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David Joslin
Autor:
David Joslin
Título original:
A CENTURY OF BANKING IN LATIN AMERICA
to commemorate the centenary in 1962 of
THE BANK OF LONDON & SOUTH AMERICA LIMITED
Edição original:
Oxford University Press, Amen House, London,
E.C.4
Tradutor:
Roger Avis
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Um Século de Bancos na América Latina
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David Joslin
DAVID JOSLIN
UM SÉCULO DE
BANCOS
NA
AMÉRICA LATINA
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Um Século de Bancos na América Latina
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David Joslin
Sumário
Prefácio ........................................................................................ 9
Introdução .................................................................................. 13
As Origens do Banco Britânico.................................................. 32
O “London and River Plate Bank” 1862-80 .............................. 49
Banca britânica no Brasil 1863-80 ............................................. 89
O London Bank of Mexico and South America 1863-80 ........ 121
Grã-Bretanha e América Latina 1880-1914 ............................. 135
London and River Plate Bank 1880-1914 ................................ 159
Bancos britânicos no Brasil 1880-1914 ................................... 209
A Criação do Anglo South American Bank ............................. 239
The Cortés Commercial and Banking Company ..................... 275
O London Bank of Mexico and South America 1880 - 1912 .. 281
Grã-Bretanha e América Latina 1914-36 ................................. 291
O Bank of London and South America .................................... 315
O Anglo South American Bank 1914-36 ................................. 343
Epílogo: América Latina e Grã-Bretanha 1936-60 .................. 369
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Prefácio
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CAPÍTULO UM
Introdução
1C. K. Webster, Britain and the Independence of Latin America, 1812-30 (London 1938),
Vol. 1, p. 15,
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a mesma política e tendo como arma final (se não utilizada) o indiscu-
tível domínio britânico dos mares, seu sucessor George Canning con-
seguiu banir para os reinos da fantasia quaisquer esquemas de inter-
venção na América do Sul que pudessem ter existido no continente. A
assinatura dos Tratados de Comércio e Amizade com a Grã-Bretanha
em 1825 significou o reconhecimento oficial das novas repúblicas es-
panholas.
Na luta pela independência, os soldados e marinheiros britânicos
promoveram -ainda que às vezes tenham embaraçado- a política de seu
governo. Os feitos dos soldados britânicos nos exércitos de Bolívar e
San Martin e as façanhas navais de Brown no Rio da Prata e Cochrane
nas costas do Chile e do Brasil são sagas frequentemente contadas no
épico da libertação.
Eles, sem dúvida, desempenharam seu papel na criação da explo-
são de entusiasmo pela América Latina que marcou a Inglaterra do iní-
cio da década de 1820. Mas o principal interesse de quem lê os nume-
rosos relatos de viajantes dos países recentemente redescobertos resi-
dia nas oportunidades de comércio e investimento que se abriam. Em-
préstimos foram feitos para os países parcialmente inadimplentes na
City [Londres]. As associações de mineração para explorar a lendária
riqueza mineral da região atraíram mais atenção do público investidor,
mas outras empresas surgiram para fins tão diversos quanto construir
docas e enviar leiteiras escocesas para o Rio da Prata. Enquanto isso, 2
2 L. H. Jenks, The Migration of British Capital to 1875 (London 1938), pp. 44-64.
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3 R. A. Humphreys (ed.), British Constelar Reports on the Trade and Politics of Latin Ame-
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e o moinho a vapor naquele país. A década de 1840 foi mais tarde para
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5 Michael G. Mulhall, The English in South America (Buenos Ayres 1878), pp. 338, 345-4
353-4.
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6Gilberto Freyre, ’Social Life in Brazil in the Middle of the Nineteenth Century’, Hispanic
American Historical Review, v, 1922, p. 599.
7 Humphreys, op. àt., p. 115.
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Latina, passou por uma mudança cuja importância a longo prazo seria
quase revolucionária. Anteriormente, as exportações de uma nação
manufatureira se limitavam em grande parte a bens de consumo, jun-
tamente com peças ocasionais de maquinário e ferramentas. Agora a
Grã-Bretanha havia começado a exportar bens de capital em escala sig-
nificativa e, ao fazê-lo, conseguiu transmitir uma revolução econômica
a seus parceiros comerciais. Seus investidores e banqueiros fornece-
ram o capital, e seus empreiteiros construíram as ferrovias e as docas
que reduziram os custos de transporte e permitiram que a produção
para exportação ocorresse não apenas nas regiões costeiras ou nas ba-
cias hidrográficas, mas no interior profundo de um continente.
No entanto, é importante notar que, com a possível exceção do
Brasil, a injeção de bens de capital na corrente de exportações britâni-
cas não criou repentinamente um fluxo rápido de materiais da América
Latina. Pelo contrário, foi precisamente para aqueles países onde as
exportações já cresciam vertiginosamente que os promotores de mea-
dos da era vitoriana dedicaram a maior parte de sua atenção. As remes-
sas de guano peruano dispararam desde o início da década de 1840; as
exportações minerais chilenas expandiram-se rapidamente depois de
1844, e as exportações da Argentina triplicaram na década de 1850.
Além disso, as primeiras linhas férreas eram curtas - uma mera amostra
do que estava por vir. Uma linha de Callao a Lima foi iniciada em
1848; a ferrovia de Copiapó, no Chile, foi projetada em 1850; O Barão
Mauá foi pioneiro em uma ferrovia do Rio de Janeiro em 1852; a cons-
trução começou no México em 1854; e em 1857 Buenos Aires foi
unida a Flores.
Simultaneamente, um renovado esforço foi feito para remediar a
escassez de mão-de-obra necessária para as tarefas hercúleas de con-
quistar vastos espaços, oferecendo incentivos aos imigrantes europeus.
O Brasil descobriu que a escravidão desencorajava homens livres de
entrar no norte do país, embora um punhado de migrantes começasse
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9J. Fred Rippy, British Investments in Latin America, 1822-1949 (Minneapolis 1959). pp-
25-35.
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12 Estes e os números subsequentes para o comércio britânico são retirados dos Resumos
Estatísticos publicados em Documentos Parlamentares para os anos relevantes.
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13 França, Bélgica, Suíça e Itália formaram uma União Monetária Latina em 1865.
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CAPÍTULO DOIS
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Ayres and River Plate Bank, e até um London and South Ameri-
can Bank.”14
A ideia de fundar bancos britânicos na América Latina era antiga.
Comerciantes ingleses tiveram um papel proeminente no primeiro
Banco de la Provincia em Buenos Aires em 1822. Em 1825, um co-
merciante britânico no México escreveu a um sócio do Gurney”s Bank:
“Um banqueiro, não posso deixar de pensar, faria bem aqui - não há
Leis de Usura, pessoas que possuem bens imóveis muito pobres devido
aos seus hábitos perversos de total desrespeito à economia, e alguns
dos antigos espanhóis fizeram grandes fortunas com empréstimos a
pessoas desse tipo.”15
Outros pensaram em termos de fretamentos bancários. O viajante
norte-americano John L. Stephens narrou o seguinte episódio de suas
viagens:
“Estávamos subindo em direção ao topo da montanha quando
encontramos um viajante solitário em uma curva repentina. Ele
era um homem alto e de pele escura com um chapéu panamá de
abas largas enrolado nas laterais; uma jaqueta de lã listrada da
Guatemala com franjas na parte inferior; calças xadrezes e po-
lainas de couro com esporas e espada; ele estava montado em
uma nobre mula com uma sela de pico alto e as pontas de um
par de pistolas de cavaleiro apareciam nos coldres. Seu rosto
estava coberto de suor e lama; seu peito e pernas estavam sal-
picados e seu lado direito era uma incrustação completa; no ge-
ral sua aparência era assustadora. Parecia estranho encontrar
alguém em uma estrada como essa e para nossa surpresa ele nos
14G. J. Goyhen, Essays and Addresses on Economic Questions (1865-1893) (London 1905).
PP- 22-3.
15 Citado (com permissão) de uma carta de crédito enviada ao Gurney”s Bank, Norwich.
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16John L. Stephens, Incidents of Travel in Central America, Chiapas and Yucatan (London
1841), Vol. I, pp. 44-5-
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Calle San Martin e era considerado “um dos melhores juízes de papel
comercial da cidade”. Dois comerciantes britânicos, Thomas Tomkin-
son e Samuel Lafone, estavam entre os fundadores do Banco Comer-
cial em Montevidéu.
Não era o desejo de abrir bancos que faltava antes de 1862, mas a
incapacidade de usar métodos de ações conjuntas para projetá-los na
Grã-Bretanha. Uma vez que este impedimento foi removido, eles fo-
ram rapidamente fundados. O London and Brazilian Bank foi o pri-
meiro a ser incorporado; o London, Buenos Ayres e River Plate Bank
o primeiro a abrir na América do Sul. Atrás deles vieram o Brazilian
and Portuguese Bank, o Anglo-Portuguese Bank, o London and South
American Bank, o Mexican Bank, e o London and Venezuelan Bank.
Embora a moda dos bancos internacionais em geral tenha ultrapassado
os limites do cálculo razoável e muitos deles tenham desaparecido
quando o ajuste de contas veio em 1866, o grupo latino-americano ti-
nha uma base mais sólida.17 Fizeram-se fusões entre o London Bank
and Brazilian Bank e o Anglo-Portuguese Bank, e os dois bancos pro-
jetados para o México e a Costa Oeste se uniram; mas daqueles que
abriram para negócios, apenas o London and Venezuelan Bank não
conseguiu se firmar.
Eles se propuseram a combinar duas funções bancárias distintas, o
que os tornou concorrentes dos bancos domésticos latino-americanos
e dos banqueiros comerciais de Londres. Para realizar operações de
banco comercial no exterior, as agências receberam capital fixo e bus-
caram depósitos em moeda local. Na América espanhola (mas não no
Brasil) conseguiram aumentar a lucratividade dessas transações por
meio da emissão de notas; e eles usaram os recursos à sua disposição
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eram necessários, eles lucravam com seu acesso aos principais merca-
dos de ouro e prata da cidade. Os soberanos, que existiam na América
do Sul e às vezes recebiam o privilégio de ter curso legal, podiam ser
mantidos em seus cofres como reserva e vendidos a corretores de câm-
bio, a outros bancos e a cidadãos que preferissem manter ouro em vez
de quantidades. de um papel-moeda em depreciação.
Prestígio e influência facilmente se acumulavam para os represen-
tantes de uma rica nação credora, embora a posição tivesse suas des-
vantagens. Os bancos comerciais normalmente deixavam a emissão de
empréstimos do governo, com toda a popularidade ou ódio que isso
acarretava, para os banqueiros mercantis de Londres. No entanto, às
vezes era político subscrever pesadamente um empréstimo como de-
monstração de confiança no governo de um país no qual o banco foi
estabelecido. E mesmo que a própria emissão estivesse em outras
mãos, os bancos poderiam ser empregados para remeter os recursos ao
exterior; suas filiais geralmente estavam prontas para vender câmbio
aos governos quando eles tinham que colocar fundos em Londres para
pagar os juros. Negociações de câmbio oficiais ofereciam a chance de
uma vantagem no mercado, mas podiam ser problemáticas se um mi-
nistro pressionasse um gerente de filial a empreender o negócio em
termos arriscados ou pouco atraentes. A situação mais embaraçosa sur-
giu quando um governo buscou um adiantamento em moeda local e
depois a transformou em libras esterlinas para fazer remessas. Emprés-
timos a um governo soberano dentro de seu próprio território era uma
operação perigosa, pois um banco não tinha remédio contra tal deve-
dor.
A presença de empresas ferroviárias britânicas e serviços públicos
nas principais cidades foi muito mais benéfica. Eles também precisa-
vam de câmbio para transferir capital para o exterior e repatriar lucros.
Empreiteiros confrontados com grandes desembolsos de mão-de-obra
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tão confiáveis quanto seriam mais tarde: uma falha no cabo ou a sus-
pensão da comunicação telegráfica no meio de uma revolução ainda
poderia deixar um ramal isolado. Apesar de todas as salvaguardas, em
última análise, não havia como a Sede impor suas instruções nos anos
pioneiros; não havia outra solução a não ser dar aos gerentes a discri-
ção e confiar que eles a usariam com responsabilidade. Com o tempo,
surgiram homens experientes em quem essa confiança poderia ser de-
positada. Claro que os problemas não desapareceram: apenas mudaram
de natureza. O campo de ação dado a um homem pode ser grande de-
mais para seu sucessor; um homem que administrou uma filial com
sucesso pode ter um fracasso terrível em outro lugar. Tais questões são,
obviamente, inseparáveis da condução de qualquer negócio e nunca
podem ser tratadas por meras fórmulas.
As diferenças de opinião entre diretores e gerentes sobre a condu-
ção dos negócios bancários comerciais foram uma característica co-
mum nos primeiros anos. O princípio governante dos conselhos de
Londres era que as máximas bancárias britânicas deveriam ser respei-
tadas. Os títulos fundiários eram desaprovados, pois podiam bloquear
o capital indefinidamente; tais transações deveriam ser deixadas para
os bancos domésticos ou para os bancos hipotecários especializados.
