilitada de ser utilizada em função da profun- submarinas (SARSUB) é fornecer um nível razoável de
didade onde o submarino estava operando (tendo um segurança para as situações mais prováveis de acidentes
comprimento de cabo de aço de 900 metros fixo ao submarinos e algumas, para as menos prováveis, usando
submarino), mas o SEPIRB não, pois pode ser lança- os elementos que são considerados os mais adequados
do normalmente. em resposta ao incidente em todo o mundo.
O Periscópio 75
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
REFERÊNCIAS
ATP/MTP-57. The submarine search and rescue ma-
nual. Edition C version 2, nov. 2015.
76 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 77
para o debate profissional e acadêmico dentro das suas informação valioso para quem aqui navega.
respectivas áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com orgulho que convido você,
CIÊNCIA E
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
TECNOLOGIA
Oficiais (Turma1/2019), a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
ASPECTOS BÁSICOS DO PROJETO DE CASCOS
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
PARA SUBMARINOS
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
Periscópio 3
2 VISÃO GERAL
As condições do projeto estrutural para o casco
resistente e para o casco não resistente são, embora Figura 2: Elementos estruturais do casco.
78 O Periscópio
ComForS
3 DIRETRIZES GERAIS PARA PROJETO DE torna obrigatória a consideração dos aspectos pro-
CASCOS PARA SUBMARINOS pulsivos e do segundo componente de resistência, a
Um dos aspectos mais importantes para um navio, resistência de forma.
neste caso para um submarino, é a velocidade que pode
ser alcançada a partir de uma dada potência desenvol- 3.2 Resistência de Forma (ou de Pressão Viscosa)
vida por suas máquinas. A potência necessária deve Devido à viscosidade da água, seu fluxo em torno
ser a mais baixa possível, isto é, a resistência do casco, do submarino cria um gradiente de pressão não nulo.
incluindo apêndices e superfícies de controle (lemes e Esse gradiente origina uma componente de resistência
hidroplanos), deve ser minimizada e a eficiência pro- que se opõe ao movimento da embarcação.
pulsiva, maximizada. Esta última só pode ser alcançada O formato do submarino induz um fluxo local com
pelo casamento adequado do casco e do propulsor. A velocidades algumas vezes mais altas e outras vezes in-
otimização da resistência e da eficiência propulsiva é feriores à velocidade média, ao longo do casco. Dessa
essencial, pois influencia diretamente nas velocidades forma, a média das tensões de cisalhamento é maior.
de cruzeiro e máxima que o meio poderá desenvolver. Além disso, as perdas de energia na camada-limite, nos
Na fase inicial do projeto, é preciso considerar, an- vórtices e nos pontos de separação de fluxo impedem
tes de tudo, as condições e os requisitos de operação o aumento da pressão de estagnação no corpo de popa,
do meio. Durante a maior parte do seu emprego, os como previsto na teoria dos fluidos ideais. Nessa teo-
submarinos modernos operam abaixo da superfície da ria, um corpo profundamente submerso não apresenta
água, exigindo que eles sejam projetados, principal- resistência (paradoxo de D’Alembert).
mente, para um bom desempenho quando mergulha- Na verdade, a resistência de forma está relaciona-
do. Como não há superfície livre em cota profunda, da à razão de finura (L/D: L – comprimento; e D –
não ocorre a formação de ondas e, portanto, a resistên- diâmetro) do submarino e pode ser minimizada com
cia das ondas não é levada em consideração. Quando seções transversais que variam lentamente ao longo do
esnorqueando, a velocidades baixas ou moderadas, a corpo, o que levou os projetistas a concluírem que um
resistência das ondas também acaba sendo insignifi- casco em forma de “agulha” nos daria uma baixa resis-
cante. É comum se decompor a resistência do casco de tência de forma.
um submarino submerso em duas componentes: resis- Ocorre, entretanto, que as soluções para a diminui-
tência friccional e resistência de forma. ção da resistência de atrito e da resistência de forma
são conflitantes. À medida que se alonga e afina o cas-
3.1 Resistência Friccional co (redução da forma), ocorre um incremento em sua
Essa resistência é da ordem de 60% a 70% da área molhada (aumento do atrito). Assim, soluções de
resistência total do casco. Ela ocorre devido ao ci- compromisso são buscadas.
salhamento viscoso da água que flui sobre ele. Está
essencialmente relacionada à área da superfície ex- 3.3 Resistência de Ondas
posta à água e às velocidades sobre o casco. Dessa Um navio navegando na superfície (ou um sub-
forma, para redução desse tipo de resistência, é dese- marino navegando próximo a ela) cria um sistema de
jável diminuir-se a superfície molhada, para uma de- ondas que contribui para a resistência total. No caso de
terminada velocidade. Além disso, é desejável reduzir um submarino em cota profunda, conforme mencio-
a rugosidade da superfície e evitar descontinuidades nado anteriormente, essa resistência não é levada em
geométricas pronunciadas. Busca-se, também, um consideração.
carenamento adequado e a redução de aberturas no
casco ao mínimo necessário. 3.4 Considerações Básicas do Projeto
Para um dado volume, um casco esférico apresen- Na verdade, o objetivo é projetar a potência pro-
ta a menor superfície e, portanto, uma menor resis- pulsora onde o fluxo muda sua direção. Uma distribui-
tência friccional. No entanto, também se faz neces- ção esquemática do coeficiente de pressão não dimen-
sária a otimização dos requisitos de energia, o que sional de um submarino é mostrada na Figura 3.
O Periscópio 79
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
80 O Periscópio
ComForS
construindo uma proa mais volumosa. Cabe ressaltar No caso dos submarinos, diferentemente dos na-
que as otimizações são limitadas por outras restrições vios de superfície, as características de manobrabilida-
de projeto, principalmente pelo número necessário de de podem ser consideradas como objetivos secundários
tubos de torpedo e pelo formato e posição dos sen- do projeto. Um grande facilitador é que os requisitos
sores, os quais podem aumentar, significativamente, a de baixa resistência e baixo ruído hidrodinâmico não
resistência do submarino, caso não estejam adequada- são conflitantes. Um formato hidrodinâmico de baixa
mente integrados à proa. resistência também atenderá às características de baixa
emissão de ruídos.
3.4.2.4 Corpo de Popa A redução da reflexão SONAR através da forma
Sua forma não pode ser considerada isoladamen- do casco depende menos da resistência. Afirmações
te do hélice, pois este modifica, consideravelmente, práticas e claras sobre esse assunto ainda não são pos-
o fluxo sobre o corpo de popa. Para um submarino, síveis na literatura atual. O melhor que há, nos dias de
a aceleração do fluxo, devido ao funcionamento do hoje, são algumas diretrizes básicas: superfícies e linhas
hélice, impede a separação para grandes ângulos do côncavas devem ser evitadas, ou seja, a superfície ex-
cone de ré, em relação ao corpo paralelo. Um corpo de terna do casco e dos apêndices deve ser convexa, em
popa mais espesso é desejável por requisitos de espa- relação ao escoamento. A convexidade do casco e da
ço e distribuição de peso. Isso também contribui para vela são críticas neste ponto.
uma menor resistência de atrito, pois apresentará uma A força do contato no SONAR inimigo aumenta
menor superfície molhada e uma melhor razão L/D. com o tamanho do nosso submarino. Um dado im-
Um cone de ré em formato de parábola atende a esses portante é que o aumento do comprimento do casco
requisitos e proporciona um maior espaço para o com- será mais relevante à força do contato SONAR do
partimento de máquinas. que o aumento do seu diâmetro. Ulrich Gabler, que
foi um engenheiro de construção naval alemão, espe-
3.4.2.5 Apêndices e Aberturas do Casco cializado no projeto e desenvolvimento de submari-
Deve-se ter atenção para garantir uma curvatura nos a diesel, desenvolveu uma fórmula simplificada
suave do casco na direção das linhas de fluxo, bem que demonstra que a reflexão SONAR é proporcio-
como evitar apêndices o máximo possível. nal ao quadrado do comprimento (L²) do submarino
Alguns apêndices (cabrestantes, cabeços, buzinas detectado. De acordo com os seus estudos, um sub-
etc.) são absolutamente necessários, porém deverão ser marino compacto e curto é preferível, quando olha-
bem hidrodinâmicos, removíveis ou projetados para mos por este ponto de vista.
serem rebatidos e nivelados à superfície do casco.
Certas aberturas (suspiros dos tanques de lastro, 3.4.2.7 Vela
livre alagamento, alojamento de sensores etc.) não Diante de todos os requisitos hidrodinâmicos do
podem ser evitadas. Essas devem possuir o menor ta- casco, a existência da vela é totalmente indesejável. No
manho possível, uma vez que aumentam a resistência entanto, todos os projetos exigem um apêndice grande
de atrito do casco. Em suma, apêndices, aberturas e a e carenado acima do casco para abrigar o passadiço e
rugosidade da superfície do casco devem ser minimi- os mastros.
zados durante o projeto, pois podem contribuir nega- Do ponto de vista hidrodinâmico, a vela deve ser
tivamente para a resistência e cancelar os benefícios de tão fina quanto possível para minimizar a resistência
uma operação mais silenciosa do submarino. e a assinatura acústica do submarino. Do ponto de
vista prático, há uma limitação de quão estreita ela
3.4.2.6 Aspectos de Ruído e Reflexão SONAR pode ser.
Embora a eficiência propulsiva e a resistência se- Um dos aspectos de projeto da vela diz respeito
jam os principais focos do projeto de cascos para sub- ao que acontece quando o submarino sai de uma cota
marinos, a baixa reflexão SONAR e o ruído, também, profunda (no máximo 3 a 4 diâmetros abaixo da super-
são características a serem consideradas. fície e em velocidade moderada) e se aproxima da su-
O Periscópio 81
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
82 O Periscópio
ComForS
REFERÊNCIAS
BURCHER, Roy; RYDILL, Louis. Concepts in
submarine design. Melbourne:Cambridge University
Press, 1994.
O Periscópio 83
“Artigos Diversos”, estão publicados artigos relevantes de forma regular, tem procurado ser um veículo de
para o debate profissional e acadêmico dentro das suas informação valioso para quem aqui navega.
CIÊNCIA E
respectivas áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com orgulho que convido você,
TECNOLOGIA
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
Oficiais (Turma1/2019), a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
O RECEBIMENTO DE MATERIAIS DO PROSUB
uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
NA FRANÇA: UM PROCESSO DE TRANSMISSÃO DE
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança
do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no
e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
TECNOLOGIA E CONHECIMENTO
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
Periscópio 3
84 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 85
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
• acompanhar e fiscalizar o progresso da fabricação, Após a análise da documentação técnica, não exis-
testes, embalagem e embarque do Pacote de Mate- tindo discrepância, o lote é sinalizado como “apto para
rial S-BR e do Pacote Logístico dos S-BR; e inspeção”. Caso contrário, a empresa é notificada da
• a aceitação inicial dos materiais, ainda em solo fran- existência de pendência documental e providenciará
cês, por meio da assinatura do Termo de Recebi- sua correção para nova verificação.
mento e Aceitação Provisório (TRAP), quando do Durante a inspeção técnica, diversos aspectos são
embarque marítimo ou aéreo dos materiais. avaliados, tais quais: aspecto visual do material, quanti-
A Comissão de Fiscalização, subordinada ao Es- dades, número de série consistente com os certificados
critório Técnico do Programa de Desenvolvimento e evidências apresentadas, dimensões em concordância
de Submarinos na França3 (ET-PROSUB), exerce com os planos, data de validade, data de aferição, veri-
suas atividades nas dependências da unidade da em- ficação funcional etc.
presa NG na cidade de Cherbourg, a cerca de 350 A inspeção é realizada por um membro da CF
km de Paris. designado formalmente por meio de correspondên-
A CF envia seus representantes para participar dos cia, um engenheiro com formação relacionada ao
Testes de Aceitação de Fábrica dos equipamentos de item inspecionado, em conjunto com um inspetor da
maior importância listados no contrato (MCPs, bate- empresa NG. Este fica responsável por fornecer es-
rias, bombas, sonares, válvulas de escape etc.). Estes clarecimentos sobre inconsistências encontradas nos
testes são realizados nas instalações da empresa NG e itens em inspeção e, dependendo do caso, acrescentar
de seus fornecedores localizados na França e em diver- novos documentos e evidências que tragam maiores
sos países da Europa. informações sobre o material. Quaisquer documentos
A inspeção do Pacote de Material S-BR e do Pa- adicionais e as observações levantadas pelos inspeto-
cote Logístico dos S-BR ocorre por lotes, que consis- res brasileiros serão incluídos na documentação téc-
tem numa quantidade determinada de material divi- nica que compõe o lote.
dido por especificidades (cabos, tubos, equipamentos, No caso de alguma discrepância ter sido veri-
acessórios, sensores etc.). O processo é iniciado com o ficada durante a inspeção, é preenchido um docu-
envio dos documentos técnicos do lote para análise da mento denominado TOC (TableofClarif ication), em
CF. Os documentos técnicos que são entregues pela que as anomalias e desacordos verificados são re-
NG antes de a inspeção ser programada são: gistrados e discutidos tecnicamente entre os inspe-
• especificação técnica para aquisição e fabricação; tores brasileiros e os especialistas da empresa NG.
• lista de materiais; Estas discussões técnicas podem envolver reuniões
• planos e manuais definitivos; com profissionais de diversos níveis dentro da em-
• protocolo e relatórios de testes de desempenho e presa e da MB. Contudo, o lote só é reapresentado
aceitação; para nova inspeção após as partes chegarem a um
• especificação de embalamento, manuseio, transporte consenso em relação aos documentos técnicos com-
e armazenagem. probatórios e/ou justificativas adicionais de desvios
• relatórios técnicos de tratamento de desvios durante encontrados ou até mesmo ocorrendo a reprovação
o processo de fabricação; e do material.
• certificados de qualidade de matérias-primas utili- Caso não exista nenhuma discrepância nos itens
zadas e evidências técnicas. e na documentação técnica correspondente, os itens
são embalados em caixas de madeira de acordo com as
especificações de embalamento, manuseio, transpor-
te e armazenagem. Alguns itens possuem exigências
3 O ET-PROSUB é um elemento organizacional da MB, com estru-
tura administrativa subordinada à COGESN, com sede em Houilles
adicionais, como embalamento a vácuo, inclusão de
a cerca de 12 km de Paris, que tem por missão gerenciar a execução material absorvedor de umidade e sensores de choque,
das atividades relacionadas ao PROSUB, a fim de contribuir para a
obtenção dos objetos previstos nos contratos comerciais do PRO-
de inclinação e de temperatura. Representantes brasi-
SUB assinados pela MB. leiros participam em todas as etapas.
