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Bases teóricas da

dependência de
maconha

Profª Neide Zanelatto


Um pouco de história...
6.000 AC - China - obtenção de fibras

2.700 a 700 AC -China, Egito, Índia - uso terapêutico para várias doen
500 DC- uso no Médio Oriente. Indicações terapêuticas e recreacion
Os gregos a usavam por suas propriedades terapêuticas, por exemplo,
para tratar otite.

1545 - ainda usada para fazer cordas, mas seus efeitos psicoativos já
eram conhecidos.

Séc. XVIII, chegou à Europa.

Idade Média ao século XIX: uso esporádico e profano

Apesar de usada pelos seus poderes de cura na Índia, Inglaterra e Egito, só


foi disseminada nos EUA em 1840.

1920 - aumento do uso nos EUA e proibida em 1937

1960 - popular entre a jovem contracultura

Biênio 78/79- pico de uso (nos EUA)

Em nossos dias, substância ilícita mais produzida, consumida e


no planeta. Alvo de discussões de grupos opostos quanto a lega
do uso.
Estudo recente indica
Wayne Hall e Louise Degenhardt - Adverse health effects of non
medical cannabis use (the Lancet, 2009)

• Quase 4% dos adultos no mundo consomem maconha, apesar dos


efeitos indesejáveis da droga para a saúde.
O produto é utilizado principalmente entre os jovens nos países ricos,
como Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, mas o consumo está
aumentando em todo o mundo.

"Em termos de saúde pública, o consumo de maconha é provavelmente


modesto na comparação com o fardo social que representam o álcool, o
cigarro ou outras drogas ilegais", destacam.
Segundo os autores, 9% das pessoas que fumam maconha se tornam
viciadas. Na comparação, a dependência da nicotina é de 32%, da
heroína de 23%, da cocaína de 17%, do álcool de 15% e dos
estimulantes de 11%.
Degenhardt L. et al.
The persistence of Hall, Wayne
association between What has research over the past
adolescent cannabis use two decades revealed about the
and common mental adverse health effects of
disorders into young recreational cannabis use?
adulthood. Addiction, Addiction, Jan, 2015
(2013)

