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Boletim técnico da Produção de Petróleo, Rio de Janeiro - volume 3, n° 2, p.

327-350 o

y Emmanuel Franco Nogueira y Alexandre Thomaz Borges y Cipriano José de Medeiros Júnior y Rogério Diniz Machado
y Ebenézer Viana de Souza
Base Torpedo – um novo método para
instalação do revestimento condutor
/Torpedo Base – a new method for installation of
a conductor casing

resumo
PALAVRAS-CHAVE: Nos últimos anos, a Petrobras vem otimizando e reduzindo o custo
dos sistemas de ancoragem por meio da utilização de estacas-torpedo.
†† ancoragem
†† revestimento condutor
Esse tipo de âncora consiste em uma estaca tubular lastreada com mate-
†† Base Torpedo rial pesado que é instalada a partir de um rebocador, num processo que
†† cabeça de poço aproveita a energia gerada pela queda livre da estaca. Esse é um conceito
†† embarcação de manuseio de ancoragem de baixo custo, de simples fabricação e instalação. Mais
de âncoras (AHTS) de duzentas estacas-torpedo foram instaladas na costa brasileira nos
últimos quatro anos. Baseado no sucesso das estacas-torpedo para an-
coragem, o Departamento de Exploração e Produção da Petrobras (E&P)

abstract
KEYWORDS: In the last years, Petrobras has been optimizing and reducing the cost
of the mooring systems through the use of torpedo anchors. It consists of
†† mooring
a tubular pile with heavy weight ballast, installed by a process that uses
†† conductor casing
†† Torpedo Base the energy generated by the free fall of the pile from a supply vessel. It
†† wellhead is a low cost anchoring concept, with simple fabrication and installation.
†† anchor handling tug and supply More than two hundred torpedo anchors were installed offshore Brazil
(AHTS) in the last four years.
Based on the success of the torpedo anchors for mooring purposes
Petrobras Exploration and Production department decided to employ
the same idea for installing the conductor casing. The benefit was that
this installation could be accomplished from an anchor-handling vessel
saving important rig time. Another advantage with this installation me-
thod is a better foundation provided since no soil is removed during this
process.
The paper will provide an overview of Petrobras Torpedo Base ex-
perience in the Albacora Leste field as well as a few other applications
of this technology for the production side. After the final installation of
two prototypes in the Albacora Leste Field, in Campos Basin, at the end

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o Estudo de desempenho de Base Torpedo – um novo método para instalação do revestimento condutor índice de desempenho – Nogueira et al.

decidiu empregar a mesma idéia para a instalação do (gerências responsáveis pelos campos de petróleo
revestimento condutor. O grande benefício disso seria localizados naquela bacia), num total de 18 Bases
o fato de a instalação poder ser realizada a partir de Torpedo. As dificuldades relacionadas à contratação
um rebocador, economizando um tempo de sonda de serviços e à logística enfrentadas para viabilizar a
considerável. Outra vantagem desse método, se não instalação do equipamento fizeram com que a área
a mais importante, seria a obtenção de uma melhor tecnológica do E&P optasse pelo acompanhamento da
fundação para o poço, uma vez que não há remoção aquisição e da instalação dessas 18 bases, de modo
do solo durante o processo de instalação da base, mas a assegurar uma transição suave entre os autores do
sim a compactação do mesmo ao redor do revesti- projeto e os técnicos responsáveis pela operação do
mento condutor. este trabalho apresenta uma visão equipamento, garantindo, assim, a consolidação da
geral da experiência da Petrobras com as Bases Torpe- tecnologia. Este trabalho relata a experiência da Pe-
do no campo de Albacora Leste bem como algumas trobras com as Bases Torpedo durante a instalação das
outras aplicações dessa tecnologia do ponto de vista 18 bases em diversos campos da bacia de Campos,
da produção. Após a instalação em definitivo de dois ao longo de quase dois anos. Serão apresentados os
protótipos no campo de Albacora Leste, na bacia de problemas ocorridos, suas soluções e as melhorias
Campos, no final de 2004, o projeto da Base Torpedo implementadas para otimizar não só o equipamento
foi aprovado pelos clientes e pela área tecnológica da como também o seu processo de instalação.
Petrobras, tendo a sua compra solicitada por cinco ativos

introdução
abstract
of 2004, the Torpedo Base project was approved by No final de 1984, a Petrobras iniciou sua campanha
the clients and by Petrobras’s technological area, em águas profundas na Bacia de Campos, no campo
having its acquisition requested by five assets (mana- de Marlim, utilizando navios-sonda de posicionamento
gement areas responsible for oil fields located in that dinâmico (DP). Entre os muitos problemas relacionados
basin), in a total of 18 Torpedo Base. The difficulties à perfuração em águas profundas − tais como altos es-
related to the hiring of services and logistics faced forços na cabeça de poço, equipamentos inadequados
in order to make the installation of the equipment do sistema de cabeça de poço submarino e falta de
feasible made the E&P technological area to choose experiência com sondas de posicionamento dinâmico
to monitor the acquisition and installation of these 18 (DP) − destaca-se a perda de poços na fase inicial, o que
bases, so as to ensure a smooth transition between causou prejuízos consideráveis à Petrobras. Muitas ações
the project authors and the technicians in charge of foram feitas com o objetivo de reduzir esses problemas:
operation of the equipment, ensuring, therefore, the novos equipamentos específicos para as condições do
consolidation of the technology. This paper reports campo foram projetados, uma extensa campanha para
Petrobras’s experience with Torpedo Bases during amostragem do solo foi realizada, procedimentos ope-
the installation of these 18 bases in several fields in racionais adequados foram escritos etc.
Campos Basin, throughout almost two years. There À medida que tais ações foram sendo implemen-
shall be presented the problems faced, solutions tadas, o número de poços perdidos na fase inicial foi
for them and improvements implemented aiming at sendo reduzido consideravelmente, mas não totalmente
optimizing not only the equipment but also its ins- eliminado; de tempos em tempos alguns poços conti-
tallation process. nuaram sendo perdidos.
Diante disso, um grupo de engenheiros visando
(Expanded abstract available at the end of the paper). a melhorar o desempenho da perfuração de poços,

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principalmente em seu início, decidiu utilizar a expe- • Base Torpedo (fig. 2);
riência da Petrobras com as estacas-torpedo utilizadas • Torpedo (fig. 3).
para ancoragem, adequando-as à operação de início da
perfuração de poços de petróleo. A idéia consistiu na A base propriamente dita é composta por juntas de
instalação do revestimento condutor de 30” ou 36” de revestimento condutor soldadas, tendo no topo um alo-
diâmetro antes da chegada da sonda DP à locação. Isso jador padrão de baixa pressão. Após diversas análises de
poderia ser feito com o uso de embarcação de manuseio solo realizadas na Bacia de Campos, ficou decidido que
de âncoras (anchor handling tug and supply – AHTS), um comprimento de 18m de revestimento condutor de
dotado de um sistema DP, com o apoio de um veículo 30”, com quatro aletas de grande largura, defasadas de
de operação remota (ROV), quando da delimitação da 90° seriam suficientes para produzir uma força de atrito
locação com bóias. Tal processo economizaria uma maior que aquela produzida por um jateamento padrão
quantia significante, uma vez que a taxa diária de um
navio-sonda, por exemplo, não pode ser comparada à
uma embarcação do tipo AHTS. Além disso, o tempo
para a perfuração do poço é reduzido de um dia a um
dia e meio, devido ao fato de o revestimento condutor
já estar instalado quando a sonda chega para perfurar
as demais fases do poço.
A instalação do revestimento condutor, utilizando
o método de ancoragem como alternativa ao jatea-
mento do mesmo, tem seu fundamento na obtenção
de uma maior força de atrito obtida entre o solo e o
revestimento. Isso acontece devido ao fato de não
haver remoção do solo durante a instalação da Base
Torpedo, mas sim a compactação do mesmo ao redor
do revestimento condutor, causando uma perturbação Figura 1 − Conjunto Base Torpedo.
menor ao solo e, consequentemente, uma melhor in-
Figure 1 − Torpedo Base assembly.
teração com a parte externa do revestimento.
A cravação é uma técnica que usa um martelo,
transferindo sua energia para o revestimento pelo
impacto no seu topo, provocando uma força compres-
siva. A ação dessa força irá empurrar gradualmente o
revestimento para dentro das formações superficiais.
Entretanto, a maneira mais barata de cravar o revesti-
mento é utilizando-se um peso em queda livre.
A Base Torpedo foi projetada de modo a ter for-
mato e peso tais que permitam a penetração quase
total do revestimento condutor no solo marinho,
quando lançada em queda livre; em seu interior, um
torpedo − que atua como uma espécie de martelo − é
usado para bater no topo da base até que esta atinja
a sua profundidade final de cravação. O conjunto Base Figura 2 − Base Torpedo.
Torpedo (fig. 1) foi projetado com dois componentes
principais: Figure 2 − Torpedo Base.

