A revista da

A revista Força Aérea

da Força Aérea Brasileira
Brasileira
nº 212 - Out/Nov 2004
Distribuição gratuita
ISSN 1518-8396

Ontem, controlador de
tráfego aéreo.
Hoje, Ministro dos
Transportes.
Operação Cruzex · CAN internacional · Fernando de Noronha1
 Aerovisão z

Expediente/Torre 3

Cartas do Leitor 4

Entrevista 5
Astronauta brasileiro: Marcos Cesar Pontes

5 Personalidade 8
Paulo Henrique Amorim

De volta aos céus estrangeiros 10

Em favor dos pacientes 13

Compromisso Social 16
Por um futuro melhor

Turismo 18
Um mergulho no paraíso
8
Azul no Meu Coração 22
Caminhando para o sucesso

Nas Asas do Tempo 25

Pássaros por inspiração

A hora e a vez do passageiro 28

A-29: Sofisticado, preciso, letal 30

Lição de casa 32

Cartas do Front 34
18 Preparar... Apontar... Fogo!

Profissionais militares 38

Galeria Dumont 40
Viagem a Paris

Ultraleves / Você Sabia? 42

Destaque do Trimestre 43

Quadrinhos 44
34 Dumonzinho

2
 Aerovisão Expediente / Editorial
z
Aerovisão
Brasília - DF Ano XXXI - Out-Dez 2004 - nº 212
Publicação da Força Aérea Brasileira.
Produzida pelo Centro de Comunicação Social da
Aeronáutica (CECOMSAER). Cartas com críticas
e sugestões devem ser enviadas para:
Esplanada dos Ministérios - Bloco “M” - 7º
andar - 70045-900 - Brasília - DF
E-mail: editor.dpd@fab.mil.br
Redação, diagramação e administração:
Divisão de Produção e Divulgação do Centro
de Comunicação Social da Aeronáutica.
Circulação dirigida (no País e no exterior).
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Distribuição: Divisão de Relações Públicas do
CECOMSAER
Tiragem: 30.000 exemplares
Conselho Editorial: Brigadeiro-do-Ar Antonio
Guilherme Telles Ribeiro, Tenente-Coronel-Avia-
dor Ricardo Rocha Moscoso e Capitão-Aviador
Jeronimo Jorge Braga Vilela
Editor: Tenente-Coronel Ricardo Rocha
Moscoso
Colaboradores: Sr. Paulo Henrique
Amorim; CECOMSAER: Tenente-Coronel
Ricardo Moscoso, Capitão Jeronimo Vilela,
Tenente Karina Ogo, Tenente Nívea Melo, Tenente
Alessandro Silva, Sargento Denise Escovino; I
COMAR: Tenente Luiz Cláudio Ferreira
Diagramação: Sargento Denise Escovino;
Soldado Angelo Andrade.
Colaboração: Coronel R/1 Paullo Esteves e
Sargento Luiz Carlos Ribeiro
Arte Gráfica: Cabo Ednaldo Silva; Soldado
Ronystones Batista; Soldado Thomaz Alves.
Ilustrações: Sargento Paulo Ney Debs (IV
COMAR)
Produção Gráfica: Força Aérea Brasileira
Jornalista Responsável: Tenente Karina Ogo.
Registro Profissional: 26.890 MTB
Impressão: Leo Graf
Os conceitos emitidos nas colunas
assinadas são de exclusiva respon-sabilidade
de seus autores. Estão autorizadas transcrições
integrais ou parciais das matérias publicadas,
desde que mencionados o autor e a fonte e
remetido um exemplar para o CECOMSAER. Os
originais enviados para publicação não serão
devolvidos, mesmo que deixem de ser editados.
Torre de Controle
MENSAGEM DE FIM DE ANO
As instituições, assim como as pessoas,
possuem alma.
O Comando da Aeronáutica expressa sua
alma pela sua gente. É do somatório das
personalidades de cada homem e mulher
desta complexa estrutura, amalgamado por um singular e estrito
padrão doutrinário, que emerge essa alma. Mas que alma seria esta se
não a de brasileiros na sua legítima maneira de ser. Alegre,
entusiasmada, responsável, descontraída e, principalmente, um dos
traços mais marcantes do jeito brasileiro de ser - alma de concórdia.
Somos um povo de paz. O Brasil jamais esteve envolvido em guerras de
conquistas. Fizemos sempre opção pela defesa da nossa terra, da nossa
gente e, de maneira intransigente, até o sacrifício da própria vida, por
valores maiores, como liberdade e justiça. Não há como ser diferente.
Afinal, somos brasileiros, persistentes e obstinados.
O que mais nos comove como instituição é exatamente a possibilidade
de tornarmos mais amplo este horizonte de fraternidade e altruísmo.
Por nossas asas, as asas da Força Aérea, apresentamos brasileiros ao
Brasil. Por meio delas favorecemos a sócio-diversidade de nossa imensa
Amazônia, onde, não fosse a Força Aérea, muitos grupos sociais
distantes jamais teriam estreitado contato. Foi e ainda é significativo
nosso papel como instrumento de integração.
Inspirados pelo nosso Presidente e Comandante Supremo, retomamos
uma das mais caras de nossas tradições – o CAN, não só em nível
nacional, mas também internacional, traçando nova geometria de
interação com os irmãos da América do Sul. As fronteiras, mais que
linhas que nos separam, são sinais de estímulo ao compartilhamento.
Neste ano de 2004, graças à sensibilidade de nossas autoridades,
logramos voar mais de 168 mil horas de vôo, retomando parcialmente
nosso nível de treinamento operacional e reafirmando a nossa auto-
estima. Seguiremos cumprindo nosso papel constitucional, mais do
nunca estimulados pelo crescente valor que nosso governo empenha às
questões sociais. Neste esforço, o Comando da Aeronáutica tem papel
relevante, abreviando providências, encurtando distâncias e levando
auxílio e socorro à nossa gente, o que vem ao encontro de nossa alma
como instituição e cada um de nossos corações brasileiros gratifica-se
por poder participar.
Saúdo a todos por este ano de profícuas realizações. Parabenizo a
família aeronáutica pela dedicação, paciência e persistência e desejo um
Feliz Natal e um ano novo de grandes desafios e de muitas vitórias,
sobretudo as vitórias que dotam de realidade as nossas esperanças.
Tenente-Brigadeiro-do-Ar Luiz Carlos da Silva Bueno
Comandante da Aeronáutica
3
 Aerovisão Cartas do Leitor
z
Aerovisão de cara nova
“Quero parabenizar pela
qualidade da edição da revista,
ao mesmo tempo em que me
sinto lisonjeado por fazer parte
desse seleto grupo.
Atenciosamente,”
Deputado João Fernando
Coutinho
“Foi com muito prazer que tomei
conhecimento através de um
amigo da revista Aerovisão nº
211, onde pude ler, entre outros
artigos importantes, a entrevista
de nosso Presidente Lula e sobre a
Lei 9.614/10/04 - Tiro de
Destruição, tão
importante para a defesa de nosso
espaço aéreo, principalmente
contra os traficantes...
Parabenizo a todos do
CECOMSAER pela revista
Aerovisão, pois o trabalho
gráfico e estrutural realizado
ficou muito bom. A revista
contribuirá muito para a
divulgação e informação da Força
Aérea Brasileira junto a seu
público-alvo. (...)
Atenciosamente,”
Luiz Antônio Braga
“Senhores,
Sou comentarista da Rádio e TV
Pampa em Porto Alegre- RS,
além de colunista no Baguete
(http://www.baguete.com.br).
Tive a oportunidade de ler a
revista Aerovisão e fiquei muito
interessado em recebê-la.”
Ricardo Olrladini
Rede Pampa
Comentarista de rádio e TV
“Prezados Senhores
(...) A revista Aerovisão, em sua
nova roupagem, que já era ótima,
agora ficou melhor ainda (...).
Podem ter a certeza de que esse
4
material estará indo para as
mãos de quem tem a Força Aérea
Brasileira no coração. Muito
obrigado, mais uma vez.
Atenciosamente,”
Vlamir Luiz Batista
“Gostaria de poder receber a
revista Aerovisão, cujo
conteúdo muito nos interessa.
Sou jornalista e radialista, fui
pioneiro do rádio em Brasília,
recebi o ‘Mérito Santos-Dumont’
em 2004, no Terceiro Comando
Aéreo Regional, e a ‘Medalha do
Pacificador’ em 2003, no
Comando Militar do Leste.
Produzo e apresento na rádio
Bandeirantes do Rio (sexta-feira -
22h) o programa ‘Vamos ouvir a
banda’. Apresento as minhas
saudações cordiais. Brasil acima
de tudo.”
Zair Cançado
“Parabenizo o excelente trabalho
editorial/gráfico. Recomendações
a toda a equipe.”
Raimundo Pontes Cunha Neto
Diretor da Subsecretaria de
Edições Técnicas do Senado
Federal
“(...) Fiquei honrada por ter meu
nome registrado em matéria da
importante publicação oficial da
Força Aérea Brasileira. Por ter
apreciado a leitura, desejo
apresentar ao senhor os meus
expressivos cumprimentos, pela
excelência do trabalho ali
apresentado, congratulando-me
pelo talento artístico e literário
de todos que trabalharam na
elaboração da revista. (...) São
divulgações sérias e zelosas como
essas, que mantêm vivos os
verdadeiros heróis da história
desta Pátria muito amada.
Perdoe, por favor, o entusiasmo
de uma santista que sente
orgulho em ser conterrânea do
Primeiro Cientista de todas as
Américas e que, há onze anos,
vem lutando para que o Padre
Voador ocupe o lugar de honra
que merece, na história da
humanidade e da ciência.
Formulando votos de
continuidade de êxito ao
trabalho do Centro de
Comunicação Social da
Aeronáutica, apresento a
manifestação de alto apreço.
Cordialmente,”
Lauret Godoy
A Força Aérea Brasileira, por meio
da equipe da revista Aerovisão,
agradece todas as manifestações de
apreço recebidas. Foram inúmeras
cartas, e-mails e telegramas e,
infelizmente, não pudemos divulgar
todos neste espaço.
Esperamos que continuem
apreciando o nosso trabalho e
desejamos felicidades, sucesso e paz, na
certeza de que compartilhamos um
objetivo: fazer com que esse País seja
melhor e mais bonito do que já é.
Se tiverem sugestões ou dúvidas,
escrevam para editor.dpd@fab.mil.br.
Equipe da Aerovisão
Erratas
Na Aerovisão 211, página 17,
coluna “Nas Asas do Tempo”,
onde se lê “setembro de 1924”,
leia-se “setembro de 1724”.
Na página 24, coluna “Cartas
do Front”, em vez de Universidade
do Amazonas (UNAMA), o
correto é Universidade Federal do
Amazonas (UFAM).
 Aerovisão Entrevista
z
Astronauta brasileiro
Marcos Cesar Pontes
por Tenente Karina Ogo
É uma longa contagem
regressiva... Milhões de segundos
que fazem toda a diferença para
o primeiro astronauta
profissional da história do Brasil.
E o mais incrível é que apenas
dez minutos o separam de
realizar a missão para a qual foi
designado pelo governo... São os
dez minutos de viagem que o
levará à órbita de aproximação
da Estação Espacial Internacional
(EEI), em pleno espaço...
Ir para o espaço era um
“sonho utópico”, segundo ele.
Afinal, o Brasil não tinha
cooperação internacional que
incluísse a possibilidade de vôos
tripulados espaciais. Mas, hoje,
seis anos depois de iniciar os
treinamentos na NASA (veja no
site www.marcospontes.net), a
agência espacial norte-
americana, o sonho do Tenente-
Coronel-Aviador Marcos Cesar
Pontes está próximo de
acontecer. Sua missão está
prevista para o segundo
semestre de 2006, mesmo ano do
centenário do vôo do 14-Bis de
Alberto Santos-Dumont.
Paulista de Bauru, o ex-
aprendiz de eletricista da Rede
Ferroviária Federal, que começou
a trabalhar aos 14 anos, convive
hoje com pessoas de diversos
países, especialmente as das 16
nações que participam da EEI.
Piloto de caça e de provas,
engenheiro aeronáutico, oficial
de segurança de vôo e mestre em
engenharia de sistemas, já voou
em 19 modelos de aeronaves e em
nove simuladores, inclusive do
ônibus espacial.
O Ten.-Cel. Pontes alterna sua
rotina em Houston, Texas (EUA),
com visitas ao Brasil, em
compromissos pela Força Aérea
Brasileira (FAB) e pela Agência
Espacial Brasileira (AEB).
Mais do que a expectativa em
torno da definição do dia em que
partirá a missão, ele aguarda
ansioso o dia em que o Brasil,
cumprindo sua parte na
cooperação internacional da EEI,
exportará para o complexo
espacial peças construídas pela
indústria nacional, condição
essencial para o seu vôo. Confira a
entrevista concedida à Aerovisão:
1) O vôo do senhor ao espaço
está previsto para 2006.
Como o senhor está lidando
com a ansiedade?
A ansiedade cresce a cada ano,
mas compenso dividindo a minha
participação com o público,
fazendo palestras, apresentando a
necessidade da Estação Espacial
Internacional (EEI), a questão da
ciência, fazendo contatos com
indústrias da área espacial.
Assim, não vejo o tempo passar.
Na verdade, me dá mais um frio
na barriga quando penso que o
vôo pode não acontecer, mais do
que quando vai acontecer. Sempre
Ricardo Stuckert
Portally Eventos
fui assim, desde Cadete na
Academia da Força Aérea. Tenho
mais preocupação com a
preparação que com a missão.
2) Sendo a missão em 2006,
será uma oportunidade para
que o centenário do vôo do
14-Bis seja festejado pelo
mundo inteiro?
Sem dúvida. A gente sempre
ouviu muitas controvérsias
quanto ao vôo do Santos-
Dumont e o possível feito dos
irmãos Wright. Os americanos
sempre foram bons em fazer
propaganda das coisas deles.
Agora, não podemos deixar a
oportunidade passar,
justamente quando poderei
estar “acima” do globo. Vou
levar o chapéu e o relógio de
Santos-Dumont. Todos têm
seus méritos, e nós temos de
falar do nosso. Além de ter sido
o primeiro a realmente decolar,
foi o primeiro a fazer ensaios
em vôo, ao “pendurar ” o 14-Bis
no balão 14.
5
 Aerovisão Entrevista
z
3) Em que fase do
treinamento o senhor está?
Estou na fase avançada.
Concluí a fase básica em
dezembro de 2000 e fui
declarado astronauta. Desde
então, estou preparado para o
vôo, no aguardo do
prosseguimento decisório e
administrativo do governo. Na
fase atual, temos uma
recordação da fase básica,
acrescida de qualificações,
atividades extraveiculares,
robótica e outros assuntos.
Nossa rotina de atividades se
divide em três: treinamento,
parte técnica e parte
administrativa. Na parte técnica,
como engenheiro de sistemas,
sou representante da NASA para
as atividades de integração do
módulo científico da centrífuga,
construído pelo Japão, assim
como pela construção de todos os
componentes brasileiros.
Também tenho de acompanhar
contratos, fabricação, montagem
e testes. Na parte administrativa
e científica, represento a AEB
Brasileira no exterior para este
projeto. Assim, também tenho de
cuidar da parte de contratos
internacionais e acordos de
cooperação científica.
4) Qual será sua função na
EEI? Quando o senhor saberá
a data exata do vôo e quanto
tempo ficará no espaço?
Sou um astronauta
“Especialista de Missão”. Nossas
funções usuais incluem montar,
fazer manutenção dos
equipamentos da estação e do
ônibus espacial, operação de
componentes robóticos,
atividades extraveiculares e
execução de experimentos.
Especificamente quais
6
experimentos e sistemas irei
operar durante o vôo só saberei
após ser escalado. Isso ocorre
cerca de um ano antes do vôo
que, em princípio, está previsto
para ocorrer em 2006. Mas tudo
depende do prosseguimento do
programa. A condição
indispensável para o meu vôo é a
produção das peças por parte do
Brasil no contrato da EEI. A
missão pode durar 15 dias, se for
só para ir até a EEI e voltar no
ônibus espacial, ou seis meses, se
for para ficar na própria estação.
5) Quais as partes atribuídas
ao Brasil na construção da
EEI?
O Brasil precisa construir
equipamentos chamados de
Flight Support Equipment (FSE). São
placas adaptadoras com
mecanismos de garras que
prendem peças que devem ser
adaptadas à estação ou ao
compartimento de carga do
ônibus espacial. São 33 placas
adaptadoras, que serão
construídas pela indústria
nacional após licitação. Por
critério, devem ser feitas 100%
Portally Eventos
no Brasil. Isso garante
investimento integral no
desenvolvimento da nossa
indústria e geração de empregos,
além da homologação de
qualidade em 15 países muito
importantes no mercado de
exportação de alta tecnologia
espacial. Não há prazo de
entrega, o material será entregue
à medida que ficar pronto.
6) Em outras ocasiões, o
senhor afirmou que
pretende levar um pouco de
cada brasileiro ao espaço.
Como será isso?
Embora o vôo seja realizado
por mim, nada foi construído
sozinho. Assim, com grande
sentimento de união nacional e
profundo agradecimento pela
oportunidade concedida pelo
esforço de cada contribuinte do
país, vou levar a Bandeira do
Brasil ao espaço para representar
toda a nação. Com essa idéia
básica, de promover o civismo
por meio da Bandeira Nacional,
divulgar Santos-Dumont e
aproveitar meu vôo como um
catalisador do sentimento
nacional, a FAB desenvolveu o
projeto “Bandeira: Uma Nação
no Espaço”, de modo a permitir
que cada cidadão tenha a chance
de “sentir” a emoção de
participar do vôo e guardar uma
recordação do acontecimento.
Isso será simbolizado pelo ato de
tocar a bandeira que levarei ao
espaço. Serão duas bandeiras,
uma no Norte e outra no Sul do
país, a partir de 2005, que
percorrerão várias cidades. Com
as bandeiras, teremos também
uma exposição itinerante de
material sobre Força Aérea,
Santos-Dumont e programa
espacial, além de palestras e
eventos associados. Eu mesmo
estarei presente sempre que for
possível. A FAB sempre teve o
poder de fazer a integração do
país, de áreas de difícil acesso, e
de formar profissionais para
desenvolver tecnologia de ponta.
A ciência também serve para
integrar, promover a inclusão
social. Eu sou um exemplo vivo:
sou de origem pobre, de uma
cidade do interior, e o que sou
hoje foi a FAB que possibilitou.
7) Após a primeira missão,
haverá outras?
Ficarei à disposição do
governo brasileiro. Posso
acompanhar um segundo
astronauta, fazer uma segunda
missão, preparar um curso ou
assumir uma posição dentro do
programa espacial. Farei o que
for melhor para o país.
8) O que o senhor sente
quando veste uma roupa de
astronauta?
Sinto-me muito bem, porque
há uma recepção boa do público
em geral. Faço muitas palestras e
sinto que a participação do Brasil
no projeto espacial, como um
todo, é bem-quista. Eu sonhava
com isso, mas, antigamente, o
Brasil não tinha participação.
Então, era um sonho utópico.
9) Quando o senhor decidiu
que seria astronauta?
Durante o tempo em que
“...sou de origem
pobre, de uma
cidade do interior, e
o que sou hoje foi a
FAB que possibilitou
estava na FAB voando, sonhava
com isso. Mas decidi mesmo
quando recebi um e-mail do meu
irmão com formulários para
candidatos a astronauta, em
maio de 1998.
10) O senhor acredita que o
fato de ser da FAB ajudou-o
na seleção do candidato a
astronauta?
Sem dúvida. Se eu não fosse
da FAB, não estaria aqui. A FAB
me deu toda a preparação, e
muitos treinamentos na NASA
foram mais fáceis porque eu já
havia feito. Hoje em dia, a FAB
me apóia, é um grande suporte.
11) Como está o projeto da
AEB de escolher novos
astronautas?
Isso só vai acontecer se a
gente der continuidade ao
programa da estação. Conversei
recentemente com o presidente
da AEB, Sérgio Gaudenzi, e ele
afirmou que o projeto irá
continuar e que, em 2005, as
peças estarão prontas.
12) Em termos de ciência e
tecnologia, o que mudará no
Brasil após a missão do
senhor? Quais serão os
benefícios para o país?
Muita coisa vai mudar. A
ciência e a tecnologia fornecem as
ferramentas que geram empregos,
fazem circular o dinheiro em torno
de produtos e serviços, criam
novos produtos, como remédios e
equipamentos. O Brasil seria
respeitado como exportador de
alta tecnologia espacial. Além
disso, o dinheiro investido para a
construção dessas peças será
empregado no Brasil, gerando
empregos. O projeto também
permite a participação de
universidades e centros de
pesquisas no desenvolvimento de
sistemas e execução de
experimentos. Existem muitos
produtos gerados pela tecnologia
espacial, como teflon, marca-
passo, velcro, amortecimento de
tênis. E como a EEI é um grande
laboratório, novas técnicas,
remédios e equipamentos para a
saúde podem ser desenvolvidos.
Como é um evento histórico,
também elevará o sentimento de
civismo, como ocorre no futebol. O
programa espacial será mais
divulgado e vai acontecer o que
aconteceu com os países que
passaram por isso: ter orgulho de
possuir o seu próprio programa.
Elder Delgado
7
 Aerovisão z
Personalidade

