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Helena Teixeira

Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses


Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

São das substâncias tóxicas que vêm sendo consumidas de forma


intensiva pelos jovens…

OU PORQUE DIZEM QUE


EXPLICAM MUITOS DOS
RESULTADOS DAS RELAÇÕES
INTERPESSOAIS

OU PORQUE DIZEM SER A


SOLUÇÃO DE MUITOS
PROBLEMAS

1
Dependência Psíquica Dependência Física

Estado mental caracterizado por Exigência do organismo de


comportamentos compulsivos e consumir uma droga sob pena do
obsessivos para o consumo de uma aparecimento de um síndrome de
droga para obter prazer ou aliviar abstinência
uma tensão

Tolerância

Propriedade do organismo à qual ele se adapta a algumas drogas,


fazendo com que, com a repetição do consumo, sejam
necessárias doses progressivamente crescentes para obter o
mesmo efeito

2
Consumidores
 Experimentais
 Ocasionais

 Habituais

 Compulsivos

 Dependentes

LEGISLAÇÃO PORTUGUESA - CONSUMO

 Lei da Droga 1993


 Consumo de drogas descriminalizado Lei nº
30/2000

 Artigo nº 2:
 O consumo, a aquisição e a detenção para consumo
próprio contra-ordenação
 A aquisição e a detenção para consumo próprio não
poderão exceder a quantidade necessária para o consumo
médio individual durante o período de 10 dias.

Fonte: Diário da Républica, lei nº 30/2000

3
Decreto Lei nº 15/93
Desde Novembro de 2001 que a aquisição, posse e consumo de drogas não é
mais considerada um crime em Portugal

O consumo foi descriminalizado, mas não despenalizado

Consumir drogas ilegais continua a ser um acto punível por lei, mas já não é
crime (e, portanto, tratado nos tribunais) tendo-se tornado uma contra-
ordenação social

Lei nº. 30/2000


Esta lei distingue o consumo, de posse para tráfico, sendo o consumo penalizado (com multas e outras
medidas, uma vez que a substância continua a ser ilegal) e o tráfico criminalizado.

A lei afirma que "a aquisição e posse para uso pessoal das substâncias não pode exceder a quantidade
necessária para o consumo médio individual durante o período de 10 dias."

Relatório Anual do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e


nas Dependências (SICAD)

Em 2013, o número de consumidores de heroína diminuiu em Portugal, com o aumento


da cannabis, ecstasy e cocaína.

Cerca de 28 133 Portugueses foram tratados por problemas com drogas em


2013.
Destes, 2154 foram reincidentes.

De acordo com o SICAD, têm aumentado o número de novos clientes de forma consistente
ao longo dos últimos quatro anos.

4
Se é permitido o consumo, então
quando e para que é que se pedem
Análises Químico-Toxicológicas
a Drogas de Abuso?

Estará/Esteve
sob influência de
drogas (…)?

5
POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

GUARDA NACIONAL REPUBLICANA

6
Opioides
vs
Opiáceos

 Os opiáceos são substâncias extraídas de uma planta chamada


popularmente de papoula (Papaver somniferum), que depois de
cortada elimina um líquido leitoso branco, semelhante a um suco,
que ao secar passa a ser chamado de ópio, daí o nome opiáceo.

7
 Podem ser opiáceos naturais quando não sofrem nenhuma
modificação (morfina, codeína) ou opiáceos semi-sintéticos
quando são resultantes de modificações parciais das substâncias
naturais (como é o caso da heroína que é obtida da morfina por meio
de uma pequena modificação química).

 Opiáceo vs Opioide.