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o Estudo de desempenho de Base Torpedo – um novo método para instalação do revestimento condutor índice de desempenho – Nogueira et al.

acontecimento, é importante saber que o revestimento


condutor é mantido no lugar pelo atrito do solo com sua
parede externa. Um apoio muito pequeno é fornecido
pela área da coroa circular formada pela seção transver-
sal da extremidade inferior do revestimento. A força de
atrito total deve ser maior do que o peso da base guia
de perfuração somado ao peso dos revestimentos de
36” ou 30” e 13 3/8” mais o peso dos alojadores de
baixa e alta pressão. Caso o valor da força de atrito seja
menor do que o peso total do sistema de perfuração, a
cabeça de poço afundará e um novo poço precisará ser
perfurado. Como alternativa a este problema, adota-se
Figura 3 − Torpedo. a prática de cimentar o revestimento de 13 3/8” com
o mesmo tracionado, enquanto aguarda-se a pega do
Figure 3 − Torpedo. cimento.
de um revestimento condutor de 36m de comprimento. Então, para lidar com situações onde é provável que,
As aletas e suas terminações de topo também são res- após o jateamento, resultem em uma baixa força de atrito
ponsáveis pela alta resistência da cabeça de poço, com entre o solo e o revestimento condutor e ganhar tempo
capacidade para absorver os altos momentos fletores nas operações de início de poço, a Petrobras decidiu ava-
provocados pelos risers de perfuração utilizados em liar a utilização do método de ancoragem com estacas
águas ultraprofundas. para a instalação do revestimento condutor. Tal método
O torpedo consiste em dois tubos concêntricos é o procedimento mais comum utilizado hoje em dia na
soldados a uma parte superior chamada cabeça. O ancoragem de unidades flutuantes de produção e usa
tubo externo possui um diâmetro de 26” e o diâmetro embarcações de manuseio de âncora que possuem uma
do tubo interno depende do peso necessário para o taxa diária consideravelmente menor, quando comparada
martelamento. a das unidades de posicionamento dinâmico (cerca de
5 vezes menos).
Para se entender quais elementos são necessários

descrição do sistema para o novo método, é importante lembrar que a crava-


ção é uma técnica que usa um martelo, transferindo sua
Base Torpedo energia para o revestimento pelo impacto no seu topo e
provocando uma força compressiva. A ação dessa força
irá empurrar gradualmente o revestimento para dentro
O projeto de poço padrão para águas profundas na das formações superficiais. Para aplicações offshore, os
Bacia de Campos é 36”/30” x 13 3/8” x 9 5/8” x 7” (op- martelos evoluíram de taxas de aplicação de energia
cional). Normalmente, o revestimento condutor de 36” de 27.645 para 290.272m-kg. Martelos para esse tipo
ou 30”, com 36m de comprimento, é instalado com a de aplicação podem ter acionamento a ar/vapor, por
perfuração do poço e a posterior cimentação do revesti- motor a diesel ou hidráulico.
mento ou do jateamento do revestimento, dependendo No caso específico da Base Torpedo, os martelos
das condições do solo de cada locação. hidráulicos poderiam atuar como bate-estaca, mas, em
O jateamento em solos argilosos é confiável na função do seu elevado preço de aluguel, do tempo
maioria dos casos e é adotado no mundo todo, mas, perdido e devido a problemas no sistema hidráulico,
de tempos em tempos, pode ocorrer um solo muito ficou claro que essa não seria a melhor opção. Por-
pobre que cause a perda do poço. Para entender esse tanto, a maneira mais barata de cravar o revestimento

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seria por meio da utilização de um peso em queda base pelo contato da parte inferior do anel da ca-
livre. Esse dispositivo deveria ser projetado de beça do torpedo com o topo do anel que envolve
modo a ter formato e peso tais que permitissem a o alojador de baixa pressão. Isso deverá acontecer
penetração quase total do revestimento condutor até que todo o sistema atinja a profundidade final
no solo marinho e evitasse problemas de logísti- de cravação deixando o topo do alojador na altura
ca, tais como espaço no convés da embarcação, desejada em relação ao fundo do mar.
capacidade dos guindastes dos portos, transporte Para o primeiro teste, o diâmetro externo do
rodoviário etc. Baseado nessas premissas, o con- tubo interno utilizado foi de 13 3/8” e o espaço
junto Base Torpedo foi projetado com dois com- anular entre os tubos foi preenchido com uma mis-
ponentes principais: tura de cimento e granalha, conferindo ao torpedo
No topo do revestimento condutor, quatro cha- um peso total de 20t. Outros tipos de misturas
pas laterais conectadas às aletas formam uma caixa podem ser utilizados, mas um importante aspecto
especial ao redor do revestimento, constituindo-se a ser considerado na seleção dos componentes das
no que é chamado de freio geomecânico. Esse freio misturas é que o centro de gravidade do torpedo
tem a função de permitir a penetração do solo em seja o mais baixo possível.
seu interior até que aconteça o embuchamento, O torpedo trabalha dentro da Base Torpedo,
freando a descida do conjunto Base Torpedo. Tal mais precisamente no interior do revestimento
comportamento fornece à Base Torpedo uma gran- condutor, e assenta numa área especialmente pro-
de capacidade de suportar esforços, principalmente jetada ao redor do alojador de baixa e num nível
se esses forem feitos de cima para baixo. mais baixo que o topo deste. Essa área é de grande
A colocação do freio geomecânico na posição importância, uma vez que é projetada de modo a
correta é de grande importância para o posiciona- evitar qualquer tipo de dano ao alojador de baixa
mento da Base Torpedo em relação ao fundo do pressão quando o torpedo bate para assentar a
mar. Finalmente, dois suportes (cabeços) soldados base em sua posição final.
em um anel, abaixo do alojador de baixa pressão, Para prevenir o efeito de amor tecimento do
permitem a instalação do sistema de cabos para torpedo durante a operação de martelamento da
lançamento do conjunto. base, o tubo interno do torpedo ficou aberto em
Para facilitar a penetração da Base Torpedo no sua extremidade inferior, permitindo o fluxo de
solo marinho, uma ponteira de ataque foi acres- água pelo seu interior.
centada à parte inferior do revestimento condutor. Após a instalação da Base Torpedo, o torpedo é
Vários materiais tais como cimento, polímeros etc. recuperado e colocado no convés da embarcação,
podem ser utilizados na fabricação da ponteira sendo utilizado na instalação de uma nova Base
de ataque. Atualmente, o material utilizado para Torpedo para início de outro poço.
confecção das ponteiras é o cimento de composi- O conjunto constituído pelo tubo condutor ale-
ção semelhante àquela do cimento empregado na tado, o alojador de baixa pressão e o torpedo é
confecção de sapatas flutuantes. um conceito patenteado (PI-01064614), chamado
Para seleção do melhor perfil de ataque para de Base Torpedo.
a ponteira, com o objetivo de se obter uma pene- Finalmente, é importante mencionar os cuidados
tração da base o mais profunda possível, os enge- tomados durante o processo de fabricação da Base
nheiros decidiram lançar mão dos estudos e das Torpedo, bem como do torpedo, principalmente
experiências obtidas no bem-sucedido projeto das nas operações relativas ao controle de alinhamento
estacas-torpedo, utilizadas na ancoragem. entre as partes, com o objetivo de evitar qualquer
O outro componente do conjunto Base Torpedo tipo de interferência entre as mesmas em qualquer
é o torpedo, responsável por transmitir energia à que seja a situação.