Um estudo longitudinal, realizado na Pesquisa nos últimos 20 anos mostrou que há risco de
acidente de carro com uso de cannabis e que cerca de um
Austrália, acompanhando 1943
em cada 10 usuários regulares de cannabis desenvolve
estudantes, desde a adolescência até a dependência. Uso de maconha na adolescência
idade de jovens adultos (entre 20 e 30 aproximadamente dobra os riscos de abandono escolar
anos). precoce e de comprometimento cognitivo e psicoses na
vida adulta. O uso de cannabis na adolescência também
Não existem associações consistentes está fortemente associado com o uso de outras drogas
entre o uso na adolescência e depressão ilícitas. Essas associações persistem após o controle de
na idade de 29 anos. Uso diário está variáveis confundidoras plausíveis em estudos
longitudinais. Isto sugere que o consumo de cannabis é
associado com transtorno de ansiedade, uma causa contributiva desses resultados, mas alguns
o mesmo acontecendo com aqueles que pesquisadores ainda argumentam que essas relações são
usam semanalmente. explicados por causas comuns ou fatores de risco. Fumar
maconha provavelmente aumenta o risco de doença
Quanto mais cedo o início do uso maior a cardiovascular em adultos de meia-idade, mas seus efeitos
chance de problemas de saúde mental sobre a função respiratória e câncer respiratório ainda não
em adolescentes. estão claros, porque a maioria dos fumantes de maconha
declaram ter fumado ou ainda usam tabaco.
Maconha:Droga ilícita mais produzida...
Consumida...
E traficada em todo o planeta...
Maconha
Cannabis sativa : se adapta
melhor aos climas tropicais,
sendo a mais freqüente no
Brasil.Tem menos resina e uma
combinação de substâncias
psicoativas menos sedativas e
mais euforizantes. Planta pode
chegar a 5 metros de altura.
Cannabis indica : planta mais
rasteira,tem maior concentração
de resina rica em alcalóides, com
pronunciado efeito relaxante
muscular e sedação. Freqüente
na Europa, EUA e Canadá,
principalmente com cruzamentos
(híbridas).
Cannabis ruderalis : pobre em
THC
Maconha
OUTRAS CARACTERÍSTICAS:
origem : regiões montanhosas da Índia.
a floração se dá no final do verão, início do
outono
nas flores estão concentradas maior
quantidade de THC
existem cerca de 483 componentes químicos,
o mais importante é o THC
além do THC, a planta é rica em fibras e
celulose, sendo utilizada na indústria para
fabricação de papel e tecidos (cânhamo)
Hidropônicas : plantações caseiras , com
auxílio de luz fluorescente artificial e liquido
nutritivo.
Maconha
• 483 princípios ativos naturais,
que se encontram também na
sua maioria em outras plantas e
animais.
• A maioria deles não tem efeitos
farmacológicos (ou muito
poucos).
• Aminoácidos, proteínas,
açucares, terpenos, aldeídos,
cetonas, ácidos gordos,
pigmentos e muito mais .
Maconha
• Aproximadamente 80 tipos de canabinóides, divididos em dez tipos segundo a
sua estrutura química básica.
• Os 5 mais importantes: canabigerol (CBG), canabicromeno (CBC), canabidiol
(CBD), delta-9 (THC)( com 9 canabinóides), canabinol (CBN).
• delta-8-Tetrahidrocanabinol (delta-8-THC), canabiciclol (CBL), canabielsoina
(CBE), canabinodiol (CBND) e o canabitriol (CBTL).
• A Anvisa decidiu, em 14 de janeiro de 2015, pela retirada do Canabidiol (CBD)
da lista de substâncias proibidas no Brasil. Com isso, o Canabidiol para a ser
uma substância controlada e enquadrada na lista C1 da Portaria 344/98, que
regula define os controles e proibições de substâncias no país.
Maconha e suas concentrações
• A maconha comum contem uma média de 3%
de THC.
• A variedade "sinsemilla" (sem semente, que só
contem botões e as flores da planta fêmea) tem
uma média de 7.5% de THC, mas pode chegar a
ter até 24%.
• O haxixe (a resina gomosa das flores das
plantas fêmeas) tem uma média de 3.6%, mas
pode chegar a ter até 28%.
• A maconha cultivada por hidroponia, conhecida
popularmente como SKUNK pode ter até 35%
de THC.
• O óleo de haxixe, um líquido resinoso e espess
que se destila do haxixe, tem em média de 16%
de THC, mas pode chegar a ter até 43%
Vias de administração da
Cannabis (maconha)
Fumada:
Rapidamente absorvida pelos
pulmões, passando para
corrente sanguínea.

Pico de intoxicação - 10 a 30
minutos

Declínio também rápido, após 1


hora, apenas 5 a 10% do nível
inicial.

Duração da intoxicação - de 2 a
4 horas
Vias de administração da Cannabis
(haxixe)
Obtenção do haxixe
Obtenção do haxixe
Obtenção do haxixe
Vias de administração da
cannabis
Haxixe
Fumado - misturado com
tabaco no cigarro, num
cachimbo ou com o ‘bong’
(cachimbo de água)
Comido em bolos, etc
Vias de administração da cannabis
Óleo de Haxixe-
gotas aplicadas no cigarro ou no cachimbo
transformado em vapor e inalado.
Vias de administração da cannabis

