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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

Faculdade da Saúde
Curso de Pós-Graduação em Psicologia da saúde

ERICA HOKAMA

ESTRUTURA E DINÂMICA DO FUNCIONAMENTO PSÍQUICO DE HOMENS


ENVOLVIDOS EM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

São Bernardo do Campo


2015
Erica Hokama

ESTRUTURA E DINÂMICA DO FUNCIONAMENTO PSÍQUICO DE HOMENS


ENVOLVIDOS EM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Psicologia da Saúde,
da Universidade Metodista de São Paulo,
como requisito parcial a obtenção do título
de Mestre em Psicologia da Saúde.
Pesquisadora: Erica Hokama
Orientadora: Profa. Dra. Maria Geralda
Viana Heleno

Área de Concentração: Psicologia da Saúde

Linha de Pesquisa: Prevenção e Tratamento

São Bernardo do Campo


2015
FICHA CATALOGRÁFICA

Hokama, Erica
H689e Estrutura e dinâmica do funcionamento psíquico de homens
envolvidos em violência doméstica / Erica Hokama. 2015.
98 f.

Dissertação (Mestrado em Psicologia da Saúde) --Faculdade


da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São
Bernardo do Campo, 2015.
Orientação de: Maria Geralda Viana Heleno.

1. Violência doméstica 2. Homem 3. Relações objetais


4. Teste de relações objetais de Phillpson 5. Psicologia da saúde
I. Título
CDD 157.9
A dissertação de mestrado sob o título ESTRUTURA E DINÂMICA DO
FUNCIONAMENTO PSÍQUICO DE HOMENS ENVOLVIDOS EM VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA, elaborada por Erica Hokama foi apresentada e aprovada em 27 de março
de 2015, perante banca examinadora composta por Profa. Dra. Maria Geralda Viana
Heleno (Presidente/UMESP), Profa. Dra. Eda Marconi Custódio (Titular/UMESP) e
Profa. Dra. Maria Aparecida Mazzante Colacicco (Titular/USP).

__________________________________________
Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno
Orientadora e Presidente da Banca Examinadora

__________________________________________
Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno
Coordenador/a do Programa de Pós-Graduação

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Saúde


Área de Concentração: Psicologia da Saúde
Linha de Pesquisa: Prevenção e Tratamento
Dedico este trabalho ao meu marido, Claudio
Takashi Nisiyama, com amor, admiração e
gratidão por sua compreensão, carinho e
incansável apoio. Gostaria de dedicar, também,
a todos os que participaram deste estudo de
forma direta ou indireta.
Agradecimentos

Ao finalizar mais uma etapa importante de minha vida, penso que todas as
conquistas nunca são frutos unicamente de nosso próprio esforço. Durante esta jornada
muitas pessoas estiveram comigo, participando, direta ou indiretamente, apoiando,
cuidando de mim, ou simplesmente estando ao meu lado. Portanto, escrever os
agradecimentos ao final deste trabalho é de uma responsabilidade ímpar.

Agradeço à Professora Dra. Maria Geralda Viana Heleno, minha orientadora,


pelos ensinamentos, pelo exemplo de seriedade, profissionalismo e acolhimento, e que
esteve sempre presente em todos os momentos, de dificuldades e felicidades, do
projeto e da vida.

Aos professores do programa de Pós-graduação em Psicologia da Saúde da


Universidade Metodista, Marília Vizzotto Martins, Eda Marconi Custódio, Maria do
Carmo Fernandes Martins, Manuel Morgado Resende, Antonio de Pádua Serafim, Miria
Benincasa Gomes, e às professoras do curso de graduação Hilda Rosa Capelão
Avoglia e Mariantonia Chippari, pela amizade e por compartilhar seus conhecimentos,
contribuindo assim para o meu desenvolvimento profissional e pessoal.

As Profas. Eda Marconi Custódio e Maria Aparecida Mazzante Colacicco, por


suas leituras cuidadosas e preciosas contribuições nas discussões desta pesquisa na
Banca de Qualificação.

A Profa. Leila Tardivo que me acolheu e ajudou compartilhando seus


conhecimentos e sabedoria.

Aos funcionários da Universidade Metodista de São Paulo, em especial a


Elisangela Aparecida de Castro Souza, por tornar nossa vida acadêmica e as
burocracias mais coloridas com seu sorriso e dedicação, sem contar os seus cafés,
feitos com tanto carinho.

À Juíza Dra. Teresa Cristina Cabral Santana Rodrigues dos Santos e a Joyce
Assmann Pereira, por apoiarem e acreditarem em nosso trabalho.
Aos homens que se disponibilizaram a participar desta pesquisa, compartilhando
suas vivências.

A CAPES pela concessão de bolsa de estudo durante o período do mestrado.

Aos meus grandes e verdadeiros amigos, em especial Danuta Medeiros (minha


filha adotiva e amiga para todas as horas, companhia de congressos em cidades
maravilhosas, sempre em prol da ciência), Gabriela Moreira (minha outra filha adotiva),
Ricardo Rentes (amigo sempre disposto a me ouvir), Eneida de Almeida dos Reis (o
id!), Lilian Suzuki, Laura Merli, Thiago Robles e Edimar Costa.

Aos amigos do mestrado, em especial à Adriana das Chagas de Oliveira


Pacheco, Victor Zaia, Nathália Brandolim e Camila Viana de Almeida, com os quais
pude contar em momentos cruciais ao longo destes dois anos, rimos muito e vivemos
bons momentos.

Aos amigos e familiares de Mogi das Cruzes, Marisa, Shigueru, Akemi, Hatsue,
Missao, Marcinha, Teruo, Takaitiro, Kazumi, Yoshiki e Kiyoko que me adotaram como
integrante da família Nisiyama, um porto seguro. Um agradecimento especial para
Estela Yukari Nisiyama, que com toda a sua vivacidade e juventude me lembra de não
abandonar a criança que ainda vive dentro de mim.

A minha mãe e meus irmãos Adriana e Ricardo, que em todos os momentos


estiveram presentes, apoiando e vibrando comigo a cada etapa vencida, e dando força
nos momentos de dificuldade.

Ao Claudio que sempre acreditou em minha capacidade, até mesmo quando eu


não acreditava, viveu esta etapa com tanta intensidade quanto eu, soube ouvir minhas
angústias, acolher as minhas carências, me amar e estar ao meu lado, me apoiando
sempre.
RESUMO

A violência, de qualquer tipo e natureza, é um fenômeno que acontece desde os


primórdios. A Organização Mundial de Saúde define violência como o uso intencional
da força física ou do poder, real ou por ameaça, contra a própria pessoa, contra outra
pessoa, contra um grupo ou uma comunidade, que pode resultar em morte, lesão, dano
psicológico, problemas de desenvolvimento ou privação. A violência doméstica é
definida pela APA como qualquer ação que causa dano físico a um ou mais membros
de sua unidade familiar e pode ocorrer a partir de um conflito de gerações e de gênero,
configurando-se por agressão física, abuso sexual, abuso psicológico, negligência,
dentro da família, perpetradas por um agressor em condições de superioridade (física,
etária, social, psíquica e/ou hierárquica). Esta pesquisa tem como objetivo investigar a
Estrutura e dinâmica do Funcionamento Psíquico de Homens Envolvidos em Violência
Doméstica. Utilizou-se o método clínico-qualitativo, com quatro homens em situação de
violência doméstica. Como forma de coleta de dados foi empregada uma entrevista e o
Teste das Relações Objetais (TRO) de Phillipson. Ao analisar os resultados, pode-se
observar que o ego fragilizado teme a solidão, as situações de perda, e os ataques
destrutivos do id e o superego permissivo não os contêm, e para suportar os ataques
persecutórios dos objetos, e em função da persecutoriedade e da culpa persecutória o
ego recorre a identificação projetiva maciça e a idealização para proteger-se da
destrutividade, permanecendo na posição esquizoparanóide. Conclui-se que a análise
da estrutura e da dinâmica psíquica e o tratamento psicológico (individual ou em grupo)
de homens envolvidos em violência doméstica, em conjunto com outras medidas
judiciais e sociais são ações necessárias, pois, pode ser uma forma de ajudá-los a
enfrentar suas limitações, lidar com suas angústias, entender e controlar os impulsos,
rever e compreender suas crenças e trabalhar sua autoestima. Partindo-se do
pressuposto que a violência doméstica ocorre na relação entre homem-mulher, o
tratamento e o entendimento dos aspectos psicológicos de homens envolvidos em
violência doméstica são de extrema importância para minimizar este fenômeno, e deve
ser aliado às ações, já existentes dirigidas às mulheres.

Palavras-chave: Violência doméstica, homem, relações objetais, teste das relações


objetais.
Abstract

Violence of any kind and nature, is a phenomenon that happens since the beginning.
The World Health Organization defines violence as the intentional use of physical force
or power, real or threatened, against oneself, against another person, against a group or
community, which can result in death, injury, psychological damage, problems of
development or privation. Domestic violence is defined by the APA (2007) as any action
that causes physical injury to one or more members of your family unit and can occur
from a generation conflict (against children) and gender (violence against women) by
setting up a physical assault, sexual abuse, psychological abuse, neglect within the
family, perpetrated by an aggressor in superiority conditions (physical, age, social,
psychological and / or hierarchical). This research aims to investigate the structure and
dynamics of Psychic Functioning of Men Involved in Domestic Violence. We used the
qualitative method, with four men in domestic violence situations. We used the
qualitative method, with four men in domestic violence situations. As form of data
collection was used an interview and Test of Object Relations (TRO) Phillipson. When
analyzing the results, it can be observed that the fragile ego fears loneliness, the loss
situations, and destructive attacks of the id and the permissive superego not contain
them, and to support the persecutory attacks of objects, and depending on the paranoid
and persecutory guilt the ego uses massive projective identification and idealization to
hedge its destructiveness, staying in the paranoid-schizoid position. We conclude that
the analysis of the structure and psychic dynamics and psychological treatment
(individual or group) of men involved in domestic violence, together with other legal and
social measures are necessary actions, therefore, can be a way of help- them cope with
their limitations, deal with their anxieties, understand and control impulses, review and
understand their beliefs and work your self-esteem. Starting from the assumption that
domestic violence occurs in the relationship between men and women, treatment and
understanding of the psychological aspects of men involved in domestic violence are
extremely important to minimize this phenomenon, and should be combined with those
already addressed to women.

Key-word: Domestic violence, man, object relations, test object relations.


Lista de Tabelas

Tabela 1. Distribuição das participantes por idade, estado civil, filhos e escolaridade.. 25
Lista de Quadros

Quadro 1 – sistema Tensional Inconsciente.................................................................................


20
Quadro 2 - Resultados TRO, Caso 1: Conteúdo Humano, conteúdo de realidade e contexto
de realidade......................................................................................................................................
31
Quadro 3 – Resultado TRO, Caso 1: Sistema Tensional Inconsciente Dominante – STID....
32
Quadro 4 – Resultado TRO, Caso 1: Síntese e Posição............................................................
33
Quadro 5 – Resultado TRO, Caso 2: Conteúdo Humano, conteúdo de realidade e contexto
de realidade.....................................................................................................................................
37
Quadro 6 – Resultado TRO, Caso 2: Sistema Tensional Inconsciente Dominante – STID.....
38
Quadro 7 – Resultado TRO, Caso 2: Síntese e Posição.............................................................
39
Quadro 8 – Resultado TRO, Caso 3: Conteúdo Humano, conteúdo de realidade e contexto
de realidade......................................................................................................................................
44
Quadro 9 – Resultado TRO, Caso 3: Sistema Tensional Inconsciente Dominante – STID....
45
Quadro 10 – Resultado TRO, Caso 3: Síntese e Posição..........................................................
46
Quadro 11 – Resultado TRO, Caso 4: Conteúdo Humano, conteúdo de realidade e
contexto de realidade......................................................................................................................
50
Quadro 12 – Resultado TRO, Caso 4: Sistema Tensional Inconsciente Dominante – STID..
51
Quadro 13 – Resultado TRO, Caso 4: Síntese e Posição..........................................................
52
Quadro 14 - Resumo quatro casos: Posições.............................................................................
55
Quadro 15 – Resumo quatro casos: Conteúdo Humano............................................................
57
Quadro 16 – Resumo quatro casos: Conteúdo de Realidade...................................................
58
Quadro 17 – Resumo quatro casos: Contexto de Realidade....................................................
59
Quadro 18 – Resumo quatro casos: Medos (STDI)....................................................................
60
Quadro 19 – Resumo quatro casos: Desejos (STDI).................................................................
61
Quadro 20 – Resumo quatro casos: Defesas (STDI)................................................................
62
Sumário
Resumo............................................................................................................... 6
Abstract .............................................................................................................. 7
Lista de Tabela................................................................................................... 8
Lista de Quadro................................................................................................. 9
1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 11
2. HOMENS E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA ......................................................... 15
3. TEORIA DAS RELAÇÕES OBJETAIS .......................................................... 18
3.1 Mecanismos de Defesa............................................................................... 20
4. MÉTODO......................................................................................................... 24
4.1 – Participantes............................................................................................. 24
4.2 – Local.......................................................................................................... 25
4.3 – Ambiente................................................................................................... 25
4.4 – Instrumentos............................................................................................. 25
4.4.1 – Teste das Relações Objetais................................................................ 25
4.5 – Procedimentos.......................................................................................... 27
4.6 – Análise dos Dados ................................................................................... 28
4.7 – Aspectos Éticos........................................................................................ 28
5. RESULTADOS E ANÁLISES......................................................................... 29
Caso 1............................................................................................................ 29
Caso 2............................................................................................................ 36
Caso 3............................................................................................................ 42
Caso 4............................................................................................................ 49
Análise Geral................................................................................................ 55
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 65
7. REFERÊNCIAS............................................................................................... 67
ANEXOS.............................................................................................................. 74
Anexo A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido............................. 76
Anexo B – Parecer Consubstanciado do CEP................................................ 79
Anexo C – Histórias do Teste das Relações Objetais.................................... 84
12

1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa teve como objetivo investigar a estrutura e dinâmica da


personalidade de homens em situação de violência doméstica. Este foco no homem
mostra-se bastante relevante tendo em vista que na revisão da literatura por meio do
Banco de Dados Scielo e Portal Capes foram encontrados 6.444 títulos, no período
de 2009 a 2014. Ao incluir o descritor homem os artigos apresentados foram
reduzidos para dez.
De acordo com a Secretaria de Políticas para a mulher, dez mulheres foram
assassinadas por dia no Brasil, entre 1997 e 2007. Ou seja, 41.532 mulheres
morreram vítimas de homicídio – índice de 4,2 mulheres assassinadas por 100 mil
habitantes. O índice se mantém em patamares quase constantes nos últimos anos,
apesar de registrar ligeira queda – era 4.022 em 2006 e baixou para 3.772 em 2007.
O Mapa da Violência no Brasil de 2010, publicado pelo Instituto Zangari,
baseado no banco de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS), mostra que o
Brasil ocupa o sétimo lugar com relação à assassinatos femininos no mundo, com
uma taxa de 4,4 por 100 mil mulheres. Essas são mais altas do que as da maioria
dos países europeus, cujos índices não ultrapassam 0,5 casos por 100 mil
habitantes. O Brasil fica abaixo, apenas, de países como África do Sul (25 por 100
mil habitantes) e Colômbia (7,8 por 100 mil).
A Organização Mundial de Saúde (2002) define violência como “o uso
intencional da força física ou do poder, real ou por ameaça, contra a própria pessoa,
contra outra pessoa, contra um grupo ou uma comunidade, que pode resultar em
morte, lesão, dano psicológico, problemas de desenvolvimento ou privação” (p. 05).
Em 2006, Grossi et al (2006), lança o livro “Gênero e violência: pesquisas
acadêmicas brasileiras (1975-2005)”, revelando que, em 30 anos e dentre as 286
pesquisas expostas somente 7% eram sobre homens e/ou masculinidades.
Ao analisar as referências bibliográficas que envolvem os homens em
situação de violência doméstica encontramos os seguintes artigos, que passaremos
a descrever.
Rosa et al (2008) investigaram as causas da agressão conjugal contra a
mulher, a partir da ótica do homem autor de violência, em “A violência conjugal
contra a mulher a partir da ótica do homem autor da violência”. Neste estudo
verificou-se que os homens reconhecem ações violentas, porém, não se veem como
13

agressores, ou seja, não identificam que suas ações os colocam como autores de
violência.
Oliveira e Gomes (2009), em um estudo de revisão de 54 textos brasileiros,
sobre violência conjugal, observaram que a maioria das pesquisas aborda o tema,
“violência doméstica”, relacionado à questão de gênero. Eles concluíram que é
necessário definir uma abordagem mais adequada para articular os polos (cultura,
gênero, situações socioeconômicas, personalidade) deste tema polêmico, a
necessidade de mais pesquisas qualitativas com sujeitos de diferentes camadas
sociais, além de mais investimentos em programas alternativos de tratamento do
homem, valorizando e levando-se em consideração a singularidade de cada caso.
A pesquisa de Aguiar (2009), “Gênero e masculinidades follow-up de uma
intervenção com homens autores de violência conjugal” teve como objetivo
compreender a questão de gênero e masculinidades de homens envolvidos em
violência doméstica. Os envolvidos na pesquisa perceberam o trabalho com o grupo
de forma benéfica, relatando que foram ouvidos e puderam falar sobre o assunto,
enfatizando que existe a necessidade de tratamento psicológico também para suas
famílias.
Deeke et al (2009) analisaram a dinâmica da violência doméstica a partir do
discurso da mulher agredida e do parceiro autor da agressão, por meio de um
estudo descritivo-exploratório qualitativo. Verificou-se que os homens negam a
agressão e sua frequência com mais constância que as mulheres. As razões da
violência foram o ciúme, o homem ser contrariado, álcool e a desconfiança de
traição. Esta pesquisa demonstrou que as formas de perceber as agressões refletem
na dinâmica da violência doméstica.
Medrado (2009), em “Homens, violência de gênero e atenção integral em
saúde”, estudou o posicionamento de profissionais que trabalham no atendimento de
homens agressores no SUS, apresentando reflexões sobre as várias formas de
atendimento, levando em consideração as condições e pensando as estratégias.
Concluiu que os equipamentos de saúde não são a melhor porta de entrada para os
casos de violência contra as mulheres, apenas para raros casos, vinculados a danos
físicos.
Lima e Büchele (2011) publicaram o artigo “Revisão crítica sobre o
atendimento a homens autores de violência doméstica e familiar contra as
mulheres”, um estudo qualitativo referente a um programa governamental de
14