86 O Periscópio
ComForS
Os itens aprovados após a inspeção aguardam a e disponibilizados para auditorias externas dos ór-
entrega formal pela NG ao ET-PROSUB de toda gãos de controle.
documentação utilizada durante a análise e inspeção O Departamento de Abastecimento do ET-PRO-
da CF. SUB recebe uma fatura e a listagem de itens dos lotes
O Departamento Técnico do ET-PROSUB ve- verificando se as informações constantes são consis-
rifica a conformidade de todos os documentos téc- tentes e se os documentos necessários ao processo de
nicos apresentados inicialmente à CF e, caso não importação foram corretamente anexados. Caso não
haja discrepância, é alocado um número ao Termo haja nenhuma discrepância, o processo de importação
de Recebimento e Aceitação Provisório (TRAP) re- do lote é iniciado utilizando o Sistema de Informações
ferente ao lote. Posteriormente, cópias destes docu- Gerenciais do Abastecimento (SINGRA). O processo
mentos são enviadas ao Brasil para serem utilizadas de importação dentro da MB é tratado diretamente en-
pelas equipes durante a montagem dos equipamen- tre o ET-PROSUB e o Centro de Distribuição e Ope-
tos a bordo dos navios e para serem encaminhadas rações Aduaneiras da Marinha (CDAM), e qualquer
para as Diretorias Especializadas. Os originais dos pendência ou exigência especial inerente ao processo
TRAP são enviados ao Brasil para serem arquivados será encaminhada para correção por parte da NG.
O Periscópio 87
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
O lote é liberado para embarque, etapa denomi- O processo de recebimento de materiais utiliza-
nada de emissão do Green Light4, pelo Departamento do pela MB no âmbito do PROSUB é extremamen-
de Abastecimento apenas após a aprovação do pro- te mais complexo e minucioso que o executado pela
cesso por parte do CDAM e da confirmação pelo MNF em suas aquisições. Esse fato ocorre devido a
Departamento Técnico do ET-PROSUB de que a envolver transferência de tecnologia e a almejar a ob-
documentação técnicafoi corretamente entregue e o tenção de conhecimento.
TRAP foi numerado. O trabalho exercido pela Comissão de Fiscalização
Apenas após o embarque no porto de partida da do Contrato 1A do PROSUB e pelo ET-PROSUB
França, o lote é considerado provisoriamente aceito e possibilita o recebimento de material e de sua docu-
o TRAP é assinado pelo Chefe da Comissão de Fis- mentação técnica trazendo importantes informações,
calização da Marinha na França. como: métodos de fabricação, características das ma-
A aceitação final, de responsabilidade do Fiscal do térias-primas utilizadas, fornecedores etc. Além disso,
Contrato, será realizada de forma definitiva apenas possibilita o acesso de engenheiros brasileiros a empre-
após a instalação do material no submarino em cons- sas de avançada tecnologia de defesa em toda a Europa.
trução, sua total prontificação e entrega definitiva à As informações e experiências adquiridas serão funda-
Marinha do Brasil, o que ocorrerá ao final do período mentais na busca do objetivo final, que é construir o
de garantia de cada um dos S-BR. SN-BR.
Uma vez que o PROSUB envolve um vasto pro-
grama de Transferência de Tecnologia, as atividades da REFERÊNCIAS
CF e do ET-PROSUB são de fundamental importân- CONTRATO de Compra e Venda de Material Im-
cia para que este processo ocorra de forma satisfatória e portado S-BR Nº 40000/2009-005/00.
não se limite a uma verificação de garantia da qualidade.
DGA – Direction générale de l’armement. Ministè-
4 CONCLUSÃO redesArmées. Disponível em <https://www.defense.
O PROSUB proporcionará mais que um submari- gouv.fr/dga>. Acesso em: 18 fev. 2020.
no nuclear. A transferência de tecnologia, a nacionali-
zação de itens e a capacitação de pessoal, justamente o PROSUB – Programa de desenvolvimento de subma-
tripé do PROSUB, contribuirão para alavancar o País rinos. Ministério da Defesa. Marinha. Disponível em
para uma posição de destaque na geopolítica interna- <https://www.marinha.mil.br/prosub>. Acesso em: 4
cional. Todas as fases deste complexo processo são im- fev. 2020.
portantes e as experiências de outras nações demons-
tram que falhas ou falta de importância atribuídas em
etapas menores do processo impedem a obtenção dos
resultados almejados.
88 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 89
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
Oficiais (Turma1/2019),
CIÊNCIA E a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
TECNOLOGIA
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
O EFEITO LLOYD-MIRROR E SUAS APLICAÇÕES
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
Periscópio 3
90 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 93
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
REFERÊNCIAS
CAREY, W. M. Lloyd’s Mirror image interference
effects. Boston, Revista Acoustics Today v. 5, Acous-
tical Society of America, 2009. 14-19.
94 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 95
cadêmico dentro das suas informação valioso para quem aqui navega.
como a Aula Inaugural Desta forma, é com orgulho que convido você,
CIÊNCIA
o de Submarinos para E leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
TECNOLOGIA
ula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
hador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
vacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
compressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
A VARIAÇÃO DA PRESSÃO AMBIENTAL
to de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
ão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
da Marinha, expectativas NA FISIOLOGIA HUMANA
peracional de submarinos Boa imersão!
Periscópio 3
1 Cumpre dizer que ata é a PB ao nível do mar, equivalente a 760 2 PRESSÃO ATMOSFÉRICA
Torr, ao passo que atm é definido como pressão da câmara menos
pressão ambiente; assim, ao nível do mar (1 ata), 2 ata dentro de A importância da pressão atmosférica (PAtm)
uma câmara de pressão são 1 atm, 3 ata é equivalente a 2 atm e como estímulo fisiológico foi descrita pela primeira
assim por diante. A pressão ambiente aumenta 1 ata a cada 33 pés
de profundidade. Portanto, 1 ata = 0 fsw, 2 ata = 33 fsw, 3 ata = 66
vez em 1878 por Paul Bert, em seu histórico compên-
fsw etc. A unidade SI para pressão é o quilo-Pascal (kPa), onde dio La PressionBarométrique: recherches de physiologie-
1 ata = 101,3 kPa. Outros equivalentes de pressão comumente
usados para 1 ata incluem 14,7 psi, 0,101 mega-Pascal (MPa) e
expérimentale. Nele, é identificada a relação fisiológica
1,013 bar. entre PAtm e a porcentagem de gás na mistura gasosa,
96 O Periscópio
ComForS
hoje fundamental para entendermos o comportamen- neurotoxicidade) dos efeitos potenciais da compressão
to dos organismos em ambiente hiperbárico. hidrostática ou gasosa.
Em resumo, ele dizia que os gases benignos ou Segundo, a maioria dos estudos que separaram os
nocivos (oxigênio, ácido carbônico etc.) agem so- efeitos da pressão hiperbárica per se dos efeitos nar-
bre os seres vivos apenas de acordo com a pressão cóticos de espécies específicas de gases, e seus vários
na atmosfera circundante, pressão esta que é medida produtos de reação (por exemplo, ERO e ERN, íons
multiplicando-se a porcentagem do gás pela PAtm; o H), usou níveis suprafisiológicos extraordinariamente
aumento de um desses fatores pode ser compensado altos de pressão acima de 100 e 200 ata (muitos desses
pela diminuição do outro. estudos foram revisados e são discutidos na literatura).
Embora a maioria dos problemas médicos encon- A nível hipobárico, a maior população permanente
trados na medicina hiperbárica e na medicina de mer- de seres humanos registrada vive na Cordilheira dos
gulho seja atribuída ao aumento da pressão parcial de Andes, no norte do Chile, na aldeia de Quilcha, a 5.300
gás durante a descida (pressão absoluta em crescimento) metros acima do nível do mar (PAtm 0,51 ata). Todos
ou à diminuição da pressão parcial de gás durante a su- os dias, os trabalhadores que vivem em Quilcha sobem
bida (pressão absoluta em redução), sempre existe a pos- mais 450 metros montanha acima para trabalhar nas
sibilidade de a mudança na PAtm, isoladamente, ter um minas de enxofre a 5.700 metros (PAtm = 0,48 ata).
efeito no ser humano a nível orgânico, tecidual e celular. Esses habitantes da alta altitude, no entanto, se adap-
Por exemplo, a Lei de Boyle prevê que aumentar taram bem ao seu ambiente hipobárico e hipóxico,
ou diminuir a força aplicada à pressão contra a superfí- principalmente devido a maior produção de hemácias,
cie do corpo diminuirá ou aumentará, respectivamen- incremento acentuado da frequência respiratória e do
te, o volume de gases contidos nos pulmões, estômago volume corrente pulmonar, redução da massa muscular
e outras cavidades aéreas. Por outro lado, alterações na e incremento da frequência cardíaca e do débito cardí-
PAtm também influirão na densidade dos gases que aco em repouso e em exercício submáximos.
respiramos e, portanto, na resistência das vias aéreas No entanto, para a maioria das outras pessoas, a
durante a ventilação. única forma de sujeitar-se a uma pressão hipobárica
A nível celular, a pressurização da superfície do ainda maior, por períodos curtos, é por meios artifi-
corpo provavelmente produzirá compressão diferen- ciais, usando equipamentos artificiais para superar a
cial dos vários componentes finos, estruturais e não falta de oxigênio em grandes altitudes. Por exemplo, o
fluidos das células, incluindo a membrana celular, o Monte Everest atinge uma altitude de 8.848 m, onde
citoesqueleto e as proteínas ligadas à membrana, alte- a PAtm é de 0,3 ata. Embora alguns aventureiros e
rando assim várias funções celulares. fisiologistas tenham alcançado seu cume sem oxigê-
Em alguns casos, os efeitos fisiológicos da pressão nio, a maioria dos alpinistas que lá chegam precisa de
hiperbárica em si são bem conhecidos, como no caso oxigênio suplementar para atender às demandas meta-
da Síndrome Neurológica de Alta Pressão (SNAP), bólicas da escalada.
que ocorre em mergulhos profundos além de 10 a 15 Da mesma forma, durante a Segunda Guerra
ata. Em outros casos, os efeitos fisiológicos da PAtm, Mundial, antes do uso costumeiro de aeronaves pres-
em si, são menos conhecidos ou ainda precisam ser es- surizadas, 28 aviadores ascenderam a altitudes entre
tudados e descritos. 20.000 e 35.000 pés (6.090-10.600 m), números sem
Primeiro, muitos pesquisadores não buscaram precedentes para a guerra. Sem oxigênio respiratório
aprimorar os controles necessários para distinguir en- suplementar, o tempo de consciência útil a 26.000 pés
tre os efeitos potenciais da PAtm hiperbárica per se e foi de apenas 4 a 6 minutos; a 30.000 pés diminuiu
os efeitos narcóticos do gás usado para pressurizar o para apenas 1 a 2 minutos; e a 38.000 pés foram ne-
sistema. Em outras palavras, é necessário diferenciar o cessários apenas 30 segundos ou menos antes que o
efeito do nitrogênio hiperbárico (narcose por gás iner- aviador sucumbisse à hipóxia hipobárica.
te), oxigênio hiperbárico (estresse oxidativo) e retenção Ao contrário dos residentes chilenos de Quilcha,
de dióxido de carbono (acidose respiratória e, por fim, que vivem permanentemente em altitude extrema,
O Periscópio 97
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
sem o benefício de máscaras de oxigênio e roupas de civis e pacientes se veem rotineiramente em condições
pressão, esses ambientes hipobáricos adversos só po- hiperbáricas durante suas práticas diárias de trabalho
dem ser penetrados e tolerados por curtos períodos, ou recreação.
com proteção contra os efeitos deletérios das forças Por exemplo, o equipamento de mergulho moder-
aplicadas pela baixa pressão (doença descompressi- no de hoje e as misturas de gases respiratórios per-
va), baixa taxa de oxigênio (hipóxia) e frio extremo mitem que os humanos permaneçam a grandes pro-
(hipotermia). fundidades, especialmente quando é tomado cuidado
Por outro lado, as pressões hiperbáricas superiores para evitar os problemas fisiológicos da respiração do
a 1 ata não ocorrem naturalmente; isto é, os seres hu- ar hiperbárico e do ar enriquecido com oxigênio, que
manos não vivem normalmente em condições hiper- inclui narcose pelo nitrogênio e toxicidade pelo oxigê-
báricas. No entanto, profissionais de saúde, militares, nio (Figura 1).
Figura 1: Pressões hiperbáricas fisiologicamente toleráveis encontradas pelos humanos respirando ar e várias misturas de
gases hiperbáricos (esquerda), os problemas neurológicos que podem resultar (no meio) e o estímulo proposto que afeta a
função neuronal (direita). Os ambientes hiperbáricos são encontrados em oxigenoterapia hiperbárica (OHB), trabalho com
ar comprimido (por exemplo, túnel subterrâneo), medicina de mergulho e acidentes submarinos com deficiência. Ao respirar
uma variedade de misturas de gases (nitrox, heliox, hidreliox), para evitar os efeitos narcóticos e tóxicos de N2 e O2, bem
como os efeitos diretos da compressão hidrostática no sistema nervoso central, os humanos são capazes de habitar hiperbári-
cos ambientes que variam de mais de 1 a aproximadamente 70 atmosferas de pressão absoluta (ata). Em pressões hiperbáricas
extremas (~ 100 ata), a pressão se torna uma ferramenta que pode ser usada para perturbar os sistemas biológicos (in vitro),
alterando as conformações proteicas, a fluidez da membrana e a configuração do citoesqueleto. Os seres humanos e a maioria
dos mamíferos, no entanto, nunca ocuparam essa faixa extrema de pressão ambiente. HPNS, síndrome nervosa de alta pressão;
PCO2, pressão parcial de CO2; PN2, pressão parcial de N2; PO2, pressão parcial de O2; ERO, espécies reativas de oxigênio;
SCUBA, aparelho respiratório subaquático autônomo. (Reproduzido de DEAN, JB; MULKEY, DK; GARCIA, III AJ. et al.
Sensibilidade neuronal à hiperóxia, hipercapnia e gases inertes a pressões hiperbáricas. J ApplPhysiol, v. 95, n. 883–909, 2003.)