A insistência contínua em empréstimos autoliquidáveis e reservas
abundantes de dinheiro era saudável e preservava os bancos do destino
de tantos concorrentes.
No entanto, a adesão a regras muito rígidas teria sido autodestru-
tiva, e os bancos passaram a reconhecer que os critérios do que cons-
tituía um risco razoável em Londres não eram inteiramente aplicáveis,
digamos, em Lima ou no Rio de Janeiro. Onde bons títulos eram ven-
didos (e eram vendidos em toda a América Latina), o banco tinha de
confiar na probidade de seus clientes em uma extensão muito maior do
que em Londres. Muitos avanços foram feitos sem segurança, mas fo-
ram respaldados por garantias assinadas por terceiros.
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19 N.T.: Nomes ingleses do Banco Mercantil del Río de la Plata, e do Banco Anglo-Peruano.
Como esclarecimento, resolvemos manter no texto o nome dos bancos em inglês, conforme
estão no texto original.
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CAPÍTULO TRÊS
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21 N.T.: É um dispositivo mecânico usado para fazer cópias de documentos escritos. Foi in-
ventado por James Watt em 1780 para aliviar a tarefa de fazer cópias de seus planos e dese-
nhos. A prensa copia um documento escrito por pressão em papel fino, translúcido e não di-
mensionado, produzindo uma cópia invertida pelo verso. A empresa de Watt continuou a
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produzir a prensa muito tempo depois de sua morte e o princípio em que a máquina se base-
ava permaneceu em uso até a chegada das fotocopiadoras modernas.
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22 M. G. e E. T. Mulhall, Handbook of the River Plate (Buenos Ayres 1869), vol. I, Seção B,
pp. 76-7.
23 N.T.: o condado de Yorkshire, que era o maior da Inglaterra, era reconhecido por ter mui-
tos banqueiros de sucesso, então este epíteto designava alguém muito bem preparado para as
finanças.
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Para se ter uma ideia do alcance das atividades de Drabble, foi ne-
cessário olhar para frente. É hora de voltar e examinar a sorte do banco
após a morte de Bruce e sob a liderança de Drabble.
J.H. Green continuou a administrar a filial de Buenos Aires com
notável sucesso. Os depósitos eram obtidos pelo pagamento de juros
sobre os saldos diários em conta corrente, mas o principal atrativo do
banco era sua infalível capacidade de honrar suas obrigações de ouro
em ouro, independentemente de decretos que lhe permitissem extin-
guir dívidas em papel. Green descobriu que valia a pena manter gran-
des estoques de ouro nos cofres, pois as barras de ouro entravam e sa-
íam de maneira desconcertante. As antigas especulações entre ouro e
papel foram controladas pela operação de um escritório de câmbio de
1867 a 1876, mas o lingote podia atravessar para Montevidéu, desapa-
recer rio acima para fazer pagamentos na temporada de abate ou ser
devolvido a Londres e ao Rio de Janeiro. Grandes estoques de ouro
não apenas mantinham o banco seguro: eles conferiram estabilidade
aos seus empréstimos e permitiram que ela desempenhasse seu papel
no comércio de metais preciosos.
A filial sobreviveu ao pânico de Overend Gurney em maio de 1860
e à grande epidemia de cólera de 1871. Quando a doença se espalhou
pela cidade, houve um êxodo geral para o campo e os negócios mer-
cantis foram paralisados. Os cobradores se recusavam a entrar nos
bairros menos saudáveis da cidade, e os bancos funcionavam apenas
algumas horas por dia para suprir as necessidades.
Green foi dispensado por Drabble em 1870. É verdade que ele con-
traiu algumas dívidas incobráveis, mas suas contribuições para o de-
senvolvimento do banco foram consideráveis, desde que ele fez os pre-
parativos para a abertura das outras agências. Embora fosse um exce-
lente juiz de situações, Drabble nem sempre era um bom juiz de ho-
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24 Mark Jefferson, Peopling the Argentine Pampa (New York 1926), pp. 115-18.
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Infelizmente, sua reputação não era muito forte; suas notas voltaram a
ser descontadas, enquanto as notas do London Bank permaneceram em
circulação. Assim, o Governo Provincial veio em seu auxílio supri-
mindo a emissão de notas do London and River Plate Bank pagáveis
em prata boliviana e insistindo que todas as notas deveriam ser emiti-
das em pesos fortes pagáveis em ouro.25 O London Bank consultou
seus advogados, que opinaram que o Governo Provincial poderia can-
celar legalmente as emissões de notas em prata boliviana, apesar de
não ter o privilégio de emitir notas em moeda local. A filial de Rosario
imediatamente reduziu seu estoque de prata quando suas notas foram
descontadas e começou a se preparar para uma circulação lastreada em
ouro. As respectivas posições dos vários bancos continuaram inaltera-
das, pois os depósitos do London Bank subiram em até quatro vezes
mais em relação ao valor dos detidos pelo Banco de la Provincia. As
condições comerciais pioravam lentamente em Rosario, o dinheiro fi-
cava mais apertado, os clientes continuavam a preferir as notas do Lon-
don Bank às do Banco de la Provincia e, consequentemente, o London
Bank era obrigado a apresentar as notas ao Banco de la Provincia para
ser honrado. Em 15 de maio de 1875, Maschwitz, o gerente de Buenos
Aires, subiu a Rosario para uma visita de inspeção e ficou muito satis-
feito com o que viu: uma filial que contava com a confiança de uma
comunidade comercial que resistia à depressão no comércio notavel-
mente bem. Como Maschwitz, Ludwig Behn, o gerente de Rosário, era
cidadão alemão.
Em junho de 1875, o Governo Provincial emitiu um decreto pri-
vando todos os bancos da província - exceto o Banco Nacional e o
Banco de la Provincia - do direito de emissão de notas. O objetivo de
tal legislação era óbvio, uma vez que o London Bank era o principal
25Há bons relatos do episódio subsequente em Baster, op. cit, pp. 131-7, e em H. S. Ferns,
Britain and Argentina in the Nineteenth Century (Oxford 1960), pp. 381-6.
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banco emissor de notas. Seu advogado entrou com uma ação perante a
Justiça Federal, pedindo a confirmação judicial de seus direitos de
emissão de notas nos termos de sua concessão original em 1865.
Em 18 de agosto de 1875, outra lei impôs impostos sobre as ope-
rações dos bancos no estado de Santa Fé. Novamente houve duas ex-
ceções: o Banco Nacional e o Banco de la Provincia de Santa Fé. Desta
vez, o London Bank fez uma petição à legislatura de Santa Fé, apre-
sentou um memorial ao presidente Avellaneda pedindo-lhe que prote-
gesse seus direitos e apresentou uma queixa ao ministro britânico em
Buenos Aires. Embora o presidente Avellaneda e o ministro das Rela-
ções Exteriores, Dr. Irigoyen, fossem partidários da causa do London
Bank, eles pareciam não querer pressionar o governo de Santa Fé.
As negociações privadas continuaram para ver se um acordo po-
deria ser preparado. Foi sugerido ao London Bank que as leis ofensivas
seriam revogadas se ele fundisse sua agência com o Banco Provincial
em Santa Fé para formar o London Bank e Santa Fé. Tal banco, sus-
surrava-se, ganharia o direito exclusivo de emissão de notas. O London
Bank rejeitou sumariamente todas essas abordagens e manteve suas
reivindicações legais.
A partir de então, as relações entre o governo de Santa Fé e o Lon-
don Bank deterioraram-se rapidamente. Apareceram artigos de im-
prensa de ambos os lados e foram feitas acusações de que o London
Bank estava tentando fomentar uma revolução na província de Santa
Fé. Essa história não enganava ninguém em Buenos Aires, onde a dis-
puta estava causando muito embaraço, temendo que o comportamento
arbitrário do governo de Santa Fé prejudicasse a reputação da nação
em Londres, numa época em que seu crédito já estava sob forte pres-
são.
Em fevereiro de 1876, o London Bank perdeu o caso perante os
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eram muito fortes e que era impossível coexistir com o Banco Provin-
cial de Santa Fé. Ele ordenou que a filial continuasse liquidando seus
negócios. Enquanto isso, o caso do banco havia sido exposto em um
forte manifesto divulgado em Rosário, onde as opiniões foram dividi-
das.
Nesse ponto, o diretor local e Maschwitz telegrafaram para Dra-
bble, pedindo-lhe que viesse o mais rápido possível para ver se as coi-
sas poderiam ser corrigidas. O comércio de Rosário estava alarmado,
pois o Banco Provincial de Sante Fé fora obrigado a suspender a con-
versibilidade de suas notas por três meses e corria o boato de que es-
tava utilizando o ouro do London Bank. O relato do ministro alemão
sobre esses acontecimentos apoiou os relatórios dos diplomatas britâ-
nicos, embora ele insinuasse que o London Bank poderia ter sido mais
flexível. Em 12 de junho de 1876, ele escreveu:
“Todo o caso apresenta uma série de ilegalidades e atos violen-
tos, que não deveriam ter sido possíveis em um país que se con-
sidera no direito de reivindicar um lugar entre os estados civili-
zados modernos. [Parte do problema era] a extraordinária ani-
mosidade contra o banco inglês neste local. Os bancos internos,
que se tornaram todos instáveis, olham com inveja para esta ins-
tituição que é o solo mais firme do que nunca e ameaça absorver
todos os negócios monetários. Nas várias áreas em questão,
pensa-se muito que o banco inglês não ajudou o Banco Provin-
cial em suas necessidades, nem fez adiantamentos ao Banco Na-
cional.”26
A referência ao Banco Nacional revela outro aspecto da situação.
O London Bank recusou-se a ajudá-lo quando foi forçado a suspender
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F.O. 6/345. Barão Holleben ao Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, 26 de
maio de 1876.
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aos viajantes europeus uma cidade medieval, embora não tivesse mu-
dado seus modos plácidos e contasse apenas cerca de 20.000 almas.
Green vislumbrava o papel que a cidade certamente estava destinada a
desempenhar como centro comercial do interior, uma vez alcançada
pela Ferrovia Central Argentina. Ele imaginou uma filial fazendo uma
ampla variedade de negócios: financiando comerciantes locais e o co-
mércio de gado das províncias ao norte, e trabalhando em harmonia
com Rosário e Buenos Aires para financiar a importação de manufatu-
ras. Desde então, a visão de Green sobre o futuro foi justificada, em-
bora ele olhasse para o futuro, e não para as perspectivas imediatas.
Os diretores relutaram em abrir em Córdoba; então Green enviou
um Sr. Barillier para atuar como agente, para examinar os negócios da
cidade e cobrar contas para as outras filiais. Desde o início, Córdoba
produziu mais preocupação do que lucro e teve mais do que sua parcela
de infortúnio. Uma revolução estourou na cidade em agosto de 1867 e
deixou a agência isolada, e o agente do banco foi vítima de uma epi-
demia de cólera. No entanto, foi aberta uma filial que ganhou o privi-
légio de emissão de notas do Governo Provincial e começou a prospe-
rar após a chegada da ferrovia em 1869.
Infelizmente, revelou-se impossível manter uma comunicação fá-
cil -com ele: o telégrafo foi interrompido várias vezes e a linha férrea
ficou vulnerável em tempos de perturbação. Epidemias e conflitos po-
líticos levaram a dias e semanas de ansiedade sem notícias. A filial de
Córdoba nunca realizou um grande negócio e, quando terminou o
breve boom que tomou conta da cidade, experimentou uma corrida em
29 de agosto de 1872. Sobreviveu com bastante facilidade, mas não
conseguiu avançar nos anos de depressão que se seguiram.
Como em outros lugares, o pior ano foi em 1876, quando todos os
bancos da cidade foram obrigados a suspender a conversão de suas
notas por três meses. Os negócios da filial ficaram parados por mais de
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Era natural que o banco começasse a operar quase simultanea-
mente em Montevidéu e em Buenos Aires, pois os dois portos eram
saídas gêmeas para o comércio da bacia do Rio da Prata. Se Buenos
Aires foi atingida pela revolução ou colocada em quarentena por um
surto de febre, os comerciantes rio acima faziam seus negócios por
Montevidéu. As maiores casas mercantes geralmente tinham uma filial
em ambos os portos, e as relações comerciais entre elas eram mais pró-
ximas do que sua diferença de nacionalidade poderia sugerir. Os vapo-
res regulares os mantinham em comunicação diária, e um cabo subma-
rino foi instalado no Rio da Prata em 1860.
Comerciantes estrangeiros foram muito atraídos por Montevidéu.
Apreciavam seu clima e gostavam da brisa fresca do mar, que tornava
o verão ali menos opressivo do que em Buenos Aires. Ruas bem cons-
truídas e boas casas indicavam sua crescente riqueza comercial. Du-
rante o dia, comerciantes e corretores de dinheiro se reuniam nas ruas
do bairro comercial e em seus clubes. À noite, eles podiam levar a
família à nova casa de ópera ou ao teatro para assistir a apresentações
de companhias europeias visitantes. Homens de negócios de várias na-
ções - franceses, espanhóis, italianos, alemães, brasileiros e britânicos
- misturavam-se com uruguaios nativos, e as comunidades mercantis
estrangeiras tinham idade suficiente para produzir uma segunda gera-
ção, nascida no Uruguai.