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o Estudo de desempenho de Base Torpedo – um novo método para instalação do revestimento condutor índice de desempenho – Nogueira et al.

projeto e instalação configurações para os cabos do sistema de lançamen-


to. Após esses testes, os resultados confirmaram que o
projeto estava correto e que a configuração dos cabos
A metodologia de projeto adotada para definir o do sistema de lançamento adotada poderia auxiliar na
peso e a geometria da Base Torpedo pode ser descrita manutenção da trajetória vertical do sistema.
da seguinte maneira: Para instalação da Base Torpedo em novos campos
marítimos, testes de avaliação foram realizados com a
• identificação dos carregamentos mais críticos en- finalidade de ajustar a altura de lançamento em queda
contrados na análise do riser de perfuração para livre. Nesses testes, os lançamentos, cerca de três, foram
uma determinada locação; feitos num círculo de 30m ao redor das coordenadas
• definição de uma geometria aproximada para a finais do poço, consumindo um total de 8 a 12 horas de
Base Torpedo, baseada nos resultados dos testes trabalho para a realização de todos os lançamentos. Os
de campo e nas propriedades do solo. A seguir, resultados dos testes, tais como a penetração inicial de-
deve-se realizar uma análise interativa solo x Base vido à queda, os ângulos de inclinação e o desempenho
Torpedo, utilizando-se o programa Pilemicro que do torpedo durante o martelamento da Base Torpedo até
usa um modelo analítico de interação não-linear, a sua posição final, foram considerados consistentes.
curvas P-Y e T-Z (American Petroleum Institute, Caso seja necessário, o primeiro teste do lançamento
1993); em queda livre pode ser monitorado e uma queda de
• análise do revestimento condutor para avaliação uma altura maior que 120m é recomendada para que
da penetração da Base Torpedo, usando-se um seja possível atingir a velocidade crítica do conjunto Base
programa de computador baseado em um modelo Torpedo. Esses dados serão úteis na calibração dos es-
real (True, 1976); tudos de análise de solo, servindo como referência para
• definição do peso total da Base Torpedo e da altura futuras instalações.
de queda, considerando-se a análise da penetra- Após a queda do conjunto Base Torpedo, três si-
ção e a verticalidade do revestimento condutor; tuações podem ocorrer. A primeira e mais provável é
• realização de uma análise não-linear mais deta- aquela na qual todo o conjunto pára antes da posição
lhada, usando-se um programa de análise por esperada, em alguma parte do freio geomecânico. Isso
elementos finitos tridimensional (3D FEM), AEEPE- significa que o topo da Base Torpedo encontra-se entre
C3D, o qual considera uma condição de solo não- 3,5m e 5,0m acima do fundo do mar. Em seguida, após
drenado e aplica o critério de Mohr-Coulomb.

Finalmente, confirmando as etapas do projeto, uma


série de testes de laboratório com um modelo em escala
reduzida do sistema Base Torpedo (fig. 4) foi realizada
para avaliar a trajetória do sistema quando lançado em
queda livre. Os testes foram realizados nas instalações
do Laboratório de Tecnologia Oceânica, localizadas no
campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O objetivo principal dos testes era monitorar os ân-
gulos e as acelerações do sistema Base Torpedo durante
a queda livre. Os lançamentos foram monitorados por
um sistema ótico composto de quatro câmeras e dois
acelerômetros colocados na cabeça do torpedo. Foram Figura 4 − Modelo em escala reduzida.
realizados 43 lançamentos no total, com diferentes
Figure 4 − Reduced scale model.

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a confirmação de que a inclinação encontra-se abai-


xo de 1,5°, pela verificação dos medidores de incli-
nação (MI), os cabos do sistema de lançamento que
conectam o torpedo à base devem ser liberados, de
modo a permitir o martelamento do torpedo no topo
da base, até cravar os metros restantes, deixando o
topo da Base Torpedo na posição correta em relação
ao fundo do mar.
A segunda situação, mais difícil de ocorrer, prevê
a possibilidade de o conjunto Base Torpedo, após a
queda, ficar exatamente com o seu topo na altura
prevista. Neste caso, a única operação necessária
seria a liberação dos cabos do sistema de lançamen-
to que conectam o torpedo à Base Torpedo, após a
confirmação da correta inclinação, e a recuperação
do torpedo.
A terceira situação, e a mais desfavorável, acon-
tece quando o conjunto Base Torpedo afunda alguns Figura 5 − Base Torpedo no convés do AHTS.
metros no fundo do mar. Em tal situação, o melhor a
Figure 5 − Torpedo Base on the AHTS deck.
fazer é retirar todo o sistema e fazer um novo lança-
mento, de uma altura menor, numa locação próxima.
Isso deve-se ao fato de ser difícil recolocar o conjunto
da Base Torpedo em sua posição correta por traciona- estudos de solo e os demais para analisar a desem-
mento, uma vez que a embarcação de apoio AHTS não penho do sistema de lançamento a cabo, operações
possui sistema de compensação de movimentos. de remote operated vehicle (ROV), sistema Base Tor-
pedo, inclinações depois da queda etc. Ao final dos
testes, chegou-se à conclusão que o sistema Base

estudo de caso Torpedo não teve a desempenho esperada. Proble-


mas relacionados ao sistema de lançamento a cabo
(fig. 6), à operação do ROV e ao freio geomecânico
Todo o projeto, incluindo os testes, foi patrocinado levaram os técnicos da Petrobras a reprojetar alguns
pelo ativo de Albacora Leste. A idéia dos testes iniciais elementos do sistema.
era conduzir uma série de testes, limitada a seis dias de O conjunto Base Torpedo foi trazido à terra e en-
operação AHTS para calibrar a altura de lançamento, viado a um fabricante local. Após algumas reuniões
coletar dados para calibrar os estudos sobre o solo, da equipe do projeto, uma série de modificações foi
avaliar as dificuldades das operações realizadas no implementada pelo fabricante. Dentre as modificações
convés da embarcação (fig. 5), obter dados de atrito realizadas, podem ser destacadas as seguintes:
lateral revestimento condutor x solo e avaliar o de-
sempenho do sistema de lançamento a cabo. • reposicionamento do freio geomecânico;
Depois de uma semana de trabalho, 13 testes de • modificação no conceito do torpedo;
lançamento em queda livre, numa lâmina d’água (LDA) • instalação de novos suportes para o sistema de
em torno de 1.330m, foram realizados nas proximida- lançamento a cabo;
des da locação. Os dois primeiros testes foram feitos • modificação da geometria e dos materiais do sis-
com o objetivo de coletar dados para calibração dos tema de lançamento a cabo.

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Figura 6 − Lançamento da Base Torpedo. Figure 7 − Base Torpedo no fundo do mar.

Figure 6 − Launching of the Torpedo Base. Figure 7 − Torpedo Base at the bottom of the sea.

Depois de um mês de reparo, o sistema Base Torpe- pela coluna, com o auxílio da ferramenta Jetcam, a
do estava pronto para enfrentar um segundo teste de Base Torpedo resistiu até 95.000lb, quando subiu
campo. Novamente, o campo escolhido para realização cerca de 10cm. Cessado o esforço de tracionamento
desse teste foi o de Albacora Leste. e arriado peso parcial sobre a base, esta retornou ao
em 25.11.2004, novos testes foram executados, seu lugar sem que nenhum tipo de subsidência fosse
levando um total de 12 horas para fazer três lançamen- observado durante a cimentação do revestimento de
tos experimentais, num círculo de 30m ao redor da 13 3/8”, realizada com a coluna tracionada. Segundo
locação definitiva. Esses testes foram totalmente bem- os fiscais que acompanharam a operação, tanto a
sucedidos e, então, decidiu-se deslocar o AHTS para a pequena subida da base como a cimentação com a
locação definitiva do poço para fazer a instalação da coluna tracionada são operações também realizadas
Base Torpedo. com a base de jateamento.
A primeira Base Torpedo foi instalada com sucesso Finalmente, a instalação da segunda Base Torpedo,
(figura 7), com os medidores de inclinação indicando também no campo de Albacora Leste, foi realizada
um ângulo máximo de 0,5°, sendo necessários 27 mi- num tempo ainda menor que a primeira. Após a ins-
nutos de martelamento para se atingir a profundidade talação, os ângulos de inclinação da base ficaram em
final de cravação e uma força de atrito − verificada 0,25° e a força de atrito, observada durante a retira-
durante a retirada da base depois de uma hora de da da base, foi de 75t (165.000lb) após uma hora de
espera para recomposição do solo ao redor da base espera para a recomposição do solo.
− de 43t (94.600lb). Para dirimir de uma vez por todas qualquer dúvida
O poço foi perfurado até a zona de interesse e a respeito da capacidade de carregamento da base, em
nenhum tipo de subsidência foi verificado com a Base fevereiro de 2005, foi feito um teste de carga para ava-
Torpedo, confirmando a viabilidade desse tipo de ins- liar essa capacidade. O teste foi realizado utilizando-se
talação. O poço foi devidamente completado de modo a mesma embarcação de apoio utilizado na instalação.
a permitir a injeção de água no reservatório. O procedimento de teste previa a reentrada no poço,
Antes de ser iniciada a perfuração do poço, por com o auxílio do torpedo, e a reconexão dos cabos do
opção do ativo, foi realizado o tradicional teste de sistema de lançamento para permitir o tracionamento de
overpull, mais conhecido como teste do puxão. Puxada todo o conjunto. O fato da embarcação não possuir um

