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Batismo de fogo

A madrugada é de tensão na Base General Bacellar, insta-


lada em uma universidade desativada de Porto Príncipe que
abriga parte do contingente brasileiro na Missão das Nações
Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). Os vinte
homens que integram o Destacamento de Operações de Paz
(DOPaz), a tropa de elite do Exército do Brasil, não conseguem
dormir às vésperas da primeira grande operação preparada
para desarticular uma importante gangue de Cité Soleil, a
região mais violenta do país.
Preocupações com logística — como testar os aparelhos
de comunicação, armazenar a munição reserva e decorar
posições — impedem que o sono venha. Alguns militares
vestem o colete à prova de balas, enquanto outros ajeitam o
radiotransmissor no capacete azul ou acoplam a lanterna ao
fuzil de assalto M-4. Versão moderna do fuzil M-16, utilizado
desde a Guerra do Vietnã pelos melhores exércitos do mundo,
a arma foi desenvolvida especialmente para o conflito urbano
com o objetivo de minimizar os efeitos colaterais — como são
denominados os civis mortos e feridos em confrontos.
Formado exclusivamente por soldados dos tipos Coman-
dos e Forças Especiais (os FE), unidades preparadas para a
guerra nos mais diversos ambientes, o DOPaz é coordenado
por quatro capitães, e a eles estão subordinados 16 praças
— seis sargentos e dez cabos e soldados, especialistas em de-
molições, comunicação, tiro técnico e armamento. O grupo,
oriundo da Brigada de Operações Especiais, sediada em Goiâ-
nia, foi criado no início de 2006 para atuar com liberdade tática

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total, respondendo de forma rápida e autônoma a ameaças e
problemas que viessem a surgir durante a missão de paz. No
Haiti, o DOPaz é sempre o primeiro a agir nas operações de
combate pesado contra os grupos armados e tem como lema
cumprir “qualquer missão, em qualquer lugar, a qualquer hora
e de qualquer maneira”.
O destacamento teoricamente não existe na estrutura or-
ganizacional do batalhão brasileiro no Haiti e nunca é citado
em documentos oficiais do Exército e da ONU. O grupo só
aparece em relatórios sigilosos sobre as operações e de forma
genérica. Poucos sabem da existência do DOPaz ou conhecem
a identidade de seus integrantes.

São três horas da madrugada do dia 22 de dezembro de


2006. Os militares aguardam a ordem para o início da Ope-
ração Natal Pacífico, que tem como objetivo prender Pierre
Belony Emalise, líder criminoso de 27 anos que domina Bois
Neuf e Drouillard, duas das 34 regiões de Cité Soleil. Ambas
são consideradas pela imprensa indústrias de cativeiros em
série.
Como a ação é de alta periculosidade, o coronel Kid Bleu,
comandante do 6o contingente brasileiro na Minustah, deter-
mina que o Destacamento de Operações Sociais e Psicológicas
de Paz (DOSPaz), chefiado pelo capitão Mancha Negra e for-
mado por mais sete militares Comandos e Forças Especiais,
passe a integrar o DOPaz.
Com o cronograma da operação em mãos, o capitão Kid
Preto, comandante do DOPaz, reúne todos para acertar os úl-
timos detalhes: os relógios são sincronizados, senhas e códigos
combinados e, pela última vez, a ação é ensaiada. Uma hora
depois, os Urutus — veículos blindados brasileiros — deixam
a Base General Bacellar com os 28 militares a bordo. No Haiti,