Um número redondo de 50.000 daria uma ideia razoável da popu-
lação da cidade em 1860, mas crescia rapidamente, alimentada pela
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“Não se pode negar que esta crise tem sua origem principal-
mente nos acontecimentos políticos de janeiro último, quando as
autoridades constituídas foram derrubadas por um levante mili-
tar, provocado pela inatividade do falecido governo.
“Embora o governo tenha se sentido profundamente embara-
çado no início do presente ano, ainda assim o comércio, como
as circunstâncias provaram, era comparativamente saudável...
O atual governo, composto de homens de caráter ousado e sem
princípios, tem, desde o início, se sustentado pela força das ar-
mas, devido à quase universal ausência de simpatia por ele nu-
trida pela comunidade em geral e, naturalmente, todo o dinheiro
à vista recebido nas repartições públicas tinha sido gasto quase
exclusivamente na compra de material bélico...
“Fazer uma apreciação dos inúmeros projetos financeiros pu-
blicados nos jornais até abril passado, todos baseados nas emis-
sões do Governo, seria uma tarefa inútil. Desses projetos contei
37, nenhum dos quais me pareceu viável e todos tendiam a ar-
rastar o país para um estado pior de falência”.29
Depois de dar detalhes sobre as emissões de papel-moeda pelo go-
verno, a carta continuou:
“A 8 de Maio, o Governo, desejando fazer circular a moeda,
decretou que doravante fosse a única moeda reconhecida da Re-
pública e simultaneamente deu ordens aos vários Juízes para
não admitirem pactos em qualquer outra classe de moeda, em
questões legais.
“Pode-se dizer que esta medida pôs fim a todas as operações
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CAPÍTULO QUATRO
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32 J. Pandiá Calogeras, La Politique Monétaire du Brésil (Rio de Janeiro 1910), pp. 165-7.
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tras forças. Os banqueiros ingleses sabiam muito bem que o fator pre-
dominante era o preço e o tamanho da safra de café, o principal produto
de exportação do Brasil. A queda dos preços do café empurrou as bol-
sas para baixo na década de 1860; uma alta nos preços do café no início
da década de 1870 fez com que as bolsas se fortalecessem e ambas
caíram juntas de 1876 a 1885.33
É claro que a força do mil-réis foi afetada pelo produto da venda
de outras safras do Brasil: borracha, açúcar e algodão; mas o café su-
perou todos eles. A atratividade do Brasil para investidores estrangei-
ros e imigrantes também desempenhou um papel. Empréstimos lança-
dos em Londres, empreendimentos econômicos lançados para operar
no Brasil criaram uma demanda por câmbio brasileiro. Assim como os
fundos levados para o Brasil pelos imigrantes. Contra essas forças fo-
ram colocadas as correspondentes saídas do Brasil: pagamentos de im-
portações, pagamentos de juros de dívidas governamentais e garantias
ferroviárias, remessas de empresas estrangeiras e imigrantes. Os ban-
queiros só podiam adivinhar o curso provável da troca coletando esti-
mativas do tamanho das colheitas e captando qualquer notícia de em-
préstimos e empreendimentos em andamento na Europa. O capital es-
trangeiro, embora muito menos importante do que a safra de café, era
significativo porque poderia criar tensões no câmbio brasileiro.
Quando o investimento estrangeiro era rápido, poderia anular os paga-
mentos a serem feitos sobre as dívidas do Brasil e as remessas de em-
presas estrangeiras, mas quando os investidores estrangeiros se afasta-
ram do Brasil, como fizeram de 1876 a 1885, as importações de capital
caíram para cerca de 5% do valor das exportações do Brasil, ou menos
da metade do ônus dos pagamentos de serviços.
Banqueiros e investidores davam grande importância à confiança
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34XJ. F. Normano, Brazil, A Study of Economic Types (Chapel Hill, N. Carolina 1935). PP-
176-7.
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35 William Scully, Brazil, Its Provinces and Chief Cities (London 1S66), pp. 64-7.
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36 ‘The Financial Crisis in Brazil’, Bankers' Magazine, Vol. xxiv, 1864, pp. 1004-8.
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38Anyda Marchant, ‘A New Portrait of Mauá the Banker’, Hispanic American Historical
Review, xxx, 1950, p. 431.
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prazo. Foi o London and Brazilian Bank que teve sorte, pois na pró-
xima grande crise no Rio, Mauá seria a principal vítima.
Na época, porém, o colapso do acordo com Mauá foi mais um
golpe no crédito do banco. Não pagava dividendos desde 1865 e não
pagaria nenhum por mais seis anos. No final de 1867, as perspectivas
eram sombrias. Os diretores estavam preocupados com um emprés-
timo feito ao governo da Argentina, então em guerra com o Paraguai
como aliado do Brasil, e ficaram muito aliviados quando ele foi devi-
damente pago. No Brasil, eles enfrentaram dificuldades para adminis-
trar o banco. Vários dos diretores renunciaram, um deles passando para
o rival English Bank of Rio de Janeiro como seu gerente em Pernam-
buco. Era a filial do Rio que mais preocupava. A crise de 1866 foi bem
administrada pelo sucessor de Saunders; mas ele não permaneceu. O
gerente seguinte durou apenas um ano - apenas o tempo suficiente para
envolver o banco em mais perdas em 1868 por uma série de erros de
cálculo desastrosos em ouro e transações de câmbio. A filial de Per-
nambuco foi duramente atingida quando o boom do algodão terminou
em 1867 e contribuiu para a derrocada ao esvaziar o fundo de reserva
do banco. A sobrevivência do banco só foi possível porque os diretores
e o grupo que o apoiava detinham grande parte do capital. Nesse perí-
odo crítico, John Beaton se esforçou enormemente, viajando de Lon-
dres ao Brasil repetidas vezes, inspecionando as filiais, livrando-se de
depósitos perigosos, fazendo acordos com devedores, evitando a re-
corrência de empréstimos atemporais e reconstruindo o negócio em li-
nhas mais sólidas.
Em 1868, o pior era conhecido. Embora as dívidas pendentes ti-
vessem sido reduzidas, elas ainda representavam uma fração substan-
cial do capital do banco; e quase todos estavam na filial do Rio. Com
a guerra contra o Paraguai criando dificuldades comerciais no Brasil,
havia poucas perspectivas de liquidação antecipada. Como a guerra foi
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forte o suficiente para iniciar uma disputa por esses fundos com o rival
English Bank of Rio de Janeiro. Os bancos atraíam para si depósitos,
ou os desencorajavam, por meio de frequentes mudanças nas taxas de
juros, e nessa luta era muito importante ganhar a iniciativa e não perder
fundos repentinamente para os concorrentes.
As coisas estavam melhorando em Londres, onde os diretores fi-
nalmente obtiveram aprovação para a reconstrução do banco pela qual
vinham pressionando há anos. Os ativos da antiga empresa foram ven-
didos para seu sucessor, o New London e o Brazilian Bank, em 1872.
Mais de um quarto de milhão de libras tiveram que ser baixados do
capital do antigo banco, e os diretores finalmente puderam pagar um
dividendo de 5% sobre o capital menor da nova empresa. Os acionistas
ficaram animados com a redução na denominação e o passivo não res-
gatado de suas ações. Todos passaram a deter £ 20 ações, com £ 10
integralizadas.
O que se seguiu foi uma notável demonstração de vigor e compe-
tência diante de novos rivais e da piora das condições comerciais no
Brasil. No rescaldo da guerra do Paraguai, um novo boom na promoção
de empresas explodiu no Rio, então era preciso cautela. Muito mais
significativo para os bancos britânicos foi o surgimento -de um con-
corrente sério, o Deutsche Brasilianische Bank, que se estabeleceu
como uma grande força no mercado de câmbio do Rio poucos anos
após sua chegada. Com a memória dos acontecimentos recentes ainda
vívida, os diretores do London and Brazilian Bank não estavam dis-
postos a permitir que seus gerentes fossem excessivamente liberais
apenas para acompanhar as novidades. Com o fim do boom mundial
de 1872-3, eles previram problemas para alguns dos produtores brasi-
leiros e desconfiaram das condições dos mercados do norte. Em 22 de
janeiro de 1874, John Beaton escreveu ao gerente do Rio:
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muito cedo, pois suas habilidades lhe renderam a oferta de uma parce-
ria na firma de Knowles and Foster. Isso significou uma promoção rá-
pida para Edward Ross Duffield, que havia sido nomeado contador e
assistente da administração do Rio em maio de 1865 e agora estava no
cargo. Ross Duffield começou uma carreira muito distinta a serviço de
bancos britânicos na América do Sul e ganhou reputação por seu longo
e bem-sucedido mandato na administração da agência do Rio de 1867
a 1881.
A reorganização no Brasil foi apenas parte de um processo mais
profundo. Charles Carrington, ex-diretor local do Rio, voltou a Lon-
dres para se tornar gerente da matriz, aliviando os diretores de algumas
das cargas do dia a dia que anteriormente carregavam. No Porto a di-
reção local tinha funcionado bem, mas face à concorrência dos ban-
queiros portugueses que mantinham relações de trabalho estreitas com
o Brasil, a agência não conseguiu estabelecer-se e foi encerrada em
1866. Para simbolizar o compromisso exclusivo com o Brasil e para
evitar qualquer possível confusão com seu infeliz concorrente, os di-
retores mudaram o nome de sua firma para “The English Bank of Rio
de Janeiro”.
Agora que seus primeiros problemas haviam ficado para trás, o
English Bank of Rio superou em muito seu rival. Ao obter uma parti-
cipação nos negócios do governo imperial, Ross Duffield ganhou con-
trole sobre o mercado de câmbio, o que reforçou o prestígio do banco
e tornou seus saques amplamente conhecidos. Sua filial viu seus depó-
sitos aumentando e estes foram empregados em bons descontos e em
adiantamentos a curto prazo para os comerciantes. Os diretores de
Londres estavam em posição de afirmar que haviam introduzido com
sucesso práticas bancárias mais seguras no Brasil e, triunfantemente,
lembraram a seus acionistas que haviam se mantido afastados de títu-
los imobiliários e que nenhum capital estava bloqueado no Rio. No
entanto, os acionistas tinham de ser pacientes, pois recebiam pouco a
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CAPÍTULO CINCO
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39N.T.: “Lord Mayor” é um termo usado para designar uma espécie de prefeito de algumas
cidades da Grã-Bretanha.
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40 Veja Jonathan V. Levin, The Export Eeonomies (Cambridge, Mass. 1960), pp. 27-123.
41 J. L. Romero, Historia Económica del Peru (Buenos Aires 1949), pp. 383—4.
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CAPÍTULO SEIS
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48 C. R. Enock, The Republics of Central and South America (London 1922) p. 497.
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49 James Bryce, South America: Observations and Impressions (Londres, 1912), pp. 517-18.
50 Rippy, op. cit., pág. 25.
51 A. K. Caimcross, Home and Foreign Investment 1870-1913 (Cambridge 1953). p. 183.
52 H. Feis, Europe the World's Banker 1870-1914 (New Haven 1930), p. 23.
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D. C. M. Platt, ‘British Bondholders in Nineteenth Century Latin America: Injury and Re-
medy’, Inter-American Economic Affairs, XIV, 1960, p. 41.
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ele usou seu discurso na Mansion House para lembrar aos financiado-
res reunidos os verdadeiros interesses da Grã-Bretanha na América La-
tina.
“Não temos”, disse ele, “nenhuma intenção de nos constituir
uma Providência em qualquer querela sul-americana. Fomos
pressionados, seriamente pressionados, a assumir o papel de ár-
bitro, de árbitro obrigatório em disputas no oeste da América do
Sul. Temos sido fortemente pressionados... a empreender a re-
generação das finanças argentinas. Em nenhum desses assuntos
o governo de Sua Majestade está disposto a invadir a função da
Providência.”57
Tal moderação foi indubitavelmente sábia. A penalidade de ser
cortado do mercado de Londres pela pressão informal do Conselho de
Titulares de Títulos Estrangeiros era uma consideração importante
para os responsáveis pelas finanças de seu país e geralmente era uma
proteção adequada para os investidores. Anos depois, Sir Edward Gray
reiterou a mesma posição oficial de não intervenção em relação à emis-
são de empréstimos do governo:
“Os financistas britânicos administram seus negócios de forma
bastante independente da política e, se tentarmos interferir, eles
naturalmente consideram que temos alguma obrigação. ... Não
digo que não haja casos em que empréstimos tenham caráter
político e em que financiadores venham ao Ministério das Rela-
ções Exteriores e perguntem se há alguma objeção a eles. Mas
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59RG Albion, “British Shipping and Latin America, 1806-1914”. Journal of Economic His-
tory XI (1951), pp. 373-4.
