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Capitão-de-Fragata Telmo – O meu primeiro contato na área da Guerra de Minas (GM) se deu quando após
terminar o curso de aperfeiçoamento em Máquinas, no CIAW, em fevereiro de 1993, fui designado para o
Comando do Segundo Distrito Naval (Com2ºDN) e, posteriormente, no ComForMinVar, para ser Chefe-de-
Máquinas do NV Aratu. No período que passei na ForMinVar, de 1993 a 1998, exerci as funções de CHEMAQ e
Imediato de NV. Neste mesmo período realizei os cursos de Varredura e Guerra de Minas para Oficiais. Após 11
anos, fui intencionado pelo CM para comandar a ForMinVar. Creio que, além de atender aos critérios
estabelecidos pelo CM, o fato de ter servido na FMV tenha pesado na minha designação para o Comando. O que
confesso ter sido uma grande alegria e satisfação, pois era um desejo desde da época de tenente, que eu tinha.
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O interesse pelas ações de Contra Medidas de Minagem (CMM) e, mais amplamente, pela GM, surgiu no período
que passei na FMV. Assim sendo, mesmo no período que estive fora da ForMinVar procurava ler e obter outras
informações nessa área, o que tive oportunidade de fazer com mais profundidade quando fui servir no Comando
de Operações Navais, na Subchefia de Operações, quando exerci a função de Encarregado dos meios de
Superfície e cumulativamente era responsável pelos assuntos afetos a GM.
Destaco que a GM, na MB, não é reconhecida como especialização, embora já tenham sido realizados estudos
que propunham isto.
O interesse foi se desenvolvendo naturalmente, com a participação nas Operações Dragão, UANFEX,
DEPORTEX, Operação Águas Claras, pelo comprometimento de toda tripulação com a faina de CMM e pela faina
marinheira requerida. O fato de saber que somente a FMV detém a capacidade de CMM e de ser capaz de operar
em toda costa brasileira, garantindo o acesso aos portos e terminais estratégicos, também fomentou o meu
interesse.
varredores e caça-minas, a capacitação para a caça de minas. Neste campo já estamos operando com o sidescan
sonar, responsável pela obtenção da imagem do fundo do mar. Todas essas atividades estão sendo realizadas
com o apoio da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), do Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM) e do
Grupo de Avaliação e Adestramento a Guerra de Minas (GAAGueM), dentre outras OM parceiras.
PN – Existe alguma programação para difusão do conhecimento de Guerra de Minas para os alunos da Escola
Naval?
CF Telmo – Afirmativo. Em 2009, um Grupo de Trabalho constituído por representantes de várias OM do Setor
do Material e do Setor Operativo estudaram e apresentaram subsídios para o aperfeiçoamento e o futuro da GM
na MB. Dessa forma, uma das ações proposta no documento gerado foi que a GM fosse amplamente divulgada
nos cursos de Carreira e de aperfeiçoamento para Oficiais, com o nível de abordagem adequado ao respectivo
curso.
Acima à esquerda, a mina MFI, de influência acústico-magnética e à direita, a mina de fundeio de contato (MFC).
De projeto nacional, com tecnologia do IPqM (Instituto de Pesquisas da Marinha), podem ser utilizadas em
profundidades de 15 a 100m e programadas para ficarem inertes por um período de tempo, com ativação
posterior. A MFI pesa 680kg e a MFC, 770kg. Ambas levam 160kg de explosivo Trotil.
PN – A ForMinVar participou com seu conhecimento no desenvolvimento das novas minas nacionais MFC e
MFI?
CF Telmo – A ForMinVar tem uma participação restrita. Por se tratar de Força operativa ela contribui apoiando
com os seus meios e com seus equipamentos de varredura.
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PN – Qual a sua opinião sobre o emprego de helicópteros nas operações de contra-minagem? Há algum estudo
no Brasil sobre isso?
CF Telmo – Com o histórico de proporcionar grande flexibilidade a uma Força Naval, e sempre responder bem
aos requisitos de uma variedade de missões, a capacidade das aeronaves de asa rotativa vem sendo ampliada,
contribuindo para a remoção do homem da cena de ação das operações de CMM. Os sistemas incorporados aos
helicópteros MH-60S, dos EUA, proporcionam às aeronaves potencialidades para cumprimento das mais
variadas missões, sejam elas de varredura, caça ou a neutralização de minas.
Desse modo, aproveitando-se da experiência que a MB tende a adquirir, em virtude da aquisição, junto à
marinha dos EUA, da aeronave de multi-emprego S-70B Seahawk (outra das versões do Sikorsky SH-60
Seahawk), vislumbra-se, em um horizonte temporal não muito distante, a possibilidade de fornecer aos nossos
navios da Esquadra tal capacitação orgânica de CMM, além de versatilidade, agilidade e ampla possibilidade de
realização dessas operações junto ao nosso litoral.
Em 2009, no Grupo de Trabalho criado, foi apresentado pelo GAAGueM, ao ComOpNav, um estudo técnico sobre
a viabilidade do emprego dessa ANV (SH-60) nas CMM.
PN – Poderia citar tecnologias para as contramedidas de minagem que considera vitais para os futuros caça-
minas brasileiros?
CF Telmo – Casco amagnético, pequenas assinaturas acústica, magnética e de pressão, um Sonar (última
geração); Sistema de posicionamento dinâmico e de navegação alternativo, cartas eletrônicas interligadas com o
Sistema Tático de bordo, ROV, AUV, sonar sidescan, capacidade de defesa anti-aérea (de ponto), câmara de
descompressão e, se possível, alguma capacidade de varredura. Destaco que o casco amagnético pode ser de
madeira ou Glass Resistent Plastic (GRP).