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO

8
Intoxicação aguda por opióides
Apresentação:
- Alterações comportamentais (euforia, ...)
- Alterações da memória e atenção
- Fala arrastada
- Boca seca
- Bradicardia
- Hipotensão
- Prurido
- Depressão do SNC (coma, ...)
- Depressão respiratória
- Miose

 Protótipo dos agonistas opioides


 Capacidade de aliviar a dor intensa com
notável eficácia
 Continua a ser o padrão a partir do qual
todos os fármacos com acentuada ação
analgésica são comparados
 Sendo o principal alcaloide do ópio,
está presente numa concentração de
cerca de 10%

9
 A estrutura básica da morfina pode ser alterada
levando a modificações drásticas nos efeitos da
droga

HEROÍNA
• Opióide de abuso mais comum

• 5x mais potente que morfina – farmacocinética distinta

• Aumento mais rápido das concentração encefálicas

• Tradicionalmente auto-administrada por via intravenosa, mas também


intranasal e inalatória (fumada)

Acetilação de grupos hidroxil podem


levar à síntese de heroína
(diacetilmorfina), com muito maior
capacidade para atravessar a barreira
hemato-encefálica.

No cérebro, no entanto, a heroína é


convertida a morfina e monoacetil
morfina

10
EFEITOS DA MORFINA E SEUS DERIVADOS SOBRE
ORGÃOS E SISTEMAS
 Sistema nervoso central:

 Analgesia
 Euforia
 Sedação
 Depressão respiratória
 Supressão da tosse
 Miose
 Rigidez de tronco
 Náuseas e vómitos
 Regulação homeostática da temperatura corporal

 Efeitos periféricos:

 Sistema cardiovascular
 Trato gastrintestinal
 Trato biliar
 Renal
 Utero
 Neuroendocrino
 Prurido

11
EFEITOS ADVERSOS

Depressão
respiratória

Tolerância
Miose

heroin

Náusea e
Dependência
obstipação

Hipotensão
ortostática
e
prolonga/o
S-T

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Intoxicação aguda por opióides
Apresentação:
- Alterações comportamentais (euforia, ...)
- Alterações da memória e atenção
- Fala arrastada
- Boca seca
- Bradicardia
- Hipotensão
- Prurido
- Depressão do SNC (coma, ...)
- Depressão respiratória
- Miose

Complicações da administração i.v.


• Endocardites bacterianas
• Embolia pulmonar
• Tuberculose
• Trombose venosa
• Hepatite C
• Tétano
• HIV

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Opiáceos CH3COOO

CH3O

O H
NCH3
O H
NCH3
CH3COOO

HO Heroína

Codeína

HO
HO

O H
O NCH3
H
NCH3
CH3COOO
HO 6-Monoacetilmorfina

Morfina (6-MAM)

14
O que são as anfetaminas? Anfetaminas (Alpha-methylphenetylamina)

Substâncias sintéticas

Estimulantes do sistema nervoso central

Aumento do estado de alerta, vigília e locomoção

• Substâncias simpatomiméticas Família das β-feniletilamina


sintéticas que têm a estrutura
-Noradrenalina;
química da beta-fenetilamina -Dopamina;
-Efedrina;
-Anfetaminas (dextro- e levo-)

15
Oralmente, injectadas e ”snifadas”

Formas: cápsulas, comprimidos e pó

Diferentes texturas e cores

Substâncias de mistura: a lactose, o


manitol, a cafeína e o paracetamol

Sinais e sintomas do consumo de anfetaminas

Aceleração do curso do
pensamento

Redução do sono

Redução do APETITE

Elevação da pressão arterial

Pressão de fala (verborragia)

Euforia

Diminuição da fadiga

Taquicardia

16
EFEITOS

Curta duração Longa duração


• Aumento do ritmo cardiaco, pressão arterial e • Alucinações;
temperatura;
• Psicose;
• Problemas cardiovasculares e arritmias
• Forte dependência psicológica;
cardíacas;
• Danos irreversíveis dos vasos sanguíneos
• Dilatação das pupilas;
coronários e cerebrais, tensão arterial elevada,
• Náuseas e anorexia; conduzindo a ataques cardíacos, derrames
vasculares cerebrais e morte;
• Alucinações, hiperexcitabilidade;
• Comportamento violento;
• Padrões de sono perturbados (insónia);
• Idiações homicidas/suicidas.
• Irritabilidade;
• Destruição dos tecidos nasais (inalação);
• Pânico e psicose,
• Decadência dentária severa.
• Convulsões;
• Doses excessivas podem conduzir a convulsões,
derrames vasculares cerebrais e morte.