Ingerida, absorção é mais lenta. Metabolismo inicia no intestino, mas a


maior parte do THC é metabolizada no fígado. Rápido metabolismo e
redistribuição para o cérebro e outros tecidos gordurosos justificam
rápido decréscimo dos níveis de THC no sangue.Início dos efeitos após 1
hora. Duração maior - 5 horas
Prevalência
Atualmente é a substância
ilícita mais produzida, traficada
e consumida em todo o mundo
(UNODC,2012). Há aproximadamente entre 119 e
224 milhões de usuários de maconha no mundo,
com consumo estável.
O uso na vida ocupa o primeiro lugar entre as drogas
ilícitas.
Uso três vezes mais comum em homens, com pico
de uso entre 18 e 30 anos (4.4% no Brasil)
 No Brasil, 6,9% dos entrevistados em um
levantamento domiciliar, indicam ter usado
maconha ao menos uma vez na vida. (CEBRID,2001)
Uso de drogas entre estudantes de ensino
fundamental . e médio de 10/27 capitais
brasileiras (Unifesp e Cebrid, 2004)
20
18
16
14
12
1987
10
1989
8
1993
6
1997
4
2002
2
0
Prevalência
 Entre estudantes de 1º e 2º graus o uso na
vida passou de 2,8% em 1987 para 7,6% em
1997 (Galduróz e cols., 2004)
 É a terceira droga mais consumida por
estudantes
(depois do álcool e do tabaco) (Moreira,
1996; Tavares e col., 2001; Baus e col.,
2002; Vier e col.,2003; De Saibro e col., 2003)
 Entre estudantes da USP (1996-2001),
aumento
de para uso
31,1% 35,3% na vida
19,9% 22,8% últimos 12 meses
14,9% 16,9% últimos 30 dias
(Stempliuk, 2005)
II LENAD - 2012
• No Brasil 7% da população adulta já experimentou maconha na vida,
representando 8 milhões de pessoas. Para avaliar uso frequente considerou-se o
uso no último ano, e neste quesito se enquadram 3% da população adulta, que
equivale a mais de 3 milhões de pessoas.
• Quanto ao uso na adolescência, o estudo mostra que quase 600 mil adolescentes
(4% da população) já usou maconha pelo menos uma vez na vida, enquanto a taxa
de uso no último ano foi idêntica a dos adultos (3% equivalente a mais de 470 mil
adolescentes).
• Cabe salientar que mais da metade dos usuários, tanto adultos quanto
adolescentes consomem maconha diariamente (1.5 milhões de pessoas).
• Embora nossos estudos tenham investigado as
taxas de uso de maconha tanto em 2006
quanto em 2012, temos que avaliar com
cuidado possíveis mudanças nas taxas de uso
uma vez que alteramos o método de entrevista
tornando-o mais rigoroso. No primeiro
levantamento era perguntado diretamente ao
entrevistado sobre o uso. Já no segundo
levantamento era fornecido uma folha de
resposta confidencial e o entrevistado colocava
numa pasta confidencial. Desta forma, o
aumento de 2% para 3% entre os anos 2006 e
2012 pode ter sido causado pela mudança no
método utilizado.
• Por outro lado, quando avaliamos a proporção
entre usuários adultos e adolescentes o nosso
estudo mostrou um aumento de usuários
adolescentes entre 2006 e 2012. Ou seja, em
2006, existia menos de 1 adolescente para cada
adulto usuário de maconha; enquanto em 2012
encontramos 1.4 adolescentes para cada
adulto usuário
• A idade de experimentação é um indicador importante pois está associada com o
desenvolvimento de dependência bem como com o abuso de outras substâncias.
Mais de 60% dos usuários de maconha experimentaram a droga pela primeira vez
antes dos 18 anos de idade.
• Dependência de maconha existe e é bastante comum entre usuários. Dados
provenientes de várias partes do mundo mostram que cerca de um terço dos
usuários apresentam dependência; dado que foi confirmado em no II LENAD.
Mais de um terço dos usuários adultos foram identificados como dependentes no
nosso estudo. Na adolescência os índices de dependência alcançam 10% entre
usuários.
A identificação de dependência de maconha usada pelo estudo não leva em considera
a quantidade ou freqüência de uso da droga, mas sim aspectos comportamentais com
da dependência. Foram avaliados: 1) Ansiedade e preocupação por não ter a droga, 2
Sensação de perda de controle sobre o uso, 3) Preocupação com o próprio uso 4) Ter
tentado parar 5) Achar difícil ficar sem a droga.
Além disso, também foi detectado que um terço dos adultos usuários já tentaram para
não conseguiram, enquanto 27% já apresentaram sintomas de abstinência ao tentar
parar.
II LENAD