atendimento a homens autores de violência, para prevenção e atenção à violência


doméstica e familiar no Sul do Brasil. Concluíram que programas de atendimento a
homens autores de violência é um desafio na prevenção e enfrentamento à violência
doméstica e na promoção da equidade de gênero.
Referente aos rompimentos do grupo familiar e violência doméstica contra as
trabalhadoras na pesquisa “Operárias no Cariri cearense: fábrica, família e violência
doméstica”, Araújo, Lima e Borsoi (2011) estudaram sobre a entrada de mulheres no
mercado de trabalho (fabril) e a redefinição dos papéis (homem e mulher). A mulher
no mercado de trabalho levanta o questionamento do lugar do homem como
provedor, pois a partir do de seu empoderamento financeiro, estas mulheres
descobrem-se cidadãs e lutam por seus direitos, não ficando mais caladas em
situações de violência doméstica.
Uma resenha de Nascimento (2009) sobre a pesquisa de Barker (2008)
“Homens na linha de fogo: juventude, masculinidade e exclusão social” apresenta
um conjunto de pesquisas que envolvem situações de homens jovens, em diversos
contextos. O autor fez uma reflexão e discussão sobre a existência de múltiplas
masculinidades, sobre a tensão e conflito das relações entre homens e mulheres
jovens no Rio de Janeiro. Os relatos dos jovens mostraram que eles não tinham
exemplos positivos dessas relações em seus ambientes familiares, pois estavam
inseridos em contextos de violência. Afirmou que existem jovens que questionam as
desigualdades de gênero e que acham que os homens não devem ter mais poder do
que as mulheres. Concluiu a importância de reconhecer que o processo de
socialização dos homens e das mulheres tende a colocar armadilhas para a
humanidade como um todo, e é necessário “se implicar e não aceitar o que pode
parecer natural, é questionar e acreditar em outros processos de sociabilidade de
ser e estar no mundo” (NASCIMENTO, 2009, p. 2).
Fernandes (2013) em “Os direitos dos homens nas sociedades democráticas:
A violência na família” fez uma análise sobre como a transgressão dos direitos do
homem pode ocorrer na família, seja por maus-tratos (físicos, psicológicos ou
morais) dos cônjuges entre si, destes em relação aos filhos e dos filhos em relação
aos pais. Discutiu sobre a construção da configuração familiar no mundo
contemporâneo e como a violência intrafamiliar é tratada nas classes sociais.
Conforme o autor, a violação dos direitos dos homens na família tem pouca
visibilidade nas camadas sociais mais elevadas (média e superior), enquanto nas
15

classes populares existe uma maior visibilidade. Deixou claro que o âmbito familiar,
nem sempre, garante o direito dos homens, tampouco é capaz de conter as formas
extremas de violência.
Em sua pesquisa “O que se sabe sobre o homem autor de violência contra a
parceira íntima: uma revisão sistemática”, Silva; Coelho e Moretti-Pires (2014)
tiveram como objetivo analisar o perfil de homens em situação de violência
doméstica. Concluíram que existe mais risco de violência doméstica quando os
homens estão desempregados, tem baixa escolaridade, são usuários de álcool e
drogas e testemunharam algum tipo de violência na família. Apontaram para a
necessidade de ampliação de programas de prevenção envolvendo os homens
agressores.
Silva, Coelho e Njaine (2014), investigaram as motivações da violência
doméstica a partir de depoimentos de homens e mulheres em inquéritos policiais de
uma delegacia de proteção à mulher em “Violência conjugal: as controvérsias no
relato dos parceiros íntimos em inquéritos policiais”. A análise dos resultados aponta
que as agressões ocorreram em decorrência do uso de drogas e ciúme. Concluiu-se
que os agressores não reconhecem suas ações violentas e que a cultura, as
condições socioeconômicas e a questão de gênero estão relacionadas a violência
doméstica.
As pesquisas indicam que existe uma maior incidência de violência doméstica
quando os homens são usuários de álcool e drogas, e motivados por ciúmes,
traições, problemas financeiros, empoderamento da mulher, aspectos culturais e
sociais das pessoas envolvidas.
A partir do levantamento bibliográfico pudemos verificar a necessidade de
mais estudos sobre o tema da violência doméstica e homens, pois o número de
trabalhos que focam o homem ainda é pequeno, sendo que, na maioria das vezes,
os estudos estão direcionados às mulheres.
16

2. HOMENS E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.

A agressividade é um instrumento que serve ao homem para administrar seus


conflitos. De acordo com Klein e Rivière (1962), a agressividade é inerente à
natureza humana, e pode agir para o bem ou para o mal, quando não utilizadas para
o bem, “elas têm de escoar-se por canais de ódio e destrutividade” (p. 51).
Para Costa (1986), a violência é decorrente da agressividade e da disposição
instintiva do homem em causar sofrimentos a seus semelhantes, a satisfação dos
impulsos destrutivos pode ser facilitada na combinação com outros agentes da
subjetividade humana, de natureza idealista, podendo também aparecer como um
conflito de interesses do sujeito.
De acordo com Levisky (2010), a violência acompanha o homem desde
tempos primórdios, manifestando-se de maneiras e em conjunturas diferentes,
porém, conceituar violência é uma tarefa difícil, uma vez que os atos e sentimentos
relativos à violência podem ter muitos significados, dependo da cultura, do tempo e
contexto onde ocorrem.
Dentre às várias formas de violências, temos a “violência contra a mulher”,
conceito utilizado por alguns autores como sinônimo de violência doméstica e
violência de gênero, entretanto existem diferenças entre estes conceitos como
categorias analíticas.
Saffioti e Almeida (1995) descrevem o conceito de “violência de gênero”,
incluindo crianças e adolescentes, vítimas da violência masculina. Para Izumino
(2003), gênero, ou as relações de gênero são definidos como relações socialmente
estabelecidas entre homens e mulheres, estruturadas a partir do modelo patriarcal,
fortemente hierarquizada, baseada na dominação masculina e na submissão
feminina.
Grossi (1998) relata que o conceito de violência contra a mulher surge no final
da década de 70, difundindo-se rapidamente em decorrência das mobilizações
feministas. No Brasil, devido ao assassinato de mulheres vítimas de homens,
geralmente seus maridos, que saiam impunes, absolvidos em nome da “defesa da
honra”, e no início da década de 80 em função de espancamentos e maus tratos,
contra mulheres, ocorridos dentro do ambiente familiar o conceito supracitado virou
sinônimo de violência doméstica.
17

De acordo com Louro (2004), os estudos de gênero favorecem os estudos


sobre as mulheres. Mas, é importante ressaltar que cada vez mais se aceita a
maneira social de constituição tanto do masculino quanto do feminino, evitando
afirmações generalizadas sobre homens e mulheres, fazendo com que se leve em
conta os momentos históricos e os contextos socioculturais de que estão tratando,
uma vez que o conceito de gênero difere em cada cultura e época.
A violência doméstica é definida pela American Psychology Association - APA
(2007) como qualquer ação que causa dano físico a um ou mais membros de sua
unidade familiar e pode ocorrer a partir de um conflito de gerações (contra crianças e
adolescentes) e de gênero (violência contra mulher), configurando-se por agressão
física, abuso sexual, abuso psicológico, negligência, dentro da família, perpetradas
por um agressor em condições de superioridade (física, etária, social, psíquica e/ou
hierárquica).
De acordo com Machado (1998), os altos índices de violência doméstica no
mundo, e mais especificamente no Brasil, demonstram a necessidade de um
combate sistematizado, assim como a necessidade de mudanças de comportamento
e atitudes de homens e mulheres que convivem juntos e são vítimas e autores de
violência doméstica.
O tratamento do homem (agressor) é de suma importância, e está previsto na
Lei Maria da Penha que prevê o atendimento e acompanhamento de homens em
situação de violência doméstica. No Art. 35, item V, da referida Lei, consta que a
“União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão criar e promover, nos
limites de suas respectivas competências” – Centros de educação e reabilitação de
agressores. O Art. 36 cita que “A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas às
diretrizes e aos princípios desta”.
Schraiber et al (2005) mencionam três motivos para trazer a temática de
homens e masculinidade para a pauta dos estudos de saúde e gênero. A primeira é
por estimular cientistas e formuladores de políticas a enfrentar questões das inter-
relações entre os gêneros; em segundo lugar por trazer novas temáticas para os
estudos e políticas em saúde da mulher, além de proporcionar novos olhares para
antigos objetos da saúde das mulheres e dos homens.
Muszkat (2011) alerta para a análise das questões de gênero uma vez que na
violência doméstica a mulher é, via de regra, a vítima e o homem tratado como
18

pessoa “do mal”. Portanto, o sistema que normatiza os valores morais deve ressaltar
a importância de discriminar os programas adaptados à cultura e ao contexto local.
De acordo com Arilha, Unbehaum e Medrado (1998), reconhecer a extensão
relacionada ao conceito de gênero permite a desconstrução de temas sobre a culpa
do homem que delimitam as falas do movimento feminista em produções
acadêmicas contemporâneas. Ao invés de procurar culpados é necessário identificar
como se dá a relação entre os sexos, gerando menos sofrimento individual e
possibilitando efetivamente transformações no âmbito das relações sociais
orientadas pelas desigualdades de gênero.
Conforme Muszkat (2011), na violência doméstica não existe vencedor, o
agressor (homem), também tem sua autoestima e amor destruídos, podendo sentir-
se desamparado. O homem é, na maioria das vezes, julgado como “do mal” e tem
que lidar com a exclusão da sociedade e sem o apoio de sua família não existe
possibilidade de reparação. Importante ressaltar que, os homens podem ser vistos
como sujeitos da agressão, mas também, como vítimas da exclusão.
Muszkat (2011) ressalta que frequentemente associa-se o homem violento a
grupos ligados ao uso de álcool e drogas ou a algum defeito de personalidade,
sendo que, no âmbito jurídico, este fato é utilizado para atenuar a culpa do sujeito.
Importante ressaltar que a violência pode ser uma maneira (perversa) de
comunicação, uma vez que na violência doméstica, homens e mulheres
estabelecem uma parceria. Portanto, faz-se necessário estudar as relações,
evitando-se assim a perpetuação de preconceitos e discriminações típicas da
hegemonia masculina (TOROSSIAN; HELENO e VIZZOTTO, 2009).
O tratamento psicológico de homens agressores envolvidos em violência
doméstica, junto com outras medidas judiciais e sociais é uma ação necessária,
pois, pode ser uma forma de ajudá-los a enfrentar suas limitações, lidar com suas
angústias, entender e controlar os impulsos, rever e entender suas crenças e
trabalhar sua autoestima (ECHEBURUA e SANTIAGO, 2010).
19

3. TEORIA DAS RELAÇÕES OBJETAIS

De acordo com Laplanche e Pontalis (2001), relação de objeto é uma


expressão utilizada para indicar a forma de relação do indivíduo com seu mundo, e
que é resultado complexo de uma organização da personalidade, “de uma
apreensão mais ou menos fantasística dos objetos e de certos tipos privilegiados de
defesa” (p. 443).
Segundo Klein (1982), em sua obra “Algumas conclusões teóricas sobre a
vida emocional do bebê”, a criança, em seus primeiros meses, entra em contato com
ansiedades oriundas de fontes interna e externa, estabelecendo relações de objeto.
Quando a fonte é interna, derivada da pulsão de morte, gera medo de aniquilamento
e origina ansiedade persecutória, que é menor quanto menos intensa é a divisão do
objeto. Desta forma o ego é capaz de integrar-se e sintetizar os sentimentos para
com o objeto, e o amor em relação ao objeto bom predomina sobre os impulsos
destrutivos.
De forma gradual, o bebê entra em contato com as frustrações, que são de
suma importância para o seu desenvolvimento, uma vez que precisa aprender a
tolerá-las. Mas, se estas frustrações forem muito intensas e excessivas, podem
gerar sentimentos de ódio, vivenciados como uma ameaça à sobrevivência, e para
livrar-se destes sentimentos utiliza mecanismo defensivo, tal como a identificação
projetiva, colocando para fora de si conteúdos agressivos, não os percebendo como
seus. (KLEIN, 1982).
Klein (1982) sugere que, já no nascimento, o ego desenvolve mecanismos de
defesa para dar conta da ansiedade e iminente aniquilamento, tais como a introjeção
e a projeção. Para conter tal angústia, ocorre uma cisão e o seio materno é dividido
entre seio bom e seio mal, desta forma o ego tenta manter e preservar um objeto
bom e de outra atenuar a persecutoriedade do objeto mau. Esses são
correspondentes dos objetos de gratificação ou frustração. Assim, o bebê introjeta o
seio bom (cindido), projetando os instintos de amor, atribuindo-os ao seio gratificador
(bom) e também projeta os impulsos destrutivos para o exterior e os atribui ao seio
mau. Através do contato físico com a mãe o seio bom e o seio mau gradualmente
fundem-se, assim começa a construção gradual das relações objetais.
20

Klein (1982) considera que, se o bebê introjeta a mãe como objeto bom,
existe uma maior possibilidade de identificação com outros objetos amistosos,
predominando sentimentos bons em seu mundo interno ao longo da vida. Em
contrapartida, quando o ego se identifica com o objeto mau, ou seja, a introjeção da
mãe e feita como objeto mau, aumentam os sentimentos ruins na realidade psíquica
do sujeito. Portanto, a qualidade das relações objetais e a construção da
subjetividade dependem da forma de introjeção e projeção dos objetos bons e dos
maus.
A partir desta conceituação e em concordância com as características das
relações de objetos Klein (1982) define o conceito de posição e em seguida define
duas maneiras peculiares de relações objetais, que são: posição esquizoparanóide e
posição depressiva. Posição é definida por Klein (1982, p. 255) como “agrupamento
de ansiedades e defesas, embora surjam primeiro durante os estágios primitivos,
não se restringem a eles, mas ocorrem e repetem-se durante os primeiros anos da
infância e, em certas circunstâncias, na vida ulterior”. Ou seja, o conceito de posição
é mais dinâmico, pois, a “constelação psíquica” indicada pelo termo posição pode
acontecer e mudar a qualquer momento, chocando-se com o conceito de fase
(estágio), que se refere a processos mais estáveis (SIMON, 1986).
As configurações das relações de objeto são definidas como posição
esquizoparanóide, ao nascer, e as principais particularidades desta posição são:
divisão do objeto externo em bom e mau (=mãe), efetivação de ataques sádicos
dirigidos à mãe e a agressividade.
A posição esquizoparanóide, do ponto de vista pulsional, a libido e a
agressividade estão desde o início presentes e fundidas. O ego tem capacidade
limitada de suportar a angústia, utilizando como mecanismos de defesa a clivagem,
idealização, negação e controle onipotente do objeto. (LAPLANCHE e PONTALIS,
2001).
Em seguida à posição esquizoparanóide, de acordo com Klein (1982), surge a
posição depressiva, caracteriza-se pelo impulso para reparar ou proteger o objeto
bom. Fato que abre caminho para relações objetais e sublimações mais
satisfatórias, que contribuem para a integração do ego e do objeto externo. As
defesas estão a serviço de suportar uma possível perda do objeto devido aos
ataques realizados na posição esquizoparanóide e um maior entendimento da
realidade psíquica e externa. De acordo com Simon (1986), estas posições, embora
21

mudem em função do contexto, existem pelo resto da vida. A posição depressiva é


mais frequente no desenvolvimento saudável e o recuo à posição esquizoparanóide
ocorre em virtude da impossibilidade do ego suportar a angústia depressiva e a
culpa (HELENO, 2000).
A posição depressiva é alcançada quando o indivíduo consegue reconhecer e
discriminar um objeto total. O ego se reconhece separado do objeto e é capaz de
separar a fantasia da realidade externa (Segal, 1975). Os indivíduos que
permanecem na posição esquizoparanóide não conseguem essa integração,
mantendo sua organização interna clivada, o amor e o ódio travam uma luta que
persiste ao longo da vida, podendo desencadear problemas nas relações
interpessoais posteriormente estabelecidas (Klein, 1996).
De acordo com Costa e Katz (1992), os sujeitos que resolvem seus conflitos
infantis de modo mais adequado, usam menos o mecanismo da identificação
projetiva patológica, e constroem uma relação mais independente. Desta maneira,
na resolução dos conflitos, as escolhas infantis do objeto podem ser trocadas por
outras mais atuais e reais.

3.1 Mecanismos de Defesa

Para compreender e discriminar a estrutura e a dinâmica da personalidade,


no presente estudo, optou-se pelo uso do teste das relações objetais de Phillipson
(2012). De acordo com o modelo de interpretação do sistema tensional inconsciente
dominante proposto por Phillipson (2012) é estudado o triângulo formado por
desejos, medos e defesas. Rosa e Silva (2005) propõem o quadro 1 para a análise
do Sistema Tensional Inconsciente Dominante (p. 23).

Quadro 1: Sistema Tensional Inconsciente Dominante


Desejos Medos, angústias e Mecanismos de
Posições
inconscientes sentimentos defesa
Depressão, culpa, Defesas de
Posição
Fazer reparação do luto pela destruição reparação maníaca;
depressiva
objeto estragado. do objeto (parcial negação triunfo e
(KLEIN, 1991).
ou total). controle onipotente.
22

Sensação de
perseguição
(interna ou
Proteger o self bom Identificação
externa), medo de
do aniquilamento; projetiva, divisão,
Posição aniquilamento e de
separar o bom objeto excisão, idealização
Esquizoparanóide catástrofe;
do objeto mau, e demais defesas
(KLEIN,1991) sentimentos de
estragado e contra o sentimento
inveja do objeto
estragante. de inveja
bom; medo de
progredir, crescer;
autodesvalorização.
Identificação adesiva,
clivagem,
imobilização,
fragmentação,
Angústia
Posição confusão, defesas
Ficar fundido com o confusional,
Gliscrocárica contra a aglutinação
objeto bom e hipocondria,
(BLEGER, 1988) do self com o objeto
protetor, paralisar o perplexidade,
Posição bom (hostilidade ao
objeto ou o próprio embaraçamento,
Viscocárica objeto) e
self. perseguição dos
(ROSA,1995) desaparecimento do
fragmentos do self.
self
(imponderabilidade,
horizontalidade e
verticalidade).
Fonte: Rosa e Silva (2005, p. 23)