Anfetaminas usadas como droga recreativa


Efeitos Externos
Pele:
Anorexia - Consumo do tecido muscular e gordura facial • Aparece/piora o
acne;
Normalmente
• Pequenas feridas;
provocado pela
• Cicatrizes; alucinação de
insetos a caminhar
debaixo da pele.

29 anos 31 anos

34 anos Após 6 anos de abuso

17
Efeitos Externos

“Meth Mouth”:
• Diminuição da
produção de
saliva;
• Aumento da
ingestão de
alimentos
açucarados;
• Negligência da
higiene oral;
• Bruxismo
intenso.

TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA
• Grande tolerância
• Rapidamente desenvolvida
• Forte dependência psicológica

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18
Cocaína

19
Cocaína o que é?
O A cocaína (C17H21NO4) o principal alcalóide
encontrado nas folhas do arbusto da coca
(Erythroxylon Coca), autóctone da América Central e
do Sul.

O Estimulante do Sistema Nervoso Central.

Os indígenas da América do Sul mastigam as suas folhas desde há


séculos para combaterem a sensação de fome e de cansaço

Os índios atribuíam à planta propriedades mágicas e consideravam-


na sagrada: acreditavam que entravam em contacto com deuses e
espíritos que os protegiam. Utilizavam-na em rituais de
nascimento, de iniciação funerário e em cerimónias religiosas como
anestésico local, e o seu chá era utilizado para curar dores de
estômago.

20
O A primeira referencia às propriedades
anestésicas foi em 1653.

O Alivio das dores de dentes.

O Remédio milagroso
O Dores
O Cansaço
O Depressão
O Dependências
O Substituto alimentar
O Estimulante

21
O Foi nos Estados Unidos, durante quase
todo o século XIX livremente
comercializada sobre variadíssimas
formas e em diversos produtos.

Séc. XIX
Aparecimento de uma bebida com coca: o vinho de coca.

O seu criador, Angelo Mariani, desenvolveu o vinho de coca para uma actriz
deprimida, que obteve resultados fantásticos.

-Lançado em 1863, logo foi aprovado pela sociedade, que muito apreciou o tónico que
nutria, fortificava e refrescava a mente e o corpo.

O Papa Leão XIII chegou a conceder ao Vinho Mariani um selo oficial de aprovação e
uma medalha de ouro ao seu criador.

22
Final séc. XIX
surge ainda outra bebida de coca,
que existe até hoje, mas com a sua
fórmula original modificada: a
Coca-Cola.

O seu criador era de Atlanta, um


farmacêutico e apreciador da coca,
John Pemberton.
A fórmula original era um vinho,
semelhante ao Vinho Mariani, que
em 1886, teve a sua venda proibida
em Atlanta.

A Coca-Cola foi então modificada


pela primeira vez: o vinho foi
substituído por xarope de açúcar.

O Sigmund Freud em 1884 publica um


livro “Über Coca” onde recomenda
a cocaína para o tratamento da
depressão, do nervosismo, doenças
digestivas, alcoolismo, desordens
digestivas, dependência à morfina,
asma, sífilis e mal-estar da altitude

23
O Os primeiros estudos experimentais sobre
os efeitos anestésicos da cocaína foram
feitos em 1868 e 1880
O Em 1884, Carl Koller, amigo de Freud,
realizou a primeira operação ocular com
anestesia local
O Wiliam Halsted obteve sucesso no bloqueio
da dor, dando início à era das cirurgias
oculares, entre outras

O 1909 - Primeira conferência


internacional sobres as drogas em
Xangai
O 1912 - Convenção Internacional do
Ópio em Haia
O Em 1914, nos EUA, surgem leis que
restringem a sua utilização da cocaína
apenas para uso médico

24
O Nos anos 30 surgiram outras drogas como as
anfetaminas (mais baratas)

O Até os anos 70, o consumo manteve- se


secundário, quando o seu consumo começou a
ser associado à imagem de êxito social.

