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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE PSICOLOGIA

ALUNO:

ROBERTO F. P. NUNES FILHO

RIO DE JANEIRO - RJ
2023
TRANSTORNOS PSICOPATOLÓGICOS

CRÍTICA A FORMULAÇÃO DOS MANUAIS EM


PSICODIAGNÓSTICO

ROBERTO F. P. NUNES FILHO

RIO DE JANEIRO - RJ
2023
Devido a natureza histórica do conceito de doença mental, partindo da intenção de
segregação e institucionalização do louco, os acometimentos psíquicos do indivíduo
passaram a receber nome e sobrenome. Com essa categorização das patologias da
mente, criou-se o pano de fundo para formação dos hospitais psiquiátricos,
ambientes voltados para o suposto tratamento e estudo destas doenças. Porém,
devido a esta raiz na medicina psiquiátrica do século XVIII, as chamadas doenças
mentais tiveram como base o conceito da medicina de patologia, onde há uma
etiologia, um diagnóstico definitivo e um prognóstico relativamente previsível, o que,
atualmente, não é considerado o caso de quase nenhum acometimento psíquico. É
neste cenário que foram desenvolvidos os conceitos que resultariam nos manuais
diagnósticos em psicopatologias.

Estes manuais têm sido criticados por vários motivos. Uma das principais críticas é a
sua tendência a patologizar comportamentos e emoções considerados normais em
algumas culturas e contextos sociais. Essa patologização pode levar a um excesso
de diagnósticos e, consequentemente, a um aumento no uso de medicamentos
psiquiátricos, bem como a uma maior estigmatização e exclusão social dos
indivíduos diagnosticados.

Além disso, os manuais diagnósticos em psicopatologias são frequentemente


baseados em conceitos teóricos e categorias diagnósticas que podem ser limitados
e questionáveis. Por exemplo, a classificação de transtornos mentais em categorias
específicas pode ser arbitrária e não refletir a complexidade e diversidade dos
sintomas e comportamentos humanos.

Outra crítica é que os manuais diagnósticos podem ser influenciados por fatores
culturais e políticos. Por exemplo, algumas categorias diagnósticas podem ser mais
prevalentes em determinados grupos sociais, enquanto outras podem ser menos
reconhecidas ou valorizadas em outros contextos culturais. Isso pode levar a uma
falta de sensibilidade cultural e a uma compreensão limitada das experiências e
necessidades dos pacientes.

Contudo vale ressaltar a utilidade dos manuais como um dicionário para permitir, ou
facilitar, a comunicação entre áreas do saber e principalmente dos profissionais da
saúde com a sociedade. Pois, ao catalogar aquilo que é observável em uma
patologia, pode-se expressar um conjunto de condições e comportamentos, sem a
necessidade de descrever o histórico de vida inteiro de um indivíduo, ou grupo de
indivíduos. Esta padronização permite, também, o direcionamento de estudos para
entender melhor estes acometimentos e promover tratamentos melhores e mais
eficazes para tais.

Em resumo, embora os manuais diagnósticos em psicopatologias possam ser úteis


em alguns contextos clínicos, é importante reconhecer suas limitações e questionar
suas suposições teóricas e categorias diagnósticas. Lembrando que este se trata de
uma ferramenta, a qual é o profissional quem deve dar sua melhor utilização para
cada objetivo. É necessário abordar a diversidade e complexidade das experiências
humanas de forma mais sensível e holística, levando em consideração fatores
sociais, culturais e políticos.

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