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sistema de compensação de movimentos trouxe alguma um técnico da área de cabeça de poço; já a compra e a
dificuldade para a operação, mas, após algumas horas movimentação dos equipamentos seriam de responsa-
de operação, os cabos foram finalmente reconectados. bilidade da Gerência de Equipamentos Submarinos.
O resultado do teste de tração, com o sistema Base Embora a definição dos papéis tenha sido impor-
Torpedo sendo puxado pelo guincho da embarcação, tante, na prática foram observados alguns pontos de
foi uma força acima de 150t, sem que o sistema expe- melhoria no processo, sendo o principal deles o que
rimentasse qualquer tipo de movimentação. envolve a montagem da base, o seu envio para o porto
Diante de tais resultados, a perfuração desse segundo e o retorno dos torpedos para nova montagem.
poço foi realizada sem mais problemas, com a cimen- Conforme pode ser visto na seqüência operacio-
tação do revestimento de 13 3/8”, com todo o peso da nal praticada (anexo 1), a montagem do torpedo no
coluna arriado sobre a base, sem a necessidade de se interior das bases e o posterior envio das mesmas,
manter a coluna tracionada. junto com os medidores de inclinação para o porto
Considerada totalmente aprovada, a Base Torpedo é de responsabilidade do pessoal da área de cabeça
teve sua aquisição solicitada por quatro ativos da Bacia de poço. A partir da chegada dos equipamentos no
de Campos e também pelo E&P-EXP. Para atender tal de- porto, a responsabilidade sobre a movimentação
manda, 18 bases foram compradas para atender aos ati- para embarque dos mesmos passa a ser do pessoal
vos de Albacora Leste, Albacora, Marlim e Espadarte. da ancoragem, que também providencia os demais
O processo para a aquisição das bases começou a materiais utilizados na operação: cabos de poliéster
ser montado pela área tecnológica do E&P no início de high-modulus polyethylene (HMPE), amarras, pinos,
2005 e a primeira das 18 bases foi entregue e instalada elos utilizados para compor as alças de lançamento e
no final daquele mesmo ano. cabos e fitas adesivas usados no sistema de travamento
Apesar do prazo relativamente curto para os padrões das alças de poliéster.
atuais, o processo mostrou-se um tanto quanto compli- Ao final de cada operação, os torpedos e os indi-
cado, devido a mudanças decorrentes da implantação cadores de nível recuperados devem ser enviados de
de um novo sistema integrado de gestão na empresa. volta: os torpedos para a área de montagem, onde
A principal delas e causadora das maiores dificuldades deverão ser montados em novas bases e os medidores
foi a que exigia um coletor de custos (elemento PEP para a área de cabeça de poço.
do poço) para cada base adquirida. Como esse tipo de Como existiam apenas três torpedos em condições
equipamento precisa ser adquirido com antecedência, de uso, dependendo da localização da área de monta-
muitas vezes, a locação ainda não havia sido aprovada e, gem e do tempo para instalação das outras bases, essas
portanto, o elemento PEP encontrava-se bloqueado. operações de movimentação das bases e torpedo deve-
Devido à demanda de novas bases, criada a partir riam ser muito bem sincronizadas para que tudo corresse
do sucesso das instalações realizadas, e com o objeti- de acordo com as necessidades.Esse problema deve ser
vo de evitar problemas futuros, foi feita uma reunião atenuado em parte pela aquisição de mais torpedos,
entre a área de compras e a área técnica. Nesta reu- de modo a se ter sempre um conjunto Base Torpedo
nião ficou acertado que, a partir de então, as novas montado, em condições de instalação imediata; já o
compras seriam realizadas para estoque de centro, problema da área de montagem continua sendo crítico,
não exigindo mais um elemento específico para a sua em função das dimensões e do peso dos equipamentos
aquisição. envolvidos (mais de 20m e cerca de 50t).
Em reunião realizada em Macaé entre técnicos da Isso ficou claro quando, em uma das operações,
área tecnológica do E&P e da Unidade de Serviços a embarcação saiu com duas bases, deixando uma
Submarinos, decidiu-se que a instalação da base fica- terceira no porto. Ao voltar para nova operação, não
ria sob responsabilidade da gerência de ancoragem, pode aguardar o desembarque de um dos torpedos
sendo as seis primeiras instalações acompanhadas por para montagem em outra base que se encontrava na

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o Estudo de desempenho de Base Torpedo – um novo método para instalação do revestimento condutor índice de desempenho – Nogueira et al.

fábrica, pois a movimentação demandaria muito tempo. um com o passar do tempo. Entretanto, por maior
Como a saída levando somente uma base elevaria que seja o conhecimento do solo, é sempre bom
os custos da operação, a embarcação foi desviada que haja uma locação de contingência para o caso
para realização de outras operações, deixando de de problemas na cravação da base. A nova locação
instalar as Bases Torpedo. deve ser fornecida em coordenadas UTM ou por
As bases instaladas foram fabricadas por um for- meio de afastamento da locação original, aliada a
necedor, cuja fábrica localiza-se em Macaé, com uma uma direção preferencial (azimuth), de modo que
grande área para armazenamento e equipamentos o projeto de perfuração direcional seja afetado o
de suspensão de carga adequados à movimentação mínimo possível.
e à montagem das bases, o que viabilizou algumas Para um melhor aproveitamento de recursos críti-
operações nas quais houve pouco tempo entre a cos, como as embarcações de lançamento, e também
confirmação da operação e a saída da embarcação com o objetivo de diminuir os custos de instalação, o
com as bases para instalação. projeto previa a instalação de três bases por viagem.
O procedimento inicial para instalação das Bases Todavia, problemas nos equipamentos de suspensão
Torpedo previa três lançamentos, num raio de 50m de carga no porto de Imbetiba − cujo ângulo da
ao redor da locação definitiva (fig. 8), e um lança- lança é limitado a aproximadamente 90° devido ao
mento na locação definitiva do poço. Os objetivos peso da base − aliados a restrições da embarcação,
dos lançamentos iniciais eram: a calibração da altura impediram que esse objetivo fosse alcançado nas pri-
de lançamento para obtenção de uma profundidade meiras instalações (fig. 9). Somente com a chegada
adequada de cravação e a verificação do compor- de uma nova embarcação para apoio aos serviços
tamento do sistema de uma maneira geral, princi- de ancoragem foi possível alcançá-lo (fig. 10).
palmente quanto a sua inclinação, verificada após O procedimento para preparação da alça
cada um dos lançamentos. de lançamento previa a utilização de uma chapa
À medida que um maior conhecimento do solo triangular à qual eram conectados: o cabo principal
vai sendo adquirido, esses lançamentos tendem a de trabalho, ligado ao tambor do guincho princi-
diminuir, devendo chegar a zero ou no máximo a pal da embarcação, uma seção de amarra, presa

Lançamento 02
Lançamento 01
Figura 8 − Pontos para lançamentos
de calibração.
50m Locação 2II (projeto)
2II COORDENADAS USBL Figure 8 − Points for calibration
N= 7.559.045m
E= 413.104m launching.
LDA= 1.164m
DIST. 6,7m AZ. 25 graus
para as coordenadas de
projeto

Lançamento 03

o 336
Boletim técnico da Produção de Petróleo, Rio de Janeiro - volume 3, n° 2, p. 327-350 o

