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- Agressão:

. qualquer forma de comportamento direcionado ao objetivo de


prejudicar ou ferir outra pessoa
. ocorre quando se rompe o equilíbrio entre os impulsos e o
controle externo
- conflitos despertados pelo ambiente interpessoal, comprometi-
mento orgânico ou neurológico - > impulso
- desinibição química, fragilidade intrapsíquica - < controle
- violência associada a:
. estados tóxicos e orgânicos
. deficiências do desenvolvimento
. psicoses
. transtorno de conduta
. estresse psicológico e ambiental maciço
Agressividade e Drogas de Abuso
- quantidades elevadas de álcool facilitam o aparecimento da
agressividade
- mais de 50% das pessoas que cometem homicídios culposos e que
se engajam em ataques físicos violentos ingeriram quantidades
significativas de álcool imediatamente antes da agressão
- efeitos de solventes e barbitúricos assemelham-se aos do álcool
- ansiolíticos - inibem a agressividade, agressão paradoxal
- dependência de opiáceos - aumento na agressividade
- cocaína, anfetamina, alucinógenos - associados à agressividade
Agressividade e Neurotransmissores
- mecanismos colinérgicos e catecolaminérgicos parecem estar
envolvidos na indução e aumento da agressão predatória
- sistemas serotoninérgicos e gabaérgicos parecem inibir a
agressão
- agressão afetiva - modulada pelos sistemas catecolaminérgico e
serotoninérgico
- dopamina parece facilitar a agressão, noradrenalina e serotonina
parecem inibí-la
- declínios nos níveis de serotonina e de seu metabólito ácido 5-
hidroxiindolacético (5-HIAA) - aumento da irritabilidade e da
agressividade, de tentativas de suicídio
Abuso de drogas:
- auto-administração de alguma droga de modo não aprovado pela
cultura, levando a conseqüências adversas
- quando a neurotransmissão química é afetada de forma que o
comportamento do indivíduo passa a ser perigoso para si ou para os
outros, levando a prejuízo ou angústia clinicamente significativos

Reforço e recompensa - drogas com propriedades de reforço,


produzem prazer, levando a auto-administração repetida
Intoxicação:
- síndrome reversível e específica à droga, caracterizada por
comportamento mal-adaptado, clinicamente significativo ou por
mudanças psicológicas
- sintomas variam de beligerância a prejuízo do funcionamento
social e ocupacional, passando por alterações do humor e prejuízo
cognitivo do julgamento

Dependência:
- estado fisiológico de neuroadaptação produzido pela administração
repetida da droga
- a droga exige administração contínua para evitar o aparecimento
da síndrome de abstinência
Tolerância ocorre quando:
- determinada dose da droga produz menos efeitos
- doses cada vez maiores devem ser administradas para se obterem
os efeitos observados com a dose original

Abstinência:
- reações psicológicas e fisiológicas adversas decorrentes da
interrupção súbita da droga que produz dependência
- caracterizada por anseio pela substância ( fissura ), disforia