É macaquear entrevista com Pedro Barcia,

A sintaxe lusíada... “
Manuel Bandeira,
Libertinagem
Evocação do Recife, 1925
Acabei de assistir ao
documentário “Língua – Vidas
em Português”, do moçambicano
Victor Lopes, que é uma
comovente homenagem à língua
portuguesa. Passa-se em
Portugal, Goa (Índia), Japão,
Moçambique, Angola e no Rio.
Onde cada um fala o português
que quer, de tal forma que não se
pode dizer que haja uma língua
portuguesa, mas diversas
maneiras de falar a língua
portuguesa, como observa José
Saramago, diante do rio Tejo.
O depoimento de Martinho
TV Record da Vila, em Duas Barras,
interior do Estado do Rio, traça
a linha reta que une a língua
presidente da Academia Argentina
de Letras, sobre os perigos que
rondam a língua espanhola na
Internet: “El chateo estimula un
idioma cada vez más pobre,
limitado y amputado”. O “chateo”,
é claro, é a língua dos participam
dos chats na Internet. É óbvio que o
mesmo perigo ronda a língua
portuguesa. Segundo Barcia, um
adolescente não precisa de mais
que 200 palavras para viver na
Internet – o que, evidentemente,
não basta para enfrentar a vida. E
muito menos para desfrutar do
enorme prazer que é banhar-se na
língua espanhola – e na língua
portuguesa.
No filme de Victor Lopes,
Saramago lembra que os primeiros
homens se comunicavam com
grunhidos e gemidos. E conseguiam
se comunicar, tanto que chegamos
até aqui. Mas, uma das vitórias da
civilização foi exatamente

Paulo
portuguesa (e a música) do construir línguas e administrar as
negro brasileiro ao negro palavras e as frases – cada língua
africano. Martinho diz que com a sua sintaxe. Mas, pelo andar

Henrique
poderia viver em Moçambique, da carruagem, as línguas de hoje
em Angola, ou na Ilha do Sal e acabam mais próximas do
se sentir tão bem quanto em grunhido do que de Manuel

Amorim
EDITOR E APRESENTADOR DO
PROGRAMA “TUDO A VER”, DA
REDE RECORD
“A vida não me chegava pelos
jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na
língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o
português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
Duas Barras, onde vivia com o
pai, colono de uma fazenda
falida de café.
O depoimento de João
Ubaldo Ribeiro chama a
atenção para a nova mania de
se macaquear a sintaxe do
inglês que se fala nos Estados
Unidos. A freqüência com que
se fala “eu vou ir” (“I will go”)
em lugar de “eu vou”. O uso
nefando do gerúndio, um
tempo verbal que os
americanos usam sempre e que
em português (e em espanhol)
só faz enfraquecer e tornar
imprecisa a frase.
Acabei de ler no excelente jornal
argentino Clarin (14/XI/04) uma
Bandeira, do início do século
passado.
Eu, de minha parte, tenho uma
birra especial com o que chamo de
“a sintaxe do muro”, ou “a sintaxe
ideal para não sair de cima do
muro, aconteça o que acontecer”.
O meu amigo José Simão,
sábio pós-socrático, criou, como
se sabe pelo menos em São Paulo,
o “Dicionário Tucanês”, ou seja, a
tentativa de não explicar ao
explicar.
Simão, na verdade, percebeu
que estava em curso no Brasil
uma tentativa análoga à do
regime totalitário do Big Brother,
no livro “1984”, de George
Orwell, que se utilizava do