Os mecanismos primitivos de defesa agem contra a ansiedade derivada da


atividade da pulsão de morte e abrangem a negação, cisão, as formas excessivas
de projeção e introjeção, as identificações (projetivas, projetivas maciças, introjetivas
e adesivas), reparação maníaca e a idealização. Estes mecanismos afetam a forma
das relações objetais e definem as bases da identidade (HINSHELWOOD, 1992).
A cisão é um mecanismo de defesa que ocorre devido a uma grande
ansiedade, e às fantasias ativas no ego. Klein (1982) ressalta que “o ego é incapaz
de cindir o objeto, interno e externo, sem que ocorra uma cisão correspondente
dentro dele” (p. 222).
Na cisão, o ego experimenta a sensação de desintegração, e os objetos são
percebidos como cindidos, objetos parciais (bons ou maus). O ego efetua processos
de cisão por falta de coesão do ego arcaico e também do aparecimento da pulsão
de morte. A ansiedade persecutória intensa leva o ego ao processo de cisão dos
objetos, permitindo que indivíduo acredite, para sua autopreservação, na existência
23

do seio bom, apartado do seio mau (destruidor). É importante salientar que o


processo de cisão modifica-se no decorrer do desenvolvimento, porém está sempre
presente (KLEIN, 1982).
A idealização é um mecanismo utilizado para proteção de uma perseguição
excessiva, conservando, ao mesmo tempo a dissociação entre objetos idealizados e
persecutórios. O seio mau é sentido como “um perseguidor terrível, e o seio bom
tende a converter-se no seio “ideal” que satisfaria o desejo ávido de gratificação
ilimitada, imediata e duradoura”. Ou seja, quando existe a necessidade de ser
protegido dos perseguidores, necessitam do aumento das características boas e
protetoras do objeto ou do acréscimo de qualidades não existentes no mesmo, com
o intuito de minimizar a ansiedade e a angústia (KLEIN, 1982, p. 220).
Outro mecanismo de defesa é o controle onipotente do objeto interno e
externo. De acordo com Klein (1982) o ego toma posse do seio, e na alucinação, o
seio mau mantém-se totalmente separado do seio ideal, e a experiência de ser
frustrado da experiência de ser gratificado. Esta cisão está diretamente relacionada
ao processo de negação, pois através do mesmo aniquila (alucinação negativa)
qualquer objeto ou situação frustradora, buscando a gratificação e o alívio da
ansiedade.
Klein (1982) elaborou o termo identificação projetiva para explicar um modelo
de relação de objeto hostil. Quando o bebê projeta partes boas do eu para dentro da
mãe, ele desenvolve boas relações objetais. Porém quando as projeções são
intensas ele pode sentir que foram perdidas partes boas do objeto, produzindo
empobrecimento e enfraquecimento do ego.
Simon (1986) descreve a identificação projetiva como a fantasia onipotente da
divisão de partes do eu, projetando-as para dentro de objetos externos, controlando
e alterando-os em objetos parcialmente idênticos ao sujeito. De acordo com Simon
(1986), Klein estuda a influência mútua entre defesas, impulsos, angústias e
fantasias, que acarretam em perturbação do funcionamento mental do psicótico. No
caso da cisão fragmentada de objetos, origina objetos perseguidores, que podem
ocasionar o esvaziamento da mente do sujeito e causar a despersonalização, nos
casos onde a identificação projetiva for excessiva.
Segundo Segal (1975), “na identificação projetiva, partes do eu (self) e
objetos internos são expelidos (splitting off) e projetados no objeto externo, o qual
então se torna possuído e controlado pelas partes projetadas, identificando-se com
24

elas” (p. 39). O mecanismo de identificação projetiva está ligado à posição


esquizoparanóide, e tende a aumentar “quando a mãe é percebida como um objeto
total e todo o seu corpo é penetrado por identificação projetiva” (p. 39).
Para Klein (1952), quando a identificação projetiva é relacionada aos
mecanismos destrutivos, onde o objeto bom é destruído em fantasia e existe a
persecutoriedade do objeto mau, estabelece-se a identificação projetiva maciça.
Outro mecanismo de defesa descrito por Klein (1970) é escotomização, em
seu artigo “Uma contribuição a psicogêneses dos estados maníaco-depressivos”,
como um dos mecanismos de defesa mais primitivos contra o medo de
perseguidores (internos ou externos), e ocorre quando existe a negação da
realidade psíquica, restringindo os mecanismos de introjeção e projeção e na
negação da realidade externa.
Como vimos, para Klein (1962) a agressividade, como defesa é pulsional e
que as pulsões são flexíveis, sendo assim, as manifestações da agressão
evidenciam seu potencial em colaborar para o desenvolvimento da mente e também
com seus distúrbios. Assim, quando as pulsões perdem a flexibilidade e predominam
os impulsos destrutivos, estabelece-se a persecutoriedade do objeto e as
manifestações da agressão transformam-se em violência e gera a paralisação da
mente.
A negação pode ser utilizada como solução adaptativa para proteger contra
estímulos que ao serem incluídos desencadeiam graves perturbações, ou como
mecanismo encobridor de uma distorção que só poderia ser explicitada no
interrogatório (OCAMPO ET AL, 2009).
Na racionalização o indivíduo passa por um processo onde tenta apresentar
uma explicação “coerente do ponto de vista lógico, ou aceitável do ponto de vista
moral”, seja para um comportamento ou uma ideia, não percebendo os verdadeiros
motivos (LAPLANCHE e PONTALIS, 2001, p. 423).
A reparação maníaca ocorre quando a angústia de querer reparar um objeto
danificado é vivenciada como uma tarefa árdua, portanto o sujeito pode subestimar a
situação, e a tarefa é transformada em fácil, como mágica. O desprezo e a
depreciação, porém, são defesas maníacas contra a gravidade da angústia e
auxiliam o indivíduo a sentir-se menos desamparado e dependente de seus
importantes objetos bons, danificados, e fazem vir à tona uma responsabilidade tão
25

pesada, resultando na danificação dos objetos e pode levar a um círculo vicioso


(HINSHELWOOD, 1992).

4. MÉTODO

Conforme Lakatos e Marconi (2001), método é um conjunto de atividades


sistemáticas e racionais que favorecem a obtenção do objetivo da pesquisa,
trilhando o caminho, a fim de detectar erros e ajudando o pesquisador em sua
tomada de decisões.
Nesta pesquisa utilizaremos a abordagem clínico-qualitativa. Minayo (1996)
define método qualitativo como aquele capaz de coligar a demanda do sentido e da
intencionalidade como intrínsecos aos atos, às relações, e às estruturas sociais,
sendo essas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação,
como construções humanas significativas, ou seja, o método qualitativo se volta para
os significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, correspondendo ao
universo mais intenso das relações, dos processos e dos fenômenos, não os
reduzindo à operacionalização de variáveis.
Turato (2000) define o método clínico-qualitativo como um estudo teórico,
munido de um conjunto de técnicas e procedimentos apropriados para apresentar e
interpretar os significados de fenômenos relacionados à vida do indivíduo. Quando o
pesquisador utiliza este método, é instigado a acolher as angústias e ansiedades da
pessoa em estudo, sendo útil nos eventos em que os fenômenos tenham
estruturação complexa, de foro íntimo ou de verbalização emocionalmente difícil.

4.1 Participantes

Participaram desta pesquisa quatro homens envolvidos em violência


doméstica. Foram convidamos oito homens, sendo que, três recusaram o convite e
um dos homens foi preso, portanto, não foi possível incluí-lo.
26

Tabela 1. Distribuição das participantes por idade, estado civil, filhos e escolaridade
Caso Idade Estado Civil No. De filhos Escolaridade
Caso 1 - Cleber 28 anos Casado 2 Médio Completo
Caso 2 - Claudionor 45 anos Casado 1 Fundamental Incompleto
Caso 3 - Dalton 32 anos Casado 2 Médio Incompleto
Caso 4 - César 31 anos Casado 2 Médio Incompleto

4.2 - Local

A pesquisa foi realizada na Organização não governamental de uma cidade


da grande São Paulo.

4.3 - Ambiente

Os encontros ocorreram em uma sala, bem iluminada, com mesa e cadeiras,


ambiente neutro, protegendo o participante de ruídos externos, que ficou livre para
que pudesse se expressar e se concentrar e realizar o teste proposto.

4.4 Instrumentos

Para a coleta de dados foi utilizado o Teste das Relações Objetais que avalia
a dinâmica e a estrutura do funcionamento psíquico.

4.4.1 Testes das Relações Objetais

O TRO é um método projetivo, que tem como objetivo avaliar a dinâmica e a


estrutura psíquica e consiste em apresentar ao sujeito 13 lâminas com figuras
ambíguas e solicitar que ele conte histórias. Baseia-se na teoria de que o indivíduo,
ao elaborar histórias sobre os estímulos apresentados, recorrerá a suas próprias
experiências e fantasias, expressando impulsos conscientes e inconscientes,
defesas e conflitos. Utiliza como pressuposto básico as relações interpessoais como
o núcleo das relações objetais no presente, explorando o conteúdo de realidade e o
clima emocional que evocam (GRASSANO, 2012; OCAMPO, 2011).
De acordo com Grassano (2012), a produção projetiva de cada sujeito é uma
elaboração pela qual se expressa um modo particular de estabelecer contato com a
27

realidade interna e externa, a qual está relacionado em cada momento do processo.


As lâminas atuam, na situação projetiva, “como objetos mediadores das relações
vinculares pessoais, que mobilizam ou reeditam aspectos variados da vida
emocional. Nesse sentido, toda produção projetiva é o produto de uma síntese
pessoal” (GRASSANO, 2012, p. 26).
O Teste das relações objetais de Phillipson é constituído por 13 lâminas,
dividido em três séries A, B, C e uma em branco, com quatro lâminas cada série,
com um, dois, três pessoas e uma de grupo.
De acordo com Phillipson (1992), as lâminas da Série A se apresentam
sombreadas (claro e escuro) e pouco estruturadas, o que faz emergir necessidades
primitivas de relações objetais. Para Ocampo e Arzeno (2012), nesta série, quanto
maior o aparecimento de ansiedades depressivas, maior o índice de adaptação, pois
quando existem menos “mecanismos de controle obsessivo e reparação autêntica,
realçando-se aspectos mais integrados do ego” (p. 128).
As figuras da série B apresentam traços escuros e bem definidos (preto e
branco), com pouca liberdade a outras interpretações, que não seja a realidade
exibida, o que pode suscitar controles egóicos mais maduros e o aparecimento de
defesas de neuróticas, possibilitando que o ego seja capaz de lidar com a realidade
e atenuar as angústias (OCAMPO et al, 2012; ROSA, 2005).
A série C exibe cenários menos estruturados que a série B e inclui cor, o que
pode aumentar a tensão e os sentimentos agressivos. De acordo com Rosa (2005),

“As respostas nesta série possibilitam a apreciação do tipo de vínculo que o


paciente estabelece com seus objetos”... “O controle adaptativo é esperado
em termos de diagnóstico e prognóstico, bem como o uso de defesas que
empobrecem o ego, tais como a negação, o triunfo e o controle onipotente.
São comuns fantasias de perda e elaboração do luto, sentimentos frente ao
conflito edipiano que favorecem dissociações: superego/ego/id,
mente/corpo, mundo interno/externo, fantasia/realidade.” (p. 15).

A prancha em branco serve para compreender os afetos mobilizados em


situações de perda e as possibilidades de recuperação.
As histórias elaboradas por homens em situação de violência
doméstica, a partir das lâminas do TRO serão analisadas com base na teoria das
28

relações objetais de Melanie Klein, com o objetivo de avaliar a dinâmica e a


estrutura psíquica destes sujeitos.
Klein (1982) em seu artigo “Notas sobre alguns mecanismos esquizoides”, de
1946, discorre sobre a estrutura do ego e como é afetado pelos processos de cisão,
sendo esta estrutura um sistema de objetos internos elaborados através das
relações objetais e da fantasia inconsciente. Na posição esquizoparanóide, o mundo
interno está cindido e pode ocorrer a fragmentação do mesmo, existindo um esforço
do ego para efetuar uma integração dos objetos parciais e de partes do self. Na
posição depressiva a estrutura da personalidade torna-se mais integrada.
De acordo com Ocampo e Arzeno (2012), o teste das relações objetais tem
como hipótese que o mundo é percebido dinamicamente pelas pessoas, e suas
percepções são coerentes com sua maneira de interagir com o meio, refletindo em
processos dinâmicos através dos quais expressa e regula as forças conscientes e
inconscientes que atuam em sua interação com a situação.

4.5 - Procedimento

A coleta de dados foi feita em uma organização não governamental que


atende e orienta homens e mulheres envolvidos em violência doméstica em uma
cidade da Grande São Paulo.
Após a aprovação do Comitê de Ética da Universidade Metodista, convidamos
os homens a participar da pesquisa. Com o objetivo de preservar a mulher de modo
que ela não sofresse nenhum tipo de represaria, esses homens, que respondem aos
processos por violência contra a mulher, comparecem à ONG em virtude do
processo estar ainda em andamento e participam de um grupo de reflexão que
objetiva a conscientização e responsabilização do homem nas situações de violência
doméstica. Nesta ocasião, eles foram convidados a participar da pesquisa.
É válido esclarecer que os participantes foram convidados e não coagidos a
participarem do estudo. Àqueles que se mostraram interessados, foi agendado dia e
hora a fim de apresentar os objetivos da pesquisa e explicar os aspectos éticos.
Também foi lido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (Anexo A),
para que o participante voluntário possa ter conhecimento de como será o processo
da pesquisa. Após consentimento dos participantes, foi realizada uma entrevista,
aplicação do TRO e uma entrevista devolutiva:
29

TRO – Teste das Relações Objetais, é um método projetivo que consiste em


apresentar ao sujeito 13 lâminas com figuras ambíguas e solicitar que ele conte
histórias e ao elaborar histórias sobre os estímulos apresentados, recorrerá a suas
próprias experiências e fantasias, expressando impulsos conscientes e
inconscientes, defesas e conflitos.
Entrevista Devolutiva tem como principal objetivo comunicar o resultado das
avaliações e auxiliar o indivíduo na compreensão dos mesmos, removendo
distorções ou fantasias negativas.
Os instrumentos relacionados acima foram aplicados em três encontros:
1º encontro – Entrevista Inicial
2º encontro – Aplicação do Teste das Relações Objetais.
3º encontro – Devolutiva.

4.6 Análises dos dados

O material foi avaliado de forma qualitativa seguindo critérios estabelecidos


pelo autor do Teste das Relações Objetais, utilizado na pesquisa.

4.7 Aspectos Éticos

De acordo com a resolução 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia,


toda pesquisa em Psicologia com seres humanos deverá estar instruída de um
protocolo, a ser submetido à apreciação de Comitê de Ética em Pesquisa,
reconhecido pelo Conselho Nacional de Saúde, conforme determinação da
resolução MS 196/96 E 466/12 do CNS. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de
Ética em pesquisa, número 851.950, CAEE 30811114.8.0000.5508 (ANEXO B).
30

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir apresentamos os resultados do TRO de cada um dos participantes, os


nomes são fictícios, a fim de manter o sigilo e preservar a identidade desses
homens. As histórias elaboradas por cada um dos participantes no Teste das
Relações Objetais - TRO estão em anexo (Anexo C).

Caso 1 – CSL

Cleber tem 28 anos e uma irmã mais nova de 26 anos. Relata que já esteve
preso por dois anos, porte de drogas e roubo no nordeste brasileiro e mais cinco
meses por violência contra sua mulher. Tem duas filhas, uma de sete anos, que
reside com a mãe em Minas Gerais e uma filha de um ano com a atual esposa.
Expõe que quando usava drogas, sempre estava brigando com alguém, ou
era sua esposa, sua irmã, seu cunhado ou sua mãe. Fazia mil peripécias para fugir
da polícia, o que, segundo ele, causava vergonha para todos os seus parentes, mas
sua esposa sempre esteve ao lado dele.
Depois que saiu da prisão decidiu que precisava mudar de vida. Com a ajuda
de uma igreja, não voltou a usar drogas e nem utilizar bebida alcoólica. Está
empregado em uma empresa, com carteira assinada, e voltou a morar com a esposa
e a filha de um ano desde fevereiro de 2013.
Relata que, quando jovem, presenciava o pai bater na mãe e que ele também
apanhou muito. E em sua casa não era diferente, sempre que bebia e usava drogas
tinha muitas brigas, e admite que bateu na mulher e conta que ela revidava, “mas o
homem sempre é mais forte” (sic).
Frequenta uma igreja evangélica, e fala muito sobre como a palavra de Deus
o ajudou a reconstruir sua vida, pois, segundo ele, “se continuasse bebendo, não
estaríamos juntos, ou estaria no caixão ou preso” (sic).
Conta que não tem muitos amigos, e que evita sair com os velhos amigos,
para não ter recaída, porém algumas vezes alguns conhecidos o procuram e ele
tenta levá-los para “o bom caminho”, sair das drogas.
31

Disse que tem planos para o futuro, tais como, conseguir morar em uma casa
melhor, pois sua esposa merece, por ter passado necessidade e muito desgosto
com ele, quer comprar um carro e tirar carta de motorista para que possa levar sua
família para passear. Fala que sua esposa está mais nervosa ultimamente, porém,
ele sabe que “deve ser cansaço por tudo o que ela passou quando bebia e usava
drogas” (sic).
No último encontro relatou ter se separado da mulher e foi morar com a mãe.
Conta que continua conversando com a esposa e sempre pega sua filha de um ano
para passar o dia com ele. Quando relatou a separação disse que está tudo muito
diferente, pois quando eles se separavam, eles sempre discutiam, mas agora, estão
conversando com calma e os dois estão melhores.
Conta que, mesmo com as mudanças, a ex-esposa estava muito nervosa, e
eles sentaram para conversar, e acharam melhor a separação. Combinaram que
Cleber pegará sua filha todos os finais de semana, e continuará ajudando a ex-
esposa financeiramente.
Ressalta que vai à igreja com sua mãe e o relacionamento entre eles também
melhorou. Reatou o contato com sua irmã e seu cunhado, que também são
evangélicos e acredita que tudo ficará bem agora que, segundo ele, “estão em
Deus” (sic).
Atualmente, seu lazer é ir passear com sua filha, fazer churrasco na casa da
irmã. De acordo com seus relatos, o apoio da sua família foi de extrema
importância para que ele pudesse “mudar de vida” (sic), e hoje quer olhar para frente
e construir uma vida digna. Seus planos para o futuro são: continuar trabalhando,
tirar a carteira de motorista e comprar um carro usado, e levar sua filha para
passear.
32

Quadro 2 – Conteúdo Humano, conteúdo de realidade e contexto de realidade

Contexto de
Lâmina Conteúdo Humano Conteúdo de Realidade
Realidade
Uma pessoa, um
A1(1) homem de braços Inexistente. Vitória
cruzados.
Um homem e uma
A2(2) mulher, como eu e Inexistente. Inexistente
minha esposa.

C3(3) Pessoa, duas pessoas. Uma casa. Inexistente

Um rapaz e uma
Cenário interno e externo
B3(4) criança, e outra pessoa Inexistente
doméstico.
na porta.
Um monte de gente,
AG(5) Inexistente. Inexistente
cinco pessoas.

Cenário interno doméstico,


B1(6) Uma pessoa. detalhes, quarto, televisão e Inexistente
uma escada.

Pessoas com as mãos


CG(7) Inexistente. Glorificação
levantadas.
Três pessoas, duas
A3(8) conversando e uma Inexistente. Inexistente
parada.
Um casal, duas
Cenário externo, árvore e
B2(9) pessoas, um homem e Inexistente
prédio.
uma mulher.
Cenário interno, urbano,
BG(10) Seis pessoas. igreja, detalhes porta e Inexistente
janela.
Cenário interno doméstico,
Uma pessoa, outra
C2(11) uma cama, uma cômoda, Inexistente
pessoa.
uma janela.
Uma cadeira, uma jarra,
cenário interno doméstico,
C1(12) Inexistente Inexistente
cozinha (cadeira, jarrinha,
copo, prato).
33

Quadro 3 – Sistema Tensional Inconsciente Dominante – STID


Lâmina Medo Desejo Defesa

Identificação projetiva,
cisão, tendência à
A1(1) Fracasso Vencer
idealização, controle
onipotente.
Identificação projetiva
A2(2) Do par unido Conter o par maciça e idealização,
cisão.
Identificação projetiva
maciça, alucinação
C3(3) Exclusão Evitar a exclusão
negativa, cisão e
idealização.
Identificação projetiva
B3(4) Exclusão Evitar a exclusão maciça, cisão,
idealização.
Identificação projetiva
Perda (medo de
maciça, cisão,
AG(5) não proteger o Evitar a perda
idealização e
objeto bom)
escotomização.
De entrar em Manter o controle dos Identificação projetiva,
contato com objetos destrutivos, por cisão, tendência à
B1(6)
objetos destrutivos meio do controle onipotente idealização, controle
do mundo interno (=obsessivo). onipotente.
Identificação projetiva
Dos ataques
CG(7) Impedir os ataques maciça, idealização e
destrutivos do id
negação maníaca.

Identificação projetiva
A3(8) Da exclusão Evitar a exclusão
maciça, idealização.

Identificação projetiva
B2(9) Dos ataques ao par Manter o par unido
maciça, idealização.

Identificação projetiva
BG(10) Da exclusão Evitar a exclusão
maciça, idealização.

Identificação projetiva
C2(11) Da perda Evitar a perda
maciça e idealização.

