Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nesta aula, revisaremos os conceitos da transformada de Laplace, com ênfase nas aplicações na área de sistemas de
controle. O rigor matemático será o mínimo necessário para não criar di culdade em acompanhar o restante da disciplina.
A transformada de Laplace altera equações íntegro-diferenciais em equações algébricas. Além disso, ela desempenha um
papel fundamental na de nição da função de transferência que é a forma mais usual de se modelar matematicamente os
sistemas dinâmicos.
Recordaremos que a de nição da transformada de Laplace nada mais é que uma simples integral e di cilmente
recorreremos à de nição, pois na maioria das vezes faremos uso dos teoremas e das transformadas das funções usuais.
Com base na de nição, compreenderemos que a transformada de Laplace leva uma função no domínio do tempo para o
domínio da frequência e que esta operação também poderá ser realizada no sentido contrário, ou seja, levar uma função no
domínio da frequência para o domínio do tempo, por meio da transformada inversa de Laplace.
Bons estudos!
Objetivos
( ) { ( )} ≜ ∫ 𝑓 (𝑡 ) 𝑒
𝐹 𝑠 ≜ℒ 𝑓 𝑡 ∞
0-
− 𝑠𝑡 𝑑𝑡
(2.1)
1 2
A justi cativa para a utilização do limite inferior da integral como sendo 0− é para poder incluir possíveis descontinuidades em 𝑡=0.
A transformada de Laplace da função 𝑓(𝑡) não existe em todos os casos, é necessário que a integral imprópria acima convirja. É
possível mostrar que esta convergência é veri cada se a parte real 𝜎 da variável 𝑠 é maior que um valor 𝛼 chamado limite de
convergência.
De uma forma geral, a transformada de Laplace é uma operação matemática que toma funções reais de uma variável real e leva
para funções complexas de uma variável complexa.
Dica
Você verá mais tarde que o conhecimento dos teoremas fundamentais e de algumas transformadas usuais de Laplace pode ser
usado para deduzir quase qualquer transformada de Laplace.
Os teoremas são:
Clique nos botões para ver as informações.
Teorema da linearidade
A linearidade da transformada de Laplace é resultado da linearidade da integral que a de ne. Apesar da aparente
simplicidade, a linearidade da transformada de Laplace é uma das propriedades mais importantes.
Seja 𝐹(𝑠)= ℒ{𝑓(𝑡)}. Pode ser demonstrado que a transformada de Laplace da enésima derivada de 𝑓(𝑡) é:
ℒ
{ }
d nf ( t )
dt n
= s nF(s) −
2n
∑ k = n + 1s 2n − k d k − n − 1f ( 0 )
dt k − n − 1
(2.3)
Com base em (2.3), podem ser deduzidas as transformadas de Laplace da primeira e segunda derivadas de 𝑓(𝑡) como
sendo, respectivamente:
ℒ
{ }
df ( t )
dt
= sF(s) − f(0) (2.4)
ℒ
{ }
d 2f ( t )
dt 2
= s 2F(s) − sf(0) − f'(0) (2.5)
Nas expressões anteriores, para obtermos a transformada de Laplace, precisamos conhecer as condições iniciais, ou seja,
os valores em 𝑡=0 das sucessivas derivadas de ordens inferiores à ordem de derivação considerada.
No caso em que as condições iniciais são nulas, o que é muito frequente, a Eq. (2.3) se reduz a:
ℒ
{ }
d nf ( t )
dt n
= s nF(s) (2.6)
Teorema da integração
Seja g(t) = ∫ t0 − f(𝜏)d𝜏 e F(s) = ℒ{f(t)}. Neste caso, é possível deduzir que:
{
ℒ{g(t)} = ℒ ∫ 0 − f(𝜏)d𝜏
t
} =
F(s)
s
+
g(0)
s
(2.7)
Teorema do deslocamento em frequência
{
ℒ 𝑒𝛼 𝑡 𝑓 𝑡 ( )} = 𝐹 (𝑠 − 𝛼 ) (2.8)
Teorema do deslocamento no tempo
Teorema da escala
ℒ{𝛼f(t)} =
1
𝛼 F
()
s
𝛼 (2.10)
{
ℒ (− t) nf(t) } = F (s) (2.11)
n
( )
f 0 + = lims → ∞ sF(s) (2.12)
Atenção
Este teorema só pode ser aplicado se f(t) não possui impulsos ou suas derivadas em t=0.
Atenção
Este teorema só pode ser aplicado se as raízes do denominador de F(s) estão todas localizadas no semiplano da esquerda.