O Nos anos 80 surge o crack

O Droga mais traficada no mundo depois da


Cannabis
O Estima-se que 12 milhões de Europeus (15 -64
anos) já tenham experimentado uma vez na vida
(3.6%)
O Cerca de 4 milhões de Europeus a terão
consumido no último ano

25
Formas de apresentação
O Folhas de coca

O Pasta de coca (sulfato de cocaína)

O Cloridrato de Cocaína

O Base de Cocaína (base livre ou crack)

Folhas de Coca
O Absorção muito variável

O Mascadas ou em infusão

O Velocidade de actuação lenta

O Capacidade limitada de consumo

Karch SB. Cocaine: history, use, abuse.


Toxicidade limitada J R Soc Med. 1999 Aug;92(8): 393-7.

26
Pasta de coca (sulfato de cocaína)
O Produto não refinado resultante da
maceração das folhas de coca com ácido
sulfúrico, e outros solventes

O É fumada

O Inicio de acção muito rápida

Cloridrato de Cocaína
O Resulta da adição de ácido clorídrico formando
um sal
O Trata-se de um pó cristalino, branco, inodoro de
sabor amargo e solúvel em água
O Inalada ou endovenosa

O Acção rápida

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Base de Cocaína (crack)
O Resulta da mistura clorídrato de cocaína com
uma solução básica (amoníaco, hidróxido de sódio
ou bicarbonato de sódio) e éter
O É fumado

O Inicio de acção muito rápida

Sinónimos
O “Coca”
O “Branca”
O “Branquinha”
O “Gulosa”
O “Júlia”
O “Neve”
O “Snow”
O …

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Meios de administração
Vias de % de Velocidade de início Duração dos
Formas
administração absorção dos efeitos efeitos

Mascado
Folhas de coca 20-30% Lento 30-60 min
Infusão

Clorídrato de Através das


20-30% Relativamente rápida 30-60 min
cocaína mucosas

Clorídrato de
Endovenosa 100% Rápida 10-20 min
cocaína

Pasta de coca Fumada 70-80% Muito rápida 5-10 min

Cocaína base Fumada 70-80% Muito rápida 5-10 min

Por inalação de fumo obtido através Por via oral, a cocaína é


de crack contendo 50mg de cocaína a administrada através de folhas de
sua concentração plasmática é de coca em pó, sendo que cada folha
203ng/ml após 5 minutos da sua contém 17 a 48 mg de cocaína.
administração. A concentração plasmática atinge
Oral 11 a 149 ng/mL após 0,4 a 2h da
Fumar Crack, com parâmetros sua administração.
toxicocinéticos semelhantes aos
da via IV

Vias de Administração Intranasal – Cocaina


Inalatória
snifada

Permite o pico plasmático aos


Pico plasmático aos 2-5’ e uma duração
10-30’ e uma duração dos
dos efeitos apenas de 15’, o que leva a
efeitos inferior a 1 hora
administrações repetidas
IV
O cloridrato de cocaína contém 2mg/Kg da
35mg de cloridrato de cocaína atinge uma substância pura e atinge uma concentração
concentração plasmática de 308ng/mL plasmática de 104 a 424 ng/mL após 50 a 90
após apenas 5 minutos da sua minutos a sua administração.
administração.

29
Acções
O Redução da fadiga O Aumento da pressão arterial

O Redução do apetite O Taquicardia

O Hiperactividade motora, verbal O Midríase

e intelectual O Tremor

O Euforia O Sudorese

O Sensação de poder O Hipertermia

O Ausência de medo

O Vasoconstrição

30
Efeitos da Cocaína no Organismo
Fisiológicos: Bem-estar, comportamento repetitivo,
verbosidade, aceleração do pensamento, redução da
fadiga e da fome, irritabilidade, impulsividade e
alterações no comportamento sexual.

Acções
O Após desaparecimento do efeito:

O Cansaço

O Fadiga

O Disforia

Geralmente aparece associado também o


desejo (“craving”).