8
“newspeak”: uma linguagem de
propaganda com a função de
“diminuir o alcance do
pensamento” – através do
eufemismo, do circunlóquio e da
inversão dos significados
habituais das palavras.
Segundo o “newspeak”, a
expressão “pensar certo”
tinha o mesmo significado
de “pensar de acordo com
as idéias predominantes”.
Quem sou eu para
tentar me aproximar de
George Orwell , José Simão
ou João Ubaldo. Meu
objetivo é muito mais
corriqueiro. É tentar fazer
com que a língua
portuguesa que se
emprega na televisão – nos
programas onde trabalho,
bem entendido – “saia de
cima do muro” e trate de
chamar as coisas pelo
nome. Para facilitar a vida
do tele-espectador. E em
respeito à magnífica língua
portuguesa. Assim é que
periodicamente distribuo
aos meus colegas esse
manual que se segue.
(Rápido
esclarecimento: “cabeça” é
o que o apresentador lê, ao
vivo, antes da reportagem,
em vídeo. “Off” é o texto
lido sobre as imagens, em
que o apresentador não
aparece.)
O emprego do
gerúndio, da voz passiva;
a tentativa de esconder o
sujeito; e, sobretudo, o
horror ao tempo infinitivo,
o tempo da ação – todas
essas são manifestações de
uma “sintaxe do muro”. O
medo de ser claro, para
poder recuar e “dizer que
não disse”.
Também não tenho a
pretensão de explicar por que se
fala assim na televisão. Fica para
um discípulo de Sergio Buarque
de Holanda. Ou, quem sabe, para
o Martinho da Vila. Eu, de minha
Manual de português para a televisão,
segundo PHA
1) O melhor tempo do verbo é o
infinitivo;
2) Voz passiva e particípio
passado, evitar;
3) Gerúndio, nunca; nunca
significa nunca. O Gabriel Garcia
Marquez sugeriu à Real Academia de
España suprimir o gerúndio da
língua espanhola;
4) O verbo é melhor que o
substantivo que dele deriva: “ir” é
melhor do que “ida”; “sugerir” é
melhor do que “sugestão”;
5) Adjetivo, quase nunca;
6) Orações subordinadas ou
coordenadas, não: em dúvida, dê
ponto;
7) O mais importante vem em
cima;
8) De preferência, começar a
frase com o sujeito. Em alemão é que
o sujeito vem no fim da frase;
9) A primeira frase de uma cabeça
deve ser uma manchete; primeiro
afirme e depois explique (a
parte, quando sou possuído pelo
sentimento de que tudo está
perdido, de que a barbárie
derrotou a civilização, corro
celeremente para Camões,
Machado – e Manuel Bandeira.
explicação costuma ser enfadonha);
10) Ao redigir um off, case texto
com vídeo; falou no cachorro, mostre
o cachorro; mostrou o cachorro, fale
no cachorro;
11) Pense em como abrir e como
fechar: isso facilita pensar no meio
(de uma cabeça ou de um off);
12) Começar uma cabeça (e/um
off) de forma forte e terminar de
forma expressiva: com poesia,
surpresa, emoção, choque e, de
preferência, com um sorriso nos
lábios do espectador;
13) O espectador não tem nenhuma
obrigação de pensar, fazer cálculos,
imaginar hipóteses enquanto assiste a
uma reportagem. Pense por ele.
Explique tudo. Se a sua Tia do Grajaú
não entender, você perdeu a guerra;
14) Televisão não gosta de
números. Arredonde. Use pouco. E
faça gráficos claros; e
15) Não use palavras difíceis.
Guarde para o seu próximo artigo num
jornal de Filosofia. TODO mundo tem
que entender o que você fala.
9
 Aerovisão z
De volta aos
céus
estrangeiros
Asas da integração ultrapassam fronteiras e
passam a voar para fora do Brasil, levando apoio,
cooperação e amizade: é a América do Sul unida
outra vez
por Tenente Karina Ogo
E m algumas horas, milhares
de quilômetros ultrapassados,
três capitais visitadas, pequenas
diferenças de sotaque, distâncias
reduzidas: é a América do Sul
mais próxima e unida.
Sessenta e oito anos após o
vôo pioneiro dos Majores
Hortêncio Pereira de Britto e
Ricardo Nicoll e tempos depois
de terem sido desativadas,
voltaram, com plena força, as
linhas internacionais do Correio
Aéreo Nacional (CAN), símbolo
da integração do continente.
Assim como o CAN na Região
Norte do Brasil, que mantém
linhas regulares para atender a
comunidades carentes, sua versão
estrangeira também contará com
periodicidade certa: pelo menos
uma vez por mês, as aeronaves
das chamadas Linhas de
Transporte Internacional (LTI)
cumprirão rotas que contemplam
as capitais sul-americanas.
A viagem histórica que
marcou a retomada dos vôos no
exterior ocorreu no dia 7 de
outubro de 2004. Havia um clima
de nostalgia no ar, afinal, a rota
incluía Assunção (Paraguai),
10
destino do
primeiro vôo, tal
como aconteceu
no passado.
A nova etapa
da missão da FAB
foi inaugurada
pelo Presidente da
República, Luiz
Inácio Lula da Silva,
em solenidade realizada na Base
Aérea de Brasília (BABR), na qual
estiveram presentes também os
Ministros da Defesa e das
Relações Exteriores, José Viegas
Filho e Celso Amorim, e o
Presidente do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Carlos Lessa.
Em seu discurso, o presidente
destacou a importância da
reativação das LTI, por serem um
canal de comunicação com
representações de países do
Mercosul, permitindo a
integração e o fortalecimento do
continente, e pela oportunidade
de outras nações conhecerem a
aeronave ERJ-145, de fabricação
nacional, que será utilizada
nessas missões.
O presidente brasileiro entregou
ao
comandante
da aeronave,
Tenente-
Coronel-Aviador
Ricardo de Oliveira
Braga, cartas
endereçadas aos
presidentes do Paraguai,
Argentina e Uruguai, países que
seriam visitados nessa primeira
missão. Depois, ele
cumprimentou a tripulação e
conheceu o interior do avião.
A partida aconteceu por volta
das 10h25. O ERJ-145, agora
denominado C-99, de prefixo
2520, e operado pelo Primeiro
Esquadrão do Segundo Grupo de
Transporte (1º/2º GT), Esquadrão
Condor, sediado na Base Aérea do
Galeão (BAGL), no Rio de Janeiro,
levou, além dos seis tripulantes,
uma equipe do Centro de
Comunicação Social da
Aeronáutica (CECOMSAER) e um
representante do Itamaraty, o
secretário João Marcelo Queiroz
Soares, assessor do Diretor do
Departamento da América do Sul.
Na Base Aérea Silvio
Pettirossi, em Assunção, todos

Tripulação do 1º/2º GT com militares da Força Aérea Paraguaia na Base
Aérea Silvio Pettirossi, em Assunção
foram recebidos pelo
Comandante da Força Aérea
Paraguaia, General de Divisão
Aérea Roberto Vera Ortega, pelo
Comandante da Primeira Brigada
Aérea, General de Brigada Aérea
Luis Alberto Faria Portillo, pelo
Adido Aeronáutico do Brasil no
Paraguai, Coronel-Aviador
Romulo Peixôto Figueiredo, e pelo
Chefe da Missão Técnica
Aeronáutica Brasileira (MTAB),
Tenente-Coronel André Ciarlini
Maia, entre outros militares.
“Este vôo reviveu outro feito
histórico da aviação do Brasil,
Paulo Marques
quando, em janeiro de 1936, a
cidade de Assunção foi
igualmente palco do primeiro
pouso internacional do lendário
Correio Aéreo Militar”, disse o
Coronel Rômulo.
Em Buenos Aires, na
Argentina, o pouso ocorreu no
Aeroparque Jorge Newbery, onde
o Coronel Godoy Vieira, Chefe do
Setor de Inteligência da Força
Aérea Argentina, e o Coronel-
Aviador Ricardo Mendes, Adido
de Defesa e Aeronáutico do Brasil
na Argentina, aguardavam a
comitiva.
O C-99 estaciona à noite no aeroporto de
Montevidéu: a última escala, no final do dia
Parte do grupo, acompanhada
pelo Coronel Ricardo Mendes,
deslocou-se para a Embaixada
brasileira na Argentina. O
comandante da aeronave
entregou a carta destinada ao
presidente argentino à Ministra-
Conselheira Maria Dulce Silva
Barros. “Foi uma grande alegria
para nós receber a notícia da
retomada do CAN”, afirmou
Maria Dulce.
Dando continuidade à sua
missão, a aeronave chegou ao
pátio militar da Brigada Aérea
1, da Força Aérea Uruguaia, em
Montevidéu (Uruguai), próximo
ao Aeroporto Internacional de
Carrasco, na noite do dia 7 de
outubro.
O Coronel-Aviador Paulo
Roberto Miranda Cordeiro, Adido
Aeronáutico no Uruguai, recebeu
a tripulação e os passageiros.
“Sem dúvida, para quem está no
exterior, a reativação do CAN
internacional será de grande
valor, atendendo tanto às
necessidades militares quanto às
das Embaixadas. Mas a
importância maior será na parte
da integração, a aproximação
entre os países”, afirmou ele,
destacando a cooperação entre os
dois países ao citar os serviços
realizados em uma aeronave
Paulo Marques
11
 Aerovisão z
Paulo Marques
O Ten.-Cel. Ricardo Braga, comandante
do 1º/2º GT, entrega a carta do
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva à
Ministra-Conselheira Maria Dulce Silva
Barros, da Embaixada brasileira em
Buenos Aires
uruguaia pelo Parque de Material
Aeronáutico dos Afonsos (PAMA-
AF) e as negociações para a
definição de um acordo entre
ambos visando ao combate de
aeronaves ilícitas.
Assim, na madrugada do dia 8,
foi encerrada a primeira de uma
série de vôos que reescreverão a
história de integração entre as
nações sul-americanas. As rotas já
definidas até o momento são
Brasília/Montevidéu/Buenos
Aires/Santiago (ida) e Santiago/
Buenos Aires/Assunção/Brasília
(volta); Brasília/La Paz/Lima (ida)
e Lima/Santa Cruz de la Sierra/
Brasília (volta); e Brasília/Quito/
Bogotá (ida) e Bogotá/Caracas/
Manaus/Brasília (volta).
As aeronaves do 1º/2º GT
também atenderão às rotas
nacionais, apoiando missões de
ministérios e secretarias
governamentais, viabilizarão
viagens de estudo de diversas
entidades de ensino e auxiliarão
programas como o Calha Norte e
12
12
o Projeto Os comissários do quadro de
Rondon. tripulantes realizaram curso de
Pilotos e elevação de nível também na
mecânicos do VARIG, além de participarem de
Esquadrão estágio de segurança de vôo
Condor proporcionado pelo Centro de
realizaram curso Investigação e Prevenção de
teórico no Centro Acidentes Aeronáuticos
de Treinamento (CENIPA) na TAM, em São Paulo.
da VARIG para a Um deles foi o Sargento Osmar
operação do C-99, Orlando Neves Pereira de Lima,
aeronave de comissário durante o vôo, que fez
“quarta geração”, sua primeira missão para o
ou seja, de exterior pela FAB. “A viagem teve
elevado grau um sabor especial. Estou feliz por
tecnológico. ter recebido um aperto de mão do
Os 12 pilotos Presidente da República e
totalizaram 480 bastante satisfeito por ter sido
horas em simulador e mais de escolhido para esta missão”.
800 horas de vôo com os “Estamos muito honrados
instrutores da VARIG Rio Sul e por termos participado de um
complementaram a instrução momento histórico como esse. É
com os pilotos do Segundo uma oportunidade de o
Esquadrão do Sexto Grupo de esquadrão servir como
Aviação (2°/6° GAV), sediado na instrumento da política exterior
Base Aérea de Anápolis (BAAN), do país”, afirmou o comandante
que utiliza a aeronave R-99, de do 1º/2º GT e piloto da primeira
mesma plataforma do ERJ-145. missão, Tenente-Coronel
Na mesma época, 28 Ricardo Braga.
especialistas realizaram o curso Agora, mais do que nunca,
teórico para manutenção na justificando o símbolo do
VARIG Engenharia e Manutenção esquadrão: um mapa com rotas
(VEM), e a parte prática, na BAAN, de vôo saindo do Rio de Janeiro
com os instrutores do R-99. em direção a vários países.
A capital portenha, Buenos Aires, foi a segunda escala do vôo de retomada do
CAN internacional
Paulo Marques
Sgt Denise
 Aerovisão z