Identificação projetiva
C1(12) Da solidão Evitar a solidão maciça, alucinação
negativa e idealização.
34

Quadro 4 – Caso 1: Síntese e Posição


Lâmina Síntese Posição
Esquizoparanóide,
O ego suporta a solidão, mas por meio de defesas primitivas como controle
A1(1) onipotente.
tendendo para a
depressiva.
A situação de par gera extrema ansiedade e o ego não é capaz de suportá-la,
A2(2) utiliza-se da identificação maciça para tentar manter o equilíbrio. Esquizoparanóide
O ego não é capaz de suportar a situação triangular que remete a exclusão.
C3(3) A intensa angustia invade o ego, que fragilizado recorre à identificação
projetiva e as outras defesas. Esquizoparanóide
Frente à situação de exclusão o ego fragilizado não suporta a intensa
angústia, e por meio da identificação projetiva maciça aplaca os
B3(4) perseguidores internos e externos. A exclusão do objeto que invade o par não
é suficiente para manter o par unido. O ego não é capaz de manter uma
relação de par adulto. Esquizoparanóide
O ego não suporta a situação de perda, nega e recorre à identificação
projetiva maciça, tenta aplacar a angústia por meio da cisão e da
escotomização e idealiza as situações. Parece temer não conseguir manter o
AG(5) objeto bom, teme pela sua destruição, assim precisa mantê-lo afastado por
meio da cisão e ao mesmo tempo não consegue usufruir da sua bondade. O
ego fragilizado recorre à idealização (Deus).
Esquizoparanóide
Melhor contato com a realidade, as defesas de controle obsessivo permitem o Esquizoparanóide
B1(6) controle da angústia. O ego ainda fragilizado recorre à idealização e nega as tendendo a
situações tendendo à mania. depressiva
Os ataques destrutivos do id são temidos pelo ego, o superego permissivo
não pode conter os ataques. Assim o ego fragilizado para dar conta dos
CG(7) ataques persecutório dos objetos recorre a identificação projetiva maciça e
idealização Esquizoparanóide
O ego não suporta a exclusão e recorre aos mecanismos defensivos
A3(8) primitivos para conter a angústia. Utiliza-se da identificação projetiva maciça e
idealização. Esquizoparanóide
A situação de par não pode ser sustentada e o ego fragilizado recorre a
B2(9) identificação projetiva maciça, a idealização leva o ego ao triunfo.
Esquizoparanóide
O ego não suporta a exclusão teme pelos ataques dos objetos internos
BG(10) perseguidores, não suportando recorre a identificação projetiva maciça e a
idealização. Esquizoparanóide
O ego não suporta lidar com seus objetos destruídos (ou em destruição), não
é capaz de repará-los e por meio da identificação projetiva maciça funde-se a
C2(11) eles (o ego) e recorre a idealização como forma de aplacar a intensa angústia
em função da batalha entre o ego e seus perseguidores. Esquizoparanóide

O ego fragilizado não suporta a situação de solidão, recorre a identificação


C1(12) projetiva e a idealização para tentar aplacar a intensa angústia.
Esquizoparanóide
Em função da persecutoriedade dos objetos e da culpa persecutória o ego
fragilizado tenta conter essa destrutividade, mas fracassa a medida que usa a
identificação projetiva maciça e a idealização assim torna-se impossível
prosseguir a posição depressiva posto que nesta dependeria a transformação
da culpa em depressiva, por meio da ação de um objeto bom que ainda não
Branca foi estabelecido. Esquizoparanóide
35

A análise do conteúdo humano mostrou que as respostas de Cleber estavam


de acordo com o esperado, com exceção de duas lâminas (C1 e C3), nas quais
recorreu à alucinação negativa. O Conteúdo de Realidade foi inexistente em cinco
lâminas (A1, A2, CG, A3, AG), indicando alterações na percepção, e no contato com
a realidade. Nas demais lâminas ele observa cenários domésticos (internos e
externos). No que se refere ao contexto de realidade, em sua maioria foi inexistente,
com exceção das lâminas A1 (vitória) e na CG (glorificação, vibrando).
Na análise do Sistema Tensional Inconsciente Dominante, Cleber apresentou
o desejo de evitar a exclusão em quatro lâminas (C3, B3, A3 e BG), evitar a perda
(AG e C2), triunfo (A1), conter o par (A2), manter o controle dos objetos destrutivos
(B1), impedir os ataques destrutivos do id (CG), manter o par unido (B2), evitar a
solidão (C1). Os medos em anuência com os desejos foram: medo do fracasso,
medo do par unido, da exclusão, medo de não proteger o objeto bom, dos ataques
destrutivos do id, dos ataques ao par, da perda e da solidão.
Com relação às defesas pode-se observar a utilização da identificação
projetiva, tendência à idealização, controle onipotente, cisão, identificação projetiva
maciça, alucinação negativa, escotomização, negação maníaca, características da
Posição esquizoparanóide. Somente em duas lâminas aparece uma tendência à
posição depressiva (A1 e B1).
Analisando os resultados pode-se observar que nas pranchas de um
personagem, o ego foi capaz de suportar a angústia da solidão, mas por meio de
mecanismos primitivos como a identificação projetiva, cisão, tendência à idealização
e controle onipotente. Exceto na prancha C1, que o ego não foi capaz de manter o
equilíbrio psíquico.
Nas pranchas de par (A2, B2 e C2), observou-se que a situação de par não
pode ser sustentada e o ego fragilizado recorre à identificação projetiva maciça e a
idealização, levando o ego ao triunfo. Na lâmina A2, B2 e C2, ocorre intensa
angústia em função da batalha entre o ego e seus perseguidores.
Na lâmina C3, notou-se que o ego não é capaz de suportar a situação
triangular que remete a exclusão. A intensa angústia invade o ego, que fragilizado
recorre à identificação projetiva, alucinação negativa, cisão e idealização. Frente à
situação de exclusão o ego fragilizado não suporta a intensa angústia, e por meio da
identificação projetiva maciça aplaca os perseguidores internos e externos. A
36

exclusão do objeto que invade o par não é suficiente para manter o par unido. O ego
não é capaz de manter uma relação de par adulto (prancha B3). Na lâmina A3, o
ego não suporta a exclusão e recorre a mecanismos defensivos primitivos para
conter a angústia. Utiliza-se da identificação projetiva maciça e idealização (A3 e
B3).
Nas lâminas de grupo, utilizou como mecanismos de defesa a cisão e
escotomização (AG), predominando a identificação projetiva maciça e a idealização
(BG e CG). Pode-se notar na lâmina AG que o ego não suporta a situação de perda,
nega e recorre à identificação projetiva maciça, tenta aplacar a angústia por meio da
cisão e da escotomização e idealizando as situações. Parece temer não conseguir
manter o objeto bom, temendo por sua destruição, assim precisa mantê-lo afastado
por meio da cisão e ao mesmo tempo não consegue usufruir da sua bondade. O ego
fragilizado recorre à idealização (Deus). Os ataques destrutivos do id são temidos
pelo ego, o superego permissivo não pode conter os ataques. Assim o ego
fragilizado para dar conta dos ataques persecutórios dos objetos recorre à
identificação projetiva maciça e idealização (CG). A prancha BG demonstra que o
ego não suporta a exclusão, temendo pelos ataques dos objetos internos
perseguidores.
Analisando-se os resultados da prancha em branco, nota-se que em função
da persecutoriedade dos objetos e da culpa persecutória o ego fragilizado tenta
conter essa destrutividade, mas fracassa à medida que usa a identificação projetiva
maciça e a idealização assim torna-se impossível prosseguir para a posição
depressiva posto que, nesta, dependeria da transformação da culpa em depressiva,
por meio da ação de um objeto bom que ainda não foi estabelecido.
37

Caso 2

Claudionor tem 45 anos, é o mais velho dos seis filhos. Tem o ensino
fundamental incompleto. Saiu do nordeste e foi morar com um tio no interior de São
Paulo. Ficou lá somente oito dias, pois não se adaptou. Voltou para o nordeste, onde
ficou por mais dois anos, retornando a São Paulo, onde vive em uma cidade do
Grande ABCD. Trabalha em uma fábrica há cinco anos. Relata que teve quatro
namoradas em toda sua vida, mas quando conheceu sua ex-companheira, sabia
que casaria com ela, namoraram durante um mês e logo foram morar juntos, desta
união tem uma filha de 10 anos.
De sua infância lembra-se de muitas brigas de seus pais e que saiu de casa
cedo para tentar uma vida melhor, seu pai bebia muito e foi assassinado em um bar
quando Claudionor tinha 35 anos, sua mãe morreu de câncer logo depois.
Claudionor diz que bebe desde os quinze anos, mas sempre trabalhou e a
bebida nunca afetou o seu trabalho. Ele foi preso duas vezes, sendo uma no litoral
paulista por uma briga. Segundo ele, foi ocasionado por sua ex-companheira com
policiais, e sem querer ele pegou a arma de um policial e deu um tiro no chão. A
segunda prisão se deu por causa de agressões à sua ex-companheira e ficou preso
por 90 dias.
Relata que desde que a ex-companheira deu queixa e entrou com a medida
protetiva, não vê a filha e isso está tirando o seu sono, uma vez que sempre foi
muito apegado à filha. Deixa claro que continuará tentando na justiça uma forma de
encontrar sua filha. De acordo com seus relatos, encontra com a ex de vez em
quando para entregar o dinheiro da pensão da menina, mesmo com a medida
protetiva.
Claudionor conta que seu relacionamento com a ex-mulher sempre foi muito
tumultuado, pois ela não aceita seu alcoolismo, mas justifica dizendo que quando ela
o conheceu ele já bebia, portanto não vê problemas na bebida.
38

Quadro 5 - Conteúdo Humano, conteúdo de realidade e contexto de realidade


Contexto de
Lâmina Conteúdo Humano Conteúdo de Realidade
Realidade
A1(1) Um homem, uma pessoa. Negado Inexistente
Nuvens, sol, chuva e
A2(2) Negado Negado
escuro.
Cenário interno
Uma pessoa, um homem Alcoolismo e
C3(3) doméstico - detalhes:
triste. confusão
abajur
Uma pessoa segurando
B3(4) Negado Amor
uma criança.
Nuvem, céu, chuva,
AG(5) Negado Negado
arco-íris.
Cenário interno
doméstico - detalhes:
B1(6) Negado Inexistente
cama, cômoda, balde,
porta, toalha.
Cenário Externo -
CG(7) Negado Escuro
Detalhes: tábuas
Pessoas, dois de um lado Cenário Externo -
A3(8) Escuro
e um do outro. Detalhes: ponto e ônibus
Cenário Externo -
B2(9) Um homem e uma mulher Detalhes: apartamento, Cansaço
árvore.
Cenário Externo -
BG(10) Um pessoal Detalhes: entrando em Inexistente
uma porta, igreja.
Cenário Interno e Amarelo, molhado,
C2(11) Negado Externo - detalhes: mancha (sujeira),
Janela chuva, limpeza.
Cenário Interno
C1(12) Negado doméstico (casa) - Pintas Vermelhas.
Detalhes: prato
39

Quadro 6 - Sistema Tensional Inconsciente Dominante - STID


Lâmina Medo Desejo Defesa
Identificação projetiva,
A1(1) Da solidão Evitar a Solidão controle onipotente,
idealização.
Dos ataques
Identificação projetiva,
destrutivos
A2(2) Evitar a destruição alucinação negativa,
direcionados ao
negação.
par
Dos ataques
Identificação projetiva,
destrutivos
C3(3) Evitar a destruição alucinação negativa,
direcionados ao
negação.
par
Dos ataques
Identificação projetiva,
destrutivos
B3(4) Evitar a destruição alucinação negativa,
direcionados ao
idealização.
par
Identificação projetiva,
Das situações
AG(5) Evitar a perda alucinação negativa,
de perda
dissociação.
Dos Ataques Identificação projetiva,
Evitar a destruição
destrutivos dos alucinação negativa,
B1(6) pelos ataques dos
objetos do controle obsessivo,
objetos ruins
mundo interior negação.
Dos ataques
Identificação projetiva,
destrutivos do id
CG(7) Evitar a destruição alucinação negativa,
e da rigidez do
negação.
superego
Dos ataques
Identificação projetiva,
A3(8) destrutivos dos Evitar a destruição
idealização.
objetos
Dos ataques ao Identificação projetiva,
B2(9) Conter os ataques
par idealização.
Dos ataques Identificação projetiva,
BG(10) Evitar a destruição
destrutivos negação, idealização.
Identificação projetiva,
Dos impulsos
alucinação negativa,
C2(11) destrutivos de Evitar a destruição
controle onipotente e
conteúdo anal
obsessivo, negação.
Da solidão e dos
Identificação projetiva,
ataques dos
C1(12) Evitar a destruição alucinação negativa,
objetos
negação.
destrutivos
40

Quadro 7 - Síntese e Posição


Lâmina Síntese Posição
A situação de solidão gera angústia que o ego não pode
A1(1) suportar. Na tentativa de amenizar o sofrimento recorre ao Posição
controle onipotente e a idealização.
esquizoparanóide
A situação de par gera angústia que o ego não pode
A2(2) suportar. Na tentativa de amenizar o sofrimento recorre ao Posição
controle onipotente e a negação da realidade. esquizoparanóide
A situação triangular não pode ser suportada e como defesa
o ego nega a realidade externa. Predomina, em alguns
C3(3) momentos, os objetos destrutivos que não permitem o Posição
equilíbrio psíquico. esquizoparanóide
A situação triangular não pode ser suportada e como defesa
o ego nega a realidade externa. Predomina, em alguns
B3(4) momentos, os objetos destrutivos que são neutralizados
pelo ego por meio da idealização. Assim, ora os objetos são Posição
perseguidores ora são idealizados. esquizoparanóide
A situação de perda não pode ser suportada e como defesa
o ego nega a realidade externa e interna. O ego reconhece
AG(5) o clima de tristeza (chuva), mas não pode suportar e Posição
idealiza a situação (arco-íris). esquizoparanóide
A situação de solidão não pode ser suportada e como
defesa o ego nega a realidade externa e interna. Predomina
B1(6) a negação e existe uma tentativa de controle por meio do Posição
controle onipotente, mas fracassa. esquizoparanóide
O ego teme os ataques destrutivos do id e não conta com a
flexibilidade do superego. A angústia é intensa e a situação
CG(7) não pode ser suportada. Predomina a alucinação negativa e Posição
a negação da realidade interna e externa. esquizoparanóide
O ego teme os ataques destrutivos dos objetos do mundo
A3(8) interno e externo. Como modo de controle da angústia Posição
utiliza a idealização. esquizoparanóide
O ego teme os ataques destrutivos direcionados ao par,
B2(9) mas é capaz de reconhecê-los. Mas, não suporta e tende a Posição
idealização da situação. esquizoparanóide
O ego teme os ataques destrutivos dos objetos ruins. A
BG(10) angústia não pode ser suportada. Predomina a negação e a Posição
idealização. esquizoparanóide
O ego teme os ataques destrutivos de conteúdo anal, a
angústia é intensa e a situação não pode ser suportada, o
ego tenta, por meio de mecanismos de negação e controles
C2(11) onipotente e obsessivo, manter o equilíbrio psíquico.
Fracassa e a fragilidade egóica não permite a reparação Posição
dos objetos. esquizoparanóide
O ego teme os ataques destrutivos dos objetos do mundo
interno e externo. A angústia é intensa e a situação não
C1(12) pode ser suportada. Predomina a alucinação negativa e a Posição
negação da realidade interna e externa. esquizoparanóide
41

Análise Caso 2

As respostas de Claudionor, na análise do conteúdo humano, mostraram que


em seis lâminas o conteúdo foi negado (A2, AG, B1, CG, C2 e C1) e nas demais
respostas estavam de acordo com o esperado. O Conteúdo de Realidade foi
negado em quatro lâminas (A1, A2, B3 e AG). De acordo com Ocampo et al (2009),
a negação funciona como uma forma de se proteger contra estímulos que podem
causar graves perturbações, indicando alterações na percepção, e no contato com a
realidade. Nas demais lâminas apresentam cenários domésticos internos e cenários
externos (igreja, ponto de ônibus, árvore). No que se refere ao contexto de
realidade, nas lâminas A1, B1 e BG são inexistentes e nas demais lâminas trouxe
em sua maioria, conteúdos como: escuro, confusão, chuva, cansaço e sujeira.
Na análise do Sistema Tensional Inconsciente Dominante, Claudionor
apresentou o desejo, em nove lâminas de evitar a destruição (A2, C3, B3, B1, CG,
A3, BG, C2 e C1), de evitar a solidão (A1), de evitar a perda (AG) e conter os
ataques (B2). Os medos em anuência com os desejos foram: medo dos ataques
destrutivos direcionados ao par, medo destrutivos dos objetos do mundo interior,
medo destrutivo do id e da rigidez do superego, dos impulsos destrutivos, medo de
ataques dos objetos destrutivos, medo da solidão e das situações de perda.
Com relação às defesas, observaram-se a utilização da identificação
projetiva, idealização, controle onipotente, alucinação negativa, negação e controle
obsessivo, características da Posição esquizoparanóide.
Analisando os resultados pode-se observar que nas pranchas de um
personagem, o ego não foi capaz de suportar a angústia da solidão, e na tentativa
de amenizar o sofrimento, recorre aos mecanismos de defesa, controle onipotente
(A1 e B1), idealização (A1 e B1) e negação (B1). Na prancha C1, o ego teme os
ataques destrutivos dos objetos do mundo interno e externo, causando uma angústia
intensa que não pode ser suportada, portanto, recorre aos mecanismos de defesa,
alucinação negativa e negação da realidade interna e externa.
Nas pranchas de par observou-se que a situação de par gera angústia que o
ego não pode suportar (A2), o ego teme os ataques destrutivos direcionados ao par,
reconhecendo-os, porém não suporta estes ataques (B2), na lâmina C2 o ego teme
os ataques destrutivos de conteúdo anal, gerando intensa angústia que não pode
ser suportada e o ego não é capaz de manter o equilíbrio psíquico, o ego fragilizado
42

fracassa, não permitindo a reparação dos objetos. Os mecanismos de defesa


utilizados são: controle onipotente, negação da realidade, idealização e negação.
Nas pranchas de três personagens C3 e B3 a situação triangular não pode
ser suportada e como defesa o ego nega a realidade externa predominando, em
alguns momentos, os objetos destrutivos que não permitem o equilíbrio psíquico
(C3) e em outros momentos, os objetos destrutivos são neutralizados pelo ego por
meio da idealização, sendo os objetos, ora perseguidores, ora idealizados (B3). Na
lâmina A3, notou-se que o ego teme os ataques destrutivos dos objetos do mundo
interno e externo, e como forma de controlar a angústia, utiliza a idealização.
Nas lâminas de grupo, utilizou como mecanismos de defesa a negação da
realidade interna e externa (AG, CG e BG), a idealização e a alucinação negativa.
Na lâmina AG a situação de perda não pode ser suportada e como defesa o ego
nega a realidade (interna e externa), o ego reconhece o clima de tristeza (chuva),
mas não pode suportar e idealiza a situação (arco-íris). O ego teme os ataques
destrutivos do id e não conta com a flexibilidade do superego, gerando uma intensa
angústia que não pode ser suportada (CG). Na prancha BG o ego teme os ataques
destrutivos dos objetos ruins e a angústia não pode ser suportada.
43

Caso 3

Dalton é o terceiro filho dos quatro filhos de seus pais. Trabalhava como
motoboy no início dos atendimentos e estava fazendo testes para ser motorista de
caminhão. Tem o ensino médio incompleto e sempre morou em uma cidade da
grande São Paulo.
Conta que um de seus irmãos (mais velho) foi assassinado, pois sempre
aprontava. Ele estava envolvido com drogas e com “um pessoal da pesada”. Conta
que, inclusive, esse irmão colocou fogo na casa de sua mãe e machucou muito sua
irmã. Diz que sua mãe ficou arrasada com a perda do filho.
Dalton diz que também esteve envolvido com drogas e bebida, esteve
envolvido em roubos, e que “apesar de todo este sofrimento que fez sua mãe
passar” (sic), conta que ela sempre esteve ao lado dele, mostrando um amor
incondicional.
Relata que casou com sua prima (de primeiro grau) e com ela teve dois filhos,
uma menina e um menino, porém, o menino foi registrado por outro homem, pois
quando a criança nasceu Dalton e Denise estavam separados, mas ele tem certeza
que o menino é filho dele, pois se parecem muito.
Dalton conta que seu relacionamento com Denise sempre foi tumultuado com
muitas discussões e brigas. Anteriormente, já respondeu processo devido a outra
agressão. A briga que ocasionou a denúncia ocorreu, de acordo com seus relatos,
quando ele estava separado de Denise. Ele foi buscar as crianças na casa dela,
porém, Denise não estava em casa, e tinha deixado as crianças na casa de uma
vizinha dela. Na ocasião, Dalton não gostou, pois a vizinha tinha um filho
adolescente e ele temia que o adolescente abusasse de sua filha.
Quando Denise chegou eles começaram a discutir, e, segundo ele, não
lembra muita coisa, só sabe que quando viu, estava com um pedaço de pau na mão
e tinha batido muito em Denise, na irmã dela e uma vizinha. Depois do ocorrido,
pegou a moto e foi embora para a casa de sua mãe.
Depois de três meses Denise vai à casa da mãe dele e pede para voltar, e
desde então estão juntos novamente, mesmo com a medida protetiva.
Segundo Dalton, Denise tem mais duas filhas com outro rapaz, que moram
com a avó paterna. Ele gostaria que todos pudessem morar juntos, pois sabe que
Denise sente falta das crianças. Mas ele tem receio, pois, sabe de muitos casos de
44

denúncia de abuso por parte de padrastos, sem ser verdade. Mas se for para a
felicidade de Denise ele concorda em trazer as meninas para morar com eles, pois
sabe que “é difícil ficar longe de um filho, sempre parece faltar alguma coisa”, (sic).
Ele reclama da mulher, pois ela não gosta muito de fazer os serviços de casa,
e muitas vezes as crianças fazem coisas erradas e ele que tem que olhar. Desde o
ocorrido, ele tenta ajudá-la nas tarefas domésticas, mesmo porque Denise também
está trabalhando.
Dalton foi preso no meio dos atendimentos, devido uma nova denúncia de
agressão por parte de sua esposa. Denise o visitou na cadeia e ele relata estar
impressionado com a força de sua mulher. Os dois continuam juntos.
45

Quadro 8 - Conteúdo Humano, conteúdo de realidade e contexto de realidade.