98 O Periscópio
ComForS
Os efeitos da compressão hidrostática podem ser re- latórios, os níveis capilar e venoso podem variar am-
produzidos no tratamento e na pesquisa em câmaras hi- plamente, especialmente a pressões de oxigênio altas
perbáricas, usando-se um gás como oxigênio, ar ou hélio o suficiente para fornecer necessidades metabólicas do
como meio de compressão. Nos dois últimos casos, o oxi- oxigênio dissolvido fisicamente com pouca ou nenhu-
gênio é fornecido através da mistura de gases respirató- ma redução de oxi-hemoglobina.
rios administrada à pessoa ou paciente em paralelo com a Gerschman e colaboradores foram os primeiros a
mistura de gases usada para comprimir a câmara. Como propor que o aumento das concentrações de Espécies
foi utilizado para levar um mergulhador até 701 m, ex- Reativas do Oxigênio (ERO) durante a exposição à
posto a uma pressão hidrostática de aproximadamente hiperóxia fornecia uma base bioquímica para a toxici-
70 ata. No entanto, pressões menos severas são a norma dade do oxigênio. O efeito adverso é iniciado quando
para muitas pessoas submetidas à OHB, que geralmente o oxigênio é reduzido em um elétron para formar o
atingem um máximo de aproximadamente 3 ata. radical superóxido e/ou em dois elétrons para formar o
peróxido de hidrogênio (H2O2). O ânion superóxido
3 OXIGÊNIO HIPERBÁRICO é um subproduto do metabolismo celular, e sua taxa
As aplicações terapêuticas da oxigenação hiper- de formação é acelerada pelo aumento das pressões
bárica, como muitos outros agentes e procedimentos, de oxigênio. O superóxido é produzido nos locais de
têm um potencial intrínseco na produção de efeitos ubiquinona e de nicotinamida adenina dinucleotídeo
adversos leves a graves. Quando a oxigenoterapia hi- reduzida na cadeia de transporte de elétrons. Fontes
perbárica (OHB) é usada adequadamente, no entanto, adicionais são o retículo endoplasmático e os micros-
efeitos adversos sérios são raros, e os que ocorrem são somos. Outras espécies tóxicas que podem ser geradas
quase sempre reversíveis. A existência de mecanis- por reações com o superóxido incluem radicais hidro-
mos potentes de defesa antioxidante e de processos peróxido e hidroxila, além do oxigênio singleto.
de reparo fornece uma vantagem favorável na relação É geralmente aceito que a geração secundária de
risco-benefício, retardando o desenvolvimento da in- intermediários mais reativos, em vez das interações di-
toxicação por oxigênio e acelerando a recuperação de retas com superóxido e peróxido de hidrogênio, seja
seus efeitos subclínicos. Estudos projetados para de- responsável pela maior parte dos danos oxidantes aos
terminar os limites humanos de tolerância ao oxigênio componentes celulares e membranas que ocorrem du-
para aplicações terapêuticas de hiperóxia devem neces- rante a exposição a hiperóxia.
sariamente usar condições de exposição que produzem As interações dos ERO com as membranas plasmá-
efeitos tóxicos mensuráveis em voluntários humanos. ticas podem produzir muitos tipos de danos com várias
É importante reconhecer que as exposições terapêuti- consequências funcionais. As ações das enzimas ligadas
cas raramente se aproximam desses limites. à membrana podem produzir radicais tóxicos adicionais
Durante a exposição a qualquer nível de hiperó- e outros produtos biologicamente ativos. Os danos dos
xia, a sequência e a gravidade dos efeitos adversos em ERO nas membranas podem ocorrer como peroxidação
diferentes órgãos e tecidos são determinadas por in- lipídica, oxidação de aminoácidos, cisão de cadeias de
terações entre as suscetibilidades relativas dos tecidos proteínas e várias reações de reticulação entre lipídios e
e a pressão parcial de oxigênio no local a que estão proteínas. A peroxidação de ácidos graxos insaturados
expostos. Em cada local, a tensão do oxigênio depen- na membrana, a oxidação estrutural de proteínas e a ina-
de, por sua vez, do equilíbrio existente entre fatores tivação de enzimas ligadas à membrana podem causar
como a pressão parcial arterial de oxigênio (PaO2), a perda de funções secretoras e outras funções impor-
densidade capilar, fluxo sanguíneo e taxa metabólica tantes, aumentando a permeabilidade da membrana e
tecidual. Como esses fatores são diversos em todo o reduzindo os gradientes de íons transmissores.
corpo, órgãos e tecidos específicos são expostos a uma Apesar desse aspecto tóxico, os ERO também são
variedade de PaO2 durante a respiração com oxigênio importantes mecanismos de defesa e sinalização inter-
a qualquer pressão ambiental. Embora se espere que os celular, principalmente em neutrófilos durante infec-
níveis PaO2 sejam uniformes em todos os leitos circu- ções bacterianas.
O Periscópio 99
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
4 GASES INERTES
Quando os seres humanos são expostos a uma pressão absoluta superior a 3 ata, apresentam sinais e sintomas
recapitulados na Figura 2. Quando os animais são expostos a misturas de ar comprimido, apresentam sinais e sin-
tomas narcóticos a pressões superiores a 8 a 10 ata.
Figura 2: Principais alterações relacionadas à narcose por nitrogênio e suas características físico-químicas.
Os gases nobres causam sinais e sintomas semelhantes, mas variam em sua potência (para revisão, consulte
Bennett e Rostain 2003). Das inúmeras tentativas feitas para correlacionar a potência narcótica do hélio, neon,
argônio, criptônio e xenônio às propriedades físicas, parece que a correlação mais satisfatória seja proporcionada
pela solubilidade lipídica.
Três gases são mais narcóticos que o nitrogênio: o xenônio é um anestésico à pressão atmosférica; o criptônio
causa tontura; e o argônio tem uma potência narcótica aproximadamente do dobro do nitrogênio. Três outros gases
são menos narcóticos que o nitrogênio: o hidrogênio é entre duas a três vezes menos narcótico que o nitrogênio; o
neônio é pelo menos três vezes menos narcótico que o nitrogênio; e o hélio é o menos narcótico.
Baseado na solubilidade lipídica, o efeito narcótico do hélio deve ocorrer próximo dos 400 m. Entretanto, o
efeito de pressão reversa neutraliza essa fraca potência narcótica, e sintomas que ocorrem a partir de 100 m são
diferentes daqueles observados em narcose; eles são chamados Síndrome Neurológica das Altas Pressões – SNAP.
A SNAP inclui sintomas e alterações eletrofisiológicas (Figura 3).
100 O Periscópio
ComForS
Vários estudos indicam que a taxa e a velocidade de compressão têm um papel importante na intensidade
desses sintomas, mas outros parâmetros, como a pressão parcial dos gases inertes ou a pressão per se, estão im-
plicados na ocorrência de diversos sintomas. Todos esses estudos parecem indicar que não há narcose por hélio.
Contudo, a partir de resultados recentes obtidos durante mergulhos experimentais com gases narcóticos adi-
cionados ao hélio sob grande pressão, mudanças de humor ou alucinações sensoriais foram relatadas em alguns
casos de mergulhos com hélio-oxigênio (Heliox) para profundidades superiores a 400 m; poderia ser um efeito
narcótico do hélio em vez de um efeito de pressão.
O Periscópio 101
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
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O Periscópio 103
respectivas áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com orgulho que convido você,
CIÊNCIA E
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
TECNOLOGIA
Oficiais (Turma1/2019), a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
FUNDAMENTOS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA PARA
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
CONDUÇÃO DE SUBMARINOS NUCLEARES
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
Periscópio 3
* Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Comissão Nacional de Energia Nuclear, São Paulo (IPEN/CNEN/SP)
104 O Periscópio
ComForS
Tabela 1: Doses Efetivas Anuais do Público devido à radiação proveniente de fontes naturais (OKUNO, 2018)
O Periscópio 105
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
A radiação de fundo é diferente de lugar para lugar; em algumas regiões, essa radiação possui intensidade ele-
vada, como a Praia de Cumuruxatiba, no extremo sul do estado da Bahia (BA), onde o valor médio da taxa de dose
efetiva anual é de 17,72 mSv/a (VASCONCELOS, 2010), bem próximo à média anual estabelecida pela Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para um IOE, que é de 20 mSv (CNEN, 2014). Os estudos conduzidos
pela United Nations Environment Programme (UNEP, 2016) mostram a influência da radiação, levando em con-
sideração somente a altitude no cálculo da dose efetiva: vide Figura 2.
Figura 2: Doses anuais para radiação cósmica (com base na suposição de exposição nesses locais por um ano) (UNEP, 2016).
106 O Periscópio
ComForS
lho consiste em medidas realizadas por detectores no Esses limites deverão ser controlados por setor pró-
ambiente de trabalho, que sejam capazes de detectar a prio de radioproteção e seu cumprimento será de res-
radiação externa, a contaminação de superfície e a con- ponsabilidade do tomador de decisão (CNEN, 2014).
taminação do ar, quando aplicável. Ela tem um caráter
preventivo, pois a dose pode ser avaliada sem a presença 7 PROBLEMAS DE PROTEÇÃO RADIOLÓ-
do trabalhador e, portanto, podem ser tomadas medidas GICA ATINENTES AOS SUBMARINOS
protecionistas antes de as doses serem recebidas. Enquanto nas instalações radiativas e nuclea-
O Monitoramento Individual, por sua vez, tem o res, via de regra, o espaço não é problema e, portan-
caráter confirmatório. É realizado por equipamento a to, pode-se facilmente separar o ambiente radiativo
ser portado pelo IOE ou por medições de materiais pre- daquele não radiativo, definido pelo limite anual do
sentes em seu corpo, bem como a interpretação destas público, e assim estabelecer rotas diferentes para o
medições. Devem compreender a exposição externa, a pessoal e o material radioativo, não é o caso do sub-
contaminação de pele e roupa, e a exposição interna. marino, que é limitado pelo interior de um tubo de
A Dosimetria Pessoal é um exemplo de Monitora- aço, o casco resistente.
mento Individual, e vale a pena ressaltar que precisará Por questões de equilíbrio do próprio submarino
computar a dose recebida pelo IOE somente durante dentro da água, deve-se obrigatoriamente centralizar o
o desempenho de sua função; sendo assim, o equipa- reator, com toda a sua blindagem possível, pelo espaço
mento deverá ser mantido no local de trabalho em área restrito de que dispõe. Portanto, alguns tripulantes de-
livre de radiações. verão passar muito próximo a ele para poder percorrer
as dependências que se encontram à ré do submarino.
6 LIMITAÇÃO DE DOSE INDIVIDUAL Deste modo, há locais de dose elevada, em que o tem-
As medições realizadas pelos dois tipos de moni- po de permanência deve ser controlado.
toramentos deverão possibilitar a medição da dose de Outro problema importantíssimo é o tempo de
forma a garantir o acompanhamento para que não ul- trabalho em presença de radiação: enquanto para as
trapasse os valores da Tabela 2, bem como os valores instalações radiativas e nucleares são consideradas
obtidos por meio do procedimento de Otimização. 2.000 h/ano, em um submarino, para o mesmo limite
Vale a pena ressaltar que os Limites de Doses anual, deve-se considerar 8.766 h/ano, o que se obriga
Anuais deverão ser compreendidos, no nosso país, en- a abaixar muito mais as doses.
tre os meses de janeiro e dezembro de cada ano e que o Evidentemente, as menores doses encontram-se
valor de 20 mSv de dose efetiva de corpo inteiro e dose nas extremidades do casco resistente, mas deve-se
equivalente do cristalino são médias aritméticas de lembrar que grande parte deste espaço não só pode ser
100 mSv em cinco anos, não excedendo em nenhum ocupado pelo pessoal, mas também pelos tanques, pai-
dos anos o limite de 50 mSv. óis, gabinetes eletrônicos, armamentos etc.
O Periscópio 107
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
108 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 109
respectivas áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com orgulho que convido você,
CIÊNCIA E
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
Oficiais (Turma1/2019),
TECNOLOGIA a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
ANÁLISE DE COMPONENTES INDEPENDENTES (ICA) E
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
SUA APLICAÇÃO EM UMA SITUAÇÃO PRÁTICA
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
Periscópio 3
Logo, conseguimos
àsproposto um modelo inverso
fontes.pela
Chamamos para chegarmos
a matriz às fontes
deIndependentes,
separação de por sen-
W, meio dos sinais
O desafio Análise de Componentes ou ICA, é encontrar, por
medidos. Ou seja, a combinação linear dos sinais medidos é provocada por uma matriz de
meio de algoritmos matemáticos que envolvem Estatística, a matriz de separação, por meio da
do
separação e, desta W =
forma, A -1
e
chegamosN o
às número de
fontes. Chamamosfontes.
a matriz de separação de W, sendo W
qual-1é possível descobrir as fontes dos sinais originais [1] e [2].
= A e N o número de fontes.
2 APLICAÇÃO DA TÉCNICA
s = Wx um conjunto
Consideramos, para este trabalho, si =de∑dados,
𝑁𝑁
𝑗𝑗=1(𝑤𝑤𝑗𝑗 𝑥𝑥𝑗𝑗 )
fornecido pelo IPqM. Os dados
foram coletados utilizando um arranjo cilíndrico de hidrofones (CHA) com 32 staves, sendo cada
O desafio proposto pela Análise de Componentes Independentes,
stave com três hidrofones em série, conforme mostrado na Figura 1. ou ICA, é encontrar, por
meio de algoritmos O desafio proposto
matemáticos que envolvem pela Análisea matriz
Estatística, de Componentes
de separação, por meio da
qual é possível descobrir as fontes dos sinais originais [1] e [2].
Independentes, ou ICA, é encontrar, por meio de algo-
2 APLICAÇÃO DA TÉCNICA
ritmos matemáticos que envolvem Estatística, a matriz
Consideramos, para este trabalho, um conjunto de dados, fornecido pelo IPqM. Os dados
foram coletadosde separação,
utilizando por cilíndrico
um arranjo meio dadequal é possível
hidrofones (CHA) descobrir assendo cadaFigura 2: Fotografia no momento da gravação dos dados
com 32 staves,
stave com três hidrofones em série, conforme mostrado na Figura 1.
fontes dos sinais originais [1] e [2]. com 3 contatos a serem analisados.
110 O Figura
Periscópio
1: CHA com 32 staves e 96 hidrofones, utilizado pelo IPqM.
ComForS
O Periscópio 111
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
112 O Periscópio
ComForS
Figura 10: Análises LOFAR e DEMON da fonte s1. Figura 12: Análises LOFAR e DEMON da fonte s2.
O Periscópio 113
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
REFERÊNCIAS
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cação de sinais de sonar passivo usando métodos de
separação cega de fontes. 2013. Tese de Doutorado.
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Figura 14: Análises LOFAR e DEMON da fonte s3. HYVÄRINEN, Aapo; KARHUNEN, Juha; OJA,
Erkki. Independent component analysis. John Wiley
Na análise DEMON da terceira componente in- & Sons, 2004.
dependente, apresentada na Figura 14, ficou evidente
que a rotação de 1150 RPM ficou mais destacada que JOHNSON, D. H., DUDGEON, D. E. Array signal
as demais. Esse fato demonstra que o algoritmo Fas- processing: Concepts and Techniques. Prentice Hall
tICA também separou essa fonte de maneira eficiente. Signal Processing Series, 1993.