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PN – O PEAMB contempla a aquisição de novos navios-varredores e caça-minas. O senhor poderia dar algumas
especificações desejadas para esses navios?
CF Telmo – Varredores – Casco amagnético, pequenas assinaturas acústica, magnética e de pressão, Sistema de
posicionamento dinâmico e de navegação alternativo, cartas eletrônicas interligadas com o Sistema Tático de
bordo, Sistema de varredura mecânica para águas profundas, Dyads (para simulação de assinaturas magnéticas)
e um simulador mecânico de assinaturas acústicas Australian Acoustic Generator (AAG).
Tanto os Dyads, quanto o AAG, podem ser operados por outras embarcações (possibilita serem operados também
pelos caça-minas).
Como tal equipamento não atendia às especificações exigidas pelas atividades de CMM, estabeleceu-se uma
parceria de modo a apresentar um novo projeto à FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) do MCT. Este novo
projeto, já atendendo às especificidades da GM, foi confeccionado com a colaboração do Comando do Segundo
Distrito Naval, por meio do GAAGueM, tendo sido contemplado no Programa de Subvenção Econômica 01/2009,
na área de Defesa Nacional.
O SIRI (Submarino Integrado para Resgate e Investigação) estará capacitado a executar as seguintes funções:
Aproveito a oportunidade de colocar a ForMinVar à disposição para os pesquisadores e instituições que queiram
ou estejam desenvolvendo projetos semelhantes, a fim criarmos uma parceria.
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Tripulação do NV Albardão reunida, comemorando o recebimento do prêmio Echo de eficiência, no dia do
Aniversário da ForMinVar
PN – Como é feito o treinamento de praças para o trabalho nos navios-varredores? Quais são os cursos
específicos?
CF Telmo – O treinamento é feito por meio de adestramentos teóricos e práticos realizados no âmbito da
FORMINVAR. Os militares, que são designados para servir nesta Força, são inscritos no curso de varredura para
praças, quando então conhecem o material empregado para cada tipo de varredura (magnética, acústica ou
combinada), de acordo com a profundidade a varrer, e na preparação para o lançamento e recolhimento de bóias
de demarcação do canal varrido. Fora isto, a parte prática é realizada a bordo por meio de saídas tipos, com os
navios em apoio ao curso.
PN – E o preparo dos oficiais, como é feito? Quanto tempo um oficial permanece na Força?
CF Telmo – O preparo dos Oficiais é parcialmente semelhante ao de praças. Todos os Oficiais fazem o curso de
varredura para Oficiais e depois como imediato ou Comandante são inscritos também no curso de Guerra de
Minas. Complementando a formação, existe uma seleção interna para indicação de cursos ou embarque em
marinhas estrangeiras.
O tempo de permanência varia de acordo com a função exercida pelo Oficial. O CheMaq se for 2º tenente ficará
no máximo 2 anos, depois o Oficial desembarca para o curso de aperfeiçoamento. Caso já venha como 1º Ten
aperfeiçoado, poderá ficar até cinco anos, se for designado para Imediato. Caso seja designado para exercer a
função de Imediato do navio são dois anos e para Comandar é de um ano, podendo após o Comando passar a
compor o Estado-Maior da FORMINVAR.
A rotatividade dos Oficiais está intimamente ligada aos cursos de carreira e ao interesse do serviço em atender
ao Comando- em- Chefe- da -Esquadra.
Destaco que, pelo fato de não ser uma especialização, o compromisso é curto. No caso da Marinha Americana
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diferente, o Oficial se especializa e passa sua carreira servindo na área específica de sua formação.
Minas de fundeio de exercício SH-60 sendo lançadas pela corveta Caboclo
PN – Que navios da Marinha do Brasil podem executar missões de minagem? Existe algum plano de
desenvolvimento para o lançamento de minas por aeronaves?
CF Telmo – Atualmente a MB possui alguns navios distritais que podem e são preparados para isto. Em caso de
conflito, também, podemos usar navios tipo Off-shore.
Ressalta-se que qualquer plataforma improvisada, até mesmo embarcações de pequeno porte, como pesqueiros,
podem ser utilizados como navios mineiros, devido à diminuta complexidade envolvida nas minas propriamente
ditas, e em seu efetivo lançamento.
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Mina MK 62 QuickStrike sendo lançada de um P-3C Orion
A FAB, recentemente, adquiriu um lote de aeronaves do tipo P-3AM Orion, que possuem capacidade de realizar
lançamento de todos os tipos de minas americanas. Apesar disto, não foi concluída a escolha do tipo de mina a
ser adquirida para utilização pelo 1º/7º Esquadrão de Patrulha, sediado em Salvador, que receberá as novas
aeronaves. No ano passado, foi solicitado, ao GAAGueM, pelo 1º/7º, um adestramento sobre a GM. Oportunidade
que permitiu o debate sobre o assunto.
1. A mudança do nome da Força de Minagem e Varredura para Força de Contra Medidas de Minagem (FCMM);
4. A FCMM voltaria a ser comandada por um Capitão-de-Mar-e- Guerra e, subordinada a FCMM, o CGM que
seria dirigido por um Capitão-de-Fragata. A FCMM seria responsável pelos meios propriamente dita, a parte
operativa e prática e o CGM pela doutrina e pelo conhecimento técnico.
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