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Psiquiatria AULA 13

MACONHA
Giulia Goulart
• INTRODUÇÃO
XXXVII
- CB1R é o receptor mais abundante no cérebro do
mamífero, atuando no sono, dor, regulação emocional,
sociabilidade, atividade, estresse, fome, recompensa, ansiedade, atenção memória.
- Usuário de maconha pode ter: Alzheimer, esquizofrenia, depressão, epilepsia, vício,
Parkinson, distúrbios do sono e alimentação.
- Planta produz THC para se proteger de sol, calor e luminosidade: modificação
genética com maior exposição solar, para produzir mais princípio ativo.
- Sinais e sintomas causam sofrimento significativo ou prejuízo nas áreas de
relacionamento social e trabalho.
- A verdade é que a maconha é uma droga que vicia e, sim, causa abstinência. Embora
seja legal em alguns países, não significa que não seja viciante.

Histórico
- Uso medicinal 3 séculos a.C., na China.
- Produções em locais quentes: México, Peru, etc.

Espécies
- Cannabis sativa: adapta-se melhor aos climas tropicais, sendo mais frequente no
Brasil. Tem menos resina e substância psicoativas menos sedativas e mais
euforizantes. Pode chegar a 5m de altura.
- Cannabis indica: Europa, EUA e Canadá fazem cruzamentos (híbridas) para
potencializar o efeito (maior concentração de THC).
- Existem cerca de 400 componentes químicos (benzopirenos), o mais importante é o
THC (delta-9-tetrahidrocanabidiol), o Canabidiol.

Apresentações
- Resina (haxixe): extraída das flores de plantas fêmeas, concentração de THC de 10-
20%. A forma oleosa, de 15-60% de potência.
- Ganja/sinsenila: material seco no topo das plantas, concentração 5-20%.
- Maconha: elaborada com o restante da planta, concentração 2-6%. O cigarro de
maconha é rico em hidrocarbonetos aromáticos, altamente cancerígenos. Tem alta
concentração de alcatrão, bem superior ao cigarro de nicotina.

• EFEITOS
- Maconha provoca alteração de via mesolímbica da dopamina e de direcionamento.
- Diminuição da atuação do CPF, hipotálamo, hipocampo, núcleos da base e amígdala.
- Doenças podem ser deflagradas pela droga, não apenas em quem tem predisposição
genética, mas também pelas alterações em SNC: bipolaridade (2x), ansiedade (5x),
depressão (2x) e esquizofrenia (3,5x).
Ps.: bipolar ou depressão, se uso de droga envolvido, é diagnóstico de dependência
química.
- Um dos principais motivos de aumento da incidência de doenças psiquiátricas se dá
pelo aumento do acesso às drogas.
- Teste de screening com fio de cabelo: detecta uso dos últimos 90 dias. Metabolização
da droga é lento.
- Maconha é porta de entrada para outras drogas.
Prejuízos diários
- Todos os usuários, sem exceção, sofrem de pelo menos um dos sintomas: memória
(60%), concentração (40%), funções executivas (40%), vida social (40%), inteligência (8
pontos a menos de QI), vida profissional (35%).

• SINAIS E SINTOMAS
Efeitos euforizantes
- Aumento de peso. - Aumento da sociabilidade.
- Sensação de lentificação do - Sensação de relaxamento.
tempo. - Aumento da percepção das cores,
- Aumento da autoconfiança e sons, textura e paladar.
grandiosidade. - Aumento da capacidade de
- Risos imotivados. introspecção.
- Loquacidade e hilariedade.

Efeitos físicos
- Taquicardia, hiperemia conjuntival, boca seca, hipotermia, tontura, retardo
psicomotor, redução da capacidade para a execução de atividades motoras complexas
incoordenação motora, redução da acuidade auditiva, aumento da acuidade visual,
broncodilatação, hipotensão ortostática, aumento do apetite, xerostomia, tosse e
midríase.

Efeitos psíquicos
- Droga perturbadora do SNC: age conforme a sensibilidade do usuário; pode excitar,
deprimir ou permanecer neutra.
Ps.: comum síndrome do pânico, ansiedade, depressão e psicóticos por maconha.
- Despersonalização, desrealização, depressão, alucinações e ilusões, sonolência,
ansiedade, irritabilidade, prejuízo à concentração e da memória de curto prazo,
letargia, excitação psicomotora, ataques de pânico, auto referência e paranoia,
prejuízo de julgamento.