• Destaques
• 1 em cada 10 homens adultos já experimentou maconha na vida
• Dentre os usuários, os homens usam 3 vezes mais que as mulheres
• Mais de 1% da população masculina brasileira é dependente de maconha
• Quase 40% dos adultos usuários de maconha são dependentes
• 1 em cada 10 adolescentes que usa maconha é dependente
• Mais da metade dos usuários experimentaram pela primeira vez antes dos 18 anos
• 17% dos adolescentes que usaram no último ano conseguiram maconha na
ESCOLA
• 75% da população não concorda com a legalização da maconha
SISTEMA DE NEUROTRANSMISSÃO CANABINÓIDE
RECEPTORES
CÓRTEX PARIETAL CANABINÓIDES
PERCEPÇÕES ANANDAMIDAS
ALTERAÇÕES PERCEPTIVAS

HIPOCAMPO
MEMÓRIA
MEMÓRIA DE FIXAÇÃO
CÓRTEX PRÉ-FRONTAL PREJUDICADA

FUNÇÕES SUPERIORES
ALTERAÇÕES DO TEMPO E
ESPAÇO SISTEMA LÍMBICO
CONCENTRAÇÃO E SISTEMA DE
PREJUDICADA RECOMPENSA
ASSOCIAÇÃO DE IDÉIAS BEM-ESTAR
MENOS COESAS
RELAXAMENTO CEREBELO
RISOS IMOTIVADOS
EQUILÍBRIO
EUFORIA
ATAXIA
DESCOORDENAÇÃO MOTORA

SOLOWIJ N. CANNABIS AND COGNITIVE FUNCTIONING. CAMBRIDGE: CAMBRIDGE UNIVERSITY PRESS; 1998.
Efeitos do uso da maconha
Início: 0-10 minutos;
Aumento: 5-10 minutos;
‘Plateau’: 15-30 minutos;
Diminuição: 45-60 minutos;
Efeitos pós uso (‘ressaca’): 30-60
minutos.
Em geral, efeitos duram de 3 a 4
horas. Mas podem durar mais,
devido à ligação ao tecido adiposo.
Na urina, THC é constatado até 30
dias após a ingestão.
Efeitos agudos do uso - geral
Efeitos agudos do uso - geral
Relaxamento;
Euforia;
Aumento do prazer sexual;
pupilas dilatadas/ conjuntivas
vermelhas;
Boca seca;
Aumento do apetite;
Alívio da dor;
Dores de cabeça;
Tontura;
Náusea reduzida;
Risco maior de acidentes;
Cansaço
Efeitos agudos do uso
Psíquico
Ansiedade de leve a severa;
Ataques de pânico;
Risco aumentado de sintomas psicóticos;
‘Pensamentos profundos’/ Mudanças de nível
de consciência (como com os alucinógenos);
Os sentidos ficam mais aguçados
Efeitos agudos do uso
Neurológico:
Atenção, memória e atividade psicomotora alteradas;
dificuldade em
manter o foco atencional
Lentidão, menor velocidade
de resposta.
Coordenação motora
alterada.
Respiratório:
rinite/faringite;
tosse, asma, etc.
Cardiovascular:
Palpitação, Agitação/ tensão;
Aumento da pressão arterial.
Efeitos do uso crônico
 Dependência
 Fadiga crônica e letargia
 Dor de cabeça, dor de garganta crônica, problemas respiratórios (bronquite,
piora da asma, tosse, etc)
 Piora e lentificação da coordenação psicomotora
 Alteração da atenção e concentração, menor flexibilidade mental, problemas
no armazenamento e recuperação das informações armazenadas.
 Prejuízos da memória e do funcionamento executivo.
 Depressão e ansiedade
 Mudanças rápidas de humor, Irritabilidade
 Ataque de pânico
 Mudanças de personalidade
 Tentativas de suicídio
 Isolamento social
 Afastamento do lazer e de outras atividades sociais
 Síndrome amotivacional
Diagnóstico e dependência
A dependência da maconha é
diagnosticada nos mesmos padrões das
outras substâncias: o diagnóstico da
dependência baseia-se hoje mais no
comportamento, em função da saliência
do uso na vida, pela dificuldade de
abandonar o consumo ou controlá-lo,
por um estreitamento do repertório do
uso da droga, e pela rápida instalação da
dependência após abstinência do que
pela ocorrência de sintomas físicos.
Muitos estudos comprovam que estes
critérios de dependência aplicam-se tão
bem à dependência da maconha quanto
no caso de outras drogas .
Principais problemas associados ao uso d
maconha relatados
 Presença de pouca energia
 Sintomas depressivos
 Sentimentos persecutórios (paranóia)
 Aumento de ansiedade
 Ataques de pânico (Chacin, 1996)
 Problemas de saúde física
 Perda de memória
 Problemas de relacionamento
 Perda de interesse em outras atividades
 Problemas financeiros (até ¼ dos ganhos gas 1994)
 Sintomas psicóticos: transtornos psicóticos p
desencorajando o uso de maconha entre jov l.
2004, Kuepper, 2011)
Sintomas de abstinência