Contexto de
Lâmina Conteúdo Humano Conteúdo de Realidade
Realidade
A1(1) Uma pessoa Negado Inexistente
Pessoa se
Um homem e uma escondendo, medo
A2(2) Inexistente
mulher de aparecer,
violência e vergonha.
Um homem e uma
C3(3) Negado Violência
mulher
Um homem e uma
B3(4) Negado Violência, tristeza
criança
Cemitério - Detalhes:
AG(5) Bastante gente Enterro
pinheiros
Um homem
B1(6) observando alguém, a Negado Violência
esposa.
Competição, jogo
Um homem torcendo, Cenário externo:
(=corrida de cavalo),
CG(7) alguém deitado, arquibancada, corrida
manifestação,
multidão. de cavalos, escada.
sombra caída.
Um casal e uma Violência, sofrimento
A3(8) Negado
criança e pedido de ajuda.
Um homem e uma
B2(9) Negado Felicidade
mulher
BG(10) Eles Igreja Paz, tranquilidade
C2(11) Uma mulher Casa Violência
Violência, sangue,
C1(12) Negado Negado
agressão.
46

Quadro 9 - Sistema Tensional Inconsciente Dominante - STID


Lâmina Medo Desejo Defesa
Identificação projetiva,
A1(1) Da solidão Suportar a solidão estado confusional.
Identificação projetiva
A2(2) De ser destruído Evitar a destruição maciça, estado confusional.
Identificação projetiva
De ser maciça, negação, reparação
C3(3) aniquilado Destruir os objetos maníaca.
Identificação projetiva
maciça, negação, reparação
B3(4) Da exclusão Evitar a exclusão maníaca, racionalização.
Identificação projetiva e
AG(5) Da perda Evitar a perda paralização.
Da
persecutoriedade Evitar a Identificação projetiva
dos objetos persecutoriedade dos maciça, alucinação positiva,
B1(6) internos objetos reparação maníaca.
Atacar pela
Dos ataques do persecutoriedade dos Identificação projetiva,
CG(7) id objetos ruins confusão e paralisação.
Dos ataques
destrutivos à De encontrar um Identificação projetiva
A3(8) família objeto bom (=protetor) maciça.
Dos ataques ao Evitar os ataques ao Identificação projetiva,
B2(9) par par idealização.
Identificação projetiva
maciça, reparação maníaca,
BG(10) De ser excluído Evitar a exclusão idealização.
Identificação projetiva
maciça, alucinação
De não poder negativa, reparação
reparar os Evitar a destruição maníaca, controle
C2(11) objetos atacados dos objetos onipotente.
De ser Identificação projetiva
C1(12) aniquilado Evitar o aniquilamento maciça.
47

Quadro 10 – Caso 3: Síntese e Posição


Lâmina Síntese Posição
A situação de solidão é temida pelo ego e estabelece um
A1(1) estado confusional. Mas o equilíbrio psíquico é mantido e o ego Posição
suporta a situação de tristeza em função da solidão. depressiva
O ego teme os ataques destrutivos em função da Posição
persecutoriedade dos objetos maus. A violência contra os
A2(2) objetos do mundo externo gera intensa persecutoriedade. esquizoparanóide
Predomina um sentimento de humilhação (=vergonha). Não é com tendência à
possível um desfecho. posição depressiva
O ego teme os ataques destrutivos provenientes do mundo
externo. Teme a situação triangular e, portanto, ela é negada.
Sem o terceiro, representante do superego, pode exercer sua
C3(3) destrutividade. O mundo interno é pobre e não é possível
sonhar, por isso a identificação projetiva é maciça. Tenta Posição
reparar os objetos, mas o tipo de reparação é onipotente. esquizoparanóide
O ego teme os ataques destrutivos provenientes do mundo
externo e não suporta a exclusão. Tenta, por meio da negação,
criar um par no qual possa ter continência, mas fracassa. O
B3(4) objeto transforma-se em um mau objeto. Teme a situação
triangular e, portanto, ela é negada, mas fracassa na tentativa Posição
de conter a angústia persecutória. esquizoparanóide
O ego teme as situações de perda e não consegue enfrentá-
AG(5) las, recorre à paralisação como modo de conter a intensa Posição
angústia. esquizoparanóide
O ego teme os ataques destrutivos provenientes do mundo
interno. Teme a situação de solidão e alucina um personagem
de modo a tentar conter a angústia paranoide. Mas, fracassa,
B1(6) pois o objeto não serve para conter, ao contrário não suprindo
a necessidade é atacado violentamente. A tentativa de Posição
reparação está ligada a um estado maníaco de onipotência. esquizoparanóide
O ego teme os ataques destrutivos provenientes do id e a
CG(7) severidade e inflexibilidade do superego. Não suporta a Posição
destruição e paralisa. esquizoparanóide
O ego teme os ataques destrutivos provenientes do mundo
externo e interno. Teme a situação triangular, pois o ego não é
Posição
capaz de conter os ataques destrutivos provenientes do id.
A3(8) esquizoparanóide
Experimenta intensa dor que não pode ser contida, por meio da
identificação projetiva maciça pede ajuda para conter tanta com tendência a
destrutividade. Surge intensa tristeza. depressiva
O ego teme os ataques destrutivos direcionados ao e Posição
B2(9) provenientes do mundo externo. Teme a situação e a idealiza esquizoparanóide
O ego teme a exclusão e os ataques destrutivos provenientes
do mundo externo. Fragilizado não consegue suportar a
BG(10) situação, então recorre à identificação projetiva maciça, Posição
reparação maníaca e a idealização. esquizoparanóide
O ego teme os ataques destrutivos provenientes do mundo
externo. Teme a situação de perda e a impossibilidade de
C2(11) repara os objetos atacados. A tentativa de reparação dos
objetos fracassa, pois é um tipo de reparação é mais ligada ao Posição
controle onipotente.
esquizoparanóide
O ego teme os ataques destrutivos provenientes do mundo
externo. Teme a situação de solidão, que remete à destruição.
C1(12) O mundo interno é pobre e não é possível sonhar, por isso a Posição
identificação projetiva é maciça. esquizoparanóide
48

Análise Caso 3

A análise do conteúdo humano mostrou que as respostas de Dalton estavam


de acordo com o esperado nas lâminas A1, A2, AG, CG, A3, B2 e BG, nas lâminas
C3, B3 e C2, recorreu à alucinação negativa, na prancha B1 apresentou alucinação
positiva e na C1 o conteúdo humano foi negado. O Conteúdo de Realidade foi
inexistente na prancha A2 e nas lâminas A1, C3, B3, B1, A3, B2 e C1 o conteúdo de
realidade foi negado, indicando alterações na percepção, e no contato com a
realidade. Nas demais lâminas apresentam cenários domésticos (internos e
externos). No que se refere ao contexto de realidade, as respostas mostraram em
sua maioria violência, medo, sofrimento, agressão, tristeza, vergonha, enterro, com
exceção da lâmina A1 (inexistente), B2 (felicidade) e BG (paz, tranquilidade).
Na análise do Sistema Tensional Inconsciente Dominante, Dalton apresentou
o desejo de evitar a exclusão em duas lâminas (B3 e BG), evitar a perda (AG),
suportar a solidão (A1), evitar a destruição (A2), destruir os objetos (C3), evitar a
persecutoriedade dos objetos (B1), atacar pela persecutoriedade dos objetos ruins
(CG), encontrar um objeto bom (A3), evitar os ataques ao par (B2), evitar a
destruição dos objetos (C2) e evitar o aniquilamento (C1). Os medos em anuência
com os desejos foram: medo da solidão, de ser destruído, de ser aniquilado, da
exclusão, da perda, da persecutoriedade dos objetos internos, dos ataques ao id,
dos ataques destrutivos à família, dos ataques ao par, de poder reparar os objetos
atacados e de ser aniquilado.
Com relação às defesas pode-se observar a utilização da identificação
projetiva, estado confusional, negação, reparação maníaca, racionalização,
paralisação, idealização, controle onipotente, alucinação negativa e identificação
projetiva maciça, características, em sua maioria, da Posição Esquizoparanóide. Na
lâmina A1 o equilíbrio psíquico é mantido, estando, portanto, na posição depressiva
e em duas lâminas aparece uma tendência a posição depressiva (A2 e A3).
Analisando os resultados pode-se observar que nas pranchas de um
personagem, o ego foi capaz de suportar a angústia e suporta a situação de tristeza
em função da solidão, mas o ego estabelece um estado confusional na lâmina A1.
Na prancha B1 o ego teme os ataques destrutivos provenientes do mundo interno,
teme a situação de solidão e alucina um personagem de modo a tentar conter a
angústia paranoide, fracassa, pois o objeto não serve para conter, ao contrário não
49

suprindo a necessidade é atacado violentamente. A tentativa de reparação está


ligada a um estado maníaco de onipotência. O ego teme os ataques destrutivos
provenientes do mundo externo na lâmina C1, teme a situação de solidão, que
remete à destruição. O mundo interno é pobre e não é possível sonhar, por isso a
identificação projetiva é maciça.
Nas pranchas de par (A2, B2 e C2), observou-se que o ego teme os ataques
destrutivos da persecutoriedade dos objetos maus (A2), provenientes do mundo
externo (B2 e C2), sendo que na B2 teme a situação e idealiza, enquanto na lâmina
C2 teme a situação de perda e a impossibilidade de reparar os objetos atacados. A
tentativa de reparação dos objetos fracassa, pois é um tipo de reparação mais ligada
ao controle onipotente, utilizou, como mecanismos de defesa, identificação projetiva
maciça, reparação maníaca, idealização e estado confusional.
Nas lâminas com três personagens o ego teme os ataques destrutivos, seja
do mundo externo ou interno, teme a situação triangular. O mundo interno é pobre e
não é possível sonhar, recorreu à identificação projetiva maciça, tenta reparar os
objetos, mas é um tipo de reparação maníaca, ligada ao controle onipotente na
lâmina C3. Na prancha B3, fracassa na tentativa de, por meio da negação, criar um
par no qual possa ter continência, o objeto transforma-se em um objeto mau e
fracassa na tentativa de conter a angústia persecutória. Teme a situação triangular,
pois o ego não é capaz de conter os ataques destrutivos provenientes do id na
lâmina A3, experimenta intensa dor que não pode ser contida, e por meio da
identificação projetiva maciça pede ajuda para conter tanta destrutividade, surge
intensa tristeza.
Nas lâminas de grupo, utilizou como mecanismos de defesa a identificação
projetiva, paralisação, reparação maníaca, identificação projetiva maciça e
idealização. Pode-se notar na lâmina AG que o ego teme as situações de perda e
não consegue enfrentá-las, recorre a paralisação como modo de conter a intensa
angústia. O ego teme os ataques destrutivos provenientes do id e a severidade e
inflexibilidade do superego. Não suporta a destruição e paralisa (CG). A prancha BG
demonstra que o ego teme a exclusão e os ataques destrutivos provenientes do
mundo externo. Fragilizado não consegue suportar a situação, então recorre à
identificação projetiva maciça, reparação maníaca e a idealização.
50

Caso 4

Cesar tem 31 anos, é o filho mais velho e tem três irmãos. Tem dois filhos
com Patrícia, um com um ano e oito meses e outra com dez anos. Trabalha em uma
empresa há 11 meses, mas estava muito preocupado, pois o contrato estava para
vencer e ele não podia ficar sem emprego.
O motivo de estar respondendo um processo foi devido a uma grande
discussão com sua esposa, com quem está há 15 anos. De acordo com César,
Patrícia veio para agredi-lo, mas ele a segurou pelo braço, deixando marcas nela,
ele a levou à delegacia para fazer a denúncia.
Cesar é um rapaz calado, chega aos atendimentos com antecedência,
demonstra apatia e cansaço. Relata que em sua família nunca houve casos de
violência doméstica e que está um pouco assustado com o que aconteceu.
Relata que viviam muito bem até o falecimento da mãe de Patrícia há quatro
anos, desde então ela se mostra muito ciumenta e agressiva, inclusive, conta que
Patrícia queimou as roupas de Cesar em uma das brigas. Depois do ocorrido ela
pede desculpas e fica mais calma. Ele acredita que este nervosismo é devido à falta
que Patrícia sente de sua mãe.
Cesar diz ter bom relacionamento com seus irmãos e sua mãe, e que todos
os domingos se reúnem na casa de sua mãe para almoçar. Gosta de jogar bola com
os amigos e parentes, inclusive, parentes de Patrícia. Sai para passear com as
crianças e Patrícia.
Para evitar brigas maiores, quando Patrícia começa a “procurar encrenca”
(sic), ele pega a moto e sai, vai para a casa da mãe dele e quando retorna ela já
está mais calma.
Cesar verbaliza que os atendimentos são muito importantes para ele, assim
ele pode falar sobre seus sentimentos. Conta que sua esposa não está participando
mais do grupo de mulheres, e também não quer que ele volte aos atendimentos,
pois eles têm que resolver os problemas entre eles.
No último atendimento Cesar relata ter saído da lavanderia e já estava
empregado em outro lugar, porém, com a mudança de emprego, ele não conseguirá
participar do grupo de homens, devido ao horário.
51

Quadro 11 – Conteúdo Humano, conteúdo de realidade e contexto de realidade.


Contexto de
Lâmina Conteúdo Humano Conteúdo de Realidade
Realidade
A1(1) Um homem Inexistente Sombra
Um homem e uma
A2(2) mulher Inexistente Inexistente
Dois homens
C3(3) conversando Inexistente Inexistente
Um homem e uma
B3(4) mulher Inexistente Inexistente
Cenário externo, mata,
AG(5) Seis pessoas árvores Inexistente
Cenário interno
B1(6) Um homem doméstico - quarto Inexistente
Um homem e um grupo
CG(7) de pessoas Cenário externo - rua Inexistente
Três homens
A3(8) conversando Inexistente Inexistente
Um homem e uma
mulher embaixo de uma Cenário externo -
B2(9) árvore árvore Inexistente
Homem sozinho e um
BG(10) grupo de pessoas Inexistente Inexistente
Cenário externo
(=festa) e interno
C2(11) Um homem sozinho (=casa) Inexistente
Uma pessoa fora da
C1(12) casa Cenário doméstico Sombra
52

Quadro 12 - Sistema Tensional Inconsciente Dominante – STID.


Lâmina Medo Desejo Defesa
Encontrar um objeto
Identificação projetiva,
A1(1) Da solidão bom que possa dar
paralização.
contenção
Identificação projetiva,
De não manter o Estabelecer uma relação
A2(2) racionalização, tende a
par de par
negação maníaca.
Estabelecer uma relação Identificação projetiva,
C3(3) Da exclusão
de par negação, alucinação negativa.
Estabelecer uma relação Identificação projetiva,
B3(4) Da exclusão
de par negação, alucinação negativa.
Identificação projetiva,
AG(5) Da perda Evitar a perda
negação.
Encontrar um objeto Identificação projetiva,
B1(6) Da solidão
bom negação, racionalização.
Identificação projetiva,
CG(7) Da exclusão De ser incluído, contido.
racionalização.
Estabelecer uma relação Identificação projetiva,
A3(8) Da exclusão
de par negação, alucinação negativa.
Identificação projetiva,
Fortalecer a relação de racionalização e uma tendência
B2(9) Da solidão
par a negação maníaca da
realidade.
De ser incluído, de ser Identificação projetiva e
BG(10) Da solidão
aceito. racionalização
Dos objetos Identificação projetiva,
De evitar olhar os
C2(11) internos alucinação negativa,
objetos destruídos
destruídos racionalização.
Identificação projetiva,
C1(12) Da solidão De suportar a solidão mecanismos obsessivos e
racionalização.
53

Quadro 13 – Caso 4 – Resultados do TRO: Síntese e Posição


Lâmina Síntese Posição
O ego fragilizado não suporta a situação de solidão e
tenta encontrar o objeto bom que aplaque a angústia,
A1(1) mas fracassa e paralisa. Esquizoparanóide
A situação de casal traz alívio ao ego, que por meio da
racionalização permite a permanência do par, de forma
construtiva, mas com leve tendência a negação
A2(2) maníaca da realidade. Depressiva
A situação triangular gera angústia, que não pode ser
contida pelo ego. A exclusão não pode ser suportada e
o ego fragilizado recorre aos mecanismos de negação e
C3(3) alucinação negativa. Esquizoparanóide
A situação triangular gera angústia, que não pode ser
contida pelo ego. A exclusão não pode ser suportada e
o ego fragilizado recorre aos mecanismos de negação e
B3(4) alucinação negativa. Esquizoparanóide
A situação de perda gera angústia, que não pode ser
contida pelo ego. Para tentar manter o equilíbrio o ego
AG(5) fragilizado recorre à negação da realidade. Esquizoparanóide
A situação de solidão gera angústia, mas o ego pôde
contê-la. Os mecanismos de defesa de racionalização e
uma leve tendência à negação maníaca permite o
B1(6) equilíbrio psíquico. Depressiva
A situação de grupo gera angústia, mas pode ser
contida pelo ego. A exclusão foi suportada e o ego
CG(7) encontra um objeto bom que pudesse dar contenção. Depressiva
A situação triangular gera angústia, que não pode ser
contida pelo ego. A exclusão não pode ser suportada e
o ego fragilizado recorre aos mecanismos de negação e
A3(8) alucinação negativa. Esquizoparanóide
A situação de par gera conforto e alivia a angústia, por
meio da racionalização e de uma leve tendência
B2(9) maníaca consegue manter o equilíbrio. Depressiva
A situação de exclusão gera angústia que pode ser
contida pelo ego, que por meio da racionalização
BG(10) consegue manter o equilíbrio. Depressiva
A situação de olhar o objeto destruído não pôde ser
suportada pelo ego. Como defesa, ainda mantendo o
equilíbrio utiliza a racionalização. Por outro, o ego é
capaz de suportar a solidão, embora não tenha a
capacidade de reparar os objetos internos que foram
C2(11) destruídos. Esquizoparanóide
O ego parece mais fortalecido e com a utilização dos
mecanismos obsessivos e da racionalização é capaz de
C1(12) suportar a situação de solidão imposta pela prancha. Depressiva
54