à extremidade superior do torpedo e, no terceiro


vértice, a polia, pela qual passava o cabo HMPE
cujas extremidades eram conectadas aos cabeços
localizados no corpo da base.
Essa configuração mostrou-se inadequada, pois
a amarra, quando da queda do sistema, forçava os
cabos de poliéster a saírem dos cabeços e/ou dani-
ficava os medidores de inclinação. Posteriormente,
tais problemas foram resolvidos com a substituição
da amarra por um cabo de poliéster.
Basicamente, existem duas maneiras de se instalar
a Base Torpedo: lançamento do conjunto com velo-
cidade controlada ou em queda livre. Em ambos os
casos, o martelamento feito com o torpedo, após a
confirmação de que tanto a profundidade de crava-
ção inicial como a inclinação da base estão dentro
dos limites estabelecidos, também pode ser feito
de duas formas: com o guincho principal travado,
aproveitando o movimento das ondas para bater ou
lançando somente o torpedo em queda livre.
No lançamento com velocidade controlada, o
conjunto Base Torpedo é descido até uma deter-
minada altura do solo (fig. 11), de onde é lançado,
Figura 9 − Embarcação com duas Bases Torpedo. utilizando uma velocidade predeterminada de des-
cida do guincho principal da embarcação. Já para
Figure 9 − AHTS with two Torpedo Bases. os lançamentos em queda livre (tiros), uma alça de
tiro (fig. 12) é preparada de modo que, uma vez li-
berado, o sistema caia sem nenhuma interferência
do guincho. Neste caso, há que se ter o cuidado du-
rante a montagem da linha de trabalho (work wire)
para garantir que a alça de tiro seja formada pela
seção de amarra, evitando o desgaste prematuro
do cabo de poliéster.
Normalmente, tanto o lançamento do conjunto
como as batidas do torpedo para que a base alcan-
ce a sua profundidade final de crava ão podem ser
feitas de modo controlado; o lançamento em queda
livre (tiro) deve ser feito em caso de solos mais
duros (conjunto) e quando o mar estiver calmo, sem
energia para um martelamento eficiente (somente
Figura 10 −
o torpedo).
Embarcação com três Bases Torpedo.
Como em todo e qualquer novo projeto, algumas
Figure 10 − AHTS with three dificuldades foram encontradas para a instalação
Torpedo Bases. das primeiras bases, tais como:

337 o
o Estudo de desempenho de Base Torpedo – um novo método para instalação do revestimento condutor índice de desempenho – Nogueira et al.

embarcação

Os quase dois anos de operação assistida coincidiram


com um forte aumento da demanda por embarcações do
mesmo tipo daquela utilizada para instalação das Bases
k Torpedo devido à necessidade de ancoragem de novas uni-
p dades de produção na Bacia de Campos (FPSO Cidade do
k Rio de Janeiro e P-50). Além disso, esse tipo de embarcação
p é muito solicitado para reparo e recuperação de linhas de
ancoragem; serviços esses que, em geral, são emergenciais.
Com tal concorrência, as bases tinham que aguardar uma
janela no cronograma das embarcações para serem insta-
k ladas, sendo raras as vezes em que o serviço de instalação
p das bases era priorizado em relação aos outros.
k
kk
fabricação
p
. Os dois pontos críticos na fabricação das bases foram
. o nivelamento dos suportes dos medidores de inclinação
e a confecção da ponteira de cimento. O primeiro ponto
aconteceu pelas dificuldades decorrentess das dimensões
do equipamento. Isso ocorreu porque o fabricante optou
Figura 11 − Base Torpedo com linha de lançamento.
por verticalizar o corpo da base para aferir o suporte com
Figure 11 − Torpedo Base with launching line.
o próprio medidor de inclinação montado em seu interior,
garantindo, assim, que o mesmo saísse zerado da fábrica
(fig. 13). O segundo ponto crítico, pelo seu ineditismo, foi
vai para paiol o fato de a pasta de cimento ter sido formulada especifi-
camente para esse projeto e pelo fato de o fabricante não
possuir equipamentos adequados para a sua mistura. Apesar
disso, as ponteiras apresentaram um desempenho mais do
que satisfatório, permitindo a realização dos lançamentos
shark-jaws
BB e BE de teste sem sofrerem nenhum dano e garantindo uma
AHT boa perfurabilidade ao serem cortadas pela broca da fase
seguinte.

definição da locação
linha de cravação
Em algumas instalações, após terem as bases liberadas
pela fábrica e a embarcação garantida, houve dificuldade
alça na confirmação das locações definitivas, fosse pela anteci-
pação da programação feita pela engenharia de poços, ou
Figura 12 − Alça de tiro. fosse pelo desejo da área de reservatórios de encontrar a
melhor posição da cabeça de poço, de modo a possibilitar
Figure 12 − Shoot lay. um mergulho ótimo no reservatório.

o 338
Boletim técnico da Produção de Petróleo, Rio de Janeiro - volume 3, n° 2, p. 327-350 o

Operacionalmente, a dificuldade maior com esse


equipamento está relacionada à sua montagem e à
fixação aos suportes (fig. 14). Isto porque, diferente-
mente da fábrica onde era montado com a base em
posição vertical, na embarcação, o mesmo era monta-
do com a base em posição horizontal, dificultando a
sua fixação.
Em um dos lançamentos, chegou-se a questionar se
a inclinação da base estaria dentro do limite estabele-
cido de até 1,5°, o que foi confirmado posteriormente,
antes de prosseguir a perfuração da fase seguinte.

alças de lançamento

As alças são formadas por um cabo de poliéster que,


Figura 13 − Nivelamento dos su- ao passar pela polia central, forma duas pernas, cada
portes dos medidores de inclinação uma com uma espécie de laço em sua extremidade. Tais
(MI) na fábrica. laços são conectados aos cabeços do corpo da base e
impedidos de se desconectarem por cabos de poliéster
Figure 13 − Leveling of bull’s eyes
de menor diâmetro (1/2”) presos ao corpo da base e à
supports in the plant.
extremidade dos cabeços (travamento das alças).
No início das operações, quando a linha de lan-
medidores de inclinação çamento ainda possuía um trecho de amarra em sua
composição, o peso dessa amarra, no momento da
Esse tipo de equipamento é um acessório funda- cravação forçava as alças de lançamento para fora
mental para a correta instalação das bases, pois é por dos cabeços, partindo os cabos de travamento das
meio dele que a inclinação das mesmas é medida, mesmas. Tal fato causou vários transtornos e algum
validando ou não as suas cravações. tempo perdido, pois, quando isso ocorria em um dos
Por serem também utilizados nos outros tipos de lançamentos de calibração, as alças tinham que ser
base guia de perfuração, jamais constituíram fonte reconectadas com o auxílio do ROV, de modo a per-
de preocupação. Isso aconteceu quando causaram mitir a recuperação da base para posterior lançamento
problemas no início das operações. Primeiro, devido na locação definitiva. Caso fossem necessários mais
à impossibilidade de retirada do medidor de estoque lançamentos de teste ou calibração, as bases tinham
por conta da implantação do novo sistema integrado que ser recolhidas a bordo, numa operação extre-
de gestão; depois, por danos durante os lançamentos; mamente delicada (on boarding), para recomposição
e, finalmente, pela inexistência de peças de reposição do sistema de travamento das alças. Nessa operação,
no estoque. alguns medidores de inclinação, que já eram escassos,
O problema inicial foi resolvido utilizando-se os foram danificados.
medidores existentes a bordo do navio-sonda que iria A mudança do tipo de olhal através dos quais
dar continuidade à perfuração; os danos aos medidores era passado o cabo de poliéster para travamento e
foram evitados com a mudança da alça de lançamento; o reposicionamento dos mesmos (fig. 15), aliados à
a falta de sobressalentes foi atenuada com a recupe- substituição da amarra da linha de lançamento, tornou
ração dos medidores, depois de fotografados, após a o sistema bastante confiável, evitando que as alças
instalação de cada base. escapassem antes do lançamento final.

339 o
o Estudo de desempenho de Base Torpedo – um novo método para instalação do revestimento condutor índice de desempenho – Nogueira et al.

Figura 14 − Montagem dos medidores Figura 15 − Travamento das alças e trava-


de inclinação (MI) a bordo. mento das alças modificado.