Contribuem para o desenvolvimento da


dependência
Dificultam a interrupção do uso
Primeiros sintomas - 1º ao 3º dias
Sintomas mais intensos - 2 ao 6º dias
A maioria dos efeitos permanece - 4º ao 14º
dias
(Budney e col. 2003)
Principais sintomas relatados
Aumento da agressividade e/ou da raiva
Ansiedade
Diminuição do apetite
Perda de peso
Irritabilidade
Inquietação
Tremores
Problemas para dormir
Dores de estômago
Maconha e Psicose
Maconha e Psicose

Em Haxixe e Alienação Mental - estudos


psicológicos, de 1845, Jacques Joseph
Moreau expôs efeitos produzidos pelo
consumo de haxixe, um derivado da
cannabis. Obras posteriores
reforçaram o papel da cannabis como
desencadeante ou agravante de psicoses,
mania, depressão, ansiedade e pânico,
entre outros quadros psiquiátricos.
Psicose e maconha
 Estudos iniciais: Possibilidade do surgimento de uma psicose canábica -
quadro psiquiátrico desenvolvido à partir do uso da maconha.
 Estudos atuais: mostram que o que ocorre realmente é que a maconha
precipita o aparecimento de um transtorno que já pré-existia.
 Estudos longitudinais mais recentes: evidenciam que o uso de maconha
aumenta ''significativamente'' a incidência de sintomas psicóticos
(Kuepper, 2011)
 O uso de maconha aumenta em até 310% o risco de esquizofrenia
quando consumida uma vez por semana na adolescência.
 Uso de maconha frequente entre pessoas com
traços de personalidade esquizotípica (Schafer, 20
 Os mais vulneráveis:
Usuários com consumo pesado
Poliusuários
Usuários que iniciam o uso
precocemente
Uso entre adolescentes no Brasil

Laranjeira et al., 2012


O uso de maconha aumenta o risco de transtornos psicóticos?