31
1ª FASE

Agitação psicomotora, euforia, diminuição das inibições,


aumento da energia e da auto-confiança
Podem ainda surgir alucinações visuais, auditivas e sensitivas, ansiedade,
confusão e desorientação

2ª FASE
OVERDOSE

Convulsões tónico-clónicas, taquicardia,


HTA, cianose e dispneia
3ª FASE
Depressão do SNC com paralisias musculares, cianose,
paragem cardio-respiratória, coma e morte

32
Em caso de overdose, todos
os sintomas de intoxicação
pioram, havendo um enfarte
do miocárdio levando à
hemorragia cerebral e coma.

Cocaína
Hábito Externo

- Midríase
- Lesões traumáticas provocadas pelas convulsões (língua, lábios)
- Perfuração do septo nasal
- Sinais de punções venosas recentes, equimoses
- queratite, “crack queratite”
- Erosões do esmalte
- Calo na última falange do polegar
- Queimaduras superficiais, hiperqueratose e escurecimento palmar

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Erosões do esmalte Necrose extensa secundária a injecção COC

Midríase Sinais de punções venosas recentes, equimoses

Perfuração do septo nasal

34
Canabinoides

Perspectiva Histórica
• Alimento ou Alucinogénico
… • Fibras, óleo, sementes

• Compêndio medicinal chinês (Shen-Nung) – registos


históricos dos seus usos medicinais
6000 AC

• Caravelas portuguesas - cordas e velas feitas de


fibras extraídas da cannabis sativa e foram criadas
1500 feitorias para a produção de linho de cânhamo

• “Colóquios dos Simples e Drogas da índia”, Garcia da


Orta - descrição precisa dos efeitos tanto positivos
1564 como negativos da cannabis

35
Perspectiva Histórica
• II Conferência Internacional do Ópio – “a maconha é mais perigosa que o ópio”
1924

• Convenção ONU – “droga particularmente perigosa, tal como a heroína”


1961

• Identificação do THC e Sistema Canabinóide Endógeno no Homem


1964

• O consumo e a plantação de cannabis tornou-se ilegal em Portugal


1971

• Intensifica-se guerra às drogas nos EUA


1980

• Descriminalização do consumo (ainda ILEGAL)


2000

… seu uso como fibra têxtil e como planta medicinal datam de 5000 a 4000 anos a.C

Os Asiáticos já conheciam a sua acção estupefaciente no século VII a.C.,


incorporando Cannabis tanto nos seus rituais religiosos como na sua medicina
artesanal, como agente terapêutico em doenças do foro neurológico e psiquiátrico.

Crê-se que os
primeiros cigarros de
Cannabis introduzidos
na Europa tenham
sido trazidos por
soldados de
Napoleão…

36
Consumo de Canabinóides no Mundo

Em 1964 a OMS classifica os canabinóides


dentro das drogas que produzem dependência
World Drug Report
http://www.unodc.org

Portugal vs Canabis

Aumento do
Consumo

2004
World Drug Report
http://www.unodc.org

37
Classificação dos Canabinóides
Fitocanabinóides ou Canabinóides Naturais

+ 60 fitocanabinóides identificados
na planta…

Planta Cannabis sativa L.

Δ9 - tetrahidrocanabinol (Δ9-THC)
Responsável pelos efeitos psicoactivos e fisiológicos da cannabis

Δ8 - tetrahidrocanabinol (Δ8-THC)
Canabinol (CBN)
Canabidiol (CBD)

38
Endocanabinóides & Canabinóides Sintéticos

Com afinidade variável para os 2 receptores,


CB1 e CB2

Canabinoides Sintéticos
• Análogos do THC

• Efeitos ≈ Cannabis

• Concentrações variáveis (misturas de ervas)

• Tipicamente não misturados com CBD*

• Perfis farmacocinéticos diferem grandemente: efeitos 1-6 horas; rápida tolerância

• Efeitos imprevisíveis e frequentemente mais severos que Cannabis


sintomas
• Utilizadores: risco ≈ 30 vezes superior assistência emergente negativos
agudos
• Maior probabilidade psicose provocada (indivíduos predispostos ou esquizofrénicos)

39
O princípio activo, Δ9-tetrahidrocanabinol (Δ9-THC), é
obtido a partir da Planta Cannabis sativa L.

Apesar de originária da Ásia Central, rapidamente se


propagou a todos os continentes, sendo cultivada hoje
em dia em numerosos países e regiões, entre os quais
se destaca: Europa Oriental, Marrocos, Líbano,
Cordilheira dos Himalaias, Colômbia, Jamaica, Holanda,
Paquistão e Afeganistão.