Déficits motores e cognitivos na intoxicação aguda por maconha


- Redução da capacidade para solucionar problemas e classificar corretamente as
informações.
- Habilidades psicoespaciais: problemas para diferenciar tempo, espaço, profundidade.
- Piora da estimativa do tempo e da capacidade de concentração.
- Piora da compreensão diante dos estímulos sensoriais e das tarefas de memória de
códigos.
- Redução na formação de conceitos e das atividades da vida diária.
- Redução da capacidade para realizar tarefas complexas.
- Redução da capacidade de transferir material da memória imediata para a memória
de longo prazo.
- Ressaca matinal: não existe overdose de maconha, pois ela age apenas numa parte
do córtex cerebral, não age na ponte/bulbo, por isso não tem como causar overdose.

• BALANÇO THC E CBD


- Tetrahidrocanabinol e canabidiol: efeitos contrários.
- THC induz sintomas psicóticos transitórios e CBD bloqueia os efeitos do THC.
- 12% da população usa álcool, bem mais que maconha: aparenta estrago maior, o que
é ilusório.
• CANABINOIDES NÃO PSICOATIVOS
- Nabilone: 1980, canabinoide sintético, agente antiemético na QT de câncer.
- Dronabinol: para pacientes refratários ao antieméticos usuais, para tratar efeitos
adversos da QT.

• SÍNDROME AMOTIVACIONAL
- Parece uma síndrome depressiva, e o primeiro passo é cessar uso da droga.
- Os usuários com síndrome amotivacional apresentam:
a. Alterações comportamentais: isolamento social, retardo psicomotor,
autonegligência e passividade.
b. Alterações cognitivas: déficits de atenção, diminuição da capacidade de
concentrar-se, prejuízo da memória, prejuízo acadêmico, diminuição da
capacidade para resolver problemas, etc.
c. Alterações volitivas: diminuição do interesse pela aparência pessoal, apatia,
inércia, falta de objetivos na vida, etc.

• SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA/TRATAMENTO
- Principal tratamento é TCC.
- A presença e a intensidade dos sintomas físicos estão intimamente relacionados com
a quantidade, a dose, a frequência e a duração do consumo.
- Acetilcisteína (Fluimucil): tentativa de modificar novamente as vias dopaminérgicas
danificadas pelo vício.

Canabinoides sintéticos
- Análogos do THC, vendidos em produtos misturados a ervas chamados de Spice, K2,
The Moon, Yucatan fire.
- Mais de 200 tipos de canabinoides sintéticos.
- 4-10x mais potente que o CBD.

Critérios diagnósticos DSM-V – Transtorno por uso de Cannabis


A. Um padrão problemático de uso de Cannabis, levando a comprometimento ou
sofrimento clinicamente significativos, manifestando por pelo menos dois dos
seguintes critérios, ocorrente durante período de 12 meses:
1. Cannabis é frequentemente consumida em maiores quantidades ou por um
período mais longo do que o pretendido.
2. Existe um desejo persistente ou esforços malsucedidos no sentido de
reduzir ou controlar o uso de Cannabis.
3. Muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção de
Cannabis, na utilização de Cannabis ou na recuperação de seus efeitos.
4. Fissura ou um forte desejo ou necessidade de usar Cannabis.
5. Uso recorrente de Cannabis, resultando em fracasso em desempenhar
papeis importantes no trabalho, na escola ou em casa.
6. Uso continuado de Cannabis, apesar de problemas sociais ou interpessoais
persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados pelos efeitos da
substância.
7. Importantes atividades sociais, profissionais ou recreacionais são
abandonadas ou reduzidas em virtude do uso de Cannabis.
8. Uso recorrente de Cannabis em situações nas quais isso representa perigo
para a integridade física.
9. O uso de Cannabis é mantido apesar da consciência de ter um problema
físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou
exacerbado pela substância.
10. Tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspectos:
a. Necessidade de quantidades progressivamente maiores de
Cannabis para atingir a intoxicação ou o efeito desejado.
b. Efeito acentuadamente menor com o uso continuado da mesma
quantidade de Cannabis.
11. Abstinência, manifestada por qualquer dos seguintes aspectos:
a. Síndrome de abstinência característica de Cannabis (consultar
critérios diagnóstico A e B do conjunto de critérios para abstinência
de Cannabis).
b. Cannabis (ou uma substância estreitamente relacionada) é
consumida para aliviar ou evitar os sintomas de abstinência.

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