114 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 115
respectivas áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com orgulho que convido você,
CIÊNCIA E
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
Oficiais (Turma1/2019),
TECNOLOGIA a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
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uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
O PORQUÊ DE UM SUBMARINO DE PROPULSÃO
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
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NUCLEAR? LIÇÕES SOBRE AS MALVINAS
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
Periscópio 3
Neste ano se completam 38 anos do conflito desse combustível e construir o protótipo do reator
naval mais recente ocorrido no Atlântico sul. As para um submarino. Pouquíssimos países no mundo
causas que levaram dois países de realidades distin- são habilitados a construir seus próprios submarinos
tas à guerra já foram por muitas vezes abordadas e e mais reduzido é o número daqueles que os fazem
por isso mesmo conhecidas ao longo deste tempo. movidos a propulsão nuclear. China, EUA, França,
Porém, ensinamentos valiosos e ainda atuais podem Rússia e Inglaterra são os atores desse seletíssimo
ser retirados desse exemplo, pois alguns aspectos se grupo. O Nautilus foi o primeiro. Lançado ao mar
assemelham aos momentos em que vivemos e mes- em 1954 pelos americanos; em 17 de janeiro de
mo os vindouros. No dia 5 de setembro de 2008, 1955, em sua primeira viagem, transmitiu a mensa-
foi ativada a Coordenadoria-Geral do programa gem histórica: underway on nuclear power. Foi desco-
de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão missionado em 3 de março de 1980. O planejamento
Nuclear (COGESN). Grande marco para a nossa dava conta que o nosso Nautilus seria lançado em
Marinha, coroa o trabalho conduzido há trinta anos dois anos; contudo, devido aos ajustes no cronogra-
do Programa Nuclear cuja meta era dominar o ciclo ma, o seu lançamento está programado para 2031.
116 O Periscópio
ComForS
Mas a resposta à pergunta do título demanda um lançadores de mísseis balísticos (POLARIS), seis sub-
caminho até certo ponto extenso para que possa ser marinos nucleares da classe Swiftsure, dois da classe
melhor compreendido. Dados indicam que 90% do co- Valiant e três da classe Churchill, 13 submarinos con-
mércio mundial utiliza-se do mar. No caso brasileiro, tal vencionais (de patrulha) da classe Oberon e mais dois
participação chega a cerca de 95%. Com toda a costa da classe Porpoise – totalizando trinta, dentre nucle-
exclusivamente voltada para o Atlântico, sendo majori- ares e convencionais. Participaram das operações nas
tariamente o sul desse oceano, é de se registrar quanta Malvinas os submarinos HMS Conqueror e HMS
preocupação a Marinha tem em defendê-lo. A proposta Courageous (classe Churchill), HMS Spartan e HMS
encaminhada à ONU para que tenhamos reconhecido Splendid (classe Swiftsure) e HMS Valiant (classe de
nosso pleito para a delimitação da nossa Zona Econô- mesmo nome), todos de propulsão nuclear, além do
mica Exclusiva (ZEE) e, consequentemente, todos os HMS Onyx (classe Oberon), único convencional inglês
direitos que sobre ela nos reservam, diz respeito a uma na região.
área de aproximadamente 4,5 milhões de quilômetros Já o inventário da força de submarinos argentina
quadrados, o que equivale à metade do nosso tama- era bem mais modesto: somente quatro submarinos
nho terrestre, e que foi muito bem denominada como convencionais, sendo que dois de idade bastante avan-
Amazônia Azul. Tema recorrente nos últimos anos, o çada, de quase quarenta anos: as ARA Santa Fé (S-21)
PRESAL, dentre outras coisas, se apresenta como uma e Santiago Del estero (S-22), ambas da classe Guppy,
reserva de petróleo de dimensões ainda desconhecidas, comissionadas em 1951 e compradas aos americanos
mas que já se apresenta ser a mais significativa das últi- em 1971, e mais dois tipo 1200: ARA Salta (S-31) e
mas décadas; nos coloca no cenário internacional como ARA San Luis (S-32), construídas em Kiel, comissio-
possível exportador desse importantíssimo insumo nadas em 1974. Havia ainda um contrato para aqui-
energético; reforçou internamente em nossa sociedade sição de mais seis novos submarinos tipo 1700 em an-
de maneira bastante positiva o papel para que nós, bra- damento na Alemanha dos quais somente dois foram
sileiros, tenhamos o direito de explorá-lo, mas, também, comissionados, ARA Santa Cruz (S41) e ARA San
o dever de negar tal ensejo a quem não nos interesse. Juan (S42), em 1984/85.
O submarino é uma arma de guerra excepcional. Os de classe Guppy, por razões óbvias, operavam
Sua capacidade de ocultação, somada à problemática sob terríveis restrições. A ARA Santa Fé participou do
detecção submarina, torna-o um verdadeiro preda- início das hostilidades transportando um grupamen-
dor que se aproveita do melhor momento para atacar to de mergulhadores de combate que desembarcou e
usando como camuflagem o meio em que se deslo- tomou Port Stanley nas primeiras horas do dia 2 de
ca. Adicione a tudo isso uma autonomia virtualmente abril. Era o início da operação “Rosário”. A Primeira
ilimitada, obviamente restrita pela endurance dos seus Ministra britânica Margareth Thatcher declarou ime-
tripulantes, com tal velocidade que o permite atacar diatamente que as Ilhas seriam retomadas e para isso
nos 360º qualquer força no mar e, assim, teremos à anunciou a formação de uma Força-Tarefa. Foi o início
nossa disposição o poder dissuasório de nos impor da operação denominada “Corporate”. O conselho de
conforme nossos interesses, porém, respaldados por Segurança da ONU emitiu a resolução Nº 502 que de-
nossa vocação pacifista e favorável sempre à resolução terminava o cessar das hostilidades, retirada imediata
de contenciosos pelas vias diplomáticas. das forças argentinas e clamava ambos os governos às
Com relação ao balanço de forças entre os envol- vias diplomáticas segundo a Carta das Nações Unidas.
vidos no conflito das Malvinas, nota-se ser cenário Sem dúvida, uma vitória política inglesa.
extremamente desfavorável para os argentinos; mas o Fragilizada por inúmeras avarias que se sucederam
foco desta análise é o correto uso pelos ingleses das a partir do desembarque nas Ilhas, a ARA Santa Fé re-
suas forças navais, com destaque para os seus submari- gressou para o Arsenal Naval de Mar Del Plata e, após
nos de propulsão nuclear. um breve período de reparos emergenciais, suspendeu,
O inventário da força de submarinos inglesa contava no dia 16 de abril, rumo às ilhas Geórgias do Sul. Ape-
com: quatro submarinos nucleares da classe Resolution sar dos trabalhos no arsenal, seu comandante viu-se
O Periscópio 117
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
na difícil situação de ter que fazer a navegação na su- julho não o permitiu.A ARA Santiago Del estero foi en-
perfície devido a dificuldades em recarregar as bate- viada e camuflada em Baía Blanca para que os ingleses
rias, além de ter discutíveis condições de lançar seus não soubessem de sua indisponibilidade.
torpedos eficazmente. No dia 25 de abril, o S-21, na O afundamento em 3 de maio do Cruzador ARA
superfície, foi atingido por bombas de profundidade General Belgrano pelo Submarino Nuclear HMS
lançadas por uma aeronave da Fragata HMS Antrim e Conqueror, por dois torpedos MK-8, após 27 horas de
em sequência por metralhadoras de aeronaves Lynx e acompanhamento e cuja decisão partiu diretamente da
por míssil de um helicóptero Wasp. A breve e previsível Chefe de Governo inglês, gerou consequências mar-
participação da ARA Santa Fé se encerrou. cantes no conflito:
• deu credibilidade ao bloqueio (Zona de exclusão de
200 milhas de raio em torno das Falklands) que im-
puseram a partir de 12 de abril; e
• tornou patente a determinação pela retomada das Ilhas.
118 O Periscópio
ComForS
mento e que suas aeronaves ASW foram as que mais Os ingleses decretaram bloqueio naval no dia 7
horas de vôo tiveram durante toda a guerra. a vigorar a partir do dia 12 de abril, respaldado pela
A Argentina estava em pleno momento de reapa- arma submarina, principalmente após o afundamen-
relhamento, que propunha dispor o país de meios mais to do General Belgrano, que resultou na contenção das
modernos, tendo sido contratadas várias encomendas forças navais argentinas em suas bases e, consequen-
ao exterior. Além disso, navios argentinos pouco an- temente, de apoio logístico às tropas estacionadas nas
tes haviam sofrido avaliação pelos próprios ingleses. Ilhas. Restaram-lhes uma débil ponte aérea valendo-se
Melhores informações não poderiam ter sido forneci- do aeroporto situado em Port Stanley. Num conflito
das ao adversário. O material de guerra utilizado pela eminentemente marítimo, a capacidade de se utilizar
Argentina era, em grande maioria, do exterior. Seus o mar, ou negá-lo, permanece como absoluta verdade e
principais fornecedores eram: EUA, França, Alema- que não pode ser relegada a plano secundário.
nha, Áustria, Israel e a própria Inglaterra. Os aviões Muitas outras conclusões podem ser elencadas, mas
Skyhawk, Mirage e Super Etandard, os helicópteros vou limitar às que julgo serem cruciais para o nosso
Lynx e Puma, os submarinos IKL e Guppy, os sistemas momento: este conflito evidenciou que o avanço da
de mísseis Shafrir, Roland, Sea Dart e Exxocet, as Fra- sofisticação tecnológica impõe um nível cada vez mais
gatas tipo 42 e MEKO, bem como praticamente to- alto de profissionalização dos militares que operarão
dos os itens do arsenal argentino, tiveram seu fluxo de tais equipamentos. O submarino nuclear se reveste de
apoio logístico abruptamente cortado por suas origens. um emaranhado de recursos tecnológicos que levarão
Já os ingleses puderam contar com os seus sistemas inicialmente seus construtores e posteriormente seus
de armas desenvolvidos em suas próprias indústrias; operadores a um sem-fim de tarefas preparatórias e de
do apoio efetivo dos seus aliados da OTAN, como a adestramento. Torná-lo tão silencioso quanto possível;
ajuda quase irrestrita americana que permitiu o uso da dotado de torpedos antinavio e antissubmarino (e por
Base da Ilha da Ascensão, a meio caminho do TO; de que não com mísseis antissuperfície?), requererá efi-
informações por satélites das Ilhas e das bases argenti- ciente e plenamente nacional sistema de combate de
nas; e dos mísseis ar-ar AIM-9L Sidewinder. Os fran- forma que a necessidade do engajamento se proces-
ceses colocaram à sua disposição caças Super Etandard sará com a acurácia esperada e devida; com recursos
e Mirage III para auxiliar o desenvolvimento pelos pi- de comunicações por satélite, uma vez que a comu-
lotos da RAF de táticas de combate mais eficazes das nicação por HF vai expô-lo de forma desnecessária e
suas aeronaves Harrier e Sea Harrier. com imenso prejuízo à sua maior qualidade. Isso tudo
Porém, de todos os ensinamentos que podemos ex- partindo da premissa que 100% de seus sobressalen-
trair, o maior de todos foi quanto à presunção de que tes serão facilmente obteníveis no mercado nacional
os ingleses, por estarem num momento de redução de de modo que não venhamos a sofrer com interrupções
meios navais, para se adequarem às ações conduzidas intempestivas dos fabricantes em momentos delicados.
pela OTAN, não responderiam como sempre foi mar- Isto exigirá que se inclua como parte da própria arma a
cante na sua história. Pensaram os argentinos com as sua estrutura de apoio, instalações de manutenção, pes-
intenções do inimigo e não com suas possibilidades. O soal qualificado, suprimentos e da documentação téc-
poder marítimo inglês demonstrado nesta ocasião foi nica. Demanda também que se faça frequente emprego
exemplar, tendo a sua parcela militar, o Poder Naval, das armas para verificação, pois a constatação da defici-
demonstrado grande flexibilidade. ência no momento do combate é, normalmente, tardia.
As forças navais inglesas suspenderam de suas bases E sem esquecer de uma adequada Base de Sub-
apenas 72 horas após a invasão para 8 mil milhas de marinos Nucleares com as devidas facilidades que este
travessia; as modificações efetuadas nos navios mobi- mosaico de fainas requer ser concentrada num local
lizados da Marinha Mercante em estaleiros britânicos próprio e imune a interferências estranhas de qualquer
nos primeiros momentos que se seguiram à invasão para natureza.
que pudessem operar com aeronaves e realizar reabaste-
cimentos no mar são dignas do registro histórico. Lembrai-vos da Guerra.
O Periscópio 119
CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
REFERÊNCIAS
DUARTE, Paulo de Oliveira (Gen.). Conflito das
Malvinas. Rio de Janeiro: Bibliex, 1986. 372p.
120 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 121
“Artigos Diversos”, estão publicados artigos relevantes de forma regular, tem procu
para o debate profissional e acadêmico dentro das suas informação valioso para quem
Artigos Diversos respectivas áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com org
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas pág
Oficiais
Artigo(Turma1/2019),
Premiado a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa trad
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse oper
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelo
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhad
PSICOLOGIA DE SUBMARINO: FERRAMENTA DE uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais d
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos,
ADAPTAÇÃO A PARTIR DA INTERFACE RELACIONAL do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberan
DOS FATORES HUMANOS âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
122 O Periscópio
ComForS
Os aviões, por exemplo, passaram a voar mais Uma forma importante para compreendermos os
alto e mais rápido. Os pilotos, porém, sofriam Fatores Humanos são os modelos conceituais, como o
da falta de oxigênio nas grandes altitudes, perda modelo Heinrich (1931), o Reason (1990) e o SHELL
de consciência nas rápidas variações de altitude
(1972 e 87). Sendo este último destaque no presente
exigidas pelas manobras aéreas, e vários outros
artigo. Criado por Edwards em 1972 e adaptado por
“defeitos” no sub-sistema fisiológico. Os pro-
jetistas não consideraram o funcionamento do Hawkins em 1984 e 1987, utiliza blocos como forma
organismo em diversas altitudes e submetidos de representar os diversos elementos que compõem os
a acelerações importantes! Como conseqüência, Fatores Humanos e enfatiza o fazer humano em in-
muitos aviões se perderam. A perda do material teração com os demais componentes do sistema Ho-
bélico era importante, vultosa e por si só justi- mem-Máquina-Ambiente, como nos explica Moreira,
ficaria esforços. No entanto, dado que o treina- (2001). Propõe ainda que o funcionamento do sistema
mento de um piloto levava dois a quatro anos,
depende de um encaixe harmonioso entre os blocos
a perda de um piloto treinado se constituía em
que o compõem. O Liveware representa o homem, que
perda irreversível na duração da guerra.