Teorema da convolução
A convolução entre duas funções 𝑓(𝑡) e 𝑔(𝑡) representada pelo símbolo ∗ pode ser de nida como a seguinte integral:
f(t) ∗ g(t) ≜ ∫ t0 − f(𝜏)g(t − 𝜏)d𝜏 (2.14)
onde 𝐻(𝑠), 𝐹(𝑠) e 𝐺(𝑠) são, respectivamente, as transformadas de Laplace de h(𝑡), 𝑓(𝑡) e 𝑔(𝑡).
O resultado de (2.15) nos diz que a convolução de duas funções na variável independente 𝑡 é equivalente à multiplicação das
suas transformadas de Laplace na variável independente 𝑠.
Dica
Este resultado vai ser muito útil quando estudarmos o conceito de função de transferência de sistemas lineares invariantes no
tempo.
1
ℒ− 1{F(s)}≜f(t)≜ 2πj ∫ σ-j∞
σ+j∞
F(s)e stds
(2.16)
Dica
Os casos em que será necessário calcular uma transformada inversa de Laplace com o auxílio da expressão acima serão
extremamente raros. Estudaremos adiante que, em geral, basta conhecer uma dúzia de transformadas usuais de Laplace e os
teoremas fundamentais para encontrar a função f(t).
A Tabela 1 pode ser usada para auxiliar na transformação de 𝑓(𝑡) em 𝐹(𝑠) e vice-versa.
Teorema Nome
∞
ℒ{f(t)} ≜ ∫ 0 − f(t)e − stdt Definição
Teorema da integração
{
ℒ ∫ 0t − f(τ)dτ }= F(s)
s
Teorema da escala
ℒ{αf(t)} = α F α
1
()
s
Para testar o desempenho e a resposta de um determinado sistema, alguns sinais de entrada de teste são utilizados.
Os sinais devem ser simples, de forma que a análise da resposta do sistema seja facilitada. Assim, é mais conveniente escolher
entradas de teste padronizadas.
Os sinais de entrada de teste são degraus, rampas, impulsos, exponenciais e senoides. A Tabela 2 lista as transformadas de
Laplace destes sinais.
f(t) F(s)
1
𝑢(𝑡) = degrau unitário
s
1
𝑟(𝑡) = rampa unitária
s2
tn n!
sn + 1
e 𝛼t 1
s−𝛼
sin(𝜔t) 𝜔
𝜔2
s2 +
cos(𝜔t) s
s2 + 𝜔2
Tabela 2 – Transformada de Laplace de algumas funções usuais | Fonte: Adaptado de Nise (2013)
Veja quais são as funções usuais:
Clique nos botões para ver as informações.
Degrau unitário
O degrau unitário ilustrado na Figura 1 é uma função 𝑢(𝑡), tal que 𝑢(𝑡) = 0 para 𝑡 < 0 e 𝑢(𝑡) = 1 para 𝑡 ≥ 0.
1
ℒ{u(t)} = s
(2.17)
A rampa unitária 𝑟(𝑡) ilustrada na Figura 2 é a integral do degrau unitário 𝑢(𝑡), tal que 𝑟(𝑡) = 0 para 𝑡 < e 𝑟(𝑡) = 𝑡 para 𝑡 ≥ 0.
Para obter a transformada de Laplace da rampa unitária é possível aplicar a de nição (2.1) ou o Teorema da derivação na
frequência descrito por (2.11)
1
ℒ{r(t)} = (2.18)
s2
O impulso unitário ou impulso de Dirac 𝛿(𝑡) é a derivada do degrau unitário 𝑢(𝑡). Em teoria, esta é uma função nula para todos
os valores de 𝑡, exceto para 𝑡 = 0, onde ela possui um valor in nito.
A área sob a curva representativa desta função 𝛿(𝑡) e o eixo 𝑡 é 1. A Figura 3 dá uma ideia deste impulso, quando o
parâmetro ∆ tende para 0, ou seja, 𝛿 (t) = lim ∆ → 0𝛿 ∆ (t).