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poderoso avanço dos Estados Unidos para o sul possuía uma certa qua-
lidade profética.60
No sul do continente, a Grã-Bretanha se manteve firme: em 1914
ainda era a maior exportadora para Argentina, Brasil, Uruguai e Chile.
A comparação apropriada aqui é com o desempenho alemão.61 As ex-
portações alemãs para o Chile cresceram muito mais rapidamente do
que as britânicas depois de 1900, e os alemães estavam tão próximos
dos britânicos em 1914 que a situação era precária. No Brasil, os bri-
tânicos mantiveram uma longa liderança em termos absolutos, embora
novamente as exportações alemãs aumentassem muito mais rapida-
mente. Enquanto em 1895 as exportações britânicas eram três vezes
mais valiosas que as alemãs, em 1912 eram apenas 50% maiores. Os
exportadores alemães haviam obtido grandes ganhos nas províncias do
sul e a concorrência nos mercados do Rio e de São Paulo era acirrada.62
Por fim, na Argentina, os britânicos pareciam se manter mais adequa-
damente. Eles ainda superavam todos os rivais e eram os principais
fornecedores de uma ampla gama de produtos: algodão, lã, material
ferroviário, locomotivas, tubos de ferro, trilhos de aço, folha-de-flan-
dres e carvão.
Também há evidências de que os concorrentes da Grã-Bretanha
estavam obtendo ganhos durante os períodos de pesados investimen-
tos. Como era de se esperar, as exportações britânicas responderam a
seus investimentos e subiram na Argentina, Chile, Uruguai, Peru e Mé-
xico no final da década de 1880 e cresceram durante o boom brasileiro
60Alfred Tiscbendorf, Great Britain and Mexico in the Era of Porfirio Diaz (Durham, N.
Carolina 1961), pp. 131-8.
61 R. J. S. Hoffman, Great Britain and the German Trade Rivalry 1875-1914 (Oxford 1933).
PP-191-&
62A. K. Manchester, British Pre-eminence in Brazil: its Rise and Decline (Chapel Hill
1933), PP- 3*9-3*-
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63 Ver E. N. Hurley, Banking and Credit in Argentina, Brazil, Chile and Peru (Washington,
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64 N.T.: A Caja de Conversión foi uma instituição financeira da República Argentina criada
em 1890, por meio da Lei 2.241. Antecessora do Banco Central da República Argentina, sua
principal função era organizar as emissões nacionais e atender à circulação e amortização
gradual de moeda corrente, independentemente do Governo Nacional. Foi criado um fundo
com as reservas da Lei dos Bancos Garantidos e os créditos contra eles. Nesse mesmo perí-
odo, o Banco de la Nación Argentina foi criado pela Lei 2.841. Naquela época, havia um sis-
tema rudimentar de controle de emissão monetária (o Currency Board) e um sistema bancá-
rio de reservas (Banco Nación). [Texto extraído da Wikipedia].
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66 S. G. Hanson, Argentine Meat and the British Market (Stanford 1938), p. 57.
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avançado muito. Em
1892, o Ministro do Interior
afirmou que:
“o crescimento das manufatu-
ras nos subúrbios de Buenos
Aires é surpreendente. Exis-
tem agora 296 fábricas, com
380 máquinas a vapor, 6.500
cavalos de potência no total,
empregando 8.500 homens e
3.500 mulheres. A fábrica de
botas perto da Chacrita tem
970 trabalhadores e produz
400.000 pares de botas por
ano. A Fábrica de Panos Re-
tiro tem 200 trabalhadores e
consome 400 toneladas de lã
por ano. A Fábrica de Papel
GEORGE W. DRABBLE Zarate tem 480 trabalhadores
Presidente, London and River Plate Bank Limi- e produz 30 toneladas de pa-
ted, 1869-99
pel por dia.”67
Protegidos pela tarifa Al-
sina de 1876 e pelo alto custo das importações durante os anos de câm-
bio depreciado, os contornos - nada mais - da moderna indústria argen-
tina eram visíveis em 1914.
O país conseguiu mais progresso na década que começou em 1880,
do que foi alcançado em todas as décadas anteriores do século. Quando
o general Roca se tornou presidente, instituiu um governo forte e, ao
67 M. G. and E. T. Mulhall, Handbook of the River Plate (Buenos Ayres 1892), pp. 665-6.
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68J. H. Williams, Argentine International Trade under Inconvertible Paper Money 1880-
1900 (Cambridge, Mass. 1920), p. 31.
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nham sacado apenas uma fração em novembro, mesmo isso era de-
mais. O público não aceitou e a maior parte da questão foi deixada nas
mãos do sindicato. Em 20 de novembro de 1888, a matriz disse a An-
derson: “O mercado está farto de emissões argentinas.”
Drabble, que estava no conselho da Companhia de Abastecimento
de Água e Drenagem de Buenos Aires, tirou as devidas conclusões; e
em seu discurso aos acionistas em dezembro de 1888 ele reforçou suas
advertências. Ele havia expressado suas apreensões anteriormente: ele
havia captado as questões-chave em 1882 e novamente em 1887,
quando observou que as novas ferrovias estavam penetrando nos dis-
tritos menos estabelecidos e que levaria tempo para que os retornos
chegassem. grandes mudanças ocorriam na estrutura das exportações
do país — o crescimento dos produtos agrícolas —, mas ele se manteve
cauteloso durante todo o boom.
Tanto Anderson em Buenos Aires quanto Thurburn em Montevi-
déu agora tinham certeza de que uma grande crise estava por vir, e a
única dúvida em suas mentes era quando e onde ela iria estourar. Em-
bora os imigrantes ainda estivessem sendo atraídos para a Argentina
em grande número em 1889, as importações estavam aumentando e a
pressão sobre as moedas estrangeiras estava ficando mais pesada. O
governo não acharia fácil satisfazer seus credores existentes fazendo
novos empréstimos no exterior. Em dezembro de 1888, houve uma
corrida aos bancos nacionais pelo câmbio que revelou as posições es-
peculativas mantidas na Bolsa, pois o custo das renovações dos crédi-
tos disparara para algo entre 2% e 4% ao mês. Em fevereiro de 1889,
Anderson imaginou uma situação em que a Argentina ficaria sem ouro
e ficaria apenas com suas emissões de papel. No mês seguinte, ele de-
cidiu que “o problema não está longe”. A safra de trigo foi um fracasso.
Assim foi a tentativa de lançar um novo Empréstimo de Conversão
Argentina em Londres. Em 4 de abril, ele disse aos diretores: “O ver-
dadeiro problema é que estamos com falta de exportações ou novos
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em que o de Baring caiu. Ele escreveu que “se fomos um pouco con-
servadores demais, é um erro do lado certo”. Assuntos estavam melho-
rando, mas “infelizmente a suspensão dos Srs. Baring’s perturbou tudo
novamente”. Como ele estava pegando o próximo navio a vapor para
Londres, não havia sentido em escrever mais, pois ele contaria aos di-
retores o que havia acontecido quando os visse. A notícia das dificul-
dades de Baring levou a uma debandada na Bolsa de Valores de Bue-
nos Aires, com especuladores furiosos quebrando os móveis. A Bolsa
foi fechada e os negócios pararam. Por várias semanas, o London and
River Plate Bank recebeu ordens de seu primeiro escritório central para
não aceitar quaisquer contas em Londres, tão perigosa era a situação
na cidade. Em 29 de novembro, um decreto do governo tornou as obri-
gações de ouro contraídas em moeda estrangeira pagáveis em papel -
um ato que o banco há muito temia. Seguiu-se a cobrança de um im-
posto de 2% sobre os depósitos de bancos estrangeiros e de 7% sobre
seus lucros: medidas destinadas a forçar os depósitos dos bancos pri-
vados para os bancos estatais.
Na prática, o decreto de suspensão dos pagamentos em ouro teve
efeito apenas parcial, já que muitos clientes do banco continuaram pa-
gando em ouro. O próprio banco retomou rapidamente os negócios
tanto em ouro quanto em papel, pois detinha uma posição poderosa no
mercado de ouro.
No início do ano novo, Anderson voltou ao Rio da Prata, agora
diretor encarregado de uma “missão especial” pela diretoria. Não há
mistério nisso. O sócio sênior de um dos maiores e mais antigos bancos
privados, o Banco Carabassa, havia insinuado sua intenção de se apo-
sentar da vida ativa. Seu banco estava em boas condições, mantendo
60% de reservas de ouro contra passivos de ouro e 65% de reservas de
papel contra passivos de papel. Durante anos, seus métodos obtiveram
a aprovação do London and River Plate Bank, e agora ele estava per-
guntando se os diretores estariam interessados em comprar o negócio.
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depois, subiu para 80%. Nos meses seguintes, o London and River
Plate Bank manteve seus cofres repletos de dinheiro. Como sempre,
depois de uma reviravolta dessas, as consequências produziram desco-
bertas desagradáveis, pois ao assinar o Empréstito Nacional Interno
incorrera em graves prejuízos. O escrutínio das contas do banco tam-
bém revelou um grande desfalque. No entanto, as reservas cobriram
ambos.
Apesar desses percalços, 1891 foi um momento triunfante para o
banco tanto em Buenos Aires quanto em Montevidéu, onde havia so-
brevivido a uma situação igualmente perigosa. Thurburn, que passou
a administrar a filial de Buenos Aires em 1892, escreveu: “Poucos ban-
cos no mundo poderiam suportar o que suportamos nos últimos três
meses.” A queda dos bancos domésticos na Argentina e sua própria
aquisição do Banco Carabassa agora lhe permitiam cavalgar o Rio da
Prata como um colosso. Quando o dinheiro voltou para o banco na
Argentina em 1892 e 1893, seu poder competitivo era tal que os dire-
tores podiam ordenar a seus gerentes que parassem de pagar juros so-
bre contas correntes e ainda ganhar fundos. Embora as taxas de juros
tenham caído para meros 5-7 por cento após os 12 por cento dos anos
de boom de 1888-9, e embora o banco tenha continuado a manter altas
reservas de caixa de quase 60 por cento contra seus depósitos em papel
por vários anos após a crise, apresentou lucros substanciais. Thurburn
insistia que a filial deveria realizar apenas “negócios legítimos”: des-
contos, adiantamentos, e comissão de trabalho. Suas grandes partici-
pações em ouro permitiram que ele operasse no mercado de câmbio de
forma eficaz e em grande escala. Por exemplo, em 1894-5, ele sacou
6,8 milhões de libras e cobriu com a remessa de 6,9 milhões de libras
para a sede - um exemplo notável das transações equilibradas nas quais
o conselho insistia. Embora a recuperação na Argentina tenha sido
lenta, os negócios do banco progrediram rapidamente. Enquanto em
1886 a filial de Buenos Aires empregava apenas 45 homens, em 1890
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tinha 130 e em 1895 esse número havia subido para 201. No último
ano, tinha 24.368 depositantes e já havia adquirido instalações adicio-
nais para acomodar o crescente volume de negócios. .
Em 1899 ocorreram dois eventos que podem ser considerados
como o início de uma nova era para a Argentina e o fim de uma era
para o London and River Plate Bank. Um Caixa de Conversão foi cri-
ada para manter o peso argentino em um valor estável, o que conseguiu
fazer até a eclosão da guerra em 1914. O homem que tanto se esforçou
para criar o banco e preservá-lo durante os anos de instabilidade, Ge-
orge W. Drabble, faleceu; dois anos antes de sua morte, afirmou que o
banco era o único no mundo que havia sobrevivido a tais crises e con-
seguido atingir uma reserva publicada maior que seu capital.
T.S. Richardson, o último dos diretores originais, sucedeu Drabble
como presidente até sua morte, aos oitenta e cinco anos. Ele costumava
comparar a posição do London and River Plate Bank com a do Bank
Of England, uma vez que ambos deviam deter pesadas reservas de
ouro, não podendo realmente contar com outros em tempos de neces-
sidade. Sua posição era certamente notável: de 1894 a 1912 operou a
primeira câmara de compensação bancária de Buenos Aires, em suas
próprias dependências, sem cobrar nada; este dever foi então entregue
ao Banco de la Nación.
Nestes anos expansivos, quando os frutos do trabalho da geração
anterior foram abundantemente colhidos na Argentina, quando os pre-
ços de suas safras, carne e lã eram lucrativos, e quando o capital fluía
mais uma vez para o país, o London and River Plate Bank floresceu
como nunca. A estabilidade cambial na Argentina eliminou os antigos
riscos de conversão de ouro em papel, porque os empréstimos e fundos
locais podiam ser transferidos do e para o país de acordo com as cir-
cunstâncias. A sede agora estava disposta a se inclinar mais fortemente
no mercado de descontos e permite que os administradores emprestem
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URUGUAI
Embora tenha demo-
rado um pouco mais para ser
realizado, a economia do
Uruguai mudou ainda mais
radicalmente em 1914 do
que a da Argentina. A malha
ferroviária que dotou o Uru-
guai de um serviço ferroviá-
rio tão completo quanto
qualquer outro país latino-
americano irradiava de
Montevidéu. Durante as
duas últimas décadas do sé-
culo XIX, a cerca de arame
generalizou-se e deu-se
mais atenção à qualidade
dos rebanhos para satisfazer
ROBERT A. THURBURN as exigências dos novos fri-
Diretor Administrativo do
London & River Plate Bank
goríficos. Os investimentos
estratégicos em ferrovias,
bondes, telefones, compa-
nhias de água e gás foram pagos pela Grã-Bretanha.