Em favor dos
pacientes
Detalhes que fazem a diferença.
Realizando um trabalho
multicisciplinar, o sistema de
saúde da FAB tem bons
resultados na luta contra o câncer

por Tenente Alessandro Silva

A preocupação do Centro de
Oncologia do Hospital de
Força Aérea do Galeão (HFAG)
com o bem-estar dos pacientes
era tanta que até as cores das Arquivo do Hospital de Força Aérea do Galeão

paredes foram cuidadosamente

selecionadas para ajudar a
reduzir a tensão do tratamento.
A unidade foi inaugurada em
agosto, no Rio de Janeiro, e hoje
atende a cerca de 250 pessoas,
entre militares e dependentes do
sistema de saúde da Força Aérea
Brasileira (FAB).
Na recepção, tom rosa-salmão
para tornar o ambiente mais
acolhedor aos que chegam pela
primeira vez e para os que terão
pela frente mais uma etapa na
luta contra o câncer. Na sala de
quimioterapia, três grandes
janelas com vista para a Baía de
Guanabara e para um grande
jardim fecham o cenário em
A sala de quimioterapia do HFAG tem paredes em verde-água, bela vista para a Baía
de Guanabara e para um grande jardim: recursos para amenizar o tratamento
verde-água, imaginado para Oncologia, que inclui a atuação
amenizar o tempo de espera dos de psicólogos do HFAG junto aos
pacientes. Nem cor fria nas funcionários da unidade e aos
paredes, que poderia servir como pacientes e familiares, mais a
fator depressivo, nem tons mais participação constante do
quentes, possíveis geradores de serviço de assistência religiosa
ansiedade. Busca-se o equilíbrio. da Força Aérea Brasileira.
Os médicos atendem em Grupos de auto-ajuda, terapia
consultórios “azul-claro”, a cor ocupacional e técnicas de
da tranqüilidade e da calma. relaxamento fazem parte do
O uso da cromoterapia é uma cotidiano do centro.
das ferramentas de um pacote O motivo de tanta
maior planejado para a preocupação? Os pacientes com
construção do Centro de câncer têm uma grande

13
13
 Aerovisão z

predisposição a
desenvolver
quadros de
ansiedade e de
depressão por causa
da descoberta da
doença, do estigma
que o tratamento
carrega e do receio
dos efeitos
colaterais da
Arquivo do Hospital de Força Aérea do Galeão

quimioterapia, hoje
mais amenos se
comparados com os
do passado. “O
paciente já chega
predisposto a
sentir-se mal”,
afirma a Capitão
Monica Rodrigues
Klemz, médica oncologista e chefe Na sala de espera, familiares e parentes aguardam serem chamados para o
do Centro de Oncologia do hospital. atendimento: recebem apoio psicológico e assistência religiosa
O HFAG entra na vida dessas
pessoas justamente depois de a
doença ser diagnosticada.
O Centro de Oncologia, amostra não apresentava
Hematologia e Quimoterapia é a depressão, o que é um indicador
unidade da FAB especializada no elevado”, explica a Major Nancy
atendimento de pessoas com
Grupos de auto- Ferreira, psicóloga e chefe do
câncer em todo o país. Sua ajuda, terapia Serviço de Psicologia do HFAG,
que assina o trabalho com a
construção foi viabilizada com a
liberação de recursos da própria ocupacional e Capitão Mônica. Menos de 5%
instituição e por meio de doações dos pacientes estavam
de pacientes e de familiares de técnicas de depressivos.
pessoas atendidas pelo HFAG. O
projeto levou em conta as 32 leis
relaxamento fazem Os dados desse estudo foram
apresentados no mês passado no
existentes sobre o assunto, parte do cotidiano Congresso Internacional de Dor e
fazendo com que o serviço Cuidados Paliativos, realizado
obedeça hoje a todas as normas do centro pelo Instituto Nacional do
vigentes no país no que se refere, Câncer (INCA), no Rio de Janeiro.
principalmente, à biossegurança Para as autoras do trabalho, os
e ao espaço físico adequado. números mostram a importância
Tanta preocupação começa a do trabalho multidisciplinar com
mostrar bons resultados. Uma de Depressão Deck, aplicado na os pacientes em tratamento no
pesquisa realizada pelo Centro amostra, é uma escala utilizada Centro de Oncologia. O serviço
de Oncologia mostra que um para avaliar depressão. Como de oncologia funciona integrado
número expressivo de pacientes resultado, há três faixas: normal a outros setores do hospital,
não apresentava depressão. A (significa ausência de depressão), como Farmácia, Terapia
avaliação foi feita a partir de um disforia (existe certo grau de Ocupacional, Psicologia,
questionário preenchido por 53 psicopatologia) e depressão. Nutrição, Enfermagem e
pessoas atendidas. O Inventário “Podemos observar que 75% da Capelania.

14
Aerovisão z

15
 Aerovisão Compromisso Social
z

Por um
futuro
melhor
O lado social da Força Aérea
Brasileira. Idéias simples
colocadas em prática contribuem
para integrar jovens carentes à
sociedade carioca

por Capitão Jeronimo Vilela

A ntes, um adolescente sem

Arquivo da Base Aérea do Galeão

perspectiva de vida e futuro

indefinido. Hoje, um jovem mais
preparado, um cidadão com
expectativa de crescimento
profissional e muita esperança de
vencer.
A situação acima tornou-se
realidade a partir de um projeto
desenvolvido pela Base Aérea do
Galeão (BAGL), localizado na Ilha
do Governador-RJ. Atualmente, o
citado jovem exerce uma
atividade administrativa em
uma empresa e faz faculdade de
edificações.
A iniciativa mostra que é
possível mudar a vida de muitos
jovens carentes, que não têm
condições de fazer um curso ou
arrumar um emprego.
Essa história começou em
meados da década de 80, quando
a Força Aérea Brasileira
implantou na BAGL um projeto
audacioso de trabalho de
assistência a adolescentes das
camadas menos favorecidas da
Jovens do Rio de Janeiro: a descoberta de uma profissão
população do Estado do Rio de envolvendo a FAB, a Prefeitura
Janeiro, o Projeto Pró-Menor do Rio de Janeiro, a Universidade
(PPM). Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
Durante dez anos, cerca de a Pontifícia Universidade
500 jovens foram beneficiados Católica do Rio de Janeiro (PUC-
com esse olhar diferenciado da RJ), como forma de preservar e
Força Aérea, no que diz respeito viabilizar os direitos declarados
à sua inserção na sociedade e no no Estatuto da Criança e do
mercado de trabalho. Adolescente.
Desde 1998, a Base Aérea do O processo de seleção busca
Galeão vem desenvolvendo uma jovens de 14 a 17 anos da
nova versão do Projeto Pró- comunidade situada na área de
Menor, rebatizado com o nome abrangência da BAGL e
de Projeto de Apoio à Juventude provenientes de famílias de baixa
(PAJ). renda.
As atividades do projeto são O projeto tem a duração de 12
produto de parcerias e de uma meses, e os jovens têm
integração de esforços, oportunidade de obter um

16
16
desenvolvimento cultural e
físico, por meio de oficinas de

Arquivo da Base Aérea do Galeão

arte e práticas desportivas,
participando também de um
processo de socialização com
atividades em grupo.
Eles recebem noções
preventivas de saúde, nas áreas
de alimentação, dependência
química, doenças sexualmente
transmissíveis e AIDS.
Aulas de português,
matemática e história dão um
reforço ao ensino escolar, e as de
iniciação profissional nas áreas
de telefonia, informática, elétrica,
refrigeração, barbearia e
eletricidade são as mais
procuradas.
Todas as atividades são Salas de aula reforçam a instrução de jovens da comunidade
realizadas na Base Aérea, que
apóia com a concessão e
manutenção das oficinas, que um atendimento de qualidade expressiva marca de 195
fornecimento de técnicos e seja propiciado a esses jovens e adolescentes atendidos,
monitores e também com o suas famílias. Assim, a BAGL vem preocupando-se não só com a
transporte e almoço dos se constituindo como um espaço preparação do jovem para o
estagiários que trabalham no de construção e resgate da trabalho, como também em
projeto. cidadania, ultrapassando o contribuir, de forma
As universidades participam assistencialismo e as práticas significativa, para a construção
da ação com estagiários das imediatistas”, afirmou a Capitão de uma pessoa responsável, que
variadas áreas do projeto, e a Rita Emília Alves da Silva Neves, exerça a sua cidadania e
prefeitura, por meio das suas assistente social do PAJ. transforme-se em sujeito capaz
Secretarias de Saúde, Educação e Até hoje, o PAJ alcançou a de mudar sua própria história.
Desenvolvimento Social.
Oficinas culturais: uma oportunidade para todos
Além da oportunidade de
aprender uma profissão, mães
dos adolescentes apontam como
benefícios decorrentes da
inclusão no projeto a melhora do
desempenho escolar e do
comportamento, de uma maneira
geral.
“É importante ressaltar que o
trabalho realizado não se
Arquivo da Base Aérea do Galeão

restringe aos muros da

instituição. É necessária uma
articulação com toda uma rede de
serviços públicos existentes na
comunidade próxima à base,
como postos de saúde, conselhos
tutelares, universidades etc., para

17
 Aerovisão Turismo
z
z

Um
mergulho no
paraíso
O mar azul-turquesa guarda uma das mais ricas faunas
marinhas do planeta. Conhecer F ernando de Noronha é
Fernando
mergulhar num mundo novo
novo,, onde o respeito pela natureza é lei

por Sargento Denise Escovino

18
U ma paleta de diferentes tons de um azul deslumbrante, formações rochosas exóticas,
areias macias e sol no ponto certo. No ar, o vento agradável sopra constantemente.
Um verdadeiro paraíso. Esse é o cenário fantástico de um pequeno grupo de ilhas em meio
ao Oceano Atlântico: o arquipélago de Fernando de Noronha.
O navegador português Américo Vespúcio foi o primeiro a se deslumbrar com essa vista
paradisíaca, em 1503. Sua caravela naufragou, mas os tripulantes que sobreviveram
alardearam a beleza do lugar.
O arquipélago, formado por 21 ilhotas, é constituído por rochas vulcânicas e fica
isolado no mar, a 345 km de Natal-RN e a 540 km de Recife-PE. Ao todo, são 16 praias na
ilha principal, todas com águas cristalinas e mornas.
Após sua descoberta, o arquipélago foi dado pelo rei Miguel I como presente ao
aristocrata português Fernando de Loronha (o “L” foi substituído pelo “N” pelos ilhéus,
que consideravam o nome difícil de pronunciar). O proprietário nunca visitou o local.
Abandonado por mais de 200 anos, acabou virando alvo fácil de piratas e invasores.
Depois de ter sido ocupado por holandeses, franceses e ingleses, finalmente teve seu
potencial estratégico reconhecido pelas autoridades portuguesas, que expulsaram os
invasores e construíram dez fortes ao redor da ilha. Hoje, as ruínas do Forte dos
Remédios e de São Pedro do Boldró são as únicas que ainda guardam lembranças
daquela época. O ponto geograficamente privilegiado também trouxe à ilha os radares da
Força Aérea Brasileira, que instalou em Noronha um Destacamento de Controle do
Espaço Aéreo para monitorar vôos internacionais muito antes de chegarem ao
continente.
A história de Fernando de Noronha também passa pela Segunda Guerra Mundial,
quando serviu de base aos aviões americanos e, mais tarde, nos anos 60, tornou-se uma
colônia penal. Essa fase da ocupação trouxe também sérios danos à flora local: as
autoridades, temendo que os prisioneiros construíssem jangadas que facilitassem a fuga,
mandaram devastar toda a vegetação original da área.
Desde 1988, quando passou a ser administrada pelo governo de Pernambuco, foi criado o