País N Follow up OR Desenho do Referencias


( 95% CI) estudo
EUA 4,494 NA 2.4 Base Tien et al,
populacional 1990

Suécia 50,053 25 anos 2.1 Estudo de Andreasson et


coorte al, 1987
Zammit et al,
2002

Holanda 4,045 2.8 Base Van Os et al,


3 anos populacional 2002

Israel 9,724 Base Weiser et al,


4-15 anos populacional 2002
2.0
Nova Zelandia 1,265 1.8 Longitudinal Fergusson et
(Christchurch) 3 anos al, 2003

Nova Zelandia 1,253 15 anos 3.1 Coorte Arsenault et


(Dunedin) Longitud. al, 2002

Holanda 1,580 2.8 Base Ferdinand et al


14 anos Populacional 2005
Alemanha 2,436 1.7 Base Henquet et al,
4 anos Populacional 2005
Reino Unido 8,580 18 meses 1.5 Base Wiles et al,
Populacional 2006

Murray et al 2007. Nature Reviews Neuroscience 8:885-95


Maconha e cognição
O Uso de maconha leva
a um prejuízo da
cognição?

Adolescentes usuários de maconha apresentam prejuízo cognitivo,


comprometimento da atenção e do quociente intelectual verbal.

Ehrenreich et al. (1999) Psychopharmacology (Berl) 142: 2


Pope et al. (2003) Drug Alcohol Depend 69:303-310.

Similar aos achado sem humano, ratos jovens, repetidamente exostos aos
efeitos do THC, apresentam deficit na memoria de trabalho, regulação
sensorio motora e ansiedade social, mesmo 20 dias após a retirada da
substância..

O'Shea et al (2004). J Psychopharmacol 18:502-508.