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os veículos trocam a camuflagem pela pintura branca. Na late-
ral, em preto, destaca-se a insígnia UN (ONU em inglês). Para
não fazer barulho, eles se locomovem lentamente pelas vielas
imundas e escuras. Na entrada da rua Impasse Chavanne, no
coração da favela Drouillard, encontram a equipe de Coman-
dos Anfíbios, tropa especializada da Marinha brasileira que
os apoiará no confronto.
Ciente do poderio bélico dos bandidos e de que é ques-
tão de honra o resgate de um veículo de combate uruguaio
que fora capturado na noite anterior pela gangue de Pierre
Belony, o coronel Kid Bleu autoriza o emprego de armas de
alta destruição contra edificações ocupadas pelos crimino-
sos. A missão deve ser cumprida antes do Natal, segundo
ordem emitida pelo representante da ONU no Haiti, o em-
baixador guatemalteco Edmond Mulet. E a qualquer preço.
A decisão tem fundo político. A comunidade internacional,
que em 2004 acordara o envio da força de paz quando uma
onda de protestos provocou a queda do então presidente
Jean-Bertrand Aristide, exige uma ação contundente contra
a insegurança crônica em Cité Soleil, considerado um reduto
do crime.
Depois de um período de relativa tranquilidade, que se
seguiu à volta ao poder de René Préval cerca de um ano antes
da operação, o terror voltou à rotina haitiana e a imprensa
local apelida os capacetes azuis de “turistas”, considerando-
-os fracos e inativos diante do caos que se reinstalara no país.
Comércio, bancos e embaixadas fecham as portas às 16 horas,
para que funcionários possam chegar em casa antes do pôr
do sol. As aulas são suspensas temporariamente. Crianças e
adolescentes são encontrados mortos junto a montanhas de
lixo e dutos de esgoto, pois os familiares não têm dinheiro
para pagar o resgate exigido pelos sequestradores.

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Afirmando ter aberto mão da soberania do país ao acei-
tar uma intervenção internacional, parlamentares haitianos
exigem da ONU uma demonstração de força frente aos atos
de terror perpetuados pelos grupos armados. É necessário
mostrar quem controla a situação. Algo tem de ser feito com
urgência.
“Kid Preto, aqui é Kid Bleu. Ordem concedida para avançar
e tomar as casas dominadas pelos bandidos. A missão deve ser
cumprida, custe o que custar, e sem baixas”, informa o coronel
brasileiro, pelo rádio, ao comandante do DOPaz, utilizando
seus codinomes.
Todos os militares brasileiros que integram a missão de
paz possuem codinomes, espécie de siglas ou apelidos usados
individualmente para que não sejam identificados no rádio
por seus nomes verdadeiros, colocando em risco a vida e o
sigilo das operações.
“Missão dada é missão cumprida!”, responde Kid Pre-
to, dentro de um blindado que já está no interior da favela,
pronto para iniciar a operação. Kid Preto é tradicionalmente
o codinome utilizado pelo militar Forças Especiais de maior
comando nas operações do Exército brasileiro.
“Bodão e Mancha Negra. Aqui é Kid Preto falando. Avan-
çar!”, ordena ele ao subcomandante do DOPaz e ao colega do
DOSPaz, que estão em outros blindados coordenando subgru-
pos de combate. Às 5h10, em uma encruzilhada na entrada
do bairro de Bois Neuf, próximo à casa do líder criminoso
Pierre Belony, alguns militares começam a atirar em alvos
previamente estabelecidos: construções nas quais os bandidos
se refugiam e de onde sempre atacam os brasileiros.