Rebote - quando a droga é interrompida e os sintomas voltam de


forma exagerada
Recidiva - retorno dos sintomas anteriores ao uso da droga
Desintoxicação:
- redução lenta da droga que causa dependência e que produziria
abstinência se fosse interrompida subitamente
- pode ser realizada suspendendo-se lentamente a própria droga
produtora de dependência ou substituindo-a por outra que
apresente dependência cruzada com a primeira e que tenha
mecanismo farmacológico de ação semelhante
- mecanismos de neuroadaptação da dependência podem se
readaptar durante a redução lenta das doses
Via Dopaminérgica Mesolímbica
- via dopaminérgica mesolímbica
. via final comum do reforço e da recompensa
. “ centro do prazer no cérebro”
- dopamina - “neurotransmissor do prazer”
- vias naturais que levam os neurônios mesolímbicos a liberar
dopamina - realizações intelectuais, atividades atléticas, sensação
de orgasmo - “altos naturais”
- estímulos da via mesolímbica:
. endorfina - morfina / heroína
. anandamida - maconha
. acetilcolina - nicotina
. dopamina - cocaína / anfetamina
DDrogas de Abuso:
- levam a via mesolímbica a liberar dopamina de maneira mais
explosiva e prazeirosa do que ocorre naturalmente
- sobrepõem-se aos neurotransmissores, estimulam diretamente os
receptores, levando à liberação de dopamina
- prazer é obtido de forma mais intensa e mais fácil
- recompensa produzida pela droga produz um suprimento límbico
pós-sináptico de dopamina intenso
- receptores D2 passam a necessitar furiosamente de mais
dopamina depois que a droga pára de atuar - indivíduo forçado a
buscar mais droga
- risco de tornar-se abusador de substância pode depender de
quantos receptores o indivíduo possui
- indivíduos com poucos receptores: terão mais prazer com
aumento da dose, seu próprio sistema interno de prazer não está
trabalhando muito bem
Cocaína
- bloqueio da recaptação e liberação de monoaminas, principalmente
dopamina, mas também noradrenalina e serotonina
- produção de euforia, diminuição da fadiga e sensação de acuidade
mental
- ação anestésica local
- em altas doses: tremores, labilidade emocional, inquietação,
irritabilidade, paranóia, ataques de pânico
- em doses ainda mais altas: intensa ansiedade, paranóia,
alucinações, hipertensão, taquicardia, hipertermia, depressão
respiratória
- em superdosagens: falência cardíaca aguda, AVC, convulsões
- efeitos mediados pela inibição do transportador de dopamina e,
conseqüentemente, pelos efeitos da atividade excessiva de dopamina
nas sinapses
- repetidas intoxicações - adaptações complexas do sistema neuronal
dopaminérgico - tolerância, tolerância reversa ou sensibilização
Cocaína
- principal hipótese da etiologia dos sintomas positivos da psicose -
excesso de atividade dopaminérgica na via mesolímbica
- tratamento com antipsicóticos atípicos ou convencionais -
bloqueadores dos receptores de dopamina - podem aliviar os
sintomas da intoxicação por cocaína
- abusadores crônicos de cocaína - receptores dopaminérgicos
dessensibilizados ( down-regulation ) - adaptados à exposição
crônica - síndromes de abstinência cada vez mais incômodas
- abstinência: agitação, ansiedade, fadiga, depressão, exaustão,
anergia, anedonia, aumento da fissura
- intervenção mais útil - permitir que o sistema dopaminérgico seja
restaurado por si mesmo com o tempo - abusador deve ficar
abstinente por tempo suficiente para que o sistema se recupere
Anfetaminas
- tem efeitos farmacológicos potentes sobre a liberação de
dopamina
- peptídeos de transcrição regulados por cocaína e anfetamina
(CART) - intensificam-se após a administração de cocaína e
anfetamina
- peptídeos CART - possível papel no abuso de drogas, no
controle do estresse e do comportamento alimentar
- efeitos clínicos semelhantes ao da cocaína - euforia menos
intensa, mais duradoura
Alucinógenos
- Principais classes:
. indolalquilaminas - LSD, psilocibina - serotonina
. fenilalquilaminas - mescalina - noradrenalina, dopamina
. drogas projetadas - 3,4-metileno-dioximetanfetamina (MDMA)
= ecstasy