19
 Aerovisão Turismo
z
Parque Nacional Marinho de
Fernando de Noronha. São 112 km2
entre terra e mar, cujo
gerenciamento e fiscalização cabem
ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA). Preservar
esse paraíso tem um preço: o
controle da visita de turistas,
visando evitar a agressão ao meio
ambiente. Só são permitidos 420
visitantes por dia na ilha, por isso,
se você planeja viajar em alta
temporada, é melhor fazer a
Denise Escovino
Mergulhando na Praia do Sueste,
você poderá contar com companhias
bem especiais
A Igreja de Nossa Senhora dos
Remédios guarda um pouco da
história de Noronha
O morro Dois Irmãos, na Baía dos
Porcos: um dos cartões-postais mais
famosos da ilha
Denise Escovino
20
20
reserva com muita antecedência.
Para se aventurar nas dezenas
de trilhas espalhadas pela ilha é
aconselhável escolher o mais usado
meio de transporte local: o bugre.
Assim, você vence a distância entre
as praias com mais rapidez. Muitas
delas têm limites de visitantes,
como a do Atalaia, que só recebe 30
pessoas por dia. Lá, a água é
cristalina e a visibilidade chega a
40 m. Mas não precisa se
preocupar, pois a profundidade
média é de 80 cm.
Denise Escovino
Para preservar a fauna
marinha, o IBAMA criou o Parque
Nacional Marinho. Um dos locais
de preservação máxima, onde não
se pode chegar nem de barco, é a
Baía dos Golfinhos. A única forma
de conhecê-la é seguir numa
excursão com os pesquisadores. O
melhor horário é às 6h, quando os
golfinhos podem ser vistos
saltando sobre as águas num
espetáculo único. Informações
sobre o passeio podem ser obtidas
pelo telefone (81) 619-129.
Uma das práticas mais
prazerosas da ilha é o mergulho.
Museu Tubarões: artesanato e o
famoso tubalhau; atrações extras para
o turista

Experimente nadar lado a lado

com tartarugas e peixes
multicoloridos na Praia do Sueste
ou aventure-se por uma escadinha
de ferro que desce pela encosta
rochosa até a Praia do Sancho,
considerada a mais bela do local.
Para quem visita o arquipélago no
primeiro semestre do ano, um
aviso: você terá de dividir as
praias Boldró e do Leão com as
Denise Escovino

animado da Vila.
A magnífica vista do Forte dos
Remédios: o antigo presídio tem uma Com águas claras, areias
das mais belas vistas da ilha brancas, piscinas naturais e uma
fauna marinha fascinante,
Fernando de Noronha tem uma
energia única, que envolve o
visitante em um clima de
tranqüilidade e paz. Seja pela
beleza das praias ou pelo respeito
aos animais e ao meio ambiente, a
visita ao arquipélago tem tudo
para ser o ponto alto de sua
viagem. De quebra, você ainda se
sentirá feliz por contribuir para a
preservação de um dos mais belos
lugares do mundo. A natureza, com
Denise Escovino
certeza, agradece.

tartarugas, pois esse é o período Na Baía do Sueste, o mar de águas

muito azuis abriga tartarugas e peixes
em que elas vão à areia desovar. multicoloridos
No final da tarde, visite o
Museu Tubarão e experimente o
delicioso tubalhau, um bolinho
feito com carne de tubarão, que
lembra a mesma iguaria feita de
carne de bacalhau, e aprecie o
artesanato que os ilhéus fazem
usando ossos e dentes de tubarão.
Denise Escovino

As noites arejadas e tranqüilas

merecem ser curtidas em um dos
pontos mais badalados da ilha: o
Forró do Cachorro, onde a música
rola a noite toda, e o local, ao ar
livre, é o ponto de encontro mais

21
21
 Aerovisão Azul no Meu Coração
z

Caminhando
para o sucesso
Ministro dos Transportes,
Alfredo Pereira do Nascimento,
ex-soldado e sargento, conta
como a Força Aérea Brasileira
influenciou a sua vida

por Tenente Karina Ogo

P ara quem era jogador de

futebol, prestar o serviço
militar obrigatório não foi tão
ruim assim... Afinal de contas,
mesmo quando os outros
recrutas estavam de quarentena,
durante o curso inicial, ele era
liberado para treinar pelo time
do América-RN. Higor Belarmino

Nem ele mesmo imaginava

que um dia chegaria tão longe. A
passagem pela Força Aérea
Brasileira (FAB) acabou
alavancando a sua carreira
profissional, levando-o a postos
que nunca havia pensado
alcançar.
Hoje, de seu gabinete, no alto
de um dos prédios da
Esplanada dos Ministérios, em
Brasília, Alfredo Pereira do
Nascimento vê o Congresso
Nacional. Antes comandado, no
período em que era soldado e
até sargento, atualmente ele
tem sob a sua responsabilidade
a gerência das políticas das
malhas rodoviárias,
O Ministro em sua sala, na Esplanada dos Ministérios: a vista é, hoje, muito
diferente da sala onde passava horas na frente do console de controle de tráfego
aéreo
ferroviárias e aquaviárias do matemática, não quis tentar
País: é Ministro de Estado dos entrar para a Força Aérea como
Transportes. oficial temporário, por meio do
Quando tinha 16 anos, Núcleo de Preparação de OFiciais
Alfredo Nascimento, natural de da Reserva (NPOR). “Era
Martins-RN, vivia muito bem, demorado, e eu queria logo
em um bairro de classe alta de trabalhar em alguma coisa. Mas
Natal. Infelizmente, uma crise eu não tinha nem noção do que
abateu-se sobre a sua família e, era servir”, disse.
aos 17 anos, foi obrigado a Concluído o curso de recruta,
arranjar um emprego, quando o atual Ministro foi servir no
trabalhou em uma padaria. Centro de Lançamento da
Chegou a época do Barreira do Inferno (CLBI), em
alistamento. Mesmo sendo Natal. Até hoje ele se lembra do
estudante universitário de nome de seu comandante:

22
Tenente-Coronel-Aviador José
Pessoa Cavalcante de
Albuquerque. “Ele gostava muito
de futebol e me escolheu para lá.
Mas eu não me esqueci do nome
dele porque ele me ‘perseguia’,
queria que eu fosse oficial
(aviador). Mas eu tinha medo de
ser oficial porque voava...”,
afirma.
Em pouco tempo, Nascimento
estava trabalhando no gabinete
do Tenente-Coronel, que insistia
em inscrevê-lo para o concurso
da Academia da Força Aérea
(AFA), a escola de formação de
oficiais aviadores, intendentes e
infantes da Aeronáutica, em
Pirassununga-SP. “Aí, o que eu
fiz? Descobri que, para ser
sargento, não precisava voar”.
Então, fez a inscrição para
disputar uma das vagas da
Escola de Especialistas de
Aeronáutica (EEAR), sediada em
Guaratinguetá-SP. E passou no
concurso.
Após os psicotestes, o
Ministro foi escolhido para fazer
o curso de controlador de tráfego
aéreo. Ao final de dois anos, não
foram abertas vagas para a sua
especialidade na Região
Nordeste. Então, sua primeira
opção passou a ser Brasília, mas
como foi informado de que não
havia imóveis disponíveis na
capital federal, já que iria se
casar, ele se decidiu por Manaus-
AM, cidade onde se estabeleceu e
da qual, anos mais tarde, seria
Prefeito, por duas vezes.
Quando chegou a Manaus,
“não tinha o aeroporto novo
ainda, era o aeroporto militar ”.
Ele ficou por lá até o início da
década de 80. No total, foram
quase oito anos de dedicação à
Força Aérea Brasileira. Nesse
período, além do curso de
matemática, ele conseguiu se
formar também em letras e fez
pós-graduação em
administração de empresas.
“Um ano depois, eu era
Superintendente da Federação
das Indústrias, dois anos depois
era Secretário Municipal das
Finanças, três anos depois,
Secretário Estadual da
Administração, depois fui
Secretário da Fazenda,
Superintendente da Zona
Franca de Manaus, Vice-
Governador, Prefeito, reeleito
Prefeito e Ministro”, afirmou,
sem nunca ter imaginado que
conseguiria tanto.
A passagem pela
Força Aérea foi
essencial para o
sucesso em sua
carreira
e na sua vida
De acordo com ele, a
passagem pela Força Aérea foi
essencial para o sucesso em sua
carreira e na sua vida. “A escola
(EEAR) prepara muito, prepara
para a vida, prepara
intelectualmente. Você sai com
um conteúdo maravilhoso, pois
passa dois anos de semi-
internato, só saindo no final de
semana. Você leva uma
vantagem muito grande, porque
você cumpre horário, cumpre
sua obrigação, tem receio de não
fazer a coisa correta”, disse.
Nascimento afirmou que,
mais que a atividade de
controlador de vôo, o que mais
trouxe ensinamentos para a sua
Higor Belarmino
A carreira política começou em
Manaus-AM, mas o Ministro ainda
guarda boas lembranças do tempo da
caserna
vida foi ser militar. “Acho que
todo jovem deveria passar um
tempo no quartel, para
aprender a valorizar muita
coisa: tomar iniciativa, tomar
decisão, se virar, assumir
conseqüências, aprender a
pesar mais as coisas. Eu tenho
uma boa percepção e também
isso devo à FAB. Você começa a
direcionar a vida tendo por
base alguns conceitos, como
responsabilidade, hierarquia,
obediência”.
Suas amizades com o pessoal
da Aeronáutica continuaram
por um longo tempo. Seis ex-
militares trabalharam com ele
durante suas administrações
em Manaus. “A relação que você
tem com as pessoas e o que você
apreende como formação de
personalidade são as coisas
mais fortes que eu trouxe da
Aeronáutica. Todas as noites eu
agradeço a Deus por eu ter
passado pela FAB”, finalizou o
Ministro.
23
 Aerovisão Personalidade
z