A cronologia do desenvolvimento uruguaio pode ser tratada bre-
vemente, pois o boom da década de 1880, gerado pelo capital estran-
geiro e pelos migrantes estrangeiros, afetou o Rio da Prata como um
todo. Os vínculos comerciais entre Montevidéu e a Argentina, a pre-
sença do capital argentino no sistema bancário uruguaio e os repetidos
movimentos de ouro através do Rio da Prata produziriam um efeito
sincrônico.
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1884 £ 372.573
1889 £ 619.033
1890 £ 556.902
1891 £ 273.378
1892 £ 445.076
Durante os anos críticos após 1886, o ramo foi administrado por
RA Thurburn, que havia servido nele quando jovem na década de 1870
e cujas lembranças dos perigos daquela época ainda eram vívidas.
Desde o início, Ross Duffield, em Londres, e Thurburn, em Montevi-
déu, viram com inquietação as operações do Banco Nacional e, já em
1887, começaram a se corresponder sobre a linha de ação a ser seguida
em caso de desastre. Por segurança, as notas do Banco Nacional eram
mantidas ao mínimo por meio de uma compensação diária e a agência
evitava empréstimos pesados garantidos por suas cédulas. Mantendo
seus empréstimos curtos habituais e financiando a rápida expansão do
comércio exterior, o negócio manteve-se em bases seguras e extrema-
mente lucrativas. Em 1888, os diretores recusaram-se, o que não sur-
preende, a considerar a venda de seu direito de emissão de notas ao
Banco Nacional, e seu gerente ficou de lado quando um colapso entre
os especuladores revelou o grau perigoso em que o crédito era conce-
dido. Em meados de 1889, os diretores e Thurburn estavam convenci-
dos de que uma crise estava próxima, já que a prosperidade do Uruguai
dependia de um fluxo contínuo de capital estrangeiro, e eles sabiam
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na Calle Rio Negro. O London & River Plate Bank, agora um entre
muitos bancos estrangeiros, ainda florescia enquanto o comércio bri-
tânico com o Uruguai se expandia; e os interesses britânicos, embora
dirigidos pela legislação estadual, continuaram essencialmente como
antes.
BRASIL
A força do London and River Plate Bank foi amplamente demons-
trada em sua capacidade de realizar operações no Brasil logo após a
crise do Rio da Prata. A oportunidade surgiu com a decisão do English
Bank of Rio de se desfazer de seus negócios no Brasil. Essa chance era
boa demais para perder. Além disso, dois dos diretores do London and
River Plate eram bastante conhecidos no meio financeiro brasileiro -
uma vantagem inestimável em um país em que o conhecimento pessoal
contava tanto nas transações comerciais. Deve-se lembrar que Ross
Duffield administrou a principal agência do English Bank of Rio na
década de 1870 e Edward Herdman havia sido mais recentemente ge-
rente do London and Brazilian Bank.
Eles agora persuadiram J.S. Lambley, o atual gerente carioca do
English Bank of Rio, a se juntar a eles assim que liquidasse a antiga
empresa. Com ele vieram outros homens experientes; o London and
River Plate Bank adquiriu assim uma equipe experiente desde o início
de seus dias no Brasil Enquanto Lambley voltou a Londres para co-
nhecer seus novos diretores, Herdman partiu para o Brasil para presidir
a abertura efetiva da agência, auxiliado pelo gerente de Paris, E.H. To-
otal. Os recursos foram rapidamente mobilizados para dar um bom co-
meço. A matriz abriu um crédito com seus agentes de Nova York para
permitir que a sucursal manuseasse as exportações de café, a sucursal
de Montevidéu enviou-lhe um pacote de notas de libras esterlinas e
algumas moedas brasileiras que tinha em mãos, e Buenos Aires, vendo
que tinha soberanos de sobra, despachou-os ao Rio.
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“Você não chegou à sua idade sem saber que tal sucesso extra-
ordinário traz consigo um elemento de perigo em grau não pe-
queno... Tenho certeza de que você não vai levar a mal minha
escrita para você francamente. Minha longa experiência no
mercado do Rio é minha garantia. Existem números grandes de-
mais para uma administração prudente e isso, tenho certeza,
você deve ter em mente.”
Em suma, o diretor-gerente percebera que o alto posto de câmbio
que seu banco passara a ocupar devia incluir um elemento muito forte
de especulação. Ele assumiu que seu aviso era suficientemente forte.
Mas o gerente tomou o freio entre os dentes, defendendo uma alta nas
taxas de câmbio, acreditando que isso ajudaria o governo brasileiro, e
rapidamente elevando o valor do mil-réis. Como os saldos estrangeiros
começaram a voar e os bancos lutaram para manter seu dinheiro, os
outros bancos se viraram para desafiar o London and River Plate Bank.
O gerente não conseguiu manter sua posição contra estas forças e foi
obrigado a cobrir uma grande perda quando a bolha estourou em se-
tembro.
Infelizmente, a crise cambial revelou a posição frágil dos bancos
domésticos, que agora estavam em apuros depois de terem desfrutado
de uma década de moeda inflada; e o colapso da bolsa logo se trans-
formou em pânico geral. Seguiu-se uma das maiores crises bancárias
da história brasileira, resultando no desaparecimento de uma série de
bancos nacionais e na reconstrução do próprio Banco do Brasil. Claro
que o London Bank não foi responsável pela fraqueza dos bancos do-
mésticos, mas incorreu no ódio de ter fornecido um dos empurrões fi-
nais que derrubaram o edifício cambaleante.70
70 Esse episódio está bem descrito em Pierre Denis, Brazil (Londres, 1911), pp. 155-7, uma
tradução do autor de Le Brésil au XX e siecle (Paris, 1909).
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CAPÍTULO OITO
71Denis, Brazil, p. 132. For the growth of the textile industry see S. J. Stein, The Brazilian
Cotton Manufacture (Cambridge, Mass. 1957).
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O técnico de São Paulo foi mais otimista. Ele disse à sua sede que
“muito pouco café será perdido com a abolição da escravatura, por
falta de trabalhadores, pois no oeste da província os fazendeiros eram
geralmente preparados, tendo substituído seus escravos por imigrantes
há algum tempo”.
A escravidão foi abolida quando o Império dava a impressão de
poder financeiro que se devia tanto às circunstâncias quanto à política.
Os Rothschild fizeram três empréstimos substanciais em Londres, em
1883, 1886 e 1888, em condições cada vez mais favoráveis ao Brasil,
e o governo conseguiu cobrir seus déficits e avançar com a construção
de ferrovias. As exportações de café cresciam, e no final da década de
1880 os preços eram remunerativos. Investidores estrangeiros demons-
traram grande interesse nas ferrovias brasileiras. Uma enxurrada de
imigrantes italianos se mudou para o país, levando fundos com eles
para suas novas casas. A coincidência de todos esses movimentos le-
vou a uma rápida valorização do [sistema monetário de] mil-réis, que
em 1888 e 1889 ultrapassou sua paridade legal de 27 pence - nível pelo
qual pagava para embarcar ouro para o Brasil.
A passagem do Império não deixou praticamente nenhuma ondu-
lação na superfície das condições de negócios. Em 19 de novembro de
1889, o gerente carioca do London and Brazilian Bank resumiu a situ-
ação: “Houve uma paralisação total [sic] dos negócios na Bolsa72 e nas
ruas em todas as ações e títulos nos dias 15 e 16 deste mês, mas ontem
e hoje os negócios foram retomados como de costume e as operações
foram realizadas como de costume a preços com pouca ou nenhuma
variação daqueles praticados em 14 de novembro.”
As bolsas não foram muito afetadas e o novo Ministro das Finan-
72
N.T.: A palavra “Bolsa” foi escrita no original em português.
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73
Normando, op. cit., pp. 178-201.
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74
Denis, op. cit., pp. 151-2.
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N.T.: A palavra “fazendeiros” foi escrita no original em português.
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quase um sábio, que conheceu seus pais e avós em seu tempo. Morreu
em 1930, aos 99 anos, e vale lembrar que um homem que havia nego-
ciado com Mauá no auge do Império brasileiro quase viveu até a Se-
gunda República do presidente Vargas.
Os passos decisivos na história do banco foram dados na década
de 1870 e a principal característica dos anos até 1914 foi o crescimento
dos negócios por meio de canais já preparados. A filial do Pará na foz
da bacia amazônica era o principal centro de exportação de borracha;
Pernambuco servia a antiga região produtora de açúcar e algodão do
nordeste; A Bahia manejava o cacau, o café e o fumo da província; O
Rio era o principal mercado de câmbio e centro importador. No ex-
tremo sul do Rio Grande do Sul, onde floresceu a criação de gado, o
banco teve um monopólio quase total até 1900.
O principal negócio estrangeiro era o café e a borracha. O banco
há muito negociava com os comerciantes do Rio de Janeiro e mantinha
seus vínculos com Santos e São Paulo por meio de seus corresponden-
tes de lá. No entanto, a enorme expansão da produção de café que se
seguiu à construção de ferrovias na província de São Paulo animou-a
a abrir escritórios em Santos e São Paulo. A sucursal de Santos, inau-
gurada em 1881, destinava-se a complementar a atuação da sucursal
carioca nas operações de câmbio. Como o grande ponto de venda para
o comércio de café, ele fornecia à filial do Rio (e outras) letras de câm-
bio de café para corresponder aos seus saques para importadores. Em
1898, enviava remessas no valor de £ 150.000 a £ 300.000 libras es-
terlinas para Londres a cada semana.
O financiamento do café trouxe suas provações. Os fazendeiros do
interior tomaram grandes empréstimos para comprar mais terras e
plantar mais árvores nos anos bons. As propriedades eram hipotecadas
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N.T.: A palavra “commissários” foi escrita no original em português, com dois
“m”, tal como era escrito no século XIX.
77
Ver SJ Stan, Vassouras. A Brazilian Coffee County 1850-1900 (Cambridge, Mass.
1957), pp. 238-49.
223
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78
John Melby, ‘Rubber River: an account of the rise and collapse of the Amazon
Boom’, Hispanic American Historical Review, xxii, 1942, pp. 452-69.
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O progresso da sucursal de
São Paulo foi a característica
marcante dos anos pré-guerra e
pode ser tomado para ilustrar o
crescente compromisso com o
sistema bancário doméstico. “A
província de São Paulo é a pro-
víncia mais próspera do Brasil,
com, sem dúvida, um futuro bri-
lhante pela frente”, escreveu
P.J. de Souza da cidade em
1887. Ele alegava que [a Pro-
víncia de] São Paulo, então com
apenas uma agência em Santos,
deveria se tornar uma agência
completa, com mais capital. A
cidade foi lançada em seu cres-
John Beaton cimento meteórico. A capital
Presidente do London and britânica a ligava por via férrea
Brazilian Bank Limited, 1905-22 ao mar, enquanto outras linhas a
ligavam ao Rio de Janeiro e ao
sul. Imigrantes afluíam para trabalhar nas fazendas de café e São Paulo
se tornara a metrópole onde os fazendeiros tinham suas casas. A popu-
lação da cidade era vigorosa e voltada para o futuro. Era uma comuni-
dade cosmopolita na qual se encontravam em grande número italianos,
portugueses e armênios. O capital era escasso, pois São Paulo não era
apenas um centro financeiro da indústria cafeeira: suas próprias indús-
trias cresciam rapidamente.
A criação da grande filial londrina e brasileira em São Paulo foi
muito auxiliada pelas contas ferroviárias. Sucessivos gerentes sugeri-
ram que a conta da Ferrovia Mogyana sozinha era a base para metade
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1883 uma filial foi aberta no Pará. Desde o início, foi bem adminis-
trado e conduziu um negócio lucrativo comprando papéis de borracha
e emprestando a comerciantes e aviadores de borracha. Três anos de-
pois, uma filial ainda mais promissora foi instalada em São Paulo, o
que aumentou o compromisso do banco com o comércio de café e se
firmou na mais dinâmica cidade industrial do país. Duas outras filiais
foram abertas em 1887 em Porto Alegre e na Bahia, mas encontraram
forte oposição do London and Brazilian Bank e dos banqueiros locais,
e tiveram sucesso apenas parcial.
Este aumento do número de pontos ao longo da costa em que o
banco estava diretamente representado trouxe-lhe as habituais vanta-
gens nas operações de câmbio. São Paulo, por exemplo, era um bom
mercado para saques que precisavam ser cobertos em outro lugar. As
condições regionais ainda afetavam vitalmente qualquer ramo, e Per-
nambuco foi particularmente infeliz por possuir uma abundância de
fundos no início da década de 1880 e depois ter de enfrentar uma vio-
lenta crise comercial em 1885.