Schneider et al (2003). Neuropsychopharmacology 28:1760
Discussão
controversa
• Déficits cognitivos são reversíveis e
relacionados com a exposição recente à
maconha
• Usuários pesados apresentam déficit cognitivo,
mesmo após a interrupção do uso (28 dias e
mais, dependendo do quanto pesado era o uso).
• Atenção, memória, aprendizagem , tomada de
decisões, funcionamento intelectual e funções
motoras.
Maconha e
alterações do
humor
Maconha e depressão
• A ligação entre o consumo de maconha e depressão
não é clara, no entanto as pessoas que fazem uso de
maconha são mais propensos do que outros a sofrer de
depressão.
• Há uma quantidade substancial de evidências que
sugerem que o consumo de maconha, uso
particularmente freqüente ou pesado, prevê depressão
mais tarde na vida em mulheres jovens que parecem ser
mais propensas a experimentar este efeito.
• Consumo de maconha na adolescência em particular,
tem sido associado a uma série de problemas
psicológicos e sociais, incluindo um risco aumentado de
depressão e suicídio.
Maconha e Ansiedade
• Os ataques de ansiedade e pânico estão entre
as reações mais comuns negativas a maconha
relatados pelos usuários.
• A ligação entre o consumo de maconha e a
ansiedade é complexa, uma vez que a maconha
é frequentemente usada para aliviar a
ansiedade.
• Não há nenhuma evidência convincente
apontando para o uso de maconha como um
importante fator de risco para doenças crônicas
ou distúrbios de ansiedade grave.
Maconha
Mitos e
Verdades
Fumar maconha faz menos mal do
que fumar cigarro (tabaco)
É sempre difícil comparar duas drogas.
O cigarro da maconha possui também o alcatrão, entre outras
substâncias, que é um dos mais nocivos de todos os componentes
que o cigarro de tabaco possui. Ambas produzem efeitos adversos
e distintos em seus consumidores.
O fato do usuário de maconha reter a fumaça por maior tempo nos
pulmões do que o fumante de cigarro comum, facilita ainda mais
o aparecimento de irritação e câncer, além disso a maconha é
geralmente fumada sem filtro e como a sua fumaça tem cerca de
50% mais substâncias cancerígenas. Para um maior risco de
desenvolvimento de câncer. As pessoas que associam o uso do
cigarro com o da maconha estão especialmente com risco de
desenvolver problemas pulmonares graves.
Dependendo do tamanho do baseado fumado, existem estudos de que
o tipo de dano que este cigarro causa, equivale a fumar quase um
maço de cigarros de tabaco. Um estudo conduzido na Nova
Zelândia aponta que o uso de maconha pode ser responsável por
um em cada 20 casos de câncer de pulmão diagnosticados.
A maconha pode deixar o usuário louco,
isto é, psicótico ou esquizofrênico
Existem evidências suficientes de que a
maconha possa produzir uma psicose aguda
(desorganização mental grave) com os
seguintes sintomas: confusão mental, perda
da memória, delírio, alucinações, ansiedade,
agitação.
Estudos recentes evidenciam que o surgimento
deste quadro é mais provável em
poliusuários, usuários pesados e usuários qu
iniciaram o uso da maconha precocemente
(quanto mais jovem, maior o risco).
A maconha queima os neurônios
Não está provado que a maconha cause danos cerebrais
irreversíveis em humanos. Porém o seu uso crônico traz
conseqüências mais sutis à atividade cerebral como a
diminuição nas habilidades mentais, especialmente na
atenção e concentração e na capacidade de memória
recente.
Ainda é questionável se a redução destas habilidades persiste
enquanto o usuário mantiver-se cronicamente intoxicado
ou se pode reverter após o uso ser descontinuado e a
pessoa tornar-se abstinente por um tempo prolongado.
Mas o que se sabe é que quanto mais maconha e por mais
tempo ela for usada, mais afetadas estarão suas
habilidades mentais.
Este tipo de efeito é especialmente importante entre os
adolescentes que ainda estão em fase de
desenvolvimento.Um fator que afeta muito o grau de
comprometimento pelo uso é a idade de início do uso.
Quanto mais cedo começar a fumar, maiores os danos.
A maconha tem efeitos
terapêuticos
A maconha tem efeitos
terapêuticos.
• O spray oral Sativex, uma mistura de THC e CBD, demonstrou ser eficaz no tratamento da esclerose múltipla, da dor neuropática
e de distúrbios do sono. Está disponível no Reino Unido, no Canadá e em outros países. Nos Estados Unidos, ainda não recebeu
a aprovação da FDA, a agência que controla medicamentos.
GLAUCOMA
• Há evidências de benefícios da maconha em pacientes com glaucoma, uma doença associada ao aumento da pressão no olho.
A droga reduz a pressão intraocular, mas o efeito é transitório. Tratamentos convencionais já existentes são mais eficazes. A
discussão persiste e outros estudos são necessários.
NÁUSEAS
• Ajuda a combater náuseas provocadas pela quimioterapia. Foi um dos primeiros usos médicos do THC e outros canabinóides.
ANOREXIA
• Relatos médicos indicam que a maconha melhora o apetite e favorece o ganho de peso em pessoas com aids. Faltam estudos
de longo prazo que justifiquem a adoção de maconha por pacientes que tomam drogas contra o HIV.
DOR CRÔNICA
• A maconha é usada há séculos para aliviar a dor. Tanto a maconha quanto o dronabinol, uma formulação farmacêutica à base de
THC, são capazes de reduzir dores. O efeito proporcionado pelo dronabinol mostrou-se mais prolongado.
INFLAMAÇÃO
• Os canabinóides (THC e canabidiol) têm efeito antiinflamatório. O canabidiol tem atraído especial interesse como tratamento
porque não provoca efeitos psicoativos. Estudos com animais revelaram que o canabidiol pode se tornar um recurso promissor
contra a artrite reumatoide e doenças intestinais inflamatórias, como colite e doença de Crohn.
EPILEPSIA
• Uma pequena pesquisa realizada com pais de crianças que sofrem convulsões frequentes, publicada no ano passado, trouxe
alguns dados. Participaram apenas 19 famílias que trataram os filhos com maconha com alto teor de canabidiol.
• Duas famílias (11% da amostra) declararam que a criança ficou completamente livre de convulsões. Oito famílias (42%)
observaram redução superior a 80% na frequência das crises. Seis famílias (32%) notaram redução de até 60% na frequência
dos episódios.
• Embora esses relatos sejam promissores, faltam informações sobre a segurança e a eficácia do uso de maconha no tratamento
da epilepsia. Em animais, há cada vez mais evidências da contribuição do canabidiol como um agente antiepilético.
A maconha tem efeitos
terapêuticos:resumindo