Com a ordem de Kid Preto, o primeiro Urutu liga o


motor e o capitão Mancha Negra faz o sinal da cruz. Como

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não há outros operadores de metralhadora MAG disponíveis
no seu veículo, ele assume a função. De fabricação belga, as
MAG de calibre 7.62mm são pesadas e possuem cadência
de até mil tiros por minuto. O oficial é o primeiro na linha
de frente e deve responder rapidamente caso os brasileiros
sejam alvejados.
“Podem mandar bala!”, avisam Bodão e Mancha Negra,
pelo rádio, aos comandados. Com uma espécie de bazuca,
começam a ser disparadas as AT-4 — bombas usadas contra
tanques e construções —, a uma velocidade de 285 metros por
segundo, atingindo imediatamente alvos a até 2 quilômetros
de distância. A gangue de Pierre Belony revida com tiros de
fuzis e metralhadoras. O confronto é intenso.
“Alvorada, bando de vagabundo!”, grita Assombroso, que
é o mais experiente atirador de elite do DOPaz.
No mesmo blindado de Assombroso está o capitão Bra-
gaia, o terceiro na hierarquia de comando do DOPaz, atrás
de Kid Preto e Bodão. O oficial usa um fuzil Barret .50 que,
com balas traçantes, é capaz de acertar um alvo a até 1.500
metros. O capitão sabe do poder que tem em mãos e é caute-
loso: com a arma é possível derrubar um helicóptero ou até
mesmo um avião de pequeno porte. Durante o lançamento, as
chamas dos disparos queimam o braço de Bragaia. O barulho
é ensurdecedor.
Ao som dos estopins de tiros colidindo contra os Urutus, os
militares desembarcam. Antes de dividirem-se para invadir as
casas dos bandidos, gritam: “Comandos!” É o grito de guerra
do curso de Comandos do Exército, cujo lema é “o máximo
de confusão, morte e destruição nas retaguardas profundas
do inimigo”.
“Me dá cobertura!”, grita Bragaia para um atirador que
está em um blindado entrincheirado logo atrás, para que

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ele use a metralhadora MAG enquanto os componentes da
tropa de elite do Exército e da Marinha saiam dos carros
com segurança.
Na sequência, cada grupo corre na direção da construção
que lhe cabe invadir: quando um soldado avança entre 5 e 10
metros, outros dão cobertura. A mira do fuzil acompanha o
olhar. Neste momento, qualquer deslize pode custar uma vida.
“Só se atira no que se vê, seguindo as regras de engajamento”,
lembra Kid Preto pelo rádio.
Com outros sete homens, os capitães Mancha Negra, Bo-
dão e Bragaia invadem uma casa azul de dois andares, onde
funcionava uma escola adventista. Em meio à troca de tiros,
um repórter de uma agência internacional, usando colete à
prova de balas e com o microfone em mãos, tenta entrevistar
o comandante do DOSPaz.
“Ô rapaz... Sai daí agora! Quer morrer?”, se exalta Mancha
Negra.
Minutos depois, uma rajada de tiros passa raspando pela
cabeça do oficial, despedaçando tijolos de uma mureta de
concreto a seu lado. Procurando a procedência dos disparos,
ele olha por meio de paredes quebradas ao seu redor e vê, pelas
frestas, dezenas de criminosos correndo. Alguns usam toucas
ninjas, outros têm o rosto pintado com tinta preta sobreposta
por listras brancas.
“Tem um cara ali naquele beco. Olho nele, olho nele!”,
alerta Mancha Negra para Bodão.
O subcomandante do DOPaz faz a mira no bandido,
mas desvia o olhar ao ouvir um barulho ao seu lado. Bragaia
também se assusta. Na tentativa de se abrigar do tiroteio, o
sargento Tatu cai em uma fossa, não percebendo o buraco
enquanto corria. Apesar da tensão do momento, os militares
dão algumas risadas.

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“Avança, Tatu! Avança! Rápido, pode ir até aquela laje que
te dou cobertura”, grita Mancha Negra, preocupado com o
companheiro. Atolado no bueiro, coberto de sujeira e fezes,
Tatu é resgatado pelos colegas.
Do outro lado da rua, cabe ao subgrupo de Kid Preto a
tarefa de conquistar uma casa amarela de dois andares. Para
não deixar o DOPaz sem comando, Kid Preto e Bodão nunca
estão no mesmo lugar: se um vier a morrer, o outro assume
o destacamento. O cabo Biscuit, um spotter (observador que
auxilia o atirador de elite), é um dos primeiros a deixar o seu
blindado com a missão de fixar uma carga de explosivos na
porta da construção. A dobradiça está enferrujada e ele de-
mora mais de cinco minutos para colar os detonadores com
fita adesiva.
“Vamos, Biscuit, arma logo esta merda! Ou você quer
voltar no saco preto para o Brasil?”, grita Kid Preto.
Neste momento, dezenas de tiros alvejam as paredes da
casa, atingindo tijolos a menos de 5 centímetros das mãos
que carregam a carga de explosivos. Kid Preto percebe uma
pequena lâmpada acesa bem em frente à residência e acima
da cabeça de Biscuit. A luz expõe o spotter, deixando-o ner-
voso e dificultando a conclusão da tarefa. Kid Preto atira na
lâmpada. A porta explode e o DOPaz avança rapidamente.
Estrategicamente posicionados, os militares começam a atirar
na gangue de Pierre Belony, que, por sua vez, busca alvejar os
capacetes azuis.
Um atirador de elite brasileiro, previamente posicionado
sobre a laje de uma casa localizada em frente à favela, avista
um haitiano que se prepara para disparar. Antecipando-se,
acerta-o primeiro. Desde a criação da Minustah, em todas
as operações, o Exército posiciona os atiradores de elite —
chamados de “caçadores” — nos locais mais altos. Com uma