Figure 14 − Assembly of bull’s eyes Figure 15 − Locking of lays and modified


onboard. locking of lays.

cravação

Uma vez lançada, a base irá cravar até certa desenvolvimento, acreditava -se que a energia
profundidade, restando uma par te que deverá do conjunto em queda livre seria suficiente para
ser cravada com o auxílio do torpedo, após a li- atravessar essa camada inicial com adensamento
beração das alças de lançamento, até que a base repentino, o que, infelizmente, não aconteceu.
atinja a profundidade final de cravação que deve Em outras ocasiões, a base cravou mais do
ficar entre 18 e 18,5m. que o necessário, tendo que ser retirada para um
Em duas ocasiões, a profundidade inicial de novo lançamento; o que sugere a realização de
cravação ficou muito aquém do ideal para que o mais testes que permitam a tabulação de dados
martelamento pudesse ter início, determinando a de altura de lançamento x dureza de solo para a
retirada da base e inviabilizando a sua instalação obtenção da profundidade final de cravação sem a
naquelas locações. As tentativas de cravação foram necessidade do martelamento ou, caso seja mesmo
feitas dos dois modos citados anteriormente e, necessário, que se martele o mínimo possível.
mesmo com o lançamento em queda livre, quando
a energia para a cravação da base é maior, a cra- falha do sistema
vação não atingiu uma profundidade mínima. de posicionamento (LBL)
Há que se ressaltar que, em ambos os casos,
os estudos feitos pelo Cenpes, baseados em furos Em uma das instalações, a embarcação apresen-
de sondagem próximos às locaçõ es, previram tou problemas em seu sistema de posicionamento
o aumento da dureza do solo a par tir de cer ta long base line (LBL). Como existia a possibilidade
profundidade. As tentativas de instalação foram de reparo do mesmo durante a navegação para
feitas mesmo assim porque, além de servir como locação, a opção foi de se manter a operação já
aprendizado, já que se tratava de um projeto de que, em última instância, poderia ser utilizado o

o 340
Boletim técnico da Produção de Petróleo, Rio de Janeiro - volume 3, n° 2, p. 327-350 o

sistema ultra shor t base line (USBL) para o posi- líquido, duas chapas são usadas para fechar o
cionamento da base na locação definitiva. Este espaço anular: uma na ex tremidade inferior e
sis tema pos sui uma precis ão menor que a do outra na distância requerida.
LBL, mas per feitamente aceitável para as condi- O problema deveu-se à contração do chumbo
ções da operação, segundo parecer dos técni- após o seu resfriamento, com conseqüente dimi-
cos da embarcação em reunião com o fiscal da nuição de volume. Isso fez com que a massa de
embarcação. Os sistemas faziam-se necessários chumbo no anular ficasse sujeita a cargas dinâ-
ao posicionamento da base porque a locação micas durante o mar telamento, tendo seu peso
não se encontrava sinalizada com o triângulo sustentado apenas pela aderência entre chumbo
de bóias. e aço, que não é tão grande assim, e a chapa de
Quando da per furação da fase seguinte, per- fechamento inferior que não foi projetada para
cebeu-se que a base havia ficado afastada cerca esse tipo de carregamento.
de 11m da locação original. Embora não fosse um A solução adotada, nesse caso, foi soldar mais
problema que impedisse a continuidade da per- uma chapa, reforçada por minialetas ver ticais
furação do poço, bastando ajustar o projeto do soldadas à super fície interna do tubo ex terno,
direcional para tal, esse incidente causou alguns um p ouco acima da chapa d e fe chamento da
transtornos, pois, a partir de então, foi exigida a extremidade inferior.
demarcação das futuras locações com o triângulo Para os fornecimentos futuros, o projeto foi
de bóias para que a base pudesse ser instalada. alterado de modo a prevenir que problemas se -
N o entender dos autores, t al pro cedimento é melhantes voltem a ocorrer.
desnecessário na medida em que, muitas vezes,
a embarcação que instala o triângulo de bóias otimização do equipamento
é o mesmo que lança as bases, ou seja, em caso
de problemas no sistema de posicionamento da Previsto inicialmente para poços do tipo slen-
embarcação, o próprio triângulo ficaria fora de der 30” x 13 3/8”, a base possuía no interior do
posição. revestimento condutor uma espécie de carretel
que reduzia o diâmetro de passagem a 18”, su-
falha do equipamento ficiente para a passagem da broca de 17 1/ 2”.
Como em alguns ativos que haviam adqui -
Dentre todas as 18 instalações, houve apenas rido bases, o projeto de per furação de cer tos
um evento de falha do equipamento em si no qual poços era convencional, o carretel que limitava
houve a necessidade de se pescar uma chapa que o diâmetro interno foi retirado, p ermitindo a
se soltou da ex tremidade do torpedo, quando passagem da broca de 26”. Se por um lado essa
este foi recolhido ao final do martelamento para mudança tornou maior o universo para utiliza-
posicionar a base em sua profundidade final. A ção das bases, por outro, trouxe algumas pre -
pescaria foi realizada sem problemas com o au- ocupações que não existiam, como no caso de
xílio de um magneto, numa operação que durou poços slender.
cerca de cinco horas. Uma das preocupações é com o peso da co -
A par te inferior do torpedo é formada por luna de revestimento a ser descida na fase se -
dois tubos concêntricos criando um espaço anular guinte, que deve ser cuidadosamente calculado
entre eles. Este espaço é preenchido com chum- para se verificar o procedimento a ser adotado
bo, até uma determinada distância da extremida- com relação ao seu assentamento sobre o alo -
de inferior, para conferir peso ao torpedo. Para jador de 30”: descarregar todo o peso antes da
limitar o espaço a ser preenchido com o chumbo cimentação ou manter o peso sustentado pela

341 o
o Estudo de desempenho de Base Torpedo – um novo método para instalação do revestimento condutor índice de desempenho – Nogueira et al.

coluna de perfuração enquanto aguarda a “pega” da base não provocaria mudanças bruscas na trajetó-
do cimento. ria prevista para a perfuração do poço. Além disso,
A outra preocupação é que com o aumento do também devem ser previstas algumas locações de
diâmetro interno, a coroa de cimento formada pela contingência para o caso da base não ficar com incli-
passagem da broca de 17 1/2” possa vir a dificultar nação abaixo de 1,5°, podendo até ser outro círculo
a descida do revestimento de 13 3/8”. Esse tipo de concêntrico ao primeiro.
problema foi reportado em uma das primeiras ins-
talações realizadas após a modificação, mas não embarcação dedicada
se repetiu nas demais instalações realizadas sob as
mesmas condições. Com o aumento da demanda de instalações de
Depois de analisar as fotos recebidas e discutir o Bases Torpedo, essa possibilidade deveria ser consi-
problema com os técnicos envolvidos na operação, derada, pois permitiria um melhor planejamento das
os autores deste trabalho concluíram que o proble- operações.
ma muito provavelmente deveu-se à mudança de
posição do navio-sonda no momento da descida do estudos de solo
revestimento. Assim, com a recomendação de que
isso fosse evitado, aliada a cuidados para se manter Embora o solo da bacia de Campos já tenha sido
a centralização da coluna de perfuração no momen- bastante estudado, alguns testes específicos poderiam
to de cortar a ponteira de cimento da base, não foi ser feitos com Bases Torpedo de modo a se obter uma
observado mais nenhum problema de tal ordem. maior previsibilidade quanto à altura de lançamento e
à profundidade de cravação.
Também devem ser estudadas outras bacias como
melhores práticas Santos, Espírito Santo e Sergipe, aumentando o campo
de aplicação das Bases Torpedo. Para esses testes po-
deriam ser utilizados torpedos de amostragem.
definir locações com maior
Outro estudo interessante que poderia ser feito seria
antecedência
a determinação da distância mínima entre o furo dei-
A definição das locações com o máximo de antece- xado por uma base que não atendeu aos requisitos de
dência possível, sem que fiquem sujeitas a mudanças instalação e o ponto definido para a nova tentativa.
de última hora, permitiria programar uma campanha Em uma determinada região da bacia de Campos,
para instalação de várias bases num curto espaço de com solo de elevada dureza, a Bases Torpedo foi uti-
tempo, gerando uma grande economia de escala. lizada pelos técnicos da Ancoragem para avaliar se o
seu sistema de percussão poderia ser adaptado aos
não utilizar o triângulo de bóias torpedos de ancoragem. A cravação da base não atin-
giu a profundidade mínima de cravação, mas o uso do
A substituição do triângulo de bóias por um círculo sistema de percussão nos torpedos de ancoragem foi
imaginário circunscrito ao mesmo ou de diâmetro um aprovado.
pouco maior traria uma enorme economia de tempo
nos casos em que a demarcação do triângulo e a procedimento de instalação
instalação da base venham a ser feitas pela mesma
embarcação, dentro da mesma ordem de serviço. Em campos cujos solos já sejam conhecidos, os
O diâmetro do círculo poderia ser definido pelos lançamentos para calibração da altura da qual a base
responsáveis pelos projetos de perfuração direcional deve lançada devem ser eliminados ou, pelo menos,
de modo que, estando dentro do círculo, a posição reduzidos ao mínimo possível.