é o elemento central e interage com todos os outros
Nessa época foram formados tanto na Inglaterra elementos do sistema, por isso será mais amplamen-
como nos EUA grupos interdisciplinares, agora com te abordado no decorrer do artigo. O Hardware está
a participação de psicólogos somados aos engenhei- relacionado aos equipamentos, máquinas, motores,
ros e médicos (os primeiros a se dedicar ao assun- sendo o mais estudado após a II Guerra, e se refere
to) cujo trabalho era adaptar os veículos militares, aos ajustes ao corpo humano, codificação e localiza-
aviões e demais equipamentos militares às caracte- ção apropriados e características antropométricas. O
rísticas físicas e psicofisiológicas dos soldados, prin- Software se refere ao suporte lógico, manuais, proce-
cipalmente em situações de emergência de pânico. dimentos, normas, enfim, a toda a simbologia por trás
Tinham como objetivo “elevar a eficácia combativa, do trabalho a ser realizado. O ambiente se refere ao
a segurança e o conforto dos soldados, marinheiros ambiente físico onde o trabalho acontece, refere-se à
e aviadores” (VIDAL, 1999, p. 10). Os conhecimen- temperatura, ruídos, luminosidade, conforto, infraes-
tos produzidos nessa época viriam a ser direcionados trutura de apoio, manutenção, tudo aquilo pertencente
para a indústria civil. ao ambiente externo que pode interferir na atividade.
Aqui podemos perceber um sinal da importância Os dois fatores mais importantes para nossa refle-
que começa a ser dada ao elemento humano naquelas xão são os dois blocos que representam os elementos
circunstâncias, quando se começa a pensar na adapta- humanos e sua interação. Como bem elucida Moreira
ção do trabalho às necessidades humanas, ao contrário (2001), o bloco central Liveware representa o ser hu-
do paradigma vigente até então. mano, considerado o componente mais crítico e fle-
Outro aspecto importante a salientar é a conceitu- xível do sistema, sendo passível de variações no seu
ação do Fator Humano, de modo a alinhar conceitos e desempenho e estando sujeito a limitações. Aqui são
facilitar nossa apropriação desse campo teórico, como considerados os aspectos individuais, ou seja, aqueles
apresenta o DOC 9683 da ICAO: que pertencem ao funcionamento pessoal, sejam eles
fisiológicos ou psicológicos. Neste bloco estão repre-
Uma definição de Fatores Humanos, proposta sentadas as informações referentes às funções cogni-
pelo professor Edwards declara que ‘está rela- tivas como percepção, atenção, memória, personali-
cionada a otimizar a relação entre pessoas e suas dade, motivação, tolerância ao estresse, tratamento
atividades pela aplicação sistemática das Ciên-
da informação, experiência, carga de trabalho, estado
cias humanas integradas com a estrutura dos sis-
emocional, atitude, planejamento, conhecimentos e
temas de engenharia’. Seus objetivos podem ser
entendidos como a efetividade do sistema, que
instrução. Muito interessa à reflexão aqui proposta
inclui segurança e eficiência, e o bem-estar dos o encontro Liveware-Liveware, ou seja, o relaciona-
indivíduos. (EDWARDS, 1985, apud ICAO, mento entre as pessoas e impacto disso para o bom
1998, p. 1-1-2, tradução nossa). desempenho do sistema. Essa interface abarca o rela-
O Periscópio 123
Artigos Diversos
cionamento entre o indivíduo e as outras pessoas no ruídos e odores intensos) e psicológico (pouca privaci-
ambiente de trabalho, ou seja, as interações com os dade, contato constante e contínuo com os outros mili-
superiores, os pares e os subordinados. Nesta interfa- tares, falta de contato com a família durante o período
ce estão elencados os aspectos referentes à comunica- no mar e o risco inerente à atividade) ganham impor-
ção, trabalho em equipe, relações interpessoais, lide- tância habilidades interpessoais, que passam a ter um
rança, cooperação, divisão de tarefas e até problemas papel fundamental para a Segurança Operacional.
financeiros e familiares. De que forma pode a Psicologia de Submarino
contribuir para a melhor adaptação da interface rela-
3 A PSICOLOGIA DE SUBMARINO cional dos Fatores Humanos?
Como ciência, a Psicologia se interessa pelo estu- Uma das práticas Organizacionais muito tra-
do do comportamento humano e os processos mentais dicionalmente utilizadas por Psicólogos é chamada
pela aplicação de processos científicos (GOODWIN, Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas. Essa
2005, p. 44). Quando visa estudar e aplicar conheci- prática tem como base a aprendizagem, que significa
mentos, estamos falando da Psicologia aplicada. Di- mudança no comportamento através da incorporação
versos campos da Psicologia aplicada têm encontrado de novos hábitos, atitudes, conhecimentos e destre-
espaço e importância nos últimos anos, como é o caso zas (CHIAVENATO, 2004, p. 339). O aspecto mais
da Psicologia Organizacional, que tem como obje- importante dessa prática é a possibilidade de mudan-
to de estudo o comportamento humano no trabalho. ça, através de aprendizagem, de atitudes e compor-
Esses conhecimentos, quando aplicados ao trabalho tamento, o que permite mudança perante o trabalho
em submarino e direcionados para a segurança des- e das interações com os pares ou superiores. Robbins
sas atividades, chama-se Psicologia de Submarino. A (2005) define as atitudes como afirmações avaliado-
sua contribuição se dá no auxílio à otimização do fazer ras – favoráveis ou desfavoráveis – em relação a ob-
humano, considerando o submarinista e suas relações jetos, pessoas ou eventos. São relacionadas a valores,
com o ambiente do submarino, sua operação e de que no entanto, menos estáveis, logo, mais suscetíveis a
forma os aspectos psicológicos e psicossociais atuam mudança e são orientadoras do comportamento. Um
sobre o desempenho, contribuindo para a segurança treinamento pode, por exemplo, ser orientado a mu-
das atividades. dar uma atitude reativa para uma atitude proativa, e
A Psicologia de Submarino surge a partir do reco- essa mudança pode ser perceptível pelos novos com-
nhecimento pela Alta Administração Naval da impor- portamentos produzidos.
tância da adaptação psicofísica dos militares subma- Uma grande variedade de assuntos pode ser objeto
rinistas ao trabalho, com vistas ao futuro Submarino de treinamento, sendo o de maior relevância para nossa
de propulsão nuclear Brasileiro SN-BR. Trata-se do reflexão relacionado à habilidade interpessoal. Definida
campo de trabalho do Psicólogo que tem por objeti- por Robbins (2005) como a habilidade de interagir efi-
vo estudar o comportamento humano no trabalho em cazmente com os pares e superiores, pode ser dividida
submarino, visando à prevenção de acidentes. São do em tópicos a serem aprendidos, como ouvir, comunicar
interesse do Psicólogo de Submarino os fenômenos ideias de forma clara e ser um membro mais eficaz na
psicológicos relacionados à atividade do submarinista, equipe. Outros temas podem ainda ser incluídos num
desde as funções cognitivas e emocionais, suas relações processo de Treinamento e Desenvolvimento, como li-
com os pares e com a Organização. A atuação do Psi- derança, trabalho de grupo, equipes, solução de proble-
cólogo nesse contexto visa a aprimorar a interação do mas, gestão emocional ou habilidades sociais.
submarinista com os aspectos do seu trabalho, poden-
Treinamento é a experiência aprendida que con-
do intervir para a manutenção do bem-estar, da saúde
duz a uma mudança relativamente permanente
e da segurança nas operações. em um indivíduo e que melhora sua capacidade
Em função das especificidades do trabalho do sub- de desempenhar um cargo. O treinamento pode
marinista, com exigências do ponto físico (como espaço envolver uma mudança de habilidades, conheci-
restrito, iluminação e ventilação artificiais, presença de mento, atitudes ou comportamento. Isso signifi-
124 O Periscópio
ComForS
ca mudar aquilo que os empregados conhecem, Resource Management), sendo esta uma importante
como eles trabalham, suas atitudes perante seu ferramenta para desenvolvimento de habilidades de
trabalho ou suas interações com os colegas ou interação no grupo ao mesmo tempo em que, en-
chefia. (DECENZO, 1996 apud CHIAVENA-
quanto Filosofia Operacional, fortalece a mentalida-
TO, 2004, p. 339).
de de segurança.
Do ponto de vista dos Condicionantes Psicoló-
Apesar de aparecerem juntos e estarem intima-
gicos Organizacionais, ou seja, aqueles que dizem
mente relacionados, Treinamento e Desenvolvimen-
respeito à Organização, as atividades educativas so-
to têm significados diferentes. Enquanto o Treina-
bre Fator Humano, como aulas, instruções, palestras,
mento é orientado para o presente, focalizando o
etc., contribuem para o fortalecimento da Cultura de
cargo atual, o Desenvolvimento é mais abrangente,
Segurança, que por sua vez é orientadora do compor-
inclui o primeiro e tem uma perspectiva de futu-
tamento. Além disso, os treinamentos de habilidades
ro, ou seja, focaliza cargos a serem ocupados futu-
interpessoais podem impactar a Organização, como o
ramente na organização. Um aspecto fundamental
Clima Organizacional, que interfere diretamente no
do Desenvolvimento é que ele pode incluir o de-
bem-estar dos indivíduos.
senvolvimento pessoal, que está relacionado com os
processos mais profundos de formação da persona-
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
lidade e da melhoria da capacidade de compreender
Como foi visto do decorrer do artigo, a Psicologia
e interpretar o conhecimento.
de Submarino se insere na ótica dos Fatores Huma-
Desenvolvimento é o conjunto de experiências nos de forma contundente, contribuindo para inte-
organizadas de aprendizagem (intencionais e pro- ração adequada entre o elemento central do sistema
positais) proporcionadas pela organização, dentro a máquina, o ambiente e os outros humanos que o
de um específico período de tempo, para oferecer compõem. Considerando que o ser humano está nas
a oportunidade de melhoria do desempenho e/ou
duas pontas dessa interação, é natural que as duas
desenvolvimento humano. […] Desenvolvimento
áreas encontrem uma convergência: o Fator Huma-
pessoal: são as experiências não necessariamente
relacionadas como cargo atual, mas que propor-
no na busca pelo bom funcionamento do sistema e
cionam oportunidades para desenvolvimento e a Psicologia pelo bom desempenho e interação entre
crescimento profissional. (NADLER, 1990 apud os indivíduos.
CHIAVENATO, 2004, p. 371). A Psicologia de Submarino pode contribuir dire-
tamente para o incremento da Segurança Operacional
Do ponto de vista dos Condicionantes Individu- e para a otimização do desempenho através de trei-
ais, o Psicólogo de submarino pode atuar como fa- namentos comportamentais individuais ou coletivos,
cilitador da resolução de conflitos intrapessoais (in- atuar na prevenção primária de problemas psicosso-
ternos) no âmbito da prevenção primária, trabalhar ciais e, através da educação sobre assuntos relacionados
na elaboração de treinamentos que desenvolvam o ao Fator Humano, fortalecer a Cultura de Segurança e
autoconhecimento, gerenciamento do Estresse, ha- a atividade Operativa do Submarino.
bilidades cognitivas (visando melhor adaptação ao Importante ressaltar que este artigo não tem a pre-
trabalho), e, ainda, de atitudes de valorização da Se- tensão de esgotar as possibilidades de contribuição da
gurança Operacional, visando ao fortalecimento da Psicologia de Submarino, mas sim elucidar algumas
Cultura de Segurança. delas e promover a reflexão. Além disso, destaca-se a
Do ponto de vista dos Condicionantes Psicosso- necessidade de se realizar estudos e pesquisas, num es-
ciais, o Psicólogo pode contribuir com atividades de paço de construção entre os Psicólogos de Submarino
Treinamento que objetivem desenvolver habilidades e os Submarinistas, a partir de um vínculo de confiança
interpessoais, dinâmicas de grupo, Liderança, Co- e escuta daquele que, sim, é o conhecedor de suas ha-
municação e Tomada de Decisão. Temas que tam- bilidades, motivações, necessidades e desafios no exer-
bém são objeto do treinamento SRM (Submarine cício da atividade.
O Periscópio 125
Artigos Diversos
REFERÊNCIAS
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: e o
novo papel dos recursos humanos nas organizações.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
126 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 127
respectivas áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com orgulho que convido você,
do Curso Aperfeiçoamento de Submarinos para leitor, a mergulhar nas páginas desta edição, onde
Artigos Diversos
Oficiais (Turma1/2019), a Aula Inaugural do Curso de poderá constatar a nossa tradição de abordar assuntos
Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse operativo, dando ênfase às
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
LIÇÕES PARA O BRASIL QUANTO AO EMPREGO DE
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
SUBMARINOS NA BATALHA DE MIDWAY
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
Periscópio 3
128 O Periscópio
ComForS
os subsequentes. Já o submarino USS “Grouper” não cionamento de navios japoneses a partir do dia 2 de
conseguiu realizar ataques em decorrência das medidas junho, tendo a maior parte da batalha ocorrido apenas
antissubmarino adotadas pelos japoneses (NIMITZ, em 4 de junho. As táticas utilizadas na época previam
1942). Além disso, eles contribuíram para causar uma o emprego de altas velocidades para os submarinos
colisão entre os cruzadores japoneses, “Mikuma” e na superfície para permitir o seu posicionamento em
“Mogami”, após o submarino ter sido avistado na su- sucessivos ataques. Mesmo considerando a proibição
perfície, e enviaram um relatório de avistamento que de trânsito na superfície diurno vigente na batalha,
levou o Almirante Raymond Spruance a interromper visando evitar o alerta sobre a preparação das forças
a perseguição aos navios japoneses que fugiam. Em sua americanas, apenas o trânsito noturno na superfície em
análise do emprego dos submarinos na batalha, Clay altas velocidades poderia ter contribuído com maior
Blair Jr. (1975) afirmou que “as atividades realizadas protagonismo.
pelos submarinos do Estados Unidos na Batalha de Mesmo considerando que não era desejável com-
Midway foram de confusão e erro”. prometer o sigilo da preparação dos Estados Unidos
Esse resultado contrasta com o que foi realizado para a batalha, após as operações aeronavais, os sub-
pelos submarinos estadunidenses durante as operações marinos ainda poderiam ter sido empregados ofensi-
no Pacífico. A despeito de comporem menos de 2% vamente com a utilização dos dados disponíveis e suas
dos navios militares empregados naquele Teatro de altas velocidades na superfície. Ao contrário disso, suas
Operações, eles foram responsáveis por afundar 30% Zonas de Patrulha foram gradualmente aproximadas
dos navios de guerra e 55% dos navios mercantes japo- de Midway, encerrando a possibilidade de um dano
neses (CONVERSE, 2019). muito superior a outras parcelas das forças japonesas,
Ao analisar as causas de tal desempenho, podem além dos seus navios-aeródromos.
ser observadas duas lições importantes. Um dos pro-
blemas já é largamente conhecido e é sistematica- 3 O EMPREGO DESSAS LIÇÕES PARA O
mente mencionado quando analisadas as operações BRASIL
de submarinos naquele Teatro de Operações, trata-se Scharnhorst (1804), estrategista e um dos mestres
do baixo desempenho dos torpedos no início do con- e mentores de Clausewitz (BELLINGER, 2019), de-
flito. Isso viria a ser corrigido, permitindo a melhora fendeu de maneira incisiva o estudo de eventos his-
do desempenho dessa fabulosa arma de combate (SY- tóricos na preparação dos oficiais para o combate. De
MONDS, 2003), não sendo de análise mais detalhada maneira análoga, outro renomado estrategista, Corbett
neste artigo. (1911), foi um passo além ao definir que esse estudo
A segunda questão está relacionada com o concei- contribuiria não só com a elaboração de planos, mas
to operacional vislumbrado para os submarinos para também com a sua compreensão pelos comandantes
aquela batalha. Em primeiro lugar, o espalhamento subordinados que executarão essas ações.
dos submarinos por uma grande área permitiu que os Nesse momento em que o Brasil, por meio do
mesmos atuassem em suas zonas de patrulha como seu Programa de Submarinos, trabalha na construção
fontes de dados da possível aproximação dos japoneses. do primeiro submarino nuclear brasileiro (Figura 1)
Porém, prejudicou sensivelmente a capacidade de co- (BRASIL, 2019), algumas dessas lições de Midway
ordenação dos ataques, empregando as táticas vigentes serão úteis para o país. É preciso considerar que o
de matilha, que teriam contribuído com a missão de submarino nuclear traz uma nova dimensão para as
causar o máximo dano às forças inimigas. Esse pro- modernas operações de submarinos ao incorporar al-
blema foi agravado por uma estrutura de Comando e tas velocidades à conhecida furtividade do meio. Esse
Controle deficiente que não previu o tráfego de infor- fato implicará uma nova forma de pensar pelos nossos
mações do esclarecimento aéreo em tempo oportuno submarinistas a fim de permitir o pleno emprego de
para os submarinos (HUNICUTT, 1997). tão versátil capacidade.