∆9-THC

11-OH-∆9-THC

Ác-11-nor-∆9-Tetrahidrocanabinóico

Conjugação com ácido


glucurónico

40
Formas de Consumo
Tintura

“Erva”/ “Pólen”
Marijuana
(kief)

Haxixe Infusão

Óleo de Haxixe Resina

A potência dos produtos da Cannabis é determinada pelo seu


teor de 9-THC, normalmente dada em percentagem de 9-THC
(OEDT, 2007)

Actualmente, um cigarro pode apresentar cerca de 150 mg de 9-THC (9-THC


entre 6 e 20%, correspondendo a 60-200 mg/cigarro) ou 300 mg se misturado
com óleo de haxixe

Assim, um consumidor de Cannabis dos dias de hoje estará exposto a doses


francamente mais elevadas do que nas anteriores décadas de 60 ou 70
(Gold, 1991; Mendelson, 1987; Schwartz, 1991)

41
Métodos de Consumo

Fumo

“Ganza” Vaporizador

Chá
Chachimbo

“Bong”

INALAÇÃO E INGESTÃO ORAL


são as vias mais comuns da administração de produtos naturais e sintéticos de canabinóides

Mas tem sido, igualmente sido desenvolvidas formas para administração rectal, sublingual,
transdérmica, oftálmica, intravenosa …

42
São muitas as variáveis que podem afectar as propriedades psicoactivas dos canabinóides,
incluindo:

- Potência do cannabis usado (dependente da % THC existente)


- Via de administração
- Técnica de fumar
- Dose
- Experiência e expectativa do utilizador, bem como vulnerabilidade biológica aos efeitos da
droga

MECANISMO DE ACÇÃO
O sistema endocanabinóide é constituido por:
 Receptorescanabinóides CB1 e CB2
 Endocanabinóides

 Enzimas

43
Agonistas
Receptor de
(THC, anandamida, etc)
Canabinóides
Os receptores canabinóides estão
acoplados às proteínas G
G G G

Quando interagem com ligantes como (―) (―) (+)


o Δ9-THC são activados
AC
2+
(inibindo a atividade de enzimas adenilato- Ca Ca2+ K+ K+
Fecho dos Abertura dos
ciclases e estimulando a das MAPK) Canais de Cálcio Canais de Potássio

AMPc

Ca2+ K+ Despolarização


(Decréscimo na
transmissão do impulso)

Decréscimo na
libertação de neurotransmissores
Nestes receptores, a modulação faz-se:

-Sobre canais de Ca2+ - inibindo-os - levando a uma diminuição na libertação de


neurotransmissores

- Na abertura de canais de K+, diminuindo a transmissão de impulsos nervosos

Recetores Canabinoides
• Altamente lipossolúveis

• THC atua como agonista parcial de CB1 e


CB2

• THC + CB1  efeitos psicoativos

• CBD atua através de múltiplos


mecanismos

• Um dos perigos C. Sintéticos: agonistas


completos de alta eficácia de CB1

RANG & DALE, Farmacologia, Elsevier Editora Ltda., 7ª Edição, 2012, Brasil

44
Receptores CB1 Receptores CB2

• maioritariamente células periféricas


(sistemas imune e
hematopoiético, tecidos linfoides)
• entre os recetores mais abundantes cérebro
Hipocampo (efeitos memória)
• membrana plasmática terminações nervosas
Cerebelo (perda coordenação)
• (menores concentrações noutros tecidos periféricos**)
Hipotálamo (efeitos apetite e
temperatura corporal)
Substância negra, vias
dopaminérgicas mesolímbicas
(efeito recompensa)

45
Efeitos Farmacológicos/Sintomas
• Efeitos Farmacológicos (THC)  Ação no SNC

• Efeitos subjetivos:
• Sensação relaxamento e bem-estar

• Sensação passagem extremamente lenta do tempo

• Perceção aumento de autoconfiança e criatividade - euforia

• Impressões de consciência sensorial aguçada – sons, visões + intensos/fantásticos

• Semelhantes, mas menos intensos que: álcool, LSD.