Exponencial
A transformada de Laplace da função exponencial pode ser obtida diretamente da de nição (2.1)
{ }=
ℒ e 𝛼t
1
s−𝛼
(2.20)
ssin𝜑 + 𝜔cos𝜑
ℒ{sin(𝜔t + 𝜑)} = (2.21)
s2 + 𝜔2
scos𝜑 + 𝜔sin𝜑
ℒ{cos(𝜔t + 𝜑)} = (2.22)
s2 + 𝜔2
𝜔
ℒ{sin(𝜔t)} = (2.23)
𝜔2
s2 +
s
ℒ{cos(𝜔t)} = (2.24)
s2 + 𝜔2
Em uns poucos casos, 𝐹(𝑠) pode corresponder a Em outros casos, podemos empregar as
um caso da Tabela 2, de maneira que 𝑓(𝑡) pode propriedades da Tabela 1, ou podemos localizar a
ser determinada diretamente. 𝐹(𝑠) em uma tabela mais extensa de
transformada de Laplace.
A função 𝑓(𝑡) sempre pode ser determinada pelo emprego de (2.16), mas isso exigirá o domínio da teoria da variável complexa.
O método da expansão em frações parciais consiste de partir 𝐹(𝑠) numa soma de partes mais simples, de forma que estas partes
mais simples possam ser encontradas em tabelas curtas, como a Tabela 2.
Admitamos que 𝐹(𝑠) é um quociente de dois polinômios com coe cientes reais 𝑁(𝑠) e 𝐷(𝑠), tal que:
N(s)
F(s) =
D(s)
(2.25)
N(s) K1 K2 Kn
F(s) = = + +…+
s − p1 s − p2 s − pn
( s − p1 ) ( s − p2 ) ⋯ ( s − pn )
(2.26)
As constantes de 𝐾 1 a 𝐾 𝑛 podem ser encontradas de maneira que (2.26) seja uma identidade matemática para todos os valores
de 𝑠. Dessa forma, valores convenientes para a variável 𝑠 podem ser arbitrados, a m de determinar as constantes.
3s + 5
F(s) =
s 2 + 4s + 3
(2.27)
Solução:
O polinômio do denominador pode ser reescrito como o produto de dois polinômios de primeira ordem:
3s + 5
F(s) =
(s+1) (s+3)
(2.28)
As raízes são reais e distintas 𝑠=−1 e 𝑠=−3. Portanto, a expansão se dará como:
3s + 5 K1 K2
F(s) = = +
(s+1) (s+3) s+1 s+3
(2.29)
K 1(s + 3) + K 2(s + 1) = 3s + 5
(2.30)
Essa equação é valida para qualquer valor de 𝑠. Tomando 2 valores convenientes para 𝑠:
s= −1 ⟹ 2K 1 = 2 ⟹ K 1 = 1
(2.31)
s= −3 ⟹ − 2K 2 = − 4 ⟹ K2 = 2
(2.32)
1 2
F(s) = +
s+1 s+3
(2.33)
{ }
1
f(t) = ℒ − 1 s + 1 + 2ℒ − 1 s + 3
{ } 1
(2.34)
f(t) = e − t + 2e − 3t
(2.35)
N(s) K1 Km Km + 1 Km + n − 1
F(s) = = s−p + … + + s−p + … + s−p
( s − p1 ) m ( s − p2 ) ⋯ ( s − pn ) 1
( s − p1 ) m 2 n
(2.36)
𝑫(𝒔) possui raízes complexas conjugadas
Se 𝑁(𝑠) for de grau inferior a 𝐷(𝑠) e 𝐷(𝑠) possuir raízes complexas conjugadas, algumas grandezas p 1, p 2 , …p n, K 1, K 2 , …K n serão
complexas. Neste caso, os termos correspondentes a um par de raízes complexas são:
| K | e j𝜃 | K | e − j𝜃
+
s + 𝛼 − j𝛽 s + 𝛼 + j𝛽
(2.37)
Com os coe cientes complexos no numerador expressos em forma polar. Note que as constantes nos numeradores são
complexos conjugados também.
2|K|e − 𝛼tcos(𝛽t + 𝜃)
(2.38)
Atividade
1 - De na transformada de Laplace e cite um dos seus benefícios.
a) g(t) = t 3 + 3cos(2t)
b) g(t) = 2t 2cos(t)
c) g(t) = te 𝛼t
d) g(t) = e 𝛼tcos(𝜔t)
e)
3 - Calcule a transformada inversa de Laplace das seguintes funções:
2
a) G(s) = s−2
5
b) G(s) = s
4 3
c) G(s) = +
s2 s−1
3 4
d) G(s) = +
s2 + 4 (s−3) 2+4
5s − 1
e) G(s) =
(s+1) 2(s−2)
s + 15
f) G(s) =
(
s 2 s 2 + 2s + 5 )
Referências
NISE, Norman S. Engenharia de Sistemas de Controle. 6.ed. São Paulo: LTC, 2013.
Próxima aula
Explore mais