Esses fatos são relevantes, especialmente se con-
siderarmos que há relatos de informações de posi-
O Periscópio 129
Artigos Diversos
E é nesse ponto em que uma das lições do em- Desta feita, a partir das lições de Midway pode-se
prego de submarinos em Midway poderá contribuir inferir a importância do emprego de uma estrutura
com a Marinha do Brasil. Uma análise operacional do de comando e controle adequada e ágil e que possa
espaço marítimo de Midway indica a ausência de um incorporar todos os recursos de patrulha e esclareci-
ponto focal no qual o emprego de submarinos possa mento, permitindo o eficiente posicionamento do sub-
ser maximizado. De maneira análoga, a costa do Brasil marino nuclear. Afinal de contas, as altas velocidades
não apresenta geograficamente muitos pontos focais serão mais úteis se tivermos a clara noção para onde
que facilitem o posicionamento dos submarinos, o que deveremos mandar o meio. De menor utilidade será a
amplifica a importância das altas velocidades providas existência de altas velocidades se não for possível posi-
pelos submarinos nucleares. cionar dinamicamente as zonas de patrulha de forma
130 O Periscópio
ComForS
que permitam maximizar a ameaça submarina. Não do a ameaça submarina onipresente. Isso traria uma
considerar o emprego das velocidades disponíveis pelo maior flexibilidade e maximizaria o emprego dessa
nível operacional de comando restringirá o seu uso fabulosa arma, ampliando o sucesso que esse grande
apenas pelos comandantes de submarino no nível táti- projeto e a nobre História de nossa Força de Sub-
co para posicionar-se dentro de sua zona de patrulha, marinos merecem.
diminuindo enormemente a flexibilidade dessa nobre
arma no combate naval. REFERÊNCIAS
Vislumbra-se que o caminho para minimizar o ris- BELLINGER, Vanya Eftimova. Introducing #Schar-
co de tais lições não serem empregadas seria continuar nhorst: The vision of an enlightened soldier “On Ex-
o desenvolvimento de Sistema de Gerenciamento da perience and Theory”. 2019. Disponível em: <https://
Amazônia Azul (SisGAAz) (BRASIL, 2018) e ga- thestrategybridge.org/the-bridge/2019/4/1/introdu-
rantir seu pleno emprego em apoio às operações de cing-scharnhorst-the-vision-of-an-enlightened-soldier-
submarinos. Esse sistema deve incorporar uma série -on-experience-and-theory>. Acesso em: 2 mai. 2019.
de informações de diversas fontes para permitir apri-
morar o processo decisório do nível operacional, con- BLAIR JR., Clay. Silent victory: The U.S. submarine
tribuindo para maximizar o emprego dos submarinos war against Japan. Philadelphia: Lippincott, 1975.
nucleares. Ele poderia contribuir enormemente com BRASIL. Marinha apresenta projeto-piloto do Sis-
essa complexa missão da Autoridade de Controle de tema de Gerenciamento da Amazônia Azul para o
Submarinos de posicionar os submarinos de maneira Ministro da Segurança Pública. 2018. Disponível em:
eficiente, maximizando seu emprego. <https://www.marinha.mil.br/noticias/marinha-apre-
senta-projeto-piloto-do-sistema-de-gerenciamento-
4 CONCLUSÃO -da-amazonia-azul-para-o>. Acesso em: 14 mai. 2020.
O emprego de submarinos na Batalha de Midway
nos deu importantes indicações sobre a importância BRASIL. Submarino nuclear. São Paulo: Marinha do
de uma estrutura de Comando e Controle para ma- Brasil. 2019. Disponível em: <https://www.marinha.
ximizar o emprego de submarinos. Informações me- mil.br/ctmsp/submarino-nuclear>. Acesso em: 14 mai.
lhores e mais oportunas ou ágeis poderiam, naquela 2020.
ocasião, ter flexibilizado o posicionamento dos sub-
marinos, empregando altas velocidades no período CONVERSE, Blake. Then and now: Midway and sub-
noturno. Este fato poderia ter trazido um protago- marine force. [S.l.]: United States Navy, 2019. Dispo-
nismo maior dos submarinos, a exemplo do que eles nível em: <https://navylive.dodlive.mil/2019/10/29/
viriam a fazer nas operações subsequentes naquele then-and-now-midway-and-submarine-force/>.
Teatro de Operações. Acesso em: 14 mai. 2020.
Nesse momento, no qual a Marinha do Brasil
trabalha para incorporar o seu primeiro submarino CORBETT, Julian S. Principles of maritime strategy.
nuclear, que trará como grande diferencial a capaci- Nova York: Longmans, Green and Co., 1911.
dade de navegar submerso a maiores velocidades, tal
lição parece ser válida novamente. A disponibilidade HUNICUTT, Thomas G. The operational failure
de uma estrutura de Comando e Controle ágil e que of U.S. submarines at the Battle of Midway and im-
incorpore várias fontes de informação permitiria plications for today. Newport: Naval War College,
empregar essas maiores velocidades não só no nível 1997. 31 p. Disponível em: <https://apps.dtic.mil/
tático, como também no nível operacional. Ou seja, dtic/tr/fulltext/u2/a311656.pdf>. Acesso em: 14
ela permitiria não só o melhor posicionamento final mai. 2020.
para o ataque, mas criaria a flexibilidade de que a
Autoridade de Controle de Submarinos reposicio- NIMITZ, Chester A. Battle of Midway action report.
nasse dinamicamente as Zonas de Patrulha, tornan- Hawaii: United States Navy, 1942. Disponível em: <ht-
O Periscópio 131
Artigos Diversos
tps://www.ibiblio.org/hyperwar/USN/rep/Midway/
Midway-CinCPac.html>. Acesso em: 14 mai. 2020.
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ComForS
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“Artigos Diversos”, estão publicados artigos relevantes de forma regular, tem procu
para o debate profissional e acadêmico dentro das suas informação valioso para quem
Artigos Diversos respectivas áreas de atuação, como a Aula Inaugural Desta forma, é com org
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Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para de relevante interesse oper
Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelo
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhad
TRIPULAÇÃO DO SN-BR: ENFOQUE PSICOLÓGICO NO uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais d
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos,
ACOMPANHAMENTO E DESENVOLVIMENTO DESTES do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberan
MILITARES âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
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Artigos Diversos
mente as relações organizacionais e de trabalho. Para escassez, podemos fazer um comparativo da realidade
Selye (1952), o estresse seria um esforço de adaptação dos submarinistas de longas expedições através do tra-
do organismo para lidar com situações que afetam seu balho realizado pelo Human Research Program (HRP)
equilíbrio interno. Sua teoria teve inspiração no tra- da NASA, com os astronautas. O HRP é dedicado à
balho de Walter Cannon (1935), um fisiologista que descoberta dos melhores métodos e tecnologias para
inaugurou o conceito de homeostase dos seres vivos, ou apoiar a segurança e produtividade humana em viagens
seja, a tendência na busca do estado de equilíbrio fisio- espaciais. O centro permite a exploração espacial, re-
lógico do organismo, e, também, o conceito de resposta duzindo os riscos à saúde e ao desempenho dos astro-
de luta-ou-fuga que é a preparação do organismo para nautas, usando instalações de pesquisa terrestres como
lutar ou fugir quando confrontado com uma situação a International Space Station e ambientes analógicos.
de ameaça. Para Selye, a exposição a extensas e prolon- Este centro apoia pesquisas científicas inovadoras fi-
gadas situações de estresse ocasionariam uma exaustão nanciando mais de 300 bolsas de pesquisa para uni-
no sistema, provocando doenças físicas e também psi- versidades, hospitais e centros da NASA, para mais de
cológicas. Portanto, Weybrew navega por entre estes 200 pesquisadores em mais de 30 estados. O diretor
saberes para o atendimento e acompanhamento dos do centro, Ph.D William Paloski, recebeu em 2018 o
submarinistas nucleares americanos. Em sua obra tam- prêmio Robert M. Yerkes da American Psychological
bém se encontram testes psicométricos desenvolvidos Association (APA), que reconhece significantes contri-
especialmente para a área, como testes de personalida- buições à psicologia militar realizadas por um não psi-
de, o que inclui respostas à frustração, tendências de cólogo. O prêmio de Paloski reconheceu seu trabalho
liderança, entre tantos outros. Importante colocar que no HNP e possibilitou a promoção da psicologia como
o trabalho do autor abriu portas para uma nova visão uma ciência de relevância para promoção do bem-estar
dentro do assunto e que, muito embora muitos testes na sociedade. A visão de Paloski ajudou a estabelecer
ou estudos possam estar hoje defasados, nos possibili- o valor do suporte psicológico para a saúde tanto na
tam vislumbrar novos horizontes e novos refinamen- Terra, como no espaço (VONDEAK; ABADIE, 2018,
tos atinentes ao tema. No artigo “Psychiatric aspects p. 05). “O isolamento e o confinamento são como estar
of Adaptation to long submarine missions” (1979), por sozinho em um espaço apertado”, diz Paloski, “e esse
exemplo, Weybrew faz uma comparação dos trans- sentimento fica pior à medida que o tempo passa. É um
tornos psiquiátricos e níveis de estresse apresentados risco ocupacional similar a trabalhar em um submari-
entre os submarinistas convencionais e os que serviam no. Quanto mais tempo o indivíduo passa neste tipo
nos submarinos nucleares. Dados demonstraram que a de ambiente, existe um potencial para mais e maiores
incidência de transtornos nos submarinos convencio- problemas”. Ele diz que astronautas como Scott Kelly
nais foi baixa (19,9%), ao passo que nos submarinos que passaram um ano no espaço sentem falta das pes-
nucleares foi bem alta (60,2%). Dentro dos espectros soas que lhe são mais próximas e também sentem falta
apresentados na pesquisa, com maior incidência esta- de casa num sentido mais sensorial, como o cheiro da
vam as neuroses em primeiro lugar, depois o transtor- grama, a visão de um dia ensolarado, a sensação dos
no de personalidade, distúrbio situacional transitório pés no chão. Quando estas experiências lhes são tira-
(DSM I), hoje conhecido como transtornos de adap- das, isso impacta na motivação pessoal. E, sob extensos
tação (DSM V), psicoses e transtornos psicofisiológi- períodos, pode afetar na habilidade de tomar decisões,
cos, hoje conhecidos como psicossomáticos. O mesmo interferindo em momentos de risco, por exemplo. No
estudo demonstrou que, do período de 1962 a 1969, caso dos astronautas, os pesquisadores estão preocupa-
a incidência de neuroses aumentou significativamente. dos com o fato de que a gravidade e a radiação altera-
E os sintomas mais incidentes foram a ansiedade, pro- das, combinadas com o isolamento e o confinamento,
blemas interpessoais, depressão, insônia, baixo desem- possam representar dificuldades psicológicas reais, le-
penho, claustrofobia e ideações suicidas, nesta ordem. vando a mais riscos para a tripulação no espaço.