Análise do caso 4

Ao analisar o conteúdo humano das respostas de Cesar, pudemos notar que


estavam de acordo com o esperado, com exceção de duas lâminas (C3 e C2), nas
quais recorreu à alucinação negativa. O Conteúdo de Realidade foi inexistente em
seis lâminas (A1, A2, C3, B3, A3, BG), indicando alterações na percepção, e no
contato com a realidade. Nas demais lâminas ele apresenta cenários domésticos
(internos) e cenários externos (mata, árvore, rua, casa, festa). No que se refere ao
contexto de realidade, em sua maioria foram inexistentes, com exceção das lâminas
A1 (sombra) e na C1 (sombra).
Na análise do Sistema Tensional Inconsciente Dominante, Cesar apresentou
medo da solidão em cinco lâminas (A1, B1, B2, BG e C1) e desejos de encontrar um
objeto bom que possa dar contenção, fortalecer o par, de ser incluído e de ser
aceito. Nas lâminas C3, B3, CG e A3 demonstrou medo da exclusão e desejos de
estabelecer uma relação de par (C3, B3 e A3) e de ser incluído, contido (CG). Na
prancha A2 podemos notar o medo de não manter o par, e o desejo de estabelecer
uma relação de par. O medo da perda pode ser visto na prancha AG e em
consonância a este medo, apresentou o desejo de evitar a perda. O medo dos
objetos internos destruídos pode ser visto na prancha C2 e apresentou como desejo,
evitar olhar os objetos destruídos, devido a intensa angústia.
Com relação às defesas pode-se observar a utilização da identificação
projetiva, tendência à negação maníaca, racionalização, negação, alucinação
negativa, mecanismos obsessivos. Manteve o equilíbrio psíquico (posição
depressiva) nas pranchas A2, B1, CG, B2, BG e C1, mas com leve tendência a
negação maníaca da realidade (A2), utilizando como mecanismo de defesa a
racionalização e a negação maníaca (B1). O ego fortalecido pode encontrar um
objeto bom para conter a angústia (CG), por meio da racionalização (B2 e BG) e de
uma leve tendência maníaca (B2). Nas demais pranchas apresentou-se na posição
esquizoparanóide.
Analisando os resultados pode-se observar que nas pranchas de um
personagem, o ego não suporta a solidão, tenta encontrar um objeto bom que
aplaque a angústia, fracassa na lâmina A1 e paralisa. Na prancha B1 a situação de
solidão gera angústia, mas através de mecanismos de defesa como a racionalização
55

e uma leve tendência a negação maníaca, o ego pôde contê-la, permitindo o


equilíbrio psíquico. O ego parece mais fortalecido na prancha C1, é capaz de
suportar a solidão, com a utilização de mecanismos obsessivos e da racionalização.
Nas pranchas de par (A2, B2), observou-se que a situação de par gera
conforto e traz alívio ao ego e através da racionalização e uma leve tendência a
negação maníaca da realidade consegue manter o equilíbrio psíquico. Já na lâmina
C2, a situação de olhar o objeto destruído não pôde ser suportada pelo ego. Como
defesa, ainda mantendo o equilíbrio utiliza a racionalização. Por outro, o ego é capaz
de suportar a solidão, embora não tenha a capacidade de reparar os objetos
internos que foram destruídos.
Nas lâminas de três personagens, notou-se que a situação triangular gera
angústia, que não pode ser contida, a exclusão não pode ser suportada pelo ego
fragilizado que recorre a mecanismos de defesa, tais como, negação e alucinação
negativa.
Nas lâminas de grupo, utilizou como mecanismos de defesa a negação da
realidade e a racionalização. Pode-se notar na lâmina AG a situação de perda gera
angústia, que não pode ser contida pelo ego e para tentar manter o equilíbrio o ego
fragilizado recorre à negação da realidade. A situação de grupo gera angústia. Na
lâmina CG, mantém o equilíbrio e a exclusão foi suportada e o ego encontra um
objeto bom. A situação de exclusão gera angústia que pode ser contida pelo ego,
que por meio da racionalização consegue manter o equilíbrio, na prancha BG.
56

Análise Geral

De acordo com os resultados do Teste das Relações Objetais de todos os


casos, pode-se notar a prevalência da posição esquizoparanóide (ver quadro 14),
sendo que somente em um dos casos houve resposta de seis lâminas na posição
depressiva, caso em que o homem envolvido em violência doméstica relata não ter
agredido sua companheira, contendo a agressividade da mesma a segurou pelo
braço, deixando-a marcada.

Quadro 14 – Posições apresentadas pelos quatro participantes.

Lâmina Cleber Claudionor Dalton Cesar

A1(1) PS PD PS PS PD PS

A2(2) PS PS PS PD PD

C3(3) PS PS PS PS

B3(4) PS PS PS PS

AG(5) PS PS PS PS

B1(6) PS PD PS PS PD

CG(7) PS PS PS PD

A3(8) PS PS PS PD PS

B2(9) PS PS PS PD

BG(10) PS PS PS PD

C2(11) PS PS PS PS

C1(12) PS PS PS PD

PS = Posição Esquizoparanóide
PD = Posição Depressiva
PS PD = Posição Esquizoparanóide com tendência à depressiva .
57

De acordo com Hinshelwood (1992) a estrutura da personalidade, na posição


esquizoparanóide, apresenta um mundo interno repleto de objetos cindidos, que em
consequência, também, cinde o ego, que se torna fragilizado. Na posição
depressiva, o ego fortalecido tem como tarefa, e é capaz, de integrar os diversos
objetos parciais e partes do self. Assim, nessa posição existe uma maior integração
do ego e dos objetos. Existe nesse caso “um senso de identidade e dos conteúdos
do self mais realistas e, portanto, mais estável” (p. 324).
Desta forma observa-se que Cesar destoa dos demais participantes da
pesquisa, ele é o único a apresentar medos, desejos e defesas da posição
depressiva. Isso quer dizer (Klein, 1982) que ele tem condições de suportar a perda
do objeto e maior capacidade para compreender a realidade psíquica e a realidade
externa. Ele, supostamente, teria condições de estabelecer relações mais positivas,
pois consegue manter maior equilíbrio psíquico.
Ao analisar as respostas com relação ao Conteúdo Humano (quadro 15) nota-
se que, a maioria das respostas, estava de acordo com o esperado, sendo que
alguns homens recorreram à negação, à alucinação negativa e em duas ocasiões à
alucinação positiva. Este resultado denota dificuldade de suportar as situações da
realidade externa. Na alucinação positiva o indivíduo introduz objetos com o intuito
de aliviar o sentimento não suportado, e na alucinação negativa os objetos são
excluídos do campo perceptível, causando uma alteração da percepção de objetos
no campo visual. Por serem intoleráveis, os objetos são excluídos do campo
perceptível. Esse tipo de resposta indica que esses participantes, de forma geral,
apresentam dificuldades nas relações interpessoais e que seu mundo interno
projetado de forma maciça torna a realidade externa totalmente persecutória. De
acordo com Klein (1982) a relação entre defesas, impulsos, angústias e fantasias
acarretam perturbação do funcionamento mental. No caso da cisão fragmentada de
objetos, origina objetos perseguidores, que por não ser suportados na mente do
sujeito, por meio da identificação projetiva excessiva ou maciça, são colocados no
mundo externo.
58

Quadro 15 - Conteúdo Humano apresentado pelos quatro participantes


Lâmina Cleber Claudionor Dalton Cesar
Uma pessoa, um
Um homem, uma
A1(1) homem de braços
pessoa.
Uma pessoa Um homem
cruzados.
Um homem e uma
Um homem e uma Um homem e uma
A2(2) mulher, como eu e Negado
mulher mulher
minha esposa.
Uma pessoa, um Um homem e uma Dois homens
C3(3) Pessoa, duas pessoas.
homem triste. mulher conversando

Um rapaz e uma Uma pessoa


Um homem e uma Um homem e uma
B3(4) criança, e outra pessoa segurando uma
criança mulher
na porta. criança.

Um monte de gente,
AG(5) cinco pessoas.
Negado Bastante gente Seis pessoas

Um homem
B1(6) Uma pessoa. Negado observando alguém, Um homem
a esposa.
Um homem
Pessoas com as mãos Um homem e um
CG(7) levantadas.
Negado torcendo, alguém
grupo de pessoas
deitado, multidão.
Três pessoas, duas Pessoas, dois de
Um casal e uma Três homens
A3(8) conversando e uma um lado e um do
criança conversando
parada. outro.
Um casal, duas Um homem e uma
Um homem e uma Um homem e uma
B2(9) pessoas, um homem e
mulher mulher
mulher embaixo de
uma mulher. uma árvore
Homem sozinho e um
BG(10) Seis pessoas. Um pessoal Eles
grupo de pessoas
Uma pessoa, outra
C2(11) pessoa.
Negado Uma mulher Um homem sozinho
Uma pessoa fora da
C1(12) Inexistente. Negado Negado
casa
59

A análise do Conteúdo de Realidade (quadro 16) apresentado mostrou que


ele é pobre de detalhes, com cenas incompletas e várias pranchas com conteúdos
negados ou inexistentes. De acordo com Ocampo et al (2009), a negação funciona
como uma forma de se proteger contra estímulos que podem causar graves
perturbações, indicando alterações na percepção, e no contato com a realidade. Nas
demais respostas, encontraram-se cenários domésticos internos e cenários externos
com poucos detalhes.

Quadro 16 - Conteúdo de Realidade apresentado pelos quatro participantes


Lâmina Cleber Claudionor Dalton Cesar
A1(1) Inexistente Negado Negado Inexistente
A2(2) Inexistente Negado Inexistente Inexistente
Cenário interno
C3(3) Uma casa doméstico - detalhes: Negado Inexistente
abajur.
Cenário interno e
B3(4) externo doméstico
Negado Negado Inexistente
Cemitério -
Cenário externo,
AG(5) Inexistente Negado Detalhes:
mata, árvores.
pinheiros
Cenário interno Cenário interno
doméstico, detalhes: doméstico - detalhes: Cenário interno
B1(6) quarto, televisão, cama, cômoda, balde,
Negado
doméstico - quarto
uma escada. porta, toalha.
Cenário externo:
Cenário Externo - arquibancada,
CG(7) Inexistente
Detalhes: tábuas corrida de
Cenário externo - rua
cavalos, escada.
Cenário Externo -
A3(8) Inexistente Detalhes: ponto e Negado Inexistente
ônibus.
Cenário Externo -
Cenário externo, Cenário externo -
B2(9) árvore e prédio.
Detalhes: apartamento, Negado
árvore
árvore.

Cenário interno,
Cenário Externo -
urbano, igreja,
BG(10) detalhe porta e
Detalhes: entrando em Igreja Inexistente
uma porta, igreja.
janela.

Cenário interno
Cenário Interno e Cenário externo
doméstico, uma
C2(11) cama, uma cômoda,
Externo - detalhes: Casa (=festa) e interno
Janela (=casa)
uma janela.

Cenário interno
Cenário Interno
doméstico: cozinha
C1(12) (cadeira, jarrinha,
doméstico (casa) - Negado Cenário doméstico
Detalhes: prato.
copo, prato).
60

Com relação ao Contexto de Realidade (quadro 17), os homens


apresentaram respostas de violência, medo, sofrimento, sujeira e manchas, sombra,
(pedido de ajuda), apontam a dificuldade de simbolizar, estão sempre perseguidos e,
portanto, a decorrente fragilidade do ego indica que esses sujeitos não lidam bem
com situações de crise e, consequentemente, não conseguem sair da situação de
violência. Essa, a violência, parece ser a única forma de resolução. A incapacidade
para pensar, pela ameaça dos objetos de terror (=cindidos) estabelecidos no ego
(Klein, 1982) e pelo medo do aniquilamento, leva às ações concretas.

Quadro 17 - Contexto de Realidade apresentado pelos quatro participantes


Lâmin
Cleber Claudionor Dalton Cesar
a
A1(1) Vitória Inexistente Inexistente Sombra
Pessoa se escondendo,
Nuvens, sol, chuva e
A2(2) Inexistente medo de aparecer, Inexistente
escuro.
violência e vergonha.

C3(3) Inexistente Alcoolismo e confusão Violência Inexistente

B3(4) Inexistente Amor Violência, tristeza Inexistente


Nuvem, céu, chuva,
AG(5) Inexistente Enterro Inexistente
arco-íris.
B1(6) Inexistente Inexistente Violência Inexistente
Competição, jogo
Glorificação, (=corrida de cavalo),
CG(7) Escuro Inexistente
vibrando. manifestação, sombra
caída.
Violência, sofrimento e
A3(8) Inexistente Escuro Inexistente
pedido de ajuda.
B2(9) Inexistente Cansaço Felicidade Inexistente
BG(10) Inexistente Inexistente Paz, tranquilidade Inexistente
Amarelo, molhado,
C2(11) Inexistente mancha (sujeira), chuva, Violência Inexistente
limpeza.
Violência, sangue,
C1(12) Inexistente Pintas Vermelhas Sombra
agressão.

No quadro 17 observa-se que em dois casos o contexto de realidade de forma


geral é inexistente e em dois casos ele é bastante rico. Isso quer dizer que tanto
Claudionor quanto Dalton apresenta dificuldade no contato com a realidade.
61

Nos quadros 18, 19 e 20 apresentam-se os medos, desejos e defesas,


Sistema Tensional Inconsciente Dominante, dos quatro participantes.

Quadro 18 - Medos apresentados pelos quatro participantes


Lâmina Cleber Claudionor Dalton Cesar
A1(1) Fracasso Da solidão Da solidão Da solidão
Dos ataques destrutivos De não manter
A2(2) Do par unido De ser destruído
direcionados ao par o par
Dos ataques destrutivos
C3(3) Da exclusão De ser aniquilado Da exclusão
direcionados ao par
Dos ataques destrutivos
B3(4) Da exclusão Da exclusão Da exclusão
direcionados ao par
Da perda (medo de
AG(5) não proteger o Das situações de perda Da perda Da perda
objeto bom)
De entrar em
Dos Ataques destrutivos
contato com objetos Da persecutoriedade
B1(6) dos objetos do mundo Da solidão
destrutivos do dos objetos internos
interior
mundo interno
Dos ataques destrutivos
Dos ataques
CG(7) do id e da rigidez do Dos ataques do id Da exclusão
destrutivos do id
superego

Dos ataques destrutivos Dos ataques


A3(8) Da exclusão Da exclusão
dos objetos destrutivos à família

B2(9) Dos ataques ao par Dos ataques ao par Dos ataques ao par Da solidão

BG(10) Da exclusão Dos ataques destrutivos De ser excluído Da solidão

Dos impulsos Dos objetos


De não poder reparar
C2(11) Da perda destrutivos de conteúdo internos
os objetos atacados
anal destruídos
Da solidão e dos
C1(12) Da solidão ataques dos objetos De ser aniquilado Da solidão
destrutivos
62

Quadro 19 - Desejos apresentados pelos quatro participantes

Lâmina Cleber Claudionor Dalton Cesar


Encontrar um objeto bom
A1(1) Vencer Evitar a Solidão Suportar a solidão
que possa dar contenção
Estabelecer uma relação de
A2(2) Conter o par Evitar a destruição Evitar a destruição
par
Estabelecer uma relação de
C3(3) Evitar a exclusão Evitar a destruição Destruir os objetos
par
Estabelecer uma relação de
B3(4) Evitar a exclusão Evitar a destruição Evitar a exclusão
par
AG(5) Evitar a perda Evitar a perda Evitar a perda Evitar a perda

Manter o controle
dos objetos
Evitar a destruição Evitar a
destrutivos, por
B1(6) meio do controle
pelos ataques dos persecutoriedade Encontrar um objeto bom
objetos ruins dos objetos
onipotente
(=obsessivo).

Atacar pela
Impedir os
CG(7) ataques
Evitar a destruição persecutoriedade De ser incluído, contido
dos objetos ruins

De encontrar um
Estabelecer uma relação de
A3(8) Evitar a exclusão Evitar a destruição objeto bom
par
(=protetor)

Manter o par Evitar os ataques


B2(9) unido
Conter os ataques
ao par
Fortalecer a relação de par

De ser incluído, de ser


BG(10) Evitar a exclusão Evitar a destruição Evitar a exclusão
aceito.

Evitar a destruição De evitar olhar os objetos


C2(11) Evitar a perda Evitar a destruição
dos objetos destruídos

Evitar o
C1(12) Evitar a solidão Evitar a destruição
aniquilamento
De suportar a solidão
63

Quadro 20 - Defesas apresentadas pelos quatro participantes

Cleber Claudionor Dalton Cesar


Defesas Lâminas TRO
A1, A2, C3, B3, A1, A2, C3, B3,
Identificação
A1, B1 AG, B1, CG, A3, A1, AG, CG, B2 AG, B1, CG, A3,
Projetiva B2, BG, C2, C1 B2, BG, C2, C1

A2, C3, B3, AG,


Identificação A2, C3, B3, B1,
CG, A3, B2, BG,
Projetiva Maciça A3, BG, C2, C1
C2, C1

A1, A2, B3, AG,


Idealização B1, CG, S3, BG, A1, B3, A3, B2 B2, BG, A3
B2, C2, C1

Alucinação A2, C3, B3, AG,


C3 C2 C3, B3, A3, C2
Negativa B1, CG, C2, C1

Dissociação AG
Controle
A1, B1 A1, C2 C2
onipotente
A2, C3, B1, CG, A2, C3, B3, AG,
Negação CG
BG, C2, C1
B3
B1, B2

Controle
B1, C2
obsessivo
Estado
A1, A2, CG
confusional
Alucinação
B1
Positiva
Paralisação AG A1