- Mecanismo de ação:
. ação comum como agonistas dos receptores 5HT2A
. efeitos adicionais em outros receptores serotoninérgicos
(especialmente auto-receptores somatodendríticos 5HT1A) e nos
sistemas noradrenérgico e dopaminérgico
Alucinógenos
- Efeitos na intoxicação:
. mudanças nas experiências sensoriais, alucinações e ilusões
visuais, consciência ampliada dos estímulos externos e internos, dos
pensamentos
. labilidade emocional e do humor, lentificação subjetiva do
tempo, sensação de que as cores são ouvidas e os sons vistos,
despersonalização e desrealização, manutenção do estado de vigília
. prejuízo do julgamento, medo de perder o controle, ansiedade,
náuseas, taquicardia, aumento de pressão e da temperatura
corpórea
. estado confusional agudo, psicose franca com delírios e paranóia
. efeitos do MDMA - euforia, desorientação, confusão, aumento da
sociabilidade, da sensação de empatia e do insight pessoal
. flashbacks - recorrência espontânea de sintomas de intoxicação,
na ausência da mesma
Maconha
- substâncias psicoativas: canabióides, especialmente o delta-9-
tetra-hidrocanabiol ( THC )
- interagem com receptores canabióides próprios do cérebro para
desencadear a liberação de dopamina no sistema de prazer
mesolímbico
- existem 2 receptores canabióides: CB1 e CB2
- sistema canabióide endógeno ( maconha do próprio cérebro ) -
capaz de ativar os receptores canabióides funcionalmente
Maconha
- Anandamida:
. lipídio que compartilha a maioria das propriedades
farmacológicas do THC
. antagonizada pelo antagonista canabióide cerebral seletivo -
SR 141716A

- efeitos estimulantes e sedativos


- doses habituais: sensação de bem-estar, relaxamento,
sociabilidade, lentificação do pensamento, perda da noção do tempo,
prejuízo da memória de curto prazo, sensação de insights especiais
- doses altas: pânico, psicose ( raramente )
- síndrome amotivacional: diminuição da energia e da ambição,
complicação do uso a longo prazo
Nicotina
- ato de fumar: administração de nicotina + liberação de
carcinógenos e outros toxinas que danificam o coração, pulmões e
outros tecidos
- nicotina atua diretamente nos receptores nicotínicos
- neurônios dopaminérgicos da via mesolímbica recebem estímulo
colinérgico nicotínico pelo ato de fumar - sensação de prazer,
elevação do humor, ampliação da cognição, diminuição do apetite
Nicotina
- ações psicofarmacológicas e comportamentais da nicotina são mais
sutis do que as da cocaína:
. nicotina pode fechar receptor nicotínico pouco depois de ligar-se
a ele
. nem a nicotina, nem a acetilcolina podem estimular o receptor
nicotínico por algum tempo
. estimulação dos receptores dopaminérgicos mesolímbicos pára
em pouco tempo após pequena estimulação nicotínica
- fumantes podem infra-regular receptores dopaminérgicos ( down -
regulation) por excessiva estimulação de dopamina
- usuários de nicotina podem supra-regular receptores colinérgicos
nicotínicos ( up-regulation) para compensar o fato da nicotina
continuar desligando-os
- profunda capacidade da nicotina de produzir dependência e
abstinência
Nicotina - Tratamento
- abstinência caracterizada por fissura e agitação
- adesivo transdérmico de nicotina
. permite que os receptores de nicotina e dopamina se readaptem
de forma mais gradual em direção ao normal
. síndrome de abstinência pode ser evitada ou aliviada pela
liberação transdérmica de nicotina

- bupropiona - inibidor da recaptação de dopamina e


noradrenalina
. tende a dar de volta um pouco da dopamina que está sendo
privada aos receptores D2 mesolímbicos pós-sinápticos, enquanto
estes se ajustam à ausência de dopamina decorrente da recente
abstinência de dopamina
. redução da fissura durante a abstinência
Opióides

- subtipos de receptores mais importantes - mu, delta, kappa


- cérebro fabrica seus próprios opióides - endorfinas, encefalinas
- número e funções dos opióides endógenos e receptores -
permanecem em grande parte desconhecidos
- opióides exógenos - codeína, morfina, heroína - agonistas dos
receptores mu, delta, kappa
Receptores opióides
• Solomon H. Snyder,
Candace B. Pert. Opiate
Receptor: Demonstration
in Nervous Tissue.
Science, New Series,
179(4077): 1011-1014
(09/03/1973).
• Evidências da
existência de
receptores
específicos.
“We have shown that a component of nervous tissue can selectively form
complexes with opiate drugs at very low concentrations. Since this binding is
• pharmacological
Primeira
highly stereospecific and corresponds well with the previously reported
potencies of opiates, we believe that our results represent a
demonstração direta,
direct demonstration of ‘opiate receptor’ binding”