24
 Aerovisão Nas Asas do Tempo
z

Pássaros por Olhando para o céu, o paraense

Julio Cezar Ribeiro de Souza

inspiração
desvendava em 1880 o segredo
da dirigibilidade aérea

por Tenente Luiz Claudio Ferreira

25
 Aerovisão Nas Asas do Tempo
z
Álbum de família
“ É preciso que o centro de
leveza esteja na parte anterior
do balão, assim como o centro de
gravidade está na parte anterior
do pássaro voando”.
A base do raciocínio era, ao
mesmo tempo, simples e genial. O
paraense Julio Cezar Ribeiro de
Souza iniciou suas pesquisas em
1874 e as divulgou a partir de
1880. Ele observou a natureza do
vôo dos pássaros planadores,
como o albatroz, o gavião, a águia
e o urubu, valeu-se de teorias da
Física e formulou um sistema de
navegação aérea original deixando
cientistas e autoridades da época
boquiabertos. Sua trajetória
heróica tem sido, nos últimos
anos, objeto de estudo de
cientistas que, pouco a pouco, vão
fazendo justiça à memória de mais
esse grande inventor brasileiro.
Uma das providências foi
tomada em 1996, pelo Instituto
Histórico-Cultural da
Aeronáutica (INCAER), que
destacou Julio Cezar como um dos
seus patronos, título concedido
apenas aos grandes vultos da
história aeronáutica brasileira.
Hoje em dia, o principal
pesquisador da vida de Julio Cezar
é o professor de Física da
Universidade Federal do Pará
26
estudos aeronáuticos. Antes de
Julio Cezar: senso criativo voltado à
atividade aeronáutica Julio Cezar, o único grande vulto
da aeronáutica brasileira havia
sido o padre Bartholomeu de
(UFPA) Luís Carlos Bassalo
Gusmão, que realizou a primeira
Crispino. Ele é um dos responsáveis
ascensão de um balão com ar
pelo livro “Julio Cezar Ribeiro de
quente, em 1709.
Souza – Memórias Sobre a
Depois de chegar à conclusão
Navegação Aérea”.
de que o corpo do balão deveria
Julio Cezar nasceu em 1843,
ser dissimétrico como o dos
no atual município do Acará, no
pássaros planadores, Julio Cezar
interior paraense. Era filho de
procurou as autoridades e
lavradores e ficou órfão de pai
ganhou o parecer positivo do
quando criança. Estudou o
Instituto Politécnico Brasileiro, no
primeiro e o segundo graus em
Belém e depois foi para o Rio de
Janeiro (capital do Império), onde
concluiu o curso preparatório da
Julio Cezar reuniu trabalhadores e escravo
com hidrogênio, no Largo da Sé, em Belé
Os balões subiam,
mas precisavam ser
seguros em terra.
Essa problemática
despertou o senso
criativo de Julio
Cezar
Escola Militar. Integrou-se às
forças militares brasileiras na
Guerra do Paraguai, de 1866 a Rio de Janeiro, a maior instituição
1869. científica da América Latina. O
Nesse combate, balões foram equipamento projetado pareceria
utilizados pela primeira vez na com o que ficou conhecido depois
América do Sul. Os balões subiam, como Zeppelin. O inventor tomou
mas precisavam ser seguros por o cuidado de patentear sua
alguém em terra. Não havia invenção em 11 países.
dirigibilidade. Essa problemática, O reconhecimento científico lhe
segundo os pesquisadores, rendeu em 1881 a liberação de 20
possivelmente despertou o senso contos de réis pela Província do
criativo de Julio Cezar. A partir de Pará para construir seu balão na
1870, porém, foi trabalhar como França, contratando os serviços da
jornalista, professor e escritor. oficina de Henri Lachambre, a
Depois de 1874, dedicou-se aos mesma que construiu balões para
 Santos-Dumont quase 20 anos
depois. Julio Cezar finalmente
tinha o protótipo “Victória”
confeccionado com 10 m de
comprimento por 2 m de maior
diâmetro.
“O Victória era um balão de
testes, sem capacidade para
erguer o peso de um homem, era
manobrado do solo, a fim de que
se percebesse que não era levado
pelo vento. Quando solto,
movimentava-se na direção da
sua proa, mesmo que oposta à
os de amigos para tentar encher seu balão
ém, em 1884
Musée de L´Air et de L´Espace
corrente de ar. Foi um grande
avanço elogiado pelos maiores
especialistas do assunto, durante
os testes na França”, afirma o
professor Luís Crispino.
Julio Cezar deixou
encomendado com Lachambre
um balão bem maior (52 m de
comprimento e 10,4 m de
diâmetro) que pudesse ser
tripulado. Conseguiu 36 contos
de réis da Província do Pará para
pagar a oficina francesa.
Mas Julio Cezar não teve
O Largo da Sé em Belém, ontem e hoje, dois momentos da local histórico
dinheiro para acompanhar de
perto a construção do seu balão.
Depois de pronto, mais
problemas: não tinha recursos
para enchê-lo com hidrogênio. O
jeito que ele encontrou foi trazer
o balão para Belém e tentar obter
recursos promovendo exposição
na Catedral da cidade e
realizando conferências noturnas
no Teatro da Paz.
Fez uma espécie de mutirão
em 12 de julho de 1884. Reuniu
alguns familiares, trabalhadores
que pôde pagar e escravos de
amigos no Largo da Sé, em Belém,
e trabalharam durante toda a
madrugada para tentar encher o
balão. Foram utilizados 70 barris
com os produtos químicos. A
falta de experiência acabou
danificando o equipamento e, por
volta das 11h, o desânimo abateu
a todos.
A fotografia dessa histórica
tentativa é guardada pelo Musée de
L´Air et de L´Espace, na França.
“Quando recebi essa imagem,
fiquei impressionado. É a fotografia
do primeiro experimento com
balão dirigível no mundo”, aponta
o professor Crispino.
A frustrada tentativa de
Christian Nunes
encher o balão em Belém seria
apenas mais uma decepção
diante do que viria. Julio Cezar
seria golpeado no mês seguinte
pela notícia que rodava o mundo.
Os militares franceses Charles
Renard e Arthur Krebs, que sempre
acompanharam as realizações de
Julio Cezar na França, conseguiram
erguer o dirigível militar La France.
“Os europeus entravam para a
história como os primeiros a
realizar um percurso fechado a
bordo de um balão, retornando ao
ponto de partida depois de
percorrer 7.600 metros em 23
minutos”, salienta o pesquisador.
Desesperado com o que ele
afirmava ser um plágio, o
inventor recorreu ao Instituto
Politécnico para que ajudasse a
defender seu invento. Os
cientistas manifestaram-se a
favor do paraense. Julio Cezar
morreu em 1887, aos 44 anos.
O professor Crispino
considera que publicações que
lidam com essa história ajudam
a fazer justiça e a reconhecer
Julio Cezar Ribeiro de Souza
como o verdadeiro inventor do
dirigível e um dos maiores vultos
da aeronáutica brasileira.
27
 Aerovisão z
z
A hora e a vez
do passageiro
Já teve seu vôo cancelado pela
companhia aérea? Então, no seu
próximo vôo, leve na sua
bagagem os seus direitos de
consumidor
por Tenente Alessandro Silva
A lém de regular o
funcionamento das
empresas de aviação civil,
fiscalizar as condições das
aeronaves, gerenciar a
habilitação de pilotos e manter a
segurança de passageiros e
aeronautas, o Departamento de
Aviação Civil (DAC), órgão do
Comando da Aeronáutica,
também é responsável pela
fiscalização da qualidade dos
serviços prestados pelas
empresas aéreas.
Em defesa dos passageiros,
cabe ao DAC receber reclamações
e intermediar a solução de
conflitos com as companhias
aéreas, com a possibilidade de,
dependendo do caso, aplicar
multas previstas no Código
28
Brasileiro de Aeronáutica. O
objetivo desse trabalho é zelar
para que as empresas,
concessionárias que são,
cumpram com as obrigações
previstas em contrato.
Parte dessa ação do DAC
começa com a divulgação de um
“Guia do Passageiro”, no portal
do órgão (www.dac.gov.br), que
busca, de forma didática, prestar
esclarecimentos e orientar os
usuários. A página traz ainda
textos das leis que estão em vigor
e dados estatísticos das
reclamações recebidas.
Entre outras dicas
importantes, o guia explica que,
passados 30 dias, o passageiro
que teve sua bagagem extraviada
tem direito a ser indenizado pela
companhia aérea. Existe a
possibilidade de o usuário, antes
de embarcar, fazer uma espécie de
seguro, mediante o pagamento de
uma taxa. Jóias, dinheiro e papéis
negociáveis, porém, não podem
entrar nesse pacote e devem ser
transportados em bagagens de
mão. No caso de vôos
internacionais, a Convenção de
Varsóvia limita a indenização em
US$ 20,00 por quilo de bagagem.
Sobre atrasos de aeronaves, o
artigo 230 do Código Brasileiro de
Aeronáutica afirma que: “em caso
de atraso de partida por mais de
quatro horas, o transportador
providenciará embarque do
passageiro em vôo que ofereça
serviço equivalente para o mesmo
destino, se houver, ou restituirá,

de imediato, se o passageiro o
preferir, o valor do bilhete”.
No caso de atraso superior a
quatro horas, qualquer que seja o
motivo, o concessionário do
serviço deverá providenciar uma
série de facilidades, como
refeições, telefonemas e
transporte. O usuário pode ainda
optar pelo endosso (autorização
da companhia para viajar em
outra empresa congênere) ou
reembolso (devolução do
dinheiro de imediato, no caso de
pagamento em dinheiro, ou
restituição quando da
compensação do cheque).
Em breve, o atendimento do
DAC ganhará um reforço, com a
criação de uma Ouvidoria para o
recebimento de reclamações, em
complemento à estrutura que
existe. O novo setor terá uma
linha telefônica direta à
disposição dos passageiros. Hoje,
os usuários podem encaminhar
essas informações por meio das
Seções de Aviação Civil (SAC), nos
principais aeroportos do país.
“A Ouvidoria é um setor
imprescindível para melhorar a
prestação do serviço público,
porque servirá como um canal
direto de comunicação entre
usuário e DAC”, afirma o diretor
do DAC, Major-Brigadeiro-do-Ar
Jorge Godinho Barreto Nery. No
momento, o serviço está em fase
de estruturação.
Para encaminhar uma
reclamação ao DAC, basta
procurar uma das Seções de
Higor Belarmino
Aviação Civil, localizada nos
principais aeroportos
brasileiros, e preencher o
Impresso de Sugestão e/ou
Reclamação (ISR). A informação
pode ser encaminhada ainda aos
Serviços Regionais de Aviação
Civil (SERAC) ou para o próprio
DAC (Rua Santa Luzia, 651,
Castelo, Rio de Janeiro-RJ, CEP.:
20.030-040, ou pelo e-mail
reclamacaopassageiros@dac.gov.br).
Outra possibilidade é o portal
do órgão (www.dac.gov.br), no
qual o formulário pode ser
encontrado.
Segundo o DAC, as reclamações
são encaminhadas diretamente à
direção das companhias aéreas
envolvidas e o caso é
acompanhado pelo órgão.
29
29
 Aerovisão z
A-29:
Sofisticado,
preciso, letal
por Tenente-Coronel Ricardo Moscoso
O utubro de 2004 foi um mês
marcante para a Força Aérea
Brasileira. Depois de um longo
período de desenvolvimento e
exaustivos testes, entrou em
operação a mais nova vedete da
FAB: a aeronave A-29.
“Com 1.650 Shp de potência, o
A-29 é uma aeronave de fácil
pilotagem, possui um bom piloto
automático e computadores de
última geração semelhantes aos
dos caças mais modernos do
mundo”, comenta o Major-
Aviador Wagner Eduardo Mello de
Oliveira, piloto do Grupo Alfa.
Esse grupo tem por missão
introduzir o A-29 na instrução
30
dos pilotos de caça da FAB.
O avião possui o que existe de
mais moderno em aviação. Com
exceção de apenas dois
instrumentos: o horizonte
artificial reserva e o climb
(indicador de subida e descida),
tudo é digital.
O vôo começa no solo em uma
estação de planejamento. Em
seguida, todas as informações
são transferidas para os
computadores de bordo do caça.
Durante a partida do motor,
tudo pode ser acompanhado pelo
CMFD (Color Multi-Funtion Display)
que são duas grandes telas de 6x8
polegadas localizadas no painel à
frente do piloto. Nelas, o piloto
pode selecionar os diferentes
modos de informações à sua
disposição, tais como navegação,
ataque, instrumentos de vôo e
desempenho.
Logo acima está o HUD (Head-
Up Display), que é um visor que
centraliza as informações de
navegação, ataque ar-solo e ar-
ar. “O HUD facilita muito o
trabalho do piloto, pois
mantemos nossa atenção voltada
para o ambiente externo e
podemos visualizar informações
de altura, velocidade, direção,
quantidade de armamento, entre
outras”, afirma o Major Mello.
 O A-29 possui um
sofisticado sistema de
navegação, que permite
navegar sem
informações externas e
atacar com uma
diversificada
quantidade de munição,
incluindo bombas,
foguetes, mísseis e
metralhadoras.
Depois de navegar, só
falta acertar o alvo. Para
isso, o A-29 conta com o
CCIP (Ponto de Impacto
Continuamente
Calculado), ou seja, o
HUD informa
precisamente no visor o
ponto preciso de
impacto da bomba. É só
mirar e acertar. O CCRP
(Correção Contínua do
Ponto de Lançamento) é
a outra opção. O piloto segue as
ordens de pilotagem do HUD e a
bomba é lançada
automaticamente. Essa
modalidade permite o
lançamento até mesmo sem
visualizar o alvo.
Planejamento: o sucesso da missão
começa no solo
CMFD e o HUD: a perfeita integração
homem-máquina
O vôo noturno também está
mais fácil. Incorporando
tecnologias como o FLIR (Forward
Looking Infrared) e o NGV (Night
Vision Google – óculos de visão
noturna), o piloto pode ver tudo
o que acontece de uma forma
bem clara na escuridão total.
Porém, a melhor novidade é o
sistema data link. Ele permite uma
ligação virtual entre os aviões
como se fosse uma rede de
computadores. Na prática, o A-29
pode receber dados de outros
caças, de bases em solo e do R-99
(avião radar da FAB). O piloto
visualiza no CMFD a posição dos
seus alvos e das aeronaves amigas,
com informações de altura,
velocidade, direção, quantidade de
combustível etc., dando uma visão
geral de todo o cenário.
A aeronave também incorpora
um sistema que permite aprimorar
a qualidade do
treinamento dos
pilotos. Tudo o que foi
feito em vôo é gravado:
as imagens, os sons e
os dados de
desempenho. Em solo,
pode-se visualizar
tudo o que ocorreu em
um computador com
imagens animadas nas
três dimensões. Para
complementar todo o
treinamento, a FAB
adquiriu um moderno
simulador capaz de
reproduzir todas as
situações de uma
missão de caça. Assim,
os caçadores poderão
treinar situações de
emergência, ataques,
vôo de combate,
interceptações etc.
Além de ser uma nova arma,
o A-29 também é um sistema de
última geração, que posicionará a
FAB entre as mais bem treinadas
e modernas forças aéreas do
cenário mundial.
Simulador de vôo: garantia de um
treinamento de alta qualidade
31
 Aerovisão z