Saindo um pouco da pesquisa em psicologia apli- Preocupação esta que se estende ao submarino nu-
cada a submarinos nucleares, tendo em vista até sua clear, tendo em vista a privação de luz solar, restrição de
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ComForS
contato com o mundo externo, fatores de estresse rela- motivação, julgamento e tomada de decisão, consciên-
cionados às operações nucleares de alto risco, nutrição, cia e responsabilidade de suas ações, habilidades de co-
privação de sono, entre outros fatores importantes que municação e de liderança. Os astronautas trabalhando
dialogam diretamente no bem-estar dos tripulantes e atualmente na NASA são notificados com dois anos
consequentemente, na segurança da estação. “[...] Ca- de antecedência a uma missão. Isso denota a preocupa-
racterizar e mitigar os riscos impostos por fatores psi- ção em preparar o indivíduo em toda forma para o que
cológicos a indivíduos envolvidos em operações expe- enfrentará. A primeira avaliação é a mental, que acon-
dicionárias em ambientes extremos e de alta demanda, tece em intervalos regulares antes do lançamento, o úl-
bem como àqueles que estão sofrendo isolamento ou timo encontro acontece 60 dias antes do lançamento.
confinamento por longos períodos, nos permite apoiar E também há um treinamento para identificar e lidar
viagens espaciais humanas seguras e produtivas”, diz com sintomas de transtornos psicológicos em outros
Paloski (VONDEAK; ABADIE, 2018, p.04). Gary membros da tripulação que podem se apresentar. No
Beven, psiquiatra da NASA, explica que, durante as espaço, Beven ou seus colegas fazem videoconferências
missões Salyut 6 (1977-1982) e Salyut 7 (1982-1991) com cada astronauta a cada duas semanas para discutir
de estações espaciais, astronautas soviéticos começa- sobre o sono, a condição da equipe, a boa resposta à car-
ram a sentir sinais de estresse psicológico, mais preci- ga de trabalho ou sobrecarga, sua relação pessoal com
samente problemas físicos com causas psicológicas, ou a equipe, preocupações com a família e qualquer outro
psicossomáticos, durante a missão (PATEL, 2016, p. assunto que for pertinente. Os problemas psicológicos
02). Até “recentemente” a NASA não estava interes- mais comuns no espaço não são tão diferentes do que
sada em missões de longa duração, então não achavam é encontrado em ambientes de alto estresse na Terra,
necessária a presença de psicólogos ou psiquiatras além e incluem: dificuldade de dormir, irritabilidade, altera-
da avaliação realizada na admissão dos candidatos. Isso ções de humor, desânimo e nervosismo ou ansiedade
mudou em meados dos anos 1990 quando os EUA e a aumentados. A comparação com a atividade espacial
Rússia estabeleceram o Shuttle-Mir Program, que per- no contexto deste artigo é interessante por um motivo
mite à NASA aprender sobre a experiência russa sobre especial: a quantidade de horas em missão. O tempo
habitações de longa duração. “A vida a bordo da estação decorrido longe do contato com o mundo externo e
Mir era muito difícil”, diz Beven, “alguns dos astronau- o quanto isso pode ser prejudicial para os tripulantes
tas (americanos) admitiram que eles sentiam que não de uma espaçonave ou de um submarino nuclear de
estavam psicologicamente preparados para este tipo de autonomia ilimitada são dados importantes para in-
missão” (PATEL, 2016, p. 05). Alguns se saíram bem, vestigação. Daí a necessidade de um olhar diferenciado
como Shannon Lucid (que ficou nove meses no ano da realidade dos submarinistas convencionais daqueles
de 1996 na estação Mir), mas outros publicamente que servirão no submarino nuclear.
afirmaram sobre a dificuldade de viver em uma espa-
çonave por meses. Parte dos sintomas apresentados, 4 AÇÕES E APLICAÇÕES FUTURAS
como ansiedade e depressão, para Beven, decorriam Para o cumprimento do objetivo ora apresentado,
do isolamento, da dificuldade de comunicação com os ou seja, a criação de um núcleo especializado para esta
pares na estação e a falta de atividades de lazer na Mir. demanda, primeiramente, deve ser realizada uma re-
Não é difícil fazer uma comparação com a realidade visão da bibliografia já existente. Esta proverá bases
dos submarinistas nucleares e de sua rotina exaustiva a para início do planejamento estratégico de treinamen-
níveis mentais. Beven coloca que o processo de seleção to e acompanhamento específico para a área nuclear
dos astronautas é provavelmente o mais importante em na Marinha do Brasil. Ferramentas de avaliação psi-
critérios mentais para viagens espaciais. O psiquiatra cológica, o que inclui testes psicológicos, dinâmicas
e sua equipe indicaram algumas competências que se de grupo, entrevistas, análises observacionais, testes
adequavam a este perfil: habilidade de trabalhar sob situacionais e anamneses, também serão instrumen-
condições estressantes, habilidades de convivência e tos imprescindíveis nessa construção. A realização da
trabalho em grupo, controle de suas emoções e humor, avaliação psicológica na área da saúde é indispensável
O Periscópio 137
Artigos Diversos
quando pensamos em medidas “curativas” ou preven- da tecnologia nuclear, normas de segurança e todo o
tivas, pois a partir dessa técnica é possível que o pro- conhecimento que abrange este universo. Entendendo
fissional tenha mais clareza sobre diagnósticos, méto- o ser humano como biopsicossocial, o olhar para o in-
dos de tratamento ou de prevenção de determinadas divíduo em todo o contexto que se insere é inevitável
patologias (CUSTÓDIO, 2002). Através da utilização para que sejam feitas as análises a partir de todos os fa-
destes instrumentos, teremos material quantitativo e tores influentes em seu bem-estar. Para isso indicam-se
qualitativo para produção de conhecimento e defini- estudos ligados à segurança nuclear, disponibilizados
ção de um método de supervisão que trará os resulta- pelos órgãos reguladores (AIEA, CNEN, ABACC). É
dos esperados a longo prazo. Observando, portanto, a importante a busca de formação com o que há de mais
autonomia do submarino nuclear, diferentemente do novo na área, contribuindo para o desenvolvimento do
submarino convencional, faz-se evidente a necessidade conhecimento e aplicações no Núcleo.
de um acompanhamento contínuo dos seus tripulan-
tes, desde sua admissão, que deve ser específica, até o 5 CONCLUSÃO
momento de desembarque e após este, a fim de manter Tendo em vista a especificidade da tarefa e os ris-
o militar em plenas condições de atividade e vida nor- cos relacionados a esta, é importante que haja uma
mais após a expedição. O desenvolvimento preventivo adaptação às necessidades da tripulação do SN-BR e
e planejado deste setor viabilizará uma maior prepara- à maneira como os indicadores de performance serão
ção daqueles que irão servir no SN-BR e aos profissio- computados. Considerando a alta probabilidade de
nais que farão este acompanhamento quando o embar- erro humano em sistemas complexos como o setor nu-
que efetivamente acontecer. Isso diminuirá as chances clear e em submarinos, a criação do núcleo visa mitigar
do acometimento de transtornos psicológicos e riscos os riscos, protegendo a tripulação e contribuindo na
de acidentes de operação, evitando também a baixa de prevenção de acidentes. As chances de eventos serem
servidores especializados, o que implica grande perda à atribuídos a erro humano em instalações nucleares são
Força. Será importante também realizar treinamentos de 80% (DOE-HDBK-1028, 2009), enquanto ape-
à tripulação para reconhecer em seus pares sintomas e nas 20% têm suas causas por falhas de equipamento.
comportamentos que possam denotar algum tipo de Isto posto, faz-se mister o investimento em pesquisa
transtorno. O relacionamento do grupo é de extrema na área e aplicação do conhecimento psicológico e de
valia para a manutenção da saúde mental dos tripulan- análise de desempenho neste tipo de instalação. Desta
tes durante a expedição. Os profissionais designados maneira, será possível a construção de uma base ainda
ao trabalho com esta tripulação devem ter essencial- mais sólida de procedimentos de segurança que res-
mente conhecimento entre intermediário e avançado guardem a tripulação e a embarcação do SN-BR.
138 O Periscópio
ComForS
ESBER, Jorge Oscar. Psicología militar y submarinos UNITED STATES OF ENERGY. Human Perfor-
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Oficiais e Curso Especial de Mergulhador de Combate, tarefas desempenhadas pelos nossos submarinistas,
os cuidados durante uma evacuação aeromédica de mergulhadores e mergulhadores de combate e aos
A IMPORTÂNCIA DAS COMUNICAÇÕES PARA OS MEIOS
uma vítima de doença descompressiva, proposta de temas técnico-profissionais dos médicos hiperbáricos
SUBMARINOS: PASSADO, PRESENTE E PERSPECTIVAS
treinamento de Gerenciamento de Risco na Segurança e psicólogos submarinos, ambos fundamentais à
do Sistema de Saúde, Gestão do Conhecimento no manutenção da nossa soberania na Amazônia Azul.
TECNOLÓGICAS
âmbito do Programa Nuclear da Marinha, expectativas
e perspectivas da segurança operacional de submarinos Boa imersão!
Periscópio 3
140 O Periscópio
ComForS
sejam enviados aos submarinos em suas profundida- 2.1 Atualidade: sistemas acústicos e dispositivos ópticos
des operacionais, todavia são necessárias antenas com Face à dificuldade de propagação de ondas eletro-
dimensões da ordem de quilômetros e transmissores magnéticas no mar, aliada à baixa eficiência para trans-
com elevada potência. O Projeto Sanguine entrou em missão de dados, novas soluções foram adotadas. Den-
operação em 1989 e consistia em uma antena com tre tais medidas, está incluso o emprego de sistemas
comprimento de 145 milhas operando na frequên- acústicos, tais como hidrofones e dispositivos ópticos
cia de 76 Hz. Originalmente, as antenas deveriam ser para comunicação submarina.
enterradas 6 pés abaixo do solo, por uma questão de Existem várias maneiras de se comunicar por dis-
condutividade do terreno, mas por razões econômicas positivos acústicos, e a mais comum é por intermédio
não foi possível. Após a instalação, observou-se que de hidrofones. Nesse modelo, ondas acústicas são utili-
levava muito tempo para enviar uma mensagem, em zadas em vez de ondas eletromagnéticas. A comunica-
torno de uma hora e meia para transmissão de um ção por hidrofones tem baixa taxas de dados, da ordem
único bit. Devido à ineficiência do sistema, aliada aos de kilobits por segundo, entretanto possui grande al-
custos de operação e manutenção, o projeto foi en- cance. Em abril de 2017, o Centro de Pesquisa e Expe-
cerrado em 1998. rimentação Marítima da OTAN anunciou a aprovação
Após constatada a ineficiência da faixa ELF para do protocolo JANUS. Este é um padrão aberto para
comunicações submarinas, foram consideradas frequ- transmitir informações digitais submarinas que se uti-
ências mais elevadas. Dessa forma, as faixas de 300 liza de frequências entre 900 Hz a 60 kHz para cobrir
a 3000 Hz (faixa conhecida por VLF, do inglês Very distâncias de até 17 milhas.
Low Frequency) e de 3 até 30 kHz (faixa conhecida Outro método de comunicação que merece atenção
por LF, do inglês Low Frequency) passaram a ser con- está relacionado ao uso de instrumentos ópticos. Nesse
sideradas. Nessa faixa de frequência, a onda eletro- modelo, informações são transmitidas de um ponto ao
magnética consegue penetrar até 40 metros na água. outro por intermédio de feixes de luz. Geralmente, são
Todavia, a velocidade de transmissão de dados ainda utilizados diodos emissores de luz (LEDs) e dispositivos
é reduzida, da ordem de 300 bits por segundo, sen- a laser, pois possuem menor atenuação e fornecem uma
do possível, apenas, o envio de pequenas mensagens taxa de transmissão de dados de dezenas de Mbps. Toda-
de texto. Ainda existem em operação algumas esta- via, o alcance destes dispositivos está limitado a algumas
ções VLF/LF de alta potência localizadas ao redor dezenas de metros, face à dispersão do sinal. A Figura 2
do mundo. A Figura 1 apresenta o posicionamento apresenta um comparativo com os principais métodos de
destas estações. transmissão de informações utilizadas na atualidade.
Figura 1: Posicionamento das estações de comunicações Figura 2: Comparativo com os principais meios
submarinas em VLF/LF ao redor do mundo. de comunicação da atualidade.
O Periscópio 141
Artigos Diversos
3 PERSPECTIVAS TECNOLÓGICAS
Como apresentado nos itens anteriores, ondas
acústicas, eletromagnéticas e sensores ópticos são apli-
cáveis à comunicação com meios submarinos, toda-
via todos apresentam problemas práticos específicos,
seja com relação ao seu alcance ou à reduzida taxa de
transmissão de informações. Devido aos problemas
mencionados, em 2018, pesquisadores do Instituto de
Tecnologia de Massachusetts (Massachusetts Institute
of Technology – MIT) desenvolveram um novo meio
de comunicação denominado de TARF (do inglês
technology translational acoustic-RF communication).
Seu princípio de funcionamento baseia-se na con-
versão do sinal acústico em eletromagnético e vice-versa.
Um sinal acústico emitido por um transdutor se pro- Figura 3: Exemplo de comunicação entre elementos
mediante a utilização da tecnologia TARF.
paga no mar como uma onda de pressão. Quando essa
onda de pressão atinge a superfície da água, causa uma
perturbação ou deslocamento da superfície devido a 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
sua natureza mecânica. Para captar essas variações, um Este trabalho apresentou uma evolução cronológi-
sensor de radiofrequência é posicionado. O processo de ca dos principais métodos utilizados para comunicação
comunicação consiste em três fases: submarina, desde a possibilidade do uso de frequências
extremamente baixas, passando pelo uso de dispositi-
I. Transmissor: um submarino envia uma informação vos ópticos, até as modernas soluções que têm sido
usando um transdutor acústico padrão, por exemplo apresentadas na atualidade.
um hidrofone. O transmissor utiliza sinais nas frequ- Os submarinos tornaram-se uma arma eficaz para
ências de 100 a 200 Hz, faixa de frequência que nor- dissuasão e defesa, tendo como principal vantagem a ca-
malmente é usada para comunicações por submari- pacidade de ocultação, sendo este um dos grandes fatores
nos devido à sua baixa atenuação e longo alcance. de força em qualquer confronto. É por causa dessa supe-
II. Canal: o sinal acústico viaja como uma onda de rioridade, resultante da capacidade de ocultação, que ne-
pressão. Quando essa onda atinge a superfície, cau- cessitam de meios eficazes de comunicação para cumprir
sa um deslocamento proporcional a sua magnitude. sua missão com sigilo e discrição sem revelar sua posição.
Essas pequenas vibrações correspondem aos bits
transmitidos. REFERÊNCIAS
III. Receptor: acima da superfície, um receptor alta- ALTGELT, C. A. The world’s largest “radio” station.
mente sensível lê esses distúrbios minuciosos e de- Disponível em: <https://pages.hep.wisc.edu/~prepost/
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clear-brasileiro-a-palavra-do-comandante-da-mb/>.
Submarinos poderiam se utilizar da tecnologia Acesso em: 19 mai. 2020.
TARF para se comunicar com demais elementos aci-
ma d’água, podendo ser estações de rádio terrenas, ae- TONOLINI, F., ADIB, F. Networking across boun-
ronaves ou satélites sem a necessidade de comprome- daries: enabling wireless communication through
ter sua segurança. A Figura 3 apresenta o esquema de the water-air interface.SIGCOMM ’18, 20-25 Ago.,
comunicação TARF. 2018, Budapest, Hungary.