No geral, a empresa teve muito mais sucesso em câmbio do que
em desenvolver o lado bancário doméstico de seus negócios. Seus de-
pósitos totais foram escassos de 1875 a 1884 e o conselho de Londres
manteve suas opiniões restritivas sobre adiantamentos. Estes continu-
aram a ser feitos a título pessoal ou com garantia, e a velha antipatia
quanto a ações de empresa como garantia foi reiterado. A preferência
por bons descontos ainda era marcante, embora, quando o futuro dos
plantadores de café se tornou problemático no início da década de
1880, o conselho tenha ficado apreensivo sobre as contas cobradas pe-
los fazendeiros aos commissários que figuravam em grande parte na
carteira da filial do Rio. Havia alguma justificativa para tal desconfi-
ança, pois o jogo mais antigo do mundo financeiro - a criação de letras
de câmbio para fins especulativos - estava sendo jogado com particular
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CAPÍTULO NOVE
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nitrato era John Thomas North, o futuro “rei do nitrato”.79 North era
um homem de Yorkshire, nascido perto de Leeds em 1842, onde em
sua juventude recebeu um bom treinamento como engenheiro. Sua
firma, John Fowler and Company of Leeds o enviou ao Chile para ins-
talar algumas máquinas em 1869 e, uma vez lá, North decidiu seguir
sua fortuna. Depois de ganhar fama como engenheiro da estrada de
ferro do Carrizal, tornou-se engenheiro-chefe da oficina de Santa Rita
(uma fábrica de nitrato) no coração da região de nitrato. As terras de
nitrato de Tarapacá ficavam em um deserto estéril, e a população em
expansão precisava ser alimentada, vestida e provida de água de fora.
North construiu uma pequena frota de navios-tanque para distribuir
água potável aos portos de nitrato. Uma vez iniciado o caminho da
fortuna, ele ampliou suas atividades comerciais, atuando como repre-
sentante de empresas de navegação a vapor e comprando participações
na indústria de nitrato. Ele já era um homem rico quando voltou para
a Inglaterra em 1875.
Sua grande oportunidade ainda estava por vir. Quando a Guerra do
Pacífico estourou em 1879, as forças chilenas rapidamente ganharam
o controle da província de Tarapacá e seus campos de nitrato. North
voltou a Iquique e deu provas concretas de suas simpatias ao vender
uma de sua pequena frota de vapores aos chilenos e colocar as demais
à sua disposição. Enquanto isso, ele recrutou a ajuda de dois amigos
poderosos. O primeiro foi Robert Harvey, também engenheiro, que em
1879 ocupou o cargo de Inspetor Geral de Nitratos do governo peru-
ano. Sua posição dava poderes ilimitados para regular o comércio de
exportação, e ele havia adquirido conhecimento em primeira mão dos
solos de nitrato. O outro aliado de North era John Dawson, que havia
79
H. Blakemore, “John Thomas North, o Nitrate King”, History Today, XII, 1962,
pp. 467-75. dá um excelente esboço de suas atividades.
240
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241
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80
J. Fred Rippy, ‘Economic Enterprises of the “Nitrate King” and his associates in
Chile*, Pacific Historical Review, XVU, 1948, pp. 457-65.
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81
W. H. Russell, A Visit to Chile and the Nitrate Fields of Tarapacá (London 1890), p. 138.
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82
Russel, op. cit., pág. 157.
83
Russel, op. cit., pág. 164.
84
Russel, op. cit., pág. 166.
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afeição por papel “pig on pork” 85. No início do outono de 1890, Glyn,
Mills & Co. recusou-se a descontar as aceitações do banco das minutas
da Nitrate Railways Company. Uma fração substancial dos negócios
do banco em Londres consistia em financiar o embarque de mercado-
rias da Inglaterra para o Chile ou enviar letras para cobrança no Chile;
e como o próprio mercado chinês era em grande parte dominado pela
condição da indústria de nitrato, não havia como escapar de sua in-
fluência restritiva.
Se não conseguiram quebrar a total dependência dos nitratos, os
diretores pelo menos começaram a adquirir alguma independência do
Norte. Disseram aos seus gerentes chilenos que exigissem segurança
adequada para cobrir os adiantamentos às empresas de nitrato e impu-
seram limites aos adiantamentos a serem feitos a eles em Iquique e
Pisagua. No final de 1890, quando eles se recusaram a renovar seus
créditos de aceitação para várias empresas de nitrato, uma das empre-
sas de North foi incluída na proibição.
Enquanto isso, as tensões crescentes entre o presidente Balmaceda
e o Partido do Congresso chegaram ao auge, e a guerra civil estourou
em janeiro de 1891. As questões em jogo eram complicadas. Houve
uma crise constitucional, porque os líderes do Congresso se opuseram
aos métodos de Balmaceda e à sua interpretação de seus poderes, bem
como ao conteúdo de suas políticas. De sua parte, Balmaceda estava
tentando resistir às invasões do Congresso sobre seus poderes. En-
quanto isso, suas tentativas de limitar a participação do capital estran-
geiro na indústria do nitrato haviam alienado os interesses estrangeiros
85
N.T.: A expressão "pig on pork paper” do século XIX refere-se a instrumentos
financeiros ou transações entre empresas que fazem parte do mesmo grupo empresa-
rial, sugerindo falta de segurança e diversificação. Essa metáfora indica desconfiança
ou ceticismo sobre o valor ou estabilidade desses papéis, pois representam apenas
"mais do mesmo" dentro de um grupo interligado de empresas.
249
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no Chile.
Na época, Balmaceda e seus partidários acusaram o coronel North
de estimular e apoiar a revolução e de usar seu banco recém-fundado
para fornecer fundos aos insurgentes. Essas acusações foram repetidas
pelo correspondente especial do The Times no Chile durante a guerra
civil, MH Hervey, que apoiou a causa de Balmaceda, em suas repor-
tagens e em seu livro Dark Days in Chile.86 Era notório, afirmou ele,
que os interesses estrangeiros em geral e os capitalistas do nitrato em
particular estavam ajudando os oponentes de Balmaceda, e ele repre-
endeu Russell pela indiscrição ao revelar que, em sua recente visita ao
Chile, North recebeu em duas ocasiões peticionários pedindo para em-
pregar seu capital no financiamento de uma revolução nos estados vi-
zinhos. Enquanto Hervey aponta o dedo para North, suas declarações
não vão além de acusações gerais e esse tipo de fofoca; quando foi
chamado de volta por seu jornal, ele não conseguiu fundamentar seu
caso. É verdade que os revolucionários tomaram as jazidas de nitrato
e operaram a partir daí, e isso parece mais do que uma coincidência.
Também é verdade que os impostos sobre as exportações de nitrato
eram vitais para seu financiamento e que eram mantidos por um fluxo
de suprimentos de Valparaíso. Mas não há nenhuma prova direta da
cumplicidade de North em fomentar a revolução. É provável que ele
tenha deixado algum?
North, uma vez que a revolução começou, prestou sua ajuda aos
insurgentes como havia ajudado o Chile contra o Peru em um conflito
anterior? Isso parece bem possível, embora não seja fácil de provar.
Um relato da revolução sugere que os insurgentes foram financiados
86
Dark Days in Chile: An aceaunt of the Revolution of 1891 (London 1891-2). Este
aspecto das atividades de North foi novamente levantado por Osgood Hardy, “British
Nitratos and the Balmaceda Revolution”, Pacific Historical Review, XVII, 1948, pp.
165-80.
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87
J. R. Brown, “The Chilean Nitrate Railways Controversy”, Hispanic American
Historical Review, xxxviii, 1958, p. 465 f.
251
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88
F.W. Fetter, Monetary Inflation in Chile (Princeton 1931), pp. 64-86.
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CHILE 1894-1914
No meio século que precedeu a crise mundial de 1929, o desen-
volvimento econômico chileno foi amplamente governado pelo des-
tino de duas commodities: nitratos e cobre. Uma alta proporção do pro-
duto nacional era exportada; até a década de 1920, estimava-se que as
exportações representavam entre 30 e 40 por cento da renda nacional.
Os nitratos e o cobre juntos representavam quatro quintos do valor das
exportações, e até 1914 os nitratos eram facilmente os mais importan-
tes. Quanto ao resto, houve alguns embarques de trigo e cevada para a
Grã-Bretanha na década de 1890; e a abertura do extremo sul para pas-
tagens começou a produzir carregamentos crescentes de lã.
As implicações totais da dependência chilena de nitratos e cobre
podem ser mais bem elaboradas. Metade da receita do governo provi-
nha das taxas de exportação de nitratos. Esse fundo permitiu que su-
cessivos governos mantivessem alto crédito no exterior e contraíssem
grandes empréstimos para a construção de ferrovias, portos e instala-
ções portuárias. Quando os nitratos estavam crescendo e as receitas do
governo flutuantes, os empréstimos externos eram facilmente obtidos,
e os gastos governamentais resultantes estimulavam a atividade eco-
nômica no país.
Simultaneamente, a próspera condição das indústrias extrativas
funcionava como um íman para o investimento privado estrangeiro.
Nestas circunstâncias, foram feitos grandes acréscimos à capacidade
produtiva do país. As exportações britânicas para o Chile foram incha-
das por embarques pesados de equipamentos de capital: maquinaria,
ferro e aço, trilhos, material rodante ferroviário, motores a vapor e uma
variedade de ferramentas e implementos. Por outro lado, a depressão
nas indústrias de cobre e nitrato abrandou o duplo fluxo de investi-
mento estrangeiro público e privado.
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89
W. H. Young, A Merry Banker in the Far East and South America (Londres 1916),
pp. 273-5. Ver também Fetter, op. dr., pp. 66-7, 88-9, 112-13.
90
G. Subercaseaux, Monetary and Banking Policy of Chile (Oxford 1922), p. 198.
258
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91
Subercascaux, op. cit., pp. 106, III.
259
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262
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92
WH Young, op. dt., pp. 190-1.
263
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93
WH Young, op. cit., pág. 178.
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and Sons e Sir John Jackson para a construção das Obras Portuárias de
Valparaíso, Docas de Talcahuano e da Estrada de Ferro Arica e La Paz.
Caso a licitação fosse aceita, o banco provavelmente ganharia a conta
da empreiteira durante o período de construção.
Os negócios chilenos nem sempre foram fáceis. Um dos principais
clientes e grande acionista era Federico Santa Maria, um estranho re-
cluso, um especulador inveterado que mergulhava pesadamente, per-
dia pesadamente e ganhava ainda com mais frequência. Mais tarde, ele
viveria em um quarto em Paris enquanto tentava prever os movimentos
de suprimentos de açúcar. Suas relações com o banco eram tempestu-
osas. Ele brigou violentamente com Sir Robert Harvey, mas manteve
amizade com Andrew Geddes, gerente da Valparaíso que mais tarde
se tornou diretor. Santa Maria deixou sua fortuna para fundar uma uni-
versidade em Valparaíso e fez de Geddes o curador de seu testamento.
Embora em 1914 o Anglo South American Bank enfrentasse uma
concorrência mais forte, tanto dos bancos alemães quanto do London
and River Plate Bank no Chile, ele manteve um lugar poderoso. Sua
política ousada permitiu-lhe crescer rapidamente e assegurar um negó-
cio muito maior, embora mais especulativo, do que seu rival inglês, e
suas poderosas conexões com a indústria de nitrato naturalmente o tor-
naram o banco estrangeiro mais forte do Chile.
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Para onde o banco deveria ir? O Peru poderia ser descartado ime-
diatamente, pois suas relações com o Chile ainda eram delicadas e um
intruso com o nome da província perdida poderia não ser bem-vindo.
De qualquer forma, um segundo banco britânico no Peru encontraria
forte oposição do Banco del Peru y Londres, o maior banco do país
afiliado ao London Bank of Mexico and South America. A Bolívia era
uma possibilidade distinta e Young foi enviado para lá para relatar as
perspectivas. No momento, porém, Young e Dawson decidiram não
prosseguir. Isso deixou o Rio da Prata como a alternativa óbvia. O
banco já havia entrado na Argentina em Puerto Gallegos, no extremo
sul, mas qualquer grande empreendimento no país envolveria a aber-
tura de uma filial em Buenos Aires, onde quatro bancos britânicos já
operavam e um recém-chegado poderia ter dificuldade em se firmar.
Não há dúvida de que Hose sugeriu a solução: por que não comprar o
menor dos bancos britânicos?