Lição de
casa
Alto padrão de ensino, integração
às comunidades e tradição são
marcas das escolas assistenciais
da FAB em diferentes cidades
brasileiras

por Tenente Luiz Cláudio Ferreira

E les têm horários rígidos,

vestem uniformes e fazem
formaturas periódicas.
Orgulham-se e divertem-se
quando imitam a continência e a
Acervo da Escola Tenente Rêgo Barros

ordem unida dos militares. Os

alunos das escolas assistenciais
mantidas e coordenadas pela
FAB ganham uma base
educacional que serve de modelo
de ensino nas cidades onde as
unidades estão instaladas.
Milhares de estudantes estão
matriculados nessas escolas, que
possuem propostas avançadas
de trabalho, sob a supervisão e o
apoio dos militares. Além das
disciplinas tradicionais dos
currículos escolares, os alunos
estão acostumados a realizar
trabalhos interativos com as
comunidades e a participar de
permanentes atividades cívicas e
culturais.
Em Belém-PA, a Escola
Tenente Rêgo Barros (ETRB),
considerada uma das principais
unidades de ensino do Norte do
32
Civismo também se aprende na escola
país, já formou 43 mil alunos,
nos seus 63 anos de história.
Atualmente, conta com mais de
2.300 estudantes. “A escola
investe em fomentar valores
humanos, éticos e sociais junto
aos seus alunos. E temos obtido
uma excelente resposta das
crianças das séries iniciais até os
adolescentes”, afirma a diretora
da escola, Ana Cristina Pereira.
Para quem está saindo da
escola e a caminho da
universidade, a estrutura de
ensino tem apresentado grandes
resultados. Nos últimos anos, em
média, 70% dos alunos que saem
do ensino médio da ETRB têm
sido aprovados em vestibulares
locais e nacionais. Os alunos
regularmente são “medalhistas”
em olimpíadas nacionais de
conhecimentos. “Acho divertido
participar dessas competições. É
uma boa forma de me preparar
para as provas”, diz a destaque
paraense das últimas Olimpíadas
de Matemática e de Informática,
Daiane Castro, da sétima série.
No Colégio Brigadeiro Newton
Braga, no Rio de Janeiro, fundado
há 44 anos, mais de 1.900 alunos
estão distribuídos da alfabetização
ao terceiro ano do segundo grau.
Além do ensino regular, a unidade
promove curso técnico de
enfermagem, cujos alunos estagiam
nos hospitais da FAB. Há ainda
uma parceria com o Centro
Federal de Educação Tecnológica
do Rio de Janeiro (CEFET-RJ),
promovendo para seus estudantes
outros cursos técnicos, como
mecânica, eletrônica e turismo.
“Prezamos muito pela
qualificação dos nossos alunos e
temos oferecido o maior número
de informações a eles para que
possam, com tranqüilidade,
escolher o que desejam realizar
profissionalmente”, diz o diretor
do colégio, Luiz Otávio
Ebendinger. No Rio, a escola é
uma referência. Por isso, a
concorrência para ingressar nela
é muito alta. Para o ano letivo de
2005, cerca de 1.500 alunos
concorrem a 292 vagas.
Tão importante como a
qualidade de ensino é o papel
social que essas escolas exercem
em suas cidades. A Escola
Caminho das Estrelas, nas
proximidades do Centro de
Lançamento de Alcântara (CLA),
no Maranhão, destina 70% das
vagas a alunos residentes no
município, nas agrovilas e nos
povoados vizinhos.
O contato com o CLA tem
proporcionado um conhecimento
vasto aos alunos da Caminho das
Estrelas. Participam dos eventos e
mostras científicas e acabam
tendo contato com equipamentos
do projeto espacial brasileiro.
“Gosto muito dessas atividades
Instalações e ensino de
qualidade
extraclasse porque
nos fazem conhecer
tanto o que está
mais distante como
o que está bem
perto”, diz o
estudante Victor
Queiroz, da sétima
série. Ao mesmo
Acervo da Escola Tenente Rêgo Barros
tempo que acabam
entendendo sobre
foguetes e satélites, descobrem
mais sobre história, folclore e
riquezas naturais. Contatos das escolas:
Muitos jovens das escolas
assistenciais da FAB, assim como Escola Tenente Rêgo Barros:
Victor, da Caminho das Estrelas, Avenida Julio Cezar, s/nº, Belém-PA
estão vivenciando a junção de um - do primeiro grau à terceira série do
modelo aberto e responsável de ensino médio. Telefone: (91) 211-
ensino e aprendizagem, que está 8706
levando a um caminho para o
futuro. “O bom aluno de hoje em Colégio Brigadeiro Newton
dia deve ser alguém curioso, ético, Braga: Praça do Avião, 01, Ilha do
responsável. Além do Governador, Rio de Janeiro-RJ - do
conhecimento de conteúdo primeiro grau à terceira série do ensino
ministrado nas aulas, o estudante médio. Telefone: (21) 3393-1636
também deve ser avaliado pelo
quanto construiu e interagiu com Escola Caminho das Estrelas:
os companheiros e a sociedade”, Rodovia MA-106 - CLA - Vila
afirma a Tenente Yvonete Santos, NUCLA, Alcântara-MA – da
pedagoga da ETRB. Todo esse primeira à quarta série do primeiro
processo, segundo pedagogos e grau. Telefone (98) 216-9910
professores, não é dos
mais fáceis, mas os
Acervo da Escola Caminho das Estrelas
civis e militares que
trabalham por essas
escolas têm escrito
todos os dias nos
quadros, cadernos e
murais de suas vidas
uma mesma “lição de
casa”: amor à
educação, respeito e
profissionalismo.
Inclusão digital: a
informática presente na
educação
33
 Aerovisão Cartas do Front
z
z
Preparar...
Apontar...
Fogo!
Organizar e unir as forças para
atuar por um interesse comum:
exercícios internacionais como a
CRUZEX e a SALITRE permitem à
Força Aérea Brasileira aperfeiçoar
sua forma de operar em
situações de conflito
por Coronel Ricardo Holanda
Tenente-Coronel Ricardo Moscoso
34
O Conselho de Segurança da
Organização das Nações
Unidas (ONU) aprova a
constituição de uma força de
coalizão, formada pela
Argentina, Brasil, França e
Venezuela para expulsar as
Forças Vermelhas do território
Amarelo e restaurar a paz entre
as nações em litígio.
Apesar de tudo isso ser uma
simulação, o exercício de guerra
realizado pela FAB aconteceu de
fato no Nordeste brasileiro, entre
os últimos dias 7 e 19 de
novembro deste ano. A operação,
denominada Cruzeiro do Sul
(CRUZEX 2004) conseguiu reunir
mais de 1.200 militares e 70
aviões, que entraram em cena
agitando os céus de Natal-RN,
Fortaleza-CE, Campina Grande-
PB e Mossoró-RN, na maior
manobra realizada pela Força
Aérea Brasileira.
O objetivo foi treinar os
militares da FAB para operar
dentro da mais moderna
estrutura de comando e controle
unificada do poder aéreo, nos
mesmos moldes utilizados pela
Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN) em
conflitos internacionais.
 A Força Aérea Combinada
Azul recebeu o nome de FAC 103
e ficou baseada em Natal, com a
missão de efetuar ataques ao país
Vermelho. O oponente, a Força
Aérea Combinada Vermelha
(FAC 102), operou a partir de
Fortaleza e Mossoró.
A Força Aérea Brasileira
empregou praticamente todos os
tipos de aviões da sua frota,
inclusive os modernos A-1, o
avião-radar R-99, os
supersônicos Mirage e o F-5E. A
Força Aérea Francesa participou
com aviões de guerra eletrônica
E-3F, reabastecedores KC-135 e
caças Mirage-2000. A Argentina
empregou caças A-4 utilizados
na guerra das Malvinas e os
reabastecedores KC-130. A
Venezuelana esteve presente com
o reabastecedor KC-707, os
helicópteros AS-532 e os
supersônicos F-16 e Mirage M-50.
Não foi a primeira vez que a
FAB participou de manobras desse
tipo. A primeira CRUZEX ocorreu

35
 Aerovisãoz

Aerovisão Cartas do Front

z

em 2002, no Rio Grande do Sul.

Além disso, somente em 2004, a
FAB realizou as operações Prata II
(Brasil e Argentina), VENBRA
(Venezuela e Brasil), PERBRA
(Peru e Brasil) e SALITRE (Chile,
Argentina, Estados Unidos e
Brasil).
Com tantos exercícios, a FAB
realizou a CRUZEX com mais
experiência. “O propósito foi
aumentar a capacidade
operacional da FAB. Tivemos um
laboratório rico em técnicas e
Paulo Marques táticas, que elevaram o nível dos
nossos pilotos”, garantiu o
Brigadeiro-do-Ar Gilberto
Antonio Saboya Burnier,
comandante da FAC 103.
A FAB divulgou a operação o
máximo possível por meio da
mídia. Jornalistas nacionais e
internacionais acompanharam
de perto tudo o que aconteceu.
Uma página eletrônica foi feita
especialmente para a manobra.
Estudantes das universidades de
Natal, Fortaleza e Recife
participaram como
correspondentes de guerra,
atualizando a página da
CRUZEX na internet.
No ponto de vista da direção
da CRUZEX, a manobra
Gustavo Pestana
contribuiu não só para o
Paulo Marques
treinamento dos planejadores
militares e pilotos em uma
Os supersônicos Mirage 2000, francês;
moderna campanha aérea, mas
o F5, brasileiro; e o F16, venezuelano, também para solidificar ainda
marcaram presença nos céus do mais o relacionamento entre as
Nordeste do Brasil
forças aéreas participantes.
“Cada centavo investido foi
justificado, pois a Operação
CRUZEX 2004 permitiu que a
FAB se mantivesse no estado da
arte do planejamento militar e
capaz de agir a qualquer hora,
em qualquer lugar, sempre que a
nossa soberania for ameaçada.
Essa é a nossa missão
constitucional”, comentou o