A2, B1, CG, B2,


Racionalização B3
BG, C2, C1

Reparação
C3, B1, BG
maníaca

A1, A2, C3, B3,


Cisão AG, B1

Escotomização AG
64

O STDI (quadros 18, 19 e 20) apresentado pelos homens está em


consonância os medos, desejos e defesas. Predominou os medos contra os objetos
de perseguição e destruição próprios da posição esquizoparanóide. Os desejos, por
sua vez, estavam ligados à necessidade de conter e evitar a destruição. Ao analisar
os medos e desejos, pode-se notar que existe uma predominância de intensa
angústia de natureza persecutória (=psicótica) o que os mantêm na posição
esquizoparanóide, onde objeto é tido como parcial e perseguidor, assim promovendo
a efetivação da agressividade. Conforme Laplanche e Pontalis (2001), do ponto de
vista pulsional, a libido e a agressividade estão desde o início presentes e fundidas.
O ego, quando não tem capacidade para suportar a angústia, utilizando de forma
adequada os mecanismos defensivos, não pode, também, deter a agressividade,
Ao longo de seu desenvolvimento, o indivíduo deve entrar em contato com as
frustrações e aprender a tolerá-las, porém, se estas frustrações forem muito intensas
e excessivas, podem gerar sentimentos de ódio, vivenciados como uma ameaça à
sobrevivência, e o sujeito para livrar-se destes sentimentos utiliza um mecanismo
mental primitivo, colocando para fora de si conteúdos agressivos, não os
percebendo como seus (KLEIN, 1982).
Quanto às defesas pode-se notar a presença da identificação projetiva,
identificação projetiva maciça, controle onipotente, paralisação, negação e
alucinação negativa. De acordo com Simon (1986) a identificação projetiva ocorre
quando a fantasia onipotente da divisão de partes do eu, projetando-as para dentro
de objetos externos, controlando e alterando-os em objetos parcialmente idênticos
ao sujeito. Para Klein (1952), quando a identificação projetiva é relacionada aos
mecanismos destrutivos, onde o objeto bom é destruído em fantasia e existe a
persecutoriedade do objeto mau, estabelece-se a identificação projetiva maciça.
Esse mecanismo de identificação projetiva está ligado à posição esquizoparanóide,
e tende a aumentar “quando a mãe é percebida como um objeto total e todo o seu
corpo é penetrado por identificação projetiva” (SEGAL, 1986, p. 39).
Conforme Klein (1982), o controle onipotente, ou onipotência, do objeto
interno e externo ocorre quando o ego toma posse do seio, e na alucinação, “o seio
perseguidor mantém-se totalmente separado do seio ideal, e a experiência de ser
frustrado da experiência de ser gratificado”. Esta cisão está diretamente relacionada
ao processo de negação, pois através do mesmo aniquila (alucinação negativa)
qualquer objeto ou situação frustradora, buscando a gratificação e o alívio da
65

ansiedade. De acordo com Ocampo et al (2009), a negação pode ser utilizada como
solução adaptativa para proteger contra estímulos que ao serem incluídos
desencadeiam graves perturbações, ou como mecanismo encobridor de uma
distorção que só poderia ser explicitada no interrogatório.
Para Hinshelwood (1992), a paralisação é provocada quando existe o
predomínio de impulsos destrutivos, estabelecendo-se a persecutoriedade e as
pulsões perdem a flexibilidade.
Os homens analisados nesta pesquisa apresentam o ego fragilizado, temem a
solidão, a situação triangular, na maioria dos casos gera angústia, não suportam
situações de perda, e teme a exclusão. Para aplacar essas angústias o ego
fragilizado recorre aos mecanismos de defesa como controle onipotente,
identificação projetiva maciça, idealização, dentre outros (ver quadro 20).
Nos casos analisados pode-se notar que o indivíduo que cinde o objeto,
característica ou sentimento que não suporta (=objeto mau), projetando-o no
parceiro, por meio da identificação projetiva e tenta controlar esse objeto mau fora
dele e na parceira.
A identificação projetiva ligada a objetos destrutivos é um mecanismo de
defesa que aparece na maioria dos sujeitos em situação de violência doméstica
analisados nesta pesquisa. O agressor se comporta de acordo com as partes do
objeto projetado, sendo isto um fator sistemático de tensão que ocasiona a violência
na relação.
66

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo analisar a estrutura e a dinâmica


psíquica de homens em situação de violência doméstica, através do Teste das
relações objetais de Phillipson, que tem como embasamento a teoria de Melanie
Klein.
Nos casos analisados observou-se que o ego não suporta as situações de
perda, teme não conseguir manter o objeto bom, não suporta a situação triangular, é
invadido por intensa angústia, e em função da persecutoriedade dos objetos e da
culpa, também, persecutória, recorre aos mecanismos de defesa como identificação
projetiva maciça, escotomização, cisão, idealização, alucinação negativa, ligados à
posição esquizoparanóide.
Pode-se observar, através dos casos apresentados, que o ego fragilizado
teme, por projeção, a realidade externa. Os ataques destrutivos do id e, o superego
permissivo não é capaz de impor limites. O contato com a realidade é pobre e as
fantasias de terror parecem predominar a mente impossibilitando a capacidade para
pensar. Nesses homens, predomina uma estrutura psíquica própria da posição
esquizoparanóide, eles apresentam um mundo interno repleto de objetos cindidos,
que em consequência, também, cinde o ego, que se torna fragilizado. Para dar
solução a tal destrutividade a projeção dela é realizada no mundo externo. Podemos
hipotetizar que assim ocorre à violência doméstica.
Esses homens apresentaram respostas, às pranchas do TRO, de violência,
medo e sofrimento e não apresentaram um conteúdo de realidade rico. Isso aponta
para a dificuldade de simbolizar. Como estão sempre perseguidos eles não lidam
bem com situações de crise e, consequentemente, permanecem em situações de
violência, que parece ser, única forma de resolução.
Por outro lado, observou-se no presente estudo que há um homem com
características diferentes. Ele se apresenta em algumas pranchas na posição
depressiva, mas, se mantém na situação de violência. Caberia uma avaliação mais
detalhada para que pudesse ser compreendido este fato.
No teste das relações objetais o mundo é percebido dinamicamente pelas
pessoas, e suas percepções são coerentes com sua maneira de interagir com o
meio, refletindo em processos dinâmicos através dos quais expressam e regulam as
67

forças conscientes e inconscientes que atuam em sua interação com a situação,


lembrando que fatores ambientais afetam o desenvolvimento emocional.
Vale ressaltar que, de acordo com Costa e Katz (1992), os sujeitos que
resolvem seus conflitos infantis de modo mais adequado, usam menos o mecanismo
da identificação projetiva, e ressalta que os indivíduos constroem uma relação mais
independente. Desta maneira, na resolução dos conflitos, as escolhas infantis do
objeto podem ser trocadas por outras mais atuais e reais.
Como pudemos observar que três homens, dentre os quatro analisados,
sofreram algum tipo de violência doméstica quando criança, portanto, é importante
ressaltar que os estados afetivos derivam dos déficits ocorridos na infância,
reatualizando-se na relação conjugal. Pode-se hipotetizar, também, que a violência
acontece devido ao medo da separação e da perda do amor do objeto, e o agressor
tem o impulso de buscar o poder, que o protegerá do sentimento de dor pela
separação do objeto.
Conclui-se que a análise da estrutura e da dinâmica psíquica e o tratamento
psicológico (individual ou em grupo) de homens envolvidos em violência doméstica,
em conjunto com outras medidas judiciais e sociais são ações necessárias, pois,
pode ser uma forma de ajudá-los a enfrentar suas limitações, lidar com suas
angústias, entender e controlar os impulsos, rever e compreender suas crenças e
trabalhar sua autoestima.
A partir destes resultados podemos verificar a necessidade de maiores
estudos sobre o assunto e o desenvolvimento de programas de atendimento ao
homem em situação de violência doméstica. Esses devem estar aliados às ações, já
existentes, dirigidas às mulheres e aos relacionamentos violentos. Cuidar do homem
e não apenas impor punição, deve ser entendido como de extrema importância.
O olhar sobre o homem é de grande valia, para entender e promover políticas
públicas eficientes, uma vez que a violência doméstica acontece na relação entre
homem-mulher. Mais ainda, na família, que envolve crianças e estabelece
comportamentos.
68

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75

ANEXOS
76

ANEXO A
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
77

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


(Resolução do Conselho Nacional de Saúde n°466/2012)

Convidamos você para participar da pesquisa “Estrutura e dinâmica do


funcionamento psíquico de Homens em situação de violência doméstica”, que tem
como objetivo conhecer a maneira como funciona a sua mente, como você reage às
situações do dia-a-dia.
Para compreender o seu funcionamento mental utilizaremos como
instrumento, entrevista e o Teste das Relações Objetais de Phillipson, que avalia os
aspectos conscientes e inconscientes da estrutura e dinâmica psíquica.
A coleta de dados da pesquisa realizar-se-á em uma ONG situada em uma
cidade da Grande São Paulo - SP, seus dados serão resguardados e não
identificados, e solicitamos sua autorização para gravar as entrevistas e o inquérito
dos testes de personalidade para posterior transcrição.
A sua participação nesta pesquisa poderá trazer algum desconforto, mas não
riscos para sua saúde, mas no caso de desconforto emocional, em função das
perguntas, você poderá imediatamente interromper sua participação nesse estudo.
Quanto aos benefícios, espera-se que os resultados possam trazer contribuição para
o desenvolvimento do conhecimento científico, bem como ações de prevenção e
promoção da saúde de homens e mulheres envolvidos em violência doméstica.
Caso você tenha qualquer dúvida a respeito desta pesquisa, você poderá a
qualquer momento solicitar esclarecimentos ao pesquisador sobre qualquer um dos
itens descritos acima. Você, também, tem assegurado o direito de recusar-se a
participar desta pesquisa ou retirar o seu consentimento, em qualquer fase da
pesquisa, sem nenhuma penalização.
Você tem a garantia de que os dados deste estudo serão publicados somente
para fins acadêmicos e científicos e que será mantido o sigilo sobre sua identidade.
No caso de eventuais danos decorrentes da pesquisa, você terá o direito de solicitar
indenização. Cabe lembrar que esta pesquisa segue as normas aprovadas pela
resolução 466/12, para pesquisas com seres humanos.
Sua participação nesta pesquisa não lhe acarretará quaisquer custos,
despesas ou ônus de nenhuma natureza. Também, não haverá quaisquer formas de
ganhos, ressarcimentos e indenizações.
78

Este estudo é de responsabilidade da pesquisadora Erica Hokama, telefone


(11)95882-1796, aluna do programa de Mestrado no curso de Pós-Graduação em
Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, sob orientação da
Prof. Dra. Maria Geralda Viana Heleno, Coordenadora do Programa de Psicologia
da Saúde. Em caso de dúvida a respeito deste estudo, você poderá, também, entrar
em contato com o Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde -
Universidade Metodista de São Paulo – Campus Planalto na Av. Dom Jaime de
Barros Câmara, 3º andar, São Bernardo do Campo, SP, CEP 09895-400, telefone
4366-5351, e-mail erica.hokama@gmail.com.br.
Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre
em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Metodista de São
Paulo – Campus Rudge Ramos, localizado na Rua do Sacramento, n. 230, Ed. Capa
– São Bernardo do Campo – SP, CEP: 09640-000, telefone 4366-5814.

Tendo em vista o estabelecido acima


___________________________________________, RG ___________________,
declaro que consinto de minha livre e espontânea vontade, em participar desta
pesquisa.
São Bernardo do Campo, _______ de ____________________ de 2014.

______________________________ __________________________
Assinatura do participante da pesquisa Erica Hokama (CRP 06/95329)
79

ANEXO B
Parecer Consubstanciado do CEP
80
81
82
83
84

ANEXO C
Histórias do Teste das Relações Objetais
85

Caso 1

Lâmina 1 (A1) – Na verdade não dá pra ver direito, parece uma pessoa, um
homem, está com os braços cruzados...
Pausa... pior... pausa...
(O que ele está pensando?)
Pensando o que da vida, que ele vai fazer da vida, tipo, pensar em crescer, montar
uma família, sair da vida que vivia, que a pessoa está com os braços cruzados,
pensando o que vai fazer da vida e ter uma vitória na vida, né?
Nunca mais olhar para trás esquecer o passado, pensar sempre e olhando pra frente
Título: viver

Lâmina 2 (A2) – Parece um homem e uma mulher, como se fosse eu e minha


esposa, eu estou pedindo perdão para ela, que a nossa história vai ser maravilhosa,
que o que eu cometi, nunca mais vou cometer na minha vida, pretendo ta
melhorando cada dia mais, dar orgulho pra ela e exemplo pra minha filha.
Título: amor

Lâmina 3 (C3) – Está difícil... pausa... continua olhando a prancha...


Aqui está parecendo, pessoa, tipo duas, uma casa, tipo eu e um ajudante,
construindo o meu lar, para mim e para minha esposa, depois que tudo o que
passamos, nós merecemos ter um lar abençoado, e é isso que estamos fazendo.
(E o que vai acontecer?)
Tipo ele está olhando pra um e pra outro, conversando...
Estão pensando, agora você venceu, agora você vai viver bem com a sua filha e sua
esposa, agora você venceu.
Título: amizade

Lâmina 4 (B3) – Cada figura hein?


Está parecendo um rapaz e uma criança.
(O que eles estão fazendo?)
O pai está falando com o filho, não dá pra ver muito bem, parece que tem uma
pessoa, uma porta, tipo, quer entrar e está conversando antes de entrar em casa.
(pausa)
Esta pessoa que está sozinha está aqui do lado, só observando, e aquelas duas
estão na frente de casa, brincando e conversando.
Estão conversando: oi filha, papai chegou do serviço, agora vamos brincar.
(O que eles estão sentido?)
Mudança, né? Principalmente que a criança também sente quando o pai está
destruindo, na bebida, que nem eu e minha filha, quando eu chegava tarde, de
madrugada, ela sempre ficava doente, hoje em dia minha filha não fica mais doente,
muito difícil ela ficar doente, então afeto de pai é muito valioso na vida de uma
criança, né.
86

Título: vitória

Lâmina 5 (AG) – Parece um monte de gente, tipo cinco pessoas, né.


Eles estão sentados, três conversando de um lado, três do outro, tipo assim, como
se fossem conhecidos meus, conversando de quem eu era e quem sou hoje.
Falando, caramba como o Cleber era, e graças a deus, deus deu uma oportunidade
para ele, e ele abraçou e está indo firme, e com fé em deus vai conseguir tudo o que
ele quer e que ele planeja.
(O que ele está pensando?).
O Cleber pensa que ele está absorvendo o que as pessoas estão falando, é muito
bom os conselhos, se conselho fosse bom, todas as pessoas acatavam, e ele está
acatando.
Título: amizade

Lâmina 6 (B1) – Aqui vamos falar, é uma pessoa que está na porta de um quarto,
televisão, aqui um escada, como se estivesse subindo para vir para o quarto.
Pausa
(O que ela tá pensando?)
Pensando que maravilha ter um lar abençoado, é difícil a pessoa manter uma casa,
com responsabilidade, a pessoa chegar dormir bem, acordar bem, com a mente sem
pensamentos nada ruins. Só pensando em descansar para levantar no outro dia e ir
trabalhar.
Título: trabalho

Lâmina 7 (CG) – Essa estou vendo, as pessoas com as mãos levantadas, uma lá
olhando de cima, não dá pra especificar muito bem... (pausa)
(O que elas estão fazendo?)
Dando um voto de vitória, tipo o Cleber conseguiu se libertar, graças a deus.
Se libertar, (pausa)
(O que ele está sentindo?)
O Cleber está vibrando, uma vibração muito junto com as pessoas que estão
glorificando por ele.
Título: glória

Lâmina 8 (A3) – Parece três pessoas, tipo duas estão conversando e uma está tipo
parada assim.
Tipo como se fosse eu que estivesse aqui do lado, e aqueles ali, duas pessoas
donos de empresa, querendo dar uma oportunidade para mim, maior. Oportunidade
de eu estar crescendo, evoluindo no serviço, porque as pessoas que não tem
estudos, não tem muitas oportunidades.
O Cleber está fazendo por onde, trabalhando, e querendo chegar em um objetivo, o
objetivo é dar orgulho para si mesmo e para a sua família.
Título: cargo
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Lâmina 9 (B2) – Vejo tipo um prédio, duas pessoas, um homem e uma mulher, tipo
eu e minha esposa, estamos debaixo de uma árvore, olhando para o que a gente
conquistou... um apartamento, e ao invés de chorar estamos dando risada o que
tudo que aconteceu na nossa vida e a vitória que conquistamos. (pausa)
(Como eles estão se sentindo?)
Estão se sentindo, que valeu a pena, principalmente eu não ter desistido... (pausa)
(Desistido do que?)
Desistido de tudo que acontecia, de eu falar que ia mudar e nunca mudava, tipo 6
anos nisso, e de uma hora pra outra tomar a iniciativa de mudar...
Título: mudança

Lâmina 10 (BG) – Tem ... pausa... 6 pessoas, uma porta e uma janela, como se
fosse uma igreja, eu já estou sentado, minha esposa está entrando, e eu estou com
as crianças, vendo o culto, e ela estava entrando para me acompanhar também, é
isso que esta acontecendo, graças a deus, é isso o que está acontecendo, eu já
estava lá e ela estava entrando para me acompanhar.
Nossos filhos... Porque tenho dois e ela tem mais dois.
(Como estão todos se sentindo?)
Na verdade muito bem, porque domingo eles estavam na minha casa, porque
antigamente eles presenciavam brigas da gente também, e hoje em dia eles estão
me vendo como outra pessoa, tipo, mudou, e eles estão indo na minha casa, coisa
que eles nunca fizeram. (entrega a prancha)
Título: mudança

Lâmina 11 (C2) – Dá pra ver que é uma pessoa, uma cama, uma cômoda lá no
canto, uma janelinha no fundo, como se fosse eu aí, chamando a minha esposa para
almoçar, que eu já tinha feito a comida, vamos falar assim... na verdade, ela faz a
comida, mas quem gosta mais de fazer sou eu... e eu estava falando, vamos
almoçar, eu, minha esposa e a nossa bebê, que ao almoço já está pronto. (pausa)
(E o que está pensando?)
Pensando que muitas vezes eu pensava em fazer isso, e o álcool era mais forte, eu
pensava, né? Que eu não ia alcançar de estar fazendo as coisas para a minha
esposa, que ela é merecedora disso, ela sempre lutou e sempre trabalhou, e agora
chegou o momento dela descansar e eu estava chamando ela para almoçar.
(Como estão se sentindo?)
Muito grato de estar fazendo ela feliz, né? (entrega a prancha)
Título: felicidade

Lâmina 12 (C1) – Essa, estou vendo uma cadeira, uma jarrinha, tipo um copo, um
prato, como se fosse uma cozinha, não vejo mais nada aqui.
O que aconteceu aí?
Era o que ela queria, nós temos uma cozinha, um quarto, uma sala, na verdade toda
mulher sonha com um lar assim, né? Ter cada cômodo certinho, separadinho,
entendeu? Aqui é a cozinha.
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Minha, da minha esposa e minha filha, né?