Era o Anglo-Argentine Bank, coevo quase exato do Banco de Ta-
rapacá. Fora fundado no auge do boom em 1889, com o formidável
Sampson S. Lloyd, presidente do Lloyds Bank, à frente. Filiais foram
abertas em Buenos Aires e Montevidéu. Infelizmente, a agência de Bu-
enos Aires havia acumulado dívidas incobráveis na crise de 1891 e ru-
mores de uma iminente liquidação do banco levaram a uma forte con-
tração em seus negócios. A recuperação que se seguiu foi lenta e suas
operações foram em escala limitada até 1897, quando começou a pro-
gredir. É claro que era minúsculo em comparação com o London and
River Plate Bank, mas tinha um conselho de administração influente e
uma equipe experiente. No verão de 1900 foram feitas as primeiras
aberturas pelo Bank of Tarapacá. Hose desempenhou um papel impor-
tante nas discussões e inspecionou os ativos do outro banco. Em mea-
dos de agosto, um acordo foi alcançado. Os acionistas do Anglo-Ar-
gentine Bank receberam um pagamento em dinheiro, e 50.000 novas
ações, £ 10 cada uma com £ 5 integralizadas, no Banco de Tarapacá
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CAPÍTULO DEZ
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J. P. Young, Central American Currency and Finance (Princeton 1925) fornece
um relato útil das mudanças bancárias na região.
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Tischendorf. op. cit., págs. 7-20.
96
W. F. McCaleb, Present and Past Banking in Mexico (Nova York 1920), p. 21.
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97
McCaleb, op. cit., pp. 33-4.
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CAPÍTULO DOZE
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N.T.: As "acceptance houses" do século XIX eram instituições financeiras funda-
mentais no financiamento do comércio internacional da época. Elas atuavam acei-
tando letras de câmbio. Essa prática reduzia o risco de crédito nas transações comer-
ciais entre países. Eram particularmente prevalentes na Grã-Bretanha, um dos prin-
cipais centros financeiros e comerciais globais do século XIX.
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99
Ver C. W. Phelps, The Foreign Expansion of American Banks (New York 1927),
e Siegfried Stem, The United States in International Banking (Nova York 1951), pp.
131-175.
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de britânico.
Os Estados Unidos também não foram capazes de seguir uma po-
lítica comercial consistente com sua nova posição. Sua balança de pa-
gamentos apresentava grande superávit e, como era apropriado, ela in-
vestia pesadamente no exterior. Mas a manutenção da proteção tornava
mais difícil para seus devedores camuflarem dólares com a venda de
seus produtos à nação credora. Já em 1920-1, a escassez de dólares
apareceu.
A outra região mais antiga de comércio com a América Latina, ou
seja, a Europa industrial, era menos dinâmica na década de 1920 do
que antes, e suas indústrias agora cresciam mais lentamente do que as
dos Estados Unidos. Além das perdas de homens durante a guerra, o
crescimento da população europeia desacelerou; o barulhento cresci-
mento dos mercados de alimentos dependeu, quase despercebido, de
sua rápida ascensão. Ocorriam mudanças nos padrões de vida nas so-
ciedades europeias mais prósperas, o que significava que, a partir de
certo ponto, novos aumentos de renda não seriam gastos na importação
de alimentos. À medida que muitos habitantes da Europa Ocidental
alcançaram um grau modesto de conforto, começaram a gastar mais
dinheiro em férias, diversões, cinema, aparelhos de rádio e automó-
veis. Muito disso era dinheiro gasto em serviços e manufaturas produ-
zidas em casa.100 Como isso afetou os produtores primários dependia
da medida em que tais manufaturas provocavam, como antigamente,
um rápido aumento na demanda por matérias-primas. Em alguns casos
sim; o que mudou foram as regiões de onde as matérias-primas foram
extraídas. O boom automobilístico impulsionou as importações de pe-
tróleo, e seus efeitos foram fortemente sentidos no Oriente Médio, bem
100
League of Nations, The Course and Phases of the World Economic Depression
(Geneva 1931), pp. 13-25.
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Veja J. W. F. Rowe, Markets and Men (Cambridge, 1936) Capítulo I.
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Report of the Economic Mission to Argentina, Brazil and Uruguay (Londres
1950), pp. 18,19.
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Veja Stern, op. cit., p. 149.
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de Londres em tal escala que não foi possível conter a maré. Em se-
tembro de 1931, a Grã-Bretanha foi forçada a abandonar o padrão-
ouro. A libra esterlina desvalorizou e a tentativa de reafirmar a antiga
liderança financeira da Grã-Bretanha se extinguiu. Muitos países con-
tinuaram a usar a libra esterlina em suas transações estrangeiras, mas
o sistema da libra encolheu em comparação com sua universalidade
antes da guerra.
Danos paralelos foram infligidos na América Latina. Mais uma
vez, a eclosão da guerra em 1914 quebrou os vínculos das várias moe-
das com o ouro. As exportações de ouro foram proibidas e as pressões
inflacionárias engendradas pela guerra se fizeram sentir através de pa-
pel inconversível. O excesso de exportações em relação às importações
durante a guerra elevou o valor de troca da maioria das moedas em
termos de libras esterlinas. A paz trouxe uma reação e o colapso do
boom do pós-guerra deixou os países mais fracos prostrados: vítimas
de altas inflações e desvalorização cambial.
A instabilidade monetária na Europa colocou as reformas cambiais
e monetárias no topo da agenda das conferências pós-guerra, e, se-
guindo o exemplo dado pela Grã-Bretanha na Conferência de Gênova
de 1922, tornou-se um objetivo aceito restaurar um padrão de câmbio-
ouro. O instrumento escolhido para alcançar a estabilidade cambial,
juntamente com o fortalecimento da estrutura bancária, foi a criação
de bancos centrais. Na década de 1920, o Dr. E. W. Kemmerer, da
Universidade de Princeton, chefiou missão após missão na América
Latina. Foi responsável pela criação do Banco de la Reserva del Peru
em 1922, do Banco de la República na Colômbia em 1923, do Banco
Central de Chile em 1925, do Banco Central del Ecuador em 1927 e
do Banco Central de Bolívia em 1929. O Banco de la República no
Uruguai recebeu certas funções de banco central em 1924 e o Banco
Central de Guatemala foi estabelecido em 1925. Na Argentina, Brasil
310
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Veja os comentários de Robert Trifiin em Seymour Harris (cd.), Economic Pro-
blems of Latin America (Nova York 1944), pp. 96-7.
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PARAGUAI
A primeira proposta dos diretores foi fortalecer os serviços do
banco no Rio da Prata, abrindo um escritório no Paraguai, e um repre-
sentante foi enviado para fazer um levantamento das perspectivas. Ele
encontrou um país encantador, mas extremamente atrasado, recupe-
rando-se apenas agora da devastação da guerra de 1865-70, durante a
qual seus rebanhos de gado foram abatidos, sua navegação perdida e
sua mão de obra dizimada. Por fim, o isolamento do país sem litoral
estava sendo quebrado; Assunção estava ligada a Buenos Aires por
ferrovia e por serviços regulares de vapor, embora levasse três dias
para fazer a viagem de trem e quatro de barco. As demandas do tempo
de guerra estimularam a exportação de algodão, carne e produtos ani-
mais. Estes foram importantes suplementos para uma ampla gama de
exportações derivadas dos variados recursos naturais do país: taninos
e madeiras nobres do Chaco; laranjas, bananas, tabaco e erva-mate das
regiões mais cultivadas no sul.
Uma pequena população de cerca de três quartos de milhão de pes-
soas oferecia apenas um mercado limitado. No campo, os camponeses
usavam roupas baratas de algodão e ponchos de lã e andavam descal-
ços. Os produtos agrícolas eram movidos por burros e carros de boi,
enquanto a própria capital tinha poucas estradas pavimentadas e care-
cia de drenagem adequada ou abastecimento de água. No entanto, ha-
via atividade suficiente entre os mercadores de Assunção para prome-
ter um futuro melhor e, como muitos de seus negócios eram conduzi-
dos por Buenos Aires, o London and River Plate Bank já sabia algo
sobre isso. Quando abriu seu escritório em Assunção, em 26 de janeiro
de 1920, foi o banco estrangeiro pioneiro no país.
A filial logo desenvolveu um negócio fascinante. As transações
comerciais foram realizadas em pesos de papel paraguaios, pesos de
papel argentinos e pesos de ouro argentinos; e o banco abria contas,
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105
Recuerdos de Frank A. Koppel Para Sus Nietos (Bogotá 1942), Capítulo 17.
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proposta paga. Sob instruções estritas da matriz para manter uma po-
sição forte, resistiu facilmente aos meses difíceis do final de 1920,
quando era difícil vender papel colombiano em Nova York.
O conselho de Londres adotou uma visão otimista das possibilida-
des de agências bancárias na Colômbia e, em janeiro de 1923, havia
aumentado seu capital fixo para £ 200.000. Davidson havia sido envi-
ado a Medellín para abrir uma segunda filial em 1921. Medellín im-
portava mercadorias de Manchester, que geravam letras de câmbio
para cobrança, e como exportava café para Nova York, a abundante
oferta de letras de câmbio do café tornava-a um complemento natural
para Bogotá, onde os saques eram mais frequentes. A própria cidade
era o lar de uma população vigorosa e comercialmente astuta, e na dé-
cada de 1920, as indústrias têxteis e leves cresceram rapidamente. O
capital era escasso e taxas de juros de até 15% não eram incomuns
quando a agência foi aberta. Sob a administração cuidadosa de David-
son, logo se conseguiu um negócio amplamente difundido e gratifi-
cante.
Um ano depois, outro escritório foi aberto em Manizales, o centro
do comércio de café de Caldas. No decorrer da década de 1920, a ci-
dade perdeu parte de sua preeminência, pois o café passou a ser mane-
jado cada vez mais em Pereira e Armênia, e em parte por isso a filial
nunca teve sucesso consistente. Ele teve mais do que sua cota de azar:
o escritório foi incendiado duas vezes quando os incêndios varreram a
cidade em 1925 e 1926, e o único consolo foi a demonstração da qua-
lidade dos cofres à prova de fogo do banco.
O grande avanço no desenvolvimento colombiano pode ser datado
da chegada da Missão Kemmerer em 1923. Ao estabelecer o Banco de
la República, ele proporcionou maior estabilidade ao sistema bancário
e sua reorganização das taxas alfandegárias forneceu aos governos co-
lombianos uma fonte de renda com a qual eles tomaram emprestado
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centração muito maior nesse tipo de negócio pelo London and Brazi-
lian Bank.
Aproveitou-se ao máximo as economias operacionais que a fusão
tornou possível. Redundâncias nos negócios e nas instalações foram
eliminadas. No Brasil, onde os interesses do London and Brazilian
Bank eram maiores, era comum fechar os antigos escritórios do Lon-
don and River Plate e transferir o negócio. Em Montevidéu e Rosário,
as filiais foram unidas. Em Buenos Aires, onde o London and River
Plate Bank era muito maior que os dois, ele assumiu as contas do Lon-
don and Brazilian Bank. Naturalmente, foi necessário tempo para com-
pletar tais transferências, unificar os sistemas de contabilidade e se
desfazer de instalações excedentes; mas todo o processo foi rapida-
mente realizado e a operação do novo banco tornou-se eficiente e eco-
nômica.
Por enquanto, muitos dos ex-gerentes receberam nomeações con-
juntas para lidar com o aumento do número de clientes em cada agên-
cia, uma decisão que evitou discussões sobre antiguidade. O que talvez
seja mais marcante sobre a fusão é que ela fez tão pouca diferença para
o espírito da nova instituição, que foi um reflexo adicional da seme-
lhança básica de perspectiva e tradição nos dois bancos constituintes.
O desenvolvimento do Bank of London and South America , desde
sua criação até a grande depressão, foi constante e sem eventos notá-
veis. Era forte onde os interesses britânicos tiveram mais sucesso no
final da década de 1920, e a união reuniu muitas das principais contas
britânicas na região: ferrovias, serviços públicos e casas comerciais.
Também possuía uma excelente clientela local, que ia desde os estan-
cieiros do Rio da Prata até os fabricantes de São Paulo e Buenos Aires.
Não podia igualar as operações do Anglo South American Bank no
Chile, mas suas filiais na Colômbia apresentaram bons resultados. Sua
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CAPÍTULO CATORZE
EDWARD HOLDEN, que criou o Midland Bank por meio de uma sé-
rie de compras e fusões por atacado, certa vez confidenciou a um
amigo que, se fosse mais jovem, teria tentado para realizar um projeto
mais audacioso. Ele fundiria todos os bancos britânicos que operavam
na América do Sul em uma empresa que poderia oferecer a seus clien-
tes a vantagem única de estar representado em todos os países do sub-
continente.
Embora nunca tenha realizado o ideal de Holden, o Anglo South
American Bank chegou muito perto disso. Os primórdios de tal política
eram visíveis nas amalgamações pré-guerra. O que distinguiu sua atu-
ação nos anos de 1916 a 1920 foi a escala em que realizou seus ousados
avanços. O contraste entre sua política agressiva em tempo de guerra
e o curso mais cauteloso seguido pelos dois principais bancos britâni-
cos dificilmente poderia ser mais enfático.
A eclosão da guerra afetou o Anglo Bank da mesma forma que seus
concorrentes. À confusão em Londres e intensas dificuldades no exte-
rior sucederam-se uma lenta contração de seus negócios. A virada veio
cedo, pois seus principais interesses estavam no Chile, onde a indústria
de nitrato logo se recuperou sob o impulso da demanda por explosivos.
De alguma forma, os diretores superaram a escassez de pessoal durante
a guerra, contrataram novos executivos e reuniram recursos suficientes
para seguir em novas direções.