• diminui a náusea, em pacientes que estão fazendo quimioterapia;


• estimula o apetite em aidéticos. No entanto, o fato de existir evidências
que a maconha também diminui a resposta imunológica, faz com que o
uso em pacientes já debilitados e com risco maior de infecção não seja
recomendado;
• no tratamento de glaucoma;
• Potencial como analgésico, antiasmático, antiespasmódico,
anticonvulsivante e antidepressivo ainda está em estudo, mas com poucas
evidências.
• O grande problema está no fato de que o THC, o componente da cannabis
de maior potencial terapêutico, é também aquele que gera os efeitos
psicoativos nos usuários recreacionais.
• Tentativas de separar os efeitos colaterais indesejáveis da droga dos seus
efeitos terapêuticos, têm se mostrado difíceis e pouco promissoras. Além
disto, não existem evidências suficientes de que o uso da maconha como
medicamento seja mais útil ou seguro, quando comparada com os
medicamentos já existentes.
Nenhum exame clínico pode
determinar se a pessoa fumou ou não
maconha.
• É possível determinar se maconha foi usada, mas não
quão recentemente. No caso de consumidores crônicos e
diários, o organismo fica limpo do THC mais rápido. A
dificuldade de estabelecer data de consumo existe
porque se sabe que esta substância se liga a gorduras do
organismo demorando até um mês para liberá-la do
organismo.
• Hoje em dia, além da urina (em até 30 dias) e do sangue,
é possível detectar uso de maconha pelos fios de cabelo
e mais recentemente até pela pele!
A legalização da maconha aumenta o
consumo da droga.
Embora não tenhamos os dados
para discutir esta questão (como
seria isto em nosso país) sabemos
que quando uma droga é
considerada “legal”, seu consumo
tende a aumentar (haja vista o
consumo de álcool e tabaco -
drogas legais - como os maiores
dentre todas as substâncias). Se
facilitarmos a experimentação da
maconha (como droga legal)
aumentamos a chance da
ocorrência de um maior número
de dependentes no futuro.
A maconha é o início da escalada para
o uso de outras drogas mais pesadas.
A maioria dos usuários de maconha jamais irá usar outra droga mais
pesada. O que se sabe é que um sujeito que já usou maconha está
mais propenso a experimentar drogas ditas mais ‘pesadas’ do que o
sujeito que nunca sequer experimentou maconha. E isto se deve não
aos efeitos da maconha em si, isto é, à sua fisiologia, mas sim às
circunstâncias: o indivíduo que usa maconha tem contato com pessoas
que usam drogas e geralmente, que usam outras drogas, além de fazer
programas onde o ato de consumir droga faz parte. Portanto, o ciclo
de amizades e os locais que freqüenta bem como os programas,
podem influenciar o início do uso de outras drogas. Sabe-se também
que adolescentes que começam a fumar maconha muito cedo têm
mais chance de progredir para um uso crônico de maconha, caindo
numa dependência, e também maior risco de usar outras drogas mais
pesadas.
Tratamentos psicoterápicos
Intervenções breves são efetivas
Atendimentos individuais com resultados melhores
Conteúdo: psicoeducação, prevenção à recaída
mesclando abordagens: Entrevista Motivacional e TCC
Quanto mais específico o tratamento, mais eficaz
Profissionais especializados para acolher o paciente e
sensibilizá-lo para a mudança
Necessidade de “after-care”͘ Paciente consegue mudar
o comportamento, mas precisa de suporte para manter
a mudança
Constatação: usuário de maconha tende mais a diminuir
do que interromper o consumo. Por um lado devemos
ser complacentes e não só visar abstinência, mas
estimulá-la, tendo em vista que qualquer uso pode levar
a reinstalação do padrão de consumo.
Obrigada pela
atenção!

neidezanelatto@uppsi.com.br

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