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visão privilegiada, eles podem advertir os companheiros que
se encontram no chão ou eliminar inimigos. A tática já salvou
a vida de muitos soldados no Haiti e nenhum comandante
dá-se ao luxo de abrir mão dela.
Ao ver o fuzil do criminoso no chão, uma mulher mu-
lata corre em direção à arma. Soltos, os cabelos cacheados
balançam conforme seus passos, despertando a atenção do
atirador, que a segue com a mira. Temeroso e buscando evitar
que a jovem alcance o fuzil, o sargento dispara próximo a ela.
Assustada, ela para. Observa ao redor, tentando descobrir a
procedência do disparo. Joga-se no chão e continua a enga-
tinhar em direção ao fuzil, estendendo o braço direito para
pegá-lo. Atento à ação, o atirador dispara mais uma vez, acer-
tando a mão da haitiana, que mesmo assim não recua e tenta
novamente agarrar a arma. Um último tiro elimina a ameaça.

O caçador está cumprindo as regras de engajamento, que


determinam o emprego da força na missão de paz e autorizam
os militares a atirar sempre que funcionários da ONU ou a
população estejam em “situações de risco, ameaça ou intenção
de ato hostil”. Segundo o documento confidencial que define
a conduta das tropas da Minustah, “o emprego da força deve
ser pautado pela proporcionalidade”, mas pode ser aplicado
“contra pessoas ou grupos que limitem a liberdade de movi-
mento” de civis ou militares.
Na verdade, o texto que determina as regras de engaja-
mento explicita que a tropa possui carta branca para disparar
também quando não há risco iminente, durante operações,
como a Natal Pacífico, destinadas a conquistar áreas domina-
das pelos criminosos e matando, se preciso for. A Minustah
está embasada no Capítulo VII da Carta da ONU, o que a
define como uma missão de “imposição da paz”.

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O termo “regras de engajamento” surgiu quando a Força
Tigre — unidade de elite formada por Forças Especiais do Exér-
cito dos Estados Unidos — atuou na Guerra do Vietnã, entre
1959 e 1975. Historiadores relatam, porém, que as normas que
proibiam, entre outros atos, o assassinato de civis desarmados,
tiveram aplicação relativizada no campo de batalha. Os soldados
alegavam que desconheciam o terreno e o inimigo e que, por
isso, usavam a força mesmo quando, em tese, não era necessário.