36
36

Paulo Marques
O sol se põe em Natal: fim de uma
longa jornada de trabalho
Tenente-Brigadeiro-do-Ar José
Carlos Pereira, Comandante-
Geral de Operações Aéreas.
Operação Salitre
Estamos em um grupo de amigos
e temos uma tarefa a fazer. Tarefa
séria e complicada, às vezes, sem
prazos definidos, mas podendo
até ser questão de vida ou morte.
O que fazer para executá-la sem
que haja problemas, de forma
organizada e eficaz, e consigamos
atingir nossos objetivos?
Planejar, treinar...
Foi com a finalidade de alcançar
sempre o sucesso nessas “tarefas”
que a Força Aérea Brasileira (FAB)
participou do Exercício SALITRE
2004, realizado entre setembro e
outubro, no Chile.
Durante a operação, uma força
de coalizão formada por quatro
países – Argentina, Chile, Brasil e
Estados Unidos - empregou os
meios necessários, por
determinação do Conselho de
Segurança da ONU, para
restaurar a integridade de Santa Cruz (BASC), no Rio de
territorial e a soberania Janeiro.
do país Azul, que, em O exercício foi concebido em
um caso simulado de duas fases: a primeira consistiu
crise, teve uma parte de na integração das Forças Aéreas
suas terras, ricas em envolvidas, com reconhecimento
recursos naturais, da área, missões de navegação,
invadidas pelo país manobras básicas de combate
Vermelho. aéreo e vôos de pacote
Para essa manobra, simplificado. Na segunda parte,
o Comando da as tripulações participaram
Aeronáutica constituiu efetivamente de missões de
a Força Aérea combate simuladas, em tempo
Componente 103 (FAC real.
103), que, durante 14 A interação entre as forças
dias, integrou a força de aéreas em exercícios como esse
coalizão e cumpriu contribui para o fortalecimento
missões em proveito do do emprego de técnicas e táticas
Comando Combinado em uma moderna campanha
Salitre. aérea, além de treinar os
A chegada das militares em cenários reais,
aeronaves aconteceu no dia 26 tendo como base a doutrina da
de setembro, na Base Aérea de OTAN.
Los Condores, em Iquique. Eram Exercitar os Estados-Maiores
643 homens e 60 aeronaves e os esquadrões operacionais,
participantes, e a FAB esteve capacitando-os a atuar nos
presente com 66 homens e cinco moldes utilizados nos mais
caças F-5E Tiger II do Primeiro recentes conflitos internacionais,
Grupo de Aviação de Caça (1º é uma das metas do Comando da
GAVCA), sediado na Base Aérea Aeronáutica.
Pilotos de combate da FAB, prontos
para compor a força de coalizão
internacional
André Flores
37
 Aerovisão z
z
Wilson Araújo Filho
Profissionais
militares
Organização, disciplina, muito estudo e várias amizades... Assim é
a rotina na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), onde o
aluno, além de aprender a ser militar, sai formado com uma
profissão, pronto para desempenhá-la nas unidades da Força Aérea
Brasileira
por Tenente Karina Ogo
I magine se toda vez que fosse
necessário fazer um reparo em
uma determinada aeronave da
Força Aérea Brasileira (FAB)
precisássemos contatar o
fabricante. Ou chamar um
eletricista a cada pane que
ocorresse no quadro de força. Ou
apelar a um meteorologista de um
órgão externo para fazer as várias
previsões diárias que apóiam os
vôos dos pilotos brasileiros...
Não seria nada prático nem
38
econômico. Para satisfazer essas
necessidades e outras tantas
ligadas à aviação, existe uma
unidade na FAB, a Escola de
Especialistas de Aeronáutica
(EEAR), responsável pela
formação de boa parte dos seus
militares de carreira, os
sargentos e cabos, peças
fundamentais e essenciais para o
funcionamento da Força.
Esse “pequeno mundo”, maior
complexo de ensino técnico da
Força Aérea, localizado em uma
área de quase 10 km2 na cidade
de Guaratinguetá, SP, planeja e
realiza vários concursos internos
e externos de admissão, com
média anual de inscritos que
chega a 50 mil, e forma e
aperfeiçoa graduados.
O maior volume de alunos,
entre aqueles que passam a
“viver” na EEAR por uns tempos,
pertence ao Curso de Formação
de Sargentos (CFS), aberto a civis
(homens e mulheres) e cabos da
Aeronáutica com ensino
fundamental completo.
Outros processos seletivos
importantes são o Estágio de
Adaptação à Graduação de
Sargento (EAGS), voltado para
aqueles que já possuem curso
técnico, e o Curso de Formação de
Cabos (CFC), para os soldados
especializados. Neste segundo
semestre de 2004, o total de
alunos matriculados no CFS e no
EAGS chegou a 1.352, além de
nove militares estrangeiros.
“Diversidade” é a palavra-
chave da EEAR. São diversas
especialidades (27), diversos
pavilhões (com 108 salas de
aula), diversos alojamentos (26),
diversos galpões de ensino
técnico-especializado (um para
cada especialidade), diversos
representantes de diversos
Estados do país...
A batalha por uma vaga na
EEAR, o “Berço dos
Especialistas”, é acirrada,
dependendo da especialidade. Em
algumas, a concorrência chega a
mais de cem candidatos por
vaga. Prova escrita, inspeção de
saúde, testes psicológico e físico.
Pronto. O candidato já pode ir
para a EEAR. A partir daí, para a
maioria, a vida vai mudar
completamente.
Quem já era militar não sente
tanto o impacto das novidades.
Mas quem era civil, os chamados
“camisetas brancas”, tem de se
acostumar a uma rotina regrada,
que inclui aulas teóricas e práticas,
educação física, instrução militar,
serviços armados, acampamento...
Muito estudo e novas
responsabilidades. “Queremos
formar o aluno com a seguinte
mentalidade: ‘Não nos pergunte se
somos capazes. Dê-nos a missão’.
A escola fornece a ele a bagagem
para que consiga, em sua carreira,
Alunos da terceira série em aula no Terminal de Pilotagem do galpão de
Controle de Tráfego Aéreo
Wilson Araújo Filho
cumprir a missão”, disse o Major-
Aviador Clóvis Wendeborn Zinezi
Rodrigues, ajudante do Corpo de
Alunos e chefe da instrução
militar.
Os alunos são submetidos a
um teste psicotécnico, para
verificar se suas especialidades
de preferência conferem com
suas aptidões. Assim, é possível
saber se há uma tendência a
controle de tráfego aéreo,
administração, cartografia,
desenho, eletricidade e
instrumentos, equipamento de
vôo, foto-inteligência, mecânica
de aeronaves... Ou a qualquer
outra especialidade.
O aluno Luiz Henrique Cirne
de Souza, 24 anos, por exemplo,
Wilson Araújo Filho
está na primeira série
(correspondente ao primeiro
semestre) de metalurgia, que era
a sua terceira opção. Ele, que Aluno da terceira série produz um eixo
roscado durante aula no galpão de
antes da EEAR era técnico de Metalurgia
alimentos, gostou da mudança de
ares. “Estou aprendendo professores civis ou militares.
bastante a ser organizado, cuidar Após o almoço, as aulas
das minhas coisas, ser rápido, recomeçam e vão até as 16h30.
estar atento à limpeza”. Para 2005, o grande desafio da
Os alunos são bastante EEAR será o aumento do número
exigidos no dia-a-dia. Acordam de formandos, de todos os cursos,
cedo, entre 5h e 5h45, para tomar o que passará de 3.132 para mais de
café da manhã e, depois, iniciar a 6.000. Além disso, a partir da
primeira parte das aulas, básicas próxima turma, o período do CFS
ou especializadas, ministradas por será ampliado de um ano e meio
para dois anos, o que permitirá
aos alunos fazer estágio em
unidades da FAB no quarto
semestre, e o EAGS aumentará de
três meses para seis meses, para
aprimorar a parte militar dos
alunos já técnicos.
Será mais um salto de
qualidade para esse “pequeno
mundo”, seguindo à risca o lema
que está no símbolo da escola:
“Ad astra et ultra” – “Aos astros
e além”!
39
 Aerovisão Galeria Dumont
Aerovisãoz

Viagem a Paris
A Fazenda Dumont estava em
plena prosperidade quando
Henriques, em 1891, sofreu uma
terrível queda de cavalo que o
deixou hemiplégico e inativo. O
patriarca resolveu, então, vender a
fazenda e viajar para a Europa, em
busca de tratamento, levando a
esposa e o filho Alberto. O brilho
de Paris e todas as possibilidades
que a cidade oferecia na época
encantaram Alberto.
Depois de regressar ao Brasil, o
pai resolveu emancipar o filho, que
desejava voltar a Paris para
terminar sua formação. Pouco
depois de retornar à França,
Alberto soube do falecimento de
seu pai, em 30 de agosto de 1892.
Alberto começou a ter aulas
particulares e logo se interessou
pela novidade do momento: o
automóvel a gasolina. Mas o que
ele queria mesmo era enveredar
no ramo dos balões. Decidiu
procurar pessoas experientes no
assunto e, num balão de
Lachambre e Machuron, voou
pela primeira vez.
No dia seguinte ao primeiro
vôo, Alberto já estava discutindo
com Lachambre e Machuron a
construção de seu primeiro balão.
Deveria ser pequeno, caber apenas
uma pessoa, esférico, de seda e
chamar-se Brasil. Os vôos livres
com o Brasil eram fascinantes,
mas o brasileiro reconhecia que
eram também muito perigosos e
imprevisíveis. E, foi assim que, em
1898, surgiu o dirigível “N° 1”.

Fontes: “Santos-Dumont: O Retrato

de uma Obsessão”, de Peter
Wykeham, e “Alberto Santos-
Dumont”, de Henrique Lins de
Barros

Santos-Dumont na “nacelle” do “N°

1”. Motor de triciclo com dois
cilindros (de Dion). Rua do Coliseu –
Paris. Ano: 1898

40
 O primeiro hangar do mundo. Santos-Dumont
construiu-o em Saint-Cloud, no ano de 1899.
Apresentava 7 m de largura, com 11 m de altura e
30 m de comprimento

O “N° 1” em vôo nivelado. Dotado de O primeiro balão, de 113 m³,

um motor a gasolina, marca Dion Bouton, denominado “Brasil”. Ano: 1898
com 3,5 HP de potência. Ano: 1899

Santos-Dumont diante de seus projetos

Todas as fotos são do acervo do

Museu Aeroespacial (MUSAL)

41
 Aerovisão Ultraleves / Você Sabia?
z

autorização. da Marinha A-4 Skyhalk.

Os alunos da Escola de
Especialistas de Aeronáutica
(EEAR), em Guaratinguetá-SP,
arrecadaram 21,6 toneladas de
alimentos não-perecíveis na
campanha “Corrente do Bem”,
batendo o seu recorde de
solidariedade.
A campanha foi iniciada entre
os esquadrões de alunos, por
meio de cotizações e doações
provenientes das vilas
residenciais. Porém, aos poucos,
a comunidade do município
acabou se envolvendo,
contagiada pelos estudantes.
Os alimentos, as fraldas e os
brinquedos arrecadados foram
entregues a 32 instituições
filantrópicas, como asilos,
orfanatos, creches e casas de
reabilitação, de Guaratinguetá e
região.
Uma aeronave de patrulha
marítima P-95 Bandeirulha do
Segundo Esquadrão do Sétimo
Grupo de Aviação (2°/7° GAV),
sediado na Base Aérea de
Florianópolis, localizou, no dia 20
de outubro, em alto-mar, o barco
Southern Star, de bandeira
taiwanesa, que estava realizando
pesca de atum e afins em águas
jurisdicionais brasileiras sem
Como não houve resposta por
parte da embarcação e foi notada
alteração de rumo, as informações
foram repassadas ao Navio-
Patrulha Grajaú, da Marinha, que
interceptou o tráfego
clandestino.
Equipes do Instituto de
Aeronáutica e Espaço, do Centro
Técnico Aeroespacial (CTA/IAE), e
do Centro Espacial Alemão (DLR)
lançaram, no dia 23 de outubro,
o primeiro protótipo do foguete
de sondagem VSB-30.
A operação de lançamento foi
realizada a partir do Centro de
Lançamento de Alcântara (CLA),
no Maranhão, e contou com o
apoio do Centro de Lançamento
da Barreira do Inferno (CLBI), em
Natal-RN.
O foguete levou uma carga útil
tecnológica que permaneceu sete
minutos em ambiente de
microgravidade. O sucesso da
operação permitirá ao Brasil
exportar novos produtos e serviços
de alta tecnologia na área espacial.
A Comissão Aeronáutica
Brasileira em São Paulo (CABSP)
entregou, no dia 1º de outubro,
os protótipos nacionalizados das
pastilhas de freio das aeronaves
Quando ainda estavam
disponíveis no mercado
internacional, os preços
unitários praticados para os três
tipos de pastilhas do sistema
eram de US$ 207.05, US$ 104.49 e
US$ 97.89. Na nacionalização dos
protótipos feita pela CABSP,
foram fabricadas por R$ 22,80,
R$ 39,80 e R$ 37,80.
No dia 21 de setembro, uma
aeronave C-98 Caravan do
Primeiro Esquadrão de Transporte
Aéreo (1º ETA) transportou
integrantes e voluntários da
Expedição Vaga-Lume,
organização não-governamental
paulistana que implanta
bibliotecas no interior da
Amazônia, até a cidade de Portel-
PA, a 300 km de Belém.
A expedição levou livros,
esclarecimento e apoio a dez
comunidades de Portel. Foram
distribuídas 2.070 publicações de
assuntos variados em localidades
de grande carência.
Desde o início do projeto, em
2001, já foram implantados 32
acervos bibliotecários em cerca
de cem comunidades da região
amazônica. Aeronaves da FAB já
viabilizaram o transporte da
equipe em 13 oportunidades.

Você sabia?

Que Santos-Dumont inventou, em 1926, um

motor portátil que facilitava a subida dos
esquiadores nas ladeiras cobertas de neve? O
invento foi testado e aprovado pela Srta. Porgés,
campeã de esqui na França.

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 Aerovisão Destaque do Trimestre
z

Sua foto na Aerovisão

Mande suas fotos preferidas com o registro de momentos especiais que você viveu
nas asas da FAB. Pode ter sido em apresentações da “Esquadrilha da Fumaça”, ações
sociais, desfiles de 7 de setembro, solenidades militares, vôos ou qualquer outro fato
marcante. Com certeza você vai se lembrar de um.

A foto do mês pertence a Antonio Ricieri Biasus (Canoas - RS). Registra as linhas da aeronave de
caça F5E, estacionada no pátio da Base Aérea de Belém-PA, durante o XXIV Torneio de Aviação de
Caça.

Regulamento:
1. A foto deverá ser enviada, em
papel fotográfico, para CECOMSAER,
Agência dos Correios, Caixa Postal
70040-976, Brasília-DF.
2. O proprietário da foto deverá
enviar, dentro do envelope, nome,
endereço e telefone para contato.
3 Caso o proprietário seja menor
de idade, devem estar anexos os dados
do seu responsável legal.
4. As fotos serão selecionadas
pelo Conselho Editorial da revista
Aerovisão, e a melhor imagem será
publicada no próximo número.
5. O proprietário da foto escolhida
concorda em ceder à revista
Aerovisão, sem qualquer ônus
adicional, todos os diretors autorais ou
patrimoniais, eventualmente existentes
na imagem, para que a revista possa
fazer uso deste material livremente.
6. O Comando da Aeronáutica não
se responsabiliza pelo custo da
postagem do material.

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 Aerovisão z

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