(E o que estão sentindo?)
Estamos sentindo uma tremenda felicidade.
Cheguei, porque, o que acontece, se a gente faz o bem, vamos dormir tranquilo
acordar, e vai transmitir felicidade para sua família, se eu for feliz, minha família
também vai ser.
Título: vida

Lâmina 13 (Em Branco) – Como se eu fosse mostrar para a minha esposa, nós
temos seis anos, é como se eu fosse mostrar pra ela uma declaração que eu fiz,
você entendeu, tipo anunciar para todo mundo o carinho que eu tenho por ela.
Quando eu fui entregar o papel, nessa história, só que o papel estava em branco, e
aí eu fui explicar para ela, isso daqui é o que a gente ainda vai escrever e o que a
gente vai passar ainda. Porque o passado a gente já... Por isso que eu estou te
dando, porque isso daqui nós vamos escrever a nossa vida, nossa história.
O que tinha no passado?
Foi tristeza, né, a gente viveu só pela misericórdia, muitas brigas, então vamos
escrever uma nova história.
E o que vai acontecer?
No presente? É o que a gente vai escrever... Vitória, libertação, e amor no coração
em primeiro lugar.
Dar um bom exemplo para a minha filha, a minha outra sempre falava, pára de
beber pai... E ela já congrega... Uma criança bastante inteligente, sete anos, e eu
pretendo que pelo menos meus filhos se espelhem e digam... Papai mudou...
Título: eterno
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Caso 2

Lâmina A1(1) - Um homem, uma pessoa. Acho que ele tá pensando, pensando na
vida. O que ele tiver pensando é o que vai acontecer depois. Ele deve tá pensando
numa coisa boa que ele tá sossegado. Título: paz

Lâmina A2(2) – tipo uma nuvem. Só isso mesmo, uma nuvem, um sol. O tempo está
nublado, para chover, depois vai ficando escuro. Título: uma lua

Lâmina C3(3) – pausa... que tem tipo uma pessoa sentada aqui. Aqui tipo um
abajur, só. Um homem e um abajur. Ele tá sentado. Ele está quieto, sentado. Ta
meio triste. Algum problema na vida. Tá com jeito que tá pensativo... deve ter
acontecido. Deve ter bebido, do jeito que ele tá. Depois ou ele vai dormir ou vai
caçar alguma confusão. Título: não tem nome

Lâmina B3(4) – Pausa. Uma pessoa segurando um menino, uma criança. Ele está
na saída da porta. Ele tá dando amor ao menino, carinho. Tá pensando em alguma
coisa boa, pelo jeito. Tá dando amor à ele, carinho. Pode acontecer mais amor, né?!
Título: é lindo

Lâmina AG (5) – Aqui é tipo uma nuvem no céu, não está acontecendo mais nada e
pelo jeito que está aí é para chuva. Título: o arco-íris

Lâmina B1(6) – Estou vendo uma cama, uma cômoda e um balde em cima da
cômoda. E a porta aqui. E uma toalha em cima da cama, na cabeceira. Não. Tem
tipo uma água aqui lavando o chão. Acho que o balde virou depois vai ter que
enxugar, né? Título: o quarto

Lâmina CG(7) – umas tábuas, umas manchas por cima delas, das tábuas, no
começo. Deve ter virado uma água em cima, por isso ficou escuras. Depois vai ter
que limpar. Aqui é o piso. Um tabuado de madeira. Título: piso

Lâmina A3(8) – Pessoas. Dois do lado e um separado. Eles tão pensando em viajar
para alguma cidade. Ir para alguma festa. Eles pensaram em ir junto. Um tá
esperando o outro para ir para festa. Depois eles devem beber, né? Lá na festa. eles
tão no ponto de ônibus. Título: o ponto de ônibus
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Lâmina B2(9) – É um apartamento, um pé de pau e duas pessoas. Pé de árvore,


estão embaixo descansando. Eles tão querendo ir para casa. Tão pensando em ir
para casa. Estão vindo de alguma viagem. Antes eles cansaram por estavam vindo
a pé. Depois... tão descansando e vão embora. Vão pra casa deles. Vão fazer
almoço. É um homem e uma mulher. Título: Felicidade

Lâmina BG(10) – Uma igreja, um pessoal rezando e um entrando na porta. Tem 6


pessoas. Tão rezando e uma que está entrando. Estão rezando para algum parente.
Saíram de casa para ir rezar. Depois vão pra casa, vão descansar. Título: igreja
católica

Lâmina C2(11) – Aqui tem uma janela, umas pintinhas amarelas. Deve ser pingo
d´água. Pode ter molhado e ter pingado. Tem umas manchas em cima da janela.
Deve ser chuva, depois vão ter que limpar, para enxugar. Título: Uma casa

Lâmina C1(12) – uma jarra, uma xícara e umas pintas vermelhinhas no piso. Só tem
um prato aqui no canto. Essa é uma casa também. Derramaram algum produto
vermelho no piso. Tem uma cadeira também e uma mesa. Essa aqui é uma mesa.
Título: uma casa

BRANCA – Uma tela branca, sem nada, tipo um espelho. É só pra pessoa se vê. Vê
a imagem da pessoa e tá perfeita. Depois ele deixou o espelho lá e saiu.

Título: o espelho.
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Caso 3

Lâmina A1 (1) Uma pessoa aqui? Será que tem problemas? (Pausa grande) Porque
ela está pensando isso? Sinceramente não sei te dizer (Pausa grande). O que ela
está sentindo? Pela aparência aqui... tristeza, né? (Pausa grande) Só vejo uma
pessoa... sozinha... (Pausa) Difícil hein (pausa) Pelo jeito, da pessoa, ela está triste.
É um homem (pausa). Título: Tristeza

Lâmina A2 (2) Parece um casal (pausa) estão pegando um na mão do outro (pausa)
Estão conversando (Pausa) Parece que ele está escondido, né? (Pausa). Será que
ele está se escondendo de alguém, fez alguma coisa? (Pausa). Agrediu alguém?
(Pausa) tudo pode ter acontecido, né? (Pausa) Ele está escondido aqui, mas está
com meio... receio de aparecer... (Pausa). Essa figura, tipo, ele tem vergonha, né?
Por causa da agressão. A mulher nunca espera isso do homem, né? Título: Mágoa

Lâmina C3 (3) Um homem e uma mulher (Pausa). Estão discutindo (pausa)


aparentemente discussão (Pausa). Parece que ele está procurando alguma coisa
(Pausa) Um objeto (pausa) alguma coisa (Pausa grande) Alguma coisa para agredir
(pausa). O que ele está sentindo? Aparentemente raiva. E ela está com medo.
Título: Covarde, porque a mulher, querendo ou não é sempre mais fraca... eu já fiz
isso e para mim é covardia.

Lâmina B3 (4) Conversando, né? Parece ser um homem e uma criança (Pausa).
Parece num castigo, uma bronca (pausa). O que aconteceu? Ele fez alguma coisa
que o pai não gostou (pausa grande). Como eles estão se sentindo? (Pausa
grande). Tristeza, né? Talvez o filho de ter errado e pai de estar cobrando (pausa)
talvez seja uma maneira de educar (Pausa). Título: a realidade, porque isso
acontece, né?

Lâmina AG (5) Pinheiros (pausa). Tá parecendo um cemitério (pausa) bastante


gente (pausa) pinheiros (Pausa grande). Estão enterrando alguém? (Pausa grande).
O que eles estão sentindo? Falta (pausa). Pausa, não consigo ver mais nada. Título:
Saudade
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Lâmina B1 (6) Um homem (pausa). Aparentemente está triste por alguma coisa que
cometeu... Com certeza está arrependido (pausa) parece estar observando alguém
(Pausa) Aparentemente a esposa (pausa) Agressão (pausa) ele cometeu agressão
(pausa) por falta de paciência, né? (Pausa) está triste por ter feito isso (pausa)
arrependimento (Pausa). Difícil essa hein? (Pausa). Quando chega nesta situação a
mulher se sente humilhada, não esperava isso (pausa) muito ofendida (pausa).
Título: arrependimento

Lâmina CG (7) Parece uma arquibancada (pausa) parece que tá tendo um torneio
de alguma coisa (pausa) cavalo (pausa) corrida (pausa) Tem um homem torcendo
(pausa grande). Sei lá (pausa) parece outra coisa agora (pausa). Parece uma
escada e alguém deitado (pausa) Escada (pausa) multidão (pausa) briga. Talvez
alguma coisa relacionada a dinheiro (pausa) trabalho (pausa). Aparentemente
parece uma manifestação que mexeu com essa sobra parece uma pessoa (pausa)
Parece que a sombra está caída (pausa) parece que já passaram por ela (pausa
grande). Não consigo ver mais nada. Título: sofrimento

Lâmina A3 (8) Um casal (pausa) uma criança (pausa). Estão num parque (pausa)
aparentemente a criança está triste, né? (Pausa) esta imagem (pausa) o que
aparenta pra mim é que os dois estão separados (pausa) a criança está triste
(pausa) eles não brincam, está vendo? (Pausa) e aparentemente esta imagem está
muito triste (pausa) porque, de repente, ele queria o pai e a mãe de um jeito (pausa)
e a vida está vivendo de outro (pausa). Agora os dois parecem estar conversando,
né? Tentando chegar num acordo (pausa grande). Como eles chegaram nesta
situação? Talvez brigas (pausa) sofrimento (pausa) solidão das duas partes (pausa)
talvez chegaram em um ponto de não ter volta (pausa grande). O que eles estão
sentindo? Tristeza (pausa) os três! A criança está triste porque eles estão
separados... será que não tem volta, o que vai ser de mim. Precisa ter paz (pausa)
em segundo lugar (pausa) uma orientação (pausa) de um especialista nisso, nestes
casos (pausa) no casamento (pausa) uma assistência à família (pausa) para a união
da família (pausa) porque, na outra briga que nós tivemos (pausa) não teve isso
(pausa) uma segurança para ela e para mim também (pausa). Título: Reconciliação.
93

Lâmina B2 (9) Parece (pausa) que eles acabaram de se conhecer (pausa) parece
um encontro, né? (Pausa) Eles estão conversando (pausa) fazendo planos (pausa)
de ficar juntos (Pausa) . Como eles estão se sentindo? Felizes. Parece que está
tudo bom (pausa) acabaram de se conhecer (pausa) tá tudo bom (Pausa) O que vai
acontecer? Vão ficar juntos (pausa grande). Não vejo mais nada. Título: Felicidade

Lâmina BG (10) Parece uma porta de algum lugar, né? (Pausa) parece uma igreja
(pausa) Eles estão ouvindo a palavra, né? Foram buscar forças (pausa) o dia da
gente não é fácil (pausa). Sabedoria (pausa) arrependimento (pausa) como amar
seu próximo (pausa) eles buscam isso, na verdade (pausa) a igreja dá uma paz
(pausa) uma tranquilidade (pausa), às vezes, no serviço, no lar, na rua (pausa) as
vezes acaba acontecendo coisas que nós não acreditamos. Do jeito que o mundo tá
hoje (pausa) todo mundo acha que pode fazer o que quer (pausa) ninguém respeita
mais o espaço de ninguém (pausa) e muitas pessoas opinam para este lado, né? De
buscar a paz e trazer, né? Elas seguem uma doutrina... Elas dão e recebem, né?
Título: salvação

Lâmina C2 (11) (Pausa grande) Uma casa (pausa) parece uma mulher né? Está
observando a casa de fora pra dentro (pausa grande). Ela está pensando (pausa)
tem gente que tem tudo isso e, eu não tenho nada (pausa). Às vezes as pessoas
ficam muito pensativas (pausa) acho que talvez ela foi ofendida (pausa) talvez, isso
deve ter gerado uma discussão (pausa) talvez o companheiro dela falou algo que ela
não quer escutar (pausa) ou vice-versa, né? (Pausa) ela pode ter falado algo para
ele também (pausa). Às vezes ela pode estar pensando também (pausa) até quando
isso (pausa) talvez ela não tenha onde e em quem buscar ajuda (pausa) força
(sabedoria) talvez ela tem que procurar um conhecimento, né? De pessoas que
lidam com isso mesmo (Pausa grande). Título: Solução

Lâmina C1 (12) Tá quebrado estes objetos? (Pausa) Parece ser sangue (pausa),
parece briga, agressão (pausa) Não tem ninguém (pausa) Não consigo ver mais
nada (pausa). Título: não sei

BRANCA (13) Uma família (pausa) sem agressão, sem brigas (pausa) é mais feliz
(pausa grande).O que estão sentindo? Falta de alguma coisa (pausa) não sei te
94

dizer o que mais falta, falta alguma coisa falta. Precisam conversar (pausa) ter
diálogo, ter conversa (pausa). No início tudo começou bem (pausa) feliz (pausa),
mas aí começou ter desconfiança, né? Conforme a convivência (pausa) começou a
desconfiança, ausência, falta (pausa). Dá para ir muito esta família (pausa) hoje tem
que dar certo (pausa) precisa de mudança (pausa) em todas as partes e todas as
áreas (Pausa) Já mudou bastante. Hoje eu vejo a minha mulher sorrir, o que eu não
via (pausa) hoje eu vejo ela bem do meu lado (pausa) ela me abraça ela sorri
(pausa) ela é feliz do meu lado, mas mesmo assim ainda falta alguma coisa (pausa)
acho que são as filhas dela, o que falta na vida dela é isso (pausa) ai ficará tudo em
paz (pausa) se depender de mim (pausa) porque eu já sofri bastante (pausa) quando
eu conheci a Denise, ela usava drogas, bebia, fumava (pausa) e hoje não faz nada
de errado (pausa) hoje graças a Deus, eu não bebo, não fumo, não uso drogas,
antigamente, já usei drogas, já roubei, já trafiquei (pausa) e mudei por causa dela
(pausa) meus filhos (pausa) o juiz (pausa) quando comecei focar eles, parei para
pensar e cheguei a conclusão que eu dependo de Deus, mas meus filhos dependem
de mim...
Minha família depende de deus... deus da força para me dar força para trabalhar...
Cada três reais que eu gastava para fumar... Colocava mais um e comprava dois
litros de leite para os meus filhos.
Parei de fumar cigarro... Faz cinco anos...
A Denise quando nos separamos... Ela voltou a fumar e a beber... ela voltou pra
mim... Estava muito magra... Muito acabada... Hoje ela está forte, bonita, saudável...
agora está trabalhando... Do meu lado ela tem uma paz... Mas para viver em paz,
precisa de uma harmonia, união... Tudo depende de nós mesmos... Se eu procurar a
paz eu encontro, se procurar confusão também...
Nunca vivi com a Denise como estamos agora... Eu posso falar que eu estou bem...
da parte dela não falta nada... Ela me dá assistência como mulher... Quando ela
chega cansada do serviço eu entendo... Eu trabalho também... Eu gosto de
cozinhar... a Denise não gosta muito... Mas me ajuda bastante...
Ela é um tipo de mulher... Que ela sabe o que tem que fazer, mas tem o tempo
dela... Eu ajudo... Lavo louça... Eu a ajudo da maneira que ela me ajuda... Um ajuda
o outro.
Título: A volta por cima.
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Caso 4

Lâmina A1 (1) Eu vejo uma sombra, tipo, um homem, né?


(ele olha a figura, pergunto, ele está sozinho? O que ele está fazendo?)
Não sei... olha para a figura
Acho que ele está sozinho...
(para, e olha pra figura, pergunto, como ele se sente?)
Ele se sente angustiado por estar sozinho.
Pausa...(o que ele pensa?)
Pausa grande... não sei... acho que ele quer uma companheira para ele não estar
sozinho mais.
Pausa grande
Título: solitário

Lâmina A2 (2) Agora é diferente, um homem e uma mulher... pausa


Estão conversando, um de frente para o outro. (pausa grande)
(sobre o quê? pausa)
Sobre a vida, né... como foi o serviço.
(como eles estão se sentindo?)
Pausa
Acho que eles estão se sentindo bem, resolver os problemas, crises.
(Quais?)
Não sei...
O que vai acontecer?
Acho que eles vão se entender, ficar na paz.
Título: reconciliação

Lâmina C3 (3) Olha para a figura... pausa grande


... Dois homens conversando...
(Sobre o quê?)
Pausa grande... não tenho a mínima noção.
(Porque eles estariam conversando...)
Sobre trabalho?
(O que aconteceu no trabalho?)
Sei lá... Alguém fez alguma coisa errada e eles estão tirando as dúvidas.
(O que vai acontecer?)
Se ele fez alguma coisa errada vai ser mandado embora.
Como eles estão se sentindo?
Chateados, porque se alguém fez alguma coisa... Este aqui está de cabeça baixa...
Então ele está chateado. Pausa grande
(E depois o que vai acontecer com ele?)
Se ele for mandado embora, vai ser desligado da empresa... E precisa arrumar outro
emprego
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Título: Não sei, não tenho um nome para esta história.

Lâmina B3 (4) Um homem e uma mulher de novo?


Eles estão abraçados, passando na porta, indo embora.
(Como eles estão se sentindo?)
Como eles estão abraçados, eles estão se sentindo apaixonados, não sei.
(O que aconteceu antes?) Pausa.
Ele estava indo conversar com ela, falar que o patrão o mandou embora... E eles
estão saindo para espairecer a mente.
(E oque vai acontecer?)
Eles vão conversar e entrar em um consenso vai dar tudo certo.
Pausa...
Título: reconciliação

Lâmina AG (5) Pausa grande...


Seis pessoas? Pausa grande
Estão numa mata, aqui são arvores...
(O que elas estão fazendo?)
Pausa...
Conversando... Sei lá...
Como elas estão se sentindo?
Livres... Para alguma aventura, sei lá.
O que vai acontecer?
Não sei... Não sei... pausa.
Título: Amigos

Lâmina B1 (6) Um homem indo pro quarto, indo deitar, descansar.


Está se sentindo sozinho de novo, solitário.
(O que ele está pensando?).
Pensando... Em arrumar outro serviço para não ficar solitário, se sentindo sozinho,
ter alguém pra conversar... Amigos... Pausa.
(O que vai acontecer?).
Acordar cedo e ir atrás de serviço.
Título: compreensão

Lâmina CG (7) Pausa grande...


Um homem atravessando a rua?
(Tem mais alguém?)
Tem um grupinho de pessoas, estão conversando... Chamando ele, alguma coisa
assim...
Pausa grande...
(Pra que eles o chamaram?)
Pra conversar.
(Como o homem que está sozinho está se sentindo?)
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Não tenho a mínima noção...


(O que vai acontecer depois?)
Não tenho a mínima noção... Ele está andando pensativo, em arrumar um serviço,
acho que estas pessoas vão ajudar ele...
(Ele está preocupado?).
Ele está muito preocupado, se ele arrumar o serviço ele ficará mais tranquilo, se ele
não arrumar as contar vão apertar...
(devolve a prancha)
Título: fé

Lâmina A3 (8) Três homens conversando, né? Pausa... Sobre trabalho, acho.
Estão explicando pra ele novo serviço que ele vai fazer, explicando pra ele
direitinho... Eu acho que é...
(Como eles estão se sentindo?).
Ele deve estar se sentido esperançoso, por ter conseguido o serviço, e eles estão
gostando também.
Pausa
(Como eles chegaram ai?)
Ele foi atrás, depois ele vai trabalhar.
(Ele gosta do trabalho?)
Por segurar o trabalho, acho que gosta, né?
(Qual será o trabalho?).
Como ele está desesperado para arrumar trabalho, até de faxineiro ele vai ter que
gostar.
Título: guerreiro

Lâmina B2 (9) Um homem e uma mulher embaixo de uma árvore.


Indo pra casa, ele foi conversar com ela, sobre o serviço que ele arrumou.
(Como eles estão se sentindo?)
Felizes, né?
O que ele está pensando?
Que agora ele não vai atrasar as dívidas dele e ficar tranquilo, trabalhando...
Ela deve estar gostando também.
(O que acontece depois?)
Sei lá, acho que eles ficarão feliz, né?
(Qual o nome para esta história?)... pausa grande
Título: Felicidade

Lâmina BG (10) Um homem sozinho e um grupo de pessoas


Pausa grande
(O que eles estão fazendo?)
Eles estão conversando, menos um, porque ele está longe do grupo
(Como ele está se sentindo?)
Deve estar se sentindo excluídos por não estar no grupo
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(E os outros estão conversando sobre o que?)


Pausa
Sei lá... Uma festa, alguma coisa.
(O que acontece depois?)
Ele vai se enturmar com este grupo, e falarão sobre a festa, né?
Título: Falando de festa

Lâmina C2 (11) Um homem sozinho, chegou da festa, indo pra casa, sei lá
Chegou da festa e foi pra casa, estava sozinho
O que pensa
Ele está sozinho, solitário, tá sozinho, tá triste, não tem companheira,
(Porque não tem companheira?)
Acho que não conseguiu... Acho que está indo pra casa dormir, depois vai acordar e
vai trabalhar, né?
(Essa pessoa tem família?)
Acho que não, sempre está sozinho, não deve ter família.
Titulo: Solidão

Lâmina C1 (12) Uma casa sozinha, janela, mesa e cadeira, jarra, prato, panelas
Não tem ninguém, acho que mora alguém...
Olha para a figura e pausa grande
(O que aconteceu?)
Acho que tem uma pessoa na janela, uma sombra.
(O que ela está fazendo?)
Olhando para dentro da casa
(Como ela está se sentindo?)
Solitária, está sozinha ai,
(O que ela está pensando?)
Não sei... não tem ninguém para conversar, né?
(O que vai acontecer?)
Ela vai embora, porque não tem ninguém pra conversar, vai embora.
Título: paz

BRANCA - Não tenho nenhuma história...


Pausa
(Você pode contar a história que quiser)
Não tem... Não sai...
Pausa grande
Deu branco na minha cabeça, diz devolvendo a prancha.
(E se fosse para dar um nome sobre esta história que você não contou, que nome
ela teria?)
Título: Amizade

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