Em frente à casa amarela conquistada por Kid Preto, em


uma igreja cujas paredes agora estão perfuradas por balas,
atiradores de elite do DOPaz posicionam-se em lugares pre-
viamente determinados. Assombroso é um deles. Caçador há
vinte anos — um dos melhores do Exército —, ele considera
a profissão uma “vocação”.
Com olhar clínico, Assombroso avista um grupo de 15
criminosos que, armados e disparando, correm em direção à
igreja onde ele está. Coloca o dedo no gatilho e percebe que
sua posição não é nada boa.
“Bodão, eu não fico neste lugar, não. Vou morrer aqui!”,
diz, já sob tiros.
Assombroso corre para o canto esquerdo da igreja “man-
dando fogo”, como ele mesmo diz. O caçador foca-se em um
corredor que o grupo de Mancha Negra e Bodão acabou de
ocupar. Ele não se mexe, nem mesmo pisca. Na primeira vez
em que um suspeito coloca o rosto para fora de uma porta,
observando o movimento, o atirador posiciona o fuzil M-24
sobre uma mureta e prende a respiração. Silêncio. O olhar se
fixa. O vento forte joga terra em seu rosto. Sorte estar usando
os óculos de proteção, que permitem visão noturna.
Assombroso é paciente. Na segunda vez em que o haitiano,
armado, verifica se pode seguir adiante, o caçador tenta adivi-

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nhar os pensamentos do criminoso. O momento é estressante.
Assombroso não relaxa um segundo sequer. Na terceira vez,
quando o bandido expõe a cabeça e começa a correr, é hora de
disparar. O tiro acerta o alvo, que cai logo em seguida, saindo
do campo de visão do caçador.
O fuzil do criminoso tomba. Mesmo sem vê-lo, Assom-
broso sabe que o homem está morto, pois, daquela distância,
cerca de 300 metros da vítima, costuma sempre acertar em
cheio o tórax e o crânio do alvo. A imagem do rosto do ho-
mem atingido, gravada antes do disparo, ficará para sempre
em sua memória.
Ao passar pelo local e ver o corpo no chão, uma mulher
grita. Com um cabo de aço, outro integrante da gangue de
Belony tenta puxar a arma caída. Como sabe que os brasileiros
não atiram em pessoas desarmadas, o criminoso larga o fuzil
que leva consigo e passa calmamente em frente ao atirador
para recolher o corpo do companheiro abatido.
Bodão fica andando entre os atiradores para conferir a
situação e, ao se esconder, acaba esbarrando nos soldados
entrincheirados.
“Porra, Bodão, se liga. Você já me fez perder dois!”, grita
Assombroso para o subcomandante do DOPaz, que se juntou
aos caçadores após a tentativa de invasão da casa.
“Pô, Assombroso, o que você quer que eu faça? Preciso
passar”, reage o capitão.
Observados pelo atirador a pelo menos 80 metros a sudoes-
te da casa azul, bandidos vestem toucas ninjas e coletes bege
similares ao da Polícia Nacional Haitiana (PNH), procurando
confundir os capacetes azuis. Em seguida, Assombroso vê
vários criminosos correndo à sua frente em um campo aberto.
Armados, eles atravessam rapidamente as vielas de Cité Soleil
e escondem-se entre as casas. O caçador não dispara por saber

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que a bala, de alto calibre, não iria parar tão cedo, perfurando
as finas paredes de zinco e madeira das habitações.
Assombroso posiciona novamente o M-24 e aguarda a
hora certa de agir. Se disparar no momento errado, colocará
em risco sua vida e a de outros militares. Mais um bandido é
eliminado naquele momento. Assombroso conta: é o sétimo na
operação. O atirador, pai de três filhos, lembra-se que seis me-
ses de trabalho na missão de paz ainda o esperam pela frente.
Ao perder mais um integrante da gangue, Pierre Belony
reage. Centenas de disparos começam a acertar ininterrup-
tamente as paredes das casas onde estão os brasileiros. Na
porta que dá acesso a um dos corredores da casa azul, um
cabo, também spotter, está deitado no chão quando rajadas
de metralhadora são ouvidas. Os tiros atravessam todo o se-
gundo andar da antiga escola e colidem contra um poste de
sustentação, passando de raspão pela cabeça do praça. O medo
da morte ronda os pensamentos de todos pela primeira vez.
“Filho da puta! Bodão, resolve logo essa porra, antes que
alguém seja atingido”, reage, preocupado, Assombroso.
Gritos invadem então a frequência do rádio do grupo.
“Louco está ferido! Louco está ferido! Louco está ferido!”

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