o 342
Boletim técnico da Produção de Petróleo, Rio de Janeiro - volume 3, n° 2, p. 327-350 o

Os estudos propostos anteriormente seriam de retorno, haveria mais três conjuntos de bases mon-
grande valia na determinação da quantidade e da tados com o torpedo em seu interior aguardando
altura dos lançamentos. para serem embarcados, enquanto os torpedos da
operação anterior seriam descarregados e enviados
corte da ponteira de cimento à área de montagem para serem encapsulados nas
três bases restantes.
Atentar para a centralização da coluna de per- Esse processo poderia ser repetido tantas vezes
furação e para a posição da sonda no momento do quanto necessário, enquanto houvesse locações, bases
corte da ponteira de cimento. Quando da descida da e embarcações disponíveis.
coluna de revestimento de 13 3/8”, a sonda deverá
estar nessa mesma posição.

armazenamento e montagem
conclusões
Uma área de armazenamento e de montagem A Base Torpedo provou ser um novo e bem-
próxima ao porto pelo qual as bases serão embar- sucedido método de instalação do revestimento
cadas facilita bastante a logística de transporte das condutor. Uma de suas vantagens é a utilização de
mesmas, lembrando que, devido às dimensões e ao embarcações de apoio do tipo AHTS, com uma taxa
peso do equipamento, o seu transporte é especial, diária de aluguel muito menor do que a dos navios-
com limitação quanto aos dias e horários em que sonda tipo DP. Além disso, esse AHTS também pode
podem ser realizados. carregar, manipular e instalar três bases em cerca de
De fato, o ideal seria que essa área fosse localizada quatro dias de operação. Isso custa menos que uma
no próprio porto, porém, caso isso não seja possível, base guia padrão, mais três juntas de revestimento
fatores como a distância entre a área de armazena- com seus respectivos conectores.
mento e a capacidade dos equipamentos de suspensão Além do mais, o resultado mais importante devido
de carga devem ser considerados fortemente durante à adoção desse novo método de instalação é a geração
o planejamento das operações. Em última análise, de- de uma força de atrito maior do que a gerada pelo
ve-se verificar se pelo menos três conjuntos completos método tradicional de jateamento do revestimento
(base + torpedo) podem ser armazenados na área do condutor.
porto. No caso dessas 18 bases, o armazenamento, a A adoção dessa metodologia vai gerar uma eco-
montagem e, por vezes, até o transporte, foram feitos nomia de aproximadamente um dia e meio de sonda,
pelo próprio fabricante do equipamento. contribuindo para um bom desempenho da perfura-
Então, resumindo, a operação ideal para instalação ção do poço.
das bases consistiria em uma campanha com cerca Para terminar, vale ressaltar que esse tipo de insta-
de nove poços definidos com antecedência suficiente lação pode ser utilizado em aplicações para produção,
para serem incluídos no cronograma das embarcações, tais como poços hospedeiros para bombas submari-
garantindo o atendimento na data solicitada para a nas elétricas localizadas nas proximidades dos poços
instalação. A embarcação sairia carregada com três produtores.
bases a cada viagem, com seis medidores de inclina- Confirmando as previsões iniciais, o projeto da
ção (dois por base). Base Torpedo tornou-se um sucesso absoluto naquilo
Os estudos de solo indicariam a altura de queda que se propunha e a tecnologia pôde ser considerada
para cravação da profundidade requerida, em um consolidada.
único lançamento, na locação delimitada por um cír- Além daqueles já esperados, houve um ganho
culo imaginário, e não por bóias de sinalização. No adicional que foi a instalação dos beacons da sonda

343 o
o Estudo de desempenho de Base Torpedo – um novo método para instalação do revestimento condutor índice de desempenho – Nogueira et al.

que iria dar continuidade à perfuração do poço pela Base Torpedo: “Só o fato de eliminar o risco de
própria embarcação que lançou a Base Torpedo. perda do início de poço já justifica plenamente a
A questão da alimentação do banco de dados implementação do projeto”.
com informações sobre a instalação da Base Tor-
pedo deve ser resolvida o quanto antes, pois, caso
não seja feita, o poço só passará a existir quando
for perfurada a sua próxima fase.
agradecimentos
Durante a fase de operação assistida, o projeto
e o processo como um todo sofreram uma melho- Os autores gostariam de agradecer aos colegas
ria contínua, com todos os ganhos obtidos em uma dos ativos para os quais as bases foram instaladas,
operação sendo incorporados nas seguintes e tam- ao E&P-SERV/US-SUB/ANC, GDS e EQSB, ao Apoio
bém ao próprio equipamento, sempre que possível. Marítimo (Porto de Imbetiba) e ao CENPES pela sua
Aquelas melhorias que não puderam ser implemen- contribuição, seu apoio e sua cooperação.
tadas durante essa fase, foram incorporadas aos Agradecimentos especiais aos técnicos e enge-
desenhos dos equipamentos e serão incorporadas nheiros da Gerência de Ancoragem pelo entusiasmo
aos equipamentos fabricados para atender à nova demonstrado no desenvolvimento do projeto e pela
demanda criada a partir das instalações iniciais. experiência operacional transmitida à equipe nessas
Os ativos nos quais as bases foram instaladas, primeiras instalações.
de um modo geral, mostraram-se satisfeitos com o Não poderiam ser esquecidos outros parceiros
desempenho do equipamento em relação a custo, que muito contribuíram para o sucesso do projeto,
tempo de instalação e segurança operacional. Pelo como o fabricante dos equipamentos e a tripulação
menos é o que fica claro pela demanda de bases das embarcações utilizadas nos lançamentos das
para os próximos três anos: 90 Bases Torpedo. bases, os quais, sempre que solicitados, colocaram
Caso os argumentos apresentados aqui não sejam todos os seus recursos à disposição para atender às
suficientes, resta o comentário do coordenador de demandas da Petrobras.
um dos ativos nos quais foram instaladas algumas Sinceros agradecimentos à Petrobras pela opor-
bases, quando questionado sobre as vantagens da tunidade de publicar este trabalho.

o 344
Boletim técnico da Produção de Petróleo, Rio de Janeiro - volume 3, n° 2, p. 327-350 o

anexo I

Base Torpedo
seqüência operacional para instalação

Ação Responsável

1. Definição da locação
Ativos

2. Verificação das características do solo Ativos

3. Definição de datas para instalações Ativos

4. Solicitação da embarcação para instalação Ativos

5. Envio de documentação sobre a locação Ativos

6. Confirmação da embarcação Ancoragem

7. Solicitação da montagem das bases (colocação torpedo) Ativos

8. Providenciar medidores de inclinação (02 por base) EQSB

9. Montagem dos torpedos nas bases EQSB

10. Envio das bases e medidores de inclinação para o porto EQSB

11. Definição da ordem de instalação das bases Ancoragem

12. Embarque dos cabos para lançamento da base Ancoragem

13. Recebimento e tensionamento dos cabos de lançamento Capitão

14. Embarque das bases e medidores de inclinação Ancoragem

15. Confirmação do material embarcado Ancoragem

16. Posicionamento da base no convés da embarcação Marinheiros

345 o
o Estudo de desempenho de Base Torpedo – um novo método para instalação do revestimento condutor índice de desempenho – Nogueira et al.