As primeiras extensões foram através do método normal de aber-
tura de escritórios adicionais. A escassez de carne e lã durante a guerra
induziu grande atividade nas regiões de criação de ovelhas no sul da
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cargo de diretor, ele levou consigo toda uma experiência em banco co-
mercial na Colômbia e na América Central. No futuro, a cadeira seria
ocupada pelo gerente londrino do Anglo Bank, quem quer que fosse.
Se ele estivesse no exterior, Hose assumiria a cadeira até que ele vol-
tasse.
A mudança de propriedade coincidiu com uma melhora nas fortu-
nas dos países em que operava. Em 1917, desastres naturais causaram
estragos em muitos países. Terremotos danificaram Bogotá e Salvador,
e o fogo varreu as casas de madeira de Guayaquil. A escassez de frete
ainda dificultava as exportações, mas alguns dos benefícios dos altos
preços do tempo de guerra agora voltavam para os produtores. Com o
aumento do valor do café, do cacau e da borracha, o Commercial Bank
teve de conceder créditos maiores, e seus múltiplos lucros - juros sobre
adiantamentos, comissões de aceitação e comissão de vendas - aumen-
taram proporcionalmente.
A plena prosperidade veio repentina e dramaticamente em 1919.
Café e cacau - os dois principais produtos básicos nos quais o banco
estava interessado - atingiram preços recordes. Uma boa safra de café
vendida no mercado turbulento tirou a Colômbia de suas dificuldades
econômicas, reverteu um balanço de pagamentos adverso e levou à en-
trada de ouro. A Venezuela prosperou à medida que os preços do café,
do açúcar e do cacau subiam. Os negócios estavam aquecidos em Sal-
vador. Mesmo uma curta safra de café na Nicarágua provou ser lucra-
tiva. Apenas o Equador, cujas colheitas foram prejudicadas por doen-
ças, parecia perder a onda crescente de prosperidade.
Claramente, a aquisição foi promissora. Nesse ínterim, os negó-
cios do banco em outros lugares cresceram a um ritmo tremendo, pois
atingiam o auge do boom do tempo de guerra. Seus estreitos vínculos
com os produtores de nitrato e sua grande cadeia de filiais no Chile
permitiram-lhe aumentar seus depósitos de ouro e libras esterlinas
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1930, uma reunião de emergência dos diretores foi convocada para de-
cidir se continuariam operando ou não. A resolução especial aprovada
naquele dia foi a seguinte:
"Com o propósito de continuar financiando a indústria de ni-
trato, ficou acordado que, além dos compromissos existentes de,
digamos, £ 10.000.000 para este banco, £ 2 milhões adicionais
seriam concedidos aos produtores com o propósito de fabricar
nitrato e conduzir seus negócios em geral durante os próximos
meses, pendente a formação da Compañía Salitrera Nacional no
Chile."
A extensão do compromisso do banco era assustadora: uma soma
igual a um terço do total dos adiantamentos estava trancada em nitra-
tos. Ou, para colocar a questão de outra forma, a indústria havia rece-
bido uma soma maior do que o total de capital e reservas do banco. O
grande erro já havia sido cometido. A decisão de arriscar ainda mais
recursos foi uma aposta cara para a vida da indústria e, com ela, a vida
do banco. Assim, os adiantamentos foram devidamente feitos e as em-
presas familiares de nitrato que haviam sido seus clientes desde o iní-
cio - Liverpool Nitrate Company, Pan de Agua, Pan de Azúcar e Ali-
anza - reapareceram como mutuários.
Tudo dependia da reorganização da indústria. Negociações pro-
longadas entre as três principais partes interessadas - o governo chi-
leno, as empresas britânicas de nitrato e os interesses americanos de
nitrato dos Srs. Guggenheim - resultaram na formação de uma combi-
nação nacional de nitrato: a Compañía Salitrera Chilena, conhecida
como Cosach. Guggenheim investiu muito capital em um novo pro-
cesso de purificação do nitrato em seu estado bruto, que reduziu custos
e permitiu que os nitratos chilenos competissem nos mercados mundi-
ais. O processo “Guggenheim” exigia operações em larga escala e di-
ficilmente poderia ser usado sem amalgamar as empresas menores que,
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106
Veja R. S. Sayen, Financial Policy 1939-1945 (Londres 1956), pp. 247-51,443-
7.
371
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107
Veja J. Fred Rippy, British Investments in Latin America, pp. 84-91.
372
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108
Bert F. Hosditz, ‘Economic Growth in Latin America’, Contributions to the
First International Conference of Economic History (Stockholm 1960), pp. 97,
100.
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menos quando os salários sobem, criados por sua vez pela tradição e
um modo de vida habitual, são mal interpretados por observadores su-
perficiais como “preguiça”. Tais observações, comuns na Grã-Breta-
nha do século XVIII, podem ser ouvidas hoje na América Latina, ou
mesmo em qualquer país subdesenvolvido. Transformar hábitos labo-
rais casuais no esforço contínuo e regular exigido por uma sociedade
mais moderna sempre foi difícil. Uma gama mais ampla de bens de
consumo pode quebrar os horizontes mais antigos e limitados. O de-
sejo de melhores padrões de vida em abstrato deve ser transmutado,
em detalhes, em acostumar os homens à aplicação mais contínua exi-
gida pela produção de máquinas e aos hábitos necessários, mas adqui-
ridos, de cuidado e manutenção dessas próprias máquinas. Os ritmos
mais soltos da semeadura e da colheita devem ser transformados na
ordem e pontualidade vitais para uma sociedade mais industrializada.
Não é por acaso que a Inglaterra, a mais antiga das sociedades indus-
triais, com suas ferrovias, fábricas e bancos, produziu aquela pontuali-
dade que é o símbolo de uma nova era. Hora inglesa representa sua
marca na consciência da América Latina.
A antiga sociedade paternalista, embora deixasse os homens na
pobreza, dava-lhes uma sensação de estabilidade, uma confiança pes-
soal no patrón, fosse ele proprietário de terras ou comerciante. Na rá-
pida transição para a nova ordem, os homens estão fadados a serem
desenraizados, deixados com uma sensação crua de insegurança e pro-
curando outros em quem se apoiar.
A emergência do homem de negócios representa outra faceta da
atual revolução na América Latina.
“O homem de negócios... não apenas trabalha arduamente, mas
pensa nos melhores meios para o fim, e muda seus métodos
quando melhores meios vêm ao seu conhecimento... Ele pensa
nas categorias de meio e fim, causa e efeito. Ele vive muito
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109
E. H. Phelps Brown, Economic Growth and Human Welfare (Delhi 1953), p. 12.
377
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110
T. C. Cochran, ‘Cultural Factors in Economic Growth’, Journal of Economic
History, XX, 1960, p. 518.
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111
Veja A. O. Hirschman. Latin American Issues (New York 1961), pp. 69-124.
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de 50% ao ano. Antes desse ponto, eles não eram levados a sério.” 112
Embora fortes argumentos possam ser apresentados a favor de au-
mentos moderados de preços nos países em desenvolvimento, a infla-
ção na escala experimentada na última geração prejudicou seriamente
o progresso. As escassas poupanças domésticas têm sido dedicadas à
construção residencial, compra de terrenos e outros empreendimentos
“à prova de inflação”. Nações famintas de capital que imploram por
ajuda externa sofrem o constrangimento de ver seus próprios nacionais
despachando recursos para o exterior e transformando-os em moedas
estáveis. Grupos específicos tentaram se proteger contra o aumento dos
preços exigindo salários mais altos e aumentos salariais, e a tentativa
de acomodar tudo resultou em preços ainda mais altos e amargura so-
cial. É uma história antiga e perigosa. Como escreveu Lord Keynes,
que não acreditava indiscriminadamente na estabilidade monetária a
todo custo, em 1919, “Lênin disse ter declarado que a melhor maneira
de destruir o sistema capitalista era debochar da moeda.” 113
Existem, finalmente, as relações com o mundo exterior que não
mudaram tão radicalmente. Os países latino-americanos continuam
sendo produtores primários, muitas vezes dependentes, como antes, de
um ou dois produtos básicos. Juntos, o café e o petróleo respondem por
quase metade das exportações totais da região. O Peru pode ter uma
gama mais ampla de exportação que a maioria, mas a dependência es-
magadora de minerais, matérias-primas e alimentos permanece. A Ve-
nezuela depende dos mercados de petróleo para 90% de suas exporta-
ções, a Colômbia do café apenas em uma extensão um pouco menor.
Não há necessidade de completar a lista.
112
H. S. Ellis (ed.), Economic Development for Latin America (London 1961), p.
27.
113
J. M. Keynes, Essays in Persuasion (London 1931), P- 77-
381
Um Século de Bancos na América Latina
Desde a guerra, a maioria dos países passou por duas fases distin-
tas. Os anos imediatos do pós-guerra, o boom da guerra da Coréia e o
início dos anos 1950 foram uma época de preços altos e remuneradores
para todos, exceto os países do Rio da Prata, cujos produtos não expe-
rimentaram as mesmas condições favoráveis. Desde 1953, os termos
de troca mudaram de país para país. Desde 1957, os preços de quase
todos os produtos da região caíram acentuadamente, com o resultado
conhecido de tensões na balança de pagamentos, controles de impor-
tação e uma busca renovada por créditos externos.
O futuro de longo prazo das exportações latino-americanas é ob-
viamente imprevisível. Os pessimistas apontam para os preços baixos
recentes, observam o lento crescimento da demanda por alimentos e a
proteção da agricultura doméstica nos países industrializados e obser-
vam a tendência da manufatura moderna de economizar no uso de ma-
térias-primas ou inventar substâncias sintéticas concorrentes. Os oti-
mistas sugerem que o passado recente pode ter sido excepcionalmente
desfavorável, lembram a explosão demográfica no resto do mundo e
veem aí potenciais consumidores de alimentos latino-americanos.
Após um breve período de hostilidade ao capital estrangeiro, os
países latino-americanos continuam a buscar capital externo para ace-
lerar seu desenvolvimento. Há inevitavelmente duas opiniões sobre a
extensão e adequação da ajuda e investimento estrangeiros. Pessoas de
fora, que observam que somas consideráveis foram destinadas à região
no passado e que muitos de seus países não são pobres em comparação
com grandes áreas da Ásia e da África, esperam que os países mais
avançados façam mais por si mesmos: mobilizar seus próprios recursos
e apoiar-se menos nas muletas da ajuda externa. Às vezes, os emprés-
timos estrangeiros têm sido uma alternativa fácil às tarefas mais impo-
pulares da reforma tributária interna ou à reorganização da distribuição
de terras.
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114
D. L. B. Hamlin (cd.). The Latin Americas (Toronto 1960), pp. 56-7.
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outros lugares.
A urgência da necessidade de cooperação internacional tem cres-
cido rapidamente nos últimos anos. Confrontados com a queda dos
preços, os países latino-americanos aumentaram suas exportações -
com o resultado de que os preços caíram ainda mais. Suas receitas li-
mitadas de exportação reduziram o ritmo de importação de bens de
capital e as chances de progresso foram severamente comprometidas.
Agora é um lugar-comum que os países mais ricos têm não apenas
um interesse comercial nas áreas atrasadas, mas também a obrigação
de acelerar o desenvolvimento das sociedades mais pobres. Em 1961,
tanto os Estados Unidos quanto a Grã-Bretanha estavam preocupados
com a fraqueza do dólar e da libra esterlina que lembra o final dos anos
1920. É preciso pouca imaginação para prever as consequências desas-
trosas do fracasso em elaborar meios eficazes de cooperação interna-
cional para evitar a recorrência das políticas egocêntricas de “empo-
brecer meu vizinho”115 que desfiguraram a década de 1930.
E a Grã-Bretanha e os movimentos mais recentes na América La-
tina? Seria bom concluir com uma lista das recentes conquistas britâ-
nicas, dos esforços continuados do investidor pioneiro na região. No
entanto, isso seria uma farsa dos fatos. Uma variedade de causas con-
tribuiu para isso, algumas válidas o suficiente, embora outras pareçam
mais desculpas do que boas razões.
Nos anos do pós-guerra, sentiu-se, não sem razão, que as nações
emergentes da Commonwealth tinham direito prévio sobre os recursos
que a Grã-Bretanha poderia dispensar. Também deve ser enfatizado
com firmeza que se os investimentos de propriedade britânica exerce-
ram uma forte pressão sobre os países latino-americanos nos anos de
115
N.T.: No original, beggar-my-neighbour.
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1938 34% 17 13 48
1948 58 — 8 22
1958 49 8 5 29
116
Ver “The Import Trade of Latin America” na Quarterly Review of the Bank of
London and South America, I (1961), pp. 93-112.
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117
Pesquisas recentes incluem o Relatório da Missão Comercial do Reino Unido para
a Venezuela, Colômbia, República Dominicana, Cuba e México (Londres,
H.M.S.O., 1953) e Possibilidades de exportações britânicas para a América Central,
Peru e Grande Colômbia (Londres, F.B.I. 1960 ).
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