Efeitos a Curto-Prazo
• Efeitos centrais: • Efeitos Periféricos:
• Comprometimento memória curto • Taquicardia
prazo e tarefas aprendizagem simples • Vasodilatação
• ↓ Coordenação motora (e.g. conduzir) • ↓ Pressão intraocular
• Catalepsia • Boncodilatação
• Hipotermia

• Analgesia

• Ação antiemética Reversíveis


• ↑ Ape te (exceção uso frequente e
adolescência?)

46
Efeitos Adversos
• Sobredosagem ≈ seguro*  sonolência e confusão

• Derivados sintéticos do THC (ex: Nabilone)  euforia,


sonolência, distorção sensorial, alucinações, ataques de
pânico e ansiedade

• Testes roedores: efeitos teratogénicos, mutações genéticas

• Relatos em humanos de ↑ lesões cromossómicas em leucócitos

Tolerância/Dependência

• Tolerância e Dependência Física:


• Pouco frequente (+ em utilizadores habituais)
• Sintomas abstinência – ligeiros, sem ansia de consumo
compulsivo:
• Náuseas • Irritabilidade • Taquicardia
• Agitação • Confusão • Sudorese

Viciante?
• Dependência Psicológica: sim

47
Potenciais Efeitos a Longo Prazo
• Uso regular (+ na adolescência):
• Vício com aumento ânsia pela droga
• Comprometimento cognitivo duradouro (e.g. QI baixo)
• Resultado educacional pobre
• Diminuição sensação de realização e satisfação com a
vida
• Aumento irritabilidade e reatividade ao stress
• Aumento distúrbios psicóticos (e.g. esquizofrenia)

• Por outro lado, influenciam, hoje


em dia, muitas capacidades
psicomotoras necessárias, sendo
assunto da actualidade…

48
Efeitos na condução
A acção dos canabinóides a nível da percepção,
desempenho psicomotor, das funções cognitiva e
afectiva

NÃO É COMPATÍVEL COM UMA CONDUÇÃO SEGURA

A coordenação motora, percepção, alerta,


vigilância, etc estão francamente diminuidas

… podendo o desempenho psicomotor ficar significativamente comprometido


durante 8-12 horas após o uso de cannabis

Efeitos dos Canabinóides

• Os efeitos sobre o cérebro são


semelhantes aos das outras drogas,
consideradas “pesadas”

• O perigo de um indivíduo conduzir


sob o efeito de canabinóides, é
igual ou superior ao consumo de
bebidas alcoólicas

49
∆9-THC

11-OH-∆9-THC

Ác-11-nor-∆9-Tetrahidrocanabinóico

Conjugação com ácido


glucurónico

Farmacocinética
• Fumo de Cannabis  10 min conc. Máx; 1 h efeito Máx.;
dura 2-3 horas

• THC:
• Pequena fração: conversão 11-hidroxi-THC
• Maior parte: conversão metabolitos inativos  conjugação e
recirculação entero-hepática  sequestrados p/ gordura
organismo* (eliminação retardada)
• Eliminação lenta do organismo  implicações segurança:

50
Interpretação de
Resultados…

► O que significa detectar ou quantificar


THC em sangue?

Quais as concentrações
realmente relevantes?

Em sangue? Em urina? Que valorização


se deve dar a estes resultados?

►E a presença única de THC-COOH?

51
Esta concentração de THC é muito baixa, não
influenciando o indivíduo a nível das suas
capacidades cognitivas e psicomotoras, verdade?

52
Vol (antes) (10 min) (30 min) (90 min) (180 min)
SANGUE nº T0 T1 T2 T3 T4
1 ND 56.9 18.2 2.4 0.0
THC 2 ND 55.1 23.8 4.9 0.0
3 ND 30.5 11.2 3.7 0.0
4 ND 23.2 9.0 (1) (1)

A rápida diminuição 5 ND 105.7 46.3 13.6 8.8


deve-se à elevada
6 ND 30.1 22.3 7.7 6.6
natureza lipofílica do
7 ND 18.2 12.8 4.5 1.8
THC, com consequente
rápida distribuição do 8 ND 7.1 3.2 1.7 0.0
sangue para os tecidos, e 9 ND 16.0 3.5 0.0 0.0
a sua rápida conversão a 10 ND 43.0 22.7 18.7 0.0
metabolitos mais polares 11 ND 108.2 35.4 14.5 9.3
Média 44.9 18.9 7.2 2.7
ND
±sem ±7.2 ±2.8 ±1.4 ±0.9

H. Teixeira, 2007

Então e esta concentração de THC pode ou não influenciar o indivíduo a


nível das suas capacidades cognitivas e psicomotoras?

Ramaekers e col. (2006)


Concluíram que a proporção de observações que demonstraram um estado de influenciado
aumentam progressivamente com o aumento das concentrações de THC detectadas:

►THC entre 2 e 5 ng/ml ↔ pode existir um estado de influenciado inicial e significativo


►THC entre 5 e 10 ng/ml ↔ 75 a 90% das observações foram indicativas de um estado de
influência muito significativo em todos os testes realizados

►THC > 30 ng/ml ↔ Pode atingir um estado de influenciado de 100%

53
► É detectada a presença de THC-COOH, poucos minutos
após fumar

► À medida que ocorrem os processos de distribuição e


metabolismo, os níveis de THC diminuem, sendo
acompanhados por um aumento dos níveis de THC-COOH

É difícil estabelecer os verdadeiros parâmetros


farmacocinéticos do THC-COOH após administração
aguda de Cannabis.

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Consumidor Ocasional

Consumidor Frequente

Consumidor Crónico

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Cocaína
“Ecstasy”
Heroína…..

Nos últimos anos..

Novas Drogas estão a entrar no mercado a um ritmo assustador

• Mimetizam os efeitos de drogas já conhecidas


• Não estão previstas na lei – estatuto de legalidade
• São vendidas em lojas online ou lojas físicas sobre várias formas
• Toxicidade – não está estudada

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O aumento do consumo destas substâncias foi
relatado quase globalmente. Recorrência aos Serviços de
Emergência Médica

Perigo para a saúde pública Casos de Internamento

Mortes

Desafio para os sistema de controlo de narcóticos a nível nacional, regional e global.

• Anos 80, 90
• Inicialmente ligado aos opióides sintéticos tendo depois sido a denominação usada para as
Designer substâncias quimicamente semelhantes ao MDMA.
Drugs

• Início do ano 2000


• Definidas como substâncias com propriedades estimulantes e reguladoras do humor cuja
venda e uso não se encontram proibidas pela legislação actual.
• O termo mais usado para comercializar novas substâncias sintéticas tendo como exemplos
Legal Highs mais marcantes a benzilpiperazina, a mefedrona e os canabinóides sintéticos.
• Inconsistência legislativa

• Definido em 2012 pela Comissão Europeia de Estupefacientes.


Novas • Novo narcótico ou substância psicotrópica, apresentada na sua forma pura ou em preparação que não
Substâncias se encontra prevista ma Convenção de Narcóticos de 1961 ou na Convenção de Psicotrópicos de 1971,
mas que possa constituir uma ameaça á saúde pública comparável às substâncias identificadas nessas
Psicoativas
convenções.

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Smart Shops

• Estabelecimento comercial especializado


na venda de substâncias psicoativas
• Originárias da Holanda.
• 1º Smart Shop Portuguesa abriu em
2007.
• Em 2013 um decreto-lei nº54/2013 leva
ao encerramento de todos estes
estabelecimentos em território nacional.

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