Ação Responsável

17. Corte dos “batoques” de fixação do torpedo à base Marinheiros

18.Retirada da capa de proteção da ponteira Marinheiros

19. Verificação da integridade da ponteir Ancoragem

20. Montagem dos cabos de lançamento Ancoragem

21. Montagem dos indicadores de nível Ancoragem

22. Lançamento da base para verificação da altura de queda Ancoragem

23. Verificação da profundidade de cravação Ancoragem

24. Verificação dos medidores de inclinação Ancoragem

25. Lançamento da base na locação definitiva Ancoragem

26. Verificação da profundidade de cravação Ancoragem

27. Confirmação da profundidade adequada Ancoragem

28. Verificação dos medidores de inclinação Ancoragem

29. Confirmação de inclinação abaixo de 1.5° Ancoragem

30. Retirada das alças de lançamento Ancoragem

31. Preparar alça de tiro se for o caso Ancoragem

32. Martelamento da base até a profundidade final Ancoragem

33. Confirmação da profundidade final Ancoragem

34. Recuperar torpedo Ancoragem

35. Verificar altura do alojador de 30” ROV

36. Recuperar indicadores de nível ROV

o 346
Boletim técnico da Produção de Petróleo, Rio de Janeiro - volume 3, n° 2, p. 327-350 o

seqüência após a instalação

1. Retorno da embarcação ao porto

2. Desembarque dos torpedos Ancoragem

3. Envio dos torpedos para a área de montagem/ Ancoragem


armazenamento

4. Desembarque dos medidores de inclinação


Ancoragem

5. Envio dos medidores de inclinação para o EQSB


Ancoragem

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347 o
o Estudo de desempenho de Base Torpedo – um novo método para instalação do revestimento condutor índice de desempenho – Nogueira et al.

bibliografia
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soils. 1976. 245 p. Tese (Doutorado) – Graduate Division, University
of California, Berkeley, California, 1976.

autores
Emmanuel Franco Nogueira Alexandre Thomaz Borges

\\ E&P Engenharia de Produção \\ E&P Engenharia de Produção


\\ Gerência de Perfuração e Operações \\ Gerência de Perfuração e Operações
Especiais Especiais

efranco@petrobras.com.br atborges@petrobras.com.br

Emmanuel Franco Nogueira é engenheiro mecânico formado pela Alexandre Thomaz Borges é engenheiro mecânico formado pelo
Universidade de Brasília (UnB), (1980), fez Mestrado em Engenharia Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet-RJ),
Submarina pela Cranfield University UK (1994/1995). É engenheiro (1993), Pós-Graduado em Engenharia de Petróleo pela Universida-
de petróleo sênior tendo atuado nas áreas de operações especiais, de Petrobras (2003) e em Gerenciamento de Projetos pela FIA-USP
mud logging e fiscalização da Petrobras, desde 2001 atua também (2008). Ingressou na Petrobras em 1982 como técnico mecânico
como professor da cadeira de Perfuração Offshore, dos cursos de de manutenção e, depois, em 1990, como técnico de projetos no
Engenharia de Petróleo, Engenharia Submarina e Química da Univer- antigo Deper, onde trabalhou no desenvolvimento de projetos de
sidade Petrobras. Recebeu o Prêmio de Engenheiro do Ano (2006) equipamentos submarinos. Atualmente, é engenheiro de petróleo
pelo SPE, e Prêmio Inventor (2007). Ministrou cursos de Perfuração lotado no E&P-ENGP, onde trabalha como consultor técnico na área
em Águas Profundas para CUPET ( Cuba), NAPINPS (Nigéria), CEFET, de perfuração de poços.
IBP e COPPE.

Cipriano José de Medeiros Júnior sendo transferido para o Serviço de Engenharia em 1981 e para o
Cenpes em 1983 onde atuou até abril de 2009 como engenheiro
\\ Engenharia projetista e consultor técnico em projetos de Engenharia Básica
\\ Gerência de Geociências de Estruturas Oceânicas. Atualmente presta serviços de consultoria
em Geotecnia Marinha na Engenharia/Geociências. Foi responsável
pelos projetos de fundações das plataformas marítimas fixas, instala-
das pela Petrobras desde 1979 e pelo desenvolvimento dos projetos
dos pontos fixos de ancoragem em água profundas desde 1999.
Responsável pelo desenvolvimento da âncora torpedo e da base
cipri.intec@petrobras.com.br
guia de poço pré-instalada por queda-livre, sistemas patenteados
Cipriano José de Medeiros Júnior é graduado em Engenharia pela Petrobras e atualmente utilizados nos sistemas de ancoragem
Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em e cabeça de poço. Desenvolve atividades docentes como professor
1971, com Pós-Graduação em Mecânica dos Solos pela COPPE/UFRJ das disciplinas Fundações de Estruturas Marítimas e Fundações de
em 1978 e Engenharia Offshore em 1995. Ingressou na Petrobras em Estruturas Submarinas em cursos de prós-graduação ministrados
1978 como engenheiro civil no então Departamento de Produção, na COPPE/UFRJ e FUNCEFET/RJ.

o 348
Boletim técnico da Produção de Petróleo, Rio de Janeiro - volume 3, n° 2, p. 327-350 o

autores
Rogério Diniz Machado Ebenézer Viana de Souza

\\ E&P-SERV \\ E&P-SERV
\\ Gerência de Ancoragem \\ Gerência de Ancoragem

rogeriodm@petrobras.com.br ebnezer_souza@petrobras.com.br

Rogério Diniz Machado é engenheiro mecânico formado pela Ebenézer Viana de Souza é técnico mecânico formado pelo Centro
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 1979. Ingressou Federal de Educação Tecnológica de Campos (CEFET-Campos) em
na Petrobras em 1980 como engenheiro de equipamentos no Setor 1995, ingressou na Petrobras em 2002 como técnico de inspeção
de Inspeção (Seieq) do antigo Deper. Desde 1994 trabalha na ativi- de equipamentos no Setor de Ancoragem, atualmente trabalha com
dade de ancoragem, onde hoje atua com instalações de sistemas de instalações e inspeções de sistemas de ancoragem e equipamentos
ancoragem e equipamentos submarinos. submarinos, em 2003 fez o curso de inspetor de equipamentos. Re-
cebeu prêmio inventor 2007 e 2008.

expanded abstract
In the last years Petrobras has optimized and After a final installation of two prototypes in
reduced the cost of the mooring systems by the use Albacora Leste field, in Campos basin, at the end
of torpedo anchors. It consists of a tubular pile with of 2004, the torpedo base concept was considered
heavy weight ballast, installed by a process that approved by clients and by the technological area
uses the energy generated by the free fall of the of Petrobras. Based on this approval, five Assets
pile from a supply vessel. It’s a low cost anchoring have requested the purchase of 18 torpedo bases
concept, with simple fabrication and installation. for using in future wells drilled in its fields.
More than two hundred torpedo anchors were ins- Difficulties related to contracting services and
talled offshore Brazil in the last four years. the logistics faced to make equipment installation
Based on the success of the torpedo anchors for feasible led the E&P technological area to choose
mooring purposes Petrobras Drilling and Exploration to monitor the acquisition and installation of these
department decided to employ the same idea for 18 bases to assure a smooth transition between the
installing the conductor casing. The benefit was design authors and the technicians responsible for
that this installation could be accomplished from an the equipment operation in a way to guarantee the
anchor handling vessel saving important rig time. consolidation of the technology.
Another advantage from this installation method Due to the particular characteristics of this new
is the better foundation provided since no soil is method of conductor casing installation some steps
removed during this process. had to be arranged to work together almost in a
The paper will give an overview of Petrobras tor- “just in time” process.
pedo base experience in the Albacora Leste field as As we do not have enough space available in
well as a few other applications of this technology the harbor to store the bases for long time, we had
for the production side. to transfer the bases from the warehouse to the

349 o
o Estudo de desempenho de Base Torpedo – um novo método para instalação do revestimento condutor índice de desempenho – Nogueira et al.

expanded abstract

harbor as close as possible to the arriving of the There will an explanation of all problems ari-
vessel and load them on board immediately. sen, their solutions and the optimizations imple -
Basically, there are three essentials components mented, not only to the equipment, but also to
to complete the entire installation process: the the installation process itself.
torpedo base, the location where the base will be The problems found were so few and none of
deployed and the vessel to do this. The vessels are them have caused any damage that could prevent
considered a critical resources since it must sup- the perfect work of the Torpedo Base.
por t many platforms and subsea operations. The changes made to get the equipment working
Besides that, other important variables in the better and better still continued been done until
process are the technicians to do the job, who the last Torpedo Base was finished an installed.
are so few, and the transpor tation of the base The time of operation for each Torpedo Base ins-
from the manufac turer facilities to the harbor talled is showed in a table in comparison with the
which has schedule restrictions to be met. conductor jetting installation process. The data in
T h e p a p e r d e s c r ib e s P e t ro b ra s e x p e r i e n ce this table show us how much time and hence cost
along with these 18 bases installations in several can be saved with the new method of conductor
fields on the Campos Basin during t wo years. casing installation.
Actually, this work could be done in t wo mon- Finally, it is presented the lessons learned after
ths instead of t wo years whereas we had had all installations have been finished and the best
all necessar y resources at our disposal when we practices recommended to make the Torpedo Base
needed them. installation process as good as possible, looking to
minimize the problems that could occur and impro-
ve the operations as much as possible.

o 350

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