tili d
Receptores opióides
Opióides
- efeitos: euforia intensa e breve, sensação de profunda
tranqüilidade, sonolência, oscilações do humor, apatia,
lentificação motora
- euforia - principal propriedade de reforço
- superdosagem: depressão respiratória, pode induzir coma
- ações agudas dos opióides podem ser revertidas - antagonistas de
opióides sintéticos ( naloxona, naltrexona ) - competem como
antagonistas nos receptores opióides
- administração crônica - rápida tolerância e dependência
- síndrome de abstinência - disforia, fissura, irritabilidade,
taquicardia, tremores, sudorese
Opióides - Tratamento
- readaptação dos receptores opióides ao normal - difícil de tolerar
- reinstituição de outro opióide - metadona - administrada
oralmente, retirada lentamente
- acetato de l-alfa-acetil-metodol ( LAAM ) - opióide oral de longa
ação - propriedades farmacológicas similares às da metadona
- clonidina - agonista alfa-2 adrenérgico - reduz sinais de
hiperatividade autonômica durante a abstinência
Opióides
Álcool
- mecanismo de ação não é específico, pode ter efeitos em ampla
variedade de neurotransmissores
- ampliação da neurotransmissão inibitória nos receptores GABA A
- redução da neurotransmissão excitatória no receptor de
glutamato N-metil-d-aspartato
- amplia a inibição e reduz a excitação - depressor do SNC
- reforço seria mediado pelos efeitos que essas mudanças no GABA
e no glutamato exercem sobre a liberação de dopamina no sistema
dopaminérgico mesolímbico
Álcool
- parece liberar opióides e canabióides no sistema de recompensa
- bloqueio de receptores canabióides em animais de laboratório -
reduz busca de álcool nos animais dependentes
- bloqueio dos receptores opióides com naltrexona em humanos
dependentes - diminui a “fissura” pelo álcool, aumenta a freqüência
de abstinência
- uso do álcool na presença de naltrexona - opióide liberado não
resulta em prazer
- acamprosato - derivado do aminoácido taurina
. interage com o receptor NMDA
. talvez possa substituir o efeito do álcool durante a abstinência
. interrupção do álcool - receptores mesolímbicos D2 “ávidos”
por dopamina devido ao excesso de glutamato
. substituição por acamprosato - reduz hiperexcitabilidade
neuronal da abstinência, redução do desconforto e da fissura
Benzodiazepínicos
- moduladores alostéricos dos receptores GABA-A
- aumento da condutância do cloro através do canal - ampliação da
neurotransmissão inibitória, ação ansiolítica
- euforia, tranqüilidade por sedação - leva ao abuso em alguns
indivíduos
- uso ou abuso crônico:
. mudanças adaptativas em receptores
. diminui com o tempo o poder de modular receptores de GABA-A
. interrupção súbita da droga - pacientes irritáveis ou ansiosos,
ataques de pânico - dessensibilização dos receptores
Benzodiazepínicos
- receptores dessensibilizados - interrupção súbita de
benzodiazepínico - reverso da intoxicação:
. disforia e depressão x euforia
. ansiedade e agitação x tranqüilidade, ausência de ansiedade
. insônia x sedação, sono
. tensão muscular x relaxamento
. convulsões x efeito anticonvulsivante
- retirada lenta - receptores com tempo de readaptar-se durante
redução da dose - sintomas de abstinência podem ser evitados
Tratamento Medicamentoso e Agressividade
- carbonato de lítio - efetivo em pacientes violentos, adolescentes
delinqüentes
- anticonvulsivantes - reduzem a agressividade
- antipsicóticos - reduzem a agressão em pacientes psicóticos e não-
psicóticos violentos
- antidepressivos - eficazes na redução da violência em pacientes
deprimidos
- ansiolíticos - papel limitado na redução da agressividade
- beta-bloqueadores e estimulantes - eficazes em crianças agressivas

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