142 O Periscópio
ComForS
O Periscópio 143
PERISCOPADAS
144 O Periscópio
ComForS
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PERISCOPADAS
146 O Periscópio
ComForS
Comandante e Tripulação
Capitão de Fragata Albino Manoel Borges Santos Suboficial Audeirton Carneiro de Sousa
Capitão de Corveta Eduardo Fagundes Costa Suboficial Wanderson Rodrigues dos Reis
Capitão de Corveta Gustavo Borges de Lemos Suboficial Marcio Henrique Soares de Aguiar
Capitão de Corveta Fagner Guedes de Castro Suboficial José Emílio da Silva Gomes
Capitão-Tenente André Popescu Braço Primeiro-Sargento Jairo Lourenço da Costa
Capitão-Tenente Bruno Pacelli Carvalho da Cunha Primeiro-Sargento Flavio Rogerio Oliveira dos Santos
Capitão-Tenente Átila Novaes Cardozo Primeiro-Sargento Bruno Sérgio Monteiro Dobrões
Capitão-Tenente Fabricio Rocha e Souza Primeiro-Sargento Demilson Braulio Cavalcante Pedrosa
Capitão-Tenente Fábio Ferreira de Almeida Segundo-Sargento Bruno Vidal Ferreira
Capitão-Tenente Mário José Pereira Júnior Segundo-Sargento Leandro Soares Teixeira
Capitão-Tenente Kayo Cuevas de Azevedo Soares Torres Segundo-Sargento Diego Pereira Amorim
Capitão-Tenente Diego Rodrigo de Castro Santos Segundo-Sargento Moisés Rocha da Silva
Capitão-Tenente Leonardo Oldani Felix Segundo-Sargento Anderson Souza da Silva
Capitão-Tenente Fabricio Pereira Francisco Segundo-Sargento Roberto da Silva Stael
Primeiro-Tenente Lucas Aguiar Amaral Klier Teixeira Segundo-Sargento Robson Leandro Xavier dos Santos
Primeiro-Tenente Vitor Rodrigues Matoso Segundo-Sargento Paulo Roberto dos Santos
Segundo-Tenente Antonio dos Santos Martins Neto Segundo-Sargento Gessé da Conceição David
Segundo-Tenente Luiz Guilherme Oliveira Tosta Montez Segundo-Sargento Anderson de Oliveira Ferreira
Suboficial Rodrigo Marinho de Menezes Segundo-Sargento Yuri Moises Vasconcelos Silva
Suboficial Raphael Monteiro de Oliveira Terceiro-Sargento Rodolpho de Carvalho Cruz
Suboficial Wagner Gama Junior Terceiro-Sargento Ivan Calixto do Nascimento
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PERISCOPADAS
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ComForS
Comandante e Tripulação
Capitão de Mar e Guerra Fernando de Luca Marques de Oliveira Primeiro-Tenente André Luiz dos Santos Regis
Capitão de Fragata Ademir Belarmino de Souza Primeiro-Tenente Leandro Amado Sohr Cardoso
Capitão de Fragata Marcos Cipitelli Primeiro-Tenente Carlos Alberto Moura de Araujo
Capitão de Corveta Fábio Henrique Pereira da Costa Primeiro-Tenente Darle Delli David Alcantara
Capitão de Corveta Thiago Ferreira dos Santos Guarda-Marinha Lucas Vargas Fabbri
Capitão de Corveta Raimundo Souza Silveira Filho Suboficial Cláudio Pereira Guerra
Capitão de Corveta Fabiana Batista Justino Suboficial Marcos Paulo Brito Domingos
Capitão-Tenente Rodrigo Teixeira Martins Suboficial Josiel Marcos Roberto
Capitão-Tenente David Monteiro Silva Suboficial Marcelo Costa Leite
Capitão-Tenente Alberto Marques de Hollanda Junior Suboficial Sebastião da Silva Guedes Neto
Capitão-Tenente Silvio Rone Pena de Sá Suboficial Raniery Sousa de Oliveira
Capitão-Tenente Jefferson Pontes Guimarães Suboficial Alexandre Campanha
Capitão-Tenente Flavio Coelho de Faria Suboficial Georgeson de Azevedo Pereira Nery
Capitão-Tenente Mário Sérgio Madeira da Silva Suboficial Ítalo Amando da Costa Justino
Primeiro-Tenente Bruno Raphael de Castro Martins Suboficial Marcio da Costa
Primeiro-Tenente Telviana Domingues da Silva Suboficial Jean Leonardo Pinto de Souza
O Periscópio 149
PERISCOPADAS
Suboficial Robson Luiz Costa da Silva Terceiro-Sargento Alex Francelino Correia da Silva
Suboficial Leandro de Souza Mattos Terceiro-Sargento Thiago Gomes Pacheco
Suboficial Levy Elias Ribeiro Terceiro-Sargento Leonardo Ferreira de Oliveira
Suboficial Michel Arcanjo de Oliveira Terceiro-Sargento Anna Paula da Silva Campanha
Primeiro-Sargento Humberto Artur Maranhão Amado Terceiro-Sargento Gabriel Lima D’urso
Primeiro-Sargento Rodrigo Santos da Cunha Terceiro-Sargento Karen Velasquez da Paz
Primeiro-Sargento Jailson dos Santos Brito Terceiro-Sargento Thalita Cardoso Teixeira
Primeiro-Sargento Leonardo Ramos Terceiro-Sargento William da Silva Lima
Primeiro-Sargento Victor de Azevedo Cardozo Terceiro-Sargento Jonathan Lourenço Rodrigues de Oliveira
Primeiro-Sargento Carlos Renato Costa Lemos Terceiro-Sargento Mariana Oliveira Santos
Primeiro-Sargento Cicero de Amorim Gomes Terceiro-Sargento Leonardo Huguenin Marques
Primeiro-Sargento André Luiz Leopoldino do Carmo da Silva Terceiro-Sargento Roberta Larissa Rosa de Oliveira Arnaldo
Primeiro-Sargento Wellington Ferreira Moreira Terceiro-Sargento Monalisa Duarte Mentor Serva
Primeiro-Sargento Leandro Siqueira Terceiro-Sargento Thiago Souza da Silva Elias
Primeiro-Sargento Paulo Ricardo da Costa Oliveira Terceiro-Sargento Weslei Felipe do Nascimento
Primeiro-Sargento Marcelo Fernando Alvarenga Cardoso Terceiro-Sargento Douglas Juan Cabral Santos Veronezi
Primeiro-Sargento Jorge Luis de Farias Silva Terceiro-Sargento Miriam Souza da Rocha Veronezi
Primeiro-Sargento Willians Santos do Nascimento Terceiro-Sargento Rosaria Ribeiro Gomes dos Santos
Segundo-Sargento Leonardo Pereira Santos de Lima Terceiro-Sargento Juliana Silva Ferreira
Segundo-Sargento Esdras Augusto Santiago Guimarães Terceiro-Sargento Joana Angélica Rêgo de Assunção
Segundo-Sargento Givaldo Almeida Gusmão Terceiro-Sargento Diany Cunha Vieira Barbosa
Segundo-Sargento Rodrigo Rocha Holz Cabo Adriano Silva de Lima
Segundo-Sargento Marcos Cavalcante de Souza Cabo Bruno de Oliveira Santos
Segundo-Sargento João Dayvid da Silva Lira Cabo Igor Ferreira Silva
Segundo-Sargento Cleber Ramos Gonçalves Cabo Diego Christian de Oliveira Rocha
Segundo-Sargento Almiro José Vial Neto Cabo Valdeir Félix da Motta e Silva
Segundo-Sargento Rodrigo da Silva Cabo Waalen Odilon Nunes Dias
Segundo-Sargento Edson Estefani Santos de Oliveira Cabo Luis Felipe Alves dos Santos
Segundo-Sargento Wesley Ignacio Gonçalves de Almeida Cabo Ruan dos Santos Azevedo do Val
Segundo-Sargento Eduardo Crescencio da Costa Cabo Bruno da Silva Tardivo
Segundo-Sargento Augusto Miranda da Costa Cabo Lucas Leonardo
Segundo-Sargento Matheus Barbosa de Oliveira Coutinho Cabo Silvio Santos da Silva
Segundo-Sargento Mauricio de Almeida Damas Cabo Marcos Saraiva Inacio Junior
Segundo-Sargento Thiago Pereira de Souza Cabo Marco Vinicius Pontes Fraga
Segundo-Sargento Jean Dos Santos do Nascimento Cabo Rafael Dias da Glória
Segundo-Sargento Elder da Silva Cabo Ronald Jefferson Moreira da Costa
Segundo-Sargento Alan Gomes Machado Cabo Leandro Aires da Silva
Segundo-Sargento Gustavo Augusto da Costa Cabo Arthur Silva Conceição
Segundo-Sargento Clayton Barbosa Pessanha Cabo Yan Roberto de Souza Barcellos
Segundo-Sargento Eros Henrique Fernandes Anselmo Cabo Elton Ferreira Braga Ramos
Segundo-Sargento Jefferson Geminiano da Hora Souza Cabo José Eduardo Gomes da Silva
Segundo-Sargento Marcos Sampaio Nesme Cabo Anderson dos Anjos Ramos
Segundo-Sargento Cláudio de Souza Cabo Thalles de Carvalho Camillo
Segundo-Sargento Valcir Santos da Silva Cabo Lucas Simas Marinho
Segundo-Sargento Carlos Amauri Coutinho da Silva Junior Cabo Eduardo Verçosa Lages
Segundo-Sargento Vitor Coelho Mendes da Silva Cabo Victor de Andrade Costa
Segundo-Sargento Eder Gomes de Souza de Araujo Cabo Nicolas Passos Trindade de Santana
Segundo-Sargento Jefferson Eduardo Amaral Paes Cabo Gabriel Pereira Barbosa
Segundo-Sargento Mariana dos Santos Costa Cabo Juliana Coelho Alves
Segundo-Sargento Queli Oliveira e Silva Cabo Adriana Stefanny Nascimento Bezerra
Segundo-Sargento Mario Henrique Lemos Torres Cabo Fabiano do Nascimento Celestino
Terceiro-Sargento Luiz Carlos Barbosa dos Santos Cabo Eliziane Alves de Azevedo Santos
Terceiro-Sargento Renan Silva Mendes dos Santos Cabo Ruan Santos Vilas Boas Souza
Terceiro-Sargento Giovanni Barros Soares Marinheiro Francisco Eduardo das Chagas Silva
150 O Periscópio
ComForS
Senhor Aldo Malavasi Filho Capitão de Mar e Guerra (RM1-EN) Carlos Alexandre
Senhor André Portalis, Presidente da ICN Orosco Coelho Lobo
Senhor Arígio André de Sousa Júnior Capitão de Mar e Guerra (RM1) Carlos Alberto de Abreu Madeira
Senhor Eric Berthelot Coronel (DGA) Erwan Berni
Senhor Haroldo Barroso Junior Capitão de Fragata (EN) Sergio Augusto Alves Fernandes
Senhor Jefferson Neves Pereira Capitão de Fragata (EN) Rafael Barros Dutra
Senhor Jeróme Brocq Capitão de Fragata (EN) Ali Kamel Issmael Junior
Senhor José Augusto Leal Capitão de Fragata (EN) Cristiani Perrini Bodart
Senhor Leandro Carvalho de Oliveira Capitão de Fragata (EN) Roberto Cruxen Daemon D’ Oliveira
Senhor Laercio Antonio Vinhas Capitão de Fragata (MNF) Julian Droit
Senhor Marcelo Paz Saraiva Câmara Capitão de Corveta (EN) Marco André Talarico
Senhor Marcio Magalhães de Andrade Silva Capitão de Corveta(CN) Gelcimar Antônio de Carvalho
Senhor Ricardo Fraga Guterres Captão-Tenente (CD) Camila Garcia Loureiro
Senhor Tob Rodrigues de Albuquerque Captão-Tenente (CD) Kenia Virginia Aquino Arrais Leite
Senhora Anne Bianchi Captão-Tenente (EN) Cizenando Morello Bonfá
Senhora Cristina Gonçalves Peroni Captão-Tenente (IM) Amanda de Carvalho Andrade Pereira
Senhora Diles Maria Luvison Kuhn Captão-Tenente (IM) Carla Barboza Vieira
Senhora Hellen Figurelli Captão-Tenente (IM) Eduardo dos Santos Silva Abdias
Senhora Marcela Corrêa Rabelo Captão-Tenente (EN) Julio Cesar Medeiros dos Anjos Ramos
Senhora Raissa Grillo Menegon Captão-Tenente (EN) Thiago de Castro Turino
Senhora Stephanie Rodrigues Pavão 1ºTenente (AA)Ailton Belchior Santos de Jesus
Senhora Valentina Domiciano 1ºTenente (QC-IM) Sabrina Caldeira Fernandes da Silva
Contra-Almirante Humberto Giovanni Canfora Mies 1ºTenente (RM2-T)Manuella Ferreira Garcia Borges
Contra-Almirante (MD) Oscar Artur de Oliveira Passos Suboficial-ES Fabio do Amaral Cruz
Contra-Almirante Paulo Renato Rohwer Santos Suboficial-AR Claudio Luiz Pereira Gonçalves
Contra-Almirante Marcio Tadeu Francisco das Neves Suboficial-MS Jeferson Marques Gomes da Silva
Contra-Almirante (IM) Artur Olavo Ferreira Suboficial-MC Audeirton Carneiro de Sousa
Contra-Almirante José Gentile Suboficial-AM George Henrique Batista Bezerra
Contra-Almirante Sergio Renato Berna Salgueirinho Suboficial-FN-CN William Carlos da Silva
Contra-Almirante Rogerio da Rocha Carneiro Bastos Suboficial (RM1-PL) Melquisedec Silva Moura
Contra-Almirante Ricardo Sales de Oliveira Suboficial (RM1-ET) João Carlos Alves de Moura
Contra-Almirante (EN) Marcio Ximenes Virgínio da Silva Suboficial (RM1-EL) Antônio Gabriel dos Santos Filho
Contra-Almirante Marcelo Menezes Cardoso Suboficial (RM1-PL) Robson Moreira de Oliveira
Brigadeiro do Ar Flávio Luiz de Oliveira Primeiro-Sargento-MT Carlos Ednaldo dos Santos
Capitão de Mar e Guerra José Carlos Cavalcanti Sales Primeiro-Sargento-MA Samuel de Souza Maia
Capitão de Mar e Guerra Antonio Braz de Souza Segundo-Sargento-EO Renan da Silva Paulino
Capitão de Mar e Guerra (T) Sara de Campos Pereira Corrêa Segundo-Sargento-MS José Paulino de Oliveira Junior
Capitão de Mar e Guerra (EN) Fábio Brescia Miracca Segundo-Sargento-SI Fabiano de Araujo Oliveira
Capitão de Mar e Guerra (EN) Paulo Henrique da Rocha Segundo-Sargento-FN-MO Leonardo Kaiser Sá Nunes
Capitão de Mar e Guerra (RM1) Armando de Moura Ferraz Segundo-Sargento-ES Starli Daniel Leão Caldas
Capitão de Mar e Guerra (RM1) José Joaquim Borges Ribeiro Segundo-Sargento-ES Marcelo da Silva Diogo
de Andrada Segundo-Sargento-ES Bruno Cesar Serêjo Esteves
Capitão de Mar e Guerra (RM1) Rodrigo de Souza Obino Terceiro-Sargento-AR Tiago de Sousa Vitalina
Capitão de Mar e Guerra (RM1-EN) Teilor Maciel Kopavnick Terceiro-Sargento-AD Eduardo Arriscado de Faria
Capitão de Mar e Guerra (RM1-EN) Ricardo Koji Yamamoto Cabo-MS Lauro Gomes da Silva Neto
Capitão de Mar e Guerra (RM1-EN) Herval Crohmal Cabo-ES Claudio Sanches Lima Mota
O Periscópio 151
PERISCOPADAS
Horas de Imersão
4000 Horas
Horas de Mergulho
1000 Horas
200 Horas
152 O Periscópio
ComForS
O Periscópio
Ano LXXI - Nº 71 - 2020
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ComForS
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