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y Educación, 1989. Tomo 5.
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Capítulo 6
O educando surdo na escola
Apresentação
tural da comunidade surda (Lei n°. 10436, de 2002), criou o Decreto e que deter-
minou que o ensino para alunos surdos deva ser dado em língua de sinais (Decre-
a aproximação das duas comunidades - surda e ouvinte e o interesse por parte dos
ouvintes de aprenderem a língua de sinais como uma língua estrangeira.
Entretanto, sabemos que o ensino em língua de sinais, por si só, não ga-
para suprir a demanda das muitas escolas com alunos surdos incluídos, como é o
professores para a promoção da inclusão nem sempre tem sido bem sucedida por
1 Um breve histórico
A ideia de que pessoas surdas poderiam receber uma educação escolar só
foi compreendida pela sociedade tardiamente. Mesmo assim, ocorreu de forma
gradual e lenta. Sujeitos surdos passaram por uma história que foi da extermina-
Média, até chegar, muito tempo depois, a uma educação que mesmo nos dias de
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nais. Iniciava sua instrução com a leitura e a escrita, incorporando posteriormente
os surdos de rua e criou os sinais metódicos, uma combinação dos sinais com a
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sores de uma educação oralista, que priorizava o ensino da língua oral e da lín-
trabalhar com a língua de sinais. Contudo, a visão médica começou a tomar força
Laurent Clerc. Juntos fundam a primeira escola americana para surdos, em 1817,
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de Gallaudet, também só para surdos, em Washington, e que existe até hoje, sen-
do uma referência mundial na produção de conhecimento sobre a surdez. Gallau-
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piciaram que Alexandre Graham Bell, nos Estados Unidos, desenvolvesse e comer-
educador francês com surdez congênita, que veio ao país trazido pelo imperador,
o que explica a Língua Brasileira de Sinais ser tão parecida com a língua de sinais
francesa. Huet inicia seu trabalho educando um menino de 12 anos e uma me-
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ção Total e o Bilinguismo.
2.1 O Oralismo
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Porém, não eram todos os alunos surdos que conseguiam adquirir uma fala
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na leitura e escrita,
apresentando um atraso na relação idade/série. Esse aluno se tornava um sujeito com
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uma vez que este poderá propiciar o desenvolvimento da oralidade. Mas para
orelha e por isso não podem ser aproveitados por outra pessoa. Eles serão mais
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em crianças surdas que começaram a usar o AASI antes e depois dos seis meses de
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ram a ser desenvolvidos os primeiros implantes cocleares. Este mecanismo, além
de possibilitar a audição de sons ambientais, favorece a audição de sons da fala,
mas é importante destacar que o som da fala não é exatamente igual ao que se
ouve quando se tem a audição normal.
adultos surdos pós-linguais, isto é, que perderam a audição depois de ter adquiri-
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ças pós-linguais, até serem feitos os primeiros implantes com crianças surdas pré-
-linguais. No Brasil, a primeira cirurgia de implante coclear foi realizada em adulto
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de terapia fonoaudiológica.
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cação Sonora Individual).
implante quando estão em contato com membros da sua comunidade. Dizem que
Ainda há que se romper com preconceitos de parte a parte, para não cair-
ibidem). As pessoas precisam de mais
informação e é necessário seguir acompanhando os efeitos do implante coclear,
pois quando bem sucedido, facilita a inclusão social do surdo e melhora sua com-
petência acadêmica. Há ainda relatos de insucesso ou quebra de algum compo-
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educar as pessoas surdas decorreu dos estudos americanos, iniciados com William
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o trabalho educacional, um espaço que havia sido perdido desde o século XIX.
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CAPÍTULO 6
comunicação mul-
Um signo linguístico deve ser representado por múltiplos meios, por diferentes
modos semióticos para que haja a compreensão do conceito em que ele implica.
municação deve ser apenas complementar, sem que seja necessário abandonar o
uso de LIBRAS. A língua de sinais é o primeiro modo de comunicação que o aluno
2.3 O Bilinguismo
não pode ser considerada uma língua materna, apesar de muitos pensarem assim,
ouvinte ou a língua em que foi criado. A língua portuguesa pode ser considerada
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O aprendizado da L2 passa por diferentes estágios de interlíngua onde as crianças
surdas não expressam mais a L1, mas também não expressam ainda a L2.
Pesquisas mostram que a criança surda que tem a língua de sinais bem
ra que uma criança ouvinte, com a diferença que essa língua se dá na modalidade
ter a Língua Portuguesa oferecida como segunda língua. Com isso, a educação com
forma que ela possa chegar à escola e ter acesso à educação formal.
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maneira elas buscam explicações para poder conhecer melhor o mundo, suas re-
pais ouvintes. Eles não perguntam e os pais não respondem. Eles terminam por
descobrir sozinhos ou nem descobrir e, obviamente, o processo de conhecimento
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de da aquisição da língua de sinais e do contato com adultos surdos o mais cedo
possível, serve para minorar os atrasos não apenas para apreensão de linguagem,
de informações e a comunicação.
3 Surdez e inclusão
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Portuguesa (L2) de forma a serem entendidas por membros usuários de duas lín-
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lado, também é uma ilusão pensar que eles são falantes competentes da sua L1.
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clusivas encontram-se a falta de recursos pedagógicos adaptados, o que prejudica
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do acadêmico com material visual ou demonstrações através de recursos cinesté-
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a duração de nove anos para o ensino fundamental. Com isso, as crianças de seis
ser obrigatório, por força da Lei. Essa mudança passou a ser chamada de Bloco Ini-
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guagem. Necessita de um tempo maior pois vai lentamente apropriando-se do
ensino de qualidade mediado por um professor intérprete e qual seria a sua fun-
ção dentro das classes de primeiro, segundo e terceiro anos do ensino fundamen-
tal. Será que as competências e habilidades previstas para cada etapa estão sendo
na sala de aula, quando ela é bem realizado. Contudo, nem sempre os dois pro-
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dizado do aluno surdo) ocorra necessariamente.
2009). Nota-se que às vezes assumem posições de poder, decidindo sobre o quê
deve ser interpretado ou não; apresentam-se em condição hierarquicamente in-
ferior ao professor regente, sendo muitas vezes designado a cumprir funções de
estudos dos alunos surdos. Em uma outra classe observada, as duas professoras
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surdos ansiavam pelo recreio para poder confraternizar com seus pares surdos de
outras classes.
pidgin ou bimodalismo, o
uso simultâneo de fala e sinais. Mesmo assim, os alunos relatam que a presença
do intérprete é importante, apesar da interpretação em alguns momentos não ser
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fessor regente chega a pedir ao intérprete que faça a chamada dos alunos surdos,
como se fossem duas turmas separadas, como se ele não conhecesse os alunos
surdos de sua sala! Assim constata-se bem a existência da cisão em dois grupos.
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o implante coclear pode atuar, sem que implique no fenômeno conhecido como
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as duas culturas e as duas línguas, a portuguesa e a de sinais, sem que negue a sua
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bilidade e percepção do som, leitura labial e produção de fala. Presumindo equi-
vocadamente que o aprendizado da Libras interferia e prejudicava o aprendizado
da fala, muitos programas oralistas desencorajavam o uso da LIBRAS convencional,
uma língua não deve excluir a outra e tanto melhor será a inclusão social quanto
intérprete. Esta percepção traduz uma postura não inclusivista, tão presente ainda
em muitas escolas.
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librar as tensões extremas. Até que ponto o intérprete não